Cooperativa aposta no Comércio Justo - Revista Cooper Mais 6º ed.

Page 1

a


NESTA EDIÇÃO Comércio Justo

19. CENÁRIO ECONÔMICO A influência da instabilidade cambial no desenvolvimento do Coopera vismo Solidário. Veja analise de Vanderley Zigger, liderança do sistema.

04. PROJETO POPULAR BRASILEIRO Movimento da Luta Unitária do Campo e da Cidade destaca pauta permanente de mobilizações. 05. CENÁRIO POLÍTICO Coopera vismo Solidário em defesa da Democracia.

21. REPRESENTAÇÃO Lideranças debatem sobre o Coopera vismo Solidário em Brasília.

06. COOPERATIVISMO Coopera vas: o poder de agir para um futuro sustentável. 08. ENERGIA SUSTENTÁVEL Agricultura Familiar cul va soja para produção de biodiesel. 09. AQUECIMENTO GLOBAL COY 11 - Conferência da Juventude sobre mudanças climá cas conectou jovens brasileiros com o mundo para tratar sobre o aquecimento global. 11. RELAÇÕES INTERNACIONAIS Acordo histórico de 195 países é aprovado na COP 21. 12. PILARES DO COOPERATIVISMO Saiba mais sobre a Educação Coopera vista 13. POR TRÁS DO 8 DE MARÇO Dia Internacional da Mulher a luta con nua 15. INTERCÂMBIO SUL/NORTE Mulheres conhecem experiências de organizações na Bahia 17. ARTIGO Coopera vismo Solidário e o Cenário Macroeconomico

23. REPRESENTAÇÃO POLÍTICA Marco regulatório das relações entre o poder público e organizações da sociedade civil. a

24. BIOGRAFIA Terra, luta e lar: veja como foi o processo de elaboração do livro que conta a história do agricultor Ademir Dallazen em paralelo com o surgimento das organizações do Coopera vismo Solidário. 26. ALTERNATIVA DE MERCADO Coopera va de Economia Solidária no noroeste do estado aposta no Comércio Justo 29. FORMAÇÃO Saberes da Cooperação integra a coletânea de livros dedicados a estudos sobre o Sistema de Crédito Solidário. 30. CULTIVANDO SABORES DA ROÇA Primeiro livro de receitas da Agricultura Familiar é lançado pela UNICAFES PR. 31. FAÇA EM CASA Aprenda a preparar a receita de Pão de Mel. Um dos pratos ganhadores do Projeto Cul vando Sabores da Roça de 2015.


EXPEDIENTE

A revista COOPER MAIS é uma publicação da FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ composta por matérias per nentes às Coopera vas no Estado do Paraná, tendo como eixo central o Coopera vismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Trata-se de uma revista com conteúdos expressos em reportagens, entrevistas, colunas e promoções dos produtos das Coopera vas vinculadas ao Sistema UNICAFES. A COOPER MAIS quer agregar MAIS INFORMAÇÃO em ações de organização social, gestão de negócios, formação de lideranças e no fomento do Coopera vismo Solidário. ••••••••••••••••••••• CONSELHO EDITORIAL Redação: Assessoria de Comunicação da UNICAFES PR. Projeto Gráfico, diagramação e edição: Indianara Paes. Revisão: Base de Serviços da UNICAFES. Jornalista Responsável: Indianara Paes. Colaboradores desta edição: Maíra Lima Figueira, Adriana de Oliveira Nava, Alcidir M. Zanco, Daniela do Nascimento, José Carlos Vandresen, Luis Fernando Lopes da Costa e Nereu de Costa Júnior. Impressão: Grafisul Gráfica e Editora. Tiragem: 2 mil exemplares. CONSELHO ADMINISTRATIVO FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ Presidente: Nilceu Evanir Kempf. Vice-presidente: Valmir Priamo. Secretário: Ivori Fernandes. Tesoureira: Maria Ma lde Machado. ••••••••••••••••••••• Diretores: Luiz Ademir Possamai, Luiz Levi Tomacheski, Angelo Cosse n, Valdomiro Kordiak, José Carlos Farias, Francisco Eudes da Silva, Gilson Dal Cor vo, José Brugnara, Ernani Tabaldi, João Carlos Roso Lauer, Sebas ão Julião Alves, Vilson Camargo, Sérgio Roberto Fiorese, Wilmar Salesio a Vandresen, Janete Ro ava, André Mosselim, Antonio Zarantonello e Luiz Fernando Lopes da Costa. Conselho Fiscal: Antônio Maria Moyses(Efe vo), Gilson Rodrigues da Costa(Efe vo), Marcos Jamil Auache(Efe vo), José Elto Santos da Silva, Morgana Aparecida Araújo e Savete Vizen n.

••••••••••••••••••••• ASSESSORIA FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ Alcidir Mazu Zanco, Adriana de Oliveira Nava, Elisângela Bellandi Loss, Felipe Bosio, Ka ane de Souza, Ká a Regina Celuppi, Indianara Paes, Leila Patrícia Bosa, Lindomar Paule , Nereu Antonio de Costa Junior, Ovídio José Constan no e Viviane Santos Rodrigues. •••••••••••••••••••••

FEDERAÇÃO DE COOPERATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ Avenida General Osório, nº 440, Bairro Cango, Francisco Beltrão - PR. Cep. 85.604-240 Fone: (46) 3523-6529 Acesse:: www.unicafesparana.org.br Curta a nossa página no facebook: unicafesparana Tem interesse de receber a revista? Faça o seu pedido pelo e-mail: jornalismo@unicafesparana.org.br

EDITORIAL

C

aro leitor, no ano em que o Coopera vismo Solidário vive uma década de história marcada por uma trajetória de lutas e também de vitórias, a revista Cooper Mais volta o seu olhar com atenção dedicada a essência que move as organizações da Agricultura Familiar e Economia Solidária, a fim de renovar e fortalecer a chama que até hoje nos une e guia: o Coopera vismo. Portanto, a par r de agora confira nas reportagens algumas inicia vas e experiências inspiradoras protagonizadas pelas coopera vas solidárias espalhadas pelo Paraná. Já pensou em ganhar mais pela sua produção? O destaque especial desta 6º edição é a nova alterna va de mercado internacional, chamado Fair Trade (Comércio Justo), que está proporcionado uma nova perspec va para os Agricultores Familiares do noroeste do Paraná – mais renda, melhores condições de trabalho, sustentabilidade local e relações de comércio mais justas para toda cadeia produ va. Na região Sudoeste do estado, Agricultores Familiares cul vam soja para produção de energia renovável: biodiesel, a a vidade tem garan do incen vos rentáveis para o desenvolvimento econômico das famílias. Diante das conquistas do primeiro decênio, as perspec vas para o Coopera vismo Solidário em 2016, veja como está o processo do novo Marco Regulatório das relações entre Poder Público e Organizações da Sociedade Civil, a lei 13.019/14. Em nível internacional o Coopera vismo Solidário é representado no maior evento sobre as transformações climá cas: par cipantes contam detalhes sobre par cipação. No norte do país: agricultoras coopera vadas conhecem de perto a ro na de organizações lideradas por produtoras rurais e urbanas na Bahia, sabia quais experiências elas trouxeram para casa. Nos ar gos ins tucionais, a Cooper Mais também irá abordar os pilares que sustentam este modelo organizacional, começando pela Educação Coopera vista. Compreenda também, a temá ca do Dia Internacional do Coopera vismo: “O poder de agir para um futuro sustentável”, veja a proposta de ação da UNICAFES para as coopera vas. Veja também, analise da UNICAFES perante ao atual cenário econômico e polí co do país. Diante da conjuntura a luta con nua: Coopera vismo Solidário se une aos milhares de brasileiros que defendem a democracia e dizem não ao golpe, saiba porque não podermos nos calarmos. Conheça também as novidades literárias da história do Coopera vismo. E para finalizar mais uma receita deliciosa do Projeto Cul vando Sabores da Roça para você aprender a fazer em casa. Boa leitura!

03


PROJETO POPULAR BRASILEIRO

Movimento da luta unitária do campo e da cidade destaca pauta permanente de mobilizações Coordenação INSTITUTO INFOCOS

O

trabalho tem sido um dos principais temas que mobilizaram milhares de trabalhadores e trabalhadoras nos úl mos períodos. Compreendido como elemento de geração de riquezas e também de fluidez da economia, sua temá ca esteve na mesa de negociações em várias categorias, organizações, mobilizações e greves. Sempre buscando garan r que não se reduza direitos conquistados historicamente, sim melhorá-los e ampliá-los. Dessa forma as organizações do Coopera vismo Solidário vinculadas a UNICAFES têm integrado com demais movimentos, sindicatos, ONG´s e coopera vas no Fórum Unitário das Organizações do Campo e da Cidade, como o obje vo de fazer um luta polí ca de mobilização e conscien zação social. É evidente a todos que o Brasil vive explicitamente uma disputa entre projetos, que independente das siglas par dárias precisam ser explicitados e compreendidos. Ou seja, está de um lado, um projeto de pais que tem em sua base a distribuição de renda e riquezas, a produção de alimentos saudáveis, os direitos dos trabalhadores e da diversidade. De outro, está o projeto voltado à concentração das riquezas nas mãos de poucas pessoas, a redução dos direitos trabalhistas, a submissão de nossa economia a economia dos grandes países e principalmente o ESTADO submisso aos interesses das grandes empresas. Assim, nós integrantes das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária temos trabalhado insistentemente na formação de consciência de nossos cooperados, pois nos próximo períodos os direitos voltarão a ser defendidos e conquistados nas ruas, isso para qualquer po de governo. O que precisamos compreender é que nossas coopera vas têm um papel de ser instrumento para melhoraria economicamente da vida de nossos cooperados, o que nos deixa vulnerável e refém do mercado convencional e também das polí cas públicas e de governos, que somente com estudo, leitura e muito debate da conjuntura nos possibilitará ter uma atuação dis nta, como nos propomos. É para isso que em todas as regiões temos trabalhado para debate permanente dos Fóruns Regionais das Organizações do Campo e da Cidade, pois assim juntaremos força a demais organizações de trabalhadores(as). Os principais temas que fizeram e con nuarão fazendo parte de nosso trabalho, estão vinculados a elementos Polí cos

04

– trazendo pontos mais gerais da estrutura polí ca brasileira; e, Econômica que são pautas diretamente vinculadas a diretos dos trabalhadores/as; todos estão em debate por serem compreendidos como necessários e também serem consenso entre as organizações que compõem o Fórum Unitário das Organizações do Campo e da Cidade, entre eles estão:

1. Elementos Políticos - Reforma Polí ca com Cons tuinte Já; - Reforma Tributária: Taxação das grandes fortunas, sem ajuste fiscal para trabalhadores; - Democra zação da Mídia; - Defesa da Petrobrás; - Soberania Alimentar; a

2. Elementos Econômicos - Garan a do Direito de Previdência dos Professores e Funcionários Públicos; - Encampação pública dos Pedágios; - Redução das alíquotas do IPVA e ICMS; - Redução do preço da energia do combus vel; - Garan a de preço do Leite e demais produtos da Agricultura Familiar; - Terra para os acampados e Indígenas, quilombolas e Comunidades Tradicionais; - Assentamento de todas as famílias acampadas; - Redução da Jornada de Trabalho sem redução (salarial - Nenhum Direito a Menos - PL 4330);

Assim, busque em sua região par cipar dos debates dos Fóruns Unitário das Organizações do Campo e da Cidade e seja um educador na formação da consciência de suas famílias, famílias vizinhas e comunidades. Vamos con nuar contribuindo para melhoria de vida de milhares de pessoas e fazer do coopera vismo um dos principais elementos da organização de nossa sociedade, cada vez mais junta e solidária.


CENÁRIO POLÍTICO

Cooperativismo Solidário em defesa da Democracia

O

Coopera vismo Solidário representado pela União de Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES) se uniu aos milhares de brasileiros, que nos dias 18 e 31 de março, saíram às ruas de todo o país em defesa da democracia, dos direitos sociais e contra o golpe. Lideranças e dirigentes das 20 unidades estaduais da UNICAFES, além de representantes de organizações parceiras como, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, ONGs, marcaram presença na mobilização liderada pela Frente Brasil Popular. Os representantes da Agricultura Familiar, Economia Solidária e de diversas classes sociais, se concentraram nas ruas e praças das principais cidades do país, levando faixas cartazes, bandeiras em direção ao alto – destacando as bandeiras de luta. Dentre as principais palavras de ordem gritadas estavam durante o ato: “Não vai ter golpe”, “A luta con nua”, “Lula, guerreiro do povo brasileiro", “Fora Cunha”, “Fora Moro, e “Em defesa dos direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”. Em todos os estados, diversas lideranças e autoridades polí cas discursaram frente a militância, expressando a preocupação com a quebra dos processos democrá cos e par cipa vos conquistados na Cons tuição Cidadã de 1988, buscando fortalecer e manter um país forte com a par cipação popular.

Par cipação De maneira geral, segundo os organizadores no dia 18, às manifestações reuniram 1,3 milhão, em 55 cidades de todos os estados e no Distrito Federal. Já no dia 31 de março, os atos foram registrados em 75 cidades, conforme os organizadores mais de 800 mil pessoas par ciparam. Já a Polícia Militar contou 159 mil manifestantes. Desta vez, ocorreram também protestos contra o processo e impeachment fora do país, como em Londres e Lisboa. As mobilizações do dia 18 de março, até o momento foram consideradas a maior em favor do Governo da Presidenta Dilma Rousseff (PT), desde 2015, com atos realizados pelo país de forma pacífica e democrá ca, com envolvimento de pessoas do campo e da cidade.

Posicionamento do Coopera vismo Solidário

a

Para UNICAFES, esse processo demonstrou que grande parte da população nacional e internacional está preocupada com a situação de instabilidade instalada no Brasil. Milhares de pessoas se unem na defesa de um Brasil que promoveu a diminuição da miséria, que ar culou desenvolvimento com combate a fome e instaurou a execução de vários programas vinculados ao crédito, produção, comercialização, ATER, seguro, habitação, educação e outros, que legi maram o Brasil para ser referência internacional em diversos setores socioeconômicos.

Em defesa da democracia. Não ao golpe. Uma sociedade justa é formada sobre bases transparentes e par cipa vas, com eliminação da corrução instaurada em todos os setores sociais e polí cos presentes no Brasil. O Combate a corrupção é uma das bandeiras de luta do coopera vismo. Neste cenário a UNICAFES emite nota a favor da democracia e em repudio a corrupção, mas solicita ao poder judiciário brasileiro, análise imparcial sobre todas as pessoas envolvidas neste cenário, onde todos tenham direito a se defender conforme a Cons tuição Cidadã sendo fundamental que os poderes Judiciário, Legisla vo e Execu vo, construam ações fundamentados nos deveres e direitos do Cidadão independente de sua posição ou status. Diante da imparcialidade instaurada no Brasil, do processo o impeachment imposto á Presidente Dilma e da tenta va de Golpe pra cada mídia e pelas forças massivas do capital, a UNICAFES convida todos os associados das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária a se unirem em defesa da democracia, com atos crí cos e permanentes na defesa de um Brasil de Direitos, Justo, Par cipa vo e Democrá co.

05 35


COOPERATIVISMO

COOPERATIVAS: O poder de agir para um futuro sustentável Assessoria Ins tucional

N

este ano a Aliança Coopera va Internacional (ACI), divulgou o tema do 94º Dia Internacional do Coopera vismo – “Coopera vas: o poder de agir para um futuro sustentável”. O slogan escolhido está em consonância com a agenda da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, prevendo realização de eventos de celebração locais e regionais durante o mês de julho. O tema tem como obje vo afirmar que as coopera vas têm o poder de atender às necessidades ambientais, culturais e socioeconômicas do momento presente, sem comprometer as possibilidades das futuras gerações. Esta afirmação destaca-se como uma das definições mais abrangentes de sustentabilidade, provocando a construção de ações concretas junto aos associados e suas comunidades. Para ser sustentável, qualquer empreendimento huma-

a

no deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Esses conceitos, que parecem óbvios, ainda estão longe da prá ca co diana de muitas pessoas e o Coopera vismo Solidário necessita fortalecer inicia vas a par r destas diretrizes, pois somente com estas premissas a Agricultura Familiar con nuar sendo sustentável. As ações de sustentabilidade são de responsabilidade de todos os setores sociais, mas os Coopera vistas possuem condições de agir como promotores e ar culadores de ações sustentáveis. A missão, visão e princípios das Coopera vas têm como prerroga va fundacional, o desenvolvimento de ações sustentáveis no campo produ vo, ambiental, cultural e financeiro. Estas frentes demandam ações concretas, cabendo qualificar debates sobre esta temá ca junto aos associados.

v Proposta de ação para as cooperativas Gestão ambiental - A gestão ambiental necessita ser introduzida e reforçada como um dos principais elementos na construção do desenvolvimento, visando não somente a saúde e a segurança das pessoas envolvidas no processo produ vo, como também a qualidade no acesso ao crédito, na comercialização, consumo e a melhoria da qualidade de vida das comunidades.

Gestão do conhecimento - A gestão do conhecimento solicita a inclusão de estratégias permanentes de empoderamento cultural dos associados. O processo educa vo compreende a vidades que permeiam todas as ações da Agricultura Familiar, tendo como base a construção da consciência cole va e de estabelecimento de projetos comuns, sendo fundamental a revisão do papel das ins tuições na construção, gestão e mul plicação do conhecimento.

06 35


COOPERATIVISMO Gestão social - A gestão social das polí cas públicas, dos programas de fomento e inves mento público, necessita disciplinar e nortear as ações da coopera va, fortalecendo espaços par cipavos, nos setores social, produ vo e econômico, potencializando métodos de gestão par cipa va e democrá ca dos empreendimentos, fomentando a inclusão permanente dos associados.

Inovação e desenvolvimento – A inovação necessita ser uma pauta con nua das coopera vas, tendo como meta a iden ficação de problemas nos sistemas de organização, produção e crédito, orientando pautas internas e externas para construção de soluções ás demandas deste segmento. Marke ng sustentável – O marke ng é uma ferramenta essencial para maior visibilidade das ações coopera vistas. Esse instrumento pode facilitar as relações entre Agricultores Familiares e consumidores, valorizando a produção de alimentos saudáveis com garan da de qualidade ao consumidor, aumentando a harmonia saudável entre campo e cidade.

Assistência técnica e extensão rural – A ATER pode auxiliar na capacitação e elaboração de projetos das Unidade de Produção e Vida Familiar (UPVF), com foco na sustentabilidade, fortalecendo a afirmação: “as Coopera vas tem o poder de agir por um futuro sustentável” com a concre zação de a tudes posi vas e sustentáveis no campo produ vo, cultural e comercial. a

No cenário atual, precisamos enfrentar o desafio de promover o desenvolvimento de forma mais sustentável, construindo soluções prá cas. Diante deste desafio a UNICAFES fortalece o convite á todas as lideranças coopera vistas, para que par cipem da construção de ações sustentáveis. Estas ações poderão ficar como “herança ou legado” às próximas gerações. Cooperando de forma sustentável, a Agricultura Familiar pode construir respostas posi vas rumo á sustentabilidade da humanidade.

Verniz localizado Edição de livros, revistas e jornais Carimbos automáticos

Impressos em geral Sacolas em papel Laminação em BOPP


ENERGIA SUSTENTÁVEL

Agricultura Familiar cultiva soja para produção de biodiesel

Novo mercado garante incen vos rentáveis para fortalecimento das propriedades rurais Assessoria de Comunicação

O

s experimentos de novas culturas produ vas que garantam boa rentabilidade e sustentabilidade na área rural sempre foi uma busca incansável dos agricultores. Há 10 anos, um grupo de Agricultores Familiares da região Sudoeste do Paraná resolveram apostar no cul vo de sementes oleaginosas para des nar a matéria-prima para produção de biodiesel – energia renovável. Nos primeiros anos surgiram lavouras de girassol, depois foi a vez da canola e até pinhão manso, mas foi a produção da soja que rendeu melhores resultados na região, permanecendo até hoje como um grão favorito. A evolução produ va e econômica deste novo mercado para os Agricultores Familiares pode ser confirmada a cada ano pela Coopera va Central da Agricultura Familiar (COOPAFI Central). Conforme úl mo relatório, só na safra de 2014/2015, a produção chegou a quase 1,5 milhões de sacas. Já venda da soja para geração do biocombus vel movimentou mais de R$ 2,5 milhões para os produtores rurais. Os números são resultado dos inves mentos direcionados a aquisição de sementes, transferência de renda e assistência técnica para as 2.600 famílias agricultoras da região cadastradas no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), uma polí ca do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vinculada à Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) que es mula a produção do novo combus vel e diretamente a par cipação da Agricultura Familiar. Segundo o presidente da COOPAFI Central, José Carlos Farias, essa nova alterna va vem trazer maior diversificação às propriedades, proporcionando aumento de renda aos seus produtores. Das 13 coopera vas associadas ao Sistema

35 08

a

COOPAFI, oito fornecem matéria-prima para as indústrias, entre elas estão as unidades de Marmeleiro, Itapejara d’ Oeste, Nova Prata do Iguaçu, Pérola d’ Oeste, Realeza, Santo Antônio do Sudoeste, São Jorge do Oeste e Vêre. Atualmente a área de cul vo chega a 42 mil hectares, uma média de 10 a 15 hectare por produtor. Segundo o MDA, a soja é a semente mais comercializada, representando mais de 90% das transações. Apesar da instabilidade cambial, o recurso limpo que entra na renda das famílias proveniente da venda da soja ajuda aquecer a economia dos municípios em que estão inseridas as propriedades rurais. Apoio a Agricultura Familiar e ampliação de mercado Entre os incen vos ao fortalecimento da Agricultura Familiar na cadeia produ va do biodiesel as indústrias inseridas no PNPB devem conter o Selo Combus vel Social que cer fica o fabricante de biocombus vel como promotor de inclusão social dos Agricultores Familiares que estão no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Isto porque, 30% da matéria-prima adquirida deve ser de origem da Agricultura Familiar, ou seja, se a indústria comprou 1 milhão de sacas de soja, 300 mil são dos Agricultores Familiares. Abriu um novo mercado para a Agricultura Familiar. “Todo óleo diesel comercializado no Brasil 7% deste óleo existe a par cipação dos nossos agricultores, seja aqui ou no norte do país. Já existe uma negociação para aumentar para 10%. Então com os produtores organizados, a indústria que fornece biodiesel para Petrobrás. Na verdade é um circuito muito posi vo para Agricultura Familiar”, avalia o presidente da COOPAFI.


O selo também beneficia o comprador porque permite a indústria ter o acesso as alíquotas de PIS/PASEP e COFINS com coeficientes de redução diferenciados para o biodiesel. Este recurso que é isento é des nado para assistência técnica e como bônus extra. Na prá ca, cada produtor recebe das empresas compradoras, R$ 1,50 a mais, por saca, como um prêmio. O valor do produto pago pelas industrias é baseado no valor do mercado. Em consequência deste apoio, o PNPB tem auxiliado a estruturar as ações das coopera vas e viabilizar novos cul vos no campo. Atualmente, a COOPAFI Central coordena um grupo de assistência técnica composto por 27 profissionais que atendem as propriedades levando mais tecnologia ao campo. “O importante que esse apoio das industrias que dado famílias tem nos ajudado também a organizar a nossa produção de alimentos. Pois os técnicos não estão só cuidan-

do do biodiesel, eles também estão ajudando as famílias a produzir outras culturas, a diversificar a produção”, explica. Safra 2016 As projeções para este ano são animadoras. A COOPAFI Central acredita que na safra 2016/2017 a produção será ainda maior. A previsão é que o crescimento deve ultrapassar os 15%, devendo chegar a quase 2,5 milhões de sacas, o que equivale a mais de R$ 4,5 milhões em recursos. “É importante que polí cas públicas como esta sejam garan dos para que a Agricultura Familiar con nue a se fortalecer. Há quem diga que no passado que produzir energia a não ser alimento era nega vo, mas nós par mos da ideia de que produzir energia limpa também é importante para o nosso meio ambiente que acaba gerando os bene cios para humanidade da mesma forma", avalia Farias.

AQUECIMENTO GLOBAL

COY 11 {

Secretaria da Juventude

A

Conferência da Juventude sobre mudanças climáticas conectou jovens brasileiros com o mundo para tratar a sobre o aquecimento global.

juventude brasileira se conectou com o mundo para tratar de um assunto que envolve e preocupa toda a nação: os efeitos das transformações climá cas do mundo. Os diálogos sobre o tema foram ampliados na 11º Conferência da Juventude La no Americana (COY 11), organizada pela ONG internacional YouNGO, em novembro passado. O evento antecedeu um dos maiores encontros de debate ambiental do mundo, a Conferência de Partes (COP 21), que reuniu representantes de 195 países em Paris para fechar um novo acordo voltado à redução da emissão de gases de efeito estufa, um mês depois. No Brasil, a UNICAFES PR representante das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária par cipou da programação realizada em Florianópolis, em Santa Catarina. Esta foi a primeira vez que o evento ocorreu em conexão simultaneamente com países de diferentes partes do planeta, como, Paris (França), Montreal (Canadá), Antananarivo (Madagascar), Nouméa (Nova Caledônia), Rabat (Marrocos), Abomey Calavi (Benim) e Tokyo (Japão). Conforme o secretário da juventude da UNICAFES, Luiz Fernando Costa, a COY 11 teve a missão de engajar e empoderar os jovens na construção de um futuro mais justo, solidário e coopera vo, além de inserir as demandas do país nas

agendas de discussões globais e locais vinculadas as questões ambientais. “A par cipação e o comprome mento de nós, jovens, com esta causa indica a construção de um futuro melhor para esta e para as próximas gerações e o desejo de um mundo melhor para todos”, comentou Luiz Fernando, que considerou a COY 11 um encontro marcante por oportunizar a conexão entre os jovens de diversas nacionalidades possibilitando a reflexão sobre suas realidades e principalmente propondo possíveis mudanças para os problemas. Para isso, no fim do encontro os par cipantes construíram um documento global que reuniu os anseios desta nova geração voltadas ao mundo. Este manifesto conjunto levou a voz dos brasileiros para embasar as discussões para COP 21 em Paris, servindo como servindo um instrumento que firma o compromisso que cada um possui em desenvolver em sua comunidade. Além de pedir uma revisão do já desatualizado Protocolo de Kyoto. “A UNICAFES PR par cipou de forma assídua da COY 11 ajudando a construir o documento para COP 21 e firmando compromisso com o debate de juventude, de mudanças climá cas e produção de alimentação saudável colocando como pauta principal a representação e construção de polí cas públicas para a juventude e o campo ambiental.”

09 35


a


RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Acordo histórico de 195195 países entre países é aprovado na COP 21 Assessoria de Relações Internacionais

A

s mudanças climá cas e o aquecimento global são problemas provocados pela humanidade que afetam todos os Países do nosso Planeta. Neste cenário a UNICAFES socializa com sa sfação que pela primeira vez que ocorre um consenso global em que todos os países reconheceram que a emissão de gases do efeito estufa causadoras do aumento da temperatura da terra precisam ser desaceleradas e diminuídas. Temas importantes foram deba dos ao longo da COP 21, sendo a agricultura uma temá ca discu da incansavelmente em diversas sessões paralelas, destacando sua importância para a segurança alimentar, redução dos efeitos das mudanças climá cas, e também, sobre a vulnerabilidade dos agricultores, como os primeiros a sofrerem com as mudanças do clima, sendo importante a construção de polí cas que valorizem os diferenciais deste segmento, impulsionando o maior cuidado ambiental. O evento contou com presença da Ministra Izabella Teixeira, do ministério do Meio Ambiente, a qual defendeu as metas brasileiras de redução de emissões, segundo a ministra “o País está sa sfeito com o grau de ambição do acordo e com a maneira com que o texto trata a questão conhecida como

a

diferenciação". A ministra se refere principalmente ao fato de que países desenvolvidos deverão fornecer recursos financeiros, US$ 100 bilhões por ano, para auxiliar países em desenvolvimento com relação à mi gação e adaptação. Diante dos encaminhamentos da COP, a sociedade brasileira deverá acompanhar e cobrar do Governo Federal programas e medidas sejam realizados de acordo com a realidade e necessidades da sociedade brasileira, prevendo revisão periódica das promessas nacionais dos países para rever suas metas de desacelerar as emissões do efeito estufa, que em sua somatória são baixas diante dos desafios presentes verificados no aquecimento global. Os países sofrerão cada vez mais pressão polí ca internacional e também da sociedade civil para que as suas metas sejam cumpridas. Novas discussões Em 2016, os debates sobre o clima con nuam na COP 22 que acontecerá em Marrocos. Neste cenário, a UNICAFES renova o compromisso permanente de defender os interesses dos agricultores e coopera vas junto a outras organizações da Agricultura Familiar, como a OMA (Organização Mundial dos Agricultores).

AGRICULTORES: A UNICAFES orienta os associados as Coopera vas Solidárias para que atualizem o Cadastro Ambiental Rural (CAR), pois é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades, fortalecendo o compromisso e as lutas deste segmento com os ajustes necessários à proteção do meio ambiente.

11 35


PILARES DO COOPERATIVISMO

Educação Cooperativista Direção Execu va

A

educação é considerada regra de ouro do Coopera vismo. Quando falamos sobre este princípio, temos que levar em consideração que todos os princípios se fundamentam neste fundamento organizacional. No entendimento da UNICAFES PR o debate sobre educação coopera vista alicerça a construção sólida deste segmento. Na conceituação do princípio educação é importante relembrarmos que o conceito de princípio; “Significa início, fundamento ou essência de algum fenômeno”. Também definido como a causa primária, momento que um conhecimento tem origem. Neste contexto vamos relembrar os sete princípios coopera vistas: 1. Princípio da Adesão Livre e Voluntária; 2. Princípio do Controle Democrá co pelos Sócios; 3. Princípio da Par cipação Econômica dos Sócios; 4. Princípio da Autonomia e Independência; 5. Princípio da Educação, Formação e Informação; 6. Princípio da Cooperação entre Coopera vas; 7. Princípio da Preocupação com a Comunidade; Aqui, vou ressaltar brevemente o quinto princípio, tendo claro que nenhum um é mais importante que o outro, eles se complementam na construção da sociedade. Princípio da Educação, Formação e Informação A educação é o compromisso do movimento cooperavista desde sua origem, é muito mais que uma simples distribuição de informação, visa formar o pensamento

12

a

dos sócios e seus familiares a fim de que entendam a real complexidade e riqueza do pensamento coopera vista. De acordo com a Associação Coopera vista Internacional (ACI), as coopera vas devem promover a educação e a formação de seus membros, representantes eleitos e colaboradores para que eles possam contribuir efe vamente para o desenvolvimento da sua coopera va. Conforme estudiosos do segmento, a coopera va tem como obje vo permanente à capacitação a prá ca coopera vista, desenvolvendo intelectualmente os associados e seus familiares, e ainda a comunidade na qual a coopera va se encontra instalada. Tendo que aplicar os recursos do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social em educação, assistência técnica e social dos seus cooperados e suas famílias. Assim contribuindo para o desenvolvimento de toda sociedade a qual se encontra Na busca de algumas fontes de informações, esperamos abrir ou dar con nuidade a esse debate. Temos que mantê-lo sempre vivo dentro das nossas organizações Coopera vas, esses momentos propiciam o desenvolvimento do quadro social, tornando-os mais informados, crí cos e comprome dos. No Coopera vismo Solidário destaca-se a necessidade de avançar na execução de ações forma vas permanentes, com inovação organizacional para implantação de técnicas para gestão do conhecimento, pois as lideranças precisam integrar-se num processo de renovação, garanndo a sucessão e par cipação de mais pessoas nos espaços de gestão democrá ca e par cipa va.


POR TRÁS DO 8 DE MARÇO

Dia Internacional da Mulher: a luta por direitos continua...

a

Assessoria de Gênero e Geração

O

meio rural no Brasil tem grande representação do público feminino. Há estudos que indicam que a desigualdade de gênero é uma das mais marcantes nas unidades familiares, principalmente na divisão de trabalho entre homem e mulher, dificultando assim o acesso a oportunidades. Esta desigualdade é representada pela não valorização da mulher, em trabalhos domés cos, na produção para subsistência e no trabalho não remunerado, tendo pouco reconhecimento. O pequeno número e a ineficiência de ações afirma vas para a inclusão das mulheres em a vidades econômicas são caracterís cas predominantes nas polí cas públicas. Na busca de modificar a realidade sofrida, elas têm se ar culado, por meio, das organizações de mulheres, em fóruns e redes a nível regional, estadual e nacional, procurando levantar propostas concretas de ação e polí cas públicas capazes de solucionar os graves problemas que assolam as suas vidas e as de suas famílias. Vários avanços já aconteceram para que as mulheres ob vessem a sua iden dade reconhecida. Um dos momentos importantes está o dia 8 de março considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internaci-

onal da Mulher, data histórica que faz memória as operárias de uma fábrica de tecidos dos EUA que foram mortas carbonizadas enquanto reivindicavam por melhores condições de trabalho. Até hoje, o dia é lembrado por conjunto de lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho. No Coopera vismo Solidário, a busca pela equidade de gênero é construída junto as ins tuições do segmento, es mulando o desenvolvimento de processos que fortaleçam este princípio. São realizadas ações permanentes junto às mulheres coopera vistas e famílias associadas com obje vo de formar novas lideranças e fomentar o processo de produção da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Para as agricultoras brasileiras várias conquistas já podem ser contabilizadas, graças a luta organizada não somente por elas, mas também pelo apoio da sociedade que aos poucos tem apoiado o protagonismo feminino, como por exemplo, o direito à Terra, a moradia a par r do Programa Minha Casa Rural, acesso a crédito rural, na qual o Sistema de Crédito Solidário já liberou mais de R$ 32 milhões para o trabalho produ vo. Além de outros bene cios como, direito a aposentadoria aos 55 anos, o acesso a polí cas públicas de saúde e educação. Na maioria dos países, realizam-se conferências, deba-

13


Nacional da Mulher não é devidamente difundido no país. A data acaba por ser ofuscada pelo Dia Internacional da Mulher que, nos úl mos anos, desviou-se do seu caráter polí co e passou a ser visto como mais uma data comercial.

tes e reuniões cujo obje vo é discu r o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Janete Rotava Dir. Sec. de Mulheres “O Programa de Gênero e Geração do Coopera vismo Solidário convida você mulher que ainda não faz parte desta história, a par cipar conosco das ações realizadas e promovidas por nossas en dades da Agricultura Familiar e Economia Solidaria para que possamos estar juntas contribuindo para o fortalecimento econômico e social.”

Você sabia? No Brasil: 30 de abril é Dia da Mulher Ao contrário do que todos pregam, de acordo com o calendário nacional no Brasil o Dia da Mulher foi ins tuído em 30 de abril. Isto porque, a data faz uma homenagem à líder feminista Jerônyma Mesquita, enfermeira brasileira que liderou o movimento feminista no Brasil, e fundou o Movimento Bandeirante. O obje vo era promover a inserção da mulher em todas as áreas da sociedade – a oferecendo novas oportunidades. Jerônyma esteve também envolvida na criação do Conselho Nacional das Mulheres e lutou para que em 1932 todas as pessoas do sexo feminino acima de 18 anos vessem direito ao voto. A data do Dia Nacional da Mulher foi escolhida por ser o dia do nascimento de Jerônyma Mesquita e a lei que ins tuiu a data no Brasil foi a 6.971/1980. Infelizmente, o Dia a


INTERCÂMBIO SUL/NORTE

BAHIA: mulheres conhecem experiências de organizações

A

s inicia vas da Agricultura Familiar e de Economia Solidária estão espalhadas por vários cantos do Brasil levando alimentos mais saborosos para os brasileiros e principalmente proporcionando o desenvolvimento do campo e uma vida melhor para milhares de famílias. Prova disso são as experiências que estão acontecendo no norte do país, que certamente podem servir de inspiração. Em dezembro de 2015, um grupo de mulheres agricultoras paranaenses vinculadas as coopera vas da UNICAFES PR embarcaram em uma viagem que as levou conhecer algumas organizações da Agricultura Familiar e Economia Solidária na Bahia. O intercâmbio organizado pelo Programa de Gênero e Geração oportunizou as trabalhadoras do campo conhecer a diversidade produ va, os contrastes sociais e culturais em três municípios. O passeio iniciou com a visita a Rede de Mulheres Produtoras da Bahia, no município de Feira de Santana, há um pouco mais de 100 quilômetros de Salvador. A rede é composta por 60 empreendimentos econômicos solidários formado exclusivamente por mulheres que produzem e comercializam alimentos e artesanato em lojas instaladas no comércio local. No município de Serrinha o grupo visitou o Armazém da Agricultura Familiar e Economia Solidária, o primeiro que foi construído no Brasil. Aqui as trabalhadoras do campo receberam mais informações sobre o sistema de gestão e comercialização do estabelecimento. Já em Salvador as trabalhadoras foram a VI Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária, evento tradicional que reuniu cerca de 150 expositores e mais de 3 mil produtos de coopera vas e associações de todo o Estado. Neste lugar, as mulheres veram maior contato com o trabalho de artesanato e alimentos tradicionais da Bahia. Ainda na feira elas par ciparam de debates em oficinas e

a

também do VII Encontro Estadual das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, que contou com a presença do presidente da Unicafes Nacional, o agricultor paranaense Luiz Possamai, que par cipou da cerimônia. O encontro propôs debater o coopera vismo como um instrumento popular de desenvolvimento local sustentável e solidário, ar culando inicia vas econômicas que ampliem as oportunidades de trabalho, distribuição de renda, produção de alimentos e melhoria da qualidade de vida. Na ocasião, o público também pode provar os pratos picos da culinária baiana com alimentos que são cul vados pelas coopera vas, como Vinagrete de Ostra, Paçoca de Cordeiro, Linguiça de Tilápia, Maniçoba, Escondidinho de Cordeiro, Mix de Abacaxi Desidratado com Castanha, Queijo de Cabra com Geleia de Maracujá do Mato, Suco de Frutas, Coquetéis de Cachaça Artesanal e Cerveja de Umbu. Além disso, o grupo fez um tour pelo Centro Histórico de Salvador a área mais an ga da cidade a qual é composta por vários monumentos da arquitetura religiosa, civil e militar da época do Brasil Colônia, entre o século XVII até XIX. Nesta região, elas também conheceram o comércio local e a feira livre onde são comercializados pratos tradicionais, como o famoso Acarajé entre outros alimentos. Em nome do grupo de visitantes a diretora do Programa de Gênero e Geração, Janete Madey Ro ava destacou que o intercâmbio foi uma oportunidade única na vida de todas as mulheres. Segundo ela, o grupo ficou admirado com a organização da Rede de Produtoras da Bahia. “Voltamos para casa com um grande aprendizado, mais mo vadas para incen var as nossas mulheres a irem a luta. Conhecemos a realidade local das agricultoras e artesãs da Bahia – seus anseios, dificuldades e conquistas, repassamos também o nosso conhecimento a elas, e nesse contexto que podemos perceber a diversidade cultural e produ va que existe em nosso país”, contou.

15 35


VISITAS

Encontro da Rede de Mulheres Produtoras da Bahia

Arranjos de sisal Disponível na Loja da Rede de Produtoras da Bahia

a Cestos e porta treco de Palha

Almoço na sede da MOC Movimento de Organização Comunitária

Disponível na Loja da Rede de Produtoras da Bahia

Armazém da Agricultura Familiar

Encontro com representantes da ASCOOB na VI Feira Baiana da AF e ES

Armazém da Agricultura Familiar

35 16

VII Encontro Est. das Cooperativas da AF e ES


ARTIGO

Cooperativismo Solidário e o cenário macroeconômico Assessoria Ins tucional

A

viabilidade organizacional do Coopera vismo Solidário relaciona-se com dimensões internas como produção, industrialização, crédito e com extensões externas, como a conjuntura macroeconômica. Estas dimensões necessitam se conectar sinergicamente na construção de estratégias para sustentabilidade das Coopera vas. Em se tratando das dimensões externas à polí ca macroeconômica e suas “engenharias” exerce uma correlação de força, que interfere diretamente neste modelo organizacional, sendo importante ás lideranças reconhecerem de forma consciente períodos de crise vivenciados pelos Governos. Geralmente não gastamos tempo em debates sobre macroeconomia, mas estes debates são fundamentais, pois permitem a compreensão “sobre aquilo que não se explica” e que não está na mídia publicitária – mídia que mais nos desinforma do que nos informa - porque se concentra nas mãos dos que não produzem, mas apenas sugam a energia dos que realmente vivem do trabalho. A compreensão sobre a conjuntura econômica possibilita maior empoderamento social, fato que nem sempre é possibilitado pela mídia global. Neste cenário, destacamos que a polí ca econômica adotada pelos úl mos três períodos de Governo do Brasil, concentra-se na distribuição da renda, na redução da pobreza e na inclusão social. De fato, vivenciamos nos úl mos 13 anos de Governo Popular, uma melhora das condições sociais e econômicas de parte importante da população brasileira. Milhões de pessoas saíram da

a

pobreza e da miséria, ob vemos ganhos significa vos no salário mínimo e programas voltados a diversas classes, principalmente á Agricultura Familiar, destacando-se a confirmação de programas como: o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), dentro outros. Hoje, mais brasileiros estão nas universidades, mais brasileiros melhoraram sua condições de moradia, saúde, produção, logís ca e educação. Portanto, diante da onda nega vista divulgada insistentemente e de maneira distorcida, pela mídia necessitamos ter cuidado para não “jogar a criança com a água do banho”. Ter consciência organizacional em momentos de crise polí ca é fundamental para manutenção do projeto de desenvolvimento instalado no Brasil. Num cenário de crise é importante ques onar propostas de ajuste na polí ca macroeconômica. Por que é necessário reduzir os programas sociais? Por que são necessários ajustes na previdência social? Por que a SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária) corre o risco de desaparecer? Por que o Programa Bolsa Família sofrerá restrições? Por que enxugar os gastos e os servidores públicos? Mas este debate necessita ser realizado a par r de fundamentações claras, fato que a mídia não proporciona. Num Governo de composição todos os ajustes são compreensíveis, mas até mesmo os que compõem o Governo estão aptos a escolhas controversas, vinculadas a interesses par dários. A polí ca macroeconômica refere-se à intervenção

17 35


do Governo na economia. Refere-se à u lização de mecanismos para alcançar o crescimento econômico, a geração de emprego, a distribuição de renda e a estabilidade monetária. De modo geral, os instrumentos da polí ca macroeconômica são u lizados, com base da polí ca fiscal (impostos, tributação); monetária (inflação, crédito), cambial (taxa de câmbio) e comercial (relação com o exterior), as escolhas realizadas diante da macroeconomia nacional e da situação monetária internacional, exerce forte influência pela estabilidade dos Países. Atualmente vive-se uma baixa no número de empregos e aumento na inflação nacional. Para combater a inflação o remédio mais indicado, é o aumento das taxas de juros – SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia). Aumentando os juros, encarece o custo do dinheiro e se consome menos. Consumindo menos, os preços tendem a cair. O problema é que a SELIC é também o parâmetro para a remuneração dos tulos públicos do governo, em sua maioria, comprados por agentes econômicos superavitários. Quando aumenta a SELIC, aumenta também a remuneração destes detentores de “papel” do governo. A cada 0,5% de aumento da SELIC, o governo tem que disponibilizar, segundo es ma vas, entre R$ 10 a 25 bi adicionais para pagar os dependentes desta renda. Destaca-se que entre 2004-2015 o governo brasileiro disponibilizou quase R$ 2 trilhões para manter as taxas. Em 2014 o Governo Federal gastou R$ 978 bi com juros e amor zações da dívida pública, o que representou 45% de todo o orçamento efe vamente executado. Tal quan a corresponde a 12 vezes o que foi des nado à educação, 11 vezes aos gastos com saúde e o dobro dos gastos com a previdência social, fatos como estes mostram como a macroeconomia influencia no desenvolvimento e nos volumes aplicados na execução das polí cas públicas. Num ano de crise econômica e polí ca, com desaceleração econômica e aumento do desemprego, o aumento da SELIC intensifica ainda mais a retração econômica, inviabilizando o inves mento produ vo e a capacidade de geração de emprego e renda, sendo fun-

18 35

a

damental o ajuste fiscal para ampliar o superávit, com ajuste dos impostos ou redução dos gastos. Neste cenário o Governo se concentra no controle e na transparência do uso do dinheiro público, com o obje vo de estabilizar a economia e a arrecadação fiscal. Diante deste momento de crise e da intensificação das operações de combate á corrupção, instalada em grande parte das frentes par dárias, reforça-se no Brasil um processo de “caça as bruxas”, centralizando sobre os par dos de esquerda toda a corrupção presente no País, homologando e legi mando um movimento de “Golpe á democracia” que busca incansavelmente o Impeatheman da Presidenta Dilma Roussef, com atos fundamentados em juízos confusos e sem embasamento legal, mas legi mados pela mídia dominante. Nesta perspec va, a força polí ca do movimento coopera vista cons tui-se uma importante arma para pressionar a atual polí ca macroeconômica em defesa da democracia e do fomento á estratégias de desenvolvimento sustentável, pois este setor ainda é um campo estável. Agricultura Familiar produz 70% da comida que vai ás mesas dos brasileiros. Estes alimentos apresentam impactos efe vos na composição dos índices de inflação, porque sofrem também o impacto do aumento do custo da energia, da água, além da desvalorização do câmbio. Este setor se fundamenta em bases polí cas sólidas, sendo fundamental sua unidade para enfrentamento ao cenário presente no País. Destaca-se que diante da conjuntura polí ca e econômica, cabe ás lideranças coopera vistas, sensibilizar seus sócios de que “vamos conseguir vencer a batalha, se nos mantermos unidos”, pois com organização produ va e representa va é possível fortalecer estratégias de impacto macroeconômico, ampliando o reconhecimento e a visibilidade dos movimentos da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Uma coopera va se torna forte quando alcança resultados planejados. Mas uma coopera va não pode ser considera forte se seus sócios não se encontram unidos em “projeto de desenvolvimento comum”. Interagir com os cooperados neste momento de crise polí ca e econômica é vital para a sustentabilidade desta organização, refle r sobre este cenário é crucial para consolidação da missão e visão deste modelo de organização da Agricultura Familiar.


CENÁRIO ECONÔMICO

A influência da instabilidade cambial no desenvolvimento do Coopera vismo Solidário Em entrevista o diretor do Instituto Infocos, Vanderley Zigger, uma das lideranças importantes do Cooperativismo Solidário no Paraná faz uma análise do cenário econômico brasileiro destacando os desaos e os rumos das cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária para 2016.

O Coopera vismo Solidário é resultado de um movimento de luta, tendo como obje vo a organização social e econômica dos associados. Como pode ser avaliado o momento atual da economia brasileira? Quais pontos devem ser refle dos pela Agricultura Familiar (AF)? A crise econômica brasileira está relacionada a uma soma de fatores econômicos e polí cos internos e externos que tem gerado desde o ano passado um momento de grande instabilidade em todos os setores, inclusive para as Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária. A crise econômica tem um efeito cascata. Tudo começa na hierarquia de quem produz e segue até o consumidor final. A primeira questão que influência é o encarecimento de todos os produtos. O crédito fica mais caro. Quem for buscar um financiamento irá pagar mais juros do que pagava há dois anos seja qual for à linha de financiamento. Toda ela terá acréscimo de taxa de juro, porque o

dinheiro está custando mais. Então todo inves mento feito na produção a valor agregado da coopera va terá para o consumidor final. Especificamente para as coopera vas da Agricultura Familiar, a instabilidade econômica tem um efeito devasto porque a maioria das organizações sobrevive de polí cas públicas. Em momentos de dificuldade, para conter gastos o governo costuma fazer ajustes financeiros e cortes em algumas polí cas sociais, como por exemplo, o Programa de Aquisição de Alimentos (PA), entre outros programas que atualmente deixaram de funcionar. Isso afeta diretamente na vida sustentável das coopera vas que comercializavam seus produtos através deste mercado, tornando o risco de inadimplência na gestão das coopera vas ainda maiores, seja por parte de algum tomador de crédito ou até do consumidor do seu produto. Quais os efeitos da instabilidade cambial no desenvolvimento das

Coopera vas da AF? Estamos vivendo um período onde vários países estão enfrentando recessões econômicas. Há alguns setores com queda livre, as commodi es, por exemplo, tais como os minerais estão com problemas no preço. Principalmente os países que estavam estáveis economicamente passam agora por esta situação de ajuste interno para que a crise possa ter o menor efeito possível. O Brasil era umas das economias em grande ascensão, mas desde o úl mo ano sofre com a instabilidade financeira, movido também pela crise cambial mundial. Desta forma, estamos susce veis a uma vola lidade maior do dólar, principalmente com a desvalorização do real, que é um dado nega vo. Se você tem que comprar produtos importados e a sua moeda está fragilizada a tendência é pagar mais em reais para comprar o mesmo produto. Isso acontece em todos os setores. No caso da Agricultura podemos analisar dois pontos. A maioria dos insumos u lizados é

19 35


importada, ou seja, a mercadoria está mais cara. No entanto, nós temos as exportações de vários produtos oriundos da Agricultura, a soja, por exemplo, vemos recentemente um crescimento no preço. Então por outro lado, quando temos o dólar alto há uma maior valorização dos produtos comercializados no mercado externo. Atualmente estamos vendendo nossos produtos com preço mais alto e comprando insumos com preços maiores. Em geral, esta instabilidade gera um efeito nega vo para economia brasileira quando você tem uma desvalorização tão grande do real. É aí, que há necessidade que o governo brasileiro faça os ajustes fiscais e econômicos e um deles é justamente é a revisão do valor do real que teve uma queda por conta da alta do dólar. Como as Coopera vas Solidárias podem permanecer firmes diante deste cenário instável? A concentração de grandes corporações que atualmente dominam o mercado está entre os principais desafios do Coopera vismo Solidário. Geralmente são mul nacionais, que em alguns países que possuem um bom peso comercial chegando a influenciar de 40% a 50% do PIB, ou seja, elas passam a reger também o mercado mundial definindo valor de compra e venda. Desta forma, as coopera vas se tornam reféns desse mercado globalizado. Mesmo com a crise estamos conseguindo crescer. Nos úl mos 15 anos o Brasil dobrou a produção de alimentos em diferentes linhas, grãos, fru cultura, carnes e tantos outros. Eu creio que há alguns fatores que irão nortear as próximas décadas da nossa agricultura. Uma delas é o desafio de produzir alimentos. O mundo está crescendo em quan dade de habitantes e não são todos os países que tem áreas agricultáveis com

20 35

potencial de ampliação assim como o Brasil. Perante a isso, precisamos também preservar os empregos do campo. É fundamental que existam pessoas no campo para que o desenvolvimento con nue. Não existe agricultura sustentável, sem agricultura familiar. Sendo assim, há a necessidade cada vez maior do agricultor aperfeiçoar o seu conhecimento, buscar novas tecnologias que hoje estão disponíveis, mas ao mesmo tempo é preciso ter claro que uma ação complementa a outra, produtos para exportação e outra produção de alimentos para as pessoas, acredito que desta forma iremos consolidar o nosso projeto de agricultura sustentável que nós imaginamos. Um fator mais preponderante é a questão ambiental. Os fatores climá cos com as intempéries têm uma influência cada vez mais agressiva na produção de alimentos. Além disso, observamos o crescia mento do índice do consumo de derivados de agroquímicos que chega à ordem de 1 bilhão de toneladas por safra, isso significa que cada pessoa consome em torno de 5 litros de agrotóxico por ano no Brasil. Não podemos engolir este discurso de desenvolvimento com este modelo de agricultura, porque vamos pagar uma conta cara. Portanto, não é só nos preocuparmos com a preservação de matas, mananciais e da água. É fundamental saber o que estamos produzindo e o que a sociedade brasileira consome. Acredito que esse é o grande desafio. Como combinar a produção sustentável com o cuidado ao meio ambiente. Por úl mo, o desafio de pensar um modelo de agricultura que se modernizou tem menos gente, então as tecnologias devem ser desenvolvidas para que o agricultor familiar ou mesmo o agricultor de

médio e pequeno porte, possa usar tecnologias adequadas para produção de alimentos e ao mesmo tempo essa combinação do conhecimento. Se unirmos tecnologia, acesso à terra, preservação ambiental, nós vamos ter de fato, condições de ter vida longa nesse campo brasileiro, que é de fato muito expressivo, não somente para nós, mas o mundo todo e com resultados extraordinários da produção, mas desde que de fato a gente combine produção com preservação. Mesmo diante da crise nacional, a Agricultura Familiar pode se considerar beneficiada pelas polí cas vinculadas a este segmento? Quais nossos principais avanços e desafios? Atualmente, o setor agrícola é bem assis do pelos programas governamentais, são polí cas públicas na área do crédito, seguro, na área de habitação rural que permitem que grande parte dos agricultores melhorem sua produção e comercialização no campo. São polí cas importantes, mas precisamos avançar. Temos carências na infraestrutura e logís ca do transporte. A nossa safra ainda é escoada através de rodovias e um país que quer ser desenvolvido precisamos que pensar em estrutura de ferrovias e de hidrovias. Temos muitos rios navegáveis que vão e podem e devem ser u lizados. Eu acho que esse é o desafio que nós temos que ajudar a pensar. Os governos precisam criar programas estruturantes para desenvolver as regiões. Uma polí ca pública estruturante que pudesse usar os recursos que o Brasil arrecada de forma mais planejada.


REPRESENTAÇÃO

Lideranças debatem sobre o Cooperativismo Solidário

E

m 2015, o Coopera vismo Solidário iniciou as comemorações pelos 10 anos de história de lutas em favor do desenvolvimento econômico e social da Agricultura Familiar e Economia Solidária.Para celebrar este marco, a UNICAFES Nacional, representante do segmento promoveu em Brasília, o 10º Encontro Nacional do Coopera vismo, o qual reuniu dirigentes de 60 Coopera vas Solidárias de 20 estados do Brasil para discu r o próximo decênio e mo var todas as unidades a repe r as fes vidades já realizadas no Paraná. O evento foi uma verdadeira mostra das conquistas do Coopera vismo Solidário na úl ma década, no qual foi possível celebrar e refle r sobre os anseios deste modelo organizacional, considerando a pauta ainda aberta sobre a Lei Geral do Coopera vismo e as construções polí cas presentes no Brasil em 2016. Segundo o presidente da UNICAFES a nível nacional, Luiz Possamai, um dos desafios a serem superados nos próximos anos será ar cular leis estaduais que reconheçam o trabalho das Coopera vas Solidárias. Das UNICAFES estaduais, somente os estados da Bahia, Paraná, Alagoas, Rio Grande do Sul e Goiás possuem leis que homologam a presença da UNICAFES como representação Estadual, nos demais estados a OCB (Organização das Coopera vas Brasileiras) ainda mantém a unicidade, pois as Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária já possuem reconhecimento polí co e organizacional, mas não estão incluídas na Lei em vigor. Comemorar os 10 ANOS da UNICAFES é uma forma de manter viva a esperança e os diferenciais deste “Outro Coopera vismo”, mo vando as lideranças na defesa de um projeto de desenvolvimento local e ar culação em rede, com um processo de gestão democrá ca e par cipa va, envolvendo jovens e mulheres nos processos delibera vos, num outro jeito de fazer coopera vismo. Parcerias A Fundação Banco do Brasil foi a patrocinadora da realização do 10º Encontro Nacional do Coopera vismo, que conta ainda com o apoio da CONFESOL (Confederação das Coopera vas Centrais de Crédito Rural com Interação Solidária), CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), TRIAS e com a parceria da SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária). A UNICAFES e seus parceiros somam forças no trabalho

de promover a inclusão social e econômica de milhares de pessoas. O trabalho conjunto fortalece a luta pelo modelo de desenvolvimento econômico sustentável do Coopera vismo Solidário contando com ações intera vas com diversos Ministérios, Bancos e ins tuições privadas.

a

Plano estratégico O primeiro ano, do novo ciclo da UNICAFES deverá ser movimentado. A organização espera unir forças ampliando as parcerias com ins tuições públicas e privadas para avançar mais. Os trabalhos iniciam com a previsão de vários encontros de formação e seminários nas UNICAFES Estaduais, eventos que irão marcar a nova era dos trabalhos de representa vidade das organizações. Um espaço democrá co para incluir as novas demandas da classe nos debates do Coopera vismo Solidário. Apesar do cenário polí co e econômico do país não ser tão animador, o presidente da UNICAFES se mantem o mista perante ao crescimento do Sistema. “Nós não temos dúvida de que o coopera vismo con nuará sendo o nosso principal instrumento de transformação econômica e social das famílias, e é por isso, que nós con nuaremos lutando por leis que apoiem o nosso povo, lutando para que os programas governamentais e ins tucionais conquistados permaneçam e sejam ampliados. Além é claro, de buscar novas leis de incenvo a valorização da Agricultura Familiar, produção de alimentos saudáveis, redução da fome e pobreza e ações voltadas as questões ambientais”. O presidente também acrescenta que na próxima década, a par cipação das mulheres e jovens no coopera vismo será marcante. Isso já pode ser observado através do incen vo e trabalhos de base efetuados pelo Programa de Gênero e Geração, responsável por atuar diretamente com o empoderamento de mulheres e jovens na criação de novas lideranças. Histórico A UNICAFES nasceu em Luziânia no I Congresso Nacional do Coopera vismo Solidário, realizado em julho de 2005, na presença de 800 coopera vas das cinco regiões do país. Hoje a organização está situada em todos os estados da federação e representa mais de 1.200 coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, dos ramos crédito, produção, comercialização, habitação, transporte, ATER, artesanato, reciclagem e outros.

21


a

Acompanhe a

Unicafes Paranรก de qualquer lugar. ร simples...

www.facebook.com/UnicafesParanรก


REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

Marco Regulatório das relações entre Poder Público e Organizações da Sociedade Civil Assessoria Jurídica

A

UNICAFES atua na defesa do coopera vismo solidário e dos direitos de suas filiadas há mais de uma década e par cipou da discussão do novo Marco Regulatório das relações entre Poder Público e Organizações da Sociedade Civil, a lei 13.019/14, que cria um ambiente próprio para estas relações, principalmente no que se refere à transferência de recursos públicos para execução de programas. Nem todas as coopera vas são habilitadas para acessar os recursos públicos pela nova lei, mas as coopera vas vinculadas a programas e ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda, fortalecimento da agricultura familiar, formação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de ATER estão explicitamente detalhadas na lei e podem se habilitar nos chamamentos públicos para acessar os recursos. Com a entrada em vigor da lei, surge a necessidade de sua regulamentação na esfera federal, estadual e municipal (nos municípios, somente a par r de janeiro de 2017). É importante que ocorra esta discussão nos municípios, evitando que as regulamentações ocorram sem a par cipação das organizações da sociedade civil. Pode-se dizer que a lei é um avanço, pois ela cria um ambiente mais seguro e transparente nessas relações.

a

Entretanto, para que se efe ve este avanço, há necessidade de que os recursos sejam disponibilizados e o momento não é oportuno. O poder público, em todas as esferas, vem realizando cortes de gastos, fazendo com que, de imediato, as possibilidades que se abriram com a vigência da lei não tenham os resultados almejados. Para que as coopera vas estejam aptas a acessar os recursos públicos, alguns requisitos deverão ser respeitados, exigindo adequações estatuárias nas coopera vas: 1. Dentre as a vidades dos membros da Direção Execu va ou Conselho Administra vo deve constar: “assinar termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação com a administração pública para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, podendo ser delegado a terceiros”. 2. Inclusão no Estatuto Social uma cláusula informando que a “en dade realizará sua escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade”. As alterações deverão ser colocadas em discussão em Assembleia Geral e, após aprovação, tanto o novo Estatuto Social quanto a ata da AGE (Assembleia Geral Extraordinária) deverão ser devidamente registradas na Junta Comercial.

Parcerias entre o Poder Público e organizações da sociedade civil com mais eciência e transparência nos contratos b

Três anos de existência e experiência

b

Monitoramento e avaliação das parcerias

b

Regras claras para seleção das entidades

b

Ficha limpa para organizações e dirigentes

b

Sistema de Prestação de contas

23


BIOGRAFIA

TERRA, LUTA E LAR Biograa de Ademir Dallazen e o nascimento do Sistema Cresol

O livro Terra, Luta e Lar conta a história de vida de Ademir Dallazen (1961-2010), revelando valores, ideais e a história dos antepassados do paranaense que dedicou a sua vida as lutas pela Agricultura Familiar e ao Cooperativismo Solidário, em paralelo com a história das organizações sociais que ajudou a fundar, no Sudoeste do Paraná, o Sistema Cresol e a Unicafes Paraná. Por meio da história de Dallazen, a obra simboliza uma homenagem a todos os agricultores e agricultoras familiares que lutaram e ainda lutam por condições de vidas melhores. A Revista Cooper Mais conversou com a autora, a antropóloga Camie van der Brug sobre como foi a trajetória de construção do livro. Veja a seguir...

Como surgiu esta ideia? Conheci Ademir Dallazen, no período em que trabalhei em programas de cooperação para o desenvolvimento e fortalecimento da Agricultura Familiar através da Ong Belga TRIAS, entre 2001 e 2008. Fiquei impressionada pelo seu jeito de liderar, sua maneira de conciliar vida pessoal, de comunidade e do trabalho. Era uma pessoa alegre, leve e ao mesmo tempo muito focado e persistente. Tinha uma mente extremamente aberta, experimentava coisas novas, sabia ouvir, refle r e dialogar. Ele era humilde, mas não submisso e não sofria nenhum po de sensação de inferioridade. A trajetória de vida dele perpas-

a

sava por muitas en dades da Agricultura Familiar. Foi aí que pensei que a vida dele podia ser um fio condutor para contar a história recente e pouco conhecida dos movimentos sociais para um público mais amplo. A maioria dos brasileiros nunca se deu o trabalho de conversar com quem ocupou uma terra, de ouvir, de compreender suas histórias de vida. No dia 16 de setembro de 2009, no Lar Rogate em Curi ba lancei a ideia. Ele se sen u honrado e respondeu super entusiasmado. "Muitos dos meus parentes não entendem meu trabalho", ele dizia. Seria legal escrever para eles, mas nunca pensei que poderia ser interessante

para outras pessoas”, con nuou. Em seguida Ademir aconselhou: “Se você vai mesmo escrever um livro sobre minha vida, vai ter que falar com muitas pessoas, pois eu não fiz nada sozinho.” Qual foi a intenção? O que me inspirou foi o meu convívio com os agricultores familiares com quais trabalhei durante todos estes anos, lideranças das en dades, homens e mulheres, sócios das coopera vas ou organizadas em uma associação. Encontrei muitas pessoas maravilhosas, durante meu trabalho para a Ong TRIAS e durante as entrevistas que fiz para o livro. Quero compar lhar isso com pessoas que

“Ademir Dallazen apagou os faróis do carro e dirigiu lentamente sobre a estrada de terra. Faixas de neblina davam aos campos em torno dele um ar misterioso. Era como se a natureza quisesse esconder a sua chegada com um véu de proteção. Ele parou o carro ao lado da estrada.”

24 35


olham os movimentos sociais com preconceito ou até ódio. Encontrei muitas pessoas idealistas que dedicam sua vida a fazer deste mundo um mundo justo e sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental. Eu foquei na vida do Ademir Dallazen para nortear o livro, mas espero que muitos agricultores possam se reconhecer nesta narra va. O livro não foi escrito para engrandecer a pessoa de Ademir Dallazen, embora embora ele tenha sido uma pessoa extraordinária. O livro foi escrito para homenagear a luta e as conquistas de todos os agricultores familiares. A concre zação desta obra foi desafiadora tanto para você quanto para as pessoas que par ciparam. Como foi este processo? Quanto tempo levou para o livro ficar pronto? Desde o surgimento da ideia até o lançamento do livro se passaram seis anos. Quatro meses após eu iniciar as entrevistas com Ademir ele faleceu num acidente de carro, enquanto voltava de reuniões em Brasília-DF para Francisco Beltrão-PR. Isso teve um impacto muito grande para todos que o conheciam, principalmente para a sua família. Achei que teria que abandonar a ideia. Mas quem evitou que isso morresse junto com ele, foi a Elisabete Godinho. No dia do enterro do Ademir ela falou para mim: "Agora você vai ter que terminar o livro, a história dele tem

que ser contada." Fiquei um tempo pensando nisso, sem tomar uma decisão. Achei que ia ser muito di cil con nuar sem ter ele como guia. Mas depois eu conversei com a Elenir, esposa do Ademir e junto com os filhos deles, Helder e Lígia, mantemos a ideia. Como foi vasculhar as an gas memórias da família do Ademir Dallazen? Resgatar a história da família de Ademir foi uma experiência muito rica. Passei horas vasculhando arquivos públicos, de paróquias, visitei museus, entrevistei muitos parentes. Entre os parentes algumas pessoas já nham uma idade muito avançado. Dois entrevistados falecerem antes do livro ser publicado. Me dei conta do valor de resgatar, de anotar falas, de registrar, de passar para uma nova geração algo que um dia já era presente, mas que vai embora quando ninguém mais lema brar. Me sen privilegiada por ter um pé em solo brasileiro e um pé ainda na Europa. Assim ve facilidade de fazer pesquisas na Itália, com ajuda de uma amiga, e na Bélgica, onde pude entrevistar os padres belgas Jef Caekelbergh um dos fundadores de ASSESOAR e Jef Bosmans, nas suas respec vas casas e em suas línguas maternas. Em busca desta história, você viveu diversas experiências: viajou bas-

tante e conheceu muitas pessoas. Qual foi o momento que mais lhe marcou? Em todas as minhas viagens por coincidências do des no sempre encontrava os lugares certos, dicas interessantes, documentos esquecidos, pessoas especiais que sabiam algo da história dos Dallazen. Uma das lembranças foi no Rio Grande do Sul: parei o carro em frente a uma casa aleatória para perguntar o endereço da comunidade em que o bisavô do Ademir vivia. Conversei com o casal, que era muito simpá co e que por coincidência conhecia a família Dallazen. De repente a mulher sugeriu: "deixa que vou con go, tem até um cemitério an go no meio do mato, sozinha você não acha nunca!". Ela foi comigo, nós paramos no meio do nada, andamos no mato e não é que nós achamos alguns túmulos e o único legível era o do bisavô do Ademir?! Pra mim isso era mais uma peça do quebra-cabeça. Depois quando levei ela de volta para casa, já era tarde e escuro, o marido dela estava super preocupado. Pra mim foi um presente! O que mais me impressionou foi isso, a gen leza, a hospitalidade e a alegria de todos que entrevistei, tanto na Itália, na Bélgica, como no Brasil. Embora ser muito triste, o Ademir ter falecido tão cedo, muitos lembram dele com muita alegria. Os olhos brilham quando falam dele e se lembram de coisas engraçadas que viverem juntos.

Elenir Dallazen, esposa de Dallazen. “O Ademir foi uma pessoa que me ensinou muito. Sempre me incentivava a participar das organizações, do movimento de mulheres. Para os lhos, ele foi um herói. Estava disposto a ajudar todo mundo, não importava o problema. Hoje o Ademir é uma inspiração para a gente tocar a vida, não desanimar. Sentimos muito por termos perdido ele cedo. Mas o que nos motiva é saber que ele plantou uma semente. Agora nós temos que cuidar e plantar mais.” Na foto: Alzemiro Thomé, diretor presidente da Cresol Baser, a escritora Camie ao lado de Elenir Dallazen no lançamento do livro em Francisco Beltrão em 2015.

25 35


ALTERNATIVA DE MERCADO

CooperSanta exporta suco de laranja no Comércio Justo

Q

ual agricultor que nunca pensou em comercializar toda a safra por um valor maior? E melhor, como bônus ter um recurso a mais para poder ajudar a comunidade em que vive? Parece um sonho, mas não é não. Uma tendência de mercado mundial – in tulado Fair Trade, termo em inglês que significa, Comércio Justo, mostrou que isso é possível e pode mudar a realidade de vida das famílias agricultoras. Na região noroeste do Estado, a Coopera va de Produtores de Frutas de Santa Maria (CooperSanta), localizada na área rural do município de Alto Paraná apostou no negócio. Assim que descobriram a nova modalidade de comércio internacional, o suco dos pomares de laranja que até então eram comercializados somente na região e nos programas governamentais ganharam um des no a mais: a exportação. A oportunidade abriu uma nova perspec va para os quase 60 produtores rurais da coopera va que além de receber mais pela produção, passaram a ter um maior incen vo e valorização pela produção de alimentos. Isso porque diferentemente do mercado tradicional, o Comércio Justo garante um valor agregado ao produto. Enquanto uma caixa de laranja no comércio convencional custa R$ 14,00, no Fair Trade a mesma caixa vale entre R$ 18 a 20 reais, pra camente o dobro. O grande diferencial deste conceito de negócio, que surgiu nos anos 60, é por ser uma inicia va que prima pela responsabilidade social, desenvolvimento econômico de maneira sustentável – porque defende as boas prá cas sociais e ambientais, com padrões de produção equilibrado nas cadeias produ vas, além de um bônus sobre o

26 35

a

preço internacional do produto para os agricultores que depois é rever do em inves mentos para melhorar a produção. Desde 2009, ano que conquistou o selo a CooperSanta melhorou boa parte da sua infraestrutura, construiu o escritório administra vo, adquiriu um veículo e equipamentos como, trator, esparramadeira e guincho, além de implementos agrícolas para os agricultores por um preço mais baixo. Atualmente, o suco de laranja originado das pequenas propriedades da comunidade de Santa Maria é exportado para países da Europa, como Alemanha, Holanda e Suíça. A média anual passa de 4 milhões de quilos da fruta, o que equivale a 100 mil caixas de laranja, resultando em 300 toneladas de suco concentrado. Toda essa produção gera US$ 529 mil para as famílias agricultoras, equivalente a quase 2 milhões de reais. A cer ficação do Comércio Justo é feita pela Fairtrade Labelling Organiza ons Interna onal (FLO) para toda cadeia produ va. Todos devem seguir rigidamente uma série de regras que são baseadas nos pilares de promoção do desenvolvimento social, econômico e ambiental. É por estes e outros fatores que o Comércio Justo tem ganhado espaço por promover uma parceria saudável e justa entre todos os atores envolvidos: produtores, fabricantes, comerciantes e consumidores. A modalidade é bastante difundida na América do Norte e na Europa, mas ainda pouco conhecida no Brasil. Para muitos agricultores, o Comércio Justo é novidade, entre as mais de 115 Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária filiadas a UNICAFES PR a CooperSanta é pioneira no negócio. Depois que entrou para a CooperSan-


ta, o agricultor Carlos Bezerra observou um novo mercado se abrindo, com melhores condições para crescer. “O produtor tem que ter a visão de que não pode fazer a sua comercialização por si só. Se nós se unirmos, vamos ter mais quan dade de produto e quando formos comercializar em conjunto teremos maior valor no mercado”, destaca o agricultor. Carlos é um dos associados com o maior rendimento

Apoio a comunidade Além dos agricultores, os moradores de Santa Maria também estão sendo beneficiados pela coopera va graças ao Comércio Justo. Parte do recurso originado, da comercialização do suco de laranja é rever do em projetos sociais para a população. Desde 2015, no horário contrário da escola as crianças têm recebido incenvos a educação, esporte e a cultura. Até agora, a CooperSanta já disponibilizou aulas de pintura, bordado, crochê, violão, mas foi a capoeira que se tornou a prá ca favorita da criançada. “Agora em 2016, a pedido das crianças nós vamos con nuar com a capoeira. Porque é um trabalho que vai além do esporte, o professor trabalha a educação, a saúde, a religiosidade e ainda quer saber das notas na escola. Então, se você conversar com qualquer criança, ela vai dizer que ama fazer capoeira”, afirma a administradora da Cooper Santa, Cris elly Alves da Silva. Atualmente, 30 crianças par cipam das aulas de capoeira que são realizadas duas vezes por semana.

Sidinei R. da Silva, presidente da CooperSanta

Novos planos Nos úl mos anos, a evolução da coopera va foi expressiva recorda o presidente e também fundados da CooperSanta, Sidinei Rodrigues da Silva. A coopera va que surgiu a par r da união de um grupo de trabalhadores rurais que sonhavam com

na coopera va. Em 10 alqueires, o agricultor produz em média 13 mil caixas de laranja por ano. “Devido a alguns fatores, idade do pé da laranja nós temos uma produção de 220 caixas para dar uma tonelada de suco. A média é de 300 caixas pra uma tonelada de suco. Isso também dá uma vantagem pra mim. Porque no Fair Trade, eles pagam pela produ vidade, isso é bastante importante em relação ao rendimento em relação a produção.”

a

Turma de Capoeira

condições de vida e trabalho melhores já conquistaram a sua independência. “A maior parte dos nossos cooperados eram boiasfrias que trabalhavam em grandes propriedades. Hoje a situação está bem melhor, a maior parte deles tem um pedaço de terra, são produtores de laranja. Alguns já tem tratores, tem os maquinários para trabalhar. Então as condições de vida e trabalho melhorou muito. A coopera va também possui máquinas para os produtores, porque o nosso maior compromisso é ajudar o pequeno produtor, estamos brigando por isso.” Para seguir crescendo, as projeções para esta safra também são posi vas. A coopera va espera expandir a produção de laranja e em consequência aumentar a venda com os compradores externos. “Em 2016, a gente espera conseguir dobrar as nossas vendas de produto”, afirma o presidente. A meta é pular de 100 para 150 mil caixas de laranjas comercializadas, prevendo um movimento superior a dois milhões de reais – que representa um crescimento de 15% em relação a 2015. Para os próximos anos, os planos da CooperSanta são ainda maiores o sonho é construir uma fábrica de suco de laranja integral, já que o serviço de transformação do suco é atualmente é terceirizado.

27 35


a


FORMAÇÃO

"Saberes da Cooperação" integra a coletânea de livros dedicados a estudos sobre o Sistema de Crédito Solidário

D

esde o nascimento dos primeiros empreendimentos do Coopera vismo Solidário surgiram também pessoas interessadas em aprofundar os estudos inspirados neste modelo organizacional – uma experiência nova e inovadora. Tomado por este sen mento, o Ins tuto de Formação do Coopera vismo Solidário (INFOCOS) teve a inicia va de registrar em uma coletânea de livros, uma série de ar gos cien ficos apresentados por membros de empreendimentos do Coopera vismo Solidário, como o Sistema de Crédito Cresol, em suas especializações profissionais. “Em 2010 a Cresol comemorava 15 anos de história, e sabíamos que muitos diretores, colaboradores, parceiros, universidades e professores já nham escrito sobre a Cresol: história, evolução, desafios. Assim que analisamos os trabalhos apresentados no final da pós-graduação realizada em parceria com uma Universidade Pública percebemos que precisávamos de uma oportunidade de ampliar a divulgação destes estudos”, relembra a Analista de Relações Coopera vas do Ins tuto Infocos, Luiza Maria da Silva Rodrigues. A par r deste momento, os ar gos que na sua maioria estariam esquecidos no fundo de uma gaveta se tornaram de conhecimento público. Os livros passaram a ter livre circulação em organizações, en dades e bibliotecas de todo Brasil servindo como base de informação para novos pesquisadores. O primeiro livro foi publicado em 2010, com tulo “Ensaios sobre o Coopera vismo”, tratou os aspectos histórico

a

organiza vas da Cresol. Já o segundo livro lançado em 2013, tulado “Coopera vismo Solidário: Análise das Experiências do Sistema Cresol como Ferramenta da Inclusão Social”. A mais recente publicação foi o livro “Saberes da Cooperação” esta já é a terceira da coleção. A obra com um pouco mais de 450 páginas segue os fundamentos das edições anteriores, sistema zam os conhecimentos produzidos pelos atores coopera vistas que par cipam das turmas de Pós Graduação organizadas pelo Ins tutos Infocos e Sistema Cresol, em parceria com Universidades públicas e privadas. O presidente da Central Cresol Baser, Alzimiro Thomé afirmou no livro que a úl ma edição é o reflexo de que as parcerias formadas ao longo dos anos estão ainda mais fortes. “Os ar gos apontam relevantes percepções e resultados de estudos realizados nessa caminhada de 20 anos do Cooperavismo da Cresol, escritos por mãos que em muitos casos ajudaram a construir essa história, retratando suas experiências e visões das ações, desafios e avanços do coopera vismo de crédito solidário”, comenta. Publica Cresol Com o passar dos anos, e a evolução do Coopera vismo Solidário aumentaram também o número de pessoas publicando estudos a respeito do sistema. Para tornar mais democrá ca e ampla a divulgação desta inicia va que foi criado a página virtual “Publica Cresol” através do endereço: www.infocos.org.br/publicacresol. “Como neste momento, havia muito mais alunos produzindo estudos, e um livro não pode ser muito desproporcional no tamanho para deses mular a leitura, a equipe optou por selecionar os ar gos e na sequência criou uma outra ferramenta online para disponibilizar a enormidade de outros trabalhos que estavam disponíveis para publicação”, jus fica Luiza. Neste espaço, qualquer estudante pode publicar trabalhos acadêmicos sobre as Coopera vas da Cresol e outros temas relacionados. A plataforma se tornou mais uma forma de agrupar e compar lhar conhecimento.

29 35


CULTIVANDO SABORES DA ROÇA

itas Primeiro receitas eiro livro de rece Prim iliar da Agri Agricultura Familiar cultura Fam lançado ado é lanç

A

quela receita famosa da vovó agora já poderá ser provada por outras famílias. Saiu do forno, o 1º livro de receitas do Projeto Cul vando Sabores da Roça do Programa de Gênero e Geração. Para marcar este importante momento, a UNICAFES chamou en dades parceiras, lideranças do coopera vismo, agricultoras de várias regiões do estado e a imprensa para pres giar o lançamento do livro que foi distribuído gratuitamente. Na mesma ocasião, houve uma exposição e degustação de algumas receitas da Agricultura Familiar. Sobre o livro A obra in tulada: “De geração em geração levando sabor a sua mesa” faz o registro da história da colonização das diferentes regiões do estado do Paraná, vinculando as tradições da culinária do campo, picas da Agricultura Familiar, com pratos que não podem faltar nas reuniões familiares. São mais de 10 receitas entre pratos

30

doces e salgados para apreciar. De acordo com os idealizadores do Projeto, o grande diferencial das receitas está nos ingredientes u lizados e no modo de preparo. Os produtos e temperos são cul vados pelos agricultores diretamente nas suas propriedades rurais, o que torna o sabor dos alimentos ainda mais peculiar. Outro detalhe é que por de trás de cada receita há muitas histórias para a serem contadas. O simples fato de reunir os parentes para fazer tortas, bolos e pão caseiro, por exemplo, é uma tradição muito forte para muitas famílias, principalmente para as que vivem na área rural. Cozinhar para família é mo vo de festa na casa da agricultora Elenice Bianquini. A receita “Trança de Batata Doce” que está no livro é adorada por todos. “Fazemos a receita com muita alegria, às vezes alguns amigos também vêm para ajudar a fazer para levar um pouco para casa. Eu fiquei muito feliz de saber que a receita que está na minha família há 20 anos foi escolhida para fazer parte do livro”.

O livro é o resultado do Projeto Culvando Sabores da Roça uma inicia va que es mula as mulheres agricultoras que integram as Coopera vas Solidárias a fazer o resgate cultural da culinária deixada por seus antepassados. Todo este trabalho é desenvolvido do Programa de Gênero e Geração da UNICAFES PR em parceria com as Coopera vas Solidárias filiadas ao sistema. Edição 2016 A intenção da UNICAFES PR é lançar outros livros juntamente com as novas edições do projeto “Cul vando Sabores da Roça”, que seleciona as receitas da Agricultura Familiar iden ficando as histórias das famílias. Neste ano, as inscrições para edição 2016 estão previstas para começar em junho, podendo ser acessadas pelo site da UNICAFES. O resultado e a premiação dos par cipantes serão revelados no evento de comemoração dos 10 anos da organização marcado para os dias 13 e 14 de outubro, na região Oeste do Paraná.


FAÇA EM CASA

Foto: Karoline Ribeiro

PÃO DE MEL

Receita de Ana Deon Bertolini 1º lugar no 2º Projeto Cultivando Sabores da Roça na categoria doce. Município de Candói, Assentamento Matas do Cavernoso - região Centro - PR.

Ingredientes - 4 ovos; -1 xícara de mel; -1 xícara de açúcar mascavo; -½ xícara de chocolate em pó; -1 colher de cravo em pó; -2 colheres (sopa) bem cheia de manteiga; -1 colher de orégano; - 2 xícara de chá leite; -3 ½ xícara farinha de trigo; -2 colheres de sal amoníaco; - 2 colheres de fermento químico; Recheio - Doce de leite e nozes;

Rendimento: 60 unidades Tempo de preparo: 2 horas

a

Modo de Preparo Misture todos os ingredientes até a massa ficar homogênea. Abra massa entre meio um plástico e corte no formato desejado. Asse por aproximadamente 30 minuto. Em seguida recheie com doce de leite e nozes. Para finalizar, banhe no chocolate e espere secar. As crianças vão amar!

Ajude a minimizar o impacto no planeta, faça seus próprios produtos de limpeza.

DESINFETANTE PARA BANHEIRO Ingredientes - 1 litro de álcool (de preferência 70º) - 4 litros de água - 1 sabão caseiro - Folhas de eucalipto Como fazer Deixar as folhas de eucalipto de molho no álcool por 2 dias. Ferver 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Juntar a água e a essência de eucalipto. Engarrafar.

31



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.