21 . janeiro a 5 . fevereiro de 2014 . ANO II . Número 13 . Distribuição gratuita
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Foto: Cinthya Pernes
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
o Mirante de bh O Mirante do Mangabeiras, revitalizado, é hoje um ótimo local para passear com a família e apreciar a magnífica vista de belo horizonte
cidade
O jornalista José Maria Rabêlo dedicou oito anos de sua vida para construir uma obra completa sobre a história de BH pág. 6
bem-estar Cerca de 213 mil belohorizontinos, 9% da população da capital, excluíram por completo a carne do cardápio pág. 11
Foto: Cinthya Pernes
Devido à rigidez da lei seca, novas regiões boêmias surgem e como consequência imóveis se valorizam no mercado pág. 4
entrevista
local
tragédia da rua cabo verde moradores aguardam por providências dos órgãos competentes e exigem uma rápida solução Pág. 3
educação Com o início do ano letivo, pais devem se preocupar com a adaptação dos filhos pequenos ao ingressar na escola pág.13
anuncie no único canal direto com o seu bairro. 31 2516.1801 comercial@urbhano.com.br
opinião frasesURBHANAS
Foto: Rafael Tavares
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URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 21 de janeiro a 5 de fevereiro de 2014
René Berindoague (*)
CIRURGIA CONTRA DIABETES TIPO 2 Dados atuais da Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica indicaram que 10% dos diabéticos morrem de problemas cardiovasculares todos os anos, caindo para 0,3% entre aqueles que fizeram a cirurgia bariátrica. Essa seria uma solução para diabéticos tipo 2 que precisam cuidar da disfunção, até então considerada incurável. A obesidade é apontada como um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. Estima-se que entre 80% e 90% dos indivíduos acometidos por essa doença são obesos. No entanto, a cirurgia bariátrica pode ser utilizada também em alguns pacientes com índice de massa corporal (IMC) entre 30 e 35, o que significa obesidade leve. Após a operação, há uma modificação na geração de hormônios produzidos no estômago e no intestino. A produção da grelina, hormônio liberado pelo estômago com a finalidade de estimular o apetite, cai substancialmente nos operados. E o imediato aumento das substâncias incretinas passa a estimular o pâncreas a produzir novamente a insulina. Com isso, os níveis de glicemia voltam ao normal já nos primeiros dias de operado. Outra influência hormonal importante é a do GLP1, produzido por células localizadas no intestino, que entre outras funções, serve para estimular o pâncreas a produzir a insulina. Como a cirurgia deixa quase todo o estômago fora de circuito, o bolo alimentar é desviado diretamente para o intestino delgado, área em que os alimentos já chegam processados pelo suco gástrico. Esse novo estímulo faz as células do delgado produzirem mais GLP-1. A cirurgia, no entanto, não deve ser utilizada indiscriminadamente. Cada caso deve ser estudado, uma vez que cada organismo tem suas diferenças e limitações. René Berindoague Cirurgião especializado em cirurgia do estômago e diretor técnico do Instituto Mineiro de Obesidade (*)
Foto: Globo/divulgação
Vou ter que fazer um diário para não inventarem uma vida diferente para mim? Priscila Fantin, após boatos de barraco com o marido
Imagino que muitas mulheres desejaram estar no meu lugar. Dira Paes sobre suas cenas sensuais com Cauã Reymond na minissérie Amores Roubados, da Globo
Me parece quase irresponsável que alguém tenha que jogar futebol num lugar assim, no meio da selva amazônica. Ottmar Hitzfeld, alemão técnico da Suíça, que não gostou nada de ter que jogar em Manaus uma partida da primeira fase da Copa
Vitor Belfort parece o Hulk agora. Ele já foi pego trapaceando com testosterona, então fico feliz por lutar em Las Vegas e espero que o testem cuidadosamente. Chris Weidman ironizou a reposição hormonal de Vitor Belfort, seu próximo adversário após vencer Anderson Silva pela segunda vez, e diz estar feliz por lutar em Las Vegas, que não permite essa reposição
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Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Tatiane Consuelo e Renata Diniz
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local
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Tragédia anunciada Fotos: Cinthya Pernes
Descaso | Moradores da Rua Cabo Verde no bairro Cruzeiro aguardam providências
Sem previsão, moradores da Rua Cabo Verde vivem momentos de tensão
A situação ainda é a mesma na rua Cabo Verde, no bairro Cruzeiro, região Centro-Sul da capital. A reportagem do Jornal Urbhano esteve no local na última sexta-feira, 10, e constatou a indignação dos moradores que esperam por uma solução. A Defesa Civil está realizando um intenso trabalho de monitoramento 24 horas no local e garante que a via está livre de novos deslizamentos, e não causa mais riscos para os moradores. Segundo informações da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) toda a contenção no local já foi realizada. Ainda conforme a administração pública, os trabalhos são realizados pela construtora Edifica, responsável pela obra, com supervisão da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Devido ao grande volume de chuva no fim do ano e a construção de uma obra irregular, os moradores passaram por momentos de desespero nos últimos dias. O problema na rua Cabo Verde teve início há mais ou menos um ano, quando algumas rachaduras começaram a surgir nos prédios vizinhos à obra e também no asfalto. No início da tarde do dia 24 de dezembro, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros fizeram uma vistoria no local e solicitou aos moradores que deixassem suas casas devido a um deslizamento. À noite foram liberados para retornarem aos imóveis, porém, com a intensificação da chuva que atingiu a capital na madrugada do Natal, um buraco ainda maior se abriu e um poste de iluminação afundou. Além disso, houve o rompimento de um cano da Copasa e o abastecimento foi interrompido. Houve ainda o corte de energia elétrica para reparos no poste. Na manhã de quinta-feira, dia 26, após mais uma madrugada chuvosa, o muro de arrimo da obra desabou. Em consequência dos possíveis riscos de queda, a Defesa Civil interditou a rua e os três prédios vizinhos. Antes desses acontecimentos trágicos, a Defesa Civil havia interditado a obra comercial. Notificou a
construtora para apresentar um plano de ação emergencial para reduzir os riscos aos prédios vizinhos, porém as providências não foram tomadas. A síndica do Condomínio Cabo Verde, Maria do Carmo Neves, 62, que teve o prédio interditado, desabafa que foi chocante ver o deslizamento da janela de casa na madrugada do Natal. “Eu cheguei na janela e vi o chão se desmanchando, foi como um filme de terror. Ver as coisas desmoronando, você entra em pânico. Saí de casa desnorteada sem saber o que estava acontecendo. Nós ficamos sem energia, sem rede de esgoto. Quando voltamos na véspera do ano-novo é que começaram a fazer os gatos de energia, de água, de telefone, de esgoto e isso está até hoje, não tomaram nenhuma providência para fazer as coisas corretas”, lamenta a síndica. Ela conta que resolveu voltar para o condomínio, mesmo com poucos recursos. No entanto, alguns moradores mudaram definitivamente. “Eu voltei, mas não estou dormindo tranquila, sempre tenho pesadelos. À noite acordo pensando que está acontecendo tudo de novo, é desesperador e a gente não está livre disso não, porque as providências não foram tomadas. Eu peço aos responsáveis que voltem ao trabalho e façam o que for necessário para tirar a gente desse terror que estamos passando. Não sabemos o que pode acontecer ainda, espero que haja andamento no serviço para a gente ter energia estável, esgoto, água normal, telefone. Parece que estamos no meio de um deserto a Deus dará”, desabafa a moradora do condomínio. O Condomínio Afonso Lamounier Júnior, que fica ao lado do terreno, na rua Muzambinho, 198, não foi interditado, mas a médica Lavinia Estrela Borges, 37, resolveu ir para a casa da sua mãe. “Mesmo o meu prédio não tendo sido interditado eu optei por ir, porque moro no primeiro andar e o meu quintal faz divisa com o muro e é justamente a parte de baixo. Então eu fui só por segurança mesmo, desde o dia 25 eu estou na casa
dela.” Ainda com medo do que possa acontecer, a moradora conta que não pretende voltar enquanto não chover novamente. “Estou esperando pelo menos dar a primeira chuva para ver o que vai acontecer. Minha casa já foi alagada duas vezes, há um ano, em decorrência da obra. Eles fizeram um buraco na divisa do muro e não tamparam, mesmo após várias solicitações. Ano passado quando eles romperam o cano da Copasa minha casa alagou e depois quando choveu alagou de novo”, lamenta a moradora. Na madrugada do Natal ela não estava no prédio e conta que foi difícil chegar em casa e deparar com aquela situação. “Eu cortei meu Natal no meio, viajei mais de 800 km pra poder chegar aqui e ver como estava a situação. Não é nada agradável você chegar em casa e ver que a rua inteira desmoronou e ver que colocou em risco o patrimônio e a vida das pessoas. Não tem muito o que falar, as imagens falam mais”, desabafa Lavinia. n
Obra que deveria ter sido parada causou pânico aos moradores do bairro Cruzeiro
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cidade
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Valorização imobiliária Mesmo com a limitada oferta de imóveis na região Centro-Sul, o setor imobiliário continua prosperando. As construções elegantes fazem coro à completa infraestrutura da região, que tem diversas opções de comércio e serviços. O modelo agrada àqueles que buscam a comodidade de encontrar o necessário ao dia a dia nos arredores de casa e também o lazer da noite. A proximidade aos bares e restaurantes mais renomados da capital, aliada ao endurecimento da Lei Seca no último ano, resultou num dos fatores de aquecimento desse mercado. Segundo Márcio Tavares Lanna, diretor da Alphasul Consultoria Imobiliária, no ano passado foi registrado pela empresa um crescimento de 8% na procura por imóveis nas regiões boêmias de Belo Horizonte. Segundo o diretor, um novo fator que passou a pesar na hora da decisão da compra de um imóvel foi o custo adicional do táxi nas regiões de bares. “Um dos nossos clientes colocou imóvel à venda e sabíamos que o apartamento tinha um padrão excelente. Na hora da captação, ele colocou o motivo da venda: “O meu problema é o que estou gastando em uma noite. Se eu gastava 150 reais num restaurante, eu gasto o dobro em função do táxi. Eu pago a bandeira 2, se eu fosse gastar 150, eu acabo gastando 300”, exemplifica o diretor. Segundo a imobiliária os bairros mais procurados vêm sendo Savassi, Funcionários, Lourdes, Belvedere e Mangabeiras. E as microrregiões mais visadas são nas proximidades da rua Pium-i (Sion), da praça Marília de Dirceu (Lourdes), e próximo ao relógio do Belvedere. Há vinte anos morando no bairro Funcionários, a jornalista Tania Moreira, 64, conta que apesar de frequentar os bares próximos a sua casa não foi esse o único motivo que a atraiu e a manteve no local. “Moro perto da Praça da Liberdade e de tudo o que preciso: restaurantes, bares, igrejas, bancos, farmácias, padarias, supermercados, sacolões, sapateiro, costureiras, escolas, shoppings (o Pátio, onde vou a pé, e o Diamond), salas de cinema, Palácio das Artes, bibliotecas, livrarias e, agora, o Espaço Cultural da Praça da Liberdade”. Tania relata que se mudou da Zona Leste para a Sul em 1994, devido a um desejo do marido e à praticidade da região. “Tem a facilidade pra resolver tudo sem necessidade de carro, inclusive para ir ao trabalho, pois se quiser posso ir a pé em 15 min, ou de carro em 5 min. Exceto quando chove ou quando tem manifestações, que o trânsito fica um horror”. Para Flávio Galizzi, diretor da Valore Imóveis, o caso da jornalista ilustra bem a qualidade de vida de que dispõem os moradores da região. “Temos verificado que as pessoas têm gastado grande parte do tempo no trânsito, todas as cidades brasileiras têm tido o problema da mobilidade urbana. Quem consegue trabalhar num lugar próximo onde mora tem uma qualidade de vida muito grande. Pois, assim, a pessoa ao invés de gastar seu tempo no trânsito, pode usufruir desse tempo de forma mais produtiva e agradável. Quem mora no Sion, Anchieta e Serra, por exemplo, consegue ficar próximo de vários pontos que atendem às próprias necessidades”. O diretor ainda ressalta a importância dos diversos supermercados, das escolas e do polo gastronômico na região. Para Flávio, apesar da perspectiva otimista para 2014, o mercado imobiliário na região deve crescer de forma mais recuada este ano, já que a oferta é baixa, o que valoriza ainda mais os imóveis do local. “Existe uma carência muito grande de terreno na capital. Ao contrário de muitas cidades brasileiras, como São Paulo, BH não tem mais terrenos disponíveis para construção. Só é possível realizar construções quando se retira alguma casa”. A expectativa é compartilhada pelo presidente da Célula BH da Rede Netimóveis, José De Filippo Neto. Para o presidente é inegável que a valorização dos imóveis da região esteja atrelada à rigidez da Lei Seca. Ele lembra que o endurecimento da lei contra motoristas que dirigirem depois de ingerir álcool estimulou o trâmite de um Projeto de Lei na Câmara Municipal que propõe um serviço de transporte público coletivo destinado a atender ao público das regiões boêmias da cidade. Filippo Neto destaca os critérios de diferença nos valores dos imóveis na região Centro-Sul. “Os imóveis de luxo localizados nos melhores pontos da região Centro-Sul de BH têm m² variando entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, dependendo da especificação e do tempo de construção. Nos bairros Lourdes, Santo Agostinho, Funcionários e Belvedere, os valores para imóveis usados em bom estado de conservação, e imóveis novos de padrão superior, variam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil, enquanto no Sion e em outros bairros equivalentes da mesma região o m² varia entre R$ 6.500 e R$ 12 mil”, explica. n
Fotos: Cinthya Pernes
Mercado | Lei seca estimula demanda por imóveis em Regiões boêmias da capital
Sion, Belvedere, Anchieta e Mangabeiras são bairros que tiveram imóveis mais valorizados devido à proximidade a bares e restaurantes de luxo
Rigidez da Lei Seca promove valorização de imóveis em regiões boêmias da capital
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turismo | cristina ho
05 Foto: Arquivo pessoal
Chove, para... Foto: Arquivo pessoal
Irlanda | na quarta parte, mais um pouco desse país impressionante Habitada por um povo brincalhão e de bem com a vida, a cidade é embalada por ritmos contagiantes dos seus músicos de rua e inspira felicidade. A alegria só é interrompida por chuvas intermitentes que forçam os pedestres a buscar abrigo em algum pub. Mas quando você alcança a porta do bar, surpresa, a chuva já foi embora! E assim, de cinco em cinco minutos, A Abadia de Kylemore era São Pedro irlandês brinca de um castelo da Era Vitoriana abre-e-fecha dos guarda-chuva com os turistas! Galway é a base para se conhecer os famosos Cliffs of Moher, uma incrível extensão Saindo de Dublin, a 2h30 de viagem, fica uma cide penhascos no litoral irlandês. A cena final do fildadezinha muito acolhedora chamada Galway. me Casa Comigo foi feita lá, onde a vista é de tirar o Típica cidade irlandesa, Galway é uma fiel reprefôlego! Se você não tem medo de altura, dá até para sentação do que é a Irlanda. É também o ponto cenchegar na beirada do penhasco e tirar uma foto linda. tral para conhecer aquela região do país onde as suas Apesar das sinalizações de perigo, vários turistas se belas paisagens são reproduzidas nos filmes. aventuram a caminhar nas partes desprotegidas dos O centrinho de Galway é charmosíssimo e preserpenhascos. va até hoje os principais traços culturais irlandeses.
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br Perto de lá está Connemara, uma região que é o perfeito retrato da Irlanda que vemos em filmes e lemos em livros: campos verdes, castelos escondidos por montanhas e adornados por belos lagos. A principal atração de Connemara é a Abadia de Kylemore: originalmente um castelo da Era Vitoriana, esta abadia agora é a casa das freiras beneditinas na Irlanda. Durante o nosso percurso encontramos com um pônei branco, que é típico da região. Bem dócil – provavelmente acostumado com os turistas –, foi pura diversão alimentá-lo com pedaços de maçã! Não posso deixar de mencionar o delicioso e engordativo café-da-manhã tradicional composto por salsichas, bacon, ovo frito, tomate grelhado, feijão doce, cogumelos grelhados e pudding branco e preto (chouriço). Hum... deu água na boca? n
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entrevista
Desvendando BH
Fotos: Cinthya Pernes
Memória | Durante oito anos jornalista dedica-se a pesquisar a verdadeira história da capital
José Maria Rabêlo têm 85 anos de muita história para contar. Nasceu no interior de Minas Gerais, mas aos 16 anos mudou-se para Belo Horizonte. Por levar uma vida intelectual e ser amante da escrita, o seu caminho para o jornalismo foi natural. Começou trabalhando em uma revista de cultura, mas logo já exercia a profissão no conceituado jornal de economia Diário do Comércio. Fundou e foi diretor do semanário Binômio, considerado um dos precursores da imprensa alternativa nacional. Por sua atividade jornalística e política, teve de deixar o Brasil durante a ditadura militar, exilando-se na Bolívia, no Chile e na França. Depois de 16 anos no exterior voltou ao Brasil. Foi casado por 63 anos com Theresa, com quem teve uma linda história de amor – que se tornará livro em breve – e sete filhos, e hoje tem onze netos. É autor dos livros Binômio - O jornal que virou Minas de cabeça para baixo, Diáspora - Os longos caminhos do exílio e Residência provisória (poemas). Lançou no final de 2013 o livro Belo Horizonte - do arraial à metrópole, 300 anos de história, projeto a que dedicou oito anos de sua vida. Para ele a reportagem é o gênero mais nobre de literatura. O jornalista acredita que a vida não tem sentido sem planos e projetos e confessa, aos 85 anos, que ainda tem muito a realizar. Você sempre quis ser jornalista? Naquela época nem tinha curso de Jornalismo, mas sempre gostei muito de escrever. Quando passava em algum lugar eu sempre pegava algumas publicações de jornais, revista e folhetos. Sempre fiz teatro e tive uma vida muito intelectual. Cheguei a Belo Horizonte e logo fui trabalhar em uma revista, mas me ofereceram para trabalhar como publicitário, fiquei um tempo lá e eles viram que não dava. Chamaram-me então para trabalhar na redação, que
se chamava na época Cultura Magazine. Depois de lá, antigos amigos me apresentaram o dono do Diário do Comércio, que na época era informador comercial. Nesse jornal comecei a trabalhar mesmo como repórter e nunca mais saí da profissão. Para mim, o gênero mais nobre de literatura é a reportagem. Por que você foi exilado do Brasil? Porque eu tinha uma atuação política muito grande. Tinha um jornal que era muito contundente, foi
um dos primeiros jornais alternativos do Brasil. Ele foi considerado o precursor da moderna imprensa alternativa brasileira. Chamava-se Binômio, o nome criticava o plano de governo do Juscelino, que se chamava “Binômio, energia e transporte”. Nós lançamos então o nosso Binômio Sombra e Água Fresca. O jornal fez muito sucesso, mas ele era muito crítico também. E aconteceu um incidente com o comandante das Forças Federais, que foi até o jornal tirar satisfações sobre uma reportagem e me agrediu, eu não recuei e
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ele acabou levando desvantagem na briga. Três horas depois, duzentos homens do Exército e Aeronáutica foram até o jornal e o depredaram. Isso foi em 1961. Quando chegou em 1964, era hora do acerto, então tive que sair do país. Fiquei um tempo na Bolívia, depois houve um golpe lá também e fui para o Chile, mas houve o golpe do Pinochet e então fui para França. Felizmente lá não houve nenhum golpe. E como foi essa experiência na sua vida? Foi uma experiência desafiadora, pois eu tinha mulher e sete filhos. E todos os meus filhos eram pequenininhos, mas a gente se vira. Fizemos coisas muito bonitas lá fora. No Chile, tivemos seis livrarias que foram arrasadas com o golpe militar. Já na França, organizamos uma livraria que era um Centro Cultural de Língua Portuguesa e Espanhola, foram coisas bonitas, mas com muito sacrifício. Mudar de uma cidade para outra já é problemático, agora mudar de um país, sem poder escolher (pois exílio é o país que te dá), é pior ainda. No caso do Brasil, naquela época, o único país que ainda estava concedendo exílio era a Bolívia, não tive opção. Alguns dos meus filhos têm como língua materna o espanhol, outros francês, aqui é uma família muito internacional.
entrevista os 116 anos da cidade, chegamos a mais de 300 anos. Fui até o início da história, do século 18 até os dias atuais. Uma viagem no tempo que tomou oito anos
O livro “Belo Horizonte - do arraial à metrópole - 300 anos de história” levou oito anos de pesquisa para ser concluído
Como foi voltar para o Brasil depois de tanto tempo fora? Nós sempre tivemos o sonho de voltar, porque poderíamos continuar por lá. Estávamos muito bem instalados na França, em Paris, porém o nosso compromisso era com a luta no Brasil, no qual nós fomos afastados pela violência no Brasil. Não tivemos a menor dúvida, sabíamos que o caminho era voltar. Meus filhos foram criados nessa perspectiva, nunca nos afastamos do Brasil, minha casa na França era quase uma embaixada brasileira. Eles aceitaram essa opção, e em pouco tempo estávamos readaptados. Organizar a vida aqui de novo não foi traumático, mas foi difícil. Voltamos diretamente para Belo Horizonte, mas ainda passamos um tempo no Rio. Por que decidiu escrever um livro sobre Belo Horizonte? Eu já tenho alguns livros publicados, pensei primeiro em escrever um livro sobre a história de Minas Gerais, depois descobri que não havia nenhuma obra atualizada e global sobre a história de Belo Horizonte. Já haviam estudos muito bons, mas nenhum globalizado e completo. Fui me encantando com as descobertas que fiz, coisa que até eu mesmo, que vim para Belo Horizonte tão cedo, não sabia e que a maioria das pessoas não sabe. Já ouvi algumas vezes falarem que a cidade não tem história, mas tem sim, BH tem mais de 300 anos de história. Juntando os 200 anos do Curral Del Rei, mais
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O que você descobriu de mais interessante? Muitas coisas, a começar pelo Curral Del Rei. O historiador Abílio Barretos é considerado o historiador da cidade. Realmente ele fez um trabalho muito bom de pesquisa, mas se equivocou com relação ao que ele chamou de fundador. Eu já discordo da ideia de fundador, pois naquela época não houve um ato de fundação, não houve alguém responsável. Foram endereços de vários fazendeiros que fundaram o Curral Del Rei. Esse fazendeiro que ele aponta como o fundador, que é o João Leite da Silva Ortiz, não pode ser apontado como tal. Porque a fazenda dele não era no centro do Arraial, a fazenda dele era perto do Barreiro, embora fosse a maior fazenda. Estou falando da época de 1710, quando houve então uma conjugação de fazendeiros. Quem possuía uma propriedade mais central, onde hoje é a Igreja da Boa Viagem, chamava-se Francisco Homem Del Rei, que só pelo nome já é um suspeito pela criação. E quando ele chegou, construiu uma capela e colocou a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, que é padroeira dos navegantes. Porém houve outros fazendeiros importantes, como o Borba Gato, que é tão falado e era dono de quase isso tudo aqui. Esses homens contribuíram para que se formasse o Curral Del Rei. Como foi o processo de pesquisa para o livro? Nós pesquisamos muitos, descobrimos até um resquício de uma das fazendas do Curral Del Rei. Lemos muitos livros, todos que encontrávamos sobre o assunto. Depois veio a batalha da construção, organizar todas as informações em um livro.
Como é morar no Sion? Moro aqui há seis anos, sou apaixonado por esse bairro, acho ele excelente. O meu apartamento dá vista para os dois lados, é um lugar privilegiado. Aqui você tem tudo e bem próximo, o que não tem você desce um pouquinho e já está na Francisco Deslandes, é muito bom. Claro que faltam algumas coisas, a minha ideia é José Maria já tem planos para os próxifazer uma campanha para tirar mos livros que pretende escrever essa iluminação aérea e colocar a iluminação subterrânea, aí a Avenida Bandeirantes ficaria belíssima. É muito investimendas nossas vidas, da minha e das de duas moças for- to, mas até os moradores poderiam ajudar nessa madas em Filosofia e História que me ajudaram na mudança, a avenida ficaria muito mais bonita. n construção do livro.
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matéria de capa
Palco sem cortinas Espaço | Há décadas o Mirante do Mangabeiras é um dos mais belos cartões postais da cidade
De dia ou de noite, o Mirante proporciona uma bela vista da capital mineira
Fotos: Cinthya Pernes
Para visitar Belo Horizonte e entender o verdadeiro significado do seu nome é preciso ver a cidade das alturas. Nesse sentido, opções é o que não faltam, entre elas o Mirante do Mangabeiras. O ponto turístico, presente há mais de três décadas teve, ao longo de sua história, altos e baixos. Nos anos 1990 os frequentadores tinham de pesar os prós e contras antes de ir conferir a beleza da paisagem, já que ficariam à mercê, no local, de casais com comportamentos inadequados, além de usuários de drogas e bebidas. O comércio de bebidas alcoólicas e pipocas condimentadas eram usuais. Hoje, com o espaço comandado pela Fundação Municipal de Parques da capital, esse tipo de venda é vetado. Para quem gosta de passeios ao ar livre, a boa notícia é que esses problemas fazem parte do passado do Mirante. O ponto hoje se apresenta como uma alternativa para passar o dia com a família, admirar o romântico pôr-do-sol com o namorado, ou simplesmente aproveitar a vista para meditar e contemplar o belo horizonte sozinho. Para chegar até lá basta subir a rua Alcides Pereira Lima, virar a direita na rotatória e seguir pela rua Ministro Vilas Boas até o fim, onde há uma pracinha circular, e se deparar com o local que atrai milhares de visitantes todos os anos. É difícil encontrar quem não tenha se deslumbrado com a vista, já que o Mirante proporciona uma experiência única. O casal Eduardo Magalhães de Araújo, vigilante, e Viviane de Figueiredo, vendedora, visitaram o Mirante juntos pela primeira vez. “A gente estava procurando um lugar para olhar a paisagem. Tranquilo, onde poderíamos admirar a cidade. Aqui é ideal pra isso”, comenta o casal. Eduardo conta que certa vez foi ao Mirante buscar inspiração para compor uma canção. “Tenho como hobby a música e há um tempo vim fazer uma composição musical, justamente por ser um ambiente mais tranquilo, e deu muito certo. Consegui compor a letra da música (risos)”, acrescenta. Em 2012 o Mirante passou por uma revitalização para melhor receber seus visitantes. O objetivo da reforma foi proporcionar mais segurança e preservar a vegetação nativa do local. Desde março do mesmo ano, o ponto encontrava-se fechado para as obras e apenas em outubro foi reaberto. A obra foi realizada pela Fundação de Parques Municipais (FPM). Com a reforma, a área do Mirante, de aproximadamente 35.400 m², foi toda cercada e ganhou decks de madeira com grades que permitem uma melhor circulação pelo espaço. Além disso, o Mirante, que é instalado em uma área de preservação e foi incorporada ao Parque das Mangabeiras, passou a ser monitorado. A professora Maria de Fátima Reis, 54, tem o hábito de ir ao espaço com o marido e com seu animal de estimação. Ela acredita que a reforma acrescentou bastante. “Gosto de vir para observar a paisagem. Aqui é uma área de lazer que precisava ter mesmo, foi ótima essa revitalização que eles fizeram. Já namorei muito aqui (risos). Belo Horizonte precisa de mais lugares como esse”. Agora, com um espaço amplo, o Mirante atrai diversos públicos. É um dos locais favoritos dos casais apaixonados, que se encantam com a beleza e tranquilidade do lugar. Eles vão até lá para namorar, conversar e ainda espairecer a cabeça. Sabrina Correia Fagundes, 28, operadora de caixa, e o engenheiro civil Bruno Elorde Ribeiro, 27, noivos há dois anos, costumam visitar o local frequentemente. “A gente gosta de vir aqui pra ter
Mirante do Mangabeiras é um dos pontos turísticos mais procurados por visitantes
Com um espaço ainda mais amplo e com maior segurança o Mirante atrai diversos públicos
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matéria de capa
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Sabrina Correia Fagundes e Bruno Elorde Ribeiro, namorados há 3 anos, contam que as primeiras fotos foram tiradas no Mirante
Fabiana Rodrigues e Renato Marcos sempre levam a filha Daniela para passear no Mirante
uma visão geral de Belo Horizonte, ver o pôr do sol, que é muito bonito. Gostamos de vir também para namorar e tirar fotos, a vista aqui é maravilhosa”, comentam. A reforma trouxe mais segurança ao Mirante, que agora também conta com uma ótima estrutura. A portaria foi construída para o controle da entrada e saída de visitantes e passou a não ser permitida a entrada de alguns veículos. O espaço é monitorado por duas câmeras de segurança ligadas à Central da Guarda Municipal. Agora, para chegar ao Mirante, os visitantes passarão por esse portal. Foram construídos banheiros públicos acessíveis, uma guarita de apoio para os funcionários do Mirante e também bebedouros. Foram instalados também bancos para quem quiser apreciar a beleza do lugar. Fernanda Luiza Souza Gomes, 20, e Pedro Otávio de Oliveira, 20, namorados há 3 anos, contam que depois da reforma do Mirante foram ao local apenas com os amigos. “Hoje é a primeira vez que viemos somente nós dois. Antes da revitalização a gente vinha mais, porque o horário de funcionamento era até mais tarde”, comenta Fernanda. “Quando chegamos já vem logo uma paz de espírito”, diz Pedro. “Ter contato com a natureza dá um sossego também. Agora não temos o que reclamar da segurança, melhorou muito. A vista nem se fala, é muito bonita”, acrescentam. O lugar ficou ideal para passear também com a família, como foi o caso das filhas Izabele Helena Soares, 12, Clara Almeida Soares, 14, o pai Francisco Lima, 51, e a mãe Albina Ferreira, 50. “Adoramos vir aqui, é muito tranquilo e o ar também é muito bom. Gostamos de vir para tirar fotos. A paisagem não tem como descrever, é exuberante, é uma paz de espírito. Nunca viemos aqui antes da revitalização, depois dela que começamos a frequentar mais, comentam.
Conheça o Mirante Endereço: Rua Pedro José Pardo, 1000 Mangabeiras (atrás do Palácio Mangabeiras) Telefone: 3246-5030 Horário de funcionamento: diariamente das 10 h às 22 h Entrada gratuita A permanência no estacionamento é permitida somente para veículos com idosos e pessoas com necessidades especiais.
Fernanda Luiza e Pedro Otávio adoram ir ao Mirante para apreciar a bela vista da cidade
Já para o projetista industrial Renato Marcos Melo, 44, que contemplou a vista com a esposa e a filha, relata que quando era criança costumava frequentar o Mirante e o conhecia bem. O casal sente a falta de restaurantes e estacionamento no ponto turístico. “Tiveram muitas melhorias e já viemos várias vezes após a reforma. Mas eu sinto falta de um restaurante e de lanchonetes. Belo Horizonte tem tantos bares, mas faltou um aqui. Faltou também um estacionamento mais próximo, de fácil acesso, um de
45º, por exemplo, que caberiam mais carros. Ficou um pouco mais longe agora, apesar de ser boa a caminhada, mas é raro ter lugar para estacionar pela quantidade de pessoas que passaram a frequentar. Faltou planejamento”, reclama Renato. O Mirante funciona das 10 h às 22 h, todos os dias. Localizado atrás do Palácio das Mangabeiras, no período de férias atinge o seu maior movimento, recebendo por dia, nos fins de semana, uma média de 3 a 4 mil pessoas. n
Depois de passar por uma revitalização, o Mirante do Mangabeiras agora é uma ótima alternativa para passear com a família e os amigos e também para namorar
HISTÓRICO • A rádio Jornal do Brasil foi montada junto ao Mirante do Mangabeiras, numa área obtida por Acílio Lara Resende em regime de comodato com a Prefeitura, dona do terreno. • Em 1976, a rádio Jornal do Brasil foi inaugurada na área onde atualmente está localizado o deck mais ao fundo do Mirante. Esta foi a primeira emissora FM, ou seja, com frequência modulada, de Belo Horizonte. • No início da década de 1980, o Grupo JB criou a Rádio Cidade, dedicada ao público jovem. Era dirigida
por Carlos Lemos. Apesar do grande sucesso, a Jornal do Brasil de Belo Horizonte sofreu uma transformação. Era agora a Rádio Cidade. • Em 1988, um projeto premiado pela Associação Brasileira de Ensino em Arquitetura, propunha a revalorização do Mirante com a construção de um restaurante panorâmico. • Em 1991 foi realizada uma licitação entre nove grupos de arquitetos, com o objetivo de realizar um projeto que oferecesse aos visitantes do Mirante “uma perfeita contemplação da
cidade”. O projeto faria referências a atrativos turísticos da cidade e estava previsto para três etapas: a recuperação da praça existente, construção de uma lanchonete e construção de uma segunda praça, atrás da Rádio Cidade, que terminaria com um deck. • Em 1992, os ambulantes com o apoio dos visitantes elaboraram, em vão, um abaixo-assinado solicitando a instalação de banheiros químicos pelo menos nos finais de semana. • A primeira reforma do Mirante ocorreu em junho de 1994, quando
a prefeitura reconstruiu os pisos, passeios, instalou lixeiras e colocou revestimentos de cerâmica nos balcões de proteção. • Em 2012 o Mirante passou novamente por uma revitalização. O objetivo da reforma foi proporcionar mais segurança e preservar a vegetação nativa do local. Na reforma a área de aproximadamente 35.400 m² foi cercada e ganhou decks de madeira com grades. O local foi incorporado ao Parque das Mangabeiras, que a partir de então passou a monitorar o local.
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gastronomia
Um passeio pela Itália Dentre os principais patrimônios que caracterizam a Itália, além de suas belezas paisagísticas e de sua arte, está a gastronomia. A cozinha italiana é uma das mais ricas do mundo e possui uma grande variedade nos seus pratos, principalmente no que diz respeito aos ingredientes característicos da cozinha típica e regional. Isso é uma consequência dos vários povos que passaram pela Península Itálica e deixaram sua marca com a introdução de novos elementos e alguns pratos hoje apreciados em todo o mundo. Com cozinha comanda pelo chef italiano Simone Biondi e com a ajuda da equipe formada por Thiago Magnano e Reginaldo Silva, o Est! Est!! Est!!! Autêntica Cucina Italiana foi inaugurado em 2012 no bairro Funcionários e traz aos amantes da comida italiana pratos tradicionais do país para a capital mineira. A proposta do restaurante é diferente: uma vila italiana, com chef italiano, garçom italiano, além, é claro, do sobrenome italiano. O restaurante possui dois menus: um fixo, composto por pratos consagrados da culinária do país, incluindo opções vegetarianas; e outro sazonal, desenvolvido a cada mês em homenagem a uma das 20 regiões da Itália, com preço fixo, incluindo entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa. Todas as receitas seguem à risca a tradição italiana, e além dos pratos (primo e secondo) e das sobremesas, os antepastos, os pães, os licores e o típico guanciale servidos na casa são produzidos no próprio restaurante. Localizado em um sobrado da década de 1930, antiga residência de Amadeu Passini, bisavô de um dos sócios, o restaurante vem se firmando como um dos principais redutos da capital para quem aprecia a legítima comida italiana. A intenção é levar aos clientes não apenas a gastronomia, mas também um pouco dessa cultura. Os fundadores sãos os primos Henrique Passini e Leonardo Pedretti. O restaurante recebeu esse nome devido à história de um bispo alemão que, prestes a viajar para a Itália, no século XII, enviou seu prelado antes e o incumbiu de anotar na porta das melhores cantinas pelo caminho a palavra latina est (“é este”). Uma delas, localizada em Montefiascone, parece tê-lo impressionado tanto que foi indicada como “est! est!! est!!!”. Com capacidade para 60 pessoas, o restaurante possui dois ambientes distintos, mas que conseguem traduzir o melhor da hospitalidade italiana. O maior deles, interno, conta com decoração composta por mesas cobertas com toalhas brancas e cortinas nas cores da bandeira italiana, e possui ar condicionado. Além disso, possui quadros, adereços e mapas que enriquecem a experiência visual dos visitantes. Já na parte externa a iluminação baixa e o ambiente rústico garantem ao local um clima aconchegante, ideal para encontros românticos. Para harmonizar as diversas opções de menu, a casa conta com uma ampla carta de vinhos, somando mais de 120 rótulos, com cores, aromas e sabores necessários para uma experiência gastronômica completa e tipicamente italiana. A adega, entre vinhos, espumantes e proseccos (casta de uva branca), comporta até 600 garrafas devidamente climatizadas. É uma das únicas da capital cujo chão é coberto por uma camada de areia branca, o que garante a segurança do acervo e atiça a curiosidade dos frequentadores.
Fotos: Cinthya Pernes
Sabor | Est! Est!! Est!!! Autêntica Cucina oferece pratos tradicionais da cozinha italiana Com capacidade para 60 pessoas, o restaurante possui dois ambientes, um interno e outro externo
Localizado em um sobrado da década de 1930, a proposta do restaurante é ser uma vila italiana
Rigatoni alla Boscaiola (4 pessoas) INGREDIENTES 400 g de rigatoni 400 ml de creme de leite fresco 200 g de cogumelos frescos 80 g de cogumelo seco italiano reidratado 4 linguiças tipo toscana despedaçadas 40 g manteiga sal e pimenta a gosto salsinha picada e desidratada para decorar (opcional) 50 ml de azeite trufado (opcional) MODO DE PREPARO Ferver bem a água, salgá-la com um punhado de sal grosso e colocar a massa para cozinhar. Enquanto isso, numa frigideira, dourar a cebola na manteiga. Fritar a linguiça despedaçada até ficar bem dourada. Em seguida, acrescentar os cogumelos, ajustar sal e pimenta. Adicionar o creme de leite e deixar encorpar. Acrescentar parmesão. Escorrer a massa al dente e misturar ao molho. Finalizar com o azeite e a salsinha espalhada no prato. Funcionamento Terça das 12 h às 15 h e das 18 h às 23 h. De quarta a sexta das 12 h às 15 h e das 18 h a 0 h. Sábado das 12 h às 16 h e das 19 h a 0 h. Aos domingos, aberto para o almoço das 12 h às 16 h.
Endereço Avenida Getúlio Vargas, 107 Funcionários Reservas: 2526-5852
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bem-estar
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Vida sem carne
Foto: Cinthya Pernes
anos não tínhamos muita informação como hoje. Eu tive de aprender a cozinhar a soja, que não tem um aspecto muito bonito. É preciso hidratar a soja antes de cozinhar. Minha família achava estranha aquela soja seca e depois hidratada. O aspecto lembrava ração de cachorro. Hoje em dia é supertranquilo”. Apesar das facilidades conquistadas ao longo dos anos, Silvana relata que grande parte de seus pacientes vegetarianos se queixam da falta de apoio profissional. “Alguns pacientes chegam e falam que muitos profissionais não entendem. Alguns chegam falando que o médico pediu para comer carne, do contrário a pessoa teria uma anemia. Mas já está provado que o fato de não comer carne não prejudica a saúde. Na verdade, promove o contrário”. A nutricionista lembra que o consumo de carne pode causar aumento do colesterol, algo que não é observado em consumidores de proteína vegetal. Esse benefício é usufruído pela atriz Cláudia Mello. Desde criança, ela nunca gostou de comer carne, mas foi a consciência ecológica que a fez excluir o alimento do cotidiano. “Há um tempo eu tive de voltar a comer carne branca, por estar com anemia. Até que encontrei profissionais que me ajudaram a me manter completamente vegetariana. Depois de iniciar esse acompanhamento, não tive mais nenhum problema”, conta Cláudia, que faz suplementação de vitaminas do complexo B. n Fotos: Shutterstock
Cada dia aumenta o número de brasileiros que confessam ter deixado de consumir carne. O movimento está crescendo muito no país, em todas as idades e classes sociais. Muitos vegetarianos vão além e passam a recusar ovos, leites e derivados. No Brasil, mais de 15 milhões de pessoas não consomem carne; o dado é referente à pesquisa do Ibope de 2012. O número corresponde à fatia de 8% da população das principais capitais e regiões metropolitanas. Na capital mineira, 9% da população, cerca de 213 mil belo-horizontinos, excluíram por completo a carne do cardápio. Dentre eles está a arquiteta e moradora do bairro Mangabeiras Ludmila Pereira, que há 24 anos é adepta do vegetarianismo. Ludmila conta que na adolescência começou a se questionar sobre a violência contra os animais e nesse momento optou pelo estilo. “Foi difícil parar, pois no início senti falta da carne. Por uma questão de hábito. Não chega nem a interferir na saúde, o que realmente pesa é o hábito que adquirimos ao longo da vida”, conta. Realizando periodicamente exames clínicos, Ludmila diz que nunca teve problemas por sua restrição alimentar e que não abre mão de alimentos como ovos e derivados de leite, excluídos por alguns vegetarianos. Para a arquiteta, atualmente não existem problemas para encontrar locais que ofereçam opções para o cardápio vegetariano. “Muita gente acha estranho e tenta me convencer a comer carne. É um pouco exaustivo. Alguns não entendem muito bem que a carne realmente não faz falta”. Esse problema é conhecido de perto pela nutricionista e coordenadora da Sociedade Vegetariana
Foto: Shutterstock
Vegetarianismo | Cresce O número de pessoas que excluem da dieta alimentos de origem animal
Brasileira do núcleo de Belo Horizonte, Silvana Portugal. Há 20 anos a profissional cortou o consumo de carne do cotidiano, e gradualmente aboliu o consumo de alimentos e produtos de origem animal ou que envolvam testes em animais em sua produção. A conduta da nutricionista em relação aos produtos se deve a sua escolha pela filosofia vegan. Os adeptos da ideologia, assim como Silvana, não utilizam nada de origem animal ou proveniente de testes em animais, como lã, seda, alguns xampus e sabonetes e até mesmo filme fotográfico, entre outros produtos. Segundo a nutricionista, laticínios e ovos também não entram na dieta de quem opta pelo estilo. Segundo os veganos, esses produtos são oriundos de exploração e sofrimento animal. Apesar das diversas restrições, a nutricionista afirma que a prática é compatível com um cardápio variado. “Temos quinoa, amaranto, leguminosas, feijão, lentilhas, cogumelos, grão-de-bico, brotos, germinados, raízes, folhas, frutas, cereais, legumes, etc.” Para ela, o dia a dia de quem não come carne vem se tornando mais fácil nos últimos anos. “Há 20
Os tipos de vegetarianismo Veganismo
Não se come carne nem derivados de leite e ovos. A dieta consiste na exclusão de alimentos de origem animal. Os adeptos entendem o ideal e não consomem nenhum produto testado em animais ou que apresente algum componente de origem animal em sua fabricação. Não usam couro, mel nem leite de soja (por ser testado em animais).
Vegetarianismo estrito
É uma linha de vegetarianos que não comem carnes, leite e seus derivados nem ovos, apenas vegetais. Adepta ao vegetarianismo há 20 anos, a nutricionista Silvana Portugal alega que uma dieta isenta de carne traz benefícios a saúde
Ovolactovegetarianismo
Há a exclusão da carne do cardápio, mas esses vegetarianos consomem ovos, leite e derivados.
Lactovegetarianismo
Há a exclusão da carne e dos ovos do cardápio, mas consome-se leite e derivados.
moda |
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Isadora vargas
Summer hair!
Fotos: divulgação
Summertime | acerte no look das madeixas para brilhar neste verão
isadora.vargas@urbhano.com.br
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A atriz e cantora Vanessa Hudgens também adotou o estilo summer hair
A top Gisele Bündchen é adepta do look surf hair
Que mulher não gosta de cuidar de seus cabelos? Ondas naturais e volumosas, à la Gisele Bündchen ou Serena Van Der Woodsen (Blake Lively), são preferência na maioria dos salões de beleza. O look, além de descolado e chic, é a cara do verão e justamente por esse motivo foi batizado de “surf hair”, o típico cabelo com textura “podrinha” das meninas surfistas. O messy hair, usado nas passarelas, nas praias e nos red carpets, é superfácil de fazer, e usando o produto certo você pode ter o mesmo resultado das celebridades. Se você não é rata de praia e muito menos dessas mulheres que se aventuram nas ondas do mar, não se preocupe: é possível reproduzir o mesmo efeito da água salgada com o auxílio de alguns produtos, sem danificar o cabelo. Existem no mercado sprays, musses e pomadas criados para garantir o sucesso desse “cabelón”.
Alternativamente, para aquelas que são mais chegadas num fancy hair, existem diversos penteados chiques e modernos. As tranças, por exemplo, que são atemporais, mostram-se bastante práticas para a temporada de sol e calor. Os penteados que já foram sucesso no verão e no inverno de 2011 ganharam versões modernas, românticas, elegantes e até bagunçadas para este verão. O verão sempre pede por cabelos menos elaborados; além disso, com o vento, a umidade e o calor os fios ficam mais rebeldes. Uma dica preciosa para domar as madeixas e ainda garantir um toque de estilo são os lenços. Eles podem ser usados de várias formas. Para um visual praiano, escolha um lenço mais curto e amarre na cabeça como uma headband. Mas se estiver a fim de um look mais hippie, amarre um lenço comprido na cabeça, deixando as pontas jogadas entre os cabelos. Dá também para improvisar
As tranças são atemporais e bastente práticas para serem usadas no sol e no calor
Contra o vento, os lenços são uma prática e estilosa solução
uma faixa de cabelo, acessório super em alta! Entretanto, o cuidado com o cabelo é essencial. Para tratá-lo, é preciso evitar o excesso de calor, que acaba prejudicando a saúde capilar. No verão, ocorre uma dilatação dos fios, e as cutículas ficam abertas, absorvendo poeiras, resíduos de produtos, cloro e sal, por exemplo. Fora isso, o cabelo perde com mais facilidade substâncias importantes, como proteínas e água, ficando mais ressecado. Aquelas mulheres que fizeram algum tipo de coloração, principalmente as loironas, devem ter cuidado dobrado nessa época do ano, já que os fios ficam mais porosos, vulneráveis e sensíveis, podendo até ficar esverdeados. Uma das dicas para evitar maiores danos é abusar do protetor solar, que forma uma camada de proteção nos fios, impedindo a entrada dos raios solares e dificultando a saída da nutrientes. n
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educação
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Adaptação escolar
Crescimento | Pais devem procurar escolas onde os filhos se sintam seguros e felizes O ano já começou, e com ele novos ciclos se iniciam. Os pais de filhos ainda pequenos adentram o ano com algumas responsabilidades a mais. Com a proximidade do início das aulas, os pais têm a difícil missão de escolher a melhor instituição para matricular seus filhos. Vários pontos são avaliados nesse momento, como infraestrutura, segurança, método de ensino, localização, entre outros.
Mesmo com todo o preparo que as instituições oferecem para deixar a criança ir se acostumando ao novo ambiente e às novas pessoas, a adaptação pode ser um processo demorado. “Muitas vezes, quando as crianças choram, os pais as levam de volta para casa e não querem voltar mais com o filho, e isso não é correto fazer. Porque chorar é uma coisa muito natural, é preciso dar tempo ao tempo. Insegurança, nós, adultos, também passamos”, enfatiza a especialista. E ainda acrescenta: “No primeiro dia de aula sempre tem a demanda do choro. As crianças chegam lá e choram, às vezes veem os outros chorando e choram junto. Choram por osmose, eu sempre digo (risos). Esse primeiro dia é mais de contato mesmo. Essa hora é o momento de confortar e acolher essa criança”. O processo de ambientação dos filhos a uma nova escola, segundo a profissional Carla Rodarte, precisa ter também o acompanhamento e a opinião das crianças. É importante levá-los até o local para elas irem conhecendo e relatando se estão gostando do ambiente ou não. Esse é o primeiro passo para a inserção dessa criança em um mundo completamente novo. n
Muitas vezes, quando as crianças choram, os pais as levam de volta para casa e não querem voltar mais com o filho, e isso não é correto fazer. Porque chorar é uma coisa muito natural, é preciso dar tempo ao tempo. Ilustração: editoria de arte URBHANO
Porém o mais importante é que o filho se adapte bem ao ambiente e aos métodos oferecidos. A coordenadora pedagógica do Colégio Franciscano Sagrada Família, na área de educação infantil, Carla Rodarte afirma que é importante a escola ter um planejamento não só em relação aos alunos, mas também para os pais. “Primeiro é interessante que a escola tenha um planejamento para receber as crianças, e dentro disso devem estar englobadas não só uma assistência a elas, mas também a preparação dos professores, assim como deve ter uma assistência para os familiares. Esse período de adaptação é um período muito sensível, também para os pais que ficam muito angustiados, ainda mais os que possuem crianças menores”, relata a pedagoga. Uma dica da profissional é fazer uma reunião primeiro com os pais e explicar para eles como será essa adaptação, como será a rotina de seu filho no ambiente escolar, a que horas será o lanche, como são as brincadeiras e quem são os responsáveis por cada turma. Dar todas as informações que podem diminuir a ansiedade dos pais. Já para as crianças é preciso ter muito carinho e respeitar seus horários. Ouvir os desejos de cada criança individualmente também é um caminho a seguir.
Para a gerente administrativa Tâmara Lisboa Marchesin, 22, mãe do Vicente, de apenas nove meses, a decisão sobre a escola está sendo muito difícil. Ela prioriza a segurança do filho, que entrará pela primeira vez em uma instituição de ensino. “A escolha não está sendo fácil, porque deixar o Vicente, que ainda é um bebê, com alguém que mal conhecemos é uma situação dolorosa. Todo o tempo vemos notícias tristes de maus tratos e descuido nas escolas. Vendo as últimas notícias, a única certeza é que não quero uma escola onde a criança tenha fácil acesso a piscina. Queria um lugar tranquilo e que o zelo viesse em primeiro lugar”, relata Tâmara. De acordo com a pedagoga, adaptação é algo muito subjetivo, cada criança se adapta de uma forma diferente. Porém, a gerente administrativa diz que irá procurar outro meio caso seu filho não se ambiente com sua escolha. “Se ele por acaso não se adaptar, não vejo alternativa a não ser contratar uma babá para ficar com ele em casa enquanto está novinho. Se por acaso ele não se adaptar quando estiver mais velho, aí sim terei um grande problema, mas penso em procurar profissionais como psicólogos, dentre outros, para solucionar a questão”, afirma. Foto: Shutterstock
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cultura
Circuito aberto ao público Instituto Cultural Sérgio Magnani desde junho de 2012, por meio de parceria com o Governo do Estado. Além disso, alguns desses museus/espaços são administrados por empresas privadas, que realizam investimentos na recuperação do patrimônio e na manutenção dos prédios. A gerente executiva do Circuito Cultural Praça da Liberdade, Cristiana Kumaira, destaca que este ano artistas mineiros terão grandes oportunidades de se apresentar no circuito. “Fechamos 2013 abrindo as portas do Circuito Cultural para os artistas mineiros, em uma construção conjunta, por meio de shows e espetáculos. Nesse período de recesso escolar, aproveitamos para inaugurar as atividades de formação artística, outro grande alicerce da nossa Política Educativa e Cultural. Foram selecionadas propostas bem diversificadas e que atendem a vários públicos, o que é uma ótima oportunidade para troca de experiências e aprendizado em um ambiente lúdico e inspirador”. O Circuito Cultural Praça da Liberdade, nos meses de janeiro e fevereiro, apresenta “O Circuito Aberto”, com workshops e oficinas. A proposta abrange atividades que ocorrem em seis museus e espaços do complexo, além de intervenções ao ar livre, na Praça da Liberdade. n
No dia 23/01, às 21h30, no Museu das Minas e do Metal, acontece o NOW or NOW
Foto: Lucia Sebe Secom
O Circuito Cultural Praça da Liberdade, localizado na região central de Belo Horizonte, é, atualmente, o maior complexo cultural do país. Ao todo, são nove espaços e museus em funcionamento: Arquivo Público Mineiro, Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Centro de Arte Popular – Cemig, Centro Cultural Banco do Brasil, Espaço do Conhecimento UFMG, Memorial Minas Gerais, Museu das Minas e do Metal, Museu Mineiro e Palácio da Liberdade, além das atividades do Inhotim Escola, que ocorrem paralelas às obras de sua sede. Além desses, outros três espaços já estão em processo de implantação: a Casa Fiat de Cultura, o Centro de Referência da Economia Criativa Sebrae-MG e o Museu do Automóvel. Inaugurado em 2010, o circuito foi criado com o objetivo de explorar a diversidade cultural, com opções interativas e abertas ao público, em uma área de enorme valor simbólico, histórico e arquitetônico da capital. A oportunidade surgiu com a transferência da sede do Governo de Minas Gerais para a Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde. Os antigos prédios das secretarias foram adaptados e abriram suas portas para abrigar os museus e espaços culturais. Somente em 2013, mais de 800 mil pessoas visitaram o complexo. O circuito é codirigido pelo
A Circuito abrange os antigos prédios no entorno da Praça da Liberdade
As atividades são gratuitas, porém é necessário fazer a inscrição pelo site www.circuitoculturalliberdade. com.br/circuitoaberto. As atividades já começaram, mas ainda dá tempo de conferir várias outras atrações. Nos dias 23, 25, 30, 31/01 e 01/02 o Circuito realiza a oficina “Modos de lembrar, esquecer e viver: Memória e diversidade cultural na Praça da Liberdade”. A proposta é desenvolver atividades lúdicas e reflexivas sobre a relação entre a memória social e individual e a diversidade cultural. No dia 25/01 acontece o “Museu do Instante”. Trata-se de um evento que reconstrói o museu tradicional na escala urbana. Galerias, sala de exibição, praça de alimentação e auditório são ressignificados e incorporados ao tecido urbano, ganhando materialidade por meio de suportes físicos existentes e novos. Nos dias 22, 23, 24, 28 e 29/01 é a vez da população conferir a “Oficina de análise e criação de jogos digitais”. A oficina vai abordar conceitos e a dinâmica dos jogos e realizar atividades práticas com o software Game Maker. Ao final do percurso de cinco dias, o grupo irá desenvolver uma proposta de jogo a partir do aprendizado. Durante os dias 1, 2, 8 e 9/02 acontece a oficina “Escrita infinita”, que irá trabalhar a escrita cotidiana como forma de pensar a memória e a construção da subjetividade no mundo atual, realizando um diálogo entre escrita, narração e invenção. Cada participante irá confeccionar seu próprio caderno (corpo simbólico), e, ao final, será realizada uma pequena exposição e um livro coletivo.
Ilustração: Júlio Palhares
Foto: Carola Beresi
Diversidade | Museus da Praça da Liberdade trazem diversas atrações para os belo-horizontinos
Com duas turmas de 8 horas cada, de 17 a 21/02, o público poderá participar do workshop “Teatro multimídia e o futuro”, sobre a utilização de novas mídias no teatro, com foco no audiovisual, e os limites e as restrições de sua utilização. A oficina abordará ainda o estudo técnico de equipamentos e superfícies de projeção e exercícios práticos de filmagem e projeções, gravadas e ao vivo. Nos dias 18, 19, 20, 21 e 22/02 acontece a oficina “Coreto e cores”, uma intervenção no coreto da Praça da Liberdade, que será coberto com estruturas de tricô e crochê. Serão ministradas oficinas de capacitação dessas práticas manuais tradicionais usando a arte de rua como pano de fundo para a intervenção artística.
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esporte
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Ela é uma fera
MMA | Ju Thai é a primeira mineira de belo horizonte a ser contratada pelo UFC
Fotos: Cinthya Pernes
Ju Thai foi contratada pelo UFC no final do ano passado e já se prepara para essa nova fase
O MMA superou o preconceito no Brasil e hoje se tornou um grande sucesso por aqui. Pessoas param tudo para assistir às lutas marcadas. Um exemplo é a grande repercussão das lutas de Anderson Silva, um dos ídolos da modalidade no país. O sucesso é tanto que as mulheres também estão lutando e alcançando seu espaço nesse mercado altamente competitivo. O UFC (Ultimate Fighting Championship) é a principal organização de MMA e impõe as regras unificadas de Mixed Martial Arts, sem exceção. Com mais de 20 eventos por ano, o UFC é a casa da maioria dos lutadores de alto nível no mundo. É onde todo atleta de MMA almeja estar. E para a grande surpresa dos mineiros, a atleta Juliana Lima, mais conhecida pelo apelido Ju Thai, foi contratada pelo UFC. A mineira de Belo Horizonte irá participar do TUF americano, um reality show sobre o MMA, com início no dia 16 de maio. Serão 16 lutadoras confinadas em uma casa, onde será feita uma divisão em dois times que lutarão entre si. Uma novidade desse TUF é que ele vale o cinturão. Ju Thai, que disputa pela categoria peso-palha, até 52 quilos, conta como ficou sabendo da contratação. “Eu não esperava de jeito nenhum.
Sabia que o UFC ia ter contratação na minha categoria, só que todas as reportagens lá de fora, nos Estados Unidos, não tocaram no meu nome. Achei até bom, porque iria sair muita menina boa do Invicta e poderia ter a oportunidade de disputar o cinturão mais rápido. Estava treinando quando abri minha caixa de e-mail. Quando fui ver era o Twitter oficial do UFC dizendo ‘Bem-vinda ao UFC’”, relata a lutadora. Juliana é formada em Turismo e já trabalhou seis anos na área. Começou a lutar por hobby, para perder peso. “O meu treinador viu que eu levava jeito em pouco tempo, então começou a me colocar nas lutas e assim comecei a ganhar, a ganhar e gostar muito. Comecei a fazer o jiu-jitsu, e depois de um ano fui chamada para lutar o Brasil Fight, que é um dos maiores eventos do Brasil de MMA. Foi assim que fiz a minha primeira luta profissional e ganhei”. Isso a levou à difícil decisão de sair do emprego e da vida estabilizada. “Cheguei em casa e falei: ‘Pai, mãe, estou largando o meu emprego’. Já trabalhava há seis anos, ganhava bem, tinha a minha vida estabilizada. Larguei tudo para voltar a depender de meu pai. Só depois que ganhei a primeira luta de MMA que minha carreira começou. Passei muita dificuldade por conta de dinheiro. Não tinha patrocínio, precisava de dinheiro para ir treinar”, desabafa. A atleta treina três vezes ao dia. Cada treino dura entre uma hora e uma hora e meia, sempre mesclando a preparação física com uma musculação, um treino de MMA e uma luta específica. Como o MMA é uma mistura de várias lutas, a profissional precisa treinar um pouco de tudo. A atleta afirma que se alimenta normalmente, só em época de lutas se preocupa mais. “Entro na casa dia 16 de maio e estou 12 quilos acima do meu peso, então já estou começando a dieta. Não posso perder os quilos todos de uma vez, tem de ser aos poucos até chegar ao peso ideal para a data”, conta a atleta. Juliana diz que as lutas mais marcantes de sua carreira foram a sua primeira de MMA e a primeira internacional, que ela perdeu. A lutadora acredita que a derrota no Invicta, que é o maior evento de MMA feminino, decorreu de seu psicológico. Ela relata que ficou muito deslumbrada com tudo o que estava
acontecendo e por causa disso não conseguiu se concentrar na luta. Porém, diz que foi através dessa luta que o UFC viu que ela lutava bem e por isso foi contratada. “O engraçado é que perdi a luta e fui contratada, a menina que ganhou a luta não foi contratada”, detalha Juliana, feliz da vida. Para trabalhar seu lado psicológico, Ju irá se preparar durante os próximos meses. “Não sou uma pessoa tão controlada, não vou mentir. Tenho o pavio curto, mas já tenho um psicólogo esportivo, vou me preparar bem. Vou até fazer ioga, tudo para ficar calma (risos)”. A atleta ainda conta com uma equipe de profissionais que cuidam da sua preparação física. O fisioterapeuta Rafael Freire, da RAFFE Fisioterapia Esportiva, conta que seu papel é tentar evitar que Ju tenha lesões sérias. “Os atletas devem adotar algumas medidas preventivas para não se machucarem durante as lutas. Usar os equipamentos de proteção obrigatórios (protetor bucal, bandagem de mão, coquilha, etc.). Conhecer bem as regras do esporte para evitar golpes ilegais que podem causar lesões graves e estar sempre bem preparados, treinados, física e mentalmente”, comenta o profissional. Ju Thai está a todo vapor em relação aos treinos e preparativos para a entrada na casa em maio, e a mineira sonha alto. “Minha vida já mudou completamente, o sonho de qualquer lutador é entrar no UFC, é o top que você pode chegar, estou muito feliz. Era o meu sonho, mas o ser humano sempre quer mais, agora eu quero o cinturão”. n
A atleta com seu mestre de jiu-jitsu Marcelo Uirapuru na academia Runner, onde treina
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crônica
Gina ganhou um gato. Comum, vira-lata, presente de uma amiga que estava se mudando para o Canadá e não tinha como levar o bichano. Na primeira semana ela até se esquecia de que o bicho estava por perto. Só quando tropeçava no animal ou percebia com o canto do olho um vulto que se esgueirava entre os vasos é que se lembrava de colocar água e ração e limpar a caixa de areia.
Ilustração: editoria de arte URBHANO
Pouco depois começaram as confissões. Gina chegava em casa e falava de seu dia monótono no trabalho, do trajeto no ônibus, e às vezes deixava escapar algo so-
Foto: arquivo pessoal
Gina e o gato bre uma nova série ou grupo musical que havia descoberto. Em pouco tempo o gato já era o grande confidente de Gina, que seguia sua jornada solitária entre o apartamento pequeno, o banco, a academia e alguma rara saída com os colegas. Começou a falar de seus medos, de seus sonhos perdidos, de suas esperanças patéticas, de suas fantasias sobre si mesma e sobre os outros. Transformou o animal em um diário que solta pelos e dividiu com ele até mesmo suas paixões impossíveis e príncipes inventados. A grande vantagem é que, ao contrário de um diário, que pode ser roubado, ou de um amigo, que pode ser indiscreto, o gato era um cofre seguro para seus sentimentos, uma pasta indevassável para seus segredos e suas esquisitices. Certa manhã ouviu o gato miar insistentemente. Levantou-se e, enquanto despejava o leite na vasilha, percebeu que o miado soava diferente. O que era aquilo? Parecia um som humano, um
Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras. nome. Isso, o gato olhava para ela e, naquele momento, miava claramente uma palavra: “Mauro”. Na manhã seguinte o gato apareceu morto no lote vago ao lado. Gina detestava fofoca. n