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Introdução
I
Oprocesso de ocupação sistemática do território catarinense começou em meados do século XVIII quando, entre 1748 e 1750, o governo de Portugal transferiu centenas de famílias dos Açores para o litoral de Santa Catarina. Era uma ocupação com caráter de povoamento para garantir a posse dessa parte do sul do Brasil, cuja área era disputada entre Portugal e Espanha. Menos de um século mais tarde, em 1829, o governo de Santa Catarina fundou São Pedro de Alcântara, a primeira colônia com imigrantes alemães. A partir de então, principalmente nas décadas de 1850 e 1860, foram fundadas mais colônias que receberam considerável contingente de imigrantes, a maioria de procedência germânica. Algumas colônias eram particulares, como Blumenau e Joinville, outras, como Teresópolis e Brusque, foram criadas por iniciativa do poder público. Todas respondiam simultaneamente a interesses do governo brasileiro e de países europeus. O governo brasileiro pretendia ocupar os espaços considerados vazios (os indígenas não eram tomados em consideração) e difundir a pequena propriedade privada para abastecer com toda a sorte de gêneros alimentícios os centros urbanos. Pretendia-se introduzir um novo modelo de produção com mão de obra livre sem, no entanto, abolir o latifúndio mantido com mão de obra escrava ou semiescrava. Por outro lado,
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a Europa oferecia considerável excedente populacional uma vez que, para as condições econômicas daquela época, havia superpopulação em muitas regiões do velho continente. No fi nal do século XIX, observa-se também um signifi cativo afl uxo de imigrantes de origem italiana, os quais foram estabelecidos na periferia das colônias alemãs de Brusque e Blumenau e no sul do Estado, mais precisamente nos atuais municípios de Orleans, Lauro Müller, Urussanga, Treviso e Nova Veneza. A última colônia ofi cialmente fundada em Santa Catarina foi Anitápolis, que recebeu muitos imigrantes do leste europeu entre os anos de 1910 a 1914. No entanto, a maioria desses imigrantes não permaneceu naquele lugar em virtude do isolamento, das difi culdades de adaptação e das terras excessivamente montanhosas. As terras foram gradativamente compradas e ocupadas por descendentes de antigos colonos de Teresópolis, Capivari e Braço do Norte. A historiografia silencia completamente sobre uma colônia que existiu nas cabeceiras do rio Itajaí do Norte, mais precisamente numa área do atual município de Doutor Pedrinho. Trata-se da colônia Heimat-Timbó, fundada em 1932 pelo padre Johannes Beil, de Berlim, o qual tinha como objetivo trazer jovens católicos solteiros. Para essa fi nalidade, o fundador adquiriu uma grande área de terra onde os jovens trabalhariam durante dois anos, comunitariamente, no desbravamento da terra ainda coberta de fl oresta, no estabelecimento da infraestrutura e na construção das casas. Findo esse prazo, cada imigrante receberia um lote pronto para morar, estando então liberado para constituir família. Os interessados eram previamente selecionados e preparados na Alemanha e depois viajavam em grupo para a colônia. A documentação indica que seis grupos de jovens e alguns avulsos, perfazendo um total de,
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aproximadamente, 200 pessoas, atravessaram o Atlântico e se estabeleceram em Heimat, formando a Colônia Comunitária de Jovens Heimat-Timbó (Jugend-Gemeinaschafts-Siedlung Heimat-Timbó). Por razões diversas, que serão analisadas em alguns capítulos deste livro, a colônia não se desenvolveu da forma como havia sido planejada e, após seis anos de existência, o fundador se retirou e os colonos se dispersaram, tomando, cada um, rumo próprio. Se a colônia fracassou nos seus objetivos, não se pode, no entanto, menosprezar a valiosa contribuição que esses jovens deram, com seu entusiasmo e conhecimentos, nos lugares onde se estabeleceram e com as respectivas famílias que viriam a constituir.
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