Revista Vaidapé #01

Page 1











Hoje em dia não há nenhum veículo de mídia que nos agrade. Todos procuram atender ao interesse de terceiros. As matérias falam de tudo sem falar de nada. O verdadeiro pensamento do escritor é sempre oculto em meio a tanta encheção de linguiça. Muitos tentam enganar o povo ao colocar suas idéias de forma indireta e disfarçada, de modo que não contrarie ninguém.

Por esses e tantos outros motivos, hoje vemos muitas pessoas criticarem e dizerem que a mídia é um esgoto, que tem que boicotar. Porém, acreditamos que a solução não seja o boicote, seja fazer melhor. Não é trabalhar com o não para o outro, mas com o sim para si.


REVISTA #01 VA DAPÉ

Quem idealizou: João Miranda Silva Fagnani e Pedro Rodrigues dos Santos.

Quem fez:

#01_Allan

Vaz, André Zuccolo, Antônio Amaral, Beatriz Oliveira, Fábio Rogério, Gabriel Morett, Gabriela Rocha, Janaína Viegas, Joana Calachi, João Fagnani, João Rabello, Marcelo Andrade, Marco Bellotti, Pedro Rodrigues, Pedro Godoy, Teobaldo da Silva e Verônica Miranda.

Para qualquer esclarecimento, dúvida ou sugestão, envie um e-mail para:

revistavaidape@gmail.com

Av. Santa Inês, 909 Sala 9 - Pq. Mandaqui São Paulo - SP CEP: 02415-001 Telefone: (11)3807-3902 Impressão: TouchGraf

comercial@touchgraf.com.br

12




ão

ed

1

#0

REVISTA BEATR Z VA DAPÉ CASTANHO

ARTISTA CONVIDADA desta _19, é a edição;

_sua delicadeza e criatividade com canetas e pincéis estão expostas AO LONGO desta revista!

_explore um pouco mais sua mente e confira as PERSPECTIVAS da artista sobre o nosso mundo.





Sintoniza lá! Queremos ouvir o que nosso público realmente pensa. Envie por e-mail ou mande diretamente para o nosso Facebook seu desenho, poema, rima ou até mesmo uma produção audiovisual. Através da arte compreendemos e absorvemos muitas idéias e opiniões divergentes. E nosso papel é simplesmente DIVULGÁ-LAS!

/revistavaidape

revistavaidape@gmail.com


Apenas mais alguĂŠm, como vocĂŞ e eu, tentando realizar o sonho de ser reconhecido pelo seu prĂłprio trampo.


FOTO ANDRÉ ZUCCOLO


REVISTA #01 VA DAPÉ

M

"

Não tinha muitas informações, mas aprendi tudo numa noite em tutoriais da internet. No dia seguinte, a Rádio já estava no ar. Assim que começou a funcionar, um amigo meu se juntou ao projeto. Isso já faz mais de um ano. De lá pra cá, muita coisa mudou. No começo queríamos manter a programação rolando: você entra no site e ouve o que está tocando naquele momento. Mas a audiência não era muito boa e os problemas técnicos eram frequentes, porque a gente usava os recursos gratuitos que a

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

eu nome é Ivan Mendes, tenho 20 anos e moro em São Paulo. Atualmente sou garçom em um restaurante de burguês na Vila Madalena, mas é provisório. O plano é arrecadar fundos e investir no meu projeto principal: a Rádio Good Stuff. A ideia de fazer a Rádio veio do nada - em uma madrugada de férias - pois já tinha tido contato com algumas rádios virtuais na adolescência e transmitido alguns programas. Sabia que era possível.

22


REVISTA #01 VA DAPÉ

po de DJ numa festa da faculdade. Aceitei na hora e curti bastante. Foi aí que comecei a ver na Rádio Good Stuff, que até então era uma brincadeira, uma fonte de renda. É uma parada muito gratificante escolher a música e ver todo mundo curtindo e dançando. Junto com a carrei-

ra de DJ, meu foco também está nas festas. Em maio de 2012 comecei a investigar como era o esquema, liguei nos lugares e fui me jogando. A ideia era fazer uma festa da Rádio, pra divulgar e também levantar uma grana: dois coelhos numa tacada só. Acabei conseguindo uma data

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

internet disponibiliza. No início de 2012 comecei com os programas gravados e os resultados foram bem positivos: tiveram e continuam tendo bastante acesso. As gravações possibilitam que você ouça quando e quantas vezes quiser. Esse é o grande lance da internet, a liberdade de escolha que ela oferece. Os programas ao vivo são legais, dá pra interagir bastante com a galera. O problema é que deixa a desejar no resto. Com o crescimento da Rádio surgiu o primeiro convite para fazer um tram-

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

23



REVISTA #01 VA DAPÉ

ra Fino & Farto, festa que se tornou mensal devido ao sucesso da primeira edição. Cursei dois anos de Comunicação e Multimeios na PUC-SP, onde aprendi a usar softwares como Adobe Photoshop e Illustrator. Isso me ajudou a fazer toda a parte do design, desde a logomarca da Rádio até os flyers das festas.

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

no Espaço Urucum (Vila Madalena), lugar que frequentava há algum tempo. Não conhecia ninguém influente e só foi possível por ter metido a cara mesmo. No perfil da Rádio saí adicionando bandas e fazendo as negociações pelo Facebook. Deu tudo muito certo. No dia 10/08/12 aconteceu a primei-

/radiogoodstuff

E tenho seguido na luta! Pretendo voltar a estudar quando a situação financeira melhorar, mas no momento estou focando nos meus trampos. Quero comprar os equipamentos e mandar bala: produzir as festas, manter o contato com a música, tocar na noite de São Paulo e

levar a Rádio pra frente. Se tudo der certo, também pretendo me envolver com a produção musical. Tenho contato com música desde criança, ouvindo, tocando, procurando, conhecendo... Meu trampo é conseguir fazer tudo isso virar uma fonte de renda."

25



FOTO BEATRIZ CASTANHO





REVISTA #01 VA DAPÉ

PARTES I, II, III e IV PRODUZIDO POR TEOBALDO DA SILVA

31


linguagem, o instrumento pelo qual conseguimos expressar coisas que só saem nessa língua...

1

nde:

essencial da arte é exprimir; o que se exprime não interessa'. Acredito bastante nisso. Que

respo

a função da arte, primeiramente, é ser um canal, uma forma de

Normalmente, quando desenho ou pinto, é porque preciso co-

locar pra fora uma ideia, pensamentos que estão gritando na cabeça ou justamente pra

pensar em nada, esvaziá-la... Como disse Fernando Pessoa:'O

de cor e aquarela. Ultimamente tenho usado o craft mas o objetivo é experimentar de tudo.

"Sulfite, grafite, caneta hidrográfica, lápis


REVISTA #01 VA DAPÉ

_postado no facebook.com/revistavaidape dia 26 de setembro de 2012.

33


REVISTA #01 VA DAPÉ

_postado no facebook.com/revistavaidape dia 01 de outubro de 2012.

34


REVISTA #01 VA DAPÉ

_postado no facebook.com/revistavaidape dia 05 de outubro de 2012.

35


REVISTA #01 VA DAPÉ

_postado no facebook.com/revistavaidape dia 09 de outubro de 2012.

36


que a obra deixar de novo no expectador, o importante

porque dentro da alma já não cabe mais. Acredito também que o papel da arte é trans-

2

nde:

é que ele não saia da frente dela igual… Deixar uma nova reflexão, chocar. É importante

respo

sair da zona de conforto e encarar algo novo, se espantar.

gredir, questionar, bater de frente, mudar. Trazer um

novo ponto de vista, deixar algo em quem teve contato com o trabalho. Seja lá o

(...)Colocar um pouco da gente em outra matéria,



FOTO BEATRIZ CASTANHO


FOTO ANDRÉ ZUCCOLO



REVISTA #01 VA DAPÉ

M

uitas pessoas ainda não sabem e nunca ouviram falar sobre o SLACKLINE , que nada mais é do que um tipo de “corda bamba”, na qual uma fita é esticada entre dois extremos, fixos com o auxilio de uma catraca de segurança. A idéia é se equilibrar e andar sobre a fita.

A arte de se equilibrar, principalmente sobre cordas e correntes, já vem sendo praticada há muitos e muitos anos. Na Grécia e Roma antigas, pessoas já faziam danças e apresentações sobre cordas. No século XIX muitos acrobatas e equilibristas também deixaram suas marcas nas finas cordas bambas de circos e festivais. Mas a história do slackline começa em outro cenário. Apesar da prática de equilibrismo no passado, o slackline só surgiu no começo da década de 80, no Parque Yosemite Valley, Califórnia. Muitos alpinistas e escaladores costumavam fazer expedições ao local, passando dias acampando. Desde o começo dos anos 70, muitos frequentadores da região se equilibravam em todos os tipos de cordas e correntes, encontrando nessa brincadeira um ótimo jeito de passar o tempo, além de um excelente treino de equilíbrio para as escaladas. Mas foi no começo da década de 80 que dois alpinistas, Adam Grosowsky e Jeff Ellington, surgiram com a idéia de fazer o slackline com

42

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO


REVISTA #01 VA DAPÉ

a fita de nylon, material usado até hoje, dando vida a um novo esporte. Pelo fato do material usado dar maior elasticidade, Adam e Jeff passaram a treinar manobras sobre a fita, modernizando totalmente o antigo modo de se equilibrar sobre cordas. Aos poucos novas vertentes do esporte foram surgindo, como foi o caso do highline, longline, waterline e trickline. O highline, como o próprio nome já diz, é o slackline nas alturas. Na década de 80, com Adam e Jeff, a modalidade se tornou um sucesso entre os alpinistas loucos que tentavam cruzar a fita de um penhasco até outro. Hoje em dia existem alguns atletas de highline que se arriscam sem equipamento de segurança, mas a grande maioria usa uma cinta amarrada à cintura e à fita, já que muitas vezes os locais escolhidos são penhascos e montanhas que estão a muitos e muitos metros do solo. Já o longline possui uma grande distância no comprimento, deixando a fita mais frouxa e tornando sua prática mais difícil. O waterline é o slackline praticado sobre as águas, um jeito divertido e seguro de aprender, enquanto o trickline seria o slack a base de manobras. O slackline foi popularizado apenas nos últimos anos. No começo do século o esporte chegou a alguns países da Europa, logo foi se tornando muito comum em diversos locais como praças, parques e praias. Hoje em dia já está presente em diferentes lugares do mundo, inclusive no Brasil, com muito sucesso, atraindo muitos praticantes e marcas que estão apostando nesse “estilo de vida” que se tornou uma febre de uma hora pra outra.

43


REVISTA #01 VA DAPÉ

" Slackline

O é simples e ao mesmo tempo completo. É possível fazer em lugares diferentes, e se torna sempre uma atividade alternativa (e na maioria das vezes ligada à natureza). Além de ser saudável e ótimo para o fortalecimento dos músculos, há um processo de equilíbrio entre o corpo e a mente, um momento de sintonia e concentração entre as partes do corpo. É uma ótima forma de trocar ideias com pessoas diferentes, aprender e passar ensinamentos adiante. Comecei a andar de slack no começo deste ano, pois estava morando no Rio de Janeiro, onde a prática do slack, em pouco tempo, se tornou muito popular pela facilidade e quantidade de lugares para se esticar a fita. Sempre via muitas pessoas fazendo, já havia feito algumas vezes, mas não tinha sido persistente a ponto de realmente aprender e conseguir andar sobre a fita. Pela grande quantidade de praticantes passei a observar, pedir dicas e andar com algumas pessoas. Aos poucos fui pegando o jeito e aprendendo algumas manobras. Até hoje não tenho meu próprio slackline, mas ando direto com amigos e pessoas que praticam. Também é um modo de conhecer gente nova, trocar informações e dicas. Aconselho para todo mundo!

"

LO O C C U TO Z É N fia R E D AN OIM lofotogra

44

P E D

cco

/an

zu dre


REVISTA #01 VA DAPÉ

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

45


FOTOS BEATRIZ CASTANHO


REVISTA #01 VA DAPÉ

po a

Teobaldo da Silva

em

/senhorteobaldo

47




Revivendo produções acadêmicas com o intuito de divulgar opiniões e conhecimentos de pessoas que não tiveram a chance de produzir algo para além da correção institucional.



REVISTA #01 VA DAPÉ

Como se não bastas o s t ra b sem alhos d a esco esses M la, ALUC OS ain querem da reprod uzí na RE VISTA -los ???

TRABALHO REALIZADO POR PEDRO RODRIGUES PELA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUC-SP) EM 2012.

T

52

TEMA: Análise sobre a INVESTIGAÇÃO ACERCA DO TRATADO DA NATUREZA HUMANA, de DAVID HUME

udo no mundo é uma eterna relação de causa e efeito. Para algo acontecer, para se tornar efeito, algo precedente tem que causar este acontecimento. Desde a bola que entra no gol, por ter sido chutada pelo atacante, ao jovem que discute com o seu avô sobre a reforma agrária por ter lido Karl Marx. Tudo tem uma causa e tudo tem um efeito. Nada é pensado a partir do nada. David Hume, filósofo escocês do século XVIII, vai a fundo na análise desta relação, explorando a partir disso, tanto a forma com que pensamos, quanto a que deduzimos e como cremos nas coisas. A partir de seu livro “Investigação acerca do tratado da natureza humana” podemos começar a refletir sobre isso.


REVISTA #01 VA DAPÉ Começando com a nossa forma de pensar, Hume diz: “Chama percepção o que quer que se apresente à mente, quer empreguemos nossos sentidos, sejamos movidos pela paixão, ou exercitemos nosso pensamento e reflexão”. Percepção é, portanto, tudo o que chega ao nosso cérebro. Por ser um conceito bastante abrangente em sua essência, o filósofo o divide em duas “vertentes” principais: as impressões e as ideias. Impressões são sentimentos e imagens de objetos externos trazidos por nossos sentidos, sendo percepções vividas e fortes

por terem se realizado em nosso “mundo real”. Já ideias são reflexões a respeito de paixões ou objetos que não estão presentes, sendo percepções esmaecidas e fracas por terem se realizado em nosso “mundo imaginário”. Mas não é por que se realizam em “mundos” diferentes que os conceitos são independentes. Muito pelo contrário. Toda ideia é, na verdade, fruto de uma reflexão a respeito de uma impressão anterior. Tudo tem uma causa e tudo tem um efeito. Toda idéia é efeito da causa mais constante da nossa mente,

"(...)ou seja, somos DETERMINADOS exclusivamente pelo hábito de supor o FUTURO conforme o PASSADO." obter impressões. O filósofo resume: “Todas as nossas ideias, ou percepções fracas, derivam de nossas impressões, ou percepções fortes, e jamais podemos pensar em qualquer coisa que não tenhamos visto fora de nós, ou sentido em nossas próprias mentes”. Nada é inventado, tudo é proveniente de nossas impressões. Podemos assim chegar aos princípios da cópia, em que Hume baseia todas as relações de causa/ efeito em três fundamentos básicos. Primeiramente, “a contigüidade no tempo e espaço é uma

circunstância requerida à operação de todas as causas”, segundo ele. Ou seja, não precisa haver intervalo de tempo entre as coisas para que possamos associá-las em nossas mentes. Não há intervalo de tempo entre a gota cair na pele e a percepção de que estamos nos molhando. Tudo acontece simultaneamente. Outro fator é a prioridade. Não é por que uma ideia pode chegar a nossa mente no mesmo instante em que a impressão é obtida, que toda a relação causa/ efeito deste momento é atemporal. “Prioridade no tempo é ou-

53


REVISTA #01 VA DAPÉ

tra circunstância requerida em qualquer causa”, diz o filósofo. O nosso cérebro pode ter processado a ideia de forma contígua, porém, o movimento da gota caindo do céu foi anterior a esta percepção. A causa é sempre precedente ao efeito. Por último, há a “conjunção constante entre causa e efeito”, de acordo com o escocês. Isto é, todo objeto como causa produz sempre algum objeto como efeito. Um ciclo sem fim que faz com que o mundo nunca pare. Até esta parte do texto, Hume não cria qualquer discordância com os filósofos empiristas da época, corrente à qual pertence. Mas é ao analisar a máxima de um deles, John Locke, que o embate teórico se inicia. Para Locke: “Não existem ideia inatas”. No entanto, Hume acredita que inato é tudo aquilo que é natural, que não nos é transmitido pelas pessoas, que está na natureza. Tanto o sentimento de uma paixão, quanto o sabor de uma comida e a sensação de estar se molhando são impressões inatas. As ideia formadas a partir de tais percepções

54

são, portanto, inatas da mesma forma. Para Hume: “Toda ideia que preenche a imaginação, faz antes sua aparição em uma impressão correspondente”. Se a impressão correspondente é proveniente da natureza, portanto inata, a ideia a respeito desta impressão também pode ser inata. Tal base teórica, de que tudo provém do princípio da cópia, nos levaria a uma grande questão: se tudo é “copiado”, como pessoas que viveram vidas semelhantes podem pensar de maneiras opostas? O ser humano não é, porém, uma simples máquina de reprodução. Para criar nossas ideias, refletimos de formas diferentes a respeito de uma mesma impressão. Além disso, não nos baseamos nessa fórmula singular: uma


REVISTA #01 VA DAPÉ

impressão, uma ideia. Nosso cérebro não é máquina de xerox. Juntamos milhares de impressões obtidas ao longo da vida para pensar cada coisa. O filósofo afirma: “Nossa imaginação tem grande ascendência sobre nossas ideias; e não há ideias, distintas umas das outras, que ela não seja capaz de separar, juntar e compor em todas as variedades da ficção”. Nós não reproduzimos simplesmente os fatos, nós associamos os fatos. E para tais associações, o filósofo novamente se fundamenta

em três princípios: a semelhança, a contigüidade e a causa. A respeito da semelhança, ele diz: “Quando vemos um retrato, naturalmente pensamos no homem que foi retratado”. Tudo é ligado em nossa mente através de características principais retiradas das impressões. Quando alguém nos faz uma chamada telefônica, pensamos na pessoa por nos lembrarmos da sua voz. Não necessitamos do todo para fazer ligações de semelhança. Sobre a contigüidade: “Quando

"A nossa mente 'COPIA' percepções que temos da natureza, as IMPRESSÕES, e cria as nossas próprias percepções, as IDÉIAS." St. Denis é mencionado, a ideia de Paris ocorre naturalmente”. Não é necessário um tempo de análise para as associações do cérebro. Muitas vezes estas acontecem simultaneamente. Quando vemos uma bola, com gomos pretos e brancos, falamos “bola de futebol”. Não é necessária uma reflexão sobre a “identidade” da bola. O cérebro age muitas vezes de forma atemporal, fazendo associações de forma contígua para que não haja intervalo entre cada percepção. Já ao tratar da causa: “Quando pensamos no filho, estamos aptos

a transferir nossa atenção para o pai”. Ou seja, uma ideia pode ser o fio que nos remete a outra. A ideia que, em primeiro momento, foi efeito de alguma causa, se torna em um segundo causa do efeito de outra reflexão. E assim sucessivamente. Podemos, portanto, associar fatos inicialmente sem relação através de uma linha de raciocínio. Sendo assim, a nossa mente “copia” percepções que temos da natureza, as impressões, e cria as nossas próprias percepções, as ideias. Essas são diferentes em cada ser

55


REVISTA #01 VA DAPÉ

humano por estarmos associando as percepções e não apenas executando cópias. A base de tudo são as impressões que temos do mundo, que nada mais é do que nossa experiência. Todos esses conceitos são, portanto, provenientes da experiência de vida. Para o filósofo, “Todos os raciocínios relativos à causa e efeito são fundados na experiência, e todos os raciocínios advindos da experiência são fundados no pressuposto de que o curso da natureza continuará uniformemente o mesmo”. Ou seja, somos determinados exclusivamente pelo hábito de supor o futuro conforme o passado. Quando ouvimos o barulho de um trovão, logo associamos a chuva por nos basear em experiências passadas. Estamos habituados a diversas ocasiões. Quando uma bola de bilhar se choca com outra, as duas rolam; quando tocamos o fósforo incandescente em uma superfície inflamável, está feito o fogo; quando saímos na chuva, ficamos molhados... Passamos assim a deduzir diversos fatos através da associação de percepções passadas. Temos inferências por acre-

ditar que o futuro será conforme o passado, e que as situações já vividas acontecerão de novo da mesma forma. “Não é, pois, a razão que conduz a vida, mas o hábito”, afirma Hume. Por mais que desejamos associar os fatos à nossa vontade, não é assim que funciona a nossa mente. Temos as primeiras percepções das coisas, as impressões, e logo passamos a acreditar que ocorrerão os efeitos mais comuns, que já foram vivenciados, a tais causas. Como afirma o escocês: “Quando a causa está presente, a mente, pelo hábito, passa imediatamente à crença no efeito costumeiro”. Temos a capacidade de conceber diversas coisas a partir de um fato inicial. Podemos ouvir o trovão e conceber que não vai chover; atear o fogo e conceber que a solução não inflamará; sair na chuva e conceber que não vamos nos molhar. Tudo é possível no campo da imaginação. No entanto, não podemos crer em tudo aquilo que concebemos. O filósofo resume: “A crença, portanto, estabelece certa diferença entre a concepção que

QUE NOTA VOCÊ DARIA PARA ESTE TRABALHO? 56


REVISTA #01 VA DAPÉ

assentimos e aquela a que não assentimos”. Sendo assim, não temos total liberdade para realizar apenas as nossas vontades no mundo. E não apenas por terem fatos possíveis e impossíveis. Mas porque, afinal, nem mesmo a nossa mente é capaz de crer em tudo o que queremos. Como diz Hume, “É nisso que consiste toda a natureza da crença. Porque, como não existe matéria de fato em que acreditemos tão firmemente que não possamos conceber o contrário, não haveria nenhuma diferença entre a concepção admitida e a rejeitada se não fosse algum sentimento que distinguisse um do outro”. Como já sabemos, através de experiências vividas ao longo da vida, não somos capazes de controlar nossos sentimentos, como as paixões, medos e momentos de alegria. Desta forma, pela crença ser um sentimento, também não é possível controlar aquilo em que acreditamos fielmente. A crença é, portanto, o resultado das inferências admitidas pelo nosso cérebro. Essas deduções são o resultado das

associações das percepções, que por sua vez são o resultado das impressões que obtemos ao longo da vida. Tudo na vida, portanto, constitui uma relação de causa e efeito. Até mesmo as coisas em que acreditamos. Cremos em coisas diferentes porque as nossas impressões, primeira causa de uma vasta linha de causa e efeito, são diferentes. Se uma pessoa liga a televisão três vezes durante um jogo e em todas um mesmo atacante pega a bola e faz três gols, esta passará a crer que ele é o melhor jogador do mundo e sempre que toca na esfera a direção é a rede. Por outro lado, outro torcedor que acompanha a carreira do profissional e sempre o vê chutar a bola longe da meta, por maior que seja a sua vontade de crer que este seja um artilheiro, não terá a crença. Acreditamos, portanto, naquilo que nossa experiência nos faz acreditar. Apropriando-se da frase de Hume já usada anteriormente: “Não é, pois, a razão que conduz a vida, mas o hábito”.

ENVIE SUA

OPINIÃO:

/revistavaidape 57


REVISTA #01 VA DAPÉ

58


REVISTA #01 VA DAPÉ

59


(...)2012 não foi muito diferente dos últimos anos,

3

politicamente, artísticamente... Acho que não estamos

caminhando, estamos todos sentados vendo a roda passar. E esse é o problema.

to nas bóias!" nde:

respo

o que eu acho triste. Não vejo nada mudar muito, pensando em comportamento social,

Ó, se no final tudo vai dar pé não sei, mas acredi-


po em

/allannvaz

a

Allan Neumman Vaz



FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

Viagem contada por: Antônio, João, Martim e Pedro.

Veja um lado da vida que poucos tem ou tiveram a oportunidade de conhecer.


REVISTA #01 VA DAPÉ

O Brasil Barraca de hoje conta a história de quatro moleques que decidiram passar o réveillon na Praia do Sono – RJ. Fizeram as compras, arranjaram a barraca, encheram o tanque e partiram de São Paulo à Ubatuba, com destino final marcado pro Condomínio de Laranjeiras (no qual se deve pegar trilha ou barco para chegar no Sono)...

FOTO ANDRÉ ZUCCOLO

" 64

N

o fim da estrada, com a gasolina na reserva e o último posto já passado há algum tempo, muita fé foi necessária para que o “Uninho 1.0” fosse mais econômico que judeu endividado. Tudo certo, carro estacionado, mala nas costas, dá-lhe trilha! Não há como descrever a alegria de ver o mar após uma boa

caminhada pela mata. Boca seca, suando, sem água... era mais do que a hora do primeiro mergulho! A praia estava lotada. Havia gente de todos os tipos e tamanhos, de rastafári a gringo que não toma sol. Ali o que predominava era o alto astral! E nem tudo era vida mole. Como primeira missão de todo acampamento, tínhamos que montar a barraca. Era tudo emprestado e


REVISTA #01 VA DAPÉ

acabou sendo um sufoco: Muita discussão e cada um querendo do seu jeito! Ninguém sabia dizer o porquê de ainda haverem peças intocadas no chão se a barraca já estava de pé... Só podemos antecipar que esse era o começo do nosso fim. Mas pra quê tempo ruim? Todo conflito tem um final e uma recompensa. E tem prêmio melhor que horas de sono e açaí pra matar aqueeeela fome? No dia seguinte tudo foiseguindo conforme oplanejado: Futebol, mini UFC, mulher bonita, açaí, reggae, descanso... Nada mais, nada menos que

Com o peso extra sobre o “teto”, que possivelmente teríamos armado erroneamente, a segunda barraca também veio ao chão. Eita réveillon maravilhoso! Uma barraca alagada, a outra desmoronada... Era a hora da união! Tínhamos que esquecer tudo... Com os sacos de lixo servindo de capa de chuva estávamos prontos para comemorar a virada em grande estilo! A multidão nos aguar-

_ prádápé Paraty á Laranjeiras) Ônibus linha 1040 (Rodoviária de Barco: R$ 25,00 por pessoa 20,00 por dia/pessoa Campings: Entre R$ 10,00 e R$

o esperado de um local que se chama Praia do Sono. Isso já era dia 31. Esse seria então o último descanso de 2011, pra botar tudo pra fora e começar o novo ano brilhando. Mas aí veio a inesperada (para aqueles que não têm o dom de se preparar) chuva. A primeira barraca começou a alagar. A lona não suportou a tempestade que anunciava 2012. Começou a correria com os sacos de dormir, mantimentos e mochilas para a outra barraca. Essa parecia melhor, sem furo, capaz de agüentar a pressão. Mísero sonho.

dava! Muitos brindes e risadas banharam uma virada que muitos nem se lembram o que faziam em plena meia-noite. ...Tomada a consciência e acordando com a notícia de que não poderíamos mais dormir nos bancos do restaurante, resolvemos voltar à barraca para tomar uma decisão. E tomamos. A última! Estava tudo encharcado e coberto de areia, a vontade de tentar continuar era zero. Tivemos que reunir forças para arrumar tudo, empacotar as tralhas em sacos de lixo, pegar um barco (pois não há trilha que se faça nessas condições) e voltar, às 10 horas da manhã do dia 1 de Janeiro, para São Paulo".

65


INTEGRANTES: -

ant么nio amaral jo茫o miranda martim antunes pedro rodrigues



po em

Marco Bellotti

a

/marco.bellotti.73



O di r como eito já e tenh garantir xiste, m a a lida m a mesm que todo s de à a s info acessib rmaç ão? i-


POR ANTテ年IO AMARAL


REVISTA #01 VA DAPÉ

L

er uma revista, a bula de um remédio ou apreciar um cartaz não são as tarefas mais difíceis do mundo. Mas para quem estamos falando isso? O que para alguns não passa de uma ação rotineira qualquer, para outros pode se tornar um desafio, principalmente quando se está sozinho.

A leitura em braile possibilita ao deficiente visual que ele satisfaça algumas necessidades cotidianas sozinho, como encontrar o remédio corretamente.

72


REVISTA #01 VA DAPÉ

Segundo pesquisa do IBGE realizada em 2010, existem mais de 6 milhões de pessoas com grande ou permanente dificuldade de enxergar. 528 mil são incapazes e 29 milhões declararam ter alguma dificuldade. O preconceito pode ser a principal barreira enfrentada por deficientes visuais, mas as práticas diárias muitas vezes também são dificultadas por essa deficiência. Por serem consumidores ativos e parte da sociedade, deveriam ter suas necessidades garantidas pelas empresas e pelo governo, afinal são cidadãos e também pagam impostos. O problema está na falta de acessibilidade para que essas pessoas possam realizar normalmente práticas cotidianas como qualquer cidadão. Coisas rotineiras como o pagamento de contas ou ler um cardápio de restaurante podem se tornar complicadas numa sociedade onde principalmente

os prestadores de serviço não facilitam o acesso à informação aos portadores de necessidades especiais. Leis foram criadas para garantir os direitos dos deficientes visuais. A Lei 12.363/97 decretada em São Paulo, impõe que todos os bares e restaurantes devem possuir no mínimo dois cardápios em braile. No entanto, a pouca fiscalização e o desconhecimento desta lei fazem com que muitas vezes ela não seja cumprida, desrespeitando o direito do cidadão portador de deficiência. Por conta dessa defasagem, algumas empresas se especializaram no atendimento aos deficientes. A TouchGraf, por exemplo, é uma gráfica brasileira que atua no mercado de impressão de qualquer tipo de material, principalmente os impressos com dados variáveis. A empresa tem em sua carteira de clientes alguns nomes importantes da prestação de serviços e do varejo como Itaú,

73


REVISTA #01 VA DAPÉ

Afonso Damasi, 68 anos, aposentado, diz que é muito mais fácil receber as contas em braile, assim ele não depende de outras pessoas.

"Sempre que preciso ir ao banco ou resolver alguma coisa tenho a ajuda do meu irmão. Mas se tudo fosse mais acessível, talvez não precisasse de niguém e poderia resolver todos os meus problemas sozinho." 74


REVISTA #01 VA DAPÉ

Eletropaulo, TIM e Riachuelo. A impressão de dados variáveis possibilita que o deficiente visual, além de obter itens diversos personalizados em braile, possa realizar diversas funções do dia-a-dia sem precisar de ajuda. Uma fatura com dados dinâmicos identificados corretamente, brindes personalizados, guias de auto-ajuda, entre outros, são alguns dos serviços oferecidos aos clientes da TouchGraf. A prefeitura de São Paulo reconhece que a legislação sobre

esse quesito é muito vasta, mas é preciso que essas pessoas conheçam a lei para fazerem valer, elas próprias, os seus direitos. Estes devem ser assegurados em qualquer condição e situação. Por tudo isso, é importante que a fiscalização se torne mais rigorosa e, principalmente, que as empresas respeitem e facilitem a inclusão dos clientes portadores de necessidades especiais, porque além de serem muitos, convivem, têm os mesmos direitos e fazem parte, todos, do mesmo universo.

75



po a

Teobaldo da Silva

em

/senhorteobaldo


Redescubra, a cada edição da revista, seu modo de olhar o mundo a partir da história das Vanguardas Cinematográficas do século XX



REVISTA #01 VA DAPÉ

"PARA VOCÊS O CINEMA É UM ESPETÁCULO. PARA MIM É QUASE UM MEIO DE COMPREENDER O MUNDO." Maicovski, 1922

A

data de 1917 é um períodotão emblemático para a Rússia quanto para as estruturas políticas mundiais. Um gigantesco país regido por uma autocracia. Os Czares mantinham a tênue estabilidade de seu país recém-industrializado, com ênfase na produção agrária, através de um sistema no qual operários e camponeses viviam na miséria sob o controle do forte punho estatal. Tal estrutura governamental foi ameaçada e por fim derrubada pelo Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lenin, em 15 de março de 1917. Mas foi em 25 de outubro que, de fato, o partido Bolchevique, juntamente com anarquistas e socialistas, cercaram a capital e depuseram o governo provisório, assumindo o poder. Mas como era de se presumir, depois de outubro os conflitos não foram amenizados, mas sim potencializados com o

80

início de uma guerra civil que durou de 1917 a 1920. E em meio a esse caos, pessoas-chave para a construção das vanguardas soviéticas fazem sua primeira aparição. Sergei Eisenstein rompe com a família e vai para o front de guerra organizar espetáculos teatrais para soldados. DzigaVertov, Kulechov e Tissé (futuro fotógrafo de Eisenstein) trabalham juntos nos noticiários cinematográficos do front. Neste período a União Soviética está totalmente desestruturada, a maioria de suas instituições são dissolvidas e recriadas para seguirem melhor o dinamismo apresentando por Lênin. E com o cinema não é diferente. No pós-revolução os estúdios foram todos dissolvidos, seus donos e técnicos fugiram do país, dando espaço para a sua estatização. O Estado passa a reger toda a produção cinematográfica instituciona-


REVISTA #01 VA DAPÉ

lizada do país. Surgem então duas vertentes para tal ação: a possibilidade de reinvenção das atividades cinematográficas; e, ao mesmo tempo, o subjugo dessas às disputas políticas. Assim como a revolução, o cinema sofreu uma explosão criativa, mas logo teve seus horizontes fechados. A União Soviética foi tomada por diversas vanguardas, todas sob o guarda chuva do construtivismo. Como qualquer movimento, classificá-lo em termos estritos é uma atividade polêmica, mas existem certas características que se sobressaem. Da mesma forma que o teatro, na literatura e no cinema existe uma recusa da mimese realista, ou seja, imitar o real não é objetivo dos artistas que se propõem a olhar a arte de outro ponto de vista. Os criadores se opõem à ideia do artista como um intermediador. O artista perde o papel de um indivíduo iluminado

que recria a realidade com outros olhos, transportando seus espectadores a uma nova realidade de seu mundo, mas passa a ser visto como um construtor, um engenheiro visual. O artista-engenheiro despreza a construção lírica e se foca na construção da obra, no objeto, sendo esse apenas mais um, dentre muitos outros objetos no mundo. A exuberância da inspiração e o lirismo deviam ser superados a ponto do artista engenheiro, que domina a experiência, conseguir prever e calcular a reação de seus espectadores. A relação entre cinema e vanguarda a partir de 1917 na Rússia é associada a um novo meio expressivo, um papel claro no plano revolucionário, voltado muito mais a termos políticos do que estéticos. Kulechov (1899-1970), realizador e teórico do cinema e fundador da pri-

81


REVISTA #01 VA DAPÉ

meira escola de cinema do mundo, a MoscowFilmSchool, teve um papel fundamental na criação de uma identidade soviética cinematográfica. Juntamente com seus alunos, Kulechov estudava as leis que constituíam a comunicação fílmica e os elementos que compunham uma linguagem própria ao cine-

82

ma. E a partir desses estudos, os soviéticos acreditavam na possibilidade de libertação da arte do isolamento e da fragmentação na qual a cultura “burguesa” a havia colocado, fazendo da mesma uma peça fundamental na construção de uma nova sociedade. Segundo Antônio Costa, para a construção

deste projeto, o cinema sempre esteve em primeiro plano, pois é um meio capaz não só de refletir sobre as modificações introduzidas pela técnica e pela nova condição da vida humana na sociedade industrial, mas também de recriar, dentro do próprio meio, as concepções de espaço e tempo. Para Dziga Vertov, o cinema ganha esse papel fundamental, pois é o único meio que consegue renunciar o teatro com poses, sobretudo as temáticas “decadentes” e a literatura “burguesa”. O cinema, com seu preciso olhar mecânico, traz consigo uma percepção mais fresca do mundo. Essa combinação de empenho político e experiência formal estavam destinadas a ir contra o gosto do público. Os espectadores na União Soviética, apesar do regime lá instaurado,


REVISTA #01 VA DAPÉ

continuavam a admirar os ídolos hollywoodianos. Talvez se contrapondo à Vertov, Eisenstein propôs um cinema que se baseava em encenação e minuciosa orquestração dos acontecimentos para que os mesmos fossem capazes de agir sobre a psique dos espectadores, mas tal molde

também se chocou com a barreira dos espectadores e da estrutura governamental. Curioso notar que, segundo Antônio Costa, as inovações propostas pelas vanguardas soviéticas acabaram reprimidas por seu próprio sistema político. “A utopia do fim da separação da arte na constru-

ção de uma sociedade em que a própria arte tomava parte no processo de produção, naufragou por causa de um sistema que, muito mais do que a livre experiência das vanguardas, demostrou preferir os dogmas; e quando a fé se mostrou insuficiente, recorreu a métodos repressivos e policiais”.

_poster do filme A Mãe, 1926, do diretor Vsevolod Pudovkin // arte israel bograd

A Mãe Vsevolod Pudovkin A Greve Sergei Eisenstein O Encouraçado Potemkin

Bibliografia: - História do Cinema Mundial. MASCARELLO, Fernando. Papirus, 2006.

- Compreender o Cinema. COSTA, Antonio. Globo, 2003.

83



/quadrinhosperturbados /quadrinhosperturbados.wordpress.com



REVISTA #01 VA DAPÉ

PEDRO RODRIGUES DOS SANTOS 20 ANOS, ESTUDANTE

COLU NIS TAS

“Machu Picchu não foi para Bingham uma descoberta qualquer; significou o triunfo, o coroamento de seus sonhos límpidos de menino grande”, Ernesto Che Guevara (Outra Vez – Diário inédito da segunda viagem pela América Latina 1953 – 1956). Esta é uma frase qualquer, solta, que pode se passar despercebida em meio a um diário fascinante. Che não tinha apenas o dom da medicina, da revolução e do carisma. Che tinha o dom da palavra. Um talento cada vez menos valorizado no mundo dos briefstormings, gadgets e (ou nesse caso eu uso and?) internet. Uma característica que em toda a histórvia diferenciou os humanos dos imortais. Eu, um jovem insuportável que passa horas debatendo sobre como os “avanços” da humanidade estão acabando com o nosso lado humano, poderia tentar discorrer muito sobre o tema. Mas não é o meu desejo. Hoje acordei com vontade de ler algo e peguei um livro perdido na prateleira. Um diário escrito por Ernesto Che Guevara sobre sua segunda viagem pela América Latina. Se tem alguém de quem sou fã, esse é o cara. Falar sobre isso, no entanto, também não é a minha vontade. Gostaria de me atentar a outro ponto. No meio do relato sobre sua viagem à Machu Picchu - divagando sobre a história do Império Inca, dos imperadores, das invasões, dos exploradores e etc. - Guevara solta esta frase, que eu gostaria de repetir: “Machu Picchu não foi para Bingham uma descoberta qualquer; significou o triunfo, o coroamento de seus sonhos límpidos de menino grande”. Só para contextualizar: Hiram Bingham foi o explorador que, em 1911, descobriu Machu Picchu. Mais uma vez, porém, este não é o meu objetivo com tal escritura. Não quero falar nem do explorador, nem da descoberta e nem da fantástica “cidade” peruana. Acredito que a beleza esteja nos detalhes. E, para mim, o detalhe da frase de Che é o que é maravilhoso: Quantos de nós triunfamos, coroamos nossos sonhos límpidos de menino grande?

GABRIEL MORETT 19 ANOS, ESTUDANTE

Observem como o mundo em que vivemos é estranho: A Coréia do Norte fez testes com armas atômicas. Em resposta, os EUA se pronunciaram dizendo que retaliarão os coreanos com poder nuclear. E em resposta à resposta, os coreanos dizem que retaliarão a retaliação dos americanos também com poder nuclear. Em meio a toda essa turbulência que põe os cidadãos de qualquer país em alerta, me encontro pensando simples; em como toda essa situação acontece por divergências ideológicas. Pela escolha de um sistema ao invés de outro. E quantas coisas malucas já não aconteceram no mundo por causa disso: guerras, conflitos civis, repressão policial, manifestações, golpes de estado, divisão de países. Hoje em dia me parece que toda e qualquer opinião que toma um caminho diferente do pensamento de uma maioria de determinado grupo é vista, a princípio, com rejeição e/ou hostilidade. Seja numa roda de amigos, numa entrevista, em redes sociais ou manifestações públicas. Parece-me que cada grupo se fecha em torno de suas próprias idéias. E no nosso país isso acontece principalmente em relação ao pequeno grupo que nos governa. Quantas vezes já vimos pessoas se manifestando contra algo ou apresentando novas propostas e serem duramente reprimidas pela força policial? Ou sendo simplesmente ignorados pelos governantes?! Não apenas no Brasil, mas no mundo. Protestar, reclamar daquilo que não agrada, lutar contra quem deseja tirar-lhe a liberdade. É’ inerente ao homem se posicionar sobre o que acontece a seu redor. E não se pode tirar isso dele, pois isso faz parte da própria natureza humana. Mas é importante que mantenhamos nossas mentes abertas, seja através da arte, da poesia, do cinema, dos livros e até mesmo da TV; para que construamos nossas opiniões de forma sólida e encontremos aquilo em que realmente acreditamos. Feliz 2013!

Sonhar é o que faz o peito inflar. E é muito legal viver sonhando. Mas só sonhar não basta. Temos que coroar os reis que existem dentro de nós. Somos todos meninos grandes com milhares de sonhos límpidos. Podemos e devemos triunfar! Um feliz 2013 para todos.

/pedro.rodrigues.397948

/gabrielvan.morett

87




_gostou do trabalho da Beatriz? _fale com ela pelo email ou simplesmente confira seus novos trabalhos no facebook.

/be.castanho beatrix.cso@gmail.com







REVISTA #01 VA DAPÉ


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.