Jornal Chafariz de Arruda - edição junho 2019

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Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 13 • 6 de Junho 2019 • Gratuito

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Bairro João de Deus com cara lavada até 2021 Vila de Arruda entra em modo “Santos Populares” de 12 a 16 de junho

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Aplicação desenfreada de herbicidas causou consternação

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Associação Caminhando faz balanço positivo de mais um ano letivo

Uma das oficinas desenvolvidas pela associação Associação Caminhando, com sede em Cardosas, faz um balanço positivo em mais um final de ano letivo. O conceito virado para o ensino doméstico conseguiu captar nove alunos - a larga maioria das crianças é oriunda do concelho de Arruda. No ano letivo passado frequentavam as aulas da associação, que têm lugar na antiga escola primária, cinco crianças. Sandra Rodrigues, tutora, expressão que prefere utilizar, embora tenha sido professora do

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ensino oficial dá conta de várias atividades que decorreram durante o ano letivo com o objetivo de fortalecer o currículo destes alunos, embora tenha servido também para reavaliação do projeto. Este trata-se de um espaço multidisciplinar que para além de se concretizar como um local de transmissão do mesmo tipo de conteúdos às crianças como se estivessem numa sala de aula tradicional, inclui ainda workshops voltados para os pais, e outras atividades, repartidas por várias salas

O contacto com a natureza é privilegiado da antiga escola num ambiente confortável e acolhedor. A Associação Caminhando surgiu em março de 2017 e inclui não apenas o centro de aprendizagem mas também o projeto “Casa de Cultura” que inclui tertúlias e workshops com os pais, nomeadamente, relacionados com temáticas da criança e bebés, entre outros; e o projeto “Caminhando com a Natureza”. Neste ano letivo a aposta foi na consolidação destas vertentes. A associação procurou estreitar laços com a comunidade na orga-

nização e participação em festas como a da Primavera, Dia da Espiga, e em breve a Festa de São João em colaboração com a junta de Freguesia de Cardosas “que tem apoiado bastante, assim como, a Câmara Municipal”. Sandra Rodrigues não esconde que “ainda se está a tentar dar sustentabilidade ao projeto também a nível financeiro tendo em conta as despesas”. Em entrevista ao nosso jornal na edição de fevereiro de 2018, a associação dava conta que a mensalidade rondava os

250 euros, podendo baixar “no caso de ser o próprio pai ou mãe a querer vir dar algumas aulas, até porque alguns deles são formados e têm conhecimentos”. No apoio à Caminhando salienta ainda “parceiros diversos como uma empresa que fornece frutas para os lanches, e outros alimentos”. A associação acolhe crianças dos três aos cinco anos que frequentam as atividades de “oficinas” e de “playgroups” (brincar em grupo). Neste âmbito, a Caminhando também consegue ter horários flexíveis para os

Câmara de Arruda comparticipa compra de óculos a munícipes carenciados Câmara de Arruda aprovou, numa das últimas reuniões do executivo, a proposta de regulamento que visa a criação do cheque-visão. Esta é uma medida dirigida aos cidadãos com dificuldades económicas, com o obje-

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tivo final de ajudar a “melhorar os níveis de saúde ocular e o bem-estar aos cidadãos”, pode ler-se no site do município. O apoio pode chegar aos cerca de 350 euros anuais nessa aquisição, desde que ela ocorra em estabelecimentos comerciais sedeados no concelho de Arruda dos Vi-

nhos, constituindo-se assim simultaneamente como “uma medida de incentivo ao comércio local.” Para mais informações poderá consultar o projeto de regulamento no site da Câmara de Arruda. O regulamento vai agora entrar em fase de consulta pública.

Projeto em consulta pública

pais, “que nos procuram porque querem dar uma outra resposta de educação aos seus filhos”, acrescenta Rute Baptista. Dos seis aos 10 anos, a criança tem uma aprendizagem dos conteúdos semelhante em parte ao que teria numa escola do ensino oficial, através de abordagens com outro nível de estímulo que podem passar por atividades ao ar livre e de descoberta que, em última análise, pretendem ser, a título de exemplo, mais eficazes no ensino da Matemática ou do Português.


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Governo anuncia fim da PPP de Vila Franca de Xira Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo comunicou, no dia um de junho, a não renovação do contrato de gestão do Hospital de Vila Franca com a Escala Vila Vila Franca – Sociedade Gestora do Estabelecimento SA, entidade gestora da Parceria PúblicoPrivada (PPP), que serve um conjunto de 245 mil habitantes dos concelhos de Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Benavente e Vila Franca de Xira. Segundo a tutela, esta decisão prendeu-se com o facto de, na sequência dos trabalhos da Equipa de Projeto, “se ter considerado a necessidade de introduzir modificações no contrato que são incompatíveis com a sua atual redação e com as regras em matéria de contratação pública.” Por isso, e considerando a necessidade de análise de outros elementos essenciais à decisão quanto ao modelo de gestão a adotar, “foi proposta à entidade gestora do hospital a possibilidade de o contrato ser renovado por um período não superior a 24 meses, prorrogável por 12 meses, de forma a garantir a implementação das decisões que venham a ser tomadas.” Recorde-se que o contrato em vigência termina a 31 de maio de 2021. Se o grupo Mello aceitar as condições da ARS-LVT poderá ficar na

modelo de gestão adotado ou a adotar e desde que o mesmo se enquadre nos princípios estabelecidos pelo Serviço Nacional de Saúde.” Nesse sentido, “a Câmara Municipal manifesta o seu desejo de que a solução que venha a ser encontrada para a gestão do Hospital de Vila Franca de Xira corresponda sempre a essa exigência e a esses critérios de qualidade, e esteja garantida uma cada vez melhor qualidade do serviço prestado à população de Vila Franca de Xira e dos demais municípios que recorrem a este hospital”, conclui.

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André Rijo, presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos: “É uma gestão aberta à comunidade e preocupada com as pessoas”

gestão até 2024, altura em que o Estado pode decidir pelo retorno da unidade a uma gestão exclusivamente pública, ou lançar novo concurso para nova PPP. O grupo Mello já transmitiu que neste momento vai avaliar a proposta do Governo. Recorde-se que na PPP de Braga, administrada também por este grupo, não foi aceite este tipo de continuidade sugerida pelo Governo. A decisão surgiu na mesma semana em que foi dado a

conhecer um relatório da Entidade Reguladora da Saúde que apontava para deficiências na prestação de cuidados de saúde naquele hospital, com a colocação de doentes, de acordo com queixas feitas chegar àquele organismo, em refeitórios e casas de banho. Este último dado foi rejeitado pelo hospital que não negou o facto de as instalações neste momento ficarem aquém da afluência registada. A Câmara Municipal de Vila

Franca de Xira fez chegar à nossa redação um comunicado em que Alberto Mesquita, presidente da autarquia, considera estranho o relatório produzido pela ERS, quando a unidade é das mais bem cotadas no país com a atribuição das mais diversas distinções e acreditações. Alberto Mesquita refere ainda que “o aspeto mais importante a ter em conta é a qualidade dos serviços de saúde que são prestados aos utentes, independentemente do

À nossa reportagem e uns dias antes da decisão por parte do Governo, o presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, André Rijo afirmava-se satisfeito com trabalho desenvolvido naquela unidade que serve o concelho de Arruda, Para o presidente da Câmara há de facto “uma gestão preocupada com a abertura de portas à comunidade” por parte desta unidade. O autarca salienta “o envolvimento e o comprometimento, em dar resposta às pessoas, articulando e integrando os serviços disponíveis, com os Cuidados de Saúde Primários”. Salienta

ainda as mais-valias com a introdução das especialidades de Oftalmologia, Psiquiatria e Neurologia. “Aspetos a melhorar haverá sempre, no entanto o saldo é francamente positivo”, refere. Quanto à possibilidade de saída deste grupo e o retorno ao setor público, André Rijo considera que o atual modelo tem cumprido e como tal deverá continuar, “sobretudo com menores custos para o contribuinte” como será o caso, e dados “os elevados padrões de qualidade”. Quanto à relação do município com o hospital salienta o sentimento de proximidade de que “as pessoas estão no centro dos cuidados”. No seio da população deste concelho “há a ideia generalizada de que este hospital tem melhores serviços do que o antigo”. Ainda neste concelho, há uma franja assinalável de munícipes, nomeadamente, das freguesias de Arranhó e S.Tiago dos Velhos, que também usam outro hospital das denominadas PPP, o de Loures, desta feita do grupo Luz Saúde, para consultas, dado que os serviços de urgência têm como destino Vila Franca de Xira, e também, neste aspeto, as opiniões dos munícipes são positivas. Sendo que no Beatriz Ângelo também “é notória a preocupação com as pessoas no seu todo e nomeadamente com a articulação entre serviços e diferentes níveis de cuidados de saúde”.

Encontro de Provedores em Arruda ecorreu no dia 24 de maio o Primeiro Encontro de Provedores do Munícipe em Arruda dos Vinhos. Presentes estiveram os representantes dos municípios de Gondomar, Cartaxo, Maia, Tábua, e o cicerone local, Jorge da Cunha, provedor do munícipe de Arruda dos Vinhos. Ao Chafariz de Arruda, Jorge da Cunha, refere que este encontro revelou-se como uma “oportunidade para se trocarem pontos de vista e se debaterem as dificuldades que cada um tem neste papel de mediador entre as respetivas autarquias e os cidadãos”. “Encontrar soluções para os munícipes que apresentam

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as queixas junto dos serviços e dos executivos é sempre a principal tarefa do provedor”, e neste encontro sentiu-se que ainda há caminho para se fazer. Ter acesso à informação municipal “para elucidar os munícipes torna-se mais fácil quando há uma boa relação com os executivos”, foi também outro dos pontos deixados. Na maioria dos concelhos, o provedor não é uma figura independente do executivo, já que há municípios onde um vereador assume esse papel, o que torna, na opinião de Jorge da Cunha a função como menos transparente. Os munícipes convidados não integram órgãos camarários e esse, na sua opinião, deve ser o princípio.

Os provedores convidados referiram que a responsabilidade no cargo é muita, e que regra geral “as pessoas sabem que existe um provedor no seu concelho, e com alguma facilidade sabem identificar quem é o interlocutor”. Por outro lado foi vincada a preocupação que cada um assume quanto a não deixar nenhum cidadão sem uma resposta – “Pode ser negativa e não ajudar a resolver o problema mas procura-se sempre dizer alguma coisa a quem nos procurou”. O próximo encontro de provedores será na Maia. Participaram ainda neste encontro a presidente da Assembleia Municipal, Catarina Pulguinhas Gaspar e a vereadora Carla Munhoz.

Segundo Jorge da Cunha, provedores enfrentam os mesmos desafios


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Anúncio deixado pelo ministro dos transportes em visita a Arruda

Linha do Oeste recebe reforço de comboios Linha do Oeste vai receber a partir de julho comboios do Norte. A informação foi avançada pelo ministro dos Transportes, Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas durante uma visita a Arruda dos Vinhos. O ministro que falava à margem da implantação do programa “1º direito” salientou que a Linha do Norte está a ser alvo de obras de requalificação ao nível da eletrificação e por isso, algumas das composições serão “deslocadas para a Linha do Oeste” para se tentar evitar “situações como as que aconteceram no ano passado.” Pedro Nuno Santos salientou que no ano de 2018 as constantes avarias das composições a operar no Oeste levaram a situações complicadas no que toca ao material circulante, causando dificuldades aos utentes, e por isso este ano o Governo tenta agora minimizar a situação.

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O ministro salientou, entretanto, que o plano de contingência prevê a deslocalização, para já, de unidades a diesel dos troços Caíde/Marco, na Linha do Douro, e Nine/Viana, na Linha do Minho. No entanto até setembro, estarão a circular quatro unidades alugadas a Espanha, sendo que duas delas estão destinadas ao reforço da Linha do Oeste. Segundo o ministro “esta é uma preocupação séria para não termos os problemas que tivemos no verão passado, ou termos muitos menos problemas”, salientando também o investimento previsto para a Linha do Oeste de cerca de 100 milhões de euros. O governante diz reconhecer que o tempo útil de vida do material circulante “tem décadas de vida, com problemas que são agravados com o aumento da temperatura” e explica que em alguns casos “temos nesta linha unidades muito antigas às quais foi ins-

Ministro deixou promessa para a ferrovia na região à margem da apresentação do 1ºDireito talado posteriormente equipamento de ar condicionado, porque o calor era imenso.” Nós temos aqui uma zona de subida que conjugada com o facto de o ar condicionado andar no máximo, leva a que as composições tenham avarias” explicou.

O ministro salienta que só em 2023 deverão chegar os novos comboios com base no concurso que o Governo vai lançar. Pedro Nuno Santos fala nas demoras habituais nas questões relacionadas com este tipo de procedimentos, a que se juntam as difi-

culdades na Linha do Oeste. Já no Parlamento, uns dias depois da sua visita a Arruda dos Vinhos, o ministro fez um “pedido de desculpas às pessoas cujo dia-a-dia é afetado pelas supressões nos transportes”. Mais uma vez o Governante

centrou o seu discurso na CP, reforçando a necessidade de existirem comboios de reserva, porque em algumas linhas as “mesmas são insuficientes”, explicando que há “poucos comboios de substituição prontos a entrar quando há falhas”.

do município servirá para cobrir os custos da expropriação e da execução do projeto. Se este valor não chegar para fazer face a estas despesas que envolverão sempre negociações com particulares “a Infraestruturas de Portugal compromete-se a pagar o restante”. Se até 2022, as obras não estive-

rem a decorrer “o município pode vir a ser ressarcido dos investimentos efetuados”. A construção da variante à Nacional 248 encontra-se prevista no Programa Nacional de Investimentos atualmente em discussão na Assembleia da República na componente de Valorização das Áreas Empresariais.

Pontapé de saída na variante de Arruda proposta de acordo de gestão entre a Câmara Municipal e a Infraestruturas de Portugal para a construção da variante à EN248 foi aprovada, por unanimidade, pelo executivo municipal, no dia quatro de junho. Perante este acordo, o municí-

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pio vai despender 400 mil euros para o projeto de execução e aquisição das parcelas de terreno necessárias à execução da obra. A Infraestruturas de Portugal assume-se como dona da obra, responsável pela sua execução material e financeira, estimando-se um investimento de três milhões

de euros. O lançamento do concurso para a empreitada da obra deverá ocorrer durante o primeiro semestre de 2020. O novo trajeto que não estava previsto no anterior PDM já foi aprovado pelos órgãos autárquicos. Seguese uma contagem de prazo de dois anos com possibilidade de prorrogação de

mais um tendo em vista a obra. Em reunião de Câmara, André Rijo referiu a disponibilização dos terrenos para a empreitada quer seja através de negociação particular, quer através da expropriação com recurso à figura da utilidade pública. A verba de 400 mil euros a expensas

Manutenção de ringues desportivos pela junta de Arruda A junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos tem vindo a fazer manutenção de alguns equipamentos que já há algum tempo necessitavam de uma renovação. Como é o caso dos ringues desportivos, que “com pouco dinheiro” a autarquia tem conseguido bons resultados, refere o presidente da junta, Fábio Morgado. Destaca, ainda, o empenho dos funcionários, uma vez que a eles atribui o mérito de com pouco dinheiro, fazerem algumas pequenas reparações, mas que “produzem a diferença no aspeto final”. Para além das questões de segurança, os funcionários têm uma lista de tarefas a

cumprir. “Há por isso um esquema para identificar as

verdadeiras necessidades dos equipamentos e essa or-

ganização é importante”, argumenta.

Obras decorrem nestes espaços pela junta de Arruda

O autarca refere que, por exemplo, ao invés de substituir toda a rede, o funcionário substitui apenas uma pequena parte, significando para a autarquia “uma poupança significativa”, assegura. Para já a Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, pela primeira vez, realizou várias intervenções de conservação dos ringues desportivos do Vale Quente e Casal do Telheiro. “Estas obras inserem-se nos objetivos de manutenção operacional preventiva estipulados para este ano”, salienta Fábio Morgado que refere que estas manutenções têm como objetivo “reduzir o número de reclamações por

desgaste dos espaços.” O autarca vinca por outro lado a limpeza já efetuada na Rua Policarpo Martins, nomeadamente, no que toca às churrasqueiras. Diz existirem algumas queixas sobre a limpeza das mesmas, nomeadamente, depois de um fim-de-semana, e acrescenta que esse ponto é agora uma prioridade dos funcionários. Os valores de reparação podem rondar em médias os 500 euros, sendo que o material utilizado está muitas vezes em estaleiro, o que torna muito mais fácil a reparação de alguns equipamentos, sem ter necessidade de se comprar para o efeito.


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Vila de Arruda entra em modo “Santos Populares” de 12 a 16 de junho Vila de Arruda dos Vinhos recebe de 12 a 16 de junho mais uma edição das Festas Populares de Santo António. A iniciativa é da junta de freguesia de Arruda, que mais uma vez leva a cabo estes festejos que decorrerão como sempre no jardim anexo à Praça de Toiros. Este ano as festas vol-

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tam a dar “asas” à música popular, aos bailaricos, mas também a outros estilos de música que de certa forma possam cativar novos públicos. Fábio Morgado, presidente da Junta de Arruda dos Vinhos, esclarece que “esta é mais uma vez uma grande aposta”. O autarca fala numa aposta diferente em novos estilos de música

com a introdução de uma banda da terra, os Punk Some Noise” e os Rock@Beer que “já apresentaram a banda em A-doBarriga”. O autarca fala na diferenciação obrigatória dos Santos Populares em Lisboa, e acredita que com este programa será bem-sucedido. Arruda aposta assim numas festas longe da confusão al-

facinha por estes dias. Em Arruda já moram muitas pessoas que trabalham em Lisboa e que não deixam de gostar destas festas. É a pensar também nelas que a organização vai tentar diferenciar o produto, cativando-as e fazendo com que não tenham de ir à capital para celebrar os santos. Longe dos grandes orçamentos apresentados na ca-

pital, Fábio Morgado e o seu executivo tentam fazer o que podem com a prata da casa, e se no ano passado foi bem-sucedido, acredita que este ano, desde que o tempo ajude, também o possa ser. “Raul e Eu” e “Paulo Pereira” serão os grupos responsáveis pelos bailes que levam sempre muito público às pistas de dança em Arruda. Fábio Morgado aponta este como o “ano um” já que 2018 foi de aprendizagem. Este ano a organização vai ter pela primeira vez animação no recinto com a Banda da Santa Casa de Arruda, uma demonstração dos cadetes dos bombeiros, e um torneio de matraquilhos, refere o autarca que diz apostar nuns festejos diferentes, mas ainda assim com aspetos tradicionais como as sar-

dinhas e o porco no espeto. A juntar a isto, não podiam faltar as Marchas Populares, que desfilarão a 13 de junho na Praça de Toiros local. Para além das Marchas da casa, do Clube Recreativo e Desportivo Arrudense, Arruda contará ainda com o desfile das crianças das Escolas de S. Tiago dos Velhos e também da Lapa, no Cartaxo. Fábio Morgado explica que foi diminuído o número de marchas face ao ano de 2018, porque o tempo de atuação somado das cinco marchas do ano anterior, superou as mais de duas horas. Na opinião do autarca, isso acabou por retirar importância ao espetáculo, levando à falta de interesse por ter sido uma iniciativa muito longa.


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Aplicação desenfreada de herbicidas causou consternação m grupo de munícipes dirigiuse a uma das últimas reuniões de Câmara para demonstrar o seu desagrado face à pulverização desenfreada que teve lugar em diversos espaços verdes da vila de Arruda com produtos fitofarmacêuticos. O grupo exigiu medidas junto do presidente da Câmara, André Rijo, que garantiu que a autarquia se encontra a estudar a possibilidade de introdução da monda térmica para aquele tipo de trabalhos, que neste caso foram levados a cabo por uma empresa externa. O caso atingiu tamanhas proporções que quem estava junto a esses espaços verdes se apercebeu da ação inopinada da empresa e não hesitou em partilhar nas redes sociais. Os munícipes fizeram questão de vincar que a formação que os trabalhadores da empresa possuem “é bastante inválida”, face “ao com-

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portamento criminoso” que se assistiu, disseram em uníssono. A população que fez questão de dar o puxão de orelhas à Câmara alertou para as consequências do glifosato e de outros produtos fitofarmacêuticos associados no desencadear de doenças como o cancro ou a diabetes, quando aplicados consecutivamente e sem a devida supervisão, como foi o caso deste acontecimento. Face a um assunto relacionado com a saúde pública, o presidente da Câmara, André Rijo, concordou com o facto de não ter existido método por parte da empresa, que teve uma ação completamente ao arrepio das boas práticas, mas fez questão de elucidar que “também tem população que não quer ervas daninhas à porta, e nos diferentes espaços por onde circula, e com razão”. Por isso, a solução a encontrar, considerou, terá de ser o meio termo. Sendo que ficaram agendadas novas reuniões com o grupo no estudo

de possíveis soluções para no futuro se contornar o uso de fitofarmacêuticos. Em 2015, o jornal Valor Local dava conta num artigo que abordava o uso do glifosato

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mais sucesso nessa tarefa foi a erva arruda. A junta não aplicou este ano glifosato em caminhos em Mata, A-do-Barriga (Caminhos dos Tojais), Quinta da Serra. Fábio Morgado refere que também há o reverso da medalha já que há população que gostaria de ver os caminhos limpos, mas a experiência consiste em deixar a erva crescer para se verificar até que ponto quais as sementeiras que mais contribuem para uma ação menos intensa a nível de corte e de produtos fitofarmacêuticos no futuro. A ambição da junta é a de não ter de fazer mais de dois cortes por ano tendo em conta um controle eficiente do nível de crescimento da vegetação. A monda térmica em voga nos dias que correm nem sempre tem os resultados expectáveis, ou quando existem ultrapassam largamente a capacidade finan-

que mais utilizava este tipo de expediente-cerca de 600 litros por ano, a par do de Alenquer. O vereador da oposição, Luís Rodrigues, salientou a

necessidade de este assunto poder ser resolvido através de outros recursos, mas sem se entrar em correrias mas de forma assertiva. Efeitos na saúde humana

Uso de herbicidas na ordem do dia em Arruda

Junta de Arruda lança mão de programa experimental para reduzir glifosato junta de freguesia de Arruda dos Vinhos também está preocupada com a aplicação de fitofarmacêuticos e os seus efeitos perversos. Neste sentido, Fábio Morgado, presidente da junta, refere que a autarquia já encetou um protocolo com a Quercus tendo em vista um conjunto de experiências nos caminhos vicinais, que estão sob jurisdição da junta, dado que em meio urbano essa tarefa compete à Câmara, com o objetivo de reduzir ao máximo a utilização de glifosato. O autarca explica que nas bermas dos caminhos vicinais foram plantadas algumas sementeiras que permitem o controlo do crescimento das ervas, evitandose, dessa forma, o corte em contínuo no local. Espécies como erva arruda, tomilho, chupa mel, ou a roselha. Até à data a que obteve

nos concelhos de Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Cartaxo, Salvaterra de Magos e Benavente, em que o concelho de Arruda figurava no pódio como um dos

ceira de autarquias como a da junta de Arruda – “Chegam aos 25 ou 30 mil euros, e para os caminhos rurais, como é o nosso caso, vamos para os 100 mil euros”. Por outro lado, “temos uma grande campanha de sensibilização pela frente pois não é compatível as pessoas quererem uma espécie de paisagem lunar ao pé de casa, sem ervas e vegetação, mas ao longe quererem ver verde e árvores”. O glifosato e a sua aplicação no concelho merece, neste momento, um arregaçar de mangas, pois há evidência de que particulares têm furos e bicas próprios contaminados. Estranharam quando perceberam que os legumes não cresciam derivado ao facto de a água para rega estar contaminada. A junta ainda usa glifosato, mas terá conseguido, nesta altura, reduzir para metade.

A toxicidade do glifosato não é ainda um facto científico consensual e estabelecido. Além do cancro, existe na literatura científica diversas publicações que ligam o glifosato a efeitos teratogénicos (defeitos de nascimento), desregulação hormonal, toxicidade hepática e renal e até autismo, mas muitos cientistas, nomeadamente os que têm algum tipo de ligação à indústria, discordam destes resultados. Na própria Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, uma estrutura da Comissão Europeia, 62 por cento dos especialistas que integram o painel de avaliação de pesticidas apresentam conflitos de interesse face às empresas cujos produtos estão a avaliar.


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Bairro João de Deus com cara lavada até 2021 Bairro João de Deus, na vila de Arruda dos Vinhos, é o primeiro a ser financiado pelo programa do Estado “Primeiro Direito” que tem em vista a devolução das condições de habitação condigna aos moradores em bairros degradados ou a necessitar de obras urgentes. Pedro Nuno Santos, ministro da Habitação, esteve em Arruda, no dia 29 de maio, onde falou de um “acontecimento histórico”. Para o governante está dado “um enorme passo na dignidade da pessoa humana” com o arranque deste programa. Recorde-se que o projeto para Arruda compreende a requalificação do bairro com o propósito da melhoria das condições de habitabilidade nos 16 fogos existentes, mantendo a traça arquitetónica, sendo que oito fogos serão de tipologia T0 e oito de T1. Esta componente tem um custo de 523 mil 706,01 eu-

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ros já incluindo os arranjos exteriores. Ao mesmo tempo proceder-se-á à construção de um novo edifício com 15 fogos distribuídos por 3 pisos e uma ocupação de 5 fogos por piso com as tipologias T1 (3 fogos), T2 (6 fogos) e T3 (6 fogos). O custo já com os arranjos exteriores é de 949 mil 982,08 euros. Haverá ainda uma requalificação do espaço público envolvente, com a construção de novas infraestruturas de mobilidade e estacionamento, hortas comunitárias e espaço lúdico, do tipo auditório ao ar livre. “Seria muito difícil a Câmara conseguir se não fosse o Primeiro Direito”, referiu o presidente da autarquia, André Rijo. Da verba total recebe a fundo perdido cerca de 443 mil euros do Estado via Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. O município terá ainda acesso a um empréstimo bonificado de outros 443 mil euros. Os restantes cerca 600 mil serão suportados pela autarquia. O autarca deu a co-

Ministro da Habitação numa visita ao bairro que recebe o Primeiro Direito nhecer que “se tudo correr bem temos condições para

se lançar entretanto o concurso e fazer a adjudicação, com a conclusão das obras em 2021”. Pedro Nuno Santos vincou que este Primeiro Direito vai muito além do Programa Especial de Realojamento (PER) desenvolvido nos anos 90 que visava acabar com as barracas nas áreas metropolitanas. O projeto arrudense aposta também na eficiência energética e utilização eficiente dos recursos, nomeadamente, na

utilização das águas pluviais para regas, e de águas para fins de utilização sanitária, prevendo-se também a melhoria em termos de desempenho energético dos edifícios existentes e a classificação de “A” para o novo edifício. Seguiu-se uma visita ao bairro, onde o governante, e restante comitiva composta, ainda, pela secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, e pelo secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Mi-

guel, ficaram a conhecer o interior de uma das habitações que necessita de algumas obras urgentes, bem como o espaço nas traseiras onde vai ser construído o bloco habitacional. Moradores ansiosos pelas obras Ana Crisóstomo cresceu no bairro numa das casas da ponta. Foi ela quem recebeu a comitiva. Nesta casa chegaram a morar seis pessoas,

Maquete já com as casas renovadas e o novo bloco habitacional


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Junho 2019 mas atualmente apenas o seu pai ainda a habita. Necessita de obras e por isso é com bons olhos que a renovação anunciada é bem-vinda. “Será uma diferença da noite para o dia, pois como viu os quintais estão uma desgraça, com a proliferação de ratos e outras pragas, logo com a construção do prédio aqui atrás vai contribuir para que a realidade seja melhorada”. A filha do morador diz que no verão a situação das pragas agudiza-se e ao mínimo descuido com a porta, podem entrar ratos. Ana Crisóstomo refere que as divisões da casa têm um bom tamanho quando pensamos que o seu pai vive sozinho. Em dada altura acrescentou-se mais uma divisão quando havia mais família a viver na habitação. A tipologia da casa é T2, “ e nunca faltou capacidade de organização mesmo quando morávamos juntos”. Há outras vantagens neste bairro onde morou vários anos – “Temos estacionamento lá atrás e é bastante sossegado”. As condições térmicas das habitações (que espera que venham a ser melhoradas), é que, atualmente, não são as mais desejáveis – “São quentes com fartura no verão, e o oposto no inverno”. Recentemente a casa recebeu um novo conta-

dor da luz, porque o anterior já precisava de uma urgente reforma. Ana Crisóstomo refere que nunca existiu qualquer estigma em relação ao bairro em Arruda, na sua opinião. “Vivemos aqui há muito tempo. Já vi crescer algumas pessoas, e outras viram-me crescer”. O bairro é maioritariamente habitado por pessoas mais velhas. No caso do seu pai há cerca de oito anos que pede por estas obras anunciadas no dia 29 com pompa e circunstância. Em 2005 chegou a ser lançado um outro projeto que previa a construção de três blocos habitacionais para habitação social mas noutra zona da vila. Chegou a ser publicado em Diário da República mas não apareceram concorrentes para a execução do projeto. Esta solução previa fazer desaparecer o atual bairro. Para Ana Crisóstomo essa ideia também “era boa”, talvez porque “a nossa família nem sempre morou aqui e como tal temos uma diferente visão das coisas, possivelmente para outras pessoas mais idosas que vivem aqui no bairro seria mais complicado”. Por exemplo “temos o caso de uma senhora que prefere estar sozinha em casa do que estar num centro de dia. São casas onde as

Destaque 9

Alice Rodrigues fala na necessidade de obras no chão e nas paredes pessoas viram crescer os filhos, e depois saírem. Ou onde o marido acabou por ter os seus últimos minutos de vida. Foi dentro destas casas”, refere para explicar o apego dos moradores mais idosos ao bairro. Alice Rodrigues, de 90 anos, mora noutra das extremidades do bairro. Confessa que também está à esperada das

anunciadas obras. Antes morava nos Casais da Granja e veio para o bairro há seis anos. Gosta do bairro, e dos vizinhos, “embora uns sejam melhores e outros piores”, rise. Vive sozinha, é viúva, mas é acompanhada todos os dias pela filha. Chegou a chover dentro de casa, “mas falei com um pedreiro que arranjou”, mesmo assim a habi-

tação necessitava de uma grande remodelação. Os dias vão passando. Conta que ainda vai conseguindo fazer algumas tarefas domésticas. Consegue preparar algumas refeições mas outras são feitas pela filha. Não vê muita televisão, confessa. A sua casa é de tipologia 1. O chão “está muito carunchoso”, e as “paredes têm humidade”.

“Precisavam pois de uma pinturazinha”. Gosta de viver no bairro, onde à frente da sua casa tem uns canteirinhos de flores – “Necessitavam de ser mais regadas”, constata enquanto as vai mostrando para a nossa reportagem. Alice Rodrigues conta que não quer ir para um lar, e por isso o bairro vai continuar a ser a sua casa até poder.


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As verdadeiras histórias nunca têm desfecho, continuam-se indefinidamente (A partir da obra Esta cidade!, de Irene Lisboa e do prefácio de Paula Morão) o conjunto da obra de Irene Lisboa, o livro Esta cidade! pode ser destacado por duas razões relevantes: 1) a autora apresenta-nos aqui uma escrita virada para fora de si, característica que não acontece em obras como Começa uma vida (1940), Voltar atrás para quê?(1956), Solidão (1939) e Solidão II (1974, obra póstuma), que apresentam uma escrita intimista; 2) com esta obra, Irene Lisboa começa a deixar a pseudonímia, assinando Irene Lisboa mas colocando, ainda, João Falco (pseudónimo para os textos literários) entre parênteses, assumindo assim a sua vocação de cronista, como diz Paula Morão: “(...) que há de cultivar sempre ao longo da sua carreira” (p.7). A obra Esta Cidade! foi publicado em 1942, mas muitas das crónicas aqui reunidas já haviam sido publicadas na Seara Nova e nos cadernos da coleção À Pena anos antes, muito embora alguns dos textos sejam apresentados aqui com outros títulos, característica muito comum

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do processo de escrita de Irene Lisboa: nunca republicava um escrito sem o reescrever, mudando títulos, acrescentando ou reduzindo texto. A autora começa por nos dizer em Esta cidade!, na introdução, que distingue os textos aí reunidos das novelas e romances porque os seus “(...) têm muito pouca imaginação, muito pouca ficção” (p.15). Ora, há aqui algumas particularidades sobre as quais convém refletir. Esta é uma observação recorrente na obra de Irene Lisboa. Podíamos entendêla como insegurança, mas isso seria uma análise muito superficial e vazia. É antes uma marca literária muito específica da autora para nos fazer acreditar na sua verdade (ou, se quisermos, uma estratégia das muitas que utilizou para atrair leitores). Ora, os textos literários e algumas crónicas estão carregados de efabulações observando-se uma imaginação fervilhante pintalgada de momentos menos ficcionados, afinal como o romance, ou a novela, que “(...) fantasia a partir do real (...)” (p. 10).

E embora a autora nos relate tipos, lugares e situações da Lisboa dos anos 30, não o faz, como vimos, de forma assim tão objetiva como quer fazer transparecer quando nos avisa que irá narrar casos que conheceu (p.15). Conheceu-os, sem dúvida. No entanto, conheceu-os muito antes de os escrever, logo é natural que encontremos muitas marcas de subjetividade, que a distância e a técnica de escrita obrigam a utilizar, pois a memória perde os pormenores, entrando a imaginação em ação. Há pois “(...) vários modos de interferência do sujeito, que tudo vem complicar: de facto o eu não se limita a uma posição neutra de observador, porque lembra, ordena, estabelece relações, esclarece o sentido de termos ou de situações peculiares (...)” (p. 19) e faz alguma crítica (p. 16), como nos indica Paula Morão e a própria autora. Veja-se, por exemplo, o título: Esta cidade! É uma exclamação. Exclamação carregada de subjetividade. Mesmo quando diz na introdução “Contei-os”, bem sabemos que quem conta um conto lhe acrescenta um ponto, ou dois, ou três... E Irene Lisboa nisso não foi exceção, exceção são os seus textos, a sua arte de narrar, de transformar em texto, vidas comuns, de pegar em coisas pequenas, retratando-as como se fossem grandes: “O amor das realidades simples domina-me, subjuga-me e talvez me enfraqueça...”, diz ela em Começa uma vida. Por outro lado, quando diz que vai apenas contar, ou narrar sem ficção, quer fazer crer, de forma intencional, que se está a aproxima o mais fielmente possível da crónica como é entendida classicamente, coisa irrealizável em Irene, pois nunca escreveu nada igual a ninguém, nem mesmo os seus escrito pedagógicos. Nela também a crónica tinha de ser inovadora, e essa é a característica principal que a colocou na história da literatura e pedagogia portuguesas: fugir do clássico, inovar

sem medo, nem mesmo da repressão do Estado Novo que a perseguiu e a censurou e a proibiu de exercer a sua profissão, para a qual estava tão bem preparada e vocacionada, deixando-lhe mágoas profundas que dificilmente ultrapassou: “Se eu ainda ensinasse, grandes ou pequenos, diria aos grandes que andam para aí com tanta macaquice pedagógica: para os pequenos, a escola, a educação não é só função de adquirir, é também ou, em primeira instância, função de revelar, de manifestar...” (Solidão II). Na obra Esta cidade!, mas também em O pouco e o muito – Crónica urbana (1956), em Título qualquer

serve para novelas e noveletas (1958) e em Crónicas da serra (1959, publicação póstuma), Irene Lisboa toma como motivo central os pequenos dramas quotidianos do povo, sobretudo das mulheres que frequentemente aparecem como personagens passivas e sofredoras, mas também dos homens, como é o caso do desgraçado Maurício, de Crónicas da Serra. No que diz respeito aos dramas quotidianos das mulheres, leia-se, por exemplo, um dos mais fabulosos contos de amor que se escreveu em Portugal, incluído nesta obra, e que Irene intitulou de “O amante”. Veja-se, também, a fabulosa Adelina em Esta cidade!,

que aparece em três longas crónicas (eu diria, três pequenas novelas), personagem que surge mais tarde em Título qualquer serve como Celestina. Esta intertextualidade dentro de toda a obra da autora é uma outra característica absolutamente fabulosa da obra de Irene. Diria mesmo que só conhecemos verdadeiramente a genialidade e a inovação desta escritora do séc. XX se lermos toda a obra publicada. Só assim percebemos que “As verdadeiras histórias nunca têm desfecho, continuam-se indefinidamente” (p. 252), como tão bem acaba o livro que pretendi superficialmente apresentar.


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Junho 2019

Desporto 11

Grande Prémio de Ciclismo Arruda/Cardosas pedala em força dia 21 de junho

Autarcas apostados em mais uma edição de sucesso s freguesias de Arruda dos Vinhos e de Cardosas recebem a 21 de junho mais uma edição do Grande Prémio de Ciclismo 2019. A iniciativa é repartida entre as duas juntas que pela segunda vez levam a cabo esta organização que tem vindo a ganhar força. Tendo estas duas freguesias tradição no ciclismo, esta é uma prova que estará sob o olhar da população. Fábio Morgado, presidente da junta de Arruda dos Vinhos, salienta que a tradição está “mais do lado de Cardosas” mas como nos últimos anos a localidade tem sido palco de provas rainhas, com a “Volta a Portugal” e o “Prémio Joaquim Agostinho”, acaba por se dar um cunho

A

“muito especial” à iniciativa. Com um percurso de oitenta quilómetros, este “Grande Prémio 2019” terá como principal obstáculo a subida para a localidade de Cardosas, algo que no ano passado foi solicitado pelos atletas que este ano voltam a comparecer em força ao evento. Já o autarca de Cardosas, Fábio Amorim, refere que não sente “mais responsabilidade atendendo ao passado, mas antes um enorme entusiasmo quando as pessoas perguntam pelo evento!” “Os arrudenses gostam de ciclismo, em todas as suas vertentes, e valorizam o trabalho das autarquias na promoção desta modalidade”, considera. Para o presidente da junta de Cardosas, Fábio Amorim,

esta iniciativa visa também “dar a conhecer as freguesias de Arruda e Cardosas a mais pessoas e estabelecer esta prova como uma referência regional” algo que está nos horizontes dos autarcas, para um futuro próximo. Fábio Morgado, presidente da junta de Arruda, vinca por seu lado também o apoio ao comércio local com esta iniciativa, já que os atletas e as suas famílias, sempre passam pela restauração da localidade ao longo de um dia de prova. Para o presidente da junta de Arruda, um dos aspetos importantes foi o circuito. Desta vez “não tão fechado” como o da primeira edição e isso traz um grau de dificuldade “extra” aos atletas, que também agradecem esse

aspeto, já que na edição anterior essa foi uma das observações. Já o autarca de Cardosas salienta que o “percurso este ano é maior, passou de quatro quilómetros por volta para 9,6 quilómetros, e tem como ponto quente as sete passagens na subida de Cardosas”. Fábio Amorim também ele pratica ciclismo e durante o primeiro fim-desemana de junho ficou em quarto lugar numa prova no norte do país. Amorim vinca, entretanto, que com este grau de dificuldade “passámos de um percurso rápido e com final em sprint para um percurso mais duro e com final em alto” que terá início em Arruda e a meta em Cardosas, como aliás aconteceu no ano passado.

Fábio Amorim vinca, por seu lado, que o objetivo deste ano está em curso e que com esta prova “vamos provar que é possível levar a competição a outros sítios das freguesias”. Já o autarca de Arruda sublinha, por seu lado, que a segurança está no topo das preocupações. Uma ideia partilhada também pelo congénere Fábio Amorim, já que ambos decidiram manter o número mínimo de 100 atletas, algo que não pode subir muito, tendo em conta o rácio custo/segurança. De resto, este é um número fácil de alcançar, já que de acordo com Fábio Morim, com a publicidade feita sobre a prova, o limite está quase alcançado, isto tendo em conta que atletas que estiveram presentes no ano

anterior não quiseram deixar de estar presentes mais uma vez. Para futuro, a prova pode vir a ser de um âmbito mais alargado e por isso os dois organizadores não colocam de parte fazer uma prova concelhia. Fábio Amorim, presidente da Junta de Arruda, refere mesmo que esse pode ser um dos caminhos, passando por outras localidades, nomeadamente Arranhó e S. Tiago dos Velhos. Este ano, a organização espera atingir o mesmo número de participantes do ano anterior e por isso já deu mais um passo no controle dos atletas. Este ano como novidade, haverá a “introdução da classificação eletrónica e das classificações por escalões etários” frisa Amorim.


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12 Opinião

Junho 2019

Hospital de Vila Franca de Xira oi com alguma surpresa que grande parte das pessoas servidas pelo Hospital de Vila Franca de Xira receberam a notícia de um relatório da Entidade Reguladora da Saúde. Nesse relatório, estavam mencionadas situações

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no mínimo bizarras e que, espero eu, não devem condicionar a continuidade da Parceria Público Privada daquela unidade de saúde. Certo é que o relatório, saído dias antes da tomada de posição do Governo, citava doentes internados em refeitórios e casas de banho, algo

que a ser verdade é inaceitável em qualquer altura, seja nos dias de hoje, seja no tempo em que o hospital era gerido pelo Estado. Quero acreditar que o Governo não tomou a decisão da não renovação, por causa de um relatório que me parece tendencioso e fantasista, já

que é impossível caber uma maca ou cama numa casa de banho do hospital. Quero acreditar também que a Entidade Reguladora de Saúde, confirmou todos os factos in loco, o que ainda assim me deixa dúvidas quanto ao facto de existirem doentes internados nas ca-

sas de banho. Se assim é, eu e todos os outros utentes deste hospital, gostaríamos de ver provas. Provas concretas que estiveram pessoas internadas nas casas de banho, sendo que acredito que nos refeitórios a situação fosse verídica, isto a julgar pela declaração do hospital que o assume claramente, frisando um plano de contingência tendo em conta uma afluência mais do que anormal às urgências. Posto isto, tenho as minhas dúvidas de que este relatório tenha servido de base a esta decisão do governo, ou pelo menos quero acreditar nisso. Todos nos lembramos das condições do antigo Hospital de Vila Franca de Xira antes da PPP. Todos os que moramos nos cinco concelhos à volta do hospital, e que utilizamos aquela unidade de saúde temos na memória momentos menos bons e a aparente falta de interesse dos profissionais que laboravam naquela velha unidade, tendo em conta a falta de motivação, ora provocada pelas condições de trabalho, ora pela falta de liderança. Não estou aqui a defender o Grupo Mello, que gere aquela unidade. Estou a querer defender um regime de gestão que tem funcionado bem junto dos cinco concelhos,

Miguel Rodrigues inclusive junto de Benavente onde a presidência da autarquia é ideologicamente contra a PPP, mas que assume o bom funcionamento para as populações. A memória das pessoas é curta, e se é certo que existem problemas, porque não há hospitais perfeitos, também é certo que não temos memória que nos últimos anos alguma greve tenha transtornado o funcionamento de uma unidade onde aparentemente a paz profissional é reinante. Será por isso legitimo perguntar à senhora ministra Marta Temido, se acha mesmo que o hospital já não serve bem as pessoas? Como aliás referiu à comunicação social. O que me parece, e desculpem-me os mais sensíveis, é que estamos perante uma questão ideológica e não ao serviço das pessoas. Acredito numa gestão pública para este hospital de forma eficiente, quando não estiver ao serviço de uma ideologia política. Mas ao serviço das pessoas.

Temos PAN para mangas!! s recentes eleições para o Parlamento Europeu suscitaram inúmeras análises e reações das diversas forças políticas e também da generalidade dos comentadores, nomeadamente, sobre os resultados e também os elevadíssimos níveis de abstenção. Muito tem sido dito e escrito sobre esta matéria da abstenção e jugo que, todos os democratas devem refletir a sério sobre o que representa para a democracia uma abstenção a rondar os 70%. Acresce que nos jovens este valor ainda é superior, o que merece ainda mais atenção porque se a Europa e o projeto europeu são particularmente relevantes- será para os mais jovens. São assuntos muito sérios e eu tenho a convicção que não existem respostas simples para problemas complexos, mas sempre

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adianto que quando os políticos sistematicamente não cumprem as promessas feitas aos cidadãos, quando os serviços públicos (saúde, transportes, proteção civil, conservação de estradas e pontes, emissão de cartões cidadão e passaportes) entram em rutura, ou quando a autoridade tributária faz operações STOP com a GNR para cobrar dívidas fiscais aos cidadãos e deixa impunes os devedores de muitos milhões à banca e ao fisco, ou quando a EMEL bloqueia o carro porque passou meia hora do valor do bilhete… Certamente que estas e outras causas, a par da falta de discussão sobre assuntos europeus estarão nas explicações possíveis para a elevada abstenção. Eu gostava de abordar a questão da fortíssima votação no PAN que culminou na eleição de um eurodeputado, que embora já fosse pre-

visível não pode deixar de suscitar alguma reflexão. O PAN tem representação parlamentar desde 2015, mas nunca foi objeto de qualquer escrutínio, nem por parte dos outros partidos nem pela comunicação social. Da análise dos resultados das europeias ressalta que o partido obteve a maior votação em Oeiras e zero votos em Barrancos, o que considero absolutamente previsível. O PAN é um partido que defende o Animalismo (seja lá isso o que for), os direitos dos animais o ambiente etc. Da consulta do site do Partido percebemos que o PAN tem como principais objetivos: -“ Contribuir para que a sociedade portuguesa seja mais consciente, ética, fraterna e sustentável, organizada para proporcionar uma vida plena e feliz a todos, humanos e não humanos, em harmonia com os ecos-

sistemas e com a natureza em geral; - A consagração da senciência dos animais não humanos no ordenamento jurídico português, incluindo a nível constitucional, bem como da inviolabilidade do seu direito à vida, à integridade física, psicológica e mental, ao bem-estar, à liberdade e aos seus habitats naturais; - A consagração dos direitos da natureza no ordenamento jurídico português, incluindo a nível constitucional; - A formação das gerações mais jovens numa consciência profunda das grandes questões contemporâneas, com destaque para a gravidade dos atuais problemas ecológicos e de exploração da vida animal, bem como da interconexão entre todas as formas de vida, com destaque para as questões éticas e bioéticas relativas ao ser humano e à sua relação com a natureza, o meio am-

biente e os não humanos; - A construção de um modelo económico que vise o bem comum dos ecossistemas e dos seres vivos, a satisfação das necessidades fundamentais de animais humanos e não humanos e a melhoria da sua qualidade de vida.”. Não vale a pena acrescentar muito mais porque pela amostra se vê muito bem ao que vêm. Tudo isto é totalitário e pouco democrático e pretende impor uma agenda ao arrepio da nossa cultura e das nossas tradições bem como inculcar valores que na prática consideram os animais equiparados a humanos, e isso é absolutamente inaceitável. Em democracia todos os votos contam e não há votos melhores que outros, mas eu acredito que muitos dos votos do PAN são de pessoas bem-intencionadas, mas que desconhecem em absoluto os reais objetivos desta gen-

Lélio Lourenço te. E desiludam-se aqueles que pensam que este é apenas um voto urbano e das grandes cidades. Nos municípios, ainda com marcada ruralidade do distrito de Lisboa, o PAN teve um resultado que merece uma reflexão profunda (Arruda dos Vinhos- 271 votos, Alenquer566 votos, Cadaval- 173 votos, Lourinhã- 474 votos, Sobral de Monte Agraço- 162 votos e Torres Vedras com 1328 votos). Estes números merecem uma análise e da minha parte uma enorme preocupação por aquilo que representam e pelo que virá aí para as eleições legislativas. Temos aqui PAN para mangas e com muito PAN escondido!!


Junho 2019

Euroexit? o rescaldo das eleições autárquicas, a abstenção de cerca de 70% até poderia ser interpretada como um referendo a uma não Europa. Mas, não foi o caso. Na verdade, houve poucas novidades. O Benfica foi campeão, o verão chegou e o PS ganhou. A abstenção evidenciou a tendência crescente desde 2004 em que tinha sido de 61,3% (em 2009 foi de 63,2% e em 2014 de 66,2%), nada que não se antevisse depois de uma campanha como as outras em que o debate é um vazio de ideias sobre a Europa ou sobre o que os deputados nacionais podem fazer pelo País no parlamento Europeu. E, tal como em eleições anteriores, a oposição quis levar o debate para as questões nacionais julgando que conseguiria com estas eleições uma manifestação de protesto à ação do governo. Das explicações e justificações aos resultados, muitos dos oradores na noite eleitoral procuraram explicações, para o eventual desinteresse das pessoas nestas eleições, em problemas do nosso sistema ou regime democrático, algo com que nestas circunstâncias parece ser fácil de dizer, uma vez que ninguém sabe o que isso é nem mesmo aqueles que o argumentam. Em campanha eleitoral, o cabeça de lista do PSD chegou mesmo a dizer que estas eleições deveriam ser um cartão amarelo, ou até laranja à governação do PS. Pois, na verdade, não foi porque o eleitorado não fez um voto de protesto. E deveria de ser, talvez sobre isso que os perdedores

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Opinião 13

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Casimiro Ramos*

destas eleições deveriam refletir. Num mandato em que o País saiu do procedimento por Défice Excessivo, o défice das contas públicas de 0,5% do PIB, foi dos mais baixos da história da democracia, o PIB nacional aumentou 2,1%, a taxa de desemprego caiu para cerca de metade (de 12,4%

para 6,7%), foram criados 340 mil novos postos de trabalho, a atividade turística alcançou um recorde, atingindo 12,76 milhões de turistas, além de 57,6 milhões de dormidas, a população residente em risco de pobreza ou exclusão social diminuiu 3,5% alcançando-se o valor mais baixo de sem-

Ficha técnica: Jornal Chafariz de Arruda • Propriedade, administração e editor: Propriedade: Metáforas e Pará-

bolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 • Morada: Rua Alexandre Vieira nº8 1º andar 2050-318 Azambuja • Sede de Redação: Rua Alexandre Vieira nº8 1º andar 2050-318 Azambuja • Telefones: 263 048 895 - 93 409 6783 - 96 197 13 23 • Correio Eletrónico: chafariz@chafariz.pt • Site: www.chafariz.pt • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351- miguelrodrigues@valorlocal.pt • Redação: Miguel António Rodrigues CP 3351, Sílvia Agostinho CP-10171 (silvia.agostinho@valorlocal.pt 93 409 67 83) • Multimédia e Projetos especiais: Nuno Filipe Vicente (multimedia@valorlocal.pt) • Colunistas: Hélia Carvalho, Joel Rodrigues, Paulo Beja, António Salema, Casimiro Ramos, Lelio Lourenço • Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: paginacao@valorlocal.pt • Contactos Comerciais: chafariz@chafariz.pt, 263 048 895, 96 19 71 323 • Serviços administrativos: geral@metaforaseparabolas.pt • N.º de Registo ERC: 126987, Depósito legal: 126987/17 • Periodicidade: Bimestral • Tiragem Média: 2000 exemplares • Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto – Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fração D, 4710-306 Braga • O Estatuto Editorial encontra-se disponível na Página da Internet em www.chafariz.pt

pre, só mesmo a oposição dos partidos de direita não percebe que a governação deste último mandato mostrou ser melhor e mais capaz que a governação da aliança de direita. Mas significa isso que está tudo ótimo? Não, claro que não. Ainda há muito caminho a percorrer para que o país se desenvolva mais e proporcione ainda melhores condições de vida a todos os portugueses e, os portugueses já perceberam que não é a direita que vai conseguir isso. Mas podem ser retiradas

conclusões destas eleições para os resultados das próximas eleições legislativas? Não, claro que não. Estas eleições não foram uma sondagem. E, se os resultados tivessem sido negativos para o Partido do governo, toda a oposição procuraria capitalizar isso como a manifestação de descontentamento do eleitorado. Sendo o resultado o inverso, a ilação que se pode tirar é que esse descontentamento com o governo não existe na forma que a direita o quis pintar. Significa isso que a direita

perdeu duas vezes. Uma pelos resultados que obteve e outra por estar errada na estratégia e no que julga que o eleitorado pensa. Os portugueses não estão desiludidos com o sistema, nem com o regime, nem são desinteressados pela politica. Os portugueses estão descrentes é com os políticos, com os discursos fora da realidade, com o baixo nível das argumentações, com as contradições de posições e com os atos de corrupção que todas as semanas invadem os noticiários. A leitura dos políticos sobre o que pensam os portugueses é tão distante da realidade que não percebem que quando pessoalizam a campanha em vez de mostrarem projetos e ideias estão a transmitir ao eleitorado que só estão preocupados com a sua própria eleição. A Inglaterra ameaça sair. Mas se sair, só depois das eleições, porque assim os 73 lugares deixados vagos são ocupados por deputados dos outros países. Também já percebemos por isso porque razão os outros países afinal não se mostram muito empenhados em que a Inglaterra fique. Destas eleições europeias talvez só tenha surgido uma novidade. Os que perderam assumiram a derrota. Com dificuldade, engasgados, mas assumiram. Talvez por influência da humildade do discurso de Bruno Lage sobre a conduta que se deve ter quando se ganha ou quando se perde e da forma como fez ver que não gostar de perder não significa paixão pelo que se defende, mas sim ódio pelos adversários. Será bom que se faça um ódioexit e aí talvez a abstenção diminua.


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Junho 2019


Junho 2019

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Rubricas 15

ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública

Saúde Pública Cuidados a ter com o calor Na primavera/verão ocorrem frequentemente temperaturas muito elevadas, por vezes vários dias seguidos, podendo provocar efeitos graves sobre a saúde, incluindo desidratação e descompensação de doenças crónicas. A reação às temperaturas altas é diferente de pessoa para pessoa, podendo variar de um ligeiro rubor, inchaço, cãibras, desmaio, até ao golpe de calor ameaçador para a vida. As crianças, os doentes crónicos e as pessoas idosas são particularmente vulneráveis. Nesta época do ano, pelos potenciais efeitos na saúde das populações, são também relevantes: os afogamentos, as toxinfeções alimentares, o aumento da população de vetores (mosquitos e carraças) e os incêndios. A Unidade de Saúde Pública do ACeS Estuário do Tejo é responsável pela elaboração do Plano de Contingência para minimizar os potenciais efeitos do calor intenso na saúde da população. O que deve fazer para evitar a desidratação: • Beba água mesmo quando não tem sede; • Se beber sumos opte por sumos de fruta naturais sem açúcar; • Evite bebidas alcoólicas e bebidas com açúcar; • Faça refeições frias, leves e coma mais vezes ao dia. O que deve fazer para manter a casa mais fresca: • No período de maior calor, corra as per-

sianas ou portadas; ao entardecer, quando a temperatura exterior for mais baixa do que a interior, areje a casa; • Evite a utilização do forno ou de outros aparelhos que aqueçam a casa; • Se tiver ar condicionado, ligue-o. O que deve fazer para ficar mais fresco: • Se não tem ar condicionado em casa, passe 2 a 3 horas por dia num ambiente fresco ou com ar condicionado, como por exemplo centros comerciais, cinemas ou igrejas; • No período de maior calor tome um duche de água tépida. Mas evite mudanças bruscas de temperatura (nunca tome um duche gelado logo depois de ter apanhado muito calor); • Evite a exposição direta ao sol, especialmente entre as 11 e as 17 horas; • Evite atividades físicas no exterior, principalmente nos horários mais quentes; • No exterior, procure locais à sombra; • Use roupas leves, claras e soltas e não se esqueça do chapéu e dos óculos com proteção contra a radiação UVA e UVB; • Sempre que estiver ao ar livre, use protetor solar com índice de proteção maior ou igual a 30. Renove a sua aplicação de 2 em 2 horas ou de acordo com a indicação da embalagem; • Pessoas e animais nunca deverão estar dentro de carros parados ao sol; • Viaje de noite sempre que possível; • Leve água suficiente e não feche comple-

tamente as janelas do carro durante a viagem. Mantenha o contacto com pessoas que vivam sozinhas, para verificar o seu estado de saúde e o seu conforto. O golpe de calor acontece quando o corpo deixa de produzir suor e não arrefece. Os sintomas incluem: febre alta, pele vermelha, pulso rápido, dor de cabeça, náuseas, tonturas, confusão e perda de consciência, podendo provocar a morte se a pessoa não for socorrida rapidamente. Se uma pessoa apresenta sinais de golpe de calor: • Ligue para o número de emergência 112; • Se a pessoa não estiver consciente, não dê líquidos; • Leve a pessoa para um local fresco; • Aplique toalhas húmidas ou pulverize água fria para arrefecer o seu corpo; • Areje o ambiente à sua volta com uma ventoinha ou mesmo com um abanador. Mantenha-se atento aos avisos das Autoridades de Saúde, do Instituto do Mar e da Atmosfera e da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Para mais informações: • ligue para o SNS 24: 808 24 24 24; • envie email para: usp.estuariodotejo@arslvt.min-saude.pt ou para saudesazonal@dgs.min-saude.pt. Dr.João Pedro Carvalho Machado Médico de Saúde Pública Unidade de Saúde Pública



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