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A primeira desilusão

construiu a ferrovia. Inclusive nas planuras o traçado é cheio de curvas, pois a empresa, recebendo por quilômetro, encompridava o trajeto o quanto possível. Finalmente chegamos a Santa Bárbara. Despedimo-nos das religiosas e nos hospedamos no Hotel do Comércio.”13

A primeira desilusão

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“No dia seguinte, alugamos um caminhão, carregamos nossa bagagem – não era pouca – e partimos. Nosso primeiro destino era Águas do Mel, atual Iraí, que hoje, graças às águas quentes sulfurosas, transformou-se num moderno complexo de banhos termais. Banhamo-nos no meio do mato, num cocho escavado de um tronco de árvore. Em seguida chegamos ao imenso rio Uruguai. Foi preciso atravessá-lo de balsa. Na outra margem morava o diretor da Companhia Territorial Sul Brasil, em cuja região agora nós nos encontrávamos, e que havia assumido a colonização. Decidi visitá-lo ainda na mesma noite. Com lanterna a pilha, procuramos o caminho. Era completamente escuro e não havia iluminação em lugar algum. Encontramos uma belíssima residência – construída totalmente em estilo alemão – no meio de um jardim bem cuidado, à margem do rio. Parecia que estávamos junto ao Reno. Bati numa grande e sólida porta e, sem demora, apareceu um homem em mangas de camisa. Quando me apresentei, olhou-me como se eu fosse

(EFSPRG). Como a Brazil Railway Company, contratualmente, recebia por quilômetro, cuidou de alongar ao máximo a linha, fazendo curvas desnecessárias e economizando assim em aterros, pontes, viadutos e túneis. 13 BEIL, Johannes. In Urwald und Großstadt Brasiliens. Ein Menschenleben im Dienste der Seelsorge und der sozialen Entwicklung.

SüddeutscherZeitungdienst, Druckrei- und Verlagsgesellschaft mbH, Aalen/Wür . 1967. p. 12-13.

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um fantasma. Por fi m, perguntou: ‘Donde, afi nal, vem o senhor? O senhor não tem para nós serventia aqui’! Quando lhe expliquei que havia sido nomeado por Dom Daniel Hostin, bispo de Lages, para pároco de São Carlos e viera expressamente de Berlim para assumir esse cargo, ele retrucou: ‘Sim, mas o senhor não esteve em Porto Alegre com o Cônsul Geral’? Eu lhe contei que, por causa da revolução, havíamos desembarcado em São Francisco do Sul e, por isso, não havíamos estado em Porto Alegre. Pediu-me então para entrar e, em seguida, ele veio com uma longa história: ‘O Dr. Walbeck mandou vir da Alemanha um sacerdote sem nos perguntar. Quando soubemos que estava para vir um coadjutor de Berlim, protestamos imediatamente e todos nos rebelamos, pois não tem cabimento enviar-nos um homem de uma grande cidade como Berlim. Quando o bispo esteve aqui há quatro semanas em visita pastoral, foi ele abordado por todos para reverter essa situação. Foi-lhe argumentado que seria possível encontrar alguém aqui no Brasil. De fato, foi encontrado um padre da Sagrada Família. Como o bispo já tinha dado sua palavra ao cônsul, não era mais possível voltar atrás. Nessa época, o Dr. Walbeck visitou os teuto-russos e nos encontramos aqui em casa. Acendeu-se uma veemente discussão e o cônsul decidiu manter o senhor em Porto Alegre, pois lá há também muito trabalho para um sacerdote. Em consequência disso, o bispo nomeou logo o padre da Sagrada Família como pároco de São Carlos’”. “Tudo isso se passara durante nossa viagem da Alemanha para o Brasil. [...]. Eu não estava, em absoluto, de acordo com o que ouvia, pois, por causa da missão, eu havia deixado tudo para trás em Berlim. Eu tinha o telegrama que me nomeava pároco e estava decidido a assegurar esse meu direito. Disse ainda ao diretor senhor Culmey que eu não estava sozinho, mas tinha trazido comigo três imigrantes e que centenas de

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