CRUSADE • Livro UM
NANCY HOLDER & DEBBIE VIGUIÉ
Papyrus Traduções de Livros Tradução: Control Papyrus Revisão: Thammy Caroliny Revisão final: Shadow Hunters Diagramação: Shadow Hunters
“””Qui sait beaucoup ne craint rien.” “Do muito saber vem o nada a temer.”
Sinopse A batalha final. O último amor. Pelos últimos dois anos, JENN viveu e treinou na Academia do Sagrado Coração da Espanha contra os malditos. Ela está entre os poucos que se comprometeram a defender a humanidade ou morrer tentando. Mas os vampiros estão ganhando poder, e a batalha apenas começou. Forçada a voltar para casa após a morte levar um dos membros da sua família, Jenn descobre que San Francisco é agora um vampiro difícil de derrotar. Quando um solitário caçador sai da sua equipe, Jenn está isolada – e em risco. Ela almeja a companhia do seu parceiro de luta, Antonio: sua proteção, sua segurança, seu toque. Mas uma relação com Antonio vem com seus próprios perigos, e quanto mais eles se partilham, mais Jenn está propensa a perder. Então Jenn é traída pelo único que foi designado a protegê-la, fazendo com que ela duvide de que tudo que ela tinha foi verdadeiro. Para sobreviver, Jenn deve encontrar a coragem para confiar em si mesma – e em seu coração.
Os malditos est達o aqui. Se prepare para a batalha.
LIVRO UM Hades
Em uma noite sombria o amor despertado por desejos ― oh, que feliz acaso! eu fugi sem ser notado, agora minha casa está vazia ―St. João da Cruz, Do século XVI mística de Salamanca.
Por milhares de anos, os malditos se esconderam nas sombras, enganando a humanidade e fazendo com que ela pensasse que eles não existiam. Então, um dia, eles simplesmente… pararam. Céticos se transformaram em crentes numa fatídica manhã. E nunca mais ninguém esteve a salvo. Ninguém sabe por que eles se deram a conhecer. Por que eles escolheram um Dia de São Valentim no começo do século vinte e um para revelar sua presença. Uns dizem que isso tinha a ver com o fim do mundo. Outros, que eles simplesmente ficaram cansados de se esconder. Eu tinha doze anos quando Solomon, o líder dos vampiros, apareceu pela primeira vez na TV, abriu sua boca cheia de presas e mentiu para nós. Treze quando a guerra estourou. Quinze quando os Estados Unidos declarou trégua... Quando, na realidade, nós nos rendemos, e o pesadelo realmente começou. Mesmo depois disso, muitos de nós não conseguíamos sequer pronunciar de fato a palavra “vampiro”. Era como se, assim que admitíssemos isso, tivéssemos então que acreditar em Deus, alienígenas ou conspirações do governo também. Ou em bruxas e lobisomens… em tudo e qualquer coisa que possa nos destruir. Porque nós podíamos ser destruídos. Perdemos uma coisa tão preciosa – nossa fé de que um dia tudo ficaria bem. Porque não estava nada bem... E poucos acreditavam que as coisas um dia voltariam a estar bem. Então, entre aqueles de nós, que juraram não abandonar toda a esperança, os vampiros passaram a ser chamados de Malditos. Aprendemos que esse havia sido o nome que lhes fora dado muito tempo atrás pelos poucos grupos que sabiam de sua existência, mas que nunca compartilharam esse conhecimento. Mas os amaldiçoados não eram os vampiros – éramos nós. Eles haviam nos seduzido com seus sorrisos hipnóticos e conversa de coexistência
pacífica e imortalidade mesmo enquanto preparavam uma guerra contra nós. Então eles procuraram nos transformar em seus escravos, e beber rios de nosso sangue. Tenho quase dezoito anos agora, e aprendi uma coisa sobre mim mesma que eu poderia nunca ter sabido se tivesse sido capaz de viver uma vida comum. Mas não há nada de comum na minha vida. Nada. Nem mesmo eu. -- do Diário de Jenn Leitner, Descoberto nas cinzas;
O crepúsculo mal havia chegado, e a morte explodia ao redor de Jenn Leitner. Era uma armadilha, ela pensou. O céu crepitava com as chamas, uma fumaça oleosa sufocava o ar e queimava seus pulmões. Jenn lutou para não tossir, com medo de que o som a expusesse. De quatro, seus cabelos castanhos escuros soltos e caindo sobre os olhos, ela se arrastou de baixo do telhado de telhas vermelhas da antiga igreja medieval quando ela desabou numa explosão de faíscas alaranjadas escuras. Fragmentos de azulejo, pedra e madeira em chamas ricochetearam na direção da lua cor de sangue, despencando de volta a terra como inúmeras bombas. Atordoada, ela meteu os cotovelos na terra e avançou à força com as pontas das botas, grunhindo de dor quando um pedaço grande e fumegante de madeira caiu em suas costas com um ruído de coisa fervendo. Lutou para continuar quieta ao sentir a dor excruciante percorrendo seu corpo. Mordendo o lábio com força, ela sentiu o gosto de cobre do sangue ao rolar sobre o próprio corpo para extinguir as chamas. Ao seu lado, Antonio de La Cruz sibilou um alerta. O cheiro de seu sangue encheria o ar noturno, atraindo os vampiros que eles haviam sido enviados para caçar – mas que os estavam caçando em vez disso. Quando Jenn era pequena, sua avó lhe havia dito que tubarões podiam farejar uma gota de sangue na água a quase um quilômetro de distância. Ela nunca mais entrou no oceano desde então. Malditos podiam sentir o cheiro do sangue no ar a mais de um quilômetro e meio de distância. Com tubarões você podia optar por ficar fora da água. Com Malditos era diferente. Você não podia deixar o planeta. Você estava aprisionado. Assim como estamos agora. Antonio a estudou com seus olhos espanhóis profundos. Jenn balançou a cabeça para que ele soubesse que ela estava bem, ela podia continuar seguindo em frente. Não tinha tempo para vasculhar sua jaqueta à procura do emplastro antibiótico com infusão de alho que bloquearia o odor de seu
sangue. Só podia rezar, enquanto se arrastavam para fora, que o fedor dos prédios em chamas – e dos corpos em chamas – mascarasse o cheiro por tempo suficiente para que pudessem escapar. Passando pelo terreno da igreja, os carvalhos estavam pegando fogo, bolotas estourando, folhas se incendiando como papel higiênico esfarrapado. A fumaça enchia o céu noturno cor de tinta, abafando o brilho fraco do luar, mas a luz infernal das fogueiras iluminava cada movimento de Jenn e Antonio. Combine isso com o lábio ensanguentado dela, e os dois eram alvos muito fáceis para os monstros selvagens que queriam massacrar todo o vilarejo. Antonio parou subitamente e levantou a mão em sinal de alerta. Ela o observou de perto. Mechas de seus cabelos negros revoltos escapavam de sua touca; suas sobrancelhas escuras grossas estavam ligeiramente erguidas, e seu maxilar cerrado. Assim como ela, ele estava todo vestido de preto: suéter preto, calças cargo pretas joelheiras pretas, e botas de couro preto – e agora cobertas de cinzas. Ela podia ver o brilho da pequena cruz incrustada de rubis que ele usava na orelha esquerda. Um presente, ele lhe havia dito quando ela perguntou a respeito. Seu rosto havia ficado mais sombrio quando respondeu, e ela sabia que a história estava mal contada. Tanta coisa de Antonio era um mistério para ela, tão intrigante quanto os ângulos agudos e as reentrâncias ocas de seu rosto. Ele estava concentrado, escutando; tudo o que Jenn podia ouvir eram as chamas e os gritos aterrorizados e ultrajados dos aldeões, vindos das casas e dos prédios de escritórios ao redor. Seu mundo se tornou o rosto e a mão de Antonio, manchados de fuligem, e ela tensionou os músculos para estar pronta para se mover quando a mão dele abaixasse. Ela queria parar de tremer. Queria parar de sangrar e sentir dor. Queria que outras pessoas pudessem fazer o resgate, ao invés deles. Mas em algum lugar na escuridão, os Malditos estavam observando. Ela os imaginou olhando para ela, e podia quase ouvir sua gargalhada cruel e ansiosa no ar acre. Três vampiros e seis caçadores espreitavam uns aos outros naquele inferno fumegante. Se os outros caçadores ainda estiverem vivos. Escaparam-se da igreja em chamas. Não pense nisso agora. Não pense em nada. Espere. Observe. Cuevas, uma pequena cidade espanhola que ficava a duas horas de sua base natal, havia sido aterrorizada por vampiros durante semanas, e o seu prefeito havia implorado por ajuda. Jenn fazia parte de um grupo de caçadores de vampiros treinados chamado de Salmantinos, formados pela Academia Sagrado Corazón Contra los Malditos da Universidade de Salamanca, antiga de
séculos. Padre Juan, o mestre deles, os havia enviado para Cuevas a fim de livrá-la dos Malditos. Ao invés disso, os vampiros estavam caçando os caçadores, como se soubessem que eles estavam chegando, como se os tivessem atraído até ali. Jenn ficou se perguntando como eles tinham ficado sabendo. Haveria algum espião na universidade? Alguém em Cuevas os havia traído? Ou o manual dos caçadores não estaria certo sobre todos os vampiros? Não pense. No final daquela tarde, Jenn, Antonio e os outros caçadores haviam estacionado no bosque e caminhado em silêncio até a igreja, onde aguardaram, meditando ou rezando, e se preparando para a batalha à frente. Os vampiros apareceram com as sombras chapadas do crepúsculo e, literalmente num piscar de olhos – eles podiam se mover mais rápido do que a maioria das pessoas podia ver – puseram fogo nas ruínas de pedra do castillo; nas lojas de tijolos e concreto da praça; e no vidro e no aço de um punhado de prédios modernos de escritórios. Caixas de flores alinhadas nas praças, que antes transbordavam com gerânios brancos e cor de rosa, espocavam como fogos de artifícios; janelas estilhaçaram, buzinas de carros soaram como sirenes e em toda parte, em todo lugar, incêndios rugiam. Em seus dois curtos meses caçando juntos como uma equipe, os Salmantinos haviam combatido números maiores – certa vez o número chegou a onze – mas aqueles Malditos haviam sido recém-convertidos. Quanto mais jovem o sanguessuga, mais fácil de derrotá-lo, pois ainda não teriam se adaptado completamente a suas novas habilidades… ou suas fraquezas. Contra vampiros mais velhos, como os três que espreitavam na escuridão, só se podiam torcer para que eles ainda não tivessem dado de cara com um caçador. Que tivessem ficado tão acostumados a chacinar os indefesos que subestimassem os que sabiam como revidar. Mas os Malditos de Cuevas haviam atacado primeiro, o que significava que eles sabiam do que os seis caçadores eram capazes. Quando Jenn e os outros Salmantinos havia sentido o cheiro da fumaça, só tiveram tempo para despertar Antonio de suas meditações em uma pequena capela particular atrás do altar e se arrastarem para fora. Agora estavam expostos e vulneráveis. E… Jenn piscou. Antonio não estava mais a seu lado. Não estava em lugar nenhum que ela pudesse ver. O pânico envolveu seu coração, e ela gelou, sem saber o que fazer. Diretamente em frente a ele, um carvalho estremeceu
dentro de sua grossa capa de fogo, e um imenso galho arrebentou, caindo na terra se espatifando. Ele me deixou aqui, pensou ela. Oh, Deus. Respire, ela se lembrou, mas ao inalar, a fumaça encheu seus pulmões, e ela teve que pressionar a boca com o punho. Perdeu o equilíbrio e caiu de cara no chão de terra. Jenn engoliu o desejo de tossir. A queimadura em suas costas ardia como uma marca; ela era um alvo. E estava só. Onde está você, Antonio? Ela perguntou silenciosamente. Como pôde me deixar? Lágrimas começaram a brotar. Jenn sacudiu com força a cabeça. Tinha de se mexer. Se não se movesse, teria uma morte horrível. Ela já tinha visto vampiros matarem pessoas. Mas ele não ia deixar que isso acontecesse a ela. Ia? Não pense. Simplesmente se mexa. As unhas de Jenn se enterraram no solo quando ela se levantou. Ao estilo fuzileiro, ela forçou seu caminho para frente, cambaleando para a esquerda quando outro enorme galho de carvalho caiu da árvore em sua direção como uma lança flamejante. Ela tinha de se afastar dos prédios que desabavam e das árvores que caíam antes de poder pensar em partir para a ofensiva. De repente, um sussurro, um shushshushshush, e Jenn rolou mais para a esquerda no exato instante em que um vampiro caiu de costas ao lado dela. Seus olhos azul-claros se arregalaram numa mascara mortuária, e seu hálito fedia a sangue apodrecido. Ela pensou tê-lo ouvido grunhir uma palavra, talvez um nome. Então, de repente, o vampiro desabou em pó e foi espalhado pelos ventos quentes. Menos um, ela pensou, cobrindo a boca para evitar inalar algum dos restos do vampiro. A primeira vez em que Jenn viu isso acontecer, ficou incapaz de falar por mais de uma hora. Agora não conseguia evitar o sorriso triunfante que se escancarava em seu rosto. Jenn lutou para se por de pé, Antonio estava a um hálito de distância; seus olhos queimando, a estaca que havia matado o vampiro ainda agarrada em sua mão. Ele era bem mais alto que ela, um metro e oitenta em comparação com seus um metro e sessenta e cinco. Quando ela estendeu a mão para tocá-lo, um grito de gelar o sangue rasgou o ar da noite; e ela partiu naquela direção, esperando que Antonio fizesse o mesmo. Em vez disso, o corpo dele saiu voando por cima do ombro direito dela e desabou em cima de uma pilha de galhos e folhas queimando.
―Antonio! – ela gritou, e então girou sobre os calcanhares assumindo uma postura de luta, encarando o vampiro que o havia jogado pelo ar com a mesma facilidade com que alguém podia jogar moedinhas num balcão. O Maldito era alto e corpulento, e sorria de tal maneira que suas presas reluziam à luz das fogueiras. Seu rosto estava coberto de sangue. O estômago dela revirou, e ela tentou não pensar em quantos dos aldeões já estavam mortos. Jenn pegou rapidamente uma estaca na aljava em seu cinturão, agarrando-a com força na mão direita, e abriu um bolso de velcro com a esquerda para tirar uma cruz. Ela queria desesperadamente olhar para trás para ver Antonio. Não ousava. O vampiro arreganhou os dentes para ela e resfolegou com um sotaque leonês-espanhol1 carregado. – Pobrecita, posso ouvir as batidas assustadas de seu coração. Igualzinho ao coelho na armadilha. Ele arranhou seu rosto com unhas que pareciam garras antes de pular para trás a uma velocidade estonteante. Jenn sentiu o sangue escorrer quente e grudento pela face antes de sentir a pontada. Jenn estava começando a se aproximar dele com muito cuidado. Eu sou uma caçadora, ela lembrou a si mesma, mas a mão que segurava sua estaca tremia feio. Certamente ele podia ver isso. Se ele atacasse, havia uma boa chance de que ela não seria rápida o suficiente. O treinamento especializado que ela havia recebido na academia a havia ensinado a antecipar os movimentos de um vampiro mesmo quando não podia vê-los. Eles se moviam tão rápido, os Malditos. Padre Juan disse que eles se moviam mais rápido do que o homem podia pecar. Ele dizia que eles podiam matar você e você jamais saberia que havia acontecido, mas se tivesse sido uma pessoa corajosa e justa, os anjos lhe diriam tudo a respeito, em canção. Eu não sou corajosa. Respirou fundo e virou a cabeça ligeiramente para o lado. Sua melhor aposta para rastreá-lo era não olhar diretamente para ele. O movimento era captado de modo mais eficiente pelo canto do olho. Ela havia aprendido isso na academia, e isso a havia salvo antes. Talvez a salvasse novamente. Mas talvez não. O vampiro permaneceu visível, enrolando, mas provavelmente brincando com ela antes de matá-la. Alguns vampiros eram como matadores em touradas, fazendo a dança da morte como um ritual. Para outros, a caçada
1
Leonês - uma língua românica que surgiu a partir do latim vulgar, falada na região ocupada hoje pelas províncias espanholas de León e Zamora, na Espanha.
era um meio para se atingir um fim – sangue humano fresco, de um coração ainda batendo. Um movimento nas sombras atraiu seu olhar. Jenn lutou para não reagir quando um dos outros caçadores – o Caçador, Eriko Sakamoto – se aproximou de mansinho na direção do vampiro, o corpo pequeno traindo sua força superior. Vestida em tons noturnos como Jenn e Antonio, ela usava um suéter com gola rulê, calças de couro e botas de solado grosso com fecho de Velcro até metade da panturrilha. Seus cabelos curtos com gel a faziam parecer uma guerreira tribal. Listras novas de fuligem marcavam suas maçãs do rosto altas e douradas. O som dos incêndios mascarou qualquer ruído da aproximação dela. Eriko atraiu o olhar de Jenn, e Jenn começou a se aproximar pela direita, colocando o vampiro entre elas. ―Caçadores... jóvenes... Vocês não são nada especiais, afinal resfolegou o Maldito. ―Somos especiais o bastante para transformar você em pó – grunhiu Jenn, tentando manter a atenção do vampiro centrada nela. Concentrou-se em suas presas e não em seus olhos, para não ser hipnotizada por ele. Essa era uma das primeiras regras de sobrevivência: resistir ao olhar hipnótico dos Malditos, criado para colocar suas presas em transe. ―É melhor começar a rezar. Você vai morrer. O vampiro debochou, aproximando-se devagar dela, aparentemente sem reparar que outra caçadora avançava atrás dele, estaca na mão. Talvez o cheiro do sangue de Jenn estivesse mascarando o aroma mais sutil de carne humana intocada. ―Rezar é para mortais – ele disse – que precisam implorar para que alguma divindade os salve. E, como sabemos essas orações nunca é atendidas. ―Nunca? – perguntou Jenn, sentindo o sangue escorrer pela face. O vampiro olhava fixamente para aquilo como se não bebesse há séculos. ―Nunca – ele respondeu. Eriko se mantinha à distância, e Jenn pensou uma coisa terrível: Ela está me usando como isca. Jenn começou a recuar, e o vampiro fez que ia dar um passo gigantesco em sua direção. As mãos dela estavam escorregadias de suor – por causa do calor, por causa do medo – e a mão que segurava a estaca começou a escorregar. Ela tentou segurá-la com mais força. O vampiro viu, e riu dela. ―Nunca – ele respondeu.
Jenn deu mais um passo para trás, e sua bota esmigalhou alguma coisa. Sentiu o estômago revirar enquanto fagulhas voavam para todo lado. E se fosse Antonio? Não conseguiu evitar uma olhadela para baixo. Era apenas um galho. O vampiro se atirou para cima dela sibilando. ―Não! – Jenn gritou, caindo para trás. O vampiro caiu em cima dela, os olhos sedentos de sangue. As presas dele eram compridas e curvas, ela se debateu, esquecendo todo seu treinamento, cada manobra que poderia salvá-la. O hálito dele fedia a sangue fresco, e ela ouviu a si mesma gemer. Antonio. Então, subitamente, o Maldito desapareceu. Jenn se levantou, pousando agachada, consciente de que havia perdido sua cruz. Eriko havia puxado o vampiro para cima e estava em cima das costas dele, pernas enroscadas em sua cintura. Ele começou a bater nela enquanto ela entrelaçava os dedos embaixo de seu queixo, forçando sua cabeça para trás. Ele sibilou e agarrou-a pelos tornozelos, tentando desgrudá-la. ―Jenn, enfie a estaca nele – ela gritou. ―Agora! Jenn piscou. Ela deu dois passos para frente, e então parou por uma fração de segundo. Simplesmente parou. Não conseguiu mais ver nem Eriko nem o vampiro. Eles estavam se movendo rápido demais para que ela pudesse rastreá-los. Ela saltou para frente, esfaqueando o ar. Não fez contato. Captou vislumbres, borrões, mas não o bastante para conseguir um alvo. Vencendo a exaustão, Jenn continuou atacando, a mente acelerada. Se Eriko morresse, a culpa seria de Jenn. Então ela os viu. O vampiro havia sido forçado a se ajoelhar, e Eriko estava em pé atrás dele, a mão ainda entrelaçada sob seu queixo. Jenn correu para enfiar a estaca nele quando Eriko deu um sorriso feroz para ela, e arrancou a cabeça dele. Seu corpo sem cabeça ainda manteve a pose; Eriko jogou a cabeça, com força, nas chamas que avançavam. Era uma coisa que Jenn jamais conseguiria ter feito, ela não tinha a força sobre-humana de Eriko. ―Pelo menos as orações de alguém foram respondidas – disse Eriko, ofegante, enquanto o corpo se desintegrava. Ela saiu numa marcha acelerada na direção de um muro de pedra em ruínas à esquerda das duas, que marcava a extremidade norte do cemitério da igreja. ―Vamos continuar nos movendo. Jenn se virou para onde havia visto Antonio pela última vez, mas ele não estava lá. Outro surto de pânico tomou conta dela enquanto ela corria na
direção do lugar. Ele simplesmente havia sumido. Mas não podia apenas telas abandonado; não podia ter partido. ―Antonio! – ela gritou. ―Espere Eriko. Antonio! ―Sí – ele gritou. ―Sí, Jenn. Antonio abriu caminho por entre arbustos em chamas alguns metros além do carvalho, batendo rolos de fumaça que ainda subiam em espirais de suas roupas chamuscadas. Suas mãos estavam enegrecidas e soltando pele. Ela correu para ele e então parou hesitante à sua frente, apavorada e envergonhada das dúvidas que sentia. ―Você está bem? – ela perguntou. Ele assentiu muito sério. ―Vou ficar. Ela começou a tremer. ―Eu fiquei preocupada. Pensei… - a voz se perdeu. Não importava o que ela havia pensado. Tudo o que importava era que ele estava vivo e ali. ―Você não achava que eu a deixaria, achava? ―perguntou Antonio, o olhar intenso ao estender a mão para segurar carinhosamente o rosto dela. ―Eu estava vindo ajudar você e Eriko. ―Então a expressão suave sumiu por um instante, e ela viu seu desespero. Ele o ocultava bem... Mas não bem o bastante, pelo menos para alguém tão concentrado nele quanto ela. A sombra nos olhos dela falava de algo que ele havia se recusado em compartilhar com ela – sua ferida mais funda. Seu segredo mais sombrio. Lágrimas fizeram seus olhos arder. Jenn amava Antonio, e queria confiar nele. Mas confiança era uma coisa que ela havia deixado para trás dois anos antes, quando passou pelas portas da universidade. Ela havia aprendido a não confiar em seus olhos, sua mente ou mesmo em seu coração. Toda vez que se esquecia disso, quase se deixava matar. ―Ay, no – Antonio murmurou, olhando para ela. ―Eu nunca deixaria você. Antonio acariciou seu rosto com o polegar, e ela fechou os olhos, aconchegando-se ao toque. Cheio de calos, aveludado. Quando os lábios dele roçaram os dela, ela retribuiu o beijo com um soluço. Ela jogou os braços ao redor de seu pescoço e se agarrou a ele. Os lábios dele eram macios e suaves contra os dela, e o gosto dele se misturou com o leve sabor metálico do sangue em sua boca. Ela se inclinou contra ele e gemeu, querendo mais. Então, subitamente, ele desapareceu mesmo. Jenn abriu os olhos e viu Antonio agachado a poucos metros de distância, olhos brilhando e presas crescendo. Eriko se encaminhou
rapidamente até Jenn, uma estaca grossa na mão. Um golpe, e ela poderia matá-lo. ―Estoy bien - Antonio soltou um grunhido fundo na garganta. Limpou alguma coisa escura dos lábios na calça cargo preta. O sangue dela. ―Eriko, eu estou bem, ―ele disse em inglês. Aquela voz sempre fazia Jenn estremecer, mas se de medo ou desejo ela nunca sabia ao certo. Às vezes, quando se beijavam, ela esquecia, apenas por um momento, tudo o que os mantinha separado. Antonio era um vampiro. Ela se forçou a dar uma boa olhada: os dentes brilhantes, o olhar faminto e feroz que ele agora passara a exibir, a maneira como os músculos no rosto dele se contorciam quando ele tentava superar sua sede de sangue. Ele não gostava que ela o visse assim, mas ela precisava. Precisava se lembrar disso para poder proteger a si mesma... E a ele. Alguns vampiros afirmavam ser capazes de controlar seus desejos, mas Antonio de La Cruz era o único que ela havia encontrado que realmente conseguia isso. Anos de meditação, estudo e oração lhe haviam dado a força de que ele precisava. Ou era isso o que ele afirmava. Mas no fundo, no fundo, Jenn sabia que cada momento que passavam juntos desgastava um pouco daquela força dele. Um dia ele não recuaria, e ela teria de matá-lo. Se conseguisse. Ou algum dos outros caçadores o faria. Como Eriko. Ou Jamie… ―Ótimo, ―disse Eriko. ―Um a menos. ―Mas ela não abaixou a estaca. Musculosa e baixinha, Eriko era dois anos mais nova e cinco centímetros mais baixa que Jenn. Quando se formaram na Academia dois meses antes, Eriko fora a escolhida de sua turma para receber o elixir sagrado que conferia velocidade e força impressionantes. O elixir era tão difícil de fabricar que só havia o suficiente para um Caçador, com C maiúsculo. O líder deles. ―Antonio matou um também, ―disse Jenn. Eriko ergueu uma sobrancelha e olhou para Antonio, que assentiu. Seu rosto estava voltando ao normal. ―Só havia três, certo? Estamos quase no final então. ―Três foi o que nos disseram, ―disse Jenn, relaxando só um pouquinho. Ela pegou seu emplastro de alho e o aplicou rapidamente ao rosto e ao lábio. Eriko suspirou e pressionou as pontas dos dedos da mão que estava livre contra os fios curtos de seus cabelos. ―Os aldeões podem ter contado errado.
Não seria a primeira vez que isso acontece. Jenn engoliu em seco. ―Desculpe Eriko – disse ela. ―Eu não apoiei você. Eriko deu de ombros. ―Você não tem o poder que eu tenho Jenn. Você agiu bem. Mas Jenn sabia que não. Ela havia entrado em pânico. Ficara mais preocupada sobre Antonio do que com qualquer outra pessoa, incluindo ela própria. Eriko olhou para Antonio. ―Antonio, por outro lado... ―Ele se queimou ―disse Jenn, zangada e na defensiva com a implicação daquelas palavras. ―Olhe as mãos dele. ―Que diabos, deu tudo errado, cacete ―uma figura xingou. Jenn se virou e viu duas figuras se aproximando. Uma era alta, de cabeça quase raspada, cheia de tatuagens nos braços e no pescoço, o que lhe dava o aspecto de um demônio à luz das fogueiras. A camiseta de gola rulê que ele tinha vestido antes havia desaparecido, e só restava uma camiseta de baixo. Esse era Jamie O‘leary. Para variar, a garota caminhando ao lado dele não discordou. De suas roupas de batalha pretas – jaqueta acolchoada, leggings, botas que iam até as coxas – até suas tranças rasta branco-alouradas, até o anel de prata em forma de lua crescente em seu polegar, Skye York estava coberta de fuligem, exceto onde as lágrimas haviam cortado caminhos por suas bochechas pálidas. Skye fazia círculos no ar com a mão enquanto murmurava um encantamento com o refrão em latim ―desino2.‖ Cesse. Um a um, os incêndios em sua vizinhança se apagaram. ―Os Malditos estão todos mortos? ―perguntou Jamie, olhando ao redor. Olhou para Antonio. ―Os que temos permissão de matar? – acrescentou explicitamente. ―Existe mais um, ―disse Eriko. ―Eu peguei um, Antonio pegou outro, e isso deixa... ―Nenhum, ―interrompeu Jamie. ―Peguei um na minha saída da igreja. ―Ele olhou para os outros e lhes mostrou as palmas das mãos chamuscadas. ―O atravessei pelas costas com um pedaço de madeira incandescente. Bom e comprido, o pegou no coração. ―Isso é ótimo; acabamos então ―disse Eriko, sorrindo para seu parceiro de combate. Jamie retribuiu o sorriso, obviamente curtindo o fato que ambos haviam conseguido mortes. Não tinham estado perto um do outro quando a 2
*Desino – Eu desisto
igreja foi consumida pelas chamas, mas ainda assim eles foram os que provocaram o mais dano. A energia praticamente crepitava no ar entre os dois. Eles pareciam pertencer um ao outro, de algum modo. Depois de jejuar, rezar e trabalhar feitiços, Padre Juan os havia reunido em pares de combate na noite de formatura, insistindo em que cada um cumprisse algum equilíbrio complicado de yin e yang, claro e escuro. Força e fraqueza. Jenn fez par com Antonio, para seu grande alívio. Eriko e Jamie fizeram um par, e eles forçavam um ao outro e a si mesmos cada vez mais. Skye e Holgar eram os terceiros pares, e tinham uma relação de intimidade silenciosa um com o outro que era de dar inveja. Assim como Jenn, Jamie não tinha nenhum dom ou poder especial. Mas sua ferocidade e as capacidades de combate que sua família em Belfast que insistiram nele com uma vida inteira de treinamento mais do que compensavam isso. Eriko parecia não se dar conta da maneira como Jamie olhava para ela… Era um olhar que ia além de um relacionamento Caçador-caçador… Devia ter sido óbvio para Skye também, quando ela se virou para se concentrar em seus encantamentos. A bruxinha gótica deles estava muito a fim de Jamie, e Jamie não tinha a menor noção disso. Jenn não tinha certeza se os outros membros da equipe sabiam, ou se ela era a única que havia percebido. Sentiu ao mesmo tempo pena por Skye e, francamente, espanto, porque Jamie era um babaca. Não fazia a menor questão de esconder o desejo de estar em outro lugar; ele nem sequer acreditava que deveria existir uma equipe de caçadores. Jamie só estava ali porque o Padre Juan lhe havia pedido para ficar em Salamanca e servir à causa. Se não fosse por sua lealdade profundamente arraigada à igreja, Jenn tinha certeza de que até mesmo a atração que Jamie sentia por Eriko não seria o suficiente para evitar que ele fosse para casa. Ao terminar seus encantamentos para os incêndios, Skye tocou com suavidade as palmas das mãos de Jamie, e a pele dele começou a se curar. Seu rosto delicado e sujo de fuligem quase reluziu quando ela o infundiu com sua energia de cura. Jamie suspirou de prazer, mas não disse nada. Skye se voltou para Antonio. Mover-se para sua posição enquanto o sol ainda estava alto, havia enfraquecido o organismo dele. Ele estendeu as mãos, palma para cima e Skye moveu suas mãos sobre as dele e sussurrou em latim antigo. Jenn se sentiu relaxar aos poucos. Ela detestava quando Antonio se aproximava do fogo. O fogo era uma das poucas coisas que podiam matar um
vampiro. Vampiros também podiam ser mortos pela luz do sol, uma estaca de madeira no coração, e decapitação. ―Quantos mortos, brujita? ―Antonio perguntou baixinho, chamando Skye de ―bruxinha‖ ao flexionar os dedos. ―Aldeões? Skye balançou a cabeça, as tranças rasta dançando nas suas costas. ―No mínimo cinquenta. Quando os incêndios começaram, os vampiros mataram as primeiras pessoas que tentaram escapar dos prédios em chamas. O resto ficou com tanto medo… ―Ela não conseguiu falar mais. ―Alguns deles ficaram dentro de suas casas e morreram queimados, ―Jenn terminou por ela, o estômago dando voltas. ―Então fracassamos. Eriko balançou a cabeça. ―Se não tivéssemos vindo, ninguém estaria vivo. ―E quanto a isso, ―disse Jamie, cuspindo no chão de terra. ―Como diabos eles sabiam... ―Onde está Holgar? ―perguntou Skye, olhando ao redor à procura de seu parceiro de combate. ―Frito, extra crocante se tivermos sorte, ―resmungou Jamie. ―Desculpe irlandês, mas minhas orelhas não foram queimadas ―retrucou Holgar, mancando na direção do grupo. Suas roupas pendiam esfarrapadas no corpo. Feridas abertas no peito e nas pernas já haviam começado a formar cascas. Suas mãos pingavam sangue, mas se era sangue dele ou de outros, Jenn não sabia dizer. Jamie soltou um palavrão baixinho, mas Jenn só conseguiu entender as palavras… “maldito lobisomem.” Jamie não escondia o fato de que, se havia uma coisa que detestava mais do que os Malditos eram os lobisomens. O mundo em geral não havia sido forçado a aceitar a existência de humanos que se transformavam em feras com a lua cheia, mas o povo de Jamie na Irlanda havia testemunhado sua selvageria em primeira mão. Para ele, vampiros eram o inimigo, e lobisomens, seus cúmplices traiçoeiros. Quando os vampiros se revelaram à humanidade, os lobisomens haviam escolhido permanecer ocultos, se passando por humanos comuns. Eram tão poucos que isso deu certo, e eles conseguiram manter seu número reduzido tendo poucos filhotes. Eles se aliaram aos vampiros, que em troca mantiveram seu segredo. Foi uma barganha maligna, e, até onde Jamie sabia, provava por que eles deveriam ser exterminados. Eles haviam destruído o mundo, e por isso deveriam ser erradicados da existência. Sem exceções, sem misericórdia. Tanto Holgar quanto Antonio tomavam cuidados quando estavam perto dele, e Jenn queria que o Padre Juan o liberasse de sua
promessa de permanecer com a equipe. Quando você lutava por sua vida, precisava saber que todo mundo que estava do seu lado viria em seu socorro. Naturalmente, ninguém pode contar comigo também. Jenn engoliu em seco ao sentir a vergonha consumi-la por dentro. ―Padre Juan queria que entrássemos em contato com ele assim que tudo estivesse acabado, ―Skye lembrou ao grupo. ―É pra ver se sobrevivemos a esta maldita armadilha, ―disse Jamie. Ele estreitou os olhos. ―Ah, qual é. Vocês todos estão pensando a mesma coisa. Alguém contou aos Malditos que a gente estava vindo. Nós fomos emboscados. ―Ele olhou direto para Antonio. Antonio levantou a cabeça e retribuiu-lhe um olhar de pedra. A tensão no ar era tão espessa quanto à fumaça que estava ali pouco antes. ―Padre Juan, ―disse Eriko em seu celular. ―Hai. Estamos todos bem. Hai, hai. ―Jenn sabia que Eriko estava cansada. Ela ficava alternando para japonês e curvando a cabeça a cada sílaba. Jamie desviou seu olhar de Antonio para Holgar, e depois para ela. Jenn sabia que ele também não gostava dela. Para ser mais preciso, ele a detestava. Por causa de Antonio. E, por isso, Jamie também precisava tomar cuidado, pelo menos quando estava perto do parceiro de combate de Jenn. ―O que aconteceu com você? ―Jenn perguntou a Holgar. Ela reparou que Antonio havia se afastado alguns passos e estava cobrindo a mão com a boca. O cheiro de sangue em Holgar era grande. ―Vampiro. Foi difícil por um momento, mas eu finalmente consegui enfiar uma estaca nele. ―Diabo do cacete, ―xingou Jamie. ―Desculpe? ―perguntou Holgar, claramente intrigado com a reação de Jamie. ―Isso quer dizer que são quatro, e não três. ―Antonio disse baixinho. Instantaneamente todos ficaram em alerta. Jenn sacou outra estaca da aljava no seu cinturão e girou para encarar a escuridão. Procurou outra cruz no seu bolso. ―Você acha que há mais algum? – ela sussurrou. Houve um momento de silêncio, interrompido somente pela resposta ocasional de Eriko ao mestre deles, enquanto continuava a transmitir informações. ―O único vampiro cujo cheiro consigo sentir é o nosso – Holgar disse depois de um minuto. ―Eu não ouço nada, ―confirmou Antonio.
Skye lançou um rápido feitiço de observação. ―Acho que só havia quatro, - ela confirmou. Todos relaxaram ligeiramente. Antonio se abaixou e pegou um pedaço de madeira esturricada que havia sido parte da igreja. Ele o enfiou no chão como se enterrasse uma estaca no coração da própria terra. De um dos bolsos de sua calça cargo ele puxou uma bandeira. A seda grossa branca tinha uma cruz vermelha consistindo de quarto braços curvos de igual comprimento – a cruz dos Cruzados originais. Um capacete azul de cavaleiro coroado com três penas brancas – a cor azul para a Virgem, as três penas para homenagear a Trindade – fincadas no braço superior da Cruz. Abaixo, a palavra ―Salamanca‖ estava costurada em uma fonte reminiscente das fontes mouriscas da Espanha. Era o antigo símbolo do Caçador de Salamanca. Os caçadores usavam emblemas combinando nos ombros esquerdos, que podiam ser cobertos por abas de velcro. ―Esta cidade está sob nossa proteção, ―Antonio anunciou ao amarrar a bandeira à estaca. ―Os caçadores de Salamanca. – Então ele recuou e fez o sinal da cruz, primeiro sobre a bandeira, e depois sobre ele próprio. Era uma coisa estranha e miraculosa que Antonio pudesse fazer isso, pois as cruzes faziam os outros vampiros queimar. Como o único outro católico praticante no grupo, Jamie rangeu os dentes, e depois fez o mesmo. Como Bruxa Branca, Skye era nominalmente wiccana3, e Eriko era budista. As raízes de Jenn eram bávaras, e sua família há muito tempo havia parado de pensar como católica. Eles não eram nada. Quanto a Holgar, ela não tinha a menor ideia de em que ele acreditava. O resto abaixou a cabeça por um breve instante em respeito à bandeira. Equipe Salamanca, vitoriosa. Mas, quando Jenn olhou para a bandeira, pensou em todos os mortos e moribundos em Cuevas e não pôde evitar imaginar como poderia proteger alguém quando não conseguia sequer proteger a si mesma ou a seus colegas de equipe. Uma brisa começou a soprar e a bandeira balançou desafiador, um símbolo de tudo o que havia sido combatido e perdido – os caçadores que vieram antes deles e os que viriam depois. Deus ajude a todos nós, pensou Jenn.
3
*Wiccana – pessoas que trabalham com magia negra (Bruxaria).
Perdido e procurando, Maldito e imortal Uma corrida em necessidade A raça de vampiros Vamos mostrar a bondade Ofereça silêncio em respeito E dê a cada oração Como a nossa parte perfeita
Jenn sentiu uma mistura de orgulho e vergonha, quando ela olhou para a bandeira improvisada plantada no ensanguentado solo. Consciente de um olhar, ela olhou para cima. Os olhos de Antônio brilharam com intensidade, o zelo pela missão da equipe. Ele nunca vacilou, e ela o amava e o invejava por isso. ―É aconselhável deixar um cartão de visitas como esse?― Skye perguntou nervosa, quebrando o silêncio. Sua presença na universidade era um segredo – embora não muito bem guardado, muitos dos habitantes locais começaram a pedir a sua ajuda. O governo espanhol sabia de sua existência, mas não reconheciam abertamente eles, explicando as atividades da Universidade de Salamanca como uma pequena guarnição misturada as forças militares espanholas. De certo modo era verdade. Três de seus professores eram oficiais militares espanhóis. Os três ensinaram muitas das classes de combate, um deles, Felipe Santasiero, também havia sido professor de espanhol de Jenn. Quanto a reais forças armadas espanholas, aqueles que conheciam a verdade se ressentiam dos Salamancas, os chamandoeles de Las pulgas – as pulgas. General Maldonaldo do exército espanhol temia-os. Um homem conservador, ele sabia que Salamanca utilizava mágicos... E magias, ele acreditava que era o trabalho do Diabo. O Diabo estava vivo em toda a confusão e derramamento de sangue, General Maldonaldo não quis o Diabo para beber mais sangue espanhol, ele nunca teria aceitado que o Padre Juan compartilhasse o seu desejo. Jenn deslocou o seu peso quando ela olhou para a bandeira. Suas costas estavam latejando. ― Se colocar nossa bandeira no pó dos Malditos torna-os ainda com um pouco medo de nós, eu sou a favor disso. ― A menos que seja um código, ― disse Jamie. ― Como, ―tem a nota, obrigado. Ainda não está morto‖.
― Jamie, por favor. Ele é um de nós. ― Skye olhou para Antonio. ― Eu joguei as runas. Nós podemos confiar nele. ― A maioria dos vampiros fedem, e Antônio não, ― Holgar disse em seu sotaque dinamarquês, fazendo como se estivesse cheirando o ar. ― Além disso, ele salvou a minha vida. ― Ele olhou para Jamie. ― Vocês, também. A última vez que nós estávamos fora. Isto é como você diz, em inglês, ―doce‖. E mais doce para você, Jamie, uma vez que a sua vida significa muito para você. ― Baixo, garoto, ― sussurrou Skye, colocando a mão no antebraço de Holgar. ― Estamos todos no limite. Mas parece que eles estavam nos esperando. ― Muitas mágicas, quando você voltar, ― sugeriu Eriko. ― Você e o padre Juan juntos. Talvez você possa Evidenciar a fonte de um vazamento. Nós podemos simplesmente ter tido falta de sorte. ― Nascidos sob uma má estrela, ― disse Jamie. Ele fez uma careta para Holgar. ― Ou uma lua cheia ruim. Holgar suspirou. ― Isso não é aconselhável, se você não quer ser uma isca para um lobisomem. Jamie mostrou os dentes, em seguida, cuspiu sobre as cinzas. ―Tudo bem, você sabe que eu amo coelhos, mas eu estou excitado. Skye apertou os lábios, e Eriko assentiu. Jenn estava perdida. Dois anos na academia e dois meses como companheiros de equipe, e Jenn ainda não conseguia acompanhar muito do que Jamie dizia. Era ruim o suficiente que Skye tinha um sotaque grosso, Antonio liberalmente atado no seu inglês com o espanhol, Eriko jurava em japonês, e Holgar tinha uma tendência a falar consigo mesmo em uma série de grunhidos, gritos e latidos que só um cão, ou outro lobisomem, pudesse entender. Com Jamie era de alguma forma pior. Ela entendia as palavras que ele usou, mas não conseguia nem começar a compreender a metade dos seus significados. ― Ele quer ir, ― disse Skye, por meio da tradução. ― Ele está cansado. Todos nós estamos. ― Skye a pacifista. Tacitamente, concordando com a queda de sua hostilidade, os seis se espalharam, caminhando em uma formação circular no caso de que houvesse mais vampiros. Skye tinha apagado o fogo das casas visíveis da área da praça. Lentamente, as pessoas começaram a se reunir, alguns vindos da floresta onde tinham procurado refúgio. Quando eles viram os caçadores, eles iniciaram um coro de ‗viva‘. Homens de calças jeans e terno, garotas com a mesma idade de
Jenn e todas de uma forma fashion e elegante. Um cara com uma camiseta de Hellboy4 ergueu seu celular, para filmá-los. ― Maldição, ― disse Jamie. ― Eles vão querer tirar fotos da gente e pedir autógrafos. ― Nós devemos fazer isso, ― disse Jamie. Você sabe que a muitos que odeiam caçadores lá fora. ― Isso é na América, não na Espanha, ― Holgar insistiu. ― Eu preciso de um cigarro, ― disse Jamie. ― Antonio, você deve sair daqui, ― Eriko advertiu. Até agora, nenhum civil havia descoberto que Antônio era um vampiro – na maior parte das vezes você não pode dizer só de olhar para ele – mas não havia razão para correr riscos desnecessários. O cheiro de sangue de alguma coisa tão pequena como um corte de papel, pode trazer a sede de sangue, o que faria seus dentes crescerem e os seus olhos ficarem vermelhos reluzentes. ― Eu vou estar na van, Antonio disse, virando-se para ir. Jenn pulou para o lado dele, e suas feições afiadas suavizaram. Ele pegou a sua mão e apertou não muito rígido. Ele poderia ter quebrado todos os ossos se ele quisesse. Ele era ainda mais forte do que Eriko. Atrás deles, os gritos ficavam mais altos. Os sobreviventes estavam contentes. Em breve, eles se tornam mais sóbrios, como alguns dos feridos que se juntam às fileiras dos mortos. Jenn tinha visto isso antes. Seria pior dessa vez, por isso grande parte da cidade havia sido queimada. Levaria muito tempo para reconstruir. Ela se sentiu culpada em seu relevo, porque ela não teria tempo para ajudar a limpar e ajudá-los a começar de novo. Ela não sabia nada sobre a criação, mas, graças à academia, ela sabia muito sobre destruição. ― Estou contente por você não está ferido, ― Jenn disse a ele. Tentando fechar os sons dos aplausos que foram crescendo com força por trás deles. ― Quando eu vi você no chão, aquelas chamas... ― Jamie está certo, ― ele a interrompeu, o brilho vermelho da sede de sangue voltando nos seus olhos. Um arrepio deslizou até sua espinha dorsal. Seus dentes estavam começando a se alongar. ― Ele tem razão para desconfiar de mim, ― continuou ele. ― E ele está certo em pensar que há um traidor entre nós, ou um espião na Academia. Alguém disse aos vampiros que nós estávamos chegando. Nós tivemos muita sorte, nenhum de nós foi morto. ― Bem, nenhum de nós estava ela lembrou a ele. Engolido seco. 4
*Hellboy - é um personagem de histórias em quadrinhos criado por Mike Mignola, cujas histórias são editadas nos Estasdos Unidos pela Dark Rose.
― Ainda não, ele respondeu sua voz rouca e profunda. E seus olhos brilhavam repletos sobre os seus sob os raios de prata brilhantes da lua espanhola. Ela baixou os olhos e foi em direção a van branca Mercedes-Benz. Skye lançou uma magia de proteção para manter a van escondida de estranhos e intocada pelo fogo. Estava estacionada no bosque de carvalho, por outro lado, havia sido parcialmente consumida, e muitos os restos calcinados seria nada mais do que cinza ao amanhecer. Antonio deslizou atrás do volante, e alguns minutos depois quando os outros se juntaram a eles, Jenn encontrou-se presa entre Holgar e ele. É como aqueles filmes de terror antigos que eu costumava assistir com o pai de Che, quando eu era pequena: Lobisomens e vampiros, ela pensou, e imediatamente se sentiu muito boba e ainda mais culpada. No banco de trás Jamie descansava entre Eriko e Skye, e ele estava roncando alto, muito antes de eles voltarem para a estrada. ―Você não pode fazer nada sobre isso? ― Antonio perguntou com os dentes serrados. Sua audição estava mais acentuada do que a deles, fazendo dele um grande vigia. E poderia fazer dele um traidor ainda melhor... Skye murmurou uma magia, e o silêncio desceu. Jamie ainda estava roncando, e eles simplesmente não podiam ouvir mais. Então a bruxa fez alguns trabalhos nas costas de Jenn e felizmente levou a dor. Jenn imediatamente fechou os olhos, os ossos cansados, contudo como se ela tivesse bebido vinte copos de um grosso café torrado espanhol até ela se viciar. Ela desejou ter algum agora para lavar a poeira, fuligem e sangue da sua língua saburrosa e da sua boca. Ainda mais do que isso, ela desejava dormir que nem Jamie. Jamie era o único que foi capaz de dormir por pura força de vontade. Ele disse que era bom descansar a cada oportunidade, porque você nunca sabe quando e onde a violência irá irromper – algo que ele havia aprendido de sua família IRA na Irlanda do Norte. Seus pais foram mortos, atacados ferozmente há alguns anos atrás, por lobisomens locais de Belfast5 que estavam trabalhando com os Malditos – que, Jamie alegou, estavam trabalhando com o inglês. O velho rancor ainda estava ali, assim como os guerreiros lutando pela causa de uma Irlanda unida, livre do poder inglês. Apesar de que, Jamie queria o grupo nunca foi atrás dos lobisomens, apenas vampiros. 5
*Belfast – é a maior cidade e capital da Irlanda do Norte.
Jamie tinha uma louca habilidade de luta, como o restante deles, ele ainda teve que treinar duro para se tornar um caçador. Armas modernas eram proibidas, porque ela é ineficaz contra um vampiro. Parar matar um deles, você tem que se mover para perto e arriscar sua vida. Jamie havia treinado com seu avô para ser um armeiro, antes de ele entrar a estudar na Academia. A única coisa que Salamanca estava preste a matar com uma arma, era uns aos outros. Dada a tensão entre os membros da equipe, o medo roeu dentro dela que um dia poderia realmente se resumir a isso. ―Gracias, brujita, ― Antonio disse para Skye, Jenn suspirou e moveu os ombros, indicando que a mágica de Skye tinha acalmado suas queimaduras. Obrigado, bruxinha. Skye gostava quando ele a chamava assim. Skye tinha percebido o poder mágico que emanava do padre Juan, então ela disse a si mesma que ela era uma bruxa. A bruxa branca, de fato, uma das muitas bruxas brancas que se consideram seguidores da deusa Wiccan. Havia bruxas escuras, também chamadas por alguns bruxos, que seguiu a Deusa em seus muitos aspectos do mal e praticaram magias escuras. Ambos os ramos de bruxarias tentaram ficar fora do radar das pessoas comuns, e bruxaria branca havia passado à clandestinidade, com medo dos vampiros que os explorariam como faziam com os lobisomens e os forçavam a se tornarem seus aliados. Alguns vampiros procuravam os bruxos para usar como armas, outros queriam exterminá-los, porque os bruxos poderiam detectar a presença de vampiros. Skye era a bruxa só na Academia, e no início ela tentou esconder suas habilidades mágicas dos outros. As bruxas brancas eram curandeiras, não guerreiras. E assim ela era uma anomalia. Mas Antonio a tinha acolhido. E explicou a sua crença – que a luta era uma forma de cura, assim como o choro era uma forma de oração. Ela gostava da maneira como ele pensava, e ela ficou fascinada por sua crença ardente na sua religião católica. Sua devoção à Virgem Maria, como era sua devoção à Deusa. Ele acreditava que muitas coisas do que ela não fez como o conceito do pecado e da necessidade da salvação – mas a pureza e a simplicidade da sua fé a encantou. Skye gostava disso. Ela gostava dele. Ela tinha assegurado para Jenn que Antonio era realmente um ―homem vampiro‖ que podia confiar. Cada magia que ela tinha lançado para julgá-lo tinha mostrado isso. Mas talvez os vampiros pudessem manipular as forças mágicas do universo, assim como haviam manipulado a raça humana. Queremos viver em paz. Nós queremos ser seus amigos. Nós bebemos do sangue de animais. A estrada torcida se transformou numa paisagem espanhola, árvores e arbustos tecendo sombras no farol alto da van. Ao contrário da casa de Jenn,
na Califórnia, não havia iluminação pública, apenas escuridão, manchado de tinta. Antonio podia ver melhor do que ninguém na van, mas mesmo ele, tinha seus limites. Ela olhou para ele nervosa, mas ele mantinha os olhos para frente. Ao lado de Jenn, Holgar lambeu suas feridas. Ela tentou não fazer careta, mas foi nojento. O corpo de Hogar cura-se muito mais rápido do que um ser humano poderia, e muitas vezes ele ajudou ao longo limpando seus ferimentos como os irmãos selvagens faziam. Ela sabia que isso fazia um pouco Antônio doente, e ele tinha muito mais tempo – mais de sessenta anos para se acostumar com essas coisas. No banco de trás Eriko e Skye estavam conversando em voz baixa. Ambas estavam irritadas com a quantidade de moradores que haviam perdido, e elas estavam tentando decifrar a evidente emboscada. Jenn estava irritada demais, mas sua mente estava ocupada com outras preocupações. Ela hesitou. Ela não tinha estado até a luta. Ela não pertencia. Ela sabia disso. Existiam seis em sua equipe, seis Caçadores de Salamanca. Destes seis, quatro tinham habilidades sobrenatural. A natureza de lobo de Holgar havia sido revelado durante o primeiro semestre de formação, quando, embora trancado pelo padre Juan , seus uivos furiosos atravessavam a noite de lua cheia particularmente brilhante. Além disso, ele tinha esquecido e lambeu suas feridas após um treino de formação. Os alunos tiveram conhecimento da natureza ‗bruxa‘ de Skye logo depois, como se ninguém visse em nunhum momento, ela tentar esconder o quanto do sobrenatural estava presente em seu mundo atualmente artificial. Jenn tinha se preparado para ainda mais revelações chocantes... mas mesmo com isso, ela não tinha sido preparada para a reveleção mais impressionante de todas: Antonio. Ninguém sabia sobre Antonio até a noite da formatura, quando fez par com Jenn para ir numa caçada de vampiros – seu exame final. Até então, sua paixão por ele tinha transformado em um profundo desejo. Seu sentimento de traição era enorme quando ela descobriu o que ele era, em essência, o mesmo tipo de monstro que ela jurou matar. Tudo o que ela havia aprendido sobre vampiros em suas aulas, de seus professores, e do manual do Caçador, insistiu em que todos os vampiros eram maus. Malditos, que nunca deve ser mostrada misericórdia. E depois de descobrir que o cara que ela queria, era muito, muito o cara errado para ela ou para qualquer pessoa com um coração batendo, e uma alma...
Mas, então, ao saber que ele estava estudando para ser padre antes de ser ―convertido‖ , como era chamado, e que mesmo ele tivesse uma alma humana, ele estaria fora dos limites para ela... Não pense. Você está cansada. Você faz isso quando está exausta. Era como sua mini-férias em desespero. Como bater a cabeça na parede porque se sentia tão bem quando ela parava. O último membro sobrenatural foi Eriko. Como o Caçador, Eriko tinha um poder nato de beber o exilir. Os dois últimos integrantes da equipe, ela e Jamie, eram seres humanos comuns. Com exceção de Antonio, Jamie tinha mais experiência de combate do que todos eles juntos. O esquentadinho irlandês foi um lutador de rua vicioso, e ele tinha o dom de estratégia – onde atacar para causar um maior dano e confusão. Era por isso, a suspeita de Jenn, ninguém tinha o levado a força para deixar a equipe. Jamie não fazia nada, mas brigava, discutia, e acusava, mas eles precisavam dele. Assim que deixou. Apenas Jenn. Era assim que ela pensava de si mesma, nada de especial. Ela trouxe nada de distinto para o grupo – nenhuma malandragem de rua – nenhuma extraordinária habilidade, e até mesmo o seu espanhol era o mais fraco. Mais de uma vez ela tinha pensado que, para o bem de todos, ela deveria sair. Toda vez, pórem, o padre Juan a deteve. Secretamente, ela agradeceu. Um Caçador solitário era um alvo fácil e uma morte fácil. Mesmo que ela sobrevivesse a sua primeira noite sozinha, onde ela iria? Era uma loucura, um grupo incompatível, mas esses eram tempos loucos. Jenn tinha pedido para entrar na Academia, logo que ela soube que havia uma escola especial de que as pessoas treinadas – os jovens – lutavam com vampiros. Estas escolas, aparetemente, existe há séculos, mas eles tinham cumprido uma finalidade diferente – para treinar um Caçador para combater os vampiros em cada cidade ou região. Na história da classe do Vampirismo, Jenn aprendeu que, durante a Idade das Trevas muitas dessas escolas se perderam, e até mesmo as Academias perderam a noção entre si, até que cada um achava que estava sozinha. De cada Academia sobreviventes continuaram a treinar um simples Caçador, muitas vezes conciderado como um cavaleiro, um santo ou ambos, que iria protejer a sua- ou seu – pequeno território. O Caçador de Salamanca teria que proteger a universidade, a cidade, e as aldeias vizinhas. Em seguida os vampiros se revelaram à humanidade. Seu porta voz, Salomon – jóvem e estrela do rock quente, com cabelos vermelhos como é o
de Jenn – havia estado ao lado do presidente dos Estados Unidos e ofereceu a sua mão em amizade. Salomon insinuou que os vampiros tiveram acesso ao segredo de sua própria imortalidade, e que iria compartilhar isso se eles fossem tratados como ―parceiros globais.‖ ―Como iguais, ― declarou salomon. E o presidente dos Estados Unidos – velho, cinzento, de aspecto cansado - tinha tomado a mão de Salomon. Celebridades correram para festa com os vampiros e para serem fotografados e entrevistados com eles. Talk shows6 vampiricos reservados para aumentar suas classificações. As estrelas de cinemas se casaram com eles. Os políticos e corporações os cortejavam. Tudo tinha acontecido tão rápido. Tudo tinha sido tão emocionante. Salomon era de um modo charmoso, afável e divertido. Jenn e suas amigas de escola tinham pendurado a foto dele nos seus armários e usou-a como papel de parede em seus laptops. Vampiros avatares e ícones surgiram em todo sites de redes sociais. Os vampiros eram completamente, totalmente legais. Então Nina filha adolescente do presidente, foi sequestrada. A busca por ela era intensa, e Salomon, e os vampiros se dedicaram a encontrá-la... Ou então eles afirmaram. As pessoas rezavam, os generais ameaçaram, e a primeira-dama chorava e implorava aos sequestradores para liberar sua filha. Quando Nina finalmente surgiu, seus sequestradores lhe mostrou ao vivo na TV. Ela tinha sido transformada em vampira, ―convertida‖, no jargão dos vampiros. A CIA juntou forças com outros grupos de inteligência para descobrir onde Nina estava, e ela foi localizada em uma remota aldeia perto do Círculo Polar Ártico, onde era escuro quase todo o tempo. Os marinheiros entraram, junto com uma equipe de filmagem, e as pessoas viram como os vampiros poderiam ser tão selvagens no modo como atacaram os humanos. Ao invés do bonito Salomon, cujos seguidores bebiam de bolsas de sangue e açougues, esses vampiros rasgaram as gargantas de soldados armados. Sangue jorrava e pulverizava. O sargento Mark Vandeven transportou Nina para a segurança. Assim que ele a acomodou, ela o atacou. O Cabo Alan Taliaferro, cravou uma estaca no coração dela, e todos que estavam assistindo viram o que acontecia com os vampiros quando eles morriam. O Cabo Taliaferro foi entrevistado depois. Ele estava com os olhos arregalados e abalados. 6
Talk shows - é um gênero de programa televisivo ou radialístico em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se junta e discute vários tópicos que são sugeridos.
―Ela era um monstro, ― a Marinha citou o que ele estava dizendo. ―Não havia nenhuma menina mais lá, apenas um demônio. Salomon alegou que um grupo marginal radical tinha convertido ela. Ele insistiu que esses ―renegados‖ deveriam ter forçado Nina a beber de um deles, uma violação de tudo aquilo que mostra dos vampiros sagrados. Para vampiros dignos, compartilhar seu sangue com um ser humano era um ato sagrado, e os humanos tinham que estar dispostos. ―O mortal deve pedir para ser convertido, ― explicou Salomon na televisão nacional. ―É muito parecido com o conceito cristão da sagrada comunhão. ― Sentindo quão apavorados muitos de seus novos aliados estavam ele passou a lembrar de seus leitores que uma mordida de vampiro não pode converter um ser humano; não uma duas ou até mesmo uma dúzia de mordidas. Um humano tinha que beber sangue de um já renascido a imortalidade. ―Voluntariamente, ― ele acrescentou. ―Esta foi uma tragédia insensata, e não tinha nada haver com vampiros civilizados como nós. Mas, muitas pessoas viram a entrevista do marinheiro no YouTube – monstro, demônio; o olhar assombrado em seus olhos disse ainda mais que suas palavras. Algumas semanas depois que o vídeo passou, seu corpo foi encontrado sem sangue e, lentamente, muitos vieram perceber que não havia vampiros decentes. Foi então que os americanos normais começaram a chamar os vampiros de ―Aqueles Malditos‖. Era uma vez uma expressão escrita nos livros antigos, empoleirados, resguardada por uma pequena elite consciente, em seguida, passado para pessoas como Jenn – Caçadores que haviam se dedicado a destruir Aqueles Malditos. O nome pegou, se tornando truncado para – ―Malditos‖ – e em vez de serem vistos como os recém-chegados exóticos, os vampiros foram finalmente considerados como inimigos. Os Estados Unidos declararam guerra contra os Malditos e exigiu que os seus aliados ao redor do mundo fizessem o mesmo. Muitos fizeram isso. Alguns não. Os governos não confiam uns nos outros. Alguns aproveitaram o caos e declararam guerra a seus inimigos humanos. O presidente dos Estados Unidos foi assassinado. A guerra mundial estourou - a terrível guerra. Os Malditos eram incrivelmente rápidos e fortes. Os exércitos caíram tanto a Cursers e outras nações, forças de operações especiais, foram apagadas. Dezenas de pequenas cidades ao redor do mundo foram destruídas nas batalhas. E quando se tornou óbvio que a humanidade estava prestes a perder, o novo presidente
dos Estados Unidos – jovem sexy e ambicioso – declarou uma trégua com os vampiros. Vários outros países seguiram o exemplo, com a Espanha, sendo um dos redutores. Mas era uma trégua sem honra. E enquanto muitas pessoas optaram por acreditar que tudo tinha sido um trágico engano, outros sabiam que a guerra real – a guerra fria – havia apenas começado. Na parte de trás da van Skye e Eriko havia se calado. Holgar finalmente parou de lamber suas feridas, e saltou ao longo da estrada na escuridão. Jenn lutou contra o impulso de perguntar a Antonio o quanto faltava até eles chegarem em casa, na universidade. Era como uma viagem de carro da família do inferno. Sua garganta apertou com o pensamento. Ela não conseguia deixar de pensar como estava sua família, de volta em Berkeley, Califórnia. Havia ainda tanta coisa entre ela e seus pais. Ela lembrou a sensação de mal estar que havia fechado seu estômago, a raiva pura, quando seu pai chegou em casa do seu novo trabalho, todo animado, jorrando propaganda pró-vampiro, como se ele realmente acreditasse nisso. ―Três vampiros apenas se juntaram a nossa repartição, ― disse a família na mesa de jantar. ―E eles são caras realmente grandes. Eles são praticamente iguais a nós. ―Você não pode acreditar que... ― ela disse. ―Eles não são iguais a nós em tudo. Eles não conseguem trabalhar durante o dia. ―Nós temos pessoas que trabalham todos os tipos de horas, ― ele respondeu na defensiva. ―Eles não são pessoas, ― Jenn combateu. E tinha havido uma briga, - a primeira de muitas. Sua mãe estava pálida, sua irmã Heather, chorava. E Jenn se afastou da mesa de jantar e bateu a porta do seu quarto – antes do seu pai lhe mandar primeiro. Então, uma noite que tinha havido uma trégua, ele desabou: ―Você vai nos colocar em problemas, ― e ela sabia que ele sabia que estava trabalhando com monstros. Ele estava apenas fingindo, para que eles pudessem sobreviver. Jenn pulou fora para o quarto dela, com tanta vergonha dele, e tanto medo. Ela chorou no seu travesseiro e fantasiou sobre fugir. Mas onde ela poderia ir? Mais tarde, ele bateu de leve em sua porta, abriu ela antes, que ela pudesse dizer para ele ir embora. Ele parecia pequeno enquanto ele estava no
limiar. Desamparado. Olhando para ela, ele estendeu sua mão. Ela começou a se levantar, pensando que eles iam ser honesto um com o outro. Finalmente. ―Você tem que se comportar, ― disse seu pai, e suas palavras foram cortantes. ―Você não pode ser assim. Você faz parte desta família. Então, ele fechou a porta. Ela ficou olhando para ele, incapaz de acreditar que seu pai poderia dizer algo assim para ela. Ele havia sido criado por pais que lutaram por aquilo que acreditava, literalmente. Seus avós, que tinham lutado contra os opressores anteriormente, desconfiavam dos Malditos, e Jenn não sabia como seu pai poderia apenas descartar as evidências, fingir que estava tudo bem quando não estava. A palavra lentamente se espalhou sobre as Academias secretas de Caçadores de vampiros. Uma grande quantidade de informação estava errada. Mas Jenn ouviu duro, e descobriu o que era certo. Havia uma escola nos Estados Unidos, em Portland, Oregon, que estava cheia. Todos os outros países com escolas ―anti-vampiros‖, só aceitava estudantes que era natural do país – Exceto a escola na Espanha. Foi instalado no campus da Universidade de Salamanca, uma das mais antigas universidades da Europa. Durante séculos universitários tinham se reunido até Salamanca para uma educação superior a todo o resto da Europa. Até a guerra contra os Malditos, somente a igreja Católica tinha o conhecimento da existência da Academia Sagrado Corazón Contra los Malditos. Durante a guerra, a Universidade de Salmanca fechou suas portas, e nunca havia aberto novamente. Mas, dentro do vasto complexo de edifícios antigos e modernos, a Academia Sagrado Corazón, abriu suas portas para um novo tipo de estudantes, e todos os que queriam lutar contra os vampiros foram bem vindos – todos que se classificaram, o que são. Jenn ainda não tinha certeza de como ela tinha conseguido entrar – e menos certeza sobre como ela tinha se formado. Dos noventa alunos que compuseram seu grupo, somente trinta alunos tinham feito à graduação. Os outros alunos haviam sido reprovados ou foram mortos. Sua prova final foi realizada na Véspera de Ano Novo, seu teste, para acabar com um ninho de vampiros composto por nove Malditos. Dos trinta alunos, quinze morreram naquela noite. Isso deixou quinze esperando para descobrir quem seria declarado o Caçador de Salamanca. Havia um Caçador durante séculos, que protegia a área ao redor de Salamanca, defendendo a cidade, a universidade, e as aldeias vizinhas dos ataques Los Malditos – Os Malditos. Através dos séculos, caçadores não tinham muito que fazer. Os religiosos permanentes expurgos
dos hereges e estrangeiros dificultaram para Os Malditos de evitar o escrutínio, então eles deixaram as áreas sozinhas. Outras regiões do mundo não tiveram tanta sorte. Mas agora que Os Malditos travaram guerra contra a humanidade, alguma coisa tinha que mudar. Padre Juan foi capaz de destilar a essência apenas o suficiente para criar um mágico com uma dose do elixir sagrado, disse que ia fazer um ser humano tão forte como um Maldito, e quase tão rápido. Isso ele deu à Eriko, a quem foi decretada a sua Caçadora escolhida. Então, ele rompeu com a tradição e deu ao Caçador uma equipe de guerreiros para apoiar sua campanha contra o inimigo – uma equipe de cinco, que seria chamado ―caçadores‖, com o c minúsculo. O mundo todo estava começando a descobrir sobre esses lutadores veneráveis e não entendia a diferença entre o Caçador e um caçador. Mas para os cinco escolhidos antes de Eriko, havia uma diferença enorme. Os outros nove que permaneceram na escola, caso quisessem, ajudariam para a formação da nova classe de noventa. Quando Jamie percebeu que não tinha sido selecionado como um Caçador, ele explodiu de raiva. Skye tinha empalidecido assustada, como ela poderia ser – ela estava sendo ordenada para combater vampiros sem o benefício do elixir. Holgar recebeu a notícia numa boa, declarando que, com ou sem elixir, ele estava feliz com a chance de ―rasgar uns garotos com presas, aparte.‖. Como um vampiro, Antonio não esperava ser escolhido como o Caçador, e o Padre Juan já havia dito que ele estava montando uma equipe. Depois, Antonio contou a Jenn que pediu para ser seu parceiro de luta para que ele pudesse vê-la novamente. Quanto a Jenn, quando Eriko tinha sido escolhido, ela percebeu que ela mesma não esperava ser escolhida – não realmente, bem lá no fundo. Foi um golpe. Ela tinha, na essência, mentido para si mesma. Ela acreditava na causa, mas não em si mesma. ―Há uma razão para você estar aqui, ― Padre Juan lhe disse. ―Cada um de vocês tem um caminho. Cada um de vocês é uma luz nessa nova Idade das Trevas. Alguns brilham agora. Para alguns, deve haver um vento refrescante primeiro, e depois... Ele tinha ido, e abençoou-a e os outros, embora, somente dois deles acreditavam em bênçãos católicas. Então Padre Juan equipou-os com armas, e suas novas vidas começaram. Eles eram os Caçadores.
Ela desejou que seu pai entendesse. O que ele diria se pudesse vê-la agora, veja a lutadora que se tornou? Lágrimas ardiam em seus olhos. Não agora, ela pensou, cerrando os punhos. Ela começou a pensar nos homens fortes na sua vida – seu avô, quem ela chamou de Papa Che depois de seu ídolo, o lutador da liberdade Che Guevara. Antonio. Antonio que não era um homem. ―Jenn? ― Antonio perguntou. Ela deslizou seu olhar para ele, constrangida, porque ele pode lê-la facilmente. Ele sempre sabia quando ela estava lutando com algum problema particular. Ela encolheu os ombros. ―Estou bem, ― ela disse que praticamente era um código que ela não queria compartilhar com os outros. ―Bien ― o disse, indicando que ele entendeu. Mas ele continuava olhando para ela, seu rosto iluminado pelas luzes do painel. Às vezes ela se perguntava se ele estava lendo sua mente ou seu coração. Talvez vampiros pudessem fazer isso. Havia muitos vampiros que as pessoas não sabiam. Muito sobre Antonio que Jenn não sabia. Só que, quando ele sussurrava seu nome, ela acreditava que ele realmente a amava. Depois de um tempo, sua exaustão e o calor do aquecedor do carro embalou ela a dormir. Ela sonhava em viajar com sua família, a Big Sur 7, antes da guerra contra os vampiros, pegar a mão de sua irmã e passear ao longo das ondas rolando na areia, sem entrar na água. Há tubarões, no sonho eu disse a Heather. ―Jenn, nós estamos em casa, ― Antônio murmurou. Ela ergueu a cabeça quando a van passou através dos portões de ferro forjado da entrada da universidade. Estátuas de santos colocados no alto, paredes arqueadas. Cruzes, montada há seis anos para impedir a entrada de vampiros, brilhavam ao luar. Por trás da parede de gengibre, a nova classe estava dormindo, ou talvez estudando para os exames de Liderança, espanhol ou a leitura fria, ensinada pelo Senhor Sousi, que era o homem mais estranho que Jenn já conhecera. Era para Jenn ajudar com a disputa pela manhã, a formação dos novos estudantes que poderiam muito bem substituir um ou todos os membros de sua equipe... Se os próprios alunos vivessem o tempo suficiente. Antonio estacionou no espaço ao lado da capela, e os outros esperavam do lado de fora. Padre Juan, vestido de terno clerical de um padre e um colar, desceu as escadas em direção a eles. O padre estava aparentemente bem, com cordões prateados no pescoço tecido pelo seu cabelo preto-azulado. 7
Big Sur - é uma região costeira localizada no centro da Califórnia, nos Estados Unidos.
―Ei, Padre, eu tenho um osso para escolher com você, ― parcialmente Jamie gritou para o Padre Juan, mas o Padre passou por ele. ―Eles sabiam... Ei! ― Jamie gritou. Holgar saiu, deixando a porta aberta para ela. Jenn desdobrou-se, franzindo a testa enquanto o Padre Juan aproximou da van. Normalmente ele teria esperado por eles no interior da capela, para abençoá-los após suas batalhas e levá-los em oração para agradecer por suas seguranças. Em vez disso ele se aproximou da porta do passageiro aberta, rosto sombrio. ―Padre? ― Antonio disse, se inclinando em direção a Jenn. ―Jenn, eu preciso falar com você em particular, ― disse o Padre Juan sombriamente. Jenn olhou para Antonio, que parecia tão confuso quanto ela. ―O quê? ―ela perguntou nervosamente quando ela desceu e seguiu o Padre Juan. A mente dela correu. Será que Eriko disse a ele que Jenn tinha embargado durante a missão? Talvez ele fosse dizer que ela estava fora da equipe porque não podia confiar nela. Ou que Antonio era um traidor. Não. Nunca. Ele não pode ser isso. Perto de uma grande estátua de pedra de São João da Cruz 8, o Padre Juan parou, e virou e colocou a mão no ombro dela. Jenn olhou para seus olhos castanhos escuros, e arrepiou-se pelo medo deles. ―O que há de errado? ― perguntou ela, sua boca subitamente seca. Antonio olhou para Jenn e para o Padre Juan, ajustando sua audição para fora do discurso de Jamie e as tentativas de Skye de acalmá-lo, e se concentrando na conversa. Ele não estava preocupado com as sutilezas das coisas como a privacidade. Ele não iria permitir o que era rude, atrapalhar o seu modo de trabalhar. Que era para destruir muitos vampiros o quanto podia. E para segurar que Jenn não se machucasse. Apesar de algumas noites, ele achava que o maior perigo para ela não vinha das caçadas dos vampiros, mas partir dele, o que ela não achava. Ele queria que ela ficasse tão mal quando eles estavam se beijando em Cuevas. O desejo tinha inundado através dele, enchendo-o realmente de uma intensa necessidade do sabor dela, alimentando-se dela até drenar-la completamente. Apenas lembrando esse feito a sede piora, e ele sentiu a nitidez de suas presas apertando contra o seu lábio inferior.
8
São João da Cruz - foi um frade carmelita espanhol, famoso por suas poesias místicas.
―Sinto muito, Padre Juan disse a Jenn. ―É o seu avô. Foi o seu coração, muito repentino. Sua avó está perguntando por você. Sua família quer você em casa para o funeral. Ah, não, Jenn, Antonio pensou. Ele sabia que ela adorava o Papa Che. Foi por causa dele que ela tinha entrado na Academia. Ele viu que os joelhos de Jenn começaram a se curvar, e ele disparou em movimento. Padre Juan estendeu a mão para apoiá-la, mas Antonio chegou antes dele. Ela caiu em seus braços abraçando-a com facilidade. ―Meu amor, ele sussurrou. Meu amor. ―Oh, meu amor. Ela chorou muito contra ele, e seu coração doía por ela. E suas presas alongaram. ―Jenn deve ficar na Califórnia, disse Antonio. Quando ele e o Padre Juan sentaram em uma mesa de madeira em um bar de tapas pequenas a poucos quarteirões do Aeroporto Internacional de Madri, tendo acabado de colocá-la em um avião. O chão era de mosaico quadrado em preto e branco, como tabuleiro de xadrez. O vampiro e o Padre já tinham passado muitas horas juntos jogando xadrez e outros jogos – jogos de guerras, jogos mentais. Músicas como Jazz, pop e uma pitada de flamenco saltaram ao longo dos nervos de Antonio. Dois soldados espanhóis armados sentaram em uma mesa próxima, olhando para Antonio e Padre Juan e murmurando-os em voz baixa. Eles não tinham percebido nenhum reflexo de Antonio moldado na janela, mas quando sua audição vampírica alertou o seu interesse, ele mudou de lugar com o Padre. Ele foi negligente por não prestar atenção, em primeiro lugar. Ele sabia que estava distraído com a sua preocupação sobre Jenn. Os soldados reconheceram pelo bordado na manga de sua jaqueta, ele era um dos Caçadores de Salamanca. As equipes de caçadores eram novas, mas o símbolo era antigo. Muitos os militares aprovaram os bandos independentes de caçadores de vampiros espalhados pelo mundo. Mas outros, como esses dois, temiam a independência dos caçadores e queriam que eles servissem para o ramo das Forças Armadas ou serem estigmatizados como traidores. Havia poucos clientes no bar, desde a guerra e a ―trégua‖, as pessoas já não se aventuravam durante a noite se não houvesse necessidade premente. A Espanha nunca tinha assinado o tratado; as lealdades das pessoas foram questionadas – por vampiros, pela humanidade. Como ela sempre teve, a Espanha guardou muitos segredos sobre fé e crença, cumplicidade e honra. Ela ficou como um farol... Ou uma fogueira.
O mundo está se afogando em medo, Antonio pensou. Assim era o seu mundo. Raramente por dois anos, ele deixou Jenn fora de sua vista. Até que ele havia confessado o que sentia, ela não sabia, nunca imaginou que ele ficou noites intermináveis vigiando sua janela, estudando as sombras. Por que Jenn? Por que a garota da Califórnia, que duvidava de si mesma toda vez, insistia que não era nada especial. Ele não sabia como ela havia irradiado a luz das sombras de sua alma. Ela era especial. Ele sabia que, tanto quando ele sabia que sem ela – como sem sangue – ele viraria pó. E agora ela estava voando de volta para os Estados Unidos. Milhares de quilômetros os separavam, ou quem sabe quanto tempo. Durante todo esse tempo houve um traidor no meio deles. E se Jenn fosse o seu alvo? E se ela estava fazendo exatamente o que ele queria, deixando a segurança de Salamanca e a segurança dele? E se ela for à traidora? Ela tem simpatia por um vampiro, por que não os outros? Irritado consigo mesmo por essa dúvida, Antonio balançou a cabeça como se a ação por si só poderia limpar os pensamentos indesejáveis. Jenn importava para ele, apesar do que ele era não por causa dele: Essa era a verdade, ele se agarrava a cada vez que se perdia em seus olhos. Ainda assim, havia uma parte dele que duvidava. Constantemente. ―Ela deve ficar longe, insistiu ele, com mais força do que ele pretendia. Porque ele sabia que eles juntos, não era seguro. Não mais. Quanto mais tempo eles passavam um com o outro, mais difícil para ele se controlar. Padre Juan levantou uma sobrancelha, e Antonio baixou o olhar. Antonio pediu dois copos pequenos de Sol y Sombra9 para ele e para Padre Juan. Antonio bebeu um gole para tirar os olhos do homem em frente a ele. Padre Francisco o antecessor de Juan, como mestre da capela da universidade, havia concedido refúgio há Antonio meio séculos atrás. Padre Francisco manteve Antonio escondido, rezando com ele para a liberação do vampirismo. Quando o Padre Juan tomou o seu lugar, ele trouxe Antonio de volta para a luz da comunidade. Padre Juan incentivou a continuar os seus estudos teológicos. Outra guerra, anos atrás, tinha interrompido os estudos – Segunda Guerra Mundial. Antonio havia sido ―convertido‖, como foi chamado, no ano de 1941. Ele ficou com o seu Senhor há menos de um ano, até que a vergonha
9
Sol y Sombra - uma bebida alcoólica depois do jantar, composto por partes iguais de brandy e anis doce (anis-doce ou anis). Esta bebida é conhecida nos bares e restaurantes em Madri, mas não tão conhecida em outras cidades e vilas. O nome da bebida vem das palavras em espanhol para sol e sombra e refere-se a diferentes tipos de lugares.
e o horror o enviou fugindo do ninho do vampiro com sede em Madri, e voltou para os braços da igreja. Ele teve praticamente uma segunda chance, e os estudos tinha ajudado a se sentir quase humano. Tudo isso mudou, no entanto, quando a universidade se tornou um campo de treinamento ocupado por caçadores de vampiros. Havia cinco classes de formandos na Academia, e sempre Antonio havia disfarçado de estudante. Quando o Padre Juan e outros mestres de todo o mundo decidiram romper com a tradição e treinar grupos de caçadores para trabalhar em conjunto, Antonio teve suas dúvidas. Mas quando o grupo foi formado Caçadores – Jenn estava no grupo – ele se juntou a ela, a pedido do Padre Juan. ―Ela vai voltar, ― disse o Padre Juan. ―Ela é uma de nós. ― Ele levantou o copo e se virou para os soldados na outra mesa. ―A La gente10, ele saldou para eles. Os saldados içaram seus óculos. ―A La gente. ― Os dois pareciam muito cansados, assim eles pareciam. Foi cansativo está no lado perdedor. ―Peço a Deus que ela fique em casa, murmurou Antonio. Padre Juan sorriu tristemente para ele. ―Você é como um quebra-cabeça para mim, meu filho. Você é mais velho que meu avô, e ainda você parece ter dezenove anos. ―Ela está com dezoito anos, praticamente, ― disse Antonio. ―Também, é muito jovem para isso. ―Você lutou ao lado de homens com dezoitos anos, antes, ― o Padre Juan rebateu. ―Na guerra com outros. ―E eles morreram, ― Antonio disse em uma voz, baixa e forte. ―Milhares. ―Então, a proteja, ― disse o Padre Juan. ―Com toda a sua alma. Antonio bufou. ―Ainda não sei se eu tenho uma alma. ―Eu conheço você. ― Era uma conversa antiga, um Antonio que imaginava que eles teriam uma morte no final – esse dia nunca chegou. Provavelmente, iria. Havia um preço por sua cabeça. Entre sua própria espécie, ele é um traidor. Para o seu Senhor, ele era um Judas. ―Então como os Malditos sabiam que estávamos indo para Cuevas? ― Antonio perguntou, voltando para o tema inicial. 10
A La gente – Para as pessoas.
Embora fosse conhecido na região, havia uma equipe de Caçadores secretamente enviados em missões para derrotar os vampiros saqueadores, os cidadãos agradecidos mantiveram a boca fechada. Padre Juan recebeu dezenas de pedidos de ajuda e respondeu a tantos quanto podia. Antonio tinha escutado com divertimento melancólico a uma palestra de vitalidade do Padre Juan para a equipe, no qual ele comparava os caçadores a Robin Hood ou Zorro – benfeitores lutando, estabelecendo autoridade em nome dos oprimidos. Então Antonio se imaginava, até a noite em que foi convertido. ―Os vampiros em Cuevas sabiam que estávamos chegando. Eles nos armaram uma cilada. Será que temos um espião? ― ele pressionou. Com um suspiro Padre Juan ergueu seu Sol y Sombra - sol e sombra – para a luz e estudou a líquida cor de âmbar. ―Eu não sei. Eu trabalhei com Skye, lançando runas, convocando visões, mas nada claro. ―Skye é uma bruxa forte, ― disse Antonio arriscando. ―Sí, ― disse Padre Juan. ―E como você sabe, eu também servi a Deus e Deusa até o momento da escolha. Eu trabalhei as magias e nossa pequena bruxa nunca sonhou, mas ainda não posso dizer nada se temos um espião. ―Jamie acha que eu sou ele. ― Antonio disse. ―Talvez eu seja. Se de alguma forma os outros vampiros podem ler minha mente, eles podem me rastrear. O Padre franziu a testa. ―Mas você pode controlá-los, ou ler suas mentes. ―Eu sou diferente. O fedor da sepultura não está sobre mim. Eu vivo dentro de uma igreja. Um olhar para a cruz e a maior parte deles são vômitos. Ele passou o dedo ao redor da borda do copo, o seu humor cada vez mais sombrio. ―Padre, ouça a minha confissão. Quando eu a beijei na noite passada, eu queria... ― Ele virou a cabeça, envergonhado. ―Já era hora de você se alimentar. Você costumava ser tão bom quanto ele, ―Tonio‖. Padre Juan se inclinou nos seus cotovelos, o rosto jovem e bronzeado gravado com rugas de preocupação. ―Duas vezes por mês, a primeira e a terceira sexta-feira. Por décadas. Essa foi a sua promessa. A vergonha em Antonio cresceu. Durante décadas, ele tinha bebido o sangue de doadores humanos dispostos, que sabia de sua honra e sua luta para permanecer fiel à sua fé e sua humanidade perdida. O sangue animal não pode sustentar um vampiro, embora muitos mentiram ao dizer que se alimentavam só disso. Ele lembrou que assistiu todas as transmissões em que Salomon disse ao mundo que os vampiros se alimentavam de bovinos, suínos, ovinos.
Antonio queria que fosse assim, mas sabia que só o sangue de humanos poderia sustentá-lo. Desde que Jenn entrou na Academia, ele mal se alimentava, imaginando o que ela poderia pensar como ela se sentiria, se ela já tinha visto ele se alimentar. Aos olhos da igreja, o amor era um milagre. A Santidade do amor inspirou homens e mulheres ordinários que agem como anjos. Decidiu deixálos com asas, ficando mais próximo de Deus. Mas o pensamento de amor de Jenn para ele o deixava tonto, como se estivesse caindo em um abismo. ―Essa foi a sua promessa, ― o Padre Juan enfatizou. ―Para parar a si mesmo o desejo de sangue e o frenesi da maldição. Eu posso ajudar você com, orações e magias. Mas você tem que se ajudar, você sabe. ―Eu sei. ― Antonio olhou para a lua. Bruxas honravam a lua como a Deusa em todas as suas faces. Para Antonio a lua usava o rosto da Virgem. Mas hoje ela olhou como o de Jenn. Eu lhe disse que nunca iria abandoná-la, ele pensou. Quando ele era jovem, havia deixado Lita, seu primeiro amor, para a morte. Ele tinha jurado que não iria fazer o mesmo com Jenn. Mas talvez Jenn me deixasse. Neste caso, ela é livre. Vinte minutos depois eles estavam de volta no carro; duas horas depois, eles puxaram os portões da universidade. Eriko, Holgar, Jamie, e Skye, interromperam a capela e correram em direção a van. Algo aconteceu com o avião de Jenn, Antonio pensou, baixando a janela e estendendo a cabeça. ―É jenn? ― gritou ele. ―Não é Jenn, ― Skye gritou de volta. ―Mas é ruim! *** Eriko liderou o caminho de volta a capela, e todos se reuniram perto do altar sob o crucifixo. Eriko pensava que a estátua era macabra ao extremo. Ele não gostava de olhar para a terrível morte de Jesus, então ela se manteve de costa para Padre Juan quando ela disse a terrível notícia: ―Durante as últimas 24 horas, três caçadores tinham sido massacrados por vampiros. ―Três? ― Padre Juan murmurou. Se benzendo. Ele parecia abalado. ―Que descansem em paz.
Antonio se benzeu e murmurou em latim junto com o Padre Juan Requiescat in pace11. Lutavam todos pela a humanidade. Mas no fim, os caçadores lutaram por suas vidas. Sozinhos. Sua mandíbula se apertou com raiva, Jamie se benzeu. ―Nós recebemos e-mails, ― Eriko disse a Padre Juan, curvando-se ligeiramente. ―Eles foram copiados para mim. ― Como o Caçador, Eriko era a comandante oficial da equipe. ―Foi um ataque organizado? ― Padre Juan perguntou. ―Você recebeu e-mails de quaisquer outros caçadores? ―Eu não sei se eles foram organizados. Talvez alguns e-mails foram enviados somente para você. Ninguém sabia quantos caçadores havia em todo o mundo. Não houve Confederação de Caçadores – ou de seus professores ou confidentes. Alguns optavam pelo reconhecimento, outros permaneciam no anonimato. O segredo lhes dava uma segunda chance a uma vida mais longa. No ano passado, os caçadores de Salamanca duraram menos de 24 horas depois de beber o elixir sagrado. Os vampiros ficaram esperando, ansiosos para derrubá-los. Qualquer pessoa sabia que eles treinavam em Cursers para lutar com eles. Essa foi uma das razões que Padre Juan havia lhe dado uma equipe. ―Os governos provavelmente venderam ―para fora‖, ― Jamie falou, ―Para apaziguar os otários. ― Ele olhou como se quisesse cuspir no chão, mas nunca faria uma coisa dessa rude em uma capela. ―Por isso é muito importante estar em um grupo, ― disse Skye, nervosa pegando em um pedaço de lã do seu suéter cinza. ―Sim, ― Holgar concordou. ―Como uma alcatéia. ―Dificilmente, ― retorquiu Jamie. ―Nós não somos animais. Pelo menos o resto de nós não é. ― Ele zombou Holgar. Mesmo quando estávamos falando sobre a morte de caçadores, nós brigávamos, Eriko pensou meditativamente. Mais ela não disse nada. ―Eu vou celebrar uma missa para eles, ― Padre Juan anunciou. ―Em uma hora, se alguém se importar em ajudar. ―Eu vou ajudá-lo, ― disse Antonio. Eriko não queria ir. Suas articulações doíam, ela estava cansada, e ela não tinha vontade de pensar sobre a morte de qualquer dia. Mas ela percebeu que o ritual pode servir para unir a equipe, e suspirando, ponderou-se que era o seu dever de participar. 11
Requiescat in paces – Que eles descansem em paz.
Ela olhou para os outros. Eles estavam furiosos e assustados. Os olhos de Antonio estavam fechados, a testa franzida, e os lábios se movendo em silêncio. Ele estava orando fervorosamente. Por um instante seu coração amoleceu. Em seguida, endureceu de novo. Ele era um monstro. Ele não pertencia a sua equipe ou na Academia. Mas novamente não disse nada. Eu sou uma péssima líder. Ela marcou o seu olhar para Padre Juan, que estava olhando para ela. Será que ele sabe disso?
A guerra foi uma guerra como nenhuma outra – para os vampiros não tinham exércitos em pé, como nós tínhamos. Sorrateiros, ameaçadores, que pareciam se materializarem do nada, como a névoa, eles emboscaram os soldados e rasgaram as suas gargantas. Nossa melhor esperança contra eles eram as equipes das forças especiais – A Marinha dos Estados Unidos (Seal), as forças especiais britânicas, O Mossad12 israelense, e as equipes operacionais secretas do Japão, Quênia, Austrália e uma dúzia de outros países que trouxeram seus ódios de longa duração e desconfiança para a luta. Houve acusações de conspiração, colaborações e tratados de bastidores com os vampiros em troca de proteção. Em vez de se unirem contra o inimigo comum da humanidade fragmentada. Que era onde nós entramos. ―A partir do diário de Jenn Leitner
12
O MOSSAD – é responsável pela coleta de informações e operações secretas que se suspeite, incluem assassinatos seletivos e paramilitares, atividades para além das fronteiras de Israel, levando os judeus para Israel a partir de países onde o oficial Aliyah agências é proibido, e proteger as comunidades judaicas do mundo inteiro. É uma das principais entidades da comunidade de inteligência de Israel, junto com Aman (inteligência militar) e do Shin Bet (segurança interna), mas o seu diretor reporta diretamente ao Primeiro-Ministro.
Por um milagre, não choveu durante o funeral. Deveria ter chovido – era o que acontecia nos filmes sempre que alguém morria. Não havia uma nuvem no céu, embora, o sol brilhava tão quente que Jenn podia sentir a pele dos braços começando a queimar. Antonio não seria capaz de levá-la, pensou. Ela passou tanto tempo acordada durante a noite, caçando, escondendo-se, que ela estava pálida para uma garota da Califórnia. Ao lado de sua irmã mais nova, Heather, parecia ser uma deusa bronzeada com seu brilhante cabelo loiro, bronzeado perfeito e dentes brancos. Pranteadores estavam em grupos ao redor do túmulo. Mais de acordo com suas imagens de funerais, a maioria deles usavam preto. Seus pais e seus amigos, outros membros da família e velhos hippies que tinha conhecido e amado o grande Charles Leitner – revolucionário para alguns, terrorista para outros. A avó de Jenn, Esther, ficou sozinha, ainda ferozmente orgulhosa, os olhos como aço e o queixo firme e constante. Jenn e Heather estavam pressionadas ombro a ombro, inclinadas em si servindo de apoio. Mesmo depois de dois anos, algumas coisas nunca mudaram. E algumas coisas nunca serão as mesmas, ela pensou enquanto olhava para o caixão. Enquanto ela estava na Espanha estudando para ser uma Caçadorora, ela pensava muitas vezes em sua família. Depois de alguns meses sua mãe a tinha perdoado por deixarem, ou assim parecia, e começou a enviar suas pequenas bagagens com cuidado. Heather havia escrito uma dezenas de vezes. De todos eles, porém, Jenn tinha perdido a maioria, seu Papa Che. E ele se foi. Ela olhou para longe do caixão, um símbolo de todos os demais familiares de morte, natural ou não. Ela deixou o seu olhar perdurar em cada rosto, muitos ela conhecia, outros visto apenas em fotos. Sua melhor amiga,
Brooke, não estava lá. Mas porque ela deveria estar? Jenn nem sequer tinha dito a ela que estava saindo da América para participar da academia, na Espanha. Finalmente seus olhos caíram sobre três homens que estavam fora do lugar. Eles não eram nem família e nem amigos, nem adimiradores. Vestidos de ternos pretos e óculos escuros, eles olhavam fixamente para sua avó de uma forma que perfurou o sofrimento de Jenn e arrastou-a para fora. Quase como se ele sentisse o seu olhar, o mais alto dos três virou e olhou para trás, e ela se esforçou para desviar o olhar. Seu avô estava sendo enterrado em uma cemitério velho e bonito, com bastante grama e árvores. Os pássaros estavam cantando. Foi tão lindo e pacífico, que era quase possível esquecer que este era um lugar de morte e tristeza. Quase. Ela tinha visto meia dúzia de túmulos recém escavados quando ela saiu do carro para o funeral. Ela sabia que ninguém tinha escavados-os. Os mortos estavam vivos e bem, em Berkeley. Normalmente os vampiros Sires13 esperavam pelos seus ‗filhos‘ a acordar, de modo a ensinar-lhes o que precisavam saber sobre suas novas vidas. Aqui, porém, os novos vampiros tinham sido enterrados, eles tinham revividos sozinhos, dentro de seus caixões. Eles haviam seguidos a suas maneiras. Isso não era bom. Tantos os vampiros Sires eram completamente irresponsáveis, ou eles não sabiam o que estavam fazendo. Ou eles estão convertendo demais para cuidar de todos eles, ela pensou com um estremecimento. Mas porque converter tantos? Para ultrapassar nós? O resultado era que havia um monte de vampiros novos na área e, pior, eles eram vampiros sem mentores, o que significa que eles iriam matar qualquer coisa que cruzasse o seu caminho.
13
SIRES – Os pais. Senhores.
Os vampiros inteligentes só bebem levemente de suas vítimas, deixandoos vivos para se alimentarem outro dia. Os vampiros estúpidos matavam a sua alimentação e eram obrigados a se mudar. Claro, os vampiros ―bons‖ argumentam que esse caos foi causado pela guerra desnecessária que os Estados Unidos haviam começado. Salomon falou abertamente dessa forma dizendo que, se a guerra não tivesse acontecido ―gangues de vampiros sem lei‖, não estaria atacando a população humana. Isso era culpa da humanidade para agrupar todos os vampiros, culpa dos Estados Unidos por ser tão agressivo. Um hippie com uma guitarra acabou cantando uma música com alma e o ministro se levantou. ―Queridos irmãos e irmãs, ― ele começou. Jenn apertou a mão de Heather quando sua irmã começou a chorar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas na academia ela aprendeu a se conter, para que pudesse viver para lutar outro dia. Ao lado do caixão de seu Papa Che era a sua própria batalha. O ministro exaltou as virtudes do Papa Che, escolhendo cuidadosamente suas palavras na ocasião mais sensível. Por fim, ele falou sobre a sobrevivência da família, e por um momento Jenn pensou que Heather iria ter um colapso. Jenn tentou ouvir, mas outros pensamentos aglomeravam dentro dela. Ela estava preocupada com os túmulos vazios; ela estava preocupada com Heather vivendo em um país onde os Malditos eram numerosos, ela imaginava o que eles diriam no dia do seu funeral. Ela estremeceu. Caçadores tinham uma vida notoriamente curta, para ser mais exato, e ainda assim, a vida lhe fez uma veterana. Ela venceu a curva, mas não havia nenhuma razão para acreditar que sua sorte iria continuar a espera. Se houve uma coisa que o funeral do Papa Che mostrou, foi que, mais cedo ou mais tarde, a sorte ia sair correndo. Cedo ou tarde, todos morrem de alguma forma. Jenn se perguntou se isso era motivo real dos nove membros da sua turma que não foram escolhidos para serem caçadores, permanecerem na Academia. Ou na realidade, eles estavam sendo mantidos como cópias, caso ela e os outros morrerem. Os nove foram convidados para ensinar a nova classe de recrutas, e todos eles concordaram. Isso era estranho. Embora a
maioria fosse espanhóis, mas nem todos eram. É verdade, que eles não tinham recebido o elixir, e os vampiros adoravam perseguir os caçadores rejeitados. Eles diziam que o sangue dos caçadores provou ser o mais doce. Fizeram a estadia dos nove, porque eles estavam seguros atrás do muro da universidade? Também tinha parecido estranho que só havia um espanhol em sua equipe de caça – Antonio, um vampiro. Mas o Padre Juan lhe garantiu que tudo estava como deveria ser. ―Você sabe que, além de dizer minhas orações, eu joguei as minhas runas. ― ele disse para ela. ―Todos os sinais e presságios, apontaram-lhe seis. Por razões, como eu já disse antes, isso será esclarecido. Talvez o Padre Juan já soubesse quando e como cada um deles morreria. Finalmente, o serviço acabou. As pessoas começaram a andar até seus carros para fazer o trajeto à casa da sua avó. Jenn observou a lenta posição dos veículos, com leve, irônica careta. Seus avós tinham conseguido permanecer fora do radar durante anos, obrigados a serem cautelosos por causa do mandado proeminente dos seus ―atos de justiça social‖, quando eles eram jovens – invadiram instalações militares queimando os registros necessários para a elaboração dos jovens em serviços, e bombardeamentos à sede das empresas que construíram tanques e misses, e desenvolveu armas biológicas, como gás de nervos. Agora, o pai de Jenn e seus dois tios estavam distribuindo mapas com orientações para todos no funeral. Jenn olhou nervosamente para os homens de ternos pretos e óculos escuros. A maioria dos homens estava usando algum tipo de terno preto, mas estes três estavam rígidos, altos e tinham se posicionado de forma a que pudessem assistir todos, acompanhando as idas e vindas. O guerreiro na visão ao guerreiro deles – eles estavam em guarda, como se um ‗olá‘ fosse algum tipo de ataque. Eles lembravam a sua equipe em Salamanca, ela não tinha dúvida de que eles eram perigosos. O mais alto dos três, de cabelos grisalhos e de boca aberta, começou a caminhar em direção ao caixão. Seus óculos de sol a impedia de conseguir ver um sentimento real bom nele. Jenn tentou desenrolar suavemente de Heather, que estava abraçando-a firmemente e soluçando.
Antes que ela conseguisse se libertar, o homem foi direto para sua avó. Vovó ainda era procurada pela lei, como seu avô era. Em seu subconsciente Jenn sabia que o homem trabalhava para o governo. “Deixe-a em paz”, ― Jenn pensou. E se desenrolou de Heather. ―Ei, ― disse ela, dando um passo à frente. O homem estendeu a mão e, para a surpresa de Jenn sua avó a tomou. Jenn parou, observando. ―Olá, Esther, ― disse o homem com o sotaque do Sul. ―Olá, Greg. ― A voz de Esther Leitner era triste e calma. ―Estou profundamente triste pela sua perda. Nós todos estamos. ― Os outros dois homens se aproximaram. Jenn enrijeceu, lembrando do código de Salamanca, que proíbe fazer danos a outros seres humanos. Mas se eles tentarem prender vovó no funeral do seu Papa Che... Bem, ela tinha certeza que o Padre Juan não a culparia por suas ações. ―Obrigada. ― Sua avó inclinou a cabeça, majestosamente, como uma rainha. ―Eu vou sentir falta dele. Ele era um oponente astuto. ― Acrescentou Greg. ―Ele sentia a mesma coisa sobre você, ― respondeu a avó de Jenn. Greg acenou e, em seguida, se virou para ir. Quando ele viu Jenn, ele parou. ―Você tem grandes sapatos para encher. Assustada, Jenn olhou para ele, abrindo os lábios, e perdendo as palavras. Ele tirou seus óculos escuros e olhou para ela com olhos cinza penetrantes. Ela baixou os olhos e viu que ele estava usando uma cruz negra com um vermelho reluzente que era a bandeira de Salamanca. Que pela distância não mostrava contra gravata preta. ―Muitos de nós estamos rezando para que você possa preenchê-los, ― disse ele, suas palavras um pouco mais que um sussurro. Ele saiu, e os outros dois silenciosamente atrás em seu calcanhar. Desnorteada, Jenn voltou sua atenção para sua avó, que estava os vendo irem. ―Você está bem vovó? ― Jenn perguntou, percebendo quão estúpida soou.
Sua avó acenou com a cabeça. ―Vou sentir falta do Che até o dia que eu morrer, mas ele não me quer em pedaços. Ele iria querer que eu fosse um soldado. ― Lágrimas brilhavam em seus olhos, mais não caíram. ―Quem eram esses homens? ― eu perguntei. ―Fantasmas do passado, visões do futuro, ― ela murmurou. Jenn franziu a testa, e Esther tocou seu rosto. Ao mesmo tempo, Jenn sentiu a lembrança do toque de Antonio, como um reflexo em um espelho. ―Homens muito assustadores, ― acrescentou avó. ―Eles trabalham para o governo, rastreando criminosos. Assim como Jenn havia suspeitado. Ela não sabia por que havia deixado ela em paz, em vez de algemar a sua avó e levá-la para a prisão. Ela estava agradecida, no entanto. Sua avó balançou a cabeça. ―Ele nos perseguiu durante anos, mas ele veio para apresentar seus cumprimentos. Jenn ficou maravilhada com o quão diferente existe o mundo. Ela não poderia imaginar um vampiro cumprimentando uma viúva de um inimigo morto. ―Eu vou sentir tanto a falta dele. ― disse Jenn, derramando mais lágrimas. ―Ele estava muito orgulhoso de você. Esther abraçou Jenn. E ela se deixou levar, tão cansada e assustada. Ela nunca havia percebido o quanto ela dependia de seu avô, de que ela acreditava que as coisas realmente ficariam bem, porque o Papa Che cuidaria deles. Mas ele se foi. Sua avó a deixou chorar o tempo suficiente até molhar a blusa preta, em seguida, ela afastou Jenn com a mesma insistência suave que Jenn tinha usado com Heather. Ela limpou os olhos de Jenn com as pontas de dedos, e realmente sorriu. Juntamente, elas caminhavam em direção à limusine preta que iria leválas a casa dos seus avós. Heather, seus pais e demais familiares já estavam lá dentro. Esther enroscou seu braço com Jenn. ―Agora, porque você não me conta tudo sobre este rapaz que está apaixonada. A uma volta na Espanha.
Jenn olhou para sua avó espantada. Ela não tinha dito uma palavra sobre Antonio para sua família. Ela não tinha contado a ninguém o que sentia por ele – nem mesmo ao Padre Juan. ―Como é que você sabe que há um cara? Esther sorriu. ―O dia em que conheci Charles, um amigo meu tirou uma foto de mim. Eu ainda tenho isso. Eu tinha o mesmo olhar que você tem agora. ―Oh. ― Jenn não acreditava nela. A cada passo elas estavam se afastando do túmulo do Papa Che. Ela queria correr de volta e jogar os braços em volta do caixão e chorar para sempre. Não havia nenhuma maneira de ela parecer uma menina apaixonada. Sua avó continuou sorrindo para ela, esperando. ―Seu nome é Antonio, ― admitiu Jenn, ruborizando, mesmo quando ela disse seu nome em voz alta. ―E porque ele não está aqui? ―Ele queria vir, ― disse Jenn. ―Mas ele é um Caçador. Eu disse a ele para ficar no caso de haver... Trabalho. ―Muito nobre da sua parte, ― disse Esther. Em seguida, seus olhos brilharam como Papa Che a provocava e a chamava de Essie. ―Mas da próxima vez traga o jovem voluntariamente para vir conhecer a sua família. Heather estava sentada sozinha em um dos bancos do bar, ela estava segurando o mesmo prato de comida durante uma hora sem tocar em nada dele. Ela não estava com fome, mas todo mundo empurrava comida para ela. Era como se todos estivessem perdidos após o funeral, e eles precisavam de algo para se concentrar. Heather olhou pra a irmã. Ninguém forçava comida para Jenn. Ela era apenas dois anos mais velha, mesmo assim todos tratavam como se ela fosse um adulto. Alguns sabiam por que ela tinha ido há dois anos – ela tinha ido para a Espanha para treinar. Por que ela agora caçava vampiros. Vampiros. Morto e não. Ao contrário de Papa Che, que nunca andaria de novo a Terra, ou abraçá-la ou lhe dizer que poderia ser o que quisesse ser. Isso era injusto e ainda inacreditável em alguns aspectos. Quando ela era pequena e
acordava de algum pesadelo, todo mundo dizia a ela que não existiam coisas como monstros. Ela ainda lembrava-se da última vez que alguém disse isso a ela. Era a noite antes de o mundo todo mudar. Ela e Jenn foram passear com o Papa Che e sua avó, quando os Malditos vieram a público. Seus pais tinham saído para comemorar – o dia dos namorados. Heather lembrou que tinha acordado antes do amanhecer e ouviu o telefone tocando. Ela sabia que algo estava errado, sabia realmente, lá no fundo. Foi a primeira vez que ela se sentiu assim, e desejava que tivesse sido a última. Seu tio havia ligado de Boston para contar a notícia. Um minuto depois, ela e Jenn tinham se juntando ao Papa Che e a vovó na sala, olhando para a televisão e vendo como os vampiros dirigiram-se ao mundo a partir do prédio das Nações Unidas, em Nova York. Jenn tinha apertado as mãos dela até que ela não podia sentir os dedos. Seus avós estavam pálidos quando a câmera conseguiu uma visão dos seus olhos vermelhos sangue e suas presas estendidas. Paz. Que tinha sido a mensagem do dia. Salomon, o vampiro que tinha falado tudo, tinha sido bonito e carismático como uma espécie de estrela de cinema, com gel nos cabelos vermelhos, dentes perfeitos, e um terno escuro, sem gravata. A única coisa que sempre havia impressionado Heather, no entanto, era que o seu avô tinha o símbolo da paz tatuado em seu ombro, havia dito quando eles finalmente desligaram a televisão. Papa Che se virou para vovó e disse calmamente: ―A paz é uma mentira. ―Heather, coma, ― um dos seus tios disse quando passou. Heather suspirou e observou Jenn, que estava do outro lado da sala, com um dos amigos do Papa Che. Heather lembrou o dia em que Jenn havia saído de casa, e a luta terrível, Correção, a última das lutas terríveis. Heather sabia que um dia ele a afastaria, assim como ela sabia naquele Dia dos namorados que o mundo tinha acabado. Freneticamente, Heather havia colocado sua roupa íntima, escova de dente, o seu telefone celular, e os trezentos dólares que ela tinha economizado
para o seu inverno formal em uma mochila, e saiu de casa depois que sua irmã mais velha partiu. Mas sua mãe havia a pegado em seu Volvo, e Heather ficou de castigo por um mês. Proibida de mencionar o nome de Jenn. Disse para informar para seus pais caso Jenn entrasse em contato com ela. Sua mãe não pegou Jenn naquele dia. Heather não tinha certeza de que ela tinha realmente tentado. ―Como você vai? ― Tiffany, uma de suas melhores amigas, perguntou sentada ao lado dela em um banco correspondente de carvalho no bar. Loira com olhos azuis, Tiffany usando uma saia preta folgada e uma camisa rendada de um tom totalmente diferente do preto. Não eram suas roupas. Preto não era a cor de Tiffany. Em uma resposta Heather tirou todo o ar dos pulmões. ―Você quer a comida? ―Não. Tiffany pegou o prato e jogou no lixo. ―Pronto. Heather olhou para suas mãos e se perguntou o que faria com elas agora. Ela finalmente colocou-as no colo. ―Isso é uma merda, ― disse Tiffany. Heather balançou a cabeça, e ficou em silêncio por um tempo. Todas as pessoas estavam se movendo, falando, como se movimentassem, eles não teriam que pensar muito. A campainha tocou, e os homens estavam carregando mais flores na porta da frente. Heather lutou contra o impulso de espirrar, quando eles se moveram próximo a ela. Sua garganta começou a apertar um pouco iniciando um ataque de asma, e ela desejou que não houvesse esquecido seu inalador no balcão da pia do banheiro em casa. Sua mãe às vezes levava uma cópia em sua bolsa, mas a bolsa preta pequena, provavelmente, não tinha espaço para isso. Pensou em perguntar, mas ela tinha medo que seu pai ouvisse e começasse a gritar com ela em primeiro lugar, por esquecer. ―Eu não tenho visto sua irmã ultimamente. ― Tiffany torceu o nariz, de repente, quebrando o silencio.
―Sim, ― Heather disse vagamente. Ela não queria discutir com Tiffany sobre Jenn. ―Você deveria falar com ela, diga que ela está errada sobre os ―as pessoas V‖, ― disse Tiffany de qualquer maneira. Heather revirou os grandes olhos azuis. Tiffany, e a metade das meninas na escola, pensavam que os vampiros eram românticos. Todos eles andavam por aí usando roupas com os colarinhos em forma de V, que praticamente gritavam, ―ME MORDE‖! Tiffany tocou o colar prateado que tinha um pingente em forma de morcego que ela sempre usava. O morcego tinha o coração pendurado com garras. Meninas como Tiffany usavam para simbolizar que elas não estavam interessadas em caras normais – pois elas estavam esperando por caras V. Heather olhou para cima e viu Jenn vindo em sua direção. Heather abaixou a cabeça, envergonhada. Tiffany, não sabia que o colocar que ela usava era uma humilhação total para Jenn, por tudo que ela representava. Jenn lutava com vampiros. Ela nunca iria se apaixonar por um. Heather respirou fundo. Era isso. Tiffany não via como os vampiros realmente eram, e os pais de Heather apenas acreditava que os vampiros só queriam paz, mas assim como Jenn, ela conhecia bem. ―Oi, Tiffany, ― disse Jenn. ―Heather, mamãe que saber se você... ―Leve-me com você, ― Heather explodiu. Ambas as garotas se viraram para olhar para ela com espanto. O rosto pálido de Jenn ficou mais branco. Heather revirou os olhos para ela, fazendo uma careta. ―Para Salamanca, quando você voltar. ―O que? ― Tiffany perguntou, na verdade de pé. Jenn apenas olhou para ela com os olhos estreitos. Então, ela fez um movimento rápido com a cabeça. ―Eu quero fazer o que você faz, ― disse Heather, com um desespero em sua voz. ―Tiffany, desculpe negócio de irmã, ― disse Jenn. ―Nos dê um segundo.
―Um, com certeza, ― disse Tiffany, afastando, tentando pegar o olhar de Heather. ―O tempo que for. ―Eu estou cheia, ― Heather sussurrou ferozmente. ―Eu comecei a me preparar assim que eu soube que você estava voltando. Por favor. Eu vou treinar duro. Eu prometo. ―Não, você não vai, ― disse uma voz irritada atrás dela. Heather se virou para ver seu pai elevando-se sobre ela, com a raiva queimando em seus olhos. Com a testa alta e olhos castanhos, meu pai olhou como o seu pai, Papa Che, mas meu pai não era nada como ele. ―Você não vai. Tiffany se moveu para mais longe, claramente não queria confrontá-lo e se dirigiu para a farta mesa de sanduíches e cubos de queijos. Um amigo. ―Mas, papai... ―Não. Terminamos. Heather sabia que quando ele afirmava, não havia argumento com ele. Ela deveria ter sido de outro planeta, sonhar que ele diria que sim. ―Se ela quer ir, a decisão é dela. Eu tinha a idade dela quando comecei meus estudos. ―Estudos? ― Ele ajustou sua mandíbula. ―Seus estudos vão contra tudo o que sua mãe e eu acreditamos. ―Você ainda não entendeu, não é? ― Jenn disse, a fúria na voz correspondia a de seu pai. ―Estamos em uma guerra. ―Não você está em uma guerra. E você está lutando pelo lado errado. Minha guerra acabou. Heather agarrou a borda da sua cadeira com força, seu peito se contraindo. Ela esperava que o seu pai não pudesse ouvir o chiado leve enquanto ela respirava. ―Acorde pai. Dê uma olhada ao seu redor. Pessoas estão sendo mortas por vampiros todos os dias. Pior que isso, eles estão fazendo convertidos. Você tem alguma ideia de quantos túmulos vazios há naquele cemitério, túmulos que deveriam ter corpos neles? ― Jenn perguntou. Seu pai piscou. Talvez ele não tenha percebido. ―Isso não prova.
―Isso é o suficiente. Heather saltou. Sua avó estava com os punhos na cintura, com os pés plantados bem afastados. Ela olhou pelo caminho que tinha todas as fotos antigas dela e do Papa Che quando eram jovens. Apressando-se como se fosse explodir um banco ou algo... ―Deixe-me falar com Jenn, ― vovó Esther disse. Ela olhou para seu pai. Seu rosto sombrio e tenso, ele se afastou. Mas não muito longe. ―Eu não queria ter começado isso, ― Jenn murmurou envergonhada. ―Você não queria começar, mais você fez, ― Esther respondeu sem rodeios. ―Seu pai é um tolo; você sabe disso. Nada que você diga, vai mudar sua mente, que, por isso, não adianta lutar hoje. ―Você está certa, ― disse Jenn. ―Claro que eu estou. ― Ela se virou e olhou para Heather. ―Vamos lá, você deve comer alguma coisa. ―Você vai perder, no entanto. Heather jogou as mãos em frustração. ―Eu vou garantir que ela coma, ― disse Jenn. Esther acenou com a cabeça como se fosse uma resposta satisfatória e, em seguida, se virou para olhar para os dois velhos grisalhos que estavam se preparando para sair. ―Bobby, Jinx, ― ela chamou eles. ―Vou acompanhá-los até a saída. Ela deu uma passada e, em seguida, enfiou as mãos no bolso de seu vestido e tirou um inalador. Sem uma palavra, ela entregou a Heather antes de se dirigir até a porta. Heather pegou o inalador e soprou sobre ela, relaxando um pouco enquanto a medicação trabalhava e a respiração tornou-se mais fácil. Ela era grata à sua avó por ter um inalador e dado a ela sem fazer um show. Ao mesmo tempo, ela se perguntou se todos tinham o direito de tratá-la como se ela não pudesse cuidar de si mesma. Eu nunca vou esquecer um inalador de novo, ela prometeu. Nunca.
Jenn sentou no banco em que Tiffany tinha desocupado e fez um quarto de volta para encará-la de frente. ―Você está falando sério sobre isso? ― Ela perguntou baixinho. Heather assentiu. ―Eu quero ir com você. As coisas não são as mesmas desde que você saiu daqui. Eu não me refiro com mamãe e papai, eu quero dizer com esse lugar. Você sabia que San Francisco é um reduto para os Malditos? Eles tomaram a cidade. Nanda acontece sem sua permissão. Os olhos de Jenn cresceram de tamanho. San Francisco era apenas vinte minutos de Berkeley. ―Não, eu não, ― ela sussurrou. ―Bem, é verdade. É assim por todos os Estados. Os vampiros tomaram o governo. Eles nem sequer escondem isso. Eu continuo esperando por Salomon para ser ‗eleito presidente‘. ― Suas mãos tremiam quando ela fez as aspas no ar. ―Ouvir dizer que está ruim aqui, ― Jenn disse lentamente. ―Mais eu não tinha ideia. ― Ela engoliu em seco. ―Todos os túmulos... ―Eu os vi também, ― disse Heather. Ela limpou a garganta. Estava difícil de respirar novamente. Ela estava muito tensa. ―Jenn, papai continua dizendo que Salomon vai restaurar a paz e que temos que fazer tudo que pudermos para, ajudá-lo. ―Oh, Deus, ele está ficando pior, ― desabafou Jenn, em seguida, fez uma careta. ―Desculpe. ―Não, você está certa. ― Heather tinha que soprar de novo no inalador. Seu coração estava batendo. ―É como se ele tivesse tido uma lavagem cerebral. Ele diz que se não somos parte da solução, então somos parte do problema. ―Como eu. Heather podia ouvir a dor na voz de Jenn. E a raiva. Ela se sentia sozinha. Seu pai estava agindo tão estúpido. ―Ele diz que você é como vovó e Papa Che. Que fizeram todos os tipos de coisas que estavam erradas, e que nada de bom aconteceu. E tudo o que eles fizeram, feriram a família. ―Papai teve uma infância ruim, ― disse Jenn, embora, ela estivesse rangendo os dentes. ―Sempre se escondendo, na sua fuga.
―Então nós também. Lembro-me do combate. Durante todo o dia na TV, eu ouvi as balas e as bombas, e e... ― Ela fechou os olhos. ―E eu me lembro de ouvir papai gritando com mamãe para parar de causar problemas. ―A guerra nunca chegou a San Francisco, ― Jenn lembrou a ela. ―Mas nós sabíamos que estávamos lutando com os Malditos. Para papai todos eram os inimigos. Ele nunca soube que tinha tios, até que os irmãos do Che obrigaram Che e a vovó para lhe dizer. Pense no que faria para um menino. ―Eu não posso acreditar que você está tomando o seu lado, ― disse Heather, mordida. Os lábios de Jenn se separaram. ―Eu não estou em lado nenhum... Agora o que eu sei qual é a sensação, a execução, a ocultação, a incerteza, talvez eu o entenda um pouco melhor. Ele está com medo. Ele esteve com medo à vida inteira. ―Bem, eu também. E pelo menos eu estou tentando lidar com isso. Jenn fez uma pausa e olhou para Heather, realmente parecia. Levantou as sobrancelhas como se ela estivesse vendo Heather pela primeira vez. Heather aproveitou o momento. ―Por favor, Jenn eu não quero ficar aqui. Estou com medo. ― Era verdade. Ela não tem ido para a cidade há meses. As coisas estavam mudando. Ela não sai mais a noite. A última vez que ela saiu – foi para o shopping, para ver um filme – ela e Lucy Padgett haviam sido perseguidas por um vampiro. Ela tinha certeza que ele não queria matá-las, ou ele teria. Ele estava apenas tentando assustá-las, porque ele podia. Porque ele gostava. O pensamento de lutar com um vampiro a aterrorizava, mas se ela fosse para academia, talvez ela pudesse aprender a se proteger. Talvez ela não ficasse com tanto medo. Talvez ela pudesse ser mais como Jenn. ―Por favor, Jenn. ― Heather deixou derrubar uma lágrima em seu rosto quando ela pegou a mão de sua irmã. ―Deixe-me pensar sobre isso, ― disse Jenn depois de alguns instantes. ―Mesmo se eu convencer a mãe e o pai, eu vou ter que obter permissão ao meu mestre. Heather suspirou. ―Eu tenho que sair daqui.
―Por isso é tão importante para você? ― Jenn perguntou. ―Se é porque eu fiz isso, você deve repensar sobre isso. É preciso muito trabalho duro para sobreviver ao treinamento. Heather olhou para o chão. De repente, sentiu-se tonta. Ela estava com medo de que ela pudesse cair do banco. ―Eu sinto que eu não vou sair daqui agora, eu nunca vou. Ela fechou a boca, esperando Jenn não lhe perguntar mais nada. Heather ainda não estava pronta para contar a ela sobre os pesadelos. Aqueles em que ela viu... ...Onde ela viu... Ela forçou para longe as imagens horríveis. Oh, Deus, Jenn, por favor, ela pensou, cerrando os punhos. Você é tão boa em salvar as pessoas. Por favor, me salve, também. Jenn deu um olhar longo e arduamente para sua irmã. Ela queria protegê-la, assim como eram crianças. Ela não podia, no entanto. Se ela tivesse aprendido alguma coisa nos últimos dois anos. Ela não poderia proteger Heather se ela se matriculasse na academia. Por outro lado, ela certamente não poderia cuidar dela em outro continente. Especialmente se o seu pai era ainda tão cego à verdade, e mais especialmente se San Francisco tinha realmente caído para os vampiros. Heather olhou para ela com o desespero em seus olhos. O instinto de Jenn disse a ela que Heather estava escondendo algo, mas ela conhecia melhor do que pressionar. ―Deixe-me pensar sobre isso, ― disse a ela, e ela fez pensar sobre isso. Ela pensou sobre as imagens na Internet e na TV, dos soldados americanos – de Washington, Seattle, e Chicago, e Los Angeles. – lutando corpo-a-corpo, estacando-os, com todas as armas não projetáveis para estacar como lanças em vampiros, cientistas interminavelmente zumbindo sobre o que era real sobre os vampiros, e o que era mito, a luz solar queima-os, eles podem morrer decapitados ou por estacas. Eles têm que beber sangue humano. Eles são fisicamente superiores. Eles forçam as pessoas a se ―converterem.‖ E eles estavam ganhando a guerra.
Ela se lembrou do dia em os Estados Unidos tiveram uma trégua. Houve racionamento de comida, e dias ela teve que ficar em casa sem ir à escola por causa de possíveis ataques. Ela se lembrou de ouvir que os amigos de vovó e do Papa Che haviam morrido tentando invadir uma fortaleza de vampiros... E morreram horrivelmente. Seu pai tinha vivido tudo isso também. Ele lembrou que também. Sua resposta foi para derrubar o inimigo, voltar nos políticos que queriam acabar com a guerra e para dizer a sua mãe não vender arte em sua galeria que poderia ser interpretada como hostil pelos Malditos. Isso era tão errado. Ela tinha quer dar outras opções para Heather. Enquanto a tarde avançava, as pessoas começaram a sair. Finalmente, apenas a família e amigos mais próximos de seus avós ficaram. Jenn aproveitou a oportunidade para ficar sozinha por alguns minutos. Ela estudou Papa Che e se sentou na cadeira, fechando os olhos enquanto ela o imaginava debruçado sobre o teclado do seu computador. O quarto cheirava a ele, e seus olhos se encheram de lágrimas. Ela puxou o celular do bolso. O Padre Juan havia lhe dito para chamar sempre, apesar da distância. Ela foi incrivelmente grata, quando discou o seu número privado. Ele respondeu no terceiro toque. ―Jenn, você está bem? Ela poderia dizer que ele ainda não havia acordado. Ele e os outros eram quase tão noturnos como os vampiros que eles caçavam. ―Eu estou bem, ― disse ela, fechando os olhos, imaginando-se de volta na Espanha e longe de Berkeley. ―Mais ou menos. ―Como foi o funeral? ― Sua voz era amável. ―Bom. Embora houvesse uma grande quantidade de sepulturas no cemitério vazias. Houve um silêncio por um momento, e depois, Juan disse: ―Não é bom. ―Exatamente o que eu pensava. Minha irmã me disse que San Francisco se tornou uma fortaleza de vampiros. O governo local está comprometido. Você sabia?
―Eu tinha ouvido rumores, mas eu não tinha certeza. A maioria dos relatórios que recebemos dos Estados Unidos é difícil de resolver. Há tanta propaganda e censura que não sabemos o que é verdadeiro. Ela pensou em lhe contar sobre os agentes no funeral. Mas ela e o Padre Juan tratavam com vampiros, e não os tipos da aplicação da lei. ―Heather minha irmã, quer voltar comigo para Salamanca. Ela me implorou. Ela quer se tornar uma caçadora. Ela disse que não se sente segura aqui. ―Tornar-se uma caçadora não é uma decisão para se tomar as pressas, ― disse Padre Juan. ―É a coisa errada a fazer, se a pessoa deseja se sentir segura. ―Eu tentei dizer isso a ela. ―E? ―Eu acho que tem algo há mais acontecendo com ela, mas... Ela disse que os vampiros estão se tornando aqui um problema e que ela está com medo. ―Muitas irmãs estão com medo, ― apontou Padre Juan, sua voz ilegível. ―Mas a minha é esta, ―Jenn disse com um suspiro. Padre Juan tomou um momento. Então ele disse: ―Você contou a ela sobre Holgar? Ou Skye? Será que ela realmente sabe que o seu mundo é assim? ―Não, mas eu sei que seu mundo é assim, ― respondeu Jenn. ―E o nosso é o melhor. Houve outra pausa. ―Se ela deseja estudar como você fez, ela será bem vinda na Academia. ―Mas eu estou... Voltando para casa cheia de missões. Eu estou receosa que eu não seja capaz de olhar ela, ― Jenn confessou. ―Protegê-la. ―Você não pode. Você tem deveres, como você disse. ―Então o que eu devo fazer? ― Ela perguntou, tentando não transparecer frustrada. ―A esconda e reze por sua segurança, ou deixe que ela escolha seu próprio caminho e aprenda a proteger a si mesma. ―O que você está dizendo? ― Jenn pressionou. ―Por favor... ―É uma decisão sua e dela. Não minha. Mas ela é bem vinda.
―Certo tudo bem, ― disse Jenn. ―Eu devo ir agora. ―Fique segura, ― disse ele. ―Obrigada. E... Obrigada por dizer que ela pode ir. ―Jenn, ― disse ele. Ela esperou. Ele não disse mais nada. Por um momento ela pensou que a chamada tivesse caído, mas depois ela ouviu-o suspirar muito suavemente. ―Padre? ― Ela falou angustiada. Silêncio. ―Padre Juan? ―Está tudo bem, ― ele disse finalmente. ―Alguma coisa está errada. ―Estamos lidando com isso, ― respondeu ele. ―Fique com sua família. Vocês são minha família, ela pensou quando desligou. Então ela se levantou. Um ruído de tecido a assustou, ela olhou apenas a tempo de ver um casaco escuro antes de desaparecer. Ela correu para a porta enquanto o seu pai desceu as escadas. Será que ele estava me ouvindo? Ela se perguntou. Ela balançou a cabeça. Ele não poderia ser. Se fosse, ele teria invadido o local e começado a gritar. Isso era o que ele fazia quando ele tinha medo: gritava e gritava e invadiria o local. Deus, ele estava indo loucamente, quando ele descobriu que ela estava levando Heather com ela. Oh, Deus, ela percebeu. Eu estou tomando ela. Ele nunca vai me perdoar por isso. Ela respirou fundo e pensou no que sua avó havia dito anteriormente. Tempo o suficiente para lutar amanhã. Aqui, e na Espanha.
Aurora sorriu para Lorien, o vampiro de San Francisco, quando ele se curvou na entrada de seu luxuoso apartamento decorado na cobertura. Ela podia sentir o cheiro do seu medo tão facilmente quanto ela poderia ler a surpresa em seu rosto verdadeiramente belo. Ele não sabia que ela estava na cidade, não esperava a mulher no seu apartamento. Os outros vampiros, vestidos para sua reunião com roupas de alta costura e smorkings, todos seguiram o seu exemplo, abrindo caminho enquanto ela passava em um chão de azulejo em jade. Ela estava usando vermelho, a cor favorita dela, isso desencadeava seu cabelo preto tão bem. Numa fonte de mármore branco, uma mulher nua derramava a água de um jarro que corria no silêncio respeitoso. Alguns dos vampiros sabiam quem ela era – outros eram abertamente curiosos. Ela ouviu os sussurros: “Aurora, ex-amante de Sérgio. Sim, Sérgio é o pai de Lorien. Eu não sei por que ela está aqui. Há uma vingança... plano secreto... não, eu não sei... e eu não acho que Salomon sabe também. Mas você não ouviu nada disso de mim.” Nos seus quatros polegadas de saltos ela deslizou lentamente para a janela. Ela havia aprendido em séculos que entre aqueles poderiam se mover em uma velocidade incrível, nada despertava o medo como aquele que se movia lentamente. As luzes da ponte Golden Gate brilhavam como brasas, e ela admirava a vista. ―Minha senhora Aurora, a que se deve esta honra tão inesperada? ― Lorien perguntou seu tom suave, mas respeitoso. Ela continuou de costas para ele. Em outra noite, ela teria tirado a sua expectativa, jogando com ele. Ele era um dos filhos de Sérgio, não dela. Que por si só, em sua opinião, era motivo suficiente para atormentá-lo.
Normalmente, ela não teria deixado a oportunidade passar. A noite estava longe de ser ordinária, no entanto. Ela virou-se... Lentamente, e prendeu o seu olhar. Ela estendeu o braço e apontou para a janela. ―Lá, através da baía, está um inimigo de todos nós. Os vampiros murmuravam entre si, excitação e a sede de sangue piscando em seus rostos enquanto esperavam por ela para continuar. Em vez disso Aurora olhou para uma gaiola no canto. Uma garota humana estava encolhida dentro, flácida e suja, meio morta. Patético. Lorien estava permitindo que os seus seguidores crescessem decadentes, bebendo de animais enjaulados, que jamais poderia se proteger. Os vampiros iriam esquecer como caçar. Ela olhou para a janela. Não se importando. A vida de Lorien era dela, para dar, tomar a hora que ela quisesse. Sérgio ficaria com raiva, mas ela poderia lidar com seu antigo amante. Além disso, Lorien era de nenhum interesse para ela, ali, na escuridão, era alguém que se foi. ―Quem é esse inimigo? ― Lorien perguntou. Aurora sorriu. ―A caçadora. De Salamanca. Atrás dela, havia um burburinho de vozes instantâneas. Todos os vampiros aspiravam beber de um Caçador – o mais inteligente dos adversários, o mais doce de matar. ―Você tem certeza? ― Alguém perguntou, e ela olhou pela janela para o encontro. Um vampiro alto e muito bonito encolheu o seu olhar firme. Aurora fez uma promessa pessoal para si mesma para matá-lo antes de sair de San Francisco. Seu silêncio gelado foi à resposta. ―A Salamanca? Eu já ouvi deles. ― Lorien disse nervosamente, obviamente tentando suavizar o passo falso do seu convidado e bajular Aurora. ―Eles têm uma dessas equipes de novos caçadores. Que atraiu murmúrios. Aurora suspirou. ―Sim uma equipe, ― ela repetiu. ―Caçadores são perigosos, eles não se lamentam porque alguns conseguem matar antes de ser destruídos, mas a inspiração que eles fornecem. Só isso já valeu à pena atravessar o oceano. Deixar Sérgio ousar fazer o melhor. Deixá-lo encontrar o traidor entre os Salamancos – seu próprio
jovem, Antonio. Sérgio não tinha ideia de que Antonio ainda estava vivo, muito menos que ele tinha caído tão baixo a ponto de ajudar os seres humanos. Antonio De La Cruz era o verdadeiro Maldito. Pois, quando ele for encontrado, nenhum Deus lhe mostrará misericórdia, se ela ou ele reinava acima ou abaixo da Terra, no céu ou no inferno. Ela certamente não, quando ela o entregou para assegurar sua posição na nova ordem mundial internacional que era tão cedo para vir. ―Não tão cedo, ― disse ela em voz alta, quando Lorien sorriu para ela intrigado. Ele era bonito, mas era um idiota. Talvez Sérgio não notasse se ela estacasse Lorien libertando de seu sofrimento. Mas ele certamente tomaria conhecimento se ela entregasse Antonio De La Cruz a seu mestre. Ah, sim, ele notaria isso. Ela sorriu para a janela, como se ela pudesse ver seu próprio reflexo. Mais é claro que ela tinha perdido mais de quinhentos anos atrás. Em um calabouço...
Nós oferecemos apenas a paz e o amor Nós vamos observar você de cima Confie em nós, nos amem, é tudo que pedimos O bem-estar da humanidade é nossa única tarefa Nós somos aqueles que habitam dentro da noite Nós possuímos forte poder Nós podemos libertar você de suas preocupações Desembaraçar seus pés das armadilhas de toda a vida
― Mulher, ― sussurrou o jovem, o guarda bexiguento desbloqueou o seu celular. A porta guinchou, e os ratos, assustados, correram para o feno. ―Mulher. Ele olhou para ela, em seguida, baixou o olhar quando ele enfiou a chave no bolso de sua blusa suja. Seus olhos escuros eram anelados e fundos, uma prova de que a inquisição tinha robado-lhe a incapacidade de dormir. Sua angustia significa que ele tinha uma consciência e, se Deus quiser, uma alma. ―Prepare-se. O grande inquisitor está chegando. ― Seu rosto magro empalideceu enquanto ele se benzia. ―Ay, Deus me guarda14, ― ela sussurrou, incapaz de fazer o mesmo. Os pulsos estavam acorrentados e anexados a uma estaca enferrujada no centro do chão. Enquanto ela tentava subir para uma posição ajoelhada, ela suja, esbranqueçada deslocando-se para ficar sob seus joelhos. Ela estremeceu, e o guarda alcançou em sua direção como se fosse ajudar, em seguida, colocou as mãos para trás quando passos ecoaram no corredor. Com um gemido, ela caiu de volta em seu quadril ferido, tremendo de terror. As passadas continuaram ecoando, ela sacudiu a cabeça, seus longos cabelos pretos enrolados nos seus dedos. ―Eu sinto muito, ― o jovem sussurrou. ―Se eu pudesse ajudar... ― Ele cheirava a alho e carne. Se não estivesse acorrentada, ela teria se lançado para ele como se ele próprio fosse comida. Ela não conseguia se lembrar da sua última refeição. Ela estava morrendo de fome. ―Ele está chegando, ― disse o homem. Ele tirou a chave do bolso e olhou para ela. Havia feridas nos dedos, frieiras do frio. ―Se eu pudesse, eu, acredite em mim... 14
AY, DEUS ME GUARDA – Oh, Deus me salve.
―Oh, por favor, me tire daqui, salve-me! Ela se atirou para ele, pegando na sua mão. A chave caiu na palha, e ela tateou para ele. Sua mente correu em uma fantasia louca, onde ela encontrava a chave, abria a fechadura, e corria pelo corredor até a cela onde eles mantinham sua mãe e o seu irmão menor, depois para seus irmãos mais velhos e sua irmã Maria Luisa. O guarda ofegou e caiu de joelhos ao lado dela. Ela congelou, e a sombra de Torquemada15, o Grande Inquisidor de toda a Espanha, caiu sobre ela como uma rede feita de ferro congelada. Ela acalmou suas mãos, sabendo que a chave ainda estava lá, mas que era um pedaço inútil de metal e nada mais. Se dizia que Torquemada podia ler as mentes de seus prisioneiros, em seguida, descriminá-las a falar a verdade – que eram bruxas, ou blasfemedores, ou judeus que só fingiam para se converter ao cristianismo. Judeus como Aurora e sua família. A rainda Isabella à própria tinha convidado Tómas de Torquemada para começar seu reinado de terror, e abençoou e elogiou-o por isso. O pai de Aurora havia se pronunciado contra as detenções e as confissões resultantes e execuções públicas – alegando que o Deus da sua própria compreensão era o Deus do amor. Por se atrever a questionar os métodos da rainha e os métodos de um servo de Deus, Torquemada, Diego Abregón havia sido declarado um herege e preso, suas terras tomadas pela igreja. Mas durante a sua tortura ele não tinha gritado para à Virgem para ela interceder docemente, mas para o Deus dos hebreus. Ele foi declarado um Marrano 16, um judeu que apenas tinha fingindo abraçar a fé verdadeira. Um mentiroso, corropendo a cidade de Toledo com seus modos anticristão. Depois de testemunhar sua morte impetuosa, a esposa de Diego e seus filhos haviam sido lançado na masmorra de Torquemada. 15
TORQUEMADA, O GRANDE INQUISIDOR - foi o inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão no século XV e confessor da rainha Isabel à católica. Ele foi famosamente descrito pelo cronista espanhol Sebastián de Olmedo como "O martelo dos hereges, a luz de Espanha, o salvador do seu país, a honra do seu fim". Torquemada é conhecido por sua campanha contra os judeus e muçulmanos convertidos da Espanha. 16
MARRANO - que em espanhol hoje significa "porco", demonstrava o sentido ofensivo do termo na sua origem, e que se espalhou pela Penísula Ibérica para designar os judeus.
E agora Torquemada havia chegado para Aurora, filha mais velha de Diego. ―Mi hija, ― disse uma voz baixa e profunda. O estômago de Aurora embrulhou, e a bile inundou sua boca. Aquela voz terrível exultava quando as chamas crepitavam em torno de seu pai, avisando a Sanatás de que um de seus servos pleno, foi diluído quando os ossos de Diego caiu a cinzas. Aurora tentou engolir o ácido e começou a tossir. Torquemada, louco, monstro, demônio. ―Deixe-nos, ― disse ele ao guarda. O homem se levantou e saiu correndo, deixando Aurora para enfrentar o Grande Inquisidor sozinha. A chave ainda estava na palha. Ela ainda estava lá. Se ela pudesse encontrá-la e usá-la em seu olho, caso ela pudesse cortar sua garganta com isso... ―Levante a cabeça, minha filha, ― disse ele sedosamente. ―Não tenha medo de mim. Aurora soluçou uma vez, difícil. ―E por que eu não? ―Apenas os culpados precisam temer a Deus. Se você não é culpada... Culpada de ser um judeu? Culpada de amar a minha fé e a minha herança? Ela manteve a cabeça abaixada enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Então algo atingiu nas costas de sua mão direita. Pequeno, belamente trabalhado, era um crucifixo com um agrupamento de rubis no centro, para honrar o sangue de Cristo – ele próprio, ela tinha subornado um dos guardas com o colar em troca de notícias de sua mãe. ―Eu volto isso para você, ― ele disse. ―Foi tomada em erro. Ela fechou a mão em torno da cruz. Era este um ato generoso? Poderia Deus ter amolecido o coração de Torquemada? Ela se atreveu a olhar para cima. A tocha queimava na parede atrás do Grande Inquisidor, borrando sua visão. Ele usava um manto negro com capuz com uma estola branca sobre os ombros. Envolto pela escuridão, seu rosto comprido nadou antes dela, mas das dobras de sua capa seus olhos brilharam como se ele estivesse queimando de dentro para fora. E então ele sorriu. Seus
dentes eram desgrenhados e pretos, e sua cabeça parecia como de uma caveira. Seu coração gaguejou. ―Tomado em erro, porque lhe foi dito que sua mãe ainda estava viva, ― ele concluiu. Não havia ar no quarto. Nenhum pensamento em sua cabeça, ou sensação em seu corpo. Ela olhou para ele que fazia o sinal da cruz sobre ela com os dedos artríticos, as garras de um demônio. Ela não conseguia se lembrar de como falar. Ela só conseguia olhar para ele em horror mudo. ―Sua mãe confessou, como eu sabia que ela iria, que ela era convertida apenas no nome. Que como o seu pai, ela havia aceitado o batismo na fé católica só para manter a sua família vivendo da gordura da terra aqui em Toledo. Que ela tinha adorado a maneira judaica, e que manteve sua casa de acordo com costumes judaicos. ―Não, ― Aurora disse. Ele estava tentando enganá-la. Ela não iria confessar – colocando a palavra dela contra a de sua mãe. Catalina Elena, sua mãe linda, poderia ainda estar viva. ―Ela proibiu você de fazer o sinal da cruz em sua casa. Ela nunca iria permitir que você misturasse carne e leite. Você nunca comeu carne de porco. Aurora apertou as mãos, cavando as unhas nas palmas das mãos. Isto era mentira. Sua mãe havia servido carne de porco, muitas vezes, à vista dos servos. E todos tinham comido isso, silenciosamente pedindo perdão à Deus e perdoando uns aos outros. Eles oravam na maneira católica. Era somente às sextas-feiras, no Shabbat17, que eles permitiam qualquer traço de suas crenças verdadeiras em sua casa – eles acendiam as velas e rezavam uma vez para Adonai18. E, em seguida, e para outras horas de suas vidas, eles viviam como crsitãos. ―Nós comemos carne de porco, ― ela disse. ―Traga-me um porco pelo amor de Deus, estou morrendo de fome. 17
SHABBAT - é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaismo, simbolizando o sétimo dia em Gêneses, após os seis dias de Criação. Apesar de ser comumente dito ser o sábado de cada semana, é observado a partir do pôr-do-sol da sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado. O exato momento de início e final do shabat varia de semana para semana e de lugar para lugar, de acordo com o horário do pôr-do-sol. 18 ADONAI - é o título de superioridade utilizado para Deus na Bíblia Hebraica (ouVelho Testamento, segundo a terminologia cristã). Nenhum outro título aplicado a Deus é mais definitivo do que este.
Ele a ignorou. ―A igreja tem estado observando. Por cinquenta anos a família Abregón tem estado sob o nosso controle. Desde a rebelião judaica levou cinquenta anos por seu bisavô... Ela balançou a cabeça, certa agora que ele estava tentando assustá-la para expor sua família. Então Torquemada enfiou a mão no bolso de sua manta, e jogou um punhado de ouros reluzentes e delicadas pratas na palha. Oito crucifixos. Ela reconheceu cada um. Os maiores haviam pertencido a seus três irmãos, e os mais delicados às suas irmãs. O menor, adornado com rosas, era de sua irmã mais nova Elizabeta, a infanta com apenas quatro anos de idade. ―Você é a última, ― disse ele, caindo de joelhos ao lado dela quando ela começou a arfar. ―Mas, cada alma responde a Deus. Você pode salvar a si mesma, minha filha. Com a minha ajuda. Ele colocou a mão sobre a coroa de sua cabeça. Sob o peso ela caiu de bruços na palha, e tudo ficou escuro. ―Ela vai ganhar, ― disse alguém. ―E você vai morrer em agonia. Aurora abriu os olhos à escuridão. Palha molhada agarrou no seu rosto enquanto ela virava a cabeça. Um homem sentou ao seu lado. Como Torquemada ele usava um túnica com capuz de um monge. Ele estava envolto em trevas, as sombras mudando e se espalhando como uma poça de uma água preta, da qual ele fazia parte. Estreitando seus olhos, ela tentou distiguir fora suas feições, mas ela não conseguiu. ―Buenas tardes, ― disse a figura. Sua voz era baixa e suave, e ela teve dificuldade de ouvi-lo. ―Sim, eu estou realmente aqui. ―Por Dios, ― ela sussurrou, recuando. ―Por favor, por favor não me machuque. Houve silêncio. Então a figura riu. ―Você acha que eu sou um dos subordinados de Torquemada. Ela prendeu a respiração. ―E você... não é? ―Eu não sou. ―Então... quem...? ― E então ela temeu que ele viera para atacá-la. Ela era uma virgem solteira, e os guardas haviam tido coisas, ameaçando com coisas....
Fraca como ela estava, ela cerrou seus punhos, pronta para lutar com ele. Crucifixos de seus irmãos estavam reunidos na sua mão direita. Se ela gritasse, alguém viria para ajudá-la? Ou será que os outros se reuniriam em sua cela para participar do tormento? ―Não chegue mais perto, ou você vai morrer, ― ela alertou. ―Ah, ― ele disse, parecendo divertido. ―Eu estou observando você, Aurora. Eu acho você especial. Você sabe o que seu nome significa? ‗Amanhecer‘. Eu não tenho visto um em séculos. Ela sacudiu, não compreendendo-o, vendo apenas um homem em sua cela, que significava lhe fazer mal. ―Eu vou matar você, ― ela prometeu a ele. ―Eu estava certo. Você tem um coração de um lutador. ―Eu... Eu... ―Eu ando na masmorra durante a noite, procurando por aqueles que posso... ajudar. E eu posso ajudá-la Aurora. ―Eu vou arrancar seus olhos e - e arruinar a sua masculinidade. Ele ficou em silêncio por um momento. ―Talvez, com o tempo, você será forte o bastante para lutar comigo. Mas por agora... ― Ele pareceu levantar a mão, escuridão contra escuridão. E de repente ela soube: Ele era para ser temido mais que Torquemada. ―Não! ― Ela lamentou. ―Não, por favor, não me machuque! Pelo amor de Deus, eu peço a você! Então ele puxou-a contra o peito, envolvendo-se em torno dela, abafando seus gritos. Ele era tão frio quanto uma sepultura. Sua mão gelada foi sobre sua boca, e sua outra mão segurou-a pela parte de trás da cabeça. Ela bateu os punhos contra o peito dele. Ele cortou seu suprimento de ar, e ela parou de bater, em vez de lutar loucamente pelo ar. O mundo se dissolveu em pontos e manchas, seus olhos rolaram para trás e ela caiu em seus braços. Ele afroxou o seu aperto um pouco, e ela começou a sugar o ar para seus pulmões, cheirando-o – o mundo – laranjas, e rosas, e pinheiros. Seus braços eram vigorosos, seu peito largo e musculoso.
―Ouça-me Aurora Abregón, ― ele sussurrou. ―Eles estão vindo para você. Eles deixaram você por último, porque você é a mais bonita de todos os Abregóns. Eles vão torturá-la mesmo que você implore para confessar. Para acalmar seu Deus vingativo que vai arruinar você, e desfigurar você, e então eles vão queimá-la. Sua família se foi. Você está sozinha. Ofegante, Aurora deixou escapar um soluço pesado. Ela balançou a cabeça e começou a chorar. Ele cobriu sua boca com a mão de novo, e seu corpo sofreu um espasmo. Enfraquecida como estava, ela não tinha força para lutar com ele. E ainda o desafio queimava dentro dela. ―Eu posso terminar o seu tormendo, ― disse ele, ―em uma das duas maneiras. Se você deseja viver, incline a cabeça. Se você deseja morrer, não faça nada. Exauta demais para se mover, ela ficou imóvel. Ele suspirou e baixou os lábios para seu pescoço. Um calafrio escaldante atravessou pela sua pele e penetrou em seu sangue. Isso queimava. Ela não sabia o que ele estava fazendo, mas ela choramingou. Ele moveu os lábios para seu ouvido, e ele sussurrou. Em seguida, ele correu os lábios ao longo do topo de seu cabelo, como se o mundo girasse e rachasse, e ela sabia que estava em um perigo terrível. ―Você gosta de viver? ― Ele sussurrou. Aurora balançou a cabeça, desesperadamente.
Quando Heather calmamente observava as malas de Jenn ela não pôde ajudar, embora sentisse que ela tinha feito uma confusão terrível das coisas. Enrolada sobre a cama, a irmã mais nova de Jenn parecia jovem e vulnerável, vestida com seu pijama amarelo de patinhos e meias verde, uma lata de cerveja aninhada contra o peito. Os olhos de Heather estavam inchados de tanto chorar. As duas garotas estavam exaustas. O dia havia sido muito longo, e a
luta com o seu pai tinha tomado muito delas. Dirigindo de volta para o funeral, o seu pai não havia dito três palavras para Jenn. Heather manteve olhando de seu pai a Jenn e vice-versa. Sua mãe olhava pela janela, ignorando ou fingindo o que estava acontecendo. Jenn não sabia como sua mãe foi capaz de ignorar a tensão. Jenn dobrou o vestido que ela tinha pegado emprestado de Skye para o funeral, e colocou sobre suas pernas magras, um jeans preto e camiseta preta, e calças que normalmente ela usava para dormir. Ela não usava pijama desde que ela chegou à academia. Se eles fossem chamados em caso de emergência, ela estava a um passo de estar vestida para a batalha. Ela acrescentou sua pequena bolsa de higiene, então substituindo suas estacas e frascos de água benta. Suas armas tiveram que ser suas mãos. de volta a Espanha, nenhum caçador por qualquer motivo ficavam desarmados na Academia. Eram dez horas da noite em Berkeley, ela pensou nos túmulos vazios e se perguntou quantos vampiros recém-nascidos subiram dos túmulos, naquela noite, arrancando as gargantas de suas vítimas, mais como lobisomens do que vampiros, porque eles não tinham Sires para mostrar a eles como bebiam. Eu não posso fazer nada sobre isso esta noite, Jenn pensou, rasgando os bolsos das calças de velcro testando sua ‗carga‘ como um padrão metódico, cima para baixo, rip rip rip. Ela colocou mais alguns crucifixos brilhantes e plásticos escuros, verificando o nível de água em ambos os plásticos, e garrafas de vidro com água benta – vidro era para lançar, já que quebraria com o impacto. Os dentes de alho estavam marrons nas embalagens herméticas, mas eles não perderiam seus poderes penetrantes por pelo menos mais uma semana. Ela deslizou uma estaca de seis polegadas em seu bolso fundo, ao longo de seu quadril. Ela havia amortecido para fora de um galho de uma árvore em seu quintal na madrugada antes do funeral, quando ela estava muito ligada ao sono. Ela teria que jogá-la fora quando ela chegou ao aeroporto de San Francisco, ela não tinha nenhuma bagagem despachada, e isso seria considerada uma arma.
―Essa coisa é tão curta. ― Heather disse, bebericando sua cerveja. ―Seria necessário chegar muito perto, um... ― Ela fez uns movimentos esfaqueando. ―Dirija uma estaca no coração do vampiro, ― Jenn terminou para ela. ―Yup. Muito próximo condenado. Os olhos de Heather se arregalaram, e sua boca se abriu. O olhar de adoração do herói no rosto de Jenn envergonhada. Ela se sentia como uma fraude. Ela era uma fraude. Ela quase conseguiu fazer Eriko morrer. Talvez eu devesse ficar aqui, pensou ela. Ela poderia ensinar Heather como lutar, e nós poderíamos tentar defender San Francisco juntas. Mas não era isso que ela realmente estava pensando. Ela estava assustada, mal e quando ela voltasse para Espanha ela precisava sentar com o Padre Juan e dizer a ele o que estava em seu coração – ela tinha medo de que ela iria conseguir alguém morto. Isso seria um alívio para confiar a ele. Confissão, segundo eles, era bom para a alma. Mas seria bom para sua vida útil? E se, em vez de tranquilizá-la, ele a colocasse para fora? Expirando, ela ergueu o saco por cima do ombro, e Heather sacudiu, estabelecendo sua cerveja. ―Você não está saindo agora? ― Perguntou Heather com uma voz estridente. ―Está escuro, ― Jenn respondeu quando ela colocou o saco ao lado da porta do quarto fechado, então, percebendo que ela estava falando como um Caçador, ela acrescentou. ―De modo que os vampiros estão fora. É muito perigoso. Heather olhou de relance para a janela. ―Tiffany pode estar com um deles agora, deixar que ele... ― Ela passou as mãos pelos cabelos loiros sedosos. ―A família de Tiffany ingressou a um Talk Together Team. ―De jeito nenhum, ― Jenn disse, franzindo a testa para ela. Talk Together Teams eram grupos de seres humanos e vampiros que se reuniam para tentar ‗A ponte‘ – para explicar a guerra e o fato de que os vampiros matavam pessoas e bebiam seu sangue. Quando haviam ouvido sobre eles em Salamanca, ninguém havia acreditado. Então eles tinham visto pôsteres
colocados nas paredes da antiga cidade espanhola anunciando grupos de Paz – GRUPOS DE PAZ – que eram essencialmente a mesma coisa. ―Isso é loucura. Isso é só... Além insano, ― disse Jenn, sentando-se em sua cama. Ela pegou o casaco de campo, aquele com o bordado de Salamanca, e decidiu que ela deveria esconder a sua mochila. O bordado de velcro poderia se soltar, revelando-a como anti-vampiro. Se as pessoas estavam no Talk Together Teams por aqui, os caçadores não seriam bem-vindos. ―Papai, ― Heather começou e, então ela olhou para a porta e baixou a voz. ―Ele diz que eles estão apenas se livrando das pessoas que os atacam. ―Como eu, ― Jenn disse. ―Eu sei que ele está furioso porque a vovó Esther telefonou para o Padre Juan para me dizer sobre o Papa Che. Ele me odeia. ―Oh, não, ele não odeia. ― Ela olhou novamente à porta fechada e colocou os braços em volta dos joelhos. ―Ele não acredita no que você está fazendo, mas ele te ama. Como ele ama a vovó e... Papa Che. Jenn lembrou ter ouvido argumentos entre seu pai e os seus pais - mais frequente com o Papa Che do que com Esther. Os avós de Jenn eram como ‗subterrâneos‘ desde o nascimento de seu pai, sempre correndo e se escondendo, como os prisioneiros escapavam iludindo cães de caça. Seu pai odiava sua vida – ele ainda podia recitar a sequência de nomes falsos que ele teve que usar, e depois de alguns copos de vinho, ele contava algumas das mentiras que ele tinha sido forçado a contar: que ele havia sido transferido de uma escola no México, onde seu pai tinha trabalhado para uma empresa de gás. Que a sua transcrição havia sido perdida no correio. A cada vez que ele fazia amigos na escola, entrava no time de futebol, se apaixonava, parecia que ele iria receber a palavra ‗subterrâneo‘ do Che, dizendo que ―o homem‖ tinha pegado o cheiro de novo... E os Leitners deixavam a cidade no meio da noite. Quando o pai de Jenn havia completado dezoito anos, ele se recusou a correr de novo. E ninguém nunca tinha vindo para seus pais... Até que o grande Che Leitners estava morto.
Às vezes Jenn se perguntava o que tinha feito ainda mais amargo - que todos esses anos se escondendo foram para nada. O que ele achava dos homens no funeral? Jenn sentou na cama e tomou um gole da cerveja de Heather. Lágrimas brotaram nos olhos da sua irmã mais nova. ―Você tem que tentar fazê-lo entender o quão perigoso os vampiros são, ― Jenn afirmou. Heather passou as mãos pelos cabelos grossos. ―Porque o papai me ouviria? Eu sou o bebê. Aquele que não sabe o que está falando. Você é a única pessoa inteligente. ― Ela pegou a mão de Jenn. ―Você tem que me levar com você. Jenn lhe deu um pequeno aperto. ―Você ainda tem o passaporte? Heather franziu a testa. ―Não. Eu pensei que vocês poderiam me pegar, você sabe capturar ou algo assim. Talvez Padre Juan pudesse fazer algo assim. Jenn não tinha ideia, ela teria que conversar com ele novamente. Mas para contrabandear Heather para fora do país contra a vontade de seus pais... Talvez isso estivesse indo longe demais. Mas o mundo tinha ido longe demais. A guerra tinha mudado tudo. ―Nós temos que fazer o papai nos ouvir. ― Jenn puxou o cobertor e o edredom em sua cama. ―Ele é uma espécie de fazer a você o que o Papa Che fez com ele, sabe? Tomando decisões por você, baseados em seus ideais, forçando-a a viver com medo. ―Exceto que não está funcionando e nós devemos estar ― Heather murmurou. ―Correndo por nossas vidas. Eu não posso discuti com você lá, Jenn pensou com raiva. Ela puxou as cobertas, deitou em sua cama, e olhou para o teto. Sua mente trabalhando furiosamente, ela pensou na sua equipe. Heather teria um aborto quando ela conhecesse Antonio. Que a quase a fez sorrir enquanto estava cochilando, mas nunca realmente dormia. Ela estava muito bem acordada e perturbada – e fora de seu elemento. A cama estava macia, e a casa estava muito quieta. Salamanca era a sua casa agora. ―Como é? ― Heather perguntou, surpreendendo Jenn.
―O que é isso que gosta? ―A academia. Jenn suspirou. ―Você sabe todos aqueles filmes que mostram o campo de treinamento, é como se você estivesse no exército? ―É assim? ―Pior, ― disse Jenn. ―Por que você foi? ―Para conseguir o meu próprio quarto. Um travesseiro atravessou através da escuridão e caiu sobre a cabeça de Jenn. Felizmente, ela estava esperando isso. Ela suprimiu um sorriso quando ela atirou de volta para Heather. Jenn jogou um pouco forte demais, e se sentiu culpada quando Heather resmungou com o impacto. Por apenas um momento, porém, era como se os últimos anos fossem um pesadelo terrível. Ela não sabia quantas vezes tinha ficado acordada como criança, falando em voz baixa para evitar acordar seus pais. Houve tantos sonhos. Jenn lembrava as conversas intermináveis sobre coisas como voltar para casa e presentes de Natal e que o seu casamento iria ser assim. E sua noite de núpcias. Uma imagem de Antonio floresceu em sua mente. Deus, ela estava louca? Ele era um vampiro. ―Sério, por quê? ― Heather perguntou, distraindo-a. Jenn piscou tentando lembrar o que elas estavam falando. ―Por que você foi para a academia? ―Havia várias razões. Parecia heróico, romântico. Eu acho que eu queria ser como o Papa Che e Vovó – para mudar o mundo, ou pelo menos salvá-lo. ― Ela sorriu sombriamente. ―E não doeu, nem um pouco, o papai ficar com raiva. ―Ele realmente ama você, ― Heather insistiu. Jenn virou para o seu lado. ―Ele tem uma maneira estranha de mostrar isso. ―Ele me disse uma vez que você era destemida.
Chocada, Jenn lutou contra o impulso de uma gargalhada insana. Destemida? Eu? Isso era um absurdo. Ela era um pacote de medo. ―O papai é um grande fã do medo, ― Jenn respondeu. ―O medo impede você de fazer coisas perigosas. Mantém você ―seguro‖. ―Isso é totalmente como ele diria. ― Heather afofou acima do seu travesseiro. ―O que prende você na academia? Você tem uniforme? E quanto aos dormitórios mistos? Há algum garoto bonito? Jenn suspirou. Ela tinha esperança de uma noite de sono descente, mas que claramente não estava nas cartas. Era uma segunda-feira, e o seu pai comutou para San Francisco no trem BART para o seu trabalho como engenheiro de software. A mãe de Jenn estava usando a própria galeria de arte, mas havia fechado no final da guerra, porque algumas das telas haviam sido consideradas ―inflamatórias‖. Houve alguns protestos a seu favor, mas as pessoas tinham problemas muito mais urgentes do que alguém com uma ―boutique de negócios‖, como um político local a tinha chamado. Agora ela fazia trabalho voluntário, fazendo refeições para os inválidos, alguns dos quais tinham sido ferido nas batalhas. O pai de Jenn não gostava dela fazendo isso, isso parecia ‗provocação‘. Havia outras coisas ―menos políticas‖, coisas que ela poderia fazer se ela quisesse ser útil. Ela perguntou para as meninas para irem com ela passar o dia, e Jenn disse que sim, porque ela queria ficar mais tempo com sua mãe, e também para ter certeza que ela ficaria a salvo. Heather tinha sido autorizada a ficar em casa, não indo para a escola, então ela foi também. As ruas estavam cheias de cartazes sobre Talk Together Teams e toques de recolher. Soldados com uniformes com tons de cáqui com submetralhadoras olhavam impassíveis para os pedestres e para os carros. O governo dos Estados Unidos estava colaborando com o inimigo, porque ele insistia que uma trégua havia sido alcançada e que as duas raças de vampiros e humanos estavam vivendo em paz. Mas a presença desses lacaios vampiros humanos, mantinha a paz, enquanto seus mestres vampiros ficaram longe do sol, dizendo mentiras. Foi
dito que Salomon tinha prometido ao novo presidente de que ele poderia se tornar um vampiro depois que ele empurrasse a legislação desejável à Salomon – tal como tornando um crime capital para aqueles que entrassem no covil de um vampiro dormindo. Em um semáforo fechado Jenn olhou para um soldado que não poderia ser muito mais velho que ela, seus olhos pareciam mortos, e malvados. Os Malditos tinham feito isso. Ela os odiava. Começou a chover, por volta do meio dia, a mãe de Jenn tentou telefonar para o seu marido para ver se ele queria que o pegasse, para ele não pegar o trem BART no mau tempo. Ele não respondeu a sua chamada, o que era incomum, e Jenn viu o quão nervosa sua mãe ficou. Ela começou a falar rápido, quase balbuciando, com medo, e Jenn ficou aliviada quando chegou a hora de ir para casa. Jenn encontrou o seu pai no escritório, sentado em sua poltrona de couro velho. Ele estava assistindo TV, e ele segurava um copo com um líquido marrom algo que cheirava como álcool. Jenn presumiu que fosse Scotch19. ―Você chegou em casa mais cedo, ― disse a mãe de Jenn, com um alívio claro em sua voz. ―Sim, nossa reunião foi cancelada, ― ele respondeu vagamente. ―Não parecia haver muito sentido em ficar por lá. ―Oh. ― Ela o beijou e foi para a cozinha fazer o jantar. Heather ociosa, obviamente querendo conversar sobre ir à Espanha, mas ele pediu para ela ajudar sua mãe para que pudesse falar com Jenn sozinho. ―Jenn. ― Seu pai afagou o braço do sofá marrom e branco marcado, que estava assentado em um ângulo direito à sua cadeira. Ele tomou um gole de seu copo, então o esvaziou. Ela se sentou e o observou atentamente. Ele parecia tenso, cansado. ―Eu lhe dei como morta quando você partiu, ― disse ele abruptamente. Ela mordeu o lábio, não sabendo o que dizer como resposta. ―Eu sabia onde você estava indo, o que pretendia fazer. Você não fez um bom trabalho para esconder o seu caminho. ―Então porque você não tenta me parar? ― Ela perguntou baixinho. 19
SCOTCH – é um uísque escocês.
―Eu sabia que se você ficasse, seria apenas uma questão de tempo antes de você dizer ou fazer alguma coisa que colocaríamos todos nós em risco. Sua mãe, sua irmã... Eu não poderia proteger todos vocês. ―Mas você concluiu que poderia mantê-los seguros sem mim por perto? ― perguntou ela, lutando para manter a dor na sua voz. ―Sinto muito. Jenn sabia que devia dizer alguma coisa, pedir desculpa também por fugir, ou pelo menos aceitar seu pedido de desculpas e lhe oferecer perdão. Mas a única conversa com ela tinha ido mal, embora, porque ela não sabia quando manter a boca fechada. Ela finalmente apenas balançou a cabeça, esperando que fosse o suficiente de sua resposta. ―Eu nunca quis que vocês garotas, crescessem com o medo constante como eu cresci. Eu apenas queria que vocês estivessem a salvo. ―Eu sei, ― ela disse. ―Quando você foi embora, eu tinha certeza que você seria morta. Eu resignei a isso. Vê-la no funeral, eu estava orgulhoso de você. Você se tornou tão parecida com sua avó. Você tem a sua força. ―Obrigada, ― Jenn disse, piscando as lágrimas. ―E eu percebi que precisava lhe dizer uma coisa. Você está certa... Sobre os vampiros. Você sempre esteve. Jenn olhou para o seu pai em estado de choque. Ele finalmente admitiu isso, mas parecia tão súbito. Ela olhou novamente para a dor em seus olhos, agarrando firmemente o vidro em seu punho. ―Pai. ―Alguma coisa aconteceu hoje. ― Ele colocou o copo vazio para baixo sobre a mesa lateral e enxugou a testa. ―Você se lembra de Tom Phillips? ―Um pouco. ―Ele tinha um pastor alemão chamado Gunther. ―Sim. ― Ela mastigou o interior de sua bochecha. E então ele olhou para ela. Rígido. Lágrimas brotaram em seus olhos. ―Eles disseram que tinha sido um acidente de carro. ―Oh.
―Mas sua esposa telefonou. ― Ele balançou a cabeça. ―Foi outra coisa. Não um acidente. ― Ele inclinou em sua direção. ―Um ataque. ― Seu rosto amassado. ―E ele era tão bom para eles. Tão... Leal. Jenn esperou sentindo que havia mais. ―O que fazemos no trabalho... É um banco de dados. ― Seu pai baixou a voz para um sussurro. ―É... Indesejáveis. Eu acho que havia alguém que Tom estava tentando proteger. E eles descobriram e... ― Ele enterrou o rosto nas mãos. ―Eu não posso acreditar. Se eles fizeram isso com ele, então ninguém está a salvo. Agora você sabe, ela pensou. Agora você acredita. ―Sinto muito, papai. ― Ela lançou a mão para ele, mas ele não viu. Ele respirou fundo e longo, dolorosas rajadas. Então ele se levantou e sentou ao lado dela no sofá. Seu rosto estava cinza, e fortemente alinhado, como se tivesse envelhecido terrivelmente nos últimos três minutos, ou talvez ele tivesse acabado de ficar adulto. ―Então, eu vou encontrá-los esta noite. ―Eles? ― Ela repetiu. Ele franziu ligeiramente a testa, como se ele quisesse que ela descobrisse o que ele estava tentando dizer que ele não teria que―O grupo estava protegendo Tom, ― ele sussurrou. ―Algumas pessoas ligadas à... Situação. Pessoas que pensam que, ah... Que não concordam. . ― Ele trocou um olhar com ela. ―Você sabe o que eu quero dizer. Parte dela estava emocionada. Seu pai estava se envolvendo, finalmente. Ele ia assumir até onde Che tinha parado. Ela podia sentir isso. Mas parte de seu medo era para ele. Ele não era tão forte quanto ela era. ―Papai, não, eles vão estar assistindo. Os Malditos. ―Shh. Eu não quero que sua mãe saiba. Mas se eu não voltar―Pai, você perdeu sua mente? ― Jenn perguntou em voz baixa. ―Não há nenhuma maneira que você pode fazer isso. Não. Não, eu não vou deixar você ir. ―Eu disse a esposa de Tom que, eu faria. Tom está... Viúva. ― Seu pai se levantou e começou a andar. ―Eu estive errado o tempo todo. Eu pensei
que nós fôssemos úteis, dizendo a eles o que queriam então eles não nos feriríamos. Mas... Ele parou de andar e foi até a janela, puxando a cortina para trás. ―A aproximadamente uma hora e meia da luz do dia. É apenas quinze minutos de carro. Isso me dá uma hora para falar com eles. ―Então eu vou com você. ― Pela expressão de alívio no rosto dele, Jenn percebeu que era isso que ele queria, mas fora relutante em perguntar. Pai e filha – unidos em um propósito comum. Agora ela tinha que intensificar, agir como um Caçador, servir como protetor. Não havia uma cópia nesse momento. Ela era a primeira – e a última – linha de defesa. ―Obrigado, ― ele disse, dando-lhe um abraço. ―Eu sabia que podia contar com você. ―Sim, papai. ― Ela lambeu os lábios, dilacerados por suas emoções conflitantes. Orgulho tão intenso nele. Medo ainda maior para ele. E a percepção de que ela poderia ajudar a protegê-lo, mantê-lo em segurança. E ele sabia disso. Ele sabia disso. Anos de raiva queimou em um instante. Ela disse ferozmente. ―Você pode contar comigo.
Manual do Caçador de Salamanca:
O vampiro é esperto. Como o próprio anjo caído, ele vai seduzir você, para encantar você. Ele vai tentar convencer você de que ele não é nada mais do que um ser humano abençoado com dons e talentos especiais. Ele irá seduzi-lo com histórias sobre vida eterna, e ridicularizar você em um julgamento futuro, em que sua alma está na balança. Não acredite nele, ele é um demônio, e um mentiroso.
Holgar estava tendo um pesadelo. Ele sabia que era um pesadelo, mas ele não podia puxar-se para fora dele. Ele nunca poderia. Eles estavam correndo, brincando, caçando coelhos. Holgar tinha doze anos e uma forma humana, estando em um short e nada mais. Os pés descalços sobre as rochas voavam, impermeável a sua nitidez. Seu pai corria ao lado dele em forma de lobo. Houve um súbito clarão alaranjado nas árvores. Um caçador. O homem de cabelos loiros disparou abaixo com seu rifle em um cervo. Cauteloso, Holgar virou-se para mudar o caminho, mas seu pai não voltou com ele ou abrandou. Ao contrário, ele acelerou seu corpo listrado por entre as árvores sendo ele um alvo para o caçador. Holgar gritou. O homem se virou, e seu pai arrancou a garganta do caçador. Holgar correu para frente, mas era tarde demais. O homem estava morto, e seu pai estava lambendo o sangue que borbulhava de sua garganta, lamentando-se com o prazer dela. ―Nej! ― Holgar gritou. Holgar acordou uivando, se sacudiu, e olhou para a porta. Jamie estava ali em pé, braços cruzados sobre o peito, usando a sua perpétua carranca. Skye estava ao seu lado, uma mão em seu braço como se estivesse pronta para puxá-lo de volta. ―Teve um daqueles sonhos cachorro? ― Jamie insultou. ―Não, ― murmurou Skye. Holgar encolheu os ombros e balançou as pernas para o lado de sua cama. Suas calças largas com um sentido construtivo com a liberdade de correr em sua própria pele. Gotas de suor no peito e ombros. Ele pressionou os dedos em sua cabeça, tentando reorientar-se. Holgar odiava manhãs, a maioria dos lobos também. Ele olhou pela janela estreita e não conseguia ver nada, porém, escuridão. Tinha que ser muito cedo.
―Você que ouvir um dos meus sonhos de cachorros, mentiroso? ― Ele rosnou. ―Adoraria, mas o mestre chama. ― Jamie respondeu. ―O que há de errado? ― Holgar atirou acordado. O Padre Juan nunca chamou por eles tão cedo. Desde que os caçadores precisavam ser noturnos, as aulas da academia na maioria dos dias não iniciavam antes das dez horas. Era um calendário que permanecia com todos após a formatura. ―Nós não sabemos, ― disse Skye. Holgar pegou uma camiseta do seu baú e puxou-a com uma careta. Que era dois números maiores, e que foi lavada centenas de vezes, mas ele odiava a sensação dela contra sua pele. De onde ele era, jovens lobos corriam praticamente nus, até seu quinto aniversário. Então, como eles foram apresentados ao resto do mundo, eles eram forçados a usarem roupas quando andavam com os seres humanos normais. A maioria deles passava o resto de suas vidas desejando que eles pudessem ter continuado em seu estado natural. ―Vamos, ― disse Holgar. ―Nós vamos encontrá-lo no seu escritório. ― Disse Skye. ―O que o lobisomem sonhou? ― Jamie perguntou não se movendo da porta. Holgar não poderia dizer se o irlandês era realmente curioso ou se ele estava apenas tentando provocá-lo novamente. ―Ovelhas negras. Skye riu, e Jamie olhou furioso. ―Vamos ver o que ele quer, ― Holgar disse, passando por eles e pelo corredor. Os outros dois foram atrás dele enquanto caminhavam pelo longo corredor do dormitório da academia. Eles passaram pelos quartos que pertencem aos sacerdotes e instrutores, incluindo o quarto do Padre Juan. Holgar respirou profundamente e notou um pequeno frescor do perfume do Padre Juan que, não havia estado em seu quarto por horas. Ele lamentou profundamente em sua garganta, convencido de que não era um bom sinal. Após a formatura da equipe haviam mudados para o dormitório estudantil, abrindo caminho para os aspirantes entrarem. Holgar e Antonio
foram os dois únicos que não tiveram que mudar de quartos, uma vez que já haviam se separados dos outros estudantes. Holgar não se importava, percebendo que isto era para sua proteção quanto para a dos outros estudantes. Quando ele chegou à academia, somente o Padre Juan sabia que ele era um lobisomem. Após sua infelicidade uivando para lua, murmúrios havia se espalhado rapidamente de que existia um lobisomem na academia, e não demorou muito para a maioria saber que era Holgar. Sendo capaz de apontar para um monstro no meio deles o que impedia de olhar para os outros. Holgar suspeitava que houvesse algo, no entanto, sobre a voz suave de Antonio que exigiu dele viver no prédio com os sacerdotes e os outros professores em vez com os alunos. Uma noite, ele havia realmente estado a favor do vento de Antonio em um exercício de treinamento e cheirou uma mera sugestão de morte. Foi quando ele soube por que Antonio era separado. Holgar não tinha um amor por vampiros, e logo descobriu o que Antonio era. Holgar mantinha em segredo Antonio. Claramente aqueles que comandam a academia sabiam o que ele era e queria ele vivo. Holgar sabia o que era viver o lado obscuro que não pudesse ser controlado, e ele gostou de ter Antonio como um parceiro de treino. Mesmo em sua forma humana, lobisomens eram mais fortes que humanos normais. Em troca de sua discrição, o vampiro ajudou a aprimorar suas habilidades de luta. Os outros dos estudantes caminhavam com cuidado em torno de Holgar, mas nenhum tinha o conhecimento sobre o que Antonio era até a formatura. Eles passaram pelo quarto de Eriko, tudo bem arrumado, um Buda de bronze sentado na sua cômoda. Ela já tinha saído, mas o cheiro dela pairava grosso e pesado no ar. Ela tinha deixado o quarto alguns minutos. O cheiro de cada pessoa era único e composto de muitos fatores. Era uma combinação de xampu, creme de barbear, sabonete, creme dental, sabão em pó, desodorante, até mesmo tecido de roupa ou o tipo de sapatos que estavam vestindo. Couro, plástico, lona, borracha, cada um tinha um odor distinto. Depois havia a alimentação da pessoa. Certos tipos de alimentos, particularmente alho e cebola, pode ser excretado pela pele durante dias ou mesmo semanas. Nenhuma quantidade de
antisséptico bucal podia cuidar disso. Transpirações, doenças, e alterações químicas tudo tinha um impacto. Mudanças sutis poderiam ser reconhecidas e compensadas, mas se você quisesse que um lobisomem não reconhecesse o seu perfume, era simples – mudar o seu xampu para um com odor mais picante, mudar para um desodorante normalmente usado pelo sexo oposto, e começar a adicionar o alho a seu alimento. Ou fumar como uma chaminé, como Jamie. Eles deixaram o dormitório e atravessaram o pátio de calçada forrada com estátuas e cruzes para um dos prédios administrativos. Dentro eles encontraram o Padre Juan andando em seu escritório. Era uma sala bonita, com séculos de idade, painéis de madeira cortada para olhar como se tivesse sido dobrada, e uma mesa de ébano incrustada com madrepérolas. A cadeira do escritório cromada de preta em couro estava amplamente fora do lugar. Um painel de vitral perto da janela mostrando São João da Cruz comungando com Jesus estava pendurado na parede. Holgar teve que concordar com a maioria que o Padre Juan, com suas maçãs do rosto salientes, testa inclinada, olhos grandes levemente afundados, se assemelhava com o santo muito de perto. Sobre as fofocas de que ele era a reencarnação do homem, Holgar era bastante cético. Mas não havia como negar que o padre Juan era estranho. Ele parecia cultivar uma personalidade estranha, pelo menos para os padrões de Holgar. Na mesa do Padre Juan sentava-se uma estátua de Bernini de Santa Teresa de Ávila em êxtase místico, a cabeça jogada para trás, lábios entreabertos, enquanto um cupido rechonchudo sorria para ela, se preparando para esfaqueá-la com a lança flamejante pequena na mão. Em outras ocasiões Holgar, o moderno, sensual escandinavo, tinha gargalhado a sexualidade desenfreada da peça. Não havia nada de místico sobre o que ele estava sentindo. Católicos, como um grupo, foram tremendamente reprimidos, pensou. Olhou para Antonio. Mas hoje Holgar sabia que algo estava acontecendo, e nenhum riso silencioso balbuciou dele. Eriko e Antonio estavam sentados em silêncio, aberta a curiosidade no rosto de ambos. Holgar, Jamie e Skye tomaram seus acentos. Deixando duas
cadeiras vagas, normalmente ocupadas por Jenn e Padre Juan. Ela ainda estava nos Estados Unidos no funeral do seu avô. Holgar sentia falta dela. Ela tinha a maneira interessante de ver o mundo, e ele tinha certeza que ela poderia ser uma grande Caçadora, caso ela diminuísse o peso sobre si mesmo. Padre Juan virou-se, pesquisando a equipe por um tempo, e depois, sentou-se. Ele se inclinou sobre sua mesa, dobrando as mãos. ―Nós temos um problema. Nenhum deles disse uma palavra. Se não houvesse um problema o Padre não teria os acordados. ―Vocês sabem que tem uma equipe de cientistas trabalhando em uma arma que ajudará nosso lado nesta guerra. Eu tive notícias sobre isso. ―Por favor, nos diga sensei, ― Eriko disse, balançando a cabeça. ―Sim, não há muito que matar os Malditos, ― Jamie observou. ―Se nós temos algo novo, que seria seis tipos de grande sangrenta. ―É uma arma solar artificial? ― Skye perguntou. ―Ou um gás tóxico como essência de alho como arma? ― Holgar sugeriu. ―Eu ficaria feliz com uma bomba que explodisse estilhaços de madeira. ― Jamie colocou dentro. Padre Juan quase sorriu. ―Na verdade, é um vírus. ―Você quer dizer como a gripe? ― Jamie bufou incrédulo. A expressão de Padre Juan não vacilou. ―Sim. Eu não tenho todos os fatos, mas, aparentemente, o vírus vai atacar as células do sangue de certa espécie. ―Espécie vampírica? ― Skye perguntou. ―Sim. ― A voz de Padre Juan atravessou. ―Isso deve ser injetado. ―Injetado. ― Jamie disse. ―Tal como... Se você desse uma vacina nos Malditos? ―Quanto tempo leva? ― Eriko cortou. ―Eles não têm certeza ainda. ― Padre Juan olhou para eles. ―Isso deve ser administrado sobre a pele. Skye franziu o nariz. ―Isso não soa como grande coisa para uma arma.
―Você poderia fazer uma arma tranquilizante fora isto, mas, só iria afetar um vampiro de cada vez, se você pudesse atingi-los com o dardo, ― Holgar observou. ―Isso não é melhor que estacá-los. Padre Juan respirou fundo. ―Não, mas se é o que realmente funciona, então, o próximo passo é descobrir se há uma maneira de infectar os vampiros em massa ao invés de um de cada vez. Holgar olhou para Antonio. Se isso for verdade, então o vírus pode matar os seus vampiros também. O pensamento deve ter ocorrido para os outros – Eriko e Skye trocaram olhares inquietos, e Jamie sorriu de orelha a orelha. ―Eles estavam indo ao laboratório duas vezes por semanas para não serem encontrados. ― Padre Juan continuou. ―Mas o lote mais recente de vírus o mais promissor até agora – foi roubado há dois dias, antes que pudesse ser testado. A maioria dos cientistas foi morto no ataque. Jamie bateu o punho no lado de sua cadeira, enquanto solenemente Antonio fez o sinal da cruz. Skye olhou para o chão, e juntamente o músculo da mandíbula de Eriko começou a se contorcer. Holgar cruzou os braços sobre o peito. Deve haver mais, ou o Padre não teria os acordados. ―Assim, que os Malditos tê-los, ― observou Jamie. ―Eles provavelmente destruirão isso, certo? ―Nós não sabemos, ― disse Padre Juan. Ele franziu ligeiramente a testa. ―Ninguém do governo quis me contar muita coisa. Mas isso eu consegui. Nós sabemos que os Malditos não serão coerentes, inimigos organizados. Eles estão lutando entre si, assim como nós encontramos divididos. Um grupo poderia refinar o gás e usá-lo contra o outro grupo. ―Ótimo, então, vamos deixá-los para isso. ― Disse Jamie. ―Meu filho, pense. ― Padre Juan o reprovou. ―E ouça. Todos eles se inclinaram para frente, ao mesmo tempo, e Holgar atrás deu uma risada. Mesmo que eles estivessem constantemente em conflito uns com os outros, eles eram um bando. Para um grupo onde todos resolutamente proclamavam a sua individualidade, todos eles mudaram igualmente, lutaram igualmente, e muitas vezes pensavam da mesma forma. Eles não querem admitir, mas cada um tem uma necessidade profunda de permanecer - o que
compartilhavam. Holgar era apenas mais consciente para isso, tendo um instinto inato para alinhar a si mesmo e suas ações com o grupo. ―O exército acredita que os Malditos têm planos de estudar o vírus e desenvolver uma vacina, ― Padre Juan disse. ―Tornando-os mais fortes, ― Jamie refletiu. ―Isso é sempre assim. Seu inimigo aprende lutando contra você. ― Ele lançou um olhar para Eriko. ―Então, Padre, por que você está nos dizendo isso agora? ― Skye perguntou. ―O exército espanhol tem uma expectativa sobre onde os Malditos levaram o vírus, ― Padre Juan respondeu. ―E o governo precisa de alguém para recuperá-lo? ― Holgar adivinhando. ―O quê, nós? ― Jamie gritou. ―Anno, sensei... ― O rosto dele ficou nublado quando ela mergulhou em japonês, que fazia sempre quando ela estava nervosa. Holgar sabia que Eriko não queria discutir com o Padre Juan. ―Nós não somos... Tipo de James Bond, Master. Nós caçamos vampiros. Nós não fazemos coisas como esta. ― Ela baixou a cabeça. ―Por favor, me desculpe. Não quero ser rude, mas. ―Ela está certa, ― disse Jamie. ―Isto não é o que fazemos. Nós caçamos. Padre Juan inclinou a cabeça e se inclinou para frente em sua cadeira. Holgar estava observando as interações na sala com um olhar atento. Eriko poderia ser a alfa desiguinada de seu bando, mas o Padre Juan era o principal efetivo. Holgar se perguntava, em ocasiões, se Eriko tinha sido a escolha adequada para se tornar uma Caçadora. Claro, todos na sala, exceto o Padre Juan pensavam que deveria ter sido devido ao exilir. ―Vocês sabem que a uma conversa entre os militares espanhóis a respeito de nos derrubarmos. ― Padre Juan arriscou. ―Eles temem a nossa independência, e que algum dia poderá lhes custar. É o dia de Francisco Franco20 novamente, quando ele fez o que tinha que fazer para manter a Espanha fora da Segunda Guerra mundial. A Espanha nunca declarou Guerra 20
FRANCISCO FRANCO - foi um militar, chefe-de-estado, ditador espanhol, Regente do Reino de Espanha desde outubro de 1939 até sua morte, em 1975.
aos Aliados ou os alemães. Por remanescentes oficialmente neutros, franco salvou milhares, se não centenas de milhares, de vidas espanholas. ―E ele voltou à Espanha em uma ditadura implacável no processo, ― Antonio murmurou. ―Que tipo de vida era essa? A expressão sombria do Padre Juan amoleceu. ―Você viveu Antonio. E você lutou contra Hitler com as Forças Francesas Livres. ―E foi convertido para a sua gratidão. ― Skye lembrou o Padre. Isso era tudo o que realmente sabia – que Antonio tinha lutado para os Aliados, e que um vampiro tinha atacado enquanto ele estava fugindo dos alemães. ―Provavelmente o salvou da matança permanente, ― disse Jamie, grunhindo, como se a declaração lhe custasse claro. ―Morrendo, você sabe. ― Sem dúvida, ele desejou que o Sire de Antonio tivesse deixado o suficiente bem sozinho. ―É a Segunda Guerra Mundial novamente, ― Antonio murmurou. ―As nações estão se curvando ao vencedor a fim de poupar seu povo. Nosso próprio governo quer que nós paremos de lutar contra seus piores inimigos. Então, isso não funcionou. E não vai funcionar agora. ―Assim como a Inglaterra fez com o meu povo, ― disse Jamie. ―Lançando os irlandeses para os... Lobos. ― Ele cruzou os braços e balançou a cabeça. ―De jeito nenhum, Padre. Se eles não gostam da gente, deixem que eles obtenham seus próprios vírus. Nós não somos ‗garotos de recados‘. Essa coisa toda é muito cansativa. ―Aprovado Jamie, mas eu não vejo que nós temos uma escolha, ― Padre Juan rebateu. ―Precisamos de apoio dos militares. E esta é uma arma que poderia ganhar a guerra. Se isso funcionar. ―E se não funcionar? ― Eriko perguntou. ―Meu palpite é que nós não vamos viver o bastante para cuidar, ― disse Holgar. ―Não é sobre a arma, ― disse Antonio. ―Isso é sobre ter mais tempo para comprar-nos com os militares, não é? ―A arma é valiosa, ― disse o Padre Juan. ―Mesmo que seja só para matar um vampiro de cada vez.
―Eu acho que você está certo. Quero dizer, até que desenvolvam uma metralhadora que dispara balas de madeira, é a única parte da tecnologia que temos. ― Jamie sorriu amargamente para Antonio. ―Woof, ― Holgar fez pausadamente. ―Sim, o que é sobre isso? ― Jamie perguntou. ―Qualquer perigo para os seres sobrenaturais ou simples seres humanos antigo? ―Eles não sabem até poderem testá-los. ― Padre Juan empurrou para trás da cadeira. ―O vírus é mais complicado do que parece. E o nosso lado quer de volta. ―Eles não estão do nosso lado, ― disse Jamie. ―E por falar em, há um traidor por aqui, e você sabe disso, Padre. ― Ele olhou para Antonio. ―Ele mesmo provavelmente vai fazer uma aproximação agora, e-mail para o seu Sire, e-. Em um flash Antonio saltou do outro lado da sala para a cadeira de Jamie e envolveu uma mão em torno da garganta do irlandês. Antonio rosnou, e seus olhos começaram a brilhar com fúria em brasa. ―NO SOY EL TRAIDOR 21, ― disse Antonio com os dentes cerrados, suas presas começaram a se estender. ―Me solte inferno sangrento! ― disse Jamie sufocando, movendo-se para bater o joelho no peito de Antonio – com exceção que Antonio como um flash pulou longe, e Jamie caiu da cadeira e no chão. ―Basta! ― Padre Juan gritou, pulando em seus pés. Ele soltou uns argumentos, e Holgar sentiu um florescimento de calma inundar a sala. O bom Padre lançou um feitiço para tensões baixas. Às vezes, eles trabalhavam para embalar os indisciplinados de Salamanca. Muitas vezes eles não faziam. ―Nós não temos muito tempo a perder, já perdemos dois dias, ― disse Padre Juan. ―Isso é o que eu estou dizendo para vocês fazerem. ― Fez uma pausa. ―E... Há mais. ―Agora o que? ― Jamie gritou, chegando a seus pés.
21
NO SOY EL TRAIDOR – eu não sou o traidor.
Padre Juan parecia extremamente desconfortável. Holgar se preparou. Seus pensamentos se voltaram para Jenn, e ele apertou ainda mais o braço da cadeira. ―O cientista que estava liderando o projeto estava entre os sobreviventes. Ele se escondeu em um frigorífico no laboratório, e eles sentiram sua falta. ―Claro, eles não o transformaram em um Maldito? ― Jamie perguntou, olhando incisivamente para Antonio. ―Ele foi examinado, ― Padre Juan respondeu. ―Ele pode ser verificado se encontrar o vírus direto. Então... Você vai para prendê-lo juntamente. ―Você quer que nós capturemos um civil em uma caçada? ― Holgar desabafou. Eriko empalideceu. ―Anno, Sensei... ― disse ela novamente. ―Você é um civil. Todos vocês. ― Padre Juan respondeu. ―E sim, isso é o que eu quero. ― Padre Juan consultou o relógio. ―Eu já marquei um encontro com o cientista. Seu nome é Dr. Michael Sherman. Antonio terá que ficar longe do sol. Ele vai pegar você mais tarde. Antonio fez um assentimento com a cabeça. Padre Juan sentou novamente à sua mesa. ―Peguem o café da manhã, e recebam os seus materiais. ―Desculpe... ― Eriko murmurou então se levantou e se curvou. ―Hai, hai, sensei, ― disse ela. ―Sim, Padre Juan. ―Sim? ― Jamie piscou. ―Eri, isto é insanidade. Este não é o nosso trabalho. ―Jamie, ― ela respondeu suavemente. ―É a minha escolha fazer como o nosso mestre deseja. Eu sou uma Caçadora. E que se estabeleceu isso. Eles se levantaram como um só, mas assim que eles saíram do escritório do Padre Juan, eles foram em direções diferentes. Holgar sabia onde os outros estavam indo. Antonio iria para a capela orar e meditar. Skye saía para ficar em um círculo e realizar rituais de proteção. Eriko iria para a academia para aquecer seus músculos. Jamie iria para o seu quarto quebrar as coisas em uma fúria, e depois verificar o seu arsenal.
Holgar por sua vez foi direto para a cozinha. Uma vez lá, ele encontrou um Padre ranzinza chamado Manuel. O idoso era rotundo, com uma mandíbula estereotipada à sua posição – de cozinheiro. ―Padre Juan nunca me ouve. Ele me acorda e insiste que eu faça comida suficiente para todos os que estão saindo. Toda vez eu digo a ele que só você virá comer o que eu preparo, e toda vez ele me diz que devo preparar os alimentos de qualquer maneira. ―Desculpe pelo problema. ― Holgar disse. Manuel encolheu os ombros. ―Vale, vale22, você é a única pessoa fácil, os outros que são difíceis. Ele entregou a Holgar um prato de carne de veado. Em respeito a ele, Holgar levou para a sala de jantar vazia para comer. A maioria das pessoas não teria estômago para o ver comendo suas refeições. Ele estava imensamente grato, porém, que Manuel respeitava a sua dieta. Lobisomens podiam comer carne cozida, mas não era agradável. Que muitas vezes lhe deu dor de estômago. O seu intestino era projetado pra processar alimentos frescos e crus. Nada mais que algumas horas ou cozidas por qualquer período de tempo tinham o gosto de podre. Uma vez que não havia ninguém por perto para assistir, ele pegou a carne com as mãos e a comeu dessa forma. Ele tentou tomar seu tempo e saborear o sabor, no entanto, em vez de apenas devorá-la. Por assim dizer. Terminando, ele educadamente retornou seu prato à cozinha. Manuel fez o sinal da cruz sobre ele quando Holgar entregou o prato vazio, e Holgar acenou com a cabeça em agradecimento. Como muito escandinavos Holgar era nominalmente luterano, mas se sua família adorava alguma coisa, era a luta. Ele era um pouco como Skye pequeno a esse respeito. Ele sorriu com o pensamento da garota inglesa. Seu sorriso caiu quando seus pensamentos se voltaram para a missão. Jamie estava certo. Isto não era o motivo por eles terem vindo para Salamanca. Arrotando filosoficamente, ele voltou para o seu quarto, onde ele reuniu frascos de água benta, uma dúzia de estacas de madeira, e um pequeno
22
VALE – comprove comprovado.
recipiente de alho com sabor hortelã que tinha sido uma novidade, e agora altamente valorizada por sua capacidade de repelir vampiros. Ele pendurou uma cruz de quatro polegadas de madeira em volta do pescoço por último. Que Padre Juan havia lhe dado, em sua graduação na academia. O centro da cruz tinha um cordeiro esculpido, enquanto que os braços da cruz encerravam com a cabeça de um lobo esculpida. Um lobo, servindo o cordeiro de Deus, em vez de devorá-lo. O padre tinha um senso de humor, que em sua maioria mantinha em sigilo, mais muitas vezes expressada em torno de Holgar. Havia algo de um lobo sobre Padre Juan, que frequentemente fazia Hogar se sentir semelhante a ele. Satisfeito, Holgar fez o caminho para a capela. Antonio estava ajoelhado junto à grade da oração na primeira fila, e Holgar se sentou duas fileiras atrás. Ele estava perto o suficiente para fazer sentir a sua presença, mas não tão perto para ele se intrometer. Ele fechou os olhos e esperou. Eu gostaria de saber se nós veremos Jenn novamente, Holgar pensou. Havia apostas em todo o exército sobre quanto tempo a equipe de Salamanca duraria. Hoje eles poderiam fazer alguém muito rico.
Heather estava apavorada. Ela sabia que seu pai e sua irmã estavam indo a algum lugar. Ela tinha escutado eles conversando. Ela estava doente de preocupação, e a torção em seu estômago lhe disse que ela estava certa em se sentir assim. Sua primeira reação foi tentar segui-los no carro de sua mãe. Mas sua mãe tinha uma audição aguçada e provavelmente iria pegar ela no ato. Você está preocupada com nada, ela disse a si mesma. Ela não acreditou, no entanto. Se ela iria agir, tinha que ser agora, antes que Jenn saísse do banheiro. Heather agarrou o inalador e o enfiou no bolso dianteiro da calça jeans e, em seguida, ela abriu caminho para a lata em forma de gato cobreada atrás da porta. Ela pegou o conjunto de chaves e retirou o controle remoto indo em
direção ao carro de seu pai, uma Toyota Camry azul escuro, e entrou na garagem, fechando a porta atrás dela. Antes que ela pudesse pensar muito, Heather desbloqueou a mala através do controle remoto. Sob a luz fraca ela podia ver o identificador brilhando e o pictograma explicando de como abrir o porta-malas por dentro. Ela sempre tinha sido curiosa desde criança. Ela desejava mais que tudo que ela pudesse ver se ele realmente funcionava. Não havia tempo, porém, então ela entrou no porta-malas, apertou os olhos fechados, e entrou na mala. Ela imediatamente se sentiu claustrofóbica, e sua garganta começou a apertar. Ela começou a se contorcer para alcançar o inalador no bolso, quando ela ouviu a porta da garagem abrir e fechar. Ela ficou imóvel, com medo de se mexer, então, eles iriam descobrir ela. ―Você tem certeza? ― Ela ouviu o pai perguntar, sua voz abafada. ―Absolutamente, ― respondeu Jenn. Heather mordeu o lábio. Ela passou a infância ouvindo seus pais e Jenn, enquanto conversavam. Ela sabia que seu pai estava chateado e nervoso. Ela também sabia que, apesar da confiança de Jenn, sua resposta saiu assustada. Essa percepção fortaleceu o terror de Heather, e sua mão encontrou o controle, ela estava pronta para apertar e fugir da mala, mesmo que significava enfrentar os dois. Como você acha que pode ir para a Espanha e aprender a lutar com vampiros se você não pode passar uns minutos em um espaço pequeno, sem pânico? Ela perguntou a si mesma. Heather respirou fundo e soltou o controle, assim como o motor rugiu para a vida. O carro vibrava contra o lado do seu rosto direito, onde estava pressionado contra o carpete do piso da mala. O Camry começou a rodar para trás. Ela se preparou quando o carro se virou e, em seguida, deu uma guinada para frente. Era tarde demais para voltar atrás. Uma vez que eles estavam totalmente em movimento, ela começou a se atrapalhar com seu inalador novamente. Ela conseguiu pescá-lo do bolso, e ela respirou tão profundamente quanto podia. O medicamento começou a fazer efeito, da mesma fora que eles aceleraram para pegar a via expressa. O carro saltou e a cabeça de Heather e o ombro bateu no teto. Ela provou o sangue em sua boca, onde ela tinha
mordido a língua e o pânico disparou através dela. Vampiros podiam sentir o cheiro de sangue a grande distância. E se eles os encontrassem? Como Jenn poderia lutar com muitos vampiros? Ela mataria apenas três deles? Lágrimas encheram seus olhos com o terror oprimido dentro dela. Ela pensou em tudo o que podia perder: seu pai, sua irmã, sua vida. Eu nunca vou ser uma esposa ou uma mãe, ela percebeu. Eu não irei para a faculdade, não me formarei após o ensino médio, nunca irei ao baile. O último pensamento pareceu tão absurdo tendo em conta sobre todo o resto, então ela parou de chorar. Mantêlos juntos. Ser mais parecida com Jenn. No momento em que saiu da estrada, sua língua tinha parado de sangrar, e ela se acalmou. O carro fez uma série de voltas rápidas até que o movimento e o calor da mala a fez ter náuseas. Ela apertou sua mão à boca, tentando não vomitar. O sabor químico do seu inalador foi pior. Finalmente o carro parou. Ela queria desesperadamente apertar o controle, se lançar para fora, e encontrar um lugar para vomitar. Em vez disso, ela forçou a ficar imóvel, ouvindo quando as portas se abriram e sentindo o carro subir um pouco à medida que seu pai e sua irmã saíram. ―Fique perto, ― ela ouviu Jenn dizer. ―O sol ainda está alto, ― respondeu seu pai. ―Não por muito tempo. ―Como você sabe? ―Eu posso sentir isso, ― respondeu Jenn. As palavras de Jenn perfuraram as náuseas de Heather, e um calafrio deslizou até suas costas. Jenn vinha lutando com vampiros tanto tempo que ela estava começando a soar como um. Pânico súbito a inundou. Talvez Jenn fosse um deles. Heather se forçou a respirar profundamente. Jenn estava no funeral, na luz do dia. Não há nenhuma maneira que ela fosse um vampiro. Então, novamente, o que nós realmente sabemos sobre eles? Eles dizem que não podem se transformar em morcegos, mas o amigo de Tina Cousin Mary disse que sua irmã viu uma mudança. De repente, ela percebeu que não podia ouvir seu pai e Jenn falando. Ela se esforçou para escutar, mas não ouviu nenhum som. Fazendo caretas, ela apertou o controle e a mala destravou fazendo um clique. Funcionou! Como
uma pequena faísca de vitória aquecida em seu interior, ela levantou a tampa da mala levemente para que ela pudesse olhar para fora. O mundo parecia envolta em nevoeiro, e a luz do sol havia desaparecido há muito tempo antes de atingir o chão. Ela prendeu a respiração e jogou a tampa da mala para cima e se saiu, sugando o ar limpo e fresco até a náusea desaparecer. Ela não via Jenn e seu pai em lugar algum. Porque eles vieram aqui tão perto do pôr-do-sol e com um nevoeiro rolando? Seu pai sabia melhor, e Jenn... Heather engasgou. Jenn havia ido antes dos vampiros tomarem a cidade. Ela provavelmente não sabia por que eles tinham escolhido San Francisco como uma das suas sedes. Não era que eles pudessem controlar o acesso monitorando as pontes. Não era que os líderes da cidade deram a eles sem luta. Era o nevoeiro. Quando o nevoeiro grosso estendia pela baía, os vampiros podiam sair, enquanto o sol ainda estava alto. E não poderia ser a neblina.
Venha a nós, filho da luz Temos visto e ouvido a sua situação Deixe levar você pela a mão Vampiros e humanos, juntos Suas lutas têm sido longas e caras Mas isso é tudo feito agora que estamos aqui Os conflitos cessarão por todos os países Divididos nós caímos, unidos venceremos
A noite já havia caído, Eriko chamou assim que alcançaram os seus respectivos objetivos e pediu que Antonio se juntasse a eles. O cientista estava sendo atendi do em uma igreja por padres simpatizantes conhecidos de Padre Juan. A desconfiança de Jamie partilhou por toda a missão, Antonio perguntou exatamente quem se aproximou de seu mestre e pediu ajuda. Antonio parou em um lote e atravessou o Retiro Park23, passando pela Fonte do Anjo Caído. Lúcifer, anjo da luz, tinha acabado de ser banido do céu, e ele estava caindo para o Inferno, asas estendidas, braços abertos em desespero. Em torno da base da fonte, rostos de maldade riam aos pedestres, vomitando água. A fonte era mais velha que Antonio e, como ele tinha visto quando era criança em sua visita especial a Madrid para fazer sua primeira confissão, ele teve medo dela. Passando por ela agora, ele fez o sinal da cruz, cheio de fortes sentimentos de desagrado. Espanha, você vai cair do paraíso também? Você acabou cedendo, como tantos outros países têm feito? Apaziguar os vampiros fingindo que eles retraíam suas presas não muito longas para rasgar as gargantas de seus filhos? Uma forma pouco além do parque estava à igreja, um edifício pequeno, mas muito barroca com uma torre de sino. Todas as janelas arqueadas haviam sido fechadas com tábuas. Havia um aviso na porta que dizia: SERVIMOS TODOS OS QUE SÃO CHAMADOS PARA O SENHOR. Antonio andou ao redor, procurando a reitoria, e foi escoltado por um jovem sacerdote sombrio para uma sala pequena projetada para oração e meditação. Havia uma fonte de pedra esculpida ao lado da porta, e ele molhou o dedo nela e se benzeu – o único vampiro que sabia que só ele poderia fazer.
23
RETIRO PARK - é o maior parque da cidade de Madrid, capital da Espanha. O parque pertencia à monarquia espanhola até o final do século 19, quando se tornou um parque público.
Na alcova uma estátua de São João da Cruz com a cabeça curvada, parecia estar orando por aqueles que entravam na sala pouco mobiliada. Velas votivas pescaram diante da figura, e o santo parecia quase como se estivesse sorrindo. Antonio descobriu que significava, como se o patrono de sua Academia estivesse acompanhando o grupo em sua missão. Os outros quatros Salamancans estavam sentados em sofás, e nas cadeiras de pelúcia. Envolta em uma camisola cinzenta, e uma harmonização de um gorro de tricô, Skye lhe lançou um sorriso agradecido, e o resto assentiram com a cabeça reconhecendo a sua chegada. Eles foram empacotados contra o frio. Um aquecedor elétrico selecionava, ar quente zumbia. Madrid no final de fevereiro era fria e úmida, mesmo para Holgar. Felizmente, não havia nevado. Sentado na beira de uma mesa de mogno, um segundo sacerdote jovem acenou para Antonio, que acenou de volta. O sacerdote tinha um cavanhaque, dando-lhe um ligeiro molde satânico. E em pé ao lado da mesa tinha que ser o homem que havia viajado para refutar. Antonio poderia ter quebrado o homem ao meio. De alguma forma, o homem conseguiu incorporar todos os estereótipos da profissão que tinha para oferecer. Ele era magro e baixo, com cabelos castanhos claros e olhos azuis escondidos atrás de um par de óculos grossos com aros pretos. Quarenta, talvez, mas provavelmente mais jovem. E bastante ansioso, a partir da maneira como seus olhos corriam em torno da sala. ―Eu sou o Padre Luis, ― o padre disse para Antonio. ―E este é o Dr. Michael Sherman. ―Hola? Cómo estás? Er, estan24? ― O homem perguntou em um espanhol doído. ―Você não é espanhol, Mick, fale em inglês, ― Jamie resmungou. ―Desculpe, obrigado. ― Michael disse, visivelmente relaxando. ―Americano? ― Antonio perguntou surpreso. ―Sim. ― Dr. Sherman assentiu. ―Da Universidade de Mayland. Ou, eu era. ―O que você está fazendo aqui? ― Holgar perguntou. 24
HOLA? COMO ESTÁS? ER, ESTAN – olá? Como você está? Er, estão?
O cientista empurrou para cima seus óculos. ―Bem você deve se lembrar de suas aulas de biologias que... ―E... Pode passando por toda essa conversa a fantasia, ― disse Jamie. ―Alguns de nós temos estado muito ocupados salvando o mundo para ir à escola. Eriko piscou, e Antonio esperou educadamente. ―Muito bem. ― Dr. Sherman levantou o queixo. ―Eu passei vários anos trabalhando para encontrar uma cura completa para a leucemia, que é um câncer do sangue. Percebi que com a minha pesquisa pode ser possível realmente criar uma linhagem de leucemia, que pode ser injetado em vampiros, o que causaria em seus corpos a destruição de dentro para fora. Holgar assobiou baixo. Michael espirrou. ―Desculpe, eu tenho alergias. ― Ele puxou um pacote de tecidos do bolso e assuou o nariz. Em seguida, ele passou um segundo examinando o conteúdo. Jamie piscou e olhou para o grupo como se dissesse: E NÓS TEMOS A TECNOLOGIA CONFIADA A ESTE IDIOTA? ―Eu acho que ele quer saber por que você estava fazendo isso aqui e não trabalhando em sua casa, ― Skie disse gentilmente. ―Na América. Sherman olhou ao redor de uma lata de lixo. Escrevendo ao lado da mesa do Padre Luis, ele fez uma bola de seu tecido e apontou para a borda. Ele caiu no chão, muito longe de seu alvo. Skye deu um risinho. ―Sherman-sensei, por favor, nos desculpe. ― Eriko disse, fazendo uma carranca. ―Nós não pretendíamos ser rude. ―Oh, ― ele disse. ―Está tudo bem. Disseram-me que vocês são bit... Exuberantes. ― Ele sorriu ansiosamente. ―Como os caras das Operações Especiais... Mais jovens. ―Isso é um termo relativo, ― respondeu Holgar e Antonio sorriu levemente. Dr. Sherman franziu a testa, intrigado. Então ele encolheu os ombros. ―Bem, de qualquer maneira, eu havia se aproximado... Certas pessoas... Em
meu governo, mas eles disseram que não estavam interessados. Naquela mesma noite meu laboratório – o único na América – foi destruído. Eu deveria estar trabalhando, mas eu fui para fora tomar um ar fresco. Quando eu voltei para dentro do prédio e vi o que tinha acontecido, eu corri. Os caçadores se entreolharam, ciente de que um deles estava sozinho em território hostil. Jamie cerrou os dentes e murmurou uma maldição, e Holgar lançou a Antonio um olhar simpático. ―Então você veio para cá? ― Antonio perguntou. ―Para a Espanha? Sherman assentiu com a cabeça, olhando para a distância como se estivesse em um lugar que não pudesse ver, ou talvez uma vez ele preferisse esquecer. ―Sim, eu ouvi que a Espanha não tinha apenas rolado sobre e fingido de morta. Eu estava certo. ― Ele abaixou a cabeça, pessoalmente agradecendo-os. Antonio não conseguia deixar de pensar em Jenn, que também tinha fugido para a Espanha da América para que ela pudesse se juntar a causa e destruir vampiros. Ele suspirou. Pensamentos sobre Jenn sempre interrompia sua concentração. ―Deixe-me falar sobre este ataque, ― disse Sherman. ―Eu entrei no freezer para pegar algumas amostras. Então eu ouvi o quebrando e falhando, então eu me escondi lá até que pareceu tranquilo e seguro. Quando eu saí, ― sua voz baixou. ―Todos... Estavam mortos. Antonio olhou para Jamie, cuja mandíbula estava cerrada. Ele leu a linguagem corporal do irlandês: Mortos como nós seremos se continuarmos com essa porra de excursão. Mortos como os três Caçadores. Eles estavam sendo criados? Sherman fungou e limpou o nariz com outro tecido. Ele estava lutando contra algum tipo de infecção. Para Antonio os sentidos de vampiros eram ofensivos. Infecção do sangue contaminado, e o cheiro eram repulsivos para os vampiros. Holgar torceu desconfortavelmente na cadeira, e Antonio não poderia ajudar, mas se perguntou se o lobisomem o cheirava também. Que a infecção poderia ter sido o que salvou a vida do cientista, durante o ataque mais recente. Nenhum vampiro teria de bom grado bebido dele, e
eles provavelmente estavam ocupados demais drenando os outros para encontrá-lo no freezer e rasgar a sua garganta. Antonio abaixou a cabeça e tossiu na sua mão. O mero pensamento de alimentação estava o levando a mudar. Ele ouviu a metade quando o Dr. Sherman continuou explicando sobre o vírus. Se ele realmente funcionasse, a humanidade poderia ganhar a guerra. E depois? Tão certo como Antonio estava de que o sol continuará a subir e definir, ele estava certo de que, se for dada uma chance, Jamie irá usar o vírus para matá-lo. Se eu não matá-lo primeiro. O pensamento aumentou dentro dele como havia muitas vezes, mas dessa vez precisou de mais esforço para dissipar. Um dia o irlandês esquentado iria fazer um movimento contra ele ou Holgar, e depois? O padre começou a falar e Antonio obrigou-se a prestar a atenção. ―Quando eu telefonei para o mestre de vocês disse a ele que vocês e o Dr. Sherman tinham chegado, ele me falou para vocês partirem em três horas, e que vocês devessem estar preparados. ―Não podemos descansar e deixar para amanhã à noite? ― O cientista pediu. Ele olhou para os outros. ―Eu já passei por muita coisa. ―Nós não queremos perder tempo, ― respondeu categoricamente Antonio. O homem parecia abatido, e Antonio se perguntou o quão doente ele estava. ―Mas, certamente, algumas horas a mais não faria mal. Nós poderíamos atacar cedo amanhã a noite. ― Dr. Sherman enfatizou a palavra ―atacar‖ como se ele estivesse tentando soar como alguém em operações especiais. Antonio não poderia levá-lo com eles. Ele supôs que tinha, mas que beirava o absurdo. Antonio olhou para Eriko, esperando que a Caçadora o apoiasse. Que foi Jamie, porém, que reconheceu seus olhos. O irlandês sorriu sombriamente. ―Ali com você, Espanha, ― Jamie murmurou.
Em todos os lugares Jenn olhou, as Colinas de Oakland estavam cobertas com camadas de névoa branca. Oito quilômetros a leste de San Francisco, Oakland compartilhava os padrões meteorológicos, incluindo forte nevoeiro. Este nevoeiro se instalou assim que a chuva havia parado, cobrindo a paisagem com uma mortalha branca. Serpenteando entre as montanhas acima, casas mais antigas de Oakland, algumas delas vitoriana e todas bem conservadas, alinhada com as ruas estreitas. Enquanto a maioria da cidade tinha sido abandonada anos antes das gangues, as casas em cima das colinas sempre mantiveram o seu valor e status. Jenn e seu pai haviam estacionado em uma parte do parque pequeno e caminhado até a área da baía onde os passageiros podiam se encontrar e uma pilha de carros de passeios em uma parte da cidade. A parte estava deserta, ainda com todo mundo querendo chegar em casa antes do anoitecer. Jenn não os culpava. A sensação de isolamento era quase esmagadora quando ela e seu pai deixaram o carro e começaram a subir uma encosta íngreme. Jenn respirou profundamente o ar frio e depois de um minuto virou e olhou para baixo, para admirar a vista. Mas o resto de Oakland e a baía em si estavam obscurecidos pela neblina espessa. Até no carro deles, uma centena de metros de distância, tinha sido engolida por ela. Como um fantasma, o pensamento veio, espontaneamente. Ela tinha perdido a neblina e o refresco do ar. Ela tinha perdido um monte de coisas sobre o lar. Tantas vezes ela tinha sonhado como seria voltar. Mas em seus sonhos Papa Che estava vivo, saudando-a como uma heroína. Em seus sonhos não havia vampiros... Exceto Antonio. Ela desejou que pudesse ter dito a Heather sobre Antonio, que ela estava apaixonada, que o cara era lindo, forte e solidário. Jenn não podia dizer a ela que Antonio era um vampiro. Ela não podia contar a ninguém em sua família. Seria apenas confundir a questão e torná-los questionar a causa muito mais. O
seu lado que não podia pagar, especialmente sobre um vampiro único, mesmo que ele fosse seu namorado, mais ou menos. A verdade era que ninguém sabia por que Antonio tinha a força para fazer o que ele fez. Antonio estava convencido de que era Deus. Jenn só não sabia. O que ela sabia era que ninguém, nem mesmo Antonio, tinha ouvido falar de qualquer outro vampiro que tinha traído a sua espécie e lutado para o bem. Ela tropeçou em um pedaço de calçada irregular, uma lembrança do terremoto de 89. Ela recuperou o equilíbrio e sacudiu-se mentalmente. Foco! Assustava quando ela estava em uma cidade desse jeito. Ainda assim, pelo menos, era dia, mas não era bom do mesmo jeito. Especialmente quando seu pai caminhava ao seu lado e ela havia prometido protegê-lo. Ele olhou para seu pai enquanto subia a colina ao lado dela. Ele estava tenso. Suas mãos estavam fechadas em punhos, e um músculo minúsculo em sua mandíbula sofria espasmo repetidamente. Ele estava assumindo um risco enorme para ajudar a família de seu amigo, e ele estava com medo. Ela sabia o quão estava sendo difícil para ele. ―Você está fazendo a coisa certa, papai, ― disse ela, o cuidado de manter sua voz pouco mais que um sussurro. Mesmo que fosse bom antes do por do sol, nunca se sabe quem pode estar ouvindo que é complacente para o outro lado. ―Eu espero que sim, ― ele murmurou. Eles passaram mais de uma dúzia de grandes casas de luxo, a neblina girava em torno delas, ocasionalmente revelando pedaços de gengibre na Rainha Anne, sebes privadas e, em um caso, dois leões de pedra cinzentos franqueando uma passarela de calçada. Era como ver peças misturadas de um quebra-cabeça. Em seguida, a neblina caiu a sério, obscurecendo tudo. Seu pai parou. Ele estendeu a mão e colocou em uma cerca branca e ficou parado por um momento, como se estivesse perdido em pensamentos. ―Não há outro caminho, ― ele gemeu. ―O que é isso? ― Jenn perguntou, examinando a rua ao seu redor em busca de sinais de que estavam sendo observados. Ela esforçou todos os seus sentidos. Tudo o que ela viu foi branco sobre branco sobre branco. ―Pai?
Seu pai abriu o portão. Ela permaneceu em alerta máximo. Ela tinha que protegê-lo. Ela não podia deixar nada acontecer com ele. Da direção que eles tinham vindo ela ouviu o som de sapatos batendo contra o concreto. Alguém estava correndo em direção a eles. ―Eles estão... Eu pensei que nós nos reuniríamos lá dentro, ― murmurou o pai dela. ―Papai! Volte para o portão, ― ela sussurrou. ―Eu... Oh, Jenn... ―Pai? ― Algo estava terrivelmente errado. ―Pai? Ele gemeu de novo. O corredor invisível continuou chegando, passos batendo mais e mais alto. Alarmada, Jenn deslizou uma estaca para fora de sua aljava com a mão direita. Caçadores não eram para matar seres humanos. E se for um espião ou uma sentinela? E se eles sabem o que seu pai está procurando, por causa do trabalho? Ela colocou os dedos em volta da estaca, desejando que tivesse uma arma. Adrenalina correu através dela, tornando-o seus sentidos aguçados, aumentando a sua consciência. Seu pai entrou pelo portão aberto. Ela o alcançou, mas a neblina passou entre eles, obscurecendo a sua visão. ―Pai, nós temos que sair daqui, ― disse ela, girando em torno voltando da maneira como eles tinham vindo. O som ficou mais alto. Alguém estava deliberadamente indo para eles. Seu batimento cardíaco acelerou. Poderia ser apenas um corredor. Mas quem iria correr em um banco de nevoeiro? ―Não, eu prometi, ― ele disse. ―Papai, espere. Não vá a lugar nenhum. Ela esperou pronta, os músculos vibrando. Ela podia ouvir suas pisadas tranquilas atrás dela e as pisadas impetuosas da pessoa correndo em sua direção. Jenn plantou seus pés, e se preparou para a luta. Mais próximo. Jenn ergueu a sua estaca, o medo corria através dela. E se fosse um policial com uma arma? Ou um soldado com uma metralhadora? E se esta casa fosse um ponto de encontro conhecido da Resistência? Eles não podiam ser capturados. Seu pai não podia ser identificado. Se ele foi visto com as
pessoas, o seu colega de trabalho havia morrido para proteger, ele seria morto também. E mamãe e Heather. Não posso matar um ser humano. A menos que eu tenha absolutamente certeza de que eu estou em perigo. Ela podia ouvir a respiração irregular do corredor e se esforçou para obter uma imagem. O estranho estava a apenas alguns passos, mas a neblina estava espessa para ela ver quem era. Parar e se identificar, Jenn queria gritar, mas ela não iria correr o risco de ser ouvida se estivesse outros. Mais próximo. Ela puxou o seu braço para trás, preparando-se para mergulhar a estaca no peito do estranho se necessário, sabendo que seria uma violação de todos os votos que ela tinha tomado. Ela queria gritar com seu pai para ele correr. A imagem de uma menina de repente surgiu na frente dela, e Jenn começou a balançar sua estaca. Então viu o rosto dela. Heather! ―Atrás de você! ― Heather gritou. Jenn girou seu braço ainda em movimento. Uma mulher correu para ela, Jenn pensou ter visto um flash de presas quando ela mergulhou a estaca em seu coração. ―Oh, meu Deus, oh, Deus! ― Seu pai gritou, Heather gritou. Horror tomou conta de Jenn. Ainda era dia. Ela tinha acabado de matar um ser humano. Mas no momento seguinte, a mulher se transformou em uma pilha de poeira, quando Heather gritava e gritava. Vampiro? À luz do dia? Cinco outros vampiros, os olhos brilhando na névoa, diante dela. Seu pai correu para a direita, levantando uma das mãos pressionou cobrindo seus olhos e a outra no peito. Atrás dela, Jenn podia ouvir o som familiar de sibilância quando Heather sucumbiu a um ataque de asma. Jenn deu um passou atrás quando os vampiros se espalharam, avançando sobre eles. Vampiros. À luz do dia. Ela piscou. ―Como...?
A altura de um – desportivo olhar clássico de um vampiro até o mais cabelo alisado para trás e a capa preta – sorriu para ela. ―Você sabe o que essa espessa neblina de San Francisco faz? Ela difunde a luz do sol de modo que não pode nos queimar. Neblina? Nevoeiro! É por isso que San Francisco é uma fortaleza. É por isso que os vampiros estão correndo selvagem. E as pessoas – seu olhar assinalou para seu pai, de pé com os ombros e as mãos cobrindo os olhos como se tivesse dois anos de idade, que não queria ver algo assustador. As pessoas sabem! Ela jogou um frasco de água benta com tanta força que quebrou sobre a testa do presunçoso Drácula. Ele uivou e começou a arranhar os olhos. Três dos outros vampiros recuaram, enquanto o quinto, um homem magro loiro, veio para Jenn. Suas mãos voaram para seus bolsos. Com a mão esquerda, ela jogou uma garrafa de azeite de oliva que tinha sido abençoada pelo Papa para o chão na frente dela, e com sua mão direita ela riscou um fósforo contra o seu jeans e deixou-o cair sobre o óleo. Um momento depois o óleo pegou fogo, assim como o vampiro pulou em cima dela. Ele gritou enquanto as chamas envolveram seus sapatos e calças. Ele caiu no chão e tentou rolar para abafar as chamas, mas somente conseguiu pegar a calça do seu companheiro cego no fogo também. ―Pai, fique com Heather e corram! ― Jenn gritou coração batendo para fora do peito. Ela tinha apenas um frasco de óleo para os outros, e logo o fogo no chão apagaria. Havia três vampiros à esquerda, e da maneira como eles observavam silenciosamente, pacientemente, ela sabia que eles eram mais espertos do grupo. Jenn puxou outra estaca do bolso e segurou firme. Suas mãos estavam escorregadias de suor, e mesmo que ela pudesse sentir o cheiro do medo saindo dela. Sua mente deslizou de volta à Espanha, à igreja em chamas, a hesitação dela... Pare com isso! Você é melhor do que isso, melhor do que isto. As chamas envolveram os dois vampiros feridos, e logo foram reduzidos a pó. Seus companheiros não se abalaram.
Ela pegou a última garrafa de óleo e jogou-a contra a cerca de piquete de madeira que cercava o pátio. Jenn acendeu outro fósforo e deixou-o cair, e uma chama pulou para vida. Alimentada pelo petróleo, o fogo ardia quente e rápido. Logo cercariam os vampiros. Ela deu um passo para trás. Um dos três vampiros, uma fêmea aparentemente sendo a mais velha, olhou desconfortavelmente para as chamas em cima da cerca. Jenn cavou mais estacas dos bolsos da calça e arriscou um olhar para seu pai, que estava congelado de medo. Alguém os traiu. ―São as pessoas que nós precisamos ajudar dentro da casa? ― Ela gritou para ele. Ele balançou a cabeça lentamente. Ela nunca tinha visto tal expressão estranha em seu rosto, ou em qualquer rosto de outra pessoa – vergonha, medo, e... Repugnância. Ela sacudiu a cabeça perplexa. ―Nunca houve pessoas dentro da casa, ― disse ele, sua voz quase insuficiente para ouvir sobre o crepitar das chamas. ―O quê? ― Perguntou ela, ainda mais confusa. ―Ele disse, nunca houve pessoas dentro da casa, ― uma voz gutural feminina ronronou detrás dela. Jenn virou e ficou cara-a-cara com o mal. Ela usava um suéter de lã vermelho e calça de couro preta que abraçava as coxas. Cabelos negros caíam pelas costas, e ela parecia uma femme fatale de um velho filme noir25. Apenas essa mulher tinha presas perversas e era muito forte. Ela segurou Heather pelo pescoço com uma mão. Jenn observou enquanto sua irmã lutava debilmente contra o aperto dela, faltando o ar. ―Heather, ― Jenn resmungou, estendendo a mão. ―Oh, Deus, Heather. Com os pés mal tocando o chão, Heather olhou para ela com enormes olhos azuis. Sua boca funcionou, mas as palavras não saíram. ―Há vampiros naquela casa, apenas, ― disse a mulher, sorrindo. ―Isso não é... Verdade, ― disse Jenn, freneticamente tentando descobrir como colocaria uma estaca naquele Maldito que estava diante, do Maldito que
25
FILME NOIR - O Filme noir é derivado dos romances de suspense da época da Grande Depressão (muitos filmes noir foram adaptados de romances policiais do período), e do estilo visual dos filmes de terror da década de 1930. Os primeiros Filmes noirs apareceram no começo da década de 1940.
mataria Heather. Perguntando se as pessoas na casa estavam vivas, ou se foram mortas no ataque surpresa. O Maldito inclinou a cabeça. Seus olhos brilhavam através da neblina quando Jenn rastreava cada movimento, a sua formação de Caçadora voltou com ela, apesar de seu terror. Um golpe, uma mordida, e Heather estaria morta. ―Não importa. Seu pai querido disse que você estava vindo para ajudar as pessoas. E você é. Ela, eu presumo. ― O vampiro disse, apertando Heather um pouco. Heather choramingou. ―Pai, o que ela está falando? ― Jenn deixou escapar, sem tirar os olhos de sua irmã e naquele Maldito. Houve silêncio. ―Diga a ela, ― disse o vampiro. ―Sobre o negócio que você fez. Mais silêncio. ―Que negócio, papai? ― Jenn perguntou. A voz de seu pai tremia tanto que ela mal conseguia ouvir o que ele falou. ―Jenn... Jennifer... Eu tinha que salvar Heather. Eu fiz isso para que eles pudessem deixá-la e sua mãe e eu em paz. ―O que você prometeu em troca? ― Jenn exigiu, olhando para o vampiro, ouvindo a respiração difícil de Heather. ―Diga a ela, ― insistiu o vampiro. Ela sorriu de forma brilhante para Jenn. Houve outro silêncio, durando mais tempo que os dois anteriores. Quando ele finalmente falou, a voz de seu pai estava fria, parcial. ―Você. Eu prometi a eles que eu iria entregar você.
LIVRO DOIS Hel
Nas trevas e segura, Pela escada secreta, disfarçada Oh, feliz acaso! Nas trevas e na ocultação, Minha casa estar agora repousando. ―St. João da Cruz, Do século XVI mística de Salamanca.
_____________________________ HEL – na mitologia nórdica, HEL, HELA OU HELL é filha de Loki e da gigante Angrboda, irmã mais nova de Fenrir e da serpente de Midgard. A serpente de Midgard foi banida por Odin para o mar que cerca a Terra, mas a fera cresceu tanto que podia se colocar à volta do mundo e tocar na própria cauda. Lobo Fenris foi preso com uma correndo feita pelos espíritos da montanha, chamada Gleipnir. A personagem Hel difere das dos deuses do mundo inferior das demais mitologias. Ela não é boa e nem má, simplesmente justa.
Nós somos os Caçadores. Mergulhada na tradição de uma época em que os vampiros eram considerados pessoas normais, não uma ameaça, global, Caçadores eram treinados por seus mestres e definiam-se contra Os Malditos, ou Aqueles Malditos, que ameaçavam a terra natal de Caçadores ou aldeia ou tribo. No auge da juventude nós servimos as pessoas – e apenas ao nosso povo - um Caçador à parte, reverenciado, recompensado. Agora isso mudou. ―A partir do diário de Jenn Leitner
De acordo com a fonte de Padre Juan, os vampiros que tinham roubado o vírus montaram seu próprio laboratório debaixo da Biblioteca Nacional da Espanha, no Paseo de Recoletos. A biblioteca foi fundada pelo Rei Filipe V em 1712, meio milhões de livros haviam sido confiscados de civis durante a guerra civil espanhola de 1930, traçado dentro de seus cofres para preservar os textos valiosos das devastações da guerra. Antonio havia dito a Skye muito sobre a história da região, escovando levemente em sua própria história pessoal. Skye compartilhava com Antonio desconforto sobre a missão: Se Os Malditos eram tão descarados em criar um laboratório no subsolo de um edifício público, eles tinham quer ter amigos com um poder elevado. Por tudo que ela sabia, essa ―missão‖ poderia ser uma armadilha, dispostos a se livrarem do problema espinhoso de uma equipe espanhola de caçadores. Juntamente com o Padre Juan, Skye tinha jogado as runas e consultado inúmeros outros arcanos, em busca de presságios para prever o resultado da sua missão. Nem ela nem o estranho santo que era tão versado nas questões da arte, tinha sido capaz de prever o que estava reservado para os caçadores. Padre Juan pediu desculpas, e assegurou-lhe que iria orar. Mas Skye foi uma criança da Deusa e nunca tivera muita razão para acreditar que o Deus cristão iria interceder em seu nome. E assim, ela se virou para... Outros lugares para obter ajuda. Mas não houve resposta existente, tampouco, e temia que, indo para fora do círculo sagrado de sua equipe, ela podia revelar muito sobre os planos dos Salamancans e fazê-los ainda mais vulneráveis.
Sentimento de culpa, ela disse praticamente tudo ao Padre Juan, em seguida, procurou a absolvição no caso se ela morresse. Mas o medo a manteve em silêncio, e ela decidiu que iria levar seus segredos para o túmulo. Holgar assobiou baixou com admiração à medida que entraram no prédio, que a mente de Skye se assemelhava a um templo grego. O acúmulo de conhecimento puro era impressionante. A enorme biblioteca abrigava livros raros que eram muito antigos, e Skye estava certa de que muitos dos livros de magias tentadoras acreditadas por bruxas eram para serem perdidos, então, foram escondidos com todos os livros que o governo espanhol tinha considerado muito perigoso para as pessoas. E por falar em perigo... As armas estavam escondidas em suas roupas – curtas espadas em bainhas debaixo dos seus casacos volumosos, os ingredientes para coquetéis de Molotov colado as pernas – dos Salamancans e seus ―civis‖, o cientista com o mau hálito, passou pilha após pilha de volumes encadernados da Borgonha e um caçador verde estampado com títulos em ouro. Skye não podia ajudar, mas se perguntou se alguns dos livros continham pistas que podiam ajudá-la a lutar sua guerra oculta. Será que algum deles sequer menciona a palavra ―vampiro‖, sem anexá-la imediatamente para a palavra ―mito‖? As histórias do que haviam acontecido – a história exata – ainda tinha que ser escrito. Ela era pequena quando os Malditos apareceram. Lembrou-se de ficar maravilhava, assustada e fascinada de uma só vez. Que foi a última vez que seus pais deixaram assistir a transmissão televisiva em sua casa. Eles disseram que era apenas para acompanhar notícias importantes do mundo mundano e não para ficar apodrecendo o cérebro. Um grupo de vampiros havia convocado uma conferência de imprensa no edifício das Nações Unidas em Nova York. Seu líder era o incrivelmente lindo Salomon. Ali, à vista de todos do mundo, Salamon havia revelado a verdade sobre a sua espécie. Bem, uma versão da verdade, de qualquer forma. Com alguns outros que mostraram seus olhos brilhantes e dentes para as câmeras, enquanto os vampiros juravam que só se alimentavam de sangue de animais, geralmente obtidos a partir de açougues e raramente com os próprios animais. Na transmissão eles pareciam ser tão civilizados. Eles falaram de paz,
de um mundo profundamente dividido, e como estava na hora de todos se unirem num espírito de harmonia. A única coisa que ela mais lembrava, porém, foi que, enquanto ela e sua irmã haviam ficado chocadas, seus pais não tinham. Ela tinha muitas vezes especulado desde então que eles tinham conhecimento da existência dos Malditos, muito antes disso. Skye olhou para Antonio, que estava calmamente andando ao lado de Eriko sob as luzes fluorescentes. Os vampiros disserem que queriam viver em paz, mas ele era o único que havia demonstrado que podia viver e trabalhar com os humanos. Ele era fascinante, e muitas vezes ela disse que com as orações, ele e Jenn poderiam encontrar a felicidade juntos. Holgar era ainda mais exótico. Nenhum grupo de lobisomens haviam se pronunciados da mesma forma que Os Malditos, para anunciar que eles existiam e que também queriam viver em paz. Apesar de sua vida como Bruxa Branca, segurando toda a natureza sagrada, mesmo depois que Holgar veio se pronunciar na Academia, Skye achava que seria mais difícil de aceitar que os lobisomens eram reais. Eles haviam conseguido em sua maioria se manterem escondidos, escondendo suas formas dos seres humanos e muitas vezes suas identidades, bem como. Lobisomens são metamorfos, na lua cheia Holgar realmente é transformado em um animal peludo. E mesmo como humano, ele tinha hábitos bizarros – passando nos inimigos suas unhas como se fosse garras, beber dos córregos mergulhando seu rosto dentro da água e lambendo-o com a língua, e o grunhido de corpo inteiro, que parecia vibrar o ar em torno dele. Antonio sempre agia como uma pessoa. Que havia sido como os vampiros tinham embalado todos em uma falsa sensação de segurança - eles não parecem tão diferentes. Vampiros atraíam fãs, fãs-clubes, mulheres de meia idade e jovens desmaiando sobre eles. Presas que cresciam em pessoas e cujos olhos brilhavam? Que parecia mais ou menos... Bizarro. Pessoas que se transformavam em monstros? Isso era algo para temer. No início Skye temia Holgar. Ao contrário de Antonio, ele era difícil de ler. Seu sorriso fácil e seu sorriso largo escondiam algo escuro que a assustava. Antonio havia sido convertido quando era jovem e tinha lembranças do que
era ser humano. Holgar tinha nascido um lobo e não sabia nada de como era a vida para aqueles que não eram. Ela tinha aprendido, porém, como ler sua linguagem corporal e como reagir a ele. Ela se sentiu como uma idiota no começo, ocasionalmente, acariciando-lhe que ela seria um cão e murmurando banalidades. A primeira vez que ela acidentalmente disse que ele era um bom garoto, ela havia mortificado. Ao invés de ficar com raiva, porém, ele tinha roçado o seu braço contra o dela no que ela sabia que era um sinal de afeto. Era o que Jamie não recebia de Holgar. Jamie estava constantemente tentando derrubá-lo. Referindo-se a ele como um animal. Para Holgar isso não era um insulto. Ela ficou mais perto de seu parceiro quando os Salamanca moveram-se em direção ao lado esquerdo da sala de leitura, passando por uma linha de um mundo arcaico com pequenos rostos decorados e ventos soprando através do oceano. Alheios de que os caçadores caminhavam no meio deles, as pessoas estavam sentadas em mesas de madeiras escuras, lendo, seus casacos e cachecóis drapejados sobre as cadeiras. Dois garotos estavam rindo enquanto eles jogavam um vídeo game portátil, quietando-se quando a mulher idosa olhou para eles e limpou sua garganta. A biblioteca estaria fechando logo, eles tinham sorte de que ela seria aberta pela manhã, então eles poderiam apenas caminhar no escuro. Ao lado dela, Skye sentiu Holgar tenso. ―Fácil, ― ela sussurrou, colocando a mão no braço dele, sentindo a vibração de seus músculos contra seus dedos. ―O que é isso? ―Terror. Este lugar cheira a isso. ― Ele cheirou o ar e fez uma careta. ―A maioria dos lugares é assim hoje em dia. ― Seu sorriso era triste. ―Nej, min lille heks, não como este. ― Ele mudou para o dinamarquês, chamando-a de minha bruxinha. ―Algo está podre, e não é do reino da Dinamarca. ― E ele estava parafraseando Hamlet. Sua tensão se transferiu para ela. ―Eu sinto isso também, ― disse Antonio silenciosamente, movendo-se ao lado deles. ―Alguma coisa está diferente aqui. ―O que? ― Skye perguntou.
―Inferno sangrento, não é óbvio? ― Jamie sussurrou, virando-se para encarar todos eles. Skye balançou a cabeça. Eriko já estava vários passos à frente e, não ouvi-los ou não se importava em fazer parte da conversa. ―Por que você não nos esclarece irlandês, ― Holgar disse com um rosnado baixo. Jamie acenou com a cabeça em direção a um grupo de estudantes universitários debruçados sobre pilhas de livros didáticos de matemática e perguntando uns aos outros a questão ocasional. ―Reunião de Resistência. ―O quê? Eles estão estudando, ― argumentou Skye. ―Isso é o que parece, ― disse Jamie. ―Mas eles estão se comunicando. Enquanto Skye observava, uma menina pálida com cabelos negros para trás com uma faixa vermelha escreveu algo no seu notebook, e o cara moreno ao lado dela, em um moletom do futebol do Real Madrid, olhou para isso. Do Real Madrid bateu duas vezes com o lápis na mesa. Da faixa vermelha acenou com a cabeça quase imperceptivelmente e então apagou qualquer que fosse o que ela tinha escrito. ―Agradável, ―Holgar disse admirado. Skye olhou ao redor da biblioteca com novos olhos. Havia um monte de leitores solitários em mesas e em cadeiras estofadas, mas outros estavam agrupados em grupos de três e quatro. Como muitos deles estavam rezando por um milagre e arriscando suas vidas para fazer isso acontecer para os outros? Ela balançou sua cabeça em reverência. ―Não vamos mais chamar a atenção para eles, ― Antonio disse, indo para frente seguindo Eriko, que estava quase fora de vista. Os outros caíram atrás dele, e Skye tentou manter os olhos no chão para ela não demorar olhando, para qualquer grupo de pessoas. Ela moveu o braço lentamente. Não era exatamente um feitiço de camuflagem, os caçadores ainda podiam ser vistos. Se funcionasse, porém, seria para garantir que as pessoas não se interessassem por eles quando eles podiam vê-los.
A magia de Skye estava maior quando ela praticava com sua família, que estava menor em comparação com o que ela lançava desde que chegou a Salamanca. Ela passou tanto tempo com o Padre Juan quanto podia, aprendendo novas magias, mais magias defensivas. Ele havia até mesmo lhe ensinado alguns feitiços usados para atacar, mas ela estava com muito medo de usá-los. Que era errado – foi o que a sua criação lhe havia ensinado. Quanto mais o tempo passava, porém, e quanto mais os vampiros assumiam, mais ela se perguntou se isso era seus pais conversando e não ela. O que Skye acredita? Alguns dias, até mesmo ela não sabia. Eles finalmente chegaram até Eriko indo para a parte traseira do prédio, ela estava examinando uma parede de madeira em branco. A estante alta obscurecia os caçadores de vista dos outros na biblioteca enquanto eles aglomeravam em torno dela. O Caçador estendeu a mão e acariciou a madeira lisa e escura. De acordo com o contato havia uma passagem secreta em que a parede dava para as câmaras abaixo da biblioteca. Skye mal podia manter-se junto. E se fosse realmente um alarme contra ladrões? Ou um alarme de segredo que soava abaixo das escadas, alertando os Malditos que eles estavam vindos? ―Onde está isso? ― Jamie assobiou. Skye acenou com a mão uma magia para ver, mas não funcionou. ―Eu posso sentir a diferença no ar, ― Antonio insistiu. ―Tem que ser aqui. ―Eu concordo, ― Holgar acrescentou. Ele deu um passo adiante, e colocou o nariz para a parede, pressionando seu rosto contra ela, de modo que seu nariz estava esmagado. Ele rosnou suavemente. Skye olhou rapidamente ao redor para se certificar que não estavam chamando a atenção. Felizmente, não havia ninguém à vista. Holgar caminhou lentamente, o nariz farejando como um cão. Finalmente ele parou e respirou fundo várias vezes em um ponto e depois recuou. ―É aqui, ― disse ele, traçando o dedo em uma parte aparentemente em branco na parede. ―Esta é a abertura. ―Você tem certeza? ― Michael perguntou sua voz demasiadamente alta no silêncio que os rodeavam.
Skye pulou. Ela quase havia esquecido que o cientista nerd pequeno estava com eles. Ele havia seguido por trás submissamente, calmamente. ―Sim. ― Holgar disse. O homem franziu a testa. ―Mas eu não vejo nada. ―Eu confio em seu nariz, ― Jamie soltou. ―Se ele diz que é aqui, é aqui. Skye ficou impressionada de que Jamie estava apoiando Holgar, especialmente que Jamie não confia no resto de Holgar. ―Padre Juan disse que havia uma mola escondida, ― Eriko lembrou. ―A porta se abre com pressão. ―Alguém sabe onde? ― Michael nervosamente empurrou seus óculos. ―Vale, vale, ― Antonio murmurou, quando ele ajoelhou e correu os dedos ao longo da base da parede. ―Há uma ligeira depressão aqui. Eu não posso ver, mas posso sentir. ―Então empurre a coisa sangrenta, ― Jamie pediu. Antonio fez. Uma parte da parede deslizou silenciosamente aberta para revelar uma escuridão feroz. E o mal, Skye pensou com um estremecimento.
Jenn virou-se para seu pai em estado de choque. Não podia ser verdade. Seu pai nunca iria atraí-la aqui para ser morta. Sua culpa, porém, estava escrito em seu rosto. ― Eu perdi você há muito tempo, ― disse ele. ―No final, era a decisão certa a fazer. Ela queria gritar e lançar-se para ele. Mas ela era uma caçadora, e ela estava enfrentando quadro vampiros. Tremendo de horror, ela engoliu de volta a bile e forçou-se a avaliar a situação. O fogo tinha consumido toda a madeira encharcada de óleo e estava queimando. O resto da cerca havia absorvido muita umidade da neblina para queimar. Os vampiros em suas costas estavam prestes a pular.
E seu pai estava se afastando lentamente, abandonando ela e Heather, a filha que tinha feito tudo isso, por... Pense Jenn! Ela ordenou-se, girando de volta para o vampiro que estava com Heather. A mulher de cabelos negros exalava energia e Jenn sabia instintivamente que ela era muito mais perigosa do que os três vampiros que estavam por trás dela. ―O que você está fazendo tão longe de sua casa e sua equipe, pequena Caçadora? ― A mulher rosnou. Jenn levantou o queixo desafiando. A mulher apertou o seu aperto na garganta de Heather. ―Jenn! ― Heather rangeu involuntariamente. ―Jenn, não é? Apenas Jenn? ― O vampiro ridicularizou. Jenn sentiu seu rosto corar. Ela disse a si mesma que o Maldito não podia ler seus pensamentos, não sabia que era assim, que ela chamava a si mesma. ―Quem é que eu vou ter o prazer de estacar? ― Jenn perguntou, forçando a bravata em sua voz. O Maldito riu. ―Bem, você pode ter uma chance com Nick, Dora e Kyle atrás de você. No entanto, se você quer saber o meu nome, ele vai te custar. Jenn não gostou disso. Eles foram treinados para nunca entrar em uma discussão com os vampiros. Isso era perigoso. Não só eles poderiam hipnotizar as pessoas, mas eles também poderiam distrair você, enquanto outros subiam atrás de você. Assim como os três que estavam atrás de Jenn. Ela percebeu, porém, que não fariam movimentos até que a mulher na frente desse um comando. Então, Jenn manteve de costas para eles e enfrentou seu adversário verdadeiro, aquele que estava ameaçando sua irmã. ―Vai me custar o que? ― Jenn perguntou, com cuidado para não olhar diretamente nos olhos do Maldito para não ser hipnotizada. Jenn estava ganhando tempo, porém, enquanto ela tentava descobrir como fazer com que ela e Heather saíssem vivas dessa confusão. Para atacar sem um plano contra tal adversário, era um suicídio.
―Muito. Algo frio e duro estabeleceu no estômago de Jenn. Ela e Heather iriam morrer. Não havia maneira de contornar isso. Nada que pudesse fazer iria Pará-la. Ela era uma caçadora sem armas, contra quatro vampiros e um humano que a havia traído. Ela enfiou as mãos nos bolsos e tirou duas cruzes de pequeno porte. O vampiro apenas sorriu para ela, então estalou os dedos de sua mão livre, e de repente, um dos Malditos que estava atrás de Jenn apareceu na frente dela. Jenn aproveitou sua surpresa para saltar para trás, e então ela se virou, enfiando as cruzes nos olhos de ambos os vampiros restantes, surpreendendo-os. Eles caíram no chão, gritando e a fumaça saindo dos seus olhos queimados. Não iria matá-los, mas iria retardá-los, dando o tempo que ela precisava. Jenn articulou sobre seu pé esquerdo e atirou as cruzes no líder e nos outros vampiros. O cara levantou a mão e jogou longe ambas as cruzes, uivando de dor. Um feixe de luz cortou o nevoeiro e bateu no chão em frente do pé da mulher. Ela sacudiu e saltou para trás. O nevoeiro estava suavizando, eixos pequenos de luzes começaram a se abrir em vários lugares. O sol estava se pondo, e uma vez que ele se fosse, tudo estaria perdido. Jenn saltou para frente, como um tigre indo para matar. Tudo o que tinha que fazer era empurrar o vampiro em um desses raios de luz. A mulher rosnou e atirou Heather como se ela fosse leve para o cara com a mão queimada. Ele pegou e jogou Heather por cima do ombro. ―Não! ― Jenn gritou. ― Não. ―Jenn, me ajude! ―Heather gritou, batendo e chutando. ―Oh, meu Deus! ―Venha comigo, Nick. É hora de ir. ― Disse a mulher. ―Espere, você disse que iria poupar minha filha, ― o pai de Jenn falou os braços levantados em direção a Heather. Sua filha... Como se Jenn fosse... Ninguém. ―Agradeça estou poupando você, ― a mulher atirou de volta.
Jenn puxou as estacas restantes de seu bolso e atirou uma após a outra, mas a mulher se esquivou com facilidade. Ela sorriu para Jenn e o seu sangue se transformou em gelo. ―Se você quer sua irmã, venha buscá-la. Ela estará esperando por você em Nova Orleans. Caso contrário, vou transformá-la eu mesma no Mardi Gras26. Vejo você. Ou seja, se Dora e Kyle não matá-la primeiro. E então, ela, Nick e Heather desapareceram no nevoeiro restante. Jenn ofegou e girou. Os dois vampiros estavam cegos, mas recuperando seus pés, seus olhos ainda estavam curando. Eles assobiaram com raiva. Seu pai saiu correndo de volta para o carro, e Jenn deixou ir. Ela não tinha estacas. Ela agarrou a parte queimada da cerca, mas desmoronou em cinzas em suas mãos. Ela olhou ao redor, desesperada para encontrar algo que ela pudesse usar para matá-los. Ela estava ficando sem tempo – e então, ela apenas correu. Cambaleando, ela olhou para a esquerda, direita, procurando um lugar para iniciar um ataque. Ela chutou todo o seu treinamento, e ela correu, mudando de rumo em todos os poucos passos para tentar mantê-los confusos. Vampiros eram rápidos, mas estes estavam feridos, e ela tinha apenas alguns segundos para fugir, para encontrar um lugar para se esconder. Uma casa turva passada no branco leitoso, em seguida, alguns arbustos, e em seguida, outra casa. Ela atravessou um gramado bem aparado e saiu em uma rua diferente. De repente tudo parecia familiar. Piscando, ela se virou para a direita e começou uma corrida em declive, o que foi mais rápido e mais fácil, mas ela corria o risco de cair. Onde ela estava? De repente, estalou no lugar. Trestle Glen. Que era a rua de sua melhor amiga, Brooke, que tinha vivido por anos. Ela não tinha visto Brooke desde que foi para Salamanca. Não tinha nem mesmo tido a oportunidade de dizer adeus a ela antes de ir embora, e foram amigas desde o jardim de infância. Brooke sempre foi à voz da razão. No fundo ela sabia que não tinha falado com Brooke antes de ir, porque Brooke seria capaz de convencê-la a ficar. 26
MARDI GRAS – é uma festa carnavalesca que ocorre todo ano em Nova Orleans, Estados Unidos em que as mulheres levantam a blusa em troca de colares de bijuteria.
Jenn adquiriu uma velocidade extra. Ao contrário de sua irmã. Jenn tinha um esforço físico enorme, e ela não tinha asmas como Heather. Ela pensou em Heather, que nunca poderia sobreviver à Academia, não importa o quanto qualquer um delas queria. Jenn tinha sido uma tola de pensar por um segundo sequer de que Heather poderia suportar os treinamentos rigorosos. Mas ela tem um coração para isso, Jenn argumentou consigo mesma. Heather tinha salvado sua vida, alertando-a sobre o vampiro que estava atrás dela, pronto para matá-la, enquanto seu pai ficou em silêncio. Ele assistiu. Uma raiva incandescente inundou-a, conduzindo-a cada vez mais rápido. Ela tinha ouvido falar que isso acontecia, os membros da família vendendo uns aos outros. Mas ela nunca pensou que pudesse acontecer em sua família, não importa o mal existente no sangue. Não era o modo Leitner. Ou assim ela pensava. Nada jamais a iria fazer trair sua própria carne e sangue. O nevoeiro continuava espesso, mas estava diluindo rapidamente. Será que se dissipar no tempo certo, mataria seus perseguidores ou levariam para abrigos subterrâneos? Ela esperava que sim, mas ela duvidava disso. O sol estava se pondo, ela podia sentir isso, tão certo como ela sentiu as batidas de seu coração. O coração que bate por Antonio. Mesmo que o dele não pudesse bater por ela. Ela estava doente, com medo de que ela nunca pudesse vê-lo ou Heather novamente. Ela tinha que fazer tudo a seu alcance para salvar a si mesmo e sua irmã. E para fazer isso, ela ia ter que pôr em risco sua mais antiga amiga. A casa de Brooke apareceu, e Jenn colocou uma explosão fresca de velocidade. Ela pulou os degraus até a porta da frente e bateu nela, rejeitando a campainha para não fazer barulho. Ela ouviu passos dentro, e um momento depois a porta se abriu e Brooke estava piscando para ela em estado de choque. Os olhos grandes verdes de Brooke se arregalaram, e ela deu um grito de alegria. ―Oh, meu Deus! Jenn é realmente você? Jenn jogou os braços em torno de Brooke, sufocando um choro que fugiu dela. Sua amiga abraçou-a de volta antes de romper e puxando-a para o
hall de entrada em um mármore branco e preto. A casa era quase tão familiar para jenn como a que ela tinha crescido dentro. Ela teve que transformá-la para ficar, mas segura onde ela pudesse tomar uma posição. Em frente, uma escada de madeira com um corredor floral que levava até o quarto. Para a esquerda era a sala de jantar e a cozinha, com um conjunto de escadas que descia para a garagem. Para a direita era a sala de piano, onde tinham assistido horas de filmes, teve guerras de almofadas, e disseram os seus segredos mais profundos. O odor familiar de fumaça de cigarros dos pais de Brooke pairava no ar. Brooke apertou os seus pulsos, puxando-a para a sala de estar, mas Jenn manteve a sua posição. Alheia, Brooke manteve-a puxando. ―O que aconteceu com você? Todos os seus parentes disseram que você havia ido embora para a Academia. Eu sabia que não podia ser verdade, no entanto. Você não teria ido sem me dizer ou escrever, qualquer coisa, ― Brooke disse com perplexidade e sofrimento nos seus olhos. ―Sinto muito, ― Jenn disse, olhando por cima do ombro na direção do sofá. ―Eu não tenho tempo para explicações. Preciso de sua ajuda. ―Por quê? O que está acontecendo? ― Brooke aumentou a voz, alarmada. ―Não há tempo. Foi estúpido ter vindo aqui. Eu não tinha a quem recorrer, e você surgiu na minha mente. ― Jenn estava balbuciando, mas ela não conseguia parar. Os vampiros poderiam estar na porta da frente agora. Ela os trouxe. ―Simon, alguma coisa está errado. ― Brooke disse, arrastando Jenn para a sala. Um homem alto, magro, um cara louro escuro em torno de sua idade, vestindo um jeans e uma camiseta, se levantou do sofá. Brooke passou por ele, e ele colocou um braço em volta de seu ombro. Whoa, Brookie tem um namorado e ele é um gostoso, Jenn pensou. Que foi totalmente inadequado, mas ela ficou surpresa. ―Este é Simon. Sy, esta é a minha melhor amiga no mundo inteiro. ―Olá, ― disse ele. ―Você está bem?
Jenn estava ofegante, mas ela respirou fundo e balançou a cabeça. ―Estou sendo perseguida. ―Por quem? ― Brooke perguntou em alarme. ―Mostre-me quem. Eu vou chutar o seu traseiro, ― disse Simon. O oxigênio correu em seus pulmões enquanto ela se inclinou para frente. Ela só precisava de um momento para recuperar sua respiração. ―Você não pode, ― ela disse. ―Eles são vampiros. Eles estavam apenas cerca de um minuto atrás. Brooke riu e revirou os olhos esmeraldas. ―Bem, então, Simon vai chutar suas bundas. ―Não, você não pode, ― Jenn começou. Então ela parou abruptamente enquanto seus olhos caíram sobre o colar que Brooke estava usando. Era um morcego que estava segurando um coração com suas garras. Garotas usavam quando elas estavam namorando vampiros. Mas Brooke claramente já tinha um namorado, então o que...? Ela olhou para Simon, e ele sorriu. ―Oh, não, ― Jenn sussurrou colocando furiosamente uma distância. ―O que há de errado? ― Brooke perguntou. Então ela olhou para o seu colar. ―É legal. Simon é legal. Caramba, eles fizeram totalmente uma lavagem cerebral em você enquanto estava fora? Jenn virou-se, rezando que ela pudesse alcançar a porta primeiro. Algo agarrou seu rabo de cavalo e puxou forte o suficiente para levantá-la e enviá-la direto ao chão de costas. Ela ofegou quando o ar saiu nocauteando dela. Ela olhou para Simon e ouviu-o rir baixo em sua garganta. Talvez ele estivesse saboreando a ironia: Ela tinha fugido de vampiros, e agora ela estava trancada com um deles. Saboreando a ironia, ou antecipando uma morte fresca.
Nunca mais você vai estar sozinho Este nós comprometemos com sangue e ossos Então, sepultar você pra descansar em paz Se juntar às fileiras dos abençoados E ao mesmo tempo você está sonhando em sua cama Lembre-se de nós, os mortos vivos abençoados Resposta que você agora o chama seduzindo Por toda a vida enquanto a noite cair.
Heather estava na escuridão e se perguntou onde ela estava. Seus pulmões estavam doendo, e ela estava lutando por cada respiração. Ela estava com medo de se mover para pegar seu inalador, até que ela descobriu o que estava acontecendo. Um cheiro metálico como papel alumínio a cercava, ela podia ver mais que a escuridão. Lembrou-se de ser jogada sobre as costas do vampiro. Em seguida, ela deve ter desmaiado, porque ela não se lembrava de nada depois disso. Quanto tempo ela tinha ficado inconsciente? A porta se abriu, vozes derivam em sua direção. Ela ficou imóvel e tentou escutar o que eles estavam falando. ―Quem sabe o que ela vai fazer cara, ― a voz de um cara disse. Ele soou como um surfista. ―É um erro, provocar um caçador assim. ― outro cara – este parecia ser mais velho e mal-humorado. ―E por que ela desafiou e lhe disse onde encontrar sua irmã mais nova? O alívio tomou conta de Heather. Jenn está viva. Jenn sabe onde ela está, e ela irá encontrá-la e salvá-la e matar o vampiro que fez isso com ela. ―Ela deve ter algum tipo de plano. ―Acho que ela está apenas sendo uma idiota, descuidada arrogante. ―Não parece ser esse o tipo para mim. Ela é inteligente, alguém... Maneira mais inteligente do que nós. ―Você está me chamando de idiota? ―Não, mano, só estou dizendo que ela é como uma espécie de gênio. ―Escuta! Você ouviu isso?
O silêncio desceu, e tudo o que Heather podia ouvir era a sua própria respiração ofegante, ela estava tão mal que ela queria o seu inalador, mas ela não se atreveu a se mover para pegá-lo. ―Essa é a respiração da garota, cara. ―O que há de errado com ela? ―Asma. ―Asma, isso é velho, ― o mal-humorado disse sarcasticamente. ―O que é um caco velho. Isso é apenas uma desculpa para sair e fazer qualquer trabalho real. ―Não, é asma, tipo, sério. Minha irmã tinha. Ela costumava acordar no meio da noite, como se estivesse a estrangulando. Minha mãe a levou para emergência um monte de vezes. Eu pensei que ia matá-la, ― disse o surfista com sinceridade. ―Fez isso? ―Não, eu a matei ao invés. Você sabe depois que eu me converti. ―Certo. Heather apertou a mão sobre sua boca para não gritar. O terror a invadiu. Jenn me tire daqui! Ela implorou silenciosamente, as lágrimas escorrendo pelo rosto. ―Vamos levá-la para o avião e, em seguida, caçar o nosso jantar, ― disse o mais velho. ―Você tem que ir sem mim. Ela quer que eu vá com ela para New Orleans. ―De jeito nenhum. Você? Por quê? ―Talvez ela pense que eu sou quente. ―Sim, certo. Como se. O terreno mudou de repente por baixo dela, e ela sentiu como que estava sendo içada no ar. De repente, a plataforma sob sua mão direita caiu para baixo e depois parou tão abruptamente, os dentes dela bateram em conjunto com um som estalando e dor explodiu em seu crânio. ―Ei, cara, cuidado! Então houve um movimento para frente, e ela percebeu que devia estar em algum tipo de caixa.
Eles vão me colocar com a carga! Ela pensou pânico a inundou. Talvez se eu gritar por ajuda, alguém vai me ouvir e vir correndo. Então o que? Os vampiros vão apenas me matar e eu vou estar em melhor situação. Eles a levaram até no que parecia uma rampa e, em seguida, colocou mais ou menos a caixa para baixo. Uma fenda de luz apareceu perto do seu joelho, e por isso ela viu alguns bares. Ela não estava em uma caixa, ela estava em uma jaula como um animal. Eles tinham jogado uma lona preta por cima para manter a luz. Ela viu um tapete bege no assoalho de fora. Então, não era um armazenamento de carga, o que aliviou um pouco. Ela ouviu passos recuando e, em seguida, cerca de um minuto nada mais. Ela sentia que precisava do inalador e puxou-o para fora de seu bolso. Algumas inalações, então a medicação começou aliviar à constrição no peito e na garganta. Quando sua respiração tornou-se mais fácil, outros pensamentos aglomeraram sua mente, O principal deles estava perguntando o que havia acontecido com Jenn. O que seus sequestradores disseram que a levou a acreditar que sua irmã estava viva. Mas se fosse ela, no caso de afirmativo, qual seria o estado dela? Heather ficou emocionada quando viu Jenn lutar contra os três vampiros. Sua irmã foi incrível, como qualquer super-heroína, mas ainda melhor. Ela esperava que ela estivesse segura, e enquanto ela queria desesperadamente que Jenn a encontrasse e a resgatasse, parte dela estava aterrorizada que se Jenn tentasse, então ela seria morta. Heather não podia viver com a morte de Jenn em sua cabeça. A partir daí seus pensamentos se voltaram para seu pai, e a raiva a encheu. Se a morte de Jenn fosse boa para alguém, seria para ele. Como ele pôde ter feito isso com sua própria filha? Como ele pôde fazer isso conosco? Um deslocamento em sua jaula, que a fez tremer como algo retorcido dentro dela. Ela esforçou sua audição, mas ela não conseguiu ouvir nada. Um pedaço de carpete fora da jaula permaneceu inalterado. Ainda assim, ela sabia de alguma forma, que a mulher, o vampiro que a tinha levado, se aproximou.
Uma porta bateu, ela ouviu o som de um motor, e um momento depois, o avião deu uma guinada para frente. Rolaram por alguns minutos e depois parou novamente. Os motores construíram um gemido constante, e então o avião disparou para frente. Um solavanco, dois, e então eles estavam subindo para o céu em um ângulo agudo. Heather deslizou para o fundo da sua jaula. Ela podia sentir as barras pressionando sua coluna, e ela cerrou os dentes. Depois do que pareceu uma vida inteira, o avião finalmente começou a estabilizar. De repente, a lona foi arrancada da jaula, e ela piscou furiosamente sob o repentino brilho. Ela estava a bordo de algum tipo de jato executivo. Ela olhou para cima e a mulher vampiro estava sorrindo para ela, com as mãos nos quadris. Seus lábios brilhavam de um vermelho brilhante, Heather rezou para que fosse batom. ―É hora da refeição a bordo, ― ela disse sua língua lambendo os lábios. Seus olhos eram da mesma cor que a sua boca e brilhava com uma luz de rubi. Sorrindo maliciosamente, ela deu uma pequena piscadela para Heather, enviando um calafrio na sua espinha. Então ela estendeu a mão para a porta da jaula. Heather olhou para suas presas e começou a gritar.
De frente para a porta escondida, Skye recuou da escuridão. ―Eu não quero ir lá, ― ela murmurou. ―Eu posso sentir... Alguma coisa. ―Você pode fazer isso, bruxa, ― disse Jamie, ligando uma lanterna e iluminando a escuridão. ―Veja, não há bicho-papão, pelo menos nenhum que nós trouxemos conosco. Antonio estava praticamente farto dos insultos de Jamie e insinuações. Ele cerrou os punhos e apertou até ele cortou sua própria palma aberta com
suas unhas. O cheiro de sangue só fez piorar. Ao lado dele Holgar endureceu e jogou-lhe um olhar rápido para ele, também reagindo com o cheiro. E que realmente fez Antonio relaxar, porque, afinal, Jamie estava certo. Eles eram os bichos-papões. Talvez fosse a hora de parar de correr da verdade e abraçá-la. Ele balançou a cabeça. Era a parte monstro dele que estava falando. Não era o seminarista que amava a Deus ou o homem que amava Jenn. Ele era o monstro que amava sangue, morte e a carnificina. Ele não podia deixá-lo assumir o controle, não agora, nunca. ―Eu sou a Caçadora. Eu vou primeiro, ― Eriko sussurrou. Seu rosto estava impenetrável, e era impossível dizer se ela estava falando para ele, para Jamie, ou para o grupo em geral. Ela deu um passo adiante na escuridão, e Jamie arrastou logo atrás dela, como um cachorrinho, com um cigarro apagado pendurado em sua boca. Skye seguiu com Holgar. E Antonio à esquerda, cujo seu parceiro de caça estava nos Estados Unidos, sozinha. Coube a ele, então, cuidar de Michael Sherman. Da maneira como o cientista estava suando, Antonio podia dizer que amava a escuridão ainda menos do que Skye. Ele colocou a mão no ombro do homem e sentiu o medo batendo do sangue em suas veias. O mau cheiro do medo dos conspiradores em toda a biblioteca estava como nada mais que o medo saindo do homem ao lado dele. Antonio fez uma careta, desejando que houvesse algo que ele pudesse dizer ou fazer para acalmar o cientista nerd. Com o cheiro de seu medo – e sua doença – tão forte, viriam a cair sob detecção muito mais cedo. Antonio deveria ter pedido a Skye para colocar um feitiço sobre o Dr. Sherman, uma espécie de relaxante muscular mágico. Você pode hipnotizá-lo. A voz veio dentro em algum lugar profundo dele, um lugar que ele não gostava que viesse. Ele rejeitou-a instantaneamente, mas ela apenas voltou dez vezes. Você poderia estar salvando a sua vida, de Skye e os outros. Qual é a diferença se Skye lançar um feitiço sobre ele ou você fazer, contanto que ele se acalme um pouco? ―O que há de errado? ― Sherman gritou, olhando para ele em pânico.
Antonio percebeu que ele estava tremendo. Muitas vezes, dezenas, centenas, ele pegou a si mesmo começando a hipnotizar Jenn. Era como a versão vampírica de dar em cima dela - seduzindo-a, reduzindo suas defesas. Ele tinha jurado que nunca, jamais iria fazer isso com ela. E assim ele tentou não fazer isso com ninguém, exceto com os outros vampiros. ―Nada, ― disse ele. O homem não acreditou nele. Sherman virou cinza branca e começou a tremer, muito. Antonio tinha visto dezenas de vezes à reação dos soldados no campo de batalha e de homens confrontando com monstros. Ele poderia fazer algo sobre isso. E, ele admitiu, ele deve. ―Nada está errado, ― Antonio murmurou, olhando profundamente nos olhos do homem. Confusão passou pelo rosto do homem. ―Você tem certeza? Antonio estendeu a mão e colocou a mão no ombro de Sherman. Seu olhar de raio laser trancou o olhar dele. Para dar mais força para o encanto, ele deixou o monstro sair, apenas um pouco. Ele podia sentir os seus dentes se alongando, sabia que seus olhos estavam mudando. Sherman olhou para ele, fascinado, como alguns que olhavam para as cobras que estavam prestes a atacá-las. ―Ouça-me professor. ― Antonio disse sua voz um sussurro. ―Não há nada de errado. Você não está com medo de ir lá. Apenas indo lá, você estará seguro. Você deve encontrar o vírus. Você pode salvar o mundo. Você deve... Confiar... Em mim. ―Eu devo... ― Sherman disse seu rosto agora ligeiramente leve e os seus olhos desfocados. ―... Confie em mim. ―Sim. ― A respiração de Sherman com mau cheiro. ―Bom, então venha comigo agora, ― disse Antonio, dando um passo à frente na escuridão. Sherman o seguiu.
―Jenn, oh meu Deus, você tropeçou? ― Brooke chorou. De costa na sala de Brooke, Jenn olhou para cima para o mal nos olhos vermelhos de Simon e sabia que ela estava morta, a menos que ela pudesse ficar longe dele. A primeira coisa que eles ensinaram em Salamanca, antes de eles ensinarem a lutar nas ruas ou táticas ou qualquer coisa, era como executar e como escapar. As habilidades de lutas de Jenn podem ter sido apenas medíocres, mas uma coisa que ela sabia fazer era fugir. O vampiro olhando malicioso estava esperando que ela tentasse se levantar, ou rolar para o lado. Ela não fez nenhum dos dois. Ela levantou do chão com seus braços e pernas e fez uma cambalhota para trás, cravando os joelhos na cara dele. Mesmo um vampiro de séculos não podia se manter reagindo quando algo lhe batia no rosto, mesmo que nenhuma dor ou dano lhe causasse. Então Simon sacudiu a cabeça para trás e levantou-se, afastando dela. Foi à divisão de segundos que ela precisava para terminar de rolar, movendo os seus pés, e correndo para a escada. ―Jenn, pare! ― Brooke gritou ainda na sala de estar. ―Está tudo bem! Atrás dela, ela ouviu um grito de surpresa seguido de risos. Simon esperava que ela tentasse novamente a porta da frente e assumiu que ela tinha escolhido mal em tomar as escadas. Mas ela conhecia esta casa muito bem, esperançosamente melhor do que ele. No topo da escada, ela virou à esquerda e voou ao escritório do pai de Brooke de origem. Com alivio ela viu que era o mesmo quando ela tinha escapado com Brooke para brincar de esconde-esconde quando elas eram crianças.
A mesma cadeira antiga em madeira na mesa e em suas costas um slats 27 de dezoito polegadas ao longo. Ele sempre alegou que a cadeira dura era melhor para suas costas do que uma confortável para estar sentado com uma pilha de livros, seu cinzeiro e um maço de Malboro. Ele costuma dizer que a cadeira de madeira salva sua postura, e seus cigarros salvam seus pulmões. Brooke implorou ambos os pais para pararem de fumar, para salvar seus pulmões. Enquanto Jenn colocou as mãos na cadeira, ela esperava que fosse salvar sua vida. Ela empurrou a cadeira e subiu. Ela agarrou o slat e puxou rígido. Por um momento ela não achava que ela fosse tão forte. Em seguida, a madeira gemeu e, finalmente, deu lugar a uma rachadura. Ela puxou e depois passou para o próximo slat. Dando uma forma mais fácil do que o primeiro. Ela agarrou o terceiro, puxou-o e ouviu a porta da frente abrir e fechar. Ela congelou, aguardando por um som, mas não ouviu nenhum. Tinha os outros vampiros finalmente a encontrado? Ela reuniu as três estacas na mão. Ela não teve tempo para conseguir mais. Havia três vampiros. Três vampiros, três estacas. Tinha que ser o suficiente. Não perca Jenn. Ela ouviu o terceiro degrau superior ranger uma vez, duas vezes. Dois vampiros lá em cima. Quem ficou no andar de baixo. Provavelmente Simon. Será que ele machucou Brooker? Jenn se colocou no espaço entre duas estantes que estavam à direita da porta, e esperou. Ela ouviu a porta do quarto de Brooke se abrir. Em seguida ouviu-os verificando os quartos de hóspedes. Ela segurou uma estaca na mão direita e duas na esquerda e tentou continuar sua respiração. A porta se abriu por completa. O primeiro vampiro, Kyle, entrou na sala, olhando para frente. Dora o seguiu, e Jenn pulou para fora. Ela mergulhou uma estaca no coração dela e correu para fora da sala através da nuvem de poeira resultante. Ela pulou para o lado e caiu no chão. Quando Kyle correu para fora, ela tropeçou nele. Os vampiros podiam se mover em velocidade estonteante, mas a gravidade os tratava por igual a qualquer outra criatura da mesma massa. À 27
SLATS – uma parte frontal da asa de uma aeronave.
direita antes do Maldito bater no chão, ela foi capaz de angular a estaca em seu coração. Ela tossiu enquanto a poeira a sufocava e enchia seus pulmões. Ela rolou de suas mãos e joelhos, a náusea a consumindo, e ela tentou não pensar nisso. Ela conseguiu se arrastar sobre seus pés depois de alguns segundos, limpando a boca em sua manga. Ela ainda agarrou a última estaca em sua mão. Dois abaixo. Brooke e seu namorado para ir. Jenn penetrou escada abaixo, evitando aquele rangido, e tentou angular a cabeça para ver à sala sem ser vista. Brooke e seu namorado vampiro estavam ambos de pé, olhando seu caminho. Brooke estava com os olhos enormes, e ela agarrou-se ao vampiro, que tinha os braços em volta dela. ―Simon, o que está acontecendo? ― Brooke disse. ―Não tenho ideia. Ela é totalmente Bacharelada sobre nós, ― respondeu Simon. Jenn tinha uma estaca a sua esquerda. Ela avançou devagar. Então Brooke a viu e deu um pequeno grito. ―Brooke, fique longe dele! ― Jenn gritou. ―Agora. ―Não! Você está louca? ―Afaste-se, ― disse Jenn. Brooke deu um passo em frente a ele, como que para protegê-lo. Sobre a cabeça de Simon, Brooke sorriu para Jenn, e calafrios correram por sua espinha. ―Ele me ama, ― Brooke insistiu. ―Nós vamos nos casar. ―Casar? O vampiro deu de ombros. ―Você sabe o que dizem. Até que a morte nos separe. Antes que Jenn pudesse reagir, ele estendeu a mão e agarrou Brooke. Ele girou a cabeça para o lado – e Jenn ouviu um crack – e ele afundou as presas em sua garganta. ―Não! ― Jenn gritou. Simon jogou o corpo de Brooke para o chão. Seus olhos estavam abertos, sem vida.
―Bem, o que você sabe, eu acho que eles estão certos, ― ele disse, fazendo uma amostra por lamber o sangue de Brooke de seus lábios. Ele tomou uma postura defensiva, esperando que ela o atacasse. Em vez disso, Jenn correu. Ele tinha acabado de se alimentar. Que lhe dava força, enquanto ela estava cansada. Ela saiu correndo da sala e fugiu para a cozinha. A cozinha tinha um console no meio, e o lado voltado para a sala de jantar tinha prateleiras de todo o tamanho. Sobre estas prateleiras a mãe de Brooke guardava os óleos de sua culinária. Jenn varreu o azeite de oliva, óleo vegetal, óleo de trufa, óleo de macadâmia e várias outras garrafas no chão, onde quebrou, derramando os conteúdos por toda a cozinha. O vampiro apareceu na porta e fez um som tsc tsc. ―A minha sogra não vai ficar feliz. Que confusão você fez. Lembre-me de nunca comer a sua comida. Ele se aproximou, vindo em torno do console, e Jenn se afastou até que ela bateu no balcão. Ela abriu uma das gavetas e pegou uma faca de açougueiro, jogando em cima dele. Ele se esquivou com facilidade. A outra mão em torno de outra, e ele se esquivou também. Suas mãos estavam buscando e puxando duas facas. Ela jogou primeira uma, depois outra, enquanto que a mão livre estava freneticamente na gaveta. Ele tinha que estar aqui, ele só tinha que estar. À medida que tapeava longe as facas, sua mão, finalmente, fechou em um isqueiro BIC e um pacote de cigarros da mãe de Brooke. Ela clicou o isqueiro, varrendo as chamas ao longo do chão, e em seguida, pulou para cima do balcão. O óleo pegou fogo instantaneamente, no espaço de tempo que levou Simon a descobrir por que ela tinha saltado para o balcão, ele estava em chamas. Com um grito Simon pulou para a sala, tropeçou no foyer, e rolou para se apagar. Jenn pulou e correu atrás dele. Então ela se jogou em cima dele. As chamas a queimando e ignorando a dor, e ela lutou.
Ele se contraiu rígido, jogando ela para o lado. Jenn bateu a cabeça forte no corrimão, embaçando sua visão por um momento, então ele terminou batendo em si mesmo, apagando o fogo. Ele tentou se levantar, mas suas pernas estavam muito queimadas. Ele se arrastou em direção à sala de estar. Longe dela. Com medo dela. Ela tinha que pressionar sua vantagem. Atordoada, Jenn forçou a ficar de pé, mas logo caiu tonta demais para manter-se de pé. Ela tinha a estaca apertada debaixo do braço. Escavando com os cotovelos, ela rastejou após ele. O sangue escorrendo do lado de seu rosto com o suor, e ela balançou a cabeça para mantê-lo longe de seus olhos. Grunhindo, ofegante, ela puxou suas mãos e joelhos, mãos e pés deslizando sobre o azulejo de mármore. Respingos vermelhos brilhantes de seu próprio sangue mancharam o branco do azulejo juntamente com as listras de cinzas que estavam saindo do vampiro. Ela se empurrou para frente, sabendo que se ela não pudesse matá-lo dentro dos próximos segundos, ela estaria morta. Na sala de estar ela se agarrou ao piano ficando de pé. Jenn lançou-se em Simon e caiu em cima dele que fracassou de costas. Ela montou nele e bateu suas botas, em cada um dos seus braços. Ele olhou para ela com os olhos aterrorizados. Ela puxou a estaca debaixo do braço e apertou-a contra o peito dele. ―Quem é ela? ― Jenn rugiu. ―Quem? ― ele perguntou a confusão misturando-se com o medo em seus olhos vermelhos. Suas presas estendida, e ele assobiou. Jenn balançou a cabeça, e gotas de seu sangue respingou em seu peito e no tapete. Seus olhos escuros de um vermelho sangue profundo do seu próprio. ―Ela, o vampiro. ―Dora? ―Não, ela. Seu líder. Ela me emboscou. Ela raptou a minha irmã. Ele balançou a cabeça, língua correndo para pegar as gotas de sangue – para conseguir o alimento, combustível, energia. Para que ele pudesse matá-la. ―Responda-me! ― Jenn gritou. ―Eu não sei de quem você está falando, ― gritou por sua vez.
―Sim, você sabe! ― Ela gritou com ele. ―Vocês vivem aqui. Você tem que saber quem é ela. ― Mas ela não tinha certeza sobre isso. Ele não tinha vindo aqui com os outros. Ele estava com Brooke. Ainda assim, ele identificou o vampiro chamado Dora. ―Você sabe, ― disse ela com mais firmeza. ―Desculpe. ― Ele sorriu para ela. ―Acho que sua irmã virou um pão torrado. Muito ruim. Muito, muito ruim. Ele estava tentando ganhar tempo, tentando levá-la a olhar para ele, tentando hipnotizá-la. ―Não, ― ela grunhiu ofegante. Ela olhou para longe. ―Diga-me. Jenn cravou a estaca mais duro e ele começou a gritar. ―Aquela que pegou a minha irmã. Diga-me agora. Ela empurrou mais profundo. Mais um centímetro ou dois e ela furaria o seu coração, e ele viraria pó. Se ele soubesse, ele iria quebrar e dizer o nome. Tinha que dizer. Ele não iria se sacrificar por lealdade. Vampiros não eram assim. Basta olhar para Brooke. ―Aurora, seu nome é Aurora, ― o vampiro suspirou. ―Eu vou ajudá-la a persegui-la, você precisa de mim. Podemos sair e... ―Eu preciso de você morto, ― ela disse friamente. Jenn enfiou a estaca em seu coração, e ele virou cinzas. Ela caiu no chão e viu-se olhando para o cadáver de olhos verdes. Brooke estava deitada no chão, onde Simon a tinha jogado. O colar de morcego estava em uma poça de sangue de Brooke. E ali, o próprio sangue pingando em Brooke, ela se lembrou de todos os bons momentos que haviam compartilhado. Ela se lembrou de como Brooke parecia feliz apenas alguns minutos atrás, quando ela apresentara o seu namorado. Tudo o que ela foi, tudo o que ela poderia ter sido, havia sido levado em um momento. Porque Jenn tinha procurado refúgio em sua casa. Porque Jenn tinha sido atacada. Porque o seu próprio pai havia a traído. Jenn sentiu o seu coração quebrar. Aurora estava certa. Aprender o nome dela havia custado caro a Jenn.
Manual do Caçador de Salamanca: A missão. Lembre-se: A responsabilidade, contra todos os outros, é destruir seu inimigo. Você protege as criaturas de Deus. Assim, é lhe dada providência de cometer males menores, para impedir o maior. Lutar com coragem e honra, quando você é capaz, mas sacrificar ambos ao invés de vencer o risco.
Tarde demais para fazer qualquer bem, de repente o alarme de incêndio disparou, Jenn se surpreendeu com seus pés. Ela cambaleou e estendeu uma mão para se firmar na parte de trás do sofá. Ela olhou por um momento mais para Brooke. Então, ela respirou fundo. Não havia nada que pudesse fazer para os mortos, ela só poderia se concentrar em ajudar os vivos. Esperando isso com Heather. Ela cambaleou até a cozinha, onde ela acabou com o fogo, já estava quase apagando. Ela pegou uma cadeira e apertou o botão do detector de fumaça, mas não parou de tocar. O som preenchido em seus ouvidos haveria de ser sonoro para os vizinhos. Se tocasse muito mais tempo, alguém seria obrigado a chamar os bombeiros. Ela puxou o alarme do teto e retirou as baterias. Assim o silêncio reinou, e seus pensamentos se voltaram para escapar. Ela pensou em sua bolsa e à volta para casa de seus pais. Ela não queria ter que voltar lá, mas ela precisava da bolsa, que continha tanto o passaporte dela e sua carteira de motorista. Ela havia deixado com seu pai às pressas, deixando para trás tudo o que não era imediatamente utilizável como uma arma. Ela pegou o telefone, para chamar um táxi. Ela fez uma pausa. O motorista de táxi podia levá-la até a casa de seus pais, mas não podia ajudá-la a conseguir as coisas que ela precisava dentro. Ela pegou o telefone e discou o número de seus avós. ―Olá? ― respondeu a avó. ―É Jenn. Preciso de ajuda. ―O que há de errado? ―Vovó, eu não posso falar agora. Preciso de ajuda. ―Certo. Eu estou aqui. ― Não houve hesitação, ela não tentou adivinhar. Jenn suspirou com alívio, quase explodindo em lágrimas.
―Eu tenho que chegar ao aeroporto, mas eu preciso de uma carona, e eu preciso de minhas coisas que estão na minha casa. ―Onde você está? Eu vou buscá-la e então nós podemos pegar as suas coisas. ―Não, nós não podemos fazer isso, ― disse Jenn tentando não chorar. ―Vovó, você tem que chegar em casa rapidamente. Você tem que ver se a mamãe está bem. Vovó... ― agora ela chorou. Assim como rapidamente, ela se forçou a parar. ―Diga-me alguma coisa, ― confessou a avó. ―Oh, vovó, oh Deus, ― ela sussurrou. ―Papai... Levou-me até alguns vampiros. ―O quê? Jenn se obrigou a continuar falando. ―Então – então, eu fiquei só com o resto dos vampiros. Mas Heather foi pega no fogo cruzado, e eles a raptaram. Houve uma batida. Em seguida, a avó disse firmemente, ―Vá em frente. ―Eles estão levando-a para New Orleans. Eu vou atrás deles. Mas eu preciso da minha mochila que está no meu quarto em casa, e eu não posso correr o risco de ir lá. ―Entendi. ― Ela poderia dizer que a sua avó estava mantendo um rígido controle. ―Ela está arrumada. Eu estou em Oakland, na Trestle Gle. Você se lembra... Você... Casa de Brooke. ― Ela começou a chorar novamente. ―Vovó, corra. Deus, por favor. ―Eu vou estar lá em uma hora, ― disse a avó, e depois, ―Se você estiver machucada ou ferida, se limpe. Mude de roupa. Se alguém aparecer, saia. Isto é um telefone fixo? ―Sim. Meu celular está em casa. ―Temos que desligá-lo. Ele pode ser rastreado. Se você tiver que sair, vá para a estação e fique perto do gás. Eu vou encontrá-la lá. ―Ok. ―Jenn, eu estou voltando. ―Obrigada, ― Jenn murmurou, terminando a chamada.
Jenn andou ao redor do local carbonizado no chão. Ela tirou a roupa e se lavou no banheiro, em seguida, colocou as roupas dobradas na lavanderia e pegou umas de Brooke – um sutiã que estava um pouco grande demais, um suéter preto de gola alta, um jeans que parecia ser íntimo. Havia uma toalha de praia lá também. Ela afastou os olhos, e colocou-os sobre Brooke. Em seguida, ela tentou limpar as evidências, mas não tinha jeito. O sangue de Jenn e suas impressões de digitais estavam por toda parte. Estranhamente, a do vampiro estaria demasiada. Era possível que as autoridades pudessem encontrar suas impressões em um banco de dados – eles tinham todas as suas impressões digitais em sua escola antes de ela desistir e ir para a Espanha, mas de alguma forma ela duvidou que as de Simon fossem aparecer. Não havia maneira alguma, mesmo sabendo quantos anos ele tinha ou de onde ele era. Eles podiam colocar o assassinato de Brooke sobre ela. Outra razão para nunca mais voltar aqui. A noite já tinha caído, ela verificou a garagem se havia vampiros escondidos, percebendo que ela deveria ter feito isso de imediato. Dois carros estavam faltando. Ela esperava que os pais de Brooke não chagassem em casa antes de sua avó. Ela sentiu tanta pena deles, tão terrivelmente arrependida. De si mesma. Ela pensou em arriscar outra chamada no telefone fixo e entrar em contato com Padre Juan, mas o dele estava na discagem automática em seu telefone celular, e ela estava muito agitada para lembrar o número dele. Mesmo o de Antonio. De todos. Estou sozinha aqui. Estou sozinha. Cansada, ela se afundou para o fundo da escada de saída. Em quarenta minutos ela ouviu um carro arrancar do lado de fora. Ela espiou pela janela da sala de estar e reconheceu o jipe verde antigo de sua avó. Abaixando a cabeça, ela correu para o carro e deslizou para o banco do passageiro. ―Obrigada, Vo... ― Ela virou para olhar para a avó, e a palavra morreu em sua língua.
Ela nunca tinha visto tal raiva nua em seu rosto antes. Os olhos de sua avó queimavam de um azul brilhante, quase como se estivessem em chamas. Jenn estremeceu. ―Sua bolsa está no banco de trás, ― disse a avó. ―Obrigada. Você – está com algum problema? ―Sem problema, com tudo. ― Seus dedos no volante estavam brancos. ―Estava... Papai estava lá? ―Não. Sua mãe está partindo comigo. Eu vou ligar para você, quando nós resolvermos isso. Ela e eu. ― acrescentou ela, como para dar ênfase. ―Oh, vovó. ― Jenn engoliu em seco. ―Eu vou fazer isso mais tarde, querida, ― disse a avó. Ela ergueu o queixo. ―Isso é o que eu vou fazer. Jenn acenou com a cabeça e o silêncio subiu. Começou a chuviscar. Elas estavam a meio caminho do Aeroporto de Oakland antes de sua avó falar novamente. ―Você não será capaz de chegar perto de New Orleans. Os Malditos têm a cidade trancada. Eu verifiquei com alguns velhos amigos. O Aeroporto mais próximo que poderá chegar é Biloxi. De lá, trata-se de setenta e cinco milhas. Você vai ter que pedir carona. Não se incomode tentando alugar um carro. Você tem que ter permissão estes dias para entrar e sair de Louisiana, e você não será capaz de conseguir um, assim você terá que se esgueirar ao longo da fronteira. Eu posso ir com você até a metade. Jenn balançou a cabeça. ―Eu preciso saber que você está segura. Você e mamãe. ― Ela se perguntou se ela jamais iria vê-las novamente. Ou seu pai. Eles iam me matar. E ele sabia disso. Meu pai. Meu próprio pai. Sua avó lhe deu um olhar duro. ―Criança, ninguém está mais seguro, não mais. Você de todas as pessoas deveria saber disso. Jenn mordeu o lábio, tentando não lembrar a imagem de Brooke morta. ―Eu sei que, mas... ―Não se preocupe. Eu encontrei algo mais útil que eu possa fazer. Há um movimento de Resistência, e eles precisam de pessoas com experiência. Você não precisa arrastar minha carcaça antiga por aí como alguns albatrozes malditos.
Jenn estava muito chocada para protestar. ―Eu não tenho pessoas em Nova Orleans. Eu fiz, mas eles estão indo. Jenn quase perguntou se eles haviam a deixado ou foram mortos, e então percebeu que ela realmente não queria ouvir a resposta. Em vez disso, ela balançou a cabeça. ―Não confie em ninguém. Seja educada, simpática. Isso não vai ferir o desempenho mudo de vez em quando. Há pessoas nesse país que ainda irá subestimá-la se você ficar tranquila... Ou uma mulher. Use isso a seu favor. Procure sempre se alimentar a cada hora, beber água e obter ajuda médica. Você já chamou a sua equipe, no entanto? ―Não, ainda não. ― Ela quis dizer isso em primeiro lugar, mas guardou segredo. ―Bem, faça agora. Você nunca sabe quem vai está escutando a sua conversa particular quando você estiver em público. Jenn alcançou e agarrou sua mochila. Ela tirou o telefone celular e pressionou o número de Padre Juan. Ele atendeu no segundo toque. ―Jenn, você está bem? ― Ele perguntou sua voz misturada com tensão. ―Não. Quero dizer, fisicamente estou bem, mas eu tenho um grande problema, ― admitiu. ―O que aconteceu? Ela contou toda a história. ―Meu pai me traiu me vendeu para os vampiros, ― Jenn terminou incapaz de manter a dor de sua voz. ―Oh Deus, eu sinto muito. ― Padre Juan disse. ―Todos nós estamos sentidos, Padre. Você vem para ajudar ou não? ― Sua avó interrompeu alto o suficiente para ele ouvir. O Padre Juan grunhiu. ―Sua avó? Jenn sorriu entre lágrimas. ―Como você adivinhou? ―Diga que ela tem ouvidos de uma raposa. É claro que nós iremos ajudar. A equipe está fora em uma missão. Nós iremos de cabeça para New Orleans, assim que eles voltarem, e encontraremos com você lá. ―Gracias, ― Jenn sussurrou. ―Vaya con Dios, ― respondeu ele. ― Me ligue. Mantenha contato.
―Eu vou, ― ela prometeu. ―Jenn, tenha cuidado. Muito cuidado. ―Sim, meu professor. ― Isto estava começando a nascer o que estava por vir. Sua mão ao redor do telefone começou a tremer novamente. ―Por favor, diga Olá a todos. ―Vale, você sabe que eu vou. Sua garganta apertou, e ela balançou a cabeça, mesmo que ele não pudesse vê-la. Desligando, ela se virou para sua avó. ―Eles vão me encontrar em New Orleans. Ela assentiu com a cabeça. ―Você dê aquele homem de vocês um beijo por mim e diga a ele que eu vou quebrar as suas pernas se ele machucar você. Pelo olhar em seu rosto, Jenn sabia que ela não estava brincando. Elas saíram de um posto de gasolina e arrancaram para a estrada, e o sinal para o aeroporto brilhou ao longo. Sua avó arrancou a carteira de dinheiro debaixo de sua cadeira e entregou a Jenn, incessantemente olhando os arredores. Isto era como a vida do seu pai tinha sido. Uma fuga. Assistindo. Escondendo. ―Não, eu não desculpo sua traição. Eu nunca, nunca vou perdoá-lo. ―O que é isso? ― Jenn perguntou. ―Dinheiro, suficiente para chegar onde você precisa ir e mais um pouco, ― a sua avó respondeu severamente. ―Quando você está com problemas, você nunca pode ter muito dinheiro na mão. ―Obrigada, ― disse Jenn. ―Não me agradeça. Basta trazer sua irmã de volta. ―Eu vou, ― prometeu Jenn, envolvendo a carteira de dinheiro em torno de sua cintura por debaixo da blusa quando sua avó dirigia para a estrada que levava ao aeroporto. Dois minutos depois, pararam ao lado de fora do terminal. ―Aqui está o seu bilhete eletrônico. E aqui está uma identidade falsa. ― Todos os negócios, sua avó lhe entregou uma confirmação impressa e a carteira de motorista da Califórnia emitida a Jacqueline Simmons. A imagem parecia ser uma das fotos antigas da escola de Jenn. O bilhete eletrônico estava de Jacqueline Simmons.
―Mas como... ―Tenho documentos permanentes para toda a família, mas nunca chegou a algo parecido com isto. Eu tenho estado atualizando todos os anos desde que a guerra estourou. ― As características da sua avó Esther endureceram. ―Claro que eu percebi o que o seu pai seria... ― Sua voz presa, e ela fechou o maxilar. Então ela respirou. ―Pela aparência dos seus olhos você poderá ter uma leve conclusão. Se você não conseguir ver um médico, pelo menos, mantenha-se acordada para as próximas doze horas. Jenn inclinou-se, beijou-a na bochecha, em seguida, agarrou a mochila e saiu para a calçada. Tanto quanto ela odiava a ideia, ela checou a sua bolsa completamente de modo que ela não tivesse que jogar fora todas as estacas. Ela só esperava que os frascos de água benta sobrevivessem à viagem. Permanecer acordada no avião acabou por ser muito mais fácil de dizer do que fazer. Ela assistiu ao filme, um romance melado, em um esforço para se manter acordada. Uma dúzia de vezes ela se encontrou apenas cochilando e ergueu a cabeça, o medo de fazer seu coração bater. Apenas fique firme, Jenn, ela falava sozinha. Uma vez que o avião pousou em Biloxi, ela ficou aliviada ao encontrar sua bolsa circulando no carrossel de bagagem. Um soldado armado ficou ao lado de um cartaz com um homem em um capacete de segurança sorrindo para uma mulher desfraldando um conjunto de projetos. Os dentes caninos da mulher estavam ligeiramente alongados. BEM VINDO AO MISSISSIPI. NÓS ESTAMOS EM MOVIMENTO! Passando pelo soldado, ela agarrou sua bolsa, em seguida, mostrou a sua reivindicação correspondente de seleção para um funcionário de segurança do aeroporto com uma camisa branca e calça azul marinho que estava de olho em todo mundo que saíam. O funcionário a estudou em um ritmo lento, então acenou. Lá fora, ela viu uma torre de guarda. Casualmente, como ela poderia, ela tirou o seu telefone e ligou para Padre Juan novamente. Ele parecia preocupado, mas ele disse a ela que estava tudo bem. Ela colocou sua mochila por cima do ombro, ela olhou para o ponto de táxi, mas o sinal de leitura
estava escrito: SOMENTE PARA DESTINO NO ESTADO. Ela empalideceu e se voltou para olhar para os companheiros de viagem. ―Oh, caramba, ― ela disse, fazendo uma pose e colocando um sotaque sulista. ―Desculpe-me, vocês, mas alguém está indo em direção a Louisiana? Minha carona acabou de ligar e me disse que não poderia vir. ― Ela balançou seus cílios. ―Eu simplesmente não tenho a menor ideia do que eu deveria fazer. Dezenas de pessoas deslocaram-se para longe dela. Um cara com barba riu para ela e abriu a boca para falar. Antes de o tarado começar a falar, uma mulher de meia-idade vestindo um suéter azul decorado com ursinhos de pelúcia segurando bandeiras americanas olhou para o homem e se colocou entre ele e Jenn. Ela piscou para Jenn numa espécie de sorriso preocupado. ―Amor ao país, querida, ― disse ela. ―Você não deveria estar fazendo esse tipo de coisa. Meu marido, Oral, e eu ficaríamos felizes de ter você. ―O que, agradeço muito, minha senhora, ― Jenn falou lentamente. ―Eu certamente não posso dizer o quanto sou grata. É tão assustador estar aqui sozinha. ―Não se preocupe, ― disse a mulher. ―Oral foi buscar o carro. Onde estão as suas pessoas, docinho? ―Apenas fora de New Orleans, ― ela respondeu com ousadia. A mulher empalideceu visivelmente, o tarado franziu a testa, e vários dos espectadores trocaram olhares. ―Bem, vamos deixar você o mais próximo que podemos, ― disse a mulher, soando um pouco tensa. ―Obrigada, ― disse Jenn. Um momento depois, ela se viu espremida no banco de trás de um desconfortável vermelho e branco mini Cooper entre dois montes enormes de bagagem. Quando o carro se afastou do meio-fio, ela esperava que o motorista não se perdesse no caminho para Louisiana. Ou fosse atacado.
Eriko pisou cuidadosamente na escuridão do outro lado da parede da sala de leitura, a luz da lanterna mal iluminando seu caminho. Ela não gostava de nada sabre a missão. Ela não gostava do Dr. Sherman, que trazia Antonio em sua retaguarda. Ele estava muito nervoso para ser confiável. ―Como você pode saber se alguém é um vampiro? ― Eriko ouviu perguntar. ―Eles não têm coração, ― disse Antonio. ―Isso é tudo? ―A menos que eles estão com fome, ― Antonio respondeu. ―Você nunca viu um vampiro? ―Na verdade, não. ― Sherman parecia acanhado. ―Meu trabalho é feito com simulações de computador. O próximo passo é subjetivo. Nós estivemos esperando seu pessoal para poder ajudar com isso. Eriko estava ofendida, mas tentou não demonstrar. Ela não tinha se tornado uma Caçadora para aprender assuntos de testes. Ainda assim, se este americano pudesse encontrar uma boa maneira de matá-los... Ela chegou até uma escada longa, mas não utilizou. O corrimão de bronze estava endurecido com pó e teias de aranha, e angulado para baixo abruptamente em um abismo aparentemente sem fim. ―Abaixo é a toca do coelho, ― murmurou Skye, e Eriko ergueu a mão para fazer silêncio.
Todos eles olharam sem palavras para baixo, a luz sobre as pontas dos seus pés. Eriko começou a se perguntar se havia uma aterrissagem ou um chão, ou se eles estavam indo para o inferno que o Padre Juan acredita. Isso parecia um pouco como o que ela imaginava que o inferno seria. Seus músculos estavam doloridos. Ela doía da cabeça aos pés. Seus joelhos dobravam enquanto ela descia a escada excruciante. O elixir lhe deu grande força, velocidade e habilidades de cura. Isso funcionava, no entanto, só com o corpo, que ela já tinha. Isso significava que a formação de músculos estava avassalador para o seu quadro, e ela muitas vezes se encontrou acordada no meio da noite com dores incapacitantes. E foi ficando progressivamente pior. Finalmente chegaram ao final das escadas. Uma luz vinha de alguma parte do longo corredor. Havia o suficiente de luz para que Eriko pudesse desligar sua lanterna. Os vampiros podiam ver bem o suficiente na escuridão total, mas eles podiam ver melhor com as luzes acesas, como os seres humanos. Sorte para sua equipe, que sem querer poderiam anunciar a sua posição como vigias de lanternas. Os outros ficaram agrupados em silêncio atrás dela, esperando por ela para fazer algo, esperando por ela para conduzi-los. Isso não era um gesto heróico dos samurais individuais que ela tinha imaginado quando estudou e treinou para tentar a recompensa do elixir sagrado. Após as mortes horríveis de seus dois melhores amigos, Yuki e Mara, ela não queria amigos. Ela havia concentrado toda a sua energia em um objetivo – se tornar Caçadora, andando sozinha como uma mensageira de vingança. Ela tinha sido a mais forte, a mais furtiva, vivendo-se como uma ninja solitária. Ela nunca tinha imaginado si mesmo como uma líder de equipe. Eles penetraram silenciosamente pelo corredor. Eriko fez um sinal para Antonio ir primeiro e para Holgar abrir a traseira. Ela queria ver o que estava por vir para ela saber o que estava seguindo. A luz ficou mais clara quando eles se mudaram para o corredor. Através da janela de vidro quadrado cortadas em pontas duplas de aço, ela e Antonio podiam ver uma grande sala cheia de homens e mulheres – talvez vampiros – em jalecos de laboratório, e mais equipamentos científicos do que ela já tinha visto antes em um só lugar.
Grandes máquinas com fios e botões, tubos de vidro, e um microscópio enorme ou talvez um laser. Mesas de madeira segurando grampos de aço e pilhas de placas de Petri28. Isso parecia um set de filmagem louco de ficção científica. Isso também parecia muito sofisticada para ter sido criada rapidamente, mas a colocação aleatória de algumas das máquinas indicou que apressadamente estiveram envolvidas. Ela fez um gesto para o Dr. Sherman, que apareceu ao lado dela e olhou com cuidado através da janela. Ele estudou a sala por um momento, então murmurou. ―Não. ― Ele apontou para um pequeno frigorífico com um painel frontal de vidro, sobre uma mesa para a esquerda de onde estavam. Dentro dela, ela podia ver uma prateleira de frascos com líquido claro. ―Você tem certeza? ― Ela se atreveu a sussurrar, mesmo que os vampiros tivessem audição superior. ―Parecem como a minha. ele sussurrou de volta. ―Tampas de lavanda, etiquetas verdes. Como se na sugestão, uma das mulheres na sala colocou luvas de borracha azul e uma capa com uma máscara de plástico, então cruzou para a geladeira. Eriko a observou, e detectou medo em seus movimentos, enquanto ela se aproximava para a geladeira. Era óbvio que ela estava com medo do que estava lá dentro. Os braços e as mãos de Eriko começaram a tremer, mas se fosse alegria ou exaustão, ela não sabia. Seu coração martelava agitado fora de ritmo, quando ela estava sob pressão. Respirando fundo, ela encontrou os olhos de cada um dos demais, por sua vez. Ela deu um rápido aceno de cabeça. Este era o momento. Eles tinham feito isso mais de mil vezes. E um olhar para a sala lhe tinha dito que o plano funcionaria. Tomando uma mão fechada, ela indicou que todos deveriam se preparar. Quando ela abriu sua mão, que seria o seu sinal de ir. Então, ela encontrou a paz dentro de si, pronta para enfrentar a morte se necessário, e quase a acolhendo através da névoa de sua dor. 28
PETRI – é um recipiente cilíndrico, achatado, de vidro ou de plástico que os biólogos utilizam para a cultura de micróbios.
A mão de Eriko abriu, e Antonio passeou na sala calmamente, tranquilamente, como se tivesse todo o direito de estar lá. Ele não tinha jaleco, mas nem todos os vampiros no laboratório usavam, também. Porque não tinha batimentos cardíacos, ninguém se preocupou em olhar para cima no início. Por esse tempo ele ficou atrás e à esquerda da geladeira. Ele deu uma olhada rápida ao redor – dezenas de laptops nas mesas de madeira no laboratório, um computador de grande porte mais robusto, os bancos de equipamentos que olhava para seu olho destreinado, como osciloscópios e alto-falantes estéreos, fileiras e fileiras de tubos de ensaio e um par de centrífugas gigantes, e uma abundância de microscópios. Muitos equipamentos de alta tecnologia, capaz de coisas tão incríveis. Onde é que a magia e a ciência finalmente começam? Ele contou catorze vampiros na sala. Ele se perguntou se havia mais em outra sala. Certamente eles rodeiam esse prédio com mais forças de segurança. Por uma força da natureza ele se perguntou se poderia simplesmente abrir a geladeira, pegar os frascos, e tirá-los da mesma forma que ele entrou, mas logo – em qualquer momento, na verdade, ele esperava que alguém percebesse que ele não fazia parte de lá. Ele se virou e acenou com a cabeça uma vez em direção ao corredor, onde o resto de sua equipe estava escondida. Enquanto ele estava fazendo o reconhecimento, eles estavam se preparando para entrar. O sinal principal não era ele que dava. Adelante29 insistiu Eriko. Vamos indo. Jamie então entrou na sala, com um coquetel Molotov em cada mão. Com um grito, ele jogou na parede à direita em um banco de objetos. A explosão abalou a sala e quase jogou Jamie do chão. Antonio conseguiu permanecer firme. Momentos depois os outros caçadores entraram na sala, cada um parando apenas a tempo o suficiente para decapitar os vampiros que atravessavam seus caminhos, usando espadas curtas retiradas das bainhas em suas costas. Sherman voou para o lado de Antonio, olhos esbugalhados, mas ainda longe de parecer mais calmo do que ele estava anteriormente.
29
ADELANTE – em frente.
―Pegue o vírus, ― disse Antonio, sem explicar por que ele não ia pegálo a si mesmo. ―Eu vou cobrir você. Antonio ouviu um grito agudo elevado. Eriko estava estacando um vampiro mesmo com outro se lançando para ela. Como ele tinha previsto, estava entrando cada vez mais vampiros para a sala de uma porta no canto nordeste. Holgar rugiu quando Skye lançou uma bola de fogo que passou zumbindo por seu ouvido e chamuscou o seu cabelo em sua cabeça. Ele gritou, abaixando, e a bola bateu no outro lado da sala, derrubando uma mesa de laboratório. Um laptop caiu no chão de concreto. Três vampiros correram em direção a Antonio, ele se preparou para o ataque enquanto dois Malditos isolaram as duplas portas de metal – que devia ser a entrada principal do laboratório. Porque para sair tinha que ser da mesma maneira por onde eles entraram. O primeiro vampiro atingiu Antonio, que se moveu com a velocidade de um relâmpago para o lado e então, com toda a sua força, levou a estaca através do coração do Maldito. Eriko entrou na batalha para ajudá-lo a enfrentar os dois vampiros restantes. Eles lutaram atrás e para frente, ambos os lados buscando a supremacia, até que finalmente Antonio estacou o vampiro de Eriko, então se virou e fez o mesmo com o outro. ―O que você está fazendo? ― Antonio exigiu, enquanto observava o cientista inserir uma seringa em um dos frascos do frigorífico. O pequeno homem estava de pé em uma formação de tripé, de pernas afastadas, segurando uma seringa na mão. ―Certificando-se de que a coisa é real. Eu preciso de alguém para testá-lo por diante. Que não fazia sentido. Sherman já havia dito que ele nunca testou em um vampiro real. Mas naquele momento, um Maldito correu para Antonio. Então, ele saiu do caminho e, em seguida, disparou para ele, derrubando-o no chão e empurrando o joelho contra a garganta do vampiro. ―Então faça isso! ― Ele gritou. O homem caiu ao lado deles e injetou na garganta do vampiro. Antonio tentou não estremecer pela proximidade do vírus mortal. De repente ele
percebeu que não havia perguntado, se a doença podia se espalhar de um vampiro para outro. O vampiro gritou e começou a se contorcer. Sherman gritou: ―Sim! Antonio sentiu a sua ascensão de espírito... E depois caiu. Nada mais aconteceu. O vampiro ficou imóvel, piscando para ele. Antonio olhou para o cientista que estava olhando fixamente para o seu objeto de teste. O cheiro de infecção saindo dele quase fez Antonio amordaçar. Foi quando Antonio percebeu que havia algo errado com o homem. ―Você estudou a leucemia, porque você tem isso. ―Primeiro meu pai, então minha filha, agora eu, ―afirmou Sherman. Ao redor de todos eles era o caos, e parecia tão absurdo que ficou calmo, como uma imagem em um desfile de Natal. O vampiro não lutou, como se sentindo que se o fizesse, Antonio iria matá-lo num piscar de olhos. ―Não funciona, ― disse Sherman, finalmente, olhando envergonhado. Nenhum vírus. Por um momento Antonio sentiu uma onda de alívio e um montante de alegria. Então, ele estacou o vampiro e levantou-se e virou-se para informar a Eriko, mas ela tinha visto a manifestação. Ela concordou, mas não disse nada enquanto ela estacava outro vampiro. ―Retirada, ― ela gritou. ―Agora! Vai, vai, vai! Antonio voltou a tempo de ver Sherman, com o rosto coberto de sangue, agarrado por um vampiro alto que estava erguido através da sala como se fosse leve. Ele gritou, em seguida, bateu duro na parede. Antonio estacou o vampiro e correu para o homem, caído de joelhos ao lado dele. O cientista estava morto. Seus olhos estavam congelados em terror total, e ele não tinha pulso, nem respiração. Porque se alimentar de sangue de um doente ao invés de apenas quebrar seu pescoço? Antonio se perguntou. Havia sangue perto das duas marcas no pescoço de Michael, onde ele havia sido mordido, mas isso não explica o sangue na sua boca. Uma suspeita terrível encheu Antonio, e ele abriu a boca do cientista que estava revestida de sangue e sua língua também. Antonio cheirou. Não era o seu sangue, era de outra pessoa.
Dios, não! Ele foi convertido? Ele se perguntou. Eu ouvi seu coração batendo. Não foi? Antonio não poderia perder essa chance. Ele arrancou uma estaca para fora de um de seus bolsos e preparou para mergulhá-la no coração do Dr. Sherman. Uma explosão abalou a porta selada para o laboratório. A explosão jogou Antonio para a extremidade da parede e derrubou a estaca de sua mão. Um momento depois, uma dúzia de homens vestidos de preto todos blindados, usando máscaras de gás e carregando balestras, emergiram da fumaça. Eles avistaram o cientista inerte e imediatamente dirigiu em sua direção. Um dos homens lançou sua arma para o lado, içou o cadáver de Sherman por cima do ombro, e desapareceu na fumaça. Os outros homens pareciam se fundir também, até que apenas um permaneceu. Uma cruz preta de Jerusalém pendia no pescoço, o sangramento preto no preto de suas roupas de modo que Antonio quase não podia ver. O homem olhou para ele e levantou a mão em uma saudação, em seguida, entrou na nuvem de fumaça rolando e desapareceu. ―Vamos explodir, ― Holgar rugiu. ―Alguma coisa nós podemos concordar, ― ouviu o grito de Jamie. Eles retornaram para o corredor e tomaram as escadas em direção a entrada secreta para a biblioteca. Antonio correu atrás, mantendo seus olhos no laboratório, e preparado para eliminar qualquer pessoa que os seguissem. Demorou um minuto para perceber que ninguém estava. No andar de cima, os alarmes disparam. ―Temos que sair daqui, ― Eriko disse-lhes. ―Agora.
Heather estava em sua jaula, molhada de suor e flácida com a perda de sangue. A dor era insuportável, e ela curvou os joelhos apertados contra o peito. Ela ainda podia sentir os dentes de Aurora afundados em seu pescoço. A dor era diferente de tudo que ela já tinha experimentado. Ela havia encolhido, porém, pelo horror da intimidade forçada. Os braços de Aurora tinham sido como aço enquanto estavam envolvidos em torno dela, puxando-a para perto e segurando-a firme. Por apenas um momento seus lábios foram suaves sussurrando na pele de Heather. Isso fez cócega certa, antes de ela morder. Em seguida, houve uma sensação de estar dilacerado – não apenas a pele, mas a mente e a sua alma também. Ela sentiu Aurora sugando seu sangue, e ela implorou e gritou para não ser morta. Parecia durar cerca de meia hora, mas sabia que não podia ser. Jenn tinha dito a ela que um vampiro poderia drenar o sangue de um ser humano completamente em cinco segundos. Ela não estava morta. Ela podia sentir cada batimento cardíaco e sua agoniada respiração dolorosa. Tinha que ter sido apenas um segundo, mesmo que ela sentia como se fosse uma vida. Quando Aurora terminou com ela, o vampiro fez um som ronronando e, em seguida, caiu de costas no chão de sua gaiola. Heather não sabia quanto tempo tinha ficado assim encolhida. Ela sabia que em algum momento alguém – ela pensou que poderia ter sido o vampiro com a irmã asmática – tinha empurrado uma tigela cheia de carne em sua gaiola. Ela não poderia ter levantado a cabeça para comer se ela quisesse. O cheiro de carne a fez ficar com náuseas, e ficou claro para ela que eles estavam planejando mantê-la viva, pelo menos por um tempo. O que
significava que Aurora ou alguém tomaria o seu sangue novamente, contra a sua vontade. No ano passado, Tiffany tinha dito a Heather que você não pode se transformar em um vampiro apenas por ser mordido. Heather não queria saber por que ela tinha tanta certeza. Salomon disse a mesma coisa na TV, mas Heather não tinha acreditado nele. Ele era um vampiro, um Maldito, como Jenn chamava. Um monstro de mentira, assim como Aurora. Mas agora ela esperava que fosse verdade. Ela prefere morrer a se tornar um vampiro. Ela não tinha certeza se ela acreditava no céu, mas ser um vampiro seria um inferno. Eu me mataria primeiro, pensou. Pela primeira vez em sua vida ela rezou. Por favor, Deus, deixe-me morrer primeiro. Ela ouviu vozes murmurando e percebeu que logo estaria chegando a New Orleans, e que a cidade era um reduto de vampiros, mais ainda do que San Francisco. Abaixo do avião, dormindo em suas casas, as pessoas boas da América sonhavam. Pessoas boas que nada fizeram para parar os vampiros. Gente boa que falava de paz e tratados. Boas pessoas que pensavam que a luta nunca era a resposta. Boas pessoas que pensavam que falar e aprender mais sobre o seu inimigo era a resposta. ―Boas!‖ pessoas como seu pai, que sacrificou os membros da família para os vampiros em troca de proteção. As pessoas boas poderiam ir para o inferno. Por causa delas que ela estava trancada em uma jaula como um animal, o sofrimento para a diversão e alimentação de seres demoníacos que não deveriam ser reais. E ela não tinha ideia do que havia acontecido com Jenn. Imagens terríveis possíveis de Jenn dos últimos momentos inundaram sua mente, e seu peito começou a apertar, dolorosamente, no entanto. Ela não podia sucumbir a um ataque de asma agora. Se algum dia eu sair daqui, vou matar todos os vampiros, ela prometeu a si mesma, deitada em uma poça de seu próprio sangue, suor e vômito. Se algum dia eu sair daqui, vou matar meu pai e qualquer homem que permite que isso aconteça com
sua filha. E o pensamento deu-lhe forรงa, e ela parou de rezar para Deus que a deixasse morrer e comeรงou a orar para que ele a deixasse viver.
Irmão, Irmãs e todos Existem aqueles que nos veriam cair Eles iriam nos matar em nossas camas E arrancar para sempre nossas cabeças Esta violência não pode continuar Até que tudo que é bom se vá Estes são os monstros que devemos temer Matam os Caçadores de longe e de perto
― Quer alguns biscoitos, docinho? ― Senhora Bethune perguntou a Jenn. Jenn e os Bethunes estavam sentados em uma mesa na loja de tortas Pecan Grove, que ficava em frente ao estacionamento do motel que os Bethunes haviam checado em uma hora mais cedo. Seu mini Cooper estava vazio de todas as bagagens. A fronteira entre Mississipi e Louisiana fora fechada por pelo menos o resto do dia. Algo sobre uma violação de segurança que Jenn não entendia. Tinha saído no noticiário, e a longa fila de carros se estendia pela estrada, lentamente, voltando, comprovando a verdade disso. Uma apresentadora estava repetindo as informações na TV que pendia do teto acima de uma máquina de café. O som estava baixo, e Jenn não conseguia ouvir o que ela estava falando. Esse tipo de coisa não acontecia na Espanha. Ela estava prestes a correr gritando do restaurante, roubar um carro, dirigir para o deserto, e atravessar a fronteira ilegalmente. Os Bethunes estavam filosofando. Por suas reações, ela viu que este tipo de coisa acontecia com bastante frequência. Eles imediatamente foram para o motel e chegaram a uma sala adjacente. Ela já estava fazendo seus planos para fugir depois que adormecerem e correr disso. ―Que bom que você regou suas plantas de hera, antes de sairmos, ― disse o senhor Oral. Ela assentiu com a cabeça. ―Jackie, querida, você precisa comer. ― Jenn estava usando o nome falso em seus documentos. Jacqueline Simmons. ―Desculpe-me por um momento, Senhora Bethune, ― disse ela docemente. ―Estou preocupada com a minha carona. ― Ela ergueu o seu celular. ―Eu vou ligar novamente. ―Faça isso, querida, ― disse Modean, como Oral, que era muito grande para ser o proprietário de um Mini Cooper, levou os dois últimos biscoitos e jogou-os em seu próprio prato. Modean deu-lhe um olhar, que ele fingiu não ver.
Jenn caminhou a passos largos para fora do restaurante e fez outra chamada para Padre Juan. Ele atendeu no primeiro toque. ―Jenn, boa notícia. Estamos no caminho, ― disse ele. ―Há um padre em New Orleans tentando nos colocar em contato com um grupo de lutadores lá. ―Caçadores? ― Ela perguntou esperançosamente. ―Não exatamente. Não como nós, ― respondeu ele. ―Mantenha o seu telefone ligado. Quando eu descobrir mais, eu ligo pra você. ― Fez uma pausa. ―Eles já abriram as fronteiras? ―Não. ―Fique aí até abrirem. ―Padre, não, ― implorou ela. ―Eu não posso ficar aqui sentada comendo grãos. ―Você vai comê-los, ― insistiu. ―E então você vai dormir no seu quarto de hotel e você vai descansar enquanto tiver a chance. E então você vai deixar os Bethunes dirigir até Louisiana. ―Mas... ―Eu sou o seu mestre, ― ele lembrou a ela. ―Você quer que eu coloque um Caçador adiante, para que ele possa te ordenar a fazer o que eu digo? Através da janela de vidro, Modean acenou para ela e apontou para a garçonete que estava estabelecendo pratos grandes carregados com bolo de carne e purê de batata. Oral sorriu para a garçonete e levantou um copo vazio, que continha chá doce gelado. ―Fique com essas pessoas. Eles precisam atravessar a fronteira também, ― disse o Padre Juan. ―Pense com a cabeça, e não com o seu coração. ―Mas Aurora está com Heather. ―E ela disse que manterá Heather viva até o Mardi Gras. Se algo acontecer com você, nós vamos salva-la. Escute, ― disse ele severamente enquanto se preparava para argumentar. ―Nós estamos indo para o Aeroporto de New Orleans. Nós não temos nenhuma fronteira para atravessar. Apenas algumas para sobrevoar. Não torne isso mais difícil para nós. Ela respirou fundo. ―Tudo bem.
―Bueno. Jamie, não fume aqui, ― disse ele longe do telefone. ―Jenn. Eu sei que você não acredita na oração, mas eu sim, e estou rezando. ―Obrigada. ― Sua garganta estava apertada, e seus olhos se encheram de lágrimas. ―Oh, Deus, Padre Juan. ―Ah, uma prece, afinal, ― ele disse suavemente. ―Se Deus quiser, vamos ver uns aos outros em breve. Ela podia o senti fazendo o sinal da cruz sobre ela. Ele desligou primeiro. Ela olhou pela janela novamente. Oral Bethune levantou o prato de Jenn, como se para avisá-la que sua comida estava esfriando. Sustendo um dedo, ela discou para sua avó. A chamada foi direta para a caixa de correio. ―Eu estou bem, ― era tudo que ela disse. Se alguém se apoderou do telefone de sua avó, eles não seriam capazes de descobrir alguma coisa sobre onde Jenn estava. Ela ficou por alguns momentos, recompondo-se. Então, ela voltou ao restaurante e sentou-se, ciente de que o volume da TV agora estava alto. A âncora da mesma notícia estava na tela. Ambos os Bethunes haviam parado de comer, e seus olhos estavam colados em conjunto. ―... E assim, para repetir, a fronteira entre Mississipi e Louisiana estará fechada por pelo menos mais vinte e quatro horas. ―Não, ― sussurrou Jenn. ―Não, por favor. ―Ainda bem que eu trouxe um bom livro, ― Modean disse, ―E eu meu tricô. ―Eu me pergunto se eles têm Pay Per View, ― respondeu Oral. ―Jackie, que tipo de filme você gosta de assistir? A noite se arrastou. Após o jantar eles assistiram a um filme de espionagem no quarto dos Bethunes. Então Oral anunciou que estava cansado, e Modean tomou isso como sua sugestão para mover Jenn a seu quarto. Sobre refrigerante em lata e cubos de gelo bolorento de uma máquina de gelo barulhenta, ela falou durante horas sobre nada, realmente, até que ela se moveu para voltar ao seu quarto pela porta que conectavam. Uma mão na maçaneta, ela olhou para Jenn. Seu rosto suavizou. ―Não é por causa da sua carona que você está preocupara, ― ela disse, ―É isso?
Jenn balançou a cabeça. Modean sorriu tristemente para ela. ―Estes são tempos difíceis, mas as coisas vão melhorar. ―Sim, senhora. ― Jenn limpou sua garganta. ―Eu sei. ―Uma vez que o nosso governo e as pessoas de Salomon eliminar as maçãs podres, tudo voltará ao normal. Você está louca? Jenn queria gritar com a mulher em seu suéter de ursinho de pelúcia, mas ela manteve sua compostura e cruzou as mãos no colo. ―Esse dia nunca chegará, ― declarou ela. ―Ele estará aqui antes que você perceba. ― Modean soprou-lhe um beijinho. ―Você é tão doce como açúcar, Jackie. ―Obrigada, senhora, ― respondeu ela. Modean saiu pela esquerda depois de um tempo, Jenn estava exausta por se preocupar e pela encenação, ela agarrou sua escova de dente barata que ela tinha conseguido na recepção e escovou seus dentes. Então ela se deitou na cama. O desodorizador do quarto cheirava a chiclete. Seu coração bateu. Eu nunca vou relaxar o suficiente para cair no sono, pensou ela. Mas Jenn fez. E sonhou. Antonio estava embaixo de um toldo de folhas rendadas alaranjado e flores brancas. Ele estava vestindo uma camisa branca e calças brancas, com uma ampla faixa de seda vermelho usado na cintura baixa. Ele estava descalço. Seus cabelos encaracolados passavam pelos lóbulos de suas orelhas, e sua pele era marrom dourado. Havia sardas em seu nariz, e seu brinco de rubi pegou do sol escaldante cores no céu. Um oceano ficava as margens atrás dele. Atingindo, ele arrancou uma laranja e empurrou seus dedos na pele da fruta, em seguida, ele puxou-a. Dentro, a laranja era salpicada com vermelho. ―Esta é uma laranja de sangue, ― ele disse. ―Não há maçãs no jardim. ― Ele segurou- a para ela. ―Prove. Ela apareceu no sonho, vestindo uma camisola branca de renda, seu cabelo escuro estava recolhido vagamente com uma tira de seda marfim. Quando ela pegou a laranja da mão dele, seus dedos roçaram os dela. Eles estavam quentes.
―Se eu tomar isso e comer, eu vou ser como você? ― Ela perguntou a ele. Seu sorriso desapareceu. ―Não existe ninguém como eu, ― respondeu ele. Então o sol caiu no mar e o céu negro acendeu como uma fogueira. A luz da lua azul sobre seus cabelos, seus olhos brilhando escarlate, ele abriu a boca, e suas presas... Jenn sentou na posição vertical, ofegante. Banhada em suor, ela puxou as pernas e envolveu-a com os braços ao redor. Tremendo, ela descansou sua testa contra elas. Um pesadelo, apenas um pesadelo. Ou se tivesse sido o mais doce dos sonhos?
―Diga-me novamente porque nós estamos fazendo isso, ― Jamie resmungou para o Padre Juan quando ele jogou o sal e cabeças de pimenta em seu colarinho clerical e lhe entregou o café ao bom Padre que havia solicitado. Toda a equipe estava no Aeroporto Internacional de Madrid, esperando seu vôo para o Aeroporto JFK, em Nova York. Para evitar serem detectados, eles estavam espalhados em três diferentes portões, e Jamie havia protestado veementemente por estar separado de Eriko. Ele argumentou que ninguém no mundo iria descobrir que a garota de peruca castanha e óculos de sol enormes seria Eriko Salamoto, a Caçadora de Salamanca. Jamie tinha coberto a maior parte de suas tattos com um suéter preto e uma jaqueta de couro e um boné preto tricotado puxado para baixo sobre a testa. Ele parecia pretensioso, ele duvidava que sua própria mãe fosse reconhecê-lo. Se ela estivesse viva. Após a missão de Cuevas suas fotos estavam na internet. O seu sucesso estava na casa dos milhões no You Tube. Felizmente, todos os vídeos no celular estavam borrados.
Então o que a segurança do aeroporto estava vagando mantendo os esboços sobre os cordeiros prestes a bordo de aviões para outros lugares sem ser a Espanha? Eles certamente não iriam perceber que os Salamancans estavam prestes a sair do continente. Além disso, com a ajuda da bruxa Skye, o bom padre tinha colocado hocus-pocus30 em seus documentos falsificados, dando a quem tocasse os documentos uma sensação de benevolência para o titular do passaporte. A magia iria funcionar melhor sobre uns do que outros – como era o caso com todas as armas – mas entre isso e os feitiços do Padre Juan tecendo as vezes que outros padres católicos realmente oravam como os sacerdotes deveriam, Jamie não viu nenhuma razão por que ele não podia assistir ao longo seu parceiro. ―Sente-se, Jamie, ―Padre Juan ordenou a ele. O mestre de Jamie recebeu uma mensagem de texto, Jamie tentou ler as palavras antes de desligar o telefone, mas Padre Juan o colocou de volta no bolso da jaqueta e tomou o café da mão de Jamie. Jamie sabia o que estava acontecendo, todos eles sabiam: Havia duas equipes na Rússia, contra alguns vampiros monstros nomeado de Dantalion, que estavam torturando caçadores até a morte e pior. Eles imploraram para Padre Juan por ajuda. Isso nunca terminava. Mas em vez de irem lá, onde eles poderiam fazer algo de bom, os Salamancans estavam presos à missão ainda mais tola na direção oposta. Outro condenado ao fracasso. Jamie fervia. Padre Juan olhou para ele, cada cabelo no lugar, rosto corretamente barbeado, sobrancelhas pesadas e profundos olhos traindo nada mais que sua agitação interna, que Jamie sabia que aumentou durante as muitas, muitas mensagens de texto que ele estava negociando com a Rússia. Todos eles sabiam disso. Se ele não estava orando, ele estava trabalhando suas contas, enviando orações à Virgem Maria. Ou a Deusa, ou a quem ele realmente adorava. Jamie estava começando a se perguntar sobre o tipo de catolicismo 30
_________________ *HOCUS – POCUS - é o nome de um encantamento utilizado por mágicos do século XVII.
de Padre Juan. Tudo bem, então, não começando a perguntar. Ele perguntava sobre isso o tempo todo. ―Senta-se, ― Padre Juan ordenou a ele. ―Sua velocidade está pior que Holgar. Revirando os olhos, Jamie sentou na cadeira cromada de plástico vazia ao lado do Padre. ―Pelo menos eu não ando em círculo três vezes e cheiro meu próprio rabo antes de me sentar, ― ele resmungou. Ele franziu as sobrancelhas loiras e inclinou a cabeça. ―New York, ― ele solicitou, ―New Orleans. Isso tudo é uma desordem. ―Shh, ― Juan murmurou, quando ele arrancou a tampa de plástico fora de seu café e tomou um gole, todo despreocupado e com facilidade. ―Nós discutimos isso. Jenn está sozinha, e sua irmã foi sequestrada. ―Heather, você disse que seu nome era esse? Você sabe que a pivete está morta, ― Jamie falou. Ele olhou em seu próprio copo, vendo sua própria família ali. Sua própria irmã, dilacerada diante de seus olhos por lobisomens quando ele tinha dez anos. Ver as caras dos vampiros que haviam encurralado no beco fora da igreja paroquial de modo que os lobos pudessem chegar a ela. Jamie, gritando para seu sacerdote, o Padre Patrick, para fazer algo, qualquer coisa, mas tudo o que o Padre Patrick podia fazer era segurá-lo para que ele não morresse naquela noite também. Maeve, sua menina doce, destroçada, enquanto os lobos uivavam e os vampiros duplicavam ao longo, assobiando e rindo. E ninguém para ajudar. Nenhuma vingança tomada, ainda, depois de anos. Não houve nenhum Caçador em Belfast. Ninguém para enfrentar os monstros que aterrorizavam as ruas. E por que, nenhuma porra de cada aldeia na Inglaterra teve um Caçador? A capital da Irlanda do Norte, com três milhões de almas implorando por ajuda, e ninguém para defendê-los? Nenhum arenoso, cemitério da classe trabalhadora, quando eles baixaram o caixão do que restou de Maeve e de sua mãe, Jamie tinha jurado em seus caixões que ele iria colocar uma pele de lobisomem na frente de sua lareira antes de deixar este mundo. Foi por isso que Jamie tinha viajado para Salamanca para ser coroado um Caçador. Ele lutou e treinou mais do que todos eles, sentou-se na capela no meio da noite, muito gelada e muito mais
quente e falou para si mesmo. Cristo, a Espanha é como o inferno! Ele jurou sobre as memórias de sua família assassinadas que se fosse o segundo a beber o elixir, ele voltaria para Belfast e livraria o seu povo dos vampiros e lobisomens, também. Mas não apenas ele tinha se tornado o Caçador, no qual ele foi convencido a permanecer em Salamanca para lutar como parte de uma equipe de caçadores sangrentos. Foi contra todos os costumes e tradições de caça, e se o Padre Juan havia sido o único mestre de colocar uma equipe, Jamie teria suspeitado de Juan de trabalhar com os ingleses para se certificar de que Belfast ficasse indefesa. Jamie estava confiante que o governo Inglês tinha feito um acordo de bastidores com os Malditos – nós vamos deixar você ter o irlandês, se você nos deixar sozinhos com o Inglês. O mesmo bairro áspero na zona oeste de Belfast, onde os Malditos corriam com a mesma matilha de lobos que tinha rasgado membro a membro de Maeve. Ainda carreavam garotas pequenas e homens de idade, deixando os turistas sozinhos (se alguém era tolo o suficiente para vaguear na zona oeste de Belfast), que deu um peso adicional à teoria da conspiração de Jamie. ―Eu sei que você está com raiva, ― disse Padre Juan. ―Mas ela é uma de nós. Não deixamos um dos nossos para trás. Nunca. Ela precisa da nossa ajuda. Jamie engoliu metade de seu chá, o envio de um rio fervente em sua garganta. Ele mal registrou, ele estava furioso, no entanto. Que ele, Jamie, estava indo para andar atrás de mulheres e cuidar de qualquer irmã – bem, Belfast estava cheio de bons católicos com as irmãs e filhas e mães que precisavam de segurança. ―As necessidades americanas precisam de mais ajudas do que podemos dar a ela. ― Jamie argumentou. ―Primeiro ela quase acaba com o trabalho em Cuevas, agora nós, estamos deixando a nossa base – deixando a Europa – pelo amor de Deus – porque ela não pode manter sua própria irmã a salvo dos habitantes locais... ―Papeles, ― disse um homem uniformizado, que chegou a um impasse na frente de Jamie. Papéis. Com uma cara empapada e as costeletas negras, ele estava vestindo uniforme das Forças Civil – vestindo um casaco azul escuro,
calça preta e um emblema no ombro de uma águia segurando uma espada. Antes da guerra, muitos batalhões espanhóis, havia apresentadas cruzes. Como vampiros não suportavam cruzes, as imagens tinham sido desenhadas como espadas. Para mostrar cortesia, se dizia. Mas isso era pacificação, pura e simples. Padre Juan achou que era apenas uma questão de tempo antes que os vampiros movessem contra a igreja, ou obtendo os seres humanos para ajudálos com isso. O dia que a humanidade seria realmente condenada. Ao lado de Jamie, Padre Juan moveu o ponteiro e o dedo médio da mão esquerda e moveu os lábios. Lançando outra magia. Jamie enfiou a mão no bolso interno do paletó e tirou o falso passaporte. Que ainda estava emitido como irlandês, de couro sintético cor de vinho e carimbado com o ouro da Irlanda – sem sentido em negar que Jamie com seu forte sotaque, era nada menos que um irlandês original. Jamie entregou o passaporte com a mão firme para o traidor desprezível, e o espanhol fez uma análise, olhando para as fotos de Jamie e, em seguida, para o próprio Jamie como se estivesse memorizando as respostas para um teste. Em seguida, o guarda devolveu como se Jamie estivesse fazendo o maior dos favores e inclinou a cabeça respeitosamente para o Padre Juan. ―Buenos dias, Padre, ― disse o homem, e seguiu em frente. Uma vez que o homem estava fora do alcance da voz de Jamie, ele virou-se para Padre Juan. ―Por que a merda sangrenta fez isso tudo? ―Você convida-o a analisar por causa de sua energia negativa, ― Padre Juan disse simplesmente. Um público anúncio em espanhol ecoou pelos altofalantes, e o padre colocou a tampa no seu café. ―Esse é o nosso vôo. Padre Juan levantou-se e olhou para baixo na expectativa a Jamie, que terminou seu chá – que diabos, ele não deixou suas terminações nervosas em sua garganta de qualquer maneira - e se manteve firme. ―Eu estou esperando aqui por Eriko, ― ele declarou, cruzando a perna por cima de seu joelho. Padre Juan suspirou. ―Você está embarcando agora, meu filho. ― Ele levantou a mão e fez o sinal da cruz sobre Jamie, depois sobre si mesmo. ―Vamos.
Naquele momento Holgar e Antonio andavam lado a lado, e Jamie ferveu. O dois seres sobrenaturais do grupo, e eles foram autorizados a andarem juntos? Ele olhou primeiro para o Maldito, e depois para o lobo. Uma vez que Holgar foi desmascarado, os boatos sobre sua natureza bestial voou. Disseram que lobisomens escandinavos precisam mais do que algumas gotas de sangues frenéticos de Viking – mas o dinamarquês tinha conquistado a maioria dos alunos com sua inteligência rápida. Jamie não encontrou nada rápido sobre ele, exceto a sua velocidade condenável e a capacidade de curar a si mesmo. E se alguma vez o dinamarquês desacelerou em algum lugar onde ninguém mais estava... ―Woof, ― Holgar sussurrou, seus cintilantes olhos azuis, como se ele pudesse ler a mente de Jamie. Antonio só ficava olhando para Jamie, muito neutro, como se ele nunca o conhecesse. Vampiros eram mentirosos e astutos. Estamos realmente fazendo isso por causa de Antonio, Jamie pensou. Ele é o vampiro de estimação da igreja, e ele tem tesão por nossa pequena Jenn. Padre Juan quer manter a felicidade de Antonio... De modo que o canalha fique do nosso lado. Ele sabe muito sobre nós, poderia contar à oposição coisas lindas. Ele provavelmente já tem. Por que para estacar ele está além de mim. Jamie enrolou suas mãos em forma de socos, odiando Antonio ainda mais, se fosse remotamente possível. Se o Padre Juan quisesse energia negativa, Jamie tinha baldes dela. Rios. E então alguns. *** Quando o Padre Juan estabeleceu em seu assento no avião, ele manteve um olhar atento sobre sua equipe. Ele sabia que eles estavam sendo solidários com Jenn, mas a maioria não entendia por que eles estavam indo para ajudar. Ele havia orado e trabalhado em suas magias quase sem parar desde que Jenn deixou a Espanha. Sabia que algo estava para acontecer, embora ele não soubesse o que era, até que ela o telefonou a caminho do aeroporto. A única
coisa que as visões lhe disseram era que quando ela ligasse, eles deveriam responder. De todas as equipes de caçadores, sabia que a sua era a mais turbulenta. Salamanca era a academia que atraía mais pessoas de todos os lugares. Seus caçadores tinham tão pouco em comum, nenhuma crença, nenhuma partilha de cultura com o outro. As lutas que fizeram entre si os fizeram fracos. Isso somente abraçou as suas diferenças que jamais seria forte o suficiente para lidar com o que estava por vir. Ele estava relutante em deixar os novos alunos do primeiro ano, que estavam na academia a menos de dois meses. Ele não estava ensinando qualquer uma das classes neste momento, as suas funções com a equipe de caçadores a impedia. Provavelmente isso era bom. Ele não podia dar ao luxo de estar distraído. Além disso, ele deixou a escola nas mãos hábeis de sua faculdade, que inclui nove graduados da classe da equipe que não foi selecionada. Havia dos grupos de alunos: aqueles que se formaria em um ano, e aqueles que terminariam em dois – se eles não se purificassem e se não sobrevivessem. Cada nova classe era dividida em nove equipes de dez alunos, designados apenas por um número – 1, 2, 3, até nove. Não havia nomes fantasiosos ou inspirador para as equipes ou os dormitórios que compartilhava. Era por predefinição, para se tornar um caçador tinha que trabalhar duro e brutal, com uma morte prematura como sua recompensa mais provável. Treinamento em Salamanca não era romântico ou bonito. Os 180 foram ensinados por doze sacerdotes, nove ex-militares e três civis com o que o mundo viu como deficiência aguda. Cada instrutor trouxeram as suas próprias forças para a mesa. Os saldados ensinavam a lutar mão a mão, armas, medicina de campo e táticas. Era o trabalho para proteger os alunos e torná-los corpos de armas letais. Os sacerdotes ensinavam a história do mundo, a história vampírica, habilidades de pensamentos críticos, e preparavam de outro modo as mentes dos alunos e as almas para a batalha. Isso era uma coisa para tirar uma vida, que era outra bem diferente para estar em paz como o mesmo e ser capaz de fazer isso sem hesitação.
A maioria dos alunos seguiu alguma variação de cristianismo, mas também tinham alguns judeus e dois muçulmanos. Havia Eriko, sua budista, e alguns ateus e agnósticos. Os estudantes estavam, por vezes, surpresos ao saber que os vampiros recuavam de símbolos de qualquer religião - cruzes, imagens de Buda, pentagramas. Mas, como Salamanca pertencia à igreja, todos os caçadores em potencial traziam cruzes e água benta em seus kits de treinamento. De longe, porém, alguns dos mais valiosos treinamentos que recebiam vinham daqueles que não eram nem sacerdotes e nem guerreiros. Susanna Elmira, uma matronal professora de jardim, cega de nascença, treinava os alunos para combater o que não podia ver sentir e responder tais movimentos que eram muito rápido. No exame final em sua classe um aluno ficava com os olhos vendados contra três adversários deficientes visuais com espadas de madeira chamada de bokkens31. Jorge Escobar, um jovem que tinha sido incapaz de usar seu corpo inferior desde um acidente de carro quando ele tinha quatro anos, ensinava os alunos a lutar não importa o quanto eles estivessem feridos, e como se defendiam, mesmo quando eles estavam no chão. Ele os ensinou a aperfeiçoar seus pontos fortes para perto a níveis sobrenaturais. Ele mesmo poderia esmagar os ossos no pulso de um homem adulto usando apenas dois dedos. José Trujilo, um velho com transtorno obsessivo-compulsivo agudo que passou grande parte de sua vida institucionalizada, tinha encontrado um lar na academia também. Ele ensinou os alunos como ter uma maior consciência do seu meio ambiente, para ver padrões, não importa quão obscuro, e de reconhecer quando algo ou alguém não pertencia. Dois anos antes, ele havia sido o único instrutor a perceber no primeiro dia de aula que Holgar era um lobisomem. Felizmente, ele havia comunicado ao Padre Juan, que já sabia da verdade, e não exclamou sua descoberta de uma maneira que causaria pânico. Holgar conseguiu fazer isso, com seus uivos. Enquanto que a maioria dos estudantes havia aprendido infinitamente das aulas do velho, o Padre Juan estava convencido de que essas lições tinham feito Jamie ainda mais paranoico do que era, quando ele chegou à academia. 31
_________________ *BOKKENS – espada de carvalho vermelho, tipo de espada de samurai japonês.
Os nove alunos estavam em um pouco de desvantagem, da maneira como eles foram visto como desmoronamentos. Mas eles se humilharam, a fim de continuar a servir a causa. Sua dedicação deu a Padre Juan esperança para a humanidade. Estes, então, foram os bravos homens e mulheres que se sacrificaram muito nos treinamentos de caçadores. Eles tinham feito bem seu trabalho. Mesmo Antonio e Holgar se viram desafiados e tinham aprendido a aumentar seus sentidos já aguçados. Eles são uma boa equipe, ele lembrou a si mesmo. O último passageiro embarcou no avião, comissários de bordo barrando a porta atrás dele. O homem fez o seu caminho pelo corredor e para o assento ao lado do Padre Juan. Sentou-se, e Padre Juan sentiu o cheiro de sangue. ―Retire a máscara, por favor, ― o homem falou. Padre Juan endureceu e olhou para o lado a tempo de ver um vislumbre de presas. Ele lentamente puxou para baixo na sombra, pesando suas opções. Sua equipe estava espalhada no avião. Pode haver outros vampiros presentes, ou simpatizantes. Eles estavam seguindo os caçadores? Ou simplesmente viajando no avião por outras razões, ou outros planos? Na frente à aeromoça chamou a atenção quando o avião se afastou do portão. Quando ela começou a explicar as características de segurança do avião, o Padre Juan rezou para eles não precisarem usá-las. *** Skye se sentiu esmagada. Ela estava no assento do meio, em uma linha de três. O homem envelhecido sentado à sua direita, ao lado da janela, era extremamente gordo. O cara sentado à sua esquerda, no corredor, parecia que jogava futebol americano profissional. Holgar estava na fileira na frente dela, no corredor, e ela desejou que pudesse ter sentado ao lado dele. ―Buenos dias, ― o cara do futebol disse a ela. ―Oi, ― ela respondeu. ―Você fala inglês? ―Sim, ― ela disse, mantendo os olhos focados para frente. Isso ia ser um longo vôo. Ela se perguntou se poderia fazer uma pequena magia, apenas um pequeno feitiço para evitar o seu interesse. Ela olhou para o homem à sua
direita, que estava assistindo, aparentemente não tendo nada melhor para fazer. Ela mordeu o lábio. Ela já estava espalhando uma fina, para tentar não atrair a atenção da equipe. Cinco fileiras para trás e para a esquerda, Antonio também estava sentado no corredor, longe o suficiente das janelas para evitar o sol. Eriko estava no lado oposto do avião para frente, o Padre Juan atrás. Jamie encolhido na última fileira na seção intermediária, murmurando sobre o espaço para as pernas e coágulos sanguíneos. Skye não gostou. Ela se sentiu exposta, vulnerável. Ay, mi amor, você sente falta de mim? Uma voz parecia sussurrar dentro da sua cabeça. Um frio percorreu em sua espinha, e ela estremeceu. Isso sempre sussurrava quando ela estava sozinha, vulnerável. Ela viu a cabeça de Holgar se virar ligeiramente, como se algo de sensoriamento estivesse errado. Ela tomou uma respiração profunda, calma e eles relaxaram. O Senhor Futebol começou a falar sobre si mesmo, e ela tentou sintonizar a maior parte dele para fora. Ela tentou se concentrar em dissipar a montagem do sentimento do medo. Havia uma energia estranha que parecia crepitar através do avião, como a que antecedia uma tempestade que se aproxima. Quanto mais tempo eles estiverem no ar, mais intensa ela cresce. ―Oh, vamos lá. Um beijinho não vai machucar você, ― disse ele. Holgar se levantou e se virou. ―Deixe a minha garota em paz, ― disse ele, sua voz um rosnado, surdo. Skye sempre se emocionava com o som disso. O homem riu. ―Oh, desculpe, ela é sua namorada? Holgar rosnou novamente. A pequena mulher de pele escura ao lado de Holgar deu um gritinho. ―Hum, senhorita? Ela estendeu a mão e apertou botão do telefone. ―Olá? Do futebol escovou um dedo gelado no rosto de Skye. Da forma como os olhos de Holgar se arregalaram, ela sabia que ele não havia detectado o vampiro até aquele momento, ele tinha perdido o cheiro na confusão e muitos odores. Seus olhos varreram o resto do avião, e ela viu os lábios se curvarem novamente. Deusa, não! Ela poderia dizer que a partir de sua expressão de que havia mais de um vampiro no avião. Os olhos de Holgar começaram a brilhar. Ele rosnou novamente, baixo em sua garganta, ameaçador.
―Qual é o problema? ― Jamie disse, enquanto caminhava pelo corredor. A aeromoça impediu seu caminho. ―Senhor, o sinal de apertar o cinto de segurança está... ― Ela disse nervosa. ―Sim desculpe, ― disse Jamie, facilitando o atendimento nas filas do assento e abrindo caminho para ela. ―Sir, ― ela respondeu. Jamie a ignorou e continuou andando até chegar à fileira de Skye. Ele agarrou a mão do vampiro. ―Você pedaço sangrento de merda! ― Jamie gritou. ― Eu vou chamar o comandante, ― a aeromoça gritou. ―Faça isso! Chame o co-comandante, também! Ele ia mordê-la! ― Jamie gritou. Depois para o vampiro. ―Você fudido otário! Diante disso, vários passageiros se levantaram de seus assentos. Skye contou cinco. Seus olhos estavam brilhando, suas presas estendidas. Ela fechou os olhos e tentou conjurar um feitiço calmante. Seu coração estava batendo forte, ela estava com muito medo para se concentrar. ―Juntando-se a festa? ― Jamie disse, e ela piscou os olhos abertos para encontrar Antonio pairando ao lado de Jamie. Que estava vestindo sua máscara monstruosa de desejo de sangue. Ele tinha revelado a sua identidade vampírica para todos no avião. Eles não podiam começar uma briga, não com tantos inocentes no caminho, não em um avião que podia tão facilmente desabar, matando todos eles.―Não, não, ― murmurou Skye, e fechou os olhos novamente. Deusa façame um canal de sua paz... E ela sentiu a essência de Padre Juan se juntar em seu cântico, que para ele era uma oração, a Oração de São Francisco de Assis: Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver injúria, o perdão... Trabalhando junto com o padre, que já serviu à Deusa - o homem peculiar que parecia tão sem idade, e ainda assim tão aflito e cansado. Mas neste momento ela sentiu a auréola dourada de sua alma, que viveu antes, e os sonhos do seu coração, que ainda tinha para viver. E juntos, derramaram um bálsamo sobre a raiva, e sobre a sede de sangue do vampiro do futebol. Quando ela saiu de seu transe, o avião estava
pousando, e todos estavam de volta em seus assentos. À medida que saiu do avião, o Padre Juan veio até ela e balançou a cabeça. ―Eu espero que ninguém tenha visto Antonio, ― ele murmurou. ―Ninguém que não deveria ter visto. ―Nós podemos trabalhar algumas magias sobre isso, também, ― ela ofereceu. Ele sorriu. ―Ou pedir a Deus para trabalhar algum de nós. Skye lembrou as palavras sussurradas dentro de sua mente. Ela não o ouvia por muito tempo e tinha começado a acreditar que aquele que sussurrou havia perdido o contato com ela. Logo em seguida, bem ali, ela se preparava para dizer-lhe que ela tinha se escondido durante esse tempo. Ela tinha um espreitador e ele era alguém que era mau, louco e perigoso. Mas Jamie subiu uma lona por cima do ombro e disse: ―Vamos sair daqui, antes que eu rasgue o Maldito à parte. O momento foi perdido. Outra vez, Skye prometeu a si mesma. Então ela sorriu para Holgar, que carregava sua mochila. Durante a briga ele se manteve frio. ―Bem, isto foi divertido, ― ele falou lentamente. Padre Juan sorriu levemente. ―Como se costuma dizer, você não viu nada ainda. ―Vamos lá, ― Jamie projetou seu queixo e agarrou a mochila de Skye a partir de Holgar. Então ele pisou duramente em direção a saída, parou e se virou. ―Você vem? Eles saíram.
―Você parece cansada, querida, ― Modean disse a ela no café da manhã. As duas mulheres estavam sozinhas a mesa. ―Mas boa notícia. Eles reabriram a fronteira. Estaremos em nosso caminho, logo que Oral acordar.
Levou uma hora, mas finalmente eles pegaram a estrada. Como se viu, os Bethunes sabiam como subornar o guarda da fronteira para ignorar sua doce garota Jackie, que não tinha os documentos adequados para entrar em Louisiana. Eles pararam para almoçar, fizeram planos para conduzir Jenn direto para seu pessoal. Portanto, com pesar, Jenn deslizou para fora da janela do banheiro do restaurante e saiu andando pelo caminho. Em seguida, ela era apenas Jenn, na estrada balançou seu polegar como se pedindo carona, e um caminhoneiro a pegou. Quando se aproximaram de New Orleans, ele se ficou cada vez mais agitado. O homem grisalho com aproximadamente sessenta anos empurrou para trás seu boné de New Orleans Saint e olhou para ela como um anjo triste. Ele estava vestindo uma jaqueta jeans desbotada sobre uma camisa azul escuro e calças jeans rasgada e botas. Tocou o crucifixo pendurado no espelho, e então o caminhoneiro fez uma careta e sacudiu a cabeça. ―Você não deveria estar fazendo isso, querida, ― disse ele com um sotaque fanho. ―New Orleans não nos pertence mais. É deles. Eu cresci lá, e eu me mudei. A empresa de caminhões me ofereceu o triplo para ir para a cidade, eu disse que estava me mudando. Esse lugar é pura maldade. Pessoas que ficam são de propriedade deles e fazem ações por eles. Eles não têm a amabilidade de estranhos. Eles vão cortar a sua garganta antes de pedir o seu nome. Jenn ficou chocada. Coisas na Espanha era tão diferente, ela viajou com o grupo em missões, mas viveu por trás dos muros da universidade. Eles nunca tinham ouvido sobre o quão ruim estava New Orleans, se o que o caminhoneiro está falando for verdade. ―Por que eles apenas não permitem? ― ela perguntou. ―Metade deles não pode. Sanguessugas não vão deixar. A outra metade não. Muitos dos grupos de vampiros se mudaram para cá quando eles tomaram a cidade. Eles podem hipnotizar você, você sabia? Fazer você andar de um penhasco, se quiserem. ―Obrigada pelo aviso, ― disse Jenn, mesmo que ela já sabia o que ele disse. Ele puxou para o lado da estrada. ―Este é o máximo que eu posso ir.
Ela saiu da cabine refrigerada com sua mochila sobre o ombro. Lá fora, estava entardecendo, e chuviscando. Suas botas afundaram na terra pantanosa, e ela fez uma careta, puxando seu pé direito para fora da lama e à procura de terreno mais alto, mais seco. O ar nebuloso foi como uma tapa molhado contra seu rosto. ―Essa é a maneira mais rápida, certo? ― Ela perguntou a ele. Que foi o que ele havia dito. ―Sim. Eles assistem a rodovia, mas o igarapé irá escondê-la. ― Ele ergueu a mão fora do grande volante e apontou para as árvores. ―Mas eu não sei querida. Isso não parece bom para mim, agora que estamos aqui. É escuro o suficiente lá para eles estarem fora. Pelo que sabemos, da maldita Nação Unida – os Malditos – estão afiando suas presas agora, esperando por alguém como você caminhar para dentro. Você já viu uma pessoa depois que esses otários pegam elas? ―Sim, ― ela disse suavemente. ―É por isso que eu estou aqui. Seu rosto suavizou com piedade, suas linhas coriáceas cada vez mais superficiais quando ele apertou os lábios, depois de um batimento, lágrimas não derramadas brilhavam em seus olhos. ―Então você está aqui por vingança? Não há nada que você possa fazer querida. Não há nada que se possa fazer. O governo nos vendeu colocou para baixo do rio, exatamente como eles fizeram com o furacão Katrina. Deixando os vampiros nos mastigar para que eles deixassem os chefões sozinhos. Ele parece Jamie, ela pensou. Ou... Papai... Uma onde de náuseas bateu nela. Mordendo o lábio inferior, ela segurou as lágrimas. Se ela o olhasse chorando, ela nunca iria parar. Ela não podia pensar em seu pai, não agora. Talvez nunca. ―Eu posso fazer alguma coisa. E eu vou. ―Eu tentei também, ― disse ele. Então, ele apanhou o pescoço de sua camiseta e puxou-a para baixo, expondo sua clavícula. A grossa, cicatriz, irregulares roxos corria de um lugar do pescoço para o outro. ―Quase me matou.
Ela prendeu a respiração para a evidência clara de um ataque de vampiro. Alguns diziam que a mordida de um vampiro era a experiência mais dolorosa que se possa imaginar. Outros que era um gosto de céu. ―Meu irmão, ele veio por trás desse vampiro e o estacou, em cheio no peito do Maldito. ― Ele puxou a camisa por cima de deu uma tapinha no peito. ―Você deveria ter visto todo o sangue. ―Fico feliz que foi salvo, ― ela disse com sinceridade. Ele bateu o dedo contra o grande crucifixo preto pendurado no espelho, o balançando. ―Jesus Cristo salva. Eu fui resgatado. ―Eu fico feliz por isso, também. ― Ela se mudou para fechar a porta. ―Não vá para a cidade, ― ele implorou para ela, mas ela fechou a porta e deu um passo para trás quando ela acenou para ele. Ele apontou para o crucifixo de novo, e ela balançou a cabeça, sem saber exatamente o que ele estava tentando dizer, mas ele iria aceitar toda e qualquer boa vontade e bênçãos. Os pneus cantaram quando ele saiu. Uma vez ele rolou de volta para a estrada adequada, ela enfiou a mão no topo da mochila para pegar uma estaca, e ergueu-a em sua mão. Que era a maior que ela tinha. Nas mãos de Eriko ou qualquer um dos outros, era uma arma formidável. Em suas mãos... Você é uma caçadora treinada, ― ela disse para si mesma. Você pode fazer isso. Havia cinco menores vampiros em Oakland, como prova disso. Ainda assim, ela sabia que tinha sido sorte. Ela só esperava que a sua sorte se repetisse, porque neste momento ela era a única esperança de Heather. Se ainda não fosse tarde demais. Eu te odeio papai. Você poderia muito bem ter pintado um alvo em seu peito... Você morreu. Ela não podia pensar assim. O vampiro – Aurora – havia prometido manter Heather viva até Mardi Gras, que tinha nove dias à frente. Mas havia muito que Aurora podia fazer para Heather, entretanto, além de matá-la imediatamente. Torturá-la, drenando-a pouco a pouco. Jenn se obrigou a manter a calma e o controle. Ela não podia pensar como uma irmã mais velha agora. Ela tinha que ser uma caçadora, cem por cento, dentro e fora.
Ela tirou seu telefone celular e viu um bar. Esperando por uma conexão de qualquer maneira, ela discou primeiro para Padre Juan, e depois para Antonio, e não obteve sucesso. Ela esperava que eles estivessem a caminho, vindo para ajudá-la como Padre Juan havia prometido. Mas eles não estavam aqui agora. Ela estava sozinha, ciente de que Heather era a isca e que ela estava fazendo exatamente o que Aurora queria. Por quê? Certamente ensacamento de Salamanca não valia a pena todo esse esforço, especialmente quando Aurora poderia já tê-la matado. Jenn havia passado as últimas horas se perguntando por que Aurora havia se afastado em vez de terminar as coisas. Ela tinha certeza que o Maldito tinha uma razão, e ela estava igualmente certa de que ela não ia gostar quando ela descobrisse o que era. Elevando seus ombros, Jenn segurou a estaca e abriu um bolso de velcro, tirando um frasco de vidro de água benta. Se um Maldito viesse, ela poderia quebrar o frasco contra um tronco de árvore. Água benta queimava os vampiros como ácido – vampiros, ou seja, com exceção de Antonio. Não seria a prova suficiente para que ele realmente tivesse uma alma? O igarapé espirrava, embora a chuva tivesse parado. O sol lutou por entre as nuvens e as árvores cipreste. Um estranho tronco cinza de madeira saiu do turbilhão de água. Jacarés? Vampiros nas pequenas canoas de Cajun, ela leu a respeito em algum lugar? Ela apertou os olhos na escuridão, sentindo o cheiro de lama e uma corrente de podridão. Ao vivo carvalhos cercavam o igarapé, em seguida, estendendo da esquerda para a direita diante dela como um exército marchando – uma barreira e uma armadilha. Ela começou a andar em paralelo, na esperança de sair em torno deles. Havia um trecho de duas estradas mais adiante – a ―estrada‖ e a estrada para New Orleans que o caminhoneiro havia se recusado a tomar. A que ele disse que era muito perigosa para tomar. No centro da pista esburaca, um carro enferrujado jazia como um esqueleto de um animal morto. Ninguém tinha tomado esse caminho há muito tempo. Ainda assim, o sol brilhava mais brilhante ali, então ela continuou andando em direção ao asfalto, com a estaca em sua mão, atirando os dedos pela mochila de tal forma que ela poderia soltá-la imediatamente se ela
quisesse. Todo mundo na equipe podia usar uma bolsa assim como uma arma, mas Jenn não tinha bastante força superior do corpo para gerenciá-la. Ela chegou à estrada e hesitou, mas quente, veículos abandonados se estendiam no pavimento. O sol batia no metal retorcido, e ela engoliu, abraçando-se no caso de ela encontrar um corpo morto. Ela ainda não se acostumou a ver cadáveres. Mas os destroços haviam desintegrado de tal forma que ela imaginou que anos deveriam ter passado desde que eles tivessem pegado fogo, ou foram incendiados, se alguma coisa restou dessas pessoas que estavam neles, eles seriam apenas ossos limpos, agora. O pensamento fez pouco para confortá-la, mas ela continuou andando. Atrás dela, gritos raspavam, sapos coaxavam, um pássaro crocitou. Portando, não havia vida em New Orleans. Muito, menos isso. O zumbido de algo como uma libélula vibrou contra seu ouvido, o som ficou mais alto quando ela passou o carro. Ela sentiu uma vibração contra as solas de suas botas. Que era o rugido de um motor vindo por trás dela na longa estrada deserta. Ela se virou, protegendo os olhos contra o clarão. Cerca de cinquenta metros uma van de painel negra desviou em torno de um caminhão de reboque, freios guincharam. O para-brisa estava escuro e, então a janela do lado do motorista estava. Colorida? Um arrepio percorreu suas costas. O caminhoneiro avisou a patrulha sobre ela? Seria um Maldito, com uma ousadia de dirigir sob o sol? Nenhum vampiro que ela tinha encontrado havia tentado algo tão arriscado. A van assassinou o seu motor, pegando velocidade e angulando reto para ela. Deixando cair à mochila, ela correu. A van continuou chegando. O motor estava acelerado. Ela mudou-se mais rápido. O zumbido tornou-se um rugido que vibrou contra seus ossos. As árvores, ela pensou. Não seria capaz de segui-la no emaranhado de carvalhos ao lado da estrada. Mas era isso o que eles queriam que ela fizesse? Eram mais vampiros agachados sobre galhos e troncos furtivos trás, à espera? E se assim for, o que ela deveria fazer a seguir?
Os caçadores aprenderam processar situações estrategicamente. Maior prioridade era ficar longe da van. Se batesse nela, iria matá-la com certeza. Ela tinha que fazer a primeira coisa mais provável para se manter viva. Para o momento, significava as árvores. A van rugiu em direção a ela quando ela girou seus calcanhares e correu para mais perto dos carvalhos. O suor alisando suas mãos, ela segurava a estaca, sua única, e mantinha posse do frasco de água benta na mão suada esquerda. Seu coração batia freneticamente. Seus olhos não poderia se ajustar rápido o suficiente do sol brilhante para a escuridão da floresta, e ela sabia que tinha que desacelerar, ou ela iria bater numa árvore. O musgo espanhol pendurado em um galho arranhou sua testa, à medida que ela explodiu em velocidade. Em seguida, a van parou. Ela ouviu atentamente, se agachando e colocando seu punho contra a boca para quem saísse da van não pudesse ouvi-la sugando o ar. O suor pingou em seus olhos, e ela enxugou a testa com o antebraço. Isso doeu, e ela percebeu que estava coberta com muitos arranhões a partir da explosão que atravessou os ramos. ―Era uma garota, ― alguém – que soava como um cara – gritou. ―Vite! Um assobio estridente seguiu. Vite era francês para ―primeiro‖ – que também poderia significar ―pressa‖. Jenn havia aprendido algumas palavras de um aluno na academia. Simone havia saído, indo embora decepcionada, mas livre. Ela teve sorte. A maioria dos estudantes que deixavam a academia ia em sacos de cadáveres. Mas agora Jenn estava presa. Seu batimento cardíaco gaguejou, e adrenalina jorrou em seu sistema. Através de um ato supremo de vontade ela respirou devagar novamente. Seus olhos ainda não tinha se ajustado, ela estava cega, para todos os efeitos. Outro apito perfurou seus tímpanos, assustando-a tanto que ela quase caiu para frente sobre suas mãos. Se isso acontecesse, ela quebraria o frasco. Deslocando seu peso, ela fechou os olhos, lutando para se ajustar. O apito foi respondido... De algum lugar atrás dela. Seus olhos se abriram. O segundo assobiador estava na floresta. Com ela.
Antonio, ela pensou, porque cada vez que ela enfrentava a morte, seu último pensamente era dele. Seu rosto brilhou em sua mente. Ela permaneceu imóvel o cheiro do medo, do medo dela levaria apesar do abafado, pesado ar. Pisadas caiu logo atrás dela. Poderia ser um vampiro, poderia ser um ser humano. Dada à luz do sol, quem tinha saído da van era provavelmente um humano, a menos que a van tivesse rolado na sombra. E o cara tinha falado com alguém, então havia pelo menos dois deles. Talvez eles estivessem em torno dela. Finalmente, as formas escuras das árvores tomaram forma, suas cordas de musgos espanhóis pendurados como laço. Metade estirada, ela deslizou tão silenciosamente quanto pôde atrás do tronco de carvalho mais próximo. Ela esticou o pescoço em torno dele, esforçando-se para ver na meia-luz. ―Te peguei, ― alguém disse, quando um golpe caiu na parte de trás de sua cabeça.
―Agradeço a Deus pelos subsolos, ― disse Padre Juan a Antonio quando saiu do elevador de serviço e a porta fechou. Eles ergueram seus equipamentos. Ninguém tinha bagagem despachada. Tudo o que tinham trazido, eles carregavam em suas costas. Isso significava que eles estavam seriamente carentes de armas de qualquer tipo. ―Há uma porta que leva ao túnel de manutenção, e de lá, o esgoto. ― Padre Juan deu um olhar para Jamie. ―Não fume. Jamie bufou e pôs os cigarros para longe. Todo mundo estava cansado e sujo, incluindo Antonio. O sol puxou duro com ele. Quando o seu avião havia atrasado em Nova York, o perigo de que ele teria que andar no sol havia se
intensificado. Felizmente as escadas, tanto em Nova York e New Orleans eram dentro do aeroporto, protegendo-o. Eriko andou com o Padre Juan em direção a uma porta de metal cinza. Antonio olhou para Skye para ver se ela sentia algum vampiro por perto, então para Holgar para ver se ele cheirava alguma coisa fora do comum. Ele próprio não tinha. Todos estavam tensos. O contado do Padre Juan, em New Orleans tinha enviado informações destinadas a ajudá-los a se conectar com o bando de lutadores locais, mas recusou-se a conhecê-los pessoalmente. Ele disse que era muito perigoso, que ele já arriscou muito, ajudando-os a todos. A única razão que ele se envolveu era porque o Padre Juan era um sacerdote católico, como ele. ―Tão longe, tão bom, ― Padre Juan anunciou quando Eriko manteve a porta aberta. ―Ele disse que haveria um carrinho de manutenção. E, além disso, podemos chegar ao esgoto. ―Brilhante ― Jamie reclamou. Ele olhou para Holgar. ―Você gosta disso, você não, lobisomem? Um caminho que leva um córrego grande de merda? Holgar ignorou. ―E eles irão nos encontrar no esgoto? ― Skye falou. ―Esse é o plano, ― Padre Juan respondeu. ―Nós vamos fazer uma emboscada, mas como. ― Jamie disse. ―Por favor, fique quieto, ― Eriko disse. Eles encontraram o carro e seguiram a sua maneira através do labirinto de túneis de serviço, movendo-se mais profundo na escuridão e longe do aeroporto. Isso era a temporada de Mardi Gras. Antonio nunca havia estado, mas o tráfego no terminal parecia escasso para uma ocasião tão festiva. As pessoas tinham medo de vir a New Orleans. Ele pensou em Jenn sozinha, trabalhando o seu caminho aqui, e sentiu uma dor em seu coração. Ela era uma caçadora totalmente treinada, escolhida pelo Padre Juan, mas ela estava ali mais por causa dele. E ele tinha nascido em uma época que os homens cuidavam de suas mulheres. No entanto, você não conseguiu a mulher que olhou para você por proteção, ele pensou. E agora ela está morta.
Ele afastou sua culpa e se concentrou em mover a equipe para o seu ponto de encontro. Mas ele não conseguia afastar o medo. Por Jenn. As horas se esticaram, Antonio com determinação levantou o seu traseiro, quando eles continuaram indo. Então ele cheirou a morte, e olhou para Holgar, que assentiu. ―Nós estamos debaixo de um desses cemitérios, ― Holgar disse a ele. ―Eles enterram seus mortos nas casinhas. O que eles chamam em inglês? ―Túmulos, ― disse Antonio. ―Então eles não irão se lavar nos canos, ― Jamie reclamou, evitando a água escorrendo no centro do túnel que estavam dentro. ―Inferno sangrento, isso é pior do que as catacumbas. Então Padre Juan apontou, e inclinou a cabeça. Antonio o assistiu, ouvindo alguém martelando estranhamente o batimento cardíaco. Exceto... Não era um batimento cardíaco. Ele apertou os olhos concentrando-se. ―Tambores de Vodu, ― Padre Juan disse. ― Nó cemitério acima de nós. ―Mágicas, ― afirmou Skye. ―Eles ressuscitam os mortos. ―Como zumbis, ― Jamie acrescentou. ―Nós temos nada a temer. Mal conseguem se mover. Nós vamos cortálos. ―Então, por ali, ― uma voz ecoou na escuridão. O estalido de uma arma ecoou logo atrás dele. ―Amigo ou inimigo? ― Padre Juan disse em voz alta. Não houve resposta.
À medida que o golpe na nuca impulsionou Jenn contra o tronco da árvore, ela empurrou suas mãos e inclinou a cabeça, batendo-o no rosto do assaltante.
Ela o ouviu grunhir e sentiu-o cambalear para trás, e ela executou um pontapé quando ela girou para enfrentá-lo. Sua bota pegou a lateral de sua cabeça. Ele era um homem alto, de pele escura, e quando ele caiu no chão, ela se jogou em cima dele, capturando seu braço esquerdo com a perna direita. O apertando, ela empurrou em seu ombro direito e espetou no peito com sua estaca, forte o suficiente para fazer um arranhão, mas para não romper a pele. ―Não, não, não! ― Ele gritou, batendo-a com seu braço desprendido. ―Eu sou humano! ―Você me atacou, ― ela lembrou a ele, percebendo que isso não fazia sentido para ele. O que ela quis dizer era que o seu juramento não machucava os seres humanos, mas se ela precisasse se defender ela jogaria isso pela janela. ―Isso é o suficiente, ― disse alguém à sua direita. Era a voz do homem que ela tinha ouvido sair do caminhão. ―Eu tenho uma espingarda apontada para a sua cabeça. Ela era uma Caçadora. Caçadores não se rendiam. ―Eu tenho uma estaca pressionada contra o seu coração, ― ela disse, levantando-se de joelhos e permitindo que seu peso empurrasse a estaca. Agora a pele rompeu. Enquanto ele gritava, ela saiu dele, então o puxou para a posição sentada como uma boneca de pano e envolveu o peito dele. Ela reposicionou a ponta afiada contra sua artéria carótida, esforçandose para ver a figura do outro homem. Mas estava muito escuro. Se ele podia vê-la tão bem o suficiente para matá-la, ele provavelmente era um vampiro – ou ele tinha uma visão muito apurada. ―Se isso entrar, ele vai sangrar até a morte! ― Ela gritou. ―Oh, merda, merda, ― sussurrou o negro. ―Lucky, pare! ―O que você está fazendo aqui? ― O homem – Lucky – exigiu. ―Ninguém vem aqui. ―Largue a arma! ― Ela gritou, agarrando o prisioneiro sob o queixo e segurando ainda sua cabeça. ―Agora! ―Merda, ― seu prisioneiro raspou. ―Lucky, apenas faça!
―Espera, parem, todos. ― A voz pertencia de uma pessoa – uma mulher. ―Lucky, eu acho... Eu acho que ela é uma Caçadora. Ela tem a marca de Salamanca. Eles têm uma academia, não é? Eles encontraram a mochila. O casado dela tinha o bordado de Salamanca, que estava dobrado dentro. A lanterna piscou diante, lavando ela e o seu prisioneiro com a luz amarela. Ela não retirou, manteve a estaca pressionada contra a lateral do seu pescoço. Ele olhou para ela com os olhos enormes. ―Isso é verdade? ― Ele estava no chão. ―Você é uma Caçadora? Ela não respondeu. Mas ele começou a lamentar. ―Merci, ― ele sussurrou. ―Merci, Deus. ―Se você é uma Caçadora, você está entre amigos, ― disse a mulher. ―Eu juro. A luz girou contra as árvores, em seguida, deslizou sobre os rostos de uma jovem mulher e um cara – Lucky. Nenhum deles parecia mais velho do que vinte e poucos anos, talvez mais jovens. A mulher tinha os cabelos tingidos de vermelho puxado para cima em duas tranças. Ela estava vestindo calça jeans rasgado e uma camiseta preta serigrafada com uma cara de gueixa japonesa, e a mochila de Jenn estava em seus braços. Lucky parecia levemente gótico, com os olhos pintados e anéis em todos os seus dedos. Suas orelhas estavam perfuradas várias vezes. ―Veja, ― a mulher disse a Lucky, segurando o casaco de Jenn. Lucky mostrou seu rifle a Jenn e colocou-o no chão, estendendo as mãos e lentamente endireitando, com os braços acima da cabeça. A mulher segurou a lanterna firme com a mão direita e balançou a jaqueta de sua mão. O quarto estranho, um homem, se aproximou de Jenn por trás. No brilho de sua lanterna, ela viu que ele era mais alto, com cabelos grisalhos. Ele parecia estar desarmado. O quarteto olhou para ela. Ela levantou a estaca da garganta de seu prisioneiro e ficou de pé. Ela ainda não inteiramente confiava neles. Mas como o Padre Juan disse muitas vezes, tinha que seguir por instintos. Ela baixou a arma e ergueu o queixo. ―Sim, ― ela disse, de frente para os três. ―Eu sou uma Caçadora. Lucky e a mulher começaram a aplaudir e dançar. O homem que ela tinha quase estacado virou-se e jogou seus braços ao redor dela. E o homem mais velho abaixou a cabeça.
Nossos mestres têm procurado outro, e nos prepararam para um bando de lutadores. Somos enviados para fora onde nós podemos fazer o melhor – isto é, causar o maior dano ao nosso inimigo comum. Mas a criação de equipes de Caçadores é um novo conceito, trabalhando com outros bandos é igualmente novo, e temos as tensões e problemas iguais aos dos nossos mais antigos, supostamente mais sábio, as forças de combate de elite. Muitos dos que ouviram falar de nós protestaram nossa própria existência, nos chamando de filhos de uma cruzada. —A partir do diário de Jenn Leitner
― Há túneis sob a maioria de New Orleans. Eles estiveram aqui por muito tempo, ― a ruiva disse a Jenn, quando o homem mais velho apertou em um painel preto estreito na van parada atrás de um prédio belo de três andares atado com varandas de ferro forjado. ―Piratas, contrabandistas e crianças, têm os usados. Agora é conosco. E os vampiros. O nome da mulher era Suzy, e ela era de Ohio. Ela esteve trabalhando em Le Pirate, um restaurando na bela e história Vieux Carré, um bairro francês, de New Orleans. Eles haviam sido autorizados a permanecer aberto, porque, afinal de contas, as pessoas tinham que comer. Jenn descobriu que o seu ―amigo‖ caminhoneiro viu o patrulhamento do quarteto e ele parou e disse a eles sobre sua passageira e seu comportamento estranho. Havia preços em todas as suas cabeças, eles eram bandidos, rebelando-se contra o governo atual de sua cidade – e as pessoas fizeram coisas terríveis uns com os outros nestes dias. Que a fez altamente suspeitar, vale a pena conferir. Eles acidentalmente ganharam ouro, capturando um Caçador. ―Deixe-me levar isso para você, Caçadora, ― Matt, o motorista, ofereceu, quando Jenn levantou sua mochila sobre o ombro. ―Obrigada, ― ela disse, permitindo-lhe levá-la. Se ele cuidava da sua mochila, ela teria as mãos livres para lutar. Além disso, ela estava maciçamente esgotada. Ela mal havia se recuperado de sua última contusão e ela esperava que não tivesse uma nova, graças ao golpe mais recente na cabeça. Movendo furtivamente, os outros desceram. Bernard, seu ex-agressor, era o líder. Enquanto eles estavam pressionados contra a parede, ele se esgueirou pelo beco, sinalizando esquerda, direita, e acenou para Lucky, que era um fugitivo de dezesseis anos de idade, de Tampa32. Vida tinha claramente 32
TAMPA – é uma cidade dos Estados Unidos. Está localizado na costa oeste da Flórida.
a idade dele, ele parecia mais velho. Jenn reuniu o seu humor negro que ―Lucky‖ era o mais irônico dos apelidos. Ele havia fugido de casa para New Orleans, pelo amor de Deus. Eles avançaram alguns metros e pararam debaixo de uma árvore de magnólia adocicada. Engolfada em seu perfume, Jenn quase espirrou, mas ela conseguiu segurar, seu peito dolorido. Com os outros, ela assistiu Lucky correr até o centro da rua e examinar a área. Ela queria lhe dizer que o seu comportamento furtivo estava chamando a atenção, com certeza, realmente não havia maneira de deslizar para trás casualmente em uma tampa de bueiro, mas ele estava criando mais sinais de alerta do que o necessário. À medida que a tampa pesada raspava contra a rua, Lucky acenou com a cabeça uma vez. Então ele desceu. Jenn bateu no ombro de Bernard. ―Está muito escuro lá embaixo. Eles poderão atacar. ―Eles têm olhos e ouvidos em todos os lugares, ― Bernard sussurrou de volta. ―Entre os seres humanos, quero dizer. Se formos pelas ruas na superfície, nós vamos ser pegos. Monumentalmente inquieta, ela deixou debater. Ela tinha apenas a sua palavra de que eles estavam lutando contra os vampiros e os governos corruptos humanos. Por tudo que ela sabia, eles estavam indo para entregá-la a Aurora. Era assim que o Papa Che se sentia? Constantemente se perguntando quem ele podia confiar, sabendo que a qualquer momento ele poderia ser traído? Talvez por isso ele sempre fosse tão bom em ler as pessoas, seus corações, suas intenções. Se ela tivesse um pouco de sua habilidade, ela poderia ter lido mais facilmente as intenções de seu pai, antes que ele a traísse. ―Ele está pedindo por isso, indo lá embaixo, ― Jenn insistiu. Suzy se esgueirou para cima ao lado dela. Ela abaixou a cabeça e assentiu. ―Nós estamos tendo uma estúpida chance. Nós sabemos que, ― ela sussurrou. ―Nós apenas... Estamos ficando cansados. Todo mundo está olhando para nós. Os vampiros vivem em casas, e assim procedem as pessoas que os adoram. Isso deixa os esgotos para os ratos. E para nós. ―Nós temos uma casa segura lá embaixo, ― Bernard enfatizou. ―Nada é seguro no escuro, ― Jenn anulou. ―A única razão para eu descer é porque existe uma pessoa para eu salvar.
―Você vai nos salvar, ― disse Suzy baixinho quando ela curvou sob seu ombro. ―Costumava haver mais de nós. A polícia apareceu... ― sua voz foi sumindo, e ela pegou seu lábio inferior. ―Nunca ouvimos de Stan e Debbie novamente. ―Ela está dizendo a verdade, ela, ― disse Bernard. ―Está tudo de cabeça para baixo aqui em New Orleans. É uma cidade fechada. Ninguém sai. Eles advertem as pessoas, dizem a eles o que realmente está acontecendo. Telefones celulares não funcionam. Usam os ―privados‖ dos cidadãos e a internet está bloqueada. É como na Idade Média. Ela piscou, e Bernard continuou. ―As pessoas que começaram o protesto. Elas nunca mais voltaram. Havia escassez terrível de comida por um tempo, mas os Malditos começaram a receber suprimentos. New Orleans tinha a seguinte mensagem: Ande na linha, você vai viver e você vai comer. Se reclamar, você desaparece. Ela pensou em seu pai. Deu um aceno de cabeça. ―Então eles fazem isso. Andam na linha. Suzy assentiu. ―Oh, inferno, sim, eles fazem isso. E eles sorriem enquanto eles fazem isso. É claro, um monte deles, também bebem, tomam drogas. Há um monte de pós-stress traumático. E depois há pessoas fingindo que é a vida, como de costume. Que não é grande coisa. ― Ela sorriu amargamente. ―A negação é grande aqui na Big Easy. ―Então há vocês. ― Ela estava ficando preocupada com Lucky. Então sua cabeça surgiu atrás e ele fez um sinal de ―ok‖. ―Não somos nós, ― Bernard concordou. ―E você ficaria surpresa quantas pessoas nos odeiam. Eles dizem que nós vamos fazer com que todos morram. Dizem que se nós quisermos ajudar, devemos ajudar os sugadores – aumentar a oferta, diques de reparação, coisas assim. Soava muito familiar. ―Isso é tão confuso. ― Jenn olhou para o túnel. Isso era uma morte, uma armadilha. ―Olha, nós temos um lugar onde você pode descansar, telefonar para o seu povo. Nas ruas... ― Ele fez uma careta. ―Mas ela é uma Caçadora, ― Matt lembrou a eles. ―Ela vai ficar bem. ―Por favor, venha conosco. ― Suzy pegou a mão dela. ―É perigoso lá em baixo. E assustador.
Jenn de repente viu a situação de forma diferente: Aqui era um ser humano pedindo ajuda para um caçador. Ela não estava com a equipe, na véspera de Ano Novo, e jurou proteger a vida humana? Suas palavras serviram para que? Ela não tinha se tornado uma Caçadora para? Não apenas para sua irmã, mas para todas as pessoas? ―Por favor? ― Suzy implorou, com o rosto pequeno e muito jovem. Naquele momento Jenn percebeu que não tinha escolha. Ela não poderia deixar essas pessoas lá embaixo. ―Tudo bem, ― ela disse, e Suzy lhe deu uma abraço rápido. Eles correram para o bueiro e desceram para dentro do túnel, um de cada vez. Que estava mais frio debaixo do chão, e fedia pior do que o igarapé. O eco da água pingando marcando o ritmo de fogo rápido de seu batimento cardíaco, e um par de centímetros de mau cheiro de um líquido que cobria o chão do túnel. ―Vivemos em um convento abandonado, ― Suzy disse a ela, quando fizeram tantas direitas e esquerdas, então Jenn perdeu o rastro. ―É supostamente assombrado. ―É ― Lucky deixou escapar, em seguida, olhou para suas mãos. ―Como você sabe disso? ― Jenn lhe perguntou, mas ele se curvou, sua linguagem corporal gritando que ele não queria falar sobre isso. Ela podia ver os ossos de sua coluna vertebral através de sua camiseta, como se ele não comesse o suficiente, ou teve alguma doença crônica. Ele não sairia muito bem em uma luta. E quanto a Suzy, uma garçonete, Sarah Connor, ela não era. Eram esses os melhores lutadores que este grupo tinha? Ela avaliou a sua capacidade de se defender, que olhou para o rifle de Lucky. Ela sabia que Bernard estava carregando uma pistola, mas nenhuma dessas armas iria infligir muito dano em um vampiro – e nada permanente. Ela garantiu um aperto em sua estaca que era boa e firme. Tão calmamente quanto pôde, ela pegou o seu celular. Claro que não iria funcionar no subterrâneo, mas ela ainda esperava que uma mensagem atrasada viesse agora. ―Como eu disse, não há acolhimento de telefonia celular decente em New Orleans mais, ― Suzy murmurou. ―O prefeito diz que é algo a ver com
as torres de celular, mas nós sabemos melhor. ― Ela franziu a testa. ―Isso não está acontecendo na Espanha? Jenn franziu a testa e balançou a cabeça. Eles tinham recepção de telefone celular na Espanha. Como Caçadores eles mantinham seus perfis em baixa. Padre Juan os mantinha protegido das preocupações do dia a dia da guerra – e, aparentemente, do mundo. Isso incomodava porque ela estava sem contato. Mas, novamente, o que realmente importa? ―Devemos cortar a conversa, ― avisou Bernard. ―Estamos nos movendo em território inimigo. Como se a lanterna de Jenn brilhasse um uma marca sangrenta na parede. Ela engoliu um frisson de medo e olhou atentamente ao redor, olhando para as sombras. Mesmo que os vampiros vivessem nas casas, eles ainda precisavam dos túneis para se movimentar durante o dia. Bernard desligou a lanterna, e os outros fizeram o mesmo. ―Vampiros podem ver muito bem no escuro, ― ela disse. Houve silêncio. Em seguida, Bernard disse gentilmente. ―Mas as pessoas não podem ver nada. Um lembrete de que eles também tinham inimigos humanos. ―Certo, ― ela disse, desligando a dela também. Na Espanha não era assim. Eles sempre eram saudados por salvar os cidadãos. Ela balançou a cabeça. Seu pai e ela nunca ficaram juntos. Havia sido o Papa Che que lhe ensinou a andar de bicicleta, Papa Che que a encorajou a assumir riscos, mesmo que seu pai ficasse com raiva. Ainda assim, ela nunca tinha realmente compreendido quão profunda era a cisma entre o seu pai e o Papa Che até a noite da briga. Papa Che e vovó tinha chegado para jantar, e durante a sobremesa a conversa se voltou para os vampiros. Papa Che denunciou-os, e seu pai ficou furioso, dizendo que ele não teria que lhe falar dessa maneira em sua casa, não queria ouvir falar de guerra. No final, ele havia ordenado que Papa Che saísse, e vovó foi com ele. Mal a porta se fechou atrás deles, em seguida, Jenn havia escutado. Duas garotas da escola tinham desaparecido, e ela tinha certeza de que elas foram mortas por vampiros. Havia tantas coisas ruins acontecendo, como poderia seu pai fechar os olhos para eles?
Ele acusou-a de ser contaminado pelo Papa Che, disse que ela soava como uma revolucionária. ―Um de nós deveria, ― ela tinha acusado. E algo que estava movimentando na parte traseira de sua mente durante semanas veio para frente. Ela declarou que estava indo para a Espanha, estudar para se tornar uma Caçadora. Seu pai havia se perdido totalmente, gritando com ela o que uma filha seria e não faria. Ela havia o deixado, parando em seu quarto apenas a tempo suficiente para pegar seu passaporte – que tinha um único carimbo do Canadá – o dinheiro que ela havia ganhado trabalhando no cinema durante o verão, e uma jaqueta. Vinte e quatro horas depois, ela desembarcou em Madrid. Uma semana depois e ela estava oficialmente na academia em Salamanca, que fazia parte da nova classe de quase noventa adolescentes de todo o mundo. Aos dezesseis anos ela não era a mais jovem. Havia outros que eram mais velhos, também. A idade de corte era vinte e um. A menos, claro, que você fosse como Antonio, tinha dezenove anos passando pelos noventa. Conforme Jenn e o pequeno grupo de Resistência espirraram através da água, eles cresceram mais silenciosos, mais ousados. Logo moveram em absoluto silêncio. Eles andaram por tanto tempo que Jenn começou a suspeitar que estivessem perdidos. Ela pegou o telefone em concha e verificou a hora na tela. Era 2h e 55 min. da tarde. O caminhoneiro tinha a deixado às nove da manhã, e ela estava tonta de fome. Havia algumas barras de proteínas e algumas garrafas de água escondida em sua mochila. Ela estava prestes a pedir a sua mochila quando o grupo parou de se mover. Ela não sabia se Bernard tinha-lhes dado uma sinal que ela não havia pegado, ou se eles chegaram ao seu destino. Bernard acendeu a lanterna. Suzy se aproximou de Jenn. Bernard pintou um lance de escadas de madeira podre com o feixe de luz. O corrimão estava rachado e enferrujado, e a escadaria em si era repleta de recipientes de isopor com alimentos para viagem, jornais podres, e garrafas de cerveja. Que não parecia ser utilizada em anos. Mas, enquanto observava, Suzy e Lucky pegaram no canto esquerdo no que parecia ser uma faixa longa de
uma rede de camuflagem abaixo da camada de lixo e dobrada ao meio, revelando uma escada muito mais limpa. O lixo havia sido deliberadamente ligado à rede. Ela ficou impressionada com o truque inteligente, e classificou fora como algo que os Salamancans poderiam ser capazes de imitar em uma data futura. Seu rosto queimou. Era tão difícil pensar em um futuro. Se algo tivesse acontecido com Heather, o tempo em seu mundo iria parar, para sempre - até o momento em que seu pai havia traído. Traiu as duas, quando ele pensou que estava salvando a sua filha ―boa‖, enviando sua ―má‖ para a morte. Ela começou a tremer. Ela não podia pensar nisso agora. Ela não seria capaz de pensar sobre isso agora. Enquanto ela evitava sua cabeça e enxugava seus olhos, Bernard subiu a escada e bateu em uma porta de madeira em um código especial – rap-rap-rap-rap, pausa, pausa, rap-rap. Se essas pessoas fossem inteligentes, elas mudariam pelo menos uma vez por dia. A porta se abriu, e uma voz baixa e calma falou em francês. Bernard respondeu. Jenn que nunca tinha ido a New Orleans, não tinha percebido quantos os moradores de New Orleans utilizavam o francês como a primeira língua. Era como estar em um país estrangeiro. ―Bem, entrem, ― disse o orador enquanto segurava a porta aberta. Do outro lado, um jovem com cabelos escuros sob um boné preto estendeu uma cruz, e outra, uma ruiva um pouco mais velha, tinha uma metralhadora contra seu ombro, cujo objetivo estava apontado diretamente para ela. Ela manteve suas mãos à vista de todos, compreendendo – e aprovando de – sua cautela. ―Jenn, ― Antonio disse, pisando em torno dos dois homens. ―Antonio, ― ela chorou. ―Como você chegou aqui à minha frente? Esquecendo todos, ela correu para ele e jogou os braços ao seu redor. Ele segurou-a firmemente e murmurou em espanhol, tão suavemente e rapidamente que ela não conseguia entender o que ele estava dizendo. Ela não se importou. As palavras não eram importantes. Os olhos pressionados firmemente fechados, ela encostou o rosto contra o seu peito e sentiu seus
braços fortes ao seu redor, como as paredes que ela tinha construído em torno de si mesma desde que Aurora tinha levado Heather. ―Como ele pôde como ele pôde? ― Ela deixou escapar enquanto ela começou a chorar. ―Meu pai. ― Ela chorou mais duramente, perdendo-se agora que ele tinha a encontrado. ―Sí, ― ele sussurrou. ―Sí, mi amor. Ela deu para sua dor, a sua raiva, não se importado quem a visse. Ela chorou até ficar esgotada. Então ela ouviu um chiado, como um suspiro contra sua bochecha, e os músculos do braço flexionou em seu peito expandido. Ele diminuiu a distância e virou a cabeça. Do seu ponto de vista, ela podia ver a lava incandescente de vermelho em seus olhos. Afetados por sua presença, tanto quanto ela estava pela sua, ele estava mudando. Desviando a atenção dele, ela abraçou Padre Juan enquanto caminhava em direção a ela com Eriko e Holgar. Ele beijou sua testa, em seguida, fez o sinal da cruz sobre ela e entregou-lhe um lenço de papel. ―Graças a Deus você está a salvo, ― disse ele enquanto ela enxugava seus olhos. ―Pegamos um vôo de imediato, e depois fizemos contato com Marc, nós tentamos chegar até você, mas os telefones celulares não funcionam aqui. ―Este lugar é uma armadilha para a morte, ― disse Jamie, sem saber, ecoando seus pensamentos exatos. Ele inclinou-se contra a parede, encarandoa como se fosse culpa dela. Ele estava com uma garrafa de cerveja. ―Alguma coisa? ― ela perguntou ao Padre Juan, quando Eriko deu-lhe um abraço e Holgar apertou o seu antebraço. ―Sí, ― disse Padre Juan. ―Nós aprendemos algumas coisas sobre Aurora. Ela é um vampiro muito antigo. Não sabemos quantos anos. Nós não sabemos quem é o seu Sire, ou por que ela veio aqui. Os vampiros aqui estavam esperando por ela. ―Para o carnaval? ― Jenn perguntou. ―Quem sabe? ― Padre Juan encolheu os ombros. ―Mas acreditamos ter encontrado uma maneira de localizá-la. ―Sério? ― Sua voz se levantou junto com seu entusiasmo. ―Então vamos.
―Yeah, certo, ― disse Jamie, avançando. ―Que essa Aurora vai nos ter em um arrumado pacote embrulhado para presente. Isso é uma boa ideia. ―Parece que esta é uma equipe de caçadores, ― o homem ruivo disse a Bernard. ―Isso é algo que eles estão fazendo na Europa. ―A equipe? ― Bernard assobiou baixinho e olhou para Suzy, Matt e Lucky, que estavam apenas entrando pela porta. Jenn assumiu que tinham ficado para trás para substituir a camuflagem da escada. Suzy chegou na ponta dos pés para beijar o homem ruivo, cujo nome era André. Ele sorriu para ela e pressionou a ponta do dedo contra um das suas tranças. Jenn pensou que poderia ser irmão e irmã, e ela sentiu um puxão terrível no seu coração. Suzy olhou para Jenn e disse: ―Você disse que você era a Caçadora. ―Voando sob cores falsas? ― Jamie murmurou enquanto ele levantou os olhos para o teto, bebendo sua cerveja. ―Não, ― Jenn retrucou para ele. ―Ela é uma Caçadora, ― Padre Juan elaborou. ―Eriko é o seu líder. Mas todos eles são Caçadores. O homem que abriu a porta olhou para Jenn com bastantes pálpebras, os olhos um pouco caídos, como se ele tivesse visto muitas coisas tristes neste mundo. ―Eu sou Marc Dupree, ― ele disse para Jenn, ―O chefe deste grupo anti-vampiro. Em outra guerra pessoas como nós, eram chamados... ―A resistência, ― Antonio murmurou, olhando com olhos distantes. ―Na Segunda Guerra Mundial. ― Ele abaixou a cabeça. ―Eu tinha familiares que morreram lutando pela a Resistência. ―Verdadeiros heróis, então, ― disse Marc, inclinando a cabeça em deferência. ―É uma honra ter você conosco. Todos vocês Caçadores, ― ele acrescentou, como se estivesse por causa de Jamie. ―Nós sabemos por que vocês vieram – que a rainha vampiro chamada Aurora tomou sua irmãzinha. ― Ele assentiu uma vez para Jenn. ―Nós vamos ajudar vocês tudo o que nós podemos. Não podemos permitir outro vampiro como ela em nossa cidade. ―Nós iremos levá-la. ― Eriko disse simplesmente, como se sua mente não havia dúvida de sucesso.
―Merci, Marc, ― Padre Juan disse. ―Agora, se você, por favor, Jenn teve um choque terrível seu próprio pai a traiu para os Malditos, e ela foi quase morta. Você conheceu o resto de nossa equipe, podemos ir para a outra sala e criar estratégias enquanto Jenn descansa. ―Não, ― protestou Jenn. ―Eu não preciso descansar. Enquanto o Padre Juan abria a boca para responder, Jamie bufou e acabou com sua cerveja. ―Padre, ― ele disse. ―Se fosse um de nós que tivesse sido tomado – Holgar – disse – você diria a ela para descansar? Ela é parte deste time, e se ela quer a minha ajuda, ela está muito bem puxando o seu próprio peso. ―Ela está ― Antonio rangeu, movendo em direção ao irlandês tão rapidamente que Jenn não o viu fazer isso. Nem Jamie, que empurrou para trás, correndo para Holgar. ―Woof, ― Holgar falou lentamente, sorrindo levemente. Jamie apertou sua mandíbula e dobrou os punhos, e o coração de Jenn pulou em uma batida. Jenn se perguntou se os estranhos tinham sido informados de que Antonio era um vampiro. Como se pudesse ler sua mente, Antonio deu uma aceno com sua cabeça de um movimento rápido e olhou para ela normal, com seus olhos escuros. ―Por favor, basta, ― Padre Juan disse, olhando para os seus anfitriões e lançando um olhar de advertência para Antonio. Os temperamentos eram curtos. A tensão na sala era densa e todo mundo estava na borda. ―Temos um plano, e já está em jogo. Jenn exalou lentamente quando Marc Dupree olhou longo e duramente em Antonio. Então ela percebeu que um deles estava falando. ―Onde está Skye? ― Ela perguntou. ―Ela é o plano, ― Padre Juan respondeu.
― Coloque a máscara, borachín, ― disse Estefan para Skye quando ele estendeu a sua semi-máscara decorada com laços roxo e preto e penas. Um pentagrama de prata cintilante com ametistas brilhava no centro da testa da máscara. Estefan lhe disse que o pentagrama havia pertencido ao senhor Dashwood, o feiticeiro aristocrático que havia criado o ritual na caverna secreta em sua propriedade em 1740. ―Não me chame assim, ― Skye reclamou. Seu apelido espanhol para ele era ―um pouco bêbada‖, em honra da noite que se encontraram, quatro meses antes, no sol de Verão, na cerimônia de casamento de sua irmã em Stonehenge. Os Yorks eram feiticeiros poderosos, altamente respeitados, e Melody York unindo-se a família Highfall de bruxos era o evento da temporada. Todos precisvam de um bom tempo – Londres foi invadida pelos Malditos, e as bruxas em todos os lugares estavam se escondendo, já que era época de opressão, e o pior era os tempos de combustão no século XVI. Muitos decretaram que o casamento Wiccano de Melody seria o último que uma bruxa participaria publicamente. Na festa após o ritual de união, Skye tinha bebido muito vinho – ela não estava acostumada a beber – e ela tinha flertado descaradamente com um visitante de fora da cidade, o bruxo Estefan Montevidéu. O espanhol usava um smoking preto com um fantástico botão de rosa preto, todos os bad-boys viram o seu vestido leve frou-frou verde que Melody tinha forçado Skye a usar como sua acompanhante de honra. Com sua coroa de flores e fitas em tons pastel, Skye parecia uma fugitiva de uma feira renascentista. Mas Estefan olhou como se tivesse gostado. Muito. Depois que ele veio até ela com um copo de vinho, ela não decidiu ir embora e imediatamente mudou para um espartilho de couro preto, saias vermelhas e botas pretas de fivelas, que tinha sido seu plano desde o começo. Antes que ela sequer soubesse o que estava acontecendo , ela estava dançando o tango – e ela jamais dançou – nos saltos altos prateados que ela tinha jurado queimar logo que Melody e Llewellyn Highfall jurassem ser fiéis um com o outro enquanto o amor durar.
Então Estefan desarrolhou a garrafa espanhol orujo que ele trouxe, e logo ela estava escondida atrás de uma das grandes pedras de Stonehenge, tirando fotos com ele e seus três irmãos Coven da Espanha. Eles eram de Cádiz. Estefan disse que a mágica era tão comum lá que havia um pentagrama no chão da igreja católica. A maneira como ele falou – relaxada, divertida, carinhosa e cheio de vida – Skye quase esqueceu de que os Malditos estavam tomando conta do mundo e que odiava as bruxas, quem eles temiam. ―É somente através da nossa magia que estaremos a salvo dos Malditos, ― Insistiu ele, olhando duramente para ela. ―E eu usaria todos os bits de magia que eu tenho para manter você segura, Cielito. Ele era muito macho, excitante por assim dizer. A mágica de amor e desejo rodou na brisa do verão que flutuava em torno de Stonehenge, e Skye se apaixonou por ele duramente. Com seu sotaque espanhol sexy e sua pele dourada, o corpo musculoso, ele era impossível de resistir. Eles passaram a última hora da festa do lado de fora. Ela não tinha nem mesmo quatorze – ela não tinha idade – e seus pais teriam ficado com raiva se soubesse que ele tinha dezoito anos. Isso era motivo suficiente para manter seu relacionamento em segredo. Na próxima lua cheia Estefan revelou a ela que ele era um Bruxo Branco, chamado de feiticeiro – um bruxo que servia Pan, Deus da floresta, e não a Deusa. Ela ficou chocada, mas também emocionada com o quão inadequado ele era. Além disso, ela estava tão apaixonada por ele que ele poderia ter sido um feiticeiro completo e ela não teria se importado. Claro, ela tinha que esconder o relacionamento de seus pais. Isso foi fácil: Os Yorks estavam distraídos com a ameça crescente dos Malditos representados por Magia negra - uma vez que as bruxas poderiam detectar a presença de vampiros – e, curiosamente, deu a Skye liberdade do que ela estava acostumada. Então ela via mais Estefan, que manteve pressionando-a a adorar a lua com seus irmãos e a si mesmo. Uma vez que Estefan falou para Skye que estaria transplantado com o seu clã celebrando a lua cheia no final da tarde, ela teve tempo de terminar a sua obrigação e depois se juntou a ele. Seu clã estava na floresta, na calada da noite, todos mascarados. Bruxas Brancas nunca usavam máscaras, mas Estefan disse a ela que as máscaras eram tradicionais, por que séculos antes, as bruxas brancas perseguiram as bruxas escuras – na verdade, as brancas tinham
se originados do termo ―Dark‖ – e eles tinham sido tão intolerantes com a adoração de Pan quanto a igreja católica tinha sido com a bruxaria. O ritual foi quase idêntico ao de Skye, exceto que Pan recebeu as honras ao invés da senhora Deusa. Ela permaneceu em silêncio durante os cânticos, e ninguém se importou. Quando Estefan tinha a chamado na manhã seguinte, ele havia dito que ela tinha sido magnífica. Ela se sentiu magnífica... feliz e cheia de luz, não escuridão. Magnífica. Toda vez que ela estava com ele, seus pés mal tocavam o chão, e ela tinha sido tão feliz que ela caiu em prantos. Ele a levou em torno de Londres em um jaguar, e ele estava além de ser rico. Os pais de Skye acreditavam que a bênção de poderes mágicos poderia ser usado apenas para beneficiar os outros, e não a si mesmo. Eles viviam do que seus pais fizeram dos empregos mundanos – seu pai era um engenheiro de software, e sua mãe era proprietária de uma padaria. Estefan disse que era ridículo. A única regra tradicional da bruxaria era – não prejudicar a ninguém, faça o que você quiser. O que seria machucar ninguém, para se tornar rico? Então, ele tinha usado a magia para ficar rico – ela não tinha certeza como – e ele a cobria de presentes, muitas roupas góticas de alta qualidade, um pouco de steampunk33, botas fabulosas, sapatos e uma varinha mágica que ele afirmou ter pertencido a Ifigênia de La Tour, uma bruxa famosa que viveu em Paris durante a Belle Epoque, na parte inicial do século XX. Ela guardava tudo, embora, assim seus pais não fariam perguntas. Ele a adorava, a amava, e ela aquecia seu sangue espanhol. Ele queria que ela casasse com ele para que ele pudesse protegê-la dos Malditos. Ela ainda podia viver em casa com seus pais, quem saberia que eles se uniram? Era tempos selvagens, apelando para o trabalho selvagem. Em seguida, era Setembro, e ela escapou para celebrar o equinócio vernal com Estefan. Mas desta vez ela não se lembrava o que tinha acontecido. Ela acordou em sua cama, não lembrando de como ela chegou ali, e ela tinha uma pequena tatuagem - um coração do dia dos namorados 33
STEAMPUNK - Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradígmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor.
realizado na boca de uma gárgula. Era aproximadamente de duas polegadas por duas polegadas, e era semelhante ao símbolo utilizado pelos Malditos – um morcego voando carregando um coração. Suas duas melhores amigas, as gêmeas Soleil e Lune, dificilmente poderiam entender quando eles tinham ciúmes. Ela telefonou para Estefan, que riu. ―Você queria. Você perguntou para ele, borachín, ― ele disse a ela. Um pouco bêbado. ―Fomos a uma loja de tatuagem. Ela ficou horrorizada. Soleil e Lune tentaram apagá-la com magias, mas de nada adiantou, e isso coçava muito quando estava cicatrizado. Em seguida, ela começou a ter pesadelos horríveis sobre bailes de máscaras que ela e Estefan participaram, em uma caverna úmida subterrânea decorada com tapeçarias escarlate e iluminada com tochas. Ela estava vestida totalmente de preto com roxo, e ele usava tudo preto. Todo mundo ali era vampiro... Estefan bebeu o sangue com eles, e tentou forçá-la a fazer isso, também. Cada vez que ele levava o copo aos lábios, ela acordava. Em casa. Na sua própria cama. A tatuagem a incendiando. Após uma semana de pesadelos, ela estava exausta, com olheiras terríveis em seus olhos, seu rosto irrompido. Sem ter ideia da causa da melodia, os pais dela realizavam magias de cura sobre ela, mas nada funcionou. Soleil e Luna disse a ela que se não rompesse com Estefan, elas iriam dizer aos pais dela sobre ele. Desesperada, ainda apaixonada, ela foi para Estefan e lhe disse o que estava acontecendo. Ele envolveu os braços em volta de sua cintura e a puxou para mais perto. Ele sussurrou em seu ouvido: ―Esses sonhos com você, o que aconteceria se você bebesse o sangue, mi amor? ― E seus dentes contra a sua orelha entraram um pouco bruscamente. E ela soube então, que a sua mágica estava entrelaçada com os Malditos. Ela não sabia como exatamente, mas sabia que ele não era apenas um bad-boy. Ele era um homem mau, e perigoso, e ela tinha que ficar longe dele. Mas de alguma forma ela esta lá, em frente ao fogo do inferno na caverna de seus sonhos, vestida com um espartilho roxo apertado, misturado
com preto, sobre anáguas pretas cortadas em roxo, uma capa preta dobrada em seus braços. A sua bota atingia a altura dos joelhos. As outras garotas presentes eram muito mais sexy, mergulhando em vestidos pretos curtos e saltos altíssimos. Elas já estavam em suas máscaras, e ela não conhecia qualquer uma delas. Esse era o ponto. Nenhuma das meninas de seu clã deveria estar aqui. Ela podia admitir a verdade – isso não era magia, mesma escura, isso era negra. Eu não devia ter vindo, Skye pensou miseravelmente, segurando a capa contra o peito quando ela estudou a máscara. Eu deveria ter terminado com ele por telefone. Mas a verdade era que ela estava com medo. Se ela o irritasse, o que ele faria? ―Esta noite, ― disse ele, enquanto colocava a máscara contra o rosto e amarrou-a com fitas pretas. ―Vamos nos casar. Deixe-me ajudá-la com o seu manto. Os outros sorriram para ela enquanto deslizava para a entrada da caverna. Antecipação rodou no ar da noite, a lua brilhava baixo sobre os cabelos de Estefan, e por um instante, uma luz vermelha dançou em seus olhos. Seus dentes... eles estavam longos e afiados? Oh, minha Deusa, ela pensou, ele é um vampiro? Poderia ela não saber? Como não foi possível? Bruxas sentiam a presença dos Malditos a distância, por que não o sentiu? Não era por isso que os vampiros odiavam? ―Vamos, mi amor, ― ele murmurou vigorosamente. ―Vamos fazer isso acontecer. ―Fazer acontecer o que? ― Sua voz se levantou estridente, e ela olhou na direção da caverna. Luzes vermelhas e laranjas iluminavam a entrada, como o portão para o inferno. Ela tropeçou para trás, com medo. ―Estefan? O que está acontecendo? Ele estreitou os olhos, e de repente o bruxo bonito masculino era algo totalmente diferente, algo que ela suspeitava que estava sob seu encanto. Era como se ele tivesse tirado a máscara e, finalmente, mostrou-lhe o seu verdadeiro rosto. E era mal.
―Nós realmente fomos, não é? ― Ela sussurrou. ―Para essas partes. Ele deslizou sua máscara até a metade, enquanto caminhava em sua direção. ―E não vai machucar, ― disse ele. Seu coração bateu quando ela cambaleou para trás. Ela sabia que para as profundezas da sua alma que ele estava mentindo. Isso machucaria. Muito. Algo mudou em sua visão periférica. Três mascarados, encapuzados, surgiram a partir da caverna, carregando tochas. Ela reconheceu suas silhuetas, eles eram companheiros espanhoís do clã de Estefan, que vieram para ajudálo, vindo para ela. Se tivesse sido esse o plano todo esse tempo? Estefan pegou a mão dela. ―Você estará segura, ― disse ele. ―Porque eu vou ser um deles? ― o medo frio a inundou. Ela podia sentir a si mesma congelando, incapaz de se mover como um feitiço sobre ela. Reunindo a sua própria magia, ela lutou de seu toque hipnotizante, concentrando-se sobre o perigo de que ela estava entrando. ―Nós não seremos exatamente os Malditos. Eles querem que nós utilizaremos as magias do seu lado, ajudando-os. Nós iremos ser mudados, mas não convertidos. ― Ele parecia ignorar a magia que ela estava tecelando. Pode ser que ele fosse muito mais poderoso do que ela, mas ele conhecia a mágica dela? ―Ay, hermosa, mi dulce, mi alma34, ― ele sussurrou, todas as palavras doces que ele sussurrava em seu ouvido durante esses últimos meses, suavizando-a, fazendo a acreditar que ele a amava. ―Será que você... Você fez algum tipo de acordo? ― Ela não iria olhar para ele. Ele poderia enfeitiçar mais plenamente caso ele pegasse o seu olhar. ―Sí, mas vai beneficiar você também, ― ele respondeu. Sua mão apertou em torno de sua mão, deslizando até cercar seu pulso. ―Escúchame. Eles vão assumir este mundo. É inevitável. Mas aqueles entre nós que estão do lado com eles, que irão se tornar como eles, vão ficar bem. ― Ela ouviu a certeza em sua voz. ―Não, oh, não. ― Ela puxou a mão dele. ―Não, por favor. Ele tocou seu cabelo com a mão livre. ―Isso vai ser muito mais rápido. Eu prometo. 34
AY, HERMOSA, MI DULCE, MI ALMA – ei, bela, minha doce, minha alma.
―Isso agora acabou ― ela disse. E, de algum lugar profundo dentro dela, a fúria ferveu em uma fumaça fervilhante de magia. Ela quase podia ver enquanto atravessava seu corpo fisicamente, em seguida, dentro do plano imaterial, onde a magia adquiriu sua força. Para o seu espanto ele se manifestou quando uma bola de fogo explodiu de sua mão livre e bateu em seu rosto mascarado. As chamas dançaram por todo o veludo preto e Estefan se lançou, gritando e agarrando o tecido. Os irmãos de seu clã correram na direção deles. Skye gritou e girou nos calcanhares, correndo o mais rápido que pôde, implorando a Deusa para ajudá-la, salvá-la. Bolas de fogo caíram para a esquerda e direita, e em seus calcanhares, mas ela continuou correndo, sussurrando para a Senhora em latim, ―Conservate me! Conservate me! Conservate me! Ofegante, seus pulmões ardendo, ela alcançou a estrada principal e pegou uma carona para casa. Assim que ela cruzou o limiar da casa de sua família de tijolos cobertos de hera, seu celular tocou. ―É melhor correr, ― Estefan fundamentou com uma voz rouca e ferida. ―Corra rápido. E longe.
E ela correu… para Salamanca, para proteção. Ela descobriu que a Academia espanhola seria o melhor lugar para se esconder de um Bruxo das trevas espanhol, e que ela iria aprender a se proteger com magias novas. Ela não tinha compreendido o que o treinamento implicou – não tinha percebido que ela se tornou alvo de inimigos, quando ela se tornou um membro de uma equipe de caçadores. Pior, na primeira noite, ela estava lá, ele chegou a ela em um sonho. Eles estavam em um brilhante baile de máscaras, iluminado com velas e tochas, e ele levantou a taça... Ela acordou ofegante. Uma semana depois ela recebeu um cartão postal de Cádiz. Quando ela leu, ela ouviu a sua voz – um pouco de magia. ―Eu não vou desistir, mi amor. Eu ainda te amo.
Ofegante em voz alta, ela rasgou o cartão postal em vários pedaços e alimentou-os cada um na chama de uma vela votiva colocada diante da estátua da Virgem Maria na capela da universidade. A Virgem era a Deusa, em seus olhos. E a Deusa a ajudaria a se tornar uma Caçadora, capaz de afastar qualquer ataque que Estefan pudesse lançar. Porque ele não a amava. Ele queria usá-la. Um mês depois, um segundo cartão postal havia chegado: ―O amor nunca morre. Seis meses depois, outro cartão postal, sussurrando ameaças camufladas como palavras de amor. ―Eu estou indo por você. Um ano depois o outro. ―Para sempre. Eternamente. Mas ele nunca tentou se aproximar dela, e ela não tinha ouvido falar dele em oito meses. Ela pensou que estivesse certa – não havia segurança em grupo. Seus pais não tinham compreendido, e nem aprovado quando ela saiu para se juntar a Academia. Como os pais de Jenn, eles eram contra isso. Bruxas não lutavam com pessoas e elas certamente não participavam das guerras. Elas permaneciam neutras, focadas em curar as feridas de corpos e almas, para o éter de magia, e com a Mãe Terra. Isso era um anátema para uma bruxa por fazer violência. Se os pais de Skye soubessem da bola de fogo que tinha atirado em Estefan, eles poderiam ter ido longe a ponto de renegála. Em seus olhos armas conjuradas era errado. Ela era uma bruxa apenas conhecida por ter estudado na academia. Antonio havia ajudado com livros antigos de magias que encontrou nos arquivos empoleirados da biblioteca. Com séculos de idade, as páginas de pergaminho crepitavam com encantamentos escritos por bruxos espanhóis – muitos dos quais a Inquisição tinha queimado na fogueira. Ambos, Antonio e Padre Juan garantiram a Skye que, embora ela não tivesse se tornado uma Caçadora, ela era muito valiosa. Palavras de uma bruxa branca se espalharam por Salamanca e ela foi chamada pela Corte, uma confederação internacional de jovens bruxas, algumas brancas, algumas das Trevas e até mesmo algumas que seriam de Magias negras – que acreditavam que numa posição neutra sobre vampiros era por si só um ato prejudicial. Elas
não poderiam ficar passivas enquanto os Malditos derrubavam governos e assassinavam pessoas. Soleil e Lune tinham se juntado, também, e elas mandaram atualizações de Skye para os seus pais. Ela queria contar a Antonio sobre Estefan, mas uma das questões colocadas aos candidatos para a academia era “Você tem todos os inimigos que poderiam fazer chantagem ou pressão que você se voltaria contra a causa?” E ela havia mentido e disse que não. Agora, ela tinha vergonha de confessar, o que era uma das razões por que ela mantinha distância do Padre Juan. Ele ficaria um pouco assustado. Na verdade, muito. E ela tinha quase certeza de que ele já sabia muito sobre ela, mas do que ela imaginava. Ela não contou a ele sobre a Corte, também, porque as bruxas disseram para manter em segredo do mundo. Mas Antonio foi gentil com ela e passou horas treinando com suas magias. Ele era religioso ao extremo – ele estava estudando para se tornar um Padre Católico quando ele foi convertido, a ironia não passou despercebida por ela – mas ele não era místico e misterioso como Padre Juan. Ele lhe disse que ele orava por cada pessoa da equipe todas as noites, e ela acreditava que suas orações os mantinham em segurança. Ela sentia um vínculo com ele. Ela não o amava a maneira como ela amava Jamie – um amor que ela realmente não podia explicar – e que, na verdade, era uma das razões de que gostava tanto de Antonio. Confiava nele. E agora, no esgoto do bairro francês, ela tinha colocado a sua confiança nesses dois membros da Corte, anteriormente meros nomes em uma sala de chat: A feiticeira sombria Branca chamada Mikhu, e Theo, um sacerdote vodu quente – praticante – cujo ambos viviam em New Orleans e confirmaram que um novo vampiro decano – rainha – estava na cidade. Eles não sabiam se o nome era Aurora, mas sabiam que ela estava aqui por uma razão, e eles estavam ajudando Skye se preparar para encontrá-la. Conforme os espinhos de magia dispararam sobre sua pele, ela visualizou o rosto triplo da Deusa – empregada doméstica, matrona, anciã – visível em uma infinidade de aspectos a partir das borboletas de arco-íris, e manteve a imagem de seu próprio rosto mudando em resposta à sua própria necessidade.
―Ok, você está ótima, o que significa que você olha horrível, ― disse Mikhu, quando ela e Theo ficaram para trás e admiraram seu trabalho. Skye tinha conjurado um glamour da magia original em si mesma, e a bruxa e o sacerdote tinha dado um impulso. Ela precisava de toda ajuda mágica para que ela pudesse chegar a passar por um vampiro, em um reduto de vampiro. ―Agora o teste final, ― afirmou Theo, segurando um espelho. ―Trabalhe isso, cara. Skye convocou toda a energia em volta dela, uma barreira difícil de ver estava entre ela e o vidro. Funcionou. Nenhum reflexo apareceu – ou melhor, havia um reflexo ali, mas ninguém podia vê-lo. Ela baixou a magia, e seu rosto apareceu, suas tranças rastafári queridas, intactas. Uma vez ela tinha fugido de um homem que queria transformá-la em um vampiro, ou algo muito parecido a um. Mas agora ela magicamente forçou um brilho vermelho em seus olhos e seus dentes quiseram se alongar. Com toda a força da magia branca atrás dela, ela assumiu a aparência de um Maldito com sede de sangue, inclusive. Então, com a ajuda de seus dois amigos, ela teceu uma magia de atração, incentivando as pessoas próximas, sejam eles humanos ou vampiros, para procurá-la. ―Caramba, eu sinto isso, ― disse Mikhu a ela. ―Ei, femme magique, dê um passo no lado selvagem? Skye sorriu debilmente. Ela levantou os olhos para Theo, que deixou sua língua sair de sua boca. ―Você tem o suco, Cher, ― ele assegurou a ela. ―Você é um ímã completamente. ―Okay. Bem, ― disse ela. Ela respirou fundo. ―É melhor eu ir. Theo levantou um dedo. ―Não respire. Ou pelo menos não pareça que você está respirando. ―Entendi. Sem respiração, ― disse ela. Ela empalideceu. ―Eu espero que eu possa conseguir fazer isso. ―Que a Deusa esteja com você, ― afirmou Mikhu, ambos beijaram sua testa. ―Vamos alertar a Corte para orar por um dos nossos em perigo. ―Mas nenhum detalhe, ― afirmou Skye.
―Zero ― Theo prometeu. Em seguida, eles caminharam para as sombras. Ela ouviu seus passos se afastando, tentando chamá-los de volta dezenas de vezes. Mas ela tinha que fazer isso. Ela se ofereceu para a missão, e ela era a mais provável para isso. Ela olhou para o anel no seu dedo de prata e perguntou se ela deveria ter o jogado fora. Tinha a forma de uma lua crescente acondicionada em torno de uma pedra da lua. Ela usava-o como um lembrete constante de quem ela era então ela não correria o risco de se perder novamente. E agora aqui estava tentando perder-se. Um momento depois ela sorriu a contragosto. Vampiros tinham todos os motivos para adorar a lua, tanto como as bruxas. O pensamento lhe deu a força para não chamar os outros de volta ao invés de começar a andar. Enquanto ela caminhava sozinha, tremendo, ela orou para que Estefan não estivesse entre eles, que gravitou em direção a ela agora. Que ele finalmente desistiu, ou tinha voltado à Europa, ou – melhor de tudo, que ele tivesse morrido. Quão horrível, para desejar a morte de alguém. Não estou prejudicando ninguém, ela pensou, fazendo o que eu quero. Dedos cruzados para que o vampiro novo na cidade fosse Aurora. Dedos cruzados para que o vampiro olhando para fora das sombras, com olhos vermelhos demoníacos agora pudesse levar Skye para ela. O vampiro sussurrou para ela. Calafrios fizeram cócegas em Skye de seu ombro ate sua espinha. Deusa proteja-me, eu conjuro você, ela orou. Eu sou sua filha. Estou no seu atendimento. E então ela sussurrou de volta.
Bruxas, lobos e amigos mortais Há um terror que não termina A guerra é conduzida e batalhas travadas Mas você já parou para contar o custo? Nós somos aqueles apoiados por direito Nós devemos atacar com coragem Os Malditos são inocentes Se você ver um caçador, informe-os.
Padre Juan acompanhou a equipe até a capela do convento abandonado. Com o segredo da escada do túnel, que teria sido usada por escravos fugitivos e piratas, o convento não sentia como uma casa segura. Marc e seu grupo tinham ridicularizado e acompanhado Jenn perguntando sobre Lucky por ter dito que o lugar era assombrado. Ela queria fazer mais perguntas, quando Lucky se recusou a se juntar a eles na capela para a missa, mas pediu ao Padre Juan que ouvisse em confissão mais tarde. Enervada, ela tinha certeza de que eles estavam escondendo algo. Talvez eles estivessem com medo de que se os caçadores descobrissem o que era então os Salamancans deixariam. Não havia eletricidade no prédio, e todas as janelas haviam sido pintadas de preto, em seguida, embarcou mais para esconder evidências de que estavam vivendo aqui. Além disso, eles não usavam os quartos exteriores, apenas aqueles sem janelas. Estava frio e úmido, e Jenn não sabia como descrever isso de outra forma, exceto ―hostil‖. O corredor até a capela estava totalmente escuro, e quando eles fizeram o seu caminho com lanternas, Jenn permaneceu hiper alerta para o movimento, para o ataque. Antonio carregava uma lanterna também, embora ele não precisasse. Passando debaixo de um arco de pedra na sala gelada, Jenn cheirou poeira velha e incenso. Ela pensou sobre os fantasmas das freiras em preto e branco, deslizando através da escuridão. A capela tinha uma estátua de pedra branca com olhos da Virgem, e um lugar vazio na parede atrás do altar, onde uma cruz deveria estar pendurada. Jenn andou desconfortavelmente para o local vazio, olhando em volta por
mais cruzes. Vampiros tinham assumidos as igrejas em todo o mundo, jogando fora quaisquer símbolos religiosos agressor. O padre acendeu uma vela e colocou no altar enquanto Marc apressadamente limpava o espaço sagrado com um pano de prato. Gentilmente, Padre Juan o parou, e Marc juntou-se à linha de cinco no banco da frente, que estava meio apodrecido, a madeira estilhaçada desmoronando sob a mão de Jenn, enquanto ela estava ao lado de Antonio. Padre Juan levantou as mãos, e os seis – Jenn, Antonio, Jamie, Eriko, Marc e Bernard – ajoelharam-se sobre os travesseiros de camas para proteger os joelhos do frio. Jenn balançou ao lado de Antonio, calafrios, desejando o calor do seu corpo. Mas Antonio não tinha calor físico para dar a ela. Como ela não era batizada catolicamente, ela não comungava, mas Antonio fez. Ela observava, fascinada, quando o Padre Juan colocou o corpo na língua de Antonio, então lhe ofereceu o copo. Qualquer outro vampiro que visse teria gritado em agonia. Mas Antonio fechou os olhos e fez o sinal da cruz, baixou a cabeça sobre as mãos e rezou. Padre Juan falou sobre a paciência. Ele citou Coríntios dois 6:4, primeiro em Latim – ―sed in omnibus exhibeamus nosmet ipsos sicut Dei ministros in multa patientia in tribulationibus in necessitatibus in angustiis” – e depois em inglês – ―mas, com tudo recomendando-nos como ministros de Deus, na paciência, na aflição, na necessidade, na angústia...” Jenn tinha certeza que ele tinha escolhido o verso – e o sermão – para ela. Apesar de a temperatura gelada, ela estava suando. Era tudo o que poderia fazer para evitar pular em seus pés e estourar para fora, correndo pelas ruas do bairro francês gritando o nome de Heather. Parecia tão errado por estar orando, essencialmente porque não estava fazendo nada. Então, como seu sentido quase mágico de saber o que ela estava pensando, Antonio pôs a mão esquerda sobre a sua direita e enlaçou os dedos nos dela, assumindo um gesto de oração. ―Isso está fazendo alguma coisa, ― ele sussurrou, com uma voz tão baixa que só ela podia ouvi-lo. ―Você acredita em feitiços mágicos? O que eles são, mas orações?
Ela não lhe respondeu. Quantos milhões de pessoas haviam rezado pela derrota dos Malditos? Para os entes queridos que tivesse sido assassinados, ou convertidos? Quando pronunciados por uma bruxa, um feitiço mágico funcionava. E a violência funcionou. Enquanto Suzy e Lucky preparavam um jantar de arroz sujo e linguiça, Padre Juan ofereceu uma demonstração de Krav Maga, uma arte de rua de combate de guerra praticada pelo Mossad, as forças especiais de Israel. Era a primeira forma de autodefesa oferecida na academia. ―Baseia-se na luta básica de rua, ― Padre Juan explicou a Marc quando Jamie assumiu uma posição inicial, as pernas afastadas e soltas, as mãos na frente de seu rosto. Marc imitou Jamie, pronto para lutar. Ele era mais alto do que Jamie, e possivelmente mais musculoso – Jamie era magro. Marc tinha mais força – e luz em seus pés. Eriko e Padre Juan montaram uma demonstração na sala de jantar do convento antigo, iluminada por uma lanterna fluorescente de acampamento. Metades das mesas decompostas e cadeiras de madeira surrada, empurrada para as paredes, foram banhadas com luz branco-azulada gritante. Ao lado de Antonio, Jenn estudou o padre, que estava sentado em uma cadeira comum com um cobertor azul escuro sobre seu colo, bebendo um copo de vinho. Sua semelhança com a estátua de São João da Cruz que guardavam os portões da universidade estava reduzida, ele parecia uma pessoa normal e Jenn reconsiderou todas as histórias que ela tinha ouvido falar sobre o Padre Juan. Talvez as pessoas precisassem dele para ser especial, mágico, porque então ele iria treinar caçadores que realmente iria salvá-los. ―Qualquer um pode usar Krav Maga, ― Eriko começou, em pé entre os dois lutadores em potenciais. ―As pessoas mais velhas, aquelas sem treinamento em artes marciais. Krav Maga explora as reações defensivas naturais das pessoas e mostra como usá-los como armas. ― Ela moveu as mãos e deu um passo para trás, sinalizando o início da luta. ―A ideia não é dançar alguma dança extravagante, mas sair vivo, ― Jamie afirmou, avançando e atacando a mandíbula de Marc, dando um soco,
certificando-se que ficou claro o que tinha feito teria os dentes de Marc e ele estaria nocauteado. ―Você conhece melhor, ― afirmou Holgar do seu lugar no canto, apontando para os dentes da frente para Jamie, que eram na verdade uma prótese. Jamie havia perdido seus dentes originais em uma sessão de treinos três meses depois de entrar para a academia. Ele deveria ter usado um protetor bucal, mas ele se achava muito macho para usá-lo. Tisha, a menina que tinha derrotado ele, perdeu sua vida para um vampiro, na noite de seu exame final. Jamie e Marc passaram alguns movimentos a mais. Jenn observou distraidamente, obsessivamente retirando seu celular e verificando a hora desde que ela não poderia receber quaisquer chamadas. Ninguém sabia quando Skye iria entrar em contato. Repleta de ansiedade, mal conseguindo se sentir, ela queria sair e procurar Aurora também, e não ficar assistindo Jamie se exibir. ―Isso é ótimo, ― afirmou Marc, prendendo o seu cabelo quando Eriko anunciou que Jamie havia ganhado. Marc obviamente, não se importou que ele estivesse perdido. Encharcado de suor, ele estava pulsando. ―Nós podemos realmente usar isso. Temos um ginásio a algumas ruas acima. Você estaria disposto a executar algumas sessões de treinamento para nós, lá? Como você pode estar falando sobre isso agora? Jenn queria gritar. Aurora está com minha irmã! E nós não sabemos se Skye está viva ou – pior. ―Eu acho que nós poderíamos lidar com isso, ― Padre Juan disse, erguendo a taça de vinho quando Marc se esbaldou estabelecendo uma garrafa de água. ―Para a paz. ―Para a guerra, ― Marc anulou. Jenn olhou para seu visor do celular novamente. Um minuto tinha passado desde a última vez que ela tinha verificado isso. Uma sombra passou sobre ela, Antonio se levantou e caminhou até o Padre Juan, olhando para ele, e era óbvio para Jenn que algo estava errado. Ondas de ansiedade estavam rolando fora dele, seu cabelo escuro emoldurava seus olhos embaixo do capuz e seu maxilar estava cerrado, e seus lábios franzidos, que são geralmente cheios estavam em uma linha fina branca. Suas mãos estavam cerradas ao seu lado.
Ele se inclinou e disse algo no ouvido do padre. Padre Juan ouviu atentamente, então terminou seu vinho. Antonio olhou para Jenn, mas não encontrou seus olhos. Vergonha beliscou suas feições. ―Antonio e eu precisamos discutir algumas coisas, ― Padre Juan disse ao grupo. ―Nós vamos encontrar vocês no jantar. ―Sim, vocês façam isso, ― Jamie falou lentamente. Então Holgar e Eriko, ambos, olharam para o irlandês, e ele se virou e pegou sua toalha, que estava pendurada nas costas da cadeira. Ele enxugou o rosto e murmurou alguma coisa, então se virou quando Antonio e o Padre Juan saíram da sala. ―Eles mentem, ― disse Jamie direto para Jenn. ―Lembra-se do seu manual? ―O quê? ― Marc perguntou, fazendo ruídos amassando uma garrafa de água vazia quando ele apertou sua mão. ―O que isso significa? ―Nada, ― Eriko disse. Ela estendeu as mãos sobre a cabeça, depois inclinou a partir da cintura e tocou seus dedos. Jenn da próxima vez podia controlar ela, Eriko estava no chão em uma visão ampla, descansando a cabeça no chão. Ela olhou para Marc, que estava encarando ela com admiração. Ficar em torno de Eriko era como ficar preso com uma irmã mais velha, mas quente. Heather pensava que Jenn era uma heroína, mas assim como o grupo Marc havia descoberto que Eriko era uma caçadora com H, a maior parte de sua atenção havia mudado para ela. Jenn não havia perdido isso, mas Eriko não gostava da ribalta, Jenn não teria, seja, ela não queria ficar mais preocupada. Ela só queria se sentir como se tivesse um lugar real. E para encontrar sua irmã. ―Você já ouviu falar alguma coisa sobre o Japão, Marc? Minha família vive em Kyoto, ― Eriko disse, soando britânico. Seu inglês mudou de uma gíria americana, no qual ela tinha aprendido na escola, para o inglês das classes altas britânicas. ―Kyoto é uma cidade muito bonita, ― disse Marc, olhando para Eriko enquanto levantava a cabeça e olhava para ele. Ele sorriu. ―Ah tão desuka, ― Eriko disse, sorrindo de volta languidamente. ―Hai.
―Ambos os lados - vampiros e humanos - se esforçaram para preservar os tesouros de lá. Eu viajei para a Ásia antes da guerra. Eu era um aluno de arte. Antes da guerra. Todos foram outras coisas, antes da guerra. Com exceção de Antonio. Padre Juan o estava alimentando. Ela soube desde o momento que eles saíram da sala juntos. Ela nunca viu Antonio se alimentar. Ele nunca permitiu. E quanto ele se alimentar dela... Ela já havia se oferecido, e ele cortou as suas palavras com tanta força, praticamente gritando para ela, que ela nunca se oferecesse novamente. Ela tinha ficado imensamente aliviada. Se ele precisasse do meu sangue, eu daria a ele, disse a si mesma. Era o que sempre dizia a si mesmo. Mas o simples pensamento lhe enviou cambaleando. Isso a fez se sentir doente e tonta. Será que ela realmente o ama, se isso for a sua honesta reação? Não era o fato de que ele havia recusado a oferta, a prova de que ele a amava? Suzy enfiou a cabeça dentro da sala, quebrando os pensamentos de Jenn. ―O jantar está pronto, ― anunciou ela. Eriko estava de pé na porta antes de Jenn a ver novamente. Ela inclinouse e esperou por Marc para ir primeiro, que, após um momento de hesitação, ele fez. Jamie olhou furioso para Marc, e Eriko, sem saber, também saiu. Jenn então se levantou e atravessou a sala. Quando ela passou por Jamie, ele a seguiu tão de perto que ela podia sentir seu calor, o calor que tinha sentido falta de Antonio, voltando para a capela. ―Eles mentem, ― Jamie sussurrou ferozmente. ―Espere e verá.
―Desculpe por fazer isso, mas você tem que ter muito cuidado, sabe? ― O vampiro disse a Skye quando eles moveram-se através dos esgotos debaixo do bairro francês.
Skye podia ver perfeitamente através da seda de ébano dos olhos vendados de vampiro, cujo nome era Nick, que tinha colocado uma venda sobre seus olhos antes de levar para o covil de Aurora. Ela ousou realizar um feitiço de ver, na esperança de que o vampiro ainda não tivesse adquirido a capacidade de detectar o uso de magias. Ele não tinha ideia, e ela estava fraca com alívio. Se as coisas ficassem feias, ela tinha um vasto arsenal de coisas que ela poderia fazer para se proteger – tudo o que ia contra o princípio mais sagrado de suas crenças, que era para não fazer o mal. Nick lembrava um pouco de Jamie – jovem, careca, mas sem tatuagens, e com um tipo da Califórnia – surfe de sotaque. Ele era novo para a Corte de Aurora, mas ele comprovou seu valor no ataque de Jenn e Heather. Nick se gabou de que ele havia sido o único a arrastar ―a irmã de um Caçador‖ pelos cabelos e empurrá-la em uma gaiola, em seguida, ajudou a carregá-la em um jato particular de Aurora. Skye mascarou a reação dela e lhe disse que desejava ter estado lá. ―Eu nunca vi um Caçador, ― ela mentiu. ―Confie em mim, você não quer, ― ele respondeu. Agora com a mão fria em sua mão igualmente fria, Nick levou para fora do esgoto e para o luar. Ela ficou chocada ao ver que a noite tinha caído, ela não tinha ideia de que horas eram. Seu rosto era como o osso, branqueada pela luz líquida. O ar estava fresco, e ela lutou para não inalar profundamente. De forma constante, sem pausas para verificar se ele tinha sido visto, ele a levou até um lance de escadas de concreto em uma passarela rodeada por árvores de carvalho, em seguida, através de um pátio encantador oval pontuado com uma escada em caracol de ferro forjado branco, levando a um apartamento superior delimitado por duas colunas brancas. No piso inferior de paralelepípedos, urnas de alabastro com abas largas elegante com rosa quente e profundas flores de cor laranja. Mantendo o pretexto de que a venda dos olhos estava funcionando, ela fingiu bater seu dedo do pé contra o batente, o fazendo murmurar. ―Opa, desculpe um passo para cima. Seus pés ressoaram no ferro forjado. A porta se abriu antes de Nick chegar a ela, e outro vampiro estava do outro lado, cercada pela escuridão. Vampiros apresentavam uma audição excelente, mas qualquer um poderia ter
ouvido o barulho. Ou Nick havia anunciado sua chegada, ou os vampiros não se importavam onde estavam hospedados. Se assim for, por que a venda dos olhos? O vampiro na porta era uma garota com o cabelo roxo arrastando pelo seu corpete preto e suas calças verde-oliva decorada com steampunk com tiras de couro preto e fivelas de bronze. Ela estava fumando, o que era impressionante, uma vez que os vampiros tinham consciência da força do ar e fora de seus pulmões, tornando mais difícil fumar. Suas unhas estavam pintadas de preto, sobrepostas com barras vermelhas, e seus lábios estavam do mesmo tom de roxo como o seu cabelo. ―Quem é essa? ― A vampira perguntou a Nick, estreitando seus olhos pintados. Skye tinha usado magia para abafar seu batimento cardíaco e fazer sua pele ficar úmida para o toque. Ela rezou para que ela tivesse feito o suficiente. ―O nome dela é Brianna. ― Nick respondeu. ―Bem, mais ou menos. Ela é órfã. Seus cílios negros a encontrou quando ela estudava Skye. ―Oh? ― Ela marcou o seu olhar para Nick. ―Seu Sire foi assassinado? ―Eu não tenho tanta certeza de que sou órfã, ― respondeu Skye, usando sua própria voz, seu próprio sotaque. Ela decidiu usar o máximo do seu verdadeiro como ela poderia, a fim de ser capaz de concentrar sobre os efeitos do glamour. Não há necessidade de se preocupar com um sotaque estrangeiro em cima de todo o resto. ―Eu... Desmond me atacou em Toronto. Eu estava visitando minha tia. ―Ele converteu você, você quer dizer, ― o vampiro solicitou, ―para a verdadeira religião. ―Sim. ― Skye assentiu com a cabeça, mesmo que não entendesse exatamente o que ela quis dizer com isso. Ela estava incrivelmente nervosa, aterrorizada de que ela fizesse uma confusão das coisas e tivesse sua cabeça arrancada pelo o problema – e Heather, também, se ela estivesse aqui. ―E você acabou aqui por que... ― a vampira perguntou desconfiada. Ela deu a Nick, um aceno de cabeça afiado.
Houve uma pausa, e a venda saltou de seus olhos e de toda a sua cabeça. Skye olhou diretamente nos olhos queimando em vermelho, suas presas afiadas quando o vampiro a estudou. Então Nick apareceu no ombro do outro vampiro, que se deslocou com velocidade exagerada. Apesar de todas as suas magias, Skye não podia fazer o mesmo, mas ela podia lançar feitiços que causavam a outras pessoas a perda da noção de tempo, dando a ilusão de que ela estava se movendo em um ritmo mais rápido. Naturalmente, todas as mágicas lhe custavam concentração e energia, ela teria que se poupar quanto possível. ―Eu estive procurando por Desmond ― disse ela, cruzando os dedos que pareceu ser razoável. ―Eu encontrei outro vampiro, Jon – cujo afirmou – que Desmond tinha sido visto aqui. ―Eu nunca ouvi falar de nenhum Desmond. Você conseguiu permissão para ficar no bairro francês? Você tem que pedir permissão para permanecer na propriedade alheia. Esta parte da cidade é de propriedade de Christian Gaudet. Meu pai. ― Ela endireitou os ombros e ajeitou o cabelo. Então seus olhos se arregalaram, e ela emitiu um som engasgando. Nick suspirou e correu de volta através do limiar, tal como a garota vampira explodiu em pó, e cobriu Skye, que forçou uma tosse e se agarrou a Nick. Uma vampira bonita varreu em vista, suas feições nítidas acentuadas pelo cabelo preto brilhante, puxado firmemente em um coque e brincos de candelabro maciço escovando até a linha do queixo. Seus olhos estavam vermelhos, suas presas estendidas. Ela estava usando um suéter vermelho mergulhado sobre calças de couro preto e botas de quatro polegadas. Em seu dedo anelar direito, ela usava uma aliança de ouro simples decorada com um único rubi, havia algo sobre ela que parecia familiar para Skye. ―Christian Gaudet não é o proprietário do bairro francês, ― a vampira decretou. Ela olhou para Nick, que caiu de joelhos, depois Skye, que estava tão aterrorizada que suas pernas cederam, deixando-a com a aparência de reverência. ―Au-Aurora? ― Skye gerenciou. ―Claro. ― Aurora jogou a cabeça para trás.
Skye havia se preparado para este momento para estar cara a cara com Aurora – mas ela não estava preparada. Ameaça irradiava de Aurora como um perfume exótico. Skye sentiu como se estivesse sufocando, e a vontade de tossir tomou conta dela novamente. Apertou a mão sobre a nuca, em seguida, fez um show escovando o pó do vampiro que estava no seu rosto e roupas. Aurora recuou para as sombras, os olhos ardendo aparentemente flutuando no espaço. Skye esperou para ser convidada a entrar, embora não fosse verdade de que os vampiros precisavam de um convite para introduzir um lugar. Ela simplesmente não queria acabar sendo esfaqueada no coração. ―Traga-a aqui, ― Aurora disse a Nick, e Skye quase gritou quando Nick agarrou o seu braço e a levou para frente, como que para provar que ele é um vampiro malvado completamente leal a sua líder nova arrogante. Ele empurrou Skye para o quarto escuro. Seu feitiço de ver estava sumindo, ela estava aterrorizada, ela podia acidentalmente tropeçar em algo que estava escondido na escuridão – uma mesa, uma cadeira, ou até a própria Aurora. Ela ouviu um ruído em frente e fingiu tropeçar para dar a si mesma um tempo para se adaptar. Ela queria aumentar o seu feitiço, mas ela estava com medo de usar suas reservas mágicas. Sua vida dependia da manutenção de seu glamour de vampiro. ―Então, você está procurando o seu Sire que abandonou você, ― afirmou Aurora com uma cadência em sua voz. ―Você acha que seu Sire tem obrigação com você? Qual a resposta, por favor, para Aurora? O estômago de Skye se apertou e ela lambeu os lábios quase espetando sua língua enquanto ela corria através de suas presas. ―Eu... Eu não sei, ― disse ela. ―Tudo o que eu sei que é difícil viver entre os humanos, sem uma família. ―Onde está o seu amigo, este Jon? ― Aurora exigiu. ―Por que ele não veio com você? ―Ele está com medo, ― ela respondeu. ―Tem sido difícil. Aurora a estudou de perto. Skye lutou muito para não reagir. Finalmente, o vampiro disse. ―Você está mentindo.
Quem acabou de me tocar? Jenn sacudiu até parar enquanto ela se movia pelo corredor para o quarto pequeno da freira que Antonio reivindicou como seu. Alguém havia beijado sua bochecha? Alguma coisa que não estava lá? Com um grito suave ela tropeçou para trás, sua lanterna brilhando na escuridão. O feixe tremeu, ela estava tremendo tão duramente como se tivesse mergulhado em um rio gelado. ―Antonio, ― ela sussurrou, mas sua voz estava seca como pó de osso. Fez uma forma no escuro pendurar no espaço antes dela? A sensação de ameaça lavada sobre ela em ondas, fria e espessa, quando suas mãos correram pelo rosto e no peito. ―Aaaah, ― algo sussurrou, ou foi a sua própria voz, sussurrando para Antonio? ―Jenn? Que estava Antonio, colocando a cabeça para fora de seu quarto. Ela marcou seu olhar do centro do corredor para seu rosto, franzindo a testa, ele saiu do quarto e correu em sua direção, caminhando diretamente através da escuridão. ―Vá, ― ela pediu, agarrando sua mão. Ele fechou as suas em torno dela e puxou-a de volta para seu quarto, ela cavou em seus calcanhares, não querendo passar pelo corredor. Atirando-lhe um olhar interrogativo, ele parou. ― Qué tienes? ― perguntou ele em espanhol. ―Eu não sei. Eu acho que alguma coisa me tocou. Na minha bochecha. ― Ela não lhe disse que achava que fosse um beijo. Ora, ela não sabia. Mas ela lambeu os lábios e tomou uma lenta respiração. ―Eu estou com medo de ir. ― Ela confessou.
―Onde é que isso aconteceu? ― Ele perguntou, olhando ao redor. ―Onde você está de pé, ― ela sussurrou. ―Sou apenas eu. ― Ele envolveu ambas as mãos em torno de seus pulsos, apertando, e a levou para o seu quarto. Ele fechou a porta e ficou atrás dela enquanto ela abraçou a si mesma, tentando se aquecer novamente. ―Descreva isso. ―Eu ouvi alguma coisa e eu, eu senti algo. Eu acho que este lugar é mal assombrado. ― Ela se sentou em sua cama, que tinha um muito fino colchão e um cobertor ainda mais fino em cima dela. Ela recolheu o cobertor e colocou em volta dos ombros, estremecendo quando Antonio abriu a porta e entrou no corredor. ―Não vejo nada, Jenn ― disse ele. Ela fez a si mesma olhar através da porta aberta, o feixe de sua lanterna pegou Antonio em alto relevo quando ele fez o sinal da cruz e murmurou palavras em latim. Então ele voltou para o quarto e fechou a porta. ―Nada, ― disse ele enquanto se sentava ao lado dela na cama e colocou o braço em torno dela. ―Você se sentiu ameaçada? ―Sim, ― respondeu ela, afundando sua cabeça em seu ombro. Eriko não teria feito isso. Ela teria atacado na escuridão e gritado por segurança. ―Está tudo bem. Eu estou aqui, ― afirmou Antonio, e ela fechou os olhos com força para conter as lágrimas. Ela estava mortificada. Tudo o que ela fez nesses dias foi chorar. ―Antonio, ― ela começou, mas ele pressionou a cabeça dela contra seu ombro, e ela se rendeu a sua necessidade de ser consolada. ―Vamos contar ao Padre Juan sobre isso, ― disse ele, mas se ele realmente achasse que algo estava fora no corredor, ele correria para alertar a todos. Ele não acreditou nela. Ele provavelmente achou que ela tinha imaginado a coisa toda. Talvez ela tivesse. Não, ela pensou ferozmente. Isso estava lá. ―Devemos dizer a ele agora, ― ela insistiu.
Antonio hesitou. Então ele disse: ―Padre Juan está descansando um pouco. Dentro de alguns minutos você pode encontrá-lo na refeição da noite, e então você pode dizer a ele. Seu estômago revirou. Padre Juan estava descansando, porque ele tinha dado a Antonio seu sangue. Às vezes, ela sentia sua mente lutando para fugir da verdade do que Antonio era, mas sempre desparasitava seu caminho de volta em sua consciência. Ele era um vampiro. Ele tinha que beber sangue humano fresco das veias dos seres humanos – não de sangue animal, não refrigerado ou de um banco de sangue. Se não ele morreria. ―Certo ― ela disse fracamente. Algo mudou nele, ele mudou, e suas mãos apertaram em torno dela. Sua coxa pressionada contra ela, flexionadas. Tensão fluiu através dele como a eletricidade. ―Você sabe, ― ele começou ―Que eu era um seminarista, quando me converti. Eu estava estudando para ser padre. E eu nunca... Eu nunca estive com ninguém. Ela também não. ―Mas se eu pudesse Jenn... ― Ele beijou a coroa do seu cabelo e seus lábios entreabertos escorregaram através dela, e seu rosto estava quente. O silêncio caiu entre eles. Os dedos dele acariciando as costas da mão dela, acariciando sua pele, e talvez ele não soubesse de como isso afetava profundamente ela. Por que Antonio? Ela se perguntava sobre ele durante todos os dois anos de treinamento. Amontoados em alojamentos apertados, formandos brutais, e treinamentos rigorosos, mas os estudantes reagiam à pressão de muitas maneiras, ligando uns para os outros, em seguida, se reunindo com alguém. Exceto Jenn. Ela sempre quis Antonio, mas ela assumiu que ele não retornava os sentimentos dela. Ele permanecia distante, nada mais do que um amigo educado, quase da maneira cortês. Na noite em que tinha se formado, Padre Juan tinha os colocados como parceiros de luta, e foi somente então que todos haviam descoberto o seu segredo: Ele era o inimigo. Exceto que ele era um deles. Um Caçador.
Quando ele percebeu que ela ainda o amava, embora ela soubesse, ele se moveu para fechar a distância entre eles. E depois se afastou novamente, convencido de que era sua devoção à Santíssima Virgem e a todos os santos que o impediu de se comportar como um animal monstruoso, voraz. Que ele deve procurar a santidade, pureza e, abraçar os votos das ordens sagradas da Igreja: pobreza, castidade e obediência. Ela sabia que o tentava, e desde que ela não era religiosa, ela não acreditava que estar com ela iria mudá-lo. Na maioria das vezes, de qualquer forma. Mas em noites como esta, quando os fantasmas flutuavam nos corredores escuros e Heather estava tão longe, tudo o que ela conhecia era que ela não sabia de nada. ―Você nunca teve uma namorada? ― Ela perguntou, em seguida, corou, porque parecia tão escolar. ―Eu tive alguém que me amou, ― respondeu ele. E lá estava ele, no desespero. A tristeza horrível que vivia dentro dele. ―O que aconteceu com ela? ― Ela envolveu a mão em torno da dele dando um aperto. ―Talvez se você falasse sobre isso... ―Ninguém nunca ouviu a história, ― ele disse. ―Só Deus sabe o que eu fiz. Ela tentou levantar a cabeça, e ele colocou com cuidado uma mão através da dela, mantendo-a como estava. ―Mas se você é católico, Padre Juan é o seu sacerdote, você deve dizer a ele. Ele pode perdoar você. Não é assim que funciona? Ele ficou em silêncio por um longo tempo. Ficar contra o peito de qualquer outro cara é assim, ela teria ouvido o seu batimento cardíaco. Mas o silêncio entre eles se alongou. E se ela tinha medo do escuro, antes, ela estava com mais medo ainda agora. ―Eu não tenho certeza o que o Padre Juan é, ― disse ele, finalmente. ―E ele não pode me perdoar. Ele só pode me absolver. Apenas Deus perdoa. ―É isso o que você acredita? ―Eu acredito que há um plano divino, ― ele disse calmamente. ―Mas você não sabe disso. ― A voz dela estava quase feroz.
―Eu sei que eu morreria por você Então ele se virou para ela, e olhou para ela, seus olhos vermelhos cheios de amor. Suas presas alongadas com sede de sangue. ―Antes de eu deixar acontecer algo com você, eu morreria primeiro.
―Você está mentindo sobre tudo, ― Aurora disse a Skye. ―Você já ouviu falar. Você sabe sobre o plano. E você quer estar no lado vencedor. ―Eu... Eu, ― Skye gaguejou. Qual o plano? O plano de usar Heather como isca? ―Essa é uma boa jogada. A medida certa. Você me impressiona. ―Obrigada. ― Skye fez a si mesma um sorriso. ―Eu confesso. Ouvi dizer que você estava vindo para cá. Então eu disse que deveríamos pedir para participar – se juntar a você. Meu Sire estava com muito medo de você. ―Uma atitude inteligente também. ― Aurora inclinou a cabeça. ―O que você pode me oferecer? ―Minha lealdade? ― Skye perguntou. ―Você é uma boa caçadora? A questão jogou-a fora de equilíbrio. Aurora sabia? Ela estava zombando dela? ―Sim, eu sou. ― Skye encontrou seu olhar. ―Bem, eu gostaria que alguém o caçasse. Eu não posso esperar até ele está morto. Ainda assim, ele serviu o seu propósito. A guerra era uma distração excelente. Então, novamente, assim é a ―paz‖. ― Ela fez aspas no ar. ―Enquanto nós começamos com o trabalho real. Skye sabia que ela estava ouvindo algo importante. Sua formação nos interrogatórios – ambos, como sujeito e como interrogador – retrocedeu
dentro. Será que a pessoa teve que deixar Aurora porque sabia de alguma coisa, qualquer coisa, sobre ―o trabalho real?‖ ―Salomon, ― disse ela. ―Pobre Salomon. ― Aurora sorriu, claramente não tendo simpatia por Salomon em tudo. ―Venha, ― afirmou Aurora para Nick, aparentemente. Os dedos dele escavaram no braço de Skye, e ele andou para frente, virando bruscamente para a direita sem aviso prévio. Ela fingiu tropeçar novamente. ―O que há de errado com você? Você está doente? ― Aurora perguntou. Poderia vampiros ficar doente? Skye nunca tinha ouvido nada que indique isso. Ela arquivou na distância e limpou sua garganta. ―Só com fome. Oh, Deusa, por ela disse isso? E se Aurora... ―Então, se alimente mi Dulce, ― afirmou Aurora. Houve um silvo, e um cheiro de enxofre, então ela viu o rosto de Aurora no brilho do jogo de luz. A vampira estava acendendo uma vela branca longa. E no brilho quente, Skye de repente cheirou um fedor terrível. Então, quando Aurora levantou a vela para cima, a luz caiu sobre uma gaiola enferrujada do outro lado de uma sala octogonal decorada em antiguidades vitorianas. Algo se moveu dentro da gaiola. Aurora caminhou em direção a ela. Quando a luz da vela caiu sobre as barras, Skye viu os olhos. Grandes olhos azuis. Heather Leitner tinha olhos azuis. Skye lutou muito para não reagir. Que é ela. Tem que ser ela. Ela ouviu um gemido, e ofegante, então a gaiola balançou quando a pessoa no seu interior mexeu para trás, voltando para a escuridão. E depois um chiado estranho, como se Heather estivesse tendo dificuldade para respirar. Talvez ela estivesse doente. Talvez ela estivesse morrendo. ―Você sabe quem é esta? ― Aurora perguntou a Skye, olhando extremamente feliz. A mancha de poeira em sua bochecha elevada era a única evidência de que ela tinha acabado de estacar um vampiro prepotente.
Ao lado de Aurora, Nick moveu-se bruscamente, como um brinquedo de corda, como se fosse apenas para mantê-lo juntos. Skye queimou seus pensamentos negros, quando Aurora deslizou mais perto da gaiola, se movendo como uma cobra. ―Esta é a irmã da Caçadora, ― Aurora declarou. ―Ela é deliciosa. ― Ela lambeu a ponta do seu próprio dedo indicador, como um pirulito, depois estendeu para Skye. Contemplando Skye com um sorriso pouco dissimulado sobre o seu rosto, ela disse em uma voz grossa e baixa, ―Gostaria de provar?
LIVRO TRÊS Baron samedi
Durante a noite feliz, Em segredo, quando ninguém me viu, Ou vi alguma coisa, Sem luz ou guia, Salvar o que queimou em meu coração. —St. João da Cruz, Do século XVI mística de Salamanca.
Manual do caçador de Salamanca: O Caçador. O Caçador é diferente e imutável, comprometido com a missão: a morte do inimigo. Embora o mundo muda, você não deve. Como um anjo vingador você não deve ser desviado, distraído ou angustiado. A batalha entre vampiros e Caçadores tem o ódio dos Demônios que foram eliminados da face da Terra. Este é o seu preço e a sua carga. Não pode ser tirado de você – e se você de fato for o Caçador, você não irá desejar isso.
Heather sentiu sua garganta se fechar quando Aurora ofereceu-lhe para o novo vampiro com tranças loiras. Ela se moveu tão longe quanto sua jaula permitira e tremeu de medo. Ela podia ouvir a própria respiração ofegante, mas ela não se atreveu nem a pegar seu inalador. Ela tinha certeza de que o levaria dela se encontrassem. Estava acabando, também, e ela tinha que guardar para emergências. O novo vampiro se aproximou, aproximando-se da gaiola com os dentes arreganhados e olhos brilhantes. Heather ouviu a si mesma fazer um som choramingando. Em seguida, o vampiro estava parado ao lado da jaula, olhando para ela dura. E Heather conhecia. Dos seus pesadelos. Heather começou a gritar. Ela tinha visto o rosto da garota dezenas de vezes em seus sonhos. Ela sempre estava coberta de sangue e de pé em um círculo de cadáveres. O pesadelo se torna verdade, ela torceu o nariz em desgosto e se virou para Aurora. ―Ela cheira mal para mim. Obrigada, mas eu posso empurrar a fome um pouco mais. Heather sentiu uma luz de esperança. Aurora tinha matado outros por menos. Talvez ela matasse esse, também, e aqueles pesadelos nunca iria se tornar realidade. Aurora sorriu. ―Muito bom. Você estar certa, ela está doente. Nick levea para fora para caçar. O vampiro surfista balançou a cabeça, pegou o novo vampiro pelo cotovelo e conduziu-a da sala.
Antonio entrou no quarto de Padre Juan. Seu mestre estava deitado completamente vestido em uma cama estreita, dois travesseiros sob sua cabeça, que estavam embalados em suas palmas. Um pedaço de uma gaze estava colocado no interior de seu pulso esquerdo – a ferida que Antonio havia deixado para trás. Três velas votivas em vidros vermelhos piscavam em uma cadeira parada ao lado da cama. Um rosário de jacarandá estava enrolado junto a um prato contendo uma metade de rosquinha pulverizada de açúcar e um copo daquilo que cheirava como sumo de maçã. Padre Juan estava substituindo o açúcar depois da sua perda de sangue. ―Jenn pensou ter visto algo no corredor, ― disse ao Padre Juan. ―Como um, ― pensou um momento, ―um fantasma. ―Um fantasma? ― Padre Juan se sentou. ―Você pode descrevê-lo, Jenn? Ela ficou aterrorizada novamente. Ele acreditou nela. O que significa que ele acredita em fantasmas. ―Escuro. Acho que me tocou. ― Ela fez um gesto para seu rosto. ―Estava frio. ―Padre? ― Antonio disse, erguendo as sobrancelhas. ―Poderia ser magia, ― Padre Juan disse, balançando as pernas para o lado de sua cama. ―Algum tipo de visão. ― Ele atingiu em seu bolso e tirou um pedaço, uma peça retangular turva, um cristal rosa - branco. ―Eu tenho esperança de que Skye nos envie algumas imagens. Mas não existe nenhuma ainda. Então a luz dançou no cristal, e os três se inclinaram para ver. Antonio apertou a mão de Jenn enquanto as imagens borradas e estendidas se transformavam em forma. O rosto de Aurora encheu a superfície do prisma. Antonio estremeceu, e Jenn instintivamente recuou, quando Padre Juan levantou a mão. ―Ela não pode ver você, ― ele os lembrou.
Aurora se moveu para a direita, e uma gaiola foi revelada. Estava escuro demais para ver quem estava dentro, mas Jenn sabia. Ela sabia. Ela pegou o cristal do Padre Juan e olhou fixamente para ele, esforçando-se para ver se Heather ainda estava viva. Mas a imagem ficou cinza, e depois se apagou. ―Oh, Deus, ― sussurrou Jenn. ―Oh, por favor, por favor, Deus. ―Amém, ― Padre Juan e Antonio disseram em coro, fazendo o sinal da cruz. Eriko, Matt, Bernard e Padre Juan investigaram o corredor, enquanto que os outros estavam sentados na sala de jantar em uma mesa oval, rachada e descascada. Os vitrais de mosaicos antigos estavam pendurados nas paredes, tão lascados que pareciam um livro de colorir. Santos com auréola, cordeiros, corações em chamas. As imagens católicas lembraram Jenn dos seus avós, a coleção de álbuns de rock antigo de vinil com suas capas psicodélicas. Ela se perguntou o que seu pai havia dito a sua avó sobre suas netas desaparecidas. Se ele achava que nunca sua avó iria descobrir. E ela se perguntou onde sua avó e sua mãe estavam. Seus olhos vidraram por um momento quanto ela olhou para uma espada nas mãos de um cavaleiro com auréola, preste a atacar um dragão. Havia rumores de que o Padre Juan foi um exorcista antes de se tornar diretor da academia e, a partir daí, mestre de Salamanca. Isso a assustou por pensar que Antonio não confiava inteiramente em seu mestre. Mas novamente ela trabalhava horas extras para confiar em alguém, alguma coisa. E sempre terminava mal. As luzes das velas tremulavam todas em ordem, os rostos cansados dos caçadores e os rebeldes clandestinos bebiam vinho e ficaram conhecendo uns aos outros. Jenn estava exausta, cochilando no canto apesar de todas as suas tentativas de ficar acordada. Fantasma ou nenhum fantasma, ela estava a ponto de ir para cama – com lanternas e velas flamejantes – quando três membros a mais da Resistência chegaram: duas mulheres e um rapaz.
Eles estavam cansados e abalados. O DP de New Orleans os avistaram e disparam contra eles, mas com sucesso escaparam da polícia, chegando ao esconderijo após ter dobrado de volta duas milhas fora do alcance dos policiais. Eles trouxeram notícia de que Aurora havia formado uma aliança com Christian Gaudet, o rei vampiro do Bairro Francês. Havia um movimento no ar, excitação. Algo grande estava para acontecer, e Aurora tinha uma mão nisso. ―O que você quer dizer, Tina? ― Marc perguntou á mulher – Tina. Endireitando. Jenn introduziu. Ela estava cansada demais para se lembrar de muita coisa. ―O que, é Grande? ―Os vampiros estão reivindicando territórios, ― respondeu Tina. ―Nós achamos que eles estão jogando baixo. Como eles vão ter uma guerra entre si, agora que eles vão conquistar os territórios dos humanos. ―Isso seria bom para nós, ― disse Holgar. ―Eles dividem, nós conquistamos. ―Nós não vamos conquistar merda nenhuma ― Jamie murmurou. As bochechas de Tina ficam avermelhadas. ―Nós ainda não sabemos a localização de Aurora, mas ela está em algum lugar no Bairro Francês. ―Isso ajuda muito, ― Jamie reclamou. Os outros deslocaram, provavelmente cansados como Jenn estava. Tina continuou seu relatório. Não havia informações sobre Heather, e ninguém tinha visto Skye. Antonio mostrou a eles o cristal – mas propriamente chamando de Cristal vidente – e eles discutiram o prazo de Aurora sobre o Mardi Gras. ―Você sabe alguma coisa sobre, por que ela estabeleceu um prazo como esse? ― Marc perguntou. ―Por que nada disso? ― Jamie respondeu, empurrando sua cadeira para trás e encostando-se na parte traseira de dois degraus. Ele tinha bebido muito. ―Por que não matou a Caçadora – embora, é claro, Jenn não é realmente uma Caçadora, mas por que não a matou em San Francisco? Talvez a menina seja um presente de aniversário para Christian Gaudet ou algo assim. ―O nome dela é Heather, ― Jenn disse entre dentes cerrados. Ela queria dar uma tapa nele. Ele era arrogante e mesquinho.
―Eu estava me referindo a você, ― Jamie atirou de volta, dando-lhe um olhar duro. ―Ela espera que você vá resgatá-la. Ela está esperando por todos nós. Quero dizer, por favor. É muito claro que ela quer seis cabeças em sua parede, não apenas uma. Desculpe, isso faz sete, com sua irmã. ―Talvez o prazo foi imposto por outra pessoa, ― Holgar sugeriu. ―Seu chefe, ou o que eles têm. ―Eles não são Vikings, ― retorquiu Jamie. ―Ou seu senhor ou seu rei. Seu CEO35. Talvez Aurora tenha que provar alguma coisa, ― disse Holgar. ―Você sabe o que vai fazer Jamie. Jamie olhou para ele. Batendo as pernas da cadeira sobre o chão de madeira, ele pegou a garrafa de vinho tinto sobre a mesa e serviu-se outro copo. ―Duvido que Aurora tenha algo para provar a alguém, uma cadela mandona como ela. ― Ele colocou o copo na boca virando o conteúdo inteiro e soltou um arroto pequeno. ―Pare de beber tanto. Se formos atacados hoje à noite, você não vai ser útil para nós. ― Antonio falou. ―Não comece com suas calcinhas torcidas, Espanhol, ― Jamie disse. Vacilante colocando seu copo vazio de volta na mesa. ―Você me conhece. Sempre pronto. ― Seus olhos se estreitaram. ―Igual a você. Marc limpou a garganta. ―Se eu posso dizer, meus amigos, para um time que não parece... Gostar da equipe. ―Nós estamos aprendendo isso. ― Holgar disse a ele. ―E nós estamos mudando isso, ― Jamie arrastou, puxando um maço de cigarros do bolso da jaqueta de couro preta. ―Cigarro Antonio? Jenn estudou os rostos dos lutadores da Resistência com a ansiedade enquanto observavam os Salamancans. Desconfiança. Mal-estar. Por que Jamie está chateando Antonio? Será que ele quer que eles percebam que Antonio é um vampiro? Será que ele odeia tanto para chegar ao ponto de arriscar suas chances de salvar Heather? Jamie pôs os lábios em torno de um cigarro e tirou da embalagem. Então ele estendeu a mão para uma vela sobre a mesa e acendeu. O silêncio 35
CEO – diretor ou executivo-chefe, que é o mais alto escalão.
estabeleceu ao redor da sala. A cabeça de Jenn caiu para frente sobre o peito. Ela começou a sucumbir no sono, ouvindo a conversa em torno dela. Ela começou a sonhar com São João da Cruz em sua cela escura, rezando. Onde você se escondeu, E me abandou no meu gemido, ó meu Amado? Você fugiu, quando o cervo, Feriu-me, Eu corri atrás de você, chorei, mas você se foi. Antonio de La Cruz, onde está a sua alma? *** Antonio carregou Jenn para o quarto da freira de que Suzy tinha falado para ele. Uma lanterna alimentada por bateria estava assentada sobre uma pequena mesa ao lado da cama estreita, e Suzy tinha limpado as paredes de reboco branco. Lençóis florais e frescos – o lençol superior decorado com rosas vermelhas, o lençol de fundo um campo de púrpura violeta e um cobertor macio branco vestia o colchão, havia também um travesseiro branco macio. Uma cruz simples pendurada sobre a cama. Ele gostou da aparência organizada dos seus aposentos. Antonio em sua vida havia crescido com simplicidade gritante. Não tinha muito que se esforçar para abraçar um voto de pobreza quando ele entrou no seminário em Salamanca. Mas o celibato era outra questão. Ele olhou para baixo faminto pela garota em seus braços, em seguida, sacudiu a cabeça e colocou-a gentilmente na cama. Ela soltou um suspiro, mas não acordou. Ele tirou alguns fios de cabelos vermelho escuro de sua testa e resistiu à vontade de beijar as linhas de preocupação embora. Seus olhos estavam fundos. Ela estava sob muita pressão. Ele se lembrou como foi sair de casa para se juntar ao seminário, sua mãe tão orgulhosa dele, alegria e tristeza em conflito sob seu olhar, enquanto ela deu a ele uma benção. Ele se tornou adulto. A Espanha estava rasgando além de uma guerra civil, e os jovens estavam saindo das aldeias para lutar. Com exceção de Antonio De La Cruz, chamado pelo Espírito Santo a Salamanca para se tornar um sacerdote. Muitos o criticaram – com o seu pai
morto, ele era o homem da família. Como ele podia colocar sua mãe e seus irmãos no deserto, quando o mundo estava desmoronando? Ele tinha lutado. Noite após noite, ele orou por orientação. E cada noite a sua resposta tinha sido a mesma. Ele tinha que ir para Salamanca e se tornar um sacerdote. ―Deus está te chamando, ― sua mãe disse a ele, quanto ela fez o sinal da cruz e chegou na ponta dos pés para beijar sua bochecha. Suas seis irmãs olharam com os olhos arregalados da porta. A mais velha, Beatriz, estava segurando o seu único irmão, Emilio, nomeado pelo seu pai. Beatriz usava um véu negro sobre o cabelo, seu noivo havia morrido em uma batalha nas montanhas. Ela tinha jurado nunca mais se casar, e a família tinha gerenciado isso, ela deixara após o seu funeral para se tornar uma freira. Mas seu dinheiro de costura era desesperadamente necessário. Toda família trabalhava, com exceção de Emilio. Raquel, a pequena garota, apanhava lenha para vender. Todos eles disseram para ele ir. Todos, isto é, exceto Rosalita Hernandez. Rosa, recém do México, com suas brilhantes tranças pretas enroladas e presas à sua cabeça com flores de cetim enorme, e com ela bizarra roupa bordada mexicana – toda de babado e fita. Rosa, Rosalita, Lita. Ela cantava e girava com um cata-vento quando entrou, dezesseis anos e tão adorável, tão bela. Lita era sobrinha do seu vizinho, e ele não tinha ideia de por que ela tinha vindo para a Espanha, qualquer pessoa com os parentes no México estava se movendo para o Novo Mundo para fugir da velha guerra. Mas Lita veio sozinha. Ainda tímida, querendo fazer parte da comunidade. Ansiosa para entrar. Todos os homens a desejava. Ele a queria também. E Lita – ele era o único a chamá-la de Lita – a arrastou para trás do celeiro e a beijou, colocou suas mãos e enrolou em sua cintura, e riu pela sua surpresa. Ele estava tão chocado. Ele não se comportava assim com nenhuma das outras garotas ao seu redor. Ele estava fora dos limites, o filho da aldeia prometido a Deus. Eles o tratavam como um eunuco. Mas ela o provocava, e sussurrava para ele sobre o quão doce seria, embora eles nunca fizeram qualquer uma das coisas que ela lhe disse que queria fazer.
―Como você pode ir embora para se tornar um padre, mi amor? ― Ela sussurrou em seu ouvido quando ele veio para dizer adeus a ela em particular. ―Deus quer que você esteja comigo. Ele quer que você desfrute dos prazeres de uma mulher. ―Ay, niña, pare36, ― ele implorou. Ele estava quente e ela deu uma risada mordiscando sua orelha. ―Você é tão inocente, cariñoso, tão precioso. Deixe-me sujar-lhe um pouco, assim Deus não vai ser tão insistente por roubar você de mim. ―Lita, ― disse ele, ofegante, endireitando para andar novamente ao redor do celeiro para sair, simplesmente sair. ―Você acha que eu estou tão à frente, ― ela adivinhou. ―Você está chocado. Mas se eu não fizer o primeiro movimento, nada acontecerá. Você não é um sacerdote, no entanto, Tonio. ―Mas eu já pertenço a Deus, ― ele respondeu, e ela balançou a cabeça. ―Se você fosse, você não teria vindo para me ver sozinha. Você sabia o que eu faria. ― Seus olhos escuros brilhavam. Seus lábios estavam cheios e úmido, e as pontas dos dedos faziam cócegas nas laterais de seu pescoço. Ela olhou para cima. ―Eu estou lutando com você por ele, ― ela disse para o céu. ―Lita, não, ― ele implorou. ―Não zombe. Deus vai castigar você. ―Antonio De La Cruz, não seja bobo. Deus é uma pessoa maior do que isso. Ele estava no seminário, quando as bombas da guerra civil da Espanha caíram em sua aldeia. Eles não tinham sofrido, ele foi informado. Eles não tiveram tempo. Não havia nada que ele pudesse ter feito para salvá-los, e ele teria morrido com eles. Seu confessor, Padre Francisco, sugeriu que talvez a voz de Deus o tivesse chamado com tanta insistência com o objetivo de salvar sua vida. Padre Francisco pôs a mão no ombro de Antonio. ―Ele chamou você para servi-lo, mi hijo, como todo seu coração, sua alma e sua vida. Seja um bom Padre. Um Padre maravilhoso. Leve os seus votos, os mantenha. Ele estava mantendo o seu voto agora – nunca deixar que o mal chegue à outra mulher que o amava, se esse mal viesse de seus inimigos ou a partir 36
AY NIÑA – oh, garota.
dele. Ele estava impuro, um Maldito, mas Deus lhe havia concedido a graça. Pelo menos, essa era sua crença. Ele não tinha sido capaz de salvar Lita, mas ele podia salvar Jenn – ou pelo menos morrer tentando. Por mais horrível como era para contemplar, ele acreditava que Deus o havia salvado, o chamando para Madrid. Ele acreditava que havia fugido de Sergio para servir a um propósito maior no plano divino. E ele suspeita que Padre Juan, sabia mais sobre os planos que ele estava disposto a dizer. Mas ele sabia que, de alguma forma, que esse plano dizia respeito sobre Jenn. Como ele ainda não podia dizer. Ele retirou sua mão da testa dela, se levantou e virou-se, quase correndo para Padre Juan, que estava observando-o da porta. Se vampiros pudessem ruborizar, Antonio teria. Enquanto isso, ele deu de ombros e levantou uma sobrancelha. ―Qual é a tentação mais forte? ― Padre Juan perguntou, assinalando o seu olhar de Antonio para Jenn e vice-versa. ―Eu não estou com fome, ― respondeu ele. ―Graças a você. O padre inclinou a cabeça e apontou para o corredor. Os dois deixaram o quarto de Jenn, Antonio fechou a porta silenciosamente atrás dele. Então, ele cruzou os braços sobre o peito, à espera de ouvir o que o padre queria. ―Por que você está com raiva de mim? ― Padre Juan perguntou à queima-roupa. ―Eu não estou, ― Antonio respondeu, e então percebeu que era verdade. Ele estava com raiva. ―Porque ela não deveria estar aqui. Ela não é forte o suficiente... ―Ela deveria estar aqui, ― Padre Juan rebateu. ―Você perdeu sua fé em mim? ―Eu... ― Ele parou. ―Será que você encontrou alguma coisa no corredor? ―Não. Responda-me, por favor. ―Talvez eu não devesse estar aqui, ― disse Antonio. Padre Juan cerrou o punho e fingiu dar um soco no queixo dele. Então ele ficou sério. ―É assim muito forte para você suportar a chamada dos Malditos?
―Não há ligação, ― disse Antonio. ―Mas Padre, eu acho que esta equipe é um erro. Há também muito rancor. Eu quase esperava ser estacado por trás. ― Ele olhou diretamente para Padre Juan como se devesse ser óbvio que o grupo era, como Jamie próprio dizia ―tudo desarrumado‖. ―Quando eu te encontrei, você viveu nas catacumbas da capela por quanto tempo? ―Padre Juan lhe perguntou. ―Você é novo no mundo mais uma vez, Antonio. ―Seus olhos ganharam um distante brilho. ―Enquanto eu estive no mundo por muito tempo. ―Quem é você? ― Antonio exigiu. ―Quem é você, realmente? O Padre encolheu os ombros. ―Talvez eu seja um fantasma que gosta de assustar as raparigas nos corredores. ―Não brinque comigo. ― Antonio passou as mãos pelos cabelos. ―Eu treinei para estas pessoas por você. Eu sou leal à raça humana, e caço pelo meu pai por causa disso. Se há falta de confiança entre nós, vem de você por não confiar em mim com a verdade. Padre Juan estendeu o braço, mostrando a Antonio o curativo em seu pulso. ―Cada vez que eu permito a alimentação, mi hijo, eu confio em você com a verdade. ―Ele deu uma tapinha no ombro de Antonio. ―Em devido tempo, Tonio. ― Então, ele deu uma tapinha no peito. ―Por enquanto, confie em mim.
Aurora virou-se para Christian Gaudet quando ele saiu das sombras e cutucou a garota em cativeiro através das grades de sua gaiola com o pé descalço. Peito nu, seu cabelo cor de âmbar arrepiado com gel, Christian estava vestindo calça jeans preta e um brinco de prata único em sua orelha. Como a maioria dos vampiros que tinham alcançado certo status e tinha gerado outros, ele era arrogante. Christian imaginava-se o senhor de New Orleans. Isso tanto divertia como ofendia Aurora.
Christian não tinha visto que ela havia feito a sua pirralha na porta. Ela contemplou que ele aparece um pouco mais. Ele tinha a sua utilização, e mesmo que eles tinham o controle da cidade, ele e os seus não haviam crescido tão vadios quanto os vampiros, em San Francisco. ―Ela está chiando de novo, ― Aurora disse. Então, ele olhou para a porta da frente, que Skye tinha acabado de fechar atrás de Nick. ―Você tem certeza que esses dois podem ser confiáveis? ―Não, ― respondeu ela com facilidade. ―Mas, então, ninguém pode. Ela alcançou por trás de si mesma com a mão esquerda e sentiu a estaca extraafiada quando ela estendeu a mão direita para ele. Se ele movesse errado, se ele piscasse errado, ele viraria pó. Ele piscou. Ela se moveu. ―Ah, uma pena, ― ela sussurrou, quando foi feito. Ela pegou o brinco de prata acima das cinzas e jogou na gaiola de Heather. ―Para você, meu animal de estimação, ― ela disse. ―Eu, eu sinto muito, ― disse Nick meia hora mais tarde, quando ele e Skye surgiram próximos ao esgoto a um dos diques do rio Mississipi. ―Eu sei que você quer se juntar a sua corte. Mas eu nunca volto lá. Ela é louca. Você olha para ela vesgo e... ― Ele fez uma mímica sendo estacado. ―Então, como, boa sorte, dudette37. Em seguida, ele fugiu e correu para o tráfego de fim de noite. Buzinas soaram, e ela estremeceu ao vê-lo tecer do outro lado da estrada. Desde que deixou o covil, ela estava trabalhando horas extras sobre como se livrar dele sem o estacar. Apesar do fato de que ele era um monstro sugador de sangue, ela meio que gostava dele. Que fez dela uma caçadora má, ela supôs. Eu sempre gostei dos meninos maus, pensou ela, sorrindo tristemente quando ele chegou ao outro lado da estrada, virou-se e acenou. Ao contrário de Estefan, este Maldito, pelo menos, usava o seu mal para todo mundo ver. Havia horas até o amanhecer, e ele podia se alimentar. Ele pode não ser o tipo de vampiro que deixa suas vítimas vivas. Ela deveria ter o estacado.
37
DUDETTE – uma conotação de feminino... Uma gíria.
Ela estava igualmente aliviada por ter sido capaz de evitar beber o sangue de Heather. Foi somente depois de Aurora ter concordado que Heather estava doente, que Skye percebeu de que o convite para beber era um teste que ela tinha misericordiosamente passado. Skye tirou sua pedra de vidência e conjurou energia para funcionar. Quando ela olhou para a superfície, a luz pálida construiu dentro. Então ela ergueu-a e olhou seu entorno. A pedra de vidência era uma ferramenta antiga do oficio, mas os telefones celulares e GPS quando foram inventados, colocou-a relegada como singular e ineficaz. Ela agradeceu a Deusa para que os seus pais experimentassem o tradicional, mas que a levou para conhecer todos os modos antigos. Os velhos hábitos estavam servindo-a bem agora. Assim como os vestígios de magia que ela tinha espalhado abaixo no esgoto. Eles iriam levá-la de volta para o covil de vampiros de modo que os Salamancans pudessem resgatar Heather – depois de terem descansado o resto da noite, para que eles pudessem ir sob o frescor do sol. Ela abraçou a si mesma, o prazer que ela puxou isto para fora. Talvez Jamie notasse, e, finalmente, ficaria impressionado com ela em vez de se distrair com Eriko, a deusa do gelo inatingível. Talvez tenha sido por isso que ele a cobiçava - porque ele sabia que nunca poderia tê-la. Que a fez segura. Jamie era tão cauteloso e tão cruel. Ao lado dele, Nick era um filhote de cachorro. ―Nós todos somos tão disfuncionais, ― ela murmurou em voz alta. Que o plano louco de Padre Juan, força adaptação de tais personalidades incompatíveis juntos? Eles eram apenas uma equipe há alguns meses, e em sua opinião, não estava dando certo em tudo. Quando um carro branco da polícia com a estrela e o logotipo da crescente desacelerou, ela escorregou para as sombras nas margens do rio. New Orleans estava sob toque de recolher, e seria irônico se o Padre Juan tivesse que vir até uma delegacia de polícia para ajudá-la, por estar nas ruas da cidade mundana, depois de ela ter escapado com sucesso dentro e fora de um covil de vampiros. A viatura rastejou lentamente para baixo da estrada enquanto que, em uma janela do passageiro, uma pessoa com uma lanterna passou por cima dos
arbustos que ela estava escondida. Relutante convocando mais energia mágica, Skye criou uma versão da magia de ver que ela tinha usado para prevenir o seu reflexo. Um arrepio na nuca a fez piscar. Que viajou até o pescoço e na cabeça. Ela tocou o rosto com a mão direita, em seguida, parou de se mover quando a lanterna congelou sobre o balanço das folhas. Ela prendeu a respiração. Deusa me proteja, ela pensou. A luz piscou fora. O carro patrulha seguiu em frente. Obrigada, Senhora. Relâmpagos cortavam acima, seguido por um estrondo do trovão correndo por toda água negra do rio. Olhando para as nuvens que deslizavam pretas, ela fez uma mágica sobre a pedra de vidência, murmurando o endereço da casa segura. Com alguma sorte ela... ―Skye, ― um sussurro veio do vento. Ainda de cócoras, ela se virou. As luzes brilhavam do outro lado do rio, e o rio correu. Então o céu se abriu, e a chuva desceu rígida, enquanto voltava para casa. Sob tensão, ela olhou através dela, vendo além mais que tempestade repentina e violenta, como um redemoinho ao seu redor. Com um grito, ela se levantou e correu para o mais próximo abrigo, uma parte debaixo da varanda caindo com samambaias e gerânios. Em seguida, a chuva tornou-se uma torrente, atirando água que caía com uma força descomunal. A cascata de água jorrou sobre o pavimento e disparou para as sarjetas, como ondas na direção dos bueiros. Magia? Ela se perguntou. Isto era normal para New Orleans? E ela realmente ouviu uma voz chamando o nome dela? Sua voz? Segurando o topo do casaco bem fechado, ela girou nos calcanhares e saiu correndo. Suas botas batendo nos paralelepípedos, sua respiração vinha em grunhidos, e ela correu mais rápido, como o medo montado no medo.
―Jenn, desperte. Desperte, ― Antonio murmurou, agitando-a. Ela estremeceu e abriu os olhos, ficando ereta quando ele colocou a mão em seu ombro. Ele estava segurando uma lanterna, e o quarto estava escuro. Seus olhos estavam quase pretos e parecia muito sério. ―Há uma forte chuva. O túnel do esgoto está enchendo. Nós temos que sair. ―O quê? ― Ela jogou seus pés para o lado da cama e ele a ajudou a se levantar. ―Nós estamos nos mudando para um lugar mais alto, ― ele disse. Eriko enfiou a cabeça na porta. Ela estava com uma capa de chuva azul escuro e um boné de beisebol preto que escondia seus olhos. ―Vamos, ela ordenou. ―Agora. Jenn estava aturdida com o sono. Normalmente no meio de uma missão – que era o que se tratava – ela acordava direito para cima, ela percebeu que desta vez estava exausta de viajar duramente. Ela tropeçou enquanto colocava suas botas e as fechava, então remexeu no bolso por seu telefone celular. A bateria estava descarregando. Ela o enfiou de volta no bolso e seguiu Antonio para fora do quarto enquanto ele erguia sua mochila em suas costas. ―Deixe-me levá-la, ― ela insistiu, ruborizando enquanto trotava atrás de Eriko. Ele deu a ela, e por um momento ela pensou em recusar. Era pesado e ela estava cansada. Antonio assumiu a parte de trás. Eles estavam reunidos na mesma sala onde Jamie e Marc tinha lutado. Superados em números pelos rebeldes, seus companheiros de equipe estavam batendo na armadura corporal, joelhos, ataduras e nas curvas de suas botas. O bordado da Equipe Salamanca estava borrado de cores entre todos os tons sombrios de preto. E ali estava Skye, encharcada em seu casaco pesado preto, saias e botas, empurrando Bernard e Lucky. Quando ela viu Jenn, correu para ela e jogou os braços ao seu redor.
―Eu a encontrei. Ela está bem. Bem, muito bem. ― Skye empurrou suas tranças molhadas longe do rosto dela quando olhou para Jenn. Elas pareciam patas de aranha loira. ―Aurora a mantém em uma gaiola. Ela tinha uma espécie de chiado no peito. ―Oh, Deus. ― Jenn sentiu tonturas. ―Ela tem asma. Você viu um inalador? ―Você perdeu a cabeça? Yeah, e Aurora é vacinada contra a gripe dela também. ― Jamie disse. Ele chegou perto de Skye e acariciou o seu ombro. ―Bom trabalho, bruxa. Carrancuda, Skye mudou seus ombros como se fosse mandar um morcego embora. ―Deus, Jamie, você não precisa ser tão duro. Ela é irmã de Jenn. ―Sim, eu tenho anotado. ―Se eles... Fizeram? ― Jenn começou o que ela queria perguntar, mas não conseguiu. ―Eu não posso mentir para você, Jenn, ― Skye disse. ―Sim. Eles beberam dela. Mas eles pararam porque ela está doente. Jenn se balançava. Skye agarrou seu braço. ―Nós vamos salvá-la. Jamie sacudiu a cabeça para Eriko. ―O que vamos fazer, uma dúzia de pessoas correndo pela porta da frente? Tenho certeza que os moradores vão pensar que é um grupo de garotos tendo uma sessão. ― Ele imitou bebendo uma cerveja. ―Laissez les bons temps rouler, eh, gents38? ―Nós vamos para dentro do túnel. ― Marc virou-se para os Salamancans e dirigiu a eles. ―É por isso que temos que sair agora. O nível da água está subindo. ―No esgoto fodido? ― Jamie gritou. ―Eu não vejo porque nós temos que sair absolutamente. Mesmo que o esgoto encha, você tem o andar inferior, e deixam enganar. ― Ele olhou para Skye. ―Você pode colocar alguns feitiços... ―Silêncio, ― Skye cerrou, enquanto as pessoas de Marc mexeram e olharam para Skye. O silêncio caiu como um castelo sobre o quarto.
38
LAISSEZ LES BONS TEMPS ROULER, EH, GENTES – deixe os bons tempos, heim, senhores.
―Magias? Ela pode usar magia? ― Marc perguntou, a meio caminho de uma metralhadora atirando por cima da cabeça. Ele olhou de Skye a Padre Juan e depois para Eriko. Silêncio. Então Padre Juan disse, ―Sim, não acrescentando que pudesse usar magia, também. ―E você ia falar sobre isso? ― A voz de Marc zumbia com a tensão e medo. ―É só para a defesa, ― Skye disse rapidamente, seu rosto ficando vermelho. Água escorria do seu cabelo para o lado do rosto, e ela o balançou como um poodle. ―Eu não posso ferir ninguém com isso. Mas posso nos tornar invisíveis, enquanto todos nós fugimos. Franzindo os lábios, Marc caminhou até uma caixa aberta de munição em cima da mesa e enfiou algumas para os bolsos de sua jaqueta. Jamie se uniu a ele, examinando as caixas e abrindo, então explorou uma munição a luz artificial. ―Eu pensei que você soubesse que era por isso que ela foi enviada, ― Eriko disse, cruzando Jamie e arrancando a bala da sua mão. ―Ela tinha a melhor chance de se infiltrar, porque ela pode usar magias. ―Eu perdi isso. ― A voz de Marc estava gelada com raiva. Os outros estavam tranquilos. ―Então como você cifra o que nós temos? ― Eriko perguntou genuinamente confusa. ―Nós já descobrimos agora e então. Vamos disfarçados, ― disse Marc, rangendo os dentes. Lucky e Bernard balançaram a cabeça. ―O que, você apenas anda? ― Jamie perguntou admirado. ―Rapaz, você tem um par. ―Nós temos razão. ― Lucky cortou. Marc olhou para Eriko, em seguida, a Padre Juan. ―Quando sairmos, nós tornaremos cem vezes mais vulneráveis. Nós estamos desejando. Sem dúvida, a palavra está fora de você, assim, por isso estamos ainda mais vulneráveis por causa de você. ―Eles ainda pensam que sou um vampiro, ― disse Skye. ―E Aurora está planejando algo grande. Eles vão matar Salomon.
―O quê? ― Vieram um coro de vozes, rostos olhando para Skye. ―Sim. Ela pensou que eu viria a New Orleans por causa dela. Ela está no centro de alguma coisa. ―Bem, já, que veio por causa dela, ― Holgar a lembrou. Ele sorriu levemente. ―Apenas não da mesma forma que ela pensa. Marc expirou. ―Merda. Eu não quero mais otários na minha cidade. Existe alguma coisa que nós precisamos saber sobre? Eriko fez um gesto para a munição. ―Nós não usamos armas. ―Bem, nós temos o inferno da certeza, ― informou Bernard. ―Nós não sabemos muito sobre caçadores. Vocês têm algum tipo de proibição de matar seres humanos? ― Suzy soou forçada, como se ela estivesse tentando manter a paz. ―Sim, estupidamente, ― Jamie cortou dentro. ―Nós só fazemos isto como um último recurso. Matá-los, quero dizer. ―Nós vamos a missões, ― Eriko elaborou. ―Nossos objetivos são definidos. Nós somos enviados por nosso mestre. ― Ela baixou a cabeça em direção ao Padre Juan. ―Eu os envio onde eu acho que eles vão fazer o melhor, ― Padre Juan disse. ―Eles vão em missões secretas, é claro. ―Exceto se alguém nos derrubou, um pequeno traidor. ― Jamie deu a Padre Juan um olhar. ―Pelos que nós sabemos, Aurora sabe que nós estamos aqui. ―Aurora não parecia como se soubesse, ― disse Skye. ―Ela disse que Heather era irmã de um Caçador. ―Vamos para essa missão, ― disse Marc. ―O que sempre fazemos. ―Na maioria das vezes não há seres humanos do outro lado, ― Eriko respondeu. ―Pelo que sabemos, ― Jamie murmurou. ―Perdão? ― Marc disse, franzindo a testa. ―O que significa isso? ―Isso significa que se você tiver armas extras, minha equipe as levará. ― Padre Juan piscou e estendeu a mão. ―Com os nossos agradecimentos. ― Ele olhou para Jenn. ―Nós faremos o que for preciso para salvar sua irmã.
―Isso é ladeira escorregadia, Padre, ― disse Jamie. Padre Juan não reagiu. ―Obrigada, mestre. ― A voz de Jenn estava tensa. Ela estava com medo de explodir em lágrimas, e ela já tinha chorado bastante. Jamie grunhiu e deslizou um olhar em direção a Eriko. ―Uma palavra? Eriko ergueu o queixo, como se preparando para lidar com Jamie. Os dois caminharam para longe. Antonio estreitou os olhos, e Jenn podia dizer que ele estava espreitando sobre eles, enquanto eles conversavam, Suzy saiu da sala e depois retornou, erguendo duas mochilas super estofadas. ―Esta é para água. A outra é barra de proteínas e carne seca, ― ela disse. ―Nós ainda temos um longo caminho, também. ―Você deve colocar isso tudo, em uma apenas, ―Jenn disse a ela. ―Se você perder uma, você perderá toda a água ou todos os seus suprimentos. Suzy piscou, balançou a cabeça. ―Boa ideia. Lucky estendeu uma metralhadora para Jenn. Ele já tinha uma em torno de seus ombros. ―Você sabe usar isso? ― Ele perguntou a ela. ―Estou um pouco enferrujada, ― ela admitiu quando colocou a alça no pescoço e levantou a arma, ―mas nós tivemos treinamento com armas básicas na academia. ― Ela agarrou o cano e o punho. ―Esta é uma metralhadora, e tem um projeto com o ferrolho aberto. Que ajuda com o equilíbrio. Mas devemos mantê-las destravadas, tanto quanto possível, para evitar a contaminação. Como a água do esgoto. Ela olhou para ele. ―Além disso, é bom descansar entre as rajadas e menor armamento. Bambam-bam, e descansa. Caso contrário, você pode acabar atirando para a lua. Lucky assobiou. ―Você deveria abrir mais academias, Padre. Você poderia treinar mais lutadores. ―Sim, disse Marc. ―Por ser tão elitista? O que esses caçadores têm que os definem tanto assim? ― Quando Marc falou, ele olhou para Jenn, e ela podia sentir o rosto queimando.
―Nós geralmente combatemos corpo a corpo. Como você sabe, as armas não funcionam em vampiros. Nós iremos ensinar a vocês tudo o que pudermos, ― disse Padre Juan. ―Incluindo a magia? ― Lucky perguntou, movendo-se para ficar ao lado de Marc. ―Eu nunca conheci ninguém que pudesse fazer magia. Isso é tão estranho. ― Ele sorriu para Skye. ―Você pode fazer como, amor, feitiços e coisas assim? ―Eu não posso, ― Skye deixou escapar rapidamente, de repente, ocupada com a mochila colocando as estacas com pontas afiadas e frascos de água benta. ―Você pode fazer o nosso telefone funcionar? ― Marc perguntou. ―Eu tentei antes de ir embora. E eu tentei lançar feitiços de proteção sobre o seu lugar, aqui. Eu não podia dizer se funcionou corretamente. Jenn varreu o olhar pelo lugar marcado. Skye devia estar agindo fragmentada. Rasgada, literalmente. Alguma coisa estava muito errada. ―Nós temos outra casa segura no bairro, ― disse Marc. ―Nós vamos reagrupar, e então sairemos. Jamie e Eriko aderiram ao grupo. Eriko limpou a garganta e disse: ―Eu quero discutir o plano mais completo. Nós estamos carregando um monte de engrenagens. Nós teremos que guardar isso antes de tentarmos o resgate. ―Eu digo que deveria deixar isso aqui, ― Jamie insistiu, enchendo os bolsos de velcro com munição. ―Não há nenhum ponto atolado mesmo abaixo. Os andares superiores devem ser aprovados. ― Jamie agarrou uma metralhadora com uma mão e um Magnum 0,457 na outra. Ele parecia uma criança no Natal. ―Você não estava aqui, ― Marc disse: ―Quando o Katrina atingiu. ―É só chover, ― disse Jamie. ―Isto é New Orleans. Nós estamos abaixo do nível do mar, ― Marc anulou. ―Deve haver duas equipes, ― Holgar saltou. ―Uma para mover as coisas, e a outra para resgatar a irmã de Jenn. ― Ele levantou a mão. ―Vou ajudar no resgate.
―Você deveria ir com o equipamento. Daria um burro de carga adequado, ― Jamie arrastou. Holgar estreitou os olhos. ―Estou mantendo a contagem, você sabe. ―E é de cem mil a zero, por minha conta, ― Jamie respondeu. ―Bem, eu sou a única que pode acompanhar os traços da magia, então... Eu tenho que ir. ―Vale, vale, ― disse Antonio. ―É claro que eu e Jenn estamos indo. ― Ele ficou intimamente ao seu lado. Jamie virou-se para Eriko. ―O que você diz, patos? Eriko assentiu e ficou ao lado de seu parceiro de luta. ―Mas você deve carregar os bolsos com cuidado, ― ela disse franzindo a testa. ―Vai ser difícil para você alcançar suas estacas e água benta, se as munições estão no caminho. ―Eu costumava levar muito mais do que isso em Belfast, ― ele respondeu, dando tapinhas no bolso de sua jaqueta verde-oliva. ―Era só ir à loja e pegar um shop. ―Irlanda do Norte é uma boa analogia, ― disse Marc. ―Ou Paris, depois que os nazistas conquistaram França. Os vampiros tomaram conta, e eles são muito descarados. Eles têm aterrorizado a polícia e o prefeito em submeter-se a eles. Nenhum ser humano pode esperar justiça. Para os vampiros que estão próximo do paraíso. ―Próximo para o inferno, ― disse Jamie. Talvez seja por isso que Aurora trouxe sua irmã aqui, ― acrescentou Bernard, acenando para Jenn. ―Se ela quer fincar raízes, ela diz muito sobre sua força que pode arrancar um membro da família de debaixo do nariz de um caçador. ―Para ressaltar o meu ponto, ― Marc cortou, ―as pessoas aqui fazem o que os Malditos querem. Alguns estão com muito medo. Mas a verdade é que muitos deles têm uma vida melhor, depois que os vampiros chegaram. Pessoas pobres, os impotentes, os vampiros estão usando contra nós. E eles são felizes por serem usados. ―Eles se sentem úteis, ― Holgar aventurou.
―Isso é. ― Marc, aparentemente, não estava em um estado de espírito de brincadeira. ―Há preços sobre as nossas cabeças. Nós somos muito valiosos mortos. É mais do que provável que os seres humanos vão atirar em vocês. ―Que venha, disse Jamie, inclinando a Magnum. ―A metralhadora é uma boa arma, ― Antonio disse, olhando para o Padre Juan. ―Quando chegarmos em casa, talvez devêssemos repensar a nossa maneira de fazer as coisas. ―Somos caçadores, ― Eriko disse. ―Não soldados. Marc descansou os braços sobre a metralhadora. ―Sim, bem, você define a missão para corresponder ao seu inimigo, não o contrário, heim? ―Sensei? ― O olhar frustrado de Eriko inclinou em direção a Padre Juan. Jenn deu um passo em direção a Eriko. ―Minha irmã está em perigo mortal. ― Ela pegou outra Magnum 0,457 e estendeu-a para Eriko, mas era tão pesada que seu braço balançou em um arco até que ela agarrou-a com outra mão. Que definitivamente assumiu o seu gesto desafiador. Padre Juan hesitou. Então ele disse: ―Sinto muito, Eriko, mas, por favor, pegue a arma. Vamos resolver isso quando chegarmos em casa. Quando chegarmos em casa. Jenn lambeu os lábios e engoliu em seco. Por enquanto, não. ―Vamos sair, ― disse Marc.
Embora a nossa pele seja pálida e fria Nós somos bonitos para contemplar Amem-nos o nosso modo pacífico Prejudicando-nos está ferindo você mesmo Cortando a carne e quebrando o osso Por se juntar a nós, você logo se acharia Você estaria perdido tanto em corpo e mente.
Com Eriko ao lado dele, Marc abriu a porta do convento que levava para o esgoto e imediatamente garimpou a área com sua metralhadora enquanto ela pintava a escuridão com sua lanterna. Olhando por cima do ombro de Eriko, Jenn viu a água correndo, onde, antes havia uma gota invadindo os esgotos do Bairro Francês. Apesar do aumento na quantidade de água, o cheiro não piorou do que a primeira vez que ela esteve aqui. Mas ela quis saber como eles passariam através do túnel – que estava na altura da cintura dela, e subindo. Marc acenou para Bernard, Matt e Lucky, que desceram as escadas e depois desapareceram por trás deles. Reapareceram alguns segundos depois com o primeiro de quatro barcos de fundo chato, cada um com aproximadamente 10 pés de comprimento, com bancadas de alongamento horizontal entre os dois lados do casco. ―Estes são chamados de pirogas, ― Marc anunciou. ―Barcos Cajun. Nós somos dezessete. Bernard, Lucky, Suzy e eu iremos com a equipe de extração. Isso torna onze. O resto do meu povo se deslocará com os equipamentos a casa secreta. Nós nos encontraremos lá. Suzy parecia um pouco desconfortável quando ela abriu espaço para Skye em seu banco enquanto subia a bordo. Ela tinha tirado seus elásticos de suas tranças e puxou seu cabelo para trás com um elástico. Skye estava torcendo o anel de prata em seu polegar, seu rosto pálido. A atmosfera havia mudado, logo que a identidade da bruxa Skye tinha sido revelada, e piorou quando Eriko protestou seu armamento a si próprio com armas convencionais. Agora que eles estavam se movendo, era ainda pior. A resistência estava inquieta em torno deles agora, e isso era ruim. As pessoas de Marc queriam se livrar de Aurora. Jenn queria salvar a vida de sua irmã. Mas a Resistência não tinha escrúpulos em matar seres humanos, a fim
de servir ao bem maior. Se Heather entrasse no caminho, e isso viesse com a irmã de Jenn ou sua meta de vampiros, o que os soldados de Marc fariam? Antonio, Jenn e Padre Juan subiram em um barco. ―Isso eu posso, ― disse Marc, empurrando o barco, então graciosamente subiu a bordo, molhado até os joelhos. Um poste de madeira de cerca de seis metros de comprimento estava do lado direito dos bancos, e ele pegou-o e meteu-o na água. ―É desta forma que se conduz em águas rasas, ― explicou. A corrente os pegou, e deslizou para longe da entrada do convento. Um piloto em cada barco, virando uma lanterna, guiando o capitão. No barco de Jenn Padre Juan era o guardião da luz. O túnel tornou-se mais estreito e mais escuro, as lanternas jogadas sobre os olhos redondos dos ratos que guinchavam cobertos de musgos, lixo espalhado nas fendas das paredes e, em seguida, correram para longe. Por ordem de Marc todos abaixaram suas cabeças enquanto o teto do túnel diminuía, tornando mais difícil de assistir para onde nós estávamos indo - e de ver qualquer invasores em potencial. ―Uma vez eu estava aqui sozinho, ― murmurou Marc, ―e um vampiro caiu sobre mim de cima. Eles usam os mesmos bueiros que nós. ―É tão ruim lá em cima que tem que atravessar assim? ― Jenn perguntou. ―Para nós? Sim, ― respondeu ele. ―Somos conhecidos. Mas se você andar fora como uma pessoa, não, não seria tão ruim. As pessoas sorriem. Eles estão comemorando o Mardi Gras. Vampiros são encantadores. E assassinos. ―Você parece com raiva. Ele olhou para ela, realmente parecia. Ela viu linhas em torno de seu rosto. ―Você é muito inteligente, Jenn. Eu estou com raiva. Estamos arriscando nossas vidas para se livrar dos otários, e a maioria das pessoas na rua nos odeiam. Eles fazem o que podem para sobreviver. ―Mas você prefere morrer.
―Claro que não, eu não quero morrer. Mas eles podem muito bem serem uns reais zumbis. Eles não estão vivos. Eles estão apenas pisando na água. Ele ficou em silêncio. Jenn levou a sugestão dele e não fez mais perguntas. Suas costas doíam a partir da curvatura de seu pescoço, e o suor ardia seus olhos. Os lábios de Antonio vaguearam em seu pescoço, eles eram frios contra a sua veia latejante. Ela estremeceu, ficou rígida, chocada e assustada. Ela tentou virar a cabeça para olhar para ele, mas naquele momento o barco diminuiu cerca de cinco metros, criando um esguicho quando ele bateu de volta para baixo, e Antonio pegou seu braço, firmando-a. ―Desculpe, deveria ter alertado você, ― murmurou Marc. Antonio envolveu sua mão na dela e apertou-a. Ele estava se desculpando? Tinha ele pretendido tocá-la assim? Seu coração trovejou quando ela cautelosamente agarrou a borda do banco. Então, com tanto cuidado como ela podia, olhou na direção dele. Olhos vermelhos piscavam como chamas dançantes sobre a água. Profundos carmesins, fumegantes. Ela prendeu a respiração. Se Marc visse, ele saberia o segredo de Antonio. O que ele faria? Ela pegou sua metralhadora. O que ela faria? Ela estendeu a mão e encontrou Antonio de novo; laçando seus dedos com os dele, ela o agarrou, duro, dando a ele um movimento rápido. Ele assobiou. ―O que foi isso? ― Marc sussurrou. ―Padre Juan, mova a lanterna ao redor. Ela ouviu a hesitação na voz de Padre Juan. ―Muito bem. Seu mestre sabia que era o assobio de Antonio. Padre Juan sabia que Antonio havia mudado. Jenn começou a tremer. Unindo as forças havia sido um erro terrível. Eles deveriam ter ficado por conta própria. Agora eles tinham que se preocupar com os vampiros e a Resistência. ―Estoy bien, ― Antonio sussurrou contra seu ouvido. Eu estou bem. Ele havia assumido o comando de si mesmo. Ela arriscou um olhar e não viu
nada. Então a lanterna do Padre Juan ricocheteou na parede e ela mal traçou o perfil de Antonio. Seus olhos já não estavam mais brilhantes. ―Lo siento. ―Nós estamos aqui, ― Marc murmurou. ―Padre, por favor, aponte a lanterna para cima. É o nosso código, sinalizando que somos amigos. No caso de qualquer de nossos povos, no entanto. Marc estendeu sua vara na frente e empurrou para baixo em um ângulo, usando-a como um mecanismo de freio. A luz amarela jogada sobre uma encosta de cascalho alcançou para cima na escuridão. Ratos chiaram e depois desapareceram. Com uma lufada de água, a proa da pirogue raspou sobre o cascalho, o barco sacudiu para frente, e então Marc pulou. Padre Juan seguiu o exemplo e depois Jenn e Antonio. Logo os outros barcos estavam alinhados ao lado do Jenn. Marc pegou a lanterna de Padre Juan, passando o feixe de mais de dois túneis na frente deles. Skye veio ao seu lado segurando sua pedra de vidência. ―Pelo que você descreveu, eu acho que nós precisamos tomar o túnel à esquerda, ― disse Marc. ―Sim, ela disse. ―Que irá levar. ―Você não tem uma arma. ―Eu me concentrarei na minha magia, ― ela respondeu, e Jenn ouviu algo estranho pegar na voz de Skye. Ela olhou para Antonio de novo, mas seu rosto estava encoberto na escuridão. ―Eu vou cobrir você, já que você estar desarmada, ― Jamie disse. ―Eu e Eriko. Nós dois temos metralhadora. ―Hai hai. ― Eriko estava falando em japonês. Ela estava estressada. Ela perdeu o controle da missão, e eles não estavam fazendo da sua maneira. Por favor, vocês, por favor, fiquem juntos. Esta é a minha irmã, Jenn pensou. ―Padre Juan, ― Antonio murmurou. ―Eu pensei ter ouvido alguma coisa no outro túnel. ―Vamos investigar, ― Padre Juan disse rapidamente. Para Marc, ―Nós vamos dar uma olhada e, em seguida, nós alcançamos vocês. ―Não, é muito perigoso, ― Eriko cortou dentro. ―Não deixem o grupo. Mas Jenn ouviu a tensão.
Antonio não podia parar a sua transformação. Ela apertou suas mãos ao redor da metralhadora. Isso estava indo mal. Todas estas armas, todos ao seu redor, Eriko perdendo o controle, Antonio perdendo o controle. ―Depressa, ― disse Marc ao Padre Juan. Vultos deslocaram ao redor de Jenn, ela pegou um flash vermelho – olhos de Antonio – e então ela não viu mais nada, ele se afastou. Ela deu um passo hesitante em sua direção, então a pressão de uma mão a parou, e alguém se inclinou para sussurrar em seu ouvido. ―Os deixe irem. Não desobedeça. ― Isso era Jamie. Então, ele tinha visto também. Ela assentiu com a cabeça, se afastando, e ele seguiu atrás dela. ―Seja legal. Ato legal, ― disse Jamie. Ela ficou grata por sua voz firme. ―Isso você pode, ― ele murmurou. Talvez não tão grata. ―Há um problema, ― disse Skye com a voz baixa. ―Eu não consigo encontrar o caminho da magia. Tem certeza que este é o túnel correto? Passos de botas no cascalho, Jenn observou como Padre Juan e Antonio entraram no outro túnel, Padre Juan segurando uma lanterna bem abaixo, embora Antonio pudesse ter o guiado na escuridão. Mas eles tinham que manter as aparências. ―Você iniciou embaixo da Decatur Street, sim? ― Marc disse. ―Na frente de Jackson Square? Você viu a estátua de Andrew Jackson no cavalo? ―Sim, é aí que eu fui para dentro do túnel, mas nós – eu – surgiu uma maneira diferente. Eu acabei acima do dique, ― respondeu ela. Jenn piscou. Eu simplesmente ouvir dizer “nós”? ―Então, de qualquer forma você teria que atravessar a outra extremidade do túnel. Isso é onde os túneis se cruzam, ― disse Marc. Ela ouviu um estalo – de armas sendo carregadas, soldados verificando as suas munições. Botas agregadas sobre o cascalho úmido. Lanternas pastavam os lutadores quando eles entraram no túnel. Jenn viu o olhar no rosto de Skye – preocupação, frustração, - enquanto a bruxa murmurava e colocava a mão em toda a superfície da pedra. Ela caminhou lentamente, e Jenn correu até ela.
―Você pode fazer algo como colocar um glamour em Antonio? ― Ela perguntou numa voz baixa. ―Ele está tendo problemas. ―Oh, minha Deusa, ― Skye suspirou, olhando para ela. ―Eu não sei se eu posso Jenn. Quero dizer, eu não tenho certeza se posso fazer isso em primeiro lugar. Mas neste momento a minha mágica está sendo bloqueada. Jenn prendeu a respiração. ―Mas você foi capaz de colocar um glamour em si mesmo para que você pudesse passar como um vampiro. Isso funcionou. Skye hesitou. Então ela disse, numa voz tão baixa que Jenn teve dificuldade de ouvi-la. ―Eu tive ajuda. Nós, Jenn pensou. Então, ela tinha ouvido corretamente. Tinha mais alguém? ―Ajuda? ― Jenn inclinou a cabeça. ―Como outras bruxas? Skye fez socos com ambas às mãos e bateu na testa. ―Inferno sangrento, eu simplesmente quebrei meu juramento. Nós juramos guardar segredo. O que estamos fazendo é tão errado aos olhos da Bruxaria. Os ombros dela caíram, e ela balançou a cabeça. ―Eu estou fazendo coisas que bruxas estão proibidas de fazer: lutar, usando armas. Usando balas. E agora eu estou falando sobre os outros. Jenn colocou a mão no ombro de Skye. ―Você está tentando evitar a morte da minha irmã. Ou pior. ― Sua voz falhou. ―Você tem que dizer a Padre Juan sobre estes outros bruxos. Nós precisamos da ajuda deles. Quantos são? ―Eu não posso te dizer, ― Skye disse firmemente. ―Eu falei, Jenn. ―Talvez você possa pedir a eles para nos ajudar. ― Jenn manteve a voz como até mesmo podia, mas ela queria sacudir Skye, até seus dentes baterem. Como poderia não nos contar? Ela queria gritar com ela. Como você pode manter algo assim de nós? ―Eu pedi. Eles estavam dispostos a me ajudar, desde que eu prometesse não revelar suas existências. Ela soprou um fio de sua testa. ―Então eu posso ter acabado de perder todos os meus aliados.
―Mas se eles souberem que uma vida humana está em jogo, ― Jenn argumentou, ―Então... ―Os vampiros de Nova Orleans têm alguém do mundo mágico que está os ajudando. ― A voz de Skye apertou. Ela estava com medo. ―Eu acho quem quer que seja está me bloqueando, agora. E talvez eles estejam lançando um feitiço em Antonio também. Jenn ficou boquiaberta. ―Você quer dizer que alguém está tentando fazer Antonio se transformar? ―Eu não sei, ― Skye sussurrou de volta. ―Eu ouvi dizer que alguns podem. Mas a minha pedra de vidência está um desenho em branco. Isso não deveria ser. Deve me responder. Meu caminho da magia deve aparecer na pedra, e ela deve brilhar mais forte quanto mais nos aproximarmos a ele. Skye pensou por um momento, depois falou rapidamente em latim, criando uma bola de luz branco-azulada sobre o tamanho do seu polegar que derivou pela frente. ―Isso funcionou, pelo menos. Vou falar para Marc. ―Mas você não irá dizer nada, ― disse Jenn. ―Não sobre Antonio. ―Ou o meu parceiro de luta, Holgar, ― Skye bufou. ―Você acha que eu sou uma idiota? Jenn mordeu a língua. ―E você precisa manter o silêncio sobre meus amigos, ― adicionou Skye. ―Você tem que dizer pelo menos a Padre Juan, ― Jenn implorou. ―Olha, eu já disse a você que eu pedi a eles para nos ajudar. Eles estão fazendo o que podem. Eles não irão adiante. Porque eles estão fazendo isso agora, Jenn. Skye se distanciou da bola sobre suas botas, uma versão disfarça de pisando duro com os pés, e tocou Marc no ombro. Ele parou, e eles conferiram. Ele virou a cabeça em direção ao grupo, então olhou de volta para Skye. Andaram cerca de dez metros e esticaram o pescoço sobre a pedra de vidência de Skye. Andaram outro dez metros para dentro do túnel, depois vinte, tendo uma luz com eles.
Sua mão em concha sobre uma lanterna, Suzy arrebatou para Jenn. ―Será que ela criou essa luz? ― Perguntou ela. ―Com a magia? Jenn não sabia o que dizer. Ela não era utilizada para explicar as ações do grupo para estranhos. E o que Skye relevou havia a chocado. Não só por Skye ter uma vida secreta, mas ficou muito claro para Jenn que ela não era tão poderosa como uma bruxa, Jenn havia assumido. Padre Juan poderia ser igualmente consternado. Padre Juan deve saber. Sua coluna endureceu quando Skye e Marc voltaram em direção a eles. Em seguida, Eriko moveu ao redor de Jenn, colocando-se entre ela e Marc, tentando restabelecer como a pessoa responsável. ―Algo não está certo, ― disse Marc para o Caçador. ―Skye diz que sua pedra não está funcionando. Eriko encolheu os ombros. ―Talvez, às vezes, não funciona. ―Não, ― Jenn falou. ―Essa é a coisa sobre magia. Se isso não está funcionando, há uma razão. ― Ao contrário da oração. ―Meu melhor palpite é que existe outra pessoa usando magias para me manter cega, ― disse Skye. Ela lambeu os lábios como se estivesse prestes a dizer algo mais, então os apertou, olhou para Jenn e depois para a pedra. ―Talvez tenha feitiços por toda a cidade. Talvez seja por isso que seus telefones celulares não funcionam. A pele escura de Bernard parecia de um profundo roxo na luz azulada de Skye. ―Isso pode ser. Há também uma tecnologia que pode emperrar o uso do telefone celular, no entanto. E da internet, ― ele acrescentou, antes que alguém pudesse interromper. ―Então, o que é magia e o que é tecnologia? ― Marc murmurou. ―Se eles estão impedindo de você usar magia, então por que você fez essa obra com a luz? ― Suzy perguntou a Skye. Skye deslocou o seu peso. ―A magia é uma força, como a eletricidade. Um lançador de magias forma isso. Se alguém apagasse as luzes em uma sala, por exemplo, seu ipod não iria parar de funcionar. Que levaria uma magia muito poderosa, ou um conjunto de magias para amortecer todos os meus
feitiços. Quem bloqueou o meu caminho está fazendo isso para proteger Aurora. Há muito mais do que isso, Jenn pensou, estudando sua companheira de equipe. Ela não apenas estava preocupada, ela estava apavorada. Os olhos de Skye estavam correndo para a esquerda e direita, quase como se estivesse se preparando para que alguma coisa acontecesse. Como se ela estivesse esperando alguém para acontecer. E de repente, Jenn sentiu que eles estavam em perigo terrível. Sentindo como se todos os insetos estivessem rastejando sobre ela, ou pequenos choques elétricos. ―Devemos sair daqui agora! ― Jenn chorou. O túnel rugiu para vida quando monstros vivos caíram do teto, duro, no cascalho. A luz de Skye piscou para fora, e na escuridão um ―staccatoratatatat‖ de metralhadoras chocou contra os tímpanos de Jenn. ―Não atirem! ― Eriko berrou. ―Vocês podem atingir um de nós! O ruído rugiu ao redor de Jenn, empurrando-a para o caos e a confusão, então alguma coisa atingiu o seu rosto, e ela caiu para trás, batendo sua cabeça contra uma rocha afiada. Rolando para a esquerda, ela pegou no bolso ao longo de sua coxa uma estaca enquanto ela pegava um frasco de água benta de sua jaqueta. Incapaz de ver, ela atirou água benta em um arco, e foi recompensada com um silvo agudo. Ela seguiu através, atirando o frasco, em seguida, empurrando e apontando para a escuridão com sua estaca. A ponta penetrou algo – ou alguém - mas o seu agressor retrocedeu com força das suas costas. Sua armadura ajudou a absorver o choque. E se fosse Antonio? Ela pensou, jogando-se em direção a seu atacante. Mais o fogo da metralhadora atravessou o túnel como dinamite explodindo, e seus tímpanos fecharam. O mundo se quebrou em um vazio silencioso enquanto que Jenn dava socos, chutes e apunhalava o ar vazio. O vampiro se moveu. Ele sabia onde ela estava, mas ela não podia dizer o mesmo. Ela girou em um círculo, cego, surdo, apunhalando em nada. Alguma coisa bateu nela duro. Ela não sabia onde. Adormecimento gelado espalhou através de seu corpo enquanto as pernas cederam e ela desabou no chão. Com um grunhido, ela lutou para levantar – nada estava a
segurando - mas, seus músculos começaram a tremer. Ela estava girando, congelando. Eu estou ferida. Ela não poderia dizer se tinha levado um tiro ou o quê. Isso não era o problema. Ela estava fora da luta. Levante-se, ordenou a si mesma. Agora. ―Antonio, ― ela murmurou, embora ela não conseguisse ouvir a palavra. Onde ele estava? O que estava acontecendo com ele? Então, alguém a pegou, ou ela estava flutuando, ou eles estavam a carregando, gradualmente, ela começou a ouvir as palavras, e elas eram espanhóis, misturada com latim. Em sua mente atordoada que soava como uma canção de ninar. Era Antonio, orando por ela. Sua cabeça pendeu sobre o peito dele, e ela deslizou o braço em volta de seu pescoço. ―Jenn, ― disse ele. ―Jenn, eu tenho você. ― Sua voz tremeu. ―Oh, Deus, eu me sinto tão fria. Ar frio atingiu seu rosto, e ela ouvia o ritmo de seus passos. Ele estava correndo mais rápido do que qualquer um poderia, com exceção de Eriko. Alguém iria notar, e fazer perguntas. ―Antonio, desacelere, ― ela disse. Ele não respondeu. Então, ele mudou o peso de um dos braços e subiu uma escada de metal. Chuva caiu sobre eles. Outras mãos a levaram – Holgar – e ele correu com ela para o outro lado da rua, ao redor de um edifício, descendo uma pequena rua repleta de cartazes roxo e verde. Havia um grande cartaz para o Mardi Graz, eles brilhavam ha medida que passavam tão depressa que ela não podia lê-lo. ―O que aconteceu? ― Ela perguntou, quando uma porta roxa se abriu e Holgar a levou para dentro. Na luz escura do hall da entrada, estava sujo e cheio de caixas de correio, lixo e duas pilhas de cadeiras de escritórios empilhadas uma em cima da outra. Correndo para um canto, eles passaram por uma porta descascada de madeira branca, e Padre Juan conduziu Holgar a um saco de dormir que se desenrolava no chão. ―Você desmaiou. Não podíamos encontrá-la. Antonio voltou, ― disse Holgar, quando ele a colocou para baixo. Ele olhou para Padre Juan. ―Isso é
loucura, mestre. Não há nada de seguro sobre esta casa segura. Tivemos que correr na rua. Uma dúzia de vampiros poderia ter nos visto. ―Ou informantes, ― Jamie interrompeu dentro. Ele se inclinou sobre Holgar e olhou para Jenn. ―Quer um pouco de uísque? Vai aliviar a dor. ―Sim, ― ela respondeu, surpreendo a si mesma e todos os outros. ―Fique à vontade, então. ― Quando Holgar a ajudou a se sentar, Jamie colocou a garrafa em seus lábios. Isso queimava a garganta e brilhava em sua corrente sanguínea. Ela abafou uma tosse, Jamie viu e sorriu, colocando a garrafa em seus lábios. ―Onde está o resto da equipe? ― Ela perguntou. ―Onde estão Skye e Eriko? ―Skye está ajudando os feridos. Eriko está andando o perímetro. Ela não gosta desse lugar. ― Padre Juan respondeu. ―O piso está alagando. Isso é uma porra de desordem, ― Jamie murmurou. ―Nós não estamos longe o bastante do esgoto. Eles vão cheirar todo o sangue. ―Mas ninguém morreu, ― Padre Juan acrescentou, respondendo a pergunta de Jenn. ―Eu fui baleada? ― Ela perguntou. ―Vamos descobrir, ― ele disse colocando as mãos sobre o braço dela. Ela olhou para baixo e engasgou pela quantidade de sangue que havia encharcado sua jaqueta. Ela ainda estava sangrando. Ele olhou para Jamie. ―Você poderia, por favor, pedir a Skye para vir aqui, mi hijo? ―Onde está Antonio? ― Ela levantou a cabeça, sentindo-se tonta. ―Ele vai ficar no túnel por um tempo, ― seu mestre lhe disse. Dando a ela um olhar duro, como se estivesse alertando para não dizer nada. Perturbada, ela obedeceu. A porta da frente abriu. Soaram passos pesados no corredor, e Marc e Eriko se inclinaram para a sala. Marc disse: ―Nós conseguimos transporte. Vamos embora. Padre Juan franziu as sobrancelhas. ―Esse caçador foi ferido.
―Sinto muito sobre isso, ― disse Marc diretamente para Jenn. ―Nós fomos surpreendidos. ―Não havia atacantes humanos nesse túnel. ― Eriko passou a mão em seus cabelos. ― Apenas vampiros. Assim, as balas causaram apenas danos. ―Nós não sabíamos quando abriram fogo, ― respondeu Marc. Jamie olhou para Marc. ―Nós temos que ir. Não é seguro aqui. ―Nós vamos, ― respondeu Marc. ―Estamos saindo da cidade. ― Olhou para Jenn. ―Nós temos que parar em primeiro lugar. O barulho de um veículo se aproximando abrangeu o grito de Jenn enquanto Padre Juan a ajudou a sentar-se. Agora ela estava sentindo dor. Toda machucada. Seu braço latejava, e ela estava sentindo dor na barriga. Ela respirou fundo firmando quando Padre Juan a levantou, então ela oscilou. ―Vamos, Jenn. ― Holgar a pegou nos braços, sorrindo para ela. ―Você precisa fazer uma dieta. ―Vou ver Lucky, ― Padre Juan disse. Então, todo mundo foi para fora do prédio e para a pesada chuva – com exceção de Lucy, que estava sobre dois pedaços de madeiras unidas como se fosse uma maca. Marc estava em uma extremidade e Padre Juan na outra. Envolvido em um cobertor verde, Lucky estava gemendo, se seu rosto, estava branco como defunto. Skye caminhava ao seu lado, fazendo círculos com as mãos. Sua testa enrugada de concentração. ―Oh, não, ― Jenn murmurou, quando duas vans rolaram até parar e deslizar as portas para trás. Uma das vans era preta, e tinha os vidros pretos fumados. A outra era branca, com fumês nas janelas. Bernard estava no volante da branca, e Suzy estava dirigindo à outra. ―O que aconteceu com ele? ―Levou um tiro, ― disse Jamie. ―Parece ruim. É claro, eles não podem levá-lo a um hospital. ―Um médico irá se encontrar com nós ― disse Marc. Jamie sacudiu a cabeça. ―Ouça-me. Você não deve movê-lo. Ele vai piorar se o fizer. ―Não temos outra escolha. ― Marc fez uma careta para ele. ―Você quer guerra? Isto é Belfast durante os problemas, antes de você e eu nascermos. Isto é movendo os tanques sobre pessoas inocentes em seus pijamas.
―Isso aconteceu por causa das armas, ― Eriko disse enquanto ela olhou para a esquerda, depois à direita, e sacudiu a cabeça para Holgar. ―Coloque Jenn dentro de uma das vans. ―Onde está Antonio? ― Ela perguntou. ―Estou aqui, ― ele respondeu calmamente, quando Holgar a deslizava para dentro, da van preta com as janelas escuras. Não havia assentos, apenas o piso, que estava cheio de cobertores e mais armas, e um kit grande de primeiros socorros. Antonio reuniu um cobertor seco, e ele gentilmente colocou ao redor de Jenn. O braço dela parecia que estava sendo incendiado, e ela sugou uma respiração. ―Bien, bien, mi amor, ― ele disse, enxugando a testa com a mão trêmula, olhando para baixo para ela com seus olhos escuros e espanhóis. Eles não tinham nenhum fogo, ele estava mantendo a si mesmo sob controle. Ou então, com o medo, o fogo havia saído. ―Eu estou morrendo? ― Ela perguntou. Seus lábios se abriram. ―Não, nunca. ― Ele agarrou a mão dela, apertando com tanta força que ela estremeceu. Ele estudou seu rosto, seus olhos semicerrados, e ela sentiu deslizar mais longe, como se ela estivesse em um elevador. Ela estava com frio. ―Ei, como você entrou aqui tão rápido? ― Marc exigiu, enfiando a cabeça dentro da van. Então ele estava distraído, murmurando, ―Fácil com o Lucky. ― Ele saiu e foi adiante a van branca. Padre Juan subiu, ao lado de Holgar, que fechou a porta, e os dois veículos rolaram. Menos de um minuto tinha passado. Pelas luzes na janela, Jenn podia ver que o amanhecer se aproximava. Lutando para não gemer de dor, ela estudou Antonio, que se embrulhou em um cobertor. O material reunido ao redor de sua cabeça parecia capuz de um monge. Holgar levantou sobre os joelhos, olhando para fora da janela colorida. ―Hold Kraeft, ― ele disse em dinamarquês. Nebulosa com a dor, Jenn resmungou fraca. Era o equivalente dinamarquês de ―Puta Merda‖, e ele não falava isso há muito tempo. ―Há soldados em todos os lugares, ― Holgar anunciou. ―Extremamente armados.
―E os policiais, ― disse Suzy a partir do assento do motorista. ―Então você vê, Marc não estava errado. ― Ela limpou a garganta como se soubesse que ela deveria mudar de assunto. ―Quando chegarmos à estrada principal, você verá os outdoors. A van colidiu longitudinalmente. Jenn estava ficando com dor de cabeça, e ela estava se sentindo mal, por causa de seu estômago. Antonio segurava sua mão com muito rigor – com muita força, quase como se ele estivesse a prendendo ao invés de consolá-la. Ela estava sangrando. O que era isso fazendo com ele? ―Já, eu vejo os sinais da grande estrada, ― relatou Holgar. ―Com frases escritas em letras enormes. Este diz. ―Amigos‖. E mostra um homem e uma mulher com dentes grandes sorrindo para uma idosa e uma criança. ―Veja aquele? Paz para todos, ― Padre Juan leu, esticando o pescoço. ―Por el amor de Dios, olha para isso. Um vampiro com braços espalhados, como Cristo. Antonio resmungou. ―Elevando para a Resistência, ― Suzy entoou por cima do ombro, como se ela conhecesse todas as frases de cor. ―Nós somos os caras maus, prejudicando os vampiros agradáveis. Agora que é bastante óbvio que eles são os caras maus, ninguém tem a coragem de dizer nada diferente. Holgar rosnou baixo em sua garganta. ―O mundo ficou louco. A van atingiu um buraco, dando um solavanco, e Jenn gemeu. Antonio pegou o seu rosto em forma de concha. Sua pele era ainda mais fria do que a dela. ―Tonio, ela disse, isso é confuso. ―Não, ele começou, e então ele olhou para ela. Pontos de luz vermelha dançaram em seus olhos. ―Sí, Jenn, você está certa. É muito confuso. E ouvindo dizer que estava ficando pior. Ferida, assustada, desesperada, ela começou a chorar. Os dedos dele eram suaves contra seu rosto. ―Oh, Deus, Antonio, o que vai acontecer com minha irmã? ― Ela se desfez em lágrimas. Ele apertou a mão dela enquanto ele acariciava sua testa, seu templo, seu rosto. ―Yo si. Deus tem um plano. Eu tenho certeza de que ele tem.
―Isso não faz nada, ― disse ela entre soluços, ―para me fazer sentir melhor. ―Ele está aqui, com as mãos para fora, e você pode simplesmente tomálas. E eu também, Antonio pensou. Mas ele era um vampiro. Um vampiro que tinha servido na corte de seu Sire e senhor, Sergio. Um dos vários assuntos vampíricos de Sergio, era que tinha atacado meninas de rua e as crianças abandonadas de Madrid por seu sangue. Incapaz de controlar seus desejos, suas necessidades. Observando como um Maldito rebelde, estava amarrado a uma fogueira como uma vítima da Inquisição, esperando o sol para levá-lo, finalmente, da face da Terra. Os malditos tinham seus deuses, Sergio seguia – Orcus, portador da luz, punindo aqueles que quebravam seu voto. Deuses do inferno, que prometiam trazer luz à escuridão – como Lúcifer, chefe de todos os deuses do inferno, o luminoso. Que, se fosse visto nesta vida, iria queimar o seu testemunho para a morte. Cegado pela luz – não por anjos, mas por demônios. Era por isso que os vampiros queimavam a luz do dia, ou assim se dizia. E os seres humanos queimavam também, só que muito mais lentamente. A van entrou em cena, enquanto o céu iluminava, e Antonio olhou para Jenn. Se ele desistir de seus votos, se ele abandonar seu rígido auto-controle... Ele andaria no mais brilhante dia, no mais ensolarado ponto do planeta em primeiro lugar. Ele iria enfrentar a luz com alegria, cinza as cinzas, pó ao pó, espalhado pelo vento.
Isso é uma cruzada, pelo menos para a maioria de nós. A santa causa. Nós somos dedicados para isso. Daremos nossas vidas para isso. Lutamos com o idealismo de jovens e lutamos com emoções e confusões crescente, ao mesmo tempo. Para nós o amor e o ódio podem girar em vida ou morte, especialmente para mim, Jenn Leitner. E para alguns de nós, a morte nunca pode chegar. O que significa que esta guerra pode virar ódio... ...Para sempre. ―A partir do diário de Jenn Leitner.
A van pegou velocidade, colidindo e desviando-se, quando Jenn dormia. Ela sonhou que estava andando na paria, com Heather, a alertando sobre tubarões. Eles podem sentir seu cheiro, ela disse. E no sonho Heather responder, eu sei. Eu sou um tubarão agora também. Jenn acordou gritando. Antonio e Holgar estavam inclinados sobre ela, e a porta da van estava aberta. ―Está tudo bem, ― Antonio acalmou. Seu rosto estava apertado com preocupação, e ele parecia muito como ela se lembrava de seu primeiro dia na academia, cabelos compridos e encaracolados, rosto sério. Ele usava um único brinco com uma cruz de rubi. Seu físico era de um adolescente mais velho. Isso não havia mudado. Padre Juan o apresentou como um seminarista, um homem que estava estudando para ser padre. Ele se esqueceu de mencionar que Antonio foi um seminarista por mais de setenta anos. ―Nós estamos estacionados na sombra, ― Holgar disse calmamente. ―Então, Antonio não vai conseguir uma queimadura solar. Ela piscou para os dois um pálido, sorriso choroso e sentou-se, surpresa ao descobrir que sua camisa estava empurrada para cima em torno de seu cotovelo e seu casaco pendurado em seus ombros. O seu antebraço estava enfaixado e colocado em uma tipóia que passava em torno de seu pescoço, mesmo a metralhadora estava agora desaparecida.
Pela sua expressão de questionamento, Antonio disse: ―Eu fiz isso. Coloquei o curativo. ―Vamos, ― Padre Juan disse a eles, enfiando a cabeça dentro da van. ―Antonio, o teto deve protegê-lo, mas vá para dentro e mova para o centro da casa. ―Sí, Padre. Cuide dela. Holgar ajudou Jenn a sair da Van, enquanto Antonio esperava. Seu braço latejava, eles tinham estacionado sob o beiral de uma enorme mansão em ruínas. Isso tinha três andares de altura, e azul com uma pintura branca em flocos, com varandas circulando cada andar, meio destruída pelo tempo e condições meteorológicas. Três janelas estavam centradas no telhado inclinado, que cedeu em muitos lugares. A chuva tinha parado, e as nuvens cobriram o céu. Antonio cautelosamente surgiu em seguida, esquivando-se sob o toldo e posicionando o braço bom de Jenn sobre seu ombro. A porta estava aberta, e Holgar deu espaço, para Antonio entrar primeiro. Ele parecia desconfortável – mesmo uma pequena quantidade de sol era demais para ele. Movendo rapidamente em um corredor, ele se inclinou contra a parede e fechou os olhos. Holgar caminhou com Jenn através de um assoalho de tacos aberto com buracos para um sofá cor de vinho acolchoado, do tipo com um encosto de cabeça inclinado e apenas um lado estofado, feito para ler e sonhar acordado. Jenn encolheu a si mesma de forma que suas botas ficaram fora do estofamento, penduradas no ar. Era extremamente desconfortável. Ela se deitou em silêncio, cochilando, uma sensação de fraqueza, consciente de que ela foi à única caçadora a se ferir no ataque. Ela não se moveu rápido o suficiente, ou ficou atenta o suficiente, ou alguma coisa. Fechando os olhos, ela poupou pensamentos para Lucky, mesmo que ela não rezasse. Porque eu não consigo orar? Por que não consigo acreditar? Cruzes e água benta os ferem. Ele reza, e ele é intocável. Isso não é prova o suficiente sobre Antonio de que Deus está envolvido nisso?
Passos a puxaram de seus pensamentos. Antonio estava sentado com as costas contra a borda do sofá, vigiando. Sombras tinham deslizado ao longo da parede e se espelhava pelo chão. ―É esta a minha outra paciente, ― perguntou uma gorda, mulher de pele clara. Ela estava usando um vestido esvoaçante preto, sapato roxo e branco escondia seus pés. O cabelo dela estava preso em um lenço roxo e preto, e usava brincos de argolas grandes, esmalte decorado com grandes cruzes negras. Um colar de que deveria ser ossos de animais e pés de galinha pendia sobre seios fartos. ―Você é o médico? ― Antonio exclamou, parecendo incrédulo. A mulher sorriu. ―Médica e Voudou mambo. Mulher vodu, ― ela traduziu. ―E deixe-me lhe dizer, querido, os tambores estão falando. ―Como está Lucky? ― Jenn e Antonio perguntaram ao mesmo tempo. A mulher suspirou e fez o sinal da cruz. Antonio fez o mesmo. ―Nada bom, ― confessou. ―Padre Juan está com ele. ―Ele está dando a ele os últimos sacramentos? ― Antonio perguntou a ela. ―O que isto significa é... ―Eu sei o que são os últimos sacramentos, ― ela disse. ―Eu não sei se ele está... Ainda. Ela limpou a garganta. ―Mas eu estou aqui agora para você, querida. Você esperou muito tempo para me ver. A mulher desatou a tipóia de Jenn do pescoço. Os músculos do antebraço de Jenn apreendidos quando a mulher esticou o braço dela e começou a desembrulhar o curativo. ―Bom trabalho, ― disse ela, e Antonio abaixou a cabeça. ―Você fez isso? Você é um paramédico? ―Uma espécie, ― ele disse. ―Eu sou Alice Dupree. A maw-maw de Marc. Como uma avó do pessoal. ―Antonio De La Cruz, as suas ordens, ― ele respondeu, inclinando a cabeça. ―Eu sou apenas Jenn. Leitner, ― Jenn disse, piscando com raiva enquanto ela se lembrava o tom de zombaria de Aurora. ―É esta a sua casa?
Alice suspirou. ―Oh, não apenas Jenn. Os Malditos levaram minha casa anos atrás. Matando a esposa de Marc, também. ―Sinto muito por suas perdas, ― Jenn disse entre dentes, tentando não demonstrar o quanto sofrimento que ela estava sentindo. ―Maw-maw, ― disse Marc, caminhando para sala, plantando um beijo em sua bochecha. Ele balançou a cabeça para Antonio e Jenn. ―Como ela está? ―Não posso dizer ainda. Onde você esteve? ― Ela perguntou a ele. ―Assegurando se todos estão seguros. Temos que ficar por aqui por um tempo. Está quente demais para nós no bairro. E nós temos um mestre vodu atrás de nós. Espero que você possa nos dar uma mão. Alice franziu a testa enquanto ela inspecionava o braço de Jenn. ―Como você sabe que é um mestre vodu? ―Você viu a loira com as tranças loucas? O nome dela é Skye. Ela diz que é uma bruxa, e eu a vi fazer uma bola de luz. Ela ia nos levar para o vampiro decano, novo na cidade, mas ela disse que algo estava a bloqueando. Em seguida, uns bandos de vampiros atacaram-nos, e eu estou querendo saber se eles estavam nos rastreando através dele. Alice fez um som tsk tsk e franziu os lábios. ―Pode ser. Eu vou fazer algumas perguntas hoje à noite, ver o que posso conseguir. Você me ajuda, pequeno? ―Sim, Maw-maw, você sabe que eu vou. ― Marc assistiu um momento. ―Bala? ―Não sei baby, pegue minha bolsa, ― ela disse a Marc. ―Eu sou uma cirurgiã, ― ela assegurou a Jenn. ―Eu pratiquei na Argélia, sobre o rio. O prefeito me prendeu no chão, disse que eu estava remendando os rebeldes. ― Ela piscou. ―Eu estava. Ainda estou. ―Oh, ― disse Jenn. Marc retornou com uma bolsa de couro grande preta, assim como os médicos tinham em filmes antigos, e Alice abriu. ―Ouvi dizer que vocês são todos da Espanha. Mas, você não soa como se fosse da Espanha. Por que você não me fala sobre isso? ― Alice perguntou a Jenn.
―Eu sou da Califórnia, ― Jenn começou. Então, ela sentiu uma picada pelo seu cotovelo, e seu braço estava dormente. ―Isso é apenas lidocaína, ― Alice disse. ―Agora eu vou dar uma olhada. Marc inclinou-se para perto. ―Ela foi mordida? ―Ou baleada? ― Antonio perguntou. ―Não se parece com nenhum dos dois. Isso é apenas um corte. Eu estou limpando. Em seguida, alguns pontos. ―Ela precisa de uma transfusão de sangue? ― Antonio perguntou. ―Nós não temos nenhuma unidade aqui. ― A voz de Alice estava apertada. Oh, Deus ela sabe que Antonio é um vampiro, Jenn pensou, enrijecendo. ―Aquele menino, Lucky, perdeu muito sangue, ― Alice murmurou. ―Ele é muito jovem... Claro, era por isso que ela parecia tão estressada. Não por causa de Antonio, mas porque o menino poderia morrer. Jenn tinha que se controlar. Não enquanto não tivermos Heather de volta. ―Pronto. Feito. Você vai precisar descansar, ― Alice disse a ela, gerenciando um pequeno sorriso quando uma tesoura brilhou e ela levantou uma grande agulha e fio de sutura preta. ―Você precisa de algo para ajudar a dormir? ―Sí, ela precisa, ― Antonio quebrou. ―Ela tem estado sob muita tensão, e ela está muito cansada. ―Jenn? ― Alice perguntou incisivamente, olhando diretamente para ela. Se os vampiros atacassem esta noite, ela tinha que estar pronta. Ela não podia estar drogada, mas Antonio tinha razão, condescendente, como ele era. Ela estava muito cansada. Ela não conseguia parar de se preocupar sobre Heather. ―Pode apenas me dar um pouco? ― Ela perguntou. ―Não quero ficar grogue, só para me ajudar a pegar no sono. Eu posso estar necessitada. ―Sim, você pode, ― respondeu Alice. Ela remexeu em sua bolsa. ―Aqui. ―Vou pegar um pouco de água, ― disse Antonio.
Ele voltou com uma garrafa de água, e Alice lhe deu uma pequena pílula azul. Ela começou a ficar com sono quase que imediatamente. ―Obrigada, ― Jenn disse fracamente. Os cílios de Jenn tremulavam fechados, e Antonio fez o sinal da cruz sobre ela. Em seguida, ele desprendeu a corrente com a cruz que Padre Juan havia abençoado e dado a ele na noite em que tinha caído meio morto na capela de Salamanca por volta de 1942, implorando pelo santuário – e a colocou em volta do pescoço de Jenn. Seus dedos roçaram sua veia pulsante ali e ele fechou os olhos contra a onda de desejo intenso que rugia através dele. Que não era uma forma – de desejo físico ou um desejo por seu sangue – ele simplesmente a queria. Antonio elaborou em uma cadeira por um tempo, cuidando de Jenn como ele sempre fazia tantas noites na Academia. Ele estava provavelmente a embaraçando, ela usava sua insegurança sobre o seu papel como um caçador, como o remendo em sua manga. Ela se esforçava para aparecer igual aos outros, ela não sabia que ela era? Tal como o convento, a mansão não tinha eletricidade ou água corrente, mas como tinha sido utilizada como um esconderijo por um tempo, as luzes eram alimentadas por baterias por toda a parte. Na cozinha havia um fogão a gás propano e uma geladeira, e Suzy começou a preparar o jantar. As tarefas mundanas atendidas por, Eriko, Marc e Padre Juan reunidos para discutir a estratégia, enquanto Alice reunia os objetos rituais que ela precisava para realizar sua cerimônia vodu. Havia muitas idas e vindas, com a maioria dos rebeldes, que verificavam com Marc. Marc era o líder da Resistência, mas havia dezenas de pequenas células de três a quatro por toda a New Orleans e seus arredores, tornando mais difícil de matar o movimento, no caso se uma casa de segurança fosse descoberta. Suspirando, Antonio puxou o terço do bolso e segurou suas contas, orando por Jenn e a equipe, e a vitória da humanidade sobre seus irmãos. Embora tivesse sido transformado, ele não se converteu no sentido religioso: Ele não tinha abraçado a fé de seu pai vampiro, Sergio Almodóvar,
que adorava Orcus, senhor do submundo e Justiceiro dos que quebravam seus juramentos. Aos olhos de Sergio, Antonio tinha quebrado o mais básico dos juramentos vampíricos – absoluta lealdade ao seu próprio criador. Ao contrário, ele agarrou a uma fé verdadeira, não tendo certeza se ele poderia ser salvo do fogo do inferno. A religião dos Malditos não era algo compreendido ou sequer ouvido falar pela maioria dos seres humanos. Orcus era apenas um dos deuses adorados. Era como se cada vampiro adorasse outro diferente, era quase sempre o mesmo deus adorado pelo seu Sire. Alguém atrás dele limpou a garganta, Antonio se virou para encontrar Padre Juan respeitosamente de pé com a cabeça abaixada. Ele levantou uma sobrancelha, e Padre Juan curvou o dedo, o chamando. Antonio envolveu o terço em torno de sua mão e o seguiu. ―Senhora Dupree está prestes a realizar sua cerimônia vodu, ― Padre Juan dissse. ―Na minha experiência de tais rituais, necessita de um grande poder. Eu tenho medo de que o ritual possa expô-lo e Holgar. Antonio ponderou. ―Padre, você me disse muitas vezes que a verdade de Deus é como um prisma, refrata nessas várias religiões. E é a nossa crença – suas e as minhas – de que a fé que seguimos oferece a visão mais nítida. ―Por agora nós vemos através de um vidro sombriamente, ― Padre Juan confirmou, citando Corinthians. ―E por isso eu convido você a dizer o Ofício Divino comigo durante a cerimônia. Enquanto rezamos juntos, talvez o seu santo padroeiro, protegerá você do escrutínio. ―E Holgar? ― Antonio perguntou. Ele sorriu maliciosamente. ―Talvez São Judas tome conte dele. ― São Judas era o santo padroeiro das causas perdidas. ―São Judas é o santo patrono de Jamie, ― Antonio respondeu. ―Vamos ir um pouco além. ― Padre Juan sugeriu.
João da Cruz nasceu como João de Yepes Álvarez, ele foi um convertido: nascido como um filho de um judeu confessou quando era criança a igreja. Sua cama era dura, e o quarto estava cheio de luz, e quando ele estava morrendo, fez um pedido final: Oh, minha alma, levante vôo, viva e faça o trabalho de meu Pai Celestial. Viver, nas asas do vento, nos raios de sol. Abençoando e reparando o mundo. E quando ele suspirou para fora todos os problemas do mundo terrestre, sentiu a bondade de voar nas asas de anjos, como a magia do próprio Deus.
As nuvens cobriram a redução das colinas rochosas quando Antonio e os sobreviventes fugiram de seu grupo da enxurrada de fogo de morteiro e de metralhadora pelas encostas íngremes. Um por um, eles desapareceram no Maquis, vegetação rasteira, que eles haviam dado um nome, O matagal, combatente da liberdade. A cruz de Lorraine, o símbolo das Forças Livres francesas, que ele havia se juntado como voluntário foi costurado em um suéter de lã áspero de Antonio. Agora ele era um Maquis – um independente. A Espanha estava em pedaços, fingindo ser neutra, mas o ditador espanhol Franco, estava com Adolf Hitler e seus aliados, Japão e Itália. Antonio lutou contra Franco no final da guerra civil, que tinha terminado dois anos antes, em 1939. Agora seus alvos eram os invasores estrangeiros. Em ambos os casos ele tinha desobedecido a seu conselheiro espiritual, Padre Francisco, que tinha proibido de lutar.
―O povo de Deus precisa de orações, e não balas, ― o velho tinha insistido quando Antonio ajoelhou-se diante dele em uma capela pequena. Uma estátua de Nossa Senhora estendia os braços, vestida com uma túnica marrom e um cinto de corda, como um frade. Padre Francisco era tonsurado, usava uma linha fina de cabelo em torno de sua cabeça calva, enquanto Antonio mantinha os cachos sedosos que Beatriz sempre se queixou sendo um desperdiço sobre ele. ―O povo de Deus precisa de Vitórias, ― Antonio respondeu, deslizando as mãos em seu manto quando ele inclinou a cabeça. Ele tinha dezenove – jovem demais para servir em massa, por um número cada vez maior de viúvas e órfãos espanhóis, mas a idade perfeita para pegar um rifle em seu nome. Seu estômago estava apertado, ele estava tentando fazer a coisa certa. Ele não tomou seus votos finais – ele tinha anos para isso - mas ele estava comprometido para se tornar um padre. Alguns dias ele sentia como se sua família havia morrido como um sacrifício a sua vocação. Se ele deixasse Salamanca e, entrasse novamente para as Forças Livres francesas, suas mortes iriam se tornar sem sentido? ―Eu não autorizo você á ir, ― Padre Francisco insistiu. Antonio considerou. Fascinado que seu último nome – De La Cruz – era o mesmo nome que São João da Cruz, que havia adotado quando se tornou católico. Antonio estudou a vida do santo, e ele sabia que São João foi preso e torturado por outros padres católicos por suas crenças. São João não se submeteu. Ele havia fugido. E assim por uma noite, quando os irmãos de Antonio em Cristo estavam em vésperas, Antonio deixou o seminário. Ele saiu pela porta lateral usando uma camisa verde fina, calça escura marrom e botas. No caminho do Maquis, ele puxou o cabelo para trás em um rabo de cavalo e usava uma boina preta. Antes do anoitecer, ele também usava uma carabina no ombro, e ele tinha aceitado um suéter por uma mulher que ele conheceu em uma taverna chamada El Cocodrilo. O crocodilo. O presente grátis tinha um remendo das Forças francesas com sua dupla cruz, era novo e limpo e havia sido costurado pelo – marido da mulher – que nunca iria precisar disso, porque ele foi executado contra uma parede de tijolo, três dias antes.
Antonio tomou o presente como um sinal, de Deus, o símbolo das Forças Livres franceses era uma cruz coberta com uma pequena barra, e era também o símbolo de Joana D‘arc. A mulher, perturbada e bêbada havia o beijado, empurrando sua língua em sua boca, e pediu-lhe para ir para cama com ela. Ele pensou em Lita e se recusou, tão delicadamente quando podia. Agora ele estava ali, na poeira e na sujeira, fugindo dos alemães, que constantemente avançavam como máquinas insensíveis que ele acreditava que eles fossem. Toda a eficiência sem derramamento de sangue, roteando os indesejáveis da sua sociedade – ele era um dos muitos indesejáveis, como padre, quis servir. Não só Judeus, mas os deficientes, os fracos e os indefesos. Logo Hitler encontraria todos os espanhóis e todos os franceses indesejáveis. De que Antonio não tinha dúvida. Ele escondeu atrás de uma árvore de zimbro quando balas metralharam sua posição. Esquivando-se para fora, ele disparou de volta, recompensado com um grito. Vá com Deus, disse para alma do inimigo caído. E então houve um grito do seu lado – um grito de agonia. Havia quatro outros Maquis com ele, lutando contra o seu caminho para o vale. Eles eram todos franceses e apenas um espanhol, dois eram irmãos próximos de sua própria idade, o menino por volta dos doze, e o último, com setenta e quatro, era velho demais para lutar. O nome do velho era Pierre Louquet, Antonio temeu que ele tivesse sido atingido. ―Então! Rápido, pai espanhol! ― chamou um dos irmãos, provavelmente Gaston. Pai espanhol – que era o apelido de Antonio. Ele se empurrou para longe da árvore de zimbro. Balas passavam zunindo por ele, que podia sentir o seu calor. Os irmãos correram vinte pés à frente dele, cada um com uma mão em torno do pulso do menino, a quem chamavam de irmão Jacques – o irmão de John, como se fossem membro da família. Ele empurrou para fora, praticamente voando por cima do velho Pierre, que estava deitado de lado, gemendo. Seu rosto enrugado e cabelos brancos estavam emaranhados com sujeira e sangue.
Sem nenhum momento de hesitação, Antonio se curvou reunindo-o, e atirou-o sobre seus ombros. O velho gemeu em protesto e murmurou em francês. O excesso de peso fazia de Antonio um alvo maior, e ele não podia fazer nada para proteger a si mesmo ou o velho Pierre. Se a morte viesse, então ela viesse. Ele não tinha medo – ele não queria morrer – mas se ele morresse agora, ele sentia que iria passar em um estado de graça com o Senhor do Céu, salvar a vida de outro. Mas ele esperava que não morresse neste dia – ou pelo menos, não se ferir. Talvez em outro mundo, os irmãos franceses e o menino o teriam repreendido por pegar o velho moribundo. Mas esta era uma ―boa guerra‖, onde as linhas tinham sido claramente estabelecidas - a liberdade e a vida sem caroço contra a tirania e o campo da morte. Um mundo cambaleando sob o mal erguendo as mãos para o céu para o salvamento. E assim os irmãos e Jacques, que eram homens bons, ajudaram a carregar o velho Pierre para o vale, e como o sol se pôs e começou a ficar frio, tiraram suas jaquetas e o cobriu com elas. Ele havia sido baleado no lado e não havia maneira de extrair a bala, sem fazê-lo sofrer mais, e ele já estava ofegante de dor. Ele estava sangrando tanto que provavelmente não chegaria com vida à noite. Era bom que a escuridão estivesse caindo como uma cortina, os alemães não seriam capazes de ver o sangue em todos os ramos e no chão. Os Maquis não poderiam fazer uma fogueira. As chamas e a fumaça iriam denunciá-los. Por mais silenciosos que eles pudessem ser, eles dividiram seus alimentos – pão duro, queijo, salame duro embrulhado em papel pardo. Os homens eram todos católicos, e Antonio disse que é uma benção. Estava tão escuro e tão frio, e o pequeno irmão Jacques, estava magro, cansado e com fome. Antonio pensou na perda da sua família, suas irmãs, Emílio e de Lita, e que nunca teria filhos, e um caroço formou em sua garganta. Tanta inocência, destruída. Ele deu seu salame a Jacques, dizendo ao menino que ele tinha comido carne na última sexta-feira – uma infração às regras, pois os bons católicos não comem carne às sextas-feiras – e assim o
desejasse fazer penitência agora. Os irmãos sabiam que ele estava mentindo. Talvez Jacques também, mas ele estava com muita fome para discutir. Ele devorou o salame. Como era o costume, um homem observava enquanto os outros tentavam descansar. Todos estavam cientes do inimigo rastejando pela floresta. Antonio manteve vigília ao lado do velho Pierre. Nuvens deslizando liberou a lua, Antonio viu o homem com os olhos fechados, seu rosto profundamente afundado, o lamuriar no queijo. Sua respiração estava ofegante. Será que Antonio tem a dispensação para dar ao homem viático, os últimos sacramentos? Ele não. Ele era apenas um seminarista O velho Pierre abriu os olhos. Seus lábios movendo. Seu coração trovejando, Antonio curvou. ―Confissão, ― o homem conseguiu dizer. Eu não sou um padre. Eu não posso fazer isso, Antonio pensou. Mas ele alcançou no bolso e pegou o terço, que ele beijou e envolveu em torno dos seus dedos retorcidos. Então ele fez o sinal da cruz sobre a cabeça delgada branca e disse: ―Sim, meu filho. ―Eu matei... Eu... ― O homem começou a tossir. Gaston, que estava vigiando, olhou para Antonio e descontroladamente balançou a cabeça. Antonio tão delicadamente como possível cobriu a boca do velho Pierre. O homem parou de tossir. Antonio tirou a mão, inclinando-se para os rachados lábios finos. ― Um homem... Não durante a guerra... Os rastejar na floresta estava mais alto. Silvo, assobios, como o vento mistral. Alemães. Jacques se sentou com o rosto apertado com terror. Gaston, seu sentinela, apontou com o cano de seu rifle na direção das árvores. Os irmãos e Antonio olharam melancolicamente um para o outro, e então, como três pais, para Jacques. Antonio murmurou a eles em francês, ―vão, deixe o velho Pierre e eu aqui. ―Pai espanhol, não, ― sussurrou o menino, seus olhos grandes como pires.
Os irmãos queriam discutir. Todo mundo sabia que não havia tempo. Antonio permaneceu atrás, com o velho moribundo. Silenciosamente, os outros subiram, e pai espanhol os abençoou, do que seria a última vez. Em seguida, eles se misturaram á zimbros e faias. Antonio ouviu um pássaro trinado, e olhou para a lua. Benzeu-se e desejou desesperadamente por um pouco de óleo. Ele viu o embrulho de papel marrom do salame e pressionou seus dedos contra ele. Tentativamente ele bateu seu polegar contra seu dedo indicador, esperando que algum resíduo de gordura tivesse sido transferido para sua pele. Então ele respirou fundo e encontrou coragem no antigo rito de sua fé, entoando a bênção para os moribundos na língua dos Papas e Monges. Fechando os olhos para encontrar a luz interior, a luz da sua alma, ele começou. ―Per istam sanctam unctionem, ET suam piisimam misericordiam indulgeat tibi Dominus quidquid deliquisti per visum, auditum, odoratum, gustum ET locutionem, tactum ET gressum. (Através dessa unção sagrada, sua misericórdia mais piedosa do Senhor, perdoe independentemente tal pecado pela visão, audição, olfato, paladar, fala e do toque.) ―Ah, ah, ― o velho gemeu, e Antonio abriu os olhos. O homem ferido estava olhando Antonio com um olhar de puro terror. Antonio sabia que havia alguém atrás dele. Um alemão, ele pensou. E agora eu me encontro com meu Senhor. Ele estava parcialmente certo.
Nós somos fortes de mente e coração Do mesmerismo nossa arte é mortal Nós podemos seduzir até mesmo os mais puros A partir do nosso controle não existe cura Então resista a nós agora, se você puder Declare sua lealdade apenas para o homem Porém no meio da noite você vai implorar e rastejar De joelhos você logo vai cair
O invasor na floresta não era um alemão, e ele não usava o uniforme de um soldado ou um Maquis. Embora Antonio não soubesse, então, o estranho, contudo, estava vestido para a batalha. Vestido de negro mais escuro, com um suéter de gola alta, calças, botas e casaco de lã pesado, ele procurou encantar sua vítima. Cabelos pretos como o de Antonio pendia solto sobre os ombros, e debaixo de sobrancelhas grossas e pretas, seus olhos queimava como fogo do inferno. Quando ele sorriu, duas presas longas brancas estendiam sobre o lábio superior. ―Buenas noches, pequeno sacerdote, ― ele disse. ―Não me deixe interrompê-lo. Antonio não conseguia se mover. Ele olhou incompreensivo de horror para o homem, o demônio. ...um vampiro. O tempo parou. E ele não conseguia falar. Em seguida, ele respirou severamente, o agitando do seu devaneio. Benzeu-se e murmurou, ―Madre de Dios, Santa Maria, me protege. O vampiro recuou ligeiramente, depois cruzou os braços sobre o peito e inclinou a cabeça, olhando para o velho Pierre, que engasgou e gargarejou. ―Ele está sofrendo, disse ele. ―Seu Deus deve estar muito feliz. ―Os anjos estão esperando por ele, ― disse Antonio, sua voz rachada como um pequeno menino. Nada no seminário, nada na terra ou no céu, o havia preparado para este momento. Um vampiro. Um vampiro. Um vampiro. Eu posso acabar com o seu sofrimento, ― disse o vampiro. Sua voz era baixa, muito suave, quando ele deslizou para Antonio. Seus olhos vermelhos brilhavam na noite. ―Por um preço. ―Sua alma pertence a Deus, ― Antonio respondeu, colocando seus braços ao redor do velho Pierre, cobrindo o corpo do velho com o seu.
―Eu não estava falando de sua alma. Eu estava falando de vocês, ― disse o vampiro em uma profunda, ressonante voz. ―Esse é o meu preço. Não compreendendo, Antonio permaneceu em silêncio. ―Deixe-me começar de novo. ― Ele varreu um arco. ―Eu sou Sergio Almodóvar, e eu sou o rei dos vampiros da Espanha. Antonio não respondeu. O vampiro fez um gesto para o velho Pierre. ―Eu posso transformá-lo em um dos meus próprios. E si, mais seguramente, quando eu fizer isso, sua alma será tomada, e enviada ao meu senhor, Orcus, a quem eu venero. Ele governa o submundo, onde todas as nossas almas nos aguardam. ―Não, ― disse Antonio, protegendo o velho Pierre, com seu corpo. Ele apertou seus lábios contra o ouvido do velho e sussurrou a última linha da oração para a morte: ―Que Deus todo-poderoso te abençoe, Pai e do Filho e do Espírito Santo. ―Amém, ― o vampiro disse, parecendo divertido. ―Oh, meu pobre sacerdote, ninguém está escutando. ―Alguém está, ― Antonio insistiu. ―Muito bem. Acredito que sua história é bonita. ―Não é apenas uma história. É a verdade. Ao contrário de seu pesadelo horrível, ― disse Antonio. ―Nós dois sabemos quem governa o submundo. ―Eu faço, porque eu o sirvo, ― respondeu o vampiro. ―E eu o conheci. ―Então você é louco e os dois são maus. ―Desconexo. Você está na flor da juventude, como eu estava, antes de eu ser abençoado com a vida eterna. Fui abençoado no meu vigésimo aniversário. ― Ele endireitou os ombros e ergueu o queixo. Perfil agudo, nariz nobre, queixo firme. ―E então eu vou permanecer, enquanto outros homens envelhecem, murcham e viram pó. ―E eles vão renascer para a plenitude do Espírito Santo, ― Antonio anulou. ―É triste. Você parece inteligente. Mas agora, ouça o resto da barganha. O demônio desdobrou seus braços, e o ar ao seu redor pareceu endurecer com o mal. ―Eu vou tomar esse homem enquanto você assiste, e
transformá-lo em um vampiro. Vou entregar sua alma à Orcus, e ele vai correr comigo. Ou eu mesmo o pouparei e transformo você em vampiro. Antonio piscou. Ele de repente estava com frio. Tremendo, ele apertou seus braços ao redor do velho Pierre, depois o baixou ao chão e agarrou o crucifixo em torno da mão do velho. ―Não, ― disse Antonio, mostrando para o vampiro. O vampiro desviou o olhar. Havia algo em sua postura que era muito nobre, antigo, gracioso. Ele não era um servo do Diabo voraz. Um aristocrata, com boas maneiras. ―Pense por um momento, ― disse o vampiro, levantando a mão para proteger sua visão. ―Você se tornou um sacerdote para garantir um lugar no céu para sua alma. Tudo que você faz é uma barganha com Deus, calculada para provar que você se comportou bem o suficiente para viver com os santos, e os anjos para sempre. Ele levantou uma das sobrancelhas escuras. Apesar da forma como ele se portava, ele parecia muito jovem – mesmo com idade inferior a de Antonio, que era atormentada pela luta. ―Você não acha que isso mortifica um pouco, tudo isto bajulando e mantendo o controle? Três Aves Maria, um Pai Nosso... Não deseja conduzirse com mais dignidade? ―Não. Ouvir a Palavra, é o meu prazer de obedecer, ― disse Antonio. Só que eu não obedecia, ele pensou. Quando deixou o seminário. Era a vontade de Deus, ou a minha própria? ―Se eu transformar você em um vampiro, você nunca vai ver o seu Deus no céu. Nunca. E todo o esforço, a essa pobreza, a castidade, a obediência, orações tudo, terá sido por nada, porque você vai para o inferno de qualquer maneira. Isso eu não simplesmente acredito... ―Eu sei disso. Antonio não conseguia engolir. Ele mal conseguia respirar. ―Mas o inferno não é tão ruim quanto você imagina. ― Ele riu. ―É realmente primoroso. É um lugar de luz e prazer. E você estará livre de todas as suas restrições religiosas, assim você poderá realmente apreciar. Isso é o que eu lhe ofereço, meu irmão espanhol.
Antonio estendeu o braço, balançando o crucifixo em sua mão. ―Não. ―A cruz em sua mão é muito pequena, ― disse o vampiro. ―Ela pesa tanto quanto um punhado de areia. No entanto, logo o seu braço vai cansar. Desta vez, o vampiro olhou Antonio plenamente. Ele deu um passo deliberado para frente, em sua direção. O cabelo na parte de trás do pescoço de Antonio se arrepiou. A mão segurando o crucifixo balançando. ―Não, ― ele repetiu. ―Você não compreende. Não como recusar. Isto é você, ou ele. Antonio levantou o queixo em desafio, mas lágrimas de desespero brotaram de seus olhos. O vampiro estava certo. Antonio nunca havia percebido até aquele momento que a ameaça da condenação tinha pendurado sobre sua cabeça como uma espada presa ao teto com um fio de cabelo humano. Era amor ou o medo que tinha motivado sua busca pela sanidade? Não importa. Eu vou esperar até o sol nascer, Antonio pensou. Ou... Ele olhou para baixo. O velho Pierre estava morto. O vampiro sorriu. ―Me conheça, ― disse ele. ―Sirva-me. Vou trazer para você uma vida alegre, uma livre do temor do pecado e do inferno. E da morte. Realmente, sacerdote, eu estou lhe fazendo um favor. ―Eu preferia morrer. ―Desculpe. Meu irmão me deu escolha, e eu agradeço a ele todos os dias por isso. A escolha que eu dei a você terminou junto com o velho. Em seguida, ele atacou.
Eriko assistiu perplexa, como Marc colocava os ossos, pedras, pilhas de cristais, pratos de água contendo ovos de galinha e velas sobre uma longa mesa coberta com tecido preto e roxo que sua avó havia lhe entregado. Tantas
coisas. Era muito diferente do Budismo, o que exigia um desanexar de posses. Desanexar do desejo. Que era querer, desejo, fome, que criaram o sofrimento do mundo. Não era as evidências de vampiros isso? Toda a sua existência dependia de satisfazer seu vício em sangue. Budistas devotos apoiavam para controlar até mesmo a respiração deles, o requisito mais necessário da vida humana. Eriko não começara como uma budista devota. Ela tinha sido uma estudante japonesa moderna. Nos dias do antigo Japão, os Sakamotos de Kyoto eram samurais, orgulho venerável da família, conhecidos por sua coragem em batalha. Eles não tinham medo de morrer, só tinham medo de fazer menos do que o seu melhor. Os sakamotos do Japão moderno eram também os melhores, fazendo o seu melhor. Apesar de suas crenças budistas, eles adoravam o perfeccionismo. Quando os vampiros saíram da sombra do Monte Fuji, Eriko e seus amigos estavam animados. Ela tinha dez anos, e era como se todos os seus melhores shows de anime e quadrinhos criassem vida. A guerra nunca chegou à costa japonesa, e os pais dela os protegiam de qualquer maneira. Até o momento a trégua a sua vida foi divertido. Quatorze foi o melhor ano de sua vida. Depois que ela chegou da escola, ela retirou seu uniforme azul marinho e monótono, para um pequena saia xadrez rosa chocante, meias coloridas em rosa e laranja, cabelos em um rabo de cavalo, e foi passear pela cidade com suas melhores amigas, Yuki e Mara. Comprando, bebendo café, flertando com os rapazes e homens empresários. Fones de ouvidos abafando o mundo chato, ela rabiscava pequenos vampiros com grandes olhos vermelhos por todo o seu caderno da escola e foi pra a Eigamura, onde passava filmes antigos em parque temáticos (como a América Universal Studio.) aos domingos para assistir a todos as bandas temáticas de pop – Cover do Elvis, góticos – enfileirados ao redor da entrada para dançar e cantar. Para ela os vampiros tinham muito estilo, vestindo seus longos cabelos sobre os ombros, ou até em um rabo de cavalo como guerreiros samurai. Eles eram muito educados ao imperador na TV, inclinando-se profundamente para ele. O quão legal era isso?
Ela, Mara e Yuki iniciaram um fã-clube de rapazes vampiros, criando um site cheio de poesia e fan art. Elas chamaram os Malditos de os Bonitos e escreveram e gravaram uma canção sobre eles em seu site. Em seguida, elas formaram uma própria banda, vestindo como vampiros de colegial, engomadas saias curtas com babados vermelhos, decoradas com um pouco de corações, com dois corações minúsculos em cada um de seus pescoços com presas. Elas chamavam a si mesmo de os três vampiros. Os três vampiros foram um enorme sucesso. Elas tiveram e-mails e fãs vampiros, ou rapazes fingindo serem vampiros. Elas marcaram de se encontrarem com um deles, um rapaz que se chamava Shell Shogun Ghost, em uma noite de sexta-feira, no clube chamado Missing Dreams, às dez horas. Elas deveriam se encontrar com Mara as sete para se arrumarem, mas Yuki não apareceu. Ela não ligou, não mandou mensagem. Ela estava desaparecida. A polícia procurou em todos os lugares, ninguém tinha a menor ideia onde encontrá-la, e o que tinha acontecido com ela. O rosto dela foi parar em cartazes. Eriko escreveu uma poesia em seu site: O nevoeiro rola no mar O mar rola no universo O universo quebra. Mara e Eriko passaram horas procurando Yuki, em seguida, dias e semanas; as duas não foram à escola. Eriko tinha um fundamento. Será que os pais dela não queriam que Yuki fosse encontrada? Ela estava furiosa a respeito disso com Mara pelo Skype, quando Yuki apareceu no quarto de Mara. Observando Mara no chat se afastando enquanto Yuki apareceu por trás dela, seus olhos brilhando, dentes brilhantes, então, Eriko gritou para Mara correr, sair dali, agora, porque ela estava em perigo... A próxima coisa que Yuki fez foi agarrar Mara por trás, ao redor do pescoço, atirando-a para o chão. Em seguida, o vampiro tinha Mara curvada, segurando-a para baixo, e arrancou sua garganta. Eriko não conseguia para de gritar. O rosto dela coberto de sangue, o vampiro Yuki arrastou para tela de Mara e olhou para ela, direto nos olhos de
Eriko, e sorriu. Olhos nos olhos. Seus caninos pareciam unhas mergulhadas em escarlate polonês. Em seguida, a tela ficou branca. Eriko disse aos seus pais. Ela disse para quem quisesse ouvir. Mas os Sakamotos logo aprenderam que falar em problemas chamava problemas. A mãe de Eriko encontrou seu gato, Nekko, morto na sarjeta atrás de sua casa. A impressão da mão sangrenta em sua porta da frente veio em seguida. A polícia não fez nada. Então eles tiveram a visita do pai de Mara, que era praticamente um fantasma, um fantasma de tristeza. Ele descobriu que, entre um grupo de elite de famílias samurais, guerreiros chamados Karyuudo tinham sido treinados, durante séculos, silenciosamente lutando contra os demoníacos – vampiros – que derrubaram imperadores e camponeses. Quando os vampiros eram um segredo, então, tinham os guerreiros – caçadores – que os combatiam. Eriko tinha um irmão chamado Kenji, e ele sem entusiasmo se voluntariou para ir a um centro de treinamento nas proximidades. Eriko implorou para ir em seu lugar. Kenji pareceu aliviado e disse a seus pais que estava bem com isso. Mas seu pai recusou. Kenji tinha que ir. Kenji era seu filho. E Eriko era apenas a sua filha. Ela não sabia por que ela estava tão chocada. Um gaijin, um estrangeiro, pode pensar que as atitudes em relação às mulheres japonesas tinham mudado ao longo dos séculos, mas os homens como o seu pai não eram incomuns. Ela tentou ir de qualquer maneira, mas o sensei – o mestre da escola de Kyoto – disse a ela que estava ali pelo motivo errado. Uma ou um, não se tornava um caçador de vampiros para vingar a morte de uma única pessoa. Então ela ouviu sobre a escola na Espanha. Eles pegavam não – alunos espanhóis. Então ela cortou seu cabelo em um ato de luto, em um ato de desafio, ela foi para a Espanha; e treinou mais duro do que até mesmo Jamie O´Leary e estudou mais do que Skye York e empurrou, empurrou e empurrou, o tempo todo lembrando como Mara lutou contra o seu destino, e como Yuki riu; e se Eriko poderia matar todos os vampiros do mundo, isso não seria suficiente.
Kenji se tornou um caçador de Kyoto seis meses antes que Eriko havia sido escolhida para se tornar uma caçadora de Salamanca, e Kenji estacou Yuki três noites depois. O pai de Eriko lhe enviou um e-mail e lhe disse para voltar para casa. Sua amiga foi vingada. Mas Eriko estava profundamente dentro; ela não podia voltar atrás agora, e quando ela bebeu o elixir, ela assumiu um lugar entre os samurais do Japão, pelo menos em sua mente. Foi então que ela abraçou o budismo, entre as estátuas extrema e ostentação da igreja católica. Ela doou todas as suas saias xadrez e bolsas da Hello Kitty e o seu notebook com adesivos anime sobre ele, e vestia apenas preto. Mas algo estava faltando. Ela não sabia como explicar isso, e ela não tentou. Padre Juan tinha feito sua escolha, mas ela tinha uma sensação de que cometera um erro. Ela não se sentia como uma verdadeira Caçadora, como um samurai. Ela se perguntou se era porque Kenji tinha feito o que ela queria fazer. Ela nunca estacaria Yuki no coração. ―Nossos números caíram, ― Marc disse, sacudindo-a de volta para o presente quando ele ajudava a sua avó preparar o altar vodu. A noite já tinha caído há duas horas, e Bernard e Jamie patrulhavam o perímetro. ―Há um ano, para cada morte em ação, teríamos dois novos recrutas. Mas as pessoas por aqui que odeiam os vampiros perderam a esperança. Elas não pensam que podemos vencer. Então elas simplesmente andam a pé. Ele olhou para Eriko como se quisesse algo. Ele estava segurando o crânio de um animal em suas mãos – muito estranho, ela pensou. ―Você? ― Ele perguntou a ela, colocando o crânio sobre o altar. ―Pensa que podemos ganhar? ―Isso não é como eu penso, ― respondeu ela. ―Todos os dias eu acordo, esperando que eu possa matar um vampiro. Isso é tudo que eu espero. ―Oh. Ela viu a dor intensa atrás de seus olhos, e sentiu isso também. Ela tinha tantos títulos com sua equipe, mas sentiu que ela estava deixando-os também, do jeito que ela havia decepcionado Mara. Talvez seu pai estivesse certo, ela não é feita para fazer isso. Eu sou, pensou ela. Então seus músculos da panturrilha apertaram, e ela estremeceu.
―Você está bem? ― Ele perguntou a ela. ―Por que tantos ossos? ― Skye perguntou a Alice. Marc virou e olhou para Skye agora – fascinado, um pouco protetor. Ele estava meio apaixonado por ela. Ou talvez ele estivesse apenas com tesão. Skye era distraída; toda a sua atenção foi para Alice, no que ela estava fazendo. A boca de Eriko se contorceu; o treinamento de Skye para a magia branca, não incluía vodu. ―Eu não sei querida, ― respondeu Alice, espalhando-os sobre a mesa. ―Eu só sei que eu preciso deles. Minha loa vem quando está tudo correto. ―Sua loa, ― Skye disse. Olhando por cima do ombro de Eriko, que não reagiu. Skye apertou os lábios e se virou ao redor. Sentindo que não estava de alguma forma correspondendo às expectativas de Skye, Eriko voltou para os negócios. Ela caminhou ao redor da sala mal iluminada como se estivesse patrulhando-a. Como os vampiros sabiam, para, atacá-los no túnel? Eles estavam fora da mansão, se preparando para atacá-los novamente? Qual é a nossa missão? ― Ela se perguntava. Os Salamancans. O que exatamente estamos fazendo? Alice pegou uma pena preta longa e um copo cheio de algo que parecia areia colorida. Ela mergulhou a ponta da pena na areia e fez movimentos polvilhando no ar. ―Minha loa é como um Deus. O espírito fala comigo, ― ela finalmente respondeu a Skye. ―Como? ― Skye persistiu. ―Através de mim. ― Alice acenou para Marc, que passou por Eriko para as sombras, depois retornou com um grande tambor. Eriko sacudiu um pouco; isso lembrou os tambores de Obon, o festival dos mortos que eles celebravam no Japão, dançando e limpando os túmulos de seus antepassados. ―Você vai ter que ser minha testemunha. Eu não vou saber o que estou dizendo. Marc sentou de pernas cruzadas no chão ao lado da mesa. Alice disse: ―Ajude-me, por favor. ― E copos de águas foram entregue com os ovos dentro deles para Skye e Eriko. ―Os coloquem em torno de Marc.
Eriko fez como foi instruída e então se moveu para o fundo da sala e viu como Marc começou a tocar o tambor em um ritmo constante, hipnótico. Alice estava em pé diante do altar, pegando objetos e colocando-os para baixo como se estivesse procurando algo. Skye se moveu para perto, analisando cada movimento seu, como se memorizando. Desde o retorno da Corte de Aurora, Skye estava muito moderada. A equipe de Salamanca tinha sofrido outro ataque surpresa – ou talvez não fosse tão surpreendente. Vampiros sabiam como procurar presas. ―A loa é como nossos santos padroeiros. Minha loa é Ma‘man Brigit, padroeira dos cemitérios, ― Alice disse, balançando ao tambor. ―Ela vai guardar o seu túmulo... Se houver cruz sobre ele. ―Ela piscou. ―Som familiar? ―Sério? ― Skye perguntou. Assustada. ―E se não houver? ―Então, o inimigo pode transformar você em um zumbi, ― disse Alice, com as pernas fixas e colocando uma vela roxa sobre a mesa. ―Ela é a esposa do Baron Samedi. ―E quem é ele? ―O senhor dos mortos. Você sabia que os vampiros adoram deuses diferentes, como os humanos? ― Ela balançou a cabeça. ―É isso mesmo. Não há muito católicos entre os vampiros. ―Nós ouvimos a mesma coisa, ― disse Skye sem problemas. ―É por isso que eles se referem a sua transformação como uma conversão. Subindo para um novo modo de vida. ―Mas, os vampiros de New Orleans adoram Baron Samedi... ―Muitos humanos o adoram também. E Ma‘man Brigit é uma senhora doce. Assustadora, mas doce. Ela cura as pessoas, como eu faço. ― Alice balançou a cabeça. ―Especialmente aqueles que estão perto da morte por causa da magia. ―Sério? ― Skye disse, com os olhos esbulhados. ―Isso é brilhante. Pode incluir ataques de vampiros? ―Não. ― Alice acrescentou mais duas velas roxas, e depois uma preta. ―Ela também exige vingança, se ela sente que é garantido. ―Parece uma loa boa para ter do nosso lado, ― disse Skye. ―O que você acha, Eriko?
Embora ela estivesse na escuridão, Eriko sentiu como se um holofote brilhasse sobre ela. ―Eu sou budista, ― ela respondeu. ―Eu não tenho um Deus, na verdade. ―Então o que você coloca sua fé, criança? ― Alice perguntou. ―Meu povo, ― Eriko respondeu. Mas ela fez? Ela corria por sua equipe. Jamie e Antonio odiavam vampiros tanto quanto ela. Ou pelo menos eles fingem. A irmã de Jenn foi sequestrada pelos vampiros. E a garota Skye viu que era mesmo a sua irmã. Skye nunca expressou o ódio pelos vampiros, e suas roupas góticas e sua incapacidade de usar um ataque de magia, ela podia facilmente esconder uma batida de coração para os vampiros, ou em um particular. Antonio? As costas de alguém na Inglaterra? Ela podia ser tão discreta. Se eu posso se tornar um caçador, porque eu quero matar um, ela pode se tornar um caçador, porque ela quer salvar um. Padre Juan treinou todos nós, nos ensinou a matar vampiros. Mesmo assim, ele abriga um, o alimenta quando não estamos vendo. E deixou Holgar. O lobisomem fazia o menor sentido para ela. Ela não tinha ideia do que o levou, não fazia ideia porque ele queria ser um caçador, quando a maioria de sua espécie prometeu lealdade aos Malditos. Todos gostavam dele porque ele era engraçado, todos, exceto Jamie. Talvez Jamie tenha o direito de não confiar nele. Nós realmente não sabemos nada sobre ele. Talvez eu não tenha fé, afinal de contas. Alice a observava de perto. ―A fé pode mover montanhas. É o pior tipo de inferno, não ter nada para acreditar. Marc continuou tocando o tambor. Alice riscou um fósforo e acendeu as velas púrpuras. À medida que cada vela queimava com uma chama amarela, as sombras deslocaram e se moveram ao redor da sala, quase como se elas fossem formando forma. A atmosfera na sala mudou também, como se o teto tivesse baixado cinco metros, e Eriko franziu a testa, sem saber que este ritual era uma boa ideia. Se algo desse errado, bem, eles já tinham o suficiente para enfrentar.
Ainda assim, ela observava sem saber quanto tempo se passou. Pareciam horas. O ritmo da batida pegou, e Alice, posicionou-se em frente do altar vodu, e começou a mover seus quadris sedutoramente. Eriko estava muito chocada; isso era muito sexual. Em seguida, Skye se juntou a Alice, de frente para ela, imitando seus movimentos. As duas balançavam como dançarinas do ventre. Skye deixou a cabeça cair para trás, e Alice dançou em volta dela, balançando sua pélvis e rolando os ombros. Os olhos de Marc estavam fechados, e seus lábios entreabertos, como se estivesse em êxtase. ―Ah, ― exclamou Skye, com uma voz que soava como alguém fazendo sexo. A partir de sua observação após Eriko passar a mão em seus cabelos. ―Oh, ahhhh. ―Ma‘man Brigit, ― Alice murmurou, empurrando seus quadris e passando as mãos pela sua lateral. ―Ecoutez-moi. Escuta-me. ―Oh, oh, ― Skye gritou, levantando as mãos sobre sua cabeça. Carrancuda, Eriko girou nos calcanhares e saiu em busca de Padre Juan. Os tambores a seguiu pelo corredor enquanto ela entrou na enfermaria improvisada, as paredes cobertas de farrapos de descolado papel de parede, o chão varrido, onde Lucky estava em um colchão com folhas. Havia outro colchão do outro lado da sala, e um par de chinelos de casa que parecia ser do tamanho de Alice. Padre Juan e Antonio ajoelhou-se ao lado de Lucky, cujo rosto estava pálido. Antonio estava segurando o que parecia ser um Missal ou uma Bíblia de algum tipo de modo que, o Padre Juan podia ler a partir dele. O homem mais velho usava uma faixa preta sobre os ombros. Um prato pequeno do que parecia ser óleo sentado ao lado de seu joelho, e uma vela branca. Óleo brilhava na testa de Lucky. Então, eles estavam realizando um ritual, também. Tudo parecia um pouco louco para ela. Mais do que um pouco louco, na verdade. Padre Juan parou de falar, ele e Antonio olharam para ela. Ela podia ouvir o tambor e Alice gemendo, então seu rosto ficou quente. ―Talvez a cerimônia vodu seja uma ideia incomum, ― ela começou. Os gemidos ficaram mais altos.
Padre Juan olhou para ela e para Antonio de volta. Obviamente, ambos podiam ouvir o que estava acontecendo, mas eles estavam olhando para ela como se ela precisava se explicar. Envergonhada, ela olhou para o chão. Ela não queria começar algo com o Padre Juan. Finalmente, o padre disse. ―Vodu é muito incomum para nós. Mas não para essas pessoas. ―Ah tão desuka, eu vejo, ― ela murmurou, mantendo os olhos baixos, porque no Japão, isso era educado. Pelo menos foi o que disse a si mesma. Talvez fosse por causa de que ele não podia vê-la rangendo seus dentes. Por um momento, ninguém falou. Eriko ficou olhando para o mesmo quadrado do chão. O tambor ficou mais alto. Os gritos mais intensos. Ela queria morrer. Padre Juan limpou a garganta. ―Eriko, você poderia ficar aqui? Eu acho que precisamos conversar algumas estratégias e táticas. Finalmente. Obrigado. Eriko pensou. ―Hai, hai, sensei, ― respondeu ela, inclinando-se. Eriko desabou na tradicional posição seiza japonesa, dobrando para trás sua parte inferior das penas e descansando sua bunda em seus calcanhares. ―Eu vou verificar Jenn, ― Antonio disse; o padre acenou a cabeça para Antonio, e se levantou. As batucadas e os gemidos acordaram Jenn de um sonho terrível. Ela havia chorado durante o sono, algo sobre Heather. Vertiginosamente, sentou-se e atirou as pernas para o lado do sofá. Alguém tinha tirado suas botas. Ela se encurvou para elas, e depois ficou de pé. Ela estava morrendo de fome. Ela não tinha certeza onde era a cozinha, mas se ela seguisse a batucada ela seria capaz de encontrar alguém que pudesse dizer a ela. Antonio estava no salão, ele pareceu surpreso ao vê-la, em seguida, seu sorriso desapareceu, e ela olhou para si mesma. O casaco havia sido retirado, e sua armadura também, mas o suéter preto estava duro com sangue.
―Jenn. ― Antonio puxou para ele e colocou os braços ao redor dela. Ela deixou-se apoiar contra ele por um momento, mas os gemidos a embaraçaram – ou era a incerteza como ele reagiria a todo o sangue? – e ela se afastou. ―Será que Alice e Skye? ― Ela perguntou a ele. Seu rosto queimado. ―O vodu é uma religião de êxtase, ― respondeu ele, mantendo seu braço levemente em torno dos ombros dela. ―Você deve estar com fome. ―Sim, mas eu quero ver o que elas estão fazendo. ― Ela fez uma pequena careta. ―A menos que elas estejam dançando nuas ou algo assim. ―Isso seria uma cena, não? ― Disse ele, sorrindo ligeiramente. Vivendo tão próximos, Jenn tinha visto a maioria dos membros de sua equipe em vários estágios de nudez, exceto Antonio. Que realmente o fazia mais sexy, se isso fosse possível. Ela deu um passo no corredor, um pouco surpresa e decepcionada quando ele ficou onde estava, deixando seu braço escorregar para fora de seus ombros. Ele deu de ombros. ―Padre Juan achou melhor que eu ficasse fora do caminho de Alice. Na verdade, ― ele continuou, ―Eu estive pensando que, talvez, eu pudesse ir embora. Agora era a vez dele de olhar surpreso, como se não tivesse a intenção de dizer isso. Mas ele olhou pensativo e assentiu para si mesmo. ―Claro. Isso é exatamente o que eu devo fazer. ―Não, ― ela disse, mas no mesmo momento algo estabeleceu em torno dela, algo quente e emocionante, ardente que sentiu tão bem, e ela entrelaçouse em torno dele, dividindo seus lábios. Ela o queria. Tudo dele. Isso seria tão maravilhoso. ―Antonio, ― ele respirou, voltando-se para ele. ―Jenn. ― Suas mãos pegaram o rosto dela. ― Jenn. ― Seus olhos ganharam um tom vermelho. Quando ele a olhou, ela quase não conseguia respirar. Os tambores vibraram através do chão e dos ossos em suas mãos. ―Antonio... ― Ela não podia pronunciar o nome dele o suficiente. Não podia estar perto o suficiente. A batucada correu para cima e para baixo de sua coluna, tocando-a, e bateu bem no fundo de seus ossos como um pulso. Isso comandava o ritmo do seu coração.
Ela colocou os braços em volta do pescoço dele e jogou a cabeça para trás, oferecendo-se. E ele sentiu quente, finalmente, e ele estava aquecendo o sangue dela. ―Por favor, ― ela sussurrou. ―Ay, não, amor, não, ― ele murmurou. ―Antonio. ― Ela o amava, amava o seu nome, amava quem ele era. Você ama o que ele é? Perguntou uma voz dentro de sua cabeça. Ela ignorou. ―Jenn, ― ele sussurrou. Seus lábios se separam, e ele a beijou na boca. Arrepios satirizaram através de seu corpo, seus braços apertaram em torno dela. Eles se abraçaram. Queriam um ao outro. Você quer o que ele é? Em seguida, os lábios dele tocaram sua garganta, e ele gemeu. Ela se sentia como se alguém houvesse a colocado sobre o fogo. Queria que ele a mordesse. ―Sim, ― ela sussurrou, agarrando-se a ele. ―Sim, Antonio. E então ele sussurrou. ―Ay, ― ele estava em agonia, e a empurrou para longe dele. Ela caiu de costas com um grito, e o mundo girou, quando ela entrou em colapso, alguém a pegou e levou pelo corredor. O corredor girava, ela gemia, tonta e fraca. E então ela viu que Padre Juan era o único que estava carregando ela. ―O que aconteceu? ― Ela sussurrou. ―Só mais um segundo e eu teria que matá-lo, ― disse Padre Juan firmemente. Ele a levou para uma pequena sala iluminada por uma vela. A cabeça de Jenn pendeu para a esquerda. Eriko estava lá, encolhida ao lado de Lucky, olhando sobriamente. E Jenn sabia que Lucky havia ido. Ele estava morto. ―Não, ― sussurrou Jenn. ―Não. Sua visão embaçou e ela afundou na escuridão.
Manual do Caçador de Salamanca: Seu Dever Saiba disto: Você está trancado combatendo com as forças do mal. Por tanto tempo que você honrará a sua vocação, a Graça Divina vai brilhar em você como o sol na videira. Não vacile. Todos os vampiros são maus, e eles geram filhos do mal. Você nunca deve desperdiçar a oportunidade para acabar com a existência de um deles; caso contrário, será o mesmo que se você tiver derramado o sangue de inocentes a si mesmo.
Alguém pressionou uma colher para os lábios de Jenn, era caldo de carne, e ela ansiosamente abriu a boca. Ela pensou ter ouvido a voz de Alice, depois de Skye. Alguém estava discutindo. Alguém estava falando em francês. Ela derivou e cochilou. Alguém ficou com ela. Alguém beijou sua testa e as costas de sua mão. Esse alguém tinha a pele fria. Quando ela abriu os olhos, ela estava deitada em uma cama contra a parede do quarto. Sentado em uma cadeira de madeira, Antonio estava olhando para ela, e Skye sentada ao lado dele, tricotando algo como fios de verde musgo. ―Buenas tardes, ― disse Antonio, e Skye olhou para cima de seu tricô. Ela gritou e jogou os braços em torno de Jenn. ―Oh, graças a Deusa, Jenn! ― Ela virou-se para Antonio. ―Por favor, diga a Dr. Alice que Jenn acordou. ―Si, ― Antonio disse, olhando uma última vez para Jenn e depois correu do quarto. ―O que aconteceu? Que horas são? ―Fácil, Jenn, ― disse ela. ―Você teve uma febre alta. Você esteve dormindo por três dias. ―O quê? ― Jenn resmungou. ―Sim. ― Skye estendeu a mão para uma bacia de plástico azul claro e recuperou uma toalha molhada, que ela escorreu e então usou para limpar cuidadosamente o rosto de Jenn. Era gelada, e Jenn empurrou para longe. ―Sabe, Antonio sai no período da manhã fria, e depois volta e coloca suas mãos em seu rosto, para baixar sua febre. Isso é realmente muito doce, de uma forma muito, muito estranha. ―Nós temos encontrado a minha irmã? ― Jenn perguntou, agarrando a mão de Skye e buscando o rosto da bruxa. Havia anéis sob os olhos de Skye, e ela estava muito pálida.
Skye suspirou pesadamente. ―As equipes têm procurado o covil de Aurora. Achamos que ela se mudou. Sinto muito, Jenn. Mas há tempo ainda. ― Ela tomou uma respiração profunda. ―Nós achamos. ―O que você quer dizer? ― Agora Jenn sentou, colocando a mão de Skye para longe, e franzindo a testa para ela. ―Diga-me o que está acontecendo. ―Bem, veja você, o que não percebe é que o carnaval não é apenas um evento de um dia aqui em New Orleans. Eles comemoram no Bairro Francês por quase duas semanas agora, com desfiles menores e tal. Perdemos um dia em que chagamos, na verdade. Os maiores dias são os três últimos, quando as grandes procissões e bailes são realizados. Existem esses grupos chamados alas, eles se parecem como clubes e eles colocaram no desfiles... ―Skye, por favor, chegue ao ponto. ―Sinto muito. Bem, o ponto é que, a partir do que você nos disse, Aurora ameaça converter Heather no ―Mardi Gras.‖ ― Ela fez aspas no ar. ―Mas nós estamos querendo saber se ela quis dizer a noite real de Mardi Gras, ou durante a temporada do carnaval. ―Não, ela disse em nove dias, ― Jenn insistiu. Então ela parou. ―Espere, eu não tenho certeza que ela disse isso. ― Ela cobriu o rosto. ―Oh, meu Deus. E se isso já aconteceu? ―Jenn, eu verifiquei com o círculo. Eles estão tentando ajudar, jogando as pedras, fazendo magias. Eu tenho trabalhado com Alice, mas nós não chegamos a uma resposta. Mas a noite, podemos ouvir os tambores do vodu. E quando os combatentes da Resistência entram, eles nos contam que não há aumento da atividade nos cemitérios. Os feiticeiros de vodu advertem seus seguidores a não sair à noite. ―Jenn, ― disse Alice, varrendo a sala. Ela estava usando um roupão de lã roxo sobre uma camisola de flanela branca. ―Como você está se sentindo? Você está sentindo dor? ―Eu estava apenas atualizando ela, ― disse Skye. ―Isso foi bastante frustrante, estou com medo. Alice franziu os lábios. ―Tenho algumas notícias. Entrei em contato com Papa Dodi, e ele vai nos ajudar.
Ela olhou para as duas Salamancans, em seguida, bateu a testa levemente. ―Desculpe. Claro, você não sabe quem ele é. Ele é o mais respeitado mestre vodu no estado de Louisiana, e ele mora em New Orleans. Se alguém pode obter a loa de nos dizer onde está sua irmã, ele é o único. ―Obrigada, ― Jenn disse fervorosamente. Então, ela teve uma vaga lembrança de como ela tinha se comportado durante a cerimônia vodu de Alice, rastejando sobre Antonio, e corou. Naquele momento, Antonio entrou na sala. Ele não olhou para Jenn, mas para Alice. ―Um dos soldados de Marc acabou de chegar. Andrew, aquele com o cabelo vermelho. Nós estamos indo para o Bairro Francês para tentar a Rua Bourbon Street novamente. Poderíamos ter uma vantagem. ―Eu vou também, ― disse Jenn. ―Eu também, Skye ofereceu. ―Não, ― disse Antonio, finalmente olhando para Jenn. Por menos de um segundo. ―Você está muito fraca. E quanto a você, Skye, Dona Alice me disse que, desde que o Papa Dodi se ofereceu para ajudar, você e ela devem realizar outra cerimônia. Não? ― Ele se virou para Alice para a confirmação. ―É isso mesmo. ― Alice balançou a cabeça para Skye. ―Meia noite esta noite. Antonio estava se comportando estranhamente, ele não olhou para Jenn. Seu perfil estava afiado contra a luz suave na sala enquanto ele abaixou a cabeça. ―Estaremos de volta antes do amanhecer, ― ele disse, e virou para ir embora. ―Antonio? ― Jenn perguntou em voz baixa. Então ele se virou, e ela viu um brilho de carmesim em seus olhos. De sua posição Alice não podia ver, mas Skye podia. ―Tenha cuidado, ― disse a bruxa, efetivamente despedindo-se. Ele não disse mais nada, e simplesmente saiu. Os olhos de Jenn se encheram de lágrimas, e Alice limpou sua garganta. ―Vou ver se há algo um pouco mais substancial para comer. Você precisa para compensar as calorias perdidas.
Jenn assentiu mudamente. Quando Alice se foi, Skye colocou a toalha de volta na bacia de plástico e enxugou as mãos. Ela se inclinou para frente e fez movimentos circulares com as mãos, murmurando para si mesma em latim. ―Magia de cura, ― disse ela quando foi realizado. Então, ela respirou. ―Eu acho que nós precisamos falar sobre Antonio. Ele está passando por um momento difícil. O rosto de Jenn ficou vermelho de raiva, apesar do frio centrado na base da sua coluna vertebral. ―O que você quer dizer? ―Ao seu redor. Você o afeta demais. ― Jenn endureceu, e Skye se inclinou para frente, como se precisando que ela prestasse muita atenção ao que ela estava dizendo. ―Eu sei que você se preocupa com ele. Mas às vezes, não importa o quanto você deseja ter alguém, isso simplesmente não funciona. Engolindo em seco, Jenn tentou limpar sua garganta. ―Você realmente acha que este é o momento para falar sobre isso? Minha irmã corre o risco de vida. ―Sim, sim, eu sei, ― respondeu Skye. ―Temos um monte de estranhos nos ajudando. Eles comprometeram suas vidas para matar Os Malditos. Já era ruim um de nós não contar a Marc e seus lutadores que eu sou uma bruxa. Ninguém sabe realmente sobre lobisomens, então eu não acho que Holgar está em perigo por ser descoberto. Ela mordeu o lábio inferior e deixou cair seu olhar para baixo a suas mãos. ―Mas talvez você deva pensar sobre Antonio em tudo isso. O que fariam com ele, se descobrissem que ele é um vampiro? Ou para o resto de nós? Então, sem outra palavra, ela se virou e saiu do quarto – deixando Jenn olhando para ela, sem palavras, e com medo, no seu coração, porque Skye estava certa. Depois que Skye deixou o seu quarto, Jenn levantou-se e deu um passeio com Padre Juan acima e para baixo dos corredores da casa. Ela se inclinou em seu braço, movendo-se como uma velha senhora. Eles chegaram a uma sala, onde vários dos seus exércitos estavam reunidos em torno de um rádio. Uma fina voz estava falando, e ela se esforçou para entender as palavras através da estática.
“Não é impossível, mas você não pode entrar. Eles têm pontos fracos. Luz solar, o fogo, a decapitação, madeira através do coração. Estes podem matar vampiros, como você sabe. Água benta e crucifixos podem queimá-los. Tome seus comprimidos de alho. Esfregue os dentes de alho sobre a pele em sua garganta e pulsos para que eles não se alimentem de você. Faça tatuagem de cruz em seu corpo, assim, você pode queimá-los por tocar.” Jenn sorriu levemente. Metade das tatuagens de Jamie eram cruzes de algum tipo. Deve ser seu irmão gêmeo perdido há muito tempo. O homem na rádio continuou. “O governo de Cuba, o último país, deste lado do oceano para manter a fé, assinou um acordo de livre comércio com os vampiros de hoje. Rumores contam que a Espanha está prestes a reconhecer Salomon como o embaixador oficial do que está a ser referido por trás das portas fechadas como o Vampiro da Nação”. Todos na sala ofegaram e olharam para Padre Juan. Seu rosto estava branco. ―Isso pode ser verdade? ― Ela disse. ―Que Vampiro Nação? ―Não se desespere, no entanto. Todos os dias as pessoas estão tendo que voltar para seus municípios, vilas, e um dia em breve suas cidades. E eu tenho uma mensagem especial agora para nossos ouvintes, em New Orleans. Jenn saltou. Todos os outros fizeram o mesmo. Ela se aproximou, Padre Juan ainda estava apoiando ela, e prendeu a respiração. ―Deixe queimar. Houve protestos ao redor crescentes. ―Vocês são necessários em outra parte desesperadamente, e a cidade já está irremediavelmente perdida. E agora devemos acabar com essa transmissão. Eu sou Kent, e vocês estão ouvindo a voz da Resistência. ―Quem é ele? ― Jenn perguntou. Um dos homens balançou a cabeça. ―Ninguém sabe. Ninguém sabe onde ele está ou como ele consegue manter-se sem ser pego. ―Esse tipo de coisa aconteceu na Segunda Guerra Mundial. ― Padre Juan notou. ―Sim, mas este não é o ano de 1940. A tecnologia deveria ter sido capaz de rastrear esse cara e pará-lo meses atrás. É um milagre que ele continua fazendo isso.
―Então nós devemos rezar para que ele continue, ― Padre Juan disse, puxando Jenn longe da porta. Eles continuaram andando. Deixe queimar. Foi estranho, mas ela quase sentiu como se ele tivesse falado diretamente a ela. Bem que ela gostaria de deixar a cidade, correr muito e rápido, mas ela não conseguia, não sem Heather. Escondendo, secretas transmissões – isso não era a sua vida. Ela pensou nos seus avós e tudo o que tinham visto e experimentado. Eles teriam sido muito melhor preparados para lidar com isso do que ela era. Ela desejava poder ligar para sua avó. Ela esperava que ela e sua mãe estivessem a salvo. Quanto ao seu pai... Eu espero que os vampiros tenham o matado. ―Ow, Padre Juan disse. Ela estava cavando as unhas enquanto ela segurava seu braço. Ele olhou para ela. ―Jenn? ―Eu o odeio, ― ela sussurrou. ―Se ele estivesse aqui, o mataria eu mesma. ―Então, para o seu bem, eu espero que você nunca o veja novamente. ― Ele parou de andar, se virou e a encarou. Colocando ambas as mãos em seus ombros, ele inclinou a cabeça, seu rosto suavizado pela dor e compreensão. ―Jenn, tome este ódio e o coloque em sua luta. Mas não deixe que ele inflame em seu coração. ― Ele retirou um cacho de seu cabelo ruivo fora de seus olhos. ―Nós todos esforçamos para ser justo, mas a verdade é que somos apenas um batimento cardíaco longe do pecado. De deixar para fora à besta... ―Olá, Mester Jens, ― disse alegremente Holgar do outro lado do corredor. Ele estava vestindo o mesmo suéter e jeans desde que havia chegado dias atrás. Todo mundo estava. ―Falando do Diabo, hein? ― Houve uma tontura estranha forçada em seu tom. Ele fez garras para fora de suas mãos e mostrou os dentes. ―Eu sou uma besta, carregado com o pecado extra? Padre Juan parecia imperturbável. ―Holgar, você sabe que não foi o que eu quis dizer, ― respondeu ele. ―Você deve descansar um pouco. Eu acredito que você e Jamie irão treinar Marc e seu pessoal com as técnicas do Krav Maga amanhã de manhã?
Holgar fez um arco. ―Eu ouço, meu mestre, e obedeço. ― Ele sorriu para Jenn. ―Fico feliz em vê-la. ―Igualmente, ― respondeu ela. Ele se virou para ir, então se virou de volta, parecendo mais sério. ―Mestre, ― ele disse, ―você me sondou, já? ―Holgar, ― ele disse, cansado. ―Eu espero que você me conheça melhor do que isso. O dinamarquês parou de sorrir. ―Falar sobre o pecado e as bestas? Eu não tenho tanta certeza do que eu faço. ― Correu as mãos pelos cabelos loiros e os deixou cair para os lados. ―Vejo você na parte da manhã. ―Estamos todos no limite, ― disse Padre Juan, enquanto eles o assistiam ir. ―Você vê, como eu estou dizendo. É difícil o bastante sobre os seis de vocês para aprender a trabalhar juntos, mas agora estamos em quartos fechados com estranhos, e há tanta coisa que devemos manter oculta. Ela respirou. ―Isso está se tornando um pouco mais difícil para alguns de nós. ―Eu sei. ―É minha culpa. ―Não, não é. ― Ele a estudou. ―Eu gostaria de poder lhe dizer que isso vai dar certo. Mas há uma diferença entre a falsa esperança e fé. ―E o que é isso? ― Ela perguntou. ―Fé é saber que isso funcionará como deveria. ― Uma luz pareceu encher seus olhos, e ela conseguiu um lampejo de um sorriso. Que era a principal discussão que ela tinha com sua religião. Se as coisas desmoronassem, seria a vontade de Deus. Se sua irmã morresse... ―Vamos pegar alguma coisa para comer, ― ele disse.
O inalador de Heather tinha acabado. Ela o sacudiu, choramingando, o peito apertado, sua respirando chocalhando em sua garganta. Ela sacudiu o inalador
novamente, o desespero caiu sobre ela. Ela o levou aos lábios, apertando o êmbolo, e nada. Lágrimas de frustração caíam como cascata pelo rosto. Ela o sacudiu pela terceira vez e tentou segurá-lo de cabeça para baixo. Ainda nada. Ela jogou-o no chão do quarto abriu, e um vampiro entrou, carregando um bife sangrento em um branco prato de porcelana. Ao invés de se mover tão longe possível em sua jaula, ela agarrou as barras firmemente em suas mãos. ―Posso ter um café? ― Ela perguntou. Sua voz estava enferrujada por falta de uso, e a única coisa que ela reconheceu sobre isso, foi o cadenciado chiado no final. O vampiro olhou surpreso quando ele deslizou o prato em sua gaiola. ―Por quê? ― Ele perguntou desconfiado. ―Para que eu possa respirar. Cafeína ajuda com a asma. ― Então, já que ela sabia que ele não faria nada que pudesse ajudá-la, ela acrescentou. ―Se eu não tomar algum, eu vou parar de respirar em breve. Se eu parar de respirar, eu morro. Aurora não gostaria disso. Ele estreitou os olhos e olhou para ela por um momento. Ela quase podia vê-lo pensar, processando o que ela havia dito. Que era verdade. Aurora tinha planos para Heather, e seria completamente estragado se ela morresse de asfixia agora. ―Vou verificar, ― disse ele, virando e saindo do quarto. Ela afastou o seu bife distraidamente. Sem garfo ou faca. Ela sabia por experiência que não seria capaz de engolir, até que sua garganta não estivesse mais comprimindo. Cinco minutos se transformou em dez. Dez minutos se transformou em vinte. Sua garganta apertou mais até que cada respiração estava um suspiro. Ela começou a entrar em pânico. Ela ia morrer sozinha em uma gaiola, em New Orleans. Ela pensou em Jenn, vindo para salvá-la. Ela pensou em Aurora e todos os vampiros como que ela queria matar. Isso não pode acabar assim! De repente a porta do quarto abriu, e ela estremeceu. Em vez do servo, Aurora entrou no quarto. Ela deslizava pelo chão, resplandecente em um corpete roxo e um vestido em formato de sino roxo e verde. Ela renunciou
seu vermelho habitual. Seu cabelo preto estava empilhado em cima de sua cabeça e era fixado com grampos brilhante roxo. Um homem de pele escura o acompanhava, vestindo uma túnica preta e um chapéu redondo de penas. Em seu pescoço, um colar de que parecia ser de dedos. Ossos de dedos humanos. Aurora caminhou até a gaiola, e Heather não tinha força para se afastar dela. Ela estava ficando instável, e sua cabeça girava. Sem oxigênio suficiente; ela precisava respirar. Aurora pegou dentro o inútil inalador com um olhar arrebatador. ―A cafeína estimula o coração, faz o gosto do sangue diferente, e o seu já é amargo o suficiente. Eu não permito isso aqui. ―Por favor, não consigo respirar, ― Heather conseguiu em um sussurro. ―Inalador. ― Ela pegou a sua própria garganta e sentiu como se estivesse sufocando. Algo sobre isso parecia familiar, como se fosse um sonho. Eu estou morrendo, ela percebeu num sobressalto. Todas aquelas palestras de seus pais sobre como manter o seu inalador próximo, haviam sido destinadas a evitar isso. Mas eu mantive perto, pensou descontroladamente. Eu fui uma boa garota. Seus pensamentos começaram a se fragmentar e voar além. Aurora estava de pé, braços cruzados sobre o peito, olhando para ela com desgosto. ―Talvez nós pudéssemos encontrar um em algum lugar. Não precisamos preocupar com a inalação. Aurora bateu suas unhas contra a sua presa. ―Você tem que durar. Você faz parte da minha celebração. A irmã de uma Caçadora, um sacrifício digno do meu senhor, de fato. Mas é claro que ela não é um grande bilhete. E sim, quem está com ela. Antonio De La Cruz. Jenn estava na cidade! Jenn poderia salvá-la! Dedos invisíveis apertaram seu aperto em sua garganta, e Heather caiu no chão da gaiola. Aurora se agachou de modo que ela estava no nível de seus olhos. Ela podia ver os olhos do vampiro, inundados de vermelho. Assim como o sangue.
O vampiro começou a sorrir, revelando suas presas. Heather desejou chorar, para se mover, mas ela não podia. Não tinha mais forças em seus membros. Ela estava morrendo, sufocando. Ela estava muito mal. ―Hmm, obviamente, você não vai durar. Parece que eu preciso fazer o sacrifício e provar sua doença. Afinal, o que eles não sabem... Irá machucá-los. Ela olhou nos olhos de Heaher. ―Então me escute, bonita Heather Leitner. Eu posso terminar o seu tormento em uma das duas maneiras. Se você deseja viver, incline a cabeça. Se você deseja morrer, não faça nada. O quê? O que ela disse? Heather, quem é Heaher? O nome soou como devesse significar algo, mas como a escuridão encheu sua visão periférica, isso escapuliu. Os dedos invisíveis apertaram mais uma vez, e não houve mais chiados, não estava mais lutando, não mais ofegando. Havia apenas escuridão e dor. ―Balance sua cabeça se você quiser viver, ― uma voz ordenou. Ela realmente deve obedecer à mulher.
Estava amanhecendo, quando Antonio, Bernard e Andrew rastejaram pelo esgoto abaixo do Bairro Francês. Antonio sentia como uma explosão de calor e, em seguida, um peso como a gravidade adicional puxando-o em direção a terra. Sergio, seu Sire, o havia explicado que a sensação era a prova parcial que as almas dos vampiros os esperava lá embaixo no submundo. O deus de Sergio era Orcus, senhor dos mortos, e justiceiro dos que quebravam seus juramentos. Outro juramento quebrado. Ele durou menos de um ano no tribunal real de Sergio, revoltado por sua definição de senhor do prazer. Crueldades indescritíveis. Então, como Bernard liderava o caminho, Antonio tocou Andrew sobre o ombro. O homem virou-se com sua lanterna, e Antonio trocou olhares com ele. Andrew piscou, e Antonio ativou o seu encanto.
―Não faz sentido continuar sem mim, ― ele disse. ―Nós nos encontraremos novamente na mansão. Demorou um pouco mais de um minuto para convencê-lo. Bernard exigiu mais esforço. Mas logo Antonio ficou sozinho. O dia foi longo e produtivo. Ele não viu os outros vampiros, e só ouvia pessoas falando em voz baixa enquanto caminhavam pelas calçadas, acima dele, desgastado em sua apresentação, afogando-se em medo. Eles. Nós. Os policiais. O que você sabe. Shh, não diga isso, apenas deixe-o ir. Assim como foi durante a Segunda Guerra Mundial. Ele se perguntava, todos estes anos, o que aconteceu com os irmãos e frei Jacques. E, em seguida: ―Há uma ala nova este ano, chamada Krewe du Sang. ― Uma pausa. ―E sim, é o que você pensa que é. ―Eles estão tendo seu próprio desfile? ―Hoje à noite. Eles estão levando o vídeo, um que mostra. Tendo o cuidado de ninguém o ver. ―O que são... ―Shh. Policiais. A boca de Antonio caiu. Du Sang significa ―do sangue‖ em francês. Os vampiros estavam tendo seu próprio desfile durante o Mard Gras? Ele voou através dos esgotos na medida em que ele retornava para a mansão no igarapé. Ele encontrou atalhos através de túneis subterrâneos e conseguiu rastejar através da escuridão do pântano. Mas ele sofria, se sentindo queimado e exausto. Drenado pelo sol, ele não podia ver, obrigando-se a desacelerar quando veio para o lugar onde ele precisaria para sair. Era atrás da casa, então ele poderia andar na sombra de seu telhado pendente quando ele foi até a frente. Ele puxou o capuz sobre o rosto, enfiou as mãos dentro das luvas e queimou para fora do esgoto. Ele podia sentir a queimadura do sol instantaneamente. Um segundo e ele ganhou a sombra ao lado da casa. Ele se forçou a parar por um momento antes de caminhar lentamente em torno da frente da casa.
Marc estava apenas dentro da casa, sua metralhadora apontada para a porta. Antonio acenou para ele e entrou. Marc olhou, esperando, então disse: ―Onde estão Bernard e Andrew? ―Cómo? ― Antonio respondeu em espanhol. ―O quê? Eles partiram. Fiquei no esgoto. E eu encontrei algo fora. Os vampiros vão ter um desfile de Carnaval. Hoje à noite. Marc piscou incrédulo. ―Você está falando sério? ―Krewe du Sang, ― Antonio respondeu. ―Não é sobre o calendário. ― Marc olhou duro para Antonio. ―Não importa. Nós vamos atacar. ―E se a garota não estiver com eles? Marc definiu sua mandíbula. ―Eu não estou passando isso. ―Eles podem retaliar e matá-la. Ela é importante para nós. Marc começou a falar, mas apertou sua boca em seu lugar. O que ele iria dizer? Que Heather não era importante para ele? ―Eu vou pegar algo para comer, ― Antonio mentiu. ―Estou morrendo de fome. ―Espere. ― Marc agarrou seu braço. ―Como você chegou até aqui. ―Desviando, e depois andei. Eu tive o cuidado. Marc não parecia satisfeito, mas ele balançou a cabeça secamente para Antonio, então Antonio saiu da sala. Ele se dirigiu para a cozinha e fez um sanduíche de manteiga de amendoim e geléia e deu uma mordida, mesmo achando repulsivo. Então ele foi à procura de Padre Juan e Eriko. Jenn estava de pé na sala, parecia muito melhor do que quando ele tinha saído. Havia até mesmo um pouco de cor em suas bochechas. Ele queria tomá-la em seus braços. Mas ele manteve distância. ―Jenn, ― ele disse, e ele ouviu a estranha mistura de ansiedade medida de calma elevada em sua voz quando ela começou a caminhar em direção a ele. Ele ergueu a mão. ―Os vampiros estão fazendo um desfile. ― Ele disse a ela sobre o Krewe du Sang. Ela ficou branco morto. ―Aurora disse que iria converter a minha irmã no Mardi Gras.
Ele balançou a cabeça. ―Eu sei. Acho que este é o intervalo que estamos procurando. Nossas orações estão sendo respondidas. ―Oh. ― Ela cobriu a boca com as mãos enquanto as lágrimas brotaram. Ela sacudiu, e ele queria pegá-la, abraçá-la. Mas sentiu suas presas alongar, respondendo ao aroma inebriante da adrenalina. Quando ela deu um passo em direção a ele, no entanto, ele ergueu a mão, tanto quanto ele fez com jovens sacerdotes, afastando as paroquianas bonitas que iam para ele. ―Antonio, você acha, realmente, que podemos ir ao desfile e resgatá-la? ― Ela perguntou em voz baixa. Ela quebrou em choro. ―Heather. Ele queria tomá-la em seus braços, segurar o seu cabelo liso vermelho, beijar a coroa da sua cabeça. Ele podia sentir a cuidadosa barreira desmoronando quando ela quebrou em soluços, e as suas próprias começaram a cair. Suas presas estavam afiadas. Ele cheirou seu sangue. Ouviu os batimentos cardíacos como uma promessa de trovão. Ele precisava de sangue. Mas não dela. Pelo amor de Deus, não dela. ―Jenn, me esculte, ― disse ele severamente. ―Você é uma Caçadora. Deus escolheu você para esta santa chamada. Ela balançou a cabeça. ―Padre Juan me escolheu. ―Com magias e orações, ― ele disse, esperando que não traísse a sua própria incerteza sobre os métodos de Padre Juan, pelo seu tom de voz. ―Esta é uma que nossa equipe tem sido dada a cumprir. ―Nós não fomos treinados para resgatar as pessoas, ― ela disse, e sua linguagem corporal implorou para ser confortada – ela inclinou-se para ele, seus olhos arregalados. ―Fomos treinados para matar vampiros. ―Talvez isto seja a maneira de Deus de expandir a nossa missão, ― ele disse, grato por Eriko está longe o suficiente por não ouvi-lo falar assim. ―Talvez isto seja uma provação, um teste. Ela piscou, chocada. Seu rosto endureceu. ―Como você pode dizer isso? Como você pode acreditar em um Deus que prejudicaria a minha irmã, talvez até matá-la, por um teste? ―Ele não está machucando. Aurora sim. ― Ele respondeu.
E então ele não pôde mais ficar longe dela, quando ela ergueu o queixo desafiadoramente e lágrimas correram pelo seu rosto. Ela se afastou, ele a seguiu e a recolheu em seus braços. Sua pulsação rugiu. ―Existe muita maldade no mundo, ― ele disse, ―que Deus deve fazer o possível para procurar as boas. Estas coisas ele não faz, mas ele deve fazer uso delas. ―Não, ― ela sussurrou. ―Você é tão errado. Você está tão errado. Ele pegou a nuca dela, e seu cabelo vermelho se espalhou sobre seus ombros, na medida, que, ele olhou para ela com raiva, aterrorizado. Por Dios, ele a queria. Sua sede era quase esmagadora. ―Nisso eu estou certo: Deus não quer que sua irmã morra. Ele quer que nós a salvemos. Você pode fazer isso, Jenn? Não se render, não sucumbir, a sua mente sussurrou. ―Caçadora, ― ele disse ―você pode fazer isso? Ele viu sua luta, e amava por essa luta. Esta vida, este mundo inteiro, era uma provação. Era a Cruzada do seu tempo, e eles eram os cavaleiros, os guerreiros. Mas da última vez que lutou, você perdeu, ele lembrou a si mesmo, lembrando a noite que se tornou um vampiro. Você perdeu. ―Sim, ― Jenn disse, tomando uma respiração profunda. ―Eu posso fazer isso. Nem tudo, então, ele pensou. Então, ela alcançou para beijar-lhe os lábios e ele se deixou ter isso. Macio, quente, ela o amava, uma abominação monstruosa, um Maldito. Isso pode ser tudo que eles já tiveram, neste momento, esse beijo, esse amor. Então ele deu para ela, consciente de suas presas alongando, e que agora seus olhos estavam brilhando. Fome, desejo, travando sua própria guerra dentro dele. E então ele ganhou de novo, prevalecendo quando ele terminou o beijo e segurou sua mão. ―Nós estamos indo salvá-la, ― ele prometeu a ela. ―Tudo bem. ― Ela o apertou em seus braços, e a doçura do gesto quase quebrou seu coração.
Eles foram juntos encontrar Padre Juan. Antonio estava no caminho para se alimentar quando um barulho e gritos irromperam a partir da frente da casa. Era Bernard. ―Nós ensacamos um otário!
***
Todos foram ver o vampiro capturado. E Skye sentiu um momento de pânico. ―É Nick, ― Skye anunciou, quase superada com vergonha à medida que ele teve essencialmente por confessar que ela não tentou estacar ele. ―O que eu deixei sair do covil de Aurora. Ele fugiu antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. ―Yo, eu nunca a vi antes em minha vida, ― respondeu o vampiro. Então, ele assobiou, seus olhos estavam vermelhos e suas presas estavam para fora. Ele estava cercado por Salamancans e a Resistência, na sala em cima do sofá onde Jenn ficara quando eles chegaram pela primeira vez. Assim que ele percebeu que Andrew e Bernard voltaram com um vampiro, Antonio havia se tornado escasso. Skye tentou não pensar sobre o que aconteceria se Nick, detectasse a presença de outro vampiro, o denunciando ao grupo. ―Eu usei um disfarce, ― ela disse. E então ela percebeu que ele poderia saber que ela havia usado magia. Ela ficou com medo por ele descobrir. Eriko se aproximou dele, mostrando-lhe uma estaca na sua mão direita e uma cruz na outra. Ele tropeçou para trás, em seguida, virou-se e virou a cabeça para Holgar, agora de frente para ele, estendeu a sua estaca e cruz, Eriko observando. ―Ele tentou nos atacar, ― Informou Bernard a eles, zombando de Nick. ―Foi à coisa mais patética que eu já vi.
―Eu estou fraco por causa do sol acima. E eu estou com fome, ― Nick rugiu. ―Ela não me deixava alimentar. ― Ele olhou para Skye. ―Cara, você não tem um batimento cardíaco. Não ter batimento cardíaco não é um disfarce. Skye lambeu os lábios. ―Eu sou uma bruxa. Eu posso conjurar feitiços mágicos. Você tem um como eu, não é? ―Um? ― Assustado, ele riu. ―Temos uma pilha de pessoas bruxas, de todo o mundo. E rapaz vodu também. Nós temos algumas grandes Kahuna 39 chegando hoje à noite, na verdade. ― Ele viu o seu rosto cair e ele encolheu os ombros. ―Nós somos, como, extremamente perigosos. ―Eu posso ver isso, ― Eriko falou lentamente. Ela caminhou em direção a ele. Ele olhou para ela e Holgar, para trás e gemeu novamente. ―Então você voltou para Aurora, ― Skye empurrou. ―Sim. Eu disse a ela que você me resgatou e eu fui atrás de você. Ela estava realmente chateada, e ela disse que nós tínhamos que se mudar. Eu tenho problemas maiores. ― Ele balançou a cabeça. ―Então ela disse que eu tenho que ser um ―homem‖ e obter meu próprio alimento durante algum tempo. Eu não posso morder ninguém – eu tenho que me virar sozinho. ―Mas parecido com o vampiro, ― Holgar disse. ―Isso não é engraçado, ― Jamie agarrou. ―Então, para onde vocês se mudaram? Diga-nos e poderemos poupar você. ― Ele deslizou para Nick, desarmado, as mãos nos bolsos das calças de couro preto. Ele puxou um saquinho de alho com casca do bolso esquerdo. ―Você sabe o que fazemos com isso? Nós colocamos o material na sua boca até o interior se sua boca começar a sangrar. ―De jeito nenhum, ― Nick disse, os olhos esbulhados. ―Oh, cara. ―Basta nos dizer, ― Eriko disse, acenando para Jamie, que abriu o saco. ―Oh, vamos lá, vocês, ― confessou Nick. ―Se eu falar... ― Então ele parou, como se tivesse lhe ocorrido que ele estava cercado por seus inimigos mortais. ―Whoa. ―Nos diga. Em detalhe, ― Eriko disse. 39
KAHUNA - é uma palavra oriunda do sânscrito, que designa qualquer ação de um ser que diminua o sofrimento de outro(s) seres(s). Ou seja, (é todo ato praticado para aliviar o sofrimento do próximo), por isso podemos traduzir Kahuna para "ato compassivo" ou literalmente "compaixão"
―Eu vou mostrar a vocês. Eu levarei vocês lá. ― disse ele, elevando a voz. Por favor! ―E nos dizer sobre as bruxas com Aurora, ― Skye ordenou a ele. ―Bem, eles não são bruxas, exatamente. Eles são feiticeiros. Sabe, caras vodu. ― Ele olhou esperançosamente a Alice, que tinha acabado de entrar na sala em seu manto cerimonial preto e roxo. ―Traidores, ― ela disse, cuspindo no chão. ―Quando eu digo Papa Dodi... ―Oh, sim, ― o vampiro disse, balançando a cabeça como um robô. ―Ele é supostamente para se encontrar com nós para o desfile. Um silêncio pesado caiu abaixo em torno da sala. Skye olhou para o vampiro e para a feiticeira de volta. ―Não, Jenn sussurrou. No silêncio sua voz ecoou nas paredes, nos corredores. Alice apertou a testa com as duas mãos. Não houve outro som por pelo menos cinco segundos. Skye se moveu para ela e colocou o braço em torno da mulher perturbada. ―Talvez não seja o que parece, ― disse Skye. ―Talvez Papa Dodi seja um de nós, infiltrado no grupo de Aurora... ―Um, os chamamos de Corte, ― Nick ofereceu proveitosamente. ―E eu acho que ele ficou muito animado para estar com nós. Aurora vai convertê-lo. ― Ele se animou. ―Tenho certeza que ela ia converter vocês se quisessem. Olhares de ódio derreteram em uma poça. ―Só estou dizendo, ― murmurou ele. Skye olhou para Alice. Lágrimas escorriam pelo rosto da mulher mais velha. Ela olhou diretamente para Eriko. ―Descubra o que você precisa saber, ― ela arrancou. Então, ela saiu do quarto. Depois que o vampiro havia derrubado suas tripas, eles o estacaram. Antonio assistiu na sombra, viu a queda do surfista ignorante de joelhos, gritando e implorando. Três segundos depois ele virou pó. Os caçadores de Salamanca conferiram. Os lutadores pela liberdade de New Orleans fizeram o mesmo. Em seguida, eles se reuniram em uma mesa,
muito frágil, Eriko sentou em frente a Marc. Padre Juan sentou-se à direita de Eriko, e Bernard atuou como assessor de Marc. Depois de um tempo, Marc e Eriko empurraram suas cadeiras para trás, e cada um foi para sua equipe. Padre Juan pediu licença e saiu da sala. Os caçadores estavam perto da porta da frente, Jamie encostado na parede com a cabeça inclinada para trás, como se ele estivesse extremamente entediado. Ele abaixou a cabeça quando viu Eriko andando na direção deles. ―Então está resolvido? ― Ele questionou a ela. ―Hai, ― Eriko respondeu. ―Marc nos levará de volta à cidade. Toda nossa equipe, e seu principal grupo – Bernard, Suzy e Matt. Todos nós vamos para o desfile, e depois a nossa equipe interrompe para ir ao novo covil de Aurora. ―Eu suponho que o resto assumirá o desfile, ― disse Jamie. ―Hai. ― Ela hesitou por um momento, e então ela continuou. ―O objetivo de Marc é diferente do nosso. A Resistência vê isso como uma grande chance para causar danos, tanto quanto possível. Eles esperam que as pessoas se inspirem para ajudá-los. ―Os espectadores no desfile, ― Holgar disse, como se tivesse a certeza que ele entendeu o que ela estava dizendo. ―Hai. ― Eriko balançou a cabeça. ―E nós vamos resgatar Heather. ― Suas bochecharam viraram rosa. Ela não acha que deveria ser o nosso objetivo primordial, Jenn percebeu, chocada com sua essência. Ela quer ajudar, Marc. ―Dependendo de como isso vir abaixo, Antonio pode sair e ir para dentro do covil sozinho, ― Eriko acrescentou. Antonio concordou. ―Não, ― Jenn desabafou. ―Jenn, ele é um vampiro, ― Holgar disse. ―Você pode, por favor, dizer isso mais alto? ― Jamie resmungou para ele. ―Eu vou para dentro. Deixe-me ir. Ela é minha irmã, ― Jenn argumentou. Eriko estreitou os olhos para Jenn. ―Aurora conhece você. Ela não conhece Antonio.
―Vocês estão prontos? ― Marc perguntou, caminhando até eles. ―Nós vamos se vestir e – pegar as armas e – nós estaremos armados – e... Ele parou de falar quando Padre Juan entrou na sala. Seu rosto estava desenhado, e suas bochechas estavam cinzentas. Um jovem de colarinho clerical estava de pé ao lado dele. ―Este é o Padre Gilbert, ― Padre Juan anunciou. ―Ele é o sacerdote que nos enviou a informação sobre o grupo de Marc. ―Olá, ―Padre Gilbert disse. Jenn pensou que ele não fosse tão velho o suficiente para ser padre. Sua testa estava enrugada e seu rosto estava desenhado. ―Eu vim para encontrar o mestre de vocês porque nós estamos conseguindo palavras de problemas. Ele voltou sua atenção para o Padre Juan, que assentiu com seriedade. ―Eu tenho que ir para a Espanha, ― ele disse. ―Agora.
A humanidade está de joelhos Dando-nos o que nos agrada Lambendo as botas e lamentando como cães Na sua própria morte que são os elementos Implorando-nos agora para deixá-lo viver Dizendo-nos que outra coisa você pode oferecer E nós vamos rir e lhe dizer não Está na hora da humanidade ir
Eles foram conduzidos de volta para o Bairro Francês em uma van maior, todos os Salamancans, Marc e os três de sua equipe, e Antonio estava apavorado. Ele não sentia essa emoção particular em um longo, longo tempo. Quando a equipe mais precisava dele, ele estava perdendo o controle – por algum motivo que ele não conseguia entender. Alguma coisa obscura e mágica que era certamente um trabalho, e que tinha mais poder sobre o seu monstro do que ele. Skye e Alice haviam trabalhado com o Padre Juan para colocarem proteções mágicas na van em que viajavam, mascando-a quando a van estava em movimento. Padre Juan tinha fornecido as palavras mágicas, um arsenal de magia arcana e conhecimentos que Antonio não sabia. Repertórios mágicos de Padre Juan era exclusividade seu. O feitiço não tinha sido fácil, e Padre Juan disse um monte de coisas em latim que apenas Antonio entendia e teria corado se repetisse em qualquer idioma. Padre Juan foi capaz de verificar que existia uma força mágica trabalhando contra eles, mas ele não podia confirmar se era Papa Dodi. Ele não sabia se era vodu, magia negra ou branca também. A loa de Alice ficou em silêncio sobre o assunto também. Quando o trabalho foi finalmente realizado, todos os seis caçadores estavam juntos, e Marc e seus três – Matt, Bernard e Suzy. Os combatentes estavam dirigindo separadamente, e os maiores grupos estariam unindo forças, uma vez que atingissem o Bairro Francês. As armas foram escondidas – metralhadoras – enquanto os Salamancans realizavam tudo o que precisavam para o combate corpo-a-corpo tradicional. Antonio não sabia como Marc tinha chegado à palavra para os demais ―grupos‖ e no momento ele estava muito preocupado com a segurança. Ele lutava para manter baixa a sua sede de sangue, ciente de que a qualquer momento ele poderia explodir na forma de alimentação completa, olhos brilhantes, presas afiadas.
Padre Juan estava recebendo uma viagem de Alice para o Aeroporto Internacional Louis Armstrong de New Orleans, ou tão próximo quanto eles poderiam conseguir. O Padre Gilbert tinha ido embora tão silenciosamente como tinha chegado, ainda insistindo que não podia se envolver. As ruas do percurso do desfile do Bairro Francês foram bloqueadas para os veículos. Algumas perguntas rápidas em um posto de gasolina ao lado da rodovia, havia revelado que o desfile de Krewe du Sang começaria no lado oriental do Bairro, na Avenida Franklin. Marc ficou o mais próximo quanto podia, ele entrou no beco estreito de um complexo de apartamentos abandonados – havia muitos desses - e o grupo saiu silenciosamente. No muro de tijolos alguém tinha pichado VAMPIROS SERES AMALDIÇOADOS, VÃO PARA O INFERNO. Marc sorriu tristemente quando viu as palavras. Era sete da noite, tempo para os dois grupos se separarem. Objetivo de Marc: matar vampiros quanto possível. Equipe Salamanca: salvar Heather Leitner. Ambos: fazer a diferença. ―Boa Sorte, ― disse Marc para Eriko, incluindo todos os caçadores em seu desejo de boa sorte. O grupo de Marc estava planejando um encontro com outro grupo cerca de um quilômetro de distância. Outros iriam se juntar a eles. Seu olhar descansou um momento em Antonio e ele estreitou os olhos, então eles suavizaram ao ver Skye, que estava tecendo um feitiço em nome dos combatentes da Resistência. ―A boa notícia é que nós vamos criar uma distração para você, ― disse Marc. Ele respirou fundo, e Antonio viu a resolução sobre o rosto do guerreiro. Ele conhecia a sensação. Todas as noites de que ele foi um Maquis, ele sabia que sua vida estava nas mãos de Deus. Mas em algumas missões os riscos eram maiores do que em outras. Foi quando a possibilidade da morte se tornou a probabilidade de morte. Marc estava colocando sua equipe na coluna da probabilidade. ―Banzai, ― Eriko disse, curvando-se, saudando o quarteto – Marc, Bernard, Suzy e Matt. Na tradição japonesa reverenciava o Kamikaze, o guerreiro disposto a morrer pela sua causa. Os quatros de curvaram. ―Vamos, ― disse Eriko para a sua equipe.
Eles saíram em um e dois, indo em direções diferentes para evitar a atenção. Os caçadores não usavam armaduras, jaquetas, nada que chamasse a atenção para si. Nick tinha falado que o novo covil de Aurora era fora da Decatur Street, ao lado da catedral. Isso era o percurso do desfile de Krewe du Sang, que os caçadores alcançariam cerca de meia hora após o desfile começar, às oito horas. O Vieux Carré – o Bairro Francês – estava enfeitado com guirlandas roxas e verdes, e cordas brilhantes de miçangas e plumas envoltas pelas ruas e enroladas ao longo das varandas. Multidões congestionando as ruas, alguns semi-vestido de couro preto e lamê40, outros em jeans, camisas, bonés de beisebol, chapéus de cowboy. Dezenas deles estavam carregando cerveja em copos de plástico. Acima, nas varandas, as mulheres chamavam atenção da multidão, puxando para cima a sua camisa, recebendo colares de contas de ouro pelo seu trabalho. Duas dançarinas do ventre de vermelho e perucas roxas dançavam no meio da multidão às vaias e gritos apreciativos. Quatro homens vestidos como Papai Noel começaram a dançar com elas. Então muito disso era forçado, como um desempenho, um show. Os sorrisos estavam afixados nas; pessoas que estavam bebendo muito pesadamente. Jenn viu uma mulher virar a cabeça e começar a chorar. Um homem a abraçou, se inclinando, tentando argumentar com ela. Soluçando, ela enxugou as lágrimas e tomou sua cerveja. Ela bebeu pesadamente. Mas outras pessoas pareciam genuinamente felizes. Muito felizes, mesmo. Isso era tão insano. ―Olha, ― Jenn Murmurou. Antonio olhou na direção que ela apontou. Na varanda próxima ao longo, quatro membros armados do Departamento de Polícia de New Orleans não estavam sorrindo, olhavam a multidão. Eles usavam capacetes e equipamento de choque completo. A varanda em frente deles no outro lado da rua continha mais três oficiais, também adequado para a ação. 40
LAMÊ - é um tipo de tecido adornado por finas lâminas prateadas. A palavra francesa lamé corresponde à ideia de "adornos dourados e prateados". Desde a década de 1930, o lamê é muito usado em vestidos de toilette.
Na verdade, policiais armados, obstruíam os andares superiores de todos os tons do arco-íris e edifícios de tijolos. E como cada grupo de policiais, outras pessoas estavam segurando câmeras de vídeo e telefones celulares, gravando tudo. As pessoas abaixo deles sabiam disso. Embora eles riam e festejavam, alguns deles olharam para cima. ―Avestruces, ― Antonio murmurou. ―Avestruzes. ―Como é que vamos sair disso? ― Jenn perguntou em seu ouvido. Ele a empurrou para longe. Sentindo-se mudar. Olhando ao redor, ele viu Skye a meio quarteirão abaixo. Antonio disse a Jenn. ―Continue andando, ― e correu por entre a multidão em direção à bruxa. Pedestres meio bêbados viram e piscaram, então, riram, aplaudiram e engoliram suas cervejas e se distanciaram. Ficou claro que eles não sabiam se Antonio era um vampiro real. Ele chegou a Skye. Ela estava boquiaberta para ele, e Antonio sacudiu a cabeça, precisando dela para se concentrar. ―Você pode fazer alguma coisa? ― Perguntou. ―Se as pessoas de Marc me virem assim... ―Eu não sei. ― Ela teceu suas mãos e sussurrou em uma língua antiga que ele não conhecia. Então, começou a relaxar, e isso o preocupava: Ele precisava estar em alerta. ―Não lute contra mim, ― ela disse. ―Lá. Suas presas se recolheram. Ele não sentia mais o fogo em seus olhos. Ele disse, ―obrigado. Eriko apareceu em seu ombro. Ela levantou uma sobrancelha. ―Vou começar o reconhecimento, ― ele disse. ―Veja se eles ainda estão no covil. Ela inclinou a cabeça. ―Boa sorte, Antonio. ― Sua voz era fria. Ela ainda não confiava nele. Ele se virou e viu Jenn no meio da multidão. Ela estava recolhendo os cabelos vermelhos em um rabo de cavalo. Ele viu como suas mãos tremiam. Seu coração estava batendo tão rápido que ele estava com medo que ela tivesse um ataque cardíaco. Ele olhou diretamente para ela. Poderia ser a última vez que ele a visse.
Amo você, ele pensou. Eu amo você. Mas ele não falou as palavras. Já que ele podia sentir o feitiço de Skye começar a enfraquecer, tão forte era o seu instinto para liberar a besta. Olhando para ele, Jenn mordeu o lábio inferior e acenou. Ela estava dizendo “Eu amo você, também?” Ele jamais saberia. Deixando Eriko e Skye para trás, ele se moveu no meio da multidão. Holgar estava acima, um quarteirão do outro lado da rua. Antonio se virou para ver Jamie passeando ao lado de Jenn. Um flash de ciúme o pegou de surpresa. Ele olhou para os números nas placas da rua e começou a atravessar a rua. Um beco entre uma loja de quiabo e um posto vendendo lembranças do carnaval era a sua melhor esperança de entrar no covil novo de Aurora, corajosamente localizado em um edifício de tijolos com uma placa ABANDONADO. Mas quando ele começou a atravessar, o mundo explodiu em loucura. Um calliope41, dissonante, sintonizando fora, explodiu durante a noite. Explosões, como fogo de canhões sacudiu as decorações das ruas espalhafatosas, e todos gritavam. Névoa vermelha ou gelo seco ou magia rolaram no centro da rua, os policiais em cavalos trotando dos dois lados da nuvem se desdobraram, ordenando as pessoas a voltarem. Na confusão elas obedeceram, a maioria delas bem treinadas na etiqueta do Merd Gras e segurança - durante um desfile, você tem que permanecer na calçada. Uma voz veio de dezenas de alto-falantes: ―Senhoras e senhores, é a hora do Mard Gras, o vampiro de estilo! Nós trazemos para vocês o Krew du Sang! E de repente, como se tivessem materializado para fora do ar da noite, uns bandos de vampiros usando máscaras grotescas com uma representação completa pularam com sede de sangue e marcharam pela rua – no mínimo vinte. As mulheres estavam vestidas com vestidos de baile elaborados de roxos e verdes, os homens combinando com os casacos de cetim e calças curtas, CALLIOPE – instrumento musical.
todos estavam coroados com perucas brancas, uma tradição da Corte de Marie Antoinette, no século XVIII, da França. Eles estavam se jogando para o público, alguns dos quais tinham congelados em horror. Assim como os policiais montados trotando sobre os seus cavalos, os espectadores forçavam sorrisos e gargalhadas em seus rostos e alcançaram com as suas mãos as correntes de contas – correntes de pratas e presas douradas de vampiro. Antonio examinou um casal e, em seguida, percebeu que não eram presas de vampiro, mas reais dentes humanos, parecendo com presas. Em seguida, um carro alegórico apareceu pela primeira vez, seus lados cobertos com espirais de rodas de rosas vermelhas e luas crescentes de prata, e um cartaz dizendo NÓS ESTAMOS AQUI! O carro alegórico era uma re-criação de um salão de baile parisiense, com uma prata barroca e lustre de cristal suspenso sobre uma pista de dança de madeira. Velas queimadas, cintilando uma névoa vermelha rodada para cima e em volta dos dançarinos, que estavam vestidos com batas e casacos, como os pedestres diante deles. O próximo carro alegórico demonstrava um castelo – Antonio reconheceu como um estilo de castelo espanhol – e antes disso, havia um homem humano vestido com um manto marrom com capuz. Outro homem estava pendurado, seus pés mal tocando o chão, os braços amarrados pelos pulsos a uma barra – que se estende uma espessa coluna. Na base da coluna, caveiras humanas tinham sido empilhadas. NÓS ESTAMOS AQUI! No lado do carro alegórico proclamava. Antonio se perguntou se os espectadores sabiam que estas duas figuras eram seres humanos, com batimentos cardíacos. E se eles perceberam que os crânios são reais. O castelo passou por ele, e então o terceiro carro alegórico se ergueu acima dos dois anteriores. No final estava uma re-criação de uma cidade moderna, todos os vidros e arranha-céus de aço, e por outro lado os edifícios de tijolos e varandas rendadas do Bairro Francês – idêntico, eles fizeram uma miniatura de New Orleans. No topo do mais alto edifício de vidro e aço, subindo cerca de seis metros do carro alegórico, estava um vampiro
impressionante com um vestido mergulhado no verde e roxo, seus cabelos negros presos com pentes roxos, ela sorria e atirava contas para as pessoas. Aurora. E sua irmã de sangue. Não, pensou, sentindo a mudança no seu rosto. Só porque nós dois somos vampiros, isso não significa nada. Isto seria o mesmo que dizer que Jenn e Adolf Hitler fossem parentes, só porque ambos são humanos. ―Boa noite, New Orleans! ― Aurora chorava sobre os alto-falantes, enquanto ela jogava seu ouro e prata de contas presas. Ela tinha um sotaque espanhol. Então, como seu Sire, Sergio, ela era espanhol. E... Como ele. Será que a luz vermelha brilhou em seus olhos? Ou Skye teve sucesso o mascarando? Antonio ouviu os batimentos cardíacos da multidão – esporádicos, acelerando. O corpo não conhecia a diferença entre excitação intensa e o desprezível medo – adrenalina era adrenalina – e os rostos estavam assumindo sobre os desesperados, a emoção exagerada de uma multidão. Tentando agradar, para mostrar que eles não estavam com medo. Que eles amavam seus senhores vampiros. Outro grito se levantou, e Antonio olhou de volta para o carro alegórico. Surgindo de um dos edifícios modernos, um homem em um terno se juntou a Aurora. A multidão aplaudiu e gritou. De um dos edifícios mais antigos um homem negro em uma túnica surgiu. Ele estava vestido como um sacerdote vodu, com um colar de osso e um gorro redondo de penas. Era este o Papa Dodi? Ele segurava um bastão com chifres ondulados projetados a partir do topo; uma cobra enrolada viva nos chifres. Ao lado dele dançava um vampiro que estava vestido como Barão Samedi, o deus vodu da morte – chapéu preto decorado com pequenas caveiras brancas, ossos e penas, uma máscara de caveira branca em seu rosto. Ele usava tudo preto, com luvas brancas, e um colar de ossos humanos. Barão Samedi era um dos deuses escuros da morte, também adorado por alguns vampiros, que tinha como muitas seitas e práticas religiosas como os seres humanos. E lá estava à loa de Alice, Ma‘man Brigit, a esposa do Barão,
vestindo um véu pontilhado com flores podres. Talvez esta noite Brigit estivesse se aliando com os vampiros também. ―Papa Dodi! ― Alguém gritou. ―Não! O sacerdote se virou e olhou para a multidão. Então ele ergueu o bastão com a cobra enrolada sobre ele e jogou a cabeça para trás. Ele gritou numa língua estranha. A cobra enrolada em torno dos chifres do bastão se moveu mais rápido; então começou a sair fumaça, isso tremeu e chiou enquanto o Papa Dodi continuava cantando. Tambores distantes começaram a bater. A criatura estremeceu. De repente, a cobra se expandiu para o dobro do seu tamanho, em seguida, três vezes, e ela assobiou para a multidão, sacudindo a língua. A multidão aplaudiu freneticamente, como se fosse parte de um desempenho, um louco efeito especial de Hollywood. Magia. Vodu. Mal. A batida do tambor, frenético, oco, ameaçador. Algo estava nascendo, algo estava por vir. O carro alegórico passou. Não havia sinal da garota humana. Jenn havia descrito Heather em amoroso detalhe; Antonio sentiu como se tivesse a conhecido. Antonio tinha visto o suficiente desfile do vampiro – mais do que o suficiente. Ele tinha que atravessar a rua, ao covil de Aurora, antes que o desfile terminasse. Mas a polícia estava ali, e a multidão estava se tornando mais frenética. Os humanos esmagados à sua volta como ondas, empurrando-o juntamente. Eles estavam gritando, aplaudindo. Caleidoscópios de rostos giravam em torno dele. Cervejas derramando sobre ele. ―Vampiro, me morda! ― Uma mulher em um sutiã de lantejoulas balbuciou para ele, jogando os braços em torno dele. Então ela olhou por ele e começou a gritar. ―Olha, olha! ― Ela ordenou a ele. ―Ela está indo converter o prefeito! Gritos e gemidos se levantaram, como um gêiser de uma derrota da humanidade, e através da escarlate fumaça ele viu Aurora em sua completa aparência predatória – seus olhos de vermelho e suas presas afiadas. Ela agarrou o homem de terno e afundou os dentes em seu pescoço.
―Oh, meu Deus! ― A mulher gritou, cobrindo o rosto. ―É... Oh, Deus! Ele olhou fixamente para ela e disse: ―Isso é o que realmente gosta! ―Não, ― ela disse, começando a chorar, ―não, isso... Isso é... ―Se ela não alimentá-lo de sangue, ele estará seguro, ― acrescentou Antonio. Morto, talvez, mas não convertido. Mas naquele momento, Aurora fez um gesto para a cobra. Que disparou para baixo em direção a ela e afundou suas presas na área carnuda acima de seu coração. Ela gritou como se estivesse em êxtase. Enquanto ela segurava o prefeito na vertical, ela posicionou a mão ao redor da cabeça da cobra, logo atrás de suas presas, e puxou-a. o sangue escorria de seu peito. Papa Dodi tomou a serpente dela, e ela empurrou o rosto do prefeito contra a ferida. Ele começou a beber. O homem se levantaria novamente, Antonio sabia. Lágrimas rolaram pelo rosto da mulher. ―Saia daqui. Agora, ― disse ela. Ele seguiu em frente, entrando na maré da multidão transformados em um momento de pânico. Eles estavam transtornados, ele não podia ver Jenn, ou qualquer um dos outros. As pessoas estavam transbordando para a rua, algumas correndo na direção oposta, em puro terror, mas a maioria delas não tinha ideia de onde elas estavam indo, o que estavam fazendo. Empurrado contra o mar da humanidade, ele ficou do outro lado da rua. Ele correu silenciosamente a parte de trás do edifício de tijolos, debatendo a si mesmo como proceder para entrar. Ele deveria ir pela porta dos fundos, subir as escadas do interior, e entrar pela porta vermelha, que ficava no extremo sul do pátio interior central. Entrar, avaliar a situação e apresentar o relatório. Ele ouviu a loucura: sirenes, apitos. Os gritos. Pessoas que perderam sua humanidade permanente, ou apenas através do frenesi da multidão, ele não podia dizer. E ele tomou uma decisão. Ele não ia pôr Jenn em perigo e os outros. Ele ia entrar, pegar Heather, e correr com ela, estacando qualquer um que entrasse em seu caminho.
Ele tomou as escadas pulando quatro degraus ao mesmo tempo – como ele era um vampiro, ele quase podia, mas não completamente voar. O luar brilhava através das clarabóias no pátio, que estava cheio de plantas mortas em grandes urnas pretas, que deixavam as estátuas gregas invisíveis. Havia a porta vermelha da frente. Ele queria entrar o mais rapidamente possível e obter Heather e sair antes do sol nascer. Ele subiu correndo os degraus, hesitou, e depois torceu a maçaneta. A porta abriu para dentro. Eles eram descuidados ou completamente certos de seu poder sobre os humanos da cidade. Ele caminhou para dentro. Não havia ninguém imediatamente à vista. Ninguém, na verdade, em tudo. Heather não estava aqui. *** Arrastada pelo mar em fúria da multidão aterrorizada, Jenn tropeçou para trás, mantendo o olhar fixo no edifício abandonado. Ela estava pirando: Este não era o plano. Antonio não deveria ir sozinho. Ela estava lutando para avançar, mas usando um pouco do Krav Maga sobre uma centena de pessoas ao mesmo tempo, ela teria que se contentar em avançar lentamente para frente. Então Jenn avistou as tranças rastafári de Skye balançando cerca de vinte metros à frente dela. ―Skye, ― ela gritou. A bruxa não ouviu. Então Skye ergueu as mãos e atravessou no meio da multidão, em direção do edifício. Jenn seguiu sua linha de visão e viu Antonio, sozinho. Heather, Jenn pensou. Onde está Heather? Ela começou a empurrar as pessoas para fora do seu caminho, bloqueando o punho de alguém, ela curvou os ombros e abaixou a cabeça como um jogador de futebol. Protestos e xingamentos vieram com seus esforços, mas ela continuou empurrando, e ela atingiu o outro lado da rua cerca de dez segundos depois de Skye. Ambas, Jenn e a bruxa pararam bem diante de Antonio, cujos olhos estavam brilhando. ―Não há, ― ele disse. ―Nunca houve.
―O quê? ― Jenn chorou. Ele colocou os braços em volta da cintura e as chamou para o beco, fora da loucura. O barulho era ensurdecedor. As botas de Jenn rangeram no cascalho. A lua – lua cheia – reluzia sobre os cabelos negros azulados de Antonio. Se ele fosse humano, ele estaria ofegante e sem fôlego. ―Não tinha cheiro de humano naquele lugar. Eles não a levaram para lá. Ou Nick mentiu para nós, ou Aurora mentiu para ele. ―Inferno sangrento, ― disse Skye, batendo a mão no rosto. ―Então, onde diabos ela está? ―Oh, não, não, ― lamentou Jenn. ―Não, Heather! ―Jenn. ― Antonio colocou as mãos em seus ombros e dobrou os joelhos para que ele pudesse olhar em seus olhos. ―Ouça. Você tem que ser forte. Você tem que manter o foco. O desfile ainda está acontecendo. Aurora não está com sua irmã. Isso significa que há esperança. ―Não, não, ― disse Jenn. Ela respirou fundo. ―Mas você está certo. Eu tenho que manter o foco. Ela se virou para Skye. ―Você tem que tentar a sua pedra de vidência novamente. Antes que Skye dissesse qualquer coisa, Jenn lambeu os lábios e lhe deu um olhar duro. ―Você tem que fazer Skye e você tem que fazer o trabalho. Skye fez uma careta enquanto ela pescou no bolso e tirou a pedra retangular pequena. ―Isso não funcionou antes. ―Nós estávamos no subsolo. Você já fez vodu antes, ― Antonio lembrou a ela. Isso abre mais canais de arcana. E eu continuo orando por você. ―Você tem que ter fé, ― disse Jenn. As palavras saíram de sua boca antes que ela percebesse o que estava dizendo. ―Feche os olhos, Jenn e Skye, e orem comigo, ― Antonio as convidou. Jenn hesitou. Ela ainda não acreditava, não do jeito dele. Mas ela fechou os olhos, lágrimas escorrendo pelo rosto. O tempo estava passando. O desfile era sinuoso através das ruas do Bairro Francês, e sabia qual caminho isso levaria. Ou se Heather estava escondida em um dos carros alegóricos, sendo atacada por Aurora.
―Amém, ― Antonio murmurou, e os três abriram seus olhos. Skye olhou para sua pedra e balançou negativamente sua cabeça. Nada. ―Una Vez más, ― disse Antonio. ― Nós não temos tempo, ― disse Jenn, agarrando a pedra. Ela olhou em volta. ―Oh, Deus, nós não temos tempo. Suavemente, Antonio pegou o queixo dela em forma de concha e olhou em seus olhos. Ela sacudiu a cabeça. Ela estava realizada com isso. ―Feche os olhos, ― disse Antonio. ―Antonio, ― ela implorou. ―Nós temos que fazer alguma coisa. ― Então, ela bufou, lembrando que eles já tiveram essa conversa, voltando para o convento. Ela não queria repetir o fracasso, mas ela não tinha ideia do que eles poderiam fazer a não ser correr por todo o Bairro Francês, na esperança que Skye pudesse reconhecer o edifício. Sim, eles poderiam fazer isso. ―Shh, ― Antonio pediu a ela. ―Por Heather. Frustrada, com medo, ela fechou os olhos. Por favor, Deus ou Deusa, ou sorte ou destino, ou... O rosto do seu amado avô, Papa Che, floresceu em sua mente. Ela podia ver ele tão claramente – calmo, olhos escuros, as sardas no nariz, as sobrancelhas espessas e o sorriso. Oh, eu amei você. Eu ainda amo, ela pensou. Eu vou amar você enquanto eu estiver viva. Vou preencher seus sapatos. E algo aconteceu. Alguma coisa mudou. Algo mudou. Jenn sentiu uma vibração quente correndo pelo seu centro do corpo, como se alguém tivesse tirado a corda de uma harpa. Isso zumbia através do núcleo dela, então se acalmou. ―Sim! ― Skye gritou. Jenn saltou. Em seguida, ela e Antonio olharam para o cristal quando Skye o estendeu a eles. Jenn inclinou-se, olhando, vendo um pátio e, por trás dele, um edifício com uma escada em espiral. ―É isso aí! ―Skye gritou.
Ela virou à direita. O cristal estava esmaecido. Esquerda. Então ele iluminou. ―Vamos! ― Ela gritou. ―Aqui, por trás do edifício, pelo beco, ― Antonio disse. Ele agarrou as mãos de Jenn e Skye, e eles começaram a correr. Os tijolos do beco eram totalmente escuros, mas Jenn sabia que ele podia ver para onde eles iam. Ele as arrastou juntamente, ela estava correndo tão rápido que estava caindo sobre os próprios pés. Ela tropeçou, ele diminuiu. Ela estava o segurando, e assim estava Skye também. ―Eu vejo um nome por trás da escada! ― Skye gritou. ―Está sobre São Pedro. Há números: um, dois, cinco e outro eu não consigo ler. ―Antonio, vai! ― Jenn gritou. ―Nós vamos seguir. Antonio respondeu para ambas assentindo e voou como um morcego para o inferno. Ele estava lá em menos de um minuto. Subindo as escadas correndo, e quebrando a porta da frente, sem tocar a dobradiça, pronto para matar uma centena de sua espécie para salvar a irmã de Jenn. O cheiro de sangue fresco enchia o ar, e ele se viu em uma sala octogonal decorada com antiguidades. Ali do outro lado, uma gaiola estava aberta e um corpo de uma garota estava coberto, e outra metade estava fora. No momento em que ele estava olhando para o corpo da irmã de Jenn. Raiva o preencheu. Eles chegaram tarde demais. Ela estava morta. Ele se abaixou, e de repente o cheiro de morte encheu suas narinas, forte, pungente, e não tinha certeza. Ele se benzeu enquanto dava um passo para trás. ―É isso mesmo, eu a converti, ― uma voz ronronou atrás dele. ―Eu sou o seu Sire. Ele girou para ver Aurora olhando para ele, presas descobertas divertidamente. ―Ela tinha um gosto horrível. Ela estava quase morta. Mas ela é minha agora. Antonio não tinha palavras.
―Então, você é o traidor, ― ela disse, movendo-se lentamente em direção a ele como se estivesse flutuando. ―O vampiro que ajuda os humanos caçando-nos. Eu estive esperando muito tempo para conhecê-lo. Seu Sire fala tão carinhosamente de você, Antonio De La Cruz. Antonio sibilou e se lançou para ela, um grito de fúria o sacudindo. *** Holgar viu quando os combatentes da Resistência jogaram fora as máscaras do Mardi Gras e as capas, brandindo as metralhadoras enquanto eles assistiam os vampiros loucos nos carros alegóricos. Bernard, Matt, Andrew e Marc abateram os vampiros e aquele homem vodu, Para Dodi. A partir das suas varandas a polícia abriu fogo, atirando contra a multidão. Os humanos estavam gritando e correndo por toda parte. Um incêndio irrompeu dentro de um dos edifícios. A fumaça saindo e subindo para o céu. Vampiros voaram para os carros alegóricos como ratos, olhos cor de sangue, presas brilhando. Um deles, um homem, pegou bruscamente uma mulher e afundou os dentes em seu pescoço. O Maldito ao lado dele derrubou um homem enorme, que caiu de joelhos. Sangue escorreu pelo rosto do vampiro. Holgar empurrou as pessoas para fora do seu caminho, traçando o caminho que ele tinha visto Antonio, Skye e Jenn tomarem. Ele chegou ao final do beco para encontrar Jenn e Skye, mas sem Antonio. ―São Pedro, ― Skye falou, mostrando a ele a pedra. Ele assentiu. ―Encontre Eriko e Jamie, ― ele disse a elas. Bloqueando o seu destino, ele se agachou quando ouviu um grito de fúria. Era Antonio. Ele se jogou para a casa, subindo as escadas, e voou através da abertura da porta. Antonio estava com as mãos em torno da garganta de um vampiro do sexo feminino, que estava silvando e o arranhando. Os dois estavam estalando suas presas juntos, eles estavam se atacando como lobos.
Holgar puxou uma estaca livre do bolso e tentou entrar. Antonio e a mulher começaram a se mover tão rápido, porém, ele não poderia controlálos, muito menos ter uma chance de perdê-la e matar Antonio. Ele rugiu de frustração e girou ao redor quando ele ouviu uma maldição. Meia dúzia de vampiros entrou na sala. Ele bateu a estaca no peito do primeiro, que morreu com um olhar de surpresa em seu rosto. Eriko e Jamie encontraram Jenn e Skye. Sem dizer uma palavra, Eriko pegou Jenn e a levou nas costas pela rua. As pessoas corriam por toda parte, gritando. Uma mulher com um ferimento na cabeça estremeceu por eles. Metralhadoras soavam a contraponto, entrecortadas às ondas de sirenes. Jamie e Skye correram juntos. Em seguida, um vampiro estourou no meio da multidão, foi direto para Eriko. ―Caçadora, ― ele gritou, desafiando-a. ―Você é uma Caçadora! ―Me coloque para baixo, ― Jenn disse a ela, e Eriko cumpriu. Jenn poupou um olhar quando Eriko puxou uma estaca de sua perna da calça, abriu as pernas amplamente para se equilibrar, e se preparou para a batalha. Rodando, Jenn avistou a casa. Ela pôs uma explosão de velocidade de suas reservas que ela nunca sonhou que possuía. Subindo as escadas, ela entrou na casa com Skye e Jamie. Aurora e Antonio estavam cortando um ao outro, e mais vampiros estavam circulando, sibilando, quando Antonio lançou uma estaca no peito de um bem atrás dele. O Maldito explodiu. Holgar estava no meio da briga, arranhando com as unhas humanas e mordendo tudo que se lançava para ele. Além deles Jenn viu sua irmã, e ela correu em sua direção, apesar do caos e da luta acontecendo ao seu redor. Um olhar lhe disse tudo o que ela precisava saber: a garganta de Heather estava rasgada, sangue agrupado em torno dela. Seus olhos estavam semicerrados. E embora não houvesse faísca de vida neles – ainda não – eles brilhavam vermelhos como o doce sangue em seus lábios. Sangue de vampiro. Ela tinha sido convertida. ―Não, Heather, oh, Heather, eu sinto muito, ― ela chorou.
Com um soluço, ela caiu de joelhos. A sala se fechou. Ela queria gritar, chorar, implorar, odiar e matar, mas era tarde demais. Tarde demais. Arfando, ela tirou uma estaca, preparada para conduzi-la através do coração de Heather. Em sua mente viu Heather e ela mesma andando na praia, Heather em um biquíni rosa brilhante, guinchando a água para cima dela. “Está tão fria!” Heather gritou. “É cheio de tubarões!” Jenn gritou de volta. Agitando-se, Jenn enxugou as lágrimas. Lamentando, choramingando, ela levantou o braço, direcionando para baixo... ...Antonio agarrou a estaca de modo que a ponta ficou próxima do coração. Atrás dele, Eriko, Jamie e Skye tinham chegado. E então teve Marc, e pelo menos uma dúzia de combatentes da Resistência, disparando suas armas nos quartos próximos e estacando os vampiros. ―Antonio, Antonio, eu tenho que fazer isso, ― gritou Jenn através do ruído. ―Eles a mudaram. ―Não, você não, ― disse Antonio, tentando arrancar a estaca da mão dela, sem feri-la. ―Eu posso ajudá-la. Eu posso salvá-la. Em torno deles a luta travava. Vampiros subindo em pó. Um jovem revolucionário caiu morto ao lado dela, o pescoço quebrado, com os olhos mortos olhando para ela, pedindo para ela fazer a coisa certa. Este é o teste, ela pensou quando o mundo parecia ir frio e negro ao seu redor. Ela não ouviu nenhum combatente, não viu nada, além da estaca na sua mão e olhos vermelhos de Heather. Eu sou uma Caçadora, e ela é um vampiro. Frio. Escuro. Ela não podia fazer isso. Este é o momento de provação para você. Isto é, quando você aceita o chamado. Isto é quando você faz o que nasceu para fazer. ―Eu tenho que fazer isso, ― ela afundou novamente. ―Não podemos correr o risco.
―Você me deu uma possibilidade, ― Antonio disse. ―Deixe-me pelo menos tentar, por sua causa e para ela. Jenn o encarou por um momento, seu coração em guerra com sua mente. Antonio se feriu; profundamente, marcas de sangue profundas cobriam o seu rosto e peito. Um buraco se abriu no ombro onde ele foi esfaqueado com alguma coisa. Ele estava tremendo, e de repente ela percebeu que ele estava à beira do colapso. Ela estendeu a mão para ele. De repente, Eriko e Marc pararam diante dela, um vampiro se transformando em poeira entre eles. Marc virou e viu as presas de Antonio, e avançou na direção dele gritando. ―Vampiro! Antonio estava fraco demais para se defender. Marc o derrubou para trás e se ajoelhou em seu peito, balançando uma estaca para baixo. Ele o estacou, dirigindo profundamente no peito de Antonio – mas não atingiu o seu coração. Eriko colidiu com Marc, derrubando-o através da sala e gritando como uma banshee42 enquanto ela o seguia. Ela agarrou a sua cabeça e bateu no chão. ―Ele é um vampiro, ― Marc gritou, a voz cheia de dor. ―Você precisa matá-lo! Ou me deixe o matar! ―Você não pode, ― Eriko disse, arrancando uma estaca e ameaçando Marc com ela. ―Pare com isso! ― Jenn gritou. ―Ele está do nosso lado, ele sempre esteve. Marc não compreendeu. Ele pulou para frente, e Eriko bateu nele, duramente, por todo o seu rosto. Novamente. Ela brandiu sua estaca, procurando atingir o peito. Jenn pulou para seus pés, agarrando Eriko ao redor da cintura. Ela gritou em seu ouvido. ―Eriko, pare, você vai matá-lo. Ele é um ser humano, um aliado. Pare! De repente, Eriko deixou cair à estaca e encarou Marc ficando de pé, um olhar assustado passando pelo seu rosto. Ela e Marc estavam de pé, ofegante, quatro metros de distância, com um olhar de assassinatos em ambos.
42
BANSHEE – personagem em quadrinho da Marvel.
Holgar gritou do outro lado da sala. ―Eriko! Nós precisamos de você aqui! Eriko se virou e partiu. Marc olhou de Antonio para Jenn e vice-versa. ―Ele sempre foi assim o tempo todo? ―Sim. ―Merda. ― Ele cuspiu. ―Vocês são mentirosos! ―Você nos ajudaria se tivéssemos contado? Marc olhou em seus olhos. ―Claro que não. Jenn encolheu os ombros. ―Desculpe por sua irmã, ― disse Marc, antes de mergulhar de volta na briga. E não havia maldade no seu tom de voz, porque ela cambaleou para trás, como se ele tivesse batido nela. Eriko deve ter dito algo a Holgar, porque um minuto depois ele apareceu ao seu lado. Ele olhou para Antonio, que estava tentando ficar em pé. O vampiro estava sangrando gravemente no rosto, pescoço e na parte em que a estaca de madeira de Marc o apresentou no peito – longe do seu coração, mas o sangue borbulhava em torno dele e escorria para o chão. ―O que você precisa? ― Holgar perguntou a Jenn. Ela afastou o seu cabelo manchado de sangue dos olhos e limpou o nariz com as costas da sua mão. ―Nós temos que começar tirando Antonio daqui. ―E nós estamos levando a irmã de Jenn conosco, ― Antonio disse numa voz rouca. ―E Aurora está morta? ― Jenn perguntou. Holgar balançou a cabeça. ―Ela escapou. Ela colocou uma estaca no ombro de Antonio e fugiu antes que o resto de nós pudesse alcançá-la. O lobisomem pendurou Heather no ombro e ajudou Antonio em seus pés. Eles abriram caminho para frente da casa. A batalha havia caído nas ruas afora, combinando com a briga enfurecida de New Orleans. Eles desceram as escadas cambaleando e encontraram Jamie, Eriko e Marc na rua, circulando dois vampiros. Em um piscar Eriko estacou ambos. Os três se viraram e viram Jenn, Holgar e Antonio.
Carros de polícia gritavam em direção a eles. Por cima, o constante whum-whum-whum de um helicóptero sinalizou que os aliados dos vampiros haviam tomado o ar. Skye veio correndo para fora da casa e depois derrapou até parar ao lado de Jenn. Ela estava olhando fixamente para o chão. Jenn olhou para baixo e viu um desenho de giz. Que era uma gárgula com o coração na boca, um irmão gêmeo da tatoo de Skye, que ela tinha visto no chuveiro. No centro tinha as letras E + S. ―Saiam daqui enquanto vocês ainda podem! ― Marc gritou acima do barulho, tirando a atenção de Jenn de volta para o perigo na mão. ―Você tem certeza? ― Eriko perguntou. ―Sim, eu acho que nós temos isso abrangendo. ― Ele disse. ―Graças a vocês e o seu vampiro maldito. ― Ele deu um sorriso louco. ―Vocês são loucos. Jenn ergueu a cabeça e olhou em volta. Em todos os lugares as pessoas estavam saindo das casas, carregando cruzes e pedaços de madeiras quebradas – da cadeira, corrimão e pernas de mesas. As ruas estavam se enchendo, e não como vítimas com medo do frenesi da multidão, mas como lutadores. Nós fizemos isso, nós começamos uma revolução, ela pensou, enquanto as lágrimas enchiam seus olhos. Então, ela olhou para o rosto, flácido de morto-vivo de sua irmã, ela pensou, será que isso importa?
Eu recebi este diário, do meu mestre, Padre Juan, ele me deu no dia em que voltou de New Orleans. Ele me disse para anotar, tudo – para lembrar cada momento que passei por cima e aprender com isso. Ele disse que os tempos eram escuros, mas tempos mais escuros estavam chegando. Ele estava certo. E assim eu estava, quando escrevi a primeira linha da primeira página, o que ler... ―A partir do diário de Jenn Leitner.
Logo quando Padre Juan saiu do aeroporto de Madrid, ele sabia exatamente o quão sério a casa tinha sido intimada. Diego, o Bispo encarregado por toda a Academia, ele mesmo encostou ao meio-fio com uma Mercedes. Padre Juan deslizou para dentro do carro, e Diego acelerou rapidamente para longe do meio-fio. Olhando o homem mais velho, Juan percebeu que ele estava em traje civil, nenhum indício de sua posição religiosa sobre ele. ―Eles estão culpando os nossos caçadores pela perda do vírus, ― disse Diego sem condições prévias. Padre Juan grunhiu. ―O vírus não funcionava de qualquer maneira. Diego entrou no trânsito. ―Nós sabemos disso e eles sabem também, mas não é assim que eles estão agindo. Eles também estão divulgando a luta no avião. ―O que está acontecendo? ― Juan exigiu, o medo picado por meio dele. ―O governo tomou medidas para banir os caçadores. ―Não. ― O pior pesadelo de Juan, acontecerá. ―Sí. ―O que eles poderiam usar para racionalizar esta decisão? Os caçadores de fazer o trabalho. Eles estão lá fora, matando vampiros quando os militares não podem. Eles são a única coisa permanente entre o povo e as trevas. ―Você disse muito, meu amigo, ― Diego disse solenemente. Seu rosto era uma sucata de linhas de preocupação, e as olheiras estavam rodeadas em seus olhos. Ele havia envelhecido muito desde que Padre Juan o vira pela última vez. ―Eles são muito populares. O povo espanhol os vê como salvadores, eles fazem o que o governo não pode. E assim, eles são uma ameaça? ― Juan perguntou, tentando dar sentindo a isso. Diego concordou. ―Agora que a Espanha está se abrindo para os vampiros, eles são.
―Hostia! Juan bateu com o punho no painel do carro, uma explosão de raiva diferentemente de quaisquer que tinham demonstrado em muitos, muitos anos, jurando um juramento que um sacerdote não devia falar. ―Eles sabiam que íamos falhar. Eles estavam contando com isso. Eles sabiam que o vírus não funcionava, mas eles não podiam simplesmente admitir isso. Não, ao invés disso, eles precisavam ter alguém para culpar. Eles precisam de um inimigo que pode realmente lutar para manter o poder. ―Caçadores, ― Diego disse suavemente. ―Sim, os caçadores. Inferno Sangrento, nós estamos procurando o elo mais fraco, o traidor dentro do nosso grupo, ― disse Juan, olhando pela janela para a Espanha, a sua Espanha, onde viveu por tanto tempo, mais do que ninguém poderia imaginar. Sua para proteger. Ele estava falhando. ―O traidor é o nosso próprio governo, um dos últimos a ficar contra os vampiros. Cada militar, todos com um salário do governo, a cada contato, qualquer um deles poderia ter nos visto, nos traído em cada turno. ― Juan fechou os olhos. Como ele pôde ser tão cego? ―Eles devem ter achado mais atraentes ficar na sombra da guerra do que continuar lutando no lado perdedor, ― Diego especulou. ―Mas eles não podiam simplesmente estalar os dedos e fazer isso. Eles precisavam de um novo inimigo, um novo rosto para colocar diante do povo como motivo por todos os seus sofrimentos. ―Dios. ―Não podemos permitir que isso aconteça, ― disse Juan com os dentes cerrados. ―Eu não sei o que a Igreja pode fazer para convencer o governo espanhol. Mas fique certo de que, enquanto a Academia for prioridade e administrada pela Igreja, continuaremos apoiando os nossos caçadores e treinando os novos. Juan permitiu queimar dentro de si, mas o calor era escasso. ―Mas por quanto tempo? Juan olhou para Diego, que se recusou a encontrar os seus olhos. Ambos tinham ouvido rumores há meses sobre um movimento dentro da
própria Igreja para fazer um acordo com os vampiros. Isso era escandaloso, impensável e agora muito aterrorizante para ser verdade. ―Por enquanto não existe respiração em nossos corpos, ― prometeu Diego, levando a mão do volante e fazendo o sinal da cruz. Juan fez o mesmo. ―Amém. ―Eu preciso de sua ajuda para lidar com os alunos. Nós vamos ter que encontrar uma maneira de explicar a situação para eles, prepará-los. ―Claro. ― Juan exalou lentamente à medida que a enormidade do que estava acontecendo descia sobre seus ombros já muito cansados. ―E eu vou precisar de vocês quando eu contar aos meus caçadores. Quando retornarem. ―Você parece preocupado. Ele inclinou sua cabeça contra o assento, visualizando seus pupilos briguentos. Sentindo falta deles. Esperando que eles ainda estivessem vivos. ―Eles são as pessoas certas no momento certo, mas eu não posso leválos a ver isso. Eu não posso obrigá-los a trabalhar juntos, sem brigas e lutas. ―Como na Igreja, assim, no mundo, ― Diego disse, rindo amargamente. ―A Resistência em New Orleans está uma confusão, mas pelo menos ainda há pessoas dispostas a lutar e morrer para o que é certo. ―Nós precisamos mais deles, e não apenas na América, ― observou Diego. ―Eu sei. Agora que a Espanha caiu, não há guerra organizada; há apenas o subsolo, a Resistência, para nos libertar. Homens e mulheres vivendo com medo e agindo por desespero, isso é tudo que temos agora, ― disse Juan. ―Então, isso deve ser o nosso ponto de partida, ― respondeu Diego.
Jenn estava em sua própria cama e olhava para o teto, respirando o aroma familiar da Academia. No momento da chegada haviam dito a eles que o Padre Juan iria vê-los na parte da manhã; então eles foram enviados diretamente para seus quartos para dormir. Todos com exceção de Holgar, ou
seja. Que iria ter uma lua cheia, e Jenn agradeceu secretamente por eles terem chegado à Salamanca duas horas antes do anoitecer. Ela sabia que ele se trancava em algum lugar enquanto ele mudava. Ela só não queria ver isso. Antonio e um dos sacerdotes haviam levado Heather para algum lugar, ela não sabia onde. Normalmente levava um total de vinte e quatro horas para um vampiro novo acordar, um ciclo completo de dia e noite. Poderia eventualmente demorar um pouco mais, mas nunca menos. Eles foram embora do Bairro Francês descendo a Oeste na van de Marc, se preparando por uma oportunidade de um vôo para Madrid. O sol brilhou sobre um homem em um terno preto, que estava parado na frente de um carro preto, estacionado sem identificação através da rua no tráfego, com as mãos estendida para eles pararem. Ele usava óculos de sol e uma pequena cruz de Jerusalém na lapela43. ―Há um jato particular esperando por vocês, ― ele disse. ―Padre Juan enviou. Venham por aqui. Eles o seguiram para o aeroporto e passaram por um portão. Havia um jato privado esperando por eles na pista. Eriko desceu a escada coberta, em seguida, entrou no avião, depois Jamie, Skye e Holgar. Enquanto Jenn saiu junto com Antonio, que estava agasalhado contra o sol, ela se virou e olhou para o homem, que estava segurando a porta aberta do carro para ela. Seu rosto estava refletido no óculos de sol espelhado do homem. ―Você conhece Greg? ― Ela perguntou, pensando no homem que tinha falado com ela no funeral do Papa Che. O rosto do homem era inexpressivo. ―Esse é um nome comum, ― ele respondeu. ―É melhor se apressar. Tivemos que mover o inferno para isso acontecer. Todos eles entraram no avião para descobrir que as janelas tinham sido abaixadas. Antonio foi apenas um pouco queimado no milésimo de segundo que levou para fazer o percurso do carro para o avião, correndo à frente de Holgar, que carregava Heather.
43
LAPELA - Parte superior e dianteira de um casaco, voltada para fora.
Uma vez que eles decolaram, as coisas ficaram feias. Acusações e recriminações fluíam quentes e pesadas. Jamie estava furioso que eles trouxeram a irmã recém transformada junto e, francamente, ela não podia culpá-lo. Ela se sentiria exatamente da mesma forma se tivesse sido a sua irmã, ou a irmã de alguém – ninguém, realmente, exceto Heather. Holgar entrou em cena para tentar fazer a paz, e Jamie o acertou. Eriko e Skye partiram para cima, arrastando para longe seus respectivos parceiros. Antonio não falou ou olhou para ela todo o vôo. Ao contrário, ele passou o tempo todo com Heather, curvado sobre ela orando. Na Espanha, o avião havia pousado em outra pista de pouso privada e uma limusine os levara para a Universidade. Os pensamentos de Jenn mantiveram-se congelado de volta para aquele momento em que ela percebeu que sua irmã tinha sido transformada, quando ela ergueu a estaca na mão, preparada para fazer a coisa certa, e quando Antonio tinha a parado. Por que ele fez isso? Foi realmente por amor a ela, ou porque ele pensou que poderia encontrar algum tipo de salvação em salvar outro Maldito? Havia muitas perguntas sem respostas. Ela tinha a esperança de, pelo menos, ser capaz de falar com o Padre Juan e descobrir porque ele havia deixado New Orleans com tanta pressa. Algo estava errado, ela tinha certeza disso, mas não tinha ideia do que poderia ser. O que poderia ser tão ruim que o levou a abandoná-los na véspera da batalha? Ele não nos abandonou, lembrou a si mesma com severidade, inclinando-se de lado para que ela pudesse ver a porta do quarto dela. Quando criança ela nunca foi capaz de dormir com a porta fechada, sempre com medo de que um monstro se escondesse do outro lado. Agora, ela só dormia com a porta fechada e trancada, pois ela tinha visto o rosto dos monstros que estavam apenas do outro lado. E eu sei os seus nomes, ela pensou, começando a cair no sono. Seu celular soou, indicando que ela tinha uma mensagem de texto. Ela pegou o telefone e abriu. Não havia hora, nenhuma informação de remetente, apenas uma única palavra: Montana.
Ela olhou por um longo tempo. Montana era chamada de grande Sky Country. Não havia muitas pessoas lá, e ela adivinhou que houvesse poucos vampiros. Fiel à sua palavra, sua avó tinha conseguido sozinha e a mãe de Jenn estava fora de perigo e havia enviado a palavra onde elas estavam. *** Skye testou as fechaduras mais uma vez enquanto Holgar olhava para o interior da gaiola, ela não conseguia parar a sensação de enjôo no estômago quando pensou em Heather, que também havia sido trancada em uma jaula como um animal. No entanto, Holgar era um animal. Bem, pelo menos às vezes. Quando ele sorria para ela, isso a enchia de calor e risos. Mas seus olhos eram sempre tristes. Ela sabia que ele carregava consigo um segredo obscuro, mas que ele não compartilhava com ninguém. Isso estava bem. Ela não compartilhava o seu também. Jamie, Antonio e Jenn usavam as suas dores como medalhas de honra, feridas recebidas nas batalhas. Eriko não se permitia sentir. Skye e Holgar, porém, enterraram suas dores profundas para que ninguém mais pudesse ver. ―Não fique triste, min lille heks44, ― disse Holgar. ―É apenas por essa noite. E é melhor assim. Mais seguro. ―Seguro para quem? ― Skye sussurrou. ―Para todos nós, ― disse ele, olhando-a nos olhos. Ele quis dizer isso. Ele realmente acreditava que estava os protegendo, assim como a si mesmo. Talvez ele estivesse. Mas esta noite ela sabia que ele poderia usar alguma proteção extra. ―Boa noite, ― ela disse suavemente, e depois saiu do quarto. Ela fechou a porta atrás dela e depois trabalhou sua magia para criar uma barreira que impeça alguém de entrar no quarto até amanhã. Ela odiava fazer isso, mas ela tinha medo de Jamie, medo que ele pudesse fazer alguma coisa. Ele ainda
44
MIN LILE HEKS – minha bruxinha
estava com raiva, e Holgar em forma de lobo era a personificação de tudo o que Jamie odiava. ―Fique seguro, Holgar, ― ela sussurrou antes de virar e caminhar para o seu próprio quarto. Uma vez que ela fechou a porta, Skye desenhou um círculo no chão. Normalmente, ela preferia ir para fora para realizar seus rituais, descansando entre as árvores e sentindo a terra debaixo de seus dedos e olhando para lua. Não esta noite, no entanto. Forças obscuras giravam em torno dela, e ela não tinha muita certeza se alguém ou alguma coisa estivesse esperando lá fora na escuridão por ela. O rosto de Estefan subiu em sua mente, e ela estremeceu. Ela abriu o baú e tirou as ferramentas de seu ofício. Ela precisava para limpar a escuridão de sua mente e quebrar os laços que parecia estar a prejudicando, torcendo sua magia de maneira que ela não tinha a intenção. ―Isso tem que terminar esta noite, ― ela sussurrou para a escuridão. Ela escutou para ver se ela ―a escuridão‖ iria sussurrar de volta. *** Holgar assistiu Skye com emoções misturadas. Foi melhor ela ter saído, ele não queria que ela o visse. Nenhum de seu bando tinha visto ele se transformar em lobo. Padre Juan tinha presenciado, mas não os outros. Era algo que ele não estava disposto a compartilhar com eles ainda. Mas era quando ele mudava que mais desejava contato com outras pessoas. Que era o lobo em si: feroz, forte e necessitando desesperadamente de comunhão com os outros. A solidão se levantava para sufocá-lo, pois vinha todos os meses desde que havia saído de casa para treinar para ser um caçador. Era insuportável, e ele uivava de dor. Nos primeiros meses ele quase desistiu depois de cada transformação, convencido de que ele não poderia passar pela dor do isolamento sozinho. Fique, Skye, só desta vez, ele pensou. Talvez um dia ele falasse com ela, quando ele soubesse que ela poderia lidar assistindo. Ele odiava comer
sozinho, mas não era nada comparado com o quanto ele odiava ter que passar pela mudança, sozinho. Padre Juan ficou três vezes com ele, e ele fez isso muito mais fácil de suportar. Mas o padre não tinha nenhum delírio a respeito do que Holgar era. Holgar iludiu a maioria deles pensando que ele fosse um cara legal. Eles não compreendem verdadeiramente a besta em sua natureza, e assim eles não podem confiar para testemunhar o que acontece com ele na lua cheia. Sua pulsação acelerou de repente, e ele começou a suar como se tivesse febre alta. A lua estava chamando o seu filho rebelde, e era o seu dever de responder. Ele não tinha escolha a não ser responder. Quando seu corpo começou a mudar, Holgar uivou novamente, cantando para a lua, implorando por um companheiro. *** O uivo do lobo acordou Eriko do que era um sono sem sonhos sem piedade. Sua cabeça bateu, e ela podia ouvir o sangue correndo em seus ouvidos. Seu braço estava adormecido, torcido debaixo dela, mas quando tentou rolar, uma dor correu como fogo ao longo dos nervos do corpo. Ela choramingou e ficou imóvel, disposta para que a dor parasse. Músculos sobrecarregados estavam torcendo, tentando se curar – outro efeito do elixir. Ela tinha cinco ossos quebrados na mão durante a batalha, e eles estavam quase remendados. Seu pé esquerdo estava inchado quase irreconhecível, torcido e todo machucado. Teria sido muito melhor se ela tivesse realmente quebrado. Ela tinha aprendido com a experiência dolorosa que uma entorse pode levar cinco vezes mais para curar do que uma ruptura e pode ser quebrado muito mais facilmente. O lobo uivou novamente, e parecia que o som agitou em torno de seu crânio, martelando por dentro. ―Por que alguém não atira nesse lobo? ― ela gemeu. Um segundo depois ela se arrependeu de suas palavras, quando percebeu que o lobo em questão era provavelmente Holgar.
Holgar. Ele era um grande lutador, um membro forte da equipe. Ela desejava que ele e Jamie não estivessem constantemente na garganta um do outro, no entanto. Era cansativo tentar impedi-los de matar um ao outro. Como eu quase matei aquele homem, aquele homem, ela pensou. Ela reviveu mais uma vez o horror do momento e agradeceu a qualquer divindade que quisesse ouvir que ela tinha sido capaz de se conter. Ela estava bem ciente de que poderia não ter tanta sorte da próxima vez. Ela estendeu a mão e agarrou dois analgésicos, estando-os em sua boca e engolindo-os inteiros. Ela resolveu que na parte da manhã ela iria falar com Padre Juan sobre ir ver um médico. Ela precisava de algo mais forte para controlar a dor. Talvez conseguisse uma receita médica para algo que realmente parasse a dor. Exausta, ela voltou a dormir sem mover o braço. *** Jamie andava pelo seu quarto como um animal enjaulado. Normalmente, ele não tinha problemas para dormir depois de uma missão, mas o seu sangue ainda estava fervendo sobre tudo o que tinha acontecido. Ele tinha considerado em ir ao Padre Juan e acordá-lo, exigindo que cuidasse dos problemas em questão, como Heather, seu vampiro de estimação e esse lobo danado, pensou enquanto Holgar uivava distante. Ele caminhou até sua mala e tirou suas ferramentas e uma metade de um esqueleto de uma arma. Seu avô havia feito de uma velha madeira, à mão, e Jamie aprendeu a fazer o mesmo. Ele soltou uma respiração lenta e começou a trabalhar. *** Aurora conhece o meu Sire. Sergio a mandou para me capturar? Quem é ela, e o que quer? Pensativo, Antonio vigiava o corpo de Heather. Logo ela acordaria para sua nova vida como um vampiro, recusando-se a perder o primeiro momento de vibração da vida. Ele tinha que ajudá-la, para salvá-la, por amor a Jenn.
Não apenas por Jenn, ele admitiu para si mesmo. Se ele pudesse ajudar Heather confrontar sua besta e vencer, então ele não seria o único; haveria dois vampiros que poderiam controlar seus impulsos. Não podia se controlar em New Orleans, sua mente zombou dele. Que era a parte do que o assustou tanto. Durante anos, ele tinha enganado a si mesmo a pensar que tudo o que tinha que fazer era ser bom, dedicar-se a Deus, e que tudo ficaria bem. Ele sabia agora que não era verdade. Nem tudo estaria bem, porque não importa a quão muita penitência ele fez, quantas pessoas ele salvou, o quanto ele orou e estudou, ele ainda seria um Maldito. O que isso significa para suas chances de viver uma vida normal, para amar, morrer, ou até mesmo passar a eternidade em algum lugar que não fosse o inferno? Isso o apavorou, porque, por algum motivo ele sempre acreditou que um dia iria parar. Ele iria acordar e descobrir que Deus tinha sorrido para ele e que poderia mais uma vez caminhar ao sol, comer comida de verdade, beijar Jenn sem pensar em matá-la. Ou era a promessa do Diabo o tentando? ―Deus, ― ele gemeu, quando se inclinou para Heather. ―Ajude-me. *** Padre Juan estava sentado em seu escritório, perplexo como os caçadores haviam voltado para casa. Ele esperou por uma mensagem deles sobre o vôo para casa, mas nunca chegou. E agora eles estavam de volta, dizendo uma história sobre um homem usando óculos escuros e um jato particular. Ele não enviou nenhum jato. Talvez eles tivessem mais aliados do que ele pensava. Talvez fosse outro perigo inesperado. Algo a ver com Aurora. Sua equipe foi extremamente necessária pela vitória em New Orleans. Eles estavam se fragmentando, ao invés de crescerem mais próximos. Agora, com a preocupação acrescentada da ação do governo e do novo vampiro sob o seu teto e um grupo misterioso que, de alguma forma intercedeu em seu nome, ele não sabia quanto tempo poderia mantê-los juntos.
Era cedo. Os caçadores ainda devem estar dormindo. Ele deveria estar também, mas uma mensagem havia chegado para ele. Ele deixou o pedaço de papel flutuar de sua mesa, e seu coração ficou pesado. As noticias dos Estados são tão ruins quanto poderiam ser. Deus, por quê? Você sabe que eles precisavam que isso fosse uma vitória, a fim de que eles permanecessem juntos, lhes fazendo ver os seus próprios potenciais e viverem com isso. E, no entanto, nada mudou. Jenn ainda se recusou a reconhecer seus dons, para assumir a responsabilidade e assumir o seu legítimo lugar na equipe. Ele havia a deixado ir para a América na esperança de que isso fortalecesse sua determinação e que ela encontrasse a coragem que precisava para construir uma força a ser considerada. Ele tinha jogado as runas e afirmou dezenas de orações sabendo que ela havia sido destinada a ir. Heather tinha que valer a pena o sacrifício, ou eles estavam condenados. Com Heather agora sendo um Maldito, ele não sabia o que esperar de Jenn. Antonio estava ficando cada vez mais inquieto, mais um motivo de preocupação. Padre Juan não havia desencorajado a relação entre Antonio e Jenn. A verdade é que havia algo poderoso sobre seu amor – algo transcendente. Ele só podia relacionar isso, com o amor de Deus. Que havia perigo lá também, conforme evidenciado pelo comportamento cada vez mais instável de Antonio. Preocupava-o que o vampiro não comia regularmente. Jejuns forçados poderiam levar a frenesis descontrolados. Ele temia que seu vampiro pudesse morder Jenn por acidente, ou Jamie de propósito. Padre Juan pressionou seus dedos nas têmporas. Jamie era outro problema – um barril de pólvora esperando para explodir. Ele impediu Jamie de retornar para a Irlanda não porque Salamanca precisava dele, mas porque Jamie precisava deles. Sozinho em Belfast ele estaria morto dentro de uma semana. Ele era um lutador esperto e cruel, mas ele não tinha tendência a se esconder, preferia o mundo inteiro em sua porta, mesmo que isso o matasse. Além de tudo, Eriko não podia liderar, Holgar não era confiável e Skye não podia realizar até mesmo as magias mais básicas ofensivas. Na formatura, Eriko recebeu o elixir. Era a tradição que o melhor aluno o recebesse e ela tinha sido a melhor. Os outros, incluindo Jenn, assumiram
que isso significava que Eriko era o líder. Padre Juan não tinha tanta certeza sobre isso, mas ele tinha esperança que o grupo se unisse com um tempo. Padre Juan suspirou. Sua equipe lhe deu dores de cabeça, mas houve outras piores. Seu telefone tocou, e ele respondeu. ―É Dimitri. Ele conhecia a voz bem o suficiente para ser capaz de ignorar o nome falso que deu. ―Como está a sua viagem? ―Terrível. Eu tenho toda a família aqui, até os primos. ―Está todo mundo jogando bem? ―Eles estão. Pelo tom da voz, Padre Juan sabia que o rabino na outra extremidade havia perdido a sua equipe em sua missão conjunta na Rússia. ―Vou enviar cuidados, ― ele sussurrou. ―Da. Padre Juan encerrou a chamada e, em seguida abaixou a cabeça em oração. Duas equipes haviam ido para lutar, e agora duas equipes estavam mortas. O que estava acontecendo na Rússia que não poderia ser permitido ficar. O lorde vampiro tinha que ser parado. Ele tinha que enviar sua própria equipe, mesmo eles não estando prontos. Uma batida em sua porta o fez levantar a cabeça. Vestido com a sua calça larga habitual, Holgar estava em pé na porta. Os primeiros raios do sol da manhã estavam apenas fluindo através da janela atrás de sua mesa. Padre Juan olhou para ele surpreso. De todo o grupo, ele tinha passado o mínimo de tempo com Holgar. O lobisomem olhou timidamente para ele. Se Holgar estivesse ainda em forma de lobo, sua cauda estaria enfiada entre as pernas. ―Algo está errado Holgar? ―Foi à lua cheia da noite passada. ―Sim, e? ―Parece que eu saí da gaiola. Para segurança de todos, Holgar insistiu que ele passasse as noites de lua cheia em uma gaiola. Lobisomens apenas tinham certas medidas de controle
quando estavam na forma de lobo. Que variava de um a outro, e também poderia ser afetado por fatores externos, incluindo o sono, a fome, estresse e ambiente. ―Você não se lembra do que você fez? Holgar balançou a cabeça. ―Não. Eu tenho um sentimento ruim, embora. ―O quê? Estremecendo, o jovem dinamarquês mudou de posição e franziu os lábios. ―Eu acordei ao lado da carcaça de um cervo que eu tinha destruído. Até o momento não era tão tuim. Padre Juan, porém, percebeu que havia muito mais. Ele aprendeu essas coisas. ―E? ― ele solicitou. ―A cabeça estava faltando. ―O que você acha que fez com ela? ― Padre Juan perguntou incrédulo. Ele nunca tinha ouvido falar de um lobisomem remover uma cabeça e colocála em outro lugar. Não era um comportamento natural de um lobo. O que significa que esteve ligado de algum desejo da metade humana de Holgar. ―Eu não sei, ― Holgar sussurrou. De repente eles ouviram bater os pés de uma porta e corredor. ―Holgar! ― Jamie gritou no topo de seus pulmões. Padre Juan fechou os olhos. ―Eu acho que sei o que você fez com a cabeça. Skye inclinou a cabeça sentada no escritório de Padre Juan. Holgar se sentou ao lado dela, e Jamie sentou-se no outro lado da sala. Ela ainda não podia acreditar que Holgar tinha deixado a cabeça de um cervo na CAMA de Jamie. Que era tão Poderoso Chefão. Jamie estava tão furioso, que tinha perdido a capacidade de falar depois da explosão inicial. Holgar também se virou silenciosamente assustador, a sua jovialidade habitual tinha ido e foi substituído por um estado de espírito meditativo que a assustou. Isso não a assustou muito, porém, como o olhar no rosto de Padre Juan. Algo terrível tinha acontecido. ―Qual é a novidade? ― Eriko perguntou em voz baixa. ―Não é bom, ― Padre Juan revelou. ―As duas equipes, na Rússia foram perdidas. Eu enviarei vocês lá em breve. Além disso, eu recebi uma mensagem
esta manhã. A Resistência desmoronou. Com a ajuda da polícia, e do prefeito recém convertido, e seus outros novos aliados, incluindo a maioria da comunidade vodu, os vampiros retomaram a cidade. Dos combatentes humanos não houve sobreviventes. ―Eles estão todos mortos? Marc, todos? ― Skye perguntou, sua voz um sussurro. Padre Juan abaixou a cabeça e fez o sinal da cruz. Assim fez Antonio. ―Sí, mi‘ja, eles estão todos mortos. Skye ouviu alguém na sala começar a soluçar e depois de um momento percebeu que era ela. ―Há mais. O governo espanhol fez um tratado com os vampiros, esta manhã. Eles anunciaram que os caçadores deixarão todas as atividades ou serão vistos como inimigos do Estado. A Igreja continuará a patrocinar e executar esta academia, enquanto que puder, mas as coisas estão sombrias. ―Isso é o fim do mundo, ― sussurrou Skye. Ninguém na sala discordou dela. Eles estavam todos reunidos na capela para pensar, para lembrar e orar. Jenn se sentiu dormente. Eles foram derrotados. Sua irmã, presa em algum lugar no fundo do coração da Universidade, ela era um vampiro. As pessoas que foram treinadas e lutaram com eles em New Orleans estavam mortas, e a cidade estava controlada com maior rigidez pelos vampiros, mais agora do que nunca. O governo espanhol havia cedido, e a Igreja provavelmente estava fazendo um acordo com os vampiros, mesmo que os Salamancans estivessem na capela escura como ovelhas à espera de ser abatidos. ―Eu não sou uma líder, ― Eriko disse, quebrando o silêncio. ―Não é quem eu sou. Eu posso ser uma Caçadora, mas eu não posso ser a única responsável. ―Há apenas uma pessoa aqui que pode ser, ― disse Antonio. Jenn olhou para ele. Ela sabia que o seguiria para o próprio inferno se ele perguntasse a ela. Houve murmúrios por um momento, e depois Skye perguntou. ―Então, Jenn, quando você vai parar de correr de quem você é?
―Desculpe? ― Jenn perguntou, chocada. ―Você ouviu, ― Jamie resmungou. ―O que você está dizendo? ― Jenn perguntou. ―Precisamos de um líder, alguém que possa pensar como o inimigo, ― disse Skye, olhando diretamente para ela. ―Eu sou apenas Jenn, ― ela disse, mais uma vez dando voz ao que ela chama a si mesma em privado. ―Exatamente, ― disse Holgar. ―Todo o resto de nós são animais de carga. Eu sou um lobisomem, nascido e criado em um bando. Skye é uma bruxa, nascida e criada em um coven45. Eriko é um produto de uma sociedade que valoriza a comunidade acima do indivíduo. Antonio tem estudado por setenta anos malditos para ser Padre. Jamie e, tanto quando ele gosta de pensar em si mesmo como um lobo solitário, é tanto um animal de carga como eu sou. Seu bando é o IRA. Jamie bufou, mas permaneceu em silêncio. ―Você, Jenn, por si só é exclusiva, ― Holgar continuou. ―Onde você cresceu e do jeito que você foi criada, você é a única que realmente entende o valor do indivíduo. Pense no que você chama a si mesma: ―apenas Jenn‖. Não há um bando para você – não sua família, nem mesmo nós. Que a torna única. Isso faz de você a única que pode nos ajudar a entrar na cabeça dos mestres vampiros que não atendem a ninguém, senão a eles mesmos. Jenn o encarou em estado de choque. Pensou em todas as notícias que tinha ouvido quando criança, onde as pessoas falavam sobre o colapso da cultura familiar e o isolamento crescente dos Americanos, particularmente aqueles que viviam na Costa Oeste. Combine isso com o isolamento que sua família tinha experimentado há anos por causa de seus avós. E de repente ela percebeu que aquilo que ela sempre pensava que era uma coisa ruim só podia ser a única coisa que poderia salvar todos. Holgar estava certo. Ela realmente tinha sido uma única pessoa, então, as dúvidas que ela sentia sobre si mesma a forçaria realmente deixar a equipe em uma tentativa de salvá-los de sua inépcia. Por mais tentador que fosse, no entanto, era uma decisão que ela nunca foi capaz de fazer. 45
COVEN - é o nome dado a um grupo de bruxos (as), que se unem num laço mágico, físico e emocional, sob o objetivo de louvar a Deusa e o Deus, tendo em comum um juramento de fidelidade à Arte e ao grupo.
Graças a Deus. Porque eles precisavam dela. Porque ela tinha um lugar. Porque eu sou especial. Ela baixou sua caneta e olhou para a sentença. Isso era a primeira linha de seu Novo Diário – que seria o novo Manual do Caçador. O velho, Padre Juan havia lhe dito que era ultrapassado, criado em um momento diferente, um mundo diferente. O diário era um lindo livro encadernado em couro com ouro nas bordas das páginas. Uma coisa bela e importante. Padre Juan apresentou para ela depois que os outros haviam saído da capela. ―Escreva tudo, e lembre-se. Você não é apenas Jenn. Você é nossa esperança. Em seu quarto na Academia, ela estava ciente de que Antonio patrulhava fora, vigiando. Escrevendo à luz de vela numa espécie de próprio ritual, ela olhou para linha. Porque eu sou especial. Por um momento era tudo que ela tinha a escrever. Haveria mais, muito mais, mas as quatro palavras eram como quatro velas, ou o brasão da Cruzada que ela tinha em seu punho. Porque eu sou especial. Ela fechou o livro e começou a soprar as velas, antes de mudar sua mente. Ela se recostou na cadeira, e assistiu brilhar.