6 minute read
4 Escola Isolada “Rio Sete” (Alto Rio Sete
de. A professora trouxe o menino para dentro da sala. Mas o sangramento não estancava. O menino, que era raquítico, estava pálido e exangue. Ela levou-o então até a casa do comerciante Helmuth Schmi para algumas eventuais providências. Depois de alguns minutos, a professora chamou outro aluno, Francisco Heinzen, para levar seu colega para casa. Passados uns quinze dias, o menino voltou a frequentar a escola.
Em outra ocasião, a aluna Lúcia Foss (Voss), percebendo que estava com a blusa aberta, disse inadvertidamente: Mein Knopf, “meu botão”. Era fi nal do recreio, à entrada dos alunos na sala de aula. Foi repreendida e, como castigo, permaneceu o resto da manhã de joelhos sobre areia, ao lado do quadro de giz, com o rosto contra a parede.
Advertisement
Durante o período de guerra as autoridades desencadearam verdadeira onda de terror físico e psicológico contra as escolas. Muitos fatos, de triste recordação, aconteceram nas regiões onde a maioria da população era de origem estrangeira. As autoridades, tomadas de verdadeira paranoia, viam em cada professor e em cada aluno potenciais inimigos da pátria. Um desses episódios aconteceu por ocasião da visita do inspetor escolar em 1944. A professora Silvalina Mendes, sabendo das práticas de terror adotado pelas autoridades, alertou os alunos sobre possíveis questionamentos que poderiam ser feitos a respeito do idioma alemão. Pediu aos alunos que, caso o inspetor fi zesse alguma pergunta nesse sentido, todos se mantivessem calados. No dia da visita, o inspetor não perdeu a oportunidade e atemorizou impiedosamente as crianças. Perguntou insistentemente se alguém era alemão ou fi lho de alemão. Como ninguém respondesse, arrematou: “menina, fi lha de alemão terá os cabelos da cabeça raspados e menino fi lho de alemão terá arrancado o cabelo juntamente com o couro”. Pode-se imaginar de que pavor as crianças foram tomadas.
Silvalina Mendes lecionou de agosto de 1943 a fevereiro de 1946. Ao contrário da precedente, era de uma índole muito bondosa. Dela seus exalunos sempre sentiram a mais grata recordação e saudade.
Com o término da guerra, os professores puderam voltar a seus antigos postos de trabalho. Guilherme Koep, porém, que se mudara para Rio Café, não reassumiu a escola. Em seu lugar voltou a lecionar Rodolfo Foss30 a partir de março de 1946, que marcou época na escola e na comu-
30 Rodolfo Foss (Voss) nasceu em Braço do Norte no dia 4 de março de 1907 e faleceu em Saudades-SC no dia 20 de outubro de 1974. Era fi lho de Francisco Foss e Maria Schotten. Casou com Paulina Heerdt (*11.6.1908 – †30.10.1975), fi lha de José Heerdt e Maria
nidade de Rio São João. Os que foram seus alunos lembram-se dele como excelente professor, não só pelos métodos didático-pedagógicos e pelos exímios conhecimentos, mas também por sua personalidade enérgica, porém bondosa e compreensiva, embora alguns o considerassem um tanto quanto arrogante. Era homem íntegro e líder na comunidade. Além de professor, era catequista e capelão e, como tal, presidia as rezas do culto dominical (Andacht). Liderava também movimentos de Igreja como a Congregação Mariana.
Em 1948, Rodolfo Foss, pensando no futuro de sua família, deixou o magistério em Rio São João e mudou-se para Saudades, no oeste de Santa Catarina. Na falta de pessoa qualifi cada, assumiu a escola Maria Heerdt, até o fi nal de 1951, sucedendo-lhe, em 1952, Pedro Felipe Heerdt, que estudara no Colégio Dehon em Tubarão. Lecionou, no entanto, só um ano, afastando-se em 1953 para complementar os estudos com o curso de magistério no Colégio Regional Dom Daniel Hostin, em Forquilhinha. Em seu lugar assumiu Maria das Dores Teixeira, que permaneceu apenas um ano. Em 1954, Pedro Felipe Heerdt reassumiu a escola.
Durante quase duas décadas Pedro Felipe Heerdt foi professor, catequista e capelão em Rio São João. Todos quantos o tiveram como professor reconhecem sua capacidade e dedicação. No período em que Pedro Heerdt teve a titularidade da escola houve algumas substituições temporárias. Foram professores substitutos Vendelino Koep (1957) e Selma Honorato Alves (1960). Com o aumento do número de matrículas, houve a necessidade do desdobramento, funcionando a escola em dois períodos, o matutino e o vespertino. A partir de então, muitos professores e professoras se sucederam entre as quais Maria Gore i Preus, Marli Kühl, Lair Kühl, Maristela Heerdt Hinselmann, Terezinha da Rosa Bees.
A partir de 1988, a escola até então estadual, foi municipalizada e nela passaram a lecionar Stella Maris Damian Eff ting, Ivoneti Scho en Laurindo, Ceneide Laurindo Eff ting, Marilde Stock Heerdt, Maria Hülse Wenz, Karine Wensing Ricken.
Trabalham atualmente na escola seis profi ssionais da educação: Cláudio Sehnem, Margit Boehs, Elke Boehs, Adriana Heerdt, Raquel
Wiemes. Em 1948, mudou-se para o oeste de Santa Catarina, estabelecendo-se na cidade de Saudades onde exerceu ainda o magistério. Foi tesoureiro da igreja, liderou a construção de um hospital do qual foi tesoureiro e se empenhou pela emancipação política de Saudades.
Lehmkuhl, Liana Eing e Terezinha Buss Kupas (auxiliar de serviços gerais). A escola possui uma sala informatizada com 10 computadores e atende alunos de Rio Areia, Rio Sete, Alto Rio São João e Rio São João, com transporte escolar fornecido pela Prefeitura.
Ao longo dos mais de cem anos a escola de Rio São João contou com quatro prédios escolares. O primeiro, de tijolos à vista, localizava-se no morro, uns trinta metros abaixo da atual. O segundo prédio foi construído perto da estrada, ao lado do atual salão da comunidade evangélica. O terceiro, construído em 1965, localizava-se ao lado do anterior. O quarto prédio data de 1983, construído novamente no morro por causa do aumento do movimento de veículos na estrada, o que representava grande perigo para as crianças.
Atualmente 25 crianças frequentam a escola de Rio São João.
4 Escola Isolada “Rio Sete” – Alto Rio sete
Imigrantes descontentes com as terras fracas e acidentadas dos vales do Cubatão e Rio dos Bugres, onde se localizavam as colônias Teresópolis e Santa Isabel, saíram à procura de novas terras no Vale do Capivari. Agradaram-se das vargens férteis que margeiam o rio Sete, um afl uente do Capivari. Os primeiros moradores a se estabelecerem na região deram ao lugar o nome de “Nova Isabel”31 em homenagem à colônia Santa Isabel, donde provinha a maioria deles. Eram descendentes de imigrantes alemães e evangélicos de confi ssão luterana. Preservavam com muita assiduidade os valores trazidos pelos antepassados imigrantes, sobretudo a preocupação com educação escolar.
A escola “Rio Sete” é das mais antigas do município de São Martinho. Seu início data de 1884 quando ali começou a lecionar o professor Aries Groenveld.32 Em 1910, quando o representante da “Associação das
31 A sede do núcleo colonial “Nova Isabel” situava-se a meio caminho entre a atual localidade de Rio Sete e Alto Rio Sete. Por lá passava o antigo caminho que ligava Santa
Maria a Rio São João. 32 Aries Groenveld (*1.5.1853 em Bedum (perto de Groningen), Holanda – †6.6.1930 Rio
Sete/São Bonifácio-SC). Era fi lho de Albertus Aries Groenveld e de Hilze Medema.
Casou na Comunidade Evangélica Santa Isabel no dia 21 de outubro de 1888 com
Katharina Schug (*15.6.1862), fi lha de Peter Schug e de Maria Elisabetha Henn. Filhos:
Matilde (*11.9.1889), Ferdinando (*29.10.1890), Hulda (*10.8.1892), João (*20.11.1893),