5 a 20 . fevereiro de 2014 . ANO I . Número 14 . Distribuição gratuita
On-line: www.urbhano.com.br
Fotos: Cinthya Pernes
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
clicks no
sion
o bairro possui uma escola que é referência em fotografia na América Latina, além de diversos estúdios e profissionais renomados
local Cárcere privado e violência marcaram o último mês no bairro Mangabeiras. A criminalidade cresceu 20% na capital em 2013 pág. 4
entrevista A blogueira, escritora e compositora fernanda mello fala sobre seu novo livro e sua inspiração para o trabalho pág. 6
comportamento entenda como se comporta um ecodriver e descubra uma maneira inteligente de economizar combustível e ajudar o planeta pág. 11
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igreja N. S. do carmo o anúncio do Prior Provincial da Ordem do Carmo, Frei Evaldo Xavier e do novo pároco, Frei Wilson causa divergência entre os fiéis Pág. 3
bem-estar A ocitocina é considerada o hormônio do amor, por ser liberado no organismo nos momentos de felicidade e bem-estar pág.13
anuncie no único canal direto com o seu bairro. 31 2516.1801 comercial@urbhano.com.br
opinião frasesURBHANAS
Foto: arquivo pessoal
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URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de fevereiro de 2014
Foto: Globo/divulgação
Não vamos dialogar com este movimento #naovaitercopa. Não tem sentido. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se reunir com secretários de Segurança dos doze estados-sede para firmar um protocolo de atuação policial frente às manifestações
Ítalo de Azeredo Coutinho (*)
Segurança nas piscinas
Nas últimas semanas presenciamos três graves e fatais acidentes ocorridos em piscinas no Brasil. No primeiro deles, um garoto de 10 anos teve seu braço succionado e preso em uma piscina em Caldas Novas. Em Belo Horizonte, uma menina de sete anos prendeu o cabelo no fundo após descer do toboágua. Já em São Paulo, em uma piscina caseira, uma garotinha também teve os cabelos sugados no filtro da piscina. Em estudos do engenheiro Nilson Maierá, autor do livro “Piscinas litro a litro”, as principais causas de acidentes em piscinas são choques elétricos causados por instalações mal feitas próximas ou dentro das piscinas, traumatismos ocasionados por brincadeiras, descaso e piscinas mal projetadas, afogamentos e sucção de alguma parte do corpo, prendendo a pessoa no fundo da piscina. Soluções já existem e precisam ser adotadas. O Brasil tem mais de 10 normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) designadas à construção de piscinas. Uma boa solução para evitar esses acidentes é ter um maior número de ralos. Segundo uma das normas, no caso da bomba de sucção, a área do ralo não pode ser suficiente para prender uma pessoa. Também é mais indicado o uso do ralo curvilíneo, para que se evite a sucção total. Outra medida é que a saída da água aconteça de forma indireta, e se o projeto for bem feito, essa sucção não precisa ficar ligada enquanto os banhistas estiverem nadando. Para piscinas caseiras o cuidado deve ser redobrado, mas como a maioria é comprada pré-fabricada, muitos pais acabam se descuidando. É preciso que os adultos sempre acompanhem suas crianças enquanto nadam e adéquem suas piscinas a fim de evitar uma fatalidade. São muitas as normas, o que falta é que elas sejam cumpridas. Até quando tragédias como estas acontecerão? Os pais precisam redobrar a atenção e os clubes devem urgentemente tomar medidas para corrigirem os projetos de suas piscinas e não esperar pelo pior. Ítalo de Azeredo Coutinho Engenheiro mecânico e diretor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-MG). (*)
Foi muito mais difícil do que eu imaginava. Tatá Werneck , sobre ter participado do “BBB14” como Valdirene
Ela dá uma canseira. Daniel Oliveira, ao brincar sobre a disposição de Fernanda Montenegro, de 84 anos
Eu tinha acabo de passar no mesmo local 20 minutos antes e quando cheguei ao Centro ouvi que a passarela havia caído. Um rapaz falou que tinha uma senhora presa nas ferragens, sei que minha mãe faz o trajeto três vezes por semana. Liguei para dizer a ela para pegar um caminho alternativo. O telefone só chamava e achei estranho, meu irmão tentou ligar e também não conseguiu. Na internet, meu irmão viu que era a nossa mãe. Genilson Andrade Venâncio, filho de Glaucia Pereira de Andrade, que ficou presa às ferragens na batida de um caminhão basculante em uma passarela no Rio.
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Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Estagiárias | Tatiane Consuelo e Renata Diniz
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Onde estão os cristãos? Foto: Cinthya Pernes
Conflito | polêmica sobre afastamento de frei cláudio tumultua missas na n. s. do carmo
Foto: reprodução Youtube
Protestos prejudicam missa na Igreja Nossa Senhora do Carmo
No último dia 25, fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Carmo presenciaram cenas dignas de uma produção hollywoodiana. Ao anunciarem que o Prior Provincial da Ordem do Carmo, Frei Evaldo Xavier, e o novo pároco, Frei Wilson da Mota Fernandes, celebrariam a missa dominical, um grupo de pessoas vaiou os padres e impediu a celebração do sacramento. O episódio foi filmado pelos presentes e fez sucesso nas redes sociais. As cenas do vídeo mostram uma multidão enfurecida que entoa vaias, além de pessoas que sobem ao altar para maldizer os sacerdotes. Até a polícia militar se fez presente, mas foi dispensada pelo Prior Provincial. A cena que chama mais atenção é a que mostra os padres de joelhos diante do sacrário, juntamente com um pequeno número de fiéis, na tentativa desesperada de conter a multidão através de suas orações. O motivo da revolta foi a ausência de outro sacerdote, Frei Cláudio Van Balen, que esteve à frente da paróquia por 45 anos. Manifestantes afirmam que o padre foi excluído das celebrações sem que houvesse qualquer diálogo com a comunidade. Entretanto, em entrevista concedida à redação, os representantes da paróquia afirmam que chegou o momento da sucessão natural de pastores, como ocorre em qualquer instituição religiosa. Não se trata de uma exclusão do Frei Cláudio, mas apenas de conceder o repouso necessário a um homem que dedicou sua vida às obras sociais. Agora, o padre poderá se dedicar a palestras, escrever livros, ou outras atividades que julgar mais adequadas. O acontecimento causa espanto à comunidade católica, especialmente por ter ocorrido no horário da missa. Isto porque a Celebração Eucarística é um momento sagrado para os fiéis, onde ocorre o maior de todos os mis-
térios: para eles, é Cristo presente em carne e sangue que se doa como alimento, em um ato de amor, misericórdia e fraternidade. Impedir a realização deste sacramento é rejeitar a presença de Jesus, centro da fé cristã. Fato é que as cenas marcantes vividas pela comunidade do Carmo-Sion não condizem com a mensagem deixada por Jesus Cristo, um homem pacífico e amável, que sempre respeitou a paz e a oração. Difícil imaginar que Jesus invadiria uma celebração litúrgica para escarnecer e humilhar os sacerdotes. Até mesmo na passagem bíblica que narra a expulsão dos mercadores do Templo, em Jerusalém, a intenção do Cristo era zelar pela paz e o respeito pela Casa de Deus e por seus sacerdotes. O mestre era enfático em afirmar que “minha casa será uma casa de oração” (Lc 19, 45). Contudo, parece que os discípulos não prestaram atenção a este ensinamento. Em que pese o problema da transição dos sacerdotes, muitos paroquianos afirmam que permanecem fiéis a Cristo e à igreja, pois o que lhes interessa é o serviço a Deus, e não ao homem. Este é o caso de Taís Colares, de 9 anos. Em vídeo veiculado na internet, a jovem criança aparece assustada com a confusão, mas afirma que independentemente do padre, gosta de servir na missa. “Eu me sinto ajudando Jesus. Pra mim, faço a minha parte dentro da Igreja”, afirma Taís. Por enquanto, a celebração da missa dominical às 11h encontra-se suspensa, mas os Frades Carmelitas afirmam que o diálogo pacífico com a comunidade permanece aberto, como sempre o foi. n Link para os vídeos no Youtube: http://bit.ly/1et1qeb | http://bit.ly/1gGPadt
Taís Colares (9), ficou assustada com o tumulto
Até a Polícia Militar foi envolvida na confusão
Fiéis se ajoelham diante do sacrário para rezar
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Violência no Mangabeiras Notícias que se disseminam no dia a dia, no boca a boca ou por meio dos veículos de comunicação, são as ocorrências de casos de criminalidade em Belo Horizonte. O número de crimes violentos como homicídio, sequestro, cárcere privado, roubo e estupro, na capital cresceu 20% no ano passado até novembro, em relação ao mesmo período em 2012. Foram registradas 27.775 ocorrências, sendo uma média de 84 por dia. Um caso recente foi o que ocorreu no bairro Mangabeiras, região Centro-Sul da capital, no dia 15 de janeiro, onde os moradores de uma casa na Rua Ministro Alfredo Valadão foram feitos reféns. O assalto mobilizou mais de 20 policiais militares, além das equipes do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), Batalhão de Choque, 22º Batalhão e Rotam, que isolaram a rua para cercar os bandidos. A operação contou ainda com o apoio do helicóptero da corporação por receio de fugas para as outras residências. Segundo a PM, dois homens invadiram a casa e se misturaram com três pedreiros que trabalhavam em uma obra no imóvel. Na residência estavam a proprietária, uma irmã, a mãe, acamada e acompanhada pela enfermeira; além de duas crianças e dois adolescentes. Um dos reféns percebeu a movimentação e mandou uma mensagem para um parente avisando sobre o assalto, o mesmo acionou o 190. Ao chegarem no local os militares encontraram do lado de fora da casa, que estava com o portão aberto, dois homens vestidos com roupas de operários e a proprietária. Os homens se identificaram como pedreiros e a proprietária foi obrigada a dizer que todos eram funcionários, mas a versão não convenceu os policiais e eles foram rendidos. A Polícia Militar apreendeu uma pistola 765 com os suspeitos, quatro celulares, dinheiro, joias e o carro com placa clonada. A polícia tenta entender quais dos cinco homens eram os pedreiros e quais estavam assaltando, investiga também se a entrada dos bandidos foi facilitada pelos operários e se a ação foi planejada. De acordo com a PM um dos suspeitos tem antecedentes criminais por roubo e havia deixado a cadeia no fim do ano passado. Ainda de acordo com a PM, os índices de roubo aumentaram muito no fim do ano passado, porém houve uma diminuição no início deste ano. Os militares aconselham os moradores que ao saírem de casa verifiquem quem está em volta e nas proximidades de sua residência. Quando forem aguar as plantas ou saírem de casa com veículo observar em volta e ao notar qualquer movimento estranho acionar a polícia. n
O número de crimes violentos como homicídio, sequestro, cárcere privado, roubo e estupro, na capital cresceu 20% no ano passado até novembro, em relação ao mesmo período em 2012. Foram registradas 27.775 ocorrências, sendo uma média de 84 por dia.
Fotos: Cinthya Pernes
Segurança pública | A criminalidade no Mangabeiras cresce e assusta os moradores do bairro
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turismo | cristina ho
05 Foto: Arquivo pessoal
Bye, Irlanda
Alegria | na quinta e última parte, a cultura e filosofia irlandesa Nesta última parte sobre a Irlanda você vai conhecer alguns aspectos da cultura irlandesa e compartilhar a filosofia de vida desse povo tão alegre.
Foto: Shutterstock
Anel de Claddagh Este tradicional anel irlandês simboliza o
amor e também fez parte do filme “Case Comigo”. Claddagh é o nome de uma pequena vila de pescadores perto de Galway. A história conta que o jovem Richard Joyce deixou sua amada em busca de fortuna nas Índias Ocidentais. Seu navio foi capturado pelos piratas e ele foi vendido como escravo para um rei mouro. Depois de muitos anos de serviços prestados ao rei, Richard desenvolveu a arte de fazer joias. Quando o rei concedeu a liberdade aos escravos, ofereceu-lhe a mão de sua filha e um bom dote. Mas Richard recusou pois o seu coração ainda estava na Irlanda. De volta a sua terra ele descobriu que ela havia lhe permanecido fiel durante todos aqueles anos. Em tributo ao seu amor, ele criou o anel de Claddagh: onde as mãos representam amizade, a coroa significa lealdade e o coração simboliza o amor verdadeiro. No reencontro com a sua amada, Richard lhe apresentou o anel como seu pedido de casamento e os dois viveram felizes para sempre e nunca mais ficaram longe um do outro! A Harpa O lendário herói Brian Boru, que morreu na Batalha de Clontarf em 1014 contra os Vikings,
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br guiava o exército para as batalhas sempre carregando uma harpa nas costas. A harpa então foi reconhecida como um símbolo da Irlanda desde o século XIII. Também presente em moedas, foi adotada pela Guinness como seu símbolo. Filosofia de vida do irlandês Na vida somente duas coisas merecem preocupação: se você está saudável ou se está doente. Se você está doente tem somente duas coisas para se preocupar: se você vai se curar ou se vai morrer. Se você for morrer, então só tem duas coisas a se preocupar: se vai para o céu ou para o inferno. Se você for para o céu então não há nada para se preocupar, mas se você for para o inferno, você vai estar tão ocupado cumprimentando seus amigos que não terá tempo para se preocupar! n
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entrevista
Entre letras e poesia
Fotos: Cinthya Pernes
Lançamento | A escritora e compositora Fernanda Mello lança o seu primeiro livro infantil Fernanda Mello é natural de Belo Horizonte, formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Minas, exerceu por pouco tempo a profissão, pois a sua grande paixão sempre foi escrever. Nasceu em uma família que adorava literatura e poesia. Sempre incentivada pelo avô, que comprava para a neta diversos livros, submergia no mundo das palavras. Fernanda ficou conhecida depois que uma carta de amor virou música de sucesso pela banda mineira Jota Quest. Após o lançamento ela tornou-se compositora de diversas bandas, como Tianastácia, Wanessa Camargo, Kadu Vianna, entre outros. Ao todo, são mais de 30 músicas gravadas, incluindo sucessos como: “Só hoje”, “O que eu também não entendo”, “Mais uma vez”.
O blog de Fernanda, Coração na Boca, lugar onde ela escreve sobre amor e relacionamentos, possui mais de 80 mil seguidores. Suas frases pela internet são compartilhadas e curtidas milhares de vezes. Em 2009, lançou seu livro de crônicas, “Princesa de Rua”, tendo sua primeira edição esgotada em pouco mais de um ano. Em 2011, Fernanda criou um novo formato para seus textos: as “Crônicas digitais”, tendo cem mil acessos no primeiro mês, com o título “Amar é punk”. Em 2013, lança o seu primeiro livro infantil “O menino que queria abraçar o mundo”, dedicado ao seu avô. Hoje, Fernanda trabalha como jornalista e revisora e se prepara para lançar novos livros. Como foi a sua infância? Você sempre gostou de escrever? Na verdade eu sempre gostei muito de escrever, e tudo isso começou no primário. Fiz uma redação para o colégio e ela foi parar em um livrinho, era sobre o país e chamava “Brasil, mostra a sua cara”. Eu fiquei super feliz e minha família me incentivou muito. Lá em casa todo mundo sempre leu muito, eu vivia no meio de livros. O meu avô recitava poesia pela casa, sempre tive esse hábito, sempre gostei muito de poesia por causa do meu avô. A minha brincadeira
preferida na infância também era colocar as bonecas sentadas e eu ler para elas os livros que meu avô me dava. Quando formei no colégio, queria escolher uma profissão na qual eu escrevesse e fiquei na dúvida entre Publicidade e Jornalismo, queria trabalhar com redação. Hoje, penso que deveria ter feito Letras, mas acabei me formando em Publicidade e trabalhando pouco na área. Porém, sempre trabalhei escrevendo, mas morria de vergonha de mostrar os meus textos para os outros. Pensava que se os outros lessem os meus textos estariam lendo os meus sentimentos. Foi
então que surgiram os blogs e as plataformas virtuais. Eu tinha muita coisa escrita em um caderno aqui em outro ali, meus amigos me deram a ideia de colocar tudo em um blog. Seria uma forma de organizar tudo, comecei a fazer, mas não divulgava. Foi quando em 2003 comecei a escrever músicas. Mas como você virou compositora? Começou com a letra que escrevi para o Jota Quest, que na verdade não era uma letra, era uma carta de amor. Escrevi para dizer o que eu estava
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sentindo, e quando a música foi gravada, fiquei com muito medo e assustada de todo mundo saber o que eu estava sentindo. Mas quando eu fui ao show e vi o público cantado, foi uma sensação de comunhão com as pessoas, saber que muitas sentem o que estou sentindo. Pensei que não precisava ter vergonha, isso foi o que me ajudou a não ter vergonha de mostrar o meu trabalho. A música “O que eu também não entendo” era uma carta e virou uma canção, as outras já foram planejadas para virar música mesmo. E hoje, já não tenho vergonha, acho uma coisa ótima. Hoje você também escreve para outros artistas? Eu continuei escrevendo para o Jota Quest, outras pessoas gostaram das músicas e me pediram para fazer também, até que fui contratada pela BMG Universal do Rio como letrista. Fiz músicas para Wanessa Camargo, versões para Negra Li, para o Tianastácia, Código B, entre outros. É muito louco escrever música, porque eles me mandam a melodia com a métrica e eu tento encaixar as palavras, mas não gosto de fazer assim, me limita muito. Gosto de mandar a letra e eles encaixarem a melodia. É louco, porque você com um pedaço de papel escreve uma letra de música e de repente vira um sucesso. Todo mundo escutando e cantando. De onde surge tanta inspiração? No começo escrevia muito sobre mim, sobre o que estava sentindo. Mas o que me inspira mesmo é o dia a dia, os momentos de alegria, tristeza, alguma coisa que me marcou muito. Sou muito intensa, queria ser menos, viu? Escrever é uma coisa que me equilibra. Um dia escuto um caso de alguém me contando sobre alguma desilusão e a emoção daquela pessoa falando eu pego emprestado para mim e isso vira um texto. Hoje, tem muita coisa que são de outras pessoas e algumas coisas são minhas. Você escreve muito sobre o amor. Por quê? É um tema que gosto muito mesmo, falar sobre o amor é muito bom. O amor move todo mundo, às vezes, escrevo uma pequena frase e aquilo gera uma grande repercussão. Outro dia escrevi uma sobre ex-namorado e nunca tive tanta curtida. Nós buscamos tanta coisa na vida, mas o amor está sempre no meio delas. Escrevia antes muito sobre mim, mas isso é um problema. Quando estou namorando não quero expor demais a pessoa que está comigo, vou então escrevendo e depois de alguns meses, quando já passou, eu publico. Já parei de me importar com isso, pois as pessoas interpretam os meus textos como se aquilo estivesse acontecendo comigo no momento. Às vezes eu estou ótima e as pessoas perguntam se estou triste. Escrever texto de amor faz parte do meu trabalho, mas é muito difícil o leitor separar a pessoa da escritora. Tem coisa que é minha, mas a maioria são sentimentos emprestados. De onde veio a ideia de fazer as “Crônicas Digitais”? Foi ideia de um amigo, chamado Maurinho Antunes, ele é diretor de cinema e publicidade. Eu
entrevista estava fazendo o projeto do meu livro para entrar na lei de incentivo, e ele um projeto de cinema. Ele me disse que seria bacana um dia eu colocar uma atriz para interpretar os meus textos, foi quando eu escrevi o “Amar é Punk”. Mostrei para ele e logo me
dos filmes no cinema me contratou para gravar uma versão reduzida da crônica para passar antes do Dia dos Namorados de 2011. Foi passado no Brasil todo. Lógico que a Crônica Digital teve um milhão de críticas, gente falando do meu sotaque, da forma como eu falo, mas ao mesmo tempo teve muitos elogios e um grande retorno. Então decidimos gravar outras crônicas. Agora fizemos um projeto de lei só para as “Crônicas Digitais” e conseguimos que fosse aprovado. No momento estamos correndo atrás de patrocínio. Serão lançadas três crônicas por mês.
Fernanda se prepara para lançar novos livros em 2014, um deles será o “Amar é Punk”.
O livro infantil “O menino que queria abraçar o mundo” é uma homenagem da escritora para seu avô
respondeu: vamos gravar? Só que a gente não tinha uma atriz, e teríamos que pagar um cachê para ela. Foi quando surgiu a ideia de eu mesma interpretar os meus textos, mas como sou muito tímida, ele disse que eu iria desmaiar quando visse a câmera, pois uma câmera intimida mesmo. Marinho me disse então pra gravar e se ficasse ruim a gente esquecia o vídeo. Gravamos a crônica e ele editou, foi muito difícil interpretar, mas quando lançamos na internet ficamos muito assustados pela quantidade de acessos. Uma agência que faz propagandas para passar antes
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Você utiliza muito as redes sociais. Como é esse contato com o seu público? Para quem é independente, não tem editora como eu, a internet é uma ferramenta maravilhosa, apesar de ter um milhão de frases minhas rolando pela internet com créditos para outras pessoas. Mas para divulgar o meu trabalho é muito bom. É a ferramenta que mais utilizo e vejo muito resultado. Quando lancei o “Princesa de Rua”, os meus seguidores do twitter foram os que mais compraram o livro. Tudo foi crescendo muito, antes dava para responder todo mundo, hoje é quase impossível. Fico apavorada de não conseguir responder as pessoas. Por isso, hoje eu tenho duas pessoas que me ajudam a administrar a página no facebook. Por que você resolveu escrever para o público infantil? Me fale um pouco do seu novo livro? Tem muito tempo que escrevi esse livro, foi no tempo de colégio, logo depois que meu avô faleceu, então escrevi em homenagem a ele. O livro conta a história do menino que queria ser músico, foi a época que estava começando a escrever músicas. Estava convivendo muito neste meio e o menino do livro quer um conselho do avô, ele quer saber como se abraça o mundo. O avô então diz que ele precisava descobrir o seu maior sonho e correr atrás dele. O menino do livro sou muito eu como escritora, só que coloquei em forma de músico, pois foi o meu avô que me incentivou a começar a escrever. Consegui uma editora para esse livro, mas ela queria mudar tudo para ficar comercial. Mas disse que esse livro era muito pessoal e que não poderia ser modificado, tanto que no momento estou escrevendo outro livro para essa editora. “O menino que queria abraçar o mundo” lancei pela lei de incentivo com o patrocínio da Net. É muito bom o retorno que criança te dá, eles participam mesmo, já estou com diversas ideias para esse público.
Quais são os seus planos para o futuro? Estou lançando “O menino que queria abraçar o mundo”, vou lançar a segunda edição do “Princesa de Rua”, porque todos os livros esgotaram. Para esse semestre estou escrevendo o “Amor é Punk”, que vai falar sobre esse assunto de relacionamento, das mulheres. E estou escrevendo mais um para o público adolescente, que será para a editora. Pretendo lançar um livro de frases também e o próximo infantil será para o final do ano. É muita coisa para um ano só, minha vida hoje é escrever. n
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matéria de capa
Fotografia pelo Sion
ck rsto utte : Sh Foto
Fazer um momento feliz tornar-se eterno, este é o maior encanto de tirar fotografias. Seja de um casamento, aniversário ou simplesmente de uma tarde com a família reunida. Desde os tempos remotos os habitantes da Terra já tinham a curiosidade de registrar as imagens do cotidiano através de desenhos feitos em pedras. Forma encontrada pelos primatas de registrar o que havia acontecido naquele tempo. Décadas e décadas se passaram e vários cientistas tentaram ao longo dos anos fazer experiências de criar imagens através de exposições ao sol e uma câmara escura. A fotografia que nasceu em preto e branco, hoje possui milhares de cores, efeitos e inúmeros equipamentos. No Brasil se popularizou devido à marca Kodak e suas ações de marketing, que apresentava para as pessoas a forma fácil de fazer fotografias. Quem não se lembra dos memoráveis books feito pela empresa? No Sion, região Centro-Sul de Belo Horizonte, está localizado um polo do ramo fotográfico. No bairro encontramos a escola de fotografia que é referência na América Latina, além de diversos estúdios especializados em diferentes aspectos de registrar a imagem, como fotos só para casamento, recém-nascidos, grávidas, festas infantis, debutantes, entres outros. Também encontramos uma das empresas mais famosas na capital mineira, especializada em fotos para formaturas. Apesar de que nos tempos atuais as pessoas conseguem fazer ótimas fotografias pelo celular, e qualquer amante de fotografia consegue comprar uma câmera profissional, devido aos preços acessíveis, uma boa foto vai muito além de um bom equipamento. O coordenador do curso de fotografia na Escola de Imagens, Henrique Ribas, é formado em Sistema da Informação e se apaixonou pela fotografia há oito anos. Ribas deixou a sua carreira para se dedicar exclusivamente à prática. O professor afirma que qualquer um pode fazer imagens espetaculares, basta ter um pouco de conhecimento e técnica. “As pessoas brincam falando que não têm o dom para fotografar, mas a gente vai percebendo que ter aptidão para determinada coisa nem sempre nasce conosco. Precisamos só aprimorar os nossos conhecimentos, ensinar fotografia no começo foi uma
Foto: Estúdio Greis Ferreira
Registro | além de belos locais, existe no bairro uma escola que é referência na América Latina
A Fernanda trabalhando em um dos seus ensaios fotográficos
coisa nova para mim, pois era aluno e nunca tinha me imaginado do outro lado. É possível sim, qualquer um aprender a fotografar, a mudar o seu olhar, a ver coisas que antes você não via, aprender as técnicas e como é o funcionamento de uma câmara profissional”, afirma
Henrique, que se diz prova desta teoria, já que largou outra profissão para se dedicar à arte. A Escola de Imagem nasceu em 2002, idealizada pelo fotógrafo de casamento e família Vinícius Matos. Em 2013, formaram mais de três mil alunos, o que demonstra que é um mercado bastante procurado. Henrique explica a escolha da localização da escola. “A escola teve a sua primeira sede no bairro Cruzeiro, mas quando vimos que precisávamos expandir, procuramos um local que fosse próximo ao local inicial. É claro
que o Sion é um ótimo bairro, é na zona Sul, é um lugar sensacional. Já estamos com duas casas aqui e já temos alguns anos de história nesta região”. O coordenador ainda fala de alguns preceitos para pessoas leigas no assunto conseguirem uma boa foto. “Para quem não tem essa habilidade e nem uma câmera profissional, com uma câmera compacta conseguimos fazer muitas coisas. A primeira dica que eu posso dar para uma boa foto é trabalhar com uma composição, buscar um elemento de destaque na foto. Na fotografia há alguns elementos de composição que te ajudam a fazer com que a imagem principal se desloque de lugar, não utilizando somente o centro. Podemos colocar uma pessoa com a cabeça um pouco para o lado, para direita ou para a esquerda. Assim damos outra linha de raciocínio para a imagem. Já com câmeras um pouco mais elaboradas, nós conseguimos desfocar o fundo da imagem, focar no primeiro plano e desfocar o segundo. São pequenos detalhes que precisamos melhorar para ter uma boa foto”, ensina. Na escola são oferecidos diversos cursos, do módulo básico ao avançado. Há também módulos que ensinam como deve ser o olhar fotográfico, o uso do Photoshop para tratamento das imagens, aulas para entender sobre o mercado de fotografias e marketing, para quem pretende abrir uma empresa no segmento. Já motivos que levam as pessoas a procurarem um curso são bem variados. Bárbara Vicentin, 22, estudante de moda, pretende mesclar os conhecimentos de sua nova profissão com a fotografia. “Desde sempre eu gostei de fotografia, mas agora fiquei mais interessada porque gosto de mexer com estamparia. Percebi uma oportunidade legal de juntar as duas coisas, as fotos que gosto de tirar e com a moda. Busco ensinamentos,
O casal de fotógrafos Fernando e Fernanda possui um estúdio no Sion
porque sempre tirei fotos muito amadoras, preciso melhorar a qualidade das minhas fotografias”, comenta a estudante que adora a localização da escola, devido ao fato de o Sion ser calmo e tradicional. A estudante ainda comenta sobre os encantos da prática. “O mais legal para mim na fotografia é guardar os momentos, porém registrar as coisas mais simples, dependendo da forma e ângulo que você bate a foto, pode tornar-se algo especial. Você vê uma pessoa, que para qualquer um não seria importante, mas quando bate a foto e vê, você pensa que nunca teria reparado naquilo antes”, relata empolgada Bárbara. Já o cardiologista João Paulo Melo de Araújo, 36, conta que foram outros motivos que o levaram a buscar conhecimentos. “Comecei o curso para fotografar
matéria de capa os meus filhos. O meu primeiro filho nasceu em 2009, então comprei uma boa câmera, mas não sabia mexer. Por isso, vim buscar o curso para poder me aprofundar no assunto e fazer foto com uma qualidade melhor”. O médico diz que registrar os momentos é um hobby para ele, mas que conhece uma médica que gostou tanto da prática que cancelou o seu CRM e virou profissional da arte. João Paulo diz que procura só o aperfeiçoamento da técnica. “Minhas fotos são muito ruins, eu quero melhorar neste aspecto, para regisO coordenador do curso trar aquelas pessoas que de fotografia na Escola de Imagens, Henrique Ribas são bonitas para mim”, confessa o médico. O casal de fotógrafos Fernando e Fernanda abriram o estúdio Greis Ferreira especializado em fotos de gestantes e recém-nascidos no Sion, por considerarem o bairro muito bem localizado e com um perfil socioeconômico elevado. Também pelo fato de ter ruas bem tranquilas, o que possibilita fugir do trânsito. Fernando explica como começou a gostar da fotografia. “Minha paixão começou com as tentativas frustradas de fotografar minha esposa dançando em teatros. Eu via toda aquela beleza de modelo, luz e cenários, mas não acontecia da mesma forma no visor da minha câmera. Depois disso, comecei a fazer cursos e comprar equipamentos cada vez melhores. Quando percebi, estava deixando um grande banco onde trabalhava como executivo, para tornar o meu hobby em minha profissão”, relata. Já Fernanda começou a gostar da arte devido aos impressionantes cliques de seu marido. “Depois de tentativas frustradas com alguns profissionais, meu marido me surpreendeu! Através do olhar dele, percebi o quão belo aquilo era e acabei me interessando por estar no
Turma da Escola de Imagem no Sion
O cardiologista João Paulo Melo de Araújo pretende fazer belas fotos dos filhos
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ock hutterst Foto: S
Fotos: Cinthya Pernes
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ponto oposto de onde sempre estive e desvendar esta outra arte que é a fotografia”, conta Fernanda. Quando Fernanda ficou grávida em 2003, o casal procurou um estúdio especializado em gestantes e bebês, porém perceberam uma carência do segmento no mercado. Em 2004, decidiram que a paixão deveria virar profissão. Newborn é o nome da técnica de fotografar recém-nascidos com apenas poucos dias de vida, por isso, todos os detalhes precisam ser pensados com antecedência. Segundo o casal esse tipo de fotografia requer além da técnica especializada, muita experiência, paciência, amor e responsabilidade. “Tudo precisa de atenção: a preparação da sessão, a conversa com os pais, os cuidados com a higienização, a climatização, o som ambiente, a iluminação e o mais importante, a segurança do bebê”. Hoje, Fernando e Fernanda trabalham há dez anos juntos e continuam apaixonados pela arte de registrar momentos felizes. “Além do prazer em eternizar as expectativas dos nossos clientes através das imagens que perdurarão por gerações, a fotografia nos possibilita viajar, conhecer pessoas interessantes e injetar arte em nossas vidas” afirma o casal. n
A estudante de moda Bárbara Vicentin quer mesclar a fotografia com a nova profissão
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gastronomia
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Café também no verão
O café gelado pode ser uma ótima sugestão também para o verão
Kahlúa Café INGREDIENTES ½ xícara de café gelado expresso 2 colheres de baunilha 3 colheres cheias de sorvete 4 pedras de gelo Calda de chocolate Chantilly Raspas de chocolate MODO DE PREPARO Coloque o café no liquidificador, juntamente com a baunilha, o sorvete e o gelo. Bata tudo até o gelo derreter e formar um líquido mais pastoso. Após bater, coloque a calda de chocolate em um copo e despeje o líquido até a metade. Em seguida, acrescente o chantilly e por último jogue as raspas de chocolate por cima.
O café
A história do café iniciou-se no século IX. O café é originário das terras da Etiópia, e difundiu-se para o mundo através do Egito e da Europa. Mas ao contrário do que se acredita a palavra café não é originária de Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe “qahwa”, que significa vinho, devido à importância que a planta passou a ter para o mundo árabe. Uma lenda conta que um pastor chamado Kaldi observou que seus carneiros ficavam mais espertos ao comer folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre o fato, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono enquanto orava. Com o passar do tempo, o café se tornou uma bebida popular em todo o mundo civilizado, mas pouco se sabe sobre a maneira exata como foi descoberto. Assim o centro da produção se mudou do antigo mundo para o novo e, com um começo promissor, o café, atualmente, é uma das produções mais rentáveis do comércio mundial. O consumo chega a 2 bilhões de quilos, dos quais cerca de 57% são fornecidos pelo Brasil. Os Estados Unidos lidera como o país que mais consome o café, com cerca da metade de toda a quantidade consumida mundialmente.
Todo mundo sabe que o brasileiro adora um cafezinho. Somos o primeiro produtor e segundo consumidor mundial de café. O Brasil tem em seu mercado interno um grande estímulo, já que a bebida é consumida diariamente por mais de 97% dos cidadãos acima de 15 anos, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A novidade é que nem precisamos parar de nos deliciarmos com a bebida em tempos de temperaturas extremas. Existe uma forma fácil de fazer os amantes de cafeína saborearem um expresso sem morrer de calor: é só recorrer à versão gelada da bebida. Mas será que os brasileiros são adeptos do café gelado? Apesar de ter fãs, para algumas pessoas pode causar estranheza. No entanto, o café gelado também tem seus encantos. E para não perder a clientela as cafeterias inovam nos cardápios nesta época quente e oferecem diversas opções. As ousadias gastronômicas incluem drinques com ingredientes inusitados para refrescar os paladares, como combinações de café expresso, refrigerante, sorvete, chantilly, frutas, leite, calda e muito mais. Fácil e rápido de ser preparado, ele pode ser feito em casa e abre muitas portas para reinterpretar a bebida com diversos sabores. Em Belo Horizonte, opção é o que não falta para se refrescar. Na tentativa de atrair novos clientes nesta época de calor, a rede de cafeterias Mr. Black inova na hora de servir a bebida. Segundo o proprietário Cristian Soares, a bebida gelada à base de café se destaca seguindo uma tendência no Brasil do consumo de café de diferentes formas. Ele afirma que o carro-chefe da casa é o Blackccino de Café, um café batido com leite, gelo e coberto com chantilly. A casa também conta com alternativas como o Frappé Mr. Black (receita especial da casa), o Afogatto de Café, o Cappuccino Gelado e o Cappuccino Gelado com Chantilly. Outra ótima opção é o Café Kahlúa. Há quase 20 anos no mercado, ponto de encontro de diversas gerações e culturas na capital mineira, a cafeteria recebe, em média, 600 pessoas por dia. O local alia tradição e modernidade, oferecendo cafés de diversas partes do mundo. O Kahlúa possui ainda sua própria marca de cafés que podem ser preparados também em casa, além do diferencial de torrar e moer os grãos do café na hora. Comandado pelo sommelier Ruimar de Oliveira Junior, um dos maiores conhecedores do café na cidade, o local mantêm sua função de ponto de encontro dos apreciadores dos melhores tipos de café. Durante o verão, o proprietário atualiza o cardápio, oferecendo diversas opções da bebida gelada. Entre os que mais saem nesta época estão o Angelica, Kahlúa Café e Ice Vanilla. “Apostamos no atendimento e procuramos sempre atualizar o nosso cardápio, pelo menos a cada estação. Mesmo durante o verão o café quente mantém as vendas, mas o gelado também tem uma procura muito alta. Todos os sábados os nossos baristas testam novas receitas”, comenta o sommelier. n
Foto: Shutterstock
Fotos: Cinthya Pernes
Coffee | A versão gelada também pode ser uma boa pedida durante a época mais quente do ano
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comportamento
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Ecodrive: dirija essa ideia Foto: Shutterstock
Sustentabilidade | conceito de direção econômica gera economia e ajuda o meio ambiente Por Mateus Rodrigues Silva
Regras de ouro para um ECODRIVER 1. Antecipe-se ao fluxo do tráfego. Para que continuar acelerando se o sinal está fechado? Deixe em uma marcha superior e aproveite o movimento do veículo. Quando o sinal abrir, reduza a marcha e acelere. Assim, economizará combustível e agilizará o trânsito! 2. Mantenha o carro acelerado em baixa rotação (rpm). Já observou aquele “reloginho” de rotação do motor no painel do carro? Com essa medida, você economiza combustível e auxilia na diminuição da poluição sonora. 3. Troque para uma marcha superior aproximadamente em 2000 RPM. Sabe aquela famosa “esgoelada” no motor? Mais barulho e mais consumo, muitas vezes sem necessidade. Logicamente, você deverá observar se a via permite tal mudança rápida de marcha. Em uma subida não dará muito certo! 4. Calibre os pneus ao menos uma vez por mês ou sempre após viajar. Pense nos extremos: um carro com os quatro pneus furados consegue se deslocar bem? Com menos ar dentro dos pneus haverá maior aderência dos mesmos ao asfalto. 5. Use ar condicionado e outros componentes elé-
tricos apenas quando necessário. Muitas vezes a temperatura externa está menor do que a interna. Logicamente, você deverá considerar sua segurança (em locais perigosos) e conforto (em uma viagem, em que a ventania pode incomodar, atrapalhando os cabelos, por exemplo!).
O biólogo Mateus Rodrigues escreve sobre como dirigir com consciência
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Já ouviu falar sobre os termos “ecodrive”, “ecodireção” ou “direção econômica”? Esses são termos usados para descrever um uso eficiente da energia dos automóveis por meio de uma direção mais consciente desses veículos. Diríamos que é algo que pode auxiliar na redução de problemas de tráfego e poluição em Belo Horizonte. Não é a “cura para os problemas”, mas um “tratamento” importante. Muito além de economizar combustível, a direção econômica traz vários outros benefícios. Recordo-me da primeira vez em que ouvi falar sobre o assunto. Rodrigo, um grande amigo, formado em Administração, treinava motoristas de ônibus no estilo “ecodrive”, na companhia de seu avô. Inicialmente, muitos deles eram descrentes com relação ao método, devido a outras experiências negativas. Aliás, alguns até conheciam Rodrigo desde pequeno e chegavam a dizer: “Você, me ensinando a dirigir?” Resultado. Em pouco mais de um ano, a empresa iniciou um processo de crescimento. Novos ônibus foram adquiridos, premiações aos motoristas foram feitas, dentre outros benefícios, como sociais, da saúde e na segurança dos funcionários e usuários das linhas. Em um dos treinamentos de que participei ouvi um motorista dizer que constantemente chegava em casa com os braços cansados. Após as aulas teóricas fomos para a rua. Esse funcionário reduziu em torno de setecentas vezes a troca de marchas em uma curta viagem de 4 km. Tudo isso fruto de um trabalho minucioso, porém simples: mudança de hábitos. Outro motorista discutia com Rodrigo sobre o freio motor do ônibus, um botãozinho no painel que auxilia na frenagem do veículo: “Aí Rodrigo, esse freio motor não funciona!” Mal sabia ele, “experiente motorista”, que esse recurso não funciona bem quando, em uma descida, a marcha do ônibus está alta. São muitas toneladas para se segurar! Coincidência ou não, muitos motoristas de caminhão que se envolvem em acidentes chegam a dizer: “É, o freio não funcionou.” Mas é lógico que não iria funcionar! Em resumo, uma quantia significativa de dinheiro foi economizada, em pouco tempo, com o uso mais consciente de combustível e partes mecânicas, como lonas de freios e embreagens. Há dez anos aproximadamente, programas europeus foram elaborados com o intuito de incentivar o estilo ecodrive na população. Vários países da União Europeia aderiram às diversas campanhas e tiveram resultados satisfatórios, apesar de parecerem imperceptíveis aos olhos. Desde que comecei a aplicá-lo, melhorava o rendimento em meu carro de 10 km/l de combustível para 11 km/l. Pouco, não? Talvez. Para uma pessoa que consome entre três e quatro tanques de combustível por mês, a economia, em um ano, pode girar em torno de R$500,00. Mas como afirmei no início, esse estilo de dirigir não tem como objetivo apenas a parte financeira, pois se fosse assim, muitos nem adeririam por usarem pouco o veículo. Para quem se preocupa com sustentabilidade, segurança e sociabilidade esse estilo tem muito a contribuir! Mas, afinal, como me tornar um ecodriver? Logo a seguir estão algumas medidas, chamadas de “regras de ouro da Ecodireção”. Mas lembre-se: para que isso se torne um hábito é necessário perseverança! Mas não tente ser perfeccionista, pois muitas vezes o tráfego pesado poderá lhe surpreender. n
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moda |
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Isadora vargas
isadora.vargas@urbhano.com.br
Haute Couture Estar em Paris na semana de alta-costura é um sonho pra muitas mulheres. Vestidos longos, vestidos curtos, tecidos nobres e bordados riquíssimos são apenas alguns itens que representam horas e horas de trabalho dos estilistas. E qual a meta desses estilistas? Tornar suas criações peças desejo mundo afora. A alta-costura consiste na produção em escala artesanal de modelos exclusivos e em edição limitada, que mantêm a tradição e excelência desde 1858, ano este em que ocorreu o primeiro desfile de moda em Paris. Geralmente, os vestidos ultrapassam nada menos que a casa dos seis dígitos no seu respectivo valor e, óbvio, a clientela se torna bastante restrita, sendo factível dizer que gira em torno de 200 pessoas em todo o mundo. Sem fugir da elegância, as grifes Chanel e Dior chamaram a atenção pela ousadia ao apresentar a coleção do próximo verão europeu e introduzir o tênis em um ambiente que é sinônimo de alto luxo. Raf Simons apresentou o tênis couture bordado e sem cadarços e as reações dos espectadores foram diversas: uns chamaram de heresia, e outros, de genialidade. A grife Chanel foi além e calçou todas as modelos com sapato de corrida e deixou de lado o uso de joias ou acessórios. Além disso, cotoveleiras, joelheiras e pochetes completavam o look esportivo vintage, fazendo referência à inspiração da vez: uma balada futurista.
A Dior fez três apresentações da maison francesa para esta temporada - uma delas, feita especialmente para o staff’ de seus ateliês e estudantes de moda do mundo inteiro. Pela primeira vez a marca dedicou um show de couture exclusivamente a este público. Ellie Saab é um estilista que vive imerso em um eterno conto de fadas. Isto lhe dá o olhar necessário para criar vestidos à altura das mais belas mulheres que o cercam. Nesta primavera-verão, não foi diferente. Sua coleção foi inspirada em Lawrence Alma-Tadema – pintor holandês do século XIX – cheia de romantismo, composta por vestidos rodados e drapeados, destacando os bordados e rendas, em tons de rosa bebê, azul claro, lavandas e preto. Ainda sobre a alta-costura, não se pode deixar de mencionar o queridinho e ilustre Zuhair Murad, que compõe looks dignos de red carpet. Nesta temporada, o estilista libanês abriu o desfile com uma pegada bem minimalista, apresentando modelos que por cima de seus belos vestidos, vestiam paletós. O mais surpreendente é que no decorrer do desfile, os looks compostos de paletós que, até então traziam um ar masculino, foram se transformando na graça feminina, com a representação de jardins ricos em aplicações de flores, levando ao público a sensação de efeito 3-D. A cintura das modelos no desfile foi marcada com cintos de metal, que deixaram a silhueta acentuada e curvilínea, bem o tipo do corpo da mulher. n
Fotos: divulgação
Alta-costura | estilistas renomados de todo mundo mostram suas obras
Ellie Saab
Dior
Zuhair Murad
Zuhair Murad
A alta-costura consiste na produção em escala artesanal de modelos exclusivos e em edição limitada.
Chanel
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bem-estar
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O hormônio do amor
Afetividade | A ocitocina promove sentimentos ligados ao bem-estar e à felicidade reduzem a sua produção, como a solidão, ansiedade, depressão, estresse crônico, deficiências hormonais, envelhecimento, sedentarismo e hábitos irregulares. O economista e neurocientista americano Paul Zak, 51, após 12 anos de pesquisa diz que a ocitocina é a molécula que funciona como um interruptor da bondade humana. Ele fez experimentos com situações reais, como ao checar os níveis hormonais de noivos antes e depois de um casamento. Nas pesquisas, ele encontrou uma relação entre níveis altos de ocitocina e uma postura mais generosa. “A ocitocina é a base biológica do amor, ajuda as pessoas a confiar nos outros, a dar dinheiro para a caridade”, conta o neurocientista. A pesquisa virou livro intitulado “A molécula da moralidade”, que contém 264 páginas. Paul relata a sua receita favorita para liberar o hormônio. “Há uma “receita” para aumentar os próprios níveis de ocitocina, a minha favorita é dar oito abraços por dia. Cheguei nesse número porque penso em um abraço por hora, durante um dia de trabalho”. n penianas, a qualidade e frequência das ereções, o orgasmo e a ejaculação. Além disso, tem a capacidade de deixá-los menos agressivos, mais amáveis e com comportamentos sociais mais adequados, embora sua atuação seja muitas vezes bloqueada pela ação da testosterona”, explica o médico Hemmerson. A ocitocina é considerada uma substância tímida, e assim como a testosterona, outros hormônios também podem impedir a sua liberação. Um deles é a adrenalina, o hormônio da urgência, que prepara o corpo para agir ou para fuga. A liberação de adrenalina em mamíferos bloqueia a liberação de ocitocina. “A ocitocina depende de fatores ambientais para ser liberada. É um hormônio que tem sua produção diminuída na presença de estranhos e observadores”, enfatiza o obstetra. Segundo o médico existem alguns fatores que melhoram a produção e a ação da ocitocina, como por exemplo, o contato físico, abraços, massagens, leitura, canto, intercursos sexuais, atividade física moderada e regular, alimentação balanceada, momentos de diversão e relaxamento. Há também fatores que
Efeitos psicológicos da Ocitocina • Estimula a sociabilidade; • Facilita a formação de laços de amizade e o estreitamento de ligações sentimentais; • Melhora o humor e reduz a ansiedade.
Efeitos físicos da Ocitocina
• Contrações uterinas no trabalho de parto; • Contrações dos alvéolos mamários levando à ejeção do leite; • Vasodilatação, aumentando o diâmetro das artérias, inclusive as coronarianas, podendo prevenir isquemia e reduzir a pressão arterial; • Aumenta o suprimento sanguíneo para a pele, podendo acelerar a cicatrização de lesões; • Aumenta a potência sexual, melhora a libido e aumenta o prazer durante o orgasmo; • Pode induzir relaxamento muscular e reduzir dores. Fotos: Cinthya Pernes
Muitos ainda não conhecem e nem acreditam, mas há diversas provas cientificas que atestam a existência do hormônio do amor. Conhecido como ocitocina, o hormônio foi descoberto em 1909, quando o farmacologista inglês Henry H. Dale notou que ele causava contração do útero em gatas grávidas. Capaz de promover sentimentos de amor, sociabilidade e bem-estar, o hormônio é produzido pelo hipotálamo e armazenado na hipófise posterior. A ocitocina é mais presente nas mulheres, que liberam a substância em três momentos de sua vida: no parto, na amamentação e no orgasmo. Segundo o médico obstetra e diretor técnico do Instituto Nascer, Hemmerson Magioni, é na hora do parto que a mulher alcança o ápice de liberação do hormônio, e por isso ele é um dos defensores do parto normal e humanizado. O médico explica que os laços afetivos entre mãe e filho já se iniciam no processo do nascimento. A liberação de ocitocina no momento do nascimento do bebê diminui as chances de depressão pós-parto, e faz com que o momento de dar a luz seja algo prazeroso e ligado diretamente com o emocional. É no que também acredita a médica Quésia Villamil, 33, que está grávida e se prepara para o seu terceiro parto humanizado. “Adoro ficar grávida. Acho muito gostoso sentir o bebê mexendo, sonhar com a chegada dele, com a recepção da minha família, com a nova vida que está chegando para o bebê e para mim também. É a vida se renovando, é uma parte de mim que irá nascer”, relata a médica sobre os prazeres da gravidez. Quésia, que também é obstetra, conta sobre os sentimentos liberados pelo hormônio na hora do parto. “Cada bebê que chega é um reflexo real e palpável do amor. Do amor de Deus por mim e do meu amor pelo meu esposo. Cada parto é a materialização deste amor, desta felicidade”, comenta. A ocitocina é conhecida como o hormônio do amor, pois costuma ser liberada quando estamos perto de nossos parceiros. Quando isso acontece, os níveis de cortisol (hormônio do estresse) diminuem no organismo. Apesar de ser mais constantes nas mulheres, os homens também podem liberar ocitocina. “Nos homens, a ocitocina aumenta a sensibilidade do pênis ao contato, melhora a lubrificação das glândulas
A médica Quésia Villamil se prepara para o seu terceiro parto humanizado
O obstetra e ginecologista Hemmerson Magioni relata que a ocitocina é um hormônio tímido
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jovem
#BermudaSim Calor | publicitários lançam campanha para liberar o uso de bermudas no trabalho no verão Foto: Cadú Vigilia
Regras
Mas nem tudo está liberado no #BermudaSim. Existem regras sobre como usar a peça de roupa no ambiente de trabalho. Confira os bermudamentos: 1. Bermudas só a partir de 29,8ºC; 2. O comprimento correto é de três dedos acima ou abaixo do joelho; 3. Short de surf não é bermuda; 4. Uniforme de time não é bermuda; 5. Samba-canção também não; 6. É proibido usar bermuda floral; 7. Em dia de reunião, use calça; 8. É proibido usar bermuda com camiseta regata;
Os cariocas publicitários Ricardo Rulière (bermuda azul), Vitor Damasceno (bermuda cinza) e Guilherme Anchieta (bermuda bege) criaram movimento para liberação do uso de bermudas no trabalho durante o verão.
Com o calor intenso muitos sofrem no ambiente de trabalho devido ao traje que precisam usar, principalmente os homens com calças compridas, terno, gravata e sapato social. Pensando em amenizar os efeitos da temperatura nesses locais, três publicitários lançaram na internet o movimento #BermudaSim. O intuito é liberar o uso da peça de roupa no trabalho durante os meses mais quentes do ano. O movimento que tem causado sucesso e grandes repercussões em todo o país surgiu em dezembro pelos cariocas Ricardo Ruliére, Guilherme Anchieta e Vitor Damasceno. Ricardo explica como surgiu a ideia. “Reparamos que muitos amigos começaram a reclamar do calor, a fazer piadas por meio do Facebook, por ter que trabalhar de calça ou terno. Então pensamos: nós trabalhamos com criatividade, porque não criar um jeito divertido de ajudar os nossos amigos? E aí começamos com o movimento, que foi colocado em prática apenas em janeiro”. Os publicitários criaram um site, uma página no Facebook e também uma ferramenta chamada “e-mail do chefe”. O funcionário entra no site, conta a empresa em que trabalha e passa o contato do chefe. Os criadores mandam uma mensagem descontraída sobre o uso da bermuda, sem entregar a identidade de quem solicitou. A doutora em Moda e Comunicação, Carla Mendonça, aprova a iniciativa. “É mais do que pertinente para um país tão quente como o Brasil. Não faz mui-
9. Se mais de duas pessoas implicarem, sua bermuda é inadequada; 10. Tenha uma calça na gaveta, para um compromisso de última hora. to sentido, até porque a pessoa fica com um aspecto ruim, suada e cria uma impressão pior do que se estivesse com um traje leve. Acho que uma camisa mais leve de manga curta e sem gravata pode ser ideal para o trabalho, mas, é claro, a bermuda precisa de certos cuidados para ser usada”. Ela acredita que os homens podem continuar sendo profissionais, mesmo usando esse tipo de roupa. “Depende da forma como usa a bermuda em si, se ela tiver um corte de alfaiataria, é mais fácil. Acredito que seja um desafio para ambientes mais formais”, comenta Carla. O carioca Ricardo conta que o movimento tem dado grandes retornos. “Primeiro é que as empresas estão realmente liberando o uso de bermudas, temos recebido mensagens das pessoas contando. O segundo, é o debate que começou a surgir do que pode ou não, se é bom ou não para a saúde. No centro do Rio mesmo, tem pessoas que passam mal por causa do calor. Acho que o discurso que se criou foi até mais importante que a liberação”, enfatiza. E não pense que o movimento tem causado sucesso apenas na cidade carioca, vários outros locais estão aderindo. “Começamos só no Rio, mas logo no primeiro, segundo dia, pelas estatísticas do Facebook, a gente tinha mais adesão em São Paulo. Fizemos um post falando e a partir daí começamos a receber mensagens de outros estados”, conta Ricardo. Se as mulheres podem, por que os homens também não podem usar trajes mais leves durante o verão? Re-
centemente, o professor universitário Rangel Sales sentiu-se desprezado por usar bermuda quando chegou numa instituição. “Fui fazer meu exame médico de desligamento na empresa na qual trabalhava, no entanto, fui barrado na portaria e me disseram que não poderia acessar o andar que precisava por causa da minha bermuda. Questionei que não havia até aquela data alguma Instrução Normativa que proibisse o uso nas unidades. A recepcionista foi bem atenciosa, disse que era uma regra interna e deveria ser cumprida mesmo para visitantes”. Porém, ele conta que uma moça com trajes inadequados entrou no local. “O mais interessante é que uma moça entrou no prédio com uma saia que media cerca de 1/3 da minha bermuda sem o menor problema. Fiquei indignado e como não tive escolha, deixei o prédio, procurei uma loja nas imediações e comprei uma calça para ir ao meu compromisso”, comenta o professor que é um dos apoiadores do movimento. Devido ao grande sucesso do #BermudaSim, algumas empresas já procuraram os criadores para fazer parceria ou até mesmo lançar uma coleção de bermudas para trabalho. “Não queremos perder a essência do movimento. Estamos fazendo tudo com muito cuidado e avaliando se vale a pena. Começamos sem pretensão, querendo apenas liberar a bermuda. Mas como a adesão foi um sucesso queremos inovar a cultura, criando nosso próprio estilo sem deixar de ser profissional. Não é a roupa do cara que vai fazer diferença”, completa Ricardo. n
Foto: Cinthya Pernes
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de fevereiro de 2014
Foi promulgada no mês passado a Lei nº 12.891/2013, popularmente conhecida como minirreforma eleitoral. A exemplo das Leis nº 11.300/2006 e 12.034/2009, que à época de suas publicações ganharam da imprensa o mesmo apelido, o Congresso Nacional preferiu o caminho das alterações pontuais no já confuso arcabouço legislativo eleitoral, ao invés de encarar uma séria e pesada tentativa de sistematizar essa colcha de retalhos. Das modificações promovidas, a maior parte altera apenas procedimentos buroDiogo Mendonça Cruvinel é Cientista político, Bacharel em Direito, Especialista em Direito cráticos e não passa nem perto dos temas mais relevantes e polêmicos, como o finanPúblico e professor de Direito Eleitoral. diogocruvinel@yahoo.com.br ciamento de campanhas eleitorais por pessoas jurídicas. E mais uma vez o Congresso saiu de fininho quando cobrado pelas ruas a promover mudanças contrárias aos interesses de partidos, candidatos e grandes empresas. Algumas alterações, contudo, devem ser destacadas, como a fixação do prazo de 20 dias antes do pleito para substituição de candidatos, a surpreendente retirada dos cavaletes do rol de propagandas expressamente permitidas e a flexibilização de algumas restrições relativas à propaganda antecipada, inclusive pela internet. Mas em meio às acanhadas mudanças, merecem atenção dois fatos pouco noticiados pela grande mídia. O primeiro diz respeito a um artigo do projeto dessa lei que visava impedir, dentre outras,
A tímida minirreforma eleitoral
especial
| eleições
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a fixação de bandeiras e faixas em propriedades privadas. Ou seja, o eleitor que, à moda antiga, desejasse manifestar em sua própria casa a preferência por um ou outro candidato estaria praticando fato proibido pela legislação eleitoral. Mas em um lampejo de bom senso, sobreveio o veto presidencial e impediu que entrasse em nosso ordenamento jurídico essa verdadeira afronta ao direito fundamental básico de liberdade de expressão e participação política. Já o outro fato diz respeito a uma proposta efetivamente sancionada, embora por meio de outra lei (Lei nº 12.875/2013), que alterou o cálculo para distribuição do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Essa alteração, também não tão divulgada pela mídia, reduziu a parcela do tempo total a ser distribuída igualitariamente entre todos os partidos e aumentou a parcela a ser contemplada apenas pelos partidos com representantes na Câmara dos Deputados, com a clara intenção de minar a força dos partidos menores. O maior problema, contudo, é que ainda não há a certeza de que essas mudanças valerão para as eleições deste ano. Isso porque caberá ao TSE e, em último caso, ao STF decidir se o art. 16 da Constituição será aplicado. Esse artigo determina que, por motivos de segurança jurídica, as regras eleitorais devem estar definidas no prazo mínimo de um ano antes das eleições, o que não ocorreu em relação às leis acima mencionadas. Enquanto essa decisão não chega, ficamos com a dúvida. n
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crônica
Mensagens Hmmm… pouco provável. Procurou o número do telefone na internet e nada, nem nome e nem endereço. Não podia responder dizendo que não fazia ideia de quem era ou corria o risco de acabar ali mesmo com a conversa.
Já passava das duas da manhã quando o celular deu o aviso de SMS. Ainda dormindo pegou o aparelho pensando no pior e deparou-se com a mensagem: “Tô te esperando, lindo! Vem logo!” Solteiro desde sempre, quase 50 anos, uma vida social nula e muito acima do peso ele logo imaginou que fosse trote ou engano. O número era desconhecido e ele resolveu deixar pra lá.
Como não tinha telefone fixo em casa, resolveu descer e procurar um orelhão de onde pudesse ligar e tentar descobrir o nome da tarada da madrugada. Desistiu. Aquele bairro não era brincadeira de dia, imagine nesse horário absurdo.
Encostou a cabeça no travesseiro e outra mensagem do mesmo número: “Tô com tanta saudade…” Por via das dúvidas procurou o número na velha agendinha ao lado da cama e nada. Nem ideia de quem seria. Mesmo curioso resolveu deixar pra lá e tentar dormir, até porque era claramente um engano e ele não sabia quem era e nem onde estava a pessoa. Podia até mesmo ser um golpe, uma tentativa de sequest… PLIIIM! Pronto, no
Passou o resto da noite fantasiando a cada nova mensagem, uma mais picante que a outra e viu o dia nascer entre exausto e confuso. meio do raciocínio, mais uma mensagem. E dessa vez com um conteúdo tão explícito que não dá pra publicar. O sono já tinha ido embora e ele, sentado na cama, pensava nas opções. E se fosse alguma namorada antiga?
Saiu da cama, tomou um banho frio, e resolveu que iria tomar uma atitude. Aquela mulher misteriosa, em apenas uma noite, tinha virado seu mundo de cabeca pra baixo. Ele, que se sentia morto, tinha experimentado sensações das quais até já havia se esquecido.
Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras. Ligou para a companhia telefônica sentindo-se determinado e, assim que foi atendido, com a voz visivelmente trêmula, pediu: - Por favor, eu gostaria de mudar meu número de telefone. n