Ano XXVII São Luís - MA - Brasil Novembro/Dezembro- 2017 R$ 15,00
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Cultura • Lazer • Esporte • Negócios • Meio Ambiente • Social
Alcântara... Um museu a céu aberto
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No último dia 6 de dezembro São Luís completou 20 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade, honraria conferida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, em razão do magnífico acervo arquitetônico e cultural que a cidade ostenta, detentora que é de um legado histórico que a coloca no mesmo patamar de lugares como o Centro Histórico de Roma, por exemplo. O patrimônio cultural engloba o conjunto de todos os bens, manifestações populares, tradições, cultos, monumentos arquitetônicos, culinária, dentre outras manifestações, tanto materiais quanto imateriais. Em razão de sua ancestralidade e relevância histórica e cultural, adquirem um valor único e permanente, o que exige a sua devida salvaguarda, visando garantir a sua continuidade, divulgação e preservação para as gerações presentes e futuras, colaborando, dessa forma, com a ideia de pertencimento e de identidade. O patrimônio é nossa herança legada pelo passado e o que construímos hoje, cabendo a todos nós preservar, transmitir e deixar todo esse legado às gerações vindouras. Embora boa parte da população de São Luís ainda não tenha refletido sobre a importância desse título e a cidade amargar o abandono de muitos de seus logradouros públicos, permeados de história, torna-se extremamente necessário discutir esse tema de importância vital para o Maranhão, cabendo a todos, gestores, artistas, produtores culturais, historiadores, professores, turismólogos e a comunidade como um todo apontar soluções possíveis para os problemas que afetam o patrimônio cultural de São Luís. Ações envolvendo a salvaguarda do patrimônio cultural deverão ser feitas, sempre que necessário. Por sua vez, o patrimônio cultural imaterial é testemunho de uma cultura diversificada e rica e que, no Maranhão, assume várias faces. Segundo a UNESCO, são “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. Antenado com a importância desse legado, o Centro Cultural Convento das Mercês, através da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo - SECTUR, irá realizar o Curso Museu a Céu Aberto: “Vivências de Imersão Cultural no Patrimônio Imaterial de Alcântara”, no período der 08 a 13 de janeiro de 2018, nesse município. O curso irá promover um aprendizado sem fronteiras, exercitando práticas através de vivências com mestres e mestras do patrimônio cultural imaterial de Alcântara - MA, através do contato com suas memórias e seus ofícios cotidianos, nos quais seus saberes serão compartilhados com os participantes por meio da oralidade e do conhecimento tradicional. Essa cultura, mantida tanto na sede do município quanto nas comunidades quilombolas rurais será socializada junto aos participantes do curso. Boas notícias para engrandecer o cenário cultural do Maranhão, que segue firme no caminho da construção permanente de políticas culturais afirmativas e de excelência.
Boa Leitura e até a próxima.
Léa Zacheu Editora
Revista Maranhão Turismo Coordenação Editorial e Publicidade Léa Zacheu Administrativo Financeiro Sérgio Quirino Revisão Lara Zacheu Reportagem Paulo Melo Sousa Léa Zacheu Diagramação Renê Caldas (renecaldas0@gmail.com) Fotos Charlles Eduardo, Paulo Melo Sousa Colaboradores/fotos Fabiano Tajra Impressão Gráfica Linha D’Água Tiragem 5.000 Exemplares
Av. Marechal Castelo Branco – Galeria 559-A, Edifícil Tóquio, Sala 106 – São Francisco – São Luís-MA – Brasil CEP – 65076-090 Fone: (98) 98152 0970 (Tim) / (98) 99607 3423 (Oi) (98) 98211 1426 (Tim) E-mail: revistamaturismo@gmail.com @revistamaturismo FanPage: revistamaranhãoturismo Escritório São Paulo - SP Rua Ministro Gastão Mesquita Nº 538 - Pompéia - CEP: 05012-010 Fone: (11) 98756 5628 ARTICULISTA NACIONAL Paulo França paulo.franca@pfcint.com.br whatsapp/tim: (11) 94779 8404 *É de responsabilidade dos anunciantes todas as imagens, informações, conceitos, procedências e negociações dos veículos publicados nesta edição.
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O MAGNÍFICO PATRIMÔNIO 06/27 CULTURAL IMATERIAL DE ALCÂNTARA
SÃO LUÍS COMPLETA 20 ANOS COMO 28/37 PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE GOVERNO APRESENTA RESULTADOS DO 38 OBSERVATÓRIO DO TURISMO DO MARANHÃO BICICLETA DO SAMBA TERÁ TEMPORADA 40 CHEIA DE ATRAÇÕES NA RUA DO EGITO PREFEITURA LANÇA APLICATIVO 41 DE TURISMO E POTENCIALIZA DESTINO SÃO LUÍS NA INTERNET 4 Maranhão Turismo
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Por: Paulo Melo Sousa Fotos: Charlles Eduardo e Paulo Melo Sousa
O patrimônio cultural engloba o conjunto de todos os bens, manifestações populares, tradições, cultos, monumentos arquitetônicos, culinária, dentre outras manifestações, tanto materiais quanto imateriais. Em razão de sua ancestralidade e relevância histórica e cultural, tais manifestações adquirem um valor único e permanente, o que exige a sua devida salvaguarda, visando garantir a sua continuidade, divulgação e preservação para as gerações presentes e futuras, caracterizando a ideia de pertencimento e de identidade. O patrimônio é nossa herança legada pelo passado e o que construímos hoje, cabendo a todos nós preservar, transmitir e deixar todo esse legado às gerações vindouras. Alcântara é um celeiro cultural importantíssimo. Abriga um magnífico acervo arquitetônico, herança de uma época de grande riqueza acumulada nos séculos XVII e XIX, e mantém viva uma tradição que se perpetua na culinária, artesanato e manifestações culturais, tais como o Festejo do Divino Espírito Santo, de São Benedito e a manifestação do Tambor-de-Crioula, produção permanente de doce de espécie, de raiz açoriana, de licores e rendas, tradição que aponta para modos de fazeres, o que revela mestre dos saberes espalhados por todo o município, considerado verdadeiro território étnico. O curso “Museu a Céu Aberto: Vivências de Imersão Cultural no Patrimônio Imaterial de Alcântara”, realizado no período de 8 a 13 de janeiro de 2018, com promoção da Associação Artística e Cultural Oswaldo Goeldi, da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo, através do Centro Cultural Convento das Mercês, com apoio da Prefeitura Municipal de Alcântara (com as facilitadores Lani Goeldi e Adrianna Pisciottanno) inclui vivências práticas, através do contato com artesãos e mestres da cultura popular, nos quais se destacam o artesanato à base de sementes nativas, o preparo do tradicional doce de espécie, iguaria que obrigatoriamente é servido durante o Festejo do Divino Espírito Santo de Alcântara, vivência com Dona Joralda, artesã que trabalha com renda de bilro e fabrica licor à base de frutas regionais. Haverá uma visita à oficina de Mestre Tatu (Manoel de Jesus Costa), ferreiro tradicional da cidade, que fabrica aldravas e chaves antigas, além de uma conversa com o artesão e Mestre Sala do Festejo do Divino Espírito Santo, seu Antônio de Coló, que fabrica instrumentos musicais, as caixas que são tocadas pelas caixeiras Marlene Silva e Anica, que animam a Festa do Divino Espírito Santo, além de uma vivência prática com artesanato naval, prática exercida pelo artesão popularmente conhecido como “Capa Pato”, que fabrica pequenas embarcações, típicas do litoral do Maranhão, feitos à base da fibra do buriti.
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O MAGNÍFICO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DE ALCÂNTARA
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O curso irá promover um aprendizado sem fronteiras, exercitando práticas através de vivências com mestres e mestras do patrimônio cultural imaterial de Alcântara - MA, através do contato com suas memórias e seus ofícios cotidianos, nos quais seus saberes serão compartilhados com os participantes por meio da oralidade e do conhecimento tradicional. Estão ainda previstas visitas a comunidades quilombolas rurais. Na comunidade quilombola rural de Peital, mais precisamente em uma Casa de Farinha, o grupo terá contato com quebradeiras de coco babaçu e com o preparo do bolo de tapioca e de beiju, que serão assados num forno de barro, enquanto que na comunidade quilombola de “Só Assim” haverá contato com o mestre de Tambor-de-Crioula, seu Bacurau, com apresentação da brincadeira aos participantes do curso. Várias outras vivências estão previstas no curso.
Dentre elas, algumas estão descritas na edição desta revista, que aborda o rico patrimônio cultural imaterial de Alcântara, cidade que possui conjunto arquitetônico e urbanístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1948, além de ser detentora do título de “Cidade Monumento Nacional”. Maranhão Turismo 7
A TRADIÇÃO DO LICOR NA CIDADE-PATRIMÔNIO
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Dona Joralda é uma das maiores referências da cidade de Alcântara, exímia fabricante de licor, patrimônio imaterial que é tradição da cidade patrimônio, e que é indispensável na Festa do Divino Espírito Santo, evento tradicional que ali acontece anualmente. A artesã, que também é rendeira, pode ser encontrada diariamente na sala de sua casa, fazendo renda e vendendo seus licores. Enquanto fica mexendo com rara habilidade seus bilros, uma animada conversa vai tecendo uma rede de lembranças, nas quais ela informa sobre seu aprendizado. Sempre emocionada, ela conta que nunca foi de deixar as pessoas para trás, e numa ocasião, no interior de Alcântara, num passeio de Cajueiro Velho em direção ao Jenipaúba, quando a canoa em que viajava bateu numa cr’oa de areia, ela se apressou em proteger algumas crianças, numa atitude de solidariedade. Conversa vai, conversa vem, num certo momento dona Joralda se levanta e serve ao visitante um copo de licor de jenipapo. Desnecessário dizer que a bebida é deliciosa, mas o gesto foi acompanhado de mais uma observação curiosa. Ela afirma que nunca entregou nada a ninguém com a mão esquerda. “É uma coisa minha, desde criança, sempre servi às pessoas dessa maneira, com a mão direita”, informa.
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A história da mulher rendeira Dona Joralda nasceu em Alcântara no dia 30 de abril de 1940, na rua do Apicum, que tem início atrás da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. “Meu nome, Joralda, é a mistura do começo do nome do meu pai com o final do nome da minha mãe, Jo vem de Joaquim e Ralda de Esmeralda. Minha mãe criou seis filhos, mas teve mais, e criou todos fazendo renda. Como eu era a filha mais velha, ajudava minha mãe; aí eu ia pescar siri e caranguejo, pescava com a mão e com o pé, antigamente, na praia da Baronesa. Aprendi a costurar sozinha, sentada numa esteira, e vendia roupas para as vizinhas. Com 15 anos comecei a namorar o meu marido, Raimundo Nonato Ribeiro, só namorei com ele, casei antes de completar 16 anos e nós já estamos há 60 anos juntos. Dona Joralda começou a fazer renda aos 6 anos, tendo aprendido o ofício com a sua avó, dona Catarina de Sena Ramos. “Toda menina aqui em Alcântara aprendia a fazer renda desde cedo, esse era o trabalho das mulheres; eu não gostava muito, então parei de fazer durante muitos anos, mas mesmo quem tinha outra profissão, nas horas vagas estava sempre às voltas com uma almofada, fazendo renda”, informa dona Joralda.
Tradição de origem portuguesa, antigamente em Alcântara se fazia muita renda e rede. Às vezes, quando se chegava numa casa, já se escutava o barulho dos bilros de longe. Dona Joralda, já adulta, trabalhou e estudou com as irmãs canadenses numa escola noturna criada pelo padre Jorge, mas a iniciativa não vingou. Com o tempo, contudo, ela continuou insistindo nos estudos, e chegou a concluir o primeiro grau. Com as irmãs, também aprendeu vários ofícios. Existe muita diferença entre as peças produzidas em renda, no passado, em relação à que é feita atualmente. Antes, as artesãs trabalhavam com a linha fina, Merce crochê nº 40, outra de marca Zebra, Corrente Marrom nº 40, Esterlina 20 (em meada), mas elas estão fora de circulação, segundo dona Joralda, que complementa: “hoje estou trabalhando com a linha Cléa, e a Esterlina a gente só encontra com uma numeração diferente daquela que era usada, então a renda de hoje é mais grossa do que a de antes, que era mais fina, mais delicada; os desenhos também eram mais miúdos. O espaço entre os alfinetes, nas almofadas, era menor porque a linha era mais fina. Cada desenho tem um nome diferente: jibóia, mão de onça, bico de leque, flor de maracujá, e rabo de pavão, isso dos que eu me lembro. Aqui, antigamente, a gente fazia renda para colocar na roupa, abrir um vestido, um enxoval de noiva, camisolas, toalhas”. Antigamente a mãe de dona Joralda fazia as rendas e vendia tanto as dela quanto as das colegas dela. Maranhão Turismo 9
No embalo do licor Quando a mãe dela adoeceu, dona Joralda voltou a fazer renda, mas parou novamente em 1987. Só em 2006, quando foi procurada para dar um curso para umas meninas de Alcântara é que voltou a trabalhar com esse ofício. O trabalho não é muito rentável, mas dona Joralda já é aposentada e tem tempo livre. Dona Lídia, esposa de seu Tonico Ramos, era quem fabricava licor para o festejo do Divino Espírito Santo. Quando ela faleceu, dona Joralda começou a produzir licor para que a tradição não morresse. “Eu resolvi fazer licor e pedi para uma pessoa daqui de Alcântara, dona Maria da Glória Moraes, a me ensinar como fazer licor de jenipapo”, diz. Com o passar dos anos dona Joralda foi se especializando. “Tiro as sementes das frutas e a pele, e ponho para cozinhar na água; depois, vou coar numa peneira, coloco o açúcar, e aí deixo apurar. No outro dia, a gente vai coando numa toalha de algodãozinho, e depois é que eu coloco a cachaça”, declara dona Joralda. A coleta da fruta começa quando os jenipapos começam a cair das árvores, apanhando-se as frutas no chão ou ainda no pé. Depois de 3 ou 4 dias eles amolecem e já podem ser utilizados. Alguns pés de jenipapo que já são velhos produzem o ano inteiro, mas são raros. Existe uma variação em relação à época em que as árvores dão os frutos, mas geralmente os jenipapeiros começam a produzir a partir do mês de agosto. Segundo dona Joralda, a força maior é entre dezembro e janeiro, a melhor época em Alcântara.
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Ela também produz licor de tamarindo, que começa também a partir do mês de julho em diante, e ainda de abacaxi, goiaba, murici, maracujá, caju, depende da época da fruta. Depois de pronto, ela mesma prepara as rolhas, engarrafa, coloca os rótulos e depois deixa à venda. Os rótulos são feitos na cidade. Não existe prazo de validade para se consumir o licor, mas, com o tempo, ele vai secando na garrafa, e o sabor se modifica. A artesã também produz licor para a Festa do Divino Espírito Santo, por encomenda, sempre oferecendo um garrafão como “joia”, oferenda. Além do licor, ela ainda faz doces, almofadas, bordados, tapetes, bolsas, e também trabalha com palha. Muitos desses ofícios ela aprendeu com as irmãs canadenses, da ordem da Ascensão da Santa Virgem. Nos trabalhos com palha, ela se utiliza do tucum e da caçamba (pecíolo) da juçareira. “Eu tenho muito envolvimento com a Festa do Divino, e só vou deixar de fabricar licor mesmo quando não puder mais, pois devo muito ao Divino”, afirma ela. Dona Joralda comercializa seus produtos, em Alcântara, na Rua de Baixo, nº 265 - Centro. Maranhão Turismo 11
Uma das personalidades mais significativas de Alcântara é seu Peó, pescador, que há anos trabalha como guia turístico transportando moradores e turistas da Praia da Baronesa, através do Igarapé do Puca, para a praia do Itatinga, uma das mais belas da antiga cidade histórica. Peó é o apelido de Manoel da Assunção Diniz, nascido em Alcântara no dia 02 de fevereiro de 1949. Ele mora na rua Dr. Silva Maia, sem número, no bairro da Caravela. “Esse meu apelido vem de berço e se refere a um antigo cacique da tribo dos Tapuias, que foram os primeiros habitantes daqui, antes dos Tupinambás”. Seu Peó conta uma de suas inúmeras estórias, enquanto vai remando sua canoa pelo igarapé: “uma vez o seu Liene, que ainda hoje cria gado e organizava a Festa de São Benedito, saiu certa vez de madrugada em noite de lua cheia para tocar o gado dele da praça da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos para o mato. Quando se aproximou da igreja, viu um cachorro preto de pelo muito liso que brilhava na luz da lua na esquina dos fundos da igreja; aí ele voltou para casa e contou a estória. Então disseram pra ele: ‘depois que o galo cantar tu voltas lá para ir buscar o gado’; ai depois que o galo cantou ele foi lá e o cachorro havia sumido.
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SEU PEÓ E SU DE ENCA
UAS ESTÓRIAS ANTARIA Aqui tem muitas estórias, desde a carruagem de Ana Jansen, a gente ouvia um arrastar de correntes na rua, ia ver e não tinha nada, tinha um cavaleiro que passava esquipando o cavalo em noite de lua, uma galinha de pinto que só fazia zoada, só se ouvia, não se via”. Alcântara respira magia, e as lendas e as estórias de assombração e de encantaria se multiplicam, alimentando o imaginário popular. “Não tá nem com um mês teve o caso de uma senhora que entrou no mato e sumiu; passou vários dias desaparecida e todo mundo procurando ela. Foram consultar um ‘experiente’ e ele disse que ela estava viva, perdida no mato. Ela passou pelos povoados de Itauaú, Terra Mole, Janã, Samucangaua, Ladeira, e muitos outros lugares. Foram encontrar ela depois de muitos dias, perdida no mato, sem saber onde estava. Isso foi Currupira, siô, ele que deixa as pessoas assim, sem noção de nada, sem saber onde estão, e elas ficam perambulando até que alguém encontre elas. Pois é, Currupira existe sim”. Como não navegar nessas estórias maravilhosas, que alimentam a imaginação e nos remetem a um universo há muito esquecido?
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SEU ANTÔNIO DE COLÓ Mestre Sala e artista do Divino Por: Paulo Melo Sousa Seu Antônio do Livramento Boaes Tavares, mais conhecido em Alcântara como Seu Antônio de Coló, nasceu no dia 26 de dezembro de 1948, na rua Direita, nº 80, em Alcântara, lugar onde mora até hoje. “A minha relação com o Divino Espírito começou há muito tempo. Antigamente, todo mundo usava paletó, e eu achava muito bonito de se ver. Então, o meu pai mandou fazer um terno para mim e quando Inezinha, que trabalhava na festa, me viu de terno e me achou muito elegante, e então me perguntou se eu não gostaria de ser Mestre Sala, e eu aceitei. Na Festa do Divino Espírito Santo, usa-se terno branco no primeiro dia, Dia da Ascensão do Senhor. No Domingo do Meio, a cor do terno é parda e, no último dia do festejo usa-se azul marinho. Eu tinha 18 anos nessa época, quando comecei. E até hoje sou Mestre Sala do Divino Espírito Santo”, declara seu Antônio. 14 Maranhão Turismo
O Mestre Sala tem uma função muito importante no festejo. É a pessoa que coordena o ritual de cada festeiro, orienta os participantes, coordena a Casa. “Sou um prestador de serviço a Deus, participo do lado religioso da festa, não danço”, informa. Ele também trabalha como artesão e prepara os altares, centros de mesa, fabrica as caixas das caixeiras, desenha e pinta imagens de bandeiras, estandartes. “Teve um ano que a minha comadre Florzinha fez a festa, mas não gostou do altar e pediu para eu enfeitar o mesmo. Eu fiz e ela gostou. No ano seguinte o marido dela foi festeiro e falou comigo. Aos poucos fui aprendendo e tomando gosto pelo ofício, de tal maneira que hoje sou muito procurado, sendo considerado o ‘Divino artista’. Já ensinei a várias pessoas, que hoje também trabalham no festejo do Divino Espírito Santo. Da mesma forma aconteceu com as caixas. Pediram para eu consertar os punhos da caixa, que haviam se rompido. Aí eu olhei, vi como era e fiz. Depois pediram para eu fazer uma caixa e depois da primeira não parei mais, de tal maneira que tem caixa do Divino feita por mim para todo lado”, diz seu Antônio de Coló.
Segundo o artesão, a caixa feita de lata é melhor, pois, além de ser mais leve, o som também é mais afinado. Ele declara que o festejo mudou com o passar dos anos, com menos gente participando da parte religiosa, indo mais para o carregamento dos mastros, com muita gente nova participando desse momento. “A parte religiosa não mudou, graças a Deus, com a presença das missas, ladainhas, dias das visitas. Eu só peço ao Divino Espírito Santo que me dê muita saúde para eu continuar contribuindo com o festejo, até Deus me chamar”, conclui seu Antônio de Coló. Maranhão Turismo 15
Em Alcântara, após a chegada dos colonizadores portugueses, com o sistemático massacre e expulsão dos indígenas que habitavam o território da velha Tapuitapera, o processo de formação das comunidades quilombolas rurais contou com a presença de vários grupos étnicos, dentre os quais os indígenas remanescentes do extermínio, escravos fugidos, ex-escravos e alforriados, colonos, num complexo processo de miscigenação a partir da posse da terra, gerando práticas culturais que alimentaram o rico artesanato, a eclosão do folclore e a produção de objetos domésticos de cunho utilitário e decorativo, marcas de uma tradição que cunhou um diversificado conjunto de elementos que atestam a identidade cultural dessas comunidades. 16 Maranhão Turismo
Os objetos produzidos de forma artesanal, cabe salientar, estão vinculados à matéria-prima existente nesses territórios. A palha das palmeiras de buriti e carnaúba, o barro para a cerâmica, as sementes nativas para a fabricação de adornos, as frutas para os doces e licores, a mandioca para os bolos, a farinha, o beiju, o babaçu para o óleo, a mamona para o azeite, a terra para o adobe. Em Alcântara, alguns povoados possuem artesãos que ainda trabalham com a fabricação de adobe. Dentre eles, destacam-se as comunidades quilombolas rurais de Manival e Santa Maria. O adobe é um tijolo feito com terra, usado na construção civil, que é considerado um dos antecedentes históricos do tijolo de barro, sendo seu processo construtivo uma
forma rudimentar de alvenaria. São tijolos de terra crua, água e palha ou outras fibras naturais, moldados em fôrmas por processo artesanal ou semi-industrial. Considerado como um dos mais antigos materiais construtivos, o adobe foi muito utilizado no Antigo Egito (sobretudo nas Mastabas) e na Mesopotâmia (nos Zigurats). A antiga cidade de Arg-é-Bam, em Bam, no Irã, é a maior construção em adobe do mundo. Edificada no ano 500 da era cristã, foi habitada até 1850. Destruída por um terremoto em 2003, está sendo reconstruída, já que é considerada patrimônio mundial pela Unesco. Atualmente, as antigas técnicas construtivas estão sendo revistas e retomadas pela bioarquitetura e pelo ecodesign. O adobe, além de ser resistente, deixa o in-
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A ARTE MILENAR DO ADOBE
terior das construções com temperatura mais agradável, sobretudo em regiões de clima quente. Dessa forma, essa espécie de tijolo ressurge como alternativa ecológica e sustentável, quebrando antigos tabus e apresentando uma nova possibilidade de abordagem sistêmica em se tratando de construção civil. “A gente tem que traçar bem o barro, molha, faz a massa e fica pisando. Enquanto tiver caroço no barro, a gente vai pisando bem pisadinho e misturando para não ter falha no adobe. Aí sente a liga do barro no pé e pegando com a mão. Para fazer adobe tem é que conhecer a terra boa, senão...”, informa Edilson Alves de Carvalho, lavrador e conhecedor da técnica milenar do adobe, morador do povoado quilombola rural de Santa Maria, em Alcântara.
O ARTESÃO DAS SEMENTES NATIVAS FOTOS: CHARLLES EDUARDO
O artesão alcantarense Tomás dos Remédios Pereira Filho, mais conhecido simplesmente como Tomás, nasceu em Alcântara na rua da Mirititiua, no bairro da Caravela, no dia 10 de setembro de 1969. Filho de Tomás dos Remédios Pereira, pescador, mais conhecido como Jaleco, e de Rafisa Lemos Pereira, a primeira pessoa a ter pousada e restaurante em Alcântara, já falecida. Tomás trabalhou como guia de turismo em Alcântara, influenciado
Após trabalhar durante vários anos como guia, Tomás perdeu um tio (Seu Bartolomeu, mais conhecido como Santo) que trabalhava com artesanato, produzindo colares, pulseiras, dentre outros adornos, usando búzios, penas e sementes. A partir daí ele resolveu seguir a profissão do tio, e já está nesse ofício há 12 anos. “Eu vou recolhendo as sementes aqui mesmo nos arredores da cidade de Alcântara; às vezes me desloco para alguns povoados também. Utilizo sementes de leucina, chocalho de cobra, olho de boi, flamboyant, saboneteira, xixã, costela de vaca, mucunã preta, lágrima de Santa Maria ou de Nossa Senhora e o tento, como se chama aqui o pau-brasil, informa Tomás. Diariamente Tomás pode ser
pela atividade da mãe, que era exímia cozinheira. Ela preparava uma torta de camarão inesquecível, que atraía pela fama visitantes de muito longe. Após o almoço, servia um delicioso café com erva doce, cuja receita guardava em segredo. Ao lado da sua casa, algumas mangueiras produziam uma sombra benfazeja, aproveitada por alguns apreciadores de camping, que ficavam abrigados no local, sobretudo durante o festejo do Divino Espírito Santo.
encontrado na rua das Mercês, bem próximo da rua Pequena, que dá acesso à igreja do Desterro. Ele expõe seus produtos sobre uma esteira de palha, estendida sobre a calçada em frente a uma casa na qual mora. Sentado ao lado da esteira, ele vai produzindo os adornos manualmente, munido de um pequeno alicate, agulha para furar as sementes e uma pequena tábua como suporte. Usa linha de nylon 0,35, segundo ele, por ser mais resistente. Enquanto trabalha, aguarda turistas e moradores para comercializar seus adornos. Para ajudar na renda, ele vende ainda ferragens antigas (aldravas, ferros de engomar a carvão e moedas) ou peças produzidas por mestre Tatu, o mais tradicional ferreiro da cidade. Maranhão Turismo 17
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O DIVINO
DOCE DE ESPÉCIE
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RECEITA DO DOCE DE ESPÉCIE Massa: 250 g de farinha de trigo; 1 xícara de chá de água com 1 pitada de sal; 2 colheres de sopa de manteiga. Amassa-se bem e deixa-se descansar um pouco. Abre-se a massa bem fina e fazem-se, então, os doces nos diversos feitios (coração, jacaré, tartaruga, jabuti). Enchem-se com doce de coco, cobrem-se com tirinhas da massa e levam-se ao forno para assar.
Diante da afirmação de que tanto índios quanto negros não fabricavam doces, já que comiam mel e chupavam cana, sem produzirem açúcar, foram então os portugueses que trouxeram para o Brasil o açúcar e, com ele, a novidade da arte da doçaria. Desde Pedro Álvares Cabral que os lusitanos começaram a desembarcar por aqui com doces, figos passados, compotas, bolos e confeitos, dentre outras iguarias.
No Brasil, os doceiros portugueses encontraram uma profusão de frutas típicas e exóticas que foram acomodadas às receitas europeias mais tradicionais, favorecendo ainda o improviso culinário. Essas receitas foram sendo cada vez mais adaptadas e transmitidas de geração em geração, sendo guardadas a sete chaves pelas famílias brasileiras. Aqui no Maranhão, a tradição também foi mantida. Os doces representam um capítulo à
parte na rica culinária maranhense, com iguarias diversas, pastéis de nata, compotas, bolos, e o famoso doce de espécie, característico da festa do Divino Espírito Santo de Alcântara (além dos licores, dentre os quais se destaca o de jenipapo), que tem em Dona Maria de Liene e em seu Antônio Doceiro, que moram naquela cidade, seus maiores experts. O doce de espécie foi trazido pelos colonizadores açorianos ao Maranhão.
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A ILHA DO LIVRAME MÍSTICAS DE D
Dentre as inúmeras e valiosas atrações de Alcântara vale destacar a Ilha de Nossa Senhora do Livramento, que fica defronte da cidade, situada na Área de Proteção Ambiental - APA das Reentrâncias Maranhenses, possuindo rico e diversificado ecossistema, com praias desertas, propícias ao banho, o que favorece o turismo ecológico e de aventura. O local também é um importante sítio paleontológico, com a presença de pedaços de árvores e de dinossauros fossilizados. Além disso, as ruínas da antiga igreja de Nossa Senhora do Livramento também caracterizam o local como sítio arqueológico. Num promontório situado na parte mais alta erguia-se uma modesta igrejinha consagrada à santa. Havia na cidade, outrora, a festa em homenagem à Virgem do Livramento, em dezembro, antigamente a mais importante de Alcântara. O local é habitado apenas por dona Mocinha, a irmã dela e pelo José (mais conhecido como Punk), que ajuda dona Mocinha nos seus afazeres e transporta os visitantes ao local numa pequena canoa motorizada. Dona Mocinha possui ali um pequeno bar e restaurante. À noite, o restaurante se transforma em pousada, e funciona como redário; em frente ao barracão e próximo dele existem áreas para camping. Dona Mocinha serve a melhor galinha de parida que seu paladar pode desejar, acompanhada por um pirão delicioso e pelos inesquecíveis ovos pochês, que ela prepara com esmero. Ela também serve peixe, carne e frango. À noite, com a presença do luar ou em companhia das estrelas, vale um passeio pela praia deserta, na maré seca, ou simplesmente ficar tomando um gostoso café ou um chocolate quente, ao pé de uma fogueira que é sempre acesa em frente ao barracão, escutando as estórias de dona Mocinha, estórias místicas ou de encantaria, que nos preparam para o sono e nos aliviam corpo e espírito neste mundo tão precisado de alma.
Ilha do Livramento 20 Maranhão Turismo
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ENTO E AS ESTÓRIAS DONA MOCINHA
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OS SEGREDOS DO BOLO DE TAPIOCA
Existe um ritual próprio para o preparo do bolo de tapioca, que integra a base alimentar de grande parte da população alcantarense. Inicialmente o coco de babaçu é socado em pilões de madeira. Sabe-se que o leite daí produzido está no ponto no momento em que, após ser bem socado, o leite espirra para fora do pilão. Em seguida, mistura-se a massa da mandioca com água e após se coar tudo, produz-se um líquido que os quilombolas rurais chamam de “vinho”.
Molhando-se a massa da mandioca, acrescenta-se erva doce, canela, sal e pequenos pedaços de coco manso. Depois dessa mistura pronta, acrescenta-se o “vinho” anteriormente extraído e sova-se bastante. Com a massa daí produzida, mela-se as mãos no azeite de coco babaçu e se vai formando as rodilhas do bolo, que será posteriormente levada ao forno de barro.
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Antes de se levar a mistura ao forno, é necessário que se deixe as rodilhas “descansarem” por uma hora, no mínimo, para fermentar um pouco e “tomar o gosto do tempero”. No processo de preparo do alimento, a presença de um forno de barro é fundamental, o alimento fica mais gostoso. Inicialmente acende-se a lenha e se coloca fogo com a mesma dentro do forno. Após a lenha se transformar em carvão, varre-se o interior do forno com uma vassoura feita com galhos verdes de alguma planta, para que a vassoura não seja destruída pelo calor. Após a retirada das cinzas, coloca-se as rodilhas no forno sobre folhas verdes de bananeira para que a parte de baixo do bolo não queime. Após serem assadas, com tempo de preparo calculado na cabeça e “no olho”, retiram-se as rodilhas e o bolo está pronto para ser degustado com um café puro bem quente. Uma delícia! Maranhão Turismo 23
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A ARTE DA FORJARIA NA TERRA DA ENCANTARIA
Nascido e criado em Alcântara, na sede do município, seu Manoel de Jesus Costa, 63 anos, mais identificável naquela cidade pela designação de Tatu, está envolvido com a nobre arte da forjaria desde os 12 anos, quando começou a trabalhar como aprendiz na oficina do seu pai, o senhor Vitório Costa, também conhecido como Crocodilo, seu único mestre. O apelido ele adquiriu por intermédio do seu avô, Francisco Araújo Diniz, que dizia que Manoel, quando criança, parecia um tatuzinho, pois ele era bem gordinho.
Mestre Tatu estudou na Escola Paroquial, sob o comando de padres canadenses, e de aprendiz se tornou mestre em pouco tempo. Conforme suas palavras, “logo no início eu não tinha muita força de vontade, pois o trabalho, naquela época, era muito mais pesado; hoje, não, a gente compra o ferro na espessura exata que a gente quer. Antigamente não era assim. Mas, depois, eu fui pegando o gosto pela profissão e papai tinha aquela força de vontade, aquele desejo de que eu continuasse com o trabalho dele mais tarde e, de fato, meu pai parou de trabalhar numa certa idade e deixou a oficina por minha conta”. Mestre Tatu começou, então, a trabalhar com o pessoal ligado ao patrimônio histórico, fabricando peças para substituir aquelas já gastas das esquadrias dos velhos casarões alcantarenses. 24 Maranhão Turismo
Seu raio de ação incluiu inicialmente o conserto de fechaduras e chaves, especialidade do seu pai. Mais tarde, o artesão se iniciou por conta própria na fabricação de fechaduras, com espelhos de chapa de ferro muito bem feitos, ferrolhos e tramelas, aldravas, grades, bandeiras, maçanetas, dobradiças de leme e de cachimbo e ferragens em geral, mantendo fidelidade ao estilo colonial. A oficina antiga funcionava logo na entrada de Alcântara, na rua do Porto do Jacaré, onde hoje se localiza o Terminal de Passageiros. Depois, foi transferida para a rua das Flores, até 2004. Ali, atualmente, a mesma está sob reforma. Hoje, o artesão mora na rua Barão de Grajaú, nº 06, na velha Tapuitapera.
Seu Tatu trabalha, no momento, em parceria com outro artesão numa oficina situada à rua Getúlio Vargas, no Porto do Jacaré, numa casa situada ao lado do antigo Terminal de Passageiros. Ao longo dos anos, ele veio sendo procurado por pessoas que ouviram falar da sua fama. “Eu já fiz muitas peças para o pessoal de fora, como de São Paulo e Minas Gerais, de uma cidade de lá, Ouro Preto; aqui também morava um senhor, um artista chamado Ivan Marchetti que, quando foi daqui levou várias peças que eu fiz para ele”, declara Mestre Tatu. As ferramentas utilizadas pelo artesão são as mesmas de antigamente, com a exceção do fole, substituído por uma ventoinha, que serve para aquecer o ferro através do fogo. O artesão utiliza bigornas, limas, talhadeiras, marretas de vários tamanhos, leves e pesadas, e um torno, dentre outras ferramentas.
No processo de fabricação das peças, ele utiliza a marreta de um quilo para fabricar uma chave de época, para bater o ferro de acordo com a espessura; “aí a gente dá o calor para colocar o ferro na medida exata, esquentando o metal, dando forma, até ela ficar do jeito que se quer”, informa Mestre Tatu, que considera o seu trabalho importante. Ele gostaria que, no momento, existissem pessoas interessadas nessa arte para que ele possa transmitir seus conhecimentos. “Hoje, eu acho que o problema ligado à falta de interesse das pessoas por esse ofício é que naquela época em que eu comecei o trabalho era mais difícil e, hoje, tem muita gente no ramo; mesmo assim eu estou satisfeito com a minha profissão e estou disposto a ensinar o ofício a quem quiser aprender”, declara Mestre Tatu. O trabalho do artesão, no momento, atende à clientela de Alcântara e de São Luís. Geralmente, todo o serviço é feito por encomenda. As peças, além do seu uso naturalmente utilitário, podem ser aproveitadas na decoração de ambientes, e sua exploração pode se constituir em mais um produto de qualidade ímpar oferecido pela diversificada indústria turística.
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ANICA,
uma divina caixeira Ana Benedita Ferreira Oliveira (mais conhecida como Anica), nascida e criada em Alcântara - MA, filha de Paula Ferreira Oliveira e Procório Acácio dos Santos Rodrigues, nasceu no dia 08 de setembro de 1928. Caixeira do Divino Espírito Santo de Alcântara, é uma das personalidades mais ilustres da antiga Tapuitapera, cidade patrimônio histórico nacional desde 1948. “Aprendi a tocar caixa com minha avó, Domingas Oliveira Ferreira; quando ela tocava eu pegava uma latinha e um pedaço de pau e acompanhava ela no toque. Eu também aprendi com a minha mãe, que era caixeira. Depois, mais tarde, quando eu já tinha 17 anos comecei a tocar caixa no festejo do Divino Espírito Santo com as minhas companheiras”. Anica tocou com muitas outras caixeiras, a maioria delas já se foram: Raimunda Boró, Estela, Matilde, Cristiana, Inês do Farol, Inês da cidade, e ainda Margarida, Hermenegilda, Mônica e Petrolina, todas elas da comunidade quilombola rural do Cajueiro. De Itamatatiua tinha a Irene. Maria e a Romana são do Cajual. Sobre o festejo do Divino Espírito Santo, Anica afirma que com o tempo já houve muitas mudanças. “Antes, o pessoal matava um boi para dar de comer aos de casa. Os que vinham de fora traziam a própria comida. Agora todo mundo se serve nas casas dos festeiros, doce de espécie, bolos, chocolate. E as caixeiras, os mestres sala, as bandeirinhas, os bandeireiros, e outros da festa recebem carne para levarem para suas casas”. O festejo já sofreu muitas modificações ao longo do tempo, e dona Anica relembra tempos idos. “Quando eu era criança, antes de tocar caixa, eu fui ‘ciganinha’, que são as personagens que pediam esmolas (donativos) nas ruas de Alcântara, batendo nas portas dos moradores, recolhendo ovos, verduras, temperos usados no preparo dos alimentos ou mesmo pequenas quantias em dinheiro. Eu chegava na porta das casas com uma bandeja e dizia assim: ‘coloca aqui uma coisinha para o Divino Espírito Santo’! a gente se vestia a caráter para se destacar, né? Roupa bonita, estampada. Passei uns cinco anos na ciganagem, era bonito”. No festejo do Divino Espírito Santo de Alcântara deste ano de 2017, dedicado ao Imperador, presenciei ainda a prática da ciganagem pelas ruas de Alcântara. Duas ciganinhas estavam em ação, batendo nas portas dos moradores ou pedindo diretamente aos transeuntes donativos para o festejo.
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SÃO LUÍS COMPLETA 20 ANOS COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE Por Paulo Melo Sousa
A arquitetura maranhense se encontra, nos seus primórdios, inserida no contexto da arquitetura colonial brasileira e, posteriormente, na de feição pombalina. A tentativa de colonização francesa de São Luís trouxe a estas plagas padres capuchinhos que rezaram na antiga Ilha de Upaon-Açu uma grande missa em 8 de setembro de 1612, tida por muitos como o marco fundador da cidade. Contudo, os franceses se abrigaram, inicialmente, em casas feitas de palha pelos índios tupinambás que aqui habitavam, e até o Forte de São Felipe, erigido onde hoje se encontra o Palácio dos Leões, possuía uma estrutura em madeira.
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Após a expulsão dos franceses de São Luís, em 1615, o engenheiro-militar português Francisco Frias de Mesquita (que participou da campanha de expulsão dos franceses, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura), realizou o primeiro traçado urbano da cidade, tendo como base as linhas mestras iniciais deixadas pelos franceses. Mesquita (1578-1645) se inspirou num tabuleiro de xadrez para elaborar o novo plano urbanístico de São Luís, com a predominância de ruas retas. É de sua autoria, também, os projetos de vários fortes para a defesa da cidade. Nessa época, a colônia vivia o período histórico da União Ibérica, centralização dos governos português e espanhol sob um mesmo governo (1580-1640), no qual os traçados urbanos das cidades fundadas sofreram maior regularidade, sendo que tal tendência permaneceu ao longo do século XVII.
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Nesse período, a estilística europeia foi introduzida nas colônias portuguesas, dentre as quais o Brasil e, no Maranhão, a tendência se prolongou, com as devidas adaptações. Aqui temos construções com influência arquitetônica renascentista, barroca, maneirista, rococó e neoclássica, com transição lenta entre os períodos estéticos acima nominados, sendo que o tema suscita permanente discussão entre os peritos no assunto. A princípio, os arquitetos se utilizaram de técnicas tais como a taipa-de-pilão e pau-a-pique, de construção barata e eficaz, com a utilização de barro e madeira, matéria prima facilmente encontrada na colônia.
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A utilização de tijolos de adobe e alvenaria de pedra permitiu a construção de prédios mais sólidos e de maior envergadura. A madeira de lei, abundante, foi utilizada para o vigamento de tetos, construção de esquadrias, forros e assoalhos. A pedra lioz foi utilizada, destacando-se a técnica da cantaria, reforçando os cunhais (cantos) de sobrados e casarões e em portais e janelas. Azulejos vindos de Portugal foram utilizados nas fachadas de prédios, adornando o rico casario que se erigiu em razão do grande crescimento econômico. Foi criada a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão e Grão-Pará, em 1682, visando a integração da região através do fomento do comércio de açúcar e algodão.
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Na segunda metade do século XVIII, o Maranhão passou a exportar algodão para a Inglaterra e, em 1755, com a fundação da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, o porto de São Luís atingiu o clímax com a importação e exportação de produtos. Nesse período aconteceu a canalização da água e dos esgotos da cidade e várias fontes foram construídas. Em 1780 surgiu a Praça do Comércio, no bairro da Praia Grande, que se transformou de imediato em local de efervescência econômica e cultural.
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São Luís ostentava, nesse período, a condição de terceira cidade mais populosa do Brasil, depois de Rio de Janeiro e Salvador. Com a decadência da exportação do algodão, aconteceu um forte declínio econômico, em fins do século XIX. O surgimento de várias fábricas provocou o aparecimento de bairros periféricos em São Luís, modificando nesses locais a sua característica feição arquitetônica original, ainda mantida no Centro Histórico da capital maranhense, que abriga o maior conjunto de prédios de arquitetura colonial portuguesa de toda a América Latina.
Um passeio no tempo se desenrola quando o morador da cidade ou alguém que a visita resolve passear pelo Centro Histórico de São Luís. Não se trata apenas de exercer a flanerie, segundo a concepção do filósofo Walter Benjamin. Esse passeio pode nos dar uma aula de História ou de Literatura. Os sobrados abrigam mistérios, amores idos, vidas que já estão em outras plagas, e representam o retrato arquitetônico de uma época em que a cidade foi capital do grande Estado do Maranhão e Grão-Pará. Sim, São Luís já foi capital de um país, na atual terminologia. E a riqueza dessa época ficou plasmada nos prédios de feição pombalina e colonial com raiz portuguesa. Maranhão Turismo 33
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Alguns prédios, com fachadas ostentando uma bela indumentária azulejar também denunciam essa época de fausto econômico e de elevado nível social, mas esse elemento arquitetônico a mais, no topo de seus telhados, também existe em construções mais modestas. São os conhecidos mirantes, espaços isolados, que se destacam visualmente e conferem ao conjunto do imóvel uma singularidade estética. Os mirantes estão umbilicalmente integrados à história da cidade. Não somente os imponentes casarões podem ostentar mirantes, mas também o casario baixo, com um único pavimento, e se relaciona, de certa forma, com a identidade do Maranhão.
A capital maranhense abriga mais de 3500 prédios distribuídos por 220 hectares na área do Centro Histórico. Os sobrados que possuem mirantes, na sua quase totalidade, possuem revestimento de azulejos portugueses, o que proporciona ao nosso espaço físico tombado um aspecto diferenciado em relação a outras cidades históricas brasileiras. Esses prédios foram erguidos, em geral, nos séculos XVIII e XIX, num período de grande fausto econômico, e os mirantes, além de servirem de moradia para quem se hospedasse no sobrado (às vezes caixeiros-viajantes), também era utilizado para avistar os navios que entravam no antigo Porto de São Luís, na Praia Grande.
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Existem sobrados cujos mirantes entraram para a história da Literatura maranhense, como é o caso do Palacete Gentil Braga, prédio importantíssimo, tombado isoladamente, situado na esquina da rua Grande com a rua do Passeio. Ali, no mirante desse imóvel, Gentil Homem de Almeida Braga escreveu seu romance “Entre o Céu e a Terra”. Recentemente, no dia 20 de outubro deste ano, o Palacete, após anos de reforma, foi reaberto, voltando a abrigar o Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão. Destaque também para o sobrado da rua do Sol no qual viveu o grande romancista naturalista maranhense Aluísio de Azevedo e que também abriga um belo mirante. A cidade de São Luís guarda o espírito de uma era romântica e que ainda respira poesia nos seus belos exemplares arquitetônicos. Maranhão Turismo 35
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São Luís completou neste ano 405 anos de existência e seu invejável patrimônio arquitetônico e cultural, que se destaca na paisagem do Centro Histórico deu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, outorgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO, em 1997. Mesmo atravessando um momento crítico, sob o ponto de vista econômico do país, diante de uma crise que já se arrasta há alguns anos, várias obras
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de restauração e conservação estão sendo realizadas. Recentemente, o antigo Convento das Mercês recebeu reforma estrutural e está funcionando em plenitude. Na rua da Estrela, um imóvel com fachada em azulejos azuis, reformado e inaugurado, abriga o Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão UEMA. Na rua Direita, cabe citar a recuperação do prédio do antigo Liceu Maranhense, colégio que foi frequentado por
imortais tais como o romancista Josué Montello e o historiador Carlos de Lima. Há poucos meses a praça Valdelino Cécio e a praça da Faustina foram revitalizadas, contando coma presença constante de turistas. É importante não esquecer o fato de que qualquer projeto de revitalização do Centro Histórico está baseado na ideia de que é preciso habitar o local, recuperando a sua vocação inicial, pois o Centro Histórico foi concebido como unidade habitacional.
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É de fundamental importância melhorar as condições de vida das pessoas que já moram ali, através da eficiência da infra-estrutura urbana, das questões ligadas à acessibilidade e de incentivo direto às melhorias dos prédios, incentivando novos moradores a habitarem a área, a partir de projetos de reabilitação de imóveis que antes eram unifamiliares e que foram transformados em unidades plurifamiliares; são casarões cujos aposentos foram transformados em apartamentos, visando atrair mais pessoas para conviver com a história da cidade.
São Luís apresenta uma invejável variedade gastronômica, com o cuxá à frente, o peixe pedra frito, a pescada amarela ao molho de camarão, a caldeirada de camarão, o gurijuba no leite de coco, o vatapá, o caruru, a gengibirra, os licores, a juçara com farinha e camarão seco, com um digestivo de tiquira, aguardente que só existe no Maranhão, feita a partir da mandioca. No Centro Histórico acontecem apresentações culturais como o Bumba-Meu-Boi, o Tambor de Crioula ou o Cacuriá, com shows de artistas locais, e a alegria do ritmo do reggae. Tais atividades estão sendo sistematicamente valorizadas, já que o incremento delas colabora para impulsionar de forma mais consistente o turismo maranhense. São Luís possui um patrimônio que vai muito além do visível, e que se encontra ainda em permanente ebulição, evidenciando o eterno brilho da cidade patrimônio cultural da humanidade.
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A segurança é essencial, pois ali se encontram bares, restaurantes, a Feira da Praia Grande, que vende produtos típicos, inúmeras lojas de artesanato, que exibem a pujança da nossa cultura, além de museus de visitação imprescindível, tais como a Casa de Nhozinho, o Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, O Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, o Teatro Arthur Azevedo, o Centro de Arqueologia e Paleontologia do Maranhão, dentre outras casas de cultura.
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Governo apresenta resultados do Observatório do Turismo do Maranhão O Governo do Maranhão, por meio da Secretária de Cultura e Turismo (Sectur) e da Universidade Federal do Maranhão – UFMA apresentou no dia 11de dezembro os primeiros resultados do Observatório do Turismo do Maranhão, núcleo de pesquisas e inteligência de mercado do Estado que analisa o comportamento da atividade turística maranhense, contribuindo para que o destino se torne cada dia melhor para seus visitantes e moradores. “Promovemos ações estruturantes em conjunto com ações promocionais. Em um passado próximo, o que ouvia-se falar do Maranhão fora do estado era da crise carcerária e da balneabilidade das praias, conseguimos mudar isso, tornando o estado atrativo para turismo de lazer e de negócio. Construímos estradas que viabiliza o turismo interno e estados vizinhos, atraímos eventos acadêmicos, criamos um calendário permanente de programação no Centro Histórico. Agora vamos trabalhar para restaurar nosso patrimônio e atrair muito mais turistas para conhecer as belezas do nosso Maranhão”, declarou o Governador Flávio Dino na oportunidade. No lançamento, as informações coletadas foram apresentadas ao público pelo coordenador do Observatório do Turismo do Maranhão, vinculado ao grupo de pesquisa turismo, cidades e patrimônio da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Saulo Ribeiro dos Santos. Ele destacou a importância das pesquisas realizadas para o Estado. 38 Maranhão Turismo
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Secretário Diego Galdino da SECTUR e o Governador Flávio Dino FOTO: DIVULGAÇÃO
Saulo dos Santos coordenador do Observatório do Turismo da UFMA
“Inicialmente já desenvolvemos algumas pesquisas da demanda turística tanto da cidade de São Luís, como de Alcântara e Carolina, para identificar não somente o perfil das pessoas que visitam o estado, mas também qual é a opinião delas sobre a infraestrutura e o serviço
oferecido. Como eles observam os equipamentos culturais e os atrativos enquanto destino turístico. Para que a partir desses dados, a gente possa direcionar politicas públicas adequadas e elaboração de planejamento estratégico voltado para a atividade turística”, afirmou.
O evento reuniu gestores públicos e privados, membros do Conselho Estadual de Turismo, discentes e docentes dos cursos de Turismo e Hotelaria do Maranhão, trade turístico, imprensa especializada e demais setores ligados à atividade turística.
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O Núcleo de Atividades de Altas Habilidades NAAHS JOÃOSINHO TRINTA realizou sua primeira Feijoada Talentosa com a intenção não apenas de comemorar seus 11 anos de fundação mas também confraternizar com os docentes, discentes, sociedade em geral e tendo um caráter social beneficente com a venda das camisas conseguir recursos para custear seus materiais pedagógicos. A feijoada teve o apoio de vários empresários e jornalistas. “Organizar uma feijoada beneficente não é fácil, mais quando fazemos com dedicação e apoio dos amigos conseguimos vencer as dificuldades”, disse Fabiano Tajra, Gestor Geral. O NAAHS JOÃOSINHO TRINTA atende 300 estudantes de escolas públicas que apresentam características comportamentais em altas habilidades/Superdotação. Ou seja, estudantes talentosos nas mais diversas áreas acadêmicas, artistas e psicomotoras. Durante a Feijoada Talentosa tivemos a maravilhosa apresentação dos alunos de Dança. Que animaram a os presentes com suas performances individuais e em grupo.
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NÚCLEO JOÃOSINHO TRINTA
Grupo de Dança do Núcleo JOÃOSINHO TRINTA
Gestor Geral Fabiano Tajra e Professores do Núcleo
BICICLETA DO SAMBA TERÁ TEMPORADA CHEIA DE ATRAÇÕES NA RUA DO EGITO
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A festa começa no dia 30 de dezembro, prosseguindo nos dias 6, 13, 20 e 27 de janeiro, fechando a temporada no dia 3 de fevereiro, Sábado Magro de carnaval, com um grande cortejo de samba pelas ruas do Centro Histórico da capital.
ALMARES GRUPO P
SINDICATO DO SAMBA
Prefeitura lança aplicativo de turismo e potencializa destino São Luís na internet Informações sobre pontos turísticos da cidade, endereços de hotéis, bares e restaurantes, programação cultural, rotas turísticas e muita interatividade são atrativos do aplicativo Turismo São Luís, lançado dia 12 de dezembro, pela Prefeitura de São Luís. A ferramenta, que já está disponível para download no sistema android, reúne uma gama de informações sobre a capital maranhense e se soma a outras plataformas digitais de divulgação da cidade, realizadas por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Setur). O lançamento ocorreu durante o Café com Trade, na manhã do dia 12 de dezembro, no Costa Atlântica Hotel, com a presença de operadores e agências de viagens, empresários, professores e interessados no turismo da capital maranhense. A criação do aplicativo
é mais uma ação da gestão do prefeito Edivaldo que tem como objetivo potencializar o turismo na capital. Por meio do aplicativo, o usuário poderá ainda criar cartão-postal para envio por meio das redes sociais e aplicativos de conversação. O dispositivo, que em breve terá versão para IOS, reúne também seções voltadas para destacar os encantos da capital. Na aba 'Patrimônio da Humanidade' é possível conhecer o Centro Histórico e os casarões que deram à capital o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. no espaço 'Gastronomia', a culinária típica e os pratos regionais são destaques. Já no 'Entorno de São Luís', é possível obter informações sobre as cidades de Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, que compõem as diversas opções para visitas nas proximida-
des de São Luís. Além do aplicativo, também fazem parte das ações de promoção da cidade realizadas pela Prefeitura o site (www. turismosaoluis.com) e os perfis nas redes sociais Facebook (Turismo São Luís), Instagram (@turismo.saoluis) e Twitter (@ turismosaoluis). Nas redes sociais, os seguidores podem acompanhar fotos e vídeos sobre São Luís, tornando a cidade ainda mais procurada para viagens. "A cidade precisa ser conhecida, e debater as nossas ações com os profissionais do ramo de turismo é fundamental para otimizar os resultados. Sobre as redes sociais, o site e o aplicativo, é uma verdadeira conquista para São Luís, por colocar a cidade presente em meios virtuais que milhões de pessoas podem ter acesso", explicou a secretária da Setur, Socorro Araújo. FOTOS: RDIVULGAÇÃO
CAFÉ COM TRADE Durante o Café com Trade, foram apresentadas ainda as ações da gestão municipal para estimular o turismo na cidade ao longo de 2017. O evento é realizado semestralmente em parceria com os hotéis e
serve para fomentar a cadeia produtiva do turismo. Participam do encontro hoteleiros, empresários, operadoras, agências de viagens, instituições voltadas para o turismo, além da mídia. O secretário adjunto de
Estado de Cultura e Turismo, Hugo Paiva, esteve presente na edição do dia 12 de dezembro e reafirmou a importância das ações do município para tornar a cidade ainda melhor. "A Secretaria de Estado da Cultura e Tu-
rismo (Sectur) contribui em uma parte e a Setur contribui em outra. Somadas, as secretarias divulgam São Luís e fomentam o turismo na capital, que ainda tem muitos pontos a serem explorados", afirmou. Maranhão Turismo 41
ARTIGO
As Mulheres no Turismo O turismo no Estado do Maranhão apresenta uma presença marcante do trabalho da mulher em diversas funções importantes. Começo deixando minha homenagem para editora-chefe da Revista Maranhão Turismo, a amiga Léa Zacheu, que com muito trabalho, emprendedorismo e criatividade, mantém essa publicação como um dos mais importantes veículos de comunicação do turismo do Brasil. Destaco também a atuação da Liana Oliveira, diretora da Giltur Turismo, que sempre vem divulgando o Maranhão pelo Brasil e atraindo novos turistas, principalmente para Barreirinhas (Lençóis Maranhenses). Em 2018 será construída na região de Imperatriz no Maranhão a Casa da Mulher, com o intuito de evitar a violência com pessoas do sexo feminino. No Estado do Maranhão existem diversas ações para proteger a mulher residente e as turistas como Patrulha Maria
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da Penha - formada por policiais militares que acompanham mulheres que estão sob medida protetiva, Grupo de Trabalho permanente contra o feminicídio; Delegacias especializadas da Mulher, funcionado 24h durante todos os dias da semana; Casa da Mulher Brasileira citada no parágrafo anterior e o Ônibus Lilás, unidade móvel que percorre a zona rural de todo o estado levando conscientização e atendimento às mulheres. A mulher maranhense destaca-se em diversos setores do turismo: na imprensa especializada, como agentes de viagem, guias de turismo, na produção de artesanato, no comércio em geral, nos hotéis, em cargos importantes do governo, nas locadoras de automóveis, entre outras funções. Infelizmente ainda existe uma defasagem muito grande entre as oportunidades profissionais e os salários para homens e mulheres, mas o sexo feminismo vem conseguindo aumentar o seu empoderamen-
to, investindo em educação e desenvolvendo o próprio espírito empreendedor. Destaca-se também a presença da mulher nas grandiosas Festas de São João do Maranhão – que passou a ter incentivo financeiro do Ministério do Turismo do Brasil, atuando como compositoras, cantoras e dançarinas. Defendemos um Brasil com a predominância das cores rosa e azul, onde mulheres e homens trabalhem com harmonia, respeito e de forma colaborativa. Viva as Lindas, Inteligentes e Talentosas Mulheres do Maranhão e do Brasil! PAULO FRANÇA
Diretor da Paulo França & Associados Marketing | Talentos Humanos | Relações Governamentais www.paulofrancarh.com.br Editor e Fundador da Agência Internacional de Notícias (leitores em 122 países, www.soeconomia.com.br) Criador e Gestor do Banco de Patrocínios (www.bancodepatrocinios.com.br) paulo.franca@pfcint.com.br tim/whatsapp: 11.9.4779.8404
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