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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 39 - Nº 1082
15 de Outubro de 2019
Lays Bento/RRJ
Jessica Borges/RRJ
SILVESTRES
Projeto no Parque do Estoril assiste espécies machucadas e em situação de risco; objetivo é devolvê-las à natureza. Pág. 3 Heloiza Lahoz/RRJ
» ESPORTES No Peru, atletas do ABC conquistam medalhas nos Jogos Parapan-Americanos. Pág. 9
» REVITALIZAÇÃO Retirada de árvores em obra na Praça Castelo Branco, em Diadema, gera polêmica. Pág. 5
» MUDANÇAS NA CNH - Novas regras diminuem a quantidade de aulas e extinguem o uso de simulador. Pág. 4
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SAÚDE
15 de Outubro de 2019
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade Gabriel Otoboni/RRJ
Campanha contra o sarampo é prorrogada ABC registrou 288 casos da doença em 2019, sendo a maioria em Santo André Gabriel Otoboni Heros Macedo
O MINISTÉRIO da Saúde realiza nova campanha de vacinação contra o sarampo em outubro e novembro. Dividida em duas etapas, a nova fase comçou no último dia 7 e vai até 25 desse mês; a segunda será realizada entre os dias 18 e 30 de novembro. O foco são as crianças de 6 meses a 5 anos de idade e os adultos de 20 a 29 anos. Desde maio, o país vem sofrendo com surtos da doença, com mais de cinco mil casos registrados em todo país. Desse total, 97% deles
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000
Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo
ocorreram no Estado de São Paulo. Até o final de agosto foram registrados 288 casos em cinco das sete cidades do ABC. O município de Santo André apresentou o maior número de ocorrências: são 127 casos registrados e mais 488 casos de suspeita de sarampo. O médico infectologista Virgílio Tiezzi Neto, que atua na Faculdade de Medicina do ABC e no grupo Santa Helena Saúde, em Santo André e São Bernardo, explica como a doença se manifesta no organismo. “Os primeiros sintomas são febre alta, acima dos 39
graus, tosse, mal estar, coriza e conjuntivite. Depois de dois a quatro dias, surgem manchas avermelhadas pelo corpo que se iniciam pela cabeça e passam para o tórax e os membros”. Segundo o especialista, essas manchas não coçam e como tratamento, a pessoa infectada deve fazer repouso, tomar medicamentos para baixar a febre e ingerir bastante líquido. Neto também afirma que não há um tratamento específico, ou seja, medicação contra o vírus. “O tratamento é para aliviar os sintomas da doença e a sua prevenção é a vacina contra o sarampo,
DIRETOR - Carlos Eduardo Santi COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Eduardo Grossi EDITORA-EXECUTIVA - Eloiza Oliveira (MTb 32.144) EDITORA DO RRJ - Camila Escudero (MTb 39.564) EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357) ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO - Amanda Caires Ferreira, Andressa Schmidt, Beatriz Lopes dos Santos, Beatriz Siqueira, Caroline Ripane Assis, Giovane Roberto Rodrigues, Giovanna Vidoto, Giulia Marini, Gustavo Brito de Jesus, Letícia Rodrigues, Luiza Carvalho Lemos Branco, Matheus Gomes Dias, Miguel Cyrino Rocha, Pedro La Ferreira, Sophia Gonçalves Villanueva, Vinicius de Oliveira dos Santos, e alunos do curso de Jornalismo.
em duas doses (uma aos 12 meses de vida e outra aos 15 meses). Os adultos que não foram vacinados ou não têm a carteirinha de vacinação, devem procurar o posto de saúde para orientação. Dependendo da faixa etária, serão aplicadas uma ou duas doses da vacina. Outra forma de prevenção seria evitar contatos com pessoas doentes ou que tenham a suspeita, mas isso nem sempre é possível”, afirma o médico. O estudante Pedro Lucas Manchini, 18, de São Caetano, foi infectado neste ano pela doença e conta que sentiu fraqueza, febre
CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Valdecir Barreros (presidente), Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente). Conselheiros titulares: Almir de Oliveira Júnior, Andrea Rodrigues da Motta Sampaio, Cassiano Kuchenbecker Rosing, Marcos Gomes Tôrres, Oscar Francisco Alves Jr., Recildo Narcizo de Oliveira, Renato Wanderley de Souza Lima. Suplentes: Eva Regina Pereira Ramão e Roberto Nogueira Gurgel. Esther Lopes (secretária) e bispa Marisa de Freitas Ferreira (assistente do Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar DIRETOR DE FINANÇAS, CONTROLADORIA E GESTÃO DE PESSOAS - Ricardo Rocha Faria DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
A vacina tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola e é aplicada gratuitamente nos postos de saúde
e constante cansaço. “Na semana seguinte aos primeiros sintomas, assim que acordei, percebi que estava cheio de manchas e fui direto para o hospital. Ali, logo de cara viram que era sarampo e me passaram na frente de todo mundo”. Manchini afirmou que tomou a vacina uma semana antes de apresentar todos os sintomas. “Ainda assim, fiquei doente, mas aprendi que tenho que tomar mais cuidado e continuar tomando todas as vacinas possíveis”. Outra vítima da doença durante o período de surto foi o comerciante Thiago Festa, 31, de São Bernardo. Diferente de Manchini, o caso de Festa foi mais grave. “Eu comecei com uma pneumonia atípica, leve. Fui ao médico, o qual me pediu um raio-x que constatou essa pneumonia. Ele me receitou um antibiótico e falou que estaria inteiro dentro de sete dias, porém, na metade do tratamento, tive uma febre alta de quase 40 graus. No dia seguinte, consegui controlar a febre depois de suar bastante e fui trabalhar normalmente. Quando cheguei em casa, me cocei, levantei a camisa e percebi que estava cheio de manchas”, relata o comerciante. Repouso absoluto de dez dias, hidratação constante, e boa alimentação foram as indicações dadas pelo médico a Festa, que alerta para os cuidados necessários àqueles que estão suscetíveis a doença. “As minhas vacinas estavam todas em dia, mas descobri que elas não te deixam livre do sarampo. Você toma a vacina para que os sintomas sejam amenizados. Tem que se tratar, não tem jeito”. MARKETING - Ronilson Carassini DIRETOR NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR - Fabio Botelho Josgrilberg DIRETORA NACIONAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA - Débora Castanha
GERENTE JURÍDICO - Rubens Gonçalves de Barros REITOR: Paulo Borges Campos Jr.; Coordenadora de Graduação e Extensão: Alessandra Maria Sabatine Zambone; Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa: Adriana Barroso Azevedo; Coordenador de EAD: Marcio Oliverio. DIRETORES - Nilton Zanco (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Kleber Nogueira Carrilho (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
MEIO AMBIENTE
15 de Outubro de 2019 Lays Bento/RRJ
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Divulgação: PMSBC
Animais em extinção recebem cuidados especiais na unidade de conservação da Mata Atlântica. Conscientização e lazer, fazem parte da programação dos visitantes e moradores
Zoológico do Estoril resgata animais silvestres Divulgação: PMSBC
Veterinários recuperam espécies da Mata Atlântica para devolvê-las a seus habitats Karina Fonseca Lays Bento
AVES, RÉPTEIS e mamíferos: os animais silvestres têm sofrido cada vez mais com o desenvolvimento urbano. E no meio desse cenário, projetos e instituições exercem um papel importante na reabilitação de espécies da Mata Atlântica. É o caso do Parque Natural Municipal Estoril, localizado no bairro Riacho Grande, em São Bernardo. Presente na cidade há 66 anos, a tradicional área de lazer também abriga um zoológico desde 1985, com um número em média de 500 animais. Nesse mesmo espaço, em meados dos anos 2000, iniciou-se o acolhi-
Denominada Falcão Peregrino, a ave teve um membro amputado, vítima de linha de pipa com cerol
mento de animais que se encontram em situação de risco, por meio de assistências veterinárias. O principal foco do projeto no parque é justamente a soltura dos animais silvestres em seus habitats, sendo que, em último caso, quando não existe possibilidade de recuperação, as espécies acabam por serem expostas no zoológico, que é aberto para visitação do público. “Nós recebemos basicamente dois tipos de animais: filhotes de aves que caíram do ninho e também outros animais machucados, sendo
que o nosso objetivo é sempre atender a fauna local”, explica a bióloga do projeto, Jenifer Mayara. A profissional ainda relata que entre os animais que chegam ao zoológico, muitos foram vítimas de linha de cerol, assim como aves que sofreram alguma fratura e animais atropelados. Esses, chegam ao local por meio da Guarda Civil Municipal Ambiental de São Bernardo, pelo Corpo de Bombeiros ou pela Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo. “Dentro das sete cidades do ABC, somos a única instituição desse tipo. Aqui, no município de São Bernardo, particularmente, tem uma cobertura vegetal de Mata Atlântica muito extensa e importante com muitas espécies de fauna”, ressalta o veterinário Marcelo da Silva Gomes. O profissional ainda afirma que os animais resgatados de regiões fora de São Bernardo só podem ser soltos no local onde foram salvos para que haja a introdução adequada na natureza. Apesar da relevância, o espaço ainda permanece no anonimato. É o que comenta a moradora há 26 anos do bairro Eunice Gonçalves.“Eu mesma não conhecia a fundo, até que eu cheguei a levar um passarinho que bateu na minha janela para os veterinários cuidarem”.
SERVIÇO Zoológico do Parque Estoril: Rua Portugal, 1100, Riacho Grande. Horário de visitação: de quarta a domingo, das 9h às 17h. Valores do estacionamento: R$ 15 para carro de passeio; R$ 10 para moto; R$ 30 para Van; R$ 35 para micro-ônibus; R$ 200 para ônibus. O acesso ao zoo é gratuito. Mais informações: (11) 2630-8035.
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CIDADE
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
15 de Outubro de 2019
Novas regras para tirar CNH Redução do número de aulas e o não uso de simuladores de direção são as principais mudanças Heloisa Lahoz/RRJ
Heloisa Lahoz João Pedro Lima
DESDE O mês de setembro, novas mudanças no processo para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) determinadas pelo Governo Federal, em junho deste ano, estão em vigor. As alterações determinadas foram as reduções de 25 para 20 aulas práticas para a obtenção da habilitação de categoria B (carros), dentre elas as aulas noturnas obrigatórias que passaram de cinco para apenas uma. Já para a categoria A (motocicletas) e para aqueles que desejarem adicionar a categoria B, serão necessárias no mínimo 15 horas/aulas. Além disso, a Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) também foi facilitada com a carga horária de aulas exigidas que diminuiu a cinco. Além disso, os candidatos ainda poderão realizar as provas sem a necessidade de frequentar as aulas, exceto em caso de reprovação. Mas a principal mudança e também a mais comentada é sobre a desobrigação das aulas em simuladores de direção que passará a ser opcional para os novos condutores e limitadas em até cinco horas na soma total de horas/aulas exigidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Os simuladores, que desde 2013 fez parte do processo para obtenção da CNH, tinham como principal propósito dar noções básicas do trânsito e uma primeira experiência do que o futuro condutor deve fazer quando estiver atrás de um volante de um carro de verdade. A desobrigação do uso de simuladores e as outras mudanças já estão valendo em todo o território nacional, com exceção do estado de Rio Grande do Sul que decidiu manter as antigas regras após uma ação do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do Estado. Após a reunião do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Frei-
Foto: Arquivo Pessoal
tas, explicou a decisão em nota. “O simulador não tem eficácia comprovada, ninguém conseguiu demonstrar que isso tem importância para formação do condutor. Nos outros países ao redor do mundo, não é obrigatório e em países com excelentes níveis de segurança no trânsito também não há essa obrigatoriedade. Então, não há prejuízo para a formação do condutor”, disse. A medida parece ter apoio da população. Luciano Rodrigues Nunes (22) traba-
lha em São Bernardo como entregador e quase sempre está na rua com a sua moto. “Quando tirei a CNH, tive que fazer simulador pois era obrigado, não aprendi nada e só gastei dinheiro a mais. É uma máfia”, disse Nunes. Assim como Luciano, o comerciante Rafael Tadeu, 50 anos, falou que no tempo dele, 30 anos atrás, não tinha simulador e mesmo assim aprendeu normalmente. Tadeu ainda complementa com exemplo do filho. “Meu filho, que hoje
tem 23 anos, teve que fazer o simulador quando foi tirar a carteira de motorista. Ele odiou, achou que foi tempo perdido e dinheiro que não precisava ser gasto”. Não somente quem teve que usar o simulador também compartilha da mesma opinião. Guilherme Lima Azevedo, 20 anos, não precisou usar o simulador e contou que achou ótimo. “Deixei de gastar 25% do total que era cobrado para tirar a carta, não perdi tempo e logo fui para
Acima, aluna durante prova de direção para obtenção da CNH. Ao lado, aluna com deficiencia auditiva e instrutor em aula de simulador
a aula prática, facilitando ainda mais o aprendizado - e isso que nunca tinha dirigido um carro”. Porém, para outros, o simulador tem bastante impacto. Rogério Russo, 51 anos, que é engenheiro de tráfego e trabalha dando aulas com simulador disse que, no começo, compartilhava da mesma opinião popular. “Sempre antes de dar aula eu fui contrário, porque a gente não conhece, né? Então eu achava até que era uma coisa desnecessária, como todo mundo pensa”. Para o engenheiro, o simulador não ensina a dirigir, e sim como funciona conduzir um veículo. Uma das razões pela qual Russo deixou de pensar que o simulador não tinha funcionamento, foi quando ele deu aula para uma pessoa deficiente auditiva. “A aluna, veio me agradecer. Ela me falou que aprendeu muito e tudo por conta do simulador. Não sabia nem ligar o carro, para você ver o quanto é importante”, complementa Russo.
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
15 de Outubro de 2019
REGIÃO Fotos: Jessica Borges e Beatriz Queiroz/RRJ
Praça do Centro de Diadema é reformada Com 10 mil m², local receberá áreas de lazer, estacionamento e um novo piso Beatriz Queiroz Jessica Borges
A PRAÇA Castelo Branco, a mais tradicional do Centro de Diadema fundada em 1920, passa por obras de revitalização que promete proporcionar melhorias para moradores e pedestres com a implantação de áreas de lazer, estacionamento e também um novo pavimento. As obras começaram em agosto desse ano e são bem recebidas pelos comerciantes, mas também sofrem críticas por parte dos pedestres e de vendedores de barracas de artesanato e comidas que atuam no local. O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Diadema (Condema) realizou manifestação no local entendendo que a praça perderá muitas árvores. Com o início das obras, os pequenos comerciantes que mantinham barracas regularizadas de comida e artesanato no local foram transferidos para ruas próximas. Cristiane de Souza é proprietária há um ano de
uma barraca de artesanato e conta que a transferência gerou queda em suas vendas. “A maioria do meu público estava na praça. Lá é um lugar com muito movimento de pessoas. As vendas caíram muito devido ao deslocamento”. Ela ainda fala que não foi informada de uma possível volta à praça Castelo Branco.
Rubens Marramed é proprietário de uma barraca de tempero e trabalha na praça há 25 anos. Ele conta que a mudança de ponto não trouxe perda nos lucros, mas que ficou muito abalado. “Eu sou contra a obra, pois não fomos avisados que teríamos que mudar de lugar. Além disso, ouvi boatos de que queriam
cortar as árvores. Sou de origem indígena e isso me deixou muito triste”. A retirada das árvores é o ponto que gera maior reclamação. Uma das principais áreas verdes do Centro de Diadema, a praça de 10 mil metros quadrados conta com cerca de 170 árvores. Em nota, a Prefeitura informou que já foram
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Obras geram polêmica por conta da retirada de árvores e dificultam a vida dos pedestres que passam pelo local
retiradas 14 árvores que se encontravam em situação de risco, inclinação excessiva ou podridão. O vice-presidente do Condema, Francisco de Assis, relata que antes da obra foi realizada uma reunião com a Prefeitura, que prometeu respeitar as condições impostas pelo grupo. “Aprovamos a revitalização com o acordo de que se mantivessem as características originais da praça”, disse. No entanto, Francisco de Assis afirmou que a prefeitura desrespeitou o acordo pois, segundo ele, já foram removidas 37 árvores. “Recorremos ao Ministério Público, que ordenou uma nova reunião”. Moradores se revelaram preocupados com a questão ambiental. É o caso da estudante Leticia Feitosa, que mora no centro há 20 anos. “Fico incomodada com as árvores que foram retiradas pois antes eram um alívio visual. Me falaram que será um estacionamento. Se isso acontecer, não vejo utilidade a princípio”. Apesar das polêmicas, há quem aprove a medida. A comerciante Katia Tonege tem uma loja de doces no entorno da praça há 20 anos. Segundo ela, o movimento acabou caindo com a reforma, mas, acredita que haverá benefícios no futuro. “O movimento com a reforma caiu, porém, acho que a obra era necessária. Acredito que depois de finalizada, as vendas subam”. Opinião semelhante tem o também lojista Fabio Rodrigo Torres, proprietário de uma loja de bolsas. “Eu sou a favor, a região estava abandonada com moradores de rua, o que as vezes acabava sendo perigoso”. Ao passar pelo local já é possível encontrar funcionários e máquinas da Prefeitura trabalhando. O piso era composto por mosaicos portugueses, foi retirado. A ideia é instalar novos sistemas de drenagem, playground, bolsão de estacionamento com 28 vagas, além de revitalização da área com realocação das bancas de jornal e barracas de artesanato e alimentos. A estimativa é que a obra custe aproximadamente R$ 2 milhões e termine em 2020.
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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
ECONOMIA
15 de Outubro de 2019
Renan Fukuda/RRJ
Renan S. Fukuda
APESAR DA queda do desemprego em 0,7% divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em setembro, milhões de brasileiros seguem buscando outras alternativas para obter renda extra para arcar com as despesas no final do mês. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílio (PNAD), divulgada pelo instituto, o número de pessoas que trabalham por conta própria no Brasil subiu e já representa 25,9% da população. Além disso, dados divulgados pelo Conselho Federal de Administração (CFA) mostram que, entre esses trabalhadores autônomos, mais de quatro milhões trabalham em aplicativos de serviço, como Uber, 99 Táxi, iFood, Rappi, que empregam grande parcela da população. É o caso do ex-jogador de futebol e morador da região Emerson Páscoa, que já jogou por diversos times do interior paulista, e teve passagens pelo São Bernardo Futebol Clube e Esporte Clube São Bernardo, e agora atua como motorista de aplicativo. “Eu parei de atuar no futebol quando eu fui jogar em um time de Limeira e passei a não receber o que tinha sido combinado no contrato. Tive filho muito novo e, com 22 anos, e tinha que cuidar dele. Voltei para São Bernardo para trabalhar em uma empresa de cobertor, onde eu tinha a garantia de ser registrado e teria os direitos trabalhistas”, afirmou o ex-atleta. Emerson ainda contou as dificuldades que passou no esporte. “As pessoas veem um jogador e acham que está sempre recebendo em dia. Jogador que joga na terceira divisão, como eu já joguei, não tem vida fácil. Depois de um tempo trabalhando em empresas, pensei que trabalhar como motorista de aplicativo seria melhor, não precisaria trabalhar de domingo a domingo, poderia fazer meu horário”. Segundo o economista da Prefeitura Municipal de Santo André, que também atua como professor da Universidade Municipal de São Caetano (USCS) e coordenador de Estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio,
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Aplicativos viram alternativa para obter renda Pesquisa divulgada pelo IBGE indica que 25,9% dos brasileiros trabalham de maneira autônoma é em momentos de crise como esse que as pessoas se reinventam profissionalmente. “Em momentos de retração no mercado de trabalho, com elevadas taxas de desemprego, os trabalhadores procuram alternativas para sobreviver e pagar as contas”. Para Maskio, os trabalhadores que atuam nessa nova área da economia ainda estão em um ramo com poucos direitos, porém, é o que ajuda as pessoas a não ficarem paradas enquanto as vagas de emprego não aparecem. “Em geral, os empregos por conta própria
e as relações informais de trabalho trazem menor qualidade aos profissionais, seja em remuneração, horas de trabalho e até em benefícios”. Ainda sobre a pesquisa divulgada pelo IBGE, também foi revelado que a Região Metropolitana de São Paulo, onde está localizado o ABC, é uma das que estão acima da taxa de desemprego do país, com 14,1%. “Eu sou pai de família, na minha casa, minha esposa também está desempregada. Apesar de ter que arcar com os
custos do carro e da Uber retirar uma fatia grande das viagens, eu consigo levantar uma boa graninha”, afirmou Jadiel de Almeida. Ele é motorista de aplicativo há dois anos e meio e, durante toda sua vida, trabalhou em empresas do ramo financeiro. Entretanto, esse novo mercado também abre espaços para pessoas que nunca participaram ativamente do mercado de trabalho. É o caso do Caíque Santana, que sempre trabalhou com entregas em uma pizzaria, mas que há pouco tempo começou a
Uma das pioneiras no ramo, a Uber, informa em seu site que mais de 600 mil motoristas trabalham com o aplicativo no Brasil
trabalhar com aplicativo de entrega de alimentos. “Comecei a trabalhar com entrega por aplicativo faz três meses. Nunca trabalhei em empresa, apenas como entregador em uma pizzaria. Quando vi que começou esse negócio de pedir comida por aplicativo, resolvi tentar. Acho bem melhor porque faço meu horário e, para mim, rende mais financeiramente”, disse Santana. O economista Sandro Maskio ainda alerta para os prós e contras dessa nova forma de fazer dinheiro. “Os serviços oferecidos por esses aplicativos são positivos aos trabalhadores por se apresentarem como uma solução aos profissionais que não conseguem voltar ao mercado de trabalho. Também mantém a perspectiva de obtenção de renda a essas pessoas. Mas também impõe a esses trabalhadores vários custos a serem assumidos, o que reduz os ganhos brutos, em especial com manutenção e seguros”.
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COMPORTAMENTO
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
15 de Outubro de 2019
O preço da alimentação vegana Consumidores ainda têm dúvidas sobre custos da dieta que exclui produtos de origem animal Sofia Storari/RRJ
Sofia Storari
O VEGANISMO pode ser descrito como um movimento que busca excluir o consumo de qualquer produto que seja de origem animal, incluindo carnes, ovos, laticínios e até mel. Além de não consumir esses alimentos, os veganos também não usam roupas de couro e cosméticos testados em animais. Uma pesquisa realizada em abril de 2018 pelo Ibope Inteligência, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), divulgou que 14% da população brasileira se declarou vegetariana, o que representa, aproximadamente, quase 30 milhões de pessoas. Com esses dados, pode-se estimar que 2% a 4% da população seja vegana. Outro ponto abordado no estudo foi o interesse por alimentos veganos pela população: 55% dos brasileiros consumiriam mais produtos veganos se tivessem indicação nas embalagens e 60% o mesmo preço que os produtos que já estão acostumados a consumir. Laura Kim, diretora da Associação Brasileira de Veganismo, diz que o pensamento de que o custo com esse tipo de alimentação é alto ainda é muito presente na sociedade. “Erroneamente, as pessoas tendem a acreditar que o veganismo é mais caro do que uma dieta onívora”. Mas será que é mesmo impossível ser vegano gastando o mesmo (ou até menos) que alguém que come de tudo? De acordo com a diretora da Associação, um vegano acaba gastando menos com alimentos por razões óbvias. “Pessoas de todas as classes sociais e etárias têm se tornado veganas. O gasto com alimentação é menor, uma vez que a comida vegana dispensa carnes, queijos, ovos”. Laura ainda ressalta que, assim como qualquer outro tipo de alimentação, é preciso ter planejamento financeiro. “Se alguém consumir pratos de restaurantes ou delivery, ou congelados prontos, vai gastar muito mais do que se fizer comida em casa, comprando
ingredientes frescos”. O produtor audiovisual Luciano Juliatto, morador do Rudge, é vegano há 22 anos e engajado pela causa desde os anos 1990, tendo feito parte até mesmo da Point of no Return, banda vegan straight edge, subgênero do hardcore punk, que defende movimentos como o veganismo. Para ele, basta ir às compras e cozinhar em casa os pratos. “Nossa alimentação básica, arroz, feijão, salada e legumes, é fácil de encontrar em qualquer lugar”, diz. Juliatto afirma ainda que gasta pouco com os laimentos básicos, geralmente comprados em feiras ou supermercados, mas quando sente vontade, se permite comprar industrializados na versão vegana. “Às vezes me dou ao luxo de consumir itens como requeijão, hambúrgueres e pizza vegana. É o que pesa um pouco na hora da compra, pois custa duas ou três vezes mais que um produto normal”. O gasto dele com produtos industrializados veganos é de R$ 100 a R$ 150 por mês, em média. IN NATURA Para uma alimentação nutritiva e saudável é preciso haver pouco consumo de industrializados e mais de alimentos in natura. Segundo a nutricionista Beatriz Valverde, de São Caetano, preparar a própria comida é um ato de autocuidado. “Comer em casa é mais interessante, pois você está ciente de todos os ingredientes que foram adicionados. Geralmente, a comida de restaurante tem mais sal e temperos prontos que não fazem bem à saúde”. O fisioterapeuta Eduardo Pánik, também morador do Rudge, está em transição do vegetarianismo para o veganismo (veja as diferenças no box), e gosta de conhecer restaurantes veganos. “Tenho uma lista de lugares que quero conhecer, mas a ideia final sempre é: eu consigo fazer isso em casa e assim também economizo mais. Preparar o próprio alimento é algo muito bom”. A lista de restaurantes veganos que Pánik pretende conhecer varia entre hamburguerias veganas, onde o gasto é de R$ 35, em
OS QUATRO GRUPOS VEGETARIANOS Produtos industrializados, além de não fazerem bem à saúde, são mais caros que alimentos naturais
OPÇÕES VEGANAS NA CIDADE OVOLACTOVEGETARIANOS Não consomem nenhum tipo de carne
Raízes – Cozinha Vegana Av. Bispo César Dacorso Filho, 210 - Rudge Ramos Tel.: (11) 2988-2672 / Facebook: @raizes.cozinhaveg Vincent Vegan – Delivery Telefone: (11) 94135-1122 Facebook:@VincentVeganPF
LACTOVEGETARIANOS Não consomem carnes e nem ovos
VEGETARIANOS ESTRITOS Não consomem carnes, ovos, laticínios e nada de origem animal na alimentação
VEGANOS Não consomem nada de origem animal, não só na alimentação, mas também no vestuário, beleza, entretenimento etc.
média, até lugares onde o preço pode chegar a R$ 100. Mas em sua rotina, ter parado de consumir carne foi algo vantajoso. “De modo geral, é mais barato. Com dois quilos de carne compro variados vegetais, sem contar os processados comuns
que saem caros também”. Não há como estabelecer uma regra, o veganismo não é necessariamente mais caro ou mais barato. Nesse sentido, a nutricionista esclarece pontos importantes. “O quanto se paga no final das contas vai depender muito de fatores, mas principalmente, das escolhas alimentares”. O consumo de produtos industrializados ou massas refinadas é um dos principais erros da alimentação. Os alimentos naturais e minimamente processados são a escolha mais correta, tanto para veganos, como para onívoros. Esses são os mais saudáveis e mais baratos, a média de compras no mercado e na feira não passa de R$ 300 por mês. A fisioterapeuta vegana Nathália Zanuto, moradora do Centro de São Bernardo, sempre foi adepta dos alimentos in natura. Ela faz compras toda semana na feira e suas opções são bem variadas. “Compro muitas
Pertutti Pizzaria Gourmet Av. Senador Vergueiro, 4439 Rudge Ramos, Tel.: (11) 41771760 / (11) 4317-2500 Facebook: @pertuttigourmet Boleria Vegana R. Votorantim, 107 - Rudge Ramos Tel.: (11) 98612-5911 / Facebook: @boleriavegana
frutas, legumes e verduras, gasto entre R$ 30 a R$ 40, mais ou menos. Já no supermercado, compro farinhas, grãos, proteína de soja, macarrão a base de arroz, molho de tomate. Costumo ir uma vez ao mês e gasto, em média, R$ 150”. Nathália sente diferença no bolso quando opta por ir a restaurantes. “Se eu penso no custo com comida fora, provavelmente gasto mais sendo vegana, afinal tudo o que é vegano as pessoas ainda cobram muito caro”, diz ela. E se ainda restam dúvidas sobre o preço do veganismo, a nutricionista completa: “O principal é a pessoa entender quais são os gastos fixos e variáveis que ela tem versus o quanto ela ganha. Esse é um planejamento que qualquer pessoa deve ter, independentemente da escolha alimentar. Vá no simples, no in natura e principalmente nos alimentos da época”.
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ESPORTES
15 de Outubro de 2019
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Atletas do ABC são medalhistas nos Jogos Parapan-Americanos Após nove dias de disputa, Brasil se torna o país com a maior marca de medalhas em uma única edição Fotos: Arquivo Pessoal
Matheus Dias Pedro Franza
OS JOGOS Parapan-Americanos de 2019, que reúnem atletas portadores de deficiência, ocorreram de 23 de agosto a 1 de setembro, em Lima, capital do Peru. Essa foi a sexta edição da competição, que contou com um total de 33 países. Ao todo, 512 integrantes compuseram a comissão brasileira, sendo 337 atletas de 23 estados, em 17 modalidades. Entre eles, estão três atletas que moram no ABC. Uma dessas esportistas é Clelia Vitória Alfredo, atleta paraolímpica de atletismo, que treina em São Bernardo e conquistou uma medalha de prata na modalidade de salto em distância. Ela, que é deficiente visual, define sua participação na competição como “maravilhosa”. “No início do ano, tive uma lesão no quadríceps e fiquei praticamente seis meses me tratando. Quando fui pré-convocada para o Parapan, fiquei muito feliz, porém, uma semana antes de ser convocada oficialmente, eu tive outra lesão, uma entorse no tornozelo. A partir disso, já tinha perdido as esperanças, mas com a ajuda fundamental dos meus fisioterapeutas e médico, eu consegui me recuperar da lesão. Foi uma experiência única para mim”. Outra atleta da região também deficiente visual é Regiane Nunes, nadadora paraolímpica que conquistou três medalhas de prata nas provas: 100 metros costas, 100 metros livre e 50 metros livre. Segundo a atleta, durante o período de preparação para a competição, ela passou por diversos problemas psicológicos, desenvolvendo quadros de depressão, ansiedade, pânico e fobia. Mas, graças a um acompanhamento psicológico intenso e apoio de sua equipe, ela se sentiu preparada para participar dos jogos. “Nessa competição, voltei a ter vontade de me desafiar, de mostrar
Luis Carlos Cardoso, da canoagem, se classificou para Tóquio 2020
Na natação, Regiane Nunes ganhou três medalhas de prata, em três provas distintas
meu trabalho com orgulho. Ao subir no bloco na hora da largada, sabia exatamente o que fazer e como fazer. Canalizava a ansiedade positivamente e fiz isso com muita felicidade e satisfação”. Os jogos Parapan de Lima teve ainda a participação de Luis Carlos Cardoso, atleta paraolímpico de canoagem, medalhista de ouro e de bronze. Além de todas as superações – ele é cadeirante – outra dificuldade são os problemas financeiros. “Inicialmente, a maior dificuldade que encontrei foi a questão financeira. Quando o atleta não tem títulos, a ajuda financeira é escassa. Somente a partir do momento que se ganha uma medalha, as coisas começam a melhorar”. Mesmo com o bom desempenho, os atletas paraolímpicos continuam enfrentado uma série de problemas, e o maior deles é a falta de investimentos. O dinheiro destinado ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) não chega nem a metade do valor recebido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Para Regiane Nunes, existe uma grande diferença entre o apoio ao esporte olímpico e ao paraolímpico. “Gostaria muito de receber o reconhecimento merecido, não só em virtude dos meus resultados e sim de um resultado geral do Brasil no Parapan”, acredita. Em Lima, foram realizados eventos de 17 modalidades esportivas, sendo que sete serviram como as classificatórias continentais para os Jogos Paraolímpicos
Clelia Vitória Alfredo ganhou medalha de prata no salto em distância
de Verão de 2020, que serão realizados entre agosto e setembro de 2020. Três modalidades estrearam nos jogos de 2019: o badminton, taekwondo e o tiro. O Brasil entrou para história com recorde de conquistas, tornando-se o país com a maior marca de vitórias em uma única edição de Parapan. Após nove dias de disputas, os atletas chegaram à inédita marca de 308 medalhas, sendo 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Essa foi a quarta vez em que o time brasileiro liderou o quadro geral de medalhas, após as boas atuações no Rio (2007), em Guadalajara (2011) e Toronto (2015).
Luiz Carlos Cardoso foi medalhista de ouro e bronze no Parapan 2019
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15 de Outubro de 2019
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade