Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 51 • 20 Julho 2017 • Preço 1 cêntimo Ambiente na 2 e 3
Valor Local Montejunto e o que ficou por fazer depois do grande fogo Autárquicas 2017: Entrevistas com os 4 candidatos à Câmara de Vila Franca de Xira
Entrevistas na 20 e 21
Dias felizes para doentes de Alzheimer sempre que a música toca
Destaque na 12, 13, 14
2 Ambiente
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Montejunto e o que ficou por fazer depois do grande fogo Nunca se falou tanto em fogos e como evitá-los ou minimizá-los. O incêndio de Pedrógão Grande onde 64 pessoas perderam a vida continua no topo da atualidade. O Montejunto também foi sacudido por um violento incêndio em 2003 e não está livre de que o mesmo possa vir a acontecer. Passados 14 anos, fomos conhecer a serra com um grupo de ambientalistas que nos mostram a radiografia da paisagem protegida e do muito que ainda há por fazer. Sílvia Agostinho á foi há 14 anos, mas ainda se fala do incêndio de 2003 que atravessou mais de metade dos cinco mil hectares da Serra de Montejunto, e visto como uma das maiores catástrofes ambientais na região nos últimos anos. O antigo presidente da Câmara do Cadaval, Aristides Sécio, falava mesmo em calamidade. Tal como está a acontecer presentemente com Pedrógão Grande, por ali passaram naquela altura responsáveis políticos e representantes regionais de institutos e outros organismos do Estado. A palavra de ordem seria “reflorestação”, mas para a Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do concelho de Alenquer (Alambi) as esperanças acabaram mesmo por se afundar. A paisagem protegida e o seu plano de
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gestão é um documento que teima em sair da gaveta e na gestão tripartida daquele património entre a Câmara de Alenquer, a do Cadaval e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas raramente se tem chegado a bom porto. Numa visita guiada pela serra de Montejunto, a associação identifica as espécies que a existirem, num maior número, poderiam funcionar ainda mais ativamente no sentido de se evitar a propagação do fogo florestal, e assim afastar cada vez mais um cenário igual ao de 2003. Embora apenas dominada em parte pelo eucalipto, os ambientalistas que guiaram o Valor Local denunciam alguma prevaricação nos baldios com a plantação daquela árvore por particulares. Falta um plano e uma gestão mais profissionalizada no terreno que precisa de
A serra é gerida pelas duas câmaras e pelo ICNF
sair definitivamente dos gabinetes. O nosso passeio começa na denominada zona do Furadouro recortada por uma estradinha onde algumas espécies autóctones ou nativas vão preenchendo uma paisagem generosa. A mãe natureza fez o seu trabalho depois de 2003, e poucas são atualmente as marcas desse fogo, mas Francisco Henriques, presidente da Alambi, refere que se perderam caminhos que davam acesso a grutas, formações sempre na mira dos exploradores caseiros. Ladeiam-nos os carrascos, os medronheiros, os loureiros, e os espinheiros alvares que pela sua natureza criam uma resistência aos incêndios. No incêndio de 2003, a serra era preenchida por pinheiros mansos mandados plantar nas décadas de 30 e 40 do século passado que não voltaram a regenerar-se. Foi
um património que se perdeu. Já na zona dominada pelo pinheiro de alepo que confina com Cabanas de Torres, essa regeneração aconteceu e foi bem sucedida, apesar de não ser uma espécie nativa da serra. “É mediterrânica
mas adaptou-se bem a esta zona calcária”. “Passados cinco anos de um fogo têm essa capacidade”; acrescenta a vice-presidente da Alambi, Isabel Graça. “O mesmo acontece com os carvalhos”, acrescenta Francisco Henriques, e o biólogo João Morais, do Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS), apresenta o carvalho cerquinho fruto dessa regeneração que a serra teve de enfrentar. “Tem solo para isso, e quando não é perturbado expande-se muito bem”, diz Francisco Henriques. A profusão deste tipo de vegetação pode funcionar como uma barreira sempre que acontecem incêndios, de que o melhor exemplo é a Arrábida, “onde a regeneração começa de imediato”, diz por seu turno João Morais. A nova invasão da serra pelos matos mediterrânicos pós 2003 podia, contudo, ter sido mais positiva se acontecesse o necessário desbaste – “Como se apresenta hoje, em parte, não interessa a ninguém, demasiado densa e com características invasoras”, dá conta Isabel Graça. A ambientalista tem uma opinião muito vincada sobre o caso de Pedrógão Grande – “Tudo o que ardeu é propriedade privada, é importante que não nos esqueçamos disso”. Por outro lado “a culpa dos incêndios não é das indústrias que assentam a sua base na explora-
ção do eucalipto que normalmente são obrigadas a fazer replantações e a ter uma gestão rigorosa no âmbito de certificados de sustentabilidade. Há uma exploração na Chamusca que foi obrigada a plantar montado de sobro em dobro do que extraiu em eucalipto”. No caso do Montejunto, a maioria dos terrenos baseia-se em baldios complementados com casas florestais desativadas nos últimos anos. Dois baldios na zona do Cadaval ainda são geridos por populares. “Não nego nem afirmo que tenha havido pedidos para eucaliptos por parte desses baldios”, acredita Isabel Graça. Mas para a ambientalista as notícias sobre os eucaliptos não deixam de ter o seu quê de exageradas até porque no caso da serra não têm relevante valor comercial. “O preço há muito que não sobe à porta de fábrica. Para estes produtores não compensaria. As indústrias procuram árvores destas mas em melhores condições, não como se apresentam nesta serra”. Mas Francisco Henriques tem uma opinião diferente – “Acho que os eucaliptos têm importância e na minha opinião impediram o avanço do plano de ordenamento do Montejunto”. “Eu acho que não! Tem mais a ver com o lobby das eólicas”, contrapõe Isabel Graça. (Nos primeiros anos da década passada avançou-se com essa possibi-
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Alambi e FAPAS estiveram na visita guiada
lidade que acabou por não ir para a frente). “O plano de ordenamento proibia expressamente a planta-
ção de eucaliptos. Aliás no caso do concelho do Cadaval não se pode plantar nem mais um”, argumenta
Henriques. O esgrimir de posições continua – “As celuloses querem eucaliptos que por ano cresçam 12m3 e aqui não se consegue ir além dos 2m3. Os proprietários não ganhariam mais do que tuta e meia”, assegura a colega de Henriques. Um pouco mais acima, em direção ao topo da serra, a comitiva parou para ver as zelhas, uma árvore que tem um efeito protetor (também ela) em relação aos incêndios. João Morais esclareceu-nos que se trata de uma espécie rara em Portugal, e por isso o Montejunto tem muita sorte em a ter no seu “portfolio”. A sombra é agradável, e fresca. “São raríssimas as matas de zelhas no país, e com esta densidade não se verifica, talvez apenas na Arrábida”, considerada por este biólogo uma das paisagens melhor preparadas para um incêndio, mas que ao contrário do Montejunto foi alvo de um plano de ordenamento. É tempo agora de seguir até mais um bosque limítrofe, onde as silvas fazem as honras da casa, e Isabel Graça não resiste e brinca com o nome da jornalista – “Está no seu elemento, se é Sílvia, aqui está ao pé das silvas e da floresta”. É apresentada à nossa reportagem uma euroforbiácea, descrita por João Morais como “o nosso petróleo verde rica em compostos semelhantes ao petróleo e com capacidade para produzir energia”. Nesta altura do nosso périplo, João Morais teve de nos abandonar, mas deixou registada a ideia de que há que continuar a sensibilizar as pessoas, nomeadamente, as que vivem mais perto da serra, e a replantação é também uma das ações da FAPAS nesta paisa-
Produção de eucaliptos no Montejunto não é apelativa para as indústrias
gem. Todos os anos plantam-se carvalhos cerquinhos, “porque não tenha dúvidas de que mais cedo ou mais tarde haverá um novo fogo”. Quanto às espécies animais “estão bem e recomendam-se”. Algumas foram-se extinguindo ao longo das décadas, mas hoje em dia nada de especial há a assinalar. Os javalis, considerada uma praga, por muitos, também andam pela serra, “mas não interferem com a agricultura nem com a botânica. Dizia-se há uns anos que davam cabo das orquídeas mas não é verdade”. Em termos “de aves de rapina a fauna aqui já foi mais interessante, mas ainda há diversidade. Ainda aparecem alguns bufos reais”. Os morcegos que levaram a que a paisagem passasse a integrar a Rede Natura são outra das coqueluches da serra. Nos últimos dois anos, a Câmara de Alenquer e a do Cadaval criaram uma associação para facilitar a realização conjunta de atividades na serra de Montejunto, integrada em território dos dois concelhos vizinhos, que pode ou não passar pela paisagem protegida. Francisco Henriques considera que os objetivos que levaram o Montejunto a ser considerado como paisagem protegida andam a ficar um pouco esquecidos – “Tem-se investido mais em sinalética do que no que seria mesmo necessário. Já o Conselho Consultivo da Paisagem Protegida foi criado há 18 anos e apenas se reuniu duas vezes”. “Normalmente chamam-nos da
Ambiente 3 Proteção Civil para dar o aval ao plano de proteção florestal na altura dos incêndios, mas que não é específico para a serra”. Já quanto à associação Isabel Graça não conhece ações significativas levadas a efeito, esperando que a Alambi possa ser contactada quando existirem projetos para a serra. “Para já não conheço nada”. Francisco Henriques recorda mais uma vez o atribulado processo do plano de gestão da serra que já devia estar pronto em 2002. Foi feita uma nova tentativa em 2004 por um técnico do ICNF, “do qual nada conhecemos e que não terá ido muito longe”. Uma medida que seria natural de aplicar conheceu novo soluço em 2007 quando se encomendou um plano de gestão a uma empresa privada, “que é conhecido por nós mas que morreu na praia quando o Governo Sócrates caiu. Estava em cima da secretária do secretário de Estado do Ambiente. Não foi promulgado”. Mais tarde e em novas reuniões, fez-se tábua rasa daquele documento que já estava completo, e nesta altura trabalha-se já num novo instrumento “muito mais básico em que não se vai tão longe como desejável na caracterização da serra como o anterior”. Esse trabalho que ficou para trás encomendado a um privado não está a ser aproveitado, dando a ideia de que dificilmente se conseguirá chegar a bom porto neste fatídico dossier. Nesta altura, a nossa reportagem
chega ao último ponto de paragem na descoberta pelas veredas da serra. Estamos nas Fontaínhas onde um bosque de acácias, as famigeradas amigas do fogo, nos dão as boas vindas. São o pesadelo de qualquer ambientalista. Estão ao lado de uma antiga casa de um guarda-florestal. Se ainda por lá andassem, e detetado o fogo a tempo no bosque em causa talvez se pudesse evitar o pior. Mas hoje apenas há um vigia na serra, mesmo de verão, algo incompreensível para estes ambientalistas e que de pouco servirá no caso de catástrofe. A extinção dos serviços florestais não tem dúvidas, a Alambi, que significou um retrocesso de décadas na gestão da serra. “Há que existir um plano com princípio meio e fim, em que a gestão se encontre bem esquematizada, bem como as questões da vigilância. No fundo as necessidades desta serra. Sobre o que plantar, onde plantar e como. Cuidar da serra não se pode traduzir em meia dúzia de ações avulsas por parte dos ambientalistas que, algumas vezes, por ano metem as pás no terreno e colocam mais umas árvores na floresta”. “Temos de ir além das ações levadas a cabo, entre outras, pela Alambi, pela Quercus, pela FAPAS, pelo Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Montejunto, com sede no Vilar, ou do Espeleo Clube de Torres Vedras”, define Francisco Henriques.
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Fundação Amélia de Mello atribui 128 mil euros a IPPSS’s da região s bolsas de solidariedade atribuídas pela Fundação Amélia de Mello com a colaboração do Conselho Para o Desenvolvimento Sustentado do Hospital de Vila Franca de Xira foram este ano reforçadas para 128 mil euros. No fundo são verbas atribuídas a instituições da região e têm como fonte alguns mecenas desta fundação. Na cerimónia que decorreu no passado dia 5 de julho, foram beneficiados projetos com intervenção direta na área da deficiência e incapacidade. Entre as associações distinguidas estão a Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca, Associação de Assistência e Beneficência Misericórdia de Alverca, Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra, Associação para a Integração de Pessoas com Necessidades Especiais, Casa São Pedro de Alverca, Centro Social e Paroquial de Aveiras de Cima, Cercipóvoa, CerciTejo, Centro de Recuperação Infantil de Benavente e Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira.
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Cerimónia decorreu no hospital de Vila Franca Maria da Luz Rosinha, presidente do Conselho Para o Desenvolvimento Sustentado daquela unidade hospitalar, agradeceu o
apoio dos mecenas neste projeto, que de resto contribuíram para que fosse possível. A deputada do PS e líder deste conse-
lho, vincou igualmente a adesão a este programa que tem na Fundação Amélia de Mello um suporte importante.
Para o próximo ano, a iniciativa vai incidir nos projetos ligados à demência. A autarca explicou que a demência é um desafio
para todos e lembra que as instituições ainda não estão preparadas para lidar com esta questão.
Santa Casa de Azambuja
Unidade de Cuidados Continuados conhece retrocesso Santa Casa da Misericórdia de Lisboa voltou atrás na promessa de comparticipar a cem por cento uma unidade de cuidados continuados em Azambuja, no espaço onde funcionou o antigo centro de saúde, o qual permanece devoluto no centro da vila. Manuel Ferreira, provedor da Misericórdia de Azambuja, refere ao Valor Local que em causa estava um investimento de um milhão e meio de euros do qual a Santa Casa de Lisboa
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se preferiu desvincular na sua totalidade, aconselhando a Misericórdia de Azambuja a fazer uma candidatura aos fundos comunitários. Ficou para já a promessa de financiar apenas uma parte: os cerca de 20 ou 30 por cento, que normalmente ficam adstritos ao proponente do projeto. O projeto que já vinha sendo negociado pela anterior mesa da Santa Casa contemplava 40 camas, num total de cerca de 30 a
40 postos de trabalho, e poderia comportar ainda a instalação de uma unidade de fisioterapia, bem como consultas de especialidades médicas. Manuel Ferreira adianta que numa reunião tida com Santana Lopes, provedor da Santa Casa de Lisboa, lhe foi comunicada a decisão de abandonar a comparticipação a cem por cento. “Ficámos frustrados como é evidente”, acentua. Até porque só em projetos a Misericórdia de Azambuja já gasCartoon: Bruno Libano
tou cerca de 40 mil euros a pensar na unidade em causa. Mesmo que a obra possa vir a ser aprovada no âmbito dos fundos comunitários, dificilmente lhe será atribuída uma verba significativa tendo em conta que o
Portugal 2020 não está vocacionado para projetos de IPSS’s e são mais de 300 as instituições no país a concorrer. Um empréstimo bancário está fora de cogitação no entender do provedor que se encontra a aguardar o
passo seguinte. Para já está certa a inauguração do novo lar da Misericórdia em setembro. No total entre este novo equipamento e o antigo a Santa Casa de Azambuja passará a dispor de 73 camas.
Alenquer: Arranque do lançamento do concurso para a obra do novo quartel da GNR novo quartel da GNR de Alenquer cuja data de inauguração estava inicialmente fixada em finais de 2017, ainda se encontra em fase de lançamento do projeto. Recorde-se que o atual executivo do município de Alenquer decidiu assumir a obra através de um acordo com o ministério da Administração Interna em que adiantava as tranches ficando à espera do ressarcimento devido por parte do Estado. Contudo o concurso para a execução do projeto conheceu diversas vicissitudes com os diferentes concorrentes a apresentarem recurso. “Quando fizemos o acordo com a antiga ministra do anterior Governo, a Câmara as-
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sumia o controle de todo o processo, mas com este novo Governo o acompanhamento também passou a ser assumido pela atual titular da pasta, e sempre que alguma fase do concurso é alvo de recurso como foi o caso, o Estado também tem de se pronunciar”, refere Pedro Folgado ao Valor Local. Nesta altura será lançado o concurso para a execução do projeto. A obra está estimada em um milhão 320 mil euros e inclui projeto de execução, empreitada e respetiva fiscalização. Sendo que a autarquia cedeu o terreno localizado na variante Álvaro Pedro através de contrato de comodato com duração de 50 anos re-
novável por períodos de 25 anos. Esta obra surge da necessidade de dotar de melhores condições de permanência no posto de Alenquer dos militares e dos cidadãos, depois de se ter tornado público que os mesmos eram obrigados a viver e a trabalhar em condições desumanas, com infiltrações, humidade, falta de espaço num edifício completamente degradado. Estando concluída a transferência e instalação do Destacamento Territorial de Alenquer para as novas instalações, a GNR compromete-se em devolver à câmara, as instalações ocupadas na Vila Alta.
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Vendedor ambulante de cachorros e presidente da junta de Vila Franca em rota de colisão m negócio de venda ambulante de cachorros quentes que habitualmente ocupa a denominada Rua do Chave de Ouro no Colete Encarnado, que este ano decorreu de 30 a 2 de julho, entrou em rota de colisão com o presidente da junta de freguesia de Vila Franca de Xira, Mário Calado. Tudo porque alegadamente, o autarca deu indicação aos gerentes da Hot Dog In Love que para operarem este ano na festa bastaria que dessem início ao processo de forma legal ao contrário do que acontecia até ao ano passado. Cristina Dias, da Hot Dog In Love, refere ao Valor Local que se sentiu ultrapassada tendo em conta que na sua opinião Mário Calado deu o dito por não dito, e acabou por autorizar um lugar de venda ambulante para pizzas, ao qual não apareceram concorrentes, através de edital, e quando antes tinha seguido à risca os conselhos do autarca. Cristina Dias não pôde assim fazer negócio durante a festa pois foi impedida pelas forças de autoridade em virtude de não ter licença passada para o efeito tendo em conta o exposto acima. A junta de freguesia apenas autorizou licenciamentos para gelados, farturas, pão com chouriço, ginginhas. “Um dos agentes inclusivamente abordou-me dizendo que a autarquia proibia expressamente a venda de cachorros em qualquer ponto da cidade”. A vendedora ambulante confessa que no último dia do Colete Encarnado arriscou e
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foi apenas no domingo que conseguiu fazer negócio, embora sabendo que estava em prevaricação contra as regras. Por não ter vendido nem na sexta nem no sábado, acredita que teve um prejuízo na ordem dos dois mil euros. A empresária lamenta muito o estado de coisas, até porque sucederam-se outros casos igualmente à margem da lei, como foi o caso das tertúlias “que venderam bifanas para fora”, ou mesmo “alguns cafés que andaram a vender bifanas e couratos no meio da rua”. “Sem faturas e sem registros”. Cristina Dias não tem dúvidas de que foi “castigada” pela junta, até porque foi a única visada. “O presidente andou a gozar com a minha cara tendo em conta que me pediu para tratar de tudo”. Em outras localidades do país onde opera concorre atempadamente aos respetivos concursos, “e se não for escolhida e não me quiserem lá tudo bem, compreendo perfeitamente, não posso é aceitar este tipo de jogos, e que o presidente me tenha tomado de ponta”. Em plena época de festas e romarias, Cristina Dias refere que acabou por ser ainda mais prejudicada pois poderia ter concorrido a outro evento no país, quando pensava que ia acabar por vender na festa da sua terra, o Colete Encarnado. Os editais saíram em junho, ou seja “demasiado tarde para poder ir para outro lado nesta altura do ano”. A dada altura, a junta de fregue-
sia alegou, também, que a venda do produto em causa interferia com o negócio da restauração, e a Hot Dog in Love deixa a dúvida: “Os vendedores de farturas não interferirão com as pastelarias? Os carros de pão com chouriço também não interferem com os cafés que vendem o mesmo produto, bem como o negócio dos gelados. Pois até aos ciganos no meio da rua lhes deram autorização para venda ambulante, isto não passa de uma discriminação”, diz a gerente, que conclui – “Não nos venham mandar areia para os olhos”. “O presidente andou a brincar comigo e com a minha vida. Depois de tanta conversa e de tanta reunião fiquei muito desiludida. Mais-valia que me tivesse dito com tempo que não queria cachorros na festa. Se fosse honesto eu fazia a minha vida para outro lado”. Mário Calado, presidente da junta, refere perentoriamente que jamais prometeu o que quer que fosse a Cristina Dias – “Essa senhora é mentirosa”. “Apenas lhe disse para não andar ilegal, mas sem lhe prometer absolutamente nada. O único crime que cometi foi atribuirlhe uma licença para vender castanhas numa determinada localização no dia de umas eleições, mas com pena dela aconselhei-lhe outro local para que fizesse mais negócio porque passava lá mais gente. Até me deu umas castanhinhas que sobraram da venda”. Mário Calado acrescenta “Não sou profeta
Hot Dog in Love acabou por abrir apenas no domingo nem jesus não prometo nada a ninguém. Apenas lhe disse para tratar dos papéis que depois podia concorrer mas em igualdade de circunstância com os outros”.
Para além disso “era só o que faltava ter lugar cativo para vender cachorros”. O presidente da junta garante que conhece Cristina Dias há muitos anos, mas
que não voltará a recebê-la na junta. “Não vai conseguir denegrir a minha imagem, meteu o pé na argola e agora arma-se em santinha”.
Câmara de Arruda alarga bolsa de livros aos vários graus de ensino Município de Arruda dos Vinhos vai alargar ao segundo ciclo e ao secundário o projeto da bolsa de livros, com o nome “De Mim para Ti” que pretende promover a reutilização e reciclagem dos manuais escolares, cumprindo objetivos de natureza económica, social e ambiental. Assim, esta bolsa de manuais escolares visa essencialmente em-
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prestar a todos os alunos do concelho, os livros que oportunamente foram doados a esta bolsa. Num segundo plano pretende-se enviar para reciclagem os livros em fim de vida útil, para a campanha Papel por Alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome. Se nos anos anteriores, este projeto abrangeu todos os alunos, do
1º. ano ao 12º., este ano e decorrente da lei do Orçamento de Estado para 2017 - que veio estabelecer a gratuitidade dos manuais escolares para os alunos do 1º. ciclo e que serão entregues aos alunos pelos agrupamentos de escolas - a Bolsa de Mim para Ti vai contemplar os alunos do 2º. ciclo ao ensino secundário, refere o município no seu site.
De mim para ti assim se chama a nova bolsa
Escola de Hotelaria e Turismo na Póvoa de Santa Iria Escola Profissional de Hotelaria e Turismo de Lisboa (EPHTL) foi criada há mais de 20 anos e prepara-se para abrir os seus cursos já no próximo ano le-
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tivo na Póvoa de Santa Iria. Na região tem também o polo de Salvaterra de Magos. Ao longo do seu percurso a EPHTL desenvolveu “técnicas e
experiências de ensino inovadoras que vão de encontro às exigências do exigente mercado de trabalho”. “Através do seu modelo de ensi-
no assente no equilíbrio entre as aulas teóricas e as aulas técnicas/práticas, a escola transforma o potencial dos seus candidatos em talento e é a sua missão en-
volve-los num ambiente inspirador que os vai desafiar a ser a melhor versão deles mesmos”, refere a escola em comunicado. Com a criação desta valência na
Póvoa, a EPHTL procura desta forma descentralizar a oferta educativa, atendendo à procura de alunos da zona de Vila Franca de Xira e de outras áreas limítrofes.
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Novo Abrigo do Peregrino inaugurado Cerca de mil peregrinos passam por Azambuja todos os anos
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oi inaugurado no dia 10 de julho, o novo abrigo do peregrino da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja que substitui o antigo espaço, mais degradado, que funcionava junto ao largo da Câmara. O novo abrigo do peregrino fica na Rua do Espírito Santo onde chegou a existir um ATL mais recentemente, e no início o hospital da Mi-
sericórdia. O novo abrigo do peregrino dispõe de vários beliches, casa de banho, e cozinha/sala. O abrigo faz parte do acordo com a Associação Portuguesa dos Amigos do Apóstolo Santiago, que foi interrompido há cerca de um ano por degradação do espaço anterior. O atual “Abrigo do Peregrino” está assim a postos para re-
ceber os peregrinos como local de pernoita, em articulação com os demais albergues existentes no Caminho Português de Santiago. A recuperação do espaço atual ficou a cargo da Santa Casa com o apoio da Câmara que financiou a cobertura do edifício. Manuel Ferreira, provedor da Misericórdia, salientou que a obra foi feita de
Santa Casa reabre espaço renovado
forma barata, recorrendo-se a “diversos utensílios que já existiam, bem como, móveis, e com a ajuda dos voluntários da Santa Casa”. O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, e a presidente da junta de freguesia local, Inês Louro, mostraram o seu regozijo pela nova obra inaugurada, e onde também marcou presença o
pároco de Azambuja, Paulo Pires. Pela vila que se encontra nos Caminhos de Santiago passam por ano cerca de mil peregrinos o que já torna este fenómeno significativo para Azambuja. Ursula é uma delas. Chegou no dia da inauguração do abrigo a Azambuja e confessou à nossa reportagem estar muito agradada com o espaço.
Esta cidadã polaca contou que a fé para si é natural. Dirigia-se a Santiago, território da fé católica onde já esteve várias vezes. Frederico também ficou satisfeito com o novo espaço. Italiano, gostou de conhecer Azambuja e também ele partiria dentro de algumas horas para a sua jornada rumo a Santiago.
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Férias de militares da GNR podem condicionar deteção de incêndios a última reunião de Câmara de Azambuja, o presidente da corporação de bombeiros de Azambuja, André Salema deixou expressa a sua preocupação face ao facto de os postos de vigia nas zonas rurais e de floresta da região, com destaque para a serra de Montejunto que se estende a localidades próximas do concelho de Azambuja, poderem vir a permanecer durante parte do verão desguarnecidos de elementos da GNR, devido a férias, e sem que possa existir a sua substituição. O responsável observou que a guarda é essencial “no início da deteção de incêndios”. O vice-presidente do município, Silvino Lúcio, que esteve presente numa reunião distrital para a floresta manifestou a sua preocupação face ao estado de coisas, e estranhou a ausência de respostas por parte do SEPNA. “Ficámos preocupados porque temos uma torre de vigia em Alcoentre para entrar em funcionamento”. “Há aqui qualquer coisa que não funciona”. Já o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, ouvido pelo Valor Local, refere que a vigilância será levada a cabo por ou-
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tras forças: bombeiros, proteção civil, de forma a colmatar as faltas de elementos da GNR sempre que estes não possam estar no terreno. “Há várias formas de vigiar o território. Estamos conscientes do problema. De qualquer das formas vamos procurar sensibilizar o Governo”. O autarca informa ainda que o município tem vindo a notificar os proprietários para a limpeza dos seus terrenos, substituindo-se a estes quando isso não acontece.
Serra de Montejunto entre outros locais em causa
GNR argumenta que vigilância no Montejunto não está comprometida O Valor Local contactou o serviço de relações públicas da GNR acerca desta matéria que esclarece que o trabalho nos postos de vigia não é assegurado por militares mas por civis contratados pela Guarda Nacional Republicana para o efeito. Sendo que esses vigias estão no terreno desde 30 de junho e vão cumprir o seu serviço até 30 de setembro. Normalmente estão no terreno sete horas por dia, num total de 35 horas semanais. O serviço é prestado em regime de turnos rotati-
vos. Contudo, a GNR argumenta que por força do direito ao gozo de férias imposto por lei aos trabalhadores civis, o horário de interrupção dos postos de vigia para fazer face a este constrangimento legal, foi devidamente acordado pelos representantes dos três pilares (CODIS, oficial de ligação do ICNF e oficial de ligação da GNR). “Tendo em conta o histórico de anos anteriores, maior aumento de ati-
vidades agrícolas após saída dos empregos, e maior vigilância quer do patrulhamento, quer das restantes entidades, nomeadamente os sapadores florestais, ficou decidido interromper no turno das oito horas às 16 horas, continuando os respetivos postos de vigia a laborar normalmente findo este turno”. Sendo que independentemente do funcionamento da Rede Nacional do Postos de Vigia, “a Guarda Na-
cional Republicana, através da sua estrutura SEPNA, GIPS e dispositivo Territorial, mantém sobre 24 horas, de forma interrupta, ações de vigilância, prevenção e repressão de qualquer conduta ou ação que dê origem a incêndios florestais”. Por isso “a população do concelho de Azambuja e das freguesias mais próximas à Serra da Ota e de Montejunto nunca correram nem correm
perigo durante a fase Charlie, independentemente do tipo de funcionamento dos seus postos de vigia, uma vez que a sua segurança mais imediata advêm do facto dos terrenos em torno das suas edificações se encontrarem desprovidos de continuidade de combustíveis (limpos), prioridade essa que o Núcleo de Proteção Ambiental de Alenquer mantém em permanência”.
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Alenquer procura parceiro hoteleiro para potenciar ainda mais o turismo dos vinhos
Autarca mostra as novas coqueluches do vinho em Alenquer, as castas recuperadas município de Alenquer tem-se associado ao setor do vinho através do lançamento de diversos produtos e eventos. Para o presidente da Câmara, Pedro Folgado, trata-se em última análise de “fomentar o turismo” através de um dos seus produtos endógenos,
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indo além de outros produtos e marcas criados como a “Vila Presépio”. A criação deste turismo de charme só poderá dar o passo seguinte se for acompanhado por oferta hoteleira. Mas o objetivo, para já, é usar o que Alenquer tem de melhor ao ní-
vel dos vinhos. Prova disso é o projeto levado a cabo com a Universidade de Zagreb na Croácia. A parceria já identificou algumas castas antigas de Alenquer, que aliás podem ser vistas numa pequena vinha numa das entradas da vila, nomeadamente junto ao
Portal do Vinho. Para o presidente da Câmara Municipal de Alenquer, a parceria visa o estudo de “castas endógenas e antigas das nossas localidades”, que agora estão a ser “recuperadas e aqui expostas”. O autarca destaca uma casta muito especial que foi recuperada e que deu origem ao vinho “Empatia” conforme pode ler na página nove desta edição do Valor Local. Pedro Folgado explica que Alenquer apresenta uma ligação forte à ruralidade, e que parte da economia do concelho passa ainda e em larga medida pela exploração das suas vinhas. Este é um setor de dinamização económica “muito importante”, ao ponto de terem passado por Alenquer no mês passado cerca de 700 turistas. Pedro Folgado esclarece que nesse sentido estão a ser criadas algumas atividades de promoção e uma dessas iniciativas será a “Alma do Vinho” que decorrerá de 21 a 24 de setembro no Fórum Romeira
em Alenquer. O autarca refere que esta iniciativa vem no seguimento de outras feitas nos últimos anos em setembro, “e portanto esta Alma do Vinho vem trazer valor acrescentado a este produto que é importante para nós quer em termos económicos quer em termos turísticos”. O autarca diz querer associar o enotourismo à questão do vinho, mas para isso considera primordial a criação de alojamento para os turistas. Aliás Pedro Folgado reconhece mesmo que esse é o “Calcanhar de Aquiles” do concelho de Alenquer e deste projeto. Pedro Folgado acredita que existem investidores privados para abrir um hotel em Alenquer, e isso já ficou provado no passado, mas preferiram “Lisboa ou Porto porque o retorno é muito mais rápido” acrescenta o autarca, que refere igualmente a necessidade de um acesso mais rápido e cómodo a outras localidades do Oeste, como Torres Vedras, Óbidos ou Caldas,
vincando que a atual estrada nacional 9, só é uma opção para os ligeiros, já que para os autocarros não é confortável. Todavia a antiga fábrica da “Chemina” nunca deixou de ser uma opção para se tornar num hotel. Pedro Folgado refere que esse assunto ainda está em cima da mesa. O autarca indica que o espaço já foi apontado a alguns agentes económicos para ser um hotel “mas não tem sido possível”. “Já trouxemos muita gente e no limite não havendo um hotel haverá outra coisa qualquer”, garante Pedro Folgado que refere que “a Chemina nos próximos quatro anos tem de ser requalificada” algo que assume como uma promessa: “Se não for para um hotel, poderá ser para serviços da câmara, um auditório, ou serviços culturais para startups” e afiança “chega de ter a Chemina como ela está”. Veja a reportagem na íntegra em vídeo em www.valorlocal.pt
Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Metaforas e Parabolas Lda - Comu-
nicação Social e Publicidade; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, Ana Bernardino, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt
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Julho 2017
Economia 9
Nersant aposta forte na promoção de produtos alimentares portugueses na Polónia Nersant através do Agrocluster Ribatejo tem como um dos seus objetivos estratégicos a valorização da oferta agroindustrial portuguesa em mercados externos. Neste momento, o cluster está a preparar uma mostra promocional a Varsóvia, Polónia, onde vai dar a conhecer diversos produtos alimentares portugueses. Direcionado a compradores, importadores e distribuidores, o
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Agrocluster Ribatejo está a organizar uma mostra de produtos alimentares portugueses na Polónia. Para o evento, o Agrocluster vai levar um conjunto de produtos portugueses que estarão à disposição dos compradores presentes na mostra, que se realizará em Varsóvia no dia 14 de setembro. Azeite, azeitonas, vinhos, vinagres, enchidos, compotas, marmeladas, frutas frescas, sobre-
mesas, molhos, sumos e néctares são alguns dos produtos já confirmados para representação nesse mercado. Para além do transporte e exposição dos produtos em espaço comum, será ainda realizado um cocktail de degustação e networking, preparado com os produtos disponibilizados na mostra, pelo chef José Costa. O evento contará com o acompanhamento técnico do Agro-
cluster Ribatejo, que estará em representação das empresas a promover os seus produtos. Na mostra, estará disponível um “brief report” de informação de negócios sobre os potenciais compradores presentes, realizando o Agrocluster Ribatejo reuniões com os compradores presentes, de acordo com os interesses comuns de ambos. Para além do apoio do Agrocluster, a mostra promocional conta-
rá ainda com o acompanhamento de um consultor especialista. No final da mostra, o agrocluster dará apoio no follow-up dos contactos realizados. Neste momento, informa a organização, restam já poucas vagas para a participação de empresas nesta mostra, pelo que as interessadas devem contactar o Agrocluster Ribatejo para os contactos: geral@agrocluster.com ou 249
839 500. De referir que esta ação é realizada no âmbito do projeto Agriexport, que tem como objetivo reforçar a competitividade das pequenas e médias empresas no domínio da internacionalização. Este projeto é promovido pelo Agrocluster em parceria com o Inovcluster, financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização.
Maior plataforma de produção de microalgas da Europa inaugurada na Póvoa de Santa Iria oi apresentada no passado dia 13 de julho, a maior plataforma integrada de produção de microalgas da Europa na zona industrial da Solvay, Póvoa de Santa Iria. A plataforma, denominada “Algatec – Eco Business Park”, é um projeto inovador de investigação e produção de microalgas, promovido pelo grupo A4F – Algae for Future (empresa português a de bioengenharia) -, em parceria com a empresa LusoAmoreiras e o grupo Solvay. Prevê a produção de microalgas e de aquicultura, assim como o desenvolvimento de um cluster, integrando unidades de produção de micro-
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algas entre si e várias unidades industriais presentes no concelho de Vila Franca de Xira, numa lógica de economia circular. O investimento total é de 22 milhões de euros e prevê-se a criação de cerca de 100 novos postos de trabalho especializado. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, refere o município em comunicado, tem vindo a apoiar a instalação da plataforma no concelho por considerar que se trata de uma mais-valia para o desenvolvimento da economia local e do País, “num projeto inovador, baseado na tecnologia e na sustentabilidade ao nível ambiental, económico e social.”
Projeto inovador pode trazer mais postos de trabalho
Alenquer lança “Empatia” município de Alenquer decidiu revitalizar uma das suas antigas castas e para isso foi lançado numa parceria com a Adega Cooperativa da Labrugeira, e com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), esse projeto que culminou na apresentação do branco “Empatia”, à margem da inauguração do Espaço do Cidadão na Ventosa, no passado dia 4 de julho. O brinde com o néctar agradou aos vários convidados. Segue-se posteriormente o alargamento do projeto a um parceiro internacional, neste caso a cidade de Benkovac na Croácia através de um protocolo, assinado recen-
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temente, tendo em vista parcerias que possam vir a ser desenvolvidas, nomeadamente, no setor vinícola. A autarquia alenquerense está neste momento a levar a efeito também o projeto que tem como objetivo fazer uma coleção de castas autóctones e a plantação de vinha, e em paralelo a criação de um museu vivo onde este património ficará documentado. “Podemos eventualmente evoluir no sentido de levar a casta Vital para a Croácia e trazermos uma das castas daquele país para cá, com o objetivo de apurarmos a sua evolução”, diz Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer
O novo vinho do concelho
10 Negócios com Valor
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Pastelaria Espiga d’Ouro de portas abertas em Azambuja junto à Estação ugo Canteiro é o homem que está à frente da “Pastelaria Espiga d’ Ouro”. O empresário começou com a abertura de um primeiro estabelecimento em 2005 em Aveiras de Cima. Hoje, o empresário já conta com duas lojas, sendo que o primeiro estabelecimento que deu origem ao negócio já mudou de mãos. Ao Negócios Com Valor, Hugo Canteiro desvenda que começou como ajudante de padeiro. Desses tempos ficou o gosto pela restauração e por esse mundo, e “assim que me deparei com uma oportunidade decidi investir”. A primeira loja abriu em Aveiras de Cima em 2005. A segunda cinco anos depois perto do largo da República também em Aveiras e no início do mês abriu em Azambuja a meia dúzia de metros da estação da CP. O empresário conta que devido a questões pessoais vendeu a primeira loja, ficando apenas com a segunda que fica no Largo da República. “Foram tempos difíceis. O país estava em crise e a restauração também”. Ao mesmo tempo, Hugo Canteiro teve de lidar com questões pessoais” e recomeçar de novo, mas
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Hugo Canteiro aposta forte no ramo da padaria
confessa que os momentos mais difíceis, tanto nos negócios como na vida pessoal, foram ultrapassados. “Graças aos meus filhos e aos funcionários”, refere. As pastelarias “Espiga de Ouro” são hoje muito procuradas pelo seu pão. O pão de água é a espe-
cialidade da casa, “porque é muito leve” refere Hugo Canteiro. O pão é confecionado numa fábrica exclusiva que abriu em 2014 porque sentiu a necessidade de dar um impulso ao negócio. O empresário salienta que a produção é quase exclusiva dos seus
estabelecimentos, no entanto fornece também dois ou três clientes de fora. Sendo a especialidade o pão de água, Hugo Canteiro esclarece que também fabrica outros tipos de pão. O pão saloio é outra das especialidades que está disponível
tanto em Aveiras de Cima como em Azambuja. O empresário não fecha a porta à expansão do negócio do pão. Diz que num futuro poderá estar em cima da mesa a venda mais alargada de pão a outros estabelecimentos.
Quanto ao novo estabelecimento, Hugo Canteiro considera um bom investimento. A pastelaria está situada a poucos metros da estação da CP num bairro novo e com muitos clientes a procurarem tomar o seu café e comprar o seu pão diário.
Robótica na Grau de Prova
Lego associado à robótica fazem as delícias dos mais pequenos esde há cerca de dois meses que a Escola de Línguas Grau de Prova, no Cartaxo, integra aulas de robótica. Esta é uma vertente muito apreciada pelos alunos que ao seu currículo juntam agora esta novidade. O Valor Local acompanhou uma dessas aulas onde os alunos davam largas à imaginação e através de peças de lego completavam figuras com poderes especiais, com a integração de elementos robótica. Era possível a um monstro
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mexer os braços, ou ligar luzes noutras peças. Para o formador Carlos Carvalho, montar robots é uma atividade que vai muito ao encontro dos gostos das crianças. Embora ainda numa fase inicial demonstram ter muita apetência. O único senão dos robots são o seu preço excessivo, “mas que acaba por compensar no desenvolvimento da criança”, refere Ana Gaudência, responsável do espaço, para quem as aulas de
robótica também funcionam no sentido de procurar reforça as capacidades de aprendizagem das crianças, e com isso o rigor, a concentração e a capacidade de trabalho. O grau de dificuldade vai-se intensificando consoante as idades. Se para os mais jovens, a Lego propõe desafios mais intuitivos, noutras idades a complexidade aumenta, e são necessárias mais horas até se conseguir montar a peça em causa.
Valor Local
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Cultura 11
Paulo Jorge Ferreira celebra 15 anos de Alternativa em terras de Tio Sam
“Podemos sair da nossa terra, mas ela nunca sai de dentro de nós” cavaleiro tauromáquico Paulo Jorge Ferreira assinalou na passada segunda-feira, 17 de julho, 15 anos de alternativa. Esta foi uma corrida muito especial, tanto mais que o cavaleiro azambujense envergou uma casaca com o brasão da vila de Azambuja. Em declarações ao Valor Local, o cavaleiro que está emigrado nos Estrados Unidos há mais de uma década, vinca que fez questão de mandar bordar o brasão para homenagear “o povo da nossa terra”. Paulo Jorge Ferreira diz não esquecer que a população de Azambuja “encheu dois autocarros” no dia da sua alternativa na Póvoa do Varzim, e onde também marcou presença a Banda
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do Centro Cultural Azambujense. Numa conversa emocionada, o cavaleiro refere que “poderia contar e escrever tanta coisa”. Reconhece que Azambuja foi a terra que lhe deu tudo, “os amigos a família, e a pessoa que sou hoje”. “Como sou uma pessoa que gosto de retribuir, considero importante esta homenagem, sendo mais uma forma de ter a minha querida terra Azambuja sempre comigo”. O cavaleiro ilustra assim o seu sentimento – “Costumo dizer muitas vezes, que podemos sair da nossa terra, mas ela nunca sai de dentro de nós”. Ao Valor Local, refere que nunca pensou chegar onde chegou em terras americanas. Ao celebrar 15 anos de alternativa, constata que nunca ambicionou “ser o me-
lhor”. Paulo Jorge Ferreira garante que a fé em Deus é muito importante para si, e por isso essa fé tem permitido que faça o que mais gosta: “tourear e montar a cavalo”. Paulo Jorge Ferreira que agradeceu ao Valor Local a forma como tem acompanhado a sua carreira, revelou também que o regresso a Portugal “cada dia que passa está mais perto de acontecer”. Sem adiantar o dia certo revela que tal esteve quase para acontecer este ano, mas “as reuniões e ofertas que tive não foram do meu agrado por isso a razão de não ter regressado já em 2017” deixando para um futuro próximo o regresso às arenas portuguesas.
A nova casaca de homenagem a Azambuja
Junta de Azambuja apresenta linha de merchandising inspirada em fado popular Junta de Freguesia de Azambuja lançou para o mercado a linha de merchandising “Cavalo Ruço”. Com efeito esta ideia da junta, surgiu com base na necessidade de se criarem produtos junto do turista (e não só) que visita a vila de Azambuja e nada melhor do que associar o cavalo ruço a este desígnio. Inês Louro, presidente da junta de Freguesia, refere que a ideia partiu do Centro Hípico Lebreiro de Azambuja. O centro deu a ideia de homenagear Paulo José Vidal, com um mural em azulejo no largo da igreja e daí à linha de produtos foi “um passo”. À apresentação que decorreu na sede da junta de freguesia no fim do mês passado, assistiram os familiares do autor do fado do Cavalo Ruço, que aliás também
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foi interpretado na cerimónia pela fadista Maria do Céu Corça. Durante a cerimónia o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, disponibilizou o posto de turismo municipal para a venda dos produtos e reafirmou o seu empenho na ajuda a este projeto. Inês Louro referiu que o turismo está em crescimento um pouco por todo o lado, e em Azambuja na “Casa do Alfaro” ligada ao turismo rural, “muitos dos turistas questionam a falta de um ‘souvenir’ para levarem para casa”. A nova linha lançada pela junta tem um pouco de tudo, desde chapéus de chuva, passando por tapetes de rato, canecas e muitos outros objetos que passam a estar disponíveis na junta de Azambuja e no posto de turismo municipal numa primeira fase.
Produtos à venda na junta e posto de turismo
12 Destaque
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Santa Casa da Misericórdia da Mercena
Dias felizes para doentes de Alzheimer sempre que a música toca Sílvia Agostinho um grupo de uma dezena de idosos que junta ao final da tarde numa sala da Santa Casa da Misericórdia da Merceana, dona Laura é das que mais se destaca. Apesar da doença de Alzheimer consegue ser minimamente comunicativa, e saúda duas mulheres que entram na sala de forma vigorosa – “Vocês é que estão ótimas e bonitas”. Os restantes idosos permanecem de olhar vazio, mas ao mesmo tempo suplicante de alguma atenção. Calados aguardam pela entrada em cena de uma companhia que, duas a três vezes por semana, os brinda com um momento invulgar. Trata-se do musicoterapeuta Hugo Sampaio que há dois anos que procura estimular através da música os utentes da Misericórdia da Merceana. Entre os progressos verificados estão os casos de Laura e Virgínia, que nesta nova fase se apresentam “mais calmas”. “Em especial a dona Laura anda mais simpática”. (Os doentes de
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Alzheimer são por norma agitados e nervosos, tendo por vezes alguns comportamentos mais bruscos). Laura é especialmente comunicativa e vai dando a informação de que já almoçou e que as aulas são giras. Nas demências e com enfoque no alzheimer as memórias que persistem são as da infância, e nesse aspeto Hugo usa o truque de ir buscar músicas mais antigas e começar a tocá-las. A cantiga “Rosa arredonda a saia” é uma das que inevitavelmente vem à baila e começa a ser, aos poucos, trauteada por alguns dos utentes com a ajuda do músico. Laura parece estar bem a par da letra da canção, mas quando se lhe pergunta a idade inevitavelmente sente-se um calafrio – “Parece que são 180”. A resposta não espanta Hugo que informa que normalmente aquela utente diz na maioria dos casos que tem 42 anos. Não foi o caso naquele dia. Outro utente, José Maria, até ali mergulhado nos seus silêncios, também vai correspondendo a uma outra can-
ção da sua juventude – “Tingo lingo lingo que coisa bonita, que coisa catita”, assim dizia o refrão. As memórias auditivas são as últimas a perderem-se nas demências. Primeiro vai-se a memória dos nomes, a memória visual, mas o sentido da audição é o que teima em perdurar. “Já aconteceu em algumas ocasiões estar com o idoso, cantar com ele, e ele cantar comigo, e ficar a saber que umas horas depois essa pessoa partiu”, enfatiza para demonstrar até que ponto os sons e a música têm tanta importância no ser humano. “A memória musical é das últimas a morrer”. “Sucedeu cinco minutos depois de ter estado com um idoso, informarem-me que entretanto partira”. Para Hugo este “é um trabalho muito duro”. Nisto começa a trautear o Malhão a ver se espevita a dona Virgínia que no dia da nossa reportagem recebia a visita da filha. As visitas dos familiares têm uma influência capital no estado destes doentes, mesmo
naqueles que se encontram numa demência profunda – “Eles sentem a presença das pessoas e isso influencia-os”, refere Hugo. E agora chega a hora de Laura mostrar que ainda sabe a tabuada, e responder 16 quando se pergunta quanto é 4x4. E a explicação é simples. “As memórias que ficam são aquelas que foram repetidas muitas vezes”. E por isso as lengalengas também não escapam – “Qual e coisa qual é ela, que cai no chão fica amarela?”, foi outro dos desafios bem-sucedidos. No caso de outro utente, João, reage especialmente, ainda que com muita dificuldade, quando ouve a palavra “amigo”. Neste tipo de terapias uma das ideias a reter é que não se deve dizer ao idoso que está a fazer mal. “Se eu fizer algo que a pessoa possa achar incorreto, passa a reagir com medo, e dificil-
mente podemos voltar a trabalhar com eles, deixam de gostar de nós”. Virgínia foi diagnosticada há poucos anos com a doença, que no entanto se manteve estacionária. Não se lembra que não pode andar, pois está numa cadeira de rodas, mas as capacidades de fala e outras não estão muito comprometidas, e também vai dando alguma réplica a Hugo Sampaio. O som do acordeão, talvez por evocar os bailes que frequentaram na juventude, é para estes idosos algo fascinante. Laura nesta altura responde que tem 50 anos, mas com pouca convicção – “Já não me lembro bem”. Já Franquelim reage a passodobles e diz logo “Vila Franca”, a sua terra da qual diz ter saudades. Foi toureiro e diz que andou por terras como Azambuja e Arruda nas lides tauromáquicas.
Luísa Silva, que reside em Aldeia Galega da Merceana, é filha de Virgínia que conta com 92 anos. Está na instituição há dois. Há 10 anos que foi diagnosticada com a doença. Os primeiros sintomas apareceram e Luísa lembra-se que a mãe deitava fora os comprimidos porque não se lembrava se já os tinha tomado. Também não se lembrava que tinha jantado, e voltava a comer, por exemplo. “O olhar dela também já não era normal, era de alguém que tinha medo e se sentia perturbada”. Começou a ser seguida, e no seu caso a medicação conjugada com a terapia fez pelo menos com que a doença não avançasse especialmente por enquanto. Neste caso, as memórias mais antigas são as que se apresentam como significativas. Luísa Silva diz que a mãe era muito comunicativa antes da
Laura não resistiu a dançar com Hugo
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As canções da juventude despertam os sentidos destes idosos
doença e que ficou mais parada. “Ela também fala muito de visões que tem, por vezes coisas más, outras mais simpáticas”. Quando jovem, Virgínia era uma mulher com o seu quê de vaidade, e por isso a filha quando compra roupa nova traz para que a mãe possa ver – “Ela gosta muito de apreciar”. João Luís, de Aldeia Gavinha, todas as semanas vem visitar a
mãe já com 97 anos. A idade avançada trouxe recentemente alguns sintomas de demência. Por ter surgido numa idade bastante tardia, a aceitação da doença é mais natural – “Procuro ouvi-la e não contrariá-la, deixo que desenrole as suas histórias, como a que contou no outro dia em que dizia que a mãe dela a tinha vindo visitar”. A tia é que partiu com Alzheimer: “Di-
zia sempre que não me conhecia de lado nenhum, não se lembrava de mim, mas dias antes de morrer quando a visitei apertou-me bastante a mão, como a não me querer largar. Entendi aquilo como uma despedida”. Hugo, no final da sessão, visita Asdrúbal, que se encontra acamado e que responde sempre que o estímulo se relaciona com a sua profissão e o
tempo que passou na TAP. O musicoterapeuta até compôs uma canção original a evocar essa parte da sua vida. Este utente ainda é relativamente jovem para esta doença. Está na casa dos 50, (nasceu em 1963) mas enfrenta um um tempo presente muito difícil. Esteve em Moçambique e a canção do Duo ouro Negro “Elisa Ué, Elisa Uá” também lhe traz emoções e co-
Destaque 13 Luísa e a mãe apreciam as sessões de músicoterapia
meça a cantá-la. Para si Hugo Sampaio é “um grande amigo”. “Fazer com que estes portadores de demências que estão na Santa Casa se sintam válidos” é o grande objetivo destas sessões explícita Hugo Sampaio. Por comparação com outros lares, nesta instituição “não se desiste dos utentes e tentamos estimulá-los ao máximo” refere o musicoterapeuta em conso-
nância com Diana Costa, diretora técnica Hugo Sampaio sublinha que apesar de não ser fácil lidar com estas realidades, acaba por ser muito compensador como no caso “do senhor acamado que visitámos ter aprendido uma canção”. “O carinho deles e a forma como nos cumprimentam é muito importante para nós. Noto esse sorriso”.
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Hospital de Vila Franca
Metade das consultas de neurologia são dedicadas às demências erca de metade das consultas prestadas no serviço de Neurologia no Hospital de Vila Franca de Xira prende-se com o diagnóstico de casos de Alzheimer e outras demências. O isolamento e o mundo rural não deixam de estar associados a alguns diagnósticos tardios. Contudo o facto de cada vez mais se falar nesta doença também tem despertado os receios da população que procura a consulta no sentido de fazer alguns despistes que podem revelar-se como positivos ou negativos. Os médicos de família “também têm sido sensibilizados para estas realidades”, refere a médica neurologista Sónia Costa que presta serviço no hospital. Para despiste da doença, é feito um painel de análises e uma TAC que podem ajudar a descartar a existência ou não de uma doença degenerativa. O tratamento para o Alzheimer “não é curativo até à data”, refere, esclarecendo ainda que “também não podemos dizer que atrase a progressão porque é meramente sintomático”, embora haja esperanças a nível internacional que o próximo passo pode estar para breve e se não for no sentido da cura pelo menos que
C
possa agir no retardamento ao máximo da evolução da doença para estádios mais dolorosos. A medicação normalmente bem tolerada tendo em conta as faixas etárias em causa, e o aparecimento de outras doenças associadas à idade, tem como um dos principais intuitos proporcionar “momentos de maior lucidez, e de momentos mais calmos porque a doença também sugere alterações a nível do comportamento como alucinações e irritabilidade”. Complexo é fazer com que os doentes tomem a sua medicação, porque nem se dão conta do seu estádio, e nesse aspeto é importante o apoio dos familiares ou dos lares no caso dos idosos que já se encontrem institucionalizados. A evolução do Alzheimer pode ir até aos 10 anos, 95 por cento dos casos são desenvolvidos acima dos 65 anos, “mas não se morre necessariamente da doença”. “O que acontece é que como perdem autonomia, e perdem até a capacidade de andar, de falar, ficam acamados e por isso tornam-se mais sujeitos a infeções e insuficiências respiratórias”, refere Sónia Costa. O conceito de envelhecimento ati-
vo é importante nas idades acima dos 65 anos. Apostar-se em exercício físico específico para estas faixas etárias e numa alimentação saudável, com base na dieta mediterrânica, podem ser determinantes apesar de “ainda não existir uma prova científica cabal mas a maioria dos estudos vão nesse sentido”. No âmbito das consultas, o hospital também sugere estratégias de estimulação cognitiva no serviço de medicina física e reabilitação em que são elaborados planos tendo em vista essas performances. A profissional de saúde considera neste aspeto a necessidade de as instituições passarem a fazer uma aposta nestes doentes e com isso delinearem também as suas estratégias, principalmente nos estágios ainda recentes da doença. “Como sabemos o país é carente desse tipo de vocação por parte das IPSS’s”. “Nas consultas recomendo sempre um bom ambiente familiar, tranquilo, e com alguma estimulação, o que é muito mais importante do que os comprimidos”. Nos últimos anos com o aumento da esperança média de vida, a pressão internacional para que haja uma cura para a doença de
Alzheimer tem-se intensificado. Na imprensa surgem a todo o momento notícias que dão conta de mais alguns avanços, e neste aspeto Sónia Costa releva “os muitos ensaios clínicos” apesar de negativos. O antigo presidente dos Estados Unidos, Obama, referenciou até que a cura deveria ser descoberta até 2040 no máximo.
“Tenho esperança nos novos ensaios porque a medicina está a avançar junto de pessoas que ainda têm poucos sintomas da doença. Os anteriores foram desenvolvidos em indivíduos com um quadro clínico já muito avançado”. Para a neurologista já seria um bom prenúncio se a doença conseguisse adquirir um padrão cró-
nico mas com as evoluções mais espaçadas no tempo. “Nos últimos anos, avançou-se muito, e socialmente tende-se a perder o estigma que havia até aqui, quando os doentes eram chamados de esclerosados. Por isso penso que seria fantástico conseguirmos retardar em cerca de 10 ou 20 anos o aparecimento das fases mais críticas”.
Neurologista esperançada nos avanços da ciência para os próximos anos
Núcleo da Alzheimer Portugal no Ribatejo
“A doença ainda é um tabu” funcionar em Almeirim desde há 13 anos, o núcleo da associação Alzheimer Portugal presta apoio aos doentes e seus familiares ou cuidadores em todos os concelhos do distrito de Santarém. Através de uma equipa composta por assistente social e psicólogos elabora uma série de estratégias que vão desde a componente informativa sobre a doença, até sessões de grupo, e articulação com outras entidades dos concelhos como Câmaras, Segurança Social, IPSS’s. Eduarda Duarte, assistente social, salienta o grupo de apoio porque permite que as pessoas partilhem experiências e possam chegar a conclusões de forma a conseguir gerir a doença dos seus familiares. A associação faz também atendimento em gabinetes noutros concelhos na área da psicologia e serviço social. “As famílias ainda têm muita falta de informação, e em parte o Alzheimer continua a ser um tabu, vista como a doença das pessoas que estão doidas. As mentalidades ainda são fechadas, mas começamos a assistir a alguma procura da nossa associação”. O núcleo está articulado com o Hospi-
A
tal de Santarém, centros de saúde, e neurologistas a título particular. A aposta em formação às IPSS’s é “também muito importante porque as auxiliares muitas vezes não estão preparadas para lidar com as demências”. Para Eduarda Duarte, a doença tem tomado contornos cada vez mais assustadores e também em pessoas mais novas. “Estão a aparecer muitos casos em indivíduos na casa dos 50 anos”, e por isso “o núcleo tem apostado cada vez mais na sensibilização da comunidade” até junto das “crianças que por vezes têm avós nessa situação”. Patrocínia Gonçalves, 78 anos, começou a frequentar o núcleo devido à doença do marido, falecido há seis anos, e cujos sintomas surgiram quando tinha 70 anos. Os primeiros sintomas prendiam-se com uma “apatia muito grande”. Dedicava-se a uma pequena oficina, “e quando desmontava as peças já não conseguia voltar a montar” quando a doença se começou a manifestar. Aos poucos “foi-se esquecendo de tudo”. Depois de ser diagnosticado, Patrocínia Gonçalves e o marido conheceram o
núcleo onde participaram ativamente nas sessões de grupo (no caso dela) e nas sessões de psicologia e estimulação cognitiva no caso dele. “Encontrei muito apoio nesse grupo, e adorei ter participado. Aprendi muito”.
No quadro da doença, o marido tomou algumas atitudes agressivas: “Ainda me puxou o cabelo, quando antes nunca foi violento”. Mas teve sempre muita paciência e na sua memória estão sobretudo os episódios em que
mergulhado na doença continuava a gostar de dançar, e poucos dias antes de falecer “durante todo o dia dançou”. As pessoas “até comentavam que nem parecia que estava doente”. “Era muito sensível à música”. Acabou
por falecer de uma embolia cerebral no espaço de 20 minutos. “Morreu ao pé de mim, e a dizer o meu nome que já não conseguia pronunciar há muito tempo. Mas disse Patrocínia antes de fechar os olhos”.
Eduarda Duarte e Patrocínia Gonçalves aconselham os grupos de ajuda do Núcleo
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Concursos abertos no âmbito do “Desenvolvimento Local de Base Comunitária” A APRODER é uma entidade reconhecida, enquanto organismo intermédio, para a gestão de fundos estruturais europeus e de investimento, estando a decorrer alguns concursos a fundos comunitários, do “Desenvolvimento Local de Base Comunitária” (DLBC). Os concursos destinam-se a financiar projetos e atividades a desenvolver na nossa área de intervenção, que abrange todas as freguesias dos concelhos de Azambuja, Cartaxo, Rio Maior e Santarém, com exceção de uma parte do perímetro urbano da cidade de Santarém. PDR2020 (FEADER) 26 Junho a 28 Agosto 2017 OP 10.2.1.2 – Pequenos Investimentos na Transformação e comercialização OP 10.2.1.3 - Diversificação de atividades na exploração PORA Alentejo (FEDER, FSE) SI2E – Sistema de Incentivos ao empreendedorismo e ao Emprego 2ª Fase—Até 14 Setembro 2017 3ª Fase—Até 14 Dezembro 2017 Os anúncios de abertura, orientações técnicas e demais informações, para cada uma das ações já abertas estão publicitados nos websites do PORTUGAL 2020 (www.portugal2020.pt/), DR2020 (www.pdr-2020.pt/site/Candidaturas), do GAL APRODER www.aproder.pt e na página do Facebook da APRODER. Fonte: APRODER Turismo - Linha de Apoio à Qualificação da Oferta 2017 A Linha de Apoio à Qualificação da Oferta 2017 é um instrumento de crédito que visa proporcionar às empresas do setor do turismo melhores condições no acesso ao financiamento. Esta linha de crédito privilegia os projetos que, pelas suas caraterísticas, contribuam para a dinamização turística dos centros urbanos, privilegiem a fruição do património cultural edificado e a reabilitação urbana, se traduzam em novos negócios turísticos, nomeadamente na área da animação turística, sejam energética e ambientalmente sustentáveis, e contribuam para a permanência média do turista e para a redução da sazonalidade. O novo instrumento será acessível a empresas turísticas de qualquer dimensão, inde-
pendentemente da sua natureza ou forma jurídica, desde que cumpram as condições estipuladas. O montante máximo do financiamento concedido poderá chegar aos 75% do valor do investimento elegível, estando definido o valor de 2 milhões de euros como limite máximo de investimento do Turismo de Portugal em cada operação, com exceção das candidaturas desenvolvidas em cooperação, agregadoras de várias empresas, em que o limite será de 3,5 milhões de euros. As empresas podem candidatar projetos de requalificação de empreendimentos turísticos existentes, incluindo a ampliação dos mesmos, ou até a criação de empreendimentos turísticos, desde que se demonstrem diferenciadores em relação à oferta existente e importantes para o posicionamento competitivo do destino, ou resultem da adaptação de património cultural edificado classificado ou de intervenções de reabilitação urbana em áreas de interesse turístico. São ainda elegíveis a criação e requalificação de empreendimentos, restauração, equipamentos ou atividades de animação, desde que de interesse para o turismo e se diferenciem da oferta existente na região. Os fundos públicos irão também apoiar o desenvolvimento de novos negócios turísticos, no contexto do apoio empreendedorismo no setor, que apresentem um investimento elegível máximo de 500 mil euros, sejam promovidos por pequenas ou médias empresas a criar ou com, no máximo, 2 anos de atividade completos. Este instrumento financeiro tem uma comparticipação do Turismo de Portugal a 60%, sendo elegível uma componente de fundo de maneio, para apoiar a empresa na gestão da sua tesouraria durante o investimento. Espelhando prioridades de atuação estratégica, a comparticipação do Turismo de Portugal no financiamento é de 60% para 75%, nos projetos de empreendedorismo, de animação turística de reabilitação urbana em áreas turísticas, nos projetos que promovam a redução da sazonalidade e o aumento da permanência média do turista, e ainda nos que se perfilem marcadamente eficientes do ponto de vista energético e ambiental. Fonte: Turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt) Para mais informações, sobre o concelho de Azambuja, contactar o GAEE (Gabinete de Apoio e Informação à Empresa e ao Empreendedor) na loja 17 do Centro Comercial Atrium, em Azambuja ou através do telefone 938 309 664.
Valor Local
Julho 2017
Opinião 17
Cláusulas microscópicas, imposições misantrópicas láusulas microscópicas são as que povoam os “linguados” dos contratos prontos a assinar, dos contratos de adesão. São cláusulas que escondem imposições, em regra abusivas, ditadas pela posição de senhorio económico de quem oferece produtos ou serviços no mercado de consumo. “Misantrópicas” porque reflectem “aversão ao ser humano”, carácter “anti-social”, que esse é o significado do termo… E, na verdade, tais cláusulas são, na sua essência, contrárias aos equilíbrios sociais que um qualquer contrato deve reflectir. Os franceses diziam: “qui dit contractuel, dit juste”! “Quem diz con-
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tratual, diz justo”! Porque era a vontade expressa pelas partes e, nessa medida, algo que repousava no equilíbrio do “toma lá, dá cá”! A partir do instante em que a sociedade de massa impôs novas formas de contratação, o mais forte passou a impor a sua lei ao mais fraco (a ditar as cláusulas do contrato, de modo uniforme) sem hipótese de modificação ou adaptação. Portugal tem lei (1985) a disciplinar as denominadas “condições gerais dos contratos”. E teve-a ainda antes de a Comunidade Económica Europeia, ao tempo, haver “produzido” uma directiva (1993) com o fito de com-
bater as cláusulas abusivas dos contratos pré-elaborados (em regra, pré-redigidos). Mas nem por isso os denominados contratos de adesão deixam de surgir pejados de cláusulas abusivas. Em mais de 31 anos de vigência da lei (22 de Fevereiro último) as acções instauradas, entre nós, estão a anos-luz das violações sucessivamente perpetradas contra os consumidores. Há sobejos exemplos do acerto das decisões da judicatura neste particular. No que toca à “fidelização” nos contratos de comunicações, duas decisões cumpre realçar: Guimarães (des. Araújo Barros): -
“A cláusula de um contrato de adesão, que tem por objecto o fornecimento de serviço telefónico móvel com cedência de equipamentos, pela qual o predisponente estabelece a penalização de pagamento do valor dos equipamentos cedidos, bem como das prestações de consumo mínimo em falta até ao fim do prazo do contrato, caso o contrato venha a ser incumprido pelo cliente ou resolvido por razão a este imputável, é nula, …, por consagrar cláusula penal desproporcionada aos danos a ressarcir.” Supremo (cons.º João Trindade): - “Alegando a [operadora] que a fixação da cláusula de permanência mínima (cláusula penal de fi-
V Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo é uma peregrinação fluvial que se realiza anualmente ao longo do rio Tejo entre o final de Maio e a terceira semana de Junho, tendo este ano concluído a sua quinta edição. O acontecimento – realizado entre 26 de Maio e 17 de Junho de 2017 – reuniu as embarcações típicas do Tejo (como o picoto e a bateira) que transportaram a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo pelas comunidades ribeirinhas e pelas aldeias Avieiras existentes ao longo do rio.
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É sempre um acontecimento religioso e cultural. Religioso, porque se trata de uma peregrinação fluvial que toca a fé de muitos milhares de pessoas que durante as várias etapas ao longo do Tejo acorrem a prestar a sua homenagem à Mãe de Jesus que aqui chamamos de Nª Sª dos Avieiros e do Tejo; cultural, porque reforça a identidade das comunidades ribeirinhas, aproximando-as do seu rio Tejo que faz parte das suas vidas e onde tantas pessoas procuram o sustento para si e para os seus. Continua assim esta iniciativa a
ser realizada entre Vila Velha de Ródão e a Marina de Oeiras, numa distância de 220 Km pelo Tejo, com a finalidade de trazer até ao presente uma prática que em tempos foi natural, a de as comunidades ribeirinhas viverem o Tejo no dia-a-dia. Na cerimónia que teve lugar em Vila Velha de Ródão referiu assim o Sr. Padre Escarameia o espírito do Cruzeiro: “Senhora, ides partir pela mesma rota que tantos antepassados nossos rumaram a caminho da capital, quando este Tejo era navegável. Leva-nos con-
Mário Frota*
delização) é justificada pelos custos incorridos com as infra-estruturas para prestação do serviço e com os equipamentos entregues ao cliente, é a mesma desproporcionada se abarca, não apenas o período de fidelização inicial, em que tais custos foram recuperados, mas também o período de renovação automática subsequente.” Quando nos contratos de seguro surge cláusula a impor como “foro competente o de Lisboa ou Porto, consoante o que for considerado menos gravoso para o segurado”, os tribunais têm vindo a considerá-la, em termos relativos, como abusiva, já que para todos os não domiciliados em tais cidades há
graves inconvenientes “sem o que os interesses da seguradora o justifiquem”. Os contratos de aluguer de automóveis também estão pejados de cláusulas abusivas. O vulgo mal as detecta. E nem sempre o Ministério Público tem condições para propor as acções adequadas à supressão ou repressão de tais cláusulas. E as associações de consumidores independentes, sem meios, dificilmente o farão. * Associação Portuguesa Defesa do Consumidor
João Serrano*
tigo no coração”. A viagem iniciou-se sem problemas nem incidentes, e assim decorreu até ao fim. Ao longo de todo o percurso até Oeiras foramse juntando embarcações e cada vez mais pessoas acorriam às margens do Tejo para ver o cortejo e participar na iniciativa. Testemunhámos as emoções que a passagem da imagem e dos barcos causavam em todos os que do cortejo se acercavam. Ao longo das várias etapas foram 8.025 as pessoas que participaram no evento, enquanto no rio se foram juntando cada vez mais barcos ao longo das etapas, perfazendo 240 embarcações no conjunto final. Desde o seu início em Vila Velha de Ródão, e durante três semanas, foram percorridas 12 etapas, 2 barragens, 2 açudes e 47 paragens para, mais uma vez, terminar no Grande Estuário - na marina de Oeiras -, cumprindo os objetivos de dar a conhecer as várias comunidades ribeirinhas e as aldeias Avieiras do Tejo. Foi possível testemunhar a enorme e genuína adesão das pessoas o que ajudou ao bom relacionamento e à integração das suas comunidades e à partilha de usos e costumes, contribuindo para di-
minuir o afastamento entre as populações através da partilha não só da religião mas também das suas culturas. Foram realizados diversos eventos religiosos e culturais durante as 12 etapas e as 47 paragens do Cruzeiro, sendo o cortejo muitas vezes surpreendido com a forma como as pessoas vinham junto ao Tejo para ver a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo integrada no cortejo fluvial. Improvisaram pequenos oratórios, assomaram em pequenos grupos familiares junto ao rio para assistir à passagem, ou organizaram recepções junto das margens recuperando-as e limpando-as como já há muito tempo que não acontecia. Sublinha-se o papel dos fuzileiros que acompanharam o Cruzeiro em todas as etapas, assim como o SEPNA da GNR, que garantiram a boa segurança das embarcações e das pessoas. O Cruzeiro teve como mote “nas margens do rio está a árvore da vida”, tal como é referido no texto bíblico (Apocalipse, 22:2), e que a tradição reporta como um dos elementos que a descrição do livro do Génesis refere ao jardim do Éden, que hoje identificamos
como paraíso. Estas referências bíblicas recordam os tempos idos em que as comunidades ribeirinhas se referiam ao Tejo como “um jardim de peixe”, que a tantas famílias saciou a fome durante tantas décadas. O final deste 5º Cruzeiro de 2017 coincide com o sentimento de missão cumprida começando-se já a pensar no próximo ano de 2018, pois o importante é as pessoas que esperam o Cruzeiro com expectativa e que transformaram as suas despedidas numa mensagem tantas vezes repetida: “para o ano cá vos esperamos”. A iniciativa contou com a colaboração de voluntários, colaboração das paróquias e associações e apoio financeiro e logístico de privados, empresas, juntas de freguesia e câmaras municipais, tendo envolvido 32 paróquias, 32 freguesias, 21 concelhos e 150 entidades ao longo do Tejo, tendo sido a edição mais frequentada do Cruzeiro. * Confraria Ibérica do Tejo
18 Política
Valor Local
Julho 2017
Luís de Sousa acredita na vitória apesar das telenovelas do PS uís de Sousa apresenta-se aos militantes no próximo dia 24 como recandidato à Câmara Municipal de Azambuja. A apresentação decorrerá na Casa do Povo de Aveiras de Cima e é o culminar de um inÍcio de ano complicado para os socialistas locais. Para trás ficam as “lutas” pelos lugares na sua lista, protagonizadas por Silvino Lúcio e António José Matos, com o primeiro a não querer Matos nas listas e a revindicar para si o segundo lugar . Depois de muitas negociações e reuniões em Lisboa com a FAUL e com a mandatária nacional do PS, Maria da Luz Rosinha, a lista de Sousa foi finalmente aprovada e sem hipótese de mais contestação. Sousa encabeça a lista com Sílvia Vitor sem segundo lugar. Segue-se Silvino Lúcio em terceiro e António José Matos em quarto lugar, mas que no caso de se repetir a votação de 2013 poderá não ser eleito. Luís de Sousa referiu ao Valor Local que lamenta toda a situação gerada pela oposição do seu atual vice-presidente, que
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ganhou a votação na concelhia de Azambuja contra Luís de Sousa. Ainda assim o autarca e recandidato salienta que este processo “foi complicado” para si, para a sua família e para todos no geral”. Este processo “foi complicado e nasceu torto. Podíamos ter evitado tudo isto” argumentou o candidato que viu aprovada a sua lista no passado dia 13 em Lisboa apenas com um voto contra. Para Luís de Sousa “isto foi uma telenovela que já chegou ao fim” algo que não vê que possa prejudicar a votação do PS nas próximas autárquicas. No caso de vencer as eleições Luís de Sousa está preparado para trabalhar com todos. Mesmo com Silvino Lúcio que lhe fez oposição interna. Mas para o atual autarca “o PS está unido” e acrescenta que não tenciona aplicar represálias a ninguém. O autarca refere que está “disponível para trabalhar em prol do concelho” e refere que as divergências politicas são isso mesmo e que “ têm de ficar para trás do vão de escada”.
Luís de Sousa rejeita as criticas da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, que desvenda um alegado acordo com a CDU, no caso do PS não vencer com maioria absoluta. O candidato adverte que “a coli-
gação deveria preocupar-se com os passos que está a dar. Tem de se preocupar porque o candidato não está na terra há 20 anos e por onde passo toda a gente pergunta quem é”. Luís de Sousa fala da existência
Autarca garante que o passado ficou lá trás
de uma sondagem em que as pessoas dizem não conhecer Rui Corça, e por isso “eles que se preocupem com a vida deles”. O recandidato diz não ter acordos com ninguém e lembra que no inicio do mandato propôs um
acordo a António Jorge Lopes e Maria João Canilho. Sousa diz que as condições impostas pela coligação não eram exequíveis e por isso acabou por fazer um acordo com Herculano Valada, na altura eleito pela CDU.
Valor Local
Julho 2017
Política 19
Apresentação candidatos Alenquer:
Bloco de Esquerda promete reversão do contrato das águas Bloco de Esquerda apresentou os seus candidatos, no concelho de Alenquer às eleições autárquicas, no dia 15 de Julho. A cerimónia decorreu no Parque Vaz Monteiro, em Alenquer, e nela foram apresentados os cabeçasde-lista à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal. José Machado é o candidato à Assembleia Municipal, e Mário Correia o candidato à Câmara. No seu discurso, o candidato bloquista à Câmara Municipal foi apontando os problemas detetados no concelho e que necessi-
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tam de urgente intervenção, destacando-se “a reduzida rede de transportes públicos capaz de ligar as aldeias dispersas do concelho à sede do município, a inexistência de uma política que promova a cultura, a insatisfatória oferta pública da prestação de cuidados às diferentes faixas etárias da população, a relação de quase dependência económica que o concelho desenvolveu com o setor vitivinícola e o consequente emprego sazonal, a falta de médicos de família no centro de saúde concelhio e nas suas ex-
tensões e a ausência de uma política de promoção do desporto de lazer e da atividade física saudável”. Já no que se refere à questão da água, considerou que é inadmissível o facto de Alenquer ser o quarto concelho do país na lista daqueles que mais pagam pelo serviço de abastecimento de água e deixou a promessa: ao contrário do que o executivo camarário quer fazer parecer, a reversão da privatização do serviço de abastecimento de água é possível e tudo faremos para consegui-la.”
Apresentação dos candidatos no Parque Vaz Monteiro
PS apresenta candidatos em Salvaterra de Magos Partido Socialista, no passado dia 15 de julho, apresentou as suas candidaturas aos órgãos autárquicos municipais e de freguesia. Foram dadas a conhecer as recandidaturas de Hélder Esménio à presidência da Câmara Municipal, de Francisco Madelino à presidência da Assembleia Municipal, de Manuel Bolieiro à freguesia de Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra e as candidaturas de Isabel Ventura à Freguesia de Gló-
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Esménio recandidata-se a mais um mandato
ria do Ribatejo e Granho, de Joaquim Cardoso à Freguesia de Marinhais e de Ana Elvira Calado à Freguesia de Muge. Na presença de mais de duas centenas de apoiantes, de entre os quais se destacou Eduardo Cabrita, dirigente nacional e atualmente a desempenhar as funções de Ministro Adjunto, de António Gameiro, deputado e Presidente da Federação Distrital de Santarém do PS, e dos deputados Idália Serrão
e Hugo Costa, Hélder Esménio apresentou as razões da sua recandidatura descrevendo o trabalho de um mandato, “trabalho esse que até um de Outubro será apresentado a toda a população através de demonstrações em todas as freguesias e pelos habituais suportes de campanha eleitoral utilizados pelo Partido Socialista em Salvaterra de Magos”, refere aquela força partidária em comunicado enviado às redações.
Francisco Monteiro lidera Azambuja: Paulo Louro é Candidata da Coligação à Assembleia Municipal lista da CDU ao município candidato do BE quer instalar sede daquele de Salvaterra aulo Louro, Pantigo chefe órgão em Aveiras de Cima CDU
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apresentou os seus candidatos às eleições autárquicas de Salvaterra de Magos no dia um de julho. O cabeça de lista à Câmara Municipal é Francisco Modesto Monteiro, 48 anos, advogado de profissão desde 1997, tendo sido vereador na Câmara Municipal pelo Bloco de Esquerda nos mandatos de Ana Cristina Ribeiro. Atualmente é eleito na Assembleia Municipal pela CDU. O candidato à presidência da Assembleia Municipal é João Pedro Caniço, 37 anos, engenheiro civil e é atualmente o vereador da CDU no município. Às freguesias a CDU apresentou: António Cruz para a União das Freguesias de Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra; Marco Domingos para a Junta de Freguesia de Marinhais, que há quatro anos encabeçou um movimento independente nas mesmas eleições. Nuno Monteiro é o candidato à União das Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho. Rute Malfeito é a candidata à junta de Muge.
de divisão da Educação e Juventude na Câmara de Azambuja, é o candidato do Bloco de Esquerda nestas autárquicas. O seu nome foi apresentado perante cerca de meia centena de militantes e simpatizantes esta sexta-feira, 30 julho. Paulo Louro no seu discurso elencou diversas áreas consideradas por si essenciais desde logo a Educação, mas também o Ambiente, nomeadamente, as preocupações suscitadas pelo aterro da Suma inaugurado recentemente. Para o candidato, há que mexer com o concelho, chamar mais gente para a participação cívica, nomeadamente, através da criação do instrumento Orçamento Participativo. O dinamismo económico será importante para o candidato e defende uma via verde para os empresários até porque “não é com empresários árabes que fazemos a diferença”. Prometendo mais transparência, o candidato quer implementar a possibilidade de as reuniões do executivo passarem a ser transmitidas via vídeo/internet; e a participação das pessoas nas reuniões de Câmara através da via digital. Firmino Amendoeira, operário reformado, foi apresentado como o candidato à junta de freguesia de Azambuja. Daniel Claro, dirigente associativo, é o candidato à Assembleia Municipal.
na Catorze Caetano é a cabeça de lista da Coligação pelo Futuro da Nossa Terra à Assembleia Municipal de Azambuja. Com 47 anos e com raízes familiares em Aveiras de Cima e Casais da Lagoa, Ana Catorze Caetano assume como prioridades do seu mandato “a dignificação da Assembleia Municipal como órgão de fiscalização da Câmara” e a “instalação da sede da Assembleia Municipal em Aveiras de Cima” por forma “a aproximar este órgão autárquico a todo o concelho”. A candidata é técnica superior de Serviço Social, destacando-se o seu trabalho enquanto técnica do Rendimento Social de Inserção, tendo trabalhado ainda no Centro Paroquial de Aveiras de Cima. Em nota de imprensa, aquela força política refere que Ana Catorze Caetano se candidata porque “acredita no projeto da Coligação como alternativa à inércia e apatia deste concelho, bem como na competência de Rui Corça” para dirigir os destinos do concelho. Em comunicado, a Coligação informa ainda que será apresentada a recandidatura de Carlos Valada à junta de Aveiras de Baixo no Mosteiro da Virtudes, no dia 21 de julho, às 19 horas.
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20 Autárquicas Vila Franca Xira
Valor Local
Julho 2017
Regina Janeiro, candidata da CDU
“Falar com as pessoas é essencial” egina Janeiro é a candidata à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pela CDU. Atualmente exerce funções de vereadora na Câmara do Barreiro, e encara a candidatura ao município onde cresceu como um desafio lançado por aquela força política. Em entrevista ao Valor Local, a candidata esclarece que esteve fora do concelho doze anos por questões pessoais, mas que nunca perdeu o contato com aquele território, até porque ainda tem familiares a residir na zona sul, nomeadamente, em Alverca e Póvoa de Santa Iria. Regina Janeiro foi nos anos 90 uma destacada líder da associação de estudantes e mais tarde da juventude comunista de Vila Franca de Xira. Por ela passou também a organização de concertos e certames dedicados aos mais jovens como foi o caso do Xira Jovem, iniciativa que lamenta ter acabado, e que guarda na sua memória com alguma nostalgia. Vinca que o PS assim que ganhou o município terminou com algumas das iniciativas que o
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PCP levou a cabo. A candidata comunista refere que tem acompanhado o que se passa em Vila Franca através de vários canais. As visitas à família, as conversas com os amigos e as reuniões de trabalho no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa, onde participa enquanto vereadora da Câmara do Barreiro, são as formas que tem para se ir mantendo informada. Acima de tudo, Regina Janeiro faz questão “de ouvir as pessoas”, e essa é para si e para a sua equipa a fórmula mais correta de resolver os seus problemas e ficar a par do que se passa em Vila Franca. A candidata refere que o “concelho tem vindo a perder dinamismo”. O município “tem o Colete Encarnado e a Feira de Outubro de que gosto muito, mas o concelho não pode ser só isso”, salienta apontando como exemplos a extinção de certames como o Salão do Cavalo ou mesmo do Xira Jovem. Para Regina Janeiro “as iniciativas não têm de ser obrigatoria-
mente promovidas pelas Câmaras”, mas estas devem “apoiar as iniciativas propostas por outras entidades e isso tem-se perdido”. No âmbito do dia-a-dia do município, a CDU votou contra a aquisição da Escola da Armada. Regina Janeiro não está em funções em Vila Franca, mas acompanhou todo o processo dos camaradas de partido. Ao Valor Local, a candidata lembra que “o concelho de Vila Franca de Xira tem muitos outros problemas para resolver” que não apenas aquele. Regina Janeiro vinca a necessidade de se recuperarem os centros históricos nas freguesias mais urbanas, nomeadamente, em Alverca, Póvoa e Vila Franca. Para a candidata é importante “voltarmos a dar vida aos centros urbanos” e exemplifica com a cidade de Vila Franca de Xira “que antigamente era o centro de tudo”; e recorda que ainda não há soluções para o hospital velho nem para o Vila Franca Centro. Sobre a Escola da Armada, Regina Janeiro diz ser importante que
esse assunto possa vir a ser resolvido “mas temos de pensar coletivamente se é desta forma que se está a propor”. A candidata refere que o atual projeto que custou cerca de oito milhões ao município, “prevê um investimento de mais 18 milhões, que não contempla a aquisição dos terrenos
da Cimianto; nem a descontaminação dos solos”. A candidata diz estar preocupada com a saída de serviços do centro da cidade, e reforça a importância de voltar a dar vida aos edifícios agora devolutos. Quanto ao hospital, Regina Janeiro vinca que “não podemos fazer tábua rasa
de tudo”. A vereadora da Câmara do Barreiro salienta que “todos os que já o utilizámos temos várias críticas”. Salienta, contudo, “o trabalho dos profissionais”, mas questões como a acessibilidade ao local e o estacionamento demasiado dispendioso não podem ficar de fora. Regina Janeiro vinca “que aquele é o hospital com que vamos ficar”, no entanto, “podemos sempre falar com a administração e defender os interesses das populações, quer em relação ao hospital quer em relação aos médicos e enfermeiros, apesar do município não ter competências na área da Saúde”. Regina Janeiro diz não querer fazer promessas aos vilafranquenses, mas assume algumas questões como ponto de honra. A candidata quer que as populações participem mais na vida do município. O desenvolvimento económico, cultural, ambiental, educativo, e o desenvolvimento social são metas e objetivos que quer levar a cabo caso seja eleita presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
Candidato do Bloco de Esquerda, Carlos Patrão
“Mandato do PS consistiu em dar um chouriço para receber um porco” Bloco de Esquerda de Vila Franca de Xira volta a apostar em Carlos Patrão para cabeça de lista à Câmara Municipal. O empresário que já tinha concorrido em 2009, troca com Maria José Vitorino, que desta vez encabeça a lista à Assembleia Municipal, lugar ocupado por Patrão há quatro anos. Em entrevista ao Valor Local, Carlos Patrão salienta que o concelho “está numa encruzilhada da qual não consegue sair” e explica que quando o PS chegou ao poder, “tinha uma estratégia que se baseava em construir mais subúrbios no concelho e aumentar a população” através de novas habitações o que “daria para mais receitas”. A juntar a isto Carlos Patrão refere que o PS desejava implementar uma estratégia de fixação de mais armazéns para colmatar “a desaceleração da indústria pesada e química”. Patrão refere que a crise veio fazer com que a estratégia tenha falhado, mas aponta também como causa a mudança do aeroporto da Ota para a margem sul. O candidato refere que a partir desse “falhanço” o município “nunca mais conseguiu encontrar um rumo”, e por consequência “Vila Franca definha”. Nos úl-
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timos quatro anos, refere o candidato, “o orçamento da Câmara tem diminuído”. Chegou a ser de 100 milhões, mas agora em ano de campanha eleitoral houve um corte de 20 milhões. Carlos Patrão refere que o de-
do talvez o maior da Área Metropolitana de Lisboa”. De que são exemplo no concelho “os aterros sanitários, a coincineração, os surtos de legionella provocados por indústrias da área química”. Por outro lado, assiste-se a uma
sígnio do Bloco de Esquerda passará por alertar para algumas estratégias que vão em sentido contrário ao que faz atualmente o executivo socialista. O candidato explica que na sua opinião “Vila Franca tem um grande passivo ambiental, sen-
“inutilização de enormes áreas da lezíria”, com o advento de “projetos fantasmas como a plataforma da Castanheira”. É por isso que o candidato salienta que a estratégia do PS afasta os investidores e as populações do concelho de Vila Franca de Xira.
Carlos Patrão vinca a necessidade de se atraírem mais empresas “com maior valor acrescentado, quer na área do ambiente quer na do turismo ou das atividades culturais e conteúdos” e por isso refere como meta “bater o pé ao Governo Central”, de modo a que não se “permita a instalação de tudo o que é lixo da AML em Vila Franca de Xira”. O candidato explica que está previsto o encerramento do Aterro do Mato da Cruz em 2020 “mas já estão a arranjar maneira de não o fechar, e mais uma vez estamos a fazer o frete a alguém”, deixa no ar. Carlos Patrão salienta que está previsto reabilitar o espaço, “mas se não o encerrarem a reabilitação não avança”, afiança o candidato que não vê com bons olhos a política ambiental do município. Ainda assim, Vila Franca de Xira tem um passeio ribeirinho que contribui para a qualidade de vida das populações. Sobre este caso, Carlos Patrão refere “que se trata de uma forma de fazer política que consiste no - Toma lá um chouriço e dá cá um porco” numa alusão à convivência com o passivo ambiental por parte dos milhares de habitantes do concelho.
Para o candidato, Vila Franca de Xira não é uma terra de oportunidades “Não temos conseguido fixar os jovens neste concelho porque os que estudam cá e depois vão para Lisboa, têm outras aspirações que não o trabalho numa caixa num hipermercado, ou num armazém de logística”. Carlos Patrão refere a necessidade “de se encontrar um novo rumo”. Porque até lá “vamos ter atividades poluentes que não criam grande emprego”, dando o exemplo da Cimpor que praticamente “não produz cimento” e está “a viver através da coincineração”. Para o Bloco é importante resolver o “problema do passivo ambiental” para criar condições para que outro tipo de empresas se fixem naquele concelho. No que toca à maior compra feita pelo município de Vila Franca de Xira neste mandato, a Escola da Armada, por oito milhões de euros, Carlos Patrão considera até que os valores estão em consonância com o espaço. Todavia o cabeça de lista acredita que a revitalização passará por mais hipermercados ou subúrbios ou logística naquele espaço, quando o desejável seriam novos equipamentos de que as populações necessitem.
Sobre a nova biblioteca, critica a Fábrica das Palavras e a megalomania do espaço, e pese embora o facto de o edifício já ter ganhado muitos prémios, Patrão refere que o mesmo não se assume como prático, e critica, ainda, o negócio dos terrenos. O candidato refere que a empresa “Obriverca” recebeu “dois milhões para fazer as demolições do edifício, e depois efetuou uma espécie de leasing para a construção da biblioteca”. “Isto é ruinoso e permitiu que os acionistas do BES pegassem no dinheiro todo e o levassem”, sustenta. Sobre o hospital, Patrão refere que sabe de queixas relacionadas com a falta de médicos ou a falta de camas. Por outro lado, lembra que o estacionamento do hospital é mais caro que o do Largo do Camões em Lisboa: “o mais caro do país”. Carlos Patrão refere que aguarda uma resposta da administração do hospital para que o BE seja recebido. Alias neste campo, Maria José Vitorino, candidata à AM, que esteve sempre presente nesta entrevista, refere que a estrutura do Bloco é muito pequena, portanto espera por um agendamento que sirva o BE e a administração do hospital.
Valor Local
Julho 2017
Autárquicas Vila Franca Xira 21
Candidato do PS, Alberto Mesquita
“Hospital é aplaudido por todos até pela CDU no seu íntimo” lberto Mesquita vai concorrer de novo à presidência da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Em entrevista ao Valor Local, o atual presidente diz não esquecer o passado do qual se diz orgulhar, salientando, por isso, a obra deixada por Maria da Luz Rosinha e a marca de algumas “obras importantes”, como é o exemplo do passeio ribeirinho, que Alberto Mesquita tenciona ligar a sul ao Parque das Nações e a norte ao Carregado, numa parceria com a Câmara de Loures e a Câmara de Alenquer respetivamente. Desde os tempos de Maria da Luz Rosinha que o PS tem levado a cabo “muitas obras” nas quais se adiantou ao Estado. São obras que o PS considera importantes para o desenvolvimento do concelho de Vila Franca de Xira, tendo permitido por exemplo a construção dos acessos ao novo hospital, a edificação dos centros de saúde de Alhandra e Vila Franca, e mais recentemente a inauguração da nova Esquadra da PSP da cidade, “onde há 50 anos os agentes trabalhavam em péssimas condições”.
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Nestes casos, Alberto Mesquita salienta que é importante que o município se adiante ao Estado Central. A fórmula encontrada pela anterior presidente de câmara socialista de avançar com as obras e depois ser ressarcida pelo Governo, tem vindo a funcionar nos projetos mais importantes, e por isso, Alberto Mesquita parece querer manter esta ideia para o futuro
“seja qual foi a cor do Governo que esteja em funções.” A Fábrica das Palavras é outro dos motivos de orgulho dos mandatos socialistas. Alberto Mesquita inaugurou a obra que Rosinha iniciou e lembra os inúmeros prémios que o edifício já recebeu ao nível da arquitetura, e que se enquadra na requalificação da zona ribeirinha. Alvo de críticas por parte da CDU,
partido que foi poder no concelho durante mais de 20 anos, Alberto Mesquita acaba por as desvalorizar. Para o candidato socialista, “a CDU teve no passado a oportunidade de resolver uma série de situações pelas quais hoje se bate”. No que toca ao hospital, Alberto Mesquita enaltece a parceria público privada: “Temos um dos melhores do país”. “Se não fosse a ação do PS neste dossier, teríamos um hospital com mais dificuldades em proporcionar cuidados de saúde à população”. Nesse sentido a PPP é importante, segundo o atual presidente, que considera que “sobre esta matéria há consenso, até mesmo no íntimo da CDU”. Aliás Alberto Mesquita salienta também a importância da reutilização do edifício do antigo hospital, propriedade da Santa Casa da Misericórdia, para onde a instituição já tem um projeto para uma unidade de cuidados continuados. Sobre o espaço do Vila Franca Centro, o candidato refere que depois do leilão, o município vai querer também encontrar uma solução “para que novas atividades
possam vir a instalar-se naquele espaço”. Abordando a economia no município, refere que o gabinete do investidor tem vindo a trabalhar para que “muitas empresas venham para o nosso concelho”. Algumas empresas têm, segundo Alberto Mesquita, optado por vir para Vila Franca de Xira tendo em conta as baixas nos impostos de que é exemplo a derrama, ou a nível dos particulares as condições especiais a nível do IMI familiar, políticas que têm culminado na “fixação de novas empresas e de mais famílias no concelho”. O autarca refere que a instalação de novas empresas é uma realidade, e a título de exemplo aborda a criação de uma unidade de produção de microalgas no complexo da Solvay na Póvoa de Santa Iria. A empresa que vai aproveitar as antigas salinas da Póvoa, promete criar postos de trabalho: “Esta é uma das grandes empresas da Europa a sediar-se em Vila Franca de Xira num investimento para cima de 22 milhões de euros”. Para os próximos anos, Alberto Mesquita, caso seja reeleito, pre-
tende apostar, entre outras obras, na requalificação da Escola da Armada e da Fábrica da Cimianto, lamentando, no entanto, o facto de a CDU “não acompanhar a autarquia nesse desiderato, embora saibamos que a votação não foi unânime entre aquele partido”. “Estas coisas sabem-se, e sabemos que provocou divisões internas”, conclui. O candidato refere que a requalificação da Armada está previsto para os próximos anos, e englobará a requalificação da EN10 e do Bairro do Paraíso. A acessibilidade da EN10 através das ciclovias entre a Póvoa e Alverca é um outro projeto já anunciado através de fundos comunitários. O cluster de Alverca ao nível aeronáutico também encabeça as preocupações do candidato, que vinca a necessidade da recuperação das vivendas das OGMA. Aproveitar o facto de a empresa ter como “objeto a reparação de aeronaves é decisivo”, mas tem de ser acompanhada “com a oferta provada de alojamento, para que os pilotos e tripulações fiquem no concelho, nomeadamente na zona sul”.
Candidata da Coligação Mais, Helena de Jesus
“Sinto uma grande desmotivação dos funcionários da Câmara e quero mudar isso” elena de Jesus foi a escolhida para ser a cabeça de lista da Coligação Mais, que integra o PSD, o CDS, o MPT e o PPM. Helena de Jesus candidata-se assim à Câmara de Vila Franca de Xira, depois de ter passado pela vereação com pelouros, durante parte do mandato 2009-2013, resultado de um acordo entre a anterior presidente Maria da Luz Rosinha e aquela coligação. Nesta nova coligação, o CDS regressa, depois de ter estado fora no último mandato, onde manteve a sua voz apenas nas assembleias de freguesia e assembleia municipal. Helena de Jesus, advogada, parte assim para este desafio “consciente” daquilo que a espera, quer em termos familiares quer em termos profissionais. A atual vereadora do PSD, salienta que na sua vida “é tudo muito organizado” e as horas são para serem respeitadas. Lembra mesmo que enquanto vereadora com pelouros “era a mais rápida a despachar os assuntos, e muitas vezes no próprio dia”. Ainda assim a vereadora refere que à época tinha uma “equipa fantástica e estando motivada para o trabalho, fizeramse coisas maravilhosas”.
H
Para Helena Jesus “há falta de motivação dos funcionários municipais”. Refere que o espírito que conseguiu incutir junto dos funcionários que consigo trabalharam deveria ser extensível a outras áreas até porque “os funcionários gostam de ver o seu trabalho reconhecido” o que na opinião da vereadora e candidata, “não acontece no presente”. Todavia no presente mandato, muitas das propostas do executivo liderado pelo atual presidente, que não tem maioria absoluta, têm passado graças ao voto do PSD. É frequente, Rui Rei ou Helena de Jesus votarem ao lado do PS e com críticas fortes à CDU em reunião de câmara. Questionada sobre se estas tomadas de posição podem deixar o “PSD” mais confortável ou não na atual campanha, a vereadora sublinha que “há projetos em relação aos quais não podemos votar contra, só por votar contra”, como foram os casos do hospital ou da Escola da Armada. A candidata salienta que nesta altura “o voto do PSD continua a ser decisivo”. “Somos o fiel da balança da Câmara Municipal. Sem o nosso voto não se pode aprovar
nada”. Contudo a candidata refere que não existe “um entendimento explícito e formal com o PS”. “O presidente da Câmara sabe que tanto eu como o vereador Rui Rei somos pessoas com princípios e valores, que estamos ali pelos munícipes, e não votamos contra como a CDU só porque o novo hospital resulta de uma parceria públicoprivada”, refere. Helena de Jesus salienta que o entendimento não é difícil, mas resulta de muitas negociações, e acrescenta que só aprovou o orçamento municipal depois de ver algumas propostas da Coligação nele incluídas. Quanto à participação da população, a vereadora lamenta a fraca adesão da população nas reuniões de câmara: “A maioria das pessoas que comparecem nas reuniões são funcionários”. “Muitos prefeririam estar a trabalhar no gabinete”, diz, vincando que não consegue perceber qual a necessidade de se ter tantos técnicos na sala, até porque na necessidade de algum esclarecimento “estão à distância de um telefonema”. No que toca ao voto decisivo para a compra da Escola de Armada, a
candidata destaca que não concorda com o projeto do estudo prévio, até porque “não queremos que seja uma ilha isolada das localidades de Alhandra e Vila Franca”; “tem de ter uma ligação e não ser um condomínio fechado”. A requalificação do Bairro do Paraíso que se encontra paredes meias com a Armada é “imprescindível”, salientando que o projeto apenas foi discutido e ainda não foi votado, e por isso terá de “ser analisado ao pormenor”. “Às vezes digo que Vila Franca está em coma. O presidente fica ofendido, mas é verdade”, isto por causa da desertificação da cidade do assunto, argumentando que o ção de uma rede de transportes e da falta de alguma revitalização. mesmo é da esfera de um determi- adequada para o concelho, até Helena de Jesus defende que os nado ministério, isso para mim para que as populações possam edifícios devolutos como é o caso não é ser autarca. Se necessário por exemplo chegar ao centro de do antigo hospital, devem ser reu- junto das instâncias centrais que saúde ou ao hospital em melhores dê um murro da mesa. Foi eleito condições de mobilidade. tilizados para outros serviços. No que toca a promessas, prefere No que concerne ao atual manda- para nos representar”. to do PS, a candidata considera Por isso salienta que este foi um não fazer nenhuma, salientado que “falta ouvir as pessoas”. A ve- mandato afastado das pessoas e que no caso de ser eleita vai trabareadora sublinha que essa é uma do investimento em Vila Franca. lhar e ouvir as pessoas. “Sinto que Para o futuro Helena de Jesus vou resolver os problemas das premissa que tem falhado. Em termos políticos “Alberto Mes- quer “mudar a fama que Vila Fran- pessoas”. “Desde 1995 que sou quita deveria ser o presidente da ca tem, porque ninguém quer in- advogada e que resolvo os problemas às pessoas. Acho que a CâCâmara, porque quando responde vestir aqui”. que não pode tratar de determina- A candidata defende ainda a cria- mara deveria fazer o mesmo”. Entrevistas disponíveis em vídeo a partir do dia 31 de julho até dia 3 de agosto, ao ritmo de uma por dia por cada candidato em www.valorlocal.pt
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Valor Local
Julho 2017
Julho 2017
Valor Local
Falta de passadeira na rua para Praceta Jardim das Freguesias, carro de bebé apanhado por uma viatura quando descia as escadas. dia 6 de Julho 16 horas.
Instantâneos 23
Valor Local em conjunto com a animadora infantil Hélia Carvalho que apresentou o seu vídeo “Uma viagem pela Água” esteve na Escola de Línguas Grau de Prova no dia seis de julho para entregar os diplomas do concurso “Como posso poupar Água e proteger o Ambiente”, (iniciativa levada a cabo em quatro concelhos da região pelo nosso jornal), aos 15 alunos que participaram, e que não puderam estar presentes na nossa cerimónia decorrida no início de junho em Salvaterra. Aos professores, alunos e à responsável da escola Ana Gaudêncio os nossos parabéns.
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Homenagem a Manuel Jorge de Oliveira Cavaleiro Azambujense foi homenageado num almoço evocativo dos 40 anos de alternativa, almoço este que foi “presidido” pelo conhecido Padre Vítor Melícias e por João Duarte. O repasto teve lugar num restaurante típico dos Casais da Amendoeira, uma casa que merece os parabéns pela sua tipicidade. Voltando a Manuel Jorge de Oliveira, encontraram-se ali à sua volta, velhos amigos, daqueles que o acompanhavam nos tempos em que a sua carreira estava no auge. Tempos esses, os anos 70 e 80, que foram recordados pelos presentes nos discursos de ocasião. Foi um almoço em beleza. Daqueles de que se diz que dão saúde a quem está doente. Manuel Jorge de Oliveira, daqui a 10 anos, que faças o mesmo.
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Ana Rita ais uma vez, Ana Rita, é considerada a melhor rejoneadora portuguesa que anda por terras de Espanha. Em Ávila, cortou 4 orelhas em lides de êxito, como sempre finalizadas com os seus célebres violinos ao estribo e rematadas com rojões de morte certeiros. Isto aconteceu no dia 13 de junho, numa corrida que alternou com Mario Perez Langa e Ginez Cartagena, os quais foram premiados com 2 orelhas cada. No final, saída em ombros para os 3 artistas. António Salema “El Salamanca”
M Falta de limpeza do mato da conduta de água da Epal. De quem é a responsabilidade da limpeza? Importante estar limpo para em caso de incêndio servir de Aceiro/corta fogo. Fotos enviadas à nossa redação pelo leitor Isidro Ferreira
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