16 a 28 . fevereiro de 2014 . ANO I . Número 24 . Distribuição gratuita
URBHANO
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BELVEDERE
Fotos: Cinthya Pernes
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
ao som do jazz o belvedere apresenta uma ótima opção para quem gosta de sair à noite e curtir música boa
local A falta de iluminação da Lagoa Seca preocupa e gera sensação de insegurança nos moradores do Belvedere pág. 3
gastronomia Instigando o imaginário através de diferentes cores e sabores, Os Cupcakes se tornaram símbolo da cultura pop pág. 7
entrevista Luiz Otávio Pôssas possui um dom inegável para os negócios e conta sobre a sua paixão pelo trabalho e pela natureza pág. 10
cidade
extinção da verba indenizatória morador do Belvedere dá exemplo de transparência e retidão na gestão pública, abrindo mão da utilização da verba desde o primeiro dia de seu mandato pág. 05
moda começou a temporada de desfiles das coleções de inverno 14/15. veja as tendências na coluna de moda de isadora vargas pág. 12
anuncie no único canal direto com o belvedere. 31 2516.1801 comercial@urbhano.com.br
opinião frasesURBHANAS
Foto: arquivo pessoal
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URBHANO BELVEDERE Belo Horizonte, 16 a 28 de fevereiro de 2014
Tom Coelho (*)
Custo, tempo e qualidade
O ano de 2013 bateu o recorde de campanhas de recall de veículos no Brasil. Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor foram 109 chamados, contra 67 registrados em 2012, 76 em 2011 e 78 em 2010. A tendência de alta é justificável, devido ao aumento do número de produtos, volume de vendas e complexidade dos veículos, demonstrando também maior maturidade do setor em atender às exigências do Código de Defesa do Consumidor que impõe a necessidade de recall em caso de risco à segurança ou à saúde do usuário. Portanto, ruim seria a ausência desta iniciativa. Contudo, este fenômeno pode ser explicado a partir de um aspecto da gestão corporativa que denomino de tripé custotempo-qualidade. Na busca pela competitividade, um fator primordial na atual conjuntura é a redução de custos, a racionalização dos investimentos e o combate aos desperdícios. Lemann, Sicupira e Teles compraram o Burger King em 2010 e dois anos depois elevaram os lucros da rede em 150%, mesmo com uma redução de 42,5% nas receitas, apenas enxugando custos. Na indústria automobilística dá-se o mesmo. Em 1987 tínhamos no Brasil apenas três montadoras: Chevrolet, Fiat e Autolatina (joint venture entre a Ford e a Volkswagen). Atualmente temos 49 marcas no país e mais de 350 modelos de veículos, o que pressiona cada player a proporcionar aos clientes melhores preços, demandando redução de custos. O segundo fator é dado pelo tempo. A velocidade das mudanças, a celeridade dos processos, a ansiedade das pessoas propulsionada pela comunicação interativa, exigem respostas rápidas. Refeições em fast food, decisões fast track, relacionamentos fast love. Assim, veículos que eram desenvolvidos em dois anos ou mais, agora precisam ser levados ao mercado em questão de poucos meses. Ocorre que a produção de um modelo envolve a junção de mais de 20.000 peças, a maior parte fornecida por empresas parceiras, de modo que nem todos os testes devidos são realizados. Diante deste contexto, o último aspecto que acaba sendo não negligenciado, mas comprometido, é a qualidade. Toda a pressão por redução de custos, por abertura de novas fábricas, por lançamento de novos produtos, impossibilita o treinamento adequado dos profissionais e o monitoramento de processos. Por isso, não importa qual sua atividade e porte de empresa. Reduza custos, tenha celeridade em suas ações, mas esteja atento com a qualidade de seus produtos e serviços. Caso contrário, o preço poderá ser a credibilidade de sua marca e a perda de confiança do consumidor. Tom Coelho Educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br | www.tomcoelho.com (*)
Foto: Revista Gloss/divulgação
Às vezes tenho a sensação que jogamos fora de casa. a conexão tem que ser positiva. Daniel Alves desabafou contra a torcida do Barcelona na derrota em casa para o Valencia
A provação vem, não só para testar nosso valor, mas para aumentá-lo; o carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades. Ísis Valverde, no Instagram, sobre seu acidente de carro, no qual fraturou a cervical
Espero que estes rapazes que fazem isso pensem na mãe, na família, que a familia é tão importante. Meu marido está indo embora, pode ser outros, pode ter outra familia que pode ser destruída com isso, que façam coisa pacífica, porque só sendo pacífica a gente consegue as coisas. Não adianta esta violência, não leva a nada. Arlita Andrade, mulher do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, horas antes de saber de sua morte cerebral
Ninguém merece ser tímida depois de velha. Renata Vasconcellos, apresentadora do Fantástico
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URBHANO BELVEDERE é uma publicação da Editora URBHANA Ltda. CNPJ 17.403.672/0001-40 Insc. Municipal 474573/001-1 Impressão: Bigráfica Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição gratuita - quinzenal
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Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Tatiane Consuelo e Renata Diniz
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local
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Praça às escuras Fotos: Cinthya Pernes
Iluminação | Moradores do Belvedere reclamam da falta de iluminação na Praça Lagoa Seca
Moradores que gostam de passear pela Praça Lagoa Seca reclamam da pouca iluminação e falta de segurança
Praça Lagoa Seca considerada uma das mais elitizadas da cidade precisa de melhorias
Cansados do descaso com a Lagoa Seca, localizada no Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, os moradores reclamam da falta de iluminação no local e pedem por uma solução. A Lagoa Seca, que é utilizada para passear e para a prática de esportes, também é considerada um dos locais mais elitizados e bonitos da cidade. A reportagem do jornal esteve no local e percebeu que apesar da grande movimentação de carros e pessoas, o local necessita de melhorias e maior claridade para oferecer segurança. Em alguns pontos os postes são insuficientes para iluminar toda a extensão, e em outros existem lâmpadas danificadas, deixando o entorno na escuridão. O casal Rogério Moura, 59, aposentado, e Rosilaine Oliveira, 44, administradora de empresas, fazia exercícios e conta como é o dia a dia na Lagoa Seca. “Sempre viemos para caminhar e não ficamos com receio, mas a área não é bem aproveitada. Poderia ter um parque, uma caminhada ecológica dentro dela, para interagir mais as crianças com a natureza, colocar alguns brinquedos. Despoluir a água que fica dentro dela também, pois tem um esgoto que fede muito”. Além disso, eles contam que o lugar já foi alvo de criminalidade. “Já presenciei, à luz do dia, um ciclista tentando furtar a bolsa de uma senhora. O local é bem frequentado e, às vezes, a polícia vem também. Além disso, as luzes apagam muito cedo, geralmente por voltas das 21h. As pessoas poderiam aproveitar o espaço até mais tarde, pois muitos trabalham o dia todo e é apenas à noite que temos tempo para vir”, relata. A iluminação na Lagoa Seca é mantida pela Associação dos Amigos do Bairro Belvedere e segundo os próprios moradores o desligamento muito cedo da iluminação ocorre por questões financeiras. Já que a Lagoa Seca não é propriedade da prefeitura, e sim uma propriedade privada. Kátia Silveira Bitencour, empresária, moradora do bairro há 8 anos, conta que
tem o costume de ir ao local durante à noite e concorda que ela é mal iluminada. “Sempre venho para caminhar e passo por aqui também durante o dia. Acho que deveria ter uma iluminação dentro dela, não apenas em volta, pois ela está ficando perigosa
Sempre venho para caminhar e passo por aqui também durante o dia. Acho que deveria ter uma iluminação dentro dela, não apenas em volta, pois ela está ficando perigosa ultimamente. Já aconteceu roubo de carro, pessoas levando bolsa, dinheiro. Pelo movimento que tem ela está muito escura ultimamente. Já aconteceu roubo de carro, pessoas levando bolsa, dinheiro. Pelo movimento que tem ela está muito escura”, lamenta a moradora. Há 12 anos morando no bairro, Antônio Apareci-
do Alves, 46, comerciante, faz caminhada frequentemente no entorno da Lagoa. “Acho que daria mais segurança se ela fosse mais iluminada aqui dentro. Vejo que as pessoas param de caminhar muito cedo e se tivesse mais iluminação ficariam até mais tarde. Poderia fazer um jardim melhor e talvez apagar as luzes mais tarde, porque dentro dela já é escuro e fácil para algum malandro se esconder”, conta o comerciante. O casal Marcos Augusto de Gouvêa, 67, advogado, e Beatriz de Oliveira Gouvêa, 60, professora aposentada, mora próximo à Lagoa Seca e também questiona a falta de iluminação. “A gente caminha mais pelas ruas, porque moramos numa rua tranquila, boa para caminhar, mas ao anoitecer caminhamos pelo local, porque tem mais pessoas. Porém, têm algumas falhas, como a iluminação, as lâmpadas apagadas. Aqui dentro poderia ter alguns postes bem altos com uma boa iluminação, ficaria bonito à noite”, comenta o casal que ainda reclama do esgoto a céu aberto. Além da Lagoa Seca, algumas praças da região Centro-Sul também passam pelo mesmo problema, como é o caso das praças Rui Barbosa, Liberdade e da Assembleia, onde algumas lâmpadas estão danificadas. Já a Praça do Papa possui diversos pontos escuros e até sem postes de iluminação, deixando os frequentadores assustados e inseguros. Mas o caso destes locais difere do caso da Lagoa Seca, pois são praças públicas e mantidas e administradas pela prefeitura. A Cemig informa que qualquer problema na rede de iluminação deve ser comunicado pelo número 116, que funciona 24 horas. Além disso, solicitações de expansão da rede elétrica podem ser feitos pelo 156 da prefeitura. A segurança nas praças é reforçada tanto pela Polícia Militar (PM) quanto pela Guarda Municipal. O trabalho de vistoria é realizado à noite, a atenção maior é dada em quase todas as praças da região Centro-Sul, quando viaturas realizam a ronda. n
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cidade
Expectativas de mudanças
Mobilidade | O funcionamento do Move (BRT) da Av. Cristiano Machado foi adiado para 8 de março
Usuários do transporte público não criam boas expectativas com o Move
redores teremos dois tipos de usuários de transporte público, aqueles que vão usar o Move, porque suas vias foram transferidas para o corredor, e aqueles que vão continuar usando as pistas de tráfego, porque não cabem todos no Move. Então o problema fundamentalmente é esse”, explica o especialista. A cobradora de ônibus e também usuária, Lúcia Helena Ferreira dos Santos, 54, não tem boas expectativas. “Não estou vendo perspectivas para o novo transporte e nem acreditando que aqui na Cristiano Machado ficará pronto até o dia previsto, está tudo muito bagunçado. Acredito que o trânsito não irá melhorar. Na verdade, tem mais carros do que os próprios ônibus, o que atrapalha o trânsito não são os ônibus, mas os carros”, lamenta a cobradora que diz que será uma das usuárias do Move. Enquanto não houver uso significativo do transporte público na capital, Ronaldo acredita que será complicado haver mudanças que tragam bons resultados. “O trânsito vai piorar porque a frota de carro está crescendo, muitas pessoas não vão deixar de usar o carro para usar o Move. Ele é o primeiro passo para uma mudança na capital. O problema é que as coisas aqui são muito lentas. Com relação ao tráfego eu não sou otimista, acho que a situação vai piorar, porque os investimentos em transporte público que estão sendo feitos são insuficientes diante do aumento da demanda de automóveis. As vias na Cristiano Machado alargaram devido ao Move, mas a situação ainda é a mesma, e isso está aumentando numa velocidade maior que a demanda. A tendência, infelizmente, é piorar, enquanto não for implementada uma rede de metrô”, completa o especialista que acredita que o Move é um transporte intermediário. n
Fotos: Cinthya Pernes
Trânsito, multidão, calor, stress, lentidão, muitos carros e ainda obras por toda a cidade. Não há um só dia em que as pessoas que necessitam do transporte coletivo deixem de reclamar das complicações do tráfego na capital. Os passageiros e motoristas, que são os principais prejudicados, esperam por uma melhoria. Nos últimos meses, devido à implantação do Move, muitas obras estão sendo feitas; alguns locais de paradas de ônibus e o itinerário das linhas de transporte coletivo sofreram alterações, acarretando grandes transtornos. Para a construção do Move foram feitas interdições em importantes vias de Belo Horizonte, como as avenidas Santos Dumont e Paraná. Além disso, nas avenidas Cristiano Machado, Antônio Carlos, Vilarinho e Pedro I, locais em que o Move irá operar, foram feitas diversas alterações, complicando ainda mais a vida das pessoas. Era previsto para começar a circular no dia 15 de fevereiro, na Avenida Cristiano Machado, mas um comunicado da prefeitura adiou a data para dia 8 de março. Para o engenheiro civil, urbanista, especialista em transporte urbano e professor da UFMG, Ronaldo Guimarães Gouvêa, esse coletivo pode ser um progresso para o transporte na capital. “O Move representa de um lado o avanço em termos de qualidade de transporte, é um sistema mais eficiente que o sistema de ônibus convencional, apresenta mais capacidade e oferece mais conforto. Então, inegavelmente, os usuários de transporte de BH que forem usuários do Move vão se beneficiar”, analisa. Gilson Queiroz, 29, agente de bordo, que sempre utiliza a Avenida Cristiano Machado para ir ao trabalho não espera grandes melhorias com a implantação. “Acredito que pelo menos a locomoção vai ser melhor, mas ainda tenho algumas dúvidas em questão de capacidade, se ele vai atender a demanda. O trânsito vai continuar da mesma forma, não irá influenciar em nada, pois quem tem o carro não vai deixar de usar”, lamenta. O Move possui algumas características semelhantes ao metrô e traz um grande benefício, pois irá circular em pistas ou faixas exclusivas sem disputar espaço com outros veículos. Possui ainda uma capacidade de transporte de passageiros maior que a dos ônibus convencionais. Além disso, a cobrança da tarifa antecipada vai agilizar o embarque e os ônibus passarão em intervalos reduzidos. Nas estações serão implementados painéis eletrônicos informando sobre a chegada dos próximos ônibus. Para oferecer mais conforto aos usuários ele possui ar condicionado. Mesmo com esses benefícios o especialista Ronaldo prevê alguns problemas. “A PBH fez uma opção pelo Move, indiscriminadamente, ou seja, o plano de expansão do Move contempla um grupo enorme de corredores, que a demanda efetiva, na maioria dos casos, é compatível com o volume e a capacidade. O problema é que essa linha inicial não será dessa forma, a demanda de transporte será superior à capacidade do Move. Na Cristiano Machado, a demanda hoje é compatível com o sistema de metrô, que tem maior capacidade. Mas nesses cor-
Motoristas e passageiros esperam por melhorias no trânsito da capital
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cidade
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A briga pela verba
Polêmica | MORADOR DO BELVEDERE DÁ O EXEMPLO E ABRE MÃO DA UTILIZAÇÃO DA VERBA INDENIZATÓRIA
O vereador Marcelo Aro abriu mão da verba indenizatória desde que assumiu o mandato e já economizou aos cofres públicos mais de 200 mil reais
Foto: Cinthya Pernes
vereador
Na segunda-feira (3), o presidente da Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, Léo Burguês, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o fim da utilização da verba indenizatória. O recurso, que é destinado ao pagamento de despesas com o mandato (tais como material de papelaria, aluguel de computadores, etc), é utilizado atualmente na modalidade de reembolso. Ou seja, o parlamentar contrata os serviços, paga as despesas e apresenta um comprovante para a Câmara, solicitando o ressarcimento dos valores. Cada vereador pode utilizar até 15 mil reais por mês, desde que os gastos atendam aos critérios previamente estabelecidos pela casa, conforme um rol de 19 itens. O grande problema é que a utilização da verba, na modalidade reembolso, dificulta a fiscalização por parte dos órgãos públicos, que ficam impedidos de acompanhar a efetiva contratação e prestação dos serviços. Além disso, não há qualquer processo que possibilite a participação de várias empresas, permitindo ao setor público a compra segura pelo menor preço de mercado. O atual modelo ainda dá margens para aquisições vultuosas, que nem sempre são sinônimo de qualidade ou eficiência. Diante dessa realidade, a Mesa Diretora da Câmara decidiu regulamentar a matéria, extinguindo o atual modelo de verba indenizatória. Contudo, o fato gerou divergência entre os vereadores, ocasionando bate-bocas e discussões. Enquanto alguns parlamentares são contrários à extinção da verba, outros afirmam que a medida está sendo adotada tardiamente. Há ainda o grupo daqueles que afirmam ser necessário um debate mais profundo da matéria. Por causa disso, a direção da Casa decidiu designar uma comissão para avaliar o projeto proposto, com poderes para sugerir alterações no texto atual. Este grupo deverá fixar um prazo para apresentação do relatório final, apontando eventuais modificações ao projeto. A frente parlamentar será composta pelos vereadores Wellington Magalhães, Leonardo Mattos, Autair Gomes, Jorge Santos, Professor Wendel, Ronaldo Gontijo e Silvinho Rezende. Na última legislatura (2009-2012), a utilização da
verba fez com que os 41 vereadores de Belo Horizonte respondessem a processo de improbidade administrativa ajuizado pelo Ministério Público de Minas Gerais. Alguns desses vereadores, que deixaram a câmara para assumir cadeiras na Assembleia Legislativa, ainda respondem ao processo, e podem ser condenados pela prática de crime contra o erário público, que os tornaria incapazes para exercer qualquer cargo ou função pública. Fato curioso é a posição dos novos parlamentares, que ocupam as duas pontas da tabela. Enquanto alguns gastaram o valor máximo permitido (R$ 180.000,00), um dos novatos, Marcelo Aro, poupou cada centavo que lhe foi destinado. O vereador, que é morador do Bairro Belvedere, optou por abrir mão de 100% da verba desde o primeiro dia de seu mandato, e vem buscando a extinção do recurso no modelo atual. De acordo com Aro, a utilização da verba não obedece aos critérios exigidos pela Lei das Licitações (8.666/93), e pode configurar má gestão do dinheiro público. Por isso, o parlamentar já havia proposto à mesa a elaboração de um projeto de lei, em ofício enviado em março de 2013. O vereador, que representa a região centro-sul, defende que a quantidade, os produtos e os serviços a serem utilizados nos gabinetes sejam todos licitados. Aro deseja que as compras sejam efetuadas diretamente pela casa legislativa e que os serviços e produtos sejam posteriormente disponibilizados aos parlamentares. No entendimento do vereador, além de gerar maior transparência na gestão do dinheiro público, a atitude fomentaria o mercado privado, possibilitando a aquisição de produtos em maior quantidade e menor preço, e ainda permitindo uma concorrência mais clara e acessível para as empresas que desejassem vender para a Câmara. “Hoje a forma que essa verba é usada não é ética, não é moral. Ela facilita a corrupção. Precisamos de maior transparência no uso do dinheiro público”, afirmou Aro. A atitude do parlamentar já proporcionou uma economia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)
total utilizado em R$
Jorge Santos*
180.000,00
Henrique Braga
180.000,00
Gunda
180.000,00
Vilmo Gomes*
179.999,73
Autair Gomes
179.998,74
Elaine Matozinhos
179.989,77
Dr. Sandro*
179.886,31
Bispo Luiz*
179.779,89
Elves Cortês*
179.541,59
Joel Moreira
179.135,01
Sérgio Fernando
179.030,09
Silvinho Rezende
177.765,89
Bim da Ambulância*
176.805,53
Juliano Lopes*
175.226,51
Leonardo Mattos
173.331,74
Léo Burguês
172.225,89
Marcelo Álvaro Antônio*
167.248,01
Dr. Nilton*
166.100,05
Tarcísio Caixeta
164.889,07
Wellington Magalhães*
161.963,29
Valdivino*
160.639,43
Adriano Ventura
155.619,82
Mohamed Rachid
149.972,52
Alexandre Gomes
149.310,85
Professor Weldel*
146.942,51
Wellington Bessa Sapão*
144.782,35
Edson Moreira*
139.026,90
Juninho Los Hermanos*
131.032,74
Pelé do Vôlei*
124.342,47
Juninho Paim*
115.228,47
Gilson Reis*
114.312,53
Pablito
109.231,17
Pedro Patrus*
99.456,89
Preto
98.458,20
Ronaldo Gontijo
91.302,70
Veré da Farmácia*
79.903,59
Iran Barbosa
78.701,44
Arnaldo Godoy
67.994,01
Cel. Piccinini*
35.498,61
Orlei*
25.406,19
Marcelo Aro*
0 * Vereadores novatos em primeiro mandato
Gastos de janeiro a dezembro de 2013. Fonte: site CMBH
para os cofres públicos, além de outros milhares de reais economizados com a redução da despesa com pessoal. O parlamentar já sugeriu que o valor economizado seja revertido em benefício da população, com investimentos em segurança, mobilidade urbana, educação. Indagado sobre a criação da comissão para análise do projeto, Aro afirmou que trata-se de uma articulação política para protelar a tomada de decisão, evitando-se que os vereadores que concordam com a verba tenham que votar a extinção do recurso. De fato, é no mínimo curioso que os maiores gastadores integrem a comissão que pretende acabar com o benefício. À população resta aguardar e torcer para que os gastadores sigam o exemplo do jovem vereador. n
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URBHANO BELVEDERE Belo Horizonte, 16 a 28 de fevereiro de 2014
cultura
Presença de Inimá Já começou, no último dia 4, a exposição “Presença de Inimá”, que faz uma viagem pela trajetória do artista falecido em 1999. A mostra, que estará aberta ao público até o dia 28 deste mês, acontece no Museu Inimá de Paula, apresentando 26 quadros do grande artista mineiro, que dá nome ao local. A curadoria é da jornalista Guiomar Lobato. Conhecido como “fauve brasileiro”, Inimá de Paula explorou as possibilidades das cores em suas composições, tendo o seu trabalho algumas vezes comparado ao de Matisse, criador do fauvismo no início do século passado, na França. Inimá foi considerado um dos grandes nomes das artes plásticas no fim do século passado. Sua produção transitou entre paisagens, retratos, naturezas mortas e trabalhos abstratos. Além disso, foi um artista que circulou entre o expressionismo por um longo período na carreira, passando por uma fase abstrata resultante de sua estadia em Paris. Segundo a curadora, os 26 quadros estão agrupados de forma a evocar o estado de espírito do artista ao produzi-los. “Deixando a imaginação voar, é possível pensá-los como grupos de pessoas que num salão, se aproximam por suas similitudes”, afirma. Quando chegam ao salão os visitantes se depararam com dois quadros de paisagens instigantes, que remetem a uma conversa de uma pequena marinha, que espera a chegada de conhecidos para formarem grupos. Prosseguindo pelo salão, há mais três quadros com paisagens de temperamentos discretos. Já no fundo, ao longo da parede principal, encontra-se quadros
com desenhos de frutas e flores alegres. Além dessas, também estão expostos quadros com paisagens de coloridos exuberantes, algumas mais comportadas e estáveis, que ponderam entre si assuntos de interesse em geral. E por fim, duas paisagens que relacionam-se amigavelmente enquanto o “trem de ferro paulista” se isola. O Museu Inimá de Paula, inaugurado em 2008, reúne em Belo Horizonte um acervo permanente dedicado ao artista Inimá, traçando um panorama completo de sua vida e obra. São expostas cerca de 80 obras em constante rodízio. Um local digno do artista, onde suas obras, documentos, fotografias, livros, objetos pessoais e instrumentos de trabalho são guardados e exibidos, garantindo assim sua história e integridade. Além da visitação regular, o museu também oferece serviços de passeio guiado para estudantes em grupos de no máximo 50 pessoas. Há também a possibilidade de agendar transporte gratuito para grupos carentes, desde que agendado previamente. n
Foto: Divulgação do Museu Inimá de Paula
Exposição | Conheça os 26 quadros do grande artista mineiro Inimá de Paula
Inimá de Paula é considerado um dos grandes artistas mineiros nas artes plásticas
Local: Museu Inimá de Paula Endereço: Rua da Bahia ,1201, Centro, Belo Horizonte Data: até 28/2, sexta feira Horário: terça, quarta, sexta e sábado das 10h às 19h; quinta das 12h às 21h; domingo das 12h às 19h Entrada gratuita. Informações: (31) 3213-4320
Cidade em festa Foto: Acervo Belotur
Diversão | Belo Horizonte não perdeu as suas raízes carnavalescas
Carnaval na capital mineira resgata as suas tradições
Pelo resgate da tradição cultural da festa do carnaval em Belo Horizonte, os amantes e saudosistas da data organizam bloquinhos que voltam a desfilar na capital. Depois de 23 anos, as Escolas de Samba e os Blocos Caricatos retornam a desfilar na Avenida Afonso Pena, entre a Avenida Carandaí e Rua da Bahia. Neste ano, eles vêm com um novo formato, trazendo novidades e uma nova festa para os foliões. Além disso, o belo-horizontino também se diverte nos blocos de rua, que já estão se apresentando pela cidade.
Em 1980, o Decreto Municipal 3.676 oficializou o Carnaval em Belo Horizonte, e nesse mesmo ano as Escolas de Samba e os Blocos Caricatos desfilaram pela primeira vez na Avenida Afonso Pensa. Essa tradição foi mantida durante 10 anos. Depois aconteceram bailes nas regionais, desfiles na Via 240 e na Avenida dos Andradas. Em 2014, diante do crescimento da festa, a Belotur anunciou o retorno dos desfiles para a Afonso Pena, reivindicação antiga dos sambistas da capital. Neste ano, aproximadamente seis Escolas de Samba e nove Blocos Caricatos se apresentarão. Entre as novidades, a Belotur realizou a eleição da Corte Momesca, no dia 18 de janeiro, no Music Hall, evento que marcou oficialmente a abertura da festa em Belo Horizonte. As praças da Estação, da Savassi e da Pampulha vão contar com palcos estratégicos para o encontro dos foliões curtirem shows de nomes locais e nacionais do samba. Além dessas, as nove regionais da capital também montarão diversos palcos de show. Para Mauro Werkema, presidente da Belotur, o novo formato do Carnaval irá garantir a concentração das pessoas em pontos estratégicos da cidade. “Queremos possibilitar, juntamente com todos os órgãos parceiros, uma melhor logística de deslocamento, segurança e alegria para os foliões, e ainda a manutenção da limpeza e do patrimônio da cidade”. n
O Carnaval em BH 1897 – Foliões fazem o Carnaval em BH, antes mesmo da sua inauguração; Década de 1910 – Começa o desfile das grandes sociedades, que saíam com os caminhões alegóricos pela cidade; Década de 1930 – Escolas de Samba Pedreira Unida, formada por moradores da Pedreira Prado Lopes, é a primeira agremiação a desfilar em BH; 1975 – Banda Mole faz sua estreia no Carnaval; 1980 – Escolas de Samba e Blocos Caricatos saem pela primeira vez na Avenida Afonso Pena; 1990 – Blocos Caricatos e Escolas de Samba desfilam pela última vez na Afonso Pena; 2004 – Desfile das Escolas de Samba é transferido para a Via 240, na região Norte; 2011 – Desfile das Escolas de Samba é transferido para o Boulevard Arrudas na região Centro-Sul; 2013 – Em 6 de dezembro é anunciado o entendimento entre Belotur, PBH, escolas de samba e blocos caricatos para volta dos desfiles na Avenida Afonso Pena.
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gastronomia
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Cupcakes Encantamento | Bolinhos atraem pela aparência e conquistam consumidores pelo paladar Lorena destaca que hoje o mercado dispõe de uma infinidade de produtos destinados ao preparo da receita. A chef, que se especializou nas receitas de cupcakes, enfatiza que os bolos vêm se tornando cada vez mais presentes em eventos familiares e até confraternizaçoes e eventos corporativos. Para ela a tendência continua sendo de mais crescimento. Apesar de não haver uma origem precisa, a teoria mais provável é de que os cupcakes tenham se originado no Reino Unido, por volta da década de 1970. Possivelmente criados como acompanhamento para os chás britânicos, foram chamados de Fairy Cakes (bolo das fadas). O termo “cupcake” é mencionado pela primeira vez no livro “Seventy-Five Receipts for Pastry, Cakes and Sweetmeats”, de Eliza Leslie, onde o nome fazia referência às medidas que eram dadas em quantidade de xícaras (Cups) . Outra possível origem para o nome é a forma como era realizado o preparo da massa. Até o início do século 20 não havia formas para assar os bolinhos, por essa razão eles eram assados em pequenos recipientes como pequenas latas e xícaras. n
Cupcake de Chocolate com cobertura de Cream cheese com limão Chef Lorena Gomes
Ingredientes da massa • ½ xícara de manteiga em temperatura ambiente • 1 xícara + 1 colher de sopa de açúcar refinado • 3 ovos • 1 colher (chá) de baunilha • 1 xícara + ½ de farinha de trigo • ½ xícara de cacau em pó • 1 pitada de sal • ¾ de xícara de leite Modo de preparo Bata na batedeira a manteiga e o açúcar por aproximadamente 10 minutos até a formação de um creme branco. Depois acrescente os ovos misturados com a baunilha. Em outra vasilha misture todos os ingredientes secos e misture com um fuê (batedor de ovos). Adicione os ingredientes secos ao creme e bata na batedeira. Em seguida, acrescente aos poucos o leite. Colocar a massa nas
forminhas, de preferência com auxílio de uma colher de sorvete. e retire um pequeno cone da massa. Cuidado para não ir até o final Levar as formas ao forno, que deve ser pré-aquecido a 180°. do cupcake. Insira até um pouco além da metade do bolo. Com cautela, segure o cupcake com uma mão e gire, serrando o Recheio de chocolate pequeno cone que irá se formar.Quando completar a volta levante a faca, o cone deverá facilmente se soltar na sua mão. Caso fique preIngredientes: • 1 lata de leite condensado so, passe a faca novamente e reserve o pedaço retirado do bolinho. • 200 g (caixinha ) de creme de leite No buraco formado insira o recheio. Em seguida “tampe” o bolinho, • 200g de chocolate meio amargo picado recolocando o cone. Para quem prefere mais praticidade na hora de • 1 colher (sopa) manteiga montar os cupcakes, a chef lembra que existem vários utensílios próprios para a receita, para acrescentar o recheio sem dificuldade. Modo de preparo Em seguida acrescente a cobertura. Misture todos os ingredientes em fogo alto. É necessário mexer o creme o tempo todo. Assim que o recheio atingir o ponto de fervura, Cobertura de Cream cheese com limão cozinhar por mais 3 minutos em fogo baixo. O recheio está pronto. Ingredientes: • 200 g de cream cheese (não light) Como montar o recheio • 200 g de manteiga sem sal (amolecida) Ao retirar os bolinhos do forno, aguarde o esfriamento dos cup- • 500g de açúcar de confeiteiro, peineirado cakes. Em seguida, insira uma faca de serra com ponta na diagonal • raspas finas da casca de 2 limões-sicilianos sem cera
Foto: Cinthya Pernes
Com uma alta visibilidade na mídia, os bolinhos de xícara ou cupcakes continuam com uma popularidade crescente na última década. Filmes como, “O Diabo Veste Prada”, “Mulheres Perfeitas” e o seriado “Sex and the City” também auxiliaram na propagação da receita. Hoje, sinônimos da cultura pop, os bolinhos são expostos em grafites pela capital, através da artistas como Maria Raquel Couto, além de ganharem espaço em animações, artigos de decoração e muitos outros produtos. A possibilidade de conciliar sabores extravagantes, em tamanho ideal para uma pessoa, facilidade no transporte e variedade de opções de decoração são os motivos apontados pela chef de cozinha, Lorena Gomes, para a popularidade mundial dos bolinhos.
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Noite do jazz
Lazer | Amantes do ritmo americano se reúnem no Belvedere para apreciar boa música rotatividade muito grande de clientes, mas são clientes fiéis”. Para ele, o grande diferencial do programa é a música ao ar livre, uma característica difícil de ser encontrada não apenas nas apresentações musicais na capital, como nas pelo Brasil afora. Realidade com a qual a consultora empresarial, Luíza Reale, 28, concorda e lamenta. Apesar disso,
e todo mundo achou ótimo. O saxofone é incrível. É difícil ter um local em Belo Horizonte que tenha uma boa musica ao vivo. Você deixa de apenas tomar uma cerveja ou um vinho e passa a ter um programa cultural”, opina. Nas apresentações no local os músicos variam durante as semanas. Poucos são aqueles quem tocam há muito tempo. Dentre eles, o baterista Fernando Delgado, 29, participante do grupo desde o início. Para o músico, o estilo vem ganhando força em Belo Horizonte, com a melhora da infraestrutura das casas de show. No entanto ele lamenta a inexistência de investimento maior na área. “Eu morei alguns anos na Austrália, e lá quando você toca as pessoas vão pra te assistir. Essa coisa de tocar num bar onde as pessoas conversam sobre outras coisas, não é comum lá fora.” Segundo o baterista, apesar de não ser muito popular na Austrália, a música recebe maiores condições de desenvolvimento. Como, por exemplo, mais casas de jazz e infraestrutura completa. Ele ressalta ainda que na A empresária Antônia Chaves (de pé) afirma Europa e EUA o cenário que o Jazz tornou a confraternização com as amigas um evento ainda mais especial do jazz é mais acolhedor aos fãs, por ser mais completo. No entanto vê com otimismo a realidade mineira. “Num tempo bacana a casa fica cheia. Vemos grupos grandes de homens e mulheres por aqui, rola muito flerte. É um happy hour onde grandes grupos de amigos vêm depois do trabalho.” Dentro desse perfil estão os amigos Pedro Rocha, 27, e Fábio Fernandes, 18. Fábio conta que apesar de ter origem mineira, ele atualmente estuda em João Pessoa e por isso pediu ao amigo, o advogado ela conta que foi ao local a convite de uma amiga e Pedro, que o apresentasse a noite da capital. “Jazz a apresentação musical foi uma surpresa à parte. na minha cidade é muito difícil, o pessoal gosta mui“Nunca tinha vindo aqui um dia de jazz, mas foi uma to de forró. É difícil encontrar, mas eu gosto muito. surpresa ótima. É a cara da Europa. Super chique!” Porque até o público do estilo é diferenciado”. Apesar A empresária, Antonia Chaves, 29, conta que de ser responsável por apresentar o amigo ao jazz de foi ao local a convite de uma amiga moradora do BH, Pedro conta que também desconhecia o local. “É Belvedere. “Ela quis convidar as amigas para serem uma coisa bem diferente. É a primeira vez que venho madrinhas de casamento. O jazz foi uma novidade no dia do jazz, mas achei muito bom”. n Fotos: Cinthya Pernes
Nascido do improviso de negros na época da escravatura norte-americana, no século 17, o jazz teve sua ascensão nos anos 20, e ao longo das décadas o ritmo atravessou o continente e conquistou o apreço de fãs por todo o globo. Hoje o estilo também se destaca como uma das grandes paixões do público do Belvedere. No bairro mais nobre da capital, a música reúne apreciadores todas as quartas-feiras a partir das 19h, na praça em frente ao Bar do Djalma Mercearia Gourmet. Acontecendo há dois anos e meio, os encontros partiram da iniciativa da dupla de amigos e sócios da casa André Pessoa, 41, e Marcus Grossi, 46. André alega ser um apreciador aficionado por música, em especial pelo jazz. Ele explica que a ideia surgiu ao constatar a carência de exibições de jazz ao vivo na capital. Algo que na opinião dele se contrapõe à realidade de países Músicos se apresentam europeus. “Apesar de alno Belvedere durante as noites de quarta-feira guns festivais de música, nós não vemos esse tipo de programação em Belo Horizonte”. O proprietário do local conta que como fã do jazz já viajou para outros países da Europa, onde aprendeu mais sobre o estilo. Com esse conhecimento, André busca inserir essa cultura em BH. “Buscamos fazer como o estilo do jazz em New Orleans, que também tinha jazz tocado na rua. Nós adotamos essa pracinha, cuidamos dela. Até chamamos essas apresentações de Djalma Music Street, que é o jazz que rola na pracinha. Porque na Europa acontece isso, lá tem tanta manifestação cultural nas praças públicas e nós quisemos trazer isso para o bairro, criar um evento, uma noite de jazz que pode ser uma coisa externa. Foi um investimento cultural”. Com um público diversificado, entre jovens, terceira idade, casais, e grupos de amigos, o outro desenvolvedor do projeto do jazz na praça, Marcus Grossi, explica que apesar da diversidade as apresentações possuem espectadores cativos. “Nosso público é 70% de moradores do Belvedere. Não temos uma
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Os sócios Marcus Grossi e André Pessoa investiram em apresentações de Jazz ao ar livre
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Programação de Jazz em bh Zaz
Com a mistura de jazz e pop, a cantora francesa ZAZ vem fazendo sucesso por toda a Europa. Em Belo Horizonte a cantora se apresenta no dia 19 de março no Sesc Palladium, com abertura do músico francês Tété. A apresentação traz seu mais recente disco, Recto Verso, todo cantado em francês. Data: 19.03.2014 Horário: 21h Local: Sesc Palladium Endereço: Rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro Belo Horizonte Telefone: 31 3214-5350
José Namen e Mariana Nunnes Data: 17.02.2014 Horário: 20h Local: Café com Letras Liberdade Endereço: Praça da Liberdade, 450 Funcionários - Belo Horizonte www.cafecomletras.com.br Telefone: 31 8492-1167
Projeto Dobradura com Túlio Araújo Data: 22.02.2014 Horário: 20h Local: Floriano | Livraria & Café www.floriano.li Endereço: Av. Cônsul Antônio Cadar, 147 São Bento - Belo Horizonte Telefone: 31 2526-4180
Jazz Na Praça
Data: Todas as quartas-feiras Horário: 19h Local: Djalma Mercearia Gourmet Endereço: Rua Jor. Djalma Andrade, 14 Belvedere - Belo Horizonte Telefone: 31 2514-1400 O baterista Fernando Delgado vê com otimismo o desenvolvimento do estilo musical em BH
Jazz no Dorival Bar & Parrilla
Data: Todas as terças-feiras Horário: A partir das 19h Endereço: Alameda da Serra, 841 Vila da Serra - Nova Lima Telefone: 31 3643-4311
Breve história do Jazz
O movimento musical nasceu nas periferias americanas, recebeu a influência de várias etnias e culturas, como a africana, a francesa, a espanhola e a caribenha, e se transformou num ritmo mundial. Foi base da cultura popular moderna como símbolo da liberdade de expressão e, no Brasil, exerceu culturalmente grande influência. Parte da influência no repertório nacional pode ser comprovada principalmente através da MPB e Bossa Nova.
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entrevista
Faro para os negócios Foto: Cinthya Pernes
Trajetória | aos 71 anos, O empresário Luiz Otávio Pôssas acredita que ainda tem muito o que fazer
Luiz Otávio Pôssas Gonçalves é natural de Belo Horizonte, cresceu na Rua Bárbara Heliodora, no bairro Lourdes, onde pôde acompanhar de perto a evolução e progresso da cidade. Sua infância foi com muita liberdade, brincava pelas ruas da capital com segurança. Na época, fez grandes amizades, amigos que leva até os dias atuais. Admite que nunca teve vocação definida para uma profissão, por isso, sempre foi uma pessoa aberta a novos desafios. Formou-se em direito aos 36 anos, mas nunca exerceu a profissão. Começou a trabalhar cedo na fábrica da Coca-Cola pertencente ao seu pai, foi o fundador da cerveja Kaiser, da água de Coco Kero Coco, e da premiada cachaça Vale Verde. Luiz acredita que tudo o que aconteceu em sua vida foi de forma natural e sem muito planejamento. Amante da natureza e defensor dos animais, é presidente da Biodiversitas, onde realiza um trabalho de prevenção com diversas espécies em risco. Dono do Parque Vale Verde, em Betim, lugar onde desenvolve um grande trabalho com reprodução de aves e outros animais. Um dos seus últimos empreendimentos é a ração Megazoo, feita da criação de insetos destinada à alimentação das aves, mas que hoje é um negócio lucrativo. Já foram criadas 40 toneladas de baratas, grilos, larvas de mosca e besouros. Luiz Otávio é casado há 46 anos com Tereza, é pai de quatro filhos e avô de quatro netos. Um homem simples e simpático que conta sobre a vida com amor e entusiasmo. Aos 71 anos não pensa por nem um minuto em parar de trabalhar, pois como ele mesmo diz: “Sempre fiz o que me deu prazer, por isso, considero que nunca trabalhei na vida”.
Como foi a sua infância? Minha infância foi numa época muito melhor do que hoje para as crianças. Outro dia, fui a uma palestra, pois eu tenho uma creche com a minha mulher, cuidamos de 200 crianças lá. Um sociólogo foi até lá e falou sobre a importância de tirar as crianças da rua. Eu levantei e disse que não queria tirar os meninos da rua, queria poder colocar as crianças na rua, pois eu fui criado na rua. A gente jogava futebol na rua, brincávamos de pegador e todas essas brincadeiras. Hoje vejo que meus netos não podem sair na rua por causa da violência, então eu quero o contrário, quero que eles tenham essa liberdade de ir para rua. A minha infância foi com uma turma muito grande. Cresci com essa turma, e tenho uma satisfação muito grande dos meus amigos de hoje serem os mesmos daquela época. Joguei muito basquete, aprendi a nadar no Minas Tênis Clube, ainda tenho uma mesa lá no clube que eu frequento até hoje, que é dos amigos de infância. Não sei até que ponto essas mídias sociais de internet podem substituir o contato pessoal, de brincadeiras. Eu espero que possa substituir, pois as amizades que carregamos ao longo da vida têm muito valor.
E como foi a sua trajetória profissional? Costumo falar que nunca tive uma vocação muito definida. Quando a pessoa nasce querendo ser advogado, médico, piloto ou até mesmo padre, eu acho que a pessoa fica muito bitolada com aquilo. Comecei a estudar, pois tinha dois amigos do Loyola que resolveram fazer Medicina e eu resolvi me matricular no cursinho também. Passamos no vestibular, mas eu não cheguei a entrar, pois meu pai morreu bem naquele ano e eu já estava trabalhando no negócio dele que era a Coca-Cola na época. Fiquei muitos anos me dedicando ao trabalho, me casei com 24 anos, depois acabei entrando para a faculdade de Direito e me formei com 36 anos, mas nunca exerci a profissão. Comecei a trabalhar muito cedo, pois nunca tive muita tendência para me dedicar aos estudos. Passei por vários colégios da cidade, eu brinco falando que procurava o melhor (risos). Isso foi muito bom, eu estudei no Loyola, no Marista, no Santo Antônio, mas fiz muitas amizades. Com 17 anos, eu disse ao meu pai que queria trabalhar, mas que iria estudar de manhã ou de noite. Ele me disse para eu ir trabalhar no banco, pois ele foi uns
dos fundadores do Banco Mercantil. Meu irmão já trabalhava lá, mas naquela época para trabalhar em banco era obrigatório usar gravata e ganhar muito pouco. Falavam que quem trabalhava em banco era um mendigo de gravata e eu disse isso para meu pai. Coitado, ficou muito chateado com aquilo. Ele estava começando com a fábrica da Coca-Cola e me disse: Se você quiser carregar caixas pode ir trabalhar lá e eu disse que preferia. Ele me desafiou, disse que não aguentaria uma semana e eu fiquei lá 43 anos. Fiz tudo lá dentro, meu pai morreu depois de três anos, e aí tive de dar duro mesmo. Parei de estudar e logo depois me casei. A Coca-Cola era um produto que não dava lucro na época, era um produto de difícil penetração no mercado, bem diferente de hoje. Na época batalhamos muito para entrar com o produto no mercado, pois era um produto totalmente desconhecido e com um gosto muito diferente. Eles comparavam com um sabão liquido da época chamado Sabão Aristolino, que era da cor da Coca-Cola. Isso foi em 1958, veio um americano da Coca para me ajudar a abrir o mercado. Chegávamos no interior, onde ninguém conhecia nada, com um caminhão do
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produto para dar de amostra. Os comerciantes sempre me diziam que não gostavam, que não queriam e por último usavam a resposta de que não tinham dinheiro. E nós então dizíamos me dá um pedaço de salame, um pacote de biscoito e falávamos que agora ele tinha dinheiro para comprar. Saíamos com o caminhão de Coca e voltávamos com uma mercearia, até abrimos uma lojinha dentro da fábrica para vender esses produtos para os funcionários. Era a forma que tínhamos para entrar no mercado, na época foi uma saga mesmo.
entrevista veio e comprou 15% da fábrica. E foi assim que o negócio deslanchou, quatro meses depois passamos de 16% de participação de mercado para 50%. Depois de 22 anos vendemos para um grupo do Canadá, nós só tinhamos 12% da fábrica, mas foi o melhor negócio que fizemos, vendemos por quase um bilhão de reais.
Você sempre foi empreendedor? Não, sempre digo, como estamos em Minas Gerais, a necessidade faz o sapo pular. Primeiro por eu não ter tido vocação para uma profissão, sempre fui muito aberto a tudo. O que aparecia eu ia pegando para fazer, algumas por oportunidades e muitas por necessidade. Pela necessidade que nós temos no Brasil de diversificar as atividades, hoje não muito. Tradicionalmente no Brasil as crises sempre foram setoriais. A cachaça Vale Verde foi criada para consumo E como a gente mexia com próprio, mas devido ao grande sucesso entre os refrigerantes, nós começamos amigos de Luiz Otávio, ela foi comercializada a diversificar dentro do próprio negócio. Veio o problema sério que quase quebrou a CocaCola na época, foi o que eles chamavam de venda casada do refrigerante com a cerveja. A cerveja sempre foi o produto que deu mais lucros aos bares, então chegava a Antárctica e falava que vendia 10 caixas de cerveja se o comerciante comprasse 20 caixas de guaraná. Ele então tinha que vender guaraná para poder comprar cerveja. A Coca-Cola não vendia, pois não tínhamos cerveja. A participação de mercado caiu para 16%, nós iríamos quebrar. Pensamos que a única solução era ter uma cerveja, construímos então a primeira fábrica da Kaiser, para defender a Coca-Cola. Montamos uma fábrica em Divinópolis e, por acaso, contratei um mestre cervejeiro que trabalhou na Heineken holandesa, e ele O parque é uma das grandes paixões do empresário, pois lá ele tem o consabia o projeto de uma fábrica tato com a natureza e os animais de cerveja Heineken, então construímos uma fábrica com esses padrões. O pessoal da Heineken ficou sabendo da nossa fábrica, veio para conhecer e ficou E como foi a história da Kero Coco? impressionado com o que tínhamos construído. Nós fomos pioneiros no envasamento de água Foi assim que começou esse namoro da nossa de coco no Brasil. Uma das mais saudáveis do munKaiser com a Heineken, tínhamos um contrato do e que Deus colocou na embalagem mais difícil. de assistência técnica com eles. Gastamos Aquele coco, que você precisa cortar, é complicado. muito para a construção da fábrica, tínhamos Tivemos a ideia de colocar uma embalagem melhor uma dívida muito grande, mas a Heineken e mais prática. Fui conversar com a maior indústria
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de coco que é a Sococo, e descobri que eles jogavam a água de coco fora, pois eles aproveitavam só a poupa. Eles jogavam 75 mil litros de água de coco fora todos os dias. Eu perguntei por que eles não envasavam, e me falaram que a água de coco é muito perecível e fermenta rápido. Eu sempre gostei de trabalhar com assistência de centro de pesquisa, e as empresas brasileiras Foto: Divulgação/Vale Verde não investem nisso. As grandes universidades do Brasil estão com as gavetas cheias de bons projetos, mas nenhum empresário aproveita. Dei o problema do envasamento da água de coco para a universidade de Viçosa, ficaram um ano e meio com o projeto e vieram com a solução até mim. Procurei o pessoal do Sococo e ofereci uma parceria, eu entrei com tecnologia e eles com a água desperdiçada, e fizemos uma sociedade meio a meio. Ficamos 17 anos com a parceria, mas começaram a oferecer muita grana e acabamos vendendo. Mas como na época precisamos de mais água do que a da Sococo, comecei a comprar fazendas e a plantar coco. Quando vendemos a Kero Coco, fiquei com as fazendas e hoje ainda sou fornecedor de água de coco. E o Parque Ecológico Vale Verde? As coisas na minha vida vão surgindo sem muito planejamento. O caso do Vale Verde foi assim, era uma fazenda de gado de leite, mas eu comecei a fazer uma cachaça só para mim e para os meus amigos. O pessoal começou a gostar, a ir até lá, então comecei a engarrafar a cachaça e dei o nome Vale Verde. As pessoas começaram a ir até lá para ver como fazia a cachaça e queriam comprar, e elas falavam que podia ter o que comer lá também. Fizemos um restaurante e começamos a criar aves. Tiramos licença do IBAMA e hoje somos um dos maiores criadores de aves, nos especializamos em criar aves em extinção. Este ano tivemos quatro filhotes de arara azul do Pantanal nascidos em cativeiro. Nós estamos com a média de 15 mil visitantes por mês, as pessoas adoram o parque porque lá podem ter esse contato com a natureza. E além de trabalhar, o que o senhor mais gosta de fazer? Faço minha atividade física todos os dias no Minas Tênis Clube de manhã cedinho. Gosto de uma bebidinha, principalmente a Vale Verde, que tomo todos os dias. E leio muito, gosto de ler de tudo. Sempre leio dois livros ao mesmo tempo, um leve e outro mais pesado. n
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moda |
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Isadora vargas
isadora.vargas@urbhano.com.br
NYFW New York Fashion Week | está aberta a temporada de desfiles inverno 14/15
Alexander Wang
A temporada de desfiles da coleção de inverno 2014/15 começou, no dia 5 de fevereiro, bem agitada na cidade de Nova Iorque. A IMG, formalmente conhecida por Mercedes-Benz Fashion Week, divulgou seu plano de resgatar o conceito e a exclusividade de uma temporada fashion. Na última estação, Oscar de la Renta apelou para uma exibição super seleta para 350 pessoas em seu atelier, seguindo à risca essa ideia de resgatar o conceito de exclusividade de uma temporada de moda. Segundo o estilista, os megashows de Nova Iorque estavam superlotados de pessoas que não tem conexão alguma com a moda e, ao que tudo indica, não é esse o propósito que possuem em mente. Em razão disso, houve uma certa dificuldade de ter acesso ao Lincoln Center (espaço oficial da NYFW), uma vez que o lugar foi invadido por blogueiros, fãs de moda e fotógrafos de street style, além das centenas de celebridades e jornalistas. Se-
Herve Leger
Herve Leger
gundo Catherine Bennet, vice-presidente da IMG, o que costumava ser uma plataforma para designers estrearem suas coleções para a imprensa especializada e compradores, virou um período caótico e exaustivo para a indústria. As mudanças relacionadas ao evento vêm como uma resposta às reclamações de muitos estilistas, mas certamente desagradam quem ficou de fora. Blogueiros, por exempo, defendem a ideia de que também são responsáveis pela divulgação e propagação do evento por meio de suas redes sociais que, diga-se de passagem, é movimentada por milhares de fãs. O NYFW contou com mais de 350 apresentações e desfiles espalhados pelos nove dias de calendário (oficial e paralelo). Alexander Wang, um dos favoritos da semana, levou os fashionistas ao galpão da Marinha, no Brooklyn, apresentando um verdadeiro show com sua coleção ultratecnológica. O desfile começou com
Monique Lhuillier
Fotos: Divulgação
Diane Von Furste nberg
vestidos e casacos sobrepostos a camisas estampadas de gola alta. As botas eram bicolores, tinham canos altíssimos, eram perfeitas para enfrentar as temperaturas abaixo de zero sem deixar o estilo de lado. Bermudas e conjuntinhos de alfaiataria, com um toque masculinizado, também ganharam espaço. Hervé Léger não poupou esforços para registrar a permanência do “sex appeal” ao apresentar sua marca registrada, a bandagem. Os vestidos, saias e macacões abrigavam franjas, fivelas, aplicações. Até penas foram levadas à passarela, compondo um inverno sexy e feminino, com pouca pele à mostra. No calendário lotado, os editores e compradores brincam de barata tonta para tentar absorver o melhor da moda americana. Entre os destaques da temporada estão o desfile de Marc Jacobs, em sua primeira estação sem a Louis Vuitton, Monique Lhuillier, Diane Von Furstenberg e Marchesa. n
Monique Lhuillier
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tecnologia
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Informações em risco
Conrado Pimenta acredita que é preciso bom senso ao acessar sites no ambiente de trabalho
Cada corporação determina como será o acesso de seus funcionários aos dados e documentos armazenados na rede e em espaços virtuais. Hoje informações importantes de grandes empresas estão expostas virtualmente. O problema é que a maioria dos empresários ainda não se preocupa com a segurança dos seus dados no ambiente virtual. Muitos não sabem quais são as consequências e os perigos dos vazamentos dos dados. A SplashData anunciou recentemente a lista anual com as piores senhas utilizadas em 2013. O ranking mostra inocência de alguns internautas ou a falta de preocupação deles com a própria segurança ao optarem por senhas muito óbvias e fáceis de serem descobertas. E quem lidera o novo ranking é a criativa sequência “123456”, sem as aspas, que superou em número de usos a clássica “password” (senha, em inglês) e a muito mais segura “12345678”. A pesquisa foi feita devido aos muitos casos de vazamento de informações. Apesar das ações mal intencionadas de hackers, o professor de Direito Digital da Faculdade Cotemig, Lúcio Marcos do Bom Conselho, afirma que uma das maiores falhas em relação à segurança da rede de dados de uma empresa está na falha humana. “Não es-
tamos livres dos ataques de hackers que buscam um acesso simplesmente para demonstrar uma falha de segurança, ou mesmo para furtar uma informação, ou ainda para destruir, apagar ou alterar uma informação ou dado disponível. Isso pode gerar perda de clientes, responsabilidade civil por prejuízos causados pelo vazamento de informações estratégicas etc. Uma das maiores falhas de segurança da informação está no fator humano. Permitir que um usuário, funcionário ou colaborador tenha acesso irrestrito e utilize senhas frágeis é uma grave falha de segurança”, explica. Na empresa onde trabalha Conrado Pimenta, relações públicas, 26, os funcionários não podem acessar as redes sociais, mas possuem acessos aos portais de notícias e outros sites. Em relação às senhas de e-mails e acessos a dados internos, a empresa toma alguns cuidados a mais. “Entre colaboradores ativos na empresa, somente eles podem ter acesso a seus e-mails, mas quando alguém se desliga da empresa, a liderança pode solicitar os e-mails para consulta de informações relacionadas à função, já que o mesmo não está mais na empresa. A empresa ressalta, porém, que tem controle dos e-mails que os funcionários mandam, e que por serem uma ferramenta exclusiva de trabalho, eles podem ser analisados sem o consentimento do mesmo, pois não devem ser utilizados para fins pessoais”, relata o relações públicas. Esses cuidados são essenciais, segundo o especialista em Direito Digital. “É muito comum o colaborador, ao ser desligado da empresa, achar que o conteúdo que ele produziu é de propriedade intelectual dele, o que ocasiona a perda de know-how de várias empresas. Tanto a Lei 9.279/96 (Propriedade Industrial), quanto a Lei 9.609/98 (Propriedade Intelectual de Programas de Computador) regulamentam que toda a propriedade intelectual produzida em decorrência do trabalho é de propriedade da empresa, salvo estipulação
em contrário. Assim, o funcionário não pode levar um pendrive com os projetos e programas do ex-empregador”. O engenheiro civil Luiz Ricardo de Souza Rosa, do Grupo EPO, comenta que apenas algumas áreas de sua empresa possuem acesso liberado à internet. Somente as áreas de TI e comunicação conseguem entrar em todos os sites. Além desta permissão seletiva, o acesso ao sistema é separado por cargos e projetos. “É bem confiável o sistema de segurança de dados virtualmente, pois todos usuários tem senhas independentes e acesso limitado pelo cargo e o projeto em desenvolvimento”, conta o engenheiro. Algumas atitudes simples ajudam empresas a se protegerem de ataques. Manter ferramentas tecnológicas adequadas, como firewall, antivírus, backup’s, espelhamento de dados, sistemas de redundância elétrica, dentre outras. Além disso, manter um código de ética digital aplicável a todos os funcionários, com regras claras e objetivas sobre o uso ético e responsável da rede interna, e-mail corporativo e demais tecnologias ligadas à empresa. “Outro ponto importante é o uso da criptografia (processo que codifica a informação) e da assinatura digital (uso de senhas e certificados que garantem a autenticidade e integralidade da informação) para os projetos estratégicos das empresas. As organizações têm que se habituar a usar a criptografia e assinar digitalmente os seus projetos e informações sigilosas. Outra dica é treinar os funcionários para fazer o bom uso das ferramentas tecnológicas, bem como das redes sociais, não misturando o que é trabalho com o lado pessoal do colaborador, o que pode trazer prejuízo à imagem e à vida de ambos”, alerta Lúcio Marcos. n O professor de Direito Digital Lúcio Marcos aconselha as empresas a se prevenirem contra hackers
Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal
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Rede | Poucas empresas se preocupam com a segurança de seus dados e acessos
Foto: Cinthya Pernes
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eleições |
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especial
Contudo, embora esse raciocínio seja juridicamente falso e logicamente absurdo, existe uma explicação bastante razoável para se supor que ele esteja sendo disseminado por pessoas muito bem esclarecidas e interessadas em seus possíveis efeitos, dependendo de como estiver configurado o cenário político às vésperas das eleições. O falacioso argumento normalmente é apresentado com maquiagem jurídica, a qual lhe confere uma sedutora aparência de legitimidade, sobretudo para o público leigo. Isso porque induz o leitor a uma interpretação distorcida do Código Eleitoral, que, em seu artigo 224, dispõe sobre a necessidade da marcação Diogo Mendonça Cruvinel é Cientista político, Bacharel em Direito, Especialista em Direito de novas eleições sempre que a nulidade atingir mais Público e professor de Direito Eleitoral. diogocruvinel@yahoo.com.br da metade dos votos. O truque é esconder que essa nulidade referida pelo Código deve decorrer exclusivamente de decisão proferida pela Justiça Eleitoral, em razão de alguma vantagem obtida irregularmente durante a campanha do candidato vencedor, e não da manifestação dos eleitores que deliberadamente tenham escolhido anular seus votos. Assim, apenas os votos válidos são considerados para o resultado de uma eleição, ainda que proferidos por Eleitores que votam nulo podem anular uma eleição? A resposta, menos da metade dos eleitores, desprezando-se sempre os votos nulos sem dúvida nenhuma, é “não”. Mesmo assim, em períodos eleitorais é e os em branco. O argumento é logicamente incorreto por partir da falsa premissa bastante comum a veiculação de e-mails e postagens nas redes sociais de que nenhum dos candidatos é bom o suficiente para merecer o voto conclamando os eleitores a votar nulo, sob o argumento de que se mais da metade anular seu voto uma nova eleição deve ser marcada, na qual dos eleitores. Seguindo esse raciocínio, duas seriam as supostas consenão poderão concorrer os candidatos registrados no primeiro pleito. quências: (1) ao se anular as eleições, surgiriam para o segundo pleito
O falso mito dos votos nulos
novos candidatos, dentre os quais finalmente seria possível escolher um que fosse bom ou (2) como no primeiro pleito, nenhum dos candidatos registrados para o segundo seria bom, de forma que os eleitores novamente votariam nulo e, assim, viveríamos em um estado de permanente anarquia e renovação de pleitos, sem que nenhum representante fosse eleito. Não é preciso muito esforço para perceber que o argumento não se sustenta. Mas, como dito, pelas regras atuais, as eleições são decididas apenas pelos votos válidos, de maneira que, em uma eleição majoritária para cargo do Executivo (prefeito, governador ou presidente), por exemplo, na qual as pesquisas de intenção de voto apontem uma diferença não tranquila entre o primeiro e o segundo colocados, quanto maior for o número de votos nulos, menos votos válidos disponíveis entre os eleitores indecisos terá o segundo colocado para tentar alcançar o primeiro. Com isso, mesmo em uma situação na qual a diferença de votos entre ambos é menor que o número de indecisos, não será necessário ao primeiro empreender uma busca desesperada pelo voto desse grupo de eleitores, bastando-lhe que estes simplesmente não votem no segundo colocado. Por essa razão, se todos os eleitores indecisos votarem em branco, anularem seus votos ou escolherem candidatos de menor expressão,tão melhor será para o candidato que lidera as pesquisas. Não repreendo o eleitor que, por convicção ideológica, anula o próprio voto. Pelo contrário, vejo essa manifestação como absolutamente legítima. Entretanto, lamento por aqueles que, enganados, anulam o voto esperando ingenuamente a marcação de um novo pleito. Ou pior, acreditando que, em uma nova e inexistente eleição, descerá dos céus um candidato perfeito, o salvador, aquele que “dará um jeito” na política. n
crônica
- Moço? Moço? Mooçooo!? Seu andar chegou, pode descer. Com um risinho amarelo para o ascensorista você sai do elevador ainda escutando os últimos acordes da maldita melodia. Encaminha-se rapidamente para o consultório do Dr. Baruk Azuin, tarólogo, ufólogo, professor de inglês e “especialista nos mistérios da mente”, como dizia o cartaz que você encontrou em um poste do Centro. Ele parece ser sua última esperança. A verdade é que depois de neurologistas, pais-de-santo, acupunturistas e até conselhos da tia Odélia, nada parece funcionar diante do seu problema. Tragicamente, sempre que ouve Simone cantando “E então é Natal”, seu cérebro simplesmente desliga e sua mente começa a viajar por mundos insondáveis enquanto seu corpo se transforma em uma casca fria e sem vida. De janeiro a outubro isso não chega a ser um incômo-
do, mas do meio de novembro até o final do ano a coisa se torna insustentável. Só batidas de carro foram duas quando a canção pegou você de surpresa em meio ao trânsito. Agora, torcendo as mãos, você espera no “consultório” do Doutor Baruk (500 reais a consulta!) sem a menor noção do que o espera. Meia hora depois você foi tocado em diversos pontos do crânio e, ao sentir os dedos do profissional em determinado local perto da nuca, algo como uma corrente elétrica invadiu seu corpo e ele disse: “Pronto, pode ir”. Em casa você chamou os filhos e, em um ambiente controlado, realizou o teste. Depois de três audições seguidas e nenhum efeito causado pela voz poderosa de Simone, exclamou confiante que estava curado e pronto para curtir novamente as festas de final de ano. Até que um mês depois, no aniversário do Anselmo do escritório, você se viu sacudido pelos colegas preocupados com seu olhar vazio e sua ausência de respostas. - Nossa! Que branco deu em você, cara. Foi só a galera começar a puxar o
Foto: arquivo pessoal
Doutor Baruk Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras. parabéns que você ficou assim, meio mortão, paralisado... Conformado você se dirige ao caixa eletrônico do outro lado da rua. Precisa sacar 500 reais. Amanhã tem consulta com o Doutor Baruk. n
URBHANO BELVEDERE Belo Horizonte, 16 a 28 de fevereiro de 2014
turismo | cristina ho
15 Foto: Arquivo pessoal
Tesouro escondido Brasil | são miguel do gostoso - RN é um lugar mágico
Recentemente tive oportunidade de conhecer uma região belíssima do Brasil que se encontra, ainda, bastante preservada e pouco turisticamente explorada: São Miguel do Gostoso e arredores. Localizado a 110 km de Natal, São Miguel do Gostoso é um lugar que se dá o privilégio de exibir um céu estrelado, uma vida marinha abundante e alguns quilômetros de praia deserta. Um presente da natureza combinado com a areia fina que dança aos pés daqueles que caminham sob o sol escaldante do verão. A apenas uma hora e meia de carro da capital do Rio Grande do Norte, São Miguel do Gostoso também
oferece aos seus visitantes uma paisagem primitiva, pousadas sem frescura e natureza na sua forma mais deslumbrante e original. Por causa do vento forte as praias da região são bastante procuradas por praticantes de kitesurf e windsurf, um ornamento especial que pincela o céu azul com cores fortes e movimentos radicais. Apesar dissso, a democracia impera. Aos turistas menos radicais a natureza mostra sua generosidade: o sobe-desce das marés e uma nova paisagem surge no horizonte: onde havia somente mar, agora uma piscina natural se revela: tranquila e de água morna à espera de um banhista. Na praia de São José, onde a simplicidade é tangível encontramos um lugar chamado Urca do Tubarão, comandado pelo incomparável Edson Nobre, ex-professor de Química que administra seu restaurante & pousada & cachaçaria há 13 anos, ao lado de sua Lila. Lá, enquanto saboreava um delicioso frango caipira, meus ouvidos eram agraciados por um desfile de poemas de
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br variadas autorias, todos muito nobres, à altura do seu recitador. Na sua cachaçaria Edson apresenta, com um humor criativo e extraordinário, as cachaças envelhecidas em barris de umburana, cumaru, angico e freijó, todas devidamente degustadas e aprovadas. A vida por aqueles lados parece descomplicada e alegre. E nesse ritmo mais leve me deixei contagiar pela paz, pela pureza e pela verdadeira essência da felicidade. De lá voltei com a energia renovada e a certeza de que o gostoso da vida é passear em Gostoso, com o perdão do trocadilho, professor! n