Edição de Agosto de 2012

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Fernando Meirelles fala sobre a estreia do longa ‘360’ Fabíola Molina e mais 23 atletas da região em Londres Jorge Amado é celebrado no país por seu centenário

Agosto 2012 • Ano 3 • Número 29 R$ 7,80

PESQUISA ELEITORAL

HEGEMONIA AMEAÇADA Com Carlinhos Almeida, PT lidera pela 1ª vez em 16 anos as eleições em São José. Alexandre Blanco, candidato do PSDB, tem desempenho fraco

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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

A corrida eleitoral

A

corrida eleitoral começou e sete candidatos se lançaram na disputa rumo ao comando da Prefeitura de São José dos Campos. E para entender como está o cenário político na maior cidade do Vale do Paraíba, a revista valeparaibano encomendou uma pesquisa de intenções de votos para apontar a preferência do eleitorado neste início de campanha. O estudo revelou que se as eleições municipais fossem realizadas atualmente, o candidato do PT, Carlinhos Almeida, ganharia já no primeiro turno com 50% dos votos válidos, enquanto Alexandre Blanco (PSDB), nome escolhido pelo partido da situação, teria apenas 5,3% da preferência do eleitorado. A diferença dos números surpreende: há 16 anos o Partido dos Trabalhadores não lidera uma pesquisa eleitoral em São José. O levantamento de intenção de voto logo no começo de uma campanha serve para aferir se o candidato é ou não conhecido da população. Pode-se interpretar, portanto, que o distanciamento dos percentuais entre o candidato tucano e o seu adversário petista se dá, principalmente, pelo fato de que poucas pessoas conheceriam o nome do estreante Alexandre Blanco nas urnas. Mas a baixa adesão de Blanco no estudo contrasta com o expressivo índice de aprovação da administração do prefeito Eduardo Cury, sucessor do ex-prefeito Emanuel Fernandes, padrasto do candidato tucano. Blanco não conquistou nem o voto do eleitorado que classificou como ótima e boa a gestão tucana –o petista Carlinhos Almeida ficou com a maioria das intenções de votos desse público. Dessa forma, não seria errado considerar que o próprio eleitor que se simpatiza com o PSDB ainda não se identificou com o candidato do partido. As eleições mal começaram e é certo que Blanco subirá nas próximas pesquisas quando colocar sua campanha na rua. Resta saber se conseguirá em tão pouco tempo reverter a situação. Se nos quatro últimos pleitos a água nem chegou a esquentar durante as discussões em campanhas, dessa vez o cenário é ideal para uma ebulição.

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Isabela Rosemback (isabela@valeparaibano.com.br) e

Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br ARTE CAPA Ana Paula Comassetto anapaula@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cris Bedendo e Franthiesco Ballerini COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL

Cristiane Abreu, Luciane Carvalho, Mellise Carrari, Tatiana Musto e Vanessa Carvalho comercial@valeparaibano.com.br (12) 3202 4000

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA 0800 728 1919 Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h relacionamento@valeparaibano.com.br www.valeparaibano.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600 EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

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MODA

Sumário

FAST FASHION P78

POLÍTICA

Hegemonia ameaçada Pela primeira vez em 16 anos, o candidato do PT à Prefeitura de São José dos Campos larga na frente na corrida eleitoral; Pesquisa de intenção de votos revela que Carlinhos Almeida venceria no primeiro turno

ECONOMIA OURO NEGRO

CULTURA

Capitão O novo ‘Eldorado’ letras fica debaixo d’água P28 das P84 Cidades da RMVale podem lucrar R$ 473 milhões com os royalties da exploração do petróleo em 2013 ESPORTES LONDRES 2012

Atletas da região estão nas Olimpíadas P36 No total, 24 esportistas que nasceram ou treinam no Vale disputam medalhas ENTREVISTA LUIZ GUSTAVO

“Na seleção, você sabe como é: a primeira vez a gente nunca esquece” P44

O centenário de Jorge Amado é celebrado com relançamentos de livros e nova novela ‘Gabriela’

COMPORTAMENTO

Geração plugada O ritmo acelerado da vida dos jovens que já nasceram na era cibernética P100

MUNDO POLÍTICA

Corrupção endêmica P52

Segundo levantamento, o Brasil é o 73º país mais corrupto do mundo; a Nova Zelândia é o mais honesto TURISMO ILHABELA

Festival do camarão P70 Ensaio Fotográfico p60 Hi-Tech p74 Cinema p106 Arnaldo Jabor p114

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Política

Da Redação Demóstenes, o segundo senador cassado no país Ex-parlamentar vai recorrer ao STJ para reaver cadeira no Senado; uma afilhada presta apoio: “Força na peruca”

BRANCO & PRETO Sobre a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), ocorrida em 11 de julho. Ex-senador vai recorrer da decisão no STJ

Fábio Rodrigues Pozzebon/ABr

“Foi uma decisão em sintonia com a vontade popular, mas não é uma data que se possa comemorar”

José Sarney Presidente do Senado

CASSADO Demóstenes Torres perdeu o mandado por 56 votos a favor e 19 contra; foram 5 abstenções

U

m silêncio incomum tomou conta do plenário do Senado minutos após a decisão que cassou o mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO) por suspeita de ter usado seu cargo para favorecer negócios de Carlinhos Cachoeira. Onze de julho foi um dia de “constrangimento”, conforme descrito pelos parlamentares, que entrou para a história da Casa. Demóstenes foi o segundo senador “derrubado”. O primeiro a cair foi Luiz Estevão, em 2000. A decisão o impedirá de se candidatar a cargos eletivos até 2027. Até o surgimento das denúncias, Demóstenes, com 51 anos, era tido como uma reserva moral e defensor da ética, além de grande conhecedor das leis e do regimento interno do Senado. Seis horas depois de perder o mandato, o ex-senador anunciou no Twitter que recorreria

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ao Supremo Tribunal Federal para reaver sua cadeira no Senado. “Vou recuperar o mandato que o povo de Goiás me concedeu. Fui cassado sem provas, sem direito à ampla defesa e sem ter quebrado do decoro.” Mas não terá o apoio de seu advogado Antonio Carlos de Almeida Castro. “Para mim, o processo terminou. A decisão do Senado é soberana”, afirmou o advogado. O apoio partiu da família. Sua afilhada Larissa enviou mensagem de apoio: “Força na peruca. A família unida com o senhor”, escreveu. O torpedo, enviado ao celular de Demóstenes durante a sessão, ganhou destaque na imprensa. Com a cassação de Demóstenes, quem assumiu uma cadeira no Senado foi o secretário de Infraestrutura de Goiás, Wilder Pedro de Morais (DEM), primeiro suplente de senador goiano. Morais é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher de Carlinhos Cachoeira, pivô do escândalo que resultou na queda do senador. Ironia do destino?

“Não foi uma simples cassação. Vimos a cassação do mais competente político que havia no Senado, profundo conhecedor das leis, do papel da Casa”

Jorge Viana Senador pelo PT-AC

“Foi algo que nos deixou preocupados, entristecidos, mas tínhamos que fazê-lo. O senador Collor já passou por isso e voltou eleito pelo povo de Alagoas” Eduardo Suplicy Senador pelo PT-SP

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Domingo 5 Agosto de 2012

Senador Aécio Neves (PSDB-MG), sobre a cassação de Demóstenes Torres (sem partido-GO)

O patrimônio dos candidatos em São José

D

os sete candidatos à Prefeitura de São José dos Campos, Alexandre Blanco (PSDB) tem o maior patrimônio, segundo dados divulgados pela Justiça Eleitoral. O tucano declarou R$ 462.872,16 em bens, entre eles um apartamento no valor de R$ 220 mil e uma coleção com 12 carros antigos. Em seguida aparecem Fabrício Correia (PSDC), com patrimônio de R$ 440 mil (uma casa e um carro), e Antonio Alwan (PSB), com R$ 434,3 mil em bens (a maior parte em aplicações bancárias). O deputado federal Carlinhos Almeida (PT) declarou R$ 273,6 mil, Gilberto Silvério (PSOL) infor-

Os vereadores e a evolução dos seus bens

O

patrimônio de 19 dos 21 vereadores de São José dos Campos registrou acentuado crescimento nos últimos quatro anos. É o que consta nas declarações de bens apresentadas pelos parlamentares à Justiça Eleitoral neste ano. A maior evolução patrimonial foi do vereador Robertinho da Padaria (PPS), que disputará seu terceiro mandato. Em 2008, ele havia declarado ter somente um veículo Saveiro de R$ 4.500. Neste ano, tem R$ 274 mil em bens –um apartamento e dois veículos. “Está tudo financiado. O apartamento devo inteiro para a Caixa Econômica Federal”, disse.

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“Foi um dia triste para o Senado. O resultado foi aquele que se esperava. Houve uma quebra de confiança do senador Demóstenes para com os seus pares, mas é um dia muito triste”

mou que tem R$ 252 mil em patrimônio e Ernesto Gradella (PSTU), R$ 180,6 mil. O vereador Cristiano Pinto Ferreira (PV) declarou o menor volume de bens: R$ 72,3 mil. A declaração de bens é obrigatória. Por lei, a listagem com o patrimônio deve constar no processo de registro de candidatura. A omissão de dados constitui crime eleitoral e pode acarretar na impugnação da candidatura. Os sete candidatos a prefeito projetaram gastar, juntos, até R$ 11,3 milhões na corrida eleitoral. Alexandre Blanco, lidera a lista com teto de despesa de R$ 2,9 milhões, seguido por Antonio Alwan, que prevê gastar até R$ 2,7 milhões. O candidato do PT, Carlinhos Almeida, estimou as despesas de sua campanha em até R$ 2,5 milhões. O PV de Cristiano Pinto Ferreira estimou gastar até R$ 1,9 milhão e o PSDC, de Fabrício Correia, R$ 1 milhão. O PSTU informou à Justiça Eleitoral que irá gastar até R$ 200 mil na campanha de Ernesto Gradella e o PSOL estimou as despesas do seu candidato Antonio Gilberto Silvério, em até R$ 150 mil.

Também tiveram expressivo aumento de patrimônio os vereadores João Tampão (PTB), com acréscimo de 609%, Cristiano Pinto Ferreira (PV), com 249,5% (declarou R$ 72,3 mil em aplicações financeiras), e Vadinho Covas (PSDB), com 137% de evolução. A divulgação do patrimônio é obrigatória para o registro das candidaturas. João Tampão informou que tem uma propriedade rural com atividade leiteira, avaliada em R$ 400 mil. “É uma herança de família que recebi faz 20 anos. Foi um erro não declarar essas terras na eleição de 2008”, disse. Também incluiu na relação de bens um carro no valor de R$ 25.500. Em 2008, havia informado à Justiça Eleitoral apenas um imóvel de R$ 65 mil. Já Vadinho Covas declarou um patrimônio de R$ 924 mil com duas casas, três apartamentos, três terrenos e dois carros. Em 2008, ele tinha informado que tinha R$ 390 mil em bens. “Usei uma aplicação para a aquisição dos imóveis. É um patrimônio familiar, que conta com a ajuda da minha mulher.”

STF libera divulgação de salários O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto, liberou a divulgação dos salários dos servidores públicos federais. A pedido da Advocacia Geral da União, Britto cassou uma liminar da Justiça Federal em Brasília que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações. Em seu despacho, o presidente do Supremo citou artigos da Constituição Federal que garantem o acesso à informação pública e determinam a publicidade da atuação administrativa. Ele também citou a recente Lei de Acesso a Informações Públicas e uma decisão administrativa tomada em maio pelo tribunal que aprovou a divulgação de forma irrestrita dos salários dos ministros e servidores. A divulgação dos salários estava suspensa por ordem da Justiça Federal em Brasília. Para convencer Britto a derrubar a decisão, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, lembrou que num julgamento anterior o Supremo permitiu a divulgação na internet das remunerações dos servidores municipais de São Paulo. Adams também disse que a proibição poderia causar um efeito multiplicador, fazendo com que ações semelhantes fossem protocoladas no país com o objetivo de suspender a publicação dos salários. Para o advogado, a divulgação das remunerações não viola o direito dos servidores à privacidade.

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Política

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Flávio Pereira

CARLINHOS ALMEIDA (PT) Pela pesquisa, candidato petista tem a maioria dos votos dos eleitores que aprovam os 16 anos do governo do PSDB em São José

ELEIÇÔES 2012

Hegemonia ameaçada Em sua terceira disputa à Prefeitura de São José, Carlinhos Almeida (PT) assume pela primeira vez a liderança na corrida eleitoral com 50% dos votos válidos; Alexandre Blanco (PSDB), candidato do partido da situação, fica em segundo lugar, com 5,3% da preferência do eleitorado

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Domingo 5 Agosto de 2012

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Fotos: arquivo/vp

ALEXANDRE BLANCO (PSDB)

FABRÍCIO CORREIA (PSDC)

Hernane Lélis, Isabela Rosemback e Yann Walter São José dos Campos

U

m reinado de 16 anos que pode chegar ao fim. Se as eleições municipais em São José dos Campos fossem realizadas neste início de campanha, o candidato do PT, Carlinhos Almeida, ganharia já no primeiro turno com 50% dos votos válidos, enquanto Alexandre Blanco, o candidato do partido da situação (PSDB), reuniria apenas 5,3% da preferência do eleitorado. É o que mostra a pesquisa de intenção de votos, encomendada pela revista valeparaibano, que revela um cenário inédito na recente história política da cidade.

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CRISTIANO PINTO FERREIRA (PV)

ERNESTO GRADELLA (PSTU)

Realizado pela Mind Pesquisas entre os dias 3 e 5 de julho –na semana seguinte às convenções dos partidos que definiram os nomes dos candidatos e quase três meses antes do primeiro turno–, o estudo confirma que a hegemonia do PSDB nunca esteve tão ameaçada na cidade. Vale lembrar que nas três últimas eleições municipais o Partido dos Trabalhadores sequer conseguiu levar a disputa eleitoral para o segundo turno. Mais: nunca liderou uma pesquisa de intenção de voto nesse período. Outros cinco candidatos estão na corrida rumo ao Paço Municipal no pleito do dia 7 de outubro. De acordo com a pesquisa, Cristiano Pinto Ferreira, que concorre pelo PV, ficaria em terceiro lugar, com 3,7% dos votos válidos. Antônio Alwan (PSB) e Fabrício Correia (PSDC) somariam, respectivamente, 1,2% e 1% dos sufrágios. Ernesto

ANTÔNIO ALWAN (PSB)

ANTÔNIO SILVÉRIO (PSOL)

Gradella, o candidato lançado pelo PSTU, conseguiria a sexta colocação, com 0,8% dos votos, e Antônio Silvério, do PSOL, estaria em último lugar, com 0,3%. É preciso destacar que o percentual de indecisos chegou a 31,2%, número considerado alto para uma pesquisa estimulada (quando o entrevistado recebe as opções de resposta) –o índice nacional de indecisos neste tipo de sondagem oscila entre 8% e 15%, segundo a Mind Pesquisas. Os votos nulos ou em branco somaram 6%. Ao todo foram entrevistadas 600 pessoas, entre homens e mulheres com idade de corte em 16 anos. A margem de erro é de 4% para menos ou para mais. A pesquisa de intenção de voto, logo no começo da campanha, serve para aferir se o candidato é ou não conhecido do eleitorado. “Normalmente essa primeira pesquisa vai refletir o recall que existe com o nome do

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Política

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candidato. Ou seja, reflete o grau de conhecimento que as pessoas têm sobre ele. Então, sai na frente quem é mais conhecido”, disse Carlos Manhanelli, especialista em marketing político que trabalhou em mais de duas centenas de campanhas políticas no país. Pode-se interpretar, assim, que o distanciamento dos números entre o candidato tucano e seu adversário petista se dá principalmente pelo fato de que poucas pessoas conheceriam o nome de Alexandre Blanco, ex-secretário municipal da Juventude que será testado pela primeira vez nas urnas. “Ele é um menino que está começando sua carreira política”, admitiu Juvenil Silvério, presidente em exercício do PSDB em São José dos Campos, sobre o tucano. Do outro lado, Carlinhos Almeida é uma figura tarimbada no cenário político da cidade. O petista, que começou a carreira política como vereador em 1988 e já foi deputado estadual e federal, disputa pela terceira vez o comando da Prefeitura de São José.

“Carlinhos já tem uma trajetória política na cidade, tem experiência e boa capacidade de diálogo. Todos esses fatores são positivos e ajudam muito na eleição”, apostou Wagner Balieiro, presidente do Diretório Municipal do PT. “O grupo de campanha do nosso candidato está bastante coeso. As perspectivas para a campanha dele são boas. Estamos muito animados. A população está respondendo muito bem. A expectativa está muito positiva para a vitória do Carlinhos nesta campanha”, concluiu. A diferença do percentual de votos entre os dois principais adversários nas eleições municipais foi revelada com extrema clareza na pesquisa. Respondendo a uma pergunta espontânea (ou seja, sem opções de respostas) sobre seu candidato a prefeito, 14,5% dos entrevistados declararam apoio a Carlinhos Almeida, enquanto apenas 1,3% citaram o nome de Alexandre Blanco. O mais curioso é que, neste caso, o ex-secretário da Juventude perde também

para o atual prefeito Eduardo Cury e para o ex-prefeito Emanuel Fernandes que, apesar de não serem candidatos, foram lembrados por 4,2% e 2,7% dos eleitores sondados, respectivamente. Outro elemento importante é que no caso da pergunta espontânea, o percentual de indecisos saltou para 71,8% –a média nacional é de 50%, segundo a Mind Pesquisas. Para Sávio Hackradt, professor da USP (Universidade de São Paulo) e especialista em marketing político e propaganda eleitoral, esse é um indicativo de que a eleição não está definida. “Esses eleitores estão aguardando um posicionamento dos postulantes. Por enquanto, estão na janela vendo quem passa por eles e observando o movimento eleitoral. Os candidatos vão depender do estímulo dos programas eleitorais na TV e nas mídias sociais para conquistá-los”. O resultado inexpressivo obtido por Alexandre Blanco contrasta com os altos índices de aprovação registrados pela ad-

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leitos no SUS

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1.527 Médicos trabalham na rede pública de saúde

Adolfo Cembraneli enfermeiro na rede pública de saúde

“A chave da atenção à saúde é investir em “Após a terceirização do Hospital Muniações de promoção, proteção e recupera- cipal, colocaram técnicos de enfermagem ção da saúde. Prevenir antes de tratar” com 10 anos de experiência na recepção”

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• Falta priorizar as atenções básica e primária • Privatização inconstitucional onal de unidades de saúde • Falta de investimento na força orça de trabalho • Baixos salários • Falta de profissionais na rede pública • Desvio de função e sobrecarga arga de serviço na enfermagem • Falta de investimento na prevenção de doenças, como o a hipertensão e diabetes

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São José dos Campos

A PESQUISA

PESQUISA ELEITORAL 2

INTENÇÃO DE VOTO PARA PREFEITO (EST-RU)

Entrevistados Homem /mulher

600 Idade acima de

16 anos Margem de erro

50%

5,3%

3,7%

1,2%

1%

0,8%

0,3%

Carlinhos de Almeida

Alexandre Blanco

Cristiano P.Ferreira

Antônio Alwan

Fabrício Correia

Ernesto Gradella

Antônio Silvério

4% Período

3 a 5 Julho Instituto

Mind Pesquisas

INDECISOS 31,2%

(EST-RU) (EST-RU) PARTIDO QUE GOSTA NÃO GOSTA PT PSDB PMDB PV PPS PSC PC doB PSOL PSTU PP PR PSB PSD PTB PFL PC NENHUM NS/NR

22,7% 15,2 % 1,2% 1,0% 0,5% 0,5% 0,3% 0,3% 0,3% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 18,5% 38,3%

PT PSDB PSTU PMDB PP PV PCdoB DEM PPS PSOL PDT PSD PTB PTC TODOS NENHUM NS/NR

17,5% 10,7 % 2,8% 2,8% 0,7% 0,7% 0,5% 0,3% 0,3% 0,3% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,7% 14,2% 47,8%

(EST-RU) APOIO DE EDUARDO CURY

NULO OU BRANCO 6,50%

INTENÇÃO DE VOTO PARA PREFEITO 2º TURNO (EST-RU) Carlinhos de Almeida

Alexandre Blanco

57,5%

13,3% INDECISOS 21,3%

NULO OU BRANCO 7,8%

EM QUAL CANDIDATO NÃO VOTARIA DE JEITO NEHUM? (EST-RU)

14%

12,2%

11%

10,5% 7,2%

6,8%

Carlinhos Ernesto Cristiano Alexandre Antônio Fabrício de Almeida Gradella P.Ferreira Blanco Alwan Correia NÃO REJEITA 53%

(EST-RU) APOIO DE EMANUEL FERNANDES

5%

Antônio Silvério

REJEITA TODOS 5,80%

(EST-RU) APOIO DE ANGELA GUADAGNIN

Aumenta a chance

Aumenta a chance

Aumenta a chance

29,7%

45,8%

13,3%

Indiferente

Indiferente

Indiferente

48,8%

40,7%

45,7%

Diminui a chance

Diminui a chance

Diminui a chance

19,5%

10%

37,3%

NS/NR

NS/NR

NS/NR

2,0%

3,5%

3,7%

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Domingo 5 Agosto de 2012

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Notas (RM) Resposta Múltipla (EST) Resposta Estimulada (RU) Resposta Única (NR/NS) Não Sabe/Não Respondeu

AL 2012

* Os seis itens mais citados na pesquisa

(EST-RU) AVALIAÇÃO ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

1,3% 9,2%

8,3%

7,2%

% 33,7%

40,3%

o o

Ótima Boa Regular Ruim Péssima NS/NR

(EST-RU) MAIOR PROBLEMA DA CIDADE

(EST-RM) QUALIDADES DE UM BOM PREFEITO Honesto Preocupado com as pessoas Líder (sabe comandar) Trabalhador / Esforçado Administrador / Técnico Determinado / Perseverante Experiente Tocador de obras Austero (que controla os gastos) Simpático Todas NS/NR

(EST-RM) (EST-RU) EXPECTATIVA SOBRE O MAIOR ORGULHO DA CIDADE * 1,5% FUTURO DA CIDADE Limpeza 8,3% Emprego 8,2% 15,2% Indústrias 7,2% Infraestrutura 6,0% 9,5% Lazer 5,8% Otimista Desenvolvimento 5,7% 73,8% Indiferente (EST-RM) Pessimista MAIOR VERGONHA DA CIDADE * NS/SR Saúde 22,2% Violência 20,8% (EST-RU) Políticos/Corrupção 8,0% APROVA/REPROVA ADMINISTRAÇÃO Transporte Público 5,5% 60,2% 30,2% 9,7% Drogas 4,3% Ação Social 3,2% Aprova Desaprova NS/NR

54,2% 38,3% 19,7% 16,3% 14,0% 12,8% 10,0% 5,5% 4,5% 1,5% 1,5% 2,0%

35

34,7%

Saúde Violência Transporte Trânsito Desemprego Educação

30 25 20

19,7%

15

7,7% 6,3%

10 5

3,8% 2,2%

0

Administração Habitação Esporte e lazer Ação social Infraestrutura Saneamento básico Limpeza pública Pavimentação Outros Nenhum Todos NS/NR

1,7% 1,3% 1,2% 1,0% 0,7% 0,7% 0,5% 0,5% 2,3% 4,7% 1,5% 9,7%

(EST-RU) AVALIAÇÃO DO LEGADO DEIXADO PELO PSDB EM 16 ANOS DE GOVERNO 50

42,7%

40

(EST-RM) DEFEITOS QUE IMPEDEM VOTAR Desonesto 54,% Mau administrador 32,2% Não se preocupa com as pessoas 28,5% Vagabundo (não gosta de trabalhar) 11,7% Gastador (não controla os gastos) 10,7% Não sabe realizar obras 9,0% Inexperiente 8,8% Frouxo (sem liderança) 8,5% Desmotivado / Indeciso 4,5% Antipático 4,3% Todas 2,3% Nenhuma 0,2% NS/NR 3,0%

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31,2% 30

20

10

14,2% 4,2%

2,7%

0

(EST-RU) QUANDO DECIDIRÁ O VOTO? 1 mês antes 15 dias antes 1 semana antes No dia da eleição Já está decidido NS/NR

31,8% 10,2% 11,3% 16,8% 24,5% 5,3%

5,2%

Muito Positivo Positivo Neutro Negativo Muito Negativo NS/NR

(EST-RU) PRETENDE VER O HORÁRIO ELEITORAL?

24,6% 52%

0,2% 23,2%

Sempre Às vezes Nunca NS/NR

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Política

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ministração do prefeito Eduardo Cury. Para 48,6% dos entrevistados, o governo de Cury é bom ou muito bom –33,7% o avaliaram como regular, enquanto 16,4% o consideraram ruim ou péssimo. Trata-se de uma média positiva, sobretudo para um prefeito que está no segundo mandato. Além disso, 46,9% dos eleitores sondados disseram que, após 16 anos no poder, o PSDB deixa um legado “positivo” ou “muito positivo” para a cidade, enquanto 16,9% qualificaram este legado como “negativo” ou “muito negativo”. E mesmo com esse alto índice de aprovação dos governos tucanos, Alexandre Blanco não captou para si uma eventual transferência de votos. Pior: mesmo se o candidato tucano conseguisse converter todos os votos do eleitorado indeciso (31,2%), não levaria a disputa para o segundo turno do dia 28 de outubro. Em todo caso, a pesquisa mostrou que se isso acontecesse, Carlinhos Almeida somaria 57,5% dos votos

válidos, contra os somente 13,3% do candidato do PSDB. Os indecisos na simulação do segundo turno somam 21,3% dos votos, enquanto nulos e brancos, 7,8%. Na co-relação entre a intenção de voto estimulada para prefeito e a avaliação do governo de Eduardo Cury, o petista Carlinhos Almeida concentra mais votos que o próprio candidato do PSDB. Enquanto Alexandre Blanco recebeu os votos de 20% dos entrevistados que classificaram como ótima a administração tucana, o candidato do PT obteve 38% da preferência desses eleitores. A situação se distancia ainda mais junto ao eleitorado que classificou como boa a gestão de Cury: Blanco tem 4,1% dos votos e, Carlinhos, 48,8%. O especialista Sávio Hackradt enxerga o quadro como um sintoma de que Blanco não é uma figura familiar para os eleitores. “As pessoas podem aprovar um governo, mas se o partido lança um candidato que não é conhecido, elas podem não confiar

nele. O fato de o PSDB ter grande aprovação beneficia o candidato da situação, mas ele vai ter de trabalhar o seu potencial de conhecimento perante a população, ainda que isso não queira dizer que ele conquistará essas mesmas pessoas”, analisa. Contudo, a aposta do partido em Alexandre Blanco, segundo o presidente do PSDB Juvenil Silvério, é consciente. “A cidade é voltada para o empreendedorismo e para a busca constante por uma melhor qualidade de vida. Alexandre é um jovem envolvido com estas questões. Como toda pessoa nova, ele quer novos desafios. Ele não tem nenhum vício de campanha, é uma aposta do partido e da coligação de que o novo vai melhorar ainda mais a cidade”, argumentou. “Estamos em São José há 16 anos. Por isso, existem coisas que precisam de mudanças. Alexandre vem para romper algumas políticas antigas do tradicionalismo e quebrar vários paradigmas. Chega uma hora em que a cidade, mesmo bem governada, fica estag-

Raio X da Educação ORÇAMENTO:

R$ 350 MILHÕES

47

Creches

57

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ÃO

Pré-escola

5.452 FUNCIONÁRIOS IOS

45

Escolas do ensino fundamental

PRINCIPAIS PROBLEMAS: AS:

11

EJA (Educação de Jovens e Adultos)

1.960

Alunos no EJA

Maurílio Oliveira especialista da educação

“O tempo que o professor perde para preencher fichas poderia ser dedicado ao aprimoramento do conteúdo pedagógico”

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59.430 CRIANÇAS EM CRECHES PRÉ-ESCOLAS E ESCOLAS

Moacir Pinto especialista da educação

“A educação tem que ser pensada do pré-infantil até a pós-graduação”

• Baixo salário • Excesso de alunos por sala a • Burocracia aumenta a carga rga horária de trabalho do prororo fessor na rede municipal • Falta de visão global • Carência de faculdades púpúú blicas nas áreas de ciências cias ci as humanas em geral • Gestão autoritária • Conservadorismo • Ausência de política municiiciic ipal para reduzir o alto índice ice de jovens e adultos sem escoco-co laridade fora da escola

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Domingo 5 Agosto de 2012

nada. As pessoas cobram um novo ciclo de desenvolvimento. Alexandre representa essa juventude que não tem medo de ir à rua enfrentar desafios, de falar a verdade e de encarar os problemas”, completou Juvenil. A mesma ideia de renovação é defendida pelo presidente do diretório do PT, Wagner Balieiro, que exerga um desgaste e deficiências na atual política municipal. “Falta, hoje, uma oxigenação dos políticos da cidade. E essa é uma proposta do Carlinhos, principalmente com parcerias com o governo federal. Tivemos 16 anos de um modelo que deixou várias coisas a desejar. Nós queremos renovar em políticas sociais e nesse papel de liderança que São José sempre teve e voltará a ter no cenário nacional”. Transferência de votos Para o PSDB, uma saída é reforçar o vínculo de Alexandre Blanco com Eduardo Cury e, principalmente, com seu padrasto, o ex-prefeito Emanuel Fernandes, junto ao

eleitor. 45,8% das pessoas entrevistadas disseram que o apoio de Emanuel aumentaria as chances de votarem no candidato tucano, enquanto outros 40,7% se declararam indiferentes. No caso de um apoio de Cury, estes percentuais ficaram em 29,7% e 48,8%, respectivamente. “O fato de Emanuel participar da campanha ajuda demais a alavancar o nome de Alexandre Blanco. Ele é um nome unânime, inclusive entre os adversários. Tem um peso político muito grande”, reconheceu Juvenil Silvério. “Cury, Emanuel e Alexandre estão juntos. A soma destas forças faz de Blanco um candidato muito forte. Ter ao seu lado pessoas como Eduardo Cury e Emanuel Fernandes é um privilégio”, insistiu o presidente do PSDB em exercício. Entretanto, especialistas em marketing político apontam que a transferência de votos é apenas um fator entre vários outros que podem ser decisivos para garantir a vitória de um candidato. “A escolha do

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futuro governante se dá baseado em vários fatores positivos e negativos que vão se somando na cabeça do eleitor até desaguar na escolha ou não por um candidato.Ninguém descobriu ainda, e dificilmente vai descobrir, qual é o fator fundamental que leva o eleitor a votar ou deixar de votar em alguém”, disse Carlos Manhanelli. Ao contrário do candidato tucano, Carlinhos parece ficar melhor sem manifestações de apoio de ex-prefeitos do seu partido. Segundo a pesquisa, 37,3% dos sondados disseram que as chances de votarem no deputado federal diminuiriam se ele recebesse o apoio de Angela Guadagnin, ao passo que 45,7% ficariam indiferentes e somente 13,3% seriam influenciados positivamente. “O governo de Angela e a candidatura atual do Carlinhos são dois momentos completamente diferentes. Não tem nada a ver associar uma coisa com a outra”, enfatizou Wagner Balieiro, presidente do PT em São José.

Raio X da Habitação ORÇAMENTO:

R$ 56,4 MILHÕES

52

Áreas de risco espalhadas pela cidade

SECRETARIA DE HABITAÇÃO ÇÃO

528

67 FUNCIONÁRIOS

Moradias em área de risco muito alto

PRINCIPAIS PROBLEMAS: AS:

1.600

Moradias em área de risco alto

7.395

Construções irregulares (29 mil moradores)

Adalto Paes Manso Urbanista

“Quanto mais o estado constrói, mais aparece gente querendo casa”

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19.581 Na fila de espera do programa habitacional

Pedro Ribeiro Moreira Neto especialista em planejamento urbano

“Essa visão de jogar o povo para a periferia é muito atrasada”

• Falta política pública continunuada para a habitação: única nic i a política é pedir dinheiro ao governo do Estado • Crescimento da favelização • Déficit habitacional • Falta planejamento integrado ado do com demais secretarias • Erro retirar comunidade de seu seu local de origem e recolocá-la á-lla em outro ponto da cidade • Secretarias de Habitação o e Transportes devem ser subordirdird i nadas à Secretaria de Planejaejaej amento

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Política

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Perfil do eleitor A pesquisa de intenção de votos também forneceu informações sobre os eleitores. Do total de homens entrevistados, 48,6% escolheram Carlinhos Almeida, enquanto 6,9% afirmaram que votariam em Alexandre Blanco. Já na amostragem feminina, 51,3% das mulheres sondadas optaram pelo candidato petista e apenas 3,9% pelo candidato tucano. O restante dos votos masculinos (44,5%) e femininos (54,8%) foi dividido entre os demais candidatos, além dos indecisos e dos nulos e brancos. No estudo, o candidato do PSDB se mostrou menos popular entre os eleitores de 16 a 24 anos (3,9% dos votos, contra 51% para o petista nesta faixa etária), e entre os eleitores com baixa escolaridade: somente 3% dos sondados que completaram o primeiro nível do ensino fundamental declararam voto ao tucano, contra 65,2% para o deputado federal. A proporção é mais favorável a Alexandre Blanco entre os eleitores com

METODOLOGIA A pesquisa de intenção de votos foi feita por amostragem estratificada em cotas de sexo, idade e zona geográfica, com sorteio aleatório e intervalar dos entrevistados. A pesquisa foi realizada pela Agência Mind Pesquisas SS Ltda, contratada pelo Jornal O Valeparaibano Ltda, no período de 3, 4 e 5 de julho de 2012, logo na semana seguinte às convenções feitas pelos partidos para definirem seus candidatos. A área física deste estudo abrangeu o eleitorado de São José dos Campos. Foram realizadas 600 entrevistas. A margem de erro é de 4% para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE no dia 20 de julho de 2012 sob o número SP-00145/2012.

ensino superior completo: 8,4% o apoiam. Porém, o índice ainda está muito aquém dos que preferem Carlinhos –35,8%. A sondagem também comprovou que o reduto eleitoral de Carlinhos Almeida é a região norte de São José, onde o petista totaliza 71,9% de intenções de voto, contra apenas 1,6% de Alexandre Blanco. Na região oeste, o deputado federal detém 13,8% dos votos contra os 3,4% do candidato do PSDB. A zona oeste é, de longe, a que apresenta o maior percentual de indecisos, com 62,1% –nas demais regiões, os números oscilam entre 20% e 35%. O nome de Blanco tem mais força na região central, onde é citado por 8,5% dos entrevistados (mesmo assim, é menor do que o de Carlinhos Almeida, que ficou com 39%). Foi constatado ainda que o PT é o partido mais amado e, ao mesmo tempo, o mais odiado da cidade: 22,7% dos sondados afirmaram que gostam do partido e 17,5% disseram que não gostam da legenda. O PSDB ficou em segundo lugar nas duas avaliações –15,2% gos-

Raio X dos Transportes ORÇAMENTO:

R$ 65,8 MILHÕES

383 Ônibus

95

Linhas

SECRETARIA DE TRANSPORTES

80

400 FUNCIONÁRIOSS

Vans do transporte alternativo

383 Táxis 362 Transporte escolar 124

Radares móveis e fixos

PRINCIPAIS PROBLEMAS: AS: • Falta de transporte público eficiente, rápido e de qualidade ade

260 mil Usuários do transporte público por dia

• Poucos ônibus circulam no o horário de pico • Bairros mal atendidos, como mo Urbanova, que não tem ônii ibus à noite • Preço do táxi é alto demaiss

Ronaldo Garcia engenheiro civil especialista em trânsito

“São José dos Campos ainda não conseguiu viabilizar o transporte de massa. Uma alternativa seria a instauração de um passe único diário no transporte coletivo, como tem no exterior”

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Política

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tam e 10,7% não gostam. “O PT tem o maior número de simpatizantes que se identificam ou que falam dele, mas essa não é, em geral, a grande maioria da população”, disse o presidente do PT em São José, Wagner Balieiro. Entretanto, a rejeição em relação à intenção de votos na pesquisa estimulada pode ser considerada baixa para os dois candidatos: Carlinhos Almeida com 14% e Alexandre Blanco com 10,5%. O petista é rejeitado principalmente pelos eleitores da região oeste (31%, contra apenas 3,4% para o candidato da situação). As duas zonas eleitorais onde Blanco tem taxas de rejeição superiores às de Carlinhos são as regiões leste (11,6% contra 9,7%) e norte (6,3% contra 4,7%). Blanco também é mais rejeitado pelos eleitores acima de 45 anos (15,85% contra 13,55% para Carlinhos), os que têm escolaridade mais baixa (15,2% contra 1,5%) e os evangélicos (12,3% contra 11%). Os índices de rejeição dos outros cinco candidatos são: Ernesto Gradella (12,2%), Cris-

tiano Pinto Ferreira (11%), Antônio Alwan (7,2%), Fabrício Correia (6,8%) e Antônio Silvério (5%). Considerando a margem de erro de 4% na pesquisa, houve empate técnico. Na pesquisa estimulada de resposta única, 53% dos eleitores entrevistados não rejeitam nenhum dos candidatos a prefeito de São José e 5,8% rejeitam todos os concorrentes. Qualidades e defeitos A pesquisa também apontou as qualidades mais prezadas pelos eleitores joseenses. Na opinião de 54,2% dos entrevistados, um bom prefeito deve ser honesto. Para 38,3% dos sondados ele tem de se preocupar com as pessoas e para outros 19,7% é necessário que ele saiba comandar. Outros 16,3% citaram “trabalhador” e “esforçado” como principal qualidade e 14% mencionaram a importância de ser um bom administrador. Os defeitos mais graves lembrados pelos eleitores foram: desonesto (54%), mau administrador (32,2%), falta de preocupação

com as pessoas (28,5%) e não gostar de trabalhar (11,7%). Outros 10% dos sondados citaram “experiente” como principal qualidade, e 8,8% consideraram a inexperiência o pior defeito. Em todo caso, o próximo prefeito de São José não deverá medir esforços para melhorar o setor da saúde. De acordo com 34,7% das pessoas entrevistadas, este é o maior gargalo da cidade. Vêm depois a violência (19,7%), o transporte (7,7%) e o trânsito (6,3%). “A saúde é um problema sério em São José, assim como a questão habitacional e a perda de empregos no setor da indústria. São coisas que precisamos resolver, e o PT vem com propostas inovadoras em todas essas áreas”, afirmou Wagner Balieiro. Como pontos positivos, 8,3% dos sondados citaram a limpeza, 8,2% mencionaram o emprego, 7,2% as indústrias, 6% a infraestrutura, 5,8% o lazer e 5,7% o crescimento da cidade. Ou seja, os itens emprego, indústrias e desenvolvimento, que são variações

Raio X da Segurança ORÇAMENTO:

R$ 37,5 MILHÕES

80

Guardas no COI

SECRETARIA ESPECIAL DE DEFESA DO CIDADÃO

54

Viaturas

550 FUNCIONÁRIOSS

20

Funcionários na Defesa Civil, além de 100 voluntários

PRINCIPAIS PROBLEMAS: AS:

328

Câmeras de vigilância

100

330 GUARDAS MUNICIPAIS

Fiscais

José Vicente da Silva Filho Coronel da reserva da PM e especialista em segurança pública

“Jovens pobres constituem a mão-de-obra privilegiada dos criminosos. Campanhas de prevenção e recuperação de áreas degradadas são fundamentais para garantir a segurança”

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• Falta de iluminação • Proliferação de botecos irregulares na periferia • Proliferação de camelôs vendendo produtos de origem criminosa em praças • Trailers que ficam abertos madrugada adentro: outro fator de desordem urbana • Multiplicação dos acidentes de trânsito • Falta de programas sociais para jovens em situação de risco • Falta sintonia entre Guarda Municipal e Polícia Militar

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Política

de uma mesma percepção, reúnem 21,1% das citações. “São José é uma cidade que, pelo tamanho e história que tem, poderia estar muito melhor. Estamos perdendo espaço no cenário econômico do Estado e do país. Precisamos trazer mais investimentos para cá”, ponderou o dirigente local do PT. Apesar de todos os problemas citados, uma esmagadora maioria de joseenses é otimista quanto ao futuro da cidade: são 73,8% contra os 15,2% formados por pessimistas. Já 9,5% dos entrevistados não se consideram nem um nem outro. Horário Eleitoral Poucos eleitores estão dispostos a acompanhar a campanha dos candidatos no horário eleitoral gratuito para conhecer as propostas dos concorrentes ao cargo de prefeito: 24,6% dos entrevistados afirmaram que assistirão “sempre” aos programas, enquanto 52% responderam que “às vezes” verão a programação. Não souberam ou não responderam 23,2% dos sondados. “A televisão é um veículo sintético e não analítico. O programa eleitoral tem que ter ritmo e velocidade. Os programas tornam-se monótonos porque são muito analíticos. Quem os fizer com um melhor ritmo e uma melhor qualidade vai conseguir chegar ao eleitor com muito mais clareza. E não tenha dúvidas, a televisão é hoje a maior ferramenta para alcançar os eleitores”, disse o especialista em política Carlos Manhanelli. De acordo com Manhanelli, um livro chamado “O Estado Espetáculo”, escrito na década de 1970 pelo sociólogo francês Roger-Gérard Schwartzenberg, estabelece que o político só passa quatro imagens para a população. “Ou ele vai ser o heroi, que vai resolver todos os problemas da cidade; ou ele vai ser o pai, que vai cuidar de todos os fracos e oprimidos; ou ele vai ser o líder-charme, que por meio da sua elegância e da sua presença vai conquistar o voto; ou ele vai ser o homem simples, que emerge da massa para comandá-la”, explicou o especialista. À primeira vista, Carlinhos Almeida e Alexandre Blanco não deixam claro quais destes perfis vão incorporar. Sabe-se, porém, que o Partido dos Trabalhadores costuma apostar suas fichas nas categorias “pai” e “homem simples” em guerra contra as elites, uma figura popularizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caso de Blanco é mais complexo. Afinal, para passar qualquer imagem à população, é preciso, primeiro, ser conhecido por ela. •

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PERFIL DOS CANDIDATOS CARLINHOS ALMEIDA (PT)

Nascido em Santa Rita do Jacutinga (MG), é casado e tem 49 anos. É formado em História e Geografia. Foi eleito vereador por três mandatos (1988, 1992 e 1996), deputado estadual (1998, 2002 e 2006) e deputado federal (2010) ALEXANDRE BLANCO (PSDB)

Joseense, 38 anos, casado e sem filhos. Formado em Direito, ocupou o cargo de secretário da Juventude no governo de Eduardo Cury e foi presidente do Diretório Municipal do PSDB nos últimos dois anos CRISTIANO PINTO FERREIRA (PV)

Empresário do setor imobiliário, tem 39 anos, nasceu em São José, é divorciado e pai de dois filhos. Formado em Direito, ocupa desde 2000 o cargo de vereador em São José. Em 2010, trocou o PSDB pelo PV ANTÔNIO ALWAN (PSB)

Foi eleito vereador em São José nos anos de 1982 e 1988. Joseense, 57 anos, casado e pai de dois filhos. Foi coordenador de campanha de Emanuel Fernandes (PSDB) e secretário de Governo do ex-prefeito tucano. FABRÍCIO CORREIA ( PSDC)

Formado em História e Geografia, 33 anos, casado e pai de sete filhos. Foi assessor de Relações Institucionais da Urbam e diretor da Fundação Cultural. Licenciou-se do cargo de secretário de Cultura de Caçapava ERNESTO GRADELLA ( PSTU)

Engenheiro de materiais, foi eleito vereador em 1982 e 1988 em São José. Em 1991, conquistou nas urnas uma cadeira de deputado federal pelo PT. Nasceu em Ribeirão Preto, é casado e tem dois filhos ANTÔNIO SILVÉRIO (PSOL)

Tem 45 anos, advogado, casado e pai três filhos. Foi consultor jurídico do Instituto de Previdência Social dos Servidores Municipais e da Câmara de Jacareí. Está no PSOL desde 2010

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Política Flávio Pereira

EM XEQUE Aumento no salário dos servidores foi sancionado pelo prefeito Eduardo Cury em maio e começou a ser pago já no mês seguinte

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Pagamento justo? Hernane Lélis São José dos Campos

nova gratificação criada pelo prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), aos servidores de carreira que ocupam cargos comissionados é alvo de investigação do Ministério Público Estadual. A Promotoria apura se a lei viola os princípios básicos da administração e tenta barrar na Justiça a aplicação do reajuste. Com o benefício os funcionários garantem acréscimo entre 30% e 60% nos vencimentos, chegando ao teto de R$ 19,3 mil –mesmo valor que é pago ao chefe do Executivo. A medida, segundo o governo, visa a “valorização do funcionalismo”. O aumento nos subsídios foi sancionado em maio e começou a ser pago em junho. A previsão é que a concessão gere despesa extra ao erário de R$ 823 mil até o final do ano –cerca de R$ 137 mil mensais, de acordo com estimativas publicadas no boletim oficial do município. O Inquérito Civil foi instaurado no dia 11 de junho pela 7ª Promotoria de Justiça, representada pela promotora Ana Cristina Chami. No despacho é solicitada à prefeitura cópia da lei que autoriza a gratificação e a relação dos servidores beneficiados e os valores envolvidos com o deferimento. O documento também encaminhado à Câmara pede cópia do processo legislativo relativo ao bônus aprovado por unanimidade pelos parlamentares no final de abril. Uma emenda negociada com os vereadores estendeu as gratificações aos assessores do Legislativo. “Situação que pode, em tese, ferir diversos princípios e regramentos do Direito Administrativo e também do Direito Eleitoral”, justifica a promotora em seu despacho. Por meio do Portal da Transparência, onde os gastos públicos devem ser esclarecidos à população, é impossível verificar quanto exata-

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Ministério Público investiga gratificação de até 60% aplicada pelo prefeito Eduardo Cury na folha de pagamento dos servidores de carreira que exercem cargos de confiança no governo tucano mente os servidores estão recebendo. De acordo com a prefeitura, 49 servidores que ocupam cargo de chefia foram agraciados pela nova lei. Desses, pelo menos cinco secretários do governo atingiram o teto dos subsídios permitidos. Antes da aplicação da normativa os funcionários de carreira lotados em funções de confiança do prefeito podiam optar entre manter os antigos vencimentos ou receber a referencia salarial da função comissionada –dependendo de qual fosse mais vantajosa. Agora, os funcionários efetivos em cargos de comissão mantêm seus salários e ainda recebem o bônus. “Quando o salário base no cargo de origem é inferior ao cargo que ocupam hoje não fazem jus à gratificação. Além disso, alguns servidores já recebiam 20% que era padrão. Na pratica teremos de impacto em torno de R$ 60 mil ao mês. Esse é o custo real, o quanto a folha subiu com a gratificação. O boletim informa, em tese, o que estimamos a Secretária da Fazenda como reserva de dinheiro”, explica o secretário de Administração, Sérgio Luiz Pinto Ferreira. Reação O argumento de que a medida visa apenas valorizar o funcionalismo não convence o diretor do Sindicato dos Servidores, Donizete Aparecido de Souza, o Zetão. Para ele, o aumento fere a legislação eleitoral, uma vez que o texto proíbe concessão de benefícios aos servidores em ano de pleito, e ataca a moralidade da categoria, já que o bônus é exclusivo àqueles que ocupam uma cadeira por indicação. “Tentamos aumento e revisão do piso salarial há 16 anos e isso não acontece. Chega próximo às eleições e o governo concede bônus aos

cargos de chefia, onde existem filiados ao partido”, diz o diretor. O sindicalista reclama ainda do impasse que envolve o gatilho dos servidores públicos, que ficará congelado até o ano que vem para atender a restrição eleitoral que veta qualquer reajuste durante a campanha. “Quando pedimos antecipação da inflação disseram que não podia por causa do calendário eleitoral e agora aparecem com essa medida eleitoreira”. No último gatilho, pago no final do ano passado, foi aplicado o índice de 2,9% referente à inflação acumulada desde maio de 2011. O gatilho salarial é disparado pela prefeitura toda vez que a inflação acumulada atinge 5%, como forma de recompor as perdas na folha de pagamento. “A lei eleitoral veta o aumento generalizado aos servidores. Sendo 2012 um ano eleitoral, antecipamos o pagamento em dezembro do ano passado. O próximo pagamento vai ocorrer entre janeiro e fevereiro do ano que vem, ficará para o próximo prefeito. Essa gratificação aos funcionários comissionados já estava nos planos desde quando discutimos o novo plano de carreira do funcionalismo”, afirma o secretário. Mesmo votando a favor da gratificação quando o texto passou pela Câmara, o vereador Wagner Balieiro (PT) acredita que a aplicação da lei “mascara” um interesse eleitoral e defende a criação de uma política de remuneração ao servidor público mais democrática. “O ideal é que todos os servidores, independentemente do cargo, tenham direito a essas gratificações. É estranho o benefício atender apenas aos funcionários de primeiro escalão, cria-se indiretamente um estímulo para que se trabalhe para evitar a troca de governo”, diz o petista. •

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Política

Ozires Silva

O mundo fabrica o futuro

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as últimas décadas, tudo acontece mais rapidamente. Aumentou a frequência com que coisas novas chegam ao nosso alcance, diretamente ou via comunicação eletrônica. Tudo isso monta diferentes mosaicos de surpresas. Ao mesmo tempo, é espantoso constatar a velocidade com que o tempo se escoa, em face dos acontecimentos que se sucedem e se modificam com rapidez. É um espanto que já tenhamos vencido o primeiro semestre de 2012! Há uma real ebulição e crescimento das novas ideias e da inovação, em ritmo quase explosivo, mostrando que a maioria das iniciativas possa estar nas faixas dos mais jovens. Sabemos que a população mundial está se envelhecendo e que muito do que se produz seja produto direto da experiência, mas algo altera tais antigos axiomas. Quando observamos as crianças manipulando computadores, jogos eletrônicos com extrema habilidade temos de aceitar que nestes novos tempos os jovens estão com a palavra. Mudanças significativas são impulsionadas pelo extraordinário desenvolvimento das telecomunicações e das técnicas digitais –reais revoluções! A globalização mundial que começou no final do século 20, com os fluxos de recursos financeiros percorrendo o mundo independente das moedas, ganhou espaços. Mais recentemente o movimento de produtos se intensificou, indo e vindo de e para todas as regiões. Nestes momentos observa-se o crescimen-

GLOBALIZAÇÃO “Seu impacto já é sentido pelas empresas, regiões e pessoas” to da migração de pessoas gerando e buscando oportunidades em outros países ou continentes. Este efetivamente é um fenômeno descrito com detalhes no excelente livro de Thomas Friedman – O Mundo é Plano. Estamos na segunda década do novo século 21 e é constatado que as populações migraram e passaram a viver em áreas urbanas, densamente povoadas. É nas cidades que a riqueza vem se concentrando, criando sérios problemas hoje sentidos e vividos por metrópoles que não param de crescer. Possivelmente, seja por esta mesma razão é que o produto mundial de serviços tenha superado o industrial. É a realidade da globalização! Seu impacto já é sentido pelas empresas, regiões, países e pelas pessoas. A integração entre economias nacionais, culturas e tecnologias já produz uma interdependência inevitável. Afeta diretamente normas e regulamentos, como os de direitos humanos, meio ambiente, qualidade e padronização de produtos, etc, que se internacionalizam. É real uma fronteira de um “Direito Mundial’, que está nascendo. Em resumo, constata-se que os cidadãos são hoje mais mundiais e menos nacionais. Os mais variados produtos fabricados em todos os países podem ser encontrados em todo o mundo, fragilizando fronteiras políticas.

Há uma unanimidade. Muito do futuro pode ser previsto e que é possível planejá-lo. Fatos novos e imprevisíveis, descobertas ou acontecimentos que quebraram paradigmas podem alterar todo um quadro planejado. A pergunta seria: como tratar tais fatos que alteraram quase tudo? A resposta obriga-nos a colocar que os vencedores estão entre os que fizeram os melhores planos, dando vantagem para os responderam com rapidez e eficiência em relação ao inesperado. Os argumentos acima começam a apontar caminhos para análises que certamente poderão interessar não somente fabricantes de produtos, mas também aos que se dedicam ao fornecimento de serviços. Nos planejamentos dos países, das regiões e das empresas cada elemento básico precisa ser pensado e, mais do que isso, ampliado para atingir todos os campos, e com eles interagir. As preocupações mundiais, transportes, energia, alimentos, telecomunicação, saúde, educação estão sob clima de ebulição. Ganharão aqueles que melhor entenderem melhor o ambiente no qual vivem e ajam para tirar vantagens de cenários ainda não presentes, mas que poderão se apresentar em pouco tempo. Os planejadores já constatam que a Educação, de alto nível e ao acesso de qualquer cidadão, mostra-se como necessidade fundamental e contará firmemente na classificação dos vencedores do futuro. Por tudo isso, não se pode chegar ao futuro, sem que se planeje o como chegar lá. Ou seja, se sabemos aonde queremos chegar, fica mais fácil ir! •

Ozires Silva Engenheiro

ozires@valeparaibano.com.br

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Economia SETOR PETROLEIRO

Poços de dinheiro RMVale pode lucrar R$ 473 milhões com royalties de petróleo em 2013; valor até quatro vezes maior que o atual repasse depende da aprovação do polêmico marco regulatório na Câmara Federal

Hernane Lélis Litoral Norte

O

s municípios da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte podem ganhar R$ 473 milhões no próximo ano com a redistribuição da riqueza gerada pela exploração do petróleo. O montante depende da aprovação de um projeto que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, que regulamenta os valores repassados de royalties às prefeituras. Caso a proposta seja acolhida pelos parlamentares, as cidades da RMVale concentrarão 40% do total da arrecadação no Estado de São Paulo e serão obrigadas a aplicar grande parte dos recursos nas áreas da saúde e educação. Os números foram divulgados pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios), que estudou e comparou a minuta apresentada pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT) com o texto votado no Senado, de autoria do senador Vital do Rego (PMDB) –ambos referentes à partilha dos recursos

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oriundos petróleo. De acordo com os cálculos, o projeto do relator petista garante aumento de 105% na distribuição dos royalties aos municípios da RMVale. O parecer aprovado pelo Senado, em outubro do ano passado, prevê arrecadação máxima de R$ 229 milhões na região, ou seja, menos da metade do novo relatório, que será colocado para votação na Câmara. A proposta de Zarattini, que ainda pode sofrer alterações, garante acréscimo no repasse para 311 municípios brasileiros enquanto o reduz em outras 5.253 cidades. Na RMVale serão 30 privilegiados com aumento e 9 com pequenas reduções em relação à matéria do Senado. São Sebastião ficaria com a maior quantia: R$ 190,6 milhões. Na sequência aparece Caraguatatuba com R$ 135,6 milhões, Ilhabela com o repasse de R$ 102,1 milhões e Ubatuba com a soma de R$ 1,9 milhão. Pelas regras do projeto, as cidades ditas confrontantes (próximas aos portos de exploração) e afetadas (as que têm algum prejuízo com a atividade), além das que integram a área geoeconômica de municípios confrontantes, são as mais beneficiadas.

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Fotos: divulvação

PROSPECÇÃO Plataforma SS-11 da Bacia de Santos, onde foram descobertas as camadas de Pré-Sal

“A produção na Bacia de Santos está apenas começando, quando tiver em maior ritmo, Ilhabela vai receber muito dinheiro. São Sebastião recebe hoje a maior quantia por conta do Tebar (Terminal Almirante Barroso. São critérios diferentes. Ilhabela vai receber mais por ser confrontante com poço de petróleo, ainda que esteja distante mais de 200 quilômetros do poço. Existe um critério de distribuição para os municípios e estados confrontantes e outros critérios para onde existe terminal petrolífero” esclarece o Zarattini. Em comparação com a atual legislação de partilha dos ganhos com o petróleo, todos os municípios da RMVale sairão ganhando com a nova distribuição dos royalties. No acumulado de maio de 2011 a abril de 2012, por exemplo, as quatro cidades do Litoral Norte, que concentram a maior parte da arrecadação da região, juntas, receberam R$ 75,3 milhões. Pela proposta aprovada pelo Senado, passarão a receber R$ 188,47 (150% a mais) e pela partilha colocada para votação na Câmara dos Deputados, R$ 430,29 milhões –um aumento de 471,4% em relação aos valores atuais. Votação A previsão de Zarattini é que projetos polêmicos, como a redistribuição dos royalties do petróleo, sejam votados somente após as eleições de outubro. Na Câmara, os parlamentares acreditam que o tema é fortemente influenciado pelas inclinações regionais de cada representante e, portanto, será necessário definir um acordo de conteúdo e de procedimento na Casa. O projeto dos royalties foi incluído na pauta no início de julho, mas sofreu grande rejeição dos deputados dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, que terão, segundo eles, perdas na arrecadação devido à redistribuição em poços já licitados. “Quando você tem medidas provisórias obstruindo a pauta, não se pode votar nenhum projeto de lei ordinária. Temos que desobstruir a pauta e isso só vai acontecer depois das eleições. A tendência é que a Casa aprove o meu texto, a bancada do Espírito Santo, que é um Estado produtor, também apoia o projeto agora. Diria que, excluindo

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Economia

a bancada do Rio de Janeiro, teremos o voto de toda a Câmara. É um texto que ninguém perde, por isso, ele é mais equilibrado. Temos que pensar no Brasil e não somente no meu ou no seu Estado”, afirma o relator. Único representante da RMVale na Câmara dos Deputados, Emanuel Fernandes (PSDB) entende que os municípios da região devem se preparar para o aquecimento socioeconômico com a partilha dos recursos provenientes da extração do petróleo. Mesmo defendendo uma divisão equitativa, ele entende o fato de alguns representantes da Casa se posicionarem de acordo com os benefícios garantidos aos seus respectivos estados e municípios. “Se o texto do Zarattini garante benefícios significativos à região, vou analisar de forma positiva as mudanças propostas. É natural que cada um olhe para o seu lado, também não quero que nossas cidades percam”, diz o deputado. O prefeito de Ilhabela e presidente da Amprogas (Associação dos Municípios Produtores de Gás Natural e Petróleo), Toninho Colucci (PPS), também defende a regionalização da discussão. Para ele, somente municípios e estados produtores têm condições de opinar de forma coerente sobre os impactos da extração do produto. “Estão tentando inventar uma fórmula mágica para ter vantagens eleitorais, atendendo determinados grupos e se colocando como pai da mudança. Não concordo com quem não sofre influência da extração querer discutir os valores que serão repassados”, diz. Polêmica Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, considera o parecer de Zarattini um retrocesso em relação ao substitutivo de autoria do Senado. Ele afirma que, apesar da estrutura da minuta estar baseada nos parâmetros estabelecidos pelo texto do senador Vital do Rego, ela propõe novos percentuais de distribuição entre os entes, de forma a retirar recursos do Fundo Especial nos próximos anos e transferindo-os principalmente para os municípios ditos confrontantes e afetados. “O fundo especial perderia nos próximos três anos, em relação à regra aprovada pelo Senado, nada menos que R$ 5 bilhões”, antecipa. A proposta aprovada pelo Senado dava a opção aos entes envolvidos de optar por uma das duas regras (fundo especial ou confrontação), mas o novo relatório volta atrás e garante que confrontantes e afetados recebam pelas duas formas. Na avaliação da CNM, a

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CÁLCULO DOS ROYALTIES PREVISTOS PARA 2013 Município Aparecida

Regra aprovada pelo Senado

Regra da Minuta Dep. Carlos Zarattini

Aumento ou Redução

1.199.166

1.254.906

55.739

Arapeí

449.687

569.205

119.518

Areias

449.687

569.483

119.796

Bananal

599.583

697.892

98.309

Caçapava

2.098.541

2.055.017

-43.524

Cachoeira Paulista

1.049.270

1.126.402

77.131

Campos do Jordão

1.498.958

1.512.446

13.489

Canas

449.687

569.174

119.487

Caraguatatuba

59.977.321

135.607.654

75.630.332

Cruzeiro

1.948.645

1.914.347

-34.298

899.375

988.234

88.859

2.398.332

2.307.169

-91.164

Cunha Guaratinguetá Igaratá

449.687

569.852

120.165

Ilhabela

45.391.487

102.115.941

56.724.453

Jacareí

3.755.029

3.425.904

-329.124

Jambeiro

449.687

571.176

121.489

Lagoinha

449.687

569.486

119.799

Lavrinhas

449.687

569.673

119.986

2.098.541

2.041.906

-56.635)

Monteiro Lobato

449.687

569.347

119.660

Natividade da Serra

449.687

570.833

121.145

Paraibuna

899.375

966.777

67.403

3.605.133

3.303.751

-301.382

749.479

836.406

86.928

Potim

899.375

975.356

75.982

Queluz

599.583

697.748

98.165

Redenção da Serra

449.687

569.676

119.988

Roseira

449.687

569.897

120.209

Santa Branca Santo Antônio do Pinhal

749.479 449.687

826.445 569.439

76.966 119.752

São Bento do Sapucaí

599.583

697.787

98.204

Lorena

Pindamonhangaba Piquete

São José do Barreiro São José dos Campos São Luís do Paraitinga São Sebastião

449.687

569.332

119.645

3.755.029

3.611.482

-143.547

599.583

698.393

98.810

81.154.451

190.661.072

109.506.

Silveiras

449.687

569.766

120.079

Taubaté

3.755.029

3.446.051

-308.978

Tremembé

1.349.062

1.394.044

44.982

Ubatuba

1.948.645

1.909.706

-38.939

Total

R$ 229,8 milhões R$ 473 milhões

R$ 243,2 milhões

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Economia

distribuição dos royalties para os municípios confrontantes é injusta e concentrada. Como exemplo, o estudo informa que Campos dos Goytacazes (RJ), que tem menos de 500 mil habitantes, recebeu sozinho R$ 1,26 bilhão em 2011 enquanto o fundo especial que vai para todos os estados e municípios distribuiu R$ 1,1 bilhão. A arrecadação com o petróleo do mar no Brasil foi de R$ 24,2 bilhões em 2011. Desse montante, a União ficou com R$ 9,7 bilhões. Estados e municípios confrontantes receberam, juntos, cerca de R$ 13,4 bilhões. O Fundo Especial ficou com o já mencionado R$ 1 bilhão, repartido entre demais unidades da federação, de acordo com os critérios dos fundos de participação dos estados e dos municípios. A partir de estimativa da produção com a exploração do Pré-sal, o fundo destinado aos não confrontantes pula para quase R$ 8 bilhões em 2013 e tem ganhos gradativos até chegar a 2020 com R$ 24 bilhões. “Nós garantimos que aquilo que os estados produtores e municípios que têm ter-

REGIÃO Lançamento da ’jaqueta’ da plataforma de Mexilhão, no Litoral Norte

minais petrolíferos, como é o caso de São Sebastião, continue tento a mesma receita que tiveram no ano de 2011 até 2020. Fizemos o projeto que ninguém perde. Nós estamos direcionando esses recursos, priorizando aquilo que os estados e municípios vão receber. Eles terão que gastar 40% com educação, 40% ou com saúde, ou com tecnologia ou obra de infraestrutura e 20% o município terá a liberdade de gastar onde achar melhor. Hoje, não existe nenhuma regra para isso, vamos instituir essa regra”, disse o deputado Zarattini. Apesar do impasse entre deputados e senadores, existe um consenso no Congresso sobre a distribuição dos royalties: a convicção de que a lei vigente, criada em 1997, deve ser substituída o quanto antes para benefício do Brasil. “A receita do Pré-sal vai reduzir as desigualdades sociais. Precisamos orientar a forma como essas riquezas serão gastas. Quero lembrar que as áreas de segurança, saúde e educação também serão contempladas conforme o meu substitutivo”, destaca o senador Vital do Rego. •

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Ciência e Tecnologia Artigo

Fabíola de Oliveira

Uma lei que poderá ferir a autonomia universitária e a Constituição brasileira

F

alei nesta coluna na edição anterior sobre a situação das universidades no Brasil, a deficiência do ensino médio público, e as muitas lições que ainda temos a aprender e aplicar para que a educação se traduza de fato em bem-estar e riqueza. Pois olhem que coisa! Não é que o Senado Federal está para votar o projeto de lei 180/2008 (se é que já não votou, quando você estiver lendo este artigo) que reserva, no mínimo, 50% das vagas por curso e turno das universidades federais para quem tenha feito integralmente o ensino médio em escolas públicas. O projeto de lei também define critérios complementares de renda familiar e identidade étnico-racial (por curso e turno) na proporção de cada segmento na população do Estado onde a instituição de ensino está localizada. Além disso, proíbe a realização de vestibulares ou o uso do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para selecionar esses estudantes, obrigando a adoção das médias das notas obtidas pelos candidatos nas disciplinas cursadas no ensino médio como critério para ingresso no ensino superior. No dia 4 de julho passado, a ABC (Academia Brasileira de Ciências) e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) divulgaram um manifesto dirigido aos senado-

AUTONOMIA Garantida pela Constituição, a liberdade de gestão é primordial

res contra a proposta. Para a ABC e a SBPC, a proposta fere a autonomia universitária garantida pela Constituição. Além disso, as organizações científicas brasileiras estão preocupadas com a excelência da educação. Diz o manifesto: “Consideramos que ao mesmo tempo em que o Brasil precisa criar condições mais inclusivas para o acesso à universidade, o país também precisa aumentar a qualidade dos cursos de ensino superior oferecidos em instituições públicas e privadas. A ABC e a SBPC reiteram que o acesso dos brasileiros à educação superior é tão importante quanto o grau de excelência desta educação. A oferta de oportunidades educacionais de qualidade é a garantia da cidadania e do desenvolvimento sócio econômico do país”, explica o documento. Para as duas entidades, representantes principais dos meios acadê-

mico e científico do Brasil, “um dos mais importantes instrumentos para se atingir estes objetivos no ensino superior é a ‘autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial universitária’, garantida pelo artigo 207 da Carta Magna brasileira”, defende o texto. Sabemos que as melhores escolas são aquelas que têm os melhores alunos. Temos em São José dos Campos o exemplo do ITA para comprovar. E os melhores alunos são fruto de uma formação de qualidade que se inicia no ensino fundamental. Ao escrever, consulto o site do Senado e leio que alguns senadores opõem-se à aprovação da lei, mas é difícil prever o resultado da votação. Não há dúvida que a inclusão e o maior acesso às universidades são necessários. Mas duvido que assim, na marra, seja o melhor caminho. •

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

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Esportes

OLIMPÍADAS 2012

Vale do Paraíba: celeiro de atletas Vinte e quatro esportistas nascidos ou que treinam da região foram a Londres com o sonho de retornar ao país com uma medalha olímpica; ao todo, 259 atletas brasileiros estão classificados para os Jogos Olímpicos

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Fotos:Divulgação

Yann Walter São José dos Campos

s Jogos Olímpicos de Londres têm a presença de 259 atletas brasileiros. Vinte e quatro destes esportistas – ou seja, quase 10% do total– representam de uma forma ou de outra o Vale do Paraíba e o Litoral Norte. Há os que nasceram aqui, como a nadadora Fabíola Molina e o judoca Leandro Cunha, de São José dos Campos, a maratonista Adriana Aparecida da Silva, de Cruzeiro, a jogadora de handebol Fabiana Carvalho Diniz, de Guaratinguetá, e o lutador de taekwondo Diogo Silva, de São Sebastião. Outra nadadora,

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Daynara de Paula, nasceu em Manaus, mas foi criada em Jacareí. E há os que vieram de outros Estados para treinar em São José ou Pindamonhangaba, categoria que inclui pugilistas, ciclistas e jogadoras de futebol. Nenhum outro esporte representa tanto o Vale nos Jogos de Londres quanto o boxe. Afinal, nove dos dez lutadores brasileiros que se classificaram para a competição –marca jamais atingida antes em uma Olimpíada– treinam em São José. São seis homens e três mulheres em busca de medalhas, entre eles, os campeões mundiais Everton Lopes e Roseli Feitosa. Everton Lopes é hoje a maior esperança do boxe nacional. Em outubro de 2011, o baiano de 23 anos deu ao Brasil seu primeiro título mundial no boxe olímpico

masculino ao derrotar o ucraniano Denis Berinchyc em Baku, no Azerbaijão –um ano antes, Feitosa já levara o país ao topo ao se sagrar campeã mundial. Mas o atual médio-ligeiro (categoria até 64 kg) teve de batalhar muito para chegar até ali. Nascido em Salvador –como a maioria de seus colegas de seleção que estão em Londres–, Lopes teve uma infância conturbada. “A vida em casa não era fácil. Não tínhamos dinheiro. Eu e minha mãe vivíamos em um cômodo, com um colchão de solteiro. Minha mãe dormia na cama, e eu ficava no chão. Comecei a trabalhar aos 13 anos, como carregador de materiais e empacotador de supermercado”, contou o pugilista à revista valeparaibano. Como todos os garotos de sua idade, o menino bravo, que vivia ar-

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Esportes

rumando confusão na rua, sonhava em ser jogador de futebol. Chegou, inclusive, a ser convidado para fazer um teste nas categorias de base do Santos, que revelaram craques como Robinho, Diego e, mais recentemente, Neymar. Porém, por insistência da mãe, que o achava muito novo, declinou o convite. Everton poderia ter se tornado um ‘Menino da Vila’, mas o destino tinha outros planos. “Meu primeiro contato com o boxe foi aos 14 anos, quando uma tia me levou para a academia do Popó (Acelino ‘Popó’ Freitas, o pugilista mais famoso do Brasil, também nascido em Salvador). Mas quem me deu vontade de lutar foi Washington Silva (meio-pesado, que chegou às quartas-de-final nas Olimpíadas de Pequim em 2008). Assisti a uma luta dele na TV e me emocionei”, relatou. Talento Lopes começou a treinar aos 15 anos. “Não tinha dinheiro para ir à academia, então lavava carros para pagar o transporte. Às vezes ia correndo”. O talento natural do adolescente para o boxe logo se impôs como uma evidência, e aos 16 anos, Everton foi chamado para treinar em São Paulo. Hoje, quando não está viajando com a seleção brasileira, divide seu tempo entre a capital paulista e São José, onde treina desde 2010 com seus colegas Esquiva e Yamaguchi Falcão, Julião Neto, Robenílson de Jesus e Róbson Conceição –todos classificados para os Jogos de Londres. “Passo muito tempo com eles. Robenílson e Róbson também são de Salvador. Somos muito unidos”, afirmou. Os resultados não demoraram a aparecer. Em 2007, Lopes faturou a prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio. No ano seguinte, participou de sua primeira Olimpíada, mas perdeu logo na primeira luta. “O cara foi superior. Perdi por dois pontos, mas fiquei arrasado”. Depois de superar o episódio, a “maior decepção” de sua carreira, deu a volta por cima e em 2009 foi eleito pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) o melhor atleta do ano na modalidade do boxe. Dois anos depois, veio a consagração do campeonato mundial, seguida por uma medalha de bronze no Pan-Americano de Guadalajara. Mas o baiano quer mais. “Minha meta é ser campeão olímpico. Quero o ouro, venho trabalhando muito para isso”, avisou. Everton treina quatro horas por dia. “Geralmente faço corrida e musculação de

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EVERTON LOPES “O boxe me deu uma estrutura, me educou. Se não fosse o boxe, não sei onde estaria hoje”

manhã, e à tarde trabalho a parte técnica”. Quando está com a seleção brasileira, é acompanhado por um nutricionista. “Não bebo, mas gosto de churrasco e, principalmente, de feijoada. É claro que agora não estou podendo comer essas coisas, mas quando os Jogos acabarem vou dar uma relaxada”, entregou. Além do ouro olímpico, o maior sonho de Lopes é comprar uma casa para a mãe. “Ela é a pessoa mais importante na minha vida”, confessou. Por mais importante que tenha sido para o boxe brasileiro, a conquista do campeonato mundial não lhe trouxe o reconhecimento que ele esperava, ao menos em termos financeiros. “Tudo que tenho hoje eu já tinha antes. A única coisa que mudou é que agora sou mais solicitado para entrevistas”, brincou o lutador, que se mantém graças ao patrocinador da seleção brasileira e à Prefeitura de São José. Mas mesmo que o retorno financeiro ainda não tenha chegado, Lopes está ciente do que o esporte já lhe trouxe. “Eu era muito bravo, vivia brigando na rua e na escola. O boxe me deu uma estrutura, me educou. Se não fosse o boxe, não sei onde estaria hoje”, admitiu.

Dificuldades O fato é que as dificuldades financeiras acometem a maioria dos atletas brasileiros em Londres –com exceção, é claro, dos jogadores de futebol, dos astros da NBA e de alguns outros. Quando foi a Pequim participar de sua primeira Olimpíada, o tenista espanhol Rafael Nadal se disse chocado ao se deparar com a dura realidade dos atletas. “No tênis, o 80º mundial ganha mais que os melhores do mundo nas modalidades de atletismo, natação e da maioria dos esportes olímpicos. Esses atletas treinam com o mesmo afinco e a mesma dedicação que a gente, mas não têm o reconhecimento que merecem. A Olimpíada é tudo para eles, pois é a única chance que têm de chamar a atenção dos patrocinadores e, assim, melhorar sua situação financeira. São quatro anos de treinos para uma única competição. É muita pressão”, sintetizou, na época, o atual número três do ranking mundial. Nadal citou especificamente o atletismo e a natação, esportes que têm certa visibilidade no Brasil e no exterior. Mas o que dizer, então, de modalidades como o ciclismo de estrada, totalmente desconhecido no país? Como no caso do boxe, o Vale do Paraíba é o maior ‘for-

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Esportes

necedor’ de atletas do ciclismo: dois dos três homens e as três mulheres que compõem a delegação brasileira em Londres treinam em São José ou em Pindamonhangaba. As irmãs Clemilda e Janildes Fernandes, 33 e 31 anos, são as líderes da equipe feminina. Nascida em Goiânia, Janildes representa São José desde 2008. “Hoje, vivo do salário que me paga a prefeitura. Se não fosse por essa ajuda, provavelmente já teria desistido do esporte”, confessou a caçula, que está disputando sua terceira Olimpíada –a primeira com a irmã mais velha. A ciclista se encaixa na análise de Nadal. Criada com 11 irmãos em uma família de poucos recursos financeiros, ela começou a pedalar aos 15 anos por influência do irmão Neílson que, sem dinheiro para comprar uma bicicleta de competição, disputou –e venceu– suas primeiras provas em uma bicicleta comum. “Perdi muitos anos no início da minha carreira, pois não tinha condições financeiras para comprar o material. O ciclismo é um esporte muito caro, e não existe no Brasil uma política de incen-

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ATLETAS DO VALE DO PARAÍBA NOS JOGOS OLIMPÍCOS DE 2012 Boxe

Natação

Adriana Araújo - São José dos Campos Érica Mattos - São José dos Campos Roseli Feitosa - São José dos Campos Everton Lopes - São José dos Campos Esquiva Falcão - São José dos Campos Julião Neto - São José dos Campos Robenílson Jesus - São José dos Campos Róbson Conceição - São José dos Campos Yanaguchi Falcão - São José dos Campos

Fabíola Molina - São José dos Campos Daynara de Paula - Jacareí

Ciclismo estrada Gregory Panizo - Pindamonhangaba Magno Prado Nazaret - Pindamamonhaga Fernanda da Silva Souza - Pindamamonhaga Clemilda Fernandes - São José dos Campos Janildes Fernandes - São José dos Campos

Futebol Daiane Rodrigues (Bagé) - S. José dos Campos Francielle Alberto - S. José dos Campos Miraildes Mota (Formiga) - S. José dos Campos

Taekwondo Diogo Silva - São Sebastião

Maratona Adriana Aparecida da Silva - Cruzeiro

Basquete Nádia Gomes Colhado - S. José dos Campos

Handebol Fabiana Carvalho Diniz - Guaratinguetá

Judô (Meio-leve) Leandro Cunha - São José dos Campos

PROGRAMAÇÃO Quando De

27 de julho a 12 de agosto

Record (aberta) Globosat (canal fechado)

Internet Portal Terra (direitos de transmissão)

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PINGUE & PONGUE Fabíola Molina Nadadora

“Estou feliz e preparada” Em entrevista a valeparaibano, Fabíola Molina fala sobre a rotina de treino e o desafio de voltar para São José dos Campos, sua terra natal, com uma medalha. Ela não confirma, mas sabe que está chegando a hora de parar. Aos 37 anos, a nadadora mais vitoriosa do Brasil disputa sua terceira Olimpíada, depois de Sydney-2000 e Pequim-2008. Também participou de cinco Pan-Americanos, conquistando seis medalhas.

BAGÉ “Hoje meu objetivo é um só: ser campeã olímpica. Vamos lutar muito para trazer o ouro para o Brasil”

tivo aos atletas de base”, comentou. Para Janildes, falta reconhecimento para os atletas olímpicos no país. “É muito difícil chegar nesse nível. São muitas nações que buscam esta classificação [para os Jogos Olímpicos], e às vezes nem temos material para competir com as melhores. Isso é muito desanimador. Ainda bem que existem os jogos abertos e regionais. É disso que nosso esporte sobrevive até hoje, sobretudo o feminino, onde o incentivo ainda é bem menor”, lamentou. Apesar das dificuldades, Janildes conseguiu se destacar no esporte. Em 1999, disputou os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, e se tornou a primeira ciclista brasileira a conseguir uma medalha na competição continental. Pentacampeã brasileira de estrada, ela foi eleita três vezes pelo COB a melhor atleta do ano na modalidade. Porém, por falta de incentivo, acabou optando por morar na Europa. Competiu por várias equipes de ponta de países como a Itália e a Suíça durante nove anos, antes de retornar ao Brasil. “Lá fora o esporte é muito mais valorizado. Só voltei porque ficar longe da minha família é muito difícil para mim, mas confesso que às vezes tenho vontade de sair de novo. No Brasil é tudo mais complicado para os atletas”.

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Como você está se sentido às vésperas de disputar sua última Olimpíada? < Estou super bem, feliz e preparada. Fiz uma temporada muito boa de preparação e estou muito animada para os Jogos Olímpicos. Como se preparou para o evento? Quais são seus objetivos? < Continuo fazendo meus treinos habituais, mas agora intensificando a força e a primeira metade da prova, imprimindo mais velocidade. Também intensifiquei o trabalho submerso, com muitas pernadas debaixo d’água. O objetivo é quebrar a barreira do minuto, chegando o mais longe possível e brigando pela melhor colocação. Pretende parar com a natação logo depois dos Jogos, ou ainda pensa em disputar outra competição? < Logo depois que voltarmos de Londres, tem o Troféu José Finkel, que é o Brasileiro Absoluto de inverno (de 20 a 25 de agosto, em SP). Depois tem algumas etapas da copa do mundo em outubro. Em novembro tem o Brasileiro Open e em Dezembro o Mundial de curta.

JANILDES FERNANDES “Vivo do salário que me paga a prefeitura. Não fosse por essa ajuda já teria desistido”

Quais são seus projetos para depois das Olimpíadas? < Vamos voltar para o Brasil e ficar mais por aqui devido às várias competições que ainda temos. Também pretendo fazer algumas palestras, e trabalhar com moda esportiva.

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Esportes

Sacrifício Embora já tenha 31 anos, Janildes acalenta o sonho de disputar os próximos Jogos, em 2016, no Rio de Janeiro. “Disputar uma Olimpíada em seu próprio país é um momento histórico na vida de um atleta”, sentenciou. Mas por ora, ela trabalhou muito para fazer bonito em Londres. Junto com a irmã Clemilda e a cearense Fernanda da Silva Souza, a terceira ciclista brasileira classificada para os Jogos, Janildes viajou à Colômbia em junho para um intenso estágio de preparação na altitude. “Pedalamos entre quatro e seis horas por dia”, lembrou. Batalhadora, ela não recuou diante de nenhum sacrifício para alcançar seu maior objetivo: uma medalha olímpica. É abstêmia, e segue uma rigorosa dieta. “O peso é um fator muito importante em nossa profissão”. Não tira férias há mais de dois anos, e em suas poucas horas vagas fica “bem quietinha, descansando, para voltar à estrada com tudo no dia seguinte”. “É por isso que acho que o atleta de alto rendimento deveria ser mais reconhecido no Brasil. Até porque, na hora de parar, o que vai fazer da vida? Deveria ter pelo menos uma pequena

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aposentadoria, seria o mínimo por toda uma vida dedicada ao esporte”, finalizou. Dedicação também não falta a Daiane Rodrigues, capitã da seleção feminina de futebol, que sonha em conquistar o primeiro ouro olímpico do Brasil na modalidade. As meninas bateram na trave em Atenas (2004) e Pequim (2008), ficando com a medalha de prata. “Hoje meu objetivo é um só: ser campeã olímpica. Eu e minhas companheiras vamos lutar muito para trazer o ouro para o Brasil”, afirmou a jogadora de 29 anos conhecida como Bagé, nome de sua cidade natal no Rio Grande do Sul. Assim como Everton Lopes e Janildes Fernandes, Bagé teve uma infância difícil. Precisou batalhar muito antes de brilhar no esporte. Estreou na Celeste, um time local de Bagé, antes de seguir para o Grêmio. Depois, por influência da atacante Cristiane –também na seleção– foi para São Bernardo. Há dois anos e meio, fechou com o São José Esporte Clube, pelo qual conquistou a Copa Libertadores de 2011. Vale destacar que no futebol feminino, a Águia é considerada uma referência nacional. “Não sei dizer o porquê (da gritante

diferença de nível entre os homens e as mulheres no futebol de São José), mas hoje tem pessoas que gostam da modalidade e acreditam em nós. Devolvemos esta confiança com bons resultados”, disse a zagueira. Depois do FC Roosiyanca, da Rússia, o São José E. C. é, junto com o Foz Cataratas (Paraná), o maior ‘fornecedor’ da seleção brasileira em Londres: são três atletas (Bagé, Formiga e Francielle) contra quatro para o time russo (Aline Pellegrino, Cristiane, Ester e Fabi). O Foz é representado por Barbara Micheline, Bruna e Renata Costa. O futebol feminino representa uma das maiores chances de medalha para o Brasil. Além das duas medalhas de prata olímpicas, a seleção faturou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007, além da prata em 2011. Bagé participou das conquistas de 2007 e 2011, mas não esteve em Pequim. Por isso, só o fato de estar em Londres já é motivo de comemoração. “Nem tenho palavras para descrever a emoção que é representar o meu país em uma Olimpíada. É um sonho que sempre tive, abri mão de muita coisa para alcançar este objetivo”, comentou. •

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Flávio Pereira

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Entrevista

Dois Pontos >Luiz Gustavo, o volante de 25 anos nascido em Pindamonhangaba que se tornou uma das estrelas do Bayern de Munique, na Alemanha

“Na seleção, você sabe como é: a primeira vez a gente nunca esquece” Yann Walter Pindamonhangaba

O

mundo do futebol globalizado é marcado por trajetórias meteóricas, em que a ascensão, o estrelato e a queda se sucedem em um período de tempo cada vez mais curto. Em poucos anos, um jogador pode ir do céu ao inferno. Deslumbrados pelos salários estratosféricos e todas as tentações que os cercam, muitos craques se perdem pelo caminho. Na contramão destes excessos, o tranquilo Luiz Gustavo, 25 anos, está com o vento em popa. Nascido em Pindamonhangaba, o jogador tem um percurso atípico. Contratado aos 16 anos pelo CRB, ele ficou dois anos e meio em Alagoas antes de trocar as praias ensolaradas do Nordeste pela gélida e cinzenta cidade de Sinsheim, no sul da Alemanha. A aposta era arriscada, mas deu tão certo que Luiz Gustavo está até hoje no país europeu. Dois anos depois de conquistar a Segunda Divisão do Campeonato Alemão com o modesto Hoffenheim, foi contratado pelo poderoso Bayern de Munique em janeiro de 2011. Titular indiscutível em um time repleto de estrelas, foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira no dia 25 de julho de 2011, para um amistoso contra a Alemanha. Por ter mais de 23 anos, esse volante canhoto de 1,87 metro de altura e 87 quilos não foi chamado para disputar as Olimpíadas de Londres. Mas a probabilidade de vê-lo na próxima Copa do Mundo é muito grande. De férias em Pinda, onde passa 15 dias por ano, Luiz

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Gustavo recebeu a equipe da revista valeparaibano na casa de dois andares, com piscina e churrasqueira, que mandou construir um ano atrás em um condomínio da cidade e onde mora com seu irmão, seu pai e seu avô. Em entrevista exclusiva, o simpático jogador fala sobre sua trajetória, a vida na Alemanha, os bastidores do Bayern de Munique e seus primeiros passos na seleção brasileira. “Fui bem recebido, com muito respeito. É um grupo novo, cada um está buscando seu espaço, então não há problemas de vaidade”, disse. Por ter ido muito cedo para a Alemanha, Luiz Gustavo poderia ter optado pela naturalização. No país europeu há cinco anos, fala fluentemente o idioma e está totalmente adaptado ao estilo de vida germânico. Na entrevista, concedida durante a Eurocopa, disse torcer pelo país na competição e previu uma final entre Alemanha e Espanha. O palpite se revelou errôneo –a Espanha derrotou a Itália na decisão–, mas mostra o apego do jogador pelo país que o acolheu. Antes de ser convocado para a seleção brasileira, Luiz Gustavo chegou a ser sondado pela Mannschaft. Ficou honrado pelo interesse, mas declinou. Melhor para o Brasil. Luiz Gustavo, você nasceu em Pindamonhangaba, mas seus primeiros clubes profissionais foram o Corinthians e o CRB, ambos de Alagoas. Como isso aconteceu? < Comecei a fazer testes em São Paulo pelo CRB, que ia jogar a Copa São Paulo. Entrei numa peneira e fiz quase três meses de testes. Na hora não aconteceu nada, mas depois de um mês um empresário do CRB me procurou e me levou para Maceió. Na época, tinha 16 anos. Fiquei

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F N Q


Flávio Pereira

Domingo 4 Abril de 2010

PERFIL NOME: Luiz Gustavo Dias IDADE: 25 anos NATURALIDADE: Pindamonhangaba ESTADO CIVIL: Solteiro

FUTEBOL “SEMPRE VARIEI MUITO DE POSIÇÃO. HOJE JOGO NO POSTO QUE MAIS GOSTO, PRIMEIRO VOLANTE. SE TIVER QUE ATUAR EM OUTRA POSIÇÃO NÃO SERÁ UM PROBLEMA”

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CLUBE: Bayern de Munique POSIÇÃO: Volante

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Entrevista

Seleção LUIZ GUSTAVO Primeira convocação para a Seleção Brasileira foi no dia 25 de julho de 2011, para um amistoso contra a Alemanha

INFÂNCIA C Com o antigo treinador Evald do Machado, à época em que ttreinava em uma escolinha de futebol em Pinda

dois anos e meio em Alagoas. Joguei no CRB e no Corinthians, mas também em alguns outros clubes. Disputei a Série B do Brasileiro com o CRB. Fale um pouco sobre sua trajetória. Como você foi parar no Hoffenheim em 2007? < Quando estava no Corinthians, gravei um DVD. O clube enviou esse DVD para vários clubes no exterior, e apareceram algumas propostas. Veio uma do Hertha Berlim. Acabou não dando certo, mas eles me indicaram para o Hoffenheim, que disputava então a Segunda Divisão do Campeonato Alemão. Inicialmente, fui emprestado por um ano. Procurei me adaptar rapidamente ao estilo de jogo e ao idioma de lá. A primeira adaptação foi mais fácil (risos). Depois soube que o clube pretendia comprar meu passe, então fiquei mais motivado ainda para aprender a língua. Você começou a carreira jogando na lateral-esquerda e hoje você joga de volante no Bayern de Munique e na Seleção Brasileira. Esta é a posição em que você prefere atuar? < Na verdade jogava de ponta-esquerda. Eu era atacante, fazia muitos gols naquela época (risos). Mas sempre variei muito de posição. Hoje jogo no posto que eu mais gosto, que é o de primeiro volante. Mas se eu tiver que atuar em outra posição não será um problema. Por estar na Alemanha há quase cinco anos, você fala fluentemente alemão e até cogitou se naturalizar. Porém, pouco tempo depois, você foi convocado para a Seleção. Se a convocação de Mano não tivesse chegado naquele momento, você teria optado definitivamente pela Alemanha? < Não exatamente naquela época, pois tinha a esperança de ser chamado. Acreditava muito na possibilidade de jogar pela seleção brasileira. Por isso, apesar de honrado pelo interesse da Alemanha, fiquei com um pé atrás. Mas se eu não tivesse sido convocado para a seleção brasileira até hoje, pensaria seriamente na opção da naturalização.

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Você gosta de morar na Alemanha? Quais são as vantagens e desvantagens em relação ao Brasil? < São dois países totalmente diferentes. Lá me sinto muito bem. Tudo é organizado. As pessoas são responsáveis, existe um comprometimento com as coisas. Além disso, no quesito da segurança, a Alemanha é fora de série. Já a culinária alemã não gosto muito. Em Munique, quando saio para jantar, vou muito a restaurantes italianos. Ouvi dizer que a cerveja alemã é muito boa, mas como não bebo não tenho como saber (risos). O Bayern de Munique chegou à final da Liga dos Campeões 2011/2012, mas perdeu a decisão para o Chelsea. Como você vê a atuação do Bayern nesta Champions? Fica a decepção de ter perdido em casa, para um adversário teoricamente mais fraco, depois de ter derrotado o Real Madrid nas semifinais? < Temos que ficar felizes com a campanha que fizemos, e por termos tido a oportunidade de disputar a final em casa. Infelizmente não fomos campeões, mas alcançamos um objetivo. Do meu ponto de vista, foi um ano muito positivo. Perdemos a decisão da Champions para um adversário que conseguiu aplicar muito bem seu plano de jogo, que era defender o tempo todo. Saímos de cabeça erguida. Agora é pensar no próximo ano. Em sua opinião, qual é o melhor time do mundo? < O Barcelona é o melhor. Já os enfrentamos, e vimos a dificuldade que é. Mesmo que tenha caído um pouco de produção na última temporada, o Barça ainda é o time a ser batido. Você acha que Lionel Messi é mesmo o melhor jogador do mundo? < Sem dúvida. É um jogador diferenciado. Não tem o que falar. Ele o melhor, com méritos. O Bayern de Munique também tem alguns jogadores fora de série, como o artilheiro Mario

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Entrevista

BAYERN DE MUNIQUE “O GRUPO É BOM, COM JOGADORES DE QUALIDADE. E A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO CLUBE É EXCELENTE. PRETENDO FICAR O MÁXIMO QUE EU PUDER” Gomez e o francês Franck Ribéry. Sem falar do holandês Arjen Robben. Como é seu relacionamento com eles? O ambiente no clube é bom? < Tenho um bom relacionamento com todo mundo, mas me dou muito bem com Ribéry e Rafinha, e também com Mario Gomez. A gente passa bastante tempo junto. O ambiente no clube é ótimo. Claro que cada um tem suas vaidades, mas temos um grupo unido. Luiz Gustavo, o que realmente aconteceu entre Ribéry e Robben no intervalo da partida contra o Real Madrid pela Liga dos Campeões? Dizem que os dois brigaram, e que Robben saiu com um olho roxo. < É verdade que Ribéry e Robben não são os melhores amigos do mundo. Rolou um empurra-empurra no vestiário, foi um pouco tenso, mas nada de mais. Não chegou a ter troca de socos, como falaram. Ribéry é conhecido por ‘aprontar’ com os colegas e fazer brincadeiras como encher o porta-malas do carro de um companheiro de areia, ou jogar baldes de água gelada nas pessoas. Ele já tentou uma dessas com você? < Ribéry é muito brincalhão, ele gosta mesmo de fazer esse tipo de coisas. Comigo ainda não aconteceu, mas ele é abusado, não pode dar corda para ele (risos). No Bayern, você trabalhou com o holandês Louis van Gaal, conhecido por seus atritos com jogadores brasileiros, como Lúcio e Rivaldo. Como foi seu relacionamento com ele? < Comigo foi tudo bem. Realmente não tenho nada negativo a dizer sobre ele. É um grande treinador, fora de série. Só tenho que elogiar o trabalho dele. O que mudou com a chegada do técnico atual, Jupp Heynckes? < São dois estilos bem diferentes. Van Gaal é uma pessoa mais difícil de lidar fora de campo. Já Heynckes é mais acessível. Mas dentro de campo, cada um tem seu método de trabalhar. E na Seleção? Você foi bem recebido? < Você sabe o que dizem: a primeira vez é sempre inesquecível (risos). Fui bem recebido, com muito respeito. É um grupo novo, cada um está buscando seu espaço, então não há problemas de vaidade. Como você avalia o trabalho de Mano Menezes na Seleção Brasileira? Depois de sofrer várias

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derrotas contra grandes seleções (Argentina, França), ele conseguiu emplacar vitórias importantes, inclusive contra a Argentina. No entanto, voltou a decepcionar recentemente ao perder contra o México e a Argentina nos EUA. Você acha que ele está no caminho certo? < Montar uma seleção é um trabalho difícil, ainda mais uma seleção brasileira. Na verdade, os últimos resultados não foram tão ruins. Não se pode esquecer que Mano Menezes está armando o time para as Olimpíadas, ou seja, com apenas três jogadores de experiência. A garotada foi muito bem no último jogo contra a seleção principal da Argentina. Jogou de igual para igual com Messi e todos os titulares. Apesar da derrota (4-3), foi um ótimo resultado. Mano está no caminho certo sim. O foco agora é a Olimpíada, então o trabalho dele é coerente. O que você acha do Neymar? Ele tem potencial para se tornar o melhor do mundo? < Neymar tem muitas qualidades. No Brasil ele já é o melhor. Agora, para ser o melhor do mundo, ele tem que dar um passo à frente, e isso só vai acontecer quando ele for para a Europa. Não é nem porque o futebol europeu é melhor que o brasileiro, é porque a Fifa só olha para os times de lá. Como você avalia a decisão dele de permanecer no Santos, apesar das propostas milionárias recebidas da Europa? < Foi uma boa decisão. O Brasil está passando por um bom momento, inclusive do ponto de vista econômico. Mas todo jogador tem o sonho de jogar em um time grande da Europa, e com ele não deve ser diferente. E você? Está feliz no Bayern? < Sem dúvida. O grupo é bom, com jogadores de qualidade. E a situação financeira do clube é excelente. Gosto muito de jogar aqui [no Bayern de Munique]. Pretendo ficar o máximo que eu puder. Quem você considera o melhor do mundo na sua posição? < Um jogador que gosto muito é o Zé Roberto (que joga hoje no Grêmio). Ele não joga exatamente na minha posição, pois atua como segundo volante, mas sempre admirei muito a forma como ele joga. Para encerrar, o que costuma fazer nas horas vagas? < Quando estou em Pinda, gosto de convidar amigos para fazer churrasco e jogar bola. Também disputo algumas partidas beneficentes. •

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Vale, Brasil & o Mundo BÓSON DE HIGGS

Cientistas anunciam ao mundo descoberta da ‘partícula de Deus’

O Centro Europeu de Física de Partículas anunciou a descoberta de uma partícula consistente com o “Bosón de Higgs”, a chamada “partícula de Deus”, que daria massa ao resto das partículas e o que, nesta lógica, teria permitido a formação do Universo e de tudo que existe nele. Há anos, pesquisadores trabalham no Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas que existe, procurando pelo bóson. Tal êxito só foi possível com um enorme esforço e trabalho conjunto de milhares de pesquisadores, físicos, engenheiros e técnicos. Por conta de sua importância nos blocos de construção básicos do universo, o bóson recebeu o apelido de “partícula de Deus”. Apesar de muita gente achar que o bóson de Higgs é um caso certo, ainda é preciso ter cautela. Supondo que tenham, de fato, descoberto o Higgs, se tem em mãos um quebra-cabeça muito mais completo rumo a uma compreensão das partículas elementares e suas propriedades. A existência da ‘partícula de Deus’ era defendida desde 1964 pelo cientista britânico Peter Higgs, hoje com 83 anos (na foto). “É muito agradável ter razão de vez em quando (...) foi uma longa espera”, admitiu Higgs, que já é considerado favorito para vencer o Prêmio Nobel. “Não sei. Não tenho amigos no Comitê Nobel”, comentou.

Frases ”Só Deus pode me julgar” Da americana Elizabeth Escalona, que espancou e depois colou as mãos da sua filha de dois anos numa parede porque a criança não sabe usar o banheiro. A menina ficou dois dias em coma

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”Eu fiz bem para ele, e ele foi bom para mim” De Chael Sonnen, que foi derrotado pelo elo brasileiro Anderson n Silva pelo UFC 148

ESTUDO

Antártica deve ter mais proteção Estudo realizado por pesquisadores internacionais aponta que é necessário reforçar a gestão ambiental da Antártica e proteger melhor o último grande lugar “deserto” do planeta das atividades humanas. O reforço na proteção é necessário para combater ameaças como o degelo, aumento do turismo, pesca, poluição e invasão de espécies rasteiras, além de uma potencial exploração de petróleo e gás natural nas áreas ao redor. O estudo, que teve a participação da Universidade Texas A&M, afirma ainda que o sistema do Tratado da Antártica, conjunto de acordos internacionais para proteção do continente que

reúne 50 países, está sob pressão por conta da mudança do clima e dos interesses de governos por recursos naturais. A Antártica tem 90% da água doce do mundo em estado sólido e é considerado um dos locais fundamentais para pesquisas que ajudarão a compreender como o ser humano pode vencer os desafios existentes hoje na Terra. O estudo ressalta a importância que a Antártica terá se as calotas polares continuarem a derreter. Com o aquecimento, o nível do mar nesta parte da costa atlântica poderá aumentar, até 2100, 30 centímetros mais que o aumento de 1 metro em nível mundial calculado pelas projeções científicas.

”Estou me espelhando em Getúlio Vargas. Quero seguir a mesma trajetória dele, mas com uma diferença: não vou me suicidar no final” Da cantora Rosanah, candidata a vereadora pelo PCdoB no RJ

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Domingo 5 Agosto de 2012

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SOB SUSPEITA

MP investiga os contratos do Inpe

CASO SAMUDIO

AMAZÔNIA

Bruno e Macarrão teriam um caso, diz advogado

Desmate provocará até 90% de extinção

A carta que o goleiro Bruno Souza escreveu para Luiz Henrique Romão, o Macarrão, mostraria, na verdade, um relacionamento homossexual entre os dois. É o que sustenta o advogado do goleiro, Rui Pimenta, contrariando o que foi publicado na revista Veja, que sustentou que, na correspondência, Bruno pediria para o amigo assumir o assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do jogador desaparecida desde junho de 2010. Na carta, Bruno diz a Macarrão que, depois de conversar com os advogados, eles chegaram à conclusão de que “a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B”. De acordo com a Veja, o plano A seria negar o crime e o B, Macarrão assumir a culpa para livrar o goleiro da prisão. “Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças. Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, escreveu o ex-jogador. “Naturalmente, pela masculinidade dele, um gladiador, entendo que o relacionamento entre eles existia. Eu levo a carta para esse lado, ele queria terminar essa relação”, disse Pimenta. “É um claro caso de amor”, concluiu o advogado.

Até 2050, podem ocorrer de 80% a 90% das extinções de espécies de mamíferos, aves e anfíbios nas áreas onde já foi perdida a vegetação na Amazônia. A boa notícia é que existe tempo para agir e evitar o desaparecimento. Um trio de pesquisadores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos considerou as taxas de desmate na região de 1978 a 2008 e levou em conta a relação entre espécies e área –se o hábitat diminui, é de se esperar que o total de espécies que ali vivem diminua. Acontece que os animais têm mobilidade, podem migrar para locais vizinhos ao degradado. Lá vão tentar sobreviver, competindo por recursos com animais que já estavam no local, de modo que o desaparecimento não é imediato, podendo levar décadas para se concretizar.

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O Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual deram início a uma investigação preliminar para apurar suspeitas de irregularidades em contratos firmados entre o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a Funcate (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais), em São José dos Campos. O MPF apura suposto ‘caixa 2’ (não contabilização em sistemas do governo de verbas geradas pelo uso de equipamentos e instalações públicas) e o pagamento indevido de mão-de-obra com verbas públicas. Já o MPE instaurou um procedimento administrativo para investigar suposta concessão ilegal de bolsas a servidores do Inpe. As investigações tiveram início depois de veiculadas reportagens na imprensa. Tanto a Funcate quanto o Inpe negam as supostas irregularidades. CAMINHÕES

Taubaté quer ‘mini-cidade’ A Prefeitura de Taubaté planeja doar uma área de 773 mil metros quadrados à empresa Júlio Simões Logística para a instalação de uma ‘mini-cidade do caminhoneiro’, no distrito do Piracangaguá. No terreno, a Júlio Simões pretende instalar um centro de armazenagem e distribuição de mercadorias, um ‘truck center’, restaurante, pousada e comércio. O investimento é de R$ 280 milhões e a expectativa é de que sejam gerados 450 empregos diretos e 1.800 indiretos. Se a doação de área for aprovada na Câmara, a empresa terá até dois anos para começar a operar. A firma deve manter suas atividades no local por ao menos dez anos, sob pena de perder a gleba.

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RANKING

10

MENOS CORRUPTOS 1o Nova Zelândia 2o Dinamarca 2o Finlândia 4o Suécia 5o Cingapura 6o Noruega 7o Holanda 8o Austrália 9o Suíça 10o Canadá RANKING

10

MAISCORRUPTOS

RANKING

AMÉRICA DO SUL

172o Venezuela 175o Haiti 175o Iraque 177o Sudão 177o Turcomenistão 177o Uzbequistão 180o Afeganistão 180o Birmânia 182o Coreia do Norte 182o Somália

22o Chile 25o Uruguai 73o Brasil 80o Peru 80o Colômbia 100o Argentina 118o Bolívia 120o Equador 134o Guiana 154o Paraguai

Mundo IMPUNIDADE

Corrupção endêmica Brasil é 73º país mais corrupto do planeta, atrás da Arábia Saudita e Ruanda, no ranking da ONG Transparência Internacional; Nova Zelândia é nação mais honesta

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Domingo 5 Agosto de 2012

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MENOS CORRUPTOS 9.0 - 10 8.0 - 8.9 7.0 - 7.9 6.0 - 6.9 5.0 - 5.9 4.0 - 4.9 3.0 - 3.9 2.0 - 2.9 1.0 - 1.9 0 - 0.9 sem dados MAIS CORRUPTOS

Yann Walter São José dos Campos

na contramão da Europa e dos Estados Unidos, o Brasil continuou a crescer durante a crise financeira mundial de 2008 e 2009. No fim do ano passado, o país se tornou a sexta maior economia do planeta, superando o Reino Unido e ficando atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França. No entanto, a sociedade brasileira não se beneficia desta conjuntura favorável da forma como deveria: é corroída há décadas por um câncer que se espalha por toda a pirâmide do

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poder, da base ao topo. Hoje, o Brasil é o 73º país mais corrupto do mundo, de acordo com um ranking elaborado anualmente pela ONG Transparência Internacional. Para o levantamento atual, referente a 2011 e que abrange 183 nações, foram entrevistados especialistas e executivos que avaliaram como percebem a presença da corrupção nas instituições públicas de seus países respectivos. A organização classifica os países por meio de uma escala de notação de 0 a 10, sendo zero o nível máximo de corrupção. O Brasil obteve a nota de 3,8. Embora seja 0,1 ponto superior à nota verificada no ranking de 2010, a pontuação coloca o país atrás de nações como Gana (68º), Cuba (61ª), Namíbia (57ª), Arábia Saudita (57ª) ou Ruanda

(49º). E mesmo com a nota melhor, o Brasil caiu quatro posições em relação à classificação do ano anterior. Para Guilherme Caldas Von Haehling, diretor executivo da Amarribo Brasil, a ONG de combate à corrupção que é o contato da Transparência Internacional no país, a principal causa da corrupção no Brasil cabe em uma única palavra: impunidade. “A impunidade é o primeiro, o segundo e o terceiro motivo da existência da corrupção. Podemos citar também a inoperância do Legislativo –basta verificar nas câmaras quantas ações de fiscalização foram levadas a cabo nos últimos tempos, a morosidade do Judiciário e a memória curta do povo brasileiro, que esquece os desmandos e elege maus elementos”, enumerou.

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Mundo Fotos: divulgação

NOVA ZELÂNDIA Wellington, a capital do país menos corrupto

De acordo com a Transparência Internacional, as dez nações mais honestas do mundo são, nesta ordem, Nova Zelândia (nota 9,5), Dinamarca e Finlândia (9,4), Suécia (9,3), Cingapura (9,2), Noruega (9), Holanda (8,9), Austrália e Suíça (8,8) e Canadá (8,7). Assim, a Oceania, que emplacou seus dois maiores representantes no Top 10, pode ser considerada o continente menos corrupto do planeta. A Europa é representada por seis países, sendo quatro da Escandinávia. Ásia (Cingapura) e América (Canadá) também marcam presença. Surpresas O levantamento traz algumas surpresas. Os Estados Unidos ocupam apenas o 24º lugar, ficando atrás do Chile, ainda o primeiro país latino-americano da lista, que aparece na 22ª posição com pontuação de 7,2. A segunda nação mais honesta da América Latina é o Uruguai (25º). Vendo o ranking de baixo para cima, o país mais corrupto da América do Sul é a Venezuela (172ª com nota de 1,9), seguida por Paraguai (154º), Equador (120º), Bolívia (118ª), Argentina (100ª), Colômbia e Peru (80ª). A terra de Hugo Chávez fecha o Top 10 mundial da corrupção, ficando atrás de Haiti, Iraque, Sudão, Turcomenistão, Uzbequistão, Afeganistão, Birmânia, Coreia do Norte e Somália, os dois países mais corruptos do planeta, com nota 1 no ranking 2011 da Transparência Internacional.

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SOMÁLIA Um dos países mais pobres, também é o mais corrupto

De acordo com a organização, a maioria das nações latino-americanas tem o governo como principal ator político, o que faz com que não haja balanço de poder. O diretor da ONG para as Américas, Alejandro Salas, disse ano passado que no Brasil coexistem vários mundos diferentes, com setores muito abertos inseridos no sistema global que seguem as regras estabelecidas e outros, em âmbitos regionais, baseados em práticas e estruturas de poder antiquadas como compra de votos e nepotismo. Ainda assim, segundo Haehling, a situação no país é melhor do que na maioria das nações latino-americanas. “A liberdade de imprensa e a atuação da sociedade civil fazem a diferença. A corrupção é maior nos outros países da região, seja pro problemas políticos, como na Venezuela; seja pela desorganização, como no Paraguai. Mas em termos gerais, o continente mais corrupto do planeta ainda é a África”, explicou.

Integram o ranking das nações mais honestas Nova Zelândia, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Cingapura, Noruega, Holanda, Austrália, Suíça e Canadá

Barômetro Em um documento intitulado ‘Barômetro Mundial da Corrupção’, a ONG Transparência Internacional compilou as avaliações dos entrevistados referentes a uma dezena de setores ou instituições chaves em seus países, como os partidos políticos, a administração pública, a Justiça, a polícia, a imprensa, o Exército, o Legislativo, o setor privado e as organizações religiosas. A primeira observação que se pode fazer sobre o relatório é que a corrupção nos partidos políticos não é uma especificidade brasileira: para quase 80% dos sondados, eles são ‘corruptos’ ou ‘extremamente corruptos’. Vêm depois, nesta ordem, a administração (62%), o Legislativo (60%), a polícia (58%), o setor privado (51%), as organizações religiosas (50%), a Justiça (43%), a imprensa (40%), o sistema educacional (38%), as ONGs (30%) e o Exército (30%). Com exceção da Justiça, da imprensa e do Exército, todos os outros setores viram seus percentuais respectivos aumentarem entre 2004 e 2010. A maior alta foi registrada na avaliação das organizações religiosas, que tinham sido consideradas ‘corruptas’ ou ‘extremamente corruptas’ por 28% das pessoas entrevistadas em 2004. A publicação traz, ainda, dados específicos sobre o Brasil. Segundo a Transparência Internacional, somente 4% dos brasileiros sondados admitiram ter pagado algum tipo de propina em 2010 –para efeitos de compa-

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Mundo Divulgação/ABr

BRASIL Marcha do movimento “Brasil Contra a Corrupção” realizada em abril, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF)

ração, este número é superior a 50% em países como Afeganistão, Índia, Iraque, Libéria, Malásia ou Serra Leoa. Além disso, 54% dos entrevistados qualificaram de ineficientes os esforços do governo para combater a corrupção, contra 26% que aprovaram a luta das autoridades. Cabe frisar que o estudo foi publicado antes da ‘faxina’ realizada pela presidente Dilma Rousseff no ano passado, quando sete ministros foram afastados sob suspeita de corrupção. “A faxina foi um sinal muito positivo, assim como são a aprovação de lei de acesso à informação e o julgamento da validade da lei da Ficha Limpa. Acreditamos que a mudança do governo Lula para o governo Dilma vai elevar a posição do Brasil no ranking da Transparência Internacional. Os efeitos não serão imediatos, mas certamente vão aparecer”, disse Guilherme Haehling. Esforços De fato, segundo o estudo da ONG, 64% das pessoas sondadas no Brasil consideraram que o governo tem se esforçado mais nos últimos anos para lutar contra a corrupção, contra apenas 9% que disseram que os esforços neste sentido diminuíram. Já as instituições vistas como mais corruptas no país seguem mais ou menos o padrão mundial: partidos políticos e Poder Legislativo (nota 4,1 em uma escala de corrupção de cinco níveis), polícia (3,8), Justiça (3,2), administração pública e servidores (3,1), setor

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privado (3), imprensa (2,7), ONGs e organizações religiosas (2,5), e Exército (2,4). “A corrupção está em todos os setores da administração pública, mas em termos de quantidade de dinheiro desviado quem ganha é o Executivo, simplesmente pelo fato de administrar os maiores volumes financeiros”, lembrou Haehling. Os dados globais mostram que a polícia é a instituição que recebe a maioria das propinas. De acordo com a Transparência Internacional, 31% das pessoas que estiveram em contato com policiais afirmaram terem sido coagidos para ‘colaborar’. Os serviços de estado civil e a Justiça seguem com, respectivamente, 22% e 16%. Analisando somente os dados da América Latina, a situação é um pouco diferente: a Justiça lidera com 23%, seguida pela polícia (19%) e pelos serviços alfandegários (17%). Sobre a Justiça, um dado relevado pela Transpa-

Venezuela, Haiti, Iraque, Sudão, Turcomenistão, Uzbequistão, Afeganistão, Birmânia, Coreia do Norte e Somália são os países mais corruptos do mundo

rência Internacional é preocupante: o Brasil ocupa apenas o 71º lugar (de um total de 142 países avaliados) no quesito independência do Poder Judiciário. Motivos Quando questionados sobre os motivos que os levam a pagar propina em 2010, 44% das pessoas entrevistadas pela ONG na América Latina disseram que foi para “acelerar o processo”, e 34% citaram como razão “receber um serviço ao qual eu já tinha direito”. Circunstâncias especiais, como a realização de grandes eventos, também podem favorecer a corrupção. No caso do Brasil, a organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 –e as subsequentes licitações para obras– é um ambiente propício para todo tipo de malversações financeiras. “Infelizmente, a probabilidade existe. Mas estamos atentos. Estamos fazendo o possível para fiscalizar as obras em todos os estados brasileiros”, afirmou o representante da Amarribo Brasil. De um modo geral, porém, Haehling se diz otimista quanto à possibilidade de o Brasil entrar algum dia no ‘Top 50’ do ranking da Transparência Internacional ou, quem sabe, até ir além. “O Brasil não é um caso perdido. Nosso povo em geral é muito honesto. Mas acontece que somos muito mal representados por políticos inescrupulosos. Precisamos tomar mais cuidado na hora de votar”, finalizou. •

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Ensaio fotográfico

Flávio Pereira fotógrafo

São José em miniaturas Desfoque extremo, ilusão de ótica e sensação de que tudo parece um brinquedo ou uma maquete. O tilt-shift é um efeito de lentes que cria essa cidade em miniaturas captada pelo editor de fotografia da revista valeparaibano em homenagem ao aniversário de 245 anos de São José dos Campos

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BONECOS O corredor central do Parque Vicentina Aranha e seus ‘visitantes de brinquedo’

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Ensaio

RURAL O rio Buquira, no bairro do Taquari, ganha a dimensão de uma maquete

BANHADO Ônibus na região central de São José poderiam ser o passatempo de uma criança

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Domingo 5 Dezembro de 2010

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PRÉDIOS O efeito esconde o tamanho de uma cidade que só cresce

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Ensaio

AQUÁRIO As crianças se divertem com os peixes no Parque Santos Dumont, no centro da cidade

AUTORAMA O carro cruza a avenida com o bairro Jardim Aquarius ao fundo na região oeste

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TREM Até a ferrovia que corta São José ganha a dimensão de um trenzinho

CARTÃO O cartão- postal mais fotografado da cidade fica diferente sob o olhar do fotógrafo

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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

O caráter do povo brasileiro é o maior patrimônio contra a usura

A

ssisti a entrevista do grande sociólogo brasileiro Francisco de Oliveira no programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo e senti o mesmo orgulho quando ouço o Hino Nacional, quando algum brasileiro consegue realizar um ato que nos enche de orgulho, por enquanto somente nos esportes. Um grande brasileiro que em seus oitenta e poucos anos de idade emudeceu os jornalistas escolhidos para entrevistá-lo de forma constrangedora. Foi um silencio que faria jus ao título: “sepulcral”. Este silêncio ocorreu quando um dos entrevistadores insistiu para que o sociólogo revelasse qual o segredo que ele dizia ter sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o professor Chico respondeu: “A falta de caráter do ex-presidente!”. O que mais me surpreendeu não foi a revelação de falta de caráter de Lula, que juntamente com Chico de Oliveira e outras inteligências brasileiras fundaram o PT, partido do qual o emérito sociólogo, professor de sociologia da USP, se desligou rapidamente, antes mesmo do ex-presidente ser eleito, mas o silêncio da imprensa. Quando os jornalistas emudecem é como os animais na floresta param de fazer seus ruídos característicos, é sinal de que alguma coisa perigosa ronda. Fiquei me perguntando: “por que a imprensa brasileira, assim como o povo brasileiro, se emudece?”

Porque tem medo! Medo da verdade. Poucos jornalistas têm a coragem de se manifestar. É claro que todo ser humano não quer sair de sua área de conforto. E isto me faz remeter à história do Brasil. Fomos descobertos em 1500 pelos portugueses. Naquela época, em Portugal, Itália, França, Inglaterra, Holanda, e outros que detinham o poder de navegar distâncias d’antes nunca navegadas, sobre a máscara de descobridores, escondiam os piratas que saqueavam as riquezas dos países colonizados, deixando a triste herança da usura. Isto é, mandavam para a cadeia os pais de família que não conseguiam pagar aluguéis, empréstimos com juros extorsivos. Este é o caráter que infelizmente o Brasil recebeu de herança de Portugal. Em Portugal, por exemplo, surgiu um franciscano (discípulo de Francisco de Assis, italiano) que se insurgiu contra a riqueza da própria família e optou pelos menos favorecidos, os pobres, os deserdados. Antonio de Pádua chegou a conclamar seus amigos e colegas franciscanos a trabalharem como operários ou trabalhadores, para com seus salários pagar a fiança para soltar os pais de família prisioneiros pelos usurários (aqueles que só vivem de juros, sem ter de trabalhar).

Os navegantes italianos piratearam a China e usurparam a criação do macarrão, do espaguete; os ingleses subjugaram a Índia durante séculos para lhes fornecer sal, isto mesmo, sal, até que Mahatma Gandhi, ensinou seu povo a extrair sal do Oceano Índico. A África foi surrupiada por toda a Europa sem nenhum escrúpulo, fato que se mantém até hoje com o contrabando de pedras preciosas. Hoje, vemos que estes países que citei acima, como Brasil, Rússia, Índia, China, Coréia, África do Sul, são denominados de BRICs, ou seja, países que foram extorquidos de suas riquezas pelos chamados países ricos e de primeiro mundo. Além das riquezas naturais, somos um bloco rico de fé, de povos que têm caráter digno e de respeito, salvo por políticos extremistas de esquerda ou de direita que somente levam ao sofrimento. O caráter dos políticos brasileiros é importado dos países que colonizaram o Brasil. Já o caráter do povo brasileiro é cristão, seja ele católico ou evangélico, pois cultua o mesmo líder: Jesus Cristo. Agora, comparar o caráter brasileiro de forma redutiva com o caráter do político brasileiro, a distância criada é o Bóson de Higgs, a ‘partícula de Deus’. •

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

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Turismo Fotos: Reg inaldo Pu po/Agênc ia Facto

R$ 24) ( o rã a m a c e d e h • Cevic

• Camarão

cambotian (R$ 32)

Ilhabela: festival do camarão Isabela Rosemback Ilhabela

S

e o inverno parece não combinar muito com praia, a estação favorece, e muito, programas gastronômicos –o que torna o convite para degustar novos sabores no Litoral Norte uma opção sedutora para quem busca fugir da rotina no mês de agosto. Nesse embalo, Ilhabela e Caraguatatuba renovam o cardápio de seus restaurantes nos próximos dias e estimulam o turismo para os dois destinos com as edições

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DESTAQUE

TAGLIATELLE SAN VITO Tagliatelle, feijão branco, camarão, alecrim e azeite. Restaurante Capitano

deste ano de seus festivais gastronômicos. Na charmosa ilha do Litoral Norte, o 17º Festival do Camarão recebe os turistas com suas inovações culinárias, protagonizadas pelo crustáceo, entre os dias 17 de agosto e 16 de setembro. Serão cerca de 30 restaurantes com ofertas de pratos elaborados exclusivamente para a data, embora possam ser incorporados futuramente aos cardápios locais. E a famosa paella preparada ao vivo para o público repete seu sucesso nesta edição. Da agitada costa sul à menos badalada –porém não menos agradável– costa norte, quiosques e restaurantes oferecem diversidade de receitas com o ingrediente, em diferentes

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PARAÍSO Vista aérea da praia de Castelhanos, na costa leste de Ilhabela acto

níveis de sofisticação. Na Vila, o Boteco do Camarão é uma boa pedida para quem quer tomar uma cervejinha acompanhada de porções, aperitivos e outros “beliscos” temáticos e saborosos em clima de passeio. “São barracas de restaurantes participantes que são montadas, ali, aos finais de semana. Podem vender até coxinha de camarão. É nesse espaço que preparamos a famosa paella, ensinando o passo-a-passo da receita para então vendermos porções a preço acessível”, afirma Mario Sergio Gonçaves Perrechil, secretário da Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela. As atividades do Boteco acontecem nos finais de semana do dia 17 e

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NÚMERO

30 RESTAURANTES Elaboraram pratos exclusivos para a 17ª edição do Festival do Camarão, que será realizado entre os dias 17 de agosto e 16 de setembro, em Ilhabela

do dia 24, de sexta a domingo, a partir das 19h. Nesse espaço, também estarão expostas obras de artistas plásticos da cidade. “Serão mais de 20 trabalhos, dois por autor, que abordam o tema caiçara. Essas peças foram criadas exclusivamente para o festival e estarão à venda”, explica Simone de Lucca, secretária de Cultura de Ilhabela. E engana-se quem pensa que em quiosques à beira-mar as opções são restritas a porções fritas. Na praia da Armação, por exemplo, camarões brancos acompanham um ceviche preparado aos moldes peruanos no quiosque Salga. “Meu filho é o nosso chef e fez especialização no Peru”, conta a pro-

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Turismo

PRAIA DA FOME CORTADA POR DOIS RIACHOS, É MAIS FREQUENTADA PELOS ESPORTISTAS prietária Cecilia Monteiro, que comemora a temporada passada. “Se o tempo estiver bom, aí é que as pessoas vêm mesmo”. De acordo com a associação comecial, a queda no movimento de turistas da alta para a baixa temporada, em Ilhabela, chega a 70% depois do feriado de Páscoa. A semana da vela, realizada em julho, ajudaria a recuperar 30% desse público perdido. “Com o festival, queremos aumentar em 40% o movimento na cidade entre agosto e setembro”, afirma Leopoldo Pedalini Neto, presidente da entidade que é a organizadora do evento gastronômico. Entre o total de 150 hotéis e pousadas dos mais simples aos mais luxuosos, na ilha, a estimativa é que 6.000 leitos são disponibilizados para os visitantes, que contam com uma maioria de empreendimentos de médio

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porte. Na baixa temporada, o valor médio da diária local é de R$ 200. O gasto aproximado de um casal durante um final de semana foi calculado por Neto em R$ 700. Para tornar o passeio ainda mais agradável, passeios de escuna, trilhas e outras atividades oferecidas na cidade, também conhecida como Capital da Vela, aproximam o turista da natureza. Em 348 quilômetros quadrados de extensão, a cidade é formada por 42 praias e tem vasta área de Mata Atlântica, protegida em grande maioria pelo Parque Estadual, ainda com cerca de 300 cachoeiras. Na costa leste, Castelhanos e Bonete são praias para quem busca um pouco mais de aventura durante a estadia no refúgio litorâneo. Na oeste, o requinte toma conta do passeio.

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CAPITAL DA VELA CHARMOSO ARQUIPÉLAGO SEDIA OS CAMPEONATOS INTERNACIONAIS

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7ÂŞ edição do ‘CaraguĂĄ a Gosto’ começa no dia 3 No prĂłximo dia 3, o 7Âş CaraguĂĄ a Gosto dĂĄ inĂ­cio Ă sua diversificada cartela de pratos elaborados para o evento, que reĂşne 34 restaurantes participantes. Para os turistas, as vantagens de preços mais acessĂ­veis estendem-se da proposta dos restaurantes Ă rede hoteleira –em baixa temporada, as diĂĄrias de hotĂŠis e pousadas tĂŞm valores reduzidos. Com um ou dois pratos promocionais, os 34 restaurantes participam do CaraguĂĄ a Gosto em atĂŠ duas categorias das quatro estabelecidas pelo evento: Ă la carte, pizzaria, quiosque e bar. É importante lembrar que as receitas nĂŁo se restringem a pratos feitos de peixes ou frutos-do-mar, embora estes sejam maioria entre as opçþes. â€œĂ‰ um festival que nĂŁo movimenta a cidade apenas com turistas, mas que tambĂŠm estimula os moradores a

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provarem os pratos. Eles chegam a fazer um roteirinho de restaurantes para ir. As casas dizem que sentem um aumento de 35% a 40% no faturamento nesse perĂ­odoâ€?, aďŹ rma Rinaldo Madrigano Artero, secretĂĄrio adjunto de Turismo do municĂ­pio. A novidade deste ano ĂŠ que o CaraguĂĄ a Gosto vai se estender por mais uma semana, aproveitando o feriado da IndependĂŞncia, para poder divulgar o festival para mais pessoas –bom para quem vai descer a serra nos dias de folga. O encerramento estĂĄ marcado para o dia 9 de setembro. O tĂ­quete mĂŠdio que deve ser gasto por dia, nesta temporada, ĂŠ estimado por Antero em R$ 250 por turista –valor que considera alimentação e hospedagem por pessoa. A diĂĄria mĂŠdia em hotĂŠis e pousadas da cidade gira em torno de R$ 100, o correspondente a 50% do cobrado na alta temporada. Ao todo, a cidade disponibiliza 5.722 leitos. •

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Hi-Tech

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LANÇAMENTO

Pegue e use Nissan Leaf não vai muito longe, mas te leva quase de graça sem causar danos ao meio ambiente

a • ggasto de energi • Câmera de ré gação • Sisteema de nave

Hernane Lélis São Paulo

Q

uem senta no banco revestido com material produzido com garrafas PET logo fica impressionado com o conforto. Ao ligar o carro apertando um botão, luzes se acendem no ilustrado painel indicando que o veículo está pronto para rodar. Sem qualquer trepidação ou ruído, o Leaf responde à primeira acelerada com a leveza de uma folha, quebrando todos os receios que poderiam existir sobre o primeiro carro movido à eletricidade fabricado em série no mundo. Mesmo oferecendo

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autonomia limitada, o hatch médio da Nissan compensa pelo bom desempenho e baixo custo que oferece a você e ao meio ambiente. Rodar 160 quilômetros é o máximo que o conjunto de baterias de lítio consegue de autonomia no Leaf. O preço para uma recarga feita na sua casa, segundo o fabricante, não ultrapassa R$ 5,50. Para percorrer a mesma distância em um veículo a álcool, com consumo de 16 litros de combustível a R$ 1,80 por litro, custaria R$ 28,80 a seu bolso. O motor elétrico produz o equivalente a 110 cv, indo de 0 a 100 km/h em cerca de 10 segundos. Sua pilotagem é muito parecida com a de um Versa, porém o Leaf passa a sensação de que ganha velocidade mais rapidamente. O interior do carro atende ao projeto fu-

turista da tecnologia. O painel é projetado ao redor de uma tela de navegação sensível ao toque. Um captador solar sobre a tampa do porta-malas fornece energia para alguns componentes, como o rádio, ar-condicionado e outras amenidades. No console central, um botão deslizante faz o papel de câmbio. O motor é ligado diretamente às rodas, já que para aumentar a velocidade basta que ele libere mais potência. Para colocar o carro em ré, a polaridade é invertida. No modo drive existe a opção Eco, que garante maior economia de combustível. A montadora tem na questão ecológica seu principal apelo comercial. O carro deixa de emitir substâncias como monóxido de carbono, dióxido de carbono –considerado o

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CARREGADOR Carro pode ser recarregado em tomadas comuns de 110 V e 220 V ou em postos de carga rápida de 440 V

2010

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PRODUÇÃO

CÂMBIO

Atualmente é fabricado em Oppama, no Japão, mas terá produção também no Tennessee, nos Estados Unidos

Além do design, o modo Eco é o grande diferencial. Ajuda a melhorar a autonomia em áreas urbanas

FICHA TÉCNICA Nissan Leaf MOTOR: CA síncrono de grande resposta. Torque de 28,5 kgfm, proporcionando aceleração suave e consistente DESEMPENHO: Autonomia de 160 km, capaz de se recarregar completamente em 8 horas, em uma tomada de 220 volts, ou ainda de ter 80% de carga em apenas 30 minutos, utilizando um carregador de 400 volts PESO: 1.600 kg DIMENSÕES: 4,45 metros de comprimento, 1,77 metros de largura e 1,55 metro de altura RODAS: Dianteiras e traseiras em aro 16” de liga-leve PNEUS: Dianteiros e traseiros 205/55 R16 PORTA MALAS: 330 litros principal causador do aquecimento global– e óxido de nitrogênio, que provoca chuva ácida. “É um veículo muito bom em todos os sentidos, o problema é que o Brasil ainda precisa oferecer estrutura para recebê-lo. Precisamos de incentivos do governo” disse Claudinei Soeiro, representante da marca. O Leaf já roda nos Estados Unidos, em alguns países da Europa e, claro, no Japão. Para recarregar a bateria do Leaf é necessário que o condutor espere 16 horas em uma tomada de 110 volts –dobrando a voltagem o tempo cai pela metade. Para muitas pessoas seria a mesma quantidade de horas que o veículo fica parado na garagem do trabalho ou da residência. Alterações na rotina podem ser contornadas por uma carga rápida

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de 400 volts, o suficiente para repor 80% da autonomia em 30 minutos. O pacote de bateria íon de lítio avançado tem uma garantia de oito anos ou 160 mil quilômetros. Valores Se fosse importado para o Brasil hoje, estima-se que o Leaf custaria R$ 160 mil. Um valor proibitivo, uma vez que nos Estados Unidos ele pode, dependendo do Estado, custar até US$ 36 mil –sem os incentivos do governo. O maior concorrente do veículo elétrico, segundo apontam alguns especialistas, seria o próprio governo brasileiro, que controla a Petrobras e possui motivos financeiros para evitar que a gasolina seja substituída no tanque de seu automóvel por eletricidade. •

SEGURANÇA: Seis airbags, sistema de freios ABS nas quatro rodas, sistema VDC e Sistema de Controle de Tração (TCS). SUSPENSÃO: Dianteira independente, tipo McPherson e traseira dependente, tipo eixo de torção INOVAÇÃO: É possível ligar o ar-condicionado por celular com acesso à web e também configurar as funções de recarga do conjunto de bateria pelo mesmo sistema

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Notas & fatos Solteiro, Marcos Caruso, o Leleco de ’Avenida Brasil’, diz que viveria qualquer tipo de romance Isabela Rosemback São José dos Campos

O ator Marcos Caruso está há dois anos solteiro e se diz bem à vontade nessa condição. Já o seu personagem Leleco, de “Avenida Brasil” (Globo), continua dando o que falar. Casado com Tessália (Débora Nascimento), 25 anos mais nova, o ex de Muricy (Eliane Giardini) ainda provoca reações adversas no público, que quer saber até quando o ciumento sessentão vai conseguir dar conta do recado –ainda mais agora, que Darkson (José Loreto) se aproximou da gata a seu pedido. Se a estratégia do ex-lutador será um tiro no pé, o ator não revela, mas defende o seu personagem –que deve tirar novas casquinhas da primeira mulher. Leia entrevista:

<É Como justificaria o comportamento de garotão de Leleco, e como se prepara para as cenas? <O porte mais atlético e o bronzeado são próprios de ex-pugilista que usa camiseta regata. Seu jeito de andar e ficar parado, sempre em ação, também. Faço exercícios diários e tomo sol sempre que posso. Adjetivos como “matusalém”, “velho babão” e “vovô” são repetidos em cenas dele com a Tessália. Faz parte do humor, mas o que pensa sobre essas provocações?

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próprio, infelizmente, de uma sociedade que vê o belo apenas na juventude e não respeita seus idosos.

Sai em defesa de Leleco? Enxerga que essa trama levanta que tipos de discussões? <A discussão é muito maior: o amor de uma jovem de 25 anos que tem tudo para ser famosa e ganhar dinheiro e troca isso para ser dona de casa ao lado de um homem de 60. Ele, numa idade em que o casamento já estava morno (40 anos de união), vê o fogo da paixão renascer. Isso alimenta o ego de qualquer um. Acredito que Tessália sinta amor

por ele, que tem paixão por ela. E sobre as implicâncias entre Leleco e Muricy, como definiria o sentimento que um nutre pelo outro? <Leleco e Muricy se amam. Acredito que acabem juntos. Na sua experiência diária, ainda percebe essa situação como um tabu? <Não que seja tabu, mas poucas vezes a teledramaturgia discutiu o amor verdadeiro entre jovens e velhos sem interesse financeiro ou sexual. Como as pessoas têm te abor-

dado na rua e como enfrenta essas opiniões? <Homens e mulheres me encorajam a continuar com a Tessália. Acredito que seja o que todos gostariam de ter, alguém que os amasse de verdade. Você está solteiro. Já viveu ou viveria um romance nas mesmas condições que Leleco? <Estou solteiro e viveria qualquer tipo de romance, desde que ele fosse verdadeiro. Não tenho nenhum preconceito. Sou e sempre serei a favor da liberdade. Eu, quando estou apaixonado, gosto mais de mim e me proponho a estar melhor comigo mesmo.

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Quem falou o quê?

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André Mar MOCOTÓ

André Marques confessa paquera com a Xuxa O apresentador André Marques, que comanda o programa Vídeo Show, da TV Globo, assumiu a fama de namorador e revelou que paquerou até mesmo a apresentadora Xuxa Meneghel durante uma entrevista. André afirmou que encarou o flerte como uma boa história para dividir com seus herdeiros. “Uma vez entrevistei [a Xuxa] e ela perguntou se eu a estava paquerando. Disse que sim e que seria uma história para contar para meus netos”. O flerte, todavia, não deu em nada.

Depois da confirmação de Marisa Monte e Seu Jorge na cerimônia de encerramento da Olimpíada, a top model Alessandra Ambrosio também integrará o time de brasileiros durante a passagem da bandeira olímpica, em Londres, no dia 12 de agosto. Na ocasião, o figurino será assinado pelo estilista Jum Nakao.

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JUSTIÇA

Dado Dollabella é absolvido

”Viver é uma grande ilusão. Tudo não passa de uma brincadeira” Do ator Reynaldo Gianecchini expondo sua concepção de vida o após o tratamento de um câncer

”O que mais escuto na rua é que sou ‘fura-olho’” Da atriz Fabiula Nascimento sobre sua personagem Olenka, em “Avenida Brasil”, estar envolvida com o ex de sua melhor amiga

”Não me dei bem com cocaína, entupia meu nariz”

Top olímpica

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Da atriz Betty Faria , declarando ser inteiramente a favor da descriminalização da maconha e da cocaína

”Tande não foi um grande marido” Da atriz Lisandra Souto, sobre ter deixado de falar com o ex-jogador de vôlei e apresentador da Rede Globo desde o anúncio do divórcio

O ator e cantor Dado Dolabella foi absolvido na 1ª Vara de Violência Doméstica no Rio. O artista era acusado pela ex-mulher, Viviane Sarahyba, de tê-la agredido em novembro de 2010. A causa foi ganha pelo advogado Marco Aurélio Assef. “Dado foi absolvido a pedido do próprio Ministério Público, que entendeu que a acusação foi uma história fantasiosa, criada por Viviane, para melhorar sua situação no processo de separação”, disse Assef . Na época em que Sarahyba entrou com o processo, Dado negou qualquer agressão e contou que Viviane tinha ido até a casa do ator levar o filho do casal para passar o dia com o pai. Ao chegar ao apartamento, Viviane não gostou de ver Eduardo, o outro filho de Dado, e ameaçou ir embora. “Eu segurei no braço dela e pedi para ela deixar o João Valentim comigo. Foi só isso. Eu nunca encostei a mão naquela garota”, disse o ator.

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Moda

Moda&estilo MERCADO

A hora do fast fashion Com lançamentos contínuos das principais tendências a preços acessíveis, lojas de rede se tornaram o centro da moda mundial e fazem cada vez mais sucesso no Brasil Cris Bedendo São José dos Campos

O

sistema de logística e rapidez na distribuição e criação envolvidos no sistema das redes de fast fashion –também chamadas de lojas de departamento– realmente estão aumentando sua fatia no mercado de moda. E os fashionistas brasileiros têm motivos para comemorar: recentemente o país recebeu a primeira loja da fast fashion inglesa Topshop, no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. E ainda há rumores sobre a chegada da H&M no país. No Vale do Paraíba, esse tipo de negócio de moda também rende novidades: a brasileira Renner inaugurou em junho sua segunda loja em São José dos Campos, no Vale Sul Shopping, e a espanhola Zara, desembarca neste segundo semestre no CenterVale Shopping, com uma loja de dois mil metros quadrados. Na Topshop, nome da vez aqui no Brasil, os fãs da rede agora encontram em terras brasileiras as coleções das marcas Topshop e Topman, que são sucesso nas ruas britânicas por conta de um estilo despojado, jovem e sempre atual. E se a ideia desse segmento é encontrar produtos com informação de moda por preços acessíveis, na Topshop

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os preços são um pouco maiores em comparação às fast fashion brasileiras –como Riachuelo, Renner e C&A. O valor médio de vestidos, por exemplo, é de R$ 210, as calças ficam em torno de R$ 180 e as blusas, R$ 150. E por que o Brasil tem chamado tanta a atenção dessas grandes redes na moda mundial? “O Brasil sempre esteve na nossa lista de países para negociar a Topshop. O país tem uma economia em rápido crescimento e tem um consumidor consciente, com um enorme senso de estilo. Isso nos dá a confiança de que a Topshop deve ter um lugar no mapa do varejo”, afirma a diretora geral da Topshop, Mary Homer. E o consumidor brasileiro está realmente cada vez mais ávido por essas novidades por conta do crescimento do poder aquisitivo nos últimos anos, principalmente da classe média. No primeiro fim de semana de funcionamento da Topshop, os caixas contabilizaram mais de 4.500 itens vendidos, entre roupas femininas, masculinas e acessórios –calçados, bolsas, óculos, cintos e bijuterias. Algumas peças desapareceram rapidamente das araras, como os jeans com estampa de lenço, coletes de couro, sneakers, tricôs e vestidos estampados. E não para por aí: ainda neste semestre, a Topshop irá abrir mais duas lojas em São Paulo, nos shoppings Market Place e Igua-

Consumidor brasileiro está cada vez mais ávido por novidades na moda em razão do crescimento do poder aquisitivo nos últimos anos no país

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Fotos: divulgação

TOPSHOP Loja inaugurada em São Paulo e planos de expansão da marca já estão em execução

temi. “Talvez vamos expandir para outros estados em 2013, estamos pesquisando Brasília e Rio de Janeiro”, conta Mary Homer. A Topshop não divulga os valores de investimentos para essas operações. No entanto, o consultor e professor de Negócios da Moda da Universidade Anhembi Morumbi e do Senac São José dos Campos, Tadeu Dix, acredita que o tamanho e o vigor do mercado brasileiro de moda são os principais atrativos para esses nomes internacionais como Topshop, H&M e Zara. E não são apenas as fast fashion: grandes marcas como Chanel,

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Lanvin, Carolina Herrera, Miu Miu e Prada intensificaram sua presença no Brasil. “A crise nos países da Europa acendeu nas empresas a necessidade de buscar mercados. Com a facilidade das comunicações via internet, as empresas descobriram o potencial de nosso mercado, com os eventos como SPFW, Fashion Rio, o Prêt-a Porter, da Francal, destinados ao mercado atacadista, mas principalmente pela experiência positiva que as europeias Zara e C&A têm no Brasil. Essas empresas globais ganham em produtividade comercial, pelas fontes de for-

necimento de baixo preço de que dispõem para fazer modinha barata e acessível. Os modelos e tendências de modinha são os mesmos para todo o mundo, então por que não ampliar a produção usando das marcas conhecidas pelos brasileiros que compram na Europa?”, afirma Tadeu Dix. Co-branding Nesse ponto, além dos modelos que são tendências, essas redes lançam mão do co-branding, que são parcerias com grandes estilistas ou até mesmo artistas da cena mu-

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Moda No primeiro fim de semana de funcionamento da Topshop, os caixas contabilizaram mais de 4.500 itens vendidos entre roupas femininas, masculinas e acessórios

sical ou modelos como Gisele Bündchen – que já assinou quatro coleções para a C&A. Uma das pioneiras a lançar essas parcerias com grandes estilistas foi exatamente a Topshop. A mais recente foi com a estilista grega Mary Katrantzou, que deu origem à vestidos, regatas, calças e lenços com estampas de floral miúdos e silhueta peplum (com volume no quadril) que se tornaram sucesso no mundo todo. Por aqui, a C&A e a Riachuelo já desenvolveram coleções assinadas por nomes como Reinaldo Lourenço, Stella McCartney, Cris Barros, Oskar Metsavaht (Osklen), entre outros.

REGIÃO O Vale do Paraíba não ficou de fora dessa onda. A Renner ampliou sua participação em São José com uma nova loja; no segundo semestre a Zara, ícone desse mercado no mundo todo, também abre suas portas na cidade com uma loja de 2.000 metros quadrados

Região Em São José dos Campos, a presença das fast fashion também indica a prosperidade econômica da região, principalmente no segmento de moda. “O importante potencial de consumo assim como a oportunidade de estar presente num empreendimento consolidado no mercado local foram atributos que nos motivaram a oferecer mais esta opção de compras na Renner, com mix completo desenvolvido a partir dos estilos de vida, qualidade e preços competitivos”, afirma o diretor de operações das Lojas Renner, Paulo Soares, sobre a inauguração da segunda loja da rede na cidade, no Vale Sul Shopping, que conta com um total de 2,7 mil metros quadrados e investimento de R$ 6,5 milhões. A Zara ainda não divulgou mais informações sobre a loja de São José dos Campos, com previsão de inauguração para o dia 31 de outubro, juntamente com a expansão do CenterVale Shopping. As lojas da rede espanhola contam com um mix de roupas femininas, masculinas e infantis, sob uma fórmula de sucesso que se transformou em fenômeno no mundo da moda, de Tóquio a Nova York, passando por Buenos Aires, Andorra, Paris, Milão, entre outros países. •

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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

Até que ponto a facilidade e praticidade valem a pena?

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a intenção de dar conta de fazer tudo na vida corrida que temos hoje, o ser humano resolveu que a praticidade deve ser adotada sempre que possível mas esqueceu de analisar se ela realmente é a melhor saída em todos os casos. Ou seria ainda uma preguiça que tomou conta da humanidade que se acostumou a facilitar todas as suas tarefas? É claro que é mais fácil jogar todo e qualquer lixo em um cesto só. Mas desta forma é impossível reciclar e aproveitar a parte orgânica. Para isso, é preciso se organizar e separar vidro, plástico, papel, alumínio, resíduos compostáveis, óleo de cozinha, pilhas e baterias velhas e dar o destino final apropriado para cada um. É trabalhoso? Sim, muito mais do que descartar em um só recipiente. Mas, apesar de não ser tão prático, vale a pena evitar a poluição e o acúmulo nos lixões destes materiais que podem ser reciclados. O mesmo raciocínio vale para outras maneiras de cuidar do meio ambiente. Pode ser mais trabalhoso, mas a preservação é uma ação benéfica para o futuro, para as próximas gerações. Muita gente pode achar isso muito distante da própria vida. Por isso resolvi pegar um exemplo bem concreto e próximo, que aliás é o que mais tem me incomodado. Uma mãe quer sempre o melhor para seu filho, certo? Então, por que muitas, para ser mais

prático e fácil, resolvem não amamentar o pimpolho? Aqui nos Estados Unidos essa mania é ainda maior do que no Brasil, e começou na década de 60. Agora, campanhas em prol da amamentação são feitas a fim de reverter esta realidade. Amamentar realmente demora mais que dar mamadeira. Mas, se os benefícios do leite materno são tantos, por que abrir mão disto em nome da comodidade? O que pode ser mais importante do que desenvolver o sistema imunológico do próprio filho?

Se pararmos para pensar, no passado resolvemos facilitar inúmeras tarefas que hoje pagamos de alguma maneira por isso, seja com a nossa saúde, a do nosso filho ou a do planeta. O fast food é uma prova disso. O preço? Obesidade infantil crescendo vertiginosamente. Enfim, a bola foi levantada. Convido todos os leitores a repensarem um pouco as suas ações e colocarem na balança até que ponto a praticidade vale a pena em médio e longo prazos. •

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

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ValeViver CULTURA

Capitão das letras Jorge Amado completaria 100 anos de idade se ainda estivesse encantando o mundo com novas obras; novela e uma adapatação cinematográfica de ‘Capitães da Areia’ são algumas das homenagens ao escritor baiano Isabela Rosemback São José dos Campos

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cravo e a canela do clássico de Jorge Amado ganham novos cheiros e sabores na novela “Gabriela” – adaptação que tem ido bem no ibope do horário das 23h, na Globo–, justamente no mês em que o autor, nascido em 10 de agosto, faria cem anos. A temperada versão televisiva do livro é apenas uma das homenagens prestadas ao literato, que soube tão bem desnudar a Bahia em seus livros, em data próxima à que o fim de sua história de vida também é lamentada. Morto em 2001, prestes a completar 89 anos e a um mês de celebrar as sete décadas completas do lançamento de seu primeiro romance, “O País do Carnaval”, o ocupante da quinta posição da cadeira 23, na Academia Brasileira de Letras, deixou naquele fatídico dia 6 uma obra que ecoa até hoje em diferentes países, chegando a ser considerado o “Pelé da Literatura” pelo jornal The New York Times, à ocasião de sua morte. Embora o termo “regionalista” seja contestado por escritores como João Ubaldo Ribeiro

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–que participou de uma mesa sobre Jorge Amado na edição deste ano da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), declarando ter ressalvas ao rótulo–, é assim que ele costuma ser classificado por figurar na segunda geração de autores modernistas, escola que tem Graciliano Ramos como grande expoente. Comunista que foi, sua atuação na história brasileira não se restringe à literatura, mas estende-se ao campo político. Engajado e contrário ao Estado Novo, mantendo-se simpático a Luís Carlos Prestes, o autor chegou a ser preso por mais de uma vez, a ter livros queimados e a exilar-se antes de ser eleito deputado pelo Partido Comunista Brasileiro, do qual mais tarde desfiliaria-se para dar mais atenção à sua literatura, à qual acrescentaria doses de humor. Como ele mesmo declarou a Fernando Sabino e David Neves no curta-metragem “A Casa de Rio Vermelho”, de 1974, “Só um homem mais maduro pode somar a sua arte com uma coisa bastante mais difícil que é o humor. Nos meus primeiros livros, a minha falta de experiência humana e literária fazia com que eu somasse à ação do romance um discurso do autor onde eram ditas coisas que o autor queria dizer. Hoje isso foi substituído por uma arma muito mais perigosa, que é o humor”.

Gabriela Entre seus títulos mais populares estão “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “Mar Morto”, “Capitães da Areia” e “Gabriela, Cravo e Canela”. Deles, o romance que gira em torno da sensual retirante mestiça que desperta a libido dos homens de Ilhéus, nos anos 1920, é o que vive seu momento de glória atualmente. A evidência é provocada pela releitura televisiva assinada pelo autor Walcyr Carrasco e protagonizada, no horário das 23h, pela atriz Juliana Paes. É a terceira adaptação da história de Gabriela para a TV, sendo a primeira uma série para a Tupi, em 1961, dirigida por Maurício Sherman e estrelada pela atriz Jeanette Vollu. “Essa é uma grande história, de um livro que é importante até hoje e que se mostra atual. A literatura de Jorge Amado é algo que não dá para ser definido, porque os universos que ele cria são muito ricos, há muita malícia”, declara Carrasco à revista valeparaibano valeparaibano.. O autor conta que não assistiu à versão da novela gravada em 1975 (que consagrou Sonia Braga como a personagem-símbolo do clássico) nem na época em que ela foi exibida e nem antes de criar a sua adaptação. Apenas viu o primeiro capítulo dessa sua antecessora para compreender que direcionamento foi dado à trama. O distanciamento da novela assinada nos

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INTIMIDADE O acervo fotográfico feito pela esposa Zélia Gattai tem 40 mil imagens de várias fases da vida do escritor

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TELEVISÃO A atriz Juliana Paes é a ‘Gabriela’ da nova novela que está no ar na Globo

anos 1970 por Walter George Durst pode ser percebido sob diferentes anglos, mas o desprendimento com que são exploradas a sexualidade das personagens e a abordagem política do romance acaba roubando a atenção. “A diferença é que trabalho com liberdade política. A outra versão foi exibida em pleno governo militar, e agora vivemos um momento democrático. Podemos incluir cenas em que mostramos os interesses políticos, porque é uma obra consistente nesse sentido. O coronelismo é forte na trama, o tempo inteiro”, afirma o autor, que defende que transportar a história para a TV instiga os telespectadores a buscarem a leitura do livro –e a Companhia das Letras já providenciou uma edição especial, do clássico, com capa que remete ao folhetim. Para Carrasco, há uma cadência maior no formato mais compacto proposto pela emissora para novelas das 23h –fórmula inaugurada por “O Astro” (2011), ainda que a adaptação de Jorge Amado esteja mais permissiva a ousadias. Para compor situações e criar diálogos, ainda, Carrasco se aprofundou nos estudos sobre o comportamento sexual e a linguagem dos anos

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1920. Por isso, expressões que não existem no texto original do escritor baiano, como a “vou lhe usar”, integram as cenas. “Visitei Ilhéus, mas não ouvi histórias sobre o autor. Fui alicerçar melhor a ambientação. Vi como era a cidade naquela época, estudar a geografia de lá”, afirma. Realidade e ficção Nascido em Itabuna (BA), Jorge Amado cresceu em Ilhéus e mudou-se para Salvador na adolescência. Ainda assim, muitos dos personagens de “Gabriela, Cravo e Canela” possuem características de pessoas conhecidas na cidade. Não que fossem um retrato fiel delas, mas as suas inspirações sempre foram apontadas pelos habitantes do município. E isso não é uma marca que se limita a apenas essa obra ou a Ilhéus. “Como ele escreve personagens verossímeis, deve ter pedacinhos de muitos conhecidos dele em cada personagem. Gabriela, mesmo, deveria ser várias”, considerou João Ubaldo Ribeiro em sua mesa na Flip. À ocasião, o autor, que também é baiano, comentou a personalidade marcante das mulheres de Jorge Amado. “Ele fazia de propósito, mas não era agressivo. Era

irônico, com isso. Era uma maneira de gozar daqueles que achavam que mandavam como maridos, porque as mulheres de seus romances usavam suas artimanhas para mostrar quem estava por cima na relação”, completou. Maria Elisa Brito Pereira Pinheiro é professora de literatura do Colégio Unitau e acrescenta considerações sobre as personagens femininas de Jorge Amado. “Ele chega a ser neonaturalista quando cria essas mulheres, porque elas têm um comportamento que chega a ser animalesco de tão sensual. As pessoas já sabem que ele as fazia assim, e isso fica palatável à TV. Por isso defendo as releituras que são feitas e penso que a ‘Gabriela’ de Juliana Paes não é uma deformação, como alguns defendem, mas sim uma transformação. É uma mulher com os instintos à flor da pele e olhar de bicho, mas que guarda certa ingenuidade”, avalia. A professora reforça, ainda, que Jorge Amado pode ser incluído no grupo de autores que perduraram além do seu tempo. “O que se destaca é o libertalismo empregado na sua obra. Ele trata de questões muito humanas. Em um primeiro momento, sua literatura é mais en-

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gajada, mas estende-se a uma literatura própria do Nordeste, tanto na linguagem como na geografia e nos costumes daquele povo. As obras mais conhecidas são as mais popularizadas e por isso chegou a ser marginalizado pela academia, justamente pela facilidade com que atingia o grande público”, afirma. Da mesma forma como o pensar na Bahia já faz com que mareie entre os ouvidos a música de Dorival Caymmi, parece impossível mentalizar as suas paisagens sem que o universo de Jorge Amado componha esse cenário. É um Brasil visto sob uma ótica crítica, mas também inebriante, de um filho da terra que soube traduzi-la em belas palavras, a partir daquele microcosmo. João Ubaldo Ribeiro arrisca apontá-lo como o responsável por transportar o negro para a literatura como personagem. “Jorge Amado inovou a literatura brasileira, incorporando temas do cotidiano na recriação de cenários e personagens que remetem à cultura popular, também introduzindo assuntos que até então tinham sido ignorados, como miscigenação, preconceito, liberdade religiosa, ecologia e direitos humanos”, define Myriam Fraga,

AMOR Ao lado da esposa e escritora Zélia Gattai; um casal extraordinário

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Uma cidade que, há 245 anos é sinônimo de qualidade de vida, merece um empreendimento como este. Ao lado do Shopping e de Hipermercados PERTO DE

I M A G E N S D A S A R E A S D O E M P R E E N D I M E N T O S E R R A D A E S T R E L A S Ã O M E R A M E N T E I L U S T R AT I VA S

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diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, criada em 1986. Ainda fazendo uma análise, a professora Maria Elisa considera: “Sua escrita é mais relacionada à ação da narrativa e menos presa a questões psicológicas. Mas também é marcada por uma caracterização bonita do ambiente. É uma fotografia de cores fortes do Nordeste e não vejo isso como um problema. E, pelo posicionamento esquerdista dele e de sua mulher, Zélia Gattai, é uma denúncia deste mesmo Nordeste. Tanto, que seus livros acabam sendo queimados em determinados momentos”. Trajetória Filho de um fazendeiro de cacau, Jorge Amado mudou-se para Ilhéus com apenas um ano. Em Salvador, aos 14 anos, já havia entendido que a sua vocação estava nas letras e sempre creditou a sua iniciativa em tornar-se um escritor à necessidade de expressar seus sentimentos. Nessa época, foi um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, que junto com outros grupos ajudou a renovar a literatura baiana. Seu primeiro romance, “O País do Carnaval”, é lançado em 1931. O segundo, “Cacau”, em 1933 –vale ressaltar que a região cacaueira e seus coronéis foram tema recorrente em sua literatura, como o próprio folhetim “Gabriela” reforça. A familiaridade do escritor com o assunto, bem como a proximidade do porto de Ilhéus e a sua vivência em Salvador, contribuem para essa visão crítica que ele expõe. “É uma característica dessa geração de 1930, que chega com uma nova proposta para o modernismo, caracterizar o Brasil”, afirma a professora Maria Elisa. Em 1935, Jorge Amado se forma em Direito, no Rio de Janeiro. Seu militarismo no partido comunista faz com que ele se exile na Argentina e no Uruguai no início dos anos 1940, quando também se divorcia da primeira mulher. O eleitorado paulista o consagra deputado federal em 1945, pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro). Partido, este, que torna-se ilegal e passa a ser perseguido, forçando o autor a morar na França, de onde é posteriormente expulso, e em Praga (na então Tchecoslováquia). Nesta época, ele já havia se unido a Zélia Gattai (1916-2008), que esteve ao seu lado até o final de sua vida. De volta ao país, desliga-se do comunismo e debruça-se ainda mais sobre a literatura. Sua obra passa a ser adaptada para a TV, para o cinema e ganha o mundo conquistando prêmios nacionais e internacionais. São da década de 1950 livros como “Gabriela, Cravo e Canela” e “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”. Nos anos 1960, novos suces-

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CARRASCO ‘Gabriela é um livro que se mostra atual até hoje’

sos: “Tenda dos Milagres”, que virou minissérie de TV e um filme de Nelson Pereira dos Santos, e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, eternizado no cinema nacional por Bruno Barreto e os atores Sonia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. É de 1977 o livro “Tieta do Agreste”, que também virou novela. Números Em vida, Jorge Amado chegou a vender 50 milhões de cópias de seus livros, e alguns chegaram a figurar entre os mais comprados do país. Na conta geral de sua obra, foram 34 títulos, dos quais 21 são romances. As traduções de sua obra foram feitas em 49 línguas e chegaram a 55 países. Na França, onde chegou a ser considerado o brasileiro que mais vendia livros, sua obra está sendo reeditada. “Capitães da Areia”, que recentemente virou filme pelo olhar da neta do escritor, Cecilia Amado, é apontado como o livro que mais vendeu em todo o mundo, com cem edições e mais de 5 milhões de exemplares. Embora alguns estudiosos defendam que o distanciamento do comunismo tenha interferido na divulgação de suas histórias e até mesmo na oportunidade de ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, Jorge Amado continua despertando o interesse dos leitores –ainda

que não mais com a mesma força ou incentivo que tinha enquanto ainda era vivo. A exposição “Jorge Amado e Universal”, montada entre abril e julho no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, recebeu 110 mil visitantes durante o período, por exemplo. Ela reabre em agosto em Salvador (BA). Na Fundação Casa de Jorge Amado, situada no Largo do Pelourinho, na capital baiana, as visitas mensais giram em torno de 3.000 pessoas. Em janeiro deste ano, 6.725 visitantes estiveram no espaço, que guarda o acervo do escritor. “Embora sempre dando todo apoio, Jorge nunca interferiu diretamente nos trabalhos da fundação, embora nos falássemos quase todos os dias, mesmo quando eles estavam em Paris”, conta a diretora executiva da instituição, Myriam Fraga, que conviveu com os escritores. “Zélia e Jorge Amado formavam um casal extraordinário por sua alegria de viver, sua dedicação à literatura, sua sabedoria adquirida em anos de luta solidária, seu conhecimento das coisas e do mundo, sua capacidade de fazer e manter amizades e, sobretudo, pelo talento e pela simplicidade que demonstravam em todas as ocasiões, tanto no trato dos humildes como dos poderosos”, encerra em homenagem.• homenagem.

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LOCAIS

Cultura expandida Sesi estende projeto que valoriza artistas regionais e amplia a programação de shows e peças teatrais até dezembro Isabela Rosemback São José dos Campos

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o primeiro ano foram dez. No segundo, 20. Neste terceiro, 28 atrações compõem a agenda cultural do Sesi (Serviço Social da Indústria) de São José dos Campos por meio do projeto Locais –como tem sido chamado–, que começa em agosto. Jacareí, Cruzeiro e Taubaté entram pela primeira vez no programa, que tem como base a seleção de artistas de cidades próximas a cada um dos centros de atividades para fazerem apresentações gratuitas ao longo dos próximos cinco meses. Uma semana dedicada a moda de viola ganha destaque neste início de programação. A iniciativa, que até este ano limitava-se a unidades que tinham um teatro ou um auditório para a realização dos shows e espetáculos, agora adapta-se a outros ambientes da instituição com a finalidade de aproximar o público do interior do Estado com a produção cultural de seu entorno. Ainda assim, a adesão de artistas do Vale do Paraíba aos editais de concorrência ainda estão abaixo do esperado. Pela regra estipulada em edital, poderiam concorrer às vagas abertas de cada unidade os artistas que fossem de cidades até 180 quilômetros distantes delas. Esse mapeamento dá abertura, portanto, a candidatos de municípios que extrapolam os limites da região. Mas, ainda

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que a ideia seja mesmo promover esse intercâmbio artístico, a expectativa das unidades daqui é a de que mais grupos e músicos locais se inscrevam nas próximas edições –e isso não significa segregar ou excluir os demais, mas sim se configuraria, de acordo com o Sesi, como uma intenção de incentivo aos artistas locais. “Dos mais de 300 projetos que recebemos na seleção, a maioria é de cidades de fora do Vale, como de Jundiaí, Sorocaba e São Paulo, onde há uma tradição cultural maior. Queremos com esse projeto, também, estimular a produção regional”, exemplifica a mediadora cultural do Sesi Jacareí, Cristiane Custódio. O número é referente à soma dos inscritos para a seleção das unidades de Jacareí e de Cruzeiro –deles, 20 deverão ser selecionados, sendo metade para cada uma.

MONÓCULO

Primeira peça que fará uma apresentação ao público no projeto Locais, no Sesi de São José

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Perto de casa Primeira a fechar as contratações, São José dos Campos será palco para shows abertos ao público da banda A Tropa, do grupo de viola Cordas da Mantiqueira, do coral Libercanto, do músico Renato Gabianni, do quarteto Rádio Galena e do espetáculo de dança “Gala 2012”, todos daqui. Também apresentará as peças “Monóculo”, “Zé Malandro” e “Folia do Homem Diabo”, as três de grupos da região do Vale do Paraíba. As demais unidades, até o fechamento desta edição, ainda estavam em fase de seleção das atrações. “Queremos ampliar o diálogo com a comunidade e a fruição não só da programação de São Paulo para o interior, como a do próprio interior nele mesmo. Esse diálogo deve servir para mostrar à população como ela pode se instrumentalizar culturalmente”, afirma Álvaro Filho, gerente de produção da sede do Sesi em São Paulo. A ampliação do projeto implantado há três anos em São José dos Campos deve-se a um processo recente de valorização do setor artístico nas unidades do interior. “Até o ano passado, não tínhamos um profissional responsável pela cultura nesses espaços. Então fizemos a contratação e vamos ver os resultados da proposta para saber onde vai dar”, explica Álvaro Filho. Para Luiz Carlos Peres, orientador de artes cênicas da unidade de São José dos Campos, esse é um procedimento que confere mais autonomia aos centros de atividades do interior. “A tendência é essa. Com o treinamento da equipe será possível fazer mais contratações diretas por aqui, dando mais visibilidade aos artistas da região. Como contratante local, portanto, as possibilidades

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Divulgação

CORDAS DA MANTIQUEIRA

Com 13 integrantes, grupo de violeiros acaba de gravar um show que será transformado em DVD

são ampliadas para os artistas, e o público tem mais acesso a esses conteúdos”, associa. Peres explica que a programação do projeto Locais é intercalada àquela a que chamam de corporativa, que é a já definida e determinada pela sede de São Paulo, e acrescenta que essa combinação possibilita fazer alguns arranjos para que ambas se comuniquem. Um bom exemplo disso é a semana da viola, que será realizada no final de semana dos dias 23, 24 e 25 de agosto. “Aproximamos artistas selecionados da região a uma atração que já estava determinada na programação corporativa. A ideia é fomentar aquilo que vem de fora com a atividade de artistas daqui, sempre que for possível, variando nos temas”, explica. Violeiros No caso da música de raiz, bastou agendar as apresentações dos contratados Cordas da Mantiqueira e Ivan Vilela “coladas” ao já programado show da dupla formada por Yassir Chediak e Rodrigo Sater para que, assim, fosse viabilizada a semana da viola. O primeiro grupo é de São José dos Campos e tem ganhado destaque na programação local. Com 13 integrantes, acaba de gravar um show que será transformado em DVD. Um segundo CD a ser lançado até o final do ano, já deve ampliar o set list próprio. Na

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PROGRAMAÇÃO Projetos Locais 04/08 - 20h - teatro “Monóculo” 05/08 - 19h - teatro “Santiago Morto” 10/08 - 20h - música Trio Sinhá Flor - Noite do forró 23/08 - 20h - música Grupo de Viola Caipira Cordas da Mantiqueira - Semana da Viola 24/08 - 13h - teatro “Zé Malandro”

22/09 - 20h - música Café Tango - Noite do Tango 05/10 - 20h - música A Tropa - Noite do Afro-reggae 07/10 - 19h -música Renato Gabianni - Noite italiana 12/10 - 14h - teatro “Om Co Vô? Quem Com Sô? Prom Co Vô?” 19/10 - 20h - música Lê Coelho e os Urubús - Noite do samba 25/10 - 20h - dança Gala 2012 16/11 - 20h - teatro “Folia do Homem Diabo”

24/08 - 14h - música Karallargá

30/11 - 20h - música Paulo Gazela - Noite do Blues

24/08 - 20h - música Ivan Vilela - Semana da Viola

6/12 - 20h - dança Babel

25/08 - 20h - música Yassir Chediak e Rodrigo Sater

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ValeViver

apresentação que fará no dia 23 de agosto, no Sesi, tocará canções clássicas como “Menino da Porteira”, além das autorais. “Gostamos de variar o repertório e queremos o público cantando junto. Se não der essa liga, é como se não tivéssemos feito show”, diz Oliveira Neto, um dos compositores e músicos do grupo joseense. Na sexta (24), será a vez de Ivan Vilela, músico de Campinas, subir ao palco da unidade para tocar sua viola caipira com sofisticação. “Ele é muito culto, conta a história da viola em shows e foi um dos responsáveis pela implantação do curso de música específico desse instrumento na USP de Ribeirão Preto”, apresenta o músico Nelson Mortoni, também do Cordas da Mantiqueira. Entre os recentes trabalhos que Vilela realizou, está o CD “Caipira”, ao lado dos cantores Lenine Santos e Suzana Salles (curadora da Semana da Canção e puxadora de blocos carnavalescos, todos os anos, em São Luiz do Paraitinga). Na parceria, Vilela assina os arranjos das releituras de composições clássicas da música caipira. Também trabalha com os irmãos Dante e Ná Ozzetti, além de com

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o músico Renato Braz. E, por fim, encerra a semana da viola a dupla Yassir Chediak e Rodrigo Sater, consolidada após os músicos interpretarem os peões e violeiros Tiago e Juvenal na novela “Paraíso” (Globo, 2009). Outras atividades A programação aberta ao público tem início no dia 4 de agosto com a peça “Monóculo” –um teatro em que bonecos e objetos provocam o público evidenciando as sutilezas que interferem nas relações cotidianas. Ainda no mês, a peça “Santiago Morto” vem de São Paulo e apresenta uma adaptação de Liana Ferraz para “Crônica de uma Morte Anunciada”, de Gabriel García Márquez. “Traduziram muito bem a literatura para o teatro. É um espetáculo que propõe uma reflexão sobre responsabilidade social”, avalia Luiz Carlos Peres, do Sesi de São José dos Campos. O trio Sinhá Flor também vem da capital para animar a plateia com uma noite de forró, no dia 10 de agosto. Já na última semana, duas apresentações celebram o mês do folclore com temas afins: “Zé Malandro” é uma peça baseada nas lendas de Pedro Malasartes

e é apresentada pelo Grupo Teatro do Imprevisto, de São José; “Karallargá” é um quarteto musical de São Bernardo do Campo e fundamenta suas canções em palavras, ritmos e sons inspirados na cultura popular. A programação completa do mês e as atividades dos meses seguintes, pelo projeto Locais, podem ser consultadas no quadro desta matéria. “A nossa maior preocupação é a de que as pessoas não vejam essas atrações culturais apenas como diversão, mas sim que saiam entendendo aquilo que viram. É um trabalho de formação de público”, afirma Peres. O orientador explica que o critério adotado para a seleção dos artistas considerou esse caráter. “Projetos maravilhosos acabaram ficando de fora por terem perfis diversificados. Avaliamos caso a caso de acordo com a necessidade que tínhamos. Isso significa que os grupos que concorreram agora podem se inscrever novamente no ano que vem, que terá novos anseios. Até porque ainda não estamos satisfeitos. Perto do que temos na região que abrangemos, o número de inscritos em teatro ainda é muito baixo, corresponde a 20% dos inscritos. Queremos mudar isso”, finaliza. •

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30 ANOS

Brinde à tradição Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty completa três décadas; evento acontece entre os dias 16 e 19 de agosto e deve reunir 40 mil pessoas

Isabela Rosemback Paraty (RJ)

V

ão-se os autores, ficam os copos! Depois dos cinco dias da alta maré literária que atingiu Paraty em julho, a cidade litorânea recupera-se da boa ressaca deixada pela Flip para encharcar de cachaça os caminhos de pé-de-moleque tão procurados pelos turistas. Na edição comemorativa dos 30 anos do festival desse popular destilado na cidade, nove sabores, entre outras novidades etílicas e culinárias, são oferecidos aos visitantes entre os dias 16 e 19. A iniciativa é apresentada como um brinde ao turismo, neste fomentado polo de cultura, e valoriza a produção da bebida local. Ainda assim, gera controvérsias. O uso da estrutura do centro histórico e arredores reacende o debate sobre o que moradores esperam do turismo na cidade e sobre a preservação dos patrimônios materiais e imateriais durante festas já consolidadas na baixa temporada. Enquanto isso, produtores aguardam grande volume de consumidores para provarem suas especialidades.

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Vai uma dose? O Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty chega à sua terceira década na segunda quinzena de agosto e já movimenta 40 mil pessoas. Se, nas demais festas temáticas realizadas na cidade, o aumento na venda do produto é estimado em 30% pela Apacap (Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça), a mesma instituição, que é a organizadora do festival, garante que esse número pode superar os 100% entre os dias 16 e 19. Na própria Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), não raro autores e ouvintes declaram o seu gosto pelo destilado. Neste ano, por exemplo, Laerte cumpriu sua noite de autógrafos acompanhado de um copinho da iguaria. Exausto, o escritor norte-americano Jonathan Franzen experimentou um shot e esquentou o gogó depois de sua inspirada participação. Até o chileno Alejandro Zambra recorreu à bebida para descontrair: “Admiro tanto Enrique Vila-Matas que precisei tomar meia garrafa de cachaça antes de começar a mesa”, brincou, referindo-se ao experiente escritor espanhol com quem dividia o palco. Passada a feira literária, chegou a hora de a cachaça ser exaltada pelos milhares de turistas e locais que, com uma canequinha do festival que se aproxima, poderão reabastecer o reci-

piente com novas doses em diversas versões – como a famosa Gabriela, feita de cravo e canela (uma clara alusão à obra de Jorge Amado). Após mudar por mais de uma vez de local, ao longo de suas edições, a atração firma-se no Pontal –mesmo espaço revitalizado ocupado no ano passado, e que também concentrou as atividades da Flip. “Tudo indica que esse endereço será definitivo”, afirma Eduardo Calegario, presidente da Apacap. Os amantes da aguardente de cana também terão a oportunidade de provar sabores como os de frutas e a azulada (destilada com folhas e caldo de tangerinas, que lhe conferem a coloração), bem como outras receitas inventadas à base da bebida. Uma das novidades já adiantadas por Calegario é que receitas flambadas no destilado e até chocolate quente batizado com ele serão oferecidos aos visitantes. “São seis alambiques expondo em estandes, e em todos os anos lançamos algo novo. Este foi um festival criado para valorizar a cachaça, principal produto de Paraty. Começou como festa local, com 500 a 1.000 pessoas, mas hoje vem até estrangeiro participar”, comemora. No setor gastronômico, ainda, pratos considerados típicos da cidade serão vendidos a quem estiver a fim de uma degustação além da etílica. O camarão casadinho é um dos

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Divulgação

PATRIMÔNIO Centro histórico de Paraty, que recebe milhares de turistas nos eventos culturais desta época do ano

carros-chefes –trata-se dos crustáceos do tipo vg recheados de farofa de camarões menorzinhos. Entre os doces, o manuê de bacia –bolo feito com melado na massa– ganha destaque. “Essa parte da culinária foi crescendo”, explica o presidente, que garante que haverá shows com músicos da região. “Ao contrário da Flip, que é cultural, esta é uma festa comercial”, pontua Renata Castro, secretária de Turismo de Paraty. “A ideia é que comprem, degustem e apreciem a cachaça e também outros produtos, como a farinha de mandioca e os doces daqui. Claro que o público agora é de outro tipo, com outros interesses. Mas assim como a Flip, o festival é um grande gerador de negócios e impulsiona a economia local”. Em defesa de Paraty O músico Luiz Perequê, entretanto, lança um alerta para que a identidade e a vocação turística de Paraty não sejam ofuscadas por eventos como os que acontecem em sequência nesta época do ano. Idealizador do Instituto Silo Cultural, que tem entre os objetivos valorizar as tradições caiçaras da cidade, ele está à frente do projeto Defeso Cultural, que pretende discutir meios de frear o turismo predatório e comercial.

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“A baixa temporada era a época em que a cidade respirava e a comunidade fazia as suas festas, exercia a sua religiosidade. Agora é vista pelo empresariado como um período para se ganhar mais dinheiro, o que contribui para que a convivência cultural e que não é econômica se disperse”, contesta. Por isso, Perequê pensa que deve haver uma reformulação nos moldes atuais. “A impressão que eu tenho é de que os turistas não vêm mais para a cidade para conhecê-la, ter contato com os costumes daqui. Eles vêm para o evento. Deixam de visitar atrativos e, dependendo do enfoque da festa, chegam a degradar o patrimônio”, afirma, separando a Flip do trigo. “Sentimos nela um comprometimento maior. Há mesas com pessoas daqui e os trabalhos com a comunidade não se prendem a workshops durante a feira. Porque não adianta dar cursos nos dias de evento, pois os paritienses estão trabalhando para atender os turistas”, afirma. Alunos das redes pública e particular fizeram a cobertura completa do evento durante a festa, em projeto que se estende à programação anual. Além disso, o arquiteto Mauro Munhoz, diretor geral da Flip, disse a valeparaibano que a mudança para o Pontal foi uma solução estratégica e de preservação

ao centro histórico. “As tendas são muito grandes e acabam destruindo a escala desse centro. Mais importante que isso é a praça ser tomada por paritienses ”. De todos os lugares De qualquer maneira, artistas independentes voltarão a chamar a atenção dos frequentadores do festival da cachaça. Durante a Flip, quem levou poesia ao público e garantiu as contas do mês foi o ator Nélio Fernandes, que por cinco anos atuou em companhias de teatro daqui da região. Todos os dias, próximo à tenda dos autores, ele oferecia um cardápio de poemas para serem declamados ao custo de R$ 1 cada. Conversar com ele foi difícil –de um grupo de ouvinte, formava-se outro e mais outro. Depois de repetidos pedidos por Fernando Pessoa e Vinicius de Moraes, uma senhora escolheu Cassiano Ricardo. “Eu adoro ele!” O artista, que há mais de um ano está na capital fluminense, conta: “Lá no Rio ele é super valorizado! Pedem mais do que pediam em São José dos Campos”. Por dia, cerca de 500 pessoas pagaram para ouvi-lo. Entre elas, o escritor Fabricio Carpinejar, protagonista de uma das mesas mais espirituosas da programação da Flip.•

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Comportamento

ONLINE

Geração Z: os tweens As vantagens e os efeitos colaterais do acelerado ritmo de vida desses adolescentes que nasceram conectados ao mundo da tecnologia

Isabela Rosemback São José dos Campos

televisão permanece ligada, mas nem por isso o computador deixa de estar conectado, com diferentes atividades executadas simultaneamente. Aqueles que estão à frente desses aparatos tecnológicos também não deixam de explorar outros aparelhos, como celulares, iPods e jogos portáteis, enquanto dão atenção, ainda, ao que os cerca. Multifuncionais, os “tweens”– jovens com idades entre 8 e 14 anos– distanciam-se, assim, dos pré-adolescentes de um

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passado próximo e assumem uma rotina mais acelerada. Os efeitos colaterais desse novo ritmo de vida, porém, pedem atenção: tweens são mais antenados, mas tendem a ser mais dispersos, influenciáveis e sensíveis à ausência familiar. Por outro lado, serão mais criativos e dinâmicos quando provocarem as transformações do futuro. Educadores, pais e até mesmo produtoras de conteúdos específicos para esse segmento –como são as editoras de livros– já sentem os impactos dessa alteração de comportamento. Além de mais consumistas e hi-techs, esses jovens desenvolvem uma espécie de hiperatividade mental, o que requer novas estratégias para que possam ser atingidos. Nascidos em um período que os classifica

como Geração Z, os tweens, como futuros profissionais, carregam como vantagem a projeção feita por estudiosos da área: apesar de almejarem o reconhecimento, se diferenciarão da antecessora Y por planejarem melhor a carreira, valorizando o próprio bem-estar sem abrir mão da ousadia. “Mas enfrentarão um mercado mais competitivo, tendo que, mais para a frente, lidar com a frustração de terem de trabalhar bem mais do que os seus pais para conquistar o conforto que eles lhe proporcionaram”, pondera a psicóloga Fabiana Luckemeyer, do Adolescentro, um centro especializado no atendimento a adolescentes em São José dos Campos. O termo “tweens” tem origem nas palavras inglesas between (entre alguma coisa)

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Fotos: Flávio Pereira

BATE-PAPO Isabela Affonso: “Marco horário com os amigos para conversar na internet”

e teen (adolescente), firmando-se como uma referência ao período vivido entre a primeira infância e a adolescência. Os membros desse grupo já nasceram em contato com computadores e outras tecnologias e acompanham sem dificuldade a velocidade com que essas inovações evoluem. “Se você tira a tecnologia do alcance deles, perdem o chão. E esta costuma ser a primeira opção de castigo que os pais aplicam hoje”, completa Fabiana. Também são receptores de novos valores que lhes são transmitidos pelos vários canais de interação a que têm acesso, além do familiar. Versáteis e com diferentes opções para a busca do conhecimento, a missão de concentrarem-se em um foco único de informação –como uma aula comum, em

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classe– passa a ser pouco atraente. “Entre os 8 e os 14 anos de idade, esses jovens estão sendo muito estimulados em suas funções cognitivas. O aprendizado é grande e a inteligência é ágil. Mas esses estímulos não garantem que eles desempenhem as suas atividades com reflexão”, adverte a pedagoga Maria Belintane Fermiano. Doutora em Educação Econômica e Consumo pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Maria Belintane defendeu uma tese em que demonstra, por meio de pesquisas realizadas em cidades brasileiras, que os tweens têm hoje mais autonomia e acesso a dinheiro, mesmo que ainda sejam imaturos para lidar com as questões que os cercam. São facilmente manipulados

pelos programas a que assistem (nos quais investe-se pesado na propaganda de bens de consumo) e já sentem os reflexos de uma estrutura familiar em que os seus progenitores estão cada vez mais ausentes de casa por motivos profissionais. “Além disso, uma característica moderna é a dos pais darem voz às crianças, questionando o que querem comer ou fazer. Isso é bom e não é. Se por um lado a criança deve participar das decisões da casa, por outro o adulto fica refém dela. Esse jovem, então, sente falta da família como propulsora do contato com a vida de forma protetora, sim, mas também direcionadora. Faltam limites”, afirma. A pesquisadora chama a atenção, ainda, para outro dado revelador: as crianças en-

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Comportamento

trevistadas afirmam que o dinheiro que ganham dos pais é geralmente gasto em doces e lanches. Questionados, 80% dos pais responderam estar cientes disso. O problema é que esses mesmos adultos, quando solicitados, compram a elas as mesmas guloseimas. “Logo, elas não precisariam desse dinheiro. Elas acabam gastando na escola, pois geralmente os pais não têm tempo de fazer o lanche em casa. Como isso não é supervisionado, o que também observamos é o aumento de casos de crianças obesas. De maneira geral, os pais estão mais permissivos, muitas vezes por se sentirem culpados pela ausência, e os tweens acabam estabelecendo estratégias para convencê-los a comprar aquilo de que são cobrados pelo marketing televisivo”, afirma. Maria Belintane cita outra pesquisa em que detectou-se uma dificuldade dos pais em estabelecer limites para os jovens dessa faixa etária. “A noção de felicidade ficou restrita ao que eles pedem, o que faz com que ela se torne rápida e descartável. Sem capacidade de resolver conflitos na vida real, também, essa criança acaba fugindo para o universo virtual, onde se sente à vontade para se expor. Ou seja, os limites continuam falhando. Os pais devem repensar o que querem para seus filhos e orientá-los para construírem o caminho do bem. Se não, na adolescência poderão perder o controle sobre eles”, sentencia. A psicóloga Fabiana Luckemeyer complementa: “Como os pais estão tendo filhos cada vez mais tarde, precisam se atualizar, ficar antenados, para terem assunto com eles. O choque de gerações é muito grande. Do mesmo modo, esses jovens devem ter paciência”. Conectados Na casa da bióloga Rita Marcia Silva Pinto Vieira, 40 anos, quem domina a informática é a filha Lívia Vieira, 9 anos. “Foi no ano passado que ela pediu pela primeira vez o celular e o laptop, que já acho exagero. Agora pede um tablet, por causa de uma personagem da TV. Disse não, mas expliquei o porquê”, conta a mãe. Ainda assim, a pequena, que mora em São José dos Campos, diz que gosta de ouvir música no celular ou no computador –por meio do qual ela baixa sozinha as suas canções–, de assistir a séries na TV e de jogar jogos eletrônicos. “Prefiro os de computador, porque os de tabuleiro demoram uma eternidade até que os outros joguem”, reclama. Ainda assim, a mãe limita o acesso a esses meios a horários em que Lívia não tem lição. “Ela usa para acessar e-mails, MSN e para fazer pesquisas. Não me preocupo em fisca-

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DIVERSÃO Lívia Alves: Prefiro jogos de computador. “Os de tabuleiro demoram uma eternidade”

lizar, porque ela é muito responsável”, diz. Lívia e Isabela Affonso, 11 anos, moram com mães que trabalham e ambas estudam em tempo integral. A diferença é que na casa de Isabela é a mãe, Adriana Gomes Affonso, 36 anos, quem monopoliza o computador. “Eu marco horário com os amigos para conversar na internet e minha mãe libera”, conta a filha, que faz ballet, tem celular e carrega um aparelho de jogos portátil. O tempo máximo permitido no computador, porém, é de duas horas. “Não adianta proibir. Uma dica para evitar os excessos tecnológicos é estimular os filhos a fazerem outras atividades, como a dança ou esportes. O que me preocupa um pouco é a ansiedade desses jovens, cada vez mais imediatistas e com menos paciência para esperar. É um pouco o reflexo do comportamento dos pais, também. Mas a vida ensina os caminhos”, diz a psicóloga Fabiana.

Aprendizado Apesar de mais interessados e curiosos, e com uma série de ferramentas disponíveis para a busca de informações, os tweens estão muito mais vulneráveis a apresentarem queda no rendimento escolar. Se fazem tanta coisa de uma só vez, apontam os especialistas, há uma grande possibilidade de não estarem fazendo bem tudo o que se propõem a realizar. Geralmente entendida como inteligência, pelos pais, essa habilidade em lidar com diferentes canais de interação também pode resultar em uma dificuldade de concentração em uma só tarefa. Em sala de aula, ao mesmo tempo em que ouvem a professora, eles podem rabiscar o caderno, mandar mensagens por celular, observar os colegas de classe, entre outras ações. Não porque a aula seja chata para eles, apenas porque o tempo e a energia despendidos para o entendimento daquele

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conteĂşdo acabam sendo altos. E, para os tweens, a velocidade ĂŠ uma palavra-chave. Por isso, a pedagoga Maria Fermiano defende uma revisĂŁo curricular em que assuntos do dia a dia da criança e do noticiĂĄrio sejam inseridos em debates de sala de aula. â€œĂ‰ desafiador. Mas ela vĂŞ a enchente na TV, por exemplo, e nĂłs temos de falar das causas e consequĂŞncias disso. É um novo estĂ­mulo Ă reflexĂŁo sobre as informaçþes que recebeâ€?, provoca. Se, antes, os jovens dessa faixa etĂĄria costumavam recorrer aos pais para sanarem as suas dĂşvidas, hoje os amigos e a internet sĂŁo as primeiras fontes. Inclusive, os adultos tĂŞm recorrido aos filhos para se interarem sobre assuntos como os ligados Ă informĂĄtica, tamanha ĂŠ a intimidade da Geração Z com esses recursos. A adaptação dos tweens a novas mĂ­dias acontece de forma rĂĄpida, enquanto os descendentes das geraçþes baby boomer, X e Y (juntas, formadas por nascidos entre os anos 1940 e 2000) ainda estabelecem uma relação de estranheza diante de novos recursos tecnolĂłgicos. Para as editoras de livros direcionadas a esse novo pĂşblico, o poder de atualização dos tweens requer constantes revisĂľes sobre os produtos editoriais que serĂŁo disponibilizados para a faixa etĂĄria. “A leitura deles alterna violentamente, pois tĂŞm pensado com uma velocidade muito grande. Se as ĂĄreas de interesse deles sĂŁo especĂ­ficas, no momento seguinte jĂĄ sĂŁo genĂŠricas. As mudanças comportamentais contribuem para que, em questĂŁo de um ano, eles jĂĄ mudem muito de gostoâ€?, afirma Breno Lerner, superintendente da editora Melhoramentos, que tem 55% de seu catĂĄlogo voltado ao pĂşblico infantojuvenil. Para ele, essa inconstância ĂŠ fruto de um bombardeio de ideias promovido pela globalização. â€œĂ‰ um reflexo da absurda quantidade de informaçþes recebidas por esses jovens sem que seja processada e transformada em conhecimento. Eles buscam o aprofundamento nos livrosâ€?, avalia. Ainda assim, Lerner atenta ao fato de que a compra espontânea de exemplares nĂŁo cresceu nesse segmento nos Ăşltimos anos. “Ela se mantĂŠm graças a travas como os programas escolares. E ĂŠ nessa idade que o prazer da leitura deve ser estimulado alĂŠm do hĂĄbito, para se estabelecer. Os professores tĂŞm um papel fundamental nissoâ€?. Ainda assim, o superintendente afirma que nĂŁo ĂŠ o momento de investir em livros digitais ou interativos. “No Brasil, as outras mĂ­dias roubaram o tempo das crianças, mas nĂŁo a leitura. Embora haja uma tendĂŞncia aos livros eletrĂ´nicos portĂĄteis, para essa faixa etĂĄria eles ainda nĂŁo funcionam. Entre crian-

ças de atĂŠ 10 anos, entĂŁo, o modelo nĂŁo atinge expectativas. Elas estĂŁo acostumadas com jogos sofisticados, e apenas poder virar as pĂĄginas no hardware nĂŁo ĂŠ um atrativo. Os livros interativos funcionam melhorâ€?, explica. Assuntos atuais, como bullying e bulimia, acabam figurando entre os lançamentos da editora a fim de aproximar o leitor. Com isso, surgem novos autores especializados no mercado editorial. As redes sociais tambĂŠm passam a ser foco de açþes dessas editoras. Futuro De tĂŁo integrados Ă realidade globalizada e informatizada atual, os filhos da Geração Z jĂĄ despertam a preocupação de empregadores e de estudiosos da ĂĄrea empresarial quanto Ă s mudanças que desencadearĂŁo quando se inserirem no mercado de trabalho. “Esses jovens jĂĄ chegam com o chip da tecnologia implantado na cabeça. Com um ano de idade, jĂĄ sabem pegar o controle remoto e colocar no canal que querem assistir. Para eles, o futuro ĂŠ hoje. Outras geraçþes jamais teriam esse domĂ­nio sobre a tecnologiaâ€?, afirma JoĂŁo Lucio Neto, coordenador do curso de pĂłs-graduação em gestĂŁo de pessoas da FAAP (Fundação Armando Ă lvares Penteado) de SĂŁo JosĂŠ dos Campos. Ao contrĂĄrio das geraçþes anteriores, o plano de carreira nĂŁo serĂĄ prioridade na vida profissional dos tweens, que deverĂŁo assumir mais riscos. A projeção ĂŠ que, diferente do que fizeram geraçþes anteriores, eles nĂŁo vistam mais a camisa da empresa e passem a dar menos importância Ă s projeçþes oferecidas por ela. “Essa geração vai buscar conquistas com o que ela conhecer naquele momento. SĂŁo jovens que fazem tudo ao mesmo tempo e sĂŁo extremamente criativos e ousados, querem quebrar as regras e tĂŞm menos medo de errar. Se o local de trabalho deles nĂŁo dispuser das ferramentas necessĂĄrias para o crescimento que desejam, eles certamente mudarĂŁo de empresa. Acreditam que nĂŁo devem ficar mais de dois anos em um mesmo emprego, mas nĂŁo deixarĂŁo de cumprir os prazos, porque vivem a velocidadeâ€?, define. Do ponto de vista empresarial, isso chega a ser um problema. Por isso, deve começar a ser considerado desde agora para que as firmas passem a receber melhor esses futuros candidatos. “SerĂĄ o momento das empresas repensarem suas hierarquias. Vai chegar um momento em que elas terĂŁo de se adaptar ao funcionĂĄrio, nĂŁo mais o funcionĂĄrio se moldarĂĄ a elas. Por isso, acredito que serĂĄ uma geração formada por mais empreendedores. A tendĂŞncia ĂŠ essaâ€?, afirma. •

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CINEMA

360 voltas do amor Fernando Meirelles chega aos cinemas com o longa ‘360’, uma adapatação da peça austríaca “Ronda”, estrelado por Jude law, Anthony Hopkins, Raquel Weisz e a atriz brasileira Maria Flor

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HISTÓRIAS

Jude Law e Rachel Weisz estão na história mais fraca do longa de Fernando Meirelles

Franthiesco Ballerini São Paulo

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projeção internacional que “Cidade de Deus” obteve há uma década possibilitou a Fernando Meirelles abrir as portas de uma promissora carreira fora do Brasil. Frise-se que, por promissor, não significa ter US$ 150 milhões para fazer um filme de super-herói que destrói Nova York, mas sim, um décimo deste valor para se basear na peça “Ronda”, do dramaturgo austríaco Arthur Schnitzler (1987), famosa pela versão cinematográfica “Conflitos de Amor”, dirigido por Max Ophüls em 1950. Nas mãos do diretor brasileiro, o texto chega pelo filme “360”,

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que estreia por aqui neste mês após dividir opiniões em alguns festivais do mundo todo. Meirelles fez milagre com US$ 15 milhões nas mãos. A começar pelo roteirista que se inspirou na obra de Schnitzler, Peter Morgan, premiado por roteiros dos filmes “A Rainha” e “Frost/Nixon”. Além disso, o diretor rodou no mundo inteiro –por isso o nome do filme– com um elenco de primeira: Rachel Weisz, Maria Flor, Jude Law, Ben Foster, Anthony Hopkins etc. Em cidades como Viena, Paris, Londres, Rio de Janeiro, Bratislava e Phoenix, ele mescla várias histórias de casais, de diferentes classes sociais, que mantêm relacionamentos sexuais fora do casamento e de suas classes, consequências de poderosas conexões que ocorrem por acaso. As histórias não neces-

sariamente se entrecruzam –e por vezes terminam rápido demais, tão boas elas são, o que desagradou uma parte da crítica no mundo. Mas o filme mostra como uma decisão localizada afeta o mundo todo (lembrando o mexicano “Babel”), retornando ao ponto inicial da trama, com a crise política e econômica atual como pano de fundo. O filme abriu o London Film Festival no ano passado, onde recebeu críticas negativas, mas também convites para outros festivais e propostas de compras por distribuidoras de todo o mundo. O que agradou a imprensa e o público que já viu “360” em festivais foi a direção de fotografia, simplesmente deslumbrante, vívida, orgânica, mostrando uma marca registrada dos trabalhos de Meirelles desde “Cidade de Deus”.

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ValeViver

MARIA FLOR

Atriz brasileira participa de uma das curtas histórias mostradas em ‘360’

Em outras palavras, as cidades mostradas não são vistas como cartões-postais apenas, busca-se diferentes ângulos, um olhar autoral muito bem ensinado pelos franceses da Nouvelle Vague. A edição também é um ponto forte do filme, não se acomodando na simples interrupção de uma trama, seguindo para outra. As histórias são muito bem entrecruzadas e dispostas de modo que o filme flua de maneira deliciosa –finalmente um diretor sem ambições de fazer um épico de mais de duas horas, uma mania cansativa das produções contemporâneas. As atuações, no entanto, são desiguais, mas felizmente se tem Anthony Hopkins em um de seus melhores papéis nos últimos anos. Quem já não se cansou de vê-lo como psicótico em filmes de suspense? Aqui ele vive um pai em busca desesperada por sua filha que provavelmente está morta. Já a trama envolvendo Jude Law e Rachel Weisz parece a mais fraca, bem longe da excelente atuação dela em “O Jar-

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dineiro Fiel”, também de Meirelles. O diretor brasileiro tem aproveitado bem sua notoriedade internacional para mergulhar em desafios realmente distintos entre si. Da guerra do tráfico nas favelas do Rio, passando por uma conspiração internacional envolvendo multinacionais farmacêuticas, Fernando Meirelles foi parar na obra de José Saramago (“Ensaio Sobre a Cegueira”) e agora faz uma história sensual, de amor, perdas e reencontros, num emaranhado cujo desenrolar nem sempre é feito por escolhas racionais, mas por meras coincidências do destino. Um desafio extra do filme foi dirigir atores cujas línguas Fernando Meirelles não compreende, como russo, alemão e eslovaco. Trata-se de um risco, uma vez que a boa interação, sem ruídos, entre diretor e ator é o que em geral faz com que o elenco capte a essência do personagem e siga o que o cineasta pretende. Do Brasil, além de Juliano Cazarré e Maria Flor, vem também

Adriano Goldman (“Xingu”), como diretor de fotografia, o montador Daniel Rezende (“Tropa de Elite 1 e 2”, “Cidade de Deus”) e Ciça Meirelles, que assina a trilha musical. A escolha de lançar o filme no Festival de Toronto foi porque ele não ficaria pronto para ser lançado em Veneza, tampouco Berlim, que estaria longe demais do calendário. Toronto se tornou uma boa opção nos últimos anos por se tratar de uma porta de entrada para o mercado norte-americano. O resultado de “360” é um filme agradabilíssimo, completo, com uma visão autoral que não deixa de se comunicar perfeitamente com seu público, algo raro nos dias de hoje, com longas repletos de histórias repetitivas (franquias, refilmagens) ou textos tão herméticos que só o diretor se entusiasma com ele. Assim como “Cidade de Deus” e todas as produções internacionais de Meirelles até agora, “360” é para assistir sabendo que se está comprando entretenimento de qualidade, que faz pensar, sentir. Nada de enlatado.

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ValeViver

DIRETOR

Fernando Meirelles e Anthony Hopkins durante as filmagens

“Rodar um filme pode ser puro prazer com pouco sacrifício” Em entrevista exclusiva à revista valeparaibano, Fernando Meirelles fala sobre os desafios da produção internacional e seus próximos passos como diretor no Brasil. “360” é um filme mais intimista e considerado de baixo orçamento, comparado com Blindness. Ao mesmo tempo, é feito na Europa, e não em Hollywood. Quais foram as surpresas e as novidades que este projeto lhe trouxe na carreira? < Sim, “360” tem um orçamento de US$15 milhões, é um filme menor, menos ambicioso que Ensaio. Nunca filmei em Hollywood e nem está nos meus planos fazê-lo, não que meus planos não possam ser mudados, mas me sinto melhor trabalhando num esquema menor, mais amigável, sem tanta interferência, como foi o caso desta produção independente inglesa, austríaca e francesa. A vida é muito curta para nos aborrecermos com o pessoal do negócio dos estúdios. O melhor deste projeto foi poder ter trabalhado com um elenco impressionante, não falo só dos brasileiros e ingleses que conhecemos, mas do time todo que contou com o as-

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tro francês Jamel Debouze, o mega-astro russo Vladmir Vdovinchenko ou Moritz Bletbreu, que faz três entre quatro filmes alemães e que conhecemos de “Corra Lola Corra”. Nesta filmagem, percebi que rodar um filme pode ser puro prazer com pouco sacrifício e nenhuma tensão envolvida. Você trabalhou com um tema que envolve dramas entre classes sociais diferentes, um universo que já foi abordado por outros diretores. Quais são os diretores que são sua inspiração para um projeto autoral como este? < Na verdade o roteiro de “360” partiu da peça “La Ronde” do austríaco Arthur Shnitzler, mas ele não lida com as diferenças de classe como na peça do austríaco. “360” usa a mesma estrutura da peça, onde um personagem nos leva ao próximo, mas fala sobre como nossos impulsos e pulsões às vezes nos levam para lugares onde nossa razão jamais nos levaria. Por que pensamos em fazer uma coisa mas acabamos fazendo outra? Esta é a questão. Você filmou com atores que falam diversas línguas. Gostaria que comentasse sobre essa e outras dificuldades do projeto, como captação de recursos, filmar em diversos países etc. < A vantagem de se fazer um filme com menor orçamento é que há mais liberdade

do que quando se usa muito dinheiro, aí a pressão para reaver o investimento cresce muito e as interferências vêm junto. Num filme menor é possível correr mais riscos. O risco em “360” é sua estrutura complexa que foge ao padrão de drama em três atos que estamos acostumados. O problema de língua e de captação não foram complicadores neste projeto. Por causa do elenco e do baixo custo, antes de rodarmos, o filme já estava vendido para 48 territórios. Você é autor do filme mais emblemático até agora do século 21. Qual é a próxima experiência? Será inédita ou repetirá a dose em algum campo já saboreado antes? < Você exagera ao chamar “Cidade de Deus” do filme mais emblemático, é um bom filme, mas vamos com calma. Nunca trabalhei em Hollywood, “O Jardineiro” e “Ensaios”, assim como “360”, são filmes independentes. Estou me preparando agora para fazer um filme de época sobre a vida do armador grego Aristóteles Onassis e no futuro gostaria muito de poder fazer uma destas séries bem produzidas que temos visto na TV. Se puder ser no Brasil melhor ainda. Aproveitando o espaço: Comecei um Twitter recentemente e vou ficar atualizando informações sobre “360” e este próximo projeto. Para quem se interessar, o endereço é @fmei7777. •

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ValeViver

Música&mais

Pop dançante

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á quem torça o nariz para o pop do Maroon 5, mas até esses batem pelo menos o dedo na mesa acompanhando o balanço da banda. É inevitável. Em agosto, os californianos mostram em três apresentações (dia 24 em Curitiba, 25 no Rio de janeiro e 26 em São Paulo) todo esse som que

mistura jazz e soul com uma dose cavalar de pop dançante. O quarto álbum de estúdio do grupo do vocalista Adam Levine é considerado pela própria banda como um dos discos mais pop da carreira. Alguns hits como “Payphone”, “One More Night”, “Beautiful Goodbye”, “Doin’ Dirt” e “Fortune Teller” foram instantâneos. “Ao mesmo tempo em que há vestígios do passado o disco aponta para uma ideia nova. Mais do que qualquer coisa, acho que este disco diz que é sempre bacana tentar, que

Fotos: divulgação

Maroon 5 faz série de shows no Brasil neste mês; abertura fica por conta da banda Keane

Adriano Pereira São José dos Campos

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Domingo 5 Agosto de 2012

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Com direção de Nelson Pereira dos Santos, o filme desvenda a trajetória de Tom Jobim

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Uma das banda mais politizadas do rock ganha biografia bacana escrita por Paul Stenning

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você deve sempre estar disposto a dar um passo além da zona de conforto”, resume Levine. O Grammy de Melhor Artista Novo em 2005 foi apenas o primeiro reconhecimento da banda que vendeu 17 milhões de discos no mundo e recebeu diversos Discos de Ouro e Platina em mais de 35 países, além de 16 prêmios. Mas é do primeiro trabalho da banda, “Songs About Jane” (2002), que vem o hit mais famoso no Brasil: a canção “This Love”, que foi tocada à exaustão em todas as pistas de dança.

Nos shows do Rio de Janeiro e São Paulo, além no Maroon 5, o público recebe uma abertura cinco estrelas: a banda Keane. Os ingleses acabam de lançar o álbum “Strangeland”, uma tentativa de voltar ao estilo que os revelou em “Hopes and Fears”, disco de estreia em 2004. Apesar de trazer elementos desse trabalho, a música de “Strangeland” leva o Keane para um som mais parecido com o Coldplay do que com o próprio Keane. Mas vale a pena conferir. Os ingressos estão em livepass.com.br.

CD’S & MAIS

VALE DESTAQUE BLOC PARTY “FOUR” Com várias faixas divulgadas antes do lançamento, o novo do Bloc Party verá a luz do dia no final desse mês. Vale a pena conferir

THE DARKNESS “Hot Cakes” Segundo a banda, esse é umas mistura dos dois primeiros discos. Ou seja, áspero e sofisticado ao mesmo tempo

ALANIS MORISSETTE “Havoc and Bright Lights” Primeiro desde 2008. A mesma cantora de sempre

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Metal progressivo em São Paulo

Pela quarta vez consecutiva o Dream Theater desembarca no Brasil para divulgar um novo trabalho de estúdio. Agora, o álbum que motiva a vinda dos norte-americanos é A Dramatic Turn of Events, 11º da carreira da banda, lançado em 2011 pela Roadrunner Records e distribuído no país pela Warner. A turnê brasileira passará por cinco capitais: Porto Alegre, no dia 24 de agosto; São Paulo, 26 de agosto; Belo Horizonte, 29 de agosto; Rio de Janeiro, 30 de agosto; e Brasília, 1° de setembro. Os ingressos podem ser adquiridos nas bilheterias oficiais das casas de show, pela internet (www.ticketsforfun. com.br) e pelo telefone 40035588. O Brasil está na rota das turnês do Dream Theater desde 2005. A banda passou por aqui também em 2008 e pela última vez em 2010, com a “Black Clouds & Silver Linings Tour”. Como não poderia deixar de ser, o show traz canções do novo álbum e hits consagrados ao longo de quase 25 anos de estrada, como “I Walk Beside You”, “Panic Attack”, “Pull Me Under” e “Metropolis”.

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Ponto Final

Arnaldo Jabor

As ideias não correspondem aos fatos

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tempo atual é Renascença ou Idade Média? Os acontecimentos estão inexplicáveis, pois a barbárie das coisas invadiu o mundo dos homens. Temos um acesso à informação infinita, mas nada se fecha em conclusões coerentes, nada acaba, nada se define. O socialismo não deu certo, o capitalismo global não trouxe paz nem progresso, tudo que depende da vontade dos homens e de seus sonhos de controle não chega a um final feliz. As coisas têm vida própria e seus criadores não controlam mais os produtos? O mundo é cada vez mais uma tumultuosa marcha de fatos sem causa, de acontecimentos sem origem. Cada vez temos mais ciência e menos entendimento. As teorias não deram certo e percebemos que Kafka e escritores do início do século 20, como Mann, Musil, depois Beckett e Camus, sacaram o lance. Viramos objetos de um “sujeito” imenso, sem nome, sem olho, misterioso, que talvez só entendamos quando for tarde demais. Por que estou com essas angústias filosóficas hoje? Bem, porque no Brasil também estamos diante do dilema: Renascença ou Idade Média, progresso ou regresso? Vivemos uma modernidade veloz e falamos discursos antigos. As ideias não correspondem mais aos fatos, como cantou Cazuza. Hoje as palavras que eram muros de arrimo foram esvaziadas de sentido. Uma palavra que era pau para toda obra: “futuro”. Antes, ‘futuro’ era um lugar aonde chegaríamos um dia, que nos redimiria de nossos sofrimentos

SEM DEFINIÇÃO “As palavras estão vazias para explicar o mundo” no presente. Agora o termo ‘futuro’ tem uma conotação incessante, como se já estivéssemos nele. Estamos com saudades do presente, que nos escapa como um passado. O presente se esvai e o futuro não para de ‘não’ chegar. Outra: “miséria”. A miséria sempre nos foi útil. Diante dela tínhamos a vantagem, a riqueza da “compaixão”. Era doce sentir pena dos infelizes. Hoje, diante das soluções impossíveis, temos uma espécie de raiva, de irritação nobre, bem ‘ancien régime’ contra os desgraçados. O pobre virou um ‘estraga-prazeres’. E que nome daremos à paralisia da política brasileira, ao imobilismo das reformas, o absurdo desinteresse pelos dramas do país? Que nome daremos ao ânimo do atraso, à alma de nossa estupidez? Que medula, que linfa ancestral energiza os donos do poder do atraso, que visgo brasileiro é esse que gruda no chão os empatadores do progresso e da modernização? Vivemos sob uma pasta feita de egoísmo, preguiça, escravismo. E na política? Quem somos, o que somos? Neoliberais, velhos radicais, neoconservadores, progressistas reacionários, direita de esquerda ou, hoje no poder, ‘esquerdismo de direita’? E a palavra chave de hoje: ‘democracia’. Que é isso? Que quer dizer? No Brasil, democracia é lida como tolerância, esculacho. Democracia, que é o único

sistema ‘revolucionário’ a que devemos aspirar, é a melhor maneira de espatifar o entulho arcaico, corrupto, patrimonialista que o Estado abriga. Só um choque de livre empreendimento pode mudar o Brasil. Mas esta evidencia é vista com pavor. Como aceitar o óbvio, que o Estado, nas ultimas décadas, congestionado, moribundo, só tem impedido o crescimento? Isso vai contra os velhos dogmas dos intelectuais. O recente caso do Paraguai é vergonhoso. Protestam pelo ‘golpe’, como se o Lugo fosse grande líder, quando todo o mundo sabe que era uma espécie de Berlusconi tropical; ignoram o fato de que a Constituição deles previa um ‘impeachment’ como esse e abrem caminho para que o fascista Chavez comece a provocar o Mercosul junto com a espantosa Cristina Botox, que está destruindo a Argentina. Como perguntou alguém outro dia: ‘Quando nossos intelectuais de esquerda vão denunciar ao menos a Coreia do Norte?’ A verdade é que para eles a democracia parece lenta e ineficaz. Como disse o Bobbio: O ódio a democracia unem a esquerda e direita. Querem um autoritarismo rápido, que mude “tudo isso que está aí”. Esse episódio do Paraguai, que a presidente Dilma teve de aderir de má vontade, por imposição dos ‘cucarachas’ fascistas, aponta para uma restauração da velha febre antiimperialista que justifica e absolve a incompetência da América Latina. E tudo isso apoiado por picaretas neo-marxistas como o showman SlavojZizek e alguns babacas daqui. A América Latina está com fome de autoritarismo, que é bem mais legível para os paranóicos. •

Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta

jabor@valeparaibano.com.br

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