Jornal Valor Local - Edição Março 2021

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 97 • 18 Março 2021 • Preço 1 cêntimo Política na 21

Valor Local Eis que nascem como cogumelos… Os parques solares na região

Autárquicas 2021

PSD candidata David Ferreira à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

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Inusitado no Centro de Saúde de Abrigada

Administrativa substitui-se a médico vê exames e manda utente para casa População reclama pela instalação da fibra ótica

Em Alcoentre aceder à internet é um pesadelo Destaque da 12 à 16

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População reclama pela instalação da fibra ótica

Em Alcoentre aceder à internet é um pesadelo Sílvia C. d’Almeida s queixas dos moradores da freguesia de Alcoentre relativamente ao serviço de internet não são novas. Mas o confinamento, e a consequente necessidade de usar a rede para teletrabalho ou telescola, vieram agravar em muito este problema. Muitos são os habitantes descontentes, e já há um grupo no Facebook, uma petição e contatos com as mais altas instâncias nacionais para que se encontre uma solução. Querem que se instale fibra ótica, à semelhança de que aconteceu noutras freguesias do concelho de Azambuja. David Silva e Élia Areias são novos moradores na freguesia. São os responsáveis pela petição pública que circula online sobre o problema da falta de fibra ótica na freguesia de Alcoentre. A nova moradora conta já com a assinatura de cerca de 200 pessoas, e os seus apelos à adesão têm sido constantes. Trabalham ambos a partir de casa, em sistemas e segurança informática, e para os dois munícipes a falta de internet tem sido algo “problemático”. David Silva conta-nos que se mudaram por motivos familiares, mas que se não tivesse sido esta a causa, teriam ponderado melhor a compra de casa nesta zona. Para David Silva, o acesso a este serviço hoje em dia tão fundamental, pode ser um fator de desenvolvi-

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Altice diz ao Valor Local que vai fazer investimento até final do ano

mento da terra, “trazendo cada vez mais jovens, e consequentemente negócios”. Bruno Simões criou o grupo de Facebook “Fibra em Alcoentre” no ano passado, que conta neste momento com cerca de 160 membros ativos. Serve para que estes definam estratégias de ação, e compartilhem informação referente a este tema. Encontrase a trabalhar, mas em 2020 teve que completar o 12º ano em casa, com fraco acesso à internet. “Muitas vezes perdia matéria porque não se percebia o que a professora dizia por falhas na rede. Foi

muito complicado. Um dia estava com um colega meu e falávamos sobre isto, quando decidi criar o grupo. Tal como eu há muitos jovens da freguesia a enfrentar esta situação. O meu irmão e a minha prima têm crianças em telescola e as dificuldades são enormes.” Ana Cláudia, membro do grupo, onde decidiu dar o seu testemunho, diz: “Moro em Lisboa mas tenho uma casa em Alcoentre, a minha terra do coração. Adoro lá ir aos fins de semana, mas como tenho um filho de 17 anos é sempre muito complicado levá-lo. Nem vou mais vezes por causa dessa

situação. O meu filho odeia e diz que a net não funciona. Até já pensei em ir viver para aí, mas com um jovem em casa e problemas de internet não é compatível” António Santos reside em Alcoentre há cerca de 30 anos. A sua esposa é professora e tem 2 filhos, um engenheiro informático e outro que estuda presentemente na universidade, o que “perfaz um total de 3 pessoas que precisam diariamente de internet para trabalhar”. Como usá-la em simultâneo se revela uma tarefa impossível, o que na maioria das vezes ocorre é que para que a esposa possa le-

cionar, os jovens têm de interromper as suas atividades. Uma vez que têm habitação em Lisboa, a resolução encontrada foi viajar até à capital todos os fins de semana para que estes acedam ao serviço de fibra. O ex-militar explica que durante o primeiro confinamento, “mandou um email ao presidente da Assembleia da República e para todos os líderes parlamentares com assento na Assembleia, para a MEO (fornecedora do serviço na região), Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), Junta de Freguesia de Alcoentre e Câmara Municipal da Azambuja”, (comunicações essas a que o Valor Local teve acesso) para explicar a situação e reivindicar uma internet de qualidade a preço justo. Todos os destinatários responderam a acusar a sua receção e também dizendo que encaminhariam o contacto para o órgão interno responsável, exceto a Junta de Freguesia de Alcoentre e o Grupo Parlamentar do PS que não responderam. Fez ainda uma queixa no livro de reclamações contra a operadora, a conselho da ANACOM. Facto é que desde aí ainda nada mudou, e “nunca mais me disseram nada”. António Santos não percebe que havendo já uma central de fibra em Alcoentre, que se localiza no edifício dos antigos Correios, apenas negócios e um particular tenham acesso. O presidente da Junta de fregue-

sia de Alcoentre não quis dar qualquer entrevista ao Valor Local sobre este assunto, dizendo apenas que “essa não é uma competência da junta, mas sim das operadoras, e que as pessoas devem insistir com elas.” Considera “vergonhosa” a atuação das operadoras, e respondeu assim ao Valor Local: “A Câmara está consciente da situação, até porque eu sou de Alcoentre e tenho os meus dois netos a estudar em casa”. Diz estar a desenvolver esforços para resolver a situação. “Temos tido várias reuniões com operadoras, ao nível da direção, e com os nossos técnicos informáticos, e vamos ver se, entretanto, durante o próximo mês trabalharemos de modo a permitir melhorar a situação.” Ao jornal Valor Local, a MEO, do grupo Altice, responde que sendo um grupo privado e sem apoios de entidades públicas faz os investimentos baseado numa análise do território e das suas dinâmicas locais. “É fruto desse investimento que mais de 90 por cento de habitações e empresas do município da Azambuja estão hoje servidas por fibra ótica de última geração, estando previsto, até ao final de 2021, alcançar os 95 por cento neste concelho. Já na freguesia de Alcoentre terá, até ao final do ano, uma cobertura de 50% em fibra ótica”, garante a empresa.

Fibra ótica vai ser uma realidade em Santo Estevão Câmara de Benavente e a Associação de Moradores de Santo Estevão conseguiu chegar a bom porto com a Altice para a cobertura de fibra ótica naquela zona do concelho. As negociações não foram fáceis, até porque inicialmente aquela operadora de telecomunicações estava a pedir cerca de 80 mil euros para refor-

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ço da cobertura. Segundo Carlos Coutinho, presidente da autarquia “graças aos esforços do município foi possível baixar dos 80 mil euros iniciais que a MEO-Altice estava a pedir para 9500 euros + IVA”, e ainda “com condições preferenciais nas mensalidades”. Coutinho respondia assim aos vereadores do PS, Florbela Parra-

cho e Ricardo Oliveira, PSD, que questionaram o executivo sobre o seu envolvimento neste processo em reunião de Câmara. Para Carlos Coutinho o aumento da capacidade de sinal de internet “é uma necessidade absoluta” naquela zona do concelho, e é também um “fator de competitividade em si”. “Há falhas nas co-

municações e esta é uma pecha por parte do Governo que devia garantir este serviço público a todos. Infelizmente temos uma intervenção desregulada entregue à iniciativa privada e sem compromissos”. Após as conversações com a Altice está a ser assegurada cobertura em Vila Nova de Santo Este-

vão, estendendo-se à Mata do Duque 1, Zambujeiro, e Quinta de Santo Estevão, sendo que “a Câmara não pagou nada porque não é sua competência”, assegurou. Referindo-se aos “valores exorbitantes” inicialmente pedidos pela Altice foi possível “baixar os valores”. “Foi dito à empresa que deveria ser disponibilizado o serviço

e sem encargos de instalação e eles (Altice) responderam que o território apresentava um povoamento muito disperso e que não era possível, porque comportava um grande esforço a nível da cabelagem. Contudo conseguiu-se chegar a acordo e ainda contemplar Foros da Charneca”, assegurou.

Filhas do presidente da Câmara de Benavente ganham bolsas de estudo dadas pela autarquia Câmara de Benavente atribuiu duas bolsas de mérito às filhas do presidente da autarquia, Carlos Coutinho, no valor de 996 euros cada. O assunto foi levado a reunião de Câmara, esta segunda-feira, pelo vereador independente, mas eleito pelo PS, Pedro Pereira que acusou o autarca de falta de ética e de moral, alegando ainda que Coutinho tem um ordenado suficiente para pagar os estudos às filhas. As

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duas são gémeas e ingressaram no curso de Medicina na Universidade Nova de Lisboa, em 2020, com média na casa dos 18 valores. Coutinho ripostou e considerou a atitude de Pereira como uma canalhice. Segundo o município numa nota de esclarecimento às redações foram distribuídas 10 bolsas de mérito aos alunos residentes no município de Benavente depois de ter sido aprovado em 2015 o Regula-

mento Municipal para Atribuição de Bolsas de Estudo: 3 para quem frequenta o 1.º ano do ensino superior e 7 para quem frequenta o segundo ano e seguintes, desde que os candidatos tenham capitação inferior ou igual ao equivalente a três vezes o valor do IAS em vigor. Em 2020, é concluída a revisão do Regulamento Municipal para Atribuição de Bolsas de Estudo, mantendo-se, exatamente, os mesmos critérios de elegibilidade

para a atribuição das bolsas de mérito. Coutinho em reunião de Câmara referiu que “as filhas são cidadãs maiores de idade e têm tanto direito a concorrer a este apoio como outros estudantes do concelho”, sendo que “não podem ser prejudicadas nem beneficiadas porque o pai é presidente”. O presidente da autarquia referiu ainda que estas bolsas não se enquadram como de apoio social. Neste âmbi-

to a autarquia atribuiu, este ano, 49 bolsas de apoio regular destinadas aos estudantes mais carenciados. Segundo nota de imprensa do município da análise dos requerimentos das filhas do autarca “constata-se que as duas alunas obtiveram médias de 18.45 e 18.12 e, bem assim, o cálculo do rendimento per capita do agregado familiar é de 686,08€, ou seja, cerca de metade dos 3 IAS (1 316,43€), que é o valor definido como teto máxi-

mo para elegibilidade.” O relatório final foi aprovado na reunião de 8 de março. Carlos Coutinho ausentou-se da votação e os vereadores da oposição na altura não perceberam que o motivo se devia às filhas do autarca estarem nas listas que não identificavam o nome dos candidatos. Pedro Pereira diz que se soubesse à época o que estava em causa teria levantado o “problema ético” subjacente ao caso.


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Alenquer e Azambuja com milhares de pessoas vacinadas

Filomena Rodrigues não teve dúvidas em vir à vacina a Alenquer

Ezequiel Marques não contava ser chamado tão cedo

ilomena Rodrigues tem 66 anos e veio de Santana da Carnota à sede de concelho em Alenquer para tomar a vacina contra a Covid-19. No dia três de março assim o fez. Encontramos esta idosa no habitual período de espera de cerca de 30 minutos após toma da vacina. Os convocados pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo dirigemse por estes dias aos pavilhões de zinco em frente à Romeira. É aqui que está montado o quartel general da vacinação contra a Covid-19 na área do município de Alenquer. Não esconde que foi com muita satisfação que recebeu a convocatória. “Contactaram-me ontem e nem olhei para trás e claro que vim”, conta a nossa reportagem. Com a pandemia assistiu à partida

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de alguns vizinhos como foi o caso de “uma senhora que era da minha idade, que melhorou da doença, mas rapidamente piorou e acabou por morrer, e esse caso fez muita confusão à minha cabeça. Uns dias antes tínhamos estado a tomar o pequeno almoço e acabou por ser a última vez que a vi”. Feirante de profissão diz que tem estado em casa nos últimos meses a aguardar e aguardar por melhores dias, “encarando da melhor forma o que estamos a passar”. Com a terceira vaga e o avolumar de casos em janeiro conta que teve “bastante medo” e que a única saída foi isolar-se ao máximo em casa. “Não ando em ajuntamentos nem em caminhadas com os vizinhos”. Rui Costa também de Carnota diz que foi chamado por via

dos seus problemas cardíacos. Ainda jovem encabeça o primeiro grupo devido à sua condição de saúde prévia. “Ainda bem que me chamaram, não tive receios nenhuns de vir, mau era se não me tivessem dito nada”. Camionista de profissão diz que nunca deixou de trabalhar. “As pessoas precisam de comer e não podemos parar”. À nossa reportagem o presidente da Câmara, Pedro Folgado, saudou a rapidez presenciada nestes processos. Apesar da escassez de vacinas, o processo decorre sem grandes complicações no que respeita às convocatórias, “desentupindo o centro de saúde”. Nesta altura também já foram vacinados os corpos de bombeiros do concelho e os utentes e profissionais das estruturas residenciais para pes-

soas idosas. Até à última segundafeira, dia 15 de março e sem contar com os utentes dos lares de idosos e bombeiros, já tinham sido vacinadas 1477 pessoas neste concelho Quanto às pessoas que vivem em meios mais isolados, o autarca refere que os agentes da Proteção Civil e juntas de freguesia “têm real noção da distribuição da população” no concelho com “um acompanhamento muito próximo”. “Sabemos quais as pessoas que estão a viver mais isoladas e nesse sentido podermos vacinar em casa por exemplo aquelas que estão acamadas ou vacinarmos aqui as que tenham menos mobilidade mas sem saírem das viaturas”. Já em Azambuja, a vacinação decorre no pavilhão municipal, onde

no dia da nossa reportagem foram vacinadas 74 pessoas. O presidente da Câmara, Luís de Sousa, reforça que o município “tem ajudado com a disponibilização da componente logística com material informático e mobiliário”. “Estamos muito satisfeitos com a forma como está a decorrer”, disse à portagem do Valor Local. No que toca aos cidadãos que vivem mais isolados “está articulado com as juntas de freguesia que podemos disponibilizar transporte se necessário”. Fernando Silva, cidadão morador em Azambuja, 63 anos, refere que foi chamado no dia anterior por ser diabético e ter problemas de coração. Aquando da nossa reportagem em direto para a Rádio Valor Local, cumpria a sua meia hora de

espera. Não hesitou em vir. É encarregado de limpeza na Câmara e nunca deixou de trabalhar durante a pandemia “mas sempre com as devidas precauções”. Ezequiel Marques confere que “já estava à espera da vacina há bastante tempo e acho que vem ajudar”. Com problemas de coração e de pulmões “ainda bem que calhou mais cedo do que aquilo que esperava”. Já tem a segunda toma agendada para o mês de maio. O confinamento não foi o pior porque também “não se encontrava a trabalhar” e apenas conviveu “com a família mais próxima”. Até à última segunda-feira, dia 15 de março e sem contar com os utentes dos lares de idosos e bombeiros, já tinham sido vacinadas 1725 pessoas neste concelho.

Tomás Leal: A um passo de conseguir a verba total para os tratamentos para o cancro epois de ter sido diagnosticado e de ter superado com sucesso um cancro nos ossos, o osteossarcoma, um dos mais agressivos, vê-se agora com seis anos a lutar contra um cancro do pulmão. Esta é resumidamente a história de Tomás Leal, uma criança

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de Marinhais que tem contado com a solidariedade da comunidade para efetuar tratamentos numa clínica em Navarra, Espanha. Nesta altura e depois de uma longa batalha e de muitos tratamentos de quimioterapia, faltando apenas dois neste momento, a fa-

mília conseguiu angariar praticamente toda a verba necessária para fazer face aos custos da clínica- 100 mil euros. Faltam apenas mais mil euros. José Leal, pai de Tomás, agradece por isso a ajuda de todos principalmente em tempo de pande-

José Leal fala num grande empenho da comunidade em ajudar nesta luta

mia, e exorta a que continuem a contribuir para a conta bancária “nem que seja com um euro ou dois quando se lembrarem” porque ainda “faltam muitos tratamentos”. “Estamos perto de chegar ao fim da quimioterapia, ele fez recentemente uma TAC aos

pulmões em que estava tudo bem, contudo já foram muitas sessões e o menino já começa a acusar isso a nível dos rins e do fígado, que são efeitos colaterais dos fortes tratamentos a que tem sido exposto”. Para já, assegura, que “os médicos estão bastante satisfeitos com a evolução do Tomás”. A maioria dos donativos dos que quiseram colaborar com esta causa partiu de particulares que fizeram depósito na conta, mas também “pequenas atividades por parte de coletividades como sorteios de rifas e outros passatempos, mas também com a venda de livros nas escolas”. Em anteriores campanhas dado que a família também tem uma filha que enfrentou um cancro e também aí apelou à solidariedade, a angaria-

ção de verbas decorreu de forma mais célere pois foi antes da pandemia e foi possível a organização de eventos. Basicamente “muita gente conseguiu ter imaginação para inventar alguma coisa que pudesse contribuir para esta campanha”. Na página de Facebook da causa do Tomás Leal está bem patente o apoio da comunidade. Um pouco por toda a região, mas principalmente no concelho de Salvaterra de Magos, pequenos comerciantes, particulares, e associações organizam eventos, fazem rifas, leilões online e tudo o que a imaginação consegue concretizar no objetivo de angariação das verbas que esta família necessita. Quem desejar contribuir para esta causa o nib é o seguinte: PT50 0035 0705 0001 6248 1307 7


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Alenquer: Concursos “desertos” levam a aumento dos valores das obras do PEDU Câmara Municipal de Alenquer contraiu um empréstimo de 6,4 milhões de euros ao Banco Europeu de Investimentos para levar a cabo as obras do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) bem como outras, numa decisão que mereceu a oposição do vereador do PSD, Frederico Rogeiro. Algumas da obra já estão terminadas e outras estão em andamento, mas ainda há projetos que não chegaram à fase de execução. Ao todo são cerca de 13,5 milhões de euros em obras com o objetivo de transformação do território. Entretanto alguns projetos sofreram aumento dos valores inicialmente previstos porque não houve interesse por parte de empreiteiros. Já sobre o empréstimo em causa, Pedro Folgado, presidente da Câmara, diz que não compromete a saúde financeira da autarquia “Não vejo que esse valor seja algo de extraordinário, e como tal levei esse empréstimo à Câmara e Assembleia Municipais”. Já o vereador do PSD, Frederico Rogeiro considerou que a Câmara decidiu endividarse em 6,4 milhões de euros, por

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Obras do PEDU vão estar no terreno na sua maioria ainda este ano um prazo até 15 anos, a pretexto de quatro obras do PEDU em que “não são claras as razões deste endividamento, deste montante, deste momento ou destas obras em concreto. O que é evidente é que câmara falhou na sua gestão, e é por culpa própria que vai deixar uma herança pesada para o futuro”. O autarca diz mesmo que “ape-

sar de ter acumulado uma fortuna no banco (o saldo de 2020 é de 7 milhões), inclusive já durante a pandemia (em que esse saldo cresceu), a Câmara de Alenquer quer mais dinheiro para fazer tudo o que decidiu dispensando-se de qualquer parcimónia. Assim, o dinheiro que acumulou vai poder deixar de servir para o PEDU e servir para res-

ponder a outras promessas que andou a semear, sem ter a mínima ideia se o podia fazer”. Do PEDU fazem parte 11 obras, sendo que o PSD nota em comunicado de imprensa que os valores foram fortemente inflacionados em três delas, como a ciclovia entre a Romeira e a Quinta de Santa Teresa que passa de 320 mil euros para 1

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milhão de euros; a obra de requalificação do mercado municipal que inicialmente estava orçada em 440 mil euros e passou para 800 mil euros. E no caso da requalificação ribeirinha passamos de 800 mil para 7,4 milhões de euros. Com isto o PSD considera que a gestão socialista está a levar o concelho para o “endividamento” tal como as an-

teriores gestões do mesmo partido. O presidente da Câmara não esconde que deveria ter sido feito um planeamento “mais fino dos custos das obras”, mas atribui o inflacionar do preço das empreitadas ao mercado, porque “há menos empreiteiros” e “os que existem não querem concorrer quando entendem que os valores não o justificam”. Pedro Folgado diz que em muitos casos os concursos para as diferentes obras “ficaram desertos”. “Dizem-nos que o custo dos materiais e da mão de obra está muito mais caro”, refere, assegurando que não conseguiu prever “este tipo de contexto, que no fundo é o mercado a funcionar”. Nesta altura estão concluídas as obras de requalificação do Bairro Calouste Gulbenkian, do espaço radical na Barrada, Carregado. Estão a decorrer as obras de refuncionalização da Escola Conde Ferreira, Museu do Presépio, e na Porta da Conceição para a criação de um anfiteatro. Foram já adjudicadas as obras do Bairro Angra do Heroísmo, Areal e as do mercado. Até 2023 deverão estar concluídas.


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Inusitado no Centro de Saúde de Abrigada

Administrativa substitui-se a médico vê exames e manda utente para casa á cerca de um mês, Delfim Simões, residente na localidade do Bairro, em Abrigada, deslocouse à extensão de saúde naquela freguesia com o intuito de conseguir uma consulta para mostrar o resultado de uns exames ao médico, análises e uma colonoscopia. Qual não foi o seu espanto quando a administrativa de serviço lhe pediu para observar os documentos e no fim sentenciou que o utente não tinha nenhum problema de saúde na próstata nem nos intestinos, e que o melhor era passar pela unidade noutro dia, pois “talvez tivesse mais sorte em conseguir consulta”. Ao Valor Local, Delfim Simões que continua com queixas quanto a possíveis problemas de saúde ainda não conseguiu consulta praticamente um mês depois da conversa com a funcionária, que naquele dia lhe comunicou que não havia vagas. “Possivelmente quis ajudar-me ao ver os exames. Fiquei sem reação com a abordagem. Isto é mesmo de levar as mãos à cabeça”. Quando a administrativa pegou nos papéis “pensava que era para guardar para

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encaminhar para o médico, mas começou a abrir os envelopes e fez essa conversa”. Delfim Simões diz compreender em parte o ato “descabido” da funcionária. “A culpa no fundo não é dela, mas do sistema e deste centro de saúde que é uma autêntica desgraça”. Delfim Simões diz que depois do episódio já foi várias vezes de manhã cedo para a porta do centro de saúde para conseguir consulta, mas sem efeito, “isto porque há quem chegue de carro e consiga ir ainda mais cedo”. “No meu caso estou sujeito aos transportes públicos. Moro no Bairro que fica a três quilómetros de Abrigada, e quando lá chego já há uma fila. Como as consultas são escassas temos andado nisto, e agora com a Covid ainda pior, porque as instalações são pequenas e está uma série de gente cá fora”. Marcar consulta por telefone está fora de questão, porque “ninguém atende”. Delfim Simões tem, agora, esperança numa consulta de diabetes que vai ter no dia 30 de março, e com isso possa beneficiar de alguma solidariedade por parte da mé-

Delfim Simões culpa principalmente o sistema e não a funcionária dica. “Talvez ela não se importe de ver estes exames que foram pedidos por outro médico, porque continuo com problemas nos intestinos, e ando nisto há um mês, e não consigo sair deste impasse”. Quanto à funcionária volta a reforçar – “Espero que não lhe aconteça nada, porque ela coitada teve

pena de mim”. O caso de Delfim Simões foi relatado pela deputada da CDU, Amélia Caetano, em sessão da assembleia municipal de Alenquer. Ao Valor Local, a eleita fala num centro de saúde sem condições até a nível físico em que “por exemplo na sala de vacinação das

crianças e onde se faz atendimento às grávidas nem um lavatório existe”. Os consultórios “são exíguos bem como a sala de espera” o que piora o estado de coisas em tempo de pandemia. Já foram propostas localizações para uma nova unidade, nomeadamente, em lojas desocupadas de um centro comercial que existe em Abrigada “mas as obras de adaptação tinham de ficar a cargo do proprietário que não quis assumir esse encargo”. A esperança reside agora num terreno junto ao bairro social, mas o pontapé de saída está longe de ser uma possibilidade a curto/médio prazo naquilo que prevê a deputada – “Talvez a Câmara queira um dia pagar adiantado essas obras como fez na GNR para depois ser ressarcida”. Hoje em dia, e face ao atual estado da unidade de saúde “nem os médicos querem ir para lá”, refere a deputada. A unidade de Abrigada serve cinco mil utentes e o edifício está literalmente a rebentar pelas costuras. Por outro lado, ressalta a falta de organização – “Um familiar meu para renovar uma baixa teve de ir apanhar uma

consulta e assim roubar sem necessidade a consulta a outra pessoa que pudesse precisar mais, e quando anteriormente a médica disse que bastava passar por lá para esse propósito de conseguir mais uma baixa, mas depois vem a administrativa e diz o que quer à vontade dela, e a jurar a pés juntos que tinha de ser através de uma consulta”. Este é um quadro habitual “mesmo antes da pandemia”. O Valor Local pediu esclarecimentos sobre o episódio vivido por Delfim Simões ao Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo. Sofia Theriaga, diretora do ACES, diz ao Valor Local que formalmente não teve conhecimento de nenhuma queixa, e sem que seja possível precisar o dia e a funcionária em causa não é possível abrir para já um inquérito interno e apresentar outras conclusões, nesta altura, à reportagem. A responsável estranha “o hipotético comportamento” em causa dado que vai ao arrepio de todas as normas de conduta seguidas pela entidade e diz esperar por mais esclarecimentos para tomar nova posição.

Câmara Municipal de Salvaterra de Magos prossegue arranjos urbanísticos no concelho Câmara Municipal de Salvaterra de Magos tem vindo a realizar diversos trabalhos de arranjos urbanísticos nas freguesias do concelho, os quais passam pela construção de pluviais, assentamento de lancis, execução de passeios, criação de novos estacionamentos e de zonas verdes, entre outros, com o objetivo de melhorar a mobilidade e a qualidade de vida das populações. “Apesar de todos os constrangimentos resultantes da pandemia, temos procurado prosseguir, com a normalidade possível e com as precauções recomendadas, as tarefas adstritas ao exercício das competências municipais que visam, dentro dos recursos humanos e financeiros de que dispomos, ir contribuindo para a proteção e a melhoria das condições

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de vida da nossa população, sendo que é um trabalho imenso pois ainda existem muitas e muitas situações que importa ir resolvendo ao longo dos próximos anos”, explica o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Estão a ser intervencionados, ou irão iniciar-se brevemente, por vezes em parceria com as respetivas Juntas de Freguesia, nos seguintes locais: Rua da Peteja em Salvaterra de Magos, Bairro dos 38 Fogos, Largo do Edifício do antigo Mercado e envolvente da Capela da Misericórdia, seguindo-se a zona envolvente ao Parque de Jogos do Clube Desportivo Salvaterrense; Rua da Escola, no Granho, à qual se seguirá a Rua 1º de Maio, também na mesma freguesia; Bairro José Manuel Marques das Neves, em

Marinhais. Seguindo-se o Parque de Lazer junto ao Centro Escolar de Marinhais; Parque de Lazer de Foros de Salvaterra, junto ao Centro Escolar de Foros de Salvaterra e Várzea Fresca; Apoio à União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho com equipamentos e materiais para intervenção na Rua de Coruche e no arranjo junto à EN 367, onde vai ser colocada uma estátua (financiada em 50% pela Câmara Municipal); Envolvente do Centro de Dia de Muge. Segue-se arranjo junto ao Posto de Correios e intervenção em Largo sito na Zona Antiga da vila. Estão também em curso pinturas do Mercado Diário de Salvaterra de Magos, seguindo-se a Escola do Parque, também na sede de concelho, e o Pavilhão Desportivo de Glória Ribatejo, entre outros.

Rua da Peteja, em Salvaterra de Magos alvo de intervenção

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Comissão de utente da Castanheira diz que está o caos instalado no centro de saúde s problemas já não são novos mas fazem-se sentir com mais intensidade em tempo de pandemia. A Comissão de Utentes do Centro de Saúde da Castanheira do Ribatejo critica duramente o funcionamento daquela unidade. Pedro Gago e Nelson Soares estiveram na Rádio Valor Local e deram conta de questões prementes como “o facto de chover dentro do centro de saúde, e de ser quase impossível que alguém atenda o telefone quando se quer marcar uma consulta”. Esta realidade tem-se agudizado ao longo do tempo. Nesta altura é necessário que o centro de saúde agilize no que concerne “à marcação de consultas e à entrega de receitas para medicamentos”. Por outro lado, destaca Pedro Gago, “existe muita falta de humanidade no atendimento aos utentes por parte de quem trabalha no centro de saúde”. E conta um episódio – “Uma administrativa passou por cima da ordem de uma enfermeira, recentemente, ao proibir a entrada de uma utente

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dentro do centro de saúde fazendo-a esperar fora do edifício” e isso só aconteceu na sua opinião porque “essa pessoa faz parte da nossa comissão” com a qual a direção da unidade não mantém a melhor das relações, segundo estes utentes. “A direção diz que a comissão quer destruir o trabalho deles”. Regra geral “o pessoal atende mal o utente e por vezes calha ser o segurança a andar a mexer em receitas médicas e credenciais”, numa troca de papéis que esta comissão não compreende. Nelson Soares também enfatiza a fraca qualidade do atendimento neste centro de saúde “com pessoas que não têm perfil para aquilo”. “Há um bloqueio neste aspeto”, e ilustra que “há utentes que já estiveram em vias de bater em funcionários lá dentro”. Em tempo de pandemia, o centro de saúde passou a exigir que as marcações de consultas sejam, apenas, através de email, contudo “essa é uma dificuldade acrescida para a população idosa”, constata

Pedro Gago que revela que depois de algumas reuniões foi possível mudar a agulha, mas para se conseguir consulta tem de ser pessoalmente, e sem recurso ao telefone. Pedro Gago diz que tem conhecimento de que noutros centros de saúde do concelho, o atendimento é superior, como nos casos em que está em causa “o pedido de uma credencial, normalmente, sem grandes constrangimentos”, enquanto que na Castanheira “quase que é preciso meter um requerimento ao presidente da Câmara”. Diz ainda que “estão de porta aberta, nesta altura, os centros de saúde de Samora Correia no concelho de Benavente, Alhandra, Póvoa e a Vialonga, Carregado em Alenquer, e na Castanheira não”. Um dos objetivos da comissão passa, agora, por encontrar uma sede, e aguarda por luz verde da Câmara de Vila Franca, até porque a natureza desta comissão vai passar a ser mais abrangente e abarcar outras problemáticas

Comissão de utentes lamenta forma de funcionamento do centro de saúde sentidas na freguesia. “As pessoas querem vir ter connosco para apresentar os seus problemas e não temos nenhum sítio até à data para as receber. Estamos legais e registados”. Esta comissão de utentes funciona desde 2014. Para além do funcionamento do centro de saúde, esta comissão pretende debater-se pela melhoria do atendimento no Hospital de Vila Franca de Xira que considera

“fazer um mau trabalho”; mas também pretende debruçar-se sobre as lacunas nos transportes públicos porque “a estação da CP não tem as casas de banho a funcionar há mais de três anos, e quando recebe uma média de quatro a cinco mil pessoas por dia”. A comissão quer ainda que a Câmara ou a junta “arranje um transporte para os utentes de Quintas, Vala do Carregado e Cachoeiras nas

deslocações para o centro de saúde porque muitos idosos não têm forma de se dirigirem ao local”. Alberto Mesquita, presidente da Câmara, já solicitou este serviço junto da rodoviária. O Valor Local questionou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre algumas destas queixas expostas pela comissão de utentes mas não obteve resposta.

Arruda dos Vinhos reforça apoios sociais devido à Covid-19 em 2021 município de Arruda dos Vinhos, liderado por André Rijo, está empenhado em continuar a ajudar as IPSS locais, as famílias e as empresas. O ano atípico com a Covid-19 levou o município, e outros de norte a sul, a ajudar várias instituições com o objetivo de minimizar o impacto da doença na sociedade. Num breve balanço feito ao Valor Local, o presidente da autarquia, destaca que, no ano passado, e em apoios financeiros diretos para as associações e Instituições Particulares de Solidarieda-

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de Social (IPSS) a autarquia gastou cerca de 52 mil euros “para não falar em todo o apoio logístico, de recursos humanos, e fornecimento dos próprios EPI (equipamentos de proteção individual), testes, equipamentos e materiais de limpeza e desinfeção” onde o município gastou cerca de 23 mil euros. Já os empresários beneficiaram de um apoio de cerca de 38 mil euros através do sistema de crowdfunding. Em 2021, a autarquia deverá continuar a dar apoio, até porque segundo o presidente

da Câmara “estamos em crer que provavelmente vamos ter que realizar mais despesa social, até porque para além dos projetos já em vigor e que transitam de 2020, estamos em fase de discussão pública de novos projetos sociais”. Em destaque estão os já aprovados em reunião do executivo como o Programa de Apoio Local ao Arrendamento, o Cheque Dentista, o Estatuto Municipal do Cuidador Informal, entre outros. Arruda dos Vinhos, prossegue com o plano de vacinação, assim

como os restantes concelhos, e André Rijo destaca entretanto que o processo de desconfinamento “merece toda a nossa atenção e máximo empenhamento, de modo a que a pandemia, no concelho, que teve um importante recuo com as medidas de confinamento decretadas pelo Estado Central, não fique descontrolada”. Para o autarca estas medidas são importantes para evitar um regresso ao confinamento, por isso o autarca esclarece estar “plenamente convicto que o Serviço Nacional de Saúde e os profissionais

de saúde e não só, que estão mobilizados para esta task force de vacinação local darão o seu melhor para este objetivo que é vacinar, vacinar, vacinar, e assim que possível atingirmos a tal imunidade de grupo que tanto ansiamos”. No concelho de Arruda dos Vinhos já foram vacinadas cerca de 1400 pessoas e André Rijo lamenta que mais pessoas não tenham sido ainda vacinadas, por falta “sobretudo de recursos humanos”. No que toca aos apoios às empresas, André Rijo destaca que

no pacote fiscal do município, isentou de derrama as pequenas e médias empresas e isentou do pagamento de publicidade, e ocupação do espaço público. O autarca reforça que o crowdfunding “que injetou perto de 40 mil euros diretos nos pequenos negócios continuará para 2021”. O edil reforça que o Gabinete de Apoio às Empresas, conjuntamente com o Gabinete Intermunicipal continuam também a apoiar “os nossos empresários tendo em conta as linhas nacionais que entretanto estão em vigor”.

Obras no Parque da Milhariça decorrem a bom ritmo stá a decorrer, a empreitada referente à remodelação do Parque da Milhariça, em Aveiras de Cima. Este projeto municipal consiste na criação de uma área de recreio e lazer num terreno com cerca de 12 mil metros quadrados, na margem direita da Ribeira da Milhariça. O local é contíguo ao espaço urbano da vila de Aveiras de Cima, e funcionará como equipamento de reforço da qualidade de vida e elemento agregador das várias gerações da população local. Na fase mais recente, começou a nascer o edifício para os serviços

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de apoio aos utilizadores do parque. Entretanto, continua a ser desenvolvido trabalho de definição dos espaços e arruamentos com a colocação de grandes blocos de betão que terão uma dupla função, como taludes às futuras zonas verdes e como bancada para assistir às atividades no futuro campo de jogos. Em simultâneo, vai decorrendo a preparação e compactação dos diferentes pisos, nomeadamente, na área destinada à implantação do recinto polidesportivo. O núcleo central deste parque será

um campo de jogos polidesportivo descoberto. Em redor do campo, haverá um edifício de apoio, com snack-bar, balneários de serviço ao campo e instalações sanitárias públicas. O edifício disponibilizará um espaço de esplanada, por sua vez voltada para duas áreas de equipamentos infantis, uma vocacionada para a faixa etária dos 6 aos 10 anos e outra com equipamentos destinados a crianças entre os 2 e os 6 anos. O projeto contempla, ainda, áreas de estacionamento, um circuito de manutenção com aparelhos para a prática de

exercício físico, bem como zonas arborizadas e ajardinadas. A obra contemplará a construção de um passadiço sobre a Ribeira da Milhariça, valorizando este recurso natural ribeirinho, e com os objetivos de ampliar os acessos ao parque e promover a sua plena integração no contexto urbano da Vila de Aveiras de Cima. Trata-se de um investimento municipal no valor de 944 mil euros. A intervenção arrancou no passado mês de outubro e a empreitada tem o prazo de execução previsto de um ano.

Promessa muitas vezes adiada começa a ganhar contornos reais


8 Sociedade

Valor Local

Março 2021

Azambujense Rodrigo Freixo e o poder de sonhar Sílvia C. d’Almeida m rapaz simples que veio de uma pequena vila portuguesa”. É desta forma que Rodrigo Freixo, azambujense, se descreve na sua página do Linkedin. Começou a sua carreira aos 14 anos no jornalismo local. Viajou pelo mundo e viveu nalgumas das maiores cidades da Europa, no entanto, fiel às suas origens, chegou mesmo a encurtar uma viagem pela Austrália para ir à Feira de Maio. Hoje é o CEO da VMLY&R, uma das maiores agências de marketing em Portugal. Em entrevista ao Valor Local contou-nos um pouco do seu percurso e sobre a sua ligação à terra que o viu nascer. Aos 40 anos, Rodrigo tem um percurso imparável. Foi Relações Públicas, jornalista, realizador de documentários, e fez por fim carreira no marketing. Caracteriza-se como “uma pessoa inconstante” e que está “sempre à procura de coisas novas, de explorar, um curioso”. O jornalismo foi desde sempre o seu sonho. “Quando tinha seis anos e perguntavam o que queria ser eu dizia que queria ser jornalista. Recordo-me de ter sido reconhecido na primária por uma composição de 7 páginas que o professor afixou na escola. Repeti o nome Joãozinho 50 vezes, mas ainda assim ele adorou e percebeu essa apetência. Um bocadinho mais tarde agarrei na máquina de escrever dos meus pais e comecei a fazer o jornal do prédio. Já desde tenra idade tinha bem definido o que queria ser”. Depois, ganhou num concurso de cultura geral um voucher com o qual comprou “uma máquina

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de fotografar amarela”, o que fez com que desse “ largas à imaginação” para explorar ainda mais este gosto por documentar. Ainda durante a pré-adolescência conheceu Miguel Rodrigues (diretor de informação do nosso jornal) que o puxou para as “lides” do jornalismo local. “Eu andava sempre agarrado ao Miguel, até fizemos juntos um programa na rádio Ateneu. Eu adorava a loucura de estar em direto, isso fez crescer ainda mais a minha paixão”. Mas o seu percurso não foi fácil. “Eu sabia que sendo de uma família humilde e não estando numa metrópole tinha de me esforçar o dobro dos outros para chegar a algum lado.” Trabalhou no Mc Donalds, em call centers, a apanhar tomate, e em campanhas da Sugal. Frequentava a universidade à noite e ao mesmo tempo tentava trabalhar em jornalismo. “Cheguei a trabalhar muitas vezes de graça. O jornalismo não é uma profissão fácil. Mas o que eu queria era estar metido neste meio. Crescer profissionalmente e fazer coisas nesta área”. A grande oportunidade surgiu quando começou a trabalhar no grupo Impresa, no qual esteve cerca de 9 anos. Passou pela TV Mais, Caras, colaborou com o Expresso, Visão, e SIC, e foi um dos responsáveis pelo site da Caras quando o jornalismo online ainda começava a dar os primeiros passos. Foi eleito por Francisco Balsemão “para um grupo de jovens de elevado potencial” dentro da empresa, a quem este dava formação e “uns incentivos extra”. Pelo meio escreveu dois livros, um sobre o colunista social Carlos Castro, e outro sobre uma

Rodrigo Freixo trocou o jornalismo pelo marketing e publicidade que nem o próprio previa

roadtrip que fez pela Austrália. Tinha o sonho de se tornar jornalista de guerra, mas “isso acabou com o desaparecimento de algumas figuras do jornalismo nacional. Deixámos de fazer esse tipo de investigação. Comecei a perder a paixão pelo jornalismo.” Foi para Barcelona atrás da atual esposa e mãe dos seus dois filhos, e decidiu inves-

tir noutro objetivo, os documentários. Tirou um mestrado nesta área, e realizou o filme “Volver la vista Atrás”, para a televisão nacional Espanhola (TVE). Mas a tentativa de tornar o seu documentário em algo mais sensacionalista fê-lo entrar em desacordo com a empresa e foi-lhe cancelado o financiamento. “Eu acreditava na utopia de que podía-

mos viver de documentários, de uma coisa que é interessante, que mostra a vida tal como ela é, e que entra num registo sem influências.” Começou então a trabalhar em publicidade, por mero acaso, como copywriter, e foi progredindo dentro da empresa. “Foi um esforço intenso para entrar nesse mundo em que percebi que podia fazer a diferença

em muitos dos projetos que fazemos. Fui convidado para ir para Londres, daí para a Suécia, corri o mundo inteiro, e aqui estou.” Para o atual CEO, foi “muito difícil” sair da Azambuja para ir morar para Lisboa. “Azambuja é uma terra incrível, mas independente, vive muito em torno de si. Lisboa é o sítio onde vamos comprar algo que não encontramos. Azambuja é uma terra onde crescemos de uma forma tão livre, natural, com pessoas ótimas à nossa volta, com o rio ali ao lado. Temos tudo ali, não precisamos de mais. Mas eu queria mais. Foi muito complicada a adaptação, não me senti bem, tinha saudades de Azambuja, mas fui crescendo e adaptandome, porque tinha aquele sonho, aquela ambição.” Conquistou um lugar ao sol, mas não esquece a terra natal. “Para onde quer que vá digo sempre que venho de Azambuja, não de Lisboa. Tenho saudades de tudo: dos meus amigos, da vida de bairro, de agarrar na bicicleta e andar à volta da Horta do Maia, de momentos sobretudo feitos por pessoas e pela envolvente. Continuo a acompanhar Azambuja de muito perto e a visitá-la frequentemente, os meus pais continuam a viver aí.” Quando lhe perguntamos se a vida correspondeu às suas expetativas, responde: “As expectativas vão sendo criadas ao longo do tempo, conforme o que a vida nos proporciona. Se pensar nas expetativas que tinha há 20 anos atrás, a minha vida superou-as. Olhando para trás sinto orgulho, mas também que há ainda muito para explorar”.

Câmara Municipal de Vila Franca de Xira entrega chave da nova Unidade de Saúde de Vialonga à ARS-LVT Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, entregou no dia 12 de março à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS LVT), o imóvel destinado a instalar a Unidade de Saúde Familiar de Vialonga. O momento simbólico de cedência das chaves realizou-se no próprio edifício, que passa a estar sob responsabilidade da ARS-LVT, entidade que irá agora desenvolver os procedimentos necessários à transferência e entrada em funcionamento da USF de Vialonga naquele local. Recorde-se que a adaptação do edifício anteriormente conhecido

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como “ninho de empresas” pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e a sua cedência a título de comodato, a fim de nele instalar esta Unidade de Saúde Familiar, resulta de um protocolo de cooperação estabelecido em setembro de 2017 com a ARS-LVT. O investimento total na adaptação do edifício foi superior a 800 mil euros, cofinanciado através de fundos europeus e com um investimento municipal superior a 400 mil euros. A nova localização da USF de Vialonga dispõe de boas acessibilidade e facilidade de estacionamento. Ficam também ultrapassados problemas de dimen-

são insuficiente e de degradação das atuais instalações, permitindo inclusivamente a entrada em funcionamento de novos serviços médicos. A data de inauguração formal da nova USF de Vialonga será oportunamente divulgada. Para a assinatura do auto de transferência estiveram presentes, para além do Presidente da Autarquia, o Vogal da Direção da ARS-LVT, Nuno Venade, o Diretor do Departamento de Instalações e Equipamentos da ARSLVT, António Campelo, bem como a Diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Sofia Theriaga.

Momento simbólico que vai permitir melhorar os cuidados de saúde em Vialonga


Valor Local

Março 2021

Dossier: Águas 9

Entrevista Pedro Folgado sobre a relação com a Águas de Alenquer

Se a Câmara entrar como acionista na concessão das águas será uma “boa saída” para resolver os problemas O estudo da concessão da Águas de Alenquer face ao pedido de reequilíbrio por parte da empresa está parcialmente concluído pela equipa do especialista, Poças Martins, considerado uma autoridade internacional em questões relativas a esta problemática das concessões. Se fosse hoje, e segundo o estudo, e em caso de rescisão quando faltam cerca de 14 anos para o fim do contrato, o município teria de pagar 50 milhões de euros de indemnização, menos 10 milhões do que aquilo que inicialmente se previa. Este foi o mote para uma entrevista com o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado. Valor Local - Depois de concluído este estudo o que se pode seguir daqui para frente agora que o município já se pode guiar por trunfos mais concretos, apresentados por Poças Martins, quanto ao resgate da concessão? Pedro Folgado – A Câmara neste momento não tem condições para assumir essa rescisão e fazer a reversão porque é comprometer o orçamento da Câmara durante vários anos. Isso seria errado da minha parte até porque estou a terminar o mandato e terei mais um se ganhar as eleições, e dessa forma comprometer quem vier a seguir com esse encargo. Por princípio não vou fazer isso porque em média temos 27 a 30 milhões de euros de orçamento por ano e com despesas fixas, de modo que não faria sentido. Nem poderia recorrer a empréstimo bancário conforme chegou a avançar? Na teoria talvez pudesse, mas não temos uma capacidade de endividamento para 50 milhões de euros. Não podemos esquecer ainda que isto não ficaria por aqui após o hipotético fim da Águas de Alenquer. À posteriori necessitaria de um valor considerável para montar a operação e neste momento não estamos dotados para isso. Não colocámos um fim nas negociações com a Águas de Alenquer. Havemos de chegar a bom porto desde que não coloquem como fator essencial o aumento das tarifas. De qualquer das formas se quiséssemos reverter a concessão e pagar os 50 milhões de euros, possivelmente teríamos de aumentar os impostos, e até quem sabe as próprias tarifas de água porque o dinheiro não cai do ar. No fundo teria de ser o contribuinte a pagar o empréstimo. Mesmo que num cenário hipotético já tem ideia de quanto poderia custar aos cofres da Câmara montar a operação? Essa é a fase seguinte do trabalho do doutor Poças Martins. Ele ainda não concluiu essa parte do estudo. Relativamente ao pedido de au-

O autarca garante ainda que continua irredutível quanto a aumentos da tarifa

mento das tarifas por parte da concessionária que ronda os 53 por cento em que ponto estamos? Fizeram de facto esse pedido de reequilíbrio, (na sequência de outros que já vêm desde 2017 e sem chegar a acordo com o município). Tenho recusado liminarmente e continuamos em banho maria. A concessionária alega os prejuízos quanto ao facto de as redes apresentarem problemas de calcário (A Águas de Alenquer reclama um pagamento no valor de 3,6 milhões de euros referentes a custos com o calcário até à data e também tendo em conta os que se seguem até ao fim da concessão, em 2033) mas não nos parece que o município tenha de ser prejudicado por isso ou que tenha alguma culpa. Quando procuramos um negócio temos de medir o risco, e o calcário não apareceu de um dia para o outro. Deveriam ter percebido essa realidade. O que a concessionária alega perante essa sua argumentação? Eles dizem que não sabiam, mas

se assim era, deveriam ter procurado essa informação. Mas se eles não sabiam, nós também não. O risco ficou do lado deles. Ficou célebre aquele episódio em que o antigo presidente da Câmara Álvaro Pedro mostrou um bocado de um cano cheio de calcário para ilustrar o estado da rede e como tal a concessão era uma tábua de salvação libertando a autarquia de fazer investimento avultado. Se assim foi, não vieram de olhos fechados. Sobretudo há que fazer um grande investimento nas redes. Fala-se em 80 milhões de euros. Não deixamos de estar disponíveis para cooperar nesse sentido por via do orçamento da Câmara ou do fundo ambiental ou do que se puder vir a desenhar quanto a linhas de apoio para se operar essa substituição. Admito que aos privados seja mais difícil de aceder a esses programas do que às autarquias. Estamos disponíveis para fazer esse caminho, se chegarmos à conclusão de que se a Câmara investir um determinado

valor por ano no sistema de água e saneamento, isso chegue para equilibrar a concessão. É uma forma de podermos ver o futuro. Na última sessão da assembleia municipal, o deputado do PSD Rui Neto até sugeriu que para sair deste imbróglio, a Câmara poderia arriscar ser acionista da empresa. É uma possibilidade Não nos podemos impor à empresa. Mas isso nunca foi abordado entre vós? Não sei se nos aceitariam porque são três sócias neste momento e para entrarmos uma delas teria de vender as suas quotas. Não sei da disponibilidade deles. Mas a Câmara veria isso como uma boa saída? Eventualmente seria uma boa saída para repartição dos custos. Para já será irredutível quanto à possibilidade de aumento do tarifário, mesmo que eles possam baixar desse valor na casa dos 50 por cento. Na concessão de Azambuja, a Aquapor (uma das acionistas da Águas de Alen-

quer) ficou-se por um aumento da tarifa na ordem dos 21 por cento quando antes estava a pedir bastante mais. Sim mantenho, mas se formos para a reversão terei de aumentar as tarifas caso contrário onde vou buscar o dinheiro para pagar a indemnização e montar a operação? O que diz a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) sobre a concessão de Alenquer? Diz que nos devíamos entender, porque há muito tempo que não se mexe na tarifa nem para baixo nem para cima. Mas a ERSAR não vê grande problemas no contrato à exceção da Taxa Interna de Rentabilidade (grosso modo os lucros) que diz ser um pouco alta, e de facto é, mas em 2011 estava dentro da média para uma concessão deste tipo. A ERSAR diz que as tarifas são altas em Alenquer, mas deixa nas mãos das partes a negociação. Juridicamente como é que o município tem sido acompanhado nesta matéria para além

do estudo do especialista de que já falámos. De facto, a nossa equipa jurídica considera que cabe à concessionária investir na remodelação das redes, independentemente do que foi contratualizado (18 milhões de euros a 30 anos que já foi cumprido). Para além disso no artigo 33 do contrato diz que cabe à Águas de Alenquer esse esforço de renovação das infraestruturas. O que a concessionária sustenta é que se tem cingido ao que está escrito tendo em conta um determinado âmbito temporal que até previa a vinda do aeroporto e um aumento exponencial da população, e agora não quer lidar com as adversidades do negócio. É o que parece. É como digo todos os negócios têm um risco, e daquilo que me tem sido dado a conhecer, o contrato assinado foi extremamente benéfico para o lado da concessionária (2003). Porventura a Câmara não se rodeou à época de uma assessoria eficaz que zelasse pelos interesses do município. (Sorrisos) Não sei. É difícil julgar um tempo em que não fazia parte da Câmara. Possivelmente rodeou-se dos melhores recursos, mas chega-se agora à conclusão de que o contrato podia ter sido mais flexível para o lado da Câmara. Resta a saída do tribunal arbitral face a este imbróglio. Pode ser essa a solução mas que não agrada a nenhuma das partes. Mas segundo Poças Martins não faz sentido ir por aí tendo em conta duas das principais questões: a do calcário e a da tarifa. Foram apontados caminhos, agora é questão de se ver. No limite a empresa pode não concordar e termos de ir para tribunal. Depois de ter pedido este estudo ao especialista em causa, muito por pressão da opinião pública e do movimento de cidadãos Água Justa, a Câmara não está disponível para gastar mais dinheiro em estudos? Não estou disponível. Gastámos 20 mil euros neste estudo do dr Poças Martins.


10 Dossier: Águas

Valor Local

Março 2021

Valor Local debateu “Desafios na gestão da água e saneamento em tempo de pandemia” Sílvia Agostinho pandemia trouxe vários desafios ao setor do abastecimento de águas e saneamento. O Valor Local levou a cabo um debate com os vários sistemas e empresas da nossa região, em que ficou bem patente até que ponto a Covid-19 veio também trazer uma reviravolta aos perfis de consumo e a tudo o que está a montante do simples ato de abrir a torneira nas nossas casas. A nível do país um desafio estava sem dúvida ganho à partida: os portugueses praticamente estão todos ligados à rede pelo que não foi difícil cumprir o desígnio da higienização e desinfeção, e com isso prevenir males maiores a nível das estatísticas em comparação com o que aconteceu em países como o Brasil onde a falta de acesso a estes recursos fez galopar os números da Covid-19. E isso mesmo foi sublinhado por Miguel Nunes, do departamento de gestão direta da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) durante o

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Águas da Azambuja observou várias alterações nos perfis de consumo

nosso debate que aludiu à “maturidade do setor”. No dia a dia lidar com a pandemia não foi fácil para os sistemas da nossa região. Paulo Oli-

veira, presidente do conselho de administração da Águas da Azambuja (grupo Aquapor), não deixou de sublinhar que 2020 foi um ano sui generis. No início da PUB

pandemia, conta que era difícil garantir equipamentos de proteção individual e álcool gel porque já naquela altura “existia uma grande escassez”. A em-

presa também criou equipas em espelho e optou por teletrabalho no que respeita ao seu funcionamento administrativo com reforço do call center. Paulo Oliveira observou que na questão das faturas a empresa optou por dilatar os prazos de pagamento, e atender através de marcação telefónica os munícipes que preferem pagar na loja. O administrador sublinha que a empresa tem mais clientes, porque “mais gente veio morar para o concelho”, mas os perfis de consumo também se alteraram com a pandemia – “Houve um aumento no consumo doméstico porque mais pessoas estiveram em casa, mas também notámos mais consumo empresarial na vertente industrial/logística do nosso concelho, mas consequentemente uma grande quebra nos serviços e comércio como restaurantes e lojas” que foram obrigados a fechar devido à pandemia. Este cenário descrito não fez com que a faturação da empresa divergisse daquilo que foi o ano transato

(2019), até porque conseguiu “ganhos significativos no combate às perdas de águas”. A concessionária diz que “os trabalhadores da Águas da Azambuja estão de parabéns porque a qualidade de serviço foi garantida e até melhorada”. Já no sistema intermunicipal da “Águas do Ribatejo” que serve os concelhos de Benavente, Salvaterra de Magos, Coruche, Almeirim, Alpiarça, Chamusca e Torres Novas questões como garantir equipamentos de proteção individual, assegurar horários desfasados de trabalho, bem como o teletrabalho foram matérias importantes, segundo Francisco Oliveira, presidente da empresa. A pandemia veio mitigar algumas ambições da empresa quanto à redução das perdas de água e na aposta na tecnologia em prol tão só do funcionamento do sistema em condições normais de abastecimento e saneamento. Contudo “não deixámos de investir seis milhões de euros no sistema de saneamento e PUB


Valor Local

Março 2021

SMAS de Vila Franca falou nas dificuldades de cobrança das faturas aos clientes em tempo de pandemia

melhoria do abastecimento de água”. Os consumos domésticos aumentaram na casa dos três por cento, mas houve uma redução de 12 por cento no comércio e serviços. Deu-se ainda um aumento de cinco por cento de injeção de água na rede por parte deste sistema que ao contrário dos demais da nossa região também faz a captação de água no subsolo. Esta empresa tem estado debaixo de fogo nos últimos tempos o que deu azo à constituição de um grupo informal de cidadãos que se afirmam lesados por conta do serviço da Águas do Ribatejo, e que já equaciona apresentar queixa no Ministério Público por conta dos famosos acertos nas faturas, e aliada ao

facto de continuarem a surgir faturas com valores exorbitantes. Há até casos de pessoas com faturas de mil euros. Em parte há valores que se explicam por não ter havido contagem durante o período de emergência do ano passado, mas há outros considerados inverosímeis, e segundo Francisco Oliveira tal pode estar relacionado com “roturas”, mas garante que “todas as situações dúbias foram e estão a ser corrigidas”. Francisco Oliveira garante ainda que “não foram feitos cortes e permitiu-se o fracionar das faturas”. Em Vila Franca de Xira, nos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) também se optou pela rotatividade de equipas, e neste concelho “em

contraciclo fizemos grandes investimentos sobretudo na telegestão de controle através do CCTV e rede de internet nos 53 reservatórios espalhados pelo município”, referiu António Oliveira presidente dos SMAS. O município lançou ainda a aplicação My Aqua que “obteve uma boa adesão porque devido ao confinamento mais pessoas recorreram a este serviço, onde é possível verificar e pagar faturas, mas também aumentou o serviço em call-center.” O também vice-presidente da Câmara de Vila Franca deixou o desabafo junto de Miguel Nunes da ERSAR que durante este último ano não se observou qualquer tipo de “facilidade” da alta para com os “sistemas em baixa”. O

Dossier: Águas 11

Acertos nas faturas têm sido dor de cabeça para a Águas do Ribatejo

presidente dos SMAS não hesitou em demonstrar que cobrar dívida de um bem essencial como a água não é fácil nem popular, mas a legislação também “não ajuda nessa cobrança”. Só na dívida a seis meses os SMAS têm um milhão de euros na rua nesta altura referente ao ano de 2020, “já para não falar da dívida a um ano” e quando este tipo de setor exige investimento constante, e quando a Águas de Vale do Tejo /EPAL quer “receber mensalmente e sem demoras aquilo que lhe compramos”. Este ciclo “pescadinha com rabo na boca” preocupa o presidente dos SMAS porque se não se consegue cobrar como é que se consegue pagar?, deixou a interrogação. Miguel Nunes com-

preendeu o sentimento de António Oliveira mas referiu que o regulador não pode fazer nada. “É questão de existir um entendimento entre a alta e a baixa, mas no que respeita à legislação e quanto à cobrança não podemos fazer nada. Tem de existir um acordo entre as partes”. Eunice Cortês, diretora regional de operações da zona norte da Águas do Tejo Atlântico, referiu que também foram seguidas as mesmas regras impostas pela pandemia no âmbito da rotatividade de equipas, mas a Covid obrigou também “à contratação de mais trabalhadores no regime de trabalho temporário” para a operacionalidade do sistema “que foi bem sucedida”, e ainda recorrer ao aluguer de “contentores” para aumentar as áreas comuns. Com mais pessoas em casa, a operadora em alta conseguiu “manter os mesmos níveis de serviço”. O coronavírus está presente nas fezes humanas e por isso conflui às estações de tratamento e como tal foi muito exigente “eliminar qualquer foco de contaminação” nas infraestruturas da Águas do Tejo Atlântico, nas ETAR.

Secretária de Estado do Ambiente deixa mensagem ao setor O nosso debate contou ainda com uma mensagem inicial por parte da secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa que apelou ao setor para continuar exigente no caminho da modernização no âmbito da metas do PENSAAR 2030. Numa altura em que a escassez dos recursos naturais está na ordem do dia, na sua opinião é tempo do setor reinventar-se e tornarse mais resiliente numa ótica de circularidade na gestão e regeneração da água e do saneamento. O recurso mas também o produto água já está cotado em bolsa, e isso pode significar um ponto de viragem na forma como entendemos este serviço no momento atual em que todos têm de ser responsabilizados do consumidor ao Estado passando pelas empresas. A governante referiu ainda que o setor estará contemplado na estratégia do Plano de Recuperação e Resiliência que prevê a chegada de 45 milhões de euros de fundos europeus para Portugal.

Projeto Eco2Covid para saber como o vírus se comporta dentro das ETAR Águas do Tejo Atlântico em parceria com o Inova +, a Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Coimbra está a desenvolver o projeto “Eco2Covid” que tem como objetivo analisar a água residual e monitorizar a vertente epidemiológica da população. No fundo, saber o que acontece ao vírus quando entra nas ETAR, e como é que ele se comporta dentro do processo de tratamento. Através de biossensores que desenvolvem uma coloração na presença do vírus é efetuado um mapeamento epidemiológico do coronavírus em que a informação vai sendo armazenada e ligada geograficamente com o objetivo de se conseguirem apurar estatísticas e informações ligados ao fenómeno da pandemia. A empresa espera apresentar mais conclusões sobre este trabalho a breve prazo.

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Miguel Nunes da ERSAR referiu que o setor estava bem preparado para o desafio da pandemia

Eunice Cortês deu a conhecer o projeto Eco2Covid


12 Destaque

Valor Local

Março 2021

Eis que nascem como cogumelos… Os parques solares na região

Vão passar a fazer parte da paisagem da nossa região. Assim como o Oeste é dominado por eólicas, o Ribatejo, com Azambuja à cabeça, e o município oestino de Alenquer vão liderar este processo. Salvaterra de Magos é uma espécie de concelho piloto para o que podemos esperar, embora os parques já existentes não se comparem com os que estão previstos para a margem direita do Tejo. Um pouco por toda a parte eis que os projetos de centrais solares nascem como cogumelos. Em causa para uns a artificialização da paisagem para outros significa o progresso e a opção por uma solução mais amiga do ambiente. Sílvia Agostinho oi o primeiro concelho da nossa região a abraçar os novos projetos de energia fotovoltaica para o país. Em Salvaterra de Magos estão a funcio-

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nar em pleno duas centrais solares, uma na freguesia do Granho e outra em Marinhais, cada uma delas com uma potência de 25MW. Sendo que já se fala

numa terceira. A dona da central do Granho é a EFACEC e situase mesmo à entrada da localidade com 833 habitantes. Com esta central em 50 hectares, o

concelho de Salvaterra de Magos vai ter capacidade para fornecer eletricidade a mais de 11 mil casas anualmente, contribuindo para a redução das

emissões de CO2 em cerca de 12 mil toneladas por ano. O presidente da União de Freguesias Glória/Granho compreende este tipo de objetivos e não discorda

da importância das novas energias alternativas, mas sente-se enganado com este projeto, porque para além do impacto paisagístico do parque solar que PUB


Valor Local

Março 2021 agora passou a ser um cartão de visita indesejado da freguesia, há aspetos que estavam escritos nos contratos que não estão a ser levados a cabo. João Oliveira refere que ao contrário do previsto não foi criada nenhuma barreira arbórea para diminuir o impacto visual de quem chega a uma das freguesias mais rurais do concelho, e onde o choque visual de centenas de placas metálicas a céu aberto e sem qualquer tentativa para disfarçar o estado de coisas é indesmentível. Em tempos de confinamento, o Valor Local andou pela freguesia e praticamente não há população na rua. A coletividade local habitual chamariz de pessoas está fechada. Sem movimento e sem vida por estes dias, para além de um ou outro idoso à porta de suas casas, o parque solar parece que ganha ainda mais a característica de uma nave espacial que aterrou por aquelas bandas. O autarca diz que a junta “nunca foi tida nem achada no processo”, mas alega que “estes dois projetos não enfrentaram muita oposição”. Segundo João Oliveira “a Câmara deve ter negociado algumas questões para a implementação do parque mas nunca passaram pela junta”, que contudo está ao corrente da obrigação da empresa em construir a cortina verde, que está no projeto, “mas limitaram-se a plantar algumas espécies à en-

trada da propriedade mas como nada foi regado esse aspeto acabou por ser descurado”. Na sua opinião a empresa devia ser obrigada a cumprir com o que está no papel e ressalva que para o futuro “as entidades devem ter mais cuidados com os locais selecionados para estes projetos”. Aquando da consulta pública, o interesse da população em contribuir para este debate foi praticamente nulo, refere o autarca. “As pessoas nem se aperceberam disso”, constata o autarca. Segundo João Oliveira o impacto do projeto é apenas visual, não existindo queixas relacionadas com outros fatores como os campos eletromagnéticos. “Compreendo que tenha sido um bom negócio para o proprietário daqueles terrenos que os alugou por 25 anos e se calhar a bom preço, mas para a freguesia não teve quaisquer benefícios”, e dá o exemplo ainda da freguesia de Marinhais, onde existe um parque fotovoltaico semelhante mas como “é dentro de uma propriedade apenas se vê da A13” em comparação com o da sua freguesia. Muito polémica chegou a ser a fase de construção do parque em inícios de 2020 quando andaram na propriedade até cidadãos estrangeiros em situação aparentemente ilegal. Deu poucos postos de trabalho a habitantes da localidade, “mas eles

não demoraram nem três meses a montar o parque”. O Valor Local ouviu o Bloco de Esquerda, o único partida da oposição com assento no órgão executivo, e Luís Gomes, vereador do BE, entende que este tipo de investimentos deveria ser enquadrado numa perspetiva de desenvolvimento das localidades, o que não são os casos nem do Granho nem de Marinhais. No caso concreto do Granho, “a possibilidade de crescimento ficou completamente estanque” devido à ocupação destas terras. Quanto à criação de empregos, também evidencia que nada o concelho ganhou nessa matéria: “Tenho de reconhecer que existem condicionantes muito grandes. A lei não permite grandes intervenções, a não ser alguma vontade política para sensibilizar os proprietários dessas empresas. Os impactes positivos são zero. Estiveram lá durante a sua construção à volta de 100 trabalhadores, mas não há conhecimento de que sejam oriundos do concelho ou da região. A esmagadora maioria dos que por lá andaram tratava-se de mão de obra barata.” Segundo se constou à época, a empresa subcontratada para esse feito, a Ibérica Renovables LDA, recorreu a imigrantes provenientes de países como Índia e Paquistão. Ouvido pelo Valor Local, o pre-

sidente da Câmara, Hélder Esménio, garante que aquele projeto está “completamente fora da área urbana e urbanizável” e que foi construído numa zona florestal, sem infraestruturas de saneamento e de água, e de acordo com o Plano Diretor Municipal (PDM). E lança as seguintes questões: “O concelho não faz parte de um todo nacional?”; “Um investimento que tem um ‘interesse relativo’ seja ele feito em qualquer localidade, e cujo grande mérito é limitar o gasto de energia fóssil utilizando a energia solar, tem de trazer mais valia direta para a população onde é feito?”. Mas deixa ainda mais questões: “É algum investimento poluidor ou que

Destaque 13 crie mal-estar às populações? É pecaminoso do ponto de vista ambiental? É uma mera ocupação territorial do que antes era floresta. Por que razão teria de dar compensações?”. Esclarece ainda que ao abrigo da lei, a negociação de contrapartidas por parte da autarquia não é legal, e coloca questões de transparência. “Quando se começa a pedir dinheiro para os bombeiros, podemos também questionar por que não se pediu para a Santa Casa ou para a associação de solidariedade social ou para um clube desportivo. Ou seja, não saímos daqui!” Quando questionado se a empresa foi convidada a sedear-se no concelho, não confirma e diz:

“Vivemos num país onde existe liberdade empresarial. A empresa quando vem com um projeto para a Câmara já está constituída”. Minimiza ainda a questão da barreira visual criada, dizendo que “tudo cria impacto paisagístico” e que a central foi construída “num terreno amplo”, sendo que as infraestruturas têm cerca de “1,5 metros de altura”. Para o autarca, a questão reside na circunstância de se saber se o terreno poderia ter tido um fim diverso mais importante para o concelho, que não o do projeto da central, “o que pode ser discutível”, mas assegura que não o teria aprovado se pensasse dessa maneira. Sílvia Carvalho d´Almeida

A posição da associação Zero Zero- Sistema Terrestre Sustentável olha para estes projetos com um misto de mais valia, mas também de alguma deceção face às áreas onde se estão a instalar não só na região, mas também no resto do país, porque se parte de uma premissa de base que consiste na “substituição de áreas florestais por estas centrais fotovoltaicas”, diz Nuno Forner daquela associação. “Há muito tempo que defendemos que todos os espaços que são coberturas em áreas impermeabilizadas no topo de edifícios, principalmente os industriais, deveriam servir para colocação de painéis solares”. Questionado sobre essa possibilidade pode ser bastante insuficiente para as metas do país, não hesita em dizer que as centrais “são pensos rápidos”. Preocupa a associação o projeto fotovoltaico da Torre Bela numa área de 775 hectares, “embora se diga que a zona de implantação não vá além dos 400”, mas também o da Cerca pois “traz-nos algumas dúvidas porque estamos a falar de um corredor ecológico naquele local”. O forte apetite por esta região prende-se com a proximidade à subestação elétrica de Rio Maior e Central Termoelétrica do Carregado/Ribatejo e isso faz com que exista uma grande concentração de parques nesta região. “Já temos um grande emaranhado de linhas de alta e muito alta tensão com forte impacto na biodiversidade e na paisagem e não houve um acautelar destas questões quando o Governo abriu a porta aos leilões de energia”. Nuno Forner da Zero diz mesmo que perspetiva-se uma “enorme artificialização da paisagem”, e "não sei até que ponto ao arrasarmos estas zonas de floresta embora sejam eucaliptais não estamos a comprometer a função ecológica, sequestro de carbono e regulação de temperatura".

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14 Destaque

Valor Local

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Secretário de Estado da Energia veio a Azambuja pressionar Câmara para acelerar projetos m declarações exclusivas ao Valor Local, Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, já acrescentara, na edição passada, que vai mesmo dar parecer positivo às duas mega centrais fotovoltaicas em perspetiva para o concelho: Torre Bela e Quinta da Cerca. Haverá mais uns quantos projetos de pequena ou média dimensão, mas o presidente da Câmara de Azambuja garante que depois de viabilizar aqueles dois de maior envergadura a cargo das empresas CSRTB Unipessoal LDA e Aura Power Rio Maior (Torre Bela) e Fotovoltaica lote A – EDP (Quinta da Cerca) fecha a porta a novos projetos de maior monta. A quantidade de projetos desenhados para a área que dista em linha reta das traseiras de Vila Nova da Rainha, grosso modo, no concelho de Azambuja, até ao lado oposto na zona do Camarnal (freguesia de Alenquer), onde hoje existe uma extensa área de várzea, estendendo-se em alguns casos até à freguesia vizinha de Ota faz deste espaço entre os dois concelhos uma autêntica esplanada de centrais solares indistintas que até os próprios autarcas têm dificuldades em perceber onde começa uma e acaba outra. Recentemente o socialista João Galamba, também secretário de Estado da Energia, esteve reunido com o autarca e garantiu-lhe que não faria pressão para que Azambuja aceitasse mais projetos de grande envergadura, mas o ministro do Ambiente Matos Fernandes deixou um aviso contundente – Ou a Câmara viabiliza estes dois projetos ou o Estado invoca o interesse público nacional. O Governo claramente que joga o tudo ou nada nestas duas grandes em-

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Trabalhos de desflorestação na Torre Bela já começaram no verão tendo em vista a possibilidade de instalação do projeto

preitadas, até porque uma delas está a seu cargo, a da EDP. Mas segundo o Valor Local apurou o Governo português entrou de cabeça nestas negociações e até fez pressão junto da Aura Power para fixar a sede social no concelho de Azambuja, por forma a contentar todos os envolvidos. Na confluência de alguns destes projetos situa-se a freguesia de Vila Nova da Rainha, mas o presidente da junta Mário Parruca revela ao Valor Local que em causa está apenas o atravessamento pelas linhas elétricas e uma subestação. O autarca esteve nesta reunião com Galamba, onde o secretário de Estado terá sossegado as hostes socialistas afirmando que o concelho apenas pagará a fatura nacional do desígnio das energias renováveis com estes dois complexos, porque pura e simplesmente “a atual Central Termoelétrica do Ribatejo no Carregado não tem capacidade para re-

ceber mais pontos de injeção de energia da rede do que aqueles que já estão previstos para os concelhos de Azambuja e Alenquer”, diz Parruca. Com o projeto de Azambuja, assegura Parruca ao Valor Local, Galamba pretende ser autossuficiente ao ponto de ser encerrada a central do Pego. O projeto da Fotovoltaica da Cerca prevê uma extensão a nível das linhas elétricas na ordem dos 16,1 quilómetros e a criação de uma subestação em Vila Nova da Rainha, desenvolvendo-se nas denominadas áreas C1 (Azambuja) e C2 e C3 (Alenquer). A central pretende produzir 388 208 MWH de energia elétrica por ano, e vai colocar no terreno 458 mil painéis. Durante a fase de construção a Fotovoltaica Lote A - EDP pretende empregar até 250 pessoas neste projeto. Enviámos um conjunto de questões para a EDP Renováveis que nesta altura apenas faz questão de sublinhar que “de-

Luís de Sousa acredita que os dois mega projetos não vêm prejudicar o concelho de Azambuja

senvolve os seus projetos tendo em mente a coesão social de cada região e em articulação com todas as partes interessadas. Isso mesmo está a ser feito no caso do projeto da Central Fotovoltaica da Cerca, nos concelhos de Alenquer e Azambuja, em diálogo com as autarquias.” Além disso, “a EDP Renováveis tem sempre em conta o impacto ambiental dos seus projetos, e neste não é exceção. Para o desenvolver, foram analisadas zonas de ambos os concelhos, de modo a encontrar os locais mais adequados e com o menor impacto ambiental”, refere a empresa. A Central Fotovoltaica da Cerca enquadra-se nas políticas ambientais e energéticas promovidas em Portugal e, também, a nível internacional, e “vai contribuir para o compromisso do país de reduzir em 40 por cento as emissões GEE até 2030”. Azambuja e Alenquer passarão a ser “concelhos descarbonizados em termos do consumo de eletricidade, dando por si um contributo significativo para os objetivos traçados. Estamos convencidos de que esta é uma grande oportunidade para que ambos concelhos continuem a impulsar a economia verde do país, ao mesmo tempo que estes investimentos apoiam a dinamização económica e social da zona”. A empresa não respondeu quanto à questão dos campos eletromagnéticos, a reflorestação com sobreiros, possíveis benefícios para as duas autarquias, e a colocação de uma barreira verde junto ao parque fotovoltaico. Segundo apurámos será na zona da Quinta da Cerca que será colocada uma extensão de painéis e novamente na zona de Ota, Alenquer

Já em Manique do Intendente, na Torre Bela, o projeto está previsto para uma área de 775 hectares, num investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está prevista para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares. O empresário Simon Coulson, CEO da Aura Power, deixou uma série de promessas em entrevista ao nosso jornal na edição passada: vai sediar esta participada do grupo em Azambuja, cumprir uma série de requisitos ambientais e excluir como áreas de instalação de painéis e outros equipamentos as zonas da Reserva Agrícola Nacional e dos montados existentes, em particular o corredor ecológico da Ribeira da Maçussa. Vão ficar ainda numa zona da quinta que não colide com a existência de animais. Ainda está na memória a caçada levada a cabo em dezembro que pretendia “limpar” a Torre Bela de gamos, veados e javalis para dar lugar ao projeto. Luís de Sousa confessa que não vê grandes entraves em ambas as propostas: “Estive a analisar tudo com muita calma e não vejo motivos para não votar a favor”. Os impostos municipais que em particular a empresa Aura Power e CSRTB podem vir a pagar não são, na sua opinião, algo a colocar de parte. Ao longo dos 30 anos que as empresas pretendem estabelecer-se no concelho deverão pagar de derrama um total de quatro milhões de euros, o que no conjunto das três décadas não

chegará a 200 mil por ano. Quanto ao IMI, a Câmara ainda está a tentar apurar junto da autoridade tributária se a empresa terá ou não de fazer face este imposto. Em declarações ao nosso jornal Simon Coulson, CEO da empresa, garante o seu compromisso de honra quanto à instalação da sede social no município. Sendo certo que a Câmara não vê grandes entraves nos dois projetos, porque estão “dentro de muros”. A autarquia está a ver com as duas empresas possíveis benefícios que podem passar por apoios “junto de IPSS e coletividades” com “placas fotovoltaicas” que podem fazer diminuir a fatura da eletricidade, entre outro tipo de ajudas. “Não vale a pena andar nestas guerras porque a Assembleia Municipal é que decide através da figura do interesse público municipal. E se decidir que não quer os projetos, depois vem o Governo que tem a faca e o queijo na mão em tudo isto”. Luís de Sousa diz que o ministro do Ambiente já o avisou disto mesmo ao afirmar que se a Azambuja votar contra, acenará a figura jurídica do interesse público nacional Ao longo dos últimos meses, este assunto tem sido um cavalo de batalha da oposição PSD, embora a CDU também tenha deixado algumas achegas quanto à matéria. Em declarações à Rádio Valor Local, António Jorge Lopes, deputado do PSD deixava o seguinte raciocínio: “As mega centrais no seu conjunto vão acabar por condicionar entre sete a oito por cento do território municipal que assim ficará refém destes projetos económicos durante um período de 30 anos”, o tempo expectável para a exploração de energia através dos empreendimentos que se pretendem instalar. “Temos obrigação de tomar decisões perante opções que não trazem riqueza nenhuma para o concelho”, refere, lançando o dado quanto aos postos de trabalho – “Entre as duas centrais não chegamos a 20 empregos, mas teremos milhares de hectares ocupados”, faz a comparação. Luís de Sousa recusa a ideia de que está na disponibilidade de abrir os braços para todo o tipo de projetos desta envergadura, até porque “há limites” e por outro lado a Iberdrola, projeto previsto para Vila Nova da Rainha, deixou de ter interesse em Azambuja e já pediu uma reunião ao presidente da Câmara de Alenquer, outro dos concelhos mais assediados por estes projetos.


Valor Local

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Destaque 15

Alenquer no epicentro das empresas de energia solar edro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer, fala em seis intenções de projetos para o concelho. A única até à data aprovada e pronta para arrancar para o terreno diz respeito ao projeto da empresa Hyperion Renewables Alenquer Unipessoal LDA, uma subsidiária da empresa mãe Hyperion Renewables já com um projeto de um parque fotovoltaico na zona de Évora. O projeto de Alenquer terá 49 mil 452 painéis. Quanto aos demais projetos “estão em análise por parte dos serviços técnicos, e ainda vão passar por uma série de entidades”. Alguns deles entraram em consulta pública para serem apreciados pela Agência Portuguesa do Ambiente como o da Fotovoltaica Lote A que também se encontra neste concelho e o projeto da Central Fotovoltaica do Carregado da Enfinity Portugal Unipessoal Lda. Este último vai ficar nas freguesias de Triana e Santo Estevão – Alenquer, previsto para 132 hectares, 72 deles em infraestruturas. A linha elétrica possui oito quilómetros. O estudo de impacte ambiental não é claro quanto ao número de painéis fotovoltaicos. Terá uma potência de rede de 50,000 MVA e uma potên-

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cia instalada de 63,5 MWP. A energia produzida será entregue à Rede Nacional de Transporte através da construção de uma linha de muito alta tensão. O investimento é de 40 milhões de euros para um período de atividade de 30 anos. “É um projeto muito grande que se desenvolve sobretudo nas pedreiras da Calbrita”, acrescenta Folgado. Pedro Folgado considera que embora os projetos “sejam muito importantes para o país, podendo de certa forma mostrar uma nova realidade em termos do mercado de eletricidade e com isso fazer baixar a tarifa em alguns casos, estão a deixar esta zona do país exausta. Sendo que até podíamos deixar de comprar eletricidade no nosso caso, mas não tem de ser tudo aqui na região só porque estamos perto de Lisboa acrescido do facto de termos a Central Termoelétrica do Carregado neste território”. A região pode ser uma espécie de El Dorado da energia solar mas Pedro Folgado deixa taxativamente o recado de que em locais onde o PDM não o permite não abrirá exceções quanto à desafetação de terrenos da Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica

Será a partir desta propriedade em Virtudes e que vai até Ota que vai nascer um dos projetos mais ambiciosos para a região

Nacional (REN) para a instalação dos painéis propriamente dita. Sendo certo que a lei não prevê incompatibilidades para instalação destas estruturas em terrenos de REN, segundo a associação ambientalista, Zero. Outro dos projetos pertence à empresa Prodigy Orbit detida pela Solaria Energia que quer construir um parque fotovoltaico na zona de Casais da Marmeleira e conheceu recentemente a oposição do municí-

pio por pretender ficar numa localização onde a autarquia deseja construir um parque desportivo. O projeto foi indeferido pela Câmara numa primeira fase, mas as duas entidades estarão perto de um acordo porque a empresa já acedeu a diminuir a área do parque solar de modo a ser compatível com o uso que a autarquia pretende ter desse terreno pertença de um particular, aumentando dessa forma a potência por painel de

modo a rentabilizar o que espera do investimento. O Estado já pressionou as duas autarquias de Azambuja e de Alenquer para que aprovem estes projetos. “O secretário de Estado da Energia também já falou comigo sobretudo quanto a esse projeto para Casais da Marmeleira para que seja contemplado, e tentámos chegar a um ponto de entendimento com o promotor para que de facto pudéssemos conciliar os

interesses de ambos”. O governante “foi sensível ao nosso sentimento, mas o que lhe importa verdadeiramente é implementar os projetos seja mais aqui ou mais ali. Posso perceber que já houve um trabalho prévio muito grande dos promotores junto dos proprietários e com prazos muito apertados porque os lotes foram ganhos, a que se somam os tempos de execução, mas o município também pede algum equilíbrio nisto tudo”. PUB


16 Destaque O presidente da Câmara é da opinião de que “as questões ambientais estejam mais salvaguardadas” nesses estudos de impacte ambiental, sendo que a autarquia “pediu uma avaliação rigorosa junto dos serviços”. Contudo constata que “do ponto de vista visual não vai ser agradável andarmos a passear pelo concelho e vermos painéis de um lado e do outro”. O autarca tem por estes dias uma reunião com a Iberdrola Renewables que saiu de armas e bagagens da área do concelho de Azambuja para agora tentar a sua sorte para bandas de Alenquer. Os promotores disseram a Luís de Sousa que não estavam para aturar as quezílias políticas que a oposição está a fazer quanto a estes projetos. Recorde-se que a empresa no seu projeto para Vila Nova da Rainha previa investir 40 milhões de euros, numa obra para 200 hectares de terreno com 152 mil 440 painéis solares. Mário Parruca, presidente da junta de Vila Nova da Rainha,

Valor Local prevê que a empresa possa colocar o parque a apouco mais de 100 metros do limite entre o concelho de Azambuja e o de Alenquer. Face a esta panóplia de projetos, a Câmara de Alenquer diz que ainda não pensou em benefícios que possa negociar com as empresas. “Sabemos que a pressão é muito grande devido às metas do país com a União Europeia, apenas sei em conversa com colegas autarcas que normalmente estas questões acabam por ser pacíficas após implementação no terreno”. Há ainda outro projeto para este concelho como o da Suniger para a freguesia de Carnota para um espaço de 19 mil 896 m2. Ouvimos a oposição sobre esta nova realidade. O vereador da CDU, Ernesto Ferreira confessa não estar a par de algumas destas intenções. A sua opinião sobre o acumular de centrais solares nesta região é de que têm de ser vistas caso a caso, que “não há nenhuma oposição por parte

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Pedro Folgado aceita o novo desígnio mas acredita que a região não tem de ser a mais penalizada

do partido a estes empreendimentos mas que devem ser asseguradas todas as condições”, mas não deixa de considerar como preocupante o facto de estarem a nascer como “cogumelos”, fruto dos leilões promovidos pelo Estado. Quanto a contrapartidas para o

concelho concorda que se “negoceiem com os promotores destes projetos, principalmente no que respeita a empregos para as pessoas da região”. Dentro do possível, “com salários justos, não de baixo valor”. É da opinião de que as empresas deviam fixar a sua sede no concelho de forma

a pagarem os seus impostos em Alenquer. Outra das medidas com a qual concorda é com “faturas de eletricidade mais baixas para as pessoas do concelho.” Já o vereador do PSD, Frederico Rogeiro diz que a Câmara está a fazer uma gestão pouco criteriosa destes projetos que se estão

a apresentar. Se por um lado “o presidente veio para o Valor Local queixar-se de pressões do Estado, por outro, já levou pelo menos o da Central da Cerca em novembro a reunião de Câmara e sem grandes problemas aprovou este projeto, numa altura em que ainda não tinha chegado a consulta pública”. Aliás diz mesmo que nessa altura “ainda não estavam aprovados todos os pareceres para a adequação dos terrenos em termos de REN e RAN”. O PSD absteve-se na votação deste projeto em reunião de Câmara Frederico Rogeiro critica a posição da Câmara por emitir votos a favor sem estes pareceres das entidades competentes, e que depois de estarem aprovados raramente se tem acesso aos mesmos. Relativamente às ditas contrapartidas refere que se “os projetos forem bons devem ser aprovados”, independentemente de o município conseguir algum tipo de benefício em particular.

Benavente recusou projeto de grande envergadura junto à Nacional 118 concelho de Benavente tem sido abordado nos últimos anos por diversos promotores, “sendo que o nosso município está disponível para receber as diversas iniciativas que se apresentem quanto a energia limpa”. O autarca diz que o PDM aprovado nos últimos anos já reconhece o tipo de áreas que podem abarcar projetos dessa natureza, “mas como é evidente estes investimentos não podem ser a todo o custo”, principalmente em espaços que possam vir a colocar “em causa a nossa joia da coroa que é esta nossa riqueza paisagística”. Carlos Coutinho diz ainda que chegou a recusar um projeto de grande envergadura junto à Nacional 118 há alguns anos por colidir com os interesses do concelho. No concelho está construída uma linha para albergar um parque fotovoltaico de 70 hectares de Samora Correia até ao Infantado.

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Município tem agora em cima da mesa vários projetos de pequena dimensão

cochete mas recusámos porque achámos que teria um grande impacto visual.

No concelho de Arruda dos Vinhos, o interesse de promotores também é notório. Segundo o presidente da Câmara, André Rijo, “tem havido algumas sondagens e contactos exploratórios mas não se pode dizer que tenhamos sentido muita pressão nessa procura”. O autarca até indica alguns locais onde veria com bons olhos o surgimento de um parque desta natureza, nomeadamente, em locais circunscritos como em parte da Quinta da Murzinheira, ou na antiga lixeira da Carvalha, “após findar o período de pousio”. Para além disso em sede de alteração ao regulamento municipal das edificações urbanas, atual-

mente em discussão pública, “estamos a procurar facilitar a instalação de painéis solares e outras ferramentas/equipamentos que promovam a produção de energia através de fontes renováveis. Consideramos também que do ponto de vista legislativo, deveria existir uma flexibilidade na possibilidade de licenciamento das instalações destes painéis solares, até porque em matéria de rentabilização dos solos, poderia ser um fator que minimizasse o respetivo abandono, permitindo assim também uma maior eficácia no combate aos fogos rurais”, considera. André Rijo não vê entraves quanto a trazer uma estrutura deste tipo para o concelho, pois “o empenhamento é máximo, na medida em que entendemos que o desafio da neutralidade carbónica poderá ser alcançado a longo prazo, com políticas eficazes que promovam a produção de energia através de fontes renováveis.”

e a eficiência energética deverá chegar ao patamar dos 35 por cento. Portugal apresentou, à semelhança dos demais países europeus, junto da União Europeia o seu Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNEC) para o horizonte 2030. Este plano visa o estabelecimento, pelos estados membros, de metas e objetivos em matéria de emissões de gases com efeito de estufa, energias renováveis, eficiência energética, segurança energética,

mercado interno e investigação, inovação e competitividade, bem como uma abordagem clara para o alcance dos mesmos. Portugal prepara-se para cumprir o desafio para 2020, que passa por uma meta de 31,0 por cento de incorporação de renováveis no consumo de energia (a 5ª meta mais exigente da UE28). Até 2030 pretende construir uma estratégia rumo à neutralidade carbónica baseada na energia renovável assente na eficiência energética.

Concelho de Arruda dos Vinhos também procurado por empresários

Chama-se Central Solar do Infantado LDA, com potência de 14 mega watts e 42 mil 369 painéis. Existe anda outro projeto aprovado para Benavente na mesma área de grandeza. É da Smart Energy 1810 Lda. Não tem número de painéis mencionados segundo os serviços da autarquia, mas ocupará uma área aproximada de

250 mil m2. Entretanto existem mais 10 pedidos de pequena dimensão, sobretudo em nome de Orange Way Lda que são implementações de micro- geração. As centrais solares em causa estão afastadas de urbanizações. “Não sentimos nenhuma recusa destes projetos por parte da população, sendo que a Câmara en-

tendeu como necessários para o nosso futuro, e não estamos aqui a falar de centenas de hectares ocupados com painéis”. “Obviamente que não gerou postos de trabalho, apenas contribuímos dentro do possível para a demanda da energia limpa”, e lembra que teve uma proposta para 200 hectares junto à nacional para Al-

Descarbonização é palavra chave do Governo s metas que visam incluir as renováveis em larga escala no dia-a-dia dos portugueses são ambiciosas. Assim o Governo estipulou que até 2030, com base no pacote legislativo da União Europeia denominado “Energia Limpa para todos os Europeus”, as renováveis possam ter um peso de 47 por cento nos usos que fazemos da eletricidade no dia-a-dia. Nos transportes esse valor deverá ascender aos 30 por cento, por outro lado as emissões dos ga-

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ses com efeito de estufa devem diminuir entre 35 a 55 por cento e a eficiência energética deverá chegar ao patamar dos 35 por cento. Portugal apresentou, à semelhança dos demais países europeus, junto da União Europeia o seu Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNEC) para o horizonte 2030. Este plano visa o estabelecimento, pelos estados membros, de metas e objetivos em matéria de emissões de gases com efeito de estufa, ener-

gias renováveis, eficiência energética, segurança energética, mercado interno e investigação, inovação e competitividade, bem como uma abordagem clara para o alcance dos mesmos. Portugal prepara-se para cumprir o desafio para 2020, que passa por uma meta de 31,0 por cento de incorporação de renováveis no consumo de energia (a 5ª meta mais exigente da UE-28). Até 2030 pretende construir uma estratégia rumo à neutralidade carbónica baseada na energia

renovável assente na eficiência energética. Assim o Governo estipulou que até 2030, com base no pacote legislativo da União Europeia denominado “Energia Limpa para todos os Europeus”, as renováveis possam ter um peso de 47 por cento nos usos que fazemos da eletricidade no dia-a-dia. Nos transportes esse valor deverá ascender aos 30 por cento, por outro lado as emissões dos gases com efeito de estufa devem diminuir entre 35 a 55 por cento


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Valor Local

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18 Opinião

Valor Local

Pródigo nos números, parco em resultados… omprei um veículo híbrido que consumiria, ao que anunciavam, 3,8 litros/100 Km, a velocidade regular. O facto é que o consumo era sempre da ordem dos 6 / 7 litros, a velocidade constante de 120 Km. O que quero é exigir responsabilidades ao concessionário ou à própria marca e não sei como. Poderei anular o contrato?” Cumpre apreciar os factos e oferecer a solução que se nos afigura a que mais se compagina com o que as leis estabelecem. A situação em análise é, na verdade, susceptível de configurar * uma prática negocial desleal (enganosa), * eventualmente publicidade enganosa ou * contrato celebrado com base em erro sobre as qualidades da coisa. Enquadra-se, no entanto, tanto

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quanto se nos afigura, no âmbito das hipóteses de não conformidade da Lei das Garantias dos Bens de Consumo (alínea d) do n.º 2 do artigo 2.º): “Presume-se que os bens de consumo não são conformes com o

contrato se se verificar algum dos seguintes factos: …Não apresentarem as qualidades e o desempenho habituais nos bens do mesmo tipo e que o consumidor pode razoavelmente esperar, atendendo à natureza do

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso • Augusto Moita • Jorge Laureano Jacinto • João Santos • António Jorge Lopes Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt

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bem e, eventualmente, às declarações públicas sobre as suas características concretas feitas pelo vendedor, pelo produtor ou pelo seu representante, nomeadamente na publicidade ou na rotulagem.” A ser assim, como parece, o consumidor teria 2 meses para denunciar a não conformidade, após detectar as diferenças, de acordo com o que estabelece o n.º 2 do artigo 5.º - A da aludida lei: “Para exercer os seus direitos, o consumidor deve denunciar ao vendedor a falta de conformidade

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Mário Frota*

num prazo de dois meses, caso se trate de bem móvel…” E dentro dos 2 anos contados da entrega da coisa, já que esse é o prazo de garantia dos bens móveis, consoante o n.º 3 do enunciado artigo: “Caso o consumidor tenha efectuado a denúncia da desconformidade, tratando-se de bem móvel, os direitos atribuídos ao consumidor nos termos do artigo 4.º caducam decorridos dois anos a contar da data da denúncia…” E, de entre os remédios de que o comprador podia lançar mão, o da extinção do contrato figura como adequado à circunstância: podia, pois, pôr termo ao contrato, devolvendo o veículo e exigindo a restituição do montante pago ou o cancelamento do crédito concedido. Uma vez que a reparação do automóvel não parece satisfazer os interesses em presença. Tão pouco a sua substituição ou a redução adequada do preço. Que são os mais remédios previstos na lei. Independentemente da indemnização a que houver lugar pelos danos eventualmente causados ao comprador.

Mas o consumidor só pode agir contra o concessionário, que não contra o fabricante. Poderia eventualmente “voltar-se” contra o fabricante, de harmonia com o n.º 1 do artigo 6.º da lei, nestes casos: “Sem prejuízo dos direitos que lhe assistem perante o vendedor, o consumidor que tenha adquirido coisa defeituosa pode optar por exigir do produtor a sua reparação ou substituição, salvo se tal se manifestar impossível ou desproporcionado tendo em conta o valor que o bem teria se não existisse falta de conformidade, a importância desta e a possibilidade de a solução alternativa ser concretizada sem grave inconveniente para o consumidor.” Só – e tão só - para exigir a reparação ou a substituição da coisa. O que não é patentemente o caso! *Presidente da apDC- DIREITO DO CONSUMO - Coimbra PUB


Valor Local

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Opinião 19

Editorial:

Até sempre Joaquim Ramos onheci Joaquim Ramos antes ainda de ter assumido a liderança da Assembleia Municipal de Azambuja nos anos 90. Era João Benavente o presidente do município, e Ramos liderava a assembleia, salvo erro a seguir a Amadeu Bastos de Lima. O tempo passou depressa e com a saída de João Benavente para a Assembleia da República e com a súbita doença de Carlos Alberto Oliveira que até então seria o candidato natural do Partido Socialista

C

à autarquia, Joaquim Ramos tornava-se o “eleito” dos socialistas para cabeça de lista no ano de 2001. Foi a partir dessa altura que comecei a acompanhar o percurso de Joaquim Ramos no concelho de Azambuja, já que nos anos anteriores, a sua vida profissional passava pela Câmara Municipal de Lisboa como diretor municipal de ambiente e espaços verdes. No extinto jornal MalaPosta realizei com o Luís Leandro a primeira

entrevista a Joaquim António Ramos como candidato à Câmara de Azambuja. Ficou nessa altura conhecido na redação como o “JAR” – Joaquim António Ramos, tantas foram as vezes que tivemos de escrever a abreviatura do nome, num trabalho com várias páginas e onde se espelhava a sua ideia para o município. Durante estes últimos 20 anos, foram muitas as entrevistas e as conversas que mantivemos. Discordámos, concordámos, mas

Miguel António Rodrigues

sempre nos respeitámos. Fui alvo de elogios, mas também fui alvo de críticas, afinal o trabalho de um jornalista nem sempre agrada a um autarca que mantém uma visão das coisas, e que muitas das vezes não é bem entendida pelas populações e até pelos jornalistas. Das inúmeras conversas que estivemos juntos, recordo-me do seu projeto de reabilitação urbana de Azambuja e de Aveiras de Cima. Joaquim Ramos tinha como “mis-

são” mudar a cara das duas maiores freguesias do concelho, dizia-me muitas vezes. Foram muitas as notícias que dei à época nos diferentes media por onde passei até fundar em 2013 o Valor Local que surgiu duas semanas após o seu internamento na sequência de um ataque cardíaco. Muitas dessas notícias não agradariam, o pó e o incómodo das obras nem sempre foi bem entendido, mas ainda assim, as obras continuaram. Conheci um Joaquim Ramos pragmático e com um sentido de humor fora do normal. Um Joaquim Ramos que em determinada altura até considerou mandar demolir o Palácio das Obras Novas, cuja utilidade seria e ainda é bastante duvidosa, tal é a complexidade da gestão daquele espaço. Joaquim Ramos fica na história do concelho com decisões que marcaram a vida de todos. Da concessão das águas, aos “pilaretes”, passando pela requalificação do património onde se incluem os Palácios Frederico Arouca, as Escolas Grandella, o convento das Virtudes entre outros. Joaquim Ramos foi o primeiro a saber do Valor Local. Conversei

com ele e contei-lhe os planos, mostrou-se interessado até porque como referiu à época, a região precisava de um projeto de informação credível, e conhecendo ele o meu trabalho, deu a maior força à equipa. Infelizmente pouco tempo depois era hospitalizado e a sua vida a partir daí nunca mais foi a mesma. Ainda assim, a meu convite, ingressou como colunista no Valor Local em 2014. Ficou até dezembro de 2020 até não conseguir escrever mais devido à doença que o levou, um linfoma na garganta. Fizemos alguns projetos como o programa em vídeo “Alguns Dedos de Conversa” e preparávamonos para regressar agora na nossa rádio, mas a Covid alterou-nos os planos. Fica incompleta esta nossa missão, mas fica para memória futura tudo o que está para trás e a obra de um autarca que à sua maneira deu o que pôde e não pôde pelo concelho de Azambuja.

Riscos Existenciais: estará a “Hipótese da Dobradiça da História” a concretizar-se?

João Santos

unca o mundo registou tantas alterações como nos últimos duzentos anos. Este processo de transformação acentuada teve início com a Revolução Industrial. Em pouco mais de dois séculos, passámos da chamada “Indústria 1.0” para a “5.0”. Esta última, segundo muitos especialistas, a dar agora os primeiros passos. Durante grande parte da sua existência, o Homem conviveu com a ideia de que somente o embate de um asteróide na Terra ou algum acontecimento de natureza transcendental poderiam desencadear a sua extinção. Mais tarde, com a evolução do conhecimento, veio também a reconhecer-se, por exemplo, o potencial cataclísmico dos super-vulcões. Na atualidade, é ainda possível conceber outras formas de risco para a Humanidade, mas cujo impacto se projeta para um futuro relativamente distante. É disso exemplo a problemática da emer-

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gência climática. Mesmo que decidíssemos não combater o flagelo das alterações climáticas, dificilmente a Terra deixaria de ser habitável. Tornar-seia, decerto, menos resiliente e mais vulnerável a eventuais fontes adicionais de choque (fossem elas de origem natural ou antropogénica), mas não totalmente inabitável. No contexto deste texto, merece também destaque o vertiginoso crescimento económico que a história económica contemporânea regista. Este crescimento, impulsionado por uma transformação tecnológica sem precedentes, leva alguns académicos a afirmar que a realidade do presente não terá sustentação num futuro mais ou menos longínquo. Numa outra perspetiva, mais fatal, se considerarmos o cenário plausível de um acontecimento nuclear, a eventualidade de crises sanitárias como a pandemia por

Covid-19 e a possibilidade verosímil de acontecimentos desta natureza poderem ser planeados, a probabilidade de extinção da Humanidade aumenta definitivamente. Outro desenvolvimento atual a merecer o alerta da comunidade científica mundial é a Inteligência Artificial. De acordo com especialistas das diversas áreas do conhecimento, todos os aspetos desta dimensão tecnológica devem ser cuidadosamente programados. De outro modo, os resultados poderão ser catastróficos. De acordo com o filósofo britânico Derek Parfit (1942-2017), “em breve, teremos ainda mais poder para transformar não só o ambiente em que vivemos, mas para nos transformarmos enquanto seres humanos e aos nossos sucessores. Só agindo com sabedoria nos próximos anos a Humanidade sobreviverá ao seu período mais perigoso e decisivo.”

Um outro filósofo, o australiano Toby Ord, refere que “nos encontramos atualmente num momento muito especial da história da Humanidade, na medida em que as nossas ações têm potencial plausível para destruir o mundo.” Na verdade, não restam dúvidas de que atravessamos um tempo incomum. Ainda assim, também não é menos é certo que para outros proeminentes pensadores contemporâneos, o ponto em que nos encontramos corresponde a “apenas” mais um dos períodos de maior dinâmica transformadora que vão ocorrendo ciclicamente ao longo dos tempos. É o que pensa o professor William MacAskill, da Universidade de Oxford (Inglaterra). Este filósofo escocês defende que a história dos seres humanos poderá vir ainda a “estender-se por biliões de anos”. Para além disso, também salienta que o progresso da Humanidade

resulta de um processo de desenvolvimento já com dezenas ou centenas de milhares de anos (dependendo do momento considerado para reconhecer a relevância do papel histórico das civilizações). Assim sendo, se o objetivo é identificar o século mais crítico da história do ser humano, MacAskill refere que não é possível ignorar os biliões de anos que, potencialmente, temos pela frente. O filósofo remata o seu pensamento desta forma: “de todos estes anos, se o atual momento fosse o mais influente […] isso seria uma coincidência extraordinária, o que nos deve levar a desconfiar de qualquer raciocínio que nos conduza até essa conclusão.” Finalmente, independentemente das conceções filosóficas que relativizam o período que atravessamos e das que, ao invés, asseguram estarmos a viver a “dobradiça da História”, os filósofos contem-

porâneos não deixam de concordar em absoluto quanto à existência de algumas evidências que tornam este século excecionalmente importante. Por essa razão, as principais preocupações da atualidade merecem amplo consenso. Não restam dúvidas de que o combate aos chamados “riscos existenciais” requer uma maior determinação política nos processos de alocação de recursos aos setores considerados prioritários (saúde, ambiente, ética, solidariedade e dignidade). Só assim se reverterá o curso das atividades humanas perigosas e se mitigará as ameaças reais para o futuro próximo da Humanidade.


20 Cultura

Valor Local

Março 2021

Manuela Ralha e a luta pela inclusão no pelouro da Cultura em Vila Franca Miguel A. Rodrigues Concelho de Vila Franca de Xira tem dado passos considerados como “largos e seguros” no que toca à acessibilidade aos espaços culturais, isto de acordo com a vereadora da Cultura, Manuela Ralha, em entrevista à Rádio Valor Local. Destacando que o “trabalho nunca está acabado” a vereadora falou sem rodeios do acidente que sofreu e que a deixou numa cadeira de rodas desde 2004, e como isso a levou a pensar na forma de melhorar a vida das outras pessoas. É por isso que salienta que o seu mandato, tinha, entre outras premissas, a necessidade de expandir e descentralizar a área cultural em todo o concelho. Levar a Cultura que estava centrada nas cidades para as zonas mais rurais, foi de resto um objetivo, segundo a autarca, que quis “polvilhar” uniformemente o território. Numa espécie de balanço de mandato e em reta final do mesmo, falou do que pode ser o seu futuro político depois de ter estado à frente da Mithós, uma associação de apoio à multideficiência com sede em Vila Franca,

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Autarca quis tornar a Cultura mais inclusiva no concelho e desde 2017 como vereadora do executivo. Sem revelar se já foi convidada por Fernando Paulo Ferreira, o cabeça de lista do PS às próximas eleições, Manuela Ralha preferiu aproveitar o momento para dar conta da sua vi-

são cultural para o território, sublinhando que a diversificação da oferta foi um dos objetivos mais importantes, seu e da sua equipa. A vereadora fala num trabalho que teve em atenção uma vasta

oferta cultural, para vários públicos, desde o popular ao mais erudito, envolvendo também os agentes locais, tais como os artistas e grupos de diversa ordem cultural. Sendo este um trabalho inacaba-

do, a vereadora destaca, por seu lado, que tem vindo a fazer um esforço para alteração dos programas dos serviços educativos. Ao todo são mais de 80 os programas que foram alterados “para que todos os jovens, crianças e menos jovens pudessem ter acesso aos mesmos”. Manuela Ralha dá o exemplo de um programa que envolve as crianças. Chama-se “Ser arqueólogo por um dia”. Neste caso ficam a saber “qual o trabalho de um arqueólogo e como o desenvolve e acabámos também por adaptar este programa às crianças cegas através do tato”. Noutra vertente, o projeto também está adaptado a crianças com deficiência intelectual e de aprendizagem, surdas e com deficiência motora. Manuela Ralha dá apenas este exemplo, mas grande parte dos programas levados a cabo pelo município de Vila Franca de Xira, “têm uma vertente de inclusão, onde ninguém é esquecido.” Os projetos são levados também às escolas do concelho, mas aplicados igualmente nos diversos espaços municipais como são os casos dos museus.

Existem ainda, para um público mais velho, visitas ao património, às quais o município associou alguns roteiros destinados a melhorar a acessibilidade das pessoas aos vários equipamentos. Manuela Ralha dá como exemplo, os “Roteiros sem Barreiras” que são projetos específicos e acessíveis fisicamente “onde as pessoas com deficiência visual podem pressentir, podem tatear e sentir os monumentos e perceber do que estamos a falar”. A vereadora destaca também visitas específicas com linguagem gestual para pessoas surdas e guiões pictográficos, “com pictogramas, ou seja com imagens, e uma linguagem muito específica onde as pessoas com deficiência intelectual, ou em que o Português não é a língua materna, ou são analfabetas funcionais, conseguem seguir, por exemplo uma exposição através das imagens” conta a vereadora. A juntar a isso, a vereadora destaca por exemplo que para além dos guiões existe uma componente pictográfica em duas línguas, português e inglês. Ouça a entrevista completa em Podcast em radiovalorlocal.com PUB


Valor Local

Março 2021

Política 21

PSD candidata David Ferreira à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira Miguel A. Rodrigues avid Ferreira de 29 anos vai ser o cabeça de lista do PSD à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O Valor Local sabe que o nome foi votado pela concelhia esta quarta-feira e que se constitui como uma “forte aposta na renovação do PSD”, segundo uma fonte ouvida pelo nosso jornal. David Ferreira passou pela JSD onde foi presidente e nos últimos meses tem assumido uma posição de destaque na liderança da bancada da Assembleia Municipal substituindo o presidente da concelhia e anterior cabeça de lista àquele órgão, Rui Rei. Contactados pelo Valor Local, tanto Rui Rei, presidente da concelhia local do PSD, como David Ferreira, não quiseram comentar o assunto, preferindo destacar que o processo das autárquicas do PSD no concelho de Vila Franca de Xira será dado a conhecer atempadamente. O Valor Local sabe que a anterior cabeça de lista Helena de Jesus já terá sido informada pelo presidente da concelhia, sendo que

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ainda está em aberto qualquer posição para a atual vereadora com pelouros delegados pelo Partido Socialista. David Ferreira torna-se assim o cabeça de lista mais jovem, alguma vez candidatado pelo PSD à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Contudo há nomes que começam também a emergir para um possível ingresso noutros órgãos autárquicos, como são os casos das juntas de freguesia ou assembleia municipal. Não é líquido que Rui Rei volte a ser recandidato à Assembleia Municipal. No entanto por Vila Franca o nome de Fernando Pedro Moutinho começa a ter uma forte presença em tudo o que são conversas de bastidores do PSD. Moutinho que está de regresso ao concelho depois de ter passado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e pela Câmara de Lisboa, poderá ser uma aposta para a assembleia municipal, no entanto, também aqui, Rui Rei não quis falar sobre o assunto. No que toca a estas autárquicas, o PSD já deixou claro que uma

Candidato é o mais jovem de sempre apresentado pelo PSD possível coligação com o CDS terá de ter em conta a proporcionalidade de votos de cada partido.

Aliás, foi mesmo David Ferreira, agora candidato que o disse à Rádio Valor Local.

Este é um assunto que ainda está em cima da mesa e por isso estão agendadas algumas reuniões que

vão decorrer nos próximos dias com o CDS. Também aqui a concelhia limitase a informar que “nada está fechado”, mas o Valor Local sabe que em Vila Franca de Xira uma coligação com o CDS é bem vista pelos militantes, desde que as negociações sejam favoráveis ao PSD. Já no que toca a acordos com o PS, também David Ferreira à Rádio Valor Local, salientou que os mesmos terão de ser negociados de outra forma. O agora candidato diz não ter problemas em aceitar pelouros do PS, mas refere a necessidade de pesar os prós e os contras desse acordo. O PSD de Vila Franca está a ultimar as listas de candidatos, e o Valor Local sabe que estão bastante adiantadas, no entanto não conseguimos apurar os nomes que o PSD pretende levar a escrutínio. Quanto à restante lista à Câmara Municipal, sabe-se que tem estado a ser preparada e que nos próximos dias, David Ferreira, poderá dar conta de quem o acompanhará.

José Martins candidato a Aveiras de Baixo, “a freguesia mais esquecida” de Azambuja PSD de Azambuja vai apresentar como cabeça de lista à Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo José Martins nas eleições autárquicas deste ano. O PSD volta assim a apostar naquela freguesia, que liderou entre 2013 e 2017 com o então presidente Carlos Valada. Numa nota enviada à comunicação social, o PSD de Azambuja refere que Aveiras de Baixo, que engloba as localidades de Casais da Lagoa e Virtudes é “a freguesia mais esquecida do concelho” e por isso aposta em José Martins que é conhecedor dos problemas locais e residente em Virtudes, Antigo comandante do posto da

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José Martins esteve na GNR durante muitos anos e pretende dar outra dar nova dinâmica à freguesia

GNR de Azambuja e do então Núcleo de Investigação Criminal do Destacamento de Alenquer, José Martins é casado e pai de duas filhas, residindo em Virtudes há mais de 20 anos. Na mesma nota o PSD refere que o cabeça de lista “dedicou toda a sua vida à causa pública e a servir a comunidade”. Garante o agora candidato que pretende “trabalhar ao lado da população e “recuperar a importância que a Junta de Freguesia tem para as pessoas” tentando também ganhar aquela que foi a única freguesia liderada pelo PSD no concelho de Azambuja nos últimos 20 anos.

O candidato vinca no comunicado enviado às redações que de momento “a freguesia não tem equipamentos sociais, e para além disso perdeu a escola, nos transportes públicos: os cidadãos são tratados como de segunda e agora até se perdeu o posto de Saúde” responsabilizando o ainda presidente da Junta de Freguesia Carlos Periquito, eleito pelo Partido Socialista, de tornar “Aveiras de Baixo uma freguesia sem voz e sem capacidade para se impor à Câmara, que tudo retira à freguesia sem nada dar em troca”. Se for eleito, José Martins promete “ser presidente de Junta a tempo inteiro, 24 sobre 24 horas, 7

Hélder Carvalho é o candidato do PSD à Câmara de Arruda fastado da gestão da autarquia desde 2013, o PSD de Arruda dos Vinhos volta a tentar reconquistar um município onde já foi maioria absoluta durante vários anos com Carlos Lourenço. Depois das candidaturas de Lélio Lourenço em 2013 e de Luís Rodrigues em 2017, a aposta recai agora em Hélder Carva-

A

lho. O militante de base do PSD disse ter aceitado o convite das estruturas do partido porque “nos últimos anos, Arruda parou no tempo, em que é defendida uma política do alcatrão em vez de uma política virada para o bemestar das pessoas.” O candidato diz entretanto que vai contar com uma lista de pes-

soas que ainda não está fechada, que “ não dependem da política e que dão garantias de profissionalismo”. O objetivo é destronar o atual presidente da Câmara de Arruda André Rijo que nas últimas eleições conseguiu aumentar a votação socialista ao ponto de eleger seis vereadores para apenas um do PSD.

Candidato PSD a Arruda

dias por semana, durante os quatro anos do mandato”. Já Rui Corça, candidato à Câmara pelo mesmo partido e presidente da concelhia laranja, diz sentir-se orgulhoso por ter José Martins ao seu lado acreditando numa vitória do PSD. José Martins era até aqui membro do grupo do PSD na assembleia de freguesia de Azambuja. Em 2017 acompanhou o cabeça de lista Luís Otero nas suas listas. A saída das listas da assembleia de freguesia de Azambuja deixa ao PSD local a missão de o substituir, no entanto, ainda não é claro se Luís Otero voltará a ser candidato pelo PSD.


22 Economia

Valor Local

Março 2021

“Economia Indispensável” de João Santos para compreender a atualidade conomia Indispensável” é o novo livro de João Rodrigues dos Santos. Professor universitário e presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira na atualidade, o autor considera esta uma obra oportuna e importante para os dias que correm. Em entrevista à Rádio Valor Local, João Santos fala num processo de escrita demorado, tendo em conta as várias vicissitudes que o levaram a fazer este projeto em fases. A vida de autarca, na Junta de Freguesia, veio de resto atrasar este projeto. Os diversos eventos para os quais foi solicitado “cerca de trezentos num só ano” foram de resto parte do impedimento que o levaram a ir adiando o projeto, uma vez que como refere ao Valor Local, a missão de liderar a freguesia de Vila Franca de Xira tornou-se em algo superior ao livro.

“E

“Cheguei a ter mais de seis eventos num só dia. E isto tem a ver com as características e com a dinâmica da freguesia de Vila Franca de Xira” refere o autor. O livro foi terminado em novembro de 2020 e já está à venda nas plataformas digitais. Contudo João Santos, aguarda por melhores dias em conjunto com a editora a “Lisbonpress” para a apresentação formal, seja nas diversas lojas físicas na grande Lisboa, seja em Vila Franca de Xira, a cidade natal do autor. João Santos refere que março de 2020 foi o ponto de viragem. A pandemia e as aulas à distância fizeram que com o autor ficasse em casa e isso deu-lhe a possibilidade de terminar o projeto. Ainda que não tenha tido uma apresentação formal, João Santos diz estar contente com o volume de vendas, que “tem criado um sentimento novo, pois é uma grande responsabilidade”. Como

tal “ter tantas pessoas a ler o que escrevo também é uma honra, evidentemente”. João Santos compara a responsabilidade de ser autor deste livro à responsabilidade que sente todos os dias quando está à frente dos alunos no IADE – Universidade Europeia. Aliás, o autor vinca que este livro está a ter uma boa aceitação junto das várias comunidades escolares e que isso se traduz num “grande orgulho” e responsabilidade. Segundo o também professor este livro responde aos “fundamentos da ciência económica e aos princípios centrais em Economia: o da escassez; o da vantagem comparativa; o do princípio do custo de oportunidade; e o princípio do custo-benefício”. Este é um livro disponível na Fnac, wook e outras livrarias online e pode ser adquirido por cerca de dez euros.

Nersant debate Economia Social e estratégias de marketing e comunicação o âmbito do ciclo de workshops para o Terceiro Setor – CAFÉ IN Digital Social – a NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém dinamizou mais um webinar, desta vez sobre Marketing Social e Comunicação. Na sessão, a associação referiu que as instituições devem implementar um plano de marketing e marcar presença ob-

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rigatória nas plataformas digitais, através da criação de conteúdos criativos e que gerem contactos para a sua estratégia comercial. O Setor da Economia Social tem algumas particularidades quanto à implementação de estratégias de marketing e comunicação, uma vez que as instituições “não procuram clientes, nem pretendem vender um produto e, logo,

não procuram a obtenção de lucro”, começou por referir Sílvio Duque, orador convidado na sessão da NERSANT. No entanto, referiu ainda, é necessário que as instituições “passem a sua mensagem, em prol de uma boa imagem, de uma boa reputação e da notoriedade da própria marca”. O profissional, ligado há muitos PUB

às áreas do marketing e comunicação, referiu, por isso, ser importante que as entidades da Economia Social procurem desenvolver e implementar um plano de marketing, “onde deve estar patente o valor da marca e os seus objetivos”. No mesmo, deve contar, “onde, como e quais os canais” onde a mensagem das instituições pretende ser difundida. Na sessão, foi ainda explicado que o marketing e a comunicação têm vindo a sofrer alterações ao longo dos tempos, estando em contante evolução, acompanhando as últimas tendências ao nível da tecnologia. O digital, reforçou Sílvio Duque, não deve ser, por isso, descurado. “Marketing é, no fundo, identificar necessidade dos consumidores e satisfazer essas mesmas necessidades. O digital é apenas um dos canais”, referiu, acrescentando que esta via, pela sua crescente importância na vida das pessoas, requer especial importância. Sílvio Duque alertou, por isso, as entidades presentes para a ne-

cessidade de ter um website, reforçando ainda que ter um portal online não chega. “É necessário que os sites das instituições sejam dinâmicos, consigam recolher informação e dados de quem os visitam para que as instituições possam ter informações para afinar a sua estratégia comercial”, referiu. E como podem as instituições fazer chegar pessoas ao seu site? Através das redes sociais e do marketing de conteúdo. “As entidades devem ser criativas. Para além dos conteúdos chegarem com facilidade ao coração das pessoas, as instituições devem pensar fora da caixa, criando conteúdos inovadores e diversificados, como vídeos, por exemplo, que sejam partilhados posteriormente nas suas redes sociais”, referiu o profissional, acrescentado que “quem não está no digital, não consegue marcar posição de destaque face a outras organizações”. A assistir ao webinar, esteve Sónia Lobato, Presidente da UDIPSSS - União Distrital das Instituições Particulares de Soli-

dariedade Social de Santarém, uma das entidades parceiras da Feira Social Digital, a par do Banco Montepio. A responsável assumiu a importância da temática e referiu que as ferramentas de marketing e comunicação não devem ser descuradas pelas entidades. Informou ainda que a própria UDIPSSS está neste momento a trabalhar num novo portal, que responda às novas demandas do marketing e comunicação. O Presidente da Comissão Executiva da NERSANT, António Campos, agradeceu a presença dos cerca de 50 entidades participantes na sessão, referindo que o workshop se insere no ciclo CAFÉ In Digital Social, uma iniciativa da Feira Social Digital a decorrer até 31 de março com a participação de 118 entidades e empresas. O próprio certame é uma das ações da NERSANT para apoiar as IPSS a marcarem presença no digital. O dirigente da NERSANT deixou ainda o convite para visita à feira, em https://compronoribatejo.pt/feira/1-feira-social-digital.


Valor Local

Março 2021

Rádio Valor Local 23

Nuno Vicente homenageia músicos portugueses, de segunda a sexta, em Fogo de Artifício Sílvia C. d’Almeida uno Vicente é um homem de muitos ofícios. Foi jogador de andebol, treinador, radialista e funcionário público. Para além disto, fez teatro. Começou a dedicar-se à rádio, nos anos 80, numa das rádios pirata que existiam no concelho de Azambuja. Na altura, era responsável pela secção de desporto no boletim de informação. Após alguns anos longe destas lides, tempo no qual se dedicou à função pública, regressa com um novo programa de música, Fogo de Artifício, todos os dias de segunda a sexta das 11h00 à 13h00 na sua Rádio Valor Local em www.valorlocal.pt. Estreou-se na Rádio Ribatejo com 16 anos, primeiro na secção de informação e mais tarde na produção de programas. Passou pelas rádios Ateneu e Lezíria, ambas em Vila Franca, onde trabalhou com Miguel António Rodrigues, (diretor de informação do Jornal e Rádio Valor Local e seu amigo de infância), também em programação, numa parceria na área do entretenimento. Mas a sua entrada na

N

função pública, que coincidiu com a mudança de proprietário da rádio onde trabalhava, ditou o seu afastamento. Quando lhe perguntamos do que sente mais saudade desses tempos de juventude, na rádio, é assertivo: “ do companheirismo que se vivia naquela altura em que todos estávamos a experimentar algo diferente”. Foi jogador federado de andebol (como lateral direito) na adolescência, pelo meio foi também treinador desta modalidade no Grupo Desportivo de Azambuja. Foi responsável pelas equipas femininas e masculinas, e ainda colaborou com várias equipas de futsal. Como funcionário público trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa, no correio interno, até recentemente. A propósito de histórias engraçadas que se tenham passado na rádio, conta que tem uma com Miguel António Rodrigues: “A determinada altura trabalhávamos na mesma rádio, e o programa do Miguel era antes do meu, sendo que ele estava em estúdio e eu ainda em casa, e isto foi na altura da

queda do muro de Berlim. Ele fez uma chamada como se fosse uma transmissão em direto para os acontecimentos, mas quem de facto estava do outro lado era eu debaixo dos meus cobertores para

abafar o som. É lógico que toda a gente percebeu que foi uma piada, porque nem 40 minutos depois estava a apresentar o meu programa. Naquela altura fazíamos sátiras aos acontecimentos que ocor-

riam. Eu e o Miguel conhecemonos desde que nascemos. Brincámos juntos, jogámos à bola e partimos muitos vidros juntos. Temos muitas histórias, éramos inseparáveis.”

Nuno Vicente regressa às lides da rádio cerca de 30 anos depois da experiência nas piratas de Azambuja

Quanto aos géneros musicais favoritos, responde que não tem um estilo de eleição mas “Fogo de Artifício” é sobretudo uma homenagem aos músicos portugueses de hoje e de antigamente. “Tanto passo Sérgio Godinho como Fausto, Vitorino, como Dama, ou o Toy em conjunto com os Trivium. Não tenho um estilo específico.” Confessa que aposta sobretudo em passar música que diga alguma coisa às gerações adultas, principalmente a que nasceu na geração de 70. Procura, essencialmente, fugir “da rotina normal de uma playlist”. Considera-se um “sortudo” por poder estar a fazer este programa, que é de autor, e na rádio Valor Local, porque pode escolher o que passa, “sendo que noutras rádios hoje em dia isso já não acontece.” O radialista que fez neste dia 8 de março um programa especial “só com cantoras” portuguesas, em homenagem a todas as mulheres, lamenta, contudo, que não tenha sido possível trazer algumas delas a estúdio, derivado às restrições de prevenção e mitigação da Covid. PUB


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