5 a 20 . março de 2014 . ANO I . Número 16 . Distribuição gratuita
On-line: www.urbhano.com.br
Foto: Shutterstock
tudo que inteRessa no seu bairro está aqui
BH Verde Pela terceira vez o St. Patrick’s Day será no Parque das Mangabeiras. A festa está repleta de atrações, com muito rock e chopp verde
entrevista
Foto: Cinthya Pernes
manuela abreu, moradora do sion, conta sobre o seu início no rugby. atleta da seleção brasileira, vai disputar o pan em 2015 pág. 6
bem-estar O CineMaterna proporciona para as mães e para seus bebês momentos de descontração e lazer em seções de cinema pág. 11
moda A capital inglesa recebeu estilistas mundialmente reconhecidos por seu talento Durante os cinco dias da London Fashion Week pág. 12
local
audiência pública sobre problemas na praça do papa solicitada pelo vereador marcelo aro, a audiência discutiu a situação de descaso com a Praça e arredores. os moradores participaram e pediram providências Pág. 4
tecnologia Morador do Sion cria um aplicativo que ajuda alunos a medirem suas habilidades. O App já é sucesso no mundo todo pág.14
anuncie no único canal direto com o seu bairro. 31 2516.1801 comercial@urbhano.com.br
opinião frasesURBHANAS
Foto: arquivo pessoal
02
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
Foto: Facebook/divulgação
O esforço para depreciar quem pensa diferentemente, com todo o respeito, é um déficit civilizatório. Min. Luís Roberto Barroso, após ser interrompido inúmeras vezes pelo Min. Joaquim Barbosa, durante a leitura de seu voto no julgamento dos embargos infringentes do mensalão
Leonardo Fonseca de Souza (*)
E-LIXO
O Brasil é o segundo colocado entre os países que mais consomem eletroeletrônicos no mundo, gerando grande volume de lixo eletrônico. Conforme estudo encomendado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), mais de 900 mil toneladas de resíduos são produzidas no país. A pesquisa revela ainda que, até 2017, a quantidade deverá chegar a 1,2 milhão de toneladas. O lixo eletrônico é formado por materiais com composições químicas perigosas e prejudiciais para a natureza e causadores de doenças que podem levar à morte. É essencial que a coleta e o descarte ocorram de forma ecologicamente correta. A evolução da tecnologia ganhou fôlego nos últimos anos.A compra e o descarte de dispositivos são cada vez mais frequentes, contribuindo para o aumento do lixo eletrônico, também conhecido como e-lixo. Os equipamentos como computadores, celulares e televisores apresentam em sua composição elementos químicos como arsênico, cádmio, chumbo e mercúrio, responsáveis por gerarem risco à saúde, caso sejam descartados de maneira incorreta. Os componentes tóxicos presentes nesses equipamentos agem de maneira silenciosa no organismo e, por isso, dificilmente, os médicos conseguem definir a causa da doença. Os danos no sistema nervoso, fígado ou o envenenamento estão entre as enfermidades mais comuns. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, foi instituída para conscientizar as pessoas sobre a forma correta de coleta e descarte do lixo eletrônico. Atualmente, os fabricantes estão sendo pressionados pela lei para eliminarem ou reduzirem o uso de componentes nocivos à saúde. Porém, os equipamentos antigos não possuem esse controle. O descarte correto do lixo eletrônico deve ser feito por empresas que darão a destinação correta. A legislação exige que sejam tomados cuidados específicos no recolhimento, transporte e rejeito desses materiais e prevê a reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento dos produtos eletrônicos como forma de anularem os elementos nocivos. Na nossa instituição, realizamos uma parceria com a E-mile, empresa de coleta e reciclagem de eletrônicos com coletores de e-lixo nas duas unidades, localizadas nos bairros Barroca e Floresta. A campanha abrange as salas de aula e toda a comunidade das regiões. O material recolhido é destinado a reciclagem e transformado em matéria-prima para novos produtos. Já no caso de aparelhos ainda em bom estado de conservação, indica-se a doação para organizações que trabalham com projetos voltados para inclusão social. Certamente, separar o lixo eletrônico é uma boa alternativa para preservar a saúde e o meio ambiente. Leonardo Fonseca de Souza Coordenador do curso técnico do Colégio COTEMIG (*)
Nossa missão é tornar o mundo mais aberto e conectado. Mark Zuckerberg sobre a aquisição do WhatsApp pelo Facebook e a sua missão de conectar o mundo
O atual presidente falar que vai saber se portar como ex-dirigente é o máximo. Acho que ele deveria, enquanto é tempo, aprender a ser portar como dirigente, pois em sua administração tudo que deu certo foi obra de Andrés Sanchez. Andrés Sanchez aconselha Mário Gobbi
De alguns anos para cá, amigos foram ficando na cidade mesmo, e os relatos foram ficando cada vez melhores. Eles sempre tinham boas histórias para contar sobre o feriado. Assim, foi aumentando minha vontade de ficar, pelo menos para conhecer do que eles tanto falam. Rafael Cardoso, analista de sistemas, sobre o carnaval de blocos de BH
facebook.com/jornalurbhano
Jornal URBHANO nas redes sociais
Sua opinião é muito importante. Envie suas sugestões de pauta, críticas e elogios para redacao.mangabeiras@urbhano.com.br ou por carta para Jornal URBHANO Rua Calcedônia, 97 . Prado CEP 30411-103 . Belo Horizonte . MG Tel.: 31 2516.1801 | Cel.: 31 9663.7427
URBHANO mangabeiras| sion é uma publicação da Editora URBHANA Ltda. CNPJ 17.403.672/0001-40 Insc. Municipal 474573/001-1 Impressão: Bigráfica Tiragem: 15.000 exemplares Distribuição gratuita - quinzenal
twitter.com/jornalurbhano
O Jornal URBHANO não se responsabiliza por opiniões, comentários, análises e pontos de vista expressos pelos colunistas e articulistas.
Diretor GERAL/JURÍDICO Adriano Aro adriano.aro@urbhano.com.br
Departamento FINANCEIRO Marli Ferreira marli.ferreira@urbhano.com.br
Diretor COMERCIAL/PUBLICIDADE Clovis Mello | 31 2516.1801 clovis.mello@urbhano.com.br
Jornalista RESPONSÁVEL Raíssa Daldegan | R18.320/MG raissa@urbhano.com.br
Fotos | Lucas Alexandre Souza e Cinthya Pernes Revisão | Pi Laboratório Editorial Jornalista | Renata Diniz Estagiária | Tatiane Consuelo
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
cidade
03
A natureza agradece Fotos: Daniel de Paiva
Meio ambiente | Pbh incentiva a criação de reservas particulares ecológicas
A reserva do Sr. Jairo Rômulo, responsável pelo Parque Ecológico Veredas, na Pampulha, é exemplo de cidadania
Um dos maiores bens que temos na capital são as áreas verdes. Pensando nisso e na valorização desses espaços, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), juntamente com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), criou a Reserva Particular Ecológica (RPE), que é uma modalidade de área protegida específica da capital. Ela foi criada e regulamentada pelas leis municipais n. 6.314 e 6.491, ambas de 1993, com o objetivo de estimular a preservação de áreas de propriedade particular de grande relevância sob o ponto de vista ambiental. Atualmente Belo Horizonte conta com nove Reservas Particulares Ecológicas legalmente instituídas, que correspondem a um total de 210.775,55 m² em termos de áreas protegidas. Entre estas, sete encontram-se em situações regulares e as demais estão em fase de reavaliação. Outras três propriedades passam pelo processo de transformação em novas RPEs, podendo representar um acréscimo de 87.082,15 m². Essas áreas são importantes ferramentas para completar esforços públicos da biodiversidade e aumentar o índice de áreas verdes municipais. As RPEs são instituídas por iniciativas dos próprios proprietários dos imóveis, que podem requerer ao Executivo a transformação de suas áreas nesse tipo de reserva, por período mínimo de vinte anos, da totalidade ou de apenas parte de suas propriedades. Com isso eles são isentos do pagamento de uma parte do IPTU, uma vez identificados seus valores ambiental e ecológico, conforme estabelecidos pelas referidas leis. Jairo Rômulo da Silva é um dos exemplos de cidadania. Há trinta anos ele cuida do Parque Ecológico Veredas, na região da Pampulha, que possui uma área de 22 mil m². “A gente tinha um time de futebol de profissionais liberais que estavam procurando uma área para poder fazer um campo na região da Pampulha. Então descobrimos essa área e fizemos o campo de futebol. Nela tinha uma área toda arborizada, com tucano, pássaros, micos, esquilos, e no final nós ficamos tão entusiasmados com a área verde que começamos a cuidar”.
Segundo o proprietário, o local foi a primeira reserva ecológica em Belo Horizonte e, atualmente, ela está bem cuidada. “Temos a obrigação de cuidar e, juntamente com a Secretaria do Meio Ambiente, graças a Deus conseguimos conservar a área. O parque possui uma lagoa e, além disso, segundo uma pesquisa feita pela UFMG, existem 24 minas de água. É a área de Belo Horizonte que tem mais minas d’água por metro quadrado. Temos água correndo o ano inteiro”, conta com satisfação Silva, que considera importante a valorização e preservação desses locais. Em 2013, a SMMA iniciou um trabalho corpo a corpo, com abordagem aos proprietários de imóveis passíveis de serem transformados em RPEs, tentando convencê-los a fazer parte do projeto. A meta é a de que pelo menos uma nova RPE seja criada a cada ano. Áreas protegidas vêm se constituindo como uma importante ferramenta complementar aos esforços públicos para proteção da biodiversidade e, ainda, aumentar o índice de áreas verdes municipais. A criação de novas RPEs abre caminho para a preservação de um ecossistema riquíssimo, no qual Belo Horizonte se insere. n
Importância das Reservas As RPEs apresentam atributos bióticos (fauna e flora) importantes para o contexto da região em que se insere. Juntamente com outras áreas verdes da região, formam um mosaico de ilhas verdes que permitem a sustentação das espécies silvestres de caráter antropizado (aquelas que toleram ou convivem bem com os ambientes urbanizados). Também apresentam massa de vegetação arbórea preservada expressiva, dentro de um perímetro de grande urbanização do município, o que contribui para o microclima da região, para a retenção de partículas sólidas em suspensão e para a redução da poluição do ar na região. As RPEs apresentam, ainda, área permeável, o que contribui positivamente para a integridade das áreas, uma vez que permite o direcionamento e a infiltração das águas pluviais, evitando com isso um maior volume de água, diminuindo a probabilidade de enchentes e sedimentos em forma de enxurrada.
04
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
local
À mercê da marginalidade Fotos: Cinthya Pernes
Segurança | Praça do Papa traz desconforto e falta de tranquilidade aos moradores
Praça do Papa, um dos cartões postais de Belo Horizonte, precisa de uma atenção maior
Moradores reclamam de pontos de ônibus depredados há mais de 6 meses
Os moradores do bairro Mangabeiras, especialmente os que estão mais próximos à Praça do Papa, são obrigados a conviver com a falta de respeito às leis. As reclamações aumentam exponencialmente nos fins de semana, quando os grupos de jovens tomam conta do espaço e utilizam a praça, não para fins recreativos, mas para o consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Além disso, aceleram carros e motos, acabando com o sossego dos moradores. Como se não bastasse, o surfe sobre ônibus também se tornou algo frequente. A fim de encontrar uma solução para os problemas que vêm ocorrendo na Praça, o vereador Marcelo Aro convocou uma audiência pública, no último dia 24, no Parque das Mangabeiras. Estiveram presentes na audiência autoridades como o capitão Luis Carlos, da Guarda Municipal, e o deputado federal Rodrigo de Castro, antigo frequentador
A praça à noite é pouco frequentada por causa da insegurança
do bairro. Também marcaram presença o presidente da Associação de Moradores do Mangabeiras, Sr. Alberto Dávila, o ex-presidente da mesma associação, Sr. Marcelo Marinho, a representante do Mangabeiras Sudoeste Unido, Sra. Renata Borja, além de diversos moradores do bairro. Representantes da Polícia Militar e da Regional Centro-Sul foram convocados para a audiência, porém não compareceram. Durante o evento, o vereador Marcelo Aro expôs algumas situações que vêm ocorrendo com frequência na Praça do Papa, como o tráfico de drogas, a prática de sexo explícito, a depredação do patrimônio público e o barulho excessivo após as 22 horas. Segundo o parlamentar, a principal revolta é no quesito segurança. “Os moradores estão cansados de conviver com a insegurança. Além disso, é nítida a depredação do patrimônio público, como demonstram as rachaduras e pichações. São problemas que precisamos solucionar com urgência. É chegada a hora de pleitearmos melhorias no local, mediante um diálogo entre a comunidade e as autoridades competentes. Por isso convoquei essa audiência”, ressaltou o parlamentar que encaminhará aos responsáveis todas as reclamações e demandas discutidas na audiência. Para o deputado federal Rodrigo de Castro, o poder público não pode fechar os olhos para a triste realidade que aflige o bairro. “Precisamos buscar medidas para reverter essa situação. As autoridades precisam se empenhar mais nessas causas, pois a população está cansada de sofrer. Parei de trazer meus filhos à praça pelos mesmos motivos que já foram relatados. Vou lutar para que a Praça volte a ser o que era, um local de encontro para as famílias”, afirmou o deputado.
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
A equipe do Jornal URBHANO esteve no local para verificar a situação e conversar com moradores. A empresária Ana Maria Miranda, 56, que reside no bairro há 4 anos, não aguenta a falta de sossego, pois a baderna começa na quinta e se estende até o domingo. “As reclamações são corriqueiras. A partir de quinta-feira começa a bagunça, com uma frequência muito grande. Pessoas que possuem carros de som vêm para cá durante a madrugada fazer barulho, que é tão alto que parece fazer tremer até a cama. Eles chegam de repente, você está dormindo e acorda assustada. Normalmente isso acontece por volta das duas da manhã. Várias vezes alguém chama a polícia, inclusive eu, e o som é desligado. É complicado porque sempre recebo visitas e a gente não consegue dormir”, reclama a empresária. Sidinei Godinho é um dos vendedores ambulantes da Praça do Papa. Ele, que vende pipoca no local há mais de trinta anos, conta que ultimamente o estilo de público tem mudado bastante. “Geralmente começo a vender pipoca na quinta-feira e percebi que de uns tempos para cá houve mudança no público. São pessoas barra pesada. Quando o efeito disso começa muito negativo, a polícia fica mais ostensiva. Mas quando a polícia para de vir a situação começa a piorar de novo, o pessoal começa a surfar nos ônibus. Tem uma quantidade de público que não tinha antes, não são pessoas da Zona Sul, são bem diferentes. Quebram as coisas, como o ponto de ônibus. Acho que a causa disso tudo é o crescimento da população sem que o governo construa áreas de lazer para essas pessoas. Se tivessem outros espaços públicos, longe das residências, as pessoas não viriam para a praça aprontar”, lamenta Sidinei, que brinca que poderia escrever um livro com tanta história para contar. Um dos moradores do bairro, Sílvio André, presente na audiência pública, também registrou sua indignação. “Eu queria salientar que não adianta nada a polícia fazer o seu trabalho se a prefeitura não fizer a parte dela, e não está fazendo. Começando pela iluminação precária na praça. Além disso, as pessoas passam pelo local de madrugada acelerando a moto, gerando muito barulho e assustando quem já está dormindo. Sem falarmos nos carros com som muito alto. E ainda tem essa nova modalidade que os jovens estão inventando, que é o surfe em cima dos ônibus, sem segurança alguma”, lamenta Silvio, que integra a Associação dos Moradores do Bairro. Já para Ana Maria, a maior reclamação é referente aos pontos de ônibus próximos à sua casa. “Na Rua Salomão Vasconcelos tem um ponto de ônibus que está quebrado desde o ano passado e cheio de lixo. Outro ponto depois da minha rua também está todo destruído. Acredito que isso seja resultado da falta de cuidado com a praça. Pelo IPTU que pagamos, os bens públicos permanecerem nessa situação é inadmissível.” A moradora acredita que, se houvesse um posto policial na praça, a situação não seria tão lastimável. “Acho que deveria ser feito um trailer policial para trazer segurança aos moradores. Eu não tenho o hábito de frequentar o local, mas já vi assaltos a barracas. A praça é um ponto turístico, e não um lugar para as pessoas passarem a noite”, conta a empresária, que revela-se indignada com a situação. O sonho do pipoqueiro é que a Praça do Papa volte a ter a tranquilidade de antes, quando era um lugar agradável para ser frequentado sem restrições, com segurança. “Trabalho aqui há muitos anos e me beneficio por ser um ponto turístico com vista panorâmica, mas está decaindo um pouco. Precisa de uma base fixa da Polícia Militar, de câmeras, pois não tem nenhuma”, lamenta Sidinei, que faz do trabalho sua única fonte de renda e não quer que o bairro acabe por causa da falta de respeito e de manutenção. n
local
05
O Capitão Luis Carlos da Guarda Municipal, o Vereador Marcelo Aro e o Deputado Federal Rodrigo de Castro compuseram a mesa
Renata Borja representante do Movimento Mangabeiras Sudoeste Unido
Alberto Dávila, presidente da Associação do Mangabeiras
Moradores reivindicam melhorias na Praça do Papa
Marcelo Marinho ex-presidente da Associação do Mangabeiras
Sílvio André, morador do Mangabeiras
André Augusto, Cônsul de Portugal e morador do Mangabeiras
Otávio Carvalho morador do bairro Comiteco
06
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
entrevista
Rumo ao Pan
Fotos: Cinthya Pernes
Foto: Cinthya Pernes
Seleção | Atleta e moradora do Sion, Manuela Abreu fala do desafio de jogar rugby no país
Apaixonada por esportes, a estudante Manuela Abreu nunca desistiu de traçar o caminho das medalhas. Desde cedo, com apenas 5 anos, a jovem já praticava ginástica olímpica no Minas Tênis Clube. posteriormente foi para a modalidade rítmica. Por volta dos 12 anos, Manuela passou pelo vôlei do Minas e fez uma breve passagem pelo Mackenzie. Aos 19 anos, ao ser barrada pela idade na categoria juvenil, e não ser selecionada para o profissional, a estudante não desistiu. Começou a procurar novos ares e buscar um novo time. Após muita reflexão e pesquisa sobre diversos esportes, o resultado foi inusitado. A escolha foi pelo até então desconhecido e exótico rugby. Um ano e quatro meses após a decisão, Manuela já havia sido convocada para a seleção brasileira. Hoje, aos 21 anos, a atleta já enumera conquistas. Após a surpresa da convocação em agosto do ano passado, Manuela treina pesado pelo sonho de disputar o Pan em 2015. Com a invencibilidade da seleção, nove vezes campeã Sul Americana, a materialização desse desejo se torna cada vez mais provável. Pelo time mineiro, BH Rugby, a atleta conquistou duas vezes o estadual. A seleção nacional, após passar as etapas de Dubai, Atlanta e São Paulo, está entre as dez melhores equipes na modalidade seven do mundial feminino. Com o foco voltado para os próximos jogos na China e em Amsterdã, a atleta conta com exclusividade para o Jornal Urbhano como está sendo a preparação. Você sempre gostou de esportes? Pratico esportes desde os 5 anos (risos). Sempre variando. Quando tinha 5 anos pratiquei por cinco ou seis anos ginástica olímpica, no Minas. Depois fui para a ginástica rítmica, para o tênis e em seguida para o vôlei, também no Minas. Fiquei fazendo os dois no início, depois segui apenas no vôlei, que joguei até os 19 anos, direto. Quando acabou a carreira eu vim para o rugby. Ouvi falar sobre o esporte por causa do campeão mundial da Nova Zelândia.
E por causa do haka, uma dancinha que eles fazem antes de jogar. Na verdade é tipo um hino. Fiz intercâmbio em 2009, morei no estado de Utah, nos Estados Unidos, e lá eu vi um filme, Para sempre vencedor, que foi feito onde eu morei, no mesmo colégio americano onde estudei. Vi um pedaço da filmagem enquanto ainda morava lá. O filme é baseado numa história verídica, isso me chamou mais a atenção, porque o filme é muito bom. O filme fala muito sobre o espírito do rugby, que é a integridade,
respeito, solidariedade e companheirismo. E quando voltei da viagem, retornei ao vôlei, mas estourei a idade. Eu teria que ser contratada, mas não fui. Então procurei outro esporte em minha cidade, busquei no Google e pensei: “Será que tem?”. E tinha. Na verdade quando comecei a pesquisar já estava com o rugby na cabeça. Uma amiga da minha mãe namora um jogador de rugby, o Paulo. E na época ela a ele, que disse: “Pode ir, porque ela vai gostar”.
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
Como foi a entrada no Bh Rugby? Procurei o site do BH Rugby e encontrei o contato da Amanda, capitã do time, e o contato do masculino, mas não consegui comunicação. Então eu liguei para lá, e falaram que eu poderia ir. Passaram-me os horários e avisaram para ir com roupa de ginástica. Você praticava o esporte há pouco mais de um ano quando foi convocada para a seleção. Ser chamada para representar o Brasil foi uma surpresa? Na verdade foi em um circuito brasileiro que o técnico da seleção veio conversar comigo e com a minha companheira de time, a Brenda. Ele é neozelandês, só fala inglês. Foi diferente, uma oportunidade. Acho que não acreditei porque tinha muito pouco tempo que jogava. O time de Minas Gerais é o mais antigo, mas ainda não tinha ninguém na seleção. Pensei que estávamos longe dessa realidade, foi uma surpresa mesmo. Na hora, o técnico Chris Neill e o auxiliar Youssef, que é francês, me perguntaram o que eu achava da oportunidade na seleção. Vieram me elogiar na parte de tackle, que é o movimento de defesa quando você derruba o adversário, e foi o que chamou a atenção deles. Foi aos poucos. Começamos a conversar, não foi de uma hora para a outra. Ele assistiu outro campeonato e outro circuito. Não jogo especificamente na defesa, na modalidade sevens todos atacam e defendem. Então a qualquer momento eu posso estar na parte de defesa.
entrevista exercício, se esforça. As meninas são muito companheiras, nem sabiam se eu iria continuar ou não, mas estavam dispostas a me ajudar. Em sua opinião, quais os desafios do Rugby no Brasil?
companheiro. É um jogo limpo. O esporte me ensinou muita coisa, então para mim é uma pena o Brasil não conhecer. Antes eu falava que jogava rugby e todo mundo perguntava: O que é isso? Hoje as pessoas já falam: Poxa, que bacana. Dá para ver que o esporte está ficando mais conhecido, que está crescendo. O clube já tem dez anos, mas tivemos dificuldade para achar campo, para viajar, para conseguir patrocinador. Hoje tudo está melhor. Com uma invencibilidade de nove campeonatos seguidos nos jogos Sul-Americanos, qual a expectativa para os jogos Pan-Americanos (2015)? Neste final de semana vamos ter a copa Odensur, que vai garantir a vaga no sul-americano. Queremos manter a invencibilidade, mas qualquer jogo é novidade. Temos que estar bem preparadas, treinar muito. Sempre criamos expectativas, mas temos que fazer por onde.
Com excelente campanha no ano passado as meninas do BH Rugby garantiram a classificação para o campeonato nacional
O rugby é um esporte com maior tradição na categoria masculina. Quando você começou a jogar você sentiu algum preconceito? Sempre fiz esportes. Todos acharam muito legal a minha vontade de continuar. Tenho muitas amigas do tempo do vôlei, mas todas já pararam. Algumas fazem academia, mas todas largaram o esporte. Então nunca sofri preconceito, sempre me apoiaram. Mas elas acharam muito diferente, porque ninguém conhecia. Minha mãe assustou (risos), mas teve o mundial agora, ela foi ver e me apoia muito. Quais os obstáculos você enfrentou ao decidir seguir o esporte? Quando entrei no rugby, eu estava lesionada. Meu preparo físico estava meio ruim. O Rugby engloba seu corpo inteiro, então senti muita dor muscular, mas é uma dorzinha gostosa, você faz
07
O desafio é que o Brasil é movido pelo futebol. O espírito do rugby, talvez por ser de lugares colonizados por ingleses e anglo-saxões, possui um respeito muito grande. Isso me chamou muito a atenção, você respeita muito o árbitro e o seu
Quais as principais diferenças no tratamento do esporte você observou nos outros países? Quando cheguei na Nova Zelândia vi meninos de 9 anos num hotel jogando rugby. No Brasil seria futebol. Então, na verdade, lá fora é um dos esportes mais praticados. Você pode estar trabalhando com uma pessoa, ou numa lanchonete, que vai ouvir falar sobre rugby. Lá eu conversei com uma senhora de 80 anos, e ela me falou de regras e estratégias do esporte. Achei isso muito bacana. Além do rugby há outro projeto para o futuro? Continuo estudando e trabalhando. Faço Engenharia de Produção Civil, pois o rugby tem de ser praticado jovem. Pretendo seguir no esporte, mas vai chegar o momento em que vou ter que optar. Por isso, não deixo de lado os meus estudos, pois penso no futuro também.
Você estuda engenharia, trabalha na área, treina pelo BH rugby, treina pelo mundial. Além de participar das competições, como você concilia tantos compromissos? A gente dá um jeito, organizo tudo em uma planilha a cada semestre, com todos os meus horários. Então dá para ajeitar com Fotos: Leca Jentzsch meu tempo de estudo e com o trabalho. Planejo-me para não perder tempo. Tem ainda o namorado, preciso de tempo para ele também. Ás vezes consigo dar uma fugidinha e encontrá-lo durante a semana. Além disso, ainda tem os muitos eventos e aniversários, mas tudo é planejado. n
08
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
matéria de capa
Um belo horizonte verde Evento | O St. Patrick’s Day promete agitar belo horizonte no parque das Mangabeiras
Reza a lenda que São Patrício usou o trevo para explicar a Santíssima Trindade aos pagãos celtas
Um evento movido por jovens de todas as idades, conectados com o mundo e apreciadores de diversas culturas. Assim é o público que frequenta o St. Patrick’s Day, festejo já consagrado na capital mineira. Marcado para o sábado, dia 15 de março, a festa de São Patrício chega à sua 8ª edição – pela terceira vez realizada no Parque das Mangabeiras – e aguarda um público de cerca de 8 mil pessoas. De 13 h às 22 h, os participantes poderão aproveitar as diversas atrações de rock’n’roll e música celta. A festa, que começou pequena e tímida nos arredores da Savassi, cresceu e exigiu um lugar maior para atender a demanda de público. Hoje, a organização do evento é formada por um grupo composto pelo Major Lock, pela Mov3 e pela
TF7, que repaginou o St Patrick’s para se tornar um evento fechado, com divulgação inovadora. O publicitário Bolivar Andrade, também organizador do evento, conta o porquê da mudança de local. “A festa em 2011 cresceu demais sendo realizada na Savassi e trouxe impacto negativo para a população em geral. Em comum acordo com a Prefeitura, decidimos levar o evento para um local fechado onde pudesse haver controle de acesso do público. Assim, o evento foi para o Parque das Mangabeiras em 2012 e, pelo sucesso, foi repetido em 2013 e agora em 2014”, relata Bolivar. O organizador acredita que o evento ganhou força na cidade por ser não apenas uma festa, mas um movimento que reúne ideias próprias. Para este ano, o público pode aguardar diversas atrações. “Mais uma vez muito rock’n’roll em um ambiente maravilhoso, que é
A festa do St. Patrick’s Day acontece em um lugar privilegiado, o Parque das Mangabeiras
o Parque das Mangabeiras. Este ano estamos com uma estrutura de atendimento muito reforçada e investimos forte na grade musical. Vai ter muitas atrações, como Rodrigo Santos e Os Lenhadores, Sensessional, Luana Camarah, artistas que estamos trazendo de fora de Minas Gerais para elevar ainda mais o padrão do evento”, conta o publicitário. A estudante de relações públicas Thalyta Terra, 20, já participou de algumas edições da festa e tem grandes expectativas para o dia 15. “Irei participar dessa próxima edição, inclusive já comprei meu ingresso e a camisa. Minha expectativa é grande, no final do evento passado eu já queria que chegasse o próximo (risos). Espero que o local seja ampliado, porque estava bem apertado e tinha mais música eletrônica”. A estudante ainda comenta os motivos de gostar tanto do evento. “O que eu acho mais legal na festa é todos estarem vestidos de verde, claro que muitos que vão nem sabem por que estão vestindo peças dessa cor, mas é o que acho mais bonito. Aquele mar de pessoas verdes fazendo jus à paisagem do Parque das Mangabeiras”, relata. Thalyta só reclama dos preços das bebidas, pois acredita que eles poderiam ser mais baixos. O estudante Diego Mussi, 18, acredita que o evento faz sucesso por não ter nenhuma festa com ideias tão diferentes na cidade. “O diferencial da festa são as músicas, os anões. No ano passado tinha uns duendes saltando, chopp verde, isso é legal. Quando o evento mudou para o Mangabeiras, selecionou muito as pessoas que frequentam, na Savassi era muito lotado. Uma coisa que ficou top na última edição foi um espaço da Major que tocava trances, umas músicas diferentes, disso eu gostei muito”. Já a analista de comunicação Larissa Moreira, 29, confessa que não gostou do evento devido à faixa etária do público. “Não gostei por causa da molecada, e a bebida acabou muito cedo, não tinha ficha pra comprar. As bandas estavam péssimas. O lugar também não ajudou muito. Estava muito cheio, parece que venderam ingressos a mais”. Larissa acredita que se limitarem a venda de ingressos, oferecerem mais pontos de bebidas e comidas, além de melhorarem o planejamento do evento como um todo, o evento poderá ser melhor.
O estudante Diego Mussi com os amigos na última edição do evento
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
matéria de capa
09
O anão é outro símbolo da festa, é um dos responsáveis pela animação do público
Luana Camarah, sucesso do programa The Voice Brasil, é uma das atrações mais aguardadas
Pensando em reclamações como a de Larissa, a organização do evento está planejando solucionar essas questões, já que o St. Patrick’s Day ganha mais público a cada edição. No ano anterior não foram registradas ocorrências, mas a produção deste ano está mais criteriosa para garantir a qualidade da festa. A segurança do público e dos moradores da região do Mangabeiras, bem como a preservação do patrimônio vão ser reforçadas. O evento será finalizado pontualmente às 22h e seguirá as normas de padrão exigidas, com a presença de brigadistas, caminhão-pipa, seguranças privados, presença da Polícia Militar, Guarda Municipal, agentes da BHTrans, orientadores de trânsito, UTI Móvel, banheiros químicos, guarda-volumes, sinalização dentro e fora do parque e palcos montados de costas para o parque, para evitar o impacto do som.
intimamente ligado aos festejos. Já o duende, que também é um símbolo de destaque na festa, não guarda relação direta com o santo. Acredita-se que seja originário do folclore celta, repleto de fadas, homenzinhos pequenos e mulheres que podiam usar seus poderes mágicos para servir a Deus ou ao diabo. O nome original dessa criaturinha folclórica é lobaircin, que significa “camarada de corpo pequeno”. n
Quem foi São Patrício?
Sucesso em BH, a banda Classic também faz apresentação na festa do St. Patrick’s Day
A história de São Patrício é de origem irlandesa. Sabe-se que St. Patrick nasceu na Grã-Bretanha, filho de pais endinheirados, mais ou menos no final do século IV. Acredita-se que tenha morrido no dia 17 de março, por volta de 460 d.C, e por isso a festa sempre acontece nesse mês. Até os 16 anos, ele se considerava um pagão. Nessa idade, foi sequestrado e vendido como escravo por saqueadores irlandeses. Foi durante sua captura que ele começou a se voltar para Deus. E assim descobriu a sua “vocação” de converter todos os pagãos da Irlanda ao cristianismo. Depois de trinta anos como missionário na Irlanda, por fim estabeleceu-se num lugar chamado County Down, até a sua morte. Reza a lenda que St. Patrick utilizava um trevo para pregar a santíssima trindade aos pagãos celtas. Com isso, o uso de trevos de três folhas e similares está
Classificação: maiores de 18 anos DATA: Dia 15 de março, sábado, das 13 h às 22 h, no estacionamento do Parque das Mangabeiras INGRESSOS: A compra de uma camisa do evento por R$ 35 (preço único) dá direito a um ingresso (sujeito a disponibilidade). Onde comprar: Central dos Eventos, Rua Fernandes Tourinho 470, loja 12, Savassi, BH, telefone 3209-0505. VENDA ONLINE: centraldoseventos.com.br Na compra pela internet, camisa e ingresso devem ser retirados na Central dos Eventos após o recebimento do e-mail avisando sobre a disponibilidade na loja. Informações: facebook.com/stpatricksdaybhz
10
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
gastronomia
Toque especial Foto: João Travassos
Beer | A cerveja pode ser um ótimo ingrediente para receitas culinárias
Receita Fishand Chips INGREDIENTES (porção para quatro pessoas) 2 filés de linguado de aproximadamente 150 g cada 1 batata grande 500 ml de cerveja (qualquer cerveja) 500 g de farinha de trigo sem fermento Sal a gosto 1 colher de chá lemonpepper para os dois filés Um fio de azeite
Chef Rômulo Alvarenga Junior
1 colher de sopa de manteiga 1 colher rasa de chá de sal grosso 1 colher rasa de chá de alecrim seco ou fresco Meio copo de iogurte integral sem sabor 2 colheres de sopa de limão 1 colher de café de raspas de limão Pimenta a gosto
Modo de preparo Fish (peixe) Tempere os dois filés de linguado com sal, pimenta e lemonpepper (tempero à base de limão). Envolva-os na farinha de trigo. Tire o excesso e mergulhe-os dentro de um recipiente com a beerbatter (cerveja com farinha) e leve à fritadeira. Após frito, retire o excesso de óleo com um papel-toalha.
Beerbatter (massa de cerveja) Utilize cerveja e farinha na mesma proporção. Misture até formar uma massa consistente. Molho de iogurte com limão Misture o iogurte com o suco de limão e acrescente as raspas da fruta e sal a gosto.
Chips (batatas) Cozinhe uma batata grande até ficar al dente. Corte em seis pedaços e, utilizando ervas (alecrim), finalize com azeite e manteiga na frigideira para ficar crocante. Monte o prato colocando os filés sobre as batatas. Sirva à parte o molho de iogurte com limão.
Sobre a origem exata da cerveja, por ser tão antiga, há várias versões. Cada A tradicional cerveja uma delas é digna de ser também pode vir discutida numa mesa de acompanhada de um bar, bem no espírito da bebelo prato culinário bida, que já foi tida como divina, sagrada, e hoje representa momentos de descontração e de uma boa conversa. Há indícios de que ela surgiu há 9 mil anos, na Mesopotâmia, região do Oriente Médio, entre os rios Tigres e Eufrates. A cerveja é uma bebida produzida a partir da fermentação de cereais, principalmente da cevada maltada. Acredita-se que tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas criada pelo ser humano e, atualmente, ela é a bebida mais consumida no mundo. Típicos de países e regiões com influência britânica, os pubs são tradicionalmente conhecidos como bares licenciados para servirem bebidas alcoólicas, sendo a cerveja a principal delas. Geralmente, esses espaços se destacam pelo estilo musical, que quase sempre é o rock, pela decoração peculiar e por possuírem uma clientela assídua. Um dos exemplos na capital é o Grampa’s Attic Pub, no bairro São Pedro, região Centro-Sul, que oferece uma carta com 25 cervejas de diversas nacionalidades, além de um cardápio variado, um ambiente aconchegante e rock and roll de qualidade. E para os amantes da cerveja o local oferece uma maneira diferente de consumi-la: por meio da comida. É a famosa porção de Fishand Chips (peixe com batatas fritas), que reúne dois filés de linguado inteiros (em vez de iscas) preparados à beerbatter (massa para empanados feita com farinha de trigo e cerveja); batatas salteadas no azeite e molho de iogurte com limão siciliano. O chef e proprietário do Grampa’s Attic Pub, Rômulo Alvarenga Junior, explica como surgiu a ideia de trazer o prato para a capital. “A ideia veio junto com o bar. Pelo fato de ser um pub, apesar de não ser inglês, americano e nem australiano, eu provei a gastronomia encontrada nesse ambiente, e esse é um prato clássico dos pubs ingleses. Então surgiu esse interesse”, comenta o chef, que pensa em trazer novas receitas com cerveja para o seu cardápio. Ele conta ainda que o prato é um dos carros-chefe da casa e acredita que o grande diferencial do local é, como o próprio jargão diz, the real deal (o que realmente vale a pena). “Já tem outras receitas com a bebida que conheço e em algum momento quando precisar diversificar o meu cardápio vou utilizar. Aqui você vai encontrar tudo bem parecido ao que as coisas são na essência, como o caso desse prato, que em outros lugares é servido diferente, e não como o tradicional Fishand Chips inglês.” n
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
bem-estar
11
Para mamães e bebês Em família | Salas de cinema acomodam mães e recém-nascidos
Amanda Marques fez seu primeiro passeio a dois com o filho Lorenzo
Foto: Cinthya Pernes
37 carrinhos de bebês estacionados na entrada de uma sala de cinema. Lá dentro nada de filme infantil. Na projeção o lançamento, A menina que roubava livros. Eram duas horas da tarde, mães e bebês aproveitavam a sessão, cada um ao seu modo. Os adultos assistiam, enquanto bebês menores dormiam e os maiores brincavam. A realização faz parte do projeto CineMaterna, que acontece há quatro anos em Belo Horizonte, atualmente no Cineart do Shopping Boulevard. Lá as crianças de até dezoito meses podem ficar junto das mães na sala de cinema durante a sessão. Após a exibição do longa-metragem, as mães são convidadas a participar de um bate-papo num café. Nas sessões as salas são preparadas para receber as mães e os bebês com o maior conforto possível. Há luzes suaves, para facilitar a locomoção das mães, ar-condicionado moderado, o som é mais baixo e existem trocadores, fraldas, pomadas, lenços umedecidos e tapete para brincar. A sala é preparada para se adequar ao público com menos de um ano e meio. “Colocar um bebezinho pequeno numa sessão normal o assustaria muito”, explica Ioná Nogueira, coordenadora do CineMaterna em BH. A limitação de idade é motivada por uma consultoria com vários psicólogos. “O filme possui tema adulto. Uma criança até um ano e seis meses não firma sua atenção no filme, por isso não irá absorver nenhuma informação. A partir dos dezoito meses ela não vai entender o filme, mas pode absorver alguma informação”, elucida a coordenadora. O projeto começou na cidade de São Paulo, em 2008, quando um grupo de mães falava sore a saudade de ir ao cinema depois do nascimento do primeiro filho,. Hoje, mais de vinte cidades brasileiras exibem sessões regulares e BH já faz parte da programação há quatro anos. Segundo a coordenação do projeto, o objetivo é estimular a volta de novas mães à vida cultural, e ainda ampliar a rede de relacionamentos maternos dessas mulheres, facilitando sua adaptação a essa nova fase da vida. Cada filme é escolhido pelo público por meio de enquetes semanais que podem ser acompanhadas pelo site do projeto, junto com a programação. Para participar, basta se cadastrar e acompanhar as enquetes. A arquiteta Carla Pivoto, 36, conhece bem o procedimento. Acompanhada do pequeno Lucca, de dois meses, Carla conta que há dois anos aceitou a proposta de levar o filho de colo ao cinema. Agora, com o segundo filho, não poderia ser diferente. “Há dois
Para as amigas Thais Serra e Letícia Vieira o melhor da sessão é a troca de informações sobre a maternidade
anos as sessões eram no Pátio Savassi e eu adorava. Acompanhei todas as sessões. Já estava doida para ficar de licença-maternidade novamente para vir assistir a um filme com ele”. Já para a mãe de primeira viagem Fernanda Lamounier, 31, o sentimento era de expectativa. Pela primeira vez Fernanda levava o filho Nicolas, de seis meses, à sessão. “Em casa ele costuma ficar quietinho. Deve dormir daqui a pouco. E eu gosto muito de assistir filmes. Assim que fiquei sabendo já entrei no site e me cadastrei”. A ansiedade é compartilhada pela psicóloga Amanda Marques, 31, que saía sozinha com o pequeno Lorenzo pela primeira vez. “Adoro ver filmes. A gente estava assistindo filmes direto em casa, mas sair um pouco é bom pra mim e pra ele”. Para as amigas Thaís Serra e Letícia Vieira, 32, a proposta ainda possibilita uma interação maior entre mães, que podem encontrar obstáculos nos primeiros meses após a chegada do bebê. “Achei super gostoso, porque é um momento que temos para encontrar outras mães. Ele adora! Aqui, ele tem espaço para brincar e eu tenho meu momento de lazer”, conta a mãe do pequeno Benício, de um ano e seis meses. n
Fernanda Lamounier levou o risonho Nicolas para a sessão
CineMaterna Boulevard Shopping Local: Cineart Boulevard Filme: Em votação no site www.cinematerna.org.br Data: 13 de março Horário: 14 h Entrada: R$ 11 (inteira) e R$ 5,50 (meia entrada) Endereço: Av. dos Andradas, 3.000 - Santa Efigênia Informações: (31) 2571-7538 / 2571-7539 www.boulevardshopping.com.br
12
moda |
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
Isadora vargas
LFW turn London’s Fashion Week | lancamento de tendências na terra da rainha
é a hora de fugir do óbvio e iluminar os modelitos de inverno. Entre os desfiles mais esperados do dia, J.W. Anderson aderiu ao estilo minimalista com destaque para a cartela de cores e para a forma de lidar com os tecidos. Navy blue, rosa nude, cinza, amarelo mostarda e verde-escuro deram tom invernal à coleção. A coleção elegante e moderna foi inspirada em vestimentas japonesas e contou com muitas fendas, saias e vestidos godês, cropped tops e drapeados. Fora das passarelas, a designer de sapatos inglesa Sophia Webster lançou sua coleção com lindas botas, sandálias e scarpins. A inspiração, também divertida, romântica e sexy, veio dos contos de fada modernos, onde os finais sempre são felizes. Cadarços e pompons estão entre os detalhes dos novos modelos. Será que a moda pega? A Mulberry, uma das principais marcas do line-up da LFW não se apresentou nessa temporada, já que a grife está sem chefe de estilo desde a saída de Emma
Burberry
Mulberry Fotos: divulgação
Depois da semana intensa, com muita neve em Nova York, chegou a vez das fashionistas do mundo inteiro migrarem para Londres. A capital inglesa foi configurada para receber alguns estilistas mundialmente reconhecidos por seu talento. Durante cinco dias, a programação foi recheada com shows, apresentações e exposições com os melhores e mais brilhantes nomes da moda. Londres foi palco de desfiles de grifes como Tom Ford, Top Shop e Burberry. Um dos destaques da vez foi a Hunter, que aproveitou a oportunidade para fazer toda sua linha conhecida, e não apenas as Wellington boots – suas já famosas galochas de cano longo. Nos três primeiros desfiles do segundo dia da semana de moda londrina, as mesmas cores que ressurgiram com força na NY fashion week elevaram o astral dos espectadores. A tendência, mesmo que presente em apenas alguns looks dos desfiles, se destacava na mistura dos tons neutros como nos looks de Jasper Conran. Tudo indica que
Hill, no início de 2013. No entanto, a grife garantiu sua presença de outra forma na maratona fashion inglesa. O icônico hotel Claridge’s foi transformado em um romântico campo inglês, com direito a cachorrinhos e um balanço onde Cara Delevigne se assentou para mostrar a bolsa ‘’três em um’’ assinada
Hunter
pela modelo. Vale ficar de olho, pois a mochila promete ser bem versátil! Continuando a maratona de desfiles, a passarela de Marios Schwab, além de velas enfileiradas, ficou repleta de vestidos e saias curtinhas, com silhueta levemente marcada. Recortes e decotes em V revelavam rendas que nos remete
Jasper Conran
ao sutiã aparecendo sob a roupa. Por fim, a Burberry Prorsum se destacou como o melhor da temporada, com críticos e editores internacionais voando para pegar o desfile. Christopher Bailey levou para a passarela estampas florais de inspiração 1970’s e grafismos étnicos. Os trench coats,
J.W. Anderson
um clássico da marca, se atualizaram com delicadas estampas de aquarela com perfume handmade e foram usados sobre vestidos leves e fluidos. Por outro lado, a paleta de cores indica que a temporada será menos cinza, com uma variedade de tons mais alegres combinados entre si. n
Marios Schwab
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
cristina ho
| turismo
13 Foto: Arquivo pessoal
Liberdade
Holanda | primeira parte sobre a cultura desse lugar excitante
Foto: Shutterstock
Nosso próximo destino é um dos lugares mais liberais do mundo, onde a tolerância impera em todos os aspectos, e que conta com uma tradição marítima extraordinária. Venha conhecer as belezas da Holanda comigo e não deixe de trazer uma cestinha: vamos colher tulipas ao final da viagem! Uma grande parte da Holanda um dia já esteve debaixo d’água. Graças ao sistema de drenagem
dos moinhos, diques, barragens e canais, o país recuperou a parte submersa. Os moinhos de vento e os canais, que têm um papel tão importante na manutenção territorial, são um verdadeiro charme e também os cartões-postais mais representativos desse país tão cheio de cores. Holanda é um país excitante, a história é viva na arquitetura urbana e a cultura exibe sua riqueza nos inúmeros museus espalhados pelas cidades. A tradição de uma sociedade As cores dominam mais tolerante recebe de braa Holanda ços abertos os homossexuais, as prostitutas, as drogas, a eutanásia e o aborto. Essa abertura também se deu no âmbito político, por sinal um dos mais liberais do mundo. Holanda é sinônimo de respeito pelas diferenças e conhecê-la é admirar a harmonia desse grande mosaico de diversidade sexual, cultural e religioso que se forma dentro de um único quadro. A alegria desse povo irá nos
Cristina Ho também escreve no www.fasciniopelomundo.blogspot.com.br acompanhar nos diversos passeios que faremos pela capital, Amsterdã. Na terra do pintor Van Gogh vamos andar de bicicleta, faremos um passeio de barco pelos charmosos canais, nos divertiremos no distrito da Luz Vermelha e, claro, conheceremos um moinho de vento por dentro! Como parte importante da história da humanidade, faremos uma visita à casa que foi moradia e serviu de esconderijo à família da pequena Anne Frank e, de cômodo em cômodo, vivenciar algumas páginas do seu famoso diário. Aos amantes da boa culinária, vou levá-los para uma vila de pescadores que fica nos arredores de Amsterdã, chamada Volendam e lá degustaremos um delicioso salmão defumado! Ficou com vontade? Espere pelas próximas edições. n
Paulo Azeredo
| esporte Foto: Arquivo pessoal
Façam suas apostas Foto: divulgação/Nike
Seleção | técnico do brasil prepara lista dos jogadores para a copa
Julio César, Victor, Fábio e Jefferson. Fred, Jô, Leandro Damião, Robinho e Alan Kardec. Façam suas apostas! Está aberta a temporada de “garanta a sua vaga” na Copa do Mundo do Brasil! O técnico Luiz Felipe Scolari já afirmou em coletiva que 80% do grupo que irá à Copa do Mundo de 2014 já está definido. Mas, neste momento, a grande dúvida do treinador está nos dois extremos da equipe: no gol e no comando de ataque.
Atualmente, os preferidos para ocuparem as vagas no time titular são Julio César e Fred. Penso que não somente devido à parte técnica, mas principalmente porque ambos têm a confiança do treinador. E no caso do comandante da seleção brasileira isso conta muito. Basta recordarmos o caso do atacante Romário em 2002. Apesar de todo o clamor popular e de toda a pressão por parte da imprensa, o baixinho não foi para o Mundial e ainda assim fomos campeões. Até o anúncio oficial da lista de convocados para a Copa no Brasil temos aproximadamente mais dois meses de preparação e bola rolando. Mesmo saindo na frente, Júlio César e Fred precisam abrir os olhos e se cuidarem. O primeiro pelo fato de estar atuando em uma liga de baixo nível técnico e sem nenhuma expressão no cenário mundial. Isso é perigoso, uma vez que ritmo de jogo e nível de competitividade, para um goleiro, é importantíssimo. Já Fred precisa se cuidar mais fora de campo. O jogador há algum tempo já sofre com as lesões e deve se cuidar mais no que diz respeito a repouso e preparação física. Fred já não é mais um menino de 20 anos e caso venha a ter mais alguma lesão neste período pré-Mundial, dificilmente se recuperará para a Copa, e ficará de fora. Se levarmos em consideração
Paulo Azeredo também é jornalista da 98 FM e TV Horizonte
que ele é o melhor dos atacantes disponíveis, isso é muito preocupante. Para a disputa no gol da seleção correm por fora Jefferson e Victor. Já para o ataque Jô e Robinho também estão na disputa. Tem ainda Fábio, Leandro Damião e Alan Kardec, que contam com grande clamor de parte da mídia e da opinião popular, para quem sabe também entrarem na lista. Acredito que nas outras posições a situação já esteja bem encaminhada. Entretanto, não duvido de alguma surpresa de última hora. O certo é que o momento é de todos mostrarem bola, porém com muito cuidado. Caso contrário, qualquer problema poderá significar um corte da lista final da Copa do Mundo. Seja ele disciplinar ou físico. Sendo assim, um pouquinho de cautela e canja de galinha não fará mal a ninguém. n
14
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
tecnologia
Sucesso mundial
Fotos: Cinthya Pernes
App | Aplicativo acadêmico criado por morador do Sion é baixado em todo o mundo
Com mais de 80 mil exemplares de livros de sua co-autoria vendidos, o professor Rodrigo Lannes desenvolveu app capaz de gerenciar e intensificar aprendizado de estudantes
Depois das festas e do feriado de Carnaval, alguns estudantes podem encontrar dificuldade em retomar o foco nos estudos. Uma ferramenta útil para organizar e intensificar o aprendizado desses alunos foi lançada no último dia 3 de fevereiro, e vem conquistando um grande número de usuários. Disponível em versões na língua inglesa e portuguesa, o aplicativo já teve milhares de downloads pelo globo. Usuários em mais de vinte países utilizam a ferramenta, que tem grande aceitação na China e em países como Espanha, Estados Unidos, Portugal, Eslováquia, Tailândia, Grécia, entre outros. Com a promessa de esquematizar de forma prática e organizada o aproveitamento de alunos dentro da sala de aula, o aplicativo Avaliação Professor Lannes foi desenvolvido com tecnologia iOS, para iPad. Para o professor e criador do aplicativo, Rodrigo Lannes, o sucesso rápido foi uma grande e agradável surpresa. “Eu não esperava que fosse tão rápido. Já tivemos muitos downloads na China e em outros países, e não para de aumentar”. Além disso Rodrigo acredita que outros públicos serão atingidos. “Eu tenho dois filhos e acompanho em quais assuntos eles estão bem e em quais eles têm dificuldades. Isso o professor deles não consegue me mostrar. O professor só mostra se está mal em Matemática ou Português. Com o aplicativo, um
aluno de faculdade pode acompanhar o próprio desempenho. O programa tem precisão cirúrgica, ao tornar a pessoa um autogestor do seu conhecimento”, aponta. Ofertado na AppStore, o aplicativo pode ser baixado de forma gratuita para quem deseje cadastrar uma escola ou turma de até 25 alunos. Para usuários interessados em utilizar a ferramenta para um número indeterminado de escolas e turmas, o download pode custar U$ 4,99. Após o programa ser baixado no Ipad, várias pessoas diferentes podem utilizá-lo, cada um com seu próprio usuário. “Eu queria uma ferramenta que me mostrasse o desempenho dos meus alunos e fiz um programa no Excel. Isso foi há quatro anos. Quando eu mostrei pra escola em que trabalhava, eles ficaram doidos. Virou ferramenta oficial pra gerar gráficos. Lá eles têm cinco escolas no Brasil e resolveram implantar no país inteiro. Foi então que percebi que o negócio devia ser realmente bom, afinal todo mundo estava gostando. Então decidi fazer um app. Resolvi desenhar um programa e procurei uma empresa especializada”, explica o criador. Além do aplicativo, o professor de Matemática criou, em 2005, através de parceria com o irmão, a série de livros de Matemática Lannes&Lannes. Com a pressão da editora, ele conta que os dois tiveram de
escrever o livro em um final de semana. Hoje já são mais de 80 mil livros vendidos. Para o vestibulando Victor Valle, 18, o programa tem grande potencial. “É um app genial. Pelos comentários que vi na internet os professores estão gostando muito. O app mostra direitinho as dificuldades que temos. Imagine se todos os professores pudessem dar esse retorno para os alunos. Falar precisamente em que você precisa colocar mais atenção”.
Como funciona
O professor cria uma prova e abre uma tela do programa, coloca a média e número de questões e as habilidades que serão avaliadas. Em seguida relaciona as habilidades ao número e valores de cada questão. Após isso, o usuário deverá criar um link entre o valor de cada questão e a habilidade testada. Assim, diversos relatórios podem ser gerados. O programa exibe automaticamente o percentual do aluno nas questões e por consequência nas habilidades. Além disso, é possível visualizar a porcentagem de aproveitamento do aluno. À medida que o usuário insere as notas, tudo no relatório é identificado por três cores: verde acima de 80%, amarelo entre 60 e 80% e vermelho abaixo de 60%. n
Foto: Cinthya Pernes
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
Diogo Mendonça Cruvinel é Cientista político, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Público e professor de Direito Eleitoral. diogocruvinel@yahoo.com.br
Boa, sim. Mas com ressalvas Com o objetivo de afastar da disputa eleitoral candidatos com problemas na justiça, a Lei Complementar n. 135/10, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa, será aplicada em eleições gerais (presidente, governador, senador, deputados federal e estadual) pela primeira vez neste ano. Embora esteja em vigência desde junho de 2010, não valeu para as eleições daquele ano por força do artigo 16 da Constituição/88, que determina o período mínimo de um ano antes do pleito para alterações nas regras eleitorais. Nas últimas
especial
eleições municipais (prefeito e vereador), realizadas em 2012, a lei foi aplicada com relativo sucesso, valendo como um bom teste para as eleições deste ano. Fruto de iniciativa popular, tendo sido colhidas, na ocasião, mais de 1,6 milhão de assinaturas, sua intenção é realmente das melhores e não podemos negar os benefícios práticos trazidos pela lei, sobretudo por ter corrigido algumas incoerências graves da legislação eleitoral até então vigente. Apenas como exemplo, podemos citar o cinismo da regra que tornava inelegíveis por apenas três anos os candidatos que, durante suas campanhas eleitorais, descumprissem preceitos básicos para uma disputa leal, como não comprar votos ou não abusar de seus poderes políticos ou econômicos. Como as eleições para os cargos eletivos ocorrem, no Brasil, a cada quatro anos e o período de inelegibilidade era de três anos contados da eleição realizada, o candidato poderia lançar mão de diversos procedimentos irregulares em sua campanha eleitoral e, caso condenado, não teria problemas para novamente se candidatar nas eleições seguintes. Com a Lei da Ficha Limpa, todos os prazos de inelegibilidade foram ampliados para oito anos, havendo a possibilidade, ainda, de que o candidato condenado criminalmente fique fora das disputas eleitorais por tempo muito superior, em virtude da suspensão de seus direitos políticos (votar e ser votado). Apesar dos pontos positivos acima listados, tenho algumas ressalvas de ordem teórica e prática em relação à Lei da Ficha Limpa. A primeira, e mais relevante, diz respeito à ideia de representação democrática, por meio da qual os eleitores devem ter o direito de livremente escolherem seus representantes, ainda que os considerem ruins. Com a Lei da Ficha Limpa, foi criada uma regra limitando
| eleições
15
previamente os candidatos que podem se colocar como opção nas eleições, partindo do pressuposto de que os eleitores, por não saberem votar direito, devem ser “tutelados”, como forma de garantir uma suposta melhor qualidade de sua escolha. A segunda ressalva está relacionada ao exíguo prazo que a Justiça Eleitoral tem para analisar e decidir todos os pedidos de registro de candidatura e ao ainda mais exíguo prazo para que o Ministério Público e os partidos políticos adversários possam conferir e impugnar tais pedidos. A começar pelo fato de que a Justiça Eleitoral não dispõe de todas as informações necessárias para verificar a incidência de várias das causas de inelegibilidade, sobretudo aquelas relacionadas a decisões anteriormente proferidas por outros órgãos ou até mesmo por entidades de classe. Temos também as dificuldades impostas aos demais partícipes do processo eleitoral (Ministério Público e partidos) para pesquisar a vida de cada um dos milhares de candidatos registrados. Por tais dificuldades, isso significa, na prática, uma possibilidade real de que candidatos “fichas sujas” venham a ter seus pedidos deferidos, podendo, assim, ser votados e eleitos. Mais do que a existência de uma lei que retire da disputa candidatos “fichas sujas”, uma representação política de qualidade somente será possível com a participação de todos os agentes envolvidos na eleição. Os partidos políticos poderiam, por exemplo, além de fiscalizar seus adversários, criar mecanismos internos para impedir o registro de candidatura de seus filiados “fichas sujas”. Porém, ainda assim, corremos o risco de que todas essas providências sejam inócuas se os próprios eleitores não fizerem sua parte, pesquisando e se informando sobre os candidatos de sua preferência. n
16
crônica |
URBHANO mangabeiras | sion Belo Horizonte, 5 a 20 de março de 2014
maurilo andreas
Férias Depois de três anos trabalhando sem parar, férias! As malas já estavam arrumadas há uma semana e o itinerário por um trecho pouco conhecido do litoral norte do país definido há quase seis meses. Isolamento era a palavra-chave dessa viagem. Relaxar, perder-se do mundo, viver cada momento sem saber o que acontece o tempo todo em todo canto do planeta.
Maurilo Andreas é mineiro de Ipatinga, publicitário de formação e escritor por paixão. Casado com Fernanda e pai de Sophia, é autor de seis livros infantis e foi um dos homenageados na I Feira Literária de Passos. Seu texto “Sebastião e Danilo” foi escolhido pela revista Nova Escola para uma edição especial e vários outros fazem parte de livros didáticos e paradidáticos de diversas editoras.
Conferiu as passagens, deu a última olhada para ver se as janelas estavam todas fechadas, desligou o celular e colocou junto ao iPad, ao iPod, ao notebook e a tudo que significasse contato com a civilização. Dali em diante era apenas ele, sozinho, desconectado. Uma sensação de alegria o invadiu quando trancou a porta da casa e desceu as escadas em um ritmo mais lento do que se poderia imaginar diante de sua euforia. Pegou o táxi para a rodoviária sem nem se preocupar com as mais de
ck rsto utte : Sh o t Fo
quarenta horas que teria pela frente. O trajeto, tanto quanto o destino, faz
parte da viagem. E ao perceber-se livre, realmente livre, sorriu.
Dentro da casa, debaixo da pilha de papéis com a qual ele havia entulhado a lata de lixo, seu bilhete da Mega-Sena que seria premiado dois dias depois e que, ao voltar, ele nunca iria se lembrar de conferir. n