Turbo Oficina 57

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#57

FEVEREIRO

2017

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profissional

MERCADO

E-COMMERCE SAIBA COMO LEVAR O SEU NEGÓCIO PARA A ERA DO DIGITAL E CRIAR UMA LOJA ONLINE DE SUCESSO

ESPECIAL BATERIAS Tecnologia e qualidade diferenciam players em mercado altamente concorrencial

MERCEDES-BENZ “Oficinas têm de estar preparadas para gerir informação”, defende Diretor de após-venda MOTORMÁQUINA Especialização, serviço e confiança alicerçam bons resultados PINTURA Conheça o segredo do sistema tricamada e aprenda a tirar partido do espetrofotómetro

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PROFISSIONAL


SUMÁRIO PROFISSIONAL

#57

FEVEREIRO 2017 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES PRO4MATIC SELO DE CAPA ESCAPE FORTE RODAPÉ DE CAPA EXPOMECÂNICA VC JAPANPARTS PÁG.5 AUTOZITÂNIA PÁG.9 VALEO PÁG.11 NGK PÁG.13 AZAUTO PÁG.27 PADOR PÁG.39 BORG PÁG.43 CENTRO ZARAGOZA PÁG.47 CARF PÁG.53 ASSINATURAS PÁG.59 ATA PÁG.63 CESVIMAP VCC CHAMPION CC MARCAS NESTA EDIÇÃO AD 37 AMAZON 15 ATE 8 AUTO DELTA 13, 15, 37 AUTOMOTIVE PARTS 37 AUTOZITÂNIA 15, 37 AZ AUTO 16

22 PERSPETIVA Gustavo Arroz, Mercedes-Benz

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DESTAQUE Comércio eletrónico

BANNER 37 BERNER 8 BMW 46 BOLAS 12 BOSCH 8 BRIDGESTONE 64 CAPGEMINI 15 CAR ACADEMY 10 CONFORTAUTO 64 CONTINENTAL 42 CONTITECH 13 COOPER TIRE 64 DAYCO 8 DETA 37 DUNLOP 64 EBAY 21 EFORCE 37 ENERGIA 37 ESCAPE FORTE 7 EURO TYRE 8, 37

NOTÍCIAS

06 As novidades do setor

EUROCELL 37 EXIDE 37 EXPRESSGLASS 10 FIAMM 37 FIAT 44 FORD 42, 58 FULMEN 37 G&M RADIATOR 7 GLASSDRIVE 8 HELLA 9, 37 IBEREQUIPE 10 IMPREFIL 6 INA 8 INFINITI 8 INNOVPARTS 37 INTERESCAPE 9 JAPANPARTS 13 JF EQUIPAMENTOS 11 KRAUTLI 37 LIQUI MOLY 8 LISPARTS 6, 16

ESPECIALISTA

28 Motormáquina 32 Excelência na Produtividade 34 Mercado: Baterias

LUCAS 37 LUK 8 MAF 37 MAGNETI MARELLI 12, 37 MCOUTINHO PEÇAS 16 MERPEÇAS 16 METABO 12 MEYLE 41 MIAC 11 MICHELIN 65 MISFAT 8 MOTAQUIP 8 MOTORMÁQUINA 28 NORBAT 37 NOSTOP 37 OMNICRAFT 42 OPTIMA 37 PADOR 37 PBS 37 PETRONAS 8 PICOSCOPE 10 POLIBATERIAS 37 REDEINNOV 37 RODAPEÇAS 37 SACHS 8 SAFA 37 SKF 41 SONICEL 37 SONNE 9 SPORT CAR 37 STAND ASLA 12, 37 STECOPOWER 37

RAIO-X

40 Notícias internacionais 44 Fiat Fullback Adventure 46 Radiografia: BMW Série 5 48 Barómetro

REPARAÇÃO

50 Espetrofotómetros 54 Pintura Tricamada 58 Manuntenção Ford Ranger 60 VW Golf: Embraiagem PNEUS

64 Notícias OPINIÃO

66 Imposto sobre Produtos Petrolíferos

SYNKRA 37 TRW 42 TUDOR 37 VALEO 40 VARTA 37 VIKING 8 VOLKSWAGEN 60 WABCO 43 WÜRTH 16 YUASA 37 ZF AFTERMARKET 37

FEVEREIRO 2017 TURBO OFICINA

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EDITORIAL

PROFISSIONAL

PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 5000 € CRC CASCAIS SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. TOMÁS RIBEIRO 129, EDIFÍCIO QUINTA DO JAMOR, SALA 11, 2790-466 QUEIJAS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt

EM SEARA ALHEIA

N

o que toca à gestão de uma empresa, é sempre um assunto delicado dizer a um qualquer gestor que deve mudar a sua estratégia, ainda mais se for o seu próprio dinheiro e o trabalho de uma vida que estiverem a causa.

Encaradas, na maioria das vezes, com relutância, as indicações sobre os caminhos a seguir, tendo em conta as dinâmicas do mercado, representam, para muitos, bitaites que não são bem-vindos. É algo caraterístico da cultura portuguesa e que os populares consagraram no ditado “Não se deve meter a foice em seara alheia”. Mas, numa era em que assistimos, cada vez mais, à diluição das fronteiras entre o público e o privado, e em que a informação está ao dispor de quem a queira, talvez fosse bom mudar a agulha. Sobretudo no que diz respeito aos negócios, não se pode viver alheado daquilo que os outros pensam ou querem, porque é a estes elementos que qualquer empresa tem de dar resposta se quer obter bons resultados e sobreviver. Não auscultar, a todo o momento, o que os clientes pretendem e não agir em conformidade com isso é um erro crasso. E, a esta altura, muitos são os consumidores que já lhe “gritam” onde tem de estar se os quer consigo. Sim, porque já não basta ter um espaço feito de tijolo e cimento e ficar à espera dos clientes; terá mesmo de ir ter com eles, onde eles estão e… eles estão em todo o lado! Quer isto dizer que também a sua empresa terá, impreterivelmente, de estar. A forma de fazê-lo é mesmo render-se ao digital e à evidência de que o palco dos negócios é hoje diferente. Atualmente, o cliente final já tem, em qualquer lugar, acesso a toda a informação de que necessita para fazer uma escolha inteligente e, por isso, procura, a todo o momento, aquele que é o melhor negócio para si, não se importando de pesquisar, comprar as peças ele próprio e depois contratar a sua instalação. Tal vai implicar uma reestruturação dos modelos de negócio de todas as empresas do aftermarket, porque progressivamente deixarão de existir tantos intermediários convencionais. As empresas de venda de peças, tendencialmente, terão de abrir as suas lojas, online, para o consumidor final e as oficinas terão de abraçar a prestação de serviços como o foco da sua atividade, estando também presentes nos canais digitais de modo a conquistar clientes. É precisamente essa a mensagem que nos deixa o nosso entrevistado deste mês, Gustavo Arroz, diretor de após-venda da Mercedes-Benz, quando diz que as empresas terão, cada vez mais, de saber gerir a informação. E para que esteja munido de todos os elementos de que necessita para vingar num mercado em mudança, revelamos-lhe, nesta edição, todos os segredos do comércio eletrónico. Não seguraremos a foice, mas queremos ajudá-lo a cultivar uma seara vasta e proveitosa.

ANDREIA AMARAL EDITORA CHEFE

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITORA CHEFE ANDREIA AMARAL andreiaamaral@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt JOSÉ MACÁRIO josemacario@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP 4FLEET IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777 INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS



DESTAQUE

TENDÊNCIAS

COMÉRCIO ELETRÓNICO

REVOLUÇÃO À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017


Se durante algum tempo o comércio eletrónico foi dominado por uns poucos setores de atividade, hoje é um canal que nenhuma empresa pode descurar. No aftermarket, as vendas pela Internet ganham protagonismo, fruto da exigência dos clientes, mas, também, da necessidade de as empresas potenciarem resultados. A tendência, que está a alterar sobremaneira a forma de fazer negócios, obriga a reformulações na organização e até à redefinição do cliente-alvo TEXTO ANDREIA AMARAL

O

s mais recentes dados da associação eCommerce Europe referem que o comércio eletrónico mundial B2C é responsável por um volume de negócios de 2,3 biliões de euros, tendo crescido 20% em 2015. Se a isto juntarmos as vendas B2B, os valores atingem, de acordo com a eMarketer, cerca de 20,5 biliões de euros, prevendo-se que, até 2020, o negócio atinja os 25 biliões de euros. Os números comprovam que a Internet está a tornar-se, sem sombra de dúvida, um canal preferencial para realizar vendas, por isso, se quer catapultar os seus resultados terá mesmo de dar a devida atenção a esta área. Tal não significa, porém, que deva abandonar o comércio tradicional, antes que, cada vez mais, a sua presença e estratégia tem de ser omnicanal. E se pensa que o setor do aftermarket é alheio a esta tendência, desengane-se. Veja-se o caso da gigante Amazon, que, face à crescente procura destes produtos, decidiu apostar numa área dedicada às peças e acessórios. Só por este fator é também, e desde logo, fácil perceber que a concorrência é maior a cada dia que passa. De acordo com a consultora Capgemini, também as empresas portuguesas estão mais atentas à transformação digital, alterando os seus modelos de negócio e adaptando-os às novas tecnologias. Citado pela Acepi - Associação da Economia Digital, o CEO da Capgemini Portugal, Jorge Martins, refere mesmo que “existe uma maior consciencialização das vantagens que o mundo digital poderá trazer em benefício das pessoas e das empresas, nestas últimas até por razões de sobrevivência”. Assim, não é de estranhar que, em Portugal, o comércio eletrónico B2C esteja a crescer a um ritmo superior à média europeia, com um aumento das transações de 15,7%, por comparação aos 13,3% de crescimento médio na Europa. Os números constam do Relatório de Ecommerce Europeu B2C 2016, que aponta ainda que, dos

8,7 milhões de residentes no país com mais de 15 anos, 3,1 milhões são já e-shoppers. Embora ainda não existam dados concretos que deem conta dos resultados do ecommerce no aftermarket, certo é que as empresas do setor têm vindo a apostar nesta vertente do negócio com excelentes resultados, e casos há em que a Internet é já o principal canal de vendas. REALIDADE HETEROGÉNEA Atenta às tendências do mercado, a Auto Delta iniciou a comercialização online em 2007 e, atualmente, este canal já representa mais de 80% das vendas. De acordo com Tiago Domingos, responsável de comunicação da empresa, se inicialmente a Auto Delta deparou-se com algumas dificuldades, hoje o cenário é bem diferente. “A infoexclusão foi o maior constrangimento”, explica o responsável, esclarecendo: “Ainda que só numa fase inicial, que já não se verifica de forma acentuada, foram alguns os clientes que, não tendo as ferramentas para usar o portal online, sentiram algumas dificuldades.” Ultrapassado esse constrangimento com a crescente democratização das ferramentas e da Internet (que hoje tem 6,1 milhões de utilizadores em Portugal), as vantagens impuseram-se: “O principal benefício foi a rapidez de resposta ao mercado, fruto não só da facilidade em colocar encomendas como também da identificação do material pretendido e da disponibilização de informação, constantemente atualizada, do stock da Auto Delta.” Também Flávio Menino, diretor de marketing da Autozitânia, partilha desta opinião. Segundo refere, as vendas online, iniciadas em 2013 e hoje responsáveis por 60% do negócio, para além de terem para o cliente “a grande vantagem da conveniência, ou seja, podem realizar encomendas 24 horas por dia, a qualquer dia da semana e em qualquer local”, trouxeram benefícios para a empresa, nomeadamente porque “retiraram muito trabalho de identificação e pedidos de encomendas aos colaboradores que as realizavam, e tornaram o processo de encomenda muito mais ágil e rápido”.

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DESTAQUE

TENDÊNCIAS

Esta vantagem é igualmente elencada por André Soares, assessor da administração da AZ Auto e da MCoutinho, empresas que recentemente estrearam um novo e avançado portal online com loja: “O crescimento das vendas online tem permitido dar maior robustez ao nosso serviço e acabam por ser um catalisador de mudança positiva dentro da nossa organização, além de ajudarem a suportar o rápido crescimento que estamos a ter.” Para este responsável, o digital impõe-se já como um canal importante, mas “será cada vez mais um fator diferenciador e uma exigência por parte de qualquer cliente”. Por isso, André Soares defende que as empresas que melhor se adaptarem e conseguirem integrar esta nova realidade dentro das suas organizações terão certamente uma vantagem competitiva. “Mais do que uma questão tecnológica é uma questão de transformação e mudança das próprias organizações”, reitera. Na mesma linha, também a Würth realizou, no ano passado, um grande investimento a nível tecnológico, com o lançamento da Loja Online, da aplicação móvel WürthAPP e de alguns serviços EBusiness. A aposta “veio claramente potenciar a marca na vanguarda da comunicação digital e transformar o negócio ao impulsionar o crescimento das vendas online”, adianta Francisco Lourenço, Digital Marketing Manager da Würth Portugal. Segundo explica, o investimento no digital surgiu “da necessidade de a empresa estar disponível 365 dias, 24/7 junto dos nossos clientes, transmitindo essencialmente a disponibilidade de informação em tempo real e a oportunidade de encomendar produtos Würth onde quiser, quando quiser e recolhê-los a qualquer momento e em qualquer morada ou loja”. É por isso que, em poucos meses, o online representa já 20% das vendas, com os consumíveis a ocuparem o top dos produtos comercializados no canal digital. Já na Merpeças, o comércio eletrónico, iniciado em 2012, continua a ter um peso residual no volume de negócios. Segundo Rui Costa, sócio-gerente da empresa, embora o online comporte as vantagens já elencadas, não pressupôs uma mudança assinalável. “Não existiu nenhuma transformação do negócio. Se estivéssemos a falar que o negócio da Merpeças se iria direcionar para o cliente particular, aí, sim, poderia ter outro tipo de resultados, mas esse não é o nosso objetivo”, refere o responsável, assinalando como único constrangimento o facto de “nem sempre ser possível a loja estar atualizada com as últimas novidades da empresa”. Pedro Carvalho, diretor geral da Lisparts, destaca também a dificuldade de gerir e carregar todos os dados: “O único constrangimento que encontramos é a quantidade de informação que é necessário tratar e processar para que aquilo a que o cliente tem acesso seja o mais fidedigno e lhe facilite o mais possível o trabalho, ao invés de complicar. Isto obriga-nos a ter uma pessoa

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A ESTRATÉGIA DE FUTURO TERÁ DE PASSAR POR UMA ABORDAGEM HÍBRIDA ENTRE B2B E B2C, DIZ CAPGEMINI totalmente afeta a esta função.” Para o diretor geral desta empresa, que já nasceu posicionada para o negócio online, embora este seja o futuro do negócio, ainda não é o presente. Segundo defende, no aftermarket, a esmagadora maioria dos clientes ainda encomenda através dos canais tradicionais, facto que justifica que este canal seja apenas responsável por 10% das vendas. “É uma área de atividade onde existe grande relutância à mudança e assim será enquanto quem decide e gere pensar e estiver agarrado ao passado, não acompanhando a evolução natural do setor”, indica Pedro Carvalho, não tendo dúvidas, contudo, de que o online “tornar-se-á o principal canal de vendas da Lisparts”. MAIS-VALIAS E CONSTRANGIMENTOS Dedicadas ao negócio B2B, as empresas acima referidas mantêm o foco no cliente empresarial, pelo que em comum as lojas têm a disponibilização de um conjunto de ferramentas adicionais de gestão. Sujeitos à aprovação de um registo de utilizador, estes espaços virtuais pretendem ser catalisadores da produtividade dos seus parceiros. “Os nossos sites são, mais do que portais de venda, ferramentas de produtividade que disponibilizam todos os nossos serviços no formato digital e de recurso autónomo por parte do cliente”, refere André Soares, falando dos sites da MCoutinho e da AZ Auto e explicando: “Além de permitir a encomenda de peças em vários formatos, desde a identificação do veículo através da matrícula à encomenda direta de centenas de artigos em breves segundos com um simples copy&paste, [o portal] permite aceder a toda a informação relevante da sua conta de cliente (gestão do extrato de conta, exportação de todos os documentos financeiros, estado de pedidos em tempo real, gestão de devoluções e processos de recolha, etc.).”

Do mesmo modo, também Pedro Carvalho destaca no site da Lisparts a gestão da conta de cliente, nomeadamente de todos os pontos relacionados com: orçamentos, stocks, encomendas, devoluções, relatórios de compras (custos), relatórios de vendas (preço recomendado), pagamentos online, seleção do tempo de entrega e custo com a mesma dependendo da transportadora selecionada pelo cliente, possibilidade de recolha imediata do produto ao balcão (se selecionada essa opção no momento da compra), comparação de produtos, pesquisa por referências compatíveis e originais, e, possibilidade de utilização da plataforma em diversos idiomas para facilitar a utilização pelo cliente. Além do mais, o responsável sublinha “a visualização das imagens dos produtos, que permite no nosso setor esclarecer dúvidas de identificação”. Esta é, aliás, uma das principais dificuldades sentidas, como alavanca Flávio Menino: “O comércio online traz mais erros na identificação de peças por parte dos clientes, o que origina mais devoluções.” Para colmatar este constrangimento, o diretor de marketing da Autozitânia afirma que “os call centers têm uma função fundamental, pois garantem apoio comercial e técnico aos clientes através de um simples telefonema ou e-mail, que os ajuda a esclarecer dúvidas e, por consequência, a desenvolver a sua atividade”. Por isso mesmo, Flávio Menino defende que convém não descurar os canais mais tradicionais. A este respeito, Francisco Henriques, da Würth, diz mesmo: “As novas tecnologias e a venda através da loja online nunca substituirão o nosso comercial, pela simples razão de que não é criada qualquer relação pessoal entre empresa e cliente através destes canais. Um dos nossos objetivos é dar continuidade ao aumento da nossa rede comercial e a comple-


mentaridade entre este e os restantes canais de venda (lojas, online e televenda). Note-se, como exemplo recente, o caso da maior empresa de venda online do mundo, a Amazon, que se encontra atualmente a abrir lojas físicas e a contratar comerciais por esta mesma razão: a falta de criação de relacionamento pessoal para com os seus utilizadores-clientes.” É precisamente por esse motivo que a AZ Auto e a MCoutinho adotaram uma estratégia omnicanal. “Queremos que os nossos clientes tenham a mesma qualidade de experiência em todos os nossos canais de venda e isso só acontece com a completa integração da abordagem online e tradicional”, defende André Soares. UM FUTURO HÍBRIDO Em fase de transição para um novo modelo de negócio, as empresas do aftermarket nacional ainda não se renderam, contudo, àquela que é identificada como uma das principais tendências do comércio: do mesmo modo a que se assiste à diversificação dos canais de vendas, também o portefólio de clientes deverá ser alargado. “Ao nível estratégico, os processos de vendas e marketing têm de se transformar de uma abordagem predominante B2B para uma abordagem híbrida, em que o B2B e o B2C PUBLICIDADE

Categorias de peças compradas online de acordo com o objetivo Para substituir peças desgastadas ou avariadas

47%

De qualidade superior ou elevada performance para substituir peças desgastadas ou avariadas

23%

Para modificar ou melhorar o funcionamento do veículo

31%

Para modificar a aparência do veículo

29%

Para modificar ou melhorar a performance do veículo

25%

Outros

10%

Fonte: UPS -What's Driving the Automotive Parts Online Shopper

coexistem”, defende, por exemplo, a Capgemini no seu estudo, indicando que a incorporação deste conceito será diferente de empresa para empresa, mas que todas terão de reequacionar os seus serviços logísticos, no sentido de se tornarem mais rápidos e permitirem o acompanhamento das encomendas, e a sua estrutura interna, com recursos dedicados exclusivamente a esta área de negócio para dar resposta a um cliente exigente mas com dúvidas em relação ao produto que vai adquirir. Conhecer bem o cliente e ter uma estratégia bem definida são, por isso, fatores indispensáveis a quem quer vingar no novo mercado. /

Fonte: Relatório de Ecommerce Europeu B2C 2016


DESTAQUE

TENDÊNCIAS

CRIAR UMA LOJA ONLINE O sucesso de um negócio online está diretamente associado à capacidade de levar clientes até à sua loja virtual e proporcionar-lhes um espaço intuitivo e facilitador da compra. Revelamos-lhe os segredos para fazê-lo TEXTO ANDREIA AMARAL

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e a cordo com a Wishpond, empresa americana especialista em marketing digital, o setor dos componentes e peças para automóveis é um dos que mais tem visto as suas vendas na Internet crescerem, existindo uma apetência dos consumidores para a aquisição destes produtos através do canal online. Contudo, concretizar este potencial implica ter em atenção alguns aspetos aquando da construção da loja virtual e da mostra de produtos. De modo a capitalizar esta ferramenta, deixamos-lhe, de seguida, os principais fatores a ter em consideração: PÁGINAS DE ATERRAGEM OTIMIZADAS A página para a qual o cliente é direcionado deve ter um design clean e intuitivo. A ideia é simples: quanto mais fácil tornar a venda, mais provável é que o cliente adicione o item ao carrinho de compras. Por isso, páginas confusas e com informações incompletas são totalmente proibidas, uma vez que tenderão a levar o cliente a abandonar o site e a procurar uma alternativa na concorrência. Segundo a Wishpond, há elementos indispensáveis: • Mostrar uma imagem da peça; • Incluir um título com o nome da peça; • Fazer uma descrição; • Incluir o número da peça; • Indicar compatibilidades e referências cruzadas com outros catálogos; • Indicar o preço; • Ter um botão "Adicionar ao Carrinho" simples e facilmente identificável; • Ter indicações direcionais para o botão; • Minimizar os níveis de ruído (minimizando o número de blocos, caixas, menus e outras distrações na página).

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Tal como acontece com os sites institucionais, a possibilidade de fazer comentários e de atribuir pontuações deve ser contemplada. Um cliente satisfeito é a melhor publicidade e irá reforçar a confiança em potenciais clientes. Do mesmo modo, quanto mais e melhores classificações conseguir obter, melhor posicionado surgirá nos motores de pesquisa e os primeiros links a aparecerem em páginas como as do Google são os que têm mais possibilidades de serem acedidos. MARKETING ONLINE Para reforçar a sua posição no mercado digital, nada melhor que ter diferentes fontes a direcionarem o cliente para a sua loja virtual. A melhor forma de o fazer é anunciar, através de banner ou MREC, nos locais que o seu cliente-alvo visita, até porque a publicidade online direciona o tráfego diretamente para o seu site. Depois, existe outro tipo de ferramentas que lhe permite ir ao encontro do cliente no momento em que ele procura por determinado produto. É esse o caso do Google AdWords, que permite segmentar o aparecimento do anúncio de acordo com a pesquisa. Neste particular, a Wishpond sublinha que a segmentação pode ser feita por: • Palavras-chave – mostrando apenas o anúncio perante a pesquisa de palavras específicas ou definindo o seu não aparecimento quando certas palavras são inseridas; • Localização – circunscrevendo o alcance do anúncio a determinada localidade, cidade, região ou país; • Dispositivo – exibindo o anúncio mediante o acesso estar a ser feito no computador, telemóvel ou tablets. A este respeito, convém sublinhar que, de acordo com dados da Mastercard, 92,4% dos portugueses preferem fazer pagamentos através do computador, embora tenham smartphones e tablets, um dado a considerar

quando o objetivo é que a compra seja concretizada. Os anúncios do Google AdWords com maior taxa de conversão são, segundo a Wishpond, aqueles que têm uma forte correlação com a página de destino. Quer isto dizer que devem incluir as palavras-chave da página de aterragem do produto e ter o mesmo título (ou muito semelhante). Do mesmo modo, o anúncio deve ser coerente, em termos de estilo e mensagem, com a página de destino. Esta compatibilidade reforça a imagem profissional e aumenta a confiança. Dar de imediato indicações sobre a disponibilidade do produto e envio é igualmente importante, já que poderá residir aqui o fator diferenciador. Outra possibilidade é, para além de ter uma página no Facebook, anunciar diretamente através da rede social, já que, a recentemente criada categoria “Automotive Targeting” permitir-lhe-á segmentar a visualização de acordo com os interesses do utilizador, ou seus com-


NA DIREÇÃO CERTA Os ícones de compra e de "juntar ao carrinho" devem ter destaque na página e serem fáceis de utilizar, de forma a facilitar o clique por parte do cliente. Principalmente atento ao fator preço, o cliente online é também muito sensível a campanhas e promoções, pelo que estas devem ser contempladas na estratégia de marketing de qualquer empresa que queira vingar neste canal

portamentos, a sua localização ou demografia (idade, sexo, educação, etc.). Existem fornecedores específicos para a criação de anúncios para o Facebook, sendo que, neste caso, é da maior relevância apostar em imagens apelativas e palavras de ação. Existe ainda uma ferramenta, denominada “ad retargeting”, que lhe permite redirecionar anúncios para quem já visitou a sua loja online, até porque mais de 95% dos internautas saem de um site que visitou pela primeira vez sem fazer qualquer compra. Esta ferramenta irá lançar um cookie no navegador de quem visitou a sua página, redirecionando de volta para finalizar a compra. CAMPANHAS E PROMOÇÕES Particularmente preponderante na decisão de comprar em determinada loja é o fator preço. Não são estranhos a ninguém os efeitos que as promoções têm nos consumidores, particularmente no mercado digital. Capitalizar

esse efeito poderá ser uma forma de conquistar mais clientes. Para fazê-lo de modo mais assertivo poderá recorrer a um pop-up na sua página de aterragem anunciando uma campanha exclusiva. Outra fórmula passa pela criação de cupões de desconto, que podem facilmente ser desenhados a partir de aplicações específicas e depois inseridos no seu site ou, em alternativa, enviados para o cliente. COMUNICAÇÃO PERMANENTE A relação com o cliente será fortalecida com recurso às mensagens de e-mail automáticas, uma ferramenta simples de utilizar e que aumentará a confiança. Finalizada a compra, deverá sempre enviar um e-mail de agradecimento, personalizado com o nome, e informar o cliente sobre os detalhes da aquisição. Entregue a peça, convide o cliente a avaliar o serviço, de forma a aumentar a sua credibilidade e a conquistar potenciais compradores. Ofereça descontos na próxima compra e, de

acordo com a peça adquirida, sugira elementos complementares que façam sentido para esse mesmo cliente. Lembre-se de que um endereço de e-mail é um elo de contacto poderosíssimo, por isso, use, mas não abuse! ACRESCENTAR VALOR À VENDA Caso opte por fazer vendas B2C, um dos fatores que poderá impactar as vendas online é a dificuldade de o cliente encontrar um local para fazer a instalação das peças. Muito embora a comunidade de DYS (Do-it yourself ) esteja a crescer – muito graças aos vídeos passo a passo disponibilizados em canais como o youtube, naquela que é uma tendência de que também poderá tirar partido através de um link na loja para as instruções de instalação – a grande maioria dos consumidores pretende apenas encontrar o melhor negócio. Para eliminar este constrangimento e diferenciar-se da concorrência, a consultora

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DESTAQUE

TENDÊNCIAS

NÃO SE ESQUEÇA DE… … garantir o cumprimento do quadro legal para o comércio online, integrando a opção de devolução no prazo de 15 dias e as garantias em vigor. … disponibilizar uma ligação à Plataforma Europeia de Resolução de Litígios em Linha (RLL), obrigatória por lei.

Capgemini, no seu estudo “Online B2C Sales for Automotive Suppliers”, avança que a agregação de serviços pode ser uma enorme vantagem competitiva. A ideia é estabelecer parcerias com oficinas de forma a poder propor, no momento da compra, o local a que o cliente se poderá dirigir, tendo em conta a zona geográfica e os

custos estimados. De resto, existem já plataformas agregadoras de serviços a que se pode recorrer e que, a nível internacional, têm conhecido enorme sucesso, como são os casos da RepairPal.com, nos EUA, WhoCanFixMyCar. com, no Reino Unido, da alemã autobutler.de e da francesa Allogarage.fr, naquele que é um

Satisfação do cliente com aspetos relativos à pesquisa e navegação

novo modelo para as próprias oficinas conquistarem clientes na Internet. De acordo com a mesma consultora, também o encaminhamento da peça usada do cliente pode ser uma vantagem competitiva, tanto do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, como do comercial. As peças poderão ser re-

Satisfação do cliente com a experiência de check-out

Variedade de produtos/marcas disponibilizados

75%

Check-out simples (1 ou 2 cliques)

70%

Facilidade de encontrar, pesquisar e filtrar produtos

73%

Possibilidade de ver as datas estimadas de entrega dos produtos

69%

Facilidade de pesquisar facilmente o que se procura através de um motor de busca Quantidade de detalhes do produto que permitam determinar o que melhor se adequa às necessidades

73%

Número de possibilidades de envio oferecido

68%

71%

Possibilidade de ver o estado de inventário dos produtos selecionados

68%

Capacidade de encontrar um telefone de apoio ao cliente ou outro contacto

69%

Opções de pagamento alternativo

68%

Capacidade de encontrar a política de devoluções Capacidade de criar uma conta que guarde o histórico de compras e a informação pessoal

68%

Disponibilidade de envio gratuito

67%

67%

Acesso a informação de serviço ao cliente

63%

Capacidade de ver comentários de clientes antes de realizar a compra

64%

Possibilidade de check-out como convidado

61%

Possibilidade de fazer perguntas num chat online

60%

Disponibilidade de custo fixo de envio

61%

Possibilidade de ter o perfil de cliente preenchido para poupar tempo

59%

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colhidas em pontos designados ou, em alternativa, enviadas para um parceiro para remanufactura. Nestes casos, e dependendo da condição do core, um valor poderá ser devolvido ao cliente, ou de forma direta ou como desconto na próxima compra. É óbvio que tudo isto pressupõe, para além de um sistema de entregas eficiente, uma logística inversa otimizada. Estabelecer uma parceria com uma empresa especializada nesta área irá assegurar uma maior fluidez no processo. Adicionalmente, alguns operadores logísticos oferecem soluções de armazenagem, o que irá viabilizar a constituição de um stock de peças mais populares, libertando espaço no seu próprio armazém e tornando mais rápidas as entregas. ADERIR A UM GIGANTE ONLINE A adesão a uma plataforma internacional de retalho, como são a Amazon ou a eBay, pode representar um acréscimo de vendas, pelo seu alcance global. No entanto, nestes casos estará a competir pelo preço com atores de todo o mundo, o que poderá implicar uma redução maior das margens. E se bem que os consumidores finais são os que mais recorrem a estes canais, não é de descurar o universo de profissionais que, não sendo pressionado pelo tempo para a reparação ou manutenção de um veículo, vai em busca de um bom negócio para o seu cliente, principalmente num momento de perda de poder de compra. É importante perceber também qual a plataforma que se adequa melhor ao seu negócio e aos seus objetivos. Por exemplo, as marcas brancas e os fabricantes vendem sobretudo na Amazon, enquanto os retalhistas de peças estão principalmente no eBay. O potencial de vendas é enorme e a quantidade de peças comercializadas tem crescido exponencialmente. De tal modo que a Amazon tem agora uma secção dedicada às peças e acessórios. Qualquer que seja a sua escolha, tenha em atenção que o seu sucesso futuro estará dependente de cada transação feita, uma vez que, paralelamente ao preço, os clientes apoiam-se nos comentários de quem já lhe adquiriu algo para concretizarem a compra, e uma crítica negativa poderá penalizar gravemente o negócio. Para além de ter de garantir uma logística afinada e recursos humanos dedicados que garantam a atualização do catálogo, bem como o esclarecimento de dúvidas, deverá sempre apostar numa imagem profissional para aumentar a confiança. Descrições precisas, palavras-chave certas e fotografias profissionais e de vários ângulos aumentarão a confiança e diminuirão as possibilidades de devolução por incompatibilidade com o veículo. /

SELO CONFIO.PT No sentido de aumentar credibilização e impulsionar o desenvolvimento nacional e internacional do comércio eletrónico português, a Associação da Economia Digital (ACEPI) juntou-se à DNS.pt e à DECO para lançar o selo “confio.pt”. A iniciativa promove as boas práticas no comércio eletrónico e na utilização da Internet, em geral, garantindo a credibilidade das lojas digitais e a segurança para os consumidores nas compras online. “O Selo ‘Confio’ é reconhecido como uma marca de credibilidade nos negócios digitais, logo os websites acreditados transmitem aos visitantes e utilizadores uma maior segurança, transparência, integridade e uma maior garantia de qualidade na informação e serviços

prestados”, refere a ACEPI. O selo atribuído ao website é colocado de forma visível na respetiva homepage e tem uma ligação à página comprovativa da acreditação do site. A sua obtenção garante ainda o acesso imediato ao selo europeu, o “Trust eCommerce Europe”. De acordo com informações divulgadas no site da ACEPI, para além de pressupor o cumprimento de pré-requisitos e de um código de ética, o selo tem um custo definido em função do volume de faturação das entidades requerentes, variando entre os 75 euros e os 1250 euros, por ano.

Satisfação do cliente com a experiência de aspetos pós-compra Possibilidade de acompanhar a encomenda depois do envio

78%

Confirmação por e-mail do item

76%

Política de devoluções fácil de perceber

72%

Simplicidade para fazer devoluções ou trocas

68%

Flexibilidade para escolher data de entrega depois de o produto ser enviado

59%

Flexibilidade para escolher outro local de entrega depois de o produto ser enviado

59%

Opções importantes para o cliente no momento do Check-out Opções de envio grátis

68%

Fornecer tempo estimado de entrega e custos desde cedo

50%

Data estimada ou garantida da entrega

48%

Variedade das opções de pagamento, além do cartão de crédito

47%

Histórico do pedido, para visualizar tudo o que se encomendou

42%

Função “remember me” para que não tenha de voltar a encher o carrinho caso tenha de sair da página

39%

Custos de envio fixos

39%

Login para que a página recorde as preferências do cliente

38%

Fonte: UPS-White Paper/ What’s Driving the Automotive Parts Online Shopper. Os valores referem-se à preponderância das opções tendo em conta as anteriores experiências dos inquiridos aquando da compra de peças online.

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PERSPETIVA

ENTREVISTA

GUSTAVO ARROZ DIRETOR DE APÓS-VENDA DA MERCEDES-BENZ

“AS OFICINAS TÊM DE ESTAR PREPARADAS PARA GERIR INFORMAÇÃO” A viver um momento de crescimento em todas as linhas da atividade, a unidade de após-venda da Mercedes-Benz segue uma estratégia de inovação e qualidade para fidelizar o cliente. Na liderança desta divisão, Gustavo Arroz defende que os tempos são de mudança e que, para permanecer na linha da frente, é obrigatório ser proativo e saber gerir bem a informação, proveniente de diversos canais. Segundo o diretor de após-venda, mais do que acompanhar a tendência, trata-se de defini-la TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO

C

omo foi o ano de 2016 para a unidade de após-venda da Mercedes-Benz? Tivemos um ano muito interessante, com uma melhoria significativa nos principais indicadores relativamente a 2015. Assistimos 117 mil viaturas, automóveis Mercedes-Benz e Smart, o que corresponde a 38% do parque total da marca a circular em Portugal. Ou seja, tivemos um incremento em cerca de 8% no número de viaturas assistidas e alargámos a quota de assistência ao parque circulante em 1,3 pontos percentuais. Em termos práticos, isso significa que, em média, temos 900 viaturas, por dia, a passar pelas nossas 45 oficinas autorizadas Mercedes-Benz. A evolução foi muito positiva. Isso também se reflete na faturação de peças, que é o nosso negócio principal, em que crescemos 3,4% relativamente a 2015. O que motivou este crescimento? Houve uma maior proatividade? Em termos de passagens nas oficinas existem duas vertentes. Uma é a reparação de avarias, em que é difícil influenciar a necessidade de

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intervenção; outra é a manutenção programada das viaturas. É neste tipo de operação que podemos desenvolver ações para fidelizar os clientes e assegurar que vêm às oficinas autorizadas. Por exemplo, fizemos uma ação em que contactámos 20 mil clientes com viaturas com mais de oito anos e que não visitavam as oficinas há cerca de 18 meses e conseguimos ter cerca de 3700 viaturas, o que é uma taxa de retorno muito interessante. Foi uma ação de reconquista importante de um cliente-alvo que, face à idade da viatura, começa a deixar de vir às nossas oficinas e que, por não as visitar há mais de 18 meses, queremos reforçar a sua relação com a marca. Este é um tipo de cliente que, por norma, dá mais importância ao fator preço. Apostaram em campanhas especiais? Tendencialmente, nos dois primeiros anos de vida da viatura temos taxas de retenção nos serviços bastantes elevadas, mas gradualmente as pessoas começam a vir menos por terem a ideia de que pode ser mais caro. Para estas viaturas mais antigas, em que o preço é um fator-chave, apostamos noutro tipo de abordagens, como são os pacotes de serviços


com preços definidos, que comunicamos de forma transparente para os clientes terem a noção de que não é assim tão caro, muito embora a nossa comunicação não seja focada no preço, mas sim na qualidade. A recuperação das vendas de veículos novos e a maior taxa de adesão a contratos de manutenção no momento da compra também influenciaram o resultado? O aumento das vendas tem um efeito positivo nos serviços, que se sente ao fim de um ou dois anos, portanto é sempre um contributo. No que diz respeito aos contratos de serviço, consideramos que são uma enorme mais-valia para o cliente em termos de comodidade e segurança, porque permitem que o cliente não tenha preocupações com o veículo. Nesse sentido, desenvolvemos vários produtos e temos, neste momento, um portefólio bastante abrangente, desde extensões de garantia até

contratos de serviços que permitem a cobertura de praticamente todas as situações. Temos trabalhado com a financeira do grupo e oferecemos soluções muito interessantes neste âmbito, pelo que é uma área em que temos crescido. E sem dúvida que os contratos de serviço são também ferramentas muito importantes na fidelização dos clientes.

ou se tem combustível suficiente para fazer a viagem que deseja. Esta é também uma ferramenta muito importante para o após-venda, porque envia informações à oficina sobre o veículo que permitem perceber qual a intervenção de que o carro vai necessitar. Quando a viatura entra na oficina, ela está muito melhor preparada, o que é uma vantagem.

Que papel têm as novas tecnologias na concretização deste objetivo? As novas tecnologias permitem uma comunicação fantástica entre a marca, as oficinas, o cliente e até o próprio veículo, que já dá informações que permitem fazer um planeamento mais assertivo e eficaz das necessidades de intervenção da viatura. Por exemplo, em 2016, lançámos o “Mercedes me”, uma ferramenta que tem várias funcionalidades para o cliente, como conseguir confirmar à distância se trancou o carro, se a pressão dos pneus está correta

A ferramenta está disponível para veículos mais antigos? O “Mercedes me” é a versão do produto para as viaturas novas. Para as mais antigas temos o “Mercedes Me adapter”, que se concretiza numa peça aplicada numa das fichas da viatura e permite a comunicação através do telemóvel. Arrancámos com a ativação em novembro de 2016 e já temos cerca de mil adaptadores a funcionar. É uma aposta forte da marca, porque é uma ferramenta importantíssima para garantir a fidelização e a satisfação dos clientes.

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PERSPETIVA

ENTREVISTA

Uma vez que há benefícios para as duas partes, a instalação e utilização têm custos para o cliente? A nossa estratégia é oferecer, sem qualquer custo para o cliente, o “Mercedes me adapter”. Consideramos que, pelas suas funcionalidades, tem vantagens enormes para o cliente, mas também para a concretização de uma abordagem de oficina proativa, que, recebendo a informação do veículo, contacta o cliente para lhe propor uma marcação e até para lhe oferecer uma condição especial. Ajuda as oficinas a proporcionarem ao cliente uma utilização ainda mais cómoda da viatura, reduzindo qualquer tipo de preocupação que possa ter. MUDAR A AGULHA DO NEGÓCIO Isto obriga a uma reformulação do negócio… Estamos a viver momentos muito interessantes na área do após-venda automóvel, em que o modelo de negócio que conhecíamos há décadas está a mudar radicalmente. Antes, basicamente tínhamos a oficina aberta à espera que o cliente entrasse com a sua viatura para fazer a manutenção. Hoje, as oficinas têm de estar preparadas para gerir informação, que lhes chega de todos os canais. Não basta ter um rececionista à espera que o cliente o contacte, porque o foco deixou de estar nos parafusos, no óleo e nas peças, e passou a estar na gestão do próprio cliente e na capacidade de contactar com ele. Mas, pela facilidade de acesso aos dados telemáticos, esta não é uma área em que as oficinas de marca têm uma vantagem evidente? O modelo de negócio está a mudar e isso é válido para as oficinas autorizadas e para qualquer entidade que esteja no mercado. Trata-se de perceber as tendências e, mais do que isso, tentar definir essas tendências e conduzir a mudança, abrindo caminhos para responder às atuais necessidades dos clientes. Isso é válido para todas as empresas. Internamente, como estão a implementar este novo modelo? Temos tido várias reuniões com a nossa rede de oficinas no sentido de motivar para esta nova realidade, e o que é facto é que a recetividade tem sido enorme, porque as oficinas identificam o potencial de irem ao encontro das expetativas dos clientes, que são hoje muito diferentes. Por exemplo, no após-venda temos o “Dealer portal”, um sistema de gestão de leads que permite às oficinas contactar clientes que já tenham efetuado algum pedido no sentido de os acompanharem, saberem se os prazos estão a ser cumpridos, qual a sua satisfação e de os fidelizarem aos seus serviços. Trata-se de exceder as expetativas dos clientes, porque é isso que marca a diferença e, neste aspeto, as novas tecnologias dão um apoio enorme, até porque hoje as pessoas estão sempre conectadas através dos seus telemóveis.

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"O MODELO DE NEGÓCIO QUE CONHECÍAMOS HÁ DÉCADAS ESTÁ A MUDAR RADICALMENTE"

Mas não podemos esquecer outros pilares... Claro que os nossos técnicos têm níveis elevadíssimos de formação e as oficinas autorizadas obedecem a critérios que são definidos pela própria Daimler. Temos a qualidade das peças originais, que são aplicadas nas oficinas autorizadas ou vendidas através do balcão, e uma logística que assegura que a peça está disponível no mais curto espaço de tempo, não só em termos de stock das próprias oficinas – que têm ferramentas de gestão que permitem fazer encomendas automáticas –, mas também em termos de toda a estrutura de apoio, que permite que uma peça mais específica esteja na oficina em 24 horas, por via de uma estrutura com entregas diárias de peças. Tudo isto faz com que a qualidade se mantenha no mais elevado nível. DISPONIBILIDADE E COMPETÊNCIA COMO FATORES DIFERENCIADORES De resto, a disponibilidade de produto é cada vez mais um fator diferenciador, sobretudo para quem vende peças, como é o vosso caso. Como gerem esta área? É absolutamente fundamental ter os produtos disponíveis e, nesse particular, as atuais ferramentas de gestão dão uma enorme ajuda. É impensável alguém querer umas pastilhas de travão para um Classe C, ou um filtro de ar ou óleo, e não haver em stock. São peças que têm de estar disponíveis no momento, até porque pode haver uma viatura que entre numa oficina para fazer uma manutenção sem marcação. Claro que não é possível ter as peças todas, mas temos mais de 90% de peças disponíveis à primeira solicitação. Não havendo no momento, recebemos no dia seguinte, através do armazém de Madrid e, para casos mais específicos, podemos mandar vir da Alemanha e temos a peça em dois ou três dias. Esta disponibilidade é uma aposta muito forte, porque o cliente atual tem esta exigência de estar sempre em movimento e não querer esperar. Outro fator que está a mudar o cenário da manutenção é o aumento de motorizações híbridas e elétricas no parque automóvel. Como se estão a preparar para as especificidades destes veículos? A tendência é, de facto, esse tipo de motorizações ter um peso cada vez maior no parque circulante e, consequentemente, identifico dois desafios. O primeiro é o de ordem técnica, de conseguir dar resposta a estas novas tecnologias, o que só é possível com formação. Quando as viaturas são lançadas, temos sempre a preo-

cupação e a garantia de haver formação adequada para que os técnicos possam mexer nas viaturas. Por exemplo, os híbridos e os elétricos têm uma rede de alta tensão e só com uma certificação própria é que os técnicos podem mexer nessas redes. As oficinas também têm de ter equipamentos específicos, seja ao nível das ferramentas ou de equipamento de proteção. E as oficinas têm de dar resposta a estas especificidades. Na vertente comercial, as necessidades de manutenção destas viaturas são, de facto, completamente diferentes e a tendência da marca é focarmo-nos nos serviços, como são os cabos de carregamento, ou por exemplo as Wall boxes que permitem o carregamento das viaturas, as baterias, as atualizações de software… Ou seja, vamos deixar de fazer mudanças de óleo e filtros nestas viaturas, mas há outras necessidades que estamos a identificar e que se concretizam numa série de serviços novos. A ideia é, em vez de nos focarmos na manutenção tradicional, mudarmos a agulha para uma lógica de prestação de serviços. A complexificação tecnológica torna mais arriscada uma intervenção sem a formação adequada? Sim, é um grande risco mexer num veículo quando não sabe exatamente o que se está a fazer. Hoje em dia, as viaturas têm muitos componentes eletrónicos, que vão desde os sistemas de apoio à condução e de prevenção de colisão até às próprias funcionalidades de conetividade e telemática. A complexidade das viaturas é elevada e uma simples intervenção, um simples update de um software que seja mal feito, pode implicar outro tipo de consequências. Uma simples mudança de pneus pode interferir com o ESP e influenciar o funcionamento do veículo. Por isso, cada vez mais, a formação e o conhecer muito bem os produtos e a relação que existe entre os vários sistemas eletrónicos na viatura são fundamentais. Quando a Daimler desenvolve uma nova tecnologia, ela é acompanhada pelo desenvolvimento dos meios que permitem a sua assistência, seja em termos de formação, seja em termos de ferramentas, e isso faz toda a diferença na capacidade de resposta. Um dos grandes clientes das oficinas na área de colisão são as seguradoras. Existe já a perceção neste meio de que o veículo mudou e os custos de reparação também? Gradualmente, começa a existir essa perceção. Tivemos há pouco tempo uma reunião com os peritos das seguradoras em que ten-

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PERSPETIVA

ENTREVISTA

MERCEDES ME De acordo com Gustavo Arroz, o aumento da telemática permite uma resposta mais eficaz da oficina, que, sabendo que o veículo vai chegar, pode preparar-se melhor. Por isso, ferramentas eletrónicas como o "Mercedes me" e o "Mercedes me adapter" são importantes apostas

támos explicar a funcionalidade da viatura como um todo e a relação entre os diferentes componentes e sistemas. Por exemplo, numa viatura atual que dê um toque à frente não é suficiente substituir apenas o para-choques, porque existe um conjunto de sistemas, entre câmaras, radares e sensores, que estão por trás dele e que carecem de calibração com ferramentas específicas. Da mesma forma, não se pode pintar apenas um para-choques para eliminar uns riscos, porque uma camada de tinta pode ser o suficiente para o radar não funcionar corretamente. Às vezes uma intervenção que antes era simples, hoje não o é por causa destas questões eletrónicas que aumentam a funcionalidade das viaturas. Mas as pessoas começam a perceber que ninguém está a querer exagerar no custo da reparação, antes que, as viaturas, face à sua complexidade, têm outro nível de exigência no que diz respeito às peças que são colocadas e ao tipo de reparação a que são sujeitas. A Internet tem-se revelado uma porta aberta para a circulação de peças contrafeitas. Este é um problema que também afeta a Mercedes-Benz? Confesso que não nos focamos muito na questão das peças contrafeitas. Focamo-nos na nos-

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sa atividade e temos a garantia de que as oficinas autorizadas comercializam peças originais Mercedes-Benz. Damos também mecanismos ao cliente para saber que aquelas peças são originais, até porque as peças têm uma embalagem, codificação e marcações específicas que permitem identificar claramente que se trata de uma peça original. Existe algum tipo de controlo no balcão de peças para evitar a revenda e a economia paralela? Sim, existem vários critérios que têm de ser cumpridos, até porque é necessário garantir que as peças não são vendidas a revendedores. Apesar de, na maioria dos casos, as oficinas conhecerem os clientes, é feito um controlo através do CAE ou do NIF e, sempre que há clientes novos a comprarem peças, sobretudo se forem volumes consideráveis, aferimos se não se destinam à revenda. Quais são as orientações estratégicas da Mercedes-Benz para o futuro do após-venda em Portugal? Pode parecer um cliché, mas claramente temos um foco muito grande no cliente. Como tal, e face às tendências do mercado, a nossa estratégia passa por uma aposta forte na digitali-

zação e no contacto com o cliente no sentido da fidelização, para que venha às oficinas autorizadas e aos balcões de peças. Pode passar pelo lançamento de uma loja online? Sim, poderá passar por uma loja online, até porque já temos a possibilidade de o cliente fazer uma marcação online para determinados serviços. A nossa estratégia é claramente digitalizar e inovar nas soluções e abordagens aos clientes. Quais os objetivos definidos para este ano? Ainda estamos a finalizar os objetivos para 2017, mas claramente que gostaríamos de consolidar o crescimento que temos vindo a registar. O após-venda desempenha um papel muito importante em duas vertentes. Uma é a de negócio, porque a venda de peças e serviços tem um peso considerável e é um negócio muito interessante. A outra vertente é a de garantia de satisfação do cliente, o irmos ao encontro da sua expetativa e mantermos uma relação duradoura, em que os nossos clientes se sintam bem tratados, voltem às oficinas e comprem mais viaturas Mercedes-Benz. Ou seja, o após-venda fecha o círculo da interação com o cliente. /



ESPECIALISTA

EMPRESA

SERVIÇO E CONFIANÇA Prestes a expandir o seu negócio, a Motormáquina apostou na especialização para se demarcar num mercado altamente competitivo. A crescer de ano para ano, é através do binómio Serviço / Confiança que os seus gestores explicam o sucesso alcançado TEXTO JOSÉ MACÁRIO FOTOS JOSÉ BISPO

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esde a sua fundação, em 1959, que a Motormáquina se especializou no comércio de peças para veículos 4x4. A par com o negócio de maquinaria, os fundadores da empresa adquiriam frotas de veículos ao Estado, às forças policiais e bombeiros, que depois restauravam e vendiam. Há cerca de 25 anos, a Motormáquina começou a ser decisivamente associada à Land Rover, como conta Renato Santos, que atualmente assegura a gestão da empresa a par com Vítor Santos, seu primo: “As pessoas começaram a vir à Motormáquina sempre que queriam uma peça para um Land

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Rover ou quando queriam mesmo ter o seu Land Rover reparado ou restaurado.” Atualmente, o comércio de peças da marca Land Rover é a quase totalidade do negócio da empresa, que mantém ainda uma pequena oficina, onde realiza a montagem de componentes comprados através dos seus canais de venda, num serviço complementar disponibilizado aos clientes e que representa cerca de 5% do total do negócio. Para Renato Santos, a especialização numa marca apresenta apenas uma desvantagem, a de que a empresa poderia estar a fazer mais negócio. Mas o gestor acrescenta que os clientes têm tanta confiança na Motormáquina que, por vezes, pedem peças para outras marcas, pedidos a que a empresa consegue atender.

Em oposição, as vantagens da especialização são muitas, embora possam ser resumidas no know-how acumulado por um quarto de século de experiência, “que permite saber que peças é fundamental ter”, diz Renato Santos. Ainda que as vendas da Motormáquina se centrem sobretudo em modelos produzidos entre 1990 e 2004, a vertente colecionista associada aos modelos Land Rover é uma parte importante do negócio e leva a empresa a comercializar peças para carros criados em anos anteriores, desde a década de 1960. No sentido de dar seguimento a estes pedidos, a Motormáquina faz uso dos contactos estabelecidos, nos seus 58 anos de existência, com empresas dedicadas ao fabrico das peças mais difíceis de encontrar, espalhadas um pouco por todo o mundo. Casos


há, no entanto, em que é necessário mandar fabricar a peça a vender, seja porque a Land Rover já não fornece ou nunca forneceu, seja porque as empresas da especialidade já não as produzem. Sempre que possível, estes serviços são encomendados a fabricantes portugueses, embora Renato Santos reconheça que tal nem sempre é viável. STOCK É CRUCIAL Garantir a resolução de necessidades tão diversificadas implica que a Motormáquina possua um stock alargado, algo que Renato Santos considera ser um elemento crucial para o sucesso: “Há que fazer a diferença de alguma maneira. Se o cliente quer a peça para hoje à tarde, no Algarve, tem de ir ter com quem tem a peça em

stock.” Este posicionamento explica o investimento de cerca de 400 mil euros em peças, distribuídas pela loja do Porto, com 100 m2 , e pela atual sede da empresa, em Lisboa, onde o armazém ocupa 700 m2. Tal investimento faz da Motormáquina, segundo Renato Santos, a empresa com o maior stock de peças para Land Rover em Portugal: “Conseguimos mesmo ter coisas que os concessionários não têm, o que é uma mais-valia para o negócio. Alguns clientes ficam surpreendidos pelo stock que temos. Pedem 10 ou 15 peças e nós dizemos ‘sim senhor, estão aí amanhã’.” Para gerir o stock, a empresa confia num sistema informático inteligente, que vai “aprendendo” através da análise das vendas e faz sugestões semanais de aquisição. Mas o último filtro é sempre um dos

17 colaboradores da empresa, que se apoia na sua experiência para aceder ou não aos pedidos do sistema e para realizar as novas encomendas. Um bom stock, apesar de fundamental, é apenas metade da equação. É preciso que a peça chegue rapidamente às mãos do cliente, e isso também é prioritário para a Motormáquina. Recorrendo sempre a prestadores de serviços de distribuição, a empresa consegue realizar entregas no mesmo dia, como exemplifica Renato Santos: “Na grande Lisboa, se a peça for encomendada até às 13h, chega ao cliente durante a tarde. No Algarve, se for encomendada até às 11h, a peça é entregue também à tarde.” Contudo, a proximidade que têm com os clientes e a constante preocupação em servi-los da melhor forma levam a que, por vezes,

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ESPECIALISTA

EMPRESA

NOVAS INSTALAÇÕES A Motormáquina mudou para novas instalações, na zona de Camarate, que representaram um investimento de meio milhão de euros

os colaboradores, ou mesmo os gerentes, recorram aos seus carros pessoais para fazer uma entrega urgente. Renato Santos sublinha ainda que as empresas que não tenham as suas sedes junto de polos de distribuição não conseguem garantir prazos como os da Motormáquina. Esse foi precisamente um dos motivos que levou à mudança de instalações para a zona de Camarate, um investimento de cerca de meio milhão de euros que serviu também o propósito do aumento da capacidade de armazenagem, entretanto já expandida, ainda antes do previsto. Com esta mudança, Renato Santos diz ter garantido também mais condições para os colaboradores e para os clientes poderem chegar até à Motormáquina com facilidade: “Escolhemos uma localização com grande visibilidade e certamente nunca mais mudaremos. Todos estes fatores contam num negócio.” Além das novas instalações em Lisboa, a Motormáquina está presente no Porto, por onde passa cerca de 20% da faturação da empresa, pois o norte tem um grande núcleo de “Landmaníacos”, diz o gestor, paixão parti-

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lhada por todos os colaboradores da empresa, o que se traduz numa mais-valia para o cliente e em mais um fator diferenciador face à concorrência: “Falamos todos a mesma língua.” GANHAR CONFIANÇA Conhecedores profundos dos veículos para os quais comercializam componentes, os colaboradores da Motormáquina conseguem facilmente aconselhar o cliente acerca do que deve ou não comprar e de como deve montar as peças que compra, uma competência que Renato Santos acredita ser diferenciadora face à concorrência: “As pessoas não se preocupam que a peça possa demorar mais uns dias ou custar mais uns euros, porque este acompanhamento é fundamental. Isto é algo que fazemos quase todos os dias ao telefone e é uma grande vantagem.” O telefone é, aliás, o principal meio de receção de encomendas da empresa, que, apesar disso, está presente também nos meios digitais, por terem conhecimento de que não há dois clientes iguais e de que têm de tentar acomodar todos. No entanto, o contacto direto com o cliente

é fundamental e mesmo a loja online, habitualmente, remete para um contacto pessoal. “É raro fazermos uma venda sem falarmos com o cliente”, diz Renato Santos. Tal acontece porque sentem necessidade de perceber as suas particularidades. “Por isso é que os convidamos a visitar as nossas instalações. Só assim podemos passar o bom serviço e a confiança para o cliente.” Esta preferência pelo contacto presencial não quer dizer que a Motormáquina não esteja atenta às novas tecnologias, com Renato Santos a identificar que uma das tendências de momento, “imparável”, segundo o próprio, é a aquisição de peças online. Para o gestor, esta prática não deve ser sobrevalorizada, antes encarada pelas empresas como uma oportunidade. E, aqui, a experiência e a confiança do cliente voltam a fazer a diferença: “Durante algum tempo perdemos muitos clientes, que se deslumbraram com a facilidade de encomendar online e que agora estão a voltar para nós.” Outro aspeto onde é crucial ter a confiança dos clientes é na temática das peças de menor qualidade, algo que preocupa o gestor, que, no entan-


SEGUNDA GERAÇÃO Renato Santos e Vítor Santos são primos e filhos dos dois fundadores da Motormáquina. Na liderança da empresa, preparam-se para alargar o portefólio de peças à marca Jeep

to, reconhece a existência de mercado para peças com diferentes graus de qualidade. Mais uma vez, a experiência conseguida através da especialização numa marca permite à Motormáquina aconselhar os clientes acerca de que tipo de peça comprar, de acordo com as necessidades do momento e a sua disponibilidade financeira, ajustando a oferta às necessidades do cliente. E, quando há problemas, é esta mesma relação de confiança que permite que sejam rapidamente ultrapassados: “Já sofremos isso na pele. Comprámos peças que achámos terem qualidade e depois isso não se verificou. Antes de o sabermos, já tínhamos vendido meia-dúzia aos nossos clientes, que depois vieram recla-

CONTACTOS Motormáquina Tel 219 499 880 Email lisboa@motormaquina.pt Web www.motormaquina.com

má-las. Não só deixámos de vender essa peça, como rapidamente a substituímos no cliente e informámos o fornecedor de que a peça não tinha qualidade. E isto tudo passou-se tão rápido quanto possível.” PRESENTE E FUTURO Fruto da dedicação à qualidade do serviço e da confiança conquistada, a Motormáquina tem recebido várias distinções, como a de PME Líder 2016, uma das mais recentes. Para Renato Santos, estas distinções são, principalmente, uma questão de imagem, mas também de segurança: “Quando um cliente entra nas nossas instalações, percebe que está no sítio certo para não ter problemas.” Além das distinções, o modelo de trabalho da Motormáquina é validado pelos resultados. Em 2016, a empresa faturou cerca de 2,3 milhões de euros, um crescimento de 2,5% face a 2015, mas, ainda assim, mais tímido do que no passado. Renato Santos explica que estes resultados espelham um negócio cada vez mais difícil. “O mercado chega a um certo ponto e estagna; a situação da nossa economia não é

das melhores e temos de aceitar os números como são”, declara, afirmando de seguida que o objetivo da empresa não passa tanto por fazer mais, antes por fazer sempre melhor. Se 2016 foi um ano de mudanças, 2017 será um ano de desafios para a Motormáquina. Entre eles está a expansão do negócio para o comércio de peças Jeep, acompanhando uma tendência do mercado dos veículos de todo-o-terreno, que tem nestas duas marcas os seus ícones maiores: “Como a Jeep cresceu muito nestes últimos anos, acompanhámos o mercado e os nossos clientes, que também nos diziam que tínhamos de trabalhar mais Jeep porque o mercado vai por aí.” No entanto, não se pense que tal vai mudar a perspetiva do negócio da Motormáquina: “Não queremos perder a perspetiva de sermos especialistas numa marca, porque só assim nos conseguimos diferenciar. Se nos transformarmos numa marca generalista não vamos atrair tantos clientes.” Em cima da mesa está também a construção de uma nova oficina, que substituirá a que agora opera em Sacavém. Para tal será realizado um novo investimento, desta feita na transformação do armazém contíguo à sede da empresa, onde a nova oficina operará. Num mercado volátil como é o das peças, Renato Santos identifica outros desafios a superar no ano que agora se inicia. Um deles é a pressão colocada sobre as pequenas empresas pelos grandes players europeus. Os grandes sistemas de distribuição, que conseguem colocar as peças rapidamente em qualquer ponto da Europa, aliados a margens muito baixas, “complicam a vida a quem tem de pagar muitos ordenados”, declara. Como a maior parte das peças que a Motormáquina comercializa é originária do Reino Unido, a sua quase certa saída da União Europeia lança incerteza no negócio, fruto da flutuação da Libra e da possibilidade de passarem a existir taxas alfandegárias a suportar, o que faria, naturalmente, os preços subir. Por isso, Renato Santos é comedido quando faz previsões para este ano: “Se mantivermos o crescimento, será uma boa notícia.” Para vencer todos estes obstáculos e desafios, a receita é igual à que tem vindo a ser seguida: serviço e confiança. Isso fará a diferença, nas palavras de Renato Santos: “Estamos a caminhar para um mercado onde todos terão tudo e todos terão preços competitivos.” Por isso, não será pela velocidade da entrega, nem pelo preço, que as empresas fidelizarão o cliente. O que fará a diferença é a confiança que o cliente tem na empresa e no serviço que esta lhe presta. “Atualmente, numa relação comercial, procuramos ser bem atendidos e ter confiança de que, do outro lado, está alguém empenhado em escolher o melhor para nós e que, em caso de problema, está lá para o resolver. E isso não tem preço.” /

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ESPECIALISTA

DOSSIER EXCELÊNCIA NA PRODUTIVIDADE

COMO RESOLVER UM PROBLEMA DIFÍCIL? Na gestão de uma oficina, a resolução de problemas é um desafio permanente. Fazê-lo de modo a que não se voltem a repetir pressupõe um método, que agora lhe apresentamos

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aquele que é o último artigo do processo “Rumo à Melhoria Contínua”, explicamos-lhe como resolver um problema difícil segundo a abordagem às metodologias ‘5Porques?’, ‘4Ms’ e ‘Diagramas de Espinha de peixe’. PROBLEMAS DIFÍCEIS EM QUE CONSISTEM? A gestão de um negócio não é uma tarefa simples e somos desafiados para compreender e resolver problemas. Existem diferentes tipos de problemas. Art Smiley, autor e especialista na temática Lean, divide-os em quatro tipos: 1. Problemas de rápida resolução; 2. Problemas derivados de Desvios a um Padrão ou Procedimento; 3. Problemas que surge com a definição de um objetivo mais ambicioso; 4. Problemas que surgem na inovação de um produto ou serviço. Este artigo centra-se na resolução de problemas do tipo 2. São Problemas que exigem reflexão e não são de resolução simples. QUAL A RELEVÂNCIA DESTA FASE? É a resolução destes problemas de forma definitiva que evita a sua recorrência futura, com outros clientes, outros fornecedores ou outros colaboradores. Se queremos que cada empresa progrida e se torne cada vez mais robusta, é mandatório que os seus trabalhadores tenham uma forte formação e educação nesta vertente. E resolver um problema tem método! É isso que vamos desde já abordar. COMO PROCEDER? Escolha um método com o qual se sinta confortável. Pode usar vários. Fazer um evento Kaizen (artigo anterior), usar a metodologia G8D, usada pela Ford, Chrysler e GM ou usar o relatório A3, usado pela Toyota, apenas para nos focarmos nos principais. A nossa escolha é o Relatório A3, pela sua maior simplicidade e facilidade de compreensão de todas as fases. Porém, fica o estímulo para que

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procurem na Internet mais informação. Sobre o Relatório A3, deixamos em baixo uma síntese da sua forma e conteúdo, com o detalhe necessário e para que possa obter uma compreensão mais alargada. PASSO 0 Título: Inclua uma descrição curta do problema que pretende resolver. Use verbos concretos e factos: Um BOM exemplo é “Os rolamentos gripam frequentemente e 50% não duram as 300 horas especificadas”; Um MAU exemplo é “Ninguém coloca óleo nos equipamentos e não existe um procedimento”. A diferença entre eles é o foco do primeiro, no problema, e o foco do segundo, nas causas do problema (ainda por provar, nesta fase em que se escreve o Título). PASSO 1 Contexto: Relate os factos relevantes que ajudam a compreender o Problema. Não entre em detalhes e descreva o contexto da situação. PASSO 2 Estado ou situação atual: É aqui que a equipa deve verter todos os dados, factos, números que ajudem a descrever o Problema. Responder às seguintes perguntas ajuda nessa caraterização: O que é que está errado com o quê (objeto ou situação)? Onde ocorreu? Quando aconteceu? E com que frequência acontece? Quem esteve envolvido? (foco na tarefa e função e não na pessoa / individuo) Como aconteceu? Use uma linguagem gráfica com ícones, desenhos, gráficos, cores, que transmitam uma “imagem” do problema, evitando textos longos e densos. NÃO deve responder nesta fase à pergunta ‘Porquê?’, pois essa resposta será dada no Passo 4. PASSO 3 Escreva o que pretende alcançar. Que indicador do seu negócio é que melhor serve para monitorizar uma melhoria deste Problema? Um BOM exemplo é “Aumentar a vida útil

dos Elevadores Hidráulicos em ‘x’ horas de utilização”. Um MAU exemplo é “Melhorar o funcionamento dos Elevadores Hidráulicos”. Podem usar também a abordagem SMART: eSpecífico - deve ser claro e específico quando descrever a sua meta Mensurável - a meta deve ser possível de medir Atingível – não crie metas impossíveis ou que sejam inverosímeis, a não ser que as acompanhe de meios e recursos que as tornem um desafio possível Relevante – a meta deve fazer sentido para você e para o seu negócio Temporal - a meta deve ter um prazo para ser atingida. PASSO 4 Este é o passo mais importante! Uma análise detalhada e com critério levará a descoberta de novos factos e com eles virão à superfície as reais Causas Raiz do problema. Serão sempre várias as Causas Raiz, pelo que não termine a investigação quando encontrar apenas a primeira. Mais tarde no próximo Passo, tudo o que venha a propor como ações corretivas, devem ter como propósito, anular ou mitigar cada uma das Causas encontradas nesta fase. Para auxiliar na determinação das Causas Raiz, deixamos um conjunto de ferramentas simples, mas poderosas: Comecemos pelos 4M’s Este ‘título’, 4M, pretende categorizar em 4 (quatro), as classes onde as causas dos problemas geralmente se encontram. São elas: 1ºM (materials) – Materiais, consumíveis ou matérias primas


Gestão visual do espaço oficinal Padronização do trabalho PARTE 3 Rumo à Melhoria Contínua do negócio PARTE 1

GESTÃO LEAN APLICADA À OFICINA

PARTE 2

PROBLEMA Por que o problema ocorreu?

CAUSAS RAÍZ Por que Por que Por que Por que

Por que não houve deteção?

Por que Por que Por que Por que

Por que o sistema falhou?

Por que Por que Por que Por que

2ºM (machines) – Máquinas ou equipamentos 3ºM (methods) – Métodos ou procedimentos de trabalho 4ºM (man) – Pessoas, suas decisões e ações Pretende-se que explorem as causas possíveis do problema em cada uma destas categorias, explorando-as, uma a uma, e identificando condições que possam gerar o problema. Exemplo Categoria 1, Materiais: Rolamento danificado Categoria 2, Máquinas: Aparafusadora inoperacional Categoria 3, Métodos: Sequência incorreta de montagem Categoria 4, Pessoas: Manuseamento incorreto do veículo Para conseguir, porém, aprofundar cada uma destas potenciais causas e chegar à Causa Raiz, há que ir mais além na análise. É agora que deveremos usar uma outra metodologia, os 5 Porquês. É um dos métodos mais poderosos usados. É usado por profissionais de grandes multinacionais e é extremamente simples de usar:

Perguntem ‘porquê?’ é que o problema aconteceu, sucessivamente e numa sequência de 5 porquês. Exemplo Aparafusadora inoperacional 1º Porquê? Porque tem o cabo cortado 2 º Porquê? Porque foi pisado com uma face cortante 3 º Porquê? Porque o cabo fica estendido pelo chão e atravessa a oficina 4 º Porquê? Porque os enroladores de mola, ficaram sem tensão 5 º Porquê? Porque não existe plano de revisão e manutenção para os enroladores (ESTA É A CAUSA RAÍZ e deve ser sobre ela que as ações corretivas devem ser pensadas). Conjugando agora tudo e apresentando o último dos métodos, o Diagrama de Espinha de Peixe, eis como poderão conjugar 4Ms,

com 5Porquês e com o Diagrama de Espinha de Peixe: Nesta altura terá já identificado as Causas Raíz do problema. Como se compreende estes métodos não são usados para problemas do Tipo 1, aqueles que se resolvem de forma lógica e rápida. Mas para os que exigem recolha de informação, análise e questionamento e métodos para sumarizar os dados. É então altura de avançar para o Passo 5. PASSO 5 E 6 É altura de listar as ações que a equipa irá implementar. Elabore um plano, onde identifique quem é o responsável pela implementação, quando o fará e que recursos precisa. Depois é fazer a monitorização das datas e o cumprimento das mesmas, ajudando sempre que sinta que algo lhe está a sair de controlo. PASSO 7 Faça um seguimento no médio prazo, avaliando se as ações implementadas continuam a ser cumpridas, usadas e mantidas. Reforce sempre que necessário e use esta aprendizagem para situações equivalentes e para replicar em outros locais, dentro da oficina ou dentro da Rede de Oficinas. / RECURSOS NECESSÁRIOS Pessoas com capacidade para recolher e organizar dados Acesso à Informação Resiliência na investigação e na análise Capacidade de liderança em todo o processo

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CONCORRÊNCIA ELETRIZANTE Num mercado saturado com oferta, a qualidade e a evolução tecnológica dos produtos são fatores diferenciadores. Apesar de existir espaço para todo o tipo de players, é preciso que todos joguem com as mesmas regras… TEXTO JOSÉ MACÁRIO

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udo começa com a bateria, que serve para colocar o carro em marcha. Se isto era verdade até há alguns anos atrás, hoje em dia, esta é apenas uma meia verdade, pois o constante aumento de sistemas elétricos e eletrónicos que os automóveis albergam obriga a que este componente evolua, por forma a garantir que nenhum falhe. Atualmente, para além dos sistemas de travagem regenerativa associados a alternadores inteligentes, existe no automóvel uma panóplia de sistemas – desde múltiplas unidades de comando a sistemas de conforto, auxílio à condução e multimédia – que exige das baterias uma performance mais acentuada. A bateria tem, hoje em dia, de ter a


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potência necessária para o arranque, mas também funcionar como uma bateria industrial, em que a reserva de capacidade e a resistência a ciclos são fundamentais. Para o conseguir, os fabricantes têm apostado forte na investigação e desenvolvimento, tanto no que respeita aos materiais como aos processos de fabrico, o que se traduz em baterias sem necessidade de manutenção ou com separadores para depósito de caída de chumbo. Paralelamente, a componente tecnológica das baterias também tem evoluído, acompanhando a tendência da indústria automóvel de diminuição da pegada ecológica. O principal elemento catalisador desta evolução foi a chegada do ISS (Idle Stop/Start) ao automóvel. Com a adoção desta nova tecnologia, os fabricantes mudaram o seu foco para o aumento da capacidade

e eficiência das baterias, sendo agora comuns no mercado duas tecnologias: a AGM (Absorbent Glass Mat) e a EFB (Enhanced Flooded Battery). As baterias dotadas de tecnologia AGM e EFB, garantem uma maior resistência aos ciclos de carga e descarga, oferecendo assim uma maior longevidade. Estas performances melhoradas são conseguidas através de vários processos, como o potenciador de carbono ou a armadura DX, mas também pelo uso de separadores de fibra de vidro absorvente, que proporcionam uma reação mais rápida entre o ácido e o material da placa, garantindo assim a passagem de maiores quantidades de energia em situações mais exigentes. Além das baterias de Gel, existem também as com tecnologia Cálcio/Cálcio e nanotecnologia, novamente com o intuito de garantir o aumento da sua capacidade e duração. Se os fabricantes automóveis são o principal motor desta evolução – por necessitarem de cumprir as normativas que condicionam as emissões e por aumentarem a necessidade energética dos seus produtos –, o trabalho é feito a par com os fabricantes de baterias, que também desejam aumentar a componente tecnológica dos seus produtos, um fator de diferenciação num mercado altamente competitivo. MERCADO EM EBULIÇÃO Pedro Batalha, da Euro Tyre, afirma que 85% das viaturas produzidas atualmente possuem sistemas start/stop, o que faz com que as baterias AGM e EFB tenham um peso importante, ainda que, para já, maioritariamente para os fabricantes OE. No entanto, como diz este responsável, “o aftermarket tem de ter um conhecimento aprofundado para a sua substituição”, pois a médio prazo serão chamados a fazê-lo. Num mercado que, no total representa cerca de 1,2 milhões de unidades anuais, as novas tecnologias vêm a proliferação travada pela idade envelhecida do parque automóvel português, cuja média é de cerca de 12 anos. Conforme refere Filipe Ferreira, administrador da AD Portugal e da Sonicel, “quantos mais veículos antigos circularem na estrada, maior será a oferta que se adequa à necessidade específica desses mesmos veículos. O que não impede, porém, que as baterias para automóveis mais antigos sejam alvo de inovação e reformulações”. Amílcar Nascimento, Key Account e Marketing Manager da Exide, acredita mesmo que os modelos mais antigos teriam a ganhar com a instalação de baterias mais modernas, “mas o fator preço é limitador”. Mafalda Oliveira, Marketing Manager da Redeinnov, acrescenta ainda o valor baixo das novas matrículas em Portugal à lista de fatores que atrasam a chegadas das novas tecnologias de bateria em força ao nosso país, pois tal “tem como consequência uma neces-

sidade mais lenta do aftermarket em disponibilizar as últimas tecnologias”, o que é “evidente na baixa expressão que as baterias ‘Start/Stop’ ainda têm nas vendas”, conclui a responsável. Por isso, a maioria dos players prevê que o ano que agora se inicia não traga grandes alterações ao que se verificou no ano passado, ainda que se perspetive um crescimento moderado, fruto da melhoria da economia lusa. As perspetivas são, no entanto, comedidas, até porque a sazonalidade deste produto, que tem nos meses mais frios os mais atarefados do ano, altura em que as propriedades das baterias propiciam a sua troca. Apesar de ainda não ser muito expressivo, e de acordo com Tiago Domingos, responsável de comunicação da Auto Delta, “já se verifica um crescimento na venda de baterias com tecnologia AGM, fruto da forte presença da tecnologia Start/Stop nas viaturas mais recentes no nosso parque automóvel. Esta tendência deverá acentuar-se, revela Nuno Guerra, diretor geral da Polibaterias, para quem a necessidade de cumprimento das normas ambientais europeias levará os construtores a optar cada vez mais por incluir a tecnologia Start/Stop nos seus modelos. David Serrano, gestor de produto da Krautli, vê no envelhecimento do parque automóvel, antes de mais, uma oportunidade de negócio. Para o gestor, este é um dos elementos responsáveis pelo aumento da venda de baterias, o que torna este componente “apetecível e atrativo”. Tal atratividade espelha-se num mercado maduro na chamada gama convencional, o que gera volumes de faturação interessantes para os players e, ao mesmo tempo, uma competitividade muito grande entre as várias empresas/ marcas a operar no mercado, nomeadamente as marcas próprias, que são uma parte importante do mercado, o que acaba por colocar uma pressão elevada sobre os preços e as margens praticados. Francisco Abecassis, responsável da Hella em Portugal, marca que recentemente se lançou no mercado das baterias, segmenta-o em marcas de primeiro nível, “que são um número relativamente pequeno”, e depois “milhares de outras marcas”, próprias ou não, com custos mais reduzidos, opinião partilhada por Nuno Guerra. AS REGRAS DO JOGO Com um tão grande número de empresas a competir, a qualidade não pode ser descurada. A bateria é um produto perecível, o que faz com que as condições e tempo de stock sejam fatores determinantes para manter baixo o índice de garantias, concorrendo ao mesmo tempo para a rentabilidade de quem opera neste mercado. Por isso, na opinião de Manuel Vicente, sócio-gerente da Rodapeças, há espaço no mercado para as marcas próprias, desde que tenham qualidade, pois estas são as que mais facilmente

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BATERIAS

conseguem ir ao encontro do binómio de sucesso qualidade/preço, e garantem um mais rápido escoamento do stock. O mercado tem evoluído no sentido da maior qualidade, até porque uma aposta neste sentido garante um decréscimo na atribuição de garantias, a par de uma crescente fidelização do cliente, como defende David Serrano. Apesar disso, o mercado das baterias é ainda caraterizado por algumas práticas menos transparentes, como alerta Mafalda Oliveira, da mesma forma que Tiago Domingos aponta o dedo às marcas mais fixadas no preço em detrimento dos padrões de qualidade, as marcas ditas low-cost. Merecedores de redobrada importância em tempos de dificuldade financeira, “por serem uma solução económica”, como aponta Filipe Ferreira, os produtos low-cost existem porque o mercado “lhes atribui espaço”, declara André Martinho, Gestor de Produto da ZF Aftermarket, que acrescenta que, “tendo em conta a idade avançada do nosso parque, compreende-se que alguns condutores optem pelo produto de menor preço, normalmente associado a qualidade mais limitada”. Nuno e Mafalda Trigo, gerentes da Norbat, defendem uma posição apaziguadora, declarando que “todos têm espaço no mercado desde que nos respeitemos”. Mas ressalvam que “o cliente não pode esperar a mesma qualidade de produto e serviços” ao optar por uma solução low-cost. Flávio Menino, diretor de marketing da Autozitânia, recorda que a estratégia low-cost diminui a exposição dos players a um dos elementos mais voláteis do mercado das baterias: o preço do chumbo, a principal matéria-prima das baterias. Daniel Monteiro, Diretor geral da PBS, relembra que, depois de um período em que a cotação do chumbo se manteve nos cerca de 1550 euros/tonelada, desde julho de 2016, o valor tem crescido sistematicamente, tendo já ultrapassado a fasquia dos 1800 euros/tonelada e alterando, em pleno inverno – altura de maior azáfama do mercado, que é sazonal – as tabelas de preços. O mesmo responsável aponta para uma inversão na tendência, “pois as oficinas estão cada vez mais atentas a marcas que oferecem produtos com qualidade de origem, fabricados a preços competitivos”. Mas se a tendência identificada por vários dos nossos interlocutores é para a diminuição da fatia de mercado das baterias low-cost, em virtude da maior perceção de qualidade e pela dificuldade de acompanhamento das novidades tecnológicas, a venda deste componente nas grandes superfícies comerciais é vista por muitos como uma “violação” das regras do jogo. Nuno Guerra declara que, ainda que não se possa contrariar o mercado global, “estes operadores deveriam ter colaboradores com formação, no

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NEGÓCIO EXTRA Uma das formas de potenciar o negócio das baterias é a sua inclusão na lista de euipamentos a verificar aquando da entrada do automóvel

sentido de aconselhar os consumidores”, algo que, diz o mesmo responsável, não acontece. Flávio Menino aponta ainda o dedo ao facto de estas superfícies não serem um ponto de recolha devidamente licenciado para o efeito, o que contraria as indicações da Agência Portuguesa do Ambiente e causa enormes consequências a nível ambiental. Por isso, tanto Filipe Ferreira como Tiago Domingos estão em crer que também esta “ameaça” passará. Para os dois responsáveis, os operadores especializados ganharão primazia, principalmente nas gamas mais modernas. A tendência de futuro deverá ser o final do “faça você mesmo”, pois a complexidade das baterias e dos automóveis dificultará não apenas a tarefa da escolha de qual a mais apropriada para o automóvel, como mesmo a sua substituição, relembrando André Martinho que, atualmente, já são necessários instrumentos específicos para reprogramar toda a parte elétrica do automóvel

quando se substitui a bateria, algo que o cliente final não possui. OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO Todos os interlocutores ouvidos pela Turbo Oficina declaram que a crescente complexidade das baterias se apresenta como uma oportunidade de negócio a não perder, pois permite aos profissionais recuperar parte significativa de um negócio quer havia sido perdido para o “faça você mesmo”. Para o conseguir, é importante que as oficinas se modernizem e invistam em equipamento, sobretudo de diagnóstico, por forma a poderem demonstrar ao cliente que a bateria é um componente fundamental no funcionamento do veículo e, como tal, deve ser analisada e tratada por um profissional. Este poderá mesmo ser um fator diferenciador para o cliente, levando, no extremo, a que alguns instaladores se destaquem na capacidade de substituir qualquer tipo de baterias, enquanto


OFERTA DE PRODUTO AD PORTUGAL/SONICEL (AD, Sport Car, Varta) A oferta inclui a tecnologia AGM da Varta. A mais recente aquisição é a AD Mega Plus AGM, desenhada para necessidades de energia extremas, com maior vida útil, sem manutenção e potência de arranque elevada, mesmo com níveis baixos de carga.

AUTO DELTA (eFORCE, Varta) A Auto Delta aposta na marca própria eFORCE, com produção Exide e tecnologia Tudor, para vingar em 2017. A par do lançamento da sua marca própria, a parceria com a Varta será alvo de atenção.

AUTOZITÂNIA (NoStop by Exide) O expoente tecnológico da marca de baterias que a Autozitânia comercializa é a gama Plus: baterias reforçadas em termos de capacidade, e a gama AGM, direcionada para veículos com função Start/Stop.

EURO TYRE (Eurotyre, Varta) A Euro Tyre disponibiliza baterias standard, sem manutenção, e com tecnologia AGM e Gel. A mais recente novidade é a oferta de baterias sem manutenção para ligeiros e pesados na sua marca própria.

EXIDE

outros poderão ter de recusar alguns serviços, como aponta André Martinho. Ainda que, neste momento, as baterias aplicadas a veículos híbridos e elétricos não estejam disponíveis para comercialização no aftermarket, Artur Pereira, responsável pelo departamento técnico do Stand Asla, considera que a sua futura comercialização poderá ser um elemento diferenciador para os players que as disponibilizem, defendendo que esta é uma oportunidade a que todo o mercado deve estar atento. Especificamente nas oficinas, os ganhos com as baterias podem ser potenciados através da sua inclusão na lista de componentes a verificar sempre que o automóvel dá entrada na oficina, como defende Amílcar Nascimento, efetuando “testes ao estado de carga e ao seu tempo de vida útil, mostrando e explicando ao cliente os resultados e o que ele poderá esperar aconteça num futuro próximo”. Mafalda Oliveira partilha desta opinião, corroborando-a com os

(Tudor, Exide, Fulmen, Deta) Distribuidora e fabricante, a Exide oferece a última geração de baterias Start/Stop com tecnologia AGM e EFB e a Tudor High-Tech. Ambas possuem um potenciador de carbono especialmente desenvolvido e armadura 3DX.

Silver, com até mais 35% de potência de arranque e placas cálcio-cálcio.

NORBAT (Norbat, Exide) Apostando na variedade, para estar sempre apta a responder às necessidades dos clientes, a tecnologia mais avançada da Norbat é a AGM, que proporciona uma estabilidade cíclica até duas vezes mais do que as baterias convencionais.

PBS (Energia, Stecopower) Com uma forte parceria com a francesa Stecopower, a PBS oferece baterias com tecnologia AGM. Ainda durante este ano, a gama AGM para veículos com Start/Stop será alargada.

POLIBATERIAS (Eurocell, Fiamm) Importador oficial da Fiamm para o mercado nacional, a Polibaterias oferece a gama Ecoforce AGM para híbridos e modelos com Start/Stop. Dentro da oferta Eurocell Extreme posiciona-se no topo da oferta.

REDEINNOV (Innovparts, Tudor, Exide) Para a Redeinnov, a última geração das baterias Start/Stop com tecnologia AGM e EFB são as mais avançadas da oferta, tal como a Tudo High-Tech. Destaque para o potenciador de carbono e armadura 3DX.

RODAPEÇAS

HELLA

(Pador) A Pador, única marca que a Rodapeças comercializa, usa tecnologia cálcio/cálcio e nanotecnologia nas suas baterias mais avançadas. Tais tecnologias permitem o aumento das prestações das baterias, bem como da sua duração.

(Hella) As baterias mais avançadas da gama Hella são as AGM, pensadas para veículos equipados com sistema Start/Stop e travagem regenerativa. Usam separadores de fibra de vidro absorvente que suportam até quatro vezes mais ciclos de carga e descarga que uma bateria standard.

(Magneti Marelli, Banner, Maff, Automotive Parts) Para além das baterias da gama standard, o Stand Asla comercializa baterias de tecnologia mais específica e recente, como por exemplo baterias AGM.

STAND ASLA

KRAUTLI

ZF AFTERMARKET

(Yuasa, Synkra, Optima) É pela mão da Yuasa que surgem na Krautli as maiores novidades, como as tecnologias EFB e AGM, ambas destinadas a veículos com Start/Stop. Para viaturas sem Start/Stop existem as Yuasa

(Lucas, Safa) Os produtos mais avançados disponibilizados pela ZF Aftermarket são as baterias para veículos com sistemas Start/Stop com tecnologia AGM e EFB, com ou sem regeneração.

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ESPECIALISTA

BATERIAS

CUIDADOS A OBSERVAR

Tal como em todas as áreas de intervenção, um diagnóstico correto é a base de todo o processo, prevenindo a substituição da bateria sem que esta tenha qualquer relevância na avaria detetada. Caso haja necessidade de substituição, é aconselhável que o profissional leia atentamente a especificação da bateria previamente instalada, evitando a incorreta identificação da bateria a substituir, erro que se agrava com a crescente popularização da tecnologia Start/Stop. Para além disso, devem também ser tidos em linha de conta a utilização que o condutor fará da sua viatura, a par com o nível de equipamentos elétricos/ eletrónicos a bordo, aspetos também determinantes para a seleção da bateria correta. É de extrema importância a capacidade de passar para o cliente a informação necessária a uma escolha informada, apostando sempre na qualidade. Além de um melhor serviço, garante-se, assim, a fidelização de um cliente que perceba como o preço mais elevado corresponderá a uma vida útil mais longa e a menor número de substituições. Se o preço for um fator bloqueador para vender qualidade, é necessário explicar e mostrar ao cliente o porquê dessa diferença.

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Eleita a bateria e realizada a substituição, tendo em conta sempre as necessidades de ferramentas e equipamentos específicos para reprogramar toda a eletrónica do veículo, não deve ser descurado o correto armazenamento das baterias substituídas, não apenas para cumprir as normativas legais, mas também porque a reciclagem de baterias é um rendimento extra para as oficinas e um incentivo para a sua colocação junto de entidades que se encarregarão da sua reciclagem. Atualmente, cerca de 97% das baterias convencionais pode ser reciclado. É importante que os profissionais utilizem locais próprios para o armazenamento das baterias usadas, devendo estes ser cobertos e impermeabilizados, dentro de contentores estanques devidamente identificados e com tipologias e composições distintas. Proteger sempre os terminais das baterias (utilizando os protetores retirados das baterias novas) é outro cuidado a ter, além de garantir que as empresas a quem subcontratam a gestão deste (e de outros) resíduo é certificada, bem como assegurar-se de que o destino final do resíduo é o correto e que a documentação necessária e obrigatória está constantemente atualizada.

dados de alguns estudos, que, de acordo com a gestora, “apontam para que 70% dos automobilistas, quando alertados para o estado de carga e tempo de vida útil da bateria, optam pela troca imediata, não correndo o risco de virem a sofrer com uma possível falha”. Assim, e desde que as novas tecnologias de bateria encontrem apoio firme no mercado nacional, estas vendas adicionais, alavancadas por um produto tecnologicamente mais avançado e com um preço superior, aumentam o volume de faturação das empresas neste capítulo, como defende Francisco Abecassis. Ao assumir-se como especialista e parceiro de excelência para todos, a oficina ganha também um outro papel, o de conselheiro. Cabe, então ao profissional conseguir passar para o cliente a garantia de que o produto que vai colocar na sua viatura é de qualidade e adequado a todas as funcionalidades que deste componente dependem. À medida que o mercado vai ficando mais des-

NORMAS AMBIENTAIS A venda de baterias em superfícies comerciais, ao não respeitar algumas normas ambientais, desvirtua as regras da concorrência


perto para a temática da qualidade, a marca da bateria ganha um peso importante na decisão do cliente final, que se baseia na notoriedade da marca. Sendo o instalador ou um retalhista o decisor, essa influência esbate-se, pois estes têm conhecimento de muitas marcas com menor notoriedade, mas igual desempenho. Por isso, Manuel Vicente defende que o peso da marca na altura da compra tem vindo a reduzir-se. O mercado divide-se entre a procura por equipamentos de primeira linha e quem busca equipamentos de primeiro preço, cabendo aos profissionais achar uma solução à medida. Com formação específica no diagnóstico e na substituição e manutenção de baterias, a oficina pode fazer deste componente um negócio rentável. Para o conseguir terá de colocar a qualidade e a satisfação do cliente acima da poupança de alguns euros na compra da bateria a aplicar. Se assim for, a bateria ganha uma fatia maior no negócio total da oficina. /


NOTÍCIAS

INTERNACIONAIS

VALEO

CINCO INOVAÇÕES NO CES

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Valeo apresentou no CES, Consumer Electronics Show, cinco inovações de monta, que, no entender da marca, demonstram a sua capacidade pa ra oferecer sistemas tecnológicos inovadores, ao mesmo tempo que permitem compreen-

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der o que deverá ser o futuro do automóvel. A primeira destas inovações é o Valeo eCruise4U, uma tecnologia que permite a condução autónoma em ambiente urbano e que pôde ser experimentada no certame. O Valeo XtraVue foi outra das tecnologias em destaque: liga várias câmaras no exterior do veículo, oferecendo ao condutor uma visão periférica do que acontece na estrada, mesmo que esteja fora da sua linha de visão.

Por seu lado, o Valeo 360AEB Nearshield é um novo sistema de travagem autónoma de emergência que elimina os ângulos mortos e alerta os condutores para os obstáculos potenciais, podendo mesmo parar completamente o veículo se tal for necessário para impedir um acidente. Outra das inovações em estreia mundial no CES foi o Valeo C-Stream, um sistema que substitui o espelho retrovisor interior e mapeia a cabina, com o intuito de saber o número


SKF VISÃO PERIFÉRICA O sistema Valeo XtraVue promete dar um importante contributo à segurança rodoviária, ao recorrer a várias câmaras no exterior do veículo, para oferecer ao condutor uma visão periférica do que acontece na estrada

CÓDIGOS QR EM TODAS AS GAMAS

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SKF alargou a todas as suas gamas de produto a utilização de códigos QR, através dos quais os profissionais poderão ter acesso a informação técnica pertinente, para os apoiar na realização das intervenções. A informação não só é fácil de aceder, bastando possuir um smartphone ou um tablet com um leitor destes códigos, como é atualizada constantemente, via web. “Sabemos que ter a informação correta, no momento adequado, é um fator chave para os nossos clientes. Desta forma, podemos proporcionar-lhes informação atualizada ao momento”, diz Lars Rundgren, responsável de informação de dados de produto. Ao ler os códigos QR, os clientes da SKF terão acesso instantâneo a instruções de montagem; imagens do produto; diagramas do motor; vídeos; boletins técnicos; descrição do produto; conteúdo do kit e lista completa das suas possibilidades de aplicação.

MEYLE

100 NOVOS VEIOS DE TRANSMISSÃO

de pessoas dentro do carro, além de garantir que o condutor está alerta. A terminar este leque de tecnologias está o Valeo Cockpit the Experience of Traveling, uma solução única e original que combina uma nova gama de produtos desenhados para moldar a experiência sensorial associada às novas formas de mobilidade. Este foi o quarto ano consecutivo que a Valeo participou no CES, o principal salão mundial de eletrónica. /

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Meyle adicionou à sua gama cem veios de transmissão, para dar às oficinas a possibilidade de atenderem as necessidades de mais clientes, utilizando os seus produtos. Os veios de transmissão Meyle-Original são fabricados em aço especialmente forjado para essas aplicações e a massa utilizada foi adaptada de acordo com as exigências e cargas elevadas. Além disso, as braçadeiras de fixação com qualidade de equipamento original garantem uma fixação segura dos foles. Cada veio de transmissão Meyle-Original é controlado e testado de acordo com critérios previamente definidos.

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NOTÍCIAS

INTERNACIONAIS FORD

CRIAÇÃO DA OMNICRAFT PARA O AFTERMARKET

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Ford anunciou a criação de uma nova empresa, Omnicraft, que irá fornecer peças para os concessionários da marca. O objetivo é cobrir as necessidades de entre 85% e 90% dos veículos atualmente no mercado. O responsável pela divisão de Serviços aos Clientes da marca, Frederick Toney, refere que “agora, os clientes de veículos que não sejam da Ford têm acesso a componentes de qualidade com preços competitivos, apoiados pela Ford e instalados pelos seus técnicos certificados”. E a oferta será alargada, pois a Omnicraft disponibiliza já os 1500 componentes mais procurados na reparação de automóveis, numa lista que vai crescer progressivamente até às dez mil peças. A razão para esta aposta explica-se facilmente pelos valores que esta área de negócio representa atualmente, num total superior a 450 mil milhões de dólares, um volume de vendas que deve crescer 70% nos próximos seis anos. Por isso a Omnicraft pretende assegurar entre 10% e 15% deste valor global dentro de uma década, utilizando uma estratégia bastante simples, em que os fabricantes de componentes fornecem os seus produtos a esta nova empresa criada pela Ford, que posteriormente obtém lucros através da sua revenda a oficinas particulares e da utilização nos serviços da marca. Outro trunfo desta nova aposta passa pela capacidade de atrair mais clientes até aos espaços da marca americana, o que garante assim mais uma oportunidade de, enquanto eles estão nos concessionários, tentar convencer os automobilistas a adquirir um veículo da Ford. /

SITE DA TRW PREMIADO A TRW Aftermarket recebeu o Prémio Europeu de Excelência 2016 da revista “Communication Director”, na categoria de melhor website, pelo relançamento e novo design da página www. trwaftermarket.com.

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O desenvolvimento do website global foi realizado ao longo de um ano pela equipa de conteúdos digitais da TRW, em parceria com as suas agências digitais, a LAW Creative e a Ultimedia. De acordo com a marca, este trabalho foi responsável pelo aumento de 56% de sessões iniciadas em todo o mundo e de 41% de novos utilizadores. Enquanto parte integrante de um programa global mais abrangente, os Prémios Europeus de Excelência foram criados para reconhecer feitos notáveis da área do marketing e da comunicação.

CONTINENTAL LANÇA ATUALIZAÇÕES Através de uma parceria com a empresa de comunicações por satélite Inmarsat, a Continental possui uma nova solução para a atualização do software controlador dos componentes que o fabricante coloca nos automóveis. A tecnologia OTA (Over the air) já é utilizada há mais de dez anos e possibilita que o condutor não precise de se deslocar à oficina para realizar estas atualizações. A novidade é a inclusão das atualizações para as unidades de controlo de

todo o veículo, do conjunto motopropulsor ao sistema de infoentretenimento. “As novas funcionalidades e a maior complexidade dos sistemas, bem como a necessidade por segurança criou uma forte procura por atualizações realizadas em regime OTA”, afirma Helmut Matschi, membro do Conselho de Administração da Continental.


WABCO FORNECE SUSPENSÃO PARA SUV ELÉTRICO A Wabco revelou ter conseguido um acordo para o fornecimento do seu sistema de suspensão eletrico-pneumático Twin Cam para veículos elétricos a um construtor alemão, que o incluirá num SUV 100% elétrico, cuja produção se iniciará em finais de 2018. A Wabco refere que este acordo de fornecimento fortalece a sua posição enquanto provedor de sistemas pneumáticos de suspensão destinados ao segmento dos veículos elétricos de passageiros.


RAIO-X

COMERCIAL DO MÊS

VERSATILIDADE EM ALTA Com a Fullback, a Fiat estreia-se no segmento das pick-up. Assente na plataforma da Mitsubishi L200, o modelo tem na versatilidade o seu maior argumento, atraindo profissionais e aventureiros TEXTO JOSÉ MACÁRIO FOTOS JOSÉ BISPO

A

Fiat escolheu o nome Fullback para se estrear nas pick-up, substituindo a Strada. Para o conseguir, apoiou-se no know-how da Mitsubishi, uma fórmula cada vez mais seguida pelos construtores, criando economias de escala e poupando nos custos de produção. O resultado é a base mecânica da Mitsubishi L200 com uma roupagem latina, alinhando-se com a imagem de marca da Fiat, sem nunca se desviar da robustez, temática recorrente entre estas propostas. E isso a Fullback tem de sobra. Destaque para a suspensão de bom nível, que filtra quase na totalidade as irregularidades dos estradões de terra batida, ainda que não consiga estar a par com o nível de conforto dos SUV. Mas

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

também não é isso que se pede a uma pick-up. É verdade que, mais recentemente, este tipo de propostas tem mudado para acomodar os aventureiros de fim de semana, mas o modelo italiano oferece um bom compromisso entre as duas possibilidades de utilização. Mesmo na variante de cabina dupla, que alberga com conforto cinco ocupantes (em análise nestas linhas), a pick-up da Fiat consegue oferecer um compartimento de carga com capacidade para uma tonelada de carga, distribuída pela caixa de 1,52 metros de comprimento e 1,47 metros de largura. A capacidade de reboque de 3100 kg também é digna de menção. Para mover este conjunto, a Fiat elegeu o motor 2.4 diesel com 150 cv ou 180 cv. Na sua variante mais potente, a Fullback não pede licença para aceder às ordens do pé direito, logo desde os baixos regimes, uma mais-valia na hora de rolar por troços mais complicados. A caixa ma-

nual de seis relações, podendo ser mais precisa, é um bom aliado na redução dos consumos em asfalto, ainda que não tenhamos conseguido menos do que uma média de 8,7 l/100 km, algo acima dos 7,5 l/100 km anunciados pela marca em ciclo combinado. Mas é fácil ignorar este “pequeno” pormenor quando rolamos encosta acima, em picadas quase verticais, usando a tração integral com redutoras e bloqueio do diferencial, o modo mais extremo presente no seletor colocado na consola central, que serve ainda para escolher o modo 4HLC, com bloqueio do diferencial; 4H, sem bloqueio do diferencial e selecionável a velocidades de até 100 km/h; e 2H, a versão indicada para rolar no asfalto. Para aceder ao habitáculo é necessário utilizar os estribos laterais, de série juntamente com o degrau traseiro, que permite transpor os 85 cm que separam o solo da carga. Já no inte-


FIAT FULLBACK CABINE DUPLA 2.4 4X4 ADVENTURE 180 CV

CAPACIDADE EXTRA À vontade no asfalto como nas estradas de terra batida, a versatilidade é o maior argumento da Fullback, que, mesmo na variante cabina dupla, oferece espaço de sobra para cinco ocupantes e alberga uma tonelada de carga

rior, encontramos facilmente uma boa posição de condução, alta e a comandar a estrada, assim como um habitáculo espartano, mas que não compromete: os plásticos são algo duros, mas firmes e de bom nível, e não há ruídos parasitas. Com variados espaços de arrumação espalhados pela cabina, é na dotação tecnológica que esta Fullback mais surpreende. De série é a câmara de estacionamento, o rádio com ecrã tátil (navegação em pack) e ligação Bluetooth, o ar condicionado automático e o sistema Hill Holder. A estes somam-se, ainda, o Lane Departure Warning, o cruise-control e os sensores de luz e chuva, apenas para citar alguns. Custa 32 448 euros (+IVA), a variante mais potente e de tração integral da Fullback, que tem na versatilidade a sua valência maior, podendo agradar a um leque amplo de clientes, do profissional ao condutor que, ocasionalmente, sente o apelo da aventura. /

PREÇO 32 448 (+IVA) // MOTOR 4 CIL.; 2442; 180 CV; 3500 RPM // BINÁRIO 430 Nm // TRANSMISSÃO INTEGRAL; 6 VEL, manual // PESO 1875 KG // COMP./LARG./ALT. 5,28/1,78/1,77 // CONSUMO 7,5 (8,7*) l/100 KM// EMISSÕES CO2 n.d. G/KM // IUC 304,47€ // REPRISES 40-90 km/h n.d. // TRAVAGEM n.d. *As nossas medições

DESEMPENHO DO MOTOR / POSIÇÃO DE CONDUÇÃO

PLÁSTICOS DUROS / VIBRAÇÕES E IMPRECISÃO DA CAIXA

FEVEREIRO 2017 TURBO OFICINA

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RAIO-X

BMW SÉRIE 5

QUEM FAZ O QUÊ?

A

BMW é avessa a transformações radicais nos seus modelos, pelo que não espanta que o novo Série 5 ostente linhas semelhantes às do recente Série 7, mantendo, no entanto, o caráter desportivo que está no ADN da marca alemã. Apesar de parecido, o Série 5 não usa fibra de carbono, como o Série 7, apostando antes no alumínio, tanto no chassis como na carroçaria, cujas soldaduras a laser são da responsabilidade da Voestalpine. Como seria de esperar, o interior respira qualidade. A ergonomia continua em alta, com nota para o apoio lombar pneumático dos bancos, a cargo da Kongsberg Automotive, e para o teto de abrir, fornecido pela Webasto, que pode montar um módulo com sistema de reconhecimento gestual, da responsabilidade da Delphi, e rola sobre calhas da SMIA. O isolamento acústico da Faist Chemtec ajuda a viagens mais tranquilas, bem como sistema áudio premium Harman Kardon, originário da Harman/Becker. Na segurança, a Autoliv é responsável pelo fornecimento dos cintos dianteiros e traseiros, bem como pelo interruptor pirotécnico de segurança, que desliga a bateria em caso de impacto. Debaixo do capot está um de quatro blocos: 3.0 e 2.0, ambos disponíveis nas variantes Diesel e gasolina, estando os 2.0 munidos de uma bomba mecânica da Saleri. Em ambos, as chavetas das válvulas provêm da Federal-Mogul e a junta da cabeça é da Dana. Quase todos os motores contam com uma caixa automática Steptronic de 9 velocidades e a ligação do veio de transmissão ao diferencial traseiro é garantida pela Amtek Tekfor. Veja quem faz o quê na berlina alemã na tabela ao lado. /

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

FORNECEDOR COMPONENTE AUTOLIV Interruptor pirotécnico de segurança (desliga a bateria em caso de impacto) BROSE Abertura inteligente da mala (Sensor capacitativo) COBA PLASTICS Apoio de braço co-extrudido CULTRARO AUTOMAZIONE ENGINEERING Molas pneumáticas do apoio de braços dianteiro DANA Junta da cabeça do motor DELPHI Módulo do teto com sistema de reconhecimento gestual DENSO Embraiagem do compressor FAIST CHEMTEC Isolamento acústico HARMAN/BECKER Sistema audio premium Harman Kardon KAUTEX TEXTRON Filtro de vapores do depósito (NGCC) MAHLE Radiador do óleo de transmissão SALERI Bomba mecânica (todos os motores exceto 6 cil.) SCHAEFFLER Módulo de gestão térmica UFI FILTERS Módulo do filtro de óleo, incluindo o radiador de óleo (e elemento do filtro) WEBASTO Teto de abrir clássico AMTEK TEKFOR Ligação do veio de transmissão ao diferencial traseiro AUTOLIV Cintos de segurança (dianteiros e traseiros) CARLEX Faróis traseiros FEDERAL-MOGUL Chavetas das válvulas GRUPO ANTOLIN Iluminação interior da bagageira HIRSCHVOGEL UMFORMTECHNIK Garfos do amortecedor KONGSBERG AUTOMOTIVE Apoio lombar pneumático (bancos) MARQUARDT Interruptor do gancho de reboque MEGATECH INDUSTRIES Compartimento de objetos RÖCHLING AUTOMOTIVE Isolante do painel lateral SUPERALLOY INDUSTRIAL CO. LTD Jantes SMIA Calhas do tejadilho TAJCO A/S Ponteiras de escape VALEO Sistemas de limpa para-brisas VOESTALPINE Soldaduras a laser



RAIO-X

BARÓMETRO

MELHORIA CONTINUADA Concluído o ano de 2016, o setor continua a dar sinais de melhoria, com menos encerramentos e insolvências, contrapostos, no entanto, pelo decréscimo no nascimento de novas empresas

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

TECIDO EMPRESARIAL DO SETOR DEZEMBRO 2016

EM NÚMERO

NORTE 4966

CENTRO 3340

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 3326

ALENTEJO 852

ALGARVE 459 R. A. AÇORES 198

R. A. MADEIRA 268

EM PERCENTAGEM 37,0

3,4

1,5

2,0 MADEIRA

ALENTEJO

A. M. LISBOA

6,4

AÇORES

24,8

ALGARVE

24,9

CENTRO

GRANDES DESCIDAS É no subsegmento dos grossistas de peças e acessórios auto que se registam as maiores descidas. Em toda a linha. O nascimento de novas empresas registou uma descida de 15,9% face ao verificado em 2015, ao mesmo tempo que os encerramentos se cifraram em 27, conseguindo assim um decréscimo de 20,6% em comparação com o ano de 2015, altura em que encerraram 34 empresas neste subsegmento. Com 10 insolvências acumu-

ladas, os dados de 2016 apontam para uma descida de 37,5% nesta categoria face ao conseguido em 2015. O panorama do subsegmento dos retalhistas de peças e acessórios auto não difere muito do dos grossistas, exceto no que respeita aos encerramentos, que apresentaram um registo sem variação face ao conseguido em 2015, tendo encerrado em ambos os anos um total de 61 empresas. Ao mesmo tempo, é neste subsegmento que surge a segunda maior descida no nascimento de novas empresas, com 112 registos em 2016, menos 15,2% do que os 132 acumulados no final de 2015. Descida significativa foi também a das insolvências, com 2016 a registar menos 28,6% ocorrências do que no ano anterior. Uma análise regional dos dados revela que o setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto cresce apenas na Área Metropolitana de Lisboa, a terceira maior no que respeita ao tecido empresarial, com 24,8% das empresas, depois do Norte, onde têm sede 37% das empresas do setor, e do Centro, com 24,9% do total, respetivamente. Ao aumento de nascimentos registado na Área Metropolitana de Lisboa, que foi de 15,9%, contrapõe-se a descida generalizada nas restantes regiões, oscilando entre os 42,1% registados na Região Autónoma dos Açores e os 9,1% da Região Centro. Se a Área Metropolitana de Lisboa apresentava o melhor registo no que respeita a nascimento de novas empresas do setor, não vai além do pior na categoria do encerramento de empresas, com uma variação nula face a 2015. Sem nenhuma subida neste particular, a maior descida registou-se no Algarve, onde fecharam menos 63,2% de empresas do que em 2015, seguindo-se a Região Autónoma da Madeira (37,5%) e a Região Autónoma dos Açores (25%). É, também, nesta região autónoma que se verifica o maior aumento do número de insolvências, uns impressionantes 200% face ao registado em 2015. Segue-se a região do Algarve, com 100% de crescimento em 2016 face ao ano anterior, e o Alentejo, com uma variação nula. Todas as restantes regiões apresentaram uma descida nas insolvências das suas empresas, merecendo destaque a Região Autónoma da Madeira, com menos 83,3% do que em 2015. /

NORTE

P

ara o setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto, o ano de 2016 saldou-se numa descida generalizada. Se, por um lado, as descidas de 9% no encerramento de empresas e de 24,6% no que respeita a insolvências apontam para uma melhoria neste segmento de mercado, apoiada pela retoma da economia portuguesa, por outro, a descida de 4,8% registada no que respeita ao aparecimento no mercado de novas empresas ligadas ao setor indicia que os empresários não se sentem ainda atraídos o suficiente por esta área de negócio, o que levanta algumas questões sobre a sustentabilidade futura do setor e a sua atualidade. Esta tendência generalizada de descida é apenas contrariada pelo subsegmento dos concessionários auto, que regista um total de 500 novas empresas, uma variação positiva de 7,5% face a 2015. Este valor consegue cobrir o também aumento nos encerramentos das empresas, que foi de 4,5% face a 2015. Outro bom indicador é a grande descida do número de insolvências, que caiu de 38 em 2015 para 29 em 2016, uma descida de 23, 7%. Entre as oficinas, a descida das insolvências também é significativa, ainda que ligeiramente inferior: 20%, face a 2015. Soma-se a este registo a descida de 17% no que respeita ao encerramento de oficinas e o resultado é de prosperidade. No entanto, a descida de 11,4% no nascimento de novas empresas revela que o setor ainda não está livre de dificuldades e que os empresários estão a apostar menos nele. Ainda assim, merece registo o nascimento de 468 novas oficinas no ano passado.


PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS AUTO, POR REGIÃO DINÂMICA NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) INSOLVÊNCIAS REGIONAL DO SETOR ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO DEZEMBRO 2016 HOMÓLOGA DEZEMBRO 2016 HOMÓLOGA DEZEMBRO 2016 HOMÓLOGA ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) NORTE

448 -10,8%

176 -10,7%

43 -30,6%

CENTRO

229 -9,1%

94 -1,1%

26 -7,1%

ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

358

119

24

ALENTEJO

52 -11,9%

ALGARVE

33 -21,4% 7 -63,2% 4 100,0%

R. A. AÇORES

11

-42,1%

3

-25,0%

3

200,0%

R. A. MADEIRA

20

-23,1%

10

-37,5%

1

-83,3%

TOTAL

1151 -4,8%

15,9%

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO

0,0%

24 -7,7%

433 -9,0%

-35,1%

6 0,0%

107 -24,6%

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO

(CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros)

VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)

VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)

DEZ. 2016 ACUMULADO DEZ. 2015 DEZ. 2016

ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 15 EMPRESARIAL

DEZ. 2016 ACUMULADO DEZ. 2015 DEZ. 2016

ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 2015 EMPRESARIAL

NASCIMENTOS

NASCIMENTOS

99

1.151

79

1.209

-4,8% -2,4%

ENCERRAMENTOS 69

433

90

476

-9,0% -6,8%

INSOLVÊNCIAS 5

107

4

142

-24,6% -23,1%

(CONSTITUIÇÕES) (EXTINÇÕES)

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DAS OFICINAS

(45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis)

42

500

29

465

7,5% -2,4%

ENCERRAMENTOS 15

140

27

134

4,5% -6,8%

(CONSTITUIÇÕES) (EXTINÇÕES)

INSOLVÊNCIAS 0 29 0 38 -23,7% -23,1%

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS GROSSISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO

(45310 - Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis)

VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)

VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%)

DEZ. 2016 ACUMULADO DEZ. 2015 DEZ. 2016

ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 2015 EMPRESARIAL

DEZ. 2016 ACUMULADO DEZ. 2015 DEZ. 2016

ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 2015 EMPRESARIAL

NASCIMENTOS

543

NASCIMENTOS

(CONSTITUIÇÕES)

37

ENCERRAMENTOS 35

(EXTINÇÕES)

INSOLVÊNCIAS 1

481

39

-11,4% -2,4%

9

58

3

69

-15,9% -2,4%

ENCERRAMENTOS 7

27

3

34

-20,6% -6,8%

(CONSTITUIÇÕES)

205

46

247

-17,0% -6,8%

(EXTINÇÕES)

48

3

60

-20,0% -23,1%

INSOLVÊNCIAS 0 10 0 16 -37,5% -23,1%

PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS RETALHISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO

(45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis)

VARIAÇÃO HOMÓLOGA DINÂMICA SETOR ACUMULADA (%) FONTES: ANÁLISE INFORMA D&B; DADOS: PUBLICAÇÕES DE ATOS SOCIETÁRIOS E PORTAL CITIUS /MINISTÉRIO DA JUSTIÇA *Toda a informação introduzida na base de dados Informa D&B é dinâmica, encontrando-se sujeita à publicação tardia de alguns atos e às alterações diárias de diversas fontes.

DEZ. 2016 ACUMULADO DEZ. 2015 DEZ. 2016

ACUMULADO SETOR TECIDO DEZ. 2015 EMPRESARIAL

NASCIMENTOS

11

112

8

132

-15,2% -2,4%

ENCERRAMENTOS 12

61

14

61

0,0% -6,8%

INSOLVÊNCIAS 4

20

1

28

-28,6% -23,1%

(CONSTITUIÇÕES) (EXTINÇÕES)

FICHA TÉCNICA Universo de organizações - Tecido Empresarial O Tecido Empresarial considerado engloba a informação relativa às organizações ativas com sede em Portugal, sob as formas jurídicas de sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades unipessoais, entidades públicas, associações, cooperativas e outras sociedades (os empresários em nome individual não fazem parte deste universo de estudo). Consideram-se as empresas classificadas em todas as secções da CAE V3.0. Universo de setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto Organizações ativas do tecido empresarial classificadas nas seguintes secções da CAE V3.0.: Grossistas auto: CAE 45310- Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis Retalhistas auto: CAE 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis

Concessionários auto: CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros Oficinas: CAE 45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis Nascimentos Entidades constituídas no período considerado, com publicação de constituição no portal de atos societários do Ministério da Justiça. Encerramentos Entidades extintas no período considerado, com publicação de extinção no portal de atos societários do Ministério da Justiça (não são consideradas as extinções com origem em procedimentos administrativos de dissolução). Entidades com insolvências Entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça.

Regiões As entidades foram classificadas através da localização da sua sede, representando as 7 unidades da NUTS II de Portugal (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS)). A Informa D&B é especialista no conhecimento do tecido empresarial e através de análises inovadoras, disponibiliza o acesso a informação atualizada e relevante sobre a atividade de empresas e gestores, fundamental para a condução dos negócios dos seus clientes. A Informa D&B está integrada na maior rede mundial de informação empresarial, a D&B Worldwide Network, com acesso aos dados de mais de 245 milhões de agentes económicos em 221 países. www.informadb.pt (+351) 213 500 300 informadb@informadb.pt

FEVEREIRO 2017 TURBO OFICINA

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REPARAÇÃO

ESPETROFOTÓMETROS

VER PARA CRER? Embora quando apareceu no mercado de reparações de pintura o espetrofotómetro parecesse um dispositivo destinado a distribuidores e a umas quantas oficinas, atualmente são muitas mais as oficinas que dispõem desta ferramenta de cor para a tarefa de identificação da cor do veículo. Esta parte do processo de pintura é fundamental para se obter um bom acabamento, que consiga o melhor ajuste e precisão na cor, o que nem sempre é fácil TEXTO PILAR SANTOS

A

cor de um veículo é uma ferramenta de vendas eficaz. Um bom design e uma boa engenharia acompanhados de uma cor impactante e atrativa têm uma incidência direta nas vendas, sendo que no exterior do automóvel, o que vemos à primeira

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

vista, é em grande parte a cor da carroçaria. Na atualidade, as tendências cromáticas na indústria automóvel estão a apostar nas cores complexas e variadas, cores mais profundas, vivas e atrevidas. Efetivamente estas cores atingem o seu objetivo, chamar a atenção, mas depois, na oficina de repintura, conseguir o ajuste de cor perfeito pode implicar um desafio ao pintor ou pintora. As tricamadas com vernizes coloridos, os novos acaba-

mentos bronze, prata, cobre, acabamentos com textura sobre base com pigmentos de efeito, acabamentos mate, etc., devem ser repostos na oficina. A igualação da cor é fundamental para se conseguir um acabamento de qualidade ou uma reparação invisível e trata-se de uma operação que pode ser complicada em algumas ocasiões. Recorrendo-se à tecnologia, adaptou-se o espetrofotómetro, um leitor digital de cor que


Medição com espetrofotómetro da Sikkens Calibragem com os padrões Standox

já se utilizava nos laboratórios de cor ou nas linhas de pintura no fabrico, às necessidades das oficinas de repintura. O objetivo deste dispositivo eletrónico é, por um lado, a poupança de tempo no processo de identificação da cor e, por outro, permitir uma igualação de cor muito mais precisa, com uma base de dados muito maior que as cartas de cor. Há que ter em conta que são tão importantes as qualidades do espe-

trofotómetro que se utilize como as do software desenvolvido para transferir as medidas e proporcionar os dados necessários para a preparação da cor. As cartas de cor disponibilizadas pelos fabricantes de tintas são uma ferramenta muito valiosa para a identificação da cor, mas apresentam alguns inconvenientes. Por parte das marcas de tintas e dos distribuidores, o elevado preço que implica a sua produção, atualização e distribuição e, por parte das oficinas, o tempo que implica a sua atualização, colocando as cartas na posição correspondente. Além disso, é impossível dispor de todas as formulações de cor na carta; a base de dados no programa é muito mais extensa. No entanto, atualmente ainda parece que é necessário “ver para crer”, e o espetrofotómetro não substituiu as cartas de cor, mas complementam-se, e depois da informação disponibilizada pelo espetrofotómetro procuram-se as cartas de cor com os melhores valores de ajuste, se estiverem disponíveis em carta. Pode ser que no futuro as cartas de cor desapareçam e apenas fique o espetrofotómetro com o software para realizar a tarefa de identificação e ajuste da cor, e talvez seja antes do que pensamos.

DESAFIOS PARA OS ESPETROFOTÓMETROS Desde os primeiros modelos apresentados até aos de hoje em dia, os espetrofotómetros e os seus respetivos programas melhoraram e ampliaram a informação e as possibilidades que disponibilizam às oficinas. No entanto, em alguns acabamentos podem apresentar dificuldades ou a utilização dos mesmos pode mesmo não ser possível. É o caso dos acabamentos mate, tricamada, texturados ou os camaleónicos que mudam de color consoante a incidência da luz. Em contrapartida, a utilização do espetro pode ajudar em geral e em situações nas quais as cartas de cor podem ter problemas, como no caso de veículos sem informação do código de cor (placa eliminada ou repintura com outra cor), veículos com a cor degradada ou códigos com muitas variantes. PASSOS NA UTILIZAÇÃO DO ESPETROFOTÓMETRO Calibrar periodicamente O equipamento deve ser calibrado segundo as recomendações dadas pela marca de tinta, utilizando os dispositivos e placas que o

FEVEREIRO 2017 TURBO OFICINA

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REPARAÇÃO

ESPETROFOTÓMETROS

Ecrã com programa Standox e Sikkens

acompanham. Estas devem ser protegidas contra a luz externa e poeira. Se for necessário limpá-las, passa-se um pano suave para evitar riscá-las e sem se utilizar dissolventes. A calibragem do equipamento realiza-se com branco, preto e por vezes outra cor cromática, podendo variar a frequência necessária de calibragem segundo o equipamento e o padrão. Geralmente, é o espetro que indica quando se deve realizar antes da tomada de medidas. Limpar a superfície A superfície sobre a qual se faz a medição deve estar limpa e sem riscos. É recomendável polir a superfície antes de realizar a medição para evitar dados erróneos no caso do acabamento não se encontrar em boas condições. Temperatura da superfície O ideal é que a superfície sobre a qual se faz a medição esteja a cerca de 20 ± 5 ºC. Com temperaturas muito baixas ou muito altas, a leitura pode originar valores erróneos. Superfície de medição Fazer a medição numa superfície plana o mais próximo possível da peça a pintar. Em superfícies irregulares ou cur vas, os sensores de pressão não se apoiam bem e podem fazer que seja filtrada luz para a lente; nestes casos o espetro dará erro de medida. Também é importante efetuar a leitura o mais próximo possível da peça a repintar,

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

visto que o veículo pode ter sido repintado e não apresentar o mesmo acabamento em toda a carroçaria. Tamanho do grão Para além da cor, nos acabamentos de efeito, o tamanho da partícula desempenha um papel importante na obtenção do melhor ajuste. Pode conseguir-se um bom ajuste da colorística, mas se o tamanho da partícula não coincidir, irá notar-se uma clara diferença entre ambos os acabamentos. Tomada de dados e identificação da cor Cada marca recomenda a quantidade de leituras e indica como se devem realizar. Geralmente, realizam-se 3 ou 5 medições a partir de diferentes ângulos num mesmo ponto. Uma vez descarregada a medição no programa, poderá realizar-se um filtro da base de dados especificando a marca do veículo, o código, se se trata de acabamento liso ou de efeito e, inclusivamente, o tamanho do grão se o espetro não o ler automaticamente. Existem marcas de tinta que recomendam filtrar sempre pelo menos pela marca do veículo. Outras, no entanto, recomendam uma busca colorimétrica, sem filtrar por marca e código. O programa proporciona uma lista com as diferentes opções ordenadas segundo um índice de ajuste, que é a diferença entre a medição realizada e a base de dados. Este índice é mostrado em diferentes formatos consoante a marca, seja mediante valores numéricos, estrelas ou

com as cores vermelho (não aplicável), amarelo (comprovar com referência visual) ou verde (aplicável). Além dos índices de ajuste, os programas disponibilizam diferente informação para se conseguir selecionar a fórmula de cor mais parecida, como imagens dos acabamentos para comparar visualmente no ecrã o que foi medido com os da base de dados, gráficos comparativos, índice metamétrico, e a possibilidade de modificar a fórmula da base de dados para a ajustar aos valores obtidos na medição variando as percentagens dos básicos da mistura que o compõem. Amostra de verificação É aconselhável que antes de se aplicar a cor sobre o veículo se pinte uma amostra de cor com a cor selecionada para a comparar com o veículo e verificar se o ajuste está correto. No caso de cores reajustadas deverá realizar-se sempre este passo. As amostras pintadas serão identificadas e guardadas para o caso de serem necessárias posteriormente. A utilização do espetrofotómetro nas oficinas de repintura tem como objetivo facilitar e melhorar o ajuste da cor mediante a combinação de um equipamento de leitura portátil, uma grande base de dados e um programa que proporciona a informação para selecionar a melhor opção disponível. Além do mais, estes três elementos continuam em constante evolução e ainda se preveem novos avanços que influenciarão esta operação de repintura. /



REPARAÇÃO

PINTURA

O SISTEMA TRICAMADA NA PINTURA DE AUTOMÓVEIS O fabrico em série, que permitia reduzir o tempo e os custos de produção, fez com que as vendas do modelo T da Ford disparassem. Mas para tal, só podia ser preto. Em 1926, esta medida foi suprimida. As vendas tinham diminuído, visto que a concorrência oferecia veículos de diferentes cores. Porque a cor influencia efetivamente na escolha do automóvel… TEXTO FLORENCIO MARTÍNEZ RODRÍGUEZ

T

odos os fabricantes de veículos dispõem no catálogo de 8 a 12 cores (monocamada, bicamada sólido, metalizado e perolado) para que o cliente escolha a opção que mais gosta. Alguns modelos mais desportivos ou de alta gama dispõem de tonalidades extra ou de cores exclusivas. O pigmento é o que transfere a cor para a tinta – partículas muito pequenas de di-

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TURBO OFICINA FEVEREIRO 2017

ferentes materiais – enquanto o brilho é conferido pela resina, que também é aglutinante da tinta. Assim, o nome genérico da tinta é o do seu tipo de resina: acrílica, sintética, aquosa, etc. Ou, mais popularmente, pelo seu tipo de pigmento: sólido, metálico, perolado... Pigmentos corantes ou sólidos: são substâncias orgânicas e inorgânicas, com grande poder de cobertura, que permitem uma elevada opacidade à própria cor. Com eles podem obter-se praticamente todas as cores: primá-

rias (vermelhos, azuis e amarelos), secundárias, assim como o branco e preto. Pigmentos metalizados: são partículas de alumínio que transferem para a tinta o aspeto de metal e lhe proporcionam um elevado grau de opacidade. O efeito metalizado consegue-se dependendo da sua granulometria (fino, médio ou grosso) e da sua forma (irregular ou lenticular). A maioria são prateados, mas também os há em tons dourados. Pigmentos perolados: também conhecidos como nacarados, são elaborados a partir da


CORES SÓLIDOS

METALIZADOS

PEROLADA

PIGMENTOS ESPECIAIS

TRICAMADAS SÃO UMA CAMADA DE FUNDO, OUTRA DE EFEITO E A ÚLTIMA DE VERNIZ

mica, revestida com um óxido metálico. A espessura deste revestimento é o que lhe confere o tom do reflexo perolado, que pode ser azulado, esverdeado, avermelhado, etc. Pigmentos especiais: trata-se de partículas muito caraterísticas que se utilizam em determinadas cores. Estes são do tipo Xirallic. NÚMERO DE CAMADAS O sistema de pintura de um automóvel é classificado pelo número de camadas de tinta de acabamento (cor e verniz). Por isso, esta classificação denomina-se como sistemas de acabamento. Os mais utilizados são monocamada, bicamada e tricamada e, em função destes, muda o processo de pintura. Monocamada: o seu próprio nome indica que o acabamento é realizado com uma única camada. Nela incluem-se todas estas caraterísticas: cor, brilho, resistência, dureza, proteção

ultravioleta… No setor automóvel, atualmente, para esta tinta utilizam-se resinas acrílicas e pigmentos sólidos ou corantes. Uma variante da monocamada é o acabamento texturado ou rugoso. A camada de tinta contém resina, cor e umas partículas diminutas de poliéster, que lhe dão a rugosidade. Bicamada: é o sistema de acabamento mais utilizado atualmente. Aplica-se uma primeira camada de cor – esta dá o nome ao tipo de bicamada – e uma segunda de verniz, que proporciona brilho, resistência e proteção à cor. A resina da cor bicamada atual é aquosa. Nela estão ligados os pigmentos que formam a cor e que, consoante a mistura e proporções, originam umas cores e efeitos diferentes. Conforme o efeito, recebem o nome de cor bicamada: Sólida: os pigmentos são exclusivamente corantes ou sólidos. O acabamento não apre-

senta nenhum efeito, apenas cor (branco, vermelho, preto, azul…). Metalizada: em geral, este acabamento combina pigmentos metálicos e sólidos (estes últimos em proporções muito pequenas), para dar um tom à cor e não encobrir o efeito de metal. Perolada: é a que mais tipos de pigmentos pode incorporar. É muito habitual que uma cor bicamada perolada reúna pigmentos perolados, sólidos e metalizados, e algumas cores, também pigmentos especiais, tipo “Xirallic”. Tricamada: este sistema de acabamento é formado por duas camadas de cor, uma de fundo e outra de efeito. A de efeito permite que parte da luz trespasse e reflita a camada de fundo, proporcionando uma mistura de efeitos de profundidade e reflexos impossíveis de reproduzir com um sistema bicamada. Termina com o verniz.

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REPARAÇÃO

PINTURA

A TABELA DE PINTURA CESVIMAP INCLUI OS TEMPOS E MATERIAIS DA PINTURA TRICAMADA COMO SÃO AS TRICAMADAS? A ordem de aplicação das camadas de acabamento é a seguinte: A cor de fundo é a primeira camada e dá o tom genérico ao acabamento tricamada. É elaborada com básicos bicamada, principalmente sólidos. Embora em algumas tricamadas se utilizem conjuntamente com as cores sólidas, básicos metalizados e/ou perolados. A segunda é uma camada de efeito que se elabora com grande quantidade de resina e pequenas quantidades de básicos convencionais, metálicos, perolados e Xirallic. As proporções de cada produto dependerão do efeito que se pretenda conseguir.

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A terceira camada, a de verniz, confere o brilho, a resistência e a proteção. Alguns acabamentos especiais podem ser classificados erroneamente como tricamada, embora na realidade, segundo o seu processo e camadas de acabamento, sejam sistemas bicamada. Vejamos exemplos: Uma camada de fundo – não de cor de fundo – com aparelho em escala de cinzentos ou colorível em versão húmido sobre húmido ou lixável. Em seguida, a camada de efeito, para finalizar com a de verniz. Este tipo de acabamento bicamada realiza-se em cores peroladas com muito baixo poder de cobertura. Uma camada de cor metalizada, seguida de outra de verniz colorido. Desta forma, destaca-

-se o efeito de metal da cor bicamada e cria-se um tom interferente no brilho. Em ambos os casos, o tempo de pintura e o consumo de materiais são menores que os que se conseguem num sistema de pintura tricamada. Desde há décadas que se aplica o acabamento tricamada nos automóveis, mas apenas em modelos exclusivos. Era uma opção com um preço elevado. Atualmente, as cores tricamada têm um custo mais reduzido, embora, como é lógico, sejam sempre mais caras que as bicamada. Ainda assim, uma grande maioria de fabricantes incluiu-as no catálogo de cores dos seus novos modelos (se bem que são os menos vendidos das opções destes, devido ao seu elevado custo adicional). REPARAÇÃO EM ACABAMENTOS TRICAMADA Na reparação destas cores, o pintor assume um desafio maior. Terá que enfrentar parti-


cularidades adicionais em relação ao sistema bicamada. A igualação correta da cor reside na camada de efeito. Assim, a espessura da camada final de cor será maior. Será necessário um processo metódico para uma sobreposição perfeita entre as camadas originais do veículo e as aplicadas na reparação. O acabamento tricamada também exige mais tempo em relação ao bicamada devido à igualação da cor, à elaboração e aplicação da camada de efeito, ao tempo de evaporação entre demãos e à lavagem da pistola aerográfica. O custo dos materiais também aumenta num sistema tricamada: os materiais utilizados na camada de efeito, o recipiente para a mistura da cor e o produto de lavagem da pistola. A Tabela de Pintura CESVIMAP inclui os tempos de processo de pintura tricamada e o custo dos materiais, como sistema tricamada para peças metálicas e plásticas e sistema tricamada com verniz antirriscos para as metá-

licas exteriores. Além disso, a Tabela indica os gramas de produto base de: primário-aparelho, cor de fundo, cor da camada de efeito, verniz (UHS e antirriscos). As cores tricamada, na fórmula da cor que são disponibilizadas pela marca de tinta, apresentam duas fórmulas, uma para a cor de fundo e outra para a camada de efeito. A cor branca é a mais utilizada nos sistemas tricamada. Alguns fabricantes de tinta dispõem de certas cores originais tricamada que por sua vez também formulam em versão bicamada para reparação. Por outro lado, as novas cores e acabamentos que os fabricantes de automóveis incorporam como novidade nos seus veículos e que os de tintas desenvolvem para reparação geram fórmulas, processos, produtos… Esta informação é partilhada com a CESVIMAP e analisada pelos nossos técnicos com diversas finalidades, entre as quais, manter constantemente atualizada a Tabela de Pintura. /

PARA SABER MAIS Área de Pintura. pintura@cesvimap.com Pintura de Automóveis. CESVIMAP, 2009 www.revistacesvimap.com @revistacesvimap

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REPARAÇÃO

MANUTENÇÃO

Ford Ranger Cabina Dupla 2.2 TDCi 160 XLT 4x4

FORD RANGER A nova geração da pick-up americana é um compêndio de conforto e tecnologia, o que lhe permite ser usada para trabalho ou lazer. A manutenção é algo elevada e ascende a €6,38/100 km TEXTO JOSÉ MACÁRIO

A

nova Ford Ranger ostenta linhas que não deixam indiferente o adepto deste tipo de veículos, esteja ele à procura de um carro de trabalho ou de lazer. Face à anterior pick-up americana, notam-se os retoques no desenho da dianteira, onde pontuam o novo capot e a grelha revista, para um aspeto mais moderno, sem retirar a ideia de imponência e força. A par da imagem aprimorada e dos novos motores, a nova Ford Ranger oferece um pacote alargado de tecnologia: além do ecrã tátil e do SYNC2, surge na lista de equipamento o cruise-control adaptativo, a ajuda à manutenção de faixa, a assistência ao arranque em subida e o controlo de descida, assim como o controlo adaptativo de carga e a assistência à travagem de emergência. Tal aumento da oferta requer manutenção extra, o que eleva a fasquia para os 6,38 euros por cada 100 km percorridos. Analisando, como habitualmente, um período de 48 meses e 12 mil km, a variante da cabina dupla da nova Ranger, com motor 2.2 TDi de 160 cv, tração integral e nível de equipamento XLT, obriga ao dispêndio de €7 660,75 para cumprir o plano de manutenção preconizado pela Ford. As peças de desgaste consomem a fatia de leão deste montante, com um total de €3679,17. O sistema de travagem obriga ao maior gasto. Vejamos: €724,56 para a troca de pastilhas dianteiras, €528,72 para as traseiras, €774,00

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para a troca dos discos dianteiros e €358,19 para os traseiros. Ainda no que respeita às peças de desgaste, há que contar com a troca da correia de distribuição (€102,15), da embraiagem (€943,55) e com a carga do ar condicionado (€100,00). Munida de série com pneus 255/70 R16T, as dez trocas preconizadas pela marca indiciam um gasto de €1874,26 com pneumáticos, a que se devem ainda juntar €60,00 para o alinhamento da direção, €85,20 para a equilibragem das rodas e €29,30 para as trocas de válvulas. As revisões compõem a terceira maior parcela dos gastos. Os €1055,54 necessários para cumprir o plano de manutenção dividem-se entre os €399,60 de mão de obra, tendo em conta o valor médio nacional de €37/hora e as 10,8 horas necessárias para realizar os trabalhos propostos. Os quatro enchimentos do cárter levam €328,32 do total, valor alcançado atendendo aos €9,60/litro do recomendado óleo semissintético. Aos valores descritos há ainda que juntar €58,64 para a troca de filtro de óleo, €112,18 para a do ar, €74,72 para a trica do filtro de pólen e ainda €82,08 para a troca do filtro de combustível. Como sempre, para finalizar as contas deve contabilizar-se ainda €81 para a Inspeção Periódica Obrigatória e €796,28 para a inflação. A todos os valores apresentados acresce o IVA à taxa legal em vigor. Para mais informações, contacte Luís Ribeirinho, diretor comercial da 4Fleet, através do telefone 910 401 216 ou do e-mail luis. ribeirinho@4fleet.pt. /

Caraterísticas do Veículo Potência (cv) 160 Cilindrada (cc) 2198 EuroNCap 96/86/81 CO2 171 Tração / Transmissão Integral / AWD / 4*4 / Manual Caixa de Velocidades 6 Velocidades Carroçaria Pick Up Valor N.º Substi. Revisões 1.055,54 € Mão de obra 399,60 € [10,80] Óleo 328,32 € [4] Capacidade do carter (litros) 8,55 Tipo de óleo Semi Sintético Filtro de Óleo 58,64 € [4] Filtro de Ar 112,18 € [2] Filtro de Pólen 74,72 € [4] Filtro de Combustível 82,08 € [2] Velas - € [0] Desgaste 3.679,17 € Escovas Limpa Para Brisas Frente 148,00 € [4] Escovas Limpa Para Brisas Tras - € [0] Pastilhas Frente 724,56 € [6] Pastilhas Tras 528,72 € [3] Discos Frente 774,00 € [2] Discos Tras 358,19 € [1] Liquido de Travão - € [4] Correia Distribuição 102,15 € [1] Embraiagem 943,55 € [1] Carga Ar Condicionado 100,00 € [1] Escape - € [0] Bateria - € [0] Amortecedor Frente - € [0] Amortecedor Tras - € [0] Bomba Agua - € [0] Filtro Particulas - € [0] Tarefas Extra - € Avarias - € Elétricas - € Total - € Pneus 2.048,76 € Pneus Frente 255/70 R16T Pneus Trás 255/70 R16T Pneus 1.874,26 € [10] Alinhamento de Direção 60,00 € [3] Equilibragem 85,20 € [10] Válvula 29,30 € [10] Outros 877,28 € IPO 81,00 € Inflação 796,28 € Ajustes - € Custos de Manutenção Total 7.660,75 € /100 kms 6,38 € Consumo misto - l / 100 kms IUC * Valores sem iva



REPARAÇÃO

TÉCNICA

EMBRAIAGEM Em parceria com a Revista Técnica do Automóvel, explicamos os principais procedimentos a realizar para proceder à substituição da embraiagem dos modelos Golf IV e Bora, da Volkswagen, equipados com motores a gasolina

N

este artigo, abordaremos as embraiagens das caixas O2K e O2j Dados técnicos Embraiagem (Caixa 02K) Embraiagem monodisco em seco de comando hidráulico com mola de assistência, prato de arrastamento e volante motor invertido de tipo impulsionado. Mecanismo de diafragma incorporado ao prato de arrastamento com prato de embraiagem, disco com cubo amortecedor incorporado e acionado por um veio através do primário, a partir do extremo esquerdo da caixa. A carcaça traseira da caixa contém um topo.

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DISCO Diâmetro: motor AHW: 200 mm. motor AKL: 210 mm. Sentido da montagem: descentrado do cubo amortecedor no lado do volante.

PRATO DE ARRASTAMENTO E VOLANTE MOTOR O prato de arrastamento, que contém o mecanismo de embraiagem, está fixado sobre a cambota por seis parafusos não equidistantes, autorizando uma única posição angular de montagem. Volante invertido de fundição fixado sobre um prato de arrastamento.

Sentido de montagem da falange do prato: pestana dirigida para o lado da caixa. Salto da superfície de fricção do volante: 0,2 mm máx.

COMANDO Comando hidráulico alimentado pelo depósito de compensação do circuito de travagem e que se compõe de um cilindro de comando fixado sobre o suporte de pedais e uma bomba de travões fixada sobre o cárter dos carretos, provido de um parafuso de purga.

LÍQUIDO DE EMBRAIAGEM Capacidade: marcas de nível “MIN” e “MAX” sobre o depósito.


ANUÁRIO TÉCNICO DO AUTOMÓVEL

1

Tipo: líquido sintético cumprindo a especificação DOT 4. Periodicidade de manutenção: substituição e purga a cada dois anos.

BINÁRIOS DE APERTO (DANM OU MKG) Caixa de velocidades sobre o motor: 8 (parafuso M12) 2,5 (parafuso M10). Prato de arrastamento*: 6 + 90º. Volante de motor: 2. Suporte de pedal sobre o tabliê*: 2,5 Cilindro de comando*: 2,5. Bomba de travões: 2,5. *parafusos ou porcas a substituir sistematicamente.

SUBSTITUIÇÃO DO DISCO OU DO MECANISMO Realizar a desmontagem da caixa de velocidades. Imobilizar o volante motor com um utensílio de bloqueio apropriado (por exemplo VW 558). Marcar a posição do volante em relação ao prato de arrastamento e a seguir afrouxar progressivamente em diagonal os seus parafusos de fixação. Desmontar o volante motor e o disco de embraiagem. Separar o anel de retenção e recuperar o prato de embraiagem. Com o utensílio de bloqueio, imobilizar o prato de arrastamento. Desmontar os parafusos de fixação do prato de arrastamento e separá-lo com o seu flange. Para a montagem, atuar pela ordem inversa da desmontagem.

SUBSTITUIÇÃO DO CILINDRO DE COMANDO No compartimento do motor Sobre a passagem da roda esquerda das versões com motor 1.6, desmontar a caixa do filtro de ar com o seu tubo depois de ter desligado a ficha do caudalímetro. Esvaziar o conteúdo do depósito do líquido de travão até que o nível esteja abaixo da tubagem de alimentação do cilindro de comando.

2

EX CLU

SIV O

3

Nota: procurar que o nível do líquido no depósito do travão não baixe do mínimo. Desligar e tampar a tubagem de alimentação do cilindro de comando. Desmontar o clipe de retenção da tubagem de pressão do cilindro de comando e a seguir desligá-la. No habitáculo Desmontar as guarnições inferiores esquerdas debaixo do tabliê. Desmontar o reforço entre o suporte de pedais e o de travão. Desmontar as fixações do suporte do pedal de embraiagem e do cilindro de comando e separar o suporte. Separar o pedal de cilindro de comando, afastando a vareta de impulsão do grampo do pedal. Girar o topo de pedal no sentido anti-horário e separá-lo. Separar o cilindro de comando do tabliê, inclinando-o para baixo. Para a montagem, atuar pela ordem inversa da desmontagem.

1. Desmontagem do anel de retenção do prato de embraiagem 2. Sentido de montagem do flange de fixação do prato de arrastamento: pestana para o volante motor 3. Situação dos parafusos de fixação do volante motor (1) e sentido de montagem do disco (2), descentrado do cubo com as molas orientados para cima

com disco sem cubo amortecedor, chumaceira de esferas em apoio constante e volante biomassa.

DISCO

Substituição do cilindro recetor: Esvaziar o conteúdo do depósito do líquido do travão até que o nível esteja abaixo da tubagem de alimentação do cilindro de comando.

Diâmetro: 219 mm. Sentido de montagem: o descentrado mais curto do cubo estriado, lado do mecanismo.

Nota: procurar que o nível do líquido no depósito do travão não baixe do mínimo. Desmontar o clipe de retenção da tubagem de pressão da bomba de travões e a seguir desligá-la. Desmontar os parafusos de fixação da bomba de travões e separá-la.

Comando hidráulico alimentado pelo depósito de compensação do circuito de travagem e que se compõe de um cilindro de comando fixado sobre o suporte de pedais e a seguir uma bomba de travões fixada sobre o cárter da embraiagem, provido de um parafuso de purga.

Para a montagem atuar pela ordem inversa da desmontagem.

SUBSTITUIÇÃO DO DISCO OU DO MECANISMO

EMBRAIAGEM (CAIXA 02J) DADOS TÉCNICOS Embraiagem monodisco em seco de comando hidráulico com mola de assistência. Mecanismo de diafragma de tipo impulsionado,

COMANDO

Realizar a desmontagem da caixa de velocidades Imobilizar o volante motor com um utensílio de bloqueio apropriado (por exemplo VAG 3067). Afrouxar progressivamente em diagonal os parafusos de fixação do mecanismo e separá-lo, recuperando o disco.

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REPARAÇÃO

TÉCNICA 4

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EMBRAIAGEM 1. Pedal (1), Mola de assistência (2), Topo de pedal (3), Suporte (4), Junta (5), Tablier (6), Grampo (7), Cilindro de comando (8), Tubagem de alimentação (9), Depósito de líquido de travão e de comando de embraiagem (10), Tubagem de pressão (11), Bomba de travões (12), Parafuso de purga (13), Cárter traseiro de caixa (14), Bujão (15), Topo de embraiagem (16), Alavancas de embraiagem (17), Retentor (18), Rolamentos de agulhas (19), Apios (20), Caixa de velocidades (21), Volante motor (22), Disco (23), Veio de embraiagem (24), Anel de retnção (25), Prato de embraiagem (26), Flange de fixação (27) Prato de arrastamento com mecanismo (28)

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Para desmontagem, atuar pela ordem inversa da desmontagem. Precauções especiais Sustentar o garfo no fundo do cárter de embraiagem com ajuda de um parafuso M8 x 35 de rosca num dos orifícios de fixação do suporte dos cabos de comando das velocidades. Desmontar o parafuso uma vez realizado o acoplamento motor-caixa. Substituição do cilindro de comando ou da bomba de travões Consultar os métodos descritos anteriormente em “Embraiagem 02K”.

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LÍQUIDO DE EMBRAIAGEM Capacidade: marcas de nível “MIN” e “MAX” sobre o depósito. Tipo: líquido sintético cumprindo a especificação DOT 4. Periodicidade de manutenção: substituição e purga a cada dois anos.

BINÁRIOS DE APERTO (DANM OU MKG) Caixa de velocidades sobre o motor: 8 (parafuso M12) 6 (parafuso M10) Caixa de velocidades sobre cárter inferior: 4 Mecanismo sobre volante: 1,3 Guia de chumaceira: 2 Suporte de pedal sobre tabliê*: 2,5 Cilindro de comando*: 2,5 Bomba de travões: 2,5 *parafusos ou porcas a substituir sistematicamente. /

5. Posição de montagem do grampo sobre a vareta de impulsão 6. Centragem do disco de embraiagem com o utensílio VW3178 7. Desmontagem do conjun to suporte de pedal - cilindro de comando. Fixações do reforço entre os suportes dos pedais de embraiagem e de travão (1), Fixações do conjunto suporte de pedal - cilindro de comando (2)



NOTÍCIAS

NACIONAIS

LISPARTS

NOVO SERVIÇO E ENTREGAS GRÁTIS

A

Lisparts entrou em 2017 com duas novidades. A empresa lançou um serviço de reparação de veios longitudinais, com garantia de fábrica, naquele que pretende ser mais um fator diferenciador da sua oferta. Adicionalmente, passou a disponibilizar envios gratuitos para destinos em Portugal

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Continental. Os envios grátis não dependem da transportadora, do valor da encomenda ou da quantidade e abrangem tanto os envios em 24 horas, como os envios bi-diários, desde que efetuados dos armazéns em Portugal e Espanha. No âmbito da nova política de envios e recolhas, os envios não regulares, referentes a pedidos urgentes para entrega no próprio dia, serão entregues nas instalações do cliente se este se localizar em Lisboa; enquanto no restante território de Portugal Continental as

encomendas serão enviadas para o ponto de recolha mais próximo das instalações do cliente, sendo o levantamento da sua responsabilidade. Nestes casos, os portes têm um valor de 10 euros/envio (mais IVA). Para os envios não regulares para as ilhas, continuam a aplicar-se os prazos e tabelas de preços já em vigor. Recorde-se que, em entrevista à Turbo Oficina, Pedro Carvalho, diretor geral da empresa, tinha explicado que a Lisparts surgiu no aftermarket nacional com a ambição de mudar hábitos e


ESCAPE FORTE ENVIOS GRATUITOS A Lisparts passou a disponibilizar um serviço de envios gratuitos para destinos em Portugal Continental, desde que efetuados a partir dos armazéns de Portugal e Espanha

CINCO ANOS DE GARANTIA NAS REPARAÇÕES

N

o sentido de reafirmar a confiança que tem no seu serviço, o Grupo Escape Forte anunciou o alargamento da garantia para cinco anos nas reparações de filtros de partículas de viaturas ligeiras de passageiros. A nova garantia de cinco anos no serviço de reparação de filtros de partículas cobre todos os problemas que possam surgir na peça, exceto destruição ou danos físicos provocados pelo mau funcionamento do motor. Além desta garantia alargada, o Grupo Escape Forte oferece aos seus clientes e parceiros um acompanhamento técnico gratuito.

IMPREFIL

MAIS FERRAMENTAS PARA RADIADORES

C

mentalidades. Especializada na comercialização e distribuição de peças recondicionadas, a Lisparts assume-se como um negócio de nova geração e, por isso mesmo, baseia a sua atividade no canal online, muito embora disponha também de uma loja física. Prestes a completar um ano de atividade, a empresa está focada em acrescentar valor ao negócio dos seus clientes. Além da marca própria, a Lisparts já conseguiu integrar no seu portefólio as representações em Portugal da Wat, Lizarte e Indeco. /

om o intuito de disponibilizar ferramentas de qualidade e potenciadoras da realização de um bom trabalho, a Imprefil acaba de ampliar a sua oferta de material térmico. A empresa juntou ao seu portefólio três ferramentas da marca G&M Radiator, especialmente pensadas para radiadores. As adições contemplam um desgrampeador, produto que não danifica o radiador quando se desmonta o depósito do mesmo; um grampeador plano, ferramenta que permite o correto aperto dos grampos do radiador ao depósito depois de montado; e uma mordaça, que mantém uma pressão constante no depósito para que o grapeamento do mesmo seja o correto. A Imprefil distribui em Portugal os produtos da G&M Radiator, empresa do Grupo G&M, especialista no fabrico e fornecimento de sistemas de permutação de calor e nos seus componentes para todos os tipos de aplicações e ambientes. “Ter um radiador em boas condições é essencial para que o veículo funcione adequadamente, caso contrário, podem surgir problemas com o sistema de refrigeração. Se o radiador for revisto e cuidado, a vida útil do motor será maior”, reforça a empresa em comunicado, acrescentando: “A Imprefil, como líder no setor dos componentes térmicos, continua assim a ajudar os seus clientes ao apostar em produtos inovadores e de qualidade.”

FEVEREIRO 2017 TURBO OFICINA

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NOTÍCIAS

NACIONAIS EURO TYRE

NOVA LOJA EM POMBAL

A

Euro Tyre alargou a sua presença em território nacional com a abertura de uma nova loja de 600 m2 em Pombal. Esta expansão surge no âmbito do plano estratégico da empresa, que se dedica à comercialização de produtos para profissionais. A empresa de Cantanhede irá disponibilizar, em estreia para os clientes desta zona, a sua oferta exclusiva de marca própria, Euro Tyre, que compreende gamas de lubrificantes, baterias e anticongelante. A nova loja disponibiliza ainda todas as insígnias de aftermarket distribuídas em exclusivo pela Euro Tyre (Motaquip, Misfat, etc…), as já tradicionais marcas que fazem parte do portefólio da empresa, como Luk, Ina, Bosch, Ate, Sachs, Dayco, Liqui Moly e Petronas, além de pneus das marcas exclusivas da Euro Tyre: Infinity e Viking. Localizada na zona Industrial da Formiga, esta loja pretende complementar o serviço de entregas, fruto da criação de uma equipa de distribuição própria com os meios necessários para chegar aos clientes o mais rápido possível. O investimento em stock nesta loja superou o de outras lojas, para poder colmatar as lacunas existentes na zona, dispondo a nova “boutique de peças” de uma zona de self-service, onde o

cliente pode fazer, ele mesmo, a identificação do material de que necessita, e de um bar para que os clientes possam descontrair enquanto esperam.

A Euro Tyre revela ainda que, brevemente, surgirão mais lojas integradas na estratégia de proximidade e trabalho direto com as oficinas nos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa. /

GLASSDRIVE ABRE NOVOS CENTROS

BERNER LANÇA MALA DE FERRAMENTAS A Berner acaba de lançar no mercado uma nova mala de ferramentas. A nova Expert é versátil e robusta, permitindo organizar as ferramentas essenciais para os trabalhos diários. Carateriza-se pelas suas nove bolsas laterais exteriores, porta ferramentas laterais

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interiores de diferentes dimensões, suporte para fita métrica, bolso lateral com fecho de velcro, pega de transporte em alumínio, correia de ombro ajustável e acolchoada para maior conforto e ainda uma base impermeável que é resistente a óleos.

A Glassdrive, recentemente distinguida pelo quinto ano consecutivo na categoria “Reparação e Substituição de Vidro automóvel” nos prémios Escolha do Consumidor, anunciou a abertura de dois novos centros, elevando assim para 137 o total de centros disponíveis, distribuídos de norte a sul do país. O primeiro centro localiza-se na zona industrial de Montalegre, em local visível e de fácil acessibilidade; o segundo localiza-se em Corroios, onde o fator

proximidade é fundamental para o sucesso, estando implementado na zona industrial de Santa Marta do Pinhal.


SONNE

MARCA DA HELLA TEM NOVO SITE

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Sonne, marca de tintas da Hella, lançou o seu novo site ibérico. A Sonne é uma das grandes apostas da casa-mãe e conta com um arquivo com mais de 75 mil cores e 200 mil fórmulas. O site desta marca estratégica da Hella para o mercado Ibérico de repintura automóvel foi projetado para atender às necessidades do revendedor e da oficina. Além da oferta completa Sonne, o site incorpora documentação técnica e de segurança, bem como recomendações precisas para conseguir um acabamento perfeito e fazer um uso correto dos produtos. Os utilizadores terão, também, acesso à formação profissional que lhes permitirá melhorar a sua técnica e estar a par de todas as notícias do setor da repintura. PUBLICIDADE

INTERESCAPE

CAMPANHA DE LIMPEZA DE FILTROS

A

Interescape, empresa especializada em sistemas de escape, tem em curso uma campanha, até ao próximo dia 28 de fevereiro, ao abrigo da qual oferece a primeira limpeza de filtros de partículas diesel a novos clientes. A campanha, válida apenas para empresas do setor automóvel e que não inclui os portes de envio/recolha, permite ao novo cliente usufruir de um serviço com a certificação TUVRheinland, que garante a reposição da eficiência do filtro de partículas. No final do processo, terá acesso a um relatório detalhado com os parâmetros relativos ao filtro, antes e após a limpeza, o que permite ao cliente verificar o grau de obstrução inicial e confirmar a reposição da eficiência do filtro. Para beneficiar desta campanha, o cliente deverá solicitar o serviço nas instalações da Interescape ou num dos parceiros existentes, apresentando o código promocional presente no voucher, até ao final do mês de fevereiro.


NOTÍCIAS

NACIONAIS IBEREQUIPE

OSCILOSCÓPIO DA PICOSCOPE

A

Iberequipe lançou o Osciloscópio Kit Diesel 4 canais da PicoScope. Este kit destina-se a veículos ligeiros e pesados e tem acessórios específicos para veículos industriais a Diesel. De acordo com a Iberequipe, o osciloscópio da PicoScope dá ao profissional a possibilidade de analisar problemas intermitentes, testar componentes antes de os substituir e confirmar uma reparação depois de uma substituição. Os kits da PicoScope estão desenhados para efetuar o diagnóstico, teste dos sistemas do veículo e seus componentes de uma maneira intuitiva e lógica, tendo o kit apresentado uma ampla variedade de testes que estão disponíveis no software automóvel. Adicionalmente aos testes guiados, o PicoScope permite testar quaisquer sensores elétricos, circuitos e componentes para todos os tipos de veículos. O software Automotive 6 da PicoScope possui elevada qualidade e permite ter as capacidades totais do osciloscópio da PicoScope na ponta dos dedos. O Kit Diesel 4 canais contém 90 testes de diagnóstico guiado, tais como: Balanço de cilindros; Compressão relativa; Sensores Lambda; Sensores MAP e MAF; Sensores Cames e Cambota; Sensores ABS; Sensores Detonação; Ignição primária; CAN e LIN; Alternadores e Motores de arranque; Correntes dos injetores combustíveis; Correntes das bobines de ignição; Bomba de combustível e ventiladores; Velas de incandescência. /

CAR ACADEMY REVELA PLANO FORMATIVO

EXPRESSGLASS TEM NOVAS LOJAS

A Car Academy já revelou o seu plano formativo para o primeiro trimestre deste ano. Entre fevereiro e março, são dez os cursos que esta entidade formativa levará a cabo, tanto nas suas instalações, em São Marcos, como em Viseu. As ações de formação contemplam os seguintes cursos: Gestão Oficinal; Perito Avaliador Ramo Automóvel; Mecatrónico Automóvel; Diagnóstico Sensores e Atuadores; e Legislação Ambiental Contexto Oficinal. Os interessados deverão

A ExpressGlass acaba de ampliar a sua rede de lojas próprias a nível nacional, com a abertura de sete novos espaços e a aquisição de nove lojas até agora pertencentes a aderentes da rede da marca. A empresa passou a contar, a partir do início do ano, com uma rede global de 38 lojas próprias e 43 lojas de aderentes de norte a sul do país, incluindo Madeira e Açores. As novas lojas estão sediadas em Viana do Castelo, Felgueiras,

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aceder a www.caracademy. pt/inscricoes, selecionar a ação pretendida e preencher todos os campos existentes. Em alternativa, é possível enviar um e-mail com os dados para geral@caracademy. pt. Após a receção, os serviços administrativos da Car Academy entrarão em contacto para solicitar a restante informação e confirmar a inscrição.

Penafiel, Santo Tirso, Maia, Faro e Portimão. Para além desta estrutura, a marca dispõe ainda de 60 viaturas, devidamente equipadas para a realização de serviços de substituição e reparação onde o cliente estiver.


MULTIFACETADO O kit Diesel 4 canais da PicoScope contém 90 testes de diagnóstico guiado. Permite ainda testar os sistemas do veículo, bem como os seus componentes, tudo de uma maneira intuitiva e lógica

JF EQUIPAMENTOS COM CAMPANHA MIAC A JF Equipamentos lançou uma campanha em que junta o equipamento de diagnóstico MIac a um PC portátil com touchscreen e mala de transporte, para facilitar a mobilidade. O equipamento é adquirido sem controlo de licenças ou bloqueios e a sua aquisição compreende ainda o benefício do apoio técnico feito através do Call Center e online, ambos sem limitações. A empresa lançou ainda uma linha de crédito para aquisição de equipamentos.


NOTÍCIAS

NACIONAIS STAND ASLA

GAMA AMPLIADA COM NOVIDADES

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Stand Asla, enquanto distribuidor Magneti Marelli em Portugal, considera essencial disponibilizar uma gama completa da marca. Assim, a marca pretende disponibilizar, para o aftermarket em Portugal, e para a rede de oficinas Checkstar em particular, uma gama de produtos alargada e com constante introdução de novas aplicações, como parte da estratégia do Stand Asla para 2017. Contando já com stock de baterias e correias, e reforçando o stock disponível de elevadores de vidros, estão já disponíveis no Stand Asla calços e discos de travão, velas incandescentes, elevadores de vidros e filtros de ar, habitáculo, combustível e óleo. Disponibilizando cerca 400 referências de travagem, 200 referências de elevadores, cerca de 100 referências de velas incandescentes e mais de 400 referências de filtros, o Stand Asla acredita que esta se trata de uma importante medida de desenvolvimento de negócio, para si e para os seus clientes. Também com o intuito de desenvolver o negócio, e, ao mesmo tempo, promover e divulgar no mercado nacional a solução Metatrak, o Stand Asla está a levar a cabo uma campanha de oferta de um Serviço Informativo Básico Anual na compra de dois equipamentos Metatrak T30. A ferramenta Metatrak oferece funcionalidades de localização via GPS, bem como notificação de acidentes, histórico de percursos, perfil de condução, tempo de viagem e velocidade. Permite, ainda, aceder ao Google Maps e a informações de trânsito em tempo real. Toda esta informação é disponibilizada através da app para dispositivos móveis ou via web. O Metatrak é de aplicação universal e tem um tempo de instalação reduzido (de três a cinco minutos), o que representa uma vantagem para as oficinas instaladoras. No sentido de esclarecer qualquer questão no âmbito desta solução, o Stand Asla tem à disposição das oficinas contactos diretos do Departamento Técnico de Alarmes e Telemática: 220917021 ou telemática@stand-asla.pt. /

SITE DA METABO EM PORTUGUÊS O novo website da Metabo em língua portuguesa já está online, revela a Bolas, empresa que comercializa a marca no nosso país. A partir de agora, os clientes Metabo têm à sua disposição, sem qualquer barreira linguística, uma panóplia de informação para consulta e download, nomeadamente as caraterísticas técnicas e fotos de toda a linha de produtos (máquinas e acessórios), bem como acesso direto a todos os manuais de instruções e esquemas de peças. A Bolas revela, em

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ACAP VOLTA A FORMAR GESTORES

comunicado, estar muito satisfeita por Portugal estar entre os primeiros países a alcançar este objetivo e convicta de que esta nova ferramenta vai facilitar o trabalho, contribuindo para a crescente projeção da marca Metabo no mercado luso.

Está prestes a começar a segunda edição do Programa Avançado de Gestão para Profissionais do Pós-Venda Automóvel, uma ação de formação intensiva promivida pela ACAP e direcionada aos gestores de empresas ligadas ao aftermarket. O curso será ministrado em dez módulos, ao longo de seis meses, e terá um programa concebido com especial atenção às necessidades de gestão dos decisores do setor e compatível com a sua vida profissional. Todas as sessões terão lugar

nas instalações da Nova SBE, no Campus de Campolide, às sextas-feiras, entre as 09h30 e as 17h30, e aos sábados, entre as 09h00 e as 12h30. O calendário é o seguinte: 10 e 11 de fevereiro; 10 e 11 de março; 7 e 8 e 28 e 29 de abril; 19 e 20 de maio; 2 e 3 e 23 e 24 de junho, e 14 e 15 de julho. O programa inicia-se com as Tendências e desafios do Pós Venda Automóvel, seguindose Finanças, Marketing de Serviços, Marketing digital, Gestão Logística e de Stocks, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Negócios Familiares, e Comunicação.


CONTITECH

PEDRO ANTÃO NOMEADO RESPONSÁVEL NACIONAL

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ContiTech reforçou a sua presença em Portugal com a integração de Pedro Antão na equipa ibérica. A desempenhar a função de responsável pelo Mercado Português da ContiTech Iberia, Pedro Antão (na foto, à esq.) trabalhará na equipa liderada por Manel Real, numa aposta que, segundo a marca, “confirma a importância que o mercado português tem para a empresa”. “Gerar confiança, transmitir os valores agregados da marca e apoiar os distribuidores são os três principais objetivos” da contratação, refere a ContiTech em comunicado, acrescentando: “Trabalhamos com o objetivo de ser a marca mais valorizada, e acreditamos que Pedro Antão tem muito a contribuir.” Figura bem conhecida do aftermarket nacional, Pedro Antão era, antes de assumir esta posição, representante da marca KYB Europe em Portugal.

AUTO DELTA REFORÇA OFERTA JAPANPARTS Com o intuito de reforçar e consolidar o êxito da Japanparts no mercado aftermarket para veículos asiáticos e europeus, a Auto Delta acaba de aumentar a sua gama de produtos desta marca com amortecedores de suspensão, escovas limpa vidros, pastilhas de travão e cabeças de motor. O grossista de peças de Leiria conta atualmente com uma vasta gama de produtos Japanparts em stock , tanto de manutenção e desgaste como de reparação.

EXPOMECÂNICA

EDIÇÃO DE 2017 JÁ MEXE

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ExpoMECÂNICA 2017 promete voltar a ser um sucesso. A cerca de três meses da abertura de portas da quarta edição do certame dedicado aos equipamentos, serviços e peças auto, a organização contabiliza já 128 expositores confirmados, além dos 11 parceiros, que também deverão marcar presença física nos pavilhões da Exponor, onde a feira volta a ser realizada. As datas para a edição de 2017 também já são conhecidas. O Pavilhão 6 da Exponor abre portas aos profissionais no dia 7 de abril, entre as 10h00 e as 20h00. No dia 8, o horário é mais alargado, podendo os interessados visitar a feira entre as 10h00 e as 22h00. No dia 9, em que termina a feira, o horário é das 10h00 às 19h00.

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NOTÍCIAS

PNEUS

BRIDGESTONE

ARRANQUE DE ANO POSITIVO

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Bridgestone está a ter um arranque de 2017 extremamente positivo. Além de anunciar a expansão do seu negócio de pneus de avião com a construção de duas novas unidades de fabrico na Tailândia – um investimento que rondará os 150 milhões de euros –, a marca revela que os seus pneus Turanza T005 com tecnologia Run-Flat (RFT) foram eleitos para equipar de origem o novo Lexus LS Sedan 2017. Estes pneus, disponíveis para o novo modelo da Lexus nas medidas nas dimensões 245/45RF20 99Y e 275/40RF20 102Y, usam, nas paredes laterais, uma borracha recentemente desenvolvida e reforçada, que as torna mais finas, o que, de acordo com a marca, potencia a segurança adicional da tecnologia run-flat, contribuindo também para um conforto excecional. Aval extra dado à tecnologia run-flat foi o Prémio Cinco Estrelas 2017 que os pneus Bridgestone DriveGuard receberam, na categoria “Pneus” destes galardões que premeiam a escolha dos consumidores. Entre as caraterísticas destacadas do pneu estiveram a segurança, a mobilidade, o conforto e a acessibilidade, com a relação qualidade-preço e a intenção de compra a serem os critérios mais pontuados. Para André Bettencourt, Diretor de Marketing da Bridgestone Portugal, “receber este prémio foi uma enorme honra, não só pelo reconhecimento das caraterísticas únicas do Drive Guard, mas especialmente por ser baseado na satisfação do consumidor – o nosso público mais prioritário. Ficámos muito satisfeitos por verificar que os consumidores apreciam a utilidade e acessibilidade deste produto”. /

COOPER TIRE EM DESTAQUE NO DESPORTO

A Cooper Tire é patrocinador principal e fornecedor oficial de pneus para a RX2 International Series, a renovada série do Campeonato do Mundo FIA Rallycross, que passa

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a ostentar a designação “RX2 International Series presented by Cooper Tires”. A marca também marcou presença no Dakar, apoiando Xavi Foj em mais uma participação na prova

rainha dos ralis, tendo a Confortauto aproveitado para lançar uma campanha de oferta de uns óculos de realidade virtual a quem decida trocar quatro pneus da marca Cooper.

DUNLOP ROADSMART III PARA SCOOTERS A Dunlop alargou a gama RoadSmart III às scooters, através de uma nova variante, o Dunlop RoadSmart III SC. O novo pneu utiliza o mesmo padrão do RoadSmart III, bem como a construção Jointless Belt (JLB), e a nova tecnologia Camber Thrust Tuning, que permite curvar de forma progressiva e sem esforço. O pneu já está disponível em Portugal, nas medidas dianteiras 120/70R14 e 120/70R15 e nas traseiras 160/60R14 e 160/60R15.


MICHELIN NA ROBORACE A Michelin foi nomeada fornecedor oficial de pneus da Roborace, a primeira corrida de automobilismo do mundo de veículos autónomos e elétricos. Os pneus utilizados devem ser adequados a veículos de construção em série, pois um dos objetivos principais desta prova é desenvolver software e hardware que acelere a comercialização da tecnologia de condução autónoma.


OPINIÃO

JURÍDICO

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS PETROLÍFEROS (ISP)

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Imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) incide sobre a venda de toda a gasolina e gasóleo, bem como ao gás propano e butano, petróleo e GPL, que se destinem à venda ou consumo. É comum ouvir-se dizer que Portugal tem um dos preços de venda ao público de combustíveis mais caros da Europa e que o preço dos combustíveis ao consumidor por cá cobrado é em muito superior ao que é aplicado nos outros países europeus. Será mesmo assim? De acordo com a Portaria n.º 345-C/2016 dos ministérios das Finanças e da Economia, em vigor, e que estabelece os valores de ISP para o consumo geral de gasolina e gasóleo, a taxa do imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) aplicável à gasolina com teor de chumbo igual ou inferior a 0,013 g por litro, é de € 548,95 por 1000 litros ao passo que a taxa do ISP aplicável ao gasóleo, classificado pelos códigos NC 2710 19 41 a 2710 19 49, é de € 338,41 por 1000 litro. Ou seja, por cada litro de gasolina vendido, o ISP arrecadado pelo Estado é de 0,54895 euro (quase 55 cêntimos por litro) e por cada litro de gasóleo vendido o ISP arrecadado pelo Estado é de 0,33841 euro (quase 34 cêntimos por litro). Note-se que, além do

MIGUEL RAMOS ASCENÇÃO ADVOGADO

ISP, o Estado cobra ainda IVA à taxa de 23% sobre a venda de gasóleo e gasolina, ou seja, por cada litro de combustível comprado, mais de metade do preço (cerca de 65%) destina-se ao pagamento de impostos. Olhando para os últimos dados disponibilizados pela Comissão Europeia é certo que o preço de gasolina e gasóleo em Portugal é superior à média dos preços cobrados na totalidade dos países integrantes da UE, sendo Portugal o sexto país com a gasolina mais cara e o quinto país com o gasóleo mais caro dentro dos 28 países integrantes da UE. Vejamos os dados disponíveis em https://ec.europa.eu/energy/ en/data-analysis/weekly-oil-bulletin. Refira-se, no entanto, que os dados acima referidos são os dados gerais aplicáveis a consumidores que não beneficiam de quaisquer abates ou incentivos já que a Lei, no Artigo 89º do Código dos Impostos Especiais de Consumo, estabelece alguma isenções, como por exemplo, a compra de combustíveis para outra finalidade que não seja o uso como carburante ou como combustível; os produtos usados em transportes públicos e no transporte de passageiros e mercadoria por caminhos de ferro, na navegação aérea (excepto aviação privada de recreio), na navegação marítima costeira e na navegação interior (incluindo pesca e aquicultura), entre outros.

Todos os meses abordaremos neste espaço assuntos de natureza jurídica que julgamos relevantes para a atividade da reparação e manutenção. Se tiver dúvidas ou situações específicas, por favor envie-nos um email para: oficina@turbo.pt indicando que se trata de um pedido de esclarecimento de natureza jurídica. O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga grafia.

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