AGOSTO | 2013
05
QUARENTÕES
10 CLÁssiCOs de 1973 Eles completaram 40 anos sem qualquer sinal de velhice Conheça a história dos 10 discos clássicos da música brasileira lançados em 1973
O ano de 1973, exatas quatro décadas atrás, foi um período marcante da música brasileira: neste ano foram lançadas obras-primas como Matita Perê, de Tom Jobim, Krig-Ha, Bandolo!, de Raulzito, e o disco homônimo dos Secos e Molhados. Na matéria de destaque desta edição da Vitrine, Teca Lima, comandante do Radar Cultura, da Rádio Cultura Brasil, homenageia e relembra estes e outros discos quarentões da nossa música. Este 5º número da revista traz também a estreia de novos colunistas: Vladir Lemos, escritor e apresentador do Cartão Verde, traça um paralelo entre o esporte e as recentes manifestações que tomaram conta do país; e Aldo Quiroga, âncora do Guia do Dia, faz uma análise da atual situação do Brasil e as consequências dos protestos. Em agosto, comemora-se também o aniversário do autor de um dos mais conhecidos versos brasileiros: “minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá”. Gonçalves Dias faria 190 anos no dia 10 deste mês. Para homenagear o poeta maranhense, fomos à rua da capital paulista que leva seu nome... e fizemos uma curiosa descoberta. Quem também faz aniversário é o Museu do Ipiranga, que recebe de presente uma reportagem especial relembrando grandes momentos e vislumbrando o futuro deste local histórico. Duas entrevistas especiais completam esta quinta edição da Vitrine: uma com Fernando de la Rúa, ex-presidente da Argentina, que revela as semelhanças entre o Brasil e seu país e dá detalhes de sua renúncia em meio à crise financeira; e um perfil de Roberto Bolonhini, advogado e deficiente visual, que conta sua dura história e mostra que a vontade de viver pode superar qualquer barreira. Boa leitura!
brasil, por favor, não se atrase! | ALDO QUIROGA
N OS
ÚLTIMOS TEMPOS , o que exigiu mais
da nossa produção foi acompanhar com cuidado as manifestações que se levantaram pelo país e, em especial, em são Paulo. O que começou com o movimento social Passe Livre reivindicando a redução da tarifa dos transportes e dificultando a vida de quem tentava chegar ao trabalho, de repente, ganhou a adesão de quem se sentia prejudicado pela rua interditada, cresceu e tomou proporções inimagináveis. a interdição de vias já não era problema. Problema passou a ser a violência policial contra o movimento e a demora da resposta das autoridades das três esferas de governo. Junho terminou com a presidente dilma rousseff, em cadeia nacional, tentando responder às ruas. estado e município fizeram o mesmo, reduziram as tarifas, e o governo alckmin até abriu mão do helicóptero do bandeirantes. Julho começou com o embate entre Planalto e Congresso. Plebiscito vai, mais médicos vem, e difícil é encontrar alguém totalmente satisfeito com o rumo que as coisas tomaram. Outro dia, eu perguntei no meio do programa: “será que não é hora de voltar às ruas?” isso depois de dar a notícia sobre projeto de lei em guia do dia
tramitação na Câmara federal que reduz o controle sobre doações de campanha e libera candidatos com contas rejeitadas pela Justiça eleitoral para novas candidaturas. Ou seja, o Congresso protela a reforma política, mas quer mexer no que lhe interessa. em favor de quem? Passado o susto – e que susto! – imposto pelas ruas aos políticos profissionais, aqueles que se candidatam uma vez após outra, sem limites – é o que a Constituição garante aos congressistas – parece que a vida começa a voltar ao normal. e entenda por normal aquele estado de coisas que fogem a qualquer senso de moralidade, ética e serviço público. a normalidade completamente anormal da politicagem brasileira. a tal agenda positiva, votada a toque de caixa nos plenários das duas casas legislativas, já foi para a gaveta. tiveram a desfaçatez de aprovar a indicação de parente para a suplência e só voltaram atrás porque a repercussão foi negativa! e a farra dos jatos da fab na Copa? enquanto escrevo este texto, decisão definitiva, só a derrubada da PeC 37. O resto? ainda precisa de novas votações. e incluam-se na lista os tão almejados royalties do petróleo, a cassação do bode expiatório natan donadon
FOTO: DIVULGAçãO
brasil, por favor, não se atrase! | ALDO QUIROGA
(Pmdb-rn), corrupção como crime hediondo, expropriação de terras com trabalho escravo, ficha limpa para servidor concursado, redução no número de suplentes e indicação de parentes, e por ai vai. durante o guia do dia, temos o costume de dar a hora e eu fazer uma brincadeira com o telespectador, pedindo a ele que não se atrase. É uma hora crucial, essa de mandar as crianças para a escola, tomar o café e sair para o trabalho, estar no trânsito. O guia do dia quer acompanhar esses minutos de quem nos assiste. temos inclusive um quadro diário nas padarias da cidade, o Papo de Padoca, que faz a interação entre o estúdio e o mundo lá fora. nesse bate-papo com quem está tomando o café da manhã na padaria, as pessoas sempre dizem que apoiam os protestos, mas sem vandalismo. depois que as manifestações cessaram, as entrevistas mudaram e parece que ficou um gosto de manteiga rançosa quando as manchetes voltam aos assuntos que tanto desgosto dão ao cidadão. na média entre o café das ruas e o leite
guia do dia
do poder público, parece que este talhou. quando este texto chegar a seu tablet, eu torço para que as ruas tenham a resposta que merecem, para que o brasil não se atrase. um abraço! Aldo Quiroga, jornalista e apresentador do Guia do Dia
O Guia do Dia acompanha os primeiros movimentos de uma cidade que não para. Das 7h às 8h da manhã, informação e prestação de serviços chegam até sua casa em entrevistas e reportagens preparadas pelo jornalismo da TV Cultura. O telejornal vai ao ar na TV e no cmais+, além dos 1200 KHz da Rádio Cultura Brasil AM. Também estamos no Twitter e no Facebook, atualizando os principais fatos da manhã para o internauta. Agora, o Guia do Dia passa a ter mais este espaço de conexão com você, consumidor das mídias digitais.
Mostra Internacional de cinema na cultura Filmes de agosto
Cine
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Foto: Divulgação
Mostra Internacional de Cinema | Filmes de AGOSTO
Quatro Minutos QUARTA-FEIRA, 07 DE AGOSTO, ÀS 22H45 | LEGENDADO SEXTA-FEIRA, 09 DE AGOSTO, ÀS 22H | dublado
Jenny é uma mulher jovem cuja vida acabou. Presa por assassinato em uma penitenciária feminina, ela não demonstra qualquer remorso. Mas, por trás de sua fachada impenetrável, esconde-se um surpreendente talento musical. Quando uma professora de piano de oitenta anos descobre os segredos da garota – sua brutalidade e seus sonhos – ela decide transformar Jenny no prodígio musical que ela já foi no passado.
Ficha técnica Título original: Vier Minuten/Four Minutes Direção: Chris Kraus Ano: 2006 Origem: Alemanha Duração: 112 min. Colorido Elenco: Monica Bleibtreu, Hannah Herzsprung, Amber Bongard, Christian Koerner, Dieter Moor Prêmios: No German Film Awards 2007 ganhou o prêmio máximo (a LOLA de Ouro) e melhor atriz no papel principal (Monica Bleibtreu). Recebeu no Bavarian Film Awards 2006 o prêmio de melhor atriz (Monica Bleibtreu), melhor atriz jovem (Hannah Herzsprung) e melhor roteiro. Classificação indicativa: 14 anos
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Mostra Internacional de Cinema | Filmes de AGOSTO
HÁ QUANTO TEMPO QUE TE AMO
Ficha técnica Título original: Il y a longtemps que je t'aime Direção: Philippe Claudel
QUARTA-FEIRA, 14 DE AGOSTO, ÀS 22H45 | legendado SEXTA-FEIRA, 16 DE AGOSTO, ÀS 22H | dublado
Ano: 2008
Inédito
Duração: 117 min.
O filme, que mistura drama com um ar de suspense, trata de uma mulher que carrega o fardo de um segredo. Juliette Fontaine, após 15 anos de ausência e rejeição, retorna à sua família. Apesar de uma ruptura familiar drástica do passado, Léa, sua irmã mais nova, decide abrigá-la em sua casa, onde mora com o marido, as duas filhas e o sogro. Aos poucos, a tragédia que fez com que Juliette ficasse tanto tempo afastada volta a atormentá-los, e assim surgem desconfianças e questionamentos.
Colorido
Origem: França
Elenco: Kristin Scott Thomas, Elsa Zylberstein, Frédéric Pierrot Prêmios: Ganhou o BAFTA (British Academy of Film and Television Arts) de melhor filme estrangeiro, além de ser indicado nas categorias de melhor atriz (Kristin Scott Thomas) e melhor roteiro original. Recebeu dois prêmios no César (prêmio anual do cinema francês) de melhor filme de estreia e melhor atriz coadjuvante (Elsa Zylberstein). Foi ainda indicado nas categorias de melhor filme, melhor atriz (Kristin Scott Thomas), melhor roteiro original e melhor trilha sonora. Ganhou o European Film Awards de melhor atriz (Kristin Scott Thomas) e o Prêmio Ecumênico do Júri, no Festival de Berlim.
Classificação: 10 anos Cine
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Mostra Internacional de Cinema | Filmes de AGOSTO
A Onda QUARTA-FEIRA, 21 DE AGOSTO, ÀS 22H45 | legendado SEXTA-FEIRA, 23 DE AGOSTO, ÀS 22H | dublado
Ficha técnica
Inédito
Título original: Die Welle
Em uma escola da Alemanha, alunos têm de escolher entre duas disciplinas eletivas: uma sobre anarquia e a outra sobre autocracia. O professor Rainer Wenger é colocado para dar aulas sobre autocracia, mesmo sendo contra sua vontade. Após alguns minutos da primeira aula, ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula. Eles dão o nome de "A Onda" ao movimento e escolhem um uniforme e até mesmo uma saudação. Só que o professor acaba perdendo o controle da situação, e os alunos começam a propagar "A Onda" pela cidade. Wenger tenta acabar com febre do movimento, mas aí já é tarde demais.
Direção: Dennis Gansel Ano: 2008 Origem: Alemanha Duração: 117 min. Colorido Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Christiane Paul, Jacob Matschenz Prêmios: Melhor ator coadjuvante (Frederick Lau) no German Film Awards, assim como, na mesma premiação, o produtor Christian Becker levou o bronze na categoria de melhor filme. Classificação indicativa: 16 anos
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Mostra Internacional de Cinema | Filmes de AGOSTO
O Visitante QUARTA-FEIRA, 28 DE AGOSTO, ÀS 22H45 | legendado SEXTA-FEIRA, 30 DE AGOSTO, ÀS 22H | dublado
Ficha técnica
Inédito
Título original: The Visitor
Walter Vale é um professor universitário de 62 anos que não tem um objetivo na vida. Solitário desde o falecimento de sua esposa, ele permanece na universidade em que trabalha e finge ser co-autor de livros que nem sequer lê. Um dia é enviado para uma conferência em Nova York, já que a autora de um destes livros está impossibilitada de comparecer. Reticente a princípio, mas sem escapatória, Walter viaja. Ele resolve ficar em seu apartamento na cidade, o qual não visita há vários meses. Porém ao chegar descobre que o local agora abriga um casal de imigrantes ilegais, formado pelo sírio Tarek e a senegalesa Zainab.
Direção: Thomas McCarthy
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Ano: 2007 Origem: EUA Duração: 104 min. Colorido Elenco: Richard Jenkins, Haaz Sleiman, Hiam Abbass, Danai Jekesai
Classificação indicativa: 12 anos Prêmio: Chlotrudis Awards: ganhador do prêmio de melhor ator (Richard Jenkins); Chicago Film Critics Association Awards: prêmio de melhor ator (Richard Jenkins); Independent Spirit Awards: prêmio de melhor diretor (Thomas McCarthy); San Diego Film Critics Society Awards: melhor roteiro; Satellite Awards: prêmio de melhor ator (Richard Jenkins) e melhor roteiro.
Motivos de sobra para comemorar | EM SãO PAULO
MOTIVOS DE SOBRA PARA COMEMORAR O Museu do Ipiranga é o mais antigo de São Paulo, um dos mais queridos pelos brasileiros e tem dois aniversários especiais para celebrar este ano
Por Josilene rocha 2013 não é um ano como os outros para o Museu
valor histórico, mas eles têm um “concorrente” em
Paulista da USP – ou Museu do Ipiranga, como
termos de importância: o próprio prédio que os
é mais conhecido. Neste ano, o edifício que faz
abriga.
parte do imaginário nacional comemora 120 anos exercendo a função de museu e 50 desde a sua
Finalizado em 1890 e transformado em museu em
incorporação à Universidade de São Paulo.
1893 – o que faz dele o mais antigo entre os 145 museus da capital paulista –, o edifício é um grande
Para comemorar o aniversário duplo, já está garantido
monumento em homenagem à Proclamação da
um selo nos Correios e um livro chamado A Cara
Independência, que ocorreu em 1822.
de São Paulo, com as 50 matérias jornalísticas mais importantes sobre a casa nas últimas cinco
Com tanta história, o prédio atrai mais de dois mil
décadas, com lançamento previsto para o fim do
visitantes por dia. E muitos desses não irão a nenhum
ano. Há ainda muitos planos, como uma série de
outro museu na vida, segundo pesquisas do setor
seminários no segundo semestre; uma grande
educativo da instituição.
exposição a ser inaugurada em dezembro; e uma
estÁ no ImagInÁrIo de toda a PoPulação
reforma que deve sair do papel a partir do ano que vem.
“é
um edIFÍcIo Que
BrasIleIra ” , destaca a diretora, Sheila Ornstein.
E não são apenas os brasileiros que frequentam o
uM PRéDIO, MuITAS hISTÓRIAS
local. Um exemplo de visitante vinda de longe – de
Os mais de 150 mil itens que compõem o acervo
Paris, para ser mais exato – é a professora de francês
do Museu do Ipiranga possuem um indiscutível
Maylis Lambert. Quem a acompanha na visita é o
histórias
FOTO: ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA USP
Motivos de sobra para comemorar | EM SãO PAULO
esCadaria Valor simbólico: representa o Rio Tietê, de onde os bandeirantes partiram rumo ao interior do país
filho, Florent, também francês, mas morador de São
de São Paulo e de figuras como os bandeirantes
Paulo. Quando questionado sobre o que ele mais
na história do país, praticando uma espécie de
gosta no local, que já tinha visitado outras vezes
“educação cívica”.
e fez questão de apresentar à mãe, o diretor de marketing responde: “Estive em outros museus aqui
Já a segunda fase busca apresentar a história de uma
no Brasil e vi muitas coisas de outros países, mas
forma mais aproximada com a realidade, fazendo
este é bem brasileiro, é dedicado especialmente
um intenso trabalho de pesquisa e refletindo de
à cultura do país e de São Paulo. é interessante
forma crítica os fatos.
“n ão
é sÓ conseguIr
quando se quer conhecer esta cultura”.
acerVo e Pendurar na Parede .
MuSEu unIVERSITÁRIO
o Que é raro ” , afirma Marins.
P ara
nÓs ,
curadorIa é Quase sInÔnImo de PesQuIsa ,
O chefe do Departamento de Acervo e Curadoria do museu, Paulo César Marins, garante que existe
Outra mudança – mais recente – na proposta
uma grande diferença na filosofia do local antes e
do museu é valorizar obras e objetos que ainda
depois da incorporação à USP.
não são conhecidos pelo grande público: “Uma das nossas posturas é desafiar o nosso acervo
De acordo com o historiador, a primeira fase,
emblemático”, diz Marins. Para ele, obras como o
especialmente a partir da administração de Affonso
quadro Independência ou Morte e as esculturas dos
Taunay, é marcada por destacar a importância
bandeirantes já estão consolidadas no imaginário
histórias
FOTO: ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA USP
Motivos de sobra para comemorar | EM SãO PAULO
dePósitO de Obras Além das exposições: grande parte do acervo está guardada, longe dos olhos do público
popular; agora é preciso apresentar outros elementos importantes do acervo, como as 18 mil fotografias de São Paulo tiradas por Militão de Azevedo, ou a coleção de rótulos e embalagens de produtos industrializados que pertenceu a Egydio Colombo Filho (e que ganhou uma mostra em 2011).
e instrumentos de trabalho. Além de tratar do modo como foi constituído o ambiente domiciliar da cidade, a mostra questiona como esta organização se reflete nas práticas sociais. “Esta exposição nasceu da pesquisa de meu doutorado sobre a construção das categorias de
nOVA EXPOSIÇÃO
gênero (masculino e feminino) no uso dos espaços
As casas paulistanas de hoje são diferentes das
e objetos domésticos”, explica a curadora, Vânia
casas do século XIX ou mesmo do XX; e esta
de Carvalho.
diferença não é algo que se fez de repente. é desse processo de transformação que trata a mostra O Morar Paulistano: Decoração e Trabalho, prevista para começar em dezembro deste ano mas que por conta das reformas executadas no Museu Paulista, pode ficar para 2014.
Outro aspecto da exposição que merece ser mencionado é que ela apresentará objetos re l a c i o n a d o s
às
d ive r s a s
cl a s s e s
sociais.
“Historicamente, o nosso acervo sempre esteve muito ligado à elite, mas se está tentando ultrapassar estes limites, ampliando-os para a classe média
A exposição deve ocupar sete salas do edifício e
e as camadas mais populares”, ressalta Paulo
contará com mais de três mil itens, entre móveis,
César Marins, chefe do Departamento de Acervo
objetos de decoração, roupas, acessórios pessoais
e Curadoria do museu.
histórias
FOTO: ACERVO DO MUSEU PAULISTA DA USP
Motivos de sobra para comemorar | EM SãO PAULO
fernãO dias Estátua do bandeirante é uma das obras mais famosas do museu
REFORMA Quem vai ao Museu do Ipiranga hoje se depara com dois problemas: um é a condição da fachada, que há 20 anos sem uma restauração e já tendo sido
SAIBA MAIS Para mais informações sobre o museu, acesse o site oficial
restaurada com materiais inadequados diversas
da fachada, levem de um ano e meio a dois para
vezes, está em processo de degradação. Outro
ficarem prontas. Já no caso da acessibilidade, o
é a falta de acessibilidade. Um cadeirante, por
processo deve demorar um pouco mais: a meta
exemplo, não consegue ver o quadro Independência
interna é o ano de 2022, quando será comemorado o
ou Morte, que está no segundo andar. “é um dos
bicentenário da Independência – a grande efeméride
nossos problemas críticos”, admite a diretora, Sheila
para a qual o museu já começa a se preparar. “Em
Ornstein.
2022, queremos entregar o edifício do jeito que o
Atualmente o museu está na fase de projetos (quando
público realmente merece”, garante Sheila.
é feito o diagnóstico do problema e determina-se
Além destas obras, o museu tem planos de expansão,
qual o tipo de conserto mais adequado), depois
incorporando a área hoje do Museu de Zoologia (o
os projetos devem ser aprovados e as licitações
que já é certo) e a do Batalhão do Corpo de Bombeiros
feitas, para escolher as construtoras. O plano é
que fica próximo ao museu, e que está em fase de
que as obras propriamente ditas – que devem
negociação. Se tudo correr como o planejado, o
demandar investimentos na casa dos R$ 20 milhões
museu terá muitos motivos para comemorar no
– comecem em 2014 e que, pelo menos no caso
ano do bicentenário da Independência.
histórias
OutrOs museus em sãO PauLO que mereCem uma visita
mais infOrmaçOes
M u S E u D E A RT E CO n T E M P O R Â n E A DA unIVERSIDADE DE SÃO PAuLO – MAC uSP Com 50 anos de existência, há pouco mais de um ele ocupa sua nova sede, no Parque do Ibirapuera. Tem no acervo obras de grandes modernistas, como Amedeo Modigliani, Pablo Picasso e Tarsila do Amaral, junto às obras de nomes contemporâneos, como Cildo Meireles e Leda Catunda.
FOTOS: REPRODUçãO
Motivos de sobra para comemorar | EM SãO PAULO
mais infOrmaçOes
MuSEu AFRO bRASIL Inaugurado em 2004, ele aborda a cultura africana e afrobrasileira, mostrando a influência do negro na construção da nossa sociedade. Possui um acervo com mais de 5 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidas entre o século 15 e os dias de hoje.
mais infOrmaçOes
MuSEu DO FuTEbOL Fundado em 2008, o museu aposta em tecnologia e interatividade para atrair o público. Conta a história do futebol brasileiro, através dos grandes acontecimentos e craques que tornaram este esporte uma paixão nacional. Além disso, a própria localização faz parte do clima futebolístico: ele fica no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.
mais infOrmaçOes mais infOrmaçOes
MuSEu DE ARTE DE SÃO PAuLO ASSIS ChATEAubRIAnD – MASP Criado em 1947, ele é considerado o museu de arte mais importante do Hemisfério Sul. Apresenta obras datadas desde o século 4 a.C., passando por períodos como o Renascimento e o Impressionismo. Entre os destaques da coleção estão obras de Rafael, Bellini, Renoir, Monet, Van Gogh e Portinari. histórias
PInACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAuLO Com mais de um século de vida, a Pinacoteca é o museu de arte mais antigo da cidade de São Paulo. Tem ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e possui um acervo com cerca de 9 mil obras, entre elas as de nomes como Cândido Portinari, Anita Malfatti e Victor Brecheret.
Pedras que desmoronam | manuel da Costa Pinto
Pedras que desmoronam Com título de teor filosófico-teológico e epígrafes extraídas de Santo Agostinho abrindo cada capítulo, O Sermão sobre a Queda de Roma (Editora 34, tradução de Samuel Titan Jr.) parece à primeira vista um romance histórico. Não deixa de sê-lo, mas o livro não trata da história da queda do império romano e sim de crises bem mais próximas no tempo. “Para que um mundo novo surja, é preciso primeiro que um mundo antigo morra”, por isso não é o caso de lamentar por “pedras que desmoronam” –afinal, “Deus alguma vez te prometeu que o mundo seria eterno?”. Com frases como essas, extraídas das pregações de Santo Agostinho sobre fim do Império Romano e inseridas em parágrafos caudalosos, em que as orações se sucedem como serpentes deslizando entre ruínas, Ferrari compõe a música hipnotizante de O Sermão sobre a Queda de Roma. Em contraste com o estilo sentencioso, oracular (“Não sabemos, em verdade, o que são os mundos.
Literatura
Por Manuel da Costa Pinto
obra: Acient ruins - Charles-Louis Clérisseau
edição passada, comentei aqui o romance HHhH, do francês Laurent Binet – que foi um dos convidados da Flip 2013. Como essa edição do evento teve forte presença francesa, destaco outro escritor francófono: Jérôme Ferrari, que, assim como Binet, venceu o prestigiado prêmio Goncourt.
Mas podemos espreitar os signos de seu fim.”), a trama do romance é intencionalmente rasa, permanece no plano de aspirações e frustrações individuais de uma família de origem corsa (como seu autor).
Foto: divulgação
Pedras que desmoronam | manuel da Costa Pinto
Basicamente, temos a história do ancião Marcel e de seu neto Matthieu. O primeiro apodrece enquanto rumina o malogro de seus sonhos de embarcar na aventura colonial francesa. Matthieu é um estudante de filosofia que troca a carreira universitária pela administração de um bar na Córsega, na companhia do amigo de infância Libero.
Se há um conteúdo filosófico, ele está no contraste entre o alto e o baixo, entre a escrita suntuosa de Ferrari e o destino derrisório de suas criaturas. Matthieu quer viver “no melhor dos mundos possíveis”, segundo a fórmula de Leibniz (seu objeto de estudo acadêmico) repetida à exaustão no clássico “Cândido”, de Voltaire.
Há ainda Aurélie, irmã de Matthieu, que participa de escavações arqueológicas da catedral de Agostinho, em Hipona, na atual Argélia, tendo como entrecho paralelo as torturas praticadas na ex-colônia francesa por seu padrasto, o capitão André Degorce –protagonista de “Où J’Ai Laissé Mon Âme” (Onde Deixei Minha Alma), romance anterior de Ferrari.
Mas se a sátira do filósofo iluminista corrói o otimismo de Leibniz com um cortejo de desgraças, esse Cândido corso que é Matthieu apenas chafurda em bebedeiras, trepadas e cínicas omissões, enquanto seu bar se transforma num bordel para turistas.
Os capítulos alternam tempos narrativos que correspondem às diferentes personagens, mas não confluem para o desfecho revelador ou redentor prenunciado pelo tom messiânico de Ferrari. Ao contrário, nessa sucessão de histórias incestuosas, temos uma “comédia da geração e da morte”, para qual nenhuma filosofia oferece consolação. Literatura
O título O Sermão sobre a Queda de Roma, com suas fontes agostinianas, sugere uma meditação grandiosa sobre a insignificância dos impérios diante da “Cidade de Deus”. O que vemos, porém, é a lenta agonia pós-colonialista que faz Ferrari imaginar o próprio Agostinho, no leito de morte, suspeitando que nossos mundos sejam apenas uma sucessão de trevas –e que “sua sucessão talvez não signifique nada”.
no maranhão, seu estado natal, o escritor Gonçalves Dias recebe homenagens por conta de seu aniversário; em são Paulo, poucos o conhecem na rua que leva seu nome Por Felipe Tringoni
e m 2013
completam-se 190 anos do nascimento de um dos mais importantes poetas do Romantismo brasileiro. Nascido em 10 de agosto de 1823 nos arredores de Caxias, Maranhão, Antônio Gonçalves Dias era filho de um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira. Ser fruto da mescla étnica que domina a formação cultural brasileira - branca, indígena e negra - era motivo de orgulho para o escritor, o que acabou se refletindo em sua obra. José de Alencar, seu contemporâneo e, como ele, retratista da formação de nossa nacionalidade, afirmou que “Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens”. Dias é considerado o poeta mais representativo da primeira geração do Romantismo no Brasil. Em poemas de temática indianista, como I- Juca Pirama, ou patriótica, como Canção do Exílio, ele trata de temas caros aos autores românticos como saudade, melancolia e natureza. memória
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá ; As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá.
estrelas , nossas várzeas têm mais flores , nossos bosques têm mais vida , nossa vida mais amores. nosso céu tem mais
(trecho do poema Canção do exílio, de 1843)
Mil poemas para 190 anos | GONçALVES DIAS
e nQuanto
Isso , em
s ão P aulo ...
Passados tantos anos de sua morte, em 1864, aos 41 anos, Gonçalves Dias já recebeu diversas homenagens póstumas. Algumas das principais cidades do país têm ruas que levam seu nome, entre elas o Rio de Janeiro - uma movimentada transversal à Rua do Ouvidor, no Centro - e São Paulo - uma travessa da Avenida Celso Garcia, no Belém. Assista reportagem feita na Rua Gonçalves Dias, em São Paulo!
m Il P oemas
Para
g onçalVes d Ias
A principal homenagem ao aniversário do maranhense acontece em seu estado natal. A ideia do projeto Mil Poemas para Gonçalves Dias veio do Chile, inspirada em celebrações dedicadas ao escritor Pablo Neruda em 2011, quando foi lançada a antologia Mil Poemas a Pablo Neruda. A compilação traz poesias de diversas partes do mundo em homenagem ao autor. A versão brasileira do projeto mobilizou escritores, pesquisadores, professores universitários e estudantes para escreverem poesias para Gonçalves Dias, além de pesquisas sobre sua vida e obra. Com esse material, serão lançados dois livros: um de poemas, outro com trabalhos acadêmicos. A homenagem incluirá também uma série de eventos culturais em São Luís, Caxias e Guimarães, de 10 a 14 de agosto. Segundo Dilercy Adler, sócia do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e mentora do projeto, “o estado homenageou o poeta com uma praça na sua Capital, São Luís, mas o povo maranhense necessita cultuar mais a memória e o trabalho daqueles que honram o seu estado e o seu País”. memória
Zona de comércio popular e de pequenas fábricas, vizinha ao Brás, a Gonçalves Dias paulistana vive dias de mudança, segundo moradores locais. “Ela sempre foi movimentada, por ser acesso para a Marginal Tietê, mas hoje em dia é menos residencial. E agora tem muitos bolivianos”, diz o serralheiro Luis Carlos Gomes, que trabalha há mais de 20 anos na área.
isso não é incentivado nas escolas. não temos essa cultura de procurar saber quem foi , opina o advogado tércio de Oliveira São poucos os moradores que sabem quem foi o personagem que dá nome à rua. “Normalmente é uma pessoa famosa. Escritor, político”, arrisca o aposentado Francisco Oliveira. “Isso não é incentivado nas escolas. Não temos essa cultura de procurar saber quem foi”, opina o advogado Tércio de Oliveira, único entrevistado pela reportagem a dizer corretamente quem foi Gonçalves Dias. Quem sabe as comemorações de 190 anos do autor sejam motivo para que o conhecimento de Tércio passe a ser mais que apenas uma exceção.
FOTO: DIVULGAçãO
Programação do Clássicos | ESPETÁCULOS DE AGOSTO
ASSISTA AO CLÁSSICOS sÁbadOs, 21h45; dOmingOs, 11h45 Para conferir mais arquivos e informações acesse a página do programa no cmais+!
Entre os destaques deste mês estão a Sinfonia nº 4 de Beethoven e o Concerto para violino e orquestra nº 4, Op.31, do compositor belga Henri Vieuxtemps. Ambas serão apresentadas pela Orquestra Deutsche Kammerphilharmonie de Bermen * A programação pode ser alterada sem aviso prévio
música
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Programação do Clássicos | ESPETÁCULOS DE Agosto
mais informaçoes
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo: Witold Lutoslawski e Dmitri Shostakovich SÁBADO, 03 DE AGOSTO, 21H45 – CONCERTO No centenário de nascimento do compositor Witold Lutoslawski, a OSESP toca o seu Concerto para violoncelo, na Sala São Paulo. Na sequência, a orquestra interpreta a Sinfonia nº10 em Mi Menor de Dmitri Shostakovich, sob regência de Mikhail Jurowski com o violoncelista Pieter Wispelswey.
mais informaçoes
Khachaturian: uma biografia SÁBADO, 10 DE AGOSTO, 21H45 – DOCUMENTÁRIO
O legado do compositor armênio Aram Khachaturian está diretamente ligado à história da Rússia no século XX. Aram estudou violoncelo em Moscou, onde acabou radicado. Durante a era comunista, foi presidente do Sindicato dos Compositores da União Soviética e paralelamente mantinha uma forte amizade com os compositores Dmitri Shostakovich e Sergei Prokofiev.
Música
mais informaçoes
Do ‘shtel’ ao ‘swing’ DOMINGO, 04 DE AGOSTO, 11H45 – DOCUMENTÁRIO
O maestro austríaco Herbert von Karajan ganhou destaque por seu perfeccionismo. O regente passou trinta e cinco anos à frente da Orquestra Sinfônica de Berlim. Dirigido pelo cineasta alemão Eric Schulz, o documentário traz imagens raras de ensaios e concertos.
mais informaçoes
Mozarteum Brasileiro - Orquestra Sinfônica Nacional da Lituânia: Schubert, Gershwin e Shostakovitch DOMINGO, 11 DE AGOSTO, 11H45 - CONCERTO A Orquestra Sinfônica Nacional da Lituânia interpreta Abertura “Rosamunde”, D 644 de Franz Schubert, Concerto em Fá para piano e orquestra de George Gershwin e Sinfonia nº 5 em Ré menor, Op. 47, de Dmitri Shostakovitch sob a regência de Vladimir Lande e Xiayin Wang ao piano.
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Programação do Clássicos | ESPETÁCULOS DE Agosto
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Valery Sokolov toca Tchaikovsky e Bartok SÁBADO, 17 DE AGOSTO, 21H45 – CONCERTO Violinista nascido na Ucrânia, Sokolov ganhou diversos prêmios de melhor desempenho em concursos. Com 26 anos, já se apresentou como solista nas principais orquestras e palcos do mundo. Neste concerto, Valery interpreta o Concerto para violino nº 2 de Béla Bartók e o Concerto em Lá Maior de Piort Tchaikovsky com a Orquestra Tonahlle de Zurique.
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Mozarteum Brasileiro: Filarmônica de Câmera Alemã de Bremen interpreta Beethoven e Vieuxtemps DOMINGO, 18 DE AGOSTO, 11H45 - CONCERTO A Orquestra Deutsche Kammerphilharmonie de Bermen é uma das atrações da Temporada 2013 do Mozarteum Brasileiro Grammy. No palco do Theatro Municipal de São Paulo, o concerto teve regência de Paavo Järvi e Hilary Hahn ao violino. A orquestra apresenta a Sinfonia nº 4 de Beethoven e o Concerto para violino e orquestra nº 4, Op.31 do compositor belga Henri Vieuxtemps.
Angela Gheorghiu em Londres DOMINGO, 25 DE AGOSTO, 11H45 – ÓPERA
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Orquestra Simón Bolívar: Beethoven, Moussorgsky e Ravel SÁBADO, 24 DE AGOSTO, 21H45 – CONCERTO Criada em 2008, a Orquestra Juvenil Simón Bolívar permite que crianças de todos os níveis sociais aprendam um instrumento musical e participem de uma orquestra. Conduzida pelo maestro Gustavo Dudamel, a Orquestra Simón Bolivar se apresentou no Festival de Salzburg em 2008. No repertório, obras de Beethoven, Moussorgsky e Ravel.
Música
A soprano Angela Gheorghui é considerada uma das vozes mais importantes da nova geração de cantores. Neste programa, ela se apresenta no Royal Ópera House em Londres, interpretando obras de Mozart – Porgi amor (Le Nozze di Fígaro); Bellini Casta Diva; Puccini – O mio babbino caro (Gianni Schicchi) e My Fair Lady: “I could have danced all night.”
Orfeu de Claudio Monteverdi SÁBADO, 31 DE AGOSTO, 21h45 - ÓPERA Orfeu foi apresentada pela primeira vez em 1607, no palácio do Duque de Mântua, e foi considerada a primeira grande ópera. A versão que será apresentada pela TV Cultura é de 2008 e foi encenada no Teatro Real de Madri sob regência de William Christie. No elenco, Dietrich Henschel e Maria Grazia Schiavo nos papéis principais.
Programação de agosto | VITRINE INDICA
O que Exposição quandO Até 2 de setembro quantO R$ 6 Onde Museu da Língua Portuguesa de São Paulo COntatO (11) 3322-0080
FOTO: DIVULGAçãO
AGENDA
PARECERIA:
‘rubem braga, O fazendeirO dO ar’ COmemOra CentenÁriO dO CrOnista cmais+ A exposição em cartaz no Museu da Língua Portuguesa retrata a vida de Rubem Braga. Essa é a primeira vez que a casa abre suas portas para homenagear um cronista. A ocasião é para comemorar o centenário do escritor que garimpou um espaço no mundo da literatura brasileira com suas crônicas. Mais informações
Cia. Ludens aPresenta ‘dançandO em LÚnassa’
mOstra ‘LuCian freud: COrPOs e rOstOs’ estÁ nO masP
cmais+ Pesquisando, traduzindo e ensinando textos
cmais+ Lucian Freud, neto do mestre da psicanálise
de autores irlandeses, a Cia. Ludens comemora 10 anos revisitando seu primeiro trabalho, ‘Dançando em Lúnassa’. A peça é uma das mais conhecidas do irlandês Brian Friel e conta a história de cinco irmãs de diferentes personalidades vivendo na mesma casa.
Sigmund Freud, é considerado um dos principais artistas do pós-guerra. A exposição reúne gravuras e pinturas do artista, além de fotos tiradas por David Dawson, seu fotógrafo particular. Essa é a primeira vez que seus trabalhos são apresentados no Brasil.
Mais informações O que Peça de teatro
Mais informações O que Mostra
quandO Até 18 de agosto
quandO Até 13 de outubro
quantO R$ 20
quantO R$ 15
Onde Viga Espaço Cênico - Rua Capote Valente, 1.323, Pinheiros, São Paulo, SP COntatO (21) 2294-6619
agenda
Onde MASP - Museu de Arte de São Paulo - Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César, São Paulo, SP COntatO (11) 3251-5644
Programação de agosto | VITRINE INDICA
‘mestres dO renasCimentO: Obras-Primas itaLianas’ nO CCbb
esPetÁCuLO ‘nOssOs saPatOs’
catraca livre A mostra apresenta 57 obras de um dos
uma mescla de dança e teatro que tem como tema as relações de perda e ausência e traz uma reflexão de como estes sentimentos se instalam e envolvem o indivíduo. Desde a perda de seu pai, aos 4 anos, o bailarino questiona e observa como as pessoas lidam com o luto.
mais influentes movimentos artísticos da história da humanidade, em um panorama do florescimento cultural dos séculos XV e XVI, marcada pela revalorização da cultura clássica. Estão expostas obras de mestres como Rafael, Ticiano, Tintoretto, Leonardo da Vinci e Michelangelo.
catraca livre A peça de Luiz Fernando Bongiovanni é
Mais informações Mais informações O que Peça de teatro O que Mostra quandO Até 23 de setembro quantO Gratuito Onde CCBB SP - Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo, SP
quandO Até 25 de agosto quantO Gratuito Onde Galeria Olido - Avenida São João, 473, República, São Paulo, SP COntatO (11) 3331-8399
COntatO (11) 3113-3651
versãO POP das ‘bruxas de saLem’
LivrO em trOCa de ingressOs
catraca livre Dirigida por Julio Braga, a montagem foi
catraca livre Na peça ‘Para meninos e gaivotas, um
atualizada para o século XXI e é um espetáculo repleto de referências pop, como filmes de Quentin Tarantino e Sofia Coppola nos figurinos, programas de auditório da televisão nos cenários, além da incorporação de gêneros musicais como o gospel, country e pop-rock.
voo rasante’, Gabriel convida a plateia a navegar no seu sonho, embalado por recursos multimídia e pela interatividade do mundo virtual. A história reforça a urgência em se fazer algo para reverter a situação ambiental do planeta, enquanto realidade e fantasia são valorizadas pela expressão corporal dos atores.
Mais informações
Mais informações O que Peça de teatro quandO Até 25 de agosto quantO R$ 10 Onde Teatro Alfredo Mesquita Avenida Santos Dumont, 1770, Santana, São Paulo, SP COntatO (11) 2221-3657
agenda
O que Peça quandO De 4 de agosto a 22 de setembro quantO Um livro (novo ou em bom estado) Onde Teatro Itália- Av. Ipiranga, 344, República, São Paulo, SP COntatO (11) 3120-6945
Programação de agosto | VITRINE INDICA
maitÊ PrOença PartiCiPa dO PrOJetO ‘Letras em Cena’
‘ninguÉm nO PLuraL’, uma adaPtaçãO da Cia. as de fOra
catraca livre O projeto ‘Letras em Cena’, que promove
catraca livre A peça é uma adaptação coletiva da
leituras dramáticas de textos teatrais, cartas, contos e poesias no MASP, recebe no dia 17 de agosto a atriz Maitê Proença para um bate papo sobre literatura, leitura e novas mídias. O foco do projeto é que, após cada leitura, o público participe de um debate com o elenco e autores, diferentes a cada dia.
Companhia As de Fora de quatro contos do escritor moçambicano Mia Couto. A encenação parte de quatro espaços, preenchidos por seus objetos, cores, sons e cheiros, onde as atrizes Anna Zêpa e Tânia Reis constroem cada uma das quatro mulheres que compõem os contos.
Mais informações O que Leituras
Mais informações O que Peça
quandO De 5 a 26 de agosto
quandO De 5 a 27 de agosto
quantO Gratuito
quantO R$ 10
Onde MASP - Museu de Arte de São Paulo - Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César, São Paulo, SP COntatO (11) 3251-5644
Onde Sesc Consolação - Rua Doutor Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, SP COntatO (11) 3234-3000
CriOLO e emiCida Lançam dvd
frederiCO barbOsa Lança O LivrO ‘na Lata’
cmais+ Os rappers lançaram um DVD com o registro
cmais+ O poeta pernambucano Frederico Barbosa
do show que fizeram no Espaço das Américas, para cerca de 5.000 pessoas, no ano passado. Quarenta câmeras portáteis deram o clima ao show, que contou com participações de Jussara Marçal, Mano Brown, Rodrigo Campos, Evandro Fióti e Rael.
lança o livro "Na Lata". A obra é uma coletânea de 35 anos com textos escritos para jornais, blogs e sites da internet. O autor preferiu organizar o livro seguindo a temática dos poemas e não a ordem cronológica, já que considera um desafio para o leitor determinar o ano em que qualquer um dos textos foi escrito.
Mais informações
Mais informações O que DVD quantO R$19,10 (fnac)
O que Livro quantO R$ 49 (Livraria Saraiva)
agenda
As rupturas de uma história | DE MENINO CEGO A DOUTOR
As rupturas de uma história Um menino, 10 anos, cegueira, inclusão, barreiras, ajuda e muita, mas muita vontade de viver...
Por Thábata Mondoni
I ronia
ou não do destino ?
Um homem portador de uma necessidade especial se depara, em algum momento de sua vida, com uma sociedade ainda deficiente. Essa não é a história exclusiva de alguém, mas de milhões de brasileiros. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% da população possui algum tipo de deficiência. No caso de Roberto Bolonhini, as dificuldades bateram de frente com o seu desejo de viver. Aos 10 anos, ele teve duas escolhas: existir ou viver. Ele não teve dúvidas e escolheu viver; existir apenas não era o suficiente. O momento de ruptura foi um trágico descolamento de retina, resultando numa cegueira. A doença não foi surpresa para a família. Segundo Bolonhini, tratava-se de um problema genético, que começou com o pai — que aos 47 anos já não enxergava mais nada. Um irmão e um Perfil
sobrinho também são portadores da deficiência visual. “Eu fiquei cego em 1975 e voltei aos estudos em 1977, porque toda vez que eu operava o olho eu perdia o ano letivo. Com 12 anos, eu voltei a estudar em uma escola em que as pessoas enxergavam — o único cego era eu. No terceiro ano do primário. Não existia livro em braille e quem me ajudava era a minha falecida mãe [Lourdes de Moura Bolonhini], que lia em casa para mim. Porém, ela não era uma pessoa intelectual, só tinha até o terceiro ano do primário. Na sala de aula, os colegas também liam para mim e a professora fazia o mesmo na prova”. Bolonhini, hoje advogado e professor universitário, não tem dúvidas de que a condição determinante de quem ele seria foi a deficiência: de empecilho, passou a estímulo para se tornar um exemplo, uma referência. “Meus alunos dizem que sou um
As rupturas de uma história | DE MENINO CEGO A DOUTOR
Roberto Bolonhini é entrevistado fixo do Pronto Atendimento, onde tira dúvidas sobre direitos. A partir de setembro, o público também poderá conferir uma coluna sua na Vitrine. Aguarde!
verdadeiro mestre”. Ele começou a lecionar em 1995, na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. Antes, tentou ingressar em outra instituição como professor, mas foi impedido: “O diretor não me deixou dar aula porque eu era cego, com a desculpa de que a faculdade não tinha sistema de assistentes, como se eu precisasse de um. Eu quase encerrei a minha carreira naquele momento porque foi uma decepção muito grande”. Com o professor linha dura não tem desculpa, nenhuma dificuldade é impedimento. Missão dada tem que ser cumprida! Ele é exemplo vivo: “Em 1986 ingressei na faculdade e a dificuldade foi maior ainda porque o curso de direito tem muitos livros e muita leitura, então eu pegava os livros, mandava gravá-los em fita cassete (pausa a resposta e pergunta: acho que nem existe mais, você tem quantos anos? Desculpe-me perguntar a sua idade, eu não quis ser indelicado). Para gravar um livro de direito eu usava entre 40 e 50 fitas cassete. Às vezes, eu tinha dinheiro para comprar o livro e Perfil
não tinha quem gravasse. Às vezes, tinha quem gravasse e não tinha fita ou não tinha o livro. Era uma dificuldade assim... enorme!” Hoje, por ironia do destino — ou não —, suas dificuldades, aliadas à experiência de doutor em direito, o fizeram referência. Desde 2002 ele desenvolve um trabalho de orientação à população — o SOS Direito. “O objetivo é orientar (não entrar com ações) por telefone e pessoalmente nas áreas do consumidor, do direito civil e numa área que eu não achei que daria tanta repercussão, que é o direito dos portadores de necessidades especiais”. Segundo o advogado, a cada 10 atendimentos, 9 envolvem deficientes. “é impressionante!”
AssistA AO prONtO AteNdimeNtO segunda a sexta-feira, 8h sÁbadO, 13h30 Para conferir mais arquivos e informações acesse a página do programa no cmais+!
Melhoramos no clima, mas ainda falta muito | WASHINGTON NOVAES
Por Washington novaes
om dois anos de atraso, o governo brasileiro divulgou seu inventário sobre as emissões nacionais de poluentes na atmosfera que contribuem para mudanças climáticas. Elas caíram 39%, comparando o ano de 2010 com o de 2005, graças à redução do desmatamento na Amazônia (menos 65% em cinco anos). Em todos os outros setores houve aumento de emissões: energia, 21,4%; tratamento de resíduos, 16,4%; indústria, 5,3%; e agropecuária, 5,2%. Ao todo, o País emitiu 1,25 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente, ante 2,03 bilhões em 2005. Com as emissões remanescentes, fica no patamar de 7 toneladas por habitante/ano. E já cumpriu 65% da meta voluntária de redução comunicada à Convenção do Clima, que fica pouco abaixo de 40% das emissões tomando como base o ano de 2005. é um resultado positivo no geral, mas que precisa ser visto com cuidado, já que, excetuada a área do desmatamento, todas as outras mostram trajetória ascendente das emissões (e devem ter continuado após 2010). Mesmo o desflorestamento, entre agosto de 2011 e julho de 2012 (fora do inventário), segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foi de 4.571 km2, três vezes a área do município de São Paulo. E a redução na Amazônia teve forte contribuição meio ambiente
de ONGs e outras instituições que pressionaram a agricultura, a pecuária, supermercados e o setor madeireiro. Números mais recentes, fora do inventário, parecem indicar tendência crescente no desmatamento. Até na Mata Atlântica os últimos números são preocupantes (235 km2 em um ano). Além disso, o panorama na área energética é contraditório, pois o governo federal já anunciou que no próximo leilão de energia excluirá as usinas eólicas para favorecer as termoelétricas, de energia muito mais cara e altamente poluidora na geração, alegadamente para assegurar o suprimento - quando ele mesmo, o governo, não implanta as linhas de transmissão para dezenas de eólicas já prontas em Estados nordestinos e no Rio Grande do Sul, que ficam sem poder operar. As eólicas, com preço médio nos leilões em R$ 87,94, permitiriam uma economia de R$ 600 milhões por ano, comparando com as termoelétricas. E já passaram de 2,5 mil MW para 8,83 mil MW desde 2005 sua potência instalada. Estranhamente, o próprio diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Herman Chipp, diz que "se colocar todas as fontes em leilão, obviamente a eólica vai ganhar". E por que não, se é mais barata e menos poluente? Que interesses podem se sobrepor a essas vantagens? Tantas questões provavelmente contribuíram
Melhoramos no clima, mas ainda falta muito | WASHINGTON NOVAES
para que o Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais (700 organizações) comunicasse que não participa do inventário, em razão do atraso na realização/ divulgação, de discordâncias na metodologia, da estratégia precária dos planos de mitigação/ adaptação às mudanças climáticas e da falta de compatibilização dessa estratégia com as áreas de energia, infraestrutura, agropecuária, industrial e do Código Florestal - além da exiguidade de recursos financeiros. Pode haver mais problemas. O Brasil resolveu aderir à exploração do gás de xisto, que, além de problemas na área de emissões, tem muitos outros, como a ameaça a nascentes e lençóis freáticos a ponto de já ter sido proibida sua exploração na França, na Holanda, na Bulgária, na África do Sul, na província de Quebec (Canadá) e em outros lugares. A Alemanha impôs fortes restrições ao seu uso. O tema do clima não comporta tergiversações nem desvios. O secretário-geral da ONU, Ban Kimoon, lembrou que só em 12 anos deste século os prejuízos com os desastres na área já chegaram a US$ 2,5 trilhões, 50% mais do que diziam as estimativas anteriores. Já chegamos, segundo o World Resources Institute, a emitir 48,62 bilhões de toneladas anuais de carbono. E para quem ainda for "cético" em relação à influência das atividades humanas no clima, o respeitado cientista James Jansen, que até há pouco foi da Nasa, lembra que 97,1% dos artigos científicos publicados entre 2000 e 2011 confirmam essa causa. Os diagnósticos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas baseiam-se em observações e pesquisas de mais de 200 mil cientistas no mundo todo.
meio ambiente
A secretária-geral da Convenção do Clima, Christiana Figueres, está apreensiva: "Os países industrializados não estão fazendo o suficiente para reduzir as emissões e impedir que a temperatura suba mais de 2°C. O ritmo de crescimento das emissões é inaceitável. é preciso ter mais pressa e uma escala mais forte. Já passamos de 400 partes por milhão na concentração de carbono na atmosfera. é preciso mudar a economia, as estruturas, os sistemas de energia, a lógica econômica do crescimento. E é preciso mudar a sociedade". Em síntese, é preciso mudar tudo. Mas há avanços até surpreendentes. A Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China propôs que o país estabeleça limites para emissões de poluentes por grande parte da indústria do país. A proposta ainda deve ser aprovada pelo presidente Xi Jinping e pelo gabinete, mas parece ter boa chance de adoção. Propõe também que a China assuma metas obrigatórias de redução de emissões a partir de 2016, de 40% por unidade de produto. A China é hoje o maior poluente entre todos os países (17,6% do total). E pode deixar em situação embaraçosa os Estados Unidos, que também vêm se recusando a assumir metas obrigatórias. Como escreveu recentemente o ex-ministro Rubens Ricupero, "se algo não mudar, vamos chegar ao fim do século com uma mudança de clima que ameaça a civilização". E o Brasil já é o quinto país em desastres nessa área - neste momento, com seca forte no Acre, inundações no Amazonas e o Semiárido em situação dramática. * Artigo reproduzido do jornal O Estado de S. Paulo
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“Queria ter visto mais solidariedade na crise de 2001” | FERNANDO DE LA RÚA
Fábio Chateaubriand, colaborador da Vitrine, esteve com o 51º presidente da Argentina — de 1999 a 2001 —, Fernando de la Rúa. Em entrevista exclusiva, ele traça um paralelo entre a Argentina e o Brasil, e ainda revela detalhes de sua renúncia à presidência em meio à crise financeira no país Fábio: Presidente, como o Sr. vê a atuação do Brasil no mundo? Presidente: O desenvolvimento do Brasil é indicador de grandes possibilidades e responsabilidades em relação à América Latina. Uma delas é retomar o caminho do MERCOSUL, que hoje não é prioridade na agenda e tem de voltar a ser. Quanto ao BRICS, o Brasil tem grandes vantagens: é uma democracia estável, não tem os problemas sociais da Índia, não se limita a exportar armas e petróleo, como faz a Rússia. Integra uma região de países emergentes produtores de alimentos e recursos naturais, o que aumenta o seu potencial. Por isso, acho que o Brasil deve assumir mais o seu papel na nossa região, no MERCOSUL. F: Existe na região a percepção de imperialismo brasileiro? P: Não vejo isso. Por anos a Argentina e o Brasil disputaram a primazia. Na crise de 2001, quando Entrevista
jogaram contra a Argentina todas as adversidades internacionais, o FMI nos negou apoio, porém deu todo o suporte para o Brasil. Isso foi fundamental, é o que marca os caminhos e as diferenças entre Argentina e Brasil. Tivemos uma crise política. Declaramos default o que condicionou a percepção internacional para investir na Argentina. O Brasil não teve crise política, evitou o default e captou muitos investimentos. Por isso, o Brasil atrai mais da metade dos investimentos aportados na América Latina e a Argentina atrai apenas 3%, aproximadamente. F: E o Brasil e a Argentina seguiram rumos distintos... P: A Argentina, como o Brasil, foi favorecida pelos preços altos das commodities. Eu tive isso contra no meu governo. A soja na época estava em US$ 70 / US$ 80, hoje é mais de três vezes esse valor. Se eu tivesse a soja a esse preço, a história teria sido diferente. Eu ainda sofri com a desvalorização
“Queria ter visto mais solidariedade na crise de 2001” | FERNANDO DE LA RÚA
no Brasil. Quando renunciei, estava começando a participação maior da China nos mercados. Menos de um ano depois, o cenário era outro. Teria sido diferente se a Argentina tivesse evitado o default, um grande erro contra o qual lutei assiduamente e que foi o esforço principal do meu governo, até me derrubarem, pois sofri um golpe civil. Aí veio o default e a desvalorização. Isso ainda conspira contra a confiança na Argentina. Já o Brasil, que não foi ao default, teve toda a confiança dos mercados para se desenvolver. Quando tivermos novamente a confiança internacional, os investimentos voltarão. F: E por que o Sr. renunciou? P: Porque levaram a violência às ruas; porque a oposição tinha maioria no Congresso e havia anunciado a rejeição ao orçamento, sem o qual eu não tinha argumentos para a defesa financeira internacional; e para evitar a saída da Argentina de fóruns internacionais que exigem a continuidade democrática. Pergunto-me todos os dias se fiz bem ou mal, mas era isso que o golpe queria. Não havia possibilidade de resistir a isso sem grande sofrimento para o país.
seria outra, e teríamos evitado o sofrimento que tivemos depois. Teríamos evitado o default, e a desvalorização não seria tão brusca como acabou sendo, com forte queda de PIB e salários. No Brasil, ao contrário, consolidou-se um sistema bipartidário, apesar de fortes disputas e do ardor das campanhas. Houve um grande progresso na política, na democracia brasileira. Isso traz nitidez e transparência, traz previsibilidade, o que aumenta a confiança. F: O Sr. lamenta alguma decisão do seu governo? P: Em geral, em situação de crises ou emergência, um presidente está diante de alternativas forçadas. É muito difícil em vez de uma coisa fazer outra, porque, se não se faz o que a realidade exige, as consequências são tremendas. Mais que lamentar decisões... Dói em mim certas decisões que não queria ter tomado. Ninguém quer uma corrida bancária. Mas, se o FMI diz que a Argentina pode ir a default, as pessoas vão aos bancos e querem sacar seus dólares. Nesse caso, o dever de um governante é parar a corrida bancária, o que é uma decisão muito dolorosa. F: Como foi a relação do seu governo com o Brasil?
Eu estava tentando remediar uma situação que não havia criado. Reduzi o gasto público em US$ 3 bilhões em 2000, mas 2001 era um ano difícil, pois havia muitos vencimentos da dívida e todos os fatores da economia jogavam contra. Jogavam contra todos, mas nós tínhamos problemas maiores. A recessão, com a situação em que estava o governo, não podia ser superada. Isso foi se agravando. E a população tem grandes demandas. Às vezes, você consegue convencer que é preciso paciência, mas às vezes não. Em menos de um ano, a situação Entrevista
P: Queria ter visto mais solidariedade na crise de 2001, quando o FMI atuou contra a Argentina e preservou o Brasil. Tivemos pouca cooperação do Brasil. O Brasil recebeu apoio, sabia que o FMI atuaria contra a Argentina e não nos transmitiu isso. Compreendo que cada um estava cuidando do seu lado, mas se nos uníssemos para preservar a democracia, para desenvolver nossas economias... Não é desejável que, num momento crítico, cada um atue por si.
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A nossa vitória | VLADIR LEMOS
pensar que algumas semanas atrás éramos vistos como um povo sem atitude. Que aquela imagem da praça da Sé cheia de gente pedindo eleições diretas, com seus quase trinta anos, teimava em parecer um ponto fora da curva, pra usar termo recém consagrado. Não fosse o cinismo, teria sido surpreendente ver gente da CBF, cartolas em geral, governantes e afins, fazendo questão de apoiar as manifestações que tomaram o país. E, tão bonito quanto ver uma juventude acusada de acomodada mostrar uma enorme disposição para lutar por um país melhor, foi ir percebendo o que tudo isso provocava. Como ia revolvendo nossas entranhas. Graças aos acontecimentos ficamos sabendo que os policiais lá de Fortaleza – dona de um dos maiores índices de homicídios do país - iriam protestar também porque há tempos andavam às turras com o governo, lutando por melhores salários e condições de trabalho. E que louvável foi ver o atacante Hulk dizer corajosamente durante a coletiva de imprensa – em um dos dias mais quentes das manifestações – que tinha vontade de ir pra rua sim. Que seu passado de dificuldades não permitia deixar de ver o que aqueles que continuavam pobres, como ele foi um dia, tinham de enfrentar. Pouco depois foi Rivaldo, o craque tímido, que veio a público dizer que considerava uma vergonha gastar Opinião
tanto dinheiro com uma Copa do Mundo quando nossos hospitais continuavam nos envergonhando. "Já fui pobre e senti na pele a dificuldade de estudar em escola pública e não ter um bom serviço de saúde", confessou o homem-chave de nossa última conquista mundial, não sem antes ter dito que "precisava desabafar". Enfim, a condição humilde de boa parte dos nossos jogadores servia finalmente para algo mais grandioso do que gerar matérias emotivas. Quanto ao futebol... a seleção brasileira que sai da Copa das Confederações é bem diferente da que entrou. E é melhor! Não há como fugir disso. é preciso também reconhecer a capacidade de Felipão, que se não é ousado pra pensar o futebol, é experiente e inteligente o suficiente pra perceber e trabalhar os detalhes humanos que cercam o jogo. De Charles Bronson a John Wayne, sempre tive um pé atrás com os sujeitos que fazem o papel de durão. Mas deixemos de lado as comparações que tendem a ser injustas. O técnico, os jogadores, todos merecem reconhecimento pelo trabalho realizado. Mas nossa maior vitória não se deu em campo, se deu nas ruas, quando o coro dos descontentes com tudo que tem sido feito por aqui em nome do futebol se fez ouvir. Vladir Lemos, jornalista e apresentador do Cartão Verde
Por Teca Lima Com colaboração de Francisco Fernandes e Bruno Lemos
Capa
Quarentões | 10 CLÁSSICOS DE 1973
extraordinária para a época. A capa também ficou famosa, com cabeças servidas em bandejas entre artigos de secos e molhados.
FIChA TéCnICA
mais infOrmaçOes
Secos & Molhados (1973) Gravadora: Continental Coordenação: Sidney Morais Direção Musical: João Ricardo Destaques: “O vira", "Sangue latino", "Assim assado" e "Rosa de Hiroshima”
r aÚl s eIXas K rIg - ha , B andolo !
O ano de 1973 foi emblemático para a música brasileira, pois marcou a estreia em disco de artistas que se tornariam grandes ícones, como raul seixas, Luiz melodia, fagner, João bosco, sérgio sampaio, gonzaguinha e Walter franco. 1973 também foi o momento de transformação ou virada de rumo na carreira de músicos e compositores já consagrados, caso de Paulinho da viola e tom Jobim. em comum havia o desejo de mostrar imensas criatividades em uma época de intensa repressão. Para celebrar o talento desses artistas, preparamos um retrospecto e trouxemos de volta, 40 anos depois, dez álbuns históricos. Capa
O nome Krig-ha, Bandolo! foi retirado das revistas em quadrinhos do Tarzan e tem como significado: “Cuidado, aí vem o inimigo”. é a fulminante estreia solo daquele que se tornaria o pai do rock nacional. O álbum conta com pelo menos cinco grandes clássicos do cantor, como “Ouro de tolo”, “Mosca na Sopa”, “Rockixe” (uma das primeiras parcerias com Paulo Coelho), “Al Capone” e o grande hit “Metamorfose ambulante”.
FIChA TéCnICA Krig-ha, bandolo! (1973) Gravadora: Philips Coordenação: Roberto Menescal Direção Musical: Mazola e Raul Seixas Destaques: “Ouro de tolo”, “Rockixe”, “Al Capone” e “Metamorfose ambulante”
s ecos & m olhados O grupo formado por João Ricardo, Ney Matogrosso e Gérson Conrad causou enorme furor no ano de 1973 com seu visual diferenciado de caras pintadas e figurino extravagante. O primeiro disco agradou imensamente público e crítica, foi muito executado nas rádios e vendeu em torno de 1 milhão de cópias, uma marca
mais infOrmaçOes
F agner
m anera F ruFru m anera Em seu primeiro álbum, o cearense Raimundo Fagner mistura os elementos do rock e da MPB, sem perder de vista os sons de sua região, caso da faixa que dá subtítulo ao disco – “O último pau de arara”. Apesar da qualidade da produção e das participações de artistas que já eram conhecidos nacionalmente, o disco vendeu apenas 5 mil exemplares e foi retirado de catálogo. Em 1976 o álbum foi relançado impulsionado pelo sucesso do disco homônimo de Fagner, lançado no mesmo.
FIChA TéCnICA Manera Frufru Manera (1973) Gravadora: Philips Coordenação: Roberto Menescal Direção da Produção: Paulinho Tapajós
Quarentões | 10 clássicos de 1973
Destaques: “O último pau de arara", "Penas do Tiê", "Mucuripe" e "Canteiros”
Produtor: Milton José Acompanhamentos: Grupo Capote Destaques: “Augusta, Angélica e Consolação”, “A noite do meu bem” e “Todos os olhos”.
finalista no Festival Internacional da Canção, Roberto Menescal contratou Sérgio Sampaio para gravar seu primeiro álbum solo. Com produção de Raul Seixas, Sampaio mistura gêneros como blues, samba, choro, bolero, balada, rock e a marcha-rancho da faixa-título. Apesar de o compositor ter sido considerado a grande revelação daquele ano, seu disco não teve o reconhecimento esperado.
Ficha Técnica mais informaçoes
T om Z é T odos os O lhos Assim como a capa, o conteúdo é também provocador e revela um artista radicalizando em suas experimentações sonoras. Entre outras ousadias, Tom Zé abusa dos arranjos inusitados, com percussões estridentes, bocejos e finais abruptos. O disco não foi bem recebido por crítica nem publico à época e foi um dos responsáveis pelo isolamento do artista, que perdurou até sua redescoberta pelo músico norteamericano David Byrne no início dos anos 1990.
mais informaçoes
P aulinho da V iola N ervos de A ço A capa, criada pelo artista Elifas Andreato, retrata um pouco do estado de espírito de Paulinho naquele momento, logo após uma separação amorosa. Do mesmo modo, as canções falam de desilusão, tragédia, rancor e vingança, a começar pelo título, emprestado da música de Lupicínio Rodrigues. Os arranjos trazem experimentações sonoras que imprimiram novidades no gênero samba, como a utilização inusitada de cravo e de piano elétrico, assim como instrumentos de percussão deslocados de seus usos habituais.
Ficha Técnica
Nervos de Aço (1973) Gravadora: EMI Produtor: Milton Miranda Sucessos: “Nervos de aço”, “Roendo as unhas” e “Comprimidos”. mais informaçoes
Ficha Técnica Todos os Olhos (1973) Gravadora: Continental
Capa
S érgio S ampaio E u Q uero É B otar M eu B loco na R ua Após o sucesso da música “Eu quero é botar meu bloco na rua”,
Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua (1973) Gravadora: Philips Direção: Raul Seixas Destaques: “Cala a boca, Zebedeu”, “Eu quero é botar meu bloco na rua” e “Pobre meu pai”.
mais informaçoes
L uiz M elodia P érola N egra Luiz Melodia tinha canções gravadas por Gal Costa e Maria Bethânia, quando surgiu a oportunidade de lançar seu primeiro disco por uma grande gravadora. Totalmente autoral, este sofisticado álbum de estreia do poeta é recheado de pérolas. Blues, samba, choro, rock e baião embalam as letras e histórias de Melodia, muitas delas ambientadas no bairro carioca onde cresceu e que dá título a duas canções,
Quarentões | 10 CLÁSSICOS DE 1973
“Estácio, Holly Estácio” e “Estácio, eu e você”.
sem as letras. Das onze faixas, oito são instrumentais, contando com um variado número de instrumentos, além dos muitos efeitos produzidos com sua voz.
FIChA TéCnICA
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Dori Caymmi Direção de produção: Eduardo Athayde Destaques: “Águas de março”, “Matita Perê”, “Ana Luiza” e “Rancho das nuvens”
Milagre dos Peixes (1973) Gravadora: EMI Diretor de Produção: Milton Miranda Diretor Musical: Maestro Gaya Destaques: “Os escravos de Jó”, “Milagre dos peixes” e “Pablo”
FIChA TéCnICA Pérola negra (1973) Gravadora: Philips Direção de Produção: Guilherme Araújo Direção Musical: Perinho Albuquerque Destaques: “Pérola negra”, “Estácio, Holly Estácio” e “Magrelinha”
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gal costa ÍndIa mais infOrmaçOes
t om J oBIm m atIta P erÊ
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m Ilton n ascImento m Ilagre dos P eIXes Um dos álbuns mais experimentais de Milton Nascimento, foi originalmente lançado em um período de forte repressão da ditadura militar. As letras das canções foram quase todas censuradas e, embora a gravadora EMI quisesse suspender o álbum, Milton decidiu lançar o disco Capa
Gravado em Nova York em janeiro de 1973, o álbum é um divisor de águas na carreira de Tom Jobim. Ele estava com 46 anos e já era um nome consagrado no Brasil e no exterior. Os temas escolhidos em suas composições passam da leveza e doçura, comuns nas canções da bossa nova, para a natureza e lendas de um Brasil profundo, sertanejo. Ele compõe a partir de suas observações e da leitura de autores como Guimarães Rosa e dos poetas Carlos Drummond de Andrade e Mário Palmério.
FIChA TéCnICA Matita Perê (1973) Gravadora: Philips Arranjos: Claus Ogerman e
Escancarando sua sensualidade, Gal Costa aparece em close frontal vestindo apenas um biquíni vermelho na capa do álbum. Na faixa-título, um clássico da música paraguaia, Rogério Duprat recria a canção, mudando ra d i c a l m e n te s u a vo c a ç ã o sertaneja e conferindo-lhe tons épicos, que dão a Gal a chance de explorar ao máximo seus agudos afinados. Destaque também para a antológica interpretação dos longos versos de Caetano em “Da maior importância”.
FIChA TéCnICA Índia (1973) Gravadora: Philips Direção de produção: Guilherme Araújo Direção musical: Gilberto Gil Destaques: “Presente cotidiano”, “Da maior importância”, “Índia” e “Desafinado”.
Precisamos aprender a amar a música do nosso tempo | JOãO MARCOS COELHO
OuVIDO nÃO TEM PÁLPEbRA, portanto está sujeito a todo tipo de sons. Desejáveis ou não, insuportáveis, belos, feios, estranhos. Mais: quando ouvimos música, precisamos abrir mão de nosso tempo e entrar no tempo da obra musical. E se ela é nova, então, além de renunciar ao nosso pulso temporal, precisamos ainda nos armar de paciência. Marcel Proust “criou” a célebre “Sonata de Vinteuil” no monumental ciclo romanesco Em Busca do Tempo Perdido, baseado na “Sonata para violino e piano” de César Franck. Pela voz de um dos personagens, Proust afirma que frequentemente não Por João Marcos Coelho
entendemos nada na primeira audição “quando a música é um pouco complicada”. Só a “conheceremos perfeitamente”, aconselha-nos, “depois de ouvi-la duas ou três vezes”. Isto é, a música precisa ficar memorável para nossos ouvidos para ser compreendida. Ou seria sentida? Num aforismo muito conhecido, Nietzsche diz que “é necessário aprender a amar” a música: “é preciso aprender a ouvir uma figura, uma melodia, saber discerni-la pelo ouvido, distingui-la, isolá-la e delimitá-la: em seguida, pratica-se o esforço e a boa vontade de suportá-la, apesar de sua estranheza, ter paciência com sua expressão, ternura, enfim com o que ela tem de singular; chega, afinal, o momento em que nos habituamos, onde esperamos, onde sentimos que ela nos faria falta; daí em diante, ela exerce seu fascínio até fazer de nós humildes e arrebatados amantes”. O escritor Milan Kundera, um íntimo da música como Proust e Mann, comunga com Nietzsche este
música
Precisamos aprender a amar a música do nosso tempo | JOãO MARCOS COELHO
culto do sentir: “Por mais que Stravinsky rejeite a
ficou famoso em Viena por causa de suas piores
música como expressão dos sentimentos, o ouvinte
obras, criações malcosturadas de circunstância,
ingênuo não sabe compreendê-la de outro modo.
como “A Vitória de Wellington” e a cantata “O
é a maldição da música, seu lado burro. Basta
Momento Glorioso”, feitas por encomenda para o
um violinista tocar as primeiras três notas de um
encontro de Viena promovido por Metternich. Ou
Largo para que o ouvinte sensível suspire: “Ah!
seja, Beethoven foi reverenciado pelos motivos
Que bonito!” Nada, não há nenhuma invenção ou
errados. Quando a “Grande Fuga” foi tocada em
criação nestas três primeiras notas que provoque
Viena, Beethoven chamou de asno e cretino o
a emoção”.
público que não pediu bis.
Afinal, a obra musical só se completa, após ser
Continuamos até hoje a pensar que é difícil ouvir
composta, no ato da sua interpretação – e isso
música contemporânea, mas aí reside um engano. é
acontece onde? Nos ouvidos de quem assiste à
difícil ouvir qualquer música que já não conheçamos.
performance ao vivo ou a escuta no rádio, em casa
Admito que se ela for tonal, apesar de nova, “descerá
ou no seu iPod. O ouvinte funciona, então, como
redonda” por nossos ouvidos. Ou seja, música
“co-autor”, pois só ele lhe dá um sentido por meio
contemporânea não é um bicho de sete cabeças.
da escuta.
Precisamos ouvi-la do mesmo jeito que ouvimos a música do passado. Ou seja, nada de repetir “não
Queixas sempre pipocam sobre a dificuldade de a
entendo nada de música contemporânea”, já que
música contemporânea ser entendida; e vende-se
não é necessário entender. Basta ouvir, deixar-se
este peixe como se fosse novidade. Ora, Beethoven
impregnar, e eventualmente gostar ou não.
O Que Há de Novo, com João Marcos Coelho quarta-feira, 22h
música
Confira a coluna de João Marcos Coelho no site da Rádio Cultura FM
Compreendendo as diferenรงas do outro | para os pais
Infantil
Compreendendo as diferenรงas do outro | para os pais
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Lente d'รกgua | Atividade
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A primeira provocação | ANTÔNIO ABUJAMRA
autor: Luis fernando veríssimo a primeira provocação ele aguentou calado. na verdade, gritou e esperneou. mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. e não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. a segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. uma porcaria. não reclamou porque não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. não gostou nada daquilo. mas ficou firme. era de boa paz. foram lhe provocando por toda a vida. não pode ir à escola porque tinha que ajudar na roça. tudo bem, gostava da roça. mas aí lhe tiraram a roça. na cidade, para onde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. resistiu a todas. morar em barraco. depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. ir para um barraco pior. ficou firme. queria um emprego, só conseguiu um subemprego. queria casar, conseguiu uma submulher. tiveram subfilhos. subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. e a ajuda não ajudava. estavam lhe provocando. gostava da roça. O negócio dele era a roça. queria voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal reforma agrária. não sabia bem o que era. Parece que a ideia era lhe Poema
Toque para assistir ao vídeo
dar uma terrinha. se não era outra provocação, era uma boa. terra era o que não faltava. Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. em voltar a terra. em ter a terra que nunca tivera. amanhã, no próximo ano, no próximo governo. Concluiu que era provocação. mais uma. finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. garantida. se animou. se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. estava disposto a aceitar qualquer coisa. só não estava mais disposto a aceitar provocação. aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. talvez amanhã. talvez no próximo ano... então protestou. na décima milésima provocação, reagiu. e ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele: - violência, não!
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Capa Reprodução da capa do álbum Secos & Molhados, 1973 Periodicidade Mensal Distribuição Gratuita na App Store, Newsstand e ISSUU cmais.com.br/revistavitrine