2,50€ (CONT.)
#74
JULHO
2018
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profissional DESTAQUE SPINERG MANTÉM SHELL A "LUBRIFICAR" PORTUGAL ESPECIALISTA LUSILECTRA MONTA OFICINAS "CHAVE NA MÃO"
REPARAÇÃO DANOS POR ATROPELAMENTO DE ANIMAIS
MERCADO MADURO E E X IGENTE
EQUIPAMENTOS OFICINAIS A APOSTA NA FORMAÇÃO PREÇO VS. QUALIDADE
AS ÚLTIMAS NOVIDADES
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SUMÁRIO
#74
JULHO 2018 ESTA EDIÇÃO É OFERECIDA PELOS NOSSOS ANUNCIANTES VALEO SELO DE CAPA VALEO RODAPÉ DE CAPA EUROREPAR VERSO CAPA TRW PÁG.5 MANN-HUMMEL PÁG.11 PETRONAS PÁG.15 CENTRO ZARAGOZA PÁG.17 CARF PÁG.23 BOLAS S.A PÁG.33 COMETIL PÁG.37 GONCALTEAM PÁG.39 CESVIMAP VERSO CONTRACAPA WOLF OILS CONTRACAPA
MARCAS NESTA EDIÇÃO AFIA 12 ALEA 30 ANECRA 10 ANIVAP 16 ARNOTT 16 AS PARTS 29, 52 AUTO 2009 52 AUTO SUECO 28 AUTOCREW 49 AXALTA COATING SYSTEMS 43 BASF COATINGS 46 BEST CONFORT 52 BETA 36 BILSTEIN GROUP 13 BLUEPRINT 13 BMW 19, 43 BOLAS 36 BOSCH 12, 42 BOSCH CAR SERVICE 49 BRIDGESTONE 55 CAR ACADEMY 16 CAR-O-LINER 19, 36 CENTRO ZARAGOZA 52 CITROËN 56 CIVIPARTS 28, 34 CLEPA 12 COMETIL 34 CONTINENTAL 16 CONTITECH 16 CORMACH 41 DEKRA 16, 24 DENSO 18 DIPART 49 DISE 8 DONKERVOORT 46 DOOSAN 18 DUNLOP 54 EUROTALLER 52 EVOLUTION 14 EXIDE 44 FALKEN 55 FIAT 14 FIRESTONE 16 FORD 56 GLOBAL ONE 49 GONÇALTEAM 34 GOODYEAR 16, 55 GOODYEAR DUNLOP 14 GROUPAUTO 52 GRUPO AUTO IBÉRICA 31 GTEAM 41 GUERNET 36 HEMOAUTO I 52 HETRA 36 HPA FAIP 41 HUNTER 36 HYPREL 36 INGERSOLL RAND 36 JALTEST 36 JONNESWAY 18 KASPERSKY LAB 66 KRAFTWERK 41 KSTOOLS 36 LASER TOOLS 41 LAUNCH 41 LEMFÖRDER 44 LERILIS 49 LUBOIL 7 LUSILECTRA 13, 18, 34 MERCEDES 19, 56 MICHELIN 41 MINTEX 13 NORS 28, 52 NTA 14 OMEGA 36 ONEDRIVE 29 OSRAM 43 PASQUIN 36 PCL 36 PEUGEOT 56 PIUSI 36 PNEUFURADO 14 PNEUIMPEX 49 POLIVALOR 14 PRO4MATIC 16 REDSERVICE 49 REDWASTE 49 RENAULT 31, 56 REPSOL 7 R-M 46 ROBERLO 46 ROBERT HUDSON 21 SABUGALAUTO 13 SACHS 44 SALVADOR CAETANO 13, 18 SAMIPARTS 16 SCHUMACHER 36 SHELL 7 SINISTRAUTO 16 SKF 13 SONAE 28 SPACE 36 SPIES HECKER 43 SPINERG 7 STANDOX 43 STONERIDGE 18 SWAG 13 TECNIVERCA 34 TELWIN 36 TIPS 4Y 13 TOP CAR 31, 52 TOP TRUCK 31, 52 TRW 44 TUDOR 44 UFI FILTERS 46 VALEO 13 VALORPNEU 54 VIPAL BORRACHAS 55 VOLKSWAGEN 56 VOLVO 28 VULCO 14 WEBER-WERKE 41 YAMADA 36 ZF AFTERMARKET 44
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REPORTAGEM Teleperitagem, o serviço da Dekra que apressa a reparação dos veículos sinistrados
PROTAGONISTA Margarida Pina é a diretora do aftermarket da Nors, o novo nome da "holding" Auto Sueco
DESTAQUE
06 Spinerg é o "rosto"
dos óleos Shell em Portugal
RAIO X
42 Notícias internacionais 52 Comercial do mês: Mercedes Vito Furgão Standard 111 CDI/32
NOTÍCIAS
12 As novidades do setor
REPORTAGEM
52 Prémios da Top Car ESPECIALISTA
18 Os 35 anos da Lusilectra 48 Leirilis quer ser referência
REPARAÇÃO
58 Atropelamentos de animais 62 Spot repair
DOSSIÊ
34 Equipamentos oficinais
PNEUS
54 Notícias TÉCNICA
66 Segurança informática JULHO 2018 TURBO OFICINA
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EDITORIAL
PROPRIEDADE E EDITORA TERRA DE LETRAS COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL LDA NPC508735246 CAPITAL SOCIAL 10 000 € CRC CASCAIS
FASQUIA BEM ELEVADA
C
O após-venda teve de dar um salto qualitativo para acompanhar as exigências, não só de automóveis tecnologicamente mais avançados, mas também de clientes mais informados
orria o ano 2000 quando, num salão automóvel de Lisboa e a propósito de um estranho protótipo que já anunciava os “crossovers” que juntam as formas de vários carros num só – hoje tão banais – o guru do “design” da Renault de então, Patrick le Quément, me contou uma história que nunca mais esqueci. Perante o espanto causado pelas novas formas e a interrogação “a partir daqui, o que falta inventar mais?”, respondeu-me: “Em 1874, o responsável do registo de patentes de Chicago escreveu para os serviços centrais a propor o encerramento daquele escritório, dizendo que já não fazia sentido a sua existência porque já tinha sido tudo inventado”. Se virmos de longe, os carros atuais não são muito diferentes dos de há quinze anos. E, no entanto, nunca a indústria automóvel terá avançado e evoluído tão rapidamente como agora! As tecnologias aparecem, revolucionárias, e tornam-se obsoletas ou, pelo menos, banais num ápice. Inovações que, antes, ficavam exclusivas dos topos de gama, democratizam-se rapidamente para os carros mais baratos, acabando produzidas em massa. Tudo se passa a uma velocidade estonteante… A jusante, esta vertigem da inovação coloca cada vez mais pressão nas oficinas e no aftermarket. A exigência é agora maior que nunca! Novos e mais sofisticados equipamentos, melhores produtos e a necessidade imperiosa de formação constante. O após-venda teve de dar um salto qualitativo para acompanhar as exigências, não só de automóveis tecnologicamente mais avançados, mas também de clientes mais informados. Basta falar com as empresas fornecedoras de peças e equipamentos oficinais para percebermos que, na generalidade, esse esforço está a ser feito e que os agentes do mercado nacional elevaram a fasquia. A importância que dão às ações de formação e à qualidade dos equipamentos revela o empenho, não só em melhorar os seus serviços, mas também, e principalmente, em estar na linha da frente do após-venda, por muito complexos e evoluídos que se tornem os automóveis, inclusive com a preocupação de terem os seus processos certificados por entidades de reconhecida idoneidade. Porque também já perceberam que essa constante atualização não é só indispensável, será até um fator decisivo entre o sucesso e ficar pelo caminho…
SÉRGIO VEIGA EDITOR CHEFE
SEDE, REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO AV. DAS OLAIAS, 19 A RINCHOA 2635-542 MEM MARTINS TELEFONES 211 919 875/6/7/8 FAX 211 919 874 E-MAIL oficina@turbo.pt DIRETOR JÚLIO SANTOS juliosantos@turbo.pt EDITOR CHEFE SÉRGIO VEIGA sergioveiga@turbo.pt REDAÇÃO CARLOS MOURA PEDRO carlosmoura@turbo.pt ANTÓNIO AMORIM antonioamorim@turbo.pt MIGUEL GOMES miguelgomes@turbo.pt RICARDO MACHADO ricardomachado@turbo.pt RESPONSÁVEL TÉCNICO MARCO ANTÓNIO marcoantonio@turbo.pt COORDENADOR COMERCIAL GONÇALO ROSA goncalorosa@turbo.pt COORDENADOR DE ARTE E INFOGRAFIA JORGE CORTES jorgecortes@turbo.pt PAGINAÇÃO LÍGIA PINTO ligiapinto@turbo.pt FOTOGRAFIA JOSÉ BISPO josebispo@turbo.pt SECRETARIADO DE REDAÇÃO SUZY MARTINS suzymartins@turbo.pt COLABORADORES FERNANDO CARVALHO MIGUEL ASCENSÃO PARCERIAS CENTRO ZARAGOZA CESVIMAP 4FLEET IMPRESSÃO JORGE FERNANDES, LDA RUA QUINTA CONDE DE MASCARENHAS, 9 2820-652 CHARNECA DA CAPARICA DISTRIBUIÇÃO VASP-MLP, MEDIA LOGISTICS PARK, QUINTA DO GRANJAL-VENDA SECA 2739-511 AGUALVA CACÉM TEL. 214 337 000 contactcenter@vasp.pt GESTÃO DE ASSINATURAS VASP PREMIUM, TEL. 214 337 036, FAX 214 326 009, assinaturas@vasp.pt TIRAGEM 10 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC COM O N.º 126 195 DEPÓSITO LEGAL N.º 342282/12 ISSN N.º 2182-5777 INTERDITA A REPRODUÇÃO, MESMO QUE PARCIAL, DE TEXTOS, FOTOGRAFIAS OU ILUSTRAÇÕES SOB QUAISQUER MEIOS E PARA QUAISQUER FINS, INCLUSIVE COMERCIAIS
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TURBO OFICINA JULHO 2018
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SPINERG
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JOSÉ CID PROENÇA DIRETOR-GERAL DA SPINERG
INVESTIR NA IMAGEM DA MARCA JUNTO DOS CLIENTES Tendo por base unicamente o negócio dos lubrificantes Shell, a Spinerg tem apostado na dinamização da marca em território nacional, através da realização de iniciativas direcionadas para oficinas ou até mesmo parcerias. Além disso, pode contar sempre com os fortes investimentos que a Shell tem vindo a realizar na inovadora tecnologia GTL e nos novos aditivos com moléculas adaptativas TEXTO DAVID ESPANCA FOTOS JOSÉ BISPO
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Spinerg é o macro-distribuidor dos lubrificantes Shell em Portugal, desde que esta saiu do mercado nacional, em novembro de 2010, numa transição em que herdou a história, os ativos e o “know-how” daquela marca. No fundo, explica José Cid Proença, diretor-geral da empresa, “a Spinerg é a continuidade da Shell Portuguesa, já que adquiriu as suas quotas e ficou com o mesmo número de contribuinte”. Em 2017, faturou 14 milhões de euros e, para este ano, as previsões apontam para um crescimento na ordem dos 10 por cento. No total emprega cerca de 30 pessoas, contando com a empresa Luboil, que é o distribuidor dos lubrificantes Shell na área do retalho.
Como se processou a saída da Shell, de forma oficial, do nosso país? É um processo faseado que tem três movimentos, o primeiro dos quais nos combustíveis, em 2004, quando vende toda a rede à Repsol. Ainda nesse ano, vende também o negócio do gás à mesma gasolineira. Mantém-se em Portugal até novembro de 2010 com uma presença na área dos lubrificantes, altura em que adota o formato do macro-distribuidor nacional, que já existia noutros mercados. E quais foram os motivos que estiveram inerentes a essa mudança? Até há bem pouco tempo, houve um claro desinteresse das grandes petrolíferas na área do retalho, porque estava sujeita a variadíssimas oscilações e a investimentos intensivos, o que levou a Shell, e outras empresas, a sair deste negócio. Agora está a assistir-se novamente
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ao interesse das marcas em voltarem a estar presentes no mercado, dado que o retalho de combustíveis dá notoriedade de massas. Falou-se inclusivamente no regresso da marca ao negócio dos combustíveis... Desde que a empresa espanhola Dise comprou os ativos da Shell em Espanha, mantendo a bandeira da marca da concha nos seus postos de abastecimento, falou-se na hipótese de fazer a mesma coisa em Portugal. No entanto, isso ainda não tem tradução no nosso mercado, mas há-de acontecer, mais dia menos dia. E na área dos lubrificantes, o que levou a Shell a adotar o modelo de macro-distribuidor nacional? Entendeu-se que a presença de um distribuidor local, de capitais nacionais, teria uma maior proximidade junto dos clientes, deixando de haver um certo distanciamento característico das marcas globais relativamente aos mercados. E, assim, passa a verificar-se um maior enfoque no setor nacional, ou seja, dar força à presença da marca através de uma empresa nacional, mais próxima do mercado e dos clientes. A Spinerg dedica-se exclusivamente à comercialização de lubrificantes Shell, beneficiando do facto desta marca ser líder mundial há onze anos consecutivos. Apesar de não haver dados estatísticos sobre o setor dos lubrificantes em Portugal, posso adiantar que a quota de mercado da Shell é confortável. Faz sentido que o setor dos lubrificantes seja composto pelas marcas tradicionais de forte imagem, a par de outras de menor dimensão? Sim, a partir do momento em que o mercado aceita que existam essas diferenças. Houve, realmente, uma mudança acentuada, provocada pela crise que o País atravessou, passando a existir uma maior diversidade de marcas, com valores inferiores, o que levou a que esta área se desviasse muito dos parâmetros de qualidade. No fundo, o mercado estava mais recetivo a marcas com menos imagem mas preços mais baixos. Como se posiciona a sua marca e qual tem sido a respetiva evolução? A Shell é uma marca “premium” que tem investido bastante em tecnologia e pretende, a par da Spinerg, ser vista como uma especialista nas áreas “automotive” e industrial. Estima-se que o mercado dos lubrificantes tenha caído mais de 40% nos últimos anos e agora, que está a recuperar ligeiramente, estamos a crescer mais do que o setor. Esta queda ficou a dever-se à falta de investimento, ao facto de as pessoas alargarem os intervalos de manutenção dos automóveis e ao encerramento de várias oficinas. Hoje em dia, o consumo de lubrificantes para o setor automóvel tem tendência para dimi-
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"A SHELL DESENVOLVEU NOVOS ADITIVOS, COM MOLÉCULAS ADAPTATIVAS, QUE VÃO ATUANDO DE ACORDO COM A PERFORMANCE OU NECESSIDADES DO MOTOR, COM PROPRIEDADES QUE PERMITEM UMA LIMPEZA CONSTANTE DO ÓLEO. ESTAS MOLÉCULAS SÃO UMA COMBINAÇÃO DE ADITIVOS, CHAMADAS DE ACTIVE CLEASING (AUTOMÓVEIS) E DYNAMIC PROTECTION (PESADOS)"
TECNOLOGIA GTL A Shell desenvolveu uma nova técnica que lhe permite produzir óleos base a partir do gás natural, numa tecnologia que origina menos resíduos
pesados). Estas tecnologias foram patenteadas pela Shell como PurePlus, possibilitando níveis de desempenho superiores, comprovados em testes, sobretudo na gama dos sintéticos, com poupanças de combustível na ordem dos três por cento. APROVAÇÃO DOS CONSTRUTORES É DECISIVA PARA ESTAR NO MERCADO Ainda faz sentido os lubrificantes estarem tão dependentes das recomendações oficiais dos construtores automóveis? Os motores são cada vez mais exigentes, assim como os requisitos ambientais, portanto faz todo o sentido haver essa proximidade aos fabricantes. Mas, mais importante do que as recomendações, é a aprovação dos lubrificantes por parte dos construtores. Além do mais, se não tiver um produto recomendado e aprovado pelos principais fabricantes mundiais, estou fora desse mercado. Qual a tendência que irá dominar a evolução dos lubrificantes sintéticos e semi-sintéticos? É esperado que o mercado evolua para os sintéticos, por questões de performance do motor e do foro ambiental. Se os fabricantes vão conseguir ter um preço que o mercado aceite, penso que sim, até porque hoje em dia a diferença de preços dos sintéticos para os minerais já não é tão grande como no passado. E voltando à questão da qualidade, é por aí que o consumidor tem de fazer escolhas. Claramente, o caminho é dos sintéticos, até porque essa é a aposta de todas as marcas “premium”. Onde se tem registado a maior evolução: do lado das bases ou dos aditivos? No caso particular da Shell, sem dúvida que é nas bases, sobretudo com o aparecimento do GTL. As bases e os aditivos não podem ser vistos separadamente, há obviamente produtos que levam mais aditivos que outros e, nesses casos, o peso do óleo base de qualidade é maior. Agora, a tecnologia está em ambas as partes, como o exemplo que referi das moléculas adaptativas, que são uma evolução enorme por parte da indústria dos aditivos.
nuir, já que os intervalos de mudança de óleo foram substancialmente alargados, resultado dos investimentos efetuados pelas companhias em novas tecnologias, no desenvolvimento de produtos. Esta tendência em investir em novas tecnologias é para continuar? É a única maneira deste setor sobreviver e a Shell investe bastante nesse domínio. Desde 2014 que tem uma tecnologia única, a GTL (Gas-to-liquids), que assenta na produção de óleos base através do gás natural, sendo um
fator diferenciador já que produz menos resíduos. Para isso investiu 14 mil milhões de dólares na construção de uma fábrica no Qatar, em conjunto com o Fundo Soberano daquele país. Além disso, desenvolveu novos aditivos com moléculas adaptativas, que vão atuando de acordo com a performance ou necessidades do motor, com propriedades que permitem uma limpeza constante do óleo, independentemente das temperaturas a que está sujeito. Estas moléculas são uma combinação de aditivos, chamadas de Active Cleasing (para automóveis) e Dynamic Protection (para veículos
Acha que o mercado vai correr riscos a médio/ /longo prazo com a progressiva eletrificação do mercado automóvel? Em teoria, se todos os automóveis fossem elétricos, haveria menos lubrificantes no mercado. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas é um facto que a indústria se vai manter. Penso que na área automóvel, eventualmente, a prazo, irá haver uma redução no consumo de lubrificantes. De qualquer forma, é preciso não esquecer que os carros elétricos também precisam de lubrificação, vai deixar é de haver motores a combustão.
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LÍDER MUNDIAL Há onze anos consecutivos que a Shell lidera o mercado mundial de lubrificantes. Em Portugal está presente através da Spinerg
Qual o teor da parceria que têm com a ANECRA? Participamos nas suas convenções e reuniões para discutir várias temáticas e esclarecer as preocupações das oficinas independentes. Temos também disponível para os seus associados uma adaptação do nosso Programa das Oficinas Premium Shell Helix.
E quais são os principais “entraves” para que a eletrificação não seja tão rápida? É necessário haver matéria-prima suficiente para a produção de baterias e rever a questão das suas autonomias, como também criar mais pontos de carregamento. Depois, é preciso saber se a energia que está a ser consumida em cada momento é menos poluente do que os combustíveis fosseis.
No que consiste esse programa? O objetivo passa por apoiar e diferenciar as oficinas no combate à forte concorrência que se regista no mercado automóvel. O programa oferece iniciativas que proporcionam vantagens competitivas, nomeadamente, o aumento de clientes, a melhoria qualitativa e quantitativa da formação, a criação de novos incentivos às equipas de trabalho, o apoio para fornecimento de sinalética e equipamentos, entre outras opções.
E no caso dos híbridos? Acredito que vão existir muito mais carros híbridos “plug-in”, a curto prazo, do que elétricos, muito embora também estejam muito dependentes das fontes de abastecimento. E estes continuam a ter motores que necessitam de lubrificação. E há ainda a questão da adaptação das oficinas a essa nova realidade… Sim e preocupa-me a forma como os nossos clientes vão ter de mudar o seu modelo de negócio, que assentará muito na vertente tecnológica, pois envolve investimentos avultados ao nível da aquisição de aparelhos e equipamentos, assim como espaços mais amplos. A manutenção de um automóvel elétrico é muito diferente e um mecânico tradicional não terá conhecimentos para trabalhar com um motor elétrico. Além disso, o custo dessa manutenção, para o cliente final, pode ficar muito mais baixo.
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"PREOCUPA-ME A FORMA COMO OS NOSSOS CLIENTES VÃO TER DE MUDAR O SEU MODELO DE NEGÓCIO, QUE ASSENTARÁ MUITO NA VERTENTE TECNOLÓGICA, POIS ENVOLVE INVESTIMENTOS AVULTADOS NA AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS"
Que outros projetos estão previstos para este ano? Vamos continuar a investir na presença em feiras especializadas e genéricas, por forma a estarmos junto dos nossos clientes e angariar novos, assim como prosseguir com ações de formação na Academia Spinerg. Temos vindo a apostar na área dos sistemas de informação, porque acreditamos que o mercado vai necessitar cada vez mais de apoio digital. Nesse domínio, iremos provavelmente fazer investimentos ao nível das redes sociais. /
NOTÍCIAS
NACIONAIS
BOSCH E UNIVERSIDADE DO MINHO
COMUNICAÇÃO ENTRE VEÍCULOS
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Bosch e a Universidade do Minho estrearam no nosso país a tecnologia que possibilita a comunicação entre veículos, num evento realizado em Braga e denominado “Innovative Car Experience”. O sistema, que possibilita a comunicação veículo-para-veículo, veículo-para-infraestrutura e veículo-para-peão, representa uma revolução no paradigma da mobilidade ao possibilitar, com recurso à rede móvel 4G/5G, a identificação automática de situações de perigo ou de emergência e desencadear mecanismos de alerta. O veículo passa a ser capaz de transmitir, receber e analisar informação sobre o ecossistema que o rodeia, em permanência, e
tomar decisões de forma preditiva. A tecnologia inovadora, desenvolvida por engenheiros da Bosch em parceria com investigadores da Universidade do Minho, é essencial para que os veículos possam vir a conduzir de forma completamente autónoma já no início da próxima década e deverá ser testada numa parceria entre a Bosch e um fabricante automóvel europeu. Os parceiros mostraram ainda soluções como o cockpit do futuro, câmaras de monitorização do condutor e a nova geração de Head Up Displays, entre outras soluções desenvolvidas no âmbito da parceria de inovação que une ambas as entidades desde 2013 e que envolveu, desde então, um investimento de 76 milhões de
euros. O evento “Innovative Car Experience” marcou o encerramento da segunda fase desta parceria de sucesso. A Bosch aproveitou a ocasião para apresentar no nosso país o novo sistema ‘Home Zone park assist’ que permite o estacionamento autónomo de veículos. Com este sistema, o condutor pode sair do carro, ativar no smartphone a função com um toque no ecrã e observar a manobra de estacionamento. O veículo circula dentro do parque evitando obstáculos, procura um lugar livre e estaciona, otimizando o espaço necessário para o efeito. O condutor pode ainda usar o Home Zone park assist para que o carro saia do parque de forma autónoma. /
AFIA
TOMÁS MOREIRA NO CONSELHO DIRETOR DA CLEPA
A
CLEPA – Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel – tem agora uma voz portuguesa para defender os interesses do setor a nível europeu. Tomás Moreira, atual presidente da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel – foi eleito para o conselho diretor daquela entidade, para o período 2018-2020. Fundada em 1959, a CLEPA está sediada em Bruxelas e reúne mais de 120 dos principais fornecedores de componentes para automóveis, sistemas e módulos, bem como mais de 20
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associações nacionais, entre as quais a AFIA. A indústria europeia de componentes automóveis é líder mundial no fornecimento de componentes de ponta e tecnologia inovadora para a mobilidade segura, inteligente e sustentável, investindo mais de 20 mil milhões de euros por ano em investigação e desenvolvimento, além de empregar perto de cinco milhões de pessoas. A eleição de Tomás Moreira vem dar uma força e visibilidade acrescida à AFIA e consequentemente à indústria portuguesa de componentes automóveis.
BILSTEIN GROUP
COMUNICAÇÃO MÓVEL PARTSFINDER
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pós o lançamento do seu mais recente catálogo de pesquisa de peças automóvel – partsfinder – o bilstein group tem vindo a desenvolver uma série de ações de marketing para divulgar este produto e as suas funcionalidades, bem como as novidades que virão a ser implementadas. Como forma de complemento à campanha de lançamento deste seu catálogo online gratuito, que pode ser utilizado sem registo, o bilstein group procedeu à redecoração da sua carrinha com um vinil traseiro alusivo ao novo partsfinder, com destaque para o slogan: “Pesquise. Encontre!”. Bastante visível para quem siga o veículo, tem ainda menção ao objetivo e conceito do partsfinder, de modo a que a mensagem seja rapidamente captada. Além do apoio técnico e comercial que vem sendo feito desde 2016, o consultor técnico Gonçalo Pinto tem aproveitado para esclarecer as dúvidas dos clientes e tem prestado o apoio a todos os clientes relativamente tanto ao partsfinder como à Webshop. Os clientes estão atualmente a lidar com esta nova ferramenta, pelo que o bilstein group tem tentado prestar todo o apoio possível através da sua equipa. A bilstein group van, desde que surgiu, tem vindo a tornar-se numa útil ferramenta de auscultação do mercado e de recolha de feedback
PRO4MATIC APRESENTA NOVIDADES ARNOTT
pelo que. além da sua atividade normal, encontra-se também a prestar apoio relativamente ao novo catálogo. Tendo em conta o momento atual, tem sido bastante importante esta recolha, de modo a implementar melhorias sucessivas, tanto no catálogo como na Webshop.
PARCERIA CAR ACADEMY E SAMIPARTS
TIPS 4Y
COFFEE TECH E MATRÍCULAS
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TIPS 4Y organizou a primeira edição do Coffee Tech e anunciou a atualização do seu serviço de pesquisa de matrículas. No que se refere ao primeiro Coffee Tech, foi dedicado ao Catálogo Tech. Em apenas duas horas, um número muito reduzido de utilizadores de uma determinada solução sentou-se à volta de uma mesa para esclarecer dúvidas e utilizar funcionalidades que lhes permitiram melhorar a sua experiência de utilização. No final, os participantes já se reconheciam como “TecDoc Experts” por terem alcançado um nível avançado de utilização do Catálogo TecDoc e extraordinariamente satisfeitos pelo impacto imediato que este conhecimento terá no seu trabalho diário. Entretanto, a TIPS 4Y anunciou a atualização do seu serviço de pesquisa por matrícula, estando já disponíveis as relativas ao mês de maio deste ano. Este serviço tem contribuí-
A Pro4matic acaba de lançar novos produtos da Arnott para diversas marcas automóveis, nomeadamente, amortecedores pneumáticos dianteiros e traseiros, compressores de suspensão pneumática e um kit compressor + unidade válvulas + relé. Os foles de suspensão vêm equipados com borracha da Continental ContiTech, Firestone e Goodyear, soluções “aftermarket” de simples instalação, desenvolvidas e patenteadas nos EUA. Todos os produtos Arnott têm garantia vitalícia contra defeito de fabrico.
do para a digitalização do negócio de todos os “players” relacionados com o pós-venda automóvel. O processo de identificação da viatura num só passo veio garantir uma maior eficácia nos processos de identificação de peças, mas também impulsionar novos modelos de negócio. Está já a ser preparada a entrega ao utilizador de “dashboards” com as estatísticas que analisam a utilização das suas consultas.
A Car Academy anunciou uma parceria com a Samiparts para a realização de ações de formação e ainda a concretização da segunda formação alusiva a veículos híbridos e elétricos com a ANIVAP. A parceria com a Samiparts prevê um total de seis dias de formação até ao final do ano 2018. A primeira sessão vai decorrer em Leiria, já em setembro. Por outro lado, teve lugar a segunda formação de Veículos Híbridos e Elétricos – Manipulação em Segurança, nas instalações da Car Academy, que contou com a participação de inspetores do centro e sul do País, pertencentes à ANIVAP.
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NOTÍCIAS
NACIONAIS
EVOLUTION
NOVA OFICINA NA BATALHA
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EVolution está a expandir a sua rede de oficinas para assegurar uma melhor assistência a veículos elétricos e híbridos, tendo programado a abertura do seu primeiro espaço franchisado na Batalha, no próximo mês de setembro. A nova oficina estará totalmente equipada para prestar a assistência necessária a veículos totalmente elétricos e à parte elétrica dos híbridos, assim como ajudar na formação de novos profissionais desta área. O primeiro passo no alargamento da rede
EVolution surgiu no âmbito de um acordo com a empresa NTA – Novas Tecnologias Auto, do empresário Edgar Sousa. O investimento da NTA acontece naturalmente pelo acréscimo substancial destes veículos em circulação, sendo igualmente uma aposta estratégica por acreditar que os veículos elétricos e as energias renováveis, são o caminho natural para um futuro mais sustentável. Criada em 2016, a EVolution é um centro especializado de alta tecnologia para intervenção em veículos elétricos, cumprindo com as
mais exigentes regras de segurança. O centro de assistência está habilitado a reparar, atualizar e recondicionar motores e baterias para acomodar novas tecnologias disponíveis no mercado, conferindo uma extensão de vida aos veículos, recuperar e reparar células e baterias, bem como atualizações dos sistemas de carregamento e reciclagem de baterias antigas para sistemas estacionários para utilização conjunta com painéis solares. A formação certificada, é outra das apostas da EVolution em parceria com a Polivalor. /
VULCO
DOIS FIAT 500 ENTREGUES À REDE
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ara comemorar o seu 25.º aniversário, a rede de oficinas Vulco, apoiada pela Goodyear Dunlop, disponibiliza aos seus clientes uma campanha de veículos de substituição, até ao final deste ano. Para o efeito, a Vulco está a entregar dois Fiat 500, por diferentes períodos, às suas oficinas em Portugal e Espanha, que poderão utilizá-los enquanto veículos de substituição para os seus clientes. A última entrega coube às oficinas Neumáticos Teruel, em Espanha, e Pneufurado, em Portugal.
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Os Fiat 500, que vão circulando por diferentes oficinas, foram agora entregues pelo diretor da Vulco, Mario Recio. Na ocasião, fez questão de sublinhar: “Pretendemos oferecer o melhor serviço aos clientes que acorrem às nossas oficinas. Por isso, contar com um veículo de substituição ajudará a que a experiência do consumidor seja mais completa e satisfatória. Esta ação representa um passo em frente na profissionalização da rede, e um valor acrescentado para o utilizador final”.
NOTÍCIAS
NACIONAIS
DEKRA PORTUGAL
AQUISIÇÃO DA SINISTRAUTO
LUSILECTRA ASSINALA 35.º ANIVERSÁRIO No âmbito das comemorações do seu 35.º aniversário, a Lusilectra, empresa do Grupo Salvador Caetano, levou a cabo, recentemente, o Dia Lusilectra. Realizado no Parque da Cidade do Porto, o evento teve como tema principal a partilha, durante o qual teve lugar um conjunto de atividades destinadas a promover a cooperação, o trabalho em equipa e a partilha de informação, aspetos que fazem parte da cultura empresarial da empresa e do Grupo. Houve ainda lugar a diversas atividades didáticas e um piquenique, vivendo-se momentos de alegria, descontração e convívio.
SABUGALAUTO FESTEJA 20 ANOS A Sabugalauto organizou uma festa alusiva ao 20.º aniversário que contou com a presença de clientes, fornecedores, familiares e amigos. Após a receção dos convidados no restaurante Nova Dimensão, teve lugar um almoço descontraído, terminando com a realização de um sorteio com vários prémios. Seguiu-se uma pequena feira com os fabricantes Mintex, Valeo, Swag, blueprint e SKF, em que foram dadas várias explicações acerca dos seus produtos. Fundada em 1998, a Sabugalauto nasceu da necessidade do mercado na área do Sabugal, pertencente ao distrito da Guarda, que não tinha nenhum distribuidor direto de peças de automóvel.
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Dekra Portugal anunciou a aquisição da empresa Sinistrauto no passado mês de junho, ao abrigo da sua estratégia de crescimento sustentado no nosso país, permitindo desenvolver a sua posição no setor da peritagem e averiguação de sinistros automóveis. “Com esta aquisição serão potenciadas sinergias ao nível das equipas, das plataformas tecnológicas e das melhores práticas de gestão”, afirma Sérgio Vitorino, administrador da Dekra. “Continuaremos a apostar na qualidade e na inovação como fator crítico de diferenciação e de sucesso. Através da união das duas organizações, passamos a ser uma das maiores redes independentes de peritagem e averiguação em Portugal”, adianta o responsável, acrescentando: “Esta recente aquisição traduz o interesse do Grupo Dekra em investir no mercado nacional, sempre com o objetivo de se posicionar na liderança das atividades onde está presente”. Para a Sinistrauto, esta união constitui uma “oportunidade de crescimento, a partir do momento em que passamos a integrar um grupo com a dimensão da Dekra, que oferece um portefólio de serviços mais abrangente do mercado no setor automóvel ”, segundo afirma Nuno Almeida, diretor desta empresa, que
conta com 34 anos de existência, especializada em serviços de peritagem e averiguação de sinistros. “Desta operação resulta uma estrutura bastante sólida com capacidade de resposta às exigências dos clientes, nomeadamente aqueles que representam um elevado volume de procura neste setor, como são, por exemplo, as companhias seguradoras para as quais a experiência e a qualidade do serviço são fatores determinantes”, sublinha o responsável. A Dekra já investiu cerca de 50 milhões de euros em Portugal nos últimos quatro anos e criou 200 postos de trabalho. A empresa tem vindo a diversificar as áreas de atuação e tem como objetivo alcançar um volume de negócios de 25 milhões de euros, além de atingir os 300 postos de trabalho. /
MECÂNICA/LOGÍSTICA 2018
EM OUTUBRO NA FIL
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e 26 a 28 de outubro, o parque de exposições da FIL, em Lisboa, vai ser palco da 8.ª edição da Mecânica – Salão do Equipamento Oficinal, Peças, Mecânica, Lubrificantes, Componentes e Acessórios para veículos ligeiros e pesados. Após o sucesso da última edição, realizada pela primeira vez na capital portuguesa, a entidade organizadora, ExpoSalão, adianta que este ano o certame irá crescer, contando com mais espaço de exposição. A pouco mais de quatro meses do seu início, cerca de 60 por cento do espaço já está ocupado. Uma das novidades, é a incorporação do Salão de Logística, Manutenção, Transportes e Serviços, que irá decorrer em simultâneo. A Logística, na sua segunda edição, pretende ser uma plataforma de apresentação para as múltiplas soluções e propostas nos domínios da logística e do transporte, dirigida a todos os profissionais da indústria e do comércio.
Na Mecânica/Logística estarão em exposição os seguintes setores: mecânica e peças; acessórios; reparação e manutenção; estações de serviço e lavagens de carros; óleos e lubrificantes; software de gestão de oficinas; logística; movimentação de cargas; estanteria; veículos comerciais; entidades do setor; e imprensa.
ESPECIALISTA
LUSILECTRA
ANTÓNIO GARRIDO DIRETOR DE EQUIPAMENTOS OFICINAIS DA LUSILECTRA
FAZEMOS OFICINAS “CHAVE NA MÃO” Há 35 anos foi constituída para fornecer componentes automóveis à fábrica da Salvador Caetano, grupo que integra. Ainda continua nesse negócio, tendo até presença no aftermarket nacional, mas foram os equipamentos oficinais que fizeram a Lusilectra crescer e internacionalizar-se, ao ponto de espantar “nuestros hermanos” com a sua capacidade de montar uma grande oficina “chave na mão”! TEXTO SÉRGIO VEIGA
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mpresa do Grupo Salvador Caetano, mas gozando de estatuto autónomo, a Lusilectra comemorou, no passado dia 18 de março, o seu 35.º aniversário. Tendo começado como fornecedora de componentes automóveis, acabou por encontrar nos equipamentos oficinais o grosso do seu negócio que vale mais que os acessórios auto (Denso e Stoneridge) e os empilhadores Doosan, as outras duas áreas. “A empresa começou para fornecer componentes para a linha de montagem da Toyota da Salvador Caetano, com a abertura da fábrica de Ovar, nomeadamente com a Denso, com as bombas injetoras”, recorda António Garrido, o diretor de equipamentos oficinais da Lusilectra. “Mas logo se sentiu que havia necessidades ao nível dos equipamentos e começou-se também a trabalhar essa área, em especial ao nível do diagnóstico automóvel, dos elevadores, depois, do alinhamento de direções, de calibrar rodas, de montar e desmontar pneus, mais tarde os analisadores de gases, uma das primeiras marcas com que trabalhámos foi a Sun do grupo Snap-on com que ainda mantemos relações”. Assim arrancou aquela que se tornaria numa das maiores empresas nacionais (agora também já internacionalizada) de equipamentos oficinais que consegue abarcar todas as áreas.
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“Desde há alguns anos que temos um leque bastante completo de equipamentos, ao ponto de fazermos oficinas ‘chave na mão’”, assegura António Garrido. “Entretanto, alargámos a gama e temos vindo a trabalhar, na última década, a área das ferramentas com a marca Jonnesway que não estava presente no nosso mercado, registando um crescimento bastante interessante”. Qual a vantagem para a Lusilectra de estar sob o “chapéu” do Grupo Salvador Caetano? Nós somos uma empresa com uma gestão autónoma, temos cá dentro tudo aquilo que uma empresa “normal” tem e não o que costuma suceder dentro de um grupo, em que as empresas têm muitos serviços centralizados. Nós não, temos cá a contabilidade, departamento de compras, todos os serviços estão dentro da organização, com uma gestão própria. Tem vantagens, claro, mas o Grupo é um cliente muito exigente. Isso é bom para nós porque nos obriga a estar sempre à procura das melhores e mais inovadoras soluções. Mas, sendo um cliente exigente, não é também um conforto saber que têm sempre esse cliente garantido? O cliente não está propriamente garantido porque o Grupo exige-nos uma capacidade de resposta ao melhor nível. Se calhar exige muito mais do que de uma empresa “normal”… Temos
“NÃO ESTAMOS CÁ SÓ PARA FAZER UMA VENDA, MAS PARA ENCONTRAR SOLUÇÕES ADEQUADAS A CADA CLIENTE. TENTAMOS ACONSELHAR E, PARA ISSO, HÁ MUITOS ANOS QUE TEMOS UM SERVIÇO DE DESENVOLVIMENTO DE 'LAYOUTS' DE OFICINAS"
de ser rápidos a responder e também é essa a nossa aposta, não só na venda, mas também no após-venda. Esse é um trabalho que fazemos há muitos anos, logo na seleção rigorosa dos fornecedores que tentamos mantê-los depois, ao longo dos anos. Ainda recentemente acrescentámos mais uma marca, na área da chapa e pintura, a Car-O-Liner, produto de referência para grandes construtores como a BMW ou Mercedes, entre outras. O facto de pertencermos ao Grupo é uma vantagem, por um lado, mas coloca-nos ainda mais exigência e obriga
a trabalhar com padrões muito elevados de qualidade e de taxa de serviço. Ao nível do serviço de pré-venda, tentamos estar juntos do cliente formando uma parceria, não apenas como fornecedor. Não estamos cá unicamente para fazer uma venda, mas para tentar encontrar soluções que sejam adequadas a esse cliente. Dentro da mesma tipologia de produtos temos uma gama bastante alargada para preencher diferentes necessidades. Tentamos aconselhar o mais possível e, para isso, há muitos anos que temos um serviço de
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desenvolvimento de “layouts” de oficinas. Há clientes que trazem uma ideia pré-concebida e nós, muitas vezes, damos uma volta a esse “layout” porque, depois de uma conversa e de ficarmos a conhecer profundamente o cliente, sentimos que as suas necessidades talvez se resolvam de outra forma e apresentamos sugestões que muitas vezes são bem aceites, implementadas e, por vezes, até replicadas pelo cliente noutra oficina. Isso parte desses estudos de “layouts”, fluxos de trabalhos, tempos e métodos de trabalho e, por fim, a conjugação com o equipamento adequado para que possa chegar à rentabilidade. Além disso, para complementar esse serviço, desenvolvemos desenhos técnicos mais específicos, em termos de execução de trabalhos de infraestruturas, desde trabalhos de construção civil. Damos essa informação, não fazemos esse serviço, não construímos porque não é a nossa área. Mas cedemos toda a informação para a instalação correta dos equipamentos, das ligações elétricas, das redes de ar e óleo, até com instalação de sistemas de gestão de óleos integrados com software do próprio cliente. O vosso leque de clientes deve ser tão vasto que vos deve colocar exigências muito distintas. Como conseguem satisfazê-las? A nossa gama de clientes é, de facto, muito alargada, desde pequenas oficinas independentes com um trabalhador ou o próprio dono, até oficinas de grande dimensão ou grandes grupos para quem trabalhamos, de importadores de ligeiros ou pesados. E não é só na área das oficinas, também trabalhamos nos centros de inspeção, uma área um pouco distinta. E ainda outros clientes, como dos veículos em fim de vida, com equipamentos para descontaminação ou auxílio ao desmantelamento e também com apoio técnico. Por vezes são clientes que já eram clientes de oficinas ou de centros de inspeção e que decidem alargar o seu negócio. E voltam a vir ter connosco, precisamente por essa nossa filosofia de não estarmos cá só para vender, mas também para prestar esse serviço de encontrar a solução que melhor se adequa e vender um pacote completo. A vossa mais-valia é a capacidade de conseguirem responder com uma oficina “chave na mão”? Sim, já o temos feito com vários clientes e temos essa capacidade. É evidente que as exigências são diferentes e clientes pequenos têm necessidades distintas. Há equipamentos mais críticos que outros para o funcionamento da instalação e por isso é que temos de gerir muito bem as situações ao nível do após-venda. Temos um conjunto de técnicos da Lusilectra já com grande experiência – embora seja difícil encontrar técnicos com experiência nesta área, a maior parte deles formamo-los inter-
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namente – e distribuídos pelo País, alguns até partem de sua própria casa para fazerem assistência ao cliente, de forma a ser mais rápido. Conseguimos, assim, garantir uma cobertura nacional. E a formação de quem compra os equipamentos? O equipamento é fornecido num “pack” que inclui a instalação e a formação de arranque. Além disso, vamos promovendo ações de formação mais detalhadas, às vezes em colaboração com outras instituições, até em parcerias com algumas universidades. Nós próprios costumamos promover algumas ações junto dos clientes, a nível dos alinhamentos ou das chapas, por exemplo.
FERRAMENTAS A Lusilectra entrou no mercado das ferramentas com a representação da marca Jonnesway, completando assim a sua oferta para ter uma oficina totalmente equipada
Já têm também colaborações com universidades, notam que já se trabalha a pensar em saídas profissionais para esta área? Já começa a haver essa preocupação. Há muitos anos que temos parcerias com algumas universidades, no sentido de lhes fornecer alguns equipamentos e informação inicial para, a partir daí, eles desenvolverem trabalhos. Temos colaborado com o ISEP do Porto, mais recentemente, com o ISEC de Coimbra e há muitos anos com o Politécnico de Leiria que tem feito um grande trabalho (tal como o de Setúbal), temos lá um banco de potência e fazem um grande conjunto de ensaios. Também temos feito algumas coisas com o Técnico, fornecemos alguns equipamentos para investigação. As universidades já se preocupam em estar atualizadas, a desenvolver-se e a dar um lado mais prático aos cursos, em especial os casos mais recentes do Porto e Coimbra, pois Leiria já é um caso de sucesso há vários anos. Qual foi a necessidade que levou à internacionalização da Lusilectra para Espanha e também para Angola? Há um outro mercado, embora pequeno, que já vimos trabalhando há muitos anos que é Cabo Verde. Em Angola, desde 2007 que começámos a ter uma presença maior e que fomos aumentando nos anos seguintes, fornecendo não só o nosso Grupo, mas sobretudo outras empresas. E hoje estamos presentes ali através de uma das empresas do nosso Grupo, a Robert Hudson, que tem um departamento de máquinas e equipamentos e que, além de dar apoio internamente ao Grupo, tem clientes externos a quem montámos muitas oficinas e a quem continuamos a prestar serviços. Embora nos últimos tempos, com as mudanças no mercado, se torne mais difícil fazer negócios com Angola e haja alguma dificuldade em enviar equipamentos, continuamos a prestar serviços e a fazer negócios, embora a outro ritmo. Mas temos outros mercados, ainda agora fizemos uma instalação no Senegal. Tem sido
“NÃO SEI SE O DIESEL TERÁ ASSIM OS DIAS CONTADOS…” A primeira área de atuação da Lusilectra foram os acessórios auto, com as bombas injetoras da Denso. A marca nipónica tornou-se especialista na tecnologia diesel que agora se vê sob forte ataque. António Garrido reconhece o problema: “É evidente que há uma ameaça grande. É um desafio e estamos preparados para ele, temos de ter capacidade de nos adaptar, o que é uma característica forte do nosso Grupo e, em particular, na nossa empresa. É verdade que há um ataque forte ao diesel, tem havido algum desenvolvimento tecnológico do controlo das emissões e não sei se o diesel terá assim os dias contados, como dizem”. Admite que o panorama vá mudar, mas não tão depressa quanto se quer fazer crer: “É claro que o futuro terá muito a ver com veículos elétricos e outras tecnologias como o hidrogénio mas, numa fase que não será tão curta quanto isso, irão existir os carros atuais. O que haverá é mais fontes de energia”. E dá como exemplo o caso dos empilhadores em que já vendem modelos elétricos, diesel e a gás. No campo dos acessórios auto, a Lusilectra trabalha há longos anos com a Denso e a Stoneridge, esta mais virada para veículos pesados, nomeadamente tacógrafos. “Mas nós não somos uma empresa de acessórios como tantas outras. Somos já conhecidos há muito tempo relativamente ao diesel, com a Denso, também no caso dos tacógrafos com a Stoneridge e estamos abertos a outras possibilidades. Procuramos sempre crescer, mas para nichos em que não haja cobertura, não temos interesse em ir para produtos em fim de ciclo ou já preenchidos no mercado”. A Denso assume-se mesmo como marca multimarca e com uma gama que vai desde injetores, velas, sondas, gestões eletrónicas e outros elementos dos motores, a ares condicionados, sistemas de frio e até escovas limpa-vidros. “Tem acessórios para todos os fabricantes, por isso estamos presentes no aftermarket, com uma rede com vários pontos no País, mas de clientes externos. São empresas com que trabalhamos há muitos anos e que fazem a distribuição dos nossos produtos. Nós, Lusilectra, temos as nossas instalações no Porto e no Carregado”.
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CUIDADO NAS REPARAÇÕES! António Garrido faz questão de alertar para a necessidade de as oficinas acompanharem a evolução dos métodos de construção dos automóveis e os novos materiais empregues com a modernização dos equipamentos usados nas reparações das colisões. “É muito importante que haja, por parte do mercado, algum reconhecimento das exigências porque os veículos vêm concebidos de fábrica com determinada tecnologia e determinadas formas de ligação entre componentes que depois, por vezes, não é respeitada. Se não houver um bom conhecimento das técnicas de reparação, após um acidente, depois pode não haver um bom resultado final”. E concretiza a sua preocupação: “Os veículos têm zonas de deformação programada e se alguém vai reparar e não respeita
a técnica e os pontos de soldadura original, pode pensar que o carro está bem seguro, mas já não se vai deformar da mesma forma se bater de novo. E há os problemas das diferentes ligas e de aços de diferentes resistências, diferentes métodos de aplicação, por colagem, por soldadura ou por rebitagem que muitos fabricantes de topo utilizam. É importante que haja essa consciencialização porque há muita gente que, ou por desconhecimento ou por pensar que resolve bem o problema com as técnicas mais antigas que sempre usou, continua a não reparar da forma correta e mais segura”. Por outro lado, são também poucos os veículos acidentados que se sujeitam a uma inspeção extraordinária após a reparação, o que ajudaria a garantir que a viatura estava de novo em boas condições de segurança.
uma mais-valia do nosso Grupo que nos tem levado para outros mercados. E o mercado espanhol, como se comporta? Em Espanha entrámos com os empilhadores Doosan há alguns anos, depois de sermos convidados pela própria marca para tomar conta daquele mercado. Entretanto, com a Jonnesway começámos a distribuir para Espanha e temos já uma rede de distribuição que ainda não está completa, mas que já vai tendo uma presença interessante. E agora, com os equipamentos… As oficinas em Espanha – generalizando, porque há excelentes oficinas em Espanha – em geral não estão tão bem equipadas como cá. Mas começa a haver maior preocupação a esse nível e sentimos que pode ser interessante para nós. Estamos a caminhar devagar porque é um mercado diferente do nosso, mas com passos sólidos. Com que saúde irá a Lusilectra enfrentar os próximos 35 anos e quais serão os principais desafios que terá pela frente? Esperemos que sejam enfrentados da mesma forma e com a mesma atitude que sempre tivemos. A saúde da empresa é boa, há uma forte determinação e vontade de fazer sempre mais e melhor. É óbvio que, hoje em dia, o nível de exigência é incomparavelmente superior ao que era quando a empresa nasceu. A empresa tem vindo a renovar-se, de uma forma geral é uma empresa bastante jovem, mas sempre com a preocupação de passar para os novos elementos o espírito e a atitude das pessoas que foram tão importantes e que, pela força da idade, entretanto foram saindo. Isso é algo que vem até do próprio Grupo, a forma como estamos dispostos a avançar, atentos aos novos desafios e à mudança que faz parte da vida. Essa adaptação constante às exigências que vão sendo colocadas no mercado e às tecnologias que vão aparecendo está no nosso ADN. /
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PERITAGEM REMOTA A Dekra disponibiliza um serviço de peritagem à distância, que oferece vantagens a todos os envolvidos nos sinistros automóveis: seguradoras, oficinas e clientes finais TEXTO E FOTOS CARLOS MOURA PEDRO
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redução do custo em 50% para a seguradora, a otimização dos recursos para a oficina e a maior rapidez na reparação são as principais vantagens proporcionadas pelo serviço de peritagem remota ou teleperitagem da Dekra. Atualmente existem 16 oficinas que já contam com essa funcionalidade, mas está previsto que esse número duplique ainda em 2018, ao abrigo de acordos que estão a ser estabelecidos com seguradoras. O atual processo de peritagem remota consiste numa evolução do serviço de fotoperitagem, que foi lançado há cerca de dez anos por entidades como a Dekra para responder às necessidades das seguradoras. “Há cerca de dez anos, a peritagem não estava tão desenvolvida como atualmente em termos de ferramentas”, afirma Sandro Campos, Key Account Manager da área de Claim & Expert Services da Dekra Portugal. “O processo era moroso e havia a necessidade de o tornar mais ágil e rápido porque existiam muitas reclamações de clientes, relativamente à capacidade de resposta das seguradoras”. Com a massificação das máquinas fotográficas digitais e da Internet foi identificada a vertente da fotoperitagem para sinistros de baixo valor (até 2500 euros) e reduzida complexidade, que não requerem a desmontagem do veículo. A recolha da informação dos danos passou a ser efetuada pelo orçamentista que a envia para o ‘back-office’ da Dekra, acompanhada das fotografias do veículo e a proposta do orçamento de reparação. O perito da Dekra analisa o processo e, com base nessa informação, elabora o seu próprio orçamento base, não se limitando a validar o orçamento enviado pela oficina, para ter um processo mais transparente. “Sempre que é necessário obter informação adicional, o nosso ‘back-office’ técnico analisa os elementos, verifica se são suficientes, como, por exemplo, a captação correta da fotografia com a identificação clara do dano a reparar”, refere Sandro Campos, adiantando que existe uma “articulação telefónica entre a Dekra e a própria oficina”.
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O processo poderá envolver igualmente a negociação do orçamento de uma reparação, incluindo elementos como o preço das peças, o tempo de mão-de-obra, os procedimentos mais adequados à reparação ou o enquadramento de danos. “Vamos imaginar que, para reparar um para-choques, a oficina entende que essa intervenção requere cerca de oito horas, mas o nosso técnico considera que apenas são necessárias três horas para essa operação. Isto é sujeito a uma negociação tecnicamente fundamentada”, afirma o responsável da Dekra, salientando que, além da mão-de-obra, também se pode aplicar à discussão de um determinado componente, como um capot, “se pode ser reparado ou tem de ser substituído”. Os requisitos mínimos para a oficina assegurar o serviço são simples, bastando um computador com acesso à Internet, que permite aceder a uma plataforma web da Dekra, além de equipamento para captar imagem e vídeo com qualidade. Neste processo de peritagem remota participam as oficinas que têm acordos com as seguradoras e cumprem os seus parâmetros, designadamente de capacidade técnica ou mesmo critérios de confiança. “A oficina deve ter uma capacidade instalada que se torne interessante para a seguradora encaminhar um volume significativo de veículos”, esclarece Paulo Durão, diretor de Operações da Dekra Portugal. “Além dos requisitos técnicos que não são muito avançados, tem de cumprir alguns critérios do ponto de vista comercial porque existem
COM A MASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS DIGITAIS E DA INTERNET PASSOU A SER POSSÍVEL DISPONIBILIZAR SERVIÇOS DE PERITAGEM REMOTA PARA SINISTROS DE BAIXO VALOR
algumas vantagens oferecidas pela seguradora ao cliente caso aceite colocar o seu veículo numa oficina recomendada, como a oferta de lavagem, a disponibilidade de veículo de substituição, o próprio atendimento ao cliente”, refere o responsável. “Os requisitos técnicos para a peritagem remota são simples e os menos exigentes”, acrescenta. COMO FUNCIONA Regra geral, o processo tem início com a participação do sinistro pelo cliente à sua companhia de seguros, que poderá envolver, ou não, a assistência em viagem. Em função de terminados critérios, o veículo é encaminhado para uma determinada oficina da região, onde é entregue. Como já sabe que está perante um segurado de uma companhia de seguros que trabalha em teleperitagem com a sua oficina, o orçamentista receciona os documentos, digitaliza a participação, recolhe as fotografias dos danos e poderá elaborar uma proposta de orçamento. O orçamentista envia, depois, a informação através da plataforma web da Dekra, que é acedida pelo ‘back-office’ técnico da empresa. Seguidamente é aberto um processo de sinistro e iniciado o serviço de peritagem remota. “Todos os documentos são analisados e é realizado um relatório de peritagem”, esclarece Sandro Campos, Key Account Manager da área de Claim & Expert Services da Dekra Portugal. “Se for necessário fazemos a negociação do orçamento com a oficina ou fazemos deslocar o nosso perito presencialmente à oficina”, adianta. Com base na informação recolhida, a Dekra elabora o seu relatório de peritagem que disponibiliza à seguradora, ficando esta última com todos os dados necessários para regularizar o sinistro, incluindo a participação do segurado e o relatório de peritagem. A seguradora emite depois a autorização de reparação, paga a mesma e entrega o veículo reparado ao cliente. Para a seguradora, o serviço de peritagem remota permite uma redução de 50% no custo direto com a peritagem, uma vez que não existe uma deslocação do perito à oficina, com os encargos daí decorrentes. Por outro lado, permite acelerar o processo de reparação e cum-
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prir a legislação atualmente em vigor no nosso país, designadamente o Decreto-Lei 291/2007, que estabelece todos os prazos legais para a regularização de sinistros e que são bastante apertados em Portugal. “Temos a impressão de que os processos de reparação são muito demorados em Portugal, mas não temos a noção de que temos prazos mais apertados do que noutros países como a França”, afirma Sandro Campos. “Assistimos a esse fenómeno sobretudo no verão, quando muitos emigrantes nesse país vêm de férias para Portugal. Quando têm o infortúnio de ter um acidente no nosso país, reclamam dos prazos porque dizem que tudo é muito lento em Portugal. Depois acabamos por ter de explicar que o processo está demorado porque estamos a aguardar resposta da companhia de seguros em França. Em Portugal, o processo já estaria concluído porque estamos muito avançados a nível tecnológico”, salienta o Key Account Manager da área de Claim & Expert Services da Dekra Portugal. “Hoje em dia, é comum as empresas estarem ligadas em termos de sistemas informáticos com as seguradoras para poderem processar um elevado volume de informação. Noutros países, como Espanha ou França, só agora as empresas começam a estar sensíveis a essa necessidade de terem sistemas integrados. Continua a ser prática comum o recurso ao email, com documentos não padronizados: a oficina faz o orçamento sem fotografias, que envia para a seguradora e esta depois paga a reparação. A este nível estamos muito avançados em Portugal, por força da legislação que saiu em 2007”. Para a oficina que disponibiliza o serviço de peritagem remota, a principal vantagem consiste na captação de um maior volume de negócio e de veículos. “A oficina deixa de estar à espera que chegue o perito e pode otimizar a sua agenda”, afirma Paulo Durão, diretor de Operações da Dekra Portugal. “Os recursos humanos ocupados com este tipo de serviço podem ser canalizados para os tempos ‘mortos’ da oficina”. Além disso, a reparação é autorizada mais rapidamente. Por outro lado, ao ter condições para participar neste tipo de processos, a própria oficina torna-se mais atrativa para a seguradora que, assim, encaminha mais veículos para serem reparados. O próprio veículo fica menos tempo imobilizado porque fica menos tempo à espera do perito. CONTROLO DA REPARAÇÃO O serviço de peritagem remota conta ainda com um sistema aleatório de controlo da reparação. Cerca de 10% das fotoperitagens são sujeitas a uma auditoria presencial por um técnico da Dekra para confirmar se a reparação está a ser realizada de acordo com o relatório de peritagem. “Se estiver prevista a substitui-
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ção de um capot por uma peça nova, o nosso técnico vai confirmar se isso foi efetuado”, explica Sandro Campos, Key Account Manager da área de Claim & Expert Services da Dekra Portugal. “Pode dar-se o caso de a oficina estar a promover a reparação de uma peça que deveria ter sido aplicada como nova ou substituída por uma usada ou por uma peça que está considerada no relatório como de origem e estar a ser aplicada uma peça de aftermarket. O mesmo se aplica se, em vez de uma peça de aftermarket, estiver a ser montada uma usada. O objetivo da auditoria é confirmar se aquilo que está definido foi aplicado”. Por sua vez, Paulo Durão, diretor de Operações da Dekra Portugal, alerta que as oficinas que transgredirem de “forma contínua” deixam de fazer o processo de fotoperitagem e “teremos de recorrer às peritagens presenciais”. O serviço de peritagem remota disponibilizado pela Dekra às seguradoras conta com 16 oficinas e a tendência tem sido de aumento. “Neste momento estamos em negociações com as se-
ESPECIALISTAS EM TELEPERITAGEM Sandro Campos, key account manager Claims & Expert Services, Paulo Durão, diretor de operações, e Gonçalo Palhas, coordenador técnico são os especialistas da Dekra em peritagem remota
guradoras para duplicar o número de oficinas até final do ano”, avança Sandro Campos. “O conceito já foi testado e atingiu a maturidade suficiente para se dar o próximo passo que é a massificação porque as seguradoras têm uma grande pressão para reduzir custos”. As oficinas também encaram o processo da peritagem remota com naturalidade porque reconhecem ser uma tendência de futuro. O conceito também não substitui a existência do perito, que passa a ter uma atuação diferente. “Os nossos técnicos trabalham no escritório a fazer estes processos e sempre que é necessário vão fazer as auditorias às oficinas. A competência técnica não se elimina pelo facto de não existirem deslocações às oficinas. Os recursos estão dimensionados para o serviço que temos atualmente, mas queremos evoluir e temos capacidade para aumentar a equipa”. O próximo passo na peritagem remota vai passar pela videoperitagem que poderá incluir alguns serviços de pré-diagnóstico de mecânica. /
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MARGARIDA PINA DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO DO AFTERMARKET DA NORS
TELEMÁTICA E TECNOLOGIA VÃO MUDAR O MERCADO Com uma faturação de 90 milhões de euros só nas peças de substituição, a Nors é um dos “players” fundamentais do aftermarket, mas a sua ação vai mais além da venda de componentes. A sua diretora, Margarida Pina, explicou-nos o alcance desta marca que é, afinal, o novo nome da “holding” Auto Sueco TEXTO BEATRIZ SERRANO E JUANJO CORTEZÓN*
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ors é o novo nome para a “holding” Auto Sueco, presente em 17 países e com atividades que vão da venda de automóveis, camiões e maquinaria de construção e agrícola até à distribuição de peças de substituição para ligeiros e pesados em Portugal (e apenas pesados em Espanha), através da Civiparts. Margarida Pina é a responsável pelo desenvolvimento do negócio do aftermarket da Nors, que inclui tudo o que está relacionado com peças de substituição e programas associados (como as redes de oficinas). Depois de ter trabalhado no ICEP e ter sido consultora, passou à grande distribuição (Sonae, nos hipermercados Continente), até chegar à Auto Sueco-Nors, onde desempenhou diversos cargos. Aqui fica a sua visão sobre o que é a Nors e o seu posicionamento no setor do aftermarket. NORS A Nors é uma marca, não uma empresa. É uma marca de “holding”, de grupo. Em 2013 mudámos o nome de Grupo Auto Sueco para Grupo Nors. Porque a Auto Sueco, em Portugal, é associada à marca Volvo, que é o nosso negócio principal – automóveis, camiões e autocarros. Mas temos várias empresas e negócios e a mu-
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“SABEMOS QUE TEMOS DE CRESCER, MAS AINDA ESTAMOS A DEFINIR O RUMO A TOMAR. HÁ VÁRIAS OPÇÕES DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS FUTUROS QUE ESTAMOS A ANALISAR. SABEMOS QUE TEMOS DE SER GRANDES E MANTER UMA PARCERIA FORTE COM O FORNECEDOR”
dança de nome foi implementada para dar relevo a nível de grupo. Estamos presentes em 17 países com diferentes atividades. Portugal, Espanha, Brasil e Angola são os países principais; para além de estarmos presentes noutros países de África, como Namíbia, Botswana ou Moçambique, além da Turquia, México, Estados Unidos, diversos países de Europa Central e Europa de Leste... Nestes países estamos presentes com uma atividade de venda de maquinaria pesada Volvo. Em Espanha temos presença através da Civiparts e da venda de máquinas industriais Volvo. PEÇAS DE SUBSTITUIÇÃO Nas peças de substituição, começámos a nossa atividade no ano de 2003 com a compra da Civiparts. E nas peças de substituição para automóvel, em 2006 iniciámos a atividade como AS Parts, para distribuição no mercado nacional. No mesmo ano comprámos um retalhista para as vendas a oficinas. Porque para ligeiros temos duas atividades: venda a lojas (AS Parts) e a oficinas (ONEDRIVE). Nas grandes cidades vendemos mais a oficinas e nas cidades mais pequenas continuam a existir pequenos distribuidores que compram a grossistas. FILOSOFIA Queremos ser líderes nos mercados onde operamos em soluções de transporte. Vender não
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ANO DE 2018 SERÁ DE CRESCIMENTO Como foram os últimos dois anos e como se perspetiva 2018? Os dois últimos anos tiveram resultados bastantes positivos para as empresas de aftermarket do Grupo Nors, de forma global. Foram anos de consolidação do posicionamento no mercado. O ano de 2018 perspetiva-se de crescimento nas empresas de ligeiros e de consolidação no mercado de pesados, em Portugal. Em Espanha será um ano de crescimento e de consolidação da maior cobertura do mercado. Em Angola, a situação apresenta-se, em 2018, mais complicada, devido à situação político-económica do país e às reformas em curso. Quais as estratégias para a Civiparts, AS Parts e ONEDRIVE? Este será um ano de aposta e de investimento em projetos de base tecnológica, na capacitação das equipas, na implementação de novos métodos de trabalho, em particular na gestão de operações, baseados em metodologias Lean, de eficiência e otimização de processos, e numa cultura de melhoria contínua. A Civiparts tem uma cobertura de Portugal Continental. Para as ilhas a logística é mais complexa? A Civiparts Portugal, e a AS Parts, têm uma cobertura global de Portugal, iIlhas incluídas. O modelo logístico definido cobre todo o território nacional. A distribuição para as ilhas apresenta algumas particularidades e conta com lead-times mais longos.
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só o automóvel, camião ou autocarro, mas também peças de substituição, serviços, novos desenvolvimentos, novas plataformas, trabalhar com os clientes, estar mais próximo dos clientes, responder às suas necessidades... Estamos a tentar identificar os elementos de relevância para os nossos clientes e a trabalhar nesse âmbito. A telemática e a tecnologia vão mudar o mercado e nós vamos seguir esse caminho, procurando desenvolver o negócio para o futuro. FATURAÇÃO Nas peças de substituição, a nossa faturação encontra-se perto dos 90 milhões de euros, em Espanha, Portugal e Angola. Estamos a trabalhar numa plataforma tecnológica que nos permita em 2020 fazer movimentos de expansão de negócio. O aftermarket atravessa um momento de agitação, com muitos intervenientes envolvidos em compras e vendas,
investimentos de empresas de capital risco e concentrações. E nós temos uma perspetiva de desenvolvimento: acreditamos que ou somos grandes ou não existimos. NEGÓCIO DE LIGEIROS EM PORTUGAL Temos uma política de três fornecedores por linha, com posicionamentos diferentes. Em alguns casos temos apenas dois. Disponibilizamos peças de substituição premium, fornecedores que estão presentes no equipamento original. Em alguns casos, temos marcas reconhecidas no mercado, que não estão no equipamento original, como opção alternativa de compra. E a pressão de preço obriga-nos a dispor de outra linha mais económica, com boa relação qualidade-preço e/ ou marca própria (Alea) que tenha fornecedores de qualidade e em gamas que justifiquem o investimento.
distintas. Possuímos desenvolvimentos diferentes e clientes diferentes, temos que saber viver com a concorrência interna. FUTURO IMEDIATO Estamos a trabalhar na consolidação e em grandes investimentos tecnológicos. Estamos a mudar toda a arquitetura tecnológica do grupo, equipando os armazéns com novas tecnologias. Estamos focados neste processo este ano. Queremos fechar a implementação no final do ano e iniciar 2019 com a nova plataforma. E prosseguir com os programas de desenvolvimento de mercado e fidelização de clientes. No e-commerce estamos a trabalhar com a Armin, do GAUI, que é o nosso portal de vendas para ligeiros e V.I., mas estamos a consolidar e a investir nos projetos que nos vão permitir expandir em 2020. ESTRATÉGIA Sabemos que temos de crescer mas ainda estamos a definir o rumo a tomar. Temos uma área de Estratégia no grupo que analisa o mercado. Existem várias opções de investimentos e de negócios futuros que estamos a analisar, consolidações, aquisições, gestão telemática e eletrónica: como acederá a oficina aos dados do cliente, estamos focados nesse objetivo com o GAUI. E naturalmente que os próximos anos vão ser determinantes. Sabemos que temos de ser grandes e manter uma parceria forte com o fornecedor.
GROUPAUTO Temos uma relação excelente com o Groupauto Unión Ibérica, somos sócios do grupo há já alguns anos. E desenvolvemos os programas que o GAUI prepara, adaptando-os ao nosso mercado. Desenvolvemos as redes TOPCAR em Portugal e TOP TRUCK em Espanha e Portugal. TOPCAR é uma rede de oficinas adaptada do conceito GAUI, os fornecedores são também os mesmos e desenvolvemos competências de rede em conjunto.
da mecânica, mas também na chapa e pintura. Temos uma rede com oficinas tanto de carroçaria como de mecânica, quase 50% de oficinas de um ou outro tipo. Trabalhamos muito com seguradoras e gestores de frota, com uma gestão centralizada com este tipo de clientes. Quando iniciámos este projeto não existia qualquer rede que tivesse oficinas de ambos os tipos, capaz de prestar um serviço em ambos, o que permitiu que nos diferenciássemos e tivéssemos sucesso.
TOPCAR É um projeto muito bem-sucedido, temos quase 80 oficinas, e são oficinas de qualidade. Entendemos que a nossa vantagem é ter uma rede que representa uma concorrência efetiva aos concessionários a partir do mercado independente. Estabelecemos requisitos de qualidade muito elevados, não só no âmbito
TOP TRUCK Na TOP TRUCK decidimos manter a identidade da rede porque muitos dos nossos clientes têm coberturas europeias, e era determinante manter uma imagem unificada. Em Portugal temos a rede Renault, Volvo e TOP TRUCK como oficinas independentes. São concorrentes umas das outras, com divisões e equipas
VEÍCULO LIGADO Não sabemos como vai ser efetuado o acesso aos dados do veículo no futuro mas estamos certos que irá favorecer sempre o cliente final, o condutor. Que será ele a decidir o que é feito com os dados. É óbvio que as marcas de automóveis estão melhor preparadas para este acesso. Por conseguinte a legislação é muito importante, esta tem de garantir o acesso a todos, mas também temos de estar preparados com sistemas e ferramentas para transformar os dados em conhecimento e implementar desenvolvimentos e dar resposta a esses clientes. Independentemente de como se processe temos que trabalhar nesse âmbito visto que terá muito impacto no serviço de peças de substituição da oficina. Vai ser possível realizar inúmeros procedimentos de forma remota e isso terá um impacto na gestão de stock. E evidentemente, na formação e capacitação da oficina. Neste sentido os nossos planos de formação são a longo prazo, com especial ênfase no diagnóstico. Seguramente o perfil do profissional de oficina vai sofrer alterações. Neste sentido, temos a plataforma telemática que estamos a desenvolver e o desenvolvimento de competências-capacitação para a oficina, através do Autotecnic 2000.
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PERSPETIVA
NORS
ARMAZÉNS Temos um armazém da Civiparts em Lisboa; é o armazém central da Civiparts Portugal que fornece todas as lojas de Portugal e o armazém espanhol de Madrid. E possuímos 8 lojas Civiparts distribuídas por todo o território de Portugal. Para ligeiros, dispomos de um armazém no Porto e outro na zona sul de Lisboa, além de quatro pontos de venda, dois em Lisboa (norte e sul), Porto e Faro. Chegámos a ter 15 lojas porque crescemos muito com a compra de retalhistas. Mas investimos muito em logística e isso implicou o fecho de vários desses pontos de venda. Passámos a cooperar com retalhistas locais, nossos sócios, possuímos uma rede de "Top Partners", que são clientes preferenciais que distribuem as peças nos locais onde não estamos presentes. Estes Top Partners também desenvolvem connosco o conceito TOPCAR. Desta forma deixámos de ser um fornecedor de peças de substituição para nos tornarmos num fornecedor de serviços, de soluções. REDE PRÓPRIA DE OFICINAS? Consideramos que os programas do Groupauto são muito bons, estão bem desenvolvidos, e é
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“ESTAMOS A TENTAR IDENTIFICAR OS ELEMENTOS DE RELEVÂNCIA PARA OS NOSSOS CLIENTES E A TRABALHAR NESSE ÂMBITO. A TELEMÁTICA E A TECNOLOGIA VÃO MUDAR O MERCADO E NÓS VAMOS SEGUIR ESSE CAMINHO, PROCURANDO DESENVOLVER O NEGÓCIO PARA O FUTURO”
importante investir neles. Estamos bem alinhados com o GAU, ponderamos as soluções em conjunto com eles e acreditamos que é a melhor solução, não faz sentido realizar iniciativas paralelas. As redes são um ponto estratégico da nossa atividade, porque do outro lado estão as oficinas, os nossos clientes, e eles permitem-nos saber diretamente como está a evoluir o mercado. Por isso as redes são estratégicas para nós. É imprescindível que tomemos as decisões certas e para isso temos que ter dimensão e investir cada vez mais. A cada ano que passa estamos mais convencidos de que este é o caminho correto. No início definimos objetivos anuais de número de oficinas. Não os cumprimos, não porque
não o quisemos mas porque não queríamos que entrasse qualquer um na rede. Atualmente temos uma rede muito homogénea. Temos 75 oficinas e há espaço para 120. Mas só serão aceites as que cumprirem os requisitos. O negócio passa pela oficina independente, cujo negócio cresce. Queremos crescer em qualidade com os nossos sócios e fornecedores. No início era necessário apresentar-lhes o conceito e convencê-los. Atualmente são eles que nos contactam. E presentemente temos aquisições e também saídas de oficinas que não cumprem os padrões, os quais serão cada vez mais exigentes. / *Talleres en comunicación
DOSSIÊ
EQUIPAMENTOS OFICINAIS
MAIOR TRANSPARÊNCIA E EMPENHO NA FORMAÇÃO
TECNOLOGIA DITA REGRAS DO MERCADO Amadurecido e exigente são os principais atributos que qualificam o setor dos equipamentos oficinais que tem registado índices de crescimento moderados. É um tecido empresarial com uma concorrência forte e vasta, que se tem adaptado às novas realidades, nomeadamente através do lançamento de produtos inovadores, assentes tecnologias avançadas TEXTO DAVID ESPANCA
D
enotando clara maturidade, o mercado dos equipamentos oficinais tem vindo a adaptar-se às constantes necessidades dos seus clientes. E é desse facto que advêm também novas oportunidades para muitas empresas, pois a procura de produtos muitas vezes recai sobre aqueles que apresentam um preço mais baixo. Os principais “players” têm, contudo, conseguido ultrapassar essa questão, introduzindo equipamentos de qualidade comprovada, com base nas mais recentes inovações tecnológicas e apostando num serviço personalizado de formação e aconselhamento. Depois de um período de crise económica, o País tem vindo a recuperar e esse otimismo está patente nos intervenientes que responderam ao nosso desafio, como descreve Carlos Feliciano, diretor comercial da Civiparts Portugal: “O mercado dos equipamentos oficinais é um mercado maduro, notando-se uma tendência de crescimento natural pós-crise mas, ainda assim, de forma muito lenta e receosa”. Durante o período da crise, António Garrido, diretor do departamento de equipamentos oficinais da Lusilectra, entende que houve uma retração do mercado, porque “os clientes estavam apreensivos com a situação económica
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e a baixa brutal das vendas de automóveis que fez com que houvesse receio de investir e um adiamento das compras”. “Com a evolução da situação económica notou-se maior procura”. Mas há também quem tenha sérias dúvidas sobre o fim da crise económica, como é António Gonçalves, diretor-geral da Gonçalteam: “Penso que o comportamento do setor pouco se alterou ou, porventura, está a retomar os paradigmas comportamentais que, de alguma forma, nos levaram à chamada crise. No ‘auge’ da crise foi interessante ver que havia esperança de mudança mas, com a retoma das facilidades, está novamente a perder-se o rigor na venda, no serviço e na cobrança”. Já Pedro de Jesus, administrador da Cometil, considera que o mercado está mais exigente, pois “quando se toma a opção de adquirir um determinado equipamento, já se avalia o seu impacto na operação da unidade oficinal”. Depois, há quem veja o setor das ferramentas “numa fase de grande expansão, pois existem cada vez mais marcas, mais soluções, deixando o cliente um pouco confuso sobre escolhas, relativamente a qualidade e preço”, como é o caso de Miguel Mestre, responsável de marketing da Tecniverca. Sabendo-se que, muitas das vezes, a qualidade pode fazer a diferença de determinado equipamento, não menos importante é a questão do preço. Elizabete Bolas, administradora
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2 1 A última novidade lançada pela Lusilectra foi a marca Car-o-Liner, com os avançados bancos de alinhamento de chassis 2 Elevador de tesoura Space, comercializado pela Civiparts
da Bolas, entende que “o utilizador está mais ciente da importância da qualidade e, sobretudo, das garantias em termos de assistência e manutenção dos equipamentos”, mas reconhece que, no final, “o fator preço continua a ter uma grande importância na decisão de compra”. O responsável da Lusilectra recorda: “Numa primeira fase, ainda na altura da crise, as pessoas olhavam de facto bastante para o preço, esquecendo-se muitas vezes da qualidade, porque preferiam resolver o problema no imediato, mesmo sem saber quanto tempo duraria o equipamento. Mas, hoje, já se nota que o cliente olha muito para a qualidade e, como é um mercado muito maduro, as pessoas já tendem a não cometer os mesmos erros”. Há ainda uma questão importante que António Gonçalves destaca: “Quando se baixa na qualidade, é sempre possível melhorar. Mas quando se baixa no preço ficamos condicionados, ou seja, continuamos a defender a qualidade comparativamente ao preço baixo das prestações de serviço e da venda de produtos em todos os setores do nosso ramo de atividade e isso quebra a margem de forma substancial”. BALANÇO POSITIVO Relativamente ao ano de 2017, todas as empresas que participam neste dossiê fazem um balanço positivo da sua atividade. Quanto a 2018, “tendo em conta os números de que dispomos referentes ao primeiro trimestre, estes mos-
AS NOVIDADES DAS MARCAS De forma a satisfazer as necessidades dos seus clientes, cada vez mais as marcas têm apostado no lançamento de novos produtos. As empresas que participaram neste dossiê adiantaram-nos as suas últimas novidades. A Bolas alargou a linha de produtos das ferramentas manuais Beta para o setor automóvel, tendo divulgado ainda uma especial para motociclismo e uma gama de aparafusadoras e chaves de impacto sem fio. Já a gama H-Safe também é novidade, disponibilizando um conjunto alargado de ferramentas com sistema de proteção anti-queda. Para este mês, estão previstos mais lançamentos específicos para o setor automóvel. Em termos da ferramenta elétrica
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Metabo, a grande novidade do ano é a introdução de uma nova linha de baterias LIHD, disponível em 8,0, 5,5 e 4,0 Ah; a marca Telwin apresentou recentemente uma nova gama de máquinas por corte de plasma, Superior Plasma, que oferece uma maior potência, aumento do tempo de utilização, corte manual e automático e painel de regulação digital. Ao nível de equipamentos de garagem, a Bolas está a lançar o sistema Shoot & Go da Ravaglioli, com patente pendente, que permite o acesso rápido à base de dados de veículos através de foto da matrícula ou simples inserção do seu número. Têm ainda uma nova representação, das lanternas de trabalho Schumacher. A
última novidade da Bolas é uma linha ecológica de produtos químicos Eco Service, adequados para qualquer problema de lubrificação, proteção, limpeza, etc. A Civiparts Portugal tem vindo a estabelecer parcerias com os principais fabricantes mundiais de equipamentos para oficinas, nomeadamente, a Space, Hetra, Omega, Pasquin, Ingersoll Rand, Yamada, Guernet, Kstools, Piusi, PCL e Jaltest, entre outros. As principais novidades irão ser divulgadas, ainda este ano, nas áreas do diagnóstico, telemática e gestão computorizada da oficina. Já a Cometil destaca o lançamento da Hunter Revolution, um equipamento que disponibiliza um processo de desmontagem
de pneumáticos totalmente automático, dispensando a intervenção do operador. Por seu turno, a Tecniverca tem vindo a atualizar o catálogo de produtos disponíveis, principalmente na marca Hyprel, e irão introduzir no mercado seis novos modelos de enroladores (de ar, água e elétrico), assim como diversos produtos consumíveis (massa talão, massa cobre, massa de lítio, entre outros). Finalmente, a Lusilectra apresenta como novidade a representação da marca Car-O-Liner, apesar de já ter sido lançada no final do ano passado. É um produto reconhecido entre os bancos de alinhamento de chassis, que disponibiliza uma base de dados muito completa, com valores de chassis e carroçaria.
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EQUIPAMENTOS OFICINAIS tram crescimento”, adianta o administrador da Cometil, enquanto António Garrido, da Lusilectra, espera que esteja também “ao nível do de 2017, até talvez um pouco melhor, embora não seja um mercado com uma procura intensa, como já teve há alguns anos”. Por seu turno, Elizabete Bolas está expectante para este ano, já que “se nos primeiros cinco meses notou-se um abrandamento da atividade, em termos gerais o ritmo mantém-se ao nível de 2017”. Por isso acredita que, “tendo em vista alguns negócios de maior volume em carteira, conseguiremos superar o ‘turnover’ do ano anterior”. A introdução de novas áreas de negócio na Gonçalteam, no ano passado, foi positiva e António Gonçalves espera manter esses resultados em 2018: “Até ao momento estamos satisfeitos”. Mais comedido mostra-se o diretor comercial da Civiparts Portugal: “Há um sentimento de confiança e de motivação para prosseguirmos os nossos objetivos e continuarmos o trabalho de excelência pelo qual somos reconhecidos no mercado”. Contrariamente ao que ocorre noutras áreas, não existem dados concretos e fiáveis em relação ao setor nacional de equipamentos oficinais. Esta situação vem dificultar a análise que as empresas poderiam fazer do seu posicionamento face aos demais concorrentes. Neste sentido, a administradora da Bolas lança de imediato um desafio: “Seria útil que os diversos operadores se unissem, sob a supervisão de uma entidade independente que analisasse o mercado global e nos pudesse fornecer dados mais exatos.” A forma encontrada por vários operadores para ultrapassar esta situação é através do respetivo volume de faturação. Mas há um problema para Pedro de Jesus, da Cometil, pois “não se consegue segmentar por áreas de negócio, pelo que facilmente se compreende que parte da análise feita não tem base científica”. Opinião partilhada por António Garrido, da Lusilectra, que acrescenta: “Vamos tendo uma noção pela presença que temos junto dos clientes”. Uma outra forma é referida por Carlos Feliciano, da Civiparts, como sendo a mais indicada: “A experiência que temos acumulado ao longo dos anos, baseada no histórico de performance da empresa, adicionando sempre uma pitada de ambição, que assenta naturalmente em alguns indicadores relacionados com o crescimento do parque automóvel e as tendências de evolução tecnológica.” Já o diretor-geral da Gonçalteam, por seu turno, diz: “Temos alguns estudos do mercado geral e dos equipamentos, em específico, que nos indicam de alguma forma os comportamentos e as tendências do mesmo. Não é importante saber se faturamos mais ou menos que os concorrentes, ou se somos maiores ou
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“OS PRODUTOS CONTRAFEITOS E DE QUALIDADE DUVIDOSA SEMPRE EXISTIRAM, NO ENTANTO, APARECEM E DESAPARECEM, O QUE MOSTRA QUE NÃO SÃO SOLUÇÃO PARA QUEM OS ADQUIRE”
mais pequenos que eles, o nosso foco é ter os objetivos cumpridos, ano após ano, numa estratégia de acompanhar o setor, conhecê-lo, competir com ele e sair vitorioso”. PREÇOS MAIS BAIXOS DESEQUILIBRAM SETOR Há ainda determinadas situações que colocam entraves ao claro funcionamento da área dos equipamentos oficinais, como sejam as contrafações, as peças de qualidade duvidosa ou até mesmo a própria venda através da internet. A regulamentação existe, poderá é estar um pouco desadequada à atual realidade do mercado. “A proliferação de ofertas de baixo
custo e qualidade duvidosa continua a afetar este e outros mercados”, adianta Elizabete Bolas, e a internet, prossegue, “veio alterar a forma de fazer negócio”. Para o administrador da Cometil, “os produtos contrafeitos e de qualidade duvidosa sempre existiram, no entanto, aparecem e desaparecem, o que mostra que não são solução para quem os adquire”, enquanto António Gonçalves gostava que o mercado fosse mais claro e transparente, pois assim “a escolha do consumidor tornava-se mais fácil, tendo por base critérios iguais ou semelhantes”. Por seu turno, o responsável da Civiparts é da opinião de que “existe um desenquadramento da forma de controlo e de fiscalização na aplicabilidade da legislação, o que acaba por beneficiar os prevaricadores ou ‘players’ menos escrupulosos”. Já o diretor de equipamentos oficinais da Lusilectra acha que a regulamentação é suficiente e que existem “imensas obrigações, nomeadamente na área ambiental, com a aplicação das ecotaxas”. “Agora, se todas as empresas as respeitam, isso já é outro problema…”. Refere ainda a importância de uma “maior harmonização para simplificar os aspetos burocráticos das empresas”. A acrescentar a tudo isto, está o facto de as peças e equipamentos oriundos da Ásia terem provocado uma maior concorrência neste mercado. Contudo, há que saber distinguir aqueles que são de marca branca e os produtos ali
ATUALIZAÇÃO CONSTANTE Nos tempos que correm, é decisivo que as oficinas estejam permanentemente a atualizar os seus equipamentos
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fabricados pelas grandes empresas mundiais, especialmente na China. “O produto de fraca qualidade, que tem um preço mais baixo, desequilibra realmente o mercado, porque o consumidor pensa que está a fazer um bom negócio, mas obtém muito menos valor, ou seja, o ‘value for money’ é muito deficitário e isso, sim, altera o setor quer do produto barato, quer do produto de qualidade, que tem forçosamente de acompanhar a tendência”, explica António Gonçalves, da Gonçalteam. A Bolas também sente o impacto dos produtos brancos “low-cost”. “Mas sempre recusámos uma comparação direta, pois acreditamos que o profissional valoriza a qualidade, durabilidade e segurança dos equipamentos de que necessita para o seu trabalho diário” , refere Elizabete Bolas. Idêntica posição tem Pedro de Jesus, da Cometil: “Existe uma maior preocupação por parte dos clientes em entender as necessidades que os levam a comprar um determinado equipamento”. A entrada no mercado de equipamentos de qualidade e origem duvidosas é uma realidade, mas que, segundo o diretor comercial da Civiparts, “tem diversos fatores impactantes na nossa atividade económica, um dos quais é a pressão sobre o preço”, que em alguns ca-
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EQUIPAMENTOS OFICINAIS
1 A Hunter Revolution é uma máquina de desmontagem de pneus automática 2 Beta Black Edition C24S
1 sos é uma condicionante, como, por exemplo, “nas aquisições por consulta ou concursos públicos, em que por vezes o principal ou único critério de avaliação é o preço”, conclui aquele responsável. Mas também há quem entenda que “nem tudo o que é de origem asiática é de má qualidade, pois a qualidade tem vindo a melhorar bastante, havendo diversos patamares de equipamento”, como é o caso de António Garrido, da Lusilectra, ou do diretor-geral da Gonçalteam: “Os produtos da China são, como em tudo, bons ou maus, mediante o valor que se paga por eles”. FORMAÇÃO COMO FATOR DIFERENCIADOR A área das ferramentas oficinais tem vindo a registar uma evolução intimamente ligada à que se tem verificado no parque automóvel,
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seja nos veículos ligeiros, seja nos pesados. Logo, tem acompanhado as mais recentes inovações tecnológicas e as últimas tendências. A este propósito, Carlos Feliciano, da Civiparts, esclarece que “cada vez mais, os equipamentos são tecnologicamente sofisticados, projetados e fabricados tendo em conta a adaptação e a facilitação das operações de manutenção e reparação dos veículos, lançados por uma indústria automóvel em constante evolução”. Um caso prático da aposta da Gonçalteam na área das novas tecnologias automóvel é a marca Launch que, segundo António Gonçalves, “tem o maior número de patentes nos diagnósticos auto, incluindo um sistema de diagnóstico remoto (GOLO), em que o proprietário da oficina tem à sua disponibilidade uma ferramenta de inúmeros recursos, quer do ponto de vista de aumento de serviço, quer do âmbito logísti-
co”. Também António Garrido, da Lusilectra, realça que tem havido grandes evoluções tecnológicas ao nível dos testes dinâmicos, dando o exemplo dos testes de potência, “com o mercado a começar a despertar para essas novidades, pois os veículos elétricos não se testam da mesma forma que os ‘normais’, assim como os híbridos”. Uma das garantias dadas pelas empresas, é o foco constante nos seus clientes, que passa pela realização de ações de formação. Além disso, adianta Elizabete Bolas, “disponibilizamos também os nossos serviços de assistência e manutenção para intervenções diretas e apoio ao cliente final”. A formação é, para o administrador da Cometil, “a área mais importante do nosso negócio”. “Procuramos estar atentos ao aparecimento de novos produtos e, naturalmente, definir a
O QUE FAZEM AS EMPRESAS QUE DERAM CORPO A ESTE DOSSIÊ Bolas Uma das áreas de atividade da Bolas é o setor auto, para a qual disponibilizam equipamentos diversificados que cobrem desde os processos de fabrico de componentes e moldes, até às necessidades de concessionários auto, oficinas de reparação, casas de pneus, serviços de assistência, carroçaria e bate-chapas, entre outros. Elizabete Bolas, administradora da empresa, explica: “As nossas vendas processam-se através de revendedores especializados, sendo ao nível da distribuição que a carteira de clientes está mais segmentada: automóvel, metalomecânica, construção, entre outros setores”.
2 forma de transmitir todas as vantagens que a sua utilização aporta à unidade oficinal”. Carlos Feliciano, da Civiparts, também partilha dessa opinião, identificando-a como “um dos fatores diferenciadores que caracteriza a presença da Civiparts no mercado”, enquanto António Gonçalves, da Gonçalteam, acrescenta ainda que “este ano e o próximo serão virados para a temática da conetividade e, para o efeito, estamos a realizar alguns ‘workshops’ gratuitos”. Apesar de algumas contrariedades vividas pelo setor dos equipamentos oficinais, em que a concorrência é forte e vasta, o profissionalismo e o dinamismo que denota poderá fazer a diferença e permitir que as mesmas sejam absorvidas, com o menor impacto possível na sua atividade. E é nesse campo que os “players” jogam um papel decisivo e no qual podem fazer toda a diferença! /
Civiparts Portugal A génese da área de negócios dos equipamentos oficinais da Civiparts teve origem nos equipamentos de lubrificação para oficinas e estações de serviço, há cerca de 35 anos. Carlos Feliciano, diretor comercial, arrisca-se a dizer que “poucas serão as oficinas em Portugal que não terão qualquer equipamento ou sistema de lubrificação, seja uma supressora pneumática ou os mais complexos sistemas de gestão computorizada, fornecido direta ou indiretamente pela Civiparts”.
Paralelamente, a empresa fornece equipamentos de A a Z para todo o tipo de oficinas, de ligeiros, pesados, centros de inspeção, entre outros, sendo no segmento de pesados que reside a maior franja dos seus clientes.
e com formação em alinhamento de ligeiros e pesados, onde detemos o equipamento ‘premium’, diagnóstico auto e, em fase de finalização, do ADAS; além de dispormos de um serviço pós-venda (SAT)”.
Cometil Atualmente a Cometil disponibiliza soluções de negócio para todas as áreas do setor automóvel. No entanto, Pedro de Jesus, administrador, explica: “Por representarmos a marca Hunter há mais de 30 anos, somos reconhecidos pela nossa experiência nas áreas da geometria dos ângulos da suspensão e direção e no diagnóstico de vibrações e equilíbrio de rodas, equipamentos que possuem uma homologação OEM”.
Lusilectra Com capacidade de entregar uma oficina completa “chave na mão”, a Lusilectra acaba por não ter propriamente uma área de especialidade… Segundo António Garrido, diretor de equipamentos oficinais, “na nossa empresa temos soluções para tudo o que sejam equipamentos oficinais e não dispomos de uma só solução para cada situação, mas sim de várias, dependendo do patamar em que o cliente se situa. Equipamos oficinas ‘chave na mão’, fornecemos tudo, só não fazemos as obras de construção civil”.
Gonçalteam A empresa comercializa todos os produtos para a manutenção automóvel: consumíveis para pneus (Gteam), equipamentos de oficina de ligeiros e pesados (HPA FAIP), diagnóstico (Launch), ferramentas manuais e elétricas. Ao nível da indústria, têm também algumas representações de equipamentos e consumíveis. O diretor-geral, António Gonçalves, adianta: “Somos, neste momento, experientes
Tecniverca Apesar de comercializar várias marcas, Miguel Mestre, responsável de marketing, afirma que as principais “são a Kraftwerk e a Laser Tools, no que diz respeito a ferramenta especial e ferramenta manual, tendo exclusividade para o território português das marcas Hyprel, Cormach, Weber-Werke, Michelin, entre outras”.
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NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
BOSCH
NOVA FÁBRICA DE SEMICONDUTORES EM DRESDEN
A
Bosch vai investir cerca de mil milhões de euros numa nova fábrica na cidade alemã de Dresden, que irá produzir semicondutores para componentes tecnológicos dos automóveis e para a chamada Internet das Coisas. A construção deverá estar concluída em 2019, altura em que terá início a instalação da maquinaria. A produção deverá arrancar em 2020. “Os semicondutores constituem uma tecnologia chave para a Internet das Coisas e a mobilidade do futuro. Quando estão instalados nas unidades de comando dos veículos permitem, entre outras coisas, a condução automatizada e eficiente, assim como a melhor proteção possível dos passageiros”, afirmou Dirk Hoheisel, membro do conselho de administração da Robert Bosch, durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra da nova fábrica. O ministro alemão dos Assuntos Económicos, Peter Altmaier, sublinhou, no seu discurso, a importância deste investimento da Bosch. “Estamos a dar um passo importante para assegurar a competitividade futura da Alemanha, como pólo industrial. A comunidade de pesquisa na Alemanha e na Europa é excelente, mas não podemos descansar sob os louros. No campo da microeletrónica também necessitamos de capacidades de engenharia e de conhecimento, assim como de produção e aplicação à escala industrial, na Alemanha e na Europa”. A fábrica de Dresden será a segunda unidade de produção de semicondutores do Grupo Bosch na Alemanha. Este investimento permitirá aumentar a capacidade de produção e a competitividade nos mercados globais. Os semicondutores estão a ser cada vez mais utilizados em aplicações relacionadas com a Internet das Coisas e as soluções de mobilidade. De acordo com um estudo da consultora Gartner, as vendas mundiais de semicondutores aumentaram 22% em 2017. O fabrico de um chip semicondutor começa sempre com um disco de silício. Quanto maior for o seu diâmetro, mais chips podem ser fabricados por ciclo de produção. Por esse motivo, a nova fábrica da Bosch irá focar-se na produção de placas de 300 mm. Segundo a tecnológica alemã, as novas placas de 300 mm oferecem maiores economias de escala do que as tradicionais de 150 mm ou 200 mm. Os semicondutores são circuitos integrados ex-
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AXALTA COATING SYSTEMS
RENOVADA APROVAÇÃO DA BMW
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s marcas de repintura automóvel Spies Hecker e Standox, da Axalta Coating Systems, viram renovadas a aprovação anual do Grupo BMW, para a reparação dos automóveis de passageiros daquela marca. Este acordo recomenda que os concessionários e as oficinas do Grupo BMW utilizem as tecnologias de repintura das duas marcas, por forma a garantir que as reparações na tinta dos automóveis BMW obtenham os níveis de qualidade especificados. Para ajudar as oficinas a conseguirem esses resultados com os dois sistemas de tintas de repintura, está ainda incluído um apoio amplo e uma formação especializada da Spies Hecker e Standox. Segundo Jürgen Knorr, Key Accounts Director Refinish Systems da Axalta na Europa, Médio Oriente e África, “estamos muito felizes por continuar a nossa parceira bem-sucedida com o Grupo BMW. Além das nossas tecnologias de tintas de qualidade
superior, oferecemos um aconselhamento especializado abrangente e orientações de aplicação práticas aos centros de revisão do Grupo BMW presentes em todo o mundo”. O responsável explica ainda que, “em conjunto, há mais de 20 anos que a Spies Hecker e a Standox são tintas de repintura aprovadas pelo Grupo BMW e esta relação de longa data comprova o nosso compromisso em pôr os nossos clientes em primeiro lugar e fornecer-lhes tecnologias inovadoras e avançadas”.
OSRAM tremamente pequenos com estruturas medidas em frações de micrómetro. O seu fabrico exige um processo altamente automatizado que inclui centenas de passos durante várias semanas. Tem de ser efetuado em ambiente controlado, pois as mais pequenas partículas no ar podem danificar os circuitos delicados. A fábrica de Dresden deverá gerar uma produção de dados equivalente a 500 páginas de texto por segundo, o que corresponderia a cerca de 42 milhões de páginas em papel por dia, com um peso de 22 toneladas. É por isto que a inteligência artificial irá desempenhar um papel especial na produção de chips na fábrica. O dispositivo de produção analisa os seus dados para otimizar os processos. Como resultado, a qualidade dos chips aumenta, baixando o custo de produção. Além disso, os engenheiros de planeamento e processos podem aceder aos dados da produção em qualquer altura para acelerar o desenvolvimento de novos produtos ou minimizar as tolerâncias numa fase mais inicial do processo de fabrico. /
NOVA LINHA DE LUZES DE SINALIZAÇÃO LED
A
Osram anunciou o lançamento no mercado, já no próximo outono, da nova linha de produtos XLS (eXchangable LED Signal). Trata-se de luzes de sinalização LED para a indústria automóvel. Ao combinar a tecnologia LED com fontes de luz padronizadas, a marca acredita que estas luzes de sinalização irão transformar consideravelmente o setor automóvel. “Pela primeira vez, uma plataforma uniforme com quatro fontes de luz diferentes pode cobrir todas as aplicações importantes de sinalização dos veículos. Isto permite que a substituição de uma lâmpada seja mais simples, reduzindo também os custos para os fabricantes de automóveis, com processos de produção mais rápidos graças aos padrões adotados”, esclarece Hans-Joachim Schwabe, CEO da “specialty lighting” na Osram.
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NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
ZF AFTERMARKET
PONTOS PARA OFICINAS
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ZF Aftermarket lançou o novo programa de pontos ZF [pro] Points para as oficinas independentes, que veio substituir o programa automotive Diamonds. Disponível na Alemanha, Áustria, Espanha, França, Grã-Bretanha, Polónia e Portugal, este programa de fidelização oferece pontos às oficinas na aquisição de produtos do portefólio de peças de substituição para o mercado de após-venda, da ZF Aftermarket - Lemförder, Sachs e TRW. Os pontos serão acumulados nas contas das oficinas, num portal online dedicado ZF [pro] Points, podendo ser trocados por vantajosos prémios, por exemplo, eletrónica de consumo ou artigos de fitness. “O programa tem dois objetivos”, explica Markus Wittig, diretor da unidade de negócio Mercado Independente de
Pós-venda “Por um lado, queremos recompensar a fidelidade das oficinas às nossas marcas e, por outro, fortalecer os laços com os nossos parceiros comerciais. A melhor forma de o fazer é complementar o nosso portefólio de produtos, com a qualidade do equipamento original, com atrativos incentivos de compra através do programa ZF [pro]Points.” Adaptado aos requisitos específicos de cada país, o programa ZF [pro]Points é extremamente fácil de utilizar, tendo a oficina de se registar em www.zf-propoints.com. A seguir é criada uma conta específica de utilizador para a oficina. Em Espanha, França, Grã-Bretanha, Polónia e Portugal as oficinas colecionam os rótulos das embalagens dos produtos Lemförder, Sachs e TRW e enviam-nos diretamente para o programa ZF [pro]Points,
para serem processados e transformados em pontos. O programa ZF [pro]Points disponibiliza envelopes com portes pagos para as oficinas devolverem os rótulos da embalagens dos produtos. Os utilizadores registados podem aceder à respetiva conta, através de credenciais de acesso exclusivas, e verificar quantos pontos já acumularam. Quando o utilizador tiver acumulado um número suficiente de pontos, pode trocá-los por artigos de alta qualidade, como por exemplo, eletrónica de consumo e artigos de fitness. As oficinas registadas no antigo programa automotive Diamonds continuam a utilizar as mesmas credenciais de acesso. As oficinas parceiras recebem pontos de fidelização ao adquirirem produtos do portefólio de marcas da ZF Aftermarket: Lemförder, Sachs e TRW. /
EFEMÉRIDE
EXIDE COMEMORA 130 ANOS
A
Exide Technologies, que detém a marca Tudor, assinala este ano o seu 130.º aniversário. “Não é todos os dias que uma empresa pode celebrar um legado que remonta a 1888,” afirma Vic Koelsch, Presidente e CEO da Exide Technologies. “A empresa cresceu de uma única ideia para uma melhor maneira de armazenar energia na forma de uma bateria de chumbo-ácido, para uma empresa global com
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mais de 9000 funcionários, produzindo e reciclando milhões de baterias utilizadas em todo o mundo no segmento Industrial e Automóvel. Apesar de a nossa história ser impressionante, seguimos em frente embebidos no espírito de ser uma start-up com 130 anos, focados em trazer soluções inovadoras e de valor acrescentado para os nossos clientes, ao mesmo tempo que procuramos segurança e qualidade em todas as áreas no que fazemos como empresa”.
Fundada em 1888 por W.W. Gibbs, a Exide começou por ser a Electric Storage Battery Company. Gibbs, formou a Electric Storage Battery Company para criar um mecanismo confiável de armazenamento de energia para que as empresas de iluminação elétrica pudessem servir os seus clientes quando necessário. Não demorou muito para que as baterias da empresa fossem usadas em quase todos os meios de transporte, incluindo locomotivas, automóveis e aviões.
NOTÍCIAS
INTERNACIONAIS
PETER LAKE DE SAÍDA DO GRUPO ZF Peter Lake, membro do conselho de administração para o mercado corporativo da ZF, vai deixar a empresa no final de setembro, após cumprir os três anos de contrato previstos. Após a aquisição da TRW pela ZF, em 2015, Peter Lake entrou para a empresa e contribuiu para a integração das duas empresas e, em particular, na redefinição do papel que a organização regional tinha na Ásia-Pacífico na gestão e operação da nova ZF, redesenhando e reestruturando a organização global das vendas.
ROBERLO LANÇA NOVOS PRODUTOS A Roberlo lançou o novo primário epóxi Repox, que vem complementar a atual linha de primários para repintura automóvel. Com uma mistura de 3:1, é indicado para processos de reparação mais exigentes, onde são necessários altos níveis de resistência química e anticorrosiva. Permite uma aderência a todos os tipos de substratos e rapidez de secagem. A empresa também lançou novos formatos de polimentos líquidos Robercar C900, F910 e UF920, em garrafas de 250 ml, que mantêm as cores das tampas, de forma a poderem ser facilmente diferenciadas.
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REPINTURA AUTOMÓVEL
R-M DÁ COR À DONKERVOORT
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fabricante holandês de automóveis desportivos Donkervoort lançou um modelo comemorativo do 40.º aniversário da marca, o D8 GTO40, com um acabamento branco frio. Esta tonalidade foi desenvolvida pela R-M em exclusivo para este pequeno construtor, ao abrigo de um acordo de cooperação estabelecido entre as duas partes em 2017. O forte contraste entre o tom de branco e as superfícies visíveis e escuras da fibra de carbono acentua as formas do veículo. O tom criado para este modelo de aniversário é uma homenagem ao primeiro veículo construído pela Donkervoort em 1978. A cor exclusiva da R-M para o novo D8 GTO40 apresenta um efeito misterioso, uma vez que os flocos de vidro conferem à sombra um brilho único, semelhante ao de um diamante
exposto à luz solar. Sem alterar a cor, a pintura brilha, conferindo ao branco uma profundidade especial. A redução do peso é outro pilar básico que permite uma condução dinâmica. Por esse motivo, a Donkervoort decidiu utilizar exclusivamente as tintas inovadoras da marca de repintura automóvel da BASF Coatings para os seus novos veículos e recomendá-las para os processos de repintura. Nesse âmbito, os dois parceiros irão trabalhar juntos no desenvolvimento de novos padrões para os processos de retoque nas suas próprias oficinas. A R-M também projetou uma série de 18 cores padrão para os automóveis desportivos ultraleves de carbono da Donkervoort, que estão em exposição no ‘showroom’ da sede da marca holandesa em Lelystad e na Classic Remise em Dusseldorf, na Alemanha. /
UFI FILTERS
NOVA FILTRAGEM DE AR
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UFI Filters vai apresentar oficialmente ao público, na próxima edição da Automechanika, em Frankfurt, a sua nova tecnologia revolucionária para a filtragem de ar para o motor. O inovador módulo de ar, desenhado e realizado para o Equipamento Original de alguns dos mais importantes fabricantes de automóveis, está destinado a marcar um ponto importante na filtragem e estender-se-á rapidamente ao mercado OEM e depois ao setor do Aftermarket. Patenteado da UFI Filters, o novo sistema representa uma mudança para o setor, tanto mais que é candidato ao Prémio para a Inovação
da Automechanika 2018, o prestigiado prémio idealizado pela feira de Frankfurt para o reconhecimento das tecnologias mais vanguardistas. A UFI Filters adianta que se quer diferenciar no mercado, não só pela inovação, mas também pelo design. A empresa italiana adianta que estará presente no Pavilhão 5.0 Stand C55 da Automechanika Frankfurt com um stand futurista que apresenta um conjunto de elementos gráficos e arquitetónicos que irão expressar a fusão entre a tradição e as novas tecnologias reforçando a contínua evolução tecnológica da UFI.
ESPECIALISTA
LEIRILIS
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SAULO SACO ADMINISTRADOR DA LEIRILIS
“QUEREMOS SER UM DOS PRINCIPAIS ‘PLAYERS’ DO MERCADO” Com um crescimento constante, a Leirilis tem vindo a ganhar um lugar entre os “players” nacionais na distribuição de peças e equipamentos oficinais, com conceitos muito próprios que já inclui uma rede oficinal específica. Agora, com a associação ao Grupo Dipart, está aberto o caminho para a subida ao patamar acima! TEXTO SÉRGIO VEIGA
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Leirilis atravessa uma fase de capital importância na sua história, já longa de 32 anos. A entrada para o Grupo Dipart e a esperada mudança da sede para as novas instalações que estão a nascer nos arredores de Leiria são passos importantes para o crescimento que a Leirilis pretende ter no mercado nacional. “Ainda estamos longe do ‘top 10’, mas queremos tornar-nos uma referência dos operadores nacionais, seja pelas vendas, pela notoriedade, pelos serviços que prestamos”, assume Saulo Saco, administrador da empresa que comercializa peças e acessórios para o mercado automóvel, mas também equipamentos oficinais que já contribuem com cerca de 10% da faturação anual. A realidade atual da Leirilis é já muito abrangente e com uma boa cobertura do Continente que se estendeu à Madeira, com a PneuImpex de que a empresa leiriense detém 60%. “Temos quatro armazéns, na Maia, Coimbra, Leiria e Lisboa, uma equipa comercial de dez vendedores que cobre o mercado de Norte a Sul, uma estrutura de apoio também para as redes oficinais, uma relação para a área dos pneus, uma empresa para a parte dos resíduos e da gestão dos resíduos oficinais, a RedWaste”. Além das redes oficinais… “Essa é um pouco a nossa filosofia. Nós tentamos fugir do que é o vendedor tradicional de peças, vendendo um serviço de forma a fidelizar o cliente. E, aí sim, surge a questão das redes oficinais, atualmente contamos com a nossa rede própria, a RedService, em marcha desde outubro de 2016, e já com 25 oficinas no Continente, mais três na Madeira. Depois também temos a AutoCrew e a Bosch Car Service que são redes da Bosch”. Saulo Saco coloca frequentemente a tónica no serviço e nos complementos que a Leirilis fornece além da venda de peças e equipamentos, recusando entrar em guerras de preços. “A nossa filosofia é vender à oficina e não ao retalho e temos uma relação direta com o fabricante, pelo que conseguimos um preço competitivo. Mas a nossa ideia nunca foi trabalhar o preço, mas sim o serviço. A guerra do preço não leva a nada, pelo preço se
ganha, pelo preço se perde! Nós oferecemos mais uma quantidade de coisas que, se calhar, não há muitos operadores que o possam fazer, temos as formações, os conceitos, as plataformas online, um serviço de resíduos ambientais e consultoria ambiental, uma série de outras ferramentas que nem todos os operadores têm. E isso é uma mais-valia”. Tem sido seguindo este conceito que a Leirilis tem vindo num percurso ascendente, de crescimento sucessivo. “O ano passado fechámos com 11,5 milhões de euros, um crescimento de cerca de 10%, e contamos fechar este ano entre os 12 e os 12,5 milhões. Há dez anos faturávamos um milhão e meio… Esse crescimento tem sido constante e é isso que queremos continuar”. ENTRADA NO GRUPO DIPART LEVA A MUDANÇA DE IMAGEM Chega agora uma mudança histórica para a Leirilis, com a adoção da nova imagem, consequência da entrada para o Grupo Dipart, decisão estratégica fundamental para a desejada expansão da empresa. “Fizemo-nos sócios da Dipart em outubro de 2017, adquirindo uma parte do seu capital. A Dipart é um grupo de compras de Espanha que tem ligações a um grande grupo internacional, a Global One. A ideia foi deixarmos de estar limitados a algo tão local e ficarmos mais expostos lá fora. Que alguém lá fora visse a Leirilis e também estarmos dentro de um grupo que nos dá mais força no mercado. Agora chegámos ao momento de assumir a identidade do grupo. Não é uma decisão fácil porque a imagem da Leirilis tem trinta anos de história e alterar isso é algo com forte impacto. Achámos que era agora o momento certo de o fazer, embora com algumas adaptações para o nosso mercado, dentro da imagem do grupo. Porque temos a abertura de conseguir mais alguns associados e conseguir uma outra rede dentro desta rede, de forma a ficarmos ainda mais fortes”. Esta entrada da Leirilis no Grupo Dipart não significa, contudo, a entrada da empresa de Leiria no mercado espanhol, pelo contrário: “O Grupo Dipart quer trabalhar o mercado português e confiou-nos essa missão, dinamizarmos o Grupo no merca-
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ESPECIALISTA
LEIRILIS
EVOLUÇÃO CONSOLIDADA Em dez anos a Leirilis multiplicou por dez a sua faturação e prepara-se agora para dar novo "salto", depois de ter adquirido uma parte do importante Grupo Dipart!
do português. Existindo a hipótese de entrar mais algum associado, isso a acontecer será sempre dentro do mercado nacional. Para criar ainda mais dimensão e não contar só com a Leirilis para cobrir o mercado porque não cobrimos o mercado a 100% em todas as regiões. Precisaremos sempre da força de alguns operadores locais para nos darem uma ajuda e criar essa massa crítica, tornando-nos mais fortes”, explica Saulo Saco que nos faz um quadro mais geral: “Hoje em dia não podemos olhar só para nós, somos sempre muito pequeninos se olharmos para o que se passa lá fora com todas as aquisições, todas as fusões... Quando olhamos lá para fora e vemos o nosso mercado, só queremos ganhar alguma força porque, se algum daqueles grandes chega cá, engole-nos facilmente. Se eu estiver sozinho não tenho hipótese, se estivermos juntos podemos ter mais chances, acho que deve ser essa a estratégia”. E o administrador da Leirilis avisa que já há movimentações
OFICINAS REDSERVICE BUSCAM COBERTURA NACIONAL E Leirilis desenvolveu a sua própria rede de oficinas, a RedService, um outro conceito que se junta aos outros dois ligados à Bosch que também integra, o Bosch Car Service e o Auto Crew. Há, contudo, uma linha comum. “Temos de tentar ter as melhores oficinas, dar a melhor formação e o melhor acompanhamento para não denegrir a imagem de nenhum dos conceitos, qualquer que ele seja”, diz Saulo Saco. No caso da RedService,
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que é a rede criada mesmo pela Leirilis, o número de oficinas vai nas 25 no Continente e três na Madeira e os objetivos são claros: “Mais que um número específico, procuramos uma cobertura nacional e dar o necessário acompanhamento. Se conseguirmos que essas oficinas integrem o espírito RedService, que possamos proporcionar novos serviços e novas parcerias para a rede, isso é mais importante que arranjar mais vinte oficinas
este ano. Procuramos pessoas competentes e que queiram vestira a camisola do RedService porque é isso que fará a rede crescer e avançar. Claro que fazemos tudo isto na perspetiva de também promover mais vendas, a ideia é que depois haja esse tal consumo de peças, para isso é que criámos esta rede de oficinas. E agora queremos crescer de forma consolidada, com o correspondente consumo de peças”.
em curso! “Diria que, embora não de forma muito visível, isso já se está a passar… Já existem algumas aquisições e alguns ‘zunzuns’ de empresas espanholas a olharem para empresas portuguesas. Acho que já se está a passar e também entre empresas portuguesas… Será bom para a Leirilis? Se calhar não… Mas, de qualquer forma, temos o nosso objetivo e vamos trabalhar nesse sentido. Estamos otimistas, o nosso objetivo é sermos reconhecidos como uns dos principais ‘players’ do mercado e vamos trabalhar nesse sentido. Sem cometer loucuras e tentando sempre prestar um serviço diferenciado e que seja uma mais-valia para a oficina que é o nosso parceiro de negócio”. ATÉ QUATRO ENTREGAS/DIA! Com armazéns (e balcões de atendimento) na Maia, Coimbra e Lisboa, o “coração” da Leirilis continua em Leiria, numas instalações que foram crescendo de forma… “orgânica” ocupando já três armazéns próximos uns dos outros – onde também está o centro de formação –, mas que começam a ter a capacidade esgotada. “Temos um projeto de novas instalações, com 5000 m2 mas que, infelizmente, tem demorado mais do que esperávamos a concretizar. A burocracia tem-nos dado algumas dores de cabeça e causado alguns contratempos mas, se tudo correr bem, arrancamos com a obra ainda este ano para nos mudarmos em 2019”, revela Saulo Saco. A boa cobertura do território nacional permite que a Leirilis tenha prazos de entregas muito curtos. “Chegamos a fazer quatro entregas mas, no mínimo, tentamos fazer duas entregas por dia, seja em viatura própria ou em transporte contratado. Diria que 99% dos nossos clientes têm duas entregas diárias, mas há já uma boa parte que tem quatro”. As encomendas podem ser feitas “online”, havendo um “call center” para esclarecer dúvidas. “O nosso online é um online profissional, um B2B, não vendemos ao cliente final, não é o nosso mercado. Vendemos a quem já é nosso cliente, tem de estar registado no nosso site e sabe exatamente do que precisa. A dúvida pode existir na dificuldade de identificação, estar à procura de um componente e aparecerem duas ou três referências para a mesma viatura”. É aí que entra a ajuda do “call center”. A Leirilis sempre escolheu criteriosamente as marcas com que trabalha, partindo de um nome incontornável no setor automóvel. “Há uma marca que está muito associada à empresa que é a Bosch. São muitos anos de ligação com a Bosch é uma marca de referência, com enorme notoriedade. Depois, temos outras marcas que têm a sua notoriedade e que vamos incorporando, à medida que temos necessidade. Acima de tudo vemos quais são os parceiros que querem estar com a Leirilis, não somos só nós que queremos estar com eles, eles também têm de querer estar connosco, ajudar-nos a ter a tal força de formação, de dar mais ao mercado que apenas o produto e o preço”. A estratégia nas marcas a trabalhar é muito simples e, tendo a Bosch por base, mas simplificada ficou: “A nossa oferta passa sempre por ter dois produtos porque mais que isso também se torna complicado, até pela gestão de ‘stocks’. A Bosch é muito transversal, por isso costumamos ter os componentes da Bosch e de uma outra marca”. Um leque que foi preciso conjugar com grande engenho, agora com a entrada no Grupo Dipart… “O Grupo também já trabalhava com algumas marcas e teve de haver alguma adaptação. Houve uma ou outra com que tivemos de ‘jogar’ mas, basicamente, conseguimos ‘casar’ quase todas. Porque também procuramos marcas de referência e não há assim tantas”. Também aqui, um “casamento” que augura um futuro auspicioso para a Leirilis! /
PROCURA DE FORMAÇÃO PELAS OFICINAS É CRESCENTE Entre os serviços que propõe, a Leirilis apresenta uma forte aposta na formação, com um calendário completo de ações no seu centro de formação e em campos tão distintos como injeção “common rail” ou ar condicionado, passando por caixas de velocidades automáticas ou organização ambiental de uma oficina, entre outros. “Desde há cinco, seis anos que temos este plano de formação e que começou pela nossa filosofia de sempre: não estamos aqui só para vender peças, queremos sempre algo mais”, explica o administrador Saulo Saco. “É tudo uma questão de preocupação com as oficinas, precisamos que estejam bem preparadas e que consigam prestar um bom serviço porque, se não o fizerem, não vão comprar peças porque o cliente se vai embora. E se não comprarem peças, eu também serei afetado. Se a oficina prestar um bom serviço, provavelmente vai comprar peças e poderá comprá-las a mim”.
Estas formações estão abertas a qualquer pessoa que se queira inscrever – programa e inscrição no site da Leirilis, este ano haverá ainda ações em veículos híbridos, organização ambiental da oficina, PassThru, ESItrinoc e “common rail” –, havendo número de lugares limitados. “Aparecem-nos oficinas que não são nossas clientes, mas vêm fazer formação e estamos sempre abertos a quem queira vir. Há muita oficina a querer formação e a dar formação aos seus colaboradores, notase que nos últimos anos essa procura tem vindo a aumentar e isso é muito positivo. Os carros estão a evoluir muito rapidamente e estamos perante um virar de página em que não sabemos muito bem… o que está na página seguinte: os elétricos, as conetividades, a questão da posse do veículo, como é que isto tudo se vai compor. As oficinas têm de estar preparadas para que, de repente, têm de ter mais equipamento, vão ter de fazer mais formação, vão ter de trabalhar mais na ‘cloud’”.
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REPORTAGEM
TOPCAR
EXCELÊNCIA PREMIADA Com um crescimento constante, a rede TopCar não descura a manutenção da qualidade dos serviços das oficinas suas associadas. E, por entre o anúncio de novidades e de novos e mais ambiciosos objetivos, não se esquece de premiar as oficinas que atingiram patamares de excelência TEXTO SÉRGIO VEIGA
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rede oficinal TopCar continua a crescer e a ampliar a sua cobertura nacional, estando já prestes a passar a barreira das 75 oficinas em todo o Continente e Açores, com uma na ilha Terceira. “Mas vamos continuar a crescer e o desafio é garantir que a experiência e o nível de serviço continuem os mesmos”, diz-nos Vanessa Barros, gestora de marketing e das redes de oficinas TopCar e TopTruck, intimamente ligadas à distribuidora de peças de aftermarket AS Parts, empresa do universo Nors. “No ano passado arrancámos com processos de certificação oficinais para que mais de metade das nossas oficinas sejam certificadas. E já temos vinte oficinas certificadas em carro-
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çaria pelo Centro Zaragoza, algo que é excecional”, avança Vanessa Barros que anuncia um futuro promissor: “Falamos em como nos vamos preparar para o futuro, para a telemática, como nos iremos relacionar com os nossos clientes. Mas já temos soluções, nas oficinas de hoje, para as oficinas de amanhã”. E refere, por exemplo, o G-Connect, aplicação para telemóveis que permite monitorizar viaturas (frotas, por exemplo) com geolocalização, enviando alertas de avarias e criando um histórico de cada viatura. Ao mesmo tempo, a rede TopCar está a apostar na melhoria da comunicação com os seus clientes. “Temos campanhas de comunicação através do Facebook, de sites e outras formas inovadoras, além de serviços de valor acrescentado nas nossas oficinas”, explica Vanessa Barros. Tudo para completar a chamada “experiência cliente” em que, mais que uma rede de
oficinas, a TopCar pretende atingir o estatuto de marca de qualidade e de inovação. Integrada no Groupauto, uma união ibérica em conjunto com a rede espanhola Euro Taller, a TopCar teve, recentemente, a oportunidade de galardoar três das suas quase oito dezenas de oficinas, na habitual gala anual, realizada em Madrid. No EuroPremium 2018 foram distinguidas duas oficinas da Maia (Auto 2009 e BestConfort) e uma da Figueira da Foz (Hemoauto I) que se destacaram no último ano pela forma como melhoraram a imagem, pela evolução nos serviços que prestam, pelas ações de formação que frequentaram e pelas certificações obtidas. “Estas três oficinas premiadas são apenas três exemplos que fazem com que a TopCar seja a rede multimarca em Portugal”, concluiu Vanessa Barros que entregou os galardões que coroaram um ano de grande esforço e investimento por parte das três oficinas premiadas. /
AUTO 2006
AGORA É ELEVAR O NÍVEL Percebe-se pelo nome quando é que a Auto 2006 foi fundada, em Vermoim (Maia), mas foi em 2011 que Filipe Machado e Maria do Carmo Machado decidiram entrar na rede TopCar. «Já trabalhávamos com eles a nível de compra de material e, quando nos sugeriram que entrássemos para a rede, achámos que também seria melhor para nós, fomos dos primeiros na zona do Porto». Bendita
decisão «que trouxe mais clientes, por passar a trabalhar com gestoras de frotas, onde não havia hipóteses de entrar, além de melhorar o nível de formação do pessoal e da organização da oficina». «Estamos agora numa fase de certificação, mas é claramente uma maisvalia para o futuro. Temos é de manter o nível e até elevá-lo! Foi preciso muito trabalho, muito esforço e muita dedicação para chegarmos a este
prémio. E também algum investimento, aliás, todo o nosso investimento está dentro da oficina. Desde 2010 passámos a ter colisão, além da mecânica que já tínhamos, e temos vindo a crescer, já com mestre chapeiro, cabina de pintura, áreas de preparação, uma área maior de oficina. Neste momento gerimos cerca de 700 clientes quando, antes de entrarmos na rede, tínhamos 200 a 300».
BESTCONFORT
HEMOAUTO I
Desde 2003 que os irmãos Ricardo e Sílvia Moura têm a oficina BestConfort em Gueifães (Maia) e, sendo já clientes da AS Parts, encararam com naturalidade o convite para integrarem a rede TopCar, em 2012. “A confiança que as pessoas nos transmitiam ajudou logo a avançarmos. Depois, tudo o que foi sendo desenvolvido, com o crescimento da rede, fez com que valesse a pena. É diferente estar numa oficina sozinho ou num grupo, como a formação ou os acordos com empresas de frotas e de renting que hoje são fundamentais. Isso é uma maisvalia que nos traz clientes e maior volume de negócios”. A conquista do galardão EuroPremium 2018 ficou a dever-se a um forte investimento: “Como fomos das primeiras da rede TopCar, tivemos de atualizar toda a imagem. Foi uma mudança radical, do exterior às fardas, mas também nas formações que frequentámos mais, as vendas, as compras, tudo ajudou para chegarmos a este prémio”. Mas os projetos para a equipa de 18 pessoas não param: “Vamos ter uma nova oficina, um centro de colisão que já estamos a montar, praticamente ao lado das atuais instalações. Temos de investir e criar novas condições para os funcionários e aumentar a rentabilidade com o pessoal que temos”.
“Entrámos na rede há cinco anos porque, hoje em dia, temos de nos juntar a outras pessoas para conseguirmos avançar. Tivemos várias propostas e aquela que mais nos agradou foi a da TopCar. Assinámos um contrato à experiência e, pelos vários acordos que conseguimos angariar ao longo desse tempo, decidimos fidelizar-nos como TopCar e ficámos muito satisfeitos com essa decisão”. Esta é a história da Hemoauto I que Tânia e João Azenha lideram em Santana (Figueira da Foz) e a que já juntaram, há cerca de um ano, a Hemoauto II, em Montemor-o-Velho, também ela uma oficina TopCar. “No mercado atual temos de estar ligados a outras entidades, uma oficina sozinha não é nada, tem de estar ligada a uma rede. Temos apoio na assistência técnica, temos formações, temos parcerias com seguradoras e gestoras de frotas que nos garantem maior número de clientes”, justificam, explicando ainda outro lado da evolução: “Temos investido muito nas certificações, já temos a certificação do Centro Zaragoza e temos investido nos funcionários e em muitas outras áreas para merecermos esta distinção”. E agora? “A partir daqui é melhorar o nível e tentar voltar a esta gala para o ano… de preferência com as duas oficinas!”.
ESTA REDE É UMA MAIS-VALIA
INVESTIMOS NAS CERTIFICAÇÕES
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NOTÍCIAS
PNEUS
VALORPNEU
PRÉMIOS INOV.AÇÃO
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s projetos PAVNEXT e RObUST foram os grandes vencedores do Prémio Inov.Ação Valor Pneu na categoria Negócio & Inovação, enquanto o projeto Hendrix Chair da Flowco recebeu uma menção honrosa. Na categoria Comunidade & Educação, os vencedores foram os Jardim d´Areias e (Re)Animar Pneus, As Emoções na Aprendizagem, com o projeto SimTyre a receber uma menção honrosa. O Prémio Inov.Ação Valorpneu tem como objetivo distinguir as ideias relacionadas com o meio-ambiente, nomeadamente novos serviços, produtos ou tecnologias ligadas com os pneus usados ou materiais derivados da sua reciclagem.
O PAVNEXT consiste num equipamento de aplicação no pavimento rodoviário que, através de uma superfície em borracha de pneu reciclado, que interage com os pneus dos veículos, permite extrair energia mecânica aos mesmos, reduzindo de forma direta a sua velocidade, sem induzir impacto aos veículos ou desconforto aos seus ocupantes, promovendo a segurança rodoviária. A energia mecânica extraída aos automóveis é depois convertida em energia elétrica pelo próprio equipamento, através de uma tecnologia inovadora desenvolvida para o efeito. Já o RObUST tem por objetivo a reciclagem da borracha de pneus, originando produtos para aplicações inovadoras em novos mercados: materiais de carbono nanoporosos para tratamento
de águas residuais, de efluentes industriais gasosos e para reações catalíticas e ainda matérias-primas para a indústria química (solventes, tintas, lubrificantes, combustíveis ou borracha). Por outro lado, o Jardim d´Areias pretende promover a educação ambiental através de atividades lúdicas e pedagógicas, utilizando resíduos como matéria-prima, em espaços públicos e privados, com crianças, jovens e adultos. Finalmente, (Re)Animar Pneus, As Emoções na Aprendizagem considera que os espaços devem ser apropriados e sentidos como fontes de saberes – de ser, de estar e de fazer. O projeto apresenta o “parkour” como um desafio para a promoção de comportamento saudáveis e de inclusão social. /
DUNLOP
SPORT MAXX RT 2 PARA SUV
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Sport Maxx RT 2 SUV é a nova aposta da Dunlop, que vem complementar a gama de pneus com medidas próprias para SUV. Apresenta-se anunciando uma aderência melhorada, tanto em piso seco como molhado, garantindo um bom comportamento em curva e a alta velocidade. O Dunlop Sport Maxx RT 2 SUV também proporciona uma aderência e contacto com a estrada excelentes em condução mais intensa, nomeadamente em curva. A forma dos pneumáticos foi otimizada para os SUV, resultando numa equilibrada distri-
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buição da pressão em toda a banda de rolamento, o que garante um contacto constante e uniforme com a estrada. Para isso, foi desenvolvido um composto da banda de rolamento que contém resina de tração, criando uma fricção melhorada entre o pneu e a estrada. Também o desenho da banda de rolamento foi reforçado, com os seus sulcos de elevados ângulos de formato em “V”, o que diminuiu o movimento da banda de rolamento, tornando-a mais firme em todas as direções. Esta característica foi concebida para incrementar a aderência e o contacto
com a estrada numa condução mais intensa, inclusive em curva.
GOODYEAR
FAMÍLIA VECTOR 4SEASONS
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Goodyear lançou os novos pneus Vector 4Seasons, que foram desenvolvidos para automóveis de turismo e para SUV, que oferecem um equilíbrio de prestações no verão e no inverno. Segundo a marca norte-americana, os novos pneumáticos foram concebidos para responder às necessidades que surgem no inverno nas regiões onde esta estação é menos rigorosa, como Espanha ou Portugal, mas onde também é habitual haver situações como ligeiras quedas de neve, gelo ou chuvas fortes. Os pneus Vector 4 Seasons contam com a marcação M+S (Mud + Snow) e da Montanha de Três Cumes com floco de neve, que os habilita a circular em condições de inverno, sendo, por isso, uma alternativa às correntes. A nível técnico, os pneus Vector 4Seasons possuem blocos interligados mais pequenos, que melhoram a sua performance em estradas com neve, enquanto a sua cavidade aumenta as suas prestações sobre gelo. Dado que a neve não é a protagonista de todos os invernos, a Goodyear incluiu a sua tecnologia SmartTred, que conta com uma série de polímeros de última geração, e uma maior
VIPAL BORRACHAS EM DESTAQUE NA TIRE COLOGNE
proporção de sílica, o que assegura uma melhor performance sobre superfícies molhadas, geladas ou com água-neve. Também se destacam os sulcos hidrodinâmicos, que proporcionam uma maior resistência ao aquaplaning em estradas molhadas ou com água-neve. A nova geração do Vector 4Seasons oferece, igualmente, melhorias na estabilidade e no comportamento sobre superfícies secas relativamente ao seu predecessor, graças à maior rigidez da banda que lhe é garantida pelas suas lâminas 3D. Por último, o sólido desenho da sua banda, com uma rigidez adaptável, proporciona uma excelente performance ao longo de toda a vida do pneu.
BRIDGESTONE WEATHER CONTROL A005
PARA O TODO O ANO
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pneu Weather Control A005 é a mais recente aposta da Bridgestone para o segmento de turismo e veículos SUV, especialmente indicado para todas as estações do ano, que garante um ótimo controlo da viatura, nomeadamente em condições atmosféricas mais rigorosas, como é o caso da chuva. Testado e certificado pelo TÜV SÜD, um dos principais institutos europeus de testes automobilísticos, o Weather Control A005 demostrou um rendimento superior ao seu concorrente direto ao nível de desempenho em travagem, tanto em piso molhado como em neve. De acordo com os parâmetros da EU, o pneumático recebeu a classificação “A”, na categoria de aderência em piso molhado; e “C” pela sua resistência de rolamento. Ao nível de design, a banda de rodagem apresenta um padrão de piso em forma de “V”, com sulcos profundos na zona do ombro e um desenho inovador, em forma de “Z”. A construção da carcaça do pneu foi otimizada e apresenta uma melhor distribuição da pressão de contacto. Garante uma quilometragem idêntica ao do
Bridgestone Turanza T005, um pneu premium do segmento de verão para turismo e SUV. Disponível em 68 medidas para jantes de 15 a 20 polegadas, a gama abrange de imediato 94% da procura de pneus da sua categoria, com medidas adicionais a serem disponibilizadas em 2019. Em novembro deste ano, a Bridgestone irá comercializar também quatro medidas do Weather Control A005 para turismo e carrinhas comerciais, nas quais será incorporada a tecnologia DriveGuard, que permite aos condutores continuarem a sua viagem após um furo.
A empresa brasileira Vipal Borrachas esteve presente na Tire Cologne, onde as suas bandas pré-moldadas estiveram em destaque, em especial a VM729 e a VDE2, que acabaram de receber a certificação Alpine Symbol. Além destas bandas, destacaram-se os desenhos VRT3, VDA4, VT160, VT220 e a linha DV desenvolvida pela Vipal. O diretor de negócios internacionais, Leandro Rigon, foi ainda um dos oradores convidados na Global Retreading Conference, que abordou a atual situação da recauchutagem de pneus na América Latina.
FALKEN REVELA WILDPEAK M/T A Falken lançou o seu mais recente pneu de todo-oterreno, o Wildpeak M/t, que proporciona o máximo de segurança, prazer de condução e fiabilidade. Este pneu ajusta-se perfeitamente às exigências dos condutores de todo-o-terreno em termos de segurança, tração, flancos estáveis e máximo de aderência. Os blocos dos ombros, espaçados, proporcionam tração extra, mesmo em terrenos mais exigentes, enquanto os apoios integrados evitam a retenção de pedras com perda de tração.
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RAIO-X
COMERCIAL DO MÊS
AGORA TUDO À FRENTE A gama Vito da Mercedes-Benz Vans passou a contar com versões de tração dianteira e motor diesel de 1,6 litros, assumindo-se como uma proposta a levar em conta quando o posicionamento de preço é determinante TEXTO CARLOS MOURA PEDRO
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o segmento dos furgões médios, o Mercedes-Benz Vito é um dos modelos mais vendidos da sua categoria, disputando o mercado com concorrentes de peso como o Volkswagen Transporter, o Renault Trafic, o Ford Transit Custom, o Citroën Jumpy ou o Peugeot Expert, entre outros. A imagem de marca é um dos seus maiores argumentos, a que se junta o seu excelente compromisso entre dimensões exteriores, capacidade de carga e motorizações diesel eficientes. A mais recente geração do Vito foi lançada em 2014 e passou a disponibilizar, pela primeira vez na gama, versões de tração traseira e dianteira, recuperando, neste último caso, uma solução adotada originalmente em 1996. A si-
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tuação viria a alterar-se em 2004, com a introdução da segunda geração que, além da tração nas rodas traseiras, passou a disponibilizar uma gama mais alargada, com três comprimentos de chassis (Curto, Standard e Longo) e duas alturas de teto. Outra novidade nesta terceira geração do Mercedes-Benz Vito foi a oferta de duas motorizações diesel: 2,1 litros, da Mercedes-Benz, reservada às versões de tração traseira; e 1,6 litros, de origem Renault, associada às variantes de tração dianteira. Num segmento sensível ao preço, o custo de aquisição mais baixo é um dos principais argumentos das versões de tração dianteira do Vito, a que se junta o consumo de combustível inferior, a tara mais baixa e a maior carga útil. Todas as outras caraterísticas técnicas mantiveram-se inalteradas. Um exemplo é a versão ensaiada – Furgão Standard 111 CDI/32 – que apresenta o mesmo comprimento exterior de
5,14 metros e a altura total de 1,91 metros, permitindo aceder à esmagadora maioria dos parques de estacionamento subterrâneos. O compartimento de carga também é igual, com um comprimento total de 2,83 metros, uma largura de 1,68 metros e uma altura de 1,26 metros, possibilitando o transporte de três europaletes ou um volume útil de 6,3 m3 . A zona reservada à mercadoria dispõe de piso em madeira, que é de série, assim como o revestimento lateral a meia altura ou os olhais para amarração de carga. A acessibilidade na versão ensaiada é assegurada por um portão basculante traseiro, com uma largura de 1,39 metros, e por uma porta deslizante no lado direito. EQUIPAMENTO Q.B. O compartimento de carga encontra-se separado da cabina por uma parede divisória. O habitáculo do Vito Furgão foi concebido para
MERCEDES-BENZ VITO FURGÃO STANDARD 111 CDI/32
PREÇO 34.061€ // MOTOR 4 CIL.; 1598 CC; 114 CV; 3800 RPM // BINÁRIO 270 NM // TRANSMISSÃO Dianteira; 6 VEL Man // PESO 1943 KG // COMP./LARG./ALT. 5,14/1,98/1,91 M // CONSUMO 6,3 L/100 KM (8,0 L/100 KM*) // EMISSÕES CO2 164 G/KM // IUC 53,00 € *As nossas medições
ALTURA TOTAL CONSUMO
proporcionar um ambiente agradável aos utilizadores, mas não apresenta grandes luxos ou requintes, caraterizando-se pela simplicidade das linhas e a funcionalidade. O equipamento de série oferece o essencial ao utilizador para não penalizar um preço de venda ao público de 31.955 euros, incluindo banco do passageiro duplo, volante ajustável em altura e profundidade, airbag duplo, comando à distância com três botões, vidros elétricos, conta-rotações digital e indicador de temperatura. O rádio Áudio 10 também é de origem, oferecendo sistema de mãos livres e streaming de áudio via Bluetooth, ligação de leitores MP3 por USB, cartões de memória SD e Aux-in, teclado telefónico. O ar condicionado, por sua vez, integra a lista de opcionais, por 1711 euros. No capítulo mecânico, esta versão do Vito Furgão recebe o motor diesel de quatro ci-
lindros em linha de 1598 cc, montado transversalmente, que desenvolve uma potência de 114 cv às 3800 rpm e um binário de 270 Nm, entre as 1500 e as 2500 rpm. A transmissão é assegurada por uma caixa manual de seis velocidades, bem escalonada e precisa, que procura ultrapassar algumas limitações impostas por uma elevada relação peso/potência, designadamente a baixos regimes. Como consequência, o utilizador tem de recorrer frequentemente à caixa de velocidades para conseguir manter um andamento constante. Não obstante, para um veículo que pesa em vazio quase duas toneladas, o valor do consumo de combustível é bastante aceitável, com o computador de bordo a indicar uma média combinada de 8,0 l/100 km numa condução sem grandes preocupações. A marca anuncia um valor de 6,3 l/100 km.
RELAÇÃO PESO/ /POTÊNCIA EQUIPAMENTO SÉRIE
Para auxiliar o condutor, o Vito Furgão conta, de série, com o sistema de assistência ao arranque e com o assistente de vento lateral, que ajuda o veículo a manter a trajetória, contando para o efeito com o programa eletrónico de estabilidade. O diâmetro de viragem entre muros de 12,9 metros é outro dos pontos fortes deste modelo, assegurando uma elevada manobrabilidade, o que se reveste de importância em meio urbano. O Mercedes-Benz Vito Furgão Standard 111 CDI assume-se como uma proposta racional junto das frotas, oferecendo uma elevada capacidade de carga, consumos comedidos, intervalos de manutenção de 40.000 quilómetros, um custo mais acessível, que no caso da unidade ensaiada é de 34.060 euros, beneficiando ainda da boa imagem de marca, com reflexos positivos a nível de valores residuais ou de retoma. /
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REPARAÇÃO
COLISÃO
ATROPELAMENTO DE ANIMAIS: TIPOLOGIA DOS DANOS NO VEÍCULO É um tipo de acidentes de que pouco se fala mas que provoca elevados danos nos automóveis. Os atropelamentos de animais de elevado porte causam prejuízos que têm de ser corretamente avaliados TEXTO CARLOS HERNÁNDEZ DÍAZ
O
S danos apresentados pelos veículos são uma consequência direta do tipo de acidente sofrido, incluindo os que ocorrem com animais selvagens ou domésticos. Analisamos as características e os aspetos a considerar pelo profissional de peritagem para a análise e avaliação de acidentes, nos quais intervêm javalis e vacas. As características dos danos nos veículos são um parâmetro que se repete continuamente, sobretudo em sinistros a baixa velocidade, uma vez que, nos acidentes a velocidades elevadas, as trajetórias do automóvel são imprevisíveis e podem apresentar tipologias de danos diferentes. Um dos objetivos do perito quando se depara com a peritagem de um veículo é estabelecer a relação entre a declaração do sinistro efetuada pelo segurado e os danos provocados no veículo, de forma a que não existam dúvidas sobre a existência do sinistro e sobre a forma como ocorreu. Segundo os dados do Conselho Estatal para o Património Natural e Biodiversidade de Espanha, todos os anos ocorrem entre 15.000 e 20.000 acidentes por “incursões ou atropelamentos de fauna selvagem nas vias de circulação”. Destes, em 61,7% dos sinistros estão envolvidos animais de caça, em 37,7% são
DE FORMA GERAL, É POSSÍVEL RELACIONAR OS DANOS APRESENTADOS PELOS VEÍCULOS COM O TIPO DE ACIDENTE
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protagonistas animais domésticos e os restantes 0,6% correspondem a acidentes provocados por aves. Os animais mais envolvidos em atropelamentos em Espanha (e o panorama em Portugal não é muito diferente) são os javalis e os cães, mas não são os únicos. Segundo o Centro de Estudos de Segurança Rodoviária Ponle FrenoAXA, a classificação percentual dos animais mais envolvidos em sinistros nas estradas, com danos materiais e/ou pessoais, é: javalis: 33%; cães: 30%; corças, 17,5%: outros: 19,5%. Estes dados não significam que sejam os animais mais atropelados; logicamente, existem muitos outros, como ouriços, gatos, ratos, rãs, sapos e pássaros, que perdem a vida nas estradas, mas que não costumam provocar danos no veículo. CRITÉRIOS PARA DETERMINAR AS DIFERENTES TIPOLOGIAS DOS DANOS Nem todos os sinistros reais que ocorrem com veículos implicam uma determinada causa, ainda que, de forma geral, seja possível relacionar os danos que os veículos apresentam com o tipo de acidente sofrido. Quando se atropela um animal, as relações que a referida causa pode estabelecer andam em torno dos seguintes aspetos: a tipologia, a localização do dano e a existência dos resíduos biológicos do animal. A tipologia dos danos é fornecida pela observação, pelo estudo e pela classificação dos diversos danos que ocorrem no veículo. Em seguida, é apresentada a tipologia dos danos que ocorrem no atropelamento de um javali. TIPOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E RESÍDUOS NO ATROPELAMENTO DE UM JAVALI Os impactos com um javali adulto deixam danos consideráveis nos elementos metálicos
1 Distância de travagem em função da velocidade 2 Incursão de um javali na via 3 Zona do impacto do javali
com os quais embate e, caso se trata do para-choques, é muito frequente que ocorra a falta de um pedaço do mesmo. Por ser um animal de grande robustez, é habitual que elementos mecânicos e da suspensão sejam também afetados. São provocados danos por impacto direto e por transmissão de danos. Na localização dos danos, iremos fixar-nos nas peças afetadas, na altura dos danos e nas zonas afetadas do veículo. Ao tratar-se de um animal de pequenas dimensões, se compararmos com uma vaca, os danos estão, de forma geral, na parte inferior; isto é, na zona mais baixa da carroçaria, em peças do veículo como o para-choques, os guarda-lamas dianteiros e as portas, nos radiadores, nas rodas e nos elementos da suspensão. Também há que considerar que podem ocorrer danos na mecânica dianteira e traseira, no piso do habitáculo e na traseira. Quando se atropela um animal, é muito frequente encontrar resíduos do seu pelo em diversos elementos da carroçaria: para-choques, parte frontal, rodas e elementos da suspensão. Também é habitual que o veículo fique salpi-
VELOCIDADE
DISTÂNCIA DE TRAVAGEM: 35,2 m
60 m
55,1 m
60 m
VELOCIDADE DE COLISÃO: 61,1 km/h
60 m
79,2 m
VELOCIDADE DE COLISÃO: 79,8 km/h
60 m
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92,8 m
DISTÂNCIA ATÉ AO OBSTÁCULO
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1 Zona do para-choques em que é visível a falta de um grande pedaço 2 Zonas da suspensão suscetíveis de terem danos e resíduos do javali 3 Resíduos de pelo do javali presos entre a jante e o pneu 4 Zona salpicada de lama do javali 5 Zona limpa do automóvel na qual o javali não embateu
cado com lama na zona em que o javali embateu, uma vez que são animais que costumam rebolar-se na lama. É frequente encontrar diversos resíduos orgânicos nas peças afetadas. Quando se trata de animais de grandes dimensões (vacas, cavalos, etc.) os danos mudam, uma vez que o veículo embate nos membros do animal fazendo com que este caia sobre o mesmo. Evidentemente, existem algumas semelhanças entre os dois tipos de atropelamento, o de um animal de dimensões médias, como o javali, e o de um animal de grandes dimensões, como uma vaca. É precisamente a diferença de
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envergadura da vaca que faz com que a tipologia dos danos seja diferente, já para não falar (por não estar no âmbito deste artigo) no perigo para a integridade física dos ocupantes.
A TIPOLOGIA DOS DANOS NUM IMPACTO COM UMA VACA VERIFICA-SE NAS PARTES ALTAS DO AUTOMÓVEL
TIPOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E RESÍDUOS NO ATROPELAMENTO DE UMA VACA A tipologia dos danos num impacto com uma vaca verifica-se nas partes altas do automóvel, uma vez que a linha do para-choques embate nas patas da vaca e esta tomba sobre o capot, os guarda-lamas, os pilares e o vidro do para-
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6 As vacas causam situações de grande perigo 7 e 8 Danos em veículos por atropelamento de uma vaca, com danos de grande monta no para-brisas e até no tejadilho 9 Veículo mais alto, também bastante danificado mas com o para-brisas intacto
-brisas. Inclusivamente, dependendo da violência do impacto, a vaca pode chegar a entrar no habitáculo, danificar o painel de instrumentos, as laterais dos pilares dianteiros e o tejadilho. Outra característica de um atropelamento de uma vaca é que é possível rastrear a trajetória do impacto, onde começa e onde se afasta do automóvel. Também são características dos impactos com vacas os danos provocados pelos seus cornos na carroçaria e os danos nas peças onde a vaca embateu e no vidro do para-brisas. Pelo exposto anteriormente, os danos estão localizados nas partes altas do automóvel (parte
superior da carroçaria), para-choques, capot, faróis, guarda-lamas dianteiros, para-brisas, tejadilho, pilares dianteiros, espelhos retrovisores e portas. Como acontecia no caso do atropelamento de um javali, nos sinistros que envolvem o atropelamento de vacas, cavalos, etc., é muito frequente encontrar resíduos do pelo do animal e resíduos biológicos (sangue, leite e excrementos) nos elementos da carroçaria, como o para-choques, os faróis, o capot e o para-brisas. Uma vez considerada a informação fornecida para a análise de acidentes com animais, um
dos trabalhos principais do perito é estabelecer a relação entre a declaração do sinistro e os danos produzidos no veículo, de forma a que não existam contradições entre a declaração do segurado e a ocorrência do sinistro. /
PARA SABER MAIS Área de Peritagem peritos@cesvimap.com www.revistacesvimap.com @revistacesvimap
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REPARAÇÃO
SPOT REPAIR
DEFINIÇÃO E VANTAGENS A técnica Spot Repair é interessante para uma oficina que queira potenciar o número de carros a reparar, mas exige saber quando se pode usar TEXTO PILAR SANTOS ESPI
S
e observarmos o parque automóvel, veremos que existe uma grande quantidade de automóveis com pequenos danos na carroçaria. Alguns deles, pelo seu tamanho e localização, poderiam ser reparados através da técnica denominada Spot Repair, um processo de reparação para danos pontuais, muito pequenos, em que a zona de reparação se limita ao dano, conseguindo-se reduzir os tempos do processo de reparação e os custos dos materiais, relativamente a uma reparação convencional. No mercado da reparação automóvel fala-se de diferentes técnicas ou conceitos de reparação. Aqui vamos abordar o processo de reparação denominado Spot Repair, técnica empregue em trabalhos rápidos de pintura e particularmente específica para a reparação de danos pontuais, muito pequenos, nos quais se limita a zona de reparação à zona do dano, sem necessidade de aplicar verniz em toda a peça. Trata-se de reparações nas quais não existe qualquer (ou, a haver, é mínima) intervenção do bate-chapa, e nas quais os tempos de trabalho rondam os 90 a 120 minutos. Os processos de reparação Spot Repair são uma alternativa para eliminar danos pontuais na carroçaria de forma rápida e económica. Mas, antes de se explicar em que consistem o processo de reparação, é importante definir quando é possível realizar esta técnica, as suas características e as vantagens que proporciona, tanto para o cliente como para a oficina. FATORES No momento de avaliar se é possível reparar um dano utilizando a técnica Spot Repair, deve ter-se em conta uma série de fatores: TIPO DE ACABAMENTO: No caso de cores prateadas claras, ou com uma elevada percentagem de partículas metalizadas, e no caso de acabamentos tricamada, é necessária uma maior superfície para efetuar corretamente o esbatimento da cor, pelo que será mais complicado limitar a zona a reparar e obter um bom resultado. No caso de acabamentos texturizados e acabamentos mate, não é possível utilizar esta técnica em nenhum caso, uma vez
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SPOT REPAIR
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1 que não é possível realizar o processo de polimento na zona de união da pintura aplicada com a preexistente na peça. TAMANHO DO DANO: O Spot Repair está limitado a danos muito pequenos, danos pontuais. Geralmente, fala-se de uma superfície a pintar não maior que uma folha DIN A4 ou de danos com um diâmetro de 3,5 cm, no máximo. LOCALIZAÇÃO DO DANO: Por razões técnicas, uma vez que se poderia notar a diferença de tom ou a zona de esbatimento do verniz aplicado, é necessário estabelecer diferentes zonas na carroçaria, uma vez que não é recomendável utilizar este processo em todas (ver figura na página anterior). Zonas a vermelho: Em superfícies horizontais como o capot, tejadilho, ou a horizontal da tampa da bagageira, não é recomendado realizar reparações Spot Repair, uma vez que se tratam de zonas de elevada visibilidade. Zonas a amarelo: Em superfícies verticais como nas laterais até à altura das cavas das rodas e na superfície vertical da mala até ao para-choques, apenas é aconselhável este tipo de reparações se o dano se encontrar na borda da peça, próximo de um canto ou dobra e se a cor não for uma das consideradas "difíceis". Em cores prata ou metalizadas, por exemplo, será
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mais fácil disfarçar a reparação e, por conseguinte, são menos recomendáveis. Zona a verde: É possível realizar as reparações do tipo Spot Repair sem restrições no resto das superfícies exteriores, em todas as superfícies interiores e nas zonas cobertas, como por exemplo na zona da matrícula ou nas molduras. Ou seja, as zonas de menor impacto visual são aquelas em que é recomendável a realização deste tipo de reparações. ESTADO DA PEÇA: O Spot Repair recomenda-se no caso de danos pontuais, únicos e localizados em determinadas zonas. Se, além deste pequeno dano, a peça apresentar outros, como riscos e/ou deformações, problemas de aderência ou de correspondência da cor, não se recomenda a realização da reparação do dano através da técnica Spot Repair, uma vez que se deverá realizar a reparação completa da peça.
na grande maioria das situações não necessitam de trabalhos prévios de chaparia ou, em caso de necessidade, precisam de um trabalho mínimo de reparação da chapa. Não é necessário desmontar as peças a pintar: Neste tipo de reparações, o processo de pintura é normalmente realizado com a peça a reparar montada no veículo, eliminando os possíveis tempos de desmontagem e montagem da mesma. Não é necessário envernizar toda a peça: Não se prevê o revestimento completo da peça reparada com verniz e, por conseguinte, reduz-se o consumo de material. Nestas reparações deve limitar-se a extensão da área de reparação tanto quanto possível.
CARACTERÍSTICAS DOS PROCESSOS SPOT REPAIR Além de ser necessário ter em consideração os fatores citados anteriormente, as características que definem os processos de reparação Spot Repair são:
Todas as operações são realizadas numa zona com as devidas condições: Recomenda-se que este processo de reparação seja realizado numa zona de preparação com plenum, aspiração e cortinas ou painéis de separação, sem necessidade de utilizar a estufa de pintura, que assim fica livre para outros trabalhos. Desta forma, evitam-se os tempos de deslocação do veículo e reduz-se o ponto crítico no fluxo de trabalho que costuma ocorrer na estufa de pintura das oficinas.
Nenhuma ou uma intervenção mínima do bate-chapa: Trata-se de danos pequenos que
Geralmente, sem necessidade de substituir a peça: O Spot Repair trata habitualmente de
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1 Nos acabamentos texturizados ou mate não é possível realizar os processos de reparação Spot Repair. 2 Polimento da zona após a reparação 3 Avaliação do dano
danos pequenos, nos quais não se aplica verniz em toda a peça, mas por vezes incluem-se outros tipos de reparações rápidas, como a substituição de uma peça, como por exemplo, um guarda-lamas dianteiro, um retrovisor ou inclusivamente um para-choques. Nestes casos, aplicar-se-ia um aparelho húmido sobre húmido e produtos de secagem rápida para agilizar o processo de reparação. A QUEM É DIRIGIDO? O processo de reparação Spot Repair é dirigido a: • Clientes particulares com veículos novos e/ /ou muito cuidados, que recuperam a estética e o valor original do carro graças ao Spot Repair. • Empresas de renting, leasing, aluguer, compra e venda, frotas, etc. • Clientes que recorrem à oficina por outros motivos, como revisões ou problemas mecânicos, sendo que na receção do veículo são detetados pequenos danos que podem ser reparados através desta técnica. • Clientes com uma elevada dependência do veículo, que não podem prescindir do automóvel durante muito tempo. VANTAGENS DOS PROCESSOS SPOT REPAIR A técnica de reparação Spot Repair é vantajosa tanto para o cliente como para a oficina que dispõe deste serviço.
As vantagens que o serviço Spot Repair proporciona do ponto de vista dos clientes são: • Serviço rápido, podendo recolher o veículo reparado no mesmo dia, em poucas horas. • Trata-se de uma reparação mais económica que a convencional. • Restauro da estética do veículo. O cliente mantém o valor do veículo. • Neste tipo de serviços oferecem-se orçamentos claros, inequívocos e definitivos, antes de o veículo ser deixado na oficina para ser reparado. Por outro lado, as vantagens que este tipo de serviço proporciona do ponto de vista das oficinas são: • Potencial de vendas adicional. Recuperar trabalho que escapa. • Oferecer um serviço novo que aumenta e fideliza os clientes. • Não necessita de grandes investimentos. • Mais reparações em menos tempo. Maior fluxo de veículos. • Neste tipo de reparações, geralmente não é necessário ceder um automóvel de substituição ao cliente. • Aumenta os lucros, a produtividade e a competitividade da oficina. Em suma, as técnicas de reparação através de Spot Repair são uma oportunidade de negócio para a oficina, uma possibilidade de trabalho que pode estar a escapar. /
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TÉCNICA
CIBERSEGURANÇA
CARROS VULNERÁVEIS A indústria automóvel não tem sido um dos alvos prioritários dos grandes e devastadores ataques cibernéticos, mas isso não significa que não esteja vulnerável a ameaças, até bastante simples e direcionadas aos chamados carros conectados TEXTO ALFONSO RAMÍREZ*
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s carros conectados são compostos por complexos sistemas com várias camadas que requerem atualizações constantes, do sistema de navegação a atualizações técnicas mais críticas. Todos os fabricantes automóveis emitem estas atualizações frequentemente, em média uma vez por semana. Uma das formas dos clientes acederem e instalarem estas atualizações nos seus veículos, além da visita a um concessionário, é através de uma “pen” USB: os fabricantes publicam atualizações nos sites e os condutores podem transferi-las para o veículo numa “pen”, através da entrada USB. Esta forma de acesso ao sistema do automóvel, existente há vários anos, é uma das que mais vezes foi explorada pelos “hackers”. O Kaspersky Lab detetou vários “exploits” e serviços disponíveis em fóruns ilegais, onde se incluem “extenders” que proporcionam acesso a funções fechadas de comunicação e serviços, e ferramentas que reiniciam dife-
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rentes funcionalidades do automóvel, como a sua quilometragem, os sistemas de abertura dos airbags ou os alertas de irregularidades. E enquanto os utilizadores por vezes tiram partido deste método para obter atualizações mais baratas e não oficiais, estão também a deixar (literalmente) uma porta aberta a aproveitadores mal-intencionados que podem explorar esta vulnerabilidade e levar a cabo um sem-número de ações, em que se incluem: • Criação de uma “backdoor” que garanta o acesso ao automóvel por parte de terceiros; • Transferência de dados armazenados no automóvel ou mesmo de dispositivos e aplicações a ele conectados; • Introdução de “malware” – sabotando ou modificando as funcionalidades do automóvel e dos dispositivos a ele conectados – e de “ransomware”; • Rastreio do automóvel através do GPS ou de ligação à internet; • Criação de um canal encriptado de acesso ao automóvel e a todos os seus componentes – quer através de uma VPN ou de um SSH;
• Acesso ao que se passa no interior do veículo graças aos microfones e câmaras do mesmo ou dos dispositivos do condutor. Funcionalidades como o diagnóstico remoto de irregularidades, telemáticas e infotainment conectado aumentam significativamente a segurança rodoviária e o prazer do condutor, mas também as suas vulnerabilidades, acabando por representar novos desafios para o setor automóvel. A cibersegurança deve ser considerada tão importante como a própria segurança física do automóvel, porque quando esta ficar comprometida as consequências podem ser igualmente graves para o veículo e para o seu condutor. Sabemos que a segurança é um dos fatores que mais pesam na escolha de um veículo por parte dos consumidores, ainda mais com a evolução das tecnologias e a sua implementação nos automóveis. É por isso que os fabricantes deverão prestar atenção à cibersegurança e integrá-la a fundo no desenvolvimento do automóvel desde o primeiro momento. / * Diretor Geral da Kaspersky Lab Iberia