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Meu nome é Sebastião dos Bigodes. Também sou conhecido como Sebastian, Peludinho, Gato Safado e outros nomes carinhosos. Mas pode me chamar de Tião, que eu gosto.
Sim, sou um gato, da raça persa, aquela muito peluda. Tenho pêlos pretos nas costas e brancos na barriga: todos dizem que sou lindo! Eu concordo...
Tenho quase sete anos, peso seis quilos e estou em plena forma. Claro que tenho “pedigree�,
Mas não ligo para essas coisas. O que eu gosto mesmo é de ficar sossegado, tranquilo, em silêncio, observando tudo.
Sou um gato Zen...
A minha dona se chama Charlote. NĂłs vivemos em um lindo apartamento no sexto andar de um prĂŠdio, na Asa Sul de BrasĂlia, a capital do Brasil.
Há alguns meses, Charlote começou a dizer que nós iríamos nos mudar em breve...
Eu sabia que algo estava para acontecer porque vi o movimento das malas, a dan莽a dos m贸veis, o entra-e-sai.
Mas nunca imaginei que tudo aquilo fosse acontecer seriamente. Sempre tive esperança de que a Charlote mudasse de idÊia.
Sou um gato cĂŠtico...
Aqui de dentro do carro, indo para o aeroporto e vendo Brasília passar na janela do automóvel, vou dando adeus à cidade onde nasci, apesar das minhas origens árabes.
Charlote parece feliz. Depois de tanto tempo vivendo juntos, conheço bem aquele sorriso: então fico feliz também. Mas também fico pensando como é que eu vim parar nessa.
Eu sabia que poderia acontecer, porque, afinal de contas, ela e o PrĂncipe-Encantado estavam planejando isso, desde o ano passado.
Mas acho que tive preguiça de acreditar. Nem a instalação do “microchip” no meu pescoço me convenceu. Não acreditei antes, mas aqui vamos nós...
(sou um gato otimista...)
O Príncipe-Encantado é um cara bacana: eu gosto do cheiro dele. Mas é outro macho tentando dominar, então nós temos uma eterna luta de caráter territorial.
Cada um marca seu territ贸rio como pode. Ele deixa meias usadas pela casa e eu fa莽o pipi no tapete do banheiro.
Eu finjo que ele manda, e ele finge que eu obedeรงo. Mas, na verdade, faรงo tudo o que eu quero. Assim fica todo mundo feliz e satisfeito!
Nossa convivência é pacífica e harmônica. Nós três nos divertimos muito, sempre.
Sou um gato caseiro...
Tudo pronto. Cintos afivelados. Poltronas nas posições verticais. Aqui vamos nós! Um pouco de pressão nos ouvidos, mas daqui a pouco passa e
começa o festival de comidas. Nada mal essa poltrona perto da janela, mas acho melhor não ficar com os bigodes colados no vidro.
Claro que eu gosto de altura, mas isso aqui é muito mais alto do que um gato pode imaginar. Pena que o avião vai tão alto que não dá para ver nada lá embaixo.
Pena também que um avião tão grande assim tenha janelas tão pequeninas. Imagine só: estou voando!
Sou um gato alado...
Opa, turbulência! Nada de pânico! Eu já tinha voado antes para o Rio de Janeiro, mas é o meu primeiro vôo internacional. Estou meio emocionado.
Não gosto de viajar, mas sei que não tinha outro jeito, porque Charlote nunca me deixaria para trás.
Então, não há nada a fazer, além de dormir e esperar o tempo passar. Enquanto isso, fico aqui pensando em como será a casa nova.
Serรก que vai ter espaรงo para mim? Serรก que vai ter comida da que eu gosto? Serรก que lรก faz frio ou faz calor? Onde eu vou dormir?
Sou um gato ansioso...
Cá entre nós, viajar de avião não me incomoda. O que me incomoda realmente é ficar tanto tempo sem ir ao banheiro. Eu sou um “gato-educado”
e só faço minhas necessidades na minha querida caixinha de areia. Sei que, em caso de emergência, posso fazer aqui onde estou, porque Charlote se arranja.
Mas um “gato-lorde” não faz porcaria (em público). Prefiro esperar para ir ao banheiro com toda classe e privacidade, quando chegarmos na casa nova. (Charlote também!)
E, por falar em casa nova, vida nova... quem sabe se a mudança abre os olhos da Charlote. Já é hora de enxergar que eu não sou mais uma criança. Eu cresci!
Sou um gato adulto!
Uma coisa que gosto nos aviões são as aeromoças. São lindas, sorridentes e perfumadas. E o melhor de tudo é que estão sempre oferecendo alguma coisa quentinha
ou fofinha, com um belo “sorriso colgate”. Parecem fadas, pirilampos, borboletas... Em Brasília, Charlote tinha várias amigas que pareciam aeromoças.
Eventualmente, me apaixonei por algumas delas, a ponto de me jogar, literalmente, aos seus pĂŠs.
Era uma tática infalível! Todas se derretiam como sorvete diante da cena e eu sempre ganhava um cafuné na barriga e muitos beijinhos açucarados.
Sou um gato gal達...
O sol estĂĄ se pondo na minha janelinha. Quem sabe que tipo de pĂ´r-do-sol vou encontrar daqui para frente? Acho que vamos passar a noite acordados dentro do aviĂŁo.
Quer dizer, as pessoas est達o se preparando para dormir, mas eu n達o pretendo pregar os olhos.
Sei que não posso explorar o avião como gostaria e acho que a Charlote não permitiria que eu andasse por aí, mas seria ótimo.
Afinal, daqui a pouco estarĂŁo todos dormindo e ninguĂŠm saberia de nada...
sou um gato ninja...
Estou cansado de ficar sempre sentado, esperando, sem poder fazer nada. Eu sei que falta pouco para a viagem terminar, mas n達o vejo a hora de relaxar em um
belo pavimento de cerâmica, bem geladinho. Pensa que é fácil, ficar vinte e quatro horas vestido com uma pelúcia como a minha?
Estou todo suado, mas nada que um belo banho de gato n찾o resolva. S처 espero que a Charlote n찾o invente de me mandar ao "pet shop" para tomar banho.
NĂŁo tenho nada contra tomar banho. AtĂŠ gosto, se estiver calor. Mas nĂŁo gosto de tomar banho com homens. Com mulher, tomo banho sem reclamar.
Sou um gato manhoso...
Daqui a pouco vai amanhecer e vamos passar na alf창ndega portuguesa. O pessoal vai querer conferir todos os nossos documentos e o meu "microchip".
Charlote me disse que, no futuro, os humanos, assim como os gatos e os cachorros, vão ter "microchips" de identificação, também.
Eu não acredito, mas ela me explicou que as pessoas vão colocar o "microchip" por vários motivos, inclusive por dinheiro. Que loucura! Ninguém me pagou para colocar o "microchip".
Muito pelo contrário: custou uma nota preta, mas era obrigatório para viajar de avião. Então não teve jeito e tive que colocar. Mas foi falta de opção porque eu não sou um “gato-zumbi”!
Sou um gato chipado...
E já que estamos entrando em assuntos privados, devo confessar que nunca tive uma namorada séria. Só flertes (que não deram em nada).
Além de ser tímido, também sou meio desconfiado, então não sou muito social. Tenho poucos e bons amigos e saio pouco de casa. Então não conheço muitas gatas...
Tenho vergonha de falar de intimidades, mas, mais cedo ou mais tarde, alguĂŠm vai fazer aquela pergunta recorrente e insistente.
Ent達o, prefiro responder diretamente para poder mudar de assunto, automaticamente: sim, literalmente...
sou um gato castrado...
Parece que chegamos. O pessoal ficou meio agitado. Acho que estรก todo mundo cansado como eu. Cinto de seguranรงa, voltar aos seus lugares, o mesmo
procedimento. Olha a cidade lรก embaixo. Tudo conferido, tudo certo, vamos pousar. Aviรฃo na terra, comeรงa uma correria. Acontece tudo muito rรกpido.
Quando a porta do avi達o abre, parece liquida巽達o anual: corre-corre e euforia geral. Nesta hora, a minha vis達o se resume a malas cansadas e sapatos apressados.
Fico quieto para não ser notado dentro da minha “jaulinha”, mas de vez em quando alguém me descobre e começa aquele festival de elogios e autógrafos. Não gosto muito deste chamego.
Sou um gato tĂmido...
Olha as nossas malas ali! Segundo Charlote, encontrar as malas no final do vôo é tão bom quanto cafuné na barriga. Deve ser mesmo pelo sorriso dela!
Epa! eu conheço aquele sujeito! Eis o PrĂncipeEncantado! Agora ele vai me pegar e vai me levar para dar uma voltinha nos ombros dele.
Eu gosto porque ele é alto e daqui de cima tenho uma visão geral da situação. Então, vamos para a casa nova? Trouxe o cavalo branco?
Melhor que cavalo branco: o PrĂncipeEncantado veio de carro esportivo buscar a gente. Perfeito! Serviço de luxo!
Sou um gato sortudo...
Depois de uma viagem assim, nada melhor que chegar em casa... finalmente a tal casa nova! Que casa bonitinha! Eis a minha adorada caixinha de areia! Ufa!
E tem atĂŠ meu cardĂĄpio favorito. Agora sim, estou gostando... vamos investigar a casa nova, descobrir todas as novidades e achar todos os esconderijos.
Dos tapetes eu gostei e aquela poltrona ali vai ser meu cantinho de tirar uma soneca vespertina. Debaixo da cama eu tenho muito espaรงo.
Adorei a varanda. Da banheira nem se fala! Debaixo da cama tem bastante espaço para eu me esconder em caso de emergência. Como se vê...
sou um gato curioso...
“Blim, blom”! Tem alguém tocando a campainha. Quanta gente nova! Um, dois, três, quatro, cinco amigos... que festa!
E aquela peludinha quem é? Que surpresa! É uma gatinha. Uma gata no meu território! Nada disso! Hum, mas, olhando de perto, a gata é gata mesmo... adorei!
E tem até cheiro de aeromoça. Hum... que delícia! “Oi, gata, vamos brincar? Posso mostrar a minha coleção de ratinhos para você? Aceita um chá?”
É, parece que tambÊm encontrei o amor... sou um gato encantado, sou um gato hipnotizado, sou um gato encrencado, sou um gato fisgado,
sou um gato apaixonado...
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