Jornal valor local edição agosto 2017

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 52 • 24 Agosto 2017 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Os últimos Moinhos da Região

Destaque nas 12, 13 e 14

Uns ainda fabricam farinha, outros estão agora vocacionados para o turismo, e outros já fecharam por completo. Fomos conhecer as histórias de três moinhos na nossa região. Alguns já não esperam por melhores dias.

Sociedade na 2

Assaltos: Azambuja em estado de sítio Autárquicas 2017: Entrevistas com os candidatos à Câmara de Arruda dos Vinhos Porto da Palha: Batelões no Tejo vão ser retirados

Entrevistas na 16 e 17

Ambiente na 18


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Vandalismo: Azambuja em estado de sítio

Miguel A. Rodrigues reforço do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) da GNR tem dado resultados na diminuição da criminalidade. Esta é a conclusão a que chegaram as autoridades nos últimos dias. Com efeito, a onda de vandalismo que nos últimos meses tem assolado a vila de Azambuja provocou nos altos responsáveis da estrutura da GNR e no Ministério da Administração Interna (MAI) uma reação que não sendo imediata, “amainou” o sentimento de insegurança vivido na vila. Foi a própria ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa a informar o vice-presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio e a presidente da Junta Inês Louro que estaria iminente o reforço, tais eram já os relatos do comandante do posto de Azambuja e do destacamento de Alenquer face à falta de efetivos em Azambuja. Silvino Lúcio garantiu mesmo ao Valor Local que “a ministra estava a par de tudo o que se estava a passar em Azambuja” e salientou que a mesma terá garantido “o reforço imediato com alguns agentes e para o futuro com os militares saídos da academia em outubro próximo”. Aliás Silvino Lúcio salienta mesmo que esse compromisso está a ser

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Onda de assaltos tem semeado o pânico cumprido pelo MAI. Não só com a entrada em cena de elementos do NIC de Alenquer como com outros elementos vindos de outros setores da GNR. O Valor Local sabe no entanto, que para já estão presentes no terreno alguns homens do NIC de Alenquer. Fonte da GNR local garantiu o trabalho do NIC na madrugada azambujense mas não quis confirmar o número de efetivos nem se existiam outros militares a reforçar a vila, salientando que tal informação era reservada por questões de segurança. Certo é que desde que as patrulhas foram reforçadas, os atos de

vandalismo quase que se extinguiram, segundo a mesma fonte, apontando para duas tentativas de assalto frustradas, uma nas instalações da Unidade de Atendimento ao Público (UAP) e outra na repartição de Finanças, onde os ladrões não terão sido bem sucedidos. Num dos casos terão mesmo sido surpreendidos por moradores e pelas autoridades. A mesma fonte garante entretanto que os autores dos furtos em veículos e alguns atos de vandalismos estão já referenciados pelas autoridades, dado que os mesmos estão sob vigilância da GNR, tendo inclusive cadastro policial.

A onda de vandalismo que “varreu” Azambuja deixou os moradores de vários bairros e comerciantes em estado de nervos e em estado de alerta máximo. Alguns dos moradores, que não quiseram falar para a nossa reportagem, garantiram que se iriam constituir em grupos para tentar “apanhar esses tipos que todos sabem, inclusive as autoridades, quem são”. Numa breve conversa, um dos moradores referiu mesmo que nas últimas semanas tem estado de férias, e como tal passa a noite “na varanda à espera que apareçam”. Aos moradores juntam-se os comerciantes. Manuel Canha, co-

merciante no Largo do Espírito Santo em Azambuja, referiu ao Valor Local a necessidade “de a Câmara fazer alguma coisa” ameaçando que se a situação se repetir “no dia 29 os comerciantes vão à reunião de Câmara exigir medidas”. Entretanto, e a correr pelos vários estabelecimentos comerciais da vila, está um abaixo-assinado. Tal conta já com mais de 800 assinaturas e que será entregue no Ministério da Administração Interna. Por agora o posto de Azambuja tem cerca de 10 efetivos. Há guardas de férias, de folga, e de baixa médica e por isso as patrulhas noturnas estão limitadas. À noite chega a existir apenas um militar na central de comunicações, ao mesmo tempo que um elemento de Aveiras e outro de Azambuja patrulham o concelho com sete freguesias. Aveiras de Cima é nesta altura a única freguesia com um guarda noturno. O mesmo é cedido pela Câmara de Azambuja através da ACISMA, a associação de comércio local. António Torrão, presidente da junta, garantiu a eficácia do elemento “que já evitou algumas situações” mas admitiu que se existisse mais um ou dois elementos a sua eficácia seria muito maior. Já em Azambuja, é difícil manter

estes guardas-noturnos. Em tempos a vila teve dois, mas o baixo salário e a falta de apoio das empresas levou a que os mesmos se afastassem. Ao longo das últimas semanas o Valor Local com o objetivo de informar da melhor forma os cidadãos e leitores acerca deste fenómeno pediu uma entrevista ao comandante de destacamento da GNR de Alenquer. Esse pedido foi enviado ao próprio e às relações públicas da GNR mas aquela força de segurança nem sequer respondeu ao nosso email a solicitar tal. O nosso jornal enviou ainda um conjunto de questões para o ministério de Constança Urbano de Sousa também infrutiferamente. O mesmo chegou a ser direcionado para a GNR quando tinha algumas questões de ordem política, e mais uma vez ficámos sem resposta e sem capacidade de elucidar melhor os habitantes da freguesia de Azambuja. Nesse email gostaríamos de saber até que ponto a consistência de um patrulhamento de proximidade em Azambuja será possível no futuro, e se de facto o posto local será apetrechado com os necessários recursos humanos tendo em conta a necessidade de uma resposta mais duradoura no tempo, que não se esgote apenas na presente ação mais musculada com o objetivo de refrear esta onda ocasional ou não de vandalismo.


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Castro de Vila Nova de São Pedro finalmente limpo abre horizontes para novas descobertas epois de anos a fio a assistir à falta de manutenção do Castro de Vila Nova de São Pedro, com o aumento da vegetação e este a ficar cada vez menos acessível e visível, foi naturalmente em estado de euforia que ficaram os habitantes locais e não só com a limpeza do local e consequente vinda de uma equipa de arqueólogos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no âmbito do projeto “Vila Nova de São Pedro, de novo- no 3º milénio” que levou a cabo vários estudos de campo no local finalmente livro de silvedos e de mato. Graciete Moreira, moradora em Torre Penalva, e que é uma espécie de guia informal de quem visita este povoado do Calcolítico, Idade do Cobre, entre 3500 A.C e 2200 A.C, feznos novamente uma visita guiada como já o fizera há um ano atrás. Não tem dúvidas que as reportagens feitas pelo nosso jornal no ano passado acerca do Castro “deram uma grande ajuda para que se fizesse algo”. “A limpeza foi importante esperamos agora que aconteça mais alguma coisa. Era muito bom que pusessem sinalética e o viessem visitar. A equipa de arqueólogos andou aqui durante três semanas. Disseram que o projeto era para quatro anos. Vamos esperar para

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Agora já se pode olhar de outra forma para os vários aspetos do Castro

ver o que se segue”, refere esta moradora que aproveita para deixar mais uma achega, depois de ver a batalha pelo Castro ganha – “Agora era importante em Vila Nova de São Pedro colocar lá uma placa a dizer que a primeira escola primária mandada fazer entre 1918 e 1920 foi graças ao

senhor António Ferreira que não só pagou a construção da escola como a da casa para a professora”. Hoje esta escola serve de casa de habitação a uma neta do antigo proprietário encontrandose completamente restaurada. Era também António Ferreira o proprietário dos terrenos do Cas-

tro. A Câmara de Azambuja há largos anos que mantém conversações com a família no sentido de poder atuar no Castro, e levar a cabo escavações arqueológicas no local. Está em cima da mesa, neste momento, o pagamento de uma renda mensal a rondar pouco mais de 100 euros,

mas segundo Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, poderá ascender a mais de 200, porquanto e com estas últimas escavações foram detetadas novas descobertas e como tal a área de terreno a intervir será maior. As conversações nem sempre foram fáceis, e tal-

vez por isso demorou tanto tempo a almejada limpeza que não se fazia há mais de duas décadas, mas apesar de tudo espera chegar a bom porto. A oposição chegou a sugerir a expropriação dos terrenos face à importância do povoado, mas a ideia foi deixada cair entretanto.

Cartaxo

Semana da Aventura promete fazer as delícias dos amantes do Lego s peças coloridas da Lego vão chegar ao Cartaxo para uma semana de diversão e a acompanhá-los vai estar o mundo da robótica e da programação informática. Esta é uma iniciativa da Grau de Prova- Centro de Estudos e Escola de Línguas em parceria com o município do Cartaxo, e a Portugal Didático. Construir naves e estações espaciais ou seres extraordinários controlados à distância de um click, carros ultrarrápidos para

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atravessar estradas que levam a mundos paralelos é o que a Semana de Aventura promete deixar fazer a quem visitar o Pavilhão Municipal de Exposições de 19 a 24 de setembro. Ao longo dos dias do evento, miúdos e graúdos poderão ter acesso a construções interativas, demonstrações educativas, demonstrações a nível da lego robótica e uma grande exposição de criações feitas com elementos lego. De 19 a 21 de setembro, a organi-

zação assegura sessões gratuitas para escolas e jardins-de-infância com sessões lúdico-pedagógicas para desenvolvimento de competências básicas de montagem de legos. De 22 a 24 de setembro, a exposição está a aberta ao público em geral com entradas grátis para crianças com menos de cinco anos, e para alunos do 1º e 2º ano quando acompanhados por um adulto pagante. Estudantes a partir do 3º ano e adultos pagam três euros.


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Armando Batista deixa voluntários de Azambuja

“O desgaste emocional foi enorme” o fim de cinco anos Armando Batista comandante dos bombeiros de Azambuja anunciou a sua saída. Ao Valor Local o operacional confirmou que em causa estão circunstâncias pessoais ao nível do cansaço psicológico e físicos imanentes da exigência do cargo. O operacional nega entretanto que a sua saída esteja relacionada com algumas notícias de mau estar entre os bombeiros com vários processos disciplinares à mistura. O Valor Local sabe da existência de um processo disciplinar a um bombeiro, que não caiu bem ao efetivo, mas o operacional refere que isso não pesou na sua decisão. Armando Batista teve como missão “colocar a casa em ordem”. A sua vinda para os bombeiros de Azambuja, surgiu do convite do atual presidente André Salema, que quis profissionalizar a associação, sendo que o comandante por si convidado seria o primeiro na história da associação a ter um cargo remunerado. Armando Batista revela ao Valor Local que sai com o sentimento do “dever cumprido”. Deixa amigos na associação, sobretudo bombeiros com quem tem ainda hoje uma relação de amizade.

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O comandante vinca por outro lado que deixa “obra feita” e dá como exemplo a insistência na formação dos bombeiros, com a participação em vários cursos, algo feito em consonância com a direção dos voluntários de Azambuja que investiu “milhares de euros nos formandos”. Armando Batista salienta a aquisição de equipamentos de proteção individual para os soldados da paz, referindo mesmo que nesta altura “não faltam equipamentos aos nossos bombeiros” ao mesmo tempo que lembra a renovação da frota e as obras que o quartel está a sofrer. Apesar desta obra, que o operacional espera que seja respeitada pelo seu sucessor, Armando Batista prefere sair: “Há um desgaste emocional enorme. Sou um homem feliz, mas assumo que foram cinco anos muito duros”. Ao Valor Local acrescenta que “este é um corpo de bombeiros apetecível para muita gente. Já temos 15 funcionários e mais de metade deles estão dedicados ao socorro”. Por isso espera que o sucessor mantenha muito do que está feito, embora reconheça que “este é um desafio difícil”. O comandante revela que não pensava “que Azambuja fosse tão

já diz querer descansar, revelando que tem alguns convites para corpos de bombeiros, mas também para empresas privadas. André Salema recandidata-se à direção da corporação

Armando Batista passou cinco anos ao serviço dos bombeiros de Azambuja trabalhosa”. “Pensei que era um concelho mais calmo, e exemplifica com o socorro, mas também a nível da segurança com o gasoduto e o oleoduto. A sinistralida-

Estrada da Tesoureira: Arrancaram as obras definitivas oltaram a arrancar as obras na estrada da Tesoureira, (localidade da freguesia de Arranhó que faz fronteira com o município de Loures), cujo epílogo, espera-se, possa restabelecer as condições normais para os munícipes do concelho de Arruda nos seus trajetos habituais. O Valor Local acompanhou in loco no dia 23 de agosto uma deslocação do presidente da Câmara de Arruda, André Rijo, e de Paulo Piteira, vice-presidente da Câmara de Loures. Estima-se agora que este seja o derradeiro período para que a obra seja completada, mas ficámos a Intervenção foi acompanhada saber - sem a almejada via alternativa por comitivas da duas Câmaras que evitasse a demora nos trajetos. A população da Tesoureira encontrase desde há largos meses obrigada a fazer desvios até à freguesia do Milharado, concelho de Mafra, e Venda do Pinheiro, também no mesmo concelho num trajeto que chega a ir até aos 20 quilómetros no total da ida e volta. Paulo Piteira adiantou à nossa reportagem que as obras iniciaram-se nesta semana e vão prolongar-se por mais alguns meses. A Câmara de Loures é a responsável pela obra que recorde-se diz respeito a uma intervenção que se refere a um muro de suporte de estradas na EM 530-1 em Bucelas. A obra já deveria estar terminada mas a necessidade de mais estudos geológicos e de consolidação do talude e da estacaria acabaram por atrasar a intervenção que deveria ter sido concluída há vários meses. Esta quarta-feira no local, a autarquia de Loures falou numa “falha geológica ativa” que surpreendeu os técnicos. A estrada há várias décadas que oferecia instabilidade e perigo para os seus utilizadores. Para uma intervenção desta natureza, refere a autarquia de Loures, que “vai gastar mais de 444 mil euros”. “Mas não lamentamos isso porque temos de garantir que a via seja atravessada com segurança”. Contudo não será possível a via alternativa tão reclamada pela população local, “por razões de segurança dos seus utilizadores”. André Rijo, presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, congratula-se com o início das obras, e refere que “a responsabilidade política existe para os políticos que não assobiam para o lado face aos problemas”. “Vejo com perplexidade algumas críticas, pois são oriundas de pessoas que tiveram responsabilidades no concelho de Arruda”. Isso não invalida “que lamentemos os percalços existentes nesta obra”. Paulo Piteira relembrou ainda o que foi a vida desta estrada nos últimos 20 anos “com o trânsito a fazer-se alternadamente, com fissuras no pavimento, e com os condutores a assumirem sérios riscos”.

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de na Nacional 3, incêndios e outras emergências médicas”, desabafa vincando “Tudo isto leva a um empenhamento quase de 24 horas e por consequência a um

maior desgaste emocional”. Sobre o futuro, o comandante revela que espera há 14 meses para defender a sua tese de mestrado em ciências policiais e para

André Salema, presidente da direção, vincou por seu lado a total sintonia com o atual comandante e revelou ter iniciado contatos para a sua substituição. O responsável máximo dos bombeiros de Azambuja vinca o trabalho feito pelo atual comandante e anuncia a sua recandidatura à presidência dos bombeiros dentro de seis meses. André Salema que chegou a ponderar não se recandidatar devido ao desgaste que o cargo exige, salienta que a saída do comandante veio alterar a sua decisão. O presidente quer garantir tranquilidade no processo de transição e por isso anuncia a sua recandidatura, sem que esclareça quem o acompanhará na lista. Sobre o futuro comandante, André Salema garante as mesmas condições que Armando Batista usufrui, mas não revela a quem fez o convite, dado que sublinha, está ainda à espera de uma resposta.


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Maior evento de spinning acontece na Praça de Toiros de Arruda No ano passado a moldura de praticantes foi expressiva mas este ano promete superar

Praça de Toiros de Arruda dos Vinhos volta a receber no próximo dia 23 de setembro o maior evento de spinning e único em Portugal naquele tipo de recinto. Trata-se do Bike Tour 2017 que atrai centenas de participantes e curiosos a Arruda dos Vinhos. Ao

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todo são cinco instrutores, “sendo um deles um dos ‘masters portugueses’.”, refere Paula Caciones, uma das responsáveis pelo BikeStudio de Arruda, e pela organização do evento. A instrutora recorda que já tem muitas inscrições para a iniciativa de 23 de setembro e que esta

modalidade está em pleno crescimento não só no país, como em Arruda dos Vinhos e em Sobral de Monte Agraço, onde o Bike Studio tem outro ginásio. José Rodrigues, também da organização e instrutor de Spinning, recorda que esta iniciativa está englobada no fim-de-semana do

desporto de Arruda. O técnico reforça a ideia de que esta iniciativa tem ainda muito para crescer e por isso vinca a necessidade da continuação da mesma. Ao todo são três horas a pedalar, num evento “até porque é o único que é feito numa praça de toiros”,

refere José Rodrigues, acrescentando que o número de participantes tem vindo a crescer, sendo que um dos objetivos é elevar o BikeTour à categoria nacional. Sobre a importância desta iniciativa Paula Caciones refere que é relevante o fato de a mesma “fazer parte das Olimpíadas do des-

porto, dando a conhecer uma modalidade em crescimento e trazer a Arruda praticantes da modalidade do país inteiro ajudando assim a divulgar o concelho”, e lembra que o êxito do ano passado leva a que este ano já se registe inscrições de praticantes de norte a sul do país.

Abertas as inscrições para as piscinas de Azambuja ncontram-se em fase de conclusão as obras de requalificação do complexo de piscinas de Azambuja. Nas próximas semanas serão realizados os necessários testes e afinações aos equipamentos, de forma a garantir todas as condições para que a infraestrutura abra as portas a toda a população. Em simultâneo, será feito o arranque da época desportiva 2017/2018. Neste sentido, a autarquia informa todos os interessados de que estão abertas, na Unidade de Atendimento ao Público, as préinscrições para a frequência de aulas nas piscinas. Pretende-se que tudo esteja operacionalizado e as classes organizadas para iniciar as atividades durante o mês de outubro, logo que possível. Além de pistas para o designado “regime livre” – destinadas à utilização pública livre – as piscinas de Azambuja serão dinamizadas com aulas para bebés, de adaptação ao meio aquático e de na-

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tação, bem como aulas de hidroginástica. O nível de aprendizagem de cada aluno inscrito e a classe em que será integrado serão definidos pelos responsáveis técnicos após avaliação da primeira aula. Relativamente ao custo de utilização da piscina, o preço por hora no regime livre será de um euro e quatro cêntimos (até 16 anos de idade) e de dois euros e sete cêntimos (a partir dos 17). Quanto ao valor das aulas, as mensalidades irão dos 15 euros 52 cêntimos (1 vez por semana) aos 33 euros 12 cêntimos (3 vezes por semana). A pré-inscrição tem uma taxa individual de 10 euros 34 cêntimos e deverá ser feita na UAP-Unidade de Atendimento ao Público da Câmara Municipal, na Travessa da Rainha, preenchendo o formulário respetivo. A data para a abertura do complexo ainda não está definida. Luís de Sousa garante apena que será sem dúvida durante o mês de setembro.

Complexo prepara-se para surgir de cara lavada


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Samorense é agora artista acrobata e viaja pelo mundo fora

A incrível vida de Gonçalo Roque epois de ter conseguido alcançar a máxima evidência internacional na ginástica acrobática a representar as cores portuguesas, Gonçalo Roque, de Samora Correia, dedicou-se de há uns anos a esta parte a viajar em cruzeiros apresentando espetáculos relacionados com a sua disciplina mas como artista acrobata, como o próprio se define. Desde muito novo que sentiu o apelo da ginástica e treinou na Sociedade Filarmónica União Samorense e na Academia Gimnodesportiva de Samora Correia. Mais tarde passou pelo Ginásio Clube Português. Gonçalo Roque e Leonor Oliveira, seu antigo par, conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze em campeonatos internacionais. Hoje com 28 anos, e depois de um convite por parte do consagrado Cirque du Soleil acabou por abraçar a sua nova vida que diz adorar. Já passou pelas tours do “Pirates Adventura Show Mallorca” e “The Cirque Adrenaline Tour 2”. Ao Valor Local confessa que de início quando foi abordado em 2013 não pensou em seguir a carreira artística “pois sabia que teria de deixar a família e os amigos para trás para seguir esse sonho”. Mas dois anos depois deixou convencer-se pela magia desse mundo muito próprio. A viver o que diz ser uma “experiência única” na sua vida, não tem dúvidas de que “ama completamente” o que faz ao mesmo tempo que viaja pelo mundo integrado em cruzeiros onde os seus espetáculos são levados ao palco. “Sou um sortudo com a escolha que fiz ao seguir a vertente de artista acrobata”. Para isso diz ser im-

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prescindível o apoio da família, que funciona como “o pilar” fundamental para o facto de já ter conseguido somar tantos êxitos. O seu dia-a-dia é passado nor-

ginásio de uma hora), aproveita para conhecer ao máximo os locais onde os cruzeiros aportam. Neste momento, Gonçalo Roque no âmbito dos espetáculos que

consiste em ‘voar’ num pano ou em cordas executando diferentes tipos de transições”. O trabalho do artista samorense pode ser encontrado na sua página de fa-

taram as suas despesas quase todas enquanto ginasta. No Ginásio Clube Português, também teve “um grande apoio”. “Foi lá que conquistei os meus títulos

Gonçalo e a sua nova parceira, Kinga malmente entre treinos. Durante um cruzeiro de uma semana costuma fazer três espetáculos, sendo que um deles se reporta a uma criação sua executada por Gonçalo e a sua parceira. Quando não está envolvido nos treinos (normalmente por dia compreende um treino de acrobacia de cerca de duas horas e um treino de

apresenta faz um número de “Hand to Hand” (que é basicamente ginástica acrobática mas sem as regras desse desporto, com a criação de diferentes posições ou transições para que o público “reaja”, o que “é o mais importante”). “Faço também trabalho de aéreos, seja com a minha parceira ou sozinho, que

cebook ou instagram - Duo Destiny. Quando se recorda da sua vida como ginasta, lembra que em relação aos apoios foram sempre escassos – “Toda a gente sabe como eles funcionam em Portugal, ou melhor, não funcionam”, demonstra. Os seus grandes apoios foram os pais que supor-

mais importantes e estarei sempre grato a essa instituição, que para mim é a minha segunda casa”. “Estarei eternamente agradecido por tudo o que fizeram por mim”. Mas hoje confessa que consegue dedicar-se totalmente à sua nova carreira, enquanto que na altura em que exercia a profissão de ginasta

não conseguia viver apenas dela, o que “era bastante desgastante”. Exigência é palavra de ordem no seu dicionário, e isso traduz-se nos treinos. “Esta é a minha profissão e tenho a sorte de amar completamente o que faço. Dedico-me a 300 por cento, pois só assim conseguirei prosseguir o nosso (seu e da parceira) sonho”. Podendo dedicar-se ao mundo da acrobacia artística, neste momento, refere que a remuneração varia bastante consoante o sítio onde se trabalha. “Quanto melhor se apresenta o produto final, melhor será o valor que se pode pedir”. E traduz isso na seguinte equação – “Melhores acrobatas, maior nome, melhor remuneração”. Não se podendo ser eterno neste meio, confessa que “temos que pensar que dificilmente se pode ser acrobata com 50 anos, como acontece noutras profissões”, refere. Quanto a Samora Correia está sempre no seu pensamento, e tem com ela uma “relação muito íntima”. “Amo completamente a minha cidade e é para lá que corro quando regresso a Portugal. Tenho lá os meus melhores amigos, a minha família e todas as minhas tradições. É um local que faço questão de mostrar a todos os meus amigos estrangeiros que me visitam e pelo qual se apaixonam completamente”. Para Gonçalo, Samora “é a cidade que me viu crescer e que me tratou sempre com carinho e é por isso que me sinto tão bem lá”. Mas para já o regresso não se afigura pois o seu projeto de vida passa por fazer espetáculos pelo mundo fora.

Festas da freguesia de Azambuja com várias novidades este ano vila de Azambuja vai receber de 15 a 17 de setembro mais uma edição das Festas da Freguesia. Estas festas em honra da Nossa Senhora da Assunção apresentam-se este ano com muitas novidades. Desde logo as largadas de toiros deixaram a Várzea do Valverde e passam para o centro da vila. Segundo Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia local, esta é uma forma de “ajudar também o comércio local” nomeadamente a restauração, que não beneficiava das largadas na Várzea do Valverde. Por outro lado, a autarca sublinha o caráter inovador de trazer as largadas para o centro da vila. Rejeitando as comparações com a Feira de Maio, Inês louro vinca que as largadas, embora em me-

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nor escala “cumprem todas as regras de segurança” reforçando as reuniões já mantidas com a proteção civil, bombeiros, e GNR para a colocação das ambulâncias e criação de rotas de evacuação para as mesmas. Ao Valor Local, a autarca salienta que as largadas decorrerão sexta e sábado pelas 21h30 entre o largo da Câmara e o posto de turismo, abrangendo assim parte importante da vila de Azambuja. A juntar às largadas, Inês Louro, vinca a procissão em Honra da Nossa Senhora da Assunção, padroeira da vila de Azambuja, seguida pela celebração da missa na Igreja Matriz de Azambuja no domingo pelas quatro da tarde. A esta procissão, antecede a bênção do gado no largo do município, o que se traduz num dos

momentos altos destas festas. Para além da música, com djs e os ATOA, as festas de 2017 prometem ainda muitas outras novidades como o lançamento do site fazazambuja.pt. Trata-se da nova imagem da freguesia onde estarão por exemplo as referências ao património cultural azambujense. Ao mesmo tempo, a junta de freguesia vai colocar sinalética em todos os monumentos e edifícios locais com a sua discrição. Mas as festas da freguesia também se fazem com as tertúlias e com os campinos. As tertúlias juntam-se habitualmente durante as festas, mas confraternizam sábado com um almoço convívio. Já os campinos juntam-se em cortejo no sábado de manhã, onde percorrem as ruas da vila.

Inês Louro aposta forte na realização das largadas no Largo da Câmara


8 Dossier: Águas

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Estado de coisas melhorou mas ainda é dor de cabeça

Aveiras de Cima ainda à conta com faltas de água e ruturas

Água continua a faltar com frequência nas torneiras em Aveiras de Cima

m 2016, as constantes faltas de água aliadas a ruturas deixaram a população de Aveiras de Cima à beira de um ataque de nervos durante o verão. Os munícipes chegaram a ficar várias horas sem água nas torneiras. Depois de muitas promessas, resultado de queixas da popula-

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ção, o estado de coisas apenas melhorou ligeiramente. A empresa concessionária em declarações ao Valor Local confessa que de facto o problema, neste momento, apenas está parcialmente colmatado. O eixo Aveiras de Cima- Alcoentre é um dos que se encontra no

caderno de investimentos da Águas da Azambuja que aguarda, de acordo com a empresa, pelo licenciamento de entidades externas. Esse plano de investimento ronda um milhão de euros. Para já a empresa refere que tem apostado numa redundância (ou seja mais alternati-

vas) no sistema de abastecimento de água às freguesias de Aveiras de Cima, Aveiras de Baixo e Vale do Paraíso para fazer face à questão. Ouvido pelo Valor Local, o presidente da junta de freguesia de Aveiras de Cima, António Torrão, refere que “na semana passada

houve novamente uma rutura no sítio do costume, junto à Oficina dos Sabores, que durou desde as seis da tarde até à uma da manhã”. Há duas semanas atrás já tinha havido outra. “O problema continua a persistir embora sem o impacto do ano passado em que tivemos quatro ou cinco”. O autarca mostra-se muito agastado com a forma de proceder do município “que promete investimento e depois não faz nada”. Sendo certo “que à junta nada foi mostrado no concreto ainda”. António Torrão lembra que as tubagens de água feitas em fibrocimento “já ultrapassaram em muito o período de vida útil de 25 anos, ao chegarem neste momento quase aos 30 e tal”. O presidente da junta diz sentir-se revoltado, e lembra que no ano passado houve quem lhe apontasse o dedo, quando o autarca levantou a hipótese de um boicote ao pagamento das faturas. “Uns senhores acusaram-me de querer fazer um levantamento, dando a ideia de que as pessoas poderiam ter de pagar milhares de euros em multas se boicotassem o pagamento da fatura naquele mês”. O vice-presidente da Câmara, Silvino Lúcio, reconhece que Aveiras de Cima necessita desta “obra infraestruturante como de pão para a boca” no sentido da substituição dos canos, e que

compreenderá ainda “a picagem na Silheira (Cadaval), a entrega no Cercal, e o abastecimento via Alcoentre, Aveiras de Cima, Vale do Paraíso e Casais da Lagoa”. No fundo inverter o ciclo de entrega da água. Recorde-se que a Câmara de Azambuja chegou a referir que até final de 2016 esta obra avançaria mas ainda continua a aguardar. O vice-presidente refere que o diálogo com as empresas de serviços como as telecomunicações, entre outras que têm as suas infraestruturas a atravessar a nacional 3 também não tem sido fácil no sentido de se começar as obras. “Tudo isto tem atrasado imenso o desenrolar normal dos trabalhos”. Silvino Lúcio dá conta ainda que as freguesias de Aveiras de Cima, Aveiras de Baixo, e Vale do Paraíso passarão a ser abastecidas pela água de Castelo do Bode terminado o investimento, e não através da Estação de Tratamento de Águas (ETA) de Vale da Pedra ou seja proveniente das águas superficiais Tejo, como tem sido até agora. Face a isto o sabor da água da torneira poderá melhorar significativamente, acredita o autarca. “Sabemos que o Tejo tem muitos problemas de poluição, apesar de obviamente essa água ser tratada e corrigida ao entrar na ETA, em obediência a todos os parâmetros”, concretiza.


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Negócios com Valor 9

InforTaurus sempre inovadora no mundo da informática om sede na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, a Infortaurus dá cartas desde 1995. A empresa que tem como base a informática, foi fundada por Nuno Caroça e Michael Ferreira. Abriu primeiro em Santa Iria da Azóia e depois passou para a atual localização. Em conversa com “Negócios Com Valor”, Nuno Caroça, um dos fundadores da empresa, salienta que tudo começou na faculdade. Nuno e Michael Ferreira partilhavam o mesmo sonho de criar uma empresa de informática, “numa altura em que a própria Internet estava a dar os primeiros passos”, lembrando que “ter um computador, na altura, com 8 mb de memória era um luxo, quando hoje o normal é cerca de mil vezes mais”. A marca surge em dezembro de 1995 e avança posteriormente para a Póvoa de Santa Iria, pois esta zona à época encontrava-se em “franco crescimento populacional e comercial”. “Existia uma carência no que diz respeito a uma oferta de qualidade na comercialização de equipamentos informáticos e prestação de serviços”, recorda Nuno Caroça. O início foi atribulado, refere o gerente, que enfatiza os 22 anos “bastante positivos” da Infortaurus. As peripécias do início desta empresa não são diferentes de tantas outras. A diferença é que a Infortaurus “vingou” e na altura graças à ajuda do avô de Nuno Caroça, pois ele e o sócio não tinham dinheiro suficiente para o capital social. Aliás Nuno Caroça salienta mesmo que foi do falecido avô que herdou “a veia empreendedora”. Com apenas 21 anos, este foi um passo importante na vida de ambos os gerentes – “Um passo de gigante em termos de responsabilidade sustentado num crescimento sólido, correndo os riscos necessários do negócio, sem ceder a tentações de despesas supérfluas”, garante. Nuno Caroça e Michael Ferreira eram professores e por isso o facto de haver outra fonte de rendimento “permitiu-nos capitalizar a empresa nos primeiros anos”.

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A Empresa numa das ações de formação numa escola em Sacavém

Em 1998 a empresa compra as atuais instalações “que ficaram totalmente pagas em 2008”. Foi nesse ano que Nuno Caroça dedicou-se em exclusivo à empresa. No entanto, e no caso de Michael Ferreira, este continua a lecionar. Vinte e dois anos depois, existe “uma carteira de clientes estável, quer particulares, quer empresariais, mas estamos sempre dispostos a receber novos clientes nas diferentes áreas de atuação da empresa”. Todavia a InforTaurus para além de se dedicar aos particulares e empresas com material informático, aposta também nos serviços de assistência técnica a todo o tipo de equipamentos, “resolvendo problemas quer de hardware, quer de software.”

Para além da comercialização de consumíveis, segundo Nuno Caroça, a empresa tem ainda uma forte aposta na formação. Esta é ministrada a crianças e adultos, vincando a existência de protocolos com diversas entidades Todavia, numa época fiscalmente tão exigente, a Infortaurus dá também apoio nesta área com a comercialização e apoio a software de gestão comercial, terminais de ponto de venda, contabilidade e recursos humanos. A juntar a isto, a empresa que se encontra em franco crescimento dá ainda apoio a cerca de 300 clientes “que têm programas SAGE”. “Este tipo de software é de extrema importância para o sucesso do negócio. Sendo fundamental que exista um bom acompanhamento profissional do

qual nos orgulhamos”, e anuncia uma parceria com uma outra empresa “produtora de software que desenvolve aplicações para gestão comercial, muito por vontade de potenciais clientes que se sentem mal apoiados por quem lhes forneceu outras soluções, permitindo assim à Infortaurus abrir o leque de opções à disposição dos atuais e novos clientes”. Todavia em 22 anos muito mudou na informática, e por isso estas mudanças “obrigam-nos a não só estar muito atentos às novas tendências, mas estar em constante processo de angariação de novos conhecimentos”. “Hoje com o acesso fácil à informação, temos que apostar sempre na diferenciação e apresentar soluções customizadas aos nossos clientes”

Nuno Caroça


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Água da torneira é mais segura e na região empresas e sistemas mantêm fasquia alta Apesar de ainda existir receios, Portugal é um dos países da União Europeia onde é mais seguro estender um copo para a torneira lá de casa e assim matar a sede. A água engarrafada continua a ser inseparável de muitos portugueses, mas de acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), com base em dados de 2016, a água para abastecimento atingiu os 99 por cento de segurança. Se em 1993, esse indicador era apenas de 50 por cento, tal significa que o avanço é significativo. Neste trabalho fomos saber o que alguns sistemas e concessionárias estão a levar a cabo tendo em conta estes indicadores. Sílvia Agostinho o caso da concessionária que serve o concelho de Azambuja, “Águas da Azambuja” esta tem obtido o selo de qualidade da entidade reguladora, sendo das que se situa num dos “patamares mais elevados do país”, de acordo com Isabel Pires, diretora da concessionária local. Neste concelho, a água distribuída é totalmente adquirida à entidade em alta Águas do Vale do Tejo, havendo por isso um compromisso quanto a “um controlo bastante exaustivo” da sua qualidade quer pela entidade produtora, a EPAL, quer pela entidade em alta, a Águas do Vale do Tejo, mas também pela própria Águas da Azambuja. Cada uma destas entidades tem

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da em alta pela EPAL ou pela Águas do Vale do Tejo, “a sua perceção pode variar ao longo do ano não estando em causa a sua potabilidade.” “A ERSAR recomenda algumas práticas para o consumidor uniformizar essa perceção, como por exemplo arrefecer ou aromatizar a água consumida.” O combate às perdas de água é outra das preocupações dos sistemas contactados pelo nosso jornal, e para a Águas da Azambuja centra-se em duas áreas chave: por um lado as perdas físicas na rede de distribuição e as perdas comerciais por via de roubos ou ineficiência do parque de contadores. Em todas estas áreas existem procedimentos permanentes de monitorização e avaliação que ten-

Investimento 3 milhões 874 mil euros um Plano de Controlo de Qualidade da Água (PCQA) autónomo, anualmente aprovado pela Entidade Reguladora: ERSAR. Para além deste controlo e do controlo operacional que todas estas entidades promovem nas suas rotinas de operação, existe ainda a vigilância sanitária assegurada pela Autoridade de Saúde, que procede regularmente à monitorização da água distribuída. Complementarmente a este controlo apertado da qualidade da água distribuída, a Águas da Azambuja implementou ainda em 2012 um Plano de Segurança da Água, integrando assim “as melhores práticas do sector”. Ainda de acordo com a avaliação da ERSAR, historicamente o município de Azambuja sempre teve “um bom desempenho em termos de qualidade da água para consumo humano”. Mesmo assim, há a perceção geral por parte da população do concelho de que a água da torneira fica aquém em termos de sabor. Neste aspeto, refere, Isabel Pires, que tudo depende da origem, temperatura, características naturais e processo de tratamento e desinfeção que asseguram a potabilidade do líquido em causa. Sendo a água distribuída em baixa produzi-

dem a reduzir o volume de água não faturada. “No final de 2016, as perdas de água eram inferiores a 22 por cento, bastante abaixo da média nacional”, deduz a responsável. Desde o inicio da concessão, o valor do investimento no concelho por parte da Águas de Azambuja foi de 3 milhões e 874 mil euros, 36% afeto à componente água e 64% ao saneamento. SMAS de Vila Franca estão a ultimar o seu Plano de Segurança da Água Já no concelho de Vila Franca de Xira, os Serviços Municipais de Águas e Saneamento (SMAS) dão conta que a água é na sua totalidade comprada à EPAL, entidade em alta. De forma a garantir e melhorar a qualidade da água na torneira dos consumidores, que neste concelho também recolhe o selo de qualidade da ERSAR, têm sido implementadas algumas estratégias – Atendendo às características da água, perfil de consumo em cada rede de abastecimento e características físicas da própria rede, têm sido instalados em pontos estratégicos da mesma, postos de recloragem da água, nos quais é aplicado um reforço de desinfe-

Perdas de Água Azambuja - 22% Smas Vila Franca de Xira - 18% Águas do Ribatejo - 34% tante para que seja garantida a barreira de segurança sanitária, mantendo-se a concentração adequada de desinfetante residual ao longo de toda a rede de abastecimento. António Oliveira, presidente dos SMAS, acrescenta ainda neste ponto, que a aquisição de equipamentos automáticos para doseamento e controlo da concentração de cloro residual livre na água, com acesso online aos valores de cloro residual existentes na água distribuída, permite uma gestão mais eficiente da qualidade da mesma. É também importante apostar “na qualificação dos recursos humanos” com “equipas jovens, de operacionais motivados e com formação específica para a realização das tarefas de tratamento da água e controlo do mesmo”, bem como a “certificação dos técnicos de colheita de amostras de águas”. Neste concelho, os SMAS executam a subcontratação de análises de amostras de água, a laboratório externo, no âmbito do Programa de Controlo de Qualidade da Água de consumo humano. Ainda no que respeita à segurança da água que chega todos os dias à torneira dos munícipes, tem-se apostado também na intensificação das ações diárias de controlo operacional da água distribuída, com base em prévia avaliação do risco associado a cada componente da rede de abastecimento, e realização de análises diárias de controlo interno da qualidade da água, em laboratório próprio, em comple-

de abastecimento do concelho de Vila Franca de Xira só possível através de ações concretas como a realização de obras de remodelação da rede de abastecimento de água, ao longo de todo o concelho, eliminando pontos críticos da mesma; realização de obras de manutenção/conservação de reservatórios de água; execução de campanhas anuais de higienização dos reservatórios de água; monotorização periódica das instalações e equipamentos por forma a assegurar o seu normal funcionamento e atuar preventivamente em caso de necessidade. Os SMAS adiantam ainda que no ano de 2016, o investimento referente à renovação das redes de abastecimento de água, aquisição de equipamentos e demais ações que contribuem para “a melhoria da qualidade da água fornecida” foi de aproximadamente 1 milhão 596 mil euros, correspondendo a cerca de 41% do Plano Plurianual de Investimento. Desta forma, e para esta entidade, os selos de qualidade da ERSAR, atestam assim “a boa qualidade da água distribuída bem como a eficiência das práticas utilizadas”. “Contribuem para um aumento da confiança por parte dos consumidores, de que a água da torneira tem qualidade, fruto de todo o empenho e esforço das equipas que diariamente trabalham para que a água chegue às torneiras não só em quantidade, mas com uma qualidade de excelência comprovada.”

Investimento 1 milhão 596 mil euros mento das análises obrigatórias, permitindo “uma atuação preventiva face a possíveis desvios da qualidade da água”. Neste momento, os SMAS estão a ultimar o seu Plano de Segurança da Água a implementar no sistema

Também as perdas de água são um dos combates levados a cabo por este sistema, que todos os anos tem apostado na monitorização dos caudais noturnos, consumos fantasma, ligações fraudulentas e identificando possíveis rotu-

ras e fugas na rede, o que representa “um investimento avultado, mas que a longo prazo beneficia o ambiente e os clientes”. Para além disso, atentos a esta realidade, os SMAS de Vila Franca de Xira, fizeram também um investimento na aquisição de uma viatura que possui equipamento de última geração, o qual permite fazer a deteção de fugas e micro roturas antes de estas se tornarem significativas, sem a necessidade de abrir o pavimento, o que minimiza os custos da intervenção assim como os incómodos para as populações daí resultantes. Noutra vertente, os SMAS têm procurado estar atentos às perdas que possam resultar da submedição de consumos com a substituição de contadores antigos. Além disso, tendo em conta uma “política de melhoria contínua” dos seus serviços centrada no cliente, os SMAS de Vila Franca, investiram este ano numa aplicação para smartphones, o MyAQUA, disponibilizada gratuitamente aos consumidores. Esta permite “a comunicação de anomalias como roturas, anomalias relacionadas com a qualidade da água; problemas de pressão, faltas de água, e ainda a consulta e gestão dos dados dos contratos, a consulta e comunicação de leituras e da faturação.” Em Vila Franca de Xira os serviços registam perdas de água na ordem dos 18 por cento, valor “bem abaixo da média nacional de 30 por cento de perdas e uma das mais baixas da Área Metropolitana de Lisboa”, refere António Oliveira. No que respeita a campanhas de sensibilização, os SMAS de Vila Franca de Xira, têm desenvolvido várias ações que contribuem para esse fim nomeadamente as realizadas no âmbito das comemorações do dia mundial da água e do dia mundial da criança, tais como: dinamização de sessões pedagógicas nas escolas do concelho sobre água e a sua utilização de forma sustentável; distribuição de copos “retráteis” com logotipo dos SMAS e outros brindes, apelando ao seu uso para beber água da torneira; realização de jogos didáticos alusivos à poupança de água, à sua boa utilização e qualidade; mostra interativa do circuito


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Agosto 2017 da água desde a captação até ao esgoto, passando pela utilização nas habitações. Destaque ainda para a elaboração de folhetos sobre a qualidade da água de abastecimento e redes prediais, distribuídos em ações de sensibilização ambiental disponíveis no site dos SMAS de Vila Franca; e a exibição de um filme sobre as atividades deste sistema municipal. Águas do Ribatejo sublinha investimento de 40 milhões

A Águas do Ribatejo (AR) detida a 100 por cento pelos municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas exemplifica que o seu esforço na consolidação dos bons indicadores de qualidade da água assenta em grande parte no investimento efetuado até aos dias de hoje, cerca de 40 milhões de desde 2009. “A segurança e a qualidade do abastecimento de água são fundamentais para a Águas do Ribatejo (AR)”. Resultado desta “preocupação” é a construção de nove esta-

Cartoon: Bruno Libano

ções de tratamento de água em oito anos de gestão dos sistemas de abastecimento. “Realizamos cerca de 10 mil análises por ano em laboratório certificado e cujos resultados reportamos à ERSAR, autoridade de saúde, municípios e freguesias”, refere Francisco Oliveira, presidente da AR, que sublinha ainda o “controlo operacional de qualidade efetuado diariamente a alguns parâmetros como pH, cloro residual e turvação”. Toda a informação é disponibilizada aos clientes e consumidores no site www.aguasdoribatejo.com. Praticamente dois terços do orçamento de exploração da AR destinam-se a assegurar o fornecimento de água com qualidade e em quantidade, a todos os utilizadores. A empresa intermunicipal salienta ainda que, desde 2009, foram investidos nos sistemas de abastecimento de água dos vários municípios cerca de 40 milhões de euros, visando sobretudo “aumentar a qualidade e fiabilidade dos mesmos e, consequentemente, prestar um serviço de elevada qualidade a todos os cidadãos”. Muito se tem falado na questão do manganês e com isso o facto de por vezes a água correr nas torneiras com alguma turvação, consequentemente a AR refere que com a entrada em funcionamento das novas Estações de Tratamento de Água (ETA), a presença daquele metal em águas subterrâneas é removido antes de esta entrar nos reservatórios. No entanto, são ainda alguns os quilómetros de rede de distribuição que necessitam de limpezas constantes por acumularem este elemento antes da entrada em serviço das ETA, operação que é realizada de “forma sistemática”. Apesar de esta empresa surgir com bons índices de qualidade da água, nunca ganhou um selo de qualidade exemplar da água da ERSAR pelo menos naquilo que é o registo da última edição em 2014. Neste aspeto, Francisco Oliveira dá conta que os selos são atribuídos em função de um conjunto de critérios. “A AR cumpre todos, menos um que nada tem a ver com a qualidade da água e que se prende com o cadastro das infraestruturas”. “Como é público, recebemos as infraestruturas e equipamentos de sete municípios e, na maioria dos casos sem um cadastro atualizado. Esse trabalho de levantamento e registo no Sistema de Informação Geográfica (SIG) está a ser realizado tratando-se de um trabalho demorado por se tratar de infraestruturas enterradas”, dá conta, acrescentando: “Todavia, consideramos que mais importante que qualquer selo é a garantia de que a água que levamos a casa dos consumidores é segura e de boa qualidade como está patente no Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP) da entidade reguladora.” No que respeita ao combate às perdas de água, a Águas do Riba-

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tejo informa que, nesta altura, rondam os 34 por cento, mas a fasquia será os 20 por cento. Contudo quando a empresa entrou em funcionamento, em 2009, a média

gadas à rede, em locais públicos, nos sete concelhos. Nestes espaços é disponibilizada a água da rede refrigerada ou natural aos utilizadores. As mesmas fontes são

Investimento 40 milhões de euros das perdas nos sete concelhos era de 52 por cento. “Não podemos continuar a desperdiçar tanta água tratada em nome do ambiente e dos custos que esta situação acarreta, razão pela qual temos vindo a investir fortemente nesta área, quer através da substituição de condutas, quer através de campanhas sistemáticas de pesquisa ativa de fugas de água nos mais de dois mil quilómetros de rede geridos pela AR”. Quanto às campanhas de sensibilização a decorrer junto dos consumidores, a AR conta com parcerias com a Direção Geral de Saúde, Quercus, Deco e Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas. A empresa instalou ainda 100 fontes de água li-

alocadas para feiras, certames e eventos em que a AR participa, nos quais disponibiliza também variado material didático. Numa parceria com os municípios, “oferecemos milhares de garrafas reutilizáveis às crianças para que se habituem a beber água da torneira ao longo do dia”, exemplifica. A empresa está a levar ainda a cabo uma campanha em que oferece garrafas personalizadas aos clientes que aderem à fatura eletrónica e ao débito em conta, medidas que “visam reduzir a pegada ambiental com redução do consumo de papel, toner e outros consumíveis.” Na área de influência da AR têm sido comuns os relatos que dão conta do fenómeno das vendas

agressivas de purificadores de água, que a AR apenas condena quando essas “empresas recorrem a estratégias que passam por visitar os nossos clientes e adulterar a qualidade e o aspeto da água com recurso a reagentes para provocar alarmismo e convencer as pessoas de que os purificadores são a solução”. Tomando conhecimento de que algumas empresas usaram indevidamente o nome da Águas do Ribatejo, fazendo com que os seus agentes se intitulassem como técnicos da AR, “denunciámos esta situação junto das autoridades que procederam às diligências que se afiguraram apropriadas”. “Promovemos também o esclarecimento das populações com comunicados que alertam para os riscos destas vendas”, fornecendo ainda a informação de que a AR “não tem em curso qualquer monitorização da qualidade da água em casa dos clientes”. “Podemos garantir que a nossa água é de qualidade e segura pelo que pode ser bebida sem reservas em qualquer dos 75 mil locais de consumo que temos nos sete concelhos”.

ERSAR enaltece postura dos operadores ao longo dos anos ara o regulador, os bons indicadores quanto à qualidade da água que sai das torneiras na generalidade do território deve-se a uma maior consciencialização mas também a uma intensificação da fiscalização por parte do Estado, mas neste aspeto releva ainda o “espírito construtivo que todos os agentes do setor adotaram na implementação das novas regras”, designadamente com o surgimento do IRAR, atual ERSAR, enquanto autoridade competente para a qualidade da água destinada ao consumo humano, que se traduz “sempre na adoção de uma atitude pedagógica da nossa parte sem prejuízo da exigência do cumprimento rigoroso das regras legais vigentes”. Só assim Portugal consegue estar hoje no mesmo patamar que os países mais desenvolvidos da União Europeia. Os níveis de água segura são considerados “internacionalmente como de excelência” em cumprimento com as regras comunitárias. Apesar de segura, em vários pontos do país, as populações queixam-se do seu sabor, sendo que neste aspeto a ERSAR enfatiza que apesar de o sabor da água não ser uniforme na totalidade do território, pois está dependente da composição mineral existente em determinada região, tal não acarreta necessariamente problemas de qualidade. No entanto também não deixa de notar que “a utilização excessiva de agentes desinfetantes pode conferir um gosto à água que pode por em causa a sua aceitabilidade”.

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“Nestes casos, sem prejuízo do trabalho que é efetuado pelas entidades gestoras para manterem os níveis de desinfetante nos valores recomendados pela legislação, o consumidor na presença de água com níveis de desinfetante que altere o seu sabor pode deixar repousar a água ou adicionar-lhe rodelas de limão ou ervas aromáticas, por exemplo, de modo a corrigir este aspeto”. “Tenhamos sempre presente que uma água com desinfetante é uma água segura do ponto de vista microbiológico”, atesta o regulador. O estigma ainda associado ao consumo de água da torneira tem sido uma luta por parte dos sistemas e concessionárias, e no entender da ERSAR apesar de tudo começa a surgir a perceção de que a água da torneira é de qualidade. Sendo certo que a água da rede “tem mais qualidade, é ambientalmente mais favorável e incomparavelmente mais barata”. Sem querer entrar em competição com a água engarrafada deduz apenas que “há que garantir que ambas têm a qualidade necessária para o cidadão tomar uma decisão consciente do que pretende utilizar nas suas rotinas diárias.” Mais recentemente têm surgido no mercado diversas empresas a quererem vender purificadores de água por vezes nem sempre da maneira mais cristalina, o que tem motivado a ERSAR (quer através do seu site, quer através de diversos meios de comunicação social) a garantir que este tipo de equipamentos “é desnecessário nas situações em que os cidadãos recebem água dos sistemas públicos de abastecimento”. “Não é necessário tratar o que já está tratado. Importa ainda dar nota que a ERSAR condena a abordagem utilizada por algumas destas empresas recorrendo a uma explicação técnica errada e referindo que a água dos sistemas públicos de abastecimento não tem a qualidade necessária para proteger a saúde humana”. “Ora, tal não é verdade uma vez que a água dos sistemas públicos de abastecimento é sujeita a um controlo rigoroso, que é acompanhado por nós, enquanto autoridade competente, mas também pelas autoridades de saúde no que à proteção da saúde humana diz respeito”, conclui.


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Os Últimos Moinhos da Região Sílvia Agostinho um dos recantos mais distantes da Serra de Montejunto, encontramos uma rota de moinhos em que o de Rosa Miguel e Francisco Soares é o último de um percurso em que a paisagem nos deixa quase sem fôlego. O moinho já vem do tempo do pai de Francisco Soares, que nos conta que em tempos a moagem do trigo foi uma indústria e os moinhos que pintalgam a paisagem do Montejunto até às aldeias ser-

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viam de sustento a muitas famílias de moleiros. Hoje já não é assim, e o moinho que ainda tem, e no qual tem investido parte do seu tempo na sua recuperação apenas serve para ir moendo alguns cereais que compra numa loja local, para que no fundo o moinho nunca deixe de servir para aquilo que foi feito. A manutenção do moinho e de toda a sua estrutura e componentes nem sempre é fácil, pois poucos são os que se dedicam, neste

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Uns ainda fabricam farinha, outros estão agora vocacionados para o turismo, e outros já fecharam por completo. Fomos conhecer as histórias de três moinhos na nossa região. Alguns já não esperam por melhores dias.

momento, a este ofício. Rosa Miguel explica-nos como é que o moinho roda, e consoante a força do vento o que o moleiro tem de fazer para conseguir em bom rigor levar a água ao seu moinho, ou seja fabricar a farinha. Sendo um dos que está mais perto do céu neste trilho de meia dúzia de moinhos no Montejunto é dos que também mais beneficia da força eólica, estando a 410 metros de altitude. Já no interior do moinho é nos ex-

plicado que o mastro segura as velas que se encontram no lado exterior, e que ao rodar, roda também uma peça que dá pelo nome de entrosga, que por sua vez faz rodar o carreto preso a uma base, e que assim prende a mó. O movimento faz friccionar o trigo transformando-o na farinha. A peça que nos é mostrada é já muito antiga, data de 1887 e veio de outro moinho. Uma das engenharias mais extraordinárias do moinho é que o teto gira, chamado de cape-

lo e de acordo com a direção do vento. “A parte de cima fica em cima de uma calha, que por sua vez está assente em rodas, e através de uma peça que se chama sarilho, o moinho moe”, explica Rosa Miguel. Só na região do Montejunto entre os concelhos do Cadaval e Alenquer chegou a haver mais de 50 moinhos. Apesar de íntima conhecedora de como funcionam os moinhos, Rosa Miguel confessa que não sabe fazer pão. “Apenas

o colocamos a funcionar com o objetivo de que moa”. Tem vindo a moer apenas com uma mó, mas Francisco Soares que durante muitos anos se dedicou à profissão de moleiro espera ainda vir a moer com as três mós. Esse dia funcionará como uma espécie de despedida aos longos anos em que colocou o moinho a funcionar. No tempo em que o pai fabricava farinha destinada aos habitantes do concelho que faziam pão em casa, neste caso a grande maio-


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Agosto 2017 ria, contava ainda com animais para subir e descer a serra – “Eram três machos e um burro”. Os clientes eram de Vilar, da Rabissaca, da Rechaldeira. Também forneciam padeiros – “Vínhamos para aqui à segunda só terminávamos ao domingo. A rapaziada de agora é que era boa para isso”, ironiza brincando Francisco Soares. Mesmo assim e para aquela altura “era melhor do que andar a cavar”. Considerada uma indústria em tempos, foi com este negócio que o pai deste moleiro conseguiu criar cinco filhos. Com o pai e a fazer do ofício de moleiro a sua profissão a tempo inteiro esteve até ao ano de 1961. Progressivamente a arte manual dava lugar às moagens industriais e com isso foi-se perdendo a moagem manual dos cereais. Moral da história passados estes anos – “Agora comemos pão mas não é pão!”. Para este casal que tem uma história de amor com o moinho e com a confeção natural das farinhas, tudo se alterou, desde os cereais à forma como se amassa o pão. “O próprio cereal mudou para dar lugar a um trigo mais produtivo e competitivo no mercado”, diz Rosa Miguel. “E para crescer o padeiro tem de meter ‘drogas’, não só o fermento como uma espécie de pó amarelo que nós vemos escorrer do pão passados uns dias sem que seja consumido”, acrescenta Francisco Soares. A nova consciência alimentar alia-

da ao aumento exponencial de pessoas intolerantes ao glúten tem levado a que cada vez mais se pense em alternativas ao pão, ou em alternativa ir ao encontro das origens do cereal escolhendo variedades mais saudáveis, como é o caso do trigo barbela, agora muito em voga, ou como lhe chama Francisco Soares, trigo mortovivo que sempre conheceu já desde os tempos do seu pais, onde até o bolor do pão era diferente e se molhado ainda dava para por em cima de uma fogueira e comia-se, e sabia bem. “Hoje não temos trigo no nosso país, vem todo de fora e a qualidade deteriorouse”, acrescenta Rosa Miguel. Voltar a reerguer este tipo de indústria “não seria compensador”. “Podia haver uma ou outra pessoa que de facto apostasse em vir comprar a farinha e fazer depois o seu pão, mas seria uma minoria”. Contrariamente ao que seria de esperar o Moinho do Penedo dos Ovos, propriedade deste casal, não faz parte de qualquer roteiro estruturado quer do município ou outros. Quem chega para conhecer são normalmente estrangeiros que pedem para entrar no moinho, e que ficam surpreendidos. Normalmente os portugueses que chegam ao local tiram fotografias e abandonam rapidamente este hotspot natural. “Vêm-nos aqui (Rosa Miguel e o marido possuem uma pequena casa de apoio ao moinho) e nem nos cumprimentam, vão-se logo embora e nós a

Destaque 13 Francisco Soares ainda espera moer com três mós

dois metros deles”. Neste aspeto, a responsável pelo moinho lamenta que a Câmara do Cadaval não faça mais no sentido de “influenciar” a que mais passeios possam ser realizados no moinho, nomeadamente, junto das escolas do concelho. A última visita de estudo foi em 2010. “Mas como vão alcatroar agora a estrada pode ser que algo mude. Tenho um neto com quatro anos que adora o moinho”, refere.

Rosa Miguel conta que de início o moinho não lhe oferecia nenhum interesse em especial – “Detestava isto”. Mas depois foi tomando o gosto ao começar a embelezar o local. Carregou muita pedra para tornar mais atrativo o sítio. Plantou flores e fez canteiros. Ao mesmo tempo renovou uma antiga casinha que hoje tem sala, cozinha, um quarto e casa de banho dotada de mobiliário rústico e evocativo da profissão de moleiro e de

décadas passadas. Em marcha está uma candidatura que já chegou à Oestecim que tenta consagrar a rota dos moinhos do Oeste como património da Unesco. A ideia partiu de Fátima Nunes, proprietária do Moinho da Boneca, em Moita dos Ferreiros, Lourinhã. “Mas para isso penso que é necessário colocar por um lado os moinhos a funcionar e por outro haver quem saiba fazer a sua manutenção”, refere Rosa

Miguel. “Esta zona do Oeste está a ser muito procurada e a recuperação dos moinhos pode dar um novo impulso”. Os turistas que chegam ao Penedo dos Ovos, nomeadamente, os holandeses surpreendem-se com os moinhos portugueses mais rústicos e rudimentares, e onde continuam a ser uma indústria chegando as velas a atingir os 27 metros. “Os de lá são comandados por fora e os de cá por dentro”.


14 Destaque

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Moinho do Lebre é ponto de paragem de turistas estrangeiros Moinho do Lebre fica em Penedos de Alenquer

m Penedos de Alenquer, na freguesia de Ventosa, é mantido por Clotilde Veiga um antigo moinho, hoje transformado em alojamento local, onde com frequência chegam turistas de países como a Holanda, Espanha, França, com o intuito de conhecer as paisagens da região de Lisboa. Tudo começou em meados da década de 90 quando decidiu recuperar o denominado Moinho do Lebre, numa altura em que os antigos moinhos de moer farinha tinham sido progressivamente deixados ao abandono, e não se pensava na sua possibilidade enquanto produto turístico. Inicialmente o investimento foi a pensar numa casa de campo, mas passados alguns anos decidiu investir no mesmo como uma alternativa para os turistas. Viu cinco moinhos e adquiriu o seu por cerca de três mil contos na altura- “Foi caríssimo, pois já tinha passado aquela época dos anos 70 durante a qual tinham sido adquiridos a preços da chuva para casas de habitação”. Acabou por também ser “a mestre-de-obras” aquando da recuperação do imóvel, deixando para trás algumas propostas demasiado modernas dos amigos, dado que para si era importante

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manter a traça do moinho, e o ar rústico do seu interior. Quando decidiu lançar-se no alojamento local, demorou muito tempo até obter o licenciamento para o efeito, quando conceitos como turismo rural e de habitação ainda não tinham a mesma abrangência de hoje, e eram facilmente confundidos. Um pouco por toda a região, os moinhos iam funcionando mais ou menos sem as regras necessárias para a atividade, mas para Clotilde Veiga esta foi uma luta, e ainda continua a ser tendo em conta “as novas regas do Alojamento Local” que trazem mais burocracia e imposições – “É complicado ter de estar a atualizar-me constantemente e correr o risco de estar a fazer mal, para isso fecho a porta”, deduz. No início, a maioria dos turistas que procuravam o Moinho do Lebre eram holandeses, principalmente de primavera e de inverno, e numa altura em que a internet dava os seus primeiros passos, através de um site que já existia para o efeito. Mas também muitos lisboetas que procuravam passar um fim-de-semana diferente – “Habitualmente pessoas muito jovens que estudavam nas universidades que vinham até cá no fim-de-se-

mana.” Quando o apelo da rusticidade e a fome por experiências diferentes no que respeita ao turismo, se tornou ainda mais moda já neste século, começaram a surgir grupos etários mais velhos, e com um nível de vida superior. “Vinham porque isto era giro e diferente”. Mas a crise acabou por levar a clientela portuguesa “principalmente as pessoas que convidadas para casamentos nesta região procuravam passar a noite em alojamento local, e assim deixaram de o fazer”. Este público acabou por desaparecer com o passar dos anos, e com a crise tal acentuouse ainda mais. O moinho de Clotilde Veiga é composto por uma pequena cozinha, casa de banho, e dois quartos, sendo que um é simultaneamente sala. Pode ser ocupado por quatro pessoas. Cada noite tem um custo de 50 euros para casal. Se ficar mais noites pode beneficiar de descontos bastante apreciáveis. As redes sociais são uma das formas de se divulgar mas principalmente os sites dedicados ao turismo. Um dos melhores anos foi o de 2015, em que vieram muitos franceses e alemães, nomeadamente através do airbnb. “Acham muita

piada a este tipo de espaços”, especifica. “São pessoas que mais uma vez procuram experiências diferentes”. Já em 2017, refere que o verão tem estado fraco. Os poucos turistas que têm vindo escolhem este moinho também com a intenção de ficar a poucos quilómetros da praia, neste caso a mais próxima não chega a 40 quilómetros. Habituados a longas distâncias e imbuídos do espírito de aventura, não têm dificuldades em chegar a Santa Cruz ou Peniche. Mas depois há um rol de localidades próximas e locais turísticos que Clotilde Veiga aconselha, desde logo a vila de Alenquer, mas também Torres Vedras e as suas praias; Rio Maior e as salinas, Salvaterra de Magos e o Escaroupim; Lourinhã e os dinossauros, e inevitavelmente o Montejunto, mesmo ali ao pé, Lisboa e Sintra. “Consigo traçar um roteiro para estadias de uma semana ou mais e dar sempre alternativas a estes turistas para explorarem na região”. Uma rota integrada pelos moinhos de Alenquer seria desejável com outro nível de atratividade, nas suas palavras. Atualmente o visitante tem um mapa em que os moinhos estão sinalizados, mas em tempos houve uma rota mais

organizada que acabou por não ser sustentável a curto/médio prazo. A manutenção do moinho é exigente, apesar de as velas não rodarem. Entrará, em breve, em

obras e por isso será necessário despender alguma verba – “Mas lá terá de ser caso contrário perderá a graça. Vou ter de arranjar as cordas, o mastro. Será uma trabalheira”.

Moinho da Subserra é o último resistente no concelho de Vila Franca aredes meias com a pedreira da Cimpor, na Subserra, concelho de Vila Franca de Xira fica o moinho de João Faustino cada vez mais a caminho do estado devoluto. Até há meia dúzia de anos ainda ia dando um sinal de sua graça sempre que este moleiro o colocava a funcionar para moer farinha, agora incorporou mais o espírito de um catavento do que de um moinho. Gira de vez em quando para desemperrar as mós mas não fabrica nada como que em estado de sentença de morte adiada. Mas há mais anos não só este moleiro moía a farinha, como amassava, cozia e vendia pão para fora. O moinho de Faustino fica no fim de uma estrada sinuosa, onde apenas os amantes de BTT teimam em passar. Já nem o carteiro lá vai. Conta João Faustino que a correspondência é entregue num café no alto da Subserra, mesmo antes da estrada que leva ao moinho. Este moinho passou por várias gerações da sua família. O avô comprou-o na altura por seis mil escudos. Perto há outro moinho que já vem do tempo do bisavô

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deste moleiro. Muitas famílias em anos antigos dedicavam-se ao fabrico de pão. Neste concelho ainda há alguns moinhos mas todos fechados e sem que haja interesse na sua revitalização. Chegou a existir 60 moinhos. O moinho de Faustino apesar de estar numa

localização privilegiada não cativa quem o possa vir a comprar devido à pedreira que descaracteriza aquele recorte da paisagem. Para ajudar à festa, a localização em causa é ainda dominada por torres de alta tensão. “Dizem que fazem mal à saúde. A minha mulher

Uma vida dedicada ao ofício de moleiro

por vezes queixa-se”, diz. João Faustino, com 75 anos, trabalhou em várias fábricas da região mas ao mesmo tempo ia fazendo a farinha no moinho, conciliando mais do que uma atividade. “Fiz farinha até ser reformado”. Muita gente vinha comprar pão a

Faustino que tinha uma cozinha equipada só para o efeito. Até padeiros lhe compravam o pão. Deixou de o fazer há 10 anos atrás. “Cozer pão já era uma chatice. A minha mulher e eu tínhamos de nos levantar à meia-noite. Já não aguentávamos a pedalada”. Uma

história que conta sempre a quem o visita é que as mós do moinho são feitas de pedra adquirida pelo fabricante na pedreira da Cimpor, a sua vizinha, numa espécie de regresso às origens. Quando o questionamos sobre algum apoio que a Câmara pudesse dar no sentido da recuperação do moinho, não tem dúvidas em atirar – “Quanto mais longe da porta estiverem melhor. Há uns anos pedi-lhes para cortarem uns pinheiros por causa do vento. Disseram-me que não faziam. Até me aconselharam a cortá-los e metê-los no forno sempre que fizesse pão”. Até a própria GNR, confessa, lhe deu conselhos desavisados – “Meta isto tudo no seguro e largue fogo a esta m…. toda. Se calhar no dia seguinte vinham cá com as algemas para me prenderem”, graceja. Escusado será dizer que nunca lhe passou pela cabeça. Há uns anos até recuperou o capelo. E lá vai continuando a abrir a porta do moinho, amiúde, para que este não morra, sempre rodeado dos seus muitos cãezinhos que alegram um dos últimos resquícios bucólicos deste concelho.


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16 Autárquicas Arruda dos Vinhos

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Luís Rodrigues, PSD, quer apostar forte no Turismo de Natureza Miguel A. Rodrigues uís Rodrigues é o candidato escolhido pelo PSD para a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. O advogado que foi no passado presidente da Assembleia Municipal, assume-se agora como cabeça de lista para tentar recuperar a autarquia para os social-democratas. Com efeito, Luís Rodrigues esteve afastado nos últimos quatro anos dos órgãos autárquicos locais, mas para trás ficam mandatos partilhados com o último presidente laranja da autarquia, Carlos Lourenço. Em entrevista ao jornal “Chafariz de Arruda”, Luís Rodrigues considera que muitas das obras que estão agora em curso e levadas a cabo pela gestão socialista de André Rijo, já se encontravam programadas nos últimos mandatos do PSD. Umas estavam pensadas, outras começadas, “como a requalificação de Arruda”, obra que foi concluída apenas numa primeira fase, mas no geral, considera que “o PS não acrescentou nada de novo à gestão do concelho.” Luís Rodrigues rejeita a ideia de que os projetos do Partido Socialista não vão ao encontro das ex-

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petativas do PSD e afirma que “todos os bons projetos para Arruda dos Vinhos, sejam do PS ou outra força política são bem-vindos”, referindo o exemplo da loja do cidadão até porque beneficia os arrudenses que assim ficam mais perto de todos os serviços num só espaço. Contudo para o PSD esta obra não é inteiramente da responsabilidade do atual executivo: “Era uma obra que já vinha sendo tratada no último mandato do PSD” vincando a existência de algumas iniciativas na altura para conseguir o projeto para o concelho. No entanto o PSD considera que nem tudo foi bem feito. No capítulo das urbanizações em Arruda dos Vinhos, Luís Rodrigues destaca que o facto de os espaços verdes se encontrarem, agora, a ser convertidos “em jardins de pedra”. Esse é para si um ponto crítico, e que coloca em causa a qualidade de vida dos habitantes desses bairros. Luís Rodrigues refere que no concelho de Arruda fazem falta espaços verdes. O candidato frisa conversas com a população que pede espaços “para que as famílias os possam disfrutar”, vin-

Luís Rodrigues refere que a maioria das obras já vinham do tempo do PSD

cado a inexistência de tal nas restantes freguesias. Já no que toca a projetos, Luís

Rodrigues assume o “turismo como a principal linha condutora” do seu programa.

Ao Chafariz o candidato salienta que a candidatura social-democrata pretende apostar em dois eixos: No património histórico e natural e nas famílias e na educação. O candidato considera importante apostar no património natural, e por isso diz querer implantar dois projetos que considera “nucleares no turismo da natureza e desportos ao ar livre”. Um desses projetos é a construção “em Arruda dos Vinhos de um Natura Park “sendo que a sua localização será junto ao Forte da Carvalha nuns terrenos da “CenaFogo”, salientando que existe um protocolo entre o município e a empresa para a aquisição dos terrenos. Quanto ao fomento de atração de empresas, Luís Rodrigues diz ter “a noção de que o nosso concelho não é industrial”. O candidato fala da proximidade com Lisboa e recorda o que o PSD fez no passado nomeadamente “o Parque das Corredouras que não existia”. “Foi feito pela gestão do PSD”, onde, refere, foram colocadas algumas empresas, tendo em conta a autoestrada às portas de Arruda. Quanto à fórmula, o PSD defen-

de “uma via verde para os processos industriais, em que possamos possibilitar e dar benefícios em termos de impostos, nomeadamente da derrama e até dar empregos a locais”, vincando que para o PSD, uma empresa que crie postos de trabalho em Arruda, “tem de ser acarinhada”. Para a educação, o PSD considera importante a aposta nas infraestruturas já existentes, mas lembra que no caso de Arruda dos Vinhos, as refeições ainda são confecionadas fora do centro escolar. “Achamos que isso tem de ser feito”, e por isso a candidatura a fundos comunitários para o efeito, apresentada pela PS é bem-vinda. Ainda assim, o candidato refere a necessidade de espaços cobertos para que as crianças possam fazer desporto independentemente das condições climatéricas. Luís Rodrigues defende numa interação entre a “escola, os pais, os professores e os alunos”. Luís Rodrigues aproveitou no entanto a entrevista do “Chafariz de Arrida” para desafiar André Rijo para um debate sobre os desafios do concelho de Arruda.

Ana Pena, CDU, defende mais investimento nas freguesias e no meio ambiente na Pena é a candidata escolhida pela CDU para a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Professora de profissão, assume a candidatura como independente e tem no currículo a experiência de vogal na Junta de Freguesia da Apelação, concelho de Loures. Em entrevista ao “Chafariz de Arruda”, a candidata diz ter aceitado o convite proposto pala CDU como um desafio e garante que assume uma candidatura que quer ouvir as pessoas. Ana Pena explica que vive em Arruda quase há trinta anos, e que está no concelho por motivos pessoais e profissionais. Apesar de independente, Ana Pena, refere que se identifica com os ideais da CDU embora reconheça que “estas decisões não são tomadas de ânimo leve”. “Cheguei à conclusão que ao estar aqui há tantos anos e sendo tão bem-recebida pela comunidade, estava na altura de devolver um pouco daquilo que me deram”. Sobre o atual mandato do PS, a candidata refere que existe “muito trabalho feito”. “Existe muito empenho, e um trabalho que nós valorizamos” e reforça mesmo que o PS “aceita as in-

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tervenções da CDU e até algumas propostas da CDU em Assembleia Municipal”, salientando, assim, a existência de um bom entendimento com o Partido Socialista. Ana Pena refere mesmo que “algumas ideias e sugestões que podiam ser colocadas em prática, acabaram, efetivamente, por sê-lo”. “Portanto é isso mesmo que sentimos”, embora saliente a existência de “outras situações que nós, CDU, achamos que poderíamos fazer diferente”. No que toca às principais necessidades da população de Arruda dos Vinhos, Ana Pena esclarece que nos contactos já feitos com a população “o que se sente é que existe um grande investimento na sede do concelho e que nas freguesias não tem havido tanto trabalho feito”. A candidata acredita que a seu tempo as obras necessárias nas freguesias serão feitas, mas aponta algum desequilíbrio nos investimentos entre a sede de concelho e as freguesias mais distantes. Por outro lado, a candidata fala de falta de informação sobre os eventos levados a cabo pelo município, que chocam muitas vezes com iniciati-

vas das associações locais. A candidata refere que Arruda está num meio rural com uma faixa etária com muita idade e nota que a população não consegue acompanhar toda a informação. Aliás essa é uma queixa da candidata que também já ouviu os comerciantes locais e até a associação empresarial, a

ACIS, com a qual já se reuniu. Sobre essa reunião Ana Pena esclarece que a ACIS considera que “Arruda tem um enorme potencial de crescimento. Tem tudo para poder crescer”, mas considera importante “dar tempo ao tempo para que as coisas se possam desenrolar e ver frutos das iniciativas” que existem,

segundo a candidata, que garante que “o trabalho da ACIS merece a confiança da CDU, tendo em conta as suas preocupações e projetos”. Quanto à estratégia do PS no que toca à fixação de empresas, Ana Pena vinca que o Partido Socialista está a levar a cabo um projeto tendo em conta

Candidata apostaria de outra forma nas ciclovias

os ideais da sua matriz política. Mas neste campo a candidata da CDU diz que os comunistas fariam diferente, nomeadamente, no que toca à utilização de fundos comunitários. No que toca à educação a candidata refere a sua preocupação sobre a prevista “municipalização” deste setor que o governo já anunciou, e que consiste na passagem para as autarquias da gestão das escolas. A candidata que tem como bandeira o urbanismo e o património, refere que nesse campo o PS tem sido pouco ambicioso. Ana Pena dá como exemplo a ciclovia feita com recurso a fundos comunitários, incluída na recuperação do parque urbano. A candidata considera importante a ciclovia, mas este projeto podia ir mais além e diminuir-se, por arrasto, a utilização de veículos automóveis “aqui na sede de concelho”. A candidata diz não conhecer os projetos existentes “porque não estamos lá (na Câmara)” mas salienta a necessidade de projetos que valorizem o concelho ambientalmente e que diminuam a poluição, lembrando por exemplo a necessidade de criar condições para a utilização da bicicleta.


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Autárquicas Arruda dos Vinhos 17

André Rijo, PS, salienta que mais de 80% das promessas foram cumpridas

ndré Rijo recandidata-se pelo Partido Socialista à Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Advogado de profissão, o candidato conseguiu nas eleições de 2013 “roubar” a autarquia ao PSD que a geria desde os anos 90. André Rijo foi vereador da oposição no mandato 2009/2013. O candidato assegura que as suas prioridades para este mandato são “as pessoas” e como tal diz querer continuar a criar “riqueza e qualidade de vida” em Arruda dos Vinhos. Ao “Chafariz de Arruda”, André Rijo faz um balanço “positivo” do seu mandato. O candidato vinca: “Mais de 80 por cento das nossas promessas estão cumpridas” mas assegura que o trabalho do PS está longe de estar acabado. Para o candidato “os arrudenses conheceram nos últimos quatro anos um executivo que “cumpriu com a palavra dada, honrando a atividade política”. Num breve balanço, o candidato refere que neste mandato houve um esforço para a redução “da carga fiscal para as famílias e para as empresas”, vincando que a dívida municipal foi reduzida em cerca de 30 por cento, de cerca de 7,5 milhões para 5,5 milhões de euros. O candidato recorda o investimento nas urbanizações ao nível dos arranjos exteriores e lembra a construção do Parque Urbano das Rotas: “Um espaço com três hectares”, aludindo, ainda, ao jardim do morgado em que o executivo decidiu abrir uma porta lateral para que a população pudesse utilizá-lo com mais frequência. André Rijo diz que “é impossível fazermos tudo o que queremos em

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quatro anos” recordando, por isso, a existência do (Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) e da dívida a este programa que impossibilitou voos mais altos – “Boicotou muito a atividade municipal e as freguesias”, sentencia. O candidato refere ainda a modernização administrativa com a loja do cidadão e com o julgado de paz: “Serviços inovadores no nosso concelho”. No que toca a obras, André Rijo que vinca que já encetou o diálogo com a população. Autarcas, técnicos e população visitaram um conjunto de locais onde a autarquia pretende intervir. Segundo André Rijo, são obras cujos valores poderão facilmente ascender aos cinco milhões de euros, lembrando que para aquela zona “não havia condições de dotação orçamental nem um único projeto, sem ser o do edifício dos antigos paços do concelho que consistia numa adaptação para um museu.” No entanto isso não vai ser possível pois “não há fundos comunitários para espaços museológicos”, refere o candidato que anuncia a reconversão do espaço para empresas. Uma das ideias transversal a todas as candidaturas é a aposta no turismo, aproveitando os recursos naturais do concelho. O PS não é exceção e enquanto Câmara está a desenvolver o conceito do “Vale Encantado Market”. André Rijo salienta que este projeto nasce para desenvolver ao nível do turismo o chamado Vale Encantado, mas uma das ideias é também chegar às freguesias, sendo que o candidato em Arranhó tem um projeto para alargar o conceito àquela localidade.

Para os próximos quatro anos diz querer continuar o trabalho feito até aqui, e entre outras questões refere a necessidade de manter um “pacote fiscal atrativo” para as empresas “com a redução de derrama para quem queira investir e criar postos de trabalho”, salientando a necessidade “da continuidade da redução dessas taxas”. No que toca à Educação, a meta é continuar o trabalho desenvolvido até aqui. O candidato reconhece que as condições atuais não são as ideais, mas diz ter a noção de que “melhorámos em muito as refeições servidas nas escolas”. No entanto no maior centro escolar, o de Arruda, as refeições não são ainda feitas no próprio estabelecimento: “Não tem capacidade para que sejam confecionadas no local. São feitas no Centro Escolar do Telheiro e transportadas para Arruda, e no caso de São Tiago dos Velhos recebe as refeições confecionadas em Arranhó”. Esse é um cenário que deverá mudar. André Rijo anuncia uma reestruturação profunda no refeitório de Arruda: “Já temos o concurso lançado” para fazer a obra. O candidato teme que as obras arranquem ao mesmo tempo que o ano letivo, mas quer falar com os professores e encarregados de educação “para que não exista muito transtorno no início do ano letivo”. André Rijo salienta que Arruda “é um concelho inclusivo e que sabe receber”. “Tratamos todos por igual e não queremos deixar ninguém para trás. Não podemos permitir situações de desigualdade social”, vincando projetos como o cheque social ou a bolsa de manuais escolares, bem como “o apoio aos jo-

Entrevistas realizadas pelo jornal Chafariz de Arruda da mesma entidade proprietária do jornal Valor Local, Metáforas e Parábolas Lda. Nestas eleições autárquicas levamos a cabo no âmbito dos dois jornais entrevistas aos candidatos às Câmaras de Vila Franca de Xira, já reproduzidas na edição de julho; Arruda dos Vinhos; Alenquer e Azambuja que figurarão na edição de setembro. O “Chafariz de Arruda” entrou em contacto com a comissão política do CDS-PP que apesar de manifestar a sua intenção de se candidatar a estas eleições não quis indicar o nome do candidato e por consequência recusou a possibilidade de uma entrevista.

Recandidato está confiante numa vitória a um de outubro

vens no acesso ao ensino superior” entre outros projetos. Instado a um debate por Luís Ro-

drigues, candidato do PSD, André Rijo diz estar disponível para tal. O candidato socialista refere estar á

vontade para discutir os temas fraturantes do concelho de Arruda dos Vinhos.


18 Ambiente

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Porto da Palha

Batelões no Tejo vão ser retirados Sílvia Agostinho s batelões atracados perto do Porto da Palha, no Tejo, que têm vindo a causar preocupação, numa altura em que está em cima da mesa a requalificação ribeirinha de Azambuja vão ser retirados. A informação foi avançada ao Valor Local pelo gabinete do ministro do Ambiente. Em email enviado à nossa redação, o ministério do Ambiente contextualiza que o Cais da Santa como é chamada a localização entre Valada e Azambuja (Porto da Palha) foi utilizado durante vários anos para apoio à atividade de extração de inertes e à dragagem do canal de navegação do Tejo até Porto de Muge. A utilização do local foi feita pela empresa Inertejo, S.A. no âmbito da licença nº 10 de 2002, de extração de inertes no domínio hídrico do rio Tejo que se manteve vigente até 2011. A empresa em causa, que alterou em 2006 a sua designação comercial para Lusodragagens, S.A., entrou em processo de liquidação em 2010 e no mesmo ano foi proferida decisão de encerramento do processo de insolvência, não tendo procedido à execução da desocupação e recuperação da margem, conforme estipu-

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Presença deste tipo de embarcações no local gera descontentamento entre os que defendem uma aposta no Turismo

lado na cláusula 16ª da referida licença. Por estes motivos continua a adiantar o email, a Agência Portu-

guesa do Ambiente (APA), está a tomar diligências para a remoção das embarcações existentes no local e para a recuperação da

margem. Nesse âmbito, está a avaliar ao pormenor o nível de risco que possa estar associado a uma situação destas e, em consequência, lançar mão de um procedimento de remoção das várias embarcações existentes no local e que se encontram desativadas constituindo estas um passivo ambiental. Embarcações têm sido fonte de polémica Numa das últimas reuniões de Câmara, José Carlos Matos, também candidato pelo CDS-PP à Assembleia Municipal nestas eleições, levantou o problema. As embarcações que serviram para transporte de cimento e areia estão desde há uns anos paradas, e estariam a oferecer perigo. Antes de ter chegado às nossas mãos o email enviado pelo Governo, o Valor Local tinha ouvido no mesmo dia, e umas horas antes, Pedro Ribeiro, administrador da empresa proprietária – a EPA, Sociedade de Extração de Agregados, que embora com anteriores designações mantinha o conjunto de embarcações em causa no Tejo há largos anos. Pedro Ribeiro garantia-nos que não retirava os batelões devido ao assoreamento no Tejo, mas que se isso se resolvesse voltaria a colocá-los ao serviço, desdizendo os que se referiam aos batelões como uma espécie de sucata ao ar livre – “Acha que a minha empresa quer ter prejuízo? Mantenho vários funcionários no local que observam a segurança das embarcações, sendo inclu-

sive alvo de vistorias”. Confrontado em primeira mão pela nossa reportagem face às novas evidências que obrigarão à retirada dos batelões, afirmou-se calmo e disponível para aceitar qualquer “emanação superior”. “Quem perde é o Estado português”, sentenciou quando lhe perguntamos se teria prejuízo face à nova realidade. Apesar de defender que as suas embarcações não oferecem perigo, refere que não vai atentar contra o Estado nenhum processo em tribunal- “Estou muito tranquilo, aceito com naturalidade” Recorde-se que desde novembro do ano passado, que o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, garantira à Câmara a retirada daquelas embarcações porquanto já caducara a licença da empresa. Em declarações à nossa reportagem, sublinhe-se: ainda antes de recebermos o email, o administrador da EPA argumentava que operava dentro da legalidade. Confrontado com o empenho da autarquia em poder ver retirados os batelões, o empresário disse que pediu no início do mês uma reunião com Luís de Sousa mas até ao momento sem efeito. O empresário deixa ainda a sua defesa face ao estado de coisas e ao desenrolar dos acontecimentos: “É preciso ter em atenção o seguinte – os batelões encontram-se seguros. Por outro lado, na extensão de 500 metros que ocupam, o rio não está assoreado tendo em conta que constituem um obstáculo para que isso aconteça, permitindo a passagem de outras embarcações para o lado

dos concelhos de Azambuja e Cartaxo , e acresce ainda que não constituem um foco de poluição”, enfatiza o administrador da EPA que lança ainda – “Se a Câmara está preocupada com a paisagem e com o turismo devia olhar para os milhares de euros que investiu na praia da Casa Branca que hoje se apresenta da forma como todos conhecemos, e com o rio ainda mais assoreado. Lembraramse dos batelões e agora não saímos deste tipo de discussão, que deveria centrar-se no que passa mais abaixo”. Relembra ainda que há 15 anos a autarquia teve uma postura díspar em relação aos dias de hoje, pois a empresa proprietária do terreno junto ao local onde se encontram os batelões quis, em sede discussão do PDM, transformar aquela zona em espaço de lazer e de turismo, o que foi recusado porque ali funcionava “o único cais comercial do concelho”. “Estranho agora esta nova tomada de posição da Câmara”. Ouvido pelo Valor Local depois do anúncio de que os batelões serão retirados pelo Estado, Luís de Sousa deixou um voto de congratulação, frisando que “valeu a pena os esforços do município junto do senhor secretário de Estado”. Cada batelão destinado ao transporte de cimento tem aproximadamente 98 metros de comprimento por 18 de largura, pesando perto de 700 toneladas. Estão presos à margem e um deles à doca. No local existe ainda uma máquina de grandes dimensões que servia para o transvase de cimentos.


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Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade da ACISMA - Associação, Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja

PO CH abre candidaturas para Bolsas de Ação Social do Ensino Superior O PO CH – Programa Operacional Capital Humano, tem candidaturas abertas até ao dia 8 de setembro para alunos carenciados das regiões de intervenção do Programa, Norte, Centro e Alentejo, dirigidas em exclusivo à Direção Geral do Ensino Superior. Esta ação visa contribuir para o aumento da percentagem de estudantes apoiados pela Ação Social no Ensino Superior nos níveis ISCED 5, 6 e 7, cujo objetivo final do atual quadro de programação é atingir os 124.000 estudantes. Destina-se às regiões Norte, Centro e Alentejo, com uma dotação financeira total de 105 M€. Atualmente o PO CH encontra-se alinhado na execução, com os dados reportados a 31 de dezembro de 2016, a demonstrarem um resultado de 76.211 estudantes apoiados, representando assim 61,4% face à meta indicada. Esta ação está ainda alinhada com o objetivo intermédio para 2018 (83.000 estudantes), cuja execução atual é de 91.8% (dados de 31 de dezembro de 2016), e dá ainda conformidade à Meta do Plano Nacional de Reformas (PNR) e da Estratégia Europa 2020, no-

meadamente com o objetivo de aumentar para 40% a percentagem de pessoas entre os 30-34 anos com formação de nível superior, ou equivalente. O período de candidaturas iniciou-se a 09 de agosto de 2017 e termina a 08 de setembro de 2017, de acordo com o Aviso de Abertura de Concurso. O caráter de exclusividade do concurso está previsto na alínea a) do artigo 23.º da Portaria n.º 60-C/2015, de 2 de março, na sua atual redação, uma vez que a DGES, enquanto beneficiária do PO CH, é responsável pela execução desta medida de política pública. O presente AVISO enquadra-se no objetivo específico do PO CH que visa o aumento do número de diplomados do ensino superior, melhoria da qualidade das ofertas e reforço da orientação para as necessidades do mercado de trabalho. As dúvidas ou questões relacionadas com as candidaturas devem ser remetidas para o endereço de correio eletrónico poch@poch.portugal2020.pt, ou para o suporte do Portugal 2020. Fonte: Portugal 2020

Vale Indústria 4.0 O Vale Indústria 4.0 tem como objetivo promover a definição de uma estratégia tecnológica própria, com vista à melhoria da competitividade da empresa, alinhada com os princípios da Indústria 4.0. Pretende-se com esta medida a transformação digital através da adoção de tecnologias que permitam mudanças disruptivas nos modelos de negócio de PME (aquisição de serviços de consultoria com vista à identificação de uma estratégia conducente à adoção de tecnologias e processos associados à Indústria 4.0., nomeadamente nas áreas de desenho e implementação de estratégias aplicadas a canais digitais para gestão de mercados, canais, produtos ou segmentos de cliente; desenho, implementação, otimização de plataformas de Web Content Management (WCM), Campaign Management, Customer Relationship Management e E-Commerce, etc. ). Estes vales têm o valor unitário de 7500 euros e deverão apoiar mais de 1500 empresas, representando um investimento público de 12 milhões de euros. Critérios de elegibilidade dos beneficiários (para além dos gerais): • Não ter projetos aprovados na mesma prioridade de investimento; • No caso do Vale Inovação/Indústria 4.0, não ter projetos aprovados na prioridade de investimento Qualificação PME. São beneficiários desta medida as PME de qualquer natureza e sob qualquer forma ju-

rídica. Incentivo Não Reembolsável (INR) 75% com limite de €7.500. Poderão ser consultadas as especificidades do Vale Inovação nos artigos 40.º ao 58.º da Portaria n.º 57-A/2015 de 27 de fevereiro. O artigo 17.º, o RECI veio estabelecer um mecanismo de acreditação das entidades prestadoras de serviços no âmbito dos Vales, enquanto instrumento de transparência e promoção da qualidade do serviço prestado. Para que as entidades consultoras venham a prestar serviços de assistência técnica às empresas, no âmbito do Vale Indústria 4.0, terão que se encontrar acreditadas. Neste momento a Lista de entidades acreditadas pode ser consultada aqui. Concursos: Está neste momento a decorrer o Aviso 19/SI/2017 ao Vale Indústria 4.0 que permite a apresentação de candidaturas até 29 de setembro de 2017 (19 horas). O último Aviso que decorreu para acreditação de entidades para prestar serviços no âmbito desta medida foi o Aviso 1/SI/2017 - Processo de Acreditação de Entidades para Prestação de Serviços de Inovação - Projeto Simplificado “Vale Indústria 4.0”. Fonte: IAPMEI


20 Opinião

Azambuja conta os dias sem assaltos neste Verão zambuja tremeu com os assaltos e atos de vandalismo nos últimos meses. Aliás ainda treme. Moradores, comerciantes, e a própria GNR ainda estão a refazer-se da onda de assaltos e vandalismo perpetrado por adolescentes locais e por indivíduos de fora que aproveitaram uma fraqueza na segurança. Nunca fez no entanto tanto sentido o provérbio popular: “Depois de casa roubada, trancas à porta”. No entanto, neste caso nem as trancas das portas serviram de alguma coisa. Que o diga a Unidade de Atendimento ao Público da Câmara de Azambuja, a repartição de finanças, ou as dezenas de carros assaltados e vandalizados com centenas de

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euros de prejuízos para os seus proprietários. Podíamos falar apenas destes casos, mas há mais. Há casos de escritórios visitados pelos amigos do alheio várias vezes, há caixas multibanco assaltadas à bomba e um sentimento de impotência das autoridades para resolver o assunto. Sem provas a GNR pouco pode fazer. Para recolher provas demora tempo. Para levar os larápios presos tem de os apanhar em flagrante e até lá, todos os gaiatos que deviam estar numa casa de correção, continuam a fazer atos de vandalismo, até que se consigam reunir as “provas” e algum juiz lhes aplique o corretivo. É frustrante para as autoridades,

populares, e comerciantes. Nos últimos dias, raros foram os empresários que não colocaram a hipóteses de justiça popular. Este é aliás um instrumento perigoso que tem um pau de dois bicos. Se por um lado pode evitar um assalto, por outro pode levar, e todos já conhecemos casos desses, o agressor a tribunal por ter defendido o que era seu. Certo é que quem viu os seus carros vandalizados várias vezes na mesma semana já não acredita na justiça, e enquanto isso a GNR de Azambuja com apenas uma dezena de homens ou por vezes menos, “faz das tripas coração” para manter o posto operacional. Como diz o povo, “sem ovos não

Chamar a PSP PSP, sempre a PSP, e o quão nefasta é a chamada da mesma quando não necessária. Um dia destes, um incomodado com

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Valor Local

as obras no seu prédio, sabendo até que teria existido rebentamentos de canos e reparações num estabelecimento, que por via do

acontecimento fechou uns dias, resolveu chamar a PSP- Polícia de Segurança Pública. No telefonema alegou que estariam a fazer

há omeletes” e sem militares o patrulhamento, às vezes reduzido a duas pessoas, torna-se escasso. Que o digam os administradores do Crédito Agrícola de Azambuja que esperaram 40 minutos pelo carro patrulha quando o seu multibanco foi assaltado à bomba, porque a patrulha estava no alto do concelho. Depois de todos os acontecimentos começaram a “chover” sugestões e medidas para resolver um problema que se arrastava há mais de seis meses, e que só teve eco porque a comunicação social fez notícia sobre o assunto. De um momento para o outro a autarquia conseguiu o reforço temporário da segurança, que se

Miguel António Rodrigues

diga em abono da verdade: até ao momento tem produzido resultados. Segundo a autarquia a ministra da tutela terá garantido ao vice-presidente da Câmara e à Presidente da Junta, o atual reforço e o reforço de efetivos a partir de outubro, altura em que os militares saem da academia. Aliás a própria ministra já tinha sido informada da situação e saberia mesmo o que se estaria a passar em Azambuja, uma pacata vila às portas de Lisboa, não tendo contudo dito o porquê de não ter agido antes, já que tanto o posto de Azambuja, assim como o destacamento de Lisboa, já a tinham informado. O momento foi de aproveitamento para uns tantos. Para os la-

drões, para outros tantos políticos que que tentaram galvanizarse com o problema em tempo de campanha eleitoral, e até para as associações a pedirem justamente ao comandante de posto uma reunião de trabalho. Para o povo: Interessa os resultados. Interessa que os nossos bens fiquem a salvo e que possamos voltar a deixar as chaves na porta de casa como fazíamos no tempo dos nos nossos avós. Claro que isso não é possível. Mas já bom se pudéssemos dormir em paz.

José João Canavilhas

imenso barulho e não conseguia dormir (isto cerca das 12 horas). Referiu que estavam a quebrar as paredes com um martelo pneumá-

tico. Na verdade tratava-se de uma operação para descobrir de onde vêm as fugas constantes no edifício. Mais tarde, o incomodado e queixoso senhor, descobriu, que afinal o ruído não vinha do andar direito, mas do esquerdo. Quando a PSP chegou, referiu que era ele a pessoa que os tinha chamado. Seguem as diligências. Após a visita à casa, e verificar-se que estava em curso uma obra de emergência, e o ruído era o normal para aquele tipo de operações, e naturalmente, não era fimde-semana e a hora incluía-se dentro da lei, abandonaram o local. O senhor queixoso, quando verificou que o ruído não era do andar que pensava, dirigiu-se ao proprietário do que afinal era, e referiu que tinha sido ele quem tinha chamado a polícia, pedindo desculpa e lamentado. Afinal o problema não era o ruído das obras, mas o fato de poderem os mesmos serem produzidos por alguém de quem não gosta. Existindo na zona centros de dia, zonas de lazer, parques de jogos, universidades seniores, bibliotecas públicas, e até clínicas de psicologia e psiquiatria e outras de todo o tipo de apoio, ainda existem pessoas que fazem as suas terapias utilizando

a mesquinhez, a raiva, as irrefletidos alusões a pessoas inocentes, etc, etc., prejudicando muitas das vezes a paz social e o trabalho de muita gente. E a PSP? Pois, é isso, sempre a PSP, depois quando precisam verdadeiramente da polícia, lamentam que chega tarde, que demorou muito tempo, que veio a pé, que vieram muitos carros, que vieram poucos carros, etc, etc. O respeito pela nossa segurança e apoio à paz social, não pode ser utilizado em vão. Temos cidadãos carentes de muitos e outros apoios, por vezes a razão são as traiçoeiras doenças provocadas pelo avançar da idade ou pela alteração da saúde mental, é por isso que continuo a apoiar programas, que possam, numa política de proximidade, diagnosticar, identificar e encaminhar as pessoas e os problemas, para o seu devido lugar. A PSP tem uma missão, e deveres a cumprir, de outra natureza.


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Tauromaquia Azambujense ¢

António Salema “El Salamanca”

125 anos faz a Praça de Toiros do Campo Pequeno em 10 de agosto de 2017, uma novilhada económica foi um êxito. Um dos grandes triunfadores da noite foi o forcado David Mouchão, do Grupo de Amadores de Azambuja ao pegar à primeira um novilho-toiro de 450 kg. Pega essa bem ajudada por todo o grupo. Na lide a pé, Cuqui e Sérgio Nunes deram boa nota, mas houve um destaque, fez-se uma grande faena com uma grande classe. Uma faena que merecia saída em ombros da parte de Diogo Peseiro (se fosse Diego Feseiro, talvez saísse dessa forma). Foi uma lide de bonito recorte de um grande toureiro, que precisa de tourear muito para ganhar a fama e glória de outros, mas para lá caminha. E o público tem saudade de um bom toureio a pé. Na parte a cavalo, o mais destacado foi Manuel Oliveira, era o mais jovem dos cavaleiros mas esteve bem. Meteu dois compridos e cinco curtos. Correia Lopes e Soraia Costa cumpriram. Quanto aos forcados de Póvoa de São Miguel e Cartaxo, não tiveram a sorte do grupo de Azambuja. Faço ainda referência a um bandarilheiro que andou muito bem, com o capote, a colocar o novilho-toiro em sorte. O seu nome Joaquim Oliveira. Quanto à direção da corrida: faltou talvez a sensibilidade de dar música no toureio a pé por vontade própria. Em certos casos não tem de ser o público a pedir. Os novilhos saíram a dar bom jogo, embora dois acusassem uma certa mansidão. No final, o público que ocupou meia casa, saiu satisfeito.

E Os bombeiros de Azambuja ofereceram ao Serviço Nacional de Proteção Civil de São Tomé e Príncipe uma ambulância. Uma oferta explicada pelas boas relações entre instituições de ambos os países. Já os Bombeiros de Alcoentre ofereceram diverso material de apoio para ajudar no socorro às populações daquele país. A oferta foi feita no final do mês passado, aquando de uma vista ao concelho de Azambuja do Intendente João Zuzza Tavares, Comandante Nacional do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros da República Democrática de S. Tomé e Príncipe.

Retratos da nossa terra

Apeadeiro das Virtudes, o mais limpo de Portugal! O estado em que se encontra o apeadeiro das Virtudes, freguesia de Aveiras de Baixo, concelho de Azambuja quase que merecia uma gala na RTP. Depois das Aldeias de Portugal, a estação pública poderia fazer uma “viagem na nossa terra” e ver em loco o estado dos apeadeiros. Em Virtudes, destacase a limpeza do elevador, dos vidros e até da gare. O espaço tem estado fora do alcance dos vândalos e dos amantes do grafitti. Valeu a instância do presidente da Junta, Carlos Valada, que não teve a mesma sorte com as colónias de formigas que não só não pagam impostos, como já são bem mais que os habitantes daquela aldeia.

Parreirita Cigano. Alternativa arreirita Cigano é o toureiro do povo, e justificou-o no dia 29 de junho no Campo Pequeno. O cavaleiro do Cartaxo, discípulo de Manuel Jorge de Oliveira, veio à mais importante arena do país receber a alternativa e teve uma noite onde confirmou que a merece com toda a justiça. Parreirita mostrou que quer ser como era o seu mestre, o toureiro do povo. Esteve bem em tudo, no citar de tábuas a tábuas, na visão dos terrenos, e no cravar a ferragem no seu sítio, cheio de emoção e de lentidão, o que dá a beleza ao momento. A noite ficará na história de Parreirita e Manuel Jorge de Oliveira e na memória de todo o público presente. Por gratidão, Manuel Jorge convida Parreirita a lidar a duo o seu toiro, convite feito com a maior dignidade da arte. Parreirita sai o triunfador da noite e voltou ao Campo Pequeno uma semana depois, integrado num cartel com os triunfadores de Las Ventas. Os restantes cavaleiros estiveram relativamente bem a cumprir a sua missão, e quanto aos forcados destacaram-se os do Aposento da Chamusca com a melhor pega da noite.

P

Ana Rita em grande em Espanha e França ste mês de agosto, tem corrido muito bem a Ana Rita. De facto, a cavaleira do concelho de Azambuja tem acumulado êxitos. Seja no país vizinho, onde é considerada a melhor rojeneadora da atualidade ou seja em França. Ana Rita continua a brilhar. Assim em Plasencia no dia um, corta três orelhas e sai em ombros. No dia quatro em Soustons, na França, deu 3 voltas e saiu pela Puerta Grande. No dia seguinte, em Châteaurenard, toureou numa corrida à Portuguesa onde também atuou um grupo de forcados dos Açores. Nesta corrida deu duas voltas sozinha e três com os forcados, para celebrar o triunfo, além de saída em ombros. No dia 12, voltou a Espanha e em Ciudad Real cortou mais três orelhas e rabo e no dia 15 em Ávila mais quatro orelhas e rabo, em ambas voltou a sair em ombros.

E

Para os autocarros da Boa Viagem é ainda tempo de Ávinho. Em pleno mês de julho ainda se viam a circular estes veículos com publicidade à Festa do Vinho e das Adegas, uma “borla” ao município de Azambuja que agora está impedido de contratar publicidade por ter ultrapassado os valores do ano passado. Em causa está o Orçamento de Estado que proíbe que os municípios gastem por rubrica mais do que no ano anterior.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Metaforas e Parabolas Lda - Comu-

nicação Social e Publicidade; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, Ana Bernardino, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Agosto 2017


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Cultura 23

Samora Correia

Um mundo de histórias em exposição sobre a Rua do Grilo

omo habitualmente, as festas de Samora Correia iniciaram-se também este ano com a inauguração de uma exposição evocativa dos modos de vida da cidade. Este ano a abordagem passou pela antiga Rua do Grilo, hoje rua da Associação Comercial de Lisboa, depois do terramoto de 1909, e que em tempos foi o ex-libris local das compras e do comércio samorense. Patente na galeria dois do Palácio do Infantado, recupera em espaços mais pequenos aquelas que foram algumas lojas marcantes na Samora Correia de há décadas atrás como a mercearia, a farmácia ou a taberna. Guiados por Joaquim Salvador, animador cultural do município de Benavente responsável pela recolha e montagem da exposição, os visitantes puderam visitar alguns quadros e recordar Samora de outros tempos. “Foi na Rua do Grilo que existiu o primeiro pronto-a-vestir em Samora, e onde as raparigas que cá moravam eram chamadas de menina da vila, enquanto as outras eram as do campo”. “No fundo era a baixa desta vila”, aludiu Joaquim

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Salvador. As mulheres de então “vestiam-se melhor para virem à Rua do Grilo às compras, ou para virem ao cabeleireiro à menina Orlanda, a primeira que existiu em Samora”. Depois havia ainda outros pontos do comércio daquela artéria que ainda estão na memória como “a Loja do Carteiro, ou a Maria Larata, o Laurentino, o José Vidal, a Farmácia Martins, o Café Cortiço, o senhor Narciso”. “Foi um prazer falar com pessoas cujos pais tiveram mercearias, tabernas ou outras lojas”. O nome da rua também tinha uma explicação até bastante óbvia. As casas da rua eram feitas de materiais menores como o adobe onde facilmente os grilos entravam “e traçavam os tecidos”. Constantemente, os lojistas se queixavam de tal praga. Com o terramoto, muitas casas vêm abaixo, e a rua passou a intitularse Rua da Associação Comercial de Lisboa, entidade que contribuiu para a reconstrução. Ainda se pensou no nome do republicano Miguel Bombarda mas ficou sem efeito, numa altura em dominava a moda de se darem nomes

republicanos às artérias da vilas e cidades portuguesas. E outros pormenores da vida na artéria foram sendo desvendados por Joaquim Salvador que deu também a conhecer um poema que o escritor Domingos Lobo fez e que marca o início da exposição, alusivo como não podia deixar de ser ao tema Rua do Grilo. Nesta rua personagens como a Maria Larata, a Rute, ou a Miquelina que faziam altares aos santos nas suas janelas são referências constantes. Mas nem só do comércio e de compras vivia esta rua, que também era palco de grandes festas, e de convívio entre os samorenses, onde se “rebentavam pampilhos e se faziam grandes danças de roda, bailaricos, e fogueiras”, referiu o animador. “Mas também se rebentavam alcachofras”, respondeu alguém do público. Ainda hoje há personagens incontornáveis desta Samora que vagueiam por esta rua e que qualquer um pode encontrar, também elas mereceram honras nesta exposição que recupera as vidas e as histórias dos samorenses que fizeram a Rua do Grilo.

De forma entusiasta Salvador deu a conhecer pormenores de outrora desta rua

Ao mesmo tempo foi inaugurada também no dia 17 de agosto, a exposição de fotografia de Pedro

Serranito igualmente patente no Palácio do Infantado que capta pormenores que muitas vezes

escapam ao olhar do cidadão de Samora e que estão retratados nesta mostra.


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