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JORNAL DA CIDADE
São Bernardo do Campo 4 De 26 de abril a 9 de Maio de 2013 4 Ano 32
4 Nº 998
1º de Maio de São Bernardo espera reunir 80 mil trabalhadores no Paço Festividade é promovida pela CUT- ABC (Central Única dos Trabalhadores) e tem shows musicais e ato político. Pág. 3
4NOVOS NEGÓCIOS
4 VELOCIDADE NA LIONS BAIXA PARA 60 KM/H
RENATA FUJIE/RRJ
NICOLAS IORY/RRJ
E
m cada 100 empreendedores individuais, 45 são mulheres, aponta pesquisa do Sebrae. Pág. 6
4POLÍTICA Câmara Municipal modifica estatuto dos servidores Medida faz parte de uma padronização para controlar tráfego na região. Pág. 3
4INFANTIL
4VETERINÁRIA
Pinóquio é uma das atrações do roteiro cultural
Pepe, da raça dogue alemão, é doador de sangue
Pág. 14
Pág. 8
Pág. 2 LAIZA LOPES/RRJ
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POLÍTICA
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De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013
DE OLHO NA CÂMARA
FERNANDA FERREIRA THIAGO PÁSSARO
q A Câmara de São Bernardo em sessão aprovou mudanças no Estatuto dos Funcionários Públicos do Município, na sessão de quarta-feira (24). O projeto de lei, de autoria do Poder Executivo, surgiu a partir de um pedido do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e Autárquicos) e propõe mudanças nos artigos 23 e 24 da Lei Municipal nº 1.729, de 30 de dezembro de 1968. O artigo 23 fala sobre o estágio probatório, período de avaliação no cargo pelo qual o servidor público concursado e recém-admitido passa para determinar se será efetivado ou não. Uma das principais mudanças propostas pelo Executivo foi o aumento do período de avaliação do servidor público, passando de dois para três anos. Além disso, o projeto de lei visa acrescentar mais requisitos para a permanência no cargo público, como real capacidade de cumprir as atribuições que a função exigir, o interesse do funcionário, um comportamento adequado e um bom relacionamento no ambiente de trabalho. No mesmo artigo, houve o acréscimo do inciso I, no parágrafo 11, que trata sobre a titularidade do cargo como requisito para o servidor manter o exercício. No parágrafo 12, que também foi acrescido, há a inclusão do direito do servidor, em caso de acidente do trabalho ou doença profissional, ter licença até a sua recuperação.
Vereadores aprovam mudanças no estatuto dos servidores públicos
Para Dias, vereador do Partido dos Trabalhadores (PT), “o projeto de lei está na Câmara há uns dois anos e não teve o entendimento com o sindicato que representa os trabalhadores”. Por isso foi deixado parado até ter esse entendimento. Dias disse ainda que nesse período foi feita a discussão com o sindicato para reformulação do projeto. Durante as negociações, entrou um FERNANDA FERREIRA/RRJ projeto substituto, que foi acordado com a entidade. “Por isso nós aprovamos. É um projeto que melhora a questão da transparência, na motivação dos trabalhadores para alcançar o estágio probatório e serem aprovados para a efetivação”, disse Dias.
“Hoje, a pessoa que está trabalhando e está em estágio probatório, caso se acidente, pode ser considerada inapta ao trabalho e não ser efetivada, sendo mandada embora. Então o funcionário não tem garantia. Eles [petistas], que lutaram tanto pela garantia dos trabalhadores, agora não querem que tenham garantia nenhuma”, disse Julinho Fu-
CONSELHO DIRETOR - Stanley da Silva Moraes Presidente, Nelson Custódio Fér – Vice - Presidente, Rev. Osvaldo Elias de Almeida - Secretário, Jonas Adolfo Sala, Aureo Lidio Moreira Ribeiro, Kátia de Mello Santos, Augusto Campos de Rezende, Marcos Vinicius Sptizer, Aires Ademir Leal Clavel, Oscar Francisco Alves Junior, Regina Magna Bonifácio de Araújo - Suplente, Valdecir Barreros - Suplente. REITORIA - Reitor - Marcio de Moraes, Pró-Reitora de Graduação - Vera Lúcia G. Stivaletti, Pró-Reitor de Pós-Grad. e Pesquisa - Fábio Botelho Josgrilberg
Vereadores passaram grande parte da sessão discutindo projeto reivindicado pelo sindicato da categoria zari (PPS). Já no artigo 24, foi exigida a obrigatoriedade de estágio probatório mesmo para funcionários que foram nomeados para
DIRETORES - Sérgio Roschel (Diretor de Finanças e Controladoria), Daví Nelson Betts (Diretor de Tecnologia e Informação), Paulo Roberto Salles Garcia (Diretor de Comunicação e Marketing), Débora Castanha (Diretora do Ensino Básico), Carlos Eduardo Santi (Faculdade de Exatas e Tecnologia), Jung Mo Sung (Faculdade de Humanidades e Direito), Fulvio Cristofoli (Faculdade de Gestão e Serviços), Luiz Silvério Silva (Faculdade de Administração e Economia), Paulo Rogério Tarsitano (Faculdade de Comunicação), Rogério Gentil Bellot (Faculdade de Saúde) e Paulo Roberto Garcia (Faculdade de Teologia). COMUNICAÇÃO - Paulo Salles (Diretor).
outros cargos, diferentemente das funções que concursou. “[O funcionário] passa em concurso público de sanitarista e dá um ou dois meses, e ele passa a ser diretor da Vigilância Sanitária. Como ele vai cumprir todo o estágio probatório como diretor da Vigilância Sanitária? Como é possível avaliá-lo como sanitarista?”, questionou Fuzari.
JORNAL
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REFORMA DA CÂMARA Na sessão, foi aprovado ainda o requerimento nº 87/13, que solicita uma auditoria independente para avaliar os projetos e gastos realizados na reforma da Câmara Municipal. O pedido corria na Casa havia meses, mas só agora foi aprovado. Embora, o investimento orçado inicial fosse de R$ 28 milhões, a reforma da sede do legislativo custou cerca de R$ 40 milhões e ainda está inacabada. O requerimento foi encaminhado pelos vereadores do PSD, Fábio Landi e Rafael Demarchi. Os vereadores também votaram uma moção de apoio ao projeto de lei 442/2007, da deputada estadual Ana do Carmo (PT), que pede a inserção de psicólogos e assistentes sociais no quadro de funcionários das escolas estaduais. No último dia 15, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vetou o projeto. g
Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos - São Bernardo - CEP: 09640-000
RUDGE RAMOS JORNAL - PUBLICAÇÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA FAC
DIRETOR - Paulo Rogério Tarsitano COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); Assistente de Fotografia - Maristela Caretta (MTb 64.183)
Equipe de Redação: Bianca Beltrame, Caio dos Reis, Christiane Oliveira, Deise Almeida, Érika Rios, Felipe Calbo, Fernanda Ferreira, Gabriela Brito, Maria Paula Vieira, Mariana Matos, Natália Petrosky, Nicole Ongarato, Raphael Andrade, Renato Fontes, Vitor Jaqueto, Yara Ferraz e alunos do 5º e 6º semestres de Jornalismo. Produção de Fotolito e Impressão: Diário do Grande ABC
CIDADE
De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013
Dia do Trabalhador tem ato político e show com cantor Zeca Pagodinho
AMANDA SOUZA
q Com o tema “Quero falar também”, em defesa da democratização dos meios de comunicação, a CUT-ABC (Central Única dos Trabalhadores), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e sindicatos afiliados comemorarão o Dia do Trabalhador com festa no Paço Municipal de São Bernardo. A festividade do 1º de Maio tem início às 10h. Em parceria com a Rádio Nativa FM, várias apresentações musicais serão realizadas, com Bruno e Marrone, Zezé Di Camargo e Luciano, Maria Cecília e Rodolfo, Sérgio Reis, além de 15 artistas regionais. “No ano passado tivemos cerca de 100 mil pes-
RAQUEL CAMARGO/SMABC
Serão mais de dez horas de shows; cantores e bandas agitam a comemoração
Velocidade na Lions é reduzida para 60 Km/h MARINA CID
q O motorista que passar pela avenida Lions, em São Bernardo, tem que prestar atenção ao novo limite de velocidade. Menos de um ano após uma reforma que durou 25 meses, a velocidade máxima na pista expressa caiu de 70 km/h para 60 km/h. Segundo a prefeitura, a medida é parte de uma padronização de velocidade com a avenida Prestes Maia, em Santo André, e o acesso à rodovia Anchieta, ambas ligadas à Lions, que já têm limite de 60 km/h. A redução também tem o objetivo de diminuir os acidentes, já que entre abril de 2012 e abril de 2013 foram registradas 133 colisões no Anel Viário, todas sem vítimas fatais.
“Os trechos em que os veículos conseguem trafegar em velocidade alta são curtos, pouco contribuindo com o aumento da velocidade média. Os tempos de percurso a 60 km/h são praticamente equivalentes aos a 70 km/h em pequenos trajetos, o que acarretaria em risco de acidentes, em razão da aceleração em curto espaço e, logo à frente, frenagem. Vias com veículos alterando mais a velocidade estão sujeitas a mais acidentes”, afirmou o especialista em transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Creso de Franco Peixoto. A atendente Maria Aparecida Luchetti, moradora da Vila Mussolini, próxima à avenida, utiliza a via para ir à igreja e fazer compras em Santo André. “Acho desnecessário diminuir 10 km/h. Já sofremos com a reforma, que demorou
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soas. Este ano, por exigência dos bombeiros, esperamos 80 mil”, declarou Cladeonor Neves da Silva, coordenador da CUT-ABC. Durante o evento, 28 barracas de associações de moradores e sindicatos participantes serão responsáveis pela venda de comida e bebida. Às 18h haverá ato político com prefeitos da região, parlamentares, sindicatos, CUT-ABC e autoridades regionais. A presidenta Dilma Rousseff foi convidada, porém sua presença ainda não foi confirmada. A segurança no local será realizada por 300 policiais militares, 200 profissionais da Guarda Civil Metropolitanta,100 seguranças particulares. Três ambulâncias do Samu ficarão à disposição do público. O encerramento será às 19h, com o show do cantor Zeca Pagodinho. SERVIÇO Local: Paço Municipal – Praça Samuel Sabatini NICOLAS IORY/RRJ
Mudança visa diminuir acidentes na via; entre abril 2012 e 2013 foram 133 colisões muito, e agora vai ter mais trânsito ainda”, falou. Já a advogada Devani Rosa, moradora do Taboão, em Diadema, utiliza constantemente a avenida e acha que a mudança é positiva,
mas questiona a possibilidade de maior lentidão no local. “Você nem percebe que passou de 70 km/h para 60 km/h. Por isso essa medida é coerente, para que não levemos mais multas ao
passar de São Bernardo para Santo André. Mas, em uma via expressa, colocar o limite 60 km/h pode gerar congestionamentos. Se isso ocorrer, vou procurar vias alternativas”, disse. g
Conheça o novo perfil dos METALÚRGICOS 4 - Rudge Ramos Jornal
THIAGO PÁSSARO q Um homem, entre 30 e 39 anos, sai de casa para ir trabalhar. Ele mora em São Bernardo e faz parte do quadro de funcionários de uma montadora. Ele tem Ensino Médio completo e trabalha 44 horas semanais na produção dessa fábrica há mais de 10 anos. Pela prestação de serviços, recebe cerca de R$ 3,5 mil por mês. Essa é a descrição do novo perfil do metalúrgico do ABC, traçado a partir de uma pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada em 2011, e feita a pedido do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC). De acordo com o levantamento, 107,5 mil metalúrgicos trabalham na região, distribuídos nas cidades de São Bernardo (64%), Diadema (29%), Ribeirão Pires (6%) e Rio Grande da Serra (1%). Esses são os quatro municípios em que os metalúrgicos são representados pelo SMABC. Os homens são maioria, com cerca de 92 mil representantes (85,5% do total) e 15,6 mil mulheres (14,5%). Atualmente 70% dos trabalhadores do setor automotivo realizam jornadas inferiores a 44 horas semanais. Já nas montadoras, 100% dos operários praticam jornadas de até 40 horas por semana. Segundo a pesquisa, a maioria dos homens metalúrgicos (35%) trabalha em atividades ligadas à produção. Já as mulheres, 37,2%, se concentram no setor administrativo. Mas as trabalhadoras também atuam como operárias. Mais de 17% do total tem ocupação nas áreas de produção e apoio a produção. “Aquelas que trabalhavam na produção tinham serviços mais leves. Muitas empresas pensavam que as mulheres não tinham a mesma capacitação
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TRABALHO
CAMILA BEVILACQUA/RRJ
do que os homens. Mas eles se engaram, pois as mulheres têm até mais capacidade”, ressaltou Antônio Eustáquio da Silva, que trabalhou durante 30 anos no setor de metalurgia. Cerca de 31% dos metalúrgicos presta serviços há mais de 10 anos na mesma fábrica. Embora haja um longo período de tempo trabalhado, a rotatividade de funcionários em 2011 ficou em torno dos 19%, cerca de um ponto percentual a mais do que 2010. Os trabalhadores recebem, em média, R$ 3.604,19 de salário. Há setores que pagam mais, como é o caso das montadoras, com R$ 6.125,71. Se separarmos por sexo, as mulheres ganham cerca de 31% menos que os homens. A média delas fica em R$ 2.319,05 contra R$ 3.242,83 deles. Para a sociologa Luci Praun, essa diferença salarial entre homens e mulheres está prevista pelo capitalismo. “Eu acho que é uma questão de manutenção de um segmento que você possa explorar mais. Faz parte da lógica capitalista tem um setor que possa pagar menos, considerado menos qualificado.” g
6MUDANÇA NO PERFIL DO METALÚRGICO CARACTERÍSTICAS HOMEM/ MULHER VAGAS DE EMPREGO SETOR EM DESTAQUE ÁREA DE ATUAÇÃO DE ACORDO COM O SEXO JORNADA DE TRABALHO TEMPO DE EMPREGO ESCOLARIDADE FAIXA ETÁRIA CONDIÇÕES DE TRABALHO
DÉCADA DE 80 CERCA DE 90% H/ 10% M 159.200 AUTOMOTIVO HOMEM: PRODUÇÃO MULHER: ADMINISTRAÇÃO DE 45 A 48H 10 ANOS OU MAIS ENS. FUNDAMENTAL INC. 40 a 50 ANOS IRREGULAR
Fonte: Pesquisa “Perfil do Trabalhador Metalúrgico” do Dieese, em parceria com o Sind. dos Metalúrgicos do ABC (Julho de 2011)
ATUALMENTE 85,5% H / 15,5% M 107.533 AUTOMOTIVO HOMEM: PRODUÇÃO MULHER: ADMINISTRAÇÃO DE 40 A 44H 10 ANOS OU MAIS ENS. MÉDIO COMPLETO 30 A 39 ANOS EQUIP. DE PROTEÇÃO
Metalúrgicos também estão presentes na história do país; as greves dos anos de 79/80, no ABC, foram um importante passo para o fim da ditadura
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TRABALHO
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DIVULGAÇÃO/MERCEDES-BENZ
Setor automotivo é o que mais emprega metalúrgicos no ABC; cerca de 57% dos profissionais estão nessas empresas
A formação acadêmica dos metalúrgicos teve avanços. Em 2010, os funcionários já possuíam o ensino médio completo (36,6%), tendo ainda trabalhadores graduados (12,9%). Na década de 80, a realidade era outra. A formação dos metalúrgicos, segundo Luci, não passava do ensino fundamental. “Antigamente a escolaridade era o primeiro grau. A maioria tinha o primário, que era o básico. Na época, um curso técnico valia mais do que a formação regular. Então as pessoas tinham mais tendência a fazer isso, assim como eu fiz”, afirmou Silva. A faixa etária dos profissionais também sofreu mudança. Nos anos 80, os companheiros do metalúrgico aposentado tinham entre 40 e 50 anos. No começo do século 21, a faixa etária com mais representantes passou a ser de 30 até 39 anos. A socióloga aponta um dos motivos dessa mudança de faixa etária. “A primeira grande leva da região era de trabalhadores rurais. Por conta de não conseguirem se inserir na atividade rural, migraram para as grandes cidades, que estavam se industrializando rapidamente, para poderem arranjar emprego. Então, eles já chegam com uma média de idade mais alta.” g
instituição criada em 1959. Embora o SMABC leve no nome o termo que engloba toda a região, o sindicato responde, atualmente, pelos municípios de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. De acordo com a historiadora Ana Carla Jarzinski Alfaro, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, no fim dos anos 70, na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi responsável por conseguir
diversos benefícios, como a obrigatoriedade das empresas computarem as horas extras no cálculo do 13º salário e das férias, além de estender a estabilidade das gestantes por dois meses após o parto. “Nessa época do Sindicato, eles assumiram uma postura muito parecida com o sindicalismo de negócios dos Estados Unidos. Eram combativos, preparados para enfrentar e resolver os problemas e muito presentes nas fábricas”, explicou Ana Carla. Após a reunificação de 1993, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC passou a investir na criação de diversos departamentos, tais como Saúde do Trabalhador, Meio Ambiente, Formação e Cidadania, a fim de oferecer aos metalúrgicos consultas médicas, cursos e treinamentos. Segundo Ana Carla, “os líderes do sindicato viam a necessidade de orientar os trabalhadores a lutarem por seus direitos. Entre 1972 e 1978, as ofertas de emprego para metalúrgicos em São Bernardo cresciam, em média, 8,3% ao ano. Logo, eram muitos novos trabalhadores, muitas vezes sem orientação, nessa área.” g
“Em 1981, após a cassação dos antigos líderes pela ditadura militar, o sindicato foi retomado pelos trabalhadores. Com as novas eleições, fui eleito vice-presidente. Em 1987, me tornei presidente e permaneci na função até 1993, quando entidade unificou todas as cidades do ABC”, afirmou o deputado. O Sindicato também ajudou a levar para a Presidência da República um ex-metalúrgico e sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva. O atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e o ex-deputado e atual Presi-
dente Nacional do SESI, Jair Meneguelli, também saíram da categoria. De acordo com a cientista social, Kátia Saisi, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC teve um papel fundamental na história do país. “A ação corajosa dos metalúrgicos ao enfrentar uma forte opressão militar na luta pela democratização do país, legitimou seus membros a se tornarem representantes da sociedade brasileira e ocuparem cada vez mais um papel significativo na política nacional”, afirmou. g
História do Sindicato começa a ser construída há 80 anos THAIME LOPES q O Sindicato dos Metalúrgicos começou a atuar em 1933. São oito décadas de história que tiveram o auge no final dos anos 70, com a greve geral do ABC. No início, todas as cidades da região eram representadas pelo sindicato da década de 30. Porém, com o início da indústria automobilística, segundo dados oficiais do SMABC (Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC), São Bernardo e Diadema criaram o próprio sindicato, além de Santo André, que também fundou uma instituição. As separações aconteceram em 1959, e ambos os sindicatos trabalhavam em parceria. Em 1993, as duas entidades se uniram e formaram o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Mas a parceria durou pouco. Em 1996, as cidades de Santo André e Mauá se separam, fazendo ressurgir a
Ex-metalúrgicos se destacam atualmente em cargos políticos RAÍSSA PALMA q A metalurgia, um dos principais expoentes econômicos do Brasil, foi uma das áreas em que mais despontou nomes para a política nacional. O deputado federal Vicente Paulo da Silva, mais conhecido como Vicentinho, é um ex-metalúrgico que se tornou líder do Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC, responsável pela sua entrada no cenário político. Vicentinho trabalhou primeiramente como apontador de produção numa empresa de estamparia. Após dois anos, mudou-se para a Mercedes-Benz e passou a ser inspetor de qualidade. Neste meio tempo, no ano de 1977, Vicentinho se associou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.
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ECONOMIA
De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013 FOTOS : RENATA FUJIE/RRJ
PAULA CORRÊA q Quem disse que só homem entende de negócios? Empreender não é mais um assunto exclusivamente masculino. Uma pesquisa feita pelo Sebrae no ano de 2012 mostra que, de cada 100 empreendedores individuais, 45 são mulheres. Atualmente, a participação feminina representa 49,6% dos 27 milhões de empresários espalhados pelo país. As áreas mais procuradas pelas mulheres para abrir um negócio são atividades de comércio e serviços, como vestuário e salões de beleza. Além disso, elas também investem em pequenas indústrias, como na produção têxtil e de calçados. Para o analista de gestão estratégica do Sebrae, Marco Aurélio, as empresas comandadas por mulheres estão crescendo com equilíbrio financeiro. “A mulher é mais cuidadosa ao empreender. É mais escolarizada e pesquisa o mercado antes de abrir um negócio.” É o caso de Karina Bonner, 29. Formada em nutrição, ela começou atuando na área da alimentação. Hoje, tem uma empresa de florestamento e é vice-presidente da Associação das Mulheres Empreendedoras (AME). “Tive o exemplo da minha mãe, que criou uma empresa de tecnologia da informação que é hoje uma das maiores do país no segmento.” Apesar dos números favoráveis, é preciso manter os pés no chão. De acordo com o Sebrae, cerca de 74% das empresas abertas por homens ou mulheres não sobrevivem. Segundo a socióloga Lucieneida Praun, o empreendedorismo está ligado à “precarização” do trabalho, já que tem cada vez mais gente obtendo o sustento na informalidade. “As pessoas veem como saída montar um pequeno negócio para voltar à legalidade”. Ainda de acordo com a socióloga, o maior erro da sociedade é imaginar que, ao abrir um pequeno negócio, o microempresário já alcançou o sucesso que desejava e que tudo dará certo. Com isso, muitos se esquecem das estatísticas de sobrevivência das microempresas. A dona de casa Zeny Carvalho, 60, faz parte desse quadro. Ela faz doces e artesanato para vender. Houve uma época em que seu marido ficou desempregado e o sustento
Empreender é coisa de mulher veio por meio do trabalho dela, que ficou conhecido na região que morava através da divulgação dos vizinhos. Após a morte do marido, aos 54 anos, Zeny abriu uma loja perto de casa para vender seus produtos. Não deu certo. “O que faltou foi alguém ou algum curso que me orientasse a fazer da melhor forma, já que não planejei direito.” FAMÍLIA Ficar mais próxima da família é outra razão que leva um número maior de mulheres a optar pelo empreendedorismo. Uma pesquisa do site vagas.com mostra que a flexibilidade de horário é o desejo de 33% das profissionais. Das que trabalham mais de oito horas
A CADA
100
EMPREENDEDORES NO BRASIL,
45
SÃO MULHERES por dia (46%), 47% afirmam que sua vida pessoal é prejudicada. Trabalhar dois dias em
casa e três na empresa é o desejo de 87% das pesquisadas. Mariana Valim, 35, é um exemplo disso. Há dois anos, ela abriu uma empresa de festas e eventos na própria casa, na Paulicéia. Para ela, é necessário muito trabalho para que seja possível viver apenas com esse sustento, principalmente para mulheres que, como ela, são casadas e têm filhos. “Tenho horário flexível e consigo ajudar na educação dos meus filhos”,
Empreendedora Thalita abriu seu próprio negócio há dois anos. No Quiosque Delícias, ela vende doces caseiros e também produtos industrializados. O diferencial é o bolo “red velvet” disse Mariana, que é formada em ciências contábeis, área na qual atuou por 12 anos, mas que não gostava. g 4
De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013
Empreendedoras relatam histórias de negócios de sucesso NATALIA GENTIL E RENATA FUJIE
q Muitas são as mulheres que conseguem alcançar o objetivo de trabalhar por conta e serem bem-sucedidas. Mesmo com as dificuldades, elas não se arrependem da escolha que as ajudou a mudar de vida. Máxima Sousa, 55, trabalha há 35 anos como manicure e cabeleireira. No começo, só cuidava das mãos e pés das clientes. Mas, a pedido da própria clientela, passou a fazer cortes de cabelo e penteados, completando suas atividades no salão que mantém no bairro Assunção. Sua profissão a ajudou a criar os três filhos, hoje já adultos. O salão possui sete colaboradoras. “Era o meu sonho fazer um salão do meu jeito. Sempre quis decorar tudo, e principalmente trabalhar com pessoas competentes em quem eu possa confiar.” Para Máxima, um ponto negativo de se ter o próprio negócio são os gastos.
“Tenho muitas despesas, a maior parte do dinheiro vai para as contas, como as de água e de luz.” Apesar desse custo, ela acredita que a flexibilidade de horário, a autonomia e a satisfação de fazer o que se gosta são os principais benefícios de ser seu próprio patrão. Thalita Tossi, 29, também resolveu ser sua própria chefe. Formada em administração, decidiu se arriscar no empreendedorismo. Há dois anos, concretizou o sonho quando abriu o próprio quiosque, o Delícias, no bairro Assunção, onde vende doces e salgados caseiros e também serve refeições. Thalita nunca estudou gastronomia, mas disse que sempre teve interesse pela área. “Quando saía para comer, reparava em tudo: na comida, na decoração e no atendimento.” Ela é a gerente do estabelecimento e também comanda a cozinha. “Gosto de pôr a mão na massa.”
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ECONOMIA
RENATA FUJIE/RRJ
No ano passado, o quiosque de Thalita conseguiu um dos primeiros reconhecimentos: ganhou o prêmio da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) como o melhor café gourmet do Brasil. O Quiosque Delícias também participou do 2º Festival Rotas dos Sabores, da Prefeitura de São Bernardo.
No entanto, Thalita reconhece que nem tudo é festa. “Você ‘casa’ com o negócio. Sou do tipo que é a primeira a chegar e a última a sair. Gosto de participar dos processos.” A dona do Delícias dá um conselho para quem quer começar no empreendedorismo: “Tem que ser muito
Máxima começou como manicure e investiu em cursos para cabeleireira. Hoje, ela tem seu próprio salão de beleza no bairro Assunção firme, muito forte e, acima de tudo, acreditar em si mesmo. Tudo é uma questão de tempo”. g
6 DOZE PASSOS PARA QUEM QUER ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO
1
Descubra se você tem perfil empreendedor. É importante ter capacidade de assumir riscos, ser questionador e curioso, além de ter responsabilidade, determinação e espírito de liderança.
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Faça um plano de negócios com avaliação do mercado, tendências, concorrência, público alvo e investimentos necessários.
3
Inove nos produtos e serviços que serão oferecidos. Pesquise sobre o mercado de seu interesse e aposte em um diferencial.
4
Defina as estratégias da sua empresa e verifique se o projeto terá retorno financeiro suficiente.
5
Busque ajuda de programas como os do Sebrae, que ajudam a estruturar seus planos. O “Click Marketing” (www.clickmarketing.sebrae.com.br), por exemplo, é uma ferramenta gratuita para construção e acompanhamento de planos de marketing. Você pode tirar todas as suas dúvidas com um tutor por e-mail, no próprio site.
6
Defina como será o contrato social. Nome, endereço, atividade, capital investido, relação entre sócios e divisão dos lucros devem estar claros.
7
Registre o negócio e confirme o que é necessário para formalizar o empreendimento. Tirar alvarás de funcionamento, autorizações e outros documentos públicos requer tempo, por isso fique atento aos prazos.
Fontes: Sebrae, Zero Hora e Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
8
Faça cursos sobre empreendimentos. O Sebrae oferece diversas opções gratuitas no site: www.ead.sebrae.com.br
9
Negocie com algum fornecedor de matéria-prima para comprar numa escala maior, com preço melhor e com prazo de pagamento. Isso vai te ajudar com o capital de giro, tempo e logística de compra matéria-prima, além de garantir a uniformidade da qualidade dos produtos.
10
Contas da empresa nunca devem ser misturadas com contas pessoais. Tenha contas bancárias separadas para a pessoa jurídica (empresa). Nunca pague uma conta da pessoa física com o dinheiro da conta jurídica e vice-versa. Isto vale
para cartão de crédito também.
11
Divida o seu tempo entre a empresa e a família. Lembre-se que, no começo, a empresa terá que ter praticamente 100% da sua atenção, pelo menos até sair do vermelho e começar a lucrar. Depois desse período, encontre um equilíbrio entre as tarefas empresariais e familiares.
12
Busque informações sobre grandes empresas e empreendedores. Vá a feiras e congressos. Procure referências em áreas diferentes da sua. Os donos do Starbucks, por exemplo, se espelharam no design da Apple, na inovação da Nike, na logística da Zara e na experiência de ambientes da Walt Disney. (R. F. ) g
CIDADE
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LAIZA LOPES
q Doar sangue não é um ato exclusivo para humanos. Cães também podem ajudar a salvar vidas de outros cães sendo doadores. O dogue alemão Pepe é um dos que praticam esse ato solidário. O cão da dona de casa Katia Correia tem 1 ano e 4 meses e já doou duas vezes. “Quando ele escuta o táxi-dog fica alvoroçado. Adora doar”, contou. Desde seu primeiro cachorro, a moradora da Vila Pires, em Santo André, adotou o hábito de levá-lo para doar sangue. “Faço a atividade há 13 anos, acho importante ajudar outros cães”, disse Katia. Segundo a veterinária Débora Monteiro, a modalidade ainda é pouco conhecida entre os donos de caninos e felinos, mas há animais que precisam de transfusão de sangue. É o caso da cachorra de Lenice Balog, Babye, de 11 anos. Além de possuir a doença do carrapato, Lenice descobriu que Babye tinha anemia. Desde então, já foram oito transfusões. “Ela tem que fazer exame de sangue todo mês, pois o número de plaquetas chegou a
LAIZA LOPES/RRJ
Cachorros também podem ser doadores de SANGUE
20.000”, falou a proprietária da cachorra poodle. A transfusão de sangue foi fundamental para ajudar na recuperação de Babye. “Os remédios e a quimioterapia
Ambulância presta serviços para bichos de estimação JOSÉ MAGALHÃES
q “Eles caíram do céu”. Foi com essa afirmação que Roseli Terezinha Gardini, 58, fez referência ao Fofão Resgate de Animais 24 horas, uma ambulância para animais idealizada por um casal de São Bernardo, o socorrista Luciano de Oliveira Pedroso, 38, e a veterinária Cynthia Martin Mello, 37. Há um mês, Roseli quase ficou sem o cachorro da raça Labrador que estava com paralisia na traqueia – falta de ar. “O Supla estava morrendo. A gente sabia que sem oxigênio ele não iria chegar ao hospital”, disse. Foi nesse momento que entrou em ação a equipe do Fofão Resgate
de Animais, a única que atua no ABC há quatro anos com especialidade em resgate e remoção pós-cirúrgico. Bastou um telefonema e em 10 minutos a ambulância estava com a sirene ligada pedindo passagem pelas ruas de São Caetano até o Hospital Veterinário, em Santo André. “Quando chegamos lá, uma equipe de cinco pessoas estava do lado de fora esperando o Supla para interná-lo direto na UTI”, disse Terezinha que teve o animal de volta cinco dias depois são e salvo. “Sempre gostamos de animais e percebemos uma demanda no atendimento especializado aos animais”, disse Pedroso – que também foi fiscal do Uipa (União Internacional Protetora dos Animais).
eram fortes. Sem a transfusão os sintomas pioravam”, contou Lenice. No Hospital Modelo de Santo André, por exemplo, cerca de 20 cães recebem transfusão por
10 doadores fixos no banco. Para conseguir maior adesão, a veterinária conversa com o dono do cachorro, além de oferecer serviços como banho e táxi dog gratuitos. Assim como em humanos, a transfusão de sangue entre animais é acionada em casos de doenças - como a do carrapato e tumores, e para hemorragias. Antes de doar, o animal realiza um hemograma para atestar se está apto a realizar o procedimento. Para ser doador, é necessário Katia Correia reunir alguns releva Pepe para quisitos. O animal doar sangue deve ter de 1 a 8 desde que o cão anos, pesar mais fez 1 ano de 20 quilos, estar vermifugado, não ter feito cirurgia recentemente e ser dócil. A transfusão leva de 15 a 20 minutos. O cachorro não precisa ser sedado e o sangue é retirado pela jugular. “O procedimento não é pago, é indolor e não causa reações para o doador”, afirmou a veterinária Débora. No mercado, uma bolsa de sangue com 500 ml custa cerca de R$180 e serve um cachorro de 10 quilos. Para os cães que precisam de sangue, o dono deve desembolsar em média R$380, valor que inclui a bolsa e os serviços do veterinário. mês. “A demanda existe, mas SERVIÇO contrasta com o número baixo Hospital Veterinário Modelo de doadores”, afirmou a veterinária e proprietária do local, - Rua Carijós, 147 Vila Alzira, Santo André - SP Débora Monteiro. Telefone: (11) 4451-2470. g O hospital possui cerca de JOSÉ MAGALHÃES/RRJ
LEGALIZAÇÃO De acordo com a Regulamentação do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária), publicada em 31 de janeiro, todos os veícu-
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los que transportam animais deverão ter os equipamentos obrigatórios e exigidos para atender urgências envolvendo bichos, como cilindro de oxigênio, maca adequada, kit de
Equipamentos como cilindro de oxigênio e kit de primeiros socorros são exigidos pelo órgão federal primeiros socorros e caixa de transporte. O serviço é cobrado. O valor mínimo, segundo o casal, é de R$ 90 para sair com a ambulância. No entanto, o preço da consulta varia de acordo com a necessidade da remoção, quilometragem, translados de um hospital veterinário para o outro, horário de atendimento e medicamentos aplicados. Em caso de animais abandonados ou maltratados pelos donos, para que o atendimento aconteça, é necessário que uma pessoa se responsabilize pelo animal. Mais informações podem ser obtidas nos seguintes telefones: (11) 4365-2312; 99947-5512 e ID 107*15201. g
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CIDADE
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LARISSA PALMER/RRJ
Hospitais-Escola Veterinários oferecem serviços de baixo custo para animais de pequeno, médio e grande portes
Hospital-Escola é opção para cuidar dos animais LARISSA PALMER
q Bichos de estimação são hoje considerados membros da família e recebem atenção e cuidados especiais. A saúde é um dos itens mais importantes que o proprietário deve oferecer ao animal, mas os tratamentos veterinários em clínicas muitas vezes são caros e não atendem a todos os problemas de saúde que um animal possa vir a ter. O ABC concentra dois hospitais escola veterinários de referência. O Hospital-Escola Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo e o Hospital Veterinário Anhanguera Uniban ABC. Ambos são mantidos pelas universidades Metodista e Uniban-Anhanguera e funcionam em conjunto com os cursos de medicina veterinária das instituições. Os hospitais-escola trabalham com valores reduzidos
nas consultas e procedimentos. O valor cobrado é inferior ao praticado nas clínicas veterinárias da região e muitas vezes são solicitados aos proprietários somente para reembolso dos materiais utilizados. “Nós não temos a intenção de fazer nenhum tipo de concorrência desleal com estas clínicas, por isso alguns procedimentos a gente não realiza, como castração, vacinação, limpeza de tártaro”, explicou Tiago Oliveira, coordenador do Hospital Veterinário Anhanguera Uniban ABC, que realiza cerca de 450 atendimentos por mês entre casos novos, retornos e cirurgias. O atendimento, das 8h às 17h, é feito somente com hora marcada pelo telefone. O hospital atende pequenos e grandes animais e espécies silvestres como aves, répteis e mamíferos selvagens. Além do
atendimento clínico e cirúrgico, trabalha também com medicina complementar, oferecendo tratamentos alternativos como florais, homeopatia e acupuntura. Algumas clínicas da região encaminham animais de diagnóstico mais complexo para serem atendidos no hospital devido a sua estrutura, profissionais e especialidades oferecidas. METODISTA Já o hospital da Universidade Metodista de São Paulo, que atende em torno de 400 casos por mês, também trabalha com valores reduzidos das consultas e procedimentos. “Não é o caráter principal do hospital a questão do baixo custo e sim a oportunidade de ter serviços diferenciados e de qualidade. mas, como é um hospital-escola, nos temos valores mais acessíveis de con-
sulta”, falou o coordenador do hospital, Nilton Zanco. Entre as especialidades atendidas pelo hospital estão acupuntura, dermatologia, oncologia e indicações cirúrgicas de tecidos moles ou ortopédicas. O hospital também conta com laboratórios de imagem e análises clínicas além de uma clínica para animais silvestres. O local funciona a partir das 8 horas e o atendimento é realizado por ordem de
chegada. Os proprietários dos animais recebem uma senha e aguardam para preencher uma ficha. “Chegando ao consultório, o médico veterinário vai atender e identificar qual o clínico indicado e começar o tratamento daquele animal. Se o clínico identificar que é algo que deva ser encaminhado para uma das especialidades, ele vai conversar com o proprietário e fazer o encaminhamento”, afirmou Zanco. Ainda segundo o coordenador, alguns casos necessitam a realização de uma série de exames que são pedidos pelo veterinário e feitos dentro do hospital. “O médico adianta o pedido de todos os exames para, quando o animal retornar, ele já chegue com os procedimentos realizados”, falou. A dona de casa Mara Thenório utilizou o Hospital Veterinário da Universidade Metodista quando sua cadela precisou fazer uma cirurgia de emergência e o valor dos procedimentos no veterinário eram acima do esperado. “O médico veterinário foi super atencioso, os atendentes ótimos e o local era limpo e impecável. Fui muito bem orientada sobre todo o processo e os cuidados pós operatórios. O melhor de tudo é que gastamos menos da metade do que seria necessário com outro veterinário”, contou. g
6 SERVIÇO HOSPITAL- ESCOLA VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Valor da consulta: R$50 Atendimento: distribuição de senhas por ordem de chegada Endereço: Av. Dom Jaime de Barros Câmara, 1000 – Planalto – São Bernardo do Campo/SP.
HOSPITAL VETERINÁRIO ANHANGUERA UNIBAN ABC Valor de consulta: R$35 Atendimento: agendamento de consulta pelo telefone (11) 4362-9064 Endereço: Av. Dr. Rudge Ramos, 1.701 São Bernardo do Campo - SP
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SAÚDE
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MARIA PAULA VIEIRA
q A vida moderna tem levado as pessoas a trabalharem cada vez mais e isso tem feito com que os trabalhadores experimentem condições físicas ou mentais relacionadas ao estresse. A doença virou motivo de preocupação para empregadores e médicos, sete entre cada dez trabalhadores brasileiros sofrem de estresse no trabalho, como mostra estudo realizado pela Isma (Associação Internacional do Controle do Estresse) de 2010. O tipo de desgaste a que as pessoas são submetidas, além da pressão por resultados e a cobrança de agilidade, são fatores relevantes para ocasionar aos trabalhadores perigos físicos e psicológicos. “As consequências de um trabalho estressante são o desencadeamento de algum transtorno mental, como por exemplo, a depressão”, explicou a psiquiatra Cintia de Azevedo Marques Périco, coordenadora da Enfermaria de Psiquiatria do Hospital Estadual Mário Covas. Os sintomas psíquicos estão relacionados ao transtorno que a pessoa desenvolve, segundo a psiquiatra. No caso da depressão: tristeza, desânimo, falta de prazer em atividades exercidas, aumento ou diminuição de apetite ou sono, choro fácil e irritabilidade. As mulheres são o grupo mais afetado devido à soma de tarefas como mãe, dona de casa e profissional, gerando uma sobrecarga psíquica e física. “Elas também são mais acometidas por estarem exercendo um papel profissional, historicamente, diferente do que ela exercia”, contou Cintia. De acordo com estudos acadêmicos, algumas atividades estão mais relacionadas ao estresse, como bancários, professores, médicos, operadores de telemarketing e especialistas em TI (Tecnologia da Informação). O profissional da área de TI tem, em geral, uma rotina estressante com análises de dados, programação de códigos, solução de problemas, várias horas em frente ao computador e a necessidade de ser a interface entre o cliente e a empresa. O profissional da área e especialista em relacionamento de dados, Valdir Adorni, é um dos casos que sofre com o problema. “O estresse é constante. A todo o momento a gente
ESTRESSE
no trabalho afeta sete em cada dez
PROFISSIONAIS ARQUIVO PESSOAL
Valdir Adorni (ao lado), profissional de TI há mais de 20 anos, teve problemas com estresse no trabalho
acha que não vai aguentar. Muitas vezes, todos os fatores te levam a não querer mais trabalhar”, comentou ele. Há 20 anos trabalhando na área, Valdir também conta que observa muitos colegas de trabalho utilizando do cigarro ou álcool como válvula de escape para aliviar as tensões. “Atualmente, observamos que os casos de afastamento por estresse, síndrome do pânico e outras doenças relacionadas cresceram muito”, afirmou Antônio Fernandes dos Santos Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo. Neto contou ainda que, geralmente quando o profissional o procura, ele já está em estágio avançado de estresse. “As companhias precisam ficar atentas a isso, pois os sintomas aparecem aos poucos”, falou. “Há casos inclusive de relutância do trabalhador em aceitar afastamento e a empresa precisa fazer a sua parte”. Sintomas como dor de cabeça, musculares, pressão arterial elevada e problemas gastrointestinais também são sinais alertados por especialistas. g 4
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SAÚDE
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Excesso de trabalho causa doença TAMIRES CAMARGO
q As consequências de se sujeitar às pressões diárias da profissão podem ser altamente nocivas à saúde mental. Um exemplo disso é o possível desenvolvimento de uma doença psíquica: a Síndrome de Burnout. O nome da doença vem do inglês “to burn out”, que pode ser traduzido como “queimar-se por inteiro”. E não é chamada assim à toa. Também conhecida como “síndrome de esgotamento profissional”, os portadores de Burnout desenvolvem a doença principalmente por dedicar-se demais às próprias tarefas ou por ter de enfrentar situações tensas diariamente no ambiente profissional, o que resulta em um desgaste tão grande que leva o paciente à completa exaustão física e emocional. O psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Sérgio Baldassin, explica que em geral, os portadores da Síndrome são aqueles que seguem carreiras que lhe obrigam a lidar com pessoas diariamente. É o caso dos professores, médicos e profissionais da saúde. “São profissionais que gostam do que fazem, mas sentem-se desgastados pelo acúmulo de tarefas ou pela
falta de condições ideais para realiza-las”, disse o professor. “A vida produtiva de um enfermeiro da oncopediatria [especialidade que estuda e trata crianças portadoras de câncer], por exemplo, é de 7 anos. Depois disso, ele pode ser recolocado para funções administrativas”. Outros profissionais também são comumente acometidos pela doença, profissionais de TI, controladores de vôo, policiais, operadores de telemarketing, funcionários públicos e até estudantes universitários. “Uma pessoa sem relação com alcoolismo, depressão, anemia e doenças físicas crônicas, e que esteja sujeita a um ambiente tenso de trabalho, pode desenvolver a doença em seis meses”, explicou Baldassin. O psiquiatra Giovani Missio, do Instituto VitalMente, localizada no Bairro Fundação em São Caetano, explicou que as principais diferenças entre a Síndrome de Burnout e um estresse crônico estão nos sintomas. “Um paciente com Síndrome de Burnout, além de apresentar sintomas comuns de depressão como desânimo, baixa autoestima, ansiedade, irritabilidade e pessimismo, apresenta também sintomas físicos como dores de cabeça, dores nas costas, cansaço
Empresas investem em ambientes mais agradáveis RENATA ROCHA
q A questão no estresse no trabalho afeta não só os funcionários. Para cumprir suas metas e garantir a qualidade dos serviços prestados, cada vez mais empresas resolvem investir em ambientes de trabalho menos tensos para seus funcionários. Um trabalho com grande grau de estresse é o de operador de telemarketing, que exige que o trabalhador fique horas em uma mesma posição diante do computador, além de lidar diariamente com pessoas seja para vender, cobrar ou atender. “Trabalhos como o do operador de telemarketing exigem a atenção da empresa com a saú-
de dos funcionários”, explicou Erica Sacramento, supervisora de administração de pessoal da empresa Siscom Teleatendimento e Telesserviço, localizada em São Bernardo. “Oferecemos ao colaborador a ginástica laboral, que proporciona o alívio das tensões do trabalho e a interatividade entre os funcionários, além de ajudar com o alongamento e relaxamento dos músculos, o que previne problemas com esforços repetitivos”. Outra solução para empresas que estipulam metas para seus funcionários são as campanhas internas que, por meio de brincadeiras e premiações, estimulam a competitividade dos funcionários de uma
MARIA PAULA VIEIRA/RRJ
Remédios só podem ser receitados pelos profissionais de psiquiatria para auxílio do doente físico, insônia, aumento na pressão arterial e até queda de cabelo, dentre outros sinais”. Foi o que aconteceu com a professora de Filosofia Maria de Lourdes Gonçalves, moradora do Ipiranga, em São Paulo. Depois de lecionar por 23 anos, Maria de Lourdes começou a apresentar sintomas depressivos, dores de cabeça e nas costas, que evoluíram para uma síndrome do pânico e pioraram o quadro de câncer que já apresentava. “Os professores precisam enfrentar uma jornada de trabalho muito longa e desgastante para garantir um bom salário, fora os problemas do
sistema educacional do Estado que desanimam qualquer um”, explicou Maria de Lourdes, que está afastada da profissão há três anos e faz tratamento com remédios e terapia. A síndrome pode também agravar doenças já diagnosticadas como a depressão, além de dificultar a cura de outros problemas de saúde. Além disso, as consequências da doença podem ser nocivas não apenas para os portadores, mas também para as suas relações com outras pessoas. “A capacidade de vinculação das pessoas que convivem com um portador da doença também RENATA ROCHA/RRJ
cai”, explicou Baldassin. “Já o tratamento da doença depende do quadro do paciente”, contou Missio. “Se for diagnosticada uma doença psiquiátrica, os medicamentos serão utilizados juntamente com a psicoterapia. Se não, a terapia pode ser suficiente, associada também a atividades que proporcionem prazer ao paciente”. No entanto, para o psiquiatra, a psicoterapia e a realização de atividades prazerosas são as melhores formas de evitar qualquer doença. “A psicoterapia pode ajudar todas as pessoas em qualquer ocasião”, contou. g
Teleatendente é um dos trabalhos considerados estressantes maneira mais divertida. “Nós promovemos festas em datas comemorativas para a nossa equipe de funcionários”, disse Juliana Campos, operadora de telecobrança da Siscom. Existem também os que trabalham na rua, que é o caso dos carreteiros, cobradores de ônibus, taxistas e vendedores ambulantes. Para esses profissionais, lidar com o estresse tem de ser de forma pratica e criativa. O taxista Rui Marcelo da Silva, que cumpre jornadas de oito a quatorze horas de trabalho em São Bernardo, procura conversar com os passageiros para relaxar. “Também ouço rádio, que também é uma boa forma de relaxamento”, contou. g
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q Assistências técnicas e lojas de objetos antigos passaram a concentrar um grande número de aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos abandonados por seus donos. Os objetos são levados para o conserto, mas acabam sendo deixados nas lojas. Os tipos mais encontrados nessa situação são televisores, microondas, aparelhos de som, videocassetes e telefones. Segundo Evanir Gonçalves, 35, que trabalha há mais de 5 anos na assistência técnica MaxTec, no Rudge Ramos, muitos clientes levam os objetos à loja para fazer um orçamento, mas percebem que consertá-lo não é vantajoso. “A falta de peças para aparelhos antigos faz com que o preço do conserto fique mais alto e os clientes optem por comprar um aparelho novo, com avanço tecnológico e barato. Assim, deixam os antigos na loja para que descartemos, e eles se acumulam.” Foi o que aconteceu com a nutricionista Márcia Antunes, que mora em São Bernardo. Ela contou que levou seu televisor de tubo para conserto, mas com o valor que gastaria para consertar seu objeto antigo poderia comprar um novo, melhor e de tela plana. “Preferi comprar um novo não só pelo preço, mas por ele ser mais bonito, moderno e atualizado, e deixei o meu para reciclagem.” Os objetos mais antigos são conhecidos por durarem mais, exigirem menos conserto, serem menos descartáveis e muitas vezes mais eficientes. Mas a partir da década de 50, a sociedade passou por uma mudança no modo de consumo. Os eletroeletrônicos e eletrodomésticos que antigamente duravam gerações de uma família, passaram a ter um período de durabilidade menor, tornando-se menos resistentes, o que fez com que as pessoas se desfizessem mais rapidamente de seus aparelhos. Televisores, microondas, celulares, câmeras fotográficas, telefones, vídeo cassete, aspiradores de pó, aparelhos de som, todos esses objetos evoluíram muito com
CULTURA
Lojas de conserto viram museu de eletroeletrônicos CHRISTIANE OLIVEIRA /RRJ
o passar do tempo. Mas, apesar de serem mais tecnológicos, são mais frágeis e feitos para durar menos e serem mais baratos. Esse fato pode ser chamado de Obsolescência Programada, que é um fenômeno industrial que reduz propositalmente o tempo de vida útil dos objetos para que as pessoas comprem um novo em um menor período de tempo (leia texto na página seguinte). O colecionador de câmeras e relógios de pulso Leonardo Di Lazzaro, 21, que também conserta e vende esses objetos, disse ter percebido essa mudança. “Eu tenho câmera de 1927, [da marca] Mithra, que o parafuso nunca foi mexido e a câmera funciona perfeitamente. A partir da década de 70 as câmeras ficaram mais frágeis, e isso também aconteceu com os relógios, que eram feitos pra durar a vida inteira.” E é pela alta durabili-
Objetos ficam empilhados no interior das lojas enquanto não são levados para a reciclagem
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dade, pela qualidade, por serem diferentes e pelo valor sentimental que ainda há quem goste de seus objetos antigos e não abra mão deles. Como acontece com Maurício Dionizio, 50, de Santo André. O diretor-executivo tem um toca-discos que é herança de família. “O aparelho tem mais de 30 anos funciona normalmente e nunca foi levado ao conserto.” Dionizio costuma usar muito o aparelho e faz questão de tê-lo em casa. “Faço coleção de LPs e não pretendo me desfazer deles, nem do toca discos, principalmente por ter ganhado do meu pai.” Mauro Romero, 49, funcionário da Eletropaulo, também possui um toca-discos e um rádio da década de 80 que são herança do pai. “Tem um valor sentimental, por ser do meu pai, mas eu acho que a qualidade é bem melhor. Para mim, o vinil tem mais vida, o som não é tão perfeito, mas é diferente.” Porém Romero deve ser uma espécie de exceção à regra. De acordo com José Américo Barroso, 54, proprietário da assistência técnica B2, em São Bernardo, as pessoas não se apegam mais a valores sentimentais como antigamente. “Os objetos tornaram-se muito descartáveis. Um eletroeletrônico não é mais considerado herança de família.”g 4 FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Câmera Mithra, de 1927, do colecionador Leonardo Di Lazzaro e outras câmeras raras
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CULTURA
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Descarte incorreto afeta o meio ambiente
ARTHUR MORENO
q “Quando meu celular fica velho, eu o deixo guardado na gaveta.” A atitude de Adriana Lima, 32, supervisora de operações, deve ser comum. O descarte correto do lixo eletrônico e seu destino final ainda são poucos divulgados. E, quando esse descarte é feito de maneira incorreta, os malefícios à saúde e, principalmente, ao meio ambiente, podem ser graves. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é o país emergente que mais produz lixo eletrônico por pessoa: cerca de meio quilo por ano. Atualmente, 99 milhões de computadores e mais de 254 milhões de celulares já estão em solo nacional. Essa quantidade deixa os ambientalistas em alerta. “Ainda não existe uma logística reversa do transporte desse tipo de lixo e, se isso não se implementar em curto tempo, a coisa vai ficar feia”, disse Dácio Roberto, professor de engenharia ambiental da UFABC (Universidade Federal do ABC). O que preocupa Dácio é o fato de todos os materiais eletrônicos conterem produtos químicos, como chumbo, lítio, cobre, cádmio, que, quando descartados de maneira errada,
podem interferir em diversos fatores. “Os metais são extremamente tóxicos e isso interfere na água, no solo e na flora. Além disso, esses metais são cancerígenos, o que acaba trazendo graves problemas de saúde pública”, disse Roberto. “Pilhas, componentes eletrônicos e outros tipos mais específicos de material não tinham uma política, um interesse comercial de reaproveitamento dos produtores. Só que atualmente as empresas já perceberam que algumas peças podem ser reaproveitadas, reparadas e comercializadas novamente”, falou Durval dos Santos, 51, professor de reciclagem e meio ambiente. No ano de 2010 foi aprovado o projeto de lei 12.305, chamado Plano de Resíduos Sólidos, que obriga todos os produtores a fazer um trabalho de coleta de seus materiais, quando estes não são mais utilizados. PONTOS DE ENTREGA “Eu não sei onde descartar. Quando um objeto aqui da minha casa fica velho, eu guardo
Objetos são projetados para durar menos CHRISTIANE OLIVEIRA
q Você já deve ter ouvido de seus pais, tios ou avós: “Nossa, essa geladeira tem mais de 20 anos. Nós compramos quando casamos.” Ou talvez tenha um objeto em casa mais velho do que você. Isso porque houve uma época em que eletrodomésticos e eletroeletrônicos eram projetados para durar mais. Mas essa realidade mudou. Atualmente, o tempo de uso, ou de durabilidade de um equipamento é ínfi-
mo. É a chamada obsolescência programada. Tanto que há um documentário sobre o tema e com esse nome, além de outros similares, no Youtube, que, somados, ultrapassam 780 mil visualizações. Um deles mostra que, na crise de 1929, os fabricantes começaram a diminuir a vida útil dos objetos para aumentar o consumo e gerar mais emprego. Para o pesquisador do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), João Paulo Amaral, esse modo de produção se consolidou e prevalece até
FOTOS: CHRISTIANE OLIVEIRA/RRJ
Uma alternativa é realizar o descarte desses materiais em postos de coletas próximos a bancos
no armário. Melhor do que jogar no rio”, disse a dona de casa Matilde Macedo, 44. Mas em algumas cidades já existem pontos específicos para receber os materiais recicláveis. No ABC, 38 pontos recebem materiais para reciclagem. Santo André lidera a
lista com 16, Mauá tem 11, Diadema, 8 e São Bernardo, 3 pontos. A reportagem visitou dois pontos em São Bernardo. Um deles, no Centro, encontrava-se fechado. O outro ponto fica no bairro dos Casa. A movimentação no local é intensa. Em um período de 25
minutos, foram contados mais de 30 automóveis entrando no local e seus motoristas despejando os materiais, que desde entulhos de construção a folhas de jornal. A prefeitura foi procurada para falar do ecoponto fechado, mas não se pronunciou. g
os dias de hoje. “Os aparelhos, inclusive os eletrodomésticos e celulares, estão quebrando cada vez mais rápido.” O exemplo mais claro no vídeo é o caso de uma lâmpada que virou atração turística dentro do Corpo de Bombeiros da Califórnia. Motivo: a lâmpada estava completando cem anos de vida, e funcionando. Além disso, as empresas tornam o conserto do objeto mais caro. “As assistências técnicas autorizadas, principalmente, colocam um valor superfaturado sobre as peças e, quando a pessoa vai pesquisar, chega à conclusão de que vale mais a pena comprar um produto novo”, disse o pesquisador. Mas a professora do ensino fundamental Mirian Paulo,
51, não pensa assim. Ela tem um videocassete em casa há 24 anos e disse que não se desfaz do aparelho. “Eu tenho esse videocassete desde que eu casei e consigo assistir aos aniversários e formaturas da minha filha.” Mesmo quando o aparelho apresentou um problema, por uma única vez, Mirian não quis se desfazer dele. “Levei-o para consertar em uma loja que estou acostumada. O reparo não saiu caro. Para mim, compensou consertá-lo”, disse a professora. Já a pedagoga Regina Assis, 48, tem uma geladeira em casa que já completou meio século. “Não penso em trocá-la. Ela está funcionando tão bem ou até melhor do que uma nova”,
contou Regina. “A única coisa que eu quero fazer, é pintá-la porque, depois de 50 anos, começaram a aparecer alguns pontos de ferrugem.” Segundo Amaral, do Idec, o primeiro exemplo da obsolescência programada no Brasil foi registrado em outubro do ano passado. “O caso foi de um agricultor que comprou um trator. Depois de mais ou menos dois anos de uso, o veículo parou de funcionar. Esse caso foi investigado pelo STJ [Superior Tribunal de Justiça], que descobriu outros tratores da mesma marca e modelo apresentando os mesmos problemas. O STJ definiu que o prazo mínimo de vida útil do produto era de 10 a 12 anos”, explicou Amaral. g
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CULTURA
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6 ROTEIRO RAPHAEL ANDRADE E GABRIELA BRITO
q TEATRO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
APRESENTAÇÕES
CHORO, CHORINHOS, CHORÕES O conjunto musical Retratos se apresenta no Parque Santa Maria tocando diversos clássicos da música instrumental brasileira, relembrando grandes mestres como Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Benedito Lacerda, Waldir Azevedo, entre outros. O Conjunto Retratos é formado por Paulo Gilberto (Flauta), César Ricardo (Violão 7 cordas), Alex Mendes (Bandolim), Fernando Henrique (Cavaquinho) e Donizete Fernandes (Pandeiro). Domingo (28), às 11h. Livre. Parque Santa Maria – Rua General Humberto de Alencar Castelo Branco, 501 – Santa Maria – São Caetano. Grátis. INFANTIL
Jacques de Molay – O fim da ordem do tempo O diretor e ator John Vaz apresenta a peça ”Jacques de Molay – O fim da ordem do tempo”, que traz a história da Ordem dos Templários, protagonistas das Cruzadas, desde o início até o seu fim. Sábado (27), às 20h. Não recomendado para menores de 7 anos. Teatro Paulo Machado de Carvalho – Alameda Conde de Porto Alegre, 840. Santa Maria – São Caetano. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais).
Os Três Porquinhos
O PICADEIRO AÉREO
O autor Roberto Martins reconta com muito humor a clássica história dos três irmãos porquinhos que tentam escapar das garras de um lobo faminto. Sexta-feira (26), às 9h30 e às 14h30. Biblioteca Pública Municipal Manuel Bandeira - Rua Bauru, 21, Baeta Neves - São Bernardo. Grátis.
Com a direção artística de José Wilson Moura Leite, o espetáculo conta ao público a chegada dos circenses no Brasil e sua trajetória no país. A apresentação faz uso de um caminhão de 14 metros de altura e 22 metros de comprimento especialmente equipado para abrigar artistas circenses que se apresentam com manobras acrobáticas ao lado de efeitos de luz. Domingo (28), às 19h. Livre. Parque Chico Mendes – Avenida Fernando Simonsen, 566 – Bairro São José – São Caetano. Grátis.
Pinóquio A Cia Realce apresenta a versão deles da história que dá vida a um boneco de madeira, esculpido pelo bondoso Gepeto. Quinta-feira (25), às 15h30 e às 20h Teatro Elis Regina - Av. João Firmino, 900, Bairro Assunção - São Bernardo. Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais) Encenado pela Companhia.
NOIVAS.COM A Companhia Literarte apresenta a comédia “Noivas.com”, que conta a história de quatro noivas, todas interpretadas pelo ator Fernando Silveira, que encontram suas almas gêmeas no site NOIVAS. COM. A trama foca nos encontros, desencontros e desilusões que as pessoas enfrentam na vida virtual. A peça conta com o acompanhamento musical de Gesiel de Oliveira. Sexta (26), às 21h. Sábado (27), às 21h. Não recomendado para menores de 14 anos. Teatro Santos Dumont – Av. Goiás, 1111 – Centro São Caetano. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).
FÁBRICA DE BRINQUEDOS LaMala, o espetáculo circense conta a história de Encantado, um fabricante de brinquedos que apresenta sua nova criação, uma boneca capaz de surpreender até mesmo seu próprio criador. O show dirigido por Marcelo Lujan apresenta manobras acrobáticas que prometem prender a atenção do público. Sábado (27), às 16h. Livre. Teatro Santos Dumont – Av. Goiás, 1111 – Centro - São
O Coelho e a Tartaruga A história mostra um arrogante coelho que, duvidando da capacidade de uma bondosa tartaruga, tenta ganhar dez moedas em uma disputa para ver quem chega primeiro em uma corrida. Entre humilhações e zombarias, o coelho acaba caindo em uma armadilha e o final da história acaba sendo totalmente diferente do que ele imaginou. Sexta-feira (26), às 20h. Recomendação etária: 2 anos. Teatro Elis Regina - Av. João Firmino, 900, Bairro Assunção - São Bernardo. Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada para estudantes e pessoas com 60 anos ou mais) CINEMA Sociedade dos Poetas Mortos Um ex-aluno de uma tradicional escola preparatória americana retorna ao local como professor de literatura. Com ideias que encorajam os alunos a pensarem por si mesmos, entrará em conflito com a direção da escola e mudará a vida dos jovens com quem conviverá. Direção: Peter Weir; EUA (1989) 128 min. Sábado (27), às 14h Recomendação etária: 12 anos. Cineclube Biblioteca Monteiro Lobato - Rua Jurubatuba, 1415, Centro – São Bernardo. Grátis. SHOW Música no Parque Salvador Arena
Caetano. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).
Neste mês a atração no parque de São Bernardo traz ícones do movimento hip-hop para animar o final de semana dos moradores do ABC. A principal atração é o grupo “Tribunal Popular”, um dos primeiros da região. Domingo (28), a partir das 15h. Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena - Av. Caminho do Mar, 2980, Rudge Ramos - São Bernardo. g
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ESPORTES
De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013
Metodista/São Bernardo enfrenta nesta sexta time do São Caetano MARISTELA CARETTA/RRJ
CAIO DOS REIS
q Depois de estrear com vitória, o time masculino de handebol da Metodista/São Bernardo volta à quadra nesta sexta (26), às 16h30, contra o São Caetano, no Ginásio Poliesportivo Marlene José Bento, em São Caetano. O jogo é válido pela 2ª rodada do Super Paulistão 2013. A estreia do time foi com vitória por 35 a 20 frente ao Fadenp/São José dos Campos, no Ginásio do Baetão, em São Bernardo. O artilheiro do jogo, com oito gols, foi Guilherme Valadão, armador esquerdo da Metodista. O técnico José Ronaldo, o SB, considerou o resultado bom. “Foi o primeiro jogo do ano, e o mais importante foi conseguirmos manter o equilíbrio entre ataque e defesa. Vamos manter o trabalho para os próximos jogos”, disse. O São Caetano estreou
EQUIPE FEMININA q A equipe feminina também estreou no último
sábado e venceu. Jogando contra o Fadenp/ São José dos Campos, no Ginásio do Baetão, a vitória foi por 28 a 19. Destaque para a goleira Caroline Martins e a ponta esquerda Célia Costa, da Metodista/São Bernardo. A goleira defendeu dois tiros de 7 metros e a ponta foi artilheira do jogo, com 10 gols. O próximo jogo da equipe é no dia 4 de maio, contra o Americana, no Ginásio do Baetão. A partida será válida pela segunda rodada da competição e acontece às 16h.
com derrota na competição. Jogando contra o TCC/Unitau/ Fecomércio/Tarumã/Taubaté, o time do ABC perdeu por 30 a 17, em casa. SERVIÇO São Caetano x Metodista/
Ginasta medalha de ouro fica no Brasil, afirma treinador q O treinador Marcos Goto confirmou que o ginasta Arthur Zanetti, campeão olímpico em Londres, não deixará o Brasil, e continuará a treinar na SERC Santa Maria, em São Caetano. Após as notícias veiculadas sobre a possível saída do atleta, cerca de 30 novos equipamentos foram adquiridos pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), oito aparelhos de musculação e 22 de ginástica. Todos já chegaram na sede onde o ginasta treina. O treinador afirmou que Zanetti só sairia com seu aval. “O Arthur jamais sairia do país sem me consultar
antes. Temos um compromisso aqui, não adianta eu e ele sairmos e abandonar tudo o que nós construímos”. Para o treinador, as condições e a realidade do esporte olímpico brasileiro estão longe das ideais, mas estão mudando. “O ginásio onde nós treinamos está entre os três melhores do Brasil. O do Minas é o melhor. Mesmo assim, está distante do ideal. Há um centro de excelência a ser construído, provavelmente ficará pronto no ano que vem, com nível europeu”, disse Goto. Para o técnico VINÍCIUS REQUENA/RRJ
VINÍCIUS REQUENA
PAULA MAIQUEZ/RRJ
São Bernardo Dia: Sexta-feira (26) Local: Ginásio Poliesportivo Marlene José Bento Endereço: Rua Tibagi, 10 – Santa Maria – São Caetano do Sul Horário: 16h30. g
Equipes estreiam com vitória no Super Paulistão 2013
SERVIÇO Metodista x Americana Dia: Sábado (4/5) Local: Ginásio Baetão Endereço: Rua Armando Ítalo Setti, s/nº– Baeta Neves - SBC Horário: 16h. g
AÉCIO VIEIRA/RRJ
Zanetti e Goto (no destaque) continuam os treinamentos no Serc Santa Maria, em São Caetano está longe para o Brasil ficar entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas em Olímpiada. “Um país grande como o Brasil, que não possui uma estrutura adequada para todos os esportes, tem um número alto de medalhas mesmo com essas condições. Isso é lamentável, pois temos potencial para conseguir mais”.
Ao falar das declarações de Arthur na mídia sobre a possibilidade de competir por outro país, o técnico afirmou que isso é um alerta para o esporte olímpico. “Nós queremos uma estrutura melhor para que os atletas e os treinadores tenham condições de trabalhar. Claro que se um atleta de 20 anos tem a oportunidade de sair, e aqui ele não é valorizado, deve sair”. g
16 - Rudge Ramos Jornal
De 26 de Abril a 9 de Maio de 2013