#55
DEZEMBRO
2016
PUBLICIDADE
profissional INSPEÇÃO Presidente da ANCIA defende "legislação mais ambiciosa"
ECONOMIA PARALELA Cerco apertado às atividades ilegais
NEGÓCIO PROMISSOR Lisparts encontra oportunidade de negócio nas peças recondicionadas
NOVA REDE DE OFICINAS Leirilis lança novo conceito oficinal e empresa de gestão de resíduos
EM DESTAQUE
SUSPENSÃO
O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A INOVAÇÃO TÊM CONDUZIDO À MELHORIA DOS SISTEMAS. MAS, COM O AUMENTO DA VIDA ÚTIL, SÃO AS VENDAS QUE SENTEM OS IMPACTOS PUBLICIDADE
LISBOA
)219 499 880
lisboa@motormaquina.pt
PORTO
)229 545 167 porto@motormaquina.pt
SUMÁRIO PROFISSIONAL
#55
DEZEMBRO 2016 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES PRO4MATIC SELO DE CAPA MOTORMÁQUINA RODAPÉ DE CAPA EXPOMECÂNICA VC JAPANPARTS PÁG.5 PETRONAS PÁG.9 BILSTEIN PÁG.15 MEYLE PÁG.20 E 21 HANKOOK PÁG.33 MONROE PÁG.39 BLUE PRINT PÁG.45 JABA PÁG.49 CENTRO ZARAGOZA PÁG.51 ASSINATURAS PÁG.59 ATA PÁG.63 CARF VCC GAMOBAR CC MARCAS NESTA EDIÇÃO 3M 50 AUDI 53 AUTEL 8 AUTO DELTA 13, 36 AUTOCREW 10, 31 AUTOZITÂNIA 11, 36 AXALTA 24 AZ AUTO 13 BARTEC 65 BOGE 10 BOSCH CAR SERVICE 31 BOSMA 9 BREMBO 50 CAR ACADEMY 40 CEPRA 40 CIFAM 48 CLOUDMADE 50 CONTINENTAL 64 CROMAX 8 DAT IBÉRICA 47 DELPHI 7 EDIPRINTER 6 EUROMASTER 64 FEDERAL-MOGUL MOTORPARTS 36, 41 FIAMM 10 FILOURÉM 9, 36 FRI.TECH 48 FUCHS 11 GARAGEM AVENIDA DO OESTE 13 GONÇALTEAM 13 HÉLDER MÁQUINAS 13 IBEREQUIPE 7, 65 ICHIKO 50 IMPREFIL 48 INDECO 27 INTERESCAPE 14 JP TOOL 8, 13 JPSF 14 LEASEPLAN 25 LEIRILIS 31 LISPARTS 14, 26 LIZARTE 29 LUBRIGRUPO 8 MARANGONI 65 MCNUR 14 MCOUTINHO PEÇAS 13 MERCEDES-BENZ 11 METELLI 48 MEYLE 20, 48 MITSUBISHI 44 MOBIL 8 MONROE 38, 42 NEOCOM 14 OSRAM 48 PAULO FERREIRA MACHINES 13 PENTOSIN 11 PETROMÓS 14 PNEURAMA 14 PNEUS DO ALCAIDE 14 POLIBATERIAS 10 PORTEPIM 8 PPG 47 PRO4MATIC 14 Q&F 36 Q8 OILS 13 RED SERVICE 31 RED WASTE 31 RODRIBENCH 13 SACHS 10 SAINT-GOBAIN AUTOVER 7 SANTARÉM MOTOR 14 SARRAIPA 13 SOBRAL PNEUS 14 SPARKES & SPARKES 14 SUBARU 65 TIRSO PNEUS 14 TOYOTA 58 TRAVOCAR 14 TRUSTING 48 TRW 36, 41 VALEO 50 VMF PETRÓLEOS 14 WAT 27 WD-40 14 YOKOHAMA 65 ZF 10, 36, 40
22 PERSPETIVA Paulo Areal, ANCIA
NOTÍCIAS
06 As novidades do setor RADAR
12 6.ª Edição Mecânica 16 27.ª Convenção ANECRA ESPECIALISTA
36
DESTAQUE Suspensão
52 Barómetro 53 Radiografia: Audi Q2 REPARAÇÃO
54 Soldadura MIG/MAG 58 Manutenção Toyota Avensis Touring Sports
26 Lisparts 60 Peugeot 307: Travões 30 Leirilis PNEUS 34 Excelência na Produtividade 64 Notícias RAIO-X
OPINIÃO 44 Mitsubishi L200 Sea Master 66 Direito de Retenção 46 Notícias internacionais
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
3
EDITORIAL
PROFISSIONAL
PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 5000 € CRC CASCAIS
UMA NOVA ABORDAGEM
A
o anunciar o fim de mais um ano, o mês de dezembro traz consigo um espírito de introspeção, mas também de aproximação ao ‘outro’ e à comunidade. É por esta altura que a maioria de nós faz um balanço das metas atingidas e eleva novas fasquias que ditarão os compassos dos nossos movimentos no ano que se avizinha. Este mesmo recolhimento ponderativo é extrapolado para as empresas, com reuniões de escrutínio de objetivos que visam identificar o ambicionado crescimento.
Não deixa de ser curioso o facto de ser precisamente nesta altura de reflexão interna que mais participamos em ações conjuntas, no reforço de relacionamentos e na procura de um bem-estar geral que nos preenche… Talvez porque, no fundo, sabemos que o nosso crescimento e a nossa autorrealização dependem do equilíbrio de um todo. É exatamente esta mensagem – de que o sucesso se concretiza no funcionamento perfeito de toda uma cadeia de valor – que destacamos nesta que é a última edição do ano, mas a primeira com o novo design editorial, porque também nós queremos estar mais perto de si, convidando-o de forma mais apelativa à leitura de artigos que, sabemos, o munirão da informação de que necessita para fazer o seu negócio, e todo o setor, crescer. Só a perceção de que apenas trabalhando juntos conseguiremos cumprir os nossos objetivos nos orientará para o caminho do sucesso. É isso que defende Paulo Areal, presidente da ANCIA e nosso entrevistado nesta edição, quando afirma que tem de se exigir mais rigor na inspeção. Não podemos ser coniventes com a circulação de veículos na via pública que colocam em causa a segurança de todos. E isso significa um trabalho conjunto, na sensibilização dos proprietários e na formação dos técnicos, que, em boa verdade, resultará em mais manutenções preventivas e na escolha de peças e serviços de qualidade, impulsionando o crescimento de todo o após-venda. Quando se facilita na tentativa de conquistar o cliente, é contra isto que se trabalha. Do mesmo modo, todos temos um papel a desempenhar na luta contra a economia paralela, que prejudica os negócios lícitos mas também todos nós, enquanto cidadãos. Exigir NIF nas compras de peças, obrigar à apresentação de faturas, facilitar o trabalho das autoridades (e vê-las como garantes do bem comum) e proporcionar condições aos colaboradores para que não enveredem por esta via fora de horas são medidas que todos devemos priorizar, como ficou comprovado na conferência da ANECRA. Neste ano que se avizinha, tentemos, por isso, uma nova abordagem. Trabalhemos tendo em mente que só no cumprimento das regras, na entreajuda, na luta pela melhoria contínua, na formação e informação de todos, e na construção de um setor forte, conseguiremos evoluir… e talvez descubramos que, assim, crescemos muito mais.
ANDREIA AMARAL EDITORA CHEFE
4
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. TOMÁS RIBEIRO 129, EDIFÍCIO QUINTA DO JAMOR, SALA 11, 2790-466 QUEIJAS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITORA CHEFE ANDREIA AMARAL andreiaamaral@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt JOSÉ MACÁRIO josemacario@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP 4FLEET IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777 INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS
NOTÍCIAS
NACIONAIS
INSPEÇÃO
CENTROS IPO ATUALIZADOS A Ediprinter ajudou mais de 80% dos centros de IPO do país a atualizarem os seus sistemas informáticos de gestão, cumprindo as novas exigências tecnológicas impostas pelo Governo
D
os cerca de 190 centros de inspeção automóvel a operar em Portugal, mais de 150 já estão a utilizar sistemas informáticos de gestão que cumprem com as alterações de ordem técnica impostas pelo Executivo. A informação é avançada pela Ediprinter, empresa especializada no desenvol-
6
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
vimento de software para centros de inspeção automóvel e que detém 80% da quota de mercado deste setor em Portugal. “A portaria emanada pelo Governo implicava que os diversos equipamentos dos centros passassem a comunicar entre si, de forma 100% integrada. O primeiro grande desafio que sentimos passou por compatibilizar o nosso software com todos estes equipamentos, muitas vezes de marcas e fabricantes diferentes”, refere António Castro,
CEO da Ediprinter. O mesmo responsável sublinha que, embora o prazo fixado pela portaria do Governo para que os centros efetivassem as alterações físicas e técnicas necessárias fosse de dois anos, a maioria dos centros apenas começou a “trabalhar” nestas alterações a um ano, ou menos, do final do prazo. Entre as principais alterações de ordem técnica que os centros tiveram de realizar, a Ediprinter destaca: a implementação de câmaras fotográficas
IBEREQUIPE SOFTWARE DE GESTAO NOS IPO Mais de 150 centros de inspeção obrigatória de veículos já atualizaram os seus sistemas informáticos de gestão, cumprindo a legislação que se encontra atualmente em vigor no nosso país
KITS DIESEL DA DELPHI
A
Iberequipe conta, no seu catálogo, com os kits de Teste de Alta Pressão e de Falso Atuador da Delphi. Com a referência YDT850, a Iberequipe afirma que o Kit de Alta Pressão fornece uma solução simples e de baixo custo para todas as marcas de bombas e injetores common-rail. O kit é composto por um medidor de pressão e um equipamento de medição de fugas de retorno do injetor, o que proporciona ao técnico a possibilidade de comprovar a pressão gerada por uma bomba common-rail e identificar cada um dos injetores que falham, significando que apenas os componentes defeituosos são substituídos. Desenhado para trabalhar em conjunto com o teste de alta pressão, o Kit de Falso Atuador, com referência YDT410, permite comprovar a bomba quando se identifica uma redução da pressão do sistema de common-rail, ajudando a identificar se a falha é do regulador do caudal ou da própria bomba. As vantagens para o técnico são, segundo a Iberequipe, a identificação simples, rápida e precisa de bombas e injetores common-rail defeituosos; e a prevenção da necessidade de uma desmontagem e montagem completa do sistema. Ambos os kits são compatíveis com sistemas Delphi, Bosch, Continental e Denso, permitindo o diagnóstico da gama completa de sistemas common-rail com apenas um único investimento.
SAINT-GOBAIN AUTOVER APLICAÇÃO GLASSLINK
A fixas, na zona do frenómetro (ensaio de travões), para captação da matrícula dos veículos, com leitura de OCR (reconhecimento de caracteres óticos) e integração da fotografia no sistema informático do centro, com registo de data e hora; a integração automática de todos os resultados dos equipamentos das linhas de inspeção (fixos e móveis) no sistema informático e de gestão do centro; a recolha de resultados e integração automática do regloscópio no sistema informático do centro; a recolha de temperatura do motor antes de iniciar o teste de gases ou opacidade e integração automática no sistema informático do centro; e a recolha do valor de rotação do motor no teste de opacidade e integração automática no sistema informático do centro. /
Saint-Gobain Autover lançou o Glasslink, a sua mais recente inovação na tarefa de identificação de para-brisas, recorrendo à leitura de um código QR impresso. Basta realizar o scan (com um smartphone) ao código QR presente no para-brisas, abrindo imediatamente o site Glasslink com todas as especificações necessárias para identificar o vidro. O desenvolvimento desta nova aplicação assenta nas vantagens que proporciona aos centros Glassdrive, como a poupança de tempo e dinheiro pela minimização da possibilidade de erro na encomenda do vidro. Para além disso, a correta identificação do para-brisas permite ao centro realizar a encomenda de uma forma mais rápida . O Glasslink será introduzido por fases, devido à produção planeada de para-brisas. Assim, a impressão de códigos QR será gradual. Os códigos QR só estarão disponíveis para os para-brisas produzidos para o mercado de reposição.
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICICNA
7
NOTÍCIAS
NACIONAIS PORTEPIM
NOVO PRIMÁRIO E ADITIVO CROMAX
F
oi nas instalações da Portepim, em Coimbra, que a Cromax apresentou no mercado português os seus mais recentes produtos: o aparelho PS1081, PS 1084 e PS1087 (respetivamente, Branco, Cinza e Preto) e os toalhetes PS1800 para o pré-tratamento dos metais. Este novo sistema, que deve ser utilizado em conjunto, segundo revela Manuel Simões, diretor técnico da Portepim, permite às oficinas diminuir o tempo da reparação em cerca de uma hora, fruto das suas capacidades. Os toalhetes funcionam como um wash primer de secagem ultrarrápida (em cerca de um minuto) e cobrem uma área de tratamento de até 2 m 2 . Assim, com uma só passagem, o técnico consegue tratar o metal, garantir uma melhor aderência da tinta e ainda proteger o metal contra a corrosão, tudo isto sem necessidade de limpeza de pistolas e sem desperdícios. Por seu turno, o aparelho utiliza uma química inovadora para eliminar os tempos de evaporação, o que permite a aplicação de até quatro demãos seguidas. Além disso, o tempo de secagem ao ar bastante reduzido possibilita a lixagem após entre 20 a 40 minutos da aplicação. É ainda possível obter tempos de secagem por IV ou secagem lenta em estufa. Parte do conceito Fast Repair, estes dois novos produtos estão já à venda ao público, a par do Ativador para Aparelho AR7802, que pode ser utilizado com os sistemas de pré-tratamento já existentes, diminuindo também os tempos da reparação. /
NOVOS LUBRIFICANTES MOBIL FS A ExxonMobil vai proceder, de forma gradual, à introdução dos lubrificantes Mobil 1 FS 0W-40 e Mobil FS x1 5W-50, que virão substituir os Mobil 1 New Life 0W-40 e Mobil 1 Peak Life 5W-50, segundo anuncia o Lubrigrupo, que representa esta marca. Para além das
8
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
alterações na denominação, a formulação de ambos os lubrificantes também mudou, de modo a garantir uma maior longevidade do óleo, assim como assegurar as aprovações dos construtores (OEM) por um período mais longo. As vantagens da sua aplicação continuam a ter caraterísticas como: mantêm o motor a trabalhar como novo; fornecem maior proteção contra a qualidade variável do combustível; limpam os depósitos de lamas e quaisquer outros resíduos; oferecem excelente proteção antidesgaste.
DIAGNÓSTICO AUTEL MAXISYS PRO A mais recente adição ao catálogo de equipamento oficinal da JP Tools é a máquina de diagnóstico automóvel Autel MaxiSys PRO. Entre as suas principais caraterísticas estão a programação online via J2534, a atualização de módulos (online e offline), a realização de codificações/ adaptações/programações e ainda a possibilidade de escolher entre o diagnóstico europeu, asiático e dos EUA. Com todas as funções de manutenção disponíveis de
forma fácil e rápida, graças aos seus menus simples e de fácil navegação, esta máquina tem, segundo a JP Tools, uma ampla cobertura dos últimos modelos de veículos automóveis.
FILOURÉM TEM NOVA LINHA DE LÂMPADAS Correspondendo a uma tendência do mercado e a uma sensibilidade cada vez mais ecológica por parte dos consumidores, a Filourém acaba de anunciar o alargamento da sua gama de lâmpadas Bosma, onde se inclui a introdução das lâmpadas com tecnologia LED e SMD. Esta nova gama de lâmpadas Bosma contempla cerca 80% dos modelos de lâmpadas mais comercializáveis no nosso mercado e dispõe de tecnologia CANBUS (Computer Error Free).
NOTÍCIAS
NACIONAIS AUTOCREW
REDE REÚNE PARCEIROS EM ARRAIOLOS E VISEU
A
AutoCrew realizou reuniões regionais com todos os seus parceiros, em Arraiolos e Viseu, e revelou as ações e ferramentas que permitem responder às necessidades e exigências do mercado, contribuindo para um crescimento sustentável da rede. Para 2017, a rede AutoCrew pretende continuar a apostar em parcerias estratégicas e dar resposta às necessidades dos atuais 55 parceiros a nível nacional. Nestas reuniões também foram eleitos os representantes regionais AutoCrew – Anabela Vinagre, da oficina João dos Santos Capote (Ílhavo) e Fabrício Leal, da oficina Perileal (Porto de Mós) – pelas regiões Norte / Centro e Centro / Sul, respetivamente. Durante um ano terão a missão de transmitir à Bosch as opiniões, comentários, sugestões e preocupações dos restantes parceiros da rede, além de participarem em reuniões periódicas com a Bosch para troca de informações que afetem a rede, entre outros pontos. Entretanto, a AutoCrew lançou em todas as suas oficinas uma campanha solidária com o intuito de apoiar a Liga de Bombeiros Portugueses. Até 31 de dezembro, os clientes das oficinas da rede poderão contribuir para os Bombeiros através de doações nos mealheiros colocados nas oficinas. A solidariedade vai ainda valer prémios para os clientes que participarem na iniciativa. Sob o mote: “Ao ajudar os Bombeiros, está a ganhar numa oficina AutoCrew!”, esta iniciativa garantirá aos clientes que quiserem participar a receção de uma raspadinha AutoCrew com as mais diversas ofertas, entre as quais estão incluídos descontos de 15% em peças de substituição Bosch, que poderão ser utilizados até 30 de junho de 2017. O montante angariado será entregue à Liga dos Bombeiros Portugueses. /
BATERIAS FIAMM NO TECDOC
CAMPANHA DE NATAL SACHS E BOGE
A partir de agora, as baterias FIAMM passam a estar disponíveis no TecDoc, a mais importante ferramenta de identificação global de peças para automóveis, nas suas gamas para ligeiros, comerciais e pesados, revela a Polibaterias, distribuidora da marca em Portugal. Desta forma, os retalhistas e operadores do mercado que tenham uma licença válida
A ZF Services tem a decorrer uma campanha promocional, em que a compra de dois amortecedores ligeiros das marcas Sachs ou Boge, realizada num distribuidor que tenha aderido à campanha, dá direito à oferta de um exclusivo cabaz de Natal. A lista de distribuidores aderentes pode ser consultada na página web da
10
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
TecDoc deverão solicitar ao seu fornecedor deste oftware a atualização com a respetiva informação. A Polibaterias informa ainda que esta atualização poderá também ser solicitada através do e-mail info.starter@fiamm. com, escrevendo no assunto “Application DATA Request”, devendo a atualização ser disponibilizada pelo parceiro de software da FIAMM.
ZF, em www.zf.com/pt. Segundo a marca, esta é uma forma de permitir que as oficinas possam “obsequiar os seus clientes com este fantástico brinde, por cada dois amortecedores ligeiros Sachs ou Boge que instalem, contribuindo assim de forma ativa para a revisão e substituição dos amortecedores e para a segurança de todos”.
FUCHS
PENTOSIN REFORÇA GAMA
C
om a aquisição do fabricante alemão Pentosin, o grupo Fuchs amplia a gama de fluidos de transmissões de dupla embraiagem, sistemas de direção assistida e centrais hidráulicas. “A Pentosin está no mercado há mais de 80 anos e a sua qualidade é reconhecida por marcas como Audi, Mercedes, BMW, Volkswagen e Porsche”, sublinha João Oliveira, Gestor de Produto Automotive da Fuchs, que acrescenta: “Selecionamos os produtos Pentosin complementares à vasta gama da Fuchs com o objetivo de melhorar ainda mais a oferta ao mercado e reforçar a nossa capacidade competitiva e de inovação.” Estes produtos já estão em comercialização em Portugal. São oito novos lubrificantes da Pentosin, todos eles aprovados pela maioria dos fabricantes de veículos. “Tratam-se de fluidos específicos de transmissões de dupla embraiagem, sistemas de direção assistida e centrais hidráulicas de elevada qualidade, pilares fundamentais da Pentosin como marca de produtos especializados”, explica João Oliveira.
MERCEDES-BENZ DIRETOR DE APÓS-VENDA AUTOZITÂNIA CELEBRA 30 ANOS A Autozitânia realizou uma cerimónia para comemorar os seus 30 anos. O evento teve lugar na nova sede da empresa, tendo contado com a participação de várias centenas de convidados, entre trabalhadores e representantes das marcas parceiras da empresa. Ricardo Venâncio tomou a palavra para reconhecer a visão dos fundadores da Autozitânia e o trabalho dos funcionários, que deram os parabéns à empresa através de vídeos exibidos durante a cerimónia.
A
Mercedes-Benz Portugal nomeou Gustavo Arroz para a Direção Geral de Após-Venda de Veículos Ligeiros de Passageiros e Comerciais Ligeiros, sucedendo a Wolfgang Saum, e reportando ao CEO da marca no nosso país, Niels Kowollik. Com bacharelato em Engenharia Mecânica, ingressou na Mercedes-Benz Portugal, em janeiro de 2000, como técnico na Direção de Serviço Após-Venda. Entre setembro de 2007 e dezembro de 2008, exerceu funções na Daimler AG, em Estugarda, na área de GSP – Após-Venda. Regressou a Portugal em janeiro de 2009, para chefe de departamento de Vendas e Marketing de Peças. Em abril de 2014, foi nomeado para as responsabilidades que atualmente exerce.
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICICNA
11
RADAR
SALÃO
12
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
MECÂNICA
SALÃO CONDICIONADO A Mecânica despediu-se da Batalha sob uma nuvem de dúvidas. O evento, que para o ano se realizará em Lisboa, reuniu mais de uma centena de expositores, mas, perante dois dias de pouca afluência, e apesar do balanço positivo da organização, muitos são os que já questionam o formato e até mesmo se haverá espaço para dois certames em Portugal TEXTO ANDREIA AMARAL
N
aquela que foi a última vez que se realizou na Batalha, a sexta edição da Mecânica – Salão de Equipamento Oficinal, Peç a s , Mec â n ic a , Lubrificantes, Componentes e Acessórios para Veículos Ligeiros e Pesados – deixou um sabor agridoce. De acordo com os dados disponibilizados pela organização, a adesão superou as expetativas, com 110 expositores, um número ligeiramente superior ao da edição de 2015, e 25 mil visitantes, “85% dos quais profissionais do pós-venda, tendo presente que decorreu em simultâneo com o Salão do Automóvel”. Fazendo um balanço “francamente positivo a avaliar pela grande af luência de profissionais ligados ao setor oficinal que nos visitaram durante os quatro dias de feira”, a organização considerou que esta edição foi, “sem dúvida, a mais visitada até hoje, facto que se repercutiu na satisfação dos expositores com a participação na Mecânica”. Aliás, a organização declarou mesmo: “Registou-se, de facto, um aumento de cerca de 10% na afluência de profissionais, o que nos dá grande satisfação. As expetativas eram elevadas, mas os profissionais responderam à chamada da Mecânica. Com uma boa massa critica ao nível das empresas expositoras, os profissionais apareceram e foi muito interessante ver este encontro
num ambiente onde se respirou aftermarket e equipamento oficinal.” Contudo, do lado das empresas que responderam ao apelo para exporem os seus produtos e soluções, as opiniões dividiram-se. Em causa esteve, sobretudo, a fraca afluência de público durante os dois primeiros dias do certame. E, não fosse a presença dos estudantes a animar os stands, o cenário seria certamente mais dramático, com as últimas horas de portas abertas de quinta e sexta-feira a evidenciarem um desolador cenário de corredores vazios. No fim de semana, a feira animou-se, com as tardes de sábado e domingo a levarem bastantes profissionais até à Exposalão, na Batalha. Por isso mesmo, muitos foram os que confessaram à Turbo Oficina que talvez o evento só se devesse realizar em dois dias.
NOVOS RUMOS Sendo notória a ausência de alguns dos grandes players do aftermarket nacional, o salão conseguiu, no entanto, reunir agentes representativos dos diversos tipos de componentes. Se, por um lado, os equipamentos oficinais estiveram em destaque nos espaços de empresas como Gonçalteam, Sarraipa, JP Tools, Hélder Máquinas, Paulo Ferreira Machines e Rodribench, por outro lado também as peças encontraram a ribalta nos stands das já conhecidas AZ Auto, MCoutinho Peças e Auto Delta. A Garagem Avenida do Oeste deu a conhecer os lubrificantes Q8 Oils, sendo que os fluidos estiveram ainda sob os holofotes nos
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
13
RADAR
SALÃO
DIVERSIDADE Os 110 expositores que estiveram presentes na Mecânica foram representativos da diversidade e dinâmica do após-venda nacional. A distribuição de peças de marcas de referência, as peças reconstruídas, os equipamentos oficinais, os fluidos e pneus foram algumas das áreas em destaque na feira
espaços da Petromós, Travocar, VMF Petróleos e na WD-40, empresa que teve, como sempre, um dos stands mais animados da feira. Bem representado esteve ainda o setor dos pneus, com a Pneus do Alcaide, Tirso Pneus, Sobralpneu e Pneurama a darem conta das mais recentes novidades nas suas representadas. O salão, que contou com algumas estreias, evidenciou ainda a cada vez mais ampla oferta de produtos recondicionados, naquela que é já uma das principais tendências do mercado português. Essa foi a aposta de empresas como a JPSF, Neocom, McNur, Santarém Motor, Sparkes & Sparkes ou Lisparts. Este foi mesmo o evento de estreia desta última empresa, criada há pouco mais de oito meses. “A conjuntura económica é propícia ao crescimento desta atividade”, explica Pedro Carvalho, diretor geral da Lisparts, indicando que aos benefícios ambientais acresce “a qualidade a preços incomparáveis”. Revelando que o balanço da participação da empresa foi “muito positivo” e “em linha com o esperado”, Pedro Carvalho não deixou de apontar que “faltou público e, acima de tudo, faltou público profissional”. Ao mesmo tempo, sublinhou que,
14
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
“da parte da organização, poderia fazer-se mais qualquer coisa para que, entre os expositores e quem organiza, se conseguisse um evento com outra visibilidade e dinamismo”. No que diz respeito à dinâmica e recetividade do evento, há quem considere mesmo que Portugal não tem massa crítica suficiente para a realização de dois certames de aftermarket por ano. É esse o caso de Jorge Carvalho, da Interescape, que refere: “Não faz sentido haver duas feiras em Portugal no mesmo setor. No máximo, deveria alternar-se entre a realização da feira no Porto, num ano, e na Batalha, no outro ano.” Também Pedro Sarraipa, administrador da Sarraipa, partilha desta opinião. Embora defenda que cada uma das feiras atinge um público diferente, o responsável reitera: “Parece-me que é demasiado arrojado ter dois certames no país, sobretudo devido à dimensão do mercado.” Contudo, para o gestor, a presença no salão é sempre positiva, mais que não seja pela oportunidade de estar perto dos clientes. É esse também o posicionamento da Pro4Matic, cujo responsável, Nuno Durão, assume ser “fundamental estar presente nestes
eventos”. Não obstante, e apesar de esta ter sido uma plataforma para reforçar a marca, as expetativas foram construídas “com os pés bem assentes na terra”. Mais ou menos felizes com os resultados do evento, certo é que, para o ano, estas empresas já não regressarão à Batalha para a Mecânica, uma vez que, mesmo antes do final do evento, a organização confirmava o que, até então, era apenas um rumor: em 2017 a Mecânica rumará mesmo a Lisboa. O certame será realizado na FIL e terá menos um dia, decorrendo de 24 a 26 de novembro. Com a mudança de localização, a organização pretende impulsionar o número de expositores e visitantes profissionais, tanto portugueses como provenientes da vizinha Espanha, posicionando o evento a nível ibérico. “As expetativas são grandes, independentemente de acharmos que a Mecânica será sempre uma consequência do que fizemos na Batalha. Mas, como em tudo na vida, chegamos a um momento de mudança de ciclo que permitirá, com toda a certeza, o crescimento que todos os intervenientes desejam”, avançou a organização à Turbo Oficina. /
RADAR
CONFERÊNCIA
27.a CONVENÇÃO ANECRA
ILEGAIS TÊM "OS DIAS CONTADOS" Nos dois dias de trabalhos da 27.ª Convenção da ANECRA falou-se de como a economia paralela afeta o setor e de como ela pode ser combatida. Mas também foram lançados avisos à navegação quanto aos desafios que se apresentam às empresas do após-venda TEXTO JOSÉ MACÁRIO
F
oi sob a égide do combate à Economia Paralela que teve lugar a 27.ª Convenção anual da ANECRA. As várias centenas de participantes, que se deslocaram ao Centro de Congressos de Lisboa para o evento, tiveram oportunidade de ficar a conhecer os desafios que a proliferação da Economia Paralela coloca aos profissionais da reparação automóvel, mas também de que forma é que o combate está a ser travado, por quem e como podem elas próprias contribuir para esta luta, que Alexandre Ferreira, presidente da ANECRA, considera não ir acabar tão cedo. De facto, de acordo com o veiculado por Jorge Neves da Silva, Secretário-geral da associação, a economia paralela é um flagelo responsável já por 29% do PIB português, o equivalente a entre 45 e 47 mil milhões de euros. Considerando que esta é uma questão intemporal, Jorge Neves da Silva declara ainda que este tipo de economia ganha especial relevância nas alturas de maior dificuldade económica, em que o rendimento das famílias diminui e a carga fiscal aumenta.
16
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
Aliás, o presidente da ANECRA revela isso mesmo ao afirmar, na sua intervenção no segundo dia da convenção, que “os impostos e as taxas relativas à atividade da reparação automóvel agravam de forma determinante a situação das empresas, ajudando à proliferação da economia paralela”. A este respeito, no primeiro dia de trabalhos havia sido já referido por Rogério Fernandes Ferreira, da RFF Advogados, que a proposta de Orçamento do Estado para 2017 contempla um agravamento da carga fiscal, mais significativo para a aquisição de veículos novos (3%) do que para o IUC (0,8%). À primeira vista, tal poderia representar um aumento do negócio para as oficinas, mas Manuel Coutinho, da direção da ANECRA, refere que as projeções já levadas a cabo por este organismo apontam para um aumento de 1% nas vendas de veículos novos, impulsionados pela elevada idade média do parque circulante português e pelo turismo pujante no nosso país. Em todo o caso, Alexandre Ferreira apontou o dedo ao poder legislativo, a quem não basta acharem “as propostas da ANECRA interessantes, mas não as implementem, por falta de vontade política”.
EXPURGAR OS “BISCATEIROS” Estas propostas passam, entre outras, pelo licenciamento das instalações em que operam as oficinas, pela apresentação das faturas de manutenção na IPO e pela obrigatoriedade da inclusão do NIF do comprador na venda de peças. A este respeito, Joaquim Candeias, presidente da DPAI/ ACAP e vice-presidente da FIGIEFA, refere que não são os vendedores de peças que apoiam a economia paralela, mas sim o sistema legal: “A possibilidade de emitir faturas indiferenciadas em montantes de até mil euros permite que muito material seja adquirido sem que quem venda saiba para onde vai. Não é quem vende as peças que facilita a economia paralela.” Reconhecendo que o combate à economia paralela assenta, hoje, quase exclusivamente na fiscalização, Alexandre Ferreira exaltou os seus associados
a colaborarem com esta luta, denunciando casos ou criando as condições necessárias para que os seus colaboradores não se tornem “biscateiros”, relembrando também a colaboração da associação com as entidades fiscalizadoras, como a ASAE. Domingos Antunes, inspetor diretor do organismo fiscalizador, referiu este como um dos bons exemplos de parcerias público-privadas, permitindo à ASAE melhores resultados com esforços menores. O responsável revelou durante a sua intervenção que a intenção das entidades fiscalizadoras é a de expurgar do mercado as empresas que não cumprem as regras. “Quem está ilegal tem, cada vez mais, os dias contados”, declarou, apoiando-se no mosaico existente de entidades que convergem para este propósito e para o facto de a partilha de informação entre entidades fiscalizadoras e policiais apertar o cerco aos “biscateiros”, no que
contam com a ajuda preciosa das novas tecnologias. Nesta luta contra a economia paralela, o setor automóvel é prioritário, desde a comercialização à reparação e venda de peças, dado que o setor foi identificado como sendo de risco. Por isso, Domingos Antunes afirmou que todas as cerca de 500 denúncias que recebe diariamente são investigadas ao limite, trabalho levado a cabo de forma silenciosa, mas “sempre no sentido de satisfazer os anseios das empresas”, referiu. Uma manifestação do esforço fiscalizador da ASAE é a operação Digitalauto, uma ação de âmbito nacional, direcionada às oficinas e que pretendia verificar a existência de aparelhos de diagnóstico automóvel contrafeitos. Na sua segunda fase de aplicação no terreno, a operação Digitalauto fiscalizou 56 operadores, daí resultando a apreensão de 57 aparelhos
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
17
RADAR
CONFERÊNCIA
REUNIÃO MAGNA EM LISBOA No Centro de Congressos de Lisboa houve espaço para as empresas que apoiaram o evento mostrarem os seus produtos, beneficiando do contacto direto com os clientes. Como não poderia deixar de ser, a Turbo Oficina foi media partner da convenção
de diagnóstico, 37 computadores, vários CD, 1 disco rígido e 50 munições de 9 mm. Foram ainda levantados 35 processos-crime por contrafação e uso ilegal de marca, reprodução ilegítima de programa específico e usurpação de direitos de autor. Noutra operação, foram fiscalizadas 132 oficinas, das quais 23 não estavam licenciadas. Apesar dos esforços da ASAE, Domingos Antunes reconheceu que não existem poções mágicas: “Ou damos todos as mãos ou, cada um por si, não vamos lá.” Por isso, apontou alguns caminhos para que todos os intervenientes ajudem neste combate. Uma das vias passa pela certificação do diagnóstico feito, o que garantiria a legalidade das máquinas utilizadas. Outra é a incumbência, por parte das seguradoras, dos reboques ou peritos, com a verificação da existência de licenciamento das oficinas onde se deslocam.
DIFERENCIAÇÃO TECNOLÓGICA Não é apenas através da fiscalização que se combate a economia paralela. Joaquim Candeias refere o crescente aumento tecnológico das peças e as novas tecnologias de veículos comunicantes como filtro por onde só passarão as empresas tecnologicamente mais evoluídas. O responsável da
18
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
DPAI apontou como exemplo o fim das ligações por ficha OBD, o que, no seu entender, dificultará a ação de quem não está devidamente licenciado para realizar diagnósticos e reparações. A constante profissionalização foi referida por João Calha, Key Account Manager da Axalta, como outra forma de combate à economia paralela. Para este responsável, os profissionais têm um papel importante no esclarecimento dos perigos inerentes às oficinas clandestinas, como a menor qualidade da reparação e a ausência de garantias, isto porque, as empresas clandestinas terão, certamente, maior dificuldade no acesso a ferramentas de diagnóstico ou ao conhecimento necessário para reparar as novas tecnologias que diariamente chegam aos nossos automóveis, como são exemplo a crescente eletrificação, a telemática ou mesmo os novos acabamentos na pintura. Assim, a evolução tecnológica é o caminho mais lógico para as oficinas combaterem a economia paralela. Miguel Guimarães, diretor-geral adjunto da Associação Portuguesa de Seguradoras, partilha da mesma opinião, revelando que as seguradoras, quando elegem as oficinas prestadoras de serviços, optam sempre pelas que lhes oferecem garantias de qualidade na resposta a todas as
solicitações, o que passa também pela sua certificação e credenciação dos seus colaboradores. Alexandre Ferreira também abordou esta questão, afirmando que a evolução tecnológica representa um desafio enorme às oficinas, especialmente às independentes, mas deve ser encarado como uma forma de luta à economia paralela. “Estamos perante um dos maiores desafios que o setor automóvel alguma vez enfrentou, mas que é também um momento ímpar de oportunidades para quem quer abraçar a tecnologia e a mudança”, refere o presidente da ANECRA. Mas terão as empresas lusas capacidade para levar a cabo os investimentos necessários para abraçar esta mudança, tanto na formação dos seus colaboradores como no que respeita à aquisição dos equipamentos? Ana Vieira, secretária-geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, acha que será complicado. Durante o primeiro dia de trabalhos, teve oportunidade de explicar porquê, referindo que as empresas portuguesas estão muito descapitalizadas. Para a responsável, há dois motivos que explicam esta situação: um tecido empresarial constituído essencialmente por micro e pequenas empresas
COMBATE À ECONOMIA PARALELA O presidente da ANECRA, Alexandre Ferreira, diz que todos devem combater a Economia Paralela
e mecanismos de financiamento alternativos pouco desenvolvidos. Tal faz com que o financiamento se centre no crédito bancário, o que, aliado à concentração bancária a que se tem assistido, retira poder negocial às empresas. Daí que Ana Vieira declare que se tem registado uma redução no crédito às empresas. Porém, nem tudo está perdido, e a secretária-geral da CPP aponta algumas oportunidades de financiamento no âmbito do programa Portugal 2020, ressalvando, no entanto, que este programa está vocacionado para o setor exportador e dos bens transacionáveis. Assim, afirma Ana Vieira, “a grelha de pontuação coloca o setor em posições muito baixas. Olhando para os dados do Programa Operacional de Competitividade, dos dois mil projetos aprovados, apenas seis eram do setor do comércio e reparação automóvel”.
FUTURO INCERTO Dos vários painéis de debate levados a cabo durante os dois dias de trabalho resulta que o futuro do setor é incerto. Por um lado, como diz Ricardo Silva, Diretor Comercial Adjunto da Leaseplan, o paradigma da utilização do automóvel está a mudar e as novas gerações veem-no como um serviço e não como um bem. E isso terá impli-
cações no volume de negócios das oficinas, tal como terá a esperada diminuição na sinistralidade, à medida que vamos caminhando para a autonomia total dos veículos: “Atualmente, cerca de 90% dos acidentes devem-se a erro humano. Quando os veículos autónomos forem uma realidade, a sinistralidade cairá de forma acentuada, o mesmo acontecendo com o negócio das oficinas.” Ao mesmo tempo, a complexificação dos sistemas automóveis, de que são exemplos atuais os veículos elétricos, alterará o paradigma da reparação, tornando-a mais especializada. Assim, e para este responsável, o desafio para as oficinas passa pelo seu posicionamento: generalista ou especialista? Seja qual for a opção, diz Ricardo Silva, é necessário planear uma estratégia nesse sentido, porque a mudança não é feita por reação. “A tecnologia avança a ritmo alucinante e é preciso estar preparado.” Esta preparação passa também por um acesso livre e igual à informação que os veículos comunicantes disponibilizam, seja ela técnica ou telemática. De acordo com o jurista José Athayde de Tavares, “não pode haver concorrência sã se os prestadores não têm acesso à informação técnica. O acesso deve ser, em princí-
pio, livre. Os clientes não terão segurança se a oficina que efetua as reparações não dispuser de toda a informação técnica para realizar as intervenções.” Joaquim Candeias reitera a importância do acesso a esta informação para que o consumidor escolha livremente onde quer reparar o seu veículo. O vice-presidente da FIGIEFA refere os esforços que esta organização tem feito no sentido de que todos possam ter acesso igual a esta informação, para que não existam operadores com situações privilegiadas, e põe o dedo na ferida: “Os fabricantes dizem que facilitam a informação, mas é paga. Estão na melhor posição porque não precisam de fazer nada, nem estão interessados. Somos nós que temos de lutar pelo acesso a esta informação. É preciso legislar para que os fabricantes e os operadores independentes tenham exatamente o mesmo nível de acesso ao veículo.” Sejam quais forem os desafios, Alexandre Ferreira promete que a ANECRA continuará a lutar contra a economia paralela, recrutando para a luta todos os agentes do setor. E deixa o mote para as ações vindouras: “Mais do que lutar contra a economia paralela, a ANECRA luta pelo sucesso dos seus associados.” /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
19
MEYLE
PUBLIRREPORTAGEM
FORNECEDOR OE DA MORGAN Descubra como o prestigiado fabricante inglês de automóveis Morgan e o fabricante de peças sobresselentes para automóveis MEYLE, de Hamburgo, colaboram com sucesso na construção de automóveis desportivos exclusivos e beneficiam mutuamente um do outro, numa parceria onde a máxima exigência de qualidade é a nota dominante
M
alvern: uma pequena cidade com 30.000 habitantes nos Midlands ingleses, situada a duas horas de carro a noroeste de Londres no condado de Worcestershire. Este idílio montanhoso nada tem a haver com a agitação da capital: uma abadia beneditina cujas raízes remontam a meados do século XI, uma premiada criação de cavalos nas vastas encostas e aquistas que acreditam nos efeitos das águas termais locais. Pouco mais aconteceria em Malvern, caso lá não existissem as instalações de produção da mundialmente famosa Morgan Motor Company, o construtor automóvel mais exclusivo da Grã-Bretanha que fabrica automóveis desportivos desde 1909. Hoje em dia são cerca de 1.000 veículos
20
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
que são produzidos aqui por ano – a maioria das operações continua a ser realizada manualmente. Para também no futuro poder trabalhar de forma produtiva, a Morgan aposta em fornecedores selecionados com exigências de qualidade igualmente elevadas. Um deles é o fabricante MEYLE de Hamburgo. Hoje em dia, várias peças MEYLE-ORIGINAL são usadas no modelo atual da Morgan “Aero 8”. Além disso, os componentes vão para o Aero Racing Team. Uma parceria da qual os colaboradores da MEYLE estão orgulhosos. Peças MEYLE-ORIGINAL como equipamento original para automóveis Morgan “O facto de agora ocuparmos a posição de um fornecedor Tier 1 na Morgan confirma a nossa exigência de qualidade”, explica André Sobottka, Diretor de Vendas, Marketing e Comunicação da MEYLE. “O nosso foco continuará no futuro a estar no mercado de pós-venda. No entanto, como
parceiro de confiança de OEM podemos não só partilhar know-how, mas também adquirimos novos conhecimentos. Das sinergias resultantes também beneficiam, no fundo, os nossos clientes de oficinas – pois todos os conhecimentos novos adquiridos são diretamente aplicados no desenvolvimento na MEYLE.”
PAIXÃO PELO DETALHE Na Morgan Motor Company em Malvern encontra-se algo que já só existe em algumas fábricas de automóveis da Europa: aqui apenas são produzidos até quatro automóveis por dia com toda a calma – afinal pretende-se que cada detalhe seja perfeito – e com muito trabalho manual. A empresa familiar aposta em pequenas quantidades e em materiais e acabamentos de alta qualidade – encontrou o seu nicho na próspera produção de automóveis da GrãBretanha. A Morgan gera um volume de negócios
anual de aproximadamente 50 milhões de euros e fornece para a Alemanha como segundo mercado mais importante a seguir ao Reino Unido. Com a MEYLE os britânicos encontraram agora um parceiro que partilha esta exigência de qualidade. A empresa familiar por detrás da marca MEYLE, a Wulf Gaertner Autoparts AG, possui uma tradição que remonta ao ano de 1958, emprega atualmente 1.000 trabalhadores a nível mundial e já se estabeleceu há muito em 120 países em todo o mundo. E agora a parceria estrategicamente importante como fornecedor de confiança e parceiro de desenvolvimento para a Morgan: as peças MEYLE-ORIGINAL são montadas manualmente nos automóveis Aero 8 – prevê-se que cerca de 150 unidades deste modelo sairão anualmente das linhas de produção em Malvern. “A cooperação com a Morgan adequa-se na perfeição. Encontraram-se duas empresas familiares que trabalham com paixão por uma qualidade elevada, que apostam em tecnologia inovadora e não perdem de vista o detalhe”, afirma Sven Nielsen, Diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Produtos da MEYLE. A exclusividade no interior praticamente não tem limites na Morgan. Quando o chassis foi aperfeiçoado com a mais recente versão do Aero
8, a MEYLE entrou em cena. “Não podemos produzir tudo sozinhos manualmente e precisamos de fornecedores que interiorizaram o conceito de qualidade da mesma forma que nós. Nós beneficiamos das inovações de outras empresas e procurámos um parceiro que também nos acompanhasse no processo de desenvolvimento”, afirma Jon Graham da Morgan Motor Company.
MOMENTO HISTÓRICO Foi um acontecimento muito especial para a MEYLE, quando em janeiro de 2016 o novo Aero 8, equipado pela primeira vez com peças MEYLE-ORIGINAL, saiu da prestigiada fábrica da Morgan em Malvern: foram nomeadamente montadas rótulas de suspensão, barras e terminais de direção, tirantes da barra estabilizadora e casquilhos de suspensão do fabricante de qualidade de Hamburgo. Tratase, portanto, de peças que constituem componentes importantes do chassis e que garantem uma condução segura e desportiva. Além disso, estabilizam o veículo no processo de travagem. Como parceiro de desenvolvimento a MEYLE esteve envolvida nos projetos da Morgan desde o início e prestou o seu apoio com os conhecimentos técnicos dos seus engenheiros que, por
norma, são consultados antes de cada alteração. No futuro haverá ainda mais MEYLE no Morgan “Não descansaremos à sombra do nosso sucesso, mas queremos em vez disso ampliar ainda mais a nossa cooperação com a Morgan”, refere Sven Nielsen. “Através do trabalho de desenvolvimento conjunto nos automóveis, existe também a possibilidade de a MEYLE fornecer no futuro ainda mais peças para o Aero 8. Também não está excluída a possibilidade de uma colaboração noutros modelos Morgan.” Durante as suas visitas em Malvern, os engenheiros do fabricante de Hamburgo já se puderam certificar do charme e da classe do prestigiado construtor automóvel, pois nas instalações de produção da Morgan procura-se em vão robôs e linhas de produção automáticas. Desde 1909 os automóveis desportivos são construídos em cima de duas estruturas de carroçaria em madeira. O sucesso no nicho dá razão à empresa – sucessivamente pretende-se agora conquistar também os mercados em plena expansão da China ou dos Emirados. É, portanto, bem possível que aqui, a uma distância de umas boas duas horas de carro de Londres, se escreva um novo capítulo conjunto na história de sucesso da MEYLE e da Morgan. /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
21
PERSPETIVA
ENTREVISTA
PAULO AREAL, PRESIDENTE DA ANCIA
“É PRECISO UMA LEGISLAÇÃO MAIS AMBICIOSA” Defendendo a necessidade de uma inspeção mais rigorosa e assídua, nomeadamente no que diz respeito às emissões de poluentes, Paulo Areal, presidente da ANCIA, considera que os centros de inspeção enfrentam cada vez mais desafios. Não obstante a permanente adaptação tecnológica, acompanhar a evolução dos veículos e garantir a uniformidade de resultados são preocupações iminentes TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO
T
rabalhar para a credibilização dos centros de inspeção e para a consciencialização da sua importância na segurança rodoviária são os principais eixos condutores de ação da Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA). Em entrevista à Turbo Oficina, Paulo Areal, presidente desta entidade, reiterou que os próprios clientes, sejam eles proprietários ou reparadores, devem exigir rigor. Não obstante, admite que a atividade atravessa tempos de turbulência e grandes desafios, ditados tanto pela evolução dos veículos como por uma oferta excessiva, que poderá penalizar a atividade e o serviço. Em Portugal existe uma grande percentagem de veículos sem inspeção? Temos de distinguir duas situações: os veículos que não vão à inspeção no período devido, porque existe um atraso em relação à data limite de inspeção, e aqueles que faltam mesmo, ou seja, que num intervalo de duas inspeções não realizam nenhuma. Embora o IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] não nos tenha fornecido quaisquer dados efetivos sobre este ponto, a noção que temos é de que se trata de um número que não é muito elevado e que deverá ser aproximado do de veículos que circulam sem seguro. Com o cenário de crise económica registou-se um decréscimo do número de inspeções realizadas? Houve uma quebra natural, até porque se sentiu um aumento da emigração e, naturalmente,
22
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
muitas viaturas ficaram imobilizadas e deixaram de fazer inspeção. De resto, o parque de veículos matriculado e o parque de veículos inspecionados é sensivelmente o mesmo, já rondamos entre os cinco milhões e seis milhões de veículos inspecionados e re-inspecionados. Em termos de deficiências, na verdade a taxa de reprovação dos veículos tem vindo a reduzir-se e não ultrapassa os 12%, o que quer dizer que, nos últimos anos, o parque automóvel tem vindo a melhorar. Mas, mesmo considerando apenas o número de reprovações, esse não é um universo demasiado grande de veículos com anomalias em circulação? Cerca de 600 mil veículos reprovam anualmente na inspeção e, uma vez que decorre um período desde a origem da deficiência à deteção da anomalia, isso significa que muitos circulam na via pública com problemas. O IMT tem tentado colmatar esta questão com a realização de inspeções aleatórias na estrada, sobretudo a veículos pesados. É nesse contexto que tem defendido a realização de inspeções intercalares? As inspeções intercalares têm que ver com as emissões de gases poluentes. O que defendemos é que deve ser feito um controlo mais assíduo aos veículos neste particular, nomeadamente que um veículo novo deve, entre a inspeção periódica obrigatória e até aos oito anos, ser alvo de um controlo das emissões de poluentes a cada dois anos. Não podemos estar apenas preocupados em cumprir protocolos, temos de fazer um controlo mais ativo e assíduo nesta matéria. Temos procurado sensibilizar o próprio IMT para esta
Cerca de 600 mil veículos reprovam anualmente na inspeção, o que significa que muitos circulam na via pública com problemas
necessidade, avançando até para o controlo de gases que hoje ainda não são aferidos. Apesar de o controlo das emissões ser um eixo prioritário, continua a ser dificil para os inspetores detetarem, por exemplo, a remoção do filtro de partículas. Não há aqui uma desarticulação entre o objetivo e os procedimentos? O ato da inspeção em si não permite a desmontagem de qualquer componente do veículo, pelo que a verificação só pode ser efetuada visualmente ou através da medição da opacidade. Os centros de inspeção não podem ir além daquilo que a legislação prevê. O que pretendemos é que se possa fazer um controlo mais eficaz. Falta legislação? Falta, em particular nesta questão da emissão de poluentes. Mas a legislação nacional advém de uma diretiva comunitária, pelo que é preciso uma legislação europeia mais ambiciosa. Temos
de evoluir neste capítulo, porque aquilo se fazia há 20 anos na inspeção de um veículo diesel é o mesmo que se faz hoje. É o que também se passa com a aferição dos sistemas eletrónicos, cada vez mais protagonistas nos veículos? A questão que se coloca é: “qual é a finalidade da inspeção?”. A Diretiva 2014/45/UE diz que a inspeção deve ser um ato relativamente simples, rápido e pouco oneroso, mas eficaz, devendo ser efetuada utilizando as técnicas e os equipamentos atualmente disponíveis, sem desmontagem de componentes. Claro que é possível ligar uma ficha OBD, mas qual é o papel do centro de inspeção: detetar que existe a deficiência ou avaliar a causa da deficiência? Por exemplo, quando o centro de inspeção verifica que uma luz de stop não funciona, tal pode ter diversas origens – pode ser uma luz fundida, um cabo que não esteja ligado – mas a função dos centros de inspeção é detetar
que a luz não funciona. A origem da deficiência é uma matéria da competência do reparador. Não podemos ser demasiado ambiciosos em determinados pontos, porque não temos formas de poder controlar esses elementos quando não é permitida a desmontagem de qualquer órgão. É preciso fazer essa avaliação e encontrar um equilíbrio. Um problema no ESP pode, no entanto, ser ele próprio a anomalia e colocar em causa a segurança. Não deveriam estes sistemas ser inspecionados, dado o objetivo da inspeção? Esta é uma questão que tem vindo a ser discutida nas comissões técnicas automóveis do CITA [International Motor Vehicle Inspection Commitee], organização internacional que integramos. Temos vindo a trabalhar sobre até onde pode ir a atuação do centro de inspeção nesta componente eletrónica, mas ainda não houve grandes evoluções em termos administrativos. A legislação portuguesa já contempla a possibilidade de
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
23
PERSPETIVA
ENTREVISTA
recorrer à OBD, só que falta definir o método de funcionamento. Depois, ainda é necessário os fabricantes fornecerem um conjunto de informações aos centros para que estes possam analisar os parâmetros normais e as anomalias… Ou seja, é uma matéria que está a ser analisada, mas que ainda não tem data prevista para arrancar. Mas, naturalmente, nesta componente de diagnóstico e identificação tem de haver uma evolução muito grande por parte dos centros, até porque os carros de hoje são muito diferentes dos de há 10 anos e o futuro será ainda mais desafiante, com veículos elétricos, condução autónoma e sistemas cada vez mais evoluidos. Isto obriga a uma constante evolução dos equipamentos dos centros e dos conhecimentos dos inspetores. O setor tem conseguido acompanhar a mudança no automóvel? Com a alteração da Portaria 221/2012, os centros já tiveram de se adaptar e instalar simuladores de carga, câmaras de registo fotográfico de veículos, regloscópios para verificar a intensidade das luzes, entre outros sistemas. Os centros de inspeção estão a preparar-se para um conjunto de situações, mas este é um setor que está em constante evolução. Por exemplo, há dez anos ninguém acreditaria que hoje se falaria de veículos autónomos. Naturalmente, o setor terá de apetrechar-se dos equipamentos para responder a estas inovações, de que são exemplo os veículos elétricos. Do mesmo modo, também os inspetores necessitarão de um conhecimento cada vez mais aprofundado. Por isso mesmo, um dos nossos objetivos enquanto associação é a criação de uma licenciatura vocacionada para os inspetores, que lhes permita enriquecer os seus conhecimentos e sentirem-se preparados para todas estas novidades dos automóveis. E em que fase está a implementação desta licenciatura? Já temos um protocolo com o ISEC e um esboço do curso entregue no IMT para aprovação, porque pretendemos que parte dos módulos do curso seja válida para a renovação da credencial de inspetor. É também necessária mais formação comportamental? Sim, efetivamente. Num setor que é muito concorrencial e em que há um conjunto de parâmetros comuns, a diferenciação é feita pelo atendimento e o inspetor tem um contributo determinante para a melhoria do serviço prestado. Essa é, de resto, uma grande preocupação da ANCIA, motivo pelo qual o grande painel das últimas jornadas técnicas tenha sido dedicado a esse tema. No que diz respeito à concorrência, e perante a abertura de novos centros, considera que a oferta é ajustada ao parque automóvel nacional? Acho que o número de centros previstos abrir é muito superior àquele de que o país necessita, e
24
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
FORMAÇÃO É PRIORIDADE Um dos objetivos da ANCIA é a criação de uma licenciatura vocacionada para os inspetores, preparando-os para as novidades dos automóveis, afirma Paulo Areal, que acrescenta que o esboço do curso já está no IMT para aprovação
não se justifica um crescimento tão grande, porque superar a procura coloca em causa a sustentabilidade do setor. Estamos a viver um período de alguma turbulência no setor, mas só no final do primeiro semestre de 2017 poderemos concluir se todos os centros previstos abriram. Agora, no que diz respeito à distribuição geográfica dos centros, podemos já dizer que não é a mais adequada. Há locais onde, na sequência deste concurso, abriram centros de inspeção praticamente colados, o que não aporta uma melhoria na prestação do serviço. Tal não poderá resultar, na verdade, numa redução do rigor em favor da conquista de clientes? A associação está preocupada com essa situação e criou uma Comissão de Ética para rever o código de ética da ANCIA e acautelar a concorrência desleal. Temos colocado sistematicamente esta questão ao IMT, no sentido de haver um controlo adequado do setor para que o serviço prestado seja de excelente qualidade e resulte numa clara melhoria da segurança rodoviária.
seguem identificar se um determinado veículo foi inspecionado. Com a aplicação de todos estes sistemas automáticos, o controlo da realização ou não da inspeção tornou-se muito mais eficaz. A questão do controlo do estado dos veículos não se esgota nos centros de inspeção. Tem de haver uma articulação entre todos os agentes e registamos uma evolução muito grande no controlo e na complementariedade da fiscalização do estado mecânico do veículo. Mas quanto mais se aprofundar esta relação melhor. E qual é o papel do reparador? Os centros de inspeção acabam por ter nos reparadores um dos seus grandes clientes, até pelo papel de proximidade que têm junto dos proprietários dos veículos. O importante é que o papel do reparador e o do inspetor não se confundam. No entanto, e do ponto de vista da mudança cultural em relação à importância da inspeção, é mais benéfico trabalhar diretamente com o proprietário, até porque muitas vezes ele não se apercebe do verdadeiro estado em que se encontra o seu veículo e das consequências e perigos que daí advêm.
Assumiu que uma das suas prioO número de ridades era trabalhar na credibilidade do setor, a qual foi centros previstos Acha que também os mecânicos alvo de um ataque interno na devem sensibilizar e informar abrir é muito sequência de comportamentos mais os seus clientes? superior àquele menos lícitos, de alguns inspeEspero que o reparador tenha de que o país tores e centros, que foram toresse papel, aliás porque acaba por nados públicos. Como se reconnecessita. Superar prestar um melhor serviço ao seu quista a credibilidade? cliente. Mas o cliente também tem a procura pode Numa só palavra: trabalhando! de ser mais exigente, quer com o colocar em causa reparador, quer com o centro de A credibilidade é algo que se conquista passo a passo, e é nesse sena sustentabilidade inspeção, que está a prestar um tido que temos vindo a trabalhar. serviço e, como tal, tem de fazêEm particular, neste ano de 2016, apostámos na -lo com qualidade. Enquanto requerentes, desensibilização para o facto de o papel do centro vemos pedir rigor na inspeção e não facilitismo. de inspeção ir muito para além do papel de uma entidade económica. Como se garante a uniformidade na aplicação Mas a credibilidade do setor passa também por de critérios? uma reflexão profunda por parte dos interve- Ainda há alguma dualidade de critérios, mas a nientes nos centros de inspeção, nomeadamente competência de fiscalização é do IMT. A ANCIA dos inspetores. Em Portugal temos um universo dá o seu contributo, nomeadamente através da de cerca de dois mil inspetores e 200 centros de comissão e do código de ética, e o próprio setor inspeção, que são fiscalizados pelo IMT, embora tem um gabinete técnico da qualidade, que reúne não com a predominância de que gostaríamos, e com grande periodicidade e que vai analisando as que são acreditados pelo IPAC. Agora, também questões técnicas e sugerindo ao IMT a clarificatemos a consciência de que não estamos imunes ção de determinadas notas técnicas no sentido de a situações menos agradáveis de conduta de al- uniformizar. Mas é necessário um regulamento guns colaboradores. No entanto, temos vindo a destas ações para um melhor entendimento. O trabalhar no sentido de criar instrumentos para setor tem de ser regulado e uniformizado para sanar estas situações da atividade. que um veículo, independentemente do centro a que vá, obtenha sempre o mesmo resultado em Considera que o devido controlo dos veículos termos de avaliação. É um desafio em que teresó se pode concretizar com o envolvimento de mos de continuar a trabalhar. todos os atores, incluindo IMT e autoridades? Sem dúvida. Houve uma grande evolução dos No futuro, poderemos contar com inspeções sistemas informáticos de controlo por parte das mais rigorosas? autoridades e a colocação da vinheta até já deixou As inspeções em Portugal são rigorosas e credíde ser obrigatória, porque existe a comunicação veis, mas que temos de torná-las ainda mais rigodos resultados da inspeção e as autoridades con- rosas e continuar a melhorar, temos. /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
25
ESPECIALISTA
EMPRESA
UMA NOVA VIDA No mercado há oito meses, a Lisparts tem caminhado rumo ao sucesso. Dedicada à distribuição de peças recondicionadas, tem na sua oferta diversas marcas. Chega ao aftermarket nacional com vontade de mudar mentalidades TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO
E
specializada na comercialização e distribuição de peças recondicionadas, a Lisparts surge no aftermarket nacional com a ambição de mudar hábitos e mentalidades. Apoiada na experiência e conhecimento reunido ao longo de três décadas pelo grupo Escapada Virtual, e munida de uma equipa altamente qualificada, a empresa propõe-se a disponibilizar as soluções com a maior qualidade ao menor custo possível. Jovem e dinâmica, a Lisparts assume-se como um negócio de nova geração e, por isso mesmo, baseia a sua atividade no canal online, muito embora disponha de uma loja física, localizada em Odivelas, à qual o cliente oficinal se pode dirigir.
26
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
Não obstante, o seu foco está na distribuição para revenda em casas de peças ou para grandes grupos de compras. Em apenas oito meses de atividade, e para além da marca própria, a Lisparts já conseguiu integrar no seu portefólio as representações em Portugal da Watt, Lizarte e Indeco. A empresa arrancou com a comercialização da Watt e de juntas e transmissões da marca própria, naquele que foi a uma estratégia para disseminar o nome da Lisparts no setor. “Como novo player no mercado, tínhamos necessidade de divulgar quem somos” – começa por explicar Pedro Carvalho, diretor geral da empresa – “… termos caixas e imagem Lisparts nas lojas, nas casas de peças, no chão das oficinas quando os mecânicos vão montar a peça, ou numa feira, ajuda a divulgar o nome e a imagem no mercado.”
De resto, a participação nos principais certames do setor, tanto a nível nacional como internacional, é já uma aposta da empresa. “É fundamental irmos a feiras. Para acompanharmos a evolução do mercado, temos de ir procurar as novidades, ver as tendências, visitar quem está mais à frente e os locais onde as novidades chegam primeiro”, defende Pedro Carvalho, enquanto revela que a parceria com a Lizarte foi conquistada no âmbito da Automechanika Frankfurt. “Ao fecharmos o acordo com a Lisarte, aumentámos o leque de produtos como distribuidores”, afirma o responsável, sublinhando a inclusão na oferta de duas novas famílias de produtos recondicionados “com cada vez mais procura no mercado”: as esferas de suspensão e os compressores de ar condicionado. Foi precisamente o aumento da
MARCA PRÓPRIA A Lisparts comercializa juntas e transmissões com a sua própria marca, naquela que foi uma estratégia delineada para disseminar o seu nome no setor
procura por peças recondicionadas que levou a Lisparts a apostar nesta área de negócio. De acordo com Pedro Carvalho, estes componentes, além de “dentro de determinadas marcas terem muitíssima qualidade e a preços incomparáveis”, são ambientalmente mais sustentáveis e têm a sua venda impulsionada pelo contexto de menor poder de compra. No seguimento dessas mesmas premissas, e numa procura constante pela melhor qualidade ao preço mais competitivo, a Lisparts acaba de incluir no seu portefólio a representação do Grupo Indeco. “Já tínhamos qualidade na nossa gama, uma vez que já trabalhávamos com marcas de topo de TecDoc, como a Wat ou a Lizarte. Mas estas não são marcas competitivas numa série de gamas de produto em termos de preço. Trazer o Grupo Indeco permite-nos entrar noutras áreas do mercado, manter a qualidade e sermos muito mais competitivos em termos de preço.” Segundo o diretor geral da empresa, a seleção dos parceiros e dos produtos a comercializar de cada marca prende-se exatamente com essa competitividade: “Temos a representação das marcas e podemos
comercializar todos os produtos, mas privilegiamos numa marca determinada gama de produtos e, noutra marca, outros produtos.”
ACRESCENTAR VALOR A equação da competitividade têm ainda em linha de conta a questão das garantias, até porque, sempre que é necessário ativar uma, existe toda uma cadeia que tem de empreender esforços logísticos e burocráticos para solucionar o problema, com particular prejuízo para o mecânico, que tem de duplicar o seu trabalho sem cobrar. “A melhor forma de evitar que as garantias aconteçam é trabalhar com marcas e produtos de qualidade”, defende Pedro Carvalho. “Importa que a peça não avarie e que o mecânico não tenha de fazer duas vezes o mesmo trabalho.” Este é um dos fatores que levou a Lisparts a optar por parceiros europeus, nomeadamente espanhóis: “obedecem a uma série de critérios de certificação que nos garantem a qualidade e o ter cada vez menos garantias”, assume o responsável, indicando que a escolha também tem que ver “com a proximidade e a facilidade logística”. Tudo porque, “neste
FAMÍLIAS DE PRODUTO BOMBAS DE DIREÇÃO ELÉTRICAS HIDRÁULICAS CAIXAS DE DIREÇÃO ASSISTIDAS ELÉTRICAS MECÂNICAS MONOBLOCOS COLUNAS DE DIREÇÃO ELÉTRICAS TRANSMISSÕES ESFERAS DE SUSPENSÃO JUNTAS HOMOCINÉTICAS
MARCAS COMERCIALIZADAS LISPARTS LIZARTE INDECO WAT
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
27
ESPECIALISTA
EMPRESA
negócio, o primeiro critério para a seleção do distribuidor a que se vai efetuar a compra é exatamente a disponibilidade de stock e só depois, entre quem tem stock, o preço”. De modo a tornar o processo mais rápido, a Lisparts conta com um stock volumoso de produto. Não obstante, a encomenda poderá sair do armazém de Espanha, onde são agregados os produtos da marca própria, ou diretamente das instalações das representadas, sempre com a certeza de que em 24 horas úteis o cliente terá a encomenda nas mãos. Já para situações urgentes na zona da Grande Lisboa, a empresa dispõe de uma frota de quatro veículos disponível para fazer a entrega imediata, um serviço de valor acrescentado que visa dar sempre uma resposta ao cliente. Todas estas situações estão contempladas no website da empresa, que integra referências originais, TecDoc e da concorrência, de forma a facilitar a busca de compatibilidades. Muito embora grande parte das encomendas seja ainda realizada pelo canal convencional, telefonicamente, a Lisparts quer criar uma cultura digital. Por isso mesmo, desenvolve campanhas exclusivas para a Internet, concedendo, por exemplo, 2% de desconto adicional a quem realizar a encomenda por esta via. Tratando-se este de um negócio vocacionado para a distribuição, a encomenda e a visualização dos preços e referências
28
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
está dependente de um registo online, sujeito à abertura de uma ficha de cliente e à aferição dos dados submetidos. Mesmo na loja física, a compra exige a disponibilização do número de contribuinte. “Através do número de contribuinte e do Código de Atividade Económica consegue-se perceber se é profissional do setor”, indica Pedro Carvalho, assumindo que esta “é uma forma de filtrar compras fraudulentas e para atividades não declaradas”, num assumir de uma política de transparência que gostava que fosse transversal ao setor.
UM POSICIONAMENTO DIFERENTE “O setor do após-venda automóvel em Portugal está muito vocacionado para a oficina e para a pequena casa de peças, e infelizmente ainda se trabalha muito ‘em cima do joelho’”, reitera Pedro Carvalho, indicando: “Não é possível estarmos agarrados a diretores com mentalidades e métodos de trabalho de há 30 anos, sem ter uma estratégia, uma política de atenção ao cliente e um serviço de após-venda, e querer continuar a evoluir e a singrar neste mercado. O nosso posicionamento diferente tem exatamente que ver com o facto de o tipo de cliente que queremos ter – a grande casa de peças ou o grupo – ser um cliente que, se precisar de encomendar 20 peças num dia, não vai fazer 20 ou 30 chamadas telefónicas, vai antes consul-
CONTACTOS Diretor Geral Pedro Carvalho Tel 21 901 57 07 Email info@lisparts.com Web www.lisparts.com
FORMAÇÃO PRECISA-SE
tar uma plataforma online, ver o preço, verificar se há stock e formalizar a encomenda por esse canal.” Para além de as compras online serem uma tendência em crescendo, segundo o responsável da Lisparts, esta é também uma ferramenta que torna todo o processo “muito mais transparente e rápido”, até porque, conforme reitera, “infelizmente, neste setor, no método de trabalho tradicional, acontece imenso um cliente ligar, pedir um preço e, no dia seguinte, quando formaliza a encomenda, o preço ser superior. Entendemos que não é assim que se trabalha. Os nossos preços são públicos e estão no site”. Aliás, Pedro Carvalho afirma que a estratégia da empresa passa precisamente por uma política de transparência: “Vamos ser honestos e francos com os clientes e vai haver uma filtragem natural, porque isso vai fazer-nos ter um tipo de cliente diferente, mais profissional e com outra dimensão.” Tendo alcançado os objetivos a que se propunha para este ano, a Lisparts pretende continuar a crescer. Já com algumas novidades na calha para o próximo ano, Pedro Carvalho avança que o foco será o desenvolvimento de uma estrutura comercial “para atacar em força o mercado a partir de janeiro de 2017”. O objetivo é cobrir primeiro os grandes centros urbanos – Lisboa, Porto, Coimbra e Braga – e, a partir daí, conquistar o resto do país, incluindo ilhas. /
Embora o mercado das peças recondicionadas tenha vindo a crescer nos últimos tempos, o que, na opinião do diretor geral da Lisparts, se deve à crise económica e à necessidade de encontrar soluções menos onerosas que permitam manter os veículos em circulação, ainda há algum estigma relativamente à qualidade deste tipo de componentes. Com vantagens ambientais, por recorrerem a menos matérias-primas e energia, as peças recondicionadas podem ter “muitíssima qualidade, senão a mesma que as peças novas”, defende Pedro Carvalho. Mesmo assim, o responsável assume que ainda há algum preconceito: “Temos, por exemplo, casas que, em vez de receberem uma peça que temos em stock e de enviarem a sua para fazermos reposição, preferem esperar e ter especificamente a peça que estão a enviar reparada. O cliente não quer outra porque, por exemplo, a peça dele era a original e entende que a sua peça de origem reparada há de ser sempre melhor do que uma da concorrência reparada.
Na realidade, na maior parte dos casos isto não é assim, até porque, muitas vezes, comercializamos peças que estiveram um ou dois anos a operar e foram reparadas, tendo um desgaste muito inferior à de origem que o cliente está a enviar e que já trabalha há sete ou oito anos.” Perante esta realidade, o responsável da Lisparts entende que a solução passa “pela informação e pela formação dos próprios mecânicos”. A este respeito afirma ainda: “Esse é também o nosso papel, chamá-los para ações de formação e explicar, mostrar como é que as peças são feitas e reconstruídas, para perceberem as diferenças quando dizemos que uma peça é melhor do que outra, porque um simples retentor, uma borracha ou uma massa consistente podem fazer a diferença e influenciar a qualidade.” Assim, a Lisparts tem já previstas diversas ações de formação, a realizar em parceria com a Indeco, junto dos seus clientes. “A mudança tem de partir de nós”, conclui Pedro Carvalho.
GAMA ALARGADA O portefólio da Lisparts inclui produtos próprios, da Wat, Lizarte e Indeco, que, segundo Pedro Carvalho, são elegidos pelo preço e qualidade
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
29
ESPECIALISTA
EMPRESA
30
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
EVOLUÇÃO NATURAL No ano em que celebra o seu 30.º aniversário, a Leirilis expande as suas áreas de negócio, com a implementação de uma rede oficinal e de um negócio de gestão de resíduos. A evolução é natural, para uma empresa que pretende prestar cada vez mais serviços aos seus clientes e que deverá encerrar o ano com uma faturação de dez milhões de euros TEXTO JOSÉ MACÁRIO FOTOS JOSÉ BISPO
N
a cerimónia de comemoração do seu 30.º aniversário, a Leirilis revelou a criação de uma empresa de gestão de resíduos, a Red Waste, e a dinamização de uma rede própria de oficinas, a Red Service. De acordo com Saulo Saco, CEO da Leirilis, o nascimento destes dois novos negócios espelha a evolução natural de uma empresa que quer prestar cada vez mais serviços aos seus clientes. “Hoje em dia, vender peças já não é suficiente”, afirma o responsável. Há muito ligada aos conceitos Bosch Car Service (BCS) e AutoCrew, a Leirilis acredita ser chegada a altura de ter a sua própria rede, assente no know-how adquirido, que o responsável acredita ser suficiente para a empresa ser bem-sucedida neste novo projeto. O nascimento da Red Service não implicará, no entanto, a reconversão das oficinas que a Leirilis dinamiza nos conceitos BCS e AutoCrew. Para o CEO da Leirilis, essa decisão não faria sentido, uma vez que a adesão de oficinas a redes é uma tendência de futuro. Saulo Saco defende que é importante existirem redes diferentes, caso contrário perde-se a diferenciação. “É nisso que a Leirilis acredita e é por isso que estamos no mercado com esta rede”, afirma o responsável, que acrescenta não acreditar que as redes se canibalizem e que cada uma terá o seu espaço. Para Saulo Saco, a Red Service existe para ajudar os membros a serem bem-sucedidos dentro das suas estratégias. E explica: “Nós estamos aqui
para ajudar os membros a trilhar o caminho que escolherem. Não nos pretendemos impor, queremos ajudá-los a trilhar um caminho de sucesso. Não queremos só andar a espalhar a identificação da rede, queremos que os nossos parceiros consigam crescer, em qualidade e quantidade. Se assim for, estes clientes hão de comprar-nos mais peças e o ciclo alimenta-se.”
BENEFÍCIOS MÚTUOS Além da imagem corporativa e uniformizada e do acesso a condições mais vantajosas na aquisição de produtos, os membros da Red Service beneficiarão de um serviço de apoio técnico, que Saulo Saco acredita ser uma mais-valia para a rede. Nesse sentido, a Leirilis tem apostado na qualificação do seu departamento técnico, por forma a dar resposta às dúvidas dos membros. A rede contará com o apoio de um call center e com a ajuda de um portal de identificação de peças, que foi alvo de alterações, oferecendo agora mais informações técnicas, com o objetivo de ajudar a oficina a identificar a avaria. Como a formação é um fator cada vez mais importante no dia a dia das oficinas, e apesar de não existir um plano formativo específico para a rede, os membros da Red Service serão obrigados a frequentar uma formação, gratuita, dentro do plano que a Leirilis disponibiliza aos seus clientes, bem como beneficiarão de condições especiais na inscrição noutras ações formativas. De resto, esta tem sido outra aposta da Leirilis. Para responder a algumas dificuldades que têm sentido nas ações de formação, em 2017, serão implementados escalões de formação, com níveis mais
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
31
ESPECIALISTA
EMPRESA
básicos e avançados, ministrados por entidades exteriores à empresa, para garantir uma maior flexibilidade e não limitar a oferta. A rede será composta por associação, estando as oficinas associadas obrigadas ao pagamento de um fee anual, que servirá para suportar alguns custos com a rede e que Saulo Saco se escusa divulgar por ainda não “estar fechado”. Atualmente com dois membros, ambos na zona centro do país, o objetivo da Red Service para 2017 é atingir os 20 membros, espalhados por todo o país, fasquia que Saulo Saco acredita não ser difícil de alcançar: “Temos tido muitas oficinas a demonstrar interesse em aderir ao nosso conceito. Vamos ver como o processo se desenrola a partir de 2017.”
FACES DA EVOLUÇÃO O call center da Leirilis é uma das faces visíveis da evolução da empresa. A outra são as primeiras oficinas a ostentar a imagem da rede RedService, uma das grandes apostas da empresa liderada por Saulo Saco para 2017
OFERTA AMBIENTAL As oficinas que aderirem à Red Service estarão obrigadas a comprar as suas peças à Leirilis, mas não estarão obrigadas a contratar a gestão de resíduos à Red Waste, a segunda área de expansão da empresa de Leiria. Saulo Saco explica a razão: “As empresas já têm as suas parcerias e os seus contratos feitos com outras empresas.” No entanto, existirão condições especiais para os membros que queiram contratar os serviços da Red Waste, o mesmo acontecendo com os restantes clientes da Leirilis, numa lógica de alargamento dos serviços prestados: “Da venda dos equipamentos à formação, passando pelos conceitos oficinais e agora a gestão de resíduos, somos quase uma one-stop-shop.” Esta é, aliás, a lógica por detrás do nascimento da Red Waste, como afirma o responsável: “A Red Waste não foi criada com o intuito de ser a área de negócio mais rentável da empresa. A ideia é oferecermos mais um serviço aos nossos clientes.” Identificando que a gestão de resíduos era uma área onde os seus clientes sentiam algumas di-
32
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
ficuldades, e porque já cabia à Leirilis a tarefa de recolher as baterias usadas, a evolução natural foi a de criar sinergias: “Já que temos de fazer estas recolhas, por que não criar uma cadeia que faça a recolha de todos os produtos?” – afirma o responsável. Assim, esta nova empresa está em condições de oferecer um serviço flexível e personalizável, com soluções “chave na mão”, como diz o gestor, mas também possibilitando a contratação de apenas alguns serviços. Além do licenciamento, a operação da Red Waste obrigou a Leirilis a investir em veículos e contentores. Saulo Saco prefere não adiantar valores, referindo que ainda falta fazer muito investimento nesta área. Para já, a Leirilis é o único cliente da Red Waste, encarregando-se exclusivamente da recolha das baterias usadas junto dos seus clientes, devendo 2017 ser o ano do arranque em força da empresa. Os objetivos de vendas são comedidos, e Saulo Saco aposta num cres-
cimento sustentado, dado que esta é uma área em que a Leirilis não tem um grande know-how e que está ainda a explorar: “Preferimos ir mais lentamente, mas de forma segura e sustentada. Não me interessa ter cem clientes e prestar um mau serviço”, diz o responsável.
FUTURO DE CRESCIMENTO Face a estes pressupostos, não é de estranhar que o responsável máximo da Leirilis acredite que a Red Waste não tenha para já um grande peso na faturação da empresa, ao contrário do que se espera para a Red Service: “Se atingirmos as metas a que nos propomos, a rede poderá ter um peso significativo na faturação da empresa.” A nova rede oficinal poderá, assim, alavancar o crescimento da empresa, que Saulo Saco afirma ter vindo a ser contínuo nos últimos anos. Em 2016 a Leirilis espera atingir dez milhões de euros de faturação e registar um crescimento entre 12 e 13% face a 2015, valores que o responsável acredita se manterão em 2017, ano em que a aposta será no crescimento, mas interno: “Temos um portefólio de marcas e produtos que consideramos completo e pretendemos agora trabalhar esse portefólio todo. Criámos novas parcerias e precisamos de crescer junto destes novos fornecedores.” Assim, a Leirilis pretende focar-se no fortalecimento da oferta atual, na consolidação das novas ofertas de serviço e na estabilização da sua presença em algumas zonas do país, como acontece com o norte, onde apostaram recentemente num novo armazém. Novo será também o espaço para onde a empresa se deverá mudar em 2017, um edifício localizado em Leiria, com 3000 m 2 de espaço de armazenamento e mais cerca de 1000 m2 para acolher o balcão de venda, os escritórios e ainda a área de formação. /
ESPECIALISTA
DOSSIER EXCELÊNCIA NA PRODUTIVIDADE
MOVIMENTOS
SOBRE PRODUÇÃO
ESPERA
SOBRE PROCESSAMENTO
CORRECÇÕES INVENTÁRIO TRANSPORTES
APRENDIZAGEM E DESPERDÍCIOS Para conseguir identificar os problemas é necessário estar presente no local onde estes surgem e pôr “as mãos na massa”. Não se esqueça de observar e registar todos os desperdícios gerados. Esta lista será importante para otimizar processos
D
epois de abordado o tema dos Gemba Walks, deverá nesta fase estar criada a rotina de ir ao local de trabalho ver como se desenrolam todos os processos e de conseguir caraterizar todos os problemas, iniciando assim o processo da sua resolução.
APRENDER…FAZENDO! EM QUE CONSISTE? Podemos pensar em inúmeras formações para capacitar as nossas pessoas e em ler imensos artigos, incluindo este. O óbvio, porém, está bem diante dos olhos de todos nós. Não há melhor abordagem para aprender, como efetivamente ‘experimentar, fazer e aprender’. Juntando os factos que reuniu com os Gemba Walks que terá já realizado (leia o Artigo 10), e com eles identificado um verdadeiro ‘Problema’, sinta-o, executando esse conjunto de tarefas problemáticas com a mesma duração, intensi-
34
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
dade e performance que os que hoje a executam. Aprenderá rapidamente onde os problemas se localizam e sentirá os sintomas que todos lhe reportam (eventualmente até há muito tempo). Nessa altura, reforçará a credibilidade das suas sugestões, já que elas estarão suportadas na sua aprendizagem. Não é fácil, mas o maior obstáculo não será a falta de tempo, a indumentária inapropriada, a agenda intensa ou a elevada dispersão do negócio, se trabalhar numa rede de oficinas. O MAIOR obstáculo é a Humildade necessária para o fazer. Síntese: Identifique um problema, identifique o processo que o cria, peça ajuda a quem lá trabalha, arregace as mangas e experimente. Aprenda, fazendo, e ajude a proporcionar às suas equipas processos mais simples, mais rápidos e mais seguros e simultaneamente menos fatigantes e menos stressantes.
QUAL A RELEVÂNCIA DESTA FASE? É da maior importância! Falar ou discutir um assunto e argumentar em torno dele com base em
factos deixa-nos seguros do que estamos a partilhar, com a certeza de saber que temos a experiência e de a poder testemunhar. Jamais alguém será Mestre de Karaté, por ler, ver filmes ou vídeos, conversar com outros Mestres ou dominar toda a história da modalidade. O mesmo se passa no seu negócio. Acerca deste tema o livro de Mike Rother, Toyota Kata, é uma excelente referência para começar.
OS SETE DESPERDÍCIOS ‘MORTAIS’ EM QUE CONSISTE? Muito simples…São sete categorias onde se inserem TODOS os desperdícios possíveis de existir num Processo. Ao dominarmos cada categoria, ficamos com uma espécie de visão ‘noturna’ e capazes de ver o que para outros é ‘opaco’ ou mesmo o que outros nunca viram. Conta-se a estória de que Taiichi Ohno, engenheiro chefe na Toyota desde a década de 1940, desenhava um círculo no chão com um pau de giz, onde colocava depois os seus engenheiros, para que eles, munidos de uma folha em branco e de um lápis, escrevessem todos os desperdícios que conseguissem identifi-
Gestão visual do espaço oficinal Padronização do trabalho PARTE 3 Rumo à Melhoria Contínua do negócio PARTE 1
GESTÃO LEAN APLICADA À OFICINA
PARTE 2
Transportes – Mover peças ou produtos desnecessariamente; Sobre-processar – Fazer uma tarefa sem os meios adequados, perdendo tempo ou fazendo mais passos do que os estritamente necessários; Inventário – Ter mais peças, consumíveis, etc., do que os estritamente necessários para satisfação da procura de mercado; Movimentos – Colaboradores que se deslocam à procura de itens, peças, ferramentas, etc.; Correções – Inspeções, retrabalhos, reparações ou mesmo a sucata de algo, com origem em erros desnecessários ou injustificados.
COMO PROCEDER? PASSO 1 Volte ao Gemba (leia o Artigo 10)! Mas agora ‘desenhe’ o seu círculo de Ohno e VEJA. O que vê? Deve ser capaz de listar, para cada serviço, tarefa ou trabalho, uma longa lista de movimentos, transportes, tempos de espera e muitos outros desperdícios das sete Categorias. car. Este círculo ficou conhecido como o ‘círculo de Ohno’. Leia a título de exemplo este excerto retirado do livro Toyota, A Fórmula da Inovação, do autor Matthew E. May: “(…) Quando paro para pensar no que o Sr. Ohno nos ensinou, uma coisa é muito clara para mim: ele nos ensinou como pensar, nos ensinou a pensar profundamente. Quando penso nisso, acho que o "T" de TPS (Toyota Production System) não é só de Toyota, mas de "Thinking". O "Thinking Production System". (…) eu gostaria de contar uma história dos ensinamentos do Sr. Ohno sobre pensamento. O Sr. Ohno desenhava um círculo no chão, no meio de uma área congestionada, e fazia- nos ficar naquele círculo o dia inteiro, observando o processo. Ele queria que observássemos e nos perguntássemos: "Porquê?" (…) já devem ter ouvido falar dos 5 Porquês no TPS. O Sr. Ohno sentia que, se ficássemos nesse círculo, observando e nos perguntando "Porquê?", boas ideias surgiriam. Ele percebeu que os novos pensamentos e as novas tecnologias não aparecem assim do nada. Surgem sim, de um entendimento real do processo. No meu caso, achei estranho quando ele me pediu para entrar no círculo. Mas o que eu podia dizer? Eu era um iniciante, e ele era o chefe e membro do Conselho de Administração. Então, entrei no círculo e comecei a observar o processo. Na primeira hora, comecei a entender o processo. Depois de duas horas, comecei a ver os problemas. Depois de três, quatro horas, comecei a perguntar-me "Porquê?". Finamente, descobri a causa básica e comecei a pensar em contramedidas. Com as contramedidas em ordem, contei ao Sr. Ohno o que eu tinha pensado, os problemas que tinha visto e as contramedidas que havia encontrado, assim como os motivos dessas contramedidas. O Sr. Ohno só me respondeu: "A sério?" e foi-se embora. Ele nunca nos dava respostas. Na maioria das vezes, ele nem nos dizia se o que fazíamos era bom ou mau.
PASSO 2 TAIICHI OHNO A identificação de todos os desperdícios de um processo tem origem num método criado na década de 1940, pelo engenheiro chefe na Toyota, Taiichi Ohno
Elabore uma lista exaustiva de todos eles e comece a perguntar ‘porquê é necessário fazermos desta forma?’ e ‘o que poderíamos fazer de forma diferente?’.
PASSO 3 Junte a equipa e partilhe os seus achados.
PASSO 4 Comecem a pensar nas causas-raiz, usando a abordagem dos ‘5 PORQUÊS’. Atue na ‘5.ª’ causa, implementando ações corretivas, e verá como fica bem mais fácil evitar que esses erros comuns ocorram com a frequência atual.
Ele estava a estimular-nos a pensar profundamente, e a pensar sozinhos. (...)" Síntese: Vá ver, observe, experimente, aprenda… fazendo e liste todos os desperdícios que consiga, para mais tarde os remover.
QUAL A RELEVÂNCIA DESTA FASE? A palavra ‘Desperdicio’ é uma categoria de palavras daquelas que encerra tudo, sem contudo ser concreta e pragmática. É como o antibiótico de largo espectro, que combate muitas bactérias, mas nenhuma em particular. É um pouco também como outras palavras, como ‘toxina’, que, não sabendo bem o que é, a concebemos como algo nefasto. Para contrariar esta condição, Taiichi Ohno definiu sete Classes claras de Desperdícios: Sobre-produção – Produzir ou fazer algo antes da necessidade do cliente. É a pior forma de Desperdício, pois contribui para todas as outras seis; Espera – Colaboradores parados a aguardar que equipamentos ou máquinas terminem tarefas;
PASSO 5 TREINE a equipa no novo método, tal como um Treinador ou Encenador faz com a sua equipa: chame os operadores (atores) para o chão da oficina (palco), partilhe e distribua o novo método (guião), ponha todos a ler o novo método de trabalho e comece dando orientações (encene e ensaie) até sentir que todos e que tudo está pronto para ser usado com o próximo cliente (dia de estreia). Sinta-se um verdadeiro encenador e usufrua. /
RECURSOS NECESSÁRIOS Uma placa de escrita Folhas brancas Um lápis Próximo artigo: Resolução de Problemas: O que é um Kaizen de processo? A autoridade das equipas no processo da Mudança e a abordagem OSKKK
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
35
DESTAQUE
MERCADO
SUSPENSÃO
QUALIDADE AMORTECE MERCADO A evolução tecnológica dos sistemas de suspensão implica uma maior longevidade de todos os componentes, com as consequências que tal acarreta para as vendas, mas, ao mesmo tempo, um desafio interessante para os profissionais. O futuro é tecnológico TEXTO JOSÉ MACÁRIO
N
o automóvel, o conforto e a segurança estão associados ao bom desempenho do sistema de suspensão, cujos componentes com maior relevância são os amortecedores e os braços de suspensão. É da responsabilidade do sistema de suspensão a absorção das irregularidades do piso e a harmonização dos movimentos do veículo em todas as ocasiões, incluindo nas mudanças súbitas de direção e em situações de travagem. Assim sendo, quanto melhor for o seu funcionamento, menor será a transmissão de forças entre a estrada e o veículo, o que potencia tanto o conforto como a segurança de todos os ocupantes. Para garantir o funcionamento ideal dos sistemas de suspensão, a qualidade dos componentes utilizados é fundamental, prevenindo-se assim o seu desgaste prematuro, mas, ao mesmo tempo, aumentando os intervalos entre visitas à oficina, para sua verificação e eventual reparação/ substituição. O aumento da qualidade dos componentes, e as consequências que tal acarreta, é um dos motivos que os nossos interlocutores acreditam explicar o comportamento do mercado português. Por exemplo, André Martinho, Gestor de Produto Suspensão e Direção da TRW, aponta o aumento da qualidade dos componentes destes sistemas, a par da melhoria da qualidade das estradas lusas observável na última década, como responsáveis por um aumento da longevidade dos sistemas, o que se traduz num mercado “estável e amadurecido”, que não apresenta “crescimentos apreciáveis”, como refere o próprio. Esta opinião é partilhada por Carlos Gonçalves, sócio-gerente da Filourém, que acrescenta ainda a renovação do parque automóvel e a diminuição das ava-
36
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
rias como fatores para a diminuição das vendas. Flávio Menino, diretor de Marketing da Autozitânia, reconhece o decréscimo das vendas – partilhando os motivos para tal com os responsáveis anteriores –, mas não deixa de ressalvar as prestações da empresa, que afirma estar em contraciclo e a crescer, tal como faz Hugo Farela, responsável da ZF em Portugal, que afirma que a multinacional está a ter o seu melhor ano de sempre no nosso país. Não obstante reconhecer as dificuldades por que passou o mercado durante os anos da crise, Carlos Muñoz, Regional Marketing Manager da Federal-Mogul Motorparts para Portugal e Espanha, encontra no mercado português uma evolução positiva. De acordo com este gestor, começa a evidenciar-se uma necessidade crescente de reparação, e inspeção, dos sistemas de suspensão, o que terá impacto direto no comportamento das vendas, que terá tendência a crescer. O motivo para tal reside, segundo aponta Rui Monteiro, responsável de Marketing da Q&F, numa maior consciencialização do potencial de segurança e conforto destes sistemas. Esta opinião é partilhada com Armindo Romão, administrador da Auto Delta. A par dessa maior consciencialização, este responsável acrescenta que o escrutínio da Inspeção Periódica Obrigatória “joga um papel muito importante nos resultados” de um mercado que é “talvez um dos mais importantes do aftermarket português” e onde coabitam uma grande diversidade de marcas.
QUALIDADE-PREÇO De facto, das marcas premium às low-cost, o mercado nacional tem conseguido acolher todos os players, garantindo ao cliente uma oferta alargada e ajustada à sua capacidade de compra. Mas esta oferta pode ser perniciosa, com lembra Hugo Farela, uma vez que, em situações económicas mais complicadas, como a atual, há cada vez mais
condutores que optam pela contenção de despesas, efetuando apenas as operações de manutenção estritamente necessárias, não prestando a devida atenção à suspensão ou, fazendo-o, optando por componentes mais baratos. Apesar de terem, como acontece em outras gamas, a sua quota de mercado, os componentes low-cost não representam, para os nossos inquiridos, uma ameaça ao seu negócio. André Martinho, da TRW, vai mais longe, afirmando que não se prevê que este tipo de componente venha acrescer nos tempos mais próximos. E explica porquê: “Estes componentes estão associados a uma qualidade e desempenho menores e o vetor segurança exige garantias de qualidade de que, muitas vezes, o aplicador ou o cliente não estão dispostos a abdicar.” No entanto, e como reconhece Flávio Menino, atualmente, o preço continua a ser uma caraterística decisiva na altura da compra de componentes, ainda que a Autozitânia aposte na oferta de produtos com qualidade e para todas as bolsas. Esta aposta na qualidade é algo com que Rui Monteiro convive diariamente. Segundo o próprio, e dado que a Q&F opera no segmento da competição e performance automóvel, as soluções low-cost não conseguem concorrer com a oferta da empresa, preferindo sempre o cliente a qualidade em detrimento do preço. A mesma filosofia segue a Auto Delta. Nas palavras do seu administrador, a empresa prefere sempre apostar na qualidade, por forma a garantir as melhores opções e garantias de segurança aos seus parceiros. Para Hugo Farela, o importante é garantir a oferta de produtos com a correta relação qualidade/ preço aos clientes, ocasião em que o profissional da oficina tem um papel importante. Devendo conhecer profundamente o produto, para o responsável da ZF em Portugal, ao profissional da oficina cabe o papel de aconselhamento do cliente, ajustando a oferta ao seu poder de compra, tendo em conta esta dicotomia, que Hugo Farela
O MELHOR DE DOIS MUNDOS Num mercado onde há espaço para uma oferta variada, desde os produtos premium aos low-cost, o importante é apostar numa boa relação qualidade/ preço, para conseguir agradar a todos os tipos de clientes
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
37
DESTAQUE
MERCADO
EVOLUÇÃO DESAFIANTE A continuada evolução dos sistemas de suspensão trará novos desafios às oficinas, mas também oportunidades. Há que apostar na formação e atualização dos colaboradores, para garantir o melhor serviço ao cliente
considera ser um dos principais aspetos que os automobilistas têm em conta na hora de eleger a marca a aplicar. Prova da aposta na qualidade dos componentes são as garantias dadas na altura da compra, como acontece com a Federal-Mogul, que recentemente aumentou a garantia dos componentes Moog comercializados no mercado europeu para três anos. Carlos Gonçalves revela que a Filourém oferece a garantia exigida por lei nos seus produtos, mas não deixa de destacar a satisfação dos seus clientes: “As reclamações praticamente não existem.” Armindo Romão prefere destacar que, na Auto Delta, as peças em que a garantia é ativada são alvo de duas análises distintas; a primeira efetuada nas instalações da empresa e a segunda levada a cabo no fabricante, de onde resulta uma melhor análise ao problema. O gestor reconhece que esta não será a forma mais rápida de lidar com a questão, mas, por outro lado, garante “uma maior segurança na resposta ao cliente”.
FUTURO TECNOLÓGICO Neste como noutros segmentos do mercado, a inovação é constante e impulsionada tanto pelos pedidos dos construtores automóveis, como também pelos fabricantes de componentes, que pretendem não apenas responder às solicitações do mercado, mas também melhorar o desempe-
38
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
nho dos sistemas existentes com inovações como o amortecimento pneumático ou as suspensões adaptativas (muito apetecíveis pelos novos modelos híbridos e elétricos), ou ainda com o melhoramento do desempenho dos sistemas mais tradicionais, centrando-se aqui a inovação na redução do peso e da pegada ecológica, ao mesmo tempo que se procuram diminuir os custos de produção e não comprometer as performances. Um exemplo desta inovação constante são os novos amortecedores OESpectrum, da Monroe. A reconhecida marca, que este ano celebra 100 anos de atividade, apresentou na passada edição da Automechanika estes novos amortecedores, que fazem uso da tecnologia R-TECH Rebound Valving. Esta tecnologia combina uma válvula de controlo de impacto de alta velocidade com dois conjuntos de discos separados por um disco helicoidal excêntrico. Desta forma eliminam as mudanças abruptas e não desejadas na força de amortecimento, reduzindo ruídos, vibrações e rigidez. Estes novos amortecedores deverão chegar ao mercado de forma progressiva durante o próximo ano e marcarão o topo da gama da marca centenária. Quando a transição dos amortecedores Reflex para esta nova gama estiver concluída, a cobertura será de cerca de 90% do parque circulante, afirmam os seus responsáveis. Outras melhorias que a Monroe sublinha nos novos OESpectrum passam pelo re-
vestimento cromado da haste do pistão, pela nova selagem de óleo, a redução do rebote da mola de compressão interna, uma nova e fechada banda de pistão de PTFE antifricção e uma fórmula de óleo semissintético premium. A evolução acontece a um ritmo frenético e constante, o que acrescenta novos desafios paras os profissionais, que se juntam aos já existentes e que se manterão no futuro, como refere André Martinho, apontando como exemplo a produção de componentes mais leves, que não prejudiquem o ambiente e contribuam para a segurança. No entanto, o futuro passará pelo contínuo desenvolvimento do amortecimento pneumático e das suspensões adaptativas, bem como pela integração destes sistemas com a gestão eletrónica do automóvel. Para este responsável, as inovações na área da autonomia dos veículos e a integração de sistemas serão o desafio do futuro, opinião partilhada por Carlos Gonçalves, da Filourém, que considera que a implementação da suspensão de gestão eletrónica será um desafio interessante para os profissionais, mas que exigirá “uma formação específica para toda a área comercial e oficinal”. O que quer que o futuro reserve, os profissionais deverão munir-se das competências necessárias, pois, à medida que os sistemas se tornam mais complexos, mais especializados devem ser os técnicos. /
DESTAQUE
FORMAÇÃO
APOSTAR NO FUTURO A formação dos técnicos é fundamental para uma correta intervenção nos sistemas de suspensão dos automóveis. Os sistemas mais complexos são uma oportunidade para os profissionais atualizados, mas um problema iminente para quem não apostar na formação TEXTO JOSÉ MACÁRIO
A
suspensão é um sistema que está em funcionamento desde que o condutor se senta ao volante. Todos os sinoblocos, amortecedores e outros componentes, como as rótulas, são solicitados a cada segundo, o que provoca desgaste e pode levar a avarias. Estas dependem sempre do tipo de suspensão utilizado, o que obriga a que os profissionais possuam um conhecimento aprofundado do funcionamento dos vários sistemas e da sua interligação com outros, nomeadamente a gestão eletrónica. A complexificação dos sistemas de suspensão e a sua integração com os sistemas de gestão eletrónica do automóvel vieram trazer dificuldades acrescidas aos técnicos aquando das intervenções. Naturalmente, quando as peças se tornam mais complexas, mais rigorosa deverá ser a sua aplicação, da mesma forma que são ne-
40
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
cessários equipamentos e know-how adequados. Armindo Romão, administrador da Auto Delta, refere que este é um caminho para o qual não há retorno, acrescentando ainda que os técnicos necessitarão de cada vez mais formação e de ferramentas recomendadas para que não existam quaisquer problemas na montagem dos componentes. A montante, o mesmo problema é detetado por Flávio Menino, que refere a integração destes sistemas com a gestão eletrónica implica o investimento em máquinas de diagnóstico que permitam detetar as avarias de forma correta. A falta de conhecimentos e equipamento adequado leva a erros de diagnóstico, que o departamento técnico-pedagógico do CEPRA classifica como estando na origem de erros de reparação. Nesta categoria, os mais comuns são o recurso excessivo à substituição de componentes, a sua montagem incorreta, a ausência ou o maus estado dos batentes, a substituição de componentes sem o devido alinhamento da direção, a interpretação
incorreta dos valores obtidos no teste e ainda a substituição de componentes por outros com caraterísticas diferentes. Para o CEPRA, devemos ainda ter em consideração o facto de a crescente otimização do espaço nos veículos dificultar o acesso aos componentes da suspensão, o que prejudicará não apenas a reparação, mas desde logo a inspeção visual. José Pedro, formador na Car Academy, acrescenta a esta lista a opção por materiais de menor qualidade, motivada pela necessidade de apresentar um orçamento reduzido ao cliente. Armindo Romão, por seu turno, relembra a necessidade de a montagem dos componentes ser realizada na posição habitual de funcionamento do automóvel, pois, se tal não acontecer, todos os componentes estarão em esforço constante.
VASTA OFERTA FORMATIVA De um mau diagnóstico ou uma má intervenção podem resultar a instabilidade do veículo, a sua insuficiente aderência ao piso, o desgaste ace-
INTERVENÇÕES ACERTADAS A incorreta instalação dos componentes da suspensão pode dificultar, ou até impedir, o alinhamento das rodas. Impõe-se, por isso, que o técnico domine os diversos sistemas, algo apenas possível mediante uma aposta na formação
lerado dos componentes, menor conforto em marcha ou ainda a impossibilidade de realizar um correto alinhamento da direção. Se alguns destes danos são ligeiros, outros podem ser considerados graves, uma vez que podem conduzir a acidentes de viação. E quando falamos de segurança, os profissionais têm de dar garantias aos seus clientes de que podem sair descansados da oficina para a estrada. Cientes desta necessidade de formação constante, as empresas que se dedicam a este mercado disponibilizam várias formas de apoio aos seus clientes. A ZF disponibiliza formações técnicas de todas as novidades e melhorias dos seus produtos, direcionadas tanto aos distribuidores como ao retalho e também às oficinas. Por seu turno, a TRW, também detentora de uma oferta formativa dedicada aos seus clientes, destaca o facto de incluir na caixa dos componentes que comercializa todas as ferramentas necessárias para a sua correta aplicação. A Federal-Mogul Motorparts oferece apoio técnico ao instalador, com websites específicos para ajudar o profissional no seu dia a dia – www.moogproducts.com e www.moogparts.com – onde são disponibilizados conselhos de montagem e boletins técnicos. Além disso, os profissionais que queiram renovar conhecimentos nesta e nou-
tras matérias podem recorrer ao F-M Campus, a plataforma de formação online gratuita da marca, em www.fmcampus.eu. Para minimizar a possibilidade de erros na identificação dos componentes, a Monroe oferece, em www.monroecatalogue.eu, a possibilidade de pesquisar, através da matrícula, o amortecedor necessário para a intervenção. Mas a marca da Tenneco também proporciona aos profissionais um vasto leque de recursos de apoio técnico, com o intuito de que os profissionais consigam, de forma eficiente e rápida, realizar diagnósticos acertados e reparações nos mais complexos sistemas de suspensão. Tal oferta está a cargo da iniciativa B-Connected, que inclui acesso a qualquer hora às ferramentas digitais da marca, como o TADIS, o sistema de informação digital para os técnicos, onde podem ser encontrados milhares de recursos, como vídeos, módulos de ensino e-learning, especificações, dicas de diagnóstico, instruções de instalação e mais. Todos estes recursos estão à distância de um clique no ícone “B-Connected” na página da marca, em www.monroe.com. A vasta oferta formativa disponibilizada pelos fabricantes poderá estar na base da pouca procura por formações na área da suspensão que a Car Academy relata à Turbo Oficina. José Pedro adianta que, ainda assim, a empresa tem tentado
introduzir algumas destas novidades técnicas em temas que lhe sejam próximos, uma vez que considera que esta será sempre uma mais-valia para os formandos. Com uma oferta formativa que classificam como dinâmica, os membros do departamento técnico-pedagógico do CEPRA declaram que se conseguem adaptar permanentemente à evolução tecnológica. Desta feita, conseguem introduzir, nos cursos de formação inicial, conteúdos sobre novos sistemas que passam a ser utilizados em novos veículos. Ao mesmo tempo, para os profissionais com experiência são disponibilizados cursos específicos, sempre com uma componente prática associada. Apesar de toda a oferta à sua disposição, os profissionais continuam a chegar às ações de formação com défice de conhecimento de base, como deteta o CEPRA, que identifica ainda a ausência de práticas com vista à constante atualização técnica e de procedimentos. É essa desatualização que a Car Academy deteta como principal dificuldade dos seus formandos, o que, no estado atual de desenvolvimento da tecnologia automóvel, é crucial. Em suma, a evolução tecnológica ao nível da suspensão obriga traz oportunidades de negócio às oficinas cujos profissionais se atualizem frequentemente. Para os restantes, as dificuldades não demorarão muito a fazer-se sentir. /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
41
DESTAQUE
TÉCNICA
GARANTIR A SEGURANÇA Parte fundamental dos sistemas de segurança ativa de um automóvel, é crucial que todos os elementos que compõem a suspensão estejam a funcionar corretamente. Apenas os bancos de suspensão devidamente calibrados podem dar essa garantia TEXTO RICARDA SOARES | ANDRÉ RAMALHO E PEDRO GOMES ISQ
O
sistema de suspensão é um agente fundamental no que respeita à segurança ativa do automóvel. É formado por vários elementos flexíveis, sendo que os seus principais componentes são as molas e os amortecedores que estabelecem a ligação entre os pneus e os eixos com as partes do veículo que não estão em contacto com o solo. A função deste sistema é absorver a energia resultante do impacto com as irregularidades do terreno, manter o contacto entre o veículo e o solo, com o consequente aumento da eficiência de travagem, garantindo o bem-estar dos ocupantes e da segurança rodoviária no geral.
42
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
Um sistema de suspensão de um veículo cuja inspeção e manutenção não se realize de forma adequada, pode levar a diversos cenários, como por exemplo, fazer com que um automóvel se despiste, ainda que os pneus se encontrem em bom estado. Salientando a importância dos sistemas de suspensão dos veículos, 10% das reprovações nas Inspeções Periódicas Obrigatórias são devidas a não conformidades do sistema de suspensão. O banco de suspensão é um equipamento constituído genericamente por uma plataforma e por células de carga para medição da força vertical, que é utilizado para calcular a eficiência do sistema de suspensão dos veículos ligeiros. Atualmente, estes equipamentos simulam a progressão do veículo por um terreno irregular, submetendo-o a uma oscilação vertical. Este tipo de ensaio
dá a perceção do estado dos vários elementos do sistema de suspensão na sua globalidade, sem necessidade de retirar qualquer componente. A metodologia de ensaio mais aplicada nos bancos de suspensão é a designada por EUSAMA, desenvolvida pela European Association of Shock Absorber Manufacturers. Neste ensaio, o veículo é submetido a uma oscilação vertical gerada através de um excêntrico, com uma frequência de 1 Hz a 25 Hz ou de 1 Hz a 16 Hz colocado sob uma plataforma na qual assentam as rodas e onde se encontram sensores de força. Estes sensores permitem determinar a carga ou peso estático (carro em repouso) e a carga dinâmica (peso por roda durante o ensaio). Os veículos com suspensão inteligente não efetuam o ensaio no banco de suspensão, por esta-
rem munidos de sistemas eletrónicos que controlam a suspensão, dispondo normalmente de sistemas de autodiagnóstico. A exatidão das medições da força vertical é garantida através da calibração periódica dos bancos de suspensão. O Labmetro - Laboratório de Metrologia Automóvel do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), através do Laboratório de Metrologia Automóvel, efetua calibrações acreditadas a bancos de suspensão para veículos ligeiros. Estes bancos de suspensão encontram-se usualmente instalados em Centros de Inspeção Automóvel e em oficinas de reparação automóvel. A acreditação significa ter o reconhecimento da competência técnica, conferido pela entidade acreditadora, o Instituto Português de Acreditação (IPAC), o qual é signatário dos acor-
dos de reconhecimento mútuo internacional da EA, ILAC e IAF. No que concerne à calibração propriamente dita, o Labmetro foi pioneiro no desenvolvimento de um sistema de calibração para a medição da força vertical aplicada em bancos de suspensão, atualmente em uso pela maior parte dos laboratórios de metrologia da área automóvel. Este método utiliza uma célula de carga padrão, devidamente calibrada, acoplada a um sistema hidráulico para a geração de diferentes valores de força vertical, e que se transmitem à plataforma do banco de suspensão. Os erros de medição do banco de suspensão são determinados por comparação, entre os valores padrão gerados e os correspondentes valores indicados na consola do equipamento em calibração (banco de suspensão).
As principais vantagens deste sistema de calibração traduzem-se na redução do tempo de calibração e na respetiva logística associada à realização da mesma, bem como por uma diminuição das incertezas expandidas de medição por comparação com as incertezas obtidas nos métodos clássicos, que consistiam no uso de massas padrão que eram aplicadas sobre a plataforma do banco de suspensão. A calibração regular destes sistemas é essencial para efeitos da garantia da conformidade e aceitação ao uso dos referidos bancos de suspensão, de acordo com especificações técnicas e/ou legais aplicáveis, garantindo a exatidão e o bom desempenho dos bancos de suspensão enquanto instrumentos de medição e, consequentemente, a correta inspeção dos veículos para efeitos de segurança rodoviária. /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
43
RAIO-X
COMERCIAL DO MÊS
LINHAGEM PREMIUM Aos argumentos enquanto veículo de trabalho da L200, a Mitshubishi acrescentou um conjunto de equipamentos de série que elevam o conforto e o requinte na edição limitada e numerada Sea Master
C
TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO om o intuito de disponibilizar aos seus clientes modelos exclusivos, a Mitsubishi lançou uma série limitada e numerada da L200. Denominada Sea Master e baseada no modelo Cabina Club Intense, acrescenta aos fortes argumentos do modelo elementos que sublinham o conforto, requinte e caráter dinâmico da histórica pick-up. São esses os casos, no exterior, do forro da caixa de carga, roll bar desportivo, dos pneus Cooper na medida 245/65 R17 e dos apontamentos em carbono que decoram, por exemplo, o capot e a caixa de carga e enaltecem a imagem musculada desta pick-up. A exclusividade é reforçada com as inserções do logo Sea Master com numeração junto às portas e no interior, imediatamente acima do porta-luvas. No habitáculo destacam-se os bancos, forrados a pele e com costura dupla em azul, que propor-
44
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
cionam uma envolvência ótima e, graças aos diferentes ajustes, uma excelente posição de condução, até para pessoas de estatura mais baixa. O conforto é, de resto, um dos trunfos do modelo, que proporciona uma vida a bordo bastante agradável aos três passageiros, muito embora o do banco traseiro não beneficie do maior conforto, nem durante a viagem, nem no acesso ao veículo, já que a porta só abre com a do passageiro dianteiro aberta. No entanto, e afastando-se do estereótipo do veículo de trabalho minimalista, a Sea Master oferece um interior detalhado, onde a tecnologia é a estrela. No tablier, o ecrã touch de 6,1” é a central para controlar o sistema de infoentretenimento, que, para além dos habituais comandos, inclui a reprodução da câmara de visão traseira, uma importante aliada no momento de estacionar ou realizar manobras que incluam marcha atrás, até porque, nesta versão, a L200 apresen-
ta-se com um comprimento de 5195 mm e uma largura de 1815 mm. Aos comandos do volante, com botões de controlo para sistemas como o áudio ou o cruise-control, sobressai a pronta resposta a qualquer solicitação. Fazendo frente aos 2850 kg de peso bruto da Sea Master, o motor de 2,4 litros, com 180 CV e um binário máximo de 430 Nm, aparece associado a uma caixa manual de seis velocidades e impulsiona com destreza e facilidade a pick-up. Sendo a força um pré-requisito num veículo vocacionado para cumprir funções de trabalho, é importante sublinhar que a Sea Master proporciona também uma viagem agradável a velocidades superiores, surpreendendo até pelo baixo nível de ruído em comparação com modelos da mesma tipologia. A versatilidade fica também patente na tração 4WD e na capaz suspensão, que permitem enfrentar qualquer piso. Através do seletor posi-
LCV disponível no catálogo.
MITSUBISHI L200 SEA MASTER
cionado junto à alavanca de mudanças, é possível mudar facilmente da tração às duas rodas para a tração às quatro, mesmo em movimento, desde EDIÇÃO ESPECIAL E LIMITADA que a velocidade não seja superior a 100 km/h. A Mitsubishi continua Graças a um raio de viragem de apenas 5,9 m, a lançar edições a Sea Master proporciona uma elevada manobraespeciais e limitadas. bilidade. Para reforçar a segurança, a Mitsubishi A mais recente é a dotou a pick-up de sistemas como a assistência à L200 Sea Master, estabilidade de reboques, os controlos de tração com um visual mais e estabilidade, o ABS com EBD e a assistência à desportivo e agressivo, travagem de emergência. além de mais A tudo isto acresce um amplo espaço de carga – equipamento de série a caixa tem 1850 mm de comprimento, 1470 mm de largura e 475 mm de altura – e uma capacidade de reboque de 3000 kg (com travão) ou de 750 kg (sem travão). A marca anuncia um consumo combinado de 6,4 l/100 km, mas a nossa média ficou 1,2 litros acima. Mesmo assim, a Sea Master conquistou-nos pelo caráter exclusivo de veículo de trabalho premium. /
PREÇO 32 810€ // MOTOR 4 CIL; 2442 CC; 181 CV às 3500 RPM // BINÁRIO 430 NM às 2500 RPM // TRANSMISSÃO 4WD; 6 VEL Manual // PESO 2900 kg // COM./LAR./ALT. 5195/1815/1780 // CONSUMO 6,4 l/100 km // EMISSÕES 169 G/Km *As nossas medições
EQUIPAMENTO DE SÉRIE / PERFORMANCE
ACESSO AO BANCO TRASEIRO / CONFORTO BANCO TRASEIRO
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
45
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
MOTORTEC AUTOMECHANIKA MADRID 2017
EDIÇÃO RECORDE A Motortec Automechanika Madrid 2017 promete bater o recorde de expositores, pois aos 600 da edição passada juntam-se mais 130 participantes já confirmados
A
14.ª edição do Motortec Automechanika Madrid, que se realiza entre os dias 15 e 18 de março de 2017, irá ter 130 novos expositores, que se virão juntar aos cerca de 600 que já participaram no evento organizado em 2015. Este número foi avançado por Pedro Pedrera, diretor comercial do Motortec Automechanika Madrid, numa intervenção proferida durante a 27ª
46
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
Convenção da ANECRA, em Lisboa. “Com estes números, vamos bater o recorde da Motortec”, refere o responsável, adiantando que alguns dos principais fabricantes internacionais do setor irão estar presentes naquele evento, destacando a Valeo, a Hella, a Delphi, a Wurth, Sachs, ZF, entre outros. Pedro Pedrera salientou que entre as 16 edições da Automechanika que se realizam em todo o mundo, a Motortec Automechanika Madrid é a terceira em termos de satisfação dos expositores, ficando atrás de Frankfurt e do Dubai. No que se refere ao número de visitantes, o certame
espanhol também ocupa a terceira posição: “Não podemos competir com Frankfurt – que faz parte da História do Automóvel –, nem com Xangai.” Além disso, a Motortec Automechanika Madrid é a quarta maior feira mundial do setor em superfície, com 40 mil m2, reunindo oito áreas de atividade. “Crescemos bastante nos acessórios, na eletrónica e sistemas, e teremos ainda mobilidade e serviços”, refere Pedro Pedrera. “Iremos ouvir falar cada vez mais em mobilidade. Os fabricantes já não vendem automóveis, mas, sim, mobilidade.” A organização adianta que para esta edição apos-
PPG MAIS 130 EXPOSITORES A Motortech Automechanika Madrid 2017 vai contar com mais de 730 expositores, o que constituirá um novo recorde absoluto para o certame, anunciou o diretor comercial do evento, Pedro Pedrera
BRANCO É A COR FAVORITA
D tou igualmente no reforço da área de exposição de pneus: “Daremos igualmente destaque à inovação e atendendo às novidades que serão apresentadas, valerá a pena visitar esse espaço da feira.” A Ifema, organizadora do evento, declara: “Para esta edição fizemos um esforço no desenho e configuração de um recheado programa de atividades e jornadas profissionais dirigidas não apenas à oficina, mas também aos principais setores da indústria, fabricantes e distribuição.” No que respeita a espaços de atividades e formação, a Ifema destaca a Galeria da Inovação, uma plataforma de reconhecimento do esforço de pesquisa e desenvolvimento do setor, e que reunirá os componentes e serviços mais avançados do mercado; a Oficina Virtual, que se apresentará como centro de formação e de difusão de conhecimentos para os profissionais da oficina; e os dois Showrooms, que se situarão no pavilhão 3 e que estarão dedicados à formação e divulgação nos setores de Reparação e Manutenção, e de Reposição e Componentes. Paralelamente a estas atividades terão ainda lugar jornadas profissionais dedicadas às estações de serviço, convertendo toda esta iniciativa “numa importante mais-valia para os profissionais, a par da visita”, como declara a Ifema. /
e entre a ampla gama de cores para automóveis existente no mercado, o Branco continua a ser o preferido dos condutores. Este é o resultado do mais recente estudo de tendências mundiais de cor levado a cabo pela PPG Refinish, fornecedor de tintas e vernizes para a indústria e aftermarket. Os resultados deste estudo apontam que 38% dos automóveis que saíram das linhas de montagem em todo o mundo em 2016 estavam pintados de Branco. Analisando o mercado europeu, foram 33% os veículos novos pintados de Branco que foram fabricados, mais 2% do que em 2015. Seguiram-se os Cinza, com 18% (mais 2% do que em 2015), e os Pretos, que desceram 2% na preferência dos consumidores face a 2015 e não vão além dos 16%. Ainda dentro das cores neutras (as preferidas pelos consumidores), os prateados obtiveram uma quota de 10% nas preferências, menos 2% do que no ano anterior. No total, são já sete os anos consecutivos em que Branco é a cor preferida dos automobilistas. Para Jane Harrington, responsável de cor OEM da PPG, “o Branco é uma cor que os proprietários escolhem por ser neutra, por não ser cansativa, mas, mais importante, porque costuma estar disponível imediatamente”.
DAT IBÉRICA PESQUISA POR MATRÍCULA
A
DAT Ibérica, especialista na valorização de veículos usados, estimativas de valores residuais e cálculo de reparações e manutenção, recebeu autorização por parte da Direção Geral do Tráfego para implementar a pesquisa por matrícula nas suas soluções presentes no mercado espanhol. Para a marca, tal resultará numa melhoria do trabalho diário das oficinas, concessionários, peritos e seguradoras, uma vez que as ferramentas da DAT Ibérica ficarão mais rápidas, exatas e económicas. Marius Burgstaller, diretor de desenvolvimento de negócio da DAT Ibérica, comentou a este respeito que a autorização agora obtida “abre um leque amplo de desenvolvimento para este mercado, pondo em pé de igualdade os produtos que oferecemos neste mercado com os que disponibilizamos no resto da Europa. A possibilidade de obter o VIN através da matrícula facilita enormemente o labor diário dos nossos utilizadores”.
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICICNA
47
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS METELLI
NOVO CATÁLOGO DE DISCOS E PASTILHAS
J
á se encontra disponível a edição de 2017 do catálogo de discos e pastilhas de travão do Grupo Metelli para as marcas Metelli, Cifam, Trusting e Fri.Tech., que também pode ser descarregado no website www. metelligroup.it. A publicação foi completamente renovada a nível gráfico e exibe mais de 1600 páginas destinadas a veículos ligeiros, autocarros e camiões de mais de 140 construtores de todo o mundo. Além de atualizar os códigos disponíveis para as 1500 pastilhas e para os 1300 discos, a secção de pastilhas apresenta indicadores de desgaste (187 referências) com um código separado em relação à pastilha. De acordo com o Grupo Metelli, o catálogo é de manuseio fácil e intuitivo, e fornece todas as informações essenciais para escolher de forma correta a peça sobressalente. Adicionalmente, fornece cross references com a amostra OE e com desenhos dimensionais. Outra novidade é a presença das novas pastilhas com tecnologia HybriX, que permite desempenhos excecionais em termos de travagem e conforto, em plena conformidade com as normas já em vigor nos Estados Unidos relativamente à presença limitada de cobre, legislação que entrará em breve em vigor também na Europa.
IMPREFIL AMPLIA ARMAZÉM A Imprefil concluiu a expansão do seu armazém em Tres Cantos, Madrid, Espanha. As instalações, que a Imprefil dedica à distribuição de componentes térmicos e de filtragem para os setores automóvel e industrial, têm agora 250 m2. De acordo com a empresa, a
48
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
O Grupo Metelli anunciou que todos os discos de travões disponíveis nos catálogos Metelli, Cifam, Trusting e Fri.Tech. cumprem a norma UNE ECE R90, que entrou em vigor no dia 1 de novembro. Segundo o fabricante, isto significa “que toda a gama de discos de travão, equivalente a cerca de 1300 referências, realizou os testes específicos
razão fundamental para esta expansão foi a de aumentar o número de operações, melhorando o tempo investido nas tarefas de trabalho, e a otimização da preparação das encomendas. A ampliação foi motivada pelo aumento constante do número de encomendas e pela necessidade de oferecer aos clientes um melhor serviço, com menores tempos de resposta. A opção escolhida para levar a cabo esta ampliação foi a de instalar novas prateleiras com cinco alturas, ampliar o número de corredores e a sua largura para permitir o acesso de ambos os lados.
relativos a provas de duração e resistência, fornecendo assim uma garantia extra para o automobilista que adquira um produto do grupo”. Em cada disco será indicado o respetivo código de homologação relativo ao certificado emitido pela entidade de certificação, que será indicado também na etiqueta na embalagem. /
NOVO BRAÇO TRANSVERSAL REFORÇADO A Meyle ampliará a sua gama de braços transversais com qualidade Meyle-HD, para os modelos Fiat 500 e Fiat 500C, assim como Ford Ka II. Graças a um aumento do pino esférico na suspensão articulada do braço transversal, as oficinas podem reparar problemas de ocorrência frequente, especialmente no caso do Fiat 500. A capacidade de carga do pino esférico tornou-se mais elevada devido ao aumento do diâmetro da esfera. Na perspetiva do melhoramento
técnico em comparação com a versão original, o braço transversal está abrangido por uma garantia de quatro anos. O novo braço transversal MEYLE-HD pode ser adquirido através dos números MEYLE 216 050 0044/HD e 216 050 0045/ HD. Para uma reparação rápida, este é fornecido diretamente com o material de montagem necessário.
OSRAM CELEBRA 110.º ANIVERSÁRIO Passaram já 110 anos desde que a Osram nasceu. Resultante da combinação dos nomes de dois materiais, ósmio e volfrâmio, a Osram foi registada como marca no Registo Imperial de Patentes em 1906, em Berlim. Desde então, tem sido uma história cheia de desafios, retrocessos e realinhamentos. Como parte das comemorações do aniversário da empresa de iluminação, e até ao final deste ano, vários monumentos europeus serão iluminados de uma forma particularmente espetacular.
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS VALEO
AQUISIÇÕES NA ILUMINAÇÃO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A
Valeo adquiriu 50% do capital da CloudMade, uma start-up pioneira nos campos da inteligência artificial, com foco no desenho de aplicações para a indústria automóvel. A experiência da Valeo nas tecnologias necessárias para desenvolver aplicações de apoio à condução (como sensores e câmaras), bem como no campo da conetividade, da interface homem-máquina e em soluções de climatização, combinadas com as capacidades de inteligência artificial e de processamento de megadados da CloudMade permitir-lhe-ão oferecer aos seus clientes da indústria automóvel soluções para adaptar continuadamente as funções de assistência à condução ao perfil individual de cada condutor. Esta oferta de produto potenciará a experiência do utilizador, tanto em termos de condução intuitiva como no que diz respeito à segurança e ao conforto de todos os ocupantes. Além disso, a Valeo lançou uma OPA para adquirir a Ichikoh. Em 2000, a Valeo já havia comprado 31,58% do capital da empresa japonesa especialista em iluminação. A oferta terminará a 12 de janeiro próximo e está condicionada à aprovação das autoridades, bem como à obtenção de pelo menos 50,09% das ações, sendo que a Valeo nunca poderá comprar mais que 55% do capital da Ichikoh, para manter a liquidez. Depois da primeira participação no capital da empresa japonesa, esta e a Valeo desenvolveram uma aliança de sucesso. Com a transformação tecnológica que a indústria da iluminação está a sofrer, como é exemplo a popularização da tecnologia LED, as duas empresas resolveram fortalecer os seus laços para fortalecer a oferta de produto ao mercado japonês. /
BREMBO CRESCE NAS VENDAS O volume de negócios da Brembo nos primeiros nove meses de 2016 atingiu 1,71 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 10,6% face a igual período do ano passado. O lucro líquido aumentou 40,9% para 175,6 milhões de euros, enquanto a dívida financeira
50
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
diminuiu ligeiramente para 256,6 milhões de euros. “Estamos muito satisfeitos com os bons resultados alcançados. O crescimento confirmou a eficácia da nossa estratégia global, que teve como foco o investimento, o processo contínuo e a inovação”, afirma o presidente da Brembo, Alberto Bombassei. Na área automóvel, o crescimento foi de 13,3%. A área das motos registou um aumento de 12,5%. O setor de competição obteve um crescimento de apenas 3,4% e no setor de veículos comerciais verificou-se um crescimento de 0,5%.
3M LANÇA SISTEMA DE PREPARAÇÃO DE PINTURA PPS A 3M acaba de lançar o Sistema de preparação de pintura PPS, que recorre a um processo que elimina a necessidade de utilizar os tradicionais copos de mistura e filtros, ao mesmo tempo que viabiliza uma forte redução na utilização de solventes. O objetivo é tornar o trabalho do pintor mais fácil, económico e eficaz, pelo que, a partir do mesmo copo descartável, que integra uma tampa e um filtro, é possível misturar e pulverizar, sendo que a pistola funciona em
qualquer posição, mesmo invertida. Os copos estão disponíveis em referências de 170, 400, 600 e 800 ml, com filtros 125 e 200. “O sistema PPS da 3M é um processo inovador”, destaca a marca, indicando que “o PPS oferece uma solução mais limpa e mais eficaz para todas as reparações de pequenas ou grandes superfícies”. A 3M lançou uma promoção para este produto: oferece dois copos de mistura na compra de duas caixas de copos descartáveis PPS.
RAIO-X
BARÓMETRO
DINÂMICA DO SETOR Todos os meses, em parceria com a Informa D&B, a Turbo Oficina regista as mudanças no tecido empresarial do setor do após-venda. Conheça as aqui as principais alterações e ocorrências registadas PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS AUTO, POR REGIÃO DINÂMICA NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) INSOLVÊNCIAS REGIONAL DO SETOR ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO OUTUBRO 2016 HOMÓLOGA OUTUBRO 2016 HOMÓLOGA OUTUBRO 2016 ACUMULADA(%) NORTE 387 -12,0%
127 -5,2%
36 -35,7%
CENTRO 192
-10,7%
76
2,7%
20
-23,1%
ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA
15,2%
86
1,2%
21
-32,3%
ALENTEJO 44
311
-12,0%
18
-10,0%
3
-40,0%
ALGARVE 27
-27,0%
7
-36,4%
4
100,0%
R. A. AÇORES
10
-41,2%
3
0,0%
2
100,0%
R. A. MADEIRA
18
-28,0%
9
-25,0%
0
-100,0%
TOTAL 989 -6,2%
326 -3,8%
TECIDO EMPRESARIAL DO SETOR OUTUBRO 2016
86 -32,3%
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)
EM NÚMERO
OUTUBRO ACUMULADO OUTUBRO ACUMULADO SETOR TECIDO 2016 OUT. 2016 2015 OUT. 2015 EMPRESARIAL
NASCIMENTOS 90 989 95 1.054 -6,2% -3,0%
(CONSTITUIÇÕES)
NORTE 4929
ENCERRAMENTOS 39
326
48
339
-3,8% -3,2%
INSOLVÊNCIAS 2
86
10
127
-32,3% -23,1%
(EXTINÇÕES)
FONTES: ANÁLISE INFORMA D&B; DADOS: PUBLICAÇÕES DE ATOS SOCIETÁRIOS E PORTAL CITIUS/MINISTÉRIO DA JUSTIÇA *Toda a informação introduzida na base de dados Informa D&B é dinâmica, encontrando-se sujeita à publicação tardia de alguns atos e às alterações diárias de diversas fontes.
FICHA TÉCNICA
CENTRO 3321
ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 3301
ALENTEJO 849
ALGARVE 453
EM PERCENTAGEM 37,0
52
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
ALENTEJO
A. M. LISBOA
CENTRO
NORTE
6,4
R. A. MADEIRA 268
3,4
1,5
2,0 MADEIRA
24,8
AÇORES
24,9
ALGARVE
R. A. AÇORES 198
Universo de organizações - Tecido Empresarial O Tecido Empresarial considerado engloba a informação relativa às organizações ativas com sede em Portugal, sob as formas jurídicas de sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades unipessoais, entidades públicas, associações, cooperativas e outras sociedades (os empresários em nome individual não fazem parte deste universo de estudo). Consideram-se as empresas classificadas em todas as secções da CAE V3 .0. Universo de setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto Organizações ativas do tecido empresarial classificadas nas seguintes secções da CAE V3.0.: Grossistas auto: CAE 45310- Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis Retalhistas auto: CAE 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis Concessionários auto: CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros Oficinas: CAE 45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis Nascimentos Entidades constituídas no período considerado, com publicação de constituição no portal de atos societários do Ministério da Justiça.
Encerramentos Entidades extintas no período considerado, com publicação de extinção no portal de atos societários do Ministério da Justiça (não são consideradas as extinções com origem em procedimentos administrativos de dissolução). Entidades com insolvências Entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça. Regiões As entidades foram classificadas através da localização da sua sede, representando as 7 unidades da NUTS II de Portugal (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS)). A Informa D&B é especialista no conhecimento do tecido empresarial e através de análises inovadoras, disponibiliza o acesso a informação atualizada e relevante sobre a atividade de empresas e gestores, fundamental para a condução dos negócios dos seus clientes. A Informa D&B está integrada na maior rede mundial de informação empresarial, a D&B Worldwide Network, com acesso aos dados de mais de 245 milhões de agentes económicos em 221 países. www.informadb.pt (+351) 213 500 300 informadb@informadb.pt
RAIO-X
AUDI Q2
QUEM FAZ O QUÊ?
A
cabadodechegaraomercado nacional, o Audi Q2 tem tudo para ser bem-sucedido: a assinatura da marca e o estatuto premium, uma imagem moderna e um preço abaixo dos 30 mil euros na sua versão de acesso. O novo Q2 ostenta uma nova grelha dianteira e linhas mais cativantes, merecendo destaque a possibilidade de o pilar traseiro ser de tonalidade diferente. Já no interior a qualidade está em alta, potenciada pelo equipamento de série, como o sistema modular de infoentretenimento da Delphi ou o sistema áudio Bang & Olufsen, fornecido pela Harman/Becker. O sistema de controlo da climatização é proveniente da PrehWerke, ao passo que cabe à Valeo o fornecimento do sistema traseiro de iluminação. Em alta está também o conforto, para o que concorre a espuma moldada dos bancos, da responsabilidade da F S Fehrer, e o isolamento acústico específico para a zona do banco traseiro, proveniente da Carcoustics. O teto panorâmico também ajuda a esta sensação de bem estar e conta com um vedante da Cooper Standard Automotive, sendo os vidros colados com adesivos Sika. Para já, o SUV compacto da Audi está disponível com o motor 1.6 TDI, devendo até ao final do ano chegar ao mercado a variante de dois litros TDI, cujo sistema de filtro do óleo é fornecido pela Hengst e que conta, como as restantes, com rolamentos KSPG Automotive e um sistema de ventilação do bloco do motor proveniente da Norma. Veja quem faz o quê no novo Audi Q2 na tabela ao lado. /
FORNECEDOR COMPONENTE BOSCH
Servo-freio eletromecânico
CONTINENTAL
Tubos de refrigeração
DANA
Juntas secundárias
DELPHI
Sistema modular de infotainment
DENSO
Sonda lambda
HARMAN/BECKER
Sistema audio Bang @ Olufsen
HENGST
Sistema do filtro de óleo para o 2.0 TDi
KSPG AUTOMOTIVE
Rolamentos do motor
MAHLE
Coletor de admissão
MANN + HUMMEL
Filtro de óleo
NIDEC GPM
Bomba de água
NORMA
Sistema de ventilação do bloco do motor
RÖCHLING AUTOMOTIVE
Coletor de admissão - Pitesti/Romania
SALERI
Bombas de água
TEKLAS
Tubagens do circuito de refrigeração
AUTOLIV
Pré-tensores com ajuste em altura
BOSAL
Circuito de refrigeração
CARCOUSTICS
Isolamento acústico na zona do banco traseiro
COOPER STANDARD AUTOMOTIVE Vedante do teto panorâmico EBERSPÄCHER
Filtro de partículas e catalisador
F S FEHRER
Espuma moldada dos bancos
GUILFORD
Revestimento do teto
HELLERMANNTYTON
Fixações das cablagens à carroçaria
HOERBIGER Sincronizadores KAUTEX TEXTRON
Depósito de combustível
NSK
Rolamentos das rodas (fr e tr)
PREH-WERKE
Sistema de controlo da climatização
SCHAEFFLER
Juntas de transmissão
SIKA
Colagem dos vidros
VALEO
Sistema de iluminação traseira
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
53
REPARAÇÃO
SOLDADURA MIG/MG
SOLDADURA COM ELÉTRODO METÁLICO SOB GÁS DE PROTEÇÃO O equipamento de soldadura por arco elétrico com gás de proteção é um dos equipamentos fundamentais nas oficinas de reparação de carroçarias de veículos. A sua versatilidade para soldar diferentes materiais e realizar diferentes tipos de uniões são duas das funcionalidades mais destacáveis
A
soldadura MIG/MAG é uma das mais utilizadas na reparação de carroçarias. As características técnicas das soldaduras obtidas, a sua elevada produtividade e a polivalência dos equipamentos de soldar atuais, que permitem soldar diferentes materiais como aços de diferentes tipos, alumínios, cobre, CuSi3, com diferentes espessuras e em todas as posições, contribuem para este facto. Os equipamentos atuais avançaram tecnologi-
54
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
camente para facilitarem a sua utilização por parte do utilizador através do controlo de diferentes parâmetros de soldadura combinados em programas adaptados às diferentes situações que podem ser apresentadas ao soldador. Estes equipamentos são denominados como "máquinas sinérgicas" porque gerem através dos programas de soldadura que incorporam, os parâmetros de soldadura, ajustando-os a cada tipo de material e diâmetro de fio. Outra das características a destacar nos novos equipamentos é a aplicação da "tecnologia inverter" para reduzir o consumo energético e aumentar o rendimento da máquina. Esta
tecnologia permite um consumo ajustado à potência necessária em cada momento. Os seus sistemas eletrónicos de transformação permitem dispor de fontes de energia potentes, com dimensões e pesos reduzidos, dotando os equipamentos de uma maior maneabilidade para o utilizador. Estas tecnologias aplicadas aos equipamentos permitem a aplicação da soldadura de forma mais fácil mediante o modo de transferência por "arco pulsado". Este modo permite a quantidade ideal de intensidade, no momento preciso, de forma que materiais com baixo ponto de fusão, como o alumínio ou o CuSi3 se possam soldar de for-
ma fácil, mesmo quando se trata das reduzidas espessuras das carroçarias dos veículos. A correta regulação do equipamento MIG/MAG é fundamental para se conseguirem soldaduras de qualidade. O material do fio depende do material a soldar e o diâmetro do fio depende da espessura das peças
FUNDAMENTO DA SOLDADURA O fundamento da soldadura por arco elétrico com gás de proteção baseia-se na geração de uma diferença de potencial entre o elétrodo e a peça a soldar, graças ao que se ioniza o ar entre eles tornando-se condutor. Ao fechar-se o circuito, cria-se o arco elétrico. O calor do arco funde parcialmente o material base e funde também o material de adição, depositando-se e formando o cordão de soldadura. Utiliza-se como material de adição um elétrodo consumível de
arame maciço, chamado fio, da mesma natureza que os metais a unir, o qual se deposita de forma contínua e automática conforme se consome. Para evitar a oxidação dos metais devido ao contacto com o oxigénio do ar, protege-se a zona de fusão com uma corrente de gás, que também facilita e estabiliza o arco. Quando o gás utilizado é de carácter inerte denomina-se soldadura MIG (Metal Inert Gas) e quando é de carácter ativo denomina-se soldadura MAG (Metal Active Gas).
PARÂMETROS DE SOLDADURA Existe uma série de parâmetros fundamentais que influem nos resultados das soldaduras obti-
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
55
REPARAÇÃO
SOLDADURA
Para selecionar o tipo de gás a utilizar devem ter-se em consideração vários aspetos, como o material a soldar, o tipo de transferência, a penetração ou a forma do cordão. Por seu lado, o caudal do gás de proteção é um parâmetro de regulação
das. O controlo e ajuste destes parâmetros permitirão obter soldaduras de qualidade.
TENSÃO A tensão mede-se em volts e é um parâmetro regulável na fonte de energia do equipamento. Quando o fio toca a peça estabelece-se o arco cuja amplitude é função da tensão escolhida na fonte. Uma vez formado o arco, a fonte autorregula a intensidade necessária para fundir o fio, mantendo-se a amplitude do arco correspondente à voltagem escolhida. A amplitude do arco é a distância entre a extremidade do fio e a peça. Quanto maior a amplitude do arco, maior será a tensão e vice-versa. Com grandes amplitudes de arco obtêm-se cordões mais largos e menos profundos; e com amplitudes pequenas produzem-se cordões mais estreitos e de maior penetração.
VELOCIDADE DE ALIMENTAÇÃO DO FIO A velocidade de alimentação do fio (arame) também é um parâmetro regulável na máquina, e está relacionada com os valores de tensão e intensidade. O ajuste da velocidade do fio implicará um maior ou menor fluxo de fundente na zona a soldar. Caso se diminua a velocidade do fio e se mantenham os restantes parâmetros constantes, o que acontece é que aumenta a penetração. Com uma velocidade de soldadura elevada, produz-se uma soldadura irregular.
56
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
INTENSIDADE A intensidade da soldadura depende do binómio "tensão - velocidade de alimentação do fio". Quanto maior a velocidade do fio, maior a intensidade, mantendo-se constantes os restantes parâmetros. A taxa de deposição também está relacionada com a intensidade. Quanto maior for a intensidade, mais rapidamente se produzirá a fusão, e portanto, a deposição de material. Para valores de tensão e velocidade de fio constantes, caso se afaste a boquilha do banho de fusão a intensidade diminui e caso se aproxime aumenta. Amplitude de extensão / extremidade livre do fio É a extremidade livre do arame, ou seja, a distância desde o tubo de contacto até à extremidade do arame. Este parâmetro é importante no processo de soldadura, em especial para a proteção do banho de fusão. Quando a amplitude de extensão aumenta aparece uma falta de proteção do gás, a penetração é menor e surgem mais projeções, podendo estas interferir na saída do gás de proteção. Como consequência podem aparecer defeitos no cordão. Se esta amplitude é demasiado curta, a penetração é maior, há menos projeções e pode acontecer que impeça a visibilidade do banho de fusão.
POLARIDADE Para o aço nas carroçarias costuma-se trabalhar com corrente contínua, pelo que o sentido
e o valor da intensidade de corrente permanecem constantes. A corrente alterna gera arcos instáveis e com tendência para se extinguirem, pelo que não se costuma utilizar. A polaridade utilizada é a inversa. Liga-se o elétrodo ao polo (+) e a peça ao polo (-), obtendo-se arcos mais estáveis, com boa penetração e poucas projeções. No entanto, com a polaridade direta, elétrodo (-) e peça (+), obtêm-se transferências globulares e um maior número de salpicos. Na soldadura de alumínio, os melhores resultados obtêm-se com corrente contínua e polaridade direta.
GÁS DE PROTEÇÃO Para selecionar o tipo de gás a utilizar devem ter-se em consideração vários aspetos, como o material a soldar, o tipo de transferência, a penetração ou a forma do cordão. Nas chapas de aço das carroçarias utilizam-se tanto gases inertes (árgon, hélio) como ativos (oxigénio, dióxido de carbono); mas os melhores resultados obtêm-se com combinações de ambos os tipos em diferentes percentagens, por exemplo Ar+O2 (5%), Ar+CO2 (15-25%). No caso do alumínio utilizam-se sempre gases inertes, sendo o Ar ou o He os mais habituais. Outro parâmetro que influi nos resultados é o caudal de gás, o qual deve ser o apropriado. Um caudal reduzido gerará uma proteção insuficiente, e um caudal muito alto pode gerar turbulên-
VISTA DA BOQUILHA
Boquilha de
Boquilha de
contacto
gás
Extremo livre do elétrodo
Peça Longitude do arco
cias e formação de remoinhos. Recomenda-se que este seja 10 vezes maior que o diâmetro do fio. Por exemplo, para um diâmetro de 0,8 mm deverá regular-se 8 litros/minuto.
PARÂMETROS DE EXECUÇÃO Existem outros aspetos relacionados com a execução da soldadura por parte do técnico, que também influem nos resultados obtidos.
VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO/SOLDADURA É a velocidade de avanço da pistola, ou seja, a velocidade com que o técnico desloca a pistola de soldar ao longo da união. Se os restantes parâmetros permanecem constantes, quanto menor for a velocidade de deslocamento, maior será a penetração na soldadura. Caso se realize uma soldadura com uma velocidade de deslocamento reduzida e uma intensidade elevada (A), a pistola pode sobreaquecer. Uma elevada velocidade de deslocamento provoca soldaduras irregulares.
ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DA PISTOLA Para se conseguir uma boa proteção do gás, o ângulo de trabalho não deve ser maior que 10 a 20º em relação à vertical. Um ângulo de trabalho muito reduzido favorece a formação de mordeduras, ao passo que um ângulo de trabalho amplo pode ser causa de falta de fusão.
DIREÇÃO DA SOLDADURA A direção da soldadura é outro fator a ter em conta. Denomina-se "soldadura para a frente" quando a pistola se dirige no mesmo sentido que o avanço da soldadura. Neste caso diminui a penetração e o cordão é mais largo e plano, pelo que se recomenda para espessuras reduzidas. E na "soldadura para trás” a pistola dirige-se no sentido contrário ao do avanço da soldadura, obtendo-se pior aspeto do cordão, uma maior penetração e uma deposição em excesso do material.
MOVIMENTO DA PISTOLA Em função do material e da espessura a soldar pode ser conveniente aplicar um certo movimento à ponta da boquilha. É recomendável um movimento "linear" nas espessuras finas das carroçarias para evitar um aquecimento excessivo. Outros tipos de movimento, como o "pendular" em várias passagens, produzem cordões largos com grande penetração. O movimento "circular" produz cordões largos de baixa penetração.
PREPARAÇÃO DO EQUIPAMENTO A máquina de soldar dispõe de várias regulações que o técnico deve ajustar em função do material e da espessura a soldar: - Garrafa de gás adequado ao material a soldar
e regulação do caudal de gás (litros/minuto) segundo o diâmetro do fio escolhido. - O rolo de fio a montar será do material e do diâmetro adequado às chapas a soldar. - Os sulcos dos rolos de arrasto do fio devem ser apropriados ao tipo de material (aço, alumínio) e à espessura (diâmetro), selecionando-se os adequados. - A pressão de aperto dos rolos também deve ser regulada segundo o fio para que o arrasto decorra em condições de funcionamento normais, e para que em caso de retenção da saída do fio, seja permitido que este deslize sobre os rolos sem chegar a ser arrastado, evitando-se um entupimento por excesso de entrega de fio. - O bocal de saída do gás protetor deve estar sempre limpo de restos de material de soldadura. - A ponta/tubo de contacto elétrico deve ser do mesmo diâmetro do fio. - O tubo guia de fornecimento do fio será de um material adequado ao material do fio; para aço será de aço e para alumínio de teflon ou nylon.
CONCLUSÃO Um aspeto fundamental para facilitar os trabalhos de soldadura ao técnico e conseguirem-se soldaduras de qualidade, é o correto ajuste e controlo dos parâmetros de soldadura. Por isso, é vital que o técnico conheça a sua influência e saiba como se procede para a sua regulação no equipamento. /
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
57
REPARAÇÃO
MANUTENÇÃO
Toyota Avensis TS 1.6 D-4D 112 Exclusive 5p Caraterísticas do Veículo Potência (cv)
110
Cilindrada (cc)
1461
EuroNCap
CO2 86 Tração / Transmissão
Dianteira / Manual
Caixa de Velocidades
6 Velocidades
Carroçaria Berlina
TOYOTA AVENSIS TOURING SPORTS A maior das station wagons da Toyota recebeu uma nova imagem e motores alemães. A boa dotação tecnológica não implica um maior custo de manutenção, que se queda nos €4,36 por cada 100 km percorridos TEXTO JOSÉ MACÁRIO
A
carrinha topo de gama da Toyota foi revista a meio de 2015, tendo na altura recebido uma imagem mais chegada à do Auris, reforçando a identidade visual da marca em toda a sua gama de veículos. Nesta reformulação, a Avensis Touring Sports deixou de contar com os préstimos de motores fabricados pela casa nipónica, passando a montar motores provenientes da BMW, como é o caso do 1.6 D-4D de 112 cv que equipa a unidade em análise nestas linhas. Se a capacidade da bagageira não assusta a concorrência, não indo além dos 543 litros com todos os lugares montados, o nível Exclusive traz consigo uma boa dotação tecnológica, como é exemplo o ecrã tátil de oito polegadas A renovação da carrinha topo de gama da Toyota apresenta um custo de manutenção em linha com o seu posicionamento comercial: €4,36 por cada 100 km percorridos. Realizando uma análise ao plano de manutenção proposto pela marca para um período de 48 meses, e assumindo que neste período são percorridos 120 mil km, o valor total necessário para manter a carrinha japonesa cifra-se nos €5230,79, correspondendo a maior fatia deste valor às trocas de pneus preconizadas: €1761,80. Nesta categoria, os pneumáticos 205/55 R16H que equipam as quatro rodas levam a maior parte do valor. Custa €1615,20 realizar as 10 trocas de pneus impostas pelo plano de manutenção do fabricante, a que se juntam ainda €45 para o ali-
58
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
nhamento da direção, €76,60 para equilibragem e €25 para troca de válvulas. A substituição de peças de desgaste consome, neste período em análise, quase tanto como as trocas de pneus, com um total de €1736,61. Neste particular, a troca dos componentes de travagem consome a fatia de leão da categoria – €1423,75 –, divididos entre €719,80 para as pastilhas dianteiras; €268,52 para as traseiras; €224,15 e €191,39 para as trocas de discos à frente e atrás, respetivamente; e ainda €19,89 para a troca do líquido dos travões. Merecem ainda contabilização os €173,28 e os €39,58 necessários para a troca, respetivamente, das escovas limpa-para-brisas dianteiras e traseira. Com €1251,23, a terceira maior parcela da manutenção a realizar com a Toyota Avensis Touring Sports diz respeito às revisões preconizadas pelo plano de manutenção. Só o óleo semissintético necessário às seis trocas consagradas no plano (€12,22 por litro) custa €381,26. Seguem-se os €596,22 para as trocas de filtros: €103,38 para o filtro de óleo; €54,96 para o de ar, €278,94 para o de pólen e €158,94 para o de combustível. Para completar esta secção devem ser mencionadas as 7,5 horas de mão-de-obra necessárias a estas intervenções, calculadas ao valor médio nacional de €36,50, que terão um custo de €273,75. Não nos podemos esquecer dos €27 previstos para pagar a IPO nem dos €554,09 de inflação. A todos os valores apresentados na tabela e nestas linhas acresce o IVA à taxa legal em vigor. Para mais informações, contacte Luís Ribeirinho, diretor comercial da 4Fleet, através do telefone 910 401 216 ou do e-mail luis.ribeirinho@4fleet.pt. /
Valor
Revisões
749,23 €
n.º Substit.
Mão de Obra
213,21 €
Óleo
279,94 €
[5,80]
Capacidade do carter (litros)
4,8
Tipo de óleo
Semi Sintético
Filtro de Óleo
52,28 €
Filtro de Ar
19,84 €
[1]
Filtro de Pólen
106,00 €
[4]
Filtro de Combustível
77,96 €
[2]
Velas
- €
[0]
Desgaste
2.534,46 €
[4]
[4]
Escovas Limpa Para-Brisas Frente 201,93 €
[4]
Escovas Limpa Para- Brisas Tras
- €
[0]
Pastilhas Frente
545,59 €
[6]
Pastilhas Tras
336,94 €
[3]
Discos Frente
434,87 €
[2]
Discos Tras
267,14 €
[1]
Liquido de Travão
44,11 €
[2]
Correia Distribuição
- €
[0]
Embraiagem
603,88 €
[1]
Carga Ar Condicionado
100,00 €
[1]
Escape
- €
[0]
Bateria
- €
[0]
Amortecedor Frente
- €
[0]
Amortecedor Tras
- €
[0]
Bomba Agua
- €
[0]
Filtro Particulas
- €
[0]
Tarefas Extra
- €
Avarias
- €
Elétricas
- €
Total
- €
Pneus
1.310,49 €
Pneus Frente
205/55 R16H
Pneus Trás
205/55 R16H
Pneus
1.163,89 €
Alinhamento de Direção
45,00 €
[3]
Equilibragem
76,60 €
[10] [10]
Válvula
25,00 €
Outros
563,06 €
IPO
27,00 €
Inflação
536,06 €
Ajustes
- €
Custos de Manutenção
Total
5.157,24 €
/100 kms
4,30 €
Consumo misto
3,30
IUC
141,47 €
[10]
l / 100 kms
* Valores sem iva
Assine a
PROFISSIONAL
ESTA TURBO OFICINA É SUA! Desde que surgiu que a Turbo Oficina tem registado um percurso assinalável afirmando-se hoje como a revista de referência para os profissionais do setor automóvel. São, por isso, cada vez mais aqueles que nos solicitam o envio da sua revista sendo-nos impossível aceder a todos os pedidos. O que lhe propomos é que assine a sua Turbo Oficina, passando, então, a recebê-la no local da sua escolha. Propomos-lhe duas modalidades, ambas refletindo, exclusivamente, os custos de envio por correio:
ASSINATURA ANUAL
18€
(12 EDIÇÕES)
TURBO OFICINA
45€
(12 + 12 EDIÇÕES)
TURBO OFICINA + TURBO
Para qualquer das modalidades destaque ou fotocopie este cupão indicando a modalidade e junte cheque no valor correspondente ao cuidado de VASP PREMIUM. Deverá enviar para: VASP PREMIUM, Apartado 1172, 2739-511 Agualva Cacém, Email: assinaturas@vasp.pt
DESTAQUE O CUPÃO POR AQUI
Nome
ASSINATURA ANUAL
Telf.
Morada Código Postal
ESCOLHA UMA OPÇÃO
Localidade
E-mail NIF
TURBO OFICINA (12 EDIÇÕES)
18€
A MELHOR OPÇÃO: TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA A SUBSCRIÇÃO RENOVAR-SE-Á AUTOMATICAMENTE ATÉ MINHA INDICAÇÃO EM CONTRÁRIO.
Banco
TURBO OFICINA + TURBO
Balcão
Nome do titular
(12 + 12 EDIÇÕES )
IBAN
SWIFT/BIC
Assinatura (do titular da conta)
Data
AUTORIZO O DÉBITO NO CARTÃO
Validade
N.º Cód. seg. JUNTO CHEQUE À ORDEM DE VASP PREMIUM
/
/
/
45€
ENVIE O CUPÃO PARA VASP PREMIUM, APARTADO 1172, 2739-511 AGUALVA CACÉM, EMAIL: ASSINATURAS@VASP.PT
OS DADOS RECOLHIDOS SÃO PROCESSADOS AUTOMÁTICAMENTE E TRATADOS PELA VASP PREMIUM E DESTINAM-SE AOS ENVIOS CORRESPONDENTES À SUA ASSINATURA, RESPECTIVO APOIO ADMINISTRATIVO, ESTATÍSTICAS E APRESENTAÇÃO FUTURA DE NOVAS PROPOSTAS POR PARTE DO NOSSO GRUPO DE EMPRESAS.NOS TERMOS DA LEI, É GARANTIDO AO CLIENTE O DIREITO DE ACESSO AOS SEUS DADOS E RESPECTIVA RECTIFICAÇÃO, DIRIGINDO-SE POR ESCRITO À NOSSA EMPRESA. CASO SE DESEJE OPOR AO RECEBIMENTO DE NOVAS PROPOSTAS CORMECIAIS POR PARTE DO NOSSO GRUPO, ASSINALE COM SE DESEJAR QUE OS SEUS DADOS NÃO SEJAM FACULTADOS A TERCEIROS, ASSINALE COM
PROFISSIONAL
REPARAÇÃO
TÉCNICA
TRAVAGEM Em parceria com a Revista Técnica automóvel, explicamos-lhe como intervir no sistema de travagem do Peugeot 307, com comando hidráulico de duplo circuito em X, bomba central tandem e assistido por servofreio de depressão
D
iscosventiladosdianteediscos maciços atrás. Travão de mão de comando mecânico por cabos atuando sobre as rodas traseiras. Montagem de série de um sistema antibloqueio de rodas. Distribuição eletrónica do binário de travagem. Sistema de assistência à travagem de emergência e acendimento automático intermitentes de emergência em caso de forte desaceleração.
TRAVÕES DIANTEIROS DISCOS Diâmetro do disco: 283 mm Espessura nominal: 26 mm Espessura mínima: 24 mm Empeno máximo: 0,05 mm
TRAVÕES TRASEIROS DISCOS Diâmetro do disco: 247 mm Espessura nominal: 9 mm Espessura mínima: 7 mm Empeno máximo: 0,05 mm
PASTILHAS Marca e tipo: Galfer 4554 Espessura mínima: 2 mm
PINÇAS Marca e tipo: Lucas Diâmetro do pistão: 38 mm
COMANDO SERVOFREIO Diâmetro - DW10TD: 9” - DW10ATED: 10”
PASTILHAS
BOMBA CENTRAL
Marca e tipo: Ferodo 769 Espessura mínima: 2 mm
Tipo: com orifícios de dilatação e válvula supercurta de 88 mm de longitude. Diâmetro: - DW10TD: 22,2” - DW10ATED: 23,8”
PINÇAS Marca e tipo: Bosch ZOH Diâmetro do pistão: 54 mm
60
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
BOMBA DE VÁCUO Montagem no extremo da árvore de cames. Marca: - DW10ATED FAP: Pierburg. - DW10TD: Bosch.
TRAVÃO DE MÃO Travão de mão com comando mecânico por cabo atuando sobre as rodas traseiras. A regulação do travão de mão é efetuada debaixo da consola central do travão de mão, atrás do cinzeiro.
SISTEMA ANTIBLOQUEIO Montagem de série de um sistema antibloqueio de travões com quatro sensores e quatro canais.
ANUÁRIO TÉCNICO DO AUTOMÓVEL
O antibloqueio é um sistema Bosch 5.3 ou 8.0 sem ESP e 5.7 com ESP segundo as versões . Posição: está situado sobre a longarina dianteira esquerda do veículo; os sensores dianteiro e traseiro estão montados fixos.
ASSISTÊNCIA À TRAVAGEM DE EMERGÊNCIA EVA SISTEMA BOSCH A assistência à travagem de emergência é um sistema que permite, em situação de emergência, passar do modo de assistência normal à sobre-assistência suprimindo o esforço da reação dobre a vareta de indução do amplificador. Composição do sistema: - bomba central específica - amplificador de nova geração Particularidade da bomba central: integração no seio do pistão primário do comando de travagem de emergência
CALCULADOR Calculador eletrónico digital programado de 26 bornes, acoplado ao grupo hidráulico situado diante da passagem de roda esquerda. A sua função é regular a pressão da travagem, através de electroválvulas, para evitar o bloqueio das rodas. Este estado é detetado pelos sensores de velocidade situados em cada uma das rodas. Em caso de não conformidade dos sinais tratados ou dos parâmetros calculados, ou em caso de avaria da instalação, o calculador limita o funcionamento dos sistemas segundo um procedimento apropriado. A avaria é indicada ao condutor por um indicador no painel de instrumentos e pode ser lida com os utensílios específicos do fabricante na ficha de diagnóstico situada sobre a platina porta-fusíveis de habitáculo.
CONEXÕES DO CALCULADOR DE ABS SEM ESP – 26 VIAS PRETO 1 Ponto de massa 2 Caixa de serviços de 34 fusíveis 3 Caixa de serviços de 34 fusíveis 4 Ponto de massa 5 Sensor dianteiro esquerdo 6 Sensor traseiro esquerdo 7 – 8 Sensor traseiro direito 9 Sensor dianteiro direito 10 Sensor dianteiro direito 11 Ficha de diagnóstico 12 a 14 – 15 Entrada de informação (equipotencial) 16 Sensor dianteiro esquerdo 17 Sensor traseiro esquerdo 18 Caixa de serviços de 34 fusíveis 19 Sensor traseiro direito 20 Entrada de informação (equipotencial) 21 Contactor de líquido de travão 22 – 23 Grupo eletrobomba de direção assistida 24/25 – 26 Entrada de informação (equipotencial)
CONEXÕES DE UM CALCULADOR DE CONTROLO DE ESTABILIDADE (ESP) 46 VIAS PRETO 1 Ponto de massa 2 Caixa de serviços de 34 fusíveis 3 Caixa de serviços de 34 fusíveis 4 Ponto de massa 5 Sensor dianteiro esquerdo 6 Sensor traseiro esquerdo 7 – 8 Sensor traseiro direito 9 Sensor dianteiro direito 10 Sensor dianteiro direito 11 Ficha de diagnóstico 12/13 – 14 Entrada de informação (equipotencial) 15 Girómetro de acelerómetro de controlo de estabilidade 16 Girómetro de acelerómetro de controlo de estabilidade 17 Contactor de líquido de travão 18 Girómetro de acelerómetro de controlo de estabilidade 19 – 20 Girómetro de acelerómetro de controlo de estabilidade 21 a 24 25 Calculador de controlo de motor 26 Sensor dianteiro esquerdo 27 Sensor traseiro esquerdo 28 Caixa de serviços de 34 fusíveis 29 Sensor traseiro direito 30 Entrada de informação (equipotencial) 31/32 – 33 Grupo eletrobomba de direção assistida 34 – 35 Entrada de informação (equipotencial) 36 – 37 Girómetro de acelerómetro de controlo de estabilidade 38 a 44 – 45 Calculador controlo motor 46 –
BINÁRIOS DE APERTO (DANM OU MKG) Disco de travão dianteiro: 1 Pinça dianteira: 3 (parafuso novo com travante de roscas) Suporte pinça dianteira ao montante: 10,5 Amplificador de travagem: 2 Bomba central: 2 Juntas de tubagens de travão: 1,5 Sensor ABS: 0,9 Disco de travão traseiro: 1 Pinça traseira: 3 Suporte pinça traseira: 5,3 Alavanca de travão de mão: 1,5 Juntas de tubagens de travão: 1,5 Sensor ABS: 0,9 Roda: 9
EX CLU
SIV O
CONSUMÍVEIS LÍQUIDO DE TRAVÃO Tipo: líquido sintético de especificação DOT 4. Periodicidade de manutenção: substituição e purga a cada 60 000 Km (uso intensivo a cada 45 000 mil Km) ou cada 2 anos.
DESMONTAGEM E MONTAGEM DA BOMBA CENTRAL Desmontar a tampa da bateria, a bateria e o seu suporte. Retirar o filtro do depósito de líquido de travão. Esvaziar o depósito superior de líquido de travão (1), depois de ter desprendido o tubo de união ao depósito inferior. Retirar a ficha (3) (figura 7-6). Esvaziar o depósito inferior de líquido de travão (4) separando o tubo de alimentação (5) do comando de embraiagem. Tampar o orifício de comando de embraiagem. Separar as tubagens de travão (6). Tampar os orifícios da bomba central e das tubagens de travão. Desmontar as porcas (7) e a bomba central (8). Fixar a bomba central num torno. Desmontar o depósito inferior (4) de líquido de travão, separando os pés de fixação, (em A). Recuperar o veio (9). Ao montar, substituir sistematicamente a junta de hermeticidade (10) (figura 7-7). Purgar o circuito de travagem e embraiagem.
DESMONTAGEM E MONTAGEM DO SERVOFREIO DESMONTAGEM Desmontar a bomba central. Separar as cablagens elétricas. Desmontar: (figura 7-8) - o veio (1); - as 4 porcas (2). Desmontar o suporte de pedais (3) separando os clipes (4). Separar o tubo de depressão (6) do amplificador (figura 7-9). Desmontar o amplificador de travagem (7).
MONTAGEM Montar uma junta nova no amplificador e a bomba central e substituir sistematicamente o veio (1). Lubrificar os veios. Apertar no binário. Nota: comprovar o afundamento da vareta de indução do amplificador de travagem X = 19,85 ± 1,3 mm (esta cota é medida entre a face de apoio da bomba central e a cabeça da vareta de indução).
CONTROLO E REGULAÇÃO DO TRAVÃO DE MÃO CONTROLO Levantar o veículo. Comprovar que os forros começam a roçar desde o 2.º entalhe.
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICINA
61
REPARAÇÃO
TÉCNICA
TRAVÕES TRASEIROS 1 Discos maciços 2 Prato 3 Pinça 4 Suporte de pinça 5 Parafuso de purga 6 Resguardo 7 Jogos de pastilhas 8 Jogo de veios de guia
TRAVÕES DIANTEIROS 1 Discos ventilados 2 Pinça 3 Suporte 4 Parafuso de purga
5 Resguardo 6 Jogos de pastilhas 7 Jogo de veios de guia 8 Kit de reparação de pinça
Comprovar que o curso normal de utilização não ultrapassa 8 entalhes. Se os controlos são incorretos: - comprovar o curso correto do conjunto de cabos; - comprovar que não estejam esticados (engate incorreto dos cabos ou das capas, regulação incorreta); - procurar que deslizem bem e que as peças do comando se movem sem problemas; - ajustar o travão de mão.
REGULAÇÃO Levantar o veículo. Nota: o circuito principal deve estar purgado. Desmontar o cinzeiro da consola central (1). Colocar a alavanca de travão de mão em repouso. Afrouxar os cabos secundários (2) afrouxando a porca (3) (figura 7-10) Com o motor em funcionamento e o travão de mão solto, pisar 40 vezes o pedal de travão. Apertar ligeiramente a porca (3) até que os cabos comecem a esticar. Puxar normalmente uma dezena de vezes da alavanca de travão de mão. Colocar a alavanca no 2.º entalhe do seu curso desde a sua posição de repouso. Rodar a porca (3) até obter um início de atrito dos forros de travão. Comprovar que o curso normal de utilização não ultrapassa 8 entalhes. Comprovar que os dois cabos secundários (2) da alavanca compensadora (4) se deslocam conjuntamente. Com o travão de mão afrouxado, assegurar-se de queas rodas rodam livremente com a mão. Comprovar que o acendimento do indicador de travão de mão ocorre desde o 1.º entalhe do curso total da alavanca.
62
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
DESPEJO, ENCHIMENTO E PURGA DO CIRCUITO DE TRAVAGEM DESPEJO Retirar o filtro do depósito de líquido de travão. Esvaziar o depósito do líquido de travão com uma seringa. Montar o filtro do depósito de líquido.
ENCHIMENTO Nota: encher somente com líquido novo e sem borbulhas; evitar introduzir impurezas no circuito hidráulico. Utilizar exclusivamente fluidos hidráulicos homologados e recomendados DOT 4. Renovar o líquido das pinças purgando o circuito até que saia líquido limpo. Durante as operações de purga: procurar que a fixação do nível de líquido de travão no depósito e completá-lo. Depois de uma intervenção na bomba central, numa pinça ou no bloco de ABS, purgar na ordem seguinte: - a roda dianteira esquerda; - a roda dianteira direita; - a roda traseira esquerda; - a roda traseira direita. Nota: ao desmontar a bomba central é aconselhável terminar a purga automática com a purga manual.
SISTEMA COM ABS Os blocos hidráulicos são fornecidos cheios com o que é possível efetuar: - uma purga com o pedal; - uma purga automática; - se a purga do circuito não é satisfatória, é possível purgar o bloco ABS com o utensílio de diagnóstico DIAG 200, segundo as indicações do mesmo. O utensílio de diagnóstico será necessário neste
caso quando ocorram as condições seguintes ao mesmo tempo: - ar no circuito; - bloco de regulação ativo; - ação sobre o pedal de travão
PURGA Arrancar o motor. Nota: respeitar a ordem de abertura dos parafusos da purga. Purga automática Colocar o utensílio (1) sobre o depósito de líquido de travão. Unir o utensílio (1) a um dos aparelhos de purga automática homologados pela Peugeot. Purgar o circuito segunda a informação de utilização do aparelho. Quando terminar a purga do circuito de travagem, comprovar o curso do pedal. Se o curso for longo e esponjoso, repetir o procedimento de purga. Purga com o pedal São necessárias duas pessoas. Nota: respeitar a ordem de abertura dos parafusos da purga. Ligar um tubo transparente no parafuso de purga. Pressionar lentamente o pedal de travão. Abrir o parafuso de purga. Soltar o pedal do travão. Repetir a operação até que o líquido de travão saia limpo e sem borbulhas de ar. Atuar da mesma maneira para as outras rodas. Quando a purga do circuito de travagem esteja terminada comprovar o curso do pedal. Se o curso for longo e esponjoso, repetir o procedimento de purga. Nota: comprovar a livre rotação das rodas com o travão de mão afrouxado. /
NOTÍCIAS
PNEUS
CONTINENTAL
PREMIUMCONTACT 6 CHEGA EM 2017
A
Continental fará chegar ao mercado no início de 2017 o PremiumContact 6, um novo pneu que a marca acredita preencher a lacuna existente entre um pneu de conforto e uma condução desportiva. “O principal requisito do novo PremiumContact 6 é o compromisso com a segurança” afirma Burkhard Wies, responsável pela Unidade de Desenvolvimento de Pneus para o mercado de EMEA/Américas para equipamento de origem (OE) e para o mercado de substituição. Tal como os seus antecessores, o PremiumContact 6 promete performances de topo na travagem, especialmente em piso molhado, graças a um novo composto de sílica, especialmente indicado para pequenas distâncias de travagem neste tipo de piso. Na nova etiqueta de pneus da UE, o novo PremiumContact 6 alcançou o “A” em aderência em piso molhado. Para potenciar a resposta da direção, a segurança e as características ambientais, os engenheiros alemães criaram novos compostos, um design inovador e um piso que proporciona uma condução confortável. O resultado, nas palavras da Continental, é “um produto que, em comparação com o seu antecessor, proporciona melhorias na ordem dos 15% no desempenho em termos de manobras, resistência ao rolamento, quilometragem e conforto, ao mesmo tempo o ruído interior e exterior diminuiu cerca de 10%.” O desempenho desportivo foi melhorado graças à adoção do design do ombro do SportContact 6, combinando-o com um desenho do piso assimétrico. Disponível a partir do início do próximo ano, o PremiumContact 6 será fabricado em 70 dimensões para as jantes de 16 a 21 polegadas, tanto para carros de passageiros como SUV. /
EUROMASTER REÚNE MEMBROS EM CONVENÇÃO Decorreu no dia 18 de novembro a 3ª Convenção Nacional da rede Euromaster Portugal. Sob o lema “Imparáveis”, e no Hotel Hilton, em Vilamoura, a equipa da Euromaster aproveitou a ocasião para partilhar com todos os seus franquiados a visão que tem do futuro próximo, num mercado que se apresenta repleto de novos desafios. A base da convenção foram três workshops de trabalho: “Evolução do Entorno”, “Satisfação do Cliente” e “Soluções de Futuro”. A
64
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
digitalização dos centros Euromaster e a evolução dos métodos de atendimento e relação com os clientes são progressos que chegarão, os quais, “combinados com o compromisso e participação dos franquiados irá permitir à rede Euromaster seguir imparável”, revela a organização. Miguel Santos, diretor da Euromaster Portugal, reportou-se ao que foi o primeiro ciclo da chegada da Euromaster a Portugal, em anos muito complicados no setor, durante os quais a rede investiu e desenvolveu uma oferta ampla e potente.
MERCADO EUROPEU CAI NO 3.º TRIMESTRE A ETRMA, associação dos fabricantes europeus de pneus e borracha, publicou os dados das vendas de pneus de substituição para o terceiro trimestre de 2016 e para o conjunto dos nove primeiros meses. Os dados indicam que o terceiro trimestre se revelou nefasto, com as maiores quebras a registarem-se nos segmentos agrícola e de pesados, cujas vendas desceram 4% e 3%, respetivamente. Os restantes segmentos não registaram variação.
Quando tomados em linha de conta os nove primeiros meses do ano, os números das vendas de pneus para ligeiros e pesados permanecem positivos, apesar de o crescimento ser praticamente engolido pelos maus resultados dos últimos meses. “As perspetivas para o resto do ano parecem piores do que estimávamos no final do primeiro trimestre, mas dependem em muito dos resultados de outubro, normalmente um dos meses mais reveladores do ano, revela Fazilet Cinaralp, secretária-geral da associação.
MARANGONI
DINO MAGGIONI É NOVO CEO
D
ino Maggioni é o novo CEO da Marangoni. O italiano, de 48 anos, deixa o cargo de CEO da divisão industrial da Pirelli para suceder a Massimo de Alessandri, que estava na Marangoni desde 1987. “Com a chegada de Dino Maggioni, o nosso grupo tirará partido das suas comprovadas capacidades de liderança no setor automóvel e de gestão”, referiu a respeito da sua contratação Vittorio Narangoni, presidente do grupo empresarial. O mesmo responsável acrescentou que a mudança na liderança executiva do grupo coincide com o reposicionamento estratégico que o grupo está a levar a cabo, com o intuito de “ultrapassar desafios futuros no mercado global de pneus”.
YOKOHAMA ADVAN NO IMPREZA IBEREQUIPE LANÇA BARTEC TAP100 A Iberequipe, novo distribuidor exclusivo da Bartec Auto ID em Portugal, apresenta o Bartec TAP100, o primeiro equipamento integrado de medição de Profundidade e Pressão do pneu com ecrã a cores. Desenhado para fornecer resultados rápidos e precisos, o TAP100 mostra quando os pneus estão bons e quando a sua substituição é recomendada. Tal permite que as empresas possam avisar o cliente de quanto tempo mais podem manter os pneus no veículo.
A
Yokoh a m a anunciou o fornecimento de pneus das gamas Advan e Avid para o novo Subaru Impreza. O Advan Sport V105 será montado de origem no desportivo nipónico nos mercados japonês e australiano, ao passo que, na América do Norte, o pneu escolhido foi o Avid S34. Para o Japão foi selecionada a medida 225/40 R18 88W, para a Austrália seguem pneus com a medida 225/40R18 92W e, para a América do Norte foi eleita a medida P225/40R18 88V. Além dos pneus, no mercado japonês, o novo Impreza conta com os kits antifuro da Yokohama.
DEZEMBRO 2016 TURBO OFICICNA
65
OPINIÃO
JURÍDICO
DIREITO DE RETENÇÃO
A
melhor garantia de recebimento de qualquer serviço de manutenção ou reparação automóvel reside no chamado Direito de Retenção, previsto no Art.º 754.º do Código Civil. Prevê aquela disposição legal de que “O devedor que disponha de um crédito contra o seu credor goza do direito de retenção se, estando obrigado a entregar certa coisa, o seu crédito resultar de despesas feitas por causa dela ou de danos por ela causados”. Entre outras, uma das grandes vantagens deste regime jurídico, reside no facto de não requerer qualquer apreciação ou decisão judicial prévia, decorrendo o seu recurso apenas e só da lei. Verificando-se os pressupostos, o direito de retenção pode ser exercido.
É preciso ter em atenção que nem todos os créditos entre duas pessoas ou entidades têm necessariamente a cobertura deste expediente legal. O recurso legal e justificado do Direito de Retenção pressupõe a verificação de três requisitos: (i) que o bem retido tenha vindo a posse do credor de forma legítima, havendo uma detenção lícita do mesmo; (ii) que exista uma interdependência ou conexão especial entre o crédito invocado e o objecto retido, ou seja, que o crédito em causa resulte directamente de uma prestação de um serviço sobre o automóvel que se pretende reter (um crédito anterior, não pode justificar a retenção de um automóvel entregue para reparar); e (iii) que haja uma reciprocidade de créditos entre quem tem o automóvel e deve pagar e quem o retém e quer receber Ou seja, em resumo: estando o automóvel na oficina em virtude de uma reparação, o proprietário da oficina goza do direito de retenção sobre o automóvel até que lhe seja paga a respectiva reparação. Verificando-se os requisitos acima referidos, pode a oficina reter o automóvel com o intuito
66
TURBO OFICINA DEZEMBRO 2016
MIGUEL RAMOS ASCENÇÃO ADVOGADO
de pressionar o dono do carro ao pagamento do valor da reparação, podendo legalmente fazer depender a entrega do automóvel do prévio pagamento do custo da reparação. Mantendo-se a situação de incumprimento por parte do dono do automóvel, pode a oficina executar o automóvel em causa e fazer-se pagar com o valor resultante da sua venda judicial, com preferência sobre os demais credores. O recurso ao exercício do direito de retenção será também válido para as situações em que ou é celebrado um contrato de depósito pelo qual a oficina se obriga a deixar o carro parqueado nas suas instalações ou também nos casos em que, sem contrato ou justificação aparente, o dono do automóvel o deixa ali muito para além do tempo necessário para a realização de orçamento, quase o abandonando. Em ambos os casos, e a partir do momento em que ao dono do automóvel seja notificado das tarifas a cobrar, da data de início dessa cobrança e, posteriormente, do valor em dívida, pode essa quantia também ser acautelada através do exercício do direito de retenção, mas aqui já no âmbito do artigo 755 do Código Civil.