RROnline - Edição 1.002

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Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE

São Bernardo do Campo 4 Sexta - Feira - 21 de junho de 2013 4 Ano 32

4 Nº 1.002

PASSAGEM DE ÔNIBUS

Em meio a protestos, prefeitos do ABC voltam a reduzir tarifa

Valor da passagem, que já havia sido baixado em 5 cidades da região, passa a ser de R$ 3 a partir de 1º de julho e, em Rio Grande da Serra, R$ 2,90; para consórcio, revogação do aumento em São Paulo motivou a decisão. Págs. 2 e 3 FERNANDA FERREIRA/RRJ

MARISTELA CARETTA/RRJ

SÃO BERNARDO - QUARTA-FEIRA CAIO DOS REIS/RRJ

SÃO BERNARDO - QUINTA-FEIRA MARISTELA CARETTA/RRJ

SÃO CAETANO - QUARTA-FEIRA

Na 1ª foto acima, manifestantes no Paço Municipal; na 2ª foto, GCMs de prontidão no local; na 3ª foto, passeata em São Caetano

4AOS LEITORES

O Rudge Ramos Jornal volta a circular a partir de agosto

No início da noite de ontem, pista expressa da via Anchieta voltou a ser interditada por causa dos protestos; na pista marginal, sentido Santos, havia congestionamento


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POLÍTICA

- Rudge Ramos Jornal

Manifestação atinge S.Bernardo pelo segundo dia consecutivo MARISTELA CARETTA/RRJ

FELIPE CALBO, FERNANDA FERREIRA E GABRIELA BRITO

q Pelo segundo dia consecutivo, São Bernardo foi palco ontem de manifestações que começaram reivindicando redução na passagem de ônibus e que acabaram agregando outras exigências, como melhorias na saúde, habitação e educação. Outras cidades da região, desde quarta-feira, também foram alvo dos protestos. Ainda ontem, os prefeitos do ABC voltaram a reduzir a passagem de ônibus (leia texto na pág.3). No início da noite de quinta-feira (20), a via Anchieta voltou a ser interditada. Por volta das

18h, cerca de 500 manifestantes que estavam em frente ao Paço Municipal foram em direção à rodovia e bloquearam o km 23, sentido litoral.

Mais tarde, ainda no sentido litoral, a via voltou a ser interditada, desta vez do km 40 (próximo a Cubatão) até o km 10 (em São Bernardo), por

Anchieta volta a ser interditada em razão dos atos de protesto q Quem trafega pela via Anchieta, que faz a ligação com o litoral sul, voltou a sofrer nesta quinta-feira (20) com as manifestações que atingiram as cidades do ABC, principalmente São Bernardo. Na noite de ontem, houve interdições em pelos menos dois pontos da rodovia, no sentido litoral, em razão de protestos em São Bernardo e na Baixada Santista, na região de Cubatão. Na quarta-feira (19), primeiro dia de manifestações no ABC, a rodovia chegou a ficar interditada várias veze. Pela manhã, cerca de 250 membros do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) queimaram pneus e interditaram a pista no km 23, no sentido capital.

Depois, o grupo rumou em direção à Prefeitura de São Bernardo, onde encerrou o protesto às 9h30. “O movimento não luta só por moradia, mas por melhores condições de vida da classe trabalhadora”, disse a coordenadora estadual do MTST, Maria das Dores. No Paço, estudantes de ensino médio se juntaram à manifestação. Em seguida, os estudantes caminharam até a avenida Lucas Nogueira Garcez, em direção à via Anchieta. Pararam o trânsito por cerca de 20 minutos e depois foram em direção ao Paço, rumo à Câmara Municipal. Havia cerca de 200 manifestantes, segundo a Polícia Militar. Mais de 50 PMs

CONSELHO DIRETOR - Stanley da Silva Moraes Presidente, Nelson Custódio Fér – Vice - Presidente, Rev. Osvaldo Elias de Almeida - Secretário, Jonas Adolfo Sala, Aureo Lidio Moreira Ribeiro, Kátia de Mello Santos, Augusto Campos de Rezende, Marcos Vinicius Sptizer, Aires Ademir Leal Clavel, Oscar Francisco Alves Junior, Regina Magna Bonifácio de Araújo - Suplente, Valdecir Barreros - Suplente. REITORIA - Reitor - Marcio de Moraes, Pró-Reitora de Graduação - Vera Lúcia G. Stivaletti, Pró-Reitor de Pós-Grad. e Pesquisa - Fábio Botelho Josgrilberg

COMUNICAÇÃO - Paulo Salles (Diretor).

conta de protestos. Essa onda de manifestações chegou ao ABC na última quarta-feira (19) motivada pelas mobilizações que aconteceram na capital, organizadas pelo MPL (Movimento Passe Livre). Na região, os atos foram organizados pelo grupo Anonymous, por meio de uma rede social. As manifestações fizeram com que várias administrações municipais revogassem o aumento ou reduzissem o valor das passagens de ônibus. Mesmo assim, os protestos seguem FERNANDA FERREIRA/RRJ

acompanharam o grupo. Na Câmara, a Guarda Civil Municipal não permitiu a entrada de todos os integrantes da passeata, pois havia sessão ordinária naquele momento. Cerca de dez estudantes foram autorizados a entrar no plenário para se reunir com os vereadores da Casa. Em conversa com os parlamentares, discutiram assuntos de saúde, educação, transporte e cultura. “Se não tivermos R$ 66 para pagar o ônibus, não conseguimos ir à escola. Temos passe gratuito, mas eles só chegam em setembro. Do que adianta?”, dis-

DIRETORES - Sérgio Roschel (Diretor de Finanças e Controladoria), Daví Nelson Betts (Diretor de Tecnologia e Informação), Paulo Roberto Salles Garcia (Diretor de Comunicação e Marketing), Débora Castanha (Diretora do Ensino Básico), Carlos Eduardo Santi (Faculdade de Exatas e Tecnologia), Jung Mo Sung (Faculdade de Humanidades e Direito), Fulvio Cristofoli (Faculdade de Gestão e Serviços), Luiz Silvério Silva (Faculdade de Administração e Economia), Paulo Rogério Tarsitano (Faculdade de Comunicação), Rogério Gentil Bellot (Faculdade de Saúde) e Paulo Roberto Garcia (Faculdade de Teologia).

Início de uma das manifestações, na quarta, foi na avenida Goiás, em São Caetano

se a estudante Jaqueline Moura para o presidente da Câmara, vereador Tião Mateus (PT). Um dos representantes do Movimento Passe Livre, William Barbosa dos Santos, 32, afirmou que a reunião é avanço. “Espero que eles nos recebam

JORNAL

Rudge Ramos

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Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 Rudge Ramos - São Bernardo CEP: 09640-000

RUDGE RAMOS JORNAL - PUBLICAÇÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA FAC

DIRETOR - Paulo Rogério Tarsitano COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); Assistente de Fotografia - Maristela Caretta (MTb 64.183)

Sexta - feira, 21 de Junho de 2013

em várias partes do país. No primeiro dia de protestos, cerca de 5.000 pessoas saíram de São Caetano e passaram por Santo André rumo a São Bernardo, num percurso de 12 km. Esse grupo se juntou a outros manifestantes que, segundo os organizadores, somavam 15 mil pessoas quando chegaram ao Paço Municipal. “Sempre converso sobre política com minha família. Estou aqui [na passeata] por convite da minha filha de 14 anos”, contou o engenheiro André Ricardo Amaral, 47. “É meu futuro que está em jogo, eu tenho que lutar por ele", explicou a filha de Amaral, Mariane, 14. Quem não apoiou nas ruas, colocou cartazes e panos brancos nas janelas das casas e apartamentos. O protesto foi acompanhado pela Polícia Militar. Quando anoiteceu, alguns manifestantes tentaram invadir o prédio da prefeitura. Houve confronto com a GCM (Guarda Civil Municipal) e a PM (Polícia Militar). g

Na quarta-feira, a via Anchieta foi fechada pela primeira vez no km 23 cada vez mais”. À noite, a via Anchieta voltou a ser alvo de protestos. O km 18 da rodovia ficou interditado das 19h40 às 23h pelos manifestantes, segundo a Ecovias. A concessionária montou um desvio no km 19, sentido São Paulo, para garantir o acesso a São Bernardo. Para os motoristas que seguiam no sentido litoral, um desvio foi montado no km 16, no acesso à avenida Lions. (FC, FF e GB). g 6 NA WEB Assista momentos da passeata acessando o link: http://migre.me/f6SZs

Equipe de Redação: Amanda Souza, Bianca Beltrame, Caio dos Reis, Deise Almeida, Érika Rios, Felipe Calbo, Fernanda Ferreira, Gabriela Brito, Helder Sturari, Italo Campos, Maria Paula Vieira, Marina Cid, Natália Petrosky, Nicole Ongaratto, Raphael Andrade, Renato Fontes, Vinícius Requena, Vitor Jaqueto, Yago Delbuoni e alunos do 5º e 6º semestres de Jornalismo. Produção de Fotolito e Impressão: Diário do Grande ABC


Rudge Ramos Jornal - 3

REGIÃO

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Sob onda de protestos, São Bernardo e mais 5 cidades reduzem tarifa de ônibus CAIO DOS REIS/RRJ

CAIO DOS REIS E YAGO DELBUONI

q As sete prefeituras do ABC voltaram a reduzir o valor da passagem de ônibus em meio aos protestos que começaram na última quarta-feira (19) e que ontem à noite atingiam vários municípios do país e, na região, causavam interdições, como na via Anchieta. A decisão foi tomada em reunião, ontem à tarde, do Consórcio Intermunicipal do ABC, que reúne os sete prefeitos. A passagem em São Bernardo, Santo André, São Caetano, Mauá, Diadema e Ribeirão Pires será de R$ 3 a partir de 1º de julho. Já em Rio Grande da Serra, o valor será de R$ 2,90. No último dia 5 de junho, os integrantes do consórcio já haviam anunciado uma redução de R$ 0,10 na tarifa, sob a alegação de que os tributos como Cofins e PIS foram zerados pela presidente Dilma Rousseff. Mas a continuidade dos protestos causou a nova decisão. O prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, Luiz Marinho (PT), afirmou que as administrações municipais terão que fazer sacrifícios adicionais para manter o valor da passagem em R$ 3. “Teremos que reajustar as nossas finanças e tirar recursos de alguns investimentos. Por exemplo, em vez de dar uniformes [escolares] anualmente, [a entrega] será uma vez em cada dois anos, além de reduzir as verbas do Carnaval”, disse. Segundo o presidente do consórcio, o fato de a Prefeitu-

ACESSE

Rudge Ramos Online

q PROTESTOS ABC Manifestação contra preço dos ônibus ocupa ruas do ABC http://migre.me/f6LhW

Reunião do Consórcio Intermunicipal do ABC, com os sete prefeitos que decidiram diminuir o valor da passagem ra de São Paulo ter anunciado a revogação do aumento que havia sido dada nas passagens dos ônibus da capital, quando o valor passou para R$ 3,20 e que, agora, também será de R$ 3, pressionou para que a região seguisse essa medida. Na quarta-feira (19), em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), anunciaram a revogação do aumento para passagens de ônibus, trens e metrô. O motivo foi a onda de ma-

nifestações que começou na capital paulista e se espalhou pelo resto do país, fazendo com que muitas administrações municipais também reduzissem o valor da tarifa. As manifestações passaram então a incorporar outras reivindicações, como melhorias na saúde, habitação e educação. Na coletiva de ontem, no gabinete da Prefeitura de São Bernardo, Marinho também afirmou que não tem como deixar de fazer o repasse de subsídio para as concessioná-

rias de transporte nas cidades. “Se a gente adotar essa medida, as empresas vão piorar os serviços, como deixar os pneus carecas, e diminuir a frequência dos ônibus nas linhas, e não é isso que nós [prefeitos] queremos”, disse. MANIFESTAÇÕES Apesar da diminuição dos preços das tarifas de ônibus, as manifestações não pararam no Paço Municipal de São Bernardo. Cerca de 200 pessoas estavam em frente ao prédio

da prefeitura da cidade ontem (20), durante a reunião. Marinho, durante a coletiva, afirmou que defende a legitimidade das manifestações. “Tirando uma pequena parcela que depreda lixeiras, bancas de jornal e pontos de táxi, acho que os protestos são válidos”, contou. Em decorrência dos protestos, a Prefeitura de São Bernardo optou por encerrar as atividades mais cedo. Às 15h30, as portas do prédio da prefeitura estavam fechadas. g

PROTESTOS SÃO PAULO

SAÚDE

COMPORTAMENTO

CONSCIENTIZAÇÃO

Cerca de 180 mil manifestantes do ABC participaram de ato na capital http://migre.me/f6LCY

Uso contínuo de celulares e tablets pode causar LER http://migre.me/f5Rd1

Armadora da Metodista/São Bernardo também é professora de pilates http://migre.me/f5RK1

São Bernardo terá campanha de combate ao trabalho infantil http://migre.me/f5RTu

MEIO AMBIENTE

FISCALIZAÇÃO

Secretários visitam a Suécia para aperfeiçoar projeto de resíduos http://migre.me/f5RQJ

Cidade tem média de 60 casos de crimes ambientais por mês http://migre.me/f5S1m g

ESPORTE Seleção Feminina de Handebol é octacampeã do Pan Americano http://migre.me/f5R2C

FUTEBOL Equipes do ABC aproveitam para treinar com a pausa da Copa das Confederações http://migre.me/f5Rxe


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COMPORTAMENTO

Orelhões do ABC são cada vez menos utilizados pela população

FOTOS: THOMAS POLISTCHUK/RRJ

RENATO GERBELLI

q A utilização dos orelhões vem diminuindo ao longo do tempo, principalmente devido às novas tecnologias. Há cerca de dez anos, ainda era possível encontrar fila para fazer apenas uma ligação no aparelho, mas, atualmente, são raras as cenas de pessoas utilizando os orelhões. A reportagem do Rudge Ramos Jornal andou por cerca de uma hora e meia pelas principais avenidas do Rudge Ramos e passou por 32 orelhões. Apesar de facilmente localizar os telefones públicos nas calçadas, encontrou apenas o estudante Gabriel Moreira, 21, utilizando o aparelho. “Precisava fazer uma ligação para casa, mas a bateria do meu celular acabou. Então comprei um cartão telefônico e fiz a ligação do orelhão”, explicou. De acordo com o estudante, foram raras as vezes que ele usou o aparelho. “Como tenho celular, fica muito mais fácil. Eu posso utilizar na hora que quiser e também posso conversar andando pela rua. Só uso o orelhão em caso de emergências como essa”, comentou Moreira. Já o motorista Cosmo Rodrigues da Silva, abordado na avenida Caminho do Mar, não usa o orelhão há “mais ou menos dez anos”. “Depois que comprei meu primeiro celular, nunca mais usei o orelhão, acho que nem precisava de tantos na rua. Antigamente eu via fila para fazer uma ligação, hoje você não encontra ninguém usando”, disse. Quem comercializa cartões telefônicos, que substitui as antigas fichas, também aponta queda nas vendas do produto. Segundo o jornaleiro Luis Inácio Martins, dono de uma banca em frente a um orelhão há 46 anos, a comercialização de cartões telefônicos caiu 90% em quatro anos. “Eu vendia 100 cartões por semana. Hoje, eu mal consigo vender dez. As pessoas só compram cartão quando acontece alguma coisa com o celular”, afirmou.

Apesar de serem facilmente localizados, os telefones públicos são cada vez menos utilizados pelos moradores do ABC

O sócio-administrativo da lanchonete São João Batista, na avenida Rudge Ramos, Fábio Nunes Ferreira, apresentou números parecidos com o do jornaleiro. “Vendemos de 40 a 50 cartões por mês, mas o pessoal que trabalha aqui mais tempo do que eu comentou que as vendas caíram muito nos

últimos anos”, disse. Apesar disso, ainda há quem use o orelhão. A revendedora de cosméticos Joseane Dias de Souza utiliza o aparelho para fazer os pedidos das clientes. “De vez em quando eu faço os pedidos das clientes pelo orelhão. Tem um perto da minha casa e as ligações saem

mais baratas por lá, mas realmente é bem mais cômodo fazer os pedidos de casa”, declarou. Com quatro aparelhos por mil habitantes no ABC, conforme determinado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o maior índice de orelhões se encontra em São Bernardo, com 3,4 mil, seguido de Santo André, com 3 mil, e Mauá, com 1,8 mil. Diadema, com 1,7 mil, é a quarta cidade com maior número de telefones públicos na região.

LOCALIDADE

QTD/TUP

São Bernardo do Campo

3466

Santo André

3061

São Caetano

910

Diadema

1793

Mauá

1821

Ribeirão Pires

768

Rio Grande da Serra

262

São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, nessa ordem, apresentam números menores de orelhões no ABC com menos de mil aparelhos por cidade. [veja na tabela] g 4


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COMPORTAMENTO

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Popularização de celulares diminui o uso de orelhões WILLIAN FERREIRA

q O crescimento do número de celulares coincide com o desaparecimento e com a falta de uso com as quais os orelhões passaram a sofrer. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) contabiliza 263 milhões de celulares em todo o país, o que dá uma média superior a um aparelho por habitante. Ao passo que a mesma Anatel pretende desativar 538 mil telefones públicos no Brasil - atualmente são 950 mil orelhões em funcionamento. Os aparelhos móveis de telefonia chegaram em São Paulo no ano de 1993 e até 1998 era necessário esperar até dois anos para ter uma linha no telefone móvel. O ano marca também o começo da popularização dos celulares, já que em 2000 haviam 23 milhões de aparelhos no país. No Rudge Ramos, a maior eficácia dos celulares e a importância que os aparelhos ganharam nos últimos anos é sentida entre os moradores, não precisando andar muito para encontrar alguém mexendo em algum aparelho ou fazendo uma ligação. “Hoje as pessoas só compram cartões telefônicos quando acontece alguma coisa com o celular. Vejo meninas

de quatro anos, ainda no prézinho, com um aparelho”, afirmou o jornaleiro Luiz Inácio Martins, espantado com o público cada vez maior e mais precoce desse tipo de telefonia. O segurança Marcelino dos Santos é um bom exemplo do que Martins disse. Para ele, o orelhão perdeu espaço no cotidiano das pessoas graças a praticidade que os celulares representam nos dias de hoje. Além de ser mais prático, segundo ele, há outro bom motivo para os telefones públicos perderem espaço. “Celulares também são muito mais fáceis de usar que um orelhão. Não precisa de cartão e todos sabem que funciona.” O crescimento da tecnologia nos celulares barateou os custos de produção e tornou o telefone móvel comum até mesmo para munícipes com mais idade. É o caso do aposentado Pedro Álvares, de 84 anos

FOTOS: THOMAS POLISTCHUK/RRJ

- 65 vividos no Rudge Ramos. Ele conta com orgulho de seu celular e da praticidade que o telefone traz sem esquecer do quão comum o objeto se tornou. “Hoje em dia qualquer peão tem celular, muitas crianças também tem. Minhas netas usam com muita facilidade e fazem várias ligações”, falou. O alto número de celulares evidencia uma prática cada

vez mais comum: pessoas com mais de um número disponível. O motorista Cosmo Rodrigues da Silva conta ter cinco linhas em diferentes aparelhos para ter descontos diversos na hora de ligar para alguém. “Muitas operadoras tem descontos para quem faz ligações e trocam mensagens para números da mesma empresa. Como os chips estão cada vez mais baratos e

Aparelhos quebrados chegam a 3 mil por mês na região THOMAS POLISTCHUK

Orelhão em frente ao Mercado Municipal de S. Bernardo

q Útil para alguns e dispensável para outros, os orelhões têm sido alvos de constantes atos de vandalismo. A facilidade de encontrarmos o aparelho nas ruas do estado de São Paulo é tão grande quanto os vermos danificados. A Telefônica/Vivo estima que cerca de 3 mil telefones públicos são depredados por mês no ABC. De acordo com dados for-

necidos via e-mail pela assessoria de imprensa da Telefônica/Vivo, a empresa trabalha constantemente para reduzir os atos de vandalismo contra os 198,7 mil orelhões no território paulista, 12 mil deles no ABC. Deste total, mensalmente, em torno de 49 mil orelhões sofrem algum tipo de vandalismo. Em muitos casos, embora a depredação não seja visível, o aparelho pode apresentar defeito devido a pancadas, introdução de ma-

Moradora passa por telefone público e não se dá conta graças ao celular: cena comum na região existem celulares que comportam mais de uma linha, gasto muito menos com os celulares do que gastaria com cartões telefônicos e orelhões. g

teriais estranhos e outros atos de vandalismo capazes de provocar problemas nos aparelhos. A equipe de reportagem do Rudge Ramos Jornal percorreu por aproximadamente uma hora e meia as duas principais avenidas do bairro - Caminho do Mar e Doutor Rudge Ramos. Pelo caminho, foram encontrados 32 orelhões, sendo que todos estavam depredados e pichados, metade estava com adesivos pornográficos, um terço estava com problemas de funcionamento (sem sinal) e um deles chegou até a dar um pequeno choque no repórter da equipe. g


6 - Rudge Ramos Jornal

Violino une jovens na música CULTURA

FOTOS: GABRIELA BRITO/RRJ

GABRIELA BRITO E GUSTAVO SETTI

q Rafaela Piratelo, 20, e Camila Picasso,18, têm idade próxima e um gosto em comum que não é o mesmo da maioria dos jovens: a música clássica. Mas o caminho que as duas trilharam foi diferente. No caso de Rafaela, o estilo foi apresentado quando ainda estava na barriga de sua mãe que, na gravidez, ouvia músicas clássicas após ter lido em revistas que isto ajudaria no desenvolvimento da criança. Parece que deu certo, pois, aos 5 anos, começou a estudar música. Em 2010, aos 18, se formou na Fundação das Artes de São Caetano. Atualmente, está no terceiro ano da faculdade de música. Ela toca violino nas Orquestras Jovem de Guarulhos e de Cordas Laetare. Coincidentemente, são os mesmos locais em que Camila se apresenta. Ela, diferentemente de Rafaela, só tomou conhecimento da música aos 8 anos, quando a mãe a colocou em uma escola para fazer aulas de coral e “ver se ajudava alguma coisa”, já que era “muito ruim de cantar quando pequena”. A paixão pelo violino surgiu depois, mas ela se decidiu pela carreira na música clássica aos 15 anos. “Já me perguntaram o porquê eu quis tocar violino, mas eu não soube responder. Disse que deve ser alguma coisa de dentro de mim, uma

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Camila Picasso, 18, acredita que o violino “é igual bebê. Tem que dar carinho e por pra dormir”

coisa que despertou”, afirmou Camila, que chegou a ser a primeira violinista da Filarmônica Jovem Camargo Guarnieri. Rafaela não soube descrever o que sente tocando. A concentração deve ser grande, mas o que gosta é, ao mesmo tempo, “ser levada pela emoção

e transmitir todo o sentimento que aquela melodia traz”. INTERESSE Rafaela acredita que existem muitos jovens interessados no estilo musical que tanto a fascina, porém em uma parcela bem menor se comparada a de outros. “É um ramo muito fechado, existem poucas orquestras, poucas vagas, os estudantes também não têm condição de pagar R$ 100, R$ 150 para assistir a um concerto”, falou. Já as experiências de Camila no colégio fizeram com que

Rafaela Piratelo, 20, sempre chama os amigos para assistir concertos a apresentações

ela tenha uma visão diferente sobre o assunto. “A maior depressão da minha vida foi passar pela escola. Eu comecei a estudar violino no 1º ano do Ensino Médio e comecei a mudar a minha cabeça. Mas aí comecei a me sentir excluída. Eu tocava violino, mas ninguém

Internet é meio para divulgar gênero

GIULIA BARROS

q Como se interessar por música clássica hoje em dia, quando a disputa por gêneros musicais é acirrada? Tem pop, rock, ritmos regionais, além de muita influência do exterior. O maestro Daniel Martins, da Orquestra Filarmônica Jovem Camargo Guarnieri, dá uma dica: a internet. Segundo ele, em plena era digital, a web pode ser um caminho, sobretudo aos jovens, para conhecer um pouco mais da música de Mozart, Bach, Beethoven e Wagner. Porém, Martins disse tam-

bém que, para gostar e conhecer mais, é imprescindível ir a concertos e ouvir o maior número possível de orquestras. É importante que o jovem reconheça a diferença das melodias e a função de cada músico para a composição final da orquestra. Muitas vezes, o que impede as pessoas de assistirem as orquestras é o preço salgado dos ingressos. Para aqueles que querem ir às apresentações sem gastar muito, a capital oferece apresentações gratuitas. Aos domingos pela manhã, o Museu da Casa Brasileira e a Sala São Paulo promovem apresentações abertas ao público às 11h.

Já o músico Renato Maia, que toca violão, avalia que a música clássica requer um mínimo de conhecimento por parte daqueles que a procuram. “Por não ser um estilo musical voltado para o entretenimento, a música sinfônica exige dos interessados em aprendê-la um mínimo de conhecimento, para que as apresentações não se tornem chatas e sem sentido algum.” Mas existem caminhos para se aprender a gostar do gênero. A Orquestra do Estado de São Paulo realiza concertos didáticos em que professores de escolas públicas e particulares

realizam cursos de musicalização para depois ensinar aos alunos o que aprenderam. Segundo Brena Bueno, do setor educacional da orquestra, o objetivo da atividade é a formação do público jovem para a compreensão das melodias. A música clássica também pode ser um caminho para novas amizades e troca de conhecimentos. O Coral de Santo André é um espaço voltado para o aprendizado e integração de quem quer aprender sobre música sinfônica. Os ensaios do Coral acontecem todas as terças, para as mulheres, e quintas, para os homens, das

ligava muito”, contou. Outro problema, na avaliação das duas violinistas, é que tocar música é visto como hobby, e não como um trabalho. “As pessoas não têm consciência de que a gente passa cinco ou seis horas sentada em uma sala, estudando partituras. Nosso estudo também deve ser encarado como um trabalho”, explicou Rafaela. Camila também passou pelo mesmo dilema. “Outro dia fui tirar cópia de uma partitura e a funcionária achou lindo eu tocar violino. Mas, depois, ela perguntou: ‘Você estuda e trabalha?’, e eu respondi que estudava e trabalhava com música. Eu nem esquento mais.” As duas sabem da dificuldade em se manter como violinista. Camila pensa em fazer faculdade de música, talvez mestrado no exterior. “Quando eu era mais nova, programei tantas coisas e nada se realizou. Não porque eu não fui atrás, mas porque a realidade foi outra. Então fiquei muito mais realista, cuidando do meu dia a dia.” Rafaela não pensa em desistir da carreira, mas quer investir na área de musicalização infantil. A jovem fez cursos voltados ao tema e já estagiou na área. “Eu fui alfabetizada musicalmente desta maneira, com xilofone, e vi que isso fez uma diferença enorme na minha vida”, disse.g

6 NA WEB Assista a uma apresentação de Rafaela Piratelo acessando o link: http://migre.me/f6Kme 18h30 às 21h. Aos sábados, das 13h às 17h, não há separação por gênero. A pianista Silvia Hokama é a responsável pelo coral. De acordo com ela, o público jovem sempre esteve presente, e até aumentou depois que uma lei obrigou a realização de aulas de música nas escolas de São Paulo.g


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CIDADE

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Sexta - feira, 21 de Junho de 2013 FOTOS: ANA PAULA MOREIRA/RRJ

ANA PAULA MOREIRA

q O que antes era visto como uma arte marginal está ganhando espaço e toma status de arte contemporânea. O grafite tem ganhando cada vez mais seguidores. Artistas como o Banksy e Smug, do Reino Unido, e os brasileiros OsGemeos, são reconhecidos internacionalmente e têm as suas obras expostas em grandes galerias. Uma obra chega a custar mais de 200 mil dólares. Essa arte chegou ao Brasil no final da década 70 com influência da cultura Hip Hop norte-americana e se difundiu nos grandes centros, servindo como forma de protesto principalmente, para a população de baixa renda. Em 2009 e 2011, o MASP (Museu de Arte de São Paulo) teve exposições como o “De dentro para fora, de fora para dentro”, trazendo artistas de todas as partes do mundo. Já o Mube (Museu Brasileiro de Escultura) abrigou a segunda edição da “Bienal Internacional do Grafite Fine” em 2012, reunindo 50 artistas, três do ABC. Galvani Galo, grafiteiro de São Bernardo, era um deles e acredita que este tipo de evento auxilia na divulgação da arte urbana (street art) no país. “Eles são importantes na medida em que reúnem uma quantidade de artistas, que na maioria das vezes está espalhado pela cidade. Para Dalila Teles, dona do Espaço Alpharrabio de Cultura, em Santo André, a exposição do grafite é um fato novo. “Eu acredito que seja pela qualidade dessa arte, que está dizendo algo e em princípio, não era levada tão a sério”, afirmou. Atualmente existem cursos que ensinam os princípios básicos da arte. Segundo o artista de rua andreense Guilherme Au-

GRAFITE

ganha espaço nas galerias de arte

gusto, conhecido por GAFI, o aperfeiçoamento da arte por meio de cursos é um dos fatores que vem auxiliando na “migração” da arte de rua. “Eu vim do grafite, mas com a

graduação surgiram convites para expor em salões de arte. É uma nova fase que nós, artistas, estamos vivendo”. No ABC há galerias itinerantes que abrem espaço para

artistas que vêm da rua. Uma delas é a Nano, localizada no bairro Baeta Neves, em São Bernardo. Durante a semana, o local é utilizado por um cabeleireiro

Exposição do artista Jaca em 2011, na galeria Choque Cultural, localizada na Vila Madalena, em São Paulo

Artistas de São Bernardo, William Mophos e Feto, grafitam fachada de casa na região do Alvarenga

e aos fins de semana, se torna uma galeria que expõe obras de artistas da região. “A Nano foi criada porque sentíamos falta de mais lugares voltados para cultura, principalmente na nossa cidade. Apostamos na arte urbana, como pop art, pois é um gênero que está em alta e tem atraído o público jovem”, contou um dos donos da galeria, Noah Marques. Para Augusto, este é um novo momento. “É uma nova fase que nós, artistas de rua, estamos vivendo. Vamos ver como vai ser daqui para frente, mas tenho certeza que o grafite vai ganhar cada vez mais apoio”, falou. g 4


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CIDADE

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Artistas têm diferentes estilos GIOVANNA TAVARES

q Traços fortes, tintas coloridas, caricaturas, estêncil, desenhos e letras: esses são alguns exemplos de estilos muito comuns no grafite, que podem ser produzidos por conta própria ou por grupos de grafiteiros. Cada artista, portanto, tem liberdade para encontrar o seu próprio estilo e se aventurar com as ferramentas requeridas para os diversos tipos de grafite. “Quem é novo no grafite geralmente começa com uma arte mais simples, com pouca variação de cor e sem traços complicados demais”, disse Guilherme Perez, artista plástico e grafiteiro. A experiência em crews, grupos que grafitam juntos, também é importante para desenvolver as habilidades

FOTOS: DIVULGAÇÃO

6 CONHEÇA OS TIPOS MAIS COMUNS Bombing: Qualquer tipo de grafite ilegal enquadra-se nesse estilo. Quando se fala de um bombing, deve-se imaginar o grafite de rua, que colore muros, fachadas, construções e paredes. Um bombing, também chamado de bomb, geralmente é caracterizado por desenhos e não pela assinatura do grafiteiro. Estêncil: Molde recortado em cartolina, radiografias, ou outros materiais de maneira a criar formas para pintar com spray. Basta encostar o molde a uma superfície e pintar com a tinta por cima. É um dos estilos de grafite mais simples para quem quer começar a pintar. Hall of fame: Trata-se de um estilo mais trabalhado, que abrange a arte de desenvolver a assinatura do grafiteiro e também desenhos de fundo, com personagens e outras imagens. Um grafite hall-of-fame é de grandes proporções. Throw up: É um tipo de grafite mais complexo, que consiste no desenho do nome (assinatura) do grafiteiro, com contornos fortes, geralmente arredondados e que utilizam poucos recursos de cor. Também é desenhado em grandes proporções.

dos artistas. “Existe uma troca de conhecimento muito forte entre os grafiteiros, cada

um contribui de um jeito positivo para a arte do outro”, explicou Perez. g

Mulheres pintam muros da cidade

CAROLINA GOMES

q As mulheres também ocupam espaço no universo da arte de rua e de colorir ruas. O grafite para ser executado exige exposição no ambiente, esforço físico, já que muitos são feitos em locais de difícil acesso, e risco. Por isso, às vezes esses desafios acabam se tornando barreiras para algumas meninas. Garotas como: Minhau, Magrela, Tikka, Sinhá, Nina e Faith47, conseguiram vencer esses obstáculos e são reconhecidas nacionalmente pelo que fazem, cada uma começou a sua história de uma maneira e possuem jeitos diferentes de pintar. Todas possuem uma característica em comum, na maioria das vezes elas usam um personagem e várias cores para pintar, como a Minhau, que colore os muros com gatos. Já a Magrela costuma pintar meninas de formas destorcidas, sempre com um fundo social. “Já é normal ver mulher pintando nos eventos. Elas vieram para ficar, muitas até surpreenderam o mundo da arte de rua com seu estilo original, como a Magrela e outras”, declarou William Amaro, 24, grafiteiro há 10 anos, em São Bernardo.

CAROLINA GOMES/RRJ

Elas iniciaram a sua história na street art há muitos anos. Miss-Tic, 50, é uma das antigas, começou na década de 80. Vive em Paris e atua até hoje nas ruas. Para Ozi, 55, que pinta desde 1985, a francesa foi uma de suas inspirações para começar a pintar, e diz que não possui nenhum tipo de preconceito. “Já pintei com várias garotas, acho ótimo que as mulheres façam arte e

Letícia Felix colore os muros da região com traços e personagens femininos

gosto de muitas pelo talento e sensibilidade”. No ABC possuímos algumas meninas que são reconhecidas nesse meio, como Letícia Felix e D. Ninja. Letícia, 19, usa personagens conhecidos, como os sete anões, entre outros. Ela começou no mundo da arte muito cedo, por meio do teatro e da dança, e ainda na época do colégio foi influenciada a entrar neste universo do grafite. Letícia contou que estudou na mesma escola dos OsGemeos, grafiteiros de São Paulo, e que lá a influência da arte de rua é enorme. E a partir de 2011 começou com os “rolês de tinta”. A grafiteira, que se diz apaixonada em misturar cores, acredita que existe preconceito com algumas mulheres, mas isso não ocorreu com ela. “A galera que conheço sempre está me apoiando e pelo contrário, piram quando uma menina pinta.” Já Denise de Souza Almeida, mais conhecida como D.Ninja,

1- O estilo bombing representado pela assinatura do grafiteiro Danone; 2- O estêncil, de autoria de Daniel Melim, é feito com moldes; 3- O grafite Hall of fame é de grandes proporções, de Galo Surreal e William Mophos; 4- O estilo Throw up é mais complexo, com a assinatura do grafiteiro, de Mur

possui desenhos específicos, ela prefere letras estilizadas, com um estilo masculino, mas consegue dar o seu toque de menina inserindo sempre “bichinhos animados” nas palavras. Ela já fez intercâmbios culturais para

países como: Bélgica, França, Alemanha e Holanda. As ruas também possuem a manifestação artística das mulheres, como afirmou Letícia, “esse universo é nosso também”. g


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FÉRIAS

Sexta - feira, 21 de Junho de 2013

Crianças ganham atividades nas

DIVULGAÇÃO/ACAMPAMENTO PUMAS

CAMILA ANTUNES

férias

q Com a chegada das férias, a maioria dos pais se preocupa com o que fazer com o tempo livre dos filhos. Existem as tradicionais saídas: os acampamentos, as férias na casa de outros parentes, as “escolas de férias” ou até mesmo um curso de curta duração. Mas a etapa de escolha pode trazer muitas dúvidas aos pais sobre como manter o equilíbrio entre o desejo dos filhos e suas possibilidades de os acompanharem. Para o professor do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, Roger Quadros, o período de férias deve ser utilizado para descanso, porém a decisão final sobre como utilizar o tempo das crianças, mesmo que compartilhadas, deve ser sempre dos pais. “Do ponto de vista educativo é muito interessante o desenvolvimento de atividades, sempre respeitando os interesses e as possibilidades dos filhos e da família”. O professor defende que é preciso sair da rotina e fazer atividades culturais, comunitárias, físicas e estimular a leitura. “Essas tarefas desenvolvem a cidadania, estimulam a aprendizagem, os aspectos cognitivos e físicos e proporcionam o necessário e merecido descanso neste período de recuperação das energias”. A escola de férias é uma opção para a maioria dos pais. A coordenadora pedagógica do Colégio Eduardo Gomes, Renata Goes, conta que o local tem, há sete anos, o programa de escola de férias e que cerca de 70% dos alunos dos períodos integrais e semi aderem ao plano. A atração é dividida por faixa etária e tem uma proposta totalmente desvinculada do pedagógico, sem lições ou aulas. Renata defende que mesmo que a criança fique na escola, precisa reconhecer que aquele é um momento diferente. “A programação é feita dia a dia, e já começa com o café da manhã que é servido na escola. Trabalhamos com atividades lúdicas, como caça ao tesouro, visita aos parques da

região, idas ao cinema, teatro, circo, entre outros.” ACAMPAMENTO Outra opção é acampar. Do total de crianças e jovens que passam o período de julho nesses locais, cerca de 8 % é da região, afirmam os proprietários do acampamento Pumas, em Pindamonhangaba, Izidoro de Campos Luiz e Juçara de

Campos Luiz. Segundo os proprietários, um dos diferenciais que atrai os jovens é a utilização de uma programação com esportes desconhecidos no Brasil, como: baseball, espirobol, deck tênis (jogo deck de navio), arco e flecha, hipismo clássico, cama elástica olímpica, paintball, trilha de quadriciclo e jeep. Além disso, a temporada de julho ainda proporciona atividades como: patinação no gelo, gincana do chocolate (a equipe vencedora entra na loja e come o quanto conseguir gratuitamente), shows e festival de inverno. O gerente de uma empresa de segurança, José Antônio Belo Rama, frequentou o acampamento durante a adolescência e depois disso voltou como monitor. Hoje, ele tem três filhos que também aderiram à prática. Thales Rodrigues Rama, 18, é um deles e conta que a ida ao acampamento lhe trouxe muita autonomia. “Existem pessoas que chegam ao acampamento e não falam com ninguém e,

no final da temporada, gostam tanto que não querem mais voltar para casa.” A professora Eliana Novaes Costa não tem problemas em conciliar as férias com a dos filhos, mas apóia o fato deles irem ao acampamento como “um tempo para que eles se tornem independentes e se sintam seguros”. A filha de Eliane, Juliana Costa Menezes, 13, diz que conhecer gente nova e fazer atividades diferentes são as coisas que mais atraem. AULAS Cursos também são uma opção para tirar as crianças da rotina. A escola Arte Ideal, por exemplo, apresenta uma programação especial para o período de férias, com atividades que têm duração de uma semana, cada aula com duas horas. Pintura em tela, desenho de rosto e Arte em E.V.A são as três opções oferecidas. A professora e coordenadora, Elisangela Mangussi, conta que quem geralmente faz o curso de férias não são os alunos que já participam dos tradicio-

Público do ABC representa cerca de 8% dos frequentadores no acampamento Pumas, durante o período de férias. São as atividades lúdicas que atraem as crianças

nais na escola. “Normalmente quem já tem aptidão por essa área acaba fazendo os mais longos, mas para as crianças iniciantes ele é uma possibilidade de conhecer a arte.” Os irmãos João Victor, 10, e Fernando Penha, 12, fizeram parte do último curso de pintura em tela, a mãe Maria José apresentou a proposta aos filhos e eles aceitaram participar. “O curso é ótimo para socializar e estimular a criatividade das crianças. Eu apoio a ideia de colocar meus filhos em cursos de férias, isso evita que eles fiquem só em frente ao vídeo game e a televisão”, contou a mãe. g 4


Cursos de gastronomia para o público infantil melhoram alimentação AMANDA GARCIA

q No ABC existem algumas alternativas de cursos de gastronomia voltados para o público infantil, especialmente no período em que ficam de férias. Nas aulas, as crianças aprendem habilidades gastronômicas e como melhorar os hábitos alimentares. Autonomia, criatividade, senso de limpeza, organização e um paladar mais apurado, segundo a chef Ana Tomazoni, são algumas das características que a criança desenvolve ao trabalhar com o alimento. No espaço gastronômico Sabor & Saber, em São Bernardo, a chef oferece um curso de culinária especialmente para o público infantil. Ela explica que a ideia é proporcionar, principalmente, estímulo para a criançada aprender a selecionar o que come. “A proposta principal é trabalhar a reeducação alimentar com atividades que vão despertar o interesse por alimentos mais saudáveis.” Durante as aulas, a chef conta que as crianças são provocadas a entender sobre a qualidade e a diferença de cada alimento, priorizando o que é nutritivo e menos calórico. “Quando os ensinei a preparar mini pizza, deixei diversas opções de misturas para montarem o recheio. A primeira pergunta foi porque a falta da mussarela, então expliquei que poderíamos substituí-la pela

ricota, que é uma opção muito mais saudável”. Colocar a mão na massa também ajuda os pequenos a perderem aquela mania que a maioria tem em dizer que não gosta de uma comida sem ao menos ter experimentado. A chef conta que, nas aulas, os alunos provam o que manipulam, até mesmo porque precisam saber se uma mistura vai dar um bom paladar ou não. “Trabalhando nesse meio, eu observo que aprender sobre gastronomia é uma das formas mais eficazes para mudar o hábito alimentício.” O Instituto Gastronômico Iga, em Santo André, também oferece o curso para crianças e jovens de 8 a 15 anos, com duração de 8 meses com 2 horas de aulas práticas. Karen Morais, diretora da escola, fala que: “No final de cada preparação os alunos deixam a cozinha organizada, gerando compromisso, comprometimento, responsabilidade, além de trabalho em equipe”. A diretora também comenta que é muito importante permitir que as crianças opinem e deixem suas marcas nos pratos que preparam. “Todas as preparações têm um toque de cada aluno. Elaborar e apresentar seus próprios pratos e sobremesas a altura de pequenos grandes chefs.” Outro fator que leva os pais a direcionarem os filhos às atividades extracurriculares

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FÉRIAS

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FOTOS: AMANDA GARCIA/RRJ

é poder ocupar o tempo livre que normalmente seria usado para passar em frente à televisão, computador ou vídeo game, disse Maria de Lurdes Peixoto, empresária e mãe de Bianca Peixoto, aluna do curso de gastronomia. “É difícil hoje em dia ver crianças com vontade de diversificar suas atividades, principalmente por causa da internet e da televisão. Como a Bianca estuda das 7h às 19h, é complicado também acrescentar mais afazeres à sua rotina. Mas como as aulas são no sábado, ajudou bastante a conseguir conciliar os horários.” Lurdes conta que desde pequena Bianca palpita ao provar um prato que ela cozinhou. “Em casa ela sempre gostou

Atividade na cozinha estimula a criatividade e autonomia das crianças

de mexer na cozinha. Ela observava quando, por exemplo, um prato tinha ficado sem sal, ainda sugeria que podíamos ter colocado algum outro tempero. Ela foi crescendo assim, com essa facilidade e gosto pela cozinha, logo começou a fazer omeletes e levar na cama para gente nos cafés da manhã.”

Bianca diz gostar bastante da aula, principalmente por poder praticar em casa depois de aprender uma receita nova. “Eu aprendo muito e acho que vai ajudar também na minha vida profissional”, comentou a aluna. Mas ela ressalta que pretende levar a culinária apenas como um hobby. g

6 PROGRAMAÇÃO DE FÉRIAS NA REGIÃO PARQUE TEMÁTICO CIDADE DA CRIANÇA

ZOOLÓGICO DE SÃO BERNARDO

EXPOSIÇÃO TRILHAS DO BRINCAR – SESC SANTO ANDRÉ

ESPETÁCULO UM PLANO PARA SALVAR O PLANETA

Primeiro parque de diversões temáticos do Brasil, fundado em 1968, conta com atrações como a Xícara Maluca, Twister, Teleférico, Carrossel, entre outros. Preço da entrada: R$ 5,00 a 10,00 (por brinquedo) e R$ 35,00 (pacote com 36 atrações).

Localizado no interior do Parque Estoril, o local possui cerca de 250 animais, como o lobo-guará, o macaco-aranha-de-cara-vermelha, o cachorro-vinagre e a arara azul, distribuidos em 60 mil² de área verde . Entrada gratuita.

Montada em um grande quintal com brincadeiras das cinco regiões brasileiras, a exposição tem o intuito de resgatar brincadeiras como bolinha de gude, pega-pega, amarelinha e pular corda. Entrada gratuita. Mais informações: www.sesc.com.br

A Turma da Mônica se une à Dorinha, uma amiguinha com deficiência visual, numa incrível corrida para salvar o planeta da poluição e do descaso da humanidade. Ingressos à venda na bilheteria do teatro a partir do dia 24/06, das 14h às 19h; R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia).

Endereço: Rua Tasman, 301 – Jardim do Mar – São Bernardo Telefone: (11) 4330-6998 Horário de funcionamento: Aberto de terça a sexta das 9h às 17h, sábados, domingo e feriados das 9h às 18h.

Endereço: Rua Portugal, 1100 – Bairro Estoril – Riacho Grande Telefone: (11) 4354-9087 Horário de funcionamento: Aberto de quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h.

Endereço: Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar – Santo André Telefone: (11) 4469-1200 Horário de funcionamento: De terça à sexta das 10h às 20h. Sábados, domingos e feriados das 10h30 às 18h30. Até dia 28/07.

Endereço: Teatro Paulo Machado de Carvalho - Alameda Conde de Porto Alegre, 840 – Bairro Santa Maria – São Caetano Telefone: (11) 2122-4070 Dia da apresentação: 30/06 (domingo) às 16h


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CULTURA

6SERVIÇO q TEATRO A Dama e o Vagabundo FOTOS: DIVULGAÇÃO

Lauro Gomes – Rua Helena Jacquey, 171 – Rudge Ramos – São Bernardo. Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 40 (antecipado até o dia 5 para o show do dia 6) e R$ 25 (meia-entrada) (para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais). Show Sertanejo com Bruno Batistta

O clássico infantil conta a história da cachorrinha Lady. Forçada por sua malvada dona a ser artista, foge e encontra o vira-lata Caco, que a ensina a viver nas ruas. O espetáculo tem no elenco Cássia Andrade, Débora Constantin, Deise Santos e Nando Britto. Sexta - feira (28), às 20h. Livre para todos os públicos. Teatro Elis Regina – Av. João Firmino, 900 – Bairro Assunção – São Bernardo. Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais) e R$ 12 (com apresentação de filipeta). Putz Grill, com Oscar Filho

Com mais de 10 anos de carreira, o cantor Bruno Batistta já passou por diversos estilos musicais. Hoje, o músico é sertanejo. Sua próxima apresentação terá o cantor Lyntter Paiva como show de abertura. Domingo (23), às 15h. Gratuito. Livre para todos os públicos. Estação Jovem – Rua Serafim Constantino, s/nº – (Piso Superior do Módulo II do Terminal Rodoviário Nicolau Delic) – Centro – São Caetano. Marcelo Jeneci No repertório do show, o cantor traz canções do disco “Feito Pra Acabar”, eleito como um dos melhores do ano pela revista ‘Rolling Stones’. A abertura do evento será com o músico Adolar Marin. Domingo (30), às 16h. A recomendação etária é livre. Gratuito. Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena – Av. Caminho do Mar, 2.980 – Rudge Ramos – São Bernardo. EXPOSIÇÃO Bolívia Entre Duas Capitais

O show de stand-up do apresentador do CQC já foi visto por meio milhão de espectadores e foi o vencedor da 10ª edição do prêmio Jovem Brasileiro de 2011, como o melhor show do gênero do Brasil. O espetáculo retrata o cotidiano do brasileiro de maneira cômica. Sábado (29), às 21h. Teatro Paulo Machado de Carvalho – Alameda Conde de Porto Alegre, 840 – Santa Maria – São Caetano. Ingressos: R$ 60 (inteira), R$ 40 (antecipado – até um dia antes) e R$ 30 (meia-entrada para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais). MÚSICA The Beat Beatles

La Paz é a capital administrativa da Bolívia e Sucre, a constitucional. Esta divisão despertou o interesse dos fotógrafos Christian Montagna e Andréa Cintra. A exposição relata o resultado das viagens dos fotógrafos pelo país. Os 16 registros fotográficos da dupla estarão expostos para visitação gratuita até domingo (30), no SESI Santo André – Pça. Dr. Armando de Arruda Pereira, 100 – Santa Terezinha. Letras da Imaginação Em comemoração ao Dia Internacional do Livro, a Fundação Pró-Memória promove uma mostra com livros e composições cenográficas, com trabalhos dos artistas Renato Brancatelli e Regis Ribeiro, que serão expostos, estimulando a imaginação do visitante. Até sexta-feira (28), de segunda a sexta, das 9h às 18h; sábados, das 9h às 13h. Gratuito. Fundação Pró-Memória – Avenida Augusto de Toledo, 255 – Santa Paula – São Caetano. FEIRA SBC Geek

O grupo ‘The Beat Beatles’ se apresenta no Teatro Lauro Gomes. O show representa a fase “beatlemania”, passa pela fase psicodélica e termina na última fase dos Beatles, quando a banda estava prestes a se separar. O grupo é composto por Fábio Colombini, Ricardo Júnior, André Dias e Fernando Colombini. Sábado (1), às 20h, e quinta-feira (6), às 20h30. O espetáculo é livre para todos os públicos. Teatro

A feira terá a programação repleta de filmes, animes, exposições, espaço para jogar vídeo game, além da Convivência Cosplay, área para troca de roupas, onde o público se veste como seus personagens favoritos. Domingo (30), a partir das 12h. Livre para todos os públicos. Gratuito. Centro Livre de Artes Cênicas (CLAC)/ Centro Cultural Bairro Baeta Neves – Praça São José, s/n° – Baeta Neves – São Bernardo. (AMANDA SOUZA). g


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