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Boletim Unicafes - Ano VI | Nº01 Brasília-DF, 09/01/2015
Ministros divergem sobre questão latifundiária
A posse do novo Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, aconteceu na manhã da última terça-feira (dia 6), em solenidade aberta no auditório do Ministério. Em seu discurso, Patrus falou sobre a necessidade da correta utilização das terras e que o MDA tem a tarefa de verificar a questão dos módulos rurais, que estabelece a pequena e a média propriedade. Para ele, o reconhecimento da função social da terra - dever do Estado - não nega o direito à propriedade, mas sim o adequa aos outros direitos públicos do Brasil. “Ignorar ou negar a permanência da desigualdade e da injustiça é uma forma de perpetuá-las”, defendeu Patrus. Com efeito, “não basta continuar derrubando as cercas do latifúndio. É preciso derrubar também as cercas que
nos limitam a uma visão individualista e excludente do processo social”, disse. Seu discurso foi visto pela imprensa como uma resposta às declarações feitas pela nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu, que tomou posse um dia antes. Ela afirmou que não existe mais latifúndio no Brasil. Patrus afirmou, em coletiva à imprensa, que prefere trabalhar com o conceito de que nós temos no Brasil “grandes propriedades”. Grande parte, segundo o ministro, estão sendo exploradas e, portanto, não são latifúndios. Mas ele ressaltou que ainda “existem também terras improdutivas” no país e que estas devem ser alvo da reforma agrária. A ministra Kátia Abreu enfatizou em seu discurso que o pequeno produtor rural será o foco de seu ministério.
“Atualmente a classe média rural está muito pequena e a D e E muito grande. Então nós precisamos ir até essas classes com menores rendas e levar tecnologia, inovação, assistência técnica, crédito facilitado, desburocratizado para que essas pessoas tenham a oportunidade de ascender”. Historicamente, MDA e MAPA seguem vertentes opostas: enquanto o primeiro é ligado a questões sociais, reforma agrária e benefício dos pequenos produtores (detentores dos atuais 80% das 5 milhões de propriedades agrícolas), o segundo atende os interesses dos grandes produtores e cuida das questões ligadas à produção para exportação.
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