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Frustração dos imigrantes
um tenha o seu lote e o cerque o mais rápido possível. Os 17 jovens pioneiros puderam escolher cada um o seu lote enquanto que o estatuto prevê a distribuição por sorteio. A dissidência de 10 companheiros – a dissidência devia ser prevista – levantou alguma poeira pelas acusações feitas na imprensa”.4 A falta ou incapacidade de planejamento e a inexperiência na administração levou os dirigentes a fazerem despesas desnecessárias e inúteis. Assim, Konrad Theiss, que assumiu a direção durante a ausência de Padre Beil, no segundo semestre de 1933, comprou em São Paulo um locomóvel5 no valor de 50 contos de réis.6 Pretendia-se construir uma serraria movida com energia a vapor para exploração e comercialização da madeira, supostamente abundante na região. O locomóvel foi levado até Santos, onde foi embarcado e transportado de navio até Itajaí. Como o transporte até Heimat era inviável por causa das pontes que não suportavam tanto peso, a máquina com todos os equipamentos permaneceu abandonada no cais do porto em Itajaí.
Frustração dos imigrantes
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Nos encontros de preparação para a nova pátria no Brasil, predominavam os temas de formação religiosa e de convivência comunitária. Visava-se criar sobretudo, entre os participantes, um clima de companheirismo com base em ideais cristãos. A
4 GRÖSSER, P. Dr. Max. Relatório. Sankt Raphaels-Verein. 5 Locomóvel é uma máquina a vapor, conhecida também como caldeira, usada para movimentar cargas pesadas sobre estradas, para aragem de solo ou para fornecer energia em locais determinados. 6 Em valores da época, o custo do locomóvel, 50 contos, foi elevado se considerarmos que, na mesma época, Gustav Frank comprou o Hotel Metropol de Florianópolis por 40 contos.
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nova pátria era apresentada como a terra da promissão e, por isso, pintada com cores idílicas. A utopia prevalecia sobre a realidade. O projeto preenchia os sonhos e fantasias dos jovens que não entreviam muito futuro na Alemanha. Nos encontros de preparação (Arbeitdienst) era dito que eles deveriam ser os novos cavaleiros teutônicos. Assim como os antigos conquistaram para a Alemanha a Prússia Oriental, eles, os novos, deveriam ocupar os espaços ainda não tomados na América. Para muitos era também uma aventura. O mundo novo ainda pouco conhecido despertava um fascínio nesses jovens idealistas.
O grupo Ebersteinburg, no navio. Acervo: Carlos Groni.
Imbuídos de tal espírito e encorajados pelo apoio mútuo, os jovens, cuja maioria oscilava entre 18 a 25 anos, atravessavam eufóricos o Atlântico. Porém, à medida que se afastavam da pátria e da família, a saudade aumentava. Ao desembarcar, o sonho começava a virar pesadelo e as esperanças, decepção.
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