UseFashion Journal Maio 2009

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ANO 6 • Nº 64 • MAIO 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA

MODA PROFISSIONAL

REPORTAGEM

TEMPO DE ESTAMPAS

Londres apresenta as melhores propostas da temporada | pág. 44 Anos 90 e sua influência na moda | pág. 12 Botas com canos altíssimos nas passarelas | pág. 18 Acessórios crescem e esbanjam criatividade | pág. 22 Encontros insólitos entre o artista e o estilista | pág. 52 Tendências em vestuário para o inverno 2010 | pág. 62

ISSN 1808-6829

R$20,00


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Foto: © Agência Fotosite


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NESTA EDIÇÃO

Capa: Designers reafirmam a tradição inglesa e dão show de criatividade nas estampas do inverno 2010

NA CAPA

GENTE

44 REPORTAGEM

08 É MODA

Conheça a produção inglesa e brasileira, as técnicas e a história da arte de estampar tecidos.

Looks comentados de Nova York. 10 PAPARAZZI

Black total: a aposta das modelos Freja Beha Erichsen, Isabeli Fontana e Anna Selezneva.

12 VESTUÁRIO

Enquanto as coleções internacionais ressaltam os anos 80, buscamos desvendar a moda dos anos 90, o próximo alvo da moda.

54 PERFIL

Manoel Renha: o premiadíssimo vicepresidente da Lord & Taylor fala sobre sua carreira e rotina em Nova York.

18 CALÇADOS & BOLSAS

Botas acima do joelho ganham as passarelas internacionais.

36 61 ESTILO

22 ACESSÓRIOS

Mistura de materiais e colares enormes para o inverno 2010. 52 CULTURA

Encontros insólitos entre o artista e o estilista. Por Eduardo Motta. 62 EDITORIAL DE MODA

As principais peças em vestuário feminino para o inverno 2010.

MODA

A modelo Carolina Bittencourt mostra, em imagens, o seu estilo de vida.

16 VESTUÁRIO REPORT

As cores contribuindo para arquitetar construções em blocos distintos. 17 VESTUÁRIO REPORT

Vestidos: peças-chave para o verão 2010. 26 RADAR INTERNACIONAL

Elegância durante o dia e informalidade para a noite. 28 RADAR NACIONAL

Inverno 2009: aposte em botas country em canos com excesso de couro e em efeitos franzidos.

CURTAS 06 PORTAL USEFASHION.COM

Em destaque, os 26 reports que completaram o mês de abril no Portal UseFashion. 07 DICAS DA REDAÇÃO

Os designers de 2009; Fundação Crespi Prado no Museu da Casa Brasileira e o trabalho da artista plástica mineira Rivane Neuenschwander. 38 ACONTECE

30 MASCULINO Confira os estilistas que apostam na alfaiataria com apelo street.

Veja as novidades da Fimec e do Dragão Fashion. 58 CAMPUS

32 RADAR MASCULINO Calçados e os looks para ocasiões despojadas e sociais. 34 INFANTIL

Dress coat é a peça do momento no guarda-roupa das meninas.

Pós-Graduação em Moda & Criação e em Design de Acessórios de Moda na Faculdade Santa Marcelina; Mestrado em Design na UniRitter, o trabalho do aluno da UVA, Guilherme Santos, premiado em concurso da universidade. 78 MEMÓRIA

36 RADAR INFANTIL 62

Listras e preto são destaque nos acessórios infantis.

O centenário do Futurismo e como este movimento influencia na moda contemporânea.

foto estampa: © Agência Fotosite

foto Big Ben: reprodução/Wikimedia Commons

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EXPEDIENTE VISUAL MERCHANDISING 40 VITRINE

Na Louis Vuitton, homenagem a Stephen Sprouse com rosas em néon na vitrine. Na Giafranco Ferré, placas intercaladas dão efeito belíssimo aos produtos. 42 VISUAL DE LOJA

Flagship da Neil Barret, em Tóquio, tem projeto ousado e mistura mobiliário com escultura.

DESIGN

OPINIÃO 60 OPINIÃO

Rita Andrade apresenta um texto derivado de sua tese de doutorado sobre a biografia cultural de um vestido.

NEGÓCIOS 56 NEGÓCIOS

Bom produto, bastante trabalho e muita paciência - fórmula para abrir as portas para o mercado global.

50 DESIGN

Bicicleta ecológica, embalagens com personalidade, fotos mágicas, tendências em tecidos, cadeira positiva, leveza e tecnologia.

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AO LEITOR Estampas inglesas estão em nossa reportagem e são o ponto de partida da matéria de capa nesta edição do UseFashion Journal. Acompanhe as especificidades no design, conheça a origem da estamparia e do gosto pelos adornos e veja um resumo sobre as principais técnicas usadas para imprimir ou gravar imagens nos tecidos. No Editorial de Moda, preparamos um dossiê sobre as tendências em vestuário para o inverno 2010. Nossa equipe de pesquisadores de moda identificou duas vertentes: uma mais comedida e com cores amenas, outra mais experimentalista, na contramão da crise mundial. O vestuário

surge como resultado dessas duas vertentes. Vale a pena conferir. Veja ainda: Botas de cano altíssimo trazem o foco para as pernas; acessórios do inverno 2010 misturam materiais de forma criativa e crescem no tamanho; a trajetória do premiadíssimo Manoel Renha, vice-presidente da Lord & Taylor; a moda dos anos 90; a alfaiataria masculina com apelo street, a flagship da Neil Barret em Tóquio, e muito mais! Boa leitura e ótimos negócios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

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Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃO Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Subeditora Portal Aline Moura (Mtb 5.717) Gerente de Inovação Daniel Bender (Mtb 11.540) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Lisie Venegas (Mtb 13.688) e Eduardo Pedroso (assistente) Projeto Gráfico Ingrid Scherdien Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Eduardo Nipper (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Assessora de Planejamento Angelita Manzoni Equipe de Pesquisa Nájua Saleh e Juliana Nascimento (moda), Aline Kämpgen (assistente de coordenação de imagens), Aline Romero, Carlos Paredes, Eduardo Nipper e Lisiane Ramos (classificação vitrines e desfiles), Vanessa Faccioni (visual de loja) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil) Colaborou nesta edição Rita Andrade

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

ERRATA: - Nas páginas 35 e 36, os pantones corretos da Cartela de Cores das Megatendências Infantil são:

Encadeamento - Sensações:

Preto

Branco

Mobilidade - Conhecimento:

13-0002 TPX Pantone 434c

17-1417 TPX Pantone 8021c

16-3810 TPX Pantone 665c

16-4021 TPX Pantone 652c

18-0306 TPX Pantone 445c

18-1660 TPX Pantone 199c

19-3952 TPX Pantone 2756c

15-1150 TPX Pantone 715c

15-0646 TPX Pantone 3975c

17-1009 TPX Pantone 7530c

13-4105 TPX Pantone 7443c

12-2903 TPX Pantone 677c

18-3015 TPX Pantone 260c

140756 TPX Pantone 108c

18-1561 TPX Pantone 1795c

16-3115 TPX Pantone 514c

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CO N T E Ú D O PA R A A S S I N A N T E S

REPORTS PESQUISA DE MODA CONCENTRADA Mensalmente, o Portal UseFashion publica um pacote de análises e pesquisas com o melhor da moda, independente de temporadas ou tendências, chamado de UseFashion Report. Na prática, os reports são o espaço de pesquisa de moda mais livre do Portal, pois ali é possível relacionar diversos temas de várias temporadas, segmentos ou tendências. Neste UseFashion Journal, destacam-se dois reports, Malharia Circular Feminina e Vestuário Feminino. Porém, há mais conteúdo à disposição dos assinantes no portal. No mês passado, publicamos 26 reports que cobrem todos os segmentos e gêneros. Infantil, por exemplo, desmembrado em três categorias: Menino, Menina e Bebê. Para acessá-los, entre na home do portal, www.usefashion.com, e selecione REPORTS no canto inferior esquerdo. Veja a lista completa dos reports publicados em abril: Acessórios

Jeans Feminino

Beachwear

Jeans Masculino

Bebê

Meninas

Bolsas Feminino

Meninos

Bolsas Masculino

Malharia Circular Feminina

Calçados Femininos

Malharia Circular Masculina

Calçados Masculinos

Malharia Retilínea Feminina

Celebridades

Malharia Retilínea Masculina

Comportamento

Novelas

Esportivo

Surfwear

Feira Milano Unica

Uso nas Ruas

Feira Pitti Filati

Vestuário Feminino

Feiras de calçados e bolsas

Vestuário Masculino

NOVIDADE Lineapelle A cobertura da feira italiana, referência mundial em componentes para calçados, bolsas e artefatos, é uma das novidades de abril. Veja outras feiras no Portal UseFashion.

12 a 15 - Texfair 16 a 20 - Vicenza Oro Charm 23 a 25 - Modaprima

JUNHO

MAIO

CALENDÁRIO 02 a 04 - Sicc 03 a 04 - Denim by Première Vision 07 a 12 - Fashion Rio 16 a 19 - Pitti Uomo 16 a 19 - Fit 17 a 23 - São Paulo Fashion Week 19 a 21 - Fimi 20 a 24 - Semana de Moda Masculina de Milão 21 a 22 - Bubble London 25 a 28 - Semana de Moda Masculina de Paris

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DICAS

DA REDAÇÃO RIVANE NEUENSCHWANDER

foto: reprodução

A Frieze, umas das mais importantes revistas do mundo das artes, apresenta uma seleção da obra da artista plástica brasileira Rivane Neuenschwander. Mineira, formada pela Universidade de Belas Artes, Rivane utiliza elementos da vida quotidiana como papel, alimentos, poeira, água, sabão, quase todos perecíveis, para criar uma obra afiada, capaz de abordar com a mesma contundência questões sociais e subjetivas. A artista é um dos nomes mais respeitados na cena contemporânea, com participações nas grandes mostras mundiais e representações em galerias de peso em Tóquio, Nova York, Londres, São Paulo, entre outras. Leia mais: http://www.frieze.com/magazine/

foto: reprodução

BRIT INSURANCE DESIGN AWARD 2009 Até 14 de junho o Design Museum, em Londres, apresenta os 91 trabalhos selecionados no Brit Insurance Design Award 2009, uma espécie de Oscar do design que engloba as categorias: moda, mobiliário, gráficos interativos, design de produtos e de transportes. Na exposição, os visitantes podem conferir, entre outras obras, o trabalho do artista de rua Shepard Fairey, que desenhou Barack Obama, quando ainda concorria à vaga presidencial. A obra ficou tão famosa que surgiram camisetas, pôsteres e outros souvenirs com o retrato da obra de Fairey. Confira: www.designmuseum.org/exhibitions/ 2009/brit-insurance-designs-of-the-year

FUNDAÇÃO CRESPI PRADO

Vale fazer uma visita: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 - São Paulo

foto: reprodução

O Museu da Casa Brasileira abriga a exibição permanente de parte do patrimônio da Fundação Crespi Prado, composto por pratarias, mobiliário, tapeçaria, ourivesaria, quadros e esculturas pertencentes ao casal Fábio Prado e Renata Crespi e reunidas no início da década de 70. A exposição fica no andar superior e também no hall do solar, que pertenceu ao casal e que hoje abriga o Museu. Na imagem: Oratório policromado, Bahia, século XVIII.


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Piercing e maquiagem escura para os olhos já deixaram de ser sinônimos de rebeldia. Hoje são elementos de estilo.

Desenhos em cores fortes nas unhas: o detalhe não passa despercebido.

A bolsa média e estruturada é uma nota dissonante, ao gosto deste look, que mistura formal e informal e aposta na antimoda.

Botas estilo cowboy ainda vão dar o que falar durante o inverno. Para quem deseja combinálas com outros estilos, como é o caso, o cabedal monocromático e sem detalhes é a melhor opção.

O casaco vermelho vivo rege a composição do look.

Os anos 90 são revisitados nesta combinação de referências: clássico na bolsa, street na modelagem. Um mix de conforto e bossa.


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Mesmo com a produção day by day, a garota não deixa de demonstrar atitude ao misturar proporções e tecidos. A referência no rock dos anos 90 está na proporção dos casacos e no desleixo proposital do look.

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As bolsas de menor tamanho ganham mais e mais adeptas.

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Os cabelos “corretamente” bagunçados e ao natural estão de acordo com o conjunto.

Combinações inteligentes e peças com desenhos interessantes elevam o moletom a outro patamar.

Para os grandes volumes dos casacos e sobreposições de inverno, nada melhor do que calças ajustadas. Elas equilibram as proporções.

Os desgastes naturais do couro também vão bem se a estética comporta.


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paparaz zi

fotos: © Agência Fotosite

BLACK TOTAL

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Freja Beha Erichsen

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Elas não combinaram o look, com certeza, mas, à espera de entrar na passarela da Balmain, na semana de moda de Nova York, Freja Beha Erichsen, Isabeli Fontana e Anna Selezneva exibem o uniforme da modelo que se preza: preto da cabeça aos pés e botas confortáveis.



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ves t uário

A MODA DOS ANOS 90 ONTEM E HOJE POR EDUARDO MOTTA, JULIANA ZANETTINI E PAULA VISONÁ *

No momento em que as coleções desfiladas em Nova York, Londres, Milão e Paris mergulharam de cabeça nos anos 80, buscamos entender a década seguinte, os anos 90, e identificar as referências que ela deixou salpicadas aqui e ali nos desfiles. Partimos da ideia de que, na época, o delay do Brasil em relação à moda internacional era acentuado, e muito do que caracteriza o final dos 80’s só tomou forma por aqui no começo da década de 90. Também escolhemos o período para escrever, pois acreditamos que a noção de continuidade cronológica seja um dado crucial para o desenvolvimento de produtos. É fato que os anos 90 estão tão próximos que ainda ficam embaçados quando tentamos olhar para eles. Se isto dificulta a identificação, não quer dizer que os estilos não tenham se consolidado. Vamos a essa breve tentativa de entender melhor o período, atualizado pela produção recente. Moda nos anos 90 A década começou acenando com o desleixo urbano e poético do grunge, que despontava como mais uma das manifestações da antimoda. Afinada com o espírito e à frente da Comme des Garçons, Rei Kawakubo implodiu a noção de boa técnica e virou a roupa do avesso expondo os bastidores da costura.

Ecos do grunge nas coleções atuais de Rei Kawakubo (Comme des Garçons em Paris - ao lado esquerdo) e da Missoni em Milão (acima)

Ombro a ombro com a estilista, outro japonês, Yohji Yamamoto adotou uma linha mais purista, com muito preto e modelagem distante do corpo, fundando as bases do minimalismo. O termo e os princípios foram importados de um movimento artístico dos anos 70. O estilo depurado decorrente desta influência exerceu o mais forte impacto dos últimos dez anos do século XX sobre a roupa. Se os japoneses eram experimentalistas e deram o primeiro passo, outros se apropriaram apenas do necessário para promover mais uma simplificação, desta vez adequando a roupa à produção e distribuição global, estratégia que passou a comandar a moda na época.

* Eduardo Motta, Juliana Zanettini e Paula Visoná são consultores da UseFashion, pesquisadores nas áreas de calçados, bolsas e vestuário.

Kate Moss e Johnny Deep personificam a antimoda em 1995


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fotos desfiles: © Agência Fotosite fotos referências: reprodução

Look Yamamoto do final da década de 80

O minimalismo de Yohji Yamamoto em Paris, permanece afiado em 2010

Stela Tenant encara o minimalismo vestindo Hermès no fim dos anos 90


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ves t uário

Fora das passarelas e no foco de todas as atenções, o estilo limpo e funcional de Lady Di ajudou a consolidar este enxugamento comercial do minimalismo. E ele foi largamente praticado pela moda americana. Marcas tradicionais como Gucci (1922) e Prada (1923) iniciaram sua retomada de prestígio e faturamento simultaneamente, com Tom Ford e Miuccia Prada pilotando estilos bem definidos. A Gucci, com excelente trabalho comercial e a Prada em uma linha autoral. Estas, como todas as outras marcas, foram devidamente amparadas pelo novo star system, o das supermodelos. Naomi Campbell, Linda Evangelista, Christy Turlington, Claudia Schiffer e Cindy Crawford abriram espaço para Kate Moss e Gisele Bündchen. Uma sequência de divas saídas não mais do cinema, mas das passarelas. Estas mulheres vendiam e ainda vendem tudo que apresentam e tornaram-se ícones da fusão entre ideais de beleza e mercado, consolidados nos anos 90.

Naomi, Linda, Tatiana, Patitz, Christy e Cindy, supermodels no começo da década

Se o triunfo do corte e da modelagem simplificados viabilizou a homogeneização entre estilo e produção global, em outra frente, as casas tradicionais, que precisavam virar o século atreladas ao futuro, partiram para a contratação de estilistas jovens. Marc Jacobs na Louis Vuitton, John Galliano na Dior, e Alexander McQueen na Givenchy foram alguns dos favorecidos por esta urgência. Deu no que deu: funcionou na época e funciona até hoje. Os rapazes aceleraram a renovação da moda, lá no passado, e continuam pisando fundo aqui no presente. Outra vertente de estilo dos anos 90, fora do eixo minimalista, é bem representada por Versace. O italiano gostava de cores fortes e de libido exacerbada garantindo espaço para essa mistura explosiva em meio ao império da uniformização pelo preto. A despeito dos aspectos exteriores, um dos pontos que unificam a dispersão da moda da década é mesmo a adequação à produção em massa, visando à distribuição global, sustentada por campanhas publicitárias dispendiosas. A racionalização técnica pode ser identificada em criadores de expressões opostas e também em achados comerciais. Como o preto básico e o jeans de cintura baixa que venderam maciça e mundialmente, aguçando o apetite por produtos globais e definiu a entrada da moda nos anos 2000.

Campanha da Gucci clicada por Mario Testino: em busca da moda jovem global

Ressonância minimalista em look do inverno 2010 na coleção Lanvin em Paris

Elegância funcional de Lady Di. Ela sabia usar até mesmo Versace sem cair no exagero


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Uma das primeiras marcas a se posicionar globalmente fotos desfiles: © Agência Fotosite fotos referências: reprodução

Kristen McMenamy, Nadja Auermann e Elton John de Versace. Um outro lado dos anos 90

Look Stella McCartney de inverno 2010: o pragmatismo chic da estilista é dos mais adequados ao formato de moda global

Linda Evangelista veste Prada


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ves t uário REPORT

CORES fotos: © Agência Fotosite

CONTRASTES EM EVIDÊNCIA

Christian Lacroix | Paris | verão 2010

Richard Nicoll | Londres | verão 2010

A paleta certa é ingrediente fundamental para o sucesso de uma coleção. Na temporada de verão 2010, as cores contribuíram para arquitetar construções em blocos de tons distintos. Assim, prioriza-se os contrastes cromáticos e se evita padrões em estampas. O resultado adquirido pode ser renomeado como uma reinvenção das técnicas de estamparia, já que este visa trabalhar com uma harmonia cromática. Na campanha da Yves Saint Laurent, o casamento dos tons opostos contribuiu para realçar o look como plano principal na imagem. Esta premissa também serve de base para a elaboração de modelos específicos. Por exemplo, para realçar a barra de sua blusa, Dries Van Noten também escolheu tons complementares do círculo cromático. Criado por Isaac Newton e aperfeiçoado por Jacques-Christophe Le Blon, o circulo cromático facilita a compreensão da harmonia entre tons próximos, auxiliando na escolha pela cor certa e suas combinações. Logo, o modelo em destaque na mais recente coleção de alta-costura da maison Christian Lacroix representa uma “harmonia do complemento dividido”, realçada por concepção menos engessada do color block. Ditando novos caminhos, os blocos de cores são divididos a partir de linhas irregulares. Dries Van Noten | Paris | verão 2010

Veja o report completo, com todas as informações sobre a harmonia das cores acessando o portal www.usefashion.com.


ves t uário REPORT

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VESTIDOS PEÇAS-CHAVE PARA O VERÃO 2010 fotos: © Agência Fotosite

Marios Schwab | Londres | verão 2010

Desenho de vestido de Marios Schwab

O vestido é uma peça que acompanha a história da moda e da indumentária. Ele evoluiu da túnica, usada por homens e mulheres na antiguidade. Neste período, técnicas de moulage ou drapping foram desenvolvidas para diferenciar as túnicas utilizadas pelos homens e pelas mulheres. Trabalhando os tecidos sobre os corpos, as costureiras da época tratavam de ajustar os materiais em alguns pontos específicos, como busto, por exemplo. Com isso, proporcionavam efeitos de volumes, como pregas e franzidos. A cintura deslocada para logo abaixo do busto também é um recurso deste período, sendo esta uma técnica utilizada justamente para evidenciar esta área do corpo. Vestidos longos, muito próximos das linhas estéticas que prevaleceram na antiguidade, são propostas importantes para o verão 2010. Valem tanto as releituras das antigas túnicas para a exploração de peças simples e amplas quanto as releituras das técnicas de drapping utilizadas. Estes vestidos representam o estilo greco-romano que foi abordado por vários designers internacionais para a próxima temporada. Para sua coleção verão 2010, Marios Schwab procurou reinterpretar as técnicas de moulage antigas, proporcionando efeitos localizados interessantes. Anos 30 e T-shirts também inspiraram os modelos do próximo verão. Acompanhe todos os detalhes no www.usefashion.com.

Anne Valerie Hash | Paris | verão 2010


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c alç ados & bol s a s

Prada | MilĂŁo


fotos: © Agência Fotosite

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PERNAS SEM FIM BOTAS CUISSARDES INVADEM AS PASSARELAS POR INÊZ GULARTE CONSULTORIA: EDUARDO MOTTA

Para o inverno 2010, marcas importantes no cenário mundial mostraram, em suas coleções, botas de cano acima do joelho, muitas vezes na altura das coxas. Chamadas de cuissardes, elas deslocam o olhar para as pernas e alongam a silhueta. A incidência do modelo é tão alta que dá o que pensar. Elas tomaram de assalto a passarela, mas, e as ruas? Será que chegam até lá? Vamos ao histórico recente destas enormes botas, os mais extensos de todos os modelos de calçados. Na temporada passada, a Chanel fez sucesso com uma de matelassê usada por várias celebridades e clicada por paparazzis ao redor do mundo. A imagem forte acionou a mania, e os designers decidiram apostar nelas, deixando correr solta a imaginação. A Prada propôs modelagem em couro, com apelo rural e preso por por fivelas que se estendem até a altura da cintura, encaixando no cinto. Na Lanvin, elas são confeccionadas em material stretch que se ajusta perfeitamente à anatomia. O mesmo acontece com Stella McCartney, mas os seus modelos sobem ainda mais, confundindose com uma legging. Para Hussein Chalayan, as botas em couro têm cano largo, presos às pernas pela parte interna, por uma espécie de cinta liga de couro, bem fetichista. Na coleção da Choé, o cano em couro macio é preso acima do joelho com elástico franzido, bem confortável. Em todos os casos, o resultado visual tem impacto indiscutível, e com certeza será um item adotado com esta finalidade. Como adereço de styling, as cuissaedes têm potência para definir estilo, oscilando entre o apelo de modelos do passado (quem não se lembra dos famosos Três Mosqueteiros ao ver uma bota assim?), a tradição de botas de serviços rurais, o futurismo dos modelos dos anos 60 e 80, e o fetichismo, que é o que tempera todas elas. Quase uma alegoria nas demais versões, é na de stretch, grudada à pele como uma meia, que está o maior potencial de vendas. Prada | Milão


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c alรง ados & bol s a s

Hussein Chalayan | Paris


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fotos: © Agência Fotosite

MIMETISMO

Stella McCartney | Paris

Lanvin | Paris

Chloé | Paris

Com as atenções voltadas para as pernas, mais uma pergunta está na ordem do dia: onde termina o calçado e começa a meiacalça? Com estampas, texturas e até bordados com aplicações de pedrarias, as opções da temporada inverno 2010 não cumprem apenas o papel de tornear e aquecer as pernas. Elas, assim como as botas de canos muito altos, vêm para chamar a atenção de quem passa. É a chamada tendência legwear.

Marithé François Girbaud | Paris

BCBG | Nova York


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aces sรณrios

Surrealismo nas peรงas da Dolce & Gabbana. Relรณgios e mais relรณgios formam colares que sรฃo puro nonsense


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fotos: © Agência Fotosite

Alma vintage na Marni

Formas industriais com pedrarias na Lanvin

CRESÇA E APAREÇA TAMANHOS EXAGERADOS E MISTURAS DE MATERIAIS DÃO O TOM DA TEMPORADA POR INÊZ GULARTE CONSULTORIA: RENATA SPILLER O inverno 2010 não deixa dúvida: nada de minimalismo ou de peças discretas. De simples complemento, a bijoux assume o papel de protagonista. Comanda o estilo e deixa o vestuário como pano de fundo para sua grande apresentação. Não tem mesmo como deixar de olhar para acessórios assim tão criativos. Além de enormes, eles apresentam as misturas de matérias-primas mais interessantes dos últimos tempos, atraindo todas as atenções. As grandes gemas, aplicadas aos elos na coleção Marc Jacobs, são um bom exemplo desta estética superlativa. Outro ponto forte, além das pedras que são onipresentes, aparece nos próprios elos de metal.

Também exagerados, desta vez, eles vêm unidos a outros materiais. Enquanto atravessam os elos, a junção com fitas aveludadas cria efeito de passamanaria e surpreende pela escala. Na coleção de Anna Sui, podemos ver bons exemplos.

os cabelos, virando adornos. Bijouxs feitas com zíperes foram a escolha das grifes Doo Ri e Nary Manivon, ambas desfiladas em Nova York.

Outro recurso bem explorado na correntaria é a variação de proporções em uma mesma peça, alternando tamanhos de elos para criar ritmos diferentes.

Duas marcas que têm ditado regras nos acessórios engrossam a lista de misturas e proporções exageradas. Na Marni, a exuberância de sempre tem alma vintage. Nesta estação, a aposta é nos excessos para criar peças cheias de poesia e carga emocional. Na Lanvin, tudo é sofisticação.

A onda surrealista, que põe na pauta referências em Elsa Schiaparelli e Salvador Dali, trouxe para a Dolce&Gabbana peças construídas com vários relógios, multiplicados até formar colares que são puro nonsense. Na D&G, as borlas e chaves deixaram as cortinas e portas para ganhar

O desenho permance apoiado no estilo déco, mas evolui para uma junção de formas industriais em metal, com incrustação de pedraria, parodiando convenções do luxo. Importante observar que a maioria dos colares está mais rente ao pescoço. Eles são as peças-chave da temporada.


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aces s贸rios

Elos enormes na Michael Kors


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fotos: © Agência Fotosite

Marni | Milão

D&G | Milão

Fendi | Milão

Lanvin | Paris


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radar internac ional V E R ÃO 2010

NOTURNO INFORMAL No teatro, em jantares e festas informais, os acessórios ganham peso e personalidade. As bolsas têm aspecto refinado, e os calçados, mesmo rasteiros, pedem por construções elaboradas para não colocar em risco o charme do conjunto.

Marni | Milão

Taher Chemirik | Paris

Marni | Milão

Max Azria | Nova York

Jil Sander | Milão

Mulberry | Paris

Bruno Frisoni | Paris


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DIURNO ELEGANTE As combinações de bolsas macias com rasteiras acompanham almoços, idas ao cinema, ou mesmo as compras descontraídas. A tônica da composição é dada pelos acessórios, usados moderadamente. Experimente recombinar todos estes itens: funciona.

fotos: ©Agência Fotosite

Emilio Pucci | Milão Daslu | Paris

Christian Louboutin | Paris

Dries Van Noten | Paris

Burberry | Milão

Stella McCartney | Paris

Ann Sofie Back | Londres


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radar nac ional I N V E R N O 20 0 9

INVERNO NO CAMPO Um dos itens obrigatórios do inverno próximo serão as botas country. Lisas, com desenhos aplicados ou couro réptil, elas têm canos em vários comprimentos. Atenção: o vestuário não precisa acompanhar o estilo!

Luz da Lua

Carmem Steffens

Orcade

Simone Nunes | SPFW

Arezzo

Capodarte

Vizzano


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SOBRAS E FRANZIDOS Não será apenas no vestuário que se usarão os grandes volumes nas silhuetas de inverno. Os canos das botas aparecem com excessos de couro, e os efeitos franzidos se encaixam perfeitamente em modelos usados com vestidos curtos e sobre calças ajustadas. fotos: divulgação fotos desfiles: © Agência Fotosite

Via Uno

Azaleia

foto: Crysalis BMA

Paula Bahia

Crysallis

Andarella

Espaço Fashion | Fashion Rio


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m a sc ulino

SUBVERSÕES E APELO STREET ESTILISTAS DÃO FORMA E CORPO À NOVA ALFAITARIA POR FERNANDA MACIEL CONSULTORIA: PAULA VISONÁ

A alfaiataria em muito serviu às regras de comportamento masculino do século XIX, quando era preciso amenizar o adorno para imprimir um caráter de distinção e elegância ao homem de negócios burguês. A precisão do talhe, a subtração de elementos decorativos e a discrição do material serviram como meio de distinguir indivíduos, circunscrevendo-os em novos padrões sociais. O alfaiate passou a ser uma figura central na moda masculina, visto sua habilidade particular em dominar o capricho dos materiais – e dos clientes – em nome de uma aparência, ao mesmo tempo, discreta e imponente. Se não pelas firulas estéticas, pela precisão do projeto e da roupa. Muito da alfaiataria acabou se perdendo com a criação do prêt-à-porter e de uma certa padronização de medidas e de gostos. A partir daí, a precisão do alfaiate cedeu lugar à reprodução em série, algo impensável em outros tempos. Mas, o conhecimento, ainda que em forma de sussurro, se manteve, resistindo bem ao tempo para chegar aos dias de hoje. Dessa forma, a retomada das técnicas de alfaiataria acabou por servir como fator de diferenciação entre os artefatos produzidos por designers e maisons de renome, distinguindo-os da roupa em série. Atualmente, as técnicas da alfaiataria são utilizadas tanto para peças com apelo street, a exemplo da brasileira V. Rom, na coleção de inverno 2009, como nas subversões apresentadas nos desfiles masculinos para temporada inverno 2010, principalmente nos looks de A experiência na Veronique Branquinho e Neil Barret. alfaiataria enriquece

e amplia o exercício “O importante é andar com o conceida criação, e dá mais to da coleção dentro de várias poscaminhos para a sibilidades de produto. A experiência imagem da V. Rom na alfaiataria enriquece e amplia o exercício da criação, e dá mais caminhos para a imagem da V. Rom”, acrescenta Igor de Barros, estilista da marca. Segundo Igor, a alfaiataria é um exercício específico, um processo de manufatura, execução. “O processo criativo está em outro lugar. É o desejo. A alfaiataria é só um meio de execução. É importante conhecer suas regras como um agregador, como uma possibilidade”, complementa. O fato é que, na atualidade, para ampliar a oferta de produtos, passou-se a esta adequação simbólica, retomando o conhecimento legado pela alfaiataria. O diálogo entre a técnica tradicional e a contemporaneidade cruza estilos de vida, atravessando segmentos e nichos de mercado, para alcançar novas formas de expressão. A moda masculina caminha lenta, porém, firme para uma evolução pontuada pela compreensão do sentido de corporalidade. Como técnica insuperável de construção de roupas e, consequentemente, uma aliada na construção do corpo, a alfaiataria sai do passado para ocupar lugar de destaque na moda do presente. Veronique Branquinho | inverno 2010 | Paris


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fotos: © Agência Fotosite

V.Room | inverno 2009 | SPFW


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radar m a sc ulino

INFORMAL Versatilidade no dia-a-dia ĂŠ essencial.

The Bridge

West Coast

Raphael Stephens

V.Rom | SPFW

Fascar


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FORMAL, MAS NEM TANTO Elegância não precisa ser conservadorismo.

Democrata

Cospirato

fotos still: divulgação fotos desfiles: © Agência Fotosite

Cospirato

Ivan Aguilar | Fashion Rio Democrata


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in fantil

DOIS EM UM ORA CASACO, ORA VESTIDO, O DREES COAT É VERSÁTIL E ESTÁ NA MODA POR FERNANDA MACIEL CONSULTORIA: RENATA SPILLER

O dress coat já é a peça favorita para a moda infantil no inverno 2010. O casaco usado como vestido é um coringa no guarda-roupa. E não poderia ter melhor garota-propaganda. Nada menos que Suri Cruise, filha de Tom Cruise e Kate Holmes, a criança mais influente do mundo segundo a revista Forbes, já foi fotografada vestindo a peça em várias ocasiões. Lã e até mesmo nylon, normalmente utilizado na confecção de jaquetas e coletes, são tecidos ideais para a confecção do dress coat. Cortes na cintura, corte império, modelagem evasê e pregas se adaptam perfeitamente ao modelo, dando a possibilidade de ser usado fechado como vestido ou aberto como casaco. Os detalhes no fechamento são fundamentais, destacando o look. Botões forrados, metalizados ou diferenciados em madeira, couro e laçadas fazem a diferença. Nos editoriais de moda, o dress coat também reina absoluto. Vale lembrar que o trench-coat, clássico casaco em estilo militar com dragonas e pala nos ombros, mostra sinais de renovação surgindo em modelos acinturados e mais longos ganhando até camadas e babados. O modelo tradicional recebeu novas propostas de estilo, sendo usado como um dress coat sobre bermudas de alfaiataria e saias armadas com referências dos anos 50. Foi proposto também com uma saia básica em jeans, recebendo o nome de trench dress.

Agatha Ruiz de La Prada | Pitti Bimbo | inverno 2010


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fotos: Š Agência Fotosite

Parrot | Pitti Bimbo | inverno 2010

Miss Blumarine | Pitti Bimbo | inverno 2010

Elsy | Pitti Bimbo | inverno 2010

Lilica Ripilica | Fashion Rio | inverno 2009


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radar in fantil

LISTRAS Um dos padr천es mais utilizados na moda infantil ganha novas vers천es no inverno e promete contagiar a moda dos pequenos. O diferencial fica por conta da inclus찾o de outros padr천es e desenhos divertindo as listras.

Tuca

Puket

Woolrich Kid | Pitti Bimbo

Carinhoso

Carinhoso

Carinhoso

Carinhoso

Carinhoso


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PRETO fotos desfile: © Agência Fotosite

Formal, sofisticado e carregado de simbologia, o preto entrou de vez na moda infantil. Adorada pelas crianças, mas ainda vista com receio por alguns pais, a cor chega como base para estampas e padrões tradicionais, modifica animal prints e adorna meninos e meninas dos pés à cabeça.

fotos still: divulgação

Tyrol

Tyrol

Miss Grant | Pitti Bimbo Tyrol

Carmen Steffens

Primicia

Magia Teen


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acontece

MODA AUTORAL FEITA NO NORDESTE “Nós do Nordeste temos mais dificuldade pela forma que somos vistos pelo resto do Brasil. Mas trabalhamos muito mesmo, e o Ceará conseguiu esse pódio que são os 10 anos de Dragão Fashion”, desabafou o idealizador do evento Cláudio Silveira na abertura da temporada da Semana de Moda do Ceará, ocorrida de 5 a 8 de abril. O sucesso desses 10 anos do Dragão vem ao encontro do significativo crescimento do pólo têxtil nesta região do nordeste. Entre os produtores nacionais, o Ceará ocupa a 6ª posição, atrás de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, e responde por 6,1% do PIB têxtil brasileiro. São 5.965 empresas formais, 5.238 de confecções. Durante a semana de moda, Mark Greiner, arquiteto-estilista descoberto pelo evento em 2001, ressaltou a inovação de formas e sentidos utilizando desde tecidos em desuso, como tule e veludo molhado, a ombros altamente marcados e vestidos carnavalescos. Uma coleção exuberante, bastante autoral e digna de exposição. Mesmo altamente comercial, a grife Handara

fotos: Roberta Braga/Agência KFK/Divulgação

DRAGÃO FASHION | INVERNO 2009 conseguiu trazer boas construções, como macacões e jardineiras; diversidade de calças (haréns, jodhpur, lápis e clochard) e shorts em lavagens manchadas (marmorizados localizados), muitos usados com barras viradas; além do bom aproveitamento de cores lavadas. Na passarela, Isabela Fiorentino, garota-propaganda da marca há várias temporadas. Luto Nos últimos instantes do primeiro dia, uma notícia comentada com tristeza nos bastidores. Rogilton Conde, idealizador da Indústria de Assessoria, que presta auxílio à imprensa desde a primeira edição, havia falecido há poucos instantes. Ele estava internado há algum tempo e se despediu justamente na data do primeiro dia do Dragão que ajudou a alavancar há 10 anos. Todos seus próximos, sobretudo os jornalistas que tinham por ele muito carinho, sentiram profundamente esta perda. E a UseFashion então, também presta esta homenagem, como agradecimento por ter sido sempre tão bem recebida por ele.

Isabela Fiorentino desfilou para Handara

COMPORTAMENTO DE CONSUMO INFLUENCIA MATÉRIAS-PRIMAS O comportamento de consumo foi o norte das estratégias comerciais da 33ª Fimec (Feira Internacional de Couros, Químicos, Componentes e Acessórios, Equipamentos e Máquinas para Calçados e Curtumes), realizada entre os dias 24 a 27 de março nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo (RS). Considerada uma das maiores do setor, teve cerca de 1.200 expositores de diversos países com suas coleções para o verão 2010. Estandes cheios, compradores brasileiros e estrangeiros e a grande movimentação nos corredores indicaram que, apesar da crise econômica mundial, os expositores estavam precavidos para possíveis movimentações no mercado. Segundo a representante Michelle Marques, da Couros Nobre, muitos compradores estavam pedindo couros com tonalidades neutras. “Nós temos o que eles querem, mas não deixamos de produzir o colorido. O verão é cor e o público espera isso nessa temporada. Não se pode tirar radicalmente algo que se levou tanto tempo para conquistar”, afirma. A Brisa, fabricante de sintéticos, também percebeu essa resistência e trabalhou com o pensamento de que o consumidor não vai deixar de comprar, mas tende a comprar melhor. A probabilidade é de que consuma peças mais sóbrias

com maior vida útil maior. Vale lembrar que o preço do couro caiu nos últimos meses. “Entendemos que as indústrias que deixavam de consumir em função do preço agora adotem outros critérios de compra. Tecnologia e pesquisa nunca foram tão importantes para a diferenciação”, disse um dos representantes da Brisa. De fato, as novidades tecnológicas da feira foram destaque. Texturas diferenciadas em couros naturais e sintéticos competiram com cores fortes e sóbrias obtidas a partir de sofisticados processos. Os tons pastel têm predileção total, assim como uma infinita gama de rosados. O branco como fundo e a gravação em croco tem espaço garantido. Workshop UseFashion O Workshop da UseFashion, ministrado pelo consultor Eduardo Motta, apontou as tendências para o inverno 2010. Na apresentação, as megatendências “Mobilidade”, “Encadeamento” e “Extraordinário” propostas pelo Núcleo de Pesquisa da UseFashion, foram abordadas. “A informação de moda não pode ser vista isoladamente, ela faz parte de um aglutinado que envolve contextos sócio-econômicos que influenciam o comportamento de consumo”, disse Motta.

Fuga Couros

Endutex

Stahl

Helvetia

Aplic Colour

Top Leather

fotos: UseFashion

FIMEC | VERÃO 2010



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v it rine

LOUIS VUITTON Já faz algum tempo que a Louis Vuitton vem se recolocando no mercado, reinventando o clássico e trazendo cada vez mais uma cara moderna para a grife sem esquecer da importância dos inconfundíveis monogramas. Figura importante nessa remodelação, Marc Jacobs contou sempre com a ajuda de artistas consagrados. Um deles, Stephen Sprouse, recebe uma homenagem póstuma: a coleção 2009 é baseada em desenhos que os dois desenvolveram juntos em 2001. Como sempre, o visual de loja deve acompanhar essas mudanças e, principalmente, ser palco desta homenagem. O néon aparece nas rosas vermelhas, um dos desenhos de Sprouse. O adesivo na vitrine traz o endereço do site dedicado ao artista. Sinal de que este espaço tão importante da loja pode ir muito além, ao invés de apenas mostrar os produtos.


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fotos: UseFashion

GIANFRANCO FERRÉ Quando o assunto é expositor, existem muitas novidades no mercado, mas o mais interessante é quando a loja encontra um modelo diferenciado que parece ter sido feito especialmente para aquela vitrine. É o caso da Gianfranco Ferré, em Roma, que usou um expositor deslumbrante. As placas de MDF revestidas de aço escovado são intercaladas com algumas maiores, que são grandes bandejas espelhadas. O efeito é belíssimo, dando destaque e imponência aos produtos. A vitrine fica completa com a forma em espiral do expositor que preenche todos os espaços. Mesmo assim, o salão de vendas é o pano de fundo e exige atenção. Neste caso, a ausência do manequim na vitrine faz parte da composição e soma pontos a favor do produto final.


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v i sual de loja

Executada por Zaha Hadid e Patrick Schumacher, a loja com dois andares tem 500m²

NEIL BARRET EM TÓQUIO LOJA TEM PROJETO OUSADO ASSINADO POR ZAHA HADID EM PARCERIA COM PATRICK SCHUMACHER POR INÊZ GULARTE Linhas curvas, fluidas, formas orgânicas e composições espaciais dinâmicas. “Ao invés de definir uma única sala ou espaço, o nosso projeto cria um ambiente circular que permite a passagem dos clientes para experimentar todos os cantos da loja de várias formas e interpretações”. É assim, nas palavras dos responsáveis pelo projeto, que poderíamos descrever o conceito arquitetônico da flagship da Neil Barret em Tóquio. Executado por Zaha Hadid e Patrick Schumacher, a loja com dois andares tem 500m² e é a maior da marca no Japão, erguida no ano passado em comemoração aos 10 anos da grife no país. Com projeto badaladíssimo, vale lembrar que Zaha Hadid já fez incursões na moda, criando calçados para Melissa, Lacoste, além de ter projetado o pavilhão itinerante da Chanel (Chanel Móbile Art). Entretanto, essa é a primeira vez que

a arquiteta projeta uma loja.

valorizadas ainda mais pela luz especial.

O estilista Neil Barret, considerado um dos mais No térreo, encontramos o lado forte, dinâmico. importantes do mundo, declarou Uma escultura com formas mascuem entrevista que o trabalho de linas ergue-se repleta de superfícies Zaha é uma união harmoniosa que se multiplicam e se repartem, entre arquitetura e escultura. dividindo-se em múltiplas cama“Criar sinergias misturando difeAo invés de definir das. No primeiro andar, linhas e renças tem algo em comum com uma única sala ou contornos fluidos, suaves, revelam a minha maneira de fazer roupas”, espaço, o nosso pro- feminilidade. comparou. jeto cria um ambiente Feitos em Corian (um material O conceito da loja brinca com as características relacionadas ao dualismo entre o masculino e o feminino. O mobiliário expressa bem essa ideia. Nos dois andares, dispostos no centro da loja, os móveis que mais parecem esculturas, são um bloco compacto que vai se desdobrando em camadas,

circular que permite a passagem dos clientes para experimentar todos os cantos da loja de várias formas e interpretações.

sintético que imita o mármore) branco fosco, os móveis contrastam com o piso liso em preto brilhante e com as paredes em cimento. Na produção das peças, quase 50 componentes foram fabricados na Inglaterra e posteriormente montados no Japão por uma equipe de especialistas da Grã-Betanha.


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fotos: Virgile Simon Bertrand/divulgação

Os móveis mais parecem esculturas repletos de superfícies que se multiplicam e se repartem, dividindo-se em inúmeras camadas

Feitos em corian, os móveis contrastam com o piso liso em preto brilhante e com as paredes em cimento


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repor tagem

Versace | Mil達o | ver達o 2010


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fotos: © Agência Fotosite

TEMPO DE ESTAMPAS CENÁRIO EFERVESCENTE DE LONDRES REVELA AS MELHORES PROPOSTAS DA TEMPORADA POR FERNANDA MACIEL

Antes de estampar tecidos, o homem já imprimia seus desejos de ornamentar e decorar através da pintura corporal. Da pele, a pintura passou para o couro e, só depois para os tecidos. Hoje as técnicas de estamparia são inúmeras e cada vez mais avançadas. Os estilistas e designers ingleses, talvez pela efervescência das artes visuais e devido ao típico cenário alternativo de Londres, são referência quando se fala no assunto. Por isso, nessa reportagem, tomamos a produção inglesa como ponto de partida, sem deixarmos de abordar a produção brasileira, a história e as técnicas da estamparia.


repor tagem

TEMPO DE ESTAMPAS

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FINA ESTAMPA

ALEGRIA TROPICAL

Apoiada por uma cena artística de peso, com produção significativa na música e nas artes visuais, a moda londrina é conhecida pela criatividade e ousadia. Não é à toa que a London Fashion Week é tida como a mais alternativa do circuito. Na última temporada de desfiles para o inverno 2010, a estamparia mais uma vez surpreendeu tanto na qualidade quanto na diversidade, isso em pleno inverno, tradicionalmente uma estação mais sóbria.

Há 29 anos no mercado, a Dalutex, empresa têxtil paulista, trabalha com diferentes técnicas de estamparia. “Utilizamos quadro convencional e quadricromia, cilindro convencional e digital, que é a técnica mais inovadora e mais moderna”, destaca Ronit Knopfler, gerente de desenvolvimento da Dalutex. Para o verão 2010, a empresa buscou inspiração na exuberância de diferentes culturas e povos, assim como em elementos da natureza, mesclando linguagens e manifestações culturais. Conforme a Dalutex, as estampas receberam a influência dos minerais através de texturas que remetem a pedras e cristais e inusitadas interpretações de florais e folhagens com toques orientais.

A especialista Dinah Bueno Pezzolo, jornalista e autora do livro Tecidos – história, tramas, tipos e usos, comenta: “A Inglaterra é conservadora por tradição, mas consegue se inovar dentro dos parâmetros que a história lhe impõe. Sabemos que na moda a reciclagem é uma norma e assim a estamparia também se renova dentro de suas origens. Foi o que ficou registrado nas passarelas da última London Fashion Week, quando o ‘flower power’ dominou o espetáculo”. Segundo ela, o floral predominou na estamparia até o final do século XVIII. Nos últimos anos do século XIX, teve novo impulso por conta do movimento artístico Art Nouveau, com seu design rebuscado, mas elegante, com folhas onduladas, caules alongados e cores esmaecidas. Na mesma época, o inglês Arthur Liberty criava a estampa Liberty, inspirado pelos artigos orientais importados por firmas inglesas, entre elas, a Liberty & Co. A estampa formada por flores miúdas acabou se tornando um clássico. “Acredito que essa retomada do ‘flower power’ foi muito bem estruturada. No mundo atual, com tanta violência, injustiça, guerras, estamos precisando de algo que suavize, embeleze nossos dias”, finaliza. Nesse espírito, grifes como Erdem, Basso & Brooke, Nicole Fahri, Jaeger London, Paul Smith, Sinha-Stanic e Vivienne Westwood são apenas alguns dos nomes que fazem parte do time de experts em estampas. Os estilistas Bruno Basso e Christopher Brooke, da grife Basso & Brooke, são um bom exemplo. Bruno é brasileiro e Christopher é inglês, cogita-se que a tradição da estamparia dos dois países somou-se para gerar o estonteante trabalho da dupla. Nesta estação, eles partiram do Rococó e do Barroco para criar um painel de motivos de grande riqueza visual. Tem sido assim nas últimas temporadas, com quase a totalidade das áreas de tecido cobertas por estampas.

“No Brasil, não necessariamente usamos mais florais, mas usamos mais cores e as estampas são mais alegres. Mesmo quando a estamparia não está muito na moda lá fora, sempre vende no Brasil. A brasileira gosta muito de estampado”, ressalta Knopfler. Para Dinah, a alma do país é revelada em seus tecidos. “A vegetação exuberante, a alegria nata do nosso povo e o clima tropical em que vivemos influem nas estampas criadas aqui. A chita é um tecido que exemplifica bem essa influência, através de flores e folhagens em tons vibrantes, diferenciando-se das chitas originais, as portuguesas”. Fernando Vilela já perdeu as contas de quantas estampas já produziu para a Neon, grife de Rita Comparato e Dudu Bertholini. Desde 2005, o artista plástico mantém parceria com a grife. “Sempre sou pautado pelo tema ou direção da coleção. Mas eles me dão total liberdade de criação nas imagens”. Para ele, o mix de arte e moda sempre cria ótimos resultados, “pois a experimentação em ambas áreas pode gerar casamentos muito inovadores”. Além da influência da localização geográfica, a tradição também deixa marcas. “As sedas japonesas são caracterizadas por motivos delicados e combinações de cores minuciosamente estudadas. Os tecidos europeus, especialmente os destinados à decoração, mostram desenhos tradicionais e cores secundárias. Os africanos típicos mostram traçados geométricos, cores contrastantes. Os tecidos da Índia primam por suas cores fortes e, quanto às estampas, sua beleza é conhecida há milênios”, conclui Dinah.

Vale citar ainda Erdem Moralioglu, da Erdem. Ele tem origem turca e inglesa, e estudou no Canadá antes de chegar a Londres e conquistar espaço. Já foi vencedor do prestigiado Fashion Fringe e trabalhou com Diane Von Furstenberg. Nos últimos anos, seu nome está em todas as rodas, em grande parte pela excelência da estamparia. Ele mescla color-block, pixels e os florais tradicionais com absoluto controle do resultado e transita entre o experimental e o gosto clássico com a mesma segurança. A Sinha-Stanic é da nova geração e, como Basso & Brooke, é uma dupla. A estampa é ponto forte do trabalho. Paul Smith e Vivienne são veteranos e fiéis à tradição inglesa. O xadrez, ou a variação tartã, que é onipresente e atemporal no repertório de todo o Reino Unido, integra a coleção de ambos e é ícone absoluto da também inglesa Burberry.

Dalutex


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fotos: Š Agência Fotosite

Basso & Brooke | Londres | inverno 2010


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fotos: © Agência Fotosite

Erdem | Londres | inverno 2010

Sinha-Stanic | Londres | inverno 2010

Vivenne Westwood | Londres | inverno 2010

Nicole Farhi | Londres | inverno 2010

Jaeger London | Londres | inverno 2010

Paul Smith | Londres | inverno 2010

dos estampados ou pintados, visando proteger seus tradicionais fabricantes de lã e seda, que protestavam contra a invasão do algodão. A Espanha e a Inglaterra seguiram o exemplo da França. Todos esses fatores, somados ao desenvolvimento de técnicas de tintura, impulsionaram a estamparia na indústria europeia. Surgiram os carimbos de metal para imitar a estampa batik, utilizada na Índia, mas a nova era têxtil só teve início com a invenção do cilindro para estampar”, como explica Dinah.

De lá para cá, inúmeros meios foram sendo usados para estampar tecido, tanto para o trabalho artesanal como para o industrial. “Batik, bloco de madeira, rolos de madeira ou de ferro recoberto com cobre, quadro, cilindro rotativo (ou quadro rotativo), transfer - todos são utilizados até hoje”, enfatiza. Segundo a jornalista, a última palavra em termos de tecnologia indica o cilindro rotativo e o jato de tinta, comandados à distância graças à informática.

ORIGEM A arte de estampar tecidos começou na Índia e na Indonésia. Eles utilizavam blocos de madeiras esculpidos para a repetição de motivos. Da Índia, no final do século XV, Vasco da Gama trouxe tecidos estampados de algodão, finos e transparentes para Europa, destinados exclusivamente às altas classes sociais. No entanto, o interesse popular em usar as famosas “roupas coloridas” ganhava as ruas. “A crescente procura fez com que a França proibisse a importação, a fabricação e o uso de teci-


PRINCIPAIS TÉCNICAS

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BATIK Conhecido e milenar processo indiano de estampar, se mantém inalterado até hoje. Cera quente ou parafina aplicada à mão livre sobre o tecido seguindo o motivo, com a finalidade de isolar áreas em que o tingimento não deve agir. Após a tintura, a cera é dissolvida em água quente. O processo pode ser repetido várias vezes, dependendo do número de cores que se deseja usar.

técnica. Atualmente, o desenho a ser estampado é gravado pelo processo de fotogravura sobre o quadro revestido com a tela fina. São utilizados vários quadros, um para cada cor. O quadro é posicionado sobre o tecido, e a pasta da cor, espalhada com uma espécie de rodo ou espátula, atravessa apenas as microperfurações deixadas livres. O quadro pode ser deslocado manual ou mecanicamente, sobre o tecido estendido sobre uma longa mesa.

BLOCO (OU PRANCHA) DE MADEIRA ESCULPIDA

CILINDRO ROTATIVO

Usado para estampar tecidos desde o século V. Inicialmente, a madeira era apenas esculpida em baixo-relevo. Mais tarde, essa matriz foi aperfeiçoada, recebendo uma fita de bronze no contorno do desenho. Quando o bloco é colocado sobre a tinta, somente o perfil desse contorno é molhado, permitindo uma linha de impressão bem fina sobre o tecido. Ainda hoje o processo que utiliza blocos de madeira é aplicado em trabalhos artesanais para estampar desenhos com várias cores. São utilizados diversos carimbos, um para cada cor em um só desenho. Os tecidos com estampas multicolores mais sofisticados do mundo sempre foram produzidos pela Índia, que até hoje domina as técnicas de tingimento e uso de mordentes.

É um processo relativamente recente (de 1962) que combina o antigo sistema a rolos e o sistema a quadros; é também chamado de quadro rotativo. A estampagem é feita através de uma tela cilíndrica, de inox, sobre o tecido, que é estendido sobre uma esteira rolante. Ordens são transmitidas por computador às máquinas que alimentam com jatos de tinta os cilindros, com extrema rapidez. A rotação dos cilindros apoiados sobre o tecido é sincronizada com a velocidade da esteira rolante, de modo contínuo. Esse processo apresenta grandes vantagens, principalmente em relação ao que utiliza quadros: elimina o encaixe do quadro, aumenta a rapidez da produção, estampa qualquer tipo de desenho, oferece maior nitidez e permite grande variedade de cores.

ROLO DE MADEIRA

TRANSFER

Criado no século XVIII como um substituto do bloco, com a transferência do motivo para uma superfície cilíndrica. A partir de sua criação, a impressão passou a ser mecanizada. Nesse processo, rolos de madeira gravados são alimentados com o produto colorante por um outro rolo fornecedor, que gira numa barcaça com o produto. O tecido a ser estampado passa pressionado por entre os rolos gravados e cilindros impressores, recebendo as diferentes cores necessárias. Os rolos de madeira antecederam os cilindros de cobre, que surgiram no final do mesmo século XVIII. Os de madeira, assim como os blocos, ainda hoje são usados em técnicas artesanais.

Também conhecido como termoimpressão, surgiu na França em 1980. O processo utiliza a alta temperatura na transferência de corantes e é bastante aproveitado na estamparia de base sintética e em camisetas. Um papel previamente impresso é colocado sobre o tecido. Os dois passam juntos entre os cilindros quentes de uma calandra, o que faz com que o corante do papel migre para o tecido. Apesar de caro, esse método tem a vantagem de ser rápido e permitir grande nitidez.

CILINDRO Rolo de cobre esculpido em baixo-relevo destinado a estampar tecidos - teve sua patente requerida em 1783 pelo escocês Thomas Bell. A rapidez e a eficiência do trabalho fizeram com que o método fosse rapidamente popularizado, dentro da estamparia já mecanizada. QUADRO Utilizado para estampar motivos trabalhosos sobre grandes áreas, especialmente quando o objetivo é a precisão dos desenhos, já era usado no Oriente desde o século VIII. Para ter uma ideia da alta qualidade do resultado, basta saber que a grife Hermès estampa seus famosos lenços de seda com essa

JATO DE TINTA Recente processo de impressão comandado à distância graças à informática, permite colorir as fibras em profundidade, devido à sua capacidade de lançar em alta velocidade quantidades importantes de material colorante. Também possibilita maior liberdade para o desenho, que pode ter vários metros de comprimento. Por esse motivo, torna-se adequado à impressão de têxteis destinados à decoração de interiores. Numa máquina atual, seis tinteiros básicos cobrem uma ampla gama de cores, garantindo uma riqueza de tons bem maior que a de técnicas tradicionais. Outra grande vantagem é a possibilidade de transferir um desenho diretamente do computador para o tecido. O método também permite a impressão em pequenas quantidades para o rápido atendimento de encomendas, evitando a formação de estoques. Fonte: Dinah Bueno Pezzolo, jornalista e autora do livro Tecidos – história, tramas, tipos e usos


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design

COLABORAÇÃO: CARINE HATTGE E INGRID SCHERDIEN

fotos: reprodução e divulgação

TENDÊNCIAS EM TECIDOS O Comitê de Tecidos para Decoração da Abit, TexBrasil Décor, trabalha há 11 anos com o objetivo de proporcionar maior visibilidade aos tecidos de decoração de empresas brasileiras. Inovando no lançamento das coleções, as empresas que fazem parte do comitê estão apostando em tendências intimamente ligadas ao universo da moda. Exemplo disso, são os tecidos metálicos, lançados pela indústria de moda e rapidamente adaptados aos móveis e design de interiores por meio de releituras. Além dos tecidos metalizados, as apostas se voltaram para tecidos naturais (lisos ou estampados), black and white, étnicos, tartans escoceses e xadrezes. Leia mais sobre o comitê no site www.texbrasildecor.com.br

Poltrona do Designer Fernando Jaeger feita em tecido natural

Metálico

Listrados

Ecolinho

EMBALAGENS COM PERSONALIDADE Uma embalagem bem projetada pode agregar valor à marca e aumentar sensivelmente as vendas de um produto. Valendose desse conceito, o estúdio de design Hattomonkey, situado na Rússia, desenvolveu caixas de leite e de suco com um forte apelo emocional, bem diferente do que estamos acostumados a ver por aqui. A embalagem de leite tem uma vaca ilustrada em ponto cruz e os sucos têm cara de super-heróis. O conceito é tão forte que até as abas das caixas configuram-se em forma de orelhas. Quer ver mais imagens? Pratique um pouco de russo no site www.hattomonkey.ru

LEVEZA E TECNOLOGIA Em 2009, a Sony pretende trazer ao Brasil seus principais lançamentos, simultaneamente com outras regiões do mundo. As novidades já começaram a aparecer: em março, o PocketStyle PC VAIO VGN-P530 chegou ao país, menos de dois meses após o lançamento na CES (Consumer Eletronics Show), em Las Vegas, onde foi premiado como o melhor produto na categoria Computer & Hardware. O notebook mais leve do mundo pesa o mesmo que uma garrafa de água. Com apenas 620 gramas, 12 cm de largura e 2 cm de espessura, o VAIO é um produto com inovação e apelo fashion, podendo ser levado para qualquer lugar. Visite o hotsite www.sony.com.br/vaio


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FOTOS MÁGICAS Ilustração, escultura ou fotografia? Parece mágica, mas a premiada artista australiana Emma Hack possui uma galeria imensa de fotos de pintura corporal, que mostra uma ilusão de ótica fabulosa. Crescendo em popularidade no mundo inteiro, Emma tem mais de 20 anos de carreira, tendo recebido o prêmio de 1º lugar no cobiçado CIDESCO, Campeonato Mundial Profissional de Pintura Corporal, em Hong Kong, em 2001. Acesse mais imagens fascinantes em www.emmahackartist.com

CADEIRA POSITIVA A Positive Lounge Chair, cadeira desenhada por Jittasak Narknisorn, foi merecidamente o projeto vencedor do concurso “One Good Chair” (www.onegoodchair.com). Criada sob a inspiração de um papel dobrado, o projeto minimizou resíduos utilizando apenas aço inoxidável e lã para a almofada. Confortável e elegante, com destaque para o detalhe vazado. Confira a verdadeira adoração de Jittasak por cadeiras em www.jittasak.com

BICICLETA ECOLÓGICA Projetada por David Gonçalves, a bicicleta elétrica multifuncional Grasshopper foi destaque na 12ª Competição Internacional de Design de Bicicletas (IBDC), que ocorreu na cidade de Taipei, em Taiwan, na China. Combinando portabilidade com autonomia e conforto, é perfeita para as pessoas que se preocupam com a preservação do meio ambiente e com a prática de esportes. Quando dobrada, ela pode ser facilmente transportada, e para recarregar a bateria, basta pedalar. Conheça o trabalho deste designer em http://david.orizein.com


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c ul t ura

P O R E D UA R D O MOT TA * foto: reprodução


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ENCONTROS * INSÓLITOS O estilista entrou em contato com o pintor a fim de lhe fazer uma proposta. Marcaram encontro em um pequeno café de Bordeaux, cidade vinícola francesa a meio caminho entre a Antuérpia, onde residia um, e o cemitério em Madri, onde estava enterrado o outro. O estilista admirava realmente a obra do artista e não se incomodava com o detalhe de que este já não vivia. Apesar de ter isso claro em mente, era indisfarçável a excitação que a iminência da conversa lhe causava. O pintor, por sua vez, dirigiu-se para lá deslizando sobre paisagens e atravessando edifícios, como fazem os que já não habitam este mundo. Segundo testemunhas que o avistaram a caminho nos arredores de Paris, ele parecia tranquilo e não demonstrava nenhum tipo de ansiedade na expressão. Frente a frente com o artista, o estilista optou por ir direto ao assunto e abriu o coração. Sugeriu que este lhe emprestasse as suas cores, alegando que as considerava excepcionais, e que elas seriam não menos que perfeitas para sua nova coleção. A princípio, o artista ficou confuso. Ele estava alheio aos negócios da moda e das implicações destes com o mercado da arte. Hesitou, e pediu tempo para analisar a ideia. Durante o silêncio que se seguiu, o artista abriu toda a boca, como um dos Papas retratados na sua pintura, e permaneceu assim. Quase que assustador, não fosse ele tão frágil na sua imaterialidade. Quase que inconveniente, não se levasse em conta que ele estava morto, portanto livre das convenções da boa educação. Eram estes os pensamentos do estilista enquanto aguardava. Ganhando confiança, ele voltou a falar da admiração que sentia pela cartela do artista. Contou como iria aplicá-la à roupa, descrevendo com entusiasmo as grandes áreas alaranjadas que tingiriam os vestidos, os cortes que faria na silhueta usando o azul, e descreveu minuciosamente os tons de amarelo e rosa. Eram palavras tão precisas que nem ele, o próprio artista quando vivo - e isso era preciso reconhecer - havia encontrado iguais para definí-las. Um observador da cena anotou que a partir desse momento o incômodo se dissipou e a conversa tomou corpo (apesar do pintor não ter exatamente um). Os dois passaram a trocar opiniões animadamente, gesticulando bastante sobre a mesa. Interessava ao artista saber como a violência e a dor da sua cartela poderia se prestar ao estilo suave e refinado do estilista. Alguns presentes até que tentaram, mas não conseguiram escutar a resposta nem desta, nem das outras questões que sustentaram a conversa por exatamente duas horas e trinta e cinco minutos, segundo algumas opiniões, ou toda uma eternidade, segundo outras. Terminado este tempo, seja ele qual foi, os dois se olharam com respeito e cada um tomou seu rumo. Para um lado seguiu o estilista, ele mesmo um grande colorista, carregando o gosto formado no ambiente experimental da escola belga e, posteriormente, apurado na capital francesa.

foto: Pedro David/divulgação

Para o outro, seguiu o já falecido pintor irlandês. Em torno dele rodopiava uma nuvem de tormentos sexuais e religiosos. A grande massa vaporosa tremulava sob sua cabeça como uma coroa, refulgindo em cor de rosa e carmim no meio de densas áreas negras. Guiava-se por estes espasmos de luz, que iluminavam satisfatoriamente o seu obscuro caminho de volta. Se alguém quiser tirar a limpo os fatos narrados aqui vai encontrar sérias dificuldades. É público e notório que as partes se declararam satisfeitas com a informalidade do acordo, optando por não lavrar nenhum documento em cartório. Desta forma, que fique registrado: tudo o que for dito sobre comissões, vantagens, ganhos percentuais, projetos de loja em conjunto, expansão das redes de distribuição, e montantes de faturamento, de um e de outro lado, será sempre mera fantasmagoria.

* A cartela da coleção Inverno 2010 de Dries Van Noten é inspirada nos tons da pintura de Francis Bacon. Este texto narra um encontro imaginário entre os dois.

* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico”.


per fil fotos: divulgação

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MANOEL RENHA O PREMIADÍSSIMO VICE-PRESIDENTE DA LORD & TAYLOR CONTA SOBRE SUA ROTINA EM NOVA YORK POR INÊZ GULARTE

Ele é carioca, mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos e é responsável pela concepção de algumas das vitrines mais premiadas do mundo. Formado em arquitetura e desenho industrial, com experiência em cenografia, foi para Nova York no final de 1985. O que era para ser apenas uma temporada fora do Brasil mudou completamente o rumo de sua vida. O convite para trabalhar na Lord & Taylor o transformou em um dos especialistas em visual merchandising mais conhecidos nos Estados Unidos, com destaque para as suas premiadíssimas vitrines de Natal, aguardadas como verdadeira atração na cidade. Hoje vice-presidente da rede de lojas, ele coordena o trabalho de concepção de vitrines, promoções, visual merchandising e eventos de mais de 40 estabelecimentos da Lord &Taylor. Em entrevista à UseFashion, Manoel Renha conta como é sua rotina, fala sobre os prêmios e sua trajetória profissional.

Cenário do Natal 2008 ganha 1º lugar no Visual Merchandising and Store Design

UseFashion: O que, na sua opinião, foi decisivo para a conquista dos executivos da Lord & Taylor? Manoel Renha: Acredito que foi o fato de possuir um portfólio extremamente versátil e eclético, com diferentes projetos, tendo desde desenhos técnicos de arquitetura, projetos de desenho industrial (como os protótipos de isqueiros que desenvolvi para a Bic logo que me formei no Rio), até diferentes cenários e layouts para revistas. Acredito que os executivos da L&T perceberam que estariam empregando alguém com “jogo de cintura”, capaz de criar e desenvolver diferentes projetos ao mesmo tempo e ainda manter uma visão geral. UF: O que determina o sucesso de uma vitrine? MR: As vitrines são um dos itens mais importantes de uma loja. Para mim, elas são “o cartão de visitas” e devem ser muito mais do que apenas um espaço para expôr mercadorias! Elas são responsáveis pela primeira impressão que o cliente vai ter ao se aproximar da loja e, portanto, devem ter como objetivo principal captar a atenção do cliente e criar a atmosfera correta para motivar e induzir as pessoas à compra. Isso é que determina o sucesso de um cenário, de uma vitrine.

UF: Quais as principais diferenças entre o visual merchandising no Brasil e nos Estados Unidos? MR: Nos Estados Unidos, o visual merchandising é visto de uma forma bem mais complexa do que no Brasil e até do que em alguns países na Europa. Nós todos sabemos que a indústria de comércio e varejo vem passando por várias mudanças nestes últimos anos, especialmente agora, com a instabilidade na economia mundial. A realidade é que, nos Estados Unidos, a maioria das lojas, centros de compras e lojas de departamentos vendem basicamente os mesmos produtos, as mesmas mercadorias e as mesmas grifes. Aliado a esta realidade, a tecnologia e a conveniência de comprar online, no conforto da sua própria casa, aumenta ainda mais esta competitividade. A competição por aqui é muito mais acirrada do que em qualquer outro lugar no mundo. Agora, mais do que nunca, o visual merchandising detém um papel primordial na indústria do comércio e varejo. É essencial estar “ahead of the game” (à frente do jogo) liderando com ideias inovadoras, capazes de captar a atenção e entreter os clientes ao mesmo tempo que cria um ambiente em que as pessoas se sintam emocionalmente conectadas com as mercadorias e, consequentemente, motivadas a comprá-las. No Brasil, o visual merchandising, na maioria dos casos, ainda se limita basicamente a utilizar os diferentes interiores de uma loja ou suas


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“My Favority Christmas Traditions” foi o tema escolhido para o Natal do ano passado

vitrines para expôr corretamente os mais variados tipos de mercadorias.

UF: Onde costuma pesquisar quando está desenvolvendo um trabalho?

UF: Suas vitrines de Natal são as mais tradicionais e também as mais premiadas dos Estados Unidos. Quantas vezes o senhor conquistou o prêmio VM+SD – Visual Merchandising and Store Design?

MR: É importante lembrar que inspiração é algo que está presente ao redor de todos nós, na arquitetura, nas artes, na música... Cabe a cada um saber interpretá-la e adaptá-la em diferentes projetos onde a compra se torne uma excitante experiência, um entreterimento. Eu viajo pelos Estados Unidos, Europa e Ásia pesquisando novas tendências em moda, design, iluminacão, materiais.

MR: O Natal é, sem dúvida nenhuma, a mais importante época do ano no mundo do comércio e do varejo. A tradição das vitrines de Natal na L&T começou em 1938 e tenho o orgulho e o prazer de ser a pessoa responsável por manter esta tradição. Dos 23 anos criando estes cenários mágicos, tenho o prazer de ter vencido 20 vezes os prêmios de melhor cenário de Natal dos Estados Unidos e vários prêmios internacionais. UseFashion: Como é o processo de criação destes cenários de Natal? MR: O processo de criação é longo e minucioso, requer muita pesquisa e planejamento e, no final, cerca de 250 pessoas acabam envolvidas no processo. Eu me sinto como um maestro que, além de ter a visão geral do concerto (a música), tem que acompanhar cada detalhe para ter certeza que a melodia vai soar bem no final.

UF: Como é a sua rotina? MR: O meu dia-a-dia no escritório começa por volta das 9h e vai até as 17h30. Todas as segundas pela manhã, me reúno com minha equipe para falar sobre diferentes projetos e cenários. Só na loja da 5ª Avenida, temos 30 vitrines, que trocamos de duas em duas semanas. Fora isso, meu departamento também é responsável em criar eventos especiais como desfiles e festas promocionais. Durante a semana, meu tempo se divide entre reuniões internas, visitas a showrooms e várias noites com eventos onde tenho que “marcar presença”. UF: Como funciona o trabalho com as vitrines? MR: A loja da 5ª Avenida é como se fosse o nosso laboratório, onde os projetos são testados antes

Cenário do Natal 2007, também vencedor do VM+SD, com o tema “Christmas is the moment”

de serem passados para as outras 47 lojas. Os cenários da 5ª Avenida são bem mais elaborados e dramáticos do que os das outras lojas, não só pela importância da sua localização, mas pelo fato de muitas das outras lojas estarem em shoppings onde o espaco físico das vitrines é bem menor. UF: Qual a sua função primordial? MR: Trabalho com este mercado de visual merchandising há quase 25 anos entre Brasil e Estados Unidos, sendo 23 deles aqui em Nova York. Minha função primordial é a de criar e desenvolver a imagem da loja. O meu objetivo é de visualmente criar um projeto que ofereça aos nossos clientes uma experiência diferente e única. UF: O que lhe falta fazer? MR: O meu trabalho nos Estados Unidos transita entre marketing e imagem. O fato de eu ser um estrangeiro internacionalmente premiado, liderando o mercado de criação, me estimula a sonhar em poder muito em breve levar este know-how internacional para a realidade e as necessidades do nosso mercado no Brasil. Quem sabe uma série de palestras e consultorias seria o começo de um novo começo!


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negóc ios

ABRINDO AS PORTAS DO MERCADO GLOBAL EMPRESAS BRASILEIRAS APOSTAM NA EXPORTAÇÃO POR DANIEL BENDER COLABORAÇÃO: JORGE FACCIONI

Exportar é vantajoso para muitas empresas porque abre as portas para um mercado global, onde conta-se o número de clientes potenciais em vários bilhões, ao invés de apenas 190 milhões de brasileiros. Simplesmente, passa-se a trabalhar com números maiores. Como se não bastasse, há ainda o prestígio de vender para vários países, o prazer de conhecer culturas diferentes e garantir um lugar na intrincada rede do comércio global.

“Recentemente um parceiro inaugurou uma loja exclusiva no México”, conta. Trabalho artesanal Reconhecida na última Fimec pela Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos) como destaque em exportação, a La Dumaux, fabricante de flores em tecidos e couro, investe na tradição quase esquecida das floristas para crescer. Todas as flores são produzidas manualmente por uma equipe treinada pessoalmente pela fundadora da empresa, Maria Auxiliadora. A técnica, diz ela, foi-lhe ensinada por sua avó.

Pioneirismo

Há dois anos e meio, a La Dumaux foi convidada para participar da feira ModAmont, em Paris, pela Assintecal. “O interesse foi surpreendente”, conta Maria Auxiliadora, “tivemos pedidos de marcas influentes, como Givenchy, e hoje já exportamos para mais de 15 países”.

Frustrada com as condições normais de venda no mercado interno, como consignação e parcelamentos a perder de vista, a ex-ginasta Beatriz Willhelm Dockhorn montou a Bia Brazil, uma confecção especializada em moda fitness, em 1994, com o objetivo claro de vender para fora do Brasil. Tanto é que o primeiro site da empresa, datado do mesmo ano, apareceu na rede já em inglês e espanhol.

Na opinião da fundadora da marca, vender para o exterior melhorou a imagem da empresa no mercado interno, e hoje muitos estilistas nacionais procuram as flores artesanais da La Dumaux para decorar suas peças de vestuário ou acessórios. Quem não se reci-

As dificuldades viriam logo, já que, nas palavras da fundadora, na época apenas as grandes empresas exportavam. “Fechar um contrato de câmbio, por exemplo, custava R$ 400”, lembra. Hoje em dia, o mesmo serviço não sai por mais do que um décimo deste valor. Se hoje 90% do faturamento da empresa vem do estrangeiro, isso se deve a muito trabalho de marketing. Beatriz conta que costuma fazer viagens de prospecção para avaliar o potencial de vendas – neste ano, já visitou quatro países do norte da África junto com a Abit. “Tunísia e Marrocos estão prontos para receber moda fitness, já na Líbia e Argélia é mais complicado, pois a influência islâmica é muito forte. Por exemplo, na Líbia é proibido mulheres e homens frequentarem a academia ao mesmo tempo”, lembra. Outro trabalho feito para garantir uma boa visibilidade da marca é enviar material de PDV da Bia Brazil para alguns parceiros no exterior.

“Em ambos os casos, não vendemos pedidos imensos, já que nosso produto é fruto do trabalho manual, mesmo assim são clientes de peso”, explica.

ou outro (às vezes, alguns potenciais compradores estrangeiros consideram o design “brasileiro demais”), força o fabricante a desenvolver o produto e colocá-lo entre os melhores. “A conquista do nosso maior cliente brasileiro, por exemplo, só foi possível devido ao produto tipo exportação que vendemos para eles”, revela.

cla ou não pensa em qualidade, não tem condições de exportar.

Ganho em qualidade Quando a fabricante de moda em algodão colorido naturalmente, Francisca Vieira, dona da marca homônima, começou a exportar, não imaginava o impacto que a exigência do mercado global teria sobre seus produtos. “Vender para fora lhe obriga a levar o trabalho a sério. Quem não se recicla ou não pensa em qualidade não tem condições de exportar”, avisa. Na opinião de Francisca, participar de programas de incentivo à exportação, ainda que não resulte em boas vendas globais por um motivo

foto: Mano de Carvalho/divulgação

Apesar da crise global e distante das oscilações do mercado interno, um grupo de fabricantes de moda prospera mundo afora por saber fazer as apostas corretas no momento certo. Uma lição é clara: não é preciso ser uma grande empresa com orçamentos bilionários para vender nos quatro cantos do mundo, basta um bom produto, muito trabalho e uma boa dose de paciência.

Algodão colorido naturalmente nas peças de Francisca Vieira


fotos: divulgação

Loja exclusiva da Bia Brazil no México: a marca exporta 90% de sua produção

DICAS PARA EXPORTAR COM SUCESSO

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O QUE FAZER - Buscar as associações de segmento, como Abit e Assintecal. Elas, geralmente, desenvolvem programas de incentivo à exportação junto com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento); - pesquisar contatos no exterior para fazer primeiros negócios. Vale contar com amigos ou conhecidos, afinal, o acaso existe para ajudar quem se esforça; - participar de feiras internacionais, ainda que em conjunto com outras empresas do mesmo setor para baratear custos; - conhecer o mercado para onde se deseja vender; - possuir ou desenvolver um produto diferenciado, com preço compatível, qualidade elevada e design interessante; - desistir de buscar o segredo para exportar bem, pois não há segredo; - ter paciência.

O QUE NÃO FAZER - Entregar produtos fora da especificação, do prazo ou sem qualidade; - sair vendendo para qualquer um. Há pessoas mal-intencionadas em todos os países do mundo e é mais complicado pesquisar sobre um possível comprador quando ele está em outro país; - exportar como aventura ou sem regularidade. Negociar com o exterior deve fazer parte do DNA da empresa, caso contrário, os resultados demoram ainda mais a aparecer; - agir de má-fé ou não cumprir contratos, pois a parte desfavorecida, inevitavelmente, atribuirá a todo o país os defeitos de caráter de apenas um exportador. La Dumaux vende flores artesanais para clientes de peso, como a Givenchy


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PÓS-GRADUAÇÃO EM MODA & CRIAÇÃO E DESIGN DE ACESSÓRIOS DE MODA FACULDADE SANTA MARCELINA FARÁ ENTREVISTAS EM JUNHO

Moda & Criação tem por objetivo discutir e historiar as bases da estética e da linguagem na criação de moda e refletir de modo crítico sobre sua prática. “Esta especialização pretende identificar novas tecnologias que delineiam o novo perfil profissional na globalização da economia”, comenta Raquel Valente Fulchiron, coordenadora desta pós-graduação. Já a Pós-Graduação de Design de Acessórios de Moda, especialização em Calçados e Acessórios de Moda ou Joalheria, surge unificada ao curso de Moda & Criação, integrando disciplinas, palestras e atividades acadêmicas e profissionais que permeiam todas as áreas correlatas do universo da moda.

foto: reprodução

A Faculdade Santa Marcelina (FASM), em São Paulo, há 80 anos atuando na educação de moda no país, está com inscrições abertas para os cursos de Pós-Graduação de Moda & Criação e Design de Acessórios de Moda. Os cursos começam em agosto.

Um de seus objetivos é identificar nas áreas dessa especialização as necessidades do consumidor e mercado, desenvolvendo senso crítico para pesquisar e analisar tendências de moda. “Buscamos capacitar os alunos para compreender as atividades necessárias à criação e ao desenvolvimento de projetos de calçados, joalheria e acessórios de moda”, explica o professor Guto Marinho, coordenador do curso. O processo de seleção conta com avaliação curricular e de portfólio dos interessados.

Pós-Graduação Santa Marcelina Cursos: Moda & Criação; Design de Acessórios de Moda Entrevistas: junho/2009 Início: agosto/2009 Informações: (11) 38245800 (r.842 ou 855, com Elisa ou Renata)

MESTRADO EM DESIGN FOCO EM DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO

Coordenado pelo professor Júlio van der Linden, o curso tem como foco Design, Educação e Inovação, destacando a formação do designer e seu papel nas aceleradas transformações da sociedade contemporânea resultante de inovações tecnológicas e comportamentais. A reflexão sobre a ação do profissional como agente das transformações e sobre as exigências do processo de sua formação visa contribuir para a adequação dos produtos industriais (artefatos, gráficos e virtuais) às necessidades da sociedade, considerando os valores éticos e culturais nos processos de inovação. A Uniritter espera, ainda em agosto desse ano, começar a ministrar o curso.

Mestrado em Design - UniRitter Informações: (51) 3230.3323 ou pelo email: mestradodesign@uniritter.com.br

foto: reprodução

A Faculdade de Design, a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão e a Reitoria da UniRitter Porto Alegre estão comemorando o reconhecimento, pelo Ministério da Educação, do novo curso de Pós-Graduação Strictu Sensu da instituição. Agora, além do Mestrado em Letras, a UniRitter conta com Mestrado em Design.


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CURSOS & CONCURSOS

VITRINE CULTURAL UVA DIVULGA TRABALHO DE ALUNO Guilherme Santos, aluno do curso de Desenho Industrial da UVA (Universade Veiga de Almeida - RJ), foi vencedor do concurso Vitrine Cultural, com votação pública, via web, que escolheu a melhor arte para ser divulgada no banner de abertura do site da Escola de Design da universidade (www.uva.br). De quebra, ganhou um link para seu portfólio divulgando seu trabalho. O aluno da UVA já foi premiado também em dois concursos externos promovidos por empresas de telefonia. O primeiro foi pela Nokia. A ideia era fazer um headphone estilizado. “Utilizei elementos como texturas de asfalto, assoalho de metal e respingos de tinta pra criar algo diferente”. A competição foi definida por um júri da Nokia e ele levou o 1º lugar. Também em um concurso da Oi, em parceria com o site Camiseteria, Guilherme saiu vencedor.

CONCURSO INTERNACIONAL DE LOGOS

Com uma arte para shape de skate, brincando com misturas de camadas e sobreposição, ele levou mais uma vez o 1º lugar.

A edição de 2009 do Worldwide Logo Design Annual está com inscrições abertas.

Em seu trabalho de conclusão, tomou como base a customização de um símbolo da infância, o urso de pelúcia. “Queria algo que atrelasse diversão e arte e achei na Toy Art (ou Urban Vinyl) essa forma de interação. Eu já tinha conseguido uma plataforma onde a personalização iria acontecer, mas precisava de alguma coisa que fizesse as pessoas se sentirem atraídas no exato instante (pesquisei e encontrei a terminação Design Instintivo), e que transmitisse uma mensagem (Design Reflexivo). Por isso decidi estilizar um ícone universal. Foi assim que surgiu Bobo - nome carinhoso para urso de pelúcia utilizado por crianças americanas”, explica Guilherme.

Podem participar designers, estúdios, agências e estudantes do mundo todo. A inscrição custa 88 euros para o primeiro logo e 36 euros nos seguintes. São três categorias: Melhor do mundo, Melhor dos continentes, Melhor da nação. Podem ser inscritos logos feitos em 2008 e 2009. Os prazos são os seguintes: 31 de junho para logos feitos em 2008, e 31 de janeiro de 2010 para logos feitos em 2009. Para se inscrever é necessário fazer cadastro no site da Wolda, preencher as informações e enviar o logo em formato vetor e em padrão CMYK. Worldwide Logo Design Annual Site para inscrição: www.wolda.org

BACKSTAGE: DESFILE

Headphone Nokia

Dentro da programação do Instituto Rio Moda, está o workshop que apresenta as categorias profissionais imprescindíveis para se fazer um desfile de sucesso. A ministrante será Renata Zitune, que é membro do corpo docente do IED – Istituto Europeo di Design. Formada em Marketing e Comunicação, com especialização em Jornalismo pela Stanford University, SF, foi responsável pelo marketing da M.Officer Brasil e Carlos Miele Internacional, além dos desfiles, campanhas e performances em Nova York e Washington. As inscrições estão abertas e podem ser feitas através do site: www.institutoriomoda.com.br

Toy Art - Projeto de Conclusão fotos: divulgação

Workshop Backstage: Desfile Datas: 15/05/2009 e 16/05/2009 Horários: dia 15 das 14h às 21h dia 16 das 9h às 16h30 Local: Hotel Promenade Visconti Rua Prudente de Morais, 1050 Ipanema, Rio de Janeiro.

PRÊMIO ABRE DE DESIGN

Arte para skate - Oi

VOCÊ NA USEFASHION A VEZ DO ESTUDANTE Campus é um espaço dedicado à publicação de notícias, cursos, eventos, acontecimentos e temas que são do interesse de estudantes e professores ligados aos cursos de moda, estilismo e design. Você pode participar enviando para nossa redação sua contribuição. Sugira assuntos a serem abordados, opine,

envie notas a serem divulgadas sobre a programação de sua universidade ou instituição de ensino, sobre trabalhos premiados e atividades extra-curriculares. Estamos aguardando sua participação. Contate-nos através do email: campus@usefashion.com

Estão abertas as inscrições para a 8ª edição do Prêmio ABRE de Design & Embalagem. Para o voto popular o prazo vai até o dia 16 de maio, enquanto para o júri técnico as inscrições podem ser feitas até o dia 27 de junho. São três módulos – Estudante, Design e Tecnologia de Embalagem. As embalagens vencedoras nas 31 categorias serão expostas nas principais feiras mundiais e podem participar do WorldStar, mais relevante prêmio internacional do setor, promovido pela Organização Mundial de Embalagem (WPO). O Prêmio ABRE de Design & Embalagem tem o apoio da WPO, União Latino-Americana de Embalagem (Ulade), Centro São Paulo Design (CSPD) e Programa Brasileiro de Design do Ministério de Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (PBD). Inscrições: até 27 de junho para júri técnico Mais informações: www.abre.org.br


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opinião

ROUPAS: NOTAS SOBRE MODA E CULTURA MATERIAL RITA ANDRADE *

foto: divulgação

Roupas são objetos que têm uma circulação social. Para tratá-las numa perspectiva cultural e histórica é necessário apreendê-las em contextos específicos, já que sua condição circulante e suas inerentes propriedades deteriorantes deslocam-nas continuamente para novas situações, para novos estados. Parece-me muito vantajoso pensar em investigações sobre a roupa como método de estudo e interpretação histórica, no lugar de engessá-la na classificação que se fez dela no momento em que foi criada, desprezando o seu itinerário e suas mudanças morfológicas. As relações que permeiam as trajetórias sociais revelam a complexidade envolvida em qualquer tentativa de realizar uma história da roupa. Tentar fazê-lo, como que classificando e ordenando de uma só tomada as teclas de um piano, seria semelhante a afirmar a existência de um só caminho para a música ou para a sonoridade que resulta do toque nas teclas em uma só ordenação, em um só arranjo. Seria o mesmo que unificar o tom, desprezando os outros tons, desprezando os ruídos. As evidências materiais das interferências dos sujeitos e de outros atores (tempo, clima, condições de armazenagem) sobre as roupas indicam formas sensíveis de vestir os corpos. Através da interpretação de determinadas impressões

que vão se acumulando sobre os objetos no cotidiano, é possível perceber camadas de temporalidades e espacialidades que permeiam o corpo biológico/cultural/social. Isto porque a passagem do tempo imprime marcas nos objetos como nas pessoas, mas, diferentemente delas, a “morte” para um objeto, não depende apenas de seu estado físico, mas, sobretudo, depende das remanescentes possibilidades deste continuar “no jogo” social, mediando novos sentidos. Uma roupa fabricada num determinado período em determinado contexto cultural é, em seguida, posta a circular, sendo-nos possível investigar sua trajetória, sua biografia. Em meus estudos sobre roupas e tecidos tenho adotado um método de trabalho que me auxilia a interpretar vestígios materiais de objetos que sobreviveram às ações do tempo e a outras seleções. Este método resulta da integração das propostas de autores cujos trabalhos têm uma perspectiva em cultura material. Podemos apostar, assim, numa investigação que inicia do objeto – um vestido, um fragmento têxtil - e num projeto de pesquisa que se expande a partir dele. Esta é, sem dúvida, uma escolha interpretativa, mas é também uma tentativa de explorar potencialidades culturais que os tecidos e as roupas têm.

* Rita Andrade é professora do Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual e da graduação em Design de Moda da Faculdade de Artes Visuais/UFG. Doutora em História e mestre em History of Textiles and Dress. Membro do Conselho Editorial da revista Dobras. Tem artigos publicados no Brasil e Exterior sobre moda e roupa na perspectiva da cultura material. O texto dessa página é derivado da tese de doutorado da autora sobre a biografia cultural de um vestido. Disponível em PDF na biblioteca virtual da PUC/SP. Acesse www.pucsp.br


es tilo

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CAROLINA BITTENCOURT CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE O ESTILO DE VIDA DE CAROLINA ATRAVÉS DE CINCO IMAGENS SELECIONADAS POR ELA. “O que define meu estilo de vida são as coisas que me inspiram no dia-a-dia, elas variam conforme meu humor, o lugar, se estou sozinha ou acompanhada, entre outras coisas. Adoro cores, sabores, texturas, paisagem, natureza, pessoas, estilos diferentes”. A modelo Carolina Bittencourt é paulista, de Campinas, mas mora em Nova York. Já desfilou e fotografou para Armani,

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Chanel, Dior, entre outras grifes importantes.

o Haiti. oladas d me is e s a c ía s paradis nde mais “As praia ares do mundo o as e o sabor g viv Um dos lu da. As cores são a ir p sinto ins co”. a autênti da comid

“As cria nç me fi as do orfa verdad zeram perc nato que aju eb eiro es d tá nos er que o pu o no Haiti, r peque nos ge o, simples e stos e simple em um s sorris o”. s das As core român. o n to u e oo ncólicas s l Park n “Centra m pouco mela ano em que a u o , d s s re árvo época ma das or!” ticas. U e vestem melh s s pessoa

“Passea r gostinho de bicicleta em diferente Amsterd ã te .O as pesso s canais, a arqu m um as... Tud it o é insp etura, irador ”.

a. Nada da Franç ssim!” l u s o n ra nha a monta r do que acorda “Casa n melho


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ves t uário I N V E R N O 2010

BELEZA EM TEMPO DE INCERTEZA ACERTAR AS CONTAS, SEM PERDER O ESTILO

DIREÇÃO DE PESQUISA: PATRÍCIA SOUZA RODRIGUES EDIÇÃO DE MODA: EDUARDO MOTTA fotos: © Agência Fotosite

Racionalizar custos e métodos de produção é a primeira providência a ser tomada em tempos de turbulência econômica. A afirmativa é correta apenas em parte. Há uma lógica irrecusável nestas ações e qualquer profissional de bom senso vai adotá-las ao primeiro sinal de alarme. Contudo, aquele que além de bom senso tiver experiência com a moda, não vai apostar todas as fichas em medidas que imponham mudanças bruscas de direção ou sacrifiquem posicionamentos de estilo. Acertar as contas é desejável, minimizar o peso da estética, não. Se os gastos sofrem influência dos tempos e entram na linha de contenção, a moda não fica imune, mas traduz este imperativo econômico

em representações simbólicas. Austeridade, rigor, gosto pela tradição e discrição entram na pauta das tendências. As cores são amenizadas e passa a vigorar um certo pudor com os excessos. Este enxugamento não tem nada a ver com a perda de qualidade e dita as regras para apenas uma parte das tendências.

marca e mercado, pode ser tão eficiente quanto o choque de depuração. Não há regras, apenas medidas diferentes para cada tipo de negócio e expressão.

Correndo por fora, alguns criadores pisam fundo na experimentação, contrariam o previsível e passam a operar em uma faixa estilística um ponto acima do registro anterior. Eles fazem isto como estratégia de posicionamento de imagem. A ideia é manter-se no centro das atenções pela singularidade. Este movimento contra a corrente, guardadas as realidades específicas de estilo,

O vestuário do inverno 2010 é uma radiografia destas vertentes. Ora apoiado na antimoda e cortejando a consumidora de espírito jovem, ora recuperando um classicismo eficiente e tranquilizador, atendendo às exigências do público sofisticado, ou mesmo mergulhando na febre exibicionista dos anos 80, para seduzir quem gosta da moda da última hora.

O que permanece imutável, na riqueza e na pobreza, é o gosto por aquilo que agrada aos olhos em primeiro lugar.


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Dries Van Noten | Paris


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LOOKS COORDENADOS: quase uma regra. Atende à retomada do clássico, em combinações de duas e três peças. Nos bottons, saia e calça se alternam. Entre as boas composições de apenas duas peças, ficamos com a saia e camisa branca. Onipresente em diversas variações.

Balenciaga | Paris

Christopher Kane | Londres

Gucci | Milão


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CALÇAS: o modelo reto como o da Balenciaga é novo. A calça ampla, misturando elementos de clochard e banana, como a da Chloé, tem espaço garantido. A que surpreende mais uma vez é a extremamente justa. Só não vamos chamá-la de skinny para não lembrar estações passadas. Mas é esta a vibe.

Chloé | Paris

Balenciaga | Paris

Balmain | Paris


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ROCKER JACKET: variações da perfecto, sempre bem curtas. Podem ser soltinhas como a da Stella McCarney ou grudadas no corpo como manda a tradição. Couro, naturalmente, é a matéria-prima certa. As rocker jacket acompanham muito bem os vestidos sequinhos e são um dos itens obrigatórios da estação.

Nina Ricci | Paris

Stella McCartney | Paris

Givenchy | Paris


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CASACOS ALONGADOS: nas tendências de masculino, já estava inscrita a inclinação por eles, confirmada agora também para o feminino. Se o casaco não é longo, a ponto de fazer as vezes de um vestido, é comprido o suficiente para renovar o shape das últimas temporadas.

Prada | Milão

Calvin Klein | Nova York

Christopher Kane | Londres


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MODELAGEM AMPLA: descolar o tecido do corpo e deixar a forma livre, sem, no entanto, dar a ela uma estruturação rígida, é um procedimento que comanda boa parte da modelagem. Vale para calças, casacos e macacões. Se tudo parecer solto demais, experimente um cinto para fazer a silhueta aterrissar.

Chloé | Paris

Prada | Milão

Yves Saint Laurent | Paris


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MODELAGEM JUSTA: na lista de paradoxos da estação, a coexistência de silhuetas diferentes é das mais visíveis. Estas linhas sinuosas, desenhadas pelo próprio corpo são o contraponto para as formas soltas. Também atendem ao gosto pela curva sensual, algo que não costuma ficar de fora do mercado.

Nina Ricci | Paris

Balmain | Paris

Emilio Pucci | Milão


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ves t uário I N V E R N O 2010

OMBROS: para muitos as ombreiras são tenebrosas, verdadeiras vilãs da história da moda recente. Gostemos ou não, elas estão de volta dos anos 80. A atenção para o redesenho pode garantir que nada seja tão feio como antes. Todo cuidado é pouco. O fato é que, pela presença ou ausência de material, os ombros estão em voga.

Christopher Kane | Londres

Givenchy | Paris

Nina Ricci | Paris

Chanel | Paris


71

DECOTES: profundos e em V estão no topo da lista de opções. Mas a coisa não para por aí. Ombros e colo figuram entre os pontos da anatomia que recebem especial atenção. É possível explorar assimetrias, deslocamentos e vender com facilidade inúmeras opções de modelos de um ombro só.

O DECOTE V

UM OMBRO SÓ

Yves Saint Laurent | Paris

Chloé | Paris

Versace | Milão

DESLOCADO

Versace | Milão

Chanel | Paris

Roberto Cavalli | Milão


72

ves t uário I N V E R N O 2010

MISTURAS, ASPECTOS E MATERIAIS LÃ + SEDA

BRILHO E CHANGEANT

Nina Ricci | Paris

COURO

Yohji Yamamoto | Paris

Prada | Milão


73

PRENSADO

VELUDO EM TRÊS TEMPOS: DEVORÉ, FITA, LISO

Christopher Kane | Londres

Comme des Garcons | Paris

ACETINADO

Lanvin | Paris

Prada | Milão

Fendi | Milão


74

ves t uário I N V E R N O 2010

O QUE INFLUENCIA OS ESTILOS DA ESTAÇÃO?

D Squared2 | Milão

ANTIMODA

Yves Saint Laurent | Paris

Calvin Klein | Nova York

MINIMALISMO ANOS 90

ANOS 40


75

Marc Jacobs | Nova York

Dries Van Noten | Paris

A ROUPA MASCULINA

ANOS 80

Balmain | Paris

SEXO


76

ves t uรกrio I N V E R N O 2010

E MAIS...

MILITAR

CORTE E PENCES DIAGONAIS

Miu Miu | Paris

NA ALTURA DO JOELHO

Vivienne Westwood | Londres

VESTIDO SECO

Giles | Londres

APENAS UMA MANGA

Givenchy | Paris

Vivienne Westwood | Londres


77

SHAPE SEREIA

FULL TRICÔ

Emilio Pucci | Milão

Pringle of Scotland | Milão


78

memória

OS 100 ANOS DO FUTURISMO foto: © Agência Fotosite

POR JULIANA ZANETTINI

Movimento artístico e literário, o Futurismo surgiu em fevereiro de 1909 por intermédio da publicação do Manifesto Futurista escrito pelo poeta italiano Filippo Marinetti para o jornal francês Le Figaro. Considerado o primeiro movimento de vanguarda do século XX, a precisão geométrica, o movimento das formas e o fascínio pela máquina exaltou uma nova visão de um mundo moderno. Os seguidores do Futurismo rejeitavam o moralismo e o passado. Logo, suas obras foram inspiradas no desenvolvimento tecnológico, retratando o progresso da sociedade industrial. Neste primeiro manifesto o slogan Les mots en liberté (Liberdade para as palavras) tinha como mote o design tipográfico da época, pondo em cena principalmente a linguagem dos veículos de comunicação como grande objeto difusor.

destinada ao inverno 2010, Raf Simons para a Jil Sander e Francisco Costa para a Calvin Klein prestaram homenagem ao movimento nas suas coleções. Com referências no trabalho do ceramista francês Pol Chambost, Raf Simons emplacou uma coleção de grande alegria cromática e silhueta impetuosa. Em síntese, ele distorceu, retorceu e propôs um novo olhar a roupa. Na CK, através do minimalismo pontual, em sintonia com a proposta gráfica, o Futurismo ganhou vida pelas mãos do Francisco Costa.

A pintura futurista abriu caminho para o Cubismo, embora regida por uma abstração menos disciplinar. A escolha por cores vibrantes, contrastes, sobreposições, e o desejo de celebrar e registrar o movimento frenético do novo século fortaleceu a corrente abstracionista que viria a dominar a arte moderna. Segundo seus seguidores, a velocidade das figuras em movimento no espaço faz com que os objetos não se concluam no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se continuamente a um só tempo. Logo, o Futurismo traça um paralelo entre a concretização da figura e o espaço bidimensional. No Brasil, o Futurismo influenciou artistas como Anita Malfatti e Oswald de Andrade, colaborando para desencadear o modernismo e influenciar mais tarde a Semana de Arte Moderna.

foto: reprodução

Entre seus seguidores, no campo artístico, estão Umberto Boccioni, Luigi Russolo, Carlo Carrá, Joseph Stella, Fernand Léger e Giacomo Balla. Na literatura, além de Marinetti, Aldo Palazzeschi, Paolo Buzzi e Giovanni Papini foram os grandes expoentes. Junto a essas vertentes, o movimento exerceu grande influência também na música, dança, teatro e no cinema. O Futurismo e a Moda Já se falou que no começo do século XX as vanguardas se sucediam no mesmo ritmo em que subiam os comprimentos das saias. E era exatamente este gosto pela mudança que animava o Futurismo. Na atual temporada internacional,

Cartaz da exposição comemorativa dos 100 anos do Futurismo Jil Sander | Milão inverno 2010



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