Edição 1.068

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www.rronline.com.br editorial@metodista.br facebook.com/rudgeramosonline

Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 37 - Nº 1068

De 17 a 30 de agosto de 2017 Vinícius Campos/Divulgação

Maristela Caretta/RRJ

SÃO BERNARDO 464 ANOS Moradores lembram de suas histórias e contam o que dariam de presente à cidade neste aniversário. Rudge Ramos Jornal completa 37 anos como projeto pedagógico e prestação de serviços à comunidade. Págs. 2 e 3

» TECNOLOGIA

Richard Molina/RRJ Tainá Costa/RRJ

Quer trocar seu smartphone? Veja dicas de como comprar um aparelho seminovo. Pág. 8

» SAÚDE

» ECONOMIA

» CULTURA

Em São Bernardo, UBSs oferecem reiki, acupuntura e yoga

Penhor é opção de empréstimo a juros mais baixos

Capas de discos de vinil viram objetos de colecionadores

Págs. 4 e 5

Pág. 7

Págs. 10 e 11


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CIDADE

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 17 a 30 de agosto de 2017

Rudge Ramos Jornal completa 37 anos de muita história

Reproduções/Arquivos RRJ

Projeto pioneiro no país, jornal é distribuído gratuitamente à população de São Bernardo Felipe Freitas

CRIADO EM 1980, o Rudge Ramos Jornal nasceu com o objetivo de ser um veículo de comunicação experimental para que estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo colocassem em prática o conteúdo ensinado em sala de aula. Porém, sua linha editorial - de priorizar as notícias locais e dar espaço a assuntos não cobertos pela grande mídia - garantiu uma outra característica à publicação: a prestação de serviços à comunidade e um vínculo afetivo com os moradores. O projeto do jornal é pioneiro no país e já são 37 anos de história e inovação, que vão desde a modernização das instalações da Universidade até as mudanças no formato do jornal. O primeiro projeto gráfico, em 1980, tinha o tamanho A4, equivalente a uma folha de sulfite. No ano de 2005, um modelo utilizado por grandes jornais foi adotado, o standard. Em 2007, passou a ser tablóide. Atualmente, o jornal utiliza o tipo germânico, com o tamanho das páginas um pouco mais longas que seu antecessor. Régis Carrilo, 57, é proprietário de uma banca de jornal no Rudge e conta que conhece o RRJ há cerca de 20 anos. “Eu gosto de ler sobre eventos de arte e músicas, por exemplo”, disse. Já

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000 

Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

Capas do RRJ mostram a reformulação gráfica pela qual o jornal passou ao longo dos anos; acima, home page do portal RROnline, que reúne a produção dos alunos de Jornalismo da Metodista

o vendedor João Carlos de Souza, 47, da Merci Discos, lembrou que a loja já serviu como fonte para diversas matérias e destacou o aspecto regional do veículo. “Os alunos vêm sempre aqui e eu gosto de ler as reportagens direcionadas ao bairro mesmo”, completou. Projeto Multimídia Reforçando o pioneirismo e o compromisso com a inovação, em 2007, foi criado o Rudge Ramos Online (www.rronline.com.br), que tem como objetivo ampliar o conteúdo publicado pelo jornal impresso e ainda tratar das outras cidades do ABC. No portal, além do conteúdo textual, são publicados também matérias de TV e radiofônicas, tudo produzido pelos alunos da Universidade. 

DE OLHO NA CÂMARA

Câmara autoriza abertura de novo crédito na Secretaria de Finanças Érika Motoda Luis Henrique Leite

POR unanimidade, a Câmara de São Bernardo autorizou, na sessão desta quarta (16), a abertura de um crédito especial na Secretaria de Finanças, no valor de R$ 692.933,14. O dinheiro será investido nos programas "São Bernardo sem Miséria", que visa a inclusão social de pessoas

DIRETOR Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Rodolfo Carlos Martino. EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ Camila Escudero (MTb: 39.564) EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183)

EQUIPE DE REDAÇÃO - Alvaro Augusto, Ariel Correia da Silva,

Bárbara Caetano, Bruno Pegoraro, Daniela Pegoraro, Érika Motoda, Felipe Freitas, Gabriel Argachoy, Guilherme Guilherme, Iago Martins, Luis Henrique Leite, Luiza Lamas, Mariana Cunha, Marina Harriz, Rodrigo Monteiro, Thalita Ribeiro e alunos do curso de Jornalismo.

TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar

em situação de vulnerabilidade, e "Educação Básica Inclusiva com Qualidade e Equidade", que oferece o acesso de alunos a matérias como ciência, tecnologia e filosofia. Escola Sem Partido Um dia antes da sessão desta quarta, o MBL (Movimento Brasil Livre) protocolou junto à presidência da Câmara de São

Bernardo um projeto-base com as diretrizes do Programa Escola Sem Partido. Pery Cartola (PSDB), porém, disse que o texto do MBL não poderá ser aprovado, pois o grupo não possui representação na Casa. A ideia é que seja confeccionado um projeto de autoria dos vereadores. O presidente está confiante de que esse projeto terá apoio do Executivo. 

DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, MARKETING E SUPRIMENTOS - Ronilson Carassini CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Valdecir Barreros; Renato Wanderley de Souza Lima (suplente). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar VICE-DIRETOR GERAL - Gustavo Jacques Dias Alvim DIRETOR DE FINANÇAS E CONTROLADORIA - Ricardo Rocha Faria

REITOR: Paulo Borges Campos Jr., Coordenadora de Graduação e Extensão - Vera Lucia Gouvea Stivaletti, Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa - Davi Ferreira Barros DIRETORES - Rogério Gentil Bellot (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Nicanor Lopes (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

CIDADE

De 17 a 30 de agosto de 2017

SÃO BERNARDO 464 ANOS

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Moradores contam que presente de aniversário dariam à cidade Construção de creches e hospitais e ampliação de áreas verdes estão entre as sugestões Gabriel Inamine/ PMSBC

Iago Martins Luiza Lamas

SÃO BERNARDO completa neste domingo (20) 464 anos. Fundada em 1553 pelo português João Ramalho, a cidade, que inicialmente recebeu o nome de Santo André da Borda do Campo, ocupa hoje uma área territorial de 409 mil km² e é considerada a quarta maior cidade do Estado de São Paulo em número de habitantes – são mais de 820 mil moradores, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São pessoas vindas de longe ou de perto, há muito tempo ou não, que escolheram o município para viver. E foram justamente alguns desses moradores que a reportagem do RRJ entrevistou para conhecer um pouco suas histórias na cidade e perguntar: “que presente de aniversário você daria para São Bernardo?” A técnica contábil Sandra Regina Joaquim Armbrust, 55, lembra que morava em São Caetano e chegou em São Bernardo ainda pequena, há 42 anos. O bairro escolhido para morar foi o Rudge. Ela conta que se sentiu muito bem acolhida e agradece pelas conquistas. “Tudo o que eu precisei em São Bernardo, consegui. As escolas das minhas filhas eram públicas e boas”. O que

Assista no site do RROnline ao fotodocumentário produzido por alunos do curso de Jornalismo da Metodista publicado em homenagem ao aniversário de São Bernardo (www.metodista.br/rronline).

Maristela Caretta/ RRJ

Acima, estádio da Vila Euclides é um dos marcos da cidade, fundada em 1553 por João Ramalho; ao lado, o bairro Rudge, um dos mais antigos

a incomoda hoje, no entanto, é a demora no término das obras de infraestrutura e, se pudesse presentear a cidade, diz que daria “uma administração melhor”. Também moradora do Rudge, porém há 50 anos, a aposentada Eunice Trevisan, 80, diz que quando chegou por aqui tudo era diferente. “Só tinha o Mercado Municipal”. A moradora veio para São Bernardo com os filhos pequenos e então essa passou a ser a

cidade do coração. “Eu não troco São Bernardo por nenhum lugar”. Mas Eunice lembra dos problemas que existem e deseja como presente “saúde, educação e segurança para todos”. Já a técnica em prótese

Vânia Bastos canta Pixinguinha Barbara Caetano Thalita Ribeiro

NA SEMANA em que São Bernardo completa 464 anos, a cantora Vânia Bastos fará uma apresentação no teatro Lauro Gomes. Com a trajetória iniciada na década de 80, Vânia traz para o show na cidade o lançamento do CD “Um Concerto para Pixinguinha”. Vânia conta que tem 16 discos gravados e está feliz

DICA

Cantora apresenta seu novo CD no Teatro Lauro Gomes, no dia 18, às 21h

por voltar a São Bernardo. É a primeira vez que a cantora vem para o aniversário da cidade, apesar de já ter se apresentado aqui outras duas vezes. “Estou

Vinícius Campos/ Divulgação

contente por voltar, ainda mais com esse show. Combina muito com a ocasião”.

Maria Aparecida Achui, 55, moradora do bairro Terra Nova, ainda namorava com o atual marido quando veio pela primeira vez a São Bernardo. “Eu vivi em Santo André e após um passeio pela cidade resolvi me

mudar. Faz 24 anos. Gostei do lugar”. Maria relata mudanças ao longo do tempo. “O Centro de São Bernardo antigamente tinha menos lojas que vendiam roupas prontas e mais lojas de tecido e elas não abriam aos domingos”. Sobre o presente para a cidade nesse aniversário, ela é enfática: “Daria mais creches para as crianças e hospitais”. Atualmente morando no bairro Assunção, o manobrista Marco Antonio Pinheiro, 55, nasceu e cresceu em São Bernardo. Ele diz que os pais vieram para a região em busca de melhores condições de trabalho, porque viram, na época, que as indústrias automobilísticas e de móveis estavam em ascensão na cidade. O morador afirma que atualmente não tem a dimensão do quão grande é o município. “A cidade se expandiu tanto, que para você conhecê-la vai precisar de um ano ou mais”, brinca. Como presente, ele daria mais áreas verdes. “Têm bairros que em um quarteirão não há uma árvore sequer. Eu acho que ficaria mais bonito”. 

ROTEIRO DE ANIVERSÁRIO São Bernardo tem uma programação especial nos próximos dias em comemoração ao aniversário de 464 anos. Neste sábado (19), a Pinacoteca (R. Kara, 105, Jd. do Mar) abre duas exposições: “Cores e Raízes de um Jardim de Jequitinhonha”, do artista Gildásio Jardim, e “Traço no Pano”, com obras do Coletivo Traço. No domingo (20), haverá a Missa Solene na Igreja Matriz, a partir das 7h. Mais tarde, às 8h30, será realizado o tradicional Desfile Cívico, na Av. Marechal Deodoro, na altura da Praça Lauro Gomes.

O álbum sobre Pixinguinha foi uma homenagem ao sambista, um marco na música brasileira. E já que o assunto é aniversário, ela garante: “Ganhei um presente com esse trabalho”.

Serviço Vânia Bastos canta Pixinguinha 18/06, às 21h. Ingressos a: R$ R$ 20, Teatro Lauro gomes - R. Helena Jacquey, 171, Rudge. Tel.: 4368-3483. 


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SAÚDE

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 17 a 30 de agosto de 2017

SUS adota novos tratamentos

Práticas complementares podem ser encontradas no ABC após inclusão do Ministério da Saúde

Richard Molina/RRJ

Richard Molina

EM 2017, o Ministério da Saúde publicou duas portarias, nos meses de janeiro e março, que aumentaram para 19 o número de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) incluídas na política nacional do SUS, o Sistema Único de Saúde. Os tratamentos são formas de terapia que se utilizam de conhecimentos tradicionais para curar e prevenir diversas doenças. Porém grande parte deles é desconhecida para o grande público e nem todos são oferecidos na rede pública do ABC. O médico Dicler Antonio Agostinetti é homeopata e acupunturista pós-graduado em São Paulo. Tem uma clínica particular em São Bernardo e também atende pelo SUS na Policlínica Centro, localizada na Av. Armando Ítalo Setti, exclusivamente com acupuntura. Ele frisa que, para receber um tratamento complementar, o paciente precisa primeiro passar pela rede básica (UBS) e ser encaminhado para a especialidade, geralmente um neuro, reumato ou ortopedista. Só então a pessoa passa ao profissional da prática integrativa, sempre alinhada ao tratamento convencional. Agostinetti disse que é procurado geralmente por pacientes com problemas crônicos: dores, doenças reumatológicas (autoimunes e das articulações) e após vários derrames. O interesse pelo tratamento gratuito aumentou por causa da crise. “Quem tem plano de saúde encontra muito mais opções acessíveis”, disse o médico, que comentou ainda que, em relação à acupuntura e homeopatia, só existem mais duas unidades que atendem pelo SUS em São Bernardo. Formação Algumas modalidades de tratamento incluídas no programa não requerem a formação médica. Em relação à quiropraxia, técnica que usa manipulações articulares como forma de terapia, trata-se de graduação totalmente diferente. Janete Maeda, quiropraxista radicada no cen-

A Policlínica Centro, na avenida Armando Ítalo Setti, oferece a especialidade de acupuntura para os pacientes da rede pública

tro de Santo André desde 2014, contou que só existem dois cursos no Brasil: um em São Paulo, na Universidade Anhembi Morumbi, e outro no Rio Grande do Sul, ambos criados em 2000. Os profissionais formados são reconhecidos pela Associação Brasileira de Quiropraxia (ABQ) e somam um contingente muito menor do que países onde a prática é mais difundida, como os Estados Unidos. A terapeuta reikiana Letícia Caldeira mora em Santo André e se voltou para o Reiki quando a filha ficou doente e nenhum médico convencional parecia saber qual era o mal que ela tinha nem como tratá-la. Após várias tentativas sem resultados, ela conheceu o método de imposição de mãos. “A minha filha melhorou rapidamente e eu fiquei muito impressionada com o Reiki, era uma coisa que eu nunca tinha ouvido falar”, ela conta. Após fazer o curso com a mesma mestra que tratou a filha e também com um profissional de São Paulo, Letícia passou a atender pacientes que a procuravam por indicação e hoje trabalha com o Reiki há cinco anos de forma particular. Segundo

ela, existe uma busca por um trabalho de cura mais humanizado. “Eu não via um lado humano nos médicos. Eles tinham o conhecimento, mas faltava um olhar acolhedor. E é isso o que eu busco para os meus pacientes.” Atendimentos A terapeuta contou à reportagem que o sogro, Sérgio de Oliveira, já passou por sessão de acupuntura pelo SUS em Caraguatatuba, mas que na cidade o tratamento gratuito se limitou a apenas 10 sessões. Para ela, a necessidade de passar por dois especialistas antes de um atendimento alternativo também não ajuda na agilidade do tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 2 milhões de atendimentos pelas PICs foram realizados em 2016 nas Unidades Básicas de Saúde em todo o país. Desses, 770 mil atendimentos foram de medicina tradicional chinesa (incluindo acupuntura), 85 mil de fitoterapia, 13 mil de homeopatia e 923 mil de outras práticas que nem sequer estavam registradas e que passaram a fazer parte do catálogo no início do ano. A Prefeitura de São Bernardo informou que todas as 34 UBSs possuem práticas

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SUS PASSA A OFERECER 19 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES

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Ayurveda

Homeopatia

Crenoterapia

Yoga

Acupuntura

Biodança

Medicina atroposófica

Musicoterapia

Plantas medicinais e Fitoterapia e Termalismo Social

Terapia comunitária integrativa

Dança circular

Reiki

Arteterapia

Quiropraxia

Meditação

Reflexoterapia

Osteopatia

Shantala

Naturoterapia FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE

interativas e trabalham algum tipo de atividade corporal, dentre elas: dança circular, lian gong (técnica de exercícios baseada nas artes corporais chinesas), auricu-

loterapia, massagem, entre outras. Havendo interesse, o cidadão deve procurar a unidade mais próxima de sua residência. 


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Clínicas aderem a terapias complementares Vanessa Borromelo

ACUPUNTURA, reiki, homeopatia. Você sabe o que esses tratamentos significam e quanto tem que desembolsar por eles? Para começar, o termo “terapias complementares” foi durante muito tempo conhecido como “terapias alternativas”. Quando se fala em um tratamento complementar, são métodos terapêuticos aliados à medicina tradicional, ou seja, é um trabalho em conjunto e um não exclui a importância do outro. Ao falar de um tratamento alternativo, há outra opção para curar algo, além da importância da medicina convencional. Um exemplo de terapia complementar é a acupuntura, que é um ramo da medicina tradicional chinesa. O tratamento é realizado com agulhas muito finas que são aplicadas na pele em nível superficial e estimulam as terminações nervosas. Após 20 minutos, há a liberação dos hormônios de relaxamento que

SAÚDE

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vão tanto aliviar a dor como servir de tratamento antiinflamatório. De acordo com o fisioterapeuta e doutor em acupuntura Leandro Assis, hoje mais de 200 doenças podem ser tratadas com acupuntura. “Na visão da medicina chinesa, não importa a doença. O que importa é o entendimento da síndrome, que é o conjunto de sintomas. Somatizando eles, leva a uma patologia. Na maioria das vezes, antes de uma patologia física, vem a emocional”, explicou Assis. Na clínica particular que o fisioterapeuta trabalha e nas demais da região, uma sessão de acupuntura custa em média R$ 90 e, dependendo do que o paciente tem, há a possibilidade de fechar um pacote. Apesar do preço, o fisioterapeuta atende em média 200 pacientes por mês. “Hoje, 70% dos que me procuram são para tratamento da dor e para sua prevenção. A campeã é a lombalgia crônica, dor na coluna. Os outros 30% são uma mistura de problemas emocionais Luana Altobello/RRJ

como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.” Além da clínica particular, Leandro também trabalha pelo convênio médico. Chega a fazer 450 atendimentos semanais, mais que o dobro do que atende no particular em um mês. “Não é muito frente a tantas pessoas, então nós tentamos cobrir os dois lados. Tanto para as pessoas que não têm convênio como para as que têm.” Em relação à implementação das terapias complementares no SUS, o fisioterapeuta diz que foi a melhor coisa que o Brasil fez em relação à saúde pública, mas que ainda há muito preconceito e um distanciamento das pessoas. “Há poucos profissionais e poucos postos de saúde que oferecem. Não está disponível a todos. Mesmo as pessoas que têm o convênio médico deveriam ter acesso a isso.” O acupunturista ainda reforça que é um caso de saúde pública e que é hora de essas técnicas expandirem. “Você se submete a acupuntura, a homeopatia e minimiza os efeitos de doenças degenerativas. Você tem saúde. Com isso tem uma propagação de longevidade, poucas doenças e menos custos para os cofres públicos. É uma

Vanessa Borromelo/RRJ

O fisioterapeuta Leandro Assis indica no modelo os pontos de acupuntura no corpo humano

proposta inteligente.” Hoje no SUS, somente médicos podem exercer a

acupuntura. Portanto o campo é restrito para os profissionais das demais áreas da saúde que são aptos a exercer essa terapia. “Se surgisse a oportunidade de os fisioterapeutas atuarem no SUS, eu seria o primeiro a me oferecer”, contou Assis. 

Acupuntura ajuda a vencer vício Luana Altobello

Após fumar por 24 anos, Rosa comemora a independência do vício

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A PROFESSORA Rosa Oliveira, 47, parou de fumar com ajuda da acupuntura auricular. Essa técnica utiliza agulhas ou sementes de diversas plantas e são colocadas em determinados pontos da orelha. Rosa começou a fumar aos 13 anos por influência das novelas. Seus pais viajavam e a deixavam sozinha com seu irmão, José Gomes de Oliveira, dois anos mais velho que ela. “Aos 13, consegui comprar o meu primeiro cigarro. Dava status fumar e eu achava bonito.” A professora teve dois filhos, mas fumava escondido deles e acreditava que eles não sabiam. Um dia, seu filho caçula, Matheus Oliveira, 17, na época cursava a terceira série e a levou para assistir uma palestra na escola. “Quando cheguei lá, descobri que o tema era

sobre parar de fumar, fiquei constrangida. O meu filho ainda confessou ao palestrante que jogava meus maços de cigarro fora”, disse. Adesivos Após esse fato, a professora decidiu parar de fumar sozinha, mas não conseguiu. Também utilizou adesivos de nicotina e não funcionou. Foi quando amigos comentaram sobre uma clínica de acupuntura no Jaçanã, zona norte de São Paulo. “Fiquei sabendo que muitas pessoas tinham o vício da bebida alcoólica e paravam de beber após a acupuntura. Pensei: ‘se muitos chegaram a perder bens materiais e pessoas queridas por causa da bebida, por que eu não conseguiria parar com o cigarro?’” Rosa decidiu fazer a acupuntura, mas disse que foi desacreditada no poder desse tratamento complementar. “Quando a médica

colocou uma agulha, senti um desconforto no pulmão e ela disse que ele estava comprometido por causa da fumaça do cigarro.” A educadora se sentia incomodada com as agulhas, mas conta que nunca teve medo de nenhum tratamento. “Quando saí da primeira sessão, acendi um cigarro e o gosto havia mudado. Foi uma coisa marcante. Eu não queria fumar mais, mas sabia que ainda precisava vencer a dependência psicológica”, afirmou. Rosa continuou o tratamento por dois meses. No primeiro mês, ia uma vez por semana. Já no segundo, passou a ir de 15 em 15 dias. “Depois percebi que não precisava mais, o fator determinação é o que vai dizer se você realmente não vai mais fazer.” Rosa não fuma há 10 anos, mas se arrepende do vício e de ter incentivado o seu irmão, que fuma até hoje. 


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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade


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ECONOMIA

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Raphael da Silva/ RRJ

Juros oferecidos no penhor da Caixa são de

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2,1% bem menores do que a média de

5,3% dos cinco principais bancos do Brasil com empréstimo pessoal

Joias como alianças, anéis e cordões de ouro podem ser penhoradas para conseguir um empréstimo

Empréstimo por penhor é opção com juros menores Caixa Econômica oferece uma das taxas de crédito mais baixas do mercado Raphael da Silva

POR DUAS vezes, o aposentado Manoel Rodrigues, 67, de São Bernardo, recorreu à penhora, forma de empréstimo em que o juro cobrado é mais baixo. Na primeira vez pagou o IPTU e, na segunda, deu entrada em seu carro. Para utilizar esse serviço, porém, foi preciso deixar como garantia algumas joias e até suas antigas alianças de casamento. É que, diante dos altos juros relacionados a empréstimos comuns, a penhora de joias surge como válvula de escape para aqueles que precisam colocar as finanças em dia,

garantindo dinheiro com rapidez e facilidade, mas sob alguns riscos. E não é só Manoel que está nesse tipo de empréstimo. Principalmente agora, em tempos de recessão econômica no Brasil, muitas pessoas buscam opções para complementar a renda ou até mesmo pagar as contas. Só no Grande ABC, por exemplo, foram R$ 190 milhões concedidos em crédito pelo serviço de penhor em 2016, de acordo com a Caixa Econômica Federal. Diferentemente dos Estados Unidos, onde os pawn shops – loja de penhores, em inglês – são bem comuns, a única entidade que adota esse modelo de negócio de forma legalizada

no Brasil é a própria Caixa. A proposta é que o indivíduo deixe uma joia, desde as mais simples, como alianças, correntes de ouro e prataria, até as mais trabalhadas, como relógios e canetas de alto valor, como uma forma de garantia para solicitar um empréstimo imediato e com juros mais baixos. “O penhor não exige análise de cadastro nem avaliação de risco de crédito ou de capacidade de pagamento”, detalhou o gerente regional de pessoa física da Caixa, Edvaldo Contin. Geralmente, o valor disponível é de até 85% em relação à avaliação da peça, sendo que ainda são oferecidas duas maneiras

de quitar a dívida: uma em parcela única, com vencimento em até seis meses; e outra parcelada, dividida em até cinco anos. “Me surpreendeu pela velocidade com que o dinheiro saiu. Precisei levar apenas as joias, RG, CPF e um comprovante de residência. Nada mais. O atendente avaliou as minhas joias e na hora já me disse qual era o valor que eu podia pegar por empréstimo”, disse Manoel Rodrigues. Para ele, além da facilidade, as baixas taxas foram o maior atrativo. “Me ofereceram 2,1% de juros. Na própria Caixa Econômica, com um empréstimo pessoal, o que tinha conseguido foi 6% ao mês.”

Mas há quem aponte outra alternativa àqueles que precisam levantar um dinheiro e pretendem se desfazer de uma joia. Geovanni Lazarini, ourives há 25 anos, aponta o penhor como um tipo de ‘plano B` na hora de negociar suas joias, uma vez que há o risco de perder a peça no caso de atrasar o pagamento em mais de 30 dias. “As pessoas penhoram na esperança de resgatar as joias, mas já vi muitos casos de quem não conseguiu pagar e acabou perdendo”, disse o ourives. E foi justamente isso o que aconteceu com Marta de Sousa, 40. Depois de não conseguir realizar o pagamento na data correta, ela teve dois anéis de família leiloados pela própria Caixa. “Infelizmente estava sem emprego na época e, mesmo com as taxas baixas, não pude pagar e os perdi. Eles renderam bem (no leilão), mas minha intenção era pegá-los de volta e não perdê-los”, disse a dona de casa, que teve um ‘lucro’ de R$ 200 em relação à avaliação de sua joia. Em casos como o de Marta, o valor arrecadado pelo banco no leilão amortiza a dívida do cliente. No entanto, se ele for maior que o saldo devedor, a quantia que sobra fica com o contratante. Além da possibilidade de empréstimo, outro fator também tem atraído brasileiros ao penhor. O gerente Contin afirmou que muitas pessoas utilizam o penhor como forma segura de guardar suas joias. “A Caixa se responsabiliza pelos bens e garante a segurança das joias pelo tempo que o cliente desejar, já que o penhor pode ser renovado quantas vezes forem necessárias”. 


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TECNOLOGIA

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Smartphone usado à venda, vale a pena?

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Na época, um novo chegava a quase três mil reais, já com o vendedor do site ficou em R$ 1.200.” Luciana Bissoli

Consumidora

Na hora de escolher o novo aparelho, opção pode ser o seminovo mais barato Fotos: Tainá Costa/RRJ

Tainá Costa

TODOS os anos as empresas de tecnologia lançam uma coleção de novos produtos, entre eles o cobiçado smartphone. Porém o preço do aparelho de última geração muitas vezes não é acessível. A alternativa para quem está com o bolso apertado é comprar um usado. Quais as vantagens e desvantagens nesse caso? Luciana Bissoli, 30, comprou um iPhone 5s no site Mercado Livre. Segundo ela, a escolha foi feita devido ao preço. “Na época, um novo chegava a quase R$ 3.000. Por meio do site custou R$1.200.” Mesmo com um dos aparelhos mais cobiçados do mercado, Bissoli não obteve o serviço desejado, pois o sistema operacional exige que alguns aplicativos rotineiros sejam pagos. Então, ela optou por vender o iPhone e comprar um Android. Para realizar a nova compra, utilizou um serviço da marca Samsung que possibilita a troca de um aparelho usado por créditos para comprar um novo. O smartphone antigo pode custar até 20% a mais do que o valor de mercado para revenda. Hoje, diversas lojas e empresas utilizam desse serviço para recolher usados. Essa iniciativa combate a poluição tecnológica e a empresa pode se reabastecer de pequenas peças que ainda não saíram de linha. Muitos consumidores compram um aparelho novo

Os aparelhos com iOS costumam ser os preferidos na hora de comprar o smartphone usado

sem consultar o que ele oferece e pagam um preço mais caro pela novidade e marca. Por isso é necessário pesquisar se o que já está em uso não seria melhor depois de passar pela assistência técnica. A maioria dos usuários não tem consciência de que a lentidão do sistema pode

ser um vírus, malware ou spyware, adquiridos ao baixar jogos e outros conteúdos não seguros. Outro caso comum dos descuidados é a tela quebrada, que pode ser trocada por menos de 20% do valor de um smartphone novo. Assim como os carregadores que deixam os donos na mão e

a solução, não é outra: tem que comprar um novo. Porém muitos dos que levam para o técnico acabam não voltando para buscar o aparelho. É o que acontece às vezes com Rodrigo Gagliard, técnico de conserto de smartphones na loja RG Iphone, no Rudge Ramos.

Quando questionado sobre esses casos, ele diz que desmonta o aparelho para reutilizar as peças em consertos de outros. E ainda completa: “Não revendemos porque pode dar problema depois e não tem como dar a garantia”. Segundo ele, vale a pena comprar um smartphone usado quando for de uma marca que tenha a manutenção mais barata, como os da Motorola e da Apple. E, para ter certeza que não será furada, basta conferir alguns detalhes, como o site ser seguro, o vendedor confiável e se o aparelho não é roubado. Informação Todas essas informações podem ser obtidas online, por meio de sites que ajudam a verificar a segurança do e-commerce, como o mywot. Para saber se o vendedor é confiável, é necessário pesquisar os comentários e notas que outros compradores avaliaram. Já a verificação se o aparelho é roubado ou não, pode ser feita no site de Consulta IMEI. Outra possibilidade para saber se compensa ou não comprar ou consertar o smartphone é consultar o preço de mercado do usado nos sites e aplicativos de compra, como o próprio Mercado Livre ou a OLX. Algumas marcas como a Apple têm aparelhos mais caros, portanto, o conserto não chega ao preço de um novo, porém é necessário verificar se o modelo é atual, devido as modificações do sistema operacional dos aparelhos. 

Dicas de segurança na hora de comprar seu smartphone seminovo Verificar se o site é seguro, por meio do Reclame Aqui e do Web of Trust, que reúnem avaliações de outros usuários.

Além de smartphones usados, lojas também vendem acessórios

Confirmar a identidade do vendedor (alguns sites como o Mercado Livre e o aplicativo OLX, oferecem avaliações de outros usuários, nas quais é possível verificar se o vendedor é confiável, por meio dos comentários).

Procurar um vendedor que possa fornecer garantia e nota fiscal.

Conversar com o vendedor via chat ou outro contato para ter registro da venda. Pesquisar se o aparelho roda um sistema operacional atual e se o Android ou o iOS está atualizado.

Solicitar fotos de possíveis defeitos, como arranhões ou amassados, antes da compra e verificar se o aparelho já apresentou defeito de peças. Quando receber o aparelho, verificar o número de série e o estado físico dele, como teclas, WIFI, auto-falantes, câmeras, GPS e, caso acompanhe, o carregador e o fone de ouvido.


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

TECNOLOGIA

De 17 a 30 de agosto de 2017

Quarentões se rendem aos aplicativos Pedro Henrique Alves Martins

COM a evolução dos smartphones nos últimos anos e sua tendência voltada para os mais jovens, o mercado surpreende com um público que até então parecia não fazer uso dessa tecnologia. Os quarentões absorveram parte da demanda e hoje realizam diversas atividades com seus aparelhos móveis. É o caso do fabricante de cerveja Valdinei Pereira, 43. Seu aparelho é aplicado para fins comercias. “Utilizo meu celular para quase todas as minhas atividades, transações de banco, informações do cotidiano e principalmente as redes sociais para a divulgação dos meus produtos e comunicação com meus amigos e familiares.” O smartphone possibilita também até discussões e bate-papo. Reuniões de famílias se tornaram mo-

tivos para atualizações dos perfis nas redes sociais e até mesmo utilizadas como ferramenta de trabalho e práticas de exercícios. “Hoje em dia utilizo aplicativos para correr. Melhora meu rendimento e aproveito para destacá-los nas redes sociais com minha esposa, e o WhatsApp se tornou uma forma de obter informações do meu trabalho”, conta o metalúrgico Aparício Fontes, 43. Os jogos de diversos tipos também fazem parte do novo mundo das avós. Baralho e puzzle são muito utilizados em qualquer hora e lugar. “Eu me divirto muito e ainda compartilho com minhas amigas os resultados dos jogos. Para mim é uma forma de distração, mas sei que virou um vício”, relata a dona de casa Janice Cruz, 58. Com a tendência crescendo, o mercado de aplicativos disponibiliza variações no conteúdo para

Pedro Martins/RRJ

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prender o público mais velho. Serviços de bancos, jogos e redes sociais são os mais utilizados. Candy Crush, um jogo de combinações de cores e doces, ficou muito famoso entre os mais velhos, assim como o Facebook. Com a ajuda de filhos e netos, a geração mais antiga aproveita para aprender e desenvolver até mesmo os mais complexos aplicativos, interagindo com músicas e séries de televisão. Um exemplo disso é o Spotify, aplicativo de streaming para músicas, em que é possível ouvir listas com sucessos antigos, desde MPB até Rock. Conquistou o gosto dos quarentões. 

À esquerda, Valdinei Pereira atualiza seu Facebook; abaixo, iPhone é sonho de consumo Raphael da Silva/RRJ

Smartphone: da ferramenta ao luxo Raphael da Silva

NÃO é de hoje que os smartphones deixaram de ser uma ferramenta de comunicação para se tornar um artigo de luxo na mão das pessoas. Desde o lançamento da primeira geração do iPhone, da marca Apple, há dez anos, os aparelhos passaram a ser um objeto de desejo que causa histeria nos fãs a cada novo modelo. Matheus Braz, 23, é um exemplo disso. Durante uma viagem a Miami, nos Estados Unidos, em setembro do ano passado, o estudante passou quase seis horas na fila para comprar o iPhone 7 Plus no dia do lançamento mundial. “Sou meio viciado em iPhone, tenho que admitir. Mas a viagem (aos EUA) não foi algo planejado para comprá-lo. Simplesmente aconteceu e eu tive a sorte de ser um dos primeiros do mundo a tê-lo”, afirmou. Segundo ele, já são sete anos de fidelidade à marca. “Desde que comprei o 4 – modelo lançado em 2010 –, troco o meu todos os anos logo que um novo chega ao

Brasil. No caso do último, comprei quase dois meses antes do lançamento oficial na Apple brasileira.” A ‘febre’ de Matheus por smartphones da Apple, porém, não é algo incomum. De acordo com um estudo sobre consumo e preferência de compra em categorias diversas, divulgado pela agência norte-americana Ruby Media Corporation, o iPhone é o nono produto mais vendido no mundo inteiro. Ao todo, já foram comercializados cerca de 520 milhões de aparelhos desde 2007, números que chegam perto de produtos como o refrigerante Coca-Cola, o videogame Playstation e o carro Toyota Corolla, vendidos há muito mais tempo. Mesmo com o iPhone em alta, outras marcas também entram forte na briga para tentar se tornar o sonho de consumo das pessoas. Nomes como o da sul-coreana Samsung, a japonesa Sony e as norte-americanas Motorola e Google tentam rivalizar com a Apple na venda dos aparelhos, fato que agrada,

e muito, a recepcionista Vanessa Ramos, 28. “Já tive vários, iPhone, Samsung, Nokia, Sony e mais uns cinco modelos diferentes. Não me importo com a marca, não. Gosto é de novidades. Funções diferentes, melhoras na câmera e tudo o que puder ter”, contou Vanessa. A recepcionista ainda admite que troca seu smartphone a cada ano, mesmo diante da dificuldade financeira. “Por enquanto, não tenho a intenção de gastar em outra coisa, então sempre junto um dinheiro durante um tempo para

poder ir na loja e pegar o lançamento. O problema é que eles estão cada vez mais caros.” Valor de uma moto Enquanto as montadoras Honda e Dafra vendem motos dos modelos Pop 100 e Zig 50+ a partir de R$ 4.050, os smartphones mais caros do mercado chegam a igualar e até superar esse valor. O iPhone 7, por exemplo, chega a custar cerca de R$ 4 mil mesmo tendo sido lançado em novembro de 2016. O Galaxy S8+, da Samsung, lançado em abril, também pode ser comprado

pelo mesmo valor. “É meu objeto de desejo. Não tenho gosto por carros, motos, jóias ou outras coisas. Gosto mesmo é de celular e não tenho receio de gastar um bom dinheiro para comprar o top de linha”, admitiu Rodrigo Tucci, 28. O consultor de tecnologia ainda justifica o investimento em um smartphone e brinca ao falar dos valores. “Não vou precisar trocar óleo, gasolina e nem ter manutenção. Prefiro andar de metrô e ter meu iPhone 7 no bolso. Mas que ele poderia custar um pouco mais barato, poderia.” 


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Virgínia Ferraz

Capa s

s c i o d s e v d

Acima, Claudio exibe capas com críticas sociais; abaixo, Filipe segura capa do Motorhead, que carrega uma bela história

plástico externo. Outro adepto das capas de LPs é o designer gráfico Filipe Moriarty. Para ele, colecionar capas de disco de vinil é como colecionar obras de arte. A sua atração por discos de vinil existe há tempo. Sempre preferiu os discos a CDs por causa da sua maior vantagem: a qualidade e tamanho da arte gráfica. Fã de disco de vinil, o designer tem diversos gêneros na coleção, como Classic Rock, Heavy Metal, Punk, Thrash Metal e Death Metal. Só que Moriarty não escolhe uma capa predileta, mas sim o capista. O seu predileto é o artista Joe Petagno, conhecido principalmente por criar imagens usadas em capas de álbuns de rock para bandas como Pink Floyd e Led Zeppelin. Petagno também fez capas para a maioria das bandas que Moriarty cultua atualmente, como Krisiun, Motorhead e Marduk. “Me lembro de pirar nas capas do Motorhead quando era pequeno. Gostava das cores, cenas e violência”, recorda ele. Uma das capas feita por Joe Petagno é a da banda do disco Another Perfect Day, o Motorhead, por causa das cores, da brutalidade da arte e pelo fato de ser icônica. “Petagno e seu traço me lembram de quando eu tinha uns 13 ou 14 anos e pegava as revistas de quadrinhos Heavy Metal do meu pai, sem ele saber, para ler as histórias macabras e proibidas daquela revista”, conta o designer. 

m ira

TEM FÃ que compra disco de vinil por, além de gostar da música, curtir, e muito, a capa que guarda o LP. Alguns inclusive chegam a colecionar discos justamente por causa do desenho ou fotografia da embalagem. Um desses fãs é o professor de História Cláudio Cox, 43. Segundo ele, sua admiração pelas capas foi uma consequência do hábito de comprar discos por causa da música. Usufruindo do contato dos discos de vinil desde os 12 anos, seu primeiro disco foi Cabeça Dinossauro, de 1986, do Titãs.” Tem uma capa fantástica, e por ser o primeiro foi marcante pra mim”, disse. A capa dos Titãs a que Cox se refere, impressionante, foi baseada em um esboço do pintor italiano Leonardo Da Vinci, intitulado “A Expressão de um Homem Urrando” , outro desenho de Da Vinci, “Cabeça Grotesca”, foi para a contracapa do disco. Outro motivo para ele virar colecionador de capas foi o de trabalhar com serigrafia. Sempre gostando do segmento gráfico, fotografia e ilustrações, Claudio disse que o que favorece o vinil é o tamanho, pois, para ele, dá para aproveitar mais graficamente. O professor de História disse acompanhar rock desde a adolescência. Por isso discos punks nacionais como Ratos de Porão, Cólera, Grinders e Inocentes entraram na sua coleção. Para Cox, a capa Mais Podre do que Nunca, do conjunto Garotos Podres, que mostra um bebê saudável na capa e na contra capa um africano subnutrido chorando, foi impactante na década de 80. O que chama mais a atenção de Claudio nas ilustrações são aquelas capas que fazem referências à Guerra Fria, como o álbum Rocket to Russia, do Ramones, e a capa da coletânea Ataque Sonoro, lançada em 1985 pelo selo Ataque Frontal, que mostra uma ilustração de dois mísseis com símbolos norte-americano e russo sobre uma cidade. Admirador da estética das capas dos anos 60 e 70, ao longo da vida, Claudio foi descobrindo muitas coisas. Ultimamente compra discos dos anos 70 e 80, como os bregas Bartô Galeno e Franquito Lopes. Sob cuidados, a sua capa predileta, Hot Rats, do Frank Zappa, sempre fica dentro de um

Fotos: Virgínia Ferraz/RRJ

A R OB TE R A DE iscos d e d s gen a l do a o b í r m e E p um m e t e fl ade re d i v i t a i de cr


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CULTURA

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Rock impera entre colecionadores Arquivo Pessoal

Renata Delmondes

BEATLES, Kiss, Channel Three e The Velvet Underground. Essas bandas de rock são eternas para alguns colecionadores de discos de vinil, também conhecidos como “bolachas”. Cada um dos colecionadores ouvidos pela reportagem contou o que os motivou a iniciar a coleção e como a curtem no seu dia a dia. Quem viveu os anos 50 e 60 deve ter em algum lugar da casa ou pode ter como herança de família algum disco bastante antigo dos Beatles, Elvis Presley, Rolling Stones, Raul Seixas, entre outros. E essas são bandas e artistas que, assim como o rock, o tempo não apagou da memória dos fãs. Rodrigo Cisco, 42, começou a gostar de colecionar discos desde jovem, porque era a única mídia musical que existia e por influência dos pais dele. “Meus pais ouviam bastante na época, principalmente a minha mãe, ela gostava de trilhas sonoras e samba, mas eu tinha um gosto musical diferente do deles, o rock”, conta Cisco.

Rodrigo Cisco coleciona discos desde a juventude; seu estilo favorito dentro do rock é o punk

Cisco, que trabalhou durante 14 anos com Construção Civil, era tão apaixonado por discos que no ano de 2010 resolveu abandonar seu trabalho para se dedicar ao mercado fonográfico. Anos atrás, Cisco tinha um quartinho em sua casa só para guardar sua coleção. Com o passar dos anos a coleção diminuiu, mas hoje ele tem uma estante na sala e um armário em seu quarto,

porque alguns discos não cabiam mais no móvel antigo. Segundo ele, os discos foram invadindo sua casa e sua vida cada vez mais. A paixão pelo rock, diferente da coleção de Cisco, não diminuiu. O vendedor tem discos como: Jerry’s Kids, New Model Army, Slayer, entre outros. Mas tem um favorito: o disco de 1981 da Channel Three, uma banda punk ameri-

Taynara Lima/RRJ

Toca-discos viram artefatos inacabáveis Taynara Lima

UM TOCA-DISCOS não serve apenas para ouvir música. Ao longo dos anos, se tornou um objeto de valor sentimental. Hoje é uma peça clássica na maioria das vezes ornamentando a sala. O equipamento pode ser considerado ultrapassado por alguns, mas para outros guarda lembranças e é indispensável para quem curte ouvir boa música no disco de vinil. Outro ritual de quem mantém as tradições é escolher um disco na estante, limpá-lo e colocar a agulha para tocar. Essa atividade tem um charme que o Ipod e o mp3 não têm. Quem retomou o bom e velho toca-discos é a professora de inglês Patricia Petroni, 47. Ela disse que ganhou o aparelho do pai na adolescência, como presente

de aniversário. Mas que durante anos ficou guardado, pois ela havia adquirido outro toca-discos com suporte para CD. Depois, um aparelho de CD ROM, em seguida um mp3. Recentemente, Patricia resolveu colocar o presente do pai para funcionar. “Nunca pensei em me desfazer dele. Decidi que vou usar e ouvir os discos. Tenho um monte de disco legal, que não vou baixar em mp3, e não há porque eu baixar se eu já os tenho”, conta Patricia. Para a professora de inglês que mora em São Caetano, colocar o toca-discos para operar novamente pode ser uma novidade. Mas não é a mesma situação de Alberto de Sousa Leite, 64, que trabalha há 47 anos com venda de toca-discos, na região da Santa Efigênia. Alberto conta que a procura pelo aparelho aumentou desde quando a produção

cana dos anos 80. O disco é metade branco e metade rosa e só foram lançadas 300 edições. “Esse, como poucas pessoas têm no mundo, eu gosto de dizer que tenho”, diz o vendedor. Assim como Cisco, o publicitário Wendel Neves Martins, 28, descobriu a coleção do pai e passou a escutar discos desde criança, mas começou a colecionar aos 16 anos.

do vinil voltou ao mercado, ele vende em torno de 20 toca-discos por mês. Hoje em dia, existem modelos como, por exemplo, com saída de USB para conversão de arquivos em mp3 e toca-discos portáteis que são objetos de desejo e podem ser facilmente conectados a alto-falantes. Na loja em que Alberto trabalha, há modelos de toca-discos desde os mais simples aos mais sofisticados, aparelhos para uso doméstico e até profissional.

Ele também tem o seu. “O meu é um antigo, uma vitrolinha da Philips, foi a primeira que ganhei na vida.” Hamilton de Souza, trabalha há 20 anos consertando toca-discos, também na região da Santa Efigênia, e disse que sempre da para deixar os aparelhos como novos. “Se der problema no motor, tem como trocar, se quebrar a agulha, substitui por outra, se a madeira estiver ruim, o marceneiro reforma”. Segundo Hamilton, as

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A paixão de Martins pelo gênero rock se deve por ele acreditar que é mais do que um estilo musical. Ele acha que, independentemente da época, o rock ajuda a contar a história do mundo. “Você pega um disco dos Beatles e sabe que ele retrata a história do que acontecia naquela época”, conta o publicitário. Além de Beatles, Martins coleciona discos do The Who, Rita Lee e, para ele, David Bowie está mais vivo do que nunca, tomando conta de sua coleção. Ele já perdeu as contas do número de discos que tem hoje, mas acredita que são mais de mil, o que o fez até reservar um quarto em sua casa para guardar sua coleção. Entre todos os seus discos existem três que ele mais se orgulha de ter de sua banda favorita The Velvet Underground, uma banda de rock norte-americana dos anos 60. Mas nem adianta fazer proposta. Martins disse que não os venderá jamais. Mas o publicitário, assim como muitos colecionadores de discos, tem manias. A de Martins é considerar como preferidos os discos autografados, pois deram trabalho. “Já fiquei várias horas em filas para entrar em camarins depois de shows. Tenho guardado em minha coleção um disco do Lobão autografado”. Na loja, Alberto atende desde jovens a adultos na procura de toca-discos

pessoas preferem reformar o aparelho da família, porque o custo pode tornar o desejo de ouvir os LPs um pouco árduo. “Para ter um som de qualidade é necessário um amplificador com entrada phono magnético, duas caixas de som mais o toca-discos, que custa no mínimo R$ 1,2 mil.” Na loja de Hamilton, entram até oito aparelhos por dia para conserto, uma média de 30 por semana. Ele conta que existem pessoas que procuram por toca-discos com entrada USB, onde podem gravar seus LPs, no computador ou direto no pen drive, mas há aquelas como ele que são avessos a tecnologia e preferem o bom e velho toca-discos tradicional. “Ainda não inventaram mídia para superar a qualidade analógica do disco de vinil e a sua durabilidade pode ser infinita se bem armazenado”, concluiu Hamilton.


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