Edição de Junho de 2012

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CULTURA

Bastidores da filmagem do longa “A pele do cordeiro” em São Francisco Xavier

COMPORTAMENTO

Enxurrada de anúncios na TV cria pequenos e vorazes consumidores

ENTREVISTA

Paulo Skaf traça cenário pessimista ao setor industrial

Julho 2012 • Ano 3 • Número 28 R$ 7,80

A SAÚDE NAS MÃOS DA JUSTIÇA VALE DO PARAÍBA BATE RECORDE HISTÓRICO DE AÇÕES JUDICIAIS COM PEDIDOS DE REMÉDIOS NÃO FORNECIDOS PELA REDE PÚBLICA

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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

A saúde de toga

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astos com a saúde, em geral, são astronômicos. Muitos sabem o quanto pode ficar dispendiosa uma ida à farmácia com um receituário médico. E quando é indicada uma cirurgia ou um exame complexo? Torcemos para que o plano de saúde cubra todas as despesas ou que o procedimento seja oferecido pela rede pública. Mas o que fazer quando não se tem o dinheiro para comprar os remédios e o SUS (Sistema Único de Saúde) não fornece o medicamento ou o serviço médico? Existe uma saída: ingressar com ação na Justiça para receber do poder público o remédio de alto custo ou procedimento clínico. Mas a chamada judicialização da saúde, um recurso usado para que o paciente tenha garantido o direito previsto pela Constituição Federal, aumenta a cada ano, comprometendo parte do orçamento público. Em 2011, por exemplo, somente o Estado gastou R$ 800 milhões com as ações judiciais, o equivalente à construção de 13 hospitais de 200 leitos cada. No Vale do Paraíba, no mesmo período, foram ajuizadas 600 ações contra o governo estadual, um recorde histórico que custou milhões de reais aos cofres públicos. Contra a Prefeitura de São José dos Campos foram 79 processos, que custaram quase R$ 900 mil à administração municipal. Há casos em que apenas uma dose de remédio, de tão caro que é, seria suficiente para atender diversos pacientes. Neste caso, o que deve prevalecer: o interesse individual ou o interesse coletivo? Nem um, nem outro. Não há argumento que se sobreponha ao direito à vida. A judicialização da saúde só ocorre porque o poder público se mostra falho ou insatisfatório. No Brasil, a família já arca com a maior parte da conta da saúde: o brasileiro custeia 56,3% dos gastos com médicos, remédios e exames –29,5% a mais que o governo. Em países desenvolvidos, como o Japão, o Canadá e as nações da comunidade europeia, os governos assumem 70% da conta da saúde. Se a máquina pública fosse mais enxuta e menos corrupta no Brasil, haveria mais verba e a vida do brasileiro não estaria nas mãos de uma “estátua cega”.

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Isabela Rosemback (isabela@valeparaibano.com.br) e

Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br ARTE CAPA Ana Paula Comassetto anapaula@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cris Bedendo, Franthiesco Ballerini e Letícia Maciel COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL

Cristiane Abreu, Luciane Carvalho, Mellise Carrari, Tatiana Musto e Vanessa Carvalho comercial@valeparaibano.com.br (12) 3202 4000

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA 0800 728 1919 Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h relacionamento@valeparaibano.com.br www.valeparaibano.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600 EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

A TIRAGEM É AUDITADA PELA

Marcelo Claret editor-chefe

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MODA

Sumário

FIGURINO EM CAPÍTULOS P70

POLÍTICA

A saúde na Justiça Vale do Paraíba bate recorde histórico de ações judiciais com pedido de remédios de alto custo não fornecidos pelo SUS. Situação põe nas mãos da Justiça a decisão de definir quem recebe ou não o medicamento do poder público

COMPORTAMENTO CRIANÇAS

CULTURA

O marketing agressivo Set na P78 do consumo infantil P30 AsSerra filmagens de A indústria de brinquedos já é responsável por 80% das propagandas veiculadas na TV em datas comemorativas; o alvo é fácil ECONOMIA AGUARDENTE

As últimas doses de pinga no Vale P24 Região que já foi a maior produtora da bebida no Estado corre o risco de perder seus alambiques ENTREVISTA PAULO SKAF

“Patamar de R$ 2 para US$ 1 é o ideal para a balança comercial” P38

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“A Pele do Cordeiro” agitaram o distrito de São Francisco Xavier e envolveram os moradores na magia do cinema

DIVERSIDADE

Rap colorido Rappers gays e transexuais desafiam o preconceitos nas rimas do rap 82

MUNDO ABSURDO

Uma onda canibal P46

Prática animal volta assustar a população mundial com casos que envolvem drogas, sexo, rituais e psicopatia TURISMO FOZ DO IGUAÇU

Muito além das compras P60 Ensaio Fotográfico p52 Hi-Tech p66 Cinema p90 Arnaldo Jabor p98

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Política

Da Redação Justiça marca nova data para leilão do Pinheirinho Em 60 dias será decidido destino da gleba de 1,3 milhão de metros quadrados que pertence a Naji Nahas em São José

BRANCO & PRETO Sobre a aliança oficializada pelo PT com o deputado Paulo Maluf (PP) para as eleições municipais de São Paulo

“Se for por nomes, meu partido tem outros a indicar. Eu não vou aceitar. Não preciso ser vice para fazer política”

Luiza Erundina Deputada federal (PSB)

PINHEIRINHO Sem-teto dias antes da reintegração, quando grupo planejava resistir à ação policial

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eis meses após decidir pela retirada de 1.700 famílias da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, a Justiça ainda trabalha para definir o destino da gleba de 1,3 milhão de metros quadrados que pertence a massa falida da empresa Selecta, do empresário Naji Nahas. A primeira avaliação feita por um perito para levar o terreno a leilão foi questionada devido ao alto valor inicial, de R$ 220 milhões –quase 160% maior que a quantia de R$ 85 milhões especulada à época. Por isso, o pregão, que deveria ter ocorrido no último mês, será realizado dentro de 60 dias. O processo tramita na 8º Vara Cível sob a responsabilidade do juiz de falência Luiz Beethoven Giffoni Ferreira. O responsável

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pelo pedido de impugnação da análise pericial não foi divulgado, mas a ação foi acolhida devido ao argumento de que o levantamento deixou de levar em consideração as zonas de APP (Área de Preservação Permanente) e a limitações impostas pela prefeitura para a urbanização da área. Em razão do zoneamento industrial, o terreno do Pinheirinho, por lei, só pode ter vocação industrial. O leilão do Pinheirinho será realizado pela empresa Sodré Santoro, de Guarulhos. O advogado do leiloeiro, Sidney Palharini Júnior, informou que o edital com as informações do terreno e seu valor deve ser publicado após o período de 30 dias previstos de publicidade obrigatória. “O perito deixou de fora a questão comercial do terreno. Acredito que o valor ficará abaixo do estipulado inicialmente”, disse.

“Eu pensava que teria pesadelos com o Kassab (que negociou parceria com o PT), imagine agora com o Maluf ”

Marta Suplicy Senadora (PT-SP)

“Não vejo nenhum problema. O nosso candidato (José Serra) vem de novo em primeiro lugar com uma grande margem”

Geraldo Alckmin Governador de SP (PSDB)

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Paulo Maluf, deputado federal (PP)

“[Haddad] É o nosso candidato porque eu amo São Paulo. E por amor a São Paulo eu tenho plena convicção de que São Paulo vai precisar do governo federal para resolver seus problemas”

Procurador quer investigação de Thomaz Bastos

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anoel Pestana, procurador regional da República no Rio Grande do Sul, enviou ao Ministério Público Federal em Goiás representação que pede investigação sobre a origem do dinheiro pago pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira ao seu advogado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. O documento aponta suposta lavagem ou receptação culposa de dinheiro obtido por meio de crime. O escritório de Bastos teria sido contratado por R$ 15 milhões por Cachoeira, que está com os bens bloqueados por decisão da Justiça Federal. O bicheiro está preso desde o dia 29 de fevereiro sob a

Custo com Copa será de R$ 27 bi, aponta o TCU

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dois anos para o jogo de abertura da Copa do Mundo no Brasil, estimativa de gastos elaborada pelo Tribunal de Contas da União para a realização do Mundial é de R$ 27,140 bilhões. Para chegar a essa cifra, o TCU considera financiamentos oferecidos por bancos federais, investimentos feitos por agentes privados, pelas estatais e pelas esferas de governo estaduais e municipais. A mobilidade urbana é responsável pela fatia maior desse total: R$ 12,004 bilhões. Os aeroportos deverão consumir R$ 7,4 bilhões.

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acusação de explorar jogos ilegais e comandar um vasto esquema de corrupção. Segundo o procurador, Cachoeira não teria renda “lícita” para justificar os pagamentos e o recebimento de honorários configuraria, em tese, ilícito penal. Para Pastana, o pagamento ao ex-ministro pode permitir que Cachoeira tire proveito do produto do crime e que “recursos sujos passem a circular como capitais limpos, ganhos em atividade regular de advocacia”. Nascido em Cruzeiro, no Vale do Paraíba, Thomaz Bastos, em nota, repudiou as “ilações” do procurador regional e afirmou que o questionamento é “um retrocesso autoritário” e uma “tentativa de intimidação”. Para ele, Pastana confunde réu e advogado de defesa, o que configura um “abuso do direito de ação”. O ex-ministro, que tem mais de 50 anos de advocacia criminal, também argumenta que ao longo de sua carreira jamais se defrontou com questionamentos desse calão, que atentam contra o livre exercício do direito de defesa, e que a remuneração segue o estabelecido no Código de Ética da Advocacia.

Os 12 estádios da Copa custarão R$ 6,778 bilhões. Segundo balanço divulgado em maio pelo Ministério das Cidades, só 7 das 22 obras de mobilidade urbana ficarão prontas a tempo para a Copa das Confederações. Outro balanço divulgado pelo governo federal no mês passado aponta que 41% das obras relacionadas com o evento não tinham sequer iniciadas. E apenas 5% estavam concluídas. Apesar dos atrasos, o governo afirma que o ritmo de execução vai lhe permitir entregar 83% dos empreendimentos em 2013 e o restante até o mês de junho de 2014, quando começa a Copa. O andamento paquidérmico dos trabalhos causou profundos abalos na relação entre Fifa e governo federal. Em março, no ápice da crise, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, chegou a dizer que o Brasil merecia “um chute no traseiro” devido aos atrasos. O Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a declarar que o governo não mais receberia Valcke, mas o episódio foi contornado.

STF marca julgamento do Mensalão O STF (Supremo Tribunal Federal) agendou o início do julgamento do mensalão. A análise da ação penal contra os 36 réus do mais grave escândalo de corrupção da história do país, ocorrido no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começará às 14h do dia 1º de agosto, com a leitura do relatório do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa. Apesar de a denúncia inicial apontar 40 réus, quatro suspeitos foram excluídos da ação por falta de material suficiente para a condenação: o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Luiz Gushiken, Antonio Lamas, o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, que fez um acordo com o Ministério Público para o cumprimento de pena alternativa, e o ex-deputado José Janene, falecido. No primeiro dia do julgamento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, terá cinco horas para defender a condenação dos acusados. A partir do dia seguinte serão feitas as sustentações orais dos réus em sessões plenárias de segunda a sexta-feira. Após o dia 15, Joaquim Barbosa vai apresentar seu voto sobre a participação dos réus no escândalo de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio no Congresso. Os votos dos demais ministros do Supremo serão feitos às segundas, quartas e quintas-feiras. Votarão os ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e o presidente, Carlos Ayres Britto.

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Política

SAÚDE

A vida nas mãos da Justiça Vale do Paraíba bate recorde histórico de ações judiciais com pedido de remédios e procedimentos clínicos não fornecidos pelo SUS; situação causa conflito entre poderes Executivo e Judiciário sobre os direitos coletivo e individual de acesso à saúde

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Hernane Lélis São José dos Campos

premissa de que saúde é direito do cidadão e dever do Estado, endossada pela Constituição Federal, abriu caminho para que centenas de pessoas procurassem refúgio na Justiça para ter acesso a medicamentos ou algum tipo de procedimento clínico, exame e cirurgia inexistente no SUS (Sistema Único de Saúde). As ações no Vale do Paraíba atingiram o recorde de R$ 2 milhões em gastos no último ano, com o cumprimento de 600 liminares expedidas –crescimento de 110% em relação a 2010. O dinheiro aplicado seria suficiente para erguer a cada dois anos um Ambulatório de Especialidades Médicas, capaz de fazer 300 mil atendimentos anualmente. A chamada judicialização da saúde, que começou a ocorrer com os antirretrovirais há 15 anos, se fortaleceu nos últimos cinco, tornando-se tema de uma discussão cada vez mais polêmica, principalmente entre as autoridades. Se de um lado existem os que defendem a medida, que funciona como uma salvaguarda dos direitos sociais do cidadão não-atendido em suas necessidades pelo SUS, por outro, segundo os entes governamentais, desvirtua a estrutura de todo o sistema público de saúde, onerando a máquina em cifras astronômicas. O argumento é que, ao serem obrigados a fornecer determinados tipos de medicamentos, ao preço que o fabricante se dispõe a vender, municípios, estados e federação deixam de investir em projetos importantes para atender a solicitação judicial, afetando milhares de pessoas. Há casos em que o valor de um frasco de remédio é suficiente para a compra de centenas de doses de antiinflamatórios, analgésicos, pílulas anticoncepcionais e de hipertensão –problemas que atingem a maior parte da população e têm prioridade na distribuição de remédios gratuitos na lista governo. Em São José dos Campos, por exemplo, para atender apenas uma pessoa que possui HPN (Hemoglobinúria Paroxística Noturna), é investido cerca de R$ 35 mil a cada 15 dias. No período de um ano, o gasto do

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governo estadual exclusivamente com a compra do medicamento Soliris, indicado para amenizar as complicações da doença, chega a R$ 800 mil. Em uma década de tratamento ininterrupto é investido para preservar a vida do paciente R$ 8 milhões. Como se trata de um medicamento importado, a compra é feita pelo Departamento Regional da Saúde da Grande São Paulo, por isso, o custo do Soliris, considerado o tratamento clínico mais caro do mundo pela revista americana Forbes, não é contabilizado aos gastos do Vale do Paraíba. As ações ingressadas na Justiça são baseadas no artigo 196 da Constituição, segundo o qual a saúde é direito de todos e dever do Estado. Como todas as esferas do poder público são responsáveis pelo financiamento do setor, a maioria dos pacientes processa as administrações inferiores, uma vez que a chance de ter seu pedido deferido é maior. Somente a Secretaria de Saúde de São José, gastou no último ano com judicialização R$ 894,4 mil para atender 79 processos. O valor é 56,7% maior que o registrado no ano anterior, quando foram gastos R$ 570,9 mil. Para cumprir a ordem judicial, de acordo com nota divulgada pela pasta, é preciso onerar o orçamento e causar uma desordem no modelo de atenção proposto pelo município. “Uma liminar mandando conceder uma insulina não prevista em protocolo clínico inverte um modelo de atenção que está fundado em protocolos e diretrizes clínicas, organização do sistema local e assistência integral ao paciente”, diz a secretaria. Em geral, as ações para tratamentos oncológicos são as mais custosas para a administração. Em 2011, o valor da despesa com ações judiciais representou apenas 0,2% do orçamento da Secretaria Municipal de Saúde, que foi de R$ 439,6 milhões. Demanda A Defensoria Pública de São José dos Campos recebe cerca de 120 pedidos ao ano de ação contra o Estado e município para serem encaminhados à Justiça. Em 2007, a quantidade não chegava a dez. Na tentativa de evitar longa espera aos representados, o órgão dispõe de um procedimento especial para analisar os casos, mas ainda sim o processo pode levar anos para ser julgado, variando de acordo com a complexidade de acesso e

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Política

principalmente o preço do medicamento ou tratamento prescrito ao paciente. As solicitações vão de coisas simples, como fraldas geriátricas a remédios importados cujo valor pode chegar a R$ 20 mil por mês. No ano passado um homem morreu em São José depois de esperar meses por uma cirurgia de válvula no coração. O mesmo aconteceu um ano antes, quando pela mesma necessidade e motivo, um aposentado foi a óbito depois de ter sua liminar indeferida até que se chegasse a um consenso médico sobre a real importância da cirurgia. Casos como esse fazem o defensor público Jairo Salvador questionar o argumento apresentado pelas administrações publicas de que a judicialização da saúde interfere no interesse coletivo e privilegia o individual. “Quanto o Estado gasta com autopromoção por mês? Quanto é investido em fotos de inauguração? Uma vida não tem preço. Isso (judicialização) deriva da falta de política pública para a saúde. Claro que tem casos e casos, mas essa ponderação não pode ser quantitativa quando se fala em salvar vidas. Não podemos dizer que vamos matar uma pessoa para salvar outras. Até porque você não estará salvando, vão continuar roubando o dinheiro da saúde, as pessoas vão continuar enriquecendo às custas dessas situações e se autopromovendo para continuar no poder”, diz Salvador. Ligia Cristina Bisogni, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, acredita que o argumento que propõe uma análise sobre o interesse individual sobrepondo o interesse coletivo é “covarde”, uma vez que o Estado realiza uma série de ações de maior abrangência na saúde que acaba privilegiando uns e excluindo outros. Para ela, o Poder Judiciário deve continuar servindo como a única porta permanentemente aberta ao cidadão que necessita de qualquer benefício garantido por lei. “O importante é preservar o direito à saúde tal qual está na Constituição”, diz a magistrada, salientando que nenhuma liminar é expedida sem pleno entendimento da causa. As decisões são tomadas seguindo as descrições e procedimentos médicos descritos no processo. Se existe alguma dúvida sobre determinado requerimento, os desembargadores procuram ajuda de especialistas do setor antes de julgar a causa. Além disso, diante do crescente número de casos de judicialização, os magistrados participam frequentemente de fóruns, palestras, convenções e outros tipos de encontros que

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ESPERA Samara Gabriela do Prado, recorreu à Justiça para que o filho Davi, que sofre de insuficiência renal crônica, receba o medicamento de R$ 2.500

debatem o tema para elucidar determinadas questões. “Não temos tempo hábil para buscar informações quando o pedido é de urgência. Nestes casos temos o resguardo médico, afinal a necessidade do tratamento foi atestada por um profissional”, afirma. No ano passado a Secretaria de Estado da Saúde gastou R$ 800 milhões, o equivalente à construção de 13 hospitais de 200 leitos cada, para atendimento de ações judiciais. Em 2003, o custo era de R$ 100 milhões. A pasta considera preocupante que haja indiscriminada enxurrada de decisões judiciárias obrigando, inclusive, a comprar medicamentos não-padronizados, alguns sem registro no Brasil e utilizados em tratamentos experimentais. O governo afirma ainda que em nenhum país do mundo, mesmo naqueles em

Gastos do Estado de 2003 até 2011 Ano

Gasto (R$)

2003

171.641,53

2004

468.394,89

2005

2.441.041,95

2006

7.600.579,92

2007

17.530.346,45

2008

47.660.885,29

2009

83.165.223,93

2010

124.103.206,10

2011

243.954.000,00

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chamada Rename (Relação Nacional de Medicamentos) que possui atualmente 810 itens distribuídos gratuitamente à população. A quantidade é 47,3% maior que em 2010, quando a relação era composta por 550 remédios. O investimento na oferta do SUS triplicou em oito anos, saltando de R$ 1,9 bilhão, em 2003, para R$ 8,3 bilhões, em 2011. No entanto, o montante não causou nenhuma redução de ordens judiciais. Entre 2003 e 2011, o gasto do Ministério da Saúde com o atendimento de demandas judiciais cresceu 142 mil vezes –de R$ 171,6 mil para R$ 243,9 bilhões.

“Uma vida não tem preço. A judicialização deriva da falta de política pública para a saúde” De Jairo Salvador, defensor público em São José

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que a saúde é universal, como o Canadá, há distribuição gratuita da totalidade de medicamentos existentes no mercado. Cada federação age de uma forma quando se trata de apoio financeiro à saúde. Na Escócia, por exemplo, o tratamento com o Soliris não seria custeado pelo governo. Já na Inglaterra a exigência é que o paciente tenha recebido pelo menos quatro transfusões de sangue no último ano para ter direito ao medicamento. Alguns planos de saúde nos Estados Unidos oferecem o remédio. No Canadá, apenas a província de Quebec garante o tratamento da doença. No Chile e na Argentina, algumas pessoas conseguem o remédio ao processar os planos de saúde ou os governos. O Ministério da Saúde possui uma lista

Drama Com o dinheiro que ganha vendendo livros cristãos em São José, João Carlos* jamais conseguiria arcar com o tratamento do filho Gustavo*, de 9 anos, diagnosticado com diabetes após internação às pressas em julho do ano passado, quando o nível de glicose no sangue do menino atingiu pico de 560 miligramas. Depois de sete dias dentro do hospital, sendo três na Unidade de Tratamento Intensivo, a família voltou para casa com a obrigação de monitorar quatro vezes ao dia as variações glicêmicas do caçula e aplicar duas doses de uma determinada insulina diariamente. O custo mensal com os medicamentos seria em torno de R$ 320. A primeira iniciativa de João Carlos foi procurar a farmácia mais próxima e garantir o início das aplicações para, em seguida, recorrer ao poder público na intenção de solicitar o fornecimento dos remédios. Foram oito meses transitando entre o NAC (Núcleo de Avaliação e Controle), o Paço Municipal e o consultório médico tentando resolver as imposições da Coordenadoria da Saúde para distribuição. O problema só foi resolvido quando, orientado por um médico, o caso foi levado à Defensoria Pública. O processo tramitou com bastante rapidez –em dez dias a liminar foi deferida e um mês depois o medicamento estava à disposição. “Tentei todos os caminhos, mas eles insistiam em tentar trocar o tipo de insulina que foi receitado. Estava ficando endividado bancando o tratamento, além dos remédios é preciso cuidar de uma dieta especial, com alimentos caros. A única opção foi tentar na Justiça os remédios”, explica o pai, que prefere não ter seu verdadeiro nome divulgado por medo de retaliações do poder público. “Eles vivem tentando suspender de alguma forma o fornecimento da insulina, tenho medo que alguma coisa aconteça. É da saúde do meu filho que es-

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tamos falandoâ€?, diz emocionado. Com o filho de apenas sete meses no colo, Samara Gabriela do Prado, 22 anos, espera ansiosa uma ligação do setor responsĂĄvel pela distribuição de remĂŠdio em SĂŁo JosĂŠ para colocar fim Ă angĂşstia que envolve a famĂ­lia. O pequeno Davi nasceu com insuficiĂŞncia renal crĂ´nica e precisa tomar, duas vezes ao dia, um medicamento que custa, em mĂŠdia, R$ 2.500 por mĂŞs. Por indicação do pediatra que atendeu a criança, ela foi Ă Justiça em abril para conseguir o tratamento jĂĄ que nĂŁo poderia arcar com os custos. Embora a ação tenha sido deferida, nenhum contato da administração pĂşblica foi feito indicando a data de retirada dos remĂŠdios. “Meu filho deveria ter ficado internado sĂł para ser medicado, mas o hospital deu alta e vem fornecendo o remĂŠdio. O problema ĂŠ que jĂĄ fui avisada que logo o estoque chega ao fim e que nĂŁo terei mais como receber por intermĂŠdio delesâ€?, explica Samara. “A

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pediatra falou que ele vai ter que tomar o remĂŠdio atĂŠ que seja avaliada a necessidade de cirurgia porque ainda ĂŠ muito pequeno para passar por procedimento desse tipo. Eu nĂŁo trabalho e meu marido ĂŠ mecânico. O que ele ganha nĂŁo dĂĄ para pagar por esses remĂŠdios, dependo de ajuda mesmoâ€?, afirma. Prescrição A semelhança nos casos de Gustavo e Davi vai alĂŠm da complexidade e do alto custo de medicação, a famĂ­lia dos dois foi orientada por seus prĂłprios mĂŠdicos a ingressarem com uma ação na Justiça para conseguir o tratamento custeado pelo Estado. Sensibilizados pela situação, membros do corpo clĂ­nico apontam a judicialização como alternativa para que o paciente tenha acesso aos remĂŠdios prescrito. O problema ĂŠ que, segundo o poder pĂşblico e o prĂłprio judiciĂĄrio, muitos laboratĂłrios –a maioria estrangeiros– exercem um forte lobby nos consultĂł-

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Política

rios para que seus produtos ganhem a preferência no receituário, oferecendo estímulos como viagens e outros tipos de benefícios. “A gente procura se cercar tecnicamente para que isso não aconteça. A Defensoria possui um acordo com o Estado e com o município de São Paulo para só judicializar quando temos um parecer de uma junta médica independente dizendo qual realmente é a solução. É muito difícil combater isso sem conhecimento técnico. Nossa proposta aos municípios é ter apoio técnico para fecharmos uma lista de medicamentos e princípios ativos para que não atuemos no lobby do laboratório. A intenção deles [laboratórios] é criar uma demanda de consumo”, diz o defensor Jairo Salvador, que suspeita de algumas ações que chegaram à sua mesa. A desembargadora Ligia Bisogni compartilha da mesma opinião, porém minimiza a abrangência do lobby dentro da área médica. “A maioria dos médicos possui ética e exerce a militância do exercício com honestidade. Tenho que acreditar nesse princípio. Posso considerar que a minoria se vende para esse tipo de coisa. Os profissionais que aceitam as benfeitorias oferecidas pelos fabricantes de remédio e agem de maneira incoerente com o ofício serão penalizados num momento oportuno”, garante. O otorrino Florisval Meinão, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), afirma que há anos teve conhecimento de um laboratório que fabricava remédios para doenças de pele que fundou uma ONG no Brasil para reunir doentes que estivessem dispostos a entrar na Justiça para receber um medicamento produzido por eles. “Se isso ainda acontece é coisa muito isolada. O médico é cercado de diretrizes, conhecimento e ética para prescrever um remédio. Deixar que o laboratório paute seu receituário é algo extremamente errado, a eficácia e o custo do tratamento devem ser alinhados sempre que possível”, diz. O médico Affonso Renato Meira, presidente da Academia de Medicina de São Paulo, acredita a pratica de receber “estímulos” de fabricantes de remédios existe dentro dos consultórios médicos, porém de maneira bastante velada. “Não é comum, mas não posso dizer que não existe. O médico tem obrigação de receitar ao paciente aquilo que ele tem conhecimento e não prescrever por motivos pessoais que não condizem com a postura profissional. Isso nunca aconteceu comigo nos meus anos de trabalho. Condeno veementemente a influência financeira dos

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LOBBY Há laboratório que se articula para criar uma demanda de consumo ao medicamento que fabrica

Em 2011, o governo do Estado gastou R$ 800 milhões, o equivalente à construção de 13 hospitais de 200 leitos cada, para atendimento das ações judiciais

laboratórios”, explica. A judicialização da saúde é resultado natural da existência de leis que garantem a assistência integral à saúde de toda e qualquer pessoa face à ausência de políticas públicas que supram as necessidades médicas e medicamentosas dos pacientes. Assim, se o cidadão tem garantido o direito à saúde, mas na prática não o tem de fato, nada mais compreensivo do que buscar as vias judiciais a fim de fazer valer seu direito. Mas seria possível o Estado individualizar as necessidades de cada um? O fato é que enquanto se discute, a saúde de seres humanos sofre nas mãos da burocracia. •

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Política

Ozires Silva

Os deveres dos líderes, gerentes e dos que tomam as decisões

P

ara seu funcionamento e competitividade a sociedade moderna depende, quando não para sua própria sobrevivência, da eficácia de sua organização, de seu desempenho, de seus valores e padrões. E essa mesma sociedade, para prosperar, precisa de pessoas, entidades, empresas e de organizações eficientes, as quais dependem das influências econômicas e sociais, como por exemplo, da qualidade da educação, das infraestruturas públicas e privadas e do comportamento humano geral na área em que a empresa atua. Qualquer que seja, uma empresa ou organização depende de criatividade e de decisões gerenciais que, somente serão boas, se baseadas em choques e discussões de ideias –mesmo que conflitantes–, do diálogo entre pontos de vista diferentes e da escolha entre julgamentos diversos. Pode parecer um paradoxo, contudo, a experiência indica que esses embates não somente são verdadeiros, mas também eficazes. Assim, não se deveria tomar decisões a não ser num quadro de divergências, aconselham os especialistas. Em contraste com os computadores, máquinas essencialmente lógicas, este não é o caso dos seres humanos, os quais são mais perceptivos, ou se desejarmos, lentos e negligentes, mas sem dúvida criativos. As equipes de trabalho podem ser brilhantes e dotadas de grande discernimento, poden-

FUNÇÃO “Assumir responsabilidades, no lugar de satisfazer o patrão” do se adaptar às circunstâncias e deduzir quadros gerais, diferentes dos dados disponíveis e mesmo num panorama de informações insuficientes. Os administradores eficientes tomam decisões inovadoras, frequentemente baseadas em julgamentos em situações de risco e de incertezas. Neste processo, aspectos novos podem ser recordados, dos quais poucos se lembrariam e que surgem mesmo fora de programações. Podem resultar em algo que pode se ajustar, ou mesmo corrigir acontecimentos operacionais pela adaptação e não somente pelo raciocínio lógico, mais pelo sentimento do que pelo pensamento organizado. A tarefa do administrador é ser eficaz. Administrar é considerado algo que pode ser aprendido, mas dificilmente ensinado. Um primeiro passo para a eficácia gerencial parece ser um respeito ao tempo. Uma análise do tempo disponível e a eliminação das causas de perdas de tempo exigem ações e decisões. Ou seja, o uso de processos para avançar, de conceitos para as mecânicas das análises, da eficiência orientada para a preocupação com os resultados. O gerente precisa se disciplinar em raciocinar sobre a razão pela qual está

na folha de pagamentos. Precisa colocar grandes exigências em relação a si mesmo, a pensar nos objetivos que seu grupo precisa atingir, a se preocupar com valores e com padrões cada vez mais elevados. Acima de tudo, deve assumir responsabilidades, no lugar de agir apenas como um subordinado tentando satisfazer o patrão. Surgem considerações sobre lideranças, dedicação, determinação e seriedade dos propósitos. Isso passa além do treinamento e se apoia muito mais na cultura, nos conceitos pessoais e nos da comunidade. Na consecução de bons hábitos e habilidades. Dizem que as organizações crescem na proporção de pessoas comuns realizando resultados incomuns! Para o autodesenvolvimento de um gerente há muito mais do que treinamento. Há a percepção da responsabilidade assumida, muitas vezes se desligando de antigos hábitos e avançando sobre conceitos que precisam ser confrontados e, se necessário, derrubados. As pessoas em geral, e os colaboradores intelectuais em particular, se elevam em função das exigências que fazem a si próprios. Ganham importância na medida em que consideram como alvos principais a realização e a obtenção de resultados. Sempre exigirão muito de si e, assim, podem melhor participar do crescimento da organização, como figuras ativas e essenciais. Em resumo, o valor de um colaborador vem do montante de diferenças que pode produzir, do valor que ele agrega à sua empresa. •

Ozires Silva Engenheiro

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Economia ALAMBIQUE

Última dose Produção de cachaça no Vale do Paraíba corre risco de desaparecer; crise no setor tira da região status de maior produtora de aguardente artesanal do Estado Hernane Lélis São José dos Campos

A

tradição de oferecer o primeiro gole de cachaça ao santo tem, entre muitas explicações, a ideia de que a entidade vai prover harmonia e fartura ao lar. A crença praticada exaustivamente nos alambiques do Vale do Paraíba tem caído por terra juntamente com a bebida. Mais próximos da máxima “santo de casa não faz milagre”, produtores de água ardente da região degustam o sabor amargo da crise que atinge o setor. Com produção anual de apenas 800 mil litros –46% menor que há quatro anos–, a atividade corre o risco de desaparecer com a falta de estímulos para que os engenhos continuem operando. Ao lado de futebol, samba e Pelé, a cachaça aparece como um dos principais patrimônios brasileiros, sendo, inclusive, vocábulo de origem exclusivamente nacional com 140 sinônimos listados no dicionário. A bebida está ligada à cultura do Brasil, presente na gastronomia, na música e nas demais formas de arte e festas populares. A quantidade de referências, no entanto, é uma pequena dose da valorização que o produto, ou melhor, o produtor precisa ter para continuar no mercado. Somente no Vale do Paraíba 120 alambiques fecharam as portas desde 2008 por conta da alta tributação da bebida e da falta de iniciativas públicas que fomentem o comércio. A baixa no setor tirou da região o título de

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maior produtor de cachaça de alambique do Estado de São Paulo, pertencente atualmente a Piracicaba e municípios do entorno. Nos tempos áureos, 1,5 milhão de litros de aguardente eram feitos por 270 engenhos que funcionavam em todo o Vale, garantindo renda para pelo menos 800 famílias. Mais do que indústria da cachaça, os alambiques da região querem ser vistos como uma espécie de indústria social, onde o importante são os empregos gerados, principalmente na zona rural, evitando o adensamento populacional nos cinturões das grandes cidades. “Dezenas de pessoas ficam desempregadas para cada alambique que fecha, muitas sobrevivem apenas da atividade. Tem alambiques vendendo os equipamentos para tentar alguma coisa que lhe garanta um lucro na zona urbana. Muitos dos que saem da zona rural não possuem nenhuma capacitação profissional, além da usada no campo, e acabam no subemprego e morando na periferia em condições inferiores a que tinha na zona rural”, diz Flávio Ferreira, diretor da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal do Vale do Paraíba, entidade fundada em 2002 para ajudar os produtores de cachaça a fomentar a atividade, mas que existe hoje apenas no papel. Ferreira é proprietário de um dos mais tradicionais alambiques do Vale, o Alambique do Antenor, no distrito de Piedade, em Caçapava. No local trabalhavam 12 pessoas na produção de três tipos de cachaça –hoje apenas dois ajudantes dão conta de todo o serviço, desde a matéria-prima de cultivo de cana-de-açúcar até o produto final comercializado diretamente no balcão. “A cachaça

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Fotos: Flรกvio Pereira

PRODUTOR Flรกvio Ferreira, proprietรกrio do Alambique do Antenor, no distrito de Piedade, em Caรงapava

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Economia

de alambique tem uma dificuldade enorme de chegar a um supermercado ou empório. A tributação e o custo de produção são altos e o revendedor tem dificuldade de comercializar. É impossível competir com uma cachaça industrial”, explica o produtor. A mesma cachaça que hoje é vendida no balcão do alambique já atravessou fronteiras. Por meio de um projeto paralelo, Ferreira enviou 500 garrafas de aguardente à Espanha. Além do país monarca, os engenhos do Vale conquistaram também paladares chineses e italianos. As exportações acabaram em 2008, quando teve início a crise financeira internacional. Hoje, a cachaça brasileira está na lista dos itens que mais sofrem impacto por conta da crise que atinge a Zona do Euro. As exportações correspondem a menos de 1% de toda a produção nacional, estimada em 1,3 bilhão de litros por ano. Impostos Apenas oito alambiques do Vale do Paraíba, segundo estimativa dos próprios produtores de cachaça, estão com as atividades devida-

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CARGA TRIBUTÁRIA DA CACHAÇA

IPI 46%

ICMS 25%

COFINS 7,60%

TOTAL 81,87 %

PIS 1,65% OUTROS

1,62%

Fonte: IBPT

mente formalizadas. O restante, na tentativa de fugir dos altos impostos cobrados, segue produzindo na informalidade. A aguardente é o produto mais tributado no Brasil, à frente de itens como arma de fogo, cigarro e até mesmo da caipirinha. Do valor pago em uma garrafa, segundo levantamento da IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), 81,87% são impostos, ou seja, uma garrafa vendida por R$ 40 em um empório tem embutida em seu valor R$ 32 em taxas. O pequeno produtor reclama do entendimento da tributação brasileira, que trata todos os fabricantes de bebidas alcoólicas da mesma forma. Atualmente, são mais de 40 mil produtores de aguardente no país, sendo que as microempresas correspondem a 99% desse total. Juntas, elas geram cerca de 600 mil postos de trabalho. Para a Inbrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), a alternativa encontrada para dar fôlego aos produtores é o retorno da atividade ao SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte), da qual deixaram de se enquadrar em

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2001 devido a uma alteração legislativa. O mecanismo irá possibilitar a fabricação da aguardente sob regime de impostos considerados mais justos pela categoria. Além disso, segundo a entidade, vai reduzir a informalidade no setor e melhorar as condições de comercialização no mercado interno e externo. “A produção de cachaça de alambique tem que ser encarada de forma diferente pelas autoridades. A legislação federal deve ser alterada para estimular a legalização da produção e comercialização da cachaça produzida nos pequenos engenhos. Não se concebe que ambos os produtos sejam tributados pela mesma alíquota. O justo seria tributar a cachaça de alambique em alíquota menor do que a aplicada para a aguardente industrial”, afirma Carlos Lima, diretor executivo da Inbrac. Perda Há dois anos o setor da cachaça no Vale do Paraíba perdeu um de seus maiores e mais antigos engenhos, o Rainha da Pedra, que funcionava em Paraibuna. Os impostos consumiram todo o estímulo financeiro e a tradição familiar do

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DICAS: 1. Compre somente cachaça legalizada, com nome do produtor no rótulo, sua localização e a graduação alcoólica da bebida. É garantia de qualidade 2. O ideal é que o valor alcoólico da cachaça varie entre 38% e 48%, embora a aguardente produzida com a cana-de-açúcar possa chegar 54% 3. Não tome cachaça turva ou opaca. Repare na transparência, brilho, cor e viscosidade 4. A harmonização deve ser por similaridade e não por contraste, por isso, prato forte pede cachaça forte

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negócio. “Agora estamos tentando vender os equipamentos. É muito triste depois de tantos anos de trabalho chegar a essa situação. Criamos nossos filhos com a produção, vendíamos para toda a região, mas depois começaram a cobrar licenças e impostos e ficou caro demais continuar com a produção”, diz dona Benedita Camargo Santos, 65 anos, ex-proprietária, que hoje sobrevive com a aposentadoria do marido e de arrendamentos de terra. O temor dos produtores de cachaça que ainda persistem com o negócio é que a atividade tenha o mesmo fim que a farinha de mandioca produzida no Vale. “Caçapava sempre teve produção de farinha, mas por causa do excesso de tributos deixou de produzir. Os produtores de farinha de São Luiz estão no mesmo caminho, eles não suportam os impostos que precisam pagar para legalizar o produto no mercado. Não sou contra a política fiscal, sou contra a incoerência que existe hoje nas taxas aplicadas para as atividades do campo. Falam tanto em valorizar o homem do campo e esquecem de valorizar o trabalho dele”, finaliza o produtor Flávio Ferreira. •

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Ciência e Tecnologia Artigo

Fabíola de Oliveira

Do ensino básico à produção de riqueza, vamos aos trancos e barrancos

E

m junho passado a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) comemorou a indicação que recebeu como 44ª colocada no ranking das 100 melhores universidades do mundo com menos de 50 anos de existência. A classificação, que considera diversos indicadores, foi divulgada pela primeira vez neste ano pelo Times Higher Education World University Ranking, da Inglaterra. Além da colocação relevante, ressalta-se que a Unicamp (fundada em 1966) e a Unesp (de 1976), que aparece em 99º lugar no mesmo ranking, são as únicas universidades da América Latina a figurarem na análise da publicação inglesa. Além disto, não me parece que há muito mais a comemorar. Para nós, no Brasil, não há dúvida que as três universidades do sistema paulista de educação superior representam o que há de melhor no país em educação, pesquisa e extensão. A USP aparece em outros rankings como a melhor universidade da América do Sul. No entanto, se prestarmos atenção aos indicadores das universidades que foram as melhores classificadas no mesmo ranking, a diferença dos números é evidente. Com apenas 26 anos de existência, a coreana Pohang University of Science and Technology emplacou o primeiro lugar no ranking. Em uma escala de

RANKING Estamos entre as melhores, mas muito longe do primeiro lugar

1 a 100, obteve 71.8 pontos totais, distribuídos em cinco categorias: ensino (65,9); pesquisa científica e tecnológica (66,8); citações em publicações científicas (92,3); relacionamento e receitas de indústrias (100); e internacionalização (25). A terceira classificada, a também asiática The Hong Kong University of Science and Technology, fundada em 1991, apresenta números semelhantes em três indicadores, mas em dois outros demonstra ter optado por uma estratégia mais voltada para a internacionalização, onde obteve 80,1 pontos, e não tanto para o relacionamento para a indústria (59 pontos). Nesses mesmos indicadores de desempenho, a nossa Unicamp figura com 35,9 pontos totais; ensino (59,6); pesquisa (36,4); citações (15,2); relacionamento com a indústria (43,2), e internacionalização (19,1). Devemos ressaltar que, nos rankings internacionais, ela aparece como a universidade brasileira que tem o maior índice de relacionamento com a indústria,

mas estamos muito distantes das duas universidades asiáticas mencionadas acima. Como ambas são bastante jovens, a opção que fizeram parece clara –são instituições de ensino superior fortemente dedicadas à pesquisa, à inovação, ao relacionamento com o setor produtivo, e à internacionalização. As opções que fazemos definem o nosso futuro. Há muito o que se refletir sobre os indicadores mencionados, diversos fatores culturais, sociais e políticos têm influência direta no desempenho das universidades de cada país. E vejam o que acontece conosco. Nosso desempenho, nunca é demais repetir, continua muito ruim nos rankings mundiais de ensino básico. Enquanto escrevo, professores de universidades federais mantêm greve, uma situação que se repete ano a ano. Será necessária uma mudança dramática que, podemos aprender com os exemplos asiáticos, requer mais tomada de decisão do que ficarmos lamentando por décadas de equívocos. •

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

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COMPORTAMENTO PORTAMENTO

Mãe, eu quero! Marketing keting que envolve a indústria de brinquedos já é responsável por quase 80% das propagandas na TV em épocas que antecedem datas comemorativas –uma a enxurrada de anúncios que cria pequenos e vorazes consumidores Letícia Maciel São José dos Campos

B

rincar de pega-pega, amarelinha e queimada deixou de ser interessante há muito tempo. Todas as brincadeiras foram substituídas por brinquedos. Quem tem filhos sabe. Esta tendência, que segundo psicólogos, sociólogos e formadores de opinião inibe a criatividade das crianças, tem uma explicação bem simples. Na televisão brasileira, o número de anúncios publicitários de produtos e serviços destinados ao público infantil é alarmante. Um estudo inédito, realizado pelo Observatório de Mídia Regional da Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o Instituto Alana de São Paulo, mapeou no ano passado as inserções comerciais de 15 canais, abertos e pagos, durante os 15 dias que antecedem datas comemorativas como Dia das Crianças, Natal e Páscoa. A pesquisa, que deve con-

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tinuar por três anos, é um alerta para pais e educadores, os principais responsáveis pela transmissão de valores e hábitos de consumo aos pequenos. Os primeiros resultados deste estudo mostraram que, nas duas semanas anteriores ao Dia das Crianças de 2011, 56% dos anúncios pagos de TV foram de venda de brinquedos. A empresa que mais anunciou na ocasião foi a fabricante Mattel, com 8.900 publicidades

Crianças são público alvo de campanhas de marketing. Estudo mostra que pequenos influenciam 80% nas compras da família

dirigidas ao público infantil. E o forte apelo do marketing vem colocando mães e pais em situação cada vez mais difícil: ou precisam ser firmes para dizer tantos “nãos” ou têm de se desdobrar para satisfazer os desejos dos filhos a cada passeio no shopping –o preço de cada produto anunciado variava entre R$ 51 e R$ 100 à época. “As crianças se tornaram público alvo de diversas estratégias e campanhas de marketing porque alguns estudos mostram que elas influenciam até 80% das compras da família, e não apenas de produtos infantis”, comenta Maria Helena Masquetti, psicóloga do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. Embora reconheça que o consumo sempre esteve presente nas sociedades capitalistas, a psicóloga observa que houve uma acentuação nos hábitos de compra nos últimos 20 anos. No Natal de 2011, as publicidades destinadas às crianças ocuparam quase metade (46%) do espaço comercial destes canais. A Hasbro, empresa que fabrica os brinquedos “Baby Alive”, “Nerf”, “My Little Pony”,

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Fotos ilustrativas: Flavio Pereira

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Comportamento

“UNO”, “Monster High” e “Transformers”, entre outros, assumiu a liderança na pesquisa, com 6.560 inserções publicitárias entre 10 e 24 de dezembro daquele ano. A TV Globo e o SBT são os canais que mais passam anúncios destinados a crianças, à frente da Record, Band, Rede TV e TV Cultura. Além da TV aberta, que atinge públicos de baixa renda e classe alta, existem os canais segmentados Boomerang, Cartoon Network, Discovery Kids, Disney Channel, Disney Junior, Disney XD, Nick Jr., Nickelodeon e Rá Tim Bum. “O problema desta enxurrada de anúncios é que os pequenos não têm o juízo crítico plenamente desenvolvido para entender o caráter persuasivo, as ironias ou mesmo as conotações eróticas embutidas nas mensagens publicitárias”, continua a psicóloga Maria Helena. Há um consenso na comunidade científica mundial segundo o qual a publicidade voltada ao público infantil tem um impacto relevante na formação das crianças, com um agravante: elas têm passado mais tempo na televisão do que na convivência dos pais. As pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que as crianças e os adolescentes brasileiros passam no mínimo três horas por dia em frente à televisão. O tempo gasto na televisão e o excesso de propaganda criam uma realidade de consumo exagerado que já se tornou bastante comum em qualquer lugar do país, e não poderia ser diferente em São José dos Campos: quem entra em loja de brinquedos sempre ouve pelos corredores “Compra, mãe, por favor, só hoje”, e é uma ladainha que se repete a cada ida ao shopping. O “por favor” vem só para comover. E foi o que aconteceu durante esta reportagem, quando Maria Isabel Botelho, 30 anos, e o marido, Andrei Klassen, passeavam com o filho Miguel, de três aninhos, em um dos centros comerciais da cidade.“Mãe, vamos levar esse carro, mãe, por favor, só este”, pedia a criança, insistentemente, com o Hot Wheels em mãos. “É complicado dizer não, mas combinamos que hoje viemos só para ver. O problema é que os comerciais são bastante repetitivos. A criança fica alucinada e isso dificulta nossa tarefa de ensiná-los a lidar com o não”, desabafa a mãe. Maria Isabel confirma que, na loja, o filho vai logo pegar o brinquedo que viu na TV. “Ele chega e já sabe o que vai procurar. Ele quer comprar apenas por comprar. Pouco depois, esquece. Não há necessidade de ter

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O BOMBARDEIO DE PUBLICIDADE VOLTADA PARA A CRIANÇA EMISSORAS QUE MAIS VEICULARAM PUBLICIDADE PARA CRIANÇA

BRINQUEDO: O SEGMENTO MAIS ANUNCIADO NO NATAL DE 2011 Canais abertos

DIA DAS CRIANÇAS

58% 25%

37%

12%

A categoria brinquedos foi responsável por 37,3% de todas as 81 mil publicidades pagas vinculadas nos 15 canais monitorados, deixando entretenimento (5,6%) e lojas de departamento (5,5%) bem atrás

2% 2% 1%

Canais infantis

7%

70%

BRINQUEDO ENTRETENIMENTO 22%

26%

11%

16%

16%

3% CELULAR

IMPACTO NO BOLSO Brinquedos anunciados 5%

3%

74,5%

0%

1%

Canais abertos

NATAL 38% 19% 14%

DE R$ 51 A R$ 200

MARCAS QUE MANIPULAM AS CRIANÇAS NA ÉPOCA DO NATAL HASBRO

13%

MATEL

CANDIDE LONG JUMP

6.560 3.730 1.130 1.100

13% 3%

Inserções

Canais infantis

Inserções

Inserções

Inserções

EMPRESA COM MAIS PUBLICAÇÕES HASBRO De todas as publicidades 3% veiculadas para crianças

14, 19%

26%

5%

18%

1%

16%

1%

14%

0%

“Os pais têm o dever de mediar as relações de consumo porque são os maiores exemplos para os seus filhos” De Gabriela Violo, coordenadora do Projeto Criança e Consumo do Alana

Resultados do monitoramento da publicidade dirigida às crianças realizado pelo Observatório de Mídia da Universidade Federal de Espirito Santo. A medição foi realizada entre 10 e 24 de dezembro de 2011, às vésperas do Natal. Foram avaliados 81 mil publicações. Os dados apontam que os canais monitorados ocupam quase metade (46%), de seu espaço comercial com publicidades direcionadas a crianças.

muita coisa porque não brinca com tudo o que tem”, diz a mãe, enquanto Miguel insiste puxando-lhe pela camiseta. Infância curta Para Gabriela Vuolo, coordenadora do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, deste modo a sociedade está apressando a vida adulta para a criança. “Os comerciais de maquiagens e cosméticos para crianças, os convites à sensualidade precoce, as sandálias de salto antes da hora, isso tudo sacrifica etapas importantes do desenvolvimento. Os pais têm o dever de impedir isso, mediando as relações de consumo, porque são os maiores exemplos para seus filhos”, acrescenta. Segundo ela, que luta há mais de cinco anos pela conscientização de pais, educadores e principalmente pela ética das empresas na relação com as crianças e adoles-

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centes, o problema maior está na falta de leis para regular a publicidade infantil. No Brasil, o projeto número 5.921 tramita na Câmara dos Deputados desde 2001. O último movimento no sentido de aprovar esta lei ocorreu em maio do ano passado, em um seminário público, em Brasília. Diversos setores da sociedade fizeram um esforço para pedir regras mais claras para que a abordagem das propagandas de produtos infantis seja feita aos pais, e não aos pequenos. Na rede de relacionamentos Facebook, mães e pais lançaram uma campanha por uma “Infância Livre de Consumismo”. “Somos pais e mães conscientes e presentes e não aceitamos que atribuam a nós a responsabilidade pela forte influência da publicidade na formação de nossas crianças”, diz o manifesto da campanha. Em resposta, as agências de publicidade colocaram no ar o blog “Somos Todos Responsáveis”, que reúne depoimentos de famosos e pais anônimos defendendo a liberdade de expressão. Debate Este assunto não é exclusividade da sociedade brasileira –é amplamente debatido e avaliado por países europeus, assim como pelos Estados Unidos e pela Austrália. Virou tema do livro “Crianças do consumo, a infância roubada”, da psicóloga norte-americana Susan Lin. Segundo ela, “o marketing para crianças enfraquece os valores democráticos ao encorajar passividade, conformidade e egoísmo. Ameaça a qualidade do ensino público, inibe a liberdade de expressão e contribui para problemas de saúde pública como obesidade infantil, dependência de tabaco e consumo precoce de álcool”. Ainda de acordo com psicólogos, a situação dos pais é delicada porque nem todos conseguem ser firmes no pouco tempo que têm para passar na companhia dos filhos. Dar tudo que a criança pede é prejudicial para a sua educação. Porém, negar todos os desejos dela também pode ser frustrante, pois pode achar que nunca é merecedora de ter um desejo realizado. “É importante que os pais saibam moderar a realização dos pedidos dos pequenos. Faz parte da educação conscientizar a criança de que ela nem sempre terá tudo que deseja. Também por isso, criar alternativas de lazer e entretenimento que mantenham as crianças o máximo de tempo possível longe do assédio comercial é muito importante”, orienta Maria Helena.

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CONSUMO A modelo Emilly Diovana, 7 anos, posa para a foto com sacolas de compras

Publicidade atinge todas as classes sociais O documentário “A Alma do negócio”, que pode ser facilmente acessado pelo Youtube, na internet, mostra a influência que o marketing infantil exerce na vida das crianças, inclusive naquelas de famílias de baixa renda. Independentemente da classe social, as crianças são incitadas a comprar para ter mais do que os outros, para ter a sensação de pertencer à sociedade, e não exatamente para brincar. Com o consumo em excesso, no entanto, estão surgindo alternativas para pais que querem conscientizar seus filhos, podendo assim economizar, ajudar o planeta e garantir a diversão. Em São José dos Campos, existem brechós de artigos infantis seminovos, nacionais e importados. O Bazar Sapeka, que começou como uma loja virtual e hoje tem espaço físico no Jardim Paulista, vende de brinquedos a móveis para crianças. A proprietária, Elaine Lima, conta que ela mesma foi vítima do consumismo quando teve a primeira filha. “As mães de primeira viagem, muitas delas por inexperiência, acabam comprando mais do que precisam.

Isso aconteceu comigo e logo percebi como seria fácil ter fornecedoras. As mães devem ter cuidado na hora de comprar porque crianças perdem tudo rapidamente. Estas coisas todas não podem ir para o lixo. Nos brechos, os preços são até 70% menores do que nas lojas”, disse. No intuito de incentivar brincadeiras criativas para crianças de todas as classes, a primeira-dama de São José, Rosana Dalla Torre, teve a iniciativa de trazer para a cidade o projeto A Casa de Brinquedos, idealizado pelo Fundo Social do Estado de São Paulo. “Sabemos que, devido ao crescimento das cidades, as crianças ficaram sem espaços seguros para brincar e é isto que queremos proporcionar”, afirmou Rosana, presidente do Fundo Social. Existem quatro casas, com cerca de mil brinquedos, entre jogos de memória, dama e dominó, além de fantasias, bonecas, carrinhos e um espaço com móveis em tamanho infantil. O objetivo é que crianças de 0 a 12 anos tenham um espaço lúdico, onde possam brincar e vivenciar a sua infância numa estrutura adequada. “Queremos que a criança perceba que a diversão não está ligada a brinquedos caros, eletrônicos, e sim à imaginação, à criatividade”. •

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Segurança Pública

CASO YOKI Elize Matsunaga: crime passional

CASAL NARDONI Alexandre e Anna Carolina Jatobá: assassinos de Isabella

SISTEMA PRISIONAL Yann Walter tremembé

Casa dos ‘Artistas’ Complexo prisional de Tremembé abriga os detentos mais ‘famosos’ do Brasil. Lista vai da mais nova hóspede do “Presídio de Caras”, Elize Matsunaga, aos irmãos Cravinhos, há seis anos na P-2; saiba como eles vivem atrás das grades

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A

s penitenciárias Dr. José Augusto César Salgado e Santa Maria Eufrásia Pelletier, ambas em Tremembé, não são presídios como todos os outros. Recebem os chamados presos especiais, que ficaram “famosos” pelo envolvimento em casos de repercussão nacional, que chocaram a opinião pública. Muitos correriam risco de vida em qualquer outra unidade prisional por terem cometido crimes repudiados até pelos detentos, como pedofilia, estupro ou assassinato de alguém da família. E a mais nova personagem desse grupo de celebridades do complexo prisional do Vale do Paraíba é Elize Matsunaga, 30 anos, que confessou ter matado e esquartejado o marido, o diretor-executivo da Yoki, Marcos Matsunaga, 41 anos. A acusada chegou à Penitenciária Feminina de Tremembé, também conhecida como “Presídio de Caras”, uma referência à revista de famosos, no último

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Fotos: divulgação

PRISÃO O jornalista Pimenta Neves

CRAVINHOS Cristian e Daniel (à direita) condenados pela morte do casal von Richthofen

dia 20. Passou pelo isolamento de dez dias, quando recebeu apenas a visita do advogado. O presídio tem dois pavilhões. Elize está no Casa Nova, com 11 celas de cada lado, no piso superior. Na parte inferior, ficam as escolas da unidade prisional. O xadrez usado por ela nesse período de adaptação tem 10 metros quadrados –no espaço há um banheiro com bacia de louça e chuveiro com água quente. Quando chegou na cela, Elize disse aos agentes penitenciários que o local era menor do que a cama da cobertura onde vivia até ser presa, na Vila Leopoldina, em São Paulo. O período de adaptação varia de 10 a 30 dias e serve para a administração da penitenciária saber como será a reação das presas quando a acusada passar a fazer parte da rotina da unidade. Foi o que aconteceu com Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos por matar os pais, e Anna Carolina Jatobá, 30 anos, que pegou 26 anos de prisão pela morte da enteada Isabella Nardoni. Suzane e Anna Carolina continuam no “Presídio de Caras”, mas no chamado setor habitacional, também com dois pavimentos. Na parte de cima ficam as celas coletivas e embaixo funcionam as oficinas de trabalho

das presas. Um pátio para banho de sol separa a parte inferior da Casa Nova do setor habitacional. O presídio tem capacidade para 100 presas, mas abriga 154 mulheres. Bacharel em direito e com formação técnica em enfermagem, Elize foi obrigada a trocar as roupas de grife que usava pelo uniforme padrão do sistema prisional paulista: calça cáqui e camiseta branca. Passado o período de adaptação, se quiser, poderá começar a trabalhar na unidade prisional. Integrada à rotina, após seis anos na penitenciária de Tremembé, Suzane aproveita os conhecimentos de informática para ensinar as demais presas ou fazer trabalhos administrativos. Já Anna Carolina, que está presa desde 2008 na unidade, trabalha na cozinha e frequenta os cultos evangélicos –algumas vezes faz pregações para as colegas de cela. No “Presídio de Caras” a rotina começa muito cedo, por volta das 6h. Às 18h, as detentas retornam para as celas, de onde saírão somente na manhã seguinte. Nesse intervalo, estudam, trabalham ou passam o tempo no convívio com as demais presas. O presídio fica próximo, a apenas 15 minutos, da Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P-2 de

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Tremembé, onde estão Alexandre Nardoni, os irmãos Cravinhos, o jornalista Pimenta Neves, o jogador de futebol Janken Ferraz, o promotor Igor e Lindemberg Alves Fernandes. Todos condenados por homicídio. Destes presos conhecidos, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos são os que melhor conhecem o local –chegaram ao presídio em 2006. Ambos estão envolvidos em um dos casos mais falados da última década no país: o assassinato, em outubro de 2002, de Manfred e Marísia Von Richthofen, mortos com golpes de barras de ferro enquanto dormiam na casa da família no bairro Brooklin, na zona sul de São Paulo. O crime chocou o Brasil porque foi planejado por Suzane, a primogênita do casal, que tinha então 18 anos. Hoje, Daniel tem 30 anos e Cristian, 35. Na P-2, o ex-namorado de Suzane trabalha na fábrica de carteiras escolares da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel), uma instituição vinculada à SAP, que planeja, desenvolve e avalia programas sociais de capacitação profissional para os detentos. Já o irmão mais velho, Cristian, trabalha na entrega das quatro refeições diárias oferecidas aos internos. Nas horas

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Segurança Pública

vagas, jogam futebol. Cristian também é um frequentador assíduo da biblioteca do presídio, e Daniel gosta de jogar xadrez. Se os irmãos Cravinhos foram os primeiros dos ‘famosos’ a entrar na P-2, o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves foi o último. O curioso é que ele cometeu seu crime antes. Em 2000, o ex-diretor de redação do jornal Estado de São Paulo disparou dois tiros na ex-namorada Sandra Gomide, um pelas costas e outro na cabeça, por não aceitar o fim do relacionamento. O caso se tornou um símbolo da impunidade no Brasil, já que o assassino confesso, que completou 75 anos em fevereiro, foi preso mais de uma década após o crime. Condenado a 15 anos de prisão, Pimenta Neves é o único dos ‘VIPs’ que não trabalha –participa das aulas de música, durante as quais os detentos aprendem a tocar violão, teclado e bateria. De saúde frágil, ele está sempre na enfermaria à procura de medicamentos. Poucos casos mobilizaram tanto a opinião pública quanto o de Alexandre Nardoni, que atirou a própria filha de 5 anos pela janela do apartamento onde morava com Anna Carolina Jatobá. A pequena Isabella foi ferida na testa, esganada, arremessada contra o chão e jogada do sexto andar do Edifício London, na zona norte de São Paulo. Nardoni foi condenado a 31 anos de detenção. Na P-2, hoje com 33 anos de idade, trabalha na lavanderia, onde lava e passa as roupas dos outros presos. De vez em quando, joga futebol. Até hoje, troca correspondências com a mulher. Ciúme A maioria dos presos famosos da P-2 foi condenada por matar a mulher, a namorada, a amante ou a ex. Além de Pimenta Neves, assassinaram a companheira o promotor Igor Ferreira da Silva, o ex-jogador Janken Ferraz Evangelista e o segurança Lindemberg Alves Fernandes. O promotor foi detido em outubro de 2009 em São Paulo por ter atirado duas vezes na cabeça da esposa grávida em 1998, em Atibaia. Igor tinha descoberto que o filho que a mulher esperava era de outro homem. Foi detido, e condenado em 2001 a 16 anos de prisão, tornando-se o primeiro promotor do Brasil a ser sentenciado por homicídio. Porém, ele fugiu dias após a condenação e ficou foragido por quase dez anos antes de ser recapturado. Hoje, Igor dá aulas de inglês na penitenciária de Tremembé. Também por ciúme, Janken desferiu 14 facadas na ex-mulher em março de 2009 na cozinha do apartamento do irmão dela, na

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P-2 Entrada do presídio em Tremembé, onde estão os presos ‘famosos’ do Brasil

RÉU Promotor Igor Ferreira da Silva

zona sul de São Paulo. Ele alegou que a moça o atacou com a arma e que agiu em legítima defesa. Depois do crime, fugiu com o filho pequeno do casal e foi preso em outro Estado após uma intensa mobilização policial. “Perdi a cabeça”, disse Janken no julgamento. O jogador foi condenado a 22 anos de detenção. Hoje, trabalha como faxineiro. Limpa a sala de recreação onde os presos recebem visitas. Ciúmes foi também a motivação de Lindemberg, condenado em fevereiro a 98 anos de prisão pela morte de sua ex-namorada, Eloá Pimentel, mantida em cárcere privado por quatro dias em seu apartamento da periferia de Santo André, no ABC Paulista, em outubro de 2008. Acompanhada ao vivo por milhões de brasileiros em todo o país, a ação teve desfecho trágico. No quinto dia, a polícia invadiu o apartamento e Lindemberg desferiu quatro tiros em Eloá e em uma amiga dela. Atingida na cabeça e na virilha, Eloá, 15 anos, morreu. A amiga foi baleada no rosto, mas sobreviveu. Ao contrário de Pimenta Neves, o jovem, um paraibano da cidade de Patos que trabalhava como motoboy, não demorou muito para conhecer a P-2: foi levado ao presídio logo após o crime, e só saiu de lá para o

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Flávio Pereira

FEMININA Pátio da penitenciária de Tremembé, onde estão Elize, Suzane e Anna Carolina

julgamento. Lindemberg, hoje com 26 anos, trabalha na fábrica de ferragens, fazendo fechaduras. Uma vez por semana, frequenta os cultos evangélicos ministrados todos os dias às 16h na igreja ecumênica da penitenciária. Como acontece em todos os presídios, a imensa maioria dos detentos da P-2 trabalha. Isso por dois motivos. Em primeiro lugar, para usufruir das remições de pena concedidas aos presos que trabalham. E em segundo lugar, porque não há nada melhor para fazer. “Geralmente todos querem trabalhar. A remição de pena pelo trabalho permite ao detento que trabalhar três dias retirar um dia de sua pena. Além disso, estas pessoas ficam o tempo todo sem fazer nada. Para elas, o trabalho é uma forma de manter a mente ocupada”, afirmou Arles Gonçalves Júnior, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo. “O tempo demora muito para passar no presídio. Quem fica muito tempo sem fazer nada pode até enlouquecer”, concordou Nilde Balcão, socióloga da Unitau (Universidade de Taubaté). Ambos ressaltaram a importância do trabalho no processo de ressocialização do preso.

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CASO ELOÁ Lindemberg Alves Fernandes

Rotina Embora trabalhar seja uma decisão de cada um, todos os internos da P-2 cumprem rigorosamente a mesma rotina. Às 7h, depois do café, os que trabalham vão para a Funap, a unidade de montagem ou a fábrica da Naylux, que produz equipamentos de segurança. Outros, como Alexandre Nardoni, Janken e Cristian Cravinhos, cuidam da manutenção do presídio. Trabalham basicamente na cozinha, na faxina ou na lavanderia. Os detentos que não trabalham ficam soltos nos pavilhões, onde podem assistir a aulas de inglês, informática e música. A Penitenciária de Tremembé tem dois pavilhões. As celas do Pavilhão 2, de 15 metros quadrados, podem receber até seis presos. Já no Pavilhão 1, cada cela tem 8 metros quadrados e abriga um ou dois presos. Tradicionalmente, ficam no Pavilhão 1 os presos que não têm curso superior, como Lindemberg Alves e os irmãos Cravinhos. O almoço é servido das 10h30 às 11h, e a alimentação é bastante variada –arroz, feijão, carne bovina, macarrão, frango e feijoada. Depois da refeição, que dura mais ou menos uma hora, os detentos que trabalham voltam ao batente e os outros têm duas horas de recreação para jogar futebol, fazer musculação ou simplesmente tomar banho de sol. O trabalho nas fábricas termina às 16h e os presos seguem então para o Pavilhão 2, onde têm uma recreação de 45 minutos. No mesmo horário –das 16h às 16h45, quem quiser pode ir para o culto religioso. A tranca –quando os presos voltam para as celas– ocorre logo em seguida, das 16h45 às 17h. O jantar é servido às 17h30, na cela. Os presos dormem em beliches com estrado de madeira e estrutura de alvenaria, e quem quiser pode comprar seu próprio colchão. Também são permitidos aparelhos de TV e rádios. Os detentos da P-2 têm comportamento exemplar. São educados com os guardas e procuram ao máximo evitar problemas porque sabem que correriam risco de morte em qualquer outra unidade prisional do Estado. Como a maioria cometeu crimes hediondos condenados até pelos outros presos, só sobreviveriam em outra penitenciária se ficassem isolados no ‘seguro’, a cela que abriga os jurados de morte. No seguro, os detentos ficam enclausurados 24 horas por dia e não saem nem para banho de sol para evitar o contato com os demais presos. Devido ao confinamento permanente, desenvolvem doenças respiratórias e problemas de pele. •

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Entrevista

Dois Pontos >Paulo Skaf, presidente da Fiesp, acredita que a estabilização do dólar será um passo importante para o resgate da competitividade do país

“Patamar de R$ 2 para US$ 1 é o ideal para a balança comercial” Hernane Lélis São José dos Campos

Q

uando assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, em setembro de 2004, Paulo Skaf, 56 anos, adotou como discurso transformar a Fiesp de uma mera crítica da política econômica em um importante agente no processo de decisão do governo. Três anos após ocupar a principal cadeira da entidade, o empresário levou ao Senado, em carrinhos de supermercado, abaixo-assinado com 1,3 milhão de assinaturas que pediam a extinção do “imposto do cheque”, como era conhecida a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). O tributo caiu e o episódio entrou para a história como a maior derrota do governo Lula. Hoje, em seu terceiro mandato, o tom maledicente ainda persiste frente às resoluções tomadas em Brasília, porém sua constante presença no Congresso demonstra que o objetivo de conquistar voz às indústrias paulistas foi alcançado. “O governo se mostra atento à situação da indústria, mas atua de forma pontual em várias frentes. O que vem fazendo é positivo, mas não é suficiente. Precisamos ampliar o alcance das medidas, incentivando não apenas o consumo, mas também a produção, reduzir drasticamente o custo elevado de energia elétrica e gás, diminuir a alta carga tributária, melhorar a infraestrutura e diminuir a pesada burocracia”, afirma. Em entrevista à revista valeparaibano, Skaf traça

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um cenário pessimista sobre os reflexos da crise externa no Brasil e afirma que os impactos da recessão se somarão aos problemas conjunturais que a indústria brasileira vem sofrendo. A alta do dólar e a interferência do governo no câmbio também é motivo de preocupação para o empresário, que considera o patamar de R$ 2 para US$ 1 ideal para a balança comercial. “A cotação do dólar ficou, na maior parte de 2011, no patamar de 1,60. Estabilizando-se na faixa de R$ 2, acredito que representará um importante passo para o resgate da competitividade do país”, destaca. O crescente processo de demissões nas indústrias de Taubaté e São José dos Campos e o movimento inverso que acontece em Jacareí, onde o número de contratações é superior ao de desligamentos, também é destaque da conversa, que aborda ainda o impacto da recém criada Região Metropolitana do Vale do Paraíba nas indústrias da região e a guerra fiscal travada pelos municípios na tentativa de atrair novos investimentos do setor. “Para resolver esse problema é preciso que se faça a reforma tributária. Há outra modalidade de guerra fiscal, chamada “guerra dos portos”, que é um verdadeiro crime de lesa-pátria, pois dá incentivos fiscais a produtos importados. A resolução 72, aprovada em abril deste ano pelo Senado Federal, já vai eliminar essa modalidade mais danosa da guerra fiscal. A resolução entra em vigor em janeiro de 2013”. As indústrias da região administrativa de Taubaté e São José dos Campos apresentam queda no nível de emprego no acumulado dos últimos 12 meses. Foram mais de 1.800 postos de trabalho

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Junior Ruiz/Fiesp

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PERFIL NOME: Paulo Antonio Skaf IDADE: 56 anos NATURALIDADE: São Paulo

EMPREGO “DEVIDO AO FRACO DESEMPENHO DOS SETORES DA INDÚSTRIA DESDE 2011, MUITAS EMPRESAS VÊM SENDO FORÇADAS A REDUZIR O QUADRO DE FUNCIONÁRIOS”

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CARGO: Presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) FORMAÇÃO:

Superior incompleto

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Entrevista Fotos: Flávio Pereira

PIB Em 1985, a indústria de transformação respondia por 27% do PIB, hoje, corresponde a 14,6%

INDÚSTRIA Nos últimos 12 meses, o Estado perdeu 79,5 mil postos de trabalho

GOVERNO “O BRASIL NÃO PODE ABRIR MÃO DA INDÚSTRIA, POIS É O EMPREGO INDUSTRIAL QUE PAGA OS SALÁRIOS MAIS ALTOS E PROPORCIONA MELHOR QUALIFICAÇÃO” fechados. Por que isso vem acontecendo? < A indústria vem perdendo participação relativa no PIB ano a ano, em função da atual conjuntura econômica do país. A “invasão” de produtos importados, os juros ainda estão entre os mais altos do mundo, a volatilidade do câmbio, o custo elevado de energia e gás, a alta carga tributária, os incentivos às importações, a infraestrutura deficiente e a pesada burocracia destroem a competitividade da indústria brasileira e comprometem a geração de empregos. Em 1985 a indústria de transformação respondia por 27% do PIB, hoje, responde por 14,6%. No Estado de São Paulo a indústria de transformação perdeu muitos postos de trabalho nos últimos 12 meses, encerrando maio com baixa de 79,5 mil, variação negativa de 2,94%. Devido ao fraco desempenho de diversos setores da indústria desde meados de 2011, muitas empresas vêm sendo forçadas a reduzir o quadro de funcionários. As indústrias das regiões de Taubaté e São José dos Campos estão acompanhando a mesma tendência. Na outra ponta, a região administrativa de Ja-

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careí acumula dentro do mesmo período alta na geração de vagas. São 650 novos postos de trabalho. Como isso é possível em um polo industrial tão semelhante? < Apesar do parque industrial também bastante diversificado, como as regiões de Taubaté e São José, em Jacareí pesam mais os setores da indústria que estão apresentando melhor desempenho. Desta forma, a redução de postos de trabalho em alguns setores acaba compensada pela criação em outros. O senhor acredita que o maior desafio das administrações públicas tem sido atrair novos investimentos industriais ou manter o conglomerado fabril existente? < Os dois. O governo tem de dar o suporte necessário para a indústria brasileira ser a mais competitiva do mundo e criar condições para ampliação e diversificação dos investimentos no setor. O Brasil não pode abrir mão de sua indústria, pois é o emprego industrial que paga os salários mais altos e proporciona melhor qualificação ao trabalhador.

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COMPETITIVIDADE “PRODUZIR NO BRASIL É MAIS CARO DO QUE NOS EUA, DO QUE EM MUITOS PAÍSES DA EUROPA E NOS NOSSOS VIZINHOS DA AMÉRICA DO SUL” Nosso país ainda não atingiu nível de renda per capta suficiente para que possamos nos dar o luxo de abrir mão de fabricar aqui. Da porta pra dentro, nosso parque industrial é moderno e competitivo. O problema está da porta pra fora, na conjuntura econômica do país. Para corrigir essa distorção são necessárias ações efetivas que reduzam a carga tributária, diminuam os custos de produção, melhorem a infraestrutura e eliminem o excesso de burocracia. A recente queda nos juros e o equilíbrio cambial são positivos, mas não podem ser as únicas iniciativas em prol da competitividade brasileira. Produzir no Brasil é mais caro do que nos EUA, do que em muitos países da Europa e nos nossos vizinhos da América do Sul. Até que ponto a relação entre empresários e sindicatos pode nortear a decisão de aplicar ou manter investimentos numa cidade? < A relação entre sindicatos empresariais e de trabalhadores da indústria deve ser sadia e equilibrada. Com isso, as decisões de investimento não serão influenciadas por esse aspecto. As entidades devem trabalhar em conjunto e cuidar para que as situações que surgem no dia-a-dia não fujam ao controle e não alterem esse equilíbrio. Como o senhor avalia a famosa, porém velada, guerra fiscal adotada por diversos municípios para atrair novos investimentos industriais? < A guerra fiscal é prejudicial ao país e para resolver esse problema é preciso que se faça a reforma tributária, com cobrança da maior parte do ICMS no destino. Há outra modalidade de guerra fiscal, chamada “guerra dos portos”, que é um verdadeiro crime de lesa-pátria, pois dá incentivos fiscais a produtos importados. A resolução 72, aprovada em abril deste ano pelo Senado Federal, já vai eliminar essa modalidade mais danosa da guerra fiscal. A resolução entra em vigor em janeiro de 2013. O Vale do Paraíba acaba de se tornar uma Região Metropolitana. A medida pode beneficiar o setor industrial de alguma forma? Os municípios levam alguma vantagem na captação de investimentos? < Não basta apenas reconhecer no papel, é preciso que a região receba investimentos e projetos, obras e serviços metropolitanos, além de um planejamento conjunto para os municípios. Se isso acontecer, haverá benefícios para todos, caso não aconteça esse reconhecimento será apenas um ato burocrático. O dólar voltou atingir a casa dos R$ 2,00 depois de quase três anos abaixo desse patamar. Como

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essa flutuação cambial afeta as indústrias? O governo deve intervir no câmbio? < O câmbio não é o único item que afeta a competitividade brasileira, mas é um dos principais. O governo deve cuidar de tomar medidas para garantir o patamar de R$ 2. A moeda americana ficou bastante tempo abaixo do patamar de R$2, o que abalou nossa competitividade. A cotação do dólar ficou, na maior parte de 2011, no patamar de 1,60. Estabilizando-se na faixa de R$2, acreditamos que isso representará um importante passo para o resgate da competitividade do país. Diante do fraco desempenho da economia brasileira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo pode fazer uma nova rodada de redução de tributos para estimular investimento. Quais ações o senhor considera prioritárias? < O governo se mostra atento à situação da indústria, mas atua de forma pontual em várias frentes. O que o governo vem fazendo é positivo, mas não é suficiente. Precisamos ampliar o alcance das medidas, incentivando não apenas o consumo, mas também a produção. Precisamos segurar a “invasão” de produtos importados, baixar mais os juros ainda altos, garantir um câmbio estabilizado a R$ 2, reduzir drasticamente o custo elevado de energia elétrica e gás, diminuir a alta carga tributária, melhorar a infraestrutura e diminuir a pesada burocracia. Qual setor industrial deve sofrer mais com os desdobramentos da crise externa nos próximos anos? < Nossas perspectivas para a indústria de transformação, como um todo, diante da crise externa são ruins. Os impactos da crise mundial serão adversos e se somarão aos problemas conjunturais que a indústria brasileira de transformação já vem sofrendo. A balança comercial de produtos manufaturados continuará sofrendo deterioração. Após apresentar um déficit de US$ 92,4 bilhões em 2011, prevemos para 2012 um déficit do setor da ordem dos US$ 105,9 bilhões. Com tudo isso, a nossa previsão é que a produção da indústria de transformação encerre 2012 com 0% de variação frente a 2011. O senhor entende que o sucesso de uma empresa depende mais do modelo de negócio gerenciado ou do quanto inovadora é sua gestão e seus produtos? < Depende do setor. Há setores mais dependentes de inovação para se desenvolver, como o farmacêutico, e outros que são mais dependentes de gestão, como o de mineração. E ainda há setores que dependem das duas coisas. •

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Vale, Brasil & o Mundo

Frases “Ele que me desafiou. O pai dele foi prepotente. Voltei apenas pela honra”

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Do ex-lutador de boxe Acelino Popó, que voltou aos ringues apenas para um combate contra o pugilista brasileiro radicado nos Estados Unidos Michael Oliveira, que acabou nocauteado

Dutra será a primeira rodovia sustentável do Brasil, diz CCR

“Não sei se vou para as Olimpíadas. Sem dúvida alguma, a minha experiência é o que pode agregar“ Do levantador Ricardinho, que está de volta à seleção brasileira, após cinco anos afastado

“Foram 3 horas de terror. A gente não sabia se o sequestrador ia nos matar. Ele ameaçou várias vezes” Considerada um dos principais focos de poluição atmosférica em São José dos Campos, a via Dutra pode ser transformada na primeira estrada sustentável do Brasil em 2014. O projeto foi apresentado pelo Grupo CCR –holding da concessionária NovaDutra–, no primeiro dia da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável realizada no mês passado no Rio de Janeiro. O estudo prevê a criação de ações de sustentabilidade nos setores econômico, social e ambiental que envolvam empresas, indústrias, comunidades e prefeituras em cidades localizadas às margens da rodovia. Os resultados serão apresentados pelo Grupo CCR daqui a dois anos, durante a Copa do Mundo de 2014. Um dos objetivos do estudo é criar uma solução para minimizar o impacto dos gases poluentes emitidos pelos veículos que trafegam pela rodovia nos centros urbanos, além de fortalecer as ações e programas já desenvolvidos, entre eles, o ‘Sacolão’, que doa as lonas inutilizadas da rodovia para que um grupo de costureiras de São José transformem em sacolas. Paredão verde As 6.000 mudas de árvores que vão formar o ‘paredão verde’ no trecho da Dutra em São José serão plantadas em setembro, segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que exigiu a criação do paredão como compensação da construção das novas marginais da rodovia.

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Do meia-atacante Valdivia, que foi alvo de sequestro-relâmpago em 7 de junho. Sua mulher Daniela Aránguiz estava com ele UNIVERSIDADES

JOINT-VENTURE

USP vira a melhor da América Latina

Embraer é parceira da francesa Zodiac

A USP (Universidade de São Paulo) foi eleita a melhor universidade da América Latina, segundo ranking do grupo britânico Quacquarelli Symonds. A instituição paulista recebeu a nota máxima –100. O Brasil tem mais oito representantes entre as 25 melhores, numa lista de 200 faculdades latino-americanas. A Unicamp aparece na 3ª posição, seguida das federais do Rio de Janeiro (UFRJ), na 8ª colocação, Minas Gerais (UFMG), na 13ª, do Rio Grande do Sul (UFRGS), na 14ª, e de São Paulo (Unifesp), na 15ª. A Unesp aparece na 16ª colocação, logo à frente da PUC do Rio de Janeiro, e a UnB, de Brasília, encerra, no 25º lugar, a relação das nacionais no topo da lista.

A Embraer anunciou a criação de uma joint-venture com a francesa Zodiac Aerospace para produzir o interior de aeronaves dos E-Jets. A sede da nova empresa será no México, onde a Zodiac já tem unidade. A companhia francesa é uma das maiores do mundo na produção de interiores de aeronaves e atua em três frentes: tecnologia e segurança de aeronaves, sistemas aviônicos e interiores de cabines. A empresa já fornece para as principais fabricantes de aviões do mundo, entre elas, a Airbus, Boeing, Dassault e Bombardier.

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EXTORSÃO

WATERLOO

Policiais de S. José são denunciados

Achado esqueleto de soldado depois de quase 200 anos

Após sete anos de investigações, um grupo de sete policiais civis da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) de São José dos Campos foi denunciado à Justiça por extorsão. Os investigadores são acusados de cobrar R$ 20 mil para não prender um homem acusado de tráfico de drogas. O suspeito foi levado à delegacia e montou uma armadilha para, posteriormente, denunciar os policiais. No período em que esteve sozinho na cela pegou o chip do seu celular e quebrou em três partes. Colou os pedaços com um chiclete no cano do chuveiro, no ralo e o último na parede, acima da grade. Com isso, conseguiu desmentir a versão dos investigadores de que o suspeito de tráfico nunca tinha nem passado pela delegacia. O caso foi investigado pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, que justificou a demora na burocracia, e pelo Ministério Público. Os policiais civis continuam trabalhando.

Quase dois séculos após a derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo, no território da atual Bélgica, o esqueleto completo de um soldado morto em 18 de junho de 1815 no campo de batalha foi encontrado por arqueólogos. Deitado de costas, com uma bala ainda presa na altura do pulmão esquerdo, o soldado estava coberto por 40 centímetros de terra. Seu uniforme se desfez com o tempo, mas seus objetos pessoais –uma colher, moedas, botões da roupa e um pedaço de madeira com as iniciais ‘CB’ gravadas em cima– devem mostrar se ele pertencia ao campo dos vencedores (Grã-Bretanha, Prússia e Holanda) ou se estava sob as ordens do imperador da França.

Mundo se torna lugar mais pacífico em 2012 O mundo se tornou um lugar mais pacífico em 2012. A boa notícia do Índice de Paz Global foi divulgada pelo Instituto de Economia e Paz. Contrariando a tendência dos últimos dois anos de aumento da violência, o fenômeno foi causado por melhoras na Escala de Terror Político e ganhos em indicadores de militarização, consequentes dos cortes de defesa após a crise econômica. Os indicadores do Brasil também melhoraram, mas, com a inclusão de novas nações, o país caiu no ranking, ocupando o 83° lugar entre 158.

ESTUDO

Riscos da maconha são ‘subestimados’

AMBIENTE

Desmatamento na região de Mata Atlântica cai 58% Quase metade dos 13,3 mil hectares desmatados da Mata Atlântica em 2011 está em terras mineiras. É o que revela o “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O desmate total na região da Mata Atlântica –vegetação de florestas, de mangues e de restingas que aparece em 17 Estados do país– equivale a mais de 13 mil campos de futebol. Além do destaque para Minas Ge-

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rais (com 6.339 hectares a menos), há também a Bahia (4.493 hectares). O número total caiu 58% em relação ao levantamento realizado em 2010, quando o desmate atingiu 31,19 mil hectares. A queda mais acentuada ocorreu no Sul e Sudeste do país. São Paulo, por exemplo, teve 216 hectares a menos de cobertura vegetal em 2011 –metade do desmate detectado no ano anterior. Mas não há motivos para comemorar. Hoje, a Mata Atlântica conta com apenas 7,9% da sua área original.

Estudo da British Lung Foundation constatou que 88% dos mil ingleses entrevistados para a pesquisa acreditam que cigarros de tabaco seriam mais prejudiciais do que os de maconha –um cigarro de maconha traria os mesmos riscos de um maço de cigarros. Relatório do BLF aponta ligações científicas entre fumar maconha e a ocorrência de tuberculose, bronquite aguda e câncer de pulmão. O uso também é associado ao aumento da possibilidade de problemas de saúde mental, como a esquizofrenia. Parte da razão para isso, é que as pessoas, ao fumarem maconha, fazem inalações mais profundas e mantêm a fumaça por mais tempo nos pulmões. Isso significa que traga quatro vezes mais alcatrão do que com um cigarro de tabaco, e cinco vezes mais monóxido de carbono.

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ANTROPOFAGIA

Um surto de canibalismo Prática restrita aos povos primitivos volta assustar a sociedade moderna em casos que envolvem uso de drogas, rituais satânicos, sexo e psicopatia Yann Walter São José dos Campos

ma vez um pesquisador de censo tentou me testar. Degustei o fígado dele com favas e um excelente Chianti”. A julgar pela multiplicação recente dos casos de canibalismo em todo o mundo, a frase proferida por Hannibal Lecter no filme culto “O silêncio dos Inocentes”, lançado em 1991, é aplicada ao pé da letra no mundo real. Em alguns casos, a realidade até superou a ficção. No fim de maio, um ataque horripilante, digno dos piores filmes de terror, causou comoção em Miami, na Flórida. Tudo começou quando algumas pessoas avistaram dois sem-teto deitados um do lado do outro em uma calçada debaixo de um viaduto. Até ali, tudo normal, a não ser por um detalhe: um deles estava, literalmente, comendo o rosto do outro. Completamente nu, ele arrancava com os dentes grandes nacos de face. Indiferente aos urros de dor de sua vítima e aos gritos assustados das testemunhas –Rudy Eugene, 31 anos, não parou nem com a chegada de uma viatura policial, quase 20 minutos depois. O ataque ocorreu em plena luz do dia. “Disse a ele que parasse, mas ele só levantou a cabeça, deu um grunhido e continuou.

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Tinha pedaços de carne na boca, o rosto dele estava cheio de sangue. Parecia um zumbi, uma cena de The Walking Dead”, contou o policial referindo-se à série de sucesso exibida nos Estados Unidos. O agressor, que estava aparentemente sob o efeito de uma potente droga sintética conhecida como ‘sais de banho’, só encerrou o massacre depois de ser atingido por vários tiros. A vítima foi hospitalizada em emergência e está entre a vida e a morte. É claro que neste caso específico, a droga teve influência decisiva no ataque de fúria de Rudy Eugene. Tanto que duas semanas depois, em outro incidente envolvendo os ‘sais de banho’, um homem preso após invadir, aos berros, um restaurante de Miami teve de ser contido com uma máscara semelhante à de Hannibal Lecter no filme de Jonathan Demme porque estava tentando arrancar com os dentes as mãos dos policiais. A polícia chegou, inclusive, a lançar um alerta oficial contra os “possíveis efeitos canibais” da nova substância. Porém, mais assustadoras ainda são as histórias envolvendo pessoas que praticam atos antropófagos de forma consciente. No início do mês passado, ainda nos Estados Unidos, o estudante Alexander Kinyua, 21 anos foi detido pela polícia de Baltimore, no Maryland, depois de matar seu companheiro de quarto e retalhá-lo com uma faca

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Divulgação

FICÇÃO O personagem Hannibal Lecter com a máscara usada no filme de Jonathan Demme

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Mundo

para comer seu coração e parte de seu cérebro. “A pessoa que pratica o canibalismo quer se apoderar da energia, da força de sua vítima. Neste caso, o jovem escolheu especificamente o coração e o cérebro. Isso mostra que ele quis absorver a condição vital de seu colega”, analisou Maurício Rego, professor de sociologia e antropologia da Unitau (Universidade de Taubaté). História O canibalismo é uma prática ancestral. Os hititas –um povo indo-europeu que formou um poderoso império na Anatólia central (atual Turquia) dois mil anos antes de Cristo– tinham o hábito de desmembrar os chefes rebeldes e suas famílias, cozinhar os pedaços e oferecê-los à população. A antropofagia também era comum entre os povos indígenas da América Latina. No México, os astecas, adeptos dos sacrifícios humanos, comiam os corpos das vítimas como um ato místico, para se aproximarem das divindades. No Brasil, os guerreiros tupinambás consumiam seus inimigos mortos no campo de batalha. Os prisioneiros eram levados e incorporados temporariamente à aldeia, antes de serem mortos e devorados por quem os havia capturado em um complexo ritual que se estendia por vários dias. Já os ianomâmis ingeriam as cinzas de seus familiares mortos, como forma de homenagem. Um povo da ilha de Sumatra, na Indonésia, chegou a incorporar o canibalismo em seu sistema judiciário. Ladrões e adúlteros eram comidos vivos –somente por homens, pois a carne humana era considerada ‘pura’ demais para as mulheres. “O canibalismo ritual era comum até o século 15, quando as grandes navegações levaram o cristianismo para todas as partes do mundo. A expansão da civilização ocidental inibiu as práticas antropófagas dos povos primitivos”, explicou Maurício Rego, frisando, porém, que o combate ao canibalismo não permitiu sua erradicação completa. “A prática subsiste até hoje em algumas regiões remotas da Ásia e da Micronésia, mas envolve um número muito reduzido de pessoas”. Satanismo Na onda de casos mais recentes, o canibalismo chegou a ser praticado em rituais satânicos. Em abril deste ano, Jorge Negromonte da Silveira, 51 anos, sua mulher, Isabel Pires da Silveira, 51, e sua amante, Bruna Cristina da Silva, 25, foram presos na cidade

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CANIBAlISMO PELO MUNDO

U.S.A. Alexander Kinyua, estudante, matou seu colega de quarto antes de comer seu coração e seu cérebro em Baltimore, nos EUA

U.S.A. Rudy Eugene, transtornado após ingestão de droga sintética, arrancou a dentadas a face de um sem-teto em Miami

Brasil Jorge Negromonte da Silveira, Bruna Cristina da Silva, e Isabel Pires da Silveira, disseram ter matado oito pessoas e consumido sua carne em rituais de purificação

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de Garanhuns, em Pernambuco, sob a suspeita de matar, esquartejar e comer a carne de oito mulheres nos cinco últimos anos. De acordo com fontes policiais, o número 666, atribuído ao Demônio, figurava no RG das vítimas, que eram atraídas com propostas de emprego. O trio justificou os assassinatos pela necessidade de controlar o crescimento demográfico, e disse que consumia as mulheres como um ritual de purificação. Eles ainda preparavam salgados recheados com carne humana que vendiam aos vizinhos. Detalhe escabroso: uma das vítimas tinha uma filha de cinco anos, que foi ‘adotada’ pelo trio e consumiu a carne da própria mãe na época da execução, em 2008. “Todas as sociedades produzem excluídos, pessoas que não se encaixam no sistema e não se adaptam às regras. Estas pessoas buscam dar vazão aos tabus inconscientes, à parte de animalidade presente em cada ser humano que o processo civilizatório tratou de erradicar”, interpre-

tou o antropólogo da Unitau. A comercialização de carne humana não aconteceu apenas no Brasil. No fim de maio, na província chinesa de Yunnan, um ex-presidiário de 56 anos chamado Zhang Yongming foi detido pela polícia por suspeita de participar do assassinato de um jovem de 19 anos. Na casa dele, os policiais encontraram dezenas de globos oculares conservados em garrafas de licor e pedaços de carne humana colocados para secar. Segundo a polícia, Zhang pode ter matado cerca de 20 pessoas. Depois de tirar a vida de sua vítima, o homem retalhava partes do corpo, que acondicionava e vendia no mercado como carne de avestruz. Gourmet Longe destas considerações comerciais, alguns canibais são movidos, entre outras razões, pela curiosidade. Que gosto teria a carne humana? Mesmo preso, o francês Nicolas Cocaign conseguiu responder a esta

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Alemanha Armin Mewes convidou um homem para “ser consumido” e o matou depois de os dois comerem, juntos, o pênis da vítima

França Nicolas Cocaing espancou até a morte seu companheiro de cela em Rouen, na França, antes de cozinhar parte do pulmão de sua vítima com arroz e cebola

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Japão Mao Sugiyama serviu o próprio pênis com salsinha e champignons a cinco convidados durante um jantar em Tóquio França Issei Sagawa matou e consumiu partes do corpo da estudante holandesa Renée Hartevelt, de quem estava perdidamente apaixonado

pergunta. Em 2007, sem motivo aparente, Cocaing espancou até a morte um de seus dois companheiros de cela. “Ele me olhou de um jeito que eu não gostei”, justificou-se em seguida aos policiais. Logo após o crime, ele foi tomado por um desejo incontrolável de provar sua vítima. Ele abriu então o corpo com uma lâmina de barbear e extraiu um pulmão, acreditando que fosse o coração. “Comi um pedacinho cru, só para experimentar. Cozinhei o restante com cebola, e preparei um arroz para acompanhar”, contou. E acrescentou: “Pior que é bom. A carne é macia, tem gosto de cervo”. Para Maurício Rego, a impulsão de Nicolas Cocaing não foi motivada apenas pela curiosidade. “Historicamente, o canibalismo era praticado em disputas por território. No caso do francês, eram três pessoas convivendo em um espaço reduzido. Este cenário de prevalência da lei da força é ideal para a expressão da animalidade”, disse o sociólogo, admitindo, porém, que nos dias

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de hoje são poucos os que chegam a este extremo. “O canibalismo é o tabu mais complexo que subsiste nas sociedades ocidentais. É a expressão mais extrema da animalidade que existe em cada um de nós. É a negação da civilização, a última fronteira entre a civilização e a barbárie”. Paixão O canibalismo também pode ter conotação sexual. Um caso envolvendo dois estudantes, um japonês e uma holandesa, causou comoção em Paris no início dos anos 80. Perdidamente apaixonado por sua colega de faculdade, Issei Sagawa a convidou em seu apartamento. Mas sua declaração de amor foi recebida com desdém. Irritado, ele atirou uma bala de fuzil na nuca da moça, que morreu na hora. Minutos depois, Sagawa pegou uma faca elétrica e começou a desmembrar o corpo. Separou cuidadosamente os pedaços destinados a um consumo imediato dos que pretendia congelar para comer depois. Al-

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gumas partes específicas, como os lábios e a língua, foram ingeridos no ato, crus. O jovem ainda parou diversas vezes para tirar fotos. “Há tempos que tinha essa vontade de consumir uma mulher. Foi uma expressão de amor. Queria sentir dentro de mim a existência de uma pessoa que eu amasse”, explicou tranquilamente Sagawa aos investigadores que o prenderam em sua casa, dias depois. O estudante acrescentou que sua vítima tinha gosto de atum, e admitiu ter sentido uma “extrema excitação sexual” durante o ato. O curioso é que o japonês ficou retido menos de quatro anos pelo crime. Após mais de um ano de exames psiquiátricos, os especialistas decidiram pela irresponsabilidade penal. Isento de culpabilidade pela lei francesa, Sagawa pôde retornar a Tóquio em 1983 onde, graças à influência de sua rica e poderosa família, passou apenas cinco meses em um hospital psiquiátrico antes de ser libertado. Bizarrices Outro caso bizarro de canibalismo sexual que teve repercussão em todo o mundo aconteceu em 2001 na Alemanha. O alemão Armin Meiwes, de Rotemburgo, publicou um anúncio na internet, no qual disse procurar um homem entre 18 e 30 anos “desejando ser consumido”. Para sua surpresa, Jürgen Brandes, um engenheiro de Berlim, respondeu ao anúncio e seguiu para Rotemburgo. Ambos decidiram então decepar o pênis de Brandes, que fritaram e comeram juntos. Depois, Meiwes matou o engenheiro, cortou e congelou partes do corpo e enterrou as sobras no jardim de sua casa. Foi detido e condenado à prisão perpétua. “A sexualidade também pode fazer parte do processo. O canibal sempre quer possuir uma vantagem que o outro tem, e esta vantagem pode ser de natureza sexual”, disse Maurício Rego. O canibalismo também já foi praticado como expressão artística. No dia 13 de maio deste ano, em Tóquio, Mao Sugiyama, um artista “assexuado” de 22 anos, organizou um jantar para cinco convidados. Como prato principal, Sugiyama serviu seu próprio pênis e testículos, removidos por cirurgia e congelados dias antes. Os convidados, que sabiam exatamente o que estavam comendo, pagaram 20 mil ienes (cerca de R$ 520) cada um para degustar a inusitada preparação, confeccionada por um chef e acomodada com salsinha e champignons. •

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Ensaio

ALVORECER Na região de São Fidélis, no Rio de Janeiro, as primeiras luzes do dia refletem no Paraíba

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Ensaio fotográfico

João Teodoro fotógrafo

Nosso Paraíba Fruto de dois livros publicados, o ensaio do fotógrafo João Teodoro é um passeio da nascente até a foz do Rio Paraíba do Sul. Belezas escondidas e evidentes da nossa artéria principal

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Ensaio

NASCENTE O começo do Rio Paraitinga, na Serra da Bocaina, berço também do Rio Paraíba do Sul

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REFLEXO As luzes da cidade de Queluz refletem no espelho do rio

FOZ Na cidade de Atafona, no Rio de Janeiro, o Paraíba encontra o Oceano Atlântico

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Ensaio

FAUNA Gotas do orvalho enfeitam a teia e sua dona às margens do rio

VIDA O berçário das garças, em Além Paraíba, no Estado de Minas Gerais

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Promoção válida até 31 de julho de 2012.

RegionalMarketing


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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

Uma entrevista aberta e franca com a depressão - parte 2 – Quer dizer então que a causa do sofrimento é o ódio e não o amor? – “Claro que sim”! –exclama a depressão meio eufórica, o que me faz tomar cuidado para que ela não se torne maníaca, como se define a bipolaridade. – “O amor, o bem é criação de Deus, enquanto o ódio, o mal é criação do homem”. - Então você não foi criada por Deus? – “Graças a Ele não! Imaginem se o amor virasse ódio? Vocês estariam perdidos!” – Como assim? – “Veja, por exemplo, o caso trágico que ocorreu agora no Brasil. A típica tragédia grega. O empresário japonês, separado e com uma filha do primeiro casamento, se casa com uma brasileira, que o mata com requintes hediondos, esquartejando seu corpo e espalhando-o como lixo em terreno baldio”. – Mas ela alega que foi por ciúme! –exclamo displicentemente. – “Pô doutor, papo de pessoa descontrolada”. – Como assim? – “O ódio é a expressão infinita do amor negativo, enquanto o amor ágape é a expressão infinita do amor positivo”. – E o ciúme? – “O ciúme é o assassinato do amor!” – O ciúme é pior que o ódio? – “Não existe pior do que o pior. A esposa assassina, como todo aquele que mata por ciúme, acha que tem poder sobre o outro. É o mesmo

pecado de Lúcifer querer ser mais poderoso que Deus”. – Então o marido se sentia um Deus? – “Talvez. Muitos indivíduos endinheirados confundem a riqueza com poder, acham que estão acima de qualquer ameaça e suspeita. Acreditam que o dinheiro pode comprar tudo, mas, na maioria das vezes, o dinheiro excessivo compra um assassino de aluguel.” – Quer dizer que ele programou a própria morte? – “Lógico! Como todo bom macho, terminou um casamento sem se preocupar em ficar algum tempo sozinho e refletir porque seu primeiro casamento não deu certo. Julgando-se poderoso, aí vem a vaidade, se casa com outra imediatamente sem conhecer direito com quem vai dormir. E somente depois de morto, sabe-se que dormia com a inimiga. E ela ainda acha que o matou por ciúme. Na realidade matou o marido porque não queria que acontecesse o que ela mesma causou à primeira esposa do empresário. Assassinou o amor dentro dela e vai carregar pela eternidade, em seu íntimo, um defunto. Será um esquife, um caixão de defunto pela eternidade”. –Ter muito dinheiro é o mal? – “Depende de como você se relaciona com o dinheiro. Se você o usar como poder, você nunca conhecerá o verdadeiro amor. Amor e poder são incompatíveis. Por isso, senhores do poder do dinheiro e da política, senhores da corrupção, mesmo que jurem fazer pelo povo com amor, estão na realidade contratando com ‘seu’ dinheiro,

que foi extorquido do povo, seu próprio assassino, sua própria morte. Se você usar o dinheiro para melhorar somente seu Ego é egoísmo, mas se você o repartir ajudando a melhorar o mundo, você será altruísta”. – Então o sofrimento que a humanidade hoje sofre é pelo egoísmo? – “Lógico! Pelo egoísmo pessoal, pelo egoísmo coletivo, pelo egoísmo político, pelo egoísmo científico, pelo egoísmo religioso, por todas as formas de egoísmo que o ser humano é capaz de criar. Agora mesmo está sendo criado na medicina o egoísmo genético. Somente quem tem dinheiro pode se tratar de doenças gravíssimas, enquanto o pobre povo tem de morrer e ver seus familiares morrendo por falta de assistência porque não tem dinheiro para pagar os convênios extorsivos e desumanos. E médicos, advogados e empresários traem seus próprios juramentos de praticar uma profissão em nome do amor e praticam, ora para o bem e ora para o mal, única e exclusivamente para seu próprio benefício, e não para melhorar o mundo. O verdadeiro amor é aquele que praticamos para melhorar a nós mesmos, a natureza, que inclui tudo aquilo que Deus criou com amor: os animais, as florestas, os rios, os mares, o ar que respiramos, enfim, a vida que vivemos e que todos temos o direito de viver com dignidade, sem poder, com muito amor, sem egoísmo, com altruísmo. Amor para todos”. •

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

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Turismo PARANÁ

Foz além das compras Foz do Iguaçu se revitaliza e busca o turista que quer algo a mais que o comércio do Paraguai; belezas naturais são maiores aliadas nesta missão Adriano Pereira Foz do Iguaçu

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epois de sobrevoar as Cataratas do Iguaçu, Santos Dumont não teve dúvidas. “Posso afirmar que essas maravilhas não podem pertencer a um particular”, disse a Frederico Engel, fundador do Hotel das Cataratas. Seu prestígio mudou a história local e por pressão foi criado o Parque Nacional do Iguaçu, uma área de mais de 1,8 milhão de metros quadrados que abriga o maior remanescente de Mata Atlântica no Brasil e milhares de espécies animais. Desde sua criação o cenário natural não mudou muito, mas a estrutura para receber 1,3 milhão de turistas por ano já pode almejar ter a beleza incomparável do local. Desde 2008, por meio de uma parceria público-privada, empresas especializadas em turismo ecológico passaram a explorar conscientemente o espaço do parque. Foram criadas trilhas que podem ser percorridas a pé, de bicicleta e para os menos atléticos com um jipe elétrico. As opções vão desde um turismo contemplativo sem grandes emoções e com informações sobre a fauna e a flora, até a prática de esportes de aventura ou um passeio

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para quem gosta de fortes emoções até as quedas magníficas. E mesmo para quem não quer passar o dia todo visitando o Parque, a ida até a maior atração é de acesso muito facilitado. Com volume de 1,6 milhão de litros de água por minuto descendo na Garganta do Diabo, é impossível não se impressionar com essa que é considerada uma das sete maravilhas naturais do mundo. O visitante pode percorrer algumas passarelas que o levam diretamente para o spray produzido pela vazão dessa água. Não espere sair de lá seco, e pensando nisso a administração do parque vende providenciais capas de chuva nos locais de acesso às passarelas. Fique atento também aos quatis, que parecem animais dóceis e estão aos montes, livres, soltos e prontos para assaltar qualquer sacola que tenha cheiro de comida. Entre as trilhas, a mais tranquila é a do Poço Preto, que tem nove kms de extensão. Durante o passeio feito pela reportagem, observamos inclusive uma espécie de jararaca atravessando o caminho. Árvores centenárias se misturam ao perfume da mata até uma parada à beira do rio. De lá, um barco leva os turistas para um trajeto curto pelo rio e quem quiser pode percorrer remando o próprio caiaque. No outro extremo está o Macuco Safari, uma trilha curta em terra e emocionante em água. Uma lancha potente e habilmente

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Divulgação

CATARATAS Reconhecida como uma das sete maravilhas naturais, as Cataratas do Iguaçu receberam 1,3 milhão de turistas em 2011

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Turismo

PARQUE Os flamingos no Parque das Aves são apenas uma das 130 espécies que vivem no local

pilotada mergulha literalmente os turistas embaixo de algumas das quedas das cataratas. Deste passeio ninguém escapa seco e nem as capas de chuva conseguem segurar tanta água caindo. O parque ainda conta com um bom restaurante e uma lanchonete, além das tradicionais lojas de lembranças. Mas as cataratas não são a única atração da região, e é por isso que Foz do Iguaçu quer se tornar realmente um centro turístico e não apenas uma hospedaria de sacoleiros. No caminho para as cataratas o visitante encontra o Parque das Aves, uma área que abriga 1.000 aves de 130 espécies. A diferença da atração para um zoológico comum é que o turista se sente como o bicho, ou seja, dentro da jaula. Rasantes de araras na cabeça das pessoas são comuns e os gritos de ambos se misturam no parque. Tucanos, que de tão dóceis fazem até cafuné nos visitantes, são atrações garantidas e fotos fáceis nos álbuns de viagem de todos que percorrem a área.

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Show Depois de tantas caminhadas grandes pelas atrações naturais de Foz do Iguaçu a fome pode aparecer na bagagem. E por que não fazer do seu jantar uma atração? É o que promete e cumpre o restaurante Rafain. Com buffet bastante variado, mas que tem como principal atração o churrasco, a casa passou a oferecer um anexo que apresenta um espetáculo típico. Na realidade, uma apresentação já acontece no salão do restaurante, mas o visitante pode experimentar uma versão com produção mais apurada no Iporã, que fica no mesmo prédio. O espetáculo faz um passeio musical pelas culturas latino americanas com muita dança e figurinos típicos. A dica aqui é não assistir o show no restaurante. Chegue mais cedo para jantar e veja a apresentação do Iporã. Espere também por alguma interação entre artistas e público, e se você for mais tímido prefira os lugares do fundo. Outra boa opção gastronômica e mais intimista é o restaurante do

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Adriano Pereira

Hotel Slaviero, no centro de Foz do Iguaçu. As sobremesas ficam no destaque. Outra visita interessante, e rĂĄpida, ĂŠ feita ao templo budista da cidade. Grandes estĂĄtuas e uma atmosfera bastante inspiradora para uma meditação dĂŁo um pouco de sossego ao turista. Servem tambĂŠm para a prĂĄtica do desapego material, jĂĄ que mesmo com tantas atraçþes em Foz do Iguaçu, as compras ainda fascinam muitos turistas brasileiros. Compras NinguĂŠm ĂŠ de ferro. E nĂŁo pense que vocĂŞ passarĂĄ incĂłlume ao gasto de alguns dĂłlares alĂŠm das fronteiras, a paraguaia e a argentina. A primeira sempre foi associada Ă venda de produtos falsificados. Isso nĂŁo mudou muito. Nas ruas a lei do “gato por lebreâ€? ainda ĂŠ bastante vigente e o lixo se acumula diariamente nas calçadas. É uma visĂŁo pouco agradĂĄvel na realidade. A diferença agora ĂŠ que existem shoppings e lojas onde o turista pode comprar sem ter a dor de

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cabeça de uma ressaca de uĂ­sque paraguaio. Os preços jĂĄ estĂŁo bem semelhantes aos praticados em Miami, por exemplo, e vocĂŞ pode comprar usando inclusive nossa moeda. Apenas cartĂľes de dĂŠbito brasileiros ainda nĂŁo sĂŁo aceitos nas lojas paraguaias. Para se ter uma ideia de valores, um iPad da Apple no modelo mais simples sai por US$ 510, ou seja, um pouco abaixo do preço praticado no Brasil, que em mĂŠdia sai por R$ 1.300. As compras compensam na ĂĄrea de perfumaria, onde as diferenças podem chegar a mais de 50% do valor praticado no Brasil. Outros eletrĂ´nicos, como videogames, tambĂŠm batem de longe o preço nacional, um Xbox 360 custa no Paraguai US$ 330, enquanto no Brasil nĂŁo se encontra por menos de R$ 1.000. Vale lembrar que se do lado paraguaio a lei ĂŠ praticamente inexistente e nĂŁo existe nada que possa proteger o consumidor, para voltar para o lado brasileiro o turista passa pela inspeção da Receita Federal, assim como no aeroporto de Foz do Iguaçu na hora do embarque. Quer dizer, nĂŁo se anime muito. Do lado argentino as compras tambĂŠm acabam sendo o maior atrativo. Pouco antes de atravessar a aduana para Puerto IguazĂş, fica o maior Duty Free Shop na AmĂŠrica Latina. Os preços sĂŁo bastante similares aos praticados nos free shops de aeroportos, a diferença ĂŠ que nĂŁo existe limite de gastos para os turistas. Para quem nunca viajou para o exterior o local se transforma num paraĂ­so das compras, mas para quem viaja frequentemente para fora nĂŁo existe novidade nenhuma. Ou seja, a dica ĂŠ aproveitar as promoçþes que as lojas deste tipo fazem e garimpar bons preços nessa situação. Atravessando a fronteira para o lado argentino, o “primeiro mundoâ€? some e vocĂŞ tem a sensação de estar visitando cidades como Caldas Novas, onde todas as lojas da principal avenida parecem vender as mesmas coisas, pelos mesmos preços e do mesmo fornecedor. Casacos de couro saem por preços bastante abaixo dos praticados nas lojas paulistas, partem, por exemplo, de R$ 130. Mas sĂŁo os vinhos, queijos e alfajores que recebem as maiores atençþes dos turistas. Algumas garrafas de bons vinhos podem ser compradas por R$ 10, um bom queijo parmesĂŁo chega Ă sua mesa por R$ 25 o quilo e, se a sua exigĂŞncia na ĂĄrea dos doces nĂŁo ĂŠ tĂŁo grande, vocĂŞ consegue encontrar caixas com 24 alfajores por R$ 8. Puerto IguazĂş ainda pode oferecer uma parrilla argentina, mas procure os restaurantes mais “arrumadosâ€?, que servem carne de boa qualidade com preço justo.

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Turismo Divulgação

Itaipu Se Foz do Iguaçu tem uma das sete maravilhas do mundo, porque não ter uma das sete maravilhas do homem? Sim, existe essa classificação, e a Usina Binacional de Itaipu é uma delas. Construída por 40 mil trabalhadores a partir de 1975, foram necessários nove anos para que a usina fosse responsável por gerar 17% da energia elétrica consumida no Brasil e 98% da demanda paraguaia. É sem dúvida uma obra monumental. Do alto da barragem, que pode verter 64 milhões de litros de água por minuto quando as comportas estão abertas, é possível o visitante ter ideia da dimensão de Itaipu. De um lado, o lago que se estende além do horizonte, do outro o rio Paraná que fica a 120 metros abaixo do nível da represa. Existem alguns passeios possíveis na Usina de Itaipu. O mais simples oferece apenas uma vista panorâmica da barragem, suas turbinas e comportas. Vale lembrar que em 90% do tempo aquela imagem impressionante da água descendo e explodindo no

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muro de contenção no fundo da barragem não acontece. Por isso a segunda opção de passeio é mais atrativa. Nela você visita o interior da usina em pleno funcionamento. Conhece a sala de controle central e chega muito perto de uma turbina responsável pela eletricidade consumida na sua casa. Há ainda a possibilidade de conhecer o trabalho de resgate da fauna e flora da região atingida pela construção da usina. Itaipu mantém uma reserva que preserva animais e plantas, além de um programa de recuperação. Todos os passeios são guiados por funcionários da barragem. Foz do Iguaçu com seus 280 mil habitantes já consegue receber bem seus turistas. Já foi o tempo em que a cidade vivia uma disparidade enorme entre hotéis de luxo e camas com lençois sujos. Boas opções de hospedagem com preços acessíveis e boa qualidade de acomodações, bons restaurantes e a força de vontade do município em fomentar esse mercado já rendem seus frutos e o turismo já verte no mesmo volume das Cataratas. •

ENERGIA Visitantes ao lado de uma das turbinas de Itaipu

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Hi-Tech LANÇAMENTO

Direto da E3 Maior feira de videogames do mundo expõe principais novidades que chegarão em breve ao mercado

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Yann Walter São José dos Campos

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E3 (Electronic Entertainment Expo), maior feira de videogames do mundo, apresentou várias novidades interessantes no início de junho em Los Angeles (EUA). Embora a Sony e a Microsoft não tenham investido em novos consoles, anunciaram ferramentas de integração de plataformas que deverão definir a tendência da indústria nos próximos anos. Já a Nintendo revelou mais detalhes sobre o aguardado Wii U. O novo aparelho da firma japonesa pode ser definido em uma palavra: multifuncional. O Wii U funciona tanto na TV como no Game Pad, um joystick semelhante a um tablet sensível ao toque que deverá abrir novos horizontes em termos de jogabilidade. O console, que deve chegar ao mercado até as festas de fim de ano e ainda não tem preço definido, pretende desempenhar as funções de videogame, controle remoto, rede social, ferramenta de visualização virtual de cidades, e até personal trainer.

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WII U Lançado na E3 pela Nintendo, o Wii U funciona tanto na TV como no Game Pad

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A E3 2012 Em números 45.700 profissionais da indústria 200 expositores 103 países R$ 40 MILHÕES arrecadados A função de rede social é cumprida pelo Miiverse, um aplicativo embutido no hardware do console que permite aos jogadores realizarem videoconferências, trocarem informações e compartilharem resultados. Os especialistas que testaram o Wii U durante a E3 elogiaram o potencial gráfico do aparelho, o que tende a mostrar que a Nintendo finalmente conseguiu se equiparar aos seus principais concorrentes neste quesito. Smart Glass Como resposta à Wii U, a gigante Microsoft apresentou o Smart Glass, um aplicativo que vai transformar sua Xbox 360 em TV, PC, rádio e personal trainer. Além disso, smartphones e tablets –inclusive iPhones e iPads– poderão interagir com o videogame, seja nos jogos, seja nas funções multimídia. À primeira vista, o uso mais óbvio do aplicativo é o compartilhamento de conteúdos, mas a Microsoft também apresentou outras possibilidades, como um smartphone com Windows 8 servindo como um controle da dashboard do Xbox 360. Cross-play Para não ficar para trás em termos de convergência de plataformas, a Sony levou ao E3 a tecnologia cross-play, que vai integrar a PS3 com o PS Vita, o novo portátil da marca lançado no ano passado. Na demonstração preparada para a E3, uma partida de um mesmo game foi jogada simultaneamente nos dois aparelhos. O cross-play também deverá permitir a integração de funções multimídia. Um dos objetivos da tecnologia é favorecer a modalidade multiplayer. Outro destaque da apresentação da Sony foi o anúncio da retrocompatibilidade do Vita com o Playstation original. •

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Notas & fatos Isabella Fiorentino: ‘Até acho legal o estilo periguete’

Demi Moore: frágil saúde preocupa as filhas da atriz

A top Isabella Fiorentino, 34 anos, comentou durante o SP Fashion Week sobre o estilo periguete da personagem Suellen, interpretada por Ísis Valverde, 25 anos, na novela das nove, da Globo, “Avenida Brasil”. “Até acho legal porque não adianta ter um mundo só de mulher chique e bem vestida. Mas tem situações em que é inadmissível ser periguete no dia a dia, como no trabalho”, opinou. Segundo a modelo, o grande desafio do “Esquadrão da Moda”, programa sobre estilo que apresenta no SBT, é fugir desse personagem e ensinar ao público um sexy mais novo. “Mas não dá para sensualizar o tempo inteiro”, contou. A mamãe de trigêmeos, frutos do casamento com o empresário Stefano Hawilla, disse ainda que se sente renovada após o nascimento dos bebês. “Ganhei uma energia incrível, estou incansável”.

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As filhas de Demi Moore estão preocupadas com o frágil estado de saúde da atriz. Rumer, Tallulah e Scout, filhas do casamento com Bruce Willis, estariam pensando em buscar ajuda médica. “Elas temem uma recaída. Acreditam que ela não esteja sóbria”, disse uma fonte ao site RadarOnline. No começo do ano, Demi foi internada por abuso de subs-

tâncias e, depois, ficou em uma clínica para tratar da anorexia. A perda de peso da atriz é visível e se acentuou após o divórcio de Ashton Kutcher, com quem foi casada por seis anos. A união chegou ao fim após o astro de Two and a Half Men ter sido flagrado com a estudante Sara Leal numa boate na noite de seu aniversário de casamento.

SAÚDE

Claudia Gimenez fará cirurgia A atriz Claudia Jimenez, 53 anos, terá que passar por uma nova cirurgia cardíaca neste mês. Ela, que sofreu um infarto em 1999 e passou por uma cirurgia para a colocação de cinco pontes de safena, fará outra intervenção para trocar a válvula aórtica (responsável pela circulação do sangue). Em recente internação ela precisou colocar quatro stents para facilitar a circulação sanguínea. “Se não colocasse os stents, corria o risco de não poder fazer a cirurgia de troca da válvula aórtica, que acontecerá neste mês. Ela só está funcionando com 5% de sua capacidade total”, contou.

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Quem falou o quê?

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Justin Bieb CONFUSÃO

Justin Bieber é intimado a depor sobre agressão Em turnê pela Europa, Justin Bieber foi intimidado a depor na Califórnia, assim que retornar aos Estados Unidos, informou o site GigWise. No final do mês passado, o cantor se envolveu em uma briga com um paparazzo ao ver que o profissional tirava fotos dele com sua namorada, Selena Gomez. O astro teen se irritou e agrediu o fotógrafo, que prestou queixa. O rapaz sofreu ferimentos leves. Agora, Bieber terá que se explicar à polícia sobre a briga. Uma fonte disse ao site que o cantor irá cumprir a determinação judicial.

O ator Mark Wahlberg, 41 anos, vai voltar à escola para terminar o Ensino Médio. Ele começou um programa especial de estudo realizado pela internet que equivale a uma graduação convencional. Mark contou que terá de pegar todas as matérias que perdeu e está nervoso com isso. O ator espera completar o curso em oito meses

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CORPO

Fernanda Souza já teve vergonha

”A gente é [homossexual] desde criança. As duas. Eu com dez anos de idade me apaixonei por uma menina” Neném, da dupla Pepê & Neném, em entrevista à Marília Gabriela

”Não fui um pai presente, mas não me culpo” Do cantor Leonardo, em entrevista, após acidente do filho Pedro Leonardo

”Quando eu comecei a me alimentar e a me exercitar melhor, fiquei mais feliz”

Aos 41 anos, ator quer concluir Ensino Médio

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Gisele Bündchen , diante de uma plateia de aspirantes a modelos, sobre sua felicidade estar relacionada ao bem-estar

”Não me irrita o que me escrevem no Twitter” Luana Piovani , que sempre palpita sobre os outros, sobre críticas que fazem a sua pessoa no microblog

A atriz Fernanda Souza revelou que antes de interpretar uma adolescente sensual em Toma La, Dá Cá, na Rede Globo, tinha vergonha de usar roupas curtas. Como a personagem Isadora abusava das roupas pequenas, a atriz se acostumou e, agora, “acha bacana exibir as pernas”. Fernanda foi ao terceiro dia de desfiles do SPFW, em junho, com um look que promete ser tendência no verão 2013. Um vestido rosa com uma fenda grande, que valoriza as pernas da atriz. Questionada sobre suas preferências na moda praia, Fernanda diz que gosta de biquínis. “Embaixo com lacinho e cortininha em cima”, diz. Dona de um corpo sarado, a atriz conta que para manter-se em forma pratica pilates e muai-tai, além de correr 50 minutos na esteira todos os dias.

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Moda&estilo NA VIDA REAL

Figurino de novela A influência dos folhetins no consumo de produtos de moda e beleza no Brasil é enorme. Confira quais personagens geram mais pedidos de telespectadoras Cristina Bedendo São José dos Campos

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a fantástica vitrine da TV, figurino sempre dá ibope. A frase, verdadeira, compõe a abertura do livro “Entre tramas, rendas e fuxicos”, publicado pela Memória Globo. E não há como negar: basta observar uma rodinha de conversa feminina para constatar o quanto as novelas rendem comentários na vida real –e o quanto as pessoas se identificam com as histórias das tramas. E com a moda não é diferente: os figurinos dos personagens principais estão entre os itens que mais influenciam o consumidor final no Brasil. Quer ver uma tendência ir para a rua de verdade? Basta aparecer na novela! E esses hábitos de consumo, influenciados pelo visual da teledramaturgia, são ainda mais marcantes e reais na classe C, que em 2011 já ocupava 55% da população brasileira. Sempre retratada nos núcleos das novelas, o público dessa grande faixa social é hoje o principal foco da novela Avenida Brasil, da Rede Globo. E já vem confirmando tendências desde o início. Uma delas são os looks em tons claros, principalmente branco ou off white, usados pela personagem Carminha, interpretada por Adriana Esteves. Desde o último inverno, essas cores deixaram o estereótipo de cores de verão de lado e hoje estão entre os principais hits da temporada atual –e também continuam em alta

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CARMINHA Looks em tons claros, principalmente branco ou off white, usados pela personagem são tendência na vida real; ao lado, personagens da mansão de Tufão, no núcleo do Divino

• Carminha, interpretada pela atriz Adriana Esteves, a antagonis

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AMOR ETERNO AMOR Melissa, personagem de Cássia Kiss: cabelo curto conquista famosas ao redor do mundo (no alto); Miriam, interpretada pela atriz Letícia Persiles, lidera ranking de roupas e itens de beleza na novela das 8 (ao lado) para o verão 2013 que vem por aí. Na novela, as peças conferem à personagem um visual sempre alinhado, com peças de alfaiataria e tecidos nobres que transmitem uma imagem elegante e leve, pontuado por muitos acessórios, que estão entre os campeões de pedidos de informações no CAT (Centro de Atendimento ao Telespectador), da Rede Globo. Essas informações dos figurinos de mais sucesso entre os telespectadores são compilados num ranking mensal do departamento. Em abril, por exemplo, três acessórios da personagem estavam entre os mais pedidos na categoria: colar com pingente em formato de T, óculos de sol e colar de Nossa Senhora. Na maioria das vezes, os acessórios usados por Carminha são dourados –metal mais usado nas coleções deste inverno, por sinal. Já no ranking de maio, a lista dos mais pedidos inclui um relógio dourado usado pela personagem, entre alguns vestidos e até a camisola que ela usou em cena, com detalhe de renda. Outra personagem que vem chamando a atenção do público, principalmente entre as meninas mais descoladas, é a Débora, interpretada por Nathália Dill. A moça é adepta do estilo high-low, com mistura de peças sofisticadas com outras mais simples e cool, como t-

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Moda

AVENIDA BRASIL Cabelo de Nina/Rita, personagem de Débora Falabella, é referência de corte curto (no alto); Débora, interpretada por Nathália Dill, usa estilo high-low, que mistura peças sofisticadas com outras mais simples e cool -shirts com estampas divertidas, por exemplo. No último ranking dos pedidos do CAT, Nathália Dill estava na lista dos dez mais, com um sutiã preto usado em cena, bem à mostra sob uma t-shirt curtinha com saia longa. Além das roupas, seus anéis e o mix de pulseiras também costumam chamar a atenção. Mas não é só na novela do horário nobre, a chamada “novela das nove”, que o figurino rende tanta curiosidade do público. Quem lidera os rankings, tanto para as roupas como para os itens de beleza (batom e esmalte) é a personagem Miriam, da novela “Amor Eterno Amor”. Estão nos dois últimos rankings itens como vestido verde com detalhes na gola, bolsa marrom, colar prata com três voltas, batons vermelho e rosa e esmalte vermelho. Beleza Nos itens de beleza, aliás, os cortes de cabelo são muito influenciados pelas novelas. Os cabelos curtinhos, como os das personagens Cássia Kiss e Débora Falabella, são unanimidade também entre muitas famosas ao redor do mundo. E eles estão entre os cabelos mais procurados da Rede Globo nos últimos meses, ao lado também de Nathália Dill e Camila Morgado. •

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Publieditorial

GrĂĄvidas tĂŞm Atendimento Especial na ClĂ­nica Corpore Mulheres que praticam exercĂ­cios regularmente na gestação amamentam por mais tempo Praticar exercĂ­cios e ter uma alimentação balanceada ĂŠ receita de vida saudĂĄvel para qualquer mortal. Quando falamos de gravidez, entĂŁo, os cuidados com a saĂşde precisam ser redobrados. O espelho aponta as diferenças, a sensibilidade aumenta e o mundo começa a fazer outro sentido. Por isso, o acompanhamento mĂŠdico e cada detalhe na rotina fazem a diferença nos nove meses. Muitas mĂŁes, porĂŠm, com medo de sobrecarregar o corpo, acreditam que proteger o bebĂŞ dentro da barriga ĂŠ tambĂŠm nĂŁo mexer um sĂł mĂşsculo ou articulação. (P FDVRV UDURV H HVSHFtÂż FRV DV DWLYLGDGHV sĂŁo mesmo suspensas. PorĂŠm, essa ĂŠ a exceção, nĂŁo a regra. Praticar exercĂ­cios faz bem para a mamĂŁe e, consequentemente, para o bebĂŞ. Melhor ainda se todo e qualquer movimento do corpo estiver sob os olhos atenWRV GH XP SURÂż VVLRQDO HP WHPSR LQWHJUDO que consegue avaliar e respeitar o limite de GLÂż FXOGDGH GH FDGD PXOKHU QHVVH SHUtRGR mais sensĂ­vel. Melhor do que isso, um personal ĂŠ capaz de fazer com que esse tempo especial seja aproveitado com qualidade de vida, apesar do aumento de peso e de todas as outras mudanças desconfortĂĄveis e previsĂ­veis da gestação. (VVH SURÂż VVLRQDO HVWi QD &OtQLFD &RUSRUH GH 6mR -RVp GRV &DPSRV e Oi TXH DV IXWXUDV mamĂŁes podem encontrar esse tratamento tĂŁo especial pra elas. O mĂŠtodo exclusivo e SDWHQWHDGR R &RDFK HVWDEHOHFH DWHQGL mento individualizado a todos os clientes e, especialmente, Ă s gestantes. “Nosso conceito jĂĄ determina que o atendimento seja individualizado e especial para todos os clientes, mas o que fazemos com DV IXWXUDV PDPmHV p LQWHQVLÂż FDU RV FXLGD dos, permitindo que o treinamento delas seja adequado principalmente para a saĂşde. Muitas mulheres se sentem mal com o excesso de peso e as alteraçþes hormonais. Os exercĂ­cios direcionados para cada caso minimizam sintomas e trabalham a autoestima, tĂŁo importante nesta fase linda da mulherâ€?, destaca Michel Millen, diretor tĂŠcnico GD &RUSRUH GH 6mR -RVp GRV &DPSRV Uma pesquisa da Faculdade de Medicina de

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Lisboa, em Portugal, reforça os benefĂ­cios apontados por Michel. O documento aponta um dado importante: mulheres que se exercitaram na gravidez amamentam por mais tempo. “A prĂĄtica de exercĂ­cios ĂŠ um hĂĄbito e sĂł pode fazer bem. O corpo ĂŠ uma mĂĄquina e precisamos dar a ele combustĂ­vel e formas corretas para trabalhar, ainda mais na gravidez, quando uma criaturinha estĂĄ dependendo de tudo o que o corpo da mamĂŁe faz. &RPHoDU XPD URWLQD GH H[HUFtFLRV jV YH]HV ĂŠ complicado, e continuar pode ser penoso VH D RULHQWDomR QmR IRU HÂż FD] 1D &RUSRUH todo o trabalho corporal ĂŠ feito com motivação, alĂŠm da tĂŠcnica impecĂĄvel da nossa equipeâ€?, garante Michel. e LPSRUWDQWH GHVWDFDU DLQGD TXH RV WUDED OKRV FRUSRUDLV SRGHP VHU YDULDGRV H D &Ot QLFD &RUSRUH WDPEpP RIHUHFH R 3LODWHV WpF nica de controle muscular desenvolvida na dĂŠcada de 20 pelo alemĂŁo Joseph Pilates. A FRRUGHQDGRUD GR PpWRGR QD &OtQLFD &RUSR re, MarĂ´ Montini, garante que o Pilates faz bem ao corpo e Ă mente. “As pessoas pensam que a calma e a respiração exigidas no Pilates fazem do mĂŠtodo algo mais tranquilo e, consequentemente, TXH RIHUHFH XP UHVXOWDGR PDLV GHPRUDGR e um engano. O Pilates ĂŠ um mĂŠtodo confortĂĄvel, mas de muita concentração muscular e postura. Nas grĂĄvidas, entĂŁo, o auxilio ĂŠ importante demais, porque o corpo muda de uma semana pra outra e os exercĂ­cios acompanham as fases, ajudando nas dores da co-

luna, no fortalecimento muscular e tambĂŠm no relaxamento, tĂŁo fundamental nesta fase, tanto para a mamĂŁe quanto para o bebĂŞâ€?, observa MarĂ´. “A ideia ĂŠ fazer com que a rotina de exercĂ­FLRV HVWDEHOHFLGD QD JHVWDomR VHMD UHĂ€ HWLGD no pĂłs-parto, na recuperação da mĂŁe e na saĂşde do nenĂŠm. Para o bebĂŞ, como a gente viu na pesquisa, a amamentação pode durar mais tempo, o que aumenta a imunidade e isso ĂŠ incrĂ­vel; para ela, serĂĄ mais fĂĄcil retomar o corpo de antes. Resumindo: ĂŠ bom pra todo mundo, inclusive pra gente que participa dessa fase Ăşnica e ainda pode ajuGDU EDVWDQWH´ Âż QDOL]D 0LFKHO

Susana Paiva e MarĂ´ Montini

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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

O grande lixo dos pequeninos. Até quando?

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empre me incomodou o fato de um bebê usar oito fraldas por dia, 56 por semana, ou seja, 2.920 unidades por ano! Por isso, desde antes de engravidar comecei a pesquisar opções ecológicas, com menor impacto ambiental e que gerassem menos lixo. Ah, voltar para as versões antigas de pano não é uma solução, visto que não acho higiênica, além de gastar muita água. Ainda mais aqui nos Estados Unidos onde não existe empregada e temos que fazer tudo nós mesmos. Praticidade é, sim, um ponto a ser levado em conta. Depois de correr atrás do que tem no mercado, pude dividir as fraldas em quatro grupos: as descartáveis convencionais, as descartáveis eco-friendly, as híbridas (calça de pano e enchimento descartável) e as 100% de pano. Há quem diz que sou louca de experimentar uma das versões menos práticas e mais ecologicamente correta. Outros vão criticar a minha escolha final (claro que ela pode mudar conforme novas opções forem aparecendo). Enfim, independente do julgamento de qualquer pessoa resolvi trazer aqui a minha experiência, por mais que ela não tenha tido um resultado ideal. Vamos lá. As descartáveis convencionais e as de pano estão fora de cogitação não só por questões ambientais, mas também pela saúde do meu filho. A pele dele não precisa entrar

em contato com químicos nocivos. Dito isto, meu foco foram as duas outras opções. Juro que eu queria ter gostado e conseguido usar a fralda híbrida –para mim a mais eco-friendly de todas. Testei a marca gDiapers, uma das mais conhecidas por aqui. Ela tem uma calça de algodão bem bonitinha com velcro e dentro vem com um forro removível de plástico, onde é colocada a parte descartável. Ou seja, é necessário ter algumas calcinhas/cuequinhas e ir trocando somente o refil interno que parece um absorvente gigante. O legal desta fralda é que ela é feita com material renovável e é biodegradável. Isso mesmo, pode ser compostada, jogada na privada ou mesmo no lixo orgânico. Isso sem contar que não é usado nenhum químico nocivo para a saúde e meio ambiente na sua produção. Parece um sonho, né? Mas na prática não é bem assim. O forro plástico esquenta a pele do bebê, o absorvente descartável não fica preso direito, xixi e coco vazam e ela é bem volumosa. É difícil admitir, mas apesar de ser a melhor na teoria, no dia a dia ela não me conquistou. Ainda tenho aqui em casa e uso de vez em quando. Com o calor de agora, ela faz as vezes de uma sunga e fica uma graça com uma camiseta. Me restou então experimentar as marcas que fazem fralda descartável, mas com apelo ecológico e hipoalergênica. Explico. Alguns grandes players fazem um modelo ou outro mais “verde”. Até onde é pura jogada

de marketing, não sei mas sempre desconfio. Testei a Huggies Pure & Natural hipoalergênica feita com algodão orgânico e aloe vera. Mas sua performance foi a pior de todas, deixando vazar demais. Já outras empresas focadas no mercado sustentável também contam com o item em questão na sua cartela de produtos. As marcas Seventh Generation e Earth’s Best fazem fraldas que não usam cloro como alvejante, é livre de fragrância e látex, e não usa loção com ingrediente derivado de petróleo. Ou seja, não agride a pele do bebê e o processo de fabricação é menos prejudicial ao meio ambiente. Além disso, a segunda contém material absorvente natural, como milho e trigo. Aliás, vale ressaltar que ambas absorvem muito bem e deixam vazar menos que todas as outras que experimentei (o que inclui as versões convencionais da Pampers e Huggies). O ponto negativo é que não são biodegradáveis e continuam gerando o lixo que eu tanto temia. Resumindo: não encontrei fralda boa que minimize a geração de lixo e/ou seja biodegradável. Mas pelo menos estou optando por algumas com menor impacto e maior segurança para a pele do meu filho. Agora, por que algum grande player não se mexe e faz uma fralda biodegradável descartável? Garanto que ganharia muito dinheiro pois não sou a única que se preocupa com esta questão. #ficaadica •

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

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ValeViver CULTURA

Câmeras na serra Filmagens do longa “A Pele do Cordeiro”, com Carolina Dieckmann e Paulinho Vilhena, estreitam relação da equipe de produção com o charmoso distrito São Francisco Xavier

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Divulgação

ELENCO Carolina Dieckmann, Maria Ribeiro, Caio Blat, Paulinho Vilhena e Julio Andrade; um time de estrelas que ‘invadiu’ São Francisco Xavier

Isabela Rosemback São Francisco Xavier

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o meio da praça Cônego Antônio Manzi, em São Francisco Xavier, um burburinho roubava a atenção de um grupo de apoio do Festival da Mantiqueira, evento literário realizado em maio no distrito de São José dos Campos: “Era a Carolina Dieckmann, sim!”. Outra roda travava a mesma discussão, ainda levantando suspeitas em alguns. A hipótese de que a loira tivesse circulado entre as tendas, entretanto, não era absurda –a atriz, Paulinho Vilhena, Caio Blat, Maria Ribeiro, Julio Andrade, Lee Taylor e Martha Nowill começavam, naquela

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semana, a filmar os primeiros takes para o longa “A Pele do Cordeiro” em um sítio dali. Nos dias que se sucederam, porém, a presença do grupo no pacato distrito não mais causava estranheza. À vontade, os atores frequentaram os restaurantes da cidade, fizeram amizade com locais e comerciantes e, de quebra, houve até um morador que teve o seu carro comprado pela produção para que pudesse ser usado (e literalmente destruído) em cena. Foram quatro semanas de filmagens que realmente movimentaram a rotina de quem vive por lá. “Eles circulavam pela cidade de forma sempre carismática. Conversavam com os turistas e moradores sem estrelismos ou sem pose de intocáveis. Nos surpreenderam bastante, foi bem interessante”, declara Thompson Lee, proprietário de um restaurante japonês muito frequentado pela equipe.

Locação O filme “A Pele do Cordeiro”, dirigido pelos pai e filho Paulo e Pedro Morelli, conta a história de um grupo de amigos escritores que se propõe a escrever cartas para eles mesmos durante um final de semana em um sítio, em 1992, para que elas sejam abertas no mesmo local dez anos mais tarde. A nova reunião, porém, acaba colocando em foco a relação de amizade estabelecida entre eles e as desilusões que acompanham o processo de amadurecimento de cada um. As cenas foram todas rodadas em uma propriedade pertencente ao diretor do longa. “Há 11 anos visitei São Francisco Xavier e me apaixonei pela cidadezinha que ela é. Então comprei o terreno na região de Santa Bárbara e comecei a construir. Isso tudo entre março e dezembro do mesmo ano”,

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conta Paulo Morelli, também um dos sócios da 02 Filmes ao lado do cineasta Fernando Meirelles e da produtora Andrea Barata Ribeiro –ambos de “Cidade de Deus” (2002). Morelli, que, entre outros trabalhos, fez o filme e a série global “Cidade dos Homens”, conta que a ideia de usar o refúgio na montanha como locação de um filme não lhe ocorreu de imediato, mas sim lhe soou interessante há seis anos. “Foi quando comecei o projeto com o meu filho Pedro. Pensamos que seria legal e inventamos o enredo”, afirma. A vinda para a Serra da Mantiqueira neste período do ano não foi escolhida apenas por uma questão de agenda, mas também foi pensada de modo que favorecesse a realização das imagens. “A gente esperou esta época do ano para enfrentar menos chuva. O ideal, mesmo, seria ter gravado em agosto. Ainda assim, o tempo não chegou a atrapalhar”, comenta Morelli. Apesar de raras intempéries, como tempestade e neblina, o cronograma das filmagens seguiu como o previsto: iniciados em 21 de maio, os trabalhos terminaram no dia 18 de junho. Durante as quatro semanas, os atores e a equipe ficaram hospedados em pousadas. “Foi bem mais simples do que um longa costuma ser, tudo fácil de resolver. Todos iam a pé para o sítio”, conta o diretor. Preparação Para proporcionarem uma atmosfera mais próxima da pretendida na criação do longa, Paulo e Pedro Morelli se deslocaram para São Francisco Xavier 15 dias antes de as filmagens começarem. Com eles, trouxeram o preparador de elenco Christian Duurvoort. “Quando os atores vieram, não foram direto para a pousada. Ficaram um final de semana no meu sítio, dividindo os cômodos e convivendo como amigos. Alguns já tinham essa relação, mas foi uma forma de aproximar a todos. Depois fizemos dois ensaios, de quatro e cinco dias mais ou menos, nos quais eu dei liberdade para que eles recriassem os textos. Tanto que não deve haver dois takes exatamente iguais, porque muitas das falas que filmamos foram improvisadas. Isso deu muita verdade às cenas”, comemora o diretor. O ator Julio Andrade –o mordomo Arthurzinho de “Passione” (Globo, 2010)– reforça a ideia de sinergia nos dias de gravação. “O Paulo foi muito generoso. A preparação foi tranquila, fizemos as cenas de uma forma muito aberta e isso deu realismo a elas. Você realmente acredita naquela turma”, afirma o intérprete de Casé, que no enredo é um crítico de literatura ao qual o próprio Andrade

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DIRETOR Paulo Morelli, apaixonado pelo distrito e dono do sítio onde foram feitas as filmagens; ao lado, o casal Maria Ribeiro e Caio Blat

adicionou uma pitada leve de humor para aliviar a soberba prevista no roteiro original. Equipe e a cidade Durante as quatro semanas em que gravaram, os atores tinham direito a uma folga a cada seis dias. Alguns que tinham filhos, como Carolina Dieckmann e o casal Caio Blat e Maria Ribeiro, chegaram a aproveitar as brechas para matar a saudade das crianças. Os demais puderam aproveitar ainda mais os encantos e os restaurantes do distrito. Paulinho Vilhena, que recebia a visita da mulher e também atriz Taila Ayala, foi apontado como um dos que mais passeou por ali. E Julio Andrade não hesita em dizer que fez bons amigos entre os moradores. “Adorei a cidade, que é muito gostosa e acolhedora. Curti a natureza, ainda mais porque a pousada tinha um visual incrível e cachoeiras. Fui em todos os restaurantes. Fiquei até amigo, a ponto de almoçar na casa, da Maly Caran”, conta. O ator refere-se à proprietária de um comércio especializado em produtos feitos à base de ervas. “O Julinho!”, anima-se Maly. “Ele, a

Carolina e o Paulo vinham muito à loja, mas o Julio foi realmente o que mais se aproximou, tivemos uma afinidade maior. Ele é um encanto de pessoa e um super artista. Está fazendo um filme em que interpreta Gonzaguinha e chegou a cantar músicas do compositor para a gente. Ele canta muito bem”, conta. Maly, que está em São Francisco Xavier há 16 anos, também se conectou ao filme por outro fator: a chef Rita Taborelli, convidada pela produção para preparar a comida de um cenário de banquete, é amiga da família e ficou em sua casa. “A relação de todos da equipe foi sempre muito amigável. Eles até brincavam: ‘Quem sabe não daria para vir morar aqui?’ Mas não dá, né? Com o ritmo de vida deles, não dá”, conclui. Entre os moradores do distrito também há quem diga que algumas pessoas locais foram deslocadas ao sítio de Paulo para dar apoio à produção. “Não conheço ninguém que foi, mas é o que sabemos”, afirma Thompson Lee. Em seu restaurante, ele afirma que o clima era sempre de descontração entre atores e funcionários. “O próprio Paulinho Vilhena, no

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final, já nos chamava pelo nome. Todos nos tratavam muito bem. A única coisa que nos pediam era para separarmos uma mesa mais reservada, para eles, para não serem tão assediados. Mas mesmo assim davam autógrafos quando pediam, foi muito legal. Movimentou muito o comércio daqui, porque a equipe era relativamente grande”, conta. Uma peça fundamental Um exemplo desse aquecimento no setor foram as compras de materiais de construção realizadas pela produção nas lojas especializadas do distrito. “Eram coisas básicas, do dia a dia, como foi o caso de uma lona de plástico, lata de tinta...”, explicou com receio Francisco Bueno Souza, funcionário de uma delas. Para Souza, que tem 54 anos, o retorno da venda, porém, foi muito mais representativa. “Eu vendi o meu carro a eles”, celebra. O automóvel já estava em oferta, conforme ele conta, e foi negociado por um valor que, discreto, ele prefere não revelar. “Viram a plaquinha e falaram comigo. Era preço de tabela, mas essas coisas a gente não deve falar. Foram muito

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educados com a gente”, desconversa. O Volkswagen prata, modelo Parati, era ano 94 e deu a partida diante de Souza para nunca mais voltar. “Ele estava em bom estado. Aí o levaram, equiparam e, uma semana antes de terminarem as gravações, usaram em uma cena filmada na serra do Cafundó. Ele foi incendiado e rodou serra abaixo. Não acompanhei. Sei que deu PT, mas nem me abalei”, afirma Souza. O filme O acidente com a Parati é uma das partes de tensão do filme, que não chega a ser um drama de todo denso. “É um enredo que combina muito humor e melancolia”, define o diretor Paulo Marelli. A história desenrola-se a partir do encontro de um grupo de amigos apaixonados por literatura em um sítio. Nesse recorte ambientado em 1992, todos comemoram o lançamento do primeiro livro que publicam. Desse encontro surge a ideia de cada um escrever uma carta para si, detalhando os sonhos que mantêm naquele momento e os projetos que almejam

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realizar no futuro, para que, exata uma década mais tarde, uma nova reunião seja feita para a leitura desses documentos. É nesse mesmo dia do enredo que a Parati de Souza faz a sua derradeira aparição, em cena trágica: o mais talentoso dos escritores sofre um acidente fatal. Passados dez anos, os amigos voltam a se encontrar no local para confrontar as suas conquistas com os anseios da juventude. “É um filme que tem duas grandes visões: a da amizade de grupo, cujo contraste é a traição desse relacionamento (o grande drama do enredo), e as questões em torno do amadurecimento destoando daqueles sonhos da juventude”, complementa o diretor. A princípio, o roteiro (também assinado por pai e filho) foi escrito fora de uma ordem cronológica. Em um segundo momento, entretanto, ele foi adaptado, e posteriormente filmado, a uma versão linear –ainda que as cenas de 2002 tenham sido realizadas antes das de 1992. “Foi uma solução prática para poderem tirar a barba. O personagem do Caio Blat tem barba na segunda fase, mas não na primeira, porque ele é muito mais molecão no primeiro momento e mais denso no segundo”, explica Morelli. Isso não garante, porém, que o longa seja finalizado de forma linear. “Durante as filmagens, muita coisa se descobre. E a montagem é soberana, não adianta”, teoriza o diretor. Ainda sem previsão de conclusão, “A Pele do Cordeiro” nasceu com a intenção de ser lançado em circuito nacional e comercial. Apesar de parecer denso, é defendido por seus realizadores como uma história com grande potencial para agradar o público, mas isso só deverá ser conversado com as distribuidoras quando tudo estiver pronto –assim, o poder de argumentação é ampliado. “Fico feliz de ter participado desse filme, porque é um presente que o Paulo fez para o filho, que está começando agora. E além disso, foi tranquilo de fazer porque não exigiu deslocamentos ou troca de hotéis como é de costume em outros trabalhos. Isso nos permitiu criar uma afinidade com o pessoal da região, o que fará, deste, um grande filme. Porque cinema é isso: é união, é turma. E isso fica na tela”, encerra o ator Julio Andrade, que avalia São Francisco Xavier como de grande potencial para se tornar um polo cultural no futuro. E antes que você se pergunte... Sim! O distrito é mencionado em uma única cena, quando uma das personagens abre a porta do sítio e diz: “São Xico” –datando, em seguida, quando foi que chegou ali. ali •

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MÚSICA

Rimas da diversidade Rappers gays e transexuais entram para a cena hip-hop do Brasil, mas ainda devem derrubar preconceitos para terem o trabalho aceito no movimento; tendência é realidade nos Estados Unidos, onde foi classificada como “queer” Isabela Rosemback São José dos Campos

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o outro lado da linha, logo que o telefone é atendido, uma voz grossa e forte cumprimenta alguém que estaria por perto: “E aí, véio?”, assim, na gíria. Em questão de segundo, a rapper goiana de 29 anos volta à ligação e agradece a atenção dada ao seu trabalho, que ficou incubado durante mais de uma década em uma câmara velada por questões morais. MC Mademoiselle se traveste de mulher e, por ser gay, diz que até ontem não visualizava espaço na cena rap para as suas rimas, que gritam um basta à homofobia. Hoje, porém, decidiu ultrapassar a barreira que lhe era imposta e assumir os microfones, ao mesmo tempo em que, no Rio de Janeiro, um novo grupo com mesma proposta começa a surgir dos bastidores da Cufa (Central Única de Favelas). As iniciativas seguem uma tendência que já cresce nos EUA e é classificada como “queer”. Indica, também, que foi dada a largada –ainda que bem discreta– para um longo percurso a ser percorrido para a conquista da expressão livre das ideias que escancaram, de forma provocativa, uma diversidade que muitos ainda recusam-se a aceitar. E tudo isso no terreno de um estilo musical que, apesar de clamar por igualdade, ainda patina ao tratar a questão dos gêneros de forma incoerente. “Ainda há aquele pensamento estereoti-

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pado de que os rappers têm de ser homens e agressivos. As mulheres agora já são bem aceitas nesse papel, mas foi por meio de luta que elas chegaram lá. E acredito que essa abertura para os gays tem de ser conquistada da mesma forma”, considera Mademoiselle. Dois anos antes de assumir a sua homossexualidade, a MC –que complementa seu nome artístico com Lulu Monamour– já esboçava os seus primeiros jogos de palavras, mas diz que era um exercício solitário. “Tinha 14 anos e sempre achei prazeroso fazer as rimas. Mas não havia espaço para mim no movimento [hip-hop]. Já sabia que era um ambiente machista e fui adiando a minha inserção nesse meio”, afirma. Ataque “Montada” com roupas femininas e salto alto, Mademoiselle tem subido a mais palcos nos últimos meses e arrisca a identificar-se como a primeira rapper gay do Brasil. “Mas receber convites para cantar é um problema, ainda. Tenho um público fiel, composto por maioria GLS ou feminina, mas a aceitação da classe em geral ainda é difícil. Por isso trato o assunto como uma etapa a ser vencida”, afirma. No repertório, suas músicas pesam em letras que recriminam a violência contra homossexuais. Em alguns momentos, até, provocam desconforto ao sugerirem que o troco deva ser dado na mesma moeda –e quem disse que não há agressividade no rap gay?—, como forma de se impor o respeito. “Violência gera violência? Tem certeza? A violência do oprimido é autodefesa”, repete

em uma de suas músicas mais hostis. Ainda assim, essa não é a tônica de todo o seu trabalho. “O foco não é só na homofobia. Também gosto de falar de temas femininos, como das mulheres que deixaram o avental de lado e foram à luta, além de assuntos como o amor. Até para não ficar tão carregado”, justifica. Apesar de só ter lançado uma mixtape, que ela pretende transformar em CDs para a comercialização em lojas num futuro próximo, as músicas da MC podem ser ouvidas na internet, em canais como o Youtube e o Soundcloud. No mesmo espaço, tido como democrático, críticas preconceituosas e elogios de incentivo entram em choque diante dos olhos dos internautas atentos ao espaço reservado a comentários. “Para o ataque há o contra-ataque. E, quando me apresento, é claro que há um impacto sobre o público. Mas ser aceita pela plateia heterossexual não influencia em nada no meu trabalho. Vou continuar fazendo minhas rimas, independentemente disso. Eu visto uma personagem, mas não deixo de ser eu mesmo. Eu sou assim e tenho sido tratada com muito respeito. É até engraçado, porque sempre me falam : ‘Você está aí, de vestido e maquiagem, mas é como se eu estivesse conversando com um homem’”, conta a MC, que não poupa em suas letras as gírias comuns à linguagem do hip-hop. Mademoiselle –que comemora ter recebido, recentemente, um convite para cantar ao lado de outros MCs em um show do estilo–, atribui ao machismo o fato de não haver conhecimento sobre outras rappers

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Digulgação

LULU MONAMOUR

“Tenho um público fiel, composto por maioria GLS ou feminina, mas a aceitação da classe em geral ainda é difícil”

Se eu pego o agressor que do oprimido o sangue derrama/ por machismo, homofobia, por sua atitude insana/ Seria olho por olho, ia ser dente por dente/ Degolar, abrir o crânio, pra ver o que tem na mente trecho de rap de Mademoiselle

Se forem satisfatórias, as músicas, pode chegar sempre. A cultura hip-hop não pode ter preconceito com nada disso. Se existe algum preconceito nela, que admiro há muitos anos, então não sei mais o que enxergar diante dos meu olhos Ridículo! Não tenho preconceito, mas homossexuais no hip-hop? Imaginem os papos dos caras... Sobre o que eles iriam falar nas letras? Realidade? Lógico que não! Mulher, dinheiro, governos, etc.? Não! Então xô, gays comentários deixados na enquete da Cufa

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Gansta G, um quarteto formado por rappers gays, já prepara suas músicas para entrar em estúdio no Rio de Janeiro, uma iniciativa da Cufa

do gênero. “Conheço poucas que planejam entrar para a cena, e isso acontece porque os gays nunca se situaram nesse ambiente. Sempre foram deslocados. A luta por qualquer causa deve ser diária. Tem de ser feita com união e dedicação, para que todos se integrem”, encampa. Em formação Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o Gansta G (ou Gangsta Gay), como deverá se chamar o quarteto, já prepara seus raps e discute que atitudes e visual deve adotar. “Os quatro integrantes já estão em fase de composição e ensaios. Devem entrar em estúdio no final do ano e iniciar as atividades em 2013”, adianta Celso Athayde, um dos idealizadores do projeto. Co-fundador da Cufa (Central Única de Favelas) e parceiro do rapper MV Bill na liderança da organização, no livro “Cabeça de Porco” e no documentário “Falcão - Meninos do Tráfico”, entre outros trabalhos ligados ao cotidiano das periferias, Athayde afirma que a iniciativa de dar voz aos homossexuais no rap serve como mais uma ferramenta contra o preconceito. “A Cufa é uma provocadora por definição. E, sabendo que o hip-hop é homofóbico e machista, detectou a necessidade de fazer com que os nossos pares revejam os seus conceitos. Pois se queremos, enquanto negros, favelados e funcionais em nossa maioria, ser respeitados pelos outros , o nosso dever de casa é respeitar os nossos”, afirma. Assim como Mademoiselle, o quarteto formado por colaboradores da organização já tem letras prontas que não se restringem às críticas à homofobia. Desigualdade social e amor entram na pauta ao lado de outros temas. “Tenho escutado as composições e elas falam de muitas coisas sobre aquilo que eles vivem como gays, como brasileiros, como manos e humanos”, resume Athayde,

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BIG FREEDIA

Rapper é a grande estrela do Sissy Bouncing, um rap típico de Nova Orleans, que existe há mais de 20 anos

“A base do hip-hop é a luta c o elso Athayde, co-fundador da Cufa (Central Única de Favelas) e um dos responsáveis pela criação do grupo “queer” Gangsta G, convive lado a lado com o rap, mas nem por isso faz vista grossa para o que ele considera ser ilógico dentro da estrutura do hip-hop –a discriminação de gays na música do movimento. Por isso, não se priva de criticar essa postura propagada por seus agentes, definida por ele como machista. Confira mais trechos da entrevista à valeparaibano:

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Vocês lançaram uma enquete no site da Cufa para colher opiniões sobre os gays no rap. Que posicionamento prevalece e que conclusão tira disso? < O que me parece é que 70% acham que os gays não têm nada a ver com o rap e têm

de fazer outra coisa. Outros 20% acham a mesma coisa, só que assumem uma posição politicamente correta e apoiam a causa em nome da ética. 5% os apoiam de verdade e os outros 5% eu não sei quem são. Pensando nas mensagens que o rap costuma transmitir, parece contraditório haver resistência a essa forma de expressão dentro da cultura hip-hop. A que credita essa falta de espaço e que argumentos usaria para justificar a necessidade dessa abertura? < A base do hip-hop é a luta contra as diferenças sociais e étnicas. É a luta pela igualdade. Mas na prática isso só acontece até onde vai o alcance dos nossos olhos, que só enxerga aquilo que nos aflige e que nos massacra. Acabamos reproduzindo, sempre em

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Na melhor fase do rap, que ganha cada vez mais evidência internacional, gays se articulam para ter reconhecimento e atuar nesse filão musical

que faz duras críticas sobre o tratamento que é dado aos gays no rap brasileiro (leia entrevista no box abaixo).

ZEBRA KATZ

Integrou o coletivo de rappers gays House of LaDosha. Nascido em Nova York, é destaque na cena “queer rap”

c ontra as diferenças sociais” alguma medida, a repressão da qual reclamamos e repudiamos. O hip-hop precisa lidar com essa realidade também. Se querem vender seus CDs para disseminar o bem, então vamos ter de conviver com todas as diferenças. Esse é um exercício que temos de assumir. Se o rap tem medo desse tema, então a Cufa vai pautá-lo. Não para fazer polêmica, mas para trazer justiça. O nome Gangsta G, inclusive, é uma referência direta ao estilo “gangsta” americano de rap, que costuma adotar uma postura machista? A ideia seria rebatê-lo, tornando o quarteto um espelho crítico desses artistas? < No primeiro momento foi pensado para rebatê-lo, mas depois amadurecemos a ideia. Agora, é para que seja um grupo que não se

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preocupe com isso, mas sim esteja preocupado somente em falar das suas dificuldades e de suas felicidades. Para falar de amor. Como fugir dos estereótipos e dos públicos específicos feminino e gay? Aliás, que público pretendem atingir? < Esse é um risco calculado e assumido. Mas isso pode não ser um problema se as mensagens forem passadas de maneira séria, como sugerem os temas que serão abordados. O que projetam para o futuro, lançando este grupo? < Não existe projeto que não seja trazer uma discussão para o movimento. O que vai surgir depois disso será consequência da capacidade que o hip-hop tem de se reinventar.

Lá fora Em um momento em que o rap vive a sua melhor fase, ganhando força e se mantendo em evidência internacionalmente, os gays, lésbicas e transexuais de outros países também têm feito barulho para galgarem o seu reconhecimento neste atual filão musical. O próprio termo “queer”, pelo qual têm sido classificados, é originalmente inglês e está diretamente associado à sexualidade que foge da convencionada. Acostumados com clipes em que mulheres seminuas são tratadas com vulgaridade em ambientes que ostentam luxo, por exemplo e não generalizando, também é previsível que os adeptos ao ritmo resistam à inserção desses novos artistas no catálogo do hip-hop. Ao estranhamento soma-se, ainda, o fato de que o conceito do “queer rap” ainda é amplo entre os seus representantes no exterior. No combo do rótulo entram variações do rap, como o bounce music (de batidas fortes e aceleradas para serem dançadas mexendo o bumbum freneticamente), misturas com músicas eletrônicas e até o kuduro, como é o caso da transexual angolana Titica, que ganhou visibilidade explorando o ritmo. Black Cracker, Mykki Blanco, Big Freedia e Zebra Kats são alguns dos outros nomes do segmento. “Não é a primeira vez que um gênero musical tem tendências ou vertentes distintas. Isso acontece no rap por meio de subdivisões como a feminina e a gospel. E são grupos, esses, que cantam em geral o que os seus corações sugerem. Da mesma forma, os gays vão cantar o que eles sentem, com vários temas. Falar do mundo deles é só uma opção”, encerra Celso Athayde. •

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CANAL PAGO

Amiguinhas, voltei! Dois anos afastada da TV, Palmirinha Onofre estrela programa em canal da FOX Isabela Rosemback São José dos Campos

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simpática culinarista Palmirinha pode até não se equilibrar muito bem no skate, como o vídeo que bombou na internet nas últimas semanas sugere, mas segura bem as pontas quando o assunto é comandar um programa de receitas com espontaneidade. Para as “amiguinhas” e os “amiguinhos” que já estavam com sauda-

um programa feito com muito carinho e com muitas delícias também”, adianta Palmirinha, que acaba de laçar “50 Receitas Fáceis e Rápidas” –mais um livro que ensina o preparo de pratos do jeito que o público gosta. Menos engessada, a atração terá um novo formato. “Cada programa será dividido em três blocos. Separei 26 receitas maravilhosas e tenho certeza de que as minhas amiguinhas vão adorar. Uma coisa é certa: vou manter-me como eu sou”, garante. Além dos quadros culinários, a apresentadora também deve contar histórias e dar dicas de web. “Toda estreia é sempre um recomeço.

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des dessa senhorinha de 80 anos muito da esquecida, a boa notícia é que ela retornará à casa dos telespectadores no “Programa da Palmirinha”, que estreia no próximo dia 11, às 22h, no canal pago BemSimples. Afastada da televisão desde 2010, quando se despediu do programa “TV Culinária”, na Gazeta, a também requisitada garota-propaganda de campanhas publicitárias reaparecerá ao lado do companheiro Guinho, o boneco que dá aquela mão para ela na cozinha (principalmente quando o nome de algum ingrediente foge traiçoeiro à sua memória). “Estou emocionada com o novo projeto. É

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Contato com alunos e professores de todo o país

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PALMIRINHA ONOFRE

“Aos 80 anos, reestrear na TV é um grande desafio. Quem ama o que faz não consegue ficar parado”

Quando a gente acha que já sabe de alguma coisa, aí é que está o grande erro. Aos 80 anos, reestrear na TV é um grande desafio! Só que não faço isso sozinha. Tenho uma grande equipe que me ajuda com tudo”, dá os créditos. O retorno Depois de vários boatos de que seria contratada por outras emissoras, e de passagens por programas de entrevista de diversos desses canais, a apresentadora –que era habitué no quadro “Top 5” do CQC (Band), quando ainda estava na Gazeta– comemora a volta ao fogão televisivo. “Se parece confusão o que eu faço, digo que só estou sendo eu mesma. Acredito que é assim que as pessoas gostam. Quem ama o que faz não consegue ficar parado. Neste ano completo 81 anos e só vou parar no dia em que Deus me chamar. E olha que vou continuar fazendo os meus quitutes lá no céu!”, brinca, com a espiritualidade que já tornou-se sua marca registrada. • O programa vai ao ar sempre às quintas-feiras, às 22h, no canal BemSimples, da FOX

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CINEMA

A teia voltou ‘O Espetacular Homem Aranha’ viaja no tempo e traz um Peter Parker tentando se descobrir; novos atores, diretor e uma trama mais próxima dos quadrinhos

Franthiesco Ballerini São Paulo

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arece que foi ontem, mas já faz meia década que Peter Parker vestiu seu uniforme e pulou pela última vez entre os arranha-céus de Nova York nos cinemas. Da última vez, em 2007, ainda com Tobey Maguire no papel principal, suas façanhas renderam quase meio bilhão de dólares mundo afora. No próximo dia 6 de julho, agora interpretado por Andrew Garfield (“A Rede Social”), está de volta aos cinemas “O Espetacular Homem Aranha”, devidamente uniformizado, em 3D e com algumas novidades na trama, embora o cenário ainda seja Nova York. Sam Raimi não mais dirige a franquia, tomando seu lugar o diretor ainda pouco experiente em cinema Marc Webb, conhecido pelo filme “500 Dias Com Ela” e séries televisivas como “The Office” e “Lone Star”. A trama volta ao tempo e traz Peter Parker como um adolescente, tentando descobrir os segredos do seu passado, especialmente sobre o destino dos seus pais, enquanto tenta conquistar uma garota do colegial, Gwen Stacy (Emma Stone). Quando descobre uma maleta misteriosa de seu pai, que o abandonou na infância, ele é levado a conhecer o antigo sócio dele, Curtis Connors (Rhys Ifans). É quando ele se dá conta de que não viraria Homem Aranha por acaso e que o ex-sócio do pai tem uma participação especial nisso, ainda mais por ser o vilão Lagarto. “Em resumo, é a história de um garoto que está à procura de seus pais e acaba descobrindo

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PETER

Andrew Garfiled assume a fantasia e o lançamento de teias pela cidade de NY

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EXPERIMENTANDO

A picada da aranha não foi por acaso, a existência do herói tem as suas razões

a si mesmo”, disse o diretor Marc Webb no lançamento do filme, nos EUA. “Ao mesmo tempo, não acho que o Lagarto é o pior vilão do planeta. Ele não é o típico vilão que quer aterrorizar as pessoas, ele apenas acredita que está fazendo a coisa certa”, completou o diretor. Fiel aos quadrinhos, o novo filme vai mostrar Parker inventando teias de aranha artificiais, o que sugere que sua transformação em super-herói não foi nada por acaso, como se viu no primeiro filme em que Peter Parker (Tobey Maguire) era picado por uma aranha no laboratório da escola. Este reinício da história ocorreu por decisão da Sony, que cancelou o projeto do “Homem Aranha 4”, embora parte do time de produtores tenha sido mantida. Se a estratégia de reiniciar a história –já feita em

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franquias anteriores, como “Star Wars”– for bem-sucedida nas bilheterias, já existe uma sequência deste filme programada para ser rodada em 2014, com o mesmo elenco. Embora não tenha o perfil típico de um super-herói –por ser meio franzino– Andrew Garfield já se viu no papel de Homem Aranha outras vezes. Alguns anos atrás, brincou de interpretar o herói para um amigo ator. “Quando recebi a notícia que ganhei o papel, comecei a lembrar que eu também não era forte nem extrovertido no colégio, e que adorava colecionar revistas do Homem Aranha quando criança porque me achava parecido com ele”, disse o ator ao The Sun. “Por dentro eu sempre me senti forte, mas eu aparentava um garoto fraco por fora. Viver Peter Parker é como uma fantasia pessoal se tornando realidade, pois este personagem

vive dentro de mim há muitos anos. Além disso, acho muito bacana a ideia de recomeçar a história. O Marc deixou-a mais firme, realista, com um tom bem diferente dos três últimos filmes”, completou o ator. Heróis Os produtores Avi Arad e Matt Tolmach têm experiência de sobra com filmes de super-heróis. Foram produtores de filmes como “X-Men”, “Elektra”, “O Quarteto Fantástico” e “Homem de Ferro”. Ainda assim, eles dizem que tomar a decisão de reiniciar a história foi muito arriscado, pois uma legião de fãs do quadrinho acompanha a trajetória do personagem desde sua publicação, em 1962. Por isso, quando as primeiras imagens começaram a sair do filme, foi natural que

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houvesse uma chuva de reclamações de todos os tipos. Do fã que não gostou de Andrew Garfield no papel principal a outro que detestou o uniforme dos personagens. “Apesar de todas as críticas, apostamos na força da história de um garoto se descobrindo e virando homem. Do primeiro grande amor da vida e outros grandes momentos desta fase”, comentou Tolmach em entrevista no KingCon Rio, em fevereiro. “O fato de investigar a vida de um garoto que ficou órfão muito novo é de interesse de todo o público da franquia. Ele é um garoto saudável, mas cheio de perguntas”, completa Arad. Tobey Maguire queria continuar na franquia, mas com a decisão de reiniciá-la, não faria sentido algum, e o ator aceitou ser afastado do projeto. Outra novidade do filme é a apresentação do Lagarto. Embora o personagem Curt Connors tenha aparecido nos filmes de Sam Raimi, ele nunca tinha virado o Lagarto nos cinemas, e os produtores estão apostando alto na popularidade do mesmo.

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Em termos de imagens, uma grande novidade é que “O Espetacular Homem Aranha” será o primeiro filme de grande orçamento de Hollywood rodado com a câmera RED Epic, conhecida pela precisão e riqueza de captura das imagens. Por fim, os produtores decidiram também utilizar menos efeitos especiais e tornar a interação dos atores mais constante. Isso porque filmes como este são feitos dentro de estúdios, diante de um telão verde em que tudo é colocado depois na pós-produção –cenários, explosões e interação dos personagens. Por se tratar de um reinício do personagem, era importante ter mais filme e um pouco menos de ações fantásticas. Mas para os fãs de filmes de ação, um alívio: o que importa em franquias como essa continua por lá –grandes efeitos especiais, Nova York em pedaços e embates entre mocinhos e vilões. O resto é tempero novo em prato já há muito tempo conhecido pelos paladares mundiais. •

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A namorada de Peter Parker também ganhou uma nova intérprete, a atriz Emma Stone

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Música&mais

Ele não morreu ‘Elvis in Concert’ coloca o Rei do Rock de volta em seu lugar: o palco Adriano Pereira São José dos Campos

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s shows acontecem somente em outubro, mas o barulho em cima deste evento já dá para ser ouvido há alguns meses. O “Elvis Presley in Concert” é um espetáculo que reúne vários companheiros de Elvis no palco com projeção de altíssima qualidade do próprio cantor interpretando as canções tocadas ao vivo pela banda. É como se fosse a versão 2D do tão falado holograma do Tupac Shakur no Coachella deste ano. O show tem como base uma coleção de alguns dos melhores concertos do cantor que existem em filmes e vídeos, que tiveram todo o som da filmagem excluído, com exceção da voz de Elvis –que foi totalmente remasterizada. As imagens são projetadas em um telão de led gigante. No palco, uma orquestra de 16 músicos, muitos dos quais da formação original da banda de Elvis, apresentam-se

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ao vivo. Toda a música ouvida na produção do concerto é ao vivo, exceto a voz de Elvis. Enfim, a coisa não para por aí. Além dos shows, marcados para os dias 8 e 9 de outubro, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo –a esta altura talvez com ingressos esgotados– a produção traz para o Brasil também a “Elvis Experience”, que apresentará mais de 500 itens raros e pessoais, como utensílios, documentos e fotos, a maioria nunca vista fora de Graceland. Entre os itens que serão embarcados de Graceland para o Brasil estarão o famoso carro MG vermelho que aparece no filme “Feitiço Havaiano – Blue Hawaii”, um telefone folheado a ouro do quarto de Elvis e seu famoso figurino branco, usado no especial de TV de 1968. Um dos mais famosos itens que estará vindo de Memphis é o figurino “American Eagle” usado no especial de 1973 “Aloha from Hawaii”, o primeiro concerto transmitido via satélite no mundo. A exposição começa no dia 15 de setembro.

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Domingo 1 Julho de 2012

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EDIÇÃO LUXO

SOLTA O PAUSE

LIVRO

Dois DVDs, CD, livro de 98 páginas e um porta-retrato. Saiba tudo sobre George Harrison

Acompanhe as notícias do mundo da música por meio do blog http://soltaopause.com.br

A partir de quatro concertos, o biógrafo explica como Bob Dylan se reinventou na carreira

WEB

Fotos: divulgação

TURNÊ

CD’S & MAIS

A hora da verdade no palco

VALE DESTAQUE THE OFFSPRING “Days Go By” Depois de adiado várias vezes, parece que agora o lançamento do nono disco da banda acontece. O mesmo rock de sempre.

MAROON 5 “Overexposed” Segundo a banda, esse é um trabalho mais dance e pop comercial. Será que dá para ser mais do que já era?

SOUL ASYLUM “Delayed Reaction” A banda de um hit só volta depois de cinco anos sem lançar nada.

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A nova turnê de Marisa Monte, que vai até o dia 15 de julho, no HSBC, em São Paulo, é a sétima da carreira da cantora e a primeira depois de cinco anos. A base do show são as músicas de seu disco mais recente, “O Que Você Quer Saber de Verdade”, lançado em outubro do ano passado. O CD, o oitavo de uma carreira que já contabiliza três Grammys latinos e nove milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, foi seu primeiro trabalho autoral desde “Universo ao Meu Redor” e “Infinito Particular”, lançados simultaneamente em 2006. Foi a primeira vez que Marisa utilizou a internet de forma extensiva como fonte oficial de informação, tanto para revelar detalhes do novo trabalho como para criar um canal direto de comunicação com o público. Os ingressos custam de R$ 120 a R$ 320 e podem ser comprados em www.hasbcbrasil.com.

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Ponto Final

Arnaldo Jabor

Crime quente ou crime frio?

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ara, matar o homem eu entendo, até eu podia matar, mas esquartejar! Ah, isso é demais! Ouvi essa frase várias vezes desde o nefando crime. Assassinos comuns nos confortam com seus motivos bárbaros, mas o esquartejador tira-nos o sossego da alma, pois há entre nós e a loucura um limite que é quase nada. Lembram daquele cirurgião que desmembrou a namorada, alegando “legítima defesa”? E o caso Isabela, e a Suzanne? Fica um buraco vazio em nossa memória. Não aguentamos viver sem clareza entre o bem e o mal. A Elize disse que matou por ciúmes, por amor, para realizar ao avesso um pavoroso amor/ódio que lhe devorava a alma. Agora, surgiu um legista barbudo que nos trouxe uma nova versão e (talvez) alívio de entendimento: “Foi muito difícil fazer a necropsia de muitos pedaços em saquinhos de plástico” –reclamou– “mas, creio que ele ainda estava vivo quando foi degolado”. E aí? Isso nos conforta ou apavora? Essa versão de crime ‘quente’ torna a mulher mais monstro ou menos monstro? A cena: o Matsunaga caído vê, num flash, sua amada, com a faca que cortara a pizza, rasgando sua garganta. Por um instante houve um fotograma de filme de horror, um fotograma de cinema realista mais crível que a fria cirurgia da vingança. Como no cinema, a verossimilhança é exigência das plateias. O crime seco faz menos sucesso. Se ela o degolou vivo, é bom para a defesa ou para a acusação? Ela,

CASO YOKI “Não suportamos tragédias sem explicação” impulsionada pelo ódio, aumenta ou diminui a gravidade do homicídio? O que é mais desumano –o sangue quente ou sangue frio? No crime quente haveria ao menos uma espécie de ‘confissão’ à vitima, quase um diálogo. Ele veria a própria morte e não seria apagado como um abajur e transformado em pacotinhos nas bolsas Vuitton. Vejo nas revistas que fica mais fácil classificá-la de ‘monstro’, se ele foi degolado vivo. Ela seria mais cruel, mais violenta, porém mais compreensível. Ela poderia ter chamado a polícia, entregar o corpo intacto, confessar o crime por autodefesa e ser inocentada em julgamento. Mas ela era, como os jornais sempre repetem, uma “garota de programa”, uma puta, essa palavra tão odiosa quanto desejada. Nós pagamos a prostituta para ela não existir. E sub jaz no freguês, em muitos putanheiros, além do medo de amar, uma vontade secreta de ser bom, de merecer a gratidão da mulher. Por medo e desejo, o Matsunaga gostava de se sentir ‘salvador’, protegido pela gratidão das ‘decaídas’. A cena: A moça deu o tiro. Instalou-se na casa um grande silêncio. A filha dormia, a babá tinha ido embora, os quadros estavam nas paredes, os restos de pizza esfriavam e os dois ficaram sozinhos. Sentou no sofá para pensar no

que fazer, foi buscar a faca de cortar a pizza, esperou o sangue coagular e dedicou-se à tarefa do corte. Acho mais terrível a solidão dos dois: ela viva e ele virado em coisa. O que aterroriza é a naturalidade do trabalho da assassina, como se trincha uma galinha. O esquartejamento é uma segunda morte. É o contrário da tortura em que o desesperado desejo da vítima é morrer. No caso, o que houve foi uma tortura post-mortem, em que a vítima não sentia mais nada, mas era preciso que fosse desumanizada, impedida para sempre de subir aos céus, de reencarnar. É isso que o esquartejador almeja: privar o morto até da morte, impedir uma identidade para o corpo. O que me fascina nas prostitutas não é a falta de uma ‘moralidade’, não é o ‘pecado’ atribuído a suas vidas; o que impressiona é a espantosa mutação existencial provocada por centenas de pedaços de seu corpo dado a fregueses, anos a fio. Como fica a cabeça de uma prostituta, mistura de heroína com desgraçada, com uma experiência de humilhações que ninguém tem? A marca da prostituição é muito profunda. Mesmo assim, na maioria delas mora um desejo de amor para além do “miché”. Tentam, mas são humilhadas na gratidão. O cara tira a mulher da ‘vida fácil’ e isso nunca é esquecido pelos dois. Um dia virá a frase: “Vai voltar para o lixo, sua puta!” Ou seja, não adianta procurarmos uma explicação que sintetize o crime, como se a vida social fosse um contrato de bom senso. Como se fossemos animais racionais e a loucura um desvio. É o contrário, irmãos... •

Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta

jabor@valeparaibano.com.br

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