Revista ES Brasil 137 — Especial Retrospectiva 2016

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ES Brasil – Retrospectiva Nº 137 • www.esbrasil.com.br

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SUMÁRIO

CAPA

38 Foto: Secom

Confira os principais acontecimentos de 2016 nos vários setores econômicos do Estado. Além disso, especialistas avaliam esses segmentos e apontam os possíveis cenários para o próximo ano.

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Foto: Edilson Rodrigues

Perspectiva

O que será preciso fazer em 2017, além de solucionar a grave instabilidade da cúpula política em Brasília, para que possamos ensaiar os primeiros passos em direção à retomada da economia? Confira as mudanças necessárias para deixar as más notícias de 2016 para trás de uma vez por todas.

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Entrevista

Foto: Leonel Albuquerque

A partir de 1º de janeiro, prefeitos eleitos ou reeleitos terão muitos desafios pela frente, a começar pelo ajuste fiscal dos municípios. Confira as expectativas e as metas traçadas pelos chefes dos Executivos da região metropolitana e do interior para os próximos anos.

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Corecon

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O Endereço da História

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Essas Mulheres

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Modus Vivendi

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Tira-Gosto

ARTIGOS 50

Lama, crises e seca. É hora de aprender as lições para avançar

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Foto: Ichiro Guerra/PR

Política

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Sidemberg Rodrigues

O ano das revelações

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Pelo segundo ano consecutivo, a Lava Jato tem tirado o sono de grande parte dos políticos. Depois do impeachment de Dilma, da cassação de Cunha e da decisão do STF que tornou Renan réu da Justiça, resta-nos agora aguardar os resultados dos mais de 80 acordos de delações premiadas da Odebrecht – chamados de “fim do mundo político” –, com expectativa de envolver um número superior a 200 nomes, de diversos partidos.

Arlindo Villaschi 2016 de descontentes

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Luiz Fernando Schettino

Arilda Teixeira

Economia brasileira: balanço de 2016 e o que esperar para 2017

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Orlando Caliman Retrospectiva 2016



EDITORIAL

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is que 2016 finalmente chega ao fim. Ano repleto de fatos capazes de modificar todas as perspectivas, de derrubar todos os indicadores. Impeachment, cassações de mandatos, prisões de políticos e empresários, delações premiadas, Brexit e Trump. E para piorar, quando chega a época de pensar em boas coisas para o ano seguinte e de se confraternizar com o amigo-X, vem a tragédia com a Chapecoense. Da dor, surgiu a lição de solidariedade. As vidas, repletas de sonhos e projetos tão bem elaborados, foram destruídas com a queda daquele avião, parando o país, unindo torcidas “inimigas”, tornando naquele momento o Brasil um só novamente, comovendo o mundo. E em meio a essa repercursão internacional, durante a madrugada a Câmara dos Deputados aproveitou que os holofotes se distanciaram de Brasília para aprovar emendas ao projeto das “10 medidas contra a corrupção”, restando apenas quatro intactas. Em solo capixaba, a seca não deu trégua e trouxe muitos prejuízos. A lama permaneceu no leito do rio e, quando a chuva chegou, vieram também alagamentos. Definitivamente, não foi um ano fácil para ninguém, mas nosso Estado se tornou referência nacional por ter feito a “lição de casa” e garantido o equilíbrio das contas públicas. Mas para encher a gente de orgulho, somente a Rio-2016. Desde o espetáculo de abertura, que fez calar todas as críticas, passando por recordes, belas histórias de superação, Michael Phelps e Usain Bolt, tudo valeu a pena. O Espírito Santo ficou gigante com seu Mamute e o poder do Mágico. Festejar o ouro conquistado pela dupla do vôlei de praia Alisson e Bruno foi bom demais. A lição de nossos atletas paralímpicos, mesmo os que não conquistaram medalhas, mas ficaram realizados por terem dando tudo de si, nos fez “perceber” a grandeza dos deficientes físicos. Nossa saudação a Daniel Dias e à glória de 24 medalhas. De uma forma ou de outra, 2016 ficará na memória! E mantendo a tradição, a ES Brasil de fim de ano traz um importante registro histórico, por meio de balanços de cada um dos setores produtivos do Estado, incluindo resultados e comparativos com exercícios anteriores. Preparamos uma matéria especial com os possíveis cenários para o próximo ano. Em “Perspectivas 2017”, especialistas de diferentes áreas nos orientam sobre o que é mais provável de ocorrer, considerando as variáveis da economia e da política, tanto a global quanto a orquestrada em Brasília. A partir do dia 1º de janeiro, mesmo para os prefeitos reeleitos, será um novo período, com muitas incertezas. E para saber como estão se preparando para lidar com esse desafio, entrevistamos os gestores da região metropolitana e também do interior. O que podemos afirmar é que mais uma vez os desafios serão muitos, havendo mesmo quem aposte na possibilidade de um 2017 tão difícil quanto este 2016. Mas continuamos a insistir no poder transformador da ética, do trabalho e da determinação, que é capaz sim, de trazer dias melhores. E o Brasil merece isso. Boa leitura e um 2017 transformado! #forçaBrasil Mário Fernando Souza, diretor-executivo da Next Editorial e editor-executivo da ES Brasil

OPINIÃO DO LEITOR “Um amigo me apresentou a ES Brasil há dois anos e, desde então, ela se tornou leitura constante. Traz uma visão ampla dos reflexos da economia e da política nacional no Espírito Santo. Informação de qualidade, com fontes respeitadas e leveza na linguagem. Eu realmente recomendo.” Maurício Sena, ortodontista

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“As notícias no dia a dia são muito corridas e gosto de detalhes dos fatos, por isso não abro mão de ler as matérias especiais da ES Brasil. Desde 2013 acompanho a edição de Retrospectiva, um balanço muito bom de tudo que aconteceu por aqui, e também no Brasil e no mundo, e que trouxe impactos ao nosso Estado.” Cláudia da Silva Oliveira, funcionária pública

ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.

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EXCLUSIVO

LUCIENE ARAÚJO

Foto: Leonel Albuquerque

Em Vitória, foram implantados sistemas de cruzamento de informações para coibir a sonegação fiscal

PREFEITOS E SEUS PROJETOS EM UM CENÁRIO REPLETO DE DESAFIOS ECONÔMICOS, POLÍTICOS E SOCIAIS, A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA VAI EXIGIR COMPROMETIMENTO E MUITA DISPOSIÇÃO DE SEUS GESTORES

A

partir do dia 1º de janeiro de 2017, terão início os novos mandatos dos prefeitos em todo o país. E não importa o grau de experiência dos gestores que estarão à frente dos Executivos municipais até 2020: tanto para os reeleitos quanto para os novatos ou aqueles que retornam ao cargo após um hiato, os desafios serão muitos e complexos, diante de uma esperança renovada da população por uma administração pública eficaz e eficiente, que proporcione melhores resultados à coletividade. Para isso, ninguém discorda da necessidade de uma equipe capacitada, organizada e comprometida com o propósito de 8

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estruturar um padrão de governança à altura das demandas da sociedade. Saúde, educação, segurança, mobilidade urbana e geração de emprego e renda integram a vasta lista de necessidades dos moradores. São carências que se arrastam há anos e que, em 2017, deverão ser atendidas com recurso ainda menor. Nesta matéria, ouvimos prefeitos que assumirão na região metropolitana e nas cidades com os maiores PIBs do Espírito Santo para identificar como essas autoridades estão se preparando para os próximos quatro anos.


VITÓRIA

Foto: Yuri Barichivich

Luciano Rezende Luciano Rezende, 50 anos, é pós-graduado em Medicina Esportiva. Eleito vereador de Vitória em 1993, exerceu o cargo por quatro mandatos. Foi secretário de Saúde e de Educação de Luiz Paulo Vellozo Lucas, também na capital. Em 2009, assumiu a Secretaria de Estado de Esportes e em 2012 foi eleito prefeito de Vitória, sendo também vencedor do pleito deste ano. ESB Como está a saúde financeira do município? A prefeitura apresenta equilíbrio em suas contas.

Todos os pagamentos do executivo estão em dia, os salários também. Antecipamos o 13º de 2015, e este ano novamente. E pagamos o salário de dezembro antes do Natal. Luciano Rezende

ESB Especialistas apontam que ampliar a eficiência tributária é prioridade para 2017. Como Vitória pretende conquistar essa melhoria e qual o percentual programado?

A melhoria da eficiência tributária da cidade passa primeiro pelo desenvolvimento de ações de auditores fiscais com as melhores práticas de fiscalização, visando inclusive à utilização de convênios com a Receita Federal. Vamos intensificar protestos de dívida ativa sempre dos maiores para os menores devedores. Temos sistemas de cruzamento de informações com objetivo de coibir a sonegação fiscal. Estamos desenvolvendo um sistema que fiscaliza o ISS dos bancos; e fiscalizando o Super Simples. ESB Uma de suas metas é ver o Parque Tecnológico Metropolitano funcionando. Como o senhor avalia o cenário atual acerca desse sonho?

A primeira etapa do Parque, o Centro de Inovações, orçado em R$ 5.530.873,33, deve ficar pronta em 2018 e será voltada para empresas da base tecnológica – laboratórios de certificação de produtos, agentes de fomento à ciência, incubadoras e empresas de software. Num cenário de incertezas, queda brutal de receitas e desemprego, vamos focar a geração de trabalho, emprego e renda, capacitar a s p e ss o a s e prop orc i on ar m ai s oportunidades às famílias. ESB O senhor defende a integração do sistema municipal de transporte ao Transcol. A população será envolvida nesse debate? Por que essa integração e como ela se daria?

A integração do transporte municipal ao Transcol, que defendo desde 2013, depende das empresas e do Governo do Estado e deve acontecer gradativamente. Vamos intensificar as conversas, incluindo Vila Velha, onde o novo prefeito já disse ter interesse. ESB O que é necessário para que a Região Metropolitana (RM) saia do papel?

Nós, prefeitos da Grande Vitória, já estamos nos reunindo com essa pauta. Cada

prefeitura vai indicar um técnico para compor o grupo que irá debater e propor ações para a RM. A ideia é que, além de técnicos e secretários, os prefeitos também se reúnam. A partir daí, com os pontos em comum identificados – como a ampliação do serviço de bicicletas compartilhadas, a integração de ônibus municipais ao Transcol, saneamento básico, licitações e compra de medicamentos – desenvolveremos ações visando à melhoria da qualidade de vida da população e à redução de despesas. O fato de não ser aliado político do governador dificulta a gestão? ESB

No primeiro mandato, desenvolvemos vários projetos em parceria com o Estado, entre eles o de redução de todos os índices de violência na nossa capital, considerado um marco desta gestão. De janeiro a maio de 2016, Vitória registrou a maior queda nos números de homicídios, ocorrências envolvendo uso e tráfico de drogas e contra o patrimônio, em comparação ao mesmo período de 2015. Vitória se tornou uma das capitais mais seguras do país, graças a ações conjuntas feitas pela nossa Guarda Municipal e pelas polícias Militar e Civil. As parcerias vão continuar!

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VILA VELHA

Foto: Sagrilo

Max Filho Aos 20 anos, em 1988, Max Filho conquistou seu primeiro mandato como vereador de Vila Velha. Em 1994, tornou-se deputado estadual e permaneceu na Assembleia Legislativa até 2000, quando ganhou a eleição para prefeito da cidade canela-verde, sendo reeleito no pleito seguinte. Mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local, em 2014 elegou-se deputado federal e agora retorna à chefia do Executivo municipal de Vila Velha. ESB No processo de transição das gestões, foi possível “tomar pé” da situação financeira, a ponto de permitir a adoção de medidas estratégicas logo no primeiro semestre? Max Filho Recebemos e analisamos as informações que nos foram enviadas pela atual administração sobre a área de finanças, inclusive o orçamento proposto para 2017. Já temos um primeiro posicionamento, embora a real situação financeira só possa ser conhecida com o fechamento do ano de 2016. Quanto às possíveis medidas a serem tomadas, vamos avaliar criteriosamente cada situação e certamente as implementaremos a seu tempo. ESB O senhor afirmou que investidores em Vila Velha serão recebidos com “tapete vermelho”. Como atrair negócios?

Pretendo criar em Vila Velha uma ambiência propícia à instalação de novas empresas, como uma das medidas para melhorar a receita do município. Isso inclui o estudo de aprovação, na Câmara 10

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Municipal, de Lei de Incentivos Fiscais. Porém, o detalhamento dessas medidas só será feito em conjunto com minha equipe de governo, a partir do início de nossa gestão, e, com a equipe de profissionais que vamos contar, tenho certeza de que atrairemos novos empreendimentos.

houver recursos viabilizados, através de PPP ou financiamento do BNDES. Mas a população precisa desse e de outros meios de transporte coletivo, como as ciclovias interligadas e outras medidas que podem vir com a viabilização da região metropolitana.

ESB Quais problemas só fazem sentido se forem pensados de forma coletiva, dentro do conceito da RM?

ESB A reaproximação entre o senhor e o governador Hartung é benéfica ao município?

Há questões comuns a todos os municípios da Grande Vitória que precisam ser tratadas de forma conjunta, como saneamento, mobilidade urbana e poluição atmosférica. A região metropolitana vai sair do papel, pois ela é uma necessidade e um desejo dos prefeitos e do governador.

Essa é uma situação totalmente pacificada, será muito boa para Vila Velha. Uma aliança que tem como fiador o vice-governador Cesar Colnago, que é do meu partido e esteve em meu palanque durante toda a campanha eleitoral.

Há possibilidade de se pensar numa PPP celebrada com os municípios de Vitória e Vila Velha que viabilize a alternativa do aquaviário, como se vê em outros locais do Brasil e em outros países? ESB

Esse modal de transporte é uma necessidade da população e voltará quando

ESB Como lidar com uma realidade de menos recursos e maior demanda em saúde e educação, resultado da crise?

Na educação e na saúde, estamos montando equipes experientes e competentes, pois esses dois setores sempre foram, e continuarão sendo, prioridades fundamentais em meu governo.


SERRA

Audifax Barcelos Reeleito este ano para o segundo mandato consecutivo como prefeito da Serra (que comanda desde 2012), Audifax Barcelos, 52 anos, é formado em Economia e Administração de Empresas. Anteriormente, em 2004, já havia se elegido prefeito do município serrano. Quatro anos depois, em 2008, assumiu a Secretaria Estadual de Planejamento e de Economia, a convite do governador Paulo Hartung. Em 2010, foi o deputado federal mais votado do Espírito Santo. ESB

Como está a saúde financeira do município?

população, nas urnas, não aprovou a gestão?

Audifax Barcelos A Serra é um dos 35 municípios brasileiros que mais realizam obras. Entregamos 11 novas creches e a primeira unidade de ensino em tempo integral, a Escola Eulália Falqueto, com 500 crianças. A taxa de mortalidade infantil, pela primeira vez, foi reduzida para abaixo de 10/1000 nascidos vivos, atendendo à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). A preocupação hoje é com a qualificação das equipes de atenção básica para realizar a maioria dos atendimentos nas próprias unidades de saúde.

É hora de somar, e não de dividir. A Serra terá um novo prefeito. Vamos focar a saúde. A gente precisa garantir acesso ao serviço e agilidade do atendimento, principalmente nas marcações de consultas. Falta pouco para implantar a fibra ótica, ligando as unidades de saúde. A ideia é que até o primeiro semestre de 2017 os prontuários estejam informatizados, com cada médico com um computador em sua sala e com as marcações de consulta via telefone.

ESB Há uma meta de crescimento programada?

Para 2017, teremos um orçamento próprio de R$ 50 milhões a mais, resultado de um trabalho de inteligência fiscal nos últimos quatro anos. A Serra é a única cidade que tem UPA e em 2017 serão três. Vamos entregar mais quatro creches; o Centro de Atividades Esportivas; o calçadão da Cidade Continental; a ciclovia de Serra-Sede a Jacaraípe; e em 2018, inaugurar o Hospital Infantil, com 120 leitos. O que fazer para reverter um quadro em que quase metade da ESB

ESB Por que o senhor defende que para a RM sair do papel é preciso que o Estado coordene esse processo?

Não existe mais espaço para ações individuais. A palavra de ordem é cooperação. Para criar uma política pública, não podemos pensar apenas nos 500 mil habitantes da Serra. É preciso pensar nos 2 milhões da RM, porque é comum um cidadão morar na Serra, trabalhar em Vitória e estudar em Vila Velha ou Cariacica. Se criarmos um Plano de Cidadania Integrada, teremos melhor qualidade de vida para todos. O município sozinho não consegue atender a demandas de grande porte, mas com ações

bem definidas num Plano de Cidadania Integrada, os custos podem ser divididos. Na saúde, por exemplo, especialidade é de responsabilidade do Estado, mas cai na conta dos prefeitos. Juntos, poderemos construir um Centro de Especialidades. Aí é que entra a importância da RM. Há quem defenda que o erro está em não pensar saúde, educação e segurança de forma integrada. Existem projetos nesse sentido na Serra? ESB

Nós temos o Programa Adolescente Cidadão (PAC), no qual trabalhamos saúde e educação por meio de roda de conversas, oficinas e outras atividades que levam nossos jovens e adolescentes a refletir sobre novos valores, objetivos da vida. Presente em 16 escolas de ensino fundamental, distribuídas em 13 bairros, o PAC já atendeu mais de 20 mil jovens, visando à diminuição da vulnerabilidade social dos estudantes, por meio de ações preventivas e inclusivas nas áreas de educação, saúde, esporte e cultura. ESB O senhor pretende cumprir os quatro anos de mandato?

Nosso foco é fazer um bom mandato na Serra, com resultados concretos para a população. radio.esbrasil.com.br •

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CARIACICA

Foto: Divulgação

Geraldo Luzia Júnior, Juninho

Geraldo Luzia Junior, o Juninho, tem 42 anos e possui notoriedade no cenário esportivo capixaba por ter sido jogador de futebol da Desportiva Ferroviária, clube de Cariacica. Foi vice-prefeito do município em 2008 e eleito prefeito em 2012. Em outubro passado garantiu sua reeleição no segundo turno. Qual o volume de recursos que o município perdeu? As contas estão em equilíbrio? ESB

Geraldo Luzia Cariacica perdeu, apenas de Fundap (Fundo de Desenvolvimento de Atividades Portuárias), mais de R$ 50 milhões nos últimos anos, fora decréscimo de ICMS, ISS e royalties. Essa queda representa uma previsão orçamentária 25% menor para 2017. Mesmo assim, conseguimos manter as contas equilibradas. Um novo pacote de medidas está em implantação, por meio do Decreto 175/2016, que entre outras ações restringirá a ocupação dos cargos comissionados, exigindo vacância de, no mínimo, 10% deles. ESB Por não ser necessário um processo de transição, já foi possível planejar alguma mudança para saúde e segurança, as áreas mais criticadas durante a campanha?

O processo eleitoral é importante, pois sinaliza o que precisamos melhorar. E nisso, esse processo foi claro: precisamos melhorar ainda mais na resolutividade, ter uma gestão mais eficiente. Criamos o Conselho Consultivo, coordenado pelo próximo vice-prefeito, doutor Nilton Basílio, e uma equipe multidisciplinar, escolhida em meio às lideranças e ao empresariado, para elaborar um documento apontando as possíveis soluções ao Estado e às cidades. 12

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Quanto a parceria público-privada (PPP) na área de iluminação pública vai custar ao município? Há outras PPPs sendo estruturadas? ESB

Não há como prever o custo, pois o processo está em análise pelo Comitê Gestor das Parcerias Público-Privadas para a escolha do melhor projeto. Só então poderemos avaliar impactos e custos. Há outra PPP sendo encaminhada, a do Centro de Economia Popular, que dará um local legítimo aos ambulantes da cidade. Esse projeto está em Processo de Manifestação de Interesse (PMI), quando se apresentam as empresas dispostas a participar da licitação. ESB Quais projetos Cariacica planeja desenvolver em parceria com outros municípios da Grande Vitória?

Já me reuni com o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, e com os demais prefeitos nas últimas semanas para iniciarmos as discussões de políticas públicas de interesse da RM. O objetivo é buscar agilidade e economicidade, por meio de compras de serviços e produtos em conjunto, por exemplo. Todas as áreas estão sendo estudadas para ver em qual é possível avançar apenas no âmbito municipal. Num segundo momento, ainda em 2017, essa conversa irá abranger a esfera estadual para assuntos como mobilidade, saneamento e transporte público.

O senhor foi enfático ao afirmar que em Cariacica o sistema Uber não entra. Por quê? ESB

Não afirmei que o Uber não entra em Cariacica. Apenas que demanda antes uma regulamentação. Isso não apenas pelos taxistas, mas também pelos usuários, pelos próprios motoristas do Uber, que não possuem segurança alguma ao empreenderem nesse serviço. Além disso, o município não terá nenhum retorno de impostos gerados pela transação. Essa é uma discussão que deve ser feita para que a empresa e os motoristas do Uber tenham seus ganhos, e também para que Cariacica ganhe com a concorrência do transporte, que tenha retorno para investir na cidade. ESB Há projetos prontos no município se recursos de emendas federais surgirem?

Nos primeiros dois anos de gestão, após verificarmos a falta de projetos, contratamos duas equipes para elaborá-los. Ao fim desse período, tínhamos uma carta de mais de R$ 120 milhões em projetos, todos cadastrados nos sistemas de convênio dos governos estadual e federal. Hoje, Cariacica possui projetos em muitas áreas, para que numa oportunidade possamos direcionar recursos e trazer melhorias à cidade, com ocorreu com a UPA de Flexal II, que deverá entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2017.


VIANA

Foto: Divulgação

Gilson Daniel O prefeito reeleito Gilson Daniel Batista, 37 anos, é formado em Contabilidade, pós-graduado em Contabilidade Pública e Gerencial e mestre em Finanças. Também é servidor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ingressou na carreira política em 2008, quando foi eleito vereador de Viana. Quatro anos depois, tornou-se prefeito do município, saindo vitorioso também no último pleito de outubro, que lhe garantiu mais um mandato. ESB

A que o senhor atribui o excelente resultado de aprovação na reeleição?

O senhor fará mais cortes em cargos comissionados?

Gilson Daniel Trouxemos a comunidade ao gabinete para discutir as obras. E o avanço que a cidade apresentou em obra, em melhoria de emprego/renda e da infraestrutura, foi um projeto que deu certo, a população reconheceu isso. Viana está crescendo, e logo, logo seremos a cidade que mais vai se desenvolver no Espírito Santo e na região metropolitana.

Fizemos uma redução grande de cargos comissionados. Para 2017, planejamos uma redução de mais 200 deles. Também vamos baixar de 19 para 13 o número de secretarias, pois quem não se organizar não vai conseguir pagar as contas dos próximos anos. Além disso, tivemos redução no número e nos valores de contratos. A limpeza da cidade, por exemplo, está sendo feita por reeducandos do sistema prisional, só aí temos uma economia de mais de R$ 6 milhões, por meio de uma parceria com a Secretaria de Estado da Justiça.

Como estão as contas do município e quais os investimentos investimentos previstos para os próximos quatro anos? ESB

Estamos organizando a máquina pública. Sou contador e tenho zelado muito pela administração financeira do município. Eu mesmo ajudo na elaboração e na execução orçamentária, tenho contato direto com a receita, com tributos e cobrança dos impostos. Tivemos queda na receita, mas a cidade está organizada e planejada para iniciar o próximo mandato com mais tranquilidade. No Índice de Participação dos Municípios (IPM) – distribuição do ICMS – fomos a cidade que mais cresceu no Estado: saímos de 1 ponto para quase 2.

ESB

ESB Viana recebeu um montante de R$ 70 milhões em emendas e convênios com os governos federal e estadual. Como se deu essa conquista e o que esperar para 2017?

Diante de uma vontade política e de idas a Brasília, estreitamos a relação com a bancada federal e conseguimos mostrar as demandas do município. Os senadores Ricardo Ferraço (PSDB) e Rose de Freitas (PMDB) ajudaram muito, e praticamente todos os deputados federais do Espírito Santo fizeram emendas para Viana.

O prefeito tem que se dedicar a isso. Além disso, estruturamos projetos dentro das exigências legais, porque sem isso, não se consegue captar recursos. Viana não tinha uma instituição federal de ensino, e hoje há uma unidade do Ifes que oferece ensino superior. Temos ainda diversas obras, creches e UPA 24h em Viana-Sede. O que ficou para ser feito nos próximos anos? ESB

Tem muita coisa. Um dos pontos centrais da gestão será avançar na regularização fundiária, dar estrutura à população para vender ou fazer empréstimo. Vamos avançar muito na geração de emprego/renda, na geração de micro e pequena empresa, na capacitação da população. Temos muita obra para entregar. Já pavimentamos mais de 200 ruas, mas faltam mais de 300. É uma cidade grande, com muitos desafios, mas temos muita vontade de realizar ainda mais no próximo governo. ESB

Há pretensão política para 2018?

Não sou candidato em 2018 a nada, meu compromisso é com essa cidade, com esse povo que me deu uma votação expressiva. Vou honrar cada voto que tive nessa eleição. radio.esbrasil.com.br •

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INTERIOR

Foto: Secom/Colatina

Colatina foi um dos municípios fortemente impactados por seca, lama e alagamentos

RECEITA MENOR, DESPESA MAIOR

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é importante que o prefeito esteja cercado de gente boa, de profissionais competentes. Montem uma boa equipe, é a dica que deixo a vocês”, recomendou o governador durante um seminário realizado, no dia 13 de dezembro, pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), para orientar os gestores para o mandato 2017-2020. No mesmo evento, o conselheiro da Corte Domingos Taufner falou sobre previdência. “Sejam criteriosos na escolha dos dirigentes do Regime Próprio de Previdência Social (PRRS), é fundamental que prevaleçam critérios técnicos sobre os políticos”, alertou. Estar junto do Governo Estadual e garantir a m a i or i a n a C â m a r a dos Vereadores de suas cidades são metas que devem ser alcançadas pelos gestores.

PRESIDENTE KENNEDY Presidente Kennedy possui o maior PIB per capita do país, com R$ 815,1 mil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2014, divulgados em dezembro deste ano. Mas a pobreza extrema (renda domiciliar per capita menor que R$ 70,00/mês) ainda atinge 9% da população.

Foto: Divulgação

O

s desafios são ainda maiores para os municípios que não integram a região metropolitana, mesmo para aqueles que concentram importantes atividades econômicas, como é o caso de Presidente Kennedy, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares e Aracruz. Da mesma forma que ocorreu na Grande Vitória, salvo casos pontuais, as campanhas eleitorais deste ano no interior foram mais uma vez marcadas por severas críticas aos serviços públicos nas áreas de saúde, educação e segurança. Os gestores terão o desafio de melhorar essas áreas, em um cenário de recessão, queda de arrecadação e sem melhorias significativas em 2017, conforme previsões de especialistas. Uma realidade que levou o governador Paulo Hartung, desde o resultado dos pleitos, a se reunir com os prefeitos eleitos e reeleitos para enfatizar a necessidade do equilíbrio das contas públicas, que, segundo Hartung, só poderá ser alcançado por meio da austeridade fiscal. “Temos que cuidar com muito zelo da despesa. É tarefa diária. Para isso,

Amanda Quinta


Foto: Divulgação

A cidade é a que mais investe em educação por aluno no Estado e a segunda que mais aplica em saúde. Kennedy saltou cerca de 30 posições no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e hoje está entre as três mais bem avaliadas pelo indicador. Reeleita, a prefeita Amanda Quinta (PSDB) explica que houve muitos avanços e que todas as contas do município estão “rigorosamente” em dia, mas que os problemas não são poucos. “Enfrentamos grandes desafios na área da saúde. O saneamento básico é uma outra realidade que estamos trabalhando para mudar, oferecendo sempre mais qualidade de vida para a população. Foram mais de R$ 300 milhões em obras nos últimos quatro anos. Para 2017, o foco será em intensificar a humanização nos serviços prestados pela administração pública e nas melhorias na educação”, afirma. As obras do Porto Central deverão ser iniciadas em 2017 e, segundo Amanda, a cidade está sendo preparada para receber o empreendimento. “Investimos mais de R$ 300 milhões em obras de infraestrutura – calçamento, pavimentação, drenagem, rede coletora de esgoto e água –

e capacitamos quase mil profissionais, por meio do projeto Progredir. Em parceria com o Senai e o Senac, estamos dando condições para que a população aproveite as oportunidades advindas desse grande projeto”, enumera a prefeita de Kennedy.

Sérgio Meneguelli

Foto: Divulgação

ARACRUZ A saúde é mesmo unanimidade na lista dos principais problemas dos municípios. “Existe uma grande demanda nas unidades de saúde, gerada pela infraestrutura e por um atendimento ainda com pouca qualidade. Além disso, é preocupante o aumento na folha de pagamento dos insumos, enquanto a receita não acompanha o crescimento dessas despesas”, explica o prefeito eleito de Aracruz, Jones Cavaglieri (SD). Segundo ele, a informação apurada pela equipe de transição é de que houve queda na receita de transferência. “Isso ocorreu tanto na escala estadual, em relação aos repasses do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ( IC M S ) , qu anto n a federal, por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Porém, as contas estão mais estabilizadas graças à melhoria da arrecadação do município”, explica. Para 2017, Cavaglieri garante que nos primeiros meses irá priorizar a entrega de obras que já estão em andamento. “O atual prefeito garantiu que teremos recursos em caixa para concluir. A l é m d i s s o, t e m o s algumas ações que são essenciais, entre elas estão avaliação do comportaJones Cavaglieri mento da folha de receita,

redução de despesas com pessoal, unificação de secretarias e revisão dos contratos que estarão em vigor em 2017. Essas medidas têm o objetivo de promover o melhor funcionamento público e a diminuição de custos”, defende o gestor.

COLATINA Os problemas enfrentados por Colatina nos últimos anos foram muitos e complexos. Primeiro a seca, depois a lama. A queda na arrecadação, a escassez hídrica novamente e, ao final deste ano, os alagamentos. Como se preparar para administrar uma realidade tão adversa? O prefeito eleito Sérgio Meneguelli (PMDB), que durante seu mandato como vereador em Colatina foi autor de dois projetos que inspiraram leis federais – o que instituiu o passe livre para pessoas acima de 65 anos, e o que proíbe a venda de brinquedos que imitam armas de fogo – espera enxugar e modernizar a máquina pública. “As perdas em relação ao Fundap somam R$ 40 milhões, o que significa que o município deixou de receber muitos investimentos. Vou ser o prefeito pão duro, não vou admitir nenhum desperdício. Mas, vamos mostrar que é possível fazer mais, com menos”, afirmou. Entre as decisões já anunciadas por Meneguelli está a redução de 6% no próprio salário. “É uma ação simbólica, corresponde ao percentual que os servidores públicos estão pleiteando de reajuste. Para mostrar que, se cada um de nós fizer a sua parte, cuidar direito do dinheiro público, será possível melhorar a cidade”, defende. radio.esbrasil.com.br •

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Foto: Divulgação

Educação e cultura serão eixos estratégicos de ação, segundo Meneguelli. “Não consigo acreditar na evolução do ser humano sem acesso à educação e à cultura de qualidade. Somente por esses caminhos há conscientização e, assim, mais cidadania, melhorias nas demais áreas”, enfatiza. Ainda faz parte do planejamento a construção de uma extensa ciclovia, aponta o gestor, que garante que irá trabalhar de bicicleta.

Zanon disse ainda que pretende criar uma secretaria específica para trabalhar na atração de novos negócios para o município, que será comandada por Luiz Fernando Lorenzoni, o atual secretário municipal de Planejamento de São Mateus.

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM Aos 40 anos de idade, Victor da Silva Coelho Guerino Zanon (PSB) estreia na carreira política com a árdua missão de gerir um demarcadas pela Secretaria de Patrimônio dos piores orçamentos anuais do Estado, da União (SPU). Na avaliação do presidente da Associação em torno de R$ 350 milhões, em Cachoeiro dos Municípios do Estado do Espírito de Itapemirim, com 210 mil habitantes. “As necessidades financeiras são bem Santo (Amunes), Dalton Perim, a União grandes, mas com uma gestão mais não está conduzindo de forma correta moderna, mais enxuta, é possível manter esse processo, considerando que a ação se a qualidade dos serviços públicos”, dá em território administrado, mantido e jurisdicionado pelo município. Por isso, argumenta. Para ele, será preciso rever toda a estru- a orientação aos prefeitos é para que se tura de cargos da prefeitura. “A máquina articulem e cobrem o debate da União. está inchada, algumas secretarias precisam “Nós temos que nos unir e chamar a União ser repensadas, e muita coisa precisa para debater a questão, antes de a taxa, ser ajustada”, disse. Segundo ele, mesmo ser lançada. Essa lei é defasada, obsoleta. diante da redução no quadro pessoal Para que serve esse imposto? Porque o e das mudanças que serão realizadas, cidadão vai bater na porta do prefeito, “nenhum serviço público será reduzido; do vereador, para saber qual a contrapartida desse recurso. É preciso repensar o Brasil a população é prioridade”. Para ele, a estruturação e não há outra forma de fazer isso sem das parcerias entre o debate”, argumenta Perim. A destinação correta dos resíduos poder público e o privado, a fim de retomar o desen- sólidos é mais um problema a ser enfrenvolvimento econômico tado pelos comandantes dos Executivos e “devolver o orgulho ao municipais. O problema, antes mesmo cachoeirense”, é o maior de ser ambiental, é econômico e de saúde desafio nos próximos pública. Os municípios que compõem a Região Metropolitana da Grande quatro anos. Vitória conseguiram eliminar os lixões, mas ainda enfrentam diariamente o DESAFIOS problema de centenas de pontos viciados COLETIVOS Existe outra questão de acúmulo de lixo em vias públicas e em comum aos municípios terrenos particulares. Segundo a Associação Brasileira de de Vitória, Vila Velha, Presidente Kennedy, Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Cariacica (trechos), Especiais (Abrelpe), deixamos de coletar Serra, Aracruz (trechos) 10% do lixo produzido no país, o que e Linhares. Eles compõem representa uma média de 20 mil toneladas o grupo de 14 cidades que por dia jogadas no meio da rua, em rios, Victor Coelho terão áreas de marinha córregos ou terrenos baldios.

LINHARES Guerino Zanon (PMDB), que nos últimos dois anos atuou como deputado estadual, retorna ao comando do Executivo de Linhares, onde já esteve entre 2005 e 2012. O gestor confirmou a diminuição de secretarias municipais e de cargos comissionados como forma de diminuir gastos e de minimizar os impactos da redução de repasses de recursos. “Hoje temos 1.200 profissionais e m re g i m e d e c om i s s ã o. Va m o s trabalhar para chegar a 500 até o fim do governo”, apontou. O prefeito garante que saúde será prioridade. “Não existe a mínima condição de a saúde permanecer da forma que está em Linhares. Vamos reestruturar os atendimentos e a marcação de consultas, investir em melhorias, construir novas unidades, contratar médicos e comprar equipamentos”, afirma.

Foto: Alex Gouvea

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PERSPECTIVA 2017

LUCIENE ARAÚJO

Foto: Edilson Rodrigues

CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS ARROCHO, EMBATES E ESCÂNDALOS PROTAGONIZARAM O ENREDO ESTE ANO. EM 2017, ESPERANÇA DEVE SER A ÚNICA MOCINHA DA SAGA BRASIL 18

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O

As decisões tomadas pelo Congresso irão impactar os resultados econômicos

s intensos acontecimentos no cenário político nacional este ano – que incluíram um impeachment presidencial, quedas de ministros, prisões no alto escalão da República e uma disputa sem precedentes entre Legislativo e Judiciário –, somados à diferença entre o tempo político e o econômico, são capazes de agravar muitas situações. Entre elas, a incerteza sobre a aprovação das reformas tributária, trabalhista, previdenciária e política, defendidas por um coro de especialistas como essenciais à retomada do crescimento econômico – ainda que haja discordância acerca de quais devam ser as novas regras. “Como irão agir os representantes do povo diante dos diversos pontos polêmicos? É um questionamento oportuno”, avalia o economista e professor da Ufes Antônio Marcos Machado. “O quanto irão mexer nos direitos trabalhistas? Alguém terá coragem de defender a cobrança de impostos proporcional ao rendimento? Quais os cargos e as regalias que


serão cortados? O quanto irão diminuir as máquinas públicas? Porque, sem essas medidas, de nada adiantará a PEC 55, que limita o teto de gastos federais por um período de 20 anos”, enfatiza Machado. Para o economista, o âmbito interno continuará muito ruim para o Brasil, pela falta de resolutividade das questões política e econômica. Porém, do ponto de vista global, uma Europa com muitos problemas – refugiados, Brexit, etc. – inibe a atração de investimentos. A América Central também não se mostra muito atrativa para o capital investidor, pois a pouca estabilidade trazida por Venezuela, Equador, Haiti e agora Cuba, sem Fidel Castro, não motiva os grandes investidores a lá colocarem o seu dinheiro. Antônio Marcos avalia ainda que os Estados Unidos, “que sempre são um porto seguro”, têm um novo comandante (Donald Trump) que não inspira muita confiança. “Tudo isso favorece o Brasil, que assim se mostra uma opção interessante, e também o Espírito Santo, um dos pouquíssimos estados que têm equilíbrio fiscal”, analisa. No entanto, alerta, a economia capixaba continua a depender muito de questões logísticas, como a finalização da dragagem do Porto de Vitória, a extensão da ferrovia de Vitória ao Rio de Janeiro e a duplicação da BR-262. Quem também defende a necessidade de concretização das medidas econômicas federais é o mestre em Finanças e consultor empresarial Abel Fiorot Loureiro. “Se o ajuste fiscal e a reforma da Previdência forem realizados, com certeza farão a economia brasileira crescer nos próximos anos, pois darão maior confiança ao capital estrangeiro e assim aumentarão o fluxo de investimentos para o país. São propostas polêmicas, sem apelo popular, mas necessárias para criar o arcabouço que possibilite crescer com sustentabilidade. Temos de dar um basta ao ‘voo de galinha’”, sustenta. No âmbito global, a previsão de crescimento da economia para este ano é de 2,9%, contra 3,1% em 2017 e 3,3% em 2018, destaca Loureiro, tomando como base dados da consultoria Bloomberg. “Esse crescimento da economia mundial,

CENÁRIO MACROECONÔMICO INDICADORES PIB (%) Resultado primário (% do PIB) Balança comercial (US$ bilhões) Transações correntes (% do PIB) IPCA (%) Taxa Selic (%) Taxa de câmbio (R$/US$)

2015 Efetivado -3,8 -1,9 17,7 -3,3 10,7 14,25 3,90

2016 Previsão -3,5 -2,8 45,0 -1,1 7,0 13,75 3,30

2017 Previsão 0,7 -2,4 39,4 -1,6 4,9 10,50 3,40

2018 Previsão 2,5 -1,7 28,3 -2,2 4,5 9,50 3,55

Fonte: Rosenberg Associados

apesar de menor do que o dos últimos de liderança coletiva”, os problemas vão se anos, é animador. Os EUA têm grande agravar. “O argumento de que chegamos influência nesses números, e a previsão ao fundo do poço é balela. A situação para a economia norte-americana pode ficar muito pior, basta ver aonde é de recuperação, com crescimento chegou a Venezuela. Estamos à beira do de 2,2% tanto para 2017 quanto precipício, sim, e para sair dessa encrenca, para 2018.” só reorganizando as contas públicas. As projeções para a América Latina (AL) O Plano Real fez isso, e choveu dinheiro no – cujo PIB deve fechar o ano com queda Brasil. Investidores estrangeiros confiavam de 1,9% – também são de crescimento no país”, relembrou. Hartung ressalvou, para os próximos dois anos: 1,7% em 2017 porém, que esse equilíbrio está diretamente e 2,5% no ano seguinte, acrescenta Abel. ligado à reforma da legislação trabalhista e “O Brasil deverá crescer 1% em 2017 e previdenciária. “Somente este ano, aqui no 2% em 2018, contribuindo para aumentar Estado, foi preciso colocar R$ 1,6 bilhão aqueles índices. Mas é preciso ter em mente para cobrir o rombo da previdência do que, mesmo com a volta do crescimento em Executivo”, disse o governador. 2017, este ano nosso PIB deve fechar em queda de -3,3% Foto: Thiago Guimarães e para voltarmos ao estágio anterior da economia levará um tempo.”

DESCORTINANDO O CENÁRIO CAPIXABA O ES se tornou referência nacional por ter estabilizado as contas públicas. Mantendo essa trajetória, o orç am e nto e st a du a l aprovado para 2017 será de R$ 16,19 bilhões – 5,04% menor do que o de 2016. Em diferentes oportunidades, o governador Paulo Hartung tem reiterado que não existe outro caminho a não ser esse. Segundo ele, se não houver um “exercício responsável

“O argumento de que chegamos ao fundo do poço é balela. A situação pode ficar muito pior, basta ver aonde chegou a Venezuela. Estamos à beira do precipício, sim, e para sair dessa encrenca, só reorganizando as contas públicas” Paulo Hartung, governador do Estado do Espírito Santo

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Espírito Santo se tornou referência nacional por ter estabilizado as contas públicas

Para o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira, 2017 será extremamente desafiador para a gestão das contas públicas estaduais. “O Espírito Santo está organizado, e esse é o nosso diferencial. Precisamos transformar esse cenário de crise em novas oportunidades de negócios para o Estado e de geração de emprego e renda”, afirmou, destacando que o ajuste fiscal precisa continuar. “O Brasil deve fechar 2016 com uma queda de 3,5% do PIB. E todos nós sentimos esse recuo, pois a arrecadação de estados e municípios é reflexo de como a ‘roda da economia’ está girando. Portanto, é preciso continuar reduzindo despesas não essenciais, reforçando a arrecadação tributária e olhando para o futuro com o compromisso de que nossos esforços de agora irão nos ensinar a lidar com outros desafios futuros”, completou Ferreira.

Nesse contexto, o governador Paulo Hartung destaca que tornar o Estado competitivo é uma estratégia que precisa ser adotada em conjunto. “Tem que ser uma meta mobilizadora de todos nós. Precisamos ter a consciência de que em relação à competitividade ainda há muito a se fazer: terminar a obra do aeroporto, conseguir uma estrutura portuária melhor, garantir a segurança energética e um transporte de dados eficiente.” Embora prefira não arriscar nenhum número definitivo para o crescimento do Espírito Santo no próximo ano, o economista e consultor da Vieira & Rosemberg, Clóvis Vieira, enumera alguns fatos que considera positivos: “Para o ES não fecho perspectivas reais de crescimento, mas temos o anúncio da Petrobras de leilões de 34 poços de petróleo no ES, e da Vale, de que será construída a ferrovia Tubarão/Porto Central, favorecendo com isso a retomada da Samarco – o que, acredito, poderá impactar positivamente o emprego, a renda e o crescimento.” A seu ver, este Natal, embora tenha expectativa de queda nas vendas em relação a 2015 (que já havia recuado 7% ante 2014), talvez possa surpreender e aquecer o conhecido ciclo de reposição de estoques no começo de 2017. Mas, de modo geral, “esperamos crescimento econômico baixo no primeiro “Se o dólar se mantiver na média dos R$ 3,40 pode trimestre. Ainda assim, não favorecer a indústria nacional, e se a indústria do aço deixa de ser crescimento, algo voltar a produzir no Estado no segundo semestre, que não vemos há tempos e podemos crescer além do projetado para o país” Marcos Guerra, presidente da Findes que poderá colaborar para a 20

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retomada. Sem surpresas vindas de fora, 2017 será um ano para recompor o fôlego e, aos poucos, lentamente, deixar o fundo do poço para trás”, afirma Clóvis. O economista aponta a continuidade da Operação Lava Jato como sendo o fator imponderável no cenário político, a exemplo dos últimos três anos. “O mais provável, entretanto, é que se consiga empurrar a votação da cassação da chapa Dilma-Temer para o segundo semestre, quando o Planalto poderá indicar dois novos nomes para compor o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), reduzindo assim as chances de eleições indiretas para a Presidência. A reforma da Previdência será o tópico mais importante do ano, sem dúvida; e a boa notícia é que há chances de que ela seja aprovada, mesmo com algumas concessões”, finalizou.

INDÚSTRIA E COMÉRCIO Além da aprovação da PEC 55, avanços na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inclusive com a aprovação da Lei de Terceirização, e a revisão da Previdência Social são imprescindíveis para a retomada do crescimento da economia, na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra. “A sociedade brasileira sabe que essas medidas precisam ser aprovadas com urgência. Além disso, o BNDES e os bancos estatais precisam voltar a financiar a indústria nacional”, destaca o dirigente, que acredita que a indústria e a economia nacionais voltem a crescer em 2017, mesmo que de forma tímida. Segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no início de dezembro, o setor industrial terá recuperação lenta em 2017, podendo


Foto: Divulgação

o indicador manteve-se estável em relação a novembro de 2016, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No Espírito Santo, o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) de Vitória apresentou altas consecutivas nos últimos quatro meses, mas, segundo o presidente “É preciso ter em mente que, mesmo com a volta do da Federação do Comércio crescimento em 2017, este ano nosso PIB deve fechar em de Bens, Serviços e Turismo queda de -3,3% e para voltarmos ao estágio anterior da do Estado do Espírito Santo economia levará um tempo” – Abel Fiorot Loureiro, mestre em Finanças e consultor empresarial (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, ainda é preciso ter superar três anos de queda no segundo cautela. “A melhora da confiança na reação semestre e alcançar crescimento de 1,3% do mercado para os próximos meses é no seu PIB, enquanto o PIB nacional uma expectativa que ainda não se traduziu deve avançar 0,5%. Mas, para Marcos em resultados na economia real, cuja Guerra, muitos “ses” precisam entrar nessa recuperação está mais lenta do que se conta. “Se o dólar se mantiver na média esperava”, comentou. dos R$ 3,40, pode favorecer a indústria A melhora no índice de confiança nacional, e se a indústria do aço voltar a aumenta também a disposição do produzir no Estado no segundo semestre, empresário para investir e contratar, podemos crescer além do projetado para reduzindo o desemprego que puxa para o país”, afirma. Para ele, um dos principais baixo a intenção de consumo das famílias. obstáculos ao crescimento da indústria “E assim, lentamente, as vendas poderão capixaba será a falência de municípios e se recuperar, e o empresário, investir e estados brasileiros. “Devido à recessão, contratar mais. Essa tendência deverá que assola diversas cidades, os setores se fortalecer à medida que as vendas do que buscam o mercado nacional podem comércio forem se recuperando”, defende o perder vendas”, argumenta. Ainda assim, presidente da Fecomércio-ES. ele faz uma projeção otimista: “Nossa Quanto ao comércio exterior, que estimativa para 2017 é de crescimento de tem grande peso na economia capixaba, 1% no PIB geral do ES e de 3% no PIB da o presidente do Sindicato do Comércio de indústria capixaba.” Exportação e Importação do Estado do O Índice de Confiança do Empresário Espírito Santo (Sindiex), Marcílio Machado, do Comércio cresceu 24,1% em dezembro avalia que este ano foi dos mais difíceis deste ano, na comparação com dezembro para o setor, com uma tímida melhora no de 2015, e atingiu 99,1 pontos em uma terceiro trimestre sobre o anterior: as imporescala de zero a 200. Apesar disso, tações cresceram 7% e as exportações, 4%. “Acreditamos que com a aprovação do teto dos gastos governamentais e a reforma “A reforma da Previdência será da Previdência, as perspectivas para 2017 serão melhores”, aposta Marcílio. o tópico mais importante do

ano, sem dúvida; e a boa notícia é que há chances de que ela seja aprovada, mesmo com algumas concessões” Clóvis Vieira, economista e consultor da Vieira & Rosemberg

CRÉDITO O economista Clóvis Vieira destaca que o quadro do crédito segue desafiador e seu encolhimento ao mesmo tempo alimenta e é alimentado pela crise que assola a economia brasileira. Apesar da diminuição tanto na demanda quanto na oferta,

ORÇAMENTO ESTADUAL AS QUANTIAS POR SETOR (R$)

ORÇAMENTO ESTADUAL

16,19

bilhões

(queda de 5,04% em relação a 2016)

SAÚDE

2,43

bilhões

EDUCAÇÃO

2,11

bilhões

SEGURANÇA PÚBLICA

1,78

bilhão

Fonte: Sefaz

o BNDES segue como um importante player no mercado de crédito, sendo responsável por 37% dos financiamentos às empresas, próximo ao recorde histórico. “Em suma, com a política fiscal necessariamente menos expansionista no ano que vem (déficit primário menor), caberá ao BC (Banco Central) o papel de fomentador da atividade, caso a inflação o permita. Até porque medidas que melhorem o ambiente econômico – as estruturais, mesmo, como reforma trabalhista, simplificação tributária etc. – estão, por ora, muito longe da mesa de discussões”, defende o analista. A crise exige cautela e planejamento, mas é neste momento que as soluções inovadoras costumam aflorar nos setores produtivos, alega o diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Aroldo Natal Silva Filho. Segundo ele, a economia deve voltar a respirar nos próximos meses e aumentar da competitividade das empresas capixabas.

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Foto: Beto Morais

e na modernização de parques fabris e tecnológicos das empresas (englobando todo processo produtivo do setor de rochas) com limite de até R$ 15 milhões, há opções para os empreendedores do setor investirem em áreas estratégicas, por meio de prog ramas esp e cíf icos de fomento e crédito”, destacou o diretor.

MERCADO DE TRABALHO Q u an d o a e c on om i a “As PPPs são uma solução inteligente não apenas d e sacelera, a taxa de para prefeituras sem dinheiro, mas também para emprego é a última variável as que pretendem ser mais ágeis e melhorar a qualidade da sua gestão” - Antônio Marcos Machado, a apresentar piora. Em economista e professor da UVV contrapartida, nos ciclos de recuperação é a que mais Em 2016, o montante de recursos demora para se reerguer. Uma realidade que liberados em operações de crédito pelo justifica a avaliação do Instituto Brasileiro Bandes deve fechar em R$ 180 milhões, de Economia da Fundação Getulio Vargas enquanto a previsão para 2017 é de (Ibre/FGV) de que o mercado de trabalho ultrapassar os R$ 200 milhões. “Além só dará sinais de melhora no segundo de financiamento de máquinas e trimestre do ano que vem e apenas em equipamentos (inclusive importados), 2018 a massa salarial deve começar a se investimentos na implantação, na expansão reaproximar dos níveis de 2015, quando

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

População se mobiliza, pedindo a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros. Entre as manifestações ocorridas no Brasil está a do dia 4 de dezembro contra ele

registrou seus melhores resultados. “O desemprego sobe até o primeiro trimestre de 2017, e daí em diante começa a cair”, declarou o pesquisador do Ibre/FGV, Tiago Cabral Barreira. No Espírito Santo, o desemprego atingiu no terceiro trimestre a taxa mais alta desde 2012: 12,7%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. Esse resultado também ficou acima da média do Brasil no período, que foi de 11,8%. O Estado foi o que teve a segunda maior retração, ficando atrás apenas de São Paulo (12,8%). No país, o desemprego apurado pela Pnad Contínua deve atingir o pico de 12,4 % no fim de março de 2017. A consultora Etienne de Castro Tottola defende que o mercado irá reagir melhor no segundo semestre porque o cenário estará mais claro nas questões políticas e econômicas e poderá apresentar mais estabilidade, incentivando novos investimentos. “Consequentemente, criando (ou recriando) os postos de trabalho. Não veremos vagas em abundância em 2017, mas as oportunidades serão mais numerosas do que em 2016.”


Foto: Divulgação / Sine

Já quanto aos salários, não deverão ocorrer grandes variações. Isso porque há um grande contingente de pessoas qualificadas aguardando oportunidade para entrar ou retornar ao mercado, projeta a especialista. “O volume, a concorrência e o grau de capacitação aumentada e disponível manterão os salários nos patamares atuais ou até menores. A lei da oferta e procura é que regerá essas questões”, diz ela, concluindo com um alerta. “Com o avanço da tecnologia e as novas relações de trabalho, os desafios serão ainda maiores. A produtividade será a tônica e a entrega com maior qualidade, menor custo e em menos tempo permanecerá como um dos mais imp or t antes diferenciais. O próximo ano será, com certeza, melhor do que 2016, mas que não se esperem mudanças rápidas, pois é um processo de reconstrução do mercado e do trabalho.” O presidente da Findes, Marcos Guerra, reitera que o país não será capaz de abrir postos de trabalho em um ano. “Nos próximos três ou quatro anos a realidade ainda será essa. Nosso Estado, em 2015, perdeu quase 45 mil postos de trabalho, segundo o Caged, e também deixou de gerar uma média de

No Espírito Santo, o desemprego atingiu no terceiro trimestre a taxa mais alta desde 2012: 12,7%

30 mil novos, que vinha se mantendo. Então, o déficit em 2017 será de 75 mil. Teremos que arrumar ocupação para essas pessoas”, destaca.

MUNICÍPIOS O economista Antônio Machado defende que as prefeituras terão três desafios: realizar parcerias público-privadas (PPPs), buscar permanentemente o equilíbrio fiscal e conciliar saúde e educação. “As PPPs são uma solução inteligente não apenas para prefeituras sem dinheiro, mas também para as que pretendem ser mais ágeis e melhorar a qualidade da sua Foto: Divulgação gestão. O equilíbrio fiscal é uma necessidade indiscutível; e a saúde precisa estar presente sempre, inclusive na escola – visão, nutrição, exames periódicos. Os prefeitos devem usar os dois orçamentos de forma mais integrada, e não como se fossem duas ilhas”, enfatiza. O tombo recorde na receita dos municípios capixabas em 2015, com uma arrecadação R$ 1,23 bilhão inferior à registrada em 2014, segundo dados do Anuário Finanças dos Municípios Capixabas, “Acreditamos que com a aprovação do teto dos gastos da Aecquus Consultoria, governamentais e a reforma da Previdência, as perspectivas se mante ve este ano. para 2017 serão melhores” - Marcílio Machado, presidente De janeiro a abril, os repasses do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado do Espírito Santo (Sindiex) estaduais relativos à parcela

municipal do ICMS caíram 8,5%, em relação ao mesmo período de 2015. Já as transferências da União para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) recuaram 10,7% (– R$ 1,48 bilhão) de janeiro a maio diante do mesmo período do ano passado, praticamente igualando-se ao repassado em 2013 e R$ 36,1 milhões menor que o efetuado em 2014. Segundo o presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes), Dalton Perim, além dessas perdas, dados apresentados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) indicam que dos R$ 6,1 bilhões em emendas impositivas destinadas aos municípios capixabas em 2015, apenas 13,5% (R$ 828,3 milhões) foram efetivamente pagos. Ele admite que falta planejamento adequado. “Muitas vezes o parlamentar consegue empenhar o recurso, mas até a prefeitura ajustar o projeto dentro da legislação, o município acaba perdendo. E aí o empenho é cancelado”, explica. Perim diz que a Amunes já vem há algum tempo alertando os prefeitos para os desafios de 2017. “Nesse cenário desfavorável, é preciso aumentar a arrecadação própria e se organizar para estar preparado quando e se aparecerem oportunidades de captação de recursos. Será imprescindível aumentar a eficiência do poder público e, para isso, quanto mais os gestores debaterem problemas e soluções de forma integrada, melhores e mais rápidos serão os benefícios”, finaliza. radio.esbrasil.com.br •

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PANORÂMICAS

ESPÍRITO SANTO COMPETITIVO

Parceria do Editor Fotos: Divulgação

O Corecon-ES participou da segunda edição da série de encontros do ES Competitivo, no último dia 8 de dezembro, no Centro de Convenções de Vitória. Com o tema “Como tornar a economia do Espírito Santo mais dinâmica e competitiva”, o evento teve como convidado especial o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga (à direita na foto). O ES Competitivo acontece em parceria com o Governo do Estado e na ArcelorMittal. O objetivo é mapear estratégias que visam a dinamizar a economia capixaba e gerar novas oportunidades de trabalho, renda e ascensão social no Estado.

WORKSHOP DE ORATÓRIA PARA ECONOMISTAS

ENCONTRO

ELEIÇÃO EM BRASÍLIA O presidente do Corecon-ES, Eduardo Araújo, e o conselheiro Juliano César Gomes marcaram presença na Assembleia de Delegados Eleitores (ADE), em Brasília. Realizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), o encontro aconteceu no dia 1º de dezembro, quando foram eleitos novos conselheiros federais que terão mandato no triênio 2017-2019. “Neste ano tivemos algo salutar. Conselhos maiores abdicaram de algumas vagas a que tinham direito para que os conselhos menores pudessem lançar candidaturas próprias”, afirmou Gomes. EMPREGO

Fenecon, Corecon-ES e Sindieconomistas-ES promoveram o workshop “Excelência em Oratória para Economistas”, realizado nos dias 5 e 6 de dezembro, na sede da Valor Investimentos, em Vitória. Com o objetivo de ajudar os profissionais a potencializar suas habilidades de comunicar as ideias e se expressar em público, o treinamento foi ministrado pela jornalista Tatiane Braga. No encontro, os participantes também receberam orientações de como conceder entrevistas de forma clara e segura.

MENOS ADMISSÕES NO ESTADO O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, de janeiro a outubro, revelou que o Espírito Santo figura entre os três estados com menos admissões em relação ao número de desligamentos, repetindo o quadro de 2015. Para cada 10 dispensas, havia nove contratações. Na avaliação da vice-presidente do Corecon-ES, Danielle Nascimento, se novembro e dezembro mantiverem as características do ano passado, a expectativa é de que, mesmo com melhoras sazonais para alguns setores, como comércio, ainda haverá um número maior de desligados que de admitidos. PROJETO ACOMPANHA INDICADORES MUNICIPAIS O Corecon-ES foi uma das entidades que participaram do lançamento do Projeto Excelência Municipal, do Movimento Empresarial Espírito Santo em Ação. A iniciativa oferece uma ferramenta que permite à população acompanhar a evolução dos resultados dos municípios capixabas. O evento aconteceu no dia 5 de dezembro, no Hotel Ilha do Boi, em Vitória. “É muito positivo no sentido de apresentar indicadores como ferramenta para auxiliar gestores municipais na avaliação das políticas públicas mais eficazes”, avaliou o presidente do Corecon-ES, Eduardo Araújo. 24

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Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado e qual a importância delas para o desenvolvimento capixaba? Para responder a essas e outras perguntas, a coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.

MÁRIO ARISTIDES FREIRE

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José Eugênio Vieira é pesquisador com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo e atualmente ocupa a Superintendência do Sebrae

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dvogado, jornalista, bancário, administrador e político, Mário Aristides Freire possui invejável biografia como cidadão e como servidor público. Considerado homem culto, probo, objetivo e determinado, o filho de Aristides Braziliano Barcellos Freire e Maria Francisco Freire nasceu em Vitória, no dia 29 de outubro de 1886. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, ele iniciou sua carreira na área pública em 1930, como secretário da Fazenda Estadual. Mais tarde, foi chefe da Seção da Estatística e diretor-executivo na Prefeitura do Distrito Federal. Foi o primeiro diretor financeiro do RuralBank – Banco de Crédito Agrícola do Espírito Santo, criado esbrasil •

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Na Era Vargas – 1930 e 1940 – participou intensamente da vida intelectual do Espírito Santo. Entre as diversas ações, ajudou a reerguer o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) em 30 de abril de 1937 e instalado em 15 de outubro do mesmo ano. Conviveu ali com o grande nome do mais alto escalação na política do Espírito Santo, Jones dos Santos Neves, diretor da carteira comercial1, e se manteve no cargo nos períodos de 30 de abril de 1937 a 31 de janeiro de 1943 e de 11 de dezembro de 1944 a 27 de fevereiro de 1946.

1

BANESTES. “O Banco da Nova História Capixaba.” Vitória (ES). 2007. 154 p.


Foto: Divulgação

Além de eternizar a trajetória do homenageado, a Rua Aristides Freire, no Centro, preserva parte da história da capital capixaba por meio de seus antigos casarios. O historiador também nomeia a praça do bairro Jucutuquara

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Mário Aristides Freire

Durante seu período de atuação na sede do Governo da República, no Distrito Federal, colaborou como articulista em diversos jornais e revistas. Aindado no Rio de Janeiro, foi superintendente da Caixa de R. Dionísio Rosen Empréstimos do Distrito Federal e diretor de Instrução Pública do Distrito Federal, em substituição ao titular. Em Vitória, residiu à Rua Sete de Setembro, nº 244, no Centro da cidade. Não foi encontrada sua data de falecimento.

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essas MULHERES

ANDREA MONTEIRO

essasmulheres@revistaesbrasil.com.br

E

sta é uma coluna dedicada às mulheres. Essas que são filhas, mães, esposas e ainda dão conta de suas tarefas profissionais com charme, competência e uma sensibilidade que só elas têm!

ages - KidStock Foto: Blend Im

PARA ALÉM DO NATAL Então, chegou dezembro. Época boa para refletir sobre o que fizemos (ou não) durante todo o ano. Tempo de rever conceitos, criar metas, alimentar sonhos. Nesse contexto, uma questão aparece com bastante destaque, principalmente durante as comemorações do Natal: o exercício da solidariedade. Sim, porque estamos, a maioria de nós, imersos nesse balanço do que fomos e no planejamento do que queremos ser no novo ano. Pode até parecer algo natural, mas a solidariedade precisa ser exercitada diariamente em nossa vida. Não deve se restringir a datas ou ocasiões específicas. Para manter essa constante corrente de bem, nada mais importante do que praticar. E assim ensinar através do exemplo. Aí, sim, volto ao espírito natalino, como clima propício para a prática da solidariedade. Já reparou como as crianças, principalmente, ficam mais sensíveis e ávidas por fazer “algo melhor pelos outros”? Então, que tal, em vez de ir buscar sozinho a tradicional cartinha de Natal (dos Correios ou de alguma outra organização ou entidade), convidar o seu filho – ou uma criança próxima – para ir com você escolher a cartinha e realizar essa experiência juntos? Desde a seleção da cartinha até a compra e, principalmente, até a entrega do presente ao destinatário (normalmente, uma outra criança), garanto que será uma troca incrível de experiências e sentimentos, um momento único para que vocês possam entender as vivências do outro, a história do outro, que certamente tem uma realidade bastante diferente da de vocês. É um exercício de olhar. E vai fazer muito bem aos dois. Vocês podem também doar algum brinquedo, livro ou roupa além do que foi pedido na cartinha, ou para alguma outra criança. Eu já fiz uma experiência similar e, garanto, aprendi muito mais do que ensinei. #Solidariedade365dias Para mais informações sobre a coluna, acesse o site www.esbrasil.com.br/essasmulheres

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Olha, olha! A igualdade de direitos, bandeira tão inesgotavelmente defendida pelas feministas, enfim, teve um ponto de convergência. Fico a pensar se não houve, em algum momento da elaboração da reforma da Previdência, uma voz que, lá do fundo, soltasse, ironicamente: “Elas não querem direitos trabalhistas iguais? Que se aposentem com o mesmo tempo de contribuição”. Confesso, vi mesmo essa cena. Resumindo a proposta do governo, a regra para aposentadoria passa a ser uma só para ambos os sexos: 65 anos de idade mínima e 25 anos de contribuição. Isso para receber o benefício com 76% do valor do seu salário, pois para assegurar os 100%, há que se contribuir por 49 anos!. O projeto ainda vai ser analisado pela Câmara e pelo Senado e só deve entrar em vigor em 2017, se aprovado. Agora, além da discussão da proposta em si, que já é abusiva o suficiente, motivo de críticas e mesmo de piadas nas redes sociais e em análises e charges nos grandes meios de comunicação, fica ainda esta questão comportamental: como permanece a questão da bandeira pela igualdade de direitos? Valem dois pesos e duas medidas? Quero acompanhar de perto.

AND A HAPPY NEW YEAR, EVERYBODY!

Foto: Jordan Siemens

ERA HORA DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES?



INFORME PUBLICITÁRIO

A TRANQUILIDADE DE VIVER EM UM CONDOMÍNIO DE CASAS INVISTA EM SEUS SONHOS, MORE NO RIVIERA PARK RESIDENCE

A

s casas estão ficando cada vez mais raras nas grandes cidades. Mas, mesmo assim, muita gente ainda não deixou para trás o sonho de viver com mais privacidade, jardim e muito espaço para que os filhos possam aproveitar a infância e crescer com mais liberdade. Melhor ainda se a casa dos sonhos for em um lugar tranquilo, perto da natureza exuberante e com vista para a montanha e para o mar. É o caso do Riviera Park Residence, primeiro condomínio de casas de alto padrão de Vila Velha. Construído na Barra do Jucu, fica próximo a shoppings, escolas, hospitais, supermercados e centros comerciais. Além disso, a segurança dos moradores é garantida por guarita blindada, vigilância motorizada com ronda permanente e controle de acesso para moradores, visitantes e funcionários. “O morador do Riviera não está tão perto da cidade a ponto de estar dentro do tumulto urbano, mas não está longe a ponto de ter que gastar muito tempo para acessar os serviços básicos. Outro diferencial bacana é o trânsito tranquilo da Barra do Jucu. Em menos de 10 minutos você está no Centro de Vila Velha”, ressalta Jean Setúbal, gerente comercial da Galwan. As áreas comuns e a estrutura básica do empreendimento foram feitas através de uma parceria entre as construtoras Galwan e Ápia. A obra foi entregue aos moradores em dezembro de 2015 e as casas

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já começaram a ser construídas, mas ainda existem alguns lotes disponíveis. De acordo com Setúbal, este é o momento certo para comprar e começar 2017 realizando sonhos. “O Riviera Park é uma proposta de moradia excelente. Há lotes com um valor atrativo e com possibilidade de financiamento em até 120 meses diretamente com a Galwan. Antigamente, esse prazo era de apenas 48 meses. Além disso, o condômino tem possibilidade de posse imediata e pode começar a construir sua casa logo após a compra”, ressalta.


Construída e entregue pela Galwan, a área de lazer se destaca por ser completa, com itens diferenciados que incluem lagoa com trilha para caminhada e corrida, quadra de tênis, ciclovia, campo de futebol society com gramado natural, pista de bocha, open fitness, pista para patins e ciclismo, rampa de skate, piscina aquecida e coberta, piscinas adulto e infantil, quadra de tênis de saibro, spa e deck molhado. O projeto arquitetônico do condomínio teve como principal objetivo integrar as áreas de lazer ao meio ambiente. Para isso, o Riviera conta com 40 mil metros quadrados de área preservada e outros 40 mil de área verde e de lazer.

CRÔNICA

RIVIERA PARK RESIDENCE Condomínio com lotes a partir de 600 metros quadrados • Localização: Rua Hortência, Barra do Jucu, Vila Velha – ES. • Área: 370 mil metros quadrados, sendo 7 mil de área de lazer construída. • Preço: Últimos lotes à venda. A partir de R$ 235 mil (lote 7, quadra 13) • Realização: Ápia e Galwan • Vendas: (27) 3200-4004 (Galwan)

Zéa Galvêas Terra - Cronista zeagalveasterra@gmail.com

NATAL Então é Natal! Milhares de luzes multicoloridas se acendem em lindas e elaboradas “árvores de Natal”. Acendem-se também, em nossos corações, milhões de boas intenções, esperança e uma enorme vontade de que haja realmente “Paz na Terra”. É uma época de encantamento e de grande magia. Scrooge, personagem de um livro de Charles Dickens (“Conto de Natal”), era um rico comerciante. Homem casmurro, usurário e sem consideração com ninguém, desprezava o Natal. Tinha uma única preocupação na vida: amealhar fortuna. Para isso, trabalhava sem descanso. Nem para gastar o dinheiro acumulado a duras penas sobrava-lhe tempo. Numa noite de Natal, Scrooge recebeu (em sonho) a visita do Espírito do Passado, quando reviu sua vida pregressa; do Espírito do Presente, quando observou o que andava fazendo de sua existência; e do Espírito do Futuro, quando teve a oportunidade de enxergar o que estava por vir. Assustado com as terríveis visões e caindo em si, Scrooge constatou que ainda havia tempo para se modificar. Reconsiderou sua existência, reformulou seus conceitos e, a partir daí, resolveu olhar a vida e o Natal por um outro prisma e adotar novos valores. E foi tão bem-sucedido que chegaram a afirmar que não havia ninguém que festejasse com mais entusiasmo o Natal do que Scrooge. Dizem que Natal e Papai Noel são resultado de um golpe de marketing do comércio de Nova York, para esquentar suas vendas, aproveitando uma lenda dos países nórdicos sobre São Nicolau, um bom velhinho que no inverno distribuía presentes às crianças pobres. O que me importa mesmo saber é que,

há mais de 2.000 anos, veio ao mundo um “Deus-Menino” que nasceu para resgatar os erros da humanidade e que essa data foi escolhida para comemorarmos o acontecimento. Importa-me ainda saber que, pelo menos uma vez por ano, embalados pelo clima e imbuídos do “espírito natalino”, nossos corações se abrandam e há sempre um pouco mais de boa vontade na ajuda ao próximo. À semelhança do personagem de Dickens, aproveitemos esta época, também, para uma boa reflexão e avaliação dos nossos valores e que consigamos enxergar sempre, além dos bens materiais, a alegria e a inocência que há no sorriso de uma criança, o encanto de um sol poente e a magia de uma noite de luar. Coisas gratuitas e simples da vida... Às vezes o cheiro de uma boa maçã argentina (elas só apareciam no Natal!) me faz viajar e me encontrar num quarto junto às minhas irmãs, tateando, no lusco-fusco da madrugada para encontrar, atrás da porta sobre os sapatos, os presentes ali deixados por Papai Noel (um livro, uma boneca e uma bela maçã argentina). Eram presentes simples, mas na medida certa da nossa felicidade. E então, antes que o dia amanhecesse, nossa casa já estava que era uma festa só! Ah! Os natais da minha infância! ... Não consigo falar em Natal sem me lembrar deles!

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IVO NOGUEIRA DIAS

ON OU OFF. DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

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ão é de hoje que o mundo está mudando cada vez mais rápido. Vivemos numa era na qual o que é novo agora pode se tornar obsoleto amanhã. Uma era em que as grandes transformações acontecem a mais de 100.000 Kbs/seg, mesmo quando estamos off. As mudanças climáticas estão aumentando, e prever o futuro ficou quase tão incerto quanto tentar adivinhá-lo. O trânsito está caótico, e chegar primeiro virou mais importante que chegarmos juntos. Não existe mais diálogo. Buzinar virou mais importante que falar. Estamos compartilhando individualidade ao invés de solidariedade. Vivemos uma era na qual 24 horas é pouco para respondermos todos os e-mails que recebemos. Nossas redes sociais e nossos amigos agora são virtuais. Antes, vivíamos conectados à terra, ao mato, ao vento, à água ou, simplesmente, às coisas que nos fazem bem. Agora, apenas estamos conectados à internet. Será que é essa a evolução da humanidade? Aquilo que vai nos levar adiante? On? Ou Off? O que devemos ser? De que lado devemos estar? Pedir “licença, por favor” e falar “obrigado”, “você primeiro” e “me desculpe” é off. Dizer “olá” ou às vezes não dizer nada é on. Prazer em reunir amigos, juntar a turma e compartilhar experiências é off. Enviar mensagens prontas e curtir fotos de desconhecidos é on. Jogar bola, andar de skate, conhecer pessoas e se aventurar é off. Viver o tempo todo dentro do escritório e não sair do quarto... On ou off? De que lado você está? Essa é uma das poucas respostas que você não vai encontrar no Google. É preciso parar para pensar. Afinal, é muito difícil saber como vai ser o futuro. Quando você não tem a menor ideia do que está acontecendo no presente, é hora de reiniciar o seu jeito de olhar o mundo. Que o mundo possa ser igual, mas diferente. Não adianta você querer a sustentabilidade sem ser sustentável. De que lado você está?

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O consumo inconsciente pode ser evitado. O que você tem demais, o desperdício, deve ser combatido. O colapso econômico do planeta não se resolve com a elevação das suas compras, mas talvez com o retorno às suas origens: humildes, sinceras, despretensiosas, colaborativas e autoprodutivas. On ou Off? De que lado você está? Está passando a hora de se ligar. Plante o bem para colher o bem. Onde se planta, tem vida. Temos que ficar com o planeta. E respirar o mesmo ar. Temos que deixar filhos melhores para que tenhamos netos melhores. Sustentabilidade é isto: saber se desligar na hora certa e respeitar o meio ambiente. Viver em comunidade. E para a comunidade. As melhores ideias do mundo são as melhores ideias para o mundo. Lembre-se! Não existem flores sem sementes. O mundo está ficando carente de gentilezas. A intolerância está gerando intolerância. Somos capazes de reclamar uns dos outros, mas não somos capazes de responder uma indelicadeza com um sorriso. Se não mudarmos, o mundo não muda. Apenas degrada. On ou off? De que lado você está? O mundo está mudando muito rápido. Ou corremos agora, ou iremos correr atrás. Conecte-se a um novo futuro para o planeta. Nunca deixe que ele desligue. Deivison Pedroza Presidente do Instituto Oksigeno



LUIZ FERNANDO LEITÃO tiragosto@revistaesbrasil.com.br

PRATOS DO DIA Superprevisões Philip Tetlock

Guia Millôr da Filosofia

As 100 Piores Ideias da História Michael N. Smith & Eric Kasum

CADÊ O PROFESSOR?

MOQUEQUINHAS • Domingos Martins tem Natal na praça. • Verão de calor e muita chuva. • Viajar de avião? Só com a roupa do corpo. • Mais um evento “Acorda, Alex”. A quem puder doar fraldas, a família agradece. • Lojas fechadas, decoração inexistente, um Natal inesquecível!!! • Sobrevivemos a 2016, tô com medo de 2017.

Foto: Divulgação

Foi inaugurada no Vale do Silício a 42, primeira universidade sem professores do mundo. O modelo adotado pela entidade criada pelo empreendedor Xavier Niel alia ensino colaborativo e aprendizagem por projetos. Os alunos escolhem projetos e recebem a ajuda dos colegas e das fontes de pesquisas gratuitas disponíveis na internet. As avaliações são feitas pelos próprios estudantes, escolhidos de forma aleatória. Os fundadores da instituição acreditam que a estrutura proposta seja melhor do que o método tradicional, que coloca os universitários numa posição passiva. Ou seja, eles esperam receber o conhecimento, em vez de ir atrás dele.

TENDÊNCIAS

CARDÁPIO DE ASSUNTOS • Vamos, vamos Chape! • Renan e o Supremo. • Aposentadoria? Que aposentadoria? • A delação do Marcelo • O fim do Brasileirão • A PEC do teto

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Realidade virtual, mulheres solteiras, geração X e renascimento do sono são algumas das tendências que as empresas devem acompanhar de perto. É o que afirma a JW Thompson, uma das maiores agências de publicidade do planeta, em seu estudo “Future 100”, divulgado no fim de novembro. A busca de experiências e de mais qualidade de vida e um foco maior nos consumidores de meia-idade aparecem com destaques no relatório.

DICA DO CHEF “Verão na Bacutia.” Vera Ferreira, economista

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A SAIDEIRA!

Será que Farofa, Fanhoso, Esquisito, Lindão e Tricolor vão passar o Natal em Curitiba?




ES BRASIL RETROSPECTIVA 2016 Além dos muitos alvoroços na esfera política, dificilmente haverá quem negue que, nas últimas décadas, em termos de obstáculos a serem superados pelos mais diferentes setores da economia, 2016 foi imbatível. E para que você se mantenha atualizado nesse “redemoinho” de fatos, a revista ES Brasil segue a tradição e traz na edição de dezembro um compilado sobre as perdas e as vitórias de cada um dos segmentos que integram o dia a dia do capixaba. Acompanhe nas próximas páginas.

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P anorama

90

M ercado financeiro

44

E nergia, petróleo e gás

92

C ooperativismo

48

S iderurgia e mineração

94

A ssociativismo

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P apel e celulose

98

E ducação

56

Q uímica e plásticos

102

S aúde

58

R ochas ornamentais

106

C iência e tecnologia

64

Metalomecânica

108

C ultura

66

V estuário e calçados

110

S egurança

68

M ercado imobiliário

112

E sporte

78

Móveis

116

T urismo e hotelaria

79

A limentos e bebidas

118

C otidiano

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A gricultura

120

S aneamento

82

M ercado automotivo

122

M eio ambiente

84

C omércio exterior

126

Infraestrutura e logística

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V arejo

134

P olítica


PANORAMA

LUCIENE ARAÚJO

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os últimos 12 meses, o país vivenciou um tsunami de descobertas e mudanças, especialmente após o encerramento das Olimpíadas, único evento que encheu de orgulho os brasileiros em 2016 – ou, ao menos, a maior parte deles. O ano que se encerra registrou a maior manifestação de rua da história nacional, com mais de 3 milhões de pessoas protestanto, 120 mil só na Grande Vitória. Foi também o ano do impeachment, das eleições municipais, da ascensão de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, no comando do maior império do planeta. Quase no final, quando todos já pensavam em repor as energias, veio a tragédia da Chapecoense, que parou o Brasil e comoveu o mundo. Outras marcas dramáticas de 2016 foram os ataques terroristas e o sofrimento dos milhões de refugiados. Não foram poucas as tristezas. Já no primeiro semestre, foi preciso enfrentar as epidemias de zika, dengue e chikungunya, todas causadas por um único agente, o Aedes aegypti. E, neste ano, com novidades ainda mais cruéis: as síndromes neurológicas associadas ao zika vírus e ao vírus da febre chikungunya, que causaram microcefalia em centenas de fetos e recém-nascidos, e a síndrome de Guillain-Barret, que provoca paralisia e até morte em adultos e idosos. Somente no Espírito Santo, de 3 de janeiro a 18 de junho, foram notificados 48.712 casos de dengue, sendo 563 suspeitos da forma grave; 19 são mortes confirmadas e 18 são óbitos sob investigação.

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Em todo o país foram 1.345.286 casos nesse mesmo período. Também foram notificados 3.885 casos de infecção pelo zika vírus no Estado, e o Brasil totalizou 165.932 ocorrências. Esses números levaram o ESB Debate de abril a trazer o tema: “Estratégias de Combate à Epidemia Causada pelo Mosquito Aedes aegypti: Zika, Dengue e Chikungunya”. Em relação à microcefalia, o país registrou nesse período 1.709 casos. Ao todo, foram 8.571 notificações desde o início das investigações, em 22 de outubro de 2015, até 16 de julho deste ano, com 102 mortes. Segundo o Ministério da Saúde, 3.680 casos foram descartados e outros 3.182 ainda estão em investigação. No Espírito Santo, até a primeira semana de dezembro deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontou 18 bebês, entre nascidos e em gestação, diagnosticados com microcefalia, mas ainda sem confirmação de relação com o zika vírus. Durante o evento, a gerente de Vigilância em Saúde da Sesa, Gilsa Rodrigues, o infectologista Lauro Ferreira da Silva Pinto Neto e o ginecologista Luiz Sobral Vieira reiteraram que a ainda pequena participação da sociedade nos momentos de epidemia era um grave problema. “Todos sabem como acabar com os focos do mosquito. Há muita coisa que o governo precisaria fazer com maior empenho, mas sem o envolvimento sistemático da população veremos esse cenário péssimo novamente nos próximos anos”, alertou Lauro Ferreira.

Foto: Edilson Rodrigues

2016: AS OLIMPÍADAS VÃO DEIXAR SAUDADE... MAS SÓ ELAS


RIO 2016 O espetáculo da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 calou as críticas. Os encantos foram diversos, talvez resumidos no desfile de Gisele Bündchen, a mais global das brasileiras, que atravessou 128 metros de passarela ao som de “Garota de Ipanema” e de palmas e assovios de 70 mil pessoas presentes no Maracanã – o templo maior do futebol brasileiro. Entre os dias 5 e 21 de agosto, câmeras e microfones da imprensa nacional e internacional se viraram para pistas, quadras e piscinas do Rio de Janeiro. Muitas foram as histórias de superação que levaram a vitórias almejadas havia anos. Histórias como a da judoca Rafaela Silva, moradora da Cidade de Deus, emblemática favela carioca, que conquistou a primeira medalha para o Brasil em seu próprio país; a do canoísta baiano Isaquias Queiroz, de 22 anos, que se tornou o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas numa mesma edição de Olimpíada; a dobradinha de Diego Hipólito e Arthur Nory no solo; e o show de Thiago Braz, que não estava entre os favoritos no salto

com vara, mas não apenas conquistou a medalha de ouro, como também derrubou o recorde olímpico da prova, saltando 6,03m e levando à loucura o público do Estádio Olímpico, o Engenhão. Mas certamente nenhuma dessas conquistas mexeu mais com o capixaba do que ver o seu gigante Mamute no lugar mais alto do pódio do vôlei de praia, ao lado do Mágico Bruno Schmidt, já carinhosamente adotado pelo Estado. Os dois pararam o Espírito Santo no dia 19 de agosto, com muita raça e emoção. A chuva na arena lavou a alma dos torcedores diante da vitória sobre os italianos Nicolai e Lupo por 2 a 0, que colocou o Brasil no topo do mundo, 12 anos após Emanuel e Ricardo serem campeões em Atenas. “Demorou um tempo para a ficha cair. Foi e sempre será um momento único na minha carreira. Nós nos preparamos muito para isso. Disputar uma Olimpíada em casa e ainda por cima ganhar uma medalha de ouro foi a realização de um sonho, talvez o maior deles, profissionalmente. Só tenho a agradecer muito a Deus, a todas as pessoas que nos ajudaram a chegar até

“Disputar uma Olimpíada em casa e ainda por cima ganhar uma medalha de ouro foi a realização de um sonho, talvez o maior deles, profissionalmente” Alison Cerutti, campeão olímpico no vôlei de praia aqui: profissionais, parceiros, amigos, colegas fora de quadra... Essa equipe, que é toda capixaba, fez por merecer, e isso é incrível. Sempre digo que essa medalha é do povo brasileiro, que faz acontecer, que acorda de manhã para lutar por um país melhor. Vocês fizeram a diferença nesses Jogos Olímpicos. Este ano foi especial demais pra gente”, contou Alison Cerutti. Depois, de 7 a 18 de setembro, o país finalmente conheceu e reconheceu os feitos de seus atletas paralímpicos. O nadador Daniel Dias conquistou nove medalhas no Rio e se tornou o atleta mais premiado da natação paralímpica mundial, tendo subido no pódio nada menos do que 24 vezes.

EPIDEMIAS NO ES DENGUE

52.045 667 22 casos

suspeitas da forma grave

mortes confirmadas e 17 sob investigação CHIKUNGUNYA

408 casos

Registros de circulação do vírus em: Aracruz, Afonso Cláudio, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Guarapari, Guaçuí, Montanha, Vila Velha, Vitória e Serra.

ZIKA

4.097 casos

O vírus está em 30 municípios capixabas.

H1N1

51 mortes confirmadas

Fonte: Secretaria da Saúde do Estado do Espírito Santo (Sesa)

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INFRAESTRUTURA A bancada capixaba, o Governo de Estado, a Assembleia Legislativa e prefeitos se mobilizaram para possibilitar as tão sonhadas melhorias na infraestrutura, como o Aeroporto de Vitória, um dos maiores gargalos para a logística do Espírito Santo e, consequentemente, para alavancar a economia local. Após diversas paralisações nas obras, com consequentes adiamentos nas datas de entrega, a promessa agora é para que o novo terminal de passageiros seja concluído em setembro de 2017. Em 25 de julho, o então ministro da Aviação, Eliseu Padilha, durante assinatura da ordem de serviço para a retomada das obras, garantiu que as melhorias no aeroporto iriam inserir Vitória no mesmo patamar de outros aeroportos, como Brasília. “Teremos um espaço três vezes maior do que o atual. Este aeroporto vai receber Boeings 767 e, com isso, vai aumentar o envio de cargas para outros estados. Temos tudo para dar um salto de qualidade. Basta cada um fazer a sua parte, e nós vamos honrar nossos compromissos”, disse o ministro. O investimento está estimado em R$ 523,5 milhões, e o projeto faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Padilha disse que o andamento das obras estava dentro do cronograma previsto. Os recursos são provenientes do Orçamento Federal e do Fundo Nacional de Aviação Civil. Durante reunião na Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), no início de novembro, 40

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Após ampliação, o aeroporto de Vitória poderá receber Boeings 767 e aumentar o volume de envio de cargas para outros estados

o superintendente do Aeroporto de Vitória, João Marcos Coelho Soares, afirmou que o movimento no terminal foi de 3,5 milhões de passageiros no ano passado, e para este ano projetou um crescimento de 2,3%. De janeiro a setembro de 2014 foram realizadas 45.338 operações, contra 44.225 no mesmo período de 2015. O Aeroporto Eurico Salles opera atualmente com três linhas aéreas para voos nacionais (Tam, Azul e Gol), além de uma linha para transporte de cargas (Total). A lista de desafios a serem vencidos em infraestrutra para otimizar o desenvolvimento do Estado inclui o Porto de Vitória e sua polêmica dragagem, outra obra que também se arrasta há tempos. Apontada como um dos principais empecilhos para o avanço do comércio exterior capixaba, a profundidade do canal de Vitória finalmente deve ficar maior em 2017. Mas a finalização do serviço de dragagem não é mais unanimidade como solução entre os empresários. “A dragagem e a derrocagem alteram favoravelmente as condições de navegação

“Os bons empresários e o próprio Sindicato têm procurado o MP e a Receita, pois não estão suportando os falsos empresários que agem obtendo lucros exorbitantes em cima de fraudes” Bruno Simões Noya, promotor de Justiça do Ministério Público que atua no Gaeco

Foto: Sylvia Ruth

Do Espírito Santo, nos representaram: Renata Bazone e Daniel Mendes, no atletismo; Patrícia Pereira, na natação; Neusimar Santos, no goalball; e Jéssica Silva, Geisiane Souza e Bisa Silva, além do técnico Martoni Moreira Sampaio, no basquete em cadeira de rodas. Mais orgulho para os capixabas. Daniel Mendes e seu guia, Heitor Salles, conquistaram um feito inédito no Estado. Além de levar o bronze nos 200m T11, conseguiram o ouro no revezamento 4 x 100m T11.

e manobra no canal de acesso. São mais de 10 anos com essa deficiência operacional, incorrendo em perdas de competitividade em relação a outras instalações portuárias, uma vez que não podemos receber navios de maior calado e, consequentemente, de maior capacidade de carga, o que contribuiria em muito para a redução do frete, em decorrência do aumento da consignação de carga por tonelada”, reiterou o presidente da Associação dos Operadores Portuários do Espírito Santo (Aopes), Nilo Martins. O presidente do Sindicato das Agências de Navegação (Sindamares), Sérgio Bonelle, discorda que esse avanço seja tão significativo assim, mas reconhece que haverá melhorias. “Primeiramente, ainda temos dúvida se o canal vai chegar aos 14m. Teremos que aguardar o final da dragagem e consequentemente a batimetria. A partir daí sim, teremos ideia de como irá ficar. Quanto ao calado de 13,5m, este atinge a maioria dos Panamax e, com certeza, irá aumentar o número de escalas em Vitória. Mas temos também que levar em consideração o investimento público e privado para elevar a competitividade do nosso porto e as escalas de navios”, argumenta Bonelle. Segundo ele, ainda que se conquiste a homologação da profundidade prevista no projeto, hoje há falta de demanda de cargas. E os capixabas continuam à espera do Porto Central – complexo industrial portuário privado multipropósito, desenvolvido no modelo de condomínio portuário – no município de Presidente


“O novo governo prometeu que seria diferente, transparente, e não foi” Ednilson Silva Felipe, coordenador do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba e professor de Mestrado em Economia da Ufes Kennedy e das promessas do Governo Federal de duplicar a BR-262 e de construir a ferrovia Vitória–Rio.

ECONOMIA O Espírito Santo tem um comportamento diferenciado no cenário econômico, marcado pela maior intensidade dos ciclos da economia local em relação à nacional. Ou seja: quando a economia nacional está crescendo, a economia do Estado cresce acima da média do Brasil; em contrapartida, quando a economia nacional retrocede, o percentual de queda nos resultados do Estado é maior do que a média do país. “Uma das questões que levam a esse cenário é que a economia capixaba é mais aberta que a brasileira, o que a torna mais vulnerável; também temos uma concentração muito grande do PIB em poucos setores, em commodities industriais. Há setores na economia brasileira que são fortes, mas ou não existem aqui no Estado, ou não têm grande expressão, como as indústrias de alimentos e de sapatos, por exemplo.

A diversificação é importante para não sofrermos quedas tão acentuadas. No caso do Espírito Santo, as commodities concentram cerca de 80% do PIB, e essa concentração faz com que a gente sofra mais nos períodos de crise da economia”, disse o coordenador do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba e professor de Mestrado em Economia da Ufes, Ednilson Silva Felipe. O economista destaca que “entramos em 2016 com a crise econômica no país muito forte, ainda agravada depois por desdobramentos nas questões política e institucional. Tudo isso se refletiu aqui no Estado. E se, em termos de economia brasileira, a projeção para encerramento do ano varia entre 1,5% e 3%, de queda do PIB, no Estado chega a 10%. Inclusive, no 3º trimestre, já alcançava 12%, de acordo com o Instituto Jones”, enumera Felipe. Outra preocupação é com o nível de complexidade da retomada do desenvolvimento. “A recuperação da economia local é ainda mais complicada do que a do restante do país. A economia nacional está ruim, e a internacional, Foto: Beto Barata/PR

No encerramento do ano, o Presidente Temer tem avaliado, com representantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, novas ações para estimular a economia

apesar de não estar em crise, ainda não é capaz de puxar a nossa para cima, ou seja: estamos sem vetor de crescimento para a economia capixaba”, explica. A intensidade da crise hídrica nos últimos três anos levou a academia a criar núcleos específicos de estudo, como o Observatório do Desenvolvimento Regional, da Ufes, porque os impactos são bastante diferentes, dependendo da região. “Mas a gravidade maior, sem dúvida, ocorre nos municípios mais pobres, quando você compara com a renda per capita média capixaba. Por isso, já podemos afirmar sem dúvida alguma que, mais grave do que a queda do PIB municipal, será a desigualdade social, ainda mais severa, daqui para a frente, em lugares como Ponto Belo, Mucurici e região nordeste do Estado. Se temos uma renda per capita em Vitória batendo em R$ 2.900,00, naqueles locais está batendo em R$ 400,00”, aponta Felipe. Em relação ao emprego, o professor avalia que, por se tratar de uma variável que depende da variável investimento, e esta, por sua vez, é dependente da variável expectativa, as coisas ficam “amarradas”. Assim, se as expectativas melhoram, aumenta a disposição para investir, e isso se reflete em novas vagas de emprego. Mas, na avaliação do economista, este ano os sinais negativos estão se sobrepondo sobre os positivos. “O processo do impeachment, em si, não teve impacto nenhum na comunidade internacional em relação ao Brasil. O que agravou a situação foi a equipe ministerial escolhida por Michel Temer, com exceção da Fazenda. Em quatro meses, seis ministros caíram. O novo governo prometeu que seria diferente, transparente, e não foi. Isso sim causou impacto negativo na comunidade internacional e manteve afastados os investidores”, explica o analista. O professor destaca como se deu a intensificação dos problemas do país “Tínhamos uma crise econômica que foi somada a uma crise política, e a essa crise política foi somada uma crise institucional, inclusive com embates muito pesados entre os Poderes. E aí se perde a segurança radio.esbrasil.com.br •

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jurídica, não há absolutamente nenhum ambiente para investimentos em uma situação dessas.” Por fim, ele avalia que os estragos causados pela corrupção no país, que vêm sendo revelados pela Lava Jato com intensidade cada vez maior, bate fortemente na classe política, mas traz

FIM DO FUNDAP ESPÍRITO SANTO Perda de 7,1% do PIB estadual

(R$ 5,2 bilhões) Deixa de gerar R$ 4,7 bilhões em oportunidades de investimento. Desemprego: perda de 50 mil empregos diretos e indiretos.

Municípios perdem, em média, 81% de sua capacidade de investimento.

R$ 2,5 bilhões a menos em arrecadação de ICMS

MUNICÍPIOS

R$ 600 milhões a menos

transferidos aos cofres municipais. Os municípios, em média, perderão

88% na transferência do FPM.

Extinção do FundapSocial e, por consequência, do Programa Nossocrédito, afetando cerca de 100 diretos e indiretos.

mil empregos

Fonte: Sindiex

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sérios prejuízos à economia. “O conteúdo dos 800 depoimentos das delações da Odebrecht irá pairar bastante em 2017, e o mundo continuará vendo o Brasil com olhos ruins, as capas mostrando que o Brasil prometia ser o que não é, e ainda a gestão fiscal, que será mais puxada. Melhor pensar em alguma melhoria para 2018”, recomenda.

CRISE SOBRE CRISE “A crise econômica se explica pelas baixas taxas de crescimento, pelo elevado desemprego, pelo baixo grau de inserção externa (os saldos comerciais positivos são explicados por queda das importações, e não pelo crescimento das exportações) e pela taxa de inflação ainda alta, se comparada aos padrões internacionais e aos dos demais países em desenvolvimento, empobrecendo uma população que já é muito pobre”, reitera a doutora em Economia Arilda Teixeira, da Fucape, em relação às causas que levaram o Brasil a este momento crítico. A crise política por sua vez, segundo Arilda, se explica pelas “evidências da relação promíscua instalada nos porões da República que, além de criminosa, atrasa o crescimento do país. Envergonha o brasileiro honesto, trabalhador e mal remunerado, refém dos abusos dos integrantes do poder público”. E nessa luta de combate à corrupção, a criação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado),

Foto: José Cruz/Agência Brasil

As decisões judiciais da Lava Jato, sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro, já condenaram 58 pessoas, dentre as mais de 200 suspostamente envolvidas

“Temos também que levar em consideração o investimento público e privado para elevar a competitividade do nosso porto e as escalas de navios” Sérgio Bonelle, presidente do Sindicato das Agências de Navegação (Sindamares) no Ministério Público Estadual (MPES), tem trazido resultados positivos. Traduzindo o sucesso em valores que retornaram aos cofres públicos por meio de ações da força-tarefa, em 2015 foram R$ 284.240.433,15. Este ano, uma das operações importantes foi a Âmbar, que desarticulou uma associação criminosa suspeita de sonegação fiscal milionária no setor de rochas ornamentais, em Cachoeiro de Itapemirim. As autoridades fiscais estimam que o faturamento total oculto pelas empresas participantes do esquema criminoso supere R$ 1,5 bilhão nos últimos cinco anos. “Os bons empresários e o próprio Sindirochas procuram o Ministério Público, procuram a Receita e relatam que precisam garantir uma concorrência leal. Isso porque não estão suportando esses falsos empresários, que agem obtendo lucros exorbitantes em cima de fraudes como essa”, disse o coordenador da Ordem Tributária, Econômica e Lavagem de Dinheiro do Gaeco do MPES, o promotor de Justiça Bruno Simões Noya. E entre todas as (muitas) revelações bombásticas de 2016, uma impactou de forma mais expressiva políticos e empresários capixabas: a de que senadores teriam recebido propina para acabar com o Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias), feita pelo ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Segundo a delação, a Odebrecht teria articulado com líderes governistas no Senado e com membros de gestão federal anterior o pagamento de R$ 4 milhões para garantir a aprovação da matéria. Reverter essa situação seria um bom começo para 2017.



PETRÓLEO E GÁS

As plataformas de petróleo instaladas no Espírito Santo já respondem por 16% da produção nacional do segmento

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Espírito Santo é o segundo maior produtor de petróleo do Brasil, com 16,3% do total fornecido pelo país, atrás apenas do Rio de Janeiro (66%), e também segundo lugar nacional em extração de gás natural, com 14,9% do total, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Em 2016, comparado aos resultados do ano passado e do primeiro semestre, o Estado seguiu quebrando recordes. A média conquistada em 2015, de 354,5 mil barris por dia (bpd), já havia representado um crescimento de 6,9% em relação a 2014 (331,7 mil bpd). Este ano, em apenas sete meses – até julho –, a média de produção diária chegou a 381,5 mil bpd Segundo a Petrobras, essas marcas se devem aos resultados obtidos pela P-58, que opera em reservatórios no pré-sal e no pós-sal do Parque das Baleias, no litoral sul capixaba. O equipamento tem capacidade para processar 180 mil barris de óleo por dia e comprimir diariamente até 6 milhões de metros cúbicos de gás. A Unidade de Operações de Exploração e Produção (E&P) do Espírito Santo (UO-ES) irá encerrar o ano de 2016 com algo em torno de 16% da produção nacional do segmento de E&P da companhia. “Para chegar a esse resultado, nossas equipes trabalharam a fim de garantir a implantação de novos projetos, bem como aumentar a eficiência dos campos já em produção, tanto em terra quanto no mar”, informou a empresa. Ainda de acordo com a Petrobras, além do expressivo resultado de produção, investimentos em ações de segurança, meio ambiente e saúde também levaram à melhoria dos indicadores de segurança operacional, o que influencia as decisões estratégicas da estatal. “Vale ressaltar que os resultados de segurança e de produção também integram as bases do Planejamento Estratégico para o período 2017/2021”, apontou a companhia. 44

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Foto: Petrobras

PETRÓLEO E GÁS NATURAL SEGUEM BATENDO RECORDES

GÁS NATURAL Em fevereiro deste ano, o Governo do Estado cancelou a concessão da Petrobras para distribuir gás no Espírito Santo, sob a justificativa de que o contrato firmado em 1993 sem licitação contraria o artigo 175 da Constituição Federal. A estimativa do governo é de que a nova concessão da distribuição do gás canalizado levante R$ 1,5 bilhão para os cofres capixabas. A produção de gás natural é um pouco menos concentrada no mar do que a do petróleo – são 73,3% de origem marítima, contra 26,7% da produção terrestre, sendo que no pré-sal representa 19,6% do total extraído no país (31,9 bilhões de m³). A participação da produção do Rio de Janeiro é de 34,8%; a do Espírito Santo, 14,9%. Amazonas e São Paulo também tiveram contribuições significativas, de 14,7% e 13,1%, respectivamente. INVESTIMENTOS O Plano de Negócios e Gestão (PNG) 2014/2018, que inicialmente previa investimentos de US$ 220,6 bilhões, foi reduzido em 37% em 2015, passando o PNG 2015/2019 para US$ 130,3 bilhões - um decréscimo de US$ 90,3 bilhões. Em janeiro deste ano, a Petrobras promoveu mais um corte, e a meta agora é investir R$ 98,4 bilhões.

“O cenário internacional, a recessão no Brasil e a crise da Petrobras afetaram bastante o Espírito Santo, reduzindo investimentos e compensações financeiras” José Eduardo Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento


Foto: Divulgação

Essa redução atingiu projetos que seriam desenvolvidos no Espírito Santo, como as plataformas ES Águas Profundas, no litoral norte; a Sul Parque das Baleias, na região sul; e o Polo Gás-Químico, que seria instalado em Linhares. “A reestruturação no mercado internacional teve impacto no Brasil, que ainda sofre as consequências A concessão da Petrobras para da crise que afetou a Petrobras, e também do distribuir gás no Espírito Santo momento atual da economia do país. Tudo isso afetou foi cancelada este ano. Uma nova bastante o Espírito Santo, reduzindo investimentos e concessão pode trazer R$ 1 bilhão compensações financeiras”, explicou o secretário de para os cofres capixabas Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo. Mas em visita ao Estado no mês de agosto, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou que a estatal irá investir R$ 5 bilhões no Espírito Santo, até 2020, a estatal. “Uma série de obras foi contratada e a Petrobras em áreas de exploração e produção de petróleo e gás, em ciência gastou muito dinheiro com essas obras, que não produzem e em tecnologia. qualquer resultado para a companhia. A dívida ficou e, por isso, Três meses depois, nova boa notícia: desta vez, Parente é necessário o ajuste”, justificou. anunciou que o Estado voltará a receber investimentos da A empresa Dyna-Mac, uma das líderes globais no segmento da petrolífera e garantiu que nos próximos cinco anos serão R$ 32,18 engenharia de estruturas de petróleo e gás, com bases produtoras bilhões em injeção de recursos, tanto para custeio quanto para a em Singapura, China e Malásia e uma outra operacional provisória realização de novos projetos. em Santa Catarina, confirmou seu interesse em investir no Estado. O gestor afirmou que, de acordo com o Plano de Negócios O vice-presidente global para Desenvolvimento de Negócios da para o Espírito Santo, que desde 2014 não era detalhado empresa, Park Yong Kap, virá ao Estado em 2017 a fim de conhecer regionalmente pela estatal, a previsão de dispêndios no Espírito alternativas de localização industrial para o empreendimento. Santo para os próximos cinco anos superou em 50% o que havia sido planejado anteriormente. PRÉ-SAL Apesar da declaração, o presidente da petroleira manteve o Ainda durante a visita ao Espírito Santo, o presidente da sigilo do plano e não especificou os projetos prioritários, mas Petrobras falou das perspectivas de atração de novos negócios para a expectativa é de para que uma plataforma de petróleo com a indústria petrolífera com a mudança nas regras de exploração capacidade para produzir até 180 mil barris de óleo equivalente do pré-sal, e também de como o plano de desinvestimentos pode entre em operação em 2021 no litoral sul capixaba. alavancar economia. Parente garantiu que a sede da Petrobras em Vitória não “Vejo como muito vantajoso para o Estado que a Petrobras esteja será desativada e lamentou os casos de corrupção envolvendo colocando no seu programa de parcerias e desinvestimentos esses campos em terra, que não são o foco da empresa. Ao fazer isso, estaremos atraindo investidores, empresários e empreendedores, inclusive locais, que colocarão recursos onde não investimos. Sobre as novas regras para exploração do pré-sal, avalio como algo Gasoduto Sudeste Nordeste (Gasene), de 1,4 mil km e positivo para o Brasil, para os estados e para a Petrobras. Com a capacidade de transporte de 20 situação financeira que a empresa vive, não temos os recursos milhões de m³ diários, passa por para desenvolver esses campos na velocidade que poderiam ser 17 municípios capixabas explorados”, declarou Parente.

Foto: Divulgação

ENERGIA Em 2016, foi dada continuidade ao Programa Estadual de Eficiência Energética. Atualmente, entre projetos aprovados e em análise, já foram solicitados para financiamento mais de R$ 12 milhões ao Banco de Desenvolvimento do Estado – Bandes. Neste ano, também teve início a estruturação de um Programa de Atração de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica no Estado, com o objetivo de expandir a matriz energética e garantir um suprimento seguro. Na segunda etapa do leilão de transmissão Nº13/2015, realizada em outubro pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), todos os quatro lotes com empreendimentos planejados para o Estado foram arrematados, gerando investimentos da radio.esbrasil.com.br •

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O consumo total per capita de energia elétrica nos últimos cinco anos cresceu 12,96% no Estado, passando de 9.767 GWh para 11.033 GWh

Foto: shaga

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO ES Valores de 2011 a 2015 (em GWh)

2015

11.033

2014

10.922

2013

10.492

2012 2011

10.059 9.767

Fonte: Aspe

ordem de R$ 1 bilhão, além da criação local de emprego e renda, nos municípios de Linhares, São Mateus, Rio Novo do Sul e João Neiva. Durante a 8ª edição do Fórum Capixaba de Energia (Fenergia), realizada em novembro, em Vitória, com o tema “Energia e o Desafio da Sustentabilidade”, foi destacada a importância de uma regulação de qualidade para investimentos seguros e a competitividade. O consumo total per capita de energia elétrica nos últimos cinco anos cresceu 12,96% no Estado, passando de 9.767 GWh para 11.033 GWh, segundo o Balanço Energético do Espírito Santo – BEES 2016 – ano base 2015, divulgado em novembro deste ano. Ainda segundo o documento, a indústria foi responsável por quase metade dos 10.922 GWh consumidos em 2014 em todo o Estado, seguida pelo montante utilizado em residências (2.362 GWh) e no comércio (1.804 GWh)

ALTERNATIVAS A Alemanha é um dos países que mais utilizam energia renovável, algo em torno de 40% da sua matriz energética. Já no Brasil, a energia eólica representa apenas 3,5% da matriz, e a energia solar, 0,01%, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do Ministério de Minas e Energia. E as condições 46

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geográficas e climáticas do país são muito mais favoráveis do que as da Alemanha para a utilização dessas fontes energéticas. A atriz Cleo Pires e o comentarista de futebol Juninho Pernambucano estão entre os milhares de brasileiros que aderiram à instalação de placas solares para geração de eletricidade. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre agosto de 2014 e setembro de 2015, o Brasil saltou de 1.148 conexões para 5.040. E a projeção da própria agência é de que, em 2024, possa haver 1,23 milhão de consumidores utilizando placas voltaicas em suas residências e ou firmas em todo o Brasil, o que irá gerar 4,5 mil MW, representando 15% da matriz energética brasileira. E até 2030, o mercado de energia fotovoltaica deverá movimentar cerca de R$ 100 bilhões. Mesmo sem incentivo governamental, o Espírito Santo já é o décimo estado da federação em número de unidades de micro e minigeração de energia solar fotovoltaica: são 119 instalações, distribuídas pelas zonas rurais e urbanas. A adesão ao convênio, que isenta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) os consumidores que optarem por gerar sua própria energia, é o principal argumento do movimento da sociedade civil que luta pelo crescimento do mercado de energias limpas, que no Estado tem como protagonista o Grupo Pró-Energia Solar. Já assinaram o convênio com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) os governantes de São Paulo, Pernambuco, Goiás, Acre, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Norte, Tocantins e Ceará. Dados da EPE apontam que a desoneração do ICMS em todos os estados faria com que o país tivesse 55% a mais de sistemas de produção de energia solar instalados até 2023. O Programa de Incentivo à Geração de Energia Elétrica através de sistemas de micro e minigeração proposto pelo Projeto de Lei nº 264/2015, do deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB), foi aprovado em agosto pela Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Agora permanece sob avaliação da Comissão de Meio Ambiente.



SIDERURGIA E MINERAÇÃO

Foto: Divulgação

ESPERANÇA DE MELHORIA ADIADA PARA 2017

O

setor de extração mineral, uma das vigas de sustentação da economia brasileira, alavancou o crescimento na produção física do Espírito Santo entre 2010 e 2015. Mas em 2016, a queda de preços das commodities minerais no mercado internacional e a paralisação da Samarco – com impacto direto sobre a arrecadação dos municípios capixabas e mineiros onde estão instaladas suas unidades – prejudicaram os resultados tanto das empresas quanto do Estado.

MINÉRIO DE FERRO A tragédia de Mariana (MG) afetou também o lucro da Vale, uma de suas acionistas ao lado da BHP Billiton, que já sentia a baixa internacional dos preços do minério de ferro no primeiro semestre deste ano. Mas a maior produtora global de minério de ferro conseguiu reverter a situação e lucrou R$ 1,842 bilhão no 3º trimestre de 2016, enquanto no mesmo período de 2015 houve prejuízo de R$ 6,663 bilhões. A reviravolta nos resultados foi impulsionada da pelo aumento no volume de vendas e pelos preços mais altos. Entre os meses de julho e setembro, a Vale comercializou 74,231 milhões de toneladas de minério de ferro (finos), quase 4 milhões de toneladas a mais que em igual período de 2015, quando o volume foi de 70,53 milhões de toneladas. Além disso, enquanto o mercado pagou US$ 46,48 por tonelada em 2015, este ano o preço subiu para US$ 50,95 por tonelada. 48

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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Vale somou R$ 9,829 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 6,816 bilhões no mesmo período do ano passado. E a receita líquida totalizou R$ 23,772 bilhões no terceiro trimestre, alta de 2% ante o resultado de 2015. O balanço do segundo trimestre de 2016 da companhia apresentou lucro líquido de R$ 3,58 bilhões, o que representa um recuo de 30% em relação ao mesmo período do ano passado e de 43% em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando a empresa foi obrigada pela Justiça a fazer a provisão de R$ 3,73 bilhões, em razão do desastre na barragem da Samarco. No dia 29 de novembro, ao fazer um balanço do ano em evento para investidores nos EUA, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, estimou que os investimentos da companhia este ano somarão US$ 5,6 bilhões, sendo US$ 2,4 bilhões para manutenção de operações existentes e US$ 3,2 bilhões para a execução de projetos. Esse valor deverá seguir uma trajetória de queda, ficando em US$ 4,5 bilhões em 2017 e em 2018, US$ 4 bilhões em 2019, US$ 3,2 bilhões em 2020 e US$ 2,9 bilhões em 2021.

SIDERURGIA Engrenagem fundamental da indústria capixaba, a gigante ArcelorMittal se manteve firme e conseguiu nadar contra a corrente de resultados ruins registrados no setor. No Espírito Santo, a planta de Tubarão operou durante todo o ano a plena


NÚMEROS DO COMPLEXO DE TUBARÃO

20 mil

EMPREGOS A crise econômica já vinha afetando os trabalhadores da mineração e da siderurgia, mas o rompimento da barragem de contenção de rejeitos da Samarco agravou bastante o cenário. “De novembro de 2015 a novembro deste ano, foram 3 mil demissões, o que prejudica tanto o trabalhador que perdeu o emprego, quanto os empresários, que precisaram dispensar uma mão de obra qualificada que levou anos para formar”, destacou o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer), Manoel de Souza Pimenta Neto. Segundo Pimenta, a última reunião com Roberto Lúcio de Carvalho, presidente da Samarco trouxe esperança acerca do retorno das atividades em meados do ano que vem. Uma esperança que foi confirmada pelo diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, em reunião com o governador Paulo Hartung, no início de dezembro. Ainda não há data prevista para o retorno das atividades da Samarco, mas de acordo com Ferreira, as empresas sócias trabalham para que mineradora volte a operar em 2017. “A ideia é que a Vale possa ceder a sua infraestrutura disponível, perto da Samarco, para que a empresa possa retomar as atividades”, disse. A Samarco parou de operar em novembro de 2015, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. Uma lama de rejeitos atingiu toda a extensão do Rio Doce, e a tragédia foi considerada a maior envolvendo mineradoras do mundo.

circulam diariamente, a cada 12 min

14 km² de área + 2000 144 mi de kw/h

campos de futebol

de consumo de energia

4.500 carros circulam todos os dias pelos 50 km de ruas asfaltadas

Foto: Leonel Albuquerque

capacidade, produzindo cerca de 7 milhões de toneladas de aço. Desse montante, 65% foram exportados, e o restante, vendido no mercado interno. Segundo o diretor-presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista Filho, esses resultados foram possíveis porque a estrutura da unidade de Tubarão é bastante competitiva. “Adotamos vários processos de melhorias internas, de aumento de taxa de utilização dos nossos equipamentos, e com isso temos mantido nossos custos sob controle e nossa competitividade internacional, o que é essencial para garantir a produção plena e a geração de emprego e renda”, explicou. Para ele, as incertezas em relação ao crescimento da economia brasileira se mantêm para 2017, uma vez que a melhora no cenário econômico está atrelada a uma série de fatores, entre eles a aprovação das reformas trabalhista, fiscal e previdenciária, além de maior estabilidade política. Ainda na avaliação de Benjamim, o setor terá mais um ano de muito trabalho. “Tenho absoluta certeza de que 2017 será de muitos desafios e vai impor mais dedicação para cada vez mais melhorarmos a operação e o desempenho da nossa companhia. Só assim continuaremos sendo competitivos no mercado internacional”, disse. Em todo o mundo, a siderúrgica registrou lucro líquido de US$ 680 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de US$ 711 milhões reportado no mesmo período de 2015. Na mesma base de comparação, a receita líquida caiu 6,8%, para US$ 14,523 bilhões.

87 ônibus

pessoas circulam diariamente

TUBARÃO, 50 ANOS No dia 1º de abril deste ano, o Complexo de Tubarão, área operacional da Vale em Vitória, comemorou meio século de atividades, centralizando as operações de ferrovia, pelotização e porto e respondendo por cerca de um terço da exportação de minério de ferro da empresa. Com 14 quilômetros quadrados de área física, o Complexo abriga hoje, além do porto, oito usinas de pelotização e o Centro de Controle Operacional (CCO) da ferrovia Vitória a Minas. O Porto de Tubarão, que já nasceu interligado à Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), foi a mola propulsora das atividades da Vale no Espírito Santo e o trampolim para que o Estado pudesse diversificar sua economia, que era centrada no café. A construção do Complexo de Tubarão influenciou a atração de empresas, como a Fibria e a ArcelorMittal Tubarão, que teve a mineradora participando de sua fundação. O surgimento do Centro Industrial de Vitória (CIVIT), na Serra, e a abertura de outros empreendimentos são também frutos da Vale pós-Tubarão. De 2,9 milhões em 1966 para as atuais 120 milhões de toneladas de minério e pelotas por ano, o modal marcou seu lugar na história da empresa, do Espírito Santo e do Brasil. Hoje, Tubarão recebe cerca de 1.100 navios por ano, entre eles os maiores mineraleiros do mundo, os Valemax, com capacidade para 400 mil toneladas. Fonte: Vale

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LUIZ FERNANDO SCHETTINO

RETROSPECTIVA

é professor de Ecologia e Recursos Naturais da Ufes e especialista em Gestão do Conhecimento e Inovação

LAMA, CRISES E SECA INCERTEZAS QUE MOSTRAM QUE É HORA DE APRENDER AS LIÇÕES PARA AVANÇAR

C

om os impactos da lama despejada no Rio Doce pelo rompimento da barragem de minério em Mariana (MG), começou 2016. Navegou sob a égide da grave crise econômica, política e ética, que culminou com impeachment da presidente da República, manifestações sociais e um novo governo. Cassação e prisão do ex-presidente da Câmara Federal, ex-ministros, ex-governadores, dirigentes partidários, megaempresários, lobistas e agentes públicos – encarceramentos esses que ocorreram, principalmente, pelos avanços da Operação Lava Jato, que está desvendando o esquema de corrupção na Petrobras e em outras instituições, desnudando políticos e corruptores e mostrando a falta de escrúpulos com o dinheiro público pelo pagamento de propina a partidos e políticos. O ano de 2016 ficou ainda marcado pela estiagem severa em muitas regiões do país e no Espírito Santo especialmente, para onde trouxe racionamento e problemas ao abastecimento humano, ao meio rural e industrial, mostrando o quanto é preciso ser feito na proteção ambiental para que a qualidade de vida seja preservada e a natureza, protegida. Um ano turbulento, com a marca da crise migratória para a Europa, especialmente da Síria, pela guerra. Com a saída do Reino Unido da União Europeia – o “Brexit”, balançando a União Europeia com consequências mundiais. Com a eleição de Donald Trump, um magnata

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politicamente incorreto, para presidente dos EUA, o que abalou os mercados e põe em xeque o acordo climático mundial, costurado nas Conferências da ONU (COP 21) de

O ano de 2016 nasceu sob os impactos da lama no Rio Doce. Navegou sob a égide da grave crise econômica e política e ficou marcado pela estiagem severa, especialmente no ES. As eleições municipais mostraram o descontentamento popular. Finda com preocupações, mas dá sinais de esperança” Paris, em 2015, e (na COP 22) em Marrakesh, Marrocos, em 2016, visando a diminuir a emissão de gases do aquecimento global. No Brasil, as eleições municipais mostraram o descontentamento popular com o modelo político atual, pelo elevado percentual de votos nulos, brancos e abstenções e pela valorização de candidatos sem o perfil político

tradicional, num recado claro ao mundo político de que algo precisa mudar. Na área ambiental, o licenciamento pode sofrer dano irreparável se a PEC 65/2012, que tramita no Senado Federal, for aprovada. Foi um tema polêmico em 2016, pois há temor de ambientalistas de que seja um passo inicial para “acabar com o licenciamento ambiental tradicional”. É preciso prevalecer o bom senso e a busca pela sustentabilidade, e não pelo lucro fácil – vide a seca e o drama do Rio Doce! O ano de 2016 finda com preocupações acerca dos impactos sociais do ajuste na economia, em virtude dos desajustes da política fiscal e das incertezas de como será o mundo com Trump na Presidência dos Estados Unidos. É esperar para ver! Enfim, 2016 foi mais de decepção e com um duro legado de aprender as lições para avançar: no respeito às pessoas, na ética, na proteção ambiental e na gestão das finanças públicas. Tanto os indicadores econômicos, que deram sinais de esperança ao ensaiarem uma tímida melhora após a mudança de governo, quanto as perspectivas ambientais terminam o ano mostrando que 2017 será ainda desafiador, pois a possibilidade de PIB positivo e com sustentabilidade só ocorrerá com ajustes de fato na economia e com o surgimento de um país mais ético com as medidas moralizadoras em curso e com mais participação e cobrança da sociedade por um Brasil mais sustentável e melhor.



INFORME PUBLICITÁRIO

A ArcelorMittal Tubarão executa desde 2014 um plano de investimentos de R$ 400 milhões no aprimoramento de seu sistema de controle ambiental

ARCELORMITTAL TUBARÃO AMPLIA SEU FOCO NO MERCADO EXTERNO CENÁRIO ECONÔMICO POUCO FAVORÁVEL LEVOU A COMPANHIA A AUMENTAR EXPORTAÇÃO PARA MANTER SUA CAPACIDADE PRODUTIVA

A

indústria do aço revisou para baixo sua projeção para o consumo aparente do produto no país após as turbulências políticas vividas no último mês. Se em outubro a perspectiva para 2017 era de alta de 3,8% em relação a 2016, a previsão divulgada no último dia 29 de novembro pelo Instituto Aço Brasil (IABr) é de 3,5%. Já as vendas devem subir 3,6%. “Esperava-se que as medidas fiscais e as reformas propostas pelo governo andariam mais rapidamente, mas, com o cenário atual, deverão caminhar mais lentamente”, afirmou o presidente da ArcelorMittal Tubarão, Benjamin Baptista Filho. Embora o cenário econômico tenha se mantido pouco favorável em 2016, a ArcelorMittal Tubarão conseguiu trabalhar à plena capacidade, mantendo sua taxa de ocupação através da ampliação das exportações. De uma produção anual de 7 milhões de toneladas, o total exportado passou de 50% em 2015 para pelo menos 65% este ano. Para manter o nível de competitividade, a ArcelorMittal Tubarão também elevou a produção e a eficiência operacional, diminuindo custos fixos e ampliando a qualidade do mix de produtos. “Assim como ocorre com praticamente todos os setores produtivos, a empresa aguarda o momento mais propício para retomar eventuais projetos”, disse o presidente.

ÊNFASE NA QUESTÃO AMBIENTAL Enquanto se planeja para a retomada da economia, a unidade tem aproveitado para pensar, ainda com mais ênfase, na questão ambiental. Desde que entrou em operação, em 1984, as gestões 52

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energética e hídrica são consideradas prioridades estratégicas para a ArcelorMittal Tubarão. Tanto que é dotada de um sistema que garante que 95,5% de toda a água utilizada em sua usina venham do mar; os outros 4,5% são provenientes de água doce fornecida em seu estado bruto pela Cesan (sendo a água tratada dentro da Usina) para abastecimento humano e controles ambientais, com taxa de recirculação de mais de 97%. Além disso, permanece no Espírito Santo o cenário de crise hídrica, que apesar de ter sido amenizado pelas recentes chuvas, continua demandando ações especiais de enfrentamento por parte do cidadão, das empresas e das grandes indústrias. Desde 2015, quando a Cesan executou o primeiro racionamento para as empresas, a ArcelorMittal Tubarão já possuía várias ações em andamento para o uso eficiente da água doce, que permitiram que suportasse todos os racionamentos sofridos. Ao todo reduziu em 49% o uso de água contratada da concessionária distribuidora. São medidas como a modernização tecnológica da Estação de Tratamento de Água para reúso da empresa, que atualmente possui a capacidade de produzir até 400 m³/h de água industrial, a partir de efluentes industriais e domésticos. Trata-se do maior investimento realizado pela iniciativa privada para reúso no Espírito Santo, da ordem de R$ 23 milhões. A ArcelorMittal Tubarão também adota ações voltadas à otimização dos processos, inclusive sugeridas pelos colaboradores, entre empregados e terceiros, que circulam diariamente pela Usina, como a eliminação de perdas e o aumento dos reúsos internos. Também tem focado em projetos na área de dessalinização


Em 2016, 65% da produção da empresa foi exportada, contra 50% no ano passado

Projeção mostra o equipamento Gas Cleaning Bag Filter, cuja implantação já foi aprovada pelo Iema e deve reduzir em até 90% as emissões de material particulado total da chaminé da Sinterização

e estudos com a Cesan, com o objetivo de viabilizar, por exemplo, o reúso do Efluente da Estação de Tratamento de Esgoto de Camburi nos processos industriais.

CONTROLE DE EMISSÕES O principal investimento da ArcelorMittal Tubarão na área de controle de emissões de material particulado foi anunciado em fevereiro de 2016 – a instalação do equipamento Gas Cleaning Bag Filter, que será adicionado aos precipitadores eletrostáticos já existentes na unidade para potencializar ainda mais a filtragem do material particulado contido nos gases do processo de Sinterização. A meta é que o equipamento reduza até 90% das emissões de material particulado total da chaminé da Sinterização e solucione o problema da visibilidade da pluma gerada naquela área, além de ajudar a baixar ainda mais a emissão de dióxido de enxofre, que atualmente já atende aos limites estabelecidos pelo órgão licenciador. A implantação já foi aprovada pelo Iema e deverá ser feita até janeiro de 2018, possibilitando um declínio de até 18% nas emissões da companhia como um todo. O investimento no Gas Cleaning Bag Filter é de R$ 101 milhões e faz parte de um plano de investimentos de R$ 400 milhões no aprimoramento do sistema de controle ambiental da empresa, executado desde 2014. Entre as ações, está em andamento a implantação de dois novos carros de carregamento de carvão na unidade de Coqueria, além de concluídas a reforma dos seus três Precipitadores Eletrostáticos da unidade de Sinterização

“Assim como ocorre com praticamente todos os setores produtivos, a empresa aguarda o momento mais propício para retomar eventuais projetos” Benjamin Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal Tubarão

e a modernização tecnológica, com aumento em 50% da capacidade de filtragem do Sistema de Despoeiramento das Guias de Coque. Os detalhes do plano foram comunicados para 39 associações comunitárias de Vitória, Serra e Vila Velha e estão disponíveis para consulta no endereço: tubarao.arcelormittal. com/meioambiente. Ainda na área de controle de emissões, a empresa iniciou em 1994 a realização de seu Plano Verão. A iniciativa da ArcelorMittal Tubarão foi implementada em virtude das condições climáticas típicas da estação. Entre as atividades realizadas no período estão a aplicação sistematizada de polímero nas pilhas de matérias-primas e redução da altura de empilhamento, além da limpeza e umectação de vias, com aplicação de produto à base de melaço de cana, de forma a evitar a ressuspensão de poeira. Todas as medidas adotadas são monitoradas diariamente por inspeções em campo, sistemas informatizados e monitores contínuos instalados nas chaminés. As informações são reportadas aos órgãos ambientais por intermédio das condicionantes estabelecidas na Licença de Operação da Usina. Além disso, a empresa realiza auditorias sistemáticas para avaliar a eficiência dessas medidas, sendo que os resultados ficam disponíveis para consulta pelos órgãos de controle. Na esfera social, a ArcelorMittal Tubarão tem reforçado cada vez mais seu compromisso com as comunidades de seu entorno. Para selecionar os projetos sociais que apoiará, a companhia mobiliza representantes de órgãos públicos, instituições acadêmicas e outras entidades que, juntas, contribuem com suas visões e experiências, ajudando a escolher as prioridades do investimento social. Neste ano, o processo de escolha dos projetos sociais a serem apoiados no biênio 2017/2018 foi iniciado em maio e contou com a inscrição de 121 projetos, apresentados por 94 ONGs dos municípios de Vila Velha, Vitória e Serra. radio.esbrasil.com.br •

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PAPEL E CELULOSE

Foto: Sagrilo/Fibria

MERCADO EM TRANSFORMAÇÃO

A colheita mecanizada realizada pela própria Fibria reduz o tempo de entrega do eucalipto no depósito. Enquanto o produtor leva de 4 a 6 meses para finalizar o processo com 9.400 árvores adultas, a companhia faz isso em 33 dias

C

om fatores como uma grande demanda internacional – cerca de 93% da produção são exportados –, a rapidez do ciclo de colheita e a alta do dólar, o setor de papel e celulose no Brasil vem apresentando crescimento em 2016. A despeito da crise econômica que atingiu o país no ano passado, dados de entidades como a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) apontam que o mercado deve continuar com redução de vendas internas, mas com aumento das exportações. E, de fato, as exportações somaram US$ 5,5 bilhões de janeiro a setembro de 2016, com destaque para a venda de painéis de madeira, que alcançaram US$ 177 milhões, alta de 24,6% na comparação com o ano passado. A balança comercial do setor brasileiro de árvores plantadas atingiu US$ 4,9 bilhões, alta de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda segundo a IBÁ, entre janeiro e agosto deste ano, a produção de celulose alcançou 13,8 milhões de toneladas, o que representa crescimento de 7,5% em relação ao total produzido no período em 2015. Como nem tudo foram boas notícias, o período foi de queda na produção de papel (0,4%), com 7,7 milhões de toneladas. As oito companhias do segmento no país – Fibria, Klabin, Melhor SP, Celul Irani, Duratex, Eucatex,

GIGANTE EM SOLO CAPIXABA A Fibria tem em Aracruz uma unidade capaz de produzir 2,3 milhões de toneladas por ano. As áreas florestais, distribuídas em 68 municípios do Estado, por meio de plantios próprios ou por produtores rurais parceiros da empresa, geram mais de 6 mil empregos diretos.

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Suzano Hold e Suzano Papel – totalizaram R$ 21,7 bilhões (US$ 6,7 bilhões) em receitas apenas no primeiro semestre deste ano.

FIBRIA EM ALTA No Espírito Santo, a Fibria, uma das gigantes do setor, conta em Aracruz com uma unidade industrial capaz de produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose por ano, o que equivale a 44% da produção atual da empresa (5,3 milhões de toneladas/ ano de celulose branqueada de eucalipto). As áreas florestais estão distribuídas em 68 municípios do Estado, por meio de plantios próprios ou por cultivo de produtores rurais parceiros da empresa, gerando mais de 6 mil empregos diretos. “A Fibria é uma empresa eminentemente exportadora e, embora a crise afete seus custos de produção, os resultados não são impactados na mesma proporção. O cenário para o mercado de celulose também é desafiador, mas não é dependente da economia brasileira. Vale destacar também que a Fibria, desde a sua criação, tem adotado a disciplina operacional e financeira como um valor, o que tem ajudado muito a empresa a obter bons resultados”, falou Marcelo de Oliveira, gerente geral e industrial da companhia. Líder mundial na produção de Foto: Fibria/Divulgação celulose de eucalipto, a empresa divulgou que as vendas no terceiro trimestre tiveram bom desempenho, alcançando 1,442 milhão de toneladas. Os sinais de recuperação do mercado começaram a ser sentidos em agosto e se consolidaram em setembro.


Foto: Sagrilo/Fibria

PAPEL E CELULOSE NO BRASIL EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS

3,8 A Fibria vem estudando a construção da quarta fábrica no ES, para produzir 1,4 milhão de ton/ano. Atualmente as três usinas fornecem 2,33 milhões de ton/ano no Estado

A retomada das vendas ao final do trimestre e os preços na Ásia levaram ao anúncio de aumento de preço pela Fibria em US$20 por tonelada. O Ebitda – que é o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – ajustado ficou em R$ 758 milhões no terceiro trimestre e atingiu R$ 2,937 bilhões nos nove meses acumulados do ano. O fluxo de caixa livre da companhia, antes dos investimentos nas obras de ampliação da unidade de Três Lagoas (MS) – o Projeto Horizonte 2 –, do pagamento de dividendos e dos investimentos em logística, permaneceu forte no terceiro trimestre, alcançando R$ 402 milhões. Nos nove primeiros meses acumulados do ano, o fluxo de caixa livre da companhia chegou a R$ 1,549 bilhão. “Fechamos o terceiro trimestre com uma robusta posição de caixa de R$ 3,6 bilhões, o equivalente a US$ 1,1 bilhão, o que nos dá enorme conforto para continuarmos com nosso plano de investimento no Projeto Horizonte 2. Esse montante, somado às linhas ainda não sacadas referentes ao financiamento do Projeto Horizonte 2, que totalizam US$ 1,2 bilhão, é mais do que suficiente para cobrir todo o volume financeiro necessário para a conclusão das obras, que é de US$ 1,4 bilhão, e pagar todas as dívidas que irão vencer em 2016 e 2017. Além disso, no final de 2017 teremos como fonte de liquidez a receita gerada com as vendas da nova linha de produção de Três Lagoas, impactando positivamente o nosso fluxo de caixa livre”, analisou o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Guilherme Cavalcanti. EXPORTAÇÕES DE CELULOSE NO PAÍS Volumes registrados durante o ano (em dolar)

2016* 2015 2014 2013 * Janeiro a setembro

Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)

5,5 bilhões

7,62 bilhões

7,22 bilhões

7,16 bilhões

milhões R$ REPRESENTATIVIDADE NO PIB INDUSTRIAL

6% RECEITA BRUTA EM 2015

69

bilhões R$ INVESTIMENTO PREVISTO 2016-2020

37,9 bilhões R$ Fonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)

Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Papel e Celulose no Espírito Santo, Markus Coelho, o momento do setor é de mudanças. “Na área de celulose somos um grande player, com a presença da Fibria, que tem uma imensa produção e gera muitos empregos. Na de papel, estamos observando uma transformação do mercado, com a diminuição do segmento de imprimir e escrever, mas registrando um acentuado aumento do papel tissue, que é fabricado com baixa gramatura, do crepe seco e alguns papéis não crepados, como papel higiênico, toalhas de cozinha, lenços de papel e guardanapos. O brasileiro consome 5,5 quilos de papel tissue em média por ano, menos que a Argentina e o Chile, por exemplo. Já um americano consome 24 quilos. Então, temos muito campo para crescer nessa área”, disse ele. Atualmente o Espírito Santo conta com 75 empresas do setor de papel, das quais 12 associadas ao sindicato. Juntas, elas geram 509 empregos diretos e cerca de dois mil indiretos. Para o vice-presidente do sindicato, 2016 pode ser definido como bom para o segmento de papel e celulose, e as expectativas para o próximo ano são ainda melhores. radio.esbrasil.com.br •

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QUÍMICA E PLÁSTICOS

O setor de química do Estado driblou a crise e obteve crescimento

ESTABILIDADE RUMO AO CRESCIMENTO QUEDA NA RECEITA

O

s setores de química e plásticos não ficaram imunes à crise econômica nacional. Ainda assim, os resultados podem ser interpretados como estáveis quando se analisam os dados deste ano confrontados com os do ano passado. Não cair, ou cair menos do que em 2015, já é considerado uma vitória. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Espírito Santo (Sindiplast-ES), Gilmar Guanandy Régio, o segmento registrou queda de -2,8%. “Porém, comparando-se com os resultados de 2015, quando a queda foi de -4,3%, esse percentual não é tão ruim. Para contornar a crise, estamos investindo em melhorar a gestão e criar produtos. Nunca foi tão necessário inovar em produtos, processos ou modelo de negócios, melhorar a qualidade e aumentar os resultados. Do mesmo modo, o desafio de manter-se competitivo diante da internacionalização dos negócios passou a ser uma questão de sobrevivência”, destacou. Régio enfatizou, ainda, que o próprio momento vivido pela economia no país reforça que não há outro caminho para as empresas a não ser a profissionalização, o aumento da produtividade e o investimento na gestão empresarial. 56

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- 9,7

%

É a projeção da Associação Brasileira da Indústria do Plástico para a queda no faturamento do setor em 2016 Fonte: Associação Brasileira da Indústria do Plástico

Para o presidente do Sindiplast-ES, o segmento que representa é imprescindível ao crescimento do Estado, já que é um grande gerador de empregos. “Atualmente, somos mais de 120 empresas no Espírito Santo, e criamos aproximadamente 8 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos”, explicou. Dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) mostram que o setor fechou o primeiro semestre de 2016 com uma retração de 13,5% no faturamento total do período (R$ 32,7 bilhões) em comparação com o do primeiro semestre de 2015. O percentual de queda foi menor do que o registrado de


Foto: Fortlev/Divulgação

EVENTOS Durante evento de lançamento do Anuário IEL 200 Maiores Empresas no Espírito Santo 2016, realizado no dia 27 de outubro, em Vitória, a Fortlev, líder nacional na fabricação e venda de reservatórios de água e com grande participação no mercado de tubos e conexões em PVC, foi eleita Empresa Destaque 2016 do Prêmio IEL/Findes (Instituto Euvaldo Lodi/ Federação das Indústrias do Espírito Santo). O presidente da empresa, Eugênio de Vasconcelos Fulgêncio, foi quem recebeu a homenagem. . Com o tema “Inovação e Competitividade”, o Sindicato da Indústria de Material Plástico do Espírito Santo (Sindiplast-ES), em parceria com a Abiplast, realizou de 7 a 12 de novembro, a 9ª Semana do Plástico ES, principal evento da indústria capixaba de transformados plásticos. A Semana do teve programação intensa, abrangendo seminário, workshop, almoço de negócios, entrega do Prêmio Plast-Inova e a Plastikids, com atividades de lazer e cultura voltadas para filhos de profissionais e empresários do setor. No interior, de 17 a 24 de novembro, houve a realização de palestras itinerantes nos municípios de Aracruz, Colatina, São Mateus, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim.

janeiro a março de 2016, quando a receita caiu 16%. O faturamento em 2015 foi de R$ 64,3 bilhões – queda de 12,4% sobre 2014, quando alcançou R$ 67,4 bilhões. A projeção da entidade é fechar 2016 com queda anual de 9,7% no faturamento.

ENSINO Entre as realizações mais importantes do Sindiplast-ES nos últimos anos está a criação da Escola Senai do Plástico Antônio Carlos Torres, inaugurada em outubro de 2015. Resultado de uma parceria com a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

No Espírito Santo, a queda do segmento de plásticos foi de -2,8% em 2016, contra -4,3% em 2015

“Nunca foi tão necessário inovar em produtos, processos ou modelo de negócios, melhorar a qualidade e aumentar os resultados” Gilmar Guanandy Régio, presidente do Sindiplast-ES (Senai-ES), a unidade é a quinta do país e tem a finalidade de formar e capacitar profissionais para atender às indústrias do plástico no Estado, reduzindo o déficit de mão de obra qualificada. Os investimentos totalizaram R$ 4 milhões, conforme informações do Senai-ES. Destes, R$ 1,2 milhão foram aplicados em equipamentos, colocando a instituição entre as mais modernas em sua área. Ela está instalada em uma área de 600 metros quadrados na unidade do Senai Civit, no município da Serra, região que abriga um grande número de indústrias de transformados plásticos. A Escola do Plástico possui cinco espaços didáticos para atividades práticas do curso Técnico em Plástico e demais cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional; laboratório de projetos e concepção de moldes; ferramentaria; manufatura do plástico; ensaios mecânicos do plástico; e laboratório de hidráulica e pneumática. Em 2016 foram realizados cursos de qualificação de Ferramenteiro e Técnico em Plástico.

A PRODUÇÃO QUÍMICA O setor de química no Estado conseguiu driblar os reflexos das adversidades na política e na economia. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos do Espírito Santo (Sindiquímicos-ES), José Carlos Zanotelli, mesmo com toda a turbulência, o segmento manteve-se em produtividade e até com leve crescimento, mantendo os cerca de 8 mil empregos existentes em 2016 nas indústrias químicas capixabas. Para Zanotelli, a queda da renda per capita que comprime o consumo foi possivelmente o grande obstáculo a um maior crescimento do setor químico. As alternativas encontradas para superar a crise nacional foram voltadas para as inovações em produtos, incremento das exportações e desenvolvimento de tecnologias. “Inovações produtivas (automação, novas moléculas e embalagens ambientalmente adequadas) e logística de distribuição programadas podem ser vistas como os principais avanços tecnológicos da área”, cita o dirigente. radio.esbrasil.com.br •

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ROCHAS ORNAMENTAIS

DIVERSIFICAR PARA CRESCER

L

íder no país quando se fala em negócios feitos no mercado internacional no primeiro semestre do ano e com 1.650 empresas instaladas no Espírito Santo, o setor de rochas ornamentais do Estado movimenta uma importante cadeia produtiva. São empresas que atuam na comercialização, na mineração, na indústria de transformação e no beneficiamento, tendo na ponta da esteira as marmorarias, importantes na produção de recortados e na instalação final dos materiais produzidos. Segundo dados do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo (Sindirochas), o segmento gera aproximadamente 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos, participando com 10% do PIB capixaba. Em 2015 o setor de rochas capixaba produziu 3,6 milhões de toneladas, em um ano no qual o Espírito Santo exportou US$ 980,15 milhões, equivalentes a 1,68 milhão de toneladas. Já em 2016, até o mês de setembro, foram exportados US$ 725,49 milhões, que correspondem a 1,47 milhão de toneladas. Para Tales Machado, presidente do Sindirochas, este tem sido um ano de muitas lutas, de forma geral, e de busca de alternativas pelo setor. “O ano de 2016 certamente vai ficar marcado por uma crise política e econômica sem precedentes, provocando 58

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redução da produção industrial, gerando um número alarmante de desempregados, reduzindo investimentos em infraestrutura e mantendo os juros em patamares dos mais elevados do mundo. Por mais paradoxal que pareça, considerando a crise instalada, as empresas de rochas continuaram investindo na mineração e na indústria, buscando novas áreas com materiais diversificados, para atender às exigências do mercado. Na indústria, os principais investimentos ocorreram na ampliação de áreas de estocagem de chapas e nos equipamentos multifios, que vêm acelerando a produção de chapas, agregando valor aos materiais, permitindo um melhor aproveitamento da matéria-prima e menor quantidade de resíduos, ambientalmente adequados. Investimentos continuam sendo feitos em inovação, em busca de novos mercados, participação em feiras e missões internacionais, pois o grande

“As empresas de rochas continuaram investindo na mineração e na indústria, buscando novas áreas com materiais diversificados, para atender às exigências do mercado” Tales Machado, presidente do Sindirochas


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SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS EMPRESAS NO ESPÍRITO SANTO

1.650 EMPREGOS GERADOS

125 mil, entre diretos e indiretos

PARTICIPAÇÃO NO PIB CAPIXABA

10% Fonte Sindirochas

desafio continua sendo, a par de fidelizar os clientes atuais, alcançar novos clientes”, explicou ele. De acordo com a superintendente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Olivia Tirello, o segmento conseguiu driblar a crise econômica brasileira, principalmente ao comparar com outros setores exportadores do país. “Há uma queda nos preços no mercado internacional desde o início do ano, mas estamos satisfeitos com o balanço de 2016 e as projeções são positivas para 2017”, disse.

OS DESAFIOS E AS CONQUISTAS Sendo uma atividade que depende diretamente das exportações, o segmento de rochas precisou lidar em 2016 com outros desafios PROJETO SIMPLIFICA NORMA PARA EXPLORAÇÃO Em junho, a Comissão de Serviços de Infraestrutura aprovou o PLS nº 773/2015, do senador capixaba Ricardo Ferraço (PSDB), que trata da simplificação de normas para exploração de rochas ornamentais e coloca o setor no regime de licenciamento. Com isso, sem qualquer penalidade para o controle ambiental, passa a haver uma maior velocidade na aquisição de títulos autorizativos. Atualmente, o processo para autorização ou concessão da exploração pode levar até cinco anos para sair. O projeto de lei, agora tramitando como PL nº 5751/2016, está aguardando parecer do relator, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara dos Deputados. Fonte: Site da Câmara dos Deputados

além da crise financeira. Um deles foi a greve dos auditores fiscais da Receita Federal, iniciada em julho e encerrada em agosto. “Todo empreendedor sabe que correr riscos faz parte do negócio, é condição intrínseca a toda atividade. Entretanto, paralisações dessa natureza, em um momento de esperança de recuperação da economia, somente contribuem para retardar o processo, penalizando as empresas que não conseguem cumprir os contratos internacionais e ainda obrigando-as ao pagamento de novas taxas de armazenamento dos produtos, já liberados para embarque. A greve prejudicou em muito o setor de rochas, assim como outros setores exportadores”, falou Machado. De acordo com o presidente do Sindirochas, a quase totalidade das rochas ornamentais exportadas pelo país sai pelo Espírito Santo: cerca de 3,7 mil contêineres são exportados mensalmente. “No período da greve, os embarques foram prejudicados, pois navios não atracaram em Vitória. Isso gerou uma série de custos extras ao empreendedor, que ficou impedido de exportar seus produtos, arcando com graves prejuízos e com a perda de clientes e mercados. Na verdade, o Espírito Santo continua carecendo de uma política adequada de investimentos em estrutura portuária que permita a vinda de navios de grande porte, barateando os custos do frete e conferindo mais agilidade e rapidez à entrega dos produtos.” Uma novidade em 2016 foi a fusão do Sindirochas com o Centro Tecnológico do Mármore e Granito (Cetemag). O anúncio aconteceu no jantar de confraternização do setor, realizado no dia 11 de novembro, em Cachoeiro de Itapemirim. Para o presidente do Cetemag, Eutemar Venturim, a aproximação das entidades

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FEIRAS ALAVANCAM NEGÓCIOS EM 2016

Se por um lado aconteceram turbulências por conta da crise econômica, por outro o setor continuou contando com grandes eventos, que movimentam a economia e geram ótimos negócios. A realização das tradicionais feiras de rochas no Estado, Vitória e Cachoeiro Stone Fair, representa uma oportunidade de se conhecer novos produtos, novos processos e inovação, comprar e negociar materiais diretamente com os fornecedores, manter e fazer relacionamentos para a realização de negócios futuros, descobrir tendências e identificar anseios de clientes de todo o mundo. Na análise de Cecília Milanez, diretora da Milanez & Milaneze, organizadora dos eventos, o momento ainda é de grandes desafios na política e na economia brasileira; entretanto, dado o cenário atual, as feiras se constituem em alavancas indutoras para a geração de negócios. “Em uma feira, por exemplo, conseguimos reunir

EXPORTAÇÕES CAPIXABAS DO SETOR DE ROCHAS Desafio: segmento tem registrado queda nos últimos anos. US$ 725,49 milhões

2016*

1,47 milhão de toneladas US$ 980,15 milhões

2015

1,68 milhão de toneladas US$ 1,015 bilhão

2014

1,84 milhão de toneladas US$ 1,018 bilhão

2013

1,92 milhão de toneladas

* Janeiro a setembro

Fonte: Sindirochas

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expositores de rochas que não só vão vender seus produtos, mas também terão a oportunidade de comprar novos maquinários para impulsionar os seus negócios. A Vitória e a Cachoeiro Stone Fair, sempre programadas com antecedência de um ano, são mostras importantes para o setor e não passam despercebidas para os exportadores mundiais, que veem nessas feiras uma grande vitrine para a diversidade das pedras brasileiras. São mais de 1,2 mil tipos, entre materiais clássicos, exóticos, superexóticos e translúcidos. O mercado de feiras em 2016, além de muito desafiador, foi um dos estimuladores para o retorno da confiança do empresariado e seu fortalecimento no mercado. Mantivemos o número de visitantes, reunimos novos expositores brasileiros e muitos conseguiram fechar negócios no local.” De acordo com Milanez, para as edições de 2017, a ideia é manter a parte expositiva, que ela avalia como bem expressiva.

beneficiará todo o segmento de rochas ornamentais do Estado. “Nossa preocupação é que o setor fique cada vez mais unido. Nós precisamos resgatar as boas ações do Cetemag. Juntos, tenho certeza de que podemos nos tornar um ponto de referência tecnológica”, enfatizou. Do ponto de vista de Tales Machado, do Sindirochas, as empresas estão preparadas para atender à demanda ora reprimida em razão da crise e têm capacidade instalada para elevar a produção de chapas. Para ele, a diversificação dos produtos comercializados, com maior atenção àqueles de maior valor agregado; a busca de maior eficiência dos equipamentos; a otimização dos recursos disponíveis e o uso mais produtivo de competências e habilidades da equipe de trabalho têm sido algumas das ações desenvolvidas para superação dos desafios e para a permanência em um mercado facilmente influenciado por avanços tecnológicos, concorrência predatória, crises, variação de câmbio e outros fatores que trazem impactos negativos para o setor.



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Até 2015, 15 esportistas do Estação Conhecimento entraram no Top 20 do Ranking Nacional no Atletismo

ESTAÇÃO CONHECIMENTO PROMOVE INCLUSÃO SOCIAL NA SERRA INICIATIVA DA FUNDAÇÃO VALE ATENDE CERCA DE MIL PESSOAS POR ANO NO ESPÍRITO SANTO, OFERECENDO DIVERSAS AÇÕES QUE FOMENTAM A INCLUSÃO SOCIAL E A CIDADANIA

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romover a inclusão social e contribuir com a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens e adultos, por meio do esporte, do convívio social, da cultura, da profissionalização e do empreendedorismo. Esses são os objetivos da Estação Conhecimento, um dos projetos estruturantes desenvolvidos pela Fundação Vale, que atende cerca de mil pessoas por ano no Espírito Santo. Em atividade no bairro Cidade Continental, na Serra, desde 2011, a iniciativa é viabilizada por meio de parcerias locais com o poder público e com a comunidade, tendo como proposta se consolidar como um centro de excelência regional de boas práticas, com foco no desenvolvimento das pessoas. O projeto é desenvolvido no Espírito Santo em aliança com a Prefeitura Municipal da Serra, cidade onde a empresa está instalada, oferecendo modalidades esportivas variadas, como natação, atletismo, futebol e judô, dentro do programa Brasil Vale Ouro, que fomenta a inclusão social e a cidadania através do esporte. De acordo com o gerente de Relações com a Comunidade da Vale, Daniel Rocha Pereira, a companhia tem o compromisso com 62

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RECONHECIMENTO E PARCERIAS • Certificação do Comitê Pierre de Coubertin em 2013; • Realização da Semana Olímpica do ES em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (Sesport), em 2012; • Melhor Atleta do Ano Sesport – Paulo Henrique (2012) e Guilherme Scalfone (2013); • Apresentação da Estação Conhecimento no Seminário Internacional de Educação Olímpica “Valores em Jogo” 2015; • Parceria com a Ufes para “Determinantes da elevação da pressão arterial em crianças e adolescentes de diferentes ancestralidades” 2014 a 2016; • Em 2015, a Estação Conhecimento de Serra realizou o Olympic Day, com o tema: esporte/educação, limites e possibilidade; • A Estação Conhecimento realizou o maior Festival de Miniatletismo do Brasil com 550 crianças presentes.


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Mais de 2,2 mil usuários já passaram pelo Estação Conhecimento, com participações em eventos locais e até internacionais

o desenvolvimento social das comunidades onde atua como uma marca histórica. “Executamos ações de responsabilidade social antes mesmo de esse termo existir, há 74 anos. Hoje, não existe possibilidade de uma empresa operar sem desenvolver esse tipo de ação. Ser responsável socialmente envolve iniciativas tanto com à comunidade interna, que são os nossos empregados, quanto com a comunidade externa, que é a sociedade”, analisa.

DADOS DO PROJETO Mais de 2,2 mil usuários já passaram pelo programa, com 147 participações em eventos municipais, estaduais, nacionais e internacionais, em 20 cidades, de 11 estados, além de uma viagem internacional para Mar del Plata, na Argentina. Foram realizadas mais de 50 visitas a diversos centros culturais como parques, museus, centros ambientais e monumentos. Além disso, 145 atletas viajaram para competir fora do Espírito Santo, sendo que 15 atletas entraram no Top 20 do Ranking Nacional no Atletismo até 2015. Com equipamentos esportivos como pista de atletismo com oito raias, campo de futebol e piscinas semiolímpica e de aquecimento, a Estação Conhecimento possui uma área de 47 mil metros quadrados, que conta também com um edifício educacional e outro profissionalizante. Os participantes, entre 6 e 18 anos, são acompanhados de perto pelos educadores e por uma equipe socioassistencial, composta por assistente social, psicólogo e pedagogo. Os alunos da Estação Conhecimento Serra, além de aulas teóricas e práticas nas modalidades esportivas em que estão matriculados, integram o programa Convivência e Cidadania, que aborda questões como comportamento, drogas, cidadania e vínculos sociais. O local sedia ainda o programa Vale Música, que atende cerca de 150 alunos, de 7 a 18 anos, privilegiando a linguagem universal da música e seus

“Executamos ações de responsabilidade social antes mesmo de esse termo existir, há 74 anos (...) Ser responsável socialmente envolve iniciativas tanto com a comunidade interna, que são os nossos empregados, quanto com a comunidade externa, que é a sociedade” Daniel Rocha Pereira, gerente de Relações com a Comunidade da Vale

Estratégia de ensino no Estação Conhecimento inclui aulas de empreendedorismo e informática, entre outras

RESULTADOS DE CINCO ANOS DE PROJETO • Natação: Tricampeão estadual do Festival de Vinculados do ES; • Atletismo: Conquistas em nível nacional: dez medalhas de ouro, seis de prata e dez de bronze; duas medalhas de prata em evento de nível internacional; três atletas convocados para seleções brasileiras (dois atletas no sul-americano e um atleta no mundial escolar); convocação do professor/treinador para a seleção capixaba de 2012 a 2016; convocação do professor/treinador Felipe Carvalho para Olimpíadas e Paralimpíadas Rio-2016 como árbitro de prova; tricampeão estadual nas categorias Sub 18, Sub 16, Sub 14 do ES; • Futebol: dois atletas passaram em peneiras de times de Série A e três atletas jogam em times dentro do ES; • Judô: três atletas classificados para os Jogos Escolares em 2016 e uma convocação do professor/treinador para a seleção capixaba.

reflexos, tanto no desenvolvimento humano ou social, quanto na geração de trabalho e incremento de renda. Na Estação Conhecimento, o processo de aprendizagem é baseado nos quatro pilares defendidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco), que são conhecer, fazer, ser e conviver, tendo como base ainda o Sistema Único da Assistência Social. A estratégia é ampliada ainda pelo projeto Empreendedores do Futuro, que oferece aulas sobre empreendedorismo a adolescentes entre 14 e 18 anos, além de incluir aulas de informática e incentivo à leitura, inglês, robótica, orientação nutricional, apoio pedagógico e arte-educação, sendo que uma biblioteca está disponível para a realização de pesquisas e o desenvolvimento de atividades pedagógicas. Para os maiores de 16 anos que possuam ao menos o ensino fundamental completo, a Estação Conhecimento oferece cursos de qualificação profissional para funções como porteiro, auxiliar administrativo, massagista, mecânico de motocicletas, cuidador de idosos, entre outros, de acordo com demanda. “Em cada local onde a Estação Conhecimento existe, as nuances locais foram fatores determinantes para a atuação do programa. Temos Estações do Conhecimento em regiões urbanas, como é o caso da Serra, mas também em municípios de menor porte e até áreas rurais. O contexto socioeconômico e as características culturais de cada região são preponderantes no desenho do programa”, conclui Pereira. radio.esbrasil.com.br •

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METALMECÂNICA

ANO DE COLOCAR A CASA EM ORDEM

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erdas por todos os lados e incertezas no horizonte. Foi assim que este ano começou para o setor metalmecânico capixaba. A paralisação da mineradora Samarco, por conta do rompimento da barragem do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), aliada à crise econômica instalada há pelo menos dois anos no país, impediu qualquer possibilidade de crescimento das atividades em 2016. Mais um ano perdido para as indústrias do segmento? Não necessariamente. É verdade que a continuidade da crise econômica fez com que as empresas permanecessem em compasso de espera e mantivessem o plano de enxugar as despesas, com consequentes demissões. Porém, o momento complicado serviu para colocar a casa em ordem. Os empresários fazem da crise uma oportunidade para organizar finanças, enxugar custos e planejar investimentos para 2017. Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer), Lucio Dalla Bernardina, a situação do setor neste ano não foi diferente do quadro geral da economia, com a retração do PIB. “Houve queda da demanda com a consequente liberação de mão de obra e o adiamento de contratos dos grandes clientes – que, no Espírito Santo, são os grandes projetos industriais –, enfim, foi um ano em que a grande estratégia foi sobreviver”, analisa. “Desde 2015 há uma movimentação constante das empresas no sentido de enxugar todo custo possível e se preparar para dias piores. Com isso, elas puderam se 64

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FATURAMENTO REAL POR SETOR: ESPÍRITO SANTO Comparativo entre 2016 e 2015 (janeiro a setembro) Derivados de petróleo e biocombustíveis

8,8

Químicos

0

Alimentos

-0,2

Indústria de transformação

-7,3

Metalurgia

-7,4

Borracha e material plástico Celulose e papel

-12,5

Minerais não metálicos

-12,7

Móveis Confecções Indústria geral Impressão e reprodução Indústria extrativa

-9,5

-23,5 -24,7 -28,2 -31,8 -53,9

Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI

organizar, melhorar a produtividade, trabalhar o fluxo de caixa, investir em inovação e em novos produtos”, completa o vice-presidente do Sindifer, Manoel Pimenta. O momento adverso pode ser expressado nos números levantados em conjunto por Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), Sistema Findes e Confederação Nacional da Indústria (CNI) para os nove primeiros meses deste ano. No Estado, o faturamento real da indústria de transformação caiu 7,3% em relação


MEC SHOW, SUCESSO MESMO NA CRISE Num contexto de crise, a solução é sempre rever conceitos, organizar-se, investir em novos caminhos e pensar em soluções. Talvez tenha sido esse sentimento de “empreendedorismo na marra” que impulsionou os eventos do setor em 2016, como a Mec Show – Feira da Metalmecânica, Energia e Automação, realizada de 18 a 20 de julho no Carapina Centro de Eventos. A feira traz anualmente ao Estado os lançamentos e as inovações da indústria de bens de capital e eventos variados voltados à capacitação profissional. Outro aspecto importante é sua capacidade de proporcionar aos expositores participantes contatos sólidos, que resultarão em novos negócios no decorrer do ano. Segundo a avaliação de Manoel Pimenta, a edição 2016 da Mec Show, principal evento do segmento no Estado, foi uma grande surpresa positiva, mesmo com o volume de negócios estimado sendo menor do que aquele verificado no ano passado – em torno de R$ 70 milhões em 2015, contra em R$ 50 milhões em 2016 –, assim como o número de visitantes (em 2015 foram 17.813, enquanto 2016 registrou 16.197). Para Pimenta, o resultado superou as expectativas, considerando o atual momento de crise. “Os empresários que participaram chegaram com muita disposição e deu para perceber que, não importa o tamanho das empresas, as indústrias no Estado estão bem estruturadas financeiramente, mais do que antigamente”, afirma. A Mec Show é promovida em conjunto pelo Sindifer e pelo Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (Cdmec), com realização da Milanez & Milaneze em cooperação com a italiana VeronaFiere.

a igual período do ano passado. A produção física seguiu o mesmo caminho, com queda de 1,8 ponto no acumulado de janeiro a setembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em novembro. Na avaliação do diretor-executivo do Ideies, Antonio Fernando Doria Porto, o cenário pode melhorar até o fim do ano, mas inspira cautela. “Se analisarmos melhor essa pesquisa do IBGE, podemos perceber claramente uma evolução, ainda que lenta, na indústria de transformação, composta por setores como alimentos e bebidas, celulose, minerais não metálicos e outros. Em julho, na comparação com o mesmo mês de 2015, por exemplo, a queda era de 2,5% na indústria de transformação capixaba. Em setembro, comparado a setembro de 2015, esse mesmo índice já estava em 1,1%. Portanto, é possível que, até o final de 2016, a indústria de transformação capixaba volte, finalmente, a registrar índices positivos”, comenta Porto. O levantamento do Ideies também mostra que a criação de empregos na indústria de transformação, por exemplo, caiu 6,5% no mês de setembro deste ano, comparado com o ano passado,

“Desde 2015 há uma movimentação constante das empresas no sentido de enxugar todo custo possível” Lucio Dalla Bernardina, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer)

Mec Show, feira de metalmecânica, energia e automação

e 8,4% no acumulado dos últimos 12 meses. “Perdemos muitos postos de trabalho durante o ano porque as indústrias tiveram que fazer ajustes, principalmente no primeiro semestre. O cenário só foi melhorar entre agosto e setembro. Não estamos mais sofrendo um impacto tão grande”, analisa Pimenta. Em boa parte, a razão para que a situação das indústrias do Estado não tenha sido tão ruim deve-se ao fato de o setor ter trabalhado em projetos fora do Espírito Santo, como em Mato Grosso, Pará e Maranhão. “O principal investimento vem das indústrias de papel e celulose, e foram as empresas capixabas que montaram as últimas plantas nacionais, concorrendo, inclusive, com empresas estrangeiras”, explica Manoel Pimenta.

SEM OTIMISMO Uma das poucas certezas dos industriais no Brasil é que, exceto pela ocorrência de mais algum desastre de proporções tão gigantescas quanto improváveis, como foi o da Samarco, nada mais é capaz de surpreender o empresário brasileiro. Essa sensação, corroborada pela nova direção econômica tomada pela equipe do governo Temer, começa a dar aos donos das empresas alguma esperança de, finalmente, voltar a crescer em médio prazo. Prova disso é que mesmo com a economia brasileira sem vislumbrar um real crescimento antes de 2018, segundo previsões do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, houve um salto no índice de confiança do empresário industrial com relação ao crescimento das empresas. O levantamento, realizado pela CNI, mostra que em outubro de 2015, o índice de confiança – que varia de 0 a 100 – era de 35,0, e no mesmo mês deste ano passou para 52,3. Os valores acima de 50 pontos indicam otimismo. Dalla Bernadina acredita que o índice de confiança apurado talvez reflita o sentimento de que pior do que está não pode ficar. “Bateu no fundo, o retorno à superfície é quase uma lei natural. À medida que esses empreendimentos retomam seus níveis de comercialização e faturamento, puxam o setor eletromecânico e reaquecem a cadeia produtiva”, pontua. Para 2017, a expectativa é de que haja uma retomada do crescimento, principalmente se aprovadas as medidas para o equilíbrio fiscal. “O equilíbrio fiscal restaura a confiança dos investidores, inclusive do capital externo, e isso pode ser decisivo na geração de um ambiente favorável à retomada do crescimento”, conclui Bernardina. radio.esbrasil.com.br •

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VESTUÁRIO E CALÇADOS

O faturamento do setor apresentou uma redução de 10,8% de janeiro a agosto de 2016, no comparativo com o mesmo período do ano anterior

CRISE QUE NÃO PASSA

O

setor do vestuário do Espírito Santo continua com os “altos e baixos” apresentados em 2015. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Sistema Findes e do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) revelam que a produtividade do segmento de confecções, em relação ao ano passado, caiu 11,1% até agosto de 2016. O faturamento também deixou a desejar, com uma retração de 25,4% – número bastante superior ao registrado no ano passado, quando a queda foi de 4,6% no comparativo com 2014. Em nível nacional, a baixa foi de 10,8% no acumulado até agosto, enquanto que em 2015 a redução foi um pouco maior, de 27,1%. “A crise do vestuário acontece desde a década de 1990, com a entrada dos produtos da Ásia”, avalia José Carlos Bergamin, presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário do Sistema Findes. “Perdemos o mercado internacional – que nunca foi grande – devido ao longo tempo de câmbio baixo. Apesar de o câmbio ter melhorado, ainda não conseguimos uma retomada”, acrescenta. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no Espírito Santo a indústria têxtil e do vestuário demitiu 429 profissionais até setembro deste ano: um resultado que é quase seis vezes menor do que

VITÓRIA MODA Cerca de 5 mil pessoas foram até o Centro de Convenções de Vitória, entre os dias 5 e 7 de julho, para conferir de perto a 9ª edição do Vitória Moda. O evento deste ano, que trouxe como tema “Natural, original, tropical mergulhando em nossas raízes”, contou com 26 desfiles de 23 marcas capixabas, além de um espaço chamado “Salão Criativo”, onde foram realizadas palestras, oficinas e exposições de produtos. 66

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RECEITA DO SETOR Faturamento da indústria de confecções do ES 2016*

-25,4%

2015

4,6%

2014

4,4%

2013

7,7%

*Janeiro a agosto

Fonte: CNI/Ideies/Sistema Findes

o de 2015, quando foram fechados 2.259 postos de trabalho. No Brasil, o comparativo é ainda mais impressionante, com o desligamento de 3.846 profissionais em 2016 contra 98.825 em 2015. “Dizem que já chegamos ao fundo do poço, só que o fundo é de areia movediça, e a indústria, de um modo geral, não encontra base para se impulsionar de volta à superfície. Logo que aparece um dado positivo na economia, surge outro ruim. O desemprego é alto, e aquele que é responsável por prover o sustento da família acaba ficando com medo de ser demitido. Todavia, o final do ano é o melhor período para a venda de vestuário e, por conta disso, acreditamos que os produtos do setor serão os principais itens para presente”, destaca Bergamin.


Foto: Divulgação Pimpolho

VAGAS DE EMPREGO Mercado de trabalho da indústria de calçados no ES 300 200

110

100

105

0 -100 -118

-200

-235

-300

O Estado exportou 280 mil pares de calçados neste ano. A Pimpolho está entre as empresas que atuam no ES

-400 -420

-500 2012

2013

2014

2015

2016*

*Janeiro a setembro

Fonte: CAGEC/MTE Elaboração: Ideies/Sistema Findes

“A crise do vestuário acontece desde a década de 1990, com a entrada dos produtos da Ásia” José Carlos Bergamin, presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário do Sistema Findes

IMPACTO SOBRE A VENDA DE CALÇADOS De janeiro a setembro deste ano, o Espírito Santo exportou 280 mil pares de calçados, enquanto que no mesmo período de 2015 foram 300 mil, segundo o Sindicato da Indústria de Calçados do ES (Sindicalçados-ES). “O empresário brasileiro está sempre prospectando dias melhores. Estamos nos reinventando a cada dia, na tentativa de adequação ao momento crítico que vivemos. Acredito que teremos um 2017 com projeções melhores, mas bem modestas. Creio que a retomada do crescimento só deve vir em 2018”, estima José Augusto Rocha, presidente do Sindicalçados.

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MERCADO IMOBILIÁRIO

DEMANDA DITA O RITMO

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ssim como em 2015, o mercado imobiliário no Espírito Santo segue com pouco fôlego em 2016. Num cenário marcado por muitas demissões, por conta das crises política e econômica, o segmento cortou 27.606 vagas entre janeiro e setembro de 2016, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES). O número de demissões superou o de admissões, com saldo negativo, no período, de 3.409 postos de trabalho. Segundo o presidente do Sinduscon-ES, Paulo Baraona, o ano foi de ajustes. “Foi um ano de reestruturação à nova realidade brasileira, dadas as crises política e econômica que o país atravessa. As empresas desaceleraram e se readequaram ao novo cenário, além de não terem feito lançamentos. A construção civil é a primeira que sofre com as crises, pois os investimentos são altos e de médio a longo prazo. Ou seja, a pessoa precisa ter certeza de que terá seu emprego para adquirir um bem. A queda das vendas de imóveis se deve, especialmente, à falta de confiança que o comprador tem em manter seu emprego. Ele tem medo de assumir o pagamento de um bem de alto custo e não conseguir arcar. Observe que houve uma queda de quase 50% do estoque de trabalhadores nos últimos cinco anos (41,56%). Apenas entre setembro de 2015 e setembro de 2016, a perda chegou a 17,17%”, disse. Para ele, à medida que o governo Temer for implementando cortes de custos na máquina pública e realizando as reformas trabalhista e da Previdência, entre outras medidas, esse panorama tende a mudar. “Essas iniciativas vêm para garantir que o Estado 68

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O setor freou os lançamentos em 2015, esperando que a oferta fosse absorvida pelo mercado

EVENTOS DO SETOR este ano, o tradicional Feirão da Caixa da Casa Própria foi N realizado em 14 capitais, mas no Estado não aconteceu. Expo Construções - Feira da Construção do Espírito Santo A foi realizada entre os dias 14 e 16 de junho, no Pavilhão de Carapina, na Serra (ES). O evento reuniu mais de 90 empresas, apresentando lançamentos, serviços e soluções para o setor.

não gaste mais do que arrecada e, consequentemente, volte a gerar expectativas positivas. O segmento imobiliário, assim como a maioria dos demais, cresce a partir do avanço da infraestrutura dos estados. Ela é um direcionador do desenvolvimento. Para 2017, se o governo continuar atuando em cima dessa reestruturação, estará criando novamente uma massa crítica que, evidentemente, irá estimular as compras.” O Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) fez uma previsão dos investimentos no segmento de construção civil no Estado de R$ 25 bilhões entre 2015 e 2020. Desse total, R$ 2,8 bilhões são para a construção de edifícios (mercado imobiliário) – ou seja, cerca de R$ 560 milhões por ano.

PÉ NO FREIO Segundo o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso, o ano de 2016 foi atípico para diversos setores


produtivos, incluindo o mercado imobiliário, que é visto como um dos segmentos mais sensíveis às variações da economia. “Mas, assertivamente, o setor fez o seu ‘dever de casa’ ao frear os lançamentos em 2015, esperando que as unidades em oferta fossem absorvidas pelos consumidores. O mesmo posicionamento foi visto este ano. Tivemos lançamentos pontuais, em áreas com baixo ou zero estoque e, sobretudo, em locais em que se percebia demanda por novos imóveis. Esse adiamento possibilitou ao mercado imobiliário atravessar a fase mais aguda da crise econômica, permitindo, ainda, o equilíbrio entre oferta e procura.” Para ele, o setor já percebeu sinais de melhora no último quadrimestre do ano (setembro a dezembro), em virtude das mudanças no cenário político, que se refletem diretamente na confiança do consumidor. “Após o resultado do impeachment de Dilma Rousseff, houve uma reação leve da economia, mas, sobretudo, uma esperança de mudanças que podem gerar emprego e confiança para que o Brasil e o Espírito Santo se tornem mais atrativos economicamente.” A Pesquisa de Demanda Ademi-ES, realizada durante o 23º Salão do Imóvel, de 15 a 18 de setembro deste ano, demonstrou que os consumidores estão menos inseguros em relação ao futuro da economia e, portanto, mais dispostos a comprar um imóvel. Na avaliação de Carlesso, o desempenho das vendas foi superior ao do ano passado. “O evento registrou movimentação de R$ 28,7 milhões em negócios fechados durante os quatro dias de comercialização e tem a perspectiva de chegar ao montante de R$ 105 milhões, com as vendas de pós-evento. O resultado é 30% maior se comparado ao da edição de 2015, que teve vendas totais de R$ 81,3 milhões”, explicou. A pesquisa “Desempenho do Mercado Imobiliário Capixaba em 10 anos (2005 a 2015)”, realizada pela Ademi-ES, apontou que imóvel é o ativo mais seguro para se investir em todos os tempos.

MÃO DE OBRA As vagas na construção civil no Estado 80.000 60.000

60.922

58.141 45.318

40.000

37.536

20.000 0

Set 2013

Fonte: Censo Sinduscon

Set 2014

Set 2015

Set 2016

UNIDADES EM PRODUÇÃO A evolução da construção civil na Grande Vitória 37.500 35.000 32.500 30.000

30.695

27.500

29.688

28.733 25.700

27.077

25.000

25.272

22.500 20.000

19.723

17.500

16.493

15.000 12.500

05/13

11/13 05/14 11/14

05/15

11/15 05/16 11/16

Fonte: Censo Sinduscon

Os imóveis localizados em Jardim Camburi, Jardim da Penha, Praia do Canto, Mata da Praia e Barro Vermelho, em Vitória, registraram uma rentabilidade média de 246,03% em 10 anos. Já os situados na Praia da Costa, em Itaparica e em Itapoã, em Vila Velha, chegaram a 254,15%. No acumulado de uma década, o imóvel superou o desempenho da Renda Fixa (185,77%), chegando a uma valorização de 34% no comparativo direto, e também bateu os ganhos da poupança (104,02%).

CAIXA O ano de 2016 também foi marcado por um anúncio feito em julho pela Caixa Econômica Federal, que decidiu elevar o teto para financiamento de imóveis, passando de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões, além de ter ampliado de 70% para 80% a parcela financiável dos imóveis novos. As medidas valem para operações de crédito do Sistema Financeiro Imobiliário e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE). E, mais recentemente, o banco reduziu a taxa de juros para pessoas físicas e jurídicas. Todos os clientes pessoa física que financiarem imóveis novos ou usados, enquadrados no SBPE, terão redução linear de 0,25 p.p, independentemente do relacionamento com o banco. Para clientes que adquirirem imóveis novos ou na planta cuja construção tenha sido financiada pela Caixa e fizerem a opção de receber o salário pelo banco, os juros terão taxas especiais, iguais às oferecidas aos servidores públicos. As taxas passariam de 11,22% a.a para 9,75% a.a, no caso de imóveis dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), e de 12,5% a.a para 10,75% a.a, para aqueles enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). radio.esbrasil.com.br •

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ARLINDO VILLASCHI

RETROSPECTIVA

é graduado em Economia pela Ufes, mestre em Economia pela University of California (EUA), doutor em Economia pela University of London (Inglaterra) e pós-doutor pelo ETLA (Finlândia) e pela IIIT-B (Índia)

2016 DE DESCONTENTES NO CASO DOS ILEGÍTIMOS NO PODER NO BRASIL, O DESCONTENTAMENTO É COM PEQUENOS AVANÇOS QUE O PAÍS CONSEGUIU NO RECONHECIMENTO INTERNACIONAL E NA INCLUSÃO SOCIAL

D

escontentes sâo britânicos que apoiaram o Brexit em referendo e os estadunidenses que elegeram Donald Trump presidente dos EUA. Países que carreiam há decadas recursos do mundo todo através de suas instituições financeiras e que viram os resultados desses fluxos ampliados nos últimos 30 anos com a financeirização globalizada. Por que, então, o descontentamento? Porque os ganhos se concentraram em menos de 1% da população e os 99% restantes ficaram com a impressão de que sua estagnação social foi causada por migrantes. Se para se ver livre das ameaças dos migrantes, o custo é sair da União Europeia, no caso dos britânicos; e eleger alguém que representa o retorno a um reacionarismo belicoso, no dos estadunidenses, que assim se faça – e se fez. Existe lógica no protesto dos que se sentem “barrados na porta do baile” dos frutos do crescimento de seus países. De difícil compreensão é a adesão acrítica a um discurso globalista que defende que contemporâneo é só aquilo deixado ao livre-arbítrio das forças de mercado. Forças bem visíveis na desregulamentação financeira em escala mundial e que têm deixado seu rastro de deterioração social por onde passam, inclusive em nações mais ricas como Estados Unidos e Grã-Bretanha.

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No caso do Brasil dos descontentes que chegaram ao poder de forma ilegítima em 2016, a prioridade aos desígnios do mercado financeiro tem levado ao atropelamento de inúmeras conquistas históricas. Na esfera econômica, o que foi conquistado no campo da exploração de petróleo

Com argumento falacioso de equilíbrio das contas públicas, gastos sociais são congelados para que se mantenha inalterada a regressiva estrutura tributária que beneficia principalmente o rentismo financeiro” e gás e em competência tecnológica é posto à disposição do capital estrangeiro como se se tratasse de uma simples transação comercial. Com toda a pressa também transitam pelo Congresso propostas como a que permitirá que empresas transnacionais adquiram

grandes áreas de terras. Como se faltasse capacidade de produção de alimentos tanto por parte de brasileiros agricultores familiares, quanto por aqueles voltados para o agronegócio. No campo social, plantam-se em 2016 retrocessos para a inclusão através da saúde e da educação, conquistas da Constituição Cidadã de 1988. Com argumento falacioso de equilíbrio das contas públicas, gastos sociais são congelados para que se mantenha inalterada a regressiva estrutura tributária que beneficia principalmente o rentismo financeiro. Retrocesso nos gastos (investimentos!!) em áreas que precisam avançar se o país desejar crescer de forma sustentável e inclusiva, para que se mantenham privilégios históricos às grandes fortunas e a heranças de grandes valores. Anda-se na contramão dos países desenvolvidos, onde o crescimento se fez inclusivo e onde é maior a contribuição tributária dos que ganham e têm mais. Paradoxo do descontentamento: no caso dos britânicos e dos estadunidenses, em 2016 ele emergiu fruto da exclusão a que foram submetidos milhões nas últimas décadas. No caso dos ilegítimos no poder no Brasil, o descontentamento é com pequenos avanços que o país conseguiu no reconhecimento internacional e na inclusão social.



INFORME PUBLICITÁRIO Foto: Divulgação

SENAI-ES ALCANÇA DESEMPENHO INÉDITO NA OLIMPÍADA DO CONHECIMENTO

A competição estimula os estudantes e eleva seus níveis de desempenho

EM DISPUTA REALIZADA EM BRASÍLIA, COM ALUNOS DE CURSOS TÉCNICOS E DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE TODO O PAÍS, O SENAI-ES OCUPOU A 9ª POSIÇÃO NO QUADRO GERAL DE MEDALHAS

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ais de mil competidores, de 26 unidades federativas de todo o país e do Distrito Federal, estiveram no maior torneio de educação profissional das Américas, a Olimpíada do Conhecimento. O evento aconteceu de 10 a 13 de novembro, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, e foi marcado por uma conquista inédita para o Espírito Santo: o Senai-ES ficou entre os 10 primeiros colocados gerais da competição de acordo com o número total de medalhas, ocupando a nona posição – foram oito medalhas e 31 participantes capixabas. Realizada a cada dois anos, a Olimpíada do Conhecimento contou com uma série de novidades em 2016, reunindo estudantes de cursos técnicos e de formação profissional do Senai, dos Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (IFs) e de escolas públicas do Distrito Federal. As provas da edição 2016 passaram a exigir dos alunos habilidade técnica e conhecimento sobre o mundo do trabalho, além de capacidade para trabalhar em grupo e para resolução de problemas. Eles foram desafiados individualmente e em equipe, apresentando soluções às empresas industriais e à comunidade. Os objetivos da competição são estimular jovens em processo de formação, elevar o nível de desempenho dos alunos em cada 74

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ocupação, promover o intercâmbio técnico-pedagógico entre os participantes, proporcionar vivências semelhantes às enfrentadas na vida profissional e aproximar a educação profissional do mercado de trabalho e das necessidades ambientais da indústria. “Nossos alunos não foram preparados especificamente para o evento, eles estão sendo formados para o mercado de trabalho. Esse resultado mostra a qualidade do profissional que estamos entregando para o mercado de trabalho formado em um ambiente mais próximo possível ao que ele vai encontrar na indústria. Certamente é fruto do trabalho que passa pela disposição da gestão da Findes de investir na modernização do Senai e também na capacitação dos instrutores”, declarou o gerente de educação e tecnologia do Senai-ES, João Marcos Del Puppo. Para a gerente da divisão de Educação Profissional do Senai-ES, Zilka Teixeira, a Olimpíada do Conhecimento é “um momento de avaliação das práticas pedagógicas que são desenvolvidas”, ao mesmo tempo em que cria condições de aperfeiçoamento dos estudantes e dos instrutores. “Com certeza, os investimentos feitos nas unidades e os treinamentos na nova Metodologia de Educação Profissional do Senai, na qual 100% de nossos instrutores estão sendo capacitados, se refletem nos resultados tanto da Olimpíada


Foto: Divulgação

VENCEDORES DO SENAI-ES NA OLIMPÍADA DO CONHECIMENTOS Categoria: Construções e Edificações • Desafio por equipes – Projeto Casa Popular Inteligente 2º lugar, Unidade Senai Vila Velha: Amanda de Jesus Rodrigues, Beatriz Klipel Farias, Breno Buzim Lopes, Bruno Pereira Rocha, Fabrício Santos Gonzaga, Iure Ferreira Catrinque, Patrick Kennedy Ribeiro Soares, Rafael Ribeiro Barbosa • Desafio individual – Marcenaria – 2º lugar: Patrick Soares • Desafio individual – Construção em Alvenaria – 3º lugar: Rafael Ribeiro Barbosa

O Senai-ES oferece cursos profissionalizantes em diversos setores. Um deles é o de automação

• Desafio individual – Hidráulica – 2º lugar: Breno Lopes Categoria: Tecnologias de Manufaturas e Engenharias • Desafio Individual – Usinagem CNC – 3º lugar: Rodrigo Alves Magalhães Avaliação Prática do Estudante (Saep)

do Conhecimento como também nos nossos eventos estaduais, como pudemos perceber nas Olimpíadas Senai de Ocupações, na Mostra Tecnológica Inova Senai, que realizamos anualmente, e no desempenho dos estudantes dos cursos técnicos, medido anualmente pelo Senai Departamento Nacional”, disse. O bom desempenho dos instrutores e dos alunos do Senai-ES na Olimpíada do Conhecimento foi reconhecido pelo governador Paulo Hartung, que no dia 29 de novembro recebeu uma comitiva formada por eles. A iniciativa foi coordenada pelo diretor regional do Senai-ES, Luis Carlos Vieira, com o objetivo de motivar os alunos. O governador prestou congratulações e agradeceu a forma com que representaram o Estado em uma competição nacional.

CADASTRO PARA INTERESSADOS EM ESTUDAR NO SESI-ES Trabalhadores da indústria e comunidade em geral ainda podem matricular seus filhos no Sesi-ES. Continua aberto no site escola.sesi-es.org.br, o cadastro de interesse de vagas, com validade para as 11 escolas da Rede Sesi-ES de Ensino: Maruípe (Vitória), Jardim da Penha (Vitória), Araçás (Vila Velha), Foto: Divulgação

A equipe “Lego Side”, do Sesi-ES de Maruípe (ES), que conquistou o 1º lugar geral no Torneio de Robótica

• Técnico em Logística – 3º lugar: Igor Gregório Prati • Categoria Pessoas Com Deficiência (PCD) – Costureiro industrial – 2º lugar: Marinete Martinelle Escola Sesi Senai do Futuro • Grand Prix Senai de Inovação – 2º lugar: Eliena Cazotto, Saori Eto, Elnathan Souza e João Vitor Suprani

Cobilândia (Vila Velha), Porto de Santana (Cariacica), Campo Grande (Cariacica), Laranjeiras (Serra), Colatina, Linhares, Aracruz e Cachoeiro de Itapemirim. Ao realizar o cadastro de interesse de vaga, é possível escolher qual unidade de preferência. Em seguida, a inscrição é confirmada por e-mail e a convocação ocorre de acordo com a disponibilidade de vagas. O Sesi-ES é a maior rede de ensino privada do Estado, oferecendo educação básica, desde o ensino infantil ao ensino médio, atendendo mais de 11 mil alunos. “Nos últimos anos temos investido muito na qualidade do serviço e também em inovação. Buscamos novas tecnologias e ferramentas para tornar as aulas mais atrativas aos alunos, para que também possam aprender de forma mais lúdica e com mais significado para sua vida”, explica a gerente de Educação Básica do Sesi-ES, Josefina Prezentino. Outra possibilidade para o aluno da Rede Sesi-ES é a de cursar o ensino médio de forma articulada e gratuita à formação técnica no Senai-ES, por meio do Programa de Educação Básica e Profissional (Ebep). “O aluno tem a possibilidade de receber educação em tempo integral, embora não fique todo o dia na mesma unidade, mas ele pode estudar no Sesi pela manhã e fazer um curso técnico no Senai, na parte da tarde”, orienta Prezentino. Del Puppo acrescenta que dos alunos que foram medalhistas na Olimpíada do Conhecimento, a maioria eram justamente os integrantes do Ebep. “Isso reforça uma disposição, uma capacidade dessas instituições no conjunto de formar. O Sesi é uma escola regular, mas também contribui com a formação voltada para o mundo do trabalho. A vitória é coletiva”, conclui. Para mais informações, procure o setor de matrículas do Sesi-ES pelo telefone (27) 3198-9020. radio.esbrasil.com.br •

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SIDEMBERG RODRIGUES

RETROSPECTIVA

é gerente-geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMitttal Brasil

O ANO DAS REVELAÇÕES

Foto: Roberto Rocha

ALÉM DE IGNORAR O SÉRIO DESEQUILÍBRIO ENTRE AS DUAS GRANDES “ECOS” (A ECOLOGIA E A ECONOMIA), EM 2016 O MUNDO DEU SINAIS CLAROS DE MUITO RETROCESSO

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e alguém tinha dúvida do Apocalipse, 2016 foi, indiscutivelmente, bíblico. E o inferno parece revelado na COP 22, em Marrakesh, quando a ONU informou que a temperatura da Terra ficou 1,35 grau acima no mês de referência, a mais elevada das últimas quatro décadas. Não bastasse a exacerbação da lógica neoliberal, temos cada vez mais gente no mundo, querendo cada vez mais coisas, com consequências desastrosas. O consumismo e a ganância capitalista, que só enxerga lucro a curto prazo, ainda acham que os recursos naturais são inesgotáveis e que o “crescimento” é infinito, mesmo que o sistema esteja dando sinais de fadiga, no limite de seu expansionismo, em um planeta quase fora de sua capacidade de regeneração. A economia duela com a ecologia e esta última sumiu dos discursos políticos, de direita e de esquerda, extremos que sequer existem mais. A propósito, quando as primeiras trombetas soaram anunciando que a corrupção transpartidária levaria à derrocada qualquer sonho de integridade, direita e esquerda acabariam fundidas para coroar um juiz como o herói de um país. Não por promover a justiça social priorizando dignidade e cidadania, mas por expedir o maior número de mandados de prisão

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para representantes públicos e privados. O poder econômico revelou-se corrompendo o público. E vice-versa! Enquanto o Brasil atravessava sua pior crise de confiança, o Reino Unido mostraria uma inoportuna face individualista, exilando-se do bloco europeu, em um tempo em que só a complementaridade pode salvar o modelo

A economia duela com a ecologia e esta última sumiu dos discursos políticos, de direita e de esquerda, extremos que sequer existem mais” civilizatório. Enquanto isso, a crueldade ditatorial, diante da negligência internacional, responderia por novos êxodos afluindo para o impermeável Velho Mundo. Mas, se os cavalheiros pareciam descer dos céus – em chamas – com foco na Europa e na América do Sul, a energia apocalíptica não deixaria de inspirar a mente perturbada da

Grande Águia para trazer ao poder o revés dos direitos humanos e do bom senso. Entre falências econômicas de nações, crise política e de liderança, além de muitos pontos de desavença incendiando a tão sofrida Terra, o terrorismo sistêmico trataria de intensificar a subjetividade negativa, consumando uma versão contemporânea de final dos tempos. Se esse assustador cenário está previsto na Bíblia, a alternativa de solução também consta na Sagrada Escritura. O afastamento do homem da espiritualidade responde por 100% de todo o sofrimento evitável gerado. O resgate da raiz emocional da responsabilidade – a compaixão – está lá. Assim como os ideais do amor a Deus, que divinizaria as relações do homem com o que há de mais sagrado: a natureza e a vida, inclusive de outro homem (o próximo). Sem o aprimoramento contínuo da maturidade do senso moral, que inspira a aeróbica do espírito, não haverá sensibilidade nem salvação. Apesar de tudo, 2016 foi positivamente revelador, por ser um grande aprendizado. O melhor desejo para o próximo ano, talvez seja que todas as lições aprendidas não sejam esquecidas. Ou não teremos a chance de uma segunda época.



MÓVEIS

INVESTIR PARA DRIBLAR A CRISE

ago/16 ago/15 ago/14

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gravada em 2016, a crise econômica e política que o Brasil enfrenta desde 2014 e que reduziu o poder de compra da população, os investimentos públicos e as isenções fiscais setoriais é mais um fator a prejudicar o desempenho do setor de móveis capixaba, já combalido pela alta carga tributária e pela progressiva perda de competitividade. O presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira/ Findes, Luiz Rigoni, explica que a carga tributária brasileira atrapalha o crescimento e cria uma concorrência desleal com outros países. “Tem países em que os custos tributários e passivos de todo tipo não representam nem 30% do nosso aqui no Brasil. Isso pesa muito em nossos custos e competitividade”, afirma. Em dezembro de 2015, o segmento moveleiro do Espírito Santo fechou o ano com uma queda de 14,3%. Os números de 2016 registram, somente de janeiro a abril, uma forte queda de 37,5% no volume de vendas. Vale ressaltar que até o fim do ano esse resultado será certamente melhor, uma vez que o segundo semestre é historicamente o período que mais vende.

PREPARANDO O FUTURO Mesmo com números ainda desfavoráveis, as empresas apostaram em investimentos em 2016, demonstrando certo otimismo em relação aos próximos anos e preparando-se para saírem mais fortes e aptas a enfrentar a crise. O presidente do Sindicato das Indústrias de Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo (Sindimol), Alvino Pessoti, acredita numa reação ainda no segundo semestre de 2016. “Estamos sentindo os efeitos da crise, como todo mundo, mas estamos investindo em novas estratégias, que nos permitam enfrentar mais este momento desafiador. Por isso, acreditamos em uma melhora significativa para o segundo semestre, em relação aos primeiros seis meses deste ano.” Embora também otimista, o presidente do Sindimadeira do Espírito Santo, Luiz Henrique Toniato, faz previsões mais 78

PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE MÓVEIS NO BRASIL Variação em relação aos 12 meses anteriores

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ago/13

-17% -9% -5% 1%

ago/12

6,6%

Fonte: Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos - PEC/Bradesco

cautelosas: “Após um período de intensas quedas, prevemos uma leve recuperação no primeiro semestre de 2017, com melhores perspectivas a partir do segundo semestre”, disse.

FÁBRICA DE MDF Um exemplo dos investimentos planejados já no início da crise e concretizados agora em 2016 visando a uma recuperação futura foi o lançamento da pedra fundamental, em junho deste ano, da primeira fábrica de MDF do Estado. A empresa Placas do Brasil está sendo construída com capital próprio de 40 industriais moveleiros no município de Pinheiros e é o resultado de um investimento de R$ 388 milhões na planta industrial, além de R$ 80 milhões na base florestal que alimentará a fábrica. Além disso, o empreendimento irá gerar 400 empregos durante a execução das obras, que têm previsão de término para o início de 2018, quando serão empregadas cerca de 150 pessoas na unidade industrial e mais cerca de 450 na cadeia produtiva de plantio, colheita e transporte de matéria-prima. “A fábrica de MDF é um sonho antigo do setor no Estado e com certeza será um divisor de águas. Teremos a oportunidade de adquirir matéria-prima a custos mais baixos, considerando o valor do frete que pagamos atualmente. Isso trará mais competitividade às nossas indústrias”, disse o presidente do Sindimol. MÓVEL SHOW Outra ação que mostra que o setor está apostando em 2016 para a retomada do crescimento foi a realização do evento Móvel Show, em julho deste ano, no Pavilhão de Carapina. O evento trouxe um ambiente favorável às vendas e estima-se que movimentou cerca de R$ 150 milhões em negócios para as indústrias presentes.


ALIMENTOS E BEBIDAS

ADAPTAR-SE PARA SOBREVIVER

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ano de 2016 foi definido por representantes do segmento de alimentos e bebidas como atípico, e as dificuldades trazidas pela crise econômica e política se fizeram sentir em terras capixabas. O Espírito Santo conta atualmente, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade do Sistema Findes, com 924 empresas do setor alimentício, que geram 21.350 empregos. Já as empresas de bebidas no Estado são 53, criando oportunidade para 1.475 trabalhadores. Juntos, esses segmentos responderam em 2015 por 615 demissões e, até outubro deste ano, por mais 434. A boa notícia é que, ao contrário da média nacional, que registrou -11,5% na produção, as fábricas de alimentos e bebidas apresentaram um desempenho melhor, com a taxa positiva de 7,4%. Para Emerson de Menezes Marely, vice-presidente da Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas do Sistema Findes, as empresas precisaram se realinhar para seguir no mercado. “Experimentamos um período como há muito não PRODUTIVIDADE INDUSTRIAL DE ALIMENTOS Variação acumulada no ano em relação ao ano anterior (%)

2016*

7,4 -11,5 10,6

2015

3,5 4,8

2014 2013 Brasil * Acumulado até outubro

Fonte: CNI/Ideies/Sistema

1,4 -8,1 2,6 Espírito Santo

Ao contrário da média nacional, o setor de alimentos e bebidas capixaba obteve desempenho de 7,4%

víamos. Existe aquela ideia de que setor de alimento não passa por crise e que sempre vende, mas na prática não é bem assim. Mesmo produtos que não eram supérfluos acabaram sendo cortados pelos consumidores e hoje muitos clientes compram realmente só o essencial” destacou ele. Marely, que é proprietário da Biscoitos Ewilla, estima que algumas empresas do setor de alimentos tiveram redução de 30% das vendas. “Houve empresas que registraram uma queda muito grande nas vendas e precisaram demitir funcionários. Por outro lado, outras conseguiram diversificar serviços, buscaram novos mercados e não sofreram queda tão acentuada. Notamos que são empresas que se habituaram a fazer mais com menos. O empresariado precisou se reinventar em 2016, e não foi para crescer, mas sim apenas para se manter no mercado”, falou. Entre as empresas que buscaram novos mercados está a Pães Lekker, que passou a oferecer seus produtos no Rio de Janeiro. De acordo com o proprietário, Levi Tesch, a decisão impediu que a empresa terminasse 2016 no vermelho. “As indústrias de alimentos e bebidas tiveram uma penalização grande no faturamento. Praticamente todas precisaram demitir. Foi preciso estratégia e planejamento para se manter. No caso da Lekker, o destaque ficou para a nossa chegada ao Rio. Por conta dessa decisão, crescemos em torno de 28%, o que não seria possível se contabilizássemos apenas os números do Espírito Santo. Lá, atendemos à Região dos Lagos e à cidade do Rio de Janeiro”, frisou Tesch, que também é presidente do Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado do Espírito Santo (Sindimassas). Para o empresário, trata-se de uma reação em cadeia, iniciada em Brasília e com desdobramentos para todos os setores. “Grande parte deste momento que vivemos pode ser explicada pelo cenário político no país. Isso gera incertezas, baixo consumo, queda nas vendas e, claro, desemprego. Quem não demitiu fez de tudo para ficar no zero a zero. E até uma época como o Natal, que sempre chega com muitas expectativas, este ano foi mais fraco, com uma expressiva queda na venda de produtos como panetones, inclusive de grandes fábricas”, explicou. Para ele, o mercado deve começar 2017 com cautela e sem fazer grandes investimentos. radio.esbrasil.com.br •

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Foto: Secom/Fred Loureiro

AGRICULTURA

SECA PROVOCA CRISE NO CAMPO

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agricultura capixaba sofreu um grande impacto com uma das piores secas das últimas décadas no Estado, iniciada em 2014 e prolongada até este ano. Os proprietários rurais registraram perdas consideráveis e queda na produção de várias culturas, incluindo o café conilon, a cana-de-açúcar, grãos e frutas. O acumulado de prejuízos nos últimos dois anos alcançou a marca dos R$ 3,6 bilhões e representa um forte abalo num setor que responde por cerca de 25% do Produto Interno Bruto do Espírito Santo. A produção de café conilon foi uma das mais afetadas e deixou governos municipais e agricultores em estado de alerta, já que a cafeicultura (arábica e conilon) contribui com 40% do PIB agrícola e emprega cerca de 400 mil pessoas no Estado. A mais recente previsão de safra 2016/17 de café conilon, divulgada em setembro, foi estimada em 5,38 milhões de sacas – um decréscimo de 30,67% em relação à safra 2015/16, segundo relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mesmo com as chuvas dos últimos meses de 2016, não se pode esperar uma recuperação imediata do setor. “Com a volta do período chuvoso, a perspectiva é de que haja uma recuperação da produção de café somente em 2018”, avalia Brício Alves dos Santos Júnior, superintendente da Conab no Estado. Esse tempo é necessário para que as lavouras possam se recuperar do longo período de danos. “Para as culturas de ciclos curtos, podemos esperar alguma melhora na produção já em 2017, mas somente se não houver um novo período de seca.” A situação de cautela é reforçada pelo presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha Júnior. “A expectativa para 2017 não é muito animadora. Temos que agir como se ainda estivéssemos em plena crise hídrica”, alerta. Ele defende uma ação conjunta dos municípios para enfrentar os problemas. “Precisamos reunir todos os prefeitos 80

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Em 2016, a bovinocultura de corte teve perdas de 3,5%

EXPORTAÇÕES – AGRONEGÓCIO ES – 2016 Indicador Quantidade (toneladas) Receita (bilhões)

Variação (%) 2,71 milhões 1,88 milhões -30,6 US$ 1,98 U$ 1,11 -43,9 2015¹

2016²

¹Dados referentes ao período de janeiro a dezembro/2015 ²Dados referentes ao período de janeiro a outubro/2016 Fonte: Seag/ES

para ver as principais demandas e possibilidades de redução de custos da administração pública e de uso da água. A conta não pode ficar só para o agricultor, porque a cidade depende da produção do campo”, defende Uma série de medidas vem sendo adotada pelo Governo do Estado para enfrentar os problemas e minimizar prejuízos que a seca prolongada fez surgir no Espírito Santo. Uma delas é o investimento de R$ 90 milhões, até 2018, para a edificação de mais de 60 reservatórios dentro do Programa Estadual de Construção de Barragens desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). “Conseguimos pôr de pé um conjunto de políticas públicas para ajudar o produtor rural neste momento de dificuldade. A expectativa para 2017 é de um cenário ainda muito difícil para

“A expectativa para 2017 não é muito animadora. Temos que agir como se ainda estivéssemos em plena crise hídrica” Júlio Rocha Júnior, presidente da Faes


“O cenário ainda é muito difícil para o produtor, principalmente aqueles que trabalham com culturas de ciclos médios e longos” Octaciano Neto, secretário de Estado da Agricultura

INVESTIMENTO ANUAL Crédito rural no Espírito Santo

2016

o produtor, principalmente aqueles que trabalham com culturas de ciclos médio e longo”, estima o secretário da pasta, Octaciano Neto. Segundo ele, as atividades mais prejudicadas com a seca dos últimos anos foram a cafeicultura do conilon, a fruticultura e a a produção de leite e de gado de corte.

2015

2,33 bi 48.728 2,99 bi

2014 2013

O IMPACTO NAS SAFRAS Os efeitos da seca prolongada também atingiram outras culturas além do café, que registraram queda na produção em relação a 2015. Entre as lavouras que apresentaram essa redução estão as de feijão (-18,45%), arroz (-37,2%), pimenta-do-reino (-7,8%), cana-de-açúcar (-38,9%), coco-da-baía (-32,6%), banana (-5,4%) e cacau (-0,5%). O Espírito Santo é um dos principais exportadores de mamão e a safra de 2016 ficou 29% menor em relação a de 2015 e 35% menor se comparada à de 2014. A pecuária também amargou perdas. A bovinocultura de corte decresceu 3,5%, enquanto a produção de ovos diminuiu quase 19%. Porém, o abate de frangos e suínos vai fechar o ano em alta. Em comparação com 2015, a produção de carne de frango subiu 17% e deve superar a marca de 48 milhões de animais abatidos. Já a suinocultura vem registrando um aumento de 39,5% na produção. “Os negócios não fluíram como imaginávamos. O ano de 2016 foi cheio de desafios para o agronegócio, e a produção de matériaprima causou preocupação em toda a cadeia da avicultura, tanto que foi necessário buscar uma alternativa na Argentina para suprir

Valor (em reais)

69.110 2,48 bi 69.191 Número de contratos

Fonte: Banco Central

a possível falta de estoque de milho, pois o preço do grão alcançou valores recordes, elevando assim o custo de produção”, informou o vice-presidente da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), Denilson Potratz. O município de Santa Maria de Jetibá concentra mais de 90% das atividades avícolas de postura comercial do Espírito Santo e, mesmo no cenário de crise, a Coopeavi inaugurou o primeiro condomínio avícola para produção de ovos, que começa a funcionar no primeiro semestre de 2017. “O condomínio surge como uma alternativa viável, pois oferecerá as vantagens da produção automatizada, em um modelo baseado nos conceitos de economia compartilhada”, explica Potratz.

Foto: Secom/Marcelo Gladson

A produção de café deverá ter recuperação somente em 2018

1,73 bi 32.999

RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em setembro a renegociação de dívidas de agricultores do Espírito Santo e de outros sete estados que sofreram com a estiagem prolongada e a seca, registrando prejuízos nas lavouras. Foram beneficiados pela medida os contratos de crédito rural nos municípios que decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública a partir de 1° de janeiro de 2015 no Espírito Santo. O total de dívidas de crédito que vencem em 2016 e podem ser renegociadas chega a R$ 1,7 bilhão. A medida vale para todas as instituições que possuem essas linhas de crédito, entre elas Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, Banestes, Bandes e Sicoob. Mesmo com a necessidade de prorrogar prazos de pagamento, o volume de crédito concedido em 2016 é robusto, chegando a R$ 1,73 bilhão em quase 33 mil contratos. O Banestes, por exemplo, mantém aplicado na carteira de Crédito Rural o valor de R$ 354,6 milhões, beneficiando 5,7 mil pequenos e médios produtores rurais em todo o território capixaba. O banco totaliza 6,8 mil contratos assinados. Já o Bandes registrou o total de 2,1 mil contratos em 2016, que somam um valor financiado de R$ 108,5 milhões. Esse montante é 40% maior do que o volume de crédito de 2015, que foi de R$ 77,3 milhões, e 29% superior ao montante de 2014. radio.esbrasil.com.br •

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Foto: Divulgação

MERCADO AUTOMOTIVO

Dificuldade para concessão de crédito e inadimplência do consumidor vêm prejudicando a comercialização de veículos no Estado

RETRAÇÃO QUE NÃO ACABA

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s vendas totais de veículos no Espírito Santo no mês de outubro registraram uma redução de 23,5% no comparativo com igual período do ano passado, quando foram comercializadas 5.324 unidades contra as 4.073 de 2016. No acumulado dos primeiros 10 meses do ano, o mercado automotivo capixaba encolheu 27,54%. Com relação ao total de autos e comerciais leves vendidos em outubro (2.497 veículos), o volume é 10,15% maior que o do mês de setembro, quando foram comercializadas 2.267 unidades. Porém, na comparação com outubro do ano passado, quando foram comercializadas 3.184 unidades, verifica-se uma queda de 21,58%. As vendas de caminhões e ônibus no mês também tiveram resultados negativos (-29,52%), assim como as de motocicletas (-25,26%). De acordo com José Francisco Costa, diretor-executivo do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodiv-ES), a queda de autos e comerciais leves pode ser justificada, em parte, pela dificuldade de concessão de crédito. “Com índices elevados de inadimplência os bancos estão mais criteriosos para conceder crédito. E o motivo disso é a crise econômica que tem abalado o país, elevando esses índices para algo em torno de 82

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67% das famílias. Deste total, 70% são dívidas com cartões de crédito e, por conta disso, as instituições financeiras endurecem as regras para novos financiamentos”, afirma.

EMPLACAMENTOS DE NOVEMBRO NO ES Houve queda significativa em três anos no setor

2016 2015 2014 2013 Fonte: Sincodiv-ES

4.380

5.167

8.532

8.325


Foto: APPA

Foto: Volare

Os dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef ) confirmam o que diz Costa: de janeiro a outubro foram liberados R$ 64,7 bilhões para financiamentos, queda de 12,6% sobre igual período de 2015, segundo a entidade. Para sobreviver à crise, muitas concessionárias estão aperfeiçoando o atendimento e os serviços prestados aos clientes, como a Vitória Motors MercedesBenz. “Na Vitória Motors, nos adequamos ao tamanho do mercado e investimos na melhoria de processos e no atendimento ao cliente. Quando se fala em mercado de luxo, a exigência com o atendimento e os serviços é ainda maior e, mesmo com os ajustes necessários, não deixamos de manter o alto nível de excelência”, revela Patrícia Asseff, diretora-executiva da empresa.

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“Com índices elevados de inadimplência os bancos estão mais criteriosos para conceder crédito para a compra de carros” José Francisco Costa, diretor-executivo do Sincodiv-ES DESEMPENHO NO PAÍS A venda de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em todo o Brasil caiu 17,22% em outubro, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). De acordo com a associação das concessionárias, foram emplacadas 159.049 unidades, contra 192.133 no mesmo período de 2015. No acumulado do ano, a queda é ainda maior, de 22,28%. O fluxo de negócios nas concessionárias d e ve í c u l o s i mp or t a d os t amb é m

NOVIDADES DE 2016 No mês de março, a Agrale produziu o primeiro caminhão na sua planta instalada em São Mateus, município que também contou com o lançamento do Volare Cinco, em abril, modelo para transporte de passageiros fabricado pela Volare. Na Grande Vitória, o destaque do ano no mercado automotivo foi a inauguração da concessionária Iveco, empreendimento que tem foco na venda de caminhões, ônibus e utilitários.

apresentou desaceleração em todo o país. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), no mês de setembro foram negociados somente 2.754 veículos nas 18 marcas filiadas à entidade, o que gerou um recuo de 6,2% em relação a agosto. E por ser um ano de muitos desafios, o diretor-geral da Divisão Comércio do Grupo Águia Branca, Riguel Chieppe, reafirma a importância de se estreitar os laços com os clientes. “Este ano de 2016 foi mais um período desafiador, que exigiu de todos nós uma dose extra de esforço e criatividade. O cliente está ainda mais criterioso na escolha do seu carro novo, exigindo mais do que produtos de qualidade, obrigação em qualquer segmento e que ganha uma amplitude ainda maior com as marcas premium. Nós, do Grupo Águia Branca, estamos muito atentos a isso, nos momentos favoráveis ou nem tão favoráveis assim. Por isso, escolhemos marcas parceiras que estejam alinhadas com nossos valores e que tenham foco na relação duradoura com o mercado e clientes”, conclui.

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COMÉRCIO EXTERIOR

De acordo com o Sindiex, tanto as importações quanto as exportações apresentaram um recuo nos primeiros seis meses do ano

PRIMEIRO SEMESTRE DECEPCIONANTE

O

primeiro semestre de 2016 apresentou resultados negativos nas operações do comércio exterior capixaba. Dentre os principais estados importadores do país, o Espírito Santo registrou o pior saldo de janeiro a junho deste ano, com uma queda de 35,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 1,8 bilhão, contra US$ 2,8 bilhões. Segundo o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado (Sindiex), a maior retração foi registrada nas operações com automóveis (-56%), seguida por vestuário (-53%), equipamentos de telefonia celular (-40%), máquinas e equipamentos (-37%) e carvão mineral (-31%). “Sem dúvida alguma, a falta de infraestrutura portuária, juntamente com as deficiências logísticas rodoviárias e aeroportuárias, tem um impacto bastante significativo em nosso comércio exterior. Grande parte das exportações de café e rochas ornamentais está sendo realizada através de portos em outros estados brasileiros, pois o terminal de contêineres na baía de Vitória apresenta problemas bastante conhecidos por nossa sociedade. Com a recente greve no TVV, chegamos à conclusão que não podemos depender de um único terminal de contêineres”, afirmou Marcilio Machado, presidente do Sindiex. Assim como as importações, as exportações capixabas também tiveram uma redução significativa (-41%), totalizando US$ 3,1 bilhões, contra US$ 5,3 bilhões em 2015. O pior resultado ficou com o petróleo, com queda superior a 70% nas vendas, seguido por minério de ferro (-66%), ferro e aço (-22%), celulose (-14%) e rochas ornamentais (-4%). “Além da infraestrutura e da queda no comércio de uma forma geral, o Espírito Santo também se prejudicou muito com a paralisação das atividades da Samarco. Cerca de 220 a 230 navios deixaram de exportar em 2016 por conta deste problema”, analisa Waldemar Rocha Júnior, presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar). 84

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A MOVIMENTAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR NO ES Comparativo de janeiro a outubro

2016

-34,16% -38,16%

2015

-25% -19% -2,6%

2014 2013

+19,3% -15% -11%

Exportações Importações Fonte: Secretaria de Comércio Exterior e Sindiex

ÂNIMO NO TERCEIRO TRIMESTRE Depois de atravessar um período de incertezas, as operações do comércio exterior capixaba começaram a dar sinais de recuperação no terceiro trimestre deste ano, quando registraram um aumento de 4% nas exportações e de 7% nas importações em comparação com o trimestre anterior (abril, maio e junho). “Existe, atualmente, uma confiança maior em que o Brasil possa superar os desafios. Para os empresários, é importante olhar para o futuro e vislumbrar novas oportunidades. Acreditamos que com a aprovação das reformas propostas pelo governo, tanto relativamente ao teto dos gastos públicos quanto à reforma da Previdência, as perspectivas para 2017 serão melhores”, avalia o presidente do Sindiex.



VAREJO

Muitas portas de lojas fechadas em 2016. Em julho o recuo nas vendas foi de 0,9%

COMÉRCIO CAPIXABA LUTA PARA DRIBLAR A CRISE

O

Natal deste ano promete ser bem “magro” para os lojistas capixabas, segundo estimativas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), que apontam para uma retração no volume de vendas de 4,3% no mês. Uma dura realidade, que, por incrível que pareça, ainda assim é melhor do que a registrada em dezembro do ano passado, quando a queda foi de 10,4% em relação a 2014. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio, no acumulado de janeiro a agosto o Espírito Santo registrou uma redução de 11,3% nas vendas em relação aos oito primeiros meses de 2015. O cenário nacional também não é dos melhores, com o Brasil apresentando um recuo de 6,6% no acumulado de janeiro a agosto em comparação com igual período do ano passado. “A nossa expectativa é a de uma luz no fim do túnel, com a reorganização do Brasil e uma retomada do crescimento econômico no futuro, mas, por enquanto, o comércio ainda está perdendo volume de vendas, embora no Estado essa retração tenha desacelerado no mês de agosto em relação a julho, mês em que a Pesquisa Mensal do Comércio registrou recuo de 0,9%”, revela José Lino Sepulcri, presidente da Fecomércio-ES. Segundo a entidade, a queda no mercado capixaba é menor do que a registrada em julho, quando o volume de vendas recuou 2,8% sobre junho. Já na comparação com agosto de 2015, a retração foi de 12,4%. E como era de se esperar, a situação econômica que vem se agravando desde 2014 é considerada como uma das grandes vilãs, trazendo impactos sobre o consumo dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de 86

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Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em outubro ficou em 73,9 pontos, numa escala de 0 a 200, e mesmo que o resultado represente uma elevação de 2,4% sobre setembro, na comparação anual ainda existe uma queda de 5,7 pontos. Na capital capixaba, a queda foi de 3,5% em comparação com setembro e de 18,2% em relação a outubro do ano passado, o que indica uma percepção de insatisfação dos empresários com a situação atual. “Dois fatores principais afetam a diminuição da renda das famílias e a disposição de consumir: primeiro, a perda do emprego. As variáveis do mercado de trabalho precisam se recuperar de forma a recompor as perdas acumuladas para que os reflexos no consumo comecem a ser observados com mais consistência. O segundo fator é a inflação, que tem corroído a renda e afetado o poder de compra”, revela o presidente da Fecomércio-ES. A capital capixaba registrou em junho o maior índice de pessoas endividadas do Sudeste, com 66,7% das famílias apresentando pelo menos uma dívida. O percentual continuou subindo até chegar a 70,9% em novembro. Outro índice que registrou aumento foi o total de inadimplentes no Espírito Santo, que, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Vitória (CDL Vitória), cresceu 6,09% em setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2015. “Atualmente, há 622.761 pessoas inadimplentes no banco de dados do SPC no Estado, totalizando 1.868.284 registros”, informa Cláudio Sipolatti, presidente da CDL Vitória. Para tentar driblar a crise, as Câmaras de Dirigentes Lojistas de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica realizaram o “Feirão


VENDAS NOS SUPEMERCADOS BRASILEIROS Mês de outubro

2016 2015

+ 0,71%

- 1,56%

2014

+ 4,81%

2013

+ 7,93%

Fonte: Abras

Recupere seu Crédito”, entre os dias 30 de novembro e 4 de dezembro. O evento, que aconteceu na Arena Vitória, em Bento Ferreira, objetivou ajudar o consumidor a renegociar suas dívidas para que pudesse voltar a ter crédito nas compras de fim ano. O Feirão reuniu lojas, concessionárias de serviços essenciais, bancos e instituições financeiras, além do SPC.

SUPERMERCADOS O setor supermercadista, que vinha acumulando quedas desde o ano passado em todo o Brasil, registrou um aumento de 1,21% nos primeiros nove meses de 2016 no comparativo com igual período de 2015, quando o saldo negativo foi de 1,9% sobre 2014. Em setembro, as vendas do setor, em valores reais, representaram uma queda de -1,17% na comparação com agosto e alta de 4,66% em relação ao mesmo mês de 2015. “Desde o final do primeiro semestre o nosso índice de vendas tem mostrado uma recuperação em relação ao ano passado. O resultado de setembro foi até um pouco além do que esperávamos e, com isso, já estamos prevendo um resultado melhor de nossas vendas para os próximos meses,

em relação ao que prevíamos inicialmente. Com isso, a nossa expectativa é de que o fechamento do ano registre algo em torno de 1,0%”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada. O mês de outubro também registrou um crescimento real de 0,71% ante igual mês de 2015, além de uma alta de 4,78% sobre setembro. No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, as vendas dos supermercados brasileiros subiram 1,16% em relação ao período de janeiro a outubro de 2015. Gerando mais de 110 mil empregos diretos e indiretos no Espírito Santo e ostentando um faturamento acima de R$ 2 bilhões anuais, o setor supermercadista capixaba também apresentou números positivos em 2016, como a abertura de novas lojas, o que representou um crescimento de 5% em relação ao ano passado. “Os números do setor no Espírito Santo (e também no Sudeste) são praticamente iguais aos apresentados em nível nacional, ou seja, também tivemos um crescimento de 1,16% nos primeiros 10 meses do ano. Por conta disso, percebo uma maior estabilidade, principalmente no segundo semestre. Existe uma esperança de que

as coisas se acertem. O empresário está apostando neste novo governo para que ele coloque o trem nos trilhos novamente. Com as novas reformas que devem ser feitas, nós vamos começar a reverter essa situação”, analisa Hélio Hoffman Schneider, superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps). O Estado contou com algumas inaugurações ao longo deste ano, a exemplo das lojas São José Express, instaladas nos meses de abril e novembro em Jardim Camburi e na Enseada do Suá, respectivamente. A Rede Extrabom foi outra que se expandiu, com sua nova loja em Porto Canoa, na Serra. De acordo com a empresa, o local dispõe de uma infraestrutura completa, com rampas de acesso para circulação de pessoas portadoras de necessidades especiais, ambiente com comodidade e conforto, além de um amplo estacionamento, banheiros e banco 24 horas. O Grupo Carone foi outro que anunciou a abertura de um novo empreendimento na Serra, que irá funcionar como um “atacarejo” para atender comerciantes e o consumidor comum. O supermercado

MAIS DE R$ 150 MILHÕES EM NEGÓCIOS A 30ª edição da Feira Super Acaps Panshow, realizada entre os dias 20 e 22 de setembro, no Pavilhão de Carapina, na Serra, gerou um volume de negócios de mais de R$ 150 milhões, com uma projeção positiva para os meses seguintes ao evento. Contando com uma programação variada, a feira reuniu cerca de 200 expositores locais, nacionais e estrangeiros e em torno de 20 mil visitantes. O grande encontro anual do segmento supermercadista exibiu novidades em máquinas, equipamentos, produtos e serviços, contemplando as mais variadas marcas presentes em supermercados e padarias do Estado. A feira ofereceu também uma programação técnica com ciclo de palestras, debates, painéis e rodadas de negócios, promovendo o acesso à atualização profissional e a oportunidade de discutir temas relevantes e oportunos para o varejo. O evento é uma realização da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) e do Sindipães, com correalização do Sebrae, patrocínio da Garoto, do Sincades e da Gráfica Jep, além do apoio do Sesi e do Senai.

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VENDAS DO COMÉRCIO Janeiro a agosto (% de queda em 2016 diante de 2015) Espírito Santo Brasil

-11,3%

-6,6%

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio

ficará localizado em Jardim Limoeiro e deve ser inaugurado ainda no primeiro semestre do ano que vem. No mês de abril, foi inaugurada a mais nova loja da rede OK de superatacados, na região de Santos Dummont, em Vila Velha. Além do supermercado, o local conta com um centro de compras com 22 lojas, praça de alimentação, lotérica, bancos, farmácia, adega e uma academia de ginástica. Essa é a quinta loja que a rede instala no estado.

SHOPPINGS Para continuar atraindo clientes, principalmente em tempos de crise econômica, os shoppings da Grande Vitória estão apostando em novidades. O Shopping Vitória, por exemplo, inaugurou 17 lojas ao longo deste ano, como a primeira operação da Sephora no Espírito Santo e as filiais da Tapiocaria Maceió, da Croasonho e da Madero, além da Pandora, do Espaçolaser e da Havanna. O ano do centro de compras também foi marcado pelas diversas reinaugurações e reformas.

“Estamos confiantes de que os efeitos mais danosos da crise tenham passado e que teremos um 2017 de construção, porém com melhor ânimo por parte dos clientes e, sobretudo, dos investidores – responsáveis pela injeção de recursos e consequentemente, pela manutenção dos empregos”, revela Raphael Brotto, superintendente do Shopping Vitória. O Shopping Praia da Costa também apresentou alguns destaques, como as inaugurações do Balada Mix, do CocoBambu, da Madero, da Pizza Hut e das lojas Maria Filó, The Beauty Box e Quem Disse Berenice?, além do Banestes e de espaços como o Entrada Gourmet e a Pracinha do Praia e do início do projeto pet friendly. O estabelecimento contou ainda com eventos como a Temporada Moda e Design, o Encontro dos Chefs e a Semana da Mulher. O Shopping Mestre Álvaro recebeu neste ano três eventos inéditos e gratuitos: o “Mestres Aviadores”, o “Super Games” e o “Brinquedoteka”. O shopping ofereceu ainda diversas atividades mensais,

O Shopping Vila Velha recebeu shows de vários artistas consagrados durante todo o ano

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como aulas de forró e o projeto Meu Pequeno Mestre. Entre as inaugurações, destacou-se a chegada da loja Avenida, além da reinauguração da Mercatto e da Hering. O Shopping Montserrat foi outro que teve um ano marcado por inaugurações importantes, como as de Farmácia Serrana, Cafeteria Requinte do Café, SoulLand, Moça Bonita, Tallu, Sonora e Chopp Brahma, entre outras. A expectativa agora é pela inauguração, em 2017, da Academia Razões do Corpo, da loja União e da loja Eletro House. O estabelecimento também realizou o seu primeiro Desfile de Moda & Beleza, além da competição de novos talentos “Encanta Kids”. Já no Shopping Vila Velha foram inauguradas, além da academia Smart Fit, as lojas das marcas Pandora, Santa Lolla, Churros Gourmet, Le Postiche, Casa Brasil, Sorveteria Glaciê e Le Chocolatier. Estão previstas ainda a abertura das lojas Quem Disse Berenice?, The Beauty Box, Sobrancelha Design, Mr. Cat e Avatim. A área de eventos do mall também contou com diversos shows nacionais que encantaram a todos os capixabas. “Nós oferecemos experiências e, em parceria com a renomada produtora de Patrick Ribeiro, a Área de Eventos do Shopping Vila Velha possibilita que momentos únicos sejam criados aqui. A atmosfera do espaço é de alegria – sentimento que queremos proporcionar para o povo capixaba”, afirma o gerente de Marketing Bruno Saliba.



MERCADO FINANCEIRO

Foto: Caca Lima

ANO DESAFIADOR E FUTURO NEBULOSO

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a madrugada de 31 de dezembro de 2015 para 1º de janeiro de 2016, muitos economistas e especialistas do mercado financeiro especulavam o que seria do ano que entrava e tinham dúvidas sobre o cenário brasileiro. Com 2017 cada vez mais próximo, a sensação geral é de alívio porque 2016 praticamente acabou. É o que diz Daniela Negri, coordenadora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibefes). Segundo ela, o que era “nebuloso” se materializou em uma profunda crise políticoinstitucional, que, aliada à gravíssima crise econômica nacional, fez de 2016 um ano desastroso. “A expectativa de queda de 3,7% no PIB nacional só não é pior do que a previsão de retração de dois dígitos do PIB capixaba”, afirma. Negri analisa que a queda nos preços internacionais dos principais produtos da nossa pauta de exportações/commodities, a seca que se abateu sobre o Estado, bem como a paralisação da Samarco, performaram a “tempestade perfeita” em 2016. Houve retração no crédito, tanto para pessoa física, quanto jurídica. “O aumento significativo do endividamento das famílias, somado aos índices históricos de desemprego, restringiu sobremaneira o crédito para a pessoa física. Já as empresas amargaram quedas sucessivas na produção e nas vendas.” Além disso, a volatilidade da moeda norte-americana também contribuiu para as incertezas, e não havia como ser diferente diante do cenário de crise que se instalou no Brasil. O efeito imediato, ela diz, é o aumento do preço de produtos importados ou fabricados com insumos de outros países – o que, especialmente para as indústrias, traduz-se em aumento de custos de produção. E isso tudo, claro, pode entrar na conta da inflação. 90

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Os ativos da cooperativa no Estado tiveram alta de 22%

Teoricamente um dólar mais alto é melhor para os exportadores. “Porém, no caso do Brasil, os números da balança comercial mostram que não tem sido fácil vender produtos do país no exterior, mesmo com o câmbio favorável. Os entraves estão na baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros e na alta carga tributária, que encarece os produtos”, explica Daniela. O diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Aroldo Natal Silva Filho, aponta que “houve retração na contratação de crédito para investimento devido à insegurança político-econômica”. Ele lembra que a taxa de juros apresentou números elevados no período, o que impactou o processo decisório dos empresários no que tange ao investimento em seus empreendimentos. Mas ressalta que, após duas pequenas reduções (totalizando 0,50 pp) da taxa referencial de juros, a Selic, em novembro e dezembro, a expectativa é de que “o Comitê de Política Econômica continue a baixá-la ao longo de 2017”. No cômputo geral, porém, Aroldo classificou o ano que termina como “desafiador”. “Foi preciso buscar soluções que reduzissem o impacto sobre nossas atividades e, ao mesmo tempo, atendessem às necessidades de nossos clientes, principalmente no segmento rural, em que o Bandes tem

“A expectativa de queda de 3,7% no PIB nacional só não é pior do que a previsão de retração de dois dígitos do PIB capixaba” Daniela Negri, coordenadora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibefes)


Foto: Divulgação

O crédito consignado e o imobiliário no Banestes tiveram crescimento de 2,7% e 8,2%, respectivamente

intensa atuação e que foi afetado pela forte estiagem que atingiu o Espírito Santo, causando a queda na produção de nossos principais itens agrícolas, especialmente o café”, afirma.

BANESTES: CRÉDITO CONSIGNADO E NOVOS PRODUTOS EM ALTA Buscar soluções também foi o desafio do Banestes, que acompanhou a forte retração na liberação de crédito em 2016, causada principalmente pelo cenário de recessão no país. Os financiamentos para aquisição de bens e para investimentos caíram 26,8% e 34,2% no acumulado do ano comparando com 2015. Menos mal que também houve o crescimento em alguns segmentos de menor risco, como crédito consignado e crédito imobiliário, com crescimento de 2,7% e 38,2% respectivamente, segundo o relatório do terceiro trimestre do Banestes. De acordo com Guilherme Dias, diretor-presidente do banco estadual, as limitações em 2016 ocorreram fundamentalmente por conta da redução da demanda, e não da oferta de crédito. “Mesmo diante do cenário econômico adverso dos últimos anos, o Banestes continuou ampliando a sua base de produtos e serviços disponíveis aos clientes. Um exemplo disso foi o lançamento do cartão BNDES Banestes em 2016, voltado para financiar os investimentos de micro, pequenas e médias empresas”, informou Dias.

Entre janeiro e setembro de 2016, o Bandes aprovou 2.526 operações, contra 1.319 no mesmo período do ano de 2015 Foto: Divulgação

Em compensação, o banco também registrou uma taxa de inadimplência de 8,2%, bem acima da média nacional, de 5,9%. “Esse índice é mais elevado por conta de nossa carteira rural, que representa 78,4% do total emprestado. Esse resultado decorre da forte crise hídrica no Espírito Santo nos últimos 24 meses, afetando drasticamente a produção dos principais itens agrícolas”, disse o diretor do banco.

SICOOB ES: ATIVOS E VOLUME DE CRÉDITO SOBEM Para a Sicoob ES, entretanto, o ano não foi tão ruim, pelo menos no primeiro semestre. De acordo com o relatório semestral da instituição, divulgado em agosto, os ativos da cooperativa tiveram alta de 22%, e agora o Sicoob ES administra R$ 4,8 bilhões em bens e direitos. Da mesma forma, o patrimônio líquido também está mais valorizado: encerrou o semestre em R$ 1,1 bilhão. O saldo de depósitos do Sicoob cresceu 28%, fechando o semestre em R$ 2,7 bilhões, e os valores em poupança registraram aumento de 4% em relação a 2015, totalizando R$ 482 milhões. BANDES: MAIS CRÉDITO E INADIMPLÊNCIA No quesito crédito, o Sicoob divulgou que o volume liberado De acordo com Silva Filho, apesar do momento adverso, houve aumentou 13% em relação ao primeiro semestre de 2015, levando uma forte elevação nas operações de crédito do Bandes. Entre o saldo da carteira nos primeiros seis meses a R$ 3,4 bilhões. janeiro e setembro de 2016, o banco aprovou 2.526 operações, “A instituição fez reservas prevendo um crescimento na contra 1.319 no mesmo período do ano de 2015 – um aumento inadimplência em razão do momento econômico atual e de 94,4%. Em termos de valores, o banco aprovou, entre janeiro vem atendendo às demandas dos agricultores de forma e setembro de 2016, R$ 144,0 milhões, contra R$ 75,5 milhões individualizada, analisando o impacto da frustração da safra no mesmo período de 2015, registrando elevação de 90,7%. e realizando renegociações, buscando alternativas com as Em termos de liberação de recursos, entre janeiro e setembro de fontes geradoras de recursos de crédito rural para melhorar as 2016 o Bandes concedeu R$ 128,3 milhões, contra R$ 78,4 milhões condições de amortização das operações”, explicou o presidente no mesmo período em 2015. do Sicoob ES, Bento Venturim. radio.esbrasil.com.br •

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COOPERATIVISMO

O Espírito Santo, terceiro maior produtor de ovos do país, concentra quase 100% de sua produção em uma cooperativa, a Coopeavi, em Santa Maria de Jetibá, que reúne 11 mil produtores

Foto: Divulgação

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES

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o mundo, mais de um bilhão de pessoas estão ligadas a uma cooperativa, o que representa 14,3% da população do globo. No Brasil, o cooperativismo gera 361 mil empregos, concentra mais de 6,6 mil organizações e une 50 milhões de brasileiros. Três anos consecutivos de seca e um final de 2016 com enchentes foram graves fatores que impactaram a economia capixaba, sem falar das crises nacionais. Mas a força do sistema cooperativista é tamanha que, ainda assim, há números e casos de sucesso a serem comemorados. O movimento avança, mesmo em cenários adversos, e contribui bastante para o desenvolvimento do Espírito Santo, que hoje abriga 149 cooperativas, com cerca de 230 mil cooperados, atuantes em nove ramos da economia – agropecuário, crédito, saúde, consumo, educação, produção, transporte, trabalho e habitacional. Juntas, essas organizações geram mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, envolvendo aproximadamente 600 mil pessoas, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo (OCB-ES).

IMPACTOS DA SECA Os estabelecimentos rurais no Estado somaram um prejuízo de R$ 3,6 bilhões, quando se comparam os resultados atuais à safra de 2014 e considerando os preços praticados naquele ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E não são poucos os casos em que a perda da safra chegou a 100%. Especializada em polpa de frutas pasteurizadas, a Cooperativa de Valorização, Incentivo e Desenvolvimento Agropecuário Sustentável (Coopevidas), que já possui clientes no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, rejeitou uma proposta de exportação para a China. “Tivemos de recuar da proposta de exportar para os chineses para não colocar em xeque a qualidade de nossas frutas, diante da exigência do mercado asiático”, explica o presidente da cooperativa, Ady Brunini Gomes. 92

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A agricultura familiar enfrentou outro grave problema este ano: a falta de cumprimento dos contratos fechados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que determina que as prefeituras adquiram, no mínimo, 30% da merenda escolar de pequenos proprietários rurais. A queda na produção se refletiu diretamente nas prateleiras dos supermercados, onde o litro do leite quase chegou a R$ 6,00. A Selita, maior fábrica de laticínios do sul do Estado, desde 2014 já viu reduzir-se em mais de 50% o volume de leite recebido. No início deste ano, a cooperativa captava em média 350 mil litros por dia e passou a receber 190 mil litros por dia em junho e julho.

RESULTADOS POSITIVOS Mesmo em um Brasil fortemente impactado pelos problemas na política, na economia e na disponibilidade dos recursos hídricos, as 29 cooperativas do setor rural capixaba, que reúnem mais de 27 mil produtores, foram responsáveis por fornecer 55% do leite processado no Estado e 1,5 milhão de sacas de café/ano. Segundo o diretor-presidente da Selita, Rubens Moreira, para voltar à normalidade da produção serão necessários dois ou três anos. No entanto, a estruturação da cooperativa permitirá um investimento da ordem de R$ 65 milhões, na construção de uma nova unidade a partir de 2017, para expandir a capacidade instalada de processamento de leite, dos atuais 500 mil para 700 mil litros/dia. A Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana é outro exemplo de sucesso. “A Coopeavi também sentiu o impacto da seca,

“As vendas dos nossos produtos para fora do Brasil trazem um novo ânimo às cooperativas e isso ajuda muito. A entrada no mercado externo consolida o trabalho dos cooperados” Esthério Sebastião Colnago, presidente do Sistema OCB/Sescoop-ES


Foto: Divulgação

os negócios não fluíram como imaginávamos. Mas, com a força do cooperativismo, conseguimos consolidar investimentos e fortalecer as nossas áreas de atuação. Focados em buscar inovação e equilíbrio fiscal, estamos finalizando a revisão do plano estratégico para os próximos anos”, afirma o vice-presidente Denilson Potratz. Entre os novos mercados, a Coopeavi exportou 100 toneladas de café para a Itália em julho e outras 100 em agosto, beneficiando cerca de 130 famílias capixabas. A Pronave, que reúne produtores do café arábica na região das montanhas, também conquistou novos mercados e exportou cerca de duas mil sacas do produto este ano, apenas aos Estados Unidos. E Cuba e Itália também estão fazendo contato para comércio. O presidente da OCB-ES, Estherio Colnago, destaca o reflexo desses avanços. “As vendas dos nossos produtos para fora do Brasil trazem um novo ânimo às cooperativas, e isso ajuda muito. A entrada no mercado externo consolida o trabalho dos cooperados”, afirma.

CRÉDITO E SAÚDE As cooperativas de crédito tendem a se fortalecer em um cenário de recessão, mas o Sicoob atingiu resultados acima da média brasileira. As receitas de serviços alcançaram R$ 56,6 milhões no primeiro semestre do ano – 21,6% a mais que o montante registrado no mesmo período em 2015. Os ativos tiveram alta de 22%, e agora a organização administra R$ 4,8 bilhões em bens e direitos. O patrimônio líquido encerrou o semestre em R$ 1,1 bilhão e o saldo de depósitos subiu 28%, fechando o semestre em R$ 2,7 bilhões. Os valores em poupança registraram aumento de 4%, totalizando R$ 482 milhões. “O cooperativismo capixaba tem governança e preocupação com o resultado; é voltado para potencialidade, alcance. E o caminho é esse”, disse Nailson Dalla Bernadina, diretor da entidade. RESULTADOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS Destaques

2011

2015

2,7

4,4

196.214

232.440

Colaboradores

6.591

7.829

Impostos recolhidos (federais, estaduais e municipais em R$ milhões)

88,4

263,1

Sobras (lucro) (R$ milhões)

93,2

281,7

Ativo total (R$ bilhões)

Ingressos (faturamento em R$ bilhões) Cooperados

3,5

6,2

Patrimônio líquido (R$ bilhões)

0,784

1.685,00

Capital social (R$ milhões)

412,7

892,3

Fonte: OCB-ES

A Selita irá construir uma nova unidade em 2017 e ampliar a capacidade de processamento de leite, dos atuais 500 mil para 700 mil litros/dia

Na área da saúde, o cooperativismo é responsável por 75% dos atendimentos em hospitais públicos do Estado. A Unimed Vitória possui 37% do mercado capixaba, está entre as 25 maiores empresas do Estado e é a primeira colocada em seu ramo de atuação. “Temos hoje 2.300 médicos cooperados e mais de 324 mil clientes. Nossa estratégia de negócio passa pela qualidade do corpo de cooperados, pela construção de um novo modelo de assistência, focado na saúde preventiva e no cuidado integrado, e também pela oferta de serviços de excelência em unidades próprias e credenciadas”, afirma o diretor de Mercado da instituição, Remegildo Gava Milanez.

NÚMEROS Para ilustrar a grandiosidade do cooperativismo no Espírito Santo, não faltam indicadores. Das 200 maiores empresas em solo capixaba, 10% são cooperativas. Além disso, as organizações locais desse tipo faturaram R$ 4,4 bilhões em 2015, um crescimento de 65% nos últimos cinco anos. Outro dado importante é que dos mais de 775 mil alunos (dados 2015) da rede pública de ensino estadual e municipal, 71.633 são transportados diariamente por profissionais cooperativados. “Neste ano serão aplicados R$ 100 milhões em infraestrutura, 26 mil propriedades rurais receberão apoio na comercialização de produtos, e serão disponibilizados R$ 4,8 bilhões em crédito Crescimento e financiamentos”, afirma Carlos André de Oliveira, nominal nos últimos superintendente do Sistema OCB/Sescoop-ES. 5 anos (%) Mesmo assim, ainda há muitas melhorias a serem 63% conquistadas. “Entre os desafios que precisam ser vencidos pelo cooperativismo, é imperativo 19% que se consiga agregar valor, por intermédio da 19% capacitação de cooperados e do fortalecimento das estruturas”, enfatiza Esthério Colnago. 198% O cooperativismo foi tema da edição de julho do ESB Debate, uma parceria entre a ES Brasil 202% e a OCB-ES que reuniu academia, gestores e 77% associados para discutir as muitas questões 115% referentes ao sistema. Ganharam destaque nos diálogos a necessidade de capacitação de mão de 116% obra, o cuidado com a água e o grande e complexo desafio de reorganizar as relações de trabalho. radio.esbrasil.com.br •

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Foto: Umbelino

ASSOCIATIVISMO

O espaço Bem-Me-Quer é um exemplo da prática do associativismo

UNIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA

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e você torce por um clube, já foi atendido em um hospital filantrópico, paga anualmente o imposto sindical, envolve-se em ações de alguma igreja ou associação de bairro, então é participante do movimento associativista, mesmo que não saiba disso. No Estado, o movimento se faz presente com exemplos inovadores, como o Orçamento Participativo. A ideia nasceu em Boa Esperança, norte do Estado, e hoje é replicada em várias cidades brasileiras. Mais recentemente, houve uma iniciativa inédita, a Escola de Associativismo, que possibilitou 1.350 novos negócios nos últimos três anos, destaca o diretor para Assuntos do Fortalecimento Empresarial da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Egídio Malanquini. Lançada oficialmente em março deste ano na sede da Findes, a Escola visa a ações que estimulem a educação e a formação dos participantes, bem como a difusão de princípios de eficiência e boa governança, com prioridade para a articulação empresarial e na área da saúde. A iniciativa, idealizada pelas empresas Fibrasa, MAR e ebrand, tem o apoio do Sistema Findes, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES) e do Serviço Social da Indústria (Sesi-ES). A Findes realiza, ainda, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Programa de Desenvolvimento do Associativismo (PDA), que em 2016 deu ênfase à interiorização das ações. A fim de atender às demandas das pequenas indústrias, foram implantadas unidades de atendimento em saúde e educação do trabalhador, laboratórios e novas tecnologias.

UNIÃO EM GRANDE ESCALA E se a união de pessoas já é responsável por grandes conquistas, imagine a integração entre cidades. A Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes) aponta exemplos de benefícios que as gestões conquistam juntas: melhorar e baratear as compras municipais, a prestação e a gestão de serviços à população, otimizar a criação e a aprovação de normas e leis que beneficiem as cidades e superar dificuldades de toda ordem. “O associativismo contempla e fortalece os envolvidos. Uma alternativa para unir forças e transformar para melhor o contexto”, conclui o presidente da Amunes, Dalton Perim. 94

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AS FUNDAÇÕES PRIVADAS E AS ASSOCIAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS NO BRASIL 2010 Dados relativos ao Espírito Santo Número de unidades locais das entidades sem fins lucrativos

12.161 unidades

Pessoal ocupado assalariado em 31/12 das entidades sem fins lucrativos

55.887 pessoas

Salários e outras remunerações das entidades sem fins lucrativos

941,9 milhões

Salário médio mensal das entidades sem fins lucrativos

2,55 - salários mínimos

Número de unidades locais das fundações privadas e associações sem fins lucrativos

6.393 unidades

Pessoal ocupado assalariado em 31/12 das fundações privadas e das associações sem fins lucrativos

35.420 pessoas

Salários e outras remunerações das fundações privadas e das associações sem fins lucrativos

733.245 mil reais

Salário médio mensal das fundações privadas e associações sem fins lucrativos

3,07 - salários mínimos

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR A maior parte das associações em funcionamento do Estado tem foco em serviços de saúde. Um dos casos de maior sucesso é a Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci), que dá suporte a crianças e adolescentes com a doença, oferecendo condições dignas de assistência e tratamento. Em junho deste ano, foi inaugurado o espaço “Bem-Me-Quer”, onde há um conjunto de ações e serviços para os pacientes e seus familiares, com destaque para atendimentos fisioterapêuticos, meditação, ioga e arteterapia. “Também trabalhamos o ano inteiro levando a escolas e faculdades, palestras que alertam a sociedade sobre a relevância de um diagnóstico prematuro da doença”, conta a diretora-presidente, Marizilda dos Santos Vairo. Para ela, o sucesso da Acacci se deve à união. “É o associativismo, uma união dos esforços. Sem isso, não conseguiríamos sobreviver”, conclui.



INFORME PUBLICITÁRIO

Sede do Sebrae-ES, no centro de Vitória

Fotos: Divulgação

SEBRAE-ES SE MOBILIZA PARA AUXILIAR PEQUENOS NEGÓCIOS A SUPERAR A CRISE NO DECORRER DE 2016, INSTITUIÇÃO REALIZOU O PROGRAMA “SUPERE A CRISE”, QUE OFERECEU PALESTRAS, OFICINAS, CONSULTORIAS E E-BOOKS PARA EMPREENDEDORES DE TODO O ESPÍRITO SANTO

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Índice de Sobrevivência elaborado pelo Sebrae confirma: a crise econômica teve um forte impacto nos pequenos negócios do país. De acordo com o indicador, 600 mil empresas, entre as 1,8 milhão abertas em 2014, devem fechar as portas até o fim de dezembro de 2016. Nesse cenário de instabilidade econômica, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae-ES) buscou dar suporte aos empreendimentos de menor porte com o lançamento do programa “Supere a Crise”, composto por produtos específicos como consultorias e e-books. A pesquisa do Sebrae, que considera até os dois primeiros anos de vida da empresa, mostra que apenas 1,2 milhão (67%) dos negócios criados em 2014 devem se manter em funcionamento até dezembro – número que é inferior às firmas nascidas em 2012, quando o índice de sobrevivência após os dois primeiros anos de vida ficou em 77%. “A crise pode ser uma oportunidade 96

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para melhorar a gestão do negócio e torná-lo sustentável para crescer futuramente. É um momento oportuno para se refletir sobre possíveis economias e inovações a serem feitas e buscar soluções criativas”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira. Para manter o empreendedor antenado com as principais novidades de seu setor, o Sebrae-ES levou ao interior do Estado diversas palestras com foco em sucesso e inovação em tempos de crise. Uma delas explanou sobre “Soluções e Tendências do Varejo” e foi ministrada por Erik Penna, expert selecionado entre os “25 gigantes da motivação” no Brasil pela Landscape e entre os 30 maiores especialistas em vendas do país pela VendaMais, na obra “Gigantes”. Os ensinamentos por ele passados foram baseados nas experiências que vivenciou durante sua carreira como executivo de vendas, professor, escritor, motivador de equipes e gestor corporativo.


De acordo com o diretor de Atendimento do Sebrae-ES, Ruy Dias de Souza, o objetivo do evento foi levar conhecimentos ao empresário capixaba, possibilitando a busca por inovação e para o alcance do sucesso, mesmo diante de desafios no cenário econômico. “Sabemos o quanto está difícil para os empresários enfrentarem o atual momento econômico e o Sebrae, sempre ao lado dos empreendedores, ofereceu capacitações e grandes oportunidades, como essa, de ouvir o Erik Penna e ficar mais preparado para levar seu negócio à frente mesmo no cenário atual”, afirmou. Totalmente gratuita e voltada para micro e pequenos empreendedores, a palestra ocorreu em Guarapari, Colatina, Linhares, Cariacica, Venda Nova do Imigrante, Cachoeiro de Itapemirim e Guaçuí.

INOVAÇÃO NO PEQUENO NEGÓCIO “Praticando a Inovação: Soluções e tendências para o pequeno negócio”. Esse foi o tema de outra palestra gratuita promovida pelo Sebrae em todo o Estado, mostrando que, mais que um diferencial, inovar é uma necessidade no mercado atual. Isso vale não apenas para grandes empresas; é um conceito que deve estar presente em qualquer negócio, independentemente do seu ramo de atuação. Nessa palestra, o Sebrae-ES trouxe informações atualizadas sobre como inovar, com dicas e soluções de modernidade e atualidade para donos de micro e pequenas empresas. O palestrante foi Evandro Milet, consultor em inovação, empreendedorismo e gestão, que mostrou, por meio de suas experiências, a importância de investir na inovação em diversas frentes, como produtos e serviços, gestão, abordagens dos negócios e uso de tecnologias, funcionando como um grande diferencial que pode transformar a existência de uma empresa. A palestra atendeu a empreendedores dos municípios de Jaguaré, Marechal Floriano, Castelo, Alegre, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Vila Velha e Iúna. OUTRAS AÇÕES DO SEBRAE-ES O Sebrae-ES também ofereceu oficinas gratuitas e com duração de quatro horas. São elas: “Vendendo em Tempos de Crise” – em que os empresários puderam refletir sobre o gerenciamento de vendas e ferramentas e plano de comunicação para otimizar a gestão de vendas da empresa – e “Redução de Custos e Despesas na Crise”, com foco na gestão baseada E-BOOKS OFERECIDOS PELO SEBRAE-ES Os materiais são exclusivos para pessoas jurídicas e podem ser baixados no site www.es.sebrae.com.br • Crise - Como Passar por Ela • Inovação em Tempos de Crise • Enfrentando a Crise, Aumentando as Vendas • Redução de Despesas em Momentos de Crise • Criando o Hábito de Ser Mais Produtivo

“A crise (...) é um momento oportuno para se refletir sobre possíveis economias e inovações a serem feitas e buscar soluções criativas” José Eugênio Vieira, diretor-superintendente do Sebrae-ES na eliminação de desperdícios, destacando a importância dos controles financeiros para gerenciar e reduzir custos, fornecendo um roteiro prático com dicas para diminuir os gastos, além de fornecer um plano de ação como ferramenta prática visando a essa finalidade. As oficinas foram complementadas por duas consultorias, contendo os mesmos títulos. Ao contratá-las, o consultor estava apoiando a implementação de todos os conceitos e ferramentas abordados nas capacitações em seu negócio. As consultorias tiveram a carga de 10 horas, sendo que algumas foram realizadas durante a visita ao empresário, e outras, em trabalho interno, na confecção de relatório que é entregue ao término da prestação de serviço. Por fim, o Sebrae-ES lançou diversos e-books para auxiliar ainda mais os empreendedores. São materiais exclusivos para pessoas jurídicas, com temas como “Crise - Como Passar por Ela”, “Enfrentando a Crise, Aumentando as Vendas” e “Criando Hábito de ser Mais Produtivo”. Para 2017, a instituição vai continuar apoiando os empresários, com um material ainda mais completo intitulado “Virando o Jogo”, composto de cursos, palestra, oficinas, cartilhas e audiovisuais com orientações técnicas e dicas de superação para impulsionar os negócios. Os produtos serão apresentados com duas abordagens distintas. Um dos combos contempla produtos destinados a empresas endividadas que buscam sobreviver à crise e precisam saber como renegociar as dívidas; o outro direciona soluções para quem busca manter-se competitivo mesmo com a crise. radio.esbrasil.com.br •

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EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO CAPIXABA EM CRESCIMENTO

O programa Escola Viva tem aproximadamente 4 mil jovens em salas de aulas

Foto: Vitor Zorzal

INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO

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s últimos seis anos foram de significativo desenvolvimento para a educação capixaba. Os investimentos seguiram numa curva crescente, saltando de R$ 1.566.514.218 em 2012 para R$ 2.113.953.312, o que representa um acréscimo de quase 35%. Além disso, o Espírito Santo se destacou em avaliações de âmbito nacional. O Estado tem a maior média nas três áreas - Ciência, Leitura e Matemática - analisadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) 2015. O Espírito Santo passou do 8º lugar em 2006, para a 1ª colocação em 2015. O Estado também melhorou o desempenho dos estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apresentando evolução nas médias de Língua Portuguesa, em que alcançou a terceira colocação, e Matemática, em que conquistou o primeiro lugar. Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Brasil, medido pelo Ministério da Educação (MEC), o crescimento da rede pública estadual do Espírito Santo é o maior registrado desde que o indicador foi criado, em 2005. Com uma expansão de 0,3 ponto (ou cerca de 9% com relação a 2013), o ensino médio da rede estadual, que reúne 293 escolas e atende mais de 107 mil estudantes, atingiu 3,7 pontos em 2015, subindo da 4ª para a 3ª posição no país. Com essa melhoria de desempenho, o Espírito Santo passou da 11ª para a 4ª posição no ranking nacional. O secretário de Estado da Educação, Haroldo Rocha, atribui os bons resultados às diversas ações que estão sendo implantadas. “O ensino médio é a nossa prioridade. Programas como o Escola Viva e o Jovem de Futuro estão fazendo a diferença nas escolas e para os estudantes. Já começamos a ver resultados com apenas um ano de implantação e desenvolvimento. Para nós, o Ideb reafirma 98

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Valores de 2012 a 2017 (em reais)

2017*

2.112.543.670

2016

2.113.953.312

2015

2.026.045.474

2014

1.983.119.214

2013

1.705.749.676

*Previsto no orçamento estadual Fonte: Lei Orçamentária Anual (LOA)

que estamos no caminho certo. Somos o segundo Estado que mais cresceu: saímos de 3,4 em 2013 para 3,7 em 2015.” O programa Escola Viva cresceu e tem aproximadamente 4 mil jovens em salas de aula. Atualmente, cinco unidades estão em pleno funcionamento nos municípios de Vitória, Serra, Muniz Freire, Cachoeiro de Itapemirim e Ecoporanga, ofertando educação em tempo integral. Para 2017, mais 10 unidades estão sendo planejadas e serão anunciadas em breve. Até 2018, a previsão é de que 30 modelos de Escola Viva estejam funcionando. No ensino profissionalizante público a situação também vai de vento em popa. O reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Denio Rebello Arantes, explicou que em 2016 a instituição ofereceu quatro cursos de graduação, cinco de pós-graduação e cinco novos


técnicos. Em 2017, serão iniciados mais quatro cursos na graduação: Bacharelado em Química Industrial (Campus Aracruz); Engenharia de Controle e Automação (Campus Linhares); Licenciatura em Letras/Português (Campus Venda Nova); e Engenharia Mecânica (Campus Vitória). Há ainda dois novos cursos que terão ingresso da primeira turma em 2017: Engenharia Elétrica (Campus Guarapari) e Administração (Campus Venda Nova). “O Espírito Santo tem uma situação relativamente boa em comparação ao restante do Brasil quanto à oferta de vagas na educação profissional e tecnológica. Temos uma boa quantidade de vagas disponíveis em relação ao número de alunos em potencial. Podemos dizer que, com o Sistema S e com as escolas estaduais, temos um cenário geral positivo de atendimento a essa demanda por formação técnica. Além da escola física, o Ifes conta com a Educação à Distância (EAD), com 35 polos no Estado ofertando cursos técnicos e pós-graduação. Em 2016, viemos trabalhando e avançando na institucionalização da EAD, ou seja, estamos nos esforçando para ofertar cursos nessa modalidade sem a obrigatoriedade de haver um financiamento externo. Agora, estamos caminhando para o ramo das tecnologias sociais, procurando desenvolver mais projetos nessa área para que, posteriormente, se consolidem como programas institucionais. A perspectiva para os próximos anos é justamente de olhar para a sociedade e procurar entregar ainda mais resultados. Com um cenário no médio prazo de dificuldades de financiamento e mudanças na legislação

“O ensino médio é a nossa prioridade. Programas como o Escola Viva e o Jovem de Futuro estão fazendo a diferença nas escolas e para os estudantes” Haroldo Rocha, secretário de Estado da Educação básica da educação, buscamos aumentar o número de parcerias diferenciadas que nos ajudem a desenvolver a instituição e seus alunos, atendendo, ao mesmo tempo, às necessidades da própria sociedade”, disse Arantes. Já a rede de ensino particular enfrentou grandes dificuldades, de acordo com Antonio Eugênio Cunha, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) e da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). “Sabemos que 2017 não será diferente. A inadimplência do governo com as escolas do ensino superior, a queda do poder aquisitivo das famílias, o desemprego crescente e um mercado ainda esperando sinais das políticas de desenvolvimento levam os tomadores de nossos serviços a ficarem temerosos em firmar novos contratos com as instituições de ensino. Portanto, novas estratégias e busca de soluções estão sendo exercitadas pelas escolas particulares, para viabilizar o atendimento às famílias. O setor é criativo e encontrará um ponto de equilíbrio para que seja possível atender à sociedade e vencer essa crise”, afirmou. A maior rede privada de ensino do Estado, Sesi, ganhou destaque na Foto: Divulgação

O Ifes ofereceu cinco novos cursos em 2016

Olimpíada Brasileira de Astronomia, levando a medalha de ouro. Os alunos da rede também conquistaram medalhas de ouro e prata na Mostra Brasileira de Foguetes. A Rede Sesi atende aos filhos dos industriários e à comunidade em geral oferecendo instrução do ensino infantil ao médio, além de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2016, recebeu mais de 12 mil alunos matriculados nas 11 unidades que possui no Espírito Santo. A instituição promoveu a Feira de Negócios da Família Empreendedora (Fenefe), reunindo 11.600 alunos e seus familiares.

ENSINO PROFISSIONALIZANTE No caso do ensino profissionalizante, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Espírito Santo (Senai-ES) realizou investimentos de cerca de R$ 250 milhões em estrutura, compra de máquinas e equipamentos e reforma de laboratórios. Atualmente conta com 10 unidades de ensino e um catálogo com mais de 250 cursos. As obras realizadas pelo Senai incluem a unidade de Anchieta, inaugurada em março, com capacidade prevista de 4 mil matrículas por ano. Na unidade da Serra, foram feitas obras de reforma e ampliação, inauguradas em agosto, com novas salas, oficinas e laboratórios. Para 2017, estão previstos o Centro de Educação e Tecnologia Arivaldo Fotes (Vitória), o Senai Centromoda Araçás (Vila Velha), o Centro de Educação Profissional Mário Rezende (Cachoeiro de Itapemirim) e o Centro de Educação Profissional Albano Franco (Colatina). O investimento se reflete também no desenvolvimento dos alunos: o Senai-ES registrou o melhor desempenho em Olimpíadas do Conhecimento, ficando em nono lugar na classificação geral do evento realizado nacionalmente em novembro. O aumento do número de cursos técnicos no Estado se dá pela crescente demanda por profissionais. Cedtec, Politec e Eteses são exemplos de instituições que oferecem ensino profissionalizante em vários setores. No ensino público superior, o ano fechou com orçamento de R$ 8.078.000,00 destinados para a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), segundo informações da Pró-Reitoria de Planejamento da instituição. A universidade aguarda sinalização do MEC para liberação de mais R$ 10.625.000,00. radio.esbrasil.com.br •

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ARILDA TEIXEIRA

RETROSPECTIVA

é doutora em Economia e coordenadora e professora dos cursos de graduação e mestrado da Fucape Business School

ECONOMIA BRASILEIRA: BALANÇO DE 2016 E O QUE ESPERAR PARA 2017 O AGENTE PÚBLICO BRASILEIRO AGE SEM CRITÉRIO E DESCONSIDERANDO AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS DE UM DESEQUILÍBRIO FISCAL PARA A ECONOMIA

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ste artigo discutirá dois focos de problemas na economia brasileira: as contas públicas e a estagflação. O primeiro reflete-se no crônico déficit produzido pela irresponsabilidade fiscal; o segundo, no desemprego e no aumento do custo de vida. Juntos, tornaram-se um obstáculo à retomada do crescimento. Esses focos estão sobrepostos no cenário atual porque na origem do baixo dinamismo da economia está o crônico desequilíbrio fiscal do setor público – em parte explicado pela qualidade dos gastos. A qualidade é o reflexo das prioridades consideradas pelo agente público no momento de defini-las, e é mensurada por sua capacidade de executá-las sem gerar instabilidade macroeconômica. Para isso é preciso que suas decisões visem ao coletivo e sejam implementadas dentro dos limites orçamentários. Ou seja, o agente público precisa agir com consciência coletiva e responsabilidade fiscal. Mas não é isso que se observa no Brasil. Não se mensuram nem se demonstram os benefícios e os custos das políticas públicas. Também não se respeita a dotação orçamentária. Esse comportamento, ao longo dos anos, fez com que os gastos beneficiassem poucos a à custa de muitos. Um bom exemplo é o atual estrangulamento do orçamento da União devido aos gastos da Previdência. Esses gastos são consequências dos critérios

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que os definiram: regime para aposentadoria para o setor público diferente do setor privado e tempo de trabalho para aposentar (aposentadorias especiais), entre outros. O agente público brasileiro age sem critério e desconsiderando as consequências

Um país em que o desequilíbrio fiscal é a regra, que qualidade de gastos é retórica, e metas de inflação são figurativas, a deterioração das expectativas é líquida e certa. Esse cenário predominou no Brasil de 2011 até 2015 e gerou a conjuntura de 2016” negativas de um desequilíbrio fiscal para a economia. Faz isso porque, primeiro, é um agente econômico e, como tal, suas decisões são para beneficiar seus interesses individuais – e o déficit é público. Segundo, porque a impunidade elimina o custo de oportunidade de se ter que arcar com a responsabilidade das escolhas de caráter individual dentro da

esfera pública. Assim, o caráter individualista dessas escolhas vem predominando; e, no seu bojo, a institucionalização da prevaricação no setor público brasileiro. Dentro desse contexto está a atividade econômica. Ela é movida pelas expectativas sobre o futuro, que podem ser positivas ou negativas. Quando a política econômica transmite estabilidade, segurança e previsibilidade, formam-se expectativas positivas que alimentam o investimento presente, que serão a produção e o consumo futuros. Se forem negativas, o resultado é inverso. Um país em que o desequilíbrio fiscal é a regra, em que a qualidade de gastos é retórica e as metas de inflação são figurativas, a deterioração das expectativas é líquida e certa. Esse cenário predominou no Brasil de 2011 até 2015 e gerou a conjuntura de 2016: uma dívida pública de 70,3% do PIB e uma necessidade de financiamento do setor público da ordem de 8,83% do PIB; queda de 3,2% do PIB; taxa de desemprego em 11,8% (em 2013 era 5,4%); e taxa de inflação de 7,8%. Ou seja: estagflação. Para 2017 não se deve esperar cenário diferente, haja vista que a condução da política econômica ainda não reverteu as expectativas negativas; ainda não está claro qual o encaminhamento que será dado para a questão fiscal, e o ambiente político é de uma fragilidade assustadora.



Foto: Secrataria do Estado da Saúde

SAÚDE

ANO PARA A SAÚDE DRIBLAR A CRISE

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ano de 2016 tem sido de desafios para a saúde do Estado. Um dos principais é manter o funcionamento da rede pública, mesmo diante da crise financeira, da queda de receita e do ingresso de aproximadamente 35 mil novos usuários que, por desemprego ou aperto no orçamento doméstico, perderam seus planos de saúde privados. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Brasil é o terceiro país que mais investe no setor com recursos próprios, e o governo do Espírito Santo tem realizado aplicações que visam à melhoria dos serviços prestados. No dia 30 de setembro, o Executivo estadual enviou para a Assembleia Legislativa a proposta de orçamento para 2017, na qual está prevista a destinação de R$ 2,43 bilhões para a saúde – quase o mesmo valor investido em 2016. Assim como a educação (R$ 2,11 bilhões) e a segurança (R$ 1,78 bilhão), a saúde teve prioridade na distribuição geral dos recursos para o próximo ano, que serão 5,04% menores do que no orçamento atual. “Especialmente neste momento em que o Espírito Santo tem mais de 230 mil desempregados, em que muitas famílias não têm como arcar com as despesas de planos de saúde e da mensalidade de seus filhos em escola privada, é necessário o suporte público. É importante que a população possa ser acolhida por serviços públicos que funcionem adequadamente”, disse o secretário de Estado da Economia e Planejamento, Regis Mattos Teixeira, em matéria publicada no site G1 ES. Entre as ações e projetos prioritários para o próximo ano está a construção do Hospital Estadual Geral, em Cariacica, que seguiu sendo a principal meta do governo para a área e teve em agosto a autorização da publicação do edital para os trabalhos iniciais. Concluído, serão mais de 400 leitos, com especializações em neurologia, nefrologia e maternidade, além de atendimento adulto e infantil, com pronto-socorro capaz de realizar aproximadamente 8.200 atendimentos por mês. 102

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De acordo com o Sesa, o Estado é o que mais investe em saúde

ORÇAMENTO DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE (SESA) Volumes registrados durante o ano (Investimentos em reais)

2016* 2015 2014 2013

2.233.231.570,77

2.504.370.921,96

2.331.841.348,00

1.931.443.138,00

*Janeiro a outubro

Fonte: Sesa e Tribunal de Contas

NOVO SÃO LUCAS Após oito anos em obras, o Hospital Estadual de Urgência e Emergência – o novo São Lucas – inaugurou, no dia 1º de dezembro de 2016, as instalações do pronto-socorro, concluindo o projeto de ampliação e modernização da principal unidade pública hospitalar da Grande Vitória. A estimativa é atender 4,7 mil pacientes por mês. Novos funcionários também foram contratados para evitar a superlotação. Com a inauguração, o número de leitos de prontosocorro passou de 20 para 35; ao todo, o novo São Lucas aumentou o número de leitos de 109 para 210. As obras de ampliação tiveram início em 2008, com um investimento de cerca de R$ 46 milhões, e aumentaram a área ocupada de 7 mil metros quadrados para 14,5 mil metros quadrados.


Foto: Divulgação

PARA COMBATER O AEDES AEGYPTI, A SESA INVESTIU EM DIFERENTES AÇÕES AO LONGO DO ANO. CONFIRA ALGUMAS DELAS: Autorização do apoio do Exército no combate ao mosquito. nvio de projeto de lei para a Assembleia Legislativa solicitando E liberação de recursos provenientes dos royalties do petróleo para que os municípios combatam focos do Aedes aegypti.

O novo São Lucas espera atender 4,7 mil pacientes por mês

CUIDADO INTEGRAL De acordo com a Sesa, com o choque de gestão realizado pela nova administração a saúde tem sido colocada como prioridade, e o resultado será a abertura de cinco unidades de cuidado integral, as Unidades Cuidar. Esse novo modelo de assistência, que foi construído a “quatro mãos” pelo Governo do Estado e pelos municípios, terá início, oficialmente, com a inauguração da Unidade de Cuidado Integral à Saúde da Região Norte, até o final de dezembro deste ano. As unidades vão integrar a atenção primária com a média complexidade e com a atenção ambulatorial especializada. O projeto visa a melhorar o processo de trabalho e a resolutividade do serviço, que estará mais próximo do cidadão, reduzindo o envio de pacientes para atendimento em municípios maiores e diminuindo as internações por causas sensíveis à atenção primária. DOAÇÃO DE ÓRGÃOS Ainda conforme informações da Sesa, no segundo semestre deste ano o Espírito Santo avançou no ranking nacional de doação efetiva de órgãos por milhão de população (PMP), passando da 13ª para a 9ª posição. No início do ano, o Estado alcançou a marca de 11,5 doações efetivas por milhão de população. O avanço nessa área é reflexo de diversos fatores, entre eles o fortalecimento das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdotts), que capacita os profissionais dentro dos hospitais, sensibilizando-os para a importância da captação de órgãos. FARMÁCIA CIDADÃ ESTADUAL Os capixabas que precisam fazer tratamento especializado podem ter acesso aos medicamentos de alto custo por meio da Farmácia Cidadã Estadual. Neste ano foi mantido um índice de 92% de cobertura de medicamentos. Atualmente, o serviço oferece 300 tipos de medicamentos. De janeiro a setembro deste ano, a Farmácia Cidadã Estadual realizou 550 mil atendimentos, entre abertura de processos para solicitação de medicamentos e dispensação de medicamentos. O serviço conta com 10 unidades: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus, Colatina, Nova Venécia, Linhares e Venda Nova do Imigrante.

ecreto nº 2156-S, assinado pelo governador Paulo Hartung, D determinando que a segunda-feira seja um dia obrigatório de fiscalização de possíveis focos do mosquito nas áreas internas e externas de todos os edifícios públicos do Poder Executivo. nvolvimento com as secretarias de Governo e orgãos parceiros E para o combate ao vetor – Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Secretaria de Governo (Seg) e Secretaria Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb). obilização das escolas para conscientização dos pais sobre ações M para combate ao mosquito. olicitação ao Ministério da Saúde de fornecimento de insumos e S equipamentos para a realização de exames no Laboratório Central da Sesa. olicitação ao Ministério da Saúde de inseticidas para ações S emergenciais. Fonte: Sesa

ZIKA, DENGUE E CHIKUNGUNYA De janeiro de 2015 a novembro deste ano, foram notificados 4.088 casos de infecção pelo zika vírus. O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo responsável pelo contágio da dengue e a da chikungunya. Os casos de dengue alcançaram 51.848, de janeiro a novembro do corrente ano. Destes, 667 foram graves, 22 são óbitos confirmados e 17 estão sob investigação. A febre chikingunya atingiu 398 pessoas em todo o Estado, durante 2016, e é a grande preocupação das autoridades para o verão de 2017, porque muitas pessoas ainda não contraíram a doença e, portanto, não estão imunes. Não há ainda uma vacina contra a doença. OPERADORAS DE SAÚDE Para driblar a crise financeira, os hospitais particulares e as operadoras de planos de saúde tiveram que reformular as suas estratégias. Um exemplo disso é o Hospital Metropolitano, que já vinha adotando um processo de planejamento estratégico com horizonte de três anos, revisado anualmente. Em decorrência disso, o percentual de inadimplência se manteve dentro da média histórica de 2%. O hospital investiu também na área assistencial, em parceria com o Instituto do Aparelho Digestivo do Metropolitano (IAD Metropolitano), criando uma nova unidade para o diagnóstico e para o tratamento das doenças do aparelho digestivo, com salas equipadas para a realização de endoscopias e colonoscopias. Já a operadora de saúde Samp inaugurou unidades e realizou ampliações na sua rede de atendimento como a criação de um segmento voltado para o público feminino, a Clínica da Mulher. A proposta do serviço é proporcionar para as beneficiárias um local com serviços direcionados só para elas, oferecendo atendimentos de ginecologia, de obstetrícia ambulatorial, pré-natal e exames de ultrassonografia. radio.esbrasil.com.br •

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Para vencer a crise nacional, a Samp tem sido flexível nas negociações e se reinventado a cada dia. “Acreditamos que o pior já passou na economia e percebemos uma melhoria. Além disso, estamos otimistas para o ano de 2017”, disse o diretor Marcio Maciel. A Unimed Vitória também inaugurou novidades em 2016: a Unimed Coração, que integrou e ampliou os serviços cardiológicos oferecidos pelo Hospital Unimed. A cooperativa, que há 37 anos atua no segmento de saúde do Estado, conta hoje com 2.350 médicos cooperados e 334.579 clientes. Ainda em 2016 a entidade conquistou da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) o título, até então inédito no Estado, de Operadora Acreditada no maior nível de excelência, o Ouro. Apenas outras duas operadoras no Brasil possuem esse reconhecimento. “Vivemos uma mudança de cultura com o fortalecimento do modelo de atenção primária à saúde. A conquista desse título é fruto do trabalho e dedicação de todos”, comemora o diretor-presidente Márcio de Oliveira Almeida.

SAÚDE MUNICIPAL A crise econômica atingiu também os orçamentos de saúde das prefeituras da Grande Vitória. A queda na arrecadação e nos repasses financeiros forçou os municípios a repensarem as suas gestões na área e buscarem estratégias e medidas para manter e melhorar a saúde da população. PREFEITURA DE VITÓRIA A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de Vitória destaca que, para melhorar a qualidade da prestação dos serviços, o município tem usado cada vez mais instrumentos tecnológicos. Um exemplo é o Prontuário Eletrônico, que reúne atestados, receitas médicas, radiografias e exames dos pacientes no banco de dados da plataforma eletrônica. Outro destaque na tecnologia é o serviço de SMS, que permite ao paciente avaliar os serviços através de “torpedo”. A prefeitura entregou também quatro unidades de saúde, nos bairros do Quadro, Fonte Grande, Favalessa e Itararé.

As unidades Cuidar são um novo modelo de assistência para cuidados primário e médio

A Clínica da Mulher oferece atendimento de ginecologia e pré-natal, entre outros

“Mesmo num momento de queda de arrecadação, vamos ter que fazer mais com menos para atender melhor à população”, disse o prefeito Luciano Rezende.

PREFEITURA DE CARIACICA A Semus destaca a abertura da Farmácia Central Municipal, que entrega gratuitamente mais de 200 medicamentos, oferecendo assistência farmacêutica em tempo integral. Funcionando desde setembro deste ano, a farmácia já aviou 6.430 receitas. A Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Flexal II está na fase final das obras, com previsão de entrega até o final do ano e de início das atividades no primeiro semestre de 2017. A unidade terá capacidade de atender aproximadamente 10 mil pacientes por mês, em casos de urgência e emergência clínica. O prefeito do município, Geraldo Luzia Junior, declara que a prioridade para o ano de 2017 será investir na área de tecnologia. “O próximo passo será expandir a informatização, dando mais conforto e agilidade, tornando o atendimento mais humano”, afirmou. PREFEITURA DA SERRA O maior salto na área de saúde no município foi a inauguração de um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) que já realizou 110 mil consultas na atenção básica, 15 mil consultas especializadas e aproximadamente 500 procedimentos gerais. Foram entregues seis novas unidades de saúde, que ficam nos bairros São Marcos, Carapina Grande, Nova Carapina II, Vista da Serra, Manoel Plaza e Jardim Tropical. A Serra registrou queda no índice de mortalidade infantil, segundo dados anunciados pelo Ministério da Saúde. Em 2013, a cidade contabilizou uma taxa de 11,85 para cada 1.000 nascidos vivos. Em 2014, esse número caiu para 9,34. “Investimos na infraestrutura e agora vamos investir na qualificação do atendimento nas unidades de saúde. No próximo ano, o município vai concluir a informatização de todas as áreas da saúde, renovando e ampliando seu parque tecnológico”, concluiu o prefeito reeleito Audifax Barcelos. PREFEITURA DE VILA VELHA A prefeitura canela-verde optou por investir na reforma de 14 unidades de saúde, em que a informatização promoveu uma total reestruturação elétrica e a instalação de cabeamentos para internet conferiu agilidade aos serviços prestados.

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

TECNOLOGIA EM ALTA NO ESTADO

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o contrário de outras atividades, a área de ciência e tecnologia teve grande movimentação em 2016. Mesmo com a crise econômica, que gerou maior controle de despesas e redução também desse segmento, não faltaram ações para promover o desenvolvimento das empresas de tecnologia da informação e a capacitação dos profissionais capixabas. Em todo o mundo, vêm ganhando terreno as chamadas startups – empresas com pouco tempo de mercado, voltadas para a inovação, com grande e rápida rentabilidade. No Espírito Santo não é diferente. Uma delas, a startup capixaba Mito Games, fez sucesso este ano. Entre as soluções de destaque da empresa está o “Eu Me Garanto”, criado para melhorar a forma como os alunos se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O jogo ajuda os alunos a se manterem conectados na hora de estudar, tornando a resolução de exercícios mais divertida. A área de educação foi escolhida por razões estratégicas em termos de negócio. “São 9 milhões de inscritos todo ano no Enem. É relativamente fácil atingir esse públicoalvo – 95% estão nas escolas. Temos um segmento de clientes que gera interesse em anunciantes, possibilitando o modelo de negócio free para o jogador e pago para os anunciantes”, explicou Rafael Lontra, diretor de Produtos da Mito Games.

“Observamos os dois lados da moeda: de um lado, a crise. Do outro, a expectativa de crescimento” Luciano Raizer, presidente do Sindinfo 106

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A Infoshow ação do Sindinfo e do Sebrae-ES, trouxe várias novidades ao setor

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Espírito Santo (Sindinfo), Luciano Raizer, o surgimento de empresas focadas em inovações é um fenômeno irreversível no país e também no Estado. “É um movimento importante, que está transformando a realidade cotidiana com soluções inovadoras, muito centradas na internet. O mundo está em plena transformação, sendo redesenhado com base na tecnologia. Novos negócios têm surgido, novos produtos têm substituído os tradicionais, e o motor dessa transformação tem sido o surgimento de milhares de empresas, em várias localidades no mundo. O Brasil segue caminho semelhante, e no Estado temos um movimento crescente, que a cada dia se torna mais representativo”, falou. Segundo ele, o número de empresas associadas aumentou 75% nos últimos três anos. “Todo ano entram muito mais empresas do que saem. E assim, o Sindinfo melhora a sua estrutura e pode ofertar ainda mais serviços. São mais eventos, mais feiras, missões, cursos e outras ações”, enfatizou Raizer. Protagonista de várias inovações tecnológicas que aconteceram no Espírito Santo, o Sindinfo é o sindicato capixaba que mais cresceu nos últimos cinco anos, passando de 40 para 140 associados. Na Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti), o ano foi de muito trabalho. “Dentro dos editais da Fapes, conseguimos fazer o das incubadoras, fechamos o edital com a Vale, estamos executando o TecNova, para o desenvolvimento de novos produtos, além dos editais normais para mestrado, doutorado e iniciação científica. Assinaremos


A primeira etapa do Parque Tecnológico, o Centro de Inovações, orçada em R$ 5.530.873,33, deve ficar pronta em 2018

Foto: Divulgação

“Entendemos que os alunos podem se desenvolver na prática, com desafios reais” Camila Brandão, secretária de Estado de Ciência e Tecnologia um edital com a Secretaria da Agricultura do Espírito Santo (Seag) para trabalharmos a questão do agronegócio e tivemos grandes eventos, como a Semana de Ciência e Tecnologia, muito importante para a popularização do tema no nosso Estado; e a Feira de Ciências e Engenharia do Espírito Santo (Fecieng-ES), que reuniu projetos de alunos dos ensinos fundamental e médio de diferentes municípios capixabas”, disse a secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Camila Brandão, fazendo um balanço do ano que termina. Ela lembra ainda que surgiu dentro da Secretaria o Centro Técnico Criativo, que usa a estrutura dos cursos técnicos da Secti na Escola Vasco Coutinho, em Vila Velha, e no Talmo Luiz Silva, em João Neiva, para resolver demandas dos parceiros. “Entendemos que os alunos podem se desenvolver na prática, com desafios reais. Entre essas demandas, posso citar o Espírito Santo em Ação, que este ano elaborou o Mapa da Excelência Municipal, cujo desenvolvimento do software é nosso. Faremos também o Mapa da Capacitação com o Instituto Jones dos Santos Neves”, comentou. Fato é que o capixaba está, sim, mais conectado. De acordo com dados do Suplemento de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de

ORÇAMENTO DO GOVERNO ESTADUAL PARA A SECTI Volumes registrados durante o ano (em reais)

2016

89.730.911

2015

113.616.222

2014

113.888.676

2013 Fonte: Governo do Estado

144.275.445

Domicílios (Pnad-IBGE), 99,7% das residências no Estado têm acesso à internet banda larga. Destas, 83,7% conectam-se por dispositivos móveis, sendo que 21,4% utilizam apenas o celular, aparelho cada vez mais incorporado à rotina da população.

PARQUE TECNOLÓGICO DE VITÓRIA Um antigo desejo do setor de tecnologia do Estado, o Parque Tecnológico de Vitória começou no dia 29 de junho a se concretizar. O lançamento do edital de licitação aconteceu durante o seminário “Vitória, Cidade Inteligente e Humana”, na sede da Fucape, com a presença de especialistas nacionais e internacionais. Com um investimento de R$ 10 milhões, o Parque será construído próximo ao campus da Ufes, em Goiabeiras. O lançamento do edital torna cada vez mais próxima uma estrutura de grande importância para novas empresas no Estado. “O Parque começa a se tornar realidade em um momento no qual o mundo caminha para uma nova onda de sua economia, com a chamada indústria 4.0 e com as cidades 2.0. Começamos a viver a era da robótica, da nanotecnologia, da biotecnologia, da internet das coisas (IoT), das cidades inteligentes e humanas e da Knot Network of Things (KNoT), o nó que conecta as plataformas da IoT, permitindo interoperabilidade entre elas e entre os dados dos diversos dispositivos”, disse André Gomyde, o então presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV). Já estão sendo feitas parcerias com instituições que compõem a governança do Parque, em uma mistura de negócios voltados para as indústrias do petróleo e gás e do minério de ferro, com aqueles direcionados à indústria das cidades e dos negócios inteligentes. Para Raizer, o lançamento do edital foi a boa notícia do ano. “Esperado pela comunidade empresarial há muitos anos, o Parque Tecnológico de Vitória significa que toda a luta que travamos ao longo do tempo foi recompensada. Por outro lado, não podemos esquecer o momento econômico que estamos enfrentando. O país está parado há muito tempo por causa da crise política. E muitas empresas do setor de tecnologia, que dependem de contratos de diversos segmentos, acabam sendo impactadas. Mas outras lançaram produtos e buscaram novos mercados, obtendo bons resultados. Então, observamos os dois lados da moeda: de um lado, a crise; do outro, a expectativa de crescimento”, finalizou. radio.esbrasil.com.br •

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Fotos: Fred Loureiro/Secom-ES

CULTURA

ATIVIDADES CULTURAIS A TODO VAPOR

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pções culturais não faltaram no Espírito Santo ao longo de 2016, mostrando que os capixabas sabem muito bem como se divertir e apreciar as artes de uma forma geral. Considerado o maior evento de audiovisual do Espírito Santo, o Festival de Cinema de Vitória, realizado entre os dias 14 e 19 de novembro, exibiu mais de 100 filmes dentro de uma extensa programação, dividida em 12 mostras competitivas e não competitivas. As sessões ocorreram no Teatro Carlos Gomes, no Cine Metrópolis e no Prédio Multimeios (Ufes), além do Hotel Senac Ilha do Boi. Juntamente com os filmes, o evento contou ainda com oficinas, debates, lançamentos e homenagens. O Espírito Santo também sediou mais uma vez o Festival Nacional de Teatro de Vitória, que trouxe grandes peças nacionais

O desfile das escolas de samba é estruturado por meio de atividades criativas que, no segundo semestre, registraram 143 mil profissionais

e locais com temáticas diversas e para todos os públicos. A 12ª edição do evento, realizado entre 13 e 21 de outubro, contou com uma programação gratuita em diversos pontos da capital, além de Cariacica, o que comprova a franca expansão das artes cênicas no Estado. Prova disso foram as apresentações de produções nacionais realizadas em Vitória ao longo do ano, a exemplo da peça “Uma Shirley Qualquer”, com participação de Susana Vieira e direção de Miguel Falabella. A montagem iniciou pela capital capixaba a sua turnê pelo país. A Temporada Sesi de Cultura foi outro destaque do ano, trazendo concertos com a Orquestra Camerata e atrações teatrais como musicais, comédias, peças infantis e até uma ópera com cantores capixabas. Os espetáculos, ocorridos no Espaço Cultural

CARNAVAL DE VITÓRIA O Carnaval de Vitória foi um dos grandes destaques do ano, reunindo cerca de 60 mil pessoas, entre turistas, foliões e componentes, que foram até o Sambão do Povo para acompanhar de perto o desfile que teve como grande campeã a Mocidade Unida da Glória (MUG). Mas as demais agremiações do Grupo A e do Grupo Especial também deram um show na avenida. Ainda que o evento tenha ficado sob total responsabilidade da Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba (Lieses) em 2016, a Prefeitura de Vitória investiu R$ 1,275 milhão no evento – recurso que foi distribuído entre todas as escolas de samba da capital. O aporte do Governo do Estado foi de R$ 200 mil, e o do Banestes, de R$ 350 mil, ambos para o custeio de fantasias das 14 agremiações.

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Foto: Divulgação Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Durante 2016 a Oses realizou 68 concertos, incluindo teatros, escolas públicas e praças

O espetáculo “Arresolvido” fez parte da Temporada Sesi de Cultura este ano, com preços populares - entre R$ 1 e R$ 5

Foto: Divulgação

Rui Lima do Nascimento, o Teatro do Sesi em Jardim da Penha, Vitória, contaram com preços populares - entre R$ 1 (meia) e R$ 5 (meia), democratizando o acesso à cultura. A Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses) também brindou o público com grandes novidades a preços acessíveis, distribuídas em diferentes programações, divididas entre as séries Quarta e Quinta Clássicas, Pré-Estreia, Concertos Sinfônicos e Concertos Especiais, com a regência do maestro titular, Helder Trefzger, e do maestro adjunto, Leonardo David. Um dos programas que chamaram atenção em 2016 foi o “Orquestra nas Escolas”, que teve apresentação gratuita em colégios públicos da Grande Vitória. Neste ano, a orquestra também retomou dois projetos especiais: as séries Rock Sinfônico e Cinema Especial, com a execução de clássicos do rock e trilhas sonoras de filmes famosos como “Jurassic Park”, “Harry Potter”, “Indiana Jones”, “Piratas do Caribe” e “Star Wars”, entre outros.

RODA DE BOTECO A 12ª edição do Roda de Boteco movimentou bares e botecos da região metropolitana entre os dias 3 de junho e 3 de julho, com a participação de 40 estabelecimentos de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, que competiram pela preferência do público com petiscos feitos especialmente para o evento. Todos os pratos custaram R$ 29,90, além de virem acompanhados de uma garrafa de cerveja grátis. E o encerramento ficou mais uma vez por conta do Botecão, com shows de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Fundo de Quintal e Jorge Aragão, em 8 e 9 de julho, no Pavilhão de Carapina, na Serra.

Já no aspecto do apoio à cultura via investimentos públicos, os recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), que vêm sendo importantes para o desenvolvimento do setor, abrangeram 29 áreas temáticas, totalizando um aporte superior a R$ 8 milhões. “Essa ação tem possibilitado que os cidadãos capixabas realizem projetos culturais de interesse público, além de identificar demandas ainda pouco explícitas para a área cultural e de estimular a inovação, a experimentação e abordagens criativas de questões culturais contemporâneas”, disse o titular da Secretária de Estado da Cultura (Secult), João Gualberto.

ECONOMIA CRIATIVA Com o intuito de mostrar a importância dos segmentos criativos do Estado (que já respondem por 6% do PIB capixaba, segundo estimativa da Secretaria da Cultura), o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e a Secult lançaram um boletim inédito para acompanhar a evolução desse importante segmento da economia estadual, que envolve as manifestações ligadas à arte em suas diferentes modalidades, como música, artesanato, design, audiovisual, artes cênicas, tecnologias da informação e comunicação, festas e celebrações, gastronomia, publicidade, patrimônio e artes, editorial e pesquisa e desenvolvimento (P&D). O segmento vem crescendo a olhos vistos no Espírito Santo, pois, de acordo o levantamento, 143 mil pessoas se encontravam ocupadas em atividades criativas no segundo semestre deste ano, significando um aumento de 6,2% em relação aos primeiros três meses de 2016 e de 16,8% diante do ao mesmo período de 2015. Atualmente, o Estado ocupa o sexto lugar entre aqueles com maior participação na economia criativa. radio.esbrasil.com.br •

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SEGURANÇA Foto: Secom

MENOS ASSASSINATOS NO ESPÍRITO SANTO

A QUANTIDADE DE MORTES NO ESTADO POR ANO 2016* 2015

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ssim como em 2015, o ano de 2016 também apresentou redução no número de homicídios em todo o Espírito Santo. Dados consolidados da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) apontam para uma queda de 15,5% no período de janeiro a outubro (992 registros), em comparação com o mesmo intervalo do ano passado (1.172). Nas cidades de Cariacica e Viana, a queda nos homicídios foi de 26%; enquanto que em Vila Velha e Serra, a retração foi de 13%. Na capital capixaba, a redução foi de 23%. O Espírito Santo também registrou uma redução nos homicídios de mulheres (feminicídios), com ações de prevenção e de combate à violência desenvolvidas pelo Governo Estadual. Os dados apontam para uma queda de 31% nos primeiros oito meses do ano, na comparação com igual período de 2015. Por outro lado, mais de 20 mil pessoas foram vítimas de assaltos (furto e roubo a pessoa em via pública e em residências) na Grande Vitória entre 1º de janeiro e 15 de outubro deste ano, enquanto no mesmo período de 2015 foram registrados 18.649 assaltos – diferença de -7,94% – na Região Metropolitana. De acordo com a Sesp, o município de Vila Velha liderou no número desses crimes, seguido de Serra, Viana, Guarapari e Cariacica. Só a capital apresentou uma redução, de 5,76%. “A redução dos índices de violência não é passageira. São dados sólidos e que refletem o comprometimento de todos os envolvidos na segurança pública. As medidas vão desde melhorias na iluminação e instalação de câmeras de videomonitoramento a ações coordenadas de fiscalização e patrulhamento”, disse o secretário municipal de Segurança Urbana de Vitória, Fronzio Calheira. De acordo com o subsecretário de Defesa Social da Serra, coronel Reginaldo Santos Silva, diversas iniciativas estão sendo adotadas no município ao longo deste ano para intensificar o combate à criminalidade. “Estamos criando a Guarda Civil Municipal armada, 110

Nos primeiros 10 meses do ano, foram registradas no Estado 992 homicídios, contra 1.172 no mesmo período de 2015

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2014 2013

992 1.391 1.528 1.564

* Janeiro a outubro Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública e Sesp

que a partir de janeiro, irá atuar fortemente nos polos comerciais e próximo às escolas. Por conta disso, temos uma expectativa muito grande de reduzir os assaltos em nossa cidade, tanto às pessoas quanto aos estabelecimentos. Além disso, também estamos melhorando a infraestrutura da cidade e potencializando o alcance do sistema de videomonitoramento”, revelou o coronel. Mesmo que tenha apresentado um acréscimo de assaltos nos primeiros 10 meses do ano, a cidade canela-verde registrou um decréscimo de 53% em casos de roubo ao comércio no mês de outubro, se comparado com igual período do ano passado. Em relação ao mês de setembro deste ano, a queda é de 26%.

#COMPARTILHEOBEM Com o objetivo de incentivar a sociedade capixaba a mudar os hábitos e ajudar o próximo, o Governo do Estado lançou em junho a campanha #CompartilheoBem, que busca fortalecer ainda mais o combate à violência e à cultura da intolerância. De acordo com a Sesp, cerca de 40% de todas as mortes registradas no Estado acontecem por motivos banais. “São mortes que poderiam ser evitadas se houvesse diálogo, em vez de violência. É importante destacar que a violência começa em casa, e o enfrentamento também. Por isso a campanha ‘#CompartilheoBem’ promove o diálogo entre a sociedade”, explicou o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, durante o lançamento da mobilização.



Foto: Danilo Borges /Brasil2016

ESPORTE

2016: O ANO DAS OLIMPÍADAS

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realização dos Jogos Olímpicos Rio-2016, entre os dias 5 e 21 de agosto, deixou uma marca muito positiva para o Brasil perante o mundo, devido ao sucesso do evento em meio a tantos questionamentos negativos acerca da segurança dos atletas e da infraestrutura local. E mesmo que não tenha ficado entre os 10 mais bem colocados no ranking de medalhas – o país ocupou na 13ª posição, com um total de 19 conquistas –, o Brasil deu um show de simpatia e irreverência, principalmente por conta da torcida, que lotou as arenas para vibrar pelos atletas. Muito elogiada pela crítica especializada e pela imprensa nacional e internacional, a abertura do evento reuniu boa parte dos ritmos brasileiros, como samba, funk, maracatu e bossa nova, para contar um pouco a história do país. Uma apresentação que chamou atenção de todos, a exemplo da Rede BBC, que destacou a beleza da cerimônia com um tuíte em sua conta no microblog: “Não sei quanto a vocês, mas nós estamos impressionados até agora pela #CerimoniadeAbertura da #Rio2016. Uau!”. O desempenho e o esforço dos atletas brasileiros foram outros pontos fortes. O ouro veio em sete modalidades esportivas – judô e vela (feminino), atletismo, boxe, vôlei de praia, futebol e voleibol (masculino), enquanto que a prata foi obtida em seis (tiro esportivo; ginástica artística solo e argolas; canoagem individual e dupla – masculino; e vôlei de praia feminino) e o bronze em cinco – ginástica artística solo; canoagem; taekwondo (masculino); maratona aquática (feminino); e judô (feminino e masculino). 112

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Representando as cores do Brasil e do Espírito Santo, a dupla de vôlei de praia Alison e Bruno foi um dos grandes destaques das Olimpíadas ao conquistar a medalha de ouro

REPRESENTANTES DO ESTADO SE DESTACAM O maior evento esportivo do mundo contou com a participação de 12 representantes do Estado, alguns que buscaram novos rumos em outras regiões do país e do mundo, e outros que escolheram as terras capixabas para desenvolver suas habilidades no esporte. No vôlei de praia masculino, o grande destaque ficou para a dupla Alison e Bruno, que levou a melhor sobre os italianos Lupo e Nicolai. “É a realização de um sonho poder disputar uma Olimpíada em casa e ainda por cima ganhar uma medalha de ouro. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que me ajudaram a chegar até aqui: profissionais, parceiros, amigos, colegas fora de quadra... Essa equipe, que é toda capixaba, fez por merecer, e isso é incrível”, revelou Alison, na época, à revista ES Brasil. No vôlei de praia feminino, a dupla Talita e Larissa não teve tanta sorte assim, ao perder a medalha de bronze na disputa contra as americanas Walsh e Ross. E o sonho de subir ao pódio em Tóquio pode nem vir a se concretizar, visto que as duas atletas já demonstraram interesse em se tornarem mães. Além delas, quem talvez não venha a disputar os Jogos no Japão é a atleta de handebol Alexandra Nascimento, que foi integrante da seleção brasileira da modalidade, eliminada pela Holanda nas quartas de final. Única representante individual do Brasil na ginástica rítmica nas Olimpíadas, Natália Gaudio encerrou sua participação nos Jogos Rio-2016 na 23ª colocação entre as 26 que disputavam uma vaga na final. Ainda na ginástica artística, o Espírito


Foto: Thiago Guimaraes

O capixaba Geovani Silva, ex-jogador do Vasco e da seleção, foi um dos que participaram do revezamento da tocha no Estado

recorde paralímpico, com a equipe brasileira terminando a prova com o tempo de 42s37. Patrícia Pereira foi outra que trouxe uma medalha para casa, ao ganhar a prata na final disputada do 4x50 metros livres. Após o término dos Jogos, ela participou ainda do Circuito Nacional de Natação Paralímpica, nos dias 12 e 13 de novembro. A capixaba bateu duas marcas nacionais na classe S4.

Foto: Daniel Isaia/ Agência Brasil

TOCHA OLÍMPICA PERCORRE O ESTADO A chama olímpica percorreu nove cidades do Espírito Santo, entre os dias 16 e 19 de maio, começando pelo município de Santo também contou com a participação de outras duas Cachoeiro de Itapemirim e seguindo para Guarapari, Vila Velha, jovens atletas, Emanuelle Lima e Francielly Machado, que, Vitória, Serra, Aracruz, Colatina, Linhares e São Mateus, antes de mesmo se apresentando bem juntas, não conseguiram trazer ir para a Bahia. uma medalha para casa. A passagem da tocha pelo Estado causou muito alvoroço entre No futebol masculino, o capixaba Luan Garcia fez parte do os capixabas, que lotaram as ruas contempladas pelo trajeto para time que conquistou a tão sonhada e aguardada medalha de ouro, ver de perto o símbolo dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Diversas após vencer a Alemanha nos pênaltis por 5 a 4, levando toda a pessoas participaram do revezamento da tocha, como atletas, torcida presente no Maracanã a gritar “É campeão!”. ex-atletas e empresários locais. Ao longo de 95 dias, 12 mil pessoas A natação brasileira passou longe de um grande desempenho, participaram do revezamento da tocha, que passou por 300 mas o capixaba João Gomes não tem do que reclamar: afinal, cidades e 27 estados. o representante nos 100m peito conseguiu alcançar o melhor resultado da delegação, com um quinto lugar. Já a nadadora TRAGÉDIA E LUTO NO FUTEBOL BRASILEIRO Daiene Dias, apesar de ter ficado de fora da final, mostrou-se Mesmo que tenha trazido grandes alegrias para o esporte, muito satisfeita com o 14º lugar. “Estou feliz por estar entre as o ano de 2016 também foi marcado por uma tristeza sem tamanho, 16 melhores do mundo. Gostaria de agradecer a todos que com a queda do avião da Associação Chapecoense de Futebol torceram por mim”, disse na época. (SC), na madrugada de 29 de novembro, na Colômbia. Setenta e sete pessoas estavam a bordo do voo LM-2933, entre jogadores, ATLETAS PARALÍMPICOS DÃO SHOW jornalistas e tripulantes – 71 morreram e seis sobreviveram. O Brasil deu um show nos Jogos Paralímpicos 2016, conquistando O acidente repercutiu não só nos grandes veículos de comunicação um total de 72 medalhas na competição: 14 de ouro, 29 de prata e do Brasil, como também nos principais jornais do mundo, como 29 de bronze. O evento esportivo, realizado entre os dias 7 e 18 de o Marca (Espanha), Gazzetta (Itália), Bild (Alemanha), The Wall setembro, contou com a participação de sete paratletas capixabas Street Journal (Estados Unidos), BBC (Inglaterra), entre outros, (entre nascidos no Espírito Santo e outros que adotaram o Estado que estamparam a notícia em suas capas. de coração) defendendo as cores do país em quatro modalidades: Isso sem contar com as inúmeras homenagens feitas por times atletismo, basquete em cadeira de rodas, goalball e natação. do país, que mandaram mensagens de apoio e mudaram as Uma das medalhas de ouro veio com a equipe brasileira de fotos de suas páginas nas redes sociais para o escudo da “Chape”. atletismo, que conta com o capixaba Daniel Mendes. A conquista A solidariedade também pôde ser vista em outros clubes de no revezamento 4x100 metros rasos veio ainda acompanhada de renome do mundo, que fizeram um minuto de silêncio antes de partidas e treinos, além de usarem o emblema da Chapecoense em seus uniformes.

A perda fez com que diversos times prestassem homenagem ao time de Chapeco

ESQUIVA FALCÃO SE MANTÉM INVICTO O pugilista Esquiva Falcão continua invicto em sua carreira profissional após derrotar o mexicano Josue Obando por nocaute técnico em combate realizado em Laredo, no Texas (EUA), em outubro. A ascensão no boxe profissional também pôde ser vista na vitória sobre outro mexicano, Paul Valenzuela Jr, em maio deste ano, e contra o americano Joe McCreedy, em março. Medalhista de prata em Londres 2012, o capixaba não chegou a disputar as Olimpíadas deste ano, depois de optar pelo boxe profissional. Uma decisão que, pelo visto, não durou muito, pois ele já garantiu que vai voltar em 2020 para buscar a medalha de ouro olímpica. Além de treinar constantemente, o pugilista também foi importante para a ascensão de outro atleta, o boxeador Robson radio.esbrasil.com.br •

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O Estádio Kleber Andrade recebeu diversas partidas importantes no ano de 2016 Foto: Paulo Sena

Desportiva conquista o 18º título no Capixabão Foto: Henrique Montovanelli/Desportiva Ferroviária

Conceição, que fez sua estreia no boxe profissional em novembro deste ano com uma vitória. O baiano, ouro nos Jogos Rio-2016, vem sendo aconselhado e acompanhado por Esquiva.

e Lazer, Edilson Barboza, de atletas e da comunidade esportiva. Localizado em Bento Ferreira, na capital, o CT foi criado para se tornar o primeiro complexo esportivo do Espírito Santo para treinamento de capixabas de alto rendimento. As obras tiveram um investimento de pouco mais de R$ 6 milhões. “A tríade que acreditamos para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento capixaba, formada por disponibilidade estrutural, investimento no ser humano e ações estratégicas continuadas e sustentáveis, é a base para se alcançar alguma mudança de perspectiva em médio e longo prazos. Com o início do novo ciclo olímpico, os próximos quatro anos tornam-se o tempo a ser utilizado como oportuno na geração desse start de mudanças necessárias, para tornar o cenário do esporte do Espírito Santo mais competitivo e mais sólido”, afirma Barboza. Depois de reformado, o espaço recebeu as meninas da seleção brasileira de ginástica rítmica, que se prepararam para os Jogos Olímpicos entre os dias 22 e 28 de junho, além das atletas ucranianas que treinaram em solo capixaba entre 7 e 16 agosto.

ERICK SILVA VIVE ALTOS E BAIXOS O lutador de MMA Erick Silva começou o ano mal, depois de ser nocauteado pelo francês naturalizado canadense Nordine Taleb. Vindo de uma derrota para o americano Neil Magny, o capixaba tinha na luta contra Taleb uma boa chance de se recuperar e voltar a vencer, o que não aconteceu devido a um golpe devastador logo no início do segundo round. Essa foi a sétima derrota em 25 lutas de Erick Silva e a 12ª vitória em 15 confrontos de Taleb. Montando uma estrutura própria de treinamentos no Espírito Santo, o lutador resolveu voltar ao Estado para ficar mais perto de sua família, em Vila Velha. E pelo visto, a proximidade com os parentes e os treinos na academia Team Nogueira, na Serra, fizeram muito bem ao lutador, que superou o brasileiro Luan Chagas, no UFC Brasília, em setembro. A vitória suada causou uma fratura em dois ossos da face de Silva, que atualmente se recupera após cirurgia. ALTERAÇÕES NO BOLSA ATLETA CAPIXABA O governador Paulo Hartung sancionou o Projeto de Lei FISICULTURISMO DE ARACRUZ EM DESTAQUE (PL) 305/2016, que altera o Bolsa Atleta Capixaba. Com as Fisiculturista de Aracruz, Rayssander Mattos Vieira saiu modificações, poderão participar do processo de seleção do vencedor da Noite dos Campeões, evento realizado em março programa não só os atletas capixabas que comprovem residência deste ano, na Serra, e que valeu como seletiva para o Arnold Classic mínima de dois anos, como também os esportistas que competem Brasil 2016, competição criada pelo astro Arnold Schwarzenegger. pelo Espírito Santo e que possuam residência comprovada de no Vice-campeão estadual do ano passado e campeão 2015 na cate- mínimo cinco anos. goria Culturismo Clássico até 1,75m de altura, Rayssander superou No projeto de lei também são contempladas alterações em relação o vencedor de 2014 para participar de um dos maiores eventos da à partilha de recursos. Prioritariamente, a bolsa será concedida a modalidade, realizado no Rio de Janeiro, em abril deste ano. atletas e paratletas de alto rendimento das modalidades olímpicas e paralímpicas filiadas aos comitês Olímpico e Paralímpico CT JAYME NAVARRO DE CARVALHO É ENTREGUE Brasileiro, COB e CPB, respectivamente. As obras de reforma, ampliação e modernização do Centro de Treinamento (CT) Jayme Navarro foram entregues em julho DESPORTIVA CONQUISTA 18º TÍTULO deste ano, em solenidade que contou com a participação do A Desportiva Ferroviária conquistou o seu 18º título do governador Paulo Hartung, do secretário de Estado de Esportes Campeonato Capixaba. A vitória veio sobre o Espírito Santo, em partida realizada em maio deste ano, Foto: Sesport-ES na Arena Unimed Sicoob, em Cariacica. O camisa 10 da Locomotiva, Edinho, NOVO CT JAYME o “Ronaldinho do Irã”, foi quem marcou o NAVARRO DE CARVALHO único gol do jogo em cobrança de pênalti. No novo Centro de Treinamento Jayme Navarro As duas equipes já tinham se enfrentado de Carvalho, foram construídos dois ginásios no final de abril, no primeiro jogo da final. - um de lutas e outro de ginástica rítmica e Na ocasião, a “Tiva” venceu o “Santão” artística - e duas quadras de areia para vôlei de pelo mesmo placar do segundo jogo (1x0), praia. Além dessas construções, os dois ginásios poliesportivos passaram por algumas reformas com gol do lateral direito Ramires. 114

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TURISMO E HOTELARIA

TURISMO CAPIXABA APRESENTA ALTOS E BAIXOS

A

ssim como outros setores da economia, o turismo também vem sendo prejudicado, em parte, pela crise econômica. Prova disso é a quantidade de turistas durante o verão, que se reduziu em comparação com o mesmo período do ano passado: 1.592.450 (2016) contra 1.783.873 (2015). Em contrapartida, o tempo de permanência médio aumentou de 9,44 para 11,9 dias, com um crescimento de 26%, conforme aponta a pesquisa Fluxo Turístico, realizada pela Secretaria de Estado do Turismo (Setur) em parceria com o Instituto Qualitest Pesquisa e Qualificação. De acordo com o levantamento, o gasto médio dos visitantes durante a alta temporada também registrou alta em confronto com igual período de 2015, com uma elevação de 41,2%. O gasto médio diário por pessoa foi de R$ 66,2, sendo que no verão anterior ficou em R$ 46,89. “Mesmo com toda essa crise no Brasil, os brasileiros não deixaram de viajar neste ano. Estamos focando muito o turismo de lazer, principalmente em áreas que estejam ligadas à música e à gastronomia, por exemplo. O Espírito Santo também vem sendo muito anunciado na mídia devido às articulações do Governo do Estado e de empresários. Um bom exemplo é a Revista da Gol, que fez uma matéria sobre Itaúnas recentemente”, destaca José Sales Filho, secretário de Estado de Turismo. As 10 cidades mais procuradas no verão deste ano foram Vitória, Serra, Cachoeiro de Itapemirim, Guarapari, Aracruz, Linhares, Marataízes, São Mateus, Conceição da Barra e Anchieta. O levantamento apontou ainda que 99,6% dos turistas são brasileiros, a maioria deles do próprio Estado (48,1%), seguida de Minas Gerais (31,8%), Rio de Janeiro (7,6%) e São Paulo (5,1%). E apesar de a permanência no Espírito Santo ter aumentado, bem como o gasto médio por pessoa, o turismo capixaba continua sentindo fortemente os efeitos do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), ocorrida em 5 de novembro do ano passado. Além de poluir o Rio Doce, a lama de rejeitos de minério chegou ao Oceano Atlântico, no dia 21 do mesmo mês, acabando com a paz dos moradores de Regência, em Linhares. 116

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A praia da Curva da Jurema está entre os locais mais procurados pelos turistas

“Infelizmente, Regência ainda continua sentindo as consequências desse problema, mas os moradores locais estão muito organizados para tentar reverter essa situação, e nós vamos cobrar da Samarco as devidas ações”, acrescentou o secretário.

TURISMO DE EVENTOS O turismo de eventos capixaba passou por um período de desaceleração, segundo o Espírito Santo Convention & Visitors Bureau (ESC&VB). Ao final do ano, 33 eventos terão sido realizados, o que corresponde a quase metade do número referente ao calendário de 2015, que contabilizou 67 eventos. O número de turistas participantes da programação técnica e científica também apresentou redução, com o Estado tendo recebido cerca de 26 mil pessoas a menos do que no ano anterior. De acordo com o ESC&VB, é esperado que o setor movimente aproximadamente R$ 100 milhões em 2016, enquanto em 2015 esse montante ficou em torno de R$ 150 milhões, 50% acima da movimentação deste ano. A previsão para o final do ano é de que o MOVIMENTAÇÃO DO TURISMO DE EVENTOS Volumes registrados durante o ano (em reais)

2016*

100 milhões

2015 2014

150 milhões

16,7 milhões

2013

66,8 milhões

* estimativa até o final do ano

Fonte: Espírito Santo Convention & Visitors Bureau (ESC&VB)


FLUXO TURÍSTICO NO VERÃO Comparativo

2016

2015

TURISTAS 1.592.450 1.783.873 TEMPO DE PERMANÊNCIA

ritmo do setor continue desacelerado, principalmente por conta da quantidade escassa de eventos técnicos e científicos. O número de turistas e a receita gerada por eles devem permanecer menores em relação aos anos anteriores. Para 2017, é esperado que o trade continue estimulando um diálogo intenso com os setores público e privado em busca de maiores investimentos. Por outro lado, a ESC&VB orienta que os realizadores de eventos atuem de forma cautelosa, ainda devido aos efeitos da instabilidade econômica. “O que podemos adiantar para 2017 é que o turismo de eventos capixaba deve se manter mais devagar. Por isso, é importante que o trade permaneça se impondo no mercado com o objetivo de mostrar o potencial do setor que, a despeito da crise, foi responsável por quase 5% do PIB capixaba em 2015. Especificamente falando do ES Convention & Visitors Bureau, a busca por captação de eventos será intensificada, já que um mercado com mais eventos é um mercado mais estimulado”, revela Alfonso Silva, presidente do ESC&VB.

INVESTIMENTOS DO ANO Mesmo com a crise, o Estado contou com alguns investimentos ao longo do ano, a exemplo do Bristol Vista Azul, inaugurado no dia 7 de outubro, na região de Pedra Azul, em Domingos Martins. O empreendimento conta com 113 suítes no segmento de hotelaria, além de 116 apartamentos residenciais. “O projeto do Bristol Vista Azul, que começou a ser estruturado em 2013, demandou um investimento da ordem de R$ 100 milhões. As obras foram concluídas em outubro, com a proposta de impulsionar ainda mais o turismo na região serrana, aproveitando,

SALÃO SABORES FORTALECE SEGMENTO HOTELEIRO Realizado em Vitória, nos dias 29 e 30 de agosto, o 16º Salão Sabores – Salão Técnico e de Negócios em Gastronomia e Hotelaria do Espírito Santo recebeu cerca de 2 mil visitantes, entre empresários, estudantes e fãs da boa culinária, que puderam assistir a aulas de chefs renomados, participar de palestras e interagir em rodadas de negócios. Apresentando um novo formato - com a adesão de profissionais da hotelaria -, as rodadas promoveram 51 reuniões que, em conjunto com a área de exposição, devem gerar aproximadamente R$ 1 milhão em negócios futuros. Organizado pela Win Eventos, o Salão Sabores é uma realização do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares), da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Estado (Abrasel-ES), de Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (ABIH-ES).

(em dias)

11,9 9,44 GASTO MÉDIO

(em reais)

66,2 46,89 Fonte: Setur ES e Instituto Qualitest Pesquisa e Qualificação

inclusive, para iniciar os trabalhos no período de transição do final da baixa para a alta temporada, marcada por datas festivas como Natal e Ano Novo e pelo período das férias”, afirma Luiz Fantin, diretor de Marketing da Rede Bristol de Hoteis. Considerado um eco resort quatro estrelas, o Bristol Vista Azul possui nove suítes máster com vista panorâmica e jacuzzi; nove suítes com estrutura para receber famílias de até quatro pessoas; 27 apartamentos luxo e 68 apartamentos de padrão superior. O empreendimento também conta com um espaço para massagem e descanso, jacuzzis, área fitness, quadra de tênis, espaço kids, piscina coberta e sala de cinema; além de um restaurante (Argento Vista Azul), adega, loja de conveniência, lavanderia, lan house, auditórios e salas para eventos. O Bristol Hotels, que junto com o Plaza Inn Hotéis formam a Allia Hotels, também inaugurou neste ano um hotel – este, de bandeira econômica – no município de Cachoeiro de Itapemirim. O empreendimento está localizado próximo ao Shopping Sul e conta com 160 apartamentos modernos, com ar-condicionado, fechadura eletrônica, TV de LCD e Wi-Fi, sprinklers nas áreas comuns, restaurante, serviços de despertar e lavanderia. O investimento foi de R$ 22 milhões. A AccorHotels foi outra rede que inaugurou novidades no Estado, com o Ibis Styles São Mateus, aberto em julho deste ano. Localizado na BR-101, principal via de acesso para o sul da Bahia, o empreendimento possui 102 apartamentos e recebeu investimentos de R$ 32 milhões. Assim como os outros hotéis Ibis Styles – que têm arquitetura, decoração e temas personalizados –, o empreendimento em São Mateus presta uma homenagem aos anos dourados do rádio. “Cada hotel Ibis Styles é especial e traz um design único. Estamos orgulhosos por essa inauguração no Espírito Santo, tanto por prestar uma homenagem à bela história do rádio no Brasil, como por fomentar o turismo regional”, destacou na ocasião Franck Pruvost, diretor de Operações da AccorHotels na América do Sul. radio.esbrasil.com.br •

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COTIDIANO

VELHO ANO NOVO

O

ano de 2016 chegou acompanhado de uma expectativa de alívio. A sensação geral era de que nada poderia ser mais traumático ou turbulento que 2015. Doce ilusão. O ano que entrou foi basicamente a continuação, piorada, do enredo escrito desde o começo do ano passado: crise política, econômica, ambiental e protestos. Muitos protestos. De uma forma ou de outra, 2016 foi um ano histórico, e não havia como ser diferente. Afinal, foi o ano dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os primeiros realizados na América do Sul. Foi também ano de eleições municipais, de uma das maiores crises hídricas da história e do segundo impeachment no país: o de Dilma Rousseff (PT). Mas também foi o ano das ocupações em escolas públicas, de surtos de zika e da gripe H1N1, tragédias e muitas greves.

DESLIZAMENTO Logo no dia 1º de janeiro, a primeira notícia triste do ano. Um deslizamento de terra no Moro da Boa Vista, em Vila Velha, provocou o rolamento de uma pedra de mais de 3 mil toneladas, atingindo quatro casas. Cinco pessoas ficaram feridas, e 392 tiveram que ser removidas de suas casas, sob o risco de acontecerem novos deslizamentos. PROTESTOS Mais uma vez os protestos políticos sacodiram o noticiário e o dia a dia do capixaba. A exemplo do ano passado, as manifestações políticas a favor e contra a presidente Dilma Rousseff levaram milhares de pessoas às ruas várias vezes ao longo dos meses. O maior protesto foi no dia 13 de março e reuniu cerca de 120 mil pessoas em Vitória. Com outros 3,6 milhões de manifestantes pelo país, elas pediam a saída de Dilma da Presidência da República. As estimativas são das Polícias Militares. Cinco dias depois, foi a vez do outro lado se manifestar. Em 18 de março, 5 mil manifestantes em Vitória se juntaram a mais de 118

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1,3 milhão de pessoas no Brasil inteiro, também de acordo com as PMs, contra o impeachment da então presidente. Sindicatos trabalhistas e movimentos sociais engrossaram o apoio a Dilma Rousseff.

GREVES Se algo não faltou em 2016, foi greve. A dos bancários, por exemplo, durou um mês e não foi a única. A Receita Estadual também decidiu paralisar as atividades de tributação, arrecadação e fiscalização durante aproximadamente o mesmo tempo. Na pauta, valorização da carreira, fortalecimento do Fisco local e melhoria dos serviços públicos. Em março, servidores do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito Santo (Ipem) também deliberaram greve da categoria por reposição salarial, assim como os radialistas. Mesmo motivo dos trabalhadores do setor de vestuário de Colatina e dos metalúrgicos da Gerdau. Em novembro, professores da Universidade Federal do Espírito Santo também cruzaram os braços, não por salário, mas em apoio aos estudantes universitários e secundaristas que protestavam contra a possível aprovação da PEC 55, com medidas de contenção dos gastos públicos que, a seu ver, reduziriam as verbas federais para a educação. A interrupção das atividades também ocorreu, com a adesão por parte dos servidores técnico-administrativos da Ufes. No mesmo mês, os enfermeiros cruzaram os braços exigindo a correção de perdas salariais. OCUPAÇÕES O ano de 2016 foi marcado ainda pelas ocupações. Mais de mil escolas do ensino médio e 104 universidades e institutos federais sofreram algum tipo de ocupação por estudantes contrários à medida provisória que prevê a reforma do ensino médio e ao Projeto de Emenda Constitucional 55/2016 (a famosa PEC do Teto).


As medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer foram o estopim para a ocupação e para greves estudantis em universidades federais de todo o país. Os protestos dos estudantes afetaram inclusive a realização das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a votação nas eleições municipais nos locais ocupados.

na Enseada do Suá, em Vitória. A tragédia aconteceu durante a madrugada do dia 19. Dejair das Neves, porteiro do prédio, foi encontrado morto sob os escombros após 14 horas de buscas dos bombeiros. O síndico e três funcionários do condomínio sofreram ferimentos leves.

PERDAS O desabamento que vitimou o porteiro Dejair das Neves infelizmente não foi a única notícia triste no ano, que teve algumas perdas importantes. No dia 4 de abril, o Espírito Santo perdeu um dos seus maiores ambientalistas. Referência na luta pela preservação ambiental, André Ruschi morreu de infecção generalizada. Em maio, o empresário Roberto Kautsky Júnior, presidente da Refrigerantes Coroa, morreu vítima de um câncer de estômago que tratava havia um ano. Junho levou embora dois artistas capixabas. O pintor Guilherme Secchin faleceu após sofrer um infarto enquanto tratava de um câncer. No mesmo mês, o consagrado cartunista, escritor e ator Milson Henriques faleceu de madrugada em Vitória. Ele enfrentava uma batalha contra a leucemia e estava internado desde março. O futebol capixaba também teve seu momento de luto. O ex-zagueiro da Desportiva Elci Rodrigues, de 71 anos, foi encontrado morto, por causas naturais, dentro da própria casa, no dia 7 de setembro, no bairro Jardim América, em Cariacica. O ex-jogador fez história na Desportiva e passou por clubes como Flamengo e Atlético-MG. E a imprensa se despediu de um de seus ícones: no dia 5 de dezembro, foi encontrado morto em casa o jornalista Sérgio Egito, de 68 anos, 24 deles dedicados ao trabalho em A Gazeta.

SUPERMERCADOS AOS DOMINGOS? Uma das mais antigas reclamações do capixaba, a de não poder contar com supermercados abertos aos domingos, pode ter os seus dias contados, pelo menos durante este mês de dezembro. Em novembro, um acordo entre Fecomércio-ES e Sindicomerciários-ES sacramentou finalmente a liberação da abertura dos supermercados aos domingos no Espírito Santo. SURTOS A gripe H1N1 assustou o capixaba este ano. Até setembro, mais de 40 mortes foram confirmadas pela doença no Estado, que recebeu quase 770 notificações do vírus. Deste total, em torno de 220 casos de H1N1 foram confirmados por exames laboratoriais. Outro vírus, o da zika, deixou vítimas no Espírito Santo. Somente de janeiro a setembro de 2016, 4.086 casos de vírus da zika e 393 casos de chikungunya ocorreram em todo o Espírito Santo, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Ainda de acordo com a Sesa, até setembro foram notificados 216 casos de microcefalia em bebês nascidos vivos, natimortos ou em gestação. Os casos de dengue foram mais numerosos. Entre janeiro e julho de 2016, foram notificados 51.605 casos da doença no Espírito Santo. Destes, 22 tiveram óbitos confirmados e 17 estão sob investigação.

Foto: Divulgação

TRAGÉDIA Em julho, uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas depois do desabamento da área de lazer de um condomínio de luxo EVENTOS A Mocidade Unida da Glória (MUG) foi a grande campeã do carnaval capixaba. A escola de Vila Velha levou seu hexacampeonato. Quem também teve motivos para comemorar foi a torcida da Desportiva, campeã capixaba deste ano. Após desabamento da área Nas festas tradicionais, o grande destaque, é claro, foi a Festa de lazer do condomínio de da Penha, que levou mais de um milhão de pessoas em suas luxo Gran Parc, na Praia do Suá, em Vitória, uma pessoa romarias, segundo estimativa da PM – 700 mil apenas na morreu e quatro pessoas romaria dos homens. ficaram feridas Uma multidão também participou do tradicional Festão de São Pedro, que este ano teve sua 88ª edição. E a 19ª Caminhada dos “Passos de Anchieta”, em maio, reuniu cerca de 3.500 andarilhos, segundo os organizadores do evento, percorrendo o trajeto de 100 km entre Vitória e o município de Anchieta. Na comemoração de 30 anos de Casa Cor no Espírito Santo, o maior evento de arquitetura e decoração da América Latina apresentou 42 ambientes, feitos por 52 profissionais. Vitória também foi palco, de 24 a 26 de agosto, do evento internacional Youth Businesses Ecosystem Summit 2016 (YBE 2016), realizado pela Federação Capixaba de Jovens Empreendedores (Fecaje). O evento contou com a participação de mais de 500 empreendedores de todos os continentes e de mais de 20 estados brasileiros. radio.esbrasil.com.br •

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SANEAMENTO

E

mbora de importância ímpar para a sociedade, a maioria das 78 cidades capixabas ainda não concluiu o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que passou a ser uma exigência estabelecida na Lei nº 11.445/2007, cujo prazo foi estendido para 2017. As prefeituras que não finalizarem seus planos em tempo hábil não poderão receber recursos federais para investir no setor. Segundo o Ministério das Cidades, só 31% dos municípios brasileiros têm o PMSB. Muitos municípios capixabas ainda estão se adequando à lei. Em setembro, 32 cidades ainda estavam recebendo capacitações sobre os planos, ministradas por equipes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Outros 12 municípios fizeram parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) este ano para realizar seus planos, uma vez que é necessário ter corpo técnico experiente na área específica. Vitória ocupa a melhor posição (48º lugar) do ranking do Instituto Tetra, que elabora o diagnóstico anual dos indicadores de saneamento das 100 maiores cidades brasileiras. Em junho deste ano, a prefeitura da capital publicou a Lei nº 8945, aprovando o PMSB e prevendo investimentos no município para os próximos 20 anos. Na coleta de esgoto, Vitória conta hoje com a maior rede

REGIÃO METROPOLITANA Cidade

Água tratada

Coleta de esgoto

Tratamento dos esgotos

Vitória Vila Velha Serra Cariacica

95,06% 94% 89,62% 86,78%

63,85% 36,79% 44,08% 28,17%

54,51% 36,79% 17,61% 17,04%

Fonte: Instituto Tetra

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Foto: Cesan/Divulgação

MUNICÍPIOS SEM PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

A partir de 2017, prefeituras sem Plano de Saneamento Básico não receberão recursos federais para investir no setor

entre os municípios do Estado (63,85%), e 95,06% da população são atendidos com água tratada. Serra, Cariacica e Vila Velha já têm o plano, mas ainda possuem muitos desafios pela frente. Serra, o segundo município do Estado com melhor posição no ranking (63º), apresenta 89,62% da população com acesso a água tratada e 44,08% com coleta de esgoto. Entretanto, apenas 17,61% dos esgotos gerados são tratados, bem abaixo dos 20 melhores municípios do Brasil, que já tratam mais de 70%. Em Vila Velha (36,79%) e Cariacica (17,04%), o baixo nível de tratamento dos esgotos é o maior desafio.

PROGRAMA INÉDITO PARA USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA E DO SOLO Após firmar parceria com o Banco Mundial para implantar o Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem – o maior programa ambiental já executado no Estado –, o Governo do Espírito Santo anunciou em outubro o início das obras. As ações abrangem proteção de mananciais, florestas e cobertura sanitária. O investimento é de US$ 323 milhões (R$ 1 bilhão) e o projeto deve beneficiar 300 mil pessoas. O prazo é de cinco anos. O valor da primeira etapa das obras – coordenadas pela Cesan – é de R$ 51,8 milhões, para implantação de sistemas de esgoto em Iúna, Ibatiba, Dores do Rio Preto e Irupi, na região do Caparaó, cujo índice de coleta e tratamento de esgoto, de acordo com o Governo, atualmente é próximo de zero. A expectativa é chegar a 100% de atendimento. O programa contemplará ainda os municípios de Divino de São Lourenço, Conceição do Castelo, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Marechal Floriano. Cerca de R$ 260 milhões serão destinados a Vila Velha e Cariacica, onde será ampliado o sistema de esgotamento sanitário. Em Vila Velha, o programa abrangerá os 47 bairros da Grande Terra Vermelha, elevando a cobertura da rede para 65%. Em Cariacica, esta saltará para 66%.



MEIO AMBIENTE Foto: Fred Loureiro/Secom ES

Seca deixa 20 cidades do Espírito Santo em situação “extremamente crítica”

SECA E DEGRADAÇÃO Foto: Fred Loureiro/Secom

O

ano de 2016 assistiu à continuidade da mais longa e severa estiagem que o Espírito Santo já vivenciou em 80 anos, um quadro que teve início em 2014. Os rios que abastecem a Grande Vitória chegaram a ficar abaixo do limite crítico, e o Rio São José, que percorre oito municípios na região norte, está seco. Agravando a situação, resultado de fatores climáticos e intervenções humanas desastrosos, está a irrigação irregular praticada ao longo de seu curso. A seca já deixou 20 municípios capixabas em situação “extremamente crítica”. Com o comprometimento do abastecimento, 14 deles estão fazendo racionamento de água e alguns adotaram o esquema de rodízio para abastecer a população, de acordo com a Cesan (Companhia Espírito Santense de Saneamento). Algumas prefeituras proibiram práticas como lavar calçadas e carros com água potável. A própria Agerh (Agência Estadual de Recursos Hídricos) recomendou que tais medidas fossem tomadas. Atualmente, 16 cidades do Estado estão aplicando multas a quem desperdiçar água. Os prejuízos também são contabilizados em vários setores da economia capixaba. A agricultura acumula perda de mais de R$ 3,6 bilhões nos dois últimos anos, segundo o Governo do Estado. A cafeicultura, a fruticultura 122

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e a olericultura registram os maiores prejuízos. O café conilon teve queda de 40% em relação à produção de 2014. Na fruticultura, a perda foi de 434 mil toneladas e, na produção de leite, foram 30,4 milhões de litros a menos produzidos em 2016. O setor industrial e o comércio também amargam perdas. Nas atividades econômicas altamente dependentes da água, como os frigoríficos e a indústria química – principalmente a de produção de álcool e açúcar –, a situação é ainda mais grave. Para minimizar os impactos no futuro, o Governo do Estado lançou um programa que prevê investimentos de R$ 90 milhões para implantação de 60 reservatórios de água no interior do Estado, até 2018, além da retomada das obras da barragem de Pinheiros, a maior do Espírito Santo, e da implantação da barragem do Rio Jucu. Elas terão a capacidade de armazenar 67,2 bilhões de litros de água: o suficiente para abastecer 1,2 milhão de pessoas durante um ano. Atualmente, estão em licitação 26 barragens em assentamentos rurais do norte e três estão em construção: Pancas, Marilândia e Pinheiros-Boa Esperança, cujo prazo para conclusão é de 240 dias. Outras quatro barragens em Montanha e Nova Venécia (duas em cada) tiveram as ordens de serviço assinadas em setembro para o início das obras.


QUEDA NA PRODUÇÃO NOS ÚLTIMOS 3 ANOS CAFEICULTURA (CAFÉ CONILON)

Em milhões de sacas

2016

5,9 (expectativa)

2015

7,7

2014 Foto: Fred Loureiro/Secom ES

A vazão do Rio Santa Maria passou de 35 mil litros/s para 3,5 mil litros/s

BETERRABA

9,9

Em toneladas

2016

8.732

2015

7.954

2014

INHAME

17.267 Em toneladas

2016

83.732

2015

84.582

2014

MARACUJÁ 2016 Foto: Prefeitura de Colatina

A presença da lama no leito do rio Doce mantém a pesca proibida pela Justiça

RIO DOCE: DANOS CONTINUAM Além da escassez da água, um ano após o maior desastre ambiental da história do Brasil – o rompimento da barragem de Fundão da Samarco, em Mariana (MG) –, o rejeito de minério ainda não removido da natureza pela companhia pode agravar os danos já causados: com a chegada do período chuvoso, que se estende de outubro até março, há o risco de que a lama derramada volte a poluir os rios. A lama afetou 29 cidades mineiras e capixabas. Peixes morreram, cidades e campos ficaram sem água, e milhares de pessoas perderam seu meio de sustento, como os pescadores, que ainda estão proibidos pela Justiça de trabalhar na foz do Rio Doce. Para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), após um ano, as obras de contenção dos danos e restauração seguem “insatisfatórias”, “insuficientes” ou “não foram cumpridas” e “observou-se que a maior parte das recomendações feitas anteriormente não foram cumpridas pela empresa”, segundo o relatório da vistoria realizada no dia 25 de outubro, o que culminou em mais três multas à mineradora em 1º de novembro: uma de R$ 500 mil ao dia e outras de R$ 151 mil e R$ 201 mil. O órgão já aplicou 10 multas à Samarco, somando mais de R$ 300 milhões.

96.666 Em toneladas 19.386

2015

37.728

2014

COCO

70.335 Em toneladas

2016

234.013

2015

335.405

2014

MAMÃO

432.165 Em toneladas

2016

255.615

2015

261.270

2014

399.790

CANA-DE-AÇÚCAR

Em toneladas

2016

2.846.458

2015

3.320.809

2014

BANANA 2016

4.075.773 Em toneladas 265.795

2015

277.512

2014

294.371

Fonte: Secretaria de Agricultura (Seag)

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Já o acordo que havia sido assinado entre a Samarco, a União e os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, prevendo um fundo de R$ 20 bilhões para recuperação da bacia do Rio Doce, foi anulado em agosto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Também foram suspensas pela 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Minas as licenças ambientais do Complexo de Germano, em Mariana, atendendo a pedido do Ministério Público daquele estado.

PÓ PRETO Em 2015, a poluição atmosférica foi alvo de investigação na Assembleia Legislativa, e o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto apontou 23 ações para serem implantadas esse ano. As medidas, que segundo os parlamentares iriam minimizar os impactos da poluição, foram encaminhadas ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e ao Ministério Público Estadual, para serem implementadas pela Vale e pela ArcelorMittal. Segundo o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Aladim Cerqueira, o Governo do Estado vai preparar um novo Termo de Compromisso Ambiental (TCA) para assinatura das empresas. “Uma instituição independente será contratada para realizar uma vistoria no Complexo de Tubarão e identificar todas

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Entre as ações que deverão ser adotadas está a troca de toda a areia do final da Praia de Camburi

as tecnologias de controle ambiental e o que pode ser melhorado. O termo será baseado nessa auditoria. Atualmente, estamos em análise interna para os preparativos dessa licitação. A meta é fazer o TCA em 2018”, disse. A elaboração desse instrumento será realizada em parceria com o Ministério Público. Outras questões estão em andamento. No início do ano, após a Prefeitura de Vitória multar as duas empresas em R$ 34 milhões, foram mantidas as exigências em relação ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) proposto pela administração pública em dezembro do ano passado, como trocar toda a areia do final da praia. As empresas afirmam que uma série de investimentos vem sendo feita ao longo dos últimos anos para solucionar a questão.



Fotos: Fred Loureiro/Secom-ES

INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA

A PASSOS LENTOS

R

esponsável por 80% dos deslocamentos da produção brasileira, o setor de transporte e logística não teve um ano fácil e foi altamente impactado pela crise nos últimos dois anos. “Foi um ano difícil. A crise econômica impacta diretamente qualquer setor de produção. No caso do transporte, se o nível de operação cai, o sinal de alerta é acionado, denotando altos e baixos no setor”, afirmou o presidente da Federação dos Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), Jerson Picoli. Só no primeiro semestre de 2016, o segmento sofreu queda de 5,9%, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Outra razão de preocupação é uma velha conhecida dos capixabas: os gargalos em infraestrutura. “Não é de hoje que a economia capixaba espera o desenrolar de vários empreendimentos, como a Rodovia Leste-Oeste e a duplicação da BR 262, essenciais para a competitividade estadual”, lamenta o dirigente.

Depois de muitas paralisações, as obras do novo terminal de passageiros do Aeroporto de Vitória foram retomadas em 2016 e já estão 40% concluídas, com previsão de término em 2017

importante. Fecha um capítulo e abre novas perspectivas”, comemora Picoli. Por outro lado, o aeroporto de Linhares é o único de porte regional do Estado mantido no programa de investimentos federais em aviação. As obras estão em fase de licenciamento ambiental, segundo o subsecretário de Estado de Logística, Transporte e Comércio Exterior, Orlando Caliman. A previsão é começar no início de 2017. Já os aeroportos de Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus, que estavam previstos, não vão receber investimentos para reformas. O Governo Michel Temer reduziu de 270 para 53 o número de aeroportos em todo o país que passarão por obras de ampliação a partir de 2017.

MALHA VIÁRIA Há um certo alívio também nas rodovias estaduais. Apesar de a Pesquisa Rodoviária CNT de 2016 ainda classificar as AEROPORTO DECOLA estradas capixabas como “ruins” de um modo geral, os trabalhos Mas há notícias positivas no ar. As obras para o novo terminal executados pela Eco101 já deram os primeiros resultados. de passageiros do Aeroporto de Vitória foram retomadas e já estão Dos 26 trechos avaliados, a melhor classificação foi para a 40% concluídas. A previsão é de que terminem em 2017, quando BR 101. Por sua vez, a ES 261, a ES 355 e a EST 484/BR 484 com as então as instalações poderão atender a até 8,4 milhões de viajantes piores análises. por ano. A ampliação do terminal de cargas não está prevista nessa Na malha estadual, 37 trechos, totalizando 870 quilômetros, nos etapa. Só após a finalização da obra é que serão buscados recursos polos de Cachoeiro de Itapemirim, Aracruz e Colatina, podem ser para viabilizá-la. “Passados tantos anos de espera, é uma conquista privatizados. O Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito 126

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OBRAS EM ANDAMENTO OBRA

LOCAL

PREVISÃO DO TÉRMINO

INVESTIMENTO

Aeroporto de Vitória

Vitória

R$ 523,5 milhões

Setembro/2017

Porto de Vitória

Vitória

R$ 120 milhões

Av. Leitão da Silva - 1ª etapa

Vitória

R$ 108,4 milhões (1ª e 2ª etapas)

Dezembro/2016

Rodovia Leste-Oeste

Vila Velha/Cariacica

R$ 274,5 milhões

Setembro/2017

Contorno do Mestre Álvaro

Serra

R$ 290 milhões

Início 2017

1º semestre 2019

OBRAS QUE SERÃO EXECUTADAS EM 2017 OBRA

LOCAL

INVESTIMENTO

INÍCIO

Aeroporto de Linhares

Linhares

R$ 30 milhões

1º semestre 2017

Av. Leitão da Silva – 2ª etapa

Vitória

R$ 108,4 milhões (1ª e 2ª etapas)

2017

Portal do Príncipe

Vitória

R$ 34,2 milhões

1º semestre 2017

Fonte: DER-ES/Setop/Infraero

PORTOS NO ESPÍRITO SANTO A crise afetou também o setor portuário. Dados da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) registram que, de janeiro a setembro de 2016, foram movimentadas 4.736.755 toneladas de cargas nos terminais públicos, uma redução de 5% em relação às 4.988.217 toneladas de 2015. “Houve muita oscilação mensal, mas estão sendo envidados esforços para que a operação seja incrementada. Após a conclusão da dragagem do Porto de Vitória, com o acesso de navios maiores, do tipo Panamax, a meta é aumentar o volume de cargas”, comenta o presidente da Codesa, Luis Santana Montenegro. A boa notícia é que as obras do Porto de Vitória, orçadas em R$ 120 milhões, foram retomadas em agosto, após mais de um ano paradas. Os serviços de dragagem estão sendo finalizados e em seguida, terá início a medição das novas profundidades (batimetria), que será concluída em 2017. Já o projeto do As obras na BR 101 começaram em 2016. Nesta primeira Porto de Águas Profundas não foi adiante. fase, serão 46 quilômetros Devido à crise, a prioridade é investir no Porto duplicados até maio de 2017, num de Barra do Riacho, segundo Montenegro. investimento de R$ 386 milhões Alguns empreendimentos privados também começam a se consolidar. O Estaleiro Jurong está operando, e a recuperação de 25 quilômetros da ES010, que dá acesso ao empreendimento, está em processo de licitação. As obras do Terminal de Uso Privado (TUP) da Imetame, em Aracruz, já começaram, e a expansão do Portocel está no projeto de longo prazo dos acionistas (Fibria e Cenibra), cujo investimento ainda está sendo avaliado. O Porto Manabi foi todo readequado e o novo projeto, que está em fase de estudos, substitui o terminal marítimo de minério de ferro por um polo empresarial e porto multicargas, chamado Distrito Empresarial Norte Capixaba. Outros portos regionais – Petrocity

Santo (DER-ES) publicou este ano um edital no Diário Oficial para que empresas manifestem interesse em elaborar projetos para esses trechos. Foram classificados dois consórcios para os projetos dos polos de Cachoeiro e Colatina. O DER irá avaliar qual o modelo de concessão a ser adotado no Estado, previsto para 2017. Para a Fetransportes, no entanto, a malha viária do Espírito Santo ainda está muito atrasada em relação à de outros estados do Sudeste. “A má qualidade das rodovias é reflexo de baixos investimentos no setor. Em 2015, o investimento federal em infraestrutura em todos os modais foi de apenas 0,19% do PIB. O valor investido em rodovias (R$ 5,95 bilhões) foi quase a metade do que o país gastou com acidentes (R$ 11,15 bilhões). A privatização pode ser o caminho para elevar a competitividade”, diz Picoli.

Foto: Secom/ DER-ES

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As obras no Porto de Vitória, que vão ser concluídas em 2017, ajudarão o complexo a aumentar em 40% sua capacidade de movimentação de cargas

MOVIMENTAÇÃO NOS PORTOS CAPIXABAS Movimentação de cargas/ano em toneladas

e Porto Central – aguardam documentações, enquanto o C-Port espera melhora no cenário econômico para tentar se viabilizar. “Os projetos portuários vão permitir melhorias na logística capixaba, e, consequentemente, na competitividade do Estado”, frisa o subsecretário Orlando Caliman. Já em relação à Ferrovia EF118, que liga o Espírito Santo ao Rio de Janeiro, o Governo Federal busca alternativas para viabilizar o projeto, uma vez que sem parceria privada torna-se uma alternativa inviável no cenário fiscal atual.

MOBILIDADE URBANA O ano de 2016 termina sem algumas soluções aguardadas na Grande Vitória, onde se concentra a maior parte da população do Estado. Só a Região Metropolitana tem cerca de 1,9 milhão de habitantes, quase a metade da população capixaba – estimada pelo IBGE, em 2015, em 3.929.911 habitantes. Além das limitações na infraestrutura das cidades, o Espírito Santo tem um carro para cada cinco habitantes. A frota total é de 1,7 milhão de veículos. Os ônibus somam 13.974 da frota, o que significa que menos de 1% é destinado para o transporte público. “O expressivo crescimento da frota tem comprometido a mobilidade urbana e imposto à sociedade um preço muito elevado, que acaba resultando em perda de qualidade de vida e no agravamento das tensões sociais nos centros urbanos”, explica o titular da Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop), Paulo Ruy Carnelli. Diante do cenário econômico, a solução foi reorganizar as prioridades em infraestrutura. Em 2016 a Setop teve um corte de 30% no orçamento, por exemplo. Entre as prioridades, está a Avenida Leitão da Silva, em Vitória, cujas obras estão em andamento; a primeira etapa será entregue em dezembro. A conclusão da segunda etapa está prevista para 2017. A via terá três faixas em cada sentido, calçadas e ciclovia. Os investimentos somam R$ 108,4 milhões. 128

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2016* 2015 2014 2013

4.736.755 6.645.755 6.803.135 5.984.575

* janeiro a setembro Fonte: Codesa

Já as obras da Rodovia Leste-Oeste foram retomadas no final de 2015. Após ficarem paralisadas mais de um ano, por falta de recursos, a Setop conseguiu a liberação de R$ 124,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a conclusão dos trabalhos, prevista para setembro de 2017. O governo garante que novas linhas de ônibus vão integrar Viana e Cariacica a Vila Velha, desafogando o trânsito na BR262. Por falta de recursos também, o projeto do BRT foi descartado pela Setop e não será implantado nesta gestão. Mas as demais obras atreladas ao BRT, como a modernização da Rodovia José Sette, em Cariacica, e o Portal do Príncipe, foram mantidas. O Portal do Príncipe, que começa no primeiro semestre de 2017, consiste em 3,5 km de novas vias e em um viaduto para entrada de caminhões no Porto de Vitória, que serão feitos para eliminar a retenção de tráfego na região. O investimento é de R$ 34,2 milhões. Quanto ao Aquaviário, que teve a licitação cancelada em 2015, a Setop informou que atualmente não há como viabilizá-lo e que só estão sendo assumidos compromissos que possam ser cumpridos. Já o Contorno do Mestre Álvaro, um investimento de R$ 290 milhões, está em fase de desapropriação de imóveis para dar início às obras. Serão 18,9 km de extensão, e a previsão de conclusão é no primeiro semestre de 2019.


Foto: Diego Alves

Obras na Leitão da Silva

Projeto Bike Vitória

Diante de um cenário de crise econômica nacional, com cortes em várias escalas de investimentos, a construção pesada – que é responsável por obras de infraestrutura como rodovias, pontes, drenagem e pavimentação, entre outras, – já mostra seu enfraquecimento. Segundo o presidente do Sindicopes (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Espírito Santo), José Carlos Chamon, houve uma redução de 70% nas vagas de emprego entre 2014 e julho/2016. “O setor só conseguiu realizar algumas poucas obras do DER, que já tinham recursos de financiamento, mesmo assim com muitos problemas burocráticos para efetivação de aditivos”, diz. Para 2017, as expectativas também não são das melhores. “Além do Portal do Príncipe, esperamos efetivamente apenas algumas obras para melhoria da mobilidade urbana anunciadas pelo Governo do Estado”, comenta.

Após alguns imbróglios, Vitória, enfim, recebeu o Uber, conhecido por oferecer um transporte melhor por um preço mais acessível que o dos táxis convencionais. A taxa de chamada via aplicativo será de R$ 2 e o valor mínimo de cada corrida será de R$ 6, mesmo que a distância percorrida e o tempo gasto para concluí-la não atinjam esse valor. Na tentativa de reagir à atuação do Uber em Vitória, taxistas capixabas criaram o aplicativo Táxi ES (Táxi Legal do ES). Em fase final de testes, o aplicativo deve entrar no mercado da Região Metropolitana até o final do ano. Depois que o projeto for apresentado às prefeituras e aos profissionais, será realizado um trabalho de divulgação. Em Vila Velha, ocorreram algumas mudanças no trânsito em 2016. O Departamento de Trânsito do município criou mais sistemas binários para organizar e melhorar o fluxo do tráfego. O binário transforma ruas paralelas em mão única – uma para cada sentido. Foram contempladas 12 ruas de Coqueiral de Itaparica. As intervenções servem para reorganizar a circulação viária e as condições de segurança para motoristas e pedestres que trafegam na região. Outro avanço é que a prefeitura canela-verde iniciou este ano os estudos para elaborar seu Plano de Mobilidade Urbana. Será feita a contagem de veículos, ciclistas e pedestres por toda a cidade e, após identificação das áreas mais movimentadas, realizadas pesquisas domiciliares para identificar como as pessoas transitam pelo município, quais meios de transporte utilizam e quais são as suas principais dificuldades nessa área. A expectativa é apresentar o plano em julho de 2017. A pesquisa vai servir como instrumento para a revisão do novo Plano Diretor Municipal (PDM), que deve ser alterado em 2017.

MUDANÇAS NA REGIÃO METROPOLITANA Em Vitória, a Secretaria Municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran) promoveu diversas ações para melhorar a mobilidade da região, como a inauguração do projeto Bike Vitória, que aluga bicicletas, e que conta atualmente com 20 estações - com 10 bicicletas cada, disponíveis para a população; a conclusão de 1,8 km de ciclofaixa ligando a praça de Goiabeiras até a Praia de Camburi, e de outro trecho, de 1,5 km, ligando a praça de Fradinhos à Avenida Beira-Mar; a instalação de parquímetros na Enseada do Suá e no Parque Moscoso e a possibilidade de o usuário pagar os estacionamentos via celular, através do aplicativo PicPay, que enviará alertas para o motorista quando faltarem cinco minutos para o tempo acabar, facilitando a vida do usuário.

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INFORME PUBLICITÁRIO

Desde 1995, a Fetransportes reconhece os destaques do setor que representa, entre trabalhadores e empresários

DOZE TRABALHADORES DO SETOR DE TRANSPORTES VENCERAM O PRÊMIO DESTAQUE 2016, E DOIS EMPREENDEDORES RECEBERAM A MEDALHA DO MÉRITO EMPRESARIAL FETRANSPORTES, DURANTE CERIMÔNIA REALIZADA EM NOVEMBRO

A

noite de 25 de novembro foi especial para 12 trabalhadores do setor de transportes, que foram os vencedores do Prêmio Destaque 2016. Os nomes foram anunciados durante cerimônia realizada pela Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo (Fetransportes) no Centro de Convenções de Vitória. A ocasião foi marcada ainda pela entrega da Medalha do Mérito Empresarial Fetransportes a Geraldo Bertollo, da Granvitur, na categoria Passageiros, e Vansionir Paganini, da Transportadora Jolivan, no grupo Cargas. Criada em 2010, a Medalha do Mérito Empresarial Fetransportes é uma comenda anual que busca reconhecer o trabalho realizado pelos empresários capixabas. A escolha dos homenageados é feita por indicação dos sindicatos filiados, da diretoria, do Conselho de Representantes e do Conselho Fiscal da Fetransportes. Já o Prêmio Destaque passou a receber essa denominação em 2009, mas a honraria foi lançada em 1995, com o nome Motorista Padrão, e intitulada como Prêmio Destaque – Trabalhador do Transporte Rodoviário do Espírito Santo, em 1996. Os campeões de cada categoria voltaram para casa com um notebook, um troféu assinado pelo artista plástico Penithência e um certificado do prêmio. Os vice-campeões ganharam, além do troféu e do certificado, uma TV de LED de 32 polegadas. “É uma ferramenta de reconhecimento e valorização profissional”, destaca o presidente da Fetransportes, Jerson Picoli. 130

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AÇÕES DA FETRANSPORTES Outra premiação realizada pela Fetransportes é o Prêmio Fetransportes de Qualidade do Ar – QualiAr, oferecido anualmente às empresas assistidas pelo Programa Despoluir e que mantêm suas frotas reguladas, aferidas e 100% aprovadas nos testes de emissões veiculares. Os resultados obtidos pelo Despoluir no Espírito Santo estão entre os mais eficientes do Brasil, uma vez que das 36 mil avaliações ambientais realizadas em veículos movidos a diesel nos últimos 12 meses, 90% foram aprovadas – representando uma produtividade média anual superior a 50% em relação à meta estipulada pela coordenação nacional do programa. E esse resultado representa 10% de todas as aferições feitas em território nacional, fazendo do Despoluir-ES uma referência no país na realização dos testes de emissões. O Prêmio QualiAr 2016, cuja cerimônia aconteceu em agosto, no Sest Senat Aylmer Chieppe, em Cariacica, contemplou 96 empresas, sendo 41 na categoria Ouro, 51 na categoria Prata e quatro na categoria Bronze. Ele foi criado em 2003 pela federação, como uma forma de incentivo às organizações capixabas que alcançam as metas de redução da emissão de poluentes na atmosfera e do consumo de diesel. “O prêmio é uma ação pioneira entre todas as federações que operacionalizam o Programa Ambiental do Transporte. Por meio do Prêmio QualiAr, temos a oportunidade de mostrar à sociedade que mantemos uma agenda permanente

Fotos: Divulgação

FETRANSPORTES HOMENAGEIA DESTAQUES DO SETOR


Com o Prêmio QualiAr, a Fetransportes busca incentivar as empresas capixabas a reduzirem a emissão de poluentes e o consumo de diesel

de controle e redução de gases poluentes no meio ambiente. O Programa Despoluir, assim como o Prêmio QualiAr, pode ser considerado nossa contrapartida em busca de um mundo ambientalmente equilibrado”, analisa Picoli.

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL Desde 2013, a Fetransportes, em parceria com o Sest Senat-ES, mantém uma agenda permanente de cursos gratuitos para trabalhadores do setor, que são oferecidos nas cinco unidades capixabas – localizadas em Cariacica, Serra, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e São Mateus. Além da qualificação profissional, essas unidades recebem diversas atividades, projetos e ações que têm como foco qualificação profissional, saúde, qualidade de vida e bem-estar. Em Cariacica, na unidade Aylmer Chieppe, foram capacitadas mais de 17,6 mil pessoas até a primeira quinzena de novembro, sendo que mais de 9 mil fizeram seus cursos de forma gratuita. No Sest Senat Camilo Cola, em Cachoeiro de Itapemirim, uma média de 3.800 pessoas foi capacitada em 2016, e os cursos de maior procura foram os regulamentados para motoristas profissionais, como Transporte Coletivo de Passageiros, Transporte de Produtos Perigosos, Transporte de Cargas Indivisíveis e Transporte Escolar. Em Colatina, o Sest Senat Arthur Picoli treinou mais de duas mil pessoas, com destaque para os cursos Resolução do Contran (MOPP, Passageiro, Escolar, Cargas Indivisíveis), Infrator do CTB,

Motoristas campeões do Prêmio Destaque 2016 e os representantes de suas empresas são homenageados pela Fetransportes

Em parceria com o Sest Senat, a Fetransportes mantém uma agenda permanente de cursos gratuitos para trabalhadores do setor

Atendimento Eficaz ao Cliente e Desenvolvimento de Lideranças. Em São Mateus, o Sest Senat qualificou mais de 7 mil, sendo 4,1 mil profissionais do setor, em cursos gratuitos, e 2,9 mil pessoas da comunidade. Por fim, a unidade do Sest Senat da Serra, inaugurada em fevereiro de 2016, capacitou cerca de 2,2 mil pessoas, com maior procura para o curso Capacitação de Mão de Obra Transcol.

REPRESENTATIVIDADE Considerado um dos mais completos trabalhos de articulação do qual a Fetransportes participa, o Fórum de Entidades e Federações (FEF) foi criado em 2008 e é composto ainda pelas federações da Agricultura (Faes), da Indústria (Findes) e do Comércio (Fecomércio-ES), além do movimento empresarial Espírito Santo em Ação, tendo como pauta quatro temas relevantes: qualificação profissional, mobilidade urbana, licenciamento ambiental e segurança. É uma ação pioneira no Brasil, visto que nenhum outro estado possui um fórum como este, que reúne os principais setores de produção numa mesma mesa de debate, possibilitando convergência de opiniões, ações e ideias. “O FEF nos permite unir esforços em prol de interesses comuns a todas as entidades produtivas do Estado e, consequentemente, ao próprio Espírito Santo. Juntos, trabalhamos para enfrentar problemas e propor soluções e mantemos um debate permanente sobre seus quatro macrotemas. Costumo dizer que mantemos no FEF uma relação público-privada para o bem coletivo”, finaliza Jerson Picoli. radio.esbrasil.com.br •

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ORLANDO CALIMAN

RETROSPECTIVA

é professor aposentado do Departamento de Economia da Ufes e sócio-diretor da Futura

RETROSPECTIVA 2016 ANO DA MAIOR CRISE DA HISTÓRIA DO PAÍS EM MAIS DE UM SÉCULO

S

em dúvida tivemos um ano extremado em surpresas e nível de efervescência, cheio de turbulências e eventos que podem estar sinalizando que o mundo e também o Brasil estão sofrendo processos mais intensos de mudanças. São transformações que começam a mexer com força maior nas estruturas das sociedades, da economia global e das economias individualizadas, na geopolítica e na política interna de cada país. Estão neste contexto os acontecimentos que marcaram o Brasil, especialmente na política e na economia, o fenômeno da nova onda da migração em massa do norte da África e no Oriente Médio em direção à Europa, o episódio do “Brexit”, e por último, a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos. Do ponto de vista do Brasil, todos esses eventos que lhe são externos, mesmo aqueles mais recentes como a vitória de Trump, vieram se juntar a uma profusão interna de acontecimentos, muitos dos quais “nunca dantes imaginados”. Ou alguém imaginaria que teríamos num mesmo ano o impeachment da presidente Dilma – sem golpe –, tantos grandes empresários e políticos presos, dentre os quais dois ex-governadores, uma Olimpíada em plena crise política e econômica, e uma eleição municipal sem valer-se do aporte de dinheiro das empresas? Provavelmente, nem mesmo imaginaríamos

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ganhar uma medalha olímpica no futebol. Muito menos que a seleção principal chegaria ao topo da classificação para as eliminatórias da Copa em tão pouco tempo. Comecemos pela retrospectiva na economia, que é o lado mais sensível, pois

A percepção generalizada é a de que, assim como a crise econômica teve origem na política – na má política, é bom ressaltar –, assim também dela dependerá para superá-la” mexe com o bolso e o humor das pessoas e dos mercados no dia a dia. As expectativas prevalentes antes do afastamento definitivo de Dilma eram de que o próprio desenlace do imbróglio político fosse capaz de reverter a curva descendente de confiança geral no sistema e destravar a economia. Infelizmente, não foi bem isso que aconteceu. A economia, que se esperava chegar ao final do ano dando

sinais mais positivos, ainda está cambaleante e pouco convincente nas suas reações. Até mesmo a Bolsa de Valores parece ter exagerado ao precificar antecipadamente a retomada, descolando-se do mundo real dos negócios. Economia e política são dimensões que, especialmente em sociedades complexas, funcionam de forma imbricada e conexa. Mais ainda em situações de crise como a que estamos vivenciado neste momento no Brasil. A instabilidade no campo da política ainda permanece alta e condiciona fortemente os movimentos na área econômica. O mercado ainda trabalha pautado por um otimismo comedido, sempre de olho e na espera de sinais mais convincentes vindos da política. Ou seja, a percepção generalizada é a de que, assim como a crise econômica teve origem na política – na má política, é bom ressaltar –, também dela dependerá para superá-la. É possível crer que 2016 será o derradeiro ano da crise, que já pode ser alçada ao posto de maior da história do país em mais de um século. Nem a depressão mundial dos anos 30 produziu tamanho estrago na economia brasileira quanto o que estamos vivenciando hoje. E, pior ainda, não por causas externas, mas sim por erros desastrosos de políticas internas. Um ano para não ser esquecido.



POLÍTICA

Foto: Lula Marques/Fotos Públicas

PERSONAGENS DIFERENTES, CENÁRIOS IGUAIS

C

orrupção e propina. A cada nova revelação da Lava Jato e de tantas outras operações, o Brasil descobre mais uma peça da imensa engrenagem que, estruturada sobre aqueles dois elementos, tem movimentado a política do país há décadas. Bilhões e bilhões de reais e de dólares desviados dos cofres públicos e centenas de políticos, de quase todos os partidos, envolvidos na rapina ao dinheiro dos contribuintes. Os desdobramentos da Lava Jato, deflagrada em 2014, nunca tiveram tanta influência na mudança de rumos da política como se viu este ano. As investigações envolveram vários partidos e centenas de parlamentares e atingiram algumas das maiores empresas do país. Durante todo o ano, as investigações miraram vários partidos, mas além do PT e especialmente após o impeachment, os estragos maiores foram mesmo na cúpula do PMDB, partido do presidente Michel Temer. No Espírito Santo, o destaque ficou com a Operação Âmbar, do Ministério Público Estadual (MPES), realizada para desarticular associação criminosa milionária no setor de rochas ornamentais em Cachoeiro de Itapemirim. As autoridades fiscais estimam que o

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Temer, que se tornou titular na Presidência da República após o impeachment de Dilma, poderá ter a chapa pela qual disputou as eleições cassada e perder o cargo

faturamento total oculto pelas empresas participantes do esquema supere R$ 1,5 bilhão nos últimos cinco anos. Também merece ser citada a segunda fase da Operação Olisipo, iniciada em 2013, que resultou este ano no afastamento do prefeito de Itapemirim, Luciano de Paiva (PSB), pela quarta vez, por decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), sob suspeita de ter envolvido agentes públicos, diversos familiares e interpostas pessoas em procedimentos licitatórios irregulares com o fim de desviar dinheiro dos cofres municipais. Voltando ao cenário nacional, não se pode deixar de apontar que em raros momentos a população foi às ruas para registrar sua insatisfação com os governantes do país. E este ano, 3 milhões de brasileiros decidiram ir à luta pacífica. Às vezes nem tanto. E esse movimento, que teve início em 2013, serviu de aval ao Congresso para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

IMPEACHMENT O cenário econômico negativo – que começou a ser mais bem percebido pela população em 2015, com as altas do energia, inflação, do dólar e da gasolina e o consequente aumento do


clamor nas ruas pelo afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República – fortaleceu o discurso da “oposição” em defesa do impeachment como única condição para se restabelecer a estabilidade política e estruturar a retomada da economia. O processo gerou manifestações de rua contrárias e favoráveis ao afastamento da petista, que havia conquistado 59% de aprovação ao fim do primeiro mandato e atingiu 88% de rejeição, tornando-se a presidente mais impopular desde 1987, quando o Instituto Datafolha iniciou essa medição. Fato é que, de forma lícita ou num “golpe político”, dependendo da corrente que discurse sobre o episódio, Dilma perdeu o mandato em 31 de agosto de 2016.

NÚMEROS DA LAVA JATO conduções coercitivas

procedimentos instaurados

730 buscas e apreensões

CUNHA O então deputado federal Eduardo Cunha, que ajudou a acelerar a saída de Dilma da Presidência, sentiu na pele o que representava perder o poder. Após 11 meses de processo, o peemedebista foi cassado por 450 votos a 10, deixando o plenário sob vaias e gritos de “fora, Cunha”, no dia 12 de setembro. O agora ex-deputado virou ficha-suja e deverá ficar fora da política até 2027. Acusado de receber propina milionária relacionada à compra pela Petrobras de um campo de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro, o ex-parlamentar foi preso, por tempo indeterminado, em 19 de outubro, por decisão do juiz Sérgio Moro. TEMER Desde que assumiu o governo interinamente, em maio deste ano, o presidente Michel Temer tem visto diversos escândalos envolvendo seus ministérios, com seis baixas em seis meses. As três primeiras, em consequência do vazamento, para a imprensa, de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. As demais, por “fogo amigo”: intrigas e acusações de comportamento antiético entre os próprios integrantes da equipe de governo. Saíram Romero Jucá (Planejamento, Orçamento e Gestão), Fabiano Silveira (Transparência), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Fábio Medina (AGU), Marcelo Calero (Cultura, pediu demissão) e Geddel Vieira Lima (Secretaria do Governo).

197

1.434

120

pedidos de cooperação internacional para países

44

103 prisões temporárias

79 prisões

preventivas

6 prisões em flagrante

120 condenações que somam 1.257 anos, 2 meses e 1 dia de pena Fonte: MPF

Foto: Geraldo Magela

Outro processo que gerou muita polêmica foi o de aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que estabelece um limite para os gastos públicos nos próximos 20 anos. O projeto – que tramitou na Câmara dos Deputados como PEC 241 e no Senado como PEC 55 – é uma das principais apostas do governo Temer para conter o déficit federal e acalmar os mercados. Entretanto, muitos afirmam que a proposta ameaça os investimentos públicos em saúde e educação. Mais de mil escolas foram ocupadas em todo o país por milhares de estudantes que protestavam contra a “PEC da maldade” – apelido que a emenda recebeu dos senadores de oposição. Na bancada federal do Espírito Santo, votaram “sim” à PEC os deputados Carlos Manato (SD), Dr. Jorge Silva (PHS), Evair de Melo (PV), Lelo Coimbra (PMDB) e Marcus Vicente (PP). Contrariamente à proposta, manifestaram-se os deputados petistas Givaldo Vieira e Helder Salomão, além de Sérgio Vidigal (PDT). No Senado, os três representantes capixabas – Rose de Freitas (PMDB), Ricardo Ferraço (PSDB) e Magno Malta (PR) – foram favoráveis a congelar os gastos públicos. Cientista político e professor da Universidade de Vila Velha (UVV), Vitor de Ângelo avaliou, ainda em setembro, que as reações contra

Dilma Rousseff perdeu o mandato em 31 de agosto, após o Senado registrar 61 votos favoráveis e 20 contrários ao impeachment

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Temer poderiam se agravar à proporção que o presidente e equipe anunciassem medidas econômicas austeras. “Especialmente porque os partidos de oposição tendem a mobilizar partes da sociedade insatisfeitas com esses ajustes do novo governo, dentro de uma perspectiva crítica a eles”, afirma.

CRISE INSTITUCIONAL O senador Renan Calheiros (PMDB/AL), alvo de 12 processos de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou o mais inesperado episódio do ano: após ser afastado da Presidência do Senado por liminar do ministro Marco Aurélio, em atendimento a um pedido feito pela Rede, o senador negou-se a cumprir a determinação, abrindo uma crise institucional no país. Em seguida, Renan se tornou réu em uma ação penal, sob acusação de crime de peculato (desvio de dinheiro público). Além dessa ação, ele é alvo de outros 11 inquéritos no STF. Especialista em Direito Constitucional, o professor da FDV Anderson Burke destaca a crise entre os Poderes. “Vimos um Executivo utilizando mecanismos para deter o impeachment e proporcionar foro privilegiado fora de sua finalidade constitucional. Vimos ainda um Judiciário legislando: quando contraria a regra bastante clara na Constituição que prevê perda do cargo e proibição de DINHEIRO RECUPERADO SÃO ALVOS DE RECUPERAÇÃO

10,1 bilhões R$ JÁ FORAM REPATRIADOS

756,9 milhões R$

BENS BLOQUEADOS

3,2

bilhões R$ Fonte: MPF

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Por decisão do juiz Sérgio Moro, Cunha foi preso no dia 19 de outubro e levado à carceragem da Polícia Federal em Curitiba Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

exercer cargos públicos por oito anos, em caso de condenação por crime de responsabilidade, e que somente poderia ser alterada por Assembleia Constituinte ou emenda; quando decide que o réu já pode ser preso após condenação em segunda instância, violando o Principio da Presunção de Inocência; também quando decide que o aborto pode ser feito até o terceiro mês de gestação, criando direito inexistente e afrontando mais um direito fundamental da CF. Quando o espetaculoso ano de 2016 parecia se encerrar, vimos o presidente do Senado se insubordinar a uma decisão do STF e trocar insultos com a presidente da Corte (Cármen Lúcia). Definitivamente foi um ano conturbado para a nossa lei maior”, avalia Burke. E essa insegurança política se refletiu de forma incontestável na economia. Arilda Teixeira, da Fucape, doutora em Economia, afirma que ainda é cedo para arriscar qualquer previsão. “A economia está em recessão, e o Estado brasileiro enfrenta um desequilíbrio fiscal grave e de solução difícil. Do ponto de vista político, o Parlamento não tem demonstrado preocupação com as questões de interesse do país – segue com as negociatas fisiológicas e inescrupulosas que só fazem aumentar o peso do Estado para os agentes econômicos”, critica. Na contramão das análises mais otimistas, Arilda defende que o ritmo da desaceleração da atividade econômica apenas diminuiu. “Estamos caindo mais devagar. Mas a retomada do crescimento ainda é mais perspectiva do que evidência, e tudo pode mudar com a permanência da instabilidade política.” A seu ver, essa pequena melhora não tem ligação direta com a saída de Dilma. “O impeachment não será suficiente para gerar aumento dos investimentos se não houver mudanças concretas nos rumos da política fiscal, no marco regulatório e na segurança jurídica do país”, defende.

ALES Já para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), o ano foi muito positivo, na avaliação do presidente da Casa, deputado Theodorico Ferraço (DEM). “A Assembleia Legislativa se orgulha em ser a mais econômica e mais transparente do Brasil. Entre os Poderes do Estado, a Ales foi a que cumpriu, dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal, o melhor índice nos gastos públicos, como salientou o Tribunal de Contas”, disse. Em setembro de 2015, a Assembleia Legislativa estabeleceu normas de contenção de custos que ainda estão em vigor, como a suspensão de novas despesas e a redução de 20% nos gastos com funcionamento. Também diminuiu custos com a aquisição de bens e serviços, com a concessão de diárias e passagens aéreas nacionais e internacionais,


com a qualificação de servidores em instituições privadas e com a concessão de funções gratificadas. “Uma nova política é possível. Estamos provando que é possível fazer um bom trabalho com custos menores”, enfatizou o deputado Sérgio Majeski (PSDB), destacando que o esforço já resultou numa economia de mais de R$ 1 milhão Os servidores da Casa conquistaram o recebimento de valores retroativos dos 11,98% de perdas salariais, um debate que se arrastava havia 15 anos. E em 2017, três políticos retornam à Ales: os suplentes Esmael Almeida (PMDB), Jamir Malini (PTN) e José Esmeraldo (PMDB) assumem com a saída de Edson Magalhães (PSD), Cacau Lorenzoni (PP) e Guerino Zanon (PMDB), eleitos prefeitos de Guarapari, Marechal Floriano e Linhares, respectivamente. A posse nessas prefeituras vai se dar em 1º de janeiro, mas no Legislativo será no dia seguinte, às 9 horas, no Plenário Dirceu Cardoso.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS O processo eleitoral deste ano, que definiu prefeitos e vereadores nos 5.570 municípios do Brasil, foi desenvolvido num cenário singular, diante das mudanças impostas pela minirreforma eleitoral (Lei Federal nº 13.165), pela recessão econômica e pela crise política. Na avaliação do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES), Sérgio Luiz Teixeira Gama, para os próximos pleitos já haverá modificação nas regras eleitorais. “Só o tempo, realmente, vai nos permitir chegar às melhores conclusões. Mas eu acho que, já na próxima eleição, muita coisa será mudada”, aposta Gama. No Espírito Santo, dos 2.716.371 eleitores, 772.429 votaram pelo sistema biométrico, em 33 cidades. Entre os sete municípios da Grande Vitória, somente na capital capixaba a conferência do voto foi pela digital do eleitor. O PMDB conquistou o maior número de vitórias (16 prefeituras), seguido do PSDB, com 13. E o PT, que em 2012 ganhou em seis, desta vez elegeu apenas o prefeito de Barra de São Francisco. Mas a maior queda no Estado foi a do PSB, que comandava 21 prefeituras e agora estará em apenas seis. As novidades foram PR, PRB, PTN e SD, partidos que não tinham prefeituras, e que desta vez garantiram o comando de ao menos um Executivo municipal. Dos 271 candidatos a prefeito, apenas 20 eram mulheres, e o Estado terá somente quatro municípios comandados por elas, o que

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No Espírito Santo, dos 2.716.371 eleitores, 772.429 votaram pelo sistema biométrico, em 33 cidades

significa 5,12% do total de 78 prefeitos capixabas. Vera Costa (PDT) foi eleita em Guaçuí, com 9.394 votos (61,77%); a democrata Iracy Baltar, em Montanha, com 7.167 votos (64,98%); Céia Ferreira (SD), em São Gabriel da Palha, com 7.971 votos (43,74%); e a tucana Amanda Quinta, em Presidente Kennedy, com 5.643 votos (53,52%).

GRANDE VITÓRIA As acusações e críticas durante as campanhas eleitorais não foram suficientes para surpreender em Vitória, Serra e Cariacica, onde Luciano Rezende (PPS), Audifax Barcelos (Rede) e Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), respectivamente, permaneceram na chefia do Executivo de seus municípios por mais quatro anos. Em Vila Velha, o deputado federal Max Filho retornou à prefeitura. Em Viana, Gilson Daniel (PV) foi reeleito com a preferência de 71,54% (25.197 votos), o maior índice de aprovação do Estado. Em Guarapari, Edson Magalhães (PPS) venceu com 27.926 votos; e em Fundão, Adriano Ramos (PMN) comandará a cidade, eleito com 1.866 votos. A região metropolitana registrou um aumento de 101,5% no número de votos brancos e nulos nas eleições de 2016, em comparação com o resultado de 2012. Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica somaram 130.266 votos inválidos no primeiro turno. Esse número havia sido de 64.631 na eleição anterior. A Grande Vitória renovou 66% dos quadros de suas Câmaras municipais. Nos sete municípios, somente 39 dos 115 vereadores foram reeleitos. As normas de contenção adotadas pela Ales em 2015 resultaram em redução de 20% nos gastos com funcionamento este ano

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FUNDAP Entre as muitas revelações bombásticas de 2016, uma impactou mais fortemente os capixabas: a de que senadores teriam recebido propina para acabar com o Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias). Segundo a denúncia, feita na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, a empresa teria articulado com líderes governistas no Senado e com membros do Governo Federal anterior o pagamento de R$ 4 milhões para garantir a aprovação da matéria. O fim do Fundap representa uma perda de 7,1% do PIB estadual, o que equivale a R$ 5,2 bilhões. A bancada federal do Espírito Santo, coordenada pelo deputado Marcus Vicente (PP), vai trabalhar com o apoio da ProcuradoriaGeral da República para anular os efeitos do projeto de resolução aprovado pelo Senado, em 2012, que reduziu alíquotas do ICMS de 12% para 4% nas operações de produtos importados e praticamente extinguiu o Fundap. A bancada vai entrar com ação na Justiça para pedir o ressarcimento das perdas provocadas ao Estado nos últimos anos. “Há uma indignação generalizada. Prefeitos pagaram um preço muito alto com a legitimação desse crime, por obra e graça do Senado. Entramos com duas ações individuais – uma, de iniciativa minha, e outra, do senador Ricardo Ferraço – na PGE, além de uma ação coletiva da bancada capixaba. Em última instância, o STF decidirá sobre a forma de ressarcimento”, disse o senador Magno Malta. “Assim que a delação for homologada, o próprio procuradorgeral da República estará constituindo um inquérito específico para aprofundar toda a investigação em relação a esse fato”, afirmou o senador Ricardo Ferraço. Os deputados do Espírito Santo também recolheram assinaturas para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigue o fim do Fundap. Embora sem poder de justiça nem de polícia – portanto, sem condição de prender, fazer condução coercitiva ou quebrar sigilo –, a CPI objetiva manter o debate.

Paulo Hartung anunciou que deixará o governo do Estado em abril de 2018 para concorrer no cenário político nacional nas eleições

Foto: Leonardo Duarte/Secom

ESTADO O Governo capixaba fecha o ano de 2016 com disponibilidade de caixa. Pelo menos R$ 40 milhões do que foi arrecadado não estão comprometidos com as despesas do Estado. O anúncio, feito pelo governador Paulo Hartung (PMDB) quatro dias antes de encerrar o ano, mostra o resultado conquistado com o ajuste fiscal implantado no Espírito Santo e que tem sido referência no país. “Terminamos 2014 com déficit de R$ 1,5 bilhão. Em 2015, fechamos o ano gastando menos do que arrecadamos, e neste ano conseguimos sair de 2016 com um superávit pequenino de, ao menos, R$ 40 milhões. É um gol de placa para os capixabas se olharmos para os outros 27 estados”, comemorou. Para manter o feito, o novo ano vai se iniciar com mudanças no âmbito orçamentário. “Da mesma forma que fiz no início deste ano, em 2017, no dia 1º de janeiro, irei publicar um decreto com novas mudanças no orçamento, mantendo os ajustes”, anunciou Hartung, que também descartou modificação na equipe de governo, confirmando Guilherme Dias na Presidência do Banestes e João Coser na Secretaria de Desenvolvimento Urbano até o fim de janeiro. A quatro dias de encerrar o ano, o governador reafirmou que irá se desincompatibilizar do cargo em abril de 2018, de olho nas eleições, sem descartar O fim do Fundap representa uma perda de 7,1% do PIB que poderá até entrar na disputa pela Presidência estadual, o que equivale a da República. O nome do governador, que ganhou R$ 5,2 bilhões evidência com a conquista do equilíbrio das contas públicas do Estado, vem sendo apontado como uma das apostas do PMDB para a chefia do Executivo nacional. Hartung declarou estar mais animado a continuar na política do que esteve ao fim dos seus dois mandatos como governador. “Estou empolgado. O Brasil vive um momento diferente, há espaço para se discutir mais os rumos do país na economia, coisa que não havia em 2010. Ainda não sei em qual partido vou estar, hoje vejo que a política está desatualizada, as pessoas falam uma coisa nas ruas e os políticos falam outra no Congresso. Mas me anima ver o Parlamento funcionando, aprovando as reformas que o país precisa”, concluiu.

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