APEAR
Residência Artística
Rebeca Stumm (UFSM)
Tetê Barachini (UFRGS) (organização)
Projeto de extensão VIA: ESPAÇOS TRANSMUTÁVEIS - PPGAV / UFRGS com a participação do PPGART / UFSM
APEAR
Residência Artística
Will Figueiredo (PPGAV-UFRGS)
Diana Chiodelli (PPGART-UFSM)
Henrique Ribeiro (PPGART-UFSM)
Guilherme Dias (PPGAV-UFRGS)
Iran Jorge da Silva (PPGAV-UFRGS)
Thamires Messerchimidt (PPGART-UFSM)
Manoela Furtado (PPGAV-UFRGS)
Tatiana Vinadé (PPGART-UFSM)
Rosângela Kelling (PPGART-UFSM)
Rebeca Stumm (PPGART-UFSM)
Monique Panzenhagen (PPGART-UFSM)
Tetê Barachini (PPGAV-UFRGS)
Thiago Trindade (PPGAV-UFRGS)
Porto Alegre / 2024
APEAR: IMERSÃO COMPARTILHADA
Rebeca Stumm (Líder do grupo de pesquisa ME/CNPq-UFSM)
Tetê Barachini (Líder do grupo de pesquisa OM-LAB/CNPq-UFRGS)
Durante a semana de 06 a 12 de novembro de 2022, artistas de dois grupos de pesquisa, Objeto e Multimídia (CNPq-UFRGS) e Momentos Específicos (CNPq-UFSM), habitaram o ateliê de escultura do Instituto de Artes da UFRGS, no Campus Centro. Com diferentes estratégias e percepções dos contextos temporários em que estavam imersos, acabaram por gerar aproximações e ações artísticas na área central de Porto Alegre. Ao mesmo tempo, foi possível refletir sobre os processos de formação destes pesquisadores-artistas em dois Programas de Pós-Graduação em Artes . O recorte temporal e geográfico da Residência Artística APEAR, permitiu a produção em contínuo, na medida que todos se ausentavam de suas rotinas e mergulhavam em si mesmos, em um ato consciente de introspecção produtiva e reflexiva. Concomitantemente, era possível compartilhar as prospecções e se deixar contaminar pelo processo do outro. A Residência Artística é o lugar da experimentação, das inquietações de pesquisa e de ampliação sobre como estar no mundo.
Os exercícios ligados às práticas do fazer manual, tátil, que abordam as pesquisas dentro das Universidades, têm sido pouco a pouco reduzidos e fragmentados. Os sistemas de convivência multifacetada, realizados de forma não presencial, tornaram-se uma realidade que perpassam nossas relações e, portanto, nosso fazer artístico. Parar, pensar e respirar parecem sempre tarefas penosas e sem urgência. Estamos sempre atrasados para algo posto antes. A experiência criativa, tanto introspectiva quanto coletiva, parece já não ter espaço para acontecer. A ansiedade nos impõe querer estar sempre em outro lugar, indicado na tela do celular, onde o acontecimento parece ser mais fotografável, mais intenso, mais vivo. A Residência Artística dentro ou fora da Universidade vai na contramão dessa tendência, pois busca recuperar os antigos ateliês — espaços de, paragem, de tempos lentos, que propiciam o compartilhar, o pensar, o conversar e o produzir de forma não alienada de si e do outro. Mesmo que temporária, a Residência Artística, se firma como uma possibilidade de exercício de viver juntos, com um propósito comum, construído de forma coletiva.
Para experienciar este convívio em Residência Artística, não se parte de algo pronto, mas de algo a ser iniciado, mesmo que se traga bagagem farta de elementos. De forma alguma, na APEAR, se espera obter finalização de trabalhos, mas sim latências propositivas para as pesquisas de cada um dos envolvidos.
A proposta desta residência foi pautada em leituras do livro Onde Aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno (2020) de Bruno Latour, buscando perceber as potências nos deslocamentos entre cidades de Santa Maria e Porto Alegre, sensibilizando, vivenciando e percebendo os espaços urbanos como lugares de pertencimento, de memórias e de res -
significações pelo fazer criativo. Se o ateliê era o lugar da troca entre os artistas, o meio era a cidade, com suas complexidades, diversidades — estranhamentos, de tempo apressado e de locais por vezes abandonados —, reflexo de desleixo coletivo ao planeta no qual vivemos.
Segundo o dicionário, apear significa pôr o pé no chão, e para nós, no Rio Grande do Sul, esta palavra está ligada a ideia de descer do cavalo em algum lugar, ou seja, aterrizar em algum lugar. Neste sentido, a Residência Artística APEAR significou parar, habitar, permanecer, estar presente para ativar o meio a partir de suas características intrínsecas e se reposicionar como artista, para aterrar plenamente neste planeta, que é nossa única residência.
Estávamos ainda vivendo o retorno à vida presencial, após um período de afastamento devido à Pandemia da COVID−19, quando o convívio em Residência carregou um gosto especial de estarmos juntos e poder realizar pesquisas compartilhadas entre artistas e entre instituições. Propor, expor e se adaptar a outra realidade exigiu desapegar de soluções usuais. O apoio direto entre os participantes gerou toda a diferença. Às vezes, alguém precisava de mais espaço; outras vezes, apenas de retaguarda para continuar com a ação investigativa.
Ao revisitar os registros, percebemos o quanto fomos acompanhados pelo olhar e tempo do outro, enquanto tomávamos decisões sobre seguir ou não por caminhos que só o pacto de estarmos juntos oferece. É comum que, em Residências, um acabe participando do trabalho do outro, seja em registros do processo, ou em tomadas de decisões. No entanto, esta estrutura social compartilhada,
mesmo que momentaneamente, aponta também para a possibilidade de outras formas de vida.
Discutir as ideias sobre a nossa realidade a luz dos conceitos de Bruno Latour, ampliou o leque de entrega para as propostas que, fincadas nestes modos de estar aqui, puderam ser aprofundadas.
Pistas destes momentos de presença na cidade de Porto Alegre, ou resíduos da cidade aparecem nas diferentes pesquisas realizadas. Da mesma forma, compartilhar os processos enquanto estes estavam sendo gerados, reforça o quanto esta realidade a qual estamos Aterrados, é nosso chão comum.
Participaram da Residência Artística APEAR os artistas-pesquisadores do Grupo de Pesquisa Objeto e Multimídia - OM-LAB-CNPq (Porto Alegre): Tetê Barachini, Iran Jorge da Silva, Guilherme Dias, Manoela Furtado, Thiago Trindade e Will Figueiredo. Também participaram, os artistas do Grupo de pesquisa Momentos Específicos - ME-CNPq (Santa Maria): Rebeca Stumm, Diana Chiodelli, Henrique Ribeiro, Monique Panzenhagen, Rosângela Kelling, Thamires Messerchimidt e Tatiana Vinadé.
Will Figueiredo
Ao transpor o ateliê físico para o digital e recolocá-lo em realidade aumentada...
...permite-se ao interator se relacionar com o espaço artístico em novos contextos,..
,,,transformando os gatilhos das memórias.
Monumento às casas-gente (2022). Performance. Fotos: Henrique Ribeiro, Rebeca Stumm e Thamires Messerchimidt.
Diana Chiodelli
VIVÊNCIAS AFETIVAS
CONSTRUÍDAS A PARTIR DO LUGAR DE MÃE-PROFESSORA-ARTISTA, ENVOLVEM AS DIFERENTES
CONCEPÇÕES DE HABITAR LUGARES-CASAS.
Henrique Ribeiro
AmostrasErrantes (2022) articula elementos e signos das ciências laboratoriais e a errância enquanto prática estético-poética realizada na cidade de Porto Alegre.
Guilherme Dias
atravessar pelos reflexos que reverberam dessa superfície, unindo pelo olhar o meu ser com o meio.
Olhar para o mundo em torno de mim, deixando-me
Iran Jorge da Silva
e os pesos dos materiais justapostos, ao mesmo tempo que ressignifica ser terrestre.
Thamires Messerchimidt
Construir bandeiras e estandartes traz um pouco de sua historia o vivencia cemo artista que carrega o ativismo junto a movimentos sociais.
Manoela Furtado
Dispositivo que junta e faz mover e se move junto com todos elementos participantes dessa junção nesse momentum
Tatiana Vinadé
A caminhada ocorreu lentamente nas ruas e calçadas de Porto Alegre a partir da ideia de... ...desacelerar como oposição ao ritmo frenético, imediatista e apressado do cotidiano.
Rosângela Kelling
Com as folhas recolhidas na avenida próxima a UFRGS , teceu um círculo que guarda um pouco do território urbano.
Rebeca Stumm
O trabalho com Berçários protegem silenciosamente a energia que extravasa de grãos e a força da terra transporta energia entre corpos.
Sem título (2022). Instalação. Foto: Monique Panzenhagen.
Monique Panzenhagen
suspensas por fios de cabelo da artista rente a parede dos
edifícios , um convite a contemplar a transitoriedade das
Tetê Barachini
O cunho, parte de um barco, contém em um único objeto os deslocamentos implícitos a partir de sua presença.
partir
Thiago Trindade
Quando o preço de uma vida, frente a um desastre global, é um dólar, pode-se
ter certeza que a burguesia e seu trifecta profano estão em festa de fazer inveja a Díonísio.
O d3u$ a quem eles servem se chama Capital e seu credo, a necropolítica
ARTISTAS
Will Figueiredo
Artista visual e jornalista. Mestrando em Poéticas Visuais (PPGAV-UFRGS). Formação em Jornalismo (ULBRA) e especialização em Artes Visuais (UFPEL-UAB). Seu foco inclui estudos das mídias sobre ambiência, memória e experiência, com desdobramentos transmídia entre arte, tecnologia e espaço urbano.
Henrique Ribeiro
Artista Visual. Doutorando e Mestre pelo PPGART-UFSM. Bacharel em Artes Visuais pela mesma instituição. Membro do Grupo de Pesquisa em Arte: Momentos-Específicos/CNPq. Possui experiência no campo das Artes, com ênfase em Poéticas Visuais e Processos de Criação. Tem interesse em articulações entre arte, ciência, corpo e narrativa.
Iran Jorge da Silva
Mestrando em Artes Visuais (PPGAV-UFRGS). Especialista em Gestão Educacional-UFSM. Licenciado em Música, UniRio-UFRGS. Bacharel em Artes Visuais, UFRGS. Violinista e artista visual com produção e pesquisa envolvendo o objeto escultórico, arte sonora e cerâmica.
Manoela Furtado
Mestre e doutoranda em Poéticas Visuais (PPGAV/UFRGS). Licenciada e Bacharelada em Artes Visuais (IA/UFRGS). Sua produção envolve instalações, fotoperformances e videoperformances, tendo como área de interesse os desdobramentos entre corpo feminino, objeto, deslocamento urbano, memória e afeto.
Rosângela Kelling
Mestranda pelo PPGART/UFSM, com ênfase em Poéticas Visuais. Graduada em Artes Visuais e Especialização em Pesquisa e Ensino do Movimento Humano pela UFSM e Especialização em Pesquisa pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Imaculada Conceição. Na pesquisa artística busca a conexão com a natureza, com enfoque nas árvores do Bioma Pampa.
Monique Panzenhageng
Artista e pesquisadora. Mestra pelo PPGART-UFSM, com ênfase em Poéticas Visuais. Bacharel em Artes Visuais, pela UFSM. Integrante do Grupo de Pesquisa em Arte: Momentos Específicos (CNPQ).
Thiago Trindade
Mestre e doutorando em Poéticas Visuais (PPGAV/UFRGS). Seus processos investigativos debruçam-se sobre o construto visual constituído pela imagem da cidade e sua influência sobre o citadino, tendo como saída o objeto tridimensional, a fotografia e a imagem digital em assemblagens escultóricas e imagéticas. @th.i.ag.o
Diana ChiodellI
Mestre pelo PPGART-UFSM. Membro-fundadora do Coletivo Inço. Desenvolve pesquisa sobre o tempo, espaço e memória tendo como disparador a casa como uma construção poética, individual e coletiva. Fazem parte dos processos de pesquisa ações coletivas de vivência, coletas, ocupação e intervenções in loco, processos fotográficos analógicos e digitais, projeções e desenhos.
Guilherme Dias
Artista visual e doutorando em Poéticas Visuais pelo PPGAV-UFRGS. Mestre em Filosofia (UEM).
Licenciado em Artes Visuais (UEM), Arquiteto e Urbanista (UEM). O percurso de suas investigações poéticas compreende os aspectos fenomenológicos da solidão.
Thamires Messerchimidt
Artista-ativista-educadora. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria, participou do grupo de pesquisa Arte e Tecnologia em 2022 - 2023. Atua com a educação informal e como educadora social. Tem um trabalho com os movimentos sociais e com a arte colaborativa.
Tatiana Vinadé
Doutoranda e Mestra pela PPGART-UFSM. Bacharela em Artes Cênicas (UFSM), Especialista em Teoria do Teatro A Cena Contemporânea (UFRGS). Artista e pesquisadora do Grupo de Pesquisa
Momentos Específicos.
Rebeca Stumm
Doutorado em poéticas visuais (USP- 2011), Professora nos cursos de Artes Visuais, Graduação e PósGraduação. Líder do Grupo de pesquisa em arte: momentos específicos (CNPQ), no qual Coordena
Projetos de Residências de Artistas. Como artista pesquisa ações poéticas entre arte, tecnologia e ecologia. Atualmente se interessa por investigar os alimentos que nos constituem. @rebecastumm
Tetê Barachini
Artista e pesquisadora. Professora do PPGAV-UFRGS. Lider do grupo de pesquisa Objeto e Multimídia (OM-LAB-CNPq). Como artista tem se dedicado ao objeto em diferentes contextos e materialidades maleáveis com a inclusão mídias locativas (mapas) na exploração dos espaços urbanos.
@tetebarachini
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Reitora:
Marcia Barbosa
Vice-Reitor pró-reitor de Coordenação Acadêmica:
Pedro Costa
PróReitora de PósGraduação:
Nádya Pesce da Silveira
PróReitor de Pesquisa:
Flavio Pereira Kapczinski
Pró-reitora de Extensão:
Daniela Borges Pavani
Direção do Instituto de Artes:
Raimundo José Barros Cruz
Vice-Direção do Instituto de Artes:
Jéssica Araujo Becker
Coordenação do Programa de PósGraduação em Artes Visuais:
Teresinha Barachini
Coordenadora Substituta do Prog. de PósGrad. em Artes Visuais: Niura Aparecida Legramante Ribeiro
Lider do Grupo de Pesquisa Objeto e Multimídia (OMLAB) CNPqUFRGS:
Teresinha Barachini
Projeto Gráfico e execução
Thiago Trindade iceman.thy@gmail.com
Capa
Thiago Trindade
Fotografias de André Netto, Henrique Ribeiro, Iran Jorge da Silva, Rebeca Stumm, Tetê Barachini, Thiago Trindade e Will Figueiredo.
Edição Fotográfica
Thiago Trindade
Revisão português
João Pedro Freitas Dias joaopedro.aquarius@gmail.com
Impressão Gráfica da UFRGS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A639 Apear: residência artística / Rebeca Stumm, Tetê Barachini, organizadoras. –Porto Alegre : UFRGS/IA/PPGAV, 2024.
82 f. : il., color.
ISBN 9786559733958 (on-line)
ISBN 9786559733965
1. Artes visuais. 2. Residência Artística. 3. PPGAV-UFRGS. 4. PPGARTUFSM. I. Stumm, Rebeca. II. Barachini, Tetê.
CDU 7.039
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