ANO 6 • Nº 62 • MAR/ABR 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA
MODA PROFISSIONAL
inverno 2010
megatendências masculino + JEANS SOLTINHOS BIJOUX DE CHRISTINE YUFON NOVAS FRONTEIRAS DA MODA LOJAS DE DEPARTAMENTOS MARÍLIA CARNEIRO
ISSN 1808-6829
R$20,00
VESTUÁRIO CALÇADOS&BOLSAS
MALHARIA
JEANS
INFANTIL
ACESSÓRIOS
LOJISTA CULTURA COMPORTAMENTO
Muito mais que inspiração
A UseFashion é a mais completa fonte de informações estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor. www.usefashion.com
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Foto: © Agência Fotosite
sumário
ANO 6 • Nº 62 • MAR/ABR 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA
MODA PROFISSIONAL
25 PING-PONG Conheça a multicultural Sachimi Garcia dos Santos 26 VISUAL MERCHANDISING Vitrine da Moschino, em Milão, é destaque 27 LOJAS Arquitetura e visual merchandising em lojas de departamentos 30 RADAR INTERNACIONAL Volumes e superfícies chapadas versus vazados e linhas finas 32 RADAR NACIONAL Inverno 2009: a permanência do folk 33 COMPORTAMENTO Delírios de consumo. Por Lia Camargo 36 PERFIL Marília Carneiro e a moda das novelas 38 CULTURA Perguntas que nunca fiz. Por Eduardo Motta 40 MEGATENDÊNCIA MASCULINO Inverno 2010: real e radical, uma questão de equilíbrio 78 MEMÓRIA O fotógrafo David LaChapelle
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ao leitor A anunciada desaceleração da produção e do consumo em função da crise pode ser abordada de forma positiva pela moda. Se caem os níveis quantitativos, sobem os qualitativos. Em períodos de instabilidade, o decréscimo nos números força esta reorientação para a excelência. Inicialmente, este rearranjo estratégico é adotado por quem dá diretrizes ao mercado, que são as marcas de primeira linha. Na sequência dos fatos, passa a orientar também aquelas que operam em grandes volumes. O maior desafio é encontrar o equilíbrio entre o senso de realidade imposto pela crise e a necessária dose de inovação. A moda precisa se manter no centro das atenções e, para isso, tem que oferecer produtos atraentes ou não mobiliza o interesse, não cria o encantamento que determina o desejo de compra. Muito além do apelo do preço e da função, a moda existe porque vende entretenimento e fantasia. Cientes disso, os criadores das semanas de moda masculina cuidaram para oferecer imagens fortes durante os desfiles de Milão e Paris. E não há nenhuma
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USEFASHION JOURNAL
inverno 2010
megatendências masculino + JEANS SOLTINHOS BIJOUX DE CHRISTINE YUFON NOVAS FRONTEIRAS DA MODA LOJAS DE DEPARTAMENTOS MARÍLIA CARNEIRO
R$20,00
ISSN 1808-6829
5 DICAS DA REDAÇÃO 6 É MODA Os looks das ruas de Paris e Nova York 8 ONLINE Novos Reports no www.usefashion.com 10 VESTUÁRIO A evolução da alta-costura 12 MALHARIA CIRCULAR O moletom está de volta 13 MALHARIA RETILÍNEA Tricô pesado e cheio de estilo 14 JEANS Brasileiras se rendem à modelagem ampla 16 MASCULINO Um balanço das últimas cinco edições de SPFW e Fashion Rio 18 CALÇADOS & BOLSAS Os refinados e os rústicos para os homens 20 INFANTIL As peças-chave para o inverno 2010 22 ACESSÓRIOS A arte de Christine Yufon 24 ACONTECE Premièrie Vision Pluriel e Fenim 25 OPINIÃO Novas fronteiras para a moda brasileira. Por Fernando Pimentel
VESTUÁRIO
CALÇADOS&BOLSAS
MALHARIA
JEANS
INFANTIL
ACESSÓRIOS
LOJISTA
CULTURA
COMPORTAMENTO
CAPA: A L ANVIN TR A Z UMA DAS MELHORES COLEÇÕES DA TEMPOR ADA: PROPORÇÕES EX ATAS E CARTEL A DE CORES DE ENCHER OS OLHOS. FOTO: © AGÊNCIA FOTOSITE
EXPEDIENTE Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Rodrigues
NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃO Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Subeditora Portal Aline Moura (Mtb 5.717) Gerente de Inovação Daniel Bender (Mtb 11.540) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Lisie Venegas (Mtb 13.688) e Tiago Fioravante (assistente) Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Aline Romero (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Assessora de Planejamento Angelita Manzoni Equipe de Pesquisa Nájua Saleh (moda), Aline Kämpgen, Carlos Paredes, Eduardo Nipper, Juliana Nascimento e Lisiane Ramos(classificação vitrines), Vanessa Faccioni (visual merchandising) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil) Colaborou nesta edição Fernando Valente Pimentel e Lia Camargo
UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações
contradição nessa postura, apenas um entendimento correto da natureza singular dessa indústria. Esta edição aborda essas duas semanas, alinhadas com as Megatendências na moda para homens, que irão vigorar no Inverno 2010. As principais referências de pesquisa, peças-chave, materiais e a cartela de cores, devidamente analisadas pela equipe de pesquisa da UseFashion, estão à sua disposição. São informações inspiradoras, vitais para o desenvolvimento de coleções que despertem desejo e impulsionem as vendas.
Jorge Faccioni Diretor-Presidente ERRATA: Na pág 8, em Top 5 de 2008, o certo é Janeiro de 2009.
Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.
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Redação 51 3037 9507 imprensa@usefashion.com
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Na pág. 78, editoria Memória, o termo correto é Swing London. Copyright © 2009 Sistema UseFashion de Informações Rua São Joaquim, 720 | Centro | São Leopoldo/RS CEP 93.010-190 | Fone: (51) 3037 9507
dicas
Informação é poder
da redação Hussein Chalayan
A UseFashion cobre mais de 30 cidades no mundo para manter você constantemente sintonizado com o mercado.
foto: divulgação
Até o dia 17 de maio, os fashionistas poderão conferir a exposição que traz o trabalho do estilista Hussein Chalayan, sua trajetória e fontes de inspirações. Liderando a vanguarda da moda contemporânea, Chalayan é conhecido por utilizar materiais inovadores e levar ao limite a tecnologia aliada à moda. A mostra foi aberta no dia 22 de janeiro no Design Museum em Londres. Confira: http://www.designmuseum.org/ exhibitions/2009/hussein-chalayan
Sim, nós podemos! - fornecer informações globais e locais em tempo real - incentivar o processo criativo - orientar as decisões estratégicas - manter você sempre um passo à frente!
Enquanto o étnico ganha análise aprofundada na Megatendência Fusão para o verão 2010, e no Brasil a Rede Globo recria a Índia no horário nobre, o Museu Victoria & Albert, em Londres, anuncia que abrigará a mostra “Marajá: The Splendour of India’s Royal Courts” entre 10 de outubro de 2009 e 17 de janeiro de 2010. A exposição trará a cultura da Índia documentada no ápice da sua exuberância, em pinturas, fotografias, tecidos, peças de vestuário, joias, objetos e móveis. Imperdível para quem estiver por lá, ou acessível no site do museu. Veja: http://www.vam.ac.uk/exhibitions/future_exhibs/maharajas/index.html
LYCRA® Xtra Life A INVISTA passou a produzir, com exclusividade no Brasil, o fio LYCRA® Xtra Life indicado para moda praia e esportes aquáticos, pois resiste até 10 vezes mais em contato com o cloro. A partir de agora, a empresa localizada em Paulínia, interior de São Paulo, será a segunda fábrica do mundo a produzir o fio. A tecnologia, lançada há quatro anos, era importada dos Estados Unidos. “A escolha do Brasil deve-se ao grande volume de peças produzidas para o segmento de moda praia no mercado local”, explica Carolina Sister, diretora de marketing da marca do fio LYCRA® para a América Latina. Saiba mais: www.invista.com
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Índia em alta
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lumoso Tricozão vo rer de or para não m díssimo. a u q e d A . io fr
O blazer d e c masculino, c orte om grandes botões de m etal, deixa a garota à vontade para fazer pose.
usadinha e m e b a ls o B problema. m u h n e n m se o bacanas ã s is a t e m Os não tem e o modelo eocupação r p r o n e m a ança. Em r u g e s a m co Paris pode!
Cores escu ra alongam a s s e legging ilh Assim, a po ueta. uc do salto da a altura b macia de ca ota no curto e franzido não faz a menor fa lta.
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Pegada jovem em três peças: blazer, blusa acinturada e minissaia. O estilo todo tem espírito vintage. Tá na cara que é roupa com história afetiva!
A! D k O r M Yo
Bolsa color ida no corpo e no detalhes da s alça.
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En orme go la de pe le f ak e p ara e span ta r qua lqu er possib ilidad e de parec er com porta d a de mais.
Casaco ¾ ho bem sequin e levemente acinturado.
Ela também escolheu três peças. Na verdade, toda a combinação se repete com poucas variações. Inclusive a silhueta é montada da mesma forma. A diferença está no espírito da coisa. Neste caso, o vintage informal cede lugar a um casual bem composto.
Para ver mais looks de Uso nas Ruas, acesse o portal www.usefashion.com São mais de mil fotos apenas este ano.
malha Meião com vazados de pontos esados. e sapatos p
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portal usefashion.com conteúdo para assinantes
NOVIDADES foto: © Agência Fotosite
foto: © Agência Fotosite
Reports dobram de quantidade
Tendências de desfiles internacionais
foto: reprodução
DESTAQUE
As frutas que vêm do Japão
As semanas de moda de Nova York, Londres, Milão e Paris ganham destaque especial nesta temporada de desfiles com a publicação de análises segmentadas para cada uma delas.
A tribo urbana das Fruits, também conhecidas como Decoras, surgiu no criativo cenário de Harajuku, em Tóquio, a partir do desejo de algumas meninas de incorporar características de suas personagens preferidas de animais e bonecas. Na prática, para ser uma Fruit é necessário parecer com uma boneca de carne e osso.
TOP 5 DE FEVEREIRO Ranking dos links mais acessados do portal UseFashion:
1º
Notícias: os acessos à área de notícias crescem todos os meses. O destaque em fevereiro foi a cobertura jornalística das feiras e semanas de moda internacionais.
2º
Desfiles: o início da temporada de desfiles femininos em fevereiro manteve este segmento como o segundo mais acessado do portal. Entre as novidades, destacamos os desfiles da Pure London.
3º 4º 5º
Adidas by Stella McCartney / Verão 2010 Atendendo uma necessidade perene de informações dos clientes, a UseFashion aumentou a quantidade de reports programados para publicação durante o mês. Eram 12 segmentos no início do ano passado, quando a área foi criada, e os assinantes começaram a receber mensalmente as análises de moda. Em fevereiro deste ano, foram enviados 20 reports e, em março, este número ficou ainda maior: 23. Entre as novidades do ano, estão os reports de Moda na Novela, sempre muito bem acessado; o de Feiras, em fevereiro publicamos dois deste segmento; o de Surfwear e o de Esporte, ambos muito desejados por quem trabalha para estes mercados. Além disso, os conteúdos de Malharia Circular, Retilínea, Calçados e Bolsas foram desmembrados em Feminino e Masculino. O report de Comportamento foi dividido em Uso nas Ruas e Comportamento (este voltado para consumo). Para acessar os reports, entre no Portal UseFashion e clique em Reports, no canto inferior esquerdo. Nesta página, os assinantes do portal podem solicitar o recebimento dos Reports por e-mail.
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Vitrines: os acessos às vitrines mantiveram-se relativamente baixos no início de fevereiro. No final do mês, com o aparecimento das primeiras vitrines de verão no hemisfério norte, o conteúdo ganhou fôlego e garantiu a terceira colocação. Feiras: novamente bem acessadas, por pouco, não têm mais acessos do que as vitrines. Entre os destaques do mês, estão a Bijorhca, Margin London e várias feiras de matérias-primas internacionais. Tendências de Desfiles: novidade no ranking, teve um mês movimentado devido à publicação das análises dos desfiles das semanas de moda nacionais.
CALENDÁRIO MARÇO
ABRIL
4 a 7 - Micam/Mipel
5 a 9 - Dragão Fashion
5 a 12 - Semana de Moda Feminina de Paris
15 a 17 - Lineapelle
8 a 10 - Children´s Club
28 a 2 de maio - Minas Trend Preview
24 a 27 - FIMEC
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vestuテ。rio
A nova e velha alta-costura ENTRE A TEATRALIDADE KITSCH E A CONCISテグ ARQUITETテ年ICA Anテ。lise: Eduardo Motta
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Dior | Paris
fotos: © Agência Fotosite
Shapes afiados e ausência de décor são apenas algumas das novas características assumidas pela couture atual. Sintoma de um tempo de crise? Crise da própria altacostura? Ou apenas evolução? É preciso tomar um pouco das três respostas para se chegar a alguma conclusão, contudo o percentual maior pode e deve ser creditado ao último item. A boa e velha alta-costura evolui como tudo o mais, é preciso reconhecer. Ficam os preciosismos técnicos, a observação das mil regras que sustentam a Fédération Française de la Couture, mas as formas...Ah! Estas são incontroláveis e assumem o desejo dos tempos. Como na arte, na arquitetura, no mobiliário, nos pequenos objetos utilitários e no desenho dos gadgets eletrônicos. Nada, exceto o dogma, fica imune à renovação. E este não é bem-vindo na área. Espera-se, ou pelo menos se aceita, menos de uma apresentação couture, não em qualidade ou estilo, mas na dosagem dos volumes, na exuberância kitsch e na grandiloquência teatral. Silhuetas de linhas retas, descrição e contenção não são mais palavras estranhas nesta atmosfera rarefeita. A convivência tumultuada entre estéticas do passado e do presente rende pérolas como o vestidão Galliano para Dior. Ele preenche barrocamente todas as expectativas sobre o que deveria ser a couture. Em outra direção, está a concisão formal do trabalho do Ricardo Tisci para a Givenchy. Nem toda a pompa e circunstância de um ofusca a precisão do outro. Em conjunto eles dão o tom do que a alta-costura oferece na atualidade. No seu blog (blogbrunatenorio.blogspot. com), Bruna Tenório, modelo brasileira de apenas 19 anos e cotação batendo nas alturas no circuito internacional, narra a complexa operação que envolveu a prova do vestido Galliano. (Que ela carrega majestosamente, na imagem ao lado). A experiência dela, uma garota extraída da sua Maceió para envergar um símbolo de cultura e tradição, com raízes fincadas na aristocracia do passado, serve de metáfora para esta guerra dos mundos de ontem e de hoje, travada nas passarelas para o deleite de poucos, muito poucos. Veja as 855 fotos dos 26 desfiles de altacostura no portal www.usefashion.com
Givenchy | Paris
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malharia circular fotos: © Agência Fotosite
Osklen | SPFW
OESTUDIO | SPFW
O retorno do moletom CORTES, VOLUMES E ACABAMENTOS REDEFINEM UM CLÁSSICO DA MALHARIA Por Fernanda Maciel Consultoria: Paula Visoná A máxima de que a criatividade vem à tona em tempos de crise confirmou-se no instigante trabalho com o moletom. O material, usualmente pouco explorado fora do esportivo ou do streetwear ligeiro, foi tratado como protagonista nas propostas para o inverno 2009. Associado a peças básicas, em que a preocupação com modelagem conta pouco, ele ganhou status novo, aplicado em peças elaboradas. Preservou-se a ideia de conforto, mas associada a formas contemporâneas e experimentações com volumes e acabamentos. A Osklen entrou pesado na proposta. A linha mestra da coleção apresentada na última SPFW é a explora-
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ção de possibilidades com o moletom. Basicamente com o clássico moletom mescla. É com ele que são obtidos todos os aspectos e formatos.
O coletivo de criação OESTUDIO partiu para beneficiamentos com estonagens e efeitos de desgastes a laser, aproximando o moletom do aspecto do jeans.
A escolha é duplamente acertada, pois diz respeito à pegada esportiva tanto do material quanto da marca.
As marcas brasileiras não estão sozinhas nesta onda. A Lanvin tem experimentado o material com sucesso no masculino, deslocado do esportivo para a alfaiataria.
A modelagem polimórfica, as construções com certo apelo futurista e os efeitos de superfície com aplicação de resinas e películas, redefinem o uso do moletom: a partir daqui ele passa a servir a um outro patamar de criatividade. A Colcci também adotou cortes complexos em modelos de inspiração militar, e deixou de lado os elásticos e amarrações de sempre para usar abotoamento clássico.
É interessante que sejam dadas novas soluções para o que já está aí. O moletom tem bom custo, é confortável, e oferece grande plasticidade variando em peso e densidade. Limitar o seu uso a trainnings, cangurus e blusões sem forma é um tabu. Ótimo que tenha caído por terra.
malharia retilínea fotos: © Agência Fotosite
Osklen | SPFW
Alexandre Herchcovith | SPFW
Para aquecer e fazer estilo TRICÔ PESADO PARA O INVERNO Por Inêz Gularte Consultoria: Angela Aronne As malhas em tricô pesado marcaram presença nas passarelas de Fashion Rio e SPFW nas apresentações das coleções de inverno 2009. Mesmo com o frio pouco rigoroso por aqui, tudo indica que as peças com aspecto mais pesado serão vedetes na estação. Talvez nem tanto pelo clima, mas por puro estilo. Maxipulls, blusões e amplos casacos deram o tom da temporada nas passarelas nacionais. Dentre as marcas que apostaram nessa tendência estão a Reserva, Redley, Osklen, Simone Nunes, Alexandre Herchcovith, entre outras. Para Roni Meisler, estilista e um dos sócios da Reserva, ao lado de Fernando Sigal e Diogo Mariani, o sucesso dessas peças se deve principalmente ao gosto nacional. “O brasileiro adora se vestir bem. Quando vem o frio - mesmo que pouco - a primeira coisa que observamos nas ruas são os tricôs e casacos mais pesados. Temos o tricô como marca registrada e como um sucesso sob o ponto de vista comercial”, comenta. Ele conta que o desenvolvimento foi feito em 100% linho e diz que trabalharam o crochê nas peças com pontos mais abertos. A Osklen desenvolveu um trabalho diferente, usando a técnica do tricô, mas de forma bem criativa, alinhada ao tema da coleção. “O conceito do desfile foi o moletom em sua versão básica (estilo hoodie e
na cor mescla). Então, pensamos em usar o próprio moletom para fazer os tricôs. Para tanto, cortamos o tecido em forma de fio e tricotamos como se fosse lã”, informou a equipe de estilo da marca. O resultado apareceu em peças criativas que aproximam técnicas milenares de malharia feita à mão com a modernidade. O importante, nesse caso, foi a técnica na mistura de uma matéria-prima tão importante para o público jovem, como o moletom, usado de maneira exclusiva na Osklen. Uma prova das infinitas possibilidades de criação do tricô com as suas construções de texturas. Pensando nessa tendência, conversamos com a Best Malhas, representante das máquinas japonesas Shima Seiki no sul do Brasil. Luis Seild, presidente da empresa, acredita que os tricôs pesados estão agradando em cheio o gosto nacional. “Os pedidos mostram demanda crescente. Temos muitas máquinas de gauges 3 e 5 no mercado, porém, até o ano passado, não foram suficientes para atender a demanda”. Ele diz surpreender-se com o fenômeno que ocorre no Brasil. “Não temos um frio tão rigoroso como o europeu, porém, enquanto lá, as espessuras grossas estabilizaram em vendas, aqui, até o ano passado, só cresceram”. O fato é que o brasileiro, por ser essencialmente tropical, valoriza o lado pesado do
inverno. Nesse sentido, estas máquinas possibilitam, pela sua tecelagem, um tricô com aspecto pesado, mas que, dependendo da matéria-prima usada na confecção, não resulta em peças tão quentes como parecem. As misturas da lã com algodão, sedas e viscoses, na composição das matérias-primas dos fios, são ideais para esse tipo de construção. Lógico que estes materiais devem ser importados. Quanto aos aspectos artesanais, Luis chama a atenção para a infinita possibilidade tecnológica das máquinas modernas. “A tecnologia já permite que o trabalho hand made seja reproduzido pelos programas destas máquinas, que não deixam nada a dever ao trabalho artesanal, principalmente nas gauges 3 e 5. Detalhes que seriam inviáveis nos acabamentos feitos à mão são trabalhados e emprestam ao tricô de aspecto artesanal a sua capacidade de acabamentos impecáveis”. Ele acrescenta que muitas peças dos desfiles, que parecem feitas à mão, são reproduzidas pela tecnologia. De olho nas novidades, a malha retilínea vem conquistando cada vez mais o mundo da moda. Despertando, dessa forma, para a grande possibilidade de recursos tecnológicos que acompanham as mentes criativas dos designers do setor têxtil. Pelo visto, esta febre chegou ao Brasil e veio para ficar. MARÇO/ABRIL 2009
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jeans
Modelagem ampla BRASILEIRAS SE RENDEM AOS MODELOS SOLTINHOS PARA O INVERNO 2009 Por Fernanda Maciel Consultoria: Juliana Zanettini
Foi a calça flare, modelo inspirado na moda dos anos 70, a primeira a declarar guerra contra a skinny, ainda no inverno de 2008. No mundo inteiro, a flare despertou desejo e logo ganhou adeptos devido à silhueta elegante e ao espírito vintage. Contudo, no Brasil, terra dos bumbuns avantajados e do culto aos contornos do corpo, não foi bem assim. Talvez em função de apresentar cintura alta, logo não disfarçando quadris, o modelo não alçou vôo por aqui. Depois foi a vez das opções boyfriend, cenoura e pantalona conquistarem o mundo. Um pouco atrasadas, finalmente ganharam papel merecido entre as marcas do Fashion Rio e SPFW e, pela primeira vez, as wide legs puderam ser vistas em grande frequência nas passarelas. Repaginadas em denim de bom caimento, que evita volumes indesejáveis, as modelagens relaxadas foram a grande novidade em termos de jeanswear para o inverno 2009 em solo tupiniquim. Certamente a predileção pelas skinnies não vai terminar por aí, porém, com certeza, os modelos soltinhos têm tudo para conquistar espaço na moda nacional. Confira outras tendências para o segmento jeanswear no link Tendências de Desfile - SPFW no portal www.usefashion.com
ENTENDA MELHOR CADA MODELO CALÇA BOYFRIEND Modelo inspirado nas five pockets masculinas. De apelo street, tem cintura baixa e geralmente é usada com barras dobradas, evidenciando os tornozelos. (Ellus) CALÇA CENOURA Versão com caixa soltinha e pernas afunilas em direção às barras. A grande vantagem deste modelo é que ele não cria grandes volumes. (Cantão) PANTALONAS As calças pantalonas com inspiração nos looks de alfaiataria ganham bossa quando escolhidas com cintura regular e denims beneficiados a tal ponto que são confundidos com outros materiais. (Isabela Capeto) Ellus | SPFW
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fotos: © Agência Fotosite
Cantão | Fashion Rio
Isabela Capeto | SPFW MARÇO/ABRIL 2009
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masculino
Moda brasileira UM CHECK UP A PARTIR DOS DESFILES NACIONAIS Por Fernanda Maciel Consultoria: Paula Visoná e Eduardo Motta
A partir de 2007 (ver quadro), é possível contabilizar um aumento significativo da moda masculina nos desfiles nacionais. São Paulo contou com 13 marcas no inverno 2007, foi a 19 no verão 2008 e agora bate em 16. No Fashion Rio, de cinco marcas no inverno 2007 a cifra subiu para 10 no inverno 2009. Um aumento de 100%! E tem espaço para crescer muito mais. Alexandre Herchcovitch, Osklen, Ellus, Cavalera, 2and Floor, V. Rom e Mario Queiroz participaram de todas as cinco últimas edições e são os mais assíduos em São Paulo. Redley e TNG os mais aplicados no Rio de Janeiro. Estatísticas e regionalismos à parte, é no ganho qualitativo e na resposta do mercado à evolução dos estilos que essa vertente se consolida, com a diversidade de ofertas e o amadurecimento técnico andando de mãos dadas. A Reserva apresenta uma linha de evolução consistente. Para passar da condição de marca cult carioca e alcançar repercussão nacional, investiu em estilo, imagem e boa distribuição. Herchcovitch consegue imprimir senso comercial ao gosto experimental. Ele conversa e vende com desenvoltura para tribos jovens urbanas e amantes da moda em geral. A Osklen vende lifestyle eco rich muito bem, com clientela cativa e definida. Mario Queiroz vem da alfaiataria. Já a Ellus vende jeans de qualidade e em grande volume. Apenas nessa pequena seleção é possível detectar o quanto o painel da moda masculina tornou-se rico e complexo nos últimos anos. (Veja line up do Rio e SP no inverno 2009).
PARTICIPAÇÕES EM CINCO EDIÇÕES
O UseFashion conversou com alguns profissionais do ramo para saber o que é que eles pensam do assunto: MARIO QUEIROZ (Estilista, desfila na SPFW desde a edição de verão 2002 e tem loja própria em São Paulo.) “A moda masculina continua sendo considerada ‘menor’ que a feminina, continuamos vendo a mídia limitar os comentários dos desfiles das marcas voltadas ao universo do homem. Parece estranho já que todo mundo admite que os homens estão mais vaidosos e interessados no assunto. Na verdade os preconceitos, que tanto criticamos, ainda são alimentados pela própria mídia, ouço comentários absurdos de pseudo-jornalistas de moda falando sobre as criações dos estilistas alimentando a ideia de que ‘homem de verdade’ não gosta de novidades ao se vestir. Em função deste não-retorno da mídia sinto que os eventos se acanham e acabam embarcando em uma onda retrógrada e não valorizam como deveriam as marcas e estilistas que se dedicam à moda masculina”.
“Cresceu muito. Nunca se falou tanto em moda masculina como hoje no Brasil, e podemos comprovar isto principalmente nos eventos lançadores de novos estilistas, como por exemplo o Rio Moda Hype, do qual eu participei, onde vários estilistas apresentaram suas propostas para o setor. Acredito também que esta seja uma tendência, e este espaço continuará crescendo a cada temporada, já que a imprensa especializada tem criticado as coleções masculinas como as melhores de cada evento.” LORENZO MERLINO (Estilista, um dos criadores da semana de moda Casa de Criadores, em São Paulo, estreou na SPFW na edição de verão 2003. Desde o ano passado, vem realizando apresentações especiais que ele chama de Circuito.) “Após um breve período de crescimento houve agora uma estabilização do número de grifes masculinas. Ainda é um crescimento muito tímido em relação ao potencial. Um primeiro passo seria a criação de uma revista brasileira de moda masculina. Todas as existentes em nosso mercado são essencialmente de comportamento.”
SILVIO HALLECK (Estilista, aluno do curso de design de moda da Universidade Veiga de Almeida, estreou sua primeira coleção de inverno 2009 em janeiro no Rio Moda Hype. Integrou as equipe de estilo da Osklen e da Toulon.)
*QUEM
DESFILA NO RIO
*QUEM
DESFILA EM SP
Inverno 2007:
Verão 2008:
Alisson Rodrigues (Rio Moda Hype)
Alexandre Herchcovitch
Mario Queiroz
SPFW: 13 marcas
SPFW: 19 marcas
Ausländer
Amapô
OESTUDIO
FR: 5 marcas
FR: 14 marcas
Bianca Graham Ferreira
Cavalera
Osklen
Complexo B
Colcci
Reserva
Inverno 2008:
Verão 2009:
Frame (Rio Moda Hype)
Do Estilista
Ronaldo Fraga
SPFW: 15 marcas
SPFW: 18 marcas
Halleck (Rio Moda Hype)
Ellus
Triton
FR: 7 marcas
FR: 9 marcas
Ivan Aguilar
2and Floor
UMA
R. Groove (Rio Moda Hype)
Lino Villaventura
V. ROM
Inverno 2009:
Redley
SPFW: 16 marcas
TNG
FR: 10 marcas * Line up referente à edição de inverno 2009, ocorrida em janeiro.
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foto: © Agência Fotosite
Bianca Graham Ferreira | Inverno 2009 | Fashion Rio
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calçados & bolsas
TRÂNSITOS Por Inêz Gularte Consultoria: Eduardo Motta Há trânsitos recorrentes e definidos na estética dos complementos masculinos. Falar dos que são determinados pelo uso casual ou social nem sempre é pertinente em um tempo em que a tolerância ao deslocamento destes códigos é recorrente. Entretanto, se há um percurso que permanece visualmente bem demarcado, é aquele que leva do rústico ao refinado. Vejamos como ele pode ser reformulado.
Salvatore Ferragamo | Milão
A associação do rústico apenas com o não-sofisticado ou com formas brutas do passado não procede. É fato que o conceito se prende ao aspecto natural, e que explora alguns clichês de cores e matéria-prima, mas é ampliado pelo poder de um design inovador, multiplicando compartimentos na bolsa e redefinindo a silhueta do brogue, por exemplo.
Miharayasuhiro | Paris
Estabelecer uma relação direta entre refinamento e conservadorismo formal seria outro equívoco. Nestes casos, nem o preto absoluto, que é um sinal de distinção, nem as linhas puras, estão a serviço do clássico. São elementos que amparam subversões mínimas e bem planejadas na desconstrução da pasta em couro macio e na fôrma geometrizada do calçado social.
Jil Sander | Milão
Costume National | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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infantil
Peças-chave do inverno 2010 CONFIRA AS NOVIDADES EM VESTUÁRIO E CALÇADOS PARA A MENINADA
Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller Sem lugar para neutros e básicos, as peças para o inverno 2010 prometem colorir o guarda-roupa infantil. Para aquecer, os pelos e as peles estão em alta não apenas no vestuário, mas também em calçados e acessórios, compondo com diversos materiais, de nylon à lã. Padronagens clássicas como espinha de peixe, pied de coq também são destaques para a temporada. Eles compõem looks confeccionados com tecidos ricos em texturas. O matelassê e os metalizados estão tanto em jaquetas como também nos pés dos meninos e das meninas. Na onda das referências barrocas, muitas marcas apostaram no abotoamento duplo, nas pregas, nas mangas franzidas e volumosas, nos laços e fitas e nas passamanarias deixando as peças mais ricas. Para proporcionar maior agilidade, o jeans recebeu atenção especial ao conforto da criança, com recortes e pences oferecendo um ar mais elaborado à peça. Destaque para os jeans leves. Os calçados foram bastante trabalhados com aplicações, brilhos, franjas e estampas. Nos fechamentos, as amarrações na parte posterior do calçado foram enfatizadas. Atente para os abotinados e as sapatilhas.
I Pinco Pallino | Pitti Bimbo
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fotos: UseFashion
Moschino | Pitti Bimbo
Desfile Diesel | Pitti Bimbo MARÇO/ABRIL 2009
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acessórios
A particular arte de Christine Yufon SUBJETIVAS, AS BIJUTERIAS DA DESIGNER CHINESA CONQUISTAM GOSTOS UNIVERSAIS Por Lisie Venegas
“De que importa onde nasci ou quantos anos tenho? Isso tem mais valor quando nos referimos a um bebê. Para mim, o sentido real de minha origem é quem me tornei”. Essa foi a primeira frase de Christine Yufon, antes de começarmos a entrevista, em seu atelier localizado no bairro Higienópolis em São Paulo. A designer e artista plástica chinesa, que desde 2005 produz bijuterias exclusivas para a grife Neon, é tão assediada pela mídia nacional e internacional que, ao longo dos anos vivendo no Brasil, já está farta das mesmas perguntas. Mas para desvendar um pouco dessa personalidade tão interessante, é preciso ressaltar que, se atualmente seu nome é um dos mais reconhecidos do setor, ela teve que aprender a reconhecer as oportunidades. Nascida nos anos 20 em Pequim, Christine fixou residência no Brasil graças à revolução cultural na década de 50, junto ao marido e ao filho. Em solo brasileiro, deu a luz a mais duas meninas, viajou pelo mundo como manequim e também fundou umas das escolas pioneiras no Brasil voltada ao marketing pessoal, ensinando pessoas que vão desde donas de casa a personalidades. “Costumo dizer que sou mais estudante do que professora. Minhas alunas
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e eu chegamos a uma profunda ligação, conseguimos atingir a essência da personalidade”, afirma. Mas foi aos 50 anos de idade que descobriu uma aptidão, que segundo ela, representaria o início e o fim de um ciclo importantíssimo em sua vida: a escultura. Inicialmente confeccionadas em argila, depois em bronze e cimento, suas esculturas ganharam tanta notoriedade que foram expostas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) e também na China. O próximo passo e o que nos levou até seu atelier, foi a produção de bijuterias, representação fiel de seu espírito. “Acredito que tudo que crio é um pouco do que sou. Minhas bijouxs são uma forma de escultura, transmitem minha força, não são melhores e nem piores que as de ninguém, são particulares”, define. E é justamente essa particularidade que faz dos acessórios de Christine verdadeiras obras de arte, valorizadas e reconhecidas como ocorreu na última edição da São Paulo Fashion Week, em janeiro, quando Dudu Bertholini e Rita Comparato, estilistas da Neon, fizeram um desfile que homenageou sua obra. Na ocasião, as roupas foram coadjuvantes para os acessórios criados por ela e, na passarela, as modelos também tiveram um styling todo baseado
em Christine, com maquiagem semelhante a que ela usa. “Quando conheci Dudu e Rita, estava vestindo o primeiro acessório que criei, um colar vermelho feito em madeira. Logo, decidimos fazer a parceria e fiquei muito contente, pois aprecio as cores e a liberdade da Neon”, conta. Segundo ela, sua intenção ao confeccionar esculturas e bijuterias é a de que elas, mais do que adereços representem algo. “Gosto que minhas peças transmitam energia, mesmo sendo abstratas, como é todo o meu trabalho. Elas têm uma mensagem, é preciso saber enxergar, entender que em tudo pode existir uma oportunidade. Conseguir isso é valioso e raro”, diz. Feitas em acrílico, madeira, madrepérola, bronze, sementes e pedras brasileiras, as peças da designer trazem cores diversas. “Utilizo matéria-prima da nossa terra”, afirma orgulhosa. Os tamanhos são grandes e costumam ultrapassar limites, como os colares que se enrolam no pescoço e podem descer até o busto ou a cintura. Os brincos com formas naturais, dificilmente se limitam às tradicionais extensões, assim como os braceletes, que podem ocupar a metade do braço, mas que esteticamente informam a leveza do espírito de Christine Yufon.
fotos: © Agência Fotosite
Desfile Christine Yufon na SPFW
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foto: UseFashion
acontece
Inovação e foco PREMIÈRIE VISION PLURIEL - VERÃO E INVERNO 2011 Dividida em seis salões - Première Vision, Indigo, ModAmont, Zoom by Fatex e Le Cuir (verão 2011) e Expofil (inverno 2011) - a Première Vision Pluriel reuniu 1.200 expositores destacando as cores luminosas obtidas por meio de processos sustentáveis como principal tendência captada pelo Comitê de Moda do evento. A crise econômica e o temporal, que fechou os aeroportos da cidade no primeiro dia do evento, modificaram o ritmo em comparação às últimas edições. Mesmo assim, as vendas foram satisfatórias, com um perfil de compradores focados na busca de inovações e na pesquisa. Por outro lado, os expositores apostavam em estratégias interessantes para mostrar os produtos e suas qualidades de forma criativa. Com menos visitantes que nas últimas edições, quando a mostra viveu um crescimento que durou sete anos, em termos de negócios, a feira foi considerada interessante por causa da qualidade dos visitantes. “As principais marcas enviaram menos compradores, mas não deixaram de vir. O que vimos foi o core staff dessas marcas aqui, e isso é bom”, afirmou
Philippe Pasquet, CEO da Première Vision. O que se viu este ano foram compradores focados e expositores divididos em relação às expectativas. De um lado, os céticos que acreditam que a crise os está levando ao fundo do poço. De outro, um grupo confiante em que sua criatividade na hora de oferecer soluções e novidades pode superar qualquer dificuldade do mercado. “Depois da inflação, entramos em um período de deflação, pressionando os preços para baixo, e os fabricantes estão defendendo suas diferenças com vitalidade”, avaliou Pasquet. Para demonstrar a capacidade de recuperação do setor, a Première Vision Pluriel anunciou que a próxima edição terá novo visual. O protótipo dos novos estandes, criados em parceria com o designer Eric Jourdan e pela diretora de arte Francesca Avossa,
foram expostos no Pavilhão 5 do Parque de Exposições de Villepinte. Foi criada uma grande cidade de blocos de tela branca, evocando sobriedade e afirmando a natureza cosmopolita e contemporânea do evento. A próxima edição da Première Vision Pluriel acontecerá de 15 a 18 de setembro, em Paris. Em princípio, a direção da feira não cogita a possibilidade de reduzir a mostra de quatro para três dias, como acontece em outras feiras do setor têxtil. Acesse o link Feiras do portal www.usefashion.com e veja as 843 imagens dos 55 estandes da Première Vision Pluriel.
Crescimento de 30% FENIM – INVERNO 2009 A 13ª edição da Fenim (Feira Nacional da Indústria da Moda), que aconteceu entre 27 e 30 de janeiro, registrou números expressivos. Teve um público de 32 mil pessoas e um crescimento médio de 30% no volume de negócios. Participaram lojistas de 22 estados brasileiros e compradores internacionais de 19 países. Os cerca de 600 expositores, representando mais de 1.200 marcas, apresentaram coleções de outonoinverno 2009, com destaque para lançamentos de malharia retilínea, jeanswear e dois salões específicos, um de lingerie e outro só de moda masculina. Na moda jeans, apesar de tanto se falar em pantalonas e bocas de sino, elas ainda não rendem vendas; a cintura realmente está subindo mais a cada estação, e o jeans atual está mais limpo no quesito lavagens, com destaque para as acinzentadas. Já os botões, estes são protagonistas das peças da temporada, aparecendo em quantidade. foto: divulgação
A malha retilínea destaca modelagens amplas, com mangas tipo morcego, cava deslocada, caftans, ou mesmo sem mangas, a exemplo de capas e dos tradicionais ponchos. O estilo indiano parece influenciar bastante as marcas. Juliana Paes na campanha da Malharia Anselmi
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Confira a cobertura de diversos estandes no link Feiras do portal www.usefashion.com
opinião FERNANDO VALENTE PIMENTEL*
O setor têxtil e de confecção brasileiro é o sexto maior do mundo, com 30 mil empresas que empregam mais de 1,6 milhão de trabalhadores e faturou, em 2008, US$ 43 bilhões. Apesar dessa dimensão, ainda tem uma participação pequena no mercado mundial. Exportador tradicional, somente nas duas últimas décadas que foi acentuada a atividade exportadora do País, sobretudo na indústria da moda que tem buscado intensamente aumentar a sua inserção no mercado global. No entanto, a falta de acordos comerciais nos colocou numa posição desvantajosa em comparação a tantos concorrentes que obtiveram esses acordos muito antes e com grandes mercados mundiais como EUA, Canadá, Japão e países europeus. Mas, estamos buscando nosso espaço nesses mercados e também em outros. Recentemente, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção realizou encontros com empresários e membros do governo Brasil-EUA e Brasil-União Européia. Foram assinados Memorandos de Entendimento para aproximar os empresários possibilitando a realização de negócios, mas, principalmente, abriu-se caminho para um acordo comercial a ser negociado no médio e longo prazo. Apesar da crise internacional ter atropelado nossas expectativas de velocidade dos acordos, continuamos mantendo contatos, pois, quando esses países voltarem a comprar, queremos estar mais próximos de um acesso preferencial. Enquanto isso, além de fortalecer nossas posições em mercados já abertos, estamos buscando novos mercados. Em janeiro, a ABIT foi convidada a integrar a comitiva multissetorial organizada pelo governo para conhecer e fazer contatos comerciais com vários países do norte da África. O continente africano importa cerca de US$ 19 bilhões de têxteis e confeccionados e exporta perto de US$ 14 bilhões. É um mercado com bom potencial a ser explorado e, atualmente, nosso maior destino das exportações têxteis tem sido Angola. Com a comitiva do governo, visitamos a Líbia, a Argélia, a Tunísia e o Marrocos. Alguns desses países já estavam no foco de pesquisa e prospecção do Texbrasil, programa
que a ABIT desenvolve juntamente com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O Marrocos, por exemplo, pode ser uma boa oportunidade para venda de insumos, pois tem uma indústria forte de confecção, mas também para exportação de vestuário. Inclusive, o setor têxtil e de confecção está sendo consultado pelo governo brasileiro quanto à elaboração de uma lista de produtos para tarifas preferenciais, já no âmbito de um acordo bilateral com os marroquinos. A Tunísia é um país de triangulação, pois produz para grandes marcas da Europa (um grande faccionista), especialmente italianas. Assim, os empresários tunisianos podem ser a porta de entrada de produtos brasileiros para esses mercados. Quanto à Líbia e a Argélia, são países que começamos a conhecer e, por enquanto, sabemos que Líbia está se abrindo mais para empresas estrangeiras e investindo em infra-estrutura, um claro sinal de avanço nas relações comerciais. A Argélia está se preparando para entrar na Organização Mundial de Comércio (OMC) e esta postura nos anima a pesquisar mais sobre este país. O Brasil poderá aumentar significativamente as exportações se trabalhar em todas as frentes, ou seja, mercados tradicionais e novos mercados conjuntamente. Não basta, evidentemente, prospectar novos compradores e apresentar produtos inovadores. Sem uma política mais agressiva de incentivo aos exportadores por parte do governo, ficará cada vez mais difícil e desequilibrada a concorrência. Nossa parte é buscar mercados, fazer um produto de qualidade, inovador, criativo e sustentável em toda a produção. A parte do governo é diminuir a distância entre nós e os demais concorrentes mundiais. A comitiva multissetorial voltou da África otimista, vislumbrando oportunidades de negócios. Começamos a abrir mais um caminho e temos toda a competência industrial e criativa para atender essas novas demandas. O governo se mostra sensível em nos ajudar nesse caminho, mas precisa imprimir mais velocidade. Afinal, a moda não tem fronteiras e gira com um dinamismo único.
foto: ABIT / divulgação
NOVAS FRONTEIRAS PARA A MODA BRASILEIRA
* Diretor Superintendente da ABIT ( Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção)
foto: divulgação
ping-pong Sachimi Garcia dos Santos é diretora de arte e designer. Nascida em Leuven, na Bélgica, filha de pai brasileiro e mãe japonesa, crescendo e sendo educada na Bélgica, EUA, Brasil, Japão e Porto Rico, ela é realmente multicultural. Formada em publicidade no Centre des Arts Décoratifs em Bruxelas, em 1991, criou, entre diversos outros trabalhos campanhas, catálogos e convites na área de moda para marcas como Maria Bonita, Rhodia e Huis Clô. Em 1996, ganhou o prêmio Leão de Prata em Cannes na categoria Press & Pôster. Em 2000, criou a S. unlimited, onde atualmente coordena e cria trabalhos de comunicação visual para clientes de diversas áreas, principalmente de moda. Além disso, passou pela gastronomia e recentemente abriu a exposição de arte africana contemporânea da SOSO, que vai até o dia 21 de março, em São Paulo, atuando como coordenadora das ações da Fundação Sindika Dokolo, instituição criada há cinco em Luanda, na Angola, que é coprodutora da mostra. Ícone de moda? A Kate Indispensável no guarda-roupa? Echarpes de tecidos da Ásia.
Um presente marcante? Uma obra de arte do próprio artista. Um aroma? Manjericão.
strength from the soul. And make your transition. Make your transition. (Underground Resistance). Um filme? 2001 - Uma Odisséia no Espaço.
Sonho de consumo? Uma casa com vista para o mar.
Música do momento para você? In a Silent Way do Miles Davis.
A melhor compra? Uma Leica que foi roubada recentemente...
Seu estilo? Só meu.
Um lugar? Paraty.
Um livro? East of Eden de John Steinbeck.
Uma comida? Sushi do Sushizanmai! O Brasil hoje? É a minha casa.
Uma frase? Just point yourself in the direction of your dreams. Find your
Uma mania? Tomar chá.
A pior compra? Hmmmmm, difícil. Não usaria? Babylook.
Uma dica? É só arrasar! MARÇO/ABRIL 2009
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foto: UseFashion
visual merchandising A maioria das grandes grifes lança um conceito que leva o visual de loja de todos os pontos de venda para uma mesma direção. Por isso, em todo o mundo, as vitrines destas grifes são extremamente padronizadas. Na contramão desta forma de trabalho, a Moschino faz vitrines com temas e inspirações variadas. Em fevereiro, em Milão, enquanto a vitrine da Via Della Spiga apresentava o tema Acrobats, uma outra, totalmente conceitual, intitulada Hot air ballons, oferecia um show à parte na Via SantAndrea. Observe que nenhum produto está exposto, mas é difícil ficar indiferente a esta vitrine. Então fica a dica: às vezes, é interessante investir em temas diferentes e vitrines conceituais, pois, dessa forma, o cliente fica curioso para entender a temática e ver tudo que a loja tem em seu interior.
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foto: divulgação
Vitrine da C&A em São Paulo. Projeto citado na revista inglesa Retail Week como destaque.
Lojas de departamentos COMO O VISUAL MERCHANDISING E A ARQUITETURA PODEM ALAVANCAR AS VENDAS Por Inêz Gularte
Alguns especialistas acreditam que as lojas de departamentos estão desaparecendo no Brasil. Pelo menos no que diz respeito ao seu formato original. É que, por definição, conforme o livro Marketing de Varejo, organizado pela FGV, “são lojas de departamentos, aquelas que operam em uma área de vendas acima de 4 mil m² e trabalham com uma ampla linha de produtos...” sendo que cada linha é operada como um departamento, com estrutura própria de venda, promoção, controle e administração sob responsabilidade de um especialista. É verdade que, no Brasil, as lojas de departamentos operam com uma variedade de produtos bem inferior às de antigamente. Mas, sob essa nova perspectiva, continuam existindo. Para entender como esse tipo de varejo trabalha a arquitetura e o visual merchandising, conversamos com o arquiteto especialista na criação de conceitos para varejos de grandes formatos, Júlio Takano. Atuando na área desde 1985, sua empresa a Kawahara Takano é responsável pelo projeto da C&A no Brasil, eleito pela revista inglesa Retail Week como “loja da semana”, ano passado. Além de projetos como o do Wal-Mart, Riachuelo, Marisa, Pernambucanas, entre outros.
UseFashion: Qual a importância da sinalização dos setores na loja de departamentos?
UF: Quais as principais formas de sinalizar cada área interna?
Júlio Takano: Devido às dimensões de uma loja de departamentos, é extremamente importante que o consumidor perceba a escala e a grande variedade de produtos, por isso trabalhamos o conceito umbrella brand, onde tratamos o ponto de venda como um grande guarda-chuva, em que a grande marca da loja de departamentos abriga abaixo de si “mundos” que são departamentos resultantes da compartimentalização da área de vendas (commodities) e submarcas, que têm como objetivo identificar-se com o estilo de vida de cada consumidor (lifestyle). Uma vez definida esta estratégia, passamos a sinalizar em escala adequada cada um dos departamentos. Esta sinalização obedece a alguns critérios básicos:
JT: A ferramenta mais importante para sinalizar áreas de vendas é o merchandising. Ele é a técnica de alocar os produtos corretamente de acordo com a percepção e as necessidades de compra do consumidor. Por exemplo, uma loja de departamentos, com cerca de 6 mil m², onde somente a moda jovem, com 2 mil m², representa um mundo. Nele, apesar do agrupamento dos produtos, necessitamos do apoio de uma sinalização gráfica competente, para que o público jovem perceba e se identifique com os vários estilos presentes. Para isso, criamos submarcas intrinsecamente ligadas ao departamento de compras e ao marketing da empresa. Já, em uma loja especializada em moda jovem, com 200 m², a escala permite um total domínio espacial por parte do cliente. Neste momento, o visual merchandising ganha papel importantíssimo para a percepção e sinalização dos produtos. Vale lembrar que a percepção de um produto apresentado em um LCD com mais de 50 polegadas é 15 vezes superior ao mesmo produto apresentado em um banner.
Road sign (acima de 150m): consumidor percebe a loja de departamentos; Mundos (até 50m): consumidor percebe os departamentos dentro da loja; Submarcas (até 25m): consumidor se identifica com estilo de vida; Features (até 60cm): consumidor recebe informações técnicas e de preço sobre os produtos.
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Flagship Riachuelo, em Salvador, com 5.100 m² de área de vendas.
UF: Como a arquitetura e o visual merchandising podem guiar o cliente para as áreas mais visadas da loja? JT: Um trabalho de conceito de varejo bem elaborado é aquele onde não se percebe os limites da arquitetura de varejo e visual merchandising, pois eles devem caminhar juntos em busca de uma solução integrada. Logo na fachada, a arquitetura busca diferenciar-se de todo contexto arquitetônico de seu entorno, maximizando as potencialidades visuais e lançando mão de materiais inéditos que imprimam o DNA da marca, de forma a criar um padrão na mente do consumidor. O visual merchandising integra-se à fachada através da elaboração de vitrines que transmitam imediatamente a ambiência e experiência que se espera das novas coleções. Somado à vitrine, implementamos os Greaters, pontos focais centrais de atração, localizados no eixo central da entrada principal. Eles têm o objetivo de ser a extensão da vitrine e lançadores de informações e tendências. O layout é desenvolvido em conjunto entre arquitetura e visual merchandising, de forma que force o consumidor a caminhar por toda a loja. Se temos em um layout, os caixas na área central da loja, necessariamente, devemos locar provadores ou crediário ao fundo, forçando a irrigação de clientes. Entretanto, ao lançarmos os caixas, provadores e crediário no fundo da loja, devemos estar atentos para eliminar o efeito de “curto-circuito” - fluxo excessivo de clientes. Faz-se isso distanciando corretamente os acessos. O cliente, quando entra em um varejo de grande formato, deve impressionar-se com sua escala e, para que isso seja um elemento positivo, a arquitetura tem fator preponderante. O visual merchandising loca os pontos focais, que são elementos de atração de solo ou parede, e desperta, junto com a arquitetura, o processo de descoberta do ponto de venda. A trilha, neste momento, é um elemento que auxilia no direcionamento do fluxo criando visuais que são
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estudados de forma a aumentar a percepção dos pontos focais, que devem ser perfeitamente hipervalorizados através de uma produção diferenciada e um projeto luminotécnico competente. UF: Quais as formas mais usadas de organizar os produtos e equipamentos dentro da loja? JT: No desenvolvimento do layout, podemos ter uma concepção ortogonal, onde as trilhas são lineares. Com isso, a distribuição das araras, gôndolas, mesas de valorização e pontos focais seguem uma sequência X e Y. Em um layout orgânico, a mesma distribuição dos equipamentos segue uma sequência radial. Em ambos layouts, devemos respeitar os princípios básicos de visual merchandising. Uma vez postados como consumidores na trilha, percebemos uma mesa de valorização. Posteriormente, percebemos as araras e gôndolas com a grade de produtos. E, ao fundo, os pontos focais que imprimem os estilos de vida de cada marca. Chamamos esta técnica de efeito arena. UF: Como o trabalho integrado entre arquitetura e visual merchandising pode reforçar o conceito da marca? JT: Entendemos que, quando desenvolvemos conceito de marca, este processo passa inicialmente pela detecção do perfil do consumidor-alvo através de pesquisas do marketing. Posteriormente, o departamento de compras deve desenvolver produtos adequados aos níveis aspiracionais do consumidor-alvo. Estes processos devem ser suportados por logística e TI consistentes de forma a possibilitar um abastecimento contínuo no ponto de venda, sem rupturas. Por exemplo, se estamos falando de uma loja especializada em perfil jovem e o departamento de compras desenvolve uma coleção maravilhosa permitindo abastecer uma loja de 400 m², com 15
mil itens, não fará nenhum sentido projetar uma loja que possa abrigar somente 5 mil, deixando os 10 mil como estoque da loja. Certamente estaremos fadados ao insucesso. Percebemos isto claramente em muitos projetos que não trabalham de forma integrada. Cabe à arquitetura de varejo desenvolver layout adequado, e ao visual merchandising desenvolver equipamentos que capacitem a área de vendas para receber os 15 mil itens. Atendidos estes requisitos básicos de operação de loja, poderemos iniciar o trabalho de construção do DNA da marca através de escolha de materiais de acabamentos inéditos que se identifiquem aos níveis aspiracionais do consumidor-alvo buscando sempre o efeito surpresa. UF: Quais as principais diferenças entre o projeto de uma loja de departamentos e o de outras lojas? JT: As lojas de departamentos se diferenciam das outras pela necessidade constante de focar no atendimento dos níveis aspiracionais dos consumidores. Por se tratarem de grandes formatos com capilaridade nacional, os projetos exigem competência técnica ímpar, pois a necessidade imediata de rentabilidade, implica em modularidade e padronização, itens antagônicos ao processo de criação e inovação. Daí nasce o que chamamos de sistemas de varejo, que permitem desenvolver lojas com modularidade e padronização, com centenas de opções de montagem, permitindo com isso criatividade e inovação na exposição de produtos. UF: Existe uma tendência em vitrines para lojas de departamentos? JT: A tendência está em vitrines que, acima dos produtos, exibem atitude, estilo de vida. Por isso, a utilização de sistemas de exposição baseados em muita tecnologia é a grande tendência. Podemos citar:
fotos: divulgação
Marisa no Shopping Litoral Plaza em São Paulo. Projeto implementou a transição do conceito commodities para lifestyle.
sistemas com cabos tensionados, que transmitem leveza; mobiliário com acabamentos em resina de alto brilho, que transmitem sofisticação; e sistemas de multimídia compostos por LCDs conectados a HDs remotos. Eles permitem transmitir uma campanha, simultaneamente, em todas as lojas, com transmissão às filiais por banda larga. UF: Som, iluminação, aroma, temperatura são fatores importantes que influenciam as emoções e, portanto, a decisão da compra. Comente a tendência em loja de departamentos em cada um desses fatores. JT: Os elementos acima citados compõem o DNA de uma marca. Com relação ao som, uma grande tendência é a utilização de sistemas de sonorização integrados a uma trilha sonora personalizada que utilizem subwoofer, transmitindo frequências baixas (graves) e reforçando uma atitude moderna e atual. A iluminação tem fator preponderante na percepção dos produtos e uma grande tendência é a utilização de tecnologia de lâmpadas de descarga com bulbos cerâmicos. Além de baixo consumo de energia, emissão de calor e alta reprodução de cor, através de seus refletores incorporados, permitem focos abertos e fechados que hipervalorizam os produtos. O aroma é responsável pela memória olfativa, de longa duração e de fácil identificação na memória do consumidor. Por meio dela, podemos imprimir nosso DNA na memória do cliente. A temperatura, quando falamos de uma rede de dimensões nacionais, tem também um tratamento diferenciado, pois, em regiões quentes do país, lojas que oferecem um sistema eficiente de refrigeração garantem a permanência do consumidor por mais tempo. Vale lembrar que dispomos de sistemas que medem a variação de concentração de clientes nos
diversos ambientes da loja e com isso refrigeram mais ou menos estes pontos, conhecidos como “volume de ar variável”. UF: Como deve ser a fachada de uma loja de departamentos? JT: A fachada de uma loja de departamentos deve diferenciar-se do contexto arquitetônico de seu entorno, conforme já dissemos. Os acessos devem ser amplos, sem bloqueios arquitetônicos. É necessário não esquecer de antenas de prevenção de perdas que, a cada dia, estão com design mais clean e harmonioso com a fachada. Vale também se adequar à legislação de luminosos, cada vez mais restritiva, lançando mão de logomarcas mais modernas, de fácil percepção e alto contraste, através de materiais nobres. Para lojas de rua e litorâneas, existem vários materiais, como o alumínio com acabamento alto brilho e tratamento antiaderente, que impede que a tinta dos pichadores fixem na fachada. Atenção também para os laminados melamínicos estruturais ideais para fachadas que permitem reprodução dos padrões de madeira para uso externo. Outra dica está nos vidros serigrafados, que resultam em retículas. Conforme o consumidor vai caminhando, dão a sensação de movimento na fachada. Também é importante prever capachos eficientes que retêm o quartzo presente nos sapatos dos clientes. Este elemento é extremamente agressivo às engrenagens das escadas rolantes e aos pisos polidos, reduzindo drasticamente sua vida útil. UF: Qual a importância de se conhecer o caminho que o consumidor percorre dentro da área de vendas? JT: A importância está diretamente ligado à construção da trilha e ao merchandising da loja, pois,
desta forma, podemos ir alocando os produtos de interesse, gradativamente, à medida que o consumidor vai explorando a área de vendas, gerando assim, interesse em seguir em frente. UF: Como promover os produtos de baixo giro, mas de alta rentabilidade? JT: Localizá-los em áreas nobres como vitrines e Greaters, na entrada principal, em pontos focais de alta visibilidade. Estes produtos são lançadores de tendência e possuem um forte apelo aspiracional. UF: E o contrário? JT: Localizá-los em áreas de alto fluxo de clientes, como caixa, provadores, crediário. Esses são os produtos que levam ao que chamamos de compra por impulso. UF: Quais as principais virtudes do visual de uma loja de departamentos que uma pequena loja pode adaptar? JT: Basicamente, as lojas de departamentos são um manancial inesgotável de referências para os modelos de loja de pequenos formatos. Mas, atributos como modularidade, replicação, baixo custo de manutenção, são elementos extremamente importantes para qualquer modelo de varejo, pois somente através da manutenção desses atributos, é que poderemos estar falando de uma solução competente de varejo. UF: O que uma loja pequena não deve copiar de uma loja de departamentos? JT: Soluções caras e complexas, que são inerentes a grandes formatos, com objetivo de distanciá-las, propositalmente, dos modelos de pequeno formato e baixa capilaridade. MARÇO/ABRIL 2009
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radar internacional verão 2010
CHEIO Volumes e superfícies chapadas por inteiro, em uma mesma cor, tomam posição entre os produtos de verão. Eles enchem literalmente os olhos e tornam compacta a experiência física e visual travada com roupas, bolsas, calçados e acessórios.
Dries Van Noten | Paris
Tom Binns | Paris
VBH | Paris
Balenciaga | Paris
Issey Miyake | Paris
Dries Van Noten | Paris
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Giambattista Valli | Paris
fotos: © Agência Fotosite
VAZIO Perfurados, vazados, tramas e linhas finas abrem o jogo. Deixam ver o que está dentro e o que está do outro lado. Tiram todo o peso da matéria para criar uma estética desejadamente light. A cor neutra acentua o efeito.
Daslu | Paris Herve Van Der Straeten | Paris
Miu Miu | Paris
Giorgio Armani | Milão
Stella McCartney | Paris
Akris | Paris
Yves Saint Laurent | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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radar nacional inverno 2009
ALMA FOLK
foto: © Agência Fotosite
Entra ano, sai ano e o folk permanece como referência. Se ele vem da África, da cultura indígena americana ou da tradição artesanal brasileira, já ficou difícil distinguir. Os elementos se misturam, somamse, diluem-se. Vale o resultado, que corteja o rústico com sofisticação e não deixa ninguém indiferente.
Elisa Atheniense
Cantão
Margot
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Claudia Mourão
Couthe
fotos: divulgação
Couthe Luz da Lua
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comportamento por Lia Camargo *
DELÍRIOS DE CONSUMO foto: Touchstone Picture
FILME COM FIGURINO DE PATRICIA FIELD ESTREIA EM ABRIL
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Rebecca Bloomfield é uma londrina de 25 anos, sensível, carinhosa, otimista e... uma consumidora compulsiva! Sabe aquela vez que você saiu de casa para comprar um presente para um amigo e voltou com duas sacolas de coisas pra você?! Esse é seu lado Becky. Se o seu coração palpita mais forte, sempre que você tem a visão divina de um cartaz de 50% de desconto, é a Becky que mora em você, gritando “compre, compre!”. Além de ser uma compradora desenfreada, Becky tem fantásticos momentos de delírios, em que todos seus problemas financeiros se resolvem quando ela imagina que ganha na loteria, ou que um desconhecido paga por engano as suas contas do cartão de crédito. Encarando a realidade, Becky precisa trabalhar para pagar (ou tentar pagar) suas compras e, ironicamente, arruma um emprego como jornalista de uma revista de finanças. Ela ganha para dizer às outras pessoas o que fazer com o dinheiro delas, mas é incapaz de seguir os próprios conselhos.
As fãs dos Best Sellers vão estranhar algumas adaptações na tela, especialmente porque o filme engloba os dois primeiros livros da série. A maior novidade é a mudança de cenário, ao invés de Londres, Becky já vive em Manhattan (local para qual ela se muda apenas no segundo livro). Seu par romântico, Luke (interpretado pelo também não muito experiente Hugh Dancy), é editor da revista de Becky no filme, enquanto no livro, ele dirige uma empresa de comunicação muito bem sucedida. E, entre as outras mudanças mais superficiais, está a de Suze, a melhor amiga de Becky, que no livro tem cabelos tão loiros que reluzem ao sol, mas no filme está moreníssima! Porém, nada disso deve atrapalhar! O filme estreou dia 13 de fevereiro nos Estados Unidos e arrecadou 15,4 milhões de dólares só na primeira semana. No Brasil, chega aos cinemas dia 10 de abril. Os Delírios de Consumo de Becky Bloom é um filme imperdível tanto para os fashionistas quanto para as pessoas que querem divertimento e distração para esquecer do saldo negativo no banco! foto: divulgação
Escrita pela também londrina e ex-jornalista de finanças, Sophie Kinsella, a série de livros Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (do original Confessions Of a Shopaholic) acaba de ganhar sua versão nos cinemas pelos estúdios Disney.
pode contar uma história com acessórios.” – diz a estilista.
No papel principal, a ruiva Isla Fisher, que ainda é mais conhecida por ser esposa de Sasha Baron Cohen, o Borat, do que por sua bagagem de filmes. A atriz se mostra perfeita para o papel: engraçada e amável como Becky Bloom deve ser. E Isla ainda ganha espaço para se tornar uma referência feminina de atuação em comédias. O figurino, assinado por Patricia Field, é marcante, assim como foram seus figurinos para Sex And The City e O Diabo Veste Prada. Não podia ser diferente, não faltam nomes de grifes nos livros. Becky respira moda. A inspiração de Patricia vem do exagero, ela descreve o guarda-roupa da personagem como “very harajuku”, se referindo aos estilos extravagantes dos jovens que circulam pela região de Harajuku, em Tóquio. Por isso, prepare-se pra ver muitas cores e contrastes e, acima de tudo, muitos acessórios! Cintos, bolsas, chapéus, cachecóis, luvas... Eles são a peça-chave dos looks de Becky! “Não compre roupas, compre acessórios! Eles são, em geral, o sustento do seu visual. Você
* Lia Camargo é designer responsável pelo visual da revista Capricho na internet e blogueira do Just Lia. É formada em Comunicação Social, com habilitação em Produção Editorial, pela Universidade Anhembi Morumbi. Também cursou Criação de Roteiros para Produções.
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perfil foto: divulgação / TV Globo
MARÍLIA CARNEIRO: moda na novela A FIGURINISTA QUE REVOLUCIONOU A PRODUÇÃO NA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA Por Inêz Gularte
Se hoje os looks das novelas fazem sucesso nas ruas, muito se deve a ela. Marília Carneiro foi a primeira figurinista a garimpar nas lojas peças para compor o visual de personagens nas novelas brasileiras. Antes, tudo era confeccionado nos setores de figurino das emissoras. Foi Marília quem fez o link entre as novelas e a moda comercial, trazendo marcas nacionais e internacionais para a telinha. Figurinista da TV Globo, já contabiliza em sua carreira mais de 20 novelas e nove minisséries. Das meias em lurex, de Dancin’ Days, passando pelo figurino de época de Anos Rebeldes, até a recente minissérie Maysa, Marília vem marcando a história da teledramaturgia brasileira, ajudando a eternizar personagens e difundir moda. Atualmente, está trabalhando no figurino da próxima novela das sete, da TV Globo, Caras e Bocas, com estreia prevista para abril próximo. Acompanhe na entrevista, um pouco da trajetória desta figurinista que fez escola e as novidades que vem por aí.
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Não tem como falar em moda das novelas sem falar em Marília Carneiro. Carioca, filha de um banqueiro e uma dona-de-casa, estudou filosofia e comunicação social na PUC, mas abandonou os cursos quando começou a trabalhar no Jornal Tribuna da Imprensa. Estudou História da Arte em Paris, e no final dos anos 60, abriu uma butique em Ipanema, a Truc. Depois trabalhou na Obvius, loja da amiga Zelinda Lee, que Marília cita como fundamental na sua formação em moda.
dades enfrentadas pela introdução da cor na tevê, com uma série de limitações no uso de estampas, listras e cores. Sem falar nas críticas internas que recebeu devido ao seu novo método de trabalho. Os figurinistas que estavam ali há anos, confeccionando cada uma das peças, não entendiam como os atores poderiam usar roupas prontas, selecionadas em lojas. A agilidade que as produções ganharam, no entanto, determinou o sucesso da proposta. E assim Marília fez escola.
Poucas pessoas sabem, mas sua estreia como figurinista foi na tela grande, com o filme O homem que comprou o mundo. A proximidade com o cinema aconteceu por causa do seu ex-marido, Mário Carneiro, fotógrafo e diretor de arte que participou do grupo de cineastas que deu origem ao Cinema Novo. O convite para trabalhar na TV Globo veio por meio da atriz Dina Sfat, que a indicou ao diretor Daniel Filho. Assim Marília chegou à tevê, na novela Os ossos do Barão, em 1973.
Sua trajetória tem algumas situações inusitadas. Por exemplo, na primeira versão de Pecado capital, Marília trocou roupas novas por velhas com os moradores do bairro do subúrbio onde a novela foi gravada. Tudo para dar maior realismo à trama. Em Gabriela, pesquisou as fotografias de moradores e passou óleo na pele da protagonista Sônia Braga para que ela ganhasse um aspecto sujo e suado. Walter Avancini, diretor, havia lhe pedido “vivência” na caracterização dos personagens.
Em seu primeiro trabalho, teve de driblar as dificul-
Mas a ligação com a moda foi selada na novela
foto: divulgação TV Globo / Bob Paulino
CARAS E BOCAS ESTREIA EM ABRIL SINOPSE Atualmente, Marília Carneiro está envolvida nas gravações da próxima novela das sete da TV Globo, Caras e Bocas, com estreia prevista para abril. A trama, de Walcyr Carrasco, se passa em São Paulo e conta a história de amor de Dafne, (Flávia Alessandra) e Gabriel (Malvino Salvador). Sobre o novo trabalho, Marília contou um pouco a respeito do figurino dos protagonistas. “Dafne faz um estilo clean, usa cores sóbrias, muito preto, poucas joias e cabelos curtos,” diz. Ela veste Daslu, JPG, NK Store, Diesel, Gilda Midane, Shop 126, Celine, Essencial, Gloria Coelho, Sonia Pinheiro, Dolce & Gabanna, Diane Furstenberg, Stella McCartney, entre outras marcas. “Gabriel faz o tipo sexy sem dar bandeira, com muito jeans e camiseta”, conta. Ele usa basicamente Clube Chocolate, Osklen, Diesel e Hering. A novela vai abordar amor via internet, judeus ortodoxos e terá um núcleo jovem, encabeçado por Bianca (Isabelle Drummond), filha do casal protagonista. Débora Evelyn fará uma vilã. Gravações na África e em Londres estão previstas. Agora é aguardar para conferir.
Criada pelo milionário Jacques (Ary Fontoura) depois da morte de seus pais, a jovem Dafne começou a estudar artes plásticas e, em um curso, conheceu e se apaixonou por Gabriel, um estudante bolsista muito talentoso, mas pobre. Ao saber do romance, o empresário arquiteta um plano e separa os dois. Porém, ao descobrir que a neta está grávida, tenta voltar atrás, mas não consegue desfazer a armação. Anos mais tarde, Dafne é uma mulher decidida e solitária: dona de uma galeria de arte, não quer se casar de jeito algum e não aceita que ninguém mande nela. Gabriel, apesar de ser um homem sensível, tornou-se duro e abandonou seus sonhos artísticos – pinta apenas em segredo, pois precisou assumir o comando de um bar em um bairro de classe média baixa, para sustentar sua família, após a morte do pai. Quando se separou de Dafne, não sabia que a namorada estava grávida e acreditava que ela o havia trocado por outro homem. Quem promove o reencontro dos dois é a filha adolescente Bianca, que é muito materialista e, inicialmente, se decepciona ao descobrir que o pai, que nunca conheceu, não é um pintor rico e de sucesso.
foto: divulgação TV Globo
Dancin’ Days (1978). Talvez por isso, a figurinista cite as meias coloridas de lurex, usadas por Sônia Braga na trama, como um dos pontos altos de sua carreira. Ela explica: “ não tanto pelo sucesso do figurino, que virou febre nas ruas, mas por eu ser ainda tão jovem”. E não é pra menos. Desde o imenso sucesso da cena em que Júlia Mattos aparecia repaginada, Marília virou sinônimo de moda na novela. Em seu livro, No Camarim Das Oito, a figurinista fala que “não tem bola de cristal”, portanto, usa muito profissionalismo e um tanto de intuição para definir o que cada personagem vai usar. Veja como ela explica o sucesso da bolsa Prada de alça atravessada, usada por Débora Bloch, em Andando nas Nuvens: ”O que me fascinou não foi o design dela, mas a chance de prover a personagem com mantô, walktalk e laptop. Tudo muito prático para deixá-la com as mãos livres. O Japão, na minha cabeça era assim”. Apoiada na sinopse da novela, que descrevia a personagem como uma jornalista jovem, dinâmica, recém-chegada do Japão, ela deu sua interpretação para essa mulher e acertou em cheio.
Cena da minissérie Maysa, com Larissa Maciel.
Entre seus figurinos memoráveis, podemos citar o lenço no pescoço, usado por Vera Fisher, na novela Brilhante. Criado para disfarçar o cabelo curto e frisado da atriz, que não teria agradado ao público, acabou virando mania. Em Rainha da Sucata, foi o laçarote exagerado sobre os cabelos presos que caiu no gosto popular. E quem não lembra das joias da Jade, em O Clone? E dos tererês, usados pela personagem de Mariana Ximenes, em Uga Uga? E das microssaias, meias coloridas e sandálias plataforma de Deborah Secco, como Darlene, em Celebridade? Sem falar em Camila Pitanga, como Bebel, em Paraíso Tropical, novela cuja criação do figurino Marília dividiu com Christina Gross. “Eram tantas ligações
Flávia Alessandra é Dafne. Estilo clean, muito preto e poucas joias.
perguntando qual era a cor do esmalte, do batom que ela estava usando que não tem como explicar. O retorno é uma coisa extraordinária. O público de A à Z assiste às novelas e elas sempre dão retorno”, declara. DETALHES DA PRODUÇÃO A figurinista, que não é presença constante nas primeiras filas dos desfiles, diz que adoraria poder assistir a todos, mas o que lhe falta é tempo. Revela que se pudesse chegar, nos instantes exatos em que os desfiles começam e terminam, estaria muito mais presente às semanas de moda. Mas, você pode estar se perguntando, como ela consegue estar por dentro dos lançamentos, se não costuma ir aos desfiles? Marília conta que as lojas da capital paulista são suas grandes fontes para a composição dos figurinos. “Mesmo com as gravações acontecendo basicamente no Rio de Janeiro, é em São Paulo que me abasteço com as novidades”. Perguntada sobre como é sua rotina, responde prontamente: “Não tenho rotina!” E continua: “Hoje não precisei ir à gravação. Liberei todos os figurinos com o Jorginho (Jorge Fernando, diretor de núcleo da novela Caras & Bocas) daqui mesmo, e minha equipe foi com ele.” Para o dia seguinte, a programação já era diferente: “Como amanhã vamos gravar cenas do núcleo judaico, eu estarei lá”, avisa. As gravações são acompanhadas, sobretudo, no início das novelas e, para dar conta de tanto trabalho, Marília conta com uma equipe cuja base é a mesma há alguns anos. São seis pessoas, entre produção de rua e o pessoal da costura. “Faço questão de manter a base, mas também de incluir novos estagiários nas produções, a fim de treinar futuros profissionais no ofício”, diz. MARÇO/ABRIL 2009
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cultura
por Eduardo Motta*
PERGUNTAS QUE NUNCA FIZ
Detalhe da obra da artista Kara Walker. O trabalho dela, todo em silhueta, gira em torno da condição do negro na cultura americana. Fonte: catálogo da 25º Bienal Internacional de São Paulo
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USEFASHION JOURNAL
É possível estar em falta comigo mesmo e em dia com a moda? Devo me vestir em tempo de crise? Para onde vão as tendências? O que vestem as frequentadoras do castelo do senador mineiro? O que o consumidor não quer, afinal de contas? Como a moda influencia a arte? Quantas semanas de moda o Brasil pode suportar? A Gloria Khalil é chic? A onda étnica arrebenta nas praias do interesse econômico? O estilo punk é adequado? Se tivesse identidade, a moda brasileira não seria sempre a mesma? Existe moda além da vida? Quanto sucesso é possível fazer no campo da moda? Uma modelo de muita personalidade pode ser um modelo de modelo para outra modelo? Qual estilista detém o recorde de referências em uma mesma coleção? A influência é uma referência para a questão da tendência? Os homens vão mesmo usar saia no próximo verão? O texto de moda diz tudo o que você queria ouvir? É preciso antecipar a concordância? É preciso investir na concorrência? Existe uma Geração KY? É verdade que a moda que volta não existe? Essa moda que eu estou vestindo já passou? Brasília também dita a moda? De quem é o seu estilo? A sua cópia da minha cópia infringe o direito autoral de quem? O desejo de ter consome? É possível consumir sem culpa durante a crise? foto: Pedro David/divulgação
Quanto tempo mais vai durar a moda ecológica? Qual é a tendência para a ética no próximo verão? É preferível ficar só que mal vestido? Por que, apesar dos avanços da medicina, a expectativa de vida dos produtos continua caindo? Se um novo Messias chegasse à Terra, qual estilista você acha que ele deveria vestir?
* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro "O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico". MARÇO/ABRIL 2009
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Raf Simons | ParisJOURNAL 40 USEFASHION
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
REAL E RADICAL UMA QUESTÃO DE EQUILÍBRIO Direção de Pesquisa: Patrícia Rodrigues Edição de moda: Eduardo Motta Colaboração: Paula Visoná e Juliana Zanettini fotos desfiles: © Agência Fotosite fotos referências: reprodução (saiba mais no portal www.usefashion.com)
Nos negócios, há várias maneiras de enfrentar dificuldades. Alguns sucumbem a elas, outros se aquietam e esperam a tempestade passar. E há aqueles que aceleram e veem oportunidades em meio ao caos. A moda encaixa-se no terceiro grupo por uma questão de coerência. Trata-se de uma área criativa, afinal de contas, e propensa a desafios. O objetivo da moda masculina, durante as semanas de Milão e Paris, era encontrar o equilíbrio entre contenção e inventividade, entre o senso de realidade imposto pela crise e a capacidade de despertar interesse e fazer sonhar (ou fazer comprar, se preferir). Sustentados pela tradição técnica e pela postura firme de quem conhece bem os meandros da moda, os criadores aproveitaram o momento para oferecer soluções novas, inspiradoras o suficiente para incendiar os desejos em seu entorno. A tradição aparece onde deve estar: na base impecável da alfaiataria e na retomada magistral do terno como ícone de gênero. A ideia é que a esperada desaceleração do consumo quantitativo encerra em si mesma a chance de um redirecionamento para a qualidade. Isso vale de imediato para quem dá diretrizes ao mercado, que são as marcas de primeira linha, mas deve orientar a todas, na sequência dos fatos. A resposta aos problemas econômicos é dada pela usabilidade, pelo ajuste na definição de públicos e nas estratégias de negócios. Para as questões de fundo ecológico, as soluções vêm das tecnologias inteligentes de materiais e da blindagem ao desperdício. O resto é investigação da melhor cepa. É um olhar para frente e uma preservação da moda como experiência simbólica, que não passou desapercebida para os grandes compradores presentes aos desfiles. Richard Johnson, do magazine inglês Harvey Nichols, anotou com perspicácia que esta não é uma época aconselhável, especialmente na área dos negócios, “to be seen dressing down” (para ser visto mal vestido). Gerard Tesson, da Bon Marché, magazine francesa, declarou que não está mudando suas estratégias, com base na ideia de que em tempos difíceis as pessoas precisam de peças com identidade forte. “Todos estão fazendo roupas para serem usadas. Isto não quer dizer que sejam clássicas”. Complementou Carla Sozzani, da Corso Como, de Milão. E, encorpando o coro dos contentes, do outro lado do Atlântico, o americano Eric Jennings, da Saks Fifth Avenue, comemorou o fato dos desfiles de Paris terem corrido muitos riscos. Não há nenhuma contradição nessas declarações. O que surpreendeu todos estes profissionais está na resposta oferecida pela moda à crise atual: uma ponte atraente entre usabilidade e inovação. As grifes Comme des Garçons, John Galliano e Junya Watanabe, transgressores e experimentais de carteirinha, oferecem itens usáveis sem abrir mão do estilo, enquanto casas tradicionais partem para explorar caminhos novos. O melhor é que alguns estilistas encontraram a nota quase perfeita, em coleções que reúnem sensatez com ousadia. Trata-se, na verdade, da moda fazendo exatamente aquilo que deve fazer: manter as atenções gravitando na sua órbita. Este sedutor painel de propostas, somado ao olhar atento sobre o mercado nacional, serviu como orientação para as Megatendências do masculino, elas são os nossos quadros de inspiração para a pesquisa e desenvolvimento de produtos, que você verá a seguir. As Megatendências alinham-se com os conceitos identificados no preview UseFashion para o inverno 2010, Extraordinário, Encadeamento e Mobilidade, publicados anteriormente no www.usefashion.com. Na edição de masculino, Extraordinário ganhou ares de ilusionismo; Encadeamento de neodandi; Mobilidade de memória e transformação. MARÇO/ABRIL 2009
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Alexander McQueen | Mil達o 42 USEFASHION JOURNAL
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
EXTRAORDINÁRIO Ilusionista: Assim é, se lhe parece.
Neil Barret | Milão
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Comme des Garรงons | Paris
Neil Barret | Milรฃo
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Veronique Branquinho | Paris
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
Percepção e ilusão: Uma gola não é uma gola. Este colete não existe. Aquilo que vemos, na verdade, trata-se de um truque óptico. Como as imagens de moda têm enorme pregnância, sejam elas determinadas pela técnica ou pelo estilo, toma-se um atalho através da simulação.
Raf Simons | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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EXTRAORDINÁRIO Uma gola não é uma gola, um botão, muito menos. Nem mesmo aquele bolso existe. Além dos efeitos de Trompe l’oeil obtidos na tecelagem e na estamparia, a grande novidade fica por conta dos desdobramentos de planos de uma mesma peça, como a lapela de um paletó, repetida várias vezes. Tem algo de surreal nesta tendência que falseia a percepção e abre um novo entendimento também
para a modelagem. O Trompe l’oeil, técnica bem conhecida na Roma Antiga, ganhou impulso na Renascença. No período Barroco foi largamente utilizado e agora os grafiteiros se apropriaram dele. Consiste em criar a ilusão de espaços em profundidade, na verdade inexistentes, por meio da perspectiva.
Magrite em frente a uma de suas pinturas. O cachimbo que o pintor surrealista Magrite (1898/1967) criou e afirmava não ser um cachimbo.
968 ) 887/1 to. 1 ( p vimen u ch a m rce l D nos do mo a M e la p ad Pintur brando os de s do
Entrada da exposição de Magrite em L.A.
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USEFASHION JOURNAL
Teto da Igreja de São Franciso, em Ouro Preto, do séc. XVIII, pintado por Manuel Athayde.
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
Trompe l’oeil do grafiteiro inglês Banksy.
Comme des Garçons | Paris
Moschino | Milão
Trompe l’oeil nas ruas de Paris. MARÇO/ABRIL 2009
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Lanvin | Paris 48 USEFASHION JOURNAL
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
ENCADEAMENTO
Neodandi: Foi, mas é outra coisa.
Gucci | Milão
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Dior | Paris
Lanvin | Paris
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Comme des Garรงons | Paris
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
Memória e Transformação: Modificar sem deixar irreconhecível. Dress codes e tradição técnica subvertidos. Não há necessidade de deixar de lado os fundamentos tradicionais, mas testar sua elasticidade e limites. O passado da moda é revisto pelo novo consumo intelectual.
Salvatore Ferragamo | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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ENCADEAMENTO O Dândi é um personagem do século XIX, cuidadoso com aparência e modos, quando a aristocracia cedia espaço para a burguesia urbana. O Neodandi tem gosto por referências e promove cruzamento de códigos do vestuário com sutileza. Vide o romantismo da Lanvin, e o new rave, fundido com o businesswear, da Gucci. A referência cultural faz toda a diferença nesta vertente de trabalho. O terno, ícone máximo da roupa masculina, serve de base para uma infinidade
de experimentações. A forma original é distendida ao máximo da sua capacidade. Trata-se de um embate entre o clássico e o novo, em que o conforto e a qualidade, somados ao conhecimento histórico, definem o produto. Apoiar-se na cultura e evocar o passado é um escapismo ou uma forma de recuperar noções de qualidade perdidas na produção em massa?
Versão irreverente, feita em aço, do artista americano Jeff Koons para os tradicionais cristais Baccarat.
Tecidos clássico s
Síntese de tradição e modernidade. O gosto vintage traz para os dias atuais o luxuoso Buick dos anos 30.
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USEFASHION JOURNAL
Tweed caem noe risca de giz. gosto jo vem.
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
John Galliano | Paris
Peças francamente pop de Jeff Koons expostas no Palácio de Versalhes na França.
Burberry | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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Bottega Veneta | Mil達o 54 USEFASHION JOURNAL
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
MOBILIDADE O que é, e mais ainda.
Prada | Milão
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Junya Watanabe | Paris
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USEFASHION JOURNAL
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
Adequação e Invenção: Reversibilidade total Computando perdas econômicas e ambientais, esta Megatendência não fica paralisada diante das dificuldades. Às perdas quantitativas opõe qualidades, ao desperdício, contenção material. E acelera na criação, movida pela compreensão da natureza hedonista do negócio que alimenta.
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MOBILIDADE Escolada nos altos e baixos da economia, e com a ideia de sustentabilidade, já internalizada nos seus processos, a moda aprimora as referências estéticas advindas da observação destes fatores. Deixa de lado o discurso fácil e retoma questões que dizem respeito à forma como estabelece contato com o usuário. Oferecer as melhores soluções para os entraves materiais é um objetivo implícito, mas o que está em questão é a potência do estilo, a força das imagens de
moda extraídas dos recursos materiais. A assimilação dos aspectos da natureza torna-se mais crua e sensorial. Sem o compromisso do discurso visual verde e ameno, saem de cena as alegorias vegetais e a apropriação se estende para desertos ressecados, lava de vulcão e madeira natural. Unfinished (inacabado) é palavra que define o tratamento dado aos materiais e à costura.
Madeira
Primoroso trabalho de tecelagem na Jil Sander | Milão
Arquitetura. O aproveitamento das condições ambientais vem como adicional.
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USEFASHION JOURNAL
Imagem captada no deserto da Namíbia.
sem trata
mento ap
arente.
megatendências masculino
conceitos - inverno 2010
Síntese formal na luminária escandinava.
Lava negra de vulcão petrificada.
Look da Missoni com desgastes aparentes | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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Os melhores ternos Como o terno retornou à linha de frente para todos os públicos, a mobilidade na associação com os complementos é que vai coordenar a associação com os estilos. Entretanto, os ombros perfeitos e no lugar são obrigatórios. Quanto às lapelas, para quase todos os abotoamentos elas são estreitas, com exceção do jaquetão de
abotoamento cruzado. Contrastes com camisas coloridas são coisa de gente moderna: é preciso sustentar o estilo. Contrastes sutis entre paletó e calça são bem-vindos. Os paletós longos são novidade e usar um terno com sapatos de cor diferente, ou modelos esportivos, é amplamente permitido.
Gucci | Milão
Paul Smith | Paris
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megatendências masculino
direções - inverno 2010
Raf Simons | Paris
Dries Van Noten | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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Casual Composto
Esportivo
Hermès | Paris
Iceberg | Milão
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USEFASHION JOURNAL
megatendências masculino
direções - inverno 2010
Neogrunge Vale a pena prestar atenção no comeback do grunge. A Missoni fez interpretação grandiosa, a Bottega, discreta e elegante, e Juuhn J. reinventou.
Bottega Veneta | Milão
Juuhn.J | Paris
Missoni | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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Pegada forte Exploradores e sobreviventes do fim do mundo, ou pura alegoria urbana com tra莽os de rebeldia p贸s-punk.
Miharayasuhiro | Paris
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USEFASHION JOURNAL
Rick Owens | Paris
megatendências masculino
direções - inverno 2010
Julius | Paris
Kazuyuki Kumaga/Attachment | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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Dunhill | Paris
Outros fechamentos O melhor é que esta é uma extravagância paradoxalmente sutil. Perfeita para os humores do mercado que quer ser surpreendido, mas sem tirar totalmente o pé do chão.
Hermès | Paris
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USEFASHION JOURNAL
Costume National | Milão
megatendências masculino
direções - inverno 2010
Dior | Paris
Dunhill | Paris
Kris Van Assche | Paris
Salvatore Ferragamo | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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Raf Simons | Paris
Mangas e lapelas contrastantes Outra demonstração de equilíbrio entre tradição e ousadia, e de que não é necessário ir longe para surpreender. O recurso bagunça os códigos que ele próprio traz à memória.
Yohji Yamamoto | Paris
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USEFASHION JOURNAL
Burberry | Milão
megatendências masculino
direções - inverno 2010
Burberry | Milão
Missoni | Milão
Raf Simons | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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Blazer
Emanuel Ungaro | Paris
Camisaria
Dior | Paris
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Além dos recortes pouco usuais e dos planos sobrepostos apontados na Megatendência Ilusionista, o blazer foi desdobrado em vários abotoamentos e proporções. Do clássico três botões ao informal de apenas dois e ao moderno de um. Vale também ocultar qualquer sinal deles O grande retorno é do estilo jaquetão com abotoamento cruzado de seis botões. Outra novidade está nos comprimentos alongados. É bom ficar de olho.
Raf Simons | Paris
Acompanhando calças de corte clássico, a peça foi alçada à condição de protagonista. As melhores naturalmente são de algodão com fios extralongos. O colarinho bem curto predomina e vai bem sem gravata. O italiano, aberto e com pontas curtas, é perfeito para as gravatas atuais, que são finas, mas valorizam o nó.
Neil Barret | Milão USEFASHION JOURNAL
C.P. Company | Milão
Prada | Milão
megatendências masculino
direções - inverno 2010
Bottega Veneta | Milão
Dunhill | Paris
Giuliano Fujiwara | Milão
Burberry | Milão
Hermès | Paris
Louis Vuitton | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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Calças
Entre curtas e longas, as melhores, ou pelo menos as mais novas, são as de modelagem folgada. Esta silhueta ampliada na parte inferior promete.
Giuliano Fujiwara | Milão
Dries Van Noten | Paris
Kazuyuki Kumaga/Attachment | Paris
Armand Basi | Paris
Hermès | Paris
Lanvin | Paris
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megatendências masculino
direções - inverno 2010
Colete
C.P. Company | Milão MARÇO/ABRIL 2009
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Jaquetas e casacos PERFECTO
BOMBER
Versace | Milão
Hermès | Paris
JAQUETÃO
TRENCH
Pringle of Scotland | Milão
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Hermès | Paris
megatendências masculino
direções - inverno 2010
MILITAR LIGHT
ACOLCHOADO
Dries Van Noten | Paris
UTILITÁRIO
Miharayasuhiro | Paris
Rick Owens | Paris MARÇO/ABRIL 2009
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Materiais
Kazuyuki Kumaga/Attachment | Paris
JEANS
Vivienne Westwood | Milão
Adam Kimmel | Paris
Vivienne Westwood | Milão
Cartela
Confira os códigos Pantone no portal www.usefashion.com
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LÃ
Prada | Milão
Jil Sander | Milão
RISCA DE GIZ
COURO
Bottega Veneta | Milão
Junya Watanabe | Paris
megatendências masculino
MALHA RETILÍNEA
Burberry | Milão
MOLETON
Neil Barret | Milão
NYLON
Junya Watanabe | Paris
VELUDO
direções - inverno 2010
Burberry | Milão
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memória fotos: divulgação
Fotografia intitulada Milk Maidens (Moças de Leite) de 1996.
David LaChapelle UM MUNDO DE CORES Acontece no Musée de La Monnaie, em Paris, uma retrospectiva do trabalho do fotógrafo David LaChapelle. Esta é a primeira grande mostra do artista na cidade e faz parte da nova política de acompanhamento e valorização da criação contemporânea. David nasceu na Carolina do Norte e estudou Belas Artes na North Carolina School of the Arts até se mudar para Nova York para estudar simultaneamente na Arts Student League e na School of Visual Arts. Ele se tornou famoso por suas imagens de cores fortes e grandes doses de surrealismo, que unem de forma bem-humorada referências do barroco, pop e kitsch. Seu primeiro emprego como fotógrafo foi oferecido por Andy Warhol, então editor da Interview Magazine. Raramente suas fotos são espontâneas e, quase sempre, têm por trás um trabalho extremamente elaborado de composição de cor e equilíbrio dos elementos. Cada objeto, que compõe a cena, foi especialmente pensado para estar ali. As fotografias de LaChapelle contam uma história, visto que falam através de seus personagens, que normalmente se encontram em situações muito peculiares, contrastantes com o ambiente de que fazem parte. Todos eles têm um lado não humano, que beira à perfeição, devido aos corpos extremamente brilhantes, poses e figuras perfeitamente esculpíveis,
à semelhança das representações olímpicas da Grécia Antiga. O seu trabalho já esteve nas páginas e capas das principais publicações de moda do mundo, como a Vogue Itália, Vanity Fair, i-D, Vibe, Interview, The Face e muitas outras. Ele tem no portfólio videoclipes para Jennifer Lopez (“I’m Glad”, 2003), Gwen Stefani (“Rich Girls”, 2005), Christina Aguilera (“Can’t Hold Us Down”, 2003, e “Dirty”, 2002), Moby (“Natural Blues”, 2000), Macy Gray (“She Ain’t Right for You”, 2003), No Doubt (“It’s My Life”, 2003) e Elton John (“This Train Don’t Stop There Anymore”, 2001). No início do ano passado, o fotógrafo ganhou uma mostra no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura). Nela estavam expostas 25 fotografias divididas em retratos de famosos (Courtney Love, Madonna, Marilyn Manson e Angelina Jolie, entre outros) e composições com modelos anônimos feitas por encomenda para revistas ou campanhas publicitárias, além dos videoclipes e do documentário “Rize”, que abriu o festival de cinema de Sundance em 2005. Nele, LaChapelle retrata o “Krumping”, estilo de dança dos subúrbios de Los Angeles. A exposição no Musée de La Monnaie, em Paris, fica em cartaz até 31 de maio. Amanda Lepore como a Marylin de Andy Warhol, da série After Pop.
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USEFASHION JOURNAL
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