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Rio São João
Os imigrantes traziam fortemente enraizada na sua cultura a veneração e o culto a seus mortos. Em Vargem do Cedro o cemitério ocupou cedo um lugar central na comunidade, ao lado da igreja. A inauguração com a solene bênção proferida pelo pároco de Imaruí, aconteceu no dia 15 de outubro de 1887.
Em 1890 veio para Santa Catarina o padre Antônio Eising. Fixou residência em Vargem do Cedro, onde permaneceu por três anos, quando foi nomeado pároco de Brusque em 1893. Remonta a esta data a construção da residência paroquial. Assim estava formado o núcleo central de Vargem do Cedro: escola, igreja, cemitério, casa paroquial e uma venda.
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Vargem do Cedro, no passado
Para facilitar a vida do povo, Vargem do Cedro teve, a partir de 1904, Juiz de Paz na pessoa de Antônio Eff ting, que ofi ciava os casamentos civis anotados no livro de registro de São Martinho. Mais tarde, em 1929, foi criado o cartório e também uma agência do correio.
O povo de Vargem do Cedro caracteriza-se por sua laboriosidade e religiosidade. Organizou sempre sua vida social e comunitária em torno da igreja, para a qual muito contribuiu a presença permanente de sacerdote. Já em 1902 existia uma associação coral com, no mínimo, 10 associados. A tradição de apreço pelo canto foi retomada pelo Padre José Mülhof ao fundar a
Associação Coral dos Meninos Cantores que muito tem contribuído para a cultura geral do povo. O cultivo do canto coral se mantém através do coral misto Santa Cecília que executa músicas polifônicas a quatro vozes.
Nos registros paroquiais do curato de Vargem do Cedro, chama a atenção do pesquisador o livro de casamentos pelo acentuado número de organogramas visualizando o grau de parentesco entre os noivos. Efetivamente, quase todas as famílias tronco têm algum grau de parentesco entre si. Isso se deve a vários fatores: primeiro, porque as famílias tronco não eram muito numerosas; depois, ao elevado número de fi lhos por família e, por fi m, à difi culdade de comunicação com outras comunidades.
Em 1962, com a criação do município de São Martinho, Vargem do Cedro foi elevado à categoria de distrito, único do município.
Vargem do Cedro conta com 143 famílias. Há na localidade várias pousadas, restaurantes e casas de comércio entre as quais a mais que centenária venda fundada por Antônio Eff ting no início da colonização. Nos últimos anos, e cada vez mais, Vargem do Cedro recebe a visita de turistas atraídos pelo encanto das belezas naturais, pelas características culturais e pelos produtos artesanais de comida e bebida.
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Vargem do Cedro em 2012
Rio São João
A localidade de Rio São João surgiu em decorrência e como continuação da ocupação das terras ao longo do rio Capivari e seus afl uentes. A referência mais antiga que se tem a respeito da região onde surgiu essa comunidade remonta a 1875. Neste ano, Carlos Othon Schlappal, engenheiro e agrimensor da “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará”, abriu uma picada pela fl oresta com a ajuda de alguns homens para demarcar os limites entre as terras da Empresa e as dos colonos alemães do Capivari. Chegaram até o rio Conde D’Eu, denominado Rio Sete. Lê-se no diário do agrimensor Schlappal:
Dia 20 de outubro de 1875. Chegou hoje o Sr. Antônio Eff ting para trabalhar e servir de informante das extremas dos colonos. O rio Conde D’Eu [Rio Sete] entra no Capivari 100 braças mais ou menos do ponto Z, perto do segunto salto. Terras à margem direita do Capivari, devolutas. [...] Extrema e limite das terras dos colonos de Teresópolis.38
Por volta de 1892 a Empresa dividiu aquelas terras em lotes e colocou-as à venda. Os primeiros colonos, considerados os fundadores de Rio São João, foram August Boess, Franz Koep e Bernard Schreiber39. Logo vieram outras famílias. O quadro abaixo mostra quem se estabeleceu em Rio São João naquela época.
Títulos Defi nitivos de Terras concedidos pela “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará” aos colonos localizados ao longo do rio São João40:
Nome do morador Localização Área Augusto Boess margem esquerda 194.468 br² Augusto Boess ambas as margens 36.000 br² Guilherme Mohr ambas as margens 40.000 br² Franz Koep margem direita –
38 Documento 8-75. Arquivo do “Museu Conde D’Eu”. Orleans. 39 Segundo a tradição da família, Bernard Heinrich Schreiber e Bárbara Koep Schreiber moravam poucos meses em Rio São João quando nasceu o fi lho que no batismo recebeu o nome de João, em 10 de novembro de 1892. 40 Acervo não catalogado do Arquivo do “Museu Conde D’Eu”. Orleans.
Henrique Schreiber margem esquerda –Bernardo Schreiber ambas as margens 118.000 br² Emílio Petsch margem direita 93.420 br² João Rocha margem direita 99.200 br² Augusto Heerdt margem esquerda –Felipe Baumann margem direita –Augusto Schmidt margem esquerda 220.000 br² Franz Schreiber margem direita 4.000 br² Theodor Heerdt margem direita –Franz Schreiber margem direita 82.500 br² Peter Schreiber margem direita –Carlos Fuchs margem esquerda –Cipriano Florian ambas as margens –José (Bernardo) Schmidt margem esquerda 50.000 br² Guilherme O ersbach margem direita –Augusto Westphal ambas as margens 157.500 br² Ferdinand Westphal ambas as margens 172.159 br² Carlos Westphal ambas as margens 135.000 br² Hans Kühl Cabeceira 196.950 br² Frederico Beumer Cabeceira 166.529 br² Bernardo Beumer Cabeceira 125.148 br² José Beumer Cabeceira 139.873 br² Ewald Boess Cabeceira 187.897 br² Emílio Mangel Cabeceira 174.587 br² Augusto Baasch Cabeceira 184.132 br² José Henrique Herdt Cabeceira 180.800 br² Chris ano Thiesen margem direita 53.000 br²