1º a 15 . março de 2014 . ANO II . Número 25 . Distribuição gratuita
URBHANO
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BELVEDERE
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
Foto: Carlos Hauck
edição de aniversário
mulheres
radicais
8 de março é o dia internacional da mulher, e no Belvedere encontramos diversas mulheres de fibra que levam uma vida saudável e gostam de momentos de aventura
local No bairro belvedere tem ocorrido diversos casos de violência, e um dos mais frequentes é o roubo de carros pág. 3
cidade Uma parceria da prefeitura com a Secretaria do Meio Ambiente incentiva a conservação de reservas particulares pág. 4
moda A capital inglesa recebeu estilistas mundialmente reconhecidos por seu talento Durante os cinco dias da London Fashion Week pág. 12
entrevista
Foto: C inthya Pernes
lEo stallone um dos grandes empresários do ramo de eventos da capital conta sobre seu início, o mercado e suas próximas festas pág. 10
gastronomia A cerveja, uma das paixões nacionais, pode ser utilizada também na gastronomia. confira uma receita deliciosa para se fazer em casa pág. 14
anuncie no único canal direto com o belvedere. 31 2516.1801 comercial@urbhano.com.br
editorial frasesURBHANAS
Foto: Lucas Alexandre Souza
Em uma emissora em que o dono perde as calças no ar, sei que tenho total liberdade para trabalhar. Danilo Gentili sobre o SBT
Caro Leitor, Completamos um ano de atuação no Belvedere. Durante esse período, mergulhamos no cotidiano do bairro para descobrir aquilo que ele oferece de melhor. Foi uma experiência única, que nos ajudou a compreender um pouco mais os anseios e expectativas dos moradores. A participação da comunidade foi fundamental para o sucesso do nosso trabalho. As sugestões de pauta encaminhadas, os artigos sugeridos e as denúncias relatadas auxiliaram a definir o norte de cada edição. Acompanhamos juntos a luta em prol da segurança, os problemas de mobilidade, a campanha de desratização, os contratempos do desenvolvimento urbano, e também o sucesso das novas modalidades esportivas, as conquistas em infraestrutura, as revoluções no bem-estar, as novidades no cenário cultural, os desafios da juventude, e muitas outras coisas. O grande sucesso do URBHANO Belvedere nos motiva a continuar buscando um diálogo direto, ameno e constante com o bairro. Queremos ilustrar em nossas páginas o dia a dia desta comunidade, que se destaca no cenário de Belo Horizonte. Mais do que um simples noticiário, nos propomos a prestar um serviço de utilidade pública para os moradores, buscando informações e notícias que tenham impacto em sua vida. Acreditamos que o jornalismo não deve ser usado como veículo de manipulação da massa, mas sim como meio para construção de uma sociedade informada, madura e comprometida. Nosso compromisso é com a transparência e a excelência na elaboração de nosso produto! Em nome de toda nossa equipe, agradeço a todos os leitores e colaboradores do Urbhano Belvedere, bem como aqueles que acreditaram nesse projeto. Nossos parceiros comerciais sempre apostaram em um jornalismo sério, imparcial e objetivo. A todos vocês, nosso muito obrigado! Que esta 25ª edição sirva de aperitivo para o que ainda está por vir. Que Deus nos abençoe nessa empreitada! Cordialmente,
Adriano Aro
Foto: Facebook/divulgação
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Nossa missão é tornar o mundo mais aberto e conectado. Mark Zuckerberg sobre a aquisição do WhatsApp pelo Facebook e a sua missão de conectar o mundo
O atual presidente falar que vai saber se portar como ex-dirigente é o máximo. Acho que ele deveria, enquanto é tempo, aprender a ser portar como dirigente, pois em sua administração tudo que deu certo foi obra de Andrés Sanchez. Andrés Sanchez aconselha Mário Gobbi
De alguns anos para cá, amigos foram ficando na cidade mesmo, e os relatos foram ficando cada vez melhores. Eles sempre tinham boas histórias para contar sobre o feriado. Assim, foi aumentando minha vontade de ficar, pelo menos para conhecer do que eles tanto falam. Rafael Cardoso, analista de sistemas, sobre o carnaval de blocos de BH
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URBHANO BELVEDERE é uma publicação da Editora URBHANA Ltda. CNPJ 17.403.672/0001-40 Insc. Municipal 474573/001-1 Impressão: Bigráfica Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição gratuita - quinzenal
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O Jornal URBHANO não se responsabiliza por opiniões, comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colunistas e articulistas.
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Jornalista RESPONSÁVEL Raíssa Daldegan | R18.320/MG raissa@urbhano.com.br
Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Tatiane Consuelo e Renata Diniz
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local
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Roubo de carros
Criminalidade | Frequentadores do belvedere passam por tensão ao ter carro roubado para que não acontecesse nada pior. Além de levarem meus pertences e do abalo emocional evidente, não agrediram fisicamente nem a mim e nem a minha amiga, moradora do bairro Belvedere”, relata a vítima do assalto. A polícia espera desde 2008 a regulamentação da Lei n. 17.866, que dispõe sobre o controle de desmonte de veículos no estado. Segundo a norma, em caso de perda total do veículo ou outras situações que levem ao desmanche, ele só será feito mediante autorização do Departamento
k toc ters hut o: S Fot
O economiário da Caixa Econômica Federal, Mário Breno Carvalho, 23, no dia 16 de fevereiro teve o seu carro roubado no bairro Belvedere e conta como tudo aconteceu. “No final da noite de domingo, por volta das 23h45, estava parado no carro na Avenida José Maria de Alckmin quando chegaram quatro indivíduos, aparentemente menores, e um deles portando revólver de calibre pequeno. Tentei arrancar o carro, mas o meliante que me abordou pelo lado do motorista foi bastante incisivo na ameaça de atirar, o que me dissuadiu da ideia de fugir. Mandou que abrisse o vidro e desligasse o carro. Ele me pareceu inexperiente e despreparado, tinha as mãos trêmulas e aparentava maior receio de uma reação minha do que o normal. Porém, tive o mesmo veículo roubado de forma semelhante no bairro Coração Eucarístico em setembro do ano passado e já conhecia o modus operandi dos ladrões. Fiz de tudo para que eles se acalmassem,
Estadual de Trânsito (Detran-MG) e por órgão credenciado. Além disso, as peças deverão ser todas cadastradas para identificação. A regulamentação depende somente da assinatura da chefia do Detran e a expectativa é de que, depois de quase cinco anos da publicação da lei, ela seja regulamentada até o fim do ano. Para tentar evitar esses tipos de furtos os motoristas podem contribuir não estacionando em locais desertos, onde não há grande movimentação, ou onde não há patrulhamento. Mário acredita que a capital precisa urgentemente de mudanças para garantir mais segurança aos moradores. “A sensação de impotência é enorme, e de revolta contra o Estado. Penso a todo momento que estou desprotegido e que ao mesmo tempo até o direito da autodefesa é retirado. O Estado nos entrega nas mãos dos bandidos e coíbe a possibilidade de que andemos armados, mas é ineficaz na hora de impedir
que pessoas mal intencionadas venham se valer da vantagem que a arma produz. Se o acesso ao armamento não fosse tão facilitado a criminosos ou dificultado a cidadãos de bem, veríamos uma situação diferente. A polícia não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas deveria estar mais bem distribuída e ter maior esforço na solução desse tipo de demanda.” O economiário teve o carro encontrado na capital no último dia 21, quando soube por meio do site do Detran que o veículo deu entrada no pátio. Ele conta ainda que possui um cliente na agência em que trabalha que relatou que já teve dois carros roubados no bairro, o que o deixou alarmado, pois jamais suspeitou que isso pudesse acontecer no Belvedere. “É uma situação complicada, pois trabalho em Brumadinho e necessito do veículo para me deslocar de casa para o trabalho e do trabalho para a faculdade, que fica no bairro Coração Eucarístico. Se existe uma quadrilha atuando no Belvedere, deve ser investigada e os integrantes presos para conforto da comunidade”, lamenta Mário. n
Estava parado no carro na Avenida José Maria de Alckmin quando chegaram quatro indivíduos, aparentemente menores, e um deles portando revólver de calibre pequeno. Tentei arrancar o carro, mas o meliante que me abordou pelo lado do motorista foi bastante incisivo na ameaça de atirar, o que me dissuadiu da ideia de fugir Foto: arquivo pessoal
Todos nós sabemos que a criminalidade está solta por qualquer local, independentemente de bairro ou cidade. Nos últimos anos o número de carros roubados em Belo Horizonte vem crescendo de uma forma alarmante. Em média um carro é roubado a cada hora. Segundo dados da Polícia Civil, no ano passado a média mensal de furtos e roubos até maio foi de 26,2% superior à de 2012, quando 715 casos, contra 566 de 2012, foram registrados. Além de causar constrangimento nas vítimas desses assaltos, a população sente no bolso os efeitos do agravamento do problema ao terem que pagar por seguros na tentativa de evitar prejuízos maiores diante dos ladrões.
Mário Breno Carvalho já foi vítima de assaltos duas vezes, e na última teve seu carro roubado no Belvedere
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cidade
A natureza agradece Fotos: Daniel de Paiva
Meio ambiente | Pbh incentiva a criação de reservas particulares ecológicas
A reserva do Sr. Jairo Rômulo, responsável pelo Parque Ecológico Veredas, na Pampulha, é exemplo de cidadania
Um dos maiores bens que temos na capital são as áreas verdes. Pensando nisso e na valorização desses espaços, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), juntamente com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), criou a Reserva Particular Ecológica (RPE), que é uma modalidade de área protegida específica da capital. Ela foi criada e regulamentada pelas leis municipais n. 6.314 e 6.491, ambas de 1993, com o objetivo de estimular a preservação de áreas de propriedade particular de grande relevância sob o ponto de vista ambiental. Atualmente Belo Horizonte conta com nove Reservas Particulares Ecológicas legalmente instituídas, que correspondem a um total de 210.775,55 m² em termos de áreas protegidas. Entre estas, sete encontram-se em situações regulares e as demais estão em fase de reavaliação. Outras três propriedades passam pelo processo de transformação em novas RPEs, podendo representar um acréscimo de 87.082,15 m². Essas áreas são importantes ferramentas para completar esforços públicos da biodiversidade e aumentar o índice de áreas verdes municipais. As RPEs são instituídas por iniciativas dos próprios proprietários dos imóveis, que podem requerer ao Executivo a transformação de suas áreas nesse tipo de reserva, por período mínimo de vinte anos, da totalidade ou de apenas parte de suas propriedades. Com isso eles são isentos do pagamento de uma parte do IPTU, uma vez identificados seus valores ambiental e ecológico, conforme estabelecidos pelas referidas leis. Jairo Rômulo da Silva é um dos exemplos de cidadania. Há trinta anos ele cuida do Parque Ecológico Veredas, na região da Pampulha, que possui uma área de 22 mil m². “A gente tinha um time de futebol de profissionais liberais que estavam procurando uma área para poder fazer um campo na região da Pampulha. Então descobrimos essa área e fizemos o campo de futebol. Nela tinha uma área toda arborizada, com tucano, pássaros, micos, esquilos, e no final nós ficamos tão entusiasmados com a área verde que começamos a cuidar”.
Segundo o proprietário, o local foi a primeira reserva ecológica em Belo Horizonte e, atualmente, ela está bem cuidada. “Temos a obrigação de cuidar e, juntamente com a Secretaria do Meio Ambiente, graças a Deus conseguimos conservar a área. O parque possui uma lagoa e, além disso, segundo uma pesquisa feita pela UFMG, existem 24 minas de água. É a área de Belo Horizonte que tem mais minas d’água por metro quadrado. Temos água correndo o ano inteiro”, conta com satisfação Silva, que considera importante a valorização e preservação desses locais. Em 2013, a SMMA iniciou um trabalho corpo a corpo, com abordagem aos proprietários de imóveis passíveis de serem transformados em RPEs, tentando convencê-los a fazer parte do projeto. A meta é a de que pelo menos uma nova RPE seja criada a cada ano. Áreas protegidas vêm se constituindo como uma importante ferramenta complementar aos esforços públicos para proteção da biodiversidade e, ainda, aumentar o índice de áreas verdes municipais. A criação de novas RPEs abre caminho para a preservação de um ecossistema riquíssimo, no qual Belo Horizonte se insere. n
Importância das Reservas As RPEs apresentam atributos bióticos (fauna e flora) importantes para o contexto da região em que se insere. Juntamente com outras áreas verdes da região, formam um mosaico de ilhas verdes que permitem a sustentação das espécies silvestres de caráter antropizado (aquelas que toleram ou convivem bem com os ambientes urbanizados). Também apresentam massa de vegetação arbórea preservada expressiva, dentro de um perímetro de grande urbanização do município, o que contribui para o microclima da região, para a retenção de partículas sólidas em suspensão e para a redução da poluição do ar na região. As RPEs apresentam, ainda, área permeável, o que contribui positivamente para a integridade das áreas, uma vez que permite o direcionamento e a infiltração das águas pluviais, evitando com isso um maior volume de água, diminuindo a probabilidade de enchentes e sedimentos em forma de enxurrada.
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Um ano no Belvedere
Urbhano | A mídia segmentada que leva informações locais aos moradores faz aniversário porém mais segmentado, e de certa forma, um público mais atento e curioso, pois aquilo que é informado atinge diretamente o dia a dia do leitor e de sua família. A notícia de uma rua que deixa de ser mão única para tornar-se mão dupla, por exemplo. O trânsito que formará na porta do morador daquela rua todos os dias é algo que irá afetar diretamente a sua rotina e hábitos. O Jornal UrBHano está há um ano levando notícias direcionadas aos moradores do Belvedere, informações que são inseridas diretamente em suas vidas. É um canal muito valioso para a sociedade. É uma forma de saber o contexto dos acontecimentos do seu bairro. É um meio pelo qual os moradores também podem participar de forma ativa, possuir voz perante a sociedade, explorar ideias e compartilhar informações com os seus vizinhos. O jornal, nesse um ano de vida, esteve presente nos maiores acontecimentos do bairro, cobriu reclamações dos seus leitores e apresentou o que o Belvedere tem de melhor. Esperamos continuar contribuindo com notícias de interesse local e contamos cada vez mais com a ajuda dos moradores, para sugerir boas pautas e mandar suas reclamações. n
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URBHANO Belvedere 1 ano URBHANO Belvedere 1 ano
Vivemos em meio a um turbilhão de notícias diárias, e diversas informações surgem ao longo do dia. Já foi comprovado por pesquisas que a grande maioria dos usuários da internet não consegue reter nem metade dos estímulos recebidos. Muitas vezes, a notícia não afeta o leitor, pois ele se sente distante daquilo que foi informado. Sabemos que se uma guerra explodir na Europa, seremos afetados de alguma maneira – ao menos a nossa economia sofrerá danos. Porém, pela distância do oceano que nos separa, a guerra no inconsciente do leitor está longe e não atingirá de forma incisiva a sua vida. Por isso, em qualquer veículo de comunicação encontramos as editorias de locais e cidades, para informar ao leitor o que acontece em sua volta. A comunicação segmentada é um desdobramento do modelo daquela comunicação que atinge a grande massa. Uma mídia local possui o objetivo de atingir grupos específicos, classificados de acordo com características próprias e preferências similares. A notícia direcionada tem a particularidade de atingir um número menor,
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Retorno de investimento Retorno de investimento Envie suas sugestões para: redacao.belvedere@urbhano.com.br ou ligue pra gente, teremos prazer em atendê-lo: 31 2516.1801 Para anunciar, solicite uma proposta por email: comercial@urbhano.com.br
360 mil exemplares distribuídos gratuitamente
Entrevistas exclusivas Entrevistas exclusivas com moradores e personalidades
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cultura
Arte japonesa
Foto: Lucas Hallel
Foto: Angelaisa
Oriente | Ritmos, trajes e enfeites compõem o cenário exótico do 3º Festival do Japão em Minas
Foto: Lucas Hallel
Neta de japoneses, a estudante Harumi Yukawa participa pela terceira vez do festival
Entre 7 e 9 de março o público poderá conferir apresentações da cultura e folclore japoneses
Em meio à dança e arte japonesas, Belo Horizonte se torna mais uma vez palco do Festival do Japão. A terceira edição do evento acontece entre os dias 7 e 9 de março, no Expominas. Nos dois últimos eventos, 15 mil pessoas compareceram, e a expectativa para este ano é de que 20 mil pessoas visitem o local. Dessa vez o público poderá aproveitar três dias repletos de atividades com temática do universo nipônico. Serão apresentações de shows musicais com taikos (instrumento de percussão), danças típicas, artes marciais, exposições de jardins contemplativos e meditativos, tradicional arte da Cerimônia do Chá, exposições e workshops de cerâmica e bonsai, além de outras atrações. Haverá também um maior número de expositores e outras novidades que são aguardadas para essa edição. Dentre elas, o concurso de Miss Nikkei e de Cosplay, Praça de Cerâmica (com mostras, oficinas, venda) e palestra de etiqueta japonesa. O evento é realizado pela parceria entre a Associação de Cooperação em Ciência e Tecnologia Brasil-Japão e o Escritório do Cônsul Geral Honorário do Japão em Belo Horizonte, e objetiva a propagação da cultura japonesa e o intercâmbio sociocultural e econômico entre Brasil e Japão. O objetivo foi atingido com êxito, segundo a opinião da estudante de Publicidade Harumi Yakawa, 20. Neta de imigrantes japoneses, a jovem acompanha o festival desde a primeira edição na capital. Na programação de 2012 e 2013, a estudante participou das oficinas executando taiko e na arte da cerimônia do Chá. Para Harumi, que trabalhará novamente este ano, o crescimento ao longo das edições é uma realidade. “Muita gente admira a cultura e gosta desse tipo de evento. Isso tem um valor muito grande. O contato entre culturas
diferentes cria laços e enriquece a nossa cultura”, opina. Para a estudante, a exposição é uma forma de unir ainda mais os descendentes japoneses no Brasil. “Geralmente, vou com minha família (pais e irmão). Tenho alguns primos que também vão. A maior parte da minha família mora longe, mas alguns fazem um esforço a mais para vir”, conta.
Sobre as oficinas
A mistura de ritmos, trajes coloridos, enfeites e expressões corporais marcam as apresentações dos grupos, que se apresentarão a cada hora. O grupo Mimbu Saraodori, de Ribeirão Pires (SP), por exemplo, surgiu há 21 anos, tendo como objetivo aprender e transmitir a cultura japonesa, sua disciplina e educação para a juventude, integrando danças folclóricas de várias regiões do Japão. Até hoje o grupo fez em torno de 340 apresentações, como as boas-vindas ao imperador e imperatriz do Japão em 1997, participação no desfile da escola de samba Vai-Vai em 1998 (quando a escola foi campeã), Festa do Japão em Goiânia em 2002, Festival do Japão de Maringá em 2005, várias participações no Festival do Japão em Recife, Festa da Cerejeira em Campos do Jordão e em Garça, Festival de Yosakoi Soran, aniversário da cidade de São Paulo, entre outros. O ponto forte da feira será a culinária japonesa, com pratos que já fazem parte do cardápio brasileiro, como sushi, harumaki, tempura, yakisoba, espetinhos, dentre outros. Oportunidade também para experimentar a culinária artesanal com pratos pouco conhecidos do público mineiro, como o karéraisu, o inarizushi, o futomaki e o dorayaki. Outras oficinas também poderão ter a participação
do público, com a de furoshiki (embrulho em tecido), mangá (história em quadrinhos japonesa), embrulho japonês em papel, kirigami (arte de cortar papel), cerâmica e culinária. Os visitantes também poderão conhecer um pouco sobre a etiqueta social japonesa e comportamento à mesa, serão ministradas palestras pela professora Lumi Toyoda. As inscrições poderão ser feitas na própria feira e são gratuitas. Produtos e artigos típicos da cultura e folclore japonês estarão à venda em estandes no local. Além disso, o Festival irá sortear passagens de ida e volta para o Japão. n
festival japão em minas 2014 Datas e horários Dia 7 das 14 às 22 h Dia 8, das 10 às 22 h Dia 9, das 10 às 18 h ENTRADA R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia entrada para menores de 12 anos, estudantes e idosos) LOCAL Pavilhões I e II do Expominas Avenida Amazonas, 6.030 Bairro Gameleira - Belo Horizonte
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cristina ho
| turismo
05 Foto: Arquivo pessoal
Liberdade
Holanda | primeira parte sobre a cultura desse lugar excitante
Foto: Shutterstock
Nosso próximo destino é um dos lugares mais liberais do mundo, onde a tolerância impera em todos os aspectos, e que conta com uma tradição marítima extraordinária. Venha conhecer as belezas da Holanda comigo e não deixe de trazer uma cestinha: vamos colher tulipas ao final da viagem! Uma grande parte da Holanda um dia já esteve debaixo d’água. Graças ao sistema de drenagem
dos moinhos, diques, barragens e canais, o país recuperou a parte submersa. Os moinhos de vento e os canais, que têm um papel tão importante na manutenção territorial, são um verdadeiro charme e também os cartões-postais mais representativos desse país tão cheio de cores. Holanda é um país excitante, a história é viva na arquitetura urbana e a cultura exibe sua riqueza nos inúmeros museus espalhados pelas cidades. A tradição de uma sociedade As cores dominam mais tolerante recebe de braa Holanda ços abertos os homossexuais, as prostitutas, as drogas, a eutanásia e o aborto. Essa abertura também se deu no âmbito político, por sinal um dos mais liberais do mundo. Holanda é sinônimo de respeito pelas diferenças e conhecê-la é admirar a harmonia desse grande mosaico de diversidade sexual, cultural e religioso que se forma dentro de um único quadro. A alegria desse povo irá nos
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br acompanhar nos diversos passeios que faremos pela capital, Amsterdã. Na terra do pintor Van Gogh vamos andar de bicicleta, faremos um passeio de barco pelos charmosos canais, nos divertiremos no distrito da Luz Vermelha e, claro, conheceremos um moinho de vento por dentro! Como parte importante da história da humanidade, faremos uma visita à casa que foi moradia e serviu de esconderijo à família da pequena Anne Frank e, de cômodo em cômodo, vivenciar algumas páginas do seu famoso diário. Aos amantes da boa culinária, vou levá-los para uma vila de pescadores que fica nos arredores de Amsterdã, chamada Volendam e lá degustaremos um delicioso salmão defumado! Ficou com vontade? Espere pelas próximas edições. n
maurilo andreas
| crônica Foto: arquivo pessoal
Férias Depois de três anos trabalhando sem parar, férias! As malas já estavam arrumadas há uma semana e o itinerário por um trecho pouco conhecido do litoral norte do país definido há quase seis meses. Isolamento era a palavra-chave dessa viagem. Relaxar, perder-se do mundo, viver cada momento sem saber o que acontece o tempo todo em todo canto do planeta.
Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras.
Conferiu as passagens, deu a última olhada para ver se as janelas estavam todas fechadas, desligou o celular e colocou junto ao iPad, ao iPod, ao notebook e a tudo que significasse contato com a civilização. Dali em diante era apenas ele, sozinho, desconectado. Uma sensação de alegria o invadiu quando trancou a porta da casa e desceu as escadas em um ritmo mais lento do que se poderia imaginar diante de sua euforia. Pegou o táxi para a rodoviária sem nem se
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preocupar com as mais de quarenta horas que teria pela frente. O trajeto,
tanto quanto o destino, faz parte da viagem. E ao perceber-se livre,
realmente livre, sorriu. Dentro da casa, debaixo da pilha de papéis com a qual ele havia entulhado a lata de lixo, seu bilhete da MegaSena que seria premiado dois dias depois e que, ao voltar, ele nunca iria se lembrar de conferir. n
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matéria de capa
No fear Radicalmente | Moradoras do Belvedere demonstram coragem e persistência em vários estilos Acordar bem cedo pela manhã e se deparar com várias mulheres fazendo caminhada, andando de patins, bicicleta e se exercitando faz parte do cotidiano do Belvedere. No mês em que se comemora a conquista dos direitos igualitários entre os gêneros, buscamos ouvir as es- Foto: Carlos Hauck portistas do Belvedere e descobrir qual o segredo para uma vida atlética. Nossas entrevistadas concordaram que o Belvedere é um bairro propício para esportes. A bela paisagem e a diversidade de opções oferecidas pelas praças e ruas do bairro são um convite para a prática de exercícios físicos. Teca Lobato, 27, cinco vezes campeã brasileira de wakeboard, tetracampeã brasileira na modalidade feminina e campeã brasileira na categoria masculina, conta que a Av. Celso Porfírio Machado foi o primeiro lugar onde se aventurou sobre a prancha. “Aquela ladeira é perfeita para a prática, porque a pista é muito larga, o asfalto é muito bom e a inclinação também. É essa junção de A montanhista Lilia Horta coisas que faz com que atingiu o cume do Aconcágua, lá seja um dos melhores na Argentina, em 2010 lugares para a prática do skate longboard”. Apesar de o local ser propício para práticas esportivas, a atleta alerta aos novos skatistas que o trânsito de veículos tem se intensificado nos últimos anos, fato que exige mais cautela de quem se aventura pelas ruas planas do Belvedere. A primeira conquista nacional de Teca no longboard aconteceu aos 21 anos, em 2008, quando foi campeã brasileira. Em 2012, com pontuação suficiente para disputar a categoria avançada no Foto: Ezio Rubbioli campeonato brasileiro, ela foi a única mulher na disputa. Pela exclusividade na categoria feminina, recebeu o aval da organização para disputar na masculina e venceu. Após vários desafios e conquistas, Teca conta que viu o cenário feminino se expandir nos últimos
anos e desmistificar o preconceito em sua inserção no skate, esporte de tradição masculina. Apesar disso, ela acredita que a categoria feminina é deixada de lado no mundo esportivo. “As pessoas achavam muito legal o que eu fazia. Tudo já era conquista, só
por ser uma mulher. Acho que todo mundo gosta de ver as disputas, acham bacana. Mas a categoria feminina não tem o teor de importância como dá pra sentir que tem a masculina. Ainda bem que algumas marcas investem nesse perfil feminino”.
Para a skatista, apesar das dificuldades enfrentadas pelas mulheres, o interesse no esporte vem crescendo. Não apenas no longboard, como também no wakeboard, esporte aquático praticado com uma prancha tipo snowboard, puxado por uma lancha. Para Teca, o maior obstáculo da ascensão feminina nos esportes é a posição das Teca Lobato em ação mulheres perante esse no wakeboard universo. “As mulheres têm várias questões: casam, tem filhos e muitas vezes dão uma pausa no esporte e não voltam. É importante que a mulher dê continuidade. Vejo que no começo as mulheres geralmente se saem muito melhor do que os homens. Elas percebem isso e ficam animadas. O problema é realmente quando elas fazem uma pausa e não voltam”. O profissional de Educação Física e coordenador da Body Tech, Brucce Cota, 35, também observa essa situação. Brucce explica que em casos de pausa por motivos de gravidez, dependendo do histórico gestacional, é possível haver um retorno às atividades físicas num período menor que trinta dias – mas apenas no caso de mulheres com hábito de atividades regulares e que tenham passado por um parto normal. Ele observa que a presença feminina nas academias vem crescendo muito nos últimos dez anos. Os benefícios da rotina de exercícios foi o que manteve as amigas Júlia Elian, 30, e Gabriela Barra, 24, moradoras do Belvedere, na malhação já há tanto tempo. Júlia malha há doze anos e Gabriela há onze. Há cinco anos as duas fazem as atividades físicas juntas de segunda a sábado. A administradora Júlia conta que o importante não são as disputas ou torneios, mas apenas o próprio bem-estar. Para ela, o segredo é não desanimar e sempre buscar novos exercícios. Por isso ela e a amiga fazem, ao longo da semana,
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Fotos: Cinthya Pernes
spinning, malhação, aulas de corrida e circuitos de exercícios intensificados. Motivada a aprender a patinar, Júlia conta que comprou patins e está empolgada para andar pelo Belvedere. “Estou doida pra dar umas voltas já, aqui tem um diferencial. Principalmente nos fins de semana, você acorda, abre sua janela e vê um dia alegre. As pessoas nas ruas passam esse sentimento. Sábado venho malhar e a academia está super cheia. Você encontra todo mundo do bairro aqui. Seu dia já começa diferente”. Para a engenheira eletricista Gabriela Barra, 24, a amiga precisa apenas de um incentivo a mais para iniciar o novo hobby. “Ela está esperando eu comprar também. Então iremos juntas (risos)”. Gabriela conta que sempre gostou de esportes, por pertencer a uma família apreciadora de atividades ao ar livre. Para Gabriela, que malha há onze anos sem pausas, o fundamental para uma vida saudável é não extrapolar nas atividades e manter sempre uma alimentação balanceada. Por esse motivo a engenheira afirma não abrir mão de descansar aos domingos e seguir à risca a nutricionista. “Sempre tive acompanhamento nutricional. Para quem quer um corpo saudável, pensar apenas na atividade física é apenas 20%. Os outros 80% são a alimentação, não tem jeito”. Assim como a amiga de treino, Gabriela tem a mesma motivação para se exercitar. “Nesse bairro só falta um mar (risos). Acho que o clima do Belvedere é muito bom pra esporte. Justamente porque não tem muito morro e na cidade é cheio de morro, né? Então acho que é isso. Aqui a academia é toda de vidro, então o estímulo é maior. Você vê as pessoas passando na rua, você vê o dia, o sol”. Para a bióloga Lilia Horta, 46, que treina há sete anos na academia Cia Athletica, o que realmente importa são os desafios. A bióloga pratica montanhismo há quinze anos e possui experiência em expedições espeleológicas e exploração em grutas há trinta anos. Em 2010, Lilia foi a primeira mineira a subir o Aconcágua, na Argentina, e depois disso só somou conquistas. No ano passado, ela e outros dois brasileiros foram o primeiro grupo do país a desbravar mil metros de profundidade numa gruta na França. A prática do montanhismo já a levou até o Nepal, Paquistão, França, Argentina. Em expedições de espeleologia a atleta já conheceu Itália, Marrocos e ainda outros países. Sem contar as cavernas dentro do território nacional. Os perigos em viagens como essas são vários, principalmente tendo variáveis como gelo, altitude, temperatura. Além do risco de se perder a trilha, avalanches, hipotermia. Apesar disso, a atleta afirma não ter medo e que apenas aproveita os momentos de descoberta. Patrocinada pela Cia Athletica, a montanhista explica a intensidade dos treinos. “É um ciclo, tem hora que treinamos força, depois resistência. Aí, mais perto da viagem, eu pego mais natação porque é uma atividade que trabalha muito a respiração. É extremamente importante nas montanhas. No final desse ciclo todo é que consideramos que estamos preparados”. Segundo Lilia as atividades exercem maior atração em atletas masculinos, fato que não seria decorrente de nenhum cenário de preconceito, mas sim puramente pela falta de interesse da maior parte das mulheres. “Tem muito mais homens, mas tem mulher também. Você passa frio e fome, mas a gente vai acostumando, sempre tem mulheres que gostem da aventura”. n
matéria de capa
Malhando desde os 12 anos, Gabriela Barra faz parte do time de mulheres determinadas a viver de forma saudável
Antes de conquistar por cinco vezes o título de campeã brasileira de wakeboard, Teca Lobato já se aventurava de skate pelas ruas do Belvedere
Para Júlia Elian, a vizinhança ativa do Belvedere estimula a vontade de se exercitar
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entrevista
Eventos classe A Foto: Cinthya Pernes
Mercado | O empresário Leo Stallone é referência no ramo e realiza eventos de grande porte
Leonardo Simão, mais conhecido como Leo Stallone, devido a sua semelhança com o ator de ação dos cinemas, é um nome carimbado na noite belo-horizontina. Formado em administração de empresas pela PUC Minas, já trabalhou em diversos locais, mas sempre gostou do mercado de eventos. Ajudava os amigos a organizarem festas, trabalho que fazia paralelamente ao seu emprego. Quando não deu mais para conciliar as duas coisas, optou por aquilo que mais gostava. Já foi coordenador de casas noturnas e relações públicas de boate, até decidir montar seu próprio negócio. Hoje seu nome é sinal de credibilidade nos eventos da capital. Há oito anos investe em labels parties, como a Phenomenal White e Phenomenal Black, festas que reúnem um seleto público da classe A. Sua empresa, a LS Produções, possui a representação de eventos conhecidos mundialmente, como o Buddah Bar de Paris, Café Del Mar de Ibiza, na Espanha, entre outros. Há vinte anos nesse mercado, Leo já possui o know-how para agradar um público extremamente exigente. O empresário acredita que para cada novo produto a ser lançado é preciso investimento e persistência. Que é necessário plantar e cuidar para colher frutos, e é o que ele está fazendo.
Como foi sua trajetória profissional? Na realidade eu trabalhei em muitas empresas, trabalhei em bancos de investimentos, já tive agência de turismo, e no decorrer dessa formação profissional eu sempre gostei de festas e eventos. Na verdade, comecei ajudando alguns amigos a realizar as festas, há muito tempo – pois estou há vinte anos nessa área. Sempre fui fazendo paralelamente ao meu trabalho, comecei fazendo eventos em casas noturnas, em algumas boates. Com o tempo a gente vai tomando gosto e vai entendendo como é o mercado, e vai se arriscando para eventos maiores. Eu peguei experiência sendo relações públicas de casas noturnas. A Sky mesmo foi uma boate em que eu fui coordenador-chefe. Mas paralelamente a isso eu trabalhava em outras empresas. Chegou um determinado momento em que estava difícil conciliar, foi na época em que trabalhava em um banco francês, e eles me deram um ultimato. Disseram para eu largar
essa vida de festas e seguir carreira no banco, ou que tinha que seguir o meu caminho. E foi isso que eu fiz na época, resolvi seguir meu caminho dentro daquilo que me identificava, que eram os eventos. Na época eu criei uma empresa chamada UP Produções, sociedade com o Eduardo Quintino, que era um amigo e um ótimo produtor. Trabalhamos juntos durante uns anos, e acabamos fechando a UP. De lá para cá criei a LS Produções, que é uma empresa minha, e hoje eu tenho uma sociedade com o Digio Mendes, da Label 12. Nós executamos 90% dos nossos eventos em conjunto. Acredito que muito do nosso sucesso hoje vem dessa nossa parceria. De onde vem ideias para tantos eventos? Há oito anos nós tivemos a visão de fazer labels parties e criamos a Phenomenal White e Phenomenal Black. Temos a representação de algumas labels, como
o Buddah Bar de Paris, Café Del Mar de Ibiza, entre outros. Dos eventos que realizamos tem ainda o BH Dance Festival, a Festa Junina do Chevals e muitos eventos corporativos. Outro nicho em que estamos começando atuar também são os eventos beneficentes e os que ocorrem através de leis de incentivo. Temos algumas festas também fora de Belo Horizonte, como Trancoso Weekend, Sundance Festival, que é o réveillon em Arraial D’Ajuda, e o Escarpas Folia Sertaneja, em Escarpas do Lago, na Semana Santa. Antigamente, quando eu comecei a fazer evento, fazia muito por fazer. Depois de algum tempo percebi que o interessante é construir marcas. Como tudo na vida, a gente precisa plantar, cuidar bastante, para depois colher o fruto. Sou formando em Administração de Empresas, então eu tenho essa filosofia de administradores. Chegou um determinado momento que nós precisávamos criar produtos, e de certa forma tomar o
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cuidado para não desgastar essas marcas. Surgiu então a ideia de criar labels, selos próprios e outros de marcas mundialmente famosas. Normalmente nós temos parceria com outras empresas e outros produtores.
entrevista equipe, pois a nossa equipe de vendas é como se fosse um departamento de vendas. Temos o departamento de comunicação, porque hoje em dia tudo é muito voltado para as redes sociais. Depois de tudo isso, tem o planejamento de como você vai montar esse evento. Você precisa sentar com o decorador,
Como é o mercado de eventos em Belo Horizonte? Difícil, muito difícil. Nós somos mineiros, nós nascemos desconfiados. Não só para O empresário é responsável por trazer para BH eventos renomados como a o mercado de eventos, mas Phenomenal White e Phenomenal Black para qualquer nicho. Dizem que o que dá certo em Belo Horizonte dá certo em qualquer lugar do Brasil, então nós somos mesmo referência para qualquer produto. Isso não é nada diferente no mercado de eventos. Realmente é bem difícil, acabei de lançar um produto novo, chamado Vitrine, que é uma festa que foge da música eletrônica, que é o forte de todos os nossos eventos. E eu percebi uma demanda para ritmos variados, como sertanejo, samba, rock, funk, enfim, tocar um pouco de tudo. É um produto novo, então ainda estamos trabalhando muito, divulgando e investindo na marca. Hoje estamos indo para o oitavo ano da Phenomenal White e terceiro ano da Phenomenal Black. Muita gente não sabe, mas a primeira edição dessas festas deu prejuízo. Foi feito um investimento e há oito anos acreditamos que iria dar certo. Nos nossos eventos, quando fazemos a primeira edição deles, sempre dá prejuízo. É comum, mas entendemos que não é um prejuízo, de fato, e sim um investimento. Quando você abre algum negócio, às vezes leva anos para conseguir lucro. E no mercado de eventos também é assim. Qual o principal fator para um evento ser bom? Não existe um fator, existem vários fatores. Montar um evento é a mesma coisa de você montar uma empresa. Por exemplo, a primeira coisa que você precisa saber é um estudo de localização de onde será esse evento. Com qual público você vai querer trabalhar, como A e B, que é a linha do evento que nós fazemos. Então eu tenho que realizar esse evento dentro de uma região que tenha uma aceitação por esse público. Hoje em dia fazemos muitos eventos em Nova Lima, que é uma região considerada nobre por esse público. Existe um planejamento de marketing, temos que criar a fórmula do que vamos vender, do que vamos comunicar. É necessário uma equipe de vendas, pensar na remuneração para essa
que é só aquele período de oitos horas, mas, às vezes, são necessários seis meses para planejar tudo. Dificilmente fazemos uma festa com menos de dois meses de planejamento. Hoje em dia nós já temos um calendário de eventos e nós respeitamos esse calendário. A palavra-chave é o planejamento. Fotos: divulgação
Sundance Festival é outro evento de sucesso organizado pela empresa de Leo
com o produtor de som, com os técnicos de montagem. Começa então a parte de contratação de fornecedores, o sistema de credenciamento de fornecedores. Existe todo esse planejamento de execução de um evento. As pessoas que vão para a festa pensam
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Muitas pessoas tentam entrar nesse mercado todos os anos. o que faz você se destacar? Em primeiro lugar acredito que as pessoas que querem entrar nesse mercado precisam de um foco naquilo que querem fazer. Trabalhando com o perfil de um público como o nosso, que é extremamente exigente, não podemos contratar qualquer um para atender o cliente, que tem um nível social. Poderia contratar um atendente para o qual pagaria R$ 50, R$ 60 para fazer o atendimento do bar, mas eu pago R$ 130. Contratamos sempre jovens, universitários, que trabalham com promoção e atendimento. Quando o cliente chega ao bar ele vai ser recebido com “boa noite, o que o senhor deseja beber?” e “muito obrigado”. Se o cliente tiver alguma crítica ou reclamação o atendente vai saber tratar aquele fato de uma forma delicada. Enfim, são alguns tipos de investimento, de atenção, que nós procuramos ter. O mineiro já é desconfiado e extremamente exigente, principalmente esse nicho que a gente atende, então precisamos procurar todos esses diferenciais. O nosso sucesso é o nosso planejamento. Junto com todos esses cuidados, nós zelamos por um padrão de qualidade alto. Uma coisa muito importante para quem quer entrar nesse mercado é perseverança, porque é um mercado de altos e baixos.
De que você não abre mão na sua rotina? Pode parecer loucura – você vai me perguntar como eu faço tudo isso –, mas o que eu não abro mão é de praticar atividades físicas. Jogo tênis duas vezes por semana e faço aulas de boxe, também duas vezes por semana. E quando dá, arrumo tempo para malhar, e pelo menos uma vez no final de semana eu corro. Pelo menos uma hora por dia eu arrumo para me exercitar, a não ser em dias de evento, que não dá mesmo. Mas é uma coisa fundamental para eu extravasar o meu estresse e a minha ansiedade, porque evento é um negócio de muito estresse, pois envolve muito risco. n
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moda |
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Isadora vargas
LFW turn London’s Fashion Week | lancamento de tendências na terra da rainha
é a hora de fugir do óbvio e iluminar os modelitos de inverno. Entre os desfiles mais esperados do dia, J.W. Anderson aderiu ao estilo minimalista com destaque para a cartela de cores e para a forma de lidar com os tecidos. Navy blue, rosa nude, cinza, amarelo mostarda e verde-escuro deram tom invernal à coleção. A coleção elegante e moderna foi inspirada em vestimentas japonesas e contou com muitas fendas, saias e vestidos godês, cropped tops e drapeados. Fora das passarelas, a designer de sapatos inglesa Sophia Webster lançou sua coleção com lindas botas, sandálias e scarpins. A inspiração, também divertida, romântica e sexy, veio dos contos de fada modernos, onde os finais sempre são felizes. Cadarços e pompons estão entre os detalhes dos novos modelos. Será que a moda pega? A Mulberry, uma das principais marcas do line-up da LFW não se apresentou nessa temporada, já que a grife está sem chefe de estilo desde a saída de Emma
Burberry
Mulberry Fotos: divulgação
Depois da semana intensa, com muita neve em Nova York, chegou a vez das fashionistas do mundo inteiro migrarem para Londres. A capital inglesa foi configurada para receber alguns estilistas mundialmente reconhecidos por seu talento. Durante cinco dias, a programação foi recheada com shows, apresentações e exposições com os melhores e mais brilhantes nomes da moda. Londres foi palco de desfiles de grifes como Tom Ford, Top Shop e Burberry. Um dos destaques da vez foi a Hunter, que aproveitou a oportunidade para fazer toda sua linha conhecida, e não apenas as Wellington boots – suas já famosas galochas de cano longo. Nos três primeiros desfiles do segundo dia da semana de moda londrina, as mesmas cores que ressurgiram com força na NY fashion week elevaram o astral dos espectadores. A tendência, mesmo que presente em apenas alguns looks dos desfiles, se destacava na mistura dos tons neutros como nos looks de Jasper Conran. Tudo indica que
Hill, no início de 2013. No entanto, a grife garantiu sua presença de outra forma na maratona fashion inglesa. O icônico hotel Claridge’s foi transformado em um romântico campo inglês, com direito a cachorrinhos e um balanço onde Cara Delevigne se assentou para mostrar a bolsa ‘’três em um’’ assinada
Hunter
pela modelo. Vale ficar de olho, pois a mochila promete ser bem versátil! Continuando a maratona de desfiles, a passarela de Marios Schwab, além de velas enfileiradas, ficou repleta de vestidos e saias curtinhas, com silhueta levemente marcada. Recortes e decotes em V revelavam rendas que nos remete
Jasper Conran
ao sutiã aparecendo sob a roupa. Por fim, a Burberry Prorsum se destacou como o melhor da temporada, com críticos e editores internacionais voando para pegar o desfile. Christopher Bailey levou para a passarela estampas florais de inspiração 1970’s e grafismos étnicos. Os trench coats,
J.W. Anderson
um clássico da marca, se atualizaram com delicadas estampas de aquarela com perfume handmade e foram usados sobre vestidos leves e fluidos. Por outro lado, a paleta de cores indica que a temporada será menos cinza, com uma variedade de tons mais alegres combinados entre si. n
Marios Schwab
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educação
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Calendário europeu Depois das férias de verão, enquanto os alunos de escolas brasileiras Pensando em fazer intercâmbio, estão comprando novos os alunos já se acostumaram e até materiais e se preparanpreferem o calendário europeu do para um novo ano, alunos de toda a Europa e dos Estados Unidos se preparam para voltar para o último semestre do ano escolar. Essa diferença do calendário tradicional brasileiro para o europeu se dá devido ao período de verão dos outros hemisférios, para os alunos aproveitarem as férias nos meses quentes do ano. Porém, muitos estudantes brasileiros pretendem fazer intercâmbio ou até mesmo continuar os estudos em universidades europeias, e a diferença dos calendários pode causar transtornos nesses casos. Pensando ness a questão, a escola internacional Fundação Torino, localizada no bairro Belvedere, optou por seguir o calendário escolar europeu. Marcus do diretor. Luiza fez a prova do Enem como traineiVinícius Leite, diretor didático da Fundação, conta ra e conseguiu uma pontuação admirável de 960 na quais são as vantagens de estudar em uma instituição redação. “Eu me inscrevi como treineira no Enem, que adota o calendário europeu. “Na realidade a van- porque apesar de ter escolhido estudar em uma escotagem imediata é da inserção em cenário internacio- la internacional, ainda quero estudar em uma univernal. O aluno que procura um processo de intercâm- sidade brasileira, então o vestibular é muito imporbio, não tem nenhuma dificuldade em ser inserido tante para mim. Na prova eu estava muito tranquila, em uma turma do exterior. E é vantagem também com nenhuma expectativa e acredito que foi isso que para quem está retornando desse intercâmbio, que me ajudou”, confessa a estudante, que ainda está deacaba chegando já no nosso calendário. Não existe cidindo o curso que quer estudar. perda de ano na transferência”, explica Leite. A aluna que decidiu estudar o ensino médio na A dúvida é na hora da preparação para o vestibu- Fundação comenta como foi se adaptar ao novo calar, já que os alunos precisam ter concluído o ensino lendário. “Eu senti muita dificuldade quando entrei médio para prestarem o Enem e conseguirem uma aqui, eu ficava muito nervosa, mas acredito que os vaga nas universidades brasileiras. O diretor didático professores entendem quem está aqui desde pequerelata que como a Fundação Torino possui o ensino no e quem entrou depois. Agora já estou bem acosinternacional, a preparação realizada na escola é bas- tumada, acho muito legal a forma como a matéria é tante puxada e os alunos quando chegam ao fim do cobrada. Na verdade esse calendário não atrapalha ensino médio se sentem prontos para qualquer vesti- muito, nós sempre pensamos que temos dois inícios bular. “O que acontece em relação ao Enem é que os de ano. O bom é que temos a chance de recuperar, alunos passam por um exame final, que é o mesmo pois você começa um novo semestre com novas enerque acontece na Itália, chamado de exame de estado. gias. Então naturalmente nós sentimos um novo coÉ uma preparação bem forte, eles fazem quatro pro- meço”, analisa. vas escritas que duram mais de três horas. Uma prova A estudante do segundo ano Helena Drummond de inglês, uma de italiano, uma de matemática e ou- Alvarenga, 17, já coleciona línguas no currículo, como tra multidisciplinar. Além disso, eles têm que elaborar português, italiano, inglês e agora espanhol, que couma pequena tese para apresentar para os professores meçou a estudar este ano. “Estudo desde pequena da Itália e para uma comissão que temos aqui na esco- aqui, desde o maternal. Estou acostumada com esse la. É exigida então uma preparação forte para passar calendário, acho muito bom, pois ele ajuda muito por essa etapa. A gente brinca que quem passa por es- nas férias. Nós entramos de férias em junho e voltasas provas está pronto para qualquer vestibular” mos só em agosto, são nossas maiores férias. Temos A aluna Luiza Maria Alves Pacheco, 17, que está quinze dias a mais em junho e quinze a menos em no segundo ano do ensino médio, reforça as palavras dezembro”.
Foto: Cinthya Pernes
Aprender | Escola internacional do Belvedere prepara os alunos para várias provas do mundo
Henrique Gomes, 17, aluno do segundo ano, aponta também o período das férias como vantagem. “O fato de a gente ter as férias maiores no meio do ano e não pegarmos alta temporada é ótimo, e isso facilita muito para quem vai viajar”, relata o aluno, que pretende fazer faculdade no exterior. n
Marcus Vinícius Leite, diretor didático da Fundação, relata as vantagens do calendário
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Gastronomia
Toque especial Foto: João Travassos
Beer | A cerveja pode ser um ótimo ingrediente para receitas culinárias
Receita Fishand Chips INGREDIENTES (porção para quatro pessoas) 2 filés de linguado de aproximadamente 150 g cada 1 batata grande 500 ml de cerveja (qualquer cerveja) 500 g de farinha de trigo sem fermento Sal a gosto 1 colher de chá lemonpepper para os dois filés Um fio de azeite
Chef Rômulo Alvarenga Junior
1 colher de sopa de manteiga 1 colher rasa de chá de sal grosso 1 colher rasa de chá de alecrim seco ou fresco Meio copo de iogurte integral sem sabor 2 colheres de sopa de limão 1 colher de café de raspas de limão Pimenta a gosto
Modo de preparo Fish (peixe) Tempere os dois filés de linguado com sal, pimenta e lemonpepper (tempero à base de limão). Envolva-os na farinha de trigo. Tire o excesso e mergulhe-os dentro de um recipiente com a beerbatter (cerveja com farinha) e leve à fritadeira. Após frito, retire o excesso de óleo com um papel-toalha.
Beerbatter (massa de cerveja) Utilize cerveja e farinha na mesma proporção. Misture até formar uma massa consistente. Molho de iogurte com limão Misture o iogurte com o suco de limão e acrescente as raspas da fruta e sal a gosto.
Chips (batatas) Cozinhe uma batata grande até ficar al dente. Corte em seis pedaços e, utilizando ervas (alecrim), finalize com azeite e manteiga na frigideira para ficar crocante. Monte o prato colocando os filés sobre as batatas. Sirva à parte o molho de iogurte com limão.
Sobre a origem exata da cerveja, por ser tão antiga, há várias versões. Cada A tradicional cerveja uma delas é digna de ser também pode vir discutida numa mesa de acompanhada de um bar, bem no espírito da bebelo prato culinário bida, que já foi tida como divina, sagrada, e hoje representa momentos de descontração e de uma boa conversa. Há indícios de que ela surgiu há 9 mil anos, na Mesopotâmia, região do Oriente Médio, entre os rios Tigres e Eufrates. A cerveja é uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais, principalmente da cevada maltada. Acredita-se que tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas criada pelo ser humano e, atualmente, ela é a bebida mais consumida no mundo. Típicos de países e regiões com influência britânica, os pubs são tradicionalmente conhecidos como bares licenciados para servirem bebidas alcoólicas, sendo a cerveja a principal delas. Geralmente, esses espaços se destacam pelo estilo musical, que quase sempre é o rock, pela decoração peculiar e por possuírem uma clientela assídua. Um dos exemplos na capital é o Grampa’s Attic Pub, no bairro São Pedro, região Centro-Sul, que oferece uma carta com 25 cervejas de diversas nacionalidades, além de um cardápio variado, um ambiente aconchegante e rock and roll de qualidade. E para os amantes da cerveja o local oferece uma maneira diferente de consumi-la: por meio da comida. É a famosa porção de Fishand Chips (peixe com batatas fritas), que reúne dois filés de linguado inteiros (em vez de iscas) preparados à beerbatter (massa para empanados feita com farinha de trigo e cerveja); batatas salteadas no azeite e molho de iogurte com limão siciliano. O chef e proprietário do Grampa’s Attic Pub, Rômulo Alvarenga Junior, explica como surgiu a ideia de trazer o prato para a capital. “A ideia veio junto com o bar. Pelo fato de ser um pub, apesar de não ser inglês, americano e nem australiano, eu provei a gastronomia encontrada nesse ambiente, e esse é um prato clássico dos pubs ingleses. Então surgiu esse interesse”, comenta o chef, que pensa em trazer novas receitas com cerveja para o seu cardápio. Ele conta ainda que o prato é um dos carros-chefe da casa e acredita que o grande diferencial do local é, como o próprio jargão diz, the real deal (o que realmente vale a pena). “Já tem outras receitas com a bebida que conheço e em algum momento quando precisar diversificar o meu cardápio vou utilizar. Aqui você vai encontrar tudo bem parecido ao que as coisas são na essência, como o caso desse prato, que em outros lugares é servido diferente, e não como o tradicional Fishand Chips inglês.” n
Foto: Cinthya Pernes
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Diogo Mendonça Cruvinel é Cientista político, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Público e professor de Direito Eleitoral. diogocruvinel@yahoo.com.br
Boa, sim. Mas com ressalvas Com o objetivo de afastar da disputa eleitoral candidatos com problemas na justiça, a Lei Complementar n. 135/10, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa, será aplicada em eleições gerais (presidente, governador, senador, deputados federal e estadual) pela primeira vez neste ano. Embora esteja em vigência desde junho de 2010, não valeu para as eleições daquele ano por força do artigo 16 da Constituição/88, que determina o período mínimo de um ano antes do pleito para alterações nas regras eleitorais. Nas últimas
especial
eleições municipais (prefeito e vereador), realizadas em 2012, a lei foi aplicada com relativo sucesso, valendo como um bom teste para as eleições deste ano. Fruto de iniciativa popular, tendo sido colhidas, na ocasião, mais de 1,6 milhão de assinaturas, sua intenção é realmente das melhores e não podemos negar os benefícios práticos trazidos pela lei, sobretudo por ter corrigido algumas incoerências graves da legislação eleitoral até então vigente. Apenas como exemplo, podemos citar o cinismo da regra que tornava inelegíveis por apenas três anos os candidatos que, durante suas campanhas eleitorais, descumprissem preceitos básicos para uma disputa leal, como não comprar votos ou não abusar de seus poderes políticos ou econômicos. Como as eleições para os cargos eletivos ocorrem, no Brasil, a cada quatro anos e o período de inelegibilidade era de três anos contados da eleição realizada, o candidato poderia lançar mão de diversos procedimentos irregulares em sua campanha eleitoral e, caso condenado, não teria problemas para novamente se candidatar nas eleições seguintes. Com a Lei da Ficha Limpa, todos os prazos de inelegibilidade foram ampliados para oito anos, havendo a possibilidade, ainda, de que o candidato condenado criminalmente fique fora das disputas eleitorais por tempo muito superior, em virtude da suspensão de seus direitos políticos (votar e ser votado). Apesar dos pontos positivos acima listados, tenho algumas ressalvas de ordem teórica e prática em relação à Lei da Ficha Limpa. A primeira, e mais relevante, diz respeito à ideia de representação democrática, por meio da qual os eleitores devem ter o direito de livremente escolherem seus representantes, ainda que os considerem ruins. Com a Lei da Ficha Limpa, foi criada uma regra limitando
| eleições
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previamente os candidatos que podem se colocar como opção nas eleições, partindo do pressuposto de que os eleitores, por não saberem votar direito, devem ser “tutelados”, como forma de garantir uma suposta melhor qualidade de sua escolha. A segunda ressalva está relacionada ao exíguo prazo que a Justiça Eleitoral tem para analisar e decidir todos os pedidos de registro de candidatura e ao ainda mais exíguo prazo para que o Ministério Público e os partidos políticos adversários possam conferir e impugnar tais pedidos. A começar pelo fato de que a Justiça Eleitoral não dispõe de todas as informações necessárias para verificar a incidência de várias das causas de inelegibilidade, sobretudo aquelas relacionadas a decisões anteriormente proferidas por outros órgãos ou até mesmo por entidades de classe. Temos também as dificuldades impostas aos demais partícipes do processo eleitoral (Ministério Público e partidos) para pesquisar a vida de cada um dos milhares de candidatos registrados. Por tais dificuldades, isso significa, na prática, uma possibilidade real de que candidatos “fichas sujas” venham a ter seus pedidos deferidos, podendo, assim, ser votados e eleitos. Mais do que a existência de uma lei que retire da disputa candidatos “fichas sujas”, uma representação política de qualidade somente será possível com a participação de todos os agentes envolvidos na eleição. Os partidos políticos poderiam, por exemplo, além de fiscalizar seus adversários, criar mecanismos internos para impedir o registro de candidatura de seus filiados “fichas sujas”. Porém, ainda assim, corremos o risco de que todas essas providências sejam inócuas se os próprios eleitores não fizerem sua parte, pesquisando e se informando sobre os candidatos de sua preferência. n