Transportes em Revista nº174

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José Monteiro Limão Diretor

ATUALIDADES DriveNow powered by Via Verde já disponível em Lisboa A flexibilização dos Transportes BuzzStreets no caminho da internacionalização Mercedes-Benz Vans cria ‘joint venture’ com startup americana Via Táxis portugueses têm nova solução de pagamento Gira.Bicicletas de Lisboa entrou em funcionamento Transdev inaugura novos serviços de mobilidade STCP adjudica autocarros à MAN e CaetanoBus

De patinho feio, a patinho bonito

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DESTAQUE Oeste CIM vai lançar concurso para sistema 28 de transportes no 1º semestre de 2018 EM FOCO José Mendes: «Acredito que será agendado, 40 debatido e aprovado um regime jurídico para o Transporte em Veículos Descaracterizados» INDÚSTRIA Mercedes-Benz Sprinter Travel 65: 74 10 anos de estrada Busworld 2017: Novidades 78 para todas as aplicações

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índice

OPINIÃO Acessibilidade e mobilidade: Conceitos 22 complementares ou excludentes? A mudança é a única constante 32 Capacitação e financiamento 68 das autoridades de transportes: onde anda o Estado?

editorial

Postal ilustrado

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Propriedade – Editor e sede de Redacção: N.I.C.P. 504 565 060 Rua Manuel Marques, 14 - Lj H - 1750 - 171 Lisboa Tel. +351 213 559 015 info@dicasepistas.pt - www.dicasepistas.pt Conselho Editorial: António B. Correia Alemão, Alberto Castanho Ribeiro, António Proênça, António Corrêa de Sampaio, Artur Humberto Pedrosa, João Miguel Almeida, Manuel Nunes, José Manuel Palma, José M. Silva Rodrigues, Manuel Pires Nascimento, Martins de Brito, Orlando C. Ferreira Diretor: José Monteiro Limão Secretariado: Mar­ garida Nascimento Redação: Pedro Costa Pereira (pedro.pereira@transportesemrevista. com), Pedro Venâncio (pedro.venancio@transportesemrevista.com) Fotografia: Augusto Conceição Silva Paginação: Bernardo Pereira, Susana Bolotinha, Teresa Matias Impressão: A Persistente - Quinta do Nicho - 2140-120 Chamusca - Portugal Distribuição: Mailing Directo Periodicidade: Mensal Tiragem: 10000 exem­ plares Depósito Legal: 178 390/02 Registo do ICS n.º 125418 Publici­dade e Assinaturas: Margarida Nascimento margarida.nascimento@transportesemrevista.com Estatuto editorial disponível em: www.transportesemrevista.com

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É sabido que o transporte individual é o modo dominante na cadeia de mobilidade, ocupando em muitas cidades um lugar preponderante e em muitas realidades a opção mais lógica na deslocação das pessoas. Os impactos negativos desta preponderância são conhecidos, estão identificados, mensurados e as consequências, por todos conhecidas, levaram a políticas de mitigação de danos ou a medidas de ordenamento e controle do seu uso. Várias foram as fórmulas usadas e várias foram as regras aplicadas, sempre com o objetivo de travar o crescimento desta realidade e os impactos negativos nos diversos domínios. Muitos Estados, Governos e Cidades descuraram a tomada de medidas que promovessem e conferissem ao transporte coletivo e público o papel que deveriam ter - como solução credível e eficaz para a deslocação das pessoas - tornando estes modos como alternativa e reforço das medidas de controlo do uso do transporte individual. Com o passar dos tempos, o automóvel ganhou o estatuto de principal inimigo do transporte público, tornando-se o patinho feio da mobilidade. Abrindo um parêntesis neste texto, recordo que no 2º Encontro Transportes em Revista, em 2003, curiosamente no ano em que foi criada a legislação que permitiu a criação das Comunidades Intermunicipais, convidei o setor automóvel a estar presente, como orador num dos painéis de debate. Era minha intenção envolver o automóvel na reflexão dos temas da mobilidade e dos transportes. Desde logo o convite foi acolhido com simpatia e entusiasmo, mas para meu espanto, recebi, do setor dos transportes, comentários e reações negativas quanto à presença “do inimigo”, ainda por cima numa conferencia sobre transportes públicos. Sinais dos tempos! Fechado o parêntesis, retomo o texto. Tempos houve, em que as pessoas eram vistas como utentes ou utilizadores, tendo passado mais tarde para o estatuto de clientes. Este salto representou uma evolução e teve impacto nas organizações e nos prestadores de serviços. Mas hoje o campeonato é outro. Fruto de novas realidades, os clientes são hoje encarados como consumidores e as suas necessidades como características do mercado. Hoje, mais do que nunca, são as necessidades e anseios do consumidor que determinam a tipologia da oferta. Mas mais do que isso. Hoje é o mercado e os seus segmentos que determinam a tipologia dos serviços, a sua acessibilidade, o nível de qualidade e, claro, o preço que está disponível para pagar. Não há outra forma de jogar o jogo do consumidor que não seja esta. E quem não quiser jogar, o futuro do seu negócio será, sendo otimista, de nicho. Curioso mesmo, é que o antigo patinho feio da mobilidade é aquele que hoje apresenta soluções inovadoras e serviços criativos, novas abordagens e novos modelos de negócio, que vão ao encontro do que os consumidores precisam, desejam e querem. De patinho feio, percorrem hoje o caminho para se tornarem, a breve trecho, patinho bonito, sendo que existe o risco do anterior titulo ser transferido para os que até agora se assumiam como especialistas no transporte de pessoas. Será mesmo assim? jose.limao@transportesemrevista.com

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POSTAL ILUSTRADO

O mais recente transporte público da China é um elétrico/autocarro, denominado Trânsito Ferroviário Autónomo (ART). Fabricado pela empresa chinesa de transporte ferroviário CRRC, o chamado “autocarro inteligente”, é muito mais do que isso, pois junta a funcionalidade de um elétrico - pois é modular e as carruagens podem ser adicionadas – ao de um autocarro, circulando nas vias normais da cidade de Zhuzhou, na província de Hunan. O surpreendente é que o “autocarro inteligente” segue um percurso predefinido e não necessita de motorista, pois está equipado com sensores que lhe permitem seguir linhas tracejadas a branco, pintadas na via. Com 30 metros de comprimento, tem uma capacidade máxima de 300 passageiros atingindo 70 km/h e pode percorrer 25 km de distância após 10 minutos de carga.

EM DIRETO A rede de transportes é fundamental no ordenamento do território António Costa, primeiro-ministro

O modelo atual de mobilidade, com os números de carros a entrarem todos os dias é completamente insustentável Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa

O grande responsável pelo incremento de veículos elétricos são as frotas empresariais José Mendes, secretário de Estado Adjunto e do Ambiente

Há mais de dois anos e meio que queríamos começar com o processo, por isso, começamos a olhar para diferentes parceiros Nico Gabriel, CEO da DriveNow

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ATUALIDADES gerais

Carsharing

DriveNow powered by Via Verde já disponível em Lisboa O serviço carsharing DriveNow já está disponível para todos os condutores na cidade de Lisboa. A Brisa, através da sua participada Via Verde Carsharing, será responsável pela gestão operacional do negócio, assim como serviço ao cliente, gestão da frota, marketing e comunicação.

Pedro Venâncio

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Fotos: Bernardo Pereira

A CAPITAL PORTUGUESA tem um novo serviço carsharing de mobilidade citadina, tornando-se na primeira cidade ibérica a receber este serviço. A DriveNow, em parceria com a Brisa, vai dar a possibilidade a todos os utilizadores 4

de usufruir de “um conceito inovador, flexível e simples de mobilidade urbana”. Ao todo, estão disponíveis 211 viaturas, numa área de operação inicial de 48 km2, de Leste a Oeste e de Norte a Sul da cidade de Lisboa. O serviço, que pretende ser “uma alternativa ao transporte individual em viatura própria”, vai contribuir “para uma melhor liberdade de escolha e eficiência do sistema de transportes” da capital www.transportesemrevista.com

portuguesa. À margem da apresentação oficial, Pedro Rocha e Melo, vice presidente da Brisa, começou por referir que «é com muito orgulho e satisfação que a Brisa e a Via Verde se associam à BMW, à Sixt e à DriveNow», lembrando que «este serviço está integrado naquilo que é o ecossistema Via Verde». “Proporcionar mobilidade eficiente às pessoas” é a nova visão da Brisa, com “foco no cliente e TR 174 AGOSTO 2017


nos ecossistemas colaborativos”. ‘Do The Right Mix’ é slogan desta visão abrangente de gestão dinâmica de tráfegos, integração intermodal, conectividade, acessibilidade, ‘smartcities’ e ‘low carbon’. Pedro Rocha e Melo ressalva para o facto deste serviço funcionar numa lógica de «operação ‘cardless’», sendo uma mais-valia de todo o processo carsharing DriveNow em Lisboa, uma vez que «não vamos precisar de um cartão para abrir o automóvel, vamos poder fazê-lo através do telemóvel». Por sua vez, Nico Gabriel, CEO da DriveNow, afirmou que «é uma honra anunciar o arranque do serviço DriveNow em Lisboa», destacando que «quando fundámos a DriveNow, há seis anos atrás, acreditámos que a mobilidade estava a mudar e queríamos fazer parte da mudança. Com novas preocupações de mobilidade, tecnologia e mudança da procura por parte do consumidor, resultaram novos desafios para as cidades. Com base nisto, desenvolvemos um produto que respondesse aos desafios e tornasse as cidades orientadas para as pessoas e não para os carros». Na sua apresentação, Nico Gabriel destacou que a DriveNow pretende ser o mais competitiva possível, colocando o serviço numa faixa/ preço entre os transportes públicos e o táxi. «Com a DriveNow queremos tornar a vida melhor, criar mais espaço nas cidades, oferecer modos de mobilidade mais sustentáveis. As pessoas têm hoje à disposição vários modos de transporte que podem complementar e estas escolhas reduzem os veículos privados». É desta forma que o CEO da DriveNow explica que o serviço se posiciona «em viagens entre os 5km e os 10km ou entre os 20 min e os 45 min de viagem, em meio urbano». Já Vasco de Mello, CEO do Grupo Brisa, explicou no arranque da operação, que «a Brisa tem uma visão clara do futuro da mobilidade nas cidades, baseado em modelos colaborativos, multimodais e de partilha. O ecossistema Via Verde é a materialização deste novo posicionamento estratégico como operador premium de mobilidade. Por esta razão, escolhemos a DriveNow como parceiro para o desenvolvimento de uma solução premium de carsharing para Lisboa».

A frota A frota de 211 veículos, incluindo elétricos, e composta por 11 BMW i3 BEV, 91 BMW 116, 15 Mini Cooper 3-door, 64 Mini Cooper AGOSTO 2017 TR 174

Nico Gabriel, CEO da DriveNow

«Queremos estabelecer uma nova marca no setor da mobilidade» Pedro Venâncio pedro.venancio@transportesemrevista.com

Pedro Costa Pereira pedro.pereira@transportesemrevista.com

À margem da apresentação do novo serviço ‘free floating carsharing’ em Lisboa, a Transportes em Revista falou com o CEO da DriveNow, Nico Gabriel, sobre o mais recente conceito de mobilidade de partilha de viaturas, a parceria com a Brisa e a Via Verde e as perspetivas do serviço para a cidade de Lisboa. AS PLATAFORMAS DE MOBILIDADE partilhada estão a crescer nos grandes centros urbanos, como é o caso da cidade de Lisboa. O DriveNow, é o mais recente serviço, inovando pelo novo conceito ‘free floating’, garantindo aos utilizadores toda a liberdade e flexibilidade de deslocação. A aposta da DriveNow em Lisboa já estava equacionada, há algum tempo, revelou Nico Gabriel à Transportes em Revista. «Há mais de dois anos e meio que queríamos começar com o processo, por isso, começamos a olhar para diferentes parceiros, falámos com a cidade de Lisboa, falámos muito com a Brisa, uma equipa muito convincente, com uma estratégia bem definida. Esteve sempre disposta a mostrar-nos que tinha o que era preciso, nomeadamente o sistema Via Verde, que é único, assim como expectativas, infraestruturas e estratégias de mercado ímpares». Grandes empresas do setor automóvel e do ‘rent-a-car’ como a BMW e Sixt, emergem no mercado da mobilidade sustentável. O foco, já não é apenas vender carros, mas sim estar presente no quotidiano urbano com uma visão abrangente em termos de mobilidade e serviços de partilha de viaturas, por forma a impactar novos ‘stakeholders’. Nico Gabriel, indica [CONTINUAÇÃO PÁGINA 7]

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ATUALIDADES gerais

Como utilizar? A experiência da DriveNow baseia-se na simplicidade de utilização. Uma vez registado via app/website, o utilizador reserva um carro no seu perímetro de localização, desbloqueia o veículo com um click e insere o respetivo pin. Após a deslocação, o condutor tem apenas que estacionar o carro dentro na área de operação e fechar a viagem, novamente via app. Fácil. A aplicação da DriveNow é segura e intuitiva. Através da app via smartphone o utilizador tem acesso aos seus dados pessoais e de conta, bem como ao meio de pagamento escolhido. Além disso, a aplicação garante informação detalhada das viaturas disponíveis no raio do utilizador: o nome da viatura (todos os automóveis têm um nome português masculino ou feminino), a marca do carro, a matrícula, o nível de combustível, a autonomia de quilómetros, a tarifa, se é um veículo com mudanças manuais ou automáticas e ainda se possui danos visíveis. Outra funcionalidade permite ao utilizador fazer com que o carro imita um sinal de luzes para mais fácil o encontrar ou ainda inserir previamente via app o seu destino, que será enviado diretamente para o GPS da viatura reservada. A DriveNow garante a manutenção do serviço com uma equipa de monitorização das viaturas em ambiente de escritório (online) e na rua, de forma direta (abastecimento, carregamento e manutenção).

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Da esquerda para a direita: Nico Gabriel, CEO da DriveNow e Pedro Rocha e Mello, vice-presidente da Brisa

5-door e 30 Mini Clubman, resulta de um investimento «na ordem dos cinco milhões de euros», indica João Oliveira, Diretor Geral da VVCS. O responsável refere que «em relação à frota, nós temos uma relação direta com a BMW Portugal, e o que temos planeado é a renovação da frota anualmente». João Oliveira sublinha ainda que «o budget será suficiente para se manter o mesmo volume de carros» e que o «plano de negócios é evolutivo», avisando que «não é que duplique ao fim de um ano, mas sim que a

frota cresça». Atualmente, existem apenas 11 veículos elétricos (BMW i3), mas espera-se uma evolução gradual da frota diesel para uma frota maioritariamente elétrica. O serviço DriveNow garante a todos os seus utilizadores uma frota de veículos gratuitamente abastecidos, com estacionamento público com e sem parquímetro (EMEL) e ainda um seguro com franquia de 350 euros, com possibilidade de reduzir este valor para zero, através do pagamento de apenas um euro no início de cada viagem. Esta modalidade garante ao utilizador conduzir um carro com seguro contra todos os riscos.

Tarifas e campanhas promocionais

Da esquerda para a direita: Franco Caruso, diretor de comunicação e sustentabilidade da Brisa e João Oliveira, diretor geral da VVCS

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Assente no conceito de ‘free floating carsharing’ a DriveNow permite a qualquer utilizador pegar e deixar um carro em qualquer zona dentro da área de operação, mediante o pagamento de 29 cent./min, 31 cent./min ou 34 cent./min em função do modelo da viatura e sem qualquer custo anual adicional. Os primeiros 15 minutos, até chegar ao veículo, são gratuitos. Até ao dia 27 de setembro a inscrição foi gratuita, com 20 minutos de condução a quem descarregasse a aplicação, disponível para Android e iOS. Após esse período, a inscrição tem um custo de 10 euros, com 30 minutos de condução. De referir ainda que, durante o primeiro mês de serviço, até ao dia 12 de outubro, todos os veículos têm a tarifa única de 29 cent./min. Clientes Via Verde beneficiam de uma solução integrada para o registo e pagamento do respetivo serviço carsharing. A título de exemplo, a DriveNow indicou os seguintes percursos e respetivos preços dentro da cidade de Lisboa: Belém/Cais do Sodré (14min/4,06 euros); Telheiras/Rato (18min/5,22 euros); e Parque das TR 174 AGOSTO 2017


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Nações/Saldanha (26min/7,54 euros). Preços, de facto, bastante competitivos em comparação aos transportes públicos, táxis e restantes plataformas carsharing, segmentando à parte o conceito DriveNow.

Perfil de utilizador O serviço DriveNow tem a particularidade de garantir ao utilizador um perfil particular e um perfil de empresa. João Oliveira refere que «a primeira abordagem é o registo em nome individual» e só depois «é possível fazer-se uma subconta que coloca a morada de faturação da empresa, o NIB e inclusive um meio de pagamento diferente». O mesmo informa que «a partir de outubro haverá um relacionamento especial com empresas, com promoções para que as empresas adiram a diferentes níveis em função das necessidades». As viagens com destino e origem no Aeroporto de Lisboa têm um custo de cinco euros (tarifa fixa) e “estará disponível oportunamente”, informa a DriveNow. João Oliveira esclarece que a DriveNow e a Brisa se encontram a «finalizar as negociações com a ANA», mas «muito breve iremos comunicar onde será o parque de estacionamento no Aeroporto de Lisboa». Ainda à margem da apresentação, João Oliveira foi questionado sobre a presença da DriveNow na cidade do Porto, ao que o responsável respondeu que «em relação ao Porto, estamos a equacionar, mas temos primeiro de consolidar o projeto em Lisboa». O Diretor Geral da VVCS explicou ainda que qualquer utilizador do serviço em Portugal pode viajar em veículos da DriveNow no estrangeiro, sendo que «a única questão é que os bónus de combustíveis e convites só podem ser usados na cidade de origem». Por último, confrontado com o número de utilizadores que a parceria DriveNow e Via Verde esperam no primeiro ano de serviço, João Oliveira responde convictamente que «até ao final do ano, esperamos cerca de dez mil utilizadores, e depois ao fim de um ano, esperamos ultrapassar os 25 mil». Certo, é que até 12 de setembro, dia do arranque da operação, a DriveNow contava já com mais de sete mil registos. Criado em Munique, em 2011, e agora presente na capital portuguesa, o serviço DriveNow opera em outras 12 cidades de oito países europeus, como Viena, Londres, Copenhaga, Estocolmo, Bruxelas, Milão ou Helsínquia, e conta atualmente com mais de 970 mil utilizadores e 5700 veículos. AGOSTO 2017 TR 174

que «um dos nossos principais objetivos é estabelecer uma nova marca no setor da mobilidade e não apenas no carsharing. Este [serviço] é apenas uma parte de todo o projeto. Além do carsharing, existem diferentes serviços ligados à mobilidade como o carregamento e abastecimento de veículos, o estacionamento...». Todavia, explica, que «é preciso tempo para se colocar um projeto desta dimensão nas ruas». O CEO da DriveNow é firme quando diz que «em vez de, daqui a dez anos, corrermos atrás do mercado e juntarmos algumas partes para formar um projeto, nós queríamos criar o próprio mercado». Este posicionamento, garante o responsável, «deixa-nos orgulhosos por um lado e por outro cria-nos a obrigação de continuar e tornar o projeto ainda maior no futuro». Nico Gabriel lembra ainda que «a tecnologia está a evoluir, e esta é a base do novo projeto. Há dez anos atrás não estaríamos aptos para fazer o que estamos a fazer agora». Questionado sobre a frota de automóveis da cidade de Lisboa e a inclusão de “apenas” 11 veículos elétricos (BMW i3), Nico Gabriel garante à Transportes em Revista que «é um processo passo a passo. Primeiro, quando se entra no mercado com um novo produto, neste caso, sendo o primeiro a disponibilizar veículos em larga escala, tem de se explicar como funciona o conceito de carsharing. Desde o arranque da DriveNow, que a nossa preocupação foi explicar às pessoas porque é que deixa de ser necessário ter viatura própria, e só depois explicar a escolha por viaturas elétricas, melhores para o ambiente, para a cidade e para si próprias. Segundo, são necessárias infraestruturas e iniciativas. Os custos com automóveis elétricos é diferente...». O CEO da DriveNow alerta para o facto de ser necessário a consciencialização dos utilizadores para o uso devido

dos veículos elétricos, caso contrário, será constantemente preciso que as equipas de manutenção da DriveNow transportem os automóveis para as estações de carregamento, ao invés dos utilizadores. «São necessários ‘stakeholders’ como a própria cidade, a DriveNow, a Brisa... no futuro, esse é o principal objetivo, ter uma frota em Lisboa 100% elétrica». Para a cidade de Lisboa, Nico Gabriel afirma convictamente que as expectativas são «muito altas», até pelo facto da capital portuguesa ser a primeira cidade do sul da Europa a receber o serviço. «Eu acho que foi primeiro [Lisboa] porque tivemos a Brisa, por um lado, mas também porque vimos que a cidade seria mais inovadora, pragmática, ambiciosa». Confrontado em termos de concorrência do serviço na cidade de Lisboa, o responsável refere que «a competição é muito ampla em algumas vertentes. Nós acreditamos que Lisboa é um ponto de partida importante porque achamos que se enquadra perfeitamente». Para a DriveNow, «este era um dos desafios, porque temos de pensar como adaptar o produto a este tipo de clientes, a longo prazo». Por fim, Nico Gabriel sublinha que «em termos globais, Lisboa tem uma grande oportunidade e grande futuro para o nosso projeto, porque tem um target muito variado de clientes, que podemos captar aqui». www.transportesemrevista.com

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ATUALIDADES gerais

Mobilidade Partilhada

DriveNow, um serviço premium ao alcance de todos O conceito ‘one-way carsharing’ DriveNow nasceu em maio de 2011 em Munique e está atualmente disponível em 13 cidades europeias. O serviço, é uma ‘joint venture’ do BMW Group e da Sixt SE para o ‘carsharing’ e conta com mais de 5700 viaturas das marcas BMW e Mini, com base no princípio do ‘free-floating’. Os clientes, são mais de 970 mil. Lisboa, é a mais recente cidade a disponibilizar este serviço aos portugueses, esperando-se deste modo chegar ao milhão de utilizadores. 8

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ATUALIDADES gerais

Pedro Venâncio

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O SERVIÇO CARSHARING DRIVENOW nasceu da necessidade de responder de forma sustentável a questões iminentes da sociedade como o aumento da população, a aceleração do urbanismo nos grandes centros urbanos, a preocupação constante com as alterações climáticas, a procura por fontes de energia limpa, a saúde pública ou o avanço constante da tecnologia. O estudo foi exaustivo mas as conclusões são simples: mais pessoas, mais deslocações para as grandes cidades, mais carros, mais tráfego, menos estacionamento, menos qualidade de vida. Mas como se AGOSTO 2017 TR 174

pode reverter a situação? Primeiro é preciso uma estratégia de consciencialização a nível global, depois, são necessárias soluções governamentais capazes de reduzir a pegada ecológica de gases nocivos, criar espaços verdes em zonas urbanas e limitar a circulação de milhões de veículos poluentes. O conceito da DriveNow não resolve todos estes problemas mas responde de forma sustentável aos desafios de mobilidade nos grandes centros urbanos. Foi assim que a DriveNow procurou os parceiros que melhor respondessem aos objetivos traçados. Aqui, entraram em cena a BMW e a Sixt, gigantes no setor automóvel e ‘rent a car’. A missão da DriveNow passa assim por garantir aos cidadãos o acesso a uma www.transportesemrevista.com

solução de mobilidade partilhada, através de canais digitais e tecnológicos (Web e App).

A evolução Os conceitos de mobilidade urbana, plataformas de transporte ou carsharing têm cada vez mais expressão juntos dos portugueses, contudo, são conceitos largamente difundidos há anos noutros países europeus, como é o caso da Alemanha. Antes do arranque da operação, a DriveNow constatou que o mercado de serviços de carsharing estava ativo naquele país, ainda que com fraca expressividade. O modelo baseava-se em estações de partilha de viatura, em que o utilizador recolhia e entregava o veículo no início e no fim de cada viagem. 9


ATUALIDADES gerais A DriveNow, veio revolucionar o serviço com um modelo de ‘free floating’, em que os utilizadores recolhem o veículo mais próximo de si, podendo deixá-lo em qualquer outro sítio, dentro da área de operação. Depois da entrada neste segmento, a DriveNow fez disparar significativamente o número de utilizadores de carsharing na Alemanha. Em 2016, a barreira superou os 1,2 milhões e este ano o número está acima de 1,6 milhões de clientes. O crescimento tem sido exponencial e a quota de mercado da DriveNow na Alemanha é já de 73%.

Números que falam por si A solução primária dos serviços de mobilidade partilhada é retirar viaturas pessoais com pouca utilização dos centros urbanos, dei-

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xando as cidades de ser construídas em função dos automóveis para ser construída em função das pessoas. A DriveNow garante que cada veículo carsharing substitui, pelo menos, três viaturas particulares. Menos automóveis, significa menos emissões de CO2 e mais estacionamento. A este problema, a DriveNow responde com soluções inovadoras como estações de mobilidade, estações de carregamento de elétricos (que por si só funcionam como um lugar de estacionamento) e com parcerias para estacionamento pago ou privado (como é o caso da parceria com a EMEL, em Lisboa). Estas medidas permitem a redução de tráfego e de horas à procura de um lugar (a DriveNow estima que, em média, cada condutor perde

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100 horas por ano na procura de estacionamento). Contra factos não há argumentos. Certo é que a DriveNow ocupa um nicho de mercado de forma ímpar a nível europeu, com tendência para crescer cada vez mais, para mais cidades e países, onde a preocupação por serviços de mobilidade sustentável avança a passos largos. Parcerias em diferentes centros urbanos são fundamentais para a expansão do conceito ‘free floating carsharing’, uma vez que as entidades nacionais estão mais familiarizadas com o mercado local e com as condições e infraestruturas existentes (veja-se o caso da parceria com a Brisa e com o leque de serviços associados: Via Verde, EMEL, GALP...).

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ATUALIDADES gerais

Plataforma de transporte a pedido

Daimler Buses entra no capital da CleverShuttle

A Daimler Buses tornou-se num investidor estratégico com uma participação minoritária na CleverShuttle, um operador de mobilidade a pedido, sediado em Berlim. A DAIMLER BUSES DECIDIU associar-se ao serviço de mobilidade partilhada CleverShuttle como investidor estratégico. No âmbito desta participação minoritária, a EvoBus e a CleverShuttle planeiam desenvolver uma cooperação estratégica para “mobilidade a pedido”, disponibilizando uma oferta de mobilidade flexível e adaptada às necessidades dos clientes. Ao utilizar a plataforma digital da CleverShuttle, as associações de empresas de transportes e as empresas oferecem soluções inovadoras que permitem a adaptação das suas ofertas de mobilidade às exigências dos clientes em qualquer altura. O novo software de transporte a pedido baseia-se na tecnologia testada e experimentada da CleverShuttle e pode ser integrada nas carreiras regulares existentes. Esta colaboração permite a disponibilização de ofertas de transporte que são mais adaptadas às exigências e que são, ao mesmo tempo, mais económicas. O CleverShuttle desempenha um papel pioneiro na Alemanha no domínio da mobilidade a pedido: desde o início de 2016 tem operado um serviço baseado na utilização de automóveis elétricos partilhados, o que possibilitou a obtenção de experiência 12

na partilha eficiente e na otimização de rotas. A Daimler Buses pretende desempenhar um papel ativo na construção de uma mobilidade do futuro, não apenas através da disponibilização de veículos novos, mas também pela oferta de novos serviços. Para alcançar este objetivo, a Daimler Buses criou um departamento especializado de Soluções de Mobilidade para trabalhar estes temas e desenvolver novos modelos de negócio no setor dos autocarros através da implementação de novos conceitos. Um aspeto decisivo para o sucesso das soluções de mobilidade reside na colaboração com parceiros e clientes, para permitir a introdução de soluções que sejam adotadas pelos passageiros. “No desenvolvimento de novas soluções para o futuro da mobilidade, trabalhamos não só com os clientes tradicionais das redes de transportes públicos, mas também com empresas startup novas e inovadoras”, afirma Heinz Friedrich, responsável pela área de Soluções de Mobilidade da Daimler Buses. “Isto permite-nos fornecer novas ofertas aos nossos clientes mais rapidamente para que possam ajustar os seus modelos de negócio em função das novas exigências. Em conjunto com a CleverShuttle vamos testar www.transportesemrevista.com

novos serviços já este ano como parte de uma fase de projeto-piloto numa cidade alemã”. Por sua vez, Bruno Ginnuth, cofundador e diretor executivo da CleverShuttle, acrescenta que projeto permitirá fazer “a aproximação entre autocarros e táxis”, adiantando que ambos têm um “propósito próprio”, mas entre eles não “há nada disponível na Alemanha”. O objetivo é utilizar a experiência da CleverShuttle como solução B2B. “O melhor parceiro que poderíamos ter encontrado foi a Daimler Buses”, defende o responsável. A CleverShuttle opera um serviço de transporte partilhado a pedido em Berlim, Munique e Leipzig. O aumento da procura de serviços flexíveis pelos passageiros levou a empresa a reforçar o seu portfólio. Além da expansão em mais quatro cidades germânicas em 2017, a CleverShuttle estabeleceu um acordo com a Daimler Buses para reforçar o negócio de B2B. A transformação da própria Daimler como fornecedor de serviços de mobilidade continua a avançar. A subsidiária moovel também opera como um fornecedor de serviços integrados de mobilidade para as empresas de transporte. As apps da moovel disponibilizam soluções orientadas para os clientes. TR 174 AGOSTO 2017



ATUALIDADES gerais

A flexibilização dos Transportes Segundo dados da ONU, a população mundial não vai parar de aumentar a um ritmo acelerado nos próximos anos e deverá chegar às 8,5 mil milhões de pessoas em 2030, 9,7 mil milhões em 2050 e exceder os 11 mil milhões em 2100. A Índia passará a ser o país com o maior índice populacional ultrapassando mesmo a China em poucos anos. A Nigéria deverá ultrapassar a população dos Estados Unidos, tornando-se o terceiro país mais populoso do mundo, em 35 anos.

Paulo Alexandre Gomes

paulo.gomes@gmv.com

EM 1990 MENOS DE 40% da população mundial vivia em centros urbanos, mas em 2010 este número subiu para mais de metade. Em 2030 seis em cada dez pessoas viverão numa cidade e em 2050 passará a ser sete em cada dez. Como consequência iremos assistir ao agravamento do trânsito pelo aumento das distâncias médias entre a casa e o local de trabalho. Estes dados são alarmantes se pensarmos que pouco ou nada será feito para acondicionar este crescimento, mas podem ser vistos como elementos chave para podermos planear e implementar novos desenvolvimentos e soluções que permitam manter a sustentabilidade e funcionamento das cidades. Por outro lado, a redução das populações nos centros rurais faz equacionar os serviços de transporte existentes. Faz sentido manter um determinado trajeto todos os dias se não há passageiros de forma sistemática? De que forma podemos tornar as rotas mais efetivas 14

quer para os utentes quer para as entidades gestoras? Conseguiremos reduzir a pegada ambiental se repensarmos a nossa oferta? A concentração populacional nos centros urbanos coloca os transportes públicos no centro da discussão, conferindo-lhes uma maior importância dentro do setor público. Aumentar a rede de metro e melhorar o serviço de transportes no geral têm sido medidas apontadas como necessárias e urgentes. Mas, qualquer que seja a medida a ser implementada deverá ter necessariamente em consideração a utilização das soluções que oferecem as novas tecnologias em geral e os Sistemas de Transporte Inteligentes (ITS – Intelligent Transport Systems na sua sigla em inglês) em particular. Atualmente estas tecnologias e soluções permeiam cada vez mais o domínio da mobilidade em todas suas vertentes. A título de exemplo: um automóvel hoje em dia tem entre dezenas e centenas de milhões de linhas de código de software se contabilizarmos todos os dispositivos eletrónicos embarcados. A maioria destes sistemas eletrónicos embarcados funciona ainwww.transportesemrevista.com

da hoje de forma autónoma com os diversos serviços prestados através de várias ECUs (Electronic Control Units) ligadas entre si e através de várias redes de comunicação e com sistemas de backup mecânicos, para garantir que as funções básicas de um carro sejam preservadas, mesmo que um dos sistemas eletrónicos falhe. No futuro, estes sistemas mecânicos serão substituídos por sistemas completamente eletrónicos “fly by wire”. Os veículos deixarão de ser ilhas isoladas no sistema de transporte para passarem a ser parte integrante e “comunicante” do mesmo. A comunicação entre veículos (V2V, Veículo-a-Veículo) e entre veículos e infra-estrutura (V2I, Veículo-para-Infra-estrutura) adiciona novas capacidades aos sistemas de transporte, pois permite aos utilizadores compartilhar informações (sobre perigos de estrada, acidentes e incidentes, por exemplo) e alcançar um objetivo comum (como o platooning de veículos). Neste contexto, as tecnologias de informação e comunicação são e serão cada vez mais fundamentais para a gestão da mobilidade. TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES gerais Transformar a mobilidade exige uma ação coordenada dos decisores nas autoridades competentes a todos os níveis, mas, sobretudo, ao nível das autoridades municipais e supramunicipais (autoridades metropolitanas e comunidades intermunicipais), em conjunto com todos outros intervenientes nessa mobilidade – desde os operadores de transporte até aos cidadãos. Nas zonas de baixa densidade o transporte coletivo regular, com horários e rotas fixas, é economicamente inviável e pouco atrativo. É crucial implementar novas soluções de transporte público, numa perspetiva de promover o essencial direito à mobilidade e numa lógica de inclusão social. Apostar na flexibilização da oferta indo ao encontro das diferentes realidades ao mesmo tempo que se conseguem otimizações de custo e de serviço. E é aqui que as tecnologias de informação e os sistemas inteligentes de transporte podem efetivamente desempenhar funções de grande importância no nosso país.

As soluções de gestão de transporte flexível (ou “a pedido”) permitem melhorar a eficiência e a rentabilidade do transporte público em zonas de pouca densidade demográfica ou com outras restrições ao nor-

mal funcionamento do transporte regular rodoviário de passageiros. Com estes sistemas, as ligações entre as zonas rurais, vilas e aldeias são feitas sob pedido: os clientes telefonam para a entidade gestora do serviço

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ATUALIDADES gerais

e os veículos (autocarros ou táxis) param apenas nos pontos em que o serviço tenha sido solicitado. Estes sistemas disponibilizam ainda normalmente uma plataforma de localização em tempo real da frota envolvida, painéis de informação interativos para passageiros, sistemas de bilhética, etc. E em vez de rotas fixas imutáveis, os veículos afetos ao serviço efetuam rotas dinâmicas – calculadas em tempo real e apenas com base nas necessidades de transporte. Este género de soluções potencializa outras plataformas tecnológicas necessárias para a gestão da mobilidade: por exemplo, o conhecimento da procura que decorre da obrigatoriedade de reserva – além de ser um fator chave para a constante melhoria do serviço prestado às populações – permite ainda criar uma base de dados de conhecimento sobre os padrões de mobilidade dos intervenientes no sistema. Estas bases de dados - integradas ou não em sistemas mais abrangentes do tipo “Observatórios da Mobilidade” - constituem outra importante ferramenta tecnológica para a gestão da mobilidade agora e no futuro. Os “Observatórios da Mobilidade” podem e devem suportar tanto a atividade operacional dos organismos envolvidos na gestão da mobilidade, como constituir-se como uma importante ferramenta de suporte à avaliação e planeamento. Permitem melhorar o conhecimento sobre o funcionamento do sistema de mobilidade, antecipar possíveis problemas associados quer a alterações de pressão da 16

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procura, quer aos novos projetos e sistemas a desenvolver no âmbito da requalificação das cidades ou regiões e suportar a otimização dos recursos afetos à gestão/regulação/fiscalização da mobilidade através de indicadores de desempenho disponíveis em tempo real. A centralização da informação em observatórios da mobilidade permite ainda com grande facilidade produzir listas de indicadores de desempenho do sistema de transportes e mobilidade. Estes indicadores poderão ser publicados em portais de acesso público ou reservado, contribuindo para a difusão de informação entre os vários agentes do sistema, aumentando significativamente a informação disponível nos processos de planeamento, com todo o potencial que daí advém. As estratégias de longo prazo para o desenvolvimento da mobilidade - urbana e rural - não podem ser concebidas sem o conhecimento da situação atual e sobretudo, não podem ser acompanhadas, avaliadas e ajustadas sem uma avaliação cuidadosa do desempenho do sistema de transportes, baseada na utilização de um conjunto – mais ou menos extenso - de indicadores de performance implementados através de ferramentas tecnológicas. Estas ferramentas permitem eliminar a existência de “ilhas de conhecimento” dentro das diversas entidades responsáveis pelos diversos aspetos do funcionamento do sistema de transporte e mobilidade, promovem a integração e a partilha de conhecimento entre as diferentes entidades (públicas e provadas), permitem reduzir fortemente os tempos de comunicação e de interação entre as diferentes entidades e evitar a duplicação de processos e potenciar sinergias na utilização de recursos. O transporte flexível e os observatórios da mobilidade são um pequeno passo mas ainda assim um passo significativo naquilo que se espera sejam os sistemas de transporte do futuro: sistemas sem condutor, cooperativos, conectados, modulares e amigos do ambiente. É importante uma abordagem regional ao problema da mobilidade pois permite uma melhor estruturação da rede de transportes e articulação entre diferentes serviços – tribunais, hospitais, centros de saúde, administração local e nacional, etc. – além de permitir economias de escala na operação dos serviços de transporte. Os problemas existem, as necessidades estão identificadas e as soluções estão desenvolvidas. É preciso fazer acontecer! TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES gerais

ORB International

O futuro de mobilidade em 10 cidades europeias A ORB International revelou um estudo sobre o futuro de mobilidade em 10 cidades europeias, destacando Lisboa como a cidade com maior percentagem de utilização diária de veículo próprio. Na capital portuguesa, 71% do inquiridos utilizam o carro pelo menos duas vez por dia. Contudo, 76% das pessoas acreditam que aplicações como a Uber podem ser uma alternativa à viatura própria e 77% afirmam que optariam por ter apenas um carro se a oferta de transportes públicos e redes de mobilidade sustentável fosse viável. O mesmo estudo revela ainda que 93% do público inquirido manifesta preocupações ambientais relacionadas com os modos de transporte. Apesar dos habitantes de Lisboa se revelarem como os maiores utilizadores de carro próprio, são também aqueles que mais utilizam os transportes públicos. A capital portuguesa tem a segunda taxa mais elevada de utilização do metro ou comboio, com 49% dos inquiridos a utilizarem estes meios de transporte diariamente e 50% a optar pelo autocarro. Apesar da significativa taxa de utilização dos transportes públicos, 84% dos inquiridos com residência em Lisboa não considera a rede global de transporte público suficiente para desistir por completo de viatura própria. Rui Bento, responsável pela Uber em Portugal, entidade promotora do estudo da ORB,

defende que “este estudo confirma que os lisboetas veem na Uber uma alternativa conveniente ao carro próprio que pode complementar e estender o alcance das infraestruturas de transportes públicos existentes”. O responsável adianta ainda que “em Lisboa, 56% das viagens na plataforma têm início fora da zona de cobertura do Metro de Lisboa, e 72% terminam a menos de 500 metros de uma estação”. Estes dados revelam que as plataformas de mobilidade e carsharing como a Uber, a Cabify ou a DriveNow, têm possibilidade de se estender numa faixa

de mercado cada vez maior, de modo a colmatar a rede de transportes insuficiente para muitos utilizadores. O estudo da ORB International contou com a participação de 10 mil inquiridos, com idades compreendidas entre os 18 e 54 anos, com residência em Amsterdão, Barcelona, Berlim, Bruxelas, Estocolmo, Lisboa, Londres, Paris, Roma e Varsóvia. No total, mais de dois terços (67%) dos inquiridos acredita que as plataformas de carsharing podem ser uma boa alternativa à utilização do carro próprio e 80% afirma ter utilizado aplicações do género no último ano.

No Politécnico de Leiria

Curso Técnico Profissional em Veículos Elétricos e Híbridos Por sua vez, Carlos Ferreira, docente em Engenharia Eletrotécncia destaca que “os veículos elétricos e híbridos são o futuro do setor automóvel, e estão em rápida expansão, pela sua flexibilidade, eficiência de utilização, fiabilidade mecânica, baixo ruído e zero emissões locais. Existe uma forte aposta dos fabricantes automóveis, com apoio dos respetivos governos e da União Europeia na mobilidade elétrica”. Com este novo curso, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, reforça a oferta formativa pioneira e o reconhecimento qualitativo que o Politécnico de Leiria detém nas áreas da Engenharia e Tecnologia Automóvel.

O Politécnico de Leiria abriu este ano letivo, o curso Técnico Superior Profissional (TeSP) em Veículos Elétricos e Híbridos, permitindo colmatar a necessidade de técnicos qualificados nestas áreas, que têm ganho relevo com o aumento das vendas destes veículos e responder aos cada vez maiores desafios tecnológicos de transporte e mobilidade terrestre. “O novo TeSP já é agraciado com o apoio das empresas da região, que sentem a necessidade de recrutar técnicos com formação específica em eletrónica e mobilidade elétrica”, refere Paulo de Carvalho, docente de Engenharia Mecânica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPLeiria. AGOSTO 2017 TR 174

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ATUALIDADES gerais

Mais de 650 milhões de euros Autossilo de 4 pisos e 211 lugares

Agualva-Cacém tem novo parque de estacionamento

Entrou em funcionamento o novo parque de estacionamento junto ao interface ferroviário de Agualva-Cacém. O autossilo de quatro pisos tem lugar para 211 viaturas e terá acesso gratuito “até ao segundo trimestre de 2018”, revela fonte camarária. O acesso gratuito decorre da construção de 4.500 metros de ciclovia e percurso pedonal entre Agualva-Cacém e Massamá-Barcarena, onde em abril passado abriu outro parque de estacionamento gratuito. Ambos os parques, concluídos em 2011 e 2013, respetivamente, faziam parte da remodelação da Linha de Sintra, mas permaneceram fechados, apenas sendo subconcessionados ao município em setembro de 2016, pela IP – Infraestruturas de Portugal. “A Câmara Municipal de Sintra tem realizado uma grande aposta na mobilidade do concelho. A abertura deste parque é mais um exemplo”, referiu Basílio Horta, presidente da autarquia, à agência Lusa. O autarca lembra ainda que nos últimos dois anos foram criados “mais de dois mil lugares de estacionamento no concelho, dos quais cerca de 1.300 são junto a interfaces de transportes públicos”. Além do investimento no parque de estacionamento, nas vias rodoviárias e pedonais, Basílio Horta garante que a autarquia está “a preparar um sistema de transporte de passageiros no município”. O autarca sublinha que o “sistema de transporte vai ser alargado às nossas cidades e localidades permitindo que todos tenham acesso, de forma rápida e económica, aos principais interfaces de transportes do concelho”.

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Aumento da despesa do Estado com empresas de transportes O Estado viu aumentar as despesas com o setor público dos transportes e rodovia, num valor total de 678,7 milhões de euros, tendo a injeções de capital mais significativas sido para a Infraestruturas de Portugal, a Transtejo e o Metropolitano de Lisboa. Os dados constam na análise do Tribunal de Contas à execução orçamental do primeiro trimestre do ano. A maior parcela deste montante foi entregue à Infraestruturas de Portugal (460 milhões de euros), mais do dobro do valor colocado na empresa no primeiro trimestre de 2016 (210 milhões). A Transtejo recebeu 65,8 milhões de euros, não tendo sido alvo de qualquer injeção de capital no respetivo período homólogo. Por sua vez, o Metropolitano de Lisboa recebeu 47,4 milhões de euros, aproximadamente o mesmo valor de há um ano (46,6 milhões). Já a CP – Comboios de Portugal não teve dotação de capital, ao contrário do que aconteceu em 2016, quando recebeu 34,5 milhões de euros. Num valor global que ascende aos 3189 milhões de euros injetados pelo Estado no setor público empresarial, também a Caixa Geral de Depósitos e a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, foram alvo de um aumento de capital, de 2510 milhões de euros e 19,8 milhões de euros, respetivamente. Segundo o Tribunal de Contas, “há um reiterado incumprimento da lei” continuando a existir entidades que registam no orçamento

receitas superiores aos fundos que entraram na tesouraria do Estado. Já os juízes avisam que “o Ministério das Finanças continua a reportar montantes relevantes de receitas cobradas e de despesas pagas por serviços da administração central que não inclui na respetiva demonstração de fluxos de caixa”. Da mesma forma, sublinham que as deficiências detetadas limitam o controlo da execução orçamental, reportada nas sínteses de execução orçamental, e que “os elementos da contabilidade pública permanecem inconsistentes”. A obrigação de cruzamento de contas está na legislação desde 2001, porém, há 15 anos que o Fisco não cruza dados da receita. O Tribunal de Contas recorda que está “por estabelecer a ligação dos sistemas próprios da Autoridade Tributária ao Sistema de Gestão de Receitas (SGR), não obstante a sua exigência nos termos legais vigentes desde 2001”.

Para melhorar transportes públicos

Nova Iorque propõe aumento de impostos aos mais ricos Bill de Blasio, Presidente da Câmara de Nova Iorque, refere que se os impostos de 32 mil nova-iorquinos fossem aumentados em pouco mais de 0,5%, seria possível fazer melhorias substanciais no sistema de transportes públicos da cidade, garantindo mais 800 mil viagens de metro a pessoas carenciadas. “Assumir a responsabilidade é o primeiro passo para encontrar a solução”, disse Blasio em conferência de imprensa, citado pela Reuters, sublinhando que o sistema de transportes públicos é controlado pelo Estado. A ideia do democrata seria que todos os cidadãos com um rendimento individual superior a 500 mil dólares (cerca de 420 mil euros) vissem a taxa do imposto passar de 3,876% para 4,41%, o que representaria um aumento de 0,053%. Segundo o autarca americano, este plano representaria num financiamento adicional de 700 milhões de dólares, já em 2018, a ser aplicado no sistema de transportes. A proposta apresentada pelo presidente da Câmara de Nova Iorque, democrata, tem agora de ser aprovada pelo Senado de Nova Iorque, controlado pelos republicanos.

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ATUALIDADES gerais

Em Alcaria

AMP

António Barata recebe Livro “150 Edições TR”

Porto recebeu 2º Encontro de Autoridades de Transporte

A Transportes em Revista, através do seu diretor José Monteiro Limão, deslocou-se propositadamente à aldeia de Alcaria, no Fundão, para entregar em mão o Livro “150 Edições TR” a um dos seus mais antigos assinantes, António Barata. Já reformado da EDP, António Barata é um aficionado dos autocarros e um profundo conhecedor da história do transporte rodoviário de passageiros em Portugal. António Barata entra frequentemente em contacto com a TR (sempre por carta) para solicitar diversos conteúdos ou fotografias e assim aprofundar o seu interesse pelo setor. De acordo com José Monteiro Limão, «há pequenos gestos que nada custam e muito valem pela felicidade que causam. Bem-haja, senhor António Barata por nos acompanhar há tantos anos».

A Área Metropolitana do Porto organizou, no passado dia 19 de setembro, o “2º Encontro de Autoridades de Transporte”, depois de no passado mês de maio se ter realizado, no Algarve, a primeira reunião que juntou Áreas Metropolitanas, Comunidades Intermunicipais e Municípios. No total, estiveram presentes 22 entidades, tendo-se juntado também representantes da AMT – Autoridade da Mobilidade e Transportes e da UTAP - Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos. Durante a reunião foram discutidos vários temas, como a capacitação das CIM´s em termos de recursos humanos e áreas de trabalho, nomeadamente no que concerne ao lançamento dos concursos públicos internacionais para a concessão dos serviços de transporte de passageiros; os problemas emergentes e as necessidades de articulação com as entidades reguladoras; a inovação tecnológica e a contratualização, tendo sido apresentados aos presentes os dois únicos contratos que até ao momento foram formalizados: a transferência da gestão da STCP para os oito municípios da AMP e o lançamento do concurso público para a gestão dos transportes intermunicipais na Madeira.

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ATUALIDADES gerais

Passe de transporte público

Estudantes voltam a ter 25% de desconto

Está novamente em vigor a lei que possibilita o desconto de 25% nos passes de transporte público para todos os passageiros até 23 anos e que frequentam o ensino superior. Prevista no Orçamento do Estado, esta medida tinha sido alterada em 2012 ficando o desconto para passes de transporte público Sub23 limitado a estudantes carenciados. Em Lisboa, o passe Navegante Urbano (36,20 euros), válido

para Carris, Metro e CP na primeira coroa da cidade, passa a custar 27,15 euros. Já o Navegante Rede (42,65 euros), que abrange paragens de autocarro e metro fora da primeira coroa, tem agora um custo de 32 euros. No Porto, os passes Andante já se encontravam com um desconto de 25% sobre o preço base nas categorias Sub23, estudante, júnior e sénior. O Andante Z2, que permite viagens nos autocarros da STCP, Metro e CP tem um custo de 22,75 euros, ao passo que sem desconto custa 30,30 euros. No ano passado, João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, afirmou que seria “impossível, nos tempos mais próximos” a redução do preço dos passes de transporte público. Ainda assim, esta medida constava no relatório anexo ao Orçamento do Estado, em outubro, aprovada pelo PS, PCP, Bloco de Esquerda e “Os Verdes”, refere o Público.

Semana Europeia da Mobilidade

AMAL convida algarvios a partilharem as suas viagens

A AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve assinalou a Semana Europeia da Mobilidade com uma iniciativa de incentivo aos residentes e aos turistas da região a partilharem as suas deslocações através da aplicação móvel VAMUS, permitindo identificar as tendências e as preferências de mobilidade nos municípios algarvios. A aplicação VAMUS – Projeto de Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve disponível para Android e IOS, permite conhecer a rede de transportes públicos existente, rever os percursos realizados, descobrir alternativas e ter acesso à rede georreferenciada de infraestruturas de apoio às deslocações em bicicleta ou em viaturas elétricas. A análise dos 20

dados, recolhidos de forma anónima, fornece à AMAL, enquanto autoridade de transportes, informações essenciais para uma melhor projeção de soluções para o futuro da mobilidade sustentável no Algarve. Durante a Semana Europeia da Mobilidade, entre 16 e 22 de setembro, a AMAL incentivou a adesão ao projeto através de passatempos que possibilitavam aos participantes ganhar uma bicicleta e outros brindes. O projeto VAMUS é liderado pela AMAL e cofinanciado pelo CRESC Algarve 2020, no âmbito do Portugal 2020. Envolvendo entidades públicas e privadas, o projeto tem o compromisso da mobilidade sustentável e amiga do ambiente. www.transportesemrevista.com

Semana da Mobilidade

Metro e EMEL promovem transporte sustentável “Fui de Metro. O Ambiente agradece” foi uma campanha realizada pelo Metropolitano de Lisboa, a EMEL e a Saba, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade. Dirigida aos condutores que estacionaram os seus automóveis nos parques de estacionamento na zona da Cidade Universitária e Estádio Universitário, esta ação teve como objetivo integrar os diversos operadores de transporte, contribuindo para o reforço de uma mobilidade mais sustentável.

O Metropolitano de Lisboa distribuiu palas anti sol, com o slogan da campanha, reforçando a iniciativa e a complementaridade cada vez mais necessária entre o transporte público e o transporte individual na cidade de Lisboa. O apelo ao uso do metropolitano nas deslocações diárias dos jovens estudantes universitários foi o principal lema desta ação sensibilizadora. “Melhorar a mobilidade na cidade, na ótica do desenvolvimento sustentável” é um dos objetivos do Metro de Lisboa, no seguimento de uma “Mobilidade verde, partilhada e inteligente”, lema deste ano da Semana Europeia da Mobilidade.

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ATUALIDADES gerais

No Porto e Lisboa

INE realiza inquérito sobre a mobilidade O Instituto Nacional de Estatística anunciou que vai lançar em outubro um inquérito à Mobilidade nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto. Este inquérito pretende dar a conhecer os padrões de mobilidade diária da população, a opinião dos utilizadores de transporte individual e coletivo e as motivações que conduzem às opções de transporte. As respostas ao IMob 2017 serão dadas através da internet, no site imob.ine.pt, a partir de 16 de outubro mas também será possível responder presencialmente, nos alojamentos que não o fizerem através da plataforma informática, entre 27 de outubro e 17 de dezembro. O inquérito terá uma amostra representativa de alojamentos (cerca de 200 mil) localizados nos 35 Municípios (80 mil no Porto e 130 mil em Lisboa), sendo solicitada informação sobre as deslocações das pessoas que neles habitam. Em declarações à Trans-

portes em Revista, Avelino Oliveira, primeiro secretário da Área Metropolitana do Porto, referiu que «este inquérito é o resultado de um grande trabalho que foi realizado pela AMP e pela AML. Depois de 20 anos, vamos ter dados concretos sobre os hábitos de mobilidade nas duas áreas

metropolitanas. Será um instrumento fundamental para a tomada de decisões ao nível da gestão e ordenamento dos transportes». De acordo com o INE, a divulgação dos resultados está prevista para o segundo trimestre de 2018.

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apontamentos

OPINIÃO

Fernando Nunes da Silva CESUR - Centro de Sistemas Urbanos e Regionais

articulistas@transportesemrevista.com

Acessibilidade e mobilidade: Conceitos complementares ou excludentes?

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facilidade com que acedemos a pessoas, bens e serviços é hoje uma das características mais importantes das sociedades urbanas contemporâneas. Sem acessibilidade, seja esta assegurada por meios de deslocação ou pela internet, ficamos isolados do mundo que nos rodeia, incapazes de fazer face às nossas necessidades e de melhorar as nossas condições de vida. Hoje é inimaginável viver sem interagirmos uns com os outros ou sem acedermos ao que a sociedade nos oferece. O problema é que, ao vivermos em espaços urbanos onde as atividades se dispersam por vastos territórios, ao termos mais acesso a meios de transporte, ao repartirmos o nosso quotidiano por vários locais, a facilidade com que acedemos às pessoas e às coisas depende também da facilidade com que nos movemos. Por isso é que atualmente, salvo situações particulares, é cada vez mais difícil separarmos a acessibilidade da mobilidade. Mais uma vez, o problema é que, com o aumento da motorização individual (na Área Metropolitana de Lisboa, são já hoje as famílias com mais de um automóvel do que aquelas que não possuem nenhum) e as crónicas insuficiências dos sistemas de transporte público, as nossas deslocações têm vindo a processar-se sobretudo através do automóvel. Ora, as nossas cidades e áreas metropolitanas não foram construídas a pensar na generalização do uso do automóvel, nem tal seria uma solução de futuro (como o demonstra a falência das cidades americanas, onde foi essa a política adoptada desde 1950) e menos ainda desejável, face aos impactes ambientais, sociais e económicos que tal implicaria. Por outro lado, os congestionamentos diários de tráfego infernizam a vida a centenas de milhares de pessoas que todos os dias aí se deslocam. O grande desafio que se coloca com cada vez mais acuidade é pois o de conciliar os nossos modos de vida e a crescente necessidade de acessibilidade que lhe está associada, com o 22

desenvolvimento de uma mobilidade sustentável, onde os efeitos negativos da utilização dos modos motorizados sejam minimizados, tanto no que se refere às emissões de gases com efeito de estufa, como no tocante aos congestionamentos de tráfego e à segregação espacial de importantes estratos sociais da população, nomeadamente para quem não possua automóvel ou o custo do seu uso quotidiano é incomportável para o seu orçamento familiar. A superação deste desafio não é de modo algum uma tarefa fácil nem decorre de um processo rápido, e por isso não é compaginável com ciclos eleitorais curtos. De facto, raras são as situações em que um bem fundamentado e correto diagnóstico, a enunciação de objetivos viáveis, socialmente aceites (mesmo que com compromissos) e a sua tradução em diferentes horizontes, se conseguem concluir em três anos, o que, associado ao cumprimento dos formalismos legais, leva a que, www.transportesemrevista.com

num mandato autárquico, poucas sejam as propostas estruturantes ou estratégicas que se conseguem concretizar, acabando-se por privilegiar ações de mais fácil e rápida implementação, mesmo que não constituam soluções para os problemas diagnosticados, ou até que, no pior dos casos, vão ao arrepio dos objetivos enunciados. Deste modo, saber conciliar o tempo da definição de uma estratégia de médio e longo prazo, com a concretização de ações que, no curto prazo, potenciem as necessárias dinâmicas de mudança e ilustrem o caminho que se pretende percorrer, é hoje uma das maiores exigências ao nível político, nomeadamente numa sociedade marcada pelo efémero e a sobrevalorização das vivências do presente em detrimento de uma hipotética, ainda que mais perene e promissora, melhor vida futura. Talvez seja por isso que nos encontramos tão atrasados em relação ao que é a praxis corrente por essa Europa fora. TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES tecnológicas

Em Madrid Manutenção Preditiva

Stratio fecha acordo com espanhola Sunsundegui

A Stratio Automotive chegou a acordo com a construtora de autocarros espanhola Sunsundegui para a implementação da sua tecnologia proprietária de manutenção preditiva nas novas viaturas. A introdução desta tecnologia tem como objetivo aumentar a fiabilidade dos veículos e reforçar junto dos seus clientes o compromisso com a qualidade das viaturas no período pós-venda. A parceria entre a Stratio Automotive e a Sunsundegui trará à construtora espanhola o acesso a dados relevantes que irão definir os futuros modelos da marca, atualmente em desenvolvimento, colocando ao dispor das equipas de engenharia, dados e informações reais de operação das viaturas.

Indra testa novas tecnologias sobre a mobilidade

A Indra, em colaboração com os grupos de investigação G@TV e TranSYT da Universidade Politécnica de Madrid, lidera o projeto europeu de I+D+i Harmony no desenvolvimento de tecnologias que permitem integrar em tempo real dados de diferentes operadores e meios de transporte em benefício de serviços de informação multimodal. “Com um orçamento de 1,3 milhões de euros e uma duração de três anos, este projeto piloto faz parte do programa Connecting Europe Facility (CEF), o maior plano de investimento da Comissão Europeia para o desenvolvimento de infraestruturas de transportes”, refere a Indra em

comunicado. A Indra conta com a colaboração do Grupo Interbús e da DGT – Dirección General de Tráfico de Madrid, num projeto-piloto que vai permitir testar o intercâmbio de informação de transportes públicos e tráfego, melhorar a gestão da mobilidade e oferecer aos cidadãos novos e melhores serviços. Esta parceria entre entidades tem ainda como objetivo “desenvolver novos serviços de informação multimodal que beneficiem tanto os operadores de transportes como os próprios cidadãos, contribuindo para melhorar a gestão da mobilidade, a informação disponível em tempo real e o uso combinado dos diferentes meios de transportes”.

Táxis voadores autónomos

Volocopter fará o transporte de passageiros e mercadorias A tecnologia inovadora da Stratio Automotive foi desenvolvida para ser compatível com todos os veículos pesados, independentemente da idade, marca ou modelo. O equipamento recolhe dados em tempo real de todos os sensores do veículo, aplicando Inteligência Artificial para identificar padrões que possam resultar em falhas e avarias mecânicas. Este sistema envia igualmente notificações quando deteta potenciais problemas e disponibiliza soluções em tempo real. Durante o processo, são também sugeridas otimizações mecânicas que possam gerar maior eficiência ao nível do consumo de cada veículo.

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A Daimler, detentora da Mercedes, investiu em táxis voadores autónomos. O grupo automóvel alemão participou na mais recente ronda de investimento da Volocopter, uma startup que está a desenvolver táxis elétricos voadores, autónomos, com capacidade para duas pessoas. As primeiras demonstrações desta tecnologia deverão arrancar no último trimestre do ano, no Dubai. A Volocopter está a desenvolver um conjunto de veículos elétricos, os multicópteros, como táxis voadores/drones, permitindo o transporte de passageiros e de mercadorias. Até 2030, um quarto do transporte de passageiros nos Emirados Árabes Unidos poderá ser feito nestes veículos, refere a startup em comunicado. O investimento, assumido pela Daimler, juntou outros investidores individuais, gerando www.transportesemrevista.com

um encaixe de mais de 25 milhões de euros. A Volocopter considera a Daimler um parceiro estratégico pelo interesse das empresas automóveis na condução autónoma e na mobilidade elétrica. Com esta verba, a startup alemã pretende “acelerar o desenvolvimento técnico, atingir a maturidade de produção e obter licenças comerciais de voo junto das autoridades de aviação a nível mundial”.

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ATUALIDADES tecnológicas

Cidades Inteligentes

BuzzStreets no caminho da internacionalização Identificar os pontos da cidade com trânsito e encontrar alternativas, é uma das muitas “habilidades” da App BuzzStreet 1.0. Mas não só. João Fernandes, fundador da empresa BuzzStreets, explica as potencialidades desta aplicação que já se internacionalizou. O “AMOR” PELA CIDADE DE LISBOA levou João Fernandes e três sócios a desenvolverem uma aplicação que pudesse ajudar as Câmaras Municipais a gerirem todas as ocorrências de trânsito nas cidades e, ao mesmo tempo, pudesse avisar, em tempo real, os condutores sobre as zonas mais congestionadas apresentando-lhes alternativas. Assim nasceu a BuzzStreet 1.0. A App demorou cerca de um ano a ser desenvolvida, mas o seu sucesso foi quase imediato. A BuzzStreets foi premiada e convidada pelo Ayuntamiento de Madrid e pela Ferrovial a participar no programa de aceleração “Madrid Em24

prende” e a testar a App na freguesia madrilena de “Las Tablas”. Em declarações à Transportes em Revista, João Fernandes, refere que «durante esse período de teste, o Group de Canary Wharf, que procurava uma solução de mobilidade, convidou-nos a participar no seu programa Cognicity Challenge. À semelhança de Madrid, este programa também pretendia a execução de um piloto pago num dos seus cinco centros comerciais. Testámos e conquistámos assim o nosso primeiro cliente “pagante”. Graças a este sucesso, as portas e os contactos abriram-se no Reiwww.transportesemrevista.com

no Unido, França, Espanha, Arábia Saudita e em Portugal». O grande foco da BuzzStreets é, essencialmente, a mobilidade nas Cidades Inteligentes. E esta temática abarca também outras áreas, conforme refere João Fernandes. «Os hospitais, estádios e universidades de grandes dimensões, enquadram-se nesse tópico. Após vários estudos, o serviço Nacional de Saúde Inglês (NHS) descobriu que perdia um bilião de libras por ano com consultas a que os pacientes simplesmente não apareciam. Aprofundaram o problema e perceberam que as TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES tecnológicas faltas deviam-se ao facto de os pacientes terem duas grandes dificuldades nos dias da consulta: como chegar ao hospital e como encontrar o gabinete do médico. A Buzzstreets veio ajudar a resolver esses problemas. E estamos a falar de hospitais quatro a cinco vezes superiores ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o São João, no Porto ou o CHUC em Coimbra», adianta João Fernandes. A empresa tem, atualmente, em pipeline, vários contratos que espera concretizar nos próximos tempos e que lhe irá trazer um volume de trabalho considerável. Além de Canary Wharf, no Reino Unido, tem ainda em vista contratos com os aeroportos de Glasgow, Southampton e Aberdeen – e que são geridos pela Ferrovial - o Birmingham Airport e também os hospitais Queen Elizabeth Birmingham Hospital e o Gloucestershire Royal Hospital. Segundo João Fernandes, «as nossas aplicações móveis trabalham sobre várias tecnologias em simultâneo. O “truque” é conseguir combinar o melhor de cada uma delas. Essa é que é a nossa “secret source”. Por norma, utilizamos sistemas de GPS, Realidade Aumentada, Realidade Virtual, BLE’s e código nativo, entre outros. O desenvolvimento da nossa tecnologia é um processo contínuo de melhoramento. Temos que estar continuamente atualizados, atentos e informados. Por exemplo, devido ao uso em grande quantidade de “Beacons” estamos, atualmente, a trabalhar em parceria com o Instituto Superior Técnico, nomeadamente com os professores Luís Manuel Correia e Helena Sarmento, na investigação e desenvolvimento destes “dispositivos”. Acreditamos que o resultado desse trabalho irá ajudar-nos, não só em termos de custos operacionais, como também a revolucionar sobremaneira os sistemas de localização e routing. É um projeto extremamente disruptivo e desafiante». No Reino Unido a BuzzStreets trabalha exclusivamente com a Amey e a Future Decisions. Na Arábia Saudita, possui uma parceria com a Retaam Solutions e atualmente, está a concorrer a um “tender package” de WiFi & Mobil Solutions para 16 centros comerciais, juntamente com a HP e a Aruba. Em Espanha, tal como já foi referido, a empresa trabalha com o Grupo Ferrovial.

E Portugal? João Fernandes salienta que a BuzzStreets está neste momento a fechar contratos com alguns clientes portugueses, revelando que a empresa AGOSTO 2017 TR 174

João Fernandes, fundador da BuzzStreets

teve que adaptar os seus serviços ao mercado nacional. A startup começou também, juntamente com outros parceiros, a apresentar soluções para a gestão integrada de filas de espera, Corporate Tv e gestão de entrega e recolha de equipamentos em loja recorrendo à gestão de dados. O fundador da BuzzStreets refere que «em Portugal fomos convidados a ser um dos 28 sócios fundadores do “Cluster Smart Cities Portugal” onde pontuam empresas como a Compta, CEIIA, DNA Cascais, ESRI, NEC, ZTE, ORACLE, Alcatel-Lucent, Inocrowd, Kaiser Institute, Endesa, Philips, Brisa, Universidade do Minho e Universidade de Évora. Acreditamos que esta plataforma irá afirmar Portugal como palco de desenvolvimento e experimentação de tecnologias e a BuzzStreets está totalmente disponível para ajudar nesses objetivos». Em relação às tendências na área da mobilidade, João Fernandes aponta que «da mesma forma que o GPS e o Google Maps vieram melhorar substancialmente os serviços Outdoor de Tracking & Routing, pensamos que os sistemas de navegação de interiores, e tudo que está relacionado, irão revolucionar a forma como nos movemos na cidade e, em particular, dentro das grandes estruturas das cidades como os centros comerciais, aeroportos, hospitais, estádios e universidades. Será muito em breve o “the next big thing” e há lugar para centenas de empresas». No entanto, o responsável da BuzzStreets mostra-se bastante crítico em relação ao facto de Portugal ser atualmente considerado como um paraíso para as startups e investidores internacionais. Segundo João Fernandes, «nestes últimos anos pude observar diretamente a www.transportesemrevista.com

evolução de Portugal como país empreendedor e “startup friendly” mas ainda há um brutal caminho a fazer até começarem a olhar para nós “a sério”. Por agora, somos só um povo giro, com umas ideias giras, com ótimo tempo, excelente comida e nada mais. É preciso anunciar, mostrar e provar que somos também os melhores do mundo nas áreas tecnológicas. Eventos como o Web Summit são interessantes, mas não passa de uma conferência internacional, como qualquer outra de médicos, delegados de propaganda médica ou de tupperware, organizada por estrangeiros que somente pelo sol, comida e preços irrisórios acontece em Lisboa. Os únicos que ganham com isto são a própria organização, com os patrocínios e as entradas, e as entidades locais (Câmara) e nacionais (Governo). Todos os outros intervenientes são os “palhaços e os animais” do Circo. Não acho que este evento venha na época certa. É ridículo fazer-se um evento desta dimensão dito tecnológico e muito “futurista” quando temos graves problemas de transporte de e para o evento - como houve no ano passado - e juntar a isso greves de médicos, greves da TAP e da SATA e guerras à Uber». Quanto ao panorama dos aceleradores portugueses de startups, João Fernandes identifica «o IPN, a Startup Braga e a UpTec como os melhores centros de tecnologia e de apoio de startups de base tecnológica. Se não forem aceites em nenhum deles é porque a vossa ideia não tem grande consistência. Terá que ser melhor trabalhada. Mas nunca se deve desistir». 25


ATUALIDADES tecnológicas

Transporte partilhado em ‘Vans’

Mercedes-Benz Vans cria ‘joint venture’ com startup americana Via Com um investimento de 50 milhões de dólares, a Mercedes-Benz Vans tornou-se parceira da tecnológica americana Via. Numa altura em que o mercado da mobilidade partilhada, carsharing e ridesharing cresce de forma ímpar nos grandes centros urbanos, as gigantes do setor automóvel parecem não querer perder a oportunidade de se impor também elas na vanguarda do transporte partilhado a pedido. 26

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ATUALIDADES tecnológicas

Pedro Venâncio

pedro.venancio@transportesemrevista.com

A MERCEDES-BENZ VANS investiu recentemente 50 milhões de dólares numa ‘joint venture’ com a startup americana Via. A fusão entre a tecnologia da empresa americana e a engenharia da gigante alemã tem como objetivo criar um novo serviço acessível e sustentável de transporte partilhado a pedido na Europa. A Daimler, através do seus Serviços de Mobilidade entra nesta ‘joint venture’ como investidor estratégico. O conceito de transporte partilhado em ‘vans’ já existe nos Estados Unidos da América, nomeadamente em Nova Iorque, Chicago e Washington D.C., e os números da Via são bastante convincentes, sendo realizadas mais de 1 milhão de viagens por mês. Neste momento, o objetivo é passar a fronteira para os grandes centros urbanos europeus e Londres será a primeira cidade a receber o serviço, até ao final deste ano. Viagens partilhadas com destinos similares garantem a redução do uso de veículos próprios, consecutivamente reduzindo o congestionamento nas grandes cidades, não sendo necessário o investimento em novas infraestruturas como estações ou paragens delimitadas. A escolha pela capital londrina vem do facto da Via já ter experimentado este servido de ‘ridesharing’ em março, numa parceria com a operadora Arriva – a ArrivaClick. O serviço operou nas ruas de Sittingbourne, no sudeste de Inglaterra. Ainda assim, a área de operação foi demasiado pequena para concorrer com plataformas como a Uber, a Gett, a Kabbee ou a mytaxi (detida pela própria Daimler). A tecnologia revolucionária da Via consegue agrupar vários passageiros com o mesmo destino num único veículo, aumentando a utilização do mesmo, e aliviando o tráfego que de outra maneira se faria sentir no mesmo percurso. Volker Mornhingweg, responsável da Mercedes-Benz Vans refere que o conceito de “viagens partilhadas oferece novas formas eficientes e sustentáveis para reduzir o tráfego das cidades, especialmente quando se utiliza veículos espaçosos, seguros e confortáveis como vans”. Sobre a parceria, o responsável sublinha que “a Via tem um dos mais bem-sucedidos serviço de transporte partilhado a pedido, enquanto a Mercedes-Benz Vans tem os veículos perAGOSTO 2017 TR 174

feitos para estas viagens. A parceria com a Via é mais um passo para a nossa estratégia de futuro, em expandir o nosso leque de serviços de mobilidade”. O transporte de passageiros nas grandes cidades não parece passar ao lado da Mercedes-Benz Vans que aposta numa estratégia ‘adVANce’ (avançada), com foco não apenas na construção de automóveis mas em tornar-se num ‘stakeholder’ holístico de sistemas de mobilidade. Este investimento faz parte da estratégia do Grupo Daimler na inovação de quatro setores tecnológicos emergentes: conectividade, condução autónoma, flexibilidade de serviços e sistemas de condução de veículos elétricos. Klaus Entermann, CEO de Desenvolvimento de Serviços Financeiros da Daimler AG, explica que “os nossos serviços de mobilidade como o ‘car2go’, o ‘mytaxi’ e o ‘moovel’ chegam a 15 milhões de clientes a nível mundial. Como líderes de serviços digitais de mobilidade, o investimento na Via é mais um passo para expandir o nosso portfólio, de acordo com as necessidades dos nossos clientes”. Por sua vez, Daniel Ramot, CEO e cofundador da americana Via, realça o investimento do Grupo Daimler “como investidor e parceiro estratégico” na iniciativa. “A união da nossa tecnologia com a engenharia da Mercedes-Benz Vans é ideal para nossa visão de oferecer um transporte eficiente, acessível, sustentável e confortável para todo o lado”. Já Oren Shoval, CTO e também cofundador da startup americana, indica que “depois de mais de 20 milhões de viagens realizadas, sabemos que ter os veículos certos é crucial para garantir a melhor experiência aos passageiros”. O responsável diz que a Via está “ansiosa por expandir a parceria com a Daimler, que começou em 2015, e por colaborar no desenvolvimento e otimização de veículos para o futuro da mobilidade”. www.transportesemrevista.com

A Via está a revolucionar o transporte de passageiros através de uma rede dinâmica, adequada à procura dos utilizadores e capaz de complementar as existentes redes de transporte público – com sistemas rígidos de horários e percursos. A procura por este serviço de transporte é feito via app que, através do software de leitura de algoritmos da Via, consegue agrupar vários passageiros num único veículo para o mesmo destino, enriquecendo a experiência e o contacto pessoal. O projeto é promissor a vários níveis sendo que o dinamismo dos percursos entre milhares de paragens virtuais pelos centros urbanos singulariza o conceitos desta parceria. A Mercedes-Benz Vans e a Via cooperam desde 2015. A atual ‘joint venture’ vem consolidar a posição das duas empresas no mercado da mobilidade partilhada em território europeu. Ambas as entidades esperam desenvolver outros projetos no futuro ligados à mobilidade inteligente, desde logo optimizar as ‘vans’ da Mercedes-Benz. Os modelos mais utilizados até ao momento são o Mercedes-Benz Vito Tourer (com capacidade até nove lugares) e o Mercedes-Benz V-Class (com capacidade até oito lugares), ambos adaptados para viagens com múltiplos passageiros. O pináculo desta parceria, a longo prazo, passa pelo desenvolvimento de sensores e software avançado que permita a condução autónoma de veículos elétricos zero emissões. 27


DESTAQUE

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Mobilidade

Oeste CIM vai lançar concurso para sistema de transportes no 1º semestre de 2018 A Oeste CIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste pretende lançar o concurso público internacional para a concessão dos serviços de transporte de passageiros em toda a região durante o primeiro semestre de 2018. Numa altura em que a cidade torriense recebe um dos principais eventos europeus no âmbito da mobilidade, o Fórum Civitas, o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, falou sobre os principais desafios que a cidade e a região enfrentam. 28

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DESTAQUE

Pedro Costa Pereira

pedro.pereira@transportesemrevista.com

Fotos: Bernardo Pereira

NA SEQUÊNCIA DA ENTRADA em vigor do Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros, todos os 12 municípios que compõem a Oeste CIM delegaram as suas competências relativamente ao serviço público de transporte de passageiros urbanos e intermunicipais na respetiva Comunidade Intermunicipal. Em entrevista à Transportes em Revista, Carlos Bernardes, presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, revelou que «já fizemos a publicação no Jornal da União Europeia do pré-aviso respeitante ao procedimento concursal e neste momento estamos a afinar os detalhes finais relativamente ao que é o programa do concurso e respetivo caderno de encargos. Contamos que no primeiro semestre de 2018 o concurso possa ser lançado para que no final desse ano possamos fazer a adjudicação». Em relação ao modelo escolhido, Carlos Bernardes salienta que o concurso irá decorrer em três fases: «numa primeira fase irá existir uma pré-qualificação porque pensamos que este é um modelo que se ajusta também em função daquilo que são os players que existem no mercado nacional e internacional. Depois o processo entra numa fase de negociação e finalmente será realizada a adjudicação». O autarca de Torres Vedras anunciou ainda que a concessão terá um prazo de 10 anos e que irá abarcar os transportes urbanos, intermunicipais e escolares, cobrindo a totalidade da região oeste e os cerca de 360 mil habitantes que habitam nos 12 municípios. Segundo Carlos Bernardes, «o concurso vai ter um modelo em que o risco vai ficar do lado do operador, permitindo que não existam encargos para os municípios. O grande desafio é manter uma oferta que seja equilibrada com os modelos de procura que existem no território. É um modelo integrador e global de toda a Comunidade Intermunicipal». Para o presidente da Câmara de Torres Vedras, «quem concorrer já sabe ao que vem e quais são as regras do jogo, de acordo com o estipulado com o caderno de encargos. A relação entre a qualidade e o preço é sempre fundamental, mas o modelo que preconizamos defende também a existência de capacidade técnica instalada, aliada à capaAGOSTO 2017 TR 174

cidade de serviço, por parte dos concorrentes. Isso é fundamental». De acordo com o autarca, «para nós esta é uma experiência nova, porque não existia esta cultura de delegar nos municípios as competências dos transportes. Mas em boa hora a Tutela decidiu dar esse passo de modo a que regionalmente e através das CIM´s pudéssemos dar um contributo para o novo Regime Jurídico de Transportes de Passageiros. Foi isso que a CIM do Oeste fez desde a primeira hora assumindo as suas competências e hoje já somos uma Autoridade de Transportes. Já emitimos as respetivas licenças juntos dos operadores e de acordo com a legislação em vigor e temos vindo a trabalhar intensamente no levantamento de toda a oferta existente das várias carreiras em todo o território da região. Toda essa informação foi fundamental para percebermos quais os passos a seguir. E para além da abertura do concurso queremos ter na região uma oferta qualificada de transportes de passageiros ao nível dos transportes urbanos e intermunicipais e na ligação com as regiões vizinhas», refere o autarca.

Requalificação da Linha do Oeste é fundamental O autarca adianta que a CIM Oeste tem vindo a trabalhar de forma muito próxima com o regulador AMT para que exista uma validação do trabalho que está a ser realizado. No entanto, para Carlos Bernardes, este concurso não irá resolver por completo os problemas de mobilidade que existem na região, uma vez que falta uma componente «essencial» que é o «transporte ferroviário. Há dois investimentos que são fundamentais. O primeiro é a eletrificação da Linha do Oeste, entre Lisboa e Caldas da Rainha – numa primeira fase - e depois Figueira da Foz. Este investimento é essencial não só para as deslocações das pessoas que vivem na região e trabalham/estudam em Lisboa como também na vertente de mercadorias. O outro investimento é a construção do IC11 que ligará o Carregado a Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Lourinhã e Peniche. Este itinerário é fundamental para que possamos escoar muita da produção que sai da nossa região, nomeadamente os produtos hortícolas, para todo o País e grande parte da Europa. São dois investimentos que, a médio prazo, têm de estar concluídos», refere Carlos Bernardes. www.transportesemrevista.com

DISC UR SO DIR E CTO

Carlos Bernardes

«Fórum Civitas procura a partilha e troca de experiências» Transportes em Revista (TR) – Como surge a participação da cidade de Torres Vedras no projeto europeu Civitas? Carlos Bernardes (CB) – Esta é uma plataforma importante para estarmos agregados aos modelos que a própria Comissão Europeia tem vindo a desenvolver no âmbito daquilo que se entende como cidades mais sustentáveis e despoluídas. Já fazíamos parte da plataforma ibérica do Civitas, que é o CiViNet Portugal/ Espanha, e nos últimos dois anos, a par com o Santander, assumimos a presidência deste organismo. Nesse âmbito temos realizado, ao longo dos anos, um caminho de referência naquilo que entendemos ser o mix da mobilidade. Aliás, há cerca de 30 anos a cidade de Torres Vedras deu início à pedonalização das suas principais ruas, um processo que na altura foi bastante difícil. Hoje a vivência nesses espaços, e outros onde realizámos intervenções, é totalmente diferente, porque ficaram sem automóveis e agora pertencem aos cidadãos. Mas este é um processo evolutivo. TR – O projeto Civitas tem sido um bom “cluster” para que a cidade tenha tido uma 29


DESTAQUE

Fórum Civitas 2017 Torres Vedras espera receber entre 500 a 600 participantes Entre 27 e 29 de setembro, realiza-se em Torres Vedras o Fórum Civitas 2017, um dos eventos mais importantes do setor da mobilidade na Europa e que irá juntar entre 500 a 600 participantes. Subordinado ao tema “Pequenas Comunidades, Grandes Ideias”, o evento irá permitir o debate sobre os principais tópicos da mobilidade sustentável, como o transporte coletivo de passageiros e a gestão da mobilidade, passando pelas mais recentes perspetivas nesta área, como a segurança e a economia da partilha, reunindo especialistas, académicos e técnicos do setor. Nas palavras de Maja Bakran, vice-diretora geral do DG MOVE, “é urgente e necessária uma mudança em torno dos transportes e mobilidade sustentável. Mais de 70% dos cidadãos europeus vive em áreas urbanas e muitos são afetados por congestionamentos, sistemas de transportes ineficientes e má qualidade do ar. Por toda a Europa, iniciativas pioneiras estão a conduzir esta mudança e o Fórum CIVITAS mantém-se como a conferência-chave no campo da mobilidade urbana sustentável”. Já o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, refere que, enquanto um dos locais que

aprendizagem de boas práticas de mobilidade. Torres Vedras vai receber, entre 27 e 29 de setembro, o Fórum Civitas, um evento de dimensão europeia e mundial que irá juntar centenas de especialistas, académicos e técnicos do setor. Espera uma grande participação por parte das cidades portuguesas? CB – Eu espero que participem e que de certa forma os municípios portugueses, quer do ponto de vista político e técnico, possam comparecer. É importante que possam dar o seu contributo e ouvir o que os especialistas e as outras cidades europeias têm a dizer. E é dentro deste ecossistema da mobilidade europeia que devemos estar todos integrados. O Fórum Civitas visa muito a partilha e a troca de experiências. Mas, este ano, há uma particularidade e que vai ao encontro do trabalho que temos vindo a desenvolver no âmbito do PAC Civitas (Political Advisory Comitee). Até ao momento o modelo conceptual de trabalho era muito direcionado para as grandes cidades europeias e conseguimos por esta via que as pequenas e médias cidades também possam dar um contributo positivo, de modo a que pequenos territórios possam ter grandes ideias, que é o mote deste ano do Fórum Civitas. TR – É a primeira vez que uma cidade tão pequena recebe um Fórum desta dimen30

lidera o desenvolvimento urbano sustentável em Portugal, Torres Vedras tem o prazer de acolher a realização do Fórum CIVITAS 2017. Em termos de dimensão do local, nunca este evento se realizou numa cidade tão pequena, “mas temos grandes ideias no que concerne à adoção de medidas de mobilidade avançadas, sobretudo novas tecnologias ligadas à descarbonização. Estamos realmente ansiosos para receber a rede CIVITAS no final do mês de setembro.” Outra das novidades que o Fórum Civitas 2017 irá apresentar é o “CIVITAS Deployment Day”, um novo recurso que ligará quem desenvolveu novas ferramentas e métodos com potenciais utilizadores das cidades. Demonstrações e workshops de treino individualizado irão revelar os últimos desenvolvimentos de mobilidade urbana sustentável. As visitas a cinco locais diferentes darão também aos participantes a possibilidade de experienciar a zona de Torres Vedras e as inovações da cidade em matéria de mobilidade, o que inclui um passeio de bicicleta e a demonstração do sistema de ponta utilizado na gestão integrada do estacionamento.

são... Torres Vedras foi uma das cidades que melhor percebeu o que era o Civitas, aproveitando e aplicando as suas ideias. Qual é o seu comentário? CB – A parte entre os modelos conceptuais e aquilo que é trabalhado ao nível da Comissão Europeia é preciso por em prática. Nós conseguimos, por essa via, ter muita informação e depois fazer a aplicação... Numa primeira dimensão trabalhamos a questão da pedonalização há já três décadas no território... dando o espaço ao cidadão. Numa segunda dimensão tivemos a oportunidade de implementar um sistema numa cidade da nossa dimensão – neste caso, um sistema de bicicletas partilhadas como as “Agostinhas”. Tivemos também a oportunidade de encontrar uma plataforma de gestão da cidade, do ponto de vista da mobilidade, nomeadamente termos um modelo tarifado de todo o perímetro urbano, a um preço ‘low cost’ www.transportesemrevista.com

– 0,30cent/hora – para o cidadão e ordenar o estacionamento. Antes deste sistema, a cidade vivia um modelo anárquico... não havia qualquer tipologia de ordenamento... apenas um pequeno núcleo no centro da cidade. Hoje, é francamente positivo termos a cidade com essa capacidade de atração. A par disso, relocalizámos o terminal rodoviário do centro da cidade para um espaço que para nós é determinante, assim como retirámos cerca de 2000 carros do centro. Agora temos também estacionamento de longa duração para quem necessita de Torres Vedras como plataforma para se deslocar depois para Lisboa. Esta foi uma medida também controversa na altura mas que, ao dia de hoje, valeu a pena. Ainda temos que melhorar alguns aspetos, porque nesta questão da mobilidade não há varinhas de condão... é preciso testar, perceber se correu bem ou menos bem, avaliar e corrigir o que está mal. TR – O projeto das “Agostinhas” é já um marco na cidade e que complementa a oferta existente ao nível dos transportes e da mobilidade urbana... CB – E no ano passado conseguimos incrementar, junto das escolas, o uso da bicicleta. Foi uma parceria muito interessante e que promoveu o aumento dos utilizadores das “Agostinhas”. Entretanto começamos a implementar algumas zonas 30, Aliás o próprio plano de mobilidade TR 174 AGOSTO 2017


DESTAQUE

e de transportes aponta para o aumento destas áreas. Nesta relação, em que o peão tem de ter o seu lugar no espaço público, as “Agostinhas” podem ter uma componente de mobilidade com um conjunto de ‘bike stations’ em várias zonas, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Urbano da cidade – PEDU. Este plano tem como objetivo ações de descarbonização dos territórios, mas também a possibilidade de utilização dos transportes públicos. TR – Para Torres Vedras, até que ponto foi importante a partilha de ideias e de experiências? O que é que a cidade ganhou? CB – Ganhamos, acima de tudo, a possibilidade de dar mais qualidade de vida a quem vive e procura o território. Esse era um objetivo final que é relevante. Quando falamos em qualidade de vida, estamos a falar de estilos mais saudáveis... despoluição da própria cidade... Neste momento decorre um concurso para a aquisição de um conjunto de veículos elétricos para a nossa frota municipal, uma aposta clara na

mobilidade elétrica... o próprio lema do Civitas passa por termos cidades mais limpas. Se cada cidade, à sua escala local, puder dar esse contributo, teremos cidades mais sustentáveis. TR – O Fórum Civitas, que decorrerá em Torres Vedras, tem uma dimensão muito grande. Quantas pessoas esperam receber? CB – Estamos a perspetivar receber entre 500 a 600 pessoas no final do mês de setembro. As inscrições estão limitadas... o Fórum terá lugar no Grande Auditório do Centro Pastoral onde decorrerá a conferência principal, e depois teremos outros espaços onde ocorrerão os workshops, etc... TR – Que espaços públicos serão usados durante o Fórum Civitas? CB – Dentro deste mix na área da mobilidade, iremos ter visitas ao projeto das “Agostinhas”, da mobilidade elétrica, ao terminal rodoviário... o centro histórico estará associado à vertente da pedonalização... Em suma, quem vier a Torres

Vedras vai perceber o trabalho que temos vindo a desenvolver neste projeto. TR – O tema principal deste Fórum é “Small Cities, Big Ideas”. Que temas vão ser discutidos? CB – Este é um programa muito diversificado. Por exemplo, irá falar-se sobre como a análise de dados pode contribuir para o território. Isto, porque muitas vezes implementamos uma ação mas a vertente de monitorização é deixada para segundo plano. E por essa via podemos ter um conjunto de indicadores que nos podem ajudar a planear o futuro. A criação de plataformas únicas para recolha de informação relativa às questões da mobilidade é outro tema a ser abordado. É um tema pelo qual me tenho batido nos últimos anos, porque muitas vezes o trabalho é duplicado pelas diversas entidades que trabalham nesta área. Este é um grande desafio... porque implica a integração de softwares e diversos sistemas, mas é absolutamente necessário.

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paragens

OPINIÃO

Miguel Pinto Luz Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais

articulistas@transportesemrevista.com

A mudança é a única constante

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ickens dizia que “Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa.” Como titular de um cargo político num tempo em que um dos principais eixos do nosso trabalho é criar qualidade de vida para as pessoas, penso recorrentemente que fardos aliviar para conciliarmos melhor trabalho, família, lazer e futuro. Numa revista de transportes falo, obviamente, de mobilidade, não fosse ela uma condição essencial para a nossa realização. Depois de quatro anos de implantação em Cascais do sistema de mobilidade urbano mais evoluído de todas as autarquias portuguesas, para responder às necessidades atuais da nossa população, estou agora atento ao que se passa por todo o mundo neste campo porque, tal como os empregos, os modelos de mobilidade também já não são para a toda a vida. Gestores das cidades e iniciativa privada estão, nesta matéria, a responder juntos aos “trends” que estão a transformar a sociedade atual: mudanças demográficas e maior mobilidade social, urbanização acelerada, ambiente e avanços tecnológicos. 11 cidades europeias, incluindo Madrid e Paris, vão proibir a entrada de veículos a gasóleo em 2025. E, antes disso, só será permitida a circulação dos modelos recentes e mais amigos do ambiente, posteriores a 2014. Em Portugal há quase um milhão e meio de veículos vendidos que correm o risco de só poderem circular aqui e desvalorizarem por não cumprirem as normas de emissões. Para poderem circular nas estradas europeias terão de ser trocados ou reparados. Na Alemanha, o governo e as maiores construtoras de automóveis, como BMW, Mercedes, Opel e VW, fecharam um acordo que obriga a alterar o software dos carros a gasóleo alemães para reduzir as emissões entre 25% e 30%, um projeto de 500 milhões de euros. A partir de 2019 a Volvo só produzirá carros elétricos e híbridos. A Ja-

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guar também se comprometeu a converter a sua frota em elétrica até 2020. Está a chegar a Portugal, pelas mãos da Brisa, um novo serviço de carsharing da BMW, o DriveNow de que fala esta revista. Está em funcionamento desde 2011 em 12 cidades de oito países europeus. A Ford, a Daimler, a Honda e outras estão a seguir programas de partilha de automóveis semelhantes na Europa e em outros lugares. Neste processo, a indústria automóvel está a transformar-se em prestadora de serviços partilhados. Para não ficarem fora de jogo os maiores “players” aliam-se a outros complementares. A Ford, por exemplo, reuniu programadores de apps, proprietários de parques de estacionamento, seguradoras, instituições financeiras e autoridades locais num projeto para disponibilizar os seus carros para aluguer em Londres. Mudanças destas têm impactos gigantescos no mercado de trabalho. Acabarão uns, surgirão outros. Algumas das áreas mais disruptoras como a da Inteligência Artificial, além dos empregos tecnológicos, estão inesperadamente a criar emprego menos qualificado. www.transportesemrevista.com

Por exemplo, nos carros autónomos. Para que reconheçam os sinais de trânsito e pedestres, os algoritmos devem ser treinados, alimentando-os com muitos vídeos mostrando ambos. A filmagem precisa de ser “marcada” manualmente, o que significa que os sinais de trânsito e os pedestres devem ser marcados como tal. Esta tarefa já ocupa milhares de pessoas. Posto em prática o algoritmo, os trabalhadores devem verificar se faz um bom trabalho e dar feedback para melhorá-lo. Há um ano atrás, um artigo do Finantial Times equacionava a possibilidade das pessoas que trabalham em Londres, onde os preços da habitação são incomportáveis até para a classe profissional média alta, puderem viver em cidades do sul da europa, com sol, segurança, boas infraestruturas. Chamavam-lhe a “Londonsphere”. Não somos “sphere” de ninguém, mas há um ponto aqui, sobretudo numa realidade em que o trabalho não obriga a uma presença física constante num local fixo, a equacionar. Exigia voos regulares, baratos, serviços à medida, com qualidade. Comecei a falar de aliviar fardos, acabo a dizer que é muito mais do que isso, é facilitar. Ao longo dos próximos artigos falarei sobre tudo isto. TR 174 AGOSTO 2017



ATUALIDADES aéreas

Na Indonésia

Indra lidera modernização da gestão do tráfego aéreo

A INDRA ASSINOU UM CONTRATO para renovar os sistemas de automatização do tráfego aéreo de três centros de controlo do ANSP – Air Navigation Service Provider, da Indonésia AirNav. Os novos sistemas de gestão de tráfego aéreo serão instalados nos centros de controlo de Palembang e Pekanbaru, na ilha de Sumatra, e de Tanjung Pinang, nas ilhas Riau. Com o novo contrato, a empresa consolida a sua posição como o principal fornecedor tecnológico de sistemas de gestão de tráfego aéreo neste país. A nova assinatura de contrato com a Indonésia AirNav vem no seguimento da renovação com outros três centros de controlo e o arranque de uma rede de radares de vigilância que cobre 70% do espaço aéreo indonésio. Esta modernização tecnológica tem como objetivo reforçar a segurança das operações de tráfego aéreo e permitir a gestão de um maior número de voos. Nos últimos anos, a empresa espanhola modernizou o centro de controlo de Jayapura, localizado no Aeroporto Internacional de Sentani, a partir do qual se gerem os voos em toda a Nova Guiné; o centro de Kuala Namu (Medan), que gere o tráfego na ilha de Sumatra; e o centro de Berau, 34

que gere o tráfego em Borneo. Além de sistemas de controlo de tráfego aéreo, a Indra desenvolveu uma rede de radares que cobre, aproximadamente, 70% da vigilância aérea do país. A precisão e a capacidade de identificação de aeronaves é um salto qualitativo na gestão do tráfego num dos países mais povoados do mundo e que depende do transporte aéreo para ligar as mais de 17 mil ilhas que o integram. Entre os últimos radares postos em operação, destaque para o do aeroporto internacional de Soekarno-Hatta de Jacarta, o principal da Indonésia, onde passam 55 milhões de passageiros por ano. Também os aeroportos de internacionais de Yogyakarta, Pekanbaru e Padang tiveram a colocação destes sistemas de vigilância, que fazem parte do plano de modernização lançado pela AirNav Indonésia, e no qual a Indra tem vindo a trabalhar, há mais de uma década. Forte posicionamento na Ásia-Pacifico Na China, a Indra implementou uma rede de 50 radares que gerem 60% do espaço aéreo do país e equipou os centros de controlo de Chengdu e Xiam com sistemas de tráfego www.transportesemrevista.com

aéreo que cobrem uma área de 4,2 milhões de km2. Ainda aqui, instalou mais de 900 sistemas de ajuda via rádio, que apoiam as aterragens nos aeroportos e conduzem as aeronaves em rota. Na Coreia do Sul, a instalação dos seus sistemas de radares permitiu o reforço da segurança e vigilância numa das rotas com mais tráfego de passageiros do mundo – Jeju-Seúl – utilizada por mais de 10 milhões de passageiros por ano. Responsável pela modernização da gestão do tráfego aéreo em países como a Mongólia ou o Vietnam, a empresa desenvolveu ainda projetos nas Filipinas e é um importante fornecedor tecnológico na Austrália. TR 174 AGOSTO 2017



ATUALIDADES aéreas

A 14 de setembro

TAP volta a ser TAP Air Portugal A TAP vai fazer um “rebranding” à sua marca e recuperar a designação Air Portugal, que perdeu quando apresentou a atual imagem, em 2005. A partir do dia 14 de setembro, o regresso do “Air” vai reforçar o posicionamento da companhia aérea na América do Norte, com a designação “TAP Air Portugal”. Com esta mudança, a TAP espera tornar mais fácil a associação da sua imagem a uma companhia aérea no mercado norte-americano, uma vez que “atravessa um momento de forte crescimento” naquele território. “Nesta fase, sentimos a necessidade de, em termos de marca, nos afirmarmos com um posicionamento mais forte de

1,4 milhões de passageiros

TAP confirma julho como melhor mês de sempre A TAP anunciou que bateu o seu recorde mensal de passageiros, no passado mês de julho, como já era previsível pelos dados do Aeroporto de Lisboa, no qual aterraram ou descolaram cerca de 94% dos seus passageiros. Em comunicado, a transportadora aérea divulgou um aumento de 247.525 passageiros no mês transato na ordem dos 21%, atingindo 1,4 milhões de pessoas transportadas, um crescimento médio ‘fixado’ pela operação no Aeroporto de Lisboa. No mesmo documento a companhia aérea avançou que com este crescimento a sua taxa média de ocupação subiu 3,3 pontos percentuais e atingiu também um “novo recorde” de 86,3%. A TAP sublinha que o mercado europeu foi o que “mais cresceu”, com mais 152 mil passageiros. Espanha, Reino Unidos e Alemanha foram os destinos com maior crescimento de tráfego.

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reconhecimento de companhia aérea, mantendo a forte associação a Portugal”, refere a companhia. A marca TAP Portugal passa assim a chamar-se TAP Air Portugal “tendo por base estudos de mercado e o aconselhamento da agência publicitária que contratámos nos EUA, a BBH”, prossegue. A transportadora acredita que “este rebranding vai permitir incrementar o reconhecimento imediato da companhia aérea de Portugal no principal mercado em que concorremos: o internacional”. Esta alteração será faseada, sendo que o primeiro avião a incluir a designação TAP Air Portugal deverá começar a voar já a partir do próximo mês. A 1 de fevereiro

de 2005, quando lançou a atual imagem, a TAP justificou a saída do termo “Air” com a necessidade de “traduzir graficamente modernidade, leveza e portugalidade” e “reforçar o nome TAP que tanto os portugueses como os trabalhadores da empresa sempre preferiram”.

TACV

Icelandair vai gerir companhia aérea cabo-verdiana

O Governo de Cabo Verde assinou um contrato para a gestão da companhia aérea pública cabo-verdiana (TACV), com o grupo Icelandair, com o objetivo de preparar a empresa para a privatização. O contrato de gestão da companhia aérea nacional vai custar ao Estado cabo-verdiano 925 mil euros. O acordo, com a duração de um ano, prevê mudanças substanciais no modelo de gestão da empresa, que terá por base um plano de negocio acordado entre as duas partes, referiu o ministro cabo-verdiano da Economia e Emprego, Olavo Correia. O objetivo serve para concluir o processo de reestruturação da TACV, mas sobretudo para transformar Cabo Verde num “hub” de operação aérea no Atlântico médio, adiantou. O novo plano de gestão já entrou em vigor com a empresa islandesa a avançar de imediato com dois aparelhos Boeing 757. Está ainda previsto que a Icelandair envie para Cabo Verde mais 11 aeronaves. O ministro salvaguardou que Governo cabo-verdiano está confiante que, com a forte parceria do grupo Icelandair, “a TACV tem as condições básicas para dar corpo ao novo modelo de negócio que se pretende bem-sucedido nos moldes que tem sido feito pelo grupo Icelandair”.

Na 1ª metade do ano

Transporte aéreo de passageiros atinge 1.600 milhões de euros

As companhias aéreas portuguesas geraram 1.624,04 milhões de euros em serviços de transporte aéreo de passageiros para o estrangeiro nos primeiros seis meses do ano. O saldo líquido favorável ao país traduziu-se em 1.306,93 milhões de euros. Segundo os dados do Banco de Portugal, as exportações de transporte aéreo de passageiros, onde a TAP lidera, cresceram 26,9%, o equivalente a 343,92 milhões de euros em relação ao período homólogo. Apesar da queda das exportações na primeira metade do ano, este crescimento superou os números do ano passado e de 2015, num aumento de 194,14 milhões de euros (+13,6%), face a este período.

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ATUALIDADES rodoviárias ligeiras

Uma parceria ANTRAL, myPOS e MasterCard

Táxis portugueses têm nova solução de pagamento A ANTRAL – Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros, em parceria com a myPOS, empresa líder em fintech, e a CNTD – Central Nacional de Táxis Digital, anunciaram a realização de uma campanha promocional, patrocinada pela MasterCard, com o objetivo de equipar os taxistas de Lisboa com uma nova solução de pagamento. A PARCERIA REALIZADA entre estas entidades é um resposta às mais modernas exigências e formas de pagamentos nos serviços de táxi, permitindo transações com cartão de crédito/débito e pagamentos sem contacto, através da instalação no táxi de um terminal myPOS, com leitor de NFC. Paulo Raposo, Country Manager da MasterCard em Portugal, destaca o entusiasmo desta parceria “já que representa mais conveniência para os passageiros dos táxis portugueses, especialmente por sabermos que os utilizadores estavam ansiosos pelo aumento do número de táxis com a possibilidade de aceitação de pagamentos eletrónicos. Isto será também extremamente prático para turistas que visitam o nosso país, dado que poderão pagar a partir de agora com qualquer tipo de cartão que tenham. Na MasterCard trabalhamos constantemente para enriquecer as experiências de pagamento dos consumidores e, dessa forma, cumprir com a nossa visão “A World Beyond Cash”. “Desde 2014 que a myPOS disponibiliza as mais avançadas soluções tecnológicas de pagamento que podem ser utilizadas em todo o mundo e, neste momento, mais de 2.000 empresas de táxi na União Europeia e Suíça 38

utilizam o serviço myPOS” refere Pedro Pinto, responsável da myPOS Portugal, sublinhando que “a nossa chegada a Portugal no início deste ano e o feedback que temos vindo a recolher junto dos nossos clientes nacionais faz-nos antever um enorme sucesso para esta parceria com a ANTRAL.” Os pagamentos efetuados em terminais myPOS ficam automaticamente disponíveis para levantamento, a partir da conta online gratuita ou da myPOS Mobile APP. Através do cartão empresarial pré-pago é ainda possível aceder de imediato ao dinheiro, por levantamentos em Caixas Multibanco, compras em POS ou pela Internet. Sem quaisquer taxas de instalação ou mensalidade, os motoristas continuam a poder receber gratificações (através de pagamentos virtuais), garantindo em simultâneo o registo de todas as suas operações financeiras. Florêncio Almeida, Presidente da Direção da Associação de Táxis ANTRAL afirma que “para a ANTRAL esta parceria com a myPOS é mais um passo em frente no trabalho que temos vindo a desenvolver de adaptação dos nossos serviços à revolução digital. A disponibilização de serviços de táxi seguros, cómodos e adequados às necessidades e exigências dos www.transportesemrevista.com

atuais clientes é fundamental para aproximar os taxistas dos utentes e é nesse sentido que temos vindo a trabalhar”. Através da necessidade emergente de modernização do pagamento dos serviços de táxi, o serviço myPOS visa aumentar a comodidade dos clientes, flexibilizar e garantir pagamentos sem contacto ou com cartão em táxis. TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES rodoviárias ligeiras

Partilha de táxi

mytaxi lança novo serviço de mobilidade partilhada A mytaxi lançou a mytaxi match, uma nova funcionalidade que permite aos utilizadores de táxi partilharem a sua viagem de uma forma eficiente e com menores custos. Esta nova modalidade vai estar presente, de início, para os utilizadores da cidade de Varsóvia, na Polónia, permitindo o acesso partilhado a um grupo potencial de 1000 veículos, antes do serviço ser lançado noutras cidades europeias durante os próximos meses. Recentemente, a funcionalidade mytaxi match foi submetida a uma série de testes por toda a Europa, de forma a garantir o sucesso da nova tecnologia de partilha de rotas. A mytaxi match é o primeiro serviço de partilha lançado na Europa que trabalha exclusivamente com motoristas de táxi licenciados, assegurando que os clientes recebem um serviço de elevada qualidade, refere a entidade. Andrew Pinnington, CEO da mytaxi, salienta que “este é um momento entusiasmante para a mytaxi. Sendo a primeira aplicação de táxis do mundo é essencial que continuemos a inovar a nossa tecnologia para conduzir o negócio internacional dos táxis até ao século XXI. Ao introduzir o mytaxi match

na Europa, estamos confiantes dos benefícios quer para os passageiros – que podem usufruir de um serviço premium a um custo reduzido – quer para os condutores, para os quais o serviço potencia novas abordagens de negócio. Este lançamento em Varsóvia é um importante passo inicial em direção à nossa ambição de levar o serviço para outras cidades europeias onde operamos”.

A mytaxi foi concebida para ser mais simples e intuitiva para os utilizadores. Com apenas alguns toques no smartphone, a nova funcionalidade mytaxi match conecta dois passageiros a viajar na mesma direção, podendo partilhar a conveniência da viagem, assim como o custo. A mytaxi conta com 45.000 táxis afiliados e mais de dez milhões de downloads da aplicação em dez países.

Startup portuguesa

Chofer, a nova plataforma de mobilidade A Chofer é uma plataforma que une utilizadores a motoristas, apresentando-se como a primeira startup portuguesa prestadora de serviços eletrónicos na área do transporte privado urbano. Esta plataforma, made in Portugal, já começou a operar e será uma concorrente direta à Uber e à Cabify. Lisboa, Porto e Algarve são as primeiras regiões a receber a Chofer, mas a plataforma tem já planeada a expansão internacional para Espanha, Brasil, Reino Unido e Rússia, revela em comunicado. A Chofer ambiciona ser a “primeira opção na escolha de um motorista particular”, destacando-se pelo “preço mais baixo, isenção de tarifas dinâmicas, possibilidade de agendamento de viagens com até 24 horas de antecedência e marcação de motoristas preferidos”. A Chofer funciona de modo idêntico às concorrentes. Através da aplicação da empresa, basta o utilizador confirmar o local onde quer iniciar e terminar a viagem e fazer a chamada do veículo. “Ao chamar o veículo tem acesso ao nome e fotografia do motorista, bem como à marca, matrícula e cor do automóvel”, garante a Chofer. O pagamento é feito da mesma forma que as restantes plataformas de transAGOSTO 2017 TR 174

porte, de forma automática e eletrónica, através do cartão de pagamento registado na aplicação. A Chofer assume que “apenas trabalha com motoristas licenciados, aplicando rigorosos padrões de qualidade”. www.transportesemrevista.com

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EM FOCO

José Mendes em entrevista à Transportes em Revista

«Acredito que será agendado, debatido e aprovado um regime jurídico para o Transporte em Veículos Descaracterizados» A Transportes em Revista desafiou o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, a falar sobre os sistemas e plataformas de mobilidade sustentável, a nova proposta para o Transporte em Veículos Descaracterizados e as principais atualidades do setor. Pelas ruas da capital lisboeta, ao volante de um veículo do novo serviço carsharing, José Mendes explicou a importância da emergência destes serviços, necessários para reduzir o número de automóveis dos grandes centros urbanos.

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José Monteiro limão Pedro Venâncio

jose.limao@transportesemrevista.com

pedro.venancio@transportesemrevista.com

Fotos: Bernardo Pereira

TRANSPORTES EM REVISTA (TR) – Qual é a sua opinião sobre os novos modelos de economia e de mobilidade partilhada? José Mendes (JM) – Esta é a primeira fase daquilo que eu acho que são as novas tendências da mobilidade. Este é um carro que é descarbonizado, que faz parte de um sistema de mobilidade partilhado e tem duas das três características que vão modelar a mobilidade urbana no futuro. A única que falta é a condução autónoma e a conectividade que hão de aparecer lá mais para a frente. É um sinal para o futuro, e compete-nos a nós, governantes e legisladores, sermos capazes de encontrar enquadramentos regulamentares para que depois todo o setor privado possa de facto embarcar nesta aventura que é termos cidades com mais mobilidade mas com menos carga poluente e menos veículos, porque se eles são partilhados significa que cada veículo é utilizado por mais do que um utilizador, e com mais frequência. TR – Qual é o papel das entidades governamentais para o incentivo e implementação do uso destes sistemas de mobilidade partilhada? www.transportesemrevista.com

JM – Há um compromisso de partida que tem qualquer Governo, que é de melhor servir os seus cidadãos e criar condições para que as pessoas tenham maior qualidade de vida e mais mobilidade. Hoje, a concentração de população que temos nas áreas urbanas permite que além da melhoria dessas condições de vida e de mobilidade, importa também atender a uma outra externalidade dos sistemas de mobilidade, que está relacionado com as emissões e carga poluente. Portugal tem compromissos internacionais para reduzir essas emissões e racionalizar os consumos de energia. A combinação de todos estes requisitos é que faz com que novos modelos de mobilidade estejam a aparecer. Mas estes precisam de ter enquadramento legal e regulamentação, novos sistemas de taxação, incentivos fiscais, apoio à transferência modal de outros modos para estes “novos” modos. Hoje, há demasiados carros para aquilo que as cidades conseguem suportar. Demasiados carros significa custos, carga poluente, pessoas a circular sozinhas dentro dos veículos. Tudo o que pudermos fazer para alterar esse estado das coisas é positivo. No Ministério do Ambiente e no Governo Português procuramos seguir esse caminho e criar as condições para que comecem a acontecer essas modalidades. TR – O número de vendas de veículos elétricos disparou nos últimos seis meses. Isto é um sinal de quê? TR 174 AGOSTO 2017


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JM – É sinal de que, primeiro, há uma oferta. Hoje todas as marcas automóveis têm uma oferta de modelos híbridos ou totalmente elétricos. A segunda questão é que hoje o cidadão sente confiança porque o Estado está a investir através de incentivos fiscais, apoiando a aquisição de veículos e fortemente na rede de carregamento pública. TR – A rede de carregamento é precisamente um ponto crítico no sistema... JM – Absolutamente crítico. Se há poucas estações de carregamento, as pessoas não sentem confiança e não compram automóveis elétricos. Se há poucos automóveis elétricos, parece que não há mercado para instalar pontos de carregamento. Nos primeiros sete meses, já se venderam mais veículos elétricos do que em todo o ano passado. Isto é um crescimento muito grande, acima dos 100%. Mais do que duplicar a venda de veículos elétricos, criámos condições para que o setor privado contribua para a criação de uma rede de carregamento, que seja mais ubíqua e extensiva em todo o território nacional. TR – Que incentivos se podem adotar para que empresas de logística e distribuição adquiram veículos elétricos para as suas frotas? JM – A logística urbana é central. É uma das causas para a intensidade de tráfego nas cidaAGOSTO 2017 TR 174

des, além do transporte de passageiros. [Relativamente a essa questão] estamos a tentar desenhar um programa piloto para a logística urbana e para a logística urbana descarbonizada. TR – Como é que olha para as empresas que, tendo a possibilidade de adquirir veículos elétricos, ainda não tenham tomado essa decisão? JM – O grande responsável pelo incremento de veículos elétricos são as frotas empresariais. Há já alguma tendência para que empresas façam essa transferência nas suas frotas e tenham áreas de carregamento próprias. Falamos de empresas privadas mas também de empresas públicas, por exemplo as Águas de Portugal que apresenwww.transportesemrevista.com

taram recentemente um grande programa de veículos elétricos e de áreas de carregamento. Através do Ministério do Ambiente e do Fundo Ambiental fizemos um programa que apontava 10 milhões de euros para veículos elétricos associados aos serviços ambientais. As coisas começam a acontecer e a entrada em força do setor privado, quer na área do carregamento, quer na aquisição de veículos elétricos, híbridos, de veículos com autonomias mais largas e tempos de carregamento mais curtos, é uma realidade. TR – Entre os três desafios para os veículos elétricos – autonomia, preço e carregamentos – qual deles entende que seja mais complexo de resolver? 41


JM – A única razão pela qual um veículo elétrico hoje é um pouco mais caro que um veículo comparável de combustão interna é porque ainda não atingiram volumes de produção que permitam comercializá-los com preços mais baixos. À medida que vai aumentando a autonomia e diminuindo o tempo de carregamento, há mais adesão ao veículo elétrico e o preço vai descer inevitavelmente. Hoje, e nos próximos meses, já será possível adquirir um veículo elétrico com um custo muito semelhante ao custo de um veículo de combustão interna. Há também muita investigação e desenvolvimento a ser feito nas tecnologias de carregamento, e a ideia é que possamos ter um tempo de carregamento de 80% da carga num tempo comparável àquele que demoramos hoje a abastecer com um combustível fóssil... TR – A instalação de estações de carregamento é um problema urbano... Como serão feitos os carregamentos de veículos elétricos nas cidades? JM – Não sou capaz de o dizer... Sei no entanto que, com a tendência de eletrificação de todo o sistema de mobilidade, é muito provável que tudo o que sejam terminais de estacionamento, parques, condomínios, tenham associados a todos os lugares uma tomada... em alguns eixos mais intensos acredito que sejam estabelecidos corredores de carregamento por indução, ou seja, sem ligação de cabo. TR – A instalação de estações de carregamento será uma obrigatoriedade em novos empreendimentos e infraestruturas públicas? JM – Neste momento isso não é assim. Mas acredito que muito brevemente, tudo o que sejam áreas de estacionamento e áreas de atendimento ao público, venha a ser obrigatório, porque em grandes centros comerciais, o número de lugares reservados para esses veículos está a aumentar... TR – Relativamente ao transporte público e coletivo, o Governo encetou o programa PO SEUR que possibilitava o apoio através de instrumentos financeiros oriundos da União Europeia para a aquisição de nova frota. O programa avançou, mas existe a ideia que, relativamente aos veículos elétricos, apenas as empresas públicas (do Estado) aderiram a este programa. Qual é o seu comentário? JM – Eu não subscrevo de forma nenhuma essa análise... Pelas regras do Portugal 2020, os fi42

nanciamentos através do PO SEUR não podem fazer a distinção entre entidades públicas e entidades privadas. Por outro lado, interessava-nos fazer uma renovação das frotas, não só das empresas do Estado mas também de outras empresas privadas porque a idade média dos veículos de transporte público em Portugal é bastante elevada. Acresce ainda que, há muitos anos que não se via investimento em termos de renovação de frotas de transportes coletivos em Portugal. Foi desenhado um programa [com] algumas regras mas que foram impostas pela Comissão Europeia, justamente por serem utilizados fundos comunitários. A base de financiamento era o diferencial entre o custo de um autocarro a diesel e o custo de um autocarro a gás natural ou elétrico. É certo que a Carris e a STCP vão fazer a maior renovação por uma razão muito simples, são os maiores operadores em Portugal... seria anormal que assim não fosse. Os operadores privados também vieram a concurso, por exemplo, a Auto Viação Feirense é o operador que vai comprar o maior número de autocarros elétricos. E a adjudicação feita já pela STCP – de 179 autocarros – é o maior investimento em veículos de transporte coletivo em Portugal nos últimos 15 anos. TR – Relativamente às plataformas agregadoras de mobilidade, qual é a expectativa do Governo quanto à aprovação da nova lei na Assembleia da República? www.transportesemrevista.com

JM – Nós fizemos uma Proposta-de-Lei que está no Parlamento. Essa proposta tem propostas de alteração por parte do PCP, do Bloco de Esquerda e do PSD. Isto significa que o tema é suficientemente importante para que os diferentes grupos parlamentares tenham apresentado propostas. É evidente que o Parlamento terá de fazer o seu trabalho... nós sentimos que começa a haver algum espaço de convergência nas diferentes propostas... há aqui um elemento que é ainda diferenciador e que não tem o consenso de todas as forças políticas, que é a questão do contingente para aquilo que nós designamos por TVDE – Transporte em Veículos Descaracterizados. TR – O Estado não deveria obter rendimentos por permitir a exploração destes novos sistemas? JM – O Estado tem a legitimidade para gerar receitas através de mecanismos como taxas e alvarás quando presta um serviço em troca disso. Caso contrário, as atividades económicas geram o seu lucro e pagam os seus impostos. No caso do setor do táxi, é preciso perceber que a lógica do contingente e do alvará apareceu porque [estes] utilizam a praça pública e prestam um serviço público que está devidamente regulamentado, nomeadamente as convenções de preço... Nesta perspetiva, faz sentido haver este controlo e até geração de receita por parte do Estado. Já naquilo que estamos a propor parece-nos TR 174 AGOSTO 2017


que, sendo uma atividade económica comum, deva ser taxada da mesmo forma que todas as outras, isto é, pagando os impostos que a lei obriga. TR – O estado tem sido reativo perante estes sistemas. Não será uma oportunidade para ser ainda mais proativo face a outras plataformas, como por exemplo do transporte rodoviário de passageiros? JM – É isso que temos procurado fazer. Em relação ao TVDE, o Estado não foi reativo, o Estado antecipou-se. O fenómeno era relativamente incipiente em Portugal, e em tempo oportuno, foi apresentada uma Proposta-de-Lei por parte do Governo e reativa por parte de outros grupos parlamentares. Também nos antecipamos naquilo que foi a regulamentação do transporte flexível, através de um Decreto-Lei que regulamenta por completo a modalidade de transporte flexível ou a pedido, que está já a ser utilizado em áreas de baixa densidade. Temos em preparação alguma regulamentação referente ao carsharing e ao bikesharing... o carsharing vai acontecendo já na cidade de Lisboa... não há problema nenhum, é uma atividade económica. A razão de encontrar um enquadramento legal para o efeito é porque estas modalidades têm de estar tipificadas no quadro legislativo nacional. Por essa razão, estamos a trabalhar num ajuste de forma a estabelecer formalmen-

te o carsharing e o bikesharing como atividades de mobilidade. Estamos atentos a essas modalidades criando enquadramento para que essas atividades aconteçam de forma fácil e de forma a servirem convenientemente o cidadão. TR – Em que consiste a proposta de Transporte em Veículos Descaracterizados (TVDE)? JM – A nossa proposta de TVDE é uma das mais avançadas do mundo. Entra em aspetos de garantia de condições laborais dos motoristas, dos tempos de condução, qualidade dos veículos, sistemas de seguros... É uma boa proposta, e por essa razão acredito que o Parlamento fará o seu trabalho e encontrará um ponto de equilíbrio para que tenhamos devidamente enquadrada esta atividade que tem grande adesão por parte das pessoas. TR – Tem a expectativa que nesta rentrée política esse assunto fique resolvido no Parlamento? JM – Acredito que haverá espaço para que, ainda antes do fim do ano, termos devidamente agendado, debatido e aprovado, um regime jurídico para o Transporte em Veículos Descaracterizados. TR – As Comunidades Intermunicipais e as autarquias estão hoje encarregues da orga-

nização e gestão dos sistemas de transporte e redes de mobilidade. Foi prometido um grupo de apoio para dar capacitação às novas autoridades, grupo este que apareceu muito tarde... Como reage a esta afirmação? JM – As Autoridades podem ser Municípios, Comunidades Intermunicipais e Áreas Metropolitanas... tudo depende das redes que são postas a concurso. Não há uma data limite de fazer o pré-anúncio do concurso para a contratualização das redes de transportes. Aquilo que está no regulamento europeu, é que até dezembro de 2019, devem estar contratualizadas as redes. Isso significa que temos de ter o tempo próprio para o procedido e um ano de pré-aviso. Se o fizermos até ao final deste ano, quer dizer que podemos começar a abrir concurso no final de 2018, com um ano ainda para decorrer o procedimento. É um calendário interessante... é preciso é não adormecer. Foi criado um grupo de trabalho para o efeito, que já está no terreno. Vai fazer capacitação, ajudar a preparar cadernos de encargos e a capacitar todas as autoridades. É preciso perceber que o desenho das redes não parte do zero e que há transportes em Portugal, redes instaladas, operadores... TR – Cerca de 80% dos PAMUS – Planos (de Ação) Mobilidade Urbana Sustentável têm como pilar base a mobilidade em modo suaves, isto é, a bicicleta, em detrimento de outras valências. O país terá uma grande rede de ciclovias onde não haverá utilizadores... Como é que se pode emendar esta situação? JM – O objetivo para os PAMUS era a descarbonização do sistema de transportes. Com certeza que a mobilidade suave, incluindo a mobilidade ciclável é importante, mas também outras coisas podiam ser feitas. Há muita tónica na intermodalidade, interfaces, etc... Se me pergunta se gostaria de mais projetos na área da bilhética desmaterializada, no transporte flexível, da própria mobilidade elétrica... seguramente que eu gostaria de ver acontecido. Não há dúvida que há uma extensão grande de projetos de rede cicláveis... o que espero é que esses projetos possam ser acompanhados de outras medidas de incentivo à mobilidade ciclável, nomeadamente a formação das pessoas, de forma a que tenhamos ciclovias com ciclistas e não sem eles... TR – Esses incentivos têm de ser garantidos pelas próprias Autoridades e Regiões e não pelo Estado central...

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EM FOCO

JM – Pelas Autoridades, pelas Regiões e podiam ter sido incluídos nos PAMUS... Na primeira fase do mandato colocamos muitos recursos na mobilidade elétrica, na renovação de frotas, com grande pendor de descarbonização, e também no investimento nas empresas de transporte público do Estado – Metro de Lisboa e do Porto, Transtejo, Soflusa, Carris, STCP. Há outra vez crescimento na procura, na ordem dos 7%. É preciso perceber que nos cinco anos anteriores a 2016, perderam-se 100 milhões de passageiros de transporte público em Portugal. Nesta segunda fase, vamos consolidar esses esforço e continuar a trabalhar nos incentivos da transferência modal para o transporte coletivo.

iniciativas importantes, sendo que o Estado está cá para apoiar... TR – Contudo, as duas áreas metropolitanas do país têm obtido desempenhos antagónicos nos resultados obtidos... JM – Eu não quero ser injusto com a AML... aquele que agora é um ‘player’ central, a Câmara Municipal de Lisboa, que passou a ser proprietário da Carris, está muito motivado, não só para o problema da mobilidade na AML, mas de toda a área metropolitana. Acredito que o próximo mandado autárquico vai ser de colaboração nas autarquias na área de Lisboa, e que saltos importantes vão ser dados.

TR – O Estado mantém a prerrogativa de definição de preço para toda a cadeia de transporte, ou não há outra abordagem possível que confira aos agentes económicos e ao mercado, o funcionamento por ele próprio? JM – O Estado entende que a mobilidade é um bem de primeira necessidade e que há um nível de serviço público mínimo que tem de ser garantido. Só nessa perspetiva é que o Estado intervém nos mecanismos de fixação e ajustamento de preço. Os operadores privados ou públicos podem fazer o seu próprio marketing e cativar clientes... não estão inibidos de forma nenhuma. Achamos inclusivamente que sejam geradas dinâmicas entre eles. Estamos a preparar um aviso do PO SEUR para aquilo que nós designamos por SAE – Sistemas de Apoio à Exploração, isto é, a exploração dentro das regras dos operadores que possa ser devidamente apoiada por um conjunto de ferramentas e atributos que podem cativar mais clientes. TR – Como é que olha para os resultados alcançados pela Área Metropolitana do Porto e pela Área Metropolitana de Lisboa? JM – O grau de complexidade do sistema de mobilidade das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto é diferente. Aquilo que é mais diferenciador é o papel do integrador dos diferentes operadores. Em breve, vamos pedir a reconstituição da Área Metropolitana de Lisboa, dos seus órgãos e vamos lançar o desafio aos operados públicos e privados que nos proponham uma reengenharia da OTLIS, para que tenhamos um integrador mais sólido e mais fiável. A quem compete esse trabalho é à autoridade de transportes da Área Metropolitana de Lisboa e é dessa entidade que esperamos que partam 44

que pensar que há um défice de financiamento e que é preciso colmatá-lo de forma a que as receitas de bilheteira, mais o financiamento atribuído pela entidade, tenha obrigação para manter a empresa rentável e a funcionar. TR – As novas competências que os municípios e as comunidades têm hoje a seu cargo – gestão e monitorização das redes e sistemas de mobilidade – alargam-lhes horizontes para adquirir novos financiamentos. O mundo autárquico está preparado para absorver o dividendo que a lei permite sobre esta matéria? JM – Esta é uma realidade nova... o transporte hoje já se faz... e os apoios que havia até hoje por parte do Estado ainda existem. O que é necessário é que haja capacitação técnica para que não haja uma assimetria de informação entre os operadores e as autoridades de transporte. TR – Acredita que, daqui a dez anos, encontraremos situações mais normais do que hoje, relativamente à mobilidade de cidadãos sem acesso à mobilidade? JM – Eu acredito que a situação tende a melhorar... estamos a desenhar políticas nesse sentido. O transporte flexível permite montar um sistema de transporte a pedido em áreas de baixa densidade, e as experiências que existem têm dado muitos bons resultados, a custos que não tinham nada a ver com os custos de rede anteriormente contratualizadas, em que se passeavam autocarros com cadeiras vazias...

TR – Qual a sua posição sobre a Carris? JM – A Carris, tal como os outros operadores públicos, do ponto de vista operacional, era uma empresa equilibrada, com as compensações financeiras necessárias, nomeadamente ao nível tarifário... A dívida histórica que ficou do lado do Estado, afetava negativamente os resultados da empresa. Aquilo que vai acontecer em Lisboa, é que a CML pretende dotar a empresa com os recursos financeiros necessários para prestar um serviço alargado e com mais qualidade. Não temos que ter a receita a pagar integralmente aquilo que são os custos de funcionamento de uma empresa... temos é www.transportesemrevista.com

TR – Para finalizar, como é que vê a alteração das empresas que estão hoje a fazer o reposicionamento das suas atividades primárias para setores da mobilidade sustentável? JM – Eu acho que essas empresas acompanham a alteração de paradigma na mobilidade. Inicialmente, trabalhavam no transporte ou na infraestrutura de forma segmentada mas perceberam agora que o jogo é o da mobilidade... de fazer com que as pessoas se desloquem de forma mais conveniente. Se é através de sistemas de carsharing é uma opção que é feita pelo consumidor, desde que lhe seja apresentada. O que verificamos é que empresas da área das infraestruturas começam agora a oferecer serviços de mobilidade partilhados, descarbonizados e, com certeza, daqui a alguns anos, também autónomos. Temos muitos veículos que são subutilizados e temos de mudar isso... temos de dar maior utilização a um mesmo ativo. TR 174 AGOSTO 2017


corredores OPINIÃO

Luís Cabaço Martins Presidente do Conselho Diretivo da ANTROP

articulistas@transportesemrevista.com

O nosso papel e o dos outros

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a sociedade como na vida, todos temos o nosso papel, a nossa utilidade, a nossa razão de existir. As empresas e as instituições também. Quando falamos nos problemas da Mobilidade e nos desafios que temos pela frente, o primeiro exercício que temos de fazer é separar as águas, é definir de forma clara e inequívoca, a área de atuação de cada instituição, o papel de cada setor de atividade, e o que cada um pode e deve fazer para contribuir para a resolução dos problemas. Comecemos pelo Estado. O Estado, de acordo com recente legislação aprovada, é responsável pela coordenação estratégia da Mobilidade, o mesmo é dizer, cabe-lhe a gestão dos recursos públicos, a articulação de políticas, o planeamento das redes, a definição das obrigações de serviço público. Por outro lado, cabe-lhe um papel fundamental ao nível da regulação do setor, garantindo com isso a eficiência do sistema e uma concorrência saudável. Por fim, tem de criar as condições para o funcionamento do mercado em termos sustentáveis. Aos operadores de transporte cabe-lhes operar da forma mais sustentável possível, com o menor custo para o Estado e com a máxima eficiência. São os operadores de transporte que têm o ‘know how’ necessário para realizar a operação e devem ser os responsáveis pela busca das melhores soluções de mobilidade para prestar um serviço de qualidade às populações. Há assim uma cadeia de responsabilidades que tem de ser assegurada por todos os intervenientes no processo. Se for assim, o sistema funciona. Para mal dos nossos pecados, em Portugal as coisas não funcionam assim tão linearmente. O Estado deixa-se muitas vezes enredar e confundir pelas incidências e deambulações político-partidárias que, principalmente em períodos eleitorais, desfoca os assuntos,

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tratando-os, as mais das vezes, com ligeireza demagógica. São disso exemplo as discussões em torno do desempenho de operadores privados nas áreas metropolitanas, pretendendo-se por em causa a subsistência das relações contratuais existentes e avançando com sugestões de alargamento da rede dos operadores públicos existentes na zona. E em campanha eleitoral, neste caso para as autarquias locais, todas estas temáticas ganham uma amplificação e um mediatismo profundamente contraproducentes para a análise honesta e rigorosa dos assuntos. Os transportes públicos que temos em Portugal são o reflexo do país que temos. Portugal é um país com défice de planeamento e de pensamento estratégico. Os transportes públicos ressentem-se disso. Raramente temos soluções de mobilidade pensadas, planeadas e integradas. Portugal é um país com poucos recursos e não olha para a Mobilidade como um segmento estratégico e importante para a vida das pessoas e para o desenvolvimento das cidades e regiões. Os transportes públicos tendem a ser autossuficientes do ponto de vista financeiro o que determina, invariavelmente, serviço público insuficiente e demasiado oneroso. Portugal é um país em que o tema dos transwww.transportesemrevista.com

portes públicos está excessivamente politizado e partidarizado. Isto leva a que se discutam mais se os operadores de transporte devem ser públicos ou privados, e se se devem abrir concursos para atribuição das concessões a privados ou se devemos constituir operadores internos. Tudo isto, não sendo da responsabilidade dos operadores, afeta a sua prestação e a sua imagem. Isto é, aquilo que cabe ao Estado resolver não é resolvido, e quem acaba por ser apontado como responsável são os operadores de transporte. O chamado ‘elo mais fraco’. Se eu fosse dado a teorias da conspiração diria que se trata de uma estratégia, bem delineada, de estatização dos transportes públicos. Mas como não sou, prefiro pensar que se trata apenas de uma fraqueza cultural lusitana que um dia será debelada. Assumamos, cada um de nós e sem demagogias, as nossas responsabilidades. Os operadores privados há décadas que o fazem. E, não obstante as enormes dificuldades do dia a dia, procuram sempre as melhores soluções para as populações dentro daquilo que são as suas possibilidades no sistema que temos. E o Estado? Quer ser também agente de mudança? 45




ATUALIDADES ferroviárias

No Porto

Metro do Porto inaugura estação VC Fashion Outlet – Modivas O Metro do Porto inaugurou uma nova estação na Linha Vermelha (B). A estação VC Fashion Outlet – Modivas serve o Vila do Conde Porto Fashion Outlet, dispondo de um acesso pedonal direto. A empresa estima que, com a entrada em funcionamento da estação em Modivas Norte, mais de um milhão de pessoas por ano deixe o automóvel em casa e passe a utilizar o metro nas suas deslocações até ao Vila do Conde Porto Fashion Outlet. A VC Fashion Outlet – Modivas é a 82º estação da rede do Metro do Porto e a 36ª da Linha Vermelha (B), fazendo a ligação entre o Estádio do Dragão e a Póvoa de Varzim. A nova estação passa a integrar o serviço normal e o serviço EXPRESSO da Linha Vermelha (B), ficando a pouco mais de 25 mi-

No 1º semestre

Vendas do Metro de Lisboa atingiram 48,6 milhões de euros Foram vendidos mais de 4300 títulos por hora nas máquinas automáticas do Metropolitano de Lisboa, na primeira metade do ano. Os números adiantados pelo Correio da Manhã indicam que as vendas manuais por funcionários foram dez vezes menores. Segundo a operadora, a compra de títulos de transporte ocasional representa mais de 90% das vendas nas máquinas automáticas, traduzindo-se nos primeiros seis meses do ano, em 18,2 milhões de bilhetes e 553 mil passes, num total de 48,6 milhões de euros. Nas bilheteiras foram apenas vendidos 1,9 milhões de títulos ocasionais e 117 mil passes, num valor de 7,9 milhões de euros, adianta a mesma fonte. O Metropolitano de Lisboa tem atualmente 247 máquinas automáticas de venda de bilhética, com ecrã táctil, aceitando pagamentos com moedas, notas e cartões bancários.

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nutos de viagem do Porto e a menos de 15 minutos de Póvoa de Varzim e do centro de Vila do Conde. A estação VC Fashion Outlet – Modivas representa um investimento global de 1,2 milhões de euros, partilhado em partes iguais

entre a Metro do Porto e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet. Segundo estudos de procura realizados, “a proximidade da estação ao centro vai atrair à rede do metro dois mil novos clientes por dia. Prevê-se que a estação origine um aumento superior a um milhão de validações anuais, permitindo que o investimento público realizado pela Metro do Porto na construção desta estação seja recuperado no período de 18 meses”. Recorde-se que a Metro do Porto tem uma nova política de gestão e anunciou recentemente que os nomes das estações e também das linhas estão à venda com o objetivo de aumentar as suas receitas, estando em conversações com diferentes empresas, com o propósito de vender o “naming” das estações.

Na Alemanha

Siemens apresenta protótipo de comboio regional

A Siemens apresentou o primeiro protótipo do comboio regional Express Rhein-Ruhr (RRX). Destinado à circulação na região de Reno-Ruhr, em finais de 2018, o RRX já iniciou os testes no Centro de Ensaios e de Validação (PCW) da Siemens, em Wegberg-Wildenrath, na Alemanha. O investimento, no valor global de 1,7 mil milhões de euros, foi feito por um conjunto de associações de transportes da região alemã e contempla o fornecimento de 82 unidades múltiplas elétricas e a manutenção das mesmas por um período de 32 anos. Cada unidade múltipla é constituída por quatro carruagens, sendo que as duas intermédias têm dois pisos. Com capacidade para 400 lugares sentados, os comboios têm www.transportesemrevista.com

wi-fi, tomadas em todas as carruagens e mesas dobráveis e luzes de leitura na primeira classe. A concepção da unidade múltipla combina funcionalidades especiais com tecnologia de ponta, como um sistema de tração energicamente eficiente, ar condicionado e avançados sistemas de informação aos passageiros, informa a Siemens. Como parte do conceito de manutenção preditiva, a Siemens desenvolveu um sistema de comunicação de dados que garante o diálogo contínuo entre os comboios e os centros de manutenção. Ao assumir a manutenção integral do RRX, a Siemens, com auxílio de tecnologia digital, garante um índice de disponibilidade acima de 99% para a exploração comercial dos comboios. TR 174 AGOSTO 2017


Linhas Rosa e Amarela

Metro do Porto lança concurso internacional A Metro do Porto lançou um concurso internacional para a elaboração dos projetos de duas novas linhas da rede do Metro, com construção prevista entre 2019 e 2022. Os anúncios foram enviados para publicação no Diário da República e no Jornal Oficial da União Europeia e marcam o arranque da Linha Rosa (G), entre S. Bento e a Casa da Música, e da Linha Amarela (D), entre Santo Ovídio e Vila d’Este. O valor global de referência do concurso é de 4,7 milhões de euros. Contudo, existirá uma pré-qualificação dos candidatos, que só após provarem capacidade e competência técnica, poderão apresentar propostas. O concurso divide-se em dois lotes, um para cada projeto, tendo os interessados a possibilidade de concorrer a uma ou às duas empreitadas. O projeto da Linha Rosa (totalmente subterrânea) terá quatro novas estações, que serão projetadas por Eduardo Souto Moura, fazendo a ligação entre S. Bento, Cordoaria/Hospital de S. António, Galiza/Centro Materno-Infantil e Casa da Música/Rotunda, numa extensão de 2,5 quilómetros. O prazo estipulado para a execução destas tarefas é de 330 dias, num valor máximo de 2,6 milhões de euros. Já o prolongamento da Linha Amarela, em 3,2 quilómetros, terá prevista a construção de três novas estações entre Santo Ovídio e Vila d’Este, sendo que o projeto e a declaração de impacto ambiental têm que ser apresentados 270 dias após a adjudicação. O valor máximo deste projeto é de 2,1 milhões de euros. Ultrapassada a fase de pré-qualificação, os concorrentes serão admitidos e as propostas avaliadas de acordo com dois critérios: o preço (que tem um peso de 70%), e a valia técnica da proposta (critério que vale 30%). A Metro do Porto espera concluir este concurso e proceder à adjudicação dos projetos até ao final do mês de dezembro desde ano. Em comunicado, a Metro do Porto informa que ainda que “com o desenvolvimento dos projetos e dos procedimentos de avaliação ambiental a decorrerem ao longo do próximo ano, o lançamento dos concursos para as empreitadas de construção da Linha Rosa e da extensão da Linha Amarela sucederá no final de 2018, de modo a que as obras arranquem, no Porto e em Vila Nova de Gaia, nos primeiros meses de 2019 e venham a ficar concluídas em 2022”. Com a ampliação e construção de novas linhas, a Metro do Porto vai servir, diariamente, mais de 33 mil pessoas na Área Metropolitana do Porto. O investimento global de expansão da rede do Metro, incluindo projetos, ronda os 290 milhões de euros. AGOSTO 2017 TR 174

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ATUALIDADES ferroviárias


ATUALIDADES ferroviárias

Na Dinamarca

Efacec ganha projeto de 47 milhões de euros A Efacec, juntamente com a COMSA e a MUNCK, ganhou o concurso internacional para a construção do metro de Odense, na Dinamarca. Nesta parceria conjunta, a Efacec terá “a responsabilidade de realizar toda a componente eletromecânica do projeto”. O valor do negócio, aproximadamente 47 milhões de euros, reflete a dimensão e a integração de soluções que serão prestadas pela empresa. O metro de Odense terá um total de 14 quilómetros de linha, 26 estações de superfície, um centro de comando, 14 veículos e 51 cruzamentos. A conclusão da obra está prevista para 2020 e conta-se que sejam transportados

diariamente 35 mil passageiros. Da componente eletromecânica, responsabilidade da empresa portuguesa, fazem parte “as

Metropolitano de Lisboa

No 1º semestre de 2017

CP reduz prejuízo para 58 milhões de euros A CP – Comboios de Portugal registou, no primeiro semestre do ano, uma melhoria do resultado líquido na ordem dos 22%, reduzindo o prejuízo de 74 milhões de euros, em junho de 2016, para 58 milhões de euros, no período homólogo de 2017. “Num cenário de ausência de indemnizações compensatórias, contribuiu fundamentalmente o aumento dos rendimentos de tráfego e a melhoria do resultado financeiro decorrente da diminuição do passivo financeiro da empresa”, justifica o grupo no relatório e contas intercalar consolidado.

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subestações de tração, a catenária, a sinalização, as comunicações, a informação ao público, a videovigilância, a telefonia, a localização de veículos e gestão de frota e o centro de controlo”. Em comunicado, a Efacec refere que “este negócio reforça o posicionamento da Efacec na Europa, onde registou um crescimento de 31% nas encomendas nos primeiros sete meses de 2017. Em comparação com igual período do ano passado, o volume de negócios passou dos 122 milhões de euros para os 160 milhões de euros”. Além do metro de Odense, a Efacec esteve envolvida na construção dos metros do Porto, de Dublin, na Irlanda, e de Bergen, na Noruega.

Os rendimentos de tráfego registaram um aumento de 8% no primeiro semestre, num total de 118,6 milhões de euros, mais 8,8 milhões face ao mesmo período do ano transato. Até junho, a CP transportou mais de 60 milhões de passageiros, um crescimento de 6,9% face ao período homólogo (+3,9 milhões de passageiros). A CP destaca que o crescimento de passageiros foi transversal a todos os serviços: nos urbanos de Lisboa aumentaram 8,2%, nos urbanos do Porto 5,3%, os serviços de longo curso cresceram 6,4% e o serviço regional registou um acréscimo de 5,8%. Na primeira metade do ano, o resultado operacional da CP melhorou 31%, para 18,8 milhões de euros negativos. Já o EBITDA cresceu 436% de 1,5 para 8,2 milhões de euros. O resultado financeiro, que em junho de 2016 era negativo em 45 milhões de euros, chegou ao final do primeiro semestre deste ano a 39 milhões também negativos. Contas feitas, a dívida remunerada no final de junho apresentava uma redução de 17,7 milhões de euros face ao final de 2016, em consequência da amortização de empréstimos ao BEI, explica a CP, que no final do semestre tinha uma dívida global de três mil milhões de euros. www.transportesemrevista.com

Reabertura do átrio norte da estação Anjos O Metropolitano de Lisboa abriu recentemente o átrio norte da estação Anjos, na Linha Verde, que passa a estar dotado de melhores condições para os seus clientes, nomeadamente no que respeita ao movimento de entradas e saídas da estação, que serve mensalmente cerca de 430 mil pessoas.

Após o término das obras de requalificação, o átrio norte da estação Anjos mantém-se aberto todos os dias, entre as 06h30 e a 01:00h. Com a reabertura do átrio norte, a estação Anjos passa a ser, tal como a Alameda, uma alternativa de acesso à estação de Arroios, encerrada temporariamente para obras de ampliação e modernização.

TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES ferroviárias

Desde 4 de setembro

Metropolitano de Lisboa reforça postos Lisboa VIVA O Metropolitano de Lisboa reforçou os postos de atendimento exclusivamente dedicados aos cartões Lisboa VIVA urgentes, no sentido de responder ao aumento de procura na reabertura do ano escolar e no regresso de férias. Este reforço vai contribuir para a redução das filas e do tempo de espera, melhorando o serviço prestado a todos os clientes. O Metropolitano de Lisboa pretende ainda abrir três novos postos de atendimento de cartões Lisboa Viva urgentes nas estações Alameda, Entre Campos e Jardim Zoológico, mantendo os dois postos de atendimento nas estações Campo Grande e Marquês de Pombal. Nos dias úteis, o horário de funcionamento será dividido em dois períodos: das 07h45 às 13h30 e das 14h00 às 19h45. Contudo, os clientes apenas vão poder fazer requisições no período da manhã e o levantamento de cartões no período da tarde, com exceção do posto de atendimento de Entre Campos onde as requisições e o levantamento de cartões podem ser efetuados em ambos os períodos.

Novas ligações para Badajoz

CP reabre Linha do Leste na sua totalidade A CP – Comboios de Portugal anunciou que passou a disponibilizar uma nova ligação ferroviária entre as cidades do Entroncamento (na Linha do Norte) e Badajoz, reabrindo assim à circulação a totalidade da Linha do Leste, que tinha sido encerrada no início de 2012. Parte da linha tinha voltado a ser reaberta em 2015, tendo a CP criado duas ligações semanais entre o Entroncamento e Portalegre. Este serviço é agora substituído e prolongado até Badajoz. Segundo a CP, o novo “Comboio Raiano” realiza duas ligações diárias (uma por sentido). “O Raiano parte do Entroncamento às 10h12 e tem chegada a Badajoz às 13h16 (14h16 na hora espanhola). No regresso, sai de Badajoz às 15h24 (16h24 na hora espanhola) e chega ao Entroncamento às 18h25”, refere a operadora ferroviária.

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ATUALIDADES modos suaves

Bikesharing

Gira.Bicicletas de Lisboa entrou em funcionamento Já está disponível o mais recente serviço de bikesharing da cidade de Lisboa. Depois do sucesso da fase piloto, a Gira.Bicicletas vai permitir a todos os cidadãos deslocarem-se de uma forma mais limpa e sustentável, com o objetivo de diminuir a pegada ecológica da capital portuguesa. A FASE PILOTO do sistema de bicicletas públicas partilhadas da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) chegou ao fim e a “Gira.Bicicletas de Lisboa” - marca escolhida pela empresa para batizar o seu sistema de bikesharing – entrou em funcionamento. Durante o período experimental os cerca de 1.600 “beta testers” realizaram mais de 20 mil viagens e percorreram uma distância superior a 40 mil quilómetros, tendo tido a oportunidade de testar o sistema, os equipamentos (bicicletas e estações), o serviço de operação e a App de cliente desenvolvida pela EMEL. “Às 10 estações já instaladas no Parque das Nações, que oferecem 100 bicicletas, irão faseadamente adicionar-se as restantes estações à operação, até perfazer as 140 estações e 1.410 bicicletas que compõem o sistema”, anuncia a EMEL. O serviço Gira tem três modalidades de adesão: o Passe Anual e o Passe Mensal, destinado apenas a residentes em Portugal, com um custo de 25 euros e 15 euros, respetivamente, e o Passe Diário com um custo de 10 euros. A estes valores de subscrição do serviço acrescem as tarifas de utilização que têm como objetivo promover a utilização do sistema para viagens pendulares (casa-trabalho ou casa-escola), tipicamente de curta duração, por oposição às viagens de lazer. Até ao final deste ano, a tarifa do primeiro período de utilização (dez 52

cêntimos, em bicicleta convencional e 20 cêntimos em bicicleta eletricamente assistida por cada 30 minutos) será gratuita. A fase piloto teve início no dia 21 de junho e decorreu no Parque das Nações, tendo sido disponibilizadas 90 bicicletas - 2/3 das quais eletricamente assistidas - em dez estações. “Esta primeira fase foi muito importante para recolher as recomendações dos utilizadores que participaram no projeto piloto, envolvendo a comunidade no desenvolvimento do serviço, e identificar oportunidades de melhoria. Registámos cerca de 270 viagens diárias. Com a GIRA, a EMEL aumenta o leque de serviços de mobilidade que oferece à cidade”, salienta Luís Natal Marques, Presidente do Conselho de Administração da EMEL. A acesso às mais de 1000 bicicletas é feito através de uma aplicação móvel, descarregada via Google Play ou iTunes, sendo o bloqueio e o desbloqueio feito unicamente via app, nas várias estações espalhadas por Lisboa. Todas as estações têm rede wi-fi, permitindo aos utilizadores o acesso rápido e cómodo às bicicletas. O contrato para o fornecimento das bicicletas, assim como a manutenção de toda a rede teve um custo de 23 milhões de euros, com oito anos de duração. www.transportesemrevista.com

As bicicletas serão fornecidas pela Órbita, ao passo que a manutenção estará a cargo da Siemens. Ao todo, estarão disponíveis 1410 bicicletas, 940 das quais elétricas, em 140 estações pelas zonas entre o Planalto Central da cidade, Baixa Chiado e Frente Ribeirinha, Parque das Nações e Eixo Central (avenidas Fontes Pereira de Melo e da Liberdade), indica a mesma fonte. Este novo projeto de mobilidade urbana sustentável vai ainda ao encontro dos 200 km de vias cicláveis que a autarquia de Lisboa espera ter nos próximos anos. As novas obras da cidade já complementam estas faixas especiais, pelo que o Câmara espera que o número de utilizadores destas novas plataformas cresça de forma gradual. TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES modos suaves

Semana Europeia da Mobilidade

Biklio dá benefícios a quem anda de bicicleta O Biklio é a nova aplicação móvel que oferece benefícios aos utilizadores que optem pela bicicleta como modo de transporte sustentável. Desenvolvida no projeto europeu TRACE, pelo instituto de investigação INESC-ID e pela TIS – Transportes, Inovação e Sistemas, a iniciativa Biklio tem como objetivo “melhorar a felicidade e a qualidade de vida nas cidades através do aumento da utilização da bicicleta”. Ligar a comunidade de utilizadores da bicicleta a uma rede de negócios locais que oferecem benefícios a quem chegar através deste meio de locomoção é a aposta do Biklio, que consegue detetar quando é que os utilizadores estão a andar de bicicleta, “tornando-os elegíveis para benefícios na zona de destino da sua viagem”. Para usufruir destas vantagens, o utilizador tem apenas de mostrar o painel da app ao responsável do estabelecimento comercial

aderente, que “oferece o benefício como reconhecimento pela escolha de uma forma de mobilidade que faz bem à cidade e ao comércio local”. Não é necessário o registo de viagens, nem mesmo ligar a aplicação, dado que esta faz a deteção de meio de transporte utilizado em background. A app encontra-se disponível e em Lisboa já há lojas na rede a oferecer benefícios di-

versos como “descontos, limonadas, bolas de gelado, ou uma garrafa de água a quem chegar ao local em bicicleta”. O lançamento oficial do Biklio em Lisboa, em parceria com a Lisboa E-Nova, a MUBi – Associação Pela Mobilidade Urbana em Bicicleta – e a Câmara Municipal de Lisboa, teve lugar durante a Semana Europeia da Mobilidade. pub.


ATUALIDADES fluviais

Princesa de Belém

Carristur inaugura novo navio de Sightseeing

Em 2018

Ilha de Tavira vai ter novo cais A ilha de Tavira poderá vir a ter um novo cais já no próximo ano. Quem o diz é Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, que em declarações à agência Lusa, refere “que as obras do novo cais da ilha de Tavira devem arrancar após o verão e que essa estrutura de apoio à náutica de passageiros e marítimo-turística pode ser uma realidade já em 2018”. A falta de condições do cais da ilha de Tavira é reconhecida pelos operadores de transportes marítimos da cidade algarvia, que querem ver cumprida a promessa camarária de ter um novo cais a funcionar no próximo verão, depois de a Sociedade Pólis Litoral da Ria Formosa ter lançado o concurso para a intervenção, no valor de 2,5 milhões de euros, dos quais 625 mil comparticipados pelo município. “O cais da ilha de Tavira recebe milhares e milhares de pessoas todos os anos. Temos a expectativa de que, mal acabe o verão, mais para o fim do ano, ele possa entrar em obras e, no próximo verão, já tenhamos um cais completamente novo”, reiterou Jorge Botelho. Esta informação do autarca foi, contudo, recebida com ceticismo por alguns proprietários de empresas de transporte e operação de embarcações marítimo-turística que, em declarações à Lusa, “lamentaram a falta de condições com que operam diariamente para fazer o transporte entre o cais da zona ribeirinha de Tavira, as Quatro Águas e a ilha de Tavira, em pleno verão”. “Operar aqui, hoje em dia, tem sido uma grande guerra, é uma luta todos os dias, porque apanhamos qualquer tipo de cliente e não fazemos distinção entre as pessoas, mas há pessoas com uma mobilidade mais reduzida, de cadeira de rodas, muletas ou canadianas, e por vezes não é fácil embarcar e desembarcar essas pessoas”, criticam. 54

A Carristur inaugurou o seu mais recente navio, Princesa de Belém, que se junta ao navio São Paulus, nos circuitos Yellow Boat Hop On Hop Off, do Rio Tejo, em Lisboa. Com saídas regulares do Terreiro do Paço, até Belém, os passeios Yellow Boat Tour permitem aos passageiros desfrutar da passagem do rio, com uma vista privilegiada para a cidade de Lisboa. Ao longo do percurso é possível vislumbrar monumentos como o Castelo de São Jorge, Sé, Cristo Rei, Ponte 25 de Abril, Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos e Torre de Belém. Os passeios

realizam-se todos os dias, com saídas de hora a hora entre as 10h00 e 18h00, com uma duração aproximada de 1h30. Este circuito opera em sistema hop-on/ hop-off, permitindo aos passageiros entrar e sair nas paragens Terreiro do Paço, Trafaria e Belém, durante a validade do bilhete. O navio Princesa de Belém tem capacidade até 150 pessoas e está equipado para receber todo o tipo de eventos, como ações de ‘team building’, festas de aniversário, passeios, reuniões de empresas ou qualquer outro tipo de evento personalizado.

Concurso Público Internacional

Ministra do Mar dá luz verde à ligação Madeira-Continente A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, deu luz verde à ligação marítima entre a ilha da Madeira e o Continente, com a abertura do concurso público internacional. Citada pela Lusa, a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura referiu em comunicado que “depois da pronúncia da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), chegou a vez de o Governo regional receber o parecer favorável da ministra do Mar relativamente às peças do procedimento do concurso público internacional para a concessão de serviço de transporte marítimo regular, por ferry, entre a região e o Continente português”. Recorde-se que o Governo da Madeira tinha anulado o anúncio relativo ao concurso público para a concessão da linha marítima regular, através de ferry, entre a região e o Continente, por conter várias “imprecisões”.

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TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES fluviais

World Explorer

Navio da Mystic Cruises construído em Viana do Castelo O próximo navio da Mystic Cruises, do empresário Mário Ferreira, proprietário da Douro Azul, será construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, estando a inauguração prevista para novembro de 2018, segundo informação da Lusa. O ‘World Explorer’ será o primeiro de três navios que a empresa Mystic Cruises quer construir, num investimento de 70 milhões de euros, e com capacidade para 200 passageiros e 111 tripulantes. “A viagem inaugural começa em Lisboa, passa pelo Funchal, Santa Cruz, em Tenerife, São Vicente, em Cabo Verde, atravessa a linha do Equador e chega à ilha brasileira de Fernando de Noronha, passa por Natal, Recife, Salvador, Baía, Búzios e termina no Rio de Janeiro”, refere Mário Ferreira à agência Lusa. Esta viagem terá a duração de 17 dias. O empresário explica que depois da cruzada até ao Brasil, o ‘World Explorer’ “vai fazer ex-

pedições na Antártida, até 15 de Abril de 2019, ao serviço do operador norte-americano Quark Expeditions”. Seguem-se dois cruzeiros no Mediterrâneo, dois no Báltico e no círculo polar Ártico, além da Islândia e Gronelândia. Mário Ferreira, proprietário da Mystic Cruises, revelou ainda que a empresa “está a negociar com países estrangeiros o financiamento para a construção de mais três navios oceânicos” e

sublinha que o ‘World Explorer’ “não teve qualquer ajuda ao financiamento”. Ainda assim, o empresário garante que “mesmo sem qualquer apoio o navio vai ser registado em Portugal” e que “será um paquete com bandeira portuguesa”. O navio ‘World Explorer’ encontra-se em fase de construção nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e será equipado com “motores e tecnologia Rolls Royce”.

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Foto: Bernardo Pereira

ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Por parte da CM de Lisboa

Marcelo veta diploma que impede a subconcessão ou privatização da Carris O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, devolveu o diploma que garantia a transferência da Carris à autarquia de Lisboa. No texto publicado no site da Presidência, pode ler-se que houve devolução, sem promulgação, do Decreto da Assembleia da República que altera o regime do serviço público de transporte coletivo de superfície de passageiros na cidade de Lisboa. DIRIGINDO-SE AO PRESIDENTE da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, Marcelo Rebelo de Sousa explica em três pontos a razão pela qual não promulgou o Decreto-Lei que transferia a Carris para a autarquia de Lisboa: Em primeiro lugar, Marcelo aponta que o diploma interfere na lógica da separação de poderes: “Por princípio, num Estado de Direito Democrático, o legislador deve conter-se, em homenagem à lógica da separação de poderes, não intervindo, de forma casuística, em decisões concretas da Administração Pública, que têm de atender a razões de natureza económica, financeira e social mutáveis. E em que ela está em melhores condições para ajuizar, até por se encontrar mais próxima dos problemas a resolver. Mesmo que essa indesejável intervenção legislativa possa não ser qualificada de inconstitucional – e, por isso, não suscitar a correspondente fiscalização 56

–, pode ser politicamente contraproducente, e, por isso, excessiva e censurável”, pode ler-se no site da Presidência. Em segundo lugar, o Presidente da República refere que “o presente decreto impõe ao Governo e às autarquias locais um regime que proíbe qualquer concessão da Carris mesmo que tal possa vir a corresponder um dia à vontade da Autarquia Local”. Por último, sublinha que o “regime em apreço, ao vedar, taxativamente, tal concessão representa uma politicamente excessiva intervenção da Assembleia da República num espaço de decisão concreta da Administração Pública – em particular do Poder Local, condicionando, de forma drástica, a futura opção da própria Autarquia Local”. Ao vetar esta proposta, o Presidente da República entende “dever a Assembleia da República ter a oportunidade de ponderar de novo www.transportesemrevista.com

a matéria”. Recorde-se que, no passado dia 30 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa tinha promulgado o diploma que atribuía à Câmara Municipal de Lisboa a gestão rodoviária da Carris. Em nota oficial, lê-se que “o Presidente da República promulgou o diploma que atribui ao município de Lisboa a assunção plena das atribuições e competências legais no que respeita ao serviço público de transporte coletivo de superfície de passageiros na cidade de Lisboa”. O Ministério do Ambiente anunciou, na mesma data, que a gestão da Carris ficaria a cargo da CM Lisboa a partir de dia 1 de fevereiro de 2017. Ainda no mesmo documento, é referido que a “posição contratual detida pelo Estado no Contrato de Concessão de Serviço Público celebrado com a Carris, transmite a totalidade das ações representativas do capital social da Carris do Estado para o município de Lisboa”. TR 174 AGOSTO 2017



ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Em Belmonte, Oliveira de Azeméis e Anadia

Transdev inaugura novos serviços de mobilidade São já 12, os projetos SIM – Sistemas Integrados de Mobilidade, implementados pela Transdev em território nacional. As parcerias realizadas pela operadora com as autarquias têm tido um sucesso assinalável e melhorado significativamente os índices de mobilidade das populações de zonas de baixa densidade demográfica. Pedro Venâncio

pedro.venancio@transportesemrevista.com

SEVER DO VOUGA, Marco de Canaveses, Condeixa-a-Nova, Cantanhede, Lousã, Ílhavo, Pinhel, Trancoso, Góis... e agora Belmonte, Oliveira de Azeméis e Anadia. O projeto SIM – Sistemas Integrados de Mobilidade, que a Transdev começou a implementar há cerca de um ano e meio, em parceria com diversas Câmaras Municipais, pretende “promover uma mobilidade mais sustentável disponibilizando, às populações de regiões sem transporte público, de densidade demográfica dispersa e de baixo rendimento social, soluções adapta58

das à sua realidade”. As “soluções à medida” podem ser enquadradas em quatro vertentes: um serviço de transporte em mini autocarro que liga diversas localidades à sede de concelho (In), um serviço urbano de transportes em cidades de média dimensão adequada à escala de cada cidade (urb), uma solução de transporte a pedido para localidades cuja dimensão não justifica a existência de uma oferta regular (a pedido) e ainda uma solução de mobilidade que pressupõe a reorganização de toda a mobilidade do concelho conjugando a rede interurbana, o transporte escolar, o serviço ocasional e uma ou mais soluções à medida (In, Urb e a Pedido) num www.transportesemrevista.com

projeto intermodal que visa melhorar a mobilidade das populações (Integrada). Para o CEO da Transdev Portugal, Pierre Jaffard, “os projetos SIM são a resposta da Transdev às necessidades das populações com deficit de oferta de transporte público, de densidade demográfica dispersa ou de baixo rendimento social. Desde a análise e estruturação da rede até à imagem e comunicação, fazemos um plano à medida das necessidades de cada autarquia, promovendo assim uma mobilidade mais sustentável”. A 20 de agosto foi inaugurado o BelmonteSIM, composto por quatro linhas, uma por cada dia da semana, destinada a servir as TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES rodoviárias pesadas localidades mais afastadas da cidade. Estas quatro linhas são ainda complementadas pela solução de transporte a pedido e rede urbana que efetua ligações entre os principais pontos da cidade. Esta rede funciona de terça a sexta-feira, assim como nos dias de feira em Belmonte. Cada viagem terá o preço de 50 cêntimos na rede regular e 20 cêntimos na rede urbana, sendo que até ao dia 22 de setembro o serviço foi disponibilizado de forma gratuita. De acordo com João Paulo Araújo, administrador da Transdev, “esta solução constitui uma enorme vantagem para a população de Belmonte, que a partir de agora terá à sua disposição uma rede de transportes adaptada às suas necessidades e que, de forma sustentável, permite uma ligação fácil e económica aos principais polos geradores da cidade de Belmonte”. No dia 1 de setembro foi a vez da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis inaugurar o AzeméisSIM. Este serviço já é composto por cinco linhas. Às terças e sextas-feiras, antes de se iniciar a linha para Oliveira de Azeméis, serão servidos os centros de saúde de Cucujães e de Nogueira do Cravo. A linha de quarta-feira passará no centro de saúde de Pinheiro da Bemposta. Cada viagem terá o custo de um euro para toda a rede, sendo que até ao dia 14 de setembro o serviço também foi gratuito para toda a população. Entretanto, no dia 4 de setembro, foi a vez do concelho de Anadia apresentar publicamente o AnadiaSIM. João Paulo Araújo, administrador da Transdev, refere que “este é um projeto de inclusão social que consiste numa rede de transportes que vem proporcionar à população de Anadia ligações mais fáceis e económicas

AGOSTO 2017 TR 174

aos principais polos da cidade”. Tal como o recentemente inaugurado projeto em Oliveira de Azeméis, também o AnadiaSIM é composto por cinco linhas, destinadas a servir as localidades mais afastadas do centro urbano, funcionando uma linha diferente a cada dia da semana. “O centro de Anadia passa agora a ser servido por uma circulação com cinco horários diários. Nos horários de ponta, o serviço assegura a ligação às estações da CP de Curia e Mogofores, para maior comodidade de quem opta pelo uso do comboio no dia-a-dia. Este serviço oferece horários ajustados à população em geral, não estando condicionado aos horários escolares”, explica o mesmo responsável. Cada viagem terá também o custo de um euro para os circuitos semanais e a pedido. No circuito urbano, o valor será de 50 cêntimos por viagem. Os portadores de Cartão Jovem ou Sénior do concelho de Anadia beneficiarão de um desconto de 50%. Este é já o décimo segundo projeto SIM implementado pela Transdev em Portugal, estando a empresa em fase de negociações

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com vista à contratualização desta solução em mais seis municípios, refere a empresa em comunicado. Desde que foi implementado nas várias cidades, o projeto SIM tem movimentado uma média de 10.700 passageiros por mês.

Transdev testa autocarro elétrico na rede da AveiroBus A Transdev iniciou, na rede AveiroBus, um período de testes ao desempenho de uma viatura 100% elétrica desenvolvida pela CaetanoBus, e que se prolongou ao longo de duas semanas. Pierre Jaffard, CEO da Transdev, referiu que “este novo teste vai permitir avaliar a autonomia e a operacionalização deste autocarro 100% elétrico na rede Aveirobus”. O responsável sublinhou que, “confirmada esta viabilidade teremos todo o interesse em prosseguir com um investimento desta natureza”. Segundo a Transdev, “estes autocarros têm capacidade para transportar mais de 60 passageiros e estão equipados com um motor elétrico de 700V e potência máxima de 160kW”.

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ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Autocarros CNG e elétricos

STCP adjudica autocarros à MAN e CaetanoBus

A MAN e a CaetanoBus são as grandes vencedoras do concurso lançado pela STCP no passado mês de abril para a aquisição de 188 novos autocarros, dos quais 173 são movidos a gás natural e os restantes 15 elétricos. Pedro Costa Pereira

pedro.pereira@transportesemrevista.com

A AQUISIÇÃO DA NOVA “FROTA VERDE” da STCP, assim como a sua manutenção por 16 anos, num investimento global de 92 milhões de euros, surgiu no âmbito do acordo realizado para a transição da gestão da empresa de transportes para oito municípios da Área Metropolitana do Porto. Jorge Delgado, presidente da STCP, referiu que “os novos autocarros vão permitir chegar a 2020, tendo em conta a dimensão atual da sua frota, com 77% dos seus 419 autocarros movidos a gás natural, 4% elétricos e apenas 19% 60

a diesel”. O responsável salientou ainda que “com estes novos autocarros a STCP vai reduzir as suas emissões de CO2 em cerca de 1400 toneladas”. O investimento, que foi realizado no âmbito do PO SEUR – Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, plano que faz parte do Portugal 2020, será também “um contributo essencial” para reforçar a Economia do país, referiu o primeiro-ministro, António Costa, que foi uma das personalidades presentes no evento. O governante adiantou que Portugal tem ótimas condições que tem de saber aproveitar e que esta é uma oportunidade para que o país possa “ser produtor e exportador de energia. Nós que somos cronicamente www.transportesemrevista.com

deficitários na nossa balança de transações em matéria energética, poderemos um dia, fruto da capacidade que temos de produção de energias renováveis, e vencida a barreira da interconexão, seja com África, seja com o resto da Europa, ser exportadores de energia”. Já o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, ressalvou o que tem sido feito pela Área Metropolitana do Porto ao nível da mobilidade e da bilhética integrada. O ministro falou sobre o projeto de desmaterialização do Andante, que está a ser financiado pelo Fundo Ambiental, e que irá permitir utilizar apenas uma app no telemóvel para viajar nos transportes do Porto. “Este é um projeto verdadeiramente inovador, baseado TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES rodoviárias pesadas numa tecnologia nunca utilizada com esta ambição e extensão”, disse Matos Fernandes.

Primeiros autocarros entregues em 2018 A MAN Truck & Bus Portugal ganhou o concurso lançado pela STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto) relativo ao fornecimento de 173 chassis de autocarros a gás natural do modelo A69, que serão carroçados pela CaetanoBus. A entrega das primeiras unidades está prevista para 2018 e as últimas para 2020. Os chassis MAN A69 cumprem a norma de emissões Euro 6c, e possuem motores a gás natural de seis cilindros em linha, com 12.816 cc de cilindrada e 310 CV de potência. Após o carroçamento, os autocarros serão utilizados em carreiras urbanas diárias na cidade do Porto. Cerca de 70 milhões de passageiros por ano utilizam os transportes públicos operados pela STCP, o que corresponde ao transporte de quase 200 mil passageiros por dia. O júri do concurso escolheu a proposta da MAN Truck & Bus Portugal por ter sido a melhor a nível técnico e a mais vantajosa financeiramente para todos os contribuintes portugueses. Além disso, a aposta em veículos a gás natural reforça as preocupações ambientais da STCP e a confiança da empresa na MAN Truck & Bus como marca líder no que diz respeito às inovações em tecnologias amigas do ambiente, mantendo sempre a eficiência e fiabilidade características dos veículos. A assinatura oficial do contrato decorreu no dia 31 de agosto, nas instalações da CaetanoBus, em Vila Nova de Gaia. Estiveram presentes o primeiro-ministro António Costa, o ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes, José Moreno Delgado, Presidente dos STCP, José Ramos, Administrador da CaetanoBus, Heinz-Jurgen Löw, Membro do Conselho Executivo de Vendas, Marketing e Serviço da MAN Truck & Bus AG e a Direção da MAN Truck & Bus Portugal.

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“Estamos obviamente muito satisfeitos com esta aquisição de 173 autocarros pelos STCP. A parceria entre a empresa e a MAN Truck & Bus Portugal teve início no ano 2000, e pretendemos continuar a trabalhar para garantir a confiança e satisfação dos STCP com a qualidade dos veículos e serviços MAN”, afirmou Heinz-Jurgen Löw durante a cerimónia. A CaetanoBus é também responsável pelo fornecimento dos 15 autocarros elétricos que passarão a operar na rede da STCP. Recorde-se que a empresa portuguesa testou, no início do ano, durante algumas semanas, o seu “eBus” em duas linhas da rede da STCP. Este veículo 100% elétrico foi desenvolvido pela CaetanoBus, em parceria com a Siemens e instituições da Universidade do Porto, possui autonomia até 200 quilómetros e capacidade para 88 passageiros (35 lugares sentados), atingindo uma velocidade máxima de 70 km/h. As primeiras 35 unidades a gás natural e as 15 elétricas serão entregues à STCP já no próximo ano.

CaetanoBus cria mais 80 postos de trabalho O aumento da procura por autocarros ‘amigos do ambiente’ levou a CaetanoBus a criar uma nova unidade produtiva na fábrica de Vila Nova de Gaia, que iniciará a sua atividade em 2018. O investimento será de 1,5 milhões de euros e foi avançado pelo presidente da Salvador Caetano Indústria, José Ramos, durante a sessão. No total, a expansão da fábrica de Gaia permitirá empregar 80 novos colaboradores. A CaetanoBus, a maior fabricante de carroçarias e autocarros em Portugal, emprega mais de 550 pessoas nas suas unidades de produção e faturou cerca de 60 milhões de euros no ano transato.

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STCP ganhou 2,2 milhões de clientes A STCP – Sociedade de Transportes Coletivos do Porto encerrou o primeiro semestre de 2017 com 2,2 milhões de novos clientes. Este crescimento de 6,4% na procura, em comparação com período homólogo, está presente no Relatório e Contas Consolidadas do primeiro semestre do ano. Este desempenho resulta essencialmente de alterações estruturais implementadas pela STCP para tornar possível a recuperação da qualidade no serviço prestado à população da Área Metropolitana do Porto. A empresa tem vindo a reestabelecer a totalidade dos serviços programados, o que resultou, nos primeiros seis meses do ano, num aumento de 4,6% de quilómetros percorridos. O aumento da procura, fez crescer a receita do serviço de transporte em 7,3%, em relação ao primeiro semestre do ano passado, fixando-se o valor nos 22,4 milhões de euros. De referir que o aumento dos tarifários, em 1,5%, pesa igualmente nos valores apresentados. O desempenho do carro elétrico, cuja procura melhorou 35%, totalizou mais de 88 mil passageiros no período em análise. A melhoria refletiu-se no crescimento das receitas do modo carro elétrico em 56%. Destaque ainda para a melhoria nos resultados líquidos da empresa, que com o desagravamento de 99% (19,9 milhões de euros), estabilizou o seu valor nos 244 mil euros negativos e para o crescimento dos resultados operacionais em cerca de 5,8 milhões de euros, mais 111% que no período homólogo, situando-se em 586 mil euros. Os rendimentos operacionais também progrediram, para 23,5 milhões de euros, mais 8,6% do que no mesmo período de 2016. Os gastos operacionais diminuíram quatro milhões de euros, relativamente ao valor previamente registado, o equivalente a -14,7%, em consequência da redução de 10% nos gastos com pessoal e de 185,7% nos gastos com depreciações, amortizações, provisões e imparidades, refere a STCP em comunicado.

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TIC’s da mobilidade

OPINIÃO

Manuel Relvas Consultor

articulistas@transportesemrevista.com

Amor e ódio na mobilidade

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economia digital não é um paradigma do futuro, mas sim do presente. Basta constatar quem são as cinco empresas cotadas em Bolsa mais valiosas do mundo: Apple, Google, Microsoft, Facebook e Amazon, todas elas valorizadas acima dos 450 mil milhões de dólares. Como termo de comparação, este valor é aproximadamente o dobro do PIB português. E grandes surpresas vão certamente surgir de startups “unicórnio”, cerca de 200 empresas não cotadas, com valorizações estimadas acima dos 1000 milhões de dólares. São lideradas por uma dúzia de designados “decacórnios”, com valores acima dos dez mil milhões de dólares, repartidos de forma mais ou menos equitativa entre os Estados Unidos e a China (Europa, onde estás tu?...). Esta lista é encabeçada por empresas como a Uber, a Didi Chuxing (a “Uber chinesa”) e a Airbnb (a “Uber dos alojamentos”). Temos, portanto, a mobilidade na linha da frente da revolução digital, tendo as expectativas dos investidores de ser realmente colossais para justificar a parada das suas apostas: por exemplo, para conseguir manter uma aceleração exponencial das vendas, a Uber acumulou prejuízos superiores a cinco mil milhões de dólares nos últimos cinco anos, mais de metade dos quais no ano passado. É possível identificar, nas empresas desta nova economia que já dominam ou ameaçam dominar os mercados, alguns traços preponderantes: têm uma base intensivamente digital, dispõem de recursos gigantescos, lutam desesperadamente por cotas do mercado global e lançam operações disruptivas, criando cadeias de fornecimento informais baseadas na partilha e na autorregulação. Qual poderá ser o papel reservado aos incumbentes, as empresas, por vezes de existência secular, que tradicionalmente respondem às necessidades da sociedade em muitos dos campos visados pelos novos atores? Estarão inevitavelmente condenados, na medida dos seus processos manuais e burocráticos, da sua reduzida capacidade de investimento para a

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modernização, do seu carácter muitas vezes intrinsecamente local e dos seus meios operacionais pesados e rígidos? Não necessariamente, se conseguirem lutar no mesmo campo e com as mesmas armas. Vejamos o exemplo da indústria hoteleira, onde motores online de pesquisa e reserva como o Booking, permitem aos hotéis chegar aos clientes de uma forma tão eficaz e global como o Airbnb. Mas atenção, os hotéis conseguiram isto porque já tinham as operações digitalizadas, pelo menos no que toca à gestão das respetivas ocupações. Como transpor este exemplo para a mobilidade? Em primeiro lugar, vamos considerar que se entende por transformação digital permitir

que um cliente planeie, execute e pague as suas viagens de forma totalmente desmaterializada, nomeadamente através do seu telemóvel. Com isto, os incumbentes poderão alargar as suas redes de promoção e vendas a comercializadores globais, os “Bookings da mobilidade” que começam a emergir. Tratam-se de entidades com carácter de “meta-operador”, totalmente focadas em angariar e reter clientes através da satisfação de A a Z das suas necessidades de mobilidade, o que nenhum operador será, por si só, capaz de oferecer. Os operadores integram-se assim em cadeias de mobilidade globais, tanto na dimensão geográfica como do leque de serviwww.transportesemrevista.com

ços abrangidos. Quererá isto dizer que afinal é fácil dar o salto para a economia digital, bastando aos operadores incumbentes “abrir a porta” do seu negócio aos meta-operadores? Não! Só com uma estratégia digital própria, solidamente ancorada nos respetivos processos produtivos, poderão estes operadores evitar juntar o pior dos dois mundos: a ineficácia do tradicional e a complexidade do digital. A transformação digital, como qualquer transformação, será exigente e gradual. Por exemplo, poderá ser uma boa ideia um operador de mobilidade começar por montar o seu próprio sistema de mobile ticketing, devidamente integrado com os seus restantes sistemas de gestão. Um modelo simples de pré-pagamento será provavelmente a melhor forma de começar. Depois deste sistema estar a funcionar em pleno, então sim, estará o operador em condições de permitir a interligação de meta-operadores, ganhando canais de venda adicionais, sem acréscimo de esforço de gestão nem de entropias na operação. Isto porque os vários meta-operadores se ligam todos ao mesmo sistema, que já faz parte integrante do processo produtivo do operador. Além dos ganhos de eficiência daqui decorrentes, vantajosos para todas as partes, há ainda um “pequeno” detalhe: integrando-se os meta-operadores nas cadeias de valor pré-existentes dos operadores, estes terão de partilhar com aqueles uma parte da margem do negócio. Nasce aqui uma relação de amor-ódio entre operadores e meta-operadores, que aconselha a uma saudável independência entre uns e outros. Por um lado, os operadores apreciam os clientes que os meta-operadores lhes trazem; por outro lado, os meta-operadores apropriam-se de parte da margem libertada pelos operadores. Não é, portanto, de estranhar que, quando reservamos um quarto de hotel através do Booking ou similar, o rececionista que nos atende se apresse a enaltecer as vantagens que o sistema de reservas online do próprio hotel oferece... TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Em Lisboa

ANTROP questiona proibição de autocarros turísticos no centro A ANTROP – Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros questiona a proibição da circulação de autocarros turísticos ocasionais – cuja medida entrou em vigor durante o mês de agosto - nas zonas históricas de Lisboa. Em comunicado, a ANTROP “considera inaceitável que não tenha sido sequer auscultada sobre esta medida que introduz alterações de carácter organizacional, logístico, comercial e económico na prestação de serviços ocasionais prestados pelos nossos Associados”. O pedido de esclarecimento da ANTROP, à Câmara Municipal de Lisboa, vem na sequência das recentes notícias de que os veículos turísticos ocasionais de transporte de passageiros vão deixar de circular nas zonas históricas de Lisboa, nomeadamente junto à Sé e ao Castelo de São Jorge, a partir de agosto, seguindo-

-se o eixo Cais do Sodré/Rato. A associação nota ainda que “por outro lado, é necessário também não desvalorizar todos os transtornos e prejuízos causados com esta medida a todos os turistas e ao setor do turismo da cidade de Lisboa, responsáveis pelo crescimento económico e reputacional da cidade”. A ANTROP deixa o aviso que, se esta medida for implementada, “quer saber quem paga os prejuízos causados”.

Versão i6S

Resende adquire três Irizar i6 A Resende Actividades Turísticas S.A. adqui­riu três novas viaturas Irizar i6, duas integrais na versão i6S e uma construída sobre chassis MAN. Destinadas ao reforço da frota afeta aos serviços de expresso, estas viaturas farão trajetos nas regiões de Braga, Porto, Lisboa e Lagos. “O objetivo da aquisição das viaturas está fixado na renovação da frota e tornar a viagem segura e cómoda para todos os passageiros que usufruírem dos nossos serviços”, adianta em nota a Resende. As três viaturas Irizar i6 têm faróis com iluminação LED, entradas USB em cada banco de passageiro, cintos de segurança de três pontos e vidros extra fumados.

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ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Na 1ª metade do ano

AveiroBus transportou 500 mil passageiros José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, revelou que “entre janeiro e junho de 2017, o nosso concessionário transportou cerca de meio milhão de passageiros nos autocarros e nas embarcações. Portanto, a operação tem cumprido os seus objetivos”, referiu o autarca. O presidente da Câmara de Aveiro adiantou que o arranque de concessão da AveiroBus foi “muito difícil”, com “muitos erros e muitos problemas nos dois primeiros meses” em termos de qualidade do serviço prestado. Todavia, realça, a situação melhorou depois de a autarquia e o

concessionário terem tomado um conjunto de medidas de gestão. “Hoje, estamos no oitavo mês da operação e claramente a prestação da concessão é boa. Estamos num patamar bom”, sublinhou o autarca, adiantando que ainda há “poucos e pequenos” aspetos a melhorar, nomeadamente o ajustamento do horário de várias carreiras. “Aquilo que temos hoje é muito melhor do que tínhamos antes da concessão, nomeadamente, os autocarros”, referiu o autarca, lembrando ainda que “quase todos os autocarros da MoveAveiro foram para a sucata”. Ribau

Esteves disse que a rede AveiroBus tem “autocarros novos com grande qualidade” e que a partir de junho de 2018, vai contar com três viaturas elétricas, num investimento de cerca de 1,4 milhões de euros, comparticipado por fundos comunitários.

Projeto PO SEUR

Entre Lavra e o centro do Porto

Novo autocarro urbano da Resende já entrou em circulação O primeiro dos oito autocarros urbanos que vão renovar a frota da operadora Resende já se encontra em circulação, desde o início de setembro. O novo veículo faz a Linha 104 que liga Lavra, em Matosinhos, ao centro do Porto. Em comunicado, a operadora rodoviária garante que os novos autocarros vão dispor de “melhores condições para servir os utentes”. Os veículos estarão equipados com ar condicionado, pisos rebaixados, e estarão adaptados para pessoas com mobilidade reduzida, informa a Resende. Ao JN, a empresa refere ainda que “entre o final deste mês e o início de outubro, os restantes sete veículos vão começar a circular nas ruas”, por forma a “reforçar e colmatar as falhas existentes nas diversas carreiras”. O investimento em novas viaturas vai ao encontro das críticas e queixas recentes por parte dos passageiros devido a avarias e falhas constantes. Com os novos veículos em circulação, a Resende pretende cumprir “os deveres” para com todos os seus passageiros.

Auto Viação Feirense vai adquirir 60 “autocarros limpos” A Auto-Viação Feirense, empresa associada da ANTROP, já assinou os termos de aceitação do projeto do PO SEUR para a aquisição de 60 “autocarros limpos”. Em comunicado, a ANTROP refere que “o projeto aprovado visa o cofinanciamento da aquisição de 40 autocarros movidos a gás natural e 20 autocarros elétricos”. A cerimónia de assinatura dos Termos de Aceitação das Decisões de Financiamento, relativas às operações aprovadas no âmbito da Eficiência Energética nos Transportes Colectivos de Passageiros do PO SEUR - Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, teve lugar na sede da Auto Viação Feirense e foi presidida pelo ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e pelo secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes.

No Porto

Garagem Atlântico alberga autocarros em serviço ocasional A Garagem Atlântico, na Rua Alexandre Herculano, no Porto, reabriu como parque de estacionamento dedicado a autocarros de serviço ocasional na cidade, incluindo autocarros turísticos. O espaço foi renovado e permite agora o estacionamento diurno e noturno de viaturas em regime de rotatividade e de avença durante todo o ano. Além da Garagem Atlântico foram já definidos outros espaços na cidade Invicta destinados ao estacionamento de autocarros em serviço ocasional para paragens prolongadas: são eles os 64

parques do Bessa, de S. Roque e do Campo Alegre, em funcionamento 24 horas. Além dos parques de estacionamento, há ainda lugares

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destinados para parqueamento na via pública, gratuitamente, na Rua das Estrelas (oito lugares), Bom sucesso (dois lugares) e Rua Manuel Pacheco Miranda, junto ao Polo Universitário da Asprela (15 lugares). Estes complexos de estacionamento de pesados de passageiros vão ao encontro da estratégia da cidade do Porto em regular o transporte turístico. Paragens assinaladas, percursos definidos, regras ambientais e limites ao número e tipo de viaturas são algumas das regras publicadas em abril passado, em Diário da República. TR 174 AGOSTO 2017


ATUALIDADES rodoviárias pesadas

Duração de dois anos

Caldas da Rainha lança concurso para transportes urbanos A Câmara Municipal de Caldas da Rainha acaba de lançar um concurso público internacional para a prestação de serviços dos sistemas de transportes intraurbanos: “TOMA”. O contrato terá a duração de apenas dois anos, uma vez que a partir de 2019 as competências e gestão da mobilidade nos 12 municípios que fazem parte da Comunidade Intermunicipal do Oeste, passarão a ser assumidos por aquela entidade. Aliás, a CIM Oeste deverá anunciar brevemente o lançamento do concurso público para a subconcessão dos serviços de transporte e que integra todos os transportes urbanos e interurbanos que fazem parte daquela Comunidade Intermunicipal (ver rúbrica Destaque). No entanto, o contrato celebrado entre a Câmara de Caldas da Rainha e a Rodoviária do Oeste, para a subconcessão do “TOMA” está a chegar ao fim, motivo que levou a autarquia a lançar um novo processo concursal.

O caderno de encargos agora publicado prevê o fornecimento de viaturas, meios técnicos e humanos e informação digital normalizada em tempo real para o funcionamento das carreiras urbanas na cidade de Caldas da Rainha, em autocarros para transporte de passageiros.

Os concorrentes terão de respeitar várias cláusulas impostas pelo caderno de encargos, como por exemplo, a obrigatoriedade de possuir veículos com idade até três anos e com capaci-

dade mínima de 26 lugares; a obrigatoriedade de afetar quatro veículos em permanência ao serviço, garantir que existem equipamentos e sistemas de bilhética compatíveis com os cartões em uso nas linhas do TOMA, entre outras. O adjudicatário terá também de fornecer dados estatísticos de utilização das linhas e das vendas de bilhética, numa periodicidade mensal à entidade reguladora. O caderno de encargos estabelece ainda vários requisitos tecnológicos aos concorrentes, nomeadamente que disponham de um sistema de informação ao público em tempo real, de um sistema de supervisão automático da execução do contrato – disponibilizando dados operacionais em formato digital e em tempo real – e ainda de um sistema de informação turístico de modo a permitir que a informação proveniente do “Smart.City.HUB Caldas da Rainha”, possa ser transmitido nos autocarros do “TOMA”. pub.


ATUALIDADES rodoviárias pesadas

A partir de 22 de setembro

Almada Bus Saúde é o novo serviço de mobilidade flexível

A Câmara Municipal de Almada, Agência Municipal de Energia de Almada, em parceria com a TST – Transportes Sul do Tejo, disponibilizam a partir do dia 22 de setembro o Almada Bus Saúde. O novo serviço vai permitir a ligação entre o Hospital Garcia de Orta, os Centros de Saúde de Almada, Cova da Piedade e Pragal e os restantes serviços públicos na sua área de influência. O Almada Bus Saúde tem um percurso único, marcado no chão com uma linha vermelha, e não tem paragens fixas, sendo possível a tomada e saída de passageiros a pedido ao lon-

go de todo o percurso. O transporte realiza-se todos os dias da semana, incluindo feriados. O lançamento do Almada Bus Saúde vem no seguimento da Semana Europeia da Mobilidade, dinamizada pela Câmara Municipal de Almada, entre 16 e 22 de setembro. Em 2017, o tema central é “A partilhar chegamos mais longe”, com o objetivo de divulgar formas mais eficientes e saudáveis de viver e usufruir das cidades, promovendo hábitos de mobilidade urbana mais sustentáveis e novas formas de planear a cidade, mais amigas das pessoas e do ambiente.

Mais de 260 milhões de euros

Angola financiada para a compra de autocarros escolares O Governo angolano acordou com a Gotrans GmbH Vienna um financiamento de mais de 260 milhões de euros para garantir a aquisição de 1.500 autocarros de transporte escolar, segundo um despacho presidencial, a que a Lusa teve acesso. Assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, o documento aprova o acordo de financiamento com a empre-

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sa austríaca, justificando “a estratégia do Governo no que concerne à diversificação das fontes de financiamento para cobertura de projetos de investimento públicos”. O financiamento, no valor global de 260,1 milhões de euros, servirá para a aquisição de viaturas para transporte escolar, “no âmbito da implementação do Programa de Transportes Escolares”, lê-se no documento, citado pelo DN. Em setembro de 2016, a Lusa noticiou que o Governo angolano autorizou a compra de quase 4.500 viaturas, inclusive autocarros para transporte escolar para reduzir o absentismo dos alunos. Esta informação consta de três diferentes despachos assinados por José Eduardo dos Santos, autorizando os respetivos contratos para aquisição das viaturas, ligeiras e pesadas, num montante de 663,8 milhões de euros. www.transportesemrevista.com

Pelas autarquias locais

Tribunal de Contas dá luz verde à gestão da STCP O Tribunal de Contas deu ordem à passagem da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) para gestão das autarquias, revelou o coordenador da área dos transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP), Marco Martins. Esta passagem pode ocorrer já em setembro, com as seis câmaras municipais a gerir a empresa pública, num período de sete anos. “Não é possível adiantar datas precisas, mas julgo que durante o mês de setembro será possível concluir o processo, nomeando uma nova administração pelos municípios que passam a gerir a STCP, como é vontade das populações”, referiu Marco Martins, em declarações à agência Lusa. Deste modo, os municípios do Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Maia, Valongo e Gondomar, passam a fazer a gestão operacional da empresa pública de transporte público de passageiros. Marco Martins adiantou ainda que “as autarquias conhecem melhor as necessidades, conhecem as realidades e os problemas, têm proximidade. O processo teve muitas reservas invocadas pelo Tribunal de Contas e, recentemente até regressou às câmaras e às assembleias municipais para mais deliberações”. E vincou, que “os autarcas conhecem melhor a realidade e necessidade de serviço público do seu território e podem executar medidas para agilizar o uso de transporte público”. Recorde-se que em agosto de 2015, o Ministério da Economia confirmou o lançamento do concurso público para a subconcessão da STCP, processo que viria a ser travado. O atual Governo e a Área Metropolitana do Porto entregam, deste modo, a gestão da empresa às autarquias locais já após a promulgação do Presidente da República do diploma que altera o decreto que determinou “a descentralização, parcial e temporária, da gestão operacional”.

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traço contínuo

OPINIÃO

Tiago Sousa D’Alte JPAB-José Pedro Aguiar-Branco Advogados articulistas@transportesemrevista.com

Capacitação e financiamento das autoridades de transportes: onde anda o Estado?

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á todos sabemos que o Estado alijou as suas funções históricas de autoridade de transportes com o regime jurídico do serviço público de transporte de passageiros («RJSPTP»), aproveitando o ensejo dado pelo Regulamento (CE) n.º 1370/2007. Passou-as em grande medida para as autarquias locais, através dos municípios e comunidades intermunicipais. Pena foi que essa transferência tenha sido concretizada com o mero recurso à lei, sem depois descer à realidade. Parece que, nas relações com as autarquias, o Estado não gosta de se aventurar fora do ambiente controlado do Diário da República. À cabeça e em jeito de fecho de ciclo, o Estado deveria ter entretanto aproveitado essa oportunidade para fazer uma avaliação do estado da arte e do trabalho das suas entidades até à data. Ter-lhe-ia ficado bem fazer uma espécie de vistoria ‘ad perpetuam rei memoriam’ ao setor: um registo para memória futura das condições em que deixou a regulação e a fiscalização do setor no momento em que as entregou aos poderes autárquicos. Isso até teria permitido ao Estado passar um testemunho: poderia (deveria) ter transmitido a informação acumulada ao longo de décadas devidamente tratada, o seu conhecimento técnico adquirido, o track record regulatório, as experiências de relacionamento com os operadores. Enfim, a cadeia de conhecimento acumulado. Mas percebe-se que do lado do Estado ninguém se tenha dado a semelhante trabalho. Porque se sabia de antemão que não havia grande testemunho para passar. Como se sabe, a regulação e fiscalização ao abrigo do anterior regime (RTA) não era uma prioridade entre as várias preocupações públicas. Fica a ideia que a transferência para as autarquias foi uma oportunidade para as entidades do Estado se desembaraçarem de competências que sempre lhes pesou exercer. Todavia, antes de consumar essa entrega teria sido sensato fazer também uma análise

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do estado de preparação e prontidão dos poderes autárquicos para assumir essas funções. Como se sabe agora, ela teria revelado que, não obstante a boa vontade e o desejo de assumir responsabilidades perante os cidadãos, salvo raras exceções as autarquias não estavam de todo preparadas para o encargo. Ordinariamente não existia capacitação, nem recursos físicos ou financeiros. Por tudo isto, as autarquias estão agora entregues a si mesmas. Elas têm de construir sozinhas a sua capacitação técnica os seus recursos humanos e financeiros, e terão de fazer, desde o início, a penosa curva de aprendizagem na relação com os operadores. Como se isso não bastasse, o RJSPTP veio fazer crescer o volume e o grau de exigências de regulação e fiscalização da atividade dos operadores, por comparação com regime precedente. A isto, duas respostas: primeiro, os municípios e as comunidades intermunicipais têm de adquirir o conhecimento e a experiência no curto prazo que lhes permita cumprir as obrigações legais, mas de modo a que a dita curva de aprendizagem seja o mais suave possível. Será prudente evitar excessos de ambição na entrada em funções e ter sempre presente que são reguladores ainda inexperientes a lidar com operadores regulados com grande tarimba e conhecimento acumulado. Segundo, não deixar o Estado fazer de conta que nunca teve nada a ver com esta história e com este estado de coisas, remetendo-se agora à confortável e distanciada posição de polícia das autoridades de transporte. O Estado tem de alinhar os seus interesses com os das autarquias, auxiliando mais ativamente a sua tarefa de aquisição de informação e de conhecimento. E como grande responsável pela ausência de passado regulatório efetivo, ser (no mínimo) compreensivo e colaborante quanto a eventuais limitações que as autarquias possam ter neste momento de arranque. www.transportesemrevista.com

53 unidades adjudicadas à Scania

Nottingham investe em autocarros a biogás A cidade britânica de Nottingham vai adquirir 120 autocarros urbanos de dois pisos a gás natural até 2020, tendo adjudicado 53 unidades à Scania que serão entregues entre 2017 e 2018. Esta é a maior encomenda de sempre deste tipo de veículos para a marca sueca e aquela cidade passará a ter a maior frota do mundo de autocarros urbanos de dois pisos movidos a gás natural. A decisão da Autoridade Metropolitana de Transportes de Nottingham, que lançou o concurso para aquisição destes veículos, também assegura a operação, tendo como objetivo ajudar a aliviar os problemas de poluição e congestionamento. A rede de transportes públicos de Nottingham assegura a cobertura total da cidade e dos arredores, sendo transportados cerca de 50 milhões de passageiros por ano. “Ao investir nesta frota de autocarros de dois pisos a gás, estamos a procurar obter benefícios ambientais significativos nos próximos anos”, afirma Mark Fowles, diretor executivo da Nottingham City Transport. “Esperamos obter poupanças anuais relevantes em três áreas: emissões de dióxido de carbono, emissões de NOx e de partículas. Testes independentes confirmaram uma poupança de 84% do ‘poço à roda’ numa operação de biogás em comparação com diesel Euro 5. Por isso, temos esperança que as nossas expetativas se tornem realidade”. Até 2020, a frota de 300 autocarros da Nottingham City Transport terá mais 120 unidades movidas a biogás. “Isto é um avanço importante em termos de performance ambiental”, adianta o responsável. “Como o nosso grande objetivo é assegurar a mesma qualidade de serviço em toda a área de operação, iremos continuar a apostar na transição para um sistema mais sustentável de transportes em Nottingham”.

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INDÚSTRIA rodoviária pesada

Para 140 autocarros

Mercedes-Benz ganha dois contratos na Polónia

A Mercedes-Benz ganhou dois concursos públicos para o fornecimento de 140 autocarros urbanos na Polónia. O operador de transportes públicos de Varsóvia adjudicou 80 veículos Mercedes-Benz Conecto e o seu congénere de Wroclaw encomendou 60 unidades Mercedes-Benz Citaro. Os novos 80 Mercedes-Benz Conecto vão juntar-se aos 60 veículos do mesmo modelo que foram adquiridos pelo empresa de transportes públicos de Varsóvia, MZA - Miejskie Zaklady

Autobusowe, em 2012, e deverão ser entregues até ao final do ano. Mais de metade da encomenda - 45 unidades - é relativa à versão articulada daquele autocarro que oferece até 145 lugares sentados. Por sua vez, os 60 Mercedes-Benz Citaro adjudicados pelo empresa de transportes de Wroclaw irão ser produzidos na fábrica da EvoBus de Mannheim, estando prevista a sua entrega até fevereiro de 2018. Os autocarros urbanos da Mercedes-Benz estão em operação nas

ruas de Wroclaw desde 2008. A frota daquele operador municipal inclui agora mais de 100 autocarros do modelo Citaro. Dos novos 60 autocarros que deverão chegar nos primeiros meses do próximo ano, 20 serão standard e os restantes 40 articulados com lotação superior a 145 passageiros. Todos os veículos cumprem a mais recente norma de emissões Euro 6, oferecendo uma excelente combinação de eficiência energética e baixas emissões. Além destes contratos na Polónia, a Daimler Buses obteve outras encomendas significativas nos últimos meses. No início de junho, a Mercedes-Benz do Brasil vendeu 200 autocarros para a cidade portuária brasileira do Recife. Em meados de maio, a SAPTCO (Saudi Public Transport Company) adjudicou 600 autocarros urbanos, a maior de sempre, até hoje, de veículos Mercedes-Benz Citaro na história da Daimler Buses. pub.


INDÚSTRIA rodoviária pesada

Com oito metros

VDL alarga gama com MidCity Electric…

No total de 19 unidades

Irizar vai fornecer e-buses a Madrid e Barcelona A Irizar celebrou o contrato para a entrega dos primeiros 15 autocarros elétricos para Madrid e dos primeiros quatro autocarros articulados elétricos para Barcelona. As novas unidades para o mercado peninsular permitem à Irizar e-mobility ser uma referência no mercado de autocarros elétricos, em diversas cidades como Madrid, Barcelona, Valência, Bilbau e San Sebastián. Estes autocarros elétricos vão complementar a frota já existente nas cidades espanholas. O contrato assinado com a TMB, Transportes Metropolitanos de Barcelona, que inclui os quatro autocarros articulados elétricos de 18,73 metros, modelo i2e, permite ao operador catalão abordar a primeira fase de transformação da linha H16 da cidade, numa linha 100% elétrica, zero emissões. A circulação destes autocarros articulados está prevista para junho de 2018, juntando-se aos veículos de 12 metros que circulam atualmente pela cidade, parte do projeto da Comissão Europeia ZeEus. Por sua vez, os 15 veículos adjudicados pela EMT, Empresa Municipal de Transportes de Madrid e a Câmara Municipal de Madrid serão os primeiros autocarros elétricos da sua frota. Além da circulação destas unidades Irizar i2e serão instaladas 15 estações de carregamento noturno. A entrega destes veículos para as cidades de Madrid, Valência e Bilbau está prevista para dezembro deste ano. Estes autocarros elétricos vão ser produzidos nas novas instalações da Irizar e-mobility, do Grupo Irizar, em Aduna. Com o início da produção em série prevê-se o aumento de 100 postos de trabalhos na empresa espanhola. 70

A VDL Bus & Coach está a desenvolver um autocarro elétrico midi, com oito metros de comprimento. O novo MidCity Electric está vocacionado não só para transporte urbano, mas também para zonas de baixa procura. O autocarro terá piso rebaixado para facilitar a acessibilidade de passagei-

… e entrega dois Citea LLE-99 Electric à Arriva Holanda A subsidiária holandesa da Arriva recebeu dois autocarros urbanos elétricos fornecidos pela VDL Bus & Coach. Aquelas unidades destinam-se a ser operadas na cidade histórica holandesa de Gorinchem. Os VDL LLE de 9,9 metros de comprimento serão utilizados nas linhas 1, 2, 3, e 4 e deverão atravessar o centro histórico daquela localidade. A dimensão compacta e a reduzida tara destes autocarros possibilitam um baixo consumo de energia, cumprindo o requisito de um transporte com emissões zero.

Oferecendo uma autonomia entre 120 e 150 quilómetros, a bateria com uma capacidade de 180 kWh assegura a flexibilidade suficiente no âmbito da operação selecionada. Como os autocarros são utilizados nas horas de ponta da manhã e do final de tarde, podem receber uma

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ros regulares e utilizadores de mobilidade reduzida. Além disso, o prolongamento da distância entre-eixos oferece uma maior flexibilidade em termos de número de lugares e tipo de bancos. O MidCity Electric virá equipado com uma bateria com uma capacidade de 87 kWh, que permitirá uma autonomia até 200 quilómetros. A VDL Bus & Coach pretende lançar este novo autocarro elétrico em 2018. O construtor holandês já vendeu 92 autocarros elétricos do modelo Citea, que já percorreram mais de três milhões de quilómetros. A VDL Bus & Coach reivindica a liderança no mercado europeu de autocarros elétricos.

carga lenta nos períodos de menor procura e durante a noite na estação de recolha. A aquisição destes dois VDL Citea LLE-99 Electric segue-se a uma encomenda anterior de 12 unidades para Venlo. Segundo a VDL Bus & Coach, isto “demonstra a confiança da Arriva no conceito de um autocarro elétrico compacto que pode proporcionar um transporte público com emissões zero e de uma forma flexível”. O VDL Citea LLE-99 Electric foi desenvolvido especialmente para zonas com menor procura urbana e carreiras regionais, permitindo àquelas regiões beneficiar do transporte público com emissões zero. Com um comprimento de nove metros e um aspeto agradável, este autocarro complementa perfeitamente a imagem das ruas que muitas vilas e cidades pequenas pretendem transmitir. Geralmente, os autocarros elétricos têm um peso superior ao dos autocarros diesel convencionais. Todavia, o VDL Citea LLE é conhecido pelo seu baixo peso e o construtor holandês conseguiu manter uma baixa tara para a variante elétrica, alcançado uma redução superior a uma tonelada em comparação com um autocarro convencional diesel de 12 metros.

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Para a equipa de futebol profissional

F. C. Porto apresenta novo autocarro Neoplan As deslocações da equipa profissional do Futebol Clube do Porto passaram a ser asseguradas por um autocarro topo de gama Neoplan Skyliner, modificado e adaptado pelo MAN Bus Modification Center. O NOVO AUTOCARRO DE DOIS PISOS Neoplan Skyliner do Futebol Clube do Porto foi preparado e alterado em função das necessidades de uma equipa de futebol de alta competição, e claro, às cores do clube da Invicta. Com exceção da iluminação LED em redor, o aspeto exterior deste autocarro é idêntico ao de um Neoplan Skyliner. Mas é no interior que o veículo apresenta diferenças assinaláveis: o piso inferior possui uma cozinha topo de gama, oferecendo o conforto necessário para longas viagens, com galé, placa vitrocerâmica e frigorífico. A mesa de reuniões providencia um espaço agradável para reuniões de equipa técnica e jogadores. Já o piso superior apresenta assentos individuais, colocados em ambos os lados para que os jogadores, até 20 elementos, possam recuperar do desgaste das 72

viagens com o máximo de conforto. Destaque ainda para uma série de outras utilidades exclusivas como equipamento hi-fi integrado; sistema multimédia, com diversos monitores; assentos com tomadas individuais; frigoríficos em ambos os pisos; sistema de ar condicionado de duas zonas, que pode ser regulado para os dois pisos individualmente; aquecedor convecto; e unidades de aquecimento de duas zonas que mantêm o clima perfeito durante as viagens. Ao nível da segurança ativa e passiva, o autocarro está equipado com sistemas de assistência, incluindo sistema de assistência à travagem de emergência (EBA), controlo dinâmico de condição (ESP), sistema de manutenção na faixa de rodagem (LGS), e ainda absorventes de impacto controlados eletronicamente MAN www.transportesemrevista.com

ComfortDriveSuspension (CDS). Todos estes sistemas ajudam a garantir que o veículo esteja perfeitamente equipado e preparado para viagens de longo curso pela Europa. O Neoplan Skyliner do F.C. Porto vem equipado um motor common-rail a diesel de seis cilindros em linha MAN, com 12,5 litros e 500 CV de potência e uma caixa de velocidades automática com controlo de velocidade cruzeiro topográfico. De referir que a decoração do autocarro esteve a cargo da empresa portuguesa Foco Criativo que adaptou a imagem criada pelos profissionais de comunicação do clube, tendo executado a decoração em vinil Cast e vinil Microperfurado. Os cerca de 140 metros quadrados de vinil foram aplicados por uma equipa de quatro elementos da empresa, em 16 horas. TR 174 AGOSTO 2017



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Mercedes-Benz Sprinter Travel 65

10 anos de estrada O MERCEDES-BENZ SPRINTER TRAVEL 65 assinala o décimo aniversário desde o seu lançamento em 2007 e tem um sido um dos protagonistas da marca alemã no segmento dos minibuses. Este modelo foi concebido para transportar até 18 passageiros, oferecendo o mesmo nível de qualidade, conforto, funcionalidade e design que os autocarros de turismo da marca da estrela. A sua pronunciada forma em seta, a superfície envidraçada generosa, incluindo um pára-brisas panorâmico e um estilo traseiro harmonioso idêntico ao de um autocarro de maiores dimensões são algumas das caraterísticas distintivas deste modelo. O acesso é efetuado por uma porta vidrada, de comando elétrico, que abre para o exterior, e dois degraus, facilitando a entrada e saída dos passageiros. Este miniautocarro tem vidros duplos, ar condicionado independente para motorista e passageiros, aquecimento por convecção e bancos TSX oriundos da gama de autocarros de turismo. Os apoios para os pés, as bagageiras superiores com saídas laterais da ventilação, os botões de serviço com luzes de leitura e saídas de ventilação independentes são de série, assim como as cortinas, a bagageira com um volume útil de 74

2m3 e o eixo traseiro com suspensão pneumática. O motorista tem ao seu dispor um local de trabalho ergonómico, caso do banco que oferece um correto apoio lombar, um volante ajustável em altura, um sistema auxiliar de aquecimento / arrefecimento, entre outros equipamentos que aliviam a pressão e promovem uma maior segurança na condução. O Mercedes-Benz Sprinter Travel 65 é produzido integralmente pela marca alemã, ao contrário de outros fornecedores de miniautocarros, sendo responsável não só pelo chassis, mas também pela carroçaria. O Sprinter Travel 65 está disponível em configurações para 15, 16, 17 ou 18 lugares sentados. Existem várias opções em termos de revestimentos dos assentos, das paredes laterais ou do teto, assim como das cortinas ou do piso. Em termos de segurança, estão presentes os mais avançados equipamentos disponíveis na gama Sprinter, incluindo o programa eletrónico de estabilidade, o assistente de travagem de emergência ou o assistente de ventos laterais. Para assinalar o décimo aniversário deste modelo, a marca alemã lançou uma edição especial, que é proposta em duas cores de carroçaria, cinzento metalizado e branco diamante metalizado. Além do generoso equipamento de www.transportesemrevista.com

Para assinalar o décimo aniversário do lançamento do Mercedes-Benz Sprinter Travel 65, a marca alemã lançou uma edição especial e limitada, denominada “10 Year Edition”.

série, todas as versões do Mercedes-Benz Sprinter Travel 65 possuem um peso bruto de 5,5 toneladas e contam com volante multifunções em pele, autoradio Becker com sistema de navegação, câmara traseira, auxiliar de arranque em subida, assistente de luzes de estrada (máximos) e assistente de prevenção de colisão, bancos dos passageiros mais largos – Travel Star Extra, com revestimento suave e mesa rebatível – frigorífico, banco de guia, intercomunicador de autocarro com microfone. A garantia é de dois anos, com extensão de mais um ano contra defeitos de material. TR 174 AGOSTO 2017



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Para Ásia Central

MAN desenvolve autocarro CNG de piso baixo A MAN Bus & Truck desenvolveu um novo autocarro de piso baixo a gás natural para os mercados da Ásia Central. O novo modelo foi produzido em parceria com a MAN Auto Ubzekistan, ao abrigo de um concurso público lançado por operadores de transportes públicos do Cazaquistão. O novo autocarro standard de 12 metros com propulsão a gás natural comprimido foi construído com base em chassis MAN e carroçaria de alumínio. O veículo oferece uma lotação até 90 passageiros, a partir de várias configurações possíveis de interior. O motor E2876 cumpre a norma de emissões EEV - que se situa entre o Euro 5 e o Euro 6 - e desenvolve uma potência de 310 cv. Os depósitos de gás natural asseguram uma autonomia até 380 quilómetros. A carroçaria em alumínio oferece vantagens de pub.

peso consideráveis em comparação com as estruturas em aço utilizadas anteriormente, possibilitando um melhor eficiência energética do autocarro. Com o início da produção do novo autocarro urbano, a fábrica da MAN Auto Ubzekistan de Samarkand vai tornar-se num centro de com-

petência para veículos CNG. A MAN Truck & Bus tem vindo a disponibilizar um portfólio completo de autocarros urbanos nos últimos anos, que incluem quase todas as variantes de combustíveis. Isto significa que quase todos os autocarros podem utilizar biodiesel ou diesel sintético (HVO - óleo vegetal hidrotratado). Os motores a gás integram o portfólio da MAN há mais de 70 anos e desde o ano 2000 já foram vendidos mais de 8000 autocarros urbanos CNG. O mais recente membro da família de veículos de baixas emissões, o MAN Lion’s City Hybrid, chegou em 2010. O próximo passo em direção a um transporte isento de emissões consiste no início de testes com veículos pré-produção de um autocarro totalmente elétrico, o que deverá suceder no final de 2019.

140 autocarros

Scania ganha encomenda recorde na Noruega A Scania vai fornecer 140 autocarros para o sistema de transportes públicos de Kristiansand, uma cidade localizada a sudoeste da capital norueguesa, Oslo. O contrato inclui o serviço Scania Fleet Care, assumindo a marca toda a responsabilidade de manutenção e reparação da frota. Todos os autocarros estão preparados para utilizarem biodiesel e 70 vêm equipados com tecnologia híbrida. Para a marca sueca, esta é a maior encomenda de autocarros híbridos de sempre. “Este é um exemplo da ampla gama de soluções sustentáveis de transporte da Scania”, salienta Karin Rådström, Senior Vice President e responsável pela unidade de Autocarros da Scania. O contrato prevê a entrega de autocarros Scania Citywide LE Suburban Hybrid, Scania Citywide LE Suburban e Scania Higer A30. Os veículos vão entrar ao serviço em julho de 2018 e serão operados pela empresa de transportes Boreal Buss, em nome do operador de transportes públicos Agder Kollektivtrafikk. A Boreal Buss já opera 170 autocarros Scania na Noruega. O acordo prevê ainda um contrato de manutenção e reparação com uma duração de sete anos. O Fleet Care melhora a utilização da frota, oferece um melhor controlo de custos e tem um impacto positivo na faturação. Os engenheiros e técnicos da Scania efetuam um diagnóstico contínuo e elaboram planos preventivos, minimizando interrupções no fluxo de transporte.

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Busworld 2017

Novidades para todas as aplicações Os principais fabricantes de autocarros vão apresentar as suas mais recentes novidades no Busworld 2017, que se realiza pela última vez em Kortrijk, antes da mudança para Bruxelas. Vejamos o que reservaram para o certame marcas como a Mercedes-Benz, a Setra, a MAN, a Irizar, a VDL Bus & Coach, a ADL ou a Volvo Buses.

OS PAVILHÕES DO KORTRIJK XPO CENTRE vão receber, pela última vez, o mais importante certame europeu dedicado à indústria dos autocarros e das carroçarias, Busworld Europe, que decorrerá entre os dias 20 e 25 de outubro. A edição de 2019 terá lugar em Bruxelas. O mercado europeu de autocarros novos tem vindo a crescer gradualmente em quase todos os países, o que constitui uma oportunidade para as marcas lançarem novos modelos. A organização do Busworld 2017 tem elevadas expetativas em termos de público, com as estimativas a apontarem para 35 mil visitantes de todo o mundo. Como já é habitual, o Busworld vai ser palco para a estreia 78

mundial e europeia de novos autocarros. A Daimler Buses, a MAN Truck & Bus, a Irizar, a Volvo Buses, a VDL Bus & Coach e a ADL (Alexander Dennis Limited) já anteciparam alguns dos lançamentos. A Mercedes-Benz programou o lançamento da nova geração do Tourismo para esta edição do Busworld. Construído numa moderna fábrica perto de Istambul, o novo autocarro de turismo e longo curso da marca alemã caracteriza-se por um design totalmente novo e aerodinâmico, que permitirá reduzir ainda mais o consumo de combustível. O novo Tourismo estará disponível em quatro modelos, com três comprimentos, dos 12 aos 14 metros. www.transportesemrevista.com

A gama foi concebida para cobrir um leque amplo de aplicações, incluindo transfers, excursões, carreiras expresso e turismo de alta qualidade. A mais recente versão da gama TopClass 500 da Setra também será apresentada ao público no Busworld 2017. Trata-se do S531 DT, com dois pisos, 14 metros de comprimento, três eixos e peso bruto de 26 toneladas. O novo double decker da Setra permite transportar até 83 passageiros, estando vocacionado para aplicações com turismo de alta qualidade, serviços regulares de longo curso, carreiras interurbanas e excursões. As primeiras unidades deverão entrar ao serviço no segundo trimestre de 2018. TR 174 AGOSTO 2017


INDÚSTRIA rodoviária pesada A MAN Bus & Coach reservou para o certame belga o lançamento das mais recentes gerações dos modelos Lion’s Coach e Lion’s City. A gama de turismo da marca alemã do leão recebeu uma estrutura totalmente redesenhada para cumprir a norma europeia de anti-capotamento de autocarros ECE R66.02. O novo modelo apresenta um novo desenho na carroçaria, integrando luzes LED, quer à frente quer atrás. Uma caraterística distintiva consiste nas luzes diurnas em LED. O novo MAN Lion´s Coach vai estar disponível, numa primeira fase, em três comprimentos de carroçaria: 12,10 metros, 13,36 metros e 13,90 metros, com dois ou três eixos. No

Dois stands para a Irizar

final de 2017, a gama será alargada com uma nova variante de 13 metros com dois eixos. Os seis lugares adicionais relativamente à versão de 12 metros constituem uma vantagem interessante do ponto de vista económico. O programa de renovação da sua gama de autocarros estende-se também ao MAN Lion’s City, que vai apresentar um aspeto totalmente novo quando chegar ao mercado na primavera de 2018. A partir do exterior, o novo Lion’s City adota a imagem de estilo da família MAN, incluindo faróis distintos em LED, a qual serve de luzes de circulação diurna, e a típica grelha dianteira negra da marca. Pela primeira vez, também estarão disponíveis luzes principais em LED.

Num segundo stand, a marca irá mostrar a sua grande aposta de futuro, com as soluções integrais de eletromobilidade para as cidades, chave na mão. A nova empresa criada recentemente, a Irizar e-mobility, reúne o conhecimento e a experiência de todas as empresas do grupo para trazer soluções de mobilidade urbana completas: autocarros citadinos 100% elétricos e os seus principais sistemas necessários para o carregamento, a tração e armazenamento de energia. Todos foram desenhados e fabricados com tecnologia europeia 100% do grupo e com a garantia e a qualidade de serviço da marca. A gama de produtos que estarão expostos em outubro na Busworld 2017 fica completa

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A Irizar vai estar presente no Busworld 2017 com vários espaços de exposição que somam mais de 1600m2. O objetivo será dar a conhecer a estratégia da empresa, a tecnologia e sustentabilidade e a nova geração de produtos e soluções tecnológicas disponíveis para todos os mercados. Num primeiro stand, a Irizar irá ter em exposição a nova geração de autocarros de turismo e as diferentes soluções tecnológicas para veículos integrais e autocarros híbridos. Destaque neste espaço para os modelos Irizar i8, o novo Irizar i6S e o Irizar i4H, consiste este último na versão híbrida da gama i4.

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com o Irizar ie bus, um autocarro urbano de 12 metros, e ainda com o Irizar ie tram, um articulado de 18 metros, ambos 100% elétricos de zero emissões. A Irizar também irá apresentar, em estreia mundial, um sistema de carregamento rápido por pantógrafo.

VDL expõe gama completa A VDL Bus & Coach vai apresentar toda a sua gama de produto no Busworld 2017, desde os mais recentes desenvolvimentos na mobilidade elétrica até ao Citea LLE de 12,7 metros, com tara reduzida, passando pelo luxuoso Futura de dois pisos com 14,1 metros e o compacto miniautocarro MidCity.

A VDL Bus & Coach, que reivindica a liderança no mercado da Europa Ocidental da e-mobilidade, continua a apostar no reforço do seu papel como parceiro da transição e vai apresentar vários exemplos de transportes públicos elétricos. A experiência diária de operações com emissões zero em várias cidades constitui uma prova que os projetos-piloto de escala reduzida são coisa do passado. Um dos produtos em exposição será o VDL Citea SLFA Electric, um autocarro articulado com um comprimento de 18,1 metros e com um design futurista de carroçaria do tipo BRT (Bus Rapid Transit). Este modelo ganhou o prémio internacional de design Red Dos Award 2017 na categoria design de produto. 79


INDÚSTRIA rodoviária pesada Atualmente, já se encontra em operação em algumas cidades holandesas e alemãs, tendo percorrido milhões de quilómetros em modo elétrico. Outra aposta para o transporte público com emissões zero é o VDL Citea LLE-99 Electric, que pode incluir uma estação de carregamento rápido. Este modelo foi desenvolvido para carreiras urbanas com menor frequência e linhas regionais, permitindo a essas zonas beneficiar de um transporte público elétrico. Com um comprimento de 9,9 metros e uma imagem agradável, este autocarro enquadra-se perfeitamente no ambiente dos pequenos centros urbanos. No domínio dos autocarros urbanos, a marca holandesa também vai ter em destaque

o VDL Citea LLE-127, que se caracteriza por oferecer a tara mais reduzida da sua classe. Com um comprimento de 12,7 metros, oferece mais quatro lugares do que a versão de 12 metros. Em comparação com autocarros idênticos com o mesmo número de lugares, este Citea LLE-127 também oferece as mesmas vantagens em termos de baixo peso, baixo consumo, reduzidas emissões de gases de escape, custos de manutenção inferiores e o mais baixo custo total de propriedade do mercado. Para o segmento dos miniautocarros, a VDL desenvolveu o MidCity, com oito metros de comprimento, que se destina a a transporte urbano. A combinação única de um piso baixo e um prolongamento de 70 centímetros na distância entre-eixos oferece uma elevada flexibilidade em termos de lugares adicionais, tipos de bancos. Uma das versões desta gama disponibiliza 17 lugares sentados (incluindo três assentos rebatíveis), nove em pé e uma cadeira de rodas. Para o segmento de turismo, a oferta da VDL assenta na gama Futura. A marca terá em exposição uma versão de dois pisos - FDD2-141 - com 74 lugares, que está vocacionada para 80

os segmentos de viagens de férias ou transporte interurbano. Uma outra aposta consiste na versão FHD2-106, com 10,6 metros de comprimento, que se destina ao segmento VIP, para transporte de pequenos grupos. Uma terceira variante é o FHD2-135, com 13,5 metros, o comprimento máximo permitido para autocarros de dois eixos. Como principais credenciais destaque para a lotação para 63 lugares sentados, uma bagageira com 12 m3 e o reduzido diâmetro de viragem de 23,480 mm.

Estreia da ADL A Alexander Dennis Limited (ADL) vai estar presente pela primeira vez na Busworld Kortrijk. O fabricante britânico irá ter em exposi-

ção os modelos Enviro200 e Enviro500 para ilustrar o design e qualidade dos autocarros de um piso e dois pisos. A participação no evento teve por base o sucesso recente alcançado no mercado da Europa continental, designadamente a encomenda de 19 autocarros de dois pisos e três eixos por parte do operador nacional da Suíça, a PostAuto. Um desses autocarros, com 13,9 metros de comprimento, três portas, duas escadas e lotação para 79 lugares sentados, poderá ser visto no stand da ADL. No domínio dos autocarros urbanos standard, a proposta da marca britânica consiste no modelo Enviro200. Em exposição no Busworld estará uma unidade produzida para www.transportesemrevista.com

a cidade de Londres e com especificações da Transport for London. Com 10,4 metros de comprimento representa uma das diversas opções de comprimento para o Enviro200, que vão dos nove a 12 metros e uma lotação até 46 lugares sentados.

Volvo Buses com foco na eletromobilidade e na segurança Os três tópicos da participação da Volvo Buses no Busworld 2017 serão a eletromobilidade, a segurança ativa e o autocarro pensante. Com mais de 3500 unidades vendidas em todo o mundo de autocarros híbridos, híbridos plug-in e elétricos, o construtor sueco continua a desenvolver tecnologia para a propulsão elétrica. No Busworld, a marca irá ter em exposição a sua proposta mais recente, o Volvo 7900 Electric, em conjunto com o sistema de carregamento rápido OppCharge. Os primeiros quatro Volvo 7900 Electric entraram em operação no início do verão na cidade de Differdange, no Luxemburgo. Desde então outras cidades adjudicaram autocarros elétricos à Volvo, designadamente Harrogate em Inglaterra e Malmö, na Suécia. No próximo ano, a Volvo Buses tenciona testar

autocarros elétricos articulados na cidade de Gotemburgo, onde as versões standard de dez e 12 metros já se encontram em operação regular. No Busworld, a Volvo também irá apresentar um conjunto de soluções nas áreas da segurança ativa e condução autónoma, quer para autocarros urbanos, quer para modelos de longo curso. Um simulador de “autocarro pensante” irá proporcionar aos visitantes a oportunidade de testar o comportamento, em situações realistas, de sistemas como o Volvo Dynamic Steering (VDS), o sistema de deteção de peões e de ciclistas, o conceito de acostamento na paragem de autocarro, entre outros. TR 174 AGOSTO 2017




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