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A terra
empreender a viagem. Eu tinha apenas uma pequena reserva de dinheiro, mas juntei tudo o que tinha e mandei-o a Blumenau. Em pouco tempo, recebi notícias. Entusiasmado, Frank descreveu a região como ainda não povoada, a 80 quilômetros de Blumenau, onde existia uma grande área de fl oresta, excelente para nossa fi nalidade. O preço era apenas a décima parte do valor do que havia sido pedido por terras às margens do rio Uruguai.Mas escreveu também que a terra não era tão boa quanto estas últimas. Em contrapartida, apresentava essenciais vantagens: distava apenas uns 50 quilômetros da estação ferroviária de Indaial, ao passo que nas regiões do Uruguai era necessário percorrer quilômetros em péssimas estradas até a estação mais próxima de Santa Bárbara. Nossa terra faria estrema direta com o território das velhas colônias alemãs e pertencia, naquela época, ao município de Blumenau. No outro lado das montanhas, localizavam-se os lotes da célebre colônia alemã Hansa. O preço era extraordinariamente favorável, bem como as condições de comunicação e o clima.”11
A terra
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O terreno encontrado situava-se nas cabeceiras do rio Lima e do rio Forcação, afl uentes do rio Benedito que, por sua vez, deságua no rio Itajaí-Açu. A área adquirida era muito montanhosa, acidentada e ainda coberta de fl oresta. Pertencia à Firma Bona & Cia, cujos proprietários eram Germano Bona e sua esposa Marianne. Há divergências a respeito do tamanho da área adquirida. Na autobiografi a, Johannes Beil fala em 34.000 hectares. Porém, mais tarde, quando o terreno foi medido, a área era de, apenas, 7.000 hectares. Nem Padre Johannes Beil, nem
11 BEIL, Johannes. Op. cit. p. 21-22.
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a colônia tiveram escritura pública da terra. Para evitar dupla despesa com escrituras, foi feito apenas um contrato particular de compra e venda perante um escrivão público em Blumenau. Esse contrato, na verdade, oferecia certo risco, pois a fi rma Bona e Cia. encontrava-se em grande difi culdade fi nanceira e o valor pago pela terra (Rs. 101:000$000), foi parar nos cofres da Firma Carlos Hoepcke, o maior credor da fi rma Bona & Cia.12 A partir do segundo ano de instalação da colônia, começaram a ser feitos os desmembramentos dos lotes individuais, de 25 hectares cada um, os quais foram escriturados diretamente em nome dos jovens. Mais tarde, por volta de 1939, parte da área ainda não dividida em lotes, e que ainda se encontrava em nome de Padre Beil por força do contrato, foi confi scada pelo Estado por falta de pagamento dos impostos.13 A Firma Bona & Cia. havia-se comprometido, no contrato, a arcar com as despesas de medição do terreno, bem como com a construção de uma boa estrada de acesso. Por falta de recursos, a Firma não honrou o compromisso e Padre Beil teve que realizar esse trabalho com seus jovens. A medição do terreno foi feita em 1934 pelo agrimensor Peregrinus Hoppe14, a pedido do cônsul alemão Di mar, de Florianópolis.
12 MECKIEN, Bruno. Gutachtliche Äusserung über die Siedlungsländereien der Jugend-Gemeinschaftsiedlung “Heimat” im Distrikt Benedito-Timbo, Munizip Blumenau. p. 10. (Bruno Meckien era diretor da
Colônia Hansa). 13 Padre Johannes Beil afi rma que, no começo, não sendo a Colônia
Comunitária Heimat pessoa jurídica validamente constituída, não podia adquirir a terra. Por isso, ele a comprou em seu nome pessoal, passando-a gradativamente aos jovens colonos em forma de lotes individuais. Mais tarde foi criada a Empresa “Heimat” para a qual, por sugestão do diretor Fertsch, foi transferida parte da terra. O restante fi cou em nome de Padre Beil. (Op. cit. p. 40). 14 Peregrinus Hoppe era um engenheiro formado na Alemanha e que emigrou após a Primeira Guerra Mundial. Aqui no Brasil assumiu a profi ssão de agrimensor. Graças ao exercício dessa
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