MEIO AMBIENTE
SAÚDE
Cidade do futuro: como abrigar bilhões de pessoas no já exaurido globo?
CULTURA
Jovens são metade dos novos casos de DSTs no mundo
Festival de Inverno de Campos do Jordão reverencia suas raízes
Junho 2012 • Ano 3 • Número 27 R$ 7,80
COM R$ 10 MILHÕES DE DÍVIDAS, O SÃO JOSÉ ESPORTE CLUBE É ALVO DE DENÚNCIAS JUDICIAIS DE CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. TIME CORRE O RISCO DE NÃO DISPUTAR CAMPEONATOS ATÉ 2014
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Opinião
Palavra do editor
DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno
São José Esporte Clube derrotado?
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á 13 anos afastado da elite do futebol paulista, o São José Esporte Clube enfrenta dívidas e problemas judiciais acumulados que esvaziam a credibilidade do clube, dentro e fora de campo. Não bastasse a imagem arranhada por uma década de derrotas, a direção do São José é alvo de denúncias de crimes contra a ordem tributária, uso de cargo público para obter favores privados e crime de apropriação indébita de recursos trabalhistas. Tais fatos afundam cada vez mais o time e dificultam a captação de patrocinadores dispostos em tirar a agremiação desse atoleiro. A falência do São José, ainda que simbolicamente, será decretada neste mês, quando terminam os últimos contratos de publicidade que dão uma sobrevida financeira ao clube. A situação se agravou tanto que os dirigentes cogitam decretar renúncia coletiva. Em meio à crise, a pior da atual gestão, três propostas estão sobre a mesa os dirigentes, mas nenhuma atende as necessidades: sanar R$ 9,5 milhões em pendências, um valor que aumenta a cada torneio. Grande parte dessa dívida corresponde a processos trabalhistas: a “herança maldita”, que compromete 30% da renda dos jogos em depósito judicial. Sem dinheiro, a chance do clube ficar sem disputar nenhum campeonato até 2014 só aumenta. E, sem recursos, o São José cai, e com ele quase 80 anos de história no futebol da cidade. E os problemas do São José com a Justiça também bateram à porta da sede do clube, o Teatrão. O Ministério Público ingressou com ação civil pedindo que o complexo retorne ao patrimônio da prefeitura. Depois de três décadas de uso pelo clube, questiona-se a validade do repasse do imóvel, a utilização e a preservação do prédio, degradado pela falta de manutenção. Mais uma derrota. Sem investir no poliesportivo, o São José perdeu ao longo dos anos importante fonte de renda que poderia ajudá-lo a sanar as dívidas. O clube, que chegou a contar com 8.000 associados, hoje tem apenas 70 sócios contribuindo com a mensalidade. Será esse o fim?
DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Isabela Rosemback (isabela@valeparaibano.com.br) e
Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br ARTE CAPA Ana Paula Comassetto anapaula@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cris Bedendo, Franthiesco Ballerini e Marrey Júnior COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.
DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL
Cristiane Abreu, Luciane Carvalho, Mellise Carrari, Tatiana Musto e Vanessa Carvalho comercial@valeparaibano.com.br (12) 3202 4000
A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000
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A TIRAGEM É AUDITADA PELA
Marcelo Claret editor-chefe
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MODA
Sumário
MISTURAS DE INVERNO P86
ESPECIAL
O atoleiro do S. José Dívidas, processos, acusações, falta de credibilidade: o São José Esporte Clube corre o risco de nem disputar a Série A2 do Campeonato Paulista em 2013; diretoria fala em renúncia coletiva
MEIO AMBIENTE SUSTENTABILIDADE
ERUDITO
MUNDO PROTESTOS
As cidades do futuro P50
Festival volta às origens P90
Nudez militante
A Terra já mostra sinais de fraqueza quando o assunto é acomodar as necessidades de uma população que só cresce. Existem saídas? ECONOMIA TRABALHO
Faltam gestores no mercado da região P22 Indústrias do Vale do Paraíba sofrem para preencher cargos de alta gestão ENTREVISTA ALEX ATALA
“Quando entrei na lista dos melhores, vi que não era mais um cozinheiro” P36
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O centenário do maestro Eleazar de Carvalho é o tom dos acordes em Campos do Jordão
CAMARADA
Soul man Hyldon continua na rua, na chuva, na fazenda, em todos os lugares produzindo como nunca P102
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O Femen encontrou uma forma pouco comum para reinvindicar seus direitos; atenção elas ganharam TURISMO LONDRES
Roteiro longe dos jogos P78 Ensaio Fotográfico p70 Hi-Tech p84 Cinema p106 Arnaldo Jabor p114
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Política
Da Redação Newsweek chama Obama de primeiro presidente gay Revista estampa auréola nas cores do arco-íris, símbolo das bandeiras dos grupos militantes de homossexuais
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revista Newsweek causou controvérsia nos Estados Unidos ao lançar uma manchete que classifica Barack Obama como ‘o primeiro presidente homossexual’ do país. O artigo, publicado no mês passado, foi escrito por Andrew Sullivan, um blogueiro político homossexual. Uma semana antes, a Time, concorrente pelo mesmo mercado de leitores de revistas semanais, escandalizou muitos norte-americanos com sua foto de capa na qual uma mulher amamenta uma criança de três anos de idade. A imagem provocou protestos no país, onde amamentar em público ocorre raras vezes e é, inclusive, ilegal em muitas regiões. A capa da Newsweek traz uma foto do presidente com uma auréola com as cores do arco-íris -símbolo das bandeiras dos grupos militantes de homossexuais. A reportagem foi publicada na mesma semana em que Obama declarou oficialmente ser a favor do casamento gay, tornando-se o primeiro presidente norte-americano a assumir tal posicionamento. A ação foi interpretada por muitos como uma jogada política para conquistar mais votos e angariar renda para a eleição de novembro. Seu provável adversário, o republicano Mitt Romney, é declaradamente contra a união entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto, na matéria da Newsweek, Sullivan acredita que o apoio ao casamento gay não foi apenas uma jogada política de Obama. “Quando você volta um pouco e avalia o histórico de Obama sobre os direitos gays, você vê, de fato, que isso não foi uma aberração. Foi um inevitável auge de três anos de
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BRANCO & PRETO Sobre o veto dado pela presidente Dilma Rousseff a 12 artigos do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional
“Esse não é Código Florestal dos ambientalistas, não é o código dos ruralistas, este é o código do bom senso”
Mendes Ribeiro Ministro da Agricultura
“A decisão do governo federal é não anistiar desmatador e garantir que todos devem cumprir recuperação ambiental” CAPA Barack Obama é manchete da Newsweek
trabalho”, afirmou o blogueiro à ocasião. Dias após a declaração de Obama, o Instituto Gallup mostrou ligeira queda na aprovação dos americanos ao casamento homossexual para exatos 50%. Outro indicador aponta que entre os democratas, a aprovação chega aos 65%, mas outros 34% são contrários. Ao mesmo tempo 40% dos eleitores independentes se dizem contra. Por fim, os protestantes –religião com mais adeptos nos EUA– são majoritariamente contra: 59% acreditam que a união entre pessoas do mesmo sexo não deveria ser legalizada. O Gallup analisa a opinião dos americanos sobre o tema desde 1996. Na primeira pesquisa, 27% dos norte-americanos eram favoráveis à união gay, ante 68% contrários.
Izabella Teixeira Ministra do Meio Ambiente
“Este projeto de lei seria uma catástrofe não somente para o Brasil, mas para todo o mundo e nosso futuro”
Fernando Meireles Cineasta
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Domingo 3 Junho de 2012
Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais
“Não há a menor possibilidade política, acredito, de derrubada do veto ao Código Florestal. O Senado, com a participação da Câmara, produziu um acordo que, depois, não foi respeitado na votação da Câmara”
O silêncio de Carlinhos Cachoeira
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rinta ‘nãos’ para sessenta perguntas. O esperado silêncio do bicheiro Carlinhos Cachoeira, centro do esquema de corrupção investigado na CPI batizada com seu sobrenome no Congresso Nacional, contrariou e indignou parlamentares. Justificou que pretende se manifestar antes na Justiça, que tem muito a dizer, mas saiu sem responder nenhum questionamento. Foi chamado de “bandido”, “arrogante” e “criminoso” pelos integrantes da CPI. Nada abalou Cachoeira, que sorriu discretamente. Nem o pedido de liberdade negado pelo STJ. Preso desde 29 de fevereiro, sob a acusação de explorar jogos ilegais e comandar
PSDB anuncia Blanco como pré-candidato
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PSDB de São José dos Campos indicou para a disputa da prefeitura o ex-secretário de Juventude Alexandre Blanco, enteado o deputado federal e ex-prefeito Emanuel Fernandes. O anúncio do pré-candidato tucano pôs fim a um processo de escolha que se estendeu por quase três meses, o mais demorado da história do partido na cidade. Formado em Direito pela Universidade Mackenzie, Blanco tem 37 anos. Foi assessor especial de Juventude no governo Eduardo Cury de 2005 até 2008. De 2009
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um vasto esquema de corrupção, Cachoeira está no complexo da Papuda, sob forte sistema de segurança. Deixou o presídio pela primeira vez para depor na CPI, mas se manteve calado por duas horas e meia. Após o espetáculo protagonizado por Cachoeira, os parlamentares resolveram mirar na construtora Delta. O deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI, disse que haveria “fortes indícios” de que a matriz da Delta enviou dinheiro a “laranjas” do contraventor e a empresas ligadas à organização criminosa. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), os dados evidenciam que será em vão centralizar as apurações na representação goiana da Delta. “Quando a CPI quebrar o sigilo da Delta, certamente ficará claro o vínculo da matriz com o governo federal. Foi a construtora que mais cresceu, impulsionada pelas obras do PAC.” Laudo da Polícia Federal mostrou que a Delta enviou dinheiro a partir de agências de instituições financeiras no Rio a empresas de fachada no Centro-Oeste. Os pagamentos foram feitos via contas bancárias com o CNPJ nacional da Delta.
a março deste ano, atuou como secretário de Juventude. Hoje, é presidente licenciado do Diretório Municipal do PSDB. Blanco terá como principal adversário na corrida eleitoral o deputado Carlinhos Almeida, pré-candidato pelo PT que já disputou as duas últimas eleições municipais. Outros seis partidos definiram seus pré-candidatos: Alexandre da Farmácia, pelo PP, Antônio Alwan (PSB), Antonio Donizete Ferreira (PSTU), Cristiano Ferreira (PV), Fabrício Correia (PSDC) e Rogério Penido (PPS). O processo de escolha do candidato tucano foi conduzido pelo prefeito Eduardo Cury e por Emanuel –as principais lideranças do partido em São José. Também disputavam a indicação do PSDB os ex-secretários Claude Mary de Moura (Governo), Felício Ramuth (Comunicação) e Marina de Fátima de Oliveira (Defesa do Cidadão), além do ex-vereador Luiz Paulo Costa e do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Júlio Costa Rocha.
Acesso ao arquivo secreto só em 2013 A Lei de Acesso à Informação manterá longe dos olhos do público os documentos classificados como secretos e ultrassecretos. Tal acervo, de acordo com a legislação, ficará sob sigilo por 15 e 25 anos, respectivamente. Entretanto, a divulgação de quais documentos integram o acervo poderá ser conhecido em junho de 2013, segundo a direção de Prevenção da Corrupção da Controladoria-Geral da União A nova lei entrou em vigor na segunda quinzena do mês passado se vai, segundo a presidente Dilma Rousseff, inibir o mau uso do dinheiro público e as violações de direitos humanos. “A transparência, a partir de agora obrigatória também por lei, funciona com o inibidor eficiente de todo mau uso do dinheiro público e também de todas as violações de direitos humanos”, disse. Dilma acrescentou ainda que a legislação e a Comissão da Verdade resultam de um longo processo de construção da democracia que durou quase três décadas. A nova lei regulamenta o acesso a dados do governo, pela imprensa e pelos cidadãos, e determina o fim do sigilo eterno de documentos oficiais. Com essa legislação, o Brasil passa a compor, com 91 países, o grupo de nações que reconhecem que as informações guardadas pelo Estado são um bem público. Além dos gastos financeiros e de contratos, a norma garante o acompanhamento de dados gerais de programas, ações, projetos e obras.
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Política EM XEQUE
Um time na lama Em meio a pior crise administrativa e financeira, com quase R$ 10 milhões em dívidas, o São José Esporte Clube enfrenta fora e dentro de campo a falta de credibilidade e vira alvo de denúncias judiciais de crime contra ordem tributária. E ainda corre risco de não disputar nenhum torneio até 2014
Hernane Lélis São José dos Campos
fracasso do São José Esporte Clube na missão de retornar à elite do futebol paulista nos últimos 13 anos agravou a crise financeira e administrativa da agremiação. A cada temporada perdida, a inadimplência do clube aumenta e os problemas na Justiça se acumulam. Além de enfrentar o risco iminente de perder sua sede, a direção do clube responde ao Ministério Público por denúncias de supostos crimes contra a ordem tributária, uso de cargo público para obter favo-
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res privados e crime de apropriação indébita de recursos trabalhistas. Processos que afundam o time ainda mais na lama e dificultam a captação de patrocinadores dispostos a arcar com quase R$ 10 milhões em dívidas. A falência financeira do São José, ainda que informalmente, será decretada neste mês. Os últimos contratos de publicidade terminam no dia 30 de junho e representam apenas R$ 75,5 mil de renda –a única disponível no momento. A situação expõe a fragilidade extra-campo dos dirigentes, que cogitam decretar renúncia coletiva, algo jamais ocorrido no clube, que completa 80 anos de existência em 2013. Para seguir com o calendário de competições, a direção aponta a necessidade de captação de pelo menos R$ 290 mil por mês
para um torneio como o Campeonato Paulista da série A-2 –o suficiente para montar uma equipe de qualidade que assegure à torcida resultados positivos. Sobre a mesa dos dirigentes há atualmente três propostas de parceria: a de um grupo de investidores paulistas, outra de empresários do Sul e, por último, a do ex-zagueiro Roque Júnior. A primeira, capitaneada pelo vice-presidente do São José, Celso Monteiro, reúne duas pessoas interessadas em gerenciar o time apenas para a Copa Paulista de Futebol, que tem início em julho. A outra envolve uma empresa de gerenciamento de futebol do Sul do país que se dispôs assumir o time no torneio paulista e avaliar a extensão do contrato até o final da A-2 do próximo ano.
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Fotos: Flávio Pereira
Já a proposta do pentacampeão pela Seleção Brasileira, Roque Júnior, prevê um contrato longo, de cinco anos, com possibilidade de renovação para mais cinco. O parceiro entraria como o novo gestor do futebol, responsabilizando-se pelas decisões e o abastecimento financeiro. A ideia exigiria a aprovação do Conselho Deliberativo, uma vez que a diretoria executiva pode assumir compromissos somente até o final do seu mandato, em junho de 2013. O problema, segundo o presidente do São José, Robertinho da Padaria, é que nenhuma das alternativas apresenta solução para sanar a dívida de R$ 9,5 milhões do clube –valor que aumenta a cada torneio disputado. “A proposta do Roque e de ninguém assume o passivo do clube. Todo mundo quer
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usar o time daqui para frente, ninguém quer arrumar a casa. Se eu tiver um contrato de cinco anos posso chegar à Justiça e falar que não vamos falhar com nossos compromissos, que vamos honrar com as dívidas. Não interessa quem fez a dívida, se não pagar não vai para frente nunca. Sempre falei que para ter uma coisa séria no São José é preciso ter um alicerce para não cair. Ou você paga o passivo ou nunca vai ter uma coisa sólida que possa subir o clube e permanecer na primeira divisão”, afirma Robertinho. Para não ficar fora da Copa Paulista de Futebol o presidente acertou a proposta do grupo MD 93 Marketing Esportivo, de São Paulo. “Está bem encaminhado com esses empresários”, diz. Outra opção revelada pelo cartola,
em caso de desistência do parceiro, seria colocar o time sub-20 em campo para, quem sabe, revelar algum atleta. No entanto, qualquer que seja a decisão, ela já enfrenta a resistência do secretário-geral do clube, José Luis Nunes, que prefere aproveitar o período de competição para buscar patrocinadores que garantam a participação do clube na A-2 do próximo ano com uma equipe de alto nível. “Sempre aparece um monte de gente nessa época querendo apresentar jogador, tem empresário que paga para colocar o atleta em campo. Precisamos acabar com essas medidas paliativas para conquistar algo efetivo, não passar por um sofrimento a cada seis meses. Podemos disputar com a base, mas se for para ser saco de pancada dos outros ti-
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Política
mes é melhor não apostar nisso. Vou fazer o papel chato nessa história para tentar evitar situações desagradáveis para a diretoria e ao torcedor”, explica Nunes. Na remota possibilidade de não disputar a Copa Paulista, o São José ficaria impedido de participar da mesma competição no ano seguinte. Se o abandonar após o início, as partidas disputadas serão válidas e as não-disputadas serão decididas por W.O., sem prejuízo das penalidades impostas pela Justiça Desportiva. No Campeonato Paulista, caso não dispute a série A-2, a equipe retornará para a divisão de acesso, ou seja, à Segunda Divisão. “Não podemos deixar isso acontecer, nossa prioridade tem que ser montar um time competitivo para a A-2, conseguir recursos para isso”, garante Nunes, que tem até outubro para fechar essa parceria sem prejuízos junto a Federação Paulista de Futebol. “Não posso negar que existe esse risco (de ficar fora da A-2). Se não tivermos dinheiro para disputar o campeonato no próximo ano a única alternativa é colocar também o sub-20 para jogar. O que pode acontecer não sabemos. Então vamos ter que enfrentar esse problema. Não tenho o que fazer. Ninguém quer pegar o time como tem que ser, assumindo as dívidas. Tem alguém que quer? Por favor, venha pegar. Meu mandado termina em junho e não penso encabeçar outra chapa, quero entregar e me dedicar somente a minha vida particular e política” diz Robertinho. Prejuízos Para garantir a participação do time nas últimas temporadas os dirigentes vêm assumindo riscos financeiros que prejudicam ainda mais a situação do clube. O São José entra em campo com seu tradicional uniforme azul e deixa o gramado com as contas no vermelho. No ano passado, de acordo com balanço financeiro apresentado pelo departamento de contabilidade da agremiação, a temporada deixou de herança um déficit de R$ 123 mil no orçamento. Até abril desse ano o valor calculado chega a R$ 113 mil de danos. No acumulado, desde 2007 quando o presidente era o empresário Hélio Fontes, aliado de Robertinho, o saldo negativo chega a R$ 565 mil. O gasto com o pagamento de funcionários, incluindo comissão técnica e jogadores, aumenta a cada ano. Em 2008, o São José teve que desembolsar R$ 831 mil com o quadro funcional. Já na temporada passada o valor chegou à marca de R$ 1,7 milhão. O mesmo movimento acontece com as receitas do clube, que dobraram nos últimos
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MONTANTE No total, o São José E.C. tem quase R$ 10 milhões em dívidas acumuladas de gestões anteriores
quatro anos, saltando de R$ 1,1 milhão para o volume de R$ 2,2 milhões. O pagamento de direito de imagem dos atletas é, segundo consta nos informes contábeis, um dos principais gastos da atual administração, com R$ 635 mil somente no ano passado. Em 2010, o valor chegou a R$ 754 mil. O direito de imagem é um benefício pessoal negociado diretamente entre o jogador com a entidade desportiva, por meio de valores e regras livremente estipulados entre as partes. Por não integrar, a princípio, a remuneração dos atletas, o pagamento não incide qualquer encargo trabalhista. Considerando a situação financeira dos
Clube chegou a contar com 8.000 associados que pagavam para usufruir do poliesportivo e obter descontos nos ingressos para os jogos. Hoje, o quadro de sócios tem 70 contribuintes
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do Pansera. Não é só direito de imagem que estão devendo, praticamente todos os direitos trabalhistas precisam ser quitados”, considera Décio Neuhaus, advogado desportivo e coordenador jurídico da Federação Nacional e do Sindicato dos Jogadores Profissionais do Rio Grande do Sul.
clubes brasileiros, muitos cartolas firmam contratos com os jogadores prevendo uma remuneração irrisória a título de “salário” e, em contrapartida, celebram contratos de licença de uso de imagem envolvendo altos valores, alegando a valorização da imagem do jogador profissional de futebol. A medida aplicada pelo São José ao atleta Fábio Pansera, que vestiu por um curto período em 2001 a camisa da Águia do Vale, rendeu à diretoria um dos 120 processos que o São José responde na Justiça do Trabalho. O volante recebia pelo contrato de trabalho R$ 700 e pelo direito de imagem R$ 2.300. Após ser dispensado recebeu seus direitos calcula-
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dos sob o valor registrado como salário. Por discordar da decisão, acionou o clube judicialmente para receber os benefícios proporcionais ao valor total de remuneração. O juiz reconheceu o pedido do jogador como válido e ordenou o clube a saldar a dívida, que até 2008 estava calculada em R$ 40 mil. “A ordem de execução foi dada em 2002, mas até agora nada foi pago. Hoje, somado todos os acréscimos tributários, esse valor pode ser o dobro, quem sabe até ultrapassar os R$ 80 mil. Parece que o time não tem como pagar e estamos esperando alguma penhora. Tenho outro jogador que passou pelo São José e que esta na mesma situação
Herança maldita A diretoria do São José costuma chamar os processos trabalhistas e grande parte da dívida da agremiação de “herança maldita”. Isso porque mais da metade dos credores e pendências jurídicas é das gestões anteriores, apenas 17 processos são oriundos da atual administração. Sem recursos próprios para saldar as dívidas, o clube vem acertando suas pendências com os credores por meio de um acordo de penhora sob os valores arrecadados de bilheteria, com um repasse de 30% da renda dos jogos em depósito judicial. Os cartolas garantem ainda que os alugueis dos espaços do poliesportivo também estão penhorados na Justiça. Até o momento 39 execuções foram liquidadas por meio dessas ações. “É o ano mais difícil de todos em nossa gestão. Está difícil conseguir um bom parceiro, está difícil conseguir acordos, está difícil saldar as dívidas. A única coisa que eu quero é poder encerrar o meu mandato e entregar minhas prestações de contas para outra pessoa tocar. Não quero mais isso, já dei minha contribuição. Não adianta tentar erguer o time sem prefeitura e sem empresários”, reclama Robertinho. “Penso várias vezes em renunciar e entregar tudo isso. Já falei para as pessoas que estão comigo que não estou mais aguentando tudo isso”, desabafa. Ele e seu staff prestam contas à Justiça sobre denúncias de crime de apropriação indébita de valores retidos de salários e prêmios de ex-jogadores e sobre a legitimidade de patrocínio ao clube de uma empresa que mantém contrato de prestação de serviço com a Prefeitura de São José dos Campos –visto que Robertinho da Padaria ocupa uma cadeira de vereador na Câmara e o secretário-geral, José Luis Nunes, é ex-secretário do Trabalho da atual administração da agremiação. Por conta disso, o Ministério Público notificou a Câmara e a prefeitura para avaliarem o caso e exigiu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do clube. A denúncia supõe que ambos usaram do cargo público para garantir o antigo patrocinador. O MP também pediu à Câmara e à prefeitura que avalie se a condição de Robertinho e de seu suplente no São José contraria a Lei Orgânica do Município, uma vez que o texto
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Política
determina que nenhum agente público pode ‘ocupar cargo de direção em entidades e órgãos públicos ou privados que recebam auxílio ou subvenção financeiros do Poder Público Municipal’, sob pena de perda de mandato. A delação alega que o clube recebe verbas de aluguel da prefeitura por espaços do poliesportivo e ainda usufruiu do estádio Martins Pereira. “De fato, tentada a obtenção de informes sobre os recursos e contabilidade do São José, detectou-se a existência de verdadeira ‘caixa-preta’ na contabilidade da entidade, com pouquíssima transparência na movimentação de seus recursos (origem e destino)”, diz na ação civil pública a promotora Ana Cristina Ioriatti Chami. “Foram celebrados, ao longo dos anos, inúmeros convênios e contratos de locação entre a Prefeitura e o São José, sem que lograsse êxito na localização de qualquer espécie de prestação de contas da utilização dos valores arrecadados”, finaliza a promotoria. O caso foi levado ao MP por Luiz Carlos de Oliveira, candidato derrotado por Robertinho da Padaria na última eleição do São José, e será analisado pela assessoria jurídica da Câmara. Já o secretário-geral, José Luis Nunes, está fora da prefeitura desde abril, quando pediu exoneração. Sobre o crime de apropriação indébita, segundo consta nos autos, o Ministério Público Federal providenciou a comunicação dos fatos à Delegacia da Receita Federal para devida apuração dos supostos crimes. O parecer da promotoria destaca a efetiva ausência de transparência na administração dos bens e patrimônios do clube. “Tudo está sendo esclarecido no MP, o que estão solicitando estamos mandando. A defesa está sendo feita e não temos porque ter medo disso. O maior problema dessas denúncias é que prejudica a imagem do clube, mesmo sem nenhum fundamento”, diz Robertinho. “Estamos no alvo de uma pessoa que não se conforma de ter perdido o pleito. Mas se ele acha que pode assumir o São José de verdade eu entrego agora”, acrescenta. Sobre o fato de ser vereador e presidente do São José, Robertinho se defende alegando que ao longo da história o clube sempre esteve associado à política e que se não fosse isso o futebol profissional da cidade já estaria “morto” há anos. “Só existem dois jeitos de tocar futebol, ou você é empresário ou você é político. Se eu não fosse político, o São José teria morrido lá trás, há seis anos, quando o Wilson (Renato, ex-presidente do São José) foi me pedir ajuda. Falta inclusive maior
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RETROCESSO Se o time não disputar a Série A2 do Campeonato Paulista em 2013, volta para a Série B no ano seguinte
participação política. Se eu fosse prefeito, por exemplo, pediria ajuda para o futebol. Enquanto isso não acontecer dificilmente o time volta para a primeira divisão, a tendência é morrer”, reclama. O dirigente considera que a participação do poder público deveria ser maior, assim como acontece com São Bernardo do Campo e Penapolense –que conquistaram acesso à elite do futebol paulista neste ano. O “Tigre do ABC”, como é conhecida a equipe da grande São Paulo, possui o prefeito Luis Marinho (PT) como cartão de visita na busca por patrocinador. “A ajuda da prefeitura se resume basicamente nessa aproximação com os investidores. Dinheiro público no futebol profissional não existe, mas a presença do prefeito como apoio é muito importante”, explica Edgard Montemor, diretor de futebol do São Bernardo. Robertinho defende que o prefeito Eduardo Cury (PSDB) realize a mesma atividade que o chefe do executivo da cidade do ABC.
A ideia é que o tucano se exponha mais na busca por investidores e represente o futebol profissional da cidade da mesma forma que, ainda que deficitariamente, o time representa dentro de campo. “Minha briga com ele (Cury) é por ser temeroso quanto ao São José. Terminou o último campeonato e critiquei mesmo sendo aliado dele. Posso colocar minha imagem, mas ele não pode? Se eu pedir uma ajuda para o São José é para o futebol, não é particular. Isso tem que deixar bem claro no envolvimento”, diz. A Prefeitura de São José argumenta que qualquer apoio ao clube deve atender exigências legais. Uma vez que a lei não prevê ajuda financeira do poder público ao esporte profissional, a administração encontrou como alternativa ceder a utilização do Estádio Martins Pereira, cuja manutenção é feita integralmente pela prefeitura, através dos serviços da Urbam. Além disso, a doação do Teatrão no final da década de 80 também foi uma forma de ajudar o clube.
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Domingo 3 Junho de 2012
DIREÇÃO José Luis Nunes, secretáriogeral do São José (acima) e Robertinho da Padaria, presidente do clube (abaixo)
Teatrão Os problemas do São José com a Justiça também bateram na porta da sede do clube, o Teatrão, na zona leste da cidade. O Ministério Público ingressou no último mês com ação civil pedindo que o complexo retorne ao patrimônio da prefeitura após 31 anos da doação que garantiu à agremiação a guarda do poliesportivo. Na ação, a promotora Ana Cristina questiona a validade do repasse do imóvel, a utilização e a preservação do prédio. Ela afirmou em seu despacho que a doação do complexo não possui condições jurídicas de ser válida por ter ocasionado prejuízo ao patrimônio público. Destacou também que não houve registro da transmissão do bem ao clube no cartório de imóveis no ato administrativo da doação e criticou a intenção da agremiação de arrendar o poliesportivo para fins privados, inclusive com a utilização dos recursos para pagamento de dívidas trabalhistas, como negociava a diretoria do São José antes da
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ação do MP. Para a promotora, a medida demonstra que a entidade se esqueceu por completo da finalidade “social e esportiva do imóvel, no qual deveria manter o centro poliesportivo em regular funcionamento”, diz trecho da ação. O estado de degradação do complexo também foi usado de argumento nos autos. “A maior parte dos equipamentos existentes se encontra em situação de precariedade e abandono sem condições de utilização, restando evidente descumprimento das obrigações de manter o núcleo sócio-esportivo-recreativo”. “As atuais condições do Teatrão revelam a ausência de permanentes investimentos e de sustentável fonte de recursos que viabilizem o atendimento das finalidades declaradas no ato da doação”. Segundo consta no relatório de despesas do clube, no ano passado os custos com conservação de bens e imóveis foi de apenas R$ 1.473. A direção do São José defende a vigência
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do acordo com a prefeitura e antecipou que não vai abrir mão de recorrer da decisão do MP. “A promotora, com todo respeito, deixou ser levada pela opinião pública e não pelo aspecto legal. O poliesportivo foi doado para o São José e agora vão revogar uma lei de 30 anos atrás. Pegamos o poli daquele jeito, a conta de água e luz era gato antes de assumirmos a gestão. Encontramos o problema e liguei para regularizar a situação. Estamos pagando R$ 400 mil dessas dívidas. Vamos tentar ficar com o Teatrão até o fim, não vamos desistir”, diz Robertinho. Sem investir no poliesportivo, o São José perdeu ao longo dos anos uma importante fonte de renda que poderia ajudar no combate à inadimplência. O clube chegou a contar com cerca de 8.000 pessoas que pagavam uma taxa –hoje de R$ 40– para se associarem à agremiação, usufruindo da estrutura do poliesportivo e obtendo descontos na compra de ingressos para os jogos. Atualmente, o quadro de sócios tem aproximadamente mil torcedores, dos quais apenas 70, segundo os cartolas, seguem efetivamente pagando a mensalidade. Torcida Sempre presente nos jogos, batendo inclusive recordes de público na série A-2, a torcida do São José está cansada de ver a equipe sempre levando os problemas administrativos para dentro de campo. Eduardo Rodrigues Pereira, presidente da Mancha Azul, principal torcida organizada do time, acredita que a diretoria blefa quando fala em deixar a gestão da agremiação e aponta a falta de transparência nas contas do clube como principal empecilho na captação de recursos por meio de investidores e patrocinadores. “O São José é uma incógnita. Se a diretoria não presta conta do dinheiro fica difícil conseguir um bom patrocinador”, reclama. Representando parte das arquibancadas, Pereira considera válida a opção de ficar fora da Copa Paulista de Futebol se for para conquistar subsídios que garantam uma equipe de qualidade para disputar o acesso à primeira divisão do Estadual. “A Copa é deficitária e sempre acaba tendo custos e trazendo problemas maiores para o clube”. Ainda sim, o torcedor defende Robertinho no cargo. Ele afirma que o cartola tem boa vontade com o time, mas que escolheu parceiros errados para acompanhá-lo. “Colocou pessoas que prejudicaram o clube. Não aguentamos mais promessas que não levam a nada. Gente que vem só para vender jogador”. •
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Política
Ozires Silva
É possível reduzirmos o tempo de viagem do avião? A Nasa diz que sim
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á uma pergunta prontamente respondida por passageiros aéreos de longo curso sobre a duração do voo, que se sentam por 12 horas num jato para voar, por exemplo, do Brasil para Paris. Esquecendo-se que, por qualquer outro meio de transporte, esse período de tempo apareceria multiplicado por muitas vezes mais, respondem que não gostam! E conjeturam se as modernas aeronaves de hoje poderiam ser substituídas por outras mais velozes, que pudessem reduzir o tempo das viagens. A Nasa procura responder a pergunta e assinala acreditar que as velocidades atuais, girando em torno dos 900 kph, podem dobrar chegando a 2.500 kph. E acrescenta ser possível, usando-se as tecnologias existentes e a custos de operação menores do que os atuais. Esse horizonte foi apresentado à comunidade mundial em 2008. Embora o preço do barril de petróleo tenha excedido US$ 100, e hoje esteja ligeiramente acima desse valor, parece que os analistas da Nasa concentraram-se só na área técnica, pouco se detendo na economia do serviço. Assim, afirmaram e afirmam que é possível voar mais rápido usando-se materiais mais leves e de maior resistência, conceitos de projetos estruturais mais avançados, motores equipados com metais capazes de trabalhar em temperaturas mais altas, além de um sem número de hipó-
VELOCIDADE “Como sabemos, o sonho do passado já virou realidade” teses que se baseiam no que já existe. Deve ser lembrado que as empresas mundiais de transporte aéreo apresentaram em 2008 resultados lucrativos que não viam há anos, desde 2001, quando do ato terrorista que destruiu as duas Torres do WTC. Na atualidade, a rentabilidade econômica das operações do transporte aéreo está na alça de mira. Os custos estão crescendo e, embora a demanda também esteja em desenvolvimento, os preços das passagens, clamam os operadores, precisam ser ajustados à realidade. A proposta de voar a grandes distâncias e em altitudes mais altas parece essencial, mas a Física estabelece que sempre o consumo de combustível crescerá proporcionalmente ao quadrado da velocidade. Por outro lado, também se sabe que maiores velocidades aumentam a produtividade do voo, aparecendo como contribuição para baixar o seu custo. Mas tudo isso, infelizmente, não compensa o crescimento do custo operacional direto provocado pela maior quantidade de combustível queimado. Sem dúvida, a velocidade tem um grande apelo comercial e isso pode ser utilizado para justificar e compensar outros custos. Os desafios do transporte aéreo têm ainda os gravames criados pela
operação em terra, dos aeroportos, da proteção ao voo, da distribuição e comercialização em geral, tudo crescendo com custos apreciáveis e rapidamente. Para redução dos custos uma alternativa seria a do uso de aviões crescentemente maiores, por exemplo, aqueles que poderão acomodar até 800 passageiros ou mais. Tais máquinas são mais difíceis de operar nos aeroportos convencionais e exigindo pesados mecanismos de logística em todos os seus aspectos, sejam do lado dos passageiros ou do próprio avião. Uma quebra de paradigma pode alterar essas previsões da Nasa. A dos voos suborbitais, percorrendo trajetórias parabólicas e sub-orbitais, capazes de vencer grandes distâncias sobre a Terra, a velocidades que podem chegar a velocidades 30 mil km/h. Por exemplo, uma viagem do Rio de Janeiro a Tóquio, inclusive aceleração e desaceleração, não deveria levar mais do que duas horas, ou pouco mais! Embora a tecnologia para planejar e executar tais voos estejam ainda limitadas por aspectos práticos, como o tipo de aeronave que acomode os passageiros, o grande consumo de combustível necessário e outras dificuldades a superar, retardam a adoção dessa nova forma de voar, em torno de 100 ou pouco mais quilômetros de altitude. Mas, sem dúvida, a vontade pela velocidade poderá um dia tornar tudo uma realidade. Hoje, são sonhos mas, como sabemos, tivemos sonhos no passado que, transformados em realidade, estão nos aeroportos mundiais. •
Ozires Silva Engenheiro
ozires@valeparaibano.com.br
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Publieditorial
ClĂnica Corpore
chega para garantir qualidade de vida aos executivos da regiĂŁo Equipamentos novos e de Ăşltima geração, educadores fĂsicos treinados e um sistema inovador de exclusividade: assim vai funcionar a unidade da ClĂnica Corpore em SĂŁo JosĂŠ dos Campos, que acaba de abrir as portas. A maior cidade do Vale merece nosso investimento. Aqui, por conta do polo industrial, temos uma quantidade enorme de pessoas trabalhando sob pressĂŁo, estresse, com um potencial enorme para melhorar a qualidade de vida e a saĂşde. A clĂnica vem para melhorar esse cenĂĄrioâ€?, diz Michel Millen, diretor tĂŠcnico da ClĂnica Corpore de SĂŁo JosĂŠ dos Campos. E Michel Millen sabe o que diz. Uma pesquisa americana da Universidade de Rochester, nos EUA, analisou o comportamento de quase trĂŞs mil funcionĂĄrios de uma fĂĄbrica de Nova York. O estudo concluiu que os executivos, por exemplo, passam horas em reuniĂľes estressantes ou em frente aos computadores, e quando chegam em casa, se atiram no sofĂĄ, favorecendo uma rotina sedentĂĄria e o ganho de peso. “Nossa ideia ĂŠ fazer com que esse executivo que trabalha nas empresas de SĂŁo JosĂŠ dos Campos e vive nas mesmas condiçþes dĂŞ o primeiro passo nos conhecendo. A partir daĂ, ele nĂŁo estarĂĄ mais sozinho, darĂĄ os passos seguintes com a constante compaQKLD GH XP SURÂż VVLRQDO H[FOXVLYR GXUDQWH o treinamento. E nĂŁo importa o objetivo, se ĂŠ emagrecer, melhorar o condicionamento, aliviar a tensĂŁo ou tratar de problemas GH VD~GH RV SURÂż VVLRQDLV GD &RUSRUH YmR trabalhar incansavelmente atĂŠ realizĂĄ-loâ€?, garante Michel. A ClĂnica Corpore ĂŠ a maior e melhor rede de atendimento personalizado do paĂs. O pĂşblico alvo inclui pessoas com mais de 30 anos que jĂĄ tentaram de tudo e nĂŁo conseguiram estabelecer uma rotina saudĂĄvel; aqueles que embora façam exercĂcio nĂŁo conseguem perceber as mudanças, pessoas TXH QXQFD Âż ]HUDP XPD DWLYLGDGH DWOHWDV que pretendem melhorar seu condicionamento e todos que desejam se sentir bem e acreditam que cuidar da saĂşde e explo-
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UDU RV OLPLWHV GR FRUSR p XP GHVDÂż R D VHU vencido. AlĂŠm de SĂŁo JosĂŠ dos Campos, o mĂŠtodo Coach 4.1, patenteado e exclusivo, ĂŠ aplicado em seis clĂnicas, para, aproximadamente, 2.5 mil alunos das cidades de Araçatuba, SĂŁo JosĂŠ do Rio Preto, Bauru, Araraquara, Piracicaba e RibeirĂŁo Preto , e, em breve, com inauguraçþes previstas entre 2013 e 2015, serĂŁo abertas as unidades de Campinas, Campo Grande – MS, Londrina e Curitiba – PR e Goiânia – GO. O sistema Coach 4.1 reĂşne quatro programas a serem disponibilizados de acordo com a meta do cliente: o PTI (Programa de Tratamento Individualizado), que ofeUHFH DWHQGLPHQWR FRP KRUiULR GHÂż QLGR H orientação integral com uma equipe mulWLGLVFLSOLQDU GH Âż VLRWHUDSHXWDV H HGXFDGR res fĂsicos exclusivos; o PES (programa de Eventos Semanais), com atividades extensivas aos amigos e familiares que promovem diversĂŁo e entretenimento; o PON (Programa de Orientação Nutricional), com elaboração e acompanhamento de novos e saudĂĄveis hĂĄbitos alimentares e o PEM (Programa de Educação e Motivação), que garante a educação contĂnua da HTXLSH GH SURÂż VVLRQDLV “SĂŁo 15 anos de sucesso. NĂŁo somos uma academia, embora tenhamos os melhores equipamentos de atividade fĂsica do mercado. A diferença ĂŠ que na Corpore o cliente nĂŁo faz nada sozinho. Quando ele entra
na clĂnica, faz um investimento e tem a garantia de resultados mais rĂĄpidos porque ĂŠ monitorado o tempo inteiro, sem intervalo para a dispersĂŁo ou o risco de fazer um exercĂcio errado. O termo clĂnica ĂŠ porque cuidamos realmente dos nossos clientes, tratando o sonho dele como nosso e dando a ele as condiçþes de realizĂĄ-lo, priorizando a saĂşde, o bem estar e a estĂŠtica, porque ser belo ĂŠ saudĂĄvel para a autoestima tambĂŠm. Depois que ele faz a avaliação inicial individualizada, temos, ClĂnica Corpore e cliente, uma meta. E mesmo que o cliente pense em desistir, nossa missĂŁo ĂŠ motivĂĄ-lo e mostrar que ĂŠ possĂvel. Para nĂłs, promover essa felicidade ĂŠ dividir a vitĂłria que o cliente, com certeza, vai alcançarâ€?, Âż QDOL]D 0LFKHO
Michel Millen, diretor tĂŠcnico da Corpore SJC.
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Clinica Corpore | Saúde e Bem-estar Endereço: Avenida Barão do Rio Branco, 540 – Jardim Esplanada Telefone: 3909-4444 Serviços exclusivos: Personal Training, Pilates, Nutrição, Fisioterapia Desportiva, RPG, Osteopatia. Site: www.clinicacorpore.com.br
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Economia MERCADO DE TRABALHO
Procuram-se executivos
Foto: Ilustrativa
Indústrias do Vale do Paraíba sofrem para preencher vagas de alta gestão, com salários de até R$ 20 mil, e “importam” mão-de-obra de várias regiões do país
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Hernane Lélis São José dos Campos
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enários como Jardim Botânico e o bairro Santa Felicidade em Curitiba, deixaram de fazer parte do cotidiano e passaram a ocupar apenas a memória de Marcos Correia Sampaio, 35 anos. O administrador acaba de trocar o aconchegante clima sulista pelo sotaque do interior paulista para ocupar o cargo de gerente de projetos em uma metalúrgica de São José dos Campos. A mudança ocorreu devido à dificuldade de encontrar no Vale do Paraíba gestores qualificados e com experiência para integrar o staff de executivos da companhia, que passou quase quatro meses à caça de um profissional. Já é notório que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. Indústrias e empresas de todos os segmentos querem
profissionais de média e alta gerência que carregam no currículo muito mais do que experiência, fluência em línguas estrangeiras e uma extensa grade de cursos realizados. A procura é por atributos e valores pessoais que se alinhem às políticas e anseios da companhia. “O candidato tem que demonstrar quais os motivos que o levaram a querer a vaga, não se valer apenas do salário oferecido e sua atual condição profissional”, diz Alvaro Gazda, gerente regional da Michael Page, empresa global líder em recrutamento especializado de executivos. A facilidade em se expressar, o alto poder de persuasão, a habilidade para administrar conflitos no ambiente de trabalho, o conhecimento de mercado e o traquejo no relacionamento profissional credenciaram Sampaio para ocupar o cargo executivo. Ele participou da seleção com outros dois candidatos que também não eram da região. “Minha condição de vida era agradável, mas teria pouco espaço para crescer profissio-
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nalmente no Paraná. Já conhecia um pouco a região por meio de pesquisas e contatos com fornecedores, vim para apostar na carreira”, avaliou o curitibano Sampaio. Alvaro Gazda é responsável pela seleção de diversos candidatos a gerentes, diretores e demais cargos de liderança no Vale do Paraíba e Sul de Minas Gerais. Para suprir o déficit de mão-de-obra de alta gestão nessas regiões, sua equipe recorre frequentemente por profissionais de outras localidades do Estado e do país. A carência por pessoas qualificadas, segundo ele, acontece pelo fato de que ao longo dos últimos 20 anos diversas indústrias se instalaram ou expandiram seus negócios no Vale, aumentando assim a demanda por contratações de líderes. Porém, o mesmo movimento não foi acompanhado pela oferta de profissionais, gerando carência para cargos de maior peso administrativo. Além disso, a ausência de um polo industrial diversificado também dificulta a contratação, uma vez que todos
PESQUISA Oito em cada dez profissionais com salário de R$ 6 mil a R$ 15 mil receberam proposta para mudar de emprego nos últimos 12 meses
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Economia Fotos: Flávio Pereira
os candidatos apresentam praticamente o mesmo perfil em seus currículos. É o que acontece hoje com a Fibria, indústria do ramo de celulose instalada em Jacareí. A falta profissionais ligados à área na região faz com que funcionários de alta gestão de outras unidades sejam alocados para a planta local a fim de preencherem posições estratégicas. A administradora de empresas Rosangela Schmachtenberg, 42 anos, saiu de Porto Alegre, teve uma passagem pelo Espírito Santo e desembarcou há três anos no Vale do Paraíba para trabalhar na empresa. “A possibilidade de enxergar um crescimento profissional foi o que me trouxe. No Rio Grande do Sul não temos esse grande número de empresas e a mesma velocidade de crescimento industrial que existe em São Paulo” disse Rosangela. Antes de ser integrada ao quadro funcional da Fibria, Rosangela ocupava um cargo de coordenação. Hoje senta na cadeira de Gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional, que tem a missão de selecionar o melhor candidato para uma vaga em aberto. Tarefa que pode levar até 12 meses, dependendo da função. Para suprir a ausência de um médico do trabalho, por exemplo, foi necessário quase um ano de busca no mercado. O posto só foi ocupado após alterar o status da vaga para coordenador de saúde, elevando assim os benefícios oferecidos pela empresa. “Existe uma carência desse profissional para indústria, por isso, optamos por oferecer uma remuneração condizente com o nível executivo. No geral, o Vale possui empresas muito especializadas, segmentadas. É difícil encontrar pessoas por aqui que atendam a demanda técnica e o perfil de nossos cargos gerenciais. Além disso, consideramos muito a identificação do profissional com os valores, crenças de gestão e competências da empresa. O perfil tem que ser aderente aos critérios da companhia, não basta ter apenas experiência”, explicou a gestora. O tempo médio apontado por pesquisas do gênero para preencher postos de liderança dentro do ambiente coorporativo é de três meses, variando de acordo com a função e o mercado de trabalho em que o empregador esta inserido. Para evitar que esse prazo se estenda, a Michael Page, também costuma buscar “forasteiros”. Somente no ano passado, foram cerca de 20 pessoas de outras regiões do Brasil contratadas pelas empresas do Vale. A consultoria possui ainda outras 30 oportunidades à espera de um candidato. A procura se resume basica-
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SELEÇÃO Rosangela Schmachtenberg, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Fibria, em Jacareí: “não basta ter apenas experiência”
mente por gerentes comerciais e de projetos, ambas para o setor automotivo. Também há oportunidades na região para gerente de manutenção, gerente de projetos com foco em investimentos, engenheiro de petróleo, engenheiro de mobilidade, engenheiro ambiental e sanitário, médico do trabalho, gerente de recursos humanos, advogado de contratos, biotecnologistas, técnico em sistema de informação e profissionais financeiros de primeira gerência. Os benefícios oferecidos incluem, entre outras coisas, salários de até R$ 20 mil e carro com todas as despesas subsidiadas pelo contratante.
Preocupação A acirrada disputa por pessoas qualificadas e com experiência para cargos executivos tem agitado o mercado. Não perder líderes e funcionários que ocupam cargos de confiança é uma das maiores preocupações das empresas. Pesquisa feita pela Asap, consultoria de recrutamento de médios executivos, constatou que oito em cada dez profissionais com salário de R$ 6 mil a R$ 15 mil receberam proposta para mudar de emprego nos últimos 12 meses. Destes, apenas 24,5% aceitaram a oferta, devido à política agressiva de retenção de talentos de seus atuais empregadores.
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Economia
Para evitar a perda de mão-de-obra, 4 em cada 10 entrevistados dizem ter recebido aumento salarial superior a 30% nos últimos três anos, contra inflação acumulada de 17%. A maioria que rejeitou a proposta de novo emprego citou “salário abaixo da expectativa” como motivo da recusa. A pesquisa revela que a chance de crescimento e promoção dentro da companhia foi o que contou mais para quem trocou de empresa entre os 1.934 entrevistados. Hoje, a Asap possui o Vale como um dos maiores mercados de trabalho do interior, ao lado de Campinas. Cerca de 35% do faturamento da filial da empresa vem de posições feitas na região, sendo que 70% das vagas são voltadas para a indústria e o restante para o setor de bens de consumo. O maior problema está no aproveitamento dessas oportunidades por profissionais do Vale, variando entre 30% e 40% dos cargos preenchidos. “O setor de recursos humanos das empresas tem que superar o desafio de reter os profissionais e garantir a vinda de pessoas qualificadas”, disse Carina Budin sócia e gerente da Asap de Campinas. •
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RECRUTAMENTO Alvaro Gazda, gerente regional da Michael Page: “candidato tem que demonstrar quais os motivos que o levaram a querer a vaga, não se valer apenas do salário”
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Ciência & Tecnologia Artigo
Fabíola de Oliveira
A política e a economia por trás da ciência e tecnologia
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o mês que passou, a imprensa de São José dos Campos estampou manchetes com denúncias contra o Inpe, que estaria celebrando contratos milionários com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate), sem passar pelos processos licitatórios exigidos por lei de órgãos públicos. O atual diretor do Inpe parece ter servido de bode expiatório para uma situação enraizada no serviço público ao longo das últimas décadas, que é a criação de fundações e ONGs que se prestam a receber recursos públicos para a contratação de serviços e projetos que, de outra forma, deveriam ser licitados diretamente pelas organizações governamentais. Não é só o Inpe. Universidades de prestígio no país, como a USP e a Unicamp têm fundações similares, e as utilizam para os mais diversos fins, desde pagar professores visitantes, até facilitar compras de equipamentos para pesquisas. A justificativa não-confessa para a criação dessas fundações sempre foi agilizar a gestão dos institutos de pesquisa e universidades públicas, que do contrário veem-se amarradas a uma legislação que as obriga a passar por complexos processos de compras e aquisição de serviços e produtos. Não contempla distinção entre a compra de um lote de material de limpeza, a construção
INPE Universidades de prestígio no país seguem o mesmo caminho ‘burocrático’
de um prédio, e a aquisição de componentes de um satélite. É claro que com isto o caminho para os desvios, superfaturamentos e outras malversações com o dinheiro público, fica facilitado. E sabemos que mesmo nas licitações, a lisura nem sempre está presente. Um lado interessante desta história é desmitificar de vez a imagem de intocabilidade que ainda parecia existir em relação aos homens e mulheres da ciência e tecnologia. Vemos a todo momento vereadores, deputados, senadores, magistrados sendo denunciados por atos contra o patrimônio público, mas doutores formados em universidades de prestígio do Brasil e do Exterior, parece novidade para nós. E esta novidade serve para mostrar a dimensão política e econômica do campo da ciência e tecnologia que, ao contrário do que ainda se possa idea-
lizar, é uma atividade sujeita a todo tipo de intempéries que a mente e a moral humanas são capazes de arquitetar e praticar. Além disto, no Brasil a maior parte dos investimentos na área ainda tem origem nos cofres públicos, portanto é dinheiro que nós cidadãos geramos com os impostos (quase) maiores do mundo que pagamos. E não é pouca coisa. Em 2010 o governo investiu cerca de 2% do PIB de R$ 1,5 trilhão, ou seja, R$ 30 bilhões em ciência e tecnologia. Ainda é pouco se comparado com os EUA, Japão e países europeus, mas é uma parcela significativa de nosso potencial econômico. Ao perceber esta dimensão política e econômica das atividades de ciência e tecnologia, a sociedade deve estar atenta para cobrar comportamentos e resultados que atendam aos interesses maiores do país. •
Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br
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Saúde
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Risco assumido Jovens de 14 a 29 anos concentram a metade dos novos casos de doenças sexualmente transmissíveis no mundo; Aids já afeta mais meninas adolescentes do que meninos no Brasil Isabela Rosemback São José dos Campos
ada vez mais precoces no modo como lidam com seus relacionamentos afetivos e sexuais, adolescentes e jovens continuam expondo-se aos riscos de contrair DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), e o resultado disso é um crescente nos casos de infectados na faixa etária entre os 14 e 29 anos. A tendência é mundial, segundo relatório das Nações Unidas, e reflete também nos dados brasileiros e regionais. Nos últimos anos, os casos de Aids em jovens homossexuais aumentaram, mas outro dado alerta para novos desafios: meninas diagnosticadas com a mesma doença na adolescência são mais numerosas que meninos na mesma situação e faixa etária. A incidência crescente de HPV (papilomavírus humano) nesse grupo também aciona a luz amarela sobre o problema, que exige mudanças de atitude. “Metade dos novos casos de DSTs no mundo está concentrado em jovens. Nos anos 1980, os homens correspondiam a 85% dos atingidos pela epidemia da Aids. Hoje, no nosso país, a proporção de infectados é dois homens para cada mulher. Nos adolescentes já é um para um, chegando até a 1,4 menina para um menino. A Aids, portanto, está tornando-se mais feminina e jovem”, contextualiza a gine-
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cologista Albertina Duarte, coordenadora do Programa Estadual do Adolescente da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Embora a epidemia hoje seja classificada como controlada –com prevalência estável da infecção em cerca de 0,6% da população–, e uma sutil redução na incidência de casos notificados em 2009 e 2010 seja apresentada, o país lida com um acréscimo de 10% nos casos de rapazes gays infectados com idades entre 15 e 24 anos. O surgimento crescente de pacientes com HPV e doenças antigas como a sífilis e a gonorreia, entre os jovens de uma forma geral, também preocupa especialistas. Essa curva ascendente é desenhada por múltiplas razões. No caso específico do HIV/Aids, o traçado começa pelo fato de que o avanço no tratamento da doença promove uma sobrevida prolongada, dando uma falsa ideia de que os efeitos da infecção serão brandos ou sanados mais adiante. Não terem acompanhado os primórdios da epidemia contribui para que muitos jovens insistam na cegueira diante dos riscos, pois não há o medo da moléstia. Sexo desprotegido Durante a relação sexual, o uso de preservativos acaba sendo renegado por interferências das relações de poder entre os sexos, do abuso do álcool, de preceitos culturais, de barreiras no acesso a informações, bem como por outras variantes que acabam por sufocar as possibilidades de negociação do uso da camisinha entre os parceiros. A segurança depositada nas pílu-
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IDADE
Realizada com 600 jovens frequentadores de sete unidades do projeto Casa do Adolescente no Estado de São Paulo
A pesquisa ouviu jovens entre 10 e 20 anos e quase metade deles já tiveram relações sexuais, 49,8%
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Fotos: Divulgação
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INÍCIO
DOENÇAS
CUIDADO
MUNDO
61% dos entrevistados que já tiveram relações começaram sua atividade sexual entre 13 e 15 anos
94,5% dos adolescentes afirmaram ter conhecimento sobre alguma doença sexualmente transmissível
96,6% delas e 94,3% deles, citaram o uso de preservativos como forma de prevenção contra DSTs
Metade dos novos casos de DSTs no mundo é em jovens; no Brasil, a Aids já infecta mais meninas
enção
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Saúde
las do dia seguinte, por exemplo, contribui para que a proteção seja deixada de lado. “No caso do adolescente, mais de uma ‘ficada’ já é entendida como compromisso, e ele assume riscos baseado na confiança que deposita no outro, sem que haja troca de intimidade suficiente. A menina tem medo de ser julgada, de perder o parceiro ou de não dar conta de proporcionar prazer. Já o menino pensa que deve ser um atleta sexual. São todos muito inseguros e focam mais na experiência que não tiveram do que na prevenção, ainda que tenham conhecimento sobre os métodos”, resume Albertina. Isabel Botão, assistente técnica da área de Direitos Humanos, Riscos e Vulnerabilidade do Ministério da Saúde, reforça essa ideia com um agravante: “Temos dados que mostram que o número de jovens que usam a camisinha no primeiro ato sexual aumentou. Então eles sabem como evitar doenças. Mas essa prática cai assim que eles entendem que estão em uma relação estável, o que é relativo”. Para ela, a questão ainda esbarra em conceitos preconcebidos. “Ainda falta a todos superarem aquela ideia antiga de que existem os grupos de risco e, assim, entenderem que todos estão vulneráveis, ainda que pessoas de camadas sociais mais baixas e jovens homens que fazem sexo com homens ainda estejam entre os mais atingidos. Exemplo é o fato de as adolescentes com Aids superarem os meninos infectados da mesma idade no país”. DSTs e os números No Brasil, ainda há dificuldade de se visualizar o quadro de infectados por DSTs, em geral, por quase a totalidade delas não serem de notificação compulsória –ou seja, de catalogação obrigatória. Apenas a Aids tem um banco de dados mais preciso, exigido em 1986 e estruturado, principalmente, a partir dos anos 2000. Ainda assim, já começaram a ser exigidos os relatórios de casos de sífilis e de corrimentos uretrais em unidades públicas e privadas de saúde, além de em consultórios. “Mas os registros dessas duas doenças que temos aqui ainda são muito reduzidos perto da realidade. Muito porque grande parte das pessoas se tratam sozinhas, recorrem a farmácias, ou enfrentam barreiras para o atendimento em postos de saúde. Também atravessamos uma fase de conscientização dos profissionais da área sobre a necessidade de os casos atendidos serem relatados. É tudo muito novo, coisa de um ano”,
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DIZEM POR AÍ, MAS NÃO É VERDADE Transar com camisinha é como chupar bala com papel. O preservativo não impede, mas sim prolonga o prazer durante uma relação. E isso justamente por diminuir o atrito direto dos órgãos genitais dos parceiros, que é o que contribui para que o jovem acabe ejaculando mais rapidamente. Com o tempo de ereção prorrogado, ganham os dois, que podem se conhecer sexualmente com mais tranquilidade. Sexo oral não transmite doença. Doenças como sífilis, gonorreia e herpes podem sim ser transmitidas durante a prática oral desprotegida. Pode ser ainda pior com HPV: os casos de câncer de boca e orofaringe devido a infecções causadas pelo vírus durante o sexo oral desprotegido triplicaram em relação à década de 1990. E os atingidos estão cada vez mais jovens.
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Preservativo feminino é grande e desconfortável. É tudo uma questão de hábito. Ele não é grande, apenas aparenta ser. Só para se ter uma ideia, a ‘camisinha feminina’ chega a ficar menor que um absorvente interno se dobrada várias vezes. É uma opção já acessível em postos de saúde e que pode substituir tranquilamente o preservativo masculino. Usar dois preservativos reforça a proteção. É um tremendo erro pensar assim. Apenas um é suficiente. Dois ou mais preservativos juntos, sejam eles masculinos ou femininos, só aumentam o risco de eles serem danificados. Isso por causa do atrito que será gerado entre eles, podendo rompê-los. Quanto maior o membro, maior o prazer. Mas a camisinha aperta. Quem tem uma boca grande beija melhor? Não. Da mesma forma, o tamanho do pênis não interfere no desempenho sexual ou no prazer que a relação poderá proporcionar. A vagina tem musculatura elástica e as terminações nervosas responsáveis pela sensação de prazer estão nos primeiros centímetros dela. Lembrando que há muitas outras maneiras de estimular o parceiro, que não só a penetração. Para quem acha que a camisinha aperta, hoje já existem três tamanhos diferentes de preservativo, e isso evita incômodos. Fontes: especialistas consultados pela reportagem e ligados a órgãos estaduais e federais de saúde no programa DST/Aids.
afirma Marta Ramalho, infectologista e interlocutora do programa DST/Aids no GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) da região de São José dos Campos. Para se ter ideia, em 2011 apenas 227 casos de sífilis foram notificados pelas oito cidades que o órgão, ligado ao Estado, abrange no Vale do Paraíba. Desses, 31% corresponderiam a jovens de 10 a 29 anos. São dados, portanto, extremamente frágeis e que ainda não devem servir de referência. Ainda assim, a coordenadora municipal de DST/Aids em São José dos Campos, Leila Maria Dodds Bonard, afirma que a incidência de pacientes jovens com codiloma (verrugas genitais) e sífilis continua sendo grande nos centros de saúde da cidade. “Atendemos demandas de outros municípios e percebemos que esses casos são mais comuns. Depois vêm corrimentos e infecções urinárias, também consequentes das relações desprotegidas”. Só em São José dos Campos, considerando atendimentos a moradores de outras cidades da região, os casos de DSTs notificados nas unidades públicas de saúde em 2009 foram
462. Em 2010, houve queda para 411 diagnósticos. Entretanto, observa-se que houve um leve crescimento na incidência dessas doenças nos jovens entre 14 e 19 anos: respectivamente, eles correspondem a 12,3% e a 14,6% desses números totais. Os dados, cedidos pelo CRMI (Centro de Referência em Moléstias Infecciosas), não incluem a Aids. “Mas vemos a situação como controlada. Além disso, temos de considerar que esse pode ser um indício de que os jovens estão procurando mais pelo serviço público de saúde para o diagnóstico e tratamento de suas doenças”, pondera Leila. De acordo com o mesmo banco de dados, em 2011 foram registrados 500 casos totais, sendo 11% deles verificados em adolescentes entre 14 e 19 anos e outros 55% detectados em pessoas de 20 a 34 anos. O urologista e professor do departamento de Medicina da Unitau (Universidade de Taubaté), Gustavo Notari de Moraes, afirma que atende pelo menos um caso de DST em rapazes de 15 a 25 anos por dia, em seu consultório particular, e chama a atenção para a incidência alta de infectados por HPV. “É uma doença preo-
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MAIS CEDO A iniciação cada vez mais precoce da vida sexual dos meninos e das meninas tambÊm inuencia nos dados
cupante, que tem se espalhado entre os jovens e que pode gerar câncer de Ăştero ou em outros ĂłrgĂŁos. Ela exige manutenção constante, porque pode se manifestar ao longo dos anos, mesmo depois de tratada. O problema ĂŠ que o jovem posterga a consulta, tem vergonha de se expor ou nĂŁo tem quem o orienteâ€?. HIV/Aids Pelo cruzamento de dados feito pelo GVE de SĂŁo JosĂŠ dos Campos, as oito cidades que o compĂľem demonstram que os casos de Aids verificados em jovens do sexo masculino, entre 10 e 24 anos, triplicaram de forma sempre crescente de 2007 atĂŠ 2011. “Se separados os casos de heterossexuais dos de homens que declaram ter feito sexo com homens, proporcionalmente esses casos tĂŞm atingido parcelas muito maiores no segundo grupoâ€?, afirma Marta. Dados nacionais divulgados pelo MinistĂŠrio da SaĂşde, ao final do ano passado, apontam que os casos diagnosticados em homens heterossexuais no Brasil tĂŞm apresentado declĂnio –em 2010, para cada 10 soropositivos com esse perfil haviam 16 homossexuais infectados. Nos jovens gays de 18 a 24 anos, os dados pontuam que comparados a jovens em geral, a chance de um homossexual estar infectado pelo HIV ĂŠ 13 vezes maior que os demais.
“JĂĄ os casos em mulheres jovens tendem Ă queda. Na regiĂŁo de SĂŁo JosĂŠ, as notificaçþes em adolescentes de atĂŠ 19 anos ainda nĂŁo ultrapassam os dados masculinos, mas quando observamos os nĂşmeros de meninas apenas infectadas pelo vĂrus, percebemos uma inclinação para isso. SĂŁo jovens que adquirem o vĂrus cedo, e que vĂŁo desenvolver a doença perto dos 19 anosâ€?, lamenta. O GVE do Litoral Norte apresenta dados em que percebe-se que, entre 1999 e 2010, meninas com idades entre 13 e 19 anos superaram nĂşmeros de notificaçþes da infecção por 7 dos 12 anos que configuram o perĂodo. O GVE de TaubatĂŠ afirma que os casos de Aids em jovens de 20 a 29 anos jĂĄ foram maioria atĂŠ 1994, quando foi superado pelos diagnosticados com idades entre 30 e 39 anos. Hoje, apresenta queda nos casos em jovens e predominância masculina em todas as faixas etĂĄrias. Mudança de postura A iniciação cada vez mais precoce da vida sexual principalmente das meninas tambĂŠm influencia nos dados, apontando mudanças no comportamento dos adolescentes. “Antes, os rapazes buscavam garotas de programa para terem relação. Hoje, elas tĂŞm exigido a camisinha, mas esses jovens passaram a fazer sexo com pessoas que jĂĄ conhecem, permanecendo expostos. Eles jĂĄ tĂŞm conhecimento da impor-
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tância do uso da camisinha, portanto temos de direcionar as campanhas para as vantagens em usá-la. Ela tem de ser vista como um apetrecho de fetiche. E isso serve a homossexuais também. A diversidade tem de assumir atitudes”, cobra a ginecologista Albertina Duarte. Para Ivone de Paula, gerente da área de prevenção do programa estadual DST/Aids, o momento demonstra uma necessidade de intervenção mais efetiva. “Devem ser ações extra-muro. Temos pesquisa em que 21,9% dos jovens afirmaram ter tido mais de dez parceiros sexuais na vida. 8,7% deles com pessoas do mesmo sexo. 43,5% dos entrevistados têm pelo menos uma relação casual por ano. Entretanto, 61% deles usaram preservativo na primeira relação. Quer dizer, a prevenção falha em algum momento. Temos de identificá-lo e unir forças para criar estratégias que contenham novos casos de infectados”, afirma. O ideal seria que o diálogo sobre sexualidade e prevenção fosse aberto desde cedo em casa e nas escolas. Mas isso não ocorre tão facilmente, pois ainda há barreiras mo-
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rais, religiosas e comportamentais que impedem esse acesso às informações. “Os pais acham que falar de sexo é induzir os filhos a praticá-lo. Não dão oportunidade para esses jovens falarem. Não é por aí. Os mais vulneráveis ainda são os negros e os pobres, mas temos de trabalhar todas essas situações em que os jovens ficam mais sujeitos à contração dessas doenças. Não adianta fazer ações na igreja, porque é uma parcela pequena. Campanhas em boates, saunas e em um campo de futebol funcionam melhor. É importante, também, que esses indicativos não sejam vistos de forma preconceituosa ou homofóbica”, conscientiza. Além do atendimento especializado em hospitais e unidades específicas para o tratamento de moléstias infecciosas, os órgãos governamentais afirmam que campanhas com a realização de testes gratuitos de HIV na população fazem parte das medidas para controlar a epidemia –quanto mais cedo a infecção é detectada, menores são as chances da transmissão do vírus a parceiros. A oferta de preservativos em novos postos de
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distribuição é mais uma das ações citadas, além da criação de grupos de apoio aos adolescentes. O Ministério da Saúde afirma que há grande esforço, também, no sentido de reforçar a adesão das escolas para aulas de educação sexual em classe, ainda que resistências continuem sendo enfrentadas. A meta é torná-las obrigatórias. “Os jovens são tão vaidosos com a aparência, hoje. Frequentam academias, se produzem... Então por que não assimilar que a proteção na hora das relações sexuais é mais um cuidado que eles devem ter com o próprio corpo? É nessa ideia que temos de trabalhar”, afirma a infectologista Marta Ramalho. Com exemplos simples, a ginecologista Albertina Duarte conclui: “A calça jeans no início parecia desconfortável, mas não é. As mulheres já não têm problemas com depilação ou com absorventes e sabonetes íntimos. Os aparelhos dentários antigamente eram feios, hoje são status: ninguém tem medo de beijar alguém com eles. A mesma coisa deve ser com a camisinha. São necessárias mudanças de atitude, de comportamento. É um aprendizado que pede ação”.•
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Entrevista
Dois Pontos >Alex Atala, chef do D.O.M., eleito recentemente o quarto melhor restaurante do mundo, quer fazer da culinária uma ‘ferramenta social’
“ Quando entrei na lista dos melhores, vi que não era mais um cozinheiro” Hernane Lélis São José dos Campos
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lex Atala, 44 anos, conseguiu notoriedade mundial como proprietário e chef de cozinha do renomado restaurante paulistano D.O.M., eleito no último mês o quarto melhor do mundo pela revista britânica Restaurant. O sucesso nas panelas o colocou na condição de celebridade até mesmo entre as pessoas que nunca sequer provaram um de seus pratos. Dá autógrafo, tira fotos, lança livros e concede poucas entrevistas à imprensa. Ele costuma comparar a fama com a cachaça, a qual aprecia tomar com carqueja. “Ela encanta, traz prazer, mas tem que tomar com cuidado porque deixa bêbado e dá dor de cabeça”. O badalado chef quer manter-se sóbrio para aproveitar o reconhecimento que possui e suas convicções para transformar a culinária brasileira em uma ferramenta social. “Vou me orientar pela minha crença, pela minha bandeira, pela minha alavanca, que é a cozinha. Está na hora das pessoas verem que ela é um instrumento muito forte”, diz. Atala falou com exclusividade à revista valeparaibano sobre a missão que possui e garante que a famosa galinhada que causou uma enorme confusão durante a Virada Cultural, em São Paulo, ainda possui muito caldo. Os sabores do Vale do Paraíba, a gastronomia caiçara e sua relação com os rizicultores da região também são destaque dessa temperada conversa, ocorrida durante uma visita do chef a São José dos Campos.
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Muita gente o admira mesmo sem ter provado nenhum de seus pratos. Quando percebeu que suas palavras e sua imagem causam tanta repercussão quanto seu talento na cozinha? < Acho que depois da inauguração do D.O.M., entre 2005 e 2006, quando entrei para a lista dos melhores do mundo, passei a ver que não era mais um cozinheiro. Tive que aprender a administrar meus negócios, aprender a pensar no meu negócio e reaprender a falar sobre comida e ingredientes brasileiros. Tudo isso ainda assusta um pouco, a cada degrauzinho que a gente sobe ficamos mais alto e é preciso administrar isso. Sei que é um momento incrível, mas que não será eterno. Cada passinho aumenta a responsabilidade. Porque acredita que será passageiro tudo isso? < Vai ser ruim para o Brasil se só tiver o Alex Atala. Uma das coisas que tenho que fazer com tudo isso é abrir espaço para que outros cozinheiros possam aparecer também. Posso falar com bastante propriedade que temos uma nova geração excepcional de chefs, de deixar os grandes polos gastronômicos do mundo com inveja. É uma nova geração muito potente. Já ganhei mais projeção, mais reconhecimento, mais tudo do que podia imaginar. Agora é hora de pensar nessa nova geração e mostrar para as pessoas que a cozinha brasileira é uma coisa viável. Quando a gente usa ingredientes brasileiros estamos valorizando nossa cultura e ajudamos socialmente, economicamente, e quem sabe até ambientalmente o nosso entorno. Você vê a popularização de cursos superiores de gastronomia como algo bom para a profissão? < Muito bom. Essa vitória não é minha, é brasileira. Que
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PERFIL NOME: Milad Alexandre Mack Atala IDADE: 44 anos NATURALIDADE: São Paulo-SP ESTADO CIVIL: Casado. Três filhos
COMIDA “TIVE CONTATO COM A IÇÁ EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. ADORO E FICO OFENDIDO QUANDO AS PESSOAS FALAM: VAI COMER FORMIGA? JÁ LEVEI IÇÁ À DINAMARCA”
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CARREIRA: Ex-punk, terminou o colegial no supletivo, fez técnico em culinária na Europa e hoje é dono do quarto melhor restaurante do mundo
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Entrevista
PRATOS SOBREMESA Bolo de castanha do Pará com sorbet de whisky, rúcula selvagem, chocolate amargo com pimenta, flor de sal e curry
PRINCIPAL R Raia na manteiga de garrafa e tomilho, limão com mand dioquinha defumada, brócolis e espuma de amendoim
não seja o Alex, mas uma nova geração que merece ser reconhecida. Quando voltei para o Brasil, em 1994, tínhamos uma realidade de cozinha, de produtos, de equipamentos que era sofrível. Isso melhorou muito graças a essa valorização, o segmento está mais profissional. Comparo nossa profissão com as modelos dos anos 90 e os publicitários dos anos 80 que não deixaram de existir apesar de efervescência nesse ramo que gerou astros. Esse movimento também garantiu parametrização e profissionalização do segmento. Consegue dizer qual receita típica do Vale do Paraíba que mais gosta? < Várias coisas. O bolinho caipira é uma delas. Passei um fim de semana entre Pindamonhangaba e Tremembé, onde acontecia a Festa do Arroz, e comi muito bolinho. Mas não posso deixar de falar da içá, sou fã de içá (risos). Adoro e fico ofendido quando as pessoas falam ‘vai comer formiga’. Essa tradição é linda. Já conhecia o içá de menino, mas tenho um irmão que nasceu em São José dos Campos então acabei conhecendo melhor por aqui. Lembro de uma cena, que nunca vou me esquecer na vida, todo mundo invadindo a Dutra, parando os carros para pegar içá. Dá pra colocar içá no cardápio da alta gastronomia? < Usei no D.O.M. várias vezes. Consegui no ano passado um bom carregamento, três garrafinhas de içá. Levei inclusive para Dinamarca para fazer jantar e dar aula. Acho que até temos que usar com certo respeito para não causar desequilíbrio ambiental. Temos que tomar cuidado com coisas que podem virar ingredientes ao extraí-las da natureza. Você sempre fala com preocupação sobre essas questões ambientais. É uma preocupação comum entre os chefs ou uma coisa sua mesmo? < Têm chefs com essa preocupação, não são todos. Tem gente que fala sobre reciclagem de lixo, de usar orgânico, entre outras coisas. Entendo e respeito, mas acho que pode ser mais profundo, extenso e fácil esse debate. Numa cidade como São Paulo, pensar em coleta seletiva é quase um sonho a menos que você tenha um carro e um funcionário
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apenas para levar o lixo até algum lugar adequado. Parece um pouco utópico na cidade falar sobre coleta seletiva em restaurantes de São Paulo. Apesar de que em casa eu faço, levo até um supermercado da região que tem as lixeirinhas. Dali para frente nunca acompanhei. Acredito que eles fazem a coisa certa quando recolhem. Existe algum ingrediente que só se encontra aqui no Vale do Paraíba? < O cambuci é uma fruta excepcional e típica da Mata Atlântica, temos uma riqueza muito grande no Vale. É possível falar em várias coisas. O cambuci propriamente sou apaixonado. Tenho passagens da minha infância no Litoral Norte onde caminhava no meio do mato com meu avô colhendo e comendo cambuci. São boas lembranças. Quando criança você ia muito ao Litoral Norte com seu pai para pescar. Admira a gastronomia caiçara? < Muito. Tem um clássico da culinária caiçara que sempre me intrigou que é a moqueca de banana verde com garoupa. A reação entre os dois gera um tom azul marinho, isso é uma coisa extraordinária, uma simbologia da cozinha caiçara. Além do peixe, tem uma erva amarga que a gente toma muito com cachaça, que é a carqueja. Tem gente que faz chá, mas tomava cachaça com ela. É uma planta que, bem usada na cozinha, surpreende. Você acha que o interior de São Paulo, mais especificamente o Vale do Paraíba, tem condições de receber uma cozinha como a sua? < Tenho certeza. É questão de tempo. Vontade de trazer alguma coisa para cá não falta. Tenho uma limitação com meus negócios, são dois restaurantes e não tenho sócios para me ajudar. Não sou um megaempresário, mas venho estimulando essa nova geração a entrar nessa. O Laurent Suaudeau, um grande chef, um mito, há muito tempo flerta com o Vale do Paraíba também. Estava conversando com ele exatamente sobre isso um dia desses. É um caminho natural e vejo um grande mercado por aqui, aposto que o Laurent vai vir pra
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Entrevista
CARREIRA “NUNCA ORIENTEI A CARREIRA PARA GANHAR PRÊMIOS. ISSO NÃO QUER DIZER QUE CADA OPORTUNIDADE QUE APARECE NÃO AGARRE COM UNHAS E DENTES“ cá primeiro e, se um dia minha vida acalmar, venho também. Como criar uma identidade para a cozinha brasileira em um país com uma diversidade gastronômica tão grande? Que imagem e sabor você acredita que está levando para o exterior? < Outro dia tive uma conversa a respeito disso. Acho que filho de pai e mãe japoneses quando nascem no Brasil é brasileiro, ganha cidadania brasileira. Filho de estrangeiros quando nasce no Brasil é brasileiro. A primeira forma de pensar é assim, se nasceu no Brasil é brasileiro. Temos as cozinhas regionais que são lindas, a baiana, a mineira, a paraense, a gaúcha. Temos que enaltecê-las. O bom profissional de cozinha sabe fazer isso. Não estou falando de restaurantes caros, mas de qualidade, de comida bem feita que, às vezes, pode ser barata. Num jogo de futebol podem existir dez barracas com dez sanduíches diferentes, a que está mais cheia não é a que cobra mais caro, mas a que provavelmente é a melhor em qualidade. E porque o D.O.M. é caro? < Restaurantes como o meu são caros por uma série de motivos. Não é só pelo ingrediente. Quando comecei o D.O.M. tinha 90 lugares e hoje tenho 54, baixei quase a metade. Os custos, os alugueis e os impostos são os mesmos. Alguns até maiores por que tenho mais funcionários. É natural que o restaurante acabe ficando mais caro, mas não acho que alta cozinha seja cobrar caro. Em 2010, o D.O.M. galgou a 18ª colocação na lista San Pellegrino World’s 50 Best Restaurants. Hoje já se encontra em 4º lugar. Acha que chegará ao topo? < Essas coisas vão acontecendo naturalmente. Nunca orientei minha carreira e nem a minha equipe para ganhar prêmios. Mas isso não quer dizer que cada oportunidade que aparece a gente não agarre com unhas e dentes.
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do pequeno produtor rural sofrendo muito porque não é competitivo no mercado. Ele planta porque é guerreiro. Os anos que vivi na Europa aprendi que grandes vinhos e queijos, por exemplo, são produzidos em chácaras, em pequenas porções de terras. Produzir qualidade pode ser a viabilidade de uma grande parcela dos produtores rurais. Minha história com o Chicão (Ruzene, produtor de arroz de Pindamonhangaba) começou nisso. Ele era um agricultor desesperado, acreditou num pesquisador sobre colher e plantar um arroz negro. No primeiro momento ele foi piada já que todo mundo da região plantava agulhinha. Virou mais chacota ainda quando colheram uma safra excepcional e não tinha para quem vender. No desespero, o Chicão saiu e bateu em São Paulo para falar comigo. Gostei do arroz, mandei para outros chefs usarem, falamos na mídia e hoje o arroz negro do Vale do Paraíba está em vários lugares do Brasil. Não mudou só a vida do Chicão, tem agricultores associados e todo o entorno dele se beneficiando com o sucesso do produto. A galinhada da Virada é um assunto encerrado? < Acho que ainda vai dá. A mídia quis retratar o lado negativo de toda a história e esqueceu de falar que a cozinha brasileira só vai existir se houver esse tipo de engajamento social. A galinhada do Minhocão, deixar claro isso, reuniu gente de classe C e D fazendo fila para comer o prato de um chef. Isso é incrível. Os restaurantes que normalmente são vistos como uma barreira para eles foram para as ruas atendê-los. A maior expressão da cozinha brasileira é a cozinha de rua, os chefs foram para a rua. Ninguém falou disso. A galinhada do Minhocão para mim já deu o que tinha que dá. Agora o assunto galinhada é uma meta na minha vida e quero realmente continuar. Teria ficado desanimado se tivesse ido sozinho para lá, mas todos os chefs foram e o resultado final foi fabuloso fiquei vitaminado para trabalhar por muitos anos a favor da comida de rua. Mostrar que um chef de um grande restaurante deve ser respeitado, mas que aquela senhorinha que vende o pastel também.
Você propõe o uso da culinária como ferramenta social. Como isso pode funcionar na prática? < Dá maneira mais simples. Por exemplo, todo mundo adora arroz. Você vai ao supermercado e tem arroz japonês, arroz italiano, arroz de tudo quanto é tipo. Quando você compra um pacote, parte desse lucro não fica no Brasil vai para seus países de origem. Não tenho nada contra isso, mas quando você usa arroz brasileiro parte da sua ação é revertida em benefícios que vão além do financeiro, movimenta toda uma cadeia produtora.
O que você achou da declaração do secretário de cultura, Carlos Augusto Calil, afirmando que alta gastronomia é para poucas pessoas? < Não vou julgar as pessoas por um momento da vida delas. Hoje, o prefeito de São Paulo e o secretário de Cultura de São Paulo estão amplamente interessados em fazer da comida uma força da cidade. São Paulo é uma cidade de turismo gastronômico e agora parece que as pessoas estão entendendo isso. Volto a falar, a galinhada ainda tem muito caldo (risos).
Como é o trabalho que você desenvolve com arroz especial no Vale do Paraíba? < É fazer as pessoas entenderem que ainda existe uma parte
O que define alta gastronomia? <Uma receita ou um ingrediente no seu melhor momento. A içá que ninguém paga, bem feito é uma fina iguaria. •
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PROTESTOS
Nudez militante
Ativistas do Femen ganham repercussão mundial com métodos bastante peculiares para reinvindicar direitos
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Yann Walter São José dos Campos
a mitologia da Grécia Antiga, as amazonas eram uma tribo de guerreiras destemidas da Capadócia (atual Turquia). Cavaleiras eméritas, elas eram especialistas no manejo do arco. Reza a lenda que elas cortavam um dos seios para atirarem suas flechas com maior facilidade. Hoje, mais de 4.000 anos depois, amazonas de um novo gênero surgiram mais ao norte, do outro lado do Mar Negro. A luta
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continua, mas os inimigos são outros e as técnicas, mais modernas: em vez de cortar um seio, mostram os dois. Tudo começou em Khmelnytskyi, uma cidade da Ucrânia com 300 mil habitantes e dois reatores nucleares assolada pelo desemprego, pelo machismo e pela vodca, onde a única meta que uma mulher pode ter é encontrar um bom marido: um homem que trabalhe, não beba demais nem bata muito nela. Em vez de se casarem, três amigas de 20 anos resolveram se mudar para Kiev e criar um movimento em defesa das mulheres. O Femen –que, ao contrário do que se pode pensar, não significa ‘mulher’ e sim ‘fêmur’ em latim– nasceu em abril de 2008 no Café Kupi-
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don, um local enfumaçado e sem janelas até hoje utilizado pelo grupo como QG, escritório e centro de imprensa. No início, eram apenas 20 mulheres, todas jovens, bonitas e idealistas. Hoje, são mais de 300 militantes com idades entre 18 e 64 anos em toda a Ucrânia, além de centenas de simpatizantes no mundo. Logo em seu primeiro grande protesto, em meados de 2008, o movimento ganhou espaço na mídia. Vestidas de prostitutas e gritando palavras de ordem como: ‘A Ucrânia não é um bordel”, cerca de 70 jovens desfilaram pelas ruas da capital. “Entendemos que para alcançar nosso objetivo, que é chamar a atenção para os problemas das mulheres, não bastava simplesmente protestar. Tínhamos que adotar
uma postura mais agressiva”, explicou à revista valeparaibano Inna Shevchenko, uma das militantes mais ativas do Femen. No ano seguinte, as garotas resolveram radicalizar. Em plena Khreshchatyk, a principal avenida comercial de Kiev, as ativistas tiraram a parte de cima, para protestar contra a pornografia na internet. Claro, o sucesso com o público –e com os fotógrafos– foi instantâneo, tanto que o topless logo se tornou a marca registrada do movimento. “A nudez feminina sempre foi vista como a propriedade dos homens. Algo que eles possam usar para seu prazer, ou para ganhar dinheiro. Para nós, ela é uma arma. O corpo é nosso, e nós é que decidimos como usá-lo”, reivindicou a porta-voz.
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‘Sextremismo’ As manifestações do Femen têm atraído multidões de curiosos, mas será que o público ouve mesmo as mensagens transmitidas por suas belas integrantes? Para Inna Shevchenko, alta, loira e com físico de modelo, a resposta é sim. “É claro que mostrar os seios é muito eficiente para chamar a atenção. Mas as pessoas acabam escutando o que temos para dizer”, afirmou a militante, assumindo o rótulo de movimento feminista. “Temos as mesmas reivindicações que as feministas dos anos 70, mas lutamos de forma diferente. Somos mais extremistas. Na verdade, gostamos de nos chamar de ‘sextremistas’. Simbolizamos o novo feminismo. Somos bonitas, somos sexy, mas, acima de tudo, somos guerreiras”, cravou. A professora e historiadora Esmeralda Blanco de Moura, da USP (Universidade de São Paulo), disse concordar com o ‘modus operandi’ das garotas. “Os seios nus encarnam o que há de mais simbólico na feminilidade. Só pelo fato de comprovarem, através de seus protestos, que uma mulher precisa ser jovem, bonita e desnudar o corpo para ser ouvida, as ativistas do Femen confirmam que suas denúncias são fundadas”, opinou a professora, que também é pesquisadora em história das mulheres. As mulheres do Femen defendem diversas causas. Já protestaram contra a crise financeira, em favor do meio ambiente e contra dirigentes como Vladimir Putin (Rússia), Alexander Lukashenko (Bielorrússia) e Silvio Berlusconi (Itália). Dominique Strauss Kahn, candidato não declarado à Presidência da França até ser acusado de estupro por uma camareira em um hotel de Nova York, também foi alvo da fúria das ucranianas. Dezenas de militantes vestidas de empregadas se reuniram na porta do apartamento do ex-presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional) em Paris e o receberam aos gritos de “vergonha”. A luta pela dignidade das mulheres é a principal bandeira do Femen. “Vivemos em um país onde os homens controlam tudo e ninguém fala das mulheres. Nosso objetivo é destruir o patriarcado”, enfatizou Inna. Assim sendo, pode parecer surpreendente que o Femen não tenha expressado apoio a Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra da Ucrânia, condenada a sete anos de prisão por malversações financeiras. “Não simpatizamos com ela nem com os outros políticos ucranianos. São oligarcas, interessados apenas no dinheiro. É uma pena que os governos europeus estejam se preocupando tanto
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POLÍTICOS ‘São todos iguais. Interessados apenas no dinheiro’, diz Inna Shevchenko (à direita)
Trauma Com exceção da Ucrânia e da Rússia, onde quase sempre acabam presas, as militantes do Femen não costumam ter problemas com as autoridades dos países onde realizam seus protestos. A exceção notável foi a Bielorrússia, dirigida com mão-de-ferro pelo ditador Alexander Lukashenko. Em dezembro do ano passado, Inna Shevchenko e outras duas ativistas protestaram contra o regime de Lukashenko diante da sede do KGB, a polícia secreta bielorrussa. Horas depois, foram presas
por dez homens encapuzados e vestidos de preto, que as levaram para um local onde as interrogaram durante 24 horas. “Eles apontaram armas para nossas cabeças, dizendo que iam nos matar”, relatou Inna, ainda assustada. “Por fim, eles nos levaram, à noite, para uma floresta. Mandaram-nos tirar a roupa. Jogaram óleo em nós, e ameaçaram queimar-nos vivas. Um deles puxou uma faca e cortou meu cabelo. Depois foram embora e nos deixaram lá, nuas, com um frio de 0ºC. Corremos durante horas até encontrar uma casa onde pudemos pedir socorro”.
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com Tymoshenko e tão pouco com as outras mulheres de nosso país, que batalham para sobreviver”, disparou a ativista. Estereótipo As ucranianas convivem diariamente com o estereótipo de mulher bonita, pobre e fácil. Embora ilegal no país, a prostituição é generalizada. O tráfico de mulheres para alimentar o turismo sexual é um problema sério na Ucrânia. E com a Eurocopa, organizada conjuntamente pela Ucrânia e a Polônia entre os dias 8 de junho e 1º de julho, a situação tende a piorar. As manifestações mais recentes do Femen têm sido contra a realização do torneio continental. “Eu não tenho nada contra futebol, até gosto de assistir jogos. Mas entendemos que a Eurocopa está contribuindo para alimentar a indústria do sexo e da prostituição no país”, disse Inna Shevchenko. Na opinião da representante do Femen, a prostituição também é um dos maiores problemas do Brasil. E os protestos que as jovens ucranianas pretendem organizar por aqui serão justamente contra a explo-
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ração sexual. “Ainda não fomos ao Brasil. Aliás, nunca estivemos na América Latina. Mas sabemos que temos muitos fãs nestes países. Estamos pensando em viajar em breve para São Paulo”, revelou. Quando elas vierem, poderão contar com o apoio e a dedicação de Sara Winter (*), 19 anos, a única ativista brasileira do Femen. Moradora de São Carlos, no Estado de São Paulo, ela conheceu o movimento em outubro do ano passado, através de um site de notícias na internet. “Fiquei fascinada com a atitude destas mulheres. Elas não têm medo, dão a cara à tapa. É preciso muita coragem para fazer o que elas fazem”, exaltou. Sara é totalmente a favor da nudez como forma de protesto. “É uma excelente estratégia de marketing, pois chama a atenção da mídia”. Depois de criar a página Femen Brazil no Facebook, Sara decidiu explorar uma forma de militância mais ativa. No início do mês passado, ela foi sozinha à Virada Cultural de São Paulo com tinta azul e amarela e coroa de flores –os adereços típicos do Femen–
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para divulgar o grupo. “Minha ideia era ‘invadir’ o palco durante o show da Gretchen, mas fui agredida a tapas por um segurança. Falei com a organização, e eles me deixaram subir no palco por alguns minutos depois do show. Apresentei o Femen para o público, e a resposta foi boa”, contou. Sara Winter deve viajar este mês para a Ucrânia, para participar dos protestos do Femen contra a Eurocopa. “Quero que minha presença lá contribua para divulgar o movimento no Brasil”, afirmou. A jovem ativista já se prontificou para receber integrantes do Femen em São Paulo, mas, por ora, Inna Shevchenko e suas amigas têm outros problemas para resolver. Oito delas têm pendências com a Justiça da Ucrânia. “Em quatro anos de ativismo, esta é a primeira vez que somos alvos de processos criminais. Isso só por mostrarmos nossos seios! As autoridades estão com medo de nós, não querem escândalos durante a Eurocopa. Mas não vamos desistir, e vamos vencer!”, clamou a ucraniana. • *Nome fictício
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Comportamento
FINANÇAS
Dívida cruel Pessoas que vivem em débito e que mesmo assim continuam fazendo dívidas já contam com grupo de apoio. Entre os ‘Devedores Anônimos’ o controle sobre os gastos pessoais é o maior obstáculo para a ‘cura’
Yann Walter São José dos Campos
ocê já teve dívidas que, somadas, equivaliam a dois anos do seu salário? Já esperou ansiosamente pelo fim do mês, mesmo sabendo que sua renda não cobriria nem os juros do cheque especial? Pois essa é a rotina dos devedores compulsivos. “O devedor compulsivo é uma pessoa que contrai dívidas para pagar outras dívidas, compra a prazo mesmo quando tem dinheiro para comprar à vista, perde a noção do que gasta e compra algo de que não precisa para preencher um vazio.
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Uma pessoa que não sabe dizer não”, resumiu Maria Aparecida*, uma contabilista de 40 anos. “De um modo geral, a compulsão remete à perda de controle. O devedor compulsivo funciona da mesma forma que o alcoólatra ou o viciado em drogas. O ato da compra lhe dá uma sensação de prazer. Mas depois, quando tem que lidar com as consequências deste ato –no caso, a dívida– sente ansiedade e depressão”, comparou Alvaro*, um analista de 31 anos. “Muitos dos devedores compulsivos apresentam um TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), em que a compra é vista como um ritual para aliviar a ansiedade. Porém, com o tempo, acaba se tornando um vício. Outros têm transtorno bipolar, com períodos alternados de euforia e depressão”, definiu a psicóloga
Letícia de Oliveira, de São José dos Campos. Maria Aparecida começou a ter problemas com dívidas logo cedo, aos 16 anos, quando começou a trabalhar. Com os anos o problema foi crescendo, até se tornar insustentável. “No auge da doença, cheguei a dever R$ 23 mil. Devia para banco, cartão de crédito, agiotas. Fiz dívidas com familiares, amigos e colegas de trabalho. Naquela época ganhava só R$ 1.000 por mês, mas mesmo assim nunca parei de gastar. Estava tão abalada com a situação que não conseguia mais trabalhar, e por pouco não fui demitida. Perdi o respeito e a confiança de todos. Cheguei a pensar em suicídio”, contou. A história de Fábio*, 46 anos, um funcionário do Tribunal de Justiça de São Paulo, é bem semelhante. Ele começou a trabalhar aos 14 e
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Foto ilustrativa: Flávio Pereira
antes mesmo de receber o primeiro salário já tinha gastado tudo e mais um pouco. “Todo mês era a mesma coisa. Como ainda não tinha conta no banco, pedia dinheiro a amigos, comprava fiado nas lojas que me conheciam. E o dinheiro que eu recebia no fim do mês não dava para pagar tudo o que eu devia”, relembrou. “Cheguei ao fundo do poço há dez anos. Tudo o que ganhava ia direto para o cheque especial, e mesmo assim continuava comprando coisas desnecessárias como roupas de grife ou aparelhos eletrônicos. Não conseguia pagar minhas dívidas, e cheguei a ser ameaçado por um agiota. Não entrava dinheiro nenhum em casa, e minha mulher, que não sabia do meu problema, estranhou. Achou que eu tinha uma amante, ou uma segunda família escondida”.
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Sem cura Tanto para Maria quanto para Fábio, o problema foi crescendo aos poucos. “A doença é progressiva em sua natureza. Ela só piora com o passar do tempo. Não existe cura. Tudo que se pode fazer é aprender a controlar a compulsão”, explicou a contabilista. “O endividamento compulsivo é muito parecido com o alcoolismo. São doenças que não podem ser eliminadas em definitivo”, concordou o funcionário público. No caso de Alvaro, a progressão foi muito rápida. “Houve um momento em que perdi totalmente o controle. Em menos de dois anos, fiz R$ 40 mil de dívidas. E naquela época ganhava apenas R$ 1.000 por mês. Vivia estressado, nervoso, o que atrapalhava meu rendimento no
trabalho. Passei a ficar isolado o tempo todo, não queria que ninguém soubesse do meu vício. O pior é que acabei sujando também o nome da minha mãe, pois deixei de pagar várias contas da casa”, lamentou. Além do descontrole nos gastos, os devedores compulsivos têm outros pontos em comum. “São pessoas que têm autoestima baixa, tentam compensar um sentimento de abandono e têm dificuldades para lidar com sentimentos”, definiu Maria Aparecida. “As pessoas que sofrem com esta doença costumam ser ansiosas, impulsivas e inseguras”, concordou a psicóloga Letícia de Oliveira. Quando se deram conta de que tinham entrado em um beco sem saída, Fábio, Alvaro e Maria recorreram aos Devedores Anônimos,
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Comportamento
SAIBA SE VOCÊ É UM DEVEDOR COMPULSIVO - Suas dívidas estão fazendo sua vida familiar infeliz? - A pressão de suas dívidas está tirando a atenção de seu trabalho diário? -Sua reputação está sendo afetada por suas dívidas? - Suas dívidas estão fazendo você pensar que é menos do que é? - Você já deu informação falsa para obter crédito? - Você já fez promessas irrealistas para seus credores? - A pressão de suas dívidas está fazendo com que você seja descuidado com o bem estar da sua família? - Você teme que seu empregador, família ou amigos descubram até que ponto vai seu endividamento? - Quando você se depara com situação financeira difícil, a possibilidade de um empréstimo lhe dá uma sensação desenfreada de alívio? - A pressão de suas dívidas já lhe causa dificuldade em dormir? - A pressão de suas dívidas já lhe fez considerar se embebedar? - Você já pegou dinheiro emprestado sem considerar adequadamente a taxa de juros que você vai ter que pagar? - Você normalmente espera uma resposta negativa quando é submetido a uma apuração de crédito? - Você já desenvolveu um esquema rigoroso para pagar suas dívidas e depois, sob pressão, acabou não o cumprindo? - Você justifica suas dívidas falando para si mesmo que você é superior a outras pessoas, que quando você tiver sua “vez” liquidará suas dívidas de um dia para o outro? Se você respondeu “sim” a oito ou mais questões, tudo indica que você tem um problema com endividamento compulsivo ou está prestes a ter um.
uma associação inspirada dos Alcoólicos Anônimos. Frequentadas unicamente por pacientes, as duas entidades não são profissionais. Não trabalham com médicos, nem psicólogos. Norteado pelo já famoso conceito dos ‘12 passos’, o tratamento consiste basicamente em sessões de terapia de grupo, em que todos compartilham experiências, dicas e conselhos. Para a psicóloga Letícia de Oliveira, outra possibilidade para os devedores compulsivos é adotar medidas de proteção, como não sair de casa com cartão de crédito e levar somente a quantia de dinheiro necessária para o dia. “O mais importante, porém, é que a pessoa entenda o que a levou a este comportamento. O tratamento será muito mais eficiente se for aplicado à causa, e não à consequência”, afirmou. Maria Aparecida, Fábio e Alvaro, que frequentam as reuniões do D.A. em São Paulo há nove, dez e quatro anos, respectivamente, ressaltaram a importância do grupo em suas vidas. “Um dos primeiros conselhos dados aos recém-chegados é colocar todas as dívidas no papel. Só tive a coragem de fazer isso na sexta reunião. No D.A., aprendi a planejar, ter metas e separar a emoção do dinheiro. Hoje, estou muito melhor. Tenho recaídas de vez em quando, mas o problema está sob controle. Ainda devo R$ 8.000, mas ganho mais ou menos R$ 4.000 por mês. Perdi vá-
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rios amigos, mas fiz outros. Recuperei minha autoestima e consigo viver normalmente”, festejou a contabilista. “Ainda devo R$ 60 mil, com um salário mensal de R$ 4.000. Mas agora minha dívida é referente à aquisição de bens duráveis. Tenho carro, casa própria. Ou seja, continuo endividado, mas é uma dívida consciente. Além disso, hoje só devo para instituições financeiras. Não devo mais a parentes, amigos ou agiotas. Também aprendi a ser sincero, a parar de mentir. Antes de casar pela segunda vez, uma das primeiras coisas que fiz foi me abrir totalmente com minha mulher sobre meu problema. É muito importante ser verdadeiro com as pessoas, para não perder a confiança delas”, sentenciou Fábio. “Já paguei 90% do que eu devia. Poder usufruir do meu salário, sem vê-lo ser engolido todo mês pelo cheque especial, é minha maior vitória sobre a doença”, revelou Alvaro, antes de contar uma anedota. “Depois de tudo que aconteceu, mudei de emprego, e de banco. Um dia, percebi que o banco havia aumentado meu limite de cheque especial. Quando perguntei o motivo, disseram que eu era um bom cliente”, divertiu-se, confessando, porém, que pediu para voltar ao limite anterior. “Melhor não arriscar”. • *Nomes fictícios
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Meio ambiente: a cidade do futuro A população aumenta, os recursos naturais ficam mais escassos e o espaço diminui. Resta um desafio: como acomodar bilhões de pessoas sedentas por água e energia no já exaurido globo terrestre?
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DRAGONFLY Fazenda vertical 51 de Vincent Callebaut projetada para a cidade de Nova York (EUA)
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Yann Walter São José dos Campos
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o ano de 1800, o planeta Terra era povoado por um bilhão de pessoas. Em 1987, quase dois séculos depois, éramos cinco bilhões. Hoje, já somos sete bilhões. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), seremos 10 bilhões em 2100. Enquanto os humanos se multiplicam, os recursos naturais diminuem. Os progressos da tecnologia, da ciência e da medicina reforçaram a indústria e elevaram a expectativa de vida, trazendo como consequências um aumento exponencial do uso da matriz energética e da produção de lixo per capita. Todos os especialistas concordam sobre o
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fato de que a hora em que a Terra não poderá mais satisfazer nossas crescentes exigências está cada vez mais próxima. Aos poucos, a necessidade de preservar o meio ambiente está se impondo como uma evidência. Mas como fazer para acomodar 10 bilhões de pessoas sedentas por água e energia no já exaurido globo terrestre? Se o século 19 foi o dos impérios e o século 20 o das nações, o século 21 é o das cidades. A afirmação é do arquiteto e urbanista Carlos Leite, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie e na Fundação Dom Cabral. Há 100 anos, somente 10% da população mundial vivia em cidades. Atualmente, somos mais de 50% e até 2050 seremos mais de 75%. Uma das características do século atual é o surgimento das megacidades: hoje, as metrópoles com mais de 10 milhões de habitantes já concentram 10% de toda a população do planeta. E o número destas megaci-
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Especial Ilustração
LILYPAD Cidade aquática criada pelo belga Vincent Callebaut para receber refugiados climáticos
dades tende a aumentar: segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), elas serão 25 em 2025 –contra 16 em 1996. A maioria delas sofre com graves problemas socioambientais. Neste contexto, torna-se imprescindível aplicar a estas metrópoles –e a todas as aglomerações urbanas de um modo geral– os conceitos de sustentabilidade. Como será a cidade do futuro? Para responder a esta pergunta, a revista valeparaibano entrevistou diversos especialistas. E todos foram unânimes em cravar que a cidade do futuro terá que ser sustentável. “O desafio do desenvolvimento futuro está nas cidades, que representam dois terços do consumo mundial de energia e 75% da geração de resíduos. Portanto, falar em sustentabilidade é falar de cidades sustentáveis”, disse o professor Carlos Leite, que edita o blog Cidades Sustentáveis e Inteligentes. Para construir cidades sustentáveis, é preciso, em primeiro lugar, rever conceitos e visões antiquadas. “Desde a pré-história, o ser humano cava a terra para criar seu modus vivendi. Tira dela seu abrigo e seus meios de subsistência. Esta visão de solo que data de milhões de anos deve ser repensada. A terra não poderá prover casas e espaços para agricultura e pecuária para 10 bilhões de pessoas, sem falar na geração de resíduos. Temos que mudar radicalmente nosso modo de ver”, afirmou o arquiteto, urbanista e cientista Adalton Paes Manso, pesquisador titular do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
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desde 1973 e diretor da Ecoterra Urbanismo Ambiental, uma empresa que “usa as restrições ambientais como pressupostos de Projetos de Ordenação, Uso e Ocupação do Território”. Paes Manso também foi secretário de Planejamento de São José dos Campos nos anos 80. Na opinião dele, a preservação do solo é fundamental. “A Terra não é plana, é tridimensional. Ela pode atender às necessidades de 10 bilhões de pessoas, desde que seu solo seja preservado. O uso do solo deve ser restrito à geração de biodiversidade e riquezas ambientais. Penso que uma das leis mais importantes para as cidades do futuro seria proibir a utilização do solo para fins de edificação”, sentenciou. Pesadelo americano O arquiteto e biólogo norte-americano Fabio Bendaña, que mora em São José desde agosto de 2011, tem opinião semelhante. Para ele, duas visões idealizadas em seu país afetaram muito o conceito de cidade sustentável. A primeira é a própria definição do american dream: uma casa própria, com quintal, no subúrbio, e dois carros para uma família de quatro pessoas. O fato é que a situação atual –muita gente para pouco espaço– impossibilita a perenidade do sonho americano. A segunda veio justamente de Henry Ford. Pioneiro na aplicação da montagem em série, que permitiu a produção em massa de automóveis a menor custo, o fundador da empresa que leva seu nome tinha como
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objetivo fabricar um veículo para cada americano. Para ele, carro era sinônimo de independência. “Ford não pensou nos problemas que sua ideia traria para as gerações futuras. Fomos escravizados por nossos veículos. Nossa mobilidade foi prejudicada. Passamos horas nos engarrafamentos para ir de casa (no subúrbio) ao trabalho (no centro) e vice-versa”, lamentou. O modelo americano, de baixíssima densidade populacional, é o antiexemplo da cidade sustentável. Assim sendo, o caminho para a sustentabilidade é fazer exatamente o contrário. “Cidades sustentáveis são necessariamente compactas, densas. Maiores densidades urbanas significam menor consumo de energia per capita. Cidades mais compactas propiciam concentração de diversidade e permitem otimizar as infraestruturas urbanas, além de desperdiçarem menos investimentos públicos”, lembrou Carlos Leite. “A chave do sucesso é o adensamento. Mas temos que aprender com os erros do passado. Já sabemos que o adensamento irresponsável traz diversos problemas decorrentes da superlotação. Em Dubai, nos Emirados Árabes, a maioria dos prédios altos é construída sobre uma base em T invertida, para evitar a hiperconcentração. Esta base evita que os edifícios fiquem muito próximos uns dos outros, e deixa o sol passar entre eles. Isso é um bom exemplo de planejamento”, citou Fabio Bendaña, com a autoridade de quem já desenvolveu projetos arquitetônicos em mais de 50 países. Ele participou, inclusive, da elaboração do master plan do megaprojeto ‘The World’, um conjunto de 300 ilhas artificiais que está sendo construído em Dubai. Verticalização Vários urbanistas defendem a verticalização das cidades como forma de evitar a ocupação excessiva do solo e, assim, aumentar o nível de sustentabilidade. Adalton Paes Manso é um deles. “Temos que construir moradias nas alturas. Brigamos por 250 metros quadrados de terreno quando há espaço infinito a ser explorado acima do solo. No futuro, as construções serão suspensas. A cidade do futuro será inteligente, vertical e espacial”, cravou. “Hoje, o planejamento das cidades é horizontal. Precisamos privilegiar o planejamento vertical. O modelo de zoneamento atual divide as cidades em áreas residenciais, empresariais e industriais. É preciso repensar este padrão unindo verticalmente as áreas residenciais e empresariais”, concordou Bendaña. Para o arquiteto norte-americano, a cidade do futuro deverá ter edifícios mistos. “Nos andares de baixo, estariam os comércios, supermercados e lojas. Nos pisos intermediários, ficariam os escritórios. Já os andares de cima, que representam a parte mais nobre do prédio, seriam reservados para as residências”, exemplificou. Na opinião de Bendaña, tal disposição permitiria encurtar a distância entre a casa e o trabalho e, assim, limitar o uso do carro, pré-requisito essencial para a sustentabilidade. “Poderíamos suprir 80% de nossas necessidades apenas caminhando”, afirmou. “A cidade sustentável é aquela que consegue aproximar a moradia do local de trabalho, da escola das crian-
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FUTURO Na seq. , ilustrações dos projetos Bionic Arch, Coral Reef, Anti Smog e Bionic Arch (interna), de Vincent Callebaut
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ças e das áreas de lazer. Ou seja, reduzir ao máximo os deslocamentos”, definiu Gilson Paranhos, presidente da IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). Outra possibilidade para reduzir os trajetos casa-trabalho-casa seria aumentar o número de centros. “Todas as metrópoles deveriam ter mais de um centro. Algumas cidades, como Houston, no Texas, têm dois centros de igual importância”, citou Fabio Bendaña. Alguns especialistas expressaram reservas sobre a verticalização. “A resposta correta para a sustentabilidade é o adensamento. Mas isso não significa necessariamente mais altura. O que se deve fazer é colocar mais gente morando no mesmo espaço”, disse o urbanista Jaime Lerner, presidente da União Internacional de Arquitetos de 2002 a 2005. “Brasília é uma cidade horizontal, e nem por isso foi mal planejada. Ao contrário, Hong Kong, que é vertical, não é sustentável. É uma das cidades mais poluídas do mundo”, exemplificou Paranhos. “Não é possível afirmar que a verticalização é o único caminho. Se ela permite ocupar um menor espaço físico de terreno e, assim, preservar mais o solo, ela também sobrecarrega o sistema viário no entorno dos prédios”, alertou Marcos Casado, gerente técnico da filial brasileira da GBC (Green Building Council), uma ONG norte-americana que visa fomentar a indústria da construção sustentável.
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Green Label Altos ou não, os prédios da cidade do futuro serão sustentáveis, ou seja, autossuficientes em energia. Os edifícios verdes já são uma realidade em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Em Dubai, a Dynamic Tower agrega inovações arquitetônicas revolucionárias a uma estrutura 100% sustentável. Apresentado oficialmente em 2008, o projeto consiste em um empilhamento de módulos autônomos que giram em torno de um eixo central. Revestidas com painéis solares, estas unidades se movimentam em função da trajetória do sol, de tal modo que seus ocupantes possam desfrutar de um panorama 360º. Além disso, eólicas horizontais são integradas entre os 80 andares para alimentar a torre em energia. No que toca a construções futuristas, o arquiteto belga Vincent Callebaut se destaca por uma imaginação sem limites. Os projetos audaciosos deste grande defensor da sustentabilidade em meio urbano incluem uma fazenda vertical no coração de Nova York, uma selva artificial em Hong Kong, uma arca verde residencial em Taiwan e um edifício de dois módulos gerador de energia e limpador de ar em Paris. O projeto Dragonfly é um protótipo de fazenda urbana multifuncional que sugere empilhar jardins, plantações e laboratórios entre duas torres oblongas de 700 metros de altura in-
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terligadas por uma grande serra bioclimática. Nesta estrutura, a agricultura é pensada em termos de volume, e não de superfície. Paredes e tetos são aproveitados, sendo transformados em hortas tridimensionais. A ideia de Callebaut é prover a cidade em alimentação, reinventando desta forma o modelo energético tradicional das metrópoles ocidentais baseado na importação de recursos naturais e alimentícios e na exportação de poluição e resíduos. Para a geração de energia, partes das torres são revestidas com painéis solares e contam com turbinas eólicas de eixo vertical. Outras fachadas externas são tratadas como paredes vegetais e transformadas em jardins verticais que permitem filtrar e reaproveitar as águas usadas. Para terminar, o lixo orgânico produzido pela fazenda é tratado por compostagem e reutilizado como adubo. Estes conceitos de autossuficiência em energia, emissões de gás carbônico próximas do zero e reaproveitamento das águas e do lixo estão presentes em todos os projetos do arquiteto belga. A maioria supera, inclusive, os critérios de sustentabilidade estabelecidos pela GBC. Aos seus detratores, que alegam que suas ideias são utópicas, Callebaut responde que seus projetos são pensados para amanhã, mas como as técnicas de hoje. São, portanto, totalmente factíveis. Transporte Há absoluta necessidade de limitar drasticamente o número de carros nas cidades do futuro. A inviável proporção fordista de um carro por pessoa é um dos principais obstáculos às cidades sustentáveis. “Padrões de conforto típicos da vida urbana, como o uso excessivo do carro, têm que ser revistos”, destacou Carlos Leite. “Nas grandes cidades do século 21, a absoluta maioria das viagens é realizada em distâncias curtas, por uma ou duas pessoas. Um dos grandes problemas é a falta de lugar para deixar o veículo, que fica parado 75% do tempo. Ou seja, as cidades do futuro precisarão de carros pequenos, leves, movidos a energia limpa e de baixo consumo. Mais do que isso: a nova tendência para o transporte individual será o carro compartilhado, seguindo o modelo de aluguel de bicicletas que já existe em metrópoles como Paris, Barcelona e Nova York. O sistema resolve a questão da falta de espaço, uma vez que as ruas seriam liberadas apenas para o fluxo, sem desperdício de áreas urbanas com estacionamento”, detalhou o urbanista. Para limitar os carros nas cidades, é preciso investir no transporte público. Neste quesito, Jaime Lerner foi precursor. Prefeito de Curitiba por três mandatos, instaurou o Sistema Integrado de Transporte Coletivo, reconhecido mundialmente por sua eficiência, qualidade e baixo custo. O sistema consiste em corredores de ônibus expressos ligados a corredores planejados de adensamento. “É preciso sair do falso dilema de escolher entre o carro e o metrô, pois nenhum dos dois é a solução. As redes de metrô mais funcionais do planeta –Paris, Londres e Nova York– foram implantadas há 150 anos. Hoje é quase impossível trabalhar
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no subsolo, devido ao alto custo e intenso movimento na superfície. A saída é ‘metronizar’ o ônibus, ou seja, aumentar a capacidade, a qualidade e a funcionalidade das redes de ônibus”, ensinou Lerner, que também foi governador do Paraná. “O segredo será usar um pouco cada meio de transporte, sem sobrecarregar nenhum. Criar meios de transporte integrados e complementares. Investir no transporte público, tanto coletivo como individual. E, o mais importante, usar menos o automóvel. O carro é responsável por metade das emissões de gás carbônico das cidades”, disse. Projetando-se no futuro, é possível imaginar outros meios de transporte, como o inovador ônibus-balão, um projeto do arquiteto, designer e professor norte-americano Mitchell Joachim, que chegou à conclusão de que o ideal é se locomover pelo topo dos prédios. Misto de balão e teleférico, o ônibus dirigível interligaria os pontos altos da cidade e seria alimentado por energia solar graças às células de captação instaladas em toda sua parte superior.
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SONGDO Cidade sustentável construída na Coreia do Sul é o maior investimento imobiliário do mundo: US$ 35 bilhões
Planejamento “As cidades do futuro deverão ser desenhadas por profissionais da área, e não por políticos e construtoras. Brasília, por exemplo, foi idealizada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e é patrimônio mundial. Nos anos 50, quando foi concebida, ela era a cidade do futuro”, argumentou Gilson Paranhos, o presidente da IAB. “Assim como os hospitais são dirigidos por médicos, a ocupação do solo deve ser regulamentada por técnicos e urbanistas, não por legisladores. O modelo de uso do solo no Brasil é predatório, pois é determinado por setores ligados à especulação imobiliária e à construção civil, cuja lógica é reduzir custos para elevar margens de lucro. O Estado tem que atuar como uma empresa. Tratar a gestão do território com competência e profissionalismo será fundamental na cidade do futuro”, acrescentou Paes Manso. Para Fabio Bendaña, é importante criar mecanismos legais que obriguem as construtoras a incluir critérios de sustentabilidade em seus projetos. “Este arsenal legislativo já existe nos Estados Unidos e em alguns países da Europa,
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mas ainda não chegou ao Brasil. Claro, há as recomendações da GBC, mas são apenas sugestões. Hoje, não existe uma imposição de sustentabilidade no país”, lamentou. A cidade do futuro ideal, 100% sustentável, ainda não existe. Até porque, como disse Bendaña, seria preciso começar do zero. É o que os Emirados Árabes estão fazendo em Masdar City, uma cidade verde que está sendo edificada no meio do deserto, a partir do nada. Mas algumas metrópoles já dão indicações interessantes do caminho a seguir. Barcelona, na Espanha, é um dos exemplos mais citados pelos especialistas, que mencionaram o forte adensamento populacional na área central, a profusão de espaços verdes, o sucesso na reabilitação de áreas abandonadas, a praticidade do transporte público e a eficiência do sistema de coleta de lixo. Neste último quesito, a cidade de Boras, na Suécia, é a campeã mundial. No Brasil, Curitiba foi apontado como um exemplo de sustentabilidade. “É possível criar uma cidade totalmente sustentável, desde que haja vontade política, cultura e conhecimento. Hoje todos estão cientes da necessidade de se ter metrópoles sustentáveis, mas trata-se de uma tendência recente. Há 10 anos, nem estaríamos tendo essa conversa”, ressaltou Gilson Paranhos. “Toda a tecnologia de que precisamos para edificar a cidade do futuro já existe. O que falta é inteligência e planejamento”, insistiu Paes Manso. Projetos futuristas Inteligência e criatividade não faltam ao arquiteto Vincent Callebaut, cujos projetos são pensados para solucionar os desafios urbanos e ecológicos do presente e do futuro. Em 2011, um ano depois do terremoto no Haiti, Callebaut imaginou uma aldeia autossuficiente em energia para acolher os desabrigados. Inspirada de uma barreira de corais, a estrutura sinusoidal é montada sobre um píer artificial que avança no Mar do Caribe. Constituída de vários módulos pré-fabricados independentes, ela é evolutiva e flexível, uma vez que outras unidades podem ser agregadas à base principal em função das necessidades. Para alimentar a estrutura são utilizadas as energias maremotérmica e maremotriz, além de paineis fotovoltaicos e eólicas instaladas em locais estratégicos. Todos os tetos dos módulos são transformados em jardins suspensos, onde cada família pode fazer seus próprios cultivos. Ainda mais arrojado e futurista, o projeto Lilypad apresenta uma cidade anfíbia, 50% terrestre e 50% aquática, concebida para acolher os chamados refugiados climáticos –os moradores dos territórios mais afetados pela subida das águas decorrente do aquecimento global. Articulada em torno de uma lagoa artificial de água doce totalmente submersa, a cidade redonda cercada por três montanhas – uma para o trabalho, outra para o comércio e a terceira para o lazer –flutua sobre os oceanos e se desloca em função das correntezas. Os alojamentos, onde cabem mais de 50 mil pessoas, ficam sobre as montanhas. Claro, Lilypad é autossuficiente em energia, transforma o gás carbônico em oxigênio e recicla todos seus resíduos. Para Callebaut, cabe à geração atual trazer soluções para os dilemas urbanos do futuro.
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Especial Ilustração
MASDAR CITY Cidade criou uma ‘polícia verde’, encarregada de coibir o uso excessivo de água e de energia
Masdar City já é realidade São José dos Campos
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m 2008, o governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, apresentou um projeto faraônico, sem equivalente no mundo: a construção da primeira cidade totalmente sustentável, com zero emissão de gás carbônico. Custo estimado: US$ 15 bilhões. Edificada a partir do nada, no meio do deserto, Masdar –que significa fonte, em árabe– tem hoje ruas, lojas, prédios e pouco mais de 300 apartamentos, além de uma imensa biblioteca eletrônica e do imponente Instituto Masdar, uma ramificação do MIT (Massachusetts Institute of Technology) que já recebe cerca de 200 estudantes. O destaque fica por conta da gigantesca torre eólica de 45 metros que transforma em eletricidade os ventos fortes característicos da região. Painéis solares estrategicamente localizados contribuem para a geração de energia. Para o abastecimento em água, está prevista a construção de uma usina de dessalinização movida por energia solar. Energia térmica será produzida através de espelhos utilizados para concentrar os raios de sol e aquecer, assim, grandes quantidades de água. Para garantir o consumo responsável, Masdar City criou uma ‘polícia verde’, encarregada de coibir o uso excessivo de água e energia. Sensores inteligentes instalados em todos os
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apartamentos desligam automaticamente luzes, chuveiros, geladeiras, fogões e ar condicionados que ficam ligados durante muito tempo. O consumo diário de cada unidade habitacional é monitorado por uma central. A forma de atuar é autoritária, mas dá resultados: os edifícios de Masdar consomem 50% menos energia do que os prédios tradicionais. Compacta e quadrada, para limitar os deslocamentos, a cidade desenhada pelo arquiteto britânico Norman Foster deverá ter sete mil habitantes até 2015 e cerca de 40 mil até 2025, ano previsto para o fim de sua construção. A ideia inicial era finalizar o projeto em 2016, mas a crise econômica mundial obrigou os responsáveis a reverem seus planos. Songdo A Coreia do Sul não fica atrás dos Emirados Árabes nos quesitos de inovação e sustentabilidade. O país asiático desenvolve sua própria cidade do futuro 65 km a oeste de Seul, a menos de 3h30 de avião de um terço da população mundial. A ideia é que Songdo seja a cidade mais conectada do planeta. Todos os habitantes terão acesso ilimitado à internet. Amplos espaços verdes cobrirão 40% da metrópole futurista, que ainda terá sistema de taxi fluvial, ciclovias e metrô sem emissão de CO2. Construída sobre uma ilha artificial, Songdo deverá ter 65 mil moradores a partir de 2015. Orçada em US$ 35 bilhões –o maior investimento imobiliário do planeta, já tem mais de 40% de suas instalações prontas.
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Especial
Projeto prevê edifício sustentável em São José Ilustração
São José dos Campos
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orando em São José dos Campos desde agosto de 2011, o arquiteto norte-americano Fabio Bendaña já tem um projeto de edifício sustentável para a cidade. Com 70 andares e 380 metros de altura, a Torre Brasil será o maior prédio da América Latina. O projeto consiste em uma torre principal de escritórios, dois centros de convenções e um hotel, além de um número indeterminado de lojas. Custo estimado: US$ 280 milhões. Autossuficiente, a Torre Brasil ainda produzirá eletricidade para os prédios vizinhos. Além disso, todo o lixo gerado pelo edifício será reciclado e transformado em energia. Segundo Bendaña, em termos de sustentabilidade, o empreendimento não tem equivalente na América do Sul. “Toda a fachada do prédio será revestida de paineis solares. Os paineis absorverão a luz, mas terão um efeito isolante sobre o calor. Além disso, coletores serão instalados sob todos os paineis da fachada para recolher as águas de chuva. O líquido será enviado a um reservatório e reaproveitado para o uso doméstico dos habitantes”, explicou. Para a reciclagem dos resíduos, Bendaña, que além de arquiteto é biólogo e mestre em engenharia química, pretende utilizar uma tecnologia chamada pirólise, que consiste na decomposição da matéria por meio do calor e da privação de oxigênio. “As moléculas dos materiais orgânicos, inclusive plástico e papelão, são separadas pelo calor gerado pela decomposição. O processo produz gás sintético, que pode ser canalizado para gerar eletricidade. O vidro e o metal, únicos materiais não desintegrados pela máquina, são transformados em carvão. Uma vez tratado, este carvão pode ser comercializado”, explicou o norte-americano, destacando que o aparelho trabalha em ciclos de 24 horas e processa seis toneladas de resíduos por hora. “Assim, pode reciclar todo o lixo da torre mais o dos edifícios vizinhos”. Elevadores Bendaña destacou que a Torre Brasil terá dois elevadores na mesma linha, para economizar espaço e energia. “Este sistema já existe em alguns edifícios dos Estados Unidos e da Europa. Quando alguém chama o elevador, vem o que está mais próximo. Neste prédio de 70 andares, o elevador de baixo só poderá subir até o 69º, e o de cima não poderá descer além do 2º”, esclareceu.
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TORRE BRASIL Com 70 andares e 380 metros de altura, prédio em São José será o maior da América Latina
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O PARQUE TECNOLÓGICO SERÁ UM POLO AINDA MAIS AVANÇADO DE EDUCAÇÃO E TERÁ NOVOS COMPLEXOS EMPRESARIAIS.
Mais universidades estão chegando, trazendo novos cursos que vão formar especialistas aptos a trabalhar em diversas empresas de base tecnológica. O Centro Empresarial, por sua vez, está em pleno funcionamento. E, com a construção do Centro Empresarial II, será dobrada a capacidade de instalação de empresas, abrindo espaço para 50 novas unidades e laboratórios. Também está em andamento a ampliação dos Centros de Desenvolvimento Tecnológico, através de parcerias entre empresas, universidades e institutos de pesquisa. Esta é a São José que estamos fazendo hoje, construindo o amanhã.
SÃO JOSÉ: FUTURO EM CONSTRUÇÃO.
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Especial Divulgação
SUÉCIA Boras reaproveita 99% do lixo gerado na cidade e importa resíduos da Noruega para gerar energia
Boras: cidade campeã mundial da limpeza São José dos Campos
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cidade de Boras, na Suécia, reaproveita 99% de todo o lixo gerado por seus pouco mais de 100 mil habitantes e suas 1.500 indústrias. Mais de 40% dos resíduos produzidos pelo município são incinerados e transformados em energia elétrica, 30% são tratados para conversão em biocombustíveis e o restante é reciclado. Menos de 1% do lixo é enterrado, porque não há aterro sanitário e enterrar os dejetos é caro demais. Os moradores têm participação ativa neste movimento, uma vez que eles se encarregam de separar e levar o lixo até os postos de coleta espalhados pela cidade. Dos pontos de coleta, os resíduos seguem para uma usina onde são separados por um processo óptico e encaminhados para reciclagem, compostagem ou in-
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cineração em fornos não poluentes. O lixo orgânico é processado e transformado em biogás. Este combustível abastece a maior parte das residências e dos estabelecimentos comerciais, bem como a frota de ônibus que compõe a rede de transporte público de Boras. Aliás, como todo o lixo orgânico gerado pelos habitantes não dá conta da demanda, o município até importa detritos da vizinha Noruega para produzir mais energia limpa. Modelo Iniciado no fim dos anos 80, o modelo sueco de reaproveitamento de lixo é exportado para vários países. No ano passado, professores da Universidade de Boras participaram de um encontro acadêmico internacional organizado pela USP (Universidade de São Paulo) e dedicado à busca de soluções para a gestão dos resíduos sólidos em ambientes urbanos.
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nariz tem paixão por tinta fresca
Tintas à base de água produzidas com o nosso Acronal® ECO são fáceis de usar e não emitem cheiro. Por isso, um ambiente pode ser pintado e voltar a ser ocupado em menos de uma hora. Tinta fresca sem mau cheiro não é mais uma contradição. Na BASF, nós transformamos a química. www.basf.com.br/nos-transformamos-a-quimica
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Especial Divulgação
GREEN TOWERS Perspectiva do prédio comercial em construção em Brasília: certificação da ONG Green Building Council está garantida
ONG avalia concessão de selo ecológico para 500 empreendimentos no Brasil São José dos Campos
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riada em 2007, a GBC (Green Building Council) Brasil é um dos 21 membros do World GBC, uma entidade supranacional que se dedica a fomentar a aplicação de tecnologias e conceitos ecológicos na construção civil. A GBC representa a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que atesta a sustentabilidade de um empreendimento. “O LEED é o selo de maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em mais de 130 países, inclusive no Brasil”, afirmou Marcos Casado, gerente técnico da GBC Brasil. Cada edifício é submetido a um sistema de pontuação dividido em quatro níveis de sustentabilidade: Básico, Silver, Gold e Platinium. No Brasil, 46 empreendimentos já receberam a certifica-
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ção, e outros 500 estão sendo avaliados pela ONG. Destaque para São Paulo, líder nacional com 22 edifícios certificados e outros 144 na fila do sistema. Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba também têm suas construções sustentáveis. “Desde novembro de 2011 o setor recebe mais de um pedido de certificação por dia”, disse Casado. No mundo, a cidade com maior número de prédios sustentáveis é San Francisco, na Califórnia (EUA). Consumo De acordo com o gerente técnico da GBC Brasil, os empreendimentos que seguem os critérios de certificação LEED consomem, em média, até 30% menos energia e 50% menos água, e geram até 80% menos resíduos que os edifícios normais. O custo adicional de construção gira em torno de 5%, mas há uma valorização de 10% a 20% no preço da revenda, além de redução média de 9% nos gastos de manutenção do empreendimento durante toda sua vida útil.
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Especial Divulgação
PRESERVAÇÃO Estufa do Jardim Botânico de Curitiba, um dos cartõespostais da capital do Paraná
Curitiba: exemplo nacional São José dos Campos
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uritiba, no Paraná, é citada pela maioria dos especialistas como um exemplo brasileiro de sustentabilidade. Tudo começou em 1971, com a eleição à prefeitura do arquiteto Jaime Lerner. Durante seus três mandatos como prefeito, Lerner se esforçou para conciliar desenvolvimento social e proteção do meio ambiente. Ações de planejamento urbano totalmente inovadoras para a época, como o elogiado Sistema Integrado de Transporte Coletivo, contribuíram para incluir Curitiba na lista das capitais com melhor qualidade de vida do mundo. A cidade praticamente inventou o conceito de ‘metroônibus’. Outras iniciativas, como o Programa Câmbio Verde, também ajudaram a colocar Curitiba nos trilhos da sustentabilidade. Em 1989, a prefeitura lançou um programa que permitia a cada morador trocar lixo orgânico por vales-transporte. A ideia foi aprimorada dois anos depois, com a inclusão de lixo reciclável e alimentos na permuta. Assim, cada quilo de lixo podia ser trocado
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por um quilo de frutas e verduras. Curitiba foi planejada para integrar moradia, trabalho e lazer no mesmo espaço. “Costumo usar a metáfora da tartaruga para definir minha noção de cidade sustentável. O casco da tartaruga representa a cidade. Se você cortá-lo e espalhar os pedaços, vai matar a tartaruga. O mesmo acontece com a cidade. As metrópoles devem ser pensadas e planejadas como um todo, e não por partes”, comparou Lerner. Pioneirismo Claro, uma cidade sustentável também tem que contar com muitos espaços verdes. “Em 1971, havia meio metro quadrado de área verde por habitante. Em 1994, 23 anos depois, já eram 51 metros quadrados per capita”, destacou o arquiteto. A proporção é amplamente superior ao mínimo recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas), de 16 metros quadrados por habitante. Em resumo, Jaime Lerner decidiu aplicar os preceitos do desenvolvimento sustentável antes mesmo que o termo ganhe uma definição internacional, em 1987. “Aplicamos o conceito de sustentabilidade numa época em que a palavra nem existia”, afirmou. •
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Ensaio fotográfico
Taylor Sahl fotógrafo
Pintura luminosa O fotógrafo e professor de língua inglesa Taylor Sahl criou uma realidade própria em suas fotografias. Usando a técnica de light painting em longas exposições, Sahl constrói obras surreais que instigam a imaginação.
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PAREDE Usando diferentes cores de flashes e uma parede curva, Shal criou essa ‘onda’ de luz
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Ensaio
CLONES Durante oito minutos, a câmera registrou vários ‘Sahls’ no quadro
MÚSICA Inspirado na canção ‘Only it for a Night’, de Florence and The Machine
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FUMAÇA Um punhado de farinha jogado para o alto e flashes disparados à noite
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Ensaio
RAÍZES Um autorretrato do fotógrafo que teve a ideia de inverter a imagem
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Coisa & Taltigo
Marco Antonio Vitti
Uma entrevista aberta e franca com a depressão
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sta noite, sonhei com a Depressão! Ela estava deitada toda encolhida e por incrível que pareça muito sofrida. Ao ver-me levantou seu dorso, erguendo seu pescoço esguio e fitou meus olhos com os seus lacrimejantes. Percebi que ela estava sofrendo muito, abaixei-me e abracei-a com ternura, e sussurrando em seu ouvido esquerdo, aconselhei-a a chorar muito, pois, chorar faz muito bem à saúde. A Depressão afastou de leve o seu rosto do meu, olhando-me de perfil, questionou: - “Chorar faz bem?” – ‘E como!’ – exclamei. - “Ora bolas! Dizem que os homens não devem chorar!” - “Isso é papo de cardiologista!” – “Papo de cardiologista?” – “Sim! Qual a primeira coisa que o cardiologista pede para diminuir ou até suspender da dieta?” - “O sal!” – “Isto mesmo, o sal. E qual o sabor da lágrima?’ – “Salgada”. – “Logo quando choramos eliminamos o sal de nosso organismo e, portanto, protegemos nosso organismo da pressão alta, do enfarto, do derrame, etc.” – “Quer dizer que a depressão não é de toda mal?” –‘Lógico que não!’ – ‘Tudo na vida é o equilíbrio entre os opostos, o que os Alquimistas
que Jung tanto estudou, chamavam de Conniunctio Oppositorum.” –“E, como praticar esse equilíbrio?” – “Qual a sua origem?” – “A luta entre o Bem e o Mal.” – ‘Quer dizer da batalha dos Anjos no Céu, no início de tudo?’ – “Sim!” – ‘Você já estava lá?’ – “Sim! Onde estiver, a inveja, o ciúme, a raiva, o ódio, e outras emoções negativas humanas, lá estarei.” - “Quero lhe perguntar, porque existe o sofrimento?” - “O que mais as pessoas deprimidas me perguntam é: ‘Se somos criados por um Deus de amor infinito e de infinita sabedoria, porque ele permite que exista tanto sofrimento’. Na realidade o sofrimento é o resultado da inveja, ciúme, mágoa, ódio, ou seja: da falta de amor ou por merecer mais amor do que recebe”. - “Quer dizer que a maior causa de sofrimento é o amor? - “Antes de criar a humanidade, Deus havia criado os anjos e depois de criar Jesus, criou Lúcifer o primeiro guardião dos querubins, puro e santo. Ao criá-lo Deus lhe disse: ‘Você será o modelo da perfeição, a beleza em seu estado mais puro, e o portador da sabedoria e da luz. Ungi-o como guardião do Éden, criei-o, sem culpa, sem maldade, mas, você sucumbiu à vaidade, e, seu orgulho por sua beleza subiu para sua cabeça e sua sabedoria caiu num inferno de corrupção. Chegaste a imaginar ser tão ou mais sábio que Seu criador.
Achavas que elevarias teu trono acima das estrelas que Eu mesmo criei; que subirias ao ponto mais alto e que igualarias o Altíssimo’. - “Porque Deus criou a inveja, o ciúme, que tanto mal trazem à humanidade?” - “Deus em sua infinita bondade, jamais teria criado a vida sem o Livre Arbítrio, uma vez que se assim o fizesse não seria Deus, mas um reles ditadorzinho barato, destes que vemos nos corruptores atuais em praticamente todos os setores da sociedade: Judiciário, Empresarial, Político, etc. Antes dos anjos, Jesus e o Espírito Santo já existiam desde o início. O grande pecado de Lúcifer foi achar que tomando o lugar de Cristo, ele ocuparia o trono de Deus, isto, sem levar em conta que foi Jesus que o criou. Sendo o ser mais exaltado no universo, Lúcifer apesar de criado com Sabedoria, deixou-se levar por seu orgulho e ambição, e, cego pela ânsia do poder, teve a estúpida suposição que poderia ser maior do que aquele que o criou. Como toda a rebelião, antes de tudo, ela começa no interior do rebelado. E Lúcifer começou a fomentar em sua mente ocupar a posição de Cristo, tornando-se Satanás, passando a invejar Jesus de forma obsessiva e a odiá-lo. Psiquicamente o ódio contra alguém é assassinato”. [continua] •
Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br
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CHEGOU A ANTENA 1 EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. A FM COM MAIS MÚSICA POR HORA QUE QUALQUER OUTRA RÁDIO.
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REINO UNIDO
Londres: roteiro para as Olimpíadas Para quem estiver no país durante os Jogos Olímpicos, a dica é conhecer o interior da Inglaterra. Há opções de passeios culturais e até de praia, em pleno verão europeu, em cidades a menos de duas horas de distância da capital
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Fotos: Marrey Júnior
ERA MEDIEVAL Castelo construído no século 11 para conter invasões dinamarquesas é principal atração turística de Warwick, a cidade da Era Medieval
Marrey Júnior Londres
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mundo estará com os olhos voltados para Londres nos meses de julho e agosto, período da 25ª edição dos Jogos Olímpicos. Milhares de turistas de todo o globo planejam visitar a cidade, que será sede das Olimpíadas pela terceira vez. A maioria vai se concentrar na capital inglesa, mas para quem está no país essa é uma oportunidade de se conhecer o interior da Inglaterra. É possível durante um dia, entre o intervalo de um jogo e outro, conhecer atrações turísticas que ficam próximas à capital. É fácil encontrar agências que oferecem esses passeios e também é possível ir sem a ajuda delas. O Reino Unido tem uma eficiente rede de transporte público com diversas linhas de trens e ônibus. Já no caminho, o bucólico cenário rural é
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atração que inspira. Com um relevo pouco montanhoso, é possível ver durante a viagem propriedades rurais charmosas. O cenário campestre inglês, em que centenas de carneiros pastando com a casinha de tijolinho à vista lá no fundo, é visto aos montes. Entrando em estradas menores e menos movimentadas pode-se admirar diversas espécies de patos, gansos, aves e até faisões selvagens, que cruzam a pista sem nenhum temor. A pompa da realeza é sempre lembrada quando o assunto é o Reino Unido. Só na Inglaterra, há ao menos 25 castelos. No ano em que a Rainha Elizabeth 2ª completa o Jubileu de Diamante não há dica mais preciosa que a de conhecer Windsor, onde está a residência oficial da família real. Vários eventos foram montados no local para celebrar os 60 anos de reinado dela. A 40 quilômetros a oeste de Londres, à uma hora de viagem de trem, o Palácio de Windsor é um o maior e mais velho castelo ocupado do mundo. Em dias de sol e céu azul, pode ser visto do alto da famosa roda gigante
London Eye. Essa construção guarda quase mil anos de histórias. É nele que Elizabeth 2ª costuma passar os fins de semana e realiza parte das festas para receber chefes de Estado. Em uma área de cinco hectares, nas dependências do palácio é possível ver cômodos com mobílias históricas da coleção real, a capela de São Jorge, onde 10 monarcas estão enterrados e a casa de bonecas da Rainha Mary, uma perfeita réplica da casa de uma família aristocrática. Quem visitar o castelo pela manhã, pode ter a chance também de acompanhar o tradicional ritual da troca da guarda. Entre abril e julho, ela acontece todos os dias, nos outros meses do ano ela é feita em dias alternados. A cidade de Windsor também é famosa pelas competições de polo, pelos restaurantes de chefs célebres como o The Fat Duck e o Waterside, ambos com a nota máxima de três estrelas no Guia Michelin e entre os quatro melhores de todo o Reino Unido. É nesse município que também está a Ascot, local de uma das mais tradicionais e elegantes corridas
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Turismo
de cavalos do mundo e também o Colégio de Eton, criado em 1440 pelo rei Henrique 6º para dar educação a 70 estudantes pobres, hoje é uma das mais conhecidas e disputadas escola de ensino médio de todo o planeta, onde estudaram os príncipes Willian e Harry, além de 19 primeiros-ministros britânicos. Uma atração que encanta as crianças em Windsor é a Legolândia, parque temático do conhecido brinquedo infantil. Nele, os pequenos se divertem com 55 atrações, entre elas, trenzinhos, montanhas russas, carrosséis e uma cidade inteira montada com pequenas peças. Além, é claro, de peças do brinquedo por toda a parte. Outro passeio para se fazer com os pequenos e ainda ensiná-los sobre a Era Medieval é uma visita a Warwick, que fica à uma hora e meia da capital. Na cidade que ainda preserva preciosidades da Idade Média, andar pelas ruas centrais é se sentir de volta no tempo. Uma das principais atrações da cidade também é um castelo construído no século 11 para conter as invasões dinamarquesas. Hoje há um parque temático em que é possível reviver como era a vida durante a Idade Média. Atores fantasiados como guerreiros, reis, príncipes, arqueiros e plebeus fazem os visitantes ter a sensação de como era a vida há pelo menos 700 anos. No interior do palácio foi montado um museu de cera recriando os hábitos dos nobres que moravam lá. Imensos jardins são usados para encenações de batalhas com cavalos, lutas com espadas e apresentações da aristocrática falcoaria. Durante algumas noites do mês, a visita é apenas para os corajosos, quando são feitas expedições para caçar os fantasmas que ainda assombram o palácio. Mistério Uma das histórias mais misteriosas que intriga o povo inglês é a construção de Stonehenge, na região sul. Esse sítio arqueológico está em Salisbury e é uma intrigante formação de grandes monólitos arranjados em um plano circular. A ciência ainda não descobriu quem foram os responsáveis por essa obra erguida há pelo menos cinco mil anos. Estudiosos acreditam que Stonehenge teria funções astronômicas. Por causa disso, é grande o movimento de turistas e esotéricos durante os solstícios de verão e inverno e dos equinócios da primavera e outono. A viagem de Londres até Stonehenge dura cerca de uma hora e meia a duas horas, dependendo o tipo de transporte. A aproximadamente 30 quilômetros dos monólitos está Avebury, outro intrigante sítio arqueológico do Reino Unido. Nessa pequena cidade estão vários círculos de pedra, considerados os maio-
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ATRAÇÕES No sentido horário: sítio arqueológico Stonehenge; atores encenam batalha em Warwick; balneário de Brighton; chalé onde viveu Shakespeare; casa de banhos em Bath
res do mundo. Para ser uma noção do tamanho deles, parte da cidade está dentro deles e só é possível ver esse formato sobrevoando a área. Acredita-se que as pedras lá colocadas sejam mais antigas que as de Stonehenge. Avebury é um dos melhores e maiores monumentos neolíticos da Europa. A cidade é considerada centro espiritual para quem pratica o paganismo e o bruxismo. No passeio, é possível ver turistas fazendo referências e culto em devoção às rochas. Banhos Numa região próxima tanto a Stonehenge como Avebury, está Bath uma das mais charmosas de toda a Inglaterra, a 185 km de Londres. Esqueça as construções de tijolinho à vista típicas de todo o resto do país. A cidade com imponentes construções de paredes claras guarda histórias dos tempos dos celtas, dos romanos e do período em que era um badalado reduto da aristocracia britânica. Fundada originalmente como Aquae Sulis em 43 a.C., alguns séculos depois foi rebatizada
como Bath, que significa banho em inglês. A cidade abriga a única nascente termal da Grã-Bretanha e ainda tem um dos mais conservados banhos romanos do mundo. Durante a visita às ruínas romanas, o turista passeia por antigas termas, pelo templo de Minerva e contempla uma exposição de diversos objetos arqueológicos da época. Até hoje é possível aproveitar as propriedades das águas termais em um SPA construído ao lado dos banhos romanos. São vários os tipos de tratamentos e massagens oferecidos. A entrada mais simples custa em torno de R$ 60 e inclui, durante duas horas, vários tipos de banho e acesso a uma piscina de águas quentes onde é possível ter visão panorâmica de todo o centro histórico. Bath foi destino de lazer e tratamentos de saúde dos aristocratas da era Georgiana (séculos 18-19). Foi nessa época em que foram construídas os mais significativos prédios do centro histórico, como mansões, teatro e igrejas. O Royal Crescent é um dos exemplos mais expressivos
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TĂ&#x160;NIS PARA
O CORPO E A MENTE
da ĂŠpoca. Ele ĂŠ uma grande e suntuosa fachada de 30 casas em formato semicircular com uma das melhores vistas da cidade. Nessas residĂŞncias moraram aristocratas, intelectuais, militares e altos membros do clero. AtĂŠ hoje, esses imĂłveis sĂŁo habitados e tambĂŠm um dos mais caros de toda a Inglaterra. Uma das mais famosas moradoras de Bath foi a escritora Jane Austin. Um pequeno museu foi construĂdo em sua homenagem. Austin ĂŠ mundialmente conhecida pelos livros â&#x20AC;&#x153;RazĂŁo e Sensibilidadeâ&#x20AC;?, â&#x20AC;&#x153;Orgulho e Preconceitoâ&#x20AC;?, â&#x20AC;&#x153;Emmaâ&#x20AC;?, entre outros. Muitas obras da escritora viraram tema de filmes e Bath foi o cenĂĄrio ideal para ambientĂĄ-los. A cidade, que se tornou patrimĂ´nio histĂłrico mundial em 1987, tambĂŠm foi locação para tantos outros enredos de filmes, novelas e documentĂĄrios por causa de excelente conservação dos prĂŠdios do sĂŠculo 18. Outro local que ĂŠ atrativo para os turistas por causa do ilustre filho ĂŠ Stratford-upon-Avon. Foi nesse local, a duas horas de Londres, onde nasceu e morreu Willian Shakespeare quase
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400 anos atrĂĄs. O simples chalĂŠ onde morou o escritor e dramaturgo famoso pelas obras â&#x20AC;&#x153;Romeu e Julietaâ&#x20AC;? e â&#x20AC;&#x153;Hamletâ&#x20AC;? ĂŠ visitado por milhares de turistas durante o ano todo. Nessa casa, se descobre sempre um pouco mais da vida, da obra, das inspiraçþes e dos locais por onde passou o cĂŠlebre autor da frase â&#x20AC;&#x153;Ser ou nĂŁo ser, eis a questĂŁoâ&#x20AC;?. TambĂŠm ĂŠ possĂvel ver o tĂşmulo onde ele estĂĄ enterrado. Para quem ama teatro, tambĂŠm vale a visita a uma das mais respeitadas companhias da Europa, a Royal Shakespeare Company. Sempre hĂĄ espetĂĄculos em cartaz no teatro, que foi reinaugurado em novembro de 2010. TambĂŠm ĂŠ possĂvel fazer um passeio para conhecer como funcionam os bastidores de uma casa de espetĂĄculos. A RSC tem uma torre de 36 metros que proporciona uma visĂŁo panorâmica dessa cidade que preserva chalĂŠs com tetos de palha, fachadas brancas e detalhes pretos. TambĂŠm ĂŠ possĂvel admirar do alto turistas fazendo piquenique ou em românticos passeios de barco no lago que margeia o centro histĂłrico. Mentes brilhantes tambĂŠm estiveram em Oxford e Cambridge, lugares de muita cultura e atmosfera jovial por causa da grande quantidade de universitĂĄrios. Oxford, a uma hora de trem da capital, ĂŠ mais famosa por ter sido cenĂĄrio do filme Harry Potter. Mas esse ĂŠ um dos mais importantes centros universitĂĄrios do paĂs, onde estĂĄ a mais antiga universidade do Reino Unido e uma das cinco melhores em todo o mundo. Em Cambridge, 50 quilĂ´metros distante de Londres, estudaram Darwin e Newton. Oitenta e cinco dos prĂŞmios Nobel foram entregues a alunos que estudaram nessa cidade. Praia Para relaxar depois de tanta cultura e jĂĄ que as OlimpĂadas acontecem em pleno verĂŁo europeu, quem sabe uma opção seja se refrescar em uma praia inglesa. O balneĂĄrio mais famoso em todo Reino Unido ĂŠ Brighton, que fica pouco menos de uma hora de trem do centro londrino. O acesso ĂŠ fĂĄcil e rĂĄpido. O Brighton PĂer ĂŠ um dos cartĂľes-postais da cidade, o Royal Pavillon, palĂĄcio construĂdo em estilo indiano. Mas os brasileiros ficam mesmo impressionados com a praia de cascalho, em vez de areia, o que ĂŠ bastante comum em quase todo o litoral inglĂŞs. DifĂcil ĂŠ um dia inteiro de sol e calor para aproveitar o dia Ă beira-mar. Mesmo no verĂŁo, dificilmente a temperatura na Inglaterra ultrapassa os 20ÂşC. AtĂŠ se as condiçþes do tempo estiverem ideais, serĂĄ um desafio olĂmpico encarar o Mar do Norte. Diferentemente da costa brasileira, mesmo no verĂŁo, a ĂĄgua ĂŠ insuportavelmente gelada. â&#x20AC;˘
O tĂŞnis ĂŠ um dos esportes mais completos, pois alĂŠm de trabalhar todos os grupos musculares, ajuda a perder peso e auxilia no bem estar fĂsico e mental. - Aulas individuais - Dupla ou grupo - Daher Kids - Locaçþes - Ranking Daher Tennis - Equipe de treinamento
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Apple é o hype do mundo da tecnologia. Sem você se dar conta está cercado por iPads, iPhone, iPods e a mais variada linha de produtos que levam a famosa maçã de Steve Jobs no logotipo. Não seria diferente ter também uma avalanche de acessórios que tentam facilitar sua vida de alguma forma. Um exemplo: levar seu iPhone para o treino físico sem medo de ficar desconcentrado ou de danificar o aparelho. A braçadeira da Belkin, distribuída no Brasil pela Office Media, mantém o usuário conectado o tempo todo, e o aparelho sempre ao alcance das mãos. O acessório é leve, respirável, e resistente ao suor, o que dá uma segurança maior durante o treino, já que protege contra a umidade do corpo. Mas as opções não param nos esportistas. Aumento de capacidade de bateria, teclados para facilitar a digitação nos tablets (uma tarefa ainda um pouco complicada) e até bolsas que levam, além do seu equipamento, a preocupação de agradar quem gosta de estar na moda. A revista valeparaibano separou alguns desses produtos que estão chegando agora ao mercado para facilitar um pouco a sua vida na hora de equipar seu aparelho.•
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BOLSA A bolsa G bag é multifuncional e, além de manter o eletrônico bem protegido, é feita com materiais diferenciados como jeans e poliéster. Vem com compartimentos internos e bolsa extra com zíper. Na lateral, possui espaço para acomodar fones e bolso frontal para cartões de crédito e documentos. Acomoda também netbooks de até 12 polegadas. R$ 179
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ESTILO
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O Chef Stand + Stylus, apoia o iPad e com a stylus, permite que você use o iPad sem sujar ou molhar. US$ 39
BATERIA Prática e resistente, a capa de silicone da Energizer para iPhone 4 e 4s, distribuída no Brasil pela Inovat Business, possui função extra, que vai além de proteger o equipamento. Com bateria de lítio (recarregável) acoplada, o usuário ganha cinco horas a mais no uso do smartphone. O acessório possui uma placa que gerencia a energia de forma que o aparelho esteja sempre com carga máxima. Para recarregar, basta conectar o dispositivo a uma porta USB, ou ao adaptador original do iPhone. R$ 199
TECLADO A capa com teclado para iPad tem design slim facilitando a mobilidade. Acoplado a uma capa preta de couro ecológico forrada com tecido aveludado, que protege o eletrônico, o teclado tem comunicação via Bluetooth e carregamento por USB. A caneta touch facilita a digitação nos tablets no dia a dia. Leve e elegante, o acessório permite uma navegação simples sem danificar a tela do equipamento. Possui ponta de borracha condutiva que faz contato com a tela facilitando o uso de diversos aplicativos de desenho, escrita e pintura disponível para iPad e outros tablets. R$ 241 (capa e teclado) e R$ 35 (caneta)
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Moda&estilo TEXTURAS
Misturas do inverno Cristina Bedendo São José dos Campos
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possibilidade de compor looks em camadas é um dos pontos positivos do inverno, uma vez que as composições ficam mais interessantes com misturas de materiais diferentes. A principal novidade para essa temporada no quesito tecidos é o veludo, que ganha composições com outras peças mais leves, como a seda, por exemplo. Outro hit do inverno, presente na maioria das coleções, são os efeitos metalizados. E como as brasileiras gostam de um brilho! O principal material que ganha esses acabamentos é o couro, que pode ser combinado com outros tipos de couro liso, com jeans ou até mesmo peças de alfaiataria, em tecidos mais rígidos. Outra textura que caiu no gosto das mulheres há algumas temporadas é a renda. E ela pode ser uma ótima aliada para os looks de inverno, na intenção de acrescentar um toque de feminilidade. Aproveite para combinar aquela peça de renda que você adquiriu no verão com uma mais pesada do inverno, em couro ou lã mais fina. Os looks monocromáticos (de uma cor só ou tom sobre tom), que são super versáteis e ajudam a alongar a silhueta, também podem ficar diferentes das estações anteriores se você apostar em diversas texturas, como renda + couro + lã, por exemplo.
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LOOKinado
comb Veludo s leves é a ça com pe idade o n v
by Cavalera
Look Iódice apresentado no São Paulo Fashion Week
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CORES O azul petróleo é uma das principais cores do inverno. A bolsa da Kate Spade tem textura croco
HIT
HITS
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O ‘MUST HAVE’ DA ESTAÇÃO
VERSÁTIL Bolsas no estilo pastinha em cores neutras são as ideais. Atualizam looks mais formais e são ótimas para um happy hour
Bolsa com texturas diferenciadas ou blocos de cores são os ‘must have’ do inverno
CORES
Fotos: Divulgação
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BOTA ANABELA COM GLITTER AREZZO Com mistura de couro liso e camurça em duas cores e detalhes em glitter R$229,90
Mix de materiais também nos pés Além das roupas, o mix de texturas também está presente nos calçados e bolsas da temporada. O couro de cobra é um dos hits, em diversas combinações de cores, que são boas opções para os looks monocromáticos ou em tons neutros. Para as botas, a principal novidade são os modelos anabela, que também ganham coordenações de materiais numa mesma peça. O preferido das marcas é a combinação de camurça + verniz ou glitter + couro liso. O glitter, aliás, é um ponto alto entre os calçados: desde tênis até ankle boots, diversas marcas investiram no acabamento, justamente por conta deste desejo de brilho nesta temporada. E na hora de compor os looks, o brilho nos calçados ou acessórios torna tudo mais fácil e discreto. Além disso, os
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calçados com brilho, principalmente os modelos sem salto como sleepers, oxfords e sapatilhas, são versáteis para diferentes ocasiões, desde look de trabalho até festinhas mais informais. Já os modelos com salto exigem um pouco de cuidado: evite combiná-los com roupas muito justas ou com brilho; prefira as peças de alfaiataria, como blazers e calças retas e deixe-os para ocasiões mais elaboradas, à noite. Para as botas de cano longo, como os modelos no estilo montaria, a dica é optar por modelos mais limpos, sem muitas misturas de materiais ou detalhes. Apenas uma fivela ou o detalhe de um elástico já são suficientes, uma vez que esse modelo de bota já chama atenção por conta do comprimento.
Cores como branco, off-white e nude deixaram o estereótipo de cores de verão de lado e assumiram status fashion também nos looks de inverno. E a mistura de texturas é uma ótima opção para looks inteiros nessas cores. Aproveite para incrementá-los com lã, alfaiataria e rendas. VISUAL
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Texturas com toque esportivo
Para looks mais esportivos, as propostas giram em torno de misturar materiais como moletom e jeans ou moletom e couro com aspecto desgatado, como nas propostas da Damyller. O moletom, aliás, deixa o visual academia de lado e exerce uma função mais fashion nas peças por conta de detalhes em matelassê e aplicações de paetês.
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Tempos ModernosArtigo
Alice Lobo
Anote: dicas e produtos indispensáveis para o seu bebê
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ei que no mês passado escrevi que iria trazer mais dicas de produtos para recém-nascido. Mas a verdade é que nestes últimos meses minha nova vida de mãe me trouxe tantas experiências que tenho vontade de escrever sobre outras muitas coisas. Mas para honrar o que prometi, aqui vão algumas dicas essenciais para a chegada do pimpolho. Carrinho e cadeirinha do carro: faça uma lista com as características que você procura por ordem de prioridade. Depois vá atrás do produto que tenha a maioria delas. Você quer um carrinho pequeno e leve ou pode ser grande e com espaço para colocar sacolas? Onde pretende usá-lo? Precisa ter rodas grandes para andar em gramados ou não? Pense neste tipo de coisa. Cadeirinha treme-treme: indispensável! É leve e você pode levar para qualquer parte da casa. Existe um modelo que dá tanto para recém-nascido usar como para crianças de até 2 anos. Eu resolvi comprá-la na última hora e uso todos os dias. Para o meu filho que tem refluxo é um ótimo lugar para ele ficar depois das mamadas. Algumas noites em que ele não consegue dormir na cama até chego a colocá-lo na cadeirinha e pronto. Dorme como um anjinho. Quadrado (play yard): ótimo para deixar na sala. Tem um modo para ser cama de recém-nascido. Como tenho uma cachorra, achei mais se-
guro do que deixar o Nick ao alcance dela. É uma Golden Retriever super boazinha. Mas não custa prevenir, né? Por maior esforço que eu faça, ela tem um fundinho de ciúmes do bebê. Enxoval: as roupinhas de algodão são as mais gostosas. Se for orgânico, melhor para a pele do bebê. No meu caso, ainda ganhei muitos macacões e casacos feitos de tricô pela minha mãe. Um charme. Até meu marido virou pra mim e comentou como o Nick estava chique um dia. Que tal tricotar ou encomendar de alguma artesã? Mamadeira, chupeta e brinquedos: se for de plástico, prefira os “livre de BPA” (bisfenol A). Eu comprei mamadeira de vidro e recomendo. Produtos de higiene: comprei shampoos, sabonetes líquido e loção hidratante para o corpo de diferentes marcas para experimentar. Os naturais são de uma linha de calêndula da Weleda, da Aveeno Baby Organics e da Johnson’s Baby Naturals. Além disso, ganhei produtos daquela linha Hora do Sono da Johnson’s Baby. Estava meio cética, mas tenho que confessar que funciona. Quando uso no Nick fica bem mais relaxado e dorme super bem. Fraldas: bem, isso dá assunto para uma coluna inteira. Eu estou usando duas versões eco-friendly: uma é livre de cloro, feita com matéria-prima renovável (fugindo dos derivados de petróleo), sem perfume e sem tingimento; a outra tem uma “calça” de pano com refil reutilizável e biodegradável. Pode ser jogada na privada ou até compostada. E, por último, tenho três dicas para
VIDRO Mamadeiras têm que ser sem BPA
as mães que querem amamentar: “pomada” natural de lanolina (as marcas Medela e Lansinoh são as melhores), protetor de seio de algodão orgânico reutilizável (tem um toque gostoso e é fácil de lavar no banho) e bolsa quente especial para os seios da Avent (para colocar pouco antes de amamentar e facilitar a vida do bebê). Pronto acho que resumi as minhas principais dicas. Espero que as futuras mamães, papais, avós, titios e titias aproveitem um pouco da minha experiência dos nove meses. Ah, e só mais uma coisa: cuidado para não comprar além do que precisa. Prefira tudo o que você vai usar por mais tempo ou pode ser reaproveitado. Assim, menos lixo é gerado e o planeta agradece. •
Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br
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ValeViver
CULTURA
Volta às origens No centenário de nascimento do maestro Eleazar de Carvalho, o Festival de Inverno de Campos do Jordão reverencia suas raízes Isabela Rosemback Campos do Jordão
N
a 43ª edição do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que tem início no próximo dia 30 e estende-se ao dia 29 de julho, a memória do maestro Eleazar de Carvalho (19121996) será reverenciada, em plena celebração do centenário de seu nascimento, com a proposta de uma retomada dos valores instituídos por ele nos primórdios da festa musical, da qual o regente foi um grande entusiasta. Comandado, neste ano, pela Fundação Osesp –que substitui a OS (Organização Social) Santa Marcelina Cultura na parceria estabelecida desde 2009 com a Secreta-
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ria do Estado da Cultura–, a nova direção do festival afirma que agora foca na recuperação e no fortalecimento de ações pedagógicas direcionadas à prática orquestral. Isso não resulta, porém, em uma perda na quantidade de concertos. Serão 60 apresentações concentradas em Campos do Jordão, e não mais em diferentes cidades, em um total de cinco atrações a mais que no ano passado. O programa inclui concerto, também, na sala São Paulo. Para inaugurar esta temporada, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) dá as boas vindas ao público, sob regência do convidado Thomas Dausgaard, executando a peça “Missa Solemnis em Ré Maior” de Ludwig Van Beethoven, também em respeito ao maestro que, se vivo, completaria 100 anos no dia 28 de junho. “O conceito da abertura foi pensado como
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ValeViver Flávio Pereira
RENASCIMENTO
Elezar de Carvalho foi responsável por reavivar a Osesp, em 1973
parte da celebração do que representou Eleazar de Carvalho, com a escolha de uma peça que ele interpretava com muita propriedade. Mas o estímulo aos estudantes de regência também é outro ponto forte de homenagem a ele, que foi um grande professor nesse sentido”, afirma Marcelo Lopes, diretor executivo do festival. Lopes reforça que o nome do maestro é uma presença abrangente na música sinfônica brasileira e que, quando mencionados os processos de criação do Festival de Inverno de Campos do Jordão, em 1973, a associação do período à figura dele é igualmente espontânea. “Esse evento ganhou forma e grande expressão por causa dele, que, por sua experiência no festival Tanglewood (muito ligado à Sinfônica de Boston), trouxe ao Brasil o modelo em que a orquestra era usada com grande intensidade para o treinamento de jovens músicos. E já com uma interação muito forte entre os estudantes e os profissionais renomados da área. Com encomendas a novos compositores, inclusive”, afirma Lopes, sugerindo que a volta às origens também está
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ligada à reaproximação dos aprendizes com a Osesp, reavivada naquele mesmo ano, sob a sigla OSE, e comandada por Eleazar de Carvalho daquela data até a sua morte –quando, antes, deixou um plano de reformulação da orquestra, viabilizado por seus sucessores. Novas configurações Seguindo esse modelo, os alunos desta temporada deverão se apresentar ao público aos sábados, no auditório Cláudio Santoro, integrando a Orquestra do Festival. “Teremos três programas diferentes, neste ano. Um em cada semana, com regentes distintos e com peças de grande complexidade, o que é um desafio. Serão semanas intensas, mas com muito impacto sobre a vida desses jovens artistas”, afirma o diretor. Convidados de renome nacionais e internacionais também participam como solistas das três apresentações cujo encerramento será realizado sob regência de Marin Alsop, da Osesp: a soprano Susanne Bernhard, o violoncelista Joahnnes Moser e o pianista brasileiro Nelson Freire, respectivamente.
“Tomamos como base as melhores instituições do Estado, que já fazem esse treinamento orquestral. E para resgatar a amplitude internacional, buscamos convênios com educadores e estudantes de diferentes instituições no mundo”, completa Lopes. São elas o Conservatório de Amsterdã e o Conservatório Real de Haia, da Holanda, o Peabody Institute e o Conservatório de Cincinnati, dos EUA, e a Royal Academy of Music de Londres, que contribuirão em quartetos de cordas, quinteto de sopros e em quinteto de metais. Diálogo amplificado De acordo com os dados divulgados pela Fundação Osesp, somam-se 115 alunos com idades entre 14 e 30 anos no grupo de bolsistas desta edição. Cerca de 25% dessas vagas teriam sido preenchidas por jovens músicos estrangeiros. A participação de professores de outros países também é expressiva na agenda pedagógica do evento –são 21 contra 25 brasileiros (estes, em quase totalidade, ligados
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Fotos: Divulgação
à Osesp). Já entre os 22 grupos convidados pelo festival, três são internacionais. Outros solistas de diferentes continentes subirão aos palcos, ao longo das semanas, em condição de prestígio –valendo a ressalva de que os concertos que integram a programação não se restringem ao auditório, e, sim, são estendidos a praças, igrejas e outros espaços públicos da cidade. Pensada dessa forma, a comunhão da prática orquestral dos estudantes com o acesso do público a um repertório sinfônico que valoriza a diversificação tem como objetivo fomentar o interesse de músicos e ouvintes por essa expressão artística qualificada no Brasil, como idealizava o homenageado desta edição. “Mais que um grande maestro, Eleazar de Carvalho foi um grande educador. Os concertos dele eram verdadeiras aulas. Ele tinha um conhecimento abrangente da transformação da humanidade e transportava isso para a música. Era um incentivador incansável do bom preparo intelectual dos novos talentos”, saúda o diretor executivo do festival, Marcelo Lopes.
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MAESTRO
Em ação, Eleazar de Carvalho, homenageado no festival neste ano
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ValeViver Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
13 JUL SEX Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA
30 JUN SÁB Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO THOMAS DAUSGAARD REGENTE SUSANNE BERNHARD SOPRANO INGEBORG DANZ MEZZO SOPRANO DONALD LITAKER TENOR KLEMENS SANDER BARÍTONO CORAL PAULISTANO CORO DA OSESP LUDWIG VAN BEETHOVEN Missa Solemnis em Ré Maior, Op.123 Praça do Capivari CORAL BRADESCO
1 JUL DOM Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA JOVEM DO ESTADO DE SÃO PAULO ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO JAMIL MALUF REGENTE DMITRY MAYBORODA PIANO Sala São Paulo ORQUESTRA SINFÔNICA DO TEATRO NACIONAL DE BRASÍLIA & TRIO DE PRAGA
2 JUL SEG Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA DO TEATRO NACIONAL DE BRASÍLIA & TRIO DE PRAGA
3 JUL TER Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
4 JUL QUA Igreja Santa Teresinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro RECITAL DMITRY MAYBORODA PIANO
5 JUL QUI Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA PETROBRAS SINFÔNICA ISAAC KARABTCHEVSKY REGENTE JOÃO GUILHERME RIPPER Piedade (Ópera) Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
6 JUL SEX Igreja Santa Teresinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL ABEL ROCHA REGENTE
7 JUL SÁB Igreja Santa Teresinha CONCERTO DE CÂMARA
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14 JUL SÁB Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA DO FESTIVAL SIR RICHARD ARMSTRONG REGENTE SUSANNE BERNHARD CONTRALTO RICHARD WAGNER O HOLANDÊS VOADOR: Abertura GUSTAV MAHLER RÜCKERT-LIEDER ANTON ÍN DVOŘÁK SINFONIA Nº 6 EM RÉ MAIOR, OP.60 Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
8 JUL DOM Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro TRIO COM PIANO ANTONIO MENESES VIOLONCELO JOSÉ FEGALI PIANO CLÁUDIO CRUZ VIOLINO ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO MARIN ALSOP REGENTE JOHANNES MOSER VIOLONCELO SILVESTRE REVUELTAS Sensemayá ENRICO CHAPELA CONCERTO PARA VIOLONCELO ELÉTRICO E ORQUESTRA [estreia sul-americana. Encomenda Osesp com Filarmônica de Los Angeles e Sinfônica de Birmingham] SERGEI PROKOFIEV O Filho Pródigo, Op.46
9 JUL SEG Auditório Cláudio Santoro DUO VIOLONCELO & PIANO JOHANNES MOSER VIOLONCELO OLGA KOPYLOVA PIANO
10 JUL TER Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro DUO VIOLINO & PIANO BORIS BROVTSYN VIOLINO NELSON GOERNER PIANO Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
11 JUL QUA Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro JOEL GISIGER OBOÉ GIULIANO ROSAS CLARINETE ALEXANDRE SILVÉRIO FAGOTE OLGA KOPYLOVA PIANO ANDRÉ MEHMARI PIANO
12 JUL QUI Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA JAZZ SINFÔNICA JOÃO MAURÍCIO GALINDO REGENTE ANDRÉ MEHMARI PIANO
Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA DO FESTIVAL GIANCARLO GUERRERO REGENTE JOHANNES MOSER VIOLONCELO ANTONÍN DVOŘÁK Concerto Para Violoncelo em Si Menor, Op.104 ENRICO CHAPELA Ínguesu LEONARD BERNSTEIN Danças Sinfônicas de West Side Story Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
15 JUL DOM Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Sala São Paulo ORQUESTRA DO FESTIVAL GIANCARLO GUERRERO REGENTE JOHANNES MOSER VIOLONCELO ANTONÍN DVOŘÁK Concerto Para Violoncelo em Si Menor, Op.104 ENRICO CHAPELA Ínguesu LEONARD BERNSTEIN Danças Sinfônicas de West Side Story
17 JUL TER Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro RECITAL FÁBIO ZANON VIOLÃO Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
18 JUL QUA Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro RECITAL EWA KUPIEC PIANO
19 JUL QUI
ORQUESTRA DO FESTIVAL MARIN ALSOP REGENTE NELSON FREIRE PIANO WOLFGANG A. MOZART Concerto Para Piano nº 20 em Ré Menor, KV 466 M. CAMARGO GUARNIERI Abertura Festiva BÉLA BARTÓK O Mandarim Maravilhoso Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
22 JUL DOM Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro CONCERTO DE CÂMARA Sala São Paulo ORQUESTRA DO FESTIVAL MARIN ALSOP REGENTE NELSON FREIRE PIANO WOLFGANG A. MOZART Concerto Para Piano nº 20 em Ré Menor, KV 466 M. CAMARGO GUARNIERI Abertura Festiva BÉLA BARTÓK O Mandarim Maravilhoso
24 JUL TER Auditório Cláudio Santoro CONCERTO SINFÔNICO
25 JUL QUA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA DA USP WAGNER POLISTCHUK REGENTE
26 JUL QUI Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA DE SANTO ANDRÉ CARLOS MORENO REGENTE MARIA CONSTANÇA ALMEIDA PRADO VIOLINO
27 JUL SEX Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA FILARMÔNICA JOVEM DA COLÔMBIA SARAH CHANG VIOLINO
28 JUL SÁB Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS FABIO MECHETTI REGENTE LUIZ FILIPE COELHO VIOLINO
29 JUL DOM
21 JUL SÁB
Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO CARLOS KALMAR REGENTE NATHAN GUNN BARÍTONO CHARLES IVES The Unanswered Question JOHN ADAMS The Wound-Dresser BENJAMIN BRITTEN Sinfonia de Réquiem, Op.20 DMITRI SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 6 em si menor, Op.54 Sala São Paulo ORQUESTRA FILARMÔNICA JOVEM DA COLÔMBIA SARAH CHANG VIOLINO
Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro
A programação detalhada com atrações, locais e horários estará disponível em www.festivalcamposdojordao.org.br
Igreja Nossa Senhora da Saúde CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro CONCERTO DE CÂMARA Capela do Palácio CONCERTO DE CÂMARA
20 JUL SEX Igreja Santa Terezinha CONCERTO DE CÂMARA Igreja São Benedito CONCERTO DE CÂMARA Auditório Cláudio Santoro ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA
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Tragédia dramática Entre os destaques da programação deste ano, a recém-estreada ópera “Piedade”, do compositor João Guilherme Ripper, será reprisada pela Orquestra Petrobrás Sinfônica com o autor presente na plateia. A regência é de Isaac Karabtchevsky, com três solistas estrelando nos papéis de Euclides da Cunha (o barítono Homero Velho), Dilermano de Assis (o tenor Marcos Paulo) e Anna da Cunha (a soprano Paula Almerares). “Foi uma peça que o próprio Isaac Karabtchevsky encomendou para a mesma orquestra. Acho importante destacar o ineditismo desse pedido, porque é muito raro solicitarem uma ópera, e ele me pediu para que fosse uma com bastante drama. Escolhi um tema brasileiro e com essa história real, que eu pesquiso há algum tempo, sobre a ‘tragédia da Piedade’”, afirma Ripper. Trata-se do episódio que levou à morte o autor do mais famoso relato da Guerra de Canudos. Já apresentada no Rio de Janeiro, a peça é dividida em quatro cenas. A primeira mostra Euclides da Cunha es-
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MORADA
Marin Alsop, da Osesp, regerá a Orquestra do Festival de Inverno de Campos do Jordão
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crevendo “Os Sertões”; a segunda mostra a aproximação de Anna, sua então mulher, e Dilermano; a terceira destaca o encontro promovido por Anna entre Dilermano e Euclides, quando o mesmo volta de uma longa viagem; e, por fim, o encerramento se dá com o resultado trágico da traição de Anna a Euclides, com Dilermano. “Todas as cenas são precedidas por um prólogo para violão e um poema de Euclides da Cunha, à exceção do primeiro, que é meu. Sonoramente, todas as cenas têm momentos dramáticos e mais calmos. O que se destaca são os caracteres extremamente humanos e atuais dessa história, considerando as paixões humanas e a maneira como certas decisões que tomamos definem uma série de eventos que vão se suceder”, ressalta Ripper. Para esta edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão, o investimento foi estimado em R$ 6 milhões resultantes de contrapartidas do Estado e do patrocinador –R$ 900 mil a mais que no ano passado. Em 2010, o montante foi de R$ 5,6 milhões para atividades pedagógicas e 84 concertos. •
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CORPO
Passos marcados A 23ª edição do Festidança traz para São José 306 opções de apresentações entre a mostra competitiva e os grupos convidados do evento Isabela Rosemback São José dos Campos
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stende-se até o dia 10 de junho a 23ª edição do Festidança, festival nacional que anualmente reúne grupos de diferentes modalidades de dança em São José dos Campos. Com mostras fixas no Teatro Municipal, além de outras intervenções e disputas que ocupam mais oito espaços da cidade, o público terá contado com 306 opções de apresentações para assistir até o final da temporada deste ano. Apenas os workshops e as entradas para a programação do Teatro Municipal –que abrange, também, coreografias de grupos convidados– são pagas. As demais atrações voltadas para o público geral são gratuitas e espalham-se pela cidade (veja programação simplificada). “Como neste ano são celebrados os 60 anos do Cine Santana, também convidamos o grupo Meninas de Sinhá para fazer uma apresentação nele. É um conjunto de Minas Gerais formado por mulheres da Terceira Idade e segue uma linha folclórica, com cirandas e outras danças, então tem tudo a ver”, afirma Fernanda Ribeiro, coordenadora do Festidança. A atração será no dia 9 de junho, às 16h, no auditório da zona norte –reduto de mineiros em São José. No mesmo dia, no galpão Gaivota do Parque da Cidade, será realizada a Batalha de Danças Urbanas, que valoriza os passos e estilos típicos da cultura hip-hop. À noite, o grupo convidado Discípulos do Ritmo apresenta a coreografia de dança urbana “Ur-
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banóides 2.0”, do também jurado desta edição Frank Ejara, no Teatro Municipal. Ainda no palco principal do festival, as mostras Nacional e Competitiva prometem preencher as cerca de 500 poltronas com espectadores. Entre os convidados desta edição, os bailarinos Sayuri Hayasaka e Guilherme Maciel destacam-se com uma remontagem e adaptação da coreografia “Cisne Negro”, no dia 5 de junho. Ao longo da temporada, também são realizadas as mostras Infanto Juvenil e Paralela –esta última desloca-se pelos espaços culturais de bairros do município. A Mostra Baile de Dança de Salão foi posta em prática logo ao início do festival. A Fundação Cultural Cassiano Ricardo, que organiza o evento, anuncia que os primeiros colocados deste ano participarão, sem concorrer em seletivas, de festivais de dança nacionais e de um internacional: campeões de todas as modalidades vão ao Prêmio Desterro, em Florianópolis (SC), e o primeiro lugar em sapateado concorrerá pelo 1º Entreatos Internacional de Dança, em Porto Real (RJ). Um bailarino também será selecionado para uma bolsa de estudos nos EUA, para o festival Summer 2013–Miami City Ballet School. O encerramento desta edição presenteia a plateia com a estreia da coreografia “Pátio dos Amores”, criada por Marco Sanches, da Companhia Jovem de Dança de São José dos Campos (o grupo também lançou uma adaptação da suíte “La File Mal Gardée”, na abertura). Os primeiros colocados de todas as modalidades também a finalizam com reapresentações das coreografias premiadas durante o chamado Gala da Dança. •
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Foto: Ronny Santos -pmsjc
CINE SANTANA
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16h - Mostra Infanto Juvenil - R$ 10
TEATRO MUNICIPAL 5/JUN 19h - Mostra Competitiva (Categorias Pas de Deux / Variações e Convidados) - R$ 20
6/JUN 7/JUN 8/JUN 9/JUN 10/JUN
19h - Mostra Competitiva (Conj.Repertorio / Sapateado e Convidados - R$ 20 19h - Mostra Competitiva (Conj. Criação / Jazz e Convidados) - R$ 20 19h - Mostra Competitiva (Dança de Rua / Ballet Contemporâneo e Convidados) - R$ 20 20h - Mostra Nacional - Convidado - R$ 20 19h - Noite Gala / Convidado - R$ 20
GALPÃO GAIVOTAS (PARQUE DA CIDADE) Batalha de Danças Urbanas - 16h
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CINE SANTANA 3/JUN Mostra Infanto Juvenil com Ballet Clássico, Jazz, Dança de Rua, Danças Populares , de Salão e Sapateado - 16h MOSTRA PARALELA DE DANÇA - 13h Espaços Culturais Tim Lopes (Bosque dos Eucaliptos) Chico Triste (Vila Tesouro) Eugênia da Silva (Novo Horizonte)
3/JUN 7/JUN 8/JUN
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6 e 10/JUN Hall Do Teatro Municipal 18h30 3/JUN Vale Sul Shopping 18h 7/JUN Rodoviária Nova 16h 9/JUN
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CenterVale Shopping 19h30 Pavilhão Gaivotas (Parque Da Cidade) 14h Shopping Colinas 17h
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MÚSICA
Velho camarada Com produção e parcerias incessantes, Hyldon conta em entrevista exclusiva que ainda tem muita coisa para mostrar além dos versos de ‘Na rua, na chuva, na fazenda’ Isabela Rosemback São José dos Campos
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e volta ao Brasil após se apresentar, no último dia 1º, no festival Rock in Rio Lisboa (Portugal), o soul man Hyldon –o último dos Velhos Camaradas em atividade– retoma a sua boa fase produtiva, que tem envolvido nomes como Arnaldo Antunes, Mano Brown e Zeca Baleiro. Em diálogo com a nova geração, ainda, pode ser visto como o “Padrinho” do clipe “Chama os Muleke” –sucesso do ConeCrewDiretoria que, no mês passado, alcançou a liderança do top 10 da MTV, contando com participações como as de D2, Mr. Catra e Tico Santa Cruz. Ausente da grande mídia entre as décadas de 1980 e 2000, o autor de hits como “Na Rua, na Chuva, na Fazenda” e “As Dores do Mundo” –que, nos anos 1990, voltaram a estourar interpretados pelos grupos Kid Abelha e Jota Quest, respectivamente– confessa que não perde o desejo de revisitar o som orquestrado do início de sua carreira, mas garante que tem curtido o seu romance com o hip-hop. “Mano Brown e outros rappers gostam de samplear as minhas músicas, e a minha filha participa de batalhas do ritmo, ela é muito boa. ‘Me amarro’ mesmo nesse som, e isso há mais de 20 anos. O rap estimula o jovem a pesquisar novas palavras”, observa o ex-integrante da tríplice soul formada nos anos 1970 com Tim Maia e Cassiano. Em apenas uma visita rápida a São Paulo no mês passado, por exemplo, Hyldon
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conta que teve a oportunidade de escrever uma música em conjunto com o vocalista do Racionais MC’s e o também rapper Dexter. “Soube por ele, inclusive, que sou muito querido nas prisões. Estou combinando até de fazer visitas aos presídios pelo projeto social que ele tem”, comenta. Mas esclarece que a pegada dessas suas novas composições ainda tende mais para o suingado, que é a sua marca, que para o rap sincopado. Projetos paralelos No mesmo dia na capital paulista, o músico conta ter se encontrado com Arnaldo Antunes e com a cantora e compositora Céu, dupla com quem comemora ter feito uma profícua parceria. “Só desse encontro saíram mais duas músicas, mas todos os dias em que a gente se encontra sai uma nova canção. É uma experiência que tem sido muito legal, com uma maneira diferente de produzir, cada um dá uma ideia. Só não sabemos, ainda, o que faremos com elas”, hesita. Hyldon conheceu Céu na gravação do programa “Grêmio Recreativo” (MTV), do ex-titã. Os três dividiram o palco, na ocasião, com Karina Buhr, Edgard Scandurra, Seu Jorge e integrantes das bandas Nação Zumbi e Cidadão Instigado. Dali foi que saiu esse novo projeto. Vale destacar, também, que Zeca Baleiro acaba de lançar a composição “Calma Aí, Coração” em seu novo álbum, “O Disco do Ano”, assinada por ele e o soul man. “Com Zeca funciona à distância, porque ele é muito workaholic. Mas há muita química com ele, também. Cada compositor tem uma maneira de trabalhar e de sentir. O que eu mais gosto de fazer é compor e o lance é ter um par-
NOS BASTIDORES
Apesar de estar longe da ‘grande cena’, Hyldon continua produzindo muito
ceiro, porque tenho muitas músicas que nem termino. Se você faz parceria isso não acontece, porque o outro te bota pilha, te força a finalizar aquilo”, afirma Hyldon. De longa data Nesse ponto, o compositor baiano radicado no Rio de Janeiro não tem do que reclamar, tendo em vista que Tim Maia e Cassiano o acompanharam no início de sua jornada musical –este último, entretanto, permanece longe dos holofotes desde que fez seus últimos disco e turnê, no início da década de 1980. “Ele está recluso... Outro dia me mostrou umas músicas bonitas que fez no piano, mas ele não quer sair de casa nem fazer shows”, lamenta.
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Em um período de quase 20 anos, entretanto, Hyldon também esteve afastado da grande mídia após lançar tantos outros sucessos, como “Na Sombra de Uma Árvore”, “Vamos Passear de Bicicleta?” e “Sábado e Domingo”. Nem por isso, esteve parado. “Nos anos 1980 gravei poucos discos porque as gravadoras estavam com mania de bandas e eu parti para o independente. Sempre tive autonomia sobre o meu trabalho. Nos anos 1990, a situação ficou preta. Havia problemas com direitos autorais, então resolvi trabalhar com crianças. Abri uma produtora e, por seis anos, criei muitos CDs infantis para não precisar me vender. Foi uma época difícil, mas sempre fui regravado e fiz novas canções”, declara.
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Para o bem da música, o cenário mudou. Mas, ainda que esteja em contato com as novidades, o músico planeja lançar um disco com canções orquestradas. “Quero retomar o que fiz no meu primeiro disco, só que para isso preciso de um incentivo, porque o custo é muito alto”, considera. Resta a Hyldon, por enquanto, perpetuar a musicalidade daqueles velhos tempos. “Mas essa responsabilidade não pesa muito para mim. Tenho focado em produzir, trocar experiências. Quero aprender com os jovens”, justifica. Ele acaba de lançar uma edição revisada e com faixas extras do disco Soul Brasileiro, originalmente gravado em 2009, e identi-
fica em artistas como Negra Li, Seu Jorge e Mart’nália a continuidade do trabalho que ajudou a desbravar naquela década brasileira de novas profusões musicais. “Mas, ainda que tenha muita gente boa aparecendo, hoje é tudo mais diluído, misturado”, pondera. Uma volta ao tempo por meio de trabalhos que lembram a vida e obra de Tim Maia, entretanto, é descartada. “Não li e nem vou ler a biografia dele. Acho que esse musical em cartaz é uma ferramenta para ganhar dinheiro, não de comprometimento com a história. Prefiro as minhas lembranças”, critica, ainda que admita já ter esboçado algumas linhas de sua vida para um –quem sabe?– futuro livro de memórias. Aguardemos. •
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ARTES CÊNICAS
Romance em cena No mês dos namorados, Teatro Colinas traz comédias que tratam de relacionamentos São José dos Campos
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o mês em que se prioriza o romance, o Teatro Colinas, em São José dos Campos, recebe uma comédia que pode ser um alento para as mulheres que procuram um par ainda para antes do dia 12, quando os casais comemoram o seu dia. “100 Dicas para Arranjar Namorado” recorre aos santos, às simpatias e a outras artimanhas colocadas em cena para tratar de um assunto corriqueiro, mas que ainda assim é um prato cheio para o humor. Estrelada por Daniele Valente, a peça é uma montagem baseada no livro homônimo de autoria da atriz. São esquetes que, de forma descontraída, sugerem tirar as solteiras do encalhe com orientações práticas e cômicas de como fisgar um amor para a vida delas. Cabe ao ator Christiano Cochrane encarnar os vários homens que viram alvo dessas personagens de Daniele, que deixam claro que estão dispostas a tudo para ganhar o jogo. Adultério em prova Também de forma divertida, “Escola de Mulheres” traz ao mesmo palco, na segunda quinzena do mês, questões ligadas a relacionamentos amorosos. Mas não se prende a isso. A adaptação da peça original escrita pelo dramaturgo francês Molière também fala de poder, moral e amizade. É, portanto, uma história que lança luz sobre o comportamento humano de maneira mais crítica. O personagem central é Arnolfo, um homem cheio de teorias sobre o porquê de as mulheres cometerem adultério. Jurando saber a fórmula para que a sua futura companheira não o traia, ele cria Inês de forma que ela seja ignorante e submissa. Só não conta com o fato de que ela acaba por se apaixonar por outro homem: Horácio. O triângulo amoroso é estrelado por Carlos Machado (o capanga Ferdinando, de “Fina Estampa”), Patrícia Vilela e Rodrigo Phavanello. O Teatro Colinas também traz uma programação infantil. Confira no quadro acima. •
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PROGRAMAÇÃO Adulto “100 Dicas para Arranjar Namorado” Dias 3, 8, 9 e 10 Horários: sexta e sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h Valor: R$ 60 “Escola de Mulheres” Dias 15, 16, 17, 22, 23 e 24 Horários: sextas e sábados, às 21h, aos domingos, às 19h Valores: sextas e domingos, R$ 60 Aos sábados, R$ 70 Infatil “O Corcunda do Notre Dame” Dias 2, 3, 9 e 10 Horários: sábado e domingo, às 16h Valor: R$ 30
“A Bruxinha que era Boa” Dias 16, 17, 23 e 24 Horários: sábado e domingo, às 16h Valor: R$ 30 Teatro Colinas: Avenida São João, 2.200, Jardim Colinas, São José dos Campos - Tel. (12) 3204-5235
NAMORO Daniele Valente e Christiano Cochrane estão na comédia “100 Dicas para Arranjar Namorado”
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CINEMA
Fim de uma era Depois de três sequências de sucesso, a franquia de A Era do Gelo entra em nova fase sem a direção de Carlos Saldanha e com um cenário menos gelado
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DEGELO
Nessa nova aventura, os continentes estão se separando junto com os personagens
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o fim de uma era, a do gelo. Após três animações bemsucedidas debaixo de zero grau, uma das franquias mais queridas de crianças e adultos entra em uma nova fase. “A Era do Gelo 4 – Deriva Continental” estreia no Brasil dia 29 de junho não tão gelada como as outras. Agora, o mundo está em pleno derretimento e divisão dos
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continentes, e os personagens heróis do filme sofrerão não só com inundações, mas a divisão de suas famílias em blocos continentais distintos. Está pronta a aventura da sobrevivência e reencontro. Tudo bem, os mais apegados à verossimilhança científica vão perguntar: “mas a divisão continental e o degelo duraram centenas de anos, como os mesmos personagens passarão vivos por toda ela?”. Ok, nada que uma correçãozinha às crianças pós-sessão não ajude a esclarecer o assunto sem quebrar a fantasia da ficção. O filme é novamente dirigido por Mike
Thurmeier, ao lado de Steve Martino, com vozes de Seann William Scott (Crash), Jennifer Lopez (Shira), Peter Dinklage (Capitão Gutt) e Ray Romano (Manny), entre outros. É o primeiro filme da franquia não dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha. “Quando A Era do Gelo 3 começou a receber ligação de todos os países dizendo que estava batendo todos os recordes, o próximo filme já era cogitado”, disse Carlos Saldanha em entrevista à rede Telecine. De fato, “A Era do Gelo 3” foi a animação de maior bilheteria do mundo em 2011, tendo faturado US$ 200 milhões só nos
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VERSÕES
Roteiro teve diversas versões até chegar em sua forma final e garantir uma nova sequência
EUA. Foi graças à franquia –que já rendeu mais de US$ 2 bilhões mundo afora–, que a Fox e a BlueSky entraram para o seleto grupo de estúdios que faturam alto com animação, antes polarizados por Disney/ Pixar e Dreamworks. E se assim continuar o ritmo da bilheteria, “A Era do Gelo 5” já tem época para estrear: no verão norte-americano de 2015. À imprensa, Saldanha argumentou que está apenas supervisionando de longe a franquia e que diz que ela se beneficia com “sangue novo” na direção. O fato é que, depois do lançamento de Rio, Saldanha deve estar pensando ou em uma sequência de Rio ou em um novo projeto que não envolva mais franquias e o estimule criativamente. Mas outro brasileiro fez parte do projeto, a supervisão visual ficou por conta do gaúcho Renato Falcão, diretor do premiado “A Festa de Margarette” (2002) e diretor de “Fotografia de Rio” (2011). Falcão teve um desafio extra em termos de composição de cena, pois agora não se trata mais
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apenas de gelo, mas muita água e piratas, com maior destaque aos efeitos das placas terrestres se rompendo. “Animar água é sempre um grande desafio, demoramos 20 meses só na parte de fotografia”, contou ele à imprensa, recentemente. Ao total, são quase 30 profissionais responsáveis pelos movimentos de câmera e dos personagens, além de 40 só ligados à iluminação das cenas. Nesta versão, porém, a equipe quis dar um tom retrofuturista, pois embora o filme seja em 3D, com sequencias realmente belíssimas que valem o valor extra do ingresso para ver a terceira dimensão, foram também utilizadas câmeras mais simples, para dar um ar de animação clássica, nostálgica dos tempos de Mickey Mouse. O roteiro sofreu diversas modificações até ser aprovado com tamanha mudança. Primeiramente, havia a ideia de contar a saga de Manny, Sid, Diego, Ellie e Scrat que são congelados por blocos de gelo em sua época e descongelados nos tempos atuais, parando em um museu. O problema é que
a história estava parecendo filmes como “Uma Noite no Museu” e “Madagascar”, o que desqualificou imediatamente a ideia. Além disso, houve relutância em aprovar o roteiro atual, visto que ele significava o fim da franquia na era do gelo, passando agora por um estágio visual bem diferente do que consagrou a franquia. Este será um grande desafio para os criadores caso a bilheteria persista em ficar alta, pois ao mesmo tempo em que se espera uma continuidade cronológica, “A Era do Gelo” não pode se passar sem gelo, desconfigurando a franquia. A trilha sonora tema de “A Era do Gelo 4” é a música “Chasing The Sun”, dos The Wanted. O quinteto está em alta nas paradas de sucesso com “Glad You Came”. O Brasil é um dos primeiros países do mundo a receber “A Era do Gelo 4”, que vai estrear nos Estados Unidos e na Europa só no meio de julho, por razões de agenda com outros lançamentos, como o novo Homem Aranha e Batman. Portanto, os primeiros sinais de continuidade da franquia gelada sairão daqui. •
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AGORA, AS UBS DE SÃO JOSÉ TÊM UM NOVO JEITO DE ATENDER: É O ACOLHIMENTO.
O futuro de São José não é uma promessa. Nas UBS, cada paciente atendido é acolhido individualmente e orientado de acordo com a sua necessidade. Se a solução mais indicada for o encaminhamento aos cuidados de prevenção, existem diversos programas voltados à saúde de crianças, adolescentes, adultos e idosos. A Prefeitura também está desenvolvendo projetos que vão tornar o atendimento médico ainda mais ágil e individualizado. Projetos como o Centro Médico Móvel, onde são realizadas consultas com especialistas e exames com equipamentos avançados. E o Centro de Especialidades Médicas, que contará com uma completa infraestrutura, incluindo 40 consultórios, na antiga Galeria Pedro Rachid. Cuidar da saúde no presente é garantir mais qualidade de vida no futuro. Esta é a São José que estamos fazendo hoje, construindo o amanhã.
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Música&mais
Pop colorido Os americanos performáticos do Of Montreal mostram seu show no Cine Joia, em São Paulo
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Adriano Pereira São José dos Campos
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ezesseis anos de estrada e onze discos na carreira, o Of Montreal é daquelas bandas para as quais criar um rótulo é algo perigoso. É pop, é psicodélico, vai do rock ao eletrônico e se você quiser uma âncora nesse oceano melódico pense em uma das maiores influências da banda, Os Mutantes.
Pois é essa salada gringa que chega ao Cine Joia no próximo dia 26. Desde o lançamento do sexto disco, o performático vocalista e multiartista Kevin Barnes (e seu sensual alter-ego Georgie Fruit) vem praticamente fazendo tudo sozinho: ele escreve as letras, as melodias e toca a maior parte dos instrumentos. E então, contrata a banda para dar mais corpo às gravações e às apresentações ao vivo. Os shows costumam ser memoráveis: fantasias, cores, bichinhos, balões, coreografias e vários “frufrus”. A revista Spin uma vez es-
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SOLTA O PAUSE
HISTÓRIA
Acústico Arnaldo Antunes produzido pela MTV e com o repertório criativo do ex-titã. Bacana.
Acompanhe as notícias do mundo da música por meio do blog http://soltaopause.com.br
Os quatro anos que mudaram o cenário do rock americano: do sonho à indústria cultural
WEB
Fotos: divulgação
GUITARRAS
CD’S & MAIS
G3 traz Satriani, Petrucci e Morse
VALE DESTAQUE PATTI SMITH “Banga” Primeiro disco dela com material inédito em oito anos. Segundo Patti, esse é um álbum sobre o respeito à mãe natureza.
creveu que o show do Of Montreal “é o mais próximo que o indie rock pode chegar do Cirque de Soleil”. Em 2008, o grupo chegou a usar até um cavalo no palco durante um show em Nova York. A turnê mais recente não chega a ser tão, digamos, exótica, mas mantém a marca da psicodelia e teatralidade kitsch que acompanha o grupo – lutadores de telecatch, bailarinos de colant, balões coloridos, luzes piscantes e a persona do vocalista Kevin Barnes, nitidamente inspirado no David Bowie dos nos 60/70, compõem
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um quadro caótico e visualmente exuberante, que dialoga perfeitamente com o som proposto pelo Of Montreal. A banda lançou há pouco seu 11º trabalho, “Paralytic Stalks”, e muitos críticos apontam semelhanças entre este e o álbum de 2007, “Hissing Fauna, Are You the Destroyer?”, que continha os hits “Suffer for fashion” e “Heimdalsgate Like A Promethean Curse”. Não à toa, são esses dois discos que ocupam mais de 70% do set-list do show. Os ingressos vão de R$ 80 a R$ 180 no www.cinejoia.tv.
NEIL YOUNG “Americana” Com a banda Crazy Horse, Young traz versões para clássicos do cancioneiro folk norte-americano. Sempre bom.
RUSH “Clockwork Angels” Décimo nono trabalho e dá-lhe mais virtuose do trio canadense
Desde 1996, um trio memorável de guitarristas no cenário musical se reúne e sai em turnê em apresentações que mostram o porque de terem se tornado fenômenos do mais popular instrumento do rock ‘n roll, a guitarra. Originalmente organizado pelo lendário guitarrista Joe Satriani, as primeiras turnês do G3 contaram com a participação de Steve Vai, Eric Johnson, Kenny Wayne Shepherd, Robert Fripp, Yngwie Malmstein, entre muitos outros. A turnê G3 2012 vem ao Brasil para apresentações no Rio de Janeiro, no Citibank Hall, dia 11 de outubro e em São Paulo, no Credicard Hall, dia 12 de outubro. O trio que vem ao Brasil é formado por Joe Satriani, 14 vezes indicado ao Grammy e que já tocou com Mick Jagger e Deep Purple, John Petrucci, premiado guitarrista e fundador da banda de metal progressivo Dream Theather e Steve Morse, conhecido por seu trabalho impecável no Dixie Dregs e o no Deep Purple.
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Ponto Final
Arnaldo Jabor
Nelson Rodrigues inventou o óbvio
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s cem anos de Nelson Rodrigues são celebrados por muita gente que o criticou em vida e hoje o glorifica. Tanto as depreciações quanto alguns louvores são descabidos. Ele não era nem pornográfico, nem um escritor aspirando à condição de estátua. Nelson adorava elogios, mas odiava os “medalhões”. NR é importante como inventor de linguagem. A importância de sua obra está onde ela parece ‘não ter’ importância. Onde é menos “profunda” é que se encontra uma qualidade rara. Era fácil (e justo) considerar ‘gênios’ homens como Guimarães Rosa ou Graciliano, mas Nelson nunca coube nos pressupostos canônicos. Uma vez ele me disse: “Se Deus perguntar para mim se fiz alguma coisa que preste na vida, responderei: ‘Sim, Senhor, eu inventei o óbvio!”. Filho do jornalismo policial, Nelson desconstruía o pedantismo tão comum entre nossos escritores. Disse-me que o “problema da literatura nacional é que nenhum escritor sabe bater um escanteio”: ensolarada imagem esportiva para definir literatos folgados. Até hoje, muita gente não entendeu que sua grandeza está justamente na observação dos detritos do cotidiano. A faxina que Nelson fez no teatro e depois na prosa é semelhante a que João Cabral fez na poesia. Nelson baniu as metáforas a pontapés e criou anti-metáforas feitas de banalidades condensadas. Nelson também odiava metáforas gosmentas. Suas imagens não aspiravam ao “sublime”.
Visto por ele, tudo boiava no mistério: os ovos coloridos de botequim, as falas dos ‘barnabés’, as moscas de velório no nariz do morto. Nelson fazia a vida brasileira ficar universal, não por grandes gestos, mas pelo minimalismo suburbano que praticava. E o sublime aparecia na empada, na sardinha frita ou no torcedor desdentado. Sua obra é um desfile de tipinhos anônimos, insignificantes –nisso aparecia sua grandeza desprezada. São prostitutas bondosas, cafajestes poéticos, canalhas reluzentes, vagabundos épicos, sobrenaturais de almeida, adulteras heroicas e veados enforcados. Ele me dizia: “o que estraga a arte é a unidade...” Ele dava lições de arte e literatura. Gilberto Freyre sacou sua “superficialidade profunda”, assim como André Maurois entendeu que a genialidade de Proust era “a épica das irrelevâncias...” E isto é muito saudável, num país onde ninguém escreve um bilhete sem buscar a eternidade. Nunca deixava a literatura prevalecer sobre a magia dos fatos. Sempre um detalhe inesperado caricaturava os dramas. No meio da tragédia, vinha a gíria; no suicídio –o guaraná com formicida; no assassinato –a navalhada no botequim; na viuvez –o egoísmo; nos enterros –a piada. Uma vez, me contou que viu uma família esperando num hospital a notícia sobre um filho atropelado. Morreu ou não? Afligiam-se todos, vistos pelo Nelson através do vidro do corredor. Viu o médico chegar e dizer que o menino tinha morrido. “Vi pelo vidro. Não ouvi um som. A família começou a se contorcer em desespero. Pai, mãe, tios gritavam e, através do vidro, pareciam dançar. Pareciam dançar mam-
bo. Daí, concluí a verdade brutal: a grande dor dança mambo!...” Nelson recusava teorias. Contou-me um episodio hilário: uma vez o Oduvaldo Viana Filho e Rui Guerra, grandes artistas, chamaram-no para escrever um roteiro de filme sobre uma mulher adúltera. Nelson foi trabalhar com eles, mas desistiu e me disse: “Parei, porque eles queriam que a adúltera fosse para a cama do amante e traísse o marido movida apenas pelas ‘relações de produção’....” Ele intuiu na época em que a vulgata do marxismo era o ópio dos intelectuais. Foi chamado de fascista porque puxava o saco do Médici, para ver se soltava o filho preso há anos. Eu mesmo sofri por causa dele; em 1973 ousei filmar “Toda Nudez Será Castigada” e dei entrevista na ‘Veja’ em que disse que “fascismo é amplo: existe fascista de direita e de esquerda também”. Pra quê? Mandaram um manifesto ao jornal onde me esculhambavam, dizendo que o sucesso imenso que o filme fazia “não era a missão do cinema novo”. Foi das grandes dores que senti, pois até amigos assinaram o maldito texto, que só não foi publicado porque, um dia antes, os generais tiraram o filme de cartaz, com soldados de metralhadora, levando as cópias dos cinemas. Aí, meus amigos comunas, tiraram o texto, “para não dar razão ao inimigo principal”, a ditadura, a censura. O filme voltou ao cartaz porque ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim e os generais ficaram com medo da repercussão e liberaram a exibição. Se fosse vivo, ao ver os escândalos atuais, repetiria a frase: “Consciência social de brasileiro é medo da polícia.” •
Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta
jabor@valeparaibano.com.br
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