EconomiABC
Análise de Conjuntura
Dezembro/2012
1 Faculdade de Administração e Economia
Ciências Econômicas
EconomiABC Análise de Conjuntura Universidade Metodista de São Paulo Faculdade de Administração e Economia Curso de Ciências Econômicas Observatório Econômico Reitor Dr. Márcio de Moraes Diretor da Faculdade de Administração e Economia Dr. Luiz Silvério Silva Coordenadora do Curso de Ciências Econômicas Ma. Silvia Cristina da Silva Okabayashi Professores Me. Sandro Renato Maskio Me. Walter Grecov Estagiária Bruna Romualdo Teixeira
www.metodista.br/observatorio-economico
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A
s opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Observatório Econômico ou da Faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista de São Paulo. É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO PANORAMA ECONÔMICO MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA INFLAÇÃO MERCADO DE TRABALHO COMÉRCIO EXTERIOR OPINIÃO
5 6 7 11 12 15 17
APRESENTAÇÃO A
missão de um centro de estudos e pesquisas deve ser produzir e democratizar o conhecimento, para aperfeiçoar políticas públicas e contribuir para o crescimento e desenvolvimento econômico e social. Com este propósito, o Observatório Econômico lança o EconomiABC , uma publicação quadrimestral que discutirá a conjuntura econômica da região do Grande ABC. Tal publicação corrobora com os objetivos do Observatório Econômico, no que se refere a constituir-se como um centro de referência nas discussões econômicas sobre a economia do Grande ABC.
Silvia Cristina da Silva Okabayashi Coordenadora do Curso de Ciências Econômicas Universidade Metodista de São Paulo
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PANORAMA ECONÔMICO A
economia mundial deverá crescer apenas 3,5% em 2012, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), marcando um moderado crescimento. Nos últimos 5 anos, o crescimento médio da economia mundial não ultrapassou 3% ao ano. Neste contexto, a economia brasileira apresentou um crescimento de apenas 0,62% no 1º semestre de 2012. Embora pequeno, os fatores que contribuíram positivamente para este desempenho foram o consumo das famílias e o gasto do governo. Já os investimentos vêm apresentando uma leve retração nos últimos três semestres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde o 1º trimestre de 2010, a economia brasileira vem diminuindo seu ritmo, assim como a economia paulista. Um dos reflexos desta recessão pode ser observado no ritmo de geração de empregos formais no mercado de trabalho. No período entre janeiro e outubro deste ano, houve uma queda de 25% no volume de trabalhadores formalmente contratados no Brasil, comparado a igual período do ano anterior. Na economia paulista, esta queda foi de pouco de mais de 30 % e no Grande ABC, de aproximadamente 60%. Este movimento gera indícios de que a economia não deve apresentar um desempenho significativamente melhor neste 2º semestre de 2012. Recentemente, o Banco Central divulgou sua nova projeção para o crescimento da economia brasileira em 2012, de apenas 1,6%; o que acreditamos poder ser menor. Diante deste cenário, o governo vem adotando uma série de medidas com o objetivo de estimular o ritmo da atividade econômica brasileira. Em sua maioria, estas medidas concentram-se em ações de estímulo ao consumo. Dentre elas, destaca-se a redução do IPI para automóveis, móveis, material de construção e linha branca. No campo monetário, os bancos públicos têm pressionado a redução da taxa de juros dos mecanismos de crédito, à qual se soma a criação de linhas de crédito direcionadas, como para a aquisição de equipamentos eletrônicos e motos, além da continuidade da expansão do financiamento imobiliário. Mesmo com todos estes estímulos, vários especialistas têm questionado a eficácia destas medidas, dado o elevado grau de endividamento e do comprometimento da renda das famílias brasileiras no momento, o que tem resultado na elevação dos indicadores de inadimplência.
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No setor externo, a recessão internacional e a taxa de câmbio valorizada têm provocado uma deterioração no saldo da Balança Comercial, afetando negativamente o desempenho da economia brasileira, especialmente o nível de emprego dos setores exportadores.
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CRESCIMENTO TRIMESTRAL DO PIB (%) (COMPARADO A IGUAL PERÍODO DO ANO ANTERIOR)
FONTE: FMI, IBGE e SEADE
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA D
entre as medidas adotadas pelo governo federal para estimular a atividade econômica, está a ampliação da disponibilidade de crédito e a redução da taxa de juros. Segundo dados do Banco Central do Brasil, desde 2009 as operações de crédito vêm se expandindo no Grande ABC. Entre janeiro e agosto de 2012, estas cresceram cerca de 10% na região, tendo sido mais forte o crescimento no segundo quadrimestre. Um dos destaques é o crédito imobiliário, que aumentou em aproximadamente 13% no mesmo período, com maior impulso também no segundo quadrimestre do ano.
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OPERAÇÕES DE CRÉDITO NO GRANDE ABC (MILHÕES DE R$)
FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL
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stas operações têm sido fundamentais para ampliar o fluxo de consumo e, assim, estimular o desempenho da atividade econômica. Segundo dados do IBGE, no período de janeiro a setembro de 2012, a atividade comercial cresceu 9,3% no Brasil e 10,3% no Estado de São Paulo. Grande parte desta expansão do consumo se deu pela melhoria do nível de emprego e da massa de salários, assim como das operações de crédito visualizadas anteriormente. Comparada ao ano de 2011, a expansão da atividade comercial tem ocorrido de forma mais acelerada neste ano, conforme gráfico a seguir.
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ATIVIDADE COMERCIAL (MÉDIA DE 2011 = 100)
140 130 120 110 100 90 80 Jan‐11
Mar‐11
Mai‐11
Jul‐11
Set‐11
Nov‐11
IBGE ‐ Brasil
Jan‐12
Mar‐12
Mai‐12
Jul‐12
Set‐12
IBGE ‐ São Paulo
FONTE: IBGE
D
iante das características das ações do governo para estimular a atividade econômica, em grande parte a partir da ampliação do consumo, viabilizadas pelo endividamento das famílias, houve uma ampliação da inadimplência ao longo deste ano. Entre janeiro e agosto, estes índices aumentaram 8,2% no total dos mecanismos de crédito, com destaque para a ampliação de 34,5% na taxa de inadimplência junto às operações via cartão de crédito e financeiras.
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INADIMPLÊNCIA (MÉDIA DE 2009 = 100)
Inadimplência (média de 2009 = 100) Expansão de 34,5% nos últimos 12 meses 300 250 200 150 100 50
Expansão de 8,2% nos últimos 12 meses l‐0 8 Ou t‐0 8 Ja n‐ 09 Ab r‐0 9 Ju l‐0 9 Ou t‐0 9 Ja n‐ 10 Ab r‐1 0 Ju l‐1 0 Ou t‐1 0 Ja n‐ 11 Ab r‐1 1 Ju l‐1 1 Ou t‐1 1 Ja n‐ 12 Ab r‐1 2 Ju l‐1 2
Ju
08 n‐
Ab r‐0
Ja
8
0
Financeiras e Cartão de Crédito Geral
FONTE: SERASA
C
onforme se observa no gráfico anterior, os índices de inadimplência já apresentavam uma tendência crescente desde 2010 e, no ano de 2012, assumiram uma trajetória ascendente. No mês de setembro, o Banco Central do Brasil apontou que o grau de comprometimento da renda das famílias brasileiras junto ao Sistema Financeiro superou os 20%, sendo este reflexo oriundo do elevado grau de endividamento das famílias e da enorme taxa de juros efetiva praticada na ponta do mercado de crédito, apesar de todo o esforço realizado nos últimos meses para reduzi-lo.
TAXAS DE JUROS Jan-11
Jul-11
(% a.a.)
Jan-12
Jul-12
Sep-12
Selic
10.75
12.5
10.5
8
7.5
TJLP
8.37
8.37
8.37
8.37
8.37
Capital de Giro
29.28
29.8
25.97
20.11
19.57
Cheque Especial
172.57
187.99
185.91
151.03
147.62
FONTE: BANCO CENTRAL DO BRASIL
C
omo vimos no quadro anterior, as taxas de juros apresentam uma trajetória de queda nos últimos 15 meses, com mais intensidade em 2012. Entretanto, no Brasil, elas ainda são uma das maiores do mundo e a transmissão dos efeitos descendentes das taxas para a atividade econômica demanda um período de ajustes e acomodação.
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INFLAÇÃO T
odo este estímulo ao consumo tem provocado uma pressão sobre o nível de preços. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tomado pelo governo como indicador oficial da inflação, registra no incompleto biênio 2011/2012 uma inflação maior que no biênio 2009/2010. Entre setembro de 2011 e de 2012, o IPCA registrou uma variação acumulada de 5,45% no Brasil. Na Região Metropolitana de São Paulo, este mesmo indicador registrou uma variação de 4,49% no mesmo período.
INFLAÇÃO ACUMULADA EM 12 MESES NA RMSP (IPCA - IBGE; EM % A.A)
FONTE: FIPE/USP FONTE: IBGE
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U
m dos segmentos que mais tem exercido pressão sobre os preços é o de alimentos, que tem sofrido impactos do aumento de preços das commodities agrícolas no exterior e de algumas quebras de safra no mercado interno, após a estiagem sazonal do período de inverno. Com isso, a cesta básica no Grande ABC somou R$ 406, sendo este o maior preço registrado desde que a Companhia Regional de Abastecimento de Santo André (CRAISA) iniciou sua apuração.
CESTA BÁSICA - REGIÃO DO ABC (EM R$)
R$420 R$406.4
R$410 R$400
R$403.2
R$394.5
R$390 R$380
R$380.6
R$370 R$360 R$357.9
R$350 R$340 R$330
Dez‐12
Nov‐12
Out‐12
Set‐12
Ago‐12
Jul‐12
Jun‐12
Mai‐12
Abr‐12
Mar‐12
Fev‐12
Jan‐12
Dez‐11
Nov‐11
Out‐11
Set‐11
Ago‐11
Jul‐11
Jun‐11
Mai‐11
Abr‐11
Mar‐11
Feb‐11
Jan‐11
R$320
FONTE: CRAISA
MERCADO DE TRABALHO A
o mesmo tempo em que as economias dos EUA e da Europa apresentam taxa de desemprego muito acima de seus padrões históricos, o Brasil apresenta atualmente uma das menores taxas de desemprego de sua história, em torno de 6% da População Economicamente Ativa (PEA). O Grande ABC apresenta uma taxa de desemprego de aproximadamente 10% da PEA, sendo esta uma das menores taxas registradas desde o início de sua medição em 1998.
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DESEMPREGO NO GRANDE ABC (% DA PEA)
FONTE: SEADE
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inda assim, o número de empregos formalmente gerados entre janeiro e setembro de 2012 é menor que em igual período de 2011, tanto no Brasil, quanto no Estado de São Paulo e no Grande ABC. No Grande ABC, o total de empregos formais gerados neste ano de 2012 até setembro é de 9.019, sendo 61% menor que em igual período de 2011. Os municípios que mais geraram empregos foram Santo André e São Caetano do Sul. Setorialmente, neste ano, houve maior geração de empregos no setor de serviços, seguido pelo comércio e a construção civil. A indústria do Grande ABC registra uma redução de 4.747 empregos formais na região, até o mês de setembro. A combinação entre o elevado nível de emprego com uma desaceleração da atividade produtiva não é uma ocorrência frequente na dinâmica da economia. Mesmo com o crescimento econômico em desaceleração, o nível da atividade econômica no país tem sido capaz de absorver uma parcela significante da mão de obra, o que tem levado a uma ampliação da formalização das relações de trabalho no Brasil. Esta combinação explica a dificuldade que atualmente vários setores da economia brasileira têm enfrentado quando necessitam contratar trabalhadores, agravada pelo fator qualificação; assim como os aumentos reais de salários, que têm elevado o custo de mão de obra para os empregadores.
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RENDA DO EMPREGO FORMAL POR MUNICÍPIO (SETEMBRO DE 2012)
R$2.487
Grande ABC
R$2.933
São Bernardo do Campo
R$2.527
São Caetano do Sul
R$2.177
Diadema
R$2.133
Mauá
R$2.048
Santo André
R$2.015
Ribeirão Pires
R$1.523
Rio Grande da Serra
RENDA DO EMPREGO FORMAL POR SETOR (SETEMBRO DE 2012)
Total
R$2.487
Industria
R$3.757
Const. Civil
R$2.001
Serviços
Comércio
R$1.870
R$1.562
FONTE: CAGED/RAIS - Ministério do Trabalho e Emprego
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COMÉRCIO EXTERIOR O
resultado da Balança Comercial do Grande ABC está apresentando uma deterioração nos últimos anos, devido aos efeitos da retração da economia internacional e do fluxo de comércio mundial, bem como da taxa de câmbio vigente no Brasil nos últimos trimestres. Embora a economia do Grande ABC ainda apresente um superávit nas transações com as demais economias do mundo no período entre janeiro e outubro de 2012, o superávit soma apenas US$ 622 milhões aproximadamente, enquanto em 2008, foi de US$ 1,632 bilhões neste mesmo período. Comparativamente, houve uma redução de mais de 50% em relação a igual período de 2011. O saldo acumulado neste ano representa uma reversão na própria trajetória de melhora do biênio 2010 / 2011, após os efeitos mais agudos da crise de fins de 2008.
SALDO DA BALANÇA COMERCIAL DO GRANDE ABC (MILHÕES DE US$)
FONTE: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR
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D
entre os fatores que têm influenciado este comportamento, provocando uma queda de 13,1% nas exportações e de 3,7% nas importações do Grande ABC em 2012, é fundamental ressaltarmos a dinâmica do comércio mundial. No primeiro semestre de 2011, o fluxo de comércio internacional cresceu cerca de 15,6%, dando sequência a uma trajetória de retomada após a retração do biênio 2009 / 2010. Em 2012, houve um crescimento de apenas 1% no fluxo comercial no primeiro semestre. Embora a desvalorização do Real entre julho de 2011 e de 2012 tenha sido de mais de 30%, este movimento ainda não foi suficiente para estimular as exportações do Grande ABC a ampliar o superávit. De um lado, neste ano de 2012, o Grande ABC apresenta um superávit de mais de US$ 2,2 bilhões nas operações comerciais com o Mercosul, especialmente com a Argentina. Ao mesmo tempo a região apresenta grandes déficits nas operações com a Zona do Euro, a Ásia e os Estados Unidos, conforme podemos observar na tabela a seguir. Diante desta composição, as medidas de protecionismo comercial do governo Argentino poderão afetar a economia da região, com grande probabilidade de tornar a Balança Comercial do Grande ABC deficitária, diante do arrefecimento do protecionismo argentino.
FONTE: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR
Q
uase todos os municípios do Grande ABC apresentaram uma diminuição no saldo da Balança Comercial em 2012, com excessão de Ribeirão Pires. Além deste, apenas São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul apresentaram saldos superavitários, com destaque para o setor automotivo. Na composição da Balança Comercial do Grande ABC se destacam os bens intermediários, que alimentam as cadeias produtivas, além dos bens de consumo. A retração das exportações, associada à diminuição no ritmo de contratações, com perda de empregos na indústria da região, corrobora com a expectativa de que a economia regional também apresente um baixo desempenho neste ano.
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OPINIÃO HAVERÁ APROFUNDAMENTO DA CRISE MUNDIAL? A crise financeira internacional, iniciada em 2007, afetou consideravelmente os bancos hipotecários, tanto nos Estados Unidos da América quanto na Zona do Euro. Inúmeras medidas de política econômica foram tomadas com o objetivo de se evitar uma quebra generalizada de bancos. Nos Estados Unidos da América, o governo contou com o Federal Reserve System para dotar de liquidez o sistema bancário americano. Na Europa, entretanto, devemos lembrar que os países abriram mão de seus bancos centrais e delegaram ao Banco Central Europeu a incumbência de dar liquidez às transações econômicas na região, mas não aos bancos. Assim, quando a crise atinge os bancos hipotecários da Irlanda, de Portugal, da Grécia e da Espanha, os respectivos governos somente podem lançar mão do único instrumento da política econômica disponível, qual seja o aumento no endividamento soberano para dar liquidez a seus bancos, de passagem, o instrumento mais ineficaz para debelar a crise. O efeito perverso do endividamento soberano pode ser melhor observado se tomarmos como exemplo a Espanha. Em 2007, a dívida soberana da Espanha se situava em 35% do PIB, porém ao ajudar os bancos hipotecários, a dívida pulou para cerca de 85% do PIB, em 2012; a taxa de juros paga em 2007 estava em torno de 1,6% ao ano, porém, com o aumento do risco, os investidores passaram a exigir taxas que alcançaram 7,5%, em meados de 2012. Como se pode notar, para honrar o pagamento dos juros, o governo passou a efetuar cortes nas áreas sociais, afetando conquistas que os trabalhadores haviam obtido desde que o país voltou à democracia em 1977. A crise na Zona do Euro parecia ter preservado a Alemanha, uma vez que a maior potência européia vinha crescendo nos últimos anos: em 2010 o PIB cresceu 4,2% e em 2011, a variação percentual foi de 3%. Entretanto, segundo Relatório do Bundesbank, a economia alemã está encolhendo muito rapidamente em 2012 e espera-se um crescimento do PIB em torno de 0,7% neste ano.
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O Bundesbank aponta como responsáveis pela perda de dinamismo da economia alemã de um lado, o moderado crescimento dos Estados Unidos da América e, de outro, a continuidade da desaceleração da economia da Zona do Euro bem como o menor crescimento que está sendo registrado na China, em países da Europa Central e na Rússia. Diz o Bundesbank, que a economia alemã registrou um crescimento de apenas 0,2% no terceiro trimestre de 2012 e que ele será ainda menor no último trimestre de 2012. Ou seja, o cenário que se vislumbra remete a um aprofundamento da crise na Zona do Euro, isto porque a maior potência econômica européia está também sendo envolvida pela crise econômica mundial. Tanto na Espanha quanto em Portugal, Grécia e Itália os trabalhadores têm saído às ruas reclamando da política de cortes sociais levada a cabo pelos respectivos governos. Alegam que existem ouras alternativas de política econômica e que os governantes devem utilizálas. Os sindicatos, por sua vez, em suas ações, parecem indicar que uma delas seria o calote generalizado na dívida soberana. Esta, contudo, não é uma boa alternativa, pois ela foi aplicada em 1982 e 1986 no Brasil e a economia brasileira permaneceu estagnada até meados dos anos noventa. Alternativa mais plausível, mas que não conta com as simpatias do governo alemão, se constitui na possibilidade do Banco Central Europeu comprar dívida soberana, neste momento da Espanha, um total que beira duzentos bilhões de euros no curto e médio prazo. Do nosso ponto de vista, a melhor alternativa se constitui em um grande acordo nacional, em cada um dos países envolvidos. Devemos lembrar que logo após a ditadura militar, em 1977, a Espanha realizou um pacto social, conhecido como Pacto de Moncloa, que abriu o caminho para o crescimento econômico do país no médio e longo prazo: de um lado, os trabalhadores abriram mão de reajustes salariais acima das taxas de inflação e de outro, os empresários se comprometeram a investir na modernidade de suas empresas. Apesar das desavenças existentes entre os partidos políticos na Espanha, acreditamos que é possível uma conciliação nacional que, de um lado, evite o separatismo de regiões e, de outro, aplaine o caminho para que a dívida soberana, em relação ao PIB, decline no médio e longo prazo.
Prof. Dr. Manuel Enriquez Garcia, economista, presidente do CORECON-SP e da Ordem dos Economistas do Brasil
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