Urbhano Mangabeiras | Sion nº 1

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20 . julho a 05 . agosto de 2013 . ANO I . Número 01 . Distribuição gratuita

On-line: www.urbhano.com.br

Foto: Lucas Alexandre Souza

tudo que inteRessa no seu bairro está aqui

O mais belo horizonte Praça do Papa é um dos grandes cartões postais da cidade e também ponto de encontro dos mineiros

entrevista

Foto: Arquivo particular da COMITECO

o velejador e escritor Amyr Klink conta em detalhes sobre os perigos e os desafios de SE navegar sozinho para a Antártica pág. 6

veículos

esporte

Carros antigos são verdadeiras relíquias para colecionadores de Belo Horizonte e trazem de volta pedaços da história pág. 10

casal de namorados, Atletas do Minas Tênis Clube, irão disputar o World Games, competição internacional na Colômbia pág. 13

memória

A história do mangabeiras Iniciado há apenas 50 anos, Mangabeiras é hoje um dos bairros mais nobres da capital Pág. 4

gastronomia localizado no bairro sion, O Pacífico Bar Café é um lugar especial para casais apaixonados que apreciam a boa culinária pág. 14


editorial frasesURBHANAS

Foto: Lucas Alexandre Souza

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URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 20 de julho a 05 de agosto de 2013

Não. Não foi combinado. Eu nunca faria isso até em respeito aos meus fãs e ao Brasil. Eu sempre disse que esse título era brasileiro e que continuaria no Brasil. Infelizmente, não deu. Anderson Silva, comentando sobre sua derrota no UFC

Eu sinto que, com o cinema, subi um degrauzinho na fama. Ator e humorista Paulo Gustavo, sobre o filme “Minha Mãe é uma Peça”

Caro Leitor, DERE, temos a honra de trazer até vocês uma publicação quinzenal voltada exclusivamente para os bairros MANGABEIRAS e SION. Um jornal único

Foto: Contigo/divulgação

Após o sucesso do jornal URBHANO BELVE-

Dá para matar a sede do sertão. Antônia Fontenelle , em entrevista ao UOL, sobre o cachê recebido da revista “Playboy”

para um público exclusivo, com cuidados que vão desde os materiais de impressão até as linhas editoriais. Buscamos um conteúdo leve e informativo, algo que possa ser lido nas praças, cafés e residências do bairro. O Jornal URBHANO é um trabalho consolidado, que conta com o apoio de grandes parceiros e anunciantes. Empresas que acreditam em uma mídia séria, concisa, imparcial e objetiva, e preten-

O clipe engloba praticamente toda essência de palco do Charlie Brown. São os meninos da banda debulhando tudo. Aquela energia boa, forte, do rock de verdade, que bota a galera pulando, se esguelando, tirando a camisa e girando no ar. Eu queria transmitir isso. Alexandre Abraão, filho do Chorão sobre novo clipe feito para a banda do pai

dem difundir um jornal de alta qualidade. Por isso, nos empenhamos ao máximo em produzir um jornal que atenda aos interesses de um público exigente. Não estamos diante de mais um jornal de bairro, mas sim de um novo meio de comunicação entre o morador e sua comunidade. Uma mídia que zela pelos interesses dos habitantes, explorando

David é um nome muito bom... se for menino, é claro. David Beckham, sugerindo ao casal real William e Kate para darem seu nome ao herdeiro do trono britânico.

os atrativos locais e buscando soluções para os problemas. Não se trata apenas de jornalismo, mas sim de um serviço de utilidade pública, que busca melhorar a qualidade de vida nos bairros MANGABEIRAS e SION. Para isso, contamos com o apoio de cada leitor. Nossa redação será um canal sempre aberto

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às dúvidas, anseios, alegrias e contrariedades dos moradores e frequentadores dos bairros. É muito importante que vocês nos transmitam sua opinião sobre o nosso trabalho, a fim de que possamos alcançar a excelência pretendida. Contamos com o

URBHANO BELVEDERE

seu auxílio nessa empreitada. Assim, é com grande satisfação que apresento a vocês a primeira edição do jornal URBHANO MANGABEIRAS/SION. Espero que apreciem o

Sua opinião é muito importante. Envie suas sugestões de pauta, críticas e elogios para redacao.mangabeiras@urbhano.com.br ou por carta para Jornal URBHANO Rua Calcedônia, 97 . Prado CEP 30411-103 . Belo Horizonte . MG Tel.: 31 2516.1801 | Cel.: 31 9663.7427 BELVEDERE

URBHANO

O Jornal URBHANO não se responsabiliza por opiniões, comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colunistas e articulistas.

conteúdo das próximas páginas. Que Deus nos guie e abençoe! Cordialmente,

Adriano Aro

URBHANO mangabeiras| sion é uma publicação da Editora URBHANA Ltda. CNPJ 17.403.672/0001-40 Insc. Municipal 474573/001-1 Impressão: Bigráfica Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição gratuita - quinzenal

Diretor GERAL/JURÍDICO Adriano Aro adriano.aro@urbhano.com.br

Departamento FINANCEIRO Marli Ferreira marli.ferreira@urbhano.com.br

Diretor COMERCIAL/PUBLICIDADE Clovis Mello | 31 2516.1801 clovis.mello@urbhano.com.br

Jornalista RESPONSÁVEL Raíssa Mancuello | R18.320/MG raissa@urbhano.com.br

Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Daniela Greco, Renata Diniz e Maíra Régis


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cidade

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CRM diz não à importação Polêmica | A presidente Dilma quer importar médicos para suprir falta de profissionais A precariedade da saúde pública do Brasil não é nenhuma novidade para os brasileiros que necessitam dos recursos do SUS. Muitos profissionais de várias áreas da saúde estão deixando seus empregos, até mesmo em cidades de grande porte como Belo Horizonte, devido às terríveis condições de trabalho. A falta de recursos básicos tem feito muitos médicos optarem por exercer a profissão em setores privados e em grandes capitais, deixando um desfalque na saúde pública de pequenos municípios. A novidade agora é a decisão do Mistério da Saúde junto com a presidente Dilma Rousseff de importar médicos do exterior para trabalhar em pequenos municípios e periferias do Brasil. O governo acredita que esta seja a solução mais adequada para suprir a falta de profissionais no segmento. A notícia não teve boa aceitação entre as entidades médicas, que afirmam que não faltam profissionais, mas sim estruturas decentes para atender à população. Um levantamento do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM/MG) apresenta a dura realidade: faltam médicos em um quarto dos 853 municípios mineiros. São 209 cidades sem nenhum suporte e outros 148 municípios com apenas um médico. Profissionais e estudantes de medicina de diversas cidades do país foram às ruas protestar contra a importação de profissionais. O maior problema sobre a importação, apontado por eles, é a qualidade da formação desses profissionais. A principal reivindicação é a admissão de médicos estrangeiros a partir da revalidação dos seus diplomas por meio do Programa Revalida, do Ministério da Educação, porém a prova tem

baixíssima aprovação, até mesmo entre os profissionais brasileiros. A psiquiatra Luciana Andrade, 28, formada pela UFMG há três anos, esteve na manifestação contra a importação de médicos em que reuniu mais de 2 mil profissionais e estudantes, realizada no dia 03/07 na capital mineira. “Não sou a favor da proposta do Ministério da Saúde, pois acredito que não faltam médicos no Brasil – os números da Organização Mundial de Saúde (OMS) comprovam isso –, mas há uma má distribuição pelo país, com médicos concentrados nos grandes centros, especialmente na região Sudeste. Isso porque há uma total falta de recursos e investimentos na saúde do nosso país”, comenta Luciana, que acrescenta ainda: “Outro ponto que considero ainda mais grave é trazer médicos sem a devida qualificação. Defendemos que os médicos venham se forem aprovados no Revalida. Somente assim considero essa importação legítima; caso contrário, acho uma agressão ao povo brasileiro”, alerta Luciana. Os protestos resultaram na decisão da presidenta Dilma sobre o Programa Mais Médicos Para o Brasil. Ficou decidido que a partir de janeiro de 2015, o estudante que ingressar na faculdade de Medicina em instituições públicas ou privadas estará sujeito a uma nova grade curricular. O aluno levará oito anos para se formar e não seis, pois será obrigatório trabalhar dois anos pelo SUS. Serão abertos editais para vagas em pequenos municípios e periferias com remuneração de R$ 10 mil. As expectativas do governo é abrir 12 mil vagas de residência médica e 11,4 mil vagas para cursos de Medicina até 2017. n Foto: Shutterstock


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memória

Fazenda das Mangabeiras

Inauguração da Praça da Bandeira, em 1966 Foto: Site curraldelrey.com - APBCH/ASCOM

Alessandro conta ainda que a nascente do córrego das Mangabeiras, localizada na Serra do Curral, foi canalizada no período entre 1968 e 1972, o que permitiu o prolongamento da Avenida Afonso Pena acima da Praça da Bandeira, onde passa a se chamar Avenida Agulhas Negras. A avenida termina no sopé do paredão da Serra do Curral, onde foi construído o Hospital Hilton Rocha. Outro fator que promoveu o desenvolvimento do Mangabeiras foi a proximidade com o bairro Comiteco, planejado e urbanizado pela empresa que carrega o mesmo nome, na década de 1940. “Posso dizer que acompanhei o nascimento do bairro Comiteco desde o início de sua urbanização, acompanhando meu pai e meu avô, Antônio da Silva Lopes Coelho e Manoel Machado Lopes Coelho, que eram os diretores da empresa na época da urbanização. Como tenho 66 anos, era bastante novo quando ocorreu o início das obras no local, denominado Colônia Adalberto Ferraz, mas me recordo de frequentar constantemente as obras”, conta o presidente da empresa Comiteco, Sr. Paulo Lopes Coelho. A empresa realizou toda a pavimentação das ruas, a rede de água e esgoto e o loteamento do local, que abrangeu a urbanização de dezenas de quadras, motivo pelo qual o bairro recebeu o nome da empresa responsável pelas obras. A região do Comiteco corresponde à área existente acima da Avenida Bandeirantes, desde a Rua Pium-í até a Praça da Bandeira. Em 1972, foi aprovado o decreto municipal que aprovou a planta do bairro Comiteco em sua integralidade, como é conhecido hoje em dia. O Mangabeiras também abriga um marco histórico da capital: a Praça da Bandeira, reinaugurada em 12 de dezembro de 1997 em comemoração aos 100 anos da cidade. Anteriormente denominada Praça Israel Pinheiro, o local foi rebatizado em função da visita realizada em 1980 pelo Papa João Paulo II, que afirmou ter se encantado com a vista do lugar. n

Prefeito Oswaldo Pieruccetti e autoridades observam as cabeceiras do Córrego do Gentio, no bairro Mangabeiras, na Serra do Curral, em 1966 Foto: Arquivo particular da COMITECO

Um dos mais importantes e tradicionais bairros de Belo Horizonte, o Mangabeiras se destaca no cenário da capital por suas belezas naturais e arquitetônicas. O local conta com o charme da Serra do Curral, que além de ter sido tombada como patrimônio do município em 1991, foi eleita símbolo de Belo Horizonte através de plebiscito popular em 1994. O bairro abriga também o Parque das Mangabeiras, projetado pelo arquiteto Burle Marx e inaugurado em 1982 como um dos maiores parques urbanos do país (2,3 milhões de metros quadrados). A alta arquitetura de casas e mansões completa a paisagem e atribui um perfeito equilíbrio ao paisagismo local. Apesar do grande número de construções, o Mangabeiras possui instalações recentes, já que sua ocupação teve início somente a partir da década de 1960. Segundo o pesquisador e geógrafo Alessandro Borsagli, 33, a origem do bairro remonta à antiga Fazenda das Mangabeiras, que existiu nos tempos do arraial do Curral Del Rey. Em 1894, essas terras foram desapropriadas pelo governo e passaram a pertencer à Nova Capital. Nos anos 1960, com a migração de pessoas para o local e a criação da Ferrobel, em 1963, o ritmo de desenvolvimento da região ganhou força. “Todas as terras delimitadas por uma extensa cerca que havia nas proximidades da Avenida Bandeirantes passaram a pertencer a essa Companhia [Ferrobel], com a finalidade de expansão da exploração do minério de ferro ao longo dos anos”, conta o pesquisador. Em 1966, por meio de decreto, foi criado o Parque das Mangabeiras nos terrenos que antes pertenciam à Ferrobel. A criação do parque tinha por objetivo preservar a Serra do Curral e criar uma nova área de recreação para os cidadãos. Como forma de melhorar o acesso entre o recém-criado bairro Mangabeiras e a zona urbana da capital, realizou-se a expansão da Avenida Afonso Pena. Primeiramente finalizou-se o encascalhamento da via, iniciado em 1940, e posteriormente ela foi asfaltada até a Praça da Bandeira, também inaugurada em 1966.

Foto: Site curraldelrey.com - APBCH/ASCOM

História | Com apenas 50 anos, o Mangabeiras chama a atenção pela complexidade de sua paisagem

Máquinas trabalhando na abertura e pavimentação da Av. Bandeirantes, em 1944

Nós vamos invadir seu bairro.

Após o sucesso do URBHANO Belvedere, a Editora URBHANA tem a felicidade de lançar o URBHANO Mangabeiras | Sion. Um jornal quinzenal, com tiragem de 15.000 exemplares e distribuição gratuita, que traz notícias do seu bairro e matérias de interesse geral. Anuncie no URBHANO e converse mais de perto com seu público.

Tel.: 31 2516.1801

email: comercial@urbhano.com.br


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cultura

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Em vida e cor Foto: Cinthya Pernes

Arte | Cotidiano, paisagens e retratos ganham cores e vida nas pinturas de Atacir Costa

Atacir Costa em seu atelê, pintando o retrato de Oscar Niemeyer

O pintor Atacir Costa é referência na capital mineira, e suas obras es-

tão espalhadas por todo o Brasil. O artista adora pincelar o cotidiano abs-

trato, as paisagens bucólicas e retratos humanos. Seus quadros são o mais

próximo do real possível, dando ilusão fotográfica às pinturas. A mãe de Atacir fazia bonecas de porcelana. O artista conta que pegava as tintas utilizadas por ela para pintar em pedaços de madeira, e assim começou a gostar de arte muito cedo. “Eu acredito ter nascido artista, pois desde criança meu maior divertimento era o lápis e uma folha de papel. A admiração pela arte era muito grande, principalmente quando se tratava de pinturas. Eu não tinha dúvidas que me tornaria um pintor, só não sabia que Deus pudesse ser tão maravilhoso me concedendo esse dom”, explica Atacir. Influenciado pelo impressionismo, Atacir já

expôs com artistas como JB Campos, Rui de Paula e Mauro Rocha. O pintor já retratou em suas telas Sérgio Pererê, Vander Lee, entre outros. “O nosso primeiro contato foi profissional, mas há um ano mantemos esse contato, até mesmo porque temos em comum a amizade do cantor Sérgio Pererê. Pintar o Vander Lee me fez descobrir o quanto ele é humano com suas atitudes. A forma com que ele nos recebeu em sua casa foi surpreendente. Nós nos falamos frequentemente por telefone e acredito muito que ao longo do tempo essa amizade pode se estreitar ainda mais”, comenta o artista sobre a sua amizade com o cantor Vander Lee.

Em Belo Horizonte, na Contemplo Galeria de Arte, situada no bairro Santo Antônio, zona sul da capital, uma vez por ano acontece o encontro dos pintores mineiros. Nesse encontro grandes artistas expõem suas obras e discutem ideias para o desenvolvimento da arte no Estado. Na Contemplo são encontradas muitas telas permanentes do artista para a comercialização. Os trabalhos do pintor ficam expostos também no Museu Jeca Tatu, onde o poeta Leonardo Ruggio foi eternizado por Atacir. Vale a pena uma visita para conhecer os quadros desse artista mineiro. n


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entrevista

O mar é o caminho Fotos: Marina Bandeira Klink

Aventura | Amyr Klink é o primeiro navegador a atravessar o Atlântico Sul a remo Para Amyr Klink o mar nunca foi um obstáculo, mas sim um caminho para novas descobertas. Dono de uma personalidade autêntica, ele nunca se considerou uma pessoa aventureira, apesar de ser o primeiro homem a atravessar o Atlântico Sul a remo e ter embarcado QUINZE vezes para a Antártica, na maioria das vezes sozinho. Enfatiza que suas viagens sempre são muito bem pensadas e planejadas. Conheceu Paraty (RJ) quando tinha apenas 2 anos, e foi naQUELA cidade que descobriu o mar e a paixão pela embarcação. Amyr Khan Klink nasceu em 25 de setembro de 1955 em São Paulo, filho de pai libanês e mãe sueca. Casado há dezessete anos com Marina Bandeira, velejadora experiente, teve com ela três filhas, as gêmeas Tâmara e Laura e a caçula Marina. Hoje é empresário, possui uma coleção que ultrapassa trinta embarcações, ministra palestras pelo mundo todo sobre o meio ambiente, assunto que o preocupa, e também é escritor. Já escreveu cinco livros, entre eles o best-seller Cem dias entre o céu e o mar. Em 12 de junho esteve em Belo Horizonte como palestrante do 11º Seminário Meio Ambiente e Cidadania, onde abordou temas ligados às mudanças climáticas e ao aquecimento global.

O que te motiva a viajar tanto? O exercício do aprendizado. Eu faço as viagens de uma forma diferente, participando de todo o processo. Inventamos a viagem, organizamos os equipamentos, a tecnologia, as pessoas. Construímos todo um circo, do qual a última parte é a viagem. Eu gosto desse processo. Não sou viciado em viajar, eu gosto é da organização de uma viagem, construir e projetar os meios e soluções do percurso. Foi isso que me deu a oportunidade de conhecer lugares em que eu nunca pensei estar. Gosto muito desse contexto. É uma experiência difícil, ela exige muita dedicação, preparação e competência. Envolve aspectos imprevisíveis. É importante ter um planejamento, mas é preciso saber que tudo pode mudar, afinal envolve um conjunto de fatores e atitudes bem mais complicados. Eu gosto de conhecer coisas novas, estar em lugares impressionantes e remotos, mas o que mais me atrai é a experiência humana. Na Antártica, por exemplo, você convive com expoentes de todas as áreas do conhecimento humano. Da onde veio A paixão pela embarcação? Veio das vacas. Eu trabalhei com leite em condições muito precárias, numa região onde não havia cooperativas, não tinha nada. Eu queria ganhar dinheiro com leite e, aos poucos, fui aprendendo a desenvolver os meios necessários. Queria fazer o curral com tábua de Ipê, mas era muito caro, e por isso aprendi a fazer com bambu. Eu acredito que a paixão inicial veio dessa necessidade de desenvolver novas soluções para os problemas, e tudo começou com o

problema das vacas. Foram dez anos de aprendizado, descobrindo novos meios e uma nova forma de pensar. Depois fui influenciado pelo que acontecia no manejo de gado na Índia. Descobri que no Brasil se conhecia muito pouco sobre gado e que os grandes criadores são muito recentes. Fui estudar, procurei saber de novos meios, novas técnicas, novas formas de pensar. Durante o processo, desenvolvi a vontade de fazer produtos diferenciados. Eu não queria fazer queijo minas, eu queria fazer um queijo mais elaborado do que um queijo fresco. Foi um exercício que, curiosamente, tem muito a ver com o modo como realizo minhas viagens. Eu desenvolvo os projetos dos meus barcos de um modo que é referência no mundo. Hoje, os americanos não têm um barco como os que nós fazemos para operar em regiões polares. Eles não têm os equipamentos que nós temos? Temos mais tecnologia? Não, é porque nós temos um olhar diferente. E isso nos últimos anos está me fazendo repensar muitas das coisas que eu vejo sobre o Brasil, sobre o nosso desperdício intelectual, nossa burrice crônica, esse nosso vício de só falar uma língua, sem falar dos desperdícios de matéria-prima. Nós estamos em uma atividade que você exercita todas as suas capacidades. Fazemos coisas extraordinárias, que europeus e asiáticos não conseguem fazer, e é porque fazemos de um jeito totalmente oposto e totalmente simples. Como é esse jeito? Simples. Quem imaginaria o computador com um botão? Ninguém, nenhum especialista de tecnologia há quinze anos atrás imaginou. Não dava

para pensar que as pessoas se comunicariam com os dedões. Aprendemos muito com a diversidade que o Brasil e muitos países pobres ostentam. Esse aprendizado nos permite aplicar soluções, muitas vezes, incrivelmente sábias e inteligentes, mas simples, usando recursos modernos. Usamos, por exemplo, o conceito de estrutura de bambu. Por que na maioria das vezes resolveu viajar sozinho? Eu fiz algumas viagens sozinho, e foram viagens que por alguma razão ninguém mais quis fazer. Até hoje ninguém mais atravessou o Atlântico Sul a remo, enquanto que o Atlântico Norte tem mais de duzentas travessias. Algumas viagens eu gosto de fazer sozinho porque me agrada o desafio de pensar em todas as funções de um barco. Não tem absolutamente nada a ver com dificuldade de relacionamento, algo do tipo “estou fugindo do mundo”. É um desafio técnico muito legal, ser obrigado a pensar em tudo, administrar tudo, cuidar de sua energia física. Você não pode dormir mais que 45 minutos quando está comandando o barco sozinho. O barco não para, e quem é que cuida? É como dirigir um carro mil horas sem parar. E pra dormir? Não pode, não para. É um caminhão que nunca para. Você dorme pedacinhos de 45 minutos em que o barco anda sozinho na velocidade máxima e você administra os riscos em volta. Se tiver trânsito você tem que monitorar o trânsito: “opa, não dá pra dormir agora, estou na rota”. Então você vai administrando: faz dieta de sono,


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por pedacinhos; tem que ter a energia física de consertar as coisas, os equipamentos que vão quebrando; fazer as manobras, as comidas; ir ao banheiro; cuidar da parte elétrica. Se você tiver essa índole da curiosidade, de querer aprender, você vai muito longe. E no meu caso, eu não faço isso intencionalmente. As poucas pessoas, a maioria brasileiros, que eu levei nesse processo, cresceram muito. Não conheço nenhum caso de alguém que tenha participado e voltado atrás. Você já passou algum perigo em alto-mar? Esse é o lado folclórico. É claro que tem perigo. Acredito que você andar de bicicleta na marginal em São Paulo é muito mais perigoso do que dar uma volta ao mundo sozinho. No barco vou tentar lutar até o fim para consertar o defeito quando tiver uma tempestade. Tem perigo? Tem, se eu escorregar eu morro, uma morte terrível. Se você cair para o lado do mar calmo e o barco continuar andando no piloto automático, não se machucará, não estará doente, vai conseguir boiar por umas trinta horas, entrará em exaustão e esperará a morte chegar. É uma morte que eu não quero, eu tenho medo, essa é uma morte que me assusta. Morrer lutando, explodindo, caindo bomba, é uma maravilha. Navegar é uma atividade que envolve muito risco, mas curiosamente o risco não é exatamente esse de estar em meio a uma tempestade, em uma área não cartografada da antártica. O maior risco é você não ter pensado em algo durante o projeto, e isso quebrar. E isso eu aprendi com as vacas. Eu comecei a trabalhar com búfalo, um bicho muito forte, porém muito desconfiado, então não adiantava construir um muro de concreto que ele batia a cabeça no muro e derrubava. Porém, descobri que se você botar uma linha flexível ele vai empurrar e ela não vai arrebentar. Foi um processo interessante, porque descobri uma tecnologia com algo muito simples. Usamos muito esse tipo de solução. Um bom exemplo foram os sistemas antiderrapantes que costumávamos comprar nos EUA e na Europa. São caríssimos, cem dólares o metro quadrado. Percebi que estamos no polo da indústria calçadista, onde PVA é um material que fazem sapatos. Ele é resistente e ultravioleta, resiste ao problema do aquecimento global. Assim, passamos a usar o PVA. Os gringos ficam loucos quando veem meu barco: “Nossa mas que material lindo!”. O PVA tem quarenta cores, duzentas texturas e custa um dólar o metro quadrado. O material para colar é cola de sapateiro da pior marca, para que daqui a alguns anos fique mais fácil de tirar. Temos milhares de soluções

entrevista desse tipo. Madeira maciça eu gosto, mas prefiro bambu. Quais são suas maiores preocupações com o meio ambiente? Não tenho uma preocupação filosófica, mas tenho uma educação de querer passar para frente aquilo que sei. Não tenho necessidade de guardar a sete chaves. Hoje, temos no Brasil uma cultura empreendedora de preservar segredos dos negócios, patentes. Mas eu tenho vontade de mudar, de transformar, às vezes a gente deixa de ganhar dinheiro, mas ganhamos clientes. As maiores obras que fiz até agora são aquelas que ainda não fiz. Enfim, quero fazer alguma coisa que daqui a seiscentos anos digam: “Quem é o louco que deixou isso assim?” Sua família tem influÊncia SOBRE O seu jeito de pensar? Meu pai era um visionário, um homem inteligente, muito acima da média, mas não era um empreendedor. Isso sempre me incomodou. Ele era um homem que se relacionava em todos os ambientes e níveis de pessoas, sabia sobre diversas áreas de conhecimento e línguas. Só que ele não era um cara que constrói. Já minha mãe era uma pessoa totalmente desligada do mundo material, meu pai era o patriarca e não dava muito dinheiro para ela. Acreditava que se os empregados dele viviam com um salário mínimo, ela também tinha que viver. Minha mãe fazia roupas com sacos e cortinas, mas, ao mesmo tempo, meu pai colocava a gente em escolas caras. Então era muito engraçado, eu estudava em escola de elite e minha mãe fazia roupas de cortinas. Isso foi uma realidade muito interessante. Mas o que completou isso foi o mundo dos barcos, em que você faz um esforço intelectual, físico e econômico de vinte anos para chegar a ter um barco maravilhoso. E pode perder tudo isso em 3 minutos. Você pode bater e já era. Eu já passei por isso várias vezes. Tudo isso que você constrói ao longo da vida, casa própria, carro, tudo isso não é nada. Serve o que você pode fazer e não o que você tem. O interessante desse processo é a vontade de fazer. Não importa você ter todo o dinheiro do mundo, se você não tiver a vontade de transformar, de virar algo bacana, não vale nada. O que você tenta passar para suas filhas? Didaticamente eu não tento passar nada, porque elas já têm pressão didática no mundo e na escola. Porém acredito que pais e pessoas próximas têm o poder de influenciar. Por exemplo, para você gostar

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de livro você tem que conviver com ele. O que eu fazia era levar minhas filhas nas gráficas, editoras e palestras. Elas entravam em gráficas enormes, que crianças nem podem entrar. Se vai dar certo isso eu não sei, mas elas já dão palestras, fazem de sessenta a setenta palestras por ano. Eu dou muita palestra, mas não faço disso uma profissão, e elas vão vendo, acompanhando. Uma escola pediu e elas foram, um banco pediu e elas foram, sem nenhuma vergonha. Não foi uma coisa forçada, foi natural. Como foi A primeira viagem com suas filhas? Foi tensa. Como já disse, tem os riscos, os perigos. Quando você leva terceiros, a consciência do perigo em relação a estes impacta mais. Eu fiquei muito preocupado e tinha um monte de pessoas me chamando de irresponsável. Mas elas adoraram. Para mim foi bastante legal. Eu aprendi mais na viagem com elas do que nas que fiz sozinho. Elas aprendiam as coisas muito mais rápido, coisas que para mim eram mais difíceis de aprender, como por exemplo a burocracia ambiental da Antártica. Elas já sabiam que não podiam chegar perto dos filhotes de focas devido às infecções. Rapidinho elas pegaram as regras de andar pela Antártica. Em uma de suas palestras você disse que escrever é uma dádiva. Para você, que já escreveu muitos livros, como surgiu esSe dom em sua vida? Sempre gostei de escrever e já escrevi muito. Eu gosto de escrever bem. O pessoal fica chocado, mas infelizmente vivemos em um país que não conhece a própria língua. A língua é algo que temos que respeitar, é um patrimônio muito importante. Eu prezo muito. E não digo isso pelos livros que escrevi, pois a maioria dos livros que escrevi achei muito mal escritos. Acho escrever uma atividade muito bacana. Você conhece Belo Horizonte? O que acha da cidade? Há anos em que venho aqui toda semana. Nesse ano é a terceira vez no mês. Eu achava que conhecia Belo Horizonte, mas não conhecia, porque nunca tinha ido ao Mercado Central. Há duas semanas pude ir e adorei. Acredito que conhecer uma cidade é conhecer o Mercado, pois lá tem os produtos da terra. Acompanho há anos o Comida di Buteco, acho um evento genial. São Paulo tentou copiar e não deu certo. Gosto muito desse espírito mineiro, do jeito que os mineiros fazem as coisas, gosto das coisas autênticas. n

Amyr Klink em uma das suas viagens à Antártica

Em Belo Horizonte no 11º Seminário Meio Ambiente e Cidadania no Teatro Oi Futuro


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matéria de capa

Um dia na praça Fotos: Lucas Alexandre Souza

Espaço | A Praça do Papa é uma ótima opção de lazer na região centro-sul de bh

A pedagoga Aline Gonçalves e seu filho Lorenzo sempre passeiam na Praça do Papa

É difícil encontrar um belo-horizontino que nunca tenha se maravilhado com a paisagem da antiga Praça Israel Pinheiro, hoje Praça do Papa. O local, marcado pela visita do Papa João Paulo II a Belo Horizonte, não se resume apenas à beleza, mas também é muito frequentado para prática de esportes, encontro de casais, piqueniques, entre outras atividades. Em 1980, a Praça Israel Pinheiro, nome que home-

Esculturas de Ricardo Carvão, símbolos da praça

nageava um ex-governador de Minas Gerais, recebeu a visita do Papa João Paulo II, que ao ver a paisagem, exclamou: “Que belo horizonte!”. O pontífice mostrava, assim, seu encantamento pela beleza do local, que contém uma das mais exuberantes vistas da capital mineira. Em razão dessa visita, a praça foi rebatizada de Praça do Papa. Próxima à base da Serra do Curral, a mais de 1.100 metros de altitude, a Praça do Papa é dividida em duas partes: a base, com um gramado e uma área de diversão infantil, e o topo, com uma área livre e uma grande escadaria. Os dois monumentos presentes no topo foram feitos para homenagear o Papa João Paulo II. Trata-se de obras do artista plástico Ricardo Carvão, 64, que presenciou a construção e a formação do ponto turístico. “Quando eu era mais novo, tinha meus momentos de lazer, e não podia ou não queria me afastar muito da cidade. Então eu subia até a crista da Serra e lá passava momentos muito agradáveis. Sentia um grande bem-estar ao realizar esses passeios. Eu olhava para a cidade e ficava pensando em quanta coisa ocorre com a população. Pensava em uma maneira de lembrar ao homem a existência da paz. Quis fazer um monumento e colocar nesse local. Eu via lá de cima o círculo que viria a se tornar a Praça do Papa. Antes só tinha o meio-fio e o mato rasteiro”, relata o escultor, que também possui obras no Parque das Mangabeiras, na praça em frente ao BH Shopping, na PUC Coração Eucarístico e na PUC São Gabriel, entre outros locais. Ricardo viveu nitidamente a mudança de ambientação da praça. “Com a vinda do Papa, foi feito o palanque para celebrar a missa. Resolveram marcar es-

seacontecimento urbanizando a Praça e fazendo dois níveis. O nível de cima é no formato do palanque em que o papa celebrou a missa. Havia um projeto de fazer um museu na parte interna desse local, que contaria a história do papa, mas essa parte foi retirada do projeto inicial. Pensaram então em colocar um monumento que lembrasse o papa, isso foi uma ação da cúria com a prefeitura, e foi feito um concurso restrito do qual participaram cinco escultores, eu era um deles. Então eles acabaram escolhendo a minha obra”, explica. Infelizmente, vândalos retiraram a placa explicativa que ficava embaixo do monumento. Ricardo relembrou o sentido da escultura, instalada em 1982, que possui 25 toneladas e 24 metros de altura. “Fiz uma obra abstrata, geométrica, formada por dois triângulos de vértices agudos opostos e um retângulo central. O triangulo com o vértice agudo direcionado para o céu, como uma seta, simboliza a energia terrena, a fé do homem em Deus. O triangulo com vértice agudo direcionado para a terra é como se fosse a energia celestial, a benção divina. A parte central, o retângulo, é o elo entre as duas energias, a soma dessas duas energias, a fé e a paz”, explica. A cruz presente ao lado do monumento também é obra do escultor. “Como a cúria tinha interesse de fazer missas ao ar livre lá, e a inauguração, a princípio, seria no dia do Natal, com a Missa do Galo, pensei que seria preferível fazer também uma cruz, caso contrário poderia haver problema de fazerem uma cruz num estilo que destoasse do monumento”, relembra Ricardo, que afirma que todas as suas obras têm como principal motivação o alimento para o espírito. Atualmente, a Praça é palco de manifestações re-


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ligiosas, shows musicais e festivais que acontecem na cidade, e é escolhida por vários públicos para passar momentos ao ar livre nos finais de semana.

PARA TODOS OS GOSTOS Por ser um local amplo, com uma vista privilegiada e contato direto com a natureza, a Praça do Papa atrai diversos públicos, seja para namorar, rezar, brincar com os filhos ou passear com o cachorro. A pedagoga Aline Gonçalves, 34, tem o costume de levar seu filho Lorenzo, de um ano e seis meses, uma vez por semana à Praça. “Sempre fico na região, vou para a Praça JK ou para a do Papa. Trago meu filho aqui pela tranquilidade que o local oferece. Aqui ele tem contato com a natureza, sem muito barulho de trânsito”, comenta. Aline faz ainda uma crítica: “Acho que faltam mais brinquedos, um espaço mais voltado para crianças”, completa. A praça também costuma reunir casais apaixonados, que se encantam pela paisagem e veem no local um ótimo espaço para conversar, fazer piqueniques e namorar. Alguns chegam a fazer os esperados pedidos de namoro no local. É o caso do estudante de Engenharia Gustavo Calumby, 21, que pediu Julia Lages, 20, em namoro na praça, não só pela beleza do lugar, mas pelo significado religioso que o espaço carrega. “Como nos conhecemos na crisma e somos um casal de jovens católicos, achei que seria algo bem sugestivo pedi-la em namoro aqui na Praça do Papa, pela história que a praça tem e pela beleza”. Hoje, com três anos de namoro, o casal vem menos à região, mas não deixa de relembrar aquele dia quando passam pelo local. “A praça passou a significar muito mais pra mim! Sempre que eu passar por ela, vou me lembrar do pedido do namoro!”, elucida Júlia. Fernanda Pazzini, 20, estudante de Nutrição, também costuma ir com o namorado ao lugar. “Além de passear com minha cachorra, vou muito com meu namorado. Paramos lá quando estamos voltando de algum lugar e ainda não é muito tarde e queremos ficar mais um tempinho juntos conversando. Aproveitamos porque além de ser caminho para minha casa, lá é movimentado e a vista é bem bonita”, acrescenta. A estudante também costuma levar seu cachorro uma vez por semana para passear no espaço. “Sempre que posso tento ir à praça com a minha cachorra. Ela adora passear lá, já sabe o caminho de cor, e quando tento ir para outro lugar ela não deixa. Deita no chão e só levanta quando volto para o trajeto da praça! Além de ela gostar, a

matéria de capa praça está sempre movimentada, com outras pessoas passeando com seus cachorros, e isso me deixa mais segura”, comenta Fernanda. O significado e os acontecimentos que marcaram a praça são os principais motivos que levam o designer Daniel Pinheiro, 30, a frequentar o local. “Sabemos que é uma obrigação espiritual do católico rezar por nosso papa, seja ele quem for. Então, penso que uma praça dedicada ao papa seja um bom lugar para rezar por ele. No caso da Praça do Papa aqui de Belo Horizonte, além dos motivos espirituais, ela possui um belo horizonte somado a um projeto arquitetônico muito agradável e propício à oração, tanto em grupo como individual”, revela. “Procuro ir pelo menos uma vez por semana e vou não somente para rezar, mas também para tomar um ar, apreciar a vista e meditar um pouco. Apesar de não morar na região, faço questão de me deslocar para lá quando necessário”, acrescenta. A vista privilegiada também atrai praticantes de skate, corrida e slackline, entre outros esportes. Bernardo Maia, 27, professor de Educação Física e sócio-fundador do Pé na Fita, afirma que a praça é um de seus locais preferidos para a prática do slackline. “A Praça do Papa é um local diferenciado para a prática do slackline. Por se tratar de um cartão-postal da cidade, é muito agradável passar algumas horas de seu final de semana praticando o esporte e curtindo o visual da cidade inteira. É uma oportunidade de juntar amigos e família, para tomar uma água de coco sentado à sombra e dar boas risadas”, declara. Infelizmente, a praça tem sido palco para jovens usuários de drogas, principalmente durante a noite. “De fato, a Praça do Papa vem sofrendo ultimamente pelo uso indevido de algumas pessoas, na sua maioria jovens. Apesar de ter melhorado muito, ainda é possível encontrar situações desagradáveis durante a noite. Essa é uma situação duplamente triste, primeiro por se tratar de um problema de segurança e saúde pública, e em segundo lugar por revelar a situação de uma parcela dos jovens da capital, que em vez de procurarem atividades boas para o corpo e para a alma, procuram coisas que só levam à decadência humana”, reflete o designer Daniel. Fernanda Pazzini também vê alguns problemas na região. “A praça é mal iluminada, o que traz um pouco de insegurança quando vai anoitecendo, mesmo que a polícia faça ronda. Além disso, muitas pessoas se encontram lá para fumar maconha, o que é bem desagradável”, lembra a estudante.

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“Que belo horizonte!” foi o que disse o Papa João Paulo II quando se deparou com a vista do local

A empresária Cristina Vander Lee, 35, mora no bairro Mangabeiras há 12 anos e evita trazer o filho pequeno ao local. “Eu não trago meu filho aqui na Praça do Papa. Aqui é um lugar violento, abandonado e sujo. É uma praça mal cuidada, apesar de ser um ponto turístico. A polícia vem aqui raramente, só quando tem algum evento”, reclama a moradora. Esses tipos de situação ocorrem mais no período noturno, já que a praça não possui comércio em seu entorno e a falta de iluminação abre espaço para esses problemas. Porém, durante o dia ela continua sendo um lugar frequentado por famílias, casais apaixonados e praticantes de esportes. n

Recentemente a praça recebeu equipamentos de ginástica

Gustavo Calumby pediu Júlia Lages em namoro, utilizando a paisagem da praça como pano de fundo

A cruz de Ricardo Carvão foi criada para marcar visita do Papa João Paulo II


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veículos

Relíquias de época Fotos: Cinthya Pernes

Automóveis | Carros restaurados por colecionadores trazem de volta pedaços da história

O presidente do Veteran, Otávio Pinto de Carvalho, com um dos carros da sua coleção

Não se sabe ao certo em que data a roda surgiu, e nem quem foi o seu primeiro criador. Sabe-se que ela teve seus primeiros registros na metade do quarto milênio a.C., quase simultaneamente na Mesopotâmia, no nordeste do Cáucaso e na Europa Central. Desde a sua invenção o mundo mudou muito. Essa forma geométrica de rotação, com certeza, foi uma das maiores invenções do planeta. Com as rodas, surgiu o meio de transporte mais utilizado no mundo: o carro. O primeiro automóvel à gasolina continha somente três rodas e foi criado no ano de 1885, pelo alemão Karl Benz. Já em 1886, Gottlieb Daimler inventou o primeiro veículo de quatro rodas com motor de combustão interna. A velocidade

máxima era 16 km/h. O primeiro carro a ser fabricado no Brasil foi o modelo Ford T (20 cv), logo depois da Segunda Guerra Mundial, uma época em que o mundo ainda sentia os reflexos das batalhas. O automóvel, porém, teve uma aceitação muito boa no mercado, por ser relativamente barato e ter um baixo custo de manutenção. Hoje os automóveis são objetos de desejo, status e paixão. No mercado automobilístico a cada ano chegam novos modelos e marcas, além das novas versões dos clássicos passados. É um mercado forte e em constante ascensão no país. Porém, a paixão por automóveis vem do tempo em que o modelo Ford T foi fabricado. Hoje modelos antigos valem uma pequena

fortuna e são preciosidades para os colecionadores. Muitas pessoas que fazem coleção de carros antigos aprenderam a gostar de automóveis através de avôs, pais e tios. É o caso de Arthur Rodrigues, o Vibrantinho, 44, empresário e comentarista esportivo da Tv Alterosa, que sempre observava os carros dos tios. “Sempre gostei de carros antigos, lembro-me dos carros dos meus tios e sempre admirava, mesmo sem ter noção de modelo ou ano”, comenta o empresário, que também é colecionador e possui cinco modelos antigos. “Comecei a colecionar desde o ano 2000. Meu primeiro veículo foi um fusca 1967 na cor café com leite, e o detalhe desse fusca era o seu interior, que era na cor vermelha, uma série especial que a Volkswagen tinha lançado na época em que houve pouca procura, pois as pessoas compravam o carro com o interior preto mesmo. Esse carro foi capa da revista 4 Rodas de 1967”, lembra Vibrantinho. O comentarista ainda pensa em aumentar a coleção, tem o sonho de adquirir um Cadillac conversível 1952, um dos modelos mais bonitos e raros de Cadillac, segundo ele. O piloto João Luiz de Seixas Cruz, 53, também é um colecionador apaixonado por reformar e restaurar modelos antigos. Sua coleção possui oito automóveis, segundo ele todos em ótimo estado de conservação. “O primeiro carro que comprei foi um Ford Custom 1951. Eu morava em Santa Maria (RS), lembro que seu valor foi igual ao valor de uma bicicleta Caloi 10. O carro estava completamente detonado e chegou à minha garagem puxado por um Galaxie com uma corrente. Meus amigos acharam muito engraçado. O carro foi completamente recuperado, mas quando me mudei para Lagoa Santa (MG), não tinha lugar para guardá-lo e ele começou a ser destruído pelo tempo. Com o coração partido fui obrigado a vendê-lo por um preço bem baixo, embora fosse muito maior do que eu havia pago quando o comprei”, lamenta o piloto. Para ele, os automóveis antigos são muito mais que simples carros de época. “Cada modelo me fascina de maneira diferente, pois eles são verdadeiras obras de arte. O carro antigo era praticamente feito à mão, embora fosse produzido numa linha de montagem. Cada modelo revela e traz de volta uma época que certamente influenciou sua concepção. Um carro antigo é um símbolo de sua época. Tanto os esportivos quanto os modelos Sedan ou caminhonetes trazem consigo a marca de sua idade. É incrível.” O delegado ainda acrescenta: “Diz-se que a diferença entre homens e meninos está no seu brinquedo. Ao


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adquirir um veículo antigo, talvez não transpareça a mesma emoção que se vê nos olhos de uma criança ao ganhar um brinquedo novo, mas é bem por aí. É muito gostoso poder guardar o tempo”, lembra. Para quem pretende começar esse tipo de coleção, não é um hobby tão barato assim, e o preço da manutenção pode variar muito. Em Belo Horizonte, segundo os colecionadores, ainda se encontra mão de obra especializada e de boa qualidade, mas eles garantem que daqui a pouco tempo não vão mais existir pessoas que saibam fazer esse tipo de trabalho. Restaurar ou reformar um carro antigo precisa de uma série de cuidados, não é simples como os consertos feitos em carros novos. Há todo um detalhamento impecável para que o carro se mantenha o mais fiel possível ao que era em sua época. O empresário Vibrantinho comenta como realiza a manutenção dos seus carros: “A manutenção depende muito do ocorrido, pois existe a manutenção normal, que é bateria, pneus, velas e outras coisas, que são fáceis de adaptar e resolver. Já no caso de peças de lataria, acessórios, é mais específica, sempre recorremos primeiro a alguém de São Paulo, e se caso não encontramos, recorremos aos Estados Unidos, onde se encontra de tudo, tudo mesmo”, conta Vibrantinho. Um fator muito importante na hora de restaurar é que os carros antigos precisam ser 80% originais em sua essência, só assim conseguem a placa preta. Essa placa nada mais é que um certificado provando que o carro é original. (Veja no box abaixo quais são os passos para conseguir a mesma).

COMO CONSEGUIR A famosa “PLACA PRETA”

veículos

Novidades para os apaixonados O Veteran Car Club é o clube de automóveis antigos de Minas Gerais, fundado em 1979 e que reúne os colecionadores de carros antigos em Belo Horizonte. Na cidade há outros clubes do mesmo segmento, mas o Veteran é o mais tradicional. O clube é relativamente pequeno – há somente quarenta membros –, mas os sócios acreditam que seja um número consideravelmente bom. Otávio Pinto de Carvalho é presidente do Veteran e, claro, apaixonado pelos modelos antigos, possuindo seis veículos em sua coleção. “Eu não sei se gosto mais de carros antigos ou da turma de carros antigos. Quem gosta de carros antigos gosta de história, geografia, gosta de artes, porque o carro é muito ligado ao homem. Se você gosta de carros, você vai olhar e saber de que época e de que país ele veio, por conta da suas cores e design”, comenta Otávio. Quando questionado sobre o carro dos seus sonhos, ele é detalhista: “Tem carros maravilhosos. Eu gostaria muito de ter um Delahaye 1937, carroceria Celtic”, sonha. O Clube organiza diversos eventos, como o grande encontro em Araxá, que ocorre de dois em dois anos no Grande Hotel, onde acontecem desfiles, exposição, premiações e palestras sobre o assunto. O encontro de Araxá é, hoje, referência no Brasil. No primeiro sábado de cada mês, eles também se reúnem no Aphaville, onde andam com seus carros antigos livremente, possibilitando que os frequentadores vejam de perto os modelos de épocas passadas em movimento. Eles ainda organizam caravanas para participar de encontros em outros estados e alugam carretas para transportar os veículos.

O presidente Otávio contou com exclusividade para o Jornal URBHANO sobre os planos do clube para a cidade de Belo Horizonte. “Nós possuímos o maior acervo do Brasil, mas é uma pena que as pessoas não vejam isso, pois os carros ficam guardados nas garagens. Eventualmente nós fazemos uma exposição para as pessoas poderem apreciar um pouquinho. Por isso, nós estamos lutando para fazer um museu do automóvel aqui na cidade. Já conseguimos duas vitórias muito grandes: a doação de um terreno pelo governo e a ajuda da Fiat para a construção desse museu”, afirma Otávio. Ele também conta em primeira mão onde está prevista a construção do novo museu. “Vai ser atrás do Palácio da Liberdade. Chique, não? Ali pouca gente conhece, mas tem um galpão enorme, onde era a garagem da Polícia Militar, mas ela saiu de lá. Então nós vamos utilizar esse galpão (evidentemente ele vai ser aumentado e tratado). O governador cedeu esse espaço e nós passaremos a fazer parte do circuito de museus da Praça da Liberdade”. E ainda acrescenta: “Existe uma rua que ninguém conhece, seguindo a Rua da Bahia em sentido ao Minas. A nossa ideia é abrir essa rua e fazer uma rua cenográfica, contando a história de Belo Horizonte, com lojinhas, e essa rua chegaria até o museu”, conta o presidente. O projeto ainda é embrionário, segundo Otávio, mas os contratos com o governo de Minas Gerais e com a Fiat já foram assinados, de modo que tudo leva a crer que o projeto sairá do papel. n

Em conformidade com as Portarias de n° 56 e 127 do Contran, qualquer Clube de Carros Antigos, ou seja, sem fins lucrativos, poderá emitir os “Certificados de Originalidade”, após ser devidamente credenciado por uma Portaria do Denatran. Portanto o colecionador que queira certificar seu veículo deve: 1. Ser proprietário de veiculo com mais de trinta anos de fabricação;

2. Filiar-se a algum Clube de Veículos Antigos, autorizado pelo Denatran a fazer as inspeções de originalidade; 3. Submeter o veículo a uma vistoria pela comissão técnica

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desse clube; 4. Conseguir obter nessa vistoria uma pontuação igual ou superior a 80% , nos quesitos originalidade e conservação;

5. Assinar o Termo de Responsabilidade e preparar a documentação: Cópia simples do RG (Identidade) e CPF,cópia simples do DUT (Documento do Veículo);

6. Remeter ao Clube de Veículos Antigos fotografias do veículo (frente, traseira, lateral direita, lateral esquerda, motor e painel), juntamente com toda a documentação exigida.


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| direito

Foto: Lucas Alexandre Souza

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Os dez mandamentos são os seguintes:

Mandamento I

Todos têm direito de trabalhar bem. Trabalhar bem significa se transportar bem, ter uma vida financeira saudável e organizada e poder se aposentar bem. Principais empecilhos ao Mandamento I: atrasos constantes de voos, muito superiores a quatro horas, geradores de danos morais; fraudes bancárias; erros dolosamente cometidos pelos planos de previdência privada, no momento da aposentadoria dos consumidores.

Mandamento II Thiago Naves Bacharel em Direito pela UFMG, Advogado Militante e Gestor de Empreendimentos Inovadores na Internet

Os 10 Mandamentos do Consumidor Moderno Em tempos de inovações nas relações de cidadania que envolvem os brasileiros, o direito do consumidor ganha especial relevo, como força motriz do incremento de novos conceitos mais justos nas relações de consumo. O fato parece óbvio, principalmente a partir da Constituição de 1988, regulamentada pelo Código de Defesa do Consumidor, pela qual os cidadãos ganharam muitos direitos. Entretanto, sobre eles infelizmente ainda se tem vaga ciência, fator que dificulta o correto exercício do Código para coibir os abusos comumente praticados por empresas e fornecedores. Em detrimento do consumidor, são verificados muitos casos nos quais empresas e fornecedores buscam o lucro exorbitante, desproporcional e, sobretudo, indigno. É de se ressaltar que os abusos praticados contam, infelizmente, com um grande amparo para que se reproduzam, seja pela deficiência de informações ao consumidor, seja pela leniência e ineficácia das Agências Reguladoras. Assim é que o consumidor frequentemente tem a impressão de estar sendo enganado, mas não sabe como agir para preservar o seu direito. E nesse momento entra em cena a verdadeira revolução digital que hoje ocorre no Brasil, permitindo ao consumidor informações claras e online, que saiba de modo simples e direto como agir contra os abusos cometidos. Pensando nessa facilidade, por que não refletir-se sobre “dez mandamentos” que podem auxiliar o consumidor a concluir que ele tem direitos?

Todos têm direito ao descanso, férias e lazer. Descansar bem significa viajar, sem atrasos de voos, sem extravios de bagagens e sem problemas ostensivos com pacotes turísticos. Principais empecilhos ao Mandamento II: falta de respeito ao consumidor e desleixo com seus direitos mais básicos.

Mandamento III

Todos têm direito a um sistema de saúde privada adequado. Os consumidores só acionam seus planos de saúde quando mais precisam deles, ou seja, quando estão doentes. Esperam, assim, um tratamento minimamente digno a essa circunstância. Principais empecilhos ao Mandamento III: falhas nas coberturas e atendimento deficiente.

Mandamento IV

Todos têm direito a uma vida segura, com planos securitários adequados: mais uma vez, os consumidores só acionam os seguros contratados quando deles mais precisam. Principais empecilhos ao Mandamento IV: fraudes e falhas nas coberturas de seguro, sem nenhuma justificativa plausível para o consumidor.

Mandamento V

Todos têm direito a crédito para crescer economicamente. O crédito justo é um elemento essencial para a dignidade do consumidor, dentro da economia moderna. Principais empecilhos ao Man-

damento V: abusos praticados em contratos bancários e financiamentos.

Mandamento VI

Todos têm direito de se comunicar bem. As telecomunicações são hoje peça-chave para as relações interpessoais dos consumidores. Principais empecilhos ao Mandamento VI: falhas nas chamadas de telefones celulares, fraudes em contas, defeitos nos serviços de internet, propaganda enganosa sobre o serviço de internet “grátis” nos aeroportos brasileiros e cobranças indevidas pelas empresas de TV a cabo, principalmente sobre o denominado “ponto extra”, “conexão adicional” ou “aluguel de decodificador”.

Mandamento VII

Todos têm direito de comprar de modo seguro pela internet. As compras online são hoje uma grande facilidade para o consumidor, mas, muitas vezes, o que era para ser solução acaba se transformando em problemas de grande repercussão para a vida das pessoas. Principais empecilhos ao Mandamento VII: desrespeito aos prazos de entrega, fornecimento de produtos estragados e deteriorados, cobranças indevidas nas faturas de cartão de crédito e clonagem dos mesmos.

Mandamento VIII

Todos têm direito de morar bem: a realização do sonho da casa própria consiste em bem primordial para o consumidor moderno. Principais empecilhos ao Mandamento VIII: atrasos exorbitantes nas entregas dos imóveis, atrasos desarrazoados na entrega de móveis para residências e escritórios.

produtos deteriorados e falhas na prestação de informações ao consumidor sobre elementos nutricionais.

Mandamento X

Todos têm direito de exercer seus direitos. Para mudar a situação de desrespeito, somente a ação firme do consumidor, ingressando no Poder Judiciário, poderá solucionar os empecilhos aqui listados.

Conclusão

Casos incluídos nos mandamentos aqui descritos normalmente geram boas indenizações, tanto em sede material – devolução dos valores indevidamente pagos, em dobro – como em sede moral, para a compensação do sofrimento causado com as condutas ilícitas das empresas e fornecedores. Os danos morais possuem também cunho pedagógico, desestimulando as empresas a abusarem de suas relações com os consumidores e forçando-as a uma reflexão sobre sua postura no mercado. O Poder Judiciário tem se preparado para acolher os consumidores em suas demandas. Caso típico acontece em Belo Horizonte, onde foi montado um Juizado Especial Digital, célere e eficiente, no qual em grande parte dos casos as demandas são solucionadas favoravelmente ao consumidor, em poucos meses e em um padrão processual equivalente ao dos países com melhor qualidade de vida do mundo. Não existem mais processos de papel e tudo pode ser solucionado pela internet, pelo próprio consumidor!

Assim sendo, consumidor, por que não tentar? Por que não ser cada vez mais cidadão e com isso transformar o Brasil em Mandamento IX um país de cidadania em Todos têm direito de se alimen- seu legítimo conceito? tar bem. A indústria alimentícia também consiste em peça-chave para a felicidade do consumidor, que deve confiar nos alimentos adquiridos como fonte de saúde para suas vidas. Principais empecilhos ao Mandamento IX: fornecimento de

Essa é uma manifestação pacífica, silenciosa, inteligente e que dá muitos frutos positivos para as mudanças que tanto desejamos. n


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esporte

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Rumo ao World Games Fotos: Lucas Alexandre Souza

Ginástica | Ginastas do Minas são os únicos brasileiros selecionados para a Competição

Os namorados Mariana Aquino e Bruno Martini

Saltos ornamentais e coreografias precisamente executadas são apenas algumas das formas pelas quais a ginástica se tornou conhecida no Brasil. Mas poucos conhecem as variações do esporte. No Brasil cinco tipos de ginásticas são praticadas: de trampolim, rítmica, aeróbica, artística e acrobática. Todas apresentam suas próprias singularidades. “Cada ginástica é um esporte diferente, e sendo assim cada um possui os próprios aparelhos”, explica o treinador de alto rendimento dos ginastas de trampolim do Minas Tênis Clube, Silton Santos, 30. Ele ainda alega que algumas características em comum são essenciais para todas as modalidades, como flexibilidade e força dos praticantes. O treinador conta que para a execução da ginástica de trampolim é desejável que o atleta se inicie ainda criança e possua baixa estatura, seja forte, flexível e bem coordenado. “Não é impossível que existam atletas fora desse perfil, mas é o perfil dos atletas de alto rendimento. É bom que os atletas não sejam muito altos para conseguir desenvolver melhor as acrobacias”, elucida. Apesar das dificuldades suplementares que

atletas fora do perfil apresentado possam enfrentar, Silton alega que possuir alguma característica fora do padrão não é um fator excludente do sucesso do esportista. “Nós mesmos temos uma atleta que foge um pouco dessa norma, porque ela é alta e tem a estatura que atrapalha um pouco. Mas é forte e extremamente coordenada”, exemplifica. O treinador acrescenta que esses são requisitos decisivos para a seleção das crianças que farão parte das “categorias de base” da ginástica do Minas Tênis Clube. “Os testes são realizados com crianças a partir de seis anos. À medida que as coisas vão evoluindo nós vemos quem tem possibilidade de virar um grande atleta”.

World Games Apesar da associação usual da ginástica com as Olimpíadas, nem todas as modalidades são contempladas durante os Jogos Olímpicos. Entre as modalidades não agraciadas pela competição estão: as ginásticas de trampolim, aeróbica e acrobática. E ainda outros esportes como wakeboard, rugby, patinação artística, dentre outros. As práticas que

Atletas treinam no Minas Tênis Clube

ficam de fora das Olimpíadas encontram espaço dentro do World Games. A competição será realizada em Cáli, na Colômbia, e acontece entre os dias 26 e 31 de julho. O torneio internacional equivale às Olimpíadas para os esportes não olímpicos e engloba 120 países na disputa pelas melhores colocações em 33 modalidades. Dentre os representantes do Brasil na competição estão os únicos ginastas brasileiros competidores na categoria de trampolim: a atleta mineira Mariana Aquino, 21, campeã pan-americana em 2010 na modalidade duplo-mini trampolim e vice-campeã pan-americana em 2012 de trampolim, e o ginasta carioca Bruno Martini, campeão mundial em 2011 na modalidade ginástica de trampolim. Os atletas, que namoram há quatro anos e meio, fazem parte da equipe do Minas Tênis Clube e estão ansiosos para levar o ouro para casa. Acostumados ao ritmo puxado das competições, o casal se dedica intensamente aos treinos. “Estamos treinando de segunda à sábado, em turnos manhã e tarde, por cerca de 6 horas por dia”, afirma Bruno.

Quanto ao número de conquistas de âmbito nacional, os atletas se mostraram confusos devido ao grande volume de medalhas conquistadas. Principalmente Bruno, praticante do esporte há 22 anos. “Não me lembro quantas foram, mas foi bastante. Com certeza mais de quinze”, alega Bruno. Para Mariana, praticante da ginástica há quinze anos e a primeira brasileira a competir na modalidade de trampolim no World Games, os treinos do casal devem permanecer voltados para competições internacionais. “Já chegamos a um ponto onde não focamos nas nacionais. O importante agora é treinar para os campeonatos interna-

cionais”, aponta a ginasta. No dia 26 de julho o casal embarca para a Colômbia para disputar

o título no duplo-mini, modalidade em que Bruno é atual campeão mundial. n

Diferenças entre as ginásticas A ginástica aeróbica é uma combinação da ginástica clássica com a dança. É uma atividade dinâmica que possui movimentos rítmicos aliados à música. Os elementos principais são dinamismo, coordenação motora, força, flexibilidade e ritmo. A ginástica acrobática agrega movimentos de solo da ginástica artística em suas séries. Os movimentos isolados, em geral, são compostos por mortais, muitos deles impulsionados por parceiros e exercícios estáticos que solicitam muito equilíbrio e força do atleta. A modalidade requer muita força e flexibilidade. A ginástica artística é caracterizada pelo exercícios físicos em aparelhos diversos, como argolas, barras, traves e cavalos (com e sem alças), ou no solo. Os atletas realizam movimentos extremamente

elegantes, que exigem força, agilidade, flexibilidade, coordenação e equilíbrio. A ginástica rítmica ou ginástica rítmica desportiva (GRD) tem a prática constituída por movimentos de corpo e dança combinados com a manipulação de equipamentos.Para uma boa execução,os esportistas devem demonstrar excelente coordenação motora e equilíbrio, além de realizar os movimentos em harmonia com a música executada durante a apresentação. A ginástica de trampolim é caracterizada pela execução de saltos mortais, duplos, quádruplos e movimentos variados. Os atletas devem ser fortes, flexíveis e bem coordenados, além de preferencialmente possuírem baixa estatura.


moda |

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Isadora vargas

isadora.vargas@urbhano.com.br

Renda-se!

Tecido | Presente em todas as estações e nas mais variadas formas

íntimas femininas nos mais variados modelos. Sutiãs meia-taça com detalhes rendados, calcinha em diversas tonalidades rendadas, tops, dentre outros! Não tem como não se render a elas. Qualquer pretinho básico com detalhes em renda fazem toda a diferença na vestimenta e, com certeza, deixam a mulher bem luxuosa. A dica é ter atenção aos tipos de renda usados, pois existem aquelas mais sofisticadas, como as guipure, e outras engana-bobo, de qualidade duvidosa, que podem, inclusive, acabar empobrecendo o look. n

Foto: Aline Weber/ThePhotographyLink

Foto: Lace Chic/Squidoo

De lá pra cá a renda se destacou de tal maneira que é difícil pensar em uma estação sem looks compostos por diferentes tipos do tecido, que agora deixa de compor peças inteiras para dar forma a detalhes e até mesmo acessórios. O poder da transparência das rendas nos looks femininos transmitem romantismo e sensualidade na medida certa, e se usados de maneira correta transformam looks simples em verdadeiras obras de arte. É o que fazem a maioria dos designers em seus fashion shows. A renda tem tanto a cara da mulher moderna e tradicional que é utilizada em peças

Foto: Dolce&Gabbana/divulgação

Com certeza, toda mulher tem pelo menos uma peça de renda em seu guarda roupa. A indústria fashion se apaixonou por esse tecido que abriga várias características, muitas vezes combinadas com diferentes materiais que se encaixam em qualquer estação. É um tecido transparente, fino e delicado que forma diversos desenhos com entrelaçamentos de fios de linho, seda ou algodão. A pioneira da febre do material foi a marca Prada, que, em 2009, lançou sua coleção de inverno com looks sóbrios em renda guipure, reacendendo em todos o desejo pela trama.

Foto: divulgação

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gastronomia

Para os apaixonados Romântico | O Pacífico Bar Café é um ótimo lugar para curtir o tempo frio e namorar

Fotos: Lucas Alexandre Souza

Premiado diversas vezes como o melhor lugar da cidade para ir a dois, O Pacífico Bar Café é realmente perfeito para aqueles que procuram um ambiente mais reservado. A decoração mescla ladrilho hidráulico, paredes de tijolos aparentes, janelas feitas com material de demolição e um vitral com mais de 200 anos. O espaço intimista tem apenas 11 mesas e um balcão lateral cercado por 12 banquetas altas. O Pacífico foi inaugurado em 1994, há 19 anos, e em 2005 foi comprado pelos sócios Marco Aurélio Pereira e Vitor Leandro da Silva, que até então eram garçons

do local. “Os antigos proprietários queriam vender o Pacífico, e eles ofereceram primeiro para nós. Vimos que era uma ótima oportunidade de negócio, pois já trabalhávamos lá havia 10 anos e conhecíamos tudo sobre o funcionamento do restaurante”, comenta Marco Aurélio. Os novos proprietários gostam tanto do espaço que decidiram não contratar garçons e servir pessoalmente os clientes. “O maior diferencial é o atendimento, que é feito por nós mesmos, os dois proprietários do restaurante. Nós não temos garçom, então o atendimento

Receita fondue

de Filé ao Vinho

Ingredientes

Preparação

• 300g de filé mignon levemente temperado (com sal e pimenta do reino)

Na panela, colocar 300ml de vinho tinto seco, um galho de hortelã, ¼ de cebola e um dente de alho. O filé vai cru para a mesa e é frito no vinho.

• 150g de queijo gouda

Servido na casa de terça a quinta-feira.

é bem intimista, conhecemos quase todos os nossos clientes”, explica. No cardápio há uma grande variedade de massas, risotos e carnes, além de opções de salada e fondue para as baixas temperaturas. “O prato que mais sai é o filé mignon ao molho de mostarda acompanhado de risoto de cogumelos. Trocamos o nosso cardápio uma vez por ano, sempre entram pratos novos no nosso menu, pelo menos umas oito receitas novas entram todo ano, porém o filé continua sendo bastante pedido”, completa o sócio. n

• 100g de parmesão • Uma cesta de torradas

Acompanha três molhos: • Mostarda com mel • Pesto de tomate seco • Gorgonzola Um dos sócios, Vitor Leandro da Silva


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gente

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Fotos: Barbara Dutra e Luisa Ferraz

animação total na festa junina do chevals

Clara Häusslein e Mathias Häusslein

Breno Vasconcelos e Marina Diniz

Luiza Ferraz e Barbara Dutra

O “arraial” do Chevals

Show da dupla Rick & Ricardo foi uma das atrações da noite

Rodrigo Almeida e Gabriela Morandi

Cristiano Cilésio, Shawn Paul Pentagna Guimarães e Gabriel Pentagna Guimarães

A BOATE TRANSFORMOU COM CHITAS E RETALHOS A MADRUGADA DO ÚLTIMO SÁBADO NO FAR EAST. A boate na Sala reapresentou a mais tradicional Festa Junina do roteiro da capital mineira no último sábado, 6 de julho, no Faz East. A super produção da boate, assinada por Renzo Maia, voltou a compor o calendário de festas externas da casa reunindo 1.200 convidados no espaço no Jardim Canadá, com direito a bandeirolas e muito retalho.

Fotos: Thiago Poncherello

JUNINA NASALA

Cristiano Nenety e Vitoria Nejm

Bruno e Luísa

Érica Araújo

Juliana Paes

Raissa Ferraz

Renata Guidi

Renata Riedel



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