de. A professora trouxe o menino para dentro da sala. Mas o sangramento não estancava. O menino, que era raquítico, estava pálido e exangue. Ela levou-o então até a casa do comerciante Helmuth Schmi para algumas eventuais providências. Depois de alguns minutos, a professora chamou outro aluno, Francisco Heinzen, para levar seu colega para casa. Passados uns quinze dias, o menino voltou a frequentar a escola. Em outra ocasião, a aluna Lúcia Foss (Voss), percebendo que estava com a blusa aberta, disse inadvertidamente: Mein Knopf, “meu botão”. Era final do recreio, à entrada dos alunos na sala de aula. Foi repreendida e, como castigo, permaneceu o resto da manhã de joelhos sobre areia, ao lado do quadro de giz, com o rosto contra a parede. Durante o período de guerra as autoridades desencadearam verdadeira onda de terror físico e psicológico contra as escolas. Muitos fatos, de triste recordação, aconteceram nas regiões onde a maioria da população era de origem estrangeira. As autoridades, tomadas de verdadeira paranoia, viam em cada professor e em cada aluno potenciais inimigos da pátria. Um desses episódios aconteceu por ocasião da visita do inspetor escolar em 1944. A professora Silvalina Mendes, sabendo das práticas de terror adotado pelas autoridades, alertou os alunos sobre possíveis questionamentos que poderiam ser feitos a respeito do idioma alemão. Pediu aos alunos que, caso o inspetor fizesse alguma pergunta nesse sentido, todos se mantivessem calados. No dia da visita, o inspetor não perdeu a oportunidade e atemorizou impiedosamente as crianças. Perguntou insistentemente se alguém era alemão ou filho de alemão. Como ninguém respondesse, arrematou: “menina, filha de alemão terá os cabelos da cabeça raspados e menino filho de alemão terá arrancado o cabelo juntamente com o couro”. Pode-se imaginar de que pavor as crianças foram tomadas. Silvalina Mendes lecionou de agosto de 1943 a fevereiro de 1946. Ao contrário da precedente, era de uma índole muito bondosa. Dela seus exalunos sempre sentiram a mais grata recordação e saudade. Com o término da guerra, os professores puderam voltar a seus antigos postos de trabalho. Guilherme Koep, porém, que se mudara para Rio Café, não reassumiu a escola. Em seu lugar voltou a lecionar Rodolfo Foss30 a partir de março de 1946, que marcou época na escola e na comu30
Rodolfo Foss (Voss) nasceu em Braço do Norte no dia 4 de março de 1907 e faleceu em Saudades-SC no dia 20 de outubro de 1974. Era filho de Francisco Foss e Maria Schotten. Casou com Paulina Heerdt (*11.6.1908 – †30.10.1975), filha de José Heerdt e Maria
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