Folha Pomerana 155 — 3 Setembro 2016

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Ano IV - Edição n° 155 – Data de 03 de setembro de 2016

Registrado sob número 15.876, Fls. 193 frente, Livro B-137. Folha Pomerana Express Comunicação Eletrônica

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OS DIFERENTES “FALARES” NA POMERÂNIA Jose Carlos Heimenann Historiador Novo Hamburgo - RS

Há pouco tempo li nas redes sociais uma discussão entre pomeranos do sul do Brasil e os capixabas, em torno de algumas palavras que, conforme a escrita e pronúncia não eram iguais, mas sua designação era a mesma.

Editor Ivan Seibel Reg. Prof.Mtb 14.557 Revisor Editorial Walter O. Schlupp schlupp@sinos. net Fotografias

Assessoria Lingüística

Correspondência s Rua General Osório, 1877Centro – Venâncio Aires RS Email ivan@seibel.com .br

Fig 1: Mapa da área da Pomerânia, no contexto dos paises do centro da Europa. Referência http://www.povopomerano.com.br/pomerania4.php

Hoje com toda evolução tecnológica, a grande maioria dos jovens quer que suas dúvidas sejam sanadas, no clicar de um simples botão, Os habitantes de outras regiões da Europa que foram para Pomerânia, desde o século V até XIII, trouxeram costumes e suas Línguas ou dialetos. Uma vez se integrando com os habitantes nativos, certamente houve uma mescla lingüística, permanecendo até 1540 o pommerisch (pomerano), mas com muitas variantes do seu linguajar e


escrita. O estudo dos professores lingüísticos da Universidade de Greifswald, situado no novo estado alemão de Bate-bola Mecklenburg-Vorpommnern, nas antigas terras pomeranas, traz o exemplo da palavra Freuen (alegrar-se). Constataram que no passado em 14 regiões pomeranas havia uma escrita Um diferente e pronúncia desigual, porém designava o mesmo florescimento sentido da palavra: alegrar-se. Para desvendar estes mistérios, precisamos das Colônias conhecer a história da formação da Pomerânia. Temos que recorrer à literatura do passado, mesmo que seja com livros Ivan Seibel escritos em alemão gótico, com suas leituras extenuantes e Reg. Prof.Mtb cansativas. Hoje sugiro dois caminhos eficazes nos quais um 14.557 leitor assíduo pode desvendar muitos mistérios sobre a formação da história pomerana e que está ao alcance de Apesar de todas todos. O Museu Wolfgang Weege no Parque Malwee, em as dificuldades do Jaraguá do Su/SC, tem um dos mais completos acervos literarários sobre os pomeranos. Possui em seu Arquivo a pós guerra, os Coleção completa encadernada do antigo Jornal impresso anos de 1920 Pommerblad, editado em anos anteriores pelo historiador representaram Jorge Küster Jacob de Vila Pavão/ES. uma época de um relativo desenvolvimento nas colônias pomeranas. Na realidade, esta que era a época da primeira geração de filhos brasileiros de pomeranos, já pode ser considerada uma década de uma certa fartura e de uma vida com um pouco mais de conforto. Assim, nos anos entre 1920 e 1930 também a cidade de Santa Leopoldina, no Espírito Santo já tinha se transformado em um importante centro cultural. A riqueza gerada pelo seu

Fig. 2: Fotografia do Museu Wolfgang Weege, dentro do Parque Malwee, em Jaraguá do Sul/SC. Inaugurado em 16.05.1988 com um rico acervo de peças e vasta literatura sobre assuntos pomeranos.

Outra exemplo, com artigos variados, é a Folha Pomerana que em três anos de existência, com assuntos inéditos se tornou uma fonte inspiradora para estudos, para elaboração de novas teses (mestrado e doutorado) e a edição de livros. Para entender melhor toda a complexa e milenar história pomerana é preciso pesquisar muito, esmiuçar, ter paciência e insistir na continuidade da leitura e visita as Bibliotecas de Universidades, como Universidade Regional de Blumenau (FURB), Federal do Espírito Santo (UFES em Vitória), Ernst-Moritz-Arndt Universität Greifswald (Alemanha). Também já temos conceituados Museus da imigração pomerana, como Museu Pomerano de Lagoa/ES, fundado em 28.11.1980, Museu Wolfgang Weege no Parque Malwee em Jaraguá do Sul/SC, Casa do Imigrante Carl Weege de


comércio, como entreposto entre os pequenos comerciantes e os compradores da Europa e da América do Norte trouxe conforto e luxo. Há alguns relatos de pessoas mais antigas de que nesta época já havia cerca de oito pianos espalhados pelas diversas casas deste pequeno

Pomerode/SC inaugurado em 1998 e Museu Pomerano Franz Ramlow inaugurado em 26.01.2005. Não podemos esquecer que nas terras pomeranas, inicialmente na costa Báltica viviam as tribos germânicas dos ruguérios, lemóvérios e nuitones, desde século II antes de Cristo. No século V receberam grupos eslavos (wenden) da Ucrânia que se instalam no meio dessas tribos antigas germânicas. E a partir de 1220 o Duque pomerano Barnim I abriu as fronteiras da Pomerânia e, para povoar o norte do ducado, recebeu colonos de diversas regiões germânicas do sul da atual Alemanha. A assimilação destes grupos deu origem a uma nova “tribo” e conseqüentemente ao desenvolvimento de uma nova “língua” que passou a ser conhecida como pommerisch (pomerano), também denominada de alemão baixo médio, ou simplesmente baixo alemão. Os habitantes das terras pomeranas que viviam a leste do rio Oder, também eram conhecidos como habitantes que falavam a língua baixo-alemão oriental (Ostniederdeutsche Sprachel).

aglomerado urbano. Consta que as companhias de teatro geralmente iniciavam suas apresentações na sede da Colônia para depois seguirem o seu roteiro por Vitória. Um fato pelo menos inusitado. Fig.: 3: Veja no mapa da Pomerânia as várias maneiras de pronunciar e escrever a palavra Freuen (Alegrar). Mapa do falar diferente da palavra Freuen da Equipe lingüística da Universität de Greisfwald. Departamenot liderado pelo pesquisador lingüístico Mathias Vollmer do Institut für Deutsche Philologie

Por outro lado, em uma ampla faixa, ao longo de toda a costa do Báltico e mais na cidade de Stettin, era falado um dialeto denominado de Südniedersächsisch-Altmark. Este também era falado no norte da Saxônia, região de Mecklenburg e Schleswig-Holstein. Talvez a divisão do ducado em uma Pomerânia Wolgast e Pomerânia-Stettin, a partir de 1295, tenha contribuído para ampliar esta diferença entre os “dialetos” destas diferentes regiões. A partir de 1651 o alto alemão, começou e vigorar em substituição ao baixo alemão, pois passou a ser utilizado nas correspondências oficiais, autarquias governamentais, alfândega e na cidade populosa e comercial de Stettin (atualmente em polônes se escreve Szczecin).


Para o pesquisador e lingüístico Dr. Walter Schlesinger, o falar pomerano começou a aparecer (de modo significativo) entre os séculos XII a XIV, tendo sofrido no passado grande influência alemã e eslava. Hoje se admite que o falar dos eslavos, sem sobra de dúvida, causou um grande impacto, talvez maior do que anteriormente se pensava. Mas, foi na classe mais simples dos trabalhadores do campo que subsistiu este modo de falar, com isto não tendo sucumbido a gerações. Esta população rural, portanto, teve um importante papel na sua preservação e coube às mães e avós pomeranas, no convívio familiar, a preservação do idioma pomerano.

Fig. 4: Mapa completo da Pomerânia de 1939.

AS DIFERENTES PALAVRAS DA LÍNGUA POMERANA NO BRASIL Ivan Seibel Reg. Prof. Mtb 14.557

Quem tem razão? Os pomeranos capixabas, os catarinenses ou os gaúchos? Estas são as velhas discussões que sempre nos sobressaltam nas redes sociais. A matéria acima ilustra muito bem a diversidade da origem da língua pomerana. As influências na sua formação foram as mais variadas possíveis e, se levarmos em consideração que 90% dos antepassados dos nossos pomeranos brasileiros saíram de Hinterpommern, ou seja, dos territórios hoje incorporados à Polônia, fica ainda mais difícil realizarmos estudos retrospectivos na procura pelas origens das diferentes expressões em uso no cotidiano da população pomerana brasileira. Em primeiro lugar, porque hoje, naquelas terras do além-mar praticamente não há mais descendentes desta etnia que ainda cultivem o idioma dos seus antepassados, pois o domínio polonês sobre os remanescentes da antiga


população extinguiu qualquer motivação para preservar esses valores culturais de outrora. As chamadas línguas mortas como o latim, o grego e o hebraico, ainda relativamente empregadas no meio acadêmico, têm regras de utilização rígidas e imutáveis há dois mil anos. Os alunos dos cursos de latim continuam traduzindo “De Bello Gallico” de Julio César dentro de interpretações como talvez já o fizessem no tempo de Roma. O que temos no Brasil é uma população que, talvez em consequência do seu próprio processo e aculturação, terminou adotando novas expressões ou mesmo modificando palavras, muitas vezes com sentido igual ou até ambíguo. Não há maneira de se uniformizar tudo isso como se fôssemos preparar um sopão ou um mocotó. Precisamos sim, registrar essas diferenças, porém devemos fazê-lo dentro de um espírito histórico documental e jamais utilizá-los como elementos de discórdia ou de imposição, na fabricação de um “frankenstein” linguístico pomerano brasileiro. Estou convencido de que, se quisermos manter a língua pomerana como uma língua viva, também precisamos aceitar seu processo de evolução e suas modificações naturais e espontâneas decorrentes do seu uso cotidiano.

POMMERLAND IN BILD Helmut Kirsch, Liliencronstraße 13, 23774 Heiligenhafen - Deutschland

Fig.: 5: Die alte Hansestadt Kolberg mußte sich während des 7 jährigen Krieges gegen die Russen und 1817 lange gegen Napoleon verteidigen. Als Festungsstadt wurde sie dann 1945 nach blutigen Kämpfen und völliger Zerstörung von der Roten Armee eingenommen. Heute glänzt Kolberg wieder mit einem breiten feinen Sandstrand. Viele Sanatorien und Hotels beherbergen deutsche Senioren. Am Hafen, Mole und auf der langen Promenade flanieren Kurgäste und Urlauber. Die vertriebenen deutschen Kolberger, die bis zur pol. Wende ihre Heimattreffen in Travemünde abhielten, werden heute von der polnischen Stadtverwaltung willkommen


geheißen.

Fig. 6: Die einstige bischöfliche Residenzstadt Köslin (1556 – 1648) liegt am Fuße des bewaldeten Gollenberges. Vor genau 750 Jahren erhielt die Stadt lübisches Recht. Die Marienkirche, einst eine Basilika, gilt noch heute als Wahrzeichen der Stadt. Nachdem im Jahre 1718 fast die ganze Stadt durch einen großen Brand vernichtet wurde, förderte König Friedrich Wilhelm großzügig den Wiederaufbau. Die Bürger dankten ihm mit einem Denkmal auf dem Markt. Nach der Eroberung durch die Russen 1945 bekam Köslin eine polnische Verwaltung. Die meisten Deutschen wurden vertrieben oder mußten fliehen. 2011 lud die deutsche Minderheit in Köslin unter ihrem Vorsitzenden Peter Jeske die „Regenwalder Tanzgruppe“ aus Jaragua do Sul zu einem öffentlichen Auftitt nach Köslin ein.

Fig. 7: Unsere Freundin Leonore gehört zu den wenigen Deutschen, deren Familie die Flucht in den Westen nicht gelang, weil die Russen den Seeweg über Danzig versperrten. Heute lebt sie mit ihrem Mann Jürgen Damaschke, den sie bei einem Treffen der deutschen Minderheit im pommerschen Zitzmien kennenlernte, in ihrem Elternhaus. ( V.links: Leonore, Jürgen, Helga Kirsch ).


Up Pomerisch Srijwe un Leese leire Os pequenos quadros da Lilia Jonat Stein

Aprecio as pessoas que falam o que pensam, mas aprecio mais ainda, aqueles que fazem o que falam!

Segunda! Que essa nova semana comece com muito amor e paz...


Publicações interessantes Recomendação do Editor

O PREFÁCIO DO LIVRO “O POVO POMERANO NO BRASIL”, R. Krohling Cônsul Honorário da República Federal da Alemanha no Espírito Santo

Fui convidado para prefaciar o livro sobre O Povo Pomerano no Brasil pelo Prof. Dr. Erineu Foerste editado juntamente com os Senhores José Heinemann (RS), Henry Fred Ullrich (SC), Dr. Jairo Scholl da Costa (RS), Prof. Dr. Ivan Seibel (RS), Prof. Jorge Küster Jacob (ES) e o Sr. Edson Klemann (SC). A presente obra escrita em Português surgiu através de um grupo de trabalho constituído de estudiosos e conhecedores da cultura e das questões do Povo Pomerano. Trata-se de uma obra coletiva interessante pelo fato de seus autores serem pomeranos e, portanto, conhecerem muito bem as realidades dos pomeranos nos estados em que vivem. Nesses estados, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catariana, também concentra-se a maior população de Pomeranos do Brasil e uma das maiores do mundo.


A imigração da Pomerânia para o Brasil, no início da segunda metade do século XIX, numa época em que a Europa atravessava grandes dificuldades, fez com que os Pomeranos, assim como milhares de imigrantes europeus de outras nacionalidades, se lançassem ao mar para fugir da pobreza. Mais de 150 anos se passaram desde que os primeiros imigrantes pomeranos aqui chegaram, e muitas realizações foram feitas e transformações sofridas por esse povo trabalhador e corajoso. Fica evidente a importância que esse tipo de obra desempenha na preservação da História, da Cultura e da Tradição do Povo Pomerano. Os elementos culturais presentes na língua, na música, na dança e nos costumes, entre outros, são características chaves para a manutenção da identidade pomerana. Como essa é uma obra realizada a várias mãos, os autores desenvolvem um trabalho dinâmico no sentido de se organizarem nacionalmente na defesa do Povo Pomerano em torno de questões centrais, como educação e cultura, a fim de que os pomeranos do Brasil, nas diferentes regiões, tenham a sua memória coletiva preservada. Esta é uma obra de grande valia como material de consulta para estudantes, pesquisadores e interessados envolvidos com a História, Cultura e Tradição do Povo Pomerano. Citando uma passagem do texto de acordo com Ullrich: “A Pomerânia existe sim e poderemos ir até lá”. Esse livro proporciona ao leitor chegar até lá. Por sinal, uma leitura muita rica em fatos e detalhes, e acima de tudo, muito interessante mas que vou deixar para o próprio leitor explorar. Por fim, o desejo é que os empreendimentos feitos por um dos autores desse livro (Prof. Erineu Foerste) transforme-se numa cooperação internacional muito profíqua com a Universidade de Greifswald, em Mecklenburg-Vorpommern na Alemanha nas áreas da cultura e da educação, visando gerar conhecimentos práticos para o povo pomerano. Desejo a todos uma excelente leitura e que a cultura pomerana permaneça viva!


Previsão do Tempo No Rio Grande do Sul e na Pomerânia

Links interesantes http://www.brasilalemanha.com.br/novo_site/ http://www.preussische-allgemeine.de/ http://www.estacaocapixaba.com.br/ http://www.montanhascapixabas.com.br/ http://www.ape.es.gov.br/index2.htm http://www.staatsarchiv-darmstadt.hessen.de http://www.rootsweb.com/~brawgw/alemanha http://www.ape.es.gov.br/cidadanias.htm http://www.citybrazil.com.br/es http://pommerland.com.br/site/ http://www.ctrpnt.com/ahnen/fmb.html http://www.seibel.com.br http://familientreffen.org/ http://www.povopomerano.com.br http://www.pommersches-landesmuseum.de/aktuelles/veranstaltungen.html http://www.pommern-z.de/Pommersche_Zeitung/index.html http://www.pommerscher-greif.de/ http://www.leben-auf-dem-land.de/seite-4.htm http://www.acdiegoli.blogspot.com.br/ (economia) http://www.raqueldiegoli.blogspot.com.br/ (previdenciário) http://www.emfocoregional.blogspot.com.br/ http://www.twitter.com/tempo_sls

Todo trabalho bem feito deve ser compartilhado para que possa ser reconhecido. Guardá-lo na gaveta de nada adianta, pois rapidamente será esquecido. Divulgue o que está sendo realizado na sua cidade. Conteúdos envolvendo assuntos da comunidade pomerana, eventos culturais, danças ou apresentações musicais são considerados de interesse coletivo e merecem ser publicados. As matérias a serem encaminhadas para publicação podem ser preparadas na forma de textos com até 24 linhas, digitadas em espaço 1,5 fonte arial número 12 ou na forma de pequenos textos de no máximo 5 ou 6 linhas, digitadas em espaço 1,5 fonte arial número 12. Imagens ou fotografias irão enriquecer a matéria. Sugere-se duas ou tres fotos por texto.

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