Folha Pomerana 159 — 8 Outubro 2016

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Ano IV - Edição n° 159 – Data de 08 de outubro de 2016

Registrado sob número 15.876, Fls. 193 frente, Livro B-137. Folha Pomerana Express Comunicação Eletrônica

Rua General Osório 1877 Centro – Venâncio Aires RS Direção Geral Xxxxxx Xxxxxx Editor Ivan Seibel Reg. Prof.Mtb 14.557 Revisor Editorial Walter O. Schlupp schlupp@sinos. net

COMO VIVIAM OS POMERANOS NA POMERÂNIA? José Carlos Heinemann Novo Hamburgo - RS

No mundo em que vivemos, cada vez mais nos deparamos com as diversas culturas dos outros povos. Quem tenta restringir-se apenas na sua própria cultura e vêla como único parâmetro para o seu pensar e agir, passa a ser considerado uma pessoa pobre, fraca nas argumentações e insignificante para seu tempo. Conhecer outras segmentos culturias enriquece. Faz voar mais alto, como uma verdadeira águia que, do alto do seu vôo pode observar o descortinar-se de um imensurável campo de visão que lhe permite atingir seu pretendido alvo com precisão.

Fotografias

Assessoria Lingüística

Correspondência s Rua General Osório, 1877Centro – Venâncio Aires RS Fig.: 1: Costa Báltica - Imagem cedida polo autor Email ivan@seibel.com .br

A cultura pomerana, mesmo sendo de um pequeno grupo dentre os povos germânicos, é rica em detalhes e cheia de constantes lutas e de sobrevivência. Na atualidade, poucos descendentes desta etnia conhecem a vida e a trajetória do seu povo e os lugares de onde seus


Bate-bola

antepassados sairam. Pobre desta Pomerânia que há muito sucumbiu e que não mais existe! Estas terras, que certamente não mudaram de lugar vale serem visitadadas, pois os seus emingrantes foram para América do Norte, para o Brasil, para a Austrália e nunca puderam voltar, nem mesmo para uma visita.

From: rubens stuhr Sent: Wednesday, October 05, 2016 4:05 PM To: Ivan Seibel Subject: Re: Ano IV - Edição n° 158 – Data de 30 de setembro de 2016

Dr Ivan. A questão abordada nesta edição da folha pomerana é muito importante. Gostaria de contribuir: O pastor Herman Reuther, primeiro pastor de Santa Leopoldina, fez um importante registro que ele iniciou no dia 17 de junho de 1864. Este livro tem o nome: "Familien Register für die Evangelische Gemeinde zu

Fig. 2: O amigo Burkhard Galle da Ilha de Rügen enviou essa fotografia antiga. Esse traje representa os moradores da costa Báltica e na Ilha de Rügen representam os grupos chamados pescadores com trajes Mönchguter. Foto histórica e postais com motivos deTrajes Mönchguter.

No século XVIII, nas proximidades do povoado de Kolberg (Kołobrzeg), ao final de cada novo dia de trabalho na costa do Báltico, os pescadores levavam ao mar os seus rústicos e pequenos barcos, para os trazerem abarrotados de arrenques. Assim, ao entardecer, ao longe, no mar, como que a bordo de uma silhueta dos barcos pesqueiros se identificava os pescadores pomeranos. Era nesta costa que muitos deles ganhavam a vida,


Santa Leopoldina". (Original está no arquivo de Jequitibá). Neste livro o pastor tomou o cuidado de colocar a origem de cada família. Ele dividiu o livro em duas partes: West Priegnitzer Bragança e Pommern=Preu ssen. Atrás do nome de cada família ele colocou um W, P, Rh. Foram registrados como pomeranos os Bienow, Thurow, Ebert, Raasch, Kalk, Schwanz, Dupke, Schulz, Wendland, Schmidt, Küster, Zumach, Reinholz, Manske, Beilke, Kohls, Groener, etc

From: Ivan Seibel

seja como pescadores ou como marinheiros da esquadra mercante da Dinamarca e da Prússia. Pois, aqui a grande maioria dos homens era formada de pescadores. Com um estilo de vida simples, viviam em suas casas com suas paredes caiadas de brancas e cobertas com colmo. Podia-se contar dez ou doze pessoas nestas vivendas, talvêz aconchegantes e aquecidas e que aos seus inquilinos davam abrigo durante os rigorosos invernos. Na cosinha as mulheres preparavam as refeições e na sala, a parte mais ampla da casa, costumavam se reunir os demais integrantes da família. Também aqui as mulheres teciam seus fios nas Fig. 3: Barcos dos pescadores pomeranos no mar velhas rocas e costuraBáltico. Foto Foto gentilmente cedida de Malgorzata Kamil Lazewska Grygierzec da cidade vam a roupa de toda a de Zielona Góra (Polônia). família. As jovens solteiras procuravam obter algum dinheiro extra tricotando meias de lã e que eram vendidas aos soldados prussianos. Os homens cuidavam da manutenção dos seus pequenos barcos com capacidade de transportar até 5 pessoas, remendavam as redes velhas ou teciam novas para serem utilizadas na captura de arenques, sempre muito fartos na costa do mar Báltico. Já ao cair das noites dos invernos muito rogorosos a sopa de ervilha acompanhada de um pescado defumado de arenque ou de um peito defumado de ganso com pão se constiFig. 5: Fotografia de Ryszard Podporski em tuia na última refeihttps://www.facebook.com/rpodsporski?fref=photo ção revigorante de um dia de trabalho. No século XVIII alguns poucos previlegiados podiam se aquecer ao sabor de um cálice de vinho quente. Nesta ápoca as mulheres da costa do Báltico foram as primeiras em toda Pomerânia a fazerem bordados em alto relevo em suas blusas e casacos. Na cabeça sempre portando uma touca bem apertada, geralmente de cor branca, costumava vir transpassada por pano duplo, não só pelo frio no inverno rigoroso, mas também pelos ventos uivantes que, durante a época mais fria de outubro a março, costumva deixar as muitas pessoas mais melacólicas. As moças solteiras ostentavam duas longas tiras caídas sobre os ombros, enquanto que as casadas costumavam


Sent:

apresentar um laço como sinal do seu estado civil. A indumentária da população litorânea da costa Báltica era um Wednesday, pouco diferente daquela utilizada pelos habitantes do interior October 05, da Pomerânia. Os pescadores geralmente vestiam calças 2016 8:00 PM de cor bege ou branca, muito fina e bem largas, pois To: rubens stuhr frequentemente, entravam no mar, empurrando seus barcos, para vencerem as primeiras ondas. Uma vez a bordo, os Subject: Re: Ano IV - Edição ventos fortes e constantes, rapidamente secavam suas vestes. A túnica, por assim dizer, era uma imitação do n° 158 – Data uniforme do exército prussiano do início do século XVIII. Isto, de 30 de porque, para os pomeranos, sempre foi um grande orgulho ter um filho servindo o exército prussiano. setembro de Paula Gabe com 95 anos e moradora em Ibirubá, no 2016 Rio Grande do Sul, sempre conta essa estória da família: Prezado Senhor Stuhr

Muito obrigado

“... Meu avó chorava muito na viagem para o Brasil em 1858, pois trouxe toda família, menos seu filho August que ficou na Pomerânia servindo o exército prussiano. Mas, por outro lado se orgulhava pelo filho que antes era agricultor e agora era um verdadeiro soldado”.

pela sua contribuição. Estou divulgando este seu comentário para que, quem sabe, algum estudioso da questão pomerana possa utilizar esta referência em sua pesquisa.

Com um grande abraço.

Ivan Seibel

Desde os tempos das antigas civilizações a vida dos pescadores pomeranos junto ao mar Báltico não foi nada fácil. O seu trabalho exigia astúcia e diariamente enfrentavam, com muita coragem e persistência, as épocas de calmaria, os tempos brumosos, os dias de constantes ventos gélidos e os invernos rigorosos. Na costa do mar Báltico, nos rigoFig. 6: Barcos dos pescadores pomeranos no mar rosos invernos, uma Báltico. Foto de Malgorzata Szatan de Resko, Polônia camada de gelo com uma extensão de até 200 Km muitas vezes podia ser encontrada. Vindo a leste, desde a Ilha de Usedon até nas proximidades de Stolp. (Fig. 5. Imagen geltilmente cedida por Eike Haenel da Ilha de Usedon/Pomerânia). Em dezembro, não poucas vezes, para atingir o mar aberto precisaram vencer uma faixa de mar congelado ao longo da praia. A fome sempre os espreitava. Assim, o inverno rigoroso de 1872 deixou 217 pessoas mortas, entre idoso e crianças. Na Ilha de Rügen, ao longo da costa, encontram-se os altos paredões calcários, banhados nas suas bases pelas águas gélidas do mar Báltico (Fig. 4. Imagem gentilemente cedida pelo Professor Walter Volkmann de São Leopoldo/RS).


Hábitos e costumes dos pomerânios Ivan Seibel Reg. Prof.Mtb 14.557

O batismo entre os pomeranos se constituía em um novo momento repleto de regras

Hinterpommern (Pomerânia Oriental) A formação de ducados na Pomerânia começou a partir de 1062, com os nobres poloneses e germânicos. Cada região, comandada por um Duque, que estabelecia em seus domínios uma série de requisitos a serem cumpridos pelos trabalhadores da terra e pelos diaristas. Certamente as suas inúmeras Leis protegiam sobretudo os poderosos, os clérigos e os que praticavam um relativo comércio, sobrando deveres em demasia a quem de fato trabalhava na terra. Cada ducado arrendava as suas terras e propriedades aos colonos e suas famílias. Nas áreas de matas, podia-se cortar as árvores secas e galhos secos como lenha para o aquecimento nos dias de inverno. Mas, por tudo isto era apreciso pagar ao real proprietário das terras.

e de superstição. Era uma cerimônia em que a ritualística religiosa luterana e o sentimento mágico dos antigos pomeranos pagãos se misturavam. “Com o batismo, a criança era apresentada à comunidade e, como padrinhos eram escolhidas

Fig. 7: nterior de uma casa de colono na Pomerânia no final do século XVIII. Fotografia cedida pelo Museu de Bütow

pessoas que se admirava, porque se acreditava que a criança passava a ter todas as qualidades destes padrinhos“. Era uma cerimônia para a qual a mãe levava seu filho, independente da distância a ser percorrida e que por vezes

O interior da Pomerânia sempre foi atrasado em relação a outras regiões prussianas. A densidade populacional era baixa. Em 1644 a situação de algumas regiões era muito difícil. Nos povoados de Cammin só haviam 20% de terras cultivadas. No povoado de Köslin, junto ao mar Báltico havia 80 Landguts (pequenos proprietários de terras) cultiváveis Também na região de Belgard havia uma perda de 70% no cultivo nas propriedades rurais. Em Naugard viviam apenas 7 casais e o povoado de Daber contava com apenas 650 habitantes. Mesmo nas casas de ofícios, onde viviam e trabalhavam os artesãos, os pomeranos, sem nenhuma remuneração aparente, senão pelo conhecimento, refeições e moradia, realizavam um estágio de aprendizado de um ou


representava um dia inteiro de cavalgada. Era uma situação bem especial, pois, todos acreditavam que a criança, enquanto não fosse batizada não poderia sair de casa. Na verdade dizia-se que as crianças eram indefesas e que elas corriam

dois anos. Nos povoados de Demmin (de onde vem a família Tietbölhl, hoje radicada na Ilha de Rügen e em Caxias do Sul/RS), havia casas feitas com madeiras encaixadas com tarugos, esteios de sustentação compridos e pesados e portas ricamente ornamentadas em baixo relevo. Suas moradias na Pomerânia obedeciam o formato das chamadas casas do leste do rio Elba (Ostelbische Häuser). Este tipo de casa hoje é muito comum na região de Pomerode, onde a partir de 1861, a presença de imigrantes pomeranos foi sinificativo. Em muitas casas do interior da Pomerânia a cozinha era contígua à sala de estar, constituindo-se em um ambiente único. Desta forma, no inverno frio, o calor gerado pelo fogão da cozinha, agora como uma peça mais ampla, se irradiava para as outras dependências da casa.

risco na presença de assombrações e com mau olhado. Apenas depois de passarem pelo rito

POMMERLAND IN BILD Helmut Kirsch, Liliencronstraße 13, 23774 Heiligenhafen - Deutschland

do batismo que estariam livres destes malefícios. Certamente hoje tudo isto parece não ter sentido, entretanto até há poucas décadas atrás os recémnascidos precisavam ser levado no colo da própria mãe até a pia batismal para se livrarem de todos estes malefícios. Algumas famílias até conduziam isto de uma forma bastante drástica. Eram momentos em que os hábitos e costumes ensinados pelo cristianismo e as

Fig. 8: Marktplatz mit Rathaus und Hotel Remus in Belgard an der Persante. Als ich Anfang der 1980er Jahre mit meiner Frau in Köslin war, sprach mich auf der Straße ein junger Pole an. Er sagte, daß er ein großes Interesse an der deutschen Geschichte Pommerns habe; und er würde uns gerne eine Stadt zeigen, die den Krieg ohne Bombenangriffe und Straßenkämpfe überstanden habe. So fuhren wir gemeinsam nach Belgard. Tatsächlich, außer grauer Häuserfassaden, von denen denen der Putz bröckelt, hatte die Stadt Krieg, russische Besatzung und kommunistische Mißwirtschaft gut überstanden. „Nur“ die Menschen waren nicht mehr die selben und sie sprachen eine andere Sprache.


lembranças do paganismo nos antigos povos da Pomerania de misturavam. Algo, talvez incompreensível para os dias atuais.

Fig. 9: Das Kolberger Rathaus, gebaut von Schinkel in der Innenstadt von Kolberg in dem sich das Heimatmuseum befindet. Ernst Schröder, Vorsitzender des Heimatkreises Kolberg, kam extra aus Bayern, um die Brasilianer zu begrüßen und sie in das derzeit geschlossene Museum zu führen. Mit dem Museumsleiter entwickelte sich eine anregende, teilweise kontroverse Diskussion, bei der sich die Gäste aus Brasilien als sehr gut informiert zeigten.

Fig. 10: Regenwalde an der Rega. Die Stadt, aus der viele Vorfahren derjenigen stammen, die heute im Süden Brasiliens zuhause sind. Seit 2011 die ersten Pomeranos das heutige Resko besuchten, ist viel geschehen. Herr Wander Weege lud den poln. Stadtrat nach Sta. Catarina ein, Gegenbesuche von Volkstanzgruppen fuhren in das kleine pommersche Städtchen und zur 725-jahrfeier Regenwaldes kam die Familie Weege mit einer ganzen Delegation, die einen Reisebus füllte. Wander Weege wurde Ehrenbürger seiner Ur- Heimatstadt und Regenwalde/Resko erhielt einen großzügigen Zuschuß für den geplanten Marktplatz. Eine einmalige Geschichte die beispiellos ist.


Up Pomerisch Srijwe un Leese leire Os pequenos quadros da Lilia Jonat Stein


PARA LER E ESCREVER EM POMERANO É IMPORTANTE APRENDER O ALFABETO POMERANO, A PRONÚNCIA DAS LETRAS É DIFERENTE DO PORTUGUÊS.

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Todo trabalho bem feito deve ser compartilhado para que possa ser reconhecido. Guardá-lo na gaveta de nada adianta, pois rapidamente será esquecido. Divulgue o que está sendo realizado na sua cidade. Conteúdos envolvendo assuntos da comunidade pomerana, eventos culturais, danças ou apresentações musicais são considerados de interesse coletivo e merecem ser publicados. As matérias a serem encaminhadas para publicação podem ser preparadas na forma de textos com até 24 linhas, digitadas em espaço 1,5 fonte arial número 12 ou na forma de pequenos textos de no máximo 5 ou 6 linhas, digitadas em espaço 1,5 fonte arial número 12. Imagens ou fotografias irão enriquecer a matéria. Sugere-se duas ou tres fotos por texto.

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