JORNAL
UNIFRA
IMAS | Exposição de Arte Sacra
ano 13 | nº 55
A Unifra acredita que um novo modelo de economia amparado na cultura, na educação e em inovações pode revitalizar Santa Maria e região. Para isso, os gestores culturais Jorge Melguizo (Colômbia – Medellín) e Roberto Gómez de la Iglesia (Espanha Bilbao) trabalharam na instituição com autoridades, professores e estudantes visando apontar novos e criativos indicadores. Nesta edição, entenda o modelo de gestão administrativa capaz de transformar a autoestima através das potencialidades coletivas de sua população. Leia mais p. 08
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REENCONTRO Regadas por emoção, professoras comemoram 50 anos de formatura
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SUPERFARINHA
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BOA AÇÃO Projeto multidisciplinar identifica qualidade de vida dos jovens
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Mark Braunstein
Curso de Nutrição produz complemento alimentar com cascas de frutas
| Santa Maria - RS | maio/junho 2013 | Distribuição gratuita
Transformação Criativa
VESTIBULAR Entenda por que a Unifra pode ser uma universidade para suas aspirações
da
Laura Fabrício
Dimensão social da Educação
“Ou vivemos
antecipando o futuro desejado ou viveremos convencidos de que o futuro seja repetição do presente e do passado. “
Jornal da Unifra |nº55 | nº 54| |Ano Ano1312
editorialeditorialeditorial
O Painel sobre Transformação Criativa nas cidades, com os gestores culturais Jorge Melguizo (Colômbia) e Roberto Gómez de La Iglesia (Espanha) está disponível no canal do Youtube Canal Unifraonline. A TV Unifra também fez um programa sobre o tema, vale conferir o Universo Unifra especial. Acesse!
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Educar–se é para a pessoa um ato contínuo. Da mesma forma, é em uma instituição de ensino novidade permanente, uma questão delicada e de responsabilidade, que inclui engajamento de professores e estudantes a evoluir no conhecimento, cultivar valores, lidar com coragem e saber em uma realidade, na qual todos estamos produzindo intensas transformações. A atividade da educação superior é um contínuo aprender e conviver com a complexidade da vida e da ciência para cumprir a etapa de formação. Requer disciplina, estudo, reflexão, convivência entre as pessoas, pois quem faz uma instituição são as pessoas e as relações que estabelecem, as relações que se espalham e permeiam a cidade e as cidades de onde provêm e, para as quais retornam ou para onde se dispersam os jovens, após concluírem seus cursos universitários. O tempo de estudo e o ambiente são propícios à escolha, à definição do perfil profissional, à decisão por valores pessoais e humanitários. A fim de possibilitar a conexão
do conhecimento científico e a sociedade, realizam-se atividades teórico-práticas com o objetivo de fazer o processo formativo necessário e ao seu compromisso de transformação pessoal e dos lugares em que vive e/ou irá exercer sua atividade profissional. Proponho para reflexão, o texto de H. Cox. “Prefiguro, como numa visão, uma cidade: onde ninguém viva faminto ou sem moradia, ninguém desenvolva um trabalho sem sentido ou sem uma adequada assistência sanitária; cuja história esteja presente e visível nas suas construções, nas suas ruas, nos seus parques e nos seus espaços públicos, mas cujas construções, tanto públicas como particulares, sejam convidativas e acessíveis, não monumentais nem pesadas; cujo design não seja fixado no tempo, mas possa ser modificado quando, depois de consideração atenta e reflexiva, os seus moradores julguem por bem fazê-lo; cujo cinturão verde circundante possa prover-lhe, quanto possível, a sustentação; que esteja em constante contato com as outras cidades do mundo, mas que conserve cor e atmosfera inequivocamente locais; que tenha bairros identificáveis, em que haja vizinhanças étnicas e setores históricos, mas cujo diferentes
elementos interajam entre si de modo criativo e participem das festividades mutuamente; que seja saudável tanto no centro como na periferia; que utilize a tecnologia dos meios de comunicação para reduzir ao mínimo o emaranhamento do tráfego e a poluição, e que proteja uma variedade de espaços para favorecer os encontros humanos – como praticar esporte, tocar instrumentos, namorar, observar as pessoas, bater um papo, pôr-se de acordo, dar um passeio – tudo isto que não poderá nunca ser transmitido por um satélite.” Se a realidade do trabalho é complexa para profissionais experientes, será também, para os que irão inserir-se no trabalho, tendo que aprender a viver no que há de favorável, na intempérie e na perplexidade. Cabe a escolha pessoal e coletiva: ou vivemos antecipando o futuro desejado ou viveremos convencidos de que o futuro seja repetição do presente e do passado. Meu melhor desejo e convite são: vamos fazendo o futuro e, ao mesmo tempo, vamos recebê-lo como presente. Este não depende somente de nós, mas somente chegará com a nossa colaboração. Iraní Rupolo - Reitora
Força coletiva
É inegável que Santa Maria vive um momento especial. É tempo de valorizarmos de fato nosso maior potencial; os jovens. Para eles somamos nossos maiores esforços. Se o presente nos força a mudanças, foram eles que fizeram com que essa condição reflexiva seja um sinal de uma transformação real de comportamento do indivíduo em sociedade.
Em um mundo competitivo, em que todos querem chegar por primeiro, ganha aquele que aprende que correr junto é mais fácil, pois a chegada se torna mais próxima. Trabalhar de forma colaborativa não é algo inovador, tornou-se sim uma necessidade. Ao assumir sua responsabilidade neste processo de mudança coletiva, o Centro Universitário Franciscano acredita em uma gestão administrativa,
compartilhada entre poder público/privado e atores sociais, baseada nos conceitos de economia criativa para uma real mudança de postura para nossa sociedade. Uma transformação pautada na autoestima da comunidade, da identificação com sua cultura, no potencial da educação e da conexão de ideias. Através de exemplos como os das cidades de Medellín – (Colômbia) e de Bilbao – (Espanha), as quais
Expediente Reitora: Iraní Rupolo Pró-reitora de Administração: Inacir Pederiva Pró-reitora de Graduação: Vanilde Bisognin Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão: Solange Binotto Fagan Chefe de Gabinete: Orlando Agostta
Assessoria de Comunicação Unifra Reportagens: Caroline Cechin, Carlos Spall Projeto Editorial e Gráfico: Carlos Spall e Maurício Lavarda Diagramação: Ariadni Loose Fotografia: Mark Braunstein Ilustrações: Odilon Krauchemberg Farias
Relações Públicas: Kelly Schuster Jornalista Responsável: Carlos Spall divulgar@unifra.br | @unifraonline www.facebook.com/Unifra
se reergueram após graves crises, trazemos nesta edição alguns ensinamentos deixados por gestores culturais que estiveram na Unifra a fim de compartilhar e convocar líderes em geral: empresários, universidades, educadores e jovens, para se unirem em uma só força coletiva em prol do destino de Santa Maria.
Divulgação
Queremos ser o ponto de partida para as suas aspirações e crescer com você. Você quer mais, nós também queremos. Queremos deixar marcas permanentes na sua história. Queremos fazer parte das suas conquistas. E que você faça parte das nossas.
Inscrições abertas para o Vestibular de Inverno de julho o Vestibular de Inverno. As inscrições podem ser feitas até o dia 24 de julho, através do site: www.unifra.br. São oferecidas 440 vagas distribuídas nos cursos de Administração (noturno), Ciências Contábeis, Direito manhã e
noite, Enfermagem, Fisioterapia, Jornalismo, Odontologia, Psicologia, Publicidade e Propaganda e Sistemas de Informação. A prova acontece no dia 2 de julho, com início às 8h e término às 12h. O processo seletivo conta com 60 questões de múltipla escolha
e uma redação, que tem caráter eliminatório. A listagem com as disciplinas e o conteúdo exigido está disponível no manual do candidato, disposto também no site da Unifra. O listão dos aprovados será divulgado no dia 5 de julho às 15 horas.
No dia 24 de maio foi lançada a campanha do Vestibular de Inverno e o novo posicionamento institucional. Unifra contemporânea e inovadora deu lugar para Centro Universitário Franciscano: uma universidade para suas aspirações. No decorrer do dia foi projetado um vídeo no pátio dos Conjuntos da Unifra, estimulando os jovens a se identificarem com os seus objetivos e buscar afinidade com o que a instituição pode lhe oferecer. Após a provocação, os acadêmicos escreveram suas aspirações e compartilharam em um painel para visualização da comunidade acadêmica.
O vídeo da nova campanha Institucional foi apresentado durante os intervalos nos pátios dos Conjuntos I, II e III.
Fotos: Laboratório de Fotografia e Memória
O Centro Universitário Franciscano realiza no dia 02
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O Centro Universitário Franciscano aspira: A excelência de ensino. Que os cursos de graduação e de pós-graduação sejam reconhecidos internacionalmente. Preparar para além do mercado de trabalho. Que você seja protagonista da nossa história. Desenvolver a cultura empreendedora e a inovação. Fazer parte das suas conquistas. E que você faça parte das nossas. Fazer a diferença na sua vida.
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TV Unifra comemora 5 anos No mês de maio, a TV Unifra completou cinco anos de sua criação. Em comemoração, foi exibido um clipe e um documentário com depoimentos que relatam a história do canal universitário. No dia 22 de maio, também foi realizado no Conjunto III da instituição um show com a banda Rocksane para a comunidade Unifra. Hoje, a TV conta com 10 programas semanais exibidos no canal 15 da Net, das 11h às 12h, com reprise à meia-noite. O público também pode conferir a programação no Youtube no canal Unifraonline. Segundo a coordenadora da TV Unifra, Maria Cristina Tonetto, a proposta de realizar um elo entre a instituição e a comunidade está sendo estabelecido a cada novo ano. “Olhamos para estes cinco anos e percebemos o quanto a TV Unifra cresceu, melhorou e se aprimorou. Acreditamos que este trabalho ainda tem uma longa jornada, que será renovada, assim como as mídias, que nunca param de se transformar” comenta Maria Cristina. A TV Unifra atende também à proposta laboratorial, na qual desenvolve atividades com os alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. O colaborador Alexsandro Pedrollo, que trabalha como diretor de fotografia desde a criação da TV, relata como é gratificante trabalhar com a formação dos jovens. “Quando a TV entrou no ar foi um impulso para muitos alunos que começaram a criar e propor produções, revelando a vontade que os acadêmicos têm de praticar o conhecimento. A instituição forma profissionais capacitados e muito bem qualificados para o mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo”, complementa Pedrollo.
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Aconteceu
Unifra retrata a história da Feira do Livro
Professores e um grupo de 60 acadêmicos do Curso de Jornalismo e Publicidade e Propaganda participaram da Comissão Organizadora da 40º Edição da Feira do Livro de Santa Maria. Além de produzir uma revista comemorativa com lembranças e participações de personalidades sobre a história da Feira, os alunos realizaram todo o trabalho de assessoria de imprensa, Rádio, TV, Online, assim como o relacionamento com os veículos durante o evento. “Além do apoio na organização do evento, os estudantes produziram 137 reportagens com foto. Foram 30 dias de imersão à cultura, ao cotidiano da cidade, ao prazer dos livros, a afirmação de nossa identificação cultural, tudo registrado pelo olhar atendo de nossas estudantes”, comemora o professor de assessoria de imprensa, Carlos Alberto Badke. Esta edição da Feira do Livro foi considerada histórica porque atingiu um número de 65.120 livros vendidos. Os docentes da Unifra envolvidos com a Feira: Cristina Jobim Hollerbach - Comissão Organizadora, Laura Fabrício - Laboratório de Fotografia e Memória, Radiojornalismo Gilson Píber, Maicon Kroth e Nei Mombelli. Editores da revista da Feira do Livro: Glaíse Palma e Iuri Lammel. Reportagens foram dos alunos da disciplina de Redação Jornalística IV.
Tutoria em ensino de português e matemática qualifica alunos
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Cursos que participam da Tutoria:
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Ciências da Computação, Sistemas de Informação, Matemática, Física Médica e as engenharias Ambiental e Sanitária, de Materiais, Química e Biomédica.
O Programa Institucional de Tutoria, Proint, começou a ser executado no decorrer do primeiro semestre de 2013. O objetivo do projeto é colaborar na superação das deficiências de formação básica dos estudantes ingressantes na instituição, especificamente nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática. As aulas foram dadas para os acadêmicos da área de Ciências Tecnológicas, menos aos alunos de Design e Arquitetura e Urbanismo. Sempre no primeiro período de estudos de cada turma, as aulas complementares ao conteúdo do ensino médio
eram retomadas, totalizando 10h semanais. Conforme a Diretora de Ensino da Pró-reitoria de Graduação, Marta Helena Antunes, o programa tem por meta minimizar os índices de evasão dos alunos. “Queremos garantir a eles a melhor a qualidade de ensino, que eles possam aprender ao máximo o conteúdo passado em sala de aula. Vale aquele esforço para saber”, comenta.
A intenção da Pró-reitoria de Graduação é ampliar as vagas de tutoria para os alunos que não atingiram 50% de acerto na prova do vestibular em Matemática e Português, assim como para aqueles que não foram tão bem na prova na redação. Aos alunos dessa primeira fase de qualificação será ofertado acompanhamento por meio de um espaço virtual de aprendizado.
Multimídia
Jornal Mural Babel O informativo é produzido por acadêmicos da disciplina de Redação II do Curso de Jornalismo. Em 2012, a edição foi reformulada passando a ser confeccionada duas vezes por semestre, com um novo layout, observando os critérios de seleção e hierarquização jornalísticos. Isso proporciona aos alunos o exercício da prática de redação e edição desde o início do curso. As publicações são expostas nos murais do Prédio 14 e no hall do Prédio 16, do Conjunto III.
livros Triologia de Stieg Larsson
Os homens que não amavam as mulheres A menina que brincava com fogo A rainha do castelo de ar A trilogia Millennium tem como primeiro volume o romance “Os homens que não amavam as mulheres”. Seu autor, Stieg Larsson, foi um jornalista e ativista político muito respeitado na Suécia. Larsson conduz a trama de forma original passando por variados aspectos da visão contemporânea: do universo muitas vezes corrupto do mercado financeiro à invasão de privacidade, da violência sexual contra as mulheres
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aos movimentos neofascistas e ao abuso de poder de uma maneira geral. Com a criação de personagens bem construídos e originais o autor consegue conduzir a narrativa, repleta de suspense da primeira à última página.
O curso é oferecido pela Capes e pelo Ministério da Educação - MEC, para estudantes de graduação ou pós-graduação. São disponibilizados cinco níveis, do básico ao avançado, de forma gratuita que exigem responsabilidade com o cumprimento de etapas de estudo. Confira os requisitos no site http://www.myenglishonline.com.br e não perca esta oportunidade.
filmes A outra Bastardos Inglórios
O filme conta a história de duas irmãs, Maria e Ana, que foram convencidas pelo pai e tio, ambiciosos, a conquistar o coração do rei da Inglaterra, Henrique Tudor. Após serem levadas para a corte, uma das irmãs (Maria) conquista o rei e lhe dá um filho ilegítimo. Porém, a outra irmã (Ana) não desiste de sua missão, buscando de qualquer forma passar a sua irmã e a rainha Catarina de Aragão, para trás. Chamada: DV 82-3 094
Direção: Roger Young
No contexto da 2ª Guerra Mundial, a personagem principal, Shosanna Dreyfus testemunha a execução de sua família pelas mãos de um coronel nazista. Após escapar da morte, ela parte para Paris onde assume uma identidade falsa e se torna proprietária de um cinema. O destino conspira para que os caminhos de todos os envolvidos na trama se cruzem em um cinema, onde Shosanna pretende colocar em prática seu próprio plano de vingança. Chamada: DV 82-3 B324
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Direção: Justin Chadwick
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Cultura
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Transformação é hora de ser criativo
Fotos: Mark Braustein
Precisamos definir nossa identidade Santa Maria é caracterizada pela presença dos jovens. O questionamento deve partir daí: as políticas públicas possuem por prioridade os jovens? O conhecimento é o nosso guarda-chuva e o jovem nossa identidade. É preciso ser diferente a partir destes elementos. Para uma transformação de verdade, não se pode pensar de forma competitiva. É necessário substituir métodos, trabalhar de uma forma colaborativa amparado em novos valores como criatividade, sustentabilidade, flexibilidade e espírito de risco. Precisamos formar lideranças participativas, com diversidade de pensamento, mas com o mesmo objetivo de mudança. Jovens e artistas são os promotores da transformação Precisamos ouvir os jovens sempre, principalmente aqueles que possuem ideias contrárias. Os modelos tradicionais de política não funcionam mais. É necessário conectar possibilidades e trabalhar de uma forma colaborativa. As artes tem uma capacidade transformadora incrível. Os artistas são catalisadores criativos. Os “loucos” são os principais responsáveis pela transformação radical amparada na economica criativa. É necessário projetar metas A cultura é consequência do desenvolvimento. Ter mais educação, mais livros, não implica que as pessoas leiam mais ou sejam mais criativas. A reflexão que deve ser permeada não é nos passos, e sim nas metas. Com ousadia, é necessário projetar níveis de aprendizado que se queiram atingir, níveis de desenvolvimento, e no decorrer do trabalho se descobre os próprios passos. Mas, para isso deve-se escutar as lideranças comunitárias, as pessoas mais críticas. Quando detectamos capacidades encontramos pontos de encontro. Estratégia de choque criativo Quando se fala em cidades criativas todos querem ser. Mas na verdade as pessoas é que são criativas, são elas que transformam. É necessário proporcionar ambientes para que elas se manifestem livremente, dialoguem entre si e com a própria cidade. Bilbao tornouse uma cidade aberta ao mundo porque se propôs a trabalhar de uma forma colaborativa entre os poderes público e privado, priorizando tecnologia, inovação, cultura e a educação.
“A prioridade não deve ser tapar buracos de ruas e sim os do coração, da mente, físicos, morais e sociais os quais a sociedade está exposta.”
O evento ocorreu no Salão de Atos do Conjunto I. O grupo RBS foi parceiro na promoção da ideia.
O Centro Universitário Franciscano promoveu durante o mês de maio um painel de debates para a comunidade universitária e lideranças de Santa Maria e região visando promover novas e criativas perspectivas econômicas amparadas no modelo de gestão da economia criativa. Os especialistas Jorge Melguizo (Colômbia) e Roberto Gómez de la Iglesia (Espanha) falaram sobre “Cultura e Transformação Criativa nas Cidades”. Eles apresentaram os casos de Medellín e Bilbao, cidades que foram reconstruídas após graves crises. Roberto Gómez de La Iglesia, diretor da empresa C2+i, especialista em comunicação e inovação, falou sobre o processo de transformação de Bilbao nos últimos 30 anos. Através da
Roberto Gómez de La Iglesia
cultura o povo basco apostou em inovações, conexões e cultura. Hoje, Bilbao é uma metrópole globalizada, alegre, modelo expoente de cultura, turismo e diversão, que cresceu após a promoção da identidade de seu povo. “As pessoas é que fazem a transformação, elas precisam assumir este papel colaborativamente e de forma criativa”, explica. O jornalista Jorge Melguizo foi secretário de cultura de Medellín, Colômbia, na década de 90, época que a cidade era considerada a mais violenta do mundo, tendo sua economia arruinada pelo tráfico de drogas. Hoje, Medellin é sinônimo de transformação, transparência, educação, cultura e otimismo. “Nossa ideia criativa foi acreditar e acreditar. Somos uma geração que nasceu sem
Unifra reuniu especialistas para falar sobre a importância de um modelo econômico pautado na cultura, educação e inovações.
“
Os processos colaborativos são lentos, mas são essenciais. É necessário pensar a cidade de outra maneira, incorporando a diversidade, a pluralidade de ideias, sem criatividade não há inovação.”
Para a reitora da Unifra, Iraní Rupolo, a cidade passa por um momento especial e precisamos assumir responsabilidades para não resolvermos novos problemas com antigas respostas. “Nossa confiança, nossa autoestima precisa ser resgatada com a participação dos jovens, essa é a nossa identidade, eles são o nosso bem mais precioso, precisamos atender as suas necessidades, eles são nosso futuro”, enfatiza.
Política de inovação urbana Quando se fala em infraestrutura não é só ligar um ponto a outro e tapar buracos. Arquitetura urbana é muito mais que isso. Temos que criar uma arquitetura que interaja com a cidade com uma agenda cultural efervescente. A prioridade não deve ser tapar buracos das ruas e sim os do coração, da mente, físicos, morais e sociais, aos quais a sociedade está exposta. É necessário criar uma política de inovação. Romper com as características que levam ao comodismo. Nos bairros, se faz necessário criar espaços culturais, bibliotecas, parques, murais coletivos, teatro, dança, música, esporte para que as crianças e os jovens ocupem o seu tempo agregando valores, amparados na vivência coletiva harmônica em aspectos de inovação, criatividade e conexão de pessoas e ideias. Espaços culturais e de aprendizado fazem a diferença Toda obra física gera um resultado social. Esta tem que ser gerida para atender as necessidades educacionais da população. Os poderes público e privado precisam assumir essa carência, resgatando projetos de construção da cidadania. É necessário preencher o tempo das crianças e jovens em sua integralidade com projetos os quais valorizem a identificação e melhorias para sua comunidade. Bons projetos de convivência para educação É necessário garantir aos jovens inclusão social e oportunidades para que possam desenvolver suas potencialidades partindo do ponto de igualdade das famílias com maior renda financeira. Uma cidade segura é quando as pessoas se apropriam dos espaços públicos com suas famílias e suas lideranças locais. Por isso são necessários bons projetos. A convivência se constrói com espaços públicos apropriados, por meio de projetos educativos e culturais. Cidade segura é cidade educada. Luta contra a corrupção A luta contra a corrupção deve ser o tema central das administrações públicas. Se os governos destinassem 5% do valor desviado com a corrupção para a educação não haveria uma criança com problema de aprendizado.
O conceito de economia criativa vem sendo trabalhado na Instituição desde 2012. No mês de março, a Unifra recebeu a doutora Prof.ª Ana Carla Fonseca Reis, que destacou exemplos de cidades pelo mundo amparadas em novas projeções de gestão visando à identificação do povo com sua cultura e seu desenvolvimento. Nesta edição reunimos os principais ensinamentos dos painelistas internacionais e suas repercussões diante da sociedade de Santa Maria que migra para uma transformação criativa ativada pela força coletiva de nossa população.
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medo!”. Em suas explanações, Melguizo falou da importância de uma sociedade de direito, inclusão e oportunidades, além de apresentar novos modelos de gestão pública, baseados na transparência, na articulação setorial e territorial, e o diálogo como elemento transformador dos saberes.
Inovação
Jorge Melguizo
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Conexão
Lideranças discutem criativos rumos para a cidade Após a realização do Painel Transformação criativa, a reitora da Unifra Iraní Rupolo, realizou uma reunião de trabalho composta por estudantes, professores, autoridades de Santa Maria das áreas de política pública, empresarial, cultural, segurança, educação para se apropriarem do conhecimento compartilhado pelos gestores culturais. Roberto Gómez de la Iglesia e Jorge Melguizo ampliaram suas perspectivas de inovação conforme as necessidades de Santa Maria. Segundo eles, como a cidade é constituída pela força dos jovens, é necessário aproveitar o dinamismo social e de ideias que fomentam. Mas, para isso, a administração tem que estar aberta a ouvir e potencializar iniciativas. “Se a cidade é lembrada pela movimentação dos jovens, são eles que devem ser os protagonistas das ações de transformação. É para eles que devemos projetar Santa Maria”, enfatizou Roberto Iglesia.
Confira as opiniões de alguns dos presentes na reunião sobre o tema Poder Público “O projeto das Cidades Criativas estabelece
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o diálogo nos mais diferentes setores da comunidade, fortalecendo a participação, o comprometimento e o efetivo pertencimento de cada cidadão em relação a sua cidade. Constitui uma nova forma de olharmos a comunidade com relação ao planejamento e ação em conjunto entre os diferCezar Schirmer, entes setores envolvidos, em prol de uma cidade Prefeito de Santa Maria mais saudável, feliz, limpa, bonita, segura”.
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Empresários “Falei que a minha última missão de vida
Conforme Jorge Melguizo, uma premissa básica para o desenvolvimento criativo é que o trabalho seja conduzido de forma colaborativa. O jornalista resaltou que o narcotráfico não controla mais a economia da cidade de Medellín e que 79% da população estuda em escolas públicas de qualidade. Mas, para isso, foi necessário projetar uma cidade viva para a população. “Estamos reincorporando antigos guerrilheiros na sociedade. Em 1994 juntos, setor público, setores privados, universidades, lideranças distintas, jovens (muitos), todos os segmentos econômicos para encontrarmos pontos convergêntes”, explica. O colombiano alertou em suas intervenções, que não adianta o poder público estimular o crescimento de empresas se não crescer o pensamento da população. “O povo que faz a empresa. É uma via de diálogo de frente, tem que acreditar em uma mudança, pensar que colaborativamente é possível, sempre!”, finalizou. “Quando se fala que a população está satisfeita com a administração pública é necessário ligar o sinal de alerta. Por meio do conformismo não se cria a cidadania. São as coisas que não conhecemos que nos guiam para a vida. A política é a arte de projetar esperança. Os funcionários públicos tem mania de dizer sempre não para os desejos da população. Eles precisam dizer por quê? Para a administração pública é melhor equivocar-se por fazer do que não fazer. É preferível pedir desculpa por ter errado”. - Jorge Melguizo, Colômbia.
Estudantes “É necessário que pensemos em ideias que fortaleçam a cultura e a educação em Santa Maria, bem como sua economia, é preciso que pensemos! Inovação e criatividade são palavras-chave”. Guilherme Pittaluga, presidente do Diretório Central dos Estudantes da Unifra
Comunicação “Observei que a comunicação é a própria transfor-
era trabalhar em prol dos jovens. E que eu vivia uma angústia profunda, ao ver que a educação que estamos oferecendo aos nossos jovens, está cada vez mais defasada em relação a competitividade exigida pelo mun do moderno”.
mação. Se a entendermos como interação, é através dela que há a ocorrência de articulações e de mediações necessárias entre os diferentes atores para que os projetos coletivos aconteçam”. Carlinhos Costa Beber, empresário
Rosana Zucolo, professora de Jornalismo
Encontro de 50 anos
Visita dos egressos da FIC foi marcada por momentos de emoção Unifra comemorou 58 anos de fundação no dia 27 de abril Sorrisos, abraços, carinho, lágrimas, marcaram o Encontro de 50 anos de formatura de ex-alunos da FIC, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição, realizado no mês de abril no Centro Universitário Franciscano. Foi um momento de recordar anos de história, uma trajetória de vida que ficou na lembrança dos egressos dos cursos de Geografia, Letras Neolatinas, Letras Anglogermânicas, História, Pedagogia, Matemática. A atividade fez parte das comemorações dos 58 anos da Unifra.
A reitora da Unifra, Iraní Rupolo, no final de 2012 foi convidada a participar de um jantar em que o grupo se reuniu para comemorar os 50 anos de formatura. “Nós pensamos em retribuir este gesto realizando um momento de visita nos espaços em que elas estudaram, foi uma satisfação ouvir os depoimentos da história institucional, principalmente sendo o mês de comemoração do aniversário da Unifra”, relata a reitora. Em uma tarde movimentada com visitas a diferentes espaços
da Instituição, os egressos foram recebidos no Prédio 1 do Conjunto I, local onde tiveram suas aulas, visitaram o Salão de Atos, a gruta e a Capela do Sant´Anna. “Estou muito emocionada, a última vez que
estive aqui, por incrível que pareça, foi na minha formatura, há 50 anos”, comenta Maria Izone Pereira de Oliveira, egressa do Curso de História.
Fotos:Karoline Flores
Lembranças “Tenho mais lembrança
da Irmã Felicidade. Eu não era boa em matemática e ela estava sempre em cima. Lembro, também, das aulas de francês com a Irmã Consuelo, são tantas lembranças”. Alix Veríssimo Pantoja – Letras Neolatinas
Exposição Comemorativa Para encerrar as atividades, os visitantes realizaram um momento de prece presidido pelo Frei Valdir Pretto seguido de um chá de confraternização e entrega de lembranças da Unifra. Na despedida, a egressa do curso de História, Fermiana Porto Debeluck, falou em nome do grupo. “Com exemplos como este momento de hoje é que tenho cada vez mais certeza que vale a pena viver, que a vida é linda, um momento como esse é emocionante. Agradecemos esta oportunidade de encontrar os colegas e reviver esta história”.
“A Irmã Felicidade
para mim foi um exemplo que eu pude seguir nas minhas aulas quando me tornei professora”. Lígia Maria Felkl Cassimio – Matemática
“Esta conquista é a
exaltação de vossa honra, este diploma é o fruto de vossa dedicação e esta formatura é o prêmio do vosso sacrifício”. Sônia Fonseca Höehr
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A Exposição Comemorativa aos 58 anos da Unifra foi um dos momentos mais marcantes. Em meio a um acervo de peças que retratam a história da FIC, Facem, Fafra e Unifra, os visitantes puderam relembrar seu tempo de faculdade, rever fotos e objetos. “É uma satisfação rever os colegas. Nunca vou esquecer de quando me convidaram para ser rainha dos calouros no ano de 1959. Era um concurso que acontecia entre as faculdades e eu representei a FIC”, conta Sílvia Aragonês Aita, egressa do curso de Letras Neolatinas.
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Aniversário
Curso de Jornalismo comemora 10 anos Dez anos. Uma data
Aprimoramento acadêmico Após a cerimônia de comemoração dos 10 anos, os presentes puderam acompanhar a presença da jornalista Priscila Barreto, que falou sobre “Assessoria de Imprensa, um olhar sobre os últimos 30 anos”. A jornalista que é especialista em comunicação empresarial contou um pouco da sua trajetória profissional e fez um panorama sobre a área de atuação de uma Assessoria de Imprensa. Lançado Prêmio de Jornalismo Durante a noite de comemorações o curso anunciou o Prêmio de Jornalismo da Unifra que servirá para valorizar as produções dos alunos. As premiações serão divididas em categorias com um regulamento específico que será lançado no site da Unifra.
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Fotos: Yuri Weber
comemorativa que simboliza o trabalho e a consolidação de um curso. No dia 10 de março de 2003 começava as aulas dos cursos de Comunicação da Unifra - Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Para celebrar esta data, o Curso de Jornalismo realizou um evento comemorativo no dia 15 de março, que reuniu alunos, egressos, professores e funcionários que fazem parte desta história. Durante o evento a coordenadora do curso, professora Sione Gomes, destacou a importância deste momento de reencontro. “Uma década se passou e o que fica são as pessoas, lembranças dos rostos. Vimos as mudanças, vocês entraram adolescentes e saíram profissionais seguros, cada um seguindo suas próprias escolhas e
verdade, responsabilidade, lisura e credibilidade”, enfatizou a reitora.
área de atuação,” comentou Sione. Egressos do curso compareceram e prestigiaram o evento. O professor Carlos Alberto Badke mencionou os ex-alunos que hoje trabalham na Unifra, profissionais que atuam na Assessoria de Comunicação, na TV Unifra e também como professores. “Foi um momento de alegria e orgulho pela trajetória de todos nestes dez anos. O curso é uma construção coletiva e os frutos são os profissionais que estão no mercado e na academia” enfatizou Badke. Na ocasião, a reitora Iraní Rupolo, relembrou o trabalho da próreitora de Graduação, Vanilde Bisognin, ao qual queria um curso diferenciado que tivesse uma identidade institucional. A reitora destacou a importante tarefa de um jornalista. “Formar-se jornalista é muito mais que receber o diploma. Ele leva para sua vida profissional a ética em apurar os fatos com
Pró-reitora de Graduação Vanilde Bisognin, Professora 10 10
Sione Gomes, Reitora Iraní Rupolo, Professora Sibila Rocha.
Os presentes
receberam a nova edição do jornal Abra, que fala sobre os 10 anos dos cursos de comunicação. E também, o lançamento da Revista Plural, produzida pelos alunos das disciplinas de Redação IV e Planejamento Gráfico.
Pós-graduação
Conselho Universitário aprova a criação de três projetos de mestrado
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O Mestrado em Ciências Ambientais tem foco na linha de pesquisa: Dinâmica do Sistema solo-águaatmosfera. Um dos responsáveis pelo projeto, professor Alexandre Swarowsky, aposta numa proposta multidisciplinar na formação dos profissionais. “Queremos qualificar recursos humanos na área ambiental, visando produzir conhecimento que se amparam em uma perspectiva da sustentabilidade ambiental”, explica, ponderando que serão oferecidas 20 vagas para egressos dos cursos de engenharia e áreas afins.
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O Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Mestrado e Doutorado tem foco multidisciplinar, voltado especialmente aos alunos graduados em Física, Química, Matemática e áreas afins. Inicialmente, o programa vai oferecer 10 vagas para nível de mestrado e cinco para o doutorado nos quatro primeiros anos de funcionamento do programa.
O Conselho Universitário da Unifra aprovou a criação de dois projetos de pósgraduação Stricto Sensu no mês de maio. O Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Mestrado e Doutorado e o Mestrado em Ciências Ambientais foi encaminhado para avaliação e aprovação junto ao Ministério de Educação. A pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Solange Fagan, comenta que a expectativa é ofertar os três programas para o próximo ano. “Estamos apostando na qualificação da pós-graduação para produção de capacidades, competências e habilidades estimulando o conhecimento conforme nossas potencialidades”, explica Fagan. Além desses programas, a Unifra já conta com o Mestrado Acadêmico em Nanociências e o Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e Matemática.
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Mestrado em Saúde: além destas iniciativas, em março a Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão enviou para aprovação do Ministério da Educação o Mestrado Acadêmico em Promoção à Saúde. O programa possui duas linhas de pesquisa: Concepções Teóricas Interdisciplinares e Estratégicas em Saúde e Indivíduo da Família em Sociedade Multidisciplinar.
Você sabe o que é inflação? positivas, permitindo que não só os empresários, mas todos possam projetar seu futuro, dado que hoje se convive em uma democracia, com economia estabilizada!
Cantinho do curioso
Jornal nº 54 | Ano 12 JornaldadaUnifra Unifra| |nº55 13
no próximo mês os valores das mercadorias estariam mais altos. Assim, quem nasceu após a década de 90 não viu os congelamentos de preços, a atuação dos “fiscais do Sarney”, os desabastecimentos dos supermercados ou o confisco da poupança, do Collor. Provavelmente, não se lembra da implantação do Plano Real e da população reaprendendo a conviver com um novo plano de estabilização. Hoje a situação é bastante diferente: muita gente abandonou os “ranchos” e vai ao supermercado toda a semana. Vendas podem ser feitas em até 60 meses ou mais, e o crédito foi facilitado. Sem falar que as expectativas para o futuro são
economia
várias imagens que não deixam os brasileiros esquecerem-se do período dos altos preços. Em 1993, quando o Plano Collor já havia fracassado, uma cerveja Antarctica era vendida por 29.500 cruzeiros! Em 1994 um contrafilé em promoção custava 5.980 cruzeiros reais e uma garrafa de coca-cola era vendida a CR$ 2.750. A partir de 1 de julho de 1994 encontra-se a mesma bebida por R$ 1,00. Foram 7 planos econômicos em menos de 10 anos! E qual era o comportamento da maioria da população assalariada neste período? Assim que recebesse o pagamento, todos iam ao supermercado comprar o máximo que podiam, pois
Sugestão de tema: Profª Taize Lopes,
Os brasileiros conviveram durante muito tempo com uma alta taxa de inflação, que é o aumento contínuo e generalizado dos preços e pode ser medida através de vários índices. Em Santa Maria, a variação de preços mensal é medida pelo Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM), calculado pelos professores e alunos do curso de Ciências Econômicas, da Unifra. Pós-1994, os brasileiros acostumaram-se com a estabilização monetária e as gerações mais novas não sabem o que é conviver com preços descontrolados. O Brasil simplesmente não tinha preços de um país normal! No livro “Saga Brasileira”, da Miriam Leitão, há
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Artigo| Intercâmbio
Ciência sem Fronteiras: uma possibilidade, muitos desafios.
Jornal da Unifra Ano 1312 Unifra |nº55 | nº 54| | Ano
Desde o seu lançamento
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no ano de 2011, o programa Ciência sem Fronteiras, idealizado pelos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), e financiado por suas respectivas instituições de fomento - CNPq e Capes, tem recebido críticas de toda natureza. Geralmente, argumenta-se que a proposta do Ciência sem Fronteiras é excelente, mas as condições de realização não são viáveis, tendo em vista o atual cenário da educação brasileira. O programa que tem como objetivo “(...) promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional”, prevê a distribuição de até 101 mil bolsas, em quatro anos, para alunos de graduação e pós-graduação de Instituições de Ensino Superior brasileiras. Em termos numéricos, logo se vê que a proposta é bastante ousada, principalmente se forem considerados os critérios de seleção (inicialmente) propostos pelo programa: 1) somente alunos de Instituições de Ensino Superior que aderiram ao programa
podem se inscrever em uma de suas chamadas; 2) somente alunos de cursos definidos pelo Ciência sem Fronteiras como integrantes de áreas prioritárias; 3) somente alunos que já tenham cursado entre 20% e 90% de sua matriz curricular até o momento do embarque (inicialmente esse percentual era de no mínimo 30% e no máximo 80%); 4) somente alunos que apresentam proficiência comprovada na língua do país de destino; e 5) somente alunos com excelente perfil acadêmico. Como não poderia ser diferente, chamadas para países como Portugal e Espanha tiveram um número considerável de inscritos, em função do idioma que lá se fala. Na ânsia de ter sua candidatura homologada e deferida, o candidato geralmente se inscreve sem considerar seus reais interesses acadêmicos, mas suas possibilidades de aceitação. Apenas para ilustrar essa situação, que se observa em âmbito nacional, citemos o caso da UNIFRA: dos 28 alunos inscritos nas chamadas relativas ao último Edital (27/11/2012 – 14/01/2013), apenas 04 não se inscreveram para a chamada de Portugal. Pesquisas recentes realizadas
no país demonstram que nossos alunos não se sentem - e não estão - devidamente preparados para estudar em uma Instituição de Ensino Superior estrangeira que não fala a nossa língua. Para amenizar o problema, constatouse, nas últimas chamadas (20/02/2013), uma redução significativa quanto à pontuação mínima a ser atingida pelo candidato na prova de proficiência, a fim de que o mesmo possa comprovar sua competência na língua estrangeira que passará a utilizar na instituição onde realizará sua graduação sanduíche. Diante desse cenário, os critérios de seleção e, por conseguinte, o “perfil de excelência” do aluno de graduação, candidato ao programa, passam a ser questionados. No Brasil, saber uma língua estrangeira é considerada questão de luxo. Geralmente, quem fala inglês ou espanhol
estudou em escolas particulares de idiomas, ou participou de programas de intercâmbio no exterior. E tudo isso demanda investimento financeiro, além de comprometimento, interesse e motivação para aprender. Está mais do que na hora de aproveitar o momento sóciohistórico que o Brasil está vivendo e, de alguma maneira, aprender uma língua estrangeira. O Ciência sem Fronteiras, por exemplo, é uma oportunidade ímpar para a qualificação de futuros profissionais, sobretudo no que se refere a alunos de graduação. É preciso, contudo, qualificar-se a ponto de tornar-se competitivo. Nessa corrida pelos ovos de ouro, saber uma língua estrangeira pode fazer toda a diferença. Prof. Gabriela Q. Marzari Assessora de Relações Acadêmicas e Interinstitucionais
Superfarinha a caminho Curso de Nutrição
Mark Braunstein
Nutrição
utiliza resíduos de frutas para produção de farinha nutritiva.
farinha que pode ser adicionada nos produtos através de análises sensoriais, para saber se o produto será bem aceito”, explica Cátia.
As amostras congeladas dos resíduos são enviadas de Bento Gonçalves para a Unifra.
Pesquisa Interdisciplinar A professora Elisângela Colpo, comenta que o curso de Nutrição trabalha em parceria com Farmácia, atuando de forma interdisciplinar. O grupo de professoras possui outros projetos em andamento que trabalham com a mesma metodologia de estudo. Tratam-se dos projetos de Controle de qualidade de Uvas e Vinhos, da professora Aline de Oliveira Fogaça (Farmácia) e também, Análise centesimal, microbiológica e propriedades funcionais de farelos e farinhas de vegetais, da professora Cristina Machado Bragança de Moraes (Nutrição). Também atuam na pesquisa as professoras Cristiana Basso e Silvana Bertagnoli. Nas próximas edições do Jornal da Unifra em 2013 você confere novos resultados das pesquisas realizadas pelo grupo de docentes.
A pesquisa quer criar alimentos que possam ser utilizados como complemento nutricional.
As frutas utilizadas para a pesquisa foram uva, laranja, acerola e maçã. As farinhas fabricadas apresentaram alta quantidade de fibra que variou de 9% a 39%, e de proteínas, variaram de 2% a 13%. Ambos os nutrientes são fundamentais para regulação e crescimento do corpo humano. Ainda conforme a docente, o curso vai testar as potencialidades da farinha na produção de bolos e biscoitos, visando, aprimorar alimentos para serem consumidos como complemento alimentar. “Vamos testar a quantidade de
Processo da Pesquisa
No laboratório de microbiologia e bromatologia da Unifra os resíduos foram descongelados em temperatura ambiente e, logo após, lavados em água corrente.
As amostras foram levadas à estufa para retirar a umidade.
As amostras foram moídas para obter uma farinha que foi armazenada em local seco e fresco até o momento das análises.
Em laboratório foram realizadas análises da composição das farinhas levando em consideração: umidade, proteína, teor de cinza, carboidratos, valor calórico, gorduras, análises de fenóis totais, pH, acidez, sólidos solúveis totais e fibra.
Os resíduos utilizados na pesquisa
foram doados por uma empresa de Bento Gonçalves, RS, que vende os restos de frutas como casca, sementes e bagaço para alimentação animal.
Jornalda daUnifra Unifra||nº55 Jornal nº 54 || Ano Ano13 12
O Curso de Nutrição da Unifra desenvolve um trabalho que esboça ser uma alternativa nutritiva e complementar de alimento para população, amparado nos princípios de sustentabilidade. Professores e alunos desenvolveram farinhas altamente nutritivas com os resíduos de frutas que sobram da indústria de sucos in natura. O objetivo é aproveitar parte das cascas e os bagaços das frutas que seriam desprezadas na natureza, para alimentação humana. Cátia Storck, professora responsável pelo projeto afirma que uma significativa quantidade de vitaminas e sais minerais se concentra nas cascas de frutas e legumes. “Após o processamento dos restos de frutas e a sua transformação em farinha a pesquisa constatou que ela pode ser utilizada na produção de alimentos conforme as determinações do Ministério da Saúde”, ressalta.
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Saúde
Projeto monitora qualidade de vida dos jovens Entre as questões foram levantados dados sobre consumo de drogas, religiosidade, saúde bucal, física, emocional e alimentar, renda familiar, entre outros.
Com o foco direcionado
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Fotos: Divulgação
as necessidades educacionais relacionadas à promoção e à educação da saúde de crianças e adolescentes, um grupo de professores da Unifra formou o projeto: Promoção e Educação para a Saúde de Crianças e Adolescentes de Escolas Públicas de uma Comunidade Vulnerável, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do RS – Fapergs. O projeto apresentou três focos de pesquisa: qualidade de vida, religiosidade e consumo de drogas ilícitas. O último trouxe um dado importante, 37% dos estudantes que fumam têm mais chances de já terem utilizado drogas ilícitas ou virem a utilizá-las. O estudo foi realizado na região oeste de Santa Maria e envolvem seis escolas de comunidades socialmente vulneráveis. Segundo a coordenadora do projeto e professora do Curso de Enfermagem, Dirce Stein Backes, o grupo trabalha de forma interdisciplinar envolvendo professores dos cursos da saúde e também do curso de Pedagogia. O projeto está sendo desenvolvido em três etapas. Inicialmente foi criado um banco de dados com 435 questionários respondidos por crianças e adolescentes a partir da 5º série do
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A religiosidade
pode influenciar positivamente no comportamento de estudantes, inibindo brigas e coibindo o vocabulário indesejável no ambiente escolar.
ensino fundamental até o ensino médio. Logo após, foram realizadas intervenções nas escolas por meio de atividades educativas voltadas para as reais necessidades escolares e, por último, serão realizadas oficinas para os professores das escolas. “Esses indivíduos, no cenário atual encontram-se expostos a vários fatores que tanto podem oportunizar quanto dificultar o seu viver saudável. Dessa forma, a atuação de profissionais da área de saúde tem papel fundamental no delineamento de estratégias proativas e empreendedoras que possibilitem que crianças e adolescentes se tornem protagonistas de sua própria historia” destaca Dirce. Com relação ao tabaco e outras drogas ilícitas, os dados encontrados demonstram que são necessárias ações de prevenção e elaboração de políticas específicas dirigidas para esse grupo. O estudo mostra que alunos do sexo feminino procuram as drogas e o fumo como forma de compensação para os problemas de ordem afetiva e emocional, para fugir de alguma situação familiar conflituosa. Já os estudantes do sexo masculino procuram como forma de interação social, socialização, convívio entre
amigos e outras formas de lazer. A inserção nas escolas O ambiente escolar é um local apropriado para inserção de acadêmicos e profissionais que buscam colaborar para as metodologias de ensino, assim como, é um lugar privilegiado para a realização de intervenções preventivas e educativas. O acadêmico do 5º semestre de enfermagem, Leonardo Rigo Guerra, comenta que as atividades desenvolvidas trazem benefícios para todos os envolvidos. “Por meio da inserção nos espaços comunitários, da aplicação prática dos conceitos trabalhados na academia, da interação com a comunidade e a troca de experiências, o acadêmico qualifica sua formação, bem como colabora para o fortalecimento das políticas públicas” destaca Guerra. Qualidade de vida e religiosidade A pesquisa aponta que estar entre a família foi o desejo mais prevalente entre os estudantes superando estar na escola/trabalho e estar junto aos amigos ou divertir-se. Outro dado apontado é referente à religiosidade. Alunos que seguem alguma opção religiosa apresentam maior disposição em estudar em casa, talvez pela
Conheça as seis escolas participantes: Escola Estadual de 1º Grau Dr. Paulo Lauda Escola Estadual Tancredo Neves Escola Municipal de Ensino Fundamental Irmão Quintino Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi Escola Municipal de Ensino Fundamental Adelmo Simas Genro Escola Municipal de Ensino Fundamental Martinho Lutero
disciplina imposta pelos próprios pais. Entre os que responderam não levar em consideração a igreja, o percentual de alunos que não estudam em casa foi significativamente maior do que os demais grupos. “Os resultados indicam que a religião possui influência no comportamento dos alunos, principalmente, no que diz respeito à disposição e estímulo para estudar e, consequentemente, na aprovação e/ou reprovação escolar” acrescenta Dirce. Próximas ações do projeto O grupo envolvido detectou a necessidade de realizar um trabalho com os professores das escolas. A professora do curso de Pedagogia, Janice Vidal Bertoldo, que integra o projeto, propôs um ciclo de oficinas que ocorrem ao longo do primeiro semestre de 2013 envolvendo temas como: possibilidades metodológicas na sala de aula, reflexões sobre o bem estar docente, sexualidade, evasão escolar, entre outros. “A proposta desse trabalho interdisciplinar proporciona diferentes saberes e fazeres para a comunidade escolar. Significa ressignificação da pesquisa educacional por realizar um trabalho multiprofissional” enfatizou Janice.
Foi Destaque
SIC: ciência como indicador Fotos: Mark Braustein
A Drª. Wrana Maria Panizzi, professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizou uma conferência durante o Salão de Iniciação Científica, SIC 2013. Além de ter estimulado os jovens a se engajarem na pesquisa, ela falou na capacidade de transformar inquietações do indivíduo em conhecimento. “Precisamos manter viva nossa capacidade de pensar, de sermos sujeitos ativos participantes da vida social. A ciência em suma serve para apontar novos horizontes, os quais devem ter um direcionamento local, mas com visão global, de compreendimento, respeito e progresso”, explanou. Por volta de uma hora e trinta minutos, Wrana ainda destacou três pontos chaves para ser um bom profissional de pesquisa: sólida formação básica, ambição (ideias e projetos inquietantes) e forte capacidade de pensar e refletir a vida em sociedade.
No III Salão de Iniciação Científica (SIC) foram apresentados 150 trabalhos de todas as áreas do conhecimento. Os projetos visam incentivar o conhecimento de uma forma multidisciplinar. Muitas pesquisas são resultados do trabalho desenvolvido com alunos bolsistas do projetos de pesquisa, Probic/Probex Unifra, Probic Fapergs, Probic CNPq, Probit Fapergs e Pibid/Capes. O coordenador do SIC, professor Dr. Luiz Rodrigues, enfatiza a maturidade do evento. “Nossa instituição aprimora a pesquisa com estes momentos. Os alunos compreenderam isto e estão mais engajados, comprometidos com os trabalhos científicos”, acredita.
Conheça os premiados: bit.ly/10PUnSR
Professores envolvidos no projeto: Dirce Stein Backes, Regina Santini Costenaro, Rosiane Rangel (Enfermagem), Fabrício Zanatta (Odontologia), Janice Vidal Bertoldo (Pedagogia), Cristina Saling Kruel (Psicologia), Karen Mello de Mattos (Nutrição). E também, bolsistas de Iniciação Científica PROBIC e PROBIT, além de cerca de 50 bolsistas voluntários dos diferentes cursos da área da saúde.
A doutora Wrana Panizzi foi reitora da UFRGS e de 2007 a 2011 foi vice-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq.
Estimular a relação interdisciplinar
entre os conhecimentos produzidos na universidade e usá-los para a melhoria da qualidade de vida das pessoas é um bem proporcionado à comunidade.
JornaldadaUnifra Unifra| |nº55 13 Jornal nº 54 | Ano 12
Dos 152 trabalhos inscritos, 30 foram selecionados para a segunda etapa de apresentações e estão distribuídos em 1º lugar, 2º lugar, 3º lugar, 1º destaque e 2º destaque, por área. A qualidade dos trabalhos apresentados foi a marca da 3ª edição do SIC, fato que demonstra o aprimoramento da pesquisa na instituição em nível de graduação. Os alunos vencedores receberam homenagem e certificado no dia 27 de maio.
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Mostra apresenta memória dos ritos da fé católica Preservar a história, a memória dos momentos que já passaram é uma das finalidades da criação de museus. No mês de maio foi realizada a Semana Nacional dos Museus, que teve como tema este ano: Museus (memória + criatividade) = Mudança Social. Para integrar as comemorações, a Unifra realizou entre os dias 15 e 29 de maio, na Sala de Exposições Angelita Stefani, a Mostra de Paramentos Litúrgicos e Objetos Sacros. Durante a exposição o público pôde conferir objetos que representaram a fé por meio de vestuários, cores e simbologias litúrgicas. Atualmente esses objetos integram a coleção do Museu Histórico e Cultural das Irmãs Franciscanas, localizado no Convento São Francisco de Assis. Na abertura da exposição a coordenadora do Curso de História, Roselâine Casanova
Corrêa, falou sobre o tema “Entre o olhar e o sentir: o museu como representação da memória”. Casanova destacou a importância da preservação de nossa história por parte das Instituições e pessoas que se preocupam em preservar os objetos que compõe a memória de nossos antepassados. A Irmã Dirce Limberguer, viceprovincial das Irmãs Franciscanas, observou que a mostra tem significado ímpar quando exposta no ambiente universitário. “É muito importante que as novas gerações conheçam esses objetos históricos. A Unifra com sua variedade de cursos pode proporcionar aos estudantes um espaço de cultura e arte para que conheçam as origens da congregação franciscana”,
argumenta Irmã Dirce. A curadora da mostra, professora do Curso de Design, Salette Marchi, destacou que a exposição ofereceu aos visitantes uma passagem pela história dos paramentos litúrgicos e objetos sacros religiosos, os quais proporcionam uma visita aos ritos da fé católica. “Os elementos expostos apresentaram um pouco da natureza desses objetos simbólicos formadores do ritual da cultura cristã. Aqui, não se tem o objeto apenas em matéria, e sim um universo amplo formado de sentimentos, sensações, percepções e histórias daquilo que constitui nosso imaginário cristão” conclui Salette.
Fotos: Mark Braunstein