UMA PAUSA PARA O
CAFÉ
JOSÉ SEMENTE
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O CAFÉ
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O CAFÉ JOSÉ SEMENTE
Copyright © 2018 Todos os direitos reservados Não é pemitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito do autor. Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Coordenação Editorial: Prof. Sergio Xavier Coordenação de Fotografia: Prof. Alle Vidal Capa, projeto gráfico, diagramação e revisão Amanda Toledo Antonio Marini Caio Soares Eduarda Mota Guilherme Piccoli Paulo Long Thaís Anselmo Projeto Acadêmico da Disciplina Projeto Interdisciplinar Impresso IBMR – Centro Universitário Título: Uma pausa para o café Edição: 1 Local: RJ / Rio de Janeiro 2018 Impresso no Brasil Gráfica Printi
SUMÁRIO 1. HISTÓRIA
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2. CAFÉ NO MUNDO
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3. CAFÉ NO BRASIL
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4. VARIEDADES
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5. CURIOSIDADES
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HISTÓRIA
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LENDA DO CAFÉ Não há evidência real sobre a descoberta do café, mas há muitas lendas que relatam sua possível origem.Uma das mais aceitas e divulgadas é a do pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio. O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis. Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou muito rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. Evidências mostram que o café foi cultivado pela primeira vez nos monastérios islâmicos no Yemen.
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PRIMEIROS CULTIVOS A planta de café é originária da Etiópia, centro da África, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. Foi a Arábia a responsável pela propagação da cultura do café. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como “vinho da Arábia” quando chegou à Europa no século XIV. Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos. O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as mudas com a própria vida.
A partir de 1615 o café começou a ser saboreado no Continente Europeu, trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente. Até o século XVII, somente os árabes produziam café. Alemães, franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver o plantio em suas colônias. Mas foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botânico de Amsterdã, fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus. A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699, plantios experimentais em Java. Essa experiência de sucesso trouxe lucro, encorajando outros países a tentar o mesmo. A Europa maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa, enquanto os holandeses ampliavam o cultivo para Sumatra, e os franceses, presenteados com um pé de café pelo burgomestre de Amsterdã, iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon.
A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as sementes podiam deixar o país.
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Com as experiências holandesa e francesa, o cultivo de café foi levado para outras colônias européias.
Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas.
O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansão do plantio de café em países africanos e a sua chegada ao Novo Mundo.
Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil. Desta maneira, o segredo dos árabes se espalhou por todos os cantos do mundo.
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CULTURA DO CAFÉ Apenas segure uma xícara exalando o aroma de um bom café e você estará com a história em suas mãos. Apenas um pequeno gole dessa saborosa bebida fará com que você possa fazer parte de uma enorme cadeia de produção, romantismo e lances de muito arrojo, iniciada há mais de mil anos na Etiópia. O hábito de tomar café foi desenvolvido na cultura árabe. No início, o café era conhecido apenas por suas propriedades estimulantes e a fruta era consumida fresca, sendo utilizada para alimentar e estimular os rebanhos durante viagens. Com o tempo, o café começou a ser macerado e misturado com gordura animal para facilitar seu consumo durante as viagens.
Somente no século XIV, o processo de torrefação foi desenvolvido, e finalmente a bebida adquiriu um aspecto mais parecido com o dos dias de hoje. A difusão da bebida no mundo árabe foi bastante rápida. O café passou a fazer parte do dia-a-dia dos árabes sendo que, em 1475, até foi promulgada uma lei permitindo à mulher pedir o divórcio, se o marido fosse incapaz de lhe prover uma quantidade diária da bebida. A admiração pelo café chegou mais tarde à Europa durante a expansão do Império Otomano.
Em 1000 d.C., os árabes começaram a preparar uma infusão com as cerejas, fervendo-as em água.
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AS CAFETERIAS Foi em Meca que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaveh Kanes. Cidades como Meca, eram centros religiosos para reza e meditação e a religião muçulmana proibia o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica. Desta forma, os Kaveh Kanes se transformaram em casas onde era possível se passar à tarde conversando, ouvindo música e bebendo café.A bebida conquistou Constantinopla, Síria e demais regiões próximas. As cafeterias tornaram-se famosas no Oriente pelo seu luxo e suntuosidade e pelos encontros entre comerciantes, para a discussão de negócios ou reuniões de lazer. O café conquistou definitivamente a Europa a partir de 1615, trazido dos países árabes por comerciantes italianos. O hábito de tomar o café, principalmente em Veneza, estava associado aos encontros sociais e à música que ocorriam nas alegres Botteghe Del Caffè.
Em 1687 os turcos abandonaram várias sacas de café às portas de Viena, após uma tentativa frustrada de conquista, e estas foram usadas como prêmio pela vitória.
Assim foi aberta a primeira coffee house de Viena e difundido o famoso hábito de coar a bebida e beber adoçada com leite o mundialmente famoso café vienense. As cafeterias desenvolveram-se na Europa durante o século XVII, enquanto florescia o Iluminismo e se planejava a Revolução Francesa. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de várias xícaras de café, discutindo o destino das nações, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo.Atualmente, algumas casas famosas como o Café Procope, em Paris, e o Café Florian, em Veneza, ainda preservam o glamour dessa época. Até hoje os cafés são locais onde pessoas se reúnem para discutir assunto importantes ou simplesmente passar o tempo, sendo o ritual do cafezinho uma tradição que sobreviveu a todas as transformações. Nos últimos anos, houve uma onda provocada pelas modernas máquinas de café expresso, que revolucionaram o hábito do cafezinho, permitindo um crescimento vertiginoso das cadeias de lojas de café.A técnica de gerencia-
mento por meio do sistema de licença da marca também permitiu um rápido desenvolvimento dessas lojas especiais, voltadas para um mercado mais exigente, o de café Gourmet. 18
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CAFÉ NO MUNDO
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ECONOMIA MUNDIAL A importância do café na economia mundial é indiscutível. Ele é um dos mais valiosos produtos primários comercializados no mundo, sendo superado apenas em valor pelo petróleo como origem o desenvolvimento de negócios entre os países. Seu cultivo, processamento, comercialização, transporte e mercado proporcionam milhões de empregos em todo o mundo. Ele foi moeda em grandes negociações do passado, elegeu e derrubou líderes e foi inspiração para grandes ideias da humanidade. O café, cujo berço está lá na Etiópia, ganhou o mundo e conquistou xícaras de diferentes culturas, raças, credos. O Café é fundamental para a economia e política de muitos países em desenvolvimento; para muitos países com desenvolvimento mínimo, a exportação de café chega a contribuir com até 70% das divisas. Isso demonstra o quão importante é a atividade cafeeira no processo de estruturação das economias dos países produtores, a ponto de alguns deles poderem entrar em colapso, no caso de um grave desequilíbrio no mercado, como o caso da baixa permanente de preços, frente ao excesso de oferta.
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Conforme dados da Organização Internacional do Café, existem cerca de 72 países produtores do grão no mundo.
Os principais países produtores concentram-se na América do Sul (Brasil e Colômbia), América Central e Ásia (Vietnã).
Essa multiplicidade de produtores, deve-se à extensa faixa apta à produção do cafeeiro, graças à sua versatilidade.
No negócio do café, muitas mudanças ocorreram nos últimos dez anos. Essas alterações levaram ao aumento da competitividade entre os países produtores.
A região apta estende-se dos Trópicos de Câncer e de Capricórnio, ultrapassando ligeiramente os paralelos 24° em ambos hemisférios. Essa variação das condições climáticas propicia a produção de blends de características peculiares, graças também a estilo diferenciados de tratos culturais.
Hoje, diversos países investem em estratégias de marketing aliadas à oferta de produtos diferenciados para agregar valor a um produto tido como “commodity”, ou mesmo para aumentar sua participação de mercado.
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CAFÉS ESPECIAIS O segmento de cafés especiais representa, hoje, cerca de 12% do mercado internacional da bebida. Os atributos de qualidade do café cobrem uma ampla gama de conceitos, que vão desde características físicas, como origens, variedades, cor e tamanho, até preocupações de ordem ambiental e social, como os sistemas de produção e as condições de trabalho da mão-de-obra cafeeira. O valor de venda atual para alguns cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia entre 30% e 40% a mais em relação ao café cultivado de modo convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Para diferenciação dos cafés especiais, deve-se ter como base atributos físicos e sensoriais, como a qualidade da bebida, que precisa ser superior ao padrão. As principais categorias de cafés especiais são:
Café orgânico É produzido sob as regras da agricultura orgânica. O café deve ser cultivado exclusivamente com fertilizantes orgânicos e o controle de pragas e doenças deve ser feito biologicamente. Apesar de ter maior valor comercial, para ser considerado como pertencente à classe dos cafés especiais, o café orgânico deve possuir especificações qualitativas que agreguem valor e o fortaleçam no mercado;
Café de origem certificada Está relacionado às regiões de origem dos plantios, pois alguns dos atributos de quali- dade do produto são inerentes à região onde a planta é cultivada;
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Café fair trade É aquele consumido em países desenvol- vidos por consumidores preocupados com as condições socioambientais sob as quais o café é cultivado. Nesse caso, o consumidor paga mais pelo café produzido por pequenos agricultores ou sistemas de produção sombreados, onde a cultura é associada à floresta. É muito empregado na produção de cafés especiais, pois favorece a manutenção de espécies vegetais e animais nativos.
Café gourmet Grãos de café arábica, com peneira maior que 16 e de alta qualidade. É produto diferenciado, quase isento de defeitos;
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CAFÉ NO BRASIL
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HISTÓRIA O café chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém, em 1727, trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhão e Grão Pará, que o enviara às Guianas com essa missão. Já naquela época o café possuía grande valor comercial. Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa, conseguindo conquistar sua confiança. Assim, uma pequena muda de café Arábica foi oferecida clandestinamente e trazida escondida na bagagem desse brasileiro. produto-base da economia brasileira. Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café se espalhou rapidamente, com produção voltada para o mercado doméstico. Em sua trajetória pelo Brasil o café passou pelo Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
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Num espaço de tempo relativamente curto, o café passou de uma posição secundária para a de produto-base da economia brasileira. Desenvolveu-se com total independência, ou seja, apenas com recursos nacionais,sendo, afinal, a primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas. Em condições favoráveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraíba, iniciando em 1825 um novo ciclo econômico no país. No final do século XVIII, a produção cafeeira do Haiti entrou em crise devido à longa guerra de independência que o país manteve contra a França.
Aproveitando-se desse quadro, o Brasil aumentou significativamente a sua produção e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com maior regularidade. Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779, com ainsignificante quantia de 79 arrobas. Somente em 1806 as exportações atingiram um volume mais significativo, de 80 mil arrobas.
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Por quase um século, o café foi a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relações internacionais de comércio. A cultura do café ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná. Ferrovias foram construídas para permitir o escoamento da produção, substituindo o transporte animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes mercadorias. O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais. A partir de então o café e o povo brasileiro passam a ser indissociáveis. A riqueza fluía pelos cafezais, evidenciada nas elegantes mansões dos fazendeiros, que traziam a cultura européia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista. Durante dez décadas o Brasil cresceu, movido pelo hábito do cafezinho, servido nas refeições de meio mundo, interiorizando nossa cultura, construindo fábricas, promovendo a miscigenação racial, dominando partidos políticos, derrubando a monarquia e abolindo a escravidão.
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Além de ter sido fonte muitas das nossas riquezas, o café permitiu alguns feitos extraordinários. Durante muito tempo, o café brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos. A qualidade do café santista e o fato de ser um dosprincipais portos exportadores do produto, determinou a criação do café tipo Santos. Implantado com o mínimo de conhecimento da cultura, em regiões que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo, a cafeicultura no centro-sul do Brasil começou a ter problemas em 1870, quando uma grande geada atingiu as plantações do oeste paulista provocando prejuízos incalculáveis. Depois de uma longa crise, a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanças de um futuro melhor. A busca pela região ideal para a cultura do café se estendeu por todo o país, se firmando hoje em regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. O café continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e é, sem dúvida, o mais brasileiro de todos. Hoje o país é o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto.
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CAFÉ BRASILEIRO NA ATUALIDADE Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo responsável por 30% do mercado internacional, volume equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores.
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste do país voltou a crescer, desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na indústria, que assumia parcelas maiores da economia.
É também o segundo mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos.
O café retomou sua importante posição nas exportações brasileiras e, mesmo perdendo mercado para outros países produtores, o país ainda se mantém como maior produtor de café do mundo.
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VARIEDADES
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ESPÉCIES O café é um vegetal que faz parte da família Rubiaceae, inserido no gênero Coffea, cujo grupo já apresenta mais de 90 espécies descritas. Desta quantidade enorme de variantes, em torno de 25 espécies são exploradas comercialmente, mas apenas quatro possuem certa relevância no mercado. É neste ponto que chegamos ao café arábica (Coffea arabica), cultivado com mais força no Brasil, Colômbia e América Central, parte da Ásia e no leste da África; e o café robusta (Coffea canephora), estabelecido maiormente na África, em parte do Brasil e da Ásia. Essas duas espécies correspondem a cerca de 98% da produção e consumo mundiais. Fechando o seleto quadro, ainda podem ser citados o café libérica (Coffea liberica), originário da Libéria, e cujos maiores produtores são atualmente a Malásia e a Guiana, e o café excelsa (Coffea dewevrei), que é mais robusto e também muitas vezes usado na composição de novos blends (misturas), elaborados com um ou mais tipos de café arábica.
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CAFÉ ARÁBICA O café arábica responde por quase 70% do comércio mundial de café, resultando em uma bebida mais aromática, menos amarga e com um teor de cafeína menor, se compararmos com a espécie robusta. As características dessas espécies são bem evidentes, desde a formação das plantas: a cepa do café arábica é mais sensível e tem um porte menor, devendo ser cultivada em altitudes mais elevadas, retornando grãos mais claros e maiores. Já a árvore do café robusta apresenta proporção bem maior, podendo ser produzida a até 800 metros de altitude, com grãos menores e maior produtividade.
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CAFÉ ROBUSTA O café robusta, também conhecido como conillon, é uma variedade de café de maior rusticidade e grãos com maior teor de cafeína do que o arábica. Essa rusticidade e menor exigência com altitude, torna o robusta um café mais prático de se produzir, sendo comumente encontrado em cafés do tipo solúvel e blends. Com aspecto rústico e sabor acentuado, o robusta tem um crescimento inicial e um período de maturação maior que o arábica, e tem uma resistência grande à doenças, como a ferrugem, e menores danos com o bicho-mineiro. O sabor mais forte faz com que, atualmente, represente apenas um quarto da produção mundial de café sendo mais utilizado em misturas com o arábica, que carrega um sabor mais adocicado.
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VARIAÇÕES INTERNAS Além dessas diferenças entre as espécies, existem também as variações internas. Para o comércio da bebida, essas pequenas variações são relevantes principalmente entre os tipos de café arábica. E isso acontece porque existem diferentes tipos de solo para o cultivo da planta, há culturas em distintos climas e altitudes, entre outras influências que motivam pequenas modificações no vegetal e, com isso, no resultado da bebida.
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Em geral, os cafés feitos do puro arábica, que não contenham blends com outras espécies de café, são chamados de gourmet, e por isso são mais caros e rotulados com alto padrão de excelência. Mas existem as variantes de café arábica, que podem ser comercializadas ou não com blends específicos, aplicados para equilibrar ou acentuar as suas melhores características.
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CAFÉ GOURMET Café tipo Bourbon
Café tipo Catuaí
É considerada uma das melhores variedades para produção de cafés gourmet. Seu aroma intenso, suavidade, textura achocolatada e sabor adocicado conferem características únicas. Porém, vale lembrar que solo, clima, altitude e processos de secagem são fundamentais para maximizar todas essas características. As plantas atingem até 3 metros de altura apresentando um formato cilíndrico. Os frutos têm o mesmo formato do café comum, porém, com um tamanho reduzido. Sua produtividade é inferior quando comparadas às demais variedades comerciais.
É um café leve e suave com acidez média. Um dos poucos que se pode tomar sem açúcar. Plantado em altitudes mais altas proporcionam um sabor mais acentuado, permitindo ao grão de café absorver com maior intensidade os açúcares naturais durante seu processo de maturação. Por isso, plantações em altitude acima de 1.000 metros apresentam os melhores sabores. O Catuaí amarelo é menos encorpado do que o vermelho. Portanto, dependendo do sabor almejado um blend que inclua ambos pode ser mais satisfatório.
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Classificação Oficial Brasileira (COB)
Café tipo Mundo Novo
A COB compreende 7 tipos de café arábica, que variam de 2 a 8, resultantes da quantidade de defeitos averiguada em uma amostra de 300 gramas de grão de café verde. Quanto maior for o número do tipo COB menor será a qualidade do café gourmet, pois maior o COB maior o número de defeitos averiguados nas amostras. São considerados defeitos: grão de café preto, ardido, pedra, pau.
Os frutos apresentam boa uniformidade de maturação em razão das 3 floradas. Com a primeira produzindo 10%, a segunda 80% e a última 10%. Isso propicia um café de ótima qualidade, devido ao baixo porcentual de grãos verdes obtidos na colheita.
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CURIOSIDADES
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CAFÉ E SUAS FUNÇÕES Com seu aroma e sabor marcantes, o café é indispensável para grande parte da população, para muitos o dia só começa com uma xícara de café, ele sempre teve grande importância. É a segunda bebida mais utilizada mundialmente, todos os dias são consumidas dois bilhões de xícaras de café, perdendo somente para a água. Também é o segundo produto mais comercializado do mundo, atrás apenas do petróleo. Estima-se que o comércio do café emprega pelo menos 25 milhões de pessoas. Sempre muito apreciado em diversas culturas, esteve presente em momentos históricos marcantes. O café é saboroso e está presente na vida de praticamente todas as pessoas, causa efeitos diversos no corpo humano e possui muitas curiosidades que vão além do ato de beber, é encontrado por exemplo, em tecnologias, é ligado a crenças e esteve relacionado a religiões, e em determinada época, acabou sendo inclusive proibido seu consumo. São fatos interessantes e curiosidades que serão vistas a seguir.
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BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DO CAFÉ Há muitas pesquisas sobre os benefícios e malefícios do café. Alguns cientistas afirmam que a bebida atua no sistema nervoso produzindo estado de alerta, auxilia o coração, diminui a chance de adquirir Mal de Alzheimer e reduz o nível de açúcar no sangue. Porém, seu excesso, provoca taquicardia, agrava lesões no aparelho digestivo, interfere na absorção de cálcio, escurece os dentes, e provoca insônia. A cafeína também aumenta o poder de anestésicos como aspirina e paracetamol.
OS BARISTAS Os baristas são profissionais especializados no preparo de um café de alta qualidade, sabem combinar sabores, criar novas bebidas baseadas em café e, são conhecedores de toda a produção cafeeira. Eles entendem de grãos, cultivo da planta, processos de torra e moagem, e preparação da bebida com diferentes métodos. Oferecem não apenas uma bebida, mas também, uma experiência. Além do dom para lidar com o café, é necessário muito estudo para desempenhar essa função.
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NA CULTURA Impregnado na cultura do mundo islâmico, o café foi incluído na legislação Turca, onde as esposas poderiam pedir divórcio caso os maridos não provessem a casa de uma cota específica do produto. O café estava popularizado no lado oriental, assim, no início do século XVIII, os fiéis da Igreja Católica, consideraram o café uma “obra de Satanás” e pediram que a bebida fosse proibida para sempre. Contudo, o Papa Clemente VIII decidiu experimentar a e gostou de seu sabor, santificando a bebida. O café também está presente no ambiente esotérico, com a Cafeomancia, é uma tradição, em que alguns povos acreditam que a borra formada pelo café no fundo da xícara, pode ter o poder de revelar fatos sobre o futuro da pessoa que saboreou esta bebida. Estes fatos são desvendados através dos significados dos símbolos formados no fundo da xícara e suas posições. Essa forma de “leitura” já foi muito mais forte e responsável, por algumas decisões de grande vulto na história.
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NO MUNDO O café mais caro do mundo é o Kopi Luwak, custa em média, US$ 500, é produzido na Indonésia à partir das fezes de um mamífero chamado Civeta. O maior cappuccino do mundo foi preparado em uma xícara gigante pelo italiano Ettore Diana, foram utilizados 500 litros de café e mil litros de leite. O recorde mundial de maior consumo de café é de 82 copos em 7 horas. No ano 1000 a infusão do café foi descoberta, tornando-se uma bebida consumida com fins medicinais. Em 1908, Melita Benz, teve a ideia de colocar um papel em um repiciente perfurado para filtrar o café. O primeiro “Rei do Café” conhecido no mundo era francês e pai de Santos Dumont. Todos os experimentos com o 14Bis foram custeados pela venda do café.
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INOVAÇÕES Tinta de café Há alguns anos surgiu uma impressora que utiliza a borra de café como tinta. A Riti Coffee Printer, que ficou entre os finalistas da Greener Gadgets Design Competition de 2010, concurso que busca soluções sustentáveis para equipamentos eletrônicos. Basta colocar a borra no recipiente de tinta, inserir a folha de papel e mover, manualmente, o compartimento da esquerda para a direita para imprimir o texto. A invenção feita pelo designer coreano Jeon Juk é sinônimo de economia e ecologia.
Veículo inovador Um veículo inovador movido a resíduos do grão, um carro movido a café, o projeto foi criado por Martin Bacon. Bateu recorde do Guiness, pois conseguiu atingir a velocidade de 110km/h. O carro, uma pick-up da Ford de 1989, é equipado com um sistema gaseificador que queima o material orgânico em alta temperatura. Como resultado, gera gases combustíveis, como monóxido de carbono, hidrogênio e metano, que servem para alimentar um motor a combustão adaptado.
Café ao alho "Café ao alho" foi criado por Yokitomo Shimotai, no Japão. A bebida é feita com puro alho, não contém café nem cafeína, mas aqueles que experimentaram juram que o sabor é exatamente igual ao do café. Após anos de experiência, Yokitomo, patenteou sua ideia em 2015 e abriu um laboratório onde cria o seu próprio café. A mistura é colocada em saquinhos (como os de chá), e basta mergulhá-los em água fervente.
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BIBLIOGRAFIA http://sindicafe-mg.com.br/cafe-no-mundo http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/publica_setec_cafe.pdf http://www.mexidodeideias.com.br/viagem/cafe-pelo-mundo/ https://www.graogourmet.com/blog/consumo-de-cafe-no-mundo/ https://go.alltech.com/cafe/blog/tipos-de-caf%C3%A9-conhe%C3%A7a-o-caf%C3%A9-robusta http://blog.clubecafe.net.br/variedades-plantas-de-cafe/ https://www.clubecafe.net.br/tipos-de-cafe-arabica http://drinkgoodcoffee.com.br/30-curiosidades-sobre-o-cafe/ https://www.cafeculturabrasil.com/10-curiosidades-sobre-cafe/ https://www.mvcblog.com.br/2018/04/10-curiosidades-sobre-o-cafe/ http://www.turmadocafe.com/curiosidades-sobre-o-cafe/ http://www.cafecafe.com.br/curiosidades-sobre-o-cafe.htm https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/carro-movido-a-cafe-bate-recorde-de-velocidade-na-inglaterra/ https://diamondbrasil.wordpress.com/2010/11/08/riti-coffee-printer-a-impressora-sustentavel/ http://www.cafeutam.com.br/oassuntoecafe/edicao-17 https://www.brasitaliacafe.com.br/anexos/880/27711/a-origem-do-cafe-pdf https://www.greenme.com.br/alimentar-se/alimentacao/5967-cafe-feito-de-alho-japa
Se você gosta de um cafézinho já separe sua caneca ou xícara e prepare a bebida: com ou sem açúcar, forte ou fraco, pra não passar vontade. Conheça neste livro um pouco da história de uma das bebidas mais populares do mundo todo, conquistou o seu lugar não só pelo gosto, mas também pelo cheiro e seus efeitos. Apreciada e preparada de diversas formas nas mais variadas culturas existentes, se tornou um império que não para de crescer. Portanto agora, que tal uma pausa para o café?