Rudge Ramos Jornal - Edição 1.080

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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo Março de 2019

ANO 38 - Nº 1080 Letícia Maria/RRJ

RUDGE SUBMERSO Temporal que atingiu o bairro no último fim de semana causou alagamentos e destruição. Págs 2 e 3

» MEIO AMBIENTE - Aumenta uso de energia solar em casas; economia final na conta pode ser de até 40%. Pág. 4

» SOLIDARIEDADE - Projeto reúne

mulheres para confeccionar bonecas de pano para crianças e idosos carentes. Pág. 7

» COMPORTAMENTO - Aulas gratuitas de Tai-Chi-Chuan movimentam Praça dos Meninos pela manhã. Pág. 9


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ESPECIAL

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Março de 2019

As marcas da chuva ...

Fotos: Ariel Correia/RRJ

m temporal na noite de domingo (10) para segunda (11) atingiu São Bernardo e demais cidades da região. O Rudge foi um dos bairros mais afetados. De acordo com o prefeito Orlando Morando, que decretou estado de calamidade pública, em cinco horas choveu 140 mm, quase 50% acima da média do mês de março, que é de 95 mm. O saldo foram alagamentos, lamas, casas invadidas pelas águas e muita destruição.

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000 

Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

Acima, bombeiros prestam socorro aos moradores do Jardim Orlandina, na região do Rudge. Abaixo, com medo de uma nova enchente, morador tenta recolher lixo que foi descartado.

DIRETOR Kleber Nogueira Carrilho COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Eduardo Grossi EDITORA-EXECUTIVA Eloiza Oliveira (MTb 32.144) EDITORA DO RRJ Camila Escudero (MTb 39.564) EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357) ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183)

CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Valdecir Barreros (presidente), Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente). Conselheiros titulares: Almir de Oliveira Júnior, Andrea Rodrigues da Motta Sampaio, Cassiano Kuchenbecker Rosing, Marcos Gomes Tôrres, Oscar Francisco Alves Jr., Recildo Narcizo de Oliveira, Renato Wanderley de Souza Lima. Suplentes: Eva Regina Pereira Ramão e Roberto Nogueira Gurgel. Esther Lopes (secretária) e bispa Marisa de Freitas Ferreira (assistente do Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação).

EQUIPE DE REDAÇÃO - Andressa Navarro, Ariel Correia, Camila Falcão, Camilla Thethê, Flávia Fernandes, Gabriel Batistella, Giovanna Vidoto, Giulia Marini, Giulia Requejo, Gustavo Garcez, Helena Tortorelli, Letícia Rodrigues, Luchelle Furtado, Luis Henrique Leite, Marcelo Hirata, Mayara Clemente, Natália Rossi, Tamara Sanches, Victor Augusto e alunos do curso de Jornalismo.

DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar DIRETOR DE FINANÇAS, CONTROLADORIA E GESTÃO DE PESSOAS - Ricardo Rocha Faria DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E

MARKETING - Ronilson Carassini DIRETOR NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR - Fabio Botelho Josgrilberg DIRETORA NACIONAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA - Débora Castanha GERENTE JURÍDICO - Rubens Gonçalves de Barros REITOR: Paulo Borges Campos Jr.; Coordenadora de Graduação e Extensão: Alessandra Maria Sabatine Zambone; Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa: Adriana Barroso Azevedo; Coordenador de EAD: Marcio Oliverio. DIRETORES - Nilton Zanco (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Kleber Nogueira Carrilho (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

ESPECIAL

Março de 2019

...no Rudge Ramos

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Daniel Vila Nova/ RRJ

Luiza Lemos/RRJ

À esquerda, rua Dr. Gabriel Nicolau. À direira, rua José Anibal Colleone. Abaixo, rua Jacquey, uma das principais do bairro

Letícia Maria/ RRJ

Fotos: Sueli Vila Nova/ Arquivo Pessoal

Na sequência, ruas Dr. Grabriel Nicolau, Ida Leone Cleto e Jacquey


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MEIO AMBIENTE

Março de 2019

Helena Tortorelli

O USO de energia solar no mundo cresceu 18% no ano passado em comparação com 2017, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil é o terceiro país com maior capacidade instalada de geração de energia de fontes renováveis, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Um dos motivos para o Brasil possuir destaque em potência solar é o fato do território ser um dos poucos que recebe em média mais de três mil horas de insolação por ano. A expectativa da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar) era fechar 2018 com um aumento de 115% de capacidade de instalação em energia solar em comparação com 2017, chegando perto da marca de 2,5 gigawatt. Apesar do crescimento no uso do painel fotovoltaico, essa não é a única opção e algumas vezes não é a primeira escolha de muitos na hora de decidir uma fonte de energia limpa, e sim o aquecedor solar, principalmente, por ser um sistema mais barato. A principal diferença entre os dois painéis é que o aquecedor recebe a energia do sol nas placas e a transforma em calor para aquecer a água; já o fotovoltaico capta a energia solar por meio de um sensor e a transporta para as outras partes do sistema, gerando energia elétrica para a residência. Como o aquecedor também fornece energia limpa e a instalação é mais convencional, a coordenadora comercial, Antônia Araujo Lopes, moradora de São Bernardo, preferiu essa opção na hora de comprar um aquecedor para sua residência em 2009. “Na época em que comprei o solar térmico, a tecnologia do painel fotovoltaico estava se iniciando no Brasil e os preços do sistema eram absurdamente inviáveis, além da pouca mão de obra especializada, mas o valor foi em torno de R$ 13,5 mil”. A moradora ainda relata que, além da economia na conta de energia elétrica, outro ponto positivo é o fato de mesmo estando frio a água se mantém bem aquecida, principalmente em comparação com o chuveiro elétrico. “O único problema é o desperdício de água, pois até a água quente chegar ao chuveiro ou torneira tem uma perda de mais ou menos cinco litros de água por banho, além de

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade Fotos: Arquivo Pessoal

Uso da energia solar pode representar até 40% no valor da conta de luz Opções mais utilizadas são aquecedor solar e painel fotovoltaico Arte: Helena Tortorelli

SAIBA MAIS A energia fornecida pelo sol é captada pelo painel solar

Com o uso dessa energia limpa é possível reduzir em torno de 40% a conta de energia elétrica, além de ajudar o meio ambiente

O painel solar fica instalado em cima de tetos de residências e de indústrias O sistema do teto solar transforma a energia do sol em corrente contínua e depois em corrente alternada para que possa ser utilizada. No caso dos aquecedores pode ser usada em chuveiros

ter que gastar com o botijão de gás, que tem um consumo maior no inverno”. De acordo com o arquiteto e professor de engenharia ambiental da Universidade Metodista de São Paulo, Carlos Henrique Andrade, a média da redução na conta de energia é entre 30 e 40% do valor. “Depende muito do perfil de consumo e dos equipamentos insta-

lados, mas pode chegar a uma redução de até 70% do valor das contas de energia em alguns casos”. Segundo o especialista, a principal importância na utilização desse sistema é a redução nos impactos sobre o meio ambiente, em especial por ser uma energia com fontes renováveis. “Hoje em dia, precisamos de muita energia para as

atividades humanas. Assim, as fontes mais comuns como a hidráulica e o petróleo não estão sendo suficientes para atender a demanda. Com as mudanças do clima, estas duas fontes de energia devem ser substituídas gradualmente por fontes mais sustentáveis e renováveis, como é o caso das energias solar, eólica, das marés”. Apesar do preço da ins-

Apesar da diminuição no valor da conta de energia elétrica, que pode chegar no máximo de 70%, a instalação do sistema ainda é inviável devido o preço, uma placa solar pode custar em torno de R$ 800

talação do painel ter ficado mais em conta com o tempo, o valor de uma placa é em torno de R$ 800 hoje em dia, principalmente por muitos componentes ainda não serem fabricados no Brasil. “Apesar de ser uma tecnologia limpa, o preço para a instalação ainda é pouco acessível, mas isso deve mudar a curto prazo, considerando a melhora da tecnologia e com o começo da nacionalização de alguns componentes”, diz Andrade. Para o processo de instalação de um painel solar é necessário esperar em média 60 dias. O procedimento envolve desde a elaboração do projeto elétrico, que precisa ser assinado por um engenheiro, além da espera pela aprovação da AES Eletropaulo, para criar a infraestrutura elétrica da caixa de força até o painel e substituir o medidor de luz convencional por bidirecionais. Para a instalação do sistema é necessário fazer algumas reformas na casa. No caso dos fotovoltaicos, é preciso ligar o relógio de luz próximo do quadro de disjuntores da residência; já para os aquecedores, o local deve ter a tubulação de PVC adequada para receber a água quente, como afirma o engenheiro civil, de São Bernardo, que realiza a comercialização, instalação e pós venda de painéis solares, Eduardo Kimura. “A manutenção do painel deve ser realizada a cada dois anos e meio, mas a vida útil é de 25 a 30 anos”. Na manutenção do equipamento, é necessário que as placas sejam instaladas em um local que receba uma boa quantidade de energia solar, geralmente voltado para o lado Norte, e de fácil acesso para a limpeza, como conta Kimura. “Os microcircuitos são interligados em série e as placas também são montadas em série, quando é feita a instalação é necessário realizá-la em um local limpo, sem árvores por perto, principalmente no caso dos fotovoltaicos que, com a sujeira, perdem cerca de 50% da eficiência, o que não ocorre com os aquecedores”. 


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SAÚDE

Março de 2019

Fotos: Letícia Maria/RRJ

Letícia Maria

Br

a

s e o r s i t ã e l oc i s om

DADOS levantados pelo Ministério da Saúde, por meio da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), mostram uma realidade pouco levada em conta no país: adultos obesos estão chegando a quase 19% da população, além do salto de 110% da obesidade entre jovens de 2007 a 2017. A questão é tão séria que políticas públicas pautaram o debate nas últimas eleições — uma carta-compromisso foi proposta pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável para os candidatos com reivindicações por mudança na base alimentar dos brasileiros. Foram nove os pontos ressaltados na carta, entre eles: alimentação adequada e saudável, apoio à amamentação, fortalecimento da agricultura familiar, publicidade infantil e de alimentos ultraprocessados, falta de informação nos rótulos dos alimentos, alimentação saudável nas escolas e garantia do direito à água. O documento foi assinado por 38 organizações, associações e movimentos sociais que compõem a Aliança. Os índices de sobrepeso e obesidade são calculados pelo Índice de Massa Corporal (IMC), por meio do peso e altura. De acordo com a nutricionista Fabiana Raucci, a influência desses resultados tem a ver com alimentação precária, como não saber reconhecer os ingredientes compostos em uma mercadoria. “Acontece muito isso quando você vai verificar uma lista de ingredientes. Naqueles com muitos itens, provavelmente, há um tipo de açúcar. Quer dizer, tem algo escondido dentro do produto que você está consumindo, mas não falaram para você”, explica. O profissional de marketing Thiago Mangueira, 33, morador de São Bernardo, conta que buscou ajuda após passar oito anos comendo fast foods, lanches e doces. Aos 31 anos de idade, atingiu a marca de 145 quilos. Foi então que decidiu reverter esse quadro. “Eu estava comendo de forma totalmente desregrada e sofrendo muito com o efeito sanfona. No final de 2016, não me enxergava tão acima do peso. Sempre fui uma pessoa ativa, que sempre fez muito exercício”. O choque de realidade fez com que Thiago buscasse

SOBREPESO Taxa de obesidade entre jovens e adultos cresce; doces e produtos industrializados são os principais vilões mudança. Realizou cirurgia bariátrica pelo SUS, mudou a alimentação e está pesando na casa dos 90 quilos. “Tenho a pretensão de diminuir ainda mais o percentual de gordura em meu corpo, além de manter, principalmente, a qualidade de vida que ganhei”, completa. No caso dos jovens, a nutricionista Fabiana associa a obesidade ao estilo de vida dos pais. Com a vida corrida e sedentária, acabam

optando por dar aos filhos comidas prontas. “Na idade em que o adolescente precisava aprender a se alimentar ou praticar uma atividade física, isso não acontece”, alerta. A forma de reverter esse quadro, além de buscar se exercitar mais, é fazer dieta por meio de orientações profissionais. Ainda segundo Fabiana, buscar entender que um regime não é algo temporário, mas faz parte da vida da pessoa é impor-

tante para ter resultados. “A dieta é um estilo de vida no qual você vai encaixar alimentos que gosta dentro do que já segue”. Quem sabe muito o que é passar por um regime e valorizar a qualidade de vida é a professora Maria Gabriela Cammarano, 40, moradora de Santo André, que após passar por picos de sobrepeso, recuperou a vida saudável. Ela reconheceu que não cuidar da saúde é perigoso.

O Índice de Massa Corporal (IMC) mostra a taxa de gordura no corpo, podendo variar entre homens e mulheres

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A professora é hipertensa e, na família, tem histórico de diabetes e doenças cardíacas. “Quando passei por reeducação alimentar, tive maior consciência das quantidades e pensei melhor na qualidade da comida. Na época, perdi dez quilos em seis meses. Antes, minha alimentação era desregulada e eu comia muito fast-food”. Hoje, ela está quatro quilos acima do ideal, mas atenta na mudança. “A reeducação alimentar é para sempre. Você tem que fazer para o resto da sua vida porque se descuidar, os quilos vêm. Para perder é difícil; agora, para ganhar, é rápido”. A nutricionista confirma isso e acrescenta: “não acontece do dia para a noite e a pessoa precisa ser paciente”. São muitos os motivos e questões que ocasionam a obesidade, como a genética, má alimentação, sedentarismo e até o psicológico. De qualquer forma, a profissional recomenda que o consumo ruim de alimentos deve ser reduzido gradativamente. “O equilíbrio sempre será essencial conseguir um emagrecimento saudável”. Em casos de consumo excessivo (especialmente de refrigerantes, alimentos industrializados ou doces no geral), ela indica a redução do consumo imediata para que seja um trabalho gradativo. “Dessa forma, isso funcionará a longo prazo, mas é preciso seguir com orientação profissional sempre e de forma adequada”. 

Emagrecer ou alimentar? Quem não gosta de passar a tarde com os amigos após almoçar lanches bem recheados, acompanhados de batata-frita e refrigerante? Para o gosto, é bom, mas e para o organismo? A nutricionista Fabiana Raucci não recomenda essa prática, se não de forma balanceada. “É preciso conhecer o corpo para ver como vai responder diante disso”. Dietas radicais vistas na internet, muitas vezes, acabam excluindo o consumo de nutrientes essenciais, como o carboidrato. “O desespero das pessoas em querer perder peso faz com que acreditem em qualquer coisa. Tem que tomar muito cuidado”. O balanceamento mencionado deve ser levado em consideração durante o dia inteiro, já que ‘cortar’ um macro nutriente sem orientação pode ocasionar o chamado efeito sanfona, que nada mais é do que emagrecer e engordar de forma descontrolada. Não existe macete. Deve-se buscar orientação profissional antes de iniciar qualquer dieta ou reeducação alimentar, além de praticar exercícios físicos e ter horários adequados de sono.


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Marรงo de 2019

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REGIÃO

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Fotos: Helena Tortorelli/RRJ

Projeto leva alegria para crianças e idosos em forma de bonecos de pano

Os brinquedos de pano são produzidos por 40 voluntárias que se reúnem todos as quartas e sábados na Casa de Ismael, em Santo André

Bonequeiras do ABC já doaram cerca de 2.800 “mimos” para instituições carentes Helena Tortorelli

EM MEIO AOS tecidos, linhas, lãs e plumantes, 40 voluntárias se reúnem nas tardes das quartas e sábados na Fraternidade Espírita Casa de Ismael, localizada em Santo André. O objetivo é confeccionar bonecas, monstrinhos, girafas, dinossauros, gatinhos, baleias, ursinhos, entre tantos outros “mimos” de pano, como elas costumam chamar e que, depois de prontos, são doados para instituições como asilos, creches e orfanatos carentes. O projeto que possui o nome de Bonequeiras do ABC teve início em março de 2017 e já entregou cerca de 2.800 itens. Tudo começou com Sônia Maria Antonelli Ferro, que sempre gostou de artesanato e por meio de uma amiga conheceu o projeto Bonequeiras Sem Fronteiras, que realiza um trabalho bem parecido com o delas, em Curitiba. “Fui conhecer o trabalho delas e me apaixonei, voltei encantada e comentei com a presidente da Casa de Ismael, que é minha amiga, e ela sugeriu de montar um aqui. Tivemos bastante apoio da Casa e das Bonequeiras Sem Fronteiras; Elas nos passaram moldes, orienta-

ções e montamos um grupo aqui”, lembra Sônia. A intenção do projeto é levar brinquedos em instituições carentes e deixar que as crianças possam escolher o boneco que mais gostam. “Quando vamos nas instituições nós colocamos um pano no chão e esparramamos todos os brinquedos, pois a nossa intenção é que as crianças escolham o que elas querem, porque para nós não é só o entregar, é também a atenção que a gente dá para elas, além da possibilidade de escolha, que muitas vezes eles não possuem. Quando nós vamos nos asilos as idosas se apai-

xonam pelas bonecas, além da tarde que passamos com elas”, afirma Sônia. Todo o material utilizado na confecção dos brinquedos é de doações, o que acaba dificultando a fabricação das bonecas, como conta Sônia. “No começo não tinha pano, não tinha plumante, não tinha máquina de costura, até que a casa comprou uma máquina para a gente e aos poucos começamos a receber doações de lã, tecidos, plumante e linha. Vemos o que dá para aproveitar e, caso a gente não possa utilizar, nós repassamos para outras organizações”. No início, as Bonequei-

ras entravam em contato com as instituições, mas agora são as organizações que contatam o projeto, mas sempre antes da entrega é realizado uma visita para que elas conheçam o local. “Mais ou menos há seis meses que eles (as instituições) começaram a procurar pela gente, porque eles passam a nos conhecer por meio de outras instituições que nós já fizemos entrega. Mas sempre realizamos uma visita antes para conhecer o local, pois só entregamos para instituições realmente carentes. Nós conversamos com o responsável e conhecemos as crianças, para entendermos qual a necessidade, para depois marcarmos uma entrega. Até agora nenhuma vez entregamos para o mesmo lugar”, diz Sônia. Todos que participam do projeto são voluntários, como é o caso da Rosangela dos Santos, que é integrante desde dezembro de 2017 e conheceu as Bonequeiras por meio de uma parente que já fazia parte do grupo. “Eu via as fotos que ela postava no Facebook e eu gosto muito de fazer alguma coisa por alguém, além de gostar muito de artesanato. Aqui, eu descobri que sou muito mais ajudada do que ajudo, porque a gente conversa, ri,

além de levar um pouco de alegria ou para um idoso, ou para uma criança carente. É muito reconfortante e compensador”. Uma das instituições que foi beneficiada pelas Bonequeiras foi a Instituição Assistencial e Educacional Amélia Rodrigues, localizada em Santo André, que conheceu o projeto através de uma educadora. “Eu entrei em contato com a Sônia, e marcamos uma reunião para elas explicarem o trabalho delas e para combinar uma data para a entrega, que ocorreu em agosto de 2018. Foram distribuídas cerca de 200 brinquedos para crianças de até 10 anos”. A coordenadora pedagógica da instituição, Andrea Santos, afirma que o mais importante das Bonequeiras são os valores que elas transmitem. “Como a instituição trabalha muito com a questão dos valores com as crianças e o cuidado ao próximo, nós percebemos que o trabalho que elas realizam lá é semelhante ao que nós fazemos, essa questão de pensar no outro, porque o intuito delas é trazer os bichinhos de pelúcia, trazendo uma quantidade a mais para que a criança possa escolher, e foi isso que chamou a nossa atenção”. 


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CULTURA

Camilla Thethê

O GRAFITE surgiu nos Estados Unidos, na década de 1970, como uma forma de expressão das classes marginalizadas da época. Essa arte veio como porta-voz para aqueles que sofriam preconceito e violência. Por ter sido criado e feito, normalmente, por negros e pela classe baixa, o grafite era visto como uma poluição visual e não arte urbana. No Brasil, o grafite tornou-se presente já no final da década de 1970, mais especificamente em São Paulo. Toda a opressão e a rejeição que os menos favorecidos sofrem são expressas por essa arte que vem ganhando espaço no mundo cultural. O artista visual e educador Moisés Patrício, que foi indicado ao prêmio PIPA (considerado o mais relevante do Brasil para artes visuais), conheceu o grafite em uma oficina em Santo André, há alguns anos. Ele caracteriza o grafite como uma comunicação popular. “A importância do grafite se dá justamente nesse diálogo que o artista estabelece com o público. Muitas vezes, esse mesmo diálogo acontece dentro de museus, onde boa parte das pessoas não tem acesso”. Além disso, Patrício acredita que o preconceito que essa arte sofre é muito mais social que propriamente artístico. “Boa parte

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Fotos: Camilla Thethê/RRJ

GRAFITE

ganha reconhecimento no mundo artístico Antes visto como poluição visual, agora é considerado arte pela população

dos grafiteiros são jovens da periferia que não são ouvidos pela sociedade e, para se comunicarem com a cidade, eles usam o grafite. Muitas vezes essa tentativa de comunicação é vista como uma poluição, mas nada

mais é que uma tentativa legitima de se manifestar. As pessoas adoram o grafite, elas aplaudem e tiram fotos. O preconceito é contra a periferia e o pobre, que nesse caso é o artista”, conta. O artista educador Ro-

drigo Smul trabalha com o grafite como ferramenta de transformação social há dez anos na Fundação Casa. Conhecido como Smul, ele ressalta a importância do grafite para a sociedade e para a cidade. “Essa arte

À esquerda, viaduto na Avenida Quinze de Novembro, em Santo André. Abaixo, banca de jornal em frente ao terminal da cidade

vai além da estática e do embelezamento das cidades. O grafite é um mecanismo para lutar por direitos e oportunidades iguais, é uma forma de tentar conquistar uma sociedade mais igualitária. Essa arte possibilita as pessoas de expressarem suas opiniões, principalmente nos dias de hoje em que ainda sofremos muita censura. A essência do grafite é dar poder para as minorias”. No viaduto da Avenida Quinze de Novembro, em Santo André, há grafites espelhados por toda a área. O dono da banca localizada em frente ao viaduto, Amadel Berlinga Junior, 60, está há 30 anos trabalhando no mesmo lugar. De acordo com ele, a prefeitura contratou grafiteiros profissionais para fazer a arte, porque as pichações tomavam conta do lugar. “Devia ser tudo grafitado. Mesmo comércio, porque as portas de metais, por exemplo, se você deixa tudo grafitado, param de pichar e respeitam mais. Eu vejo o grafite como uma arte, sem dúvida nenhuma. Fica uma cidade limpa”, comenta. A estudante Isabella Mercunas, 16, passa pela Avenida Quinze de Novembro todos os dias e compartilha da mesma opinião que Amadel. “Deixa a cidade mais colorida, muito mais bonita. É uma arte que traz expressão”. Formação Em Santo André, há a oficina “Um olhar para o Graffiti”, ministrada pelo artista Marcelo Dantas que tem como objetivo ensinar a história e técnicas do grafite, além de desenvolver valores internos para o autoconhecimento e exercitar a cidadania nos jovens. “A ideia da oficina surgiu quando entrei para uma instituição sem fins lucrativos para trabalhar com crianças e jovens que não tinham muita oportunidade nas periferias. Meu objetivo com a oficina é estimular a criatividade e autoestima do jovem, além de dar uma fonte de renda para eles e mostrar que é possível, por meio da arte urbana, ficar longe das drogas e do álcool”, explica Dantas. 


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COMPORTAMENTO

Março de 2019

Terceira idade ocupa espaço no período matutino para a prática do esporte

Marcelo Hirata

CALMA e com elementos paisagísticos bem cuidados, decorados com pedras e arquitetura típica do Japão e um lago com carpas. Assim é a Praça dos Meninos, a mais antiga do bairro do Rudge. O ambiente serve para inúmeras atividades, desde playground para as crianças à feira livre noturna, realizada todas as quintas-feiras. No entanto, são os exercícios

As colegas Vilma Aparecida, Irene Cano e Vilma Calixto (da esq. para a dir.) são presença garantida nos encontros

físicos que agitam o local logo pela manhã. Nos primeiros horários do dia é comum ver a praça tomada pela terceira idade, sobretudo, praticando exercícios físicos, mas tem um, em especial, que rouba a cena,

Fotos: Marcelo Hirata/RRJ

TAI CHI CHUAN

Moradores se reúnem na Praça dos Meninos para praticar o

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o Tai Chi Chuan. Todos que passam se interessam e tentam entender o que o grupo está fazendo ou praticando, grupo este que habita as manhãs da Praça dos Meninos desdes o ano de 2001. O Tai Chi Chuan é uma arte marcial conhecida como uma forma de meditação em movimento. Nascido na China, a prática ganhou o mundo sobretudo pela sua relação com a meditação, sua principal proposta é a busca pelo equilíbrio e

Acima, o grupo praticando o esporte no espaço central da praça. Abaixo, o moletom utilizado pelo grupo que existe desde 2011

tranquilidade. Nesta modalidade, há movimentos que devem ser executados de forma lenta e calma, semelhante a yoga mas o Tai Chi tem suas próprias posições. Luiz Carlos Freitas, 72, é o professor e lembra como iniciou o grupo. “Eu me aposentei e não consegui mais achar emprego, então eu vinha aqui no parque e praticava sozinho o Tai Chi Chuan. Um pessoal viu, se interessou e pediu para eu ensinar para eles”. Freitas lembra como a arte marcial entrou na sua vida. “Desde moleque sempre gostei e o tai chi começou junto com o meu professor de aikido, ai comecei a praticar, peguei o diploma de professor e hoje dou aula”. Vilma Calixto, 77, e Irene Cano, 76, são alunas de Freitas. Elas moram no bairro do Taboão e pegam o ônibus todo dia para vir à Praça dos Meninos praticar

o Tai Shi. Vilma conta que estava viúva há quase um ano, e estava com uma depressão muito forte quando começou a praticar o esporte. “Eu comecei a fazer e me ajudou a superar a doença. Eu agradeço ao professor porque ele me deu muito incentivo no começo. A gente mora lá perto da Ford, mas estamos aqui todos os dias”. As amigas já estão nessa rotina há quase cinco anos. “A gente vinha para caminhar, aí ficamos curiosas e o professor convidou a gente para começarmos e foi muito legal porque ele incentiva muito e não deixa a gente desistir”, diz Irene. Vilma Aparecida, 59, descobriu o esporte e se apaixonou. “Meu marido vinha se exercitar aqui na praça e eu comecei a vir com ele quando vi o pessoal praticando o Tai Chi e me interessei e entrei”. Vilma também comenta os benefícios que a prática de esporte trouxe para a sua saúde. “Eu tinha problema de pressão alta e diabetes e depois que eu comecei a praticar tudo melhorou, principalmente porque a gente está mexendo com a cabeça e com o corpo”.


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Março de 2019

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA METODISTA DEIXA VOCÊ CADA VEZ MAIS PERTO DO

CURSOS

BIOLÓGICAS E SAÚDE Gestão Ambiental COMUNICAÇÃO Comunicação Digital e Redes Sociais Jogos Digitais - Produção em Games Produção Audiovisual NOVO

EXATAS E TECNOLOGIA Análise e Desenvolvimento de Sistemas

NOVO

GESTÃO E NEGÓCIOS Administração Ciências Contábeis Gestão Comercial Gestão de Recursos Humanos Gestão de Seguros Gestão Financeira Gestão Pública Logística Marketing Processos Gerenciais Segurança Pública

HUMANIDADES Pedagogia Serviço Social Teologia

NOVO

SEGUNDA LICENCIATURA Ciências Biológicas Letras - Língua Estrangeira (Espanhol) Letras - Língua Portuguesa Matemática Pedagogia

Diploma emitido por

VESTIBULARMETODISTAEAD.COM.BR /UNIVERSIDADE.METODISTA


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