Vida Melhor no Campo - Revista Cooper Mais - 4ª Edição

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Revista

Cooper

Ano 2 4º Edição Outubro de 2015

A revista do Coopera vismo Solidário

VIDA MELHOR NO CAMPO Cooperativismo com interação solidária transforma crédito em ferramenta de desenvolvimento da Agricultura Familiar

Tecnologia no campo Coopera vas desenvolvem projeto de melhoramento gené co do gado de leite. Veja os primeiros resultados da inicia va.

Juventude viaja para Colômbia

Expansão de mercado

Experiências e curiosidades do país na perspec va da Coopera vismo Solidário pelos olhos de quem esteve lá.

Novos decretos ampliam mercado para Agricultura Familiar. Produtores esperam aumentar a produção e o expandir as vendas.

www.unicafesparana.org.br

unicafesparana


NESTA EDIÇÃO 05. GÊNERO E GERAÇÃO Grupo de mulheres faz troca de experiências em visita a Feiras de Produtos da Agricultura Familiar 06. REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL Cole vo de organizações par cipa de Encontro com Papa Francisco na Bolívia 07. ARTIGO Encíclica Laudato Si de Papa Francisco e o Coopera vismo da Agricultura Familiar

08. MOBILIZAÇÃO Caravana do Sudoeste par cipa da 14º Jornada de Agroecologia

09. DEFESA DAS SEMENTES Festa das Sementes incen va cul vo de sementes crioulas

10. TROCA DE EXPERIÊNCIAS Juventude brasileira viaja para intercâmbio na Colômbia

12. MERCADO Seminários debatem a conjuntura da cadeia do leite no Estado

13. PRODUÇÃO Agroindústria de leite é inaugurada em Cascavel

14. LIBERAÇÃO DE CRÉDITO Crédito Solidário se transforma em ferramenta de desenvolvimento da Agricultura Familiar

19. LEGISLAÇÃO Novos decretos ampliam mercado para Agricultores Familiares 02

20. POLÍTICAS PÚBLICAS Conferências debatem a qualidade dos alimentos 22. FORMAÇÃO COOPERIGUAÇU lança livro especializado em ATER

23 - COMEMORAÇÕES Coopera vismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária completa 10 anos de história. 31

24. CONCURSO DE RECEITAS Concurso Cul vando Sabores da Roça prêmia receitas da Agricultura Familiar

25. TECNOLOGIA CRESOL E COOPERAGRO desenvolvem projeto para melhorar gené ca do gado de leite 27. ARTIGO UNICAFES 10 ANOS: um modelo de representação democrá co e inclusivo 28. ARTIGO Coopera va da Agricultura Familiar e Economia Solidária: um mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade 29. ECONOMIA SOLIDÁRIA Coopera vismo fomenta o desenvolvimento socioeconômico de catadores de materiais recicláveis

30. MULTIPLIQUE Dicas para organizar a sua vida financeira

31. FAÇA EM CASA Torta de limão & Detergente Ecológico


EXPEDIENTE

A revista COOPER MAIS é uma publicação da FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ composta por matérias per nentes às Coopera vas no Estado do Paraná, tendo como eixo central o Coopera vismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Trata-se de uma revista com conteúdos expressos em reportagens, entrevistas, colunas e promoções dos produtos das Coopera vas vinculadas ao Sistema UNICAFES. A COOPER MAIS quer agregar MAIS INFORMAÇÃO em ações de organização social, gestão de negócios, formação de lideranças e no fomento do Coopera vismo Solidário. •••••••••••••••••••••

CONSELHO EDITORIAL Reportagens: Assessoria de Comunicação da UNICAFES Paraná. Arte e Projeto Gráfico: Indianara Paes. Revisão: Base de Serviços da UNICAFES. Jornalista Responsável: Indianara Paes. Impressão: Grafisul Gráfica e Editora. Tiragem: 2 mil exemplares. •••••••••••••••••••••

CONSELHO ADMINISTRATIVO FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ Presidente: Nilceu Evanir Kempf. Vice-presidente: Valmir Priamo. Secretário: Ivori Fernandes. Tesoureira: Maria Ma lde Machado. Diretores: Luiz Ademir Possamai, Luiz Levi Tomacheski, Angelo Cosse n, Valdomiro Kordiak, José Carlos Farias, Francisco Eudes da Silva, Gilson Dal Cor vo, José Brugnara, Ernani Tabaldi, João Carlos Roso Lauer, Sebas ão Julião Alves, Vilson Camargo, Sérgio Roberto Fiorese, Wilmar Salesio Vandresen, Janete Ro ava, Antonio Zarantonello e Luiz Fernando Lopes da Costa. Conselho Fiscal: Antônio Maria Moyses(Efe vo), Gilson Rodrigues da Costa(Efe vo), Marcos Jamil Auache(Efe vo), José Elto Santos da Silva, Morgana Aparecida Araújo e Savete Vizen n. •••••••••••••••••••••

ASSESSORIA FEDERAÇÃO UNICAFES PARANÁ Alcidir Mazu Zanco, Adriana de Oliveira Nava, Elisângela Bellandi Loss, Felipe Bosio, Ka ane de Souza, Ká a Regina Celuppi, Indianara Paes, Leila Patrícia Bosa, Lindomar Paule , Nereu Antonio de Costa Junior, Ovídio José Constan no e Viviane Santos Rodrigues. FEDERAÇÃO DE COOPERATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA DO ESTADO DO PARANÁ Avenida General Osório, nº 440, Bairro Cango, Francisco Beltrão - PR. Cep. 85.604-240 Fone: (46) 3523-6529 Acesse:: www.unicafesparana.org.br Curta a nossa página no facebook: unicafesparana Tem interesse de receber a revista? Faça o seu pedido pelo e-mail: jornalismo@unicafesparana.org.br

EDITORIAL

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e mão em mão, com diferentes olhares chegamos a mais uma edição da Revista Cooper Mais – um espaço de troca de informações construído de maneira democrá ca pelas coopera vas filiadas a UNICAFES. Esta revista é um importante marco no registro permanente da memória das lideranças do Coopera vismo Solidário da Agricultura Familiar. Afinal completamos 10 anos de história. A 4º edição da Cooper Mais está repleta de novidades. Veja como Coopera vismo Solidário é u lizado como um mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade. Nos 10 anos de representação das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, a UNICAFES busca estratégias para avançar no fortalecimento das coopera vas e centrais. Saiba quais foram os avanços do Plano Safra 2015 para Agricultura Familiar. Conheça também o retrato de famílias agricultoras que graças ao crédito solidário estão expandindo a sua produção e melhorando de vida. As novas perspec vas para comercialização de produtos coloniais com as mudanças da legislação sanitária. Na área rural de Prudentópolis projeto disponibiliza tecnologias para melhoria gené ca no gado de leite. Seminários discutem o Sistema Produ vo do Leite no Paraná. Em Cascavel, Agroindústria do SISCOOPLAF é inaugurada. No Sudoeste, Conferências levantam propostas em defesa de uma alimentação adequada, de qualidade e livre de agrotóxicos. Em viagens pela América La na: as curiosidades e experiências coopera vistas na Colômbia, e os ensinamentos do Papa Francisco no Encontro Mundial de Movimentos Populares na Bolívia. Os prepara vos para final do Concurso de Receitas da Agricultura Familiar “Cul vando Sabores da Roça”. Em tempo de crise econômica, dicas importantes para você manter a saúde financeira. Receitas sustentáveis e deliciosas no espaço “Faça em casa”. E ainda, a expecta va para lançamento oficial das ações comemora vas aos 10 anos da UNICAFES Paraná, com o 2º Encontro Interestadual da Juventude Rural e o 6º Encontro Interestadual Mulher Rural. Boa leitura!

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GÊNERO E GERAÇÃO

Grupo de mulheres visita feiras Além de estreitar relações, o grupo de mulheres do município de Itapejara D’Oeste conheceu a dinâmica da Feira de Produtos Coloniais das colegas de Coronel Vivida. Luciana Oliveira Assessora Regional de Gênero

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a região Sudoeste do Estado, as mulheres agricultoras coopera vadas de diferentes municípios têm conquistado o seu espaço junto à comunidade em que vivem. Nos úl mos anos, várias inicia vas posi vas começaram a surgir a par r da organização de grupo de mulheres que encontraram em prá cas, como o artesanato e a culinária, uma alterna va para gerar uma renda extra para a família. Uma simples a vidade que tem feito a Feirantes do grupo de mulheres do município de Coronel Vivida diferença na vida de tantas mulheres, que até então, só permaneciam no cuidado do lar. intenção do intercâmbio foi estreitar relações e promover a Este trabalho tem se expandido a par r das troca de experiências entre os grupos que além de conhecer a ações da CRESOL (Sistema de Coopera vas de Crédito Rural feira de comercialização puderam também degustar os com Interação Solidária) e da UNICAFES Paraná (União de produtos coloniais. O Programa de Gênero e Geração busca Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) valorizar a par cipação das mulheres na propriedade, através do Programa de Gênero e Geração. coopera va, em grupos produ vos e na sociedade, Recentemente representantes do grupo de mulheres do promovendo o fortalecimento do empoderamento município de Itapejara D’ Oeste es veram acompanhando as socioeconômico das famílias e diminuindo a evasão do campo. a vidades de comercialização das colegas de Coronel Vivida. A

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REPRESENTAÇÃO INTERNACIONAL

Coletivo de organizações participa de Encontro com Papa Francisco na Bolívia

Grupo que par cipou do II Encontro Mundial de Movimentos Populares na Bolívia. Ovídio José Constan no Assessor de Gestão

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um grupo de lideranças paranaenses e catarinenses embarcaram rumo a cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Em quase três dias de viagem de ônibus, o grupo percorreu cerca de 1.820 quilômetros para par cipar do II Encontro Mundial de Movimentos Populares com o Papa Francisco. O cole vo de organizações contou com representantes de diversos movimentos sociais e organizações dos Estados do Paraná e Santa Catarina, como UNICAFES, CRESOL, COOPAFI, INFOCOS, MST, ASSESOAR, COOHABEL, entre outras. O evento buscou aprofundar os debates sobre os principais problemas dos povos e como enfrentá-los cole vamente. O encontro aconteceu de 07 a 09 de julho e reuniu mais de 1.500 militantes da América, principalmente da América do Sul, além de convidados da África, Ásia e Europa.

Encontro com o Papa Francisco Desde a publicação da Encíclica “Laudato Si”, o Papa Francisco vem pregando ao mundo e colocando em prá ca as suas orientações durante suas viagens pastorais e diplomá cas. Isso pode ser observado em sua visita à Bolívia

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no Encontro Mundial de Movimentos Populares. Na ocasião, três temá cas sociais foram abordadas: Terra, Teto e Trabalho, mote que tem sido u lizado por ele como síntese os direitos básicos pelos quais os movimentos sociais devem lutar. Segundo o Papa Francisco: “Um sistema incapaz de garan r terra, teto e trabalho para todos, que mina a paz entre as pessoas e ameaça a própria subsistência da Mãe Terra, não pode seguir regendo o des no do planeta”. Carta de Santa Cruz Um dos grandes momentos do encontro foi a aprovação da “Carta de Santa Cruz”, um documento que contém os 10 compromissos que as lideranças conjuntamente com o Papa se comprometeram a lutar, como: 1. Impulsionar e aprofundar o processo de mudança; 2. Viver bem, em harmonia com a Mãe Terra; 3. Defender o trabalho digno; 4. Melhorar nossos bairros e construir moradias dignas; 5. Defender a Terra e a soberania alimentar; 6. Construir a paz e a cultura do encontro; 7. Combater a discriminação; 8. Promover a liberdade de expressão; 9. Colocar a ciência e a tecnologia a serviço dos povos; 10. Rechaçamos o consumismo e defendemos a solidariedade como projeto de vida.


ARTIGO

Que po de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos... Alcidir Mazu Zanco Assessor Ins tucional

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relações" entre os seres vivos, com um compromisso de todas as pessoas no cuidado responsável da "Casa Comum", ampliando a necessidade do debate sobre as mudanças climá cas. Neste documento a Igreja traça uma crí ca global sobre o sistema vigente, afirmando que este modelo está levando a humanidade a auto-aniquilação. Para o Papa Francisco: "A urgência ecológica é o rosto contemporâneo". "Deus perdoa sempre, nós pessoas humanas algumas vezes, a natureza, nunca", lembra o Papa. Ninguém detém a forma de resolver

todos os problemas. Precisamos es mular amplos debates, em vista da superação da cultura do descarte e do consumismo, em vista da adoção, de um novo es lo de vida. As orientações da Encíclica podem ajudar a humanidade na construção novas relações. Esse debate também necessita ser realizado no Coopera vismo da Agricultura Familiar. Este segmento realiza ações posi vas no cuidado com as questões ecológicas, fundamentado no "ver, julgar, agir e celebrar". Este jeito de promover organização e desenvolvimento necessita ser valorizado e fortalecido. Foto: Elrionegrinho

Encíclica –"Louvado Seja", representa uma retomada do trabalho prá co reflexivo na Igreja Católica. O documento chama atenção para a necessidade de todos terem maior cuidado com a “Casa Comum”, termo usado pelo Papa ao se referir do meio ambiente que qualifica o debate sobre o sen do da existência: Para que viemos a esta vida? O documento foi composto no método "ver, julgar, agir e celebrar", sendo des nado a toda a humanidade, destacando a necessidade de "novas

"Deus perdoa sempre, nós pessoas humanas algumas vezes, a natureza, nunca".

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MOBILIZAÇÃO

Caravana do Sudoeste participa da 14º Jornada de Agroecologia

A tradicional “Marcha pela Agroecologia, Reforma Agrária e da Agricultura Camponesa" foi um dos pontos altos da jornada que propôs chamar atenção da sociedade para discussão do tema. Felipe Grisa ASSESOAR

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á mais de uma década, em inerência por cidades do Estado do Paraná, a Jornada de Agroecologia tem se configurado um importante espaço de estudo, mobilização e troca de experiências, pautando o debate da importância da agroecologia, reforma agrária, proteção do meio ambiente, valorização da Agricultura Familiar e Camponesa. Neste ano, entre os dias 22 a 25 de junho, os agricultores, e representantes de en dades, organizações e movimentos sociais da região Sudoeste es veram na 14º Jornada de Agroecologia, em Ira . Estes es veram somados há mais 4.000 pessoas vindas de diversas regiões do Brasil e de outros países. Uma extensa programação foi realizada durante os quatro dias de evento, como a tradicional “Marcha pela Agroecologia, Reforma Agrária e da Agricultura Camponesa”, par lha de

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sementes, seminários, oficinas e conferências que contaram com a par cipação dos militantes João Pedro Stédile que abordou a “Análise do Movimento do Capital na Agricultura e suas consequências, e também do Frei Be o, que apresentou “Elementos filosóficos para construção de uma sociedade socialmente justa, igualitária, culturalmente diversa e ecologia sustentável”. A par r dos elementos abordados e construídos neste amplo debate a comissão organizadora elaborou um documento: a carta da 14º Jornada de Agroecologia que afirma o compromisso dos par cipantes, a con nuidade na luta por uma Terra Livre de La fúndios, Sem Transgênicos e Sem Agrotóxicos, e ainda pela construção de um Projeto Popular e Soberano para Agricultura. O documento completo pode ser consultado através do site oficial www.jornadaagroecologia.com.br.


DEFESA DAS SEMENTES

Festa das Sementes incentiva cultivo de sementes crioulas Neste ano, o encontro teve como tema “Sementes livres: socialização da riqueza e controle popular”.

André Duarte - ASSESOAR & Indianara Paes - UNICAFES

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XII Festa Regional das Sementes mobilizou mais de 1.400 pessoas, entre agricultores e lideranças de organizações da Agricultura Familiar e Camponesa. Desta vez as a vidades, aconteceram em Capanema, no Sudoeste do Paraná – região que tem um histórico de lutas pela preservação das sementes crioulas. Neste ano, o evento que tradicionalmente é organizado pelo Fórum de Organizações Populares teve como tema “Sementes Livres: Socialização da Riqueza e Controle Popular”. O obje vo principal foi debater o atual cenário do campo, onde as sementes são fundamentais para garan r a autonomia e a produção dos agricultores, possibilitando a troca de experiências, par lha de conhecimento e a construção de um projeto popular de sociedade. Reflexão Na abertura do evento, um teatro encenado por crianças provocou reflexões em torno das tecnologias usadas no campo, como uso de agrotóxicos e inserção das sementes transgênicas e os seus reflexos no es lo de vida das pessoas. Para aprofundar o debate, o dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stédile fez uma análise da conjuntura do campo com foco no espaço agrário. Segundo Stédile, o atual modelo de agricultura, o agronegócio, que tem base no sistema capitalista está fortemente globalizado e predomina de maneira hegemônica todos os lugares do mundo visando obter apenas lucro, fortalecer a apropriação privada do trabalho humano e da produção social, concentrando cada vez mais riqueza e o poder sobre domínio de poucos. O que vai contra os princípios da Agricultura Familiar. “A nossa luta é por um outro modelo de agricultura. A semente é fundamental para sobrevivência do nosso modelo, a luta contra o agrotóxico e a defesa das sementes. Todo

agricultor tem que ter controle sobre a sua semente. Se nós perdermos o controle seremos derrubados. Só o agricultor pode produzir alimentos saudáveis. Sigam mul plicando essas experiências, troquem sementes. Cul var sementes é um ato heroíco”, mo vou Stédile. Guardião de sementes Para valorizar a inicia va de pessoas que trabalham pela preservação e mul plicação de sementes crioulas, bem como incen var a importância dessa prá ca para sustentabilidade da Agricultura Familiar e Camponesa, o Fórum de Organizações Populares que organiza o evento prestou uma homenagem a uma das famílias que é pioneira nesta a vidade. A família Miola, do município de Dois Vizinhos, tem se tornado referência pela capacidade de preservar centenas de espécies vegetais, principalmente cereais. São mais de 350 pos de sementes e tubérculos. Seo Isak Miola se dedica integralmente a esta a vidade e espera que outras pessoas se inspirem no seu trabalho e ajudem a cul var as sementes crioulas. “Eu posso hoje provar que financeiramente que estamos bem, que não temos doenças, porque trabalho com agroecologia, produtos naturais e que isso é possível e dá certo”. Par lha das sementes Um dos momentos mais esperados da XII Festa foi a tradicional par lha das sementes. O público par cipante pode trocar e compar lhar as suas sementes com os demais. Neste ano, mais de 300 pos de sementes foram registradas, muitas quase ex ntas ou com pouco domínio da maioria dos agricultores. Entretanto, a prá ca de cul var, armazenar e mul plicar sementes como base de toda produção agrícola, garante aos agricultores sua existência, seja da forma mais rude a mais avançada, quem controla a semente, controla toda produção.

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TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Juventude brasileira viaja para intercâmbio na Colômbia Indianara Paes Assessora de Comunicação

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fazer a troca experiênciarurais, sobre a vidades ee visitas em coopera vas, de propriedades no poder s UNICAFES UNICAFES(União dos Estados dasdo Nacional Paraná eHerdeiros Minas Agrosolidários centrosde deJovens formaçãoasnas cidades de Duitama, Tibasosa, Tota Gerais juntamente com o TRIAS Brasil esLave-no Americano inicia vas agroecológicas no contexto 1º Encontro Coopera vas da Agricultue Boyocá localizados na região sul do país la no. ram representando a juventude brasileira na da Agricultura Familiar, processo de ra Familiar e Economia que aconteceu de 04 a 12 de agosto. O obje vo deste intercâmbio foi fazer a trocaedea Colômbia. O grupo composto por dirigentes e O grupo par cipou de uma extensa representação dospoder jovens e crianças Solidária) dos Estados do experiência sobre as inicia vas agroecológicas no contexto assessores de ambas as organizações embarcapara Paraná e Minas Gerais juntamente com programação de a vidades e visitas metodologias aplicadas nas famílias da Agricultura Familiar, processo de representação dos jovens ram em direção ao 2º Encontro Nacional Herdeiros Agrosolio TRIAS Brasil es veram representando em coopera vas, propriedades rurais, que as mesmas possam ficar no campo, e crianças e a metodologias aplicadas nas famílias para que dários e no 1º Encontro La no Americano de Jovens que centros de formação nas cidades de embora se encontre grandes dificuldades aaconteceu juventude brasileira na Colômbia. O as mesmas possam permanecer no campo, embora se de 04 a 12 de agosto. Duitama, Tibasosa, Tota e Boyocá econômicas e sociais. e sociais. grupo composto por de dirigentes e programação encontre grandes dificuldades econômicas O grupo par cipou uma extensa de Veja alguns cliques desta troca de assessores de ambas as organizações localizados na região sul do país la no. O obje vo deste intercâmbio foi experiências abaixo. embarcaram em direção 2º Encontro Veja alguns cliques destaaotroca de experiências abaixo:

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Luiz Fernando da Costa

De malas cheias e ideias novas. O que aprendi na Colômbia...

Diretor da Secretaria da Juventude

"Foi uma experiência fantás ca de troca de conhecimento principalmente nas formas de trabalhar com inclusão dos jovens no setor produ vo e econômico. Destacamos principalmente como se trabalha a formação do jovem para a inclusão social. Uma certeza temos: voltamos com grande alegria e com certeza estamos em um processo muito avançado e trilhamos o caminho certo. Trouxemos novas ideias para adaptar a nossa realidade brasileira." Adriana Oliveira Nava Assessora de Gênero e Geração

"Fomos recebidos na Colômbia com muito carinho e com um sonho de ajuda-los a contribuir e aplicar ações que possam atender os anseios da população. Uma experiência que me marcou foi a maneira com que as crianças são preparadas nas escolas. Desde cedo são conscien zadas a preservar os recursos da natureza e apenas consumir o necessário. É um povo que se preocupa com a sucessão de suas propriedades de maneira sustentável e por isso investe em educação."

Embarcaram nesta viagem: Luiz F. da Costa, Sec. da Juventude UNICAFES PR; Lucas Barbosa, TRIAS Brasil; Adriana de Oliveira, Assessora de Gênero e Geração da UNICAFES PR; Fernanda Estevão, diretora da Sec. de Juventude UNICAFES MG; e Igor Peron, Assessor de Juventude UNICAFES MG.

Lucas Fernandes Barbosa

TRIAS Brasil

"Acredito que durante os 12 dias que es vemos na Colômbia entendermos realmente o conceito da palavra intercâmbio: reciprocidade de relações. Foi um momento mágico, onde os diferentes idiomas convergiam para uma mesma linguagem: a inclusão dos jovens e a conquista de seus direitos com desenvolvimento de suas capacidades. Tenho a certeza que este momento proporcionou a cada um presente a renovação do sen mento de luta, desafios e acima de tudo da cooperação entre os jovens de toda a América La na, o sonho de uma sociedade mais justa e inclusiva ainda está dentro de nós jovens."

Curiosidades Mulheres de Ferro: Em Tibasosa as mulheres lideram o trabalho no campo. As crianças desde jovem aprendem com suas mães a produzir alimentos. Alimentos Saudáveis: A produção é 100% agroecológica. Os principais alimentos cul vados na região sul da Colômbia são cebola, ervilha, batata inglesa e feijão. Cul vo de Sementes: As famílias têm a tradição de preservar e mul plicar as sementes na vas para produção de alimentos picos que garantem a saúde e a qualidade de vida de povo.

Cul vo de Sementes: Além disso, em

Duitama há um maiores bancos de sementes da América La na – Semillas. Riqueza Natural: O Lago de Tota, em Boyocá, segundo maior reservatório natural de água doce da América La na é quem abastece a população urbana e rural. A água é usada para consumo e também para irrigação das plantações. Educação: Nas escolas do campo as crianças são ensinadas a viver em sociedade dentro da ideologia do sistema coopera vista. A Coopera va Heredeiros Agrosolidários investe em educação agroecológica com base no sistema coopera vista.

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MERCADO

Seminários debatem a conjuntura da cadeia do leite no Estado Elisângela Bellandi Loss & Ovídio José Constan no Assessores UNICAFES

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As perspec vas, os desafios e as potencialidades desta a vidade para Agricultura Familiar foram os eixos norteadores dos debates.

ais de 50% das propriedades rurais no sul do país detêm o leite como a sua principal a vidade produ va. É deste alimento e seus derivados, queijos e bebidas lácteas, que as famílias agricultoras têm garan do a sua viabilidade econômica de maneira sustentável, apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor nos úl mos anos. É com este cenário que a UNICAFES Paraná realizou no primeiro semestre de 2015, os Seminários Regional do Sistema Produ vo do Leite. Os encontros aconteceram nas três principais bacias produ vas do Estado: em Francisco Beltrão, no Sudoeste, em Cantagalo, no Centro e em Cascavel, no Oeste, e envolveram lideranças e representantes das coopera vas do ramo em um amplo debate. Em todas as regiões, o público recebeu informações atualizadas sobre as perspec vas, os desafios e as oportunidades desta a vidade produ va. O engenheiro agrônomo e especialista na área Vilson Testa apresentou atual panorama do setor com as projeções do mercado nacional e internacional, as alterna vas para a especialização da produção, e destacou a necessidade de fortalecer as coopera vas para estarem incluídos no mercado, viabilizando a produção e a industrialização. Para Testa, o cenário da cadeia leite na perspec va da

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Agricultura Familiar é desafiador. Isto porque, os produtores têm enfrentado inúmeras adversidades, como a desvalorização do preço e principalmente o monopólio de grandes empresas. No entanto, quem acredita nesta a vidade deverá qualificar o seu sistema de produção com agregação de valor. “Organização da propriedade, produção a base de pasto, mão de obra familiar, usando rações apenas como complemento são os grandes eixos da compe vidade na a vidade leiteira. Os produtores que puderem se organizar com produtos coloniais ou diferenciados também terão uma nova oportunidade, mas de espaço limitado no mercado”, orienta. Para UNICAFES, os Seminários foram fundamentais para a leitura de cenário e organização de estratégias para o futuro da produção de leite na Agricultura Familiar Coopera vada. O obje vo da ins tuição é con nuar aprofundando as discussões para construção de propostas e a elaboração do Programa de Fomento e Qualificação de toda cadeia produ va. Os seminários organizados pela UNICAFES contaram com apoio das Centrais de Leite: SISCOOPLAF (Coopera va Central de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária do Oeste do Paraná), COORLAF CENTRAL (Coopera va Central de Leite da Agricultura Familiar) e SISCLAF (Cooperava Central de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária).


PRODUÇÃO

Agroindústria de leite é inaugurada em Cascavel Foto: Portal Mais Bio

Cerca de 400 produtores de cinco coopera vas filiadas à UNICAFES serão beneficiados.

Indianara Paes Assessora de Comunicação

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pós 10 anos de dedicação e luta os produtores de leite de 18 municípios da região Oeste do Paraná, poderão des nar a sua produção para abastecer a agroindústria de beneficiamento de leite do SISCOOPLAF (Coopera va Central de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária do Oeste do Paraná) recém-inaugurada. O empreendimento muito esperado pela comunidade é mais um espaço para valorização dos produtos da Agricultura Familiar. Cerca de 400 produtores de cinco coopera vas filiadas à UNICAFES Paraná serão beneficiados. “Agora teremos mais segurança para nós agricultores familiares, além de maior estabilidade nos preços do leite e principalmente agregação de valor no produto final” destacou a presidente da COOPLAF Cascavel (Coopera va de Leite da Agricultura Familiar), Maria Ma lde.

Foto: Vanderlei Faria

Produção O próximo desafio dos produtores é organizar todo processo de industrialização. A agroindústria já está preparada para receber, processar e transformar o leite in natura em diversos alimentos. A capacidade de produção é de 10 mil litros de leite pasteurizado “barriga mole” e dois mil litros de iogurtes/dia.

Parte dos produtos processados serão des nados para programas governamentais, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), Leite das Crianças e também no mercado regional. A obra possui 256 metros quadrados de área construída e é resultado de um esforço conjunto de parcerias que viabilizaram um inves mento que totalizou R$ 1,5 milhão: verba oriunda de repasse do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário), com contrapar da da Prefeitura Municipal de Cascavel, e recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e do SISCOOPLAF. A Agroindústria está instalada na FUNDETEC (Fundação para o Desenvolvimento Cien fico e Tecnológico de Cascavel) – BR 277, KM 572 em Cascavel.

Ato de inauguração da Agroindústria com a presença de autoridades e lideranças. Descerando a placa o Deputado Federal, Assis do Couto; Presidente da Cooplaf de Cascavel, Maria Ma lde e o Presidente da Fundetec, João Cunha Junior.

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LIBERAÇÃO DE CRÉDITO

Crédito Solidário

Foto:MDA

Foto: Ord Nebraska

ferramenta de desenvolvimento da Agricultura Familiar

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As coopera vas de Crédito Solidário buscam por meio do repasse do crédito, seja através de Programas do Governo, ou recursos financeiros viabilizados de outras fontes, valorizar e fortalecer as organizações locais. A presença da CRESOL nos municípios dinamiza a autonomia econômica e financeira, fazendo com que o crédito solidário seja um instrumento de desenvolvimento e renda. Nesses 20 anos a CRESOL tornou-se referência em crédito rural e por meio de ações e polí cas de fortalecimento o agricultor familiar pode crescer e desenvolver, inves ndo na propriedade e produzindo cada vez mais.


Foto: Farming Fort Collins

PLANO SAFRA Analice Lourenci Assessora de Imprensa/Central CRESOL Baser

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Agricultura Familiar contará com R$ 28,9 bilhões de crédito para operações de custeio e inves mento no ano safra 20152016. Os recursos do PRONAF, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, representam aumento de 20% sobre o valor des nado ao setor na safra passada. Os recursos do Plano Safra da Agricultura Familiar anunciados em junho pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) trouxe algumas novidades como as taxas de juros do PRONAF que con nuam nega vas, variando de 2% a 5,5%, dependendo da região e do valor financiado. “Este ano além do maior volume de recursos des nado à agricultura familiar nos 20 anos do PRONAF, o Plano Safra prevê a criação de dois programas e uma série de medidas para regulamentar a agroindústria familiar e de pequeno porte, expandir os mercados de compras públicas e ampliar a assistência técnica com foco na produção sustentável”, destaca o vice-presidente da Central CRESOL Baser, Luiz Ademar Panzer. Além do volume recorde de crédito, o Plano prevê medidas que permitem a ampliação da cobertura do seguro agrícola e a criação de um programa de apoio às coopera vas. Recursos liberados Em 20 anos, as Coopera vas CRESOL apresentaram números expressivos nos repasses, onde foram liberados mais de R$ 5,4 bilhões de reais através do PRONAF.

Somente na Safra 2014/2015 encerrada no mês de junho de 2015, foram liberados mais de R$ 586 milhões de recursos aos agricultores cooperados. Os valores são correspondentes aos financiamentos por meio do crédito rural PRONAF tanto custeio quanto inves mento, que somaram 30.325 contratos no ano safra. Os recursos em custeio representam mais de R$ 376 milhões de reais, onde foram efe vados em torno de 24 mil contratos. Já o crédito financiado na modalidade inves mento representou cerca de sete mil contratos, em um total de R$ 211 milhões repassados. No cenário financeiro nacional segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os agricultores familiares brasileiros contrataram cerca de R$ 23,9 bilhões em crédito rural do PRONAF. Isso significa um aumento de 9,4% comparado ao valor contratado na safra 2013/2014. “O papel do crédito rural é o de gerador de oportunidades, aproximando o beneficiário das polí cas que es mulam inves mentos em avanços tecnológicos e melhorias nas estruturas das propriedades, mas muito, além disso esse crédito que traz a modernização do campo também auxilia e es mula sua permanência na agricultura, e fortalece o processo de sucessão na Agricultura Familiar”, lembra Panzer. Por meio do PRONAF e de outros programas e projetos o crédito tem um papel fundamental para o crescimento e desenvolvimento do Agricultor Familiar e da economia local.

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LIBERAÇÃO DE CRÉDITO

Crédito disponível proporciona melhoria da vida no campo Aumento de renda e sucessão familiar é possível graças aos recursos disponíveis. Maria Mintkevicz CRESOL Base Sudoeste

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aumento na disponibilidade de crédito no Plano Safra 2015/2016 animou os agricultores familiares e coopera vistas. Com os valores que con nuam crescendo para possibilitar que mais famílias sejam beneficiadas. Há 10 anos, quando chegou na comunidade de Lajeado Bonito, interior do município de Itapejara D’ Oeste, no Sudoeste do Paraná o agricultor Sediney Luiz Piloneto tem tomado crédito para inves mentos e custeio de lavoura. Casado com Sandra, eles têm dois filhos José Henrique e Juliana que residem ainda com a mãe de Sediney, visto que a casa do casal conquistada através do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) ainda está em fase de conclusão. Ele lembra que ao vir morar na propriedade era muito diferente. “Tínhamos aqui uma casa não muito boa e um galpão, essa era a estrutura”. Depois que associaram à coopera va CRESOL as coisas mudaram, pois, a família passou a acessar o crédito de custeio e inves mento e com ele veio a evolução da propriedade. “Se não vesse o crédito não teria como conseguir. A CRESOL financiou tudo o que nós temos hoje, com juros compa veis, que possibilitaram crescer, pois financiamos o inves mento e o custeio do milho que é

"Hoje não trocaria o trabalho no campo por nada na cidade."

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produzido para a manutenção dos animais”. A principal fonte de renda da família vem da agroindústria de derivados de suínos. Em média seis a sete animais são aba dos por dia. A matéria-prima é transformada em torresmo, salame, banha, linguicinha, morcilha, bacon, costela defumada e ingredientes para feijoada. Sediney conta que ao iniciar as a vidades produziam apenas salame e banha, devido à estrutura e por falta de conhecimentos. “Com a disponibilidade de crédito foi possível par cipar de treinamento e ampliar a linha de produtos e a produção”. A estrutura na propriedade também não lembra em nada a que encontraram há 10 anos, além da reforma da casa da matriarca, o casal construiu e equipou um barracão onde são realizadas as a vidades, o chiqueiro onde ficam os animais, além da casa própria. A expecta va agora é pela melhoria do local e conquista do registro no Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA), visto que atualmente a comercialização é feita apenas no município. O agricultor destaca que a produção e a qualidade do produto sempre foram uma preocupação e que mantêm um processo de desintoxicação dos animais antes do abate, visto que ele não tem produção própria. “Após adquiridos os animais permanecem 15 dias na propriedade sendo alimentados apenas com milho para desintoxicarem e assim os produtos terem mais sabor”. O casal afirma que o aumento na liberação de recursos deste ano com certeza irá ajudar outras famílias a conquistarem independência e permanecer no campo. Eles afirmam que a qualidade de vida e o ganho financeiro são maiores caso fossem tentar a vida na cidade. “Hoje não trocaria o trabalho no campo por nada na cidade, além do ganho ser melhor, a qualidade de vida não se compara. Aqui faço o meu horário, cumpro as a vidades e obrigações de entrega de produtos nos prazos, mas sem a pressão”.


Foto: Morsa Imagens

Sucessão Familiar soja, trigo e canola. Ele conta que u liza os créditos de custeio, inves mento e habitação, e que sem o custeio da lavoura certamente a produção seria comprome da. “Todo o recurso acessado é inves do no melhoramento da terra e isso reflete no aumento da produ vidade, o segredo está em produzir”. Porém há uma diversidade de cul vares como hortaliças e frutas para o consumo. Além da criação de aves de postura, corte, suínos e bovinos para o consumo. A expecta va é sempre de grande produ vidade. “Assim a gente consegue cumprir os compromissos e ter uma sobra para a manutenção da propriedade”, relata. O agricultor destaca ainda que os créditos existentes atendem suas necessidades, mas sugere que seriam necessárias algumas linhas alterna vas como: crédito para habitação e fundiário, que contribuiriam para a sucessão familiar. Foto: Outside Online

Outro exemplo de boa aplicação do crédito vem do município de Francisco Beltrão, onde o agricultor Luiz Iess trabalha com o filho Ederson Iess. Seo Luiz é um entusiasta da Agricultura Familiar, mas reconhece que sem o custeio da lavoura seria impossível manter o filho na propriedade e proporcionar a tão desejada sucessão familiar. “Se não houvesse o custeio para a produção certamente meu filho não estaria mais na propriedade, tudo vem da produção e se não houvesse ele estaria buscando alterna vas de sobrevivência”, ressalta. A família reside na comunidade de Rio Tuna interior do município há mais de 50 anos, sendo uma sucessão de gerações. Nela residem Seo Luiz com a esposa Rosmari, o filho Ederson que já é casado e tem três filhos e a filha Taiane. Apenas a filha Cris ane não mora com eles. A família tem como fonte de renda o cul vo de milho,

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LEGISLAÇÃO

Novos decretos ampliam mercado para Agricultores Familiares Elisângela Bellandi Loss & Indianara Paes Assessoras UNICAFES

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a comunidade do Jacu nga, localizada a 20 quilômetros da área urbana de Francisco Beltrão, a família do agricultor Gilson Pedro Gurgel está entre as propriedades da região Sudoeste do Estado, em que o leite é o carro chefe de produção e o principal gerador de renda. Paralelamente, toda matéria-prima gerada pelo seu rebanho é des nada para a própria agroindústria de derivados de leite da família. O queijo colonial é o principal produto – a média de produção varia de 700 a 800 unidades por mês. Segundo Gilson que é associado a COOPAFI Francisco Beltrão (Coopera va da Agricultura Familiar Integrada), o alimento é muito procurado nas feiras da cidade e também por outras pessoas da região. “O queijo é mercado garan do, hoje até estamos em falta. Chega na metade das feiras, já não temos mais o produto”, afirma. No entanto, o comércio da família se resume aos estabelecimentos de Francisco Beltrão, devido a inspeção sanitária municipal (SIM), que permite a comercialização apenas no município, e desta forma restringe a venda do produto para outras cidades. A boa no cia para Gilson e também para os demais agricultores é que o decreto n° 8445/2015, publicado dia 06 de maio altera ar gos do RIISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) que impossibilita os avanços na comercialização dos produtos da Agricultura Familiar, principalmente de origem animal. As grandes barreiras rompidas com no decreto n° 8.471/22 de junho de 2015, está no reconhecimento das agroindústrias de pequeno porte para produtos de origem animal, estabelecidas nas propriedades da Agricultura Familiar, de forma individual e cole va, com área ú l construída não superior a 250 metros quadrados.

Conquistas do novo decreto O sistema de inspeção se refere a animais aba dos, pescado, leite, ovos, mel, cera de abelhas e subprodutos derivados. Também se estende ao recebimento, manipulação, transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem, depósito, rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer produtos e subprodutos, adicionados ou não de vegetais, des nados ou não à alimentação humana. Outra barreira superada, é quanto a escala produ va, para as agroindústrias de pequeno porte de bebidas (derivados de uva, vinhos e polpas), onde as instalações devem ser coerentes com a escala produ va e área ú l construída, na análise realizada pelos técnicos do MAPA (Ministério da Agricultura e Abastecimento). Outro ponto chave dos decretos está na a vidade a inspeção, que passará a ser através de profissionais autônomos ou ligados a coopera vas de técnicos e empresas credenciadas, agilizando o processo de liberação e acompanhamento permanente, e cabe a ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) efetuar a fiscalização do processo de inspeção. Para Gilson esta mudança representa um avanço para as pessoas que vivem da Agricultura Familiar. O produtor que já preocupa com o futuro de sua propriedade já faz planos para dobrar a sua produção com apoio dos filhos. “Esperamos que novo decreto favoreça os agricultores, as agroindústrias e também os consumidores que terão acesso a alimentos saudáveis. Nós precisamos de abertura de mercado para poder produzir e vender mais. Assim poderemos ter uma renda melhor para família”.

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POLÍTICAS PÚBLICAS

Conferências debatem a qualidade dos alimentos As discussões avançaram em defesa de propostas que garantam alimentação adequada, de qualidade e livre de agrotóxicos para população.

Indianara Paes Assessora de Comunicação

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município de Francisco Beltrão recebeu as etapas regionais da 3º Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional (CRSAN) e da 2º Conferência de Assistência Técnica e Extensão Rural (CRATER). Desta vez, as conferências aconteceram de maneira integrada, no campus da Unioeste Francisco Beltrão, em julho. Mais de 250 pessoas par ciparam das a vidades que incluíram debates, aprovação de propostas e eleição de delegados. Estes encontros são uma oportunidade para que a sociedade civil organizada e ins tuições públicas possam contribuir para formação de novas polí cas públicas que atendam as demandas de SAN e ATER. A etapa regional, que também aconteceu em outros estados do país, faz parte do processo de preparação para as Conferências realizadas a nível Estadual e Nacional. O engenheiro agrônomo e oficial nacional de Programas da FAO (Organização das Nações Unidades para Alimentação e a Agricultura), região Sul do Brasil, Carlos Antônio F. Biasi, abriu os ques onamentos pontuando os avanços e as dificuldades que precisam ser superadas no país. Para Biasi, os temas das Conferências são de extrema importância porque conversam entre si. No entanto, é preciso que esses assuntos sejam tratados com mais profundidade pelas organizações. “Nós

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temos no país um aumento na redução da insegurança alimentar, saímos do mapa da fome, mas por outro lado ainda temos pontos importantes a serem melhorados”, comenta. Um deles é o desperdício de alimentos. Todos os anos 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são jogados fora no mundo, enquanto que há milhares de pessoas passando fome. Em dólares isso representa mais de 750 milhões, além dos impactos ambientais causados por este problema. “Então não tem muita jus fica va para ocorrer este desperdício. Por isso, há necessidade de que as ins tuições que trabalham a segurança alimentar também debatam essas questões”, alertou Biasi. O que é comida de verdade? As discussões também avançaram a respeito da qualidade dos alimentos que chegam até mesa dos brasileiros. A falta de acesso a alimentos com um bom valor nutricional ainda persiste em grupos populacionais com menor renda. Para se ter ideia, no campo 2/3 da população sofre com a insegurança alimentar. Outro agravante é a ampliação do consumo de produtos excessivamente industrializados e processados baixa qualidade em termos nutricionais. A indústria alimen cia, por exemplo lança 17 mil novidades por ano. Em consequência disso, os índices de obesidade e sobre peso crescem rapidamente. Mas


Segurança Alimentar e Nutricional Os par cipantes da 3º Conferência Regional de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), que teve como tema “Comida de Verdade no Campo e na Cidade: por direitos e soberania alimentar”, levantaram propostas baseadas nos eixos: os avanços e obstáculos para conquista da alimentação adequada e saudável para soberania alimentar; estratégia para conseguir alimentos de qualidade; e pacto federa vo no sen do da par cipação social. Assistência Técnica e Extensão Rural Já a 2º Conferência Regional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) colocou em destaque o “O Fortalecimento da ATER para o Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (DRSS)”. As propostas sugeridas veram base nos eixos: demandas e ofertas de ATER a par r do Plano de DRSS; abrangência e público beneficiário; metodologia para uma ATER inclusiva; gestão e financiamento. Foto: Portal Saúde Afiada

os produtos do campo também não estão livres. Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 1/3 dos vegetais consumidos no Brasil apresentam resíduos de agrotóxicos em níveis inaceitáveis. “Nós queremos produtos limpos com qualidade, sem agrotóxicos e com diversificação, não apenas de uma cultura (monocultura). O nosso grande desafio é tornar as necessidades dos agricultores em polí cas públicas para que os recursos públicos do governo possam dar sustentabilidade ao trabalhador lá no campo”, salientou o coordenador da Comissão Regional das Conferências de ATER e SAN, Luiz Perin. As Conferências Regionais de ATER e SAN foram organizadas por uma comissão composta por en dades como a SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), Ins tuto Emater (Ins tuto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), GGETESPA (Grupo Gestor do Território Sudoeste do Paraná), UNICAFES Paraná (Federação de Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária), e a Unioeste.

Agrotóxicos na mesa Ranking de alimentos de acordo com o percentual de amostras inadequadas para consumo.

1º Pimentão (91,8%) 2º Morango (63,4%) 3º Pepino (57,4%) 4º Alface (54,2%) 5º Cenoura (49,6%) 6º Abacaxi (32,8%) Fonte: ANVISA

Como ter uma alimentação saudável? O escritor Michael Pollan lista em seu livro "Em Defesa da Comida" dicas importantes. 1. Não coma nada que sua avó reconhecesse como comida. 2. Evite comidas contendo ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar. 3. Não coma nada que não possa um dia apodrecer. 4. Evite produtos alimen cios que aleguem vantagens para sua saúde. 5. Dispense os corredores centrais dos supermercados e prefira

comprar nas prateleiras periféricas. 6. Melhor ainda: compre comida em outros lugares, como feiras livres ou mercadinhos hor frú s. 7. Pague mais, coma menos. 8. Coma uma variedade maior de alimentos. 9. Prefira produtos provenientes de animais que pastam. 10. Cozinhe e, se puder, plante alguns itens de seu cardápio. 11. Prepare suas refeições e como apenas à mesa. 12. Coma com ponderação, acompanhado, quando possível, e sempre com prazer.

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FORMAÇÃO

COOPERIGUAÇU lança livro especializado em ATER A obra aborda conhecimento teórico e prá cas no campo da Agricultura Familiar e Camponesa

Indianara Paes Assessora de Comunicação

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s doutorandos em Agroecologia Olivo Dambrós e Valdemar Arl lançaram pela COOPERIGUAÇU (Coopera va de Trabalho Iguaçu de Prestação de Serviços) o livro “Da Extensão Rural à Construção Social do Conhecimento: um desafio para o desenvolvimento local sustentável”. A obra de um pouco mais de 500 páginas surgiu de uma necessidade das organizações e movimentos sociais, profissionais e lideranças que atuam no campo da Agricultura Familiar e Camponesa em obter informações especializadas no tema.

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Sobre o livro A obra faz um resgate histórico da agricultura brasileira e organizações sociais do campo, assim como expõem contribuições teóricas de conteúdo e metodologia organizadas e sistema zadas com experiências de ATER desenvolvidas nos estados do Paraná e Santa Catarina, desde 2002. Conforme os autores, a intenção desta publicação é oferecer um conjunto de técnicas e instrumentos de trabalho cole vos no sen do de construir alterna vas ao modelo vigente, apresentando argumentos e bases que contribuam na transição do extensionismo à construção social do conhecimento na lógica do desenvolvimento local e sustentável. Desta maneira, o material teórico servirá como um importante referencial técnico, conceitual e metodológico para apoiar no planejamento de Unidades de Produção e Vida Familiar, grupos e comunidades rurais, assentamentos de reforma agrária e nas ações de desenvolvimento sustentável em municípios com caracterís cas rurais. Para a elaboração total da obra, a Cooperiguaçu contou com o apoio de várias organizações que contribuíram no processo de construção das metodologias, como a Unicafes (Federação de Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a Cresol (Sistema

Coopera vas de Crédito Rural com Interação Solidária), a COOPAFI (Sistema de Coopera vas da Agricultura Familiar Integrada), o CEAGRO (Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia), a Cenater (Central das Coopera vas de Acompanhamento Técnico e Extensão Rural do Estado do Paraná), o Sintraf (Sindicato da Agricultura Familiar), a Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), Sisclaf (Central de Coopera vas de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária), a Fetraf Brasil (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar) e a Rede de Agroecologia Eco Vida.

Palavra dos autores Olivo Dambrós – "Este livro é fruto de ações cole vas que envolveram organizações da Agricultura Familiar e Camponesa, além de muitas pessoas comprome das e empenhadas com a construção social. Sinto-me feliz por integrar esse cole vo e estar contribuindo nessa caminhada".

Valdemar Arl - "Fico feliz em poder apresentar esta sistema zação que resulta de vários processos de produção, organização e luta que ajudamos a construir, e, por isso agradeço a todos (as) que somaram parte. Que nos sirva de ponto de par da na análise dialé ca para a con nuidade dessa construção."


COMEMORAÇÕES

Cooperativismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária completa 10 anos A UNICAFES realiza uma programação especial com lideranças coopera vistas, autoridades e en dades parceiras

Indianara Paes Assessora de Comunicação

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á uma década, a UNICAFES Paraná tem dedicado seu trabalho em prol do fortalecimento das Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Durante este tempo, além dos desafios superados, muitas conquistas foram concre zadas levando a ins tuição a se consolidar com expressividade no processo de representação e organização das Coopera vas Solidárias. Hoje a ins tuição possui credibilidade e visibilidade a nível nacional e internacional por suas experiências posi vas. Em 2015, a UNICAFES inicia um novo ciclo. Está mais madura, forte e principalmente con nua cul vando e mul plicando os sonhos de quem as gerou – a união das coopera vas. Uma forma de valorizar a todos que ajudaram a construir essa história e inspirar os passos do futuro a ins tuição realizará em outubro uma programação especial para marcar este importante momento, envolvendo jovens, mulheres e lideranças coopera vistas.

2º Encontro Estadual da Juventude No dia 15 de outubro, as a vidades iniciam com a juventude. A UNICAFES espera reunir mais de 400 jovens agricultores para um grande evento de confraternização

onde serão realizadas palestras, grupos de trabalho e oficinas que irão abordar temas como, sucessão familiar e geração de renda, tecnologias, educação pública para juventude, e violência, drogas e redução da maioridade penal. Lançamento oficial dos 10 anos da UNICAFES Na ocasião homenagea-se as pessoas que ajudaram a fundar a UNICAFES. A programação fes va dos 10 anos valoriza as lideranças do coopera vismo, autoridades polí cas e en dades parceiras. 6º Encontro Interestadual a Mulher Rural No dia 16 de outubro, a atenção é dedicada as mulheres agricultoras que par cipam das a vidades do Programa de Gênero e Geração da UNICAFES. A expecta va é reunir mais de 1.500 pessoas. O encontro tem obje vo de valorizar o papel da mulher e também compar lhar as experiências vivênciadas pelos grupos de mulheres de todo o Estado durante o ano. Além de palestras e dinâmicas, a haverá a tradicional Feira de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar e 2º Concurso de Receitas “Cul vando os Sabores da Roça”, entre outras a vidades. A programação que marca os 10 anos da UNICAFES acontece no Centro de Eventos da Marabá em Francisco Beltrão.

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CONCURSO DE RECEITAS

Concurso prêmia receitas da Agricultura Familiar As receitas que u lizarem os produtos e temperos de pratos tradicionais do campo recebem prêmios. Indianara Paes Assessora de Comunicação

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2º Concurso de Receitas da Agricultura Familiar já tem seus finalistas. Desta vez, mais de 100 receitas entre pratos doces e salgados foram inscritos. Uma grande variedade de receitas que vão desde refeição principal até sobremesas. Para chegar aos finalistas, o processo sele vo aconteceu durante o mês de setembro em municípios das regiões Sudoeste, Fronteira, Oeste, Centro e Centro Sul do Paraná. Os pratos foram julgados por uma banca composta por técnicos da área de alimentação. Os profissionais veram a responsabilidade de avaliar os pratos pela origem dos

produtos, o modo de preparo e a iden dade cultural. Ao total 50 receitas foram classificadas. A final do concurso que acontece no dia 16 de outubro, durante o 6º Encontro Interestadual da Mulher Rural, que neste ano realiza-se no Centro de Eventos da Marabá em Francisco Beltrão. O evento faz parte das comemorações dos 10 anos da UNICAFES Paraná. As receitas que cul vam produtos e os temperos do campo, além de valorizar as tradições familiares são prêmiadas. O Concurso de Receitas da Agricultura Familiar é uma ação do Programa de Gênero e Geração da UNICAFES.


Foto: Zweber Farms

TECNOLOGIA

CRESOL e COOPERAGRO desenvolvem projeto para melhorar genética do gado de leite

Indianara Paes Assessora de Comunicação

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a busca pela melhoria da produção leiteira em termos de quan dade e a qualidade, a Agricultura Familiar vem adotando tecnologias voltadas a progressão do potencial gené co do rebanho. Atualmente, uma das prá cas mais u lizadas para potencializar a a vidade está a inseminação ar ficial, que proporciona um ganho gené co rápido e apto para produção de leite. Na comunidade de Jaciaba, localizado há cerca de 78 quilômetros do município de Prudentópolis, região centro-sul do estado, os agricultores estão o mistas com a pecuária leiteira. Há um pouco mais de um ano, cerca de 10 propriedades rurais introduziram a par r do acompanhamento técnico a Inseminação Ar ficial Tempo Fixo (IATF), um programa que permite realizar a inseminação de todas as matrizes bovinas em apenas um dia, diferente do método de reprodução tradicional, onde é feita a monta natural. Nesta prá ca, o cio da novilha é programado com a u lização hormônios que induzem a ovulação. Já a fer lização é realizada com o uso com sêmen sexado – técnica de seleção do sexo antes da gestação – com touro das raças jersey e holandês que é fundamental para progresso gené co e a melhora da produção. Atualmente, a IATF é muito u lizada na pecuária de gado de corte e leite por seus ganhos em economia, racionalização de manejo e qualidade gené ca.

Programa em Busca de um Futuro Melhor Toda essa tecnologia chegou a par r do Programa em “Busca de um Futuro Melhor”, uma inicia va da CRESOL Prudentópolis em parceria com a COOPERAGRO, que após várias visitas de campo notaram a necessidade dos agricultores em qualificar a produção. Desta maneira, uma estrutura de Assistência Técnica e Extensão Rural foi montada para atender a demanda. Desde então, os pequenos produtores da comunidade de Jaciaba estão aplicando os conhecimentos teóricos com suporte técnico da CRV Lagoa (Central de Gené ca Bovina) e o laboratório de medicamentos veterinários Ouro Fino, e já estão observando as vantagens de inves r em novilhas e touros com ap dão leiteira aliando a tecnologia de melhoramento gené co. Conforme com o técnico agrícola Márcio Muller, com a implantação do Programa foi possível iden ficar os problemas das propriedades, como por exemplo uso de sal incorreto para a vidade que exerciam, pastagem degradadas inapropriadas para o leite e passaram a corrigi-los. Quem apostou na tecnologia está colhendo os primeiros frutos. Antes o cul vo do feijão era o que prevalecia nas propriedades. Hoje a realidade é outra. A produção de leiteira se tornou a principal a vidade das famílias. De 400 litros de leite, a média subiu para a 4.200 litros produzidos mensalmente em cada propriedade. O resultado foi tão posi vo que até aqueles produtores não associados a coopera va, vieram até a CRESOL para se filiar e também usufruir do programa. Atualmente já são mais de 20 propriedades rurais que trabalham com a técnica IATF e IA. “Os produtores não pretendem voltar a cul var feijão. Além de ser um trabalho árduo era pouco lucra vo. Agora no local em que estavam as lavouras de feijão, as famílias manejam o gado de leite que tem proporcionado maior renda e mais qualidade de vida”, relata Márcio que garante que a produção deverá crescer ainda mais. As visitas a campo foram fundamentais para criação do projeto de melhoramento gené co de gado de leite.

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ARTIGO

UNICAFES 10 ANOS Um modelo de representação democrático e inclusivo Alcidir Mazu Zanco Assessor Ins tucional

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s primeiros 10 anos da UNICAFES (União de Coopera vas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) são marcados por muitas conquistas, principalmente na representação ins tucional. Neste cenário é importante qualificar o debate sobre o processo de ins tucionalização buscando legi mar de maneira par cipa va os verdadeiros diferenciais deste modelo organizacional. A ins tucionalização é um processo pelo qual cada indivíduo transmite as diretrizes definidas pela organização como corretas. A consolidação deste processo está relacionada a consciência organizacional e a resistência as mudanças impostas pelo mercado. A legi midade só é alcançada quando os atores envolvidos aderem de maneira compar lhada ao sen do da estrutura. A criação de uma nova estrutura demanda um esforço considerável da ação humana para a sua produção. O processo de ins tucionalização se dá em diferentes níveis de persistência cultural. Destacam-se três estágios: préins tucional, semi-ins tucional e ins tucional. Este processo marca o surgimento, maturação e legi mação organizacional.

Estágio I - Pré-ins tucional Caracteriza-se pela exteriorização. Recém cons tuída a organização se depara com as forças externas provenientes das tecnologias, legislações e do mercado. O confronto com estas forças gera o desenvolvimento de hábitos que precisam ser legi mados e teorizados nas propostas organizacionais.

Estágio II - Semi-ins tucionalização É definido pela obje ficação. Nesta fase as organizações se valem dos resultados gerados pela execução dos processos estruturais e de esforços para aumentar suas competências em relação aos seus compe dores. Vários autores observam que esse fenômeno faz com que as organizações se tornem cada vez mais parecidas. Esse ajuste ocorre devido a três questões: Influência polí ca (leis, governo, grupos de interesse); Incertezas (cópia de soluções já encontradas por outras organizações); Profissionalização (padronização). Estágio III - Ins tucionalização Esse processo define a legi mação da estrutura e a sobrevivência ao longo de gerações sucessivas. A legi midade é alcançada quando as ins tuições conseguem compar lhar dos sen dos e significados com os atores sociais. A legi mação também pode ser ob da a par r daquilo que é amplamente aceita pela sociedade, quando se adota soluções consideradas importantes para o desenvolvimento. Realidade Atualmente, o Sistema UNICAFES vive o estágio II, período que as organizações obje vificam e validam o seu diferencial. Esta fase se define o futuro de um modelo organizacional, sendo importante que as Coopera vas que integram este Sistema, se envolvam no debate, para purificação e consolidação de diretrizes que representam processos sustentáveis e legí mos diante da base associada.

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ARTIGO

Cooperativismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária: um mecanismo de desenvolvimento sustentável na sociedade

Daniela do Nascimento Assessora de Gestão

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coopera vismo da Agricultura Familiar e Economia Solidária tem demonstrado cada vez mais ser um modelo de gestão inovador e também adaptável ao sistema mercadológico atual. A proposta de consolidação deste sistema coopera vista, conforme seus conceitos primordiais de autogestão, par cipação e inclusão, permitem o de-senvolvimento de prá cas sustentáveis, proporcionando possibilidades de novos horizontes para sociedade, já que é um sistema comprome do com questões ligadas ao meio ambiente, setor econômico e desenvolvimento social. Esta forma de cooperação não se atém apenas em obter bene cios para um grupo específico da sociedade, propõe expandir suas ações em prol as diversas cadeias produ vas, e assim, possibilitar um melhor processo organizacional das pessoas em suas comunidades. Dessa maneira a sua atuação, torna o coopera vismo solidário um componente estratégico para programas de desenvolvimento regional e combate à pobreza. Na medida em que condições forem sendo estabelecidas para potencializar dinâmicas de desenvolvimento de maneira descentralizada, realista e par cipa va, será possível apoiar a evolução da Agricultura Familiar, da Reforma Agrária, do Coopera vismo. Consequentemente, convergindo às metas globais de desenvolvimento sustentável, atreladas a inclusão social. Condições orientadas pelos preceitos do associa vismo e da Economia Solidária possibilitam que ações estratégicas e polí cas públicas sejam ins tuídas de acordo com as demandas apontadas pelas comunidades e organizações da sociedade. Reconhecer as especificidades locais e ofertar meios que atendam a estas caracterís cas é o caminho para promover o

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desenvolvimento de maneira sustentável. Compreendendo a importância destas especificidades a Secretaria de Desenvolvimento Territorial pressupõe que um adequado desenvolvimento sustentável ao meio rural pode ser sinte zado pelo crescimento e geração de riquezas em função de dois propósitos gerais: 1) Coesão social: expressão de sociedades nas quais prevaleçam a equidade, o respeito à diversidade, à solidariedade, à jus ça social, ao sen mento de pertencimento e inclusão. 2) Coesão territorial: expressão de espaços par cipa vos, recursos humanos e econômicos, sociedade e ins tuições imersas nos níveis regionais, nacionais ou supranacionais, das quais são definidas como en dades culturais, polí cas e socialmente integradas. Contudo, para que o desenvolvimento sustentável seja impulsionado, limitações como falta de oportunidades e de capacidades devem ser superadas. Barreiras sociais e polí cas devem ser mi gadas para haver harmonia entre a cultura e o crescimento econômico regionalizado. O intuito é a valorização dos recursos, das pessoas e dos produtos de suas comunidades. Neste ambiente acordos, concessões, parcerias são necessárias para que o capital social agregue vantagens compe vas locais, facilitando alianças, cooperação e confiança. Neste contexto, o Coopera vismo de Agricultura Familiar e Economia Solidária compar lha com a premissa de que a base para o Desenvolvimento Sustentável, provém de transformações estruturantes que devem ocorrer em todos os setores da sociedade. Estas mudanças, devem ser aprimoradas por meio do dinamismo organizacional, fortalecendo a condução democrá ca que permeia os processos de par cipação social.


ECONOMIA SOLIDÁRIA

Cooperativismo fomenta o desenvolvimento socioeconômico de catadores de materiais recicláveis Felipe Bosio - Assessor de Financeiro & Nereu Antônio de Costa Júnior - Assessor de Expansão

rede de coopera vas e associações que realiza a coleta sele va com inclusão de catadores de resíduos sólidos e fortalecimento organizacional, produ vo e econômico da cadeia da reciclagem na região Noroeste do Paraná. A rede tem atuação nos municípios de Colorado, Paranavaí, Umuarama, Nova Esperança, Uniflor e Cruzeiro do Oeste. A UNICAFES defende este modelo baseado na estruturação em redes e sistemas, com a construção de ações a par r do consenso entre associados, dirigentes, colaboradores e en dades parceiras. A execução deste trabalho é realizada de forma descentralizada, abrindo espaço para a inovação e gestão adaptada às caracterís cas locais. No segundo semestre de 2015, a UNICAFES através de a vidades em conjunto com a COOPERVAÍ tem trabalhado a aproximação e ampliação das parcerias com as demais organizações da Rede Arenito Caiuá, a fim de fortalecer a representação destas organizações e garan r a con nuidade desta a vidade, que se mostra essencial para a vida de seus associados e de toda a sociedade.

Foto: G1

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coopera vismo de Economia Solidária é o grande contraponto à condição de alienação imposta pela economia dominante e diferencia-se do coopera vismo tradicional, por não se preocupar apenas em obter bene cios econômicos para um número limitado de pessoas, mas também irradiar suas ações para todos os integrantes de um ramo produ vo ou uma comunidade. Neste ponto, as coopera vas de seleção de materiais recicláveis realizam uma dupla função: combatem a concentração de renda, a desigualdade e a pobreza, organizando pessoas historicamente excluídas econômica e socialmente, e amenizam um dos grandes problemas do mundo moderno, o acúmulo de lixo. A COOPERVAÍ (Coopera va de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí), primeira coopera va de reciclagem filiada à UNICAFES realiza um importante trabalho no município de Paranavaí. Atualmente, a coopera va faz parte da Arenito Caiuá, uma

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MULTIPLIQUE

Dicas para organizar a sua vida nanceira Felipe Bosio Assessor de Finanças

Anote tudo Faça um controle financeiro de quanto você ganha e quanto você gasta por mês. Casos as despesas sejam maiores que o seu rendimento é momento de analisar melhor seus inves mentos, cortar as despesas fúteis e supérfluas. Orçamento sempre no vermelho Jamais recorra ao uso do Cheque Especial quando o seu saldo nega vo irá se postergar por meses, caso isso ocorra a melhor forma é agendar uma conversa com seu agente financeiro e estudar a possibilidade de um emprés mo, pois os juros pra cados nesta linha de crédito é mais baixa. Vencimentos Erros pequenos sempre passam despercebidos, porém quando somados no montante do mês ou do ano gera um valor considerável. É o caso de juros pagos em faturas mensais como: água, luz, telefone, cartões de crédito, PRONAF inves mento e tarifas bancárias. Comece a valorizar mais o seu dinheiro, pois com esse montante no fim do mês pode somar a uma grande receita. Dinheiro no bolso o mês inteiro O cartão de crédito trouxe mais agilidade e pra cidade para a vida das pessoas, mas deve ser usado de maneira consciente para não virar um problema com gastos excedentes no fim do mês. Também tome cuidado com as anuidades cobradas pelas financeiras, pois o valor pode não compensar pela quan dade financiada no cartão. Cartões de lojas Será que vale a pena ser cliente de varias lojas, e ter um cartão de cada uma delas? Normalmente você vai a loja faz as compras e as parcela no cartão próprio da loja, sendo que a fatura só pode ser paga na loja, isso serve para que o cliente volte e sempre leve algo a mais. Não compre nada por impulso. 30 04

Gastos extras No decorrer do mês sempre surgem alguns gastos extras como, presentes, festa e/ou datas comemora vas, porém é sempre bom que você tenha um valor máximo para uso desse fim, para que não haja a previsão dessa despesa para o próximo mês. Inves mento Sempre que suas receitas forem maior que suas despesas temos uma sobra para inves mento, se você é um inves dor iniciante a indicação é as aplicações com rendimento fixo. Agora se você planeja suas contas prevê suas receitas, projeta seus inves mentos uma boa indicação é os tulos públicos por meio do tesouro direto o mesmo possui baixo risco e uma rentabilidade compe va.


FOTO: PLOX

FAÇA EM CASA

TORTA DE LIMÃO Receita de Adricielly Aparecida Burner * Cascavel - Paraná

Ingredientes Massa podre - 250g de manteiga - 2 gemas de ovo - 6 colheres de açúcar - 2 colheres de fermento químico - Farinha de trigo até dar o ponto Recheio - 2 latas de leite condensado - 2 caixas de creme de leite - suco de 3 limão comum Cobertura - 3 claras de ovos - 6 colheres de açúcar refinado - Raspas de limão Modo de Preparo Misture as gemas de ovos com o açúcar e acrescente a manteiga em temperatura ambiente. Coloque um pouco de farinha e fermento e misture bem. Continue colocando farinha até que esteja no ponto que não grude nas mãos. Mas tenha cuidado para não deixar a massa

Rendimento: 12 porções Tempo de preparo: 45 minutos muito dura. Utilize uma forma de fundo removível forre todo o fundo e as bordas. Coloque para assar em temperatura de 180º C por 5 a 10 minutos. Recheio Misture o leite condensado com o suco de limão e leve ao fogo até obter um creme um pouco mais grosso espere esfriar e despeje sobre a massa. Cobertura Bata as claras na batedeira juntamente com o açúcar. Despeje sobre o recheio e acrescente as raspas de limão e leve ao forno até dourar. Sirva gelado.

DETERGENTE ECOLÓGICO Ingredientes - 01 pedaço de sabão de coco neutro; - 02 limões; - 04 colheres de sopa de amoníaco (que é biodegradável)

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Como fazer Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Depois, acrescente cinco litros de água fria. Na sequência esprema os limões. Por último, despeje o amoníaco e misture bem. Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais. Rendimento: 06 litros de detergente

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