Turbo Comerciais 21

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PROFISSIONAL

NOVIDADES

#21

MARÇO / ABRIL

APÓS-VENDA

2017

SERVIÇOS

MANOBRAS CALCULADAS DESTAQUE FORMAÇÕES DE MARCA PARA MOTORISTAS OTIMIZAM CUSTOS DE EXPLORAÇÃO

TÉCNICA OS CONCEITOS QUE PRECISA DE CONHECER PARA PRATICAR UMA CONDUÇÃO EFICIENTE

MANUTENÇÃO PERITAGEM EM ESCALA GRANDE

ELÉTRICOS NA ESTRADA

MAN, Mercedes e Volvo testam camiões elétricos e híbridos em condições reais

MAN PORTUGAL “O nosso objetivo é consolidar a posição da marca”

KEYTRAILER Representante da Krone firma sucesso com novas instalações



SUMÁRIO

PROFISSIONAL

NOVIDADES

APÓS-VENDA

SERVIÇOS

#21

MARÇO/ABRIL 2017 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES EXPOMECÂNICA VC GALUCHO 5 DRIVELINE 11 DIESEL TECHNIC 17 VALEO 21 PETRONAS 23 MOTORBUS 27 CESVIMAP 47 RETA 51 JABA 53 CONFERÊNCIA FROTAS 57 CARF VCC MAN CC

12 MARCAS NESTA EDIÇÃO ALEA 52 ANTRAM 8 AUTOSUECO 19 BKT 64 CAETANOBUS 10 CIVIPARTS 21, 52, 54 CONTINENTAL 49 CTT 44 DAF 50 DELPHI 52 DIESEL TECHNIC 51 DT SPARE PARTS 53 FIRESTONE 65 FORD 37 GALIUS 18, 48 GATES 50 HANKOOK 65 HELLA 52 HYUNDAI 40 ISUZU 42 IVECO 6 KEYTRAILER 32 KRONE 33 KUMHO 65 LASO 8 MAN 7, 12, 18, 30 MERCEDES BENZ 22, 24, 36 MEYLE 50 MOTORBUS 49 MOTUL 49 NEX TYRES 65 NISSAN 37 PEUGEOT 38 RENAULT 18, 39, 48 SAMPA 54 SCANIA 7, 10 SEMPERITE 65 TRW 52 VALEO 51 VOLVO 11, 19, 28 WABCO 50 VW 37 WTRANSNET 8 XCARGA.PT 9

ENTREVISTA Patrick Goetz, MAN Portugal

NOTÍCIAS

06 As novidades do setor PESADOS

24 Mercedes Urban eTruck 28 Volvo Concept Truck 30 Man City Truck REPORTAGEM

32 Keytrailler LIGEIROS

18

DESTAQUE Formação de marca

FROTA

44 CTT

MANUTENÇÃO

48 Notícias 54 Civiparts 58 Peritagem 62 Pneus TÉCNICA

64 Condução

36 Notícias OPINIÃO 38 Peugeot Partner Tepee Elétrico 66 Formação, até quando? 39 Renault Master ZE 40 Hyundai Comerciais 42 Isuzu D-MAX MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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EDITORIAL PROFISSIONAL

NOVIDADES

APÓS-VENDA

SERVIÇOS

PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 5000 € CRC CASCAIS

MANOBRAS RIGOROSAS

P

ara um transportador, manobrar o negócio na direção certa não é tarefa fácil. A atividade, sujeita às mais diversas oscilações por via do contexto económico, social e político, consegue, muitas vezes, encontrar obstáculos na estrada que parecem ser verdadeiramente inultrapassáveis.

O recente “Manifesto do Transporte Rodoviário”, que deixou Portugal de fora de importantes decisões de âmbito comunitário, é prova de como, à frente, e sem que nada o fizesse antever, o caminho é turbulento. Pese embora as pressões que podem, e devem até, ser colocadas sobre os decisores nacionais para os impulsionar a defender e garantir os interesses nacionais, quando se fala de decisões macro, a verdade é que a intervenção individual tem limites que obrigam a conviver com o que não se pode controlar. Em bom rigor, não é nada a que o transportador já não esteja habituado. Mais: esta é uma realidade com a qual, nas nossas vidas, lidamos permanentemente. Existe uma série de fatores que está acima da nossa influência, o que não implica que não consigamos trilhar o nosso caminho e concretizar os nossos objetivos. A adaptação à mudança e o foco nas decisões que dependem de nós são fatores que, consciente ou inconscientemente, estão sempre connosco. Do mesmo modo, aos comandos de um negócio, e para lá de qualquer contexto em que se possa atuar, também o sucesso se constrói pela capacidade de adaptação, reinvenção e, acima de tudo, pela atitude com que se encara o dia a dia. E, neste âmbito, há muito que pode fazer para dirigir a sua empresa para o caminho certo. É por isso que, nesta edição da Comerciais, lhe revelamos algumas competências que o ajudarão a aumentar a rendibilidade dos seus investimentos. Do especial dedicado à formação, sobressai a ideia de que, por mais que invista em tecnologia, esta de pouco lhe servirá se não se munir dos conhecimentos que lhe permitam retirar todo o potencial que tem. Obter conhecimento é algo que só depende da sua vontade e que, certamente, se converterá em bons resultados. Cuidar dos seus equipamentos e fomentar uma condução adequada são também máximas que devem estar presentes no quotidiano, como lhe mostramos no artigo sobre técnica de condução. E, se o pior acontecer, saiba como fazer corretamente os cálculos dos danos, para não ter surpresas. Obstáculos existirão sempre, mas como uma gestão responsável, norteada pela eficiência e produtividade, é possível superá-los, senão vejamos o exemplo da Keytrailer, cuja história de superação lhe damos a conhecer nesta edição. Podemos até não conseguir escolher a estrada, mas a forma como a percorremos só depende de nós.

ANDREIA AMARAL EDITORA CHEFE

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. TOMÁS RIBEIRO 129, EDIFÍCIO QUINTA DO JAMOR, SALA 11, 2790-466 QUEIJAS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL OFICINA@TURBO.PT DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITORA CHEFE ANDREIA AMARAL andreiaamaral@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt CONSULTOR EDITORIAL JOÃO ALMEIDA COLABORADORES PEDRO MONTENEGRO PARCERIAS APVGN CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 5000 EXEMPLARES Isenta de registo na erc ao abrigo do decreto regulamentar 8/99 de 9/6 Art.o 12.º n.º 1 A. INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS



NOTÍCIAS

PESADOS

IVECO

VEÍCULOS SUSTENTÁVEIS A Iveco conquistou dois prémios “Sustainable Truck of the Year 2017” e foi distinguida com o troféu de “Projeto do Ano” no âmbito dos “European Gas Awards of Excellence 2017”

A

Iveco trouxe para casa dois dos três primeiros prémios “Sustainable Truck of The Year 2017”. O novo Daily Electric venceu esta distinção na categoria VAN, enquanto o Eurocargo CNG foi o eleito na categoria DISTRIBUTION. Os participantes nesta eleição, que se realizou pela primeira vez este ano

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

e que se divide em três categorias – “Tractor” para tratores de estrada, “Distribution” para veículos de distribuição e, por fim, “Van” para furgões –, foram produtos novos, fabricados ao longo do ano de 2016 e que estão atualmente em produção e disponíveis para encomenda, desde que representem um significativo avanço em termos de sustentabilidade. Num comunicado da “Vado e Torno”, responsável pela organização da iniciativa, pode ler-se que os prémios individuais foram entregues

“com base num conceito de sustentabilidade, não só capaz de reduzir as emissões de escape poluentes, mas também de reduzir o patamar de risco, tanto para o condutor como para os utilizadores da estrada”. Paralelamente, o Iveco Stralis NP, o primeiro camião a gás natural para operações de longo curso, conquistou o troféu de “Projeto do Ano” no âmbito dos “European Gas Awards of Excellence 2017”, atribuídos durante a Conferência Europeia de Gás. Esta reunião


SCANIA

SUSTENTABILIDADE PREMIADA O presidente da Iveco, Pierre Lahutte (à direita), tem sido presença assídua em cerimónias de entregas de prémios. Uma delas foi nos prémios de veículos sustentáveis, em Itália, promovida pela “Vade e Torno”

NOVA GERAÇÃO EM PORTUGAL

A

empresa Hora Total Transportes recebeu a primeira unidade da nova geração de camiões da Scania que veio para Portugal. Além deste veículo, aquele operador adquiriu mais cinco unidades R 450, da geração anterior. Os novos camiões são acompanhados de um contrato de reparação e manutenção e dos serviços Scania Finance, tendo a operação sido realizada através do concessionário Scania Portugal, Delegação Norte A unidade da nova geração vem equipada com motor de 13 litros que desenvolve uma potência de 450 cv e um binário máximo de 2350 Nm. Na especificação do veículo estão incluídos ainda equipamentos como airbags laterais de cortina e aparelhos auxiliares de aquecimento da cabina. Recorde-se que, na nova gama de camiões Scania, todos os motores Euro 6 contam com novos sistemas de controlo do motor. A melhor capacidade de refrigeração das novas cabinas permite uma maior poupança de combustível, tendo ainda sido introduzido um sistema de travagem de contraeixo como equipamento de série nas caixas de velocidades Scania Opticruise, que permite uma mudança de velocidade mais rápida e uma aceleração quase constante.

MAN

anual da indústria de gás do Velho Continente realizou-se em Viena e reuniu mais de 450 dos principais representantes de governos regionais e líderes do setor, bem como mais de 80 produtores de gás. A marca garante que o novo Stralis NP oferece uma performance best-in-class, com os mesmos 400 cv e 1700 Nm de binário do seu modelo equivalente a Diesel, gerando 17% mais energia e 6% mais binário do que o seu melhor concorrente. Os depósitos de combustível de grande capacidade elevam a autonomia da sua única versão a GNL até aos 1500 km. O motor, combinado com a caixa de velocidades automatizada de 12 relações, com função eco roll, reduz os consumos de combustível em 5%, em comparação com o modelo anterior. /

MOTA-ENGIL ADQUIRE NOVE TGX

O

Grupo Mota-Engil adquiriu nove camiões MAN TGX 18.480. Três dos veículos vão operar na Siderurgia do Seixal e os restantes destinam-se ao transporte de resíduos (RSU). Estes camiões MAN TGX cumprem a norma de emissões Euro 6 e montam motores de 480 cv. Incluem ainda TopTorque, caixa de velocidades MAN TipMatic com software Profi, sistema de suspensão pneumática ECAS e Idle Shut Down, um sistema que permite que o motor desligue automaticamente após um período em ralenti, uma funcionalidade útil para veículos de recolha de resíduos. Foram ainda incluídos sistemas como a travagem eletrónica MAN BrakeMatic, assistência à travagem de emergência (EBA2), sistema de controlo antipatinagem (ASR) ou o ESP. A aquisição foi efetuada no âmbito das MAN Solutions. Os camiões foram comprados com financiamento Volkswagen Bank e incluem Contrato de Manutenção e Reparação, serviço de gestão de frotas MAN TeleMatics e formação profissional para motoristas MAN ProfiDrive.

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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NOTÍCIAS

PESADOS ANTRAM

ALIANÇA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO CONTESTADA

A

ANTRAM revela ter sido “com grande preocupação” que tomou conhecimento da reunião realizada no passado dia 31 de janeiro de 2017 e que juntou, em Paris, nove ministros dos transportes europeus – da Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Luxemburgo, Noruega e Suécia –, que assinaram um plano de ação comum integrando várias medidas que, a serem concretizadas, irão afetar o setor do transporte rodoviário de mercadorias no seu âmbito internacional. Em comunicado, a associação declara também que, “apesar de ter sido anunciado que este plano de ação tem como objetivo adotar medidas que favoreçam o mercado único do transporte – garantindo o respeito pelos direitos sociais e por uma implementação de controlos mais eficazes –, a verdade é que este documento acaba por dar cobertura a uma série de medidas unilaterais de carácter protecionista que, ao invés de unirem o mercado europeu, o irão fragmentar ainda mais”. Os exemplos dados pela ANTRAM são a quebra de “princípios basilares da União Europeia, tais como, a livre circulação de pessoas e bens, que passam, assim, a ter validade apenas no papel”. A associação lamenta que “matérias de tão elevada importância e com um impacto tão determinante no setor” tenham sido discutidas à margem dos demais países europeus, “passando uma mensagem discriminatória

LISBOA RECEBE TRANSPORT NETWORKING A Fundação Wtransnet está a organizar, pelo terceiro ano consecutivo, mais uma edição do Portugal Transport Networking, que se realizará em Lisboa, no dia 7 de

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como se a Europa atual fosse constituída por países de primeira e de segunda”. O comunicado termina com a afirmação de que a ANTRAM “continuará atenta e não deixará

abril. Este evento de speed networking entre empresas de transporte rodoviário de mercadorias da Península Ibérica tem como objetivo abrir novas oportunidades de negócio entre os participantes. As inscrições para o Portugal Transport Networking já tiveram início, encerrando no próximo dia 31 de março, constituindo uma oportunidade para desenvolver novas relações profissionais num setor tão competitivo como o do transporte rodoviário.

TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

de desenvolver ações – quer com parceiros nacionais, quer com europeus –, lutando pelo verdadeiro espirito europeu. Paralelamente, a pressão junto do Governo

TRANSPORTE MAIS PESADO EM PORTUGAL A Laso concluiu com sucesso o transporte do primeiro transformador da EFACEC para o porto de Leixões, com destino aos EUA. Este foi, de acordo com a empresa de transporte de mercadorias, o mais pesado transporte de sempre efetuado em Portugal de um transformador. O transporte foi efetuado em 10 horas e percorreu 16 km, entre a fábrica da EFACEC

e o porto de Leixões. As dimensões totais do transporte foram 90 m x 6,2 m x 5,9 m x 710 toneladas (comprimento x largura x altura x Peso). Foram 40 os colaboradores da Laso que acompanharam esta operação.


MANIFESTO REJEITADO Nove ministros dos transportes europeus assinaram um plano de ação comum com várias medidas para, na prática, limitarem o transporte rodoviário de mercadorias. A ANTRAM rejeita esse manifesto

PREÇO DO GASÓLEO NA UNIÃO EUROPEIA

E

m cada edição informamo-lo dos mais recentes preços praticados para o gasóleo em cada um dos países da União Europeia, para que possa mais facilmente planear as deslocações da sua frota pela Europa. Os preços apresentados referem-se a cada 1000 litros de combustível e contemplam já os impostos aplicados em cada um dos países. No final apresentamos-lhe a média ponderada de preço na UE. PAÍS

1.196,00

ÁUSTRIA

1.132,00

BÉLGICA

NOVO MODELO DE ADESÃO AO XCARGA.PT A plataforma online Xcarga.pt lançou um novo modelo de adesão, que tem como objetivo angariar ainda mais transportadoras que queiram ter acesso a mais serviços de transportes e mudanças. Assim, passou a disponibilizar o modelo de adesão que consiste numa anuidade de 50 euros e numa comissão de 5% sobre cada serviço de transporte ou mudança efetuado.

1.034,26

CHIPRE

1.234,04

CROÁCIA

1.213,93 1.296,80

ESLOVÁQUIA

1.172,00

ESLOVÉNIA

1.188,56

ESPANHA

1.132,00

ESTÓNIA

1.246,00

FINLÂNDIA

1.346,00

FRANÇA

1.266,97

GRÉCIA

1.294,00

HOLANDA

1.245,00

HUNGRIA

1.215,35

IRLANDA

1.269,00

ITÁLIA

1.403,59

LETÓNIA

1.092,72

LITUÂNIA A Xcarga.pt está disponível na web com um site construído online 24 horas por dia, 365 dias por ano. A empresa foca-se no mercado dos transportes e mudanças, oferecendo aos seus utilizadores e parceiros “inúmeras vantagens”, como o contacto direto entre transportadores e clientes.

1.256,10

BULGÁRIA

DINAMARCA

português continuará a ser feita, de forma persistente e incisiva, para que seja tomada uma posição oficial na defesa das empresas nacionais”. /

PREÇO (€/1000 L)

ALEMANHA

1.071,27

LUXEMBURGO

1.028,00

MALTA

1.180,00

POLÓNIA

1.064,24

PORTUGAL

1.277,00

REINO UNIDO

1.424,06

REPÚBLICA CHECA

1.128,86

ROMÉNIA

1.060,73

SUÉCIA

1.472,28

MÉDIA PONDERADA

1.246,28

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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NOTÍCIAS

PESADOS

SUSTENTABILIDADE

SUÉCIA E ALEMANHA APOSTAM NAS ESTRADAS-ELÉTRICAS

A

Suécia e a Alemanha estabeleceram um acordo estratégico de parceria nas áreas da mobilidade e das estradas elétricas, durante a visita da chanceler germânica Angela Merkel, àquele país da Escandinávia. O anúncio conjunto do primeiro-ministro sueco Stefan Löfven e da chanceler Angela Merkel acerca da “Inovação e Cooperação para um Futuro Sustentável” tem como objetivo reforçar a competitividade económica e tecnológica das duas nações e abrange quatro áreas, incluindo a mobilidade e as estradas elétricas. Um dos pontos-chave da cooperação será o desenvolvimento da tecnologia das estradas eletrificadas, um trabalho que já foi iniciado pela Scania em cooperação com o seu parceiro alemão Siemens. Os dois governos anunciaram que vão intensificar a cooperação no desenvolvimento e implementação da tecnologia já existente, que também permite reforçar a capacidade de ambos os países competirem com outros na oferta das melhores soluções sustentáveis. O acordo também sublinhou o valor das parcerias estratégicas na criação de soluções para um transporte sustentável no futuro. Um exemplo dessas parcerias é a colaboração entre a Scania e a Siemens na tecnologia das estradas eletrificadas, que resultou na implementação e inauguração da primeira infraestrutura deste tipo

ESTARREJA RECEBE WINNER EURO 6 A CaetanoBus entregou uma unidade Winner Euro 6 ao município de Estarreja. Com uma lotação de 57 lugares, sobre plataforma Volvo B11R, este autocarro destaca-se

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para o transporte rodoviário de mercadorias em estradas abertas ao público. A Scania, que faz parte integrante do grupo de origem alemã Volkswagen Truck & Bus, acredita que as estradas elétricas representam uma parte im-

pelo seu conforto interior, design, robustez, qualidade dos materiais e uma acessibilidade de primeira classe, com a inserção de uma plataforma elevatória nos degraus da porta da frente. O efeito obtido pelo estrado rampeado, que permite aos passageiros ter uma visão otimizada sobre o percurso, e o sentido inclusivo com o qual foi desenvolvido - para passageiros com diferentes necessidades de mobilidadediferenciam o modelo.

TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

portante de um sistema futuro de transporte sustentável e o construtor está agora preparado para dar o próximo passo que consiste em avançar dos testes experimentais para a implementação comercial. /

AUTOCARROS SEM CONDUTOR EM TESTES A cidade de Paris já tem em funcionamento numa rota de testes o miniautocarro autónomo EZ10, uma alternativa de mobilidade para o transporte de passageiros que recorre a câmaras e sensores para reconhecer os locais e momentos de parar e arrancar. A avaliação está a ser feita numa rota de 130 metros que liga as estações ferroviárias

da Gare de Lyon e Austerlitz, nas duas margens do Sena, embora o objetivo seja expandir a outras áreas até ao final do ano esta solução que pretende ajudar a reduzir os engarrafamentos e níveis de poluição de Paris.


ESTREIA NA SUÉCIA A Scania e a Siemens têm vindo a trabalhar num projeto de estradas elétricas. A primeira infraestrutura do género já está em funcionamento numa autoestrada da Suécia, ao abrigo de um projeto-piloto

VOLVO BUSES VENDEU 3000 HÍBRIDOS As vendas de autocarros híbridos e elétricos da Volvo atingiram as três mil unidades, desde 2010, encontrando-se em operação em 22 países. O mercado mais importante é o Reino Unido, com quase metade das vendas totais (1425 unidades). Seguem-se a Colômbia (468 unidades), a Suécia (196 unidades), a Espanha (137 unidades) e a Alemanha (135 unidades).


PERSPETIVA

GRANDE ENTREVISTA

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017


PATRICK GOETZ MAN PORTUGAL

“O NOSSO OBJETIVO É CONSOLIDAR A POSIÇÃO DA MARCA” Consolidar a posição da marca e conseguir uma maior proximidade junto dos clientes são os principais objetivos da MAN. As expetativas para o nosso país são elevadas e em todas as unidades de negócio, designadamente camiões, autocarros, após-venda e também comerciais ligeiros TEXTO CARLOS MOURA PEDRO FOTOS JOSÉ BISPO

A

MAN foi a terceira marca de camiões mais vendida em Portugal no ano passado, tendo alcançado um crescimento superior ao do mercado. Segundo Patrick Goetz, Country Manager da MAN Truck & Bus Portugal, este resultado tem sido obtido graças à qualidade e fiabilidade do produto, mas também devido a uma excelente equipa e ao apoio da MAN Financial Services, que já representa 60% do total de vendas de camiões no nosso país. Para 2017, a aposta vai passar pela introdução dos novos MAN TGS e TGX, e também pela entrada no segmento dos comerciais ligeiros, com a nova gama TGE. No domínio dos autocarros, a marca também tem elevadas expetativas para os concursos públicos que irão ser lançados para renovação das frotas de transporte público urbano. Globalmente, que análise faz a MAN do mercado de camiões e autocarros em Portugal no ano passado?

A MAN registou um crescimento superior ao do mercado, quer em camiões quer em autocarros. Nos pesados de mercadorias, a variação do mercado foi de 20% e o nosso resultado foi ligeiramente superior. Nos autocarros, enquanto o mercado subiu cerca de 30%, a MAN alcançou um crescimento de 60% face ao ano

anterior. Globalmente, estamos bastante satisfeitos com os resultados obtidos em 2016. Nos camiões, e por gamas, qual foi a distribuição de vendas no ano passado?

Cerca de 80% das nossas vendas são tratores, que também representam entre 75% a 80% do mercado. Nesse segmento, a nossa presença foi muito forte e conseguimos terminar na terceira posição em todos os segmentos. O que esteve na base de resultado e que trabalho foi realizado para capitalizar o crescimento do mercado?

O nosso produto é excelente e temos de o saber vender. Juntamente com o apoio da nossa financeira, a MAN Financial Services, conseguimos criar pacotes muito interessantes para o mercado. Qual o peso da financeira no volume total de vendas da MAN em Portugal?

Nos camiões, a MAN Financial Services financiou cerca de 60% dos veículos novos. Nos usados, o seu peso foi inferior e nos autocarros teve pouca expressão porque aquilo que vendemos esmagadoramente são chassis com carroçaria local. Que tipo de solução de financiamento tem maior expressão?

Atualmente, a solução que o mercado pede é a de renting.

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

13


PERSPETIVA

GRANDE ENTREVISTA

Este tipo de opção não era habitual em Portugal… De facto, não era. Há cerca de três ou quatro anos, o renting representava 20 a 30% das vendas. Isso obriga-nos a trabalhar melhor porque este peso do renting vai ter consequências no mercado de usados. Este produto está a ganhar expressão porque tem contratos de manutenção e reparação associados. Além disso, a evolução tecnológica dos próprios veículos e a melhoria da eficiência leva os clientes a fazerem contratos mais curtos para substituir os veículos mais rapidamente para estarem sempre na crista da onda a nível tecnológico. O facto de uma empresa ter sempre viaturas novas torna-se mais atrativa para os motoristas, um fator bastante importante numa altura em que se verifica uma escassez destes profissionais.

REGRESSO A PORTUGAL Patrick Goetz assumiu o cargo de Country Manager MAN Truck & Bus Portugal em junho do ano passado. O responsável está de regresso ao nosso país, uma vez que iniciou a sua carreira na empresa MAN Portugal, em 2002. Depois esteve na filial italiana e na ibérica

LINHA EFICIENTE A MAN tem vindo a desenvolver os denominados pacotes EfficientLine para camiões e autocarros. Quais são as vantagens destas soluções para os clientes e qual tem sido a procura pelos transportadores nacionais?

As principais vantagens estão relacionadas com a economia e a capacidade de carga. A aerodinâmica permite reduzir o consumo de combustível. O EfficientLine recebe equipamentos adicionais como o EfficientCruise, que faz o controlo do GPS em associação com a topografia: o sistema vai ajustando as velocidades e obtém a potência necessária a baixas rotações. A própria caixa de velocidades conta com o sistema SmartShifting, que faz com que o processo de engrenagem das mudanças seja consideravelmente mais rápido e com poucas perdas de potência. Por sua vez, o compressor desembraiável evita que este componente esteja sempre a trabalhar e isto também ajuda a reduzir o consumo. O chassis também é mais leve, aumentando a capacidade de carga. Todas estas inovações estão presentes na nossa nova gama TG EfficientLine 3, que possibilitou uma redução no consumo de combustível de 6,35% face à TG EfficientLine 2. O aumento da fiabilidade traduz-se naturalmente em baixos custos para o cliente. Isso reduz o custo total de propriedade?

O custo total de propriedade vai ser muito menor porque a grande base, que continua a ser o consumo de combustível, é inferior. Por outro lado, o aumento do valor residual permite oferecer ao cliente um contrato de financiamento mais favorável e o valor associado ao contrato de manutenção e reparação também é mais baixo. Assim, o transportador consegue adquirir as valências para a sua operação a custos mais baixos. O renting permite aceder a viaturas mais recentes e com menor custo de combustível.

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

A médio prazo, isso irá constituir um “problema” para a marca quando os contratos terminarem e os veículos forem devolvidos? Como é que depois a marca defende o valor residual do veículo?

Desde 2014 que o relatório de usados da TÜV tem vindo a demonstrar que um veículo MAN, para além da idade, é aquele que oferece a melhor fiabilidade, o melhor comportamento e pouca deterioração dos principais componentes. Isso deve-se também ao nosso contrato de renting que inclui sempre um contrato completo de manutenção e reparação. Assim, na sua segunda e terceira vida, a viatura está melhor preparada para não dar problemas ao cliente. Isso vai traduzir-se em menos imobilizações. Quando está a comprar um veículo

"O SISTEMA RIO NÃO SERÁ EXCLUSIVO PARA A MAN, UMA VEZ QUE PODERÁ SER UTILIZADO EM VEÍCULOS DE OUTRAS MARCAS"


mesmo avançar com um projeto de platooning em conjunto com a DB Schenker…

A MAN está bastante avançada nessa área. Além da parceria com a DB Schenker temos veículos a trabalhar em operação de condução autónoma em serviços de estrada na Alemanha, a baixa velocidade. Vamos também começar com os veículos elétricos e foi por isso que apresentámos o programa e-Mobility. Na fábrica de Steyr vamos começar a produzir as primeiras unidades elétricas baseadas no modelo TGS. O protótipo foi apresentado no Salão de Hannover e já estamos em conceção do mesmo para produção. Isso demonstra que uma das tendências nos tratores será a propulsão elétrica. Qual é o calendário previsto para este MAN e-TGS?

Os primeiros testes em clientes vão começar a ser realizados em finais de 2017 ou início de 2018. Este programa está inserido em algumas tendências identificadas pela MAN. Uma delas é a urbanização. Cada vez mais, a população mundial se irá concentrar em cidades, o que irá levantar problemas ao nível da ocupação do território e ambientais. Uma das respostas irá passar pelo desenvolvimento de soluções de eletromobilidade para distribuição de mercadorias e transporte urbano de passageiros. A MAN está a desenvolver projetos nessa área. Na minha opinião pessoal, o diesel já viu melhores dias. Em termos de sustentabilidade no transporte, o gás natural veicular é também apontado como uma das alternativas e já existem soluções disponíveis no mercado. No mercado nacional, qual tem sido o interesse demonstrado pelos operadores nacionais junto da MAN?

em segunda ou terceira vida, sabe que está a adquirir um veículo com qualidade garantida pela marca. A MAN tem vindo a desenvolver novas soluções para o transporte rodoviário, que envolvem a conectividade e a automatização. O que podemos esperar a curto e médio prazo?

Neste momento estamos muito avançados com o novo sistema de telemática RIO, que passará a integrar o equipamento de série de todos os veículos, a partir de julho. O RIO não será apenas uma ferramenta de telemática, mas também um sistema mais abrangente que irá interagir com a própria logística dos clientes. O sistema RIO não será exclusivo para MAN, uma vez que poderá ser utiliza-

do em veículos de outras marcas. Este sistema está a ser desenvolvido pela MAN, não só para a nossa marca como também para as outras marcas do Grupo Volkswagen. Numa primeira fase vai ser aplicado em camiões, mas no futuro será alargado a barcos, aviões, comboios, semirreboques. Esse também foi o motivo que esteve na origem da criação de uma marca separada. Se um cliente tiver uma frota com três ou quatro marcas não está interessado em ter igual número de sistemas de telemática. A principal vantagem do RIO é ser compatível com várias marcas de veículos e sistemas de telemetria. Em termos de automatização, o que está previsto? A MAN tem vindo a trabalhar nessa área e vai

A procura de camiões a gás natural ainda é escassa porque a infraestrutura de abastecimento é limitada, não só em Portugal, mas também no resto da Europa. Em termos de autocarros, já existe alguma infraestrutura. A experiência da MAN tem sido muito positiva no Porto, onde existe uma frota de 258 unidades na STCP. Temos vindo a notar o aumento do interesse. Provavelmente, esta solução do gás natural veicular poderá constituir um passo intermédio entre o diesel e o elétrico. Antes de se fazer um investimento em grande escala numa frota de autocarros elétricos é necessário criar uma infraestrutura para o seu carregamento. Por outro lado, o modelo de carregamento para os autocarros elétricos ainda não está totalmente definido. A MAN tem elevadas expetativas relativamente aos concursos públicos que foram anunciados para a renovação de frotas de autocarros urbanos em Portugal?

Temos um bom produto e muita experiência em autocarros a gás natural.

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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PERSPETIVA

GRANDE ENTREVISTA

APÓS-VENDA DE PESO A área de após-venda representa entre 20 a 25% do volume de negócios da MAN Truck & Bus Portugal. A rede é constituída por uma oficina própria e onze autorizados, estando preparada para assegurar todos os serviços de manutenção e reparação

A MAN irá continuar a apostar na comerciali zação de chassis de autocarros para carroçamento?

A venda de autocarros completos em Portugal não é fácil porque o nosso mercado tem uma grande tradição nos chassis e a indústria nacional de carroçarias é muito competitiva. Assim, vamos continuar a apostar nos chassis, mas também iremos continuar a disponibilizar os nossos produtos completos. Por exemplo, em janeiro apresentámos o novo Neoplan Tourliner na Convenção da ARP, que é um excelente produto e obteve uma elevada recetividade por parte dos clientes. Em breve iremos começar a comercializar o novo MAN Lion´s Coach, que também é interessante para o mercado nacional. A MAN vai entrar num novo segmento, dos comerciais ligeiros, com o modelo TGE. O que representa para a marca a disponibilização deste novo produto e quais são as expetativas em termos de vendas?

Até agora, a nossa oferta começava nas 7,5 toneladas, mas existiam algumas solicitações do mercado para disponibilizarmos uma gama mais “ligeira”. O novo MAN TGE vem complementar a nossa gama de produtos e permite-nos oferecer uma gama completa de veículos comerciais. Estamos muito entusiasmados com a ideia de ter um “irmão” mais pequeno. A principal vantagem é conseguirmos oferecer um leque alargado de produtos aos clientes profissionais, com os quais já trabalhamos. A rede MAN está preparada para trabalhar este novo produto?

A rede tem vindo a ser preparada e na altura do lançamento terá todas as condições para

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comercializar e assistir o novo MAN TGE. As primeiras unidades começam a chegar em junho e a comercialização arranca em setembro. É um projeto interessante e acreditamos que vai correr muito bem. Conhecemos os clientes que têm quase as mesmas necessidades dos clientes de camiões em termos de vendas e após-venda. É um veículo de trabalho e implica um atendimento profissional. A MAN vai disponibilizar a gama completa em Portugal do TGE?

Vamos ter toda a gama, incluindo furgões, chassis-cabina e minibuses, mas a sua introdução será faseada. Em primeiro lugar irão chegar as versões mais procuradas pelos nossos clientes, designadamente chassis-cabina e furgões, com rodado simples, tração dianteira e traseira. Os mais complexos – rodados duplos ou tração integral – só estarão disponíveis mais tarde. Para 2017, quais são os objetivos traçados pela marca em termos de resultados?

Temos boas perspetivas de negócio para 2017. Todavia, nos dois primeiros meses deste ano, a evolução do mercado foi inferior à verificada no mesmo período de 2016. Estávamos a contar com um ano estável, mas caso se confirme esta tendência, o crescimento do mercado será ligeiramente inferior. O principal objetivo da MAN Truck & Bus Portugal é continuar a crescer e a consolidar a posição da marca. Em 2017, com a introdução dos novos TGS e TGX, esperamos continuar a crescer e demonstrar que os nossos produtos são melhores do que

já eram. Queremos ainda estar mais próximos dos nossos clientes. Nos autocarros, temos elevadas expetativas para os concursos públicos que irão ser lançados. Estamos bem posicionados em termos de autocarros a gás natural e híbridos. Igualmente importante para a marca é a área de após-venda. O que representa esta unidade de negócio para a MAN Truck & Bus Portugal e como é constituída a rede no nosso país?

A área de após-venda representa entre 20 a 25% do volume de negócios. Esta área é muito importante. Costuma-se dizer que quem vende o primeiro camião são as vendas; o segundo é o após-venda. A nossa rede é constituída atualmente 12 oficinas, incluindo uma própria no Porto e 11 oficinas autorizadas, que permite fazer uma cobertura completa do Continente e das Ilhas. Quais são os principais serviços disponibilizados pela rede de assistência da MAN?

A nossa rede está preparada para assegurar todos os serviços de manutenção e reparação. Temos como objetivo ser o parceiro de negócio do cliente. Queremos que os nossos parceiros nos dêem a parte da reparação, não só de veículos MAN, mas também de outros serviços, como por exemplo, reboques, semirreboques, caixas de lixo. Queremos que o cliente se dedique ao seu negócio, que é o transporte de mercadorias, e nos veja a nós como parceiro para serviços de manutenção e reparação. Queremos ser abrangentes e um parceiro de negócio. /



DESTAQUE

FORMAÇÃO

FORMAÇÃO DE MARCA Na sequência do desenvolvimento tecnológico dos veículos pesados, muito mudou para quem trabalha dia a dia com um camião. Seja a conduzir ou a cuidar da manutenção, existem agora novos pressupostos a cumprir em nome da segurança e da eficiência. No sentido de garantir a sua concretização e o devido retorno do investimento por parte dos transportadores, os fabricantes disponibilizam um conjunto de formações específicas, que prometem enfatizar todo o potencial tecnológico dos veículos em nome dos baixos consumos e de uma maior longevidade TEXTO ANDREIA AMARAL

A

evolução tecnológica tem feito evoluir imensamente os veículos, em benefício da redução dos consumos e emissões, mas também do aumento do conforto e segurança. Sendo certo que colocando lado a lado um veículo com 15 anos e um de nova geração as suas performances ao nível dos pontos referidos terão enormes diferenças, não é menos verdade que para retirar todo o proveito das modernas tecnologias há que conhecê-las.

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Do mesmo modo, a mudança tecnológica nos sistemas dos veículos pesados e o crescente predomínio da gestão eletrónica dos sistemas, tal como da sua correlação, fazem com que as mais simples intervenções a nível da manutenção e reparação possam agora colocar em causa o seu correto funcionamento e a sua vida útil, prejudicando uma operação em que não há margem para erros e em que cada imobilização representa custos. Embora o setor disponha hoje de uma oferta mais ampla de formações, além das obrigatórias, e as empresas estejam mais conscientes da importância que estas têm para o sucesso do negócio, a maioria dos players continua a

identificar fragilidades. “O setor ainda carece de alguma formação com qualidade, nomeadamente a nível de novas tecnologias e de como utilizá-las na condução”, defende Luís Pereira, gestor de produto e marketing da MAN. Para Luís Jervell, gestor de marketing da Galius, que representa a Renault Trucks, em causa está, “em primeiro lugar, a procura de retorno do investimento através da rentabilidade de exploração do veículo; em segundo lugar, assegurar a boa utilização do mesmo, de modo a não comprometer a sua vida útil”. Com o intuito de dar resposta às crescentes necessidades de conhecimento, quer por parte dos motoristas, quer dos técnicos, os fabrican-


APOIO TECNOLÓGICO Os fabricantes passaram a disponibilizar cursos de formação para motoristas, que têm como objetivo a obtenção do melhor rendimento da tecnologia embarcada introduzida nos veículos mais recentes

tes e os seus representantes têm apostado no aumento da oferta formativa, dispondo hoje de formações em diferentes áreas e, muitas vezes, até desenhadas à medida do cliente. A principal vantagem? “Poderem ter toda a informação e formação vinda de especialistas que pertencem a quem mais sabe do produto: a marca”, assegura Luís Jervell. Em entrevista à Comerciais, Pedro Oliveira, diretor executivo da AutoSueco – empresa que representa a Volvo no mercado nacional – refere que a filosofia da empresa em termos de produto não passa por “fornecer uma solução estandardizada, com um equipamento fechado”. Tal significa que o equipamento

que o cliente recebe foi perfeitamente definido e talhado para si, por equipas tecnicamente evoluídas e especializadas em engenharia de produto. “No seguimento desta conceção, investimos em dois processos de formação de motoristas”, revela, indicando que este é um investimento “muito compensador, porque não só damos o equipamento ideal para aquela utilização, como dizemos ao motorista como é que ele o há de utilizar da forma ideal”. A ideia é partilhada por Alberto Linares, Contracted Services Manager da Scania Ibérica. Abordando a mais avançada tecnologia utilizada nos veículos que as empresas

hoje adquirem, com os máximos padrões em segurança, economia e fiabilidade, o responsável defende: “Para que tudo isso funcione da forma mais correta, a formação específica do seu motorista é da máxima importância, porque saber utilizar bem o veículo e percebê-lo em toda a sua dimensão vai, sem dúvida, valorizar o seu negócio, fazê-lo crescer e consolidá-lo também perante os seus clientes. Um condutor formado e informado é um condutor mais realizado na sua profissão, mais capaz nas suas obrigações e mais empenhado.” O mesmo pressuposto é aplicável a mecânicos, gestores de frota e de operação. E é precisamente com o objetivo de ajudar as empresas

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DESTAQUE

FORMAÇÃO

FORMAÇÃO TEÓRICA As ações ministradas pelas marcas têm uma componente teórica e prática, incindindo em aspetos como a economia de operação e a segurança rodoviária

A FORMAÇÃO PROCURA A OBTENÇÃO DO RETORNO DO INVESTIMENTO ATRAVÉS DA RENDIBILIDADE DE EXPLORAÇÃO DO VEÍCULO a encontrarem este empenho, produtividade e eficiência nos seus profissionais que as marcas apresentam as suas ações formativas, que poderá conhecer em baixo. AUTOSUECO/ VOLVO Assente no conceito de produto à medida, no qual o camião está especificado para uma determinada utilização partilhada pelo cliente – seja uma rota, um tipo de carga ou até de motorista – e que faz com que determinada relação diferencial, os componentes aerodinâmicos ou certos componentes eletrónicos sejam os ideais para si, o objetivo da AutoSueco é que, em seguida, o cliente consiga tirar todo o proveito desta engenharia de produto. Assim, para além de ser dada uma formação no momento da entrega do veículo, a ideia é fazer também uma avaliação da utilização que o motorista está a fazer do equipamento já quando este está em operação. “Fazemos o acompanhamento no terreno e reforçamos a formação aos motoristas em função daquilo que é a utilização real que ele faz do camião. Esta postura reforça muito o nível de confiança dos nossos clientes connosco. Eles reconhecem que a marca Volvo não é um entregador

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de camiões, que é muito mais que isso: é alguém que constrói a solução, a discute com ele, maximiza o seu potencial e garante que, durante a utilização, as coisas correm como é suposto”, defende Pedro Oliveira, sublinhando a importância de programas de gestão de frotas como o Dynafleet neste acompanhamento. De acordo com o diretor executivo da AutoSueco, a questão do suporte eletrónico nos equipamentos é também considerada fundamental em termos de conhecimento, até porque, cada vez mais, “os motoristas terão de saber gerir sistemas eletrónicos”. GALIUS/RENAULT TRUCKS Com 1550 horas de formação ministradas no ano de 2016, a Galius proporciona aos seus clientes dois tipos de formação: Formação de Motoristas para adaptação ao veículo e Formação de Condução Económica. Além disso, efetua formação contínua de motoristas, através de acompanhamento em viagem e acompanhamento remoto, graças ao sistema de Telemática Optifleet e da eletrónica de diagnóstico embarcada Infomax, para as quais é também é prestada formação e acompanhamento de utilização das ferra-

mentas, nomeadamente aos chefes de Parque e Gestores de Frota. “Pelo elevado nível tecnológico das gamas Renault Trucks atuais, onde encontramos sistemas de segurança, sistemas de assistência à condução e sistemas de Respeito Ambiental, é fundamental que os operadores – motoristas, gestores, formadores do cliente – tenham o conhecimento das caraterísticas, capacidades e funcionalidades do veículo que lhe permitam operar da forma mais eficiente possível os nossos produtos”, defende Luís Jervell, indicando que as ações estão enquadradas como formação contínua, são ministradas por formadores certificados e são, elas próprias, certificadas pelo fabricante, obedecendo a normas e programas por ele definidos. Com uma duração que pode oscilar entre as quatro e as oito horas, aquando da entrega do veículo, as oito horas para uma formação de Condução Económica (quatro horas de formação teórica e quatro horas de formação prática) e de mais de um dia para o acompanhamento em estrada, as ações são ministradas por formadores próprios da marca, mas “o recurso a empresas externas, para algum tipo de formação, pode ser uma alternativa pontual”. MAN A MAN disponibiliza a todos os clientes diferentes formações: de condução em economia e segurança em camiões e autocarros; de condução para viaturas específicas (offroad,


TÉCNICOS ESPECIALIZADOS Num cenário em que muitos dos transportadores mantêm oficinas próprias para suprir as principais necessidades de manutenção e reparação dos camiões, assegurar que estes detêm os conhecimentos adequados para fazer uma intervenção sem comprometer a segurança e funcionamento do veículo é fundamental. Nesse sentido, existem diversas empresas dedicadas aos serviços oficinais e à comercialização de peças que disponibilizam formações técnicas. É esse o caso, por exemplo, da Civiparts. “A Formação Técnica da Civiparts é certificada e tem por missão desenvolver atividades de formação e valorização dos recursos humanos, no setor de veículos pesados, semirreboques e autocarros. Esta é destinada sobretudo aos seus clientes frotistas com

oficina e é efetuada em todo território nacional”, refere Miguel Ribeiro, gestor de Formação e da Área Técnica da Civiparts. Com uma duração média de oito horas (um dia), as ações são, de acordo com este responsável, muito abrangentes e em diversas áreas, “como mecânica, eletricidade, climatização, eletrónica e, inevitavelmente, em diagnóstico de avarias, que permitirão intervenções mais eficazes, traduzindo-se numa melhoria dos serviços de manutenção”. Desenvolvendo o acompanhamento da formação através do registo e certificação da ações efetuadas, a Civiparts estrutura as ações de acordo com as necessidades do cliente e com foco na componente prática, “que sempre ajuda quem diariamente lida com as avarias e resolução de problemas”, reitera Miguel Ribeiro.

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DESTAQUE

FORMAÇÃO

veículos de recolha ou emergência, como de bombeiros); de utilização de veículos, aquando da entrega; técnica, interna e externa; e formação de produtos MAN. A marca desenvolveu mesmo um serviço dedicado à formação, denominado Profidrive e que tem como objetivo “transmitir aos motoristas informações relativas aos sistemas de auxílio, à condução, às novas tecnologias e sobre como tirar partido da própria máquina”, refere Cabaça Ramos, diretor de pós-venda da MAN Portugal. “Essa formação é ministrada em todas as gamas de veículos, quer de camiões quer de autocarros, e neste momento também nos usados”, destaca o responsável, explicando: “Quem compra um usado é um pequeno transportador que não tem uma pessoa especializada em dar formação. Nós estamos cá para dar essa formação e adaptação ao veículo.” Por outro lado, Cabaça Ramos sublinha que, “nas empresas com várias marcas na sua frota, onde os motoristas ‘rodam’ por vários veículos, são os próprios clientes que querem que os utilizadores tirem o melhor partido de todas as máquinas”. Todas as formações podem ser realizadas na rede concessionários MAN ou nos clientes e são certificadas. De acordo com Luís Pereira, no caso da condução, antes de qualquer ação, “é feita uma análise do tipo de condução dos motoristas, via MAN Telematics, para ver se há pontos a melhorar, e depois da formação continuamos a monitorização através da mesma ferramenta”. Com 600 motoristas formados e 1100 horas de formação ministradas em 2016 através do ProfiDrive, a MAN prepara-se para alargar a sua oferta: “Estamos em processo de finalização do procedimento para passarmos a oferecer o CAM [ndr: Certificado de Aptidão para Motorista] aos nossos clientes”, avança Luís Pereira.

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MERCEDES-BENZ TRUCKS Através do Mercedes-Benz Driver Training, o fabricante germânico disponibiliza um centro de competências gerido por mais de 70 formadores qualificados, para garantia de que o cliente fica sempre bem habilitado – na prática e na teoria – para lidar com as exigências do trabalho diário neste ramo e para assegurar que as cargas do cliente cheguem ao seu destino, de forma segura e eficiente. Menores consumos e maior segurança são os dois grandes objetivos de qualquer formação da marca, cujo portefólio contempla: sessões informativas sobre o veículo no momento de levantamento do camião; o Eco-Training, que transmite, por exemplo, um modo de condução que poupa até 10% de combustível e ensinamentos de condução segura e sobre como dominar situações críticas; Condução Segura; Condução Avançada; Condução de veículos específicos; e Condução Económica e Defensiva através do programa Fleetboard. As ações têm uma duração que varia entre um dia, para as sessões aquando da entrega, e os três dias, para o curso de Condução Económica e Defensiva que recorre aos dados facultados pelo sistema Fleetboard, sendo que podem ser realizadas nas instalações do cliente ou num Concessionário Oficial Mercedes-Benz.

ALGUMAS MARCAS INCLUEM NO SEU PORTEFÓLIO FORMATIVO O CURSO DE APTIDÃO DE MOTORISTA (CAM), QUE É CERTIFICADO E RECONHECIDO PELO IMT

SCANIA O CAM é um curso já disponível na Scania e que diferencia o portefólio formativo da marca no que diz respeito aos veículos pesados de mercadorias. A oferta integra ainda: Scania Driver Coaching; Condução Segura de Camiões Cisterna; Gestão de Tempos de Trabalho e Repouso - Utilização do Tacógrafo; e Adaptação ao Veículo Scania. Acreditada pela DGERT e pelo IMT para realizar as referidas formações, também certificadas pela Scania Academy, a marca sueca dispõe de formadores internos e externos, sendo que cada curso tem uma duração média de oito horas e um enfoque eminentemente prático. Antes de cada formação, os formadores procuram entender as necessidades especificas de formação de cada cliente e mesmo de cada motorista. “Após a formação, é elaborado um relatório com as conclusões que é facultado ao cliente, com o objetivo de que os resultados obtidos na formação sejam duradouros no tempo e até se consigam melhorar se possível. Para isso, a Scania Driver Training, para além dos cursos tem um outro produto complementar de seguimento de condutores, o serviço de seguimento mensal/Coaching, e, nestes casos, o seguimento dos resultados de uma formação podem ser potenciados por um ou mais anos”, refere Alberto Linares, Contracted Services Manager da Scania Ibérica. Conforme explica o responsável ibérico, na maior parte dos cursos proporcionados pela Scania, existem sempre módulos com um enfoque profundo na mecânica, no sentido de permitir ao condutor detectar possíveis falhas no veículo, mas também perceber a exigência técnica das tecnologias apresentadas. Sob estes pressupostos, a marca realizou, durante 2016, 106 ações, num total de 848 horas e formando 505 motoristas. /


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NOVIDADES

PESADOS

CONECTADO E ELÉTRICO O Mercedes-Benz Urban eTruck foi concebido para responder às duas megatendências dos transportes: a digitalização e a eletromobilidade

URBAN eTRUCK Após a apresentação ao público no Salão de Hannover, a Mercedes-Benz vai realizar testes em clientes com 20 unidades do seu camião elétrico, o Urban eTruck. O objetivo é iniciar a produção em série, a partir de 2020 TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

A

Mercedes-Benz Trucks vai colocar à disposição de alguns clientes selecionados na Alemanha uma produção limitada a 20 unidades do camião elétrico Urban eTruck, que se destinam à realização de testes em condições reais de operação. Esta experiência terá a duração de um ano e servirá para a obtenção de resultados relativos aos perfis de utilização de um camião elétrico em ambiente urbano, aos tempos de carregamento das baterias, à gestão das mesmas e à sua autonomia.

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Com base num chassis de três eixos, um peso bruto de 25 toneladas, tara de 12,8 toneladas e autonomia até 200 quilómetros, o MercedesBenz Urban eTruck foi concebido para aplicações como a distribuição pesada, mudanças, transporte de bens alimentares sob temperatura controlada ou carga geral. O protótipo foi apresentado no Salão de Veículos Comerciais de Hannover, em setembro do ano passado, e foi uma das grandes novidades daquele certame. Segundo a marca alemã, o Mercedes-Benz Urban eTruck foi concebido para responder às duas megatendências que deverão ocorrer no transporte rodoviário de mercadorias a médio prazo: a digitalização e a eletromobilidade. Com este protótipo, a marca alemã revelou a

sua visão de um camião conectado e cem por cento elétrico. Em comparação com um camião convencional idêntico da gama Mercedes-Benz Actros, o Urban eTruck pesa em vazio um pouco mais de 1700 quilogramas, mas esse acréscimo é permitido pela Comissão Europeia, uma vez que autoriza o aumento máximo de uma tonelada no peso bruto de camiões equipados com sistemas de propulsão alternativos. O Mercedes-Benz Urban eTruck vem equipado com motores elétricos que foram instalados junto aos cubos das rodas traseiras. A potência máxima de cada um desses dois motores é de 125 kW e o binário de 500 Nm. A bateria de iões de lítio tem uma capacidade total de 212 kWh e proporciona uma autonomia de até 200 quiló-


metros, um valor que, em condições normais, é suficiente à operação diária de um camião de distribuição urbana. DESIGN FUTURISTA O Mercedes-Benz Urban eTruck apresenta uma imagem exterior futurista, que rompe com os padrões habituais nos camiões de distribuição. As linhas da cabina são suaves e fluidas, caraterizando-se pela simplicidade. A grelha tradicional do radiador para entrada de ar foi eliminada, porque o sistema de tração elétrico dispensa a existência de uma tomada de ar clássica para refrigeração do motor. Em seu lugar surge uma grelha de painel escuro como elemento de comunicação entre o camião e o meio envolvente. Esta grelha é transparente e dispõe de retroiluminação de alta resolução, que possibilita a criação de diferentes cenários óticos. Os LED podem, por exemplo, reproduzir a grelha diamante da Mercedes-Benz, sinalizar o estado operacional ou o estado de carga das baterias.

A ligação entre a cabina e a carroçaria passou a ser assegurada através de um defletor por cima da cabina, deixando apenas livre um espaço largo à frente para a unidade de refrigeração da carroçaria no transporte sob temperatura controlada. O defletor de ar do teto e os spoilers laterais da cabina estão praticamente alinhados com a carroçaria para se obter uma otimização aerodinâmica. O para-brisas transmite a sensação de se prolongar para baixo. Os espelhos retrovisores convencionais, por sua vez, foram substituídos por câmaras espelhadas (Mirror Cams). CONETIVIDADE O Mercedes-Benz Urban eTruck recebe os mais avançados sistemas de comunicação em rede (conetividade) que permitem reunir e interligar todas as informações do camião: autonomia, gestão de carga, dados sobre o veículo e ambientais. As baterias modulares permitem conjugar a gestão dos motores elétricos e da energia para se obter o melhor compromisso

entre a potência máxima e a maior autonomia possível. Para apoiar nessas tarefas, o eUrban Truck vem equipado com os sistemas “Predictive Charge Management”, “Tempomat Prospective Predictive Powertrain” e “FleetBoard for Urban Distribution”. Este último garante a interconetividade entre a telemática e a cadeia cinemática, uma vez que ambos estão interligados. A plataforma informática organiza a logística da distribuição diária, em que as rotas fixas são substituídas por um sistema flexível, assegurando que possam ser cumpridas todas as tarefas de transporte previstas ao abrigo da autonomia dos camiões de uma frota. As variáveis incluem os espaços para paletes nos camiões, o peso, a autonomia e os tempos de condução. Um gestor virtual intervém caso o veículo atinja os limites da autonomia devido a situações imprevisíveis. O painel de instrumentos convencional desapareceu, tendo sido substituído por dois ecrãs, que transmitem ao motorista todas as

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NOVIDADES

PESADOS

AUTONOMIA ATÉ 200 KM O Urban eTruck recebe motores elétricos que desenvolvem uma potência combinada de 250 kW. A autonomia anunciada é de até 200 quilómetros

informações mais relevantes relativas ao veículo e à condução. A estratégia de condução e o consumo de energia correspondente podem ser influenciados por diferentes modos de condução: “auto” (por defeito), “agile” e “eco”. Outras informações são transmitidas ao motorista por um tablet adicional: rota e autonomia das baterias. Esses dados são indicados como “Range Potato”, apresentando-se sob a forma de um mapa com determinado perímetro e também como representação em forma de faixa. A base dos cálculos são a estratégia de condução, o mapa tridimensional e o planeamento das rotas. TESTES EM CLIENTES A excelente reação obtida junto de potenciais clientes no Salão de Veículos Comerciais de Hannover levou a Mercedes-Benz Trucks a acelerar o processo de desenvolvimento do seu camião elétrico e a disponibilizar as primeiras unidades em regime de pré-produção para a realização de testes em condições reais de exploração por alguns operadores de transporte alemães. “Na sequência da estreia mundial em setembro de 2016, estamos agora em conversações com

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20 clientes potenciais dos setores da logística, das mudanças e do transporte de produtos alimentares”, afirma Stefan Buchner, presidente da Mercedes-Benz Trucks. “Com a disponibilização desta série limitada, estamos agora a avançar para a produção em série”, assume, adiantando que a marca pretende lançar no mercado este modelo em 2020. “Emissões zero, silencioso com uma brisa e com uma tara de 12,8 toneladas, o Urban eTruck consiste num impressionante conceito económico e amigo do ambiente”, refere o responsável. “O veículo irá ser disponibilizado a um número limitado de clientes na Alemanha e mais tarde na Europa. Será utilizado em operações reais de transporte. O intuito é a sua utilização em cenários reais de aplicação e em perfis exigentes juntamente com os clientes para otimizar ainda mais o conceito do veículo e as configurações do sistema do camião elétrico. Os testes vão incluir operações em turnos, tempos de carregamento, assim como a gestão da bateria e da autonomia.” O responsável acrescenta que a Mercedes-Benz passou a ser uma das referências no domínio das tecnologias do futuro, designadamente no que se refere à condução autónoma e à tração elétrica, assim como na área da conetividade.

“O ano de 2017 será de implementação: passo a passo estamos a desenvolver os veículos e os sistemas para atingir a maturidade no mercado.” Para poder responder às exigências de diferentes tipos de aplicações, o construtor germânico vai disponibilizar chassis com 18 e 25 toneladas de peso bruto, que poderão receber carroçarias específicas, como caixas frigoríficas, caixas convencionais para carga geral ou ainda como veículo plataforma. Em conjunto com um carregador especial que leva em conta as exigências maiores de um camião, os veículos serão entregues aos clientes que os utilizarão durante 12 meses e terão apoio do departamento de ensaios dinâmicos da Mercedes-Benz Trucks. Durante este período serão registados os perfis de utilização e as áreas de aplicação para efeitos de comparação dos dados recolhidos nos vários veículos e clientes. O Mercedes-Benz Urban eTruck faz parte de uma ampla iniciativa elétrica da Daimler Trucks. O camião ligeiro Fuso eCanter será utilizado numa pequena escala em todo o mundo. O construtor irá fornecer 150 unidades a clientes selecionados na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. O objetivo da Daimler Trucks consiste em disponibilizar um portefólio alargado de camiões elétricos a nível global. /



NOVIDADES

PESADOS

CAMIÃO HÍBRIDO O Volvo Concept Truck é o protótipo de um camião híbrido para transporte de longo curso, que está a ser desenvolvido pela Volvo Trucks. Em combinação com outras otimizações no veículo obtém-se uma redução nas emissões de aproximadamente 30% TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

A

Volvo Trucks está a desenvolver um camião híbrido para transporte de longo curso, que permite reduzir o consumo de combustível entre 5 a 10%, em comparação com um veículo diesel tradicional. Este camião foi desenvolvido a partir do Volvo Concept Truck, apresentado em maio de 2016, e que entretanto recebeu um conjunto de melhorias para aperfeiçoar o conceito. Os engenheiros da marca sueca trabalharam na otimização da aerodinâmica, da resistência ao rolamento e da redução do peso. A principal novidade consiste na introdução de uma cadeia

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cinemática híbrida, que é uma das primeiras para camiões de transporte de longo curso. “Esforçamo-nos para estar na linha da frente da eletromobilidade e para derrubar constantemente barreiras no que diz respeito à redução do consumo de combustível e das emissões”, afirma Claes Nilsson, CEO da Volvo Trucks. “Nos próximos anos, à medida que a sociedade se voltar cada vez mais para as energias renováveis, acreditamos firmemente que a eletromobilidade e a tecnologia híbrida terão cada vez mais importância. A cadeia cinemática do nosso protótipo de camião foi desenvolvida para melhorar a eficiência do transporte e, assim, ajudar a indústria a evoluir para um transporte mais sustentável. Com este protótipo iremos ganhar um conhecimento valioso

e experiência, que nos ajudarão a desenvolver mais profundamente esta tecnologia." A cadeia cinemática híbrida permite recuperar a energia cinética em descidas com pendentes superiores a 1% ou em travagens. A energia recuperada é armazenada nas baterias do veículo e utilizada para alimentar o camião em modo elétrico em estradas planas ou inclinações suaves. Para esta motorização híbrida, a Volvo Trucks desenvolveu uma versão melhorada do sistema de apoio ao motorista I-See, que, com base nos dados do GPS e do sistema de navegação, analisa a topografia à frente para definir a melhor estratégia para conjugar o motor diesel e elétrico, bem como a altura mais adequada para utilizar a energia recuperada. O sistema recorre a um avançado algoritmo, baseado na


inclinação da estrada e na velocidade esperada, para calcular a utilização mais eficiente e económica dos dois motores. REDUÇÃO NO CONSUMO DE 5 A 10% No transporte de longo curso, a estimativa da Volvo Trucks aponta para uma redução do consumo de combustível entre 5 a 10% em comparação com um veículo convencional, uma vez que o sistema híbrido irá desligar o motor de combustão até 30% do tempo de condução. Além disso, o Volvo Concept Truck também oferece a possibilidade de condução em modo totalmente elétrico em percursos até dez quilómetros, assegurando uma operação sem emissões e baixo nível de ruído. “Atualmente, o transporte rodoviário de longo curso é responsável por uma quota significativa do consumo total de energia no setor dos transportes. Com a utilização da tecnologia híbrida, a redução potencial no consumo e nas emissões é considerável e constitui um passo importante para se atingir os nossos objetivos ambientais, assim como os da sociedade em geral, no futuro”, salienta Lars Martensson, diretor de Ambiente e Inovação da Volvo Trucks. O Volvo Concept Truck é o resultado de um projeto de investigação bilateral, que envolveu a Autoridade de Energia da Suécia (Energiimyndigheten) e o Departamento de Energia dos Estados Unidos. O protótipo de camião da versão norte-americana do projeto recebeu a designação American Concept Truck e foi desenvolvido ao abrigo do programa SuperTruck do Departamento de Energia dos EUA, que visa promover a pesquisa e a

investigação para melhorar a eficiência do transporte das operações de longo curso na América do Norte. O Volvo Concept Truck foi desenvolvido a partir do modelo Volvo FH, equipado com motor Volvo D13 Euro 6 Step C. Este protótipo manteve algumas das caraterísticas introduzidas no seu antecessor, designadamente uma aerodinâmica otimizada, uma menor resistência ao rolamento e uma tara mais baixa. “Esta é uma plataforma para se experimentar as no-

vas tecnologias para aumentar a eficiência do transporte”, refere Ake Othzen, gestor-chefe de projeto da Volvo Trucks. “Alguns destes desenvolvimentos já foram introduzidos nos nossos camiões e alguns outros serão num futuro próximo.” A tecnologia híbrida baseia-se parcialmente nos conhecimentos técnicos da Volvo Buses com autocarros híbridos e elétricos, assim como na experiência obtida na utilização daqueles veículos. /

MEDIDAS AERODINÂMICAS Além do motor híbrido, o Volvo Concept Truck conta com um conjunto de soluções para otimizar a aerodinâmica e a resistência

D13C

MOTOR VOLVO EURO 6

5 a 10 % REDUÇÃO CONSUMO COMBUSTÍVEL

30 %

DIMINUIÇÃO EMISSÕES

10 KM

AUTONOMIA ELÉTRICA

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NOVIDADES

PESADOS

CLIENTES VÃO AVALIAR E-TGS As primeiras unidades do camião elétrico da MAN, e-TGS, irão estar ao serviço de operadores austríacos da CNL

TESTES PARA E-TGS Os primeiros camiões elétricos da MAN vão ser testados em condições reais de operação por empresas austríacas, a partir do final de 2017. Com base nesses resultados, a marca pretende iniciar a produção em série, no final de 2021 TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

O

s primeiros camiões elétricos produzidos, numa série limitada, pela MAN vão ser testados, em condições reais de operação, por empresas que fazem parte do Conselho Austríaco para Logística Sustentável (CNL), a partir do final de 2017. As duas entidades assinaram um memorando de entendimento numa cerimónia realizada na fábrica da MAN de Steyr, que contou com a presença do chanceler austríaco Christian Kern e do ministro dos Transportes, Inovação e Tecnologia, Jörg Leichtfried. O CNL reúne as 15 maiores

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empresas austríacas de transporte, serviços logísticos e indústria. Aquele acordo constitui o primeiro passo para a MAN e a CNL obterem resultados práticos em condições reais de operação com camiões elétricos das gamas TGL e TGM, com pesos brutos entre as 12 e as 26 toneladas. Com base nos dados obtidos nesta experiência, a MAN pretende arrancar com uma pequena produção das versões elétricas daqueles modelos, no final de 2018. Para 2021, está prevista a produção em série. “Como o Centro de Modificação de Camiões está localizado em Steyr, esta fábrica é ideal para a produção dos nossos primeiros camiões elétricos. As empresas do CNL irão testar estes

veículos na utilização diária”, afirma Joachim Drees, CEO da MAN Truck & Bus. Esta parceria proporciona à MAN a oportunidade para desenvolver a tecnologia existente para a produção em série, beneficiando da experiência obtida pelos membros do consórcio. Os testes irão ser efetuados em várias configurações de veículos, incluindo rígidos 6x2 com caixa frigorífica, caixa móvel ou carroçaria para transporte de bebidas, bem como um trator com semirreboque. A MAN tem vindo a trabalhar em novos conceitos de veículos de distribuição e recolha de resíduos para ambientes urbanos. A marca alemã apresentou o seu primeiro conceito de veículo híbrido em 2012, com o protótipo


MAN Metropolis. Aquele camião elétrico de recolha de resíduos sólidos, com peso bruto de 26 toneladas, estava equipado com um extensor de autonomia que permitia aumentar a sua operação diária para cerca de 150 quilómetros. O MAN Metropolis obteve uma recetividade positiva nos testes devido à sua simplicidade de utilização e manobrabilidade. Além do mais, a poupança de combustível, em comparação com um camião diesel convencional, cifrou-se nos 80%. MAN CITY TRUCK No Salão de Veículos Comerciais de Hannover de 2016, a MAN apresentou um novo protótipo de um trator semirreboque cem por cento elétrico, com base no modelo MAN TGS 4x2 BLS-TS, que foi concebido para ser utilizado em entregas noturnas nos centros urbanos, caso das efetuadas habitualmente por cadeias de supermercados. A MAN concebeu este protótipo para apresentar o conceito do veículo ao abrigo da sua parceria com a CNL.

O MAN City Truck foi projetado para ser utilizado em associação com semirreboques, com um ou dois eixos. Este trator dispõe de um motor elétrico que desenvolve uma potência de 250 kW e um binário de 2700 Nm, transmitido ao eixo traseiro. As unidades auxiliares, como a direção, o compressor de ar e o sistema de ar condicionado utilizam energia elétrica para o seu funcionamento, sendo o controlo efetuado pelo sistema de gestão de energia. O sistema de regeneração de energia converte a energia cinética obtida nas fases de desaceleração e travagem do veículo em energia elétrica, que é armazenada na bateria de iões de lítio. Esta última está localizada por baixo da cabina e por cima do eixo dianteiro, no local onde habitualmente se encontra o motor de combustão interna nos veículos convencionais. As baterias são carregadas normalmente à noite e oferecem uma autonomia de até 200 quilómetros. O sistema também está preparado para a chamada “recarga de oportunidade”, isto é, quando o veículo está imobilizado

durante uma operação de carga ou descarga, garantindo uma elevada flexibilidade de utilização e planeamento das rotas. A arquitetura do veículo possibilita ainda a instalação de baterias adicionais na parte lateral. UNIÃO COM A CHARIN No âmbito do seu projeto de eletromobilidade, a MAN decidiu aderir à Charging Interface Initiative (ChargIN), uma associação com 60 membros que tem como objetivo estabelecer um sistema de carregamento combinado (CCS) como padrão para o carregamento de todos os veículos elétricos com baterias. “Além da harmonização das capacidades de carregamento e do posicionamento do CCS, a MAN vai dedicar-se principalmente ao tópico da comunicação de carregamento inteligente, já que, na interação com o terminal de autocarros e/ou centro logístico, esta é uma importante interface com a gestão de frota dos nossos clientes”, explica Götz von Esebeck, responsável pelo departamento de eMobilidade da MAN Truck & Bus. /

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REPORTAGEM

KEYTRAILER

CRESCIMENTO Em 2016, a Keytrailer colocou no mercado nacional 500 novas unidades da Krone, tendo crescido 10% face ao ano anterior. No entanto, o responsável da empresa acredita que há um limite ao crescimento, pelo que defende uma gestão eficiente e ponderada dos recursos

A REBOQUE DA EFICIÊNCIA Empenhada na disponibilização de soluções polivalentes e que acrescentem valor aos seus clientes, a Keytrailer tem vindo a trilhar um caminho de sucesso. A viagem tem sido conduzida pela aposta na eficiência e numa gestão rigorosa e obrigou a uma mudança de instalações para fazer face ao aumento da procura por semirreboques Krone TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO

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epresentante exclusiva da Krone em Portugal, a Keytrailer tem registado um crescimento contínuo ao longo dos anos. Fruto de uma gestão rigorosa e das lições bem aprendidas no passado, desde 2012 que os resultados têm vindo sempre a subir. A atestar o sucesso, a empresa, que celebrou recentemente uma década de existência, inaugurou novas instalações em Porto de Mós, que vêm dar resposta ao aumento das vendas e das solicitações. Aliás, 2016 foi, como refere Pedro Santos, responsável pela Keytrailer, um ano “bastante positivo”, com a empresa a colocar no mercado cerca de meio milhar de semirreboques e a crescer cerca de 10% em comparação com o ano anterior. Foi precisamente a necessidade emergente de espaço para albergar os semirreboques que impulsionou a aquisição de um terreno com

uma área total de 25 mil metros quadrados, dos quais cerca de dois mil metros quadrados são dedicados às oficinas e 400 metros quadrados a um showroom. “Face ao nosso nível de vendas, já não tínhamos parque para os semirreboques”, afirma Pedro Santos, anunciando que esta foi uma oportunidade para também serem obtidos “alguns ganhos de produtividade ao nível da montagem” e para assegurar uma imagem adequada, naquela que é uma iniciativa que reafirma a posição da marca e da empresa no mercado. De acordo com Pedro Santos, a Krone afirmou-se no mundo dos semirreboques de lonas para, depois, paulatinamente, evoluir em termos de gama com a apresentação dos veículos fechados e, nestes, com os frigoríficos. “Seguindo a própria evolução da Krone, o forte das nossas vendas são também as lonas, que representam entre 80 e 85%. O restante refere-se às caixas fechadas, sobretudo com temperatura controlada.” De resto, segundo o responsável, esta é


A uma área em que a empresa quer reforçar a sua presença. “É onde podemos efetivamente ir buscar mais mercado”, defende Pedro Santos. “Nas lonas, já temos um nível de vendas e de disseminação da marca bastante grande. Ao nível dos frigoríficos ainda há muita gente que, tendo uma perceção de qualidade da marca, não tem conhecimento das configurações e caraterísticas destes produtos.” O conhecimento das valências do produto assume-se, de resto, como um fator importante para a tomada de decisão, que tempos houve em que era exclusivamente baseada no preço. Embora, segundo o responsável, este continue a ser um fator preponderante para a compra, a verdade é que existe já uma nova cultura. “Verificamos que há muitos clientes que têm uma perceção qualitativa do semirreboque. Não olham só para o preço e estão dispostos a pagar mais um pouco por uma mais-valia que o semirreboque possa apresentar”, aponta Pedro Santos. “O que as pessoas ressalvam

mais é a robustez da carroçaria, a fiabilidade dos eixos, a facilidade de manusear o semirreboque, abrir e fechar portas, e a possibilidade de correr o teto”, explica, ao elencar que o semirreboque tem de ser prático. Aliás, olhando para o mercado nacional e comparando-o com outros europeus, onde existe uma diversidade de semirreboques de um, dois e três eixos, Pedro Santos afirma que, em terras lusas, a aposta recai sobretudo nos veículos de três eixos, otimizados ao nível da altura. “Em Portugal, como o volume das transações e das mercadorias a transportar é muito menor, o cliente vai sempre procurar o semirreboque mais polivalente de todos, pelo que o produto acaba por ser muito igual, do ponto de vista das caraterísticas, para todos os transportadores, para que possam fazer os mais variados tipos de transporte.” OFERTA INTEGRADA Num mercado fortemente concorrencial, onde a polivalência e o preço ditam a escolha, asse-

gurar uma relação transparente e de confiança com o cliente é um fator considerado como primordial para a Keytrailer. De acordo com Pedro Santos, “pensar que o cliente está fidelizado é meio caminho andado para o perder”. Por isso mesmo, a empresa mantém uma cultura de empenho e satisfação permanente das necessidades do cliente. “A relação com o cliente tem de ser consolidada todos os dias, dando respostas e acompanhamento de uma forma constante e garantindo que os níveis de satisfação são altos, para que o cliente equacione sempre, no leque de equipamentos que poderá comprar, o produto Krone.” No âmbito deste posicionamento, e no sentido de manter o contacto e a relação comercial com o cliente entre compras, a Keytrailer disponibiliza todo um conjunto de serviços. Assim, além da venda de semirreboques novos, e da respetiva assistência em garantia, a empresa dispõe de uma oficina onde faz a manutenção e reparação dos veículos a nível mecânico e de carroçaria,

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REPORTAGEM

KEYTRAILER

OFICINAS PRODUTIVAS Para além de visar o aumento do espaço para parquear os veículos, a mudança de instalações pretendeu aumentar a produtividade nas oficinas, que ocupam 2000 dos 25 mil m2 de área total. É aqui que funcionam os serviços de montagem dos semirreboques

A PAR DA VENDA DE SEMIRREBOQUES, A KEYTRAILER EFETUA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO MULTIMARCA contemplando, inclusivamente, uma área de sinistrados. “Temos de fazer sempre esforços para manter o cliente, de forma a que volte a comprar, a que exista uma relação comercial, através até de uma atividade de após-venda ou de manutenção”, assume Pedro Santos. Através dos serviços de manutenção, a Keytrailer disponibiliza métodos de acompanhamento preventivo do semirreboque, com ou sem contrato de manutenção, permitindo ao cliente poupança nos custos de manutenção do equipamento, de acordo com a utilização e garantindo máxima disponibilidade. Já os serviços de reparação contemplam a reparação de caixas de carga, carroçamento, estrado e chassis; a substituição, reparação e montagem de lonas e a reparação de pintura. Adicionalmente, a empresa dispõe de um stock alargado de reposição, por forma a dar cobertura imediata às peças com maior desgaste ou maior consumo, e de um serviço de diagnóstico e parametrização, contando com equipamentos de diagnóstico para os sistemas

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pneumáticos e de travagem, nomeadamente software para diagnóstico e parametrização dos sistemas de travagem WABCO e HALDEX. É ainda de sublinhar o facto de estes serviços serem multimarca. UM SUCESSO ESTRUTURADO Não obstante a fase positiva que o mercado atravessa, a Keytrailer mantém um posicionamento ponderado, fruto das dificuldades sentidas com o irromper da crise económica. Pedro Santos recorda que, em 2016, ano de criação da empresa e do início da representação da Krone, as vendas de semirreboques eram muito elevadas, de tal modo que “o preço já era uma matéria desprezível, o que importava era o prazo de entrega”. A dar os primeiros passos e ainda pouca preparada para a enorme pressão da altura, a empresa acabaria por pouco aproveitar desses tempos áureos. “A partir de setembro de 2008 foi o descalabro total, as vendas baixaram radicalmente, acompanhando a crise mundial, e havia um excesso de stock

ao nível de todos os fornecedores. Foram tempos muito difíceis para uma empresa tão jovem como a Keytrailer era”, recorda. Com o mercado a apresentar recuperações desde 2012, sobretudo por via dos menores constrangimentos colocados pela banca – até porque o financiamento continua a representar cerca de 80% das vendas –, Pedro Santos acredita que a tendência é para a estabilização. “O envelhecimento da frota, resultado dos anos em que não houve investimento, a par de algum aumento de frota, fez com que as vendas crescessem nestes últimos anos. Mas o mercado não pode continuar a crescer a este ritmo, porque isso significaria a duplicação do número de semirreboques.” Preparada para tempos menos prósperos, a empresa aposta numa gestão em que eficiência e produtividade são máximas inabaláveis. Bem representativa desta ponderação é a vontade de manter uma estrutura de colaboradores controlada. “Sentimos as dificuldades na pele e não queremos voltar a passar pelo mesmo”, elenca o responsável. Não obstante, as perspetivas são de crescimento e o objetivo é o de conquistar mais clientes e mais mercado, por via de uma postura de cumprimento, transparência e, acima de tudo, humildade. /


UMA GAMA COMPLETA Representante exclusiva da Krone, a Keytrailer comercializa as seguintes gamas de semirreboques: PROFI LINER – Passível de ser usada nos mais diversos ramos de negócio, dispõe de proteção contra a ferrugem (graças à pintura cataforética por imersão e à pintura a pó) e de componentes normalizados extremamente robustos. Destaca-se pela estabilidade do chassis, que lhe permite suportar com desenvoltura as cargas. O nível de equipamento inclui componentes como o mecanismo de translação até à cobertura deslizante Edscha e às luzes traseiras, que são facilmente substituíveis. COOL LINER – Semirreboque frigorífico com certificado de acondicionamento da carga, é uma solução de chassis completo. O veículo distingue-se pelos painéis sandwich de plástico reforçado a

fibra de vidro, aptos para receber películas e 100% isentos de CFCs. Os componentes de série, desde o mecanismo de translação até às luzes traseiras, garantem a máxima segurança de utilização. Os perfis de liga leve reforçados e com uma secção transversal maior, montados no painel frontal, contribuem para uma circulação mais eficiente do ar. A cuba do fundo estanque aos líquidos, que vai de um lado ao outro, está soldada diretamente às réguas protetoras parachoques e possui um reforço extra na zona da retaguarda para poder suportar as cargas elevadas geradas pelo empilhador. PAPER LINER – Baseado no chassis, recentemente desenvolvido pela Krone, com intervalos reduzidos entre os suportes transversais, e em calhas de rasgos de chaveta combinadas com rolos, fixadas por meio de parafusos, o modelo foi desenvolvido para suportar as cargas

pesadas e sensíveis das bobinas de papel. Oferece uma grande variedade de soluções de acondicionamento da carga. LIGHT LINER – Com um peso morto de apenas 5,2 toneladas, o veículo Light Liner destacase pelo peso reduzido entre os semirreboques com cortina de correr. Derivado da linha Light Liner, consegue, por via do inovador chão autoportante, suportar grandes cargas. Para maior estabilidade e robustez, recorre a um chassis em aço, sendo que só nas portas, no painel frontal e no chão é que é utilizado alumínio. Para a estrutura estável e resistente do chão, que combina alumínio e madeira, a Krone inspirou-se na construção naval. O nível de equipamento compreende componentes de série, desde o mecanismo de translação até à cobertura deslizante Edscha e às luzes traseiras, que são facilmente substituíveis.

DRY LINER – A proteção completa numa caixa resistente aos elementos atmosféricos é a principal caraterística diferenciadora desta linha. A armação do chassis é estável graças a um reforço diagonal e, por via de uns amortecedores de borracha na traseira, suporta bem os impactos na rampa. Devido à pintura cataforética por imersão e à pintura a pó, o chassis está protegido contra a ferrugem, sendo que a sua polivalência adaptar painéis e tetos de diferentes tipos. FRESH LINER – A relação preço/ desempenho distingue a nova linha de veículos da Krone, caraterizada pela estrutura da caixa feita à base de painéis sandwich. Os painéis (da cobertura), com 28 ou 30 mm de espessura, possuem um miolo com espuma de poliuretano de muito alta densidade, e um revestimento metálico resistente ao impacto. Com estas caraterísticas obtém-se uma alta capacidade

de isolamento e maior resistência ao envelhecimento. CITY LINER – Desenvolvido para o transporte urbano de mercadorias, dispõe de um chassis robusto com uma travessa maciça na extremidade, para as constantes operações de acostagem às rampas, sistema de direção forçada de barra simples de reação rápida e baixa manutenção. O programa inclui ainda todas as variantes de configuração, que vão desde a caixa frigorífica, passando pela caixa para transporte de mercadorias secas, até à caixa com lona de correr ou à tradicional caixa com taipais – também equipada com plataforma de carga basculante. BOX LINER – Chassis porta-contentores multifunções. GIGA LINER – Conceito modular de veículo de mercadorias, visando um transporte rodoviário de mercadorias mais eficiente e ecológico.

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NOTÍCIAS

COMERCIAIS

MERCEDES-BENZ

METRIS MASTERSOLUTIONS APRESENTADO EM CHICAGO

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Mercedes-Benz levou ao Salão de Chicago o Metris MasterSolutions, um showcar que pretende valida r o prog ra ma Mercedes-Benz MasterSolutions, implementado em solo americano no verão de 2016. Este programa pretende aumentar as capacidades de personalização do processo “Ship-thru”, em que as viaturas são enviadas das linhas de produção para carroçadores que ajudam a personalizar os modelos antes de eles serem enviados para os concessionários. Neste caso, o furgão foi apresentado como a der-

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radeira “caixa de ferramentas sobre rodas”. Com o exterior decorado como se fosse uma caixa de ferramentas, e com umas apelativas jantes de 20”, o modelo destaca-se pela organização da área de carga, adaptada para ser um posto de trabalho móvel. Com vista a esse fim foram integrados diversos compartimentos para transporte de ferramentas, a que se junta a possibilidade de abrir uma das secções laterais para facilitar o acesso ao interior de objetos e ainda a utilização de materiais como a madeira para substituir o piso em metal. Existe ainda uma compartimentação em plástico na traseira, que evita sujar o interior, pois tem uma superfície facilmente removível e lavável e ainda um espaço para

guardar equipamentos como botas que ficam com lama. O Metris MasterSolutions conta com um motor 2.0 turbo de 208 cv, que atinge os 100km/h em cerca de nove segundos. A marca refere ainda a importância da colocação das patilhas da caixa 7G-Tronic no volante, permitindo adaptar atempadamente a mudança antes de encontrar desafios como subidas quando a carrinha está bastante pesada com carga. Procurando sobressair também pela salvaguarda dos ocupantes, esta Mercedes Metris MasterSolutions tem soluções como o aviso de ventos cruzados, apoio ao arranque em subida, monitorização da atenção do condutor e ainda um ESP que se adapta consoante o peso da carga. /


NISSAN

E-NV200 LIDERA VENDAS DE FURGÕES ELÉTRICOS

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furgão Nissan e-NV200 ficou no topo das tabelas de vendas dos furgões elétricos na Europa em 2016, tendo ficado em primeiro lugar em 17 países do Velho Continente. O total de vendas subiu 7% em 2016, em comparação com o ano anterior, em que foram comercializadas 4319 unidades. Gareth Dunsmore, diretor de Veículos Elétricos da Nissan Europa, afirmou: “À medida que cada vez mais empresas se centram na redução da sua pegada de carbono, a necessidade de encontrar soluções de transporte de emissões zero torna-se mais importante. Através da Mobilidade Inteligente da Nissan estamos a trabalhar para desenvolver um futuro sustentável e a nossa e-NV200 representa essa visão na perfeição, satisfazendo ao mesmo tempo uma grande variedade de necessidades dos clientes.” “Além das óbvias vantagens ambientais, os proprietários da e-NV200 beneficiam igualmente dos seus baixos custos de utilização (a partir de apenas 0,03 € por km), de um modo de viagem suave e quase silencioso e de custos de funcionamento 40 por cento inferiores, quando comparado com um veículo equivalente a gasóleo”, acrescentou o mesmo responsável.

FORD

MARCA MAIS VENDIDA DE COMERCIAIS NA EUROPA

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Ford voltou a ser a marca mais vendida de veículos comerciais na Europa, tendo reforçado a sua taxa de penetração em 0,6% para 13,2% nos 20 mercados tradicionais. As vendas de comerciais ligeiros subiram 17% para 328 600 unidades, que foram suportadas por uma elevada procura da gama de produtos Transit e Ranger. As vendas da Transit e da Transit Custom registaram um aumento de 15% para 203 mil veículos, estabelecendo um novo recorde na combinação dos segmentos de uma e duas toneladas de carga útil. A Ford Ranger, por sua vez, conheceu um incremento de 42%, com a comercialização de 38 600 pick-ups. Entretanto, a Ford lança um projeto com um orçamento milionário desenhado para ajudar a melhorar a qualidade do ar da cidade de Londres, ao mesmo tempo que permite que o construtor norte-americano acelere os seus planos para o lançamento de 13 novos veículos globais eletrificados nos próximos cinco anos. Ao abrigo deste projeto, várias empresas londrinas poderão beneficiar dos préstimos de 20 unidades da Transit Custom PHEV (híbrida plug-in) durante 12 meses, o que contribuirá para a redução de emissões locais ao operar unicamente com energia elétrica na maioria dos trajetos urbanos.

VW FORNECE CEM VEÍCULOS COMERCIAIS À DHL A Volkswagen Veículos Comerciais ganhou um contrato para o fornecimento de cem veículos à DHL Express Portugal. O negócio, que corresponde a um investimento de 2,7 milhões de euros por parte da empresa de transporte expresso para renovação da sua frota operacional, compreende a entrega de furgões compactos do modelo Caddy, de furgões médios do modelo Transporter e de grandes furgões do modelo Crafter. Todos os veículos estão adaptados para o serviço de entregas e recolhas expresso, assim como às especificações do negócio, permitindo um maior conforto e otimização do trabalho, ao mesmo tempo que seguem o mais exigente padrão europeu de emissões e possuem sistemas de apoio à redução dos consumos. O diretor de Operações e Gateways da DHL Express Portugal, José Ferreira, considera que este investimento “trará muitos benefícios, tanto no curto como no longo prazo, já que as viaturas vêm melhorar os níveis de produtividade, o desempenho ambiental e aspetos relacionados com a saúde e segurança dos nossos membros”. O responsável acrescenta: “Para mantermos a liderança temos de investir permanentemente nas melhores soluções, nas tecnologias mais avançadas e na utilização das melhores ferramentas para que possamos antecipar as necessidades dos nossos clientes e exceder as suas expetativas, assumindo sempre a nossa responsabilidade social e ambiental.”

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NOVIDADES

COMERCIAIS

MENOS CUSTOS A Peugeot anuncia que o Partner Tepee Electric tem um custo de manutenção 30% inferior ao de um veículo de motor térmico

VERSÃO ELÉTRICA A Peugeot apresentou o novo Partner Tepee Electric, agora com uma autonomia de 170 km e uma capacidade de carga de 1350 litros. A versão chega a Portugal em setembro

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Peugeot fez a estreia mundial do novo Partner Tepee Electric no Salão de Genebra, em março. O modelo assenta a sua base mecânica na do furgão Partner Electric, lançado em 2013. O motor elétrico compacto é do tipo síncrono de ímanes permanentes e oferece uma potência máxima de 67 cv e um binário de 200 Nm. Os dois packs de baterias de iões de lítio, de elevada densidade energética e com uma capacidade de 22,5 kWh, oferecem uma autonomia homologada de 170 km. Colocados no fundo da viatura, de cada um dos lados do trem traseiro, originam um centro de gravidade baixo para o veículo, beneficiando o comportamento dinâmico e a maneabilidade, mas também não comprometendo a habitabilidade e o volume de carga. O seu espaço interior modulável permite instalar cinco pessoas, ao mesmo tempo que transporta 1350 litros de carga. Retirando os três bancos da segunda fila, este valor chega aos 3000 litros, potenciando uma utilização mista trabalho/família.

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170

KM

AUTONOMIA

67

CV

MOTOR ELÉTRICO

22,5 KWH

BATERIA

A todas as suas prestações de modularidade e funcionalidade, o novo Partner Tepee Electric junta as vantagens específicas ligadas à sua mecânica elétrica, como a possibilidade de circular em zonas regulamentadas em termos de emissões. O modo de recarga rápida até 80% em 30 minutos, disponível em opção, permite multiplicar os percursos diários. Além de uma menor pegada ecológica, a Peugeot anuncia que o Partner Tepee Electric tem um custo de manutenção 30% inferior ao de um veículo de motor térmico. Para tal concorre a garantia de oito anos ou cem mil quilómetros da bateria e de cinco anos ou 50 mil km para a mecânica elétrica, vigorando em ambos os casos o primeiro dos dois a ser atingido. Os intervalos de manutenção são de dois anos ou 40 mil km, após o primeiro ano. A ausência de caixa de velocidades e de embraiagem reduz o número de elementos a controlar e, graças à dupla regeneração de energia, os travões são menos solicitados. Destaque ainda para o custo energético por quilómetro da recarga cerca de quatro vezes inferior, face ao do combustível para um veículo com motor térmico. As vendas em Portugal deverão iniciar-se em setembro de 2017. /


ELETRIFICADO A grande novidade da Renault no Salão de Bruxelas foi a estreia absoluta da versão elétrica do comercial Master. A comercialização está prevista para o final de 2017

MASTER ELÉTRICO A estreia da versão elétrica do Master e a introdução de uma bateria com maior capacidade no Kangoo ZE marcaram a participação da Renault no Salão de Bruxelas

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íder no mercado de veículos elétricos, a Renault vai alargar a sua oferta de comerciais ligeiros elétricos com a introdução do Master ZE, que começará a ser comercializado no final de 2017. A versão elétrica do grande furgão da marca francesa vai receber a nova bateria de 33 kWh, desenvolvida em conjunto pela Renault e pela LG Chem, e o motor elétrico R75, oriundo do Renault ZOE e que desenvolve uma potência máxima de 57 kW (76 cv). A autonomia anunciada é de 200 quilómetros em ciclo NEDC (New European Driving Cycle) e a velocidade máxima está limitada eletronicamente a 115 km/h. O Renault Master ZE será comercializado em três versões de carroçaria no furgão de mercadorias – curta de teto baixo, média de teto alto e longa de teto alto – e chassis-plataforma, na variante longa. A bateria foi instalada por baixo da carroçaria, o que permitiu manter a capacidade de carga inalterada. Assim, o furgão de mercadorias disponibiliza um volume útil de carga entre os 8 e os 13 m3 , e uma carga útil entre 1000 e

1100 kg. Para carregar por completo a bateria são necessárias cerca de seis horas com um carregador de 7 kW. Por sua vez, o Kangoo ZE também recebe a nova bateria de 33 kWh, que aumenta em 50% a sua autonomia, podendo percorrer até 270 quilómetros no ciclo de testes NEDC, o que, segundo a Renault, corresponde a uma autonomia real de 200 quilómetros. O pequeno furgão elétrico da marca francesa recebe ainda o motor elétrico R60 – estreado no ZOE e que desenvolve uma potência máxima de 44 kW (60 cv) – e passa a contar com um carregador mais potente, de 7 kW AC, que em associação com uma wallbox de 7 kWh permite carregar totalmente a bateria em aproximadamente seis horas. Além disso, possibilita a obtenção de 35 quilómetros adicionais de autonomia em apenas uma hora. Em termos de operação, o novo Kangoo ZE vai oferecer a possibilidade de realização de dois turnos diários. O Kangoo ZE, cujo início da comercialização está previsto para meados de 2017, estará disponível em duas versões de carroçaria, com 4,28 metros e 4,66 metros, com dois ou cinco lugares. O volume útil de carga situa-se entre os 3,0 e os 4,6 m3 . /

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KWH

CAPACIDADE BATERIA

270

KM

AUTONOMIA KANGOO ZE

1,1

TON

CARGA ÚTIL MASTER ZE

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NOVIDADES

COMERCIAIS

REGRESSO EM FORÇA O Museu da Carris em Lisboa foi o cenário escolhido para a apresentação da gama de comerciais da Hyundai, constituída por três modelos: i20 Van, H-1 e H350 TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

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segmento de veículos de comerciais em Portugal recuperou para níveis de vendas anteriores à crise de 2011 e a Hyundai tem como objetivo estratégico alcançar uma taxa de penetração entre 5 e 6%. No mercado nacional, a Hyundai vai estar representada em três dos mais significativos subsegmentos de veículos comerciais: derivados de ligeiro, com o i20 Van; furgões médios, com o H-1; furgões grandes e chassis-cabina, com o H350. A principal novidade, e também a grande aposta, é precisamente a gama H350, que, neste momento, está disponível em duas opções de

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carroçaria, furgão de mercadorias e chassis-cabina simples, podendo vir a ser reforçada, a médio prazo, com a introdução dos derivativos furgões de passageiros (ainda não comercializados em Portugal porque a fábrica produz apenas versões de oito lugares e no mercado nacional a procura recai nas versões de nove lugares) e minibuses. Para o furgão de mercadorias, a marca coreana propõe duas versões de carroçaria, curta e longa, com volumes úteis de carga de 10,5 m3 e 12,9 m3 , respetivamente. A versão longa do H350 é, de acordo com a Hyundai, a única da classe dos seis metros de comprimento com capacidade para acomodar até cinco europaletes no seu compartimento de carga com um com-

primento de 3,65 metros. A versão curta, por sua vez, permite receber quatro europaletes. O derivativo chassis-cabina também está disponível em duas versões de chassis - curta e longa - constituindo uma excelente plataforma para receber os mais diferentes tipos de carroçaria, incluindo caixas de carga com um comprimento máximo de até quatro metros. A gama Hyundai H350 recebe o motor 2.5 CDRI Euro 6, que está disponível em níveis de potência de 150 ou 170 cv, associado a uma caixa manual de seis velocidades. A tração é assegurada pelo eixo traseiro. O consumo de combustível anunciado pela marca é de 8,2 l/100 km para o H350 Van e de 8,6 l/100 km para o chassis-cabina. O Hyundai H350 Van é proposto a partir de


APOSTA NO NOVO H350 A grande aposta da Hyundai é o modelo H350, que permite receber até cinco europaletes na versão de chassis longo do furgão. A garantia de fábrica é outro dos seus argumentos

35 149 euros para a versão de chassis curto e motorização de 150 cv, acrescendo em 700 euros na opção pela versão longa. Por sua vez, a motorização de 170 cv implica um acréscimo de 1100 euros em ambos os casos. O chassis-cabina tem um preço de venda ao público a partir de 31 761 euros. Em termos de garantia, a Hyundai propõe três anos sem limite de quilómetros ou cinco anos e 200 mil quilómetros. H-1 ESTÁ DE VOLTA Com um parque circulante ainda bastante significativo da sua primeira geração, o Hyundai H-1 voltou a ser comercializado no mercado português, após um interregno de seis anos. A oferta assenta nas versões de três e seis lugares, que disponibilizam compartimentos de carga com comprimentos úteis de 2,39 metros ou 1,59 metros, respetivamente. O volume útil de carga máximo é de 5,1 m3. A capacidade de carga situa-se entre os 959 quilos e os 1094 quilos. O Hyundai H-1 é proposto com o motor 2.5 CRDI Euro 6 que desenvolve uma potência de de 136 cv e um

6%

OBJETIVO DE MERCADO

12,9 M

3

VOLUME ÚTIL CARGA (H350)

8,2 l/100 km CONSUMO (H350)

136 CV POTÊNCIA MOTOR (H-1)

binário de 343 Nm. O consumo anunciado pela marca é de 7,5 a 8,7 l/100 km. Um dos fortes argumentos deste comercial coreano consiste numa garantia de três anos sem limite de quilómetros, que é complementada pela garantia de mobilidade que durante cinco anos disponibiliza uma viatura de substituição de classe equivalente. Em termos de preços de venda ao público, a versão de 3 Lugares é proposta a partir de 30 973 euros e a de 6 Lugares a partir de 33 255 euros. SUCESSO PARA i20 VAN Para o segmento dos derivados de ligeiro, a aposta da Hyundai reside no modelo i20 Van. O modelo foi lançado em 2015 e um dos seus argumentos consiste no motor diesel 1.1 CRDI de 75 cv. Destacando-se por ser de uma cilindrada inferior aos blocos da concorrência, ganha alguma vantagem na comparação direta por ser menos penalizado a nível fiscal. O Hyundai i20 Van é comercializado nos níveis de equipamento Access e Comfort, com preços a partir de 20 600 euros. /

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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ENSAIO

ISUZU D-MAX 4X4 AUT LS ON BOARD

NOVO MOTOR NA EUROPA Com o objetivo de cumprir a norma ambiental Euro 6, a Isuzu introduziu um novo motor diesel de 1,9 litros na D-Max e aproveitou para proceder a uma atualização da imagem da sua pick-up TEXTO CARLOS MOURA PEDRO FOTOS JOSÉ BISPO

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presentada ao público no Salão Automóvel de Paris, em outubro do ano passado, a nova D-Max já entrou em comercialização no mercado nacional e procura alcançar um lugar de relevo num segmento que tem vindo a crescer não só em termos de vendas, mas também de oferta. Os objetivos da marca apontam para um volume total de 520 unidades em 2017, o que representará um crescimento de 39% face a 2016. Única pick-up do mercado concebida e produzida por um construtor exclusivo de veículos

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comerciais, a nova D-Max sobressai pelas alterações introduzidas na secção frontal, que tiveram como objetivo minimizar as consequências de um impacto com peões. Nesta linha, destaque para o capô, a grelha dianteira, o para-choques, que inclui faróis de nevoeiro, e os grupos óticos, agora dotados com luzes LED. O habitáculo também apresenta algumas novidades, designadamente ao nível do design do painel de instrumentos, que inclui um ecrã multifunções, enquanto o volante passou a incorporar comandos para o rádio, o cruise-control ou o telefone. O espaço interior foi igualmente otimizado para melhorar o conforto do condutor e dos passageiros, com os arcos das portas mais largos a facilitarem o

acesso a uma cabina que disponibiliza um espaço amplo para a cabeça e para as pernas. O equipamento de conforto também foi reforçado, passando a ser de série o auxiliar de arranque em declive (Hill Start Assist) e o Hill Descend Control (HDC). Porém, as alterações mais profundas encontram-se debaixo do capô. Para cumprir a norma Euro 6 e continuar a comercializar a D-Max no mercado europeu, a Isuzu substituiu o motor diesel de 2,5 litros por um novo bloco de 1,9 litros, que cumpre os limites de emissões sem recorrer ao aditivo AdBlue para proceder ao pós-tratamento dos gases de escape. Denominado RZ4E – TZ, este propulsor “common rail” e com turbocompressor de geometria


variável desenvolve uma potência máxima de 164 cv às 3.600 rpm e um binário de 360 Nm entre as 2000 e as 2500 rpm. Aquela curva de binário quase plana garante boas acelerações e recuperações em autoestrada, bem como um elevado desempenho fora do asfalto. VERSÃO “PREMIUM” No mercado nacional, a gama D-Max é proposta em versões de trabalho (L), estando disponíveis as três tipologias de cabina (simples, longa e dupla), e de lazer (LS), mas apenas com cabina longa ou dupla. Com base no modelo de cabina dupla, tração integral e caixa metálica, a Isuzu desenvolveu uma versão premium da sua pick-up, denominada “LS On Board 4x4”, que oferece um nível de equipamento bastante completo para enfrentar os principais concorrentes. Com um comprimento total de 5,29 metros, esta pick-up permite transportar cinco ocupantes, uma carga útil de até uma tonelada e oferece uma capacidade de reboque de 3,5 toneladas. Em termos de conforto, a dotação de série compreende o ar condicionado automático, bancos em pele – aquecidos à frente e com regulação elétrica no lado do condutor – sistema áudio com ecrã tátil de sete polegadas e comandos no volante e Bluetooth, retrovisores elétricos e retráteis, cruise control, alarme, chave inteligente e câmara traseira. Falta apenas o sistema de navegação, que integra a reduzida lista de opcionais.

Para progredir em fora de estrada, a versão 4x4 da D-Max conta com o sistema inteligente de tração integral “shift on the fly”, cujo comando giratório se encontra localizado no túnel da transmissão, permitindo passar de duas para quatro rodas motrizes ou engrenar as redutoras, havendo ainda a possibilidade de bloquear uma velocidade em condições mais duras em todo o terreno. Em termos de aptidões para fora de estrada, a versão de Cabina Dupla da D-Max oferece um ângulo de ataque de 29º, um ângulo de saída de 22,7º e uma inclinação lateral de 49º. A unidade ensaiada contava ainda com um caixa de velocidades automática de seis velocidades com conversor de binário, que proporciona uma condução mais descontraída, embora algumas passagens de caixa pudessem ser mais suaves. O consumo de combustível, por seu lado, apresentou um valor ligeiramente superior à média anunciada pela marca de 7,8 l/100 km, com o computador de bordo a indicar valores na ordem dos 10,0 l/100 km. Referência ainda para o comportamento da suspensão, com eixo traseiro rígido e molas de lâminas, que se revelou demasiado “seca”, penalizando o conforto a bordo, especialmente para os ocupantes dos lugares traseiros. A versão mais bem equipada da pick-up da Isuzu, D-Max Cabina Dupla 4x4 LS “On Board” com caixa metálica e transmissão automática, tem um preço de venda ao público de 41 450 euros. /

NOVA IMAGEM A nova Isuzu D-Max é identificável pela secção dianteira, com destaque para a grelha, o capô, os grupos óticos e o para-choques. O habitáculo oferece bastante espaço para os ocupantes e os bancos na versão mais bem equipada (LS On Board) são em pele. O novo motor da Isuzu tem uma cilindrada de 1,9 litros e desenvolve 164 cv. O topo de gama recebe caixa automática de seis velocidades

1005

KG

CAPACIDADE CARGA

1,48

M

CAIXA DE CARGA

3,09

M

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS

164

CV

POTÊNCIA MÁXIMA

ISUZU D-MAX 4X4 AUT LS ON BOARD PREÇO 41450 € MOTOR 4 cil; 1898 cc; 164 cv às 3600 rpm BINÁRIO 360 Nm; 2000 às 2500 rpm TRANSMISSÃO 4WD (Part-time); 6 vel aut PESO 3000 kg COMP./LARG./ALT. 5295/1860/1785 mm CONSUMO 7,8 l/100 km EMISSÕES 205 g/km

IMAGEM/MOTOR CONSUMOS/ SUSPENSÃO DURA

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FROTA

CTT

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APOSTA NA VOLUMETRIA Para responder à alteração no tipo de objetos postais que têm de ser distribuídos, os CTT adaptaram a sua frota, com a aposta em veículos com maior volumetria de carga TEXTO CARLOS MOURA PEDRO FOTOS JOSÉ BISPO

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aumento do comércio eletrónico está a provocar uma alteração no tipo de objetos postais entregues pelos CTT, com uma redução significativa nas tradicionais cartas e um crescimento considerável nos volumes, levando a uma transformação no processo de distribuição postal. “O e-commerce é o nosso mais recente desafio”, afirma Hernâni Santos, diretor de operações dos CTT. “Todos compramos ou conhecemos alguém que compra produtos pela Internet, que depois têm de ser distribuídos e entregues em casa”, adianta. Esta nova tendência na tipologia de correspondência a ser entregue obrigou a uma adaptação dos CTT em termos de meios de apoio à distribuição postal e também implicou um reforço significativo na volumetria da frota afeta a esta atividade.

“Necessitamos de ter uma frota adequada e preparada para responder a este novo tipo de distribuição”, salienta o responsável, referindo que a capacidade volumétrica de transporte diário “aumentou entre 10 e 15% desde 2013”. Com o objetivo de acompanhar esta evolução do mercado, os CTT delinearam um plano de investimentos que aponta para um reforço da volumetria da frota, não só na ligeira, mas também na pesada. Incluindo veículos comerciais ligeiros com um volume útil acima de 10 m3 até conjuntos articulados constituídos pela combinação entre trator e semirreboque, com volumetrias de até 55 m3 , a frota “pesada” dos CTT é constituída por 250 unidades. A maioria dos veículos corresponde a camiões, de dois ou três eixos, com volume útil de até 45 m3 , seguindo-se os camiões ligeiros com 23 m3 . Em média, cada veículo percorre mais de 200 mil quilómetros por ano. A idade média da frota é de sete anos, que é a “adequada aos objetivos


REFORÇO NA VOLUMETRIA O aumento do comércio eletrónico levou a uma alteração na tipologia de correspondência e os CTT tiveram de adaptar a frota à nova realidade para transportar mais volumes

da empresa”, sendo renovada, por tipologias de veículos, de quatro em quatro anos. Todos os veículos pesados resultam de aquisição direta dos CTT em processo de concurso público porque o “mercado não tem soluções de aluguer operacional de veículos (renting) adequadas para as necessidades da empresa”, afirma o responsável. “Todos esses produtos financeiros existentes no mercado apresentam limites de quilómetros, que nós ultrapassamos com facilidade”, explica. “Os nossos veículos estão permanentemente na estrada e nunca podem estar parados para que a correspondência postal (cartas e volumes) possa ser recolhida à noite e distribuída no dia seguinte”. Os veículos asseguram a movimentação de volumes entre os vários centros operacionais, designadamente Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve. “Na produção e distribuição fazemos 46 mil quilómetros por dia e ligamos todos os pontos do país”, refere o diretor de operações dos CTT.

CONTRATOS DE MANUTENÇÃO EM TODA A FROTA Todos os veículos da frota pesada dos CTT são adquiridos com contratos de manutenção e reparação. “Faz parte do processo de seleção do concurso público”, explica Hernâni Santos. “Devemos ser competentes naquilo que é o nosso core business: recolher o correio, tratá-lo e distribuí-lo. Entendemos que existem entidades especializadas na manutenção. Caso contrário, teríamos de fazer um esforço significativo para dispormos de pessoal com um nível de conhecimento sempre atualizado relativamente aos desenvolvimentos tecnológicos das diferentes marcas. Como não temos uma única marca na nossa frota, mas várias, isso obrigar-nos-ia a dispor de uma 'universidade' de manutenção para preparar as nossas equipas para responder de forma eficaz aos problemas levantados pelos veículos das marcas.” Assim, além do preço de aquisição, os cadernos

de encargos dos concursos públicos lançados pelos CTT também dão relevo ao custo de manutenção dos veículos que irão fazer parte da frota durante sete ou oito anos. “Tem de haver a garantia por parte da marca de que os veículos estão sempre operacionais porque necessitamos que estejam ao serviço 24 horas por dia”, realça o entrevistado. Para responder às exigências operacionais dos CTT, a caixa de carga tem de estar adaptada a receber as denominadas unidades agregadoras de tráfego. São contentores que dispõem de um sistema dotado de vários níveis que permite acomodar unidades mais pequenas de transporte de correio e objetos de médio porte, como cassetes ou boxes. “Essas unidades encastram nos contentores”, refere Hernâni Santos, “adiantando que esse é um dos requisitos colocados às marcas”. Por outro lado, todos os camiões rígidos, de dois ou três eixos, com volume útil até 45 m3, têm de

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FROTA

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LIGAÇÕES ENTRE CENTROS O centro de operações de Lisboa é um dos mais modernos da Europa e tem capacidade para movimentar seis mil objetos por hora. É a partir daqui que a frota pesada estabelece a ligação entre os diferentes centros

vir equipados com um taipal traseiro basculante. “Como esses veículos fazem recolhas e entregas em alguns centros de operação que não possuem cais de carga para acostar o veículo, este equipamento é indispensável.” Outro fator relevante é o consumo de combustível, que permite diminuir a pegada de carbono da empresa e o impacto do transporte no ambiente. “Todas as alterações tecnológicas introduzidas nos últimos anos tiveram um reflexo positivo no consumo de combustível”, nota o responsável. “Esse é um dos aspetos que levamos em conta quando procedemos à renovação de frota.” Igualmente importante para os CTT é o critério da segurança para minimizar o nível de exposição a que estão expostas as pessoas envolvidas na operação e as novas aquisições contam com os “sistemas mais modernos disponíveis no mercado, incluindo os limitadores de velocidade, tacógrafos digitais de nova geração, reguladores de velocidade nas zonas urbanas”. Os CTT também têm vindo a apostar em novas tecnologias de motorização e participaram num projeto-piloto que envolveu a utilização em condições reais de utilização de um camião ligeiro elétrico. “O balanço foi bastante positivo e o contributo que a nossa empresa deu para a experiência foi importante”, garante Hernâni Santos. “À semelhança dos veículos

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ligeiros, temos zonas e áreas onde a autonomia do veículo ainda não é o aspeto mais relevante. Na periferia de Lisboa existem percursos com uma extensão de entre 50 a 120 quilómetros por dia e o veículo pernoita nas instalações, permitindo o carregamento da bateria. Para essas situações é perfeitamente enquadrável uma solução de veículo elétrico, desde que responda às nossas necessidades.” “O único ponto menos favorável para a nossa operação foi a ausência de uma plataforma traseira elevatória, o que condicionou os percursos a utilizar”, acrescenta. “Só podíamos utilizar o veículo em percursos que tivessem cais de carga e descarga na origem e no destino.” “Estaremos sempre disponíveis e interessados em participar em todas as experiências do género que possam vir a ser feitas. Se, do ponto de vista da oferta, tivermos possibilidade de utilizar um veículo elétrico e, se após as nossas contas, o balanço for idêntico, não temos dúvidas de que será um caso a considerar”, refere o entrevistado. “Quando este tipo soluções estiverem disponíveis comercialmente, os CTT estarão dispostos a analisar; sobretudo, se vierem acompanhados de produtos de financiamento como um renting e de um conjunto de incentivos aliciantes para as empresas”, conclui. /



NOTÍCIAS

AFTERMARKET

RENAULT TRUCKS

GALIUS ENTRA NO RTEC Um total de 5242 participantes de 49 países vão participar na segunda edição do Road to Excellence Championship, um desafio lançado pela Renault Trucks aos seus técnicos de após-venda

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Renault Trucks lançou um novo desafio dedicado aos técnicos de após-venda, o RTEC (Road to Excellence Championship). A edição de 2017 vai contar com 5242 participantes de 49 países, que vão competir em testes teóricos até abril. No mês de maio, as me-

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lhores equipas irão defrontar-se em desafios práticos na Grande Final Internacional, que se vai realizar nas instalações do construtor francês, na cidade de Lyon. A competição foi concebida para desenvolver as competências do após-venda dos técnicos da Renault Trucks. A Galius, empresa do Grupo Nors, que representa a marca francesa no mercado nacional, e a sua rede de concessionários autorizados vão participar neste importante

desafio, com 24 equipas, num total de 94 participantes. O RTEC de 2017 está dividido em três partes: duas secções teóricas e um desafio prático final onde se vai trabalhar diretamente com os veículos. As equipas da rede Renault Trucks terão de responder primeiro a duas séries de 35 questões concebidas para testar e desenvolver as suas competências técnicas, os conhecimen-


CONTINENTAL

SEGUNDA EDIÇÃO DO RTEC As melhores equipas de técnicos de após-venda da Renault Trucks irão defrontar-se em desafios práticos na final da segunda edição da RTEC Road to Excellence Championship

NOVAS SOLUÇÕES NO MOTORTEC

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ob o mote “Different Ways, One Future”, a Continental apresentou, no Motortec, os seus produtos e soluções à medida para responder às necessidades das oficinas. Destaque para a gama de sistemas de travões da marca ATE, que inclui agora discos para Mercedes, o mais recente sistema de diagnóstico remoto, diferentes soluções de gestão de frotas ou a nova ferramenta para as oficinas especializadas realizarem operações em tacógrafos digitais. O stand da Continental contou ainda com a representação das suas redes de oficinas para veículos comerciais DTCO+, centros de travagem ATE como especialistas em travagem e centros de reparação diesel. A marca apostou ainda na renovada gama de pneus para veículos comerciais da Geração Hybrid 3, na sua proposta de futuro para a incorporação de sensores para a monitorização dos pneus (ContiPressureCheck) e a gestão de frotas.

MOTORBUS

ÓLEOS MOTUL PARA PESADOS

tos das ferramentas e dos procedimentos da Renault Trucks, bem como a gestão da relação com os clientes. No final destes desafios teóricos, as 24 melhores equipas serão convidadas para se deslocarem a Lyon, sede da Renault Trucks, para participarem na grande final internacional em maio de 2017. Os concorrentes irão participar num teste prático, em condições reais, na oficina de formação do fabricante. /

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Motorbus iniciou a comercialização de toda a gama de lubrificantes da Motul, empresa francesa de nível mundial especializada na formulação, produção e distribuição de lubrificantes de alta tecnologia para motores (motos, automóveis, viaturas pesadas), bem como lubrificantes industriais através da sua divisão Motultech. A empresa, fundada em 1853, conta com uma larga experiência no desenvolvimento de produtos para o setor de veículos pesados e está apostada em desenvolver uma nova linha de trabalho, oferecendo aos seus clientes ferramentas inovadoras e diferenciadoras e que lhe permitirá obter a confiança dos melhores profissionais. A Motul é também reconhecida como especialista em lubrificantes sintéticos e, ao longo dos anos, foi ganhando experiência como fornecedor oficial de muitas equipas e fabricantes.

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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NOTÍCIAS

AFTERMARKET MEYLE

PASTILHAS DE TRAVÃO PARA FURGÕES MELHORADAS

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Meyle lançou pastilhas de travão com uma mistura de revestimento melhorada para as mais recentes gerações de grandes furgões, como o Mercedes-Benz Sprinter, Volkswagen Crafter, Ford Transit, entre outros. Segundo a marca alemã, as pastilhas de travão para furgões estão sujeitas a elevados pesos e cargas, o que provoca um maior desgaste e uma consequente diminuição na capacidade de travagem. Para responder às novas exigências, as pastilhas de travão Meyle-PD para furgões dispõem de um tipo de revestimento de fricção otimizado contra o desgaste, visando aumentar significativamente o tempo útil das peças. A Meyle refere que a adoção deste revestimento permite, em condições ideais, que o veículo faça apenas as revisões regulares, deixando de entrar na oficina devido ao desgaste prematuro dos travões. As novas pastilhas de travões Meyle-PD para furgões possuem chapas de amortecimento de três camadas, que são aplicadas na parte posterior da placa de suporte do calço de travão com uma camada de cola especial para um amortecimento adicional. A função destas chapas é atenuar vibrações e evitar que os travões “chiem”. Para que sejam libertadas menos substâncias perigosas para o ambiente durante o

processo de abrasão dos calços de travão, a marca abdicou da utilização de cobre e de metais pesados no fabrico desta nova mis-

WABCO APRESENTA OPTIFLOW No decorrer da Transportation Technology Exhibition (TMC), realizada em Mashville, EUA, a Wabco apresentou o OptiFlow, solução de otimização aerodinâmica para atrelados. Esta é a primeira solução nos EUA com ativação automática, regulada pela velocidade captada pelos sensores ligados ao sistema de ABS do veículo. A ativação é feita acima das 45 mph (72,4 km/h),

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tura para comerciais, como já sucede no caso das pastilhas Meyle-PD para ligeiros de passageiros. /

GATES FORNECE DAF garantindo a maximização da poupança de combustível. Os painéis recolhem quando se atingem as 10 mph (16 km/h). De acordo com a Wabco, o OptiFlow AutoTail permite uma poupança de combustível de até 4,3% em autoestrada, reduzindo ao mesmo tempo as emissões em até 4,8 toneladas de dióxido de carbono por reboque/ano.

TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

A Gates acaba de anunciar a adjudicação do contrato da DAF para o desenho e fornecimento de sistemas de transmissão de correia auxiliar para os motores Euro 6 da marca, os MX-11 e MX-13. Esta nova adjudicação aumenta, de acordo com a Gates, a sua liderança como fabricante de equipamento original (OE) no setor dos veículos pesados. Para a Gates, o seu sucesso OE reside na plataforma para a estratégia de após-venda,

tendo a marca sido pioneira na mudança para soluções após-venda tudo-em-um para o mercado HD. Cinco novos tensores e ralentis DriveAlign e nove novos Kits de assistência extra Gates Micro-V foram adicionados para os motores DAF MX-11 e MX-13, abrangendo os modelos das linhas CF (distribuição) e XF (longo curso).


VALEO

DIESEL TECHNIC

JOINT-VENTURE EM TRANSMISSÕES

GARANTIAS ALARGADAS

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Valeo uniu-se ao grupo sul-coreano Pyeong Hwa para criar uma nova empresa, detida em 50% por cada um dos parceiros. Denominada Valeo Kapec, terá o seu quartel-general em Daegu, na Coreia do Sul, e pretende ser a líder mundial no que respeita a conversores de binário para transmissões automáticas e de variação contínua. A nova empresa empregará cerca de três mil pessoas e será controlada e consolidada pela Valeo. As expetativas são de que a nova empresa gere um total de mil milhões de euros em vendas. Cada um dos parceiros trará à nova empresa os seus negócios que envolvam conversores de binário. “Ao fortalecer os laços que nos unem ao nosso parceiro sul-coreano de longa data e ao criar esta joint-venture, duplicaremos as nossas vendas de conversores de binário para transmissões automáticas e de variação contínua, ao mesmo tempo que nos convertemos nos líderes na tecnologia de ponta aplicada a esta gama de produtos”, afirma Jacques Aschenbroich, CEO da Valeo. / PUBLICIDADE

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um reforço da confiança nas suas insígnias, a Diesel Technic oferece, a partir de agora, garantias alargadas nas peças das marcas DT Spare Parts e Siegel Automotive. As garantias para ambas as marcas de produtos foram ampliadas e passam a estar válidas ao longo de toda a cadeia de comercialização até ao comprador final. Isto significa que o prazo da garantia do componente começa somente a partir do dia em que o utilizador final adquiriu a peça num parceiro de distribuição da Diesel Technic. As diferenças nos termos de garantia de ambas as marcas de produtos referem-se ao prazo de garantia: DT Spare Parts oferece 24 meses de garantia e a Siegel Automotive oferece 12 meses de garantia. Os novos termos de garantia complementam os amplos After SalesServices, onde também estão incluídas, por exemplo, as instruções de montagem ilustradas e em vários idiomas da marca DT Spare Parts. /


NOTÍCIAS

AFTERMARKET HELLA

ILUMINAÇÃO MODULAR LED

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Hella desenvolveu uma nova gama de iluminação LED para veículos industriais. De nome Shapeline, esta nova gama, que acaba de ser apresentada, permite aos fabricantes instalar sistemas de iluminação sobre uma base modular, satisfazendo, deste modo, as suas necessidades de iluminação de forma mais flexível. A nova gama modular inclui todas as funcionalidades de sinalização necessárias e está disponível com vários desenhos, combináveis entre si, permitindo assim que os fabricantes possam dar aos seus equipamentos uma aparência individual. Os elementos desta gama são também multivoltagem, o que os torna adequados para sistemas de 12 e 24 volts. A gama Shapeline está disponível em duas linhas de desenho diferentes: a clássica e a dinâmica, que apresenta formas mais inovadoras. Em qualquer um dos casos, a microótica nas lentes interiores proporciona uma aparência homogénea quando se ligam. Para garantir os melhores resultados, a Hella desenvolveu ainda um configurador online para esta nova série. Já disponível, esta ferramenta permite que os desenhadores possam experimentar e configurar os seus próprios desenhos para as zonas dianteira, lateral e traseira, bastando para isso alguns cliques. Depois de configurada a iluminação, os utilizadores podem descarregar um PDF com as definições escolhidas, bem como enviá-las diretamente para encomenda. /

FORMAÇÃO PARA REPARADORES DELPHI A TRW Automotive Portugal, em parceria com a Delphi, organizou uma ação de formação em tecnologia de injeção da Delphi para veículos pesados, para os reparadores oficiais Delphi. A ação, que se realizou no centro de formação

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da Delphi, em Madrid, contou com a presença dos seguintes reparadores oficiais Delphi para a tecnologia EUI: Injectofil, Leiridiesel e Servidiesel. Os participantes tiveram oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre o princípio, operação e reparação das unidades EUI A, E1 e E3. Os reparadores foram postos à prova e tiveram de desmontar, inspecionar, reparar e testar corretamente os Electronic Unit Injectors da Delphi.

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DISCOS DE TRAVÃO ALEA PARA PESADOS A Alea alargou a sua oferta na família de travagem para veículos pesados, com a introdução de discos de travão. A marca própria de aftermarket do Grupo Nors passou a disponibilizar 46 referências nas lojas Civiparts a preços competitivos para veículos pesados das marcas DAF, Iveco, MAN, Mercedes-Benz, Renault Trucks, Scania e Volvo Trucks.

O Grupo Nors adianta que este lançamento permite aumentar a oferta da marca Alea na área de travagem, “complementando, por exemplo, a gama de sucesso já existente de pastilhas de travão”.


GAMA DE ILUMINAÇÃO SHAPELINE A gama de iluminação Shapeline permite a instalação de sistemas sobre uma base modular

NOVO CATÁLOGO DT SPARE PARTS PARA VOLVO A DT Spare Parts expandiu a sua oferta de peças de reposição com o seu mais recente catálogo para os modelos Volvo FH/FM/ FMX/NH. Com mais de 600 novos produtos, num total de 3800 produtos de marca própria, esta gama consegue substituir mais de 7300 números de referência. A empresa oferece no total mais de 7400 peças de reposição camiões.


EMPRESA

APRESENTAÇÃO

EM DIREÇÃO AO TOPO Empenhada no objetivo de se tornar um dos três principais fabricantes mundiais do aftermarket, a Sampa prepara-se para conquistar o mercado de pesados em Portugal. Hasteando com bandeira a máxima qualidade ao preço mais baixo, conta com o apoio da Civiparts como distribuidor exclusivo em terras lusas TEXTO ANDREIA AMARAL

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Civiparts tornou-se o representante exclusivo para Portugal da marca Sampa, presente há vários anos no país por via de diferentes distribuidores. Movida pelo objetivo de se transformar num dos três maiores fabricantes de aftermarket nos próximos sete anos, a Sampa alinhou esforços com a Civiparts para aumentar a sua presença e taxa de penetração no mercado luso. Foi precisamente com o intuito de promover a representação exclusiva para o mercado português que a Civiparts organizou, em conjunto com a insígnia, dois eventos. As iniciativas decorreram no Casino do Estoril e no Casino de Espinho e reuniram cerca de 200 pessoas para conhecer de perto a oferta diversificada do fabricante turco e os processos que asseguram a qualidade de cada produto. De resto, a qualidade inquestionável é um dos pressupostos em que a Sampa assenta a sua estratégia de crescimento e posicionamento no mercado, a par com o preço competitivo e com a rápida e eficiente resposta em termos de prazos de entrega. INTEGRAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Responsável por uma gama de produtos que inclui mais de 30 mil artigos e a trabalhar com múltiplos fabricantes mundiais de veículos pesados na qualidade de fornecedor de equipamento original, a Sampa assume como missão proporcionar o seu vasto portefólio aos “mais baixos preços disponíveis, sem comprometer os elevados padrões e a satisfação do cliente”.

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

Nesse sentido, a insígnia turca, que tem apresentado uma taxa de crescimento anual entre os 30 e os 35%, aposta fortemente na investigação e desenvolvimento de produto, como comprova o investimento de dez milhões de dólares num centro de I&D e Testes de 3000 m2 munido da mais avançada tecnologia. Aliás, a marca diz mesmo ter “o melhor centro de I&D no mercado pós-venda”. Integrado no complexo fabril da marca, com 80 mil m2 e situado na zona industrial de cidade de Sansun, na Turquia, o centro I&D promove a inovação no sentido de fabricar peças sobressalentes duradouras e de obter novas patentes. Munidos de equipamentos altamente avançados, 110 cientistas efetuam todos os testes para garantir o correto funcionamento do produto e uma longa vida útil. Adicionalmente, e com o intuito de garantir a maior eficiência produtiva, a Sampa investiu num conjunto de valências que lhe permitem assegurar, de forma integrada, todas as fases de fabrico. Assim, o seu complexo industrial inclui fábricas de moldes, de produção de folhas metálicas, processamento, vulcanização de borracha, tratamento de superfícies, produção e montagem de foles de suspensão, injeção de plástico, forja e fábrica de braços em V, barras de suspensão e terminais. Se a isto juntarmos o rigoroso controlo de qualidade – a marca é detentora das mais variadas certificações, como são a ISO/TS 16949 e a ISO/EN 17025 – e um armazém controlado pelos mais modernos processos logísticos e que permitem responder com celeridade aos pedidos de encomenda provenientes de todo o mundo, a Sampa está bem posi-


A CIVIPARTS DISPÕE JÁ DE 2500 REFERÊNCIAS DA SAMPA

cionada para cumprir o seu ambicioso objetivo de integrar, a curto prazo, o top três dos fabricantes mundiais do aftermarket. QUALIDADE APLICADA “A Sampa tem uma visão integrada da produção e produz desde a matéria-prima até aos moldes com que faz as peças. Graças a este posicionamento, garante uma qualidade no-

tável em todo o processo produtivo e assegura o preço mais baixo. Aliás, normalmente os produtores não falam em preço, mas a Sampa fá-lo, porque sabe que é uma questão que tem muita importância para os frotistas e proprietários de camiões”, afirmou João Jervell, diretor executivo da Civiparts, à Turbo Comerciais. Segundo o responsável, o fabricante turco “é um fornecedor estratégico”, que deverá as-

MARÇO/ABRIL 2017 TURBO COMERCIAIS

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EMPRESA

APRESENTAÇÃO

SAMPA EM NÚMEROS

10

MILHÕES DE DÓLARES INVESTIDOS NO CENTRO I&D

30-35 % TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL

2,5 %

VOLUME DE NEGÓCIOS REINVESTIDO EM I&D TODOS OS ANOS

80 mil M

2

ÁREA FABRIL

9

FÁBRICAS

3300

MÁQUINAS E DISPOSITIVOS NO PARQUE TECNOLÓGICO

30 mil

ARTIGOS NA GAMA

138

PAÍSES PARA OS QUAIS EXPORTA

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sumir “um forte posicionamento na gama da Civiparts de qualidade equivalente”. De resto, os produtos da Sampa são compatíveis com marcas como Mercedes, MAN, Volvo, Scania, DAF, Iveco, Schmitz, Krone e Kögel, sendo que a gama integra 30 mil artigos de 24 categorias: Suspensão; Suspensão pneumática; Suspensão molas; Escape; Filtros; Eixo; Direção; Veio de transmissão; Cubo da roda; Embraiagem; Diferencial; Motor; Cabine; Fibra; Refrigeração; Equipamentos de óleo; Elétrico; Carroçaria Reboques; Transmissão; Travagem; Compressores; Combustível; Cabos de transmissão; e, por fim, Universal. Numa primeira fase, a Civiparts irá colocar ao dispor dos clientes portugueses 2500 referências da Sampa, com foco nos produtos de direção, suspensão, travagem, acessórios e componentes de cabina e de semirreboques. Já com cerca de 1900 referências em stock, a Civiparts deverá alargar progressivamente o portefólio a outros produtos, de acordo com as necessidades específicas do mercado nacional e tendo em conta as caraterísticas do parque circulante nacional de pesados, para o qual a marca apresenta uma cobertura a rondar os 90%. “A Civiparts tem uma responsabilidade muito grande, que se prende com a confiança que os nossos clientes depositam em nós. Temos clientes de longa data e não poderíamos defraudá-los, colocando produtos com menos qualidade no mercado. Pretendemos que a Sampa seja a alternativa para a qualidade equivalente em Portugal e que, quando os clientes pretenderem produtos com qualidade e baixo

TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017

preço, a Sampa seja a primeira marca em que pensem”, avançou João Jervell, desvendando que, nesse sentido, “o objetivo é que a Sampa represente 10% do volume de faturação da Civiparts, embora em 2017 se deva ficar ainda pelos 6 ou 7%”. “Apesar de a marca ser já conhecida, creio que ainda vamos ouvir falar muito da Sampa em Portugal e em Espanha, onde também somos distribuidores, embora não exclusivos”, conclui o diretor executivo. /

NOVAS CAIXAS E ETIQUETAS A Sampa atualizou o design das suas caixas e rótulos com o objetivo de facilitar a armazenagem dos produtos e gerir stocks mais fácil e eficazmente. O novo rótulo, cujo tamanho varia em função da dimensão da embalagem foi concebido para que se possa obter informações detalhadas sobre os produtos armazenados, seja através de um telemóvel ou por via

NOVO DESIGN As caixas da Sampa apresentam uma nova imagem

de equipamentos de leitura eletrónicos. Com códigos QR, descrição de produto em diferentes línguas, números de aplicação, imagem de produto e quantidade, os rótulos possuem ainda um holograma de autenticidade. Paralelamente, as caixas passam a receber uma etiqueta exclusiva certificando que a inspeção final da peça foi realizada antes do embalamento.


CONFERÊNCIA

FROTA ECOLÓGICA

OPORTUNIDADES PARA AS EMPRESAS SESSÃO DE BOAS VINDAS E ABERTURA DE TRABALHOS PRESIDIDA PELO EXMO. SR. SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO E DO AMBIENTE O REGIME FISCAL E AS IMPLICAÇÕES PARA AS EMPRESAS VANTAGENS DA MOBILIDADE DE BAIXO CARBONO COMO É QUE AS MARCAS ESTÃO A AGARRAR ESTA OPORTUNIDADE PME COMO ESTÃO A OLHAR PARA A NOVA OFERTA E PARA AS OPORTUNIDADES GERADAS OPERADOR DE ENERGIA PREPARADO PARA ESTA NOVA OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO RECICLAGEM DE BATERIAS DE CARROS ELÉTRICOS E PNEUS

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MANUTENÇÃO

PERITAGEM

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TURBO COMERCIAIS MARÇO/ABRIL 2017


VEÍCULOS INDUSTRIAIS

PERITAGEM EM GRANDE ESCALA Desde o mais pequeno ao maior, a categoria de veículos industriais engloba derivados de turismo, carrinhas, furgões, chassis-cabina, camiões ligeiros, médios, pesados e tratores de semirreboque. Estão incluídos também os conjuntos formados por automóvel e veículo: semirreboques ou reboques (camiões articulados e comboios rodoviários), os veículos com dedicações específicas ou exclusivas, como camiões-betoneira, cisternas, porta-carros, porta-contentores, camiões do lixo, bombeiros, bem como os desenhados para o transporte coletivo de passageiros, como miniautocarros, autocarros urbanos, interurbanos, articulados e autocarros de longo curso. A avaliação de danos nesta panóplia de veículos - que poderia continuar a ser ampliada em categorias e subcategorias - requer a utilização de um método e conhecimentos específicos por parte do perito TEXTO FRANCISCO JAVIER LÓPEZ GARCÍA

A

peritagem de veículos industriais deve ser realizada por profissionais do mundo automóvel e, embora o processo de reparação possa variar de acordo com os critérios envolvidos, em todos os casos terá de ser tecnicamente correto, de modo a assegurar que o veículo mantém todas as suas caraterísticas originais no que respeita a segurança e desempenho. A preparação exigida ao perito avaliador é muito abrangente. A esta é necessário somar uma boa capacidade comunicativa e um conhecimento profundo do terreno que pisa. Todas estas caraterísticas são imprescindíveis no

contacto diário com oficinas, fornecedores de peças de substituição, fabricantes de carroçarias e segurados.

PROCESSO DE AVALIAÇÃO O processo de avaliação de danos de um veículo industrial pode ser descrito em cinco passos: 1. Recolha de dados administrativos, 2. Identificação do veículo, 3 . Trabalho com a documentação técnica de apoio, 4. Identificação de danos e 5. Resumo da peritagem. Em seguida procedemos à descrição de cada passo: 1. Recolha de dados administrativos: São dados proporcionados pela companhia de seguros: matrícula, marca, modelo, número de chassis, data do sinistro, número de expediente da companhia, classe de sinistro (RC res-

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MANUTENÇÃO

PERITAGEM

ponsabilidade civil, DP danos próprios, RD reclamação de danos, etc.), tipo de peritagem com compromisso, sem compromisso, com franquia. São considerados também todos os aspetos que o perito verifique posteriormente na oficina, bem como a documentação técnica (tempos, preços, etc.). 2. Identificação do veículo: O profissional da peritagem deve verificar na oficina que os dados administrativos correspondem ao veículo a avaliar. Caso disponha de informação adicional, como número de produto, placa de cabina, placa de fabricante de carroçaria, código de cor, etc., esta será também incluída no bloco de dados administrativos, uma vez que facilitará a procura de peças de substituição entre as diferentes variantes desse mesmo modelo. A leitura do conta-quilómetros deverá ser registada, tal como o estado de conservação dos pneus, indicando o eixo no qual se encontra e a respetiva posição no dito eixo. Também deverá ser registado o tipo de carroçaria, indicando se se trata de um trator de semirreboque, de um camião rígido, carroçarias em caso de reboques e semirreboque, que podem ser caixa aberta, com cortinas laterias ou basculante; ou carroçarias como as do autocarro urbano, miniautocarros ou autocarros interurbanos. 3. Trabalhos com a documentação técnica de apoio: O perito deve familiarizar-se com a desmontagem do veículo e com os aspetos técnicos do seu trabalho. É recomendável que disponha de um esquema de desmontagem de peças de substituição que o ajude a identificar o elevado número de peças

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d 1 Perito durante a avaliação de danos de um camião 2 Semirreboque cisterna danificado 3 Autocarro urbano 4 Danos graves

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AS GRANDES DIMENSÕES DESTES VEÍCULOS E A SUA CONSTRUÇÃO E EQUIPAMENTOS COMPLEXOS REQUEREM UMA SEQUÊNCIA CLARA DE AVALIAÇÃO

interiores que podem ter sido danificadas e que não são facilmente reconhecíveis visualmente. Desta forma é possível evitar confusões e duplicações ao realizar a avaliação. Este ponto irá acompanhá-lo ao longo de todo o processo. Não é muito frequente encontrar ferramentas informáticas de avaliação de veículos industriais pelo que será necessário um minucioso trabalho de localização de peças, referências e preços, devendo todas estas questões ser registadas no relatório. 4. Identificação de danos: No momento de realizar uma peritagem, é necessário ter um critério de atuação lógico e organizado, com o objetivo de refletir todas as operações necessárias para reparar os danos produzidos. Deverá ser feita uma inspeção visual dos danos através de reportagem fotográfica.


A PERITAGEM DE VEÍCULOS INDUSTRIAIS DEVE SER REALIZADA POR PROFISSIONAIS DO MUNDO AUTOMÓVEL Posteriormente, será de grande ajuda na oficina para analisar a magnitude dos danos, as peças afetadas e na procura das mesmas em manuais de desmontagem e em preçários. A magnitude dos danos deverá ser descrita e avaliada, bem como a atuação sobre os mesmos: reparação, substituição, tipo de pintura, tempos e materiais (monocamada, bicamada, vinis, aerografias...). Neste ponto é necessário ter em conta os tempos das operações de desmontagem e montagem de elementos até chegar ao elemento danificado. É necessário contar também com as operações mecânicas e as verificações necessárias para todos os elementos nos quais não seja percetível dano visualmente, mas que sejam suscetíveis de ter sido afetados pelo sinistro. As grandes dimensões de muitos destes veículos e a sua construção e equipamentos complexos requerem uma ordem a seguir para evitar distrações e omissões ao passar de um elemento para outro, para que partes dos danos não fiquem por identificar. Para o efeito estabelecemos a sequência de inspeção do veículo mostrada no gráfico (apresentado ao lado). Esta sequência é concluída com a inspeção de danos no interior da cabina do camião ou no interior do veículo de passageiros, voltando a estabelecer uma sequência na inspeção destas zonas: frontal, lateral, trasei-

ra, teto, piso, bancos, guarnições... 5. Resumo da peritagem: Ponto reservado à anotação da parte económica da peritagem. As secções refletidas neste ponto são as seguintes: - Peças de substituição, materiais de pintura: bases de cor, dissolventes, catalisadores, recipientes, filtros, papel e fita de mascarar, panos para o pó, lixas, etc. - Outros: valores de materiais que, por diferentes motivos, não foram considerados no desenvolvimento da peritagem. A título de exemplo, podemos enquadrar nesta secção o custo do material dos tratamentos anticorrosivos, cera para cavidades, anti-graviha, vedantes, etc. Naturalmente, os tempos de aplicação destes materiais serão incluídos nos tempos de reparação e substituição de cada peça. - Total de mão de obra: este ponto destina-se a refletir o montante económico resultante da mão de obra, que incluíra o preço de hora fixado pela oficina; e o total de horas avaliadas extraídas do orçamento, indicadas no ponto Resumo de mão de obra. - Trabalhos externos: referente às atividades realizadas fora da oficina, por não dispor de pessoal qualificado para o efeito, ou por não possuir a secção de reparação correspondente. Como exemplos, podemos referir a reparação de radiadores, o carregamento de

ar condicionado, a verificação de eixos, etc. - Total: secção na qual são somados os cinco montantes anteriores. - IVA, Subtotal: resultado da soma da secção Total e o valor referente ao IVA. Até aqui estará reunido o custo total da reparação; ou seja, o que será faturado pela oficina, mas existem despesas adicionais, independentes da reparação do veículo, cujo conhecimento é imprescindível para que a companhia de seguros possa analisar a viabilidade económica da reparação. As secções a ter em conta são as seguintes: serviço de grua, valor venal, dedução de salvados, dedução de franquia e total a indemnizar. Estas informações gerais sobre o mundo da avaliação do veículo industrial permitem ter uma noção da complexidade envolvida na avaliação de danos nesta categoria se não tivermos uma preparação técnica adequada. Há décadas que a CESVIMAP faz formação no setor da reparação e da peritagem de todo o tipo de veículos, incluindo os industriais. /

PARA SABER MAIS Área de Veículos Industriais vindustriales@cesvimap.com www.revistacesvimap.com @revistacesvimap Reparação e peritagem de veículos industriais. CESVIMAP, 2010

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NOTÍCIAS

PNEUS

BKT

EARTHMAX EM DESTAQUE NA CONEXPO

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fabricante de pneumáticos BKT aproveitou a feira CONEXPO-CON/ AGG 2017 de Las Vegas (Nevada, EUA) para dar a conhecer a gama Earthmax para veículos nos setores da construção, das minas e da movimentação da terra. Os visitantes puderam ver de perto alguns dos membros da família de produtos Earthmax, em crescimento constante para atender as necessidades mais exigentes dos utilizadores. Estes pneus foram projetados para garantir uma ótima distribuição do peso sobre o terreno em todas as aplicações com dumpers,

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carregadoras de rodas, tratores de esteira ou motoniveladoras. Todos os produtos da gama Earthmax associam a estrutura All Steel, que confere uma resistência maior à carcaça e, por conseguinte, a impactos externos, tais como furos e a penetração de corpos estranhos. Estas caraterísticas são essenciais em situações com obstáculos especiais no terreno que poderiam expor o pneu a sérios riscos de furos ou de prejuízo da carcaça. A gama Earthmax atende as exigências dos utilizadores em terrenos mais árduos como os de grandes estaleiros, pedreiras, minas subterrâneas ou de céu aberto. Em destaque esteve também o Earthmax SR 45 Plus, o novo pneu Giant da BKT. Com 2,70

metros de diâmetro (na medida 27.00 R 49), este pneu foi projetado para dumpers rígidos. A estrutura robusta da carcaça All Steel garante a estabilidade e a resistência a qualquer impacto com cortes, rasgões e abrasões, em todas as condições de utilização. Os outros modelos expostos foram: o Earthmax SR 22, desenvolvido para motoniveladoras e loaders, na medida 20.5 R 25; o Earthmax SR 30, projetado para dumpers articulados e carregadoras de rodas, na medida 20.5 R 25; o Earthmax SR 41 para dumpers articulados, na medida 20.5 R 25; e o Earthmax SR 49, na medida 33/65 R 33, que foi especialmente desenvolvido para loaders e tratores de esteira. /


NEX

DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO DA KUMHO NOS PESADOS

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Kumho Tyre e a NEX Tyres chegaram a acordo quanto à distribuição dos pneus de camião da marca asiática no mercado português. O acordo agora firmado concede à Nex a distribuição exclusiva das mais de cem referências de pneus Kumho para este segmento, com mais de 30 dimensões, entre as 17,5” e as 22,5”. Assim, a Nex, que já distribuía os pneus de pesados da marca sul-coreana em Espanha, torna-se a distribuidora ibérica exclusiva da Kumho no segmento dos pesados. Esta sinergia é um novo passo na estratégia de ambas as marcas, que buscam dar resposta à crescente procura do mercado português e reforçar a sua posição na distribuição de pneus de camião. Atualmente, a NEX Portugal conta com um stock de 40 mil unidades, distribuídas pelos seus três armazéns, localizados em Lisboa, no Porto e na Madeira, e dá cobertura a mais de mil clientes em território português.

SEMPERIT

GAMA RUNNER T2 AMPLIADA

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família Semperit Runner está a expandir-se. A mais recente adição é o pneu de reboque Runner T2 na dimensão 445/45 R 19.5”, uma dimensão particularmente importante para os megarreboques, que oferecem uma capacidade de carga de até 100 m3 e exigem uma altura baixa da plataforma, para cumprirem com a altura total regulamentada. Num setor onde a eficiência é prioritária, o Runner T2 oferece um contorno otimizado, com o ombro reforçado, e novo design do piso e composto de borracha, que prometem uma quilometragem elevada com melhor resistência ao rolamento. Além de conseguir a etiqueta “B” da UE na categoria de eficiência, este pneu para reboque possui também o símbolo M+S e cumpre as leis em vigor para a utilização durante o inverno. O Semperit Runner T2 445/45 R 19.5” é recauchutável e, por isso, uma solução sustentável e com uma boa relação entre a eficiência e o preço, mesmo depois do fim da vida útil do primeiro pneu.

HANKOOK LANÇA NOVOS PNEUS A Hankook Tyre UK prepara-se para apresentar a sua gama de pneus para veículos comerciais no Commercial Vehicle Show, em Birmingham. O certame decorre entre os dias 25 e 25 de abril próximo e, no stand do fabricante, serão também apresentadas algumas novidades, nomeadamente o SmartFlex TH31, na medida 385/65 R22.5, pneumático destinado a reboques. Ao lado do novo membro da família SmartFlex, será apresentada a já existente gama SmartWork, selecionada como OE por MAN, Mercedes-Benz Truck e Scania. Outra novidade guardada para o certame inglês é o novo pneu para autocarros de longo curso, o Smart Touring AL22, que se estreia neste mercado, depois da apresentação mundial realizada no IAA Commercial Vehicle Show de 2016.

FIRESTONE VANHAWK 2 PARA CAMIÕES LIGEIROS Para a Firestone é fundamental que o condutor de um camião ligeiro esteja preparado para todo o tipo de viagens: mais longas ou mais curtas, de “para-arranca” ou aquelas onde há uma necessidade constante de executar manobras, dia após dia. Por este motivo, o fabricante desenvolveu o Vanhawk 2, um novo pneu que apresenta a durabilidade e o período de vida útil do Vanhawk, ao mesmo tempo que incorpora melhorias na condução em piso molhado e ao nível da economia de combustível. O Firestone Vanhawk 2 está disponível em distribuidores em toda a Europa, em 20 medidas comuns, estando previstas mais duas medidas a partir da segunda metade do ano.

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TÉCNICA

CONDUÇÃO

POUPAR COMBUSTÍVEL Um veículo pesado está sujeito a elevada resistência no seu movimento, que influi no consumo de combustível: aerodinâmica, acelerações e subidas

CONDUÇÃO ECONÓMICA Embora o desenvolvimento dos veículos tenha tornado as viagens mais económicas e eficientes, existem princípios básicos, válidos para qualquer pesado, que continuam a não ser cumpridos pela maioria dos condutores e gestores de frotas. Por isso, revelamos-lhe aqui os principais conhecimentos e aptidões para promover uma condução económica TEXTO PEDRO MONTENEGRO*

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ciência, a investigação e desenvolvimento dos veículos automóveis pesados e ligeiros evolui há mais de 130 anos, no sentido de tornar as viagens mais seguras e mais eficientes. Infelizmente, a tecnologia das últimas décadas não tem sido acompanhada pelo conhecimento dos principais utilizadores, Motoristas e Condutores, desperdiçando-se dezenas de litros de combustíveis no dia a dia dum veículo pesado. Claro que, mesmo com o melhor conhecimento, é possível fazer me-

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lhor, mas os princípios elementares raramente são postos em prática, por pouca exigência e pouco empenho de quem gere as respetivas frotas automóveis. Um pesado é um veículo que muitas vezes transporta duas, três ou mais vezes o peso da sua tara. Por esta razão, está sujeito a um profundo desgaste, de todos os seus órgãos elétricos e mecânicos, nem sempre bem reconhecido pelos responsáveis das suas cargas e deslocações. Por tal razão, torna-se essencial o aperfeiçoamento em procedimentos de manutenção e condução que, muitas vezes, são desprezados. Os motores ajudam a condução, pois têm cada vez mais força de binário e também mais potência. O con-

dutor deve ajudar a transmissão do seu veículo, no sentido de aproveitar o elevado binário dum veículo pesado, pois em muitas situações o veículo não reconhece completamente o traçado da estrada, assim como a determinação das inclinações, nas subidas e descidas. Verifico há vários anos uma grande preocupação em diminuir a frequência da mudança do óleo do motor, havendo o receio em aceitar o recomendado pelo fabricante do veículo, mas desprezando operações elementares, como o controlo da pressão dos pneus, o alinhamento dos eixos e equilíbrio das rodas, ou mesmo a substituição ou a limpeza dum filtro de ar, por onde passam mais de 10 mil litros de ar,


para ajudarem a queimar um litro de gasóleo... Vários estudos internacionais apontam para que mais de metade dos veículos pesados circulem com os eixos de transmissão desalinhados, muitas vezes devido a esforços excessivos na tração, que provocam desgastes acentuados dos pneus nos eixos direcionais, superiores a 20% da sua duração estimada. O consumo de combustível melhora 2% com os eixos devidamente alinhados, face à média dos eixos não alinhados, o que torna difícil compreender este dado, ao nível dos custos operacionais duma frota de automóveis pesados. Verifica-se, por exemplo, em veículos com mais de duas dezenas de pneus, transporte de cimento, transporte excecional, onde temos facilmente consumos superiores a 40 litros por cada 100 quilómetros, em conjuntos de camiões articulados, sem carga... É possível fazer melhor, muito melhor, pois um conjunto articulado de hoje com 40 toneladas a circular a 85 km/h, velocidade constante e em plano não inclinado não deverá consumir mais do que 20

litros de gasóleo, por cada 100 quilómetros! O veículo pesado está sujeito a elevada resistência no seu movimento, como por exemplo: Aerodinâmica – deverá ser efetuada uma regulação correta do aileron por cima da cabina; se possível, não abrir os vidros quando circula a mais de 70 km/h. Em climas muito frios, com temperaturas negativas, temos aumentos na resistência do ar, mais denso, em cerca de 20%, podendo aumentar os consumos de combustível em cerca de 10%. Existem estudos que nos mostram que, se os espelhos retrovisores forem substituídos por câmaras de vídeo, teremos uma diminuição do consumo em quase mil litros por ano, por cada veículo pesado! As saias laterais entre o trator e o semirreboque permitem poupanças superiores a 3%, no consumo global de combustível, dum camião pesado de transporte de mercadorias. Acelerações – há muitos anos que foi demonstrado ser necessária muito mais energia para variar a velocidade dum corpo do que a energia necessária para manter a velocidade constan-

te. O momento de maior consumo de energia é o arranque de parado dum veículo pesado. A condução deverá ter isso em atenção, devendo diminuir os períodos de aceleração, menos travagens (se possível) e ganhos mais curtos de velocidade em tempo (subir mais 100 ou 200 rpm), de forma a serem praticados mais quilómetros numa velocidade mais constante. Subidas – este é outro modo de condução com grande consumo de energia para um veículo pesado. O condutor não deverá esquecer a necessidade de elevar a rotação ainda na parte não inclinada, que antecede a subida, de forma a subir perdendo menos tempo e consumindo menos combustível. Temos já, há vários anos, sistemas de GPS que comunicam com a transmissão e propõem a melhor relação da caixa de velocidades e rotação, que devem ser aproveitados. Boas viagens! / * Formador de Técnicas Avançadas de Condução de Veículos Pesados e membro da Associação Portuguesa de Centros de Formação de Condução Avançada ampadrive@gmail.com

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OPINIÃO

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

FORMAÇÃO, ATÉ QUANDO?

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mdostemasmaisfortes desta edição da nossa Turbo Comerciais é a Formação. Este é um tema de que gosto particularmente e ao qual já tenho aqui dedicado algumas reflexões. O que gostaria de partilhar com os leitores é, de uma forma generalista, a importância da formação na nossa vida, na nossa valorização pessoal e na valorização das nossas empresas. Começo por confessar que já não tenho muita paciência para assistir a formações estandardizadas, estilo “Como Gerir melhor o Tempo”, “Como Vender este mundo e o outro”, “Como recuperar créditos irrecuperáveis”, etc, etc… Na verdade, assistimos hoje a um leque de ofertas de formação muito aliciantes, bastante mais do que a formação tradicional, principalmente quando combinam temas técnicos com aspetos comportamentais. Hoje, dá-se particular importância à formação de desenvolvimento pessoal, vulgarmente apelidada de Coaching. Na formação mais técnica, tomando como exemplo o setor automóvel, adquirem-se os conhecimentos necessários à reparação dos veículos, desde o meter a mão na massa, isto é, nos componentes do trem motor, às ferramentas informáticas necessárias ao diagnóstico prévio para a reparação. Ao invés, um Coach, o que ensina é o colaborador a analisar e definir os seus objetivos profissionais, a combiná-los com os objetivos pessoais, tornando-o mais eficaz e contribuindo para o aumento da sua autoconfiança. À medida que os nossos conhecimentos técnicos vão aumentando, mais consciência temos da importância de os complementar com o conhecimento de nós próprios e das nossas capacidades, muitas vezes reprimidas por receio ou falta de motivação. Para as empresas, nem sempre é fácil tomar a decisão de instruir os seus colaboradores com formação que não tenha diretamente a ver com as tarefas técnicas, mas muitas das que o

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JOÃO ALMEIDA CONSULTOR EDITORIAL

fazem retiram disso benefícios, mensuráveis mais tarde ou mais cedo, porque os seus quadros tornam-se melhores profissionais. A não ser que não tenham as caraterísticas necessárias, mas até nesse caso é benéfico, porque se evita muitas vezes a atribuição de funções e nomeações para as quais os colaboradores não têm a devida competência. É o chamado Princípio de Peter, que nos diz que um colaborador tende a ser promovido até atingir o seu grau de incompetência… Se o pudermos evitar, melhor para todos. Mas não é apenas este novo tipo de formação que faz falta. Pelo contrário. Dou o meu exemplo, já que ainda esta semana participei numa interessante formação sobre Recursos Humanos, relacionada com as atuais leis da contratação e com o respetivo enquadramento da relação laboral entre empregador e colaborador. E são tantas as diferenças que encontrei relativamente ao que experienciei há uns anos por via das funções de Direção Geral que desempenhei… Fiquei, por exemplo, a saber que, para além de contratos a termo certo vs contratos sem termo, e de contratos a tempo Inteiro vs a tempo parcial, também existem contratos Intermitentes. E também fiquei a saber que um trabalhador à procura do primeiro emprego não é um trabalhador que nunca tenha trabalhado, mas sim um que nunca tenha tido um contrato sem termo. E, nesse caso, são válidos os benefícios para as empresas que o contratem. E fiquei a saber que estava completamente desatualizado quanto à legislação que atualmente rege as relações de trabalho, desde os contratos ao número de renovações possíveis, desde os horários de trabalho e a sua flexibilidade ao pagamento ou compensações legais ao trabalho suplementar. Por isso, caro leitor, se é empresário e julga que já sabe tudo o que lhe é útil para a sua empresa, desengane-se. Para além de inscrever os seus colaboradores, escolha também formação para si. Vai ver que não se arrepende. Temos sempre mais para aprender. Até morrer, como diz o poeta.




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