Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 12 • 4 de Abril 2019 • Gratuito
Chafariz
de Arruda
Arruda com reduções no passe social de 30 por cento mas à espera de mais Págs 8 e 9
Arranhó
Luz verde para as obras de remodelação da sede do URDA Pág. 4
Linhas de Torres adquirem estatuto de monumento nacional Pág. 5
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Laboratório Irene Lisboa está a ser um sucesso entre os alunos do concelho funcionar no Centro Escolar de Arruda há cerca de um ano, como parte integrante de um projeto piloto a nível nacional, o laboratório de ciências vocacionado para os alunos do concelho até aos 10 anos, está a ser um sucesso. A componente prática e de descoberta têm entusiasmado os alunos que assim aprendem ainda mais depressa os temas relacionados com as ciências da natureza. No dia da nossa reportagem, estudava-se a permeabilidade dos solos. Por ser um concelho agrícola, a escola tenta introduzir temáticas que possam estar relacionadas com a agricultura. Um grupo de alunos do terceiro ano da escola de Arranhó marcou presença no Laboratório Irene Lisboa a funcionar no Centro Escolar de Arruda dos Vinhos. Os pequenos estudantes observaram o comportamento
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Com muita atenção verificaram o melhor método do solo humífero, arenoso e argiloso após a rega e tentaram perceber qual o mais
adequado para a agricultura. Recolheram as amostras e através da observa-
ção fizeram as suas próprias constatações. Elisabete Carvalho, profes-
Para os alunos da escola de Arranhó foi uma manhã diferente no laboratório
sora de Ciências, refere que os alunos têm especial apetência por estas atividades práticas- “São curiosos, sabem sempre muita coisa, não sei se pelas vivências, se por outros fatores, mas no fundo constituem-se para nós como um desafio”. O laboratório é uma “maisvalia”. Tubos de ensaio, microscópios, e líquidos efervescentes são agora uma realidade destes cientistas de palmo e meio. O laboratório recebeu um investimento de 20 mil euros pelo município, sendo que mais recentemente foi doado novo material. Experiências sobre a cor, o som, e a alimentação têm feito parte do currículo dos mais jovens do concelho. Lourenço é um dos alunos da escola de Arranhó. “Gosto de fazer estas atividades, penso que a resposta ao desafio é o argiloso”. A questão era qual o solo mais adequado para a agricultura. O Lourenço não acertou. Pensava que era o argiloso porque já viu aquele tipo de material que faz lembrar o barro no sítio onde vive. A resposta certa era: o humífero, por ser o que tem mais nutrientes. Já a Melissa diz-se uma entusiasta destas aulas. “Até gostava de ser
cientista!”, confessa - “Nestas aulas aprendemos mais, é muito engraçado, gosto bastante de fazer as experiências”. A componente da agricultura nestas experiências em laboratório é interessante para si, e conta que até tem uma horta e que gosta muito de comer vegetais. João Raposo, diretor do Centro Escolar de Arruda, faz um balanço positivo desta nova valência, em que “os alunos podem visualizar e experimentar”, traduzindo-se “numa riqueza em termos de aprendizagem”. O Laboratório Irene Lisboa será alvo de um debate nas Jornadas da Educação em que será dado a conhecer este projeto-piloto. Os próprios alunos têm sido cada vez mais exigentes no que toca às experiências neste laboratório. A assimilação dos conteúdos teóricos torna-se mais fácil, mas o laboratório propicia ainda uma transversalidade com outras disciplinas como o Português, e a Matemática. A professora da turma, Maria da Luz, enfatiza também esta componente prática. “O aspeto do laboratório, vir aqui para este contexto, proporciona logo outro entusiasmo”.
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Educação 3
Jornadas da Educação com aposta na prata da casa Concelho de Arruda dos Vinhos recebe no próximo dia 21 mais uma edição das “Jornadas da Educação”. A iniciativa terá lugar durante todo o dia e desenrola-se no auditório municipal nos Jardins do Morgado. Estas são umas jornadas mais centradas na realidade local, depois de no ano passado ter existido o contributo de agentes de fora do concelho de Arruda dos Vinhos. André Rijo, presidente da Câmara, salienta que o programa destas jornadas tem vindo a ser elaborado ao longo dos últimos meses em conjunto com as instituições locais, e visa “mostrarmos o que estamos a fazer de melhor, e que nos permite numa reflexão mais interna acerca de onde estamos e para onde queremos ir”. O autarca reforça que o mês de abril vai ser muito forte no que toca à Educação. As jornadas estarão ligadas a
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Experiência do laboratório no centro escolar estará em evidência diferentes aspetos, como são os casos do Conselho Municipal de Educação “que
vai deliberar sobre a descentralização de competências para as autarquias lo-
cais, e vamos deliberar em Assembleia Municipal: o Programa Educativo Co-
mum”. O autarca explica que este programa resulta de um trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos meses e que em parte resultou das conclusões das Jornadas da Educação de 2018. Este programa tem como objetivo ser uma espécie de guião, ou a trave mestra “daquilo que é a nossa qualidade de ensino e os objetivos que temos em comunidade para o ensino no concelho”. André Rijo sustenta que os objetivos são centrados em todos os graus de ensino, desde o pré-escolar ao ensino básico, segundo, terceiro ciclo, secundário e profissional “alargado ao ensino superior através da parceria com o Politécnico de Santarém”. Sem afastar a hipótese de nos próximos anos voltar as jornadas de novo para o exterior, André Rijo reforça que “a preocupação é afirmar de facto que a Educação tem sido e queremos que continue a ser, um dos principais
setores de atratividade, competitividade e de desenvolvimento do concelho”. As jornadas de 2019 vão abordar temas relacionados com o setor, nomeadamente: “O ensino das ciências no primeiro ciclo” e apresentará projetos feitos pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Arruda, Externato João Alberto Faria, e pela professora Elizabete Carvalho, em que se falará ainda da utilização de tablets nas escolas, algo que será em breve uma realidade nas escolas de Arruda dos Vinhos. Também o ensino profissional estará em foco nestas jornadas. Este setor terá direito a um painel próprio e incluirá a apresentação de vários projetos com profissionais e alunos da escola Gustave Eiffel. Já da parte da tarde, será debatida “A tecnologia ao serviço do saber”. Existirão atividades direcionadas para crianças dos três aos 12 anos e será debatido o futuro do ensino.
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Câmara vai assumir transporte público até aos lugares e freguesias mais distantes do concelho hama-se TUA/CASA (Transporte Urbano de Cardosas, Arruda, S.Tiago dos Velhos e Arranhó) e é nem mais nem menos do que o transporte municipal de Arruda dos Vinhos. A informação foi avançada pelo presidente da Câmara de Arruda, André Rijo, ao Chafariz que refere que este projeto tem como objetivo “preencher” as necessidades das populações mais afastadas da sede de concelho, nomeadamente, as que residem nas freguesias e lugares mais distantes. Ora para colmatar esta situa-
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ção, a autarquia pretende colocar um transporte municipal ao serviço da população, já que para as operadoras de transportes, como a Boa Viagem, estas carreiras não são sustentáveis economicamente. Ao nosso jornal, André Rijo salienta que depois de consultar as operadoras e a OesteCim, que é a autoridade de transportes com alçada sob Arruda dos Vinhos, decidiu avançar com esta medida. O autarca lembra que a medida que estava inscrita no programa eleitoral, “muito antes da discussão atual dos passes sociais”, vai agora
sob proposta à Câmara Municipal a 22 de abril, seguindo-se um período de discussão pública. “Endentemos que esta proposta terá impacto na resolução de alguns problemas que estão diagnosticados há muito no nosso concelho”. A ideia assentou na criação de um transporte interfreguesias, dadas as queixas de falta de oferta pública de transporte nas pausas letivas “muito deficitária e que não corresponde às necessidades sentidas pelas populações”. A medida já foi testada na Semana da Mobilidade do ano passado, e será agora
alargada em termos definitivos ao concelho de Arruda dos Vinhos, funcionando de segunda a sábado. Nesta altura o executivo está a elaborar o regulamento para ser apresentado na Câmara, sendo que este sistema de transportes deverá estar no terreno no primeiro trimestre de 2020. A autarquia não sabe para já como será feito o transporte das populações nesta primeira fase. Essa é uma questão que ainda não está fechada e que segundo o autarca poderá passar pela contratação de táxis para servir a população ou através de um autocarro já dis-
ponível para o efeito. André Rijo salienta que estão em curso conversações com os motoristas de táxi, e que se esta for a modalidade escolhida, será a autarquia a suportar o remanescente do valor cobrado, já que existem várias gamas de preços e inclusive isenções. O autarca frisa que o tarifário idealizado pela Câmara pretende cobrir todas as franjas da população. Um bilhete simples custará dois euros, os passes mais baratos custarão 10 euros, se comprados mensalmente. Se o passe for adquirido para um ano, o valor será de 100 euros. No que toca aos tarifários es-
peciais, há reduções de 50 por cento para os titulares do cartão jovem e sénior municipal, bem como, beneficiários de outros programas sociais da autarquia. Há isenções para desempregados, beneficiários do Rendimento Social de Inserção, e pessoas com estatuto de bombeiro voluntário e dirigente associativo. Os bilhetes podem ser comprados em vários locais, nomeadamente, junto dos operadores, no caso do táxi e/ou do autocarro. Os passes podem ser comprados nos postos de atendimento ao cidadão e balcão único nas freguesias.
Arranhó
Luz verde para as obra de remodelação da sede do URDA União Recreativo e Desportivo de Arranhó (URDA) viu aprovado o financiamento tendo em vista o projeto de beneficiação e conservação das suas instalações. Para Paulo Pinto, dirigente da coletividade, a boa notícia surge no seguimento de outros projetos que viram a luz do dia, anteriormente, como o tanque de natação. Desde há dois anos que a coletividade estava a tentar conseguir este subsídio, dado que o edifício sede tem 42 anos e necessita de obras. As obras vão incluir a remodelação da zona de bar, a construção de uma rampa de acesso ao salão para pessoas com mobilidade reduzida, a inclusão de medidas de autoproteção com a colocação de portas de emergência, a pintura da sala de bar, e sobretudo arranjar a parte exterior e a sua pintura. Há também uma zona que “ainda está em tijolo e na qual queremos criar uma sala po-
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livalente, que pode funcionar como ginásio, com balneários de apoio, e com zonas
de apoio ao placo principal”. Paulo Pinto confessa que a obra será de grande monta
Edifício vai entrar finalmente em obras
dado que passaram 42 anos e só agora vai sofrer uma intervenção de fundo. O valor
da empreitada total ronda os 37 mil 650 euros, metade será paga pelo Estado, a ou-
tra metade terá de ser a coletividade a fazer face a este pagamento. Paulo Pinto acrescenta que parte dos trabalhos elencados já estão concretizados e pagos pela associação. No sentido de angariar a verba necessária, a coletividade programa integrar os mais diversos eventos, através de tasquinhas, que fazem parte do cartaz de festas do concelho, desde as festas de Arruda, mercado oitocentista, festa da cerveja, festival do caracol. O próprio grupo cénico fará mais alguns espetáculos nessa angariação. A junta de Arranhó e a Câmara de Arruda deverão comparticipar com a ajuda de materiais. O URDA conta com mais de duas centenas de praticantes, sendo das coletividades com maior atividade na freguesia e no concelho. Yoga, natação, hidroginástica, ginástica, zumba, futsal com quatro equipas federadas, e mais dois escalões pré-competição, são as atividades desenvolvidas.
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Linhas de Torres adquirem estatuto de monumento nacional
s Linhas de Torres já são monumento nacional. O Conselho de Ministros aprovou, no dia 14 de março, o decreto que classifica como monumento nacional os fortes e estradas militares construídos há mais de 200 anos para defender Lisboa das invasões francesas, que integram as chamadas Linhas de Torres Vedras. Arruda dos Vinhos que integrou essa rede militar criada há dois séculos tem razões para sentir orgulho nesta declaração há muito esperada. No território concelhio podemos encontrar os fortes do Cego e da Carvalha. “Foi aprovado o decreto que classifica como monumento nacional o conjunto das primeiras e segundas Linhas de Defesa a Norte de Lisboa durante a Guerra Peninsular, também conhecidas como Linhas de Torres Vedras”, refere o comunicado do Conselho de Ministros. André Rijo, presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, ao nosso jornal salienta que a responsabilidade na sua preservação redobra, até porque muito recentemente aquele património foi alvo de vandalismo. A estratégia é de valorização dos
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fortes existentes no concelho, promovendo, igualmente, a componente turística associada. O autarca refere a possibilidade da sua promoção em mercados como o inglês, com a apresentação
de Portugal junto dos turistas ingleses que todos os dias chegam ao nosso país. Vender o território como um todo, Arruda e os restantes concelhos que integram as Linhas de Torres, será o ob-
conhecendo, entre outros critérios, “o génio do respetivo criador e o interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos”. A classificação como monumento nacional foi proposta
Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, reclamava a inclusão do património no inventário do património nacional. “As Linhas de Torres são um
sistema defensivo - muito bem-sucedido - de dimensão e impacto histórico invulgar, nacional e internacionalmente”, refere o parecer da DGPC, pois “sintetizam a capacidade estratégica de Wellington e os saberes militares de origem inglesa, portuguesa, mas, também, francesa do fim do século XVIII e do início do século XIX”. As Linhas de Torres Vedras foram construídas sob a orientação do general inglês Wellington, comandante das tropas luso-britânicas aquando das invasões francesas, para defender o país das tropas de Napoleão entre 1807 e 1814, durante a Guerra Peninsular. Em 2010, altura em que se comemoraram os 200 anos da construção das Linhas de Torres, foram inauguradas obras de recuperação, e Centros de Interpretação, um investimento estimado em cerca de seis milhões de euros. Em 2014, a empreitada de desmatação, recuperação e reabilitação dos fortes venceu o prémio Europa Nostra, na categoria “Conservação”. A Assembleia da República instituiu o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de Torres. As Linhas de Torres recebem por ano cerca de 10 mil visitantes.
práticas e ideias de como fomentar a participação comunitária para a resolução de
desafios, através de ações pontuais ou regulares de voluntariado”.
das estruturas. Desde há oito anos que Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres, que integra as câmaras de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra,
Câmara prepara-se para redobrar a vigilância sobre estes locais da passagem do general Wellington pelo país e a marca profunda que deixou. André Rijo espera que o Brexit não comprometa as ambições de divulgação turística
jetivo. Para o Governo, a intenção desta classificação assenta na preservação física da memória material e imaterial deste sistema defensivo, re-
há um ano ao Governo pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). Com esta classificação vai ser criada uma zona especial de proteção em volta de cada uma
Junta de Arruda Promove conferências Junta de freguesia de Arruda dos Vinhos, está a levar a cabo uma série de conferências com o objetivo de falar de assuntos, que por norma não são abordados na comunidade. A primeira edição realizada em fevereiro, debateu a “Arte Urbana”, um tema que diz muito aos mais novos dos dias de hoje, mas que para outros pode ser encarada, por exemplo, como um sintoma de rebeldia ou mesmo de vandalismo. Nesse sentido, Fábio Morgado, presidente da Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, convidou a usar da palavra Paulo Quaresma, antigo autarca de Carnide e Presidente da Boutique da Cultura, associação cultural lisboeta, mas também “Aheneah”, umas artista plástica vilafranquense, que recentemente apresentou trabalhos feitos em tapeçaria nas paredes de
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Vila Franca de Xira. Fábio Morgado assegura que estas iniciativas vão continuar, mas refere que as mesmas não obedecem a um calendário rígido. Ainda no passado mês de março, a junta voltou a convidar a população, desta vez para falar de voluntariado. Seja associativo ou solidário, Fábio Morgado salientou ao Jornal Chafariz de Arruda, a importância deste tema. Tratou-se de um debate inserido no ciclo de conferências «Arruda - Passado, Presente e Futuro», e abordou o assunto enquanto ferramenta comunitária, tanto a nível global, como local. Desta vez os convidados foram Joana Graça Feliciano, ativista e empreendedora social, com experiência a nível internacional, e Marta Leite, Técnica Superior de Educação Social e coordenadora do Banco de Voluntariado de Arruda dos Vinhos, parte in-
tegrante da Câmara Municipal. Nesta iniciativa, a população,
autarcas e técnicos tiveram ocasião de falar sobre as diversas experiências, “boas
Uma das sessões decorridas
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Vereador do PSD considera ilegal protocolo para as obras no pavilhão dos bombeiros Câmara de Arruda apresentou um protocolo que visa a beneficiação e requalificação do pavilhão desportivo dos Bombeiros Voluntários de Arruda através de uma candidatura ao Instituto Português da Juventude. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia salientou que a infraestrutura é utilizada por outras coletividades do município, e até pela própria Câmara, e que o contrato terá como outorgante o Clube Recreativo e Desportivo Arrudense (CRDA), e não os bombeiros porquanto os estatutos não contemplam a atividade desportiva. O vereador da oposição considerou o contrato como ilegal. O financiamento pelo Instituto Português da Juventude pode ir até aos 50 por cento. Luís Rodrigues, do PSD, referiu não compreender este contrato, e quando o pavilhão do CRDA, carece igualmente de obras – “Como tal por que não se fez um protocolo para o clube reparar o seu próprio pavilhão, e se foi fazer numa terceira entidade?”, interro-
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Financiamento das obras será a 50 por cento pelo IPDJ gou, alegando – “Apesar de todo o respeito e carinho que os bombeiros merecem”. André Rijo salientou que a coletividade não contempla o desporto nos estatutos, e por outro lado, as duas as-
sociações já mantém um protocolo para determinadas atividades, como a dança rítmica, e a patinagem artística, por força “do pavilhão polidesportivo não ter capacidade para acomodar mais modalidades, até por-
que, o basquetebol preenche grande parte dos horários no CRDA”. O Clube Recreativo e Desportivo Arrudense assume assim o protocolo. O presidente da Câmara alegou ainda que nunca lhe chegou nenhuma in-
Germano Peixinho homenageado antigo bombeiro chefe de Arruda dos Vinhos, Germano Peixinho, completou no dia dois de março, 100 anos de vida. Foram cem anos dedicados a uma comunidade, sendo que grande parte deles ao serviço de uma casa que bem conhece. No dia do seu centenário, alguns amigos proporcionaram-lhe uma visita ao Estádio da Luz, onde pôde estar com algumas das glórias atuais do clube encarnado. Germano Peixinho é frequentador assíduo da escadaria da Câmara de Arruda dos Vinhos, onde se encontra frequentemente, ou quase diariamente com os amigos. Foi surpreendido pelos amigos e família com a visita à Luz. Da comitiva, fizeram parte a família, amigos, au-
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tarcas e dirigentes dos bombeiros locais, que não quiseram deixar passar este dia em branco e já anunciaram um jantar de homenagem para o próximo domingo, dia sete de abril, no quartel dos bombeiros de Arruda. No Facebook, André Rijo, presidente da Câmara Municipal de Arruda, refere que todas estas iniciativas são parte do “reconhecimento” ao bombeiro chefe que faz parte da história do concelho. Para o autarca “tudo isto é o reconhecimento de toda uma comunidade por uma forma de estar e de ser notável” acrescentando, por isso, que Germano Peixinho “é um arrudense notável”. O jantar do próximo domingo “estará com certeza cheio para lhe prestar mais uma justa e merecidíssima homenagem”.
O homenageado com Rui Costa
formação quanto à necessidade de obras no pavilhão do CRDA. Por outro lado, “o piso do pavilhão dos bombeiros já carece de manutenção, e quando os alunos das nossas escolas praticam atividades no local”.
O vereador da oposição referiu que pese embora as boas intenções “mais parece que o clube está aqui a funcionar como uma barriga de aluguer dos bombeiros, que não se podem candidatar diretamente a estes fundos, e têm de usar outra instituição, e por isso confesso que tenho muitas dúvidas sobre a legalidade disto”. Luís Rodrigues foi mais longe – “Isto pode trazer-nos responsabilidades na utilização deste veículo”. O presidente da Câmara contrapôs – “A entidade gestora da candidatura avaliará da legalidade, e se a mesma pode ir para a frente ou não”. Por outro lado “quero aqui saudar o espírito de colaboração entre as duas entidades, e quando estão a poupar recursos à Câmara”. “Se as pessoas estão de livre vontade a celebrar este protocolo só tenho de mostrar o meu regozijo”. A proposta foi votada favoravelmente com o voto contra de Luís Rodrigues (PSD), e a abstenção de Carla Munhoz e Vale Antunes (PS) por fazerem parte dos corpos dirigentes da associação humanitária.
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Águas do Tejo Atlântico prepara investimento de dois milhões de euros na ETAR de Arruda questão da poluição no Rio Grande da Pipa continua na ordem do dia, apesar de algumas ações que tiveram lugar, os focos de poluição continuam a gerar preocupação. Ao Chafariz de Arruda, o presidente da Câmara, André Rijo, refere que a deputada da comissão de Ambiente, do Bloco de Esquerda, Maria Manuel Rola teve oportunidade de se deslocar ao município para se inteirar do ponto de situação, “em que ficou bastante clara a nossa posição de exigência e de continuarmos a trabalhar”. Ao nosso jornal revela que já chegaram ao município as segundas análises. Em causa, recorde-se, o facto de a ETAR de Arruda não ter capacidade para tratar os efluentes de origem industrial, que seguem depois em direção ao Rio Tejo, com impacto na bacia hidrográfica e lençóis freáticos. Segundo o autarca, “uma das empresas poderá ser visada através de coima, dado que os valores continuam a apresentar-se desconfor-
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mes, não obstante as diligências que têm vindo a ser efetuadas pelos nossos engenheiros e pelos da Águas do Tejo Atlântico”. Contudo, outras indústrias em causa, já terão, de acordo com o presidente da Câmara, acedido às devidas adaptações, com o intuito de não procederem a descargas para além dos valores considerados normais. Para além disso, o projeto de ampliação da ETAR de Arruda dos Vinhos “está praticamente concluído” e será remetido a parecer da Câmara Municipal. As obras deverão ser iniciadas no início de 2020. Será uma obra de grande monta para uma fábrica de água, dado que “estamos a falar do tratamento de efluentes domésticos, e industriais” e a reutilização da água depois do tratamento pela ETAR em regas do município. Este é um investimento que rondará os dois milhões de euros. A ETAR de Arruda dos Vinhos, que entrou em funcionamento em 2004 e cuja empresa responsável é a Águas do Tejo Atlântico, foi
Ampliação da ETAR vai custar cerca de dois milhões de euros concebida para receber águas residuais domésticas, tratadas através do sistema de lamas ativadas com nível de tratamento secundário. No entanto, em 2014 terão
sido efetuadas ligações à rede da zona Industrial das Corredouras que, até aí, descarregavam diretamente para a linha de água. No entanto, a ETAR não está a
conseguir fazer o devido tratamento das águas. A Águas do Tejo Atlântico fez saber que tem tomado medidas operacionais para minimizar os efeitos dos efluen-
tes industriais indevidos, nomeadamente através da adição e controle de reagentes, bem como, outros ajustes para maior eficiência da ETAR de Arruda dos Vinhos.
da educação e na aproximação às escolas, criando condições para a melhoria do
sucesso escolar e qualificação dos jovens na Região Oeste.
Oeste recebe investimento de cerca de 10 milhões para cobertura de fibra ótica Comunidade Intermunicipal do Oeste, da qual faz parte o município de Arruda dos Vinhos, assinou com o Comité Executivo da Altice Portugal um protocolo que visa a cobertura de fibra ótica no Oeste. O investimento de cerca de 10 milhões de euros vai colocar a Região Oeste próxima dos níveis de cobertura de Lisboa, Porto, Aveiro ou Braga, segundo Alexandre Fonseca, Chief Technology Officer da PT desde 2015. Nos próximos 9 a 12 meses, 85 por cento da população do Oeste vai ter cobertura de fibra ótica, “um investimento avultado, nem todo de retorno imediato, mas que se enquadra na nossa estratégia de proximidade e de desenvolvimento regional”, afirmou Alexandre Fonseca. Além de sublinhar a estraté-
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gia de proximidade às regiões, Alexandre Fonseca também recordou que “ainda existe 25% da população que nunca usou um computador, assim como necessidades do ponto de vista de infraestruturação e daquilo que é a revolução digital e a fibra ótica é um dos passos que tem de ser dado.” Pedro Folgado, Presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste, realçou a importância da assinatura do Protocolo para que as pessoas não se sintam isoladas. “Conhecemos a dispersão do território e sabemos que estamos a fazer um esforço significativo ao disponibilizar fibra ótica, contribuindo para que Portugal faça a diferença.” Na sessão também foram entregues tablets com a plataforma de aula digital da LEYA, em linha com a estra-
tégia da Altice de digitalização do processo educativo. Para Pedro Folgado, estes
Assinatura de protocolo
tablets estão em linha com o investimento significativo que a Oestecim tem feito na área
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Arruda com reduções no passe social de 30 por cento, mas à espera de mais
U
m munícipe do concelho de Arruda que todos os dias se desloque rumo
à capital passou a pagar desde o dia um de abril 77 euros de passe mensal, na categoria simples, ao contrário dos 110 que pagava
anteriormente. Mas o desconto de 30 por cento foi o mais longe que o município enquadrado na Comunidade Intermunicipal do Oeste
(Oestecim) conseguiu. A apenas dois passos da capital, Arruda dos Vinhos por se encontrar fora dos municípios que compõem a Área
Metropolitana de Lisboa (AML) não pôde posicionarse entre os concelhos com acesso direto ao passe a 40 euros, como é o caso do
concelho vizinho de Vila Franca de Xira (AML). Contudo, a Oestecim através de um esforço financeiro de cerca de 600 mil euros a re-
Assinatura de protocolo entre o presidente da Oestecim e o administrador da Bo
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Para a Câmara de Arruda esta é uma medida bem-vinda, oposição considera que arrudenses foram considerados como cidadãos de segunda partir pelos diferentes concelhos a que se soma a verba do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) para a região Oeste de 1 milhão 300 mil euros conseguiu, fazer com que os passes regionais e municipais descessem aos valores dos praticados na área da AML. Viajar, todos os dias, dentro do concelho de Arruda, de
autocarro, passa a ter um valor mensal de 30 euros, e de 40 euros no caso de viagens dentro da área da Oestecim, como sejam as deslocações a Sobral de Monte Agraço, Alenquer ou Torres Vedras. Mas se todos os dias apanha a carreira, até Vila Franca de Xira, Bucelas, ou Loures, o desconto será de apenas 30
oa Viagem para as reduções dos passes sociais na região
por cento em relação ao que pagava até 31 de março. A desproporcionalidade na distribuição das verbas do PART está a deixar muito desconfortáveis autarcas de norte a sul do país, e durante a conferência de imprensa promovida, esta segunda-feira, dia 01 de abril pela Oestecim, nas suas instalações nas Caldas da Rainha, era visível o sentimento de “menino caído nos braços” por parte dos autarcas, que viram ainda diminuída a verba, por parte do Instituto de Mobilidade Terrestre (IMT), no que concerne à subsidiação do passe para jovens. Aquela entidade que antes comparticipava os passes “sub 23” e o “4-18” em 25 por cento do custo total, agora apenas se dispõe a pagar 25 por cento de 70 por cento da verba total. A comunidade intermunicipal mostrou-se disponível para arcar com esta despesa até final do ano letivo, mas no ano que vem, anunciou que terá de colocar novamente as cartas na mesa, pois a continuar assim a Oestecim teria de comparticipar com verbas irrealistas a medida dos passes sociais. No próximo ano, e de acordo com o presidente da Oestecim, Pedro Folgado, ao Chafariz de Arruda, o Governo terá necessariamente de alocar mais verba às CIMS sob pena de os valores atingirem custos demasiado incomportáveis para estas estruturas. Neste ano, o Governo anunciou 104 milhões através do Fundo Ambiental: 73 milhões de euros só para a Área Metropolitana
de Lisboa; A Área Metropolitana do Porto fica com 15,08 milhões; e o resto do país, Oestecim incluída, 15,9 milhões. Em declarações ao nosso jornal, o presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, André Rijo, fala numa pequena vitória, até tendo em conta que a Comunidade Intermunicipal do Oeste conseguiu reunir um conjunto de solidariedades entre os seus autarcas, que “não foi fácil”, para conseguir entrar a um de abril, com uma série de descontos nos passes sociais, embora ainda não em pé de igualdade com os municípios da Área Metropolitana de Lisboa. O autarca fala de uma medida que ainda tem muito para caminhar e que significa o início de uma nova era a nível da mobilidade e da sustentabilidade. “Acreditava-se que a privatização seria o caminho, com necessidade de o utilizador ter de pagar e assegurar a sobrevivência do sistema de transportes, sem, que existisse o incentivo por parte das políticas públicas, provou-se que poderia ser diferente”. André Rijo saúda a medida porque permitirá “mais rendimento disponível para as famílias e menos emissões poluentes”. André Rijo salienta que a Oestecim está de parabéns, embora refira que esta medida deverá ser mais aprofundada, no sentido de os munícipes do concelho e da região poderem ficar em condições de igualdade com os da Área Metropolitana de Lisboa
Vereador da oposiçã fala em eleitoralismo e em critérios inconstitucionais Em comunicado enviado à redação do “Chafariz de Arruda”, o vereador do PSD na Câmara de Arruda dos Vinhos, Luís Rodrigues, encara esta iniciativa do Governo como assente num modelo que acaba por beneficiar apenas os utentes da AML, e “discriminar os portugueses em função da sua área de residência”. Algo que classifica como “inconstitucionalmente duvidoso”. Sobretudo porque a AML é que possui o mais elevado rendimento per capita do país, e depois porque por via desta medida acaba por receber mais do orçamento do Estado. Luís Rodrigues fez as contas e constata que a ajuda do Estado por passageiro de transporte público na AML é de 157, 17 euros mas nas restantes regiões do país se reduz a 52,35 euros. “Afinal, a grande ilação a retirar desta medida é que, em vez de combater a exclusão social, acaba, paradoxalmente, a fomentar uma inadmissível divisão entre portugueses: uns de primeira (os que habitam nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto) e outros de segunda (aqueles que residem no restante território nacional)”, suscita, relacionando a disparidade de que fala com o aproximar das eleições legislativas. O autarca sugere que os critérios de cálculo observem fatores como a distância percorrida, em primeiro lugar, mas também o número,
maior ou menor, de ligações inter-regionais, e os fluxos de e para cada uma delas. PS de Arruda faz as contas aos descontos Em comunicado enviado ao Chafariz de Arruda, o Partido Socialista de Arruda dos Vinhos, fez as contas aos descontos obtidos e sendo assim refere que no caso, por exemplo, do passe combinado de Arruda para Lisboa, que tinha até ao final do mês passado um custo de 140 euros, passou a ter um valor de 97, 89 euros, o que segundo aquela força partidária, significará ao final de um ano uma poupança de 460 euros. Este partido prefere ver a medida sob o signo do “copo meio cheio”, e continua a elencar: Já o passe simples de Arruda passa dos 110,20 euros para os 77,14, o que se traduz, “numa poupança anual de 360 euros”. O passe de Arruda para Vila França sofrerá também uma redução de 30 por cento. Tinha até 31 de março um custo de 62,50 euros. “Uma poupança anual de 206,25 euros”. Já nas ligações dentro da área do município, em que não haverá títulos com valor superior a 30 euros, o passe Arruda-Arranhó, que custava 62,50 euros pode permitir “uma poupança anual de 357,50 euros”. O passe de Arruda-S.Tiago dos Velhos, que custava 50 euros e 50 cêntimos “pode significar uma poupança de 225,50 euros”; Arruda Cardosas que custava 40 euros, “significará anualmente uma poupança de 110 euros”.
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Após décadas a ver os esgotos a correr para a linha de água
Finalmente, o saneamento básico em A-do-Baço e Alcobelas
A obra inaugurada significa também o fechar de um ciclo na despoluição do rio Trancão novo coletor de A-do-Baço e Alcobelas, no concelho de Arruda dos Vinhos, já entrou em funcionamento. A inauguração desta obra há muito esperada pela população local, decorreu no final do mês de março com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins. Ao todo, entre a empreitada da Águas do Tejo Atlântico, as obras da rede em baixa executadas pela autarquia, e o valor da estrada que vai ser requalificada em breve, o investimento nesta zona ultrapassa o um milhão de euros, um número considerado “bastante significativo”, que segundo o presidente da Câmara, André Rijo, será “o maior investimento público naquela zona do concelho nos últimos 20 anos”. António Frazão, presidente do
O
Conselho de Administração das Águas do Tejo Atlântico, considerou esta obra vital para as populações que vai servir. Ao todo serão servidos por este coletor cerca de 700 habitantes, com o tratamento dos efluentes daquelas populações, na ETAR de Bucelas, e este é, um “sentimento de dever cumprido” segundo António Frazão, que sintetiza: “Cumprimos em termos de preço, já que era uma obra difícil, e conseguimos cumprir também em termos de prazo”. Esta foi de resto uma obra longa e que trouxe alguns transtornos às populações. O pó e as dificuldades de trânsito marcaram a empreitada, mas os autarcas consideraram este “um mal necessário” para que este tipo de projetos fosse avante. Gonçalo Nuno, presidente da Junta de Freguesia de Arra-
nhó, frisou isso mesmo, salientando a paciência dos habitantes, sendo que, notou: “Ainda falta asfaltar a estrada.” André Rijo, presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, destacou a importância desta obra, lembrando algumas conversas com os populares, em que a mesma era exigida. O autarca referiu-se a esta obra como uma necessidade para a qualidade de vida das populações, destacando que até à entrada em funcionamento do “coletor” a população vivia “paredes meias “com o esgoto a correr na linha de água perto das suas casas”. Para o autarca, “mais do que uma inauguração, hoje fezse justiça a esta gente que durante anos e anos viveu aqui com maus cheiros, mosquitos e uma série de problemas ambientais, e se
tudo correr bem, essa realidade terá os dias contados”. Já quanto à estrada que liga A-do-Baço ao Carvalhal, o autarca anunciou o início das obras em abril e a conclusão até ao verão. Em declarações ao Chafariz, Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, frisou a importância desta obra, que para si significou “um fim de ciclo”. O governante salientou que esta obra “fecha praticamente todas as infraestruturas que diziam respeito a um projeto que me é muito grato, e que se trata da despoluição do Rio Trancão”. Para Carlos Martins, a ausência de recolha residual em Alcobelas, “significava uma pontinha desse projeto que vai ligar à ETAR de Bucelas (Loures) que era uma infraestrutura que em conjunto com a ETAR de Frielas, constituíam um pulmão para resolver aqui um grave pro-
blema ambiental dos anos 80”. Segundo Carlos Martins, esta era a “pontinha” que faltava para concluir a despoluição do Rio Trancão, conforme foi desenhado na altura. “É muito gratificante vermos que a qualidade das nossas linhas de água melhorou significativamente. É bom ver que em cerca de cinco anos conseguimos passar no município de Arruda, o parceiro com mais baixa cobertura dos da região de Lisboa, para um dos que apresenta maior taxa de cobertura a nível nacional” abrangendo quase 90 por cento da população, de acordo com o secretário de Estado. Carlos Martins frisa que com este projeto concluído, o município pode aproveitar para atrair para aquela zona do concelho algum turismo e provas ligadas ao desporto de ar livre.
A despoluição do Rio Trancão, para onde corriam muitos efluentes de Arruda dos Vinhos e das localidades limítrofes, foi nos anos 90 alvo de muita polémica. A necessidade de se despoluir o rio, tendo em conta a realização da Expo98 levou a anos de incerteza. Contudo, Carlos Martins que integrava o projeto à época refere que nunca houve dúvidas quanto à necessidade de despoluição deste rio. O governante refere ao “Chafariz” que foi através de “um somatório de vontades” que se conseguiu chegar a bom porto. “Para mim foi uma alegria ver na Expo, que tudo o que foi possível fazer, em 1998, tinha sido concretizado”. Mais tarde, já na SIMTEJO, “consegui ver também concretizado um conjunto de infraestruturas complementares que, hoje, aqui, concluem esse projeto”.
Chafariz de Arruda
Abril 2019
Empresas e Negócios 11
Paulo Viduedo, consultor Remax aponta perspetivas positivas
Mercado imobiliário de Arruda com oferta diversificada
á vários anos que Paulo Viduedo é uma cara conhecida dos arrudenses. Tal facto não acontece por acaso, já que mantém o título de consultor número um da Remax por vários anos consecutivos, tendo visibilidade nos mais variados suportes de media, como é o caso do jornal Chafariz. Com 41 anos, Paulo Viduedo acorda todos os dias com a missão de, em conjunto com a sua equipa, prestar um serviço de excelência aos clientes, sendo que muitos já o são desde há várias gerações, o que prova a confiança naquele que é um filho da terra e em quem os arrudenses se habituaram a confiar na hora de comprar ou alugar casa. Sendo o fator confiança muito importante, se não o mais importante para as famílias na altura de comprarem casa, Viduedo e a sua equipa esforçam-se para mostrar os melhores imóveis, ao mesmo tempo, que mostram uma Arruda dos Vinhos moderna, a meia dúzia de minutos de Lisboa, e com acessos privilegiados. Ao “Empresas e Negócios” do Chafariz de Arruda, o consultor refere que são as características da própria vila, e do concelho que tornam
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Arruda “tão especial”. Mas são também as pessoas que habitam no território, e a localização geográfica – a cerca de 15 a 20 minutos de Lisboa, com uma autoestrada que fica a três quilómetros da vila. A todas estas caraterísticas somam-se as especificidades da educação local, com o destaque para as escolas públicas e para o Externato Alberto Faria, e escola Gustave Eiffel. Mas Arruda tem “outros encantos para se mostrar na hora de se escolher casa”, refere Viduedo. Para além dos acessos, das escolas, e da saúde, Arruda dos Vinhos tem ainda, segundo Paulo Viduedo, uma vasta gama de imóveis. “Por cá existe desde a moradia a um preço mais acessível, a moradia mais cara, o apartamento com valores mais acessíveis e os apartamentos de uma gama mais alta”. A juntar à oferta de habitação, Paulo Viduedo acrescenta a localização da Vila de Arruda no chamado “Vale Encantado” que atrai cada vez mais pessoas ao concelho e que se tornou num “excelente cartão de visita local.” Existe, no entanto, oferta para todo o tipo de clientes. O consultor arrudense refere que por norma as pessoas procuram um pouco de tudo.
O consultor número um e a sua equipa “Há clientes que procuram a casa mais antiga para remodelar, mas também temos os que procuram o apartamento, ou a moradia”, refere Paulo Viduedo. Com este vasto leque de oferta em Arruda dos Vinhos, o consultor diz haver assim a necessidade de se “mostrar a melhor casa, ou apartamento, ou mesmo a
No ramo há vários anos, fala numa evolução positiva do mercado
melhor quinta para cada tipo de gosto e carteira”. “Temos sempre a hipótese de adequar a oferta à necessidade de cada cliente. Isso é o mais importante”. Paulo Viduedo já soma títulos de consultor número um em Arruda há vários anos. Tal é sinónimo de empenho ao serviço do cliente, e como o próprio diz, através da manutenção de “uma qualidade de trabalho elevada”, e no facto de “estarmos muito focados no serviço ao cliente”. A juntar a isto, o consultor refere que também é importante a referência que o cliente passa aos amigos e familiares sobre o serviço da equipa de Paulo Viduedo. “É fundamental a referência de um cliente antigo ou atual para termos mais clientes”. Mas neste este negócio nem sempre é fácil encontrar recursos humanos. Nesse sentido Paulo Viduedo salienta as recentes campanhas de recrutamento “para acrescentarmos mais-valia à nossa equipa, e para conseguirmos prestar um melhor serviço”. O consultor refere que para manter um serviço de “cinco estrelas”, são necessárias pessoas que se adequem às exigências do grupo e por isso “não é fácil encontrar
novos valores com essas características”. Estas são exigências para um mercado cada vez mais assertivo e por isso é necessário manter um padrão de qualidade de serviço ao cliente. Paulo Viduedo salienta que para se ser um bom consultor, “é necessário mantermos o foco e a honestidade com os clientes” que é fundamental para a confiança entre ambos, mantendo um serviço “elevadíssimo de apoio e acompanhamento ao cliente, para que nos referenciem e possamos conseguir mais clientes”. “Esse é o nosso lema para o dia-adia” vinca o consultor. No entanto Paulo Viduedo, já soma há vários anos prémios da Remax. Para além das distinções nacionais, o consultor de Arruda dos Vinhos, granjeou prémios internacionais. Paulo Viduedo diz que a coleção ainda não está completa e que “ainda faltam alguns prémios” na sua prateleira: “Vamos conseguir se Deus quiser e nos ajudar a alcançar os patamares que ainda nos faltam”, referenciando que o facto de “termos alguns prémios, é sinal do bom trabalho que estamos a fazer”. Com muitos imóveis transacionados em Arruda, e sen-
do esta uma pequena vila inserida num pequeno concelho, ainda vai havendo mercado imobiliário em Arruda. O concelho está a crescer, segundo Paulo Viduedo, que salienta que o mercado “está a mudar ligeiramente, mas trabalhando mais e cada vez melhor ainda vamos conseguindo satisfazer alguns pedidos dos nossos clientes”. Para tal, têm também contribuído as campanhas de “Open House”. Neste capítulo, Viduedo salienta que este conceito vai resultando “desde que seja bem feito e bem organizado com o intuito certo”. Em termos de vantagem, esta ação, ajuda os clientes que têm dificuldades em agilizar uma visita em horários muitas vezes incompatíveis, a conseguirem assim uma oportunidade de “naquele dia visitarem o imóvel sem qualquer tipo de compromisso”. Este é por isso “um serviço muito bom que vamos continuar a manter”. Quanto à forma de adquirir imóveis, Viduedo fala numa escassez de casas para alugar e por isso recomenda aos clientes que verifiquem as suas condições financeiras, porque muitas vezes a compra torna-se mais vantajosa do que o aluguer.
Chafariz de Arruda
12 Rubricas
Dia Mundial da Saúde
Só há uma forma de os despejar: é pelo assédio! Tânia Tomás*
o dia 7 de Abril de cada ano, desde 1950, é celebrado o Dia Mundial da Saúde. É uma campanha reconhecida a nível global e apoiada pelos países membros da Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos os anos desde 1995, é atribuído um tema específico a esta celebração para destacar uma área considerada de intervenção prioritária na agenda internacional da OMS. O tema de este ano é “Cobertura Universal de Saúde”, que visa garantir o acesso de todos nós aos cuidados de saúde. Pelo mundo fora várias organizações (governamentais e não governamentais) colaboram com este tema, com o objectivo de incentivarem hábitos de vida mais saudáveis por forma a aumentarem a esperança média de vida e uma melhor qualidade da mesma. Participam neste dia promovendo e organizando diversas actividades. Uma vez que a Nutrição também desempenha um importante papel pela sua relação com a promoção e manutenção da saúde, deixo algumas recomendações para a população em geral a ter em conta sempre que possível. * Evite o consumo excessivo de sal * Evite a ingestão de açúcar ou alimentos açucarados * Não ultrapasse a quantidade de gordura indicada por dia * Consuma sopa antes das refeições principais * Acompanhe as refeições principais com salada ou legumes * Evite situações de jejum demasiado prolongado * Coma devagar mastigando bem os alimentos * Hidrate-se, o consumo de água é muito importante * Não esqueça a prática de atividade física. Feliz Dia Mundial da Saúde! *Nutricionista, Membro efectivo da Ordem dos Nutricionistas tctomas0756@onutricionistas.pt
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Fevereiro 2019
ssédio é, segundo os dicionários, “perseguir com insistência, importunar, maçar, molestar…” ou “insistência impertinente em relação a alguém por meio de declarações, propostas, pretensões…” Proprietários (e os mais com legitimidade para dar de arrendamento prédios urbanos ou suas fracções) há que usam comportamentos deploráveis para forçar os locatários a abrir mão do locado. No âmbito dos contratos de consumo, o assédio constitui de há muito ilícito susceptível de conduzir à invalidade dos negócios jurídicos celebrados. E já antes fora introduzido no ordenamento interno por força de uma directiva europeia de 2004, que visava, entre outros, os contratos de arrendamento e subarrendamento urbano. Surge agora com realce, autonomamente, no domínio do arrendamento e subarrendamento. A lei, que é de 12 de Fevereiro pretérito, diz expressamente: “É proibido o assédio no arrendamento ou no subarrendamento.” Por assédio se entende “qualquer comportamento ilegítimo do locador, seu represente ou terceiro interessado na aquisição ou na comercialização do locado, que, com o objectivo de provocar a desocupação do prédio, perturbe, constranja ou afecte a dignidade do locatário, sublocatário ou das pessoas que com estes residam legitimamente no locado, os sujeite a um ambiente intimidativo, hostil, degradante, perigoso, humilhante, desestabilizador ou ofensivo, ou impeça ou prejudique gravemente o acesso e a fruição do locado.” Em situações tais, para além da responsabilidade civil, criminal ou contra-ordenacional que no caso couberem, o locatário pode intimar o locador a tomar as providências ao seu alcance no sentido de: • Cessar a produção de ruído fora dos limites legalmente estabelecidos ou de outros actos, praticados por si ou interposta pessoa, susceptíveis de causar prejuízo para a sua saúde e a das pessoas que com ele residam no locado; • Corrigir deficiências do locado ou das partes comuns do respetivo edifício que constituam risco grave para a saúde ou segurança de pessoas e bens; • Corrigir outras situações que impeçam a fruição do locado, o acesso ao prédio ou a serviços essenciais, como as ligações às redes de água, electricidade, gás ou esgotos. A intimação deve conter a exposição dos factos que lhe servem de fundamento. Independentemente da intimação, é lícito ao locatário requerer à câmara municipal uma vistoria para verificação das situações a que correspondem as hipóteses versadas. A vistoria reveste carácter urgente: realização, no máximo, em 20 dias; auto emitido nos dez dias subsequentes. No lapso de 30 dias da recepção da intimação, o locador deve mostrar que adoptou as medidas necessárias à correcção de tais desvios. Na ausência de resposta ou de persistência da situação, o locatário pode • Lançar mão de uma injunção contra o locador em ordem a corrigir-se a situação em aberto;e • Exigir o pagamento de uma sanção no valor de 20 € por cada dia (desde o fim do prazo assinalado) até que o locador mostre que cumpriu a intimação ou, em caso de incumprimento, até ao decretamento da injunção. A sanção pecuniária é elevada em 50 % se o locatário tiver idade igual ou superior a 65 anos ou grau comprovado de deficiência igual ou superior a 60 %. Para contrariar uma tendência tão em voga para pressionar os locatários a abandonar os prédios, surgem agora estas medidas que são, em qualquer caso, de aplaudir. Fica a notícia para que se não ignore o que legislado foi. * apDC – DIREITO DO CONSUMO - Coimbra
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Mário Frota*
ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública
Saúde Pública O REVIVE
O REVIVE é uma rede nacional de vigilância de vectores causadores de doenças, como o Dengue, a Malária, a Febre de Carraça, a doença de Lyme e muitas outras. As doenças transmitidas por vectores têm emergido ou re-emergido, como resultado de alterações climáticas, demográficas e sociais, também de alterações genéticas nos agentes patogénicos, a resistência dos vectores a insecticidas e a inversão da importância dada á resposta à emergência (tratamento) em detrimento da prevenção. A prevenção é prioritária em saúde pública. Assim, no ACES Estuário do Tejo pela Unidade de Saúde Pública procede à vigilância de vectores nos 5 concelhos da sua área de intervenção, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira. Desta forma apelamos à população residente nestes Concelhos que implemente medidas muito simples de proteção individual e coletiva, cuja simplicidade está ao alcance de todos, como sejam, a colocação de redes mosquiteiras nas janelas para evitar a entrada de mosquitos vectores. Evitem ter recipientes com água parada destapados, porque os insectos necessitam de águas paradas para depositar as larvas. No caso de possuírem fontes ornamentais ou tanques de rega com água, esta deverá estar sempre em movimento. Na impossibilidade de o fazerem deverão colocar peixes, pois eles comem as larvas e assim poderá ser evitado a proliferação de insectos vectores. Apelamos também a pessoas que tenham uma actividade profissional ou lúdica que impliquem contatos com animais (cães, gatos, cavalos, vacas e outras espécies) ou quando desparasitarem os animais de carraças (ixodídeos), poderão encaminhá-las VIVAS para a Unidade de Saúde Pública mais próxima da sua área de residência, para que as mesmas sejam objecto de estudo no Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge, ou seja a identificação da espécie e se são portadoras de agentes causador de doença. Por vezes, e de forma ocasional, os agricultores que trabalham no campo ou que estão em contacto com animais, podem ser portadores de carraças, neste caso podem recorrer ao centro de saúde mais próximo para que as carraças sejam removidas, por pessoal de saúde e nessa altura deverão relembrar da importância de reencaminhar a carraça para a Unidade de Saúde Pública mais próxima. Colabore connosco, a saúde está ao alcance de todos e a mudança, faz-se no local… (Qualquer dúvida ou necessidade de esclarecimento o Tlf:219535204/05; usp.estuariotejo@arslvt.min-saude.pt) Maria da Conceição Giraldes Técnica de Saúde Ambiental
Chafariz de Arruda
Fevereiro 2019
Pesquisa 13
Esta é a minha terra, outra mais linda não há! Lugares de afetos alar da nossa terra, da terra dos nossos afetos, é sempre um exercício que, quer queiramos quer não, nos faz percorrer, através da memória, a nossa existência desde a infância. Então, percebemos que aquele mundo pequeno, a nossa rua, afinal faz parte de outras ruas, de outros mundos. E hoje, ao recordarmos a primeira memória que temos da infância, percebemos que aquele mundo tão pequeno, afinal, é fisicamente tão grande. “Jorgito, vai ao Zé do Campos comprar um quilo de bifes, quero-os tenros” – pedia a minha mãe. Que emoção, ter de subir a Travessa da Corujeira, percorrer a Rua da Corujeira, entrar no Beco do Falcão e invadir o talho do Sr. Zé. Aqueles duzentos metros para um lado e os mesmo duzentos metros para o outro eram uma aventura. Depois, veio a escola e os horizontes alargaram-se mais, mas pouco. Contudo, a memória dos cheiros, das pessoas e das brincadeiras na rua é imensa, e ficou entranhada na pele e na lembrança. Nenhum dos outros mundos, por muito belos e grandes que sejam, se comparam à nossa rua ou à comunidade das nossas relações. São, pois, as memórias do coração que prevalecem: agarraram-se às pedras da calçada; às paredes dos edifícios; aos rostos envelhecidos das vizinhas; aos cheiros peculiares que saíam, e continuam a sair, de cada uma das casas; ao barulho da roupa que sacudia, e continua a sacudir, no estendal. Como defendeu García Márquez, em O Amor nos tempos de cólera: “(...) a memória do coração elimina as coisas más e amplia as boas (...)”. E o desejo de regressar, depois de alguma ausência, aparece carregado de ansiedade porque, como escreveu Irene Lisboa no final do texto “Minha mãe, que lindas terra!” que abre a obra Queres ouvir eu Conto (1958), “Esta é a minha terra, outra mais linda não há”. A frase de Irene Lisboa “Esta é a minha terra, outra mais linda não há” dá-nos duas preciosas indicações: a primeira é que, de facto, como seres humanos, necessita-
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mos de pertencer a um sítio, chamá-lo de nosso, que é precisamente o que nos indica o determinante possessivo “minha” da frase em análise. Essa coisa de ser cidadão do mundo, pelo menos para a maioria das pessoas, é apenas um refúgio para justificar que não se conseguiu ou consegue estabelecer relações duradouras, que não se teve força ou vontade ou oportunidade para o fazer: “Muitas vezes a vontade imensa de pertencer vem em mim da minha própria força –
te prevalece, a morte de cada uma das nossas memórias, a morte de cada um dos nossos afetos, e não há maior medo do que o medo da morte, que é o mesmo que dizer da ausência ou de não pertencer a lugar nenhum, e não pertencer a lugar nenhum é o mesmo que estar morto. Destruir ou ofender o lugar dos nosso afetos é dar um abraço à morte. É ser fera que abocanha a presa. Com certeza que já todos ouvimos e até já dissemos:
esse lugar, porque, não tenhamos dúvidas, há lugares de afetos que são amores para toda a vida. “Puseramse os dois velhos a tremer. Porque ele diz que não há terra mais linda que a sua. Que muito viu e que muito passou, desde criança até velho, mas que só as suas cabritinhas e a sua choupana lhe lembram, não tem mais saudades. Pôs-se então o velho a gemer: ai, minha mãe, que lindas terras! E os três abraçaram-se” (Irene Lisboa, 1958). O abraço,
À noite atrai o silêncio e de dia abre-se em leque e transforma-se em poema. A nossa terra, Irene, é assim. É nossa.
Hoje, mais do que nunca, com o mundo globalizado e com os valores a transformarem-se em coisa nenhuma ou indiferença, em que a liberdade, muitas vezes, assume a cara de libertinagem
de burro (...) e anima-se” (Carlos Alves, Vozes de burro, 2018, p. 119). Não, não nos animamos . Não, não devemos desvalorizar o que nos carrega a alma. É, por isso, urgente continuarmos em constante reflexão com sentido e avaliarmos com justiça o que é verdadeiramente importante, para regressarmos com elevação ao nosso lugar de paz, à nossa vivência feliz. É ainda urgente voltarmos a perceber que cooperar é bem melhor que competir, a com-
eu quero pertencer para que a minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa”(Clarisse Lispector, 1968). Sim, a vontade de pertencer, que vem de nós, deve servir para fortificar e não para destruir, porque a força dessa vontade vem carregada de afetos, de memórias, daquela paz de pertencer a um lugar (Mia Couto). Quando se destrói ou tenta destruir por palavras, atos ou omissões o lugar dos nossos afetos, a irritação cresce, mas é o impulso de morte que inconscientemen-
“Vou à terra” ou “Vou regressar à minha terra”. Não, não é provincianismo, é a necessidade de fazermos parte de um todo significativo que valorizamos, que nos valoriza e que temos orgulho de ter ajudado a construir. Por isso, e chegámos à segunda indicação que a frase nos fornece, o nosso primeiro impulso é achar a nossa terra a mais linda do mundo, os defeitos são minimizados pela vontade de ajudarmos a que se transformem em virtudes; e as coisas boas são ampliadas pelo amor que temos a
aqui, simboliza aquilo que o coração quer que permaneça ainda mais belo do que a memória registou, é reforçar com afeição esse sentimento maior de pertencer a um lugar, a nossa terra...
ou de grosseria intolerante, em que a palavra se tornou fácil, tendendo a servir mais o umbigo individual do que o bem comum, é urgente valorizar; hoje, mais do que nunca, achamos que as relações de vizinhança não são importantes, e somos indiferentes; que as ruas carregadas de carros é uma necessidade, e fechamos os olhos; que a verborreia balofa e ofensiva são “Vozes de burro”, e dizemos, como o narrador de um dos textos do livro com o mesmo nome: “Mas ela desvaloriza e diz que são vozes
petição desaforada afastanos dos valores essenciais à sobrevivência da humanidade. Os problemas (muitas vezes criados por nós, pensando apenas em nós), quando não são inventados e fruto de implicâncias, e muitas vezes não são, resolvem-se com inteligência e afeto, afinal é de lugares com afetos que aqui tratamos, porque esta é a nossa terra, outra mais linda não há. Jorge da Cunha (Mestre em Ciências da Educação, Professor de Português, Antropólogo)
A nossa terra, Irene, às vezes é agreste, outras é como o canto da cotovia. É assim inconstante. A nossa terra, Irene, é cheia de cio, pronta a procriar. Masculina, umas vezes, feminina outras tantas.
Jorge da Cunha, “O Céu de Irene” (2014), Edições Mahatma
Chafariz de Arruda
14 Opinião
Abril 2019
O dia do Pai e da Mãe !! o passado dia 19 de março celebrou-se o dia do Pai e está agendado para 5 de maio a celebração
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do dia da Mãe. Acontece assim desde que me conheço e sempre nos habituamos a estas evocações simples,
mas muito significativas nas nossas vivências escolar, familiares, das associações e da sociedade em geral etc. Assim, resolvi fazer-vos perder algum tempo em torno
de uma reflexão que se me afigura relevante ao aperceber-me que algumas escolas desincentivaram, e estou
a ser simpático nos termos, a realização de atividades de evocação destes dias em nome de uma pretensa vontade de não discriminação das crianças oriundas de fa-
mílias monoparentais, de casais homossexuais, ou outros. E é aqui que surge o ponto que pretendo abordar.
Nunca discriminei ninguém em função das suas opções políticas, religiosas, da cor/raça, da orientação sexual ou das suas preferências clubísticas. Tenho ami-
gos em todas as estas categorias e respeito a todos por igual, independentemente das opções de cada um.
Aquilo que não posso aceitar é que em nome da defesa dos direitos das minorias e de um politicamente correto que transporta em si uma agenda clara, se imponha às maiorias uma norma que visa desregular o funcionamento das nossas sociedades tais como as conhecemos; abertas, inclusivas e tolerantes. Aliás as nossas escolas têm sido um terreno fértil nestas tentativas de desestruturar os valores fundamentais da nossa matriz Judaico-Cristã. Assistimos à retirada dos crucifixos pela porta dos fundos e à entrada de brigadas de elementos de associações que visam doutrinar os nossos filhos (muitas vezes sem autorização/conhecimento dos pais) para impor a sua agenda fundamentalista em matérias de religião, ideologia de género, ambiente, visão do Mundo. Tenho para mim que alguns destes movimentos/modas mais não pretendem que atacar o pilar mais relevante da nossa vida em sociedade – a família. Conheço até casos em que a Imagem Peregrina de Nossa Srª de Fátima ficou
Lélio Lourenço na porta da escola para não ofender os meninos doutros credos. Temos o dever de respeitar todos os pontos de vista, mas nunca devemos permitir que os nossos valores sejam atacados desta forma, e precisamos de reagir sob pena de baixarmos a guarda e quando dermos por isso ser tarde para reagirmos a esta ofensiva. Os dias do pai e da mãe podem e devem continuar a ser celebrados nas nossas escolas e por todas as crianças, independentemente de terem um pai e uma mãe, dois pais, duas mães ou não terem pais nem mães. Podemos sempre fazer obras, arranjos e reformulações profundas, mas nunca se devem destruir os pilares dos edifícios. E quando se destroem os pilares, todos sabemos, muito bem, aquilo que acontece aos edifícios. Pensemos nisto !!
Chafariz de Arruda
Abril 2019
Opinião 15
Entrevista: Apenas um bom salário? Não, obrigado! uando nos encontramos no mercado de trabalho à procura de emprego, é indispensável que não nos atinemos exclusivamente na oferta de um bom salário. A curto prazo, é impactante nas nossas vidas, mas... não é tudo! Se não relevarmos outras premissas; essa lacuna, poderá constituir, a breve trecho, um handicap (desvantagem). Pressupondo que procura um emprego de longa duração, é importante que tenha em linha de conta as premissas, não menos primordiais, que são referidas ao longo deste artigo, e que poderão condicionar ou não, o seu comprometimento organizacional e o seu bem-estar e felicidade no seio da organização. Assim, e para que potencialmente seja bem sucedido, atente nos seguintes conselhos: (A) Antes da entrevista. (1) Reconsidere se tem, efetivamente, o perfil de candidato que é requerido. (2) Se sim, prepare-se para a entrevista de forma proativa, contrastando os princípios éticos
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e valores morais e sociais que suportam os seus traços de personalidade, com os da cultura nacional da empresa (e.g.: multinacional), através da obtenção de informações (redes sociais, contato com trabalhadores da empresa ou, por outras fontes) sobre a missão, visão e cultura organizacional (e.g.: código ético e deontológico, ambiente e clima de trabalho, função social e moral dos produtos transacionáveis ou não - ou serviços, sistema de qualidade, higiene e segurança no trabalho, relações com os stakeholders - os que têm interesse na empresa -, mudanças organizacionais, formação profissional, liderança, acolhimento e socialização de novos colaboradores; e a forma como potencia a criatividade e a autonomia dos seus profissionais – delegação - e do trabalho em equipa; e se possui práticas de atratividade, promoção e retenção de talentos e, também, se pugna por uma política meritocrática, i.e., pela igualdade de oportunidades, pela equidade salarial, pela igualdade de género, e pela não discriminação, etc.; e
ainda, quais os valores, que a suportam, nomeadamente no que concerne à sua RSE responsabilidade social da empresa (política ambiental, política integrativa -:e.g.: emprego a deficientes - e apoio a organizações de economia social, entre outras políticas e ações de RSE). NOTA: Só com um conhecimento abrangente, tanto quanto possível, da empresa, poderá “brilhar” na entrevista e evitar no futuro potenciais disfunções, nomeadamente mal-estar, promotoras de descontentamento. (B) Durante a entrevista: (1) Estabeleça uma forte empatia com o seu interlocutor, ouvindo-o atentamente e esteja em “alerta” permanente para os sinais transmitidos pela sua expressão facial e linguagem gestual (e.g.: de desacordo, de enfado ou de assentimento). Demonstre, com naturalidade, a sua humildade e tenha uma postura pró-ativa mas respeitadora e responda a todas as questões de forma assertiva e não reiterada. Verbalize de acordo com a tipologia da empresa. (2) Pragmatize as suas competências, quer técnicas
(hard skillls), quer comportamentais/atitudinais (soft skills) e enfatize as mais-valias que julga possuir (as diversas experiências profissionais, inter-relacionais e eventualmente de liderança e em que contextos), prospectivando um excelente desempenho, sublinhando o que o diferencia; mas não exorbite. Seja intelectualmente honesto! (3) Disponibilize-se para deslocações em trabalho, incluindo a expatriação (missão no estrangeiro). (4) Assuma de forma enfática, o conhecimento que possui da empresa e sublinhe (ou releve a posição da empresa, se for o caso) a sua visão sobre uma cultura de formação profissional ao longo da vida (ALV), necessária, sistemática, eficaz e futurista, aludindo à constante evolução tecnológica (Indústria 4.0) e tendo em conta os fatores de competitividade e de produtividade numa economia global e, sobretudo, evidencie grande curiosidade em conhecer a importância que a empresa dá ao empreendedorismo e inovação ou à I&D e a parcerias com universidades, poli-
técnicos ou outras. (5) Deixe para o último ponto, a discussão salarial, antes procure saber do potencial de progressão na carreira e informe-se, se a empresa, tem uma política de compensações variáveis e benefícios (e.g.: seguros de saúde, ginásio, refeitório, viatura/transporte, subsídios para infantários, convívios, cumprimento da legislação e apoios ao trabalhador-estudante, entre muitos outros). (6) E mostre-se particularmente curioso sobre quais os objetivos/metas que a empresa tem no curto/médio prazo e de como se compromete (com entusiasmo) a contribuir para o seu alcance, com sucesso. NOTA: Estes conselhos (premissas) em concomitância com as competências comprovadas, constituirão potenciais “fatores críticos de sucesso” na entrevista. (C) Depois da entrevista: (1) Faça uma análise profunda, objetiva e responsável sobre como decorreu a entrevista, i.e., se correu bem ou, menos bem, e depois:.a) Se correu menos bem, procure perceber se a sua performan-
Augusto Moita* ce, foi ou não assertiva por competente, empática, entusiasta e cativante ou, se houve outros fatores que a condicionaram. Pondere o que deverá melhorar no futuro! b) Se correu bem e correspondeu às suas expectativas, ótimo! Se não correspondeu, apesar de a entrevista ter corrido bem, avalie com a “razão” se a empresa, mesmo não correspondendo integralmente às suas expectativas (o que não será surpreendente, dadas as disfunções gestionárias, pelo facto de a maioria serem PME’s!), vê nela algum potencial, i.e., se a ponderação dos prós e dos contras promoverá um acordo contratual. Estas premissas servem para qualquer candidato, naturalmente, com adpatações. Mas ... sobretudo, nunca desista! Com autoconfiança, competências e conhecimento, alcançará os seus objetivos. E, interiorize: eu mereço o melhor! * Licenciado em Gestão de Recursos Humanos
Sol na eira e chuva no nabal uitas vezes gostaríamos de ter o melhor de dois mundos. Mas, as circunstâncias da vida e a organização da sociedade, quase nunca permite que isso aconteça. Vem o velho ditado a propósito da recente alteração das tarifas de passes sociais. Como é do conhecimento público, desde o dia 1 de abril, os passes sociais nos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) terão um custo de 40 euros mensais e permitem a utilização de todos os transportes dentro da AML. Também é sabido que os municípios mais próximos da AML a norte de Lisboa, entenda-se região Oeste conseguiram através da Comunidade Intermunicipal (CIM Oeste) um protocolo com o governo que vai permitir uma redução substancial no atual custo dos passes sociais (30%). Mas, mesmo assim, no caso de Arruda dos Vinhos, ficará o novo passe para Lisboa
M
(77,14€), em quase o dobro do valor do passe da AML. Se fizermos as contas, para obter uma maior poupança numa deslocação para trabalhar em Lisboa, um Arrudense poderá obter o passe para Alverca (que ficará em 43,75€) e depois o passe da AML de 40€ para se deslocar até Lisboa e dentro da cidade, mas claro está passando a manhã e a tarde a mudar de meios de transporte. Nestas situações como em outras que só nos lembramos quando precisamos, levantase a questão: por que razão o concelho de Arruda dos Vinhos, com freguesias que estão bem mais perto da capital do que Freguesias de Vila Franca de Xira ou de Sesimbra, não pertence à AML? É uma história que vem de longe. Há anos atrás alguns autarcas de Arruda, antevendo que a dinâmica da AML permitiria na altura e no futuro a obtenção de vantagens para os Arrudenses, defendiam, numa primeira fase, que o concelho integrasse a
AML como observador. Essa era uma estratégia, para numa segunda fase, poder ser membro efetivo face à crescente e história vivência da população com os concelhos a sul. No entanto, essa ideia não ganhou a força suficiente para ir em frente porque também havia quem argumentasse que tal opção acarretaria uma desvantagem significativa relativamente à arrecadação de fundos comunitários (o que seria um facto), uma vez que Arruda sairia da região Oeste (pertencente à zona centro) que é mais majorada para esse efeito do que a AML. Acresciam ainda a essa argumentação, as razões culturais e históricas que Arruda, pela sua ruralidade (de que sou defensor), deveria manter a sua ligação administrativa à região Oeste. Embora entendendo esta linha de argumentação considero que a mesma não está alinhada com uma visão para o futuro. É que, uma coisa pode não
ter, necessariamente, a ver com a outra. Isto é, na verdade a organização administrativa do Oeste, pode ter servido para manter pequenos poderes ou fazer dar a entender que a mesma tem poder. Mas em termos práticos e visíveis para as populações as vantagens não são bem percetíveis. Por um lado, os fundos comunitários a repartir têm sido cada vez menos e a sua repartição, no mínimo questionável, tem sido para fins que já não correspondem às necessidades de um concelho como o de Arruda e, ainda faltaria fazer as contas se a migalha do bolo com chantilly da AML, não seria maior do que a fatia de pão que se recebe do Oeste. Quanto à identidade cultural do Oeste podemos questio-
nar: Para além da rota da vinha e do vinho (que não funciona) e da participação em Feiras de vinhos (que aliás se designam por vinhos da região de Lisboa) que faz o Oeste para uma coesão cultural e social? Há algum plano urbanístico, cultural ou Turístico para o Oeste de uma forma integrada? Há uma feira ou evento que reúna a participação de todos os concelhos do Oeste? Há algum intercâmbio de atividades desportivas ou culturais entre os concelhos? Há algum fundo de emergência para acorrer a catástrofes naturais que aconteçam em algum concelho como sucedeu com as intempéries de 2009 e 2011 ou nos anos 80? Oeste sim, se for por uma verdadeira região que lute
Casimiro Ramos* pela sua identidade com ações concretas, que seja solidária e que reverta a riqueza criada em prol das populações. Assim valerá a pena lutar pela gestão de uma “região” administrativa. Mas para simplesmente ser um palco de representações de regionalismos bacocos, então não, porque a realidade de Arruda é outra. Nesse caso, como diz o velho ditado rural, talvez seja melhor optar por uma das colheitas do que ter das duas uma fraca produção.
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