#58
MARÇO
2017
PUBLICIDADE
profissional
EURO REPAR “Estar numa rede é quase vital”, defende Nuno Gregório
ESPECIAL PNEUS Aposta na inovação e formação em combate pela liderança do mercado
RUMO AO FUTURO
COM CADA VEZ MAIS VEÍCULOS ELÉTRICOS A CIRCULAREM NAS ESTRADAS, É ALTURA DE SE RENDER À TENDÊNCIA. CONHEÇA OS DESAFIOS E OPORTUNIDADES QUE ESTES VEÍCULOS COMPORTAM PARA O AFTERMARKET E PARA A REPARAÇÃO PUBLICIDADE
BOLAS Ferramentas específicas e serviço eficiente são motores de desenvolvimento
PROFISSIONAL
SUMÁRIO PROFISSIONAL
#58
MARÇO 2017 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES
PRO4MATIC SELO DE CAPA INTERESCAPE RODAPÉ DE CAPA EXPOMECÂNICA VC JAPANPARTS PÁG.5 MANN-HUMMEL PÁG.9 VALEO PÁG.11 NIPOCAR PÁG.13 MCOUTINHO PÁG.17 ZF PÁG.19 MOTORTEC PÁG.21 CENTRO ZARAGOZA PÁG.31 AUTOPROMOTEC PÁG.35 NEX PNEUS PÁG.39 AB TYRES PÁG.45 BORG PÁG.47 RPL CLIMA PÁG.49 CONFERÊNCIA TURBO FROTAS PÁG.51 CARF PÁG.65
24 PERSPETIVA Nuno Gregório, Euro Repar Car Service
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DESTAQUE Veículos híbridos e elétricos
CESVIMAP VCC TRW CC
NOTÍCIAS
MARCAS NESTA EDIÇÃO
06 As novidades do setor
AB TYRES 36 ALTARODA 42 AUTO DELTA 10 AUTOCREW 10 AUTOZITÂNIA 10 AXALTA 50 BARUM 44 BETA 28 BOLAS 28 BRIDGESTONE 36, 40 CARGLASS 32 CITROËN 52 CONTISERVICE 12 COOPER TIRE 44 DAYTON 41 DISPNAL 36 DOGA 11 DOLZ 11 DUNLOP 41 ETECNO1 50 EURO REPAR CAR SERVICE 24 EUROREPAR 26 EUROTYRE 37 FIRSTSTOP 41 FRAP 50 FULDA 43 GHIBAUDI MARIO 50 GOODYEAR 36, 40, 44 HELLA GUTMANN 11 HYPREL 7 INTERESCAPE 8 KIA 64 KRAUTLI 11 LEIRIDIESEL 12 MEYLE 50 MINI 55 NEX 37 PROTECH 32 PYEONG HWA 49 SAVA 43 SEIBERLING 41 SOULIMA 11
ESPECIALISTA
28 Bolas 32 Carglass 36 Mercado de pneus
REPARAÇÃO
56 Carroçaria de fibra de carbono 60 Lixagem 64 Manutenção Kia Rio OPINIÃO
66 Renovação da carta de condução
RAIO-X
46 Notícias internacionais 52 Citroën Berlingo 54 Barómetro 55 Radiografia Mini Countryman
SPIES HECKER 6 TECNIVERCA 7 VALEO 10, 49 VENEPORTE 7 VULCO 8, 42 ZAPHIRO 48 ZEEV 22 ZF 48
MARÇO 2017 TURBO OFICINA
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EDITORIAL
PROFISSIONAL
PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 5000 € CRC CASCAIS
ACHA QUE SABE DANÇAR?...
A
o ritmo da rápida evolução do automóvel e dos compassos irreverentes de um cliente seguro e exigente, o aftermarket encontra-se numa batalha decisiva pelo seu futuro. Num cenário em que a plateia decide e a concorrência é feroz, não basta tentar acompanhar a música; ou se sabe dançar, ou está-se fora.
SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. TOMÁS RIBEIRO 129, EDIFÍCIO QUINTA DO JAMOR, SALA 11, 2790-466 QUEIJAS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITORA CHEFE ANDREIA AMARAL andreiaamaral@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt JOSÉ MACÁRIO josemacario@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt
Como se de uma competição por um lugar na final se tratasse, também o mercado da manutenção e reparação automóvel, a par com o das peças, vive um momento em que a complexificação dos ritmos já não permite, como foi apanágio durante alguns anos, sessões de improviso. Cada vez mais, a plateia é conhecedora de cada movimento, técnica e passo, exigindo, a todo o momento, que lhe entreguem uma exibição exemplar e, mais do que isso, surpreendente. É precisamente através desta execução de excelência, aliada à capacidade de acrescentar valor, que o setor poderá conquistar e fidelizar clientes. Mas, como na dança, também no negócio, a sublimidade pressupõe, não só talento, mas também preparação, dedicação e treino. Se considerarmos o crescente aumento do número de veículos elétricos (ou híbridos Plug-in) e dotados de conetividade no parque circulante nacional, é fácil perceber que, a muito curto prazo, estes serão também parte significativa do total de viaturas que chegam às oficinas, com necessidades específicas de manutenção, reparação, serviços e peças. O momento decisivo está, assim, para breve. É com o intuito de o ajudarmos a preparar-se para estes novos ritmos que lhe revelamos, nesta edição, um especial sobre os impactos dos veículos elétricos no aftermarket, de que sobressai a necessidade de formação, investimento em ferramentas específicas e inovação no tipo de serviço prestado. De resto, esta é também a máxima elencada pelos diversos players da área dos pneus – e que poderá constatar no artigo sobre o estado de arte deste mercado –, naquela de que é uma prova inequívoca de que a música hoje é outra. Aliás, é impulsionada por estas novas batidas que a Euro Repar Car Service se está a expandir no mercado nacional, conforme nos dá conta Nuno Gregório, responsável da rede em Portugal e nosso entrevistado este mês. E já pensou se as aulas de grupo não poderão ser vantajosas para si? É que, para estar na final, tem mesmo de mostrar que sabe dançar!...
COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP 4FLEET IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777
ANDREIA AMARAL EDITORA CHEFE
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS
NOTÍCIAS
NACIONAIS
SPIES HECKER
PINTURA MAIS RÁPIDA A Spies Hecker apresentou, na oficina da Soauto/Rolporto, dois novos produtos que prometem reduzir os tempos e aumentar as rentabilidades das operações de pintura
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Spies Hecker introduziu no mercado dois novos produtos. São eles o aparelho Permasolid HS Speed Surfacer 5500 e os toalhetes Priomat Reactive Pretreatment Wipes 4000. A apresentação destas novidades foi levada a cabo numa situação real de aplicação, na
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
oficina da Soauto/Rolporto, concessionário Volkswagen/Audi no Porto. O evento implicou a aplicação do aparelho no capô e no guarda-lamas de um Volkswagen up! pelos profissionais da Soauto/Rolporto, permitindo assim comprovar o efeito acelerador do processo de secagem. Com este novo aparelho, as peças estavam prontas a ser lixadas 25 minutos após a aplicação, naquela que se apresenta como uma redução de cerca de 50% no tempo de repouso, face a outros aparelhos.
Paralelamente, a rápida secagem ao ar deste produto permite dispensar a utilização de uma cabina, o que potencia a rentabilidade da operação para a empresa. Além da rápida secagem e de possibilitar a realização de reparações mais velozes, outras qualidades do Permasolid HS Speed Surfacer 5500 incluem uma considerável estabilidade vertical e a sua disponibilidade em três cores diferentes: branco, cinzento e preto. A proporção de mistura também é bastante simples,
TECNIVERCA
NOVOS PRODUTOS HIDRÁULICOS
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MAIOR RAPIDEZ E RENTABILIDADE O aparelho Permasolid HS Speed Surfacer permite reduzir o tempo de repouso para metade face a outros aparelhos. Por seu lado, os toalhetes Priomat Reactive Pretreatment Wipes 4000 destinam-se a acelerar o processo de pré-tratamento do metal
cifrando-se numa relação 1:1 com o Permasolid HS Speed Surfacer Hardener 3550. O segundo produto apresentado neste evento foram os toalhetes Priomat Reactive Pretreatment Wipes 4000, recomendados para aplicação antes do Permasolid HS Speed Surfacer 5500. Tal como acontece com o aparelho, o propósito destes toalhetes é o de acelerar o processo de pré-tratamento do metal, funcionando como um wash primer de secagem ultrarrápida em cerca de um minuto. Económicos – um toalhete cobre uma área de tratamento de até 2 m2 –, Priomat Reactive Pretreatment Wipes 4000 permitem que, com uma só passagem, o técnico trate o metal e garanta uma melhor aderência da tinta, sem necessidade de limpeza de pistolas e sem desperdícios. /
Tecniverca adicionou três novos produtos da marca Hyprel à sua linha hidráulica. A principal novidade é o macaco de rodas híbrido, utilizável em veículos rebaixados ou 4×4/ SUV. O macaco GJ3000HYB tem uma capacidade em modo rebaixado de duas toneladas e em modo “SUV” de 3 toneladas. Capaz de uma elevação máxima no modo rebaixado de 570 mm, consegue atingir os 585 mm de elevação no modo “SUV”. Além da sua robusta construção, possui ainda uma bomba hidráulica dupla. A outra novidade no que respeita a macacos de rodas é a introdução da versão em alumínio para o macaco de três toneladas. O GJ3000ALU tem 465 mm de capacidade máxima de elevação e apenas 100 mm de altura mínima. A última adição à gama é o macaco de transmissões TJ1000, com uma estrutura robusta, uma altura máxima de 1895 mm e altura mínima de 895 mm. Este macaco tem capacidade para uma tonelada e já possui o adaptador com correntes para fixação dos componentes a serem auxiliados na descida ou subida.
VENEPORTE
RENOVAÇÃO DA IMAGEM CORPORATIVA
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Veneporte procedeu a uma renovação completa da sua identidade corporativa. O logótipo da empresa fabricante dos diferentes componentes do sistema de escape passa a incluir a marca escrita em caixa baixa (minúsculas), permitindo aumentar a sua legibilidade. Também a assinatura foi revista, passando a “Exhausts & Emissions Control”, numa expressão de valorização dos componentes responsáveis pelo controlo de emissões de gases e partículas – catalisadores e filtros de partículas, que cada vez representam uma parcela maior na atividade da Veneporte. Exportando atualmente cerca de 90% da sua produção para mais de 22 países, esta renovação dá o mote às ações comemorativas dos 50 anos de atividade planeadas para o ano de 2017, fazendo também parte da permanente evolução necessária à manutenção e aumento da competitividade, num mercado global cada vez mais exigente. “Este rebranding é a expressão visível e tangível, do caminho de constante evolução, melhoramento e aproximação aos clientes que a Veneporte iniciou e pretende continuar”, afirma José Gameiro, responsável de marketing da Veneporte.
MARÇO 2017 TURBO OFICINA
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NOTÍCIAS
NACIONAIS AZ AUTO
OFERTA AMPLIADA COM INTEGRAÇÃO DA DRI
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AZ Auto acaba de incorporar uma nova marca na sua gama de produtos, a DRI. Esta nova parceria com a insígnia pertencente ao fabricante Borg Automotive vem reforçar o portefólio de produtos disponíveis na AZ Auto e alargar o seu leque de soluções no mercado de peças independentes. O lançamento oficial da marca realizou-se no mês de fevereiro de 2017 e foi acompanhado com uma campanha promocional, atualmente ainda a decorrer. A DRI tem disponível na sua oferta uma vasta gama de produtos, sendo de destacar: motores de arranque, alternadores, compressores A/C, pinças de travão, válvulas EGR, caixas de direção, bombas de direção e colunas de direção. Recorde-se que todas as peças fornecidas pela DRI são recuperadas e remanufacturas em fábricas próprias, localizadas na Polónia, Inglaterra e Bélgica. É a partir das suas fábricas que a marca fornece diretamente o mercado, garantindo qualidade e o melhor serviço. Em comunicado, a AZ Auto sublinha que todos os produtos da DRI garantem o cumprimento das normas OE (equipamento original), e das certificações ISO 9001:2008 e ISO 14001:2004. Nesse sentido, cada produto é submetido a um processo rigoroso de produção, com foco na qualidade. De resto, já aquando da realização da Mecânica 2016, evento que decorreu no Exposalão Batalha em novembro passado, a AZ Auto tinha antecipado a possibilidade de, a breve prazo, integrar novas marcas no seu catálogo. /
NOVIDADES IEPOWER NA MOTORTEC
VULCO REALIZA CONVENÇÃO IBÉRICA
Naquela que será a sua quinta participação na Motortec, a Interescape irá destacar a marca iepower, revelando as mais recentes ponteiras de carbono. Este será um momento único para os amantes de carros de competição, que poderão ver em exposição o fabuloso carro Osella PAS21S EVO, pertencente a Paulo Ramalho, com a nova linha de escape iepower. A empresa vai também promover a marca ieservice, que inclui a limpeza e reparação de
A Vulco realizou mais uma conferência anual ibérica e, sob o lema “Full Equip”, apresentou os seus planos estratégicos para o ano de 2017. O evento, levado a cabo no hotel Westin Palace, em Madrid, reuniu mais de 300 participantes, oriundos dos diferentes pontos de Espanha e Portugal, onde a rede está presente. A estratégia da rede de oficinas para 2017 assenta em três pilares estratégicos: criação de negócio, pelo foco na atração de novos
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
catalisadores, a reparação de filtros de partículas e a única solução de Limpeza de Filtros de Partículas no mercado ibérico com a certificação TUVRheiland. Para Jorge Carvalho, diretor geral da Interescape, “a participação na Motortec é importantíssima no processo de internacionalização da empresa e dos seus produtos e integra a nossa estratégia comercial, a curto e longo prazo”.
clientes para a rede; profissionalização da rede, com a melhoria tanto dos seus processos internos como da oferta formativa adaptada às necessidades dos associados; e, por último, a consolidação da marca Vulco no mercado. O evento contou com a participação do grupo internacional de origem alemã TÜV SÜD ATISAE, que apresentou as tendências do setor automóvel relacionadas com o automóvel conectado e como a oficina pode adaptar-se aos desafios que o futuro coloca.
NOTÍCIAS
NACIONAIS
AUTOZITÂNIA
NOVIDADES EM TODAS AS FRENTES
A
Autozitânia deu início à comercialização da gama completa de iluminação da Hella, ao abrigo da estratégia da empresa de alargamento da oferta disponível para os seus clientes. A Hella é um dos principais fornecedores da categoria de iluminação no aftermarket e apresenta uma elevada cobertura do parque automóvel nacional. Esta marca disponibiliza uma vasta gama de produtos que abrange todos os aspetos da iluminação automóvel. Paralelamente, e num investimento na melhoria contínua do serviço prestado, a Autozitânia realizou ainda uma formação interna para os seus colaboradores sobre a gama de óleos da marca Orlen, que decorreu nas suas instalações e contou com a presença de 25 colaboradores, que exercem funções da rede comercial do Grupo Autozitânia. A Orlen Oil faz parte de um dos maiores grupos petrolíferos europeus e tem a sua sede na Polónia. Os seus produtos têm elevados padrões de qualidade e são submetidos a testes sempre nas “condições de funcionamento mais extremas” de forma a comprovar a sua máxima eficácia. Os lubrificantes Orlen possuem aprovações dos principais construtores automóveis. Estas novidades constam já no recém-apresentado canal próprio da Autozitânia no Youtube. Inserido na sua política de comunicação aberta ao exterior, o Canal Autozitânia pretende ser mais um suporte de comunicação para a empresa estar mais próxima dos seus clientes e parceiros. Neste canal é possível conhecer e acompanhar a Autozitânia, os seus eventos e as suas novidades através da visualização de vídeos. /
FABRICANTE DO MÊS NA AUTO DELTA No seguimento da campanha Fabricante do Mês, a Auto Delta teve, durante fevereiro, a insígnia Valeo em destaque. Em comunicado, a empresa declarou ser “com
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muita satisfação” que dá continuidade ao trabalho com uma marca que, “desde que começou a ser distribuída pela Auto Delta, se tem desenvolvido de uma forma bastante sustentada”. De resto, o Fabricante do Mês tem sido uma campanha que, logo desde o primeiro dia, ficou marcada pelo sucesso junto dos parceiros comerciais da Auto Delta. De acordo com a empresa, aproveitando o facto de existir um destaque dado a uma determinada marca, os clientes acabam por diversificar as suas compras e o seu portefólio.
AUTOCREW TEM CINCO NOVAS OFICINAS A AutoCrew, rede de oficinas multimarca do Grupo Bosch, abriu cinco novas oficinas no final do ano de 2016: em Alcobaça, Leiria (Electro Concha), em Loures, Lisboa (ParaisoCar), no Porto (Dieselinvicta e GTO Energy, em Ferreira) e em Vila Real (Tecnocar), estando outro grupo de oficinas em
processo de desenvolvimento para abertura em breve. O objetivo da AutoCrew é continuar a crescer juntamente com os parceiros, criando uma rede de confiança que disponibiliza os serviços e ferramentas procurados pelos clientes. Em conformidade com os níveis de exigência da Bosch e da AutoCrew, as equipas das oficinas são formadas para disponibilizar um serviço de qualidade nas áreas da Mecânica Geral; Serviços Multimarca; Diagnóstico; Revisões; Eletricidade/ Eletrónica; Travagem; Climatização; Mudança de óleo e filtros.
KRAUTLI PORTUGAL
PORTEFÓLIO ALARGADO COM DOLZ E DOGA
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o âmbito da sua estratégia de alargamento de portefólio, a Krautli Portugal passou a incluir na sua oferta as bombas de água da DOLZ e as molas pneumáticas/amortecedores de mala da Doga. Com mais de 3,5 milhões de unidades fabricadas anualmente, distribuídas pelas 900 referências em veículos ligeiros, a Dolz garante uma cobertura de 96% do parque automóvel europeu equivalente à qualidade OE. Com o intuito de garantir a melhor taxa de serviço, a Krautli Portugal assegura desde já uma disponibilidade de stock de perto de 95% da cobertura do parque circulante. Também no que diz respeito à distribuição da gama da Doga de molas pneumáticas/amortecedores de mala a gás para porta do compartimento de carga, capô e janelas da porta traseira, a Krautli Portugal tem já disponível em stock uma cobertura de perto de 90% do parque circulante. Com estas incorporações, a Krautli Portugal reforça a sua posição de fornecedor global de marcas premium no setor aftermaket, reiterando também a aposta no alargamento das áreas de negócio para os seus parceiros, a juntar a um vasto portefólio de marcas de referência e com forte presença no equipamento original dos principais fabricantes de veículos. PUBLICIDADE
SOULIMA
PARCERIA COM HELLA GUTMANN
A
Soulima começou o ano de 2017 com a celebração de um acordo de distribuição de toda a gama de produtos da marca alemã Hella Gutmann Solutions, que é líder no mercado germânico de equipamentos de diagnóstico para o setor auto. Com esta parceria, a Soulima continua a aumentar a sua oferta de soluções e produtos do setor de peças aftermarket, juntamente com as principais marcas que já comercializa. A Hella Gutamann Solutions Portugal dispõe de uma equipa de profissionais com larga experiência na Formação e Assistência Técnica, tendo um call center disponível para o apoio ao após-venda dos seus produtos. Conta também com uma vasta gama de produtos na área do diagnóstico de veículos, de equipamentos e consumíveis para o serviço de manutenção de ar condicionado e ferramentas de teste e ajuste.
NOTÍCIAS
NACIONAIS ASAE
OPERAÇÃO DIGITALAUTO III
A
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) promoveu, em fevereiro, a terceira fase da operação de fiscalização dirigida a oficinas automóveis no âmbito da contrafação de equipamentos de diagnóstico automóvel, a DIGITALAUTO III. Nesta operação foram fiscalizadas 18 oficinas e apreendidos 12 aparelhos e 12 computadores, tudo num valor superior a 5500 euros. Foram instaurados oito processos-crime por contrafação e uso ilegal de marca, usurpação de direitos de autor e reprodução ilegítima de programa protegido e levantados dois autos de contraordenação por falta de licenciamento da atividade.
A DIGITALAUTO III foi a terceira operação realizada em todo o território nacional através da Unidade Nacional de Informações e Investigação Criminal e incidiu nos concelhos de Famalicão, Braga, Aveiro, Coimbra, Abrantes, Caldas da Rainha, Sintra e Lagoa, tendo contado com a participação dos peritos da marca, visando o combate ao mercado negro do comércio e uso de equipamentos de diagnóstico, que, revela a ASAE em comunicado, é “uma das evidências da economia paralela que afeta o setor de reparação automóvel”. A ASAE declara ainda que “continuará a promover o seu esforço de combate à economia informal para salvaguarda da livre concorrência e da proteção dos direitos de autor e das marcas”. /
CONTISERVICE EXPANDE REDE No âmbito de um plano que prevê a existência de cem pontos de venda em todo o país até 2018, a rede ContiService inaugurou dois novos pontos. Localizado na Estrada dos Arneiros, o ContiService Auto Fascinante é o oitavo agente da rede na zona da Grande Lisboa. Já o ContiService Auto Pneus do Aranha é o primeiro agente em Torres Vedras da rede de oficinas da Continental. Lançada em abril de 2015, a rede ContiService tinha como meta alcançar, até 2020, uma rede de cem
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
agentes que assegurasse a cobertura geoestratégia do território nacional. “Hoje, podemos afirmar claramente que vamos antecipar em dois anos este resultado. Até 2018, conseguiremos atingir esta marca. Esta antecipação é um reflexo claro do dinamismo da rede e da excelente recetividade que o nosso projeto tem obtido junto dos nossos parceiros”, refere Marco Silva, diretor de marketing da Continental Pneus Portugal.
LEIRIDIESEL LANÇA FILTROS DE PARTÍCULAS BM CATALYSTS O grupo Leiridiesel, em parceria com a BM Catalysts, lançou uma nova gama de filtros de partículas. A BM Catalysts é uma marca inglesa que aposta cada vez mais no desenvolvimento de produtos de alta tecnologia, sendo que prima pela qualidade e diversidade, como defende a Leiridiesel.
A empresa de Leiria declara que, ao aliar-se à BM Catalysts, ganha uma nova gama de referências de filtros de partículas, “que prometem responder às necessidades dos clientes em tempo e a preço recorde”. Para tal, a Leiridiesel dispõe já em stock referências que cobrem 85% do parque automóvel português.
DESTAQUE
TENDÊNCIAS
VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉTRICOS
AFTERMARKET EM ALTA TENSÃO O aumento do parque circulante de veículos híbridos e elétricos irá constituir uma oportunidade de negócio para as redes independentes de oficinas e para o setor do aftermarket. Apesar de os veículos necessitarem de menos manutenção, exigem cuidados especiais TEXTO CARLOS MOURA PEDRO
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s pressões ambientais para restringir a entrada de veículos com motor de combustão nos centros urbanos, a maior oferta de produto, as melhorias tecnológicas nas baterias, que permitem aumentar a sua capacidade e a autonomia, e o alargamento da infraestrutura de carregamento são elementos que estão a potenciar o crescimento do parque circulante de veículos híbridos e elétricos. A Bosch, por exemplo, acredita que a produção deste tipo de viaturas deverá aproximar-se dos 20 milhões de unidades em 2025, um valor já considerável, embora, por essa altura, os veículos com motor de combustão continuem a dominar, com uma produção estimada de 85 milhões de unidades. Passando à realidade nacional, e de acordo com os dados da ACAP - Associação Automóvel de Portugal, a venda de veículos híbridos e elétricos está a bater recordes há quatro anos consecutivos e a expetativa é de que a tendência se mantenha nos próximos anos. Em 2016, foram matriculadas 4293 unidades, incluindo 756 unidades cem por cento elétricas e 421 unidades híbridas Plug-in. O peso deste segmento no total das vendas foi de 1,7%. Para a ACAP, e nas palavras do seu secretário-geral, Hélder Pedro, a “tendência será para o aumento de vendas de veículos híbridos e elétricos, porque a percentagem de vendas destes veículos face ao mercado global em Portugal é inferior, em cerca de 50%, face à média da generalidade dos mercados na Europa”. Adiantando que, por outro lado, “existem incentivos fiscais para a aquisição deste tipo de veículos que são
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muito significativos”, o responsável considera ainda que as “recentes instalações de pontos de carregamento rápido para veículos elétricos nas principais autoestradas é um incentivo importante à sua aquisição”. Uma tese de Mestrado em Gestão apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra por Joana Balsa, subordinada ao tema “Avaliação do impacto da introdução de veículos elétricos na procura de combustíveis em Portugal”, aponta para um crescimento contínuo do parque de veículos híbridos e elétricos no nosso país. As perspetivas mais conservadoras admitem uma taxa de penetração de 2,4% em 2020 e de 6,5% em 2030 (4,3% de híbridos e 2,2% de elétricos). O amadurecimento da tecnologia, um maior conhecimento das suas vantagens e desvantagens, acompanhado pelo aumento concorrencial e a consequente descida dos preços das viaturas será determinante para alavancar o crescimento deste tipo de viaturas no mercado. A tese salienta que a evolução do mercado também dependerá de alguns fatores exógenos, como as políticas governamentais desenvolvidas no sentido de mitigar os constrangimentos existentes ao nível da dependência energética e do agravamento das emissões de dióxido de carbono. Ainda neste âmbito será determinante o enfoque dos organismos públicos na expansão da rede de carregamento e no incentivo à aquisição de veículos elétricos através da componente fiscal. Por outro lado, a evolução crescente dos preços dos combustíveis fósseis influenciará as opções de compra dos consumidores, sendo certo que o custo de aquisição do veículo, embora atualmente elevado, terá tendência para diminuir substancialmente nos próximos anos,
decorrente do aumento da procura, redução dos custos de produção e aumento do nível de concorrência no mercado por parte dos fabricantes. Os incentivos fiscais concedidos às empresas, designadamente a dedução do valor do IVA na aquisição ou aluguer de longa duração (renting) e a isenção ao nível da tributação autónoma, também contribuem para o aumento do parque circulante, designadamente de híbridos Plug-in e cem por cento elétricos. NOVAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO O aumento do parque de veículos híbridos e elétricos vai obrigar as redes de oficinas oficiais e multimarca a prestarem assistência a este tipo de viaturas. “As redes oficiais das marcas têm investido em pontos de assistência dedicados a este tipo de veículos no que respeita, designadamente, aos elétricos”, confirma o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro. Por sua vez, as redes de oficina multimarca também se estão a preparar para a nova realidade. “Atualmente, a Norauto é líder na manutenção automóvel a combustão e no futuro também queremos ser a primeira escolha em termos de manutenção de veículos híbridos e elétricos”, afirma José Martins, Expert Oficina na Norauto Portugal. “Esta adaptação vai fazer-se naturalmente com o crescimento do mercado dessas novas tendências de tecnologias e mobilidade”, acrescenta o responsável, adiantando que a Norauto está a investir “na aquisição de conhecimento técnico e de equipamentos novos para poder realizar a manutenção completa de veículos híbridos e elétricos”. Para as empresas de aftermarket, a nova tendência da mobilidade elétrica poderá, segundo Flávio Menino, responsável de marketing da Autozitânia, ou Ana Barbosa, responsável pelo
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DESTAQUE
TENDÊNCIAS
TIPOLOGIAS DE HÍBRIDOS E ELÉTRICOS De acordo com a legislação em vigor entende-se por híbrido, um veículo que tenha um motor térmico, depósito de combustível (gasolina ou diesel) e um motor elétrico alimentado por uma bateria. Por sua vez, o veículo cem por cento elétrico utiliza totalmente a propulsão elétrica como fonte de energia. Atualmente, o mercado disponibiliza três tipologias principais: Híbridos (HEV) – veículos que se caraterizam pela utilização simultânea de um motor de combustão interna e um motor elétrico. Nestes casos, a bateria é carregada através do motor de combustão interna e do sistema de travagem regenerativa. O Kia Niro HEV, o Peugeot 508 RXH ou o Toyota Auris Hybrid são alguns exemplos de HEV. Híbridos Plug-in (PHEV) – veículos que combinam no mesmo equipamento uma bateria que pode armazenar energia elétrica e restitui-la ao motor elétrico e um depósito de combustível que alimenta um motor térmico e pode acionar diretamente as rodas ou fornecer energia mecânica a um gerador elétrico. Distinguem-se dos híbridos puros (HEV) porque oferecem uma determinada autonomia em modo totalmente elétrico. A bateria pode ser carregada através do motor de combustão interna e da travagem regenerativa, podendo também ser ligada a um ponto de fornecimento de energia elétrica. O Audi A3 e-tron, o BMW 330e, o Mitsubishi Outlander PHEV, o Toyota Prius PHEV, o Volkswagen Golf GTE, o Volvo V60 PHEV são alguns exemplos de PHEV. Veículos Elétricos (BEV) – possuem um motor elétrico, cuja bateria é recarregada por energia proveniente da rede de distribuição elétrica e pelo reaproveitamento da energia gerada na fase de desaceleração e travagem. Como exemplos apontam-se, entre outros, o BMW i3, o Kia Soul EV, Mercedes-Benz B ED, o Nissan LEAF, o Renault ZOE, o Volkswagen e-Golf.
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marketing e comunicação da Kroftools, representar “novas oportunidades de negócio”. O responsável de marketing da Autozitânia considera que as “empresas que se conseguirem colocar na dianteira para a reparação deste tipo de viaturas estão a assegurar o seu futuro”. Opinião semelhante tem o responsável de comunicação da Auto Delta, Tiago Domingos: “A médio prazo, a mobilidade elétrica deixará de ser vista como um ‘nicho’, até com alguns laivos de excentricidade, para passar a ser a normalidade do parque automóvel. Desta forma, já se tem verificado um crescimento do interesse dos principais fabricantes por esta área, nomeadamente através de spin-off’s e da aquisição de empresas altamente especializadas nesta área. Seguindo esta área de atuação, as empresas de aftermarket terão de, gradualmente e sempre em articulação com os fabricantes (este é um tema delicado e algo complexo), fazer uma adaptação que os coloque na linha da frente da resposta que terá de ser dada ao mercado.” António Gonçalves, da Gonçalteam, também concorda que “as tendências ‘ECO’ irão ser as que mais irão crescer no futuro” e estas viaturas irão exigir ferramentas “específicas, com proteções e caraterísticas próprias, e equipamentos de diagnóstico com as especificidades dos motores elétricos / híbridos”, assim como equipamento de carga e manutenção das baterias. O responsável salienta que muitas destas viaturas também vêm equipadas com as tecnologias TPMS (Tyre Pressure Monitoring System), nas quais “sem equipamentos e consumíveis não se podem efetuar serviços de qualidade”. Por seu lado, Miguel Mestre, Marketing Developer da Tecniverca, considera que esta nova tendência da mobilidade elétrica pode ser analisada em duas vertentes: “Por um lado, vão ser necessárias ferramentas isoladas para alta voltagem e, por outro, o número inferior de componentes móveis neste tipo de veículos vai levar a que sejam necessárias menos ferramentas para efetuar as reparações.” Para o responsável, a nível ambiental e económico, este tipo de solução poderá apresentar vantagens,
“mas é um tipo de mecânica que ainda tem de ser mais explorado e desenvolvido para se conseguir ter certezas nas suas vantagens contra o sistema de combustível”. O responsável de comunicação da Auto Delta também admite que a mobilidade elétrica poderá ter algum impacto no setor porque as viaturas movidas a energia elétrica utilizam menos peças que um veículo convencional. “Será importante que seja disponibilizada uma gama abrangente e com alta qualidade pelo aftermarket”. Nesse sentido, a empresa estabeleceu uma parceria, aquando da Mecânica 2016, com a Emovum, a marca do Grupo Meyle dedicada em exclusivo à mobilidade elétrica. “O portefólio desta marca apresenta acessórios para veículos elétricos e híbridos Plug-in, como cabos de ligação, carregadores, carregadores portáteis ou carregadores de parede, com uma cobertura total de oferta deste tipo de veículos”, explica Tiago Domingos. OFERTA DE EQUIPAMENTOS E COMPONENTES Algumas redes de oficinas independentes multimarca afirmam que estão a preparar-se para a “viragem tecnológica”, caso da Norauto, e já existem empresas de aftermarket a disponibilizar equipamentos ou componentes que permitem a assistência a veículos híbridos e elétricos. A Gonçalteam, por exemplo, disponibiliza ferramentas manuais específicas das marcas Facom e Beta, assim com equipamento direcionados para as manutenções das baterias da marca Telwin. “Todos os equipamentos comercializados pela nossa empresa são acompanhados de formação específica do equipamento, bem como em muitos casos de formação na área de negócio”, esclarece António Gonçalves. A Berner também já incluiu no seu portefólio alguns equipamentos específicos para a manutenção de veículos híbridos e elétricos, incluindo um óleo sintético poliéster, que é indicado para todos os compressores de ar condicionado, um kit completo de proteção
individual dos técnicos e toda uma gama de ferramentas protegida VDE. O responsável da Berner adianta que os comerciais da empresa recebem formação dos produtos na altura do lançamento para que “estejam aptos para responder a todas as questões que possam surgir”, adiantando que vão sendo introduzidos “novos produtos à medida que detetamos novas necessidades no mercado”. A Tecniverca possui igualmente ferramentas para este tipo de veículos, incluindo a mala de ferramentas KW4057, totalmente dedicada a PUBLICIDADE
alta voltagem. “Existe também a possibilidade de configurar um carrinho de ferramentas de eletricista com vários módulos de ferramenta para alta voltagem compatíveis e também temos disponível a bolsa de 'cintura' KW3996ET com as ferramentas mais habituais para a eletricidade”, afirma Miguel Mestre. “Além destas ferramentas disponíveis através da Kraftwerk, a nossa representada Laser dispõe de caixas de ferramentas com roquete que permite complementar a procura e oferecer uma gama completa para quem necessite de efetuar manu-
tenção com este tipo de ferramenta”, conclui. Apesar de considerarem que a mobilidade elétrica pode constituir uma oportunidade de negócio para o setor do aftermarket, algumas empresas contactadas pela Turbo Oficina, como a Autozitânia ou a Kroftools, ainda não disponibilizam componentes ou equipamentos para este tipo de veículos, mas admitem vir a fazê-lo no futuro. “Estamos atentos ao mercado e faz parte da nossa estratégia investir neste tipo de veículos a curto prazo”, afirma Flávio Menino. /
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TENDÊNCIAS
FORMAÇÃO É IMPRESCINDÍVEL José Peniche, responsável de formação da ATEC na área de veículos elétricos e híbridos, defende que quem não tem conhecimentos, não deve tentar efetuar qualquer tipo de intervenção nestes veículos, sobretudo pelos riscos de segurança decorrentes da tensão de 220V
INTERVENÇÕES SEGURAS Para poderem intervir em veículos híbridos e elétricos equipados com sistemas elétricos de alta tensão, as oficinas têm de obter formação especializada para os seus técnicos TEXTO CARLOS MOURA PEDRO
O
s veículos híbridos e elétricos levantam novos desafios para as oficinas, seja a nível dos sistemas, dos procedimentos de manutenção e reparação, ou até da segurança. Alguns dos seus componentes têm uma tensão contínua nominal de 220V, oferecendo um risco sério de eletrocussão se não forem tomados os procedimentos adequados de segurança. Muitas oficinas desconhecem ainda os sistemas de veículos híbridos e elétricos, o seu modo de funcionamento, as caraterísticas e funções
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dos seus componentes, assim como os riscos associados ao manuseamento e/ou reparação em sistemas com componentes em alta tensão. Para agravar a situação, a própria legislação não prevê qualquer obrigação relativamente à certificação das oficinas para poderem realizar intervenções neste tipo de viaturas. “Tudo depende da consciencialização de cada técnico ou da própria oficina”, lamenta José Peniche, responsável de formação da ATEC na área de veículos elétricos e híbridos, adiantando que o aumento do parque circulante deste tipo de viaturas levou as redes de oficinas independentes a procurarem formação especializada para poderem intervir neste tipo de viaturas.
“As oficinas já estão predispostas a trabalhar este nicho de mercado”, refere José Peniche. “Hoje em dia, já não estamos a falar apenas numa manutenção simples, como a troca de uma lâmpada ou de pneus, mas também na reparação de veículos sinistrados”, acrescenta. Entre as principais dúvidas colocadas pelos participantes em cursos de híbridos e elétricos, destacam-se precisamente os procedimentos a efetuar em caso de veículos sinistrados. “Se houver uma colisão, quem pode socorrer? Quem irá proceder ao desencarceramento, se for caso disso? A primeira força de intervenção a chegar terá de identificar se é um carro híbrido, elétrico ou de combustão
RPL CLIMA LANÇA FORMAÇÃO EM MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS HÍBRIDOS Entre março e abril, a RPL Clima, em parceria com Centro de Estudo e Formação Profissional Saber sem Limites, realizará quatro ações de formação sobre manutenção de veículos híbridos. Levadas a cabo no Algarve, Lisboa, Porto e Coimbra, destinam-se aos profissionais da área da eletrónica/eletricidade e mecânica automóvel. Com uma carga horária de 14 horas, as ações terão uma componente prática e outra teórica, sendo os objetivos: a identificação dos diferentes tipos e caraterísticas de veículos automóveis elétricos e
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híbridos; a identificação do funcionamento de um automóvel híbrido; executar corretamente os procedimentos de segurança de acordo com as normas em vigor; e executar a manutenção de um automóvel híbrido. No final destas ações será atribuído um certificado de formação profissional, ao abrigo da portaria 474/2010 por entidade formadora certificada, sendo que após a emissão do certificado de formação passará a constar da Caderneta Individual de Competências de cada formando a competência de Técnico de Manutenção em veículos híbridos.
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REGRAS DE SEGURANÇA
para depois poder adotar o procedimento de segurança adequado”, refere José Peniche, acrescentando que “muitas dessas entidades não têm formação para fazerem esse tipo de intervenção”. Também o diretor geral do Cepra, António Caldeira, alerta para os “riscos, a vários níveis, de tentar intervencionar estes veículos sem a formação adequada”, salientando que “quem não tem conhecimentos, não deve tentar reparar ou efetuar qualquer outro tipo de intervenção nestes veículos”. Para cobrir esta necessidade de formação, existem várias entidades que têm promovido ações neste domínio, como a ATEC, a Car Academy, o Cepra, a Polivalor ou a RPL Clima, entre outras. “Como em todos os novos produtos que surgem no mercado, as empresas precisam de formar os seus técnicos de modo a permanecerem competitivas”, afirma José Pedro, engenheiro formador da Car Academy. “As oficinas devem começar a traçar, desde já, um percurso de formação para garantir que os seus técnicos estejam enquadrados quando começarmos a falar de veículos híbridos e elétricos. Não faz sentido um técnico frequentar a nossa a ação de Híbridos e Elétricos se não tiver conhecimentos de base em eletricidade e eletrónica, nem conhecer os aparelhos de medida mais comuns. Para se proceder à intervenção nestas viaturas são exigidas competências em mecatrónica automóvel, com ênfase na eletricidade/ eletrónica e alta tensão, em procedimentos e
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equipamentos de proteção e segurança, em procedimentos e equipamentos de diagnóstico e reparação.” Para além da formação, as empresas deverão “adquirir os equipamentos necessários para a intervenção que pretendem fazer nas viaturas e preparar o espaço oficinal para este novo tipo de intervenções”, acrescenta Jorge Zózimo, diretor-geral da Polivalor. Numa fase de formação mais avançada, as oficinas têm de disponibilizar técnicos em dois níveis: Técnico de Alta Voltagem Certificado (TAV), que é responsável pela realização de todos os trabalhos que envolvam componentes de alta voltagem; Pessoa com Conhecimentos Eletrotécnicos Certificado (PCET), que realiza todos os trabalhos na rede de baixa tensão (12V), isto é, efetua as revisões e reparações que não envolvam a Alta Voltagem, mas sempre acompanhada e com a supervisão do Técnico de Alta Voltagem. De acordo com António Caldeira, as anomalias mais comuns estão relacionadas com avarias na bateria de tração, no inversor e nos motores elétricos. “Também se constatam avarias no compressor de ar condicionado (alimentado por alta tensão) dos veículos híbridos e problemas ao nível do estado de carga / tempo de vida útil das baterias”, afirma o diretor do Cepra, salientando que quase todas as anomalias são identificadas pelos equipamentos de diagnóstico e aparelhos de medição adequados, entre os quais o megaohmímetro”. /
Para a realização de uma intervenção num veículo híbrido ou elétrico, o responsável pela formação neste tipo de veículos da ATEC, José Peniche, deixa alguns conselhos. A primeira regra é retirar a chave do veículo e colocá-la numa zona segura, porque o próprio sistema reconhece, por uma questão de proteção, se está dentro ou fora da viatura. “Se deixar a chave dentro de um veículo híbrido, o painel de instrumentos pode ficar ligado e com o motor elétrico em funcionamento”, explica o técnico. “A qualquer momento, caso a unidade de gestão de energia reconheça que a tensão da bateria está baixa, poderá começar a carregá-la, colocando o motor térmico em funcionamento. Isso pode ser perigoso se estiver um mecânico a fazer uma intervenção.” A segunda passa por desligar sempre a bateria de 12V. “Qualquer veículo híbrido ou elétrico tem uma bateria destas que serve para alimentar o circuito interno, permitindo que os 220V em contínuo cheguem aos motores elétricos. Se for uma avaria normal, não haverá grandes cuidados a ter, mas se caso se trate de um veículo sinistrado ou com algum problema ao nível da tensão, aí, sim, há que tomar algumas precauções, sendo necessário criar um perímetro de segurança.” Segundo José Peniche, a oficina deverá ter um espaço físico próprio, delimitado por baias de segurança, identificando que se trata de um veículo híbrido ou elétrico em intervenção, e com o nome do técnico responsável. A ferramenta também é específica, uma vez que terá de ser isolada. O técnico terá ainda de dispor de luvas e botas próprias. O próprio piso também deve ter isolamento à terra. O equipamento de diagnóstico, por seu lado, é igual ao de um veículo convencional, incluindo a ligação por uma ficha OBD de 16 pinos, alimentada por 12V. “De resto, um veículo híbrido ou elétrico é igual aos outros porque continua a gastar pastilhas, consumíveis normais como óleo de travões ou de motor (se for um híbrido), líquido de refrigeração, amortecedores, lâmpadas, discos de travão, amortecedores, pneus.”
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TENDÊNCIAS
PIONEIRA NO MERCADO A Zeev abriu a primeira oficina multimarca para veículos elétricos no nosso país. As instalações dispõem de espaços para assistência e manutenção, reparação de componentes elétricos e de baterias TEXTO CARLOS MOURA PEDRO
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ioneira na oferta de soluções de mobilidade elétrica, incluindo a comercialização de veículos elétricos e híbridos Plug-in, financiamento, carregamento e assistência após-venda, a Zeev também é responsável pela abertura da primeira oficina multimarca para este tipo de veículos, que já está em funcionamento. As instalações estão localizadas no Prior Velho, no concelho de Loures, e ocupam uma área total de 1800 m2, com espaços dedicados para assistência e reparação a automóveis e veículos de duas rodas, um laboratório para reparação de componentes elétricos, uma zona reservada para reparação de baterias, uma área para preparação de veículos e uma outra para a sua entrega aos clientes. O investimento total ultrapassou os 250 mil euros, valor que abrange a adaptação do espaço, a sua preparação e a aquisição de máquinas e ferramentas. Esta oficina dispõe ainda de um posto de carregamento rápido de 50 kW e, a curto prazo, está
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prevista a inclusão de painéis solares para produção de alguma da energia elétrica consumida. O administrador da Zeev, Carlos Jesus, explica o investimento nesta oficina com o facto de a empresa acreditar que o “futuro será dos veículos elétricos” e também por estar num setor que se dedica à comercialização de soluções para a mobilidade elétrica. “Temos uma frota de veículos e dispomos de uma solução própria de aluguer operacional. Isso obriga-nos a ter um serviço de assistência especializado”, adianta. A aposta numa oficina com estas caraterísticas teve ainda como objetivo responder a uma lacuna existente no mercado e também a alguma falta de recursos por parte das marcas para fazer face ao aumento do parque circulante de veículos elétricos. “Por vezes, os proprietários têm de esperar entre duas a seis semanas para verem um problema resolvido nas suas viaturas”, refere Carlos Jesus, adiantando que, por outro lado, também compreende as marcas: “Esta tecnologia obriga a ter técnicos especializados para trabalhar nestes carros, que tipicamente são engenheiros eletrotécnicos e mecatrónicos. O facto de agregarmos várias
marcas também nos permite rentabilizar melhor os recursos técnicos e humanos.” Entre os serviços disponibilizados por esta oficina incluem-se a inspeção dos pontos críticos dos veículos, designadamente travões, suspensões e a verificação dos níveis de tensão das células da bateria (que poderá incluir o carregamento individual das mesmas, nas situações em que tal seja possível). “Feliz ou infelizmente, a manutenção de um veículo elétrico é reduzida”, afirma Carlos Jesus. “Ao final de alguns anos, poderá ser necessário efetuar apertos de cabos e de bornes”, acrescenta, adiantando que, regra geral, os problemas mais comuns que surgem nestes veículos estão relacionados com erros de software, níveis de tensão abaixo do suficiente na bateria convencional de 12V (originando erros no veículo), problemas nas portas de carregamento, que podem deixar de funcionar pela forma como se colocam os cabos, ou pequenas fugas no líquido de refrigeração das baterias. OS RECURSOS CERTOS A oficina da Zeev foi concebida de raiz para assistência a veículos elétricos, embora tam-
RECUPERAÇÃO E UGRADE DE BATERIAS
bém possa disponibilizar serviços desse tipo na parte elétrica e eletrónica de veículos híbridos Plug-in. “Substituições de óleos não fazemos”, assegura o administrador da empresa. Os serviços de colisão e pintura, por sua vez, são subcontratados, ao abrigo de uma parceria com uma empresa especializada. Em termos de equipamento para trabalhar em veículos elétricos existem algumas especificidades, como ferramenta isolada, luvas especiais para trabalhar em alta tensão, ganchos de segurança, óculos, botas, sistemas de diagnóstico que permitem fazer leitura de erros e dados dos veículos ou bancadas isoladas para retirar e trabalhar as baterias. O próprio espaço tem de estar delimitado com baias dedicadas, não podendo haver circulação de pessoas na zona de intervenção de um veículo elétrico. O responsável da empresa salienta que, atualmente, “não existe ainda certificação de oficinas de veículos elétricos”. Por isso, um dos objetivos desta oficina é ser “uma oficina-modelo, que agregue tudo aquilo que são as normas e os requisitos das várias marcas para que se possa definir o standard de uma oficina de veículos elétricos". Ao nível de recursos humanos, uma intervenção num veículo elétrico tem de ser efetuada por técnicos qualificados e com formação adequada. “Um técnico deve ter formação inicial como engenheiro eletrotécnico ou mecatrónico, assim como conhecimentos na área auto-
móvel. Além disso, tem de ter formação específica, que é ministrada por algumas empresas especializadas”, afirma Carlos Jesus, adiantando que, neste domínio, a Zeev estabeleceu uma parceria com a empresa Polivalor. “Neste momento, estamos a discutir os conteúdos da formação, que será constituída por quatro módulos, sendo a componente prática ministrada nestas instalações.” A Zeev estabeleceu ainda uma parceria com o Instituto Superior Técnico, que tem duas componentes: a primeira relativa ao upgrade tecnológico de um veículo que já foi transformado para elétrico e a sua homologação; a segunda passa pela utilização desta oficina pelo Instituto Superior Técnico para ministrar aulas práticas. A Zeev admite estender esta colaboração a outras universidades e institutos politécnicos. “O trabalho com as universidades também nos permite identificar potenciais engenheiros que venham trabalhar connosco”, salienta Carlos Jesus. “Esse é também um dos objetivos das parcerias, estabelecendo-se assim uma proximidade com quem presta a formação e desenvolve soluções tecnológicas." Além da oficina de Lisboa, a Zeev terá também um espaço de venda e após-venda de veículos elétricos na zona do Porto. “Já temos o espaço e agora vamos iniciar as obras”, confirma o responsável da empresa, que aponta a abertura dessa instalação para o final do primeiro semestre deste ano. /
Uma das competências da oficina da Zeev será também, a curto prazo, a reparação, recuperação e ugrade de baterias. De acordo com Carlos Jesus, isto permite dar uma “nova vida às baterias dos automóveis”, após a transformação para utilização estacionária. Uma bateria de 24 kWh com 80% da sua capacidade total ainda disponibiliza 19 kWh. Em quilómetros, isto significa menos de cem quilómetros de autonomia, o que já condiciona a mobilidade. Todavia, essa capacidade de 19 kWh é aquilo que uma casa típica consome por dia. “Caso seja alimentada por uma instalação de painéis solares, com 3 a 4 kW de potência, é possível efetuar o carregamento da bateria e abastecer a casa”, explica o responsável da Zeev. Estas baterias poderão ter origem em duas situações: colisões, em que o veículo simplesmente não tem reparação, mas a bateria continua a ser o componente mais valioso; ou o upgrade de baterias, isto é, quando uma marca lança uma nova geração com maior capacidade e permite ao cliente substituir a original pela nova. “As marcas têm a solução na teoria, mas, na prática, não a disponibilizam”, comenta o entrevistado, salientando, no entanto, a importância do upgrade porque “faz aumentar o valor de mercado do veículo”.
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ENTREVISTA
NUNO GREGÓRIO, EURO REPAR CAR SERVICE PORTUGAL
“ESTAR NUMA REDE É QUASE VITAL” Depois de, em 2014, ter reformulado o seu projeto de reparação independente, o Grupo PSA aposta no nome Euro Repar Car Service como alternativa às redes multimarca já existentes no mercado. Nuno Gregório, responsável pela rede no nosso país, dá conta da importância que as redes têm no panorama da reparação independente em Portugal, defendendo também que a aposta na proximidade ao cliente será recompensada TEXTO JOSÉ MACÁRIO FOTOS JOSÉ BISPO
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té 2014, eram duas as redes de oficinas multimarca dinamizadas pelo Grupo PSA, cada uma dedicando-se a uma das duas marcas que compõem o grupo francês. Um ano depois da fusão das duas redes, o projeto Euro Repar Car Service chegou a Portugal. Com ele chegou também a aposta numa marca própria de componentes para o automóvel, alavancando o negócio de peças do Grupo PSA e beneficiando das economias de escala criadas pela dimensão mundial deste projeto, assume Nuno Gregório, responsável da insígnia em Portugal.
Porquê uma rede multimarca e não especializada nas marcas do Grupo? A evolução do mercado determina várias tipologias de clientes e de abordagem ao mercado da reparação, entre as quais está a reparação autorizada, onde vamos manter a nossa estrutura de rede. Mas começa a aparecer outro tipo de cliente: o que, com a idade do seu automóvel, deixa de frequentar a oficina de reparação autorizada. É para esses clientes que existe a reparação independente. O que nós queremos é pegar no mercado da reparação independente e propor um conceito de grupo onde possamos oferecer formação e habilitar um pouco mais os profissionais para o que serão as exigências futuras do mercado.
Qual a motivação do Grupo PSA para alterar o projeto de redes de reparação multimarca? A estratégia do grupo assenta em dois pilares: a produção e venda de veículos novos e a entrada no campo da mobilidade, algo que considero decisivo para o nosso futuro. Neste campo, o Grupo PSA quer ser também uma referência, oferecendo um conjunto de serviços que permitam satisfazer qualquer cliente. Ora, para podermos entrar no campo da mobilidade e multimarquismo, temos de ter uma rede de reparação multimarca, e a Euro Repar Car Service aparece como uma peça neste puzzle, para poder responder às necessidades de reparação e manutenção do que serão as nossas ofertas no futuro.
Acha que o mercado é pouco habilitado? De todo. Se atendermos ao número de empresas que trabalham na reparação independente, elas têm de ser boas, senão não estariam no mercado. O que pode acontecer é sofrer-se de alguma falta de metodologia para garantir uma maior eficiência. O que vamos fazer é dizer aos reparadores independentes que queiram trabalhar connosco e estar na nossa rede que, para a formação de que necessitam, para desenvolver as suas competências e para fazer face à evolução dos desafios do mercado, podem contar connosco. A nossa rede pretende ser complementar, usando as competências mais válidas de cada um dos membros e, ao mesmo tempo, oferecendo um plano de for-
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FAZER REGRESSAR À PSA OS CLIENTES QUE, APÓS A GARANTIA, DEIXARIAM DE USAR A REDE DE REPARADORES AUTORIZADOS É UM DOS OBJETIVOS DA REDE
mação desenhado para alavancar a sua valorização, porque é isso que nos interessa. Aliás, uma das áreas previstas no nosso plano de formação é a Gestão Oficinal, algo que começa cada vez mais a ser pedido. Mas vamos mais longe, englobando também as ferramentas de gestão. Ao incluirmos na licença um sistema de faturação, de gestão de folhas de obra, enfim, de tudo o que é a parte operacional de uma oficina, também estamos a alavancar esta otimização, libertando as pessoas para se focarem mais na sua atividade. Não temem canibalizar os vossos reparadores autorizados? Não, porque as redes não se sobrepõem. Estamos dentro do Grupo PSA, mas temos uma abordagem distinta da da reparação autorizada. Nós apontamos ao cliente após garantia, porque, se não tivermos uma rede Euro Repar Car Service, o cliente continuará a fazer a manutenção da sua viatura noutro ponto. Um dos objetivos da rede
é o de voltar a trazer para dentro do Grupo PSA aquele cliente que, após a garantia, deixaria de levar o seu carro a um reparador autorizado. É por isso que optam por uma rede de proximidade? O negócio gravita sempre em torno do cliente. Por isso queremos ter na nossa rede aquele reparador que é conhecido na zona e que é uma referência em termos de qualidade. É esse que queremos preservar enquanto referência na sua região, dotando-o das ferramentas de que precisará para enfrentar os desafios do negócio. Não queremos interferir naquilo que são as metodologias e boas práticas que os reparadores já têm na sua atividade. O que pretendemos é dotar a nossa rede de um conjunto de ferramentas que permita comunicar ao mercado qual a mais-valia da Euro Repar Car Service e o que o cliente pode conseguir a mais por usar uma rede que tem formação e conhecimento do que está a fazer dentro da sua viatura.
Este deve ser o caminho que as oficinas devem tomar, ir ao encontro do cliente. O cliente, mais do que nunca, tem hoje uma panóplia gigantesca de escolha em termos de serviço. Por isso, das duas, uma: ou eu consigo ter um cliente fidelizado e que sente que estar naquele reparador lhe traz mais-valias ou então ele vai procurar outra solução. O cliente terá, assim, uma palavra a dizer na composição da rede? O cliente é parte fundamental. É ele quem decide o que quer da nossa rede. Por isso apostamos naqueles que são os reparadores de referência nas zonas geográficas onde procuramos os nossos aderentes. Se amanhã o cliente disser que aquele reparador não o satisfaz em termos de qualidade, a nós também não nos vai satisfazer. Hoje em dia, quando queremos, por exemplo, marcar um hotel, escolhemos com base nos comentários que os utilizadores fizeram. Por isso, temos online uma ferramenta de ava-
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ENTREVISTA
liação das oficinas. Esse é o caminho e é por aí que queremos seguir para fazer a fidelização da nossa rede de reparadores. E em que ponto está a rede hoje? Terminámos 2016 com 23 aderentes. Para este ano, o objetivo é ter entre 60 e 70 pontos de reparação e, a prazo, queremos ter 150 oficinas. Sabemos a dimensão do desafio, pois existem redes em número significativo em Portugal, cada uma com as suas especificidades e particularidades. Mas estamos convencidos de que a nossa oferta é a mais desafiante para o mercado da reparação independente e a que garante, à partida, uma taxa de sucesso mais elevada, até porque, dentro das redes, há uma taxa de mortalidade elevada em termos de entradas e saídas de membros. MERCADO PROCURA FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO Essa proliferação de redes indica uma tendência no mercado? Efetivamente. Estar numa rede é quase vital. Entre estar num grupo em que todos trabalham na mesma direção e trabalhar isoladamente, tendo de fazer um esforço de investimento maior para que o mercado me reconheça, só terei a ganhar estando numa rede. Esta tem sido a importância das redes, que em Portugal têm uma qualidade muitíssimo elevada, qualquer uma delas, o que ainda torna o nosso desafio mais aliciante e apaixonante. É este sentido de pertença, de estar dentro de uma rede que me pode trazer algo de adicional enquanto reparador independente que faz com que haja uma atratividade grande pelas redes em Portugal. São todas as sinergias que se conseguem retirar de uma rede que geram toda esta atratividade, bem como a formação e a assistência técnica, tudo fatores de aglutinação e de atratividade das redes para o reparador independente. Então, o futuro das oficinas passará pela adesão a uma rede? Não sei, mas é um passo importante e quem está na reparação independente sente essa necessidade. Todos os estudos que fizemos indicam que as pessoas gostariam de ter acesso a outro tipo de formação e de informação, e que as redes podem aportar esse tipo de know-how. Agora, duvido que a reparação independente feita isoladamente vá desaparecer, mas é apenas a minha opinião, não sou futurologista. O que acho que é que, dentro da segmentação do que é a reparação automóvel, haverá espaço para vários operadores e tipologias. Quais as mais-valias que a rede tem ao estar dentro do Grupo PSA? Quando pesamos que um dos pilares da estratégia do grupo é a mobilidade e que a nossa rede está inserida neste pilar, já respondemos
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PEÇAS EM NOME PRÓPRIO De acordo com Nuno Gregório, o Grupo PSA pretende afirmar-se como um dos principais atores dentro do que é o fornecimento global de peças de substituição. A aposta na marca própria Eurorepar é apenas uma das faces desta iniciativa
a tudo, porque estamos a falar de uma organização a desenvolver um negócio justamente para chegar a todo o mercado. Pretendemos transpor para a rede Euro Repar Car Service todas as sinergias que o Grupo nos oferece, como, por exemplo, a formação, que em muitos casos será feita com base no departamento de formação do Grupo PSA. Além disso, este é um projeto mundial, o que nos dá a oportunidade de absorver a experiência e know-how dos mercados onde já estamos implementados. Outras grandes mais-valias serão toda a nossa experiência em termos do que é o setor automóvel, bem como a nossa capacidade para poder ter uma oferta de peças de substituição transversal e multimarca, respondendo a todas as necessidades do mercado. Isso é algo que só uma organização com a dimensão mundial da PSA consegue. MARCA PRÓPRIA COMO REFORÇO DA COMPETITIVIDADE Porquê apostar numa marca própria? Uma marca própria é quase a base de um projeto deste estilo, que pretende oferecer ao mercado um pacote completo e facilmente identificável com a nossa estratégia. Daí a semelhança dos nomes, por exemplo. Mas também porque, no momento em que passamos a ter uma marca própria, passamos a ter uma economia de escala em termos negociais completamente diferente, que se traduz numa competitividade superior. Mantendo um nível de qualidade elevado e tendo a capacidade para desenvolver uma marca própria como tem o grupo PSA, por que não alavancar todo o nosso negócio neste conceito de uma oferta global? Vão, então, apostar forte nas peças? Sim. Para além das peças de origem, que vamos comercializar junto de todos os operadores, temos a nossa gama Eurorepar e estamos em fase terminal de negociação com os principais fornecedores de peças de aftermarket. É aqui que o grupo se quer afirmar como um dos principais atores dentro do que é o fornecimento global de peças de substituição. Quando começamos a juntar membros na rede, com toda a envolvência dos distribuidores de peças PSA, passamos a ter uma capacidade de estar no mercado das peças como no passado não tínhamos: muitíssimo mais competitivos, com peças de qualidade elevada e com diferentes tipos de oferta, de acordo com as várias tipologias de clientes. Qual o posicionamento da marca no mercado? Tendo o mercado aftermarket como índice 100, as peças Eurorepar estarão posicionadas no índice 80. A nossa aposta é claramente conseguir uma boa relação qualidade-preço, porque estamos a falar de peças que não são low-cost. Aqui, as economias de escala
que conseguimos retirar de estar numa rede mundial são uma das mais-valias de que os aderentes da rede Euro Repar Car Service poderão usufruir. A gama Eurorepar será apenas para a vossa rede? Todos poderão utilizar todas as peças que o Grupo tem à sua disposição. Tanto os reparadores autorizados poderão utilizar peças Eurorepar, como os membros da rede Euro Repar Car Service são livres de utilizar outras peças. A gama Eurorepar tem uma capacidade de cobertura de mercado na casa dos 90% para viaturas PSA e de 80% para as outras marcas, abrangendo assim a quase totalidade do mercado. Isto garante-nos, logo à partida, que teremos uma peça para responder instantaneamente a todas as necessidades de reparação ou manutenção. Em complemento, teremos peças de substituição de outros fabricantes e ainda as peças originais PSA. O que é importante frisar é que as peças Eurorepar vão acompanhar a competitividade do aftermarket, sempre com um prémio de preço para o cliente. Como é evidente, tudo o que for a definição de preços para o cliente da rede será feita com base em peças Eurorepar. Primeiro porque são peças que nos garantem uma qualidade elevada e, depois, porque são as que, em termos de relação qualidade-preço, nos permitem ser o mais competitivos possível face à agressividade do mercado da reparação automóvel. O mercado é muito agressivo? Basta olhar para os preços praticados e para a comunicação das marcas para perceber que existe uma agressividade que, a meu ver, é salutar. Quem ganha com ela é o cliente. Que famílias de produtos terão? Todas as famílias de produtos que sejam necessárias para fazer a reparação e manutenção mecânica das viaturas. Estamos a terminar também a negociação com a parte de pneus, uma vertente de negócio que será opcional para os aderentes da rede Euro Repar Car Service. Obviamente, se o dono da oficina quiser aproveitar a ocasião para evoluir para outros serviços que atualmente não faz, cá estaremos para o ajudar. É esta a resposta do Grupo PSA às necessidades do mercado e às necessidades dos clientes. Como tudo na vida, qualquer unidade de negócio se move em função daquilo que os clientes querem. Nós estamos a fazer esse percurso, desenhando a nossa rede de negócio em função daquilo que é a evolução natural do após-venda, criando uma rede que pode assistir qualquer marca do mercado, garantindo a satisfação do cliente – o nosso objetivo principal –, e cobrindo todas as necessidades do mercado, tanto em reparação como em peças./
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ESPECIALISTA
APRESENTAÇÃO
RELAÇÕES DE SUCESSO Num evento com uma assistência recorde, a Bolas apresentou as novidades da Beta para 2017, reforçando as relações de sucesso construídas com a marca e com os revendedores do mercado nacional TEXTO ANDREIA AMARAL
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oi com uma assistência de 180 pessoas que a Bolas realizou, em Cascais, a sua reunião anual de revendedores da Beta em Portugal. O evento, um dos mais concorridos de sempre, reiterou o compromisso da empresa de Évora com a marca italiana especializada em ferramentas e equipamentos, naquela que é uma relação, com quase cinco anos, de sucesso. Prova disso é que, por entre cerca de três dezenas de representadas, a Beta impõe-se já como uma das principais insígnias no portefólio da Bolas. Não é, assim, de estranhar que o crescimento progressivo da empresa alentejana nos últimos anos, e que se cifrou nos 5% em 2016, seja acompanhado pelo crescimento das ven-
PRINCIPAIS NOVIDADES PASSAGEM DE TESTEMUNHO Durante a convenção da Beta, Guilherme Bolas anunciou oficialmente o seu afastamento da direção executiva da Bolas, passando o testemunho aos filhos, Elizabete e Rui Bolas
das e da quota de mercado da Beta em Portugal. Empenhada em prosseguir em rota ascendente, a Bolas revelou as mais recentes novidades do fabricante italiano, constantes do catálogo geral da Beta para 2017, mas também do novo folheto Beta Action. De acordo com Elizabete Bolas, administradora da empresa, por entre os diversos lançamentos, “é de destacar a ampliação da gama de soluções específicas para o setor auto, com ferramentas especiais que permitem facilitar e poupar tempo nas reparações”. De resto, a aposta na especialização foi mesmo uma tendência que se evidenciou. “Para uma marca como a Beta, depois da inovação, cada vez mais a especialização é o caminho para se diferenciar de outras marcas com estratégias que assentam mais no preço”, defendeu Rui Bolas, também administrador.
Segundo o responsável, de modo a conseguir tirar o maior valor das caraterísticas que distinguem os produtos, a empresa está a investir em gestores de produto “para dar formação a equipas técnico-comerciais dos distribuidores”, numa aposta preponderante “para quem se quer diferenciar pela qualidade”. “Os produtos integram uma crescente componente tecnológica e é preciso pessoas aptas a compreendê-la e a conseguir passar a mensagem de como esse produto se diferencia de um produto que aparenta ser equivalente. Por isso, fazemos ações de formação regulares para equipas de vendas e de assistência técnica”, explicou Rui Bolas. Com o intuito de facilitar a introdução das novidades no mercado, e por forma a mitigar os impactos de um aumento médio de preços de 2,5% – correspondente “exclusivamente a alterações
Entre as muitas novidades que integram o novo catálogo Beta, destacam-se: Prensa Pneumática para molas de amortecedores de automóveis, carrinhas e veículos comerciais – com sistema de fixação universal que permite a compressão de todos os diâmetros de mola esq./dir. com um prato superior adaptável. Contempla um sistema de segurança ativo na mola, em que um gancho de segurança e três válvulas de bloqueio permitem o posicionamento correto da mola, mantendo a posição durante a compressão e, se a mola não estiver na posição correta, o sistema imobiliza a máquina; Chave especial para bujões do cárter, especialmente desenvolvida para veículos VW com motores TFSI e TDI; Chave magnética e flexível para bujões sextavados, que viabiliza a remoção de bujões sem risco de queimaduras; Kit para enchimento de filtros de óleo diesel sem recurso a bombas elétricas, também para utilização com punhos de encher pneus; inclui uniões rápidas GM, Renault, Fiat, Ford e PSA e dois adaptadores cónicos para veículos sem uniões rápidas; Chave de três pernas para tampas de depósitos de combustível em alumínio, para porcas de anel em alumínio instaladas em automóveis Fiat, VW, Opel, Chevrolet, Mercedes e BMW a partir de 2011; Chave para tampas de depósitos de combustível de 12 estrias (para porcas de anel sem ranhuras laterais); Chave para tampas de depósitos de combustível do grupo PSA; Extrator de bobinas de ignição para grupo VW; Extrator universal de polia da bomba injetora; Adaptadores para remoção de uniões de filtros diesel, para os grupos Fiat, VW, Jeep, Chrysler e Volvo, permitindo a rápida substituição do filtro sem danos irreparáveis nas uniões; Kit para remoção de válvulas de sistemas de ar condicionado com jogo de bits cabeça em estrela; Jogo de extratores de injetores common rail diesel, que permite a remoção de injetores Delphi, Bosch, Siemens e Denso; Jogo de ferramentas para remoção de injetores de motores Mercedes 2.1L, 2.2L, 3.0 V6 e Chrysler; Jogo de adaptadores para remoção de injetores Siemens e Denso; Adaptador para remoção de injetores Siemens e Denso; Macaco de fossas hidráulico de 1 Ton; Prensa hidráulica com guincho e pistão móvel, com capacidade máxima de 30 Ton.
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na origem”, conforme afirmou Elizabete Bolas –, a empresa preparou um conjunto de campanhas promocionais com condições “muito atrativas”. “Se temos um fabricante inovador, temos obrigação de que as novidades estejam presentes nos pontos de venda”, elencou a responsável, reafirmando o compromisso da empresa em “promover condignamente a marca”. Nesse sentido, a Bolas avançou que estará presente com stand na expoMECÂNICA 2017, a realizar-se em abril no Porto, e na Mecânica, que este ano abrirá portas na FIL, em Lisboa, no mês de novembro. O representante mostrou-se ainda disponível para colaborar com os revendedores noutro tipo de iniciativas de âmbito mais local, colocando à sua disposição o Beta Show Truck. UMA ESTRATÉGIA OLEADA Segundo explicou Rui Bolas, “a estratégia da Bolas sempre foi procurar marcas premium, empresas sólidas e credíveis em termos de fabricantes, e a própria Beta integrou-se numa filosofia muito nossa ao nível de produto e de diferenciação de serviço. Além do esforço de marketing que é colocado especificamente ao serviço da Beta, existe também um esforço a nível dos serviços que prestamos à generalidade das marcas”. Elizabete Bolas complementa: “O nosso objetivo é fazer sempre um pouco mais e fazer sempre um pouco melhor. Por isso, durante o ano 2016, desenvolveram-se internamente alguns projetos cujo objetivo era essencialmente melhorar os níveis de serviço e de informação, quer a revendedores, quer a utilizadores finais.” Um desses projetos foi a implementação de leitores de códigos de barras no armazém para agilizar o serviço e minimizar o erro humano. Mas a grande novidade foi a atualização do site da empresa, que surge agora adaptado a disposi-
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TRABALHO E LAZER A convenção da Beta ficou marcada por uma ação de Pit-Stop, realizada num BMW com recurso a ferramentas da marca, e que premiou a equipa vencedora com um passeio ao volante de um Lamborghini Huracán na marginal entre o Estoril e Cascais
tivos móveis, com uma imagem renovada e uma navegação facilitada e mais intuitiva. Totalmente redesenhada e munida de novas funcionalidades, a nova página assume-se como um autêntico portal, onde é possível conhecer todas as novidades da empresa, campanhas e informações de produto. Neste particular, destaque para a possibilidade de realizar uma pesquisa por tipo de produto ou por marca e para a existência de uma área específica para cada uma das marcas representadas. Também novidade é a possibilidade de realizar uma pesquisa de pontos de venda por marca ou por zona geográfica, naquele que é um elemento que pretende aproximar os utilizadores finais dos revendedores especializados de marca. Uma vez que o novo site tem como intuito reforçar a comunicação e a proximidade da empresa, e suas representadas, tanto com os distribuidores como com os utilizadores finais, existe uma área pública e outra reservada. Nesta última, está a ser desenvolvida uma aplicação que permitirá ao revendedor efetuar diversas consultas online, como a conta corrente, carteira de encomendas, ordens de serviços, tabelas de preços e descon-
tos ou a disponibilidade de stocks, naquela que é uma funcionalidade que será introduzida faseadamente ao longo do ano. “Num mundo em que já nada é inventado, temos de ser nós a conseguirmos diferenciar-nos dos outros”, defendeu Elizabete Bolas, apontando que o caminho para o sucesso se constrói pela melhoria do nível de serviço e pelo aumento da satisfação do cliente. E porque a própria empresa coloca em prática os conselhos que dá, as perspetivas para este ano são animadoras. “Pensamos que 2017 será também um ano de crescimento, embora não desmesurado”, declarou Rui Bolas à Turbo Oficina, adiantando: “Os meses de janeiro e fevereiro já nos indicam que a evolução está a ser positiva, tal como o inquérito que realizámos aos clientes, que mostra um otimismo moderado.” Assim, e apesar dos impactos decorrentes da retração dos mercados de Angola e Moçambique, que chegaram a representar 20% da faturação da empresa, a Bolas continua a perspetivar bons resultados, muito por via da recuperação do mercado nacional, que tem, segundo Rui Bolas, “registado crescimentos contínuos e progressivos desde 2012”. Com um portefólio amplo de produtos e uma estratégia bem oleada, os dois irmãos esperam dar seguimento ao legado de sucesso do pai, já que Guilherme Bolas, fundador da empresa, aproveitou a ocasião para passar o testemunho aos filhos, afastando-se da direção executiva da Bolas. De olhos postos no futuro, Rui Bolas afirma: “Não excluímos novas entradas, para colmatar necessidades específicas ou porque vemos uma oportunidade que consideramos ter potencial para expandir o negócio, mas não é uma prioridade. Queremos, acima de tudo, trabalhar bem as cerca de 30 representações que já temos.” /
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EMPRESA
AO ENCONTRO DO CLIENTE No decorrer deste ano, a Carglass espera ter até mais 20 agências, a juntar às 15 abertas em 2016. O objetivo é claro: ir ao encontro do cliente. Além das agências físicas, esta aproximação está a ser levada a cabo também no plano digital TEXTO JOSÉ MACÁRIO
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ano de 2016 foi de grandes sucessos para a Carglass Portugal, conforme revela o seu diretor geral, Jorge Muñoz Cardoso, em entrevista à Turbo Oficina. Tendo registado um crescimento de 15% face ao conseguido em 2015, a filial portuguesa da rede de especialistas em vidro automóvel do Grupo Belron foi reconhecida como uma das 100 melhores empresas para trabalhar no nosso país e abriu 15 novas agências em localizações consideradas estratégicas. A razão para esta expansão geográfica é clara e explicada por Jorge Muñoz Cardoso: “É ver-
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dade que a Carglass é o especialista de vidros com maior notoriedade de marca em Portugal, contudo encontrámos algumas lacunas no mercado em termos de presença física, onde verificámos que alguns condutores não utilizavam os nossos serviços por falta de proximidade física às nossas agências.” Além disso, na equação cabe ainda a diminuta adesão aos serviços móveis por parte do consumidor, que Jorge Muñoz Cardoso considera ser um fator influenciador da abertura de novas agências, juntamente com o aparecimento de franchisados de vidro por todo o território. Ainda assim, o diretor geral da marca no nosso país declara que a Carglass, enquanto pioneira do serviço móvel em Portugal, tem conseguido manter
uma percentagem bastante estável, na casa dos 20%, neste tipo de serviço. O plano de expansão a dois anos, totalmente apoiado pelo Grupo Belron, conforme indica o diretor geral da Carglass Portugal, é uma das muitas prioridades que a Carglass tem para o nosso país, onde busca uma maior proximidade com os clientes, com o intuito de aumentar a sua quota de mercado neste segmento. Para Jorge Muñoz Cardoso, a abertura de 15 novos centros no ano passado permitiu que a Carglass cumprisse este objetivo, aumentando “substancialmente” a sua quota neste segmento, mas o trabalho não está terminado. O plano de expansão geográfica da marca de especialistas em vidro auto continua em marcha e, ao
SEM FRANCHISING Jorge Muñoz Cardoso, diretor geral da Carglass Portugal, reafirma a aposta da empresa nas agências próprias. O objetivo é garantir a uniformização dos serviços prestados
abrigo deste plano, a Carglass adquiriu – no início do mês de fevereiro – a Camoesas, Lda, anteriormente franchisada de outra rede. Jorge Muñoz Cardoso refere que “esta aquisição está em perfeita sintonia com a estratégia global do Grupo Belron, que tem reforçado a sua posição através da aquisição de outras redes de reparação e substituição de vidros, tanto na Europa como nos Estados Unidos". A estratégia de investimento traçada para este ano em Portugal assenta no crescimento da rede, que, com esta aquisição, se cifra em 60 lojas físicas, às quais se deverão juntar, até final de 2017, mais 20 novas agências, "de acordo com a vontade do mercado”, declara o seu diretor geral. Apesar da vontade de estar cada vez mais próxima dos clientes, a Carglass não o fará através de uma rede de franchising, antes continuará a apostar nas agências próprias. Segundo Jorge Muñoz Cardoso, tal linha de ação assenta no facto de as agências próprias permitirem um melhor controlo sobre os procedimentos, garantindo assim uma uniformização dos servi-
ços de norte a sul do país, “algo que os nossos parceiros privilegiam”, declara. Para além disso, e ainda segundo o diretor geral da Carglass Portugal, possuir agências próprias faz com que os colaboradores estejam mais motivados, uma vez que a empresa trabalha no sentido de ir ao encontro das suas necessidades, “fazendo-os sentir como se pertencessem a uma família – a família Carglass”. APOSTA NA TECNOLOGIA Mas a abertura de mais lojas físicas não é a única forma que a Carglass encontrou para estar mais perto do cliente, sendo a vertente tecnológica do negócio uma clara aposta da empresa especialista em vidro auto. Jorge Muñoz Cardoso revela que a Carglass se tem diferenciado nos últimos anos nesta vertente, inicialmente através do investimento em máquinas de calibração de câmaras ADAS, cada vez mais presentes no parque automóvel português, e posteriormente na tecnologia como apoio à formação dos seus técnicos. Aliás,
o Grupo Belron desenvolveu no seu centro de I&D uma ferramenta de formação numa plataforma de gamming, onde os técnicos usam um jogo de realidade virtual para treinar cada passo do serviço de uma forma user friendly e num ambiente de risco controlado. Por isso, o responsável promete que a Carglass continuará a trabalhar nesta área, tanto nas integrações com os parceiros institucionais como na melhoria das ferramentas dirigidas aos condutores. Exemplo dessa aposta é a ferramenta digital lançada no início deste ano e que permite agendar as intervenções através do site da Carglass, escolhendo a data de maior conveniência e a agência mais próxima. Jorge Muñoz Cardoso reclama, uma vez mais, o pioneirismo da Carglass nesta ferramenta, que nasceu da perceção de que, com a evolução tecnológica em todos os segmentos de mercado, “também os nossos clientes querem ter a opção de fazer uma marcação online end-to-end”. Projeto muito complexo e em constante atualização, como afirma o diretor geral da rede,
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o desenvolvimento desta ferramenta envolveu a identificação correta de cada vidro, a disponibilidade dos técnicos nas suas agendas, a encomenda do vidro ao fornecedor e a autorização por parte da seguradora, caso seja esse o caso. Ainda assim, e com apenas perto de dois meses de existência, os agendamentos por via digital já representam mais de 20% do volume de serviços da Carglass e são responsáveis por cerca de 20% da faturação, o que faz desta uma aposta ganha, tal como o é a nova linha de car care da Carglass, a Protech. MAIS QUE VIDRO AUTOMÓVEL Lançada em maio de 2016, a gama Protech surgiu como uma consequência natural dos serviços prestados pela Glassdrive. “Como os serviços que fazemos no segmento do vidro visam a segurança e proteção dos ocupantes dos automóveis, também a gama Protech visa a proteção do automóvel no seu todo – seja o interior, o exterior ou os vidros”, declara Jorge Muñoz Cardoso, que se orgulha do sucesso que foi o lançamento desta nova gama de produtos, tendo conseguido uma notoriedade da marca de 27% e uma penetração de 10% nesta categoria de produtos. A vali-
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TOTALMENTE DESENVOLVIDA E DESENHADA EM PORTUGAL, A GAMA PROTECH TERÁ NOVOS PRODUTOS EM MAIO dação da qualidade foi dada pelo galardão de “Produto do Ano” atribuído ao produto Repelente de Água. Com sete meses no mercado, as vendas dos produtos Potech já representam cerca de 4% da faturação global da Carglass Portugal, estando em linha com o esperado, como aponta o seu diretor geral. 2017 será, por isso, um ano de consolidação da presença da nova gama junto dos atuais distribuidores – os supermercados Continente, a rede ContiService e a Norauto Online –, mas também de expansão das vendas a outros retalhistas “que têm demonstrado bastante interesse nos nossos produtos”, diz Jorge Muñoz Cardoso, que acrescenta que, em breve, a gama Protech poderá ser adquirida nas gasolineiras Prio e na Fnac online. Além dos canais de retalho, os produtos da Protech também são comercializados nos centros Carglass, representando este canal de vendas 10% do total, algo que Jorge Muñoz Cardoso explica com o facto de
o consumidor desta categoria já estar “formatado” para comprar os produtos através dos canais de retalho. Ainda na fase piloto, este projeto totalmente desenvolvido e desenhado em Portugal conhecerá novidades em maio, altura em que serão adicionados novos produtos à gama. Novidade poderá ser também a expansão da gama Protech para os mercados internacionais. O responsável máximo da Carglass Portugal declara que, tendo em conta o sucesso quase imediato que a gama teve no mercado português, o Grupo Belron “já iniciou o estudo de viabilidade para implementação dos mesmos produtos em outros países onde estamos presentes”. Caso a internacionalização aconteça, Jorge Muñoz Cardoso acredita existirem boas hipóteses de os fornecedores serem os utilizados em Portugal, “já que a qualidade está mais que confirmada e reconhecida pelos utilizadores”, uma prova clara de que em Portugal há competência e qualidade. /
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MERCADO
TERRENO MISTO Com um ténue crescimento nos últimos anos, o setor dos pneus enfrenta terreno misto. De um lado, oportunidades derivadas da melhoria da economia; do outro, os problemas das margens diminutas e dos pneus usados… TEXTO JOSÉ MACÁRIO
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mercado nacional de pneus cresceu em 2016 um total de 4,6% face ao registado em 2015, de acordo com os dados do Europool, que encontram eco nas opiniões que transmitem à Turbo Oficina vários players deste setor, ao apontarem em uníssono para 2016 com um ano positivo e com crescimento. De facto, e recorrendo aos dados da ETRMA – a associação que congrega os fabricantes europeus de pneus e artigos de borracha –, as vendas de pneus têm evoluído favoravelmente ao longo dos últimos cinco anos, para
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o que contribui o crescimento económico da economia europeia e o consequente aumento das vendas de automóveis novos no Velho Continente, como aponta Hugo Carvalho, country manager da Goodyear para Portugal. O mesmo responsável declara ainda que a renovação do parque automóvel nacional se está a fazer com veículos com jantes maiores e com pneus direcionados para o segmento UHP, que vem registando subidas há dois anos consecutivos, oferecendo, assim, novas oportunidades às empresas que operam neste espaço. Ao mesmo tempo, as exportações com base no nosso mercado têm contribuído para a evolução do mercado português, como apontam
Paulo Henrique Santos, diretor de vendas da AB Tyres, e Rui Chorado, administrador da Dispnal. A este respeito, André Bettencourt, diretor de marketing da Bridgestone Portugal, declara que a exportação de pneus tendo como base o território nacional tem vindo a inflacionar a prestação do mercado, algo que se pode notar particularmente no segmento 4x4, para o qual este responsável diz estarem a ser vendidos mais pneus do que o correspondente em termos de vendas de veículos. O mesmo gestor alerta para que, neste particular, os dados Europool apontem uma quebra de vendas neste segmento em janeiro de 2017 face a igual período de 2016, tendência que se deverá manter ao longo do ano.
MERCADO AGRESSIVO O elevado número de atores e a pressão dos preços fazem do mercado nacional de pneus um ambiente muito competitivo, com campanhas promocionais agressivas
Outro fator para o crescimento registado na venda de pneus é a derivação dos consumidores dos pneus usados para os produtos novos, como refere Aldo Machado, Country Manager da Nex Portugal, que reconhece que este tipo de produto foi muito beneficiado durante os tempos da crise económica, nomeadamente pela forte componente de preço. O mesmo responsável revela que o segmento da distribuição de pneus têm-se visto a braços com alguma “convulsão”, derivada da presença de um cada vez maior número de intervenientes de diversas dimensões, que potencia a competitividade num mercado maduro e estável. Este aumento de competitividade leva a uma deterioração das margens de negócio, que acaba por se fazer sentir também no nível do retalho, o que, em última análise, beneficia o consumidor final. Este fator, em conjunto com o elevado e excessivo serviço prestado, nas palavras de Telmo Barradas, gestor de produto da Euro Tyre, põem em causa a estabilidade do
negócio, estabilidade que é também ameaçada pelo mercado global, com refere Rui Chorado. Para o administrador da Dispnal, ao mesmo tempo que vem crescendo, o mercado tem vindo a sofrer mutações, tendo a economia digital levado à queda das fronteiras comerciais, podendo “cada um comprar pneus em qualquer plataforma ou país”, como o próprio declara. PREÇO VS QUALIDADE Assim, a economia digital tem aberto as portas para o aumento das importações de pneus provenientes de países de fora da Europa. Neste domínio, os dados da ETRMA revelam um crescimento sustentado das importações de pneus para o espaço europeu ao longo dos últimos cinco anos, com a China a ocupar o lugar de principal fornecedor de pneumáticos para o Velho Continente. Deste país chegaram ao mercado europeu em 2015 um total de 68 milhões de pneus, mais de metade dos 123,5 milhões de pneus importados nesse ano para o espaço comunitário. Mas não devemos pensar
que todos estes produtos se encaixam no espetro low-cost dos pneus vendidos em Portugal. Como lembra Rui Chorado, da China provêm produtos com qualidade, existindo mesmo várias marcas premium com fábricas localizadas naquele país. Com um peso significativo no mercado nacional, a proliferação de marcas asiáticas tem no preço um fator essencial para se posicionarem como uma opção de primeira linha, ainda que, para o conseguir, o preço a pagar seja uma diminuição da qualidade. No entanto, num mercado ainda muito orientado para o preço, como o português, e com uma economia ainda débil, estes pneus granjeiam uma quota de mercado importante, que deverá ascender aos 25%, segundo aponta Telmo Barradas. Se o fator preço continua a ter uma importância primordial no nosso mercado, um consumidor mais informado e com maiores exigências no campo da segurança faz a diferença no que respeita à utilização de pneus de qualidade inferior, mas também ajuda a debelar um flagelo
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FIDELIZAR CLIENTES No sentido de garantirem a satisfação, e por essa via a fidelização, dos clientes, os profissionais devem munir-se do máximo de informação sobre o condutor e o veículo. Só assim será possível prestar o melhor aconselhamento
que continua a atormentar os vários players: a utilização de pneus usados. Exemplo dessa derivação dos consumidores dos usados para os novos é a escassez de oferta neste tipo de produto, que Paulo Henrique Santos considera ser evidente nos últimos tempos. Apesar disso, Rui Chorado acredita que a compra de pneus usados é uma tendência impossível de combater no mercado global em que vivemos, restando aos vários intervenientes no negócio adaptar-se a esta nova realidade e crescer com ela. Opinião contrária tem Aldo Machado. Apesar de reconhecer que a fatia de mercado imputada a este tipo de produto tem vindo a diminuir, este gestor diz ser difícil entender a utilização de pneus usados, pois trata-se da segurança de todos que está em causa, mais do que qualquer interesse económico. Por isso, Paulo Henrique Santos entende que deveriam ser impostas regras legais para que sejam cumpridos requisitos mínimos de segurança, defendendo mesmo a criação de uma entidade fiscalizadora para esta matéria, sob alçada governamental. Aqui, o responsável da Nex Portugal revela-se surpreso pelo facto de o mercado de pneus usados ser tão desregulado em relação ao mercado de pneus novos, tendo para mais em consideração o já mencionado risco para a segurança. E quando o tema são as alterações regulatórias, Telmo Barradas defende que o mercado beneficiaria com a criação de legislação que
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controlasse definitivamente as fraudes e o mercado paralelo, onde muitas vezes gravita a venda de pneus usados. Já para Rui Chorado, seria importante implementar certificação no setor dos pneus, o que ajudaria a combater as atividades paralelas, mas também seria bem-vinda a certificação dos alinhadores de direção e do respetivo serviço de manutenção. VALORIZAR O TRABALHO 2017 apresenta-se, assim, como um ano de desafios para os vários operadores do mercado de pneus, onde quem melhor souber aproveitar as oportunidades que surgirão se poderá destacar e ter sucesso. As subidas dos preços que se anteveem para 2017 poderão afetar positiva ou negativamente a ação dos players existentes e, com especial incidência, aqueles que possuem um portefólio suportado em marcas de origem chinesa. Para conseguir ultrapassar as dificuldades, os profissionais deverão apostar na especialização e na exploração de nichos, prestando atenção tanto às alterações do mercado, como também à relação e proximidade com os clientes. A fidelização destes será um dos maiores obstáculos a ultrapassar neste ano, como declara Telmo Barradas. A este juntar-se-ão, no entender de Paulo Henrique Santos, outros, como a simples sustentabilidade do negócio, ou a existência de um stock correto e condizente com as exigências do mercado,
mas também o aumento da rapidez, da flexibilidade e da eficácia do serviço oferecido. Eficácia essa que só se consegue se os profissionais se munirem do máximo de informação sobre o cliente final, como o tipo de viatura, qual a marca e modelo, a carga que habitualmente transporta, o trajeto que é mais realizado e mesmo o tipo de condução, diz Paulo Henrique Santos. Para este responsável, estes são os elementos necessários para que o profissional consiga aconselhar ao cliente o produto mais indicado para a sua situação, garantindo a satisfação do mesmo e a sua fidelização. Não esquecendo nunca a relação qualidade/preço, para o diretor de vendas da AB Tyres é importante que o aconselhamento seja sempre feito “de cima para baixo” relativamente ao critério da qualidade. Para Telmo Barradas, o critério da qualidade é também um fator primordial, com o gestor de produto da Euro Tyre a defender a venda por conceito e não por preço, com efetiva criação de valor e rentabilidade para o seu negócio. Para este fim é também importante que os retalhistas se possam concentrar na venda de uma marca (exclusiva ou não) que os identifique junto do consumidor e cimente as relações entre ambos. Acima de tudo, é crucial que os profissionais valorizem o seu próprio trabalho, não fazendo da variável preço o único fator de diferenciação junto do mercado. /
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FATORES DE SUCESSO Os fabricantes encontram na tecnologia a forma de baterem a concorrência. Para as redes oficinais, o sucesso mede-se através da satisfação do cliente, pelo que a aposta na formação é essencial TEXTO JOSÉ MACÁRIO
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mercado português de pneus é ainda muito orientado para o preço, um fator que se deve tanto à conjuntura económica que teima em continuar a pairar sobre o país, como à predisposição do cliente luso para procurar sempre um produto com a maior qualidade ao menor preço. Tais fatores poderão justificar os dados do Europool para a evolução do mercado em 2015. O crescimento total de 4,6% no passado ano face ao registado em 2015 é suportado em grande maioria pelo segmento Budget, responsável por um aumento nas vendas de 4,5%. O segmento Quality contribui com um crescimento de 1,6% para este total, ao passo que o segmento Premium regista apenas um crescimento de 0,7%. Marcado pela pressão dos preços, que levou à queda geral da rentabilidade do negócio, no mercado português não deixam de existir motivos de interesse para os fabricantes de pneus. Exemplo disso é a Goodyear, que encontra nos produtos UHP e 4x4/SUV um foco de aposta, fruto do seu crescimento em 2016, que se quedou acima dos restantes. Hugo Carvalho, country manager da marca em Portugal, diz que a pressão e a proliferação de concorrentes que se sente mais nos segmentos inferiores do mercado impulsiona a Goodyear a focar os seus esforços nos segmentos mais altos, onde pretende ganhar quota de mercado, acreditando que, a longo prazo, uma presença mais assertiva nos segmentos de maior valor fará a diferença face à concorrência. Por seu turno, a Bridgestone pretende continuar a apostar no aspeto humano do negócio dos pneus. Apesar de não descurar as novas tecnologias, André Bettencourt, diretor de marketing da Bridgestone Portugal, revela que esta aposta na relação próxima com os clientes cimentará a sua fidelização. E encontra nesta aposta a razão para os bons resultados obtidos em 2016, ano em que a marca cresceu acima do mercado em todos os segmentos, para um total de 16,3% face
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O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS PRETENDE ACOMPANHAR AS TENDÊNCIAS DO MERCADO E A EVOLUÇÃO DO AUTOMÓVEL a 2015: “Temos apostado muito nesta relação e em dar apoio ao retalho tradicional. Isso traduz-se nestes resultados.” EVOLUÇÃO CONTÍNUA Além desta aposta na vertente humana do negócio, André Bettencourt encontra nas novidades de produto lançadas no ano passado outro dos pilares do crescimento registado, assumindo mesmo que as marcas destinadas ao segmento Budget – Dayton e Seiberling – deram um contributo muito grande para os resultados obtidos, com o lançamento das gamas Touring 2 para ambas as marcas. De igual forma, a maior novidade da Bridgestone em 2016, o pneu runflat DriveGuard, ajudou a que 2016 fosse um ano positivo, diz André Bettencourt, ressalvando que só este ano se verão os verdadeiros resultados deste lançamento. Estes não foram, no entanto, as únicas novidades da Bridgestone em 2016. O fabricante colocou no mercado ainda os Roadhawk e o Vanhawk 2, ambos na marca Firestone, com o primeiro a ser destinado a veículos ligeiros e o segundo aos comerciais. E já em 2017, a Bridgestone lançou o Dueler A/T 001, pneu misto dedicado ao segmento 4x4/SUV. Por parte da Goodyear, o Eagle F1 Asymmetric 3 coloca-se à cabeça dos lançamentos mais recentes da marca para o segmento UHP, com o EfficientGrip Cargo a merecer, por parte de Hugo Carvalho, o destaque no que respeita à oferta para os comerciais. Pela mão da Dunlop chegou no ano passado ao mercado o Sport Maxx RT2, também para o segmento UHP. E porquê o constante desenvolvimento de novas soluções? Será este impulsionado pela evolução tecnológica dos automóveis? A resposta é mista. Por um lado, como aponta André Bettencourt, os fabricantes de pneus não podem desenvolver produtos que não vão ao encontro das tendências dos construtores de automóveis: “Se neste momento temos um conjunto de construtores que têm como prioridade a diminuição das emissões, nós não podemos estar longe deles.” No entanto, e ainda de acordo com o mesmo gestor, os pneus são desenvolvidos tendo em
conta três fatores principais: o que pretende a marca, o que está a ser feito no mercado; e o que é que o mercado solicita dos fabricantes de pneus. Neste aspeto, a etiqueta europeia de pneus tem alguma importância, mas que é relativizada por André Bettencourt, até porque basta que a utilização dos pneus seja feita fora do que são os parâmetros dos testes para a atribuição destas classificações para que o comportamento seja díspar. Por isso, o foco da investigação e desenvolvimento do fabricante japonês de pneus é a durabilidade e a segurança. André Bettencourt recorda que este é um dos pergaminhos da marca nipónica e algo de que não abdica, privilegiando sempre a aderência em molhado na realização dos seus produtos. A par da qualidade, a segurança dos condutores é um elemento a que a Goodyear/ Dunlop dá primazia no desenvolvimento dos seus novos produtos. Algo que, refere Hugo Carvalho, acontece porque os consumidores procuram automóveis cada vez mais seguros. Como a Goodyear acredita que os pneus são um dos elementos mais importantes para a segurança de um automóvel, realiza um esforço permanente de análise, aprendizagem, desenho e desenvolvimento de novas soluções. O resultado deste trabalho pode ser visto nos mais recentes pneus da marca, que diminuem a resistência ao rolamentos e a distância de travagem, mas também será dado a conhecer em Genebra, no Salão Automóvel local, onde a marca pretende apresentar protótipos do que serão os pneus do futuro. Também a Bridgestone reserva novidades para o futuro, prometendo apresentar, no final do corrente ano, o substituto do Turanza T001, depois de terem lançado o Turanza T001 Evo. TECNOLOGIA DIFERENCIADORA A aposta constante na evolução tecnológica é um fator utilizado pelos fabricantes para diferenciar os seus produtos premium dos da concorrência, mas a tecnologia revela-se diferenciadora também nas redes oficinais dedicadas aos pneus, como diz Mário Mendes, responsável pela rede FirstStop
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em Portugal. Para o responsável, este é um dos fatores mais importantes, uma vez que a qualidade do serviço prestado define o desenvolvimento do negócio. Por esse motivo, continua o mesmo gestor, a rede FirstStop tem parcerias com as principais empresas de equipamentos oficinais a operar no nosso país, que dispõem das soluções mais modernas e funcionais do mercado para uma oficina de pneus. Mario Recio, retail director da rede Vulco para a Península Ibérica, acrescenta a este fator a qualidade dos profissionais da oficina. Por isso, além de oferecerem às oficinas que compõem a rede as melhores ferramentas para gerar tráfego para o ponto de venda e dar ao cliente o melhor serviço possível, apostam forte na formação. Para Mario Recio, este é um fator crucial para o sucesso de um negócio que opera num mercado exposto a uma atividade promocional muito agressiva, que reduz os preços e esmaga as margens. A solução passa, assim,
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pela criação de valor junto do cliente final, o que se consegue com a formação adequada dos profissionais das oficinas. Neste fim são investidos muitos recursos, revela o responsável, que acrescenta: “No primeiro trimestre deste ano já realizámos mais de 50% do nosso plano de formação, com o principal objetivo de conseguir a melhor preparação de toda a nossa rede de oficinas.” A formação é também um dos pilares da rede FirstStop, que reconhece que a evolução tecnológica dos pneus e sistemas a eles associados, a que se vem assistindo nos últimos anos, deve ser obrigatoriamente acompanhada de uma evolução técnica em termos humanos, pelo que a rede dispõe de um programa de formação bastante intenso. Se os retalhistas reconhecem algumas lacunas na oferta formativa que colocam à disposição dos seus clientes, associações como a ARAN dão o mote para as preencher. A Associação Nacional do Ramo Automóvel identificou a necessidade de maior formação
dos seus associados nesta matéria e realizou uma formação no final de 2016, “Rodas/ Pneus/Geometria de Direção”. Ao mesmo tempo, as necessidades de formação são uma oportunidade de negócio, e isso não passou ao lado de outros players, como aconteceu com a Altaroda, que levou a cabo, nos passados dias 21 e 22 de fevereiro, nas suas instalações, uma formação “à altura de solucionar dificuldades da área da recauchutagem ou de remendar no trabalho de pneus”. Denominada “Reparações de Pneus a Frio e Quente”, esta formação foi motivada, dizem os seus responsáveis pelo crescimento na área dos consumíveis de pneus, mas também pela crescente procura de formação para iniciar negócio nesta área. Sejam profissionais que se estejam a estrear neste área de negócio ou que já façam dela o seu dia a dia, nenhum deve descurar a atenção ao cliente, oferecendo sempre um serviço ajustado às necessidades do mesmo, tanto de produto como de preço. /
MOVIMENTO PERPÉTUO Em evolução constante, o setor dos pneus revela novidades quase diariamente. Sejam novos produtos, homologações, novos posicionamentos ou campanhas, apresentamos-lhe as mais relevantes
FULDA LANÇADO O SPORTCONTROL 2
A Fulda acaba de lançar o SportControl 2, o seu novo pneu de verão para o segmento UHP, de ultra altas performances, que tem como objetivo principal a melhoria da performance em
piso seco e molhado, sem comprometer o preço. Para tal, os engenheiros da marca criaram um novo desenho para o piso, que otimiza o contacto com a estrada e balança a distribuição da pressão no pneu, o que, diz a marca, melhora a distância de travagem em piso seco. O ombro exterior, largo e de elevada rigidez, oferece uma maior precisão na direção, também contribuindo para uma maior performance em piso seco. Adicionalmente, os múltiplos sulcos AquaFlow permitem a rápida evacuação da água e melhoram a tração em piso molhado, estando o melhorado controlo nestas superfícies a cargo de um novo composto de sílica. De acordo com a Fulda, o SportControl 2 – disponível em 48 dimensões – proporciona aos condutores uma maior confiança na condução em superfícies secas e molhadas, ao mesmo tempo que oferece uma excelente relação preço/durabilidade, para o que concorre uma pegada otimizada, que distribui o desgaste equitativamente, aumentando o tempo de vida.
SAVA INTENSA UHP 2 PARA O VERÃO
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ESPECIALISTA
MERCADO
Também a Sava já tem disponível em solo nacional um novo pneu de verão. Falamos do Intensa UHP 2, também para o segmento UHP. A marca reclama para este pneu com prestações otimizadas um melhor rendimento tanto em piso seco como molhado. Sendo a travagem uma das principais exigências dos consumidores nos pneus UHP de verão, o Sava Intensa UHP 2 conta com um ombro exterior com grandes blocos rígidos, que permitem uma melhor transmissão da força, garantindo um potente desempenho em travagem. Já a cavidade otimizada permite que o pneu se adapta de forma progressiva às alterações das forças exteriores, oferecendo ao condutor um maior controlo sobre piso molhado. Adicionalmente, o Intensa UHP 2 otimiza a superfície de fricção e a perda de energia, o que se traduz numa superior poupança de combustível e numa maior quilometragem, de acordo com o fabricante.
GOODYEAR GENEBRA, PALCO DE ESTREIAS
BARUM INOVAÇÃO EM VÁRIAS FRENTES
À medida que se desencadeia uma revolução na interseção entre autonomia, mobilidade e conectividade, a tecnologia de pneus assume cada dia maior importância. No Salão Automóvel de Genebra de 2017, a Goodyear partilhará o seu pensamento mais inovador sobre pneus com dois protótipos visionários, que pretendem contribuir para o desafio de um ecossistema de mobilidade evolutivo e exigente. Para já, o fabricante de pneus, que acaba de ser reconhecido pela revista Fortune como o mais admirado do mundo, anuncia a homologação do seu pneu porta-estandarte, o Eagle F1 Asymmetric 3, como OE do Porsche Panamera. As medidas aprovadas são a 265/45ZR19 (105Y) XL para o eixo dianteiro e a 295/40ZR19 (108Y) XL para o eixo traseiro. Os pneus ostentarão a marca “N0” na parede lateral, para vincar esta aprovação como OE por parte do construtor alemão.
A Barum, não apresentando nenhum produto novo, resolveu inovar a forma como chega aos seus clientes. Ao mesmo tempo que tinha em marcha uma campanha promocional em que “dava música” aos seus clientes, esta marca de pneus anunciou a renovação da sua presença no mundo digital através do lançamento de um novo site. A campanha, que terminou no passado dia 6 de março, propunha oferecer aos automobilistas uns auscultadores no momento da aquisição de dois pneus com jante igual ou superior a 17” ou na compra de quatro pneus com jante inferior a 17”. Para a publicitar, nada melhor que escolher a nova plataforma online da marca, em www. barum.pt. A nova plataforma foi pensada e desenvolvida “em linha com o que são as atuais tendências e funcionalidades da comunicação digital, de forma a garantir uma navegação eficaz nos diversos dispositivos que hoje utilizamos para aceder à web”, referiu Marco Silva, Diretor de Marketing da Continental em Portugal. O novo layout, com um design mais moderno, oferece aos visitantes uma navegação mais rápida e intuitiva, com novas páginas alusivas à gama de pneus que a marca disponibiliza e onde é possível, por exemplo, encontrar aconselhamento sobre o modelo de pneus mais indicado para o segmento de automóvel que possui. Na atual plataforma, e recorrendo a um localizador, é possível também identificar o agente Barum mais próximo. “O ambiente digital é muitas vezes o primeiro ponto de contacto entre uma marca e o potencial consumidor. Hoje, a web é encarada como uma montra virtual. Disponibilizar um site com uma linguagem assertiva, de fácil navegação, responsivo e com um design moderno que explore os valores da marca é um requisito essencial”, destacou Marco Silva. /
COOPER TIRE NOVIDADES NA MOTORTEC
A Cooper Tire vai esperar até à Motortec Automechanika para dar a conhecer as novas gamas de pneus Zeon CS8, Zeon 4XS Sport e Discoverer A/T3 Sport, que contam com as mais recentes inovações tecnológicas desenvolvidas pela marca. A gama Zeon CS8 será uma das protagonistas do certame e promete uma elevada capacidade de aderência e de manobrabilidade, além de uma maior poupança de combustível. O Zeon 4XS, por sua vez, está vocacionado para veículos 4x4 e também promete boas prestações em piso molhado. Já o Discoverer A/T3 Sport carateriza-se pela sua versatilidade. Usa uma tecnologia de desenho em ziguezague, que proporciona uma elevada tração e desgaste irregular da sua superfície, assim como sulcos laterais que evitam a entrada de pedras e corpos estranhos que possam danificar o pneu.
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NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
GARANTIR A IGUALDADE Uma coligação de associações europeias, onde se inclui a FIGIEFA, veio contestar a proposta de arquitetura comum de acesso aos dados dos veículos que foi apresentada pela ACEA e pela CLEPA
CONETIVIDADE
ASSOCIAÇÕES LUTAM POR ACESSO A DADOS Coligação de associações critica arquitetura técnica comum apresentada pela ACEA/CLEPA, que canaliza os dados para o fabricante da viatura, dizendo que os interesses dos consumidores não estão a ser levados em conta
O
s interesses dos consumidores não estão a ser colocados no centro das discussões sobre as possíveis soluções técnicas para aceder aos dados dos veículos automóveis, afirma uma coligação de associações internacionais ligadas à área automóvel, que integra distribui-
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dores de peças, seguradoras, revendedores, empresas de leasing e renting, e consumidores. Aquela coligação critica a posição da ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóvel) e da CLEPA - Associação Europeia de Fornecedores Automóvel, ao definirem uma arquitetura técnica comum que canaliza os dados para o fabricante da viatura. Em comunicado, a coligação reitera que “para desencorajar a livre escolha dos consumido-
res, a solução defendida pode afetar a competitividade, a inovação e o empreendedorismo independente”. Constituída pela ADPA (Associação Europeia de Dados Independentes), CECRA (Conselho Europeu para a Comercialização e Reparação Automóvel), EGEA (Associação Europeia de Oficinas e Equipamentos de Teste), FIA (Federação Internacional do Automóvel), FIGIEFA (Federação Internacional de
Distribuidores Independentes de Peças de Automóveis), Insurance Europe (Federação Europeia de Seguro e Resseguros), Leaseurope (Federação Europeia de Associações de Empresas de Leasing e Renting), aquela coligação está preocupada com a arquitetura técnica comum apresentada pelos fornecedores de peças e pelos fabricantes de automóveis, que define o acesso aos dados eletrónicos dos veículos. “A sua abordagem canaliza todas as futuras comunicações bem como os acessos aos dados, para o servidor do fabricante da viatura”, nota aquela coligação de associações, salientando que “apenas uma parte dos dados gerados poderá ser enviada para um servidor “neutro” e ficar acessível aos operadores independentes”. Como consequência, aquela proposta “não possibilita a comunicação direta com o veículo e atribui o total controlo aos fabricantes das viaturas que poderão decidir como, quando e quem acede aos dados”. A coligação criada acredita que esta possibilidade coloca em risco o direito dos proprietários de veículos a decidir com quem pretendem partilhar os dados e para que fins. Além disso, a coligação considera que seria uma forte ameaça à competitividade, à inovação e à livre escolha do consumidor na era digital. Atualmente, os fabricantes de veículos, bem como os seus fornecedores parceiros, competem num mercado com um largo conjunto de serviços e produtos relacionados com os automóveis e com os produtos automóveis (como, por exemplo, o leasing, renting, seguros, diagnósticos, etc.) que cada vez mais dependem dos dados dos veículos em tempo real. Nesta nova época digital, não é suficiente ter apenas acesso direto aos dados do veículo através de uma interface física interoperacional – um acesso de comunicação digital é também indispensável. A coligação refere que “garantir a segurança é crucial para o desenvolvimento dos veículos conectados” e defende que o caminho correto a seguir consiste na adoção de uma plataforma aberta, interoperável, padronizada e segura. “Esta solução assegura o mesmo alto nível de segurança, responsabilidade e proteção dos dados que a arquitetura técnica comum que foi apresentada, ao mesmo tempo que salvaguarda a competitividade, a inovação e a livre escolha do consumidor”, pode ler-se no comunicado. Além disso, seria baseada nos sistemas de telemática dos fabricantes de veículos e recorreria aos mais elevados padrões de segurança possíveis. A coligação recorda que “muitos fabricantes permitem a alguns fornecedores desenvolverem sistemas e aplicações próprios nos seus veículos, demonstrando que a segurança no acesso direto pode existir sem interferir nas funções do automóvel”. /
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS ZF
SISTEMA AKC ATINGE MARCO DE 100 MIL UNIDADES
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om o sistema AKC (Active Kinematics Control), a ZF tornou-se uma das líderes de mercado no que respeita à tecnologia de eixo traseiro direcionável. Apenas quatro anos após o início da produção, na unidade austríaca da marca em Lebring, a ZF atingiu a marca de cem mil unidades produzidas. São já sete os construtores de veículos premium que utilizam este componente, cuja tecnologia ajuda os automóveis ligeiros de passageiros a tornarem-se mais seguros, dinâmicos, manobráveis e confortáveis. “A produção de cem mil unidades do sistema AKC é um grande sucesso em vários aspetos”, refere Holger Klein, vice-presidente executivo da divisão Car Chassis Technology Division da ZF. “Antes de mais, demonstra que a nossa inovação permite que quase todos os veículos possam beneficiar de forma relativamente fácil da tecnologia de eixo traseiro direcionável. Em segundo lugar, a ZF cimenta, assim, a sua posição entre os líderes de mercado e da indústria neste segmento de produto. Em terceiro, cada uma das unidades AKC instaladas é prova do potencial de futuro dos sistemas mecânicos inteligentes na indústria automóvel. E, por último, este marco dá ênfase à transformação exemplar que ocorreu na unidade de Lebring”, concluiu o responsável. /
ZAPHIRO ZPS COM COPOS DESCARTÁVEIS A Zaphiro apresentou o seu novo sistema de pintura com copos descartáveis, o Zaphiro Paint System (ZPS), compatível com a quase totalidade de marcas e modelos de pistolas pulverizadoras do mercado. Além dos adaptadores para todos os modelos DeVilbiss,
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Iwata, Sagola, Aerometal, Walcom e Sata, o ZPS está disponível em três tamanhos de copos descartáveis: 325, 650 e 900 ml, que, por sua vez, possuem sistemas de filtragem de 125 ou 200 micras. Estes copos são fabricados em material rígido e resistente, permitindo também a armazenagem do produto restante para posterior aplicação. A utilização do novo sistema com as pistolas pulverizadoras habituais supõe uma redução drástica dos desperdícios de tinta e solvente, o que leva a uma importante poupança para a oficina.
MOTORTEC MADRID TEM MAIS DE 100 EVENTOS AGENDADOS A Motortec Automechanika Madrid, feira organizada pela IFEMA e que decorre entre os dias 15 e 18 de março de 2017, incluirá eventos de interesse para as diferentes áreas do setor. Entre eles estarão mais de uma centena atividades de formação e de networking , que incluirão palestras, mesas redondas, demonstrações e workshops para melhorar o conhecimento do mercado e as qualificações dos profissionais que visitem
o certame. Até agora, revela a organização do evento, 22 empresas, associações e centros educacionais e de formação já agendaram atividades para os quatro dias do certame, que versarão sobre as preocupações de empreendedores e profissionais de áreas tão diversas como a eletromecânica, os pneus, chapa e pintura, peças de reposição e redes oficinais, entre outras.
VALEO
JOINT-VENTURE EM TRANSMISSÕES
EIXO TRASEIRO DIRECIONAL Quatro anos após a introdução no mercado, a tecnologia de eixo traseiro direcional da ZF alcançou uma produção de cem mil unidades. Atualmente, já são sete os construtores automóveis premium que adotaram o sistema AKC (Active Kinematics Control)
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Valeo uniu-se ao grupo sul-coreano Pyeong Hwa para criar uma nova empresa, detida em 50% por cada um dos parceiros. Denominada Valeo Kapec, terá o seu quartel-general em Daegu, na Coreia do Sul, e pretende ser a líder mundial no que respeita a conversores de binário para transmissões automáticas e de variação contínua. A nova empresa empregará cerca de três mil pessoas e será controlada e consolidada pela Valeo. As expetativas são que esta nova empresa gere um total de mil milhões de euros em vendas. Cada um dos parceiros trará à nova empresa os seus negócios que envolvam conversores de binário. “Ao fortalecer os laços que nos unem ao nosso parceiro sul-coreano de longa data e ao criar esta joint-venture, duplicaremos as nossas vendas de conversores de binário para transmissões automáticas e de variação contínua, ao mesmo tempo que nos convertemos nos líderes na tecnologia de ponta aplicada a esta gama de produtos”, afirma Jacques Aschenbroich, CEO da Valeo.
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NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
STHENOS ALLIANCE
CRIADA ALIANÇA DE FABRICANTES ITALIANOS
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rês fabricantes italianos de peças de substituição concordaram em desenvolver uma rede corporativa. Chama-se “Sthenos Alliance” e é composta pela Etecno 1, fabricante de velas de incandescência para motores diesel que também comercializa componentes elétricos para automóveis; FRAP, empresa especializada em engenharia, desenvolvimento e fabrico de material de suspensão e direção; e Ghibaudi Mario, fabricante de motores de arranque que se expandiu para a produção de solenoides e interruptores. Prometendo “mudar todo o setor de mercado ‘Made In Italy’,
GAMA DE TERMINAIS DE DIREÇÃO MEYLE A Meyle ampliou a sua gama de terminais de direção Meyle-HD. As novas referências podem ser aplicadas nos X5 e X6 da BMW, Fiat 500L e Classes M da MercedesBenz. As oficinas e os seus clientes beneficiam também dos quatro anos
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de garantia. A Meyle já disponibiliza para mais de 68 milhões de veículos os terminais de direção Meyle-HD adequados. As cabeças esféricas nas peças Meyle-HD são significativamente maiores do que nas versões OE, o que prolonga a sua vida útil, uma vez que as forças que atuam sobre a esfera são melhor distribuídas sobre uma superfície maior e, dessa forma, a pressão superficial sobre o assento de plástico da articulação esférica é reduzida. Desta melhoria beneficiam sobretudo os SUV ou veículos sujeitos a más condições de estrada.
esta rede anuncia-se como inovadora, não somente do ponto de vista da distribuição, mas também dos fabricantes. A Sthenos Alliance declara ser “o primeiro exemplo de empresas que juntam o seu know-how, as suas habilidades, energias e paixões, para implementar estratégias comerciais e de distribuição, a fim de trazer efeitos positivos e sinergias a todos os seus clientes”. Os seus objetivos são claros. O primeiro é aumentar a penetração no mercado nacional e internacional através de estratégias comuns; o segundo passa por facilitar a entrada de outros membros na “Aliança”, seja através de redes de distribuição ou individualmente; e o terceiro é o de melhorar os serviços de logística oferecidos. Esta ideia inovadora é também caracterizada pelo facto de as empresas participantes não terem produtos que competem entre si, “até porque o espírito italiano, que nos diferencia do resto do planeta, é um misto de capacidade, qualidade, imaginação e, por último e não menos importante, da capacidade de trabalho em equipa”. Os benefícios – afirma Pierenrico Gottero, presidente da Sthenos Alliance – são óbvios: “Desenvolveremos uma rede distribuidora, partilhando informações, ferramentas e perspetivas”. /
AXALTA JÁ PRODUZIU 40 MIL ESPETROFOTÓMETROS A Axalta Coating Systems assinalou a venda do seu 40º milésimo espetrofotómetro. Na ocasião, o presidente da Axalta para a América do Norte, Mike Carr, e o presidente da BYK-Gardner nos Estados Unidos, Michael Gogoel, apresentaram um espetrofotómetro comemorativo. A BYKGardner, fabricante dos espetrofotómetros da Axalta, é líder global no setor da medição e aparência da cor, e na avaliação das propriedades físicas dos revestimentos, cosméticos e materiais plásticos.
Na qualidade de líder em tecnologia de correspondência de cor, a Axalta foi pioneira no desenvolvimento de colorímetros portáteis, e posteriormente espetrofotómetros, e foi a primeira empresa do setor a disponibilizar, em 2011, um dispositivo destinado à medição da cor e da aparência da partícula. Na Europa, Médio Oriente e África (EMEA), os espetrofotómetros atuais encontram-se disponíveis em cada uma das três marcas de repintura premium da Axalta – Cromax, Spies Hecker e Standox.
CONFERÊNCIA
FROTA ECOLÓGICA E FISCALIDADE O ATUAL REGIME FISCAL E AS IMPLICAÇÕES PARA AS EMPRESAS AS VANTAGENS DA MOBILIDADE DE BAIXO CARBONO O QUE ESTÃO AS MARCAS A FAZER PARA SE ADAPTAR E DAR RESPOSTA AOS NOVOS PARADIGMAS DE MOBILIDADE O MERCADO DAS PME’S E PARTICULARES OFERTA E DESAFIOS | COMO FAZER CHEGAR ESTA TIPOLOGIA DE VEÍCULOS A ESTE MERCADO OS OPERADORES DE ENERGIA ESTÃO PREPARADOS PARA ESTE NOVO NEGÓCIO?
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RAIO-X
COMERCIAL DO MÊS
PARA TODAS AS VIAGENS Seja a trabalho ou a lazer, o Berlingo Multispace apresenta-se como um excelente companheiro de viagem. Com baixos consumos e preço competitivo, alia, nesta versão, capacidade de transporte de carga e passageiros
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TEXTO ANDREIA AMARAL FOTOS JOSÉ BISPO
capacidade de a Citröen aproveitar o espaço interior já não é estranha a ninguém. Depois de ter criado o conceito Ludospace, a marca contemplou agora o Berlingo Multispace com uma versão de sete lugares, que deve ser tida em conta quando se procura um veículo versátil e que dê resposta à necessidade de transportar alguns volumes e, ao mesmo tempo, fazer deslocar a família com conforto. Tudo dentro de um orçamento contido. Tomando por referência o preço chave na mão anunciado pela marca, por 20 845 euros é possível adquirir o 1.6 BlueHDi 100 CVM no nível FEEL. Pelo valor obtém-se um veículo com capacidade para transportar até sete passagei-
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ros e para acomodar facilmente carga numa bagageira que, através do escamoteamento dos bancos, apresenta uma impressionante capacidade de três mil litros. Também relevante é o facto de, mesmo submetido a uma carga de 250 Kg e com dois passageiros, o Berlingo Multispace 1.6 BlueHDi 100 CVM que testámos ter registado um consumo misto de 5,3 litros, tornando-o uma alternativa muito interessante para quem privilegia os baixos consumos. No interior, a apetência para o transporte de passageiros é clara. Os bancos individuais permitem que até os mais altos se sentam confortavelmente, graças à generosa altura do teto do Berlingo. Mesmo nos dois lugares da terceira fila – aos quais é possível aceder através das duas portas deslizantes laterais e que habitualmente têm espaço apenas para as pernas de uma criança pequena – conseguem acomodar com algum conforto um adulto, sendo certo que a
utilização destes bancos retira a capacidade de transportar uma mala que seja na bagageira. E os passageiros poderão gozar de uma viagem bastante agradável, tendo ao seus dispor um sistema de infoentretenimento, comandado através do ecrã touch de 7”, permite ainda utilizar os sistemas Mirror Screen ou Apple Airplay. Por outro lado, quem se sentar ao comando do volante, regulável em altura e profundidade, encontrará com facilidade uma posição de condução à sua medida, beneficiada pela localização sobre-elevada da alavanca da caixa manual de cinco velocidades. Com um escalonamento longo, em proveito de melhores consumos, permite descobrir o enérgico bloco BlueHDi de 1560 cc, com 100 cv e um binário de 254 Nm às 1750 rpm. Equipado com sistemas como ABS, ESP, repartição eletrónica de travagem e ajuda à travagem de emergência, oferece uma condução muito agradável. Também a afinação da
CITROËN BERLINGO MULTISPACE
suspensão contribui para este propósito, não se espelhando, contudo, num adornamento fora do normal, sobretudo tendo em consideração as dimensões do Berlingo. Estas são igualmente ensombradas em cidade, graças a uma boa manobrabilidade. O apoio ao estacionamento, com avisos sonoras e câmara traseira como opção, é uma excelente ajuda, tal como o é o sistema de auxílio ao arranque em plano inclinado. A nível estético, não há como esquecer a imagem comercial. Os para-choques e retrovisores na cor da carroçaria, a iluminação LED diurna, os vidros laterais e óculo traseiro escurecidos dão um ar mais requintado ao modelo, mas os genes estão lá. De qualquer forma, a penalização é insuficiente para colocar em causa um veículo com versatilidade, atitude, baixos consumos e emissões de CO2 de 113 g/km, algo que deve ser considerado na altura de fazer as contas ao IUC. /
NOVA VERSÃO DE SETE LUGARES Numa configuração de bancos 2+3+2, esta nova versão do Berlingo permite transportar alguma carga e ao, mesmo tempo, vários passageiros. Destaque ainda para os baixos custos de utilização, designadamente ao nível dos consumos
PREÇO 20 845 // MOTOR 4 CIL; 1560 CV // 100 CV às 3750 rpm // BINARIO 254 Nm às 1750 rpm // TRANSMISSÃO Dianteira; 5 VEL, Manual // COMP./ LARG./ ALT. 4380/1810/1582 // VOLUME ÚTIL 675 L // CONSUMO 4,3 L/100 KM (5,3 L/100 KM*) // EMISSÕES 113 G/KM *As nossas medições
MODULARIDADE/ CONFORTO/ CONSUMOS
ESPAÇO DE CARGA DISPONÍVEL COM UTILIZAÇÃO DOS 7 LUGARES
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RAIO-X
BARÓMETRO
DINÂMICA DO SETOR Todos os meses, em parceria com a Informa D&B, a Turbo Oficina regista as mudanças no tecido empresarial do setor do após-venda. Conheça aqui as principais alterações e ocorrências registadas PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS AUTO, POR REGIÃO DINÂMICA NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) INSOLVÊNCIAS REGIONAL DO SETOR ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO ACUMULADO VARIAÇÃO JANEIRO 2017 HOMÓLOGA JANEIRO 2017 HOMÓLOGA JANEIRO 2017 HOMÓLOGA ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) ACUMULADA(%) NORTE 65 4,8%
13
30,0%
5
0,0%
CENTRO 32
10,3%
6
-14,3%
0
-100,0%%
ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA
6,4%
17
183,3%
3
200,0%
ALENTEJO 8
50
-27,3%
2
0,0%
1
-
ALGARVE 7
75,0%
1
-
0
-
R. A. AÇORES
2
100,0%
0
-
0
-
R. A. MADEIRA
3
50,0%
2
-
0
-
9
0,0%
TOTAL 167 7,1%
41 64,0%
TECIDO EMPRESARIAL DO SETOR JANEIRO 2017
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS NO SETOR DOS CONCESSIONÁRIOS AUTO, OFICINAS, GROSSISTAS E RETALHISTAS DE PEÇAS E ACESSÓRIOS AUTO DINÂMICA
EM NÚMERO
VARIAÇÃO HOMÓLOGA TECIDO EMPRESARIAL
7,1% 2,1%
ENCERRAMENTOS (EXTINÇÕES) 41
25
64,0% -4,8%
9 9 0,0% -16,0%
FICHA TÉCNICA
ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 3361
ALENTEJO 862
ALGARVE 467
EM PERCENTAGEM 37,0
ALENTEJO
A. M. LISBOA
CENTRO
NORTE
6,4
3,4
1,5
2,0 MADEIRA
24,8
AÇORES
24,9
ALGARVE
R. A. AÇORES 201
TURBO OFICINA MARÇO 2017
JAN. 2016 SETOR 156
FONTES: ANÁLISE INFORMA D&B; DADOS: PUBLICAÇÕES DE ATOS SOCIETÁRIOS E PORTAL CITIUS /MINISTÉRIO DA JUSTIÇA *Toda a informação introduzida na base de dados Informa D&B é dinâmica, encontrando-se sujeita à publicação tardia de alguns atos e às alterações diárias de diversas fontes.
CENTRO 3370
R. A. MADEIRA 269
JAN. 2017
NASCIMENTOS (CONSTITUIÇÕES) 167 INSOLVÊNCIAS
NORTE 5018
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SETOR
ACUMULADA %
Universo de organizações - Tecido Empresarial O Tecido Empresarial considerado engloba a informação relativa às organizações ativas com sede em Portugal, sob as formas jurídicas de sociedades anónimas, sociedades por quotas, sociedades unipessoais, entidades públicas, associações, cooperativas e outras sociedades (os empresários em nome individual não fazem parte deste universo de estudo). Consideram-se as empresas classificadas em todas as secções da CAE V3 .0. Universo de setor dos concessionários auto, oficinas, grossistas e retalhistas de peças e acessórios auto Organizações ativas do tecido empresarial classificadas nas seguintes secções da CAE V3.0.: Grossistas auto: CAE 45310- Comércio por grosso de peças e acessórios para veículos automóveis Retalhistas auto: CAE 45320 - Comércio a retalho de peças e acessórios para veículos automóveis Concessionários auto: CAE 45110 - Comércio de veículos automóveis ligeiros Oficinas: CAE 45200 - Manutenção e reparação de veículos automóveis Nascimentos Entidades constituídas no período considerado, com publicação de constituição no portal de atos societários do Ministério da Justiça.
Encerramentos Entidades extintas no período considerado, com publicação de extinção no portal de atos societários do Ministério da Justiça (não são consideradas as extinções com origem em procedimentos administrativos de dissolução). Entidades com insolvências Entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça. Regiões As entidades foram classificadas através da localização da sua sede, representando as 7 unidades da NUTS II de Portugal (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos (NUTS)). A Informa D&B é especialista no conhecimento do tecido empresarial e através de análises inovadoras, disponibiliza o acesso a informação atualizada e relevante sobre a atividade de empresas e gestores, fundamental para a condução dos negócios dos seus clientes. A Informa D&B está integrada na maior rede mundial de informação empresarial, a D&B Worldwide Network, com acesso aos dados de mais de 245 milhões de agentes económicos em 221 países. www.informadb.pt (+351) 213 500 300 informadb@informadb.pt
RAIO-X
RADIOGRAFIA
QUEM FAZ O QUÊ?
A
segunda geração do Mini Countryman já está disponível no mercado nacional. Maior face ao seu antecessor, ostenta agora mais 20 cm de comprimento e uma distância entre eixos 7,5 cm superior. Este aumento foi aproveitado para dar mais espaço para a carga. A bagageira cresceu de 220 para 450 litros, alcançando os 1309 litros com a fila de bancos traseiros rebatida. Aqui, merece nota o sistema de abertura elétrica da tampa da bagageira, da responsabilidade da Brose. Na dianteira, pontuam os faróis com lâmpadas LED do Grupo Antolin, os frisos de acabamento da Rehau, o sistema de dobradiças do capô da Multimatic e os pilares da Megatech Industries. Todos os componentes são aglutinados pelos adesivos estruturais da Dow Automotive. Na fase de lançamento, o Countryman estará disponível com os motores a gasolina 1.5 com 136 cv, 2.0 com 192 cv e 2.0 de 231 cv. A gama Diesel, com tecnologia de escape da Eberspächer, é para já composta pelos motores 2.0 de 150 cv e 2.0 com 190 cv. Todos os motores utilizam um sistema de comando das válvulas da Schaeffler, bem como retentores da cambota provenientes da Federal-Mogul. O volante do motor de dupla massa é fornecido pela Valeo e os êmbolos chegam à unidade de produção de Born, na Holanda, através da Mahle. No interior, destaque para o painel de controlo do sistema de infoentretenimento, da responsabilidade da Behr-Hella Thermocontrol, e para o botão de trancar as portas, fornecido pela Omron. Veja quem faz o quê no SUV compacto da Mini na tabela ao lado. /
FORNECEDOR COMPONENTE BEHR-HELLA THERMOCONTROL
Painel de controlo do audio
HIRSCHVOGEL UMFORMTECHNIK Veios de equilíbrio TEKLAS
Tubos dos travões
HELLERMANNTYTON
Fixações das cablagens
SCHAEFFLER
Sistema de comando das válvulas
REHAU
Frisos de acabamento
FEDERAL-MOGUL
Retentores da cambota
OMRON
Botão de trancar as portas
VALEO
Volante (do motor) de dupla massa
RHEINMETALL AUTOMOTIVE
Válvula de recirculação de gases EGR
U-SHIN
Tranca eletrónica da coluna da direção
EBERSPÄCHER
Tecnologia de escape (motor diesel)
GESTAMP
Sub-chassis traseiro
MULTIMATIC
Sistema de dobradiças do capô
HELLA
Sensor inteligente da bateria
MPG AUTOMOTIVE
Polias de isolamento
FREUDENBERG
Vareta do óleo e respetivo tubo
MAHLE Êmbolos BROSE
Fecho da bagageira
DANA
Juntas secundárias
SIKA Sikabaffle NEXTEER AUTOMOTIVE
Direção assistida de pinhão simples
GRUPO ANTOLIN
Lâmpadas LED
DOW AUTOMOTIVE
Adesivos estruturais
VIBRACOUSTIC
Topos da suspensão
CONTINENTAL
Apoios dos braços transversais
MEGATECH INDUSTRIES Pilares CROMODORA WHEELS Jantes REHAU
Grelhas de ventilação do para-brisas
DENSO
Sistema limpa para-brisas
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REPARAÇÃO
CARROÇARIA
ABORDAMOS A FIBRA Com o desenvolvimento dos veículos elétricos revolucionou-se o mercado automóvel. Determinados veículos são fabricados em plástico reforçado com fibra de carbono, material de grande resistência e reduzido peso. Quando ocorrem danos na fibra de carbono, a única opção é a substituição completa da peça ou a reparação por secção parcial, através do processo de montagem a frio TEXTO FEDERICO CARRERA SALVADOR
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
O
CESVIMAP é pioneiro na investigação sobre novos materiais. Pelo que não poderíamos deixar de abordar a fibra. A fibra de carbono. Em seguida, debruçamo-nos sobre um processo de trabalho através do qual partilhamos conhecimentos. Utilizamos para esta tarefa um estribo sob a porta que apresenta danos com perfuração e estilhaçamento. Há que referir que o fabricante não permite a reparação, mas sim, a substituição por secção parcial. PROCESSO DE TRABALHO Para realizar o processo de trabalho é necessário dispor dos seguintes materiais:
CORTE NA CARROÇARIA
CORTE NA PEÇA DE SUBSTITUIÇÃO
Uma secção do estribo com as marcas de corte; Quatro porcas de rebite cego; Quatro chapas de reforço; Um suporte do estribo; Um cartucho de adesivo K2; Um produto de limpeza R1; Um doseador com primário Betawipe 4800; Um rolo de fita adesiva para distanciadores de espessura; Dezasseis ímanes de neodímio; Oito pinças de pressão. As ferramentas necessárias para desenvolver o trabalho não são especiais. Destaca-se a máquina de rebitar para as porcas, mas as restantes são as utilizadas habitualmente nas oficinas. O processo de trabalho deve ser realizado
numa zona limpa, sem pó nem elementos contaminantes. Ao tratar-se de um veículo elétrico, o processo começa pela ação de desligar a bateria de serviço e o sistema de alta voltagem, deslocando o conector situado sob o capô dianteiro. Para evitar riscos, bloqueia-se o sistema com um cadeado. Em seguida, desmontam-se as portas e todas as proteções e guarnições necessárias para facilitar o processo. A fim de evitar que o pó que se solta durante o trabalho contamine o interior do veículo, protege-se com uma película de plástico. Antes de realizar um corte é recomendável verificar se a peça de substituição coincide com a zona danificada. As linhas de corte estão marcadas em relevo, tanto na carroçaria como na
peça de substituição, dispostas em paralelo, com uma distância entre elas de 5 mm. Estas são as que marcam a posição da junta depois da reparação. Para se realizar o corte, deve-se marcar a linha com fita e, ao mesmo tempo, proteger as zonas adjacentes de fibra de carbono para evitar possíveis danos. Os cortes realizam-se com serra pneumática, dotada de uma folha em perfeitas condições de corte ou com disco, montado numa máquina com regulação de profundidade. Na carroçaria realizam-se pelas linhas mais afastadas do centro da peça e, na peça de substituição, pelas linhas mais próximas do centro. Realizam-se de forma precisa para deixar linhas totalmente retas e a separação da junta homogénea.
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REPARAÇÃO
CARROÇARIA
As ferramentas necessárias para desenvolver o trabalho são as utilizadas em outros processos das oficinas
Com a serra circular regulada para a profundidade de corte adequada, corta-se a zona da aba exterior. Desta forma, evitam-se danos nas zonas internas, que devem ficar intactas. Para descolar as abas unidas com adesivo, utiliza-se a pistola de ar quente, regulada a 150º à saída, para se conseguir uma temperatura de 120º na zona de trabalho. Esta não deve ser excedida em momento algum, para evitar danos nas camadas internas de fibra de carbono. O calor aplica-se sobre a união adesiva, controlando a temperatura com um termómetro. Com uma espátula vai-se cortando o adesivo. Para se ter acesso ao reforço de ancoragem da
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
fechadura é necessário realizar um corte vertical para retirar o estribo, mais dois cortes que deixam visíveis as zonas do adesivo que unem o reforço para aplicar calor e retirar os restos da peça colados. Para se verificar a junta de união, coloca-se a peça de substituição na carroçaria e, seguidamente, com a máquina de rebitar especial alojam-se as porcas de rebite cego. Para eliminar pequenas irregularidades que possam existir depois do corte, lixam-se os bordos. A preparação das superfícies de contacto começa pela eliminação de parte do adesivo da junta, utilizando-se um raspador ou uma es-
pátula, e mediante lixamento. Nas chapas de reforço e no suporte interior elimina-se a pintura até ficarem em chapa viva. Desta forma, aumenta a aderência do adesivo. Cobrem-se com fita adesiva as duas partes da junta (na carroçaria e na peça de substituição) com uma largura de 50-60 mm, deixando-se uma separação até ao corte de 5-10 mm para se colocar uma segunda fita, que delimite de forma precisa a junta. Seguidamente, lixa-se com velo o interior do estribo na carroçaria e a peça de substituição em todas as superfícies de contacto com o adesivo. Em seguida, limpa-se e desengordura-se com o produto de limpeza R1, deixando-o evaporar,
O estribo sob a porta apresenta danos com perfuração e estilhaçamento; o fabricante não permite a reparação, mas sim, a substituição parcial
pelo menos, 2 minutos. Para garantir a aderência do adesivo aplica-se uma fina camada de primário em todas as superfícies de contacto. O adesivo K2 aplica-se sobre uma das partes das chapas de reforço e colocam-se pela parte interna do estribo. A fim de as manter unidas e garantir a capacidade de colagem do adesivo, dispõem-se quatro ímanes de neodímio na parte exterior; assim, puxam o metal, pressionando a chapa contra o estribo. Colocam-se os distanciadores separados 200 mm ao longo de toda a junta de união; este recurso permite assegurar a espessura do cordão de adesivo. Seguidamente, aplica-se adesivo na outra parte das chapas de reforço
e sobre todas as abas de união, espalhando-o com uma espátula de forma homogénea. Em seguida, coloca-se o estribo, ajustando-o para que as duas juntas de união fiquem alinhadas. Utilizando pinças de pressão, fixam-se de forma a mantê-lo unido até que o adesivo polimerize; os ímanes colocam-se na outra parte das chapas de reforço. Com uma espátula, eliminam-se os restos de adesivo sobrantes das juntas, procurando que fique nivelado, e retira-se a fita antes que o adesivo endureça. Uma vez curado o adesivo, retiram-se as pinças e os ímanes, e procede-se à montagem das portas e dos acessórios, ficando o veículo pronto para a sua entrega. /
PARA SABER MAIS Área de Carroçaria carroceria@cesvimap.com Reparação de carroçarias de automóveis. CESVIMAP, 2009. Manual do fabricante www.revistacesvimap.com @revistacesvimap
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CARROÇARIA
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LIXAMENTO: OBTER UM BOM RESULTADO Já em números anteriores destacámos o papel relevante das operações de lixamento no âmbito do processo total de repintura, tanto pelas funções realizadas no que respeita a nivelamento, potenciação da aderência e eliminação de material excedente, como pelo tempo de mão de obra que é necessário empregar ao longo de todo o processo. E por este motivo, consideramos muito importante conhecer bem os produtos, equipamentos e processos necessários para obter um bom acabamento em períodos de tempo rentáveis para a oficina e para evitar repetições desnecessárias TEXTO PILAR SANTOS
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UM LUXO POR DENTRO O posto de condução do Série
2
É
fundamental que o pintor conheça e domine os processos de lixamento para, em períodos de tempo adequados, obter um bom acabamento, sem problemas posteriores que requeiram trabalho adicional durante o processo de repintura ou inclusivamente, que possam levar a reclamações por parte dos clientes. Para evitar problemas e concluir com êxito os processos de lixamento realizados ao longo do processo de pintura, convém ter presente uma série de considerações: SUPERFÍCIE A LIXAR As superfícies a lixar devem estar limpas e isentas de gordura, para evitar que a sujidade fique incrustada na superfície ao lixar. Antes de lixar ou polir uma pintura recém-aplicada, esta deve ter atingido uma dureza suficiente, e se a secagem tiver sido acelerada (infravermelhos ou estufa), será necessário esperar que a superfície arrefeça.
ABRASIVOS Os abrasivos devem estar limpos. Devem ser armazenados num local limpo e seco. O abrasivo deve ser mudado depois de detetada a perda do seu poder mordente. A durabilidade e a vida útil das lixas são afetadas por: - Saturação: perda de corte devido à acumulação de restos de lixamento ou sujidade entre os grãos abrasivos. - Perda de grão: os grãos abrasivos soltam-se devido ao mau armazenamento, à má utilização ou à má qualidade do abrasivo. - Desgaste: os grãos de abrasivo (óxido de alumínio) desgastam-se e perdem poder de corte. - Rutura: o suporte da lixa rasga-se devido a má utilização ou à má qualidade do abrasivo. Em cada processo de lixamento deverá ser utilizada a granulometria de lixa adequada, tendo em conta que um lixamento demasiado fino impedirá a fixação correta da camada de tinta seguinte, ao passo que um lixamento demasiado espesso resultará no surgimento de defeitos na fase posterior, o que implicará
1 Lixamento de superfície 2 Lixa saturada
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REPARAÇÃO
CARROÇARIA
EM CADA PROCESSO DE LIXAMENTO DEVERÁ SER UTILIZADA A GRANULOMETRIA DE LIXA ADEQUADA PARA CADA SITUAÇÃO retificar e repintar, resultando em perdas de tempo e dinheiro adicionais. De acordo com o tamanho do grão abrasivo é possível riscar com maior ou menor profundidade um mesmo suporte. Os abrasivos são fragmentados e os diferentes tamanhos de partícula são selecionados para obter lixas mais ou menos grosseiras, mais ou menos finas. Existem várias escalas ou normalizações para nomear ou codificar os diferentes tamanhos de abrasivos. A norma FEPA (Federação Europeia de Fabricantes de Produtos Abrasivos) é uma das mais utilizadas, a sua marcação consiste num código com um número precedido da letra "P", correspondendo os números mais baixos aos grãos maiores e vice-versa. A boa qualidade de uma lixa abrasiva é determinada não só pela granulometria marcada, mas também pela homogeneidade granulométrica, ou seja, pela ausência de grãos mais grossos que provoquem sulcos indesejados. Na repintura de peças metálicas, é recomendável não utilizar lixas mais grosseiras que P80. No caso de peças de plástico flexível, é recomendável não utilizar lixas mais grosseiras que P120-150. FERRAMENTAS DE LIXAMENTO As ferramentas de lixamento podem ser manuais (tacos e lixadoras), ou dependendo da força motriz, de acionamento elétrico (lixadoras elétricas) ou através de ar comprimido (lixadoras pneumáticas). A escolha entre elétrica ou pneumática dependerá principalmente das instalações da oficina. Caso seja necessário lixar alumínio, para evitar a acumulação de eletricidade e garantir a segurança, devem ser utilizadas lixadoras pneumáticas. De acordo com o movimento imprimido no abrasivo flexível, as ferramentas de lixamento podem ser: - Rotativas ou radiais, com rotação do prato sobre um eixo fixo, recomendadas para trabalhos muito agressivos, como eliminação de óxido ou pintura velha, cordões de soldadura, etc. Realizam um trabalho muito rápido mas aquecem e não dispõem de aspiração. Na área de pintura são utilizadas apenas: - Orbitais ou excêntricas, de base retangular, com combinação de movimento longitudinal
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1
2
4 e transversal, e indicadas para lixamento de grandes superfícies em nível plano. A base não é flexível, pelo que se torna ideal para lixamento de massa. - Roto-orbitais ou excêntrico-rotativas, com combinação de movimento giratório e excêntrico, são as mais utilizadas nos trabalhos de repintura pela sua maneabilidade, versatilidade e por gerarem pouco calor. As ferramentas de polimento atuais podem ter um movimento tipo rotativo ou roto-orbital. No lixamento manual com lixas flexíveis devem ser utilizados tacos ou lixadoras como suporte para repartir de forma uniforme a pressão sobre a superfície e não deixar marcas dos dedos. As bases das ferramentas de lixamento, onde são apoiadas as lixas, apresentam diferentes
flexibilidades, pelo que se a base for rígida, não se irá adaptar à superfície a lixar, será a base a dar forma à superfície. No entanto, se a base for flexível e se for exercida pressão sobre a mesma, esta vai adaptar-se à superfície, desbastando-a. Por conseguinte, ao lixar massa será preferível utilizar uma base rígida, e ao fazer o lixamento final do aparelho e da superfície a repintar será recomendável uma base flexível. Também é possível acoplar uma interface à base da lixadora para conseguir algum amortecimento da ação do abrasivo. Outro fator a ter em conta numa lixadora é o seu diâmetro de órbita, visto que com um diâmetro de órbita maior, o lixamento é mais agressivo mas o acabamento é mais fino. Os diâmetros de órbita mais habituais são 5 para o lixamento de massa e 3 para o de aparelho. Os sistemas de aspiração para eliminação
3 1 Lixamento manual com esponja abrasiva 2 Duas lixadoras com órbitas 3 e 5 3 Marcas de lixamento na pintura 4 Imagem de pulverização de água em lixa P3000 trizact
do pó gerado durante os processos de lixamento são muito importantes, já que proporcionam um ambiente mais saudável para o trabalhador, mais limpo para os trabalhos de repintura e permitem que as lixas fiquem menos saturadas. Esta aspiração pode ser incorporada na própria lixadora, ou ser realizada com um equipamento móvel ligado à lixadora através de uma mangueira, ou com aspiradores fixos, centralizados e complementados, todos eles, com planos de aspiração da zona de preparação. Uma maior pressão sobre o abrasivo não implica uma maior quantidade de material lixado. A pressão exercida deve ser ligeiramente superior ao próprio peso da lixadora, para conseguir uma menor saturação, uma menor rugosidade (melhor acabamento) e aumentar a vida útil da lixa.
A lixadora deve trabalhar completamente plana na superfície a lixar e bem apoiada para evitar vibrações na ferramenta ou ondulações na superfície. Se a lixadora estiver inclinada relativamente à superfície a lixar, apoiando unicamente o rebordo exterior, causará maior dano, podendo atravessar rapidamente o produto a lixar. PROCESSO É muito importante realizar um processo de lixamento gradual ou progressivo para lixas mais finas, até atingir o nível de acabamento pretendido. Por conseguinte no lixamento a seco, o salto entre dois processos de lixamento não deve ser superior a três saltos. Caso se pretenda lixar uma determinada pintura, para posteriormente aplicar uma segunda, os sulcos do lixamento da primeira deverão ser pequenos o suficiente para serem cobertos pela segunda pintura. Mas se a granulometria de acabamento for utilizada desde o princípio o processo pode ser excessivamente dispendioso no que respeita a tempo e lixas, pelo que é necessário começar com um abrasivo mais grosseiro. Mas antes de chegar à lixa final, é imprescindível estabelecer o número necessário de etapas de lixas intermédias, de modo a que a lixa usada não se limite a arrancar material das arestas criadas pela anterior e a cobrir os sulcos com o material erodido, já que ainda que a superfície pareça uniforme ao tato, a pintura de acabamento aplicada será afetada pelos sulcos, tornando visíveis as marcas do lixamento. Os sistemas de lixamento podem distinguir-se da seguinte forma: - Lixamento a seco ou com água. - Lixamento manual ou à máquina. O lixamento com água só é recomendável para lixamentos finos (a partir de P1200) e em operações de eliminação de defeitos. Para os restantes processos de lixamento é recomen-
dável o lixamento a seco. As únicas vantagens do lixamento com água são a não saturação da lixa e uma menor produção de pó de lixamento uma vez que este é arrastado com a água. Por outro lado, os inconvenientes originados são: - Visto tratar-se de um lixamento manual é um processo mais dispendioso em termos de tempo e requer maior esforço físico do funcionário. - Antes de aplicar a camada seguinte de tinta é necessário esperar a secagem completa da superfície. - É necessário limpar em profundidade a superfície lixada para eliminar por completo os resíduos de lixamento, prestando atenção a reentrâncias e cavidades. - O contacto da água com a chapa metálica pode criar pontos de oxidação e sobre determinadas tintas, como a massa ou aparelhos de preenchimento, irá gerar problemas de absorção, dando origem a defeitos no processo de pintura. Para obter o mesmo grau de abrasão, um lixamento a seco com P500 seria equivalente a um lixamento com água com P1000-P1200. O lixamento manual é recomendável quando não for possível utilizar uma ferramenta de lixamento, por exemplo em zonas de difícil acesso, extremidades, arestas ou na eliminação de pequenos defeitos como manchas de sujidade. Nestes casos deverá ser utilizada uma lixa com tacos (mais ou menos flexíveis) ou sem suporte sempre que forem utilizados abrasivos tridimensionais ou esponjas abrasivas. No caso de um lixamento manual sem suporte, é recomendável seguir um movimento perpendicular à posição dos dedos (que devem estar juntos) para não originar marcas. No lixamento de massa e aparelhos é possível utilizar a guia de lixamento para controlar a correta nivelação da superfície. Esta é aplicada antes de lixar para permitir visualizar as zonas que ainda estão por nivelar durante o lixamento. Antes de realizar os trabalhos de lixamento, é imprescindível selecionar os equipamentos de proteção individual necessários, máscara contra pó, luvas e óculos, para proteger a saúde do funcionário. Resumindo, o resultado de um processo de lixamento dependerá de muitos fatores, tais como o tipo e formato de lixa utilizada, o tipo de abrasivo, a granulometria da lixa, se o lixamento é realizado com água ou a seco, manual ou à máquina, a órbita da lixadora, a pressão exercida, a velocidade de rotação utilizada, a rigidez ou a flexibilidade do suporte ou a base sobre a qual é apoiada a lixa, o tipo de tinta lixada, etc. /
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REPARAÇÃO
MANUTENÇÃO
KIA Rio 1.1 CRDi ISG 75 EX 5p Caraterísticas do Veículo Potência (cv)
75
Cilindrada (cc)
1120
EuroNCap 92/84/46
CO2 94 Tração / Transmissão
Dianteira / Mnaual
Caixa de Velocidades
6 velocidades
Carroçaria Berlina
KIA RIO Elegante, acessível, económico e bem equipado, o Kia Rio 1.1 CRDi tem muitas razões para deixar os clientes com um sorriso nos lábios. Pelo menos até verem que o custo de manutenção ascende a €5,16 por cada 100 km TEXTO JOSÉ MACÁRIO
A
Kia há muito que deixou de ser uma marca low-cost, em que o trunfo maior era a relação preço/equipamento. Atualmente, os produtos da marca revelam elevada preocupação com o desenho e com o desempenho dinâmico, sem nunca perder de vista os atributos que ajudaram a marca a crescer. O Kia Rio EX Diesel é um bom exemplo deste novo posicionamento, apresentando um preço acessível e um equipamento de bom nível. Apesar dos sete anos de garantia, a manutenção programada do pequeno utilitário sul-coreano, contabilizando o habitual período de 48 meses ou 120 mil quilómetros, custa uns menos simpáticos €6195,43, ou seja, €5,16 a cada 100 km percorridos. Do total, a parcela maior cabe aos elementos de desgaste, com mais de metade do total: €3135,16. O sistema de travagem é o que obriga a maior dispêndio, consumindo €2438,82 do valor previsto para esta secção. As quatro trocas de pastilhas dianteiras obrigam a despender €932,17, sendo que para as pastilhas traseiras, trocadas em três ocasiões, está previsto o gasto de €515,58. Quanto a discos, os dianteiros levam €638,08 do orçamento nas duas trocas necessárias, cabendo aos traseiros um total de €244,52, na única troca prevista no plano de manutenção. Não esquecer ainda, neste capítulo, os €108,48 para as quatro trocas do líquido dos travões. Ainda na secção de elementos de desgaste, a Kia preconiza quatro
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TURBO OFICINA MARÇO 2017
trocas nas escovas limpa-para-brisas dianteiras (€156,84) e duas nas traseiras (€57,82), bem como uma recarga do gás do ar condicionado (€100) e a troca de embraiagem, cujo custo ascende a €381,68. Aos dez pneus 195/55 R16H que o utilitário sul-coreano consumirá durante o período em análise cabe a fatia de leão dos custos previstos com a manutenção deste componente: €1429,70 dos €1604,20 totais a serem gastos com os pneumáticos do Rio. O restante divide-se pelos três alinhamentos da direção (€60), equilíbrio das rodas (€85,20) e válvulas (€29,30). Com um total de €785,10, as revisões são a terceira parcela mais cara deste plano de manutenção. As quatro trocas do óleo semissintético consomem €264 do orçamentado para esta secção, contabilizando-se o valor/litro do lubrificante em €13,75. O custo das trocas dos vários filtros leva mais €226,26 do total, divididos entre €100,52 para as trocas do filtro de pólen, €30,80 para o filtro de combustível, €58,80 para as trocas do filtro do óleo e €36,14 para o filtro do ar. A mão de obra completa o leque de despesas desta secção. Com base no valor médio nacional de €37,80/hora e nas 7,8 horas necessárias, esta parcela ascende a €294,84. Para terminar, resta acrescentar à soma €643,97 de inflação e ainda €27 para a Inspeção Periódica Obrigatória. A todos os valores apresentados na tabela anexa e nestas linhas acresce o IVA à taxa legal em vigor. Para mais informações, contacte Luís Ribeirinho, diretor comercial da 4Fleet, através do telefone 910 401 216 ou do e-mail luis. ribeirinho@4fleet.pt. /
Valor
Revisões
785,10 €
N.º Subs.
Mão de obra
294,84 €
[7,80]
Óleo
264,00 €
[4]
Capacidade do cárter (litros)
4,8
Tipo de óleo
Semissintético
Filtro de Óleo
58,80 €
Filtro de Ar
36,14 €
[2]
Filtro de Pólen
100,52 €
[4]
Filtro de Combustível
30,80 €
[2]
Velas
- €
[0]
Desgaste
3.135,16 €
Escovas limpa para-brisas Frente 156,84 €
[4]
[4]
Escovas limpa para-brisas Tras
57,82 €
[2]
Pastilhas Frente
932,16 €
[4]
Pastilhas Tras
515,58 €
[3]
Discos Frente
638,08 €
[2]
Discos Tras
244,52 €
[1]
Líquido de Travão
108,48 €
[4]
Correia Distribuição
- €
[0]
Embraiagem
381,68 €
[1]
Carga Ar Condicionado
100,00 €
[1]
Escape
- €
[0]
Bateria
- €
[0]
Amortecedor Frente
- €
[0]
Amortecedor Tras
- €
[0]
Bomba Agua
- €
[0]
Filtro Particulas
- €
[0]
Tarefas Extra
- €
Avarias
- €
Elétricas
- €
Total
- €
Pneus
1.604,20 €
Pneus Frente
195/55 R16H
Pneus Trás
195/55 R16H
Pneus
1.429,70 €
Alinhamento de Direção
60,00 €
[3]
Equilibragem
85,20 €
[10]
Válvula
29,30 €
[10]
Outros
670,97 €
IPO
27,00 €
Inflação
643,97 €
Ajustes
- €
[10]
Custos de Manutenção Total
6.195,43 €
/100 kms
5,16 €
Consumo misto
3,60
IUC
103,82 €
l / 100 kms
* Valores sem iva
OPINIÃO
JURÍDICO
CARTAS DE CONDUÇÃO: COMO E QUANDO RENOVAR
N
a sequência de alterações legislativas que ditaram que a carta deixe de conter a morada do condutor e vieram simplificar o regime e forma de revalidação das cartas, é pertinente relembrar o regime de validade e revalidação das cartas de condução.
Se tem uma carta das antigas, ainda em cartão, deve ter em atenção que, independentemente da data de validade constante do documento, ela terá uma validade que depende da idade do condutor, da categoria de veículo que a carta habilita a conduzir, mas também da data em que, pela primeira vez, foi tirada a carta. Quanto às datas de habilitação para a condução de cada categoria, existem três regimes diferentes consoante a data em que foi tirada a carta: (i) os titulares de cartas de condução habilitados antes do dia 02 de Janeiro de 2013; (ii) os que foram habilitados entre 02/01/2013 e o dia 29/07/2016 e, por fim, um terceiro grupo, (iii) composto pelos condutores que obtiveram habilitação legal para conduzir a partir do dia 30/07/2016. Para o grupo de condutores mais comuns, habilitados a conduzir veículos das categorias AM, A1, A2, A, B1, B e BE, Ciclomotores e Tractores Agrícolas, a carta deve ser renovada ou aos 50 anos, quando a carta tenha sido obtida antes de 02/01/2013, ou de 15 em 15 anos até o condutor perfazer 60 anos, sendo que, para o grupo de condutores que obtiveram a carta entre 2013 e Julho de 2016, sobrepõe-se a data de validade constante da carta de condução. Para este grupo de condutores mais comuns, e até ao momento em que perfazem 60 anos, o processo de revalidação não requer a apresentação de atestado médico. A partir daquela idade, aplicam-se as mesmas regras independentemente da data em que foi tirada a carta, ou seja, a carta terá de ser revalidada aos 65, com a apresentação de atestado médico. Passando a revalidação a ser obrigatória de 2 em 2 anos a partir dos 70 e sempre com a apresentação de atestado médico emitido para o efeito.
MIGUEL RAMOS ASCENÇÃO ADVOGADO
Existe depois um segundo grupo de condutores, titulares de carta de condução que habilita a conduzir veículos das categorias C1, C1E, C, CE, D1, D1E, D e DE, bem como os condutores das categorias B e BE que exerçam a condução de ambulâncias, de veículos de bombeiros, de transporte de doentes, de transporte escolar, de transporte colectivo de crianças e de automóveis ligeiros de passageiros de aluguer. Para este grupo os requisitos e períodos de revalidação são mais apertados: para os condutores habilitados antes de 02/01/2013, a carta tem de ser revalidada aos 40 anos e, depois, de 5 em 5 anos até perfazer os 65 anos. Para estes terá de ser sempre apresentado atestado médico, o qual, a partir dos 50 anos, deve ser acompanhado ainda de certificado de avaliação psicológica. Para os condutores deste grupo habilitados entre 02/01/2013 e 29/07/2016 impera a data que consta da carta, aplicando-se posteriormente a mesma regra que vigora para os que tiraram a carta antes de 02/01/2013. Por fim, para os que tiraram a carta a partir do dia 30/07/2016, independentemente da idade, devem renovar de 5 em 5 anos com os mesmos requisitos os que tiraram a carta antes de 02/01/2013. Os que tiveram a carta antes de 2013, devem revalidar necessariamente aos 65, sendo que para os 3 grupos a partir dos 70 anos, a carta deve ser revalidada de 2 em 2 anos e sempre com a apresentação conjunta de atestado médico e de certificado de avaliação psicológica. Toda a informação necessária sobre a forma e requisitos de revalidação das cartas de condução está disponível no site do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, IP em www. imtt.pt .
Todos os meses abordaremos neste espaço assuntos de natureza jurídica que julgamos relevantes para a atividade da reparação e manutenção. Se tiver dúvidas ou situações específicas, por favor envie-nos um email para: oficina@turbo.pt indicando que se trata de um pedido de esclarecimento de natureza jurídica. O autor desta crónica escreve de acordo com a antiga grafia.
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