JORNAL VALOR LOCAL EDIÇÃO ABRIL 2022

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 110 • 21 Abril 2022 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saúda os 9 anos do Valor Local

Cuidadora Informal de Azambuja sofre na pele burocracia do Estado e não consegue apoios Hospital de Vila Franca de Xira Um ano depois do fim da PPP

Carlos Andrade Costa confessa: “Ainda não ganhámos as pessoas!” Destaque da 16 à 21

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No dia 25 de abril

Novo posto da GNR de Alenquer vai ser finalmente inaugurado Sociedade na 5 PUB


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Lar de Vale do Paraíso apresenta projeto de mais 31 camas Associação Nossa Senhora do Paraíso já apresentou ao público o seu projeto de alargamento das atuais instalações. No ano em que completa o seu 31º aniversário, a edificação de mais esta fase acaba por ser uma prenda esperada. Ao todo são mais 31 camas na valência de lar residencial. Esta é uma ambição antiga da direção presidida por José Eduardo Pereira, que em declarações ao Valor Local, já tinha salientado que este projeto fecharia um ciclo importante na associação e por consequência na região, já que a falta de camas nesta valência é gritante. A obra tem um custo estimado de um milhão e trezentos mil euros, é cofinanciada pela Segurança Social através do programa PARES, pela autarquia e pela própria associação que vai agora fazer uma série de iniciativas para angariar a parte que lhe compete neste projeto, que rondará os 200 mil euros. Para além da participação em algumas festas locais, a ANSP pretende também fazer uma campanha de recolha de fundos junto da população e empresas. O objetivo é angariar donativos que permitam fazer face às despesas,

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José Eduardo deu a conhecer a ambição do projeto

através da disponibilização de um número de conta onde poderão ser depositadas as mais variadas

quantias. José Eduardo Pereira fala numa pressão grande no que toca a es-

tas instituições, porque a ANSP está no limite do distrito de Lisboa. “Deixámos de ter emprego

forte como na Opel, onde se praticavam salários bastante elevados, e hoje temos aqui um mode-

lo que dá empregabilidade, mas não é o que todos queremos” descreve o presidente da direção, que refere que a ANSP vai criar postos de trabalho em breve, mas tendo como ponto base a formação dos mais variados quadros para servir a população sénior. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, deu um voto de confiança à Associação Nossa Senhora do Paraíso, e vincou que a autarquia estará ao lado da instituição, reafirmando o seu compromisso em ajudar. Ainda assim o autarca salienta que o ano será particularmente difícil nesta área, até porque estão em projeto outras obras de mais instituições concelhias como são os casos da Cerci, e da Santa Casa de Azambuja. “Este ano vai ser complicado, mas temos de encontrar soluções, porque a juntar a estas, a Cruz Vermelha vai construir a sua nova sede e também carece de apoio da Câmara. Mas tenho a certeza de que vamos encontrar as ferramentas financeiras necessárias para ir ao encontro das expetativas das pessoas”. A obra arrancará entre agosto e setembro, depois de cumpridos os procedimentos da contratação pública.

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Cartaxo já tem trotinetes elétricas Câmara do Cartaxo colocou ao serviço da população 75 trotinetes elétricas. Os utilizadores deverão descarregar a App, Bird — Viagem com um veículo elétrico, para proceder ao registo e adquirir as viagens. João Ferreira Heitor, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, considera que, com este projeto-piloto, com a duração inicial de um ano e sem qualquer custo para o município, “podemos melhorar a mobilidade de todos os que aqui vivem, trabalham ou nos visitam, em especial dentro do espaço urbano, ao mesmo tempo que reduzimos a pegada de carbono.” O autarca manifesta ainda a sua convicção de “que a população do Cartaxo saberá usar as trotinetes com responsabilidade e com maturidade. Vamos estar muito atentos, mas também confiantes que a nossa comunidade saberá tirar o melhor partido deste tipo de transporte.” Entre os serviços a que a empresa promotora fica obrigada, destaca-se a capacidade de monitorizar as trotinetes em tempo real, devendo impedir, através da respetiva remoção, que quaisquer trotinetes danificadas, inoperacionais ou abandonadas permaneçam disponíveis na via pública. Deverá ter seguro válido que cubra os seus utilizadores e a respetiva utilização, protegendo a confidencialidade dos seus dados pessoais e deve dispor de uma linha telefónica permanente de apoio ao cliente. Para Bernardo Janson, Country Manager da BIRD em Portugal, “O início da operação da Bird no Cartaxo representa uma etapa

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Numa parceria com a empresa Bird

muito importante na nossa atividade e vem colocar a cidade no mapa da tão desejada mobilidade sustentável. A parceria com a Câmara Municipal é fundamental, em todo este processo, e deixanos extremamente satisfeitos, já que vai permitir dar aos habitantes e visitantes do Cartaxo uma alternativa de transporte cómoda, amiga do ambiente e económica.

A missão da Bird é contribuir para que as vilas e cidades tenham melhor qualidade de vida, diminuindo a circulação automóvel e as emissões de carbono. Já damos o nosso contributo em centenas de localidades de todo o mundo e estamos muito entusiasmados por poder prosseguir a nossa missão agora no Cartaxo”. João Ferreira Heitor salienta que

“a empresa Bird, efetuará a recolha periódica dos dados de utilização das trotinetes, para que possa ser estabelecido um padrão e regulada a utilização dos equipamentos, de acordo com as necessidades verificadas. Este trabalho vai permitir identificar e estabelecer quais as ruas onde as trotinetes não poderão ser estacionadas e os locais por onde

não poderão circular ou, onde só o poderão fazer a velocidades muito reduzidas – garantindo, assim, que estes veículos não serão deixados em qualquer sítio e que, a nenhum momento, a segurança das pessoas é colocada em causa. Neste sentido, a empresa apresentará mensalmente ao município os relatórios de acompanhamento da recolha de

dados.” As regras para utilização das trotinetes estão disponíveis na app de registo e aquisição das viagens, mas “de forma a reforçar e incrementar o bom uso dos veículos e a segurança de todos, a Câmara Municipal irá também disponibilizar essa informação junto dos locais de maior concentração de trotinetes”, acrescenta.

Azambuja

Inaugurada Central Municipal de Operações de Socorro J á esta em funcionamento oficial a Central Municipal de Operações de Socorro (CMOS) de Azambuja A iniciativa do serviço de Proteção Civil Municipal local agrega num só espaço as chamadas telefónicas relacionadas com a atividade em causa. A inauguração oficial aconteceu esta quarta-feira, 20 de abril, com a presença da Secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar. Este foi um projeto ansiado e pensado durante algum tempo e que agora vê a luz do dia. Participam os elementos da proteção civil local, nomeadamente, os Bombeiros de Alcoentre e de Azambuja e a Cruz Vermelha de Aveiras de Cima. O projeto, agora implementado, não exclui a necessidade de se continuar a ligar para o 112, em caso de emergência. No entanto é uma ferramenta centralizadora para o Centro Orientador de Doentes Urgentes (CODU).

Inauguração da CMOS, projeto pioneiro no distrito de Lisboa

Na prática este centro vai passar, sempre que receber uma chamada da população, a ligar diretamente para a Central de Comando de Azambuja. Será depois o operador que ligará para o corpo de bombeiros ou Cruz Vermelha, mais perto da ocorrência, dimi-

nuindo assim o tempo de distância entre a saída dos meios de socorro e a chegada ao local. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, destacou na sua intervenção que esta unidade é um orgulho para o concelho até porque “é a primeira no distrito de

Lisboa”. O autarca destaca que o objetivo passa por simplificar o socorro no concelho, unificando num só lugar a otimização dos meios de todas as instituições de socorro do município, “criando uma sinergia e uma partilha de esforços que permita aumentar a

rapidez da resposta e da ajuda prestada às populações”. A central agora inaugurada já está no ativo desde março, e até ao momento, segundo apurou o Valor Local, tem vindo a fazer o seu papel sem grandes dificuldades.

Patrícia Gaspar, Secretária de Estado da Proteção Civil, elogiou o projeto, só possível graças a uma alteração legislativa, e vincou que este “pode ser um exemplo a ser seguido por outros concelhos do país”. Para a governante “deu-se aqui um passo de gigante que pode ser exemplo de boas práticas”, enfatizando que este tipo de estruturas ainda não está a ser colocado em prática em muitos locais. O serviço encontra-se instalado no espaço do Centro de Coordenação Operacional Municipal, integrado no Serviço Municipal de Proteção Civil, e vai funcionar com uma equipa de 7 operadores, destacados pelos corpos de Bombeiros de Alcoentre, Bombeiros de Azambuja e pela Delegação da CVP Aveiras de Cima. Os elementos que integram esta missão tiveram vários meses de formação, e estarão ao serviço 24 horas por dia.


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No dia 25 de abril

Novo posto da GNR de Alenquer vai ser finalmente inaugurado Sílvia Agostinho creditava-se que podia ficar concluído em 2017, mas apenas será inaugurado, agora, no dia 25 de abril de 2022. O novo quartel da GNR de Alenquer começa a receber por estes dias os seus 50 militares que deixam as decrépitas instalações na Rua do 1º Sargento da GNR Arnaldo Mota para um espaço totalmente novo e com as necessárias comodidades junto à variante de Alenquer. Para o presidente da Câmara, Pedro Folgado, ao Valor Local, é finalmente dado o passo em frente no desejo de dar melhores condições de vida e de trabalho aos militares. Quatro ministros da Administração Interna depois, Anabela Rodrigues (PSD); Constança Urbano de Sousa (PS); Eduardo Cabrita (PS), (ou se quisermos ser mais precisos- cinco, e acrescentarmos João Calvão da Silva nomeado durante o Governo relâmpago de 2015 de Passos Coelho), eis que a obra vai agora ser inaugurada pelo novo titular da Pasta, José Luís Carneiro. Pedro Folgado lembra que o processo foi muito cansativo a co-

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meçar pela escolha do local que suscitou controvérsia, dado que muitos eram contra o facto de ficar fora dos agregados urbanos e inacessível para os cidadãos que não tivessem transporte. “Prevaleceu a opção técnica ao invés da política”, recorda. Por outro lado, a cada fase do projeto surgiam muitas contrariedades, sujeito a avaliação de três entidades: a Câmara, o Ministério da Administração Interna (MAI) e a GNR. O projeto chegou a ser contestado na fase da arquitetura e foi necessário lançar três concursos até ser encontrado o vencedor, que, contudo, não quis assumir a obra pelo valor do milhão e 500 mil euros, ficando o segundo classificado encarregue de construir o quartel. “Temos de obedecer a uma série de indicações da contratação pública e isso tudo levou a uma série de constrangimentos ao longo do tempo”. Inicialmente tinha um custo de 1 milhão 320 mil euros, mas subiu até cerca de “1 milhão e 600 mil euros”. O autarca ainda não tem o valor do que já foi ressarcido à Câmara por parte do Estado. Recorde-se que o protocolo sal-

vaguardava que caberia ao município adiantar as verbas, recebendo-as à posteriori em tranches por parte do Governo. “À medida que vamos submetendo pedidos de pagamento, eles vão pagando. Não tem existido problemas nesse sentido. Normalmente, os empreiteiros têm de fazer chegar os autos, verificamos, e só depois é que enviamos os pedidos de pagamento. Segundo nos foi dito pelo novo ministro, este tem pressa em pagar tão cedo quanto possível o que resta”. Por estes dias, os militares estão em mudança. O edifício compreende a ala do destacamento e a ala do posto com uma secção de atendimento geral. No rés do chão, ficam os gabinetes, bem como diversos serviços. No andar superior encontram-se os alojamentos, as celas, e a sala de armamento. O antigo quartel cujo edifício é propriedade do município deverá ter um uso futuro depois de efetuadas as necessárias obras podendo ficar disponível para a Proteção Civil ou para o projeto da polícia municipal em curso, de acordo com o autarca.

Museu do Ar inaugura mural dos 100 anos da primeira travessia aérea A s comemorações do Centenário da 1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral tiveram honras de destaque em Alverca, não fosse a cidade, o “Berço da Aviação em Portugal”. Numa parceria entre a Junta de Freguesia e a Força Aérea, foi inaugurado no dia 2 de abril, um “mural” comemorativo na lateral do Museu do Ar e visível, para os milhares de pessoas que todos os dias passam na Linha do Norte a caminho ou de regresso do emprego. Este mural, agora inaugurado foi fruto de um concurso lançado pela junta de Freguesia e da qual saiu vencedor o artista João Pereira. Natural do concelho de Vila Franca de Xira, o artista recordou a importância de ter este trabalho em Alverca, destacando entre outras questões o facto de “ter contribuído” para a iniciativa, e dando um pouco de si a estas comemorações. Para o Coronel Carlos Raposo, o responsável pelo Museu do Ar,

Mural está visível na lateral do Museu do Ar para os milhares de pessoas que todos os dias passam na Linha do Norte esta foi uma iniciativa importante para a Força Aérea. O oficial destacou a colaboração entre

aquela unidade e as autarquias, nomeadamente, a Câmara de Vila Franca e a Junta de Alver-

ca/Sobralinho, e ressalvou igualmente a participação de João Pereira neste desafio que tem

um significado muito importante para a Força Área e a aviação em Portugal.

Estas comemorações integramse no programa cultural “descentralidades” levado a cabo pela Junta de Freguesia que decorrem até 15 de outubro, e que incluem em toda a união de freguesias, um conjunto de atividades lúdicas, recreativas e culturais. Um programa elogiado pela vereadora da Cultura, Manuela Ralha, que salientou a importância desta ação cultural, ao mesmo tempo que recordou a parceria de longos anos com a Força Aérea Portuguesa. De acordo com Claúdio Lotra, presidente da junta Alverca Sobralinho, a efeméride que agora se assinala não podia deixar de passar pela localidade, não fosse Alverca um símbolo importante a nível nacional da Força Aérea. Para o autarca a parceria com a Força Aérea, é uma mais-valia “e que se quer cada vez mais frutuosa. Quanto à importância do mural agora inaugurado destaca que “se constitui como uma das peças de arte urbana a incluir no Roteiro Turístico da Freguesia, e de promoção do território”.


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Festival “Políticas à Parte” em Arruda dos Vinhos Miguel António Rodrigues rruda dos Vinhos recebe de 23 de abril a um de maio a segunda edição do festival “Politicas à Parte”. Trata-se de um programa da Câmara Municipal de Arruda e que tem como objetivo fomentar a discussão e a partilha de saberes em várias iniciativas que decorrerão no auditório municipal. Carlos Alves, vice-Presidente da Câmara, salientou na Rádio Valor Local, a importância desta ação junto das várias camadas da população, dos mais novos aos seniores. Neste segundo ano, a autarquia quer fazer o pleno com este festival. Se no ano passado existiram apenas algumas iniciativas ao vivo por causa da pandemia, este ano o foco serão as ações in loco e com a participação da população. Carlos Alves explica que a ideia “é estabelecer uma ligação, que está presente no próprio trocadilho da designação do festival, “Políticas à Parte”, fundindo a política com as artes e com o conhecimento”, revelando a necessidade de voltar a aproximar as pessoas à política, que “é mais do que a sua partidarização”. O festival será composto por “talks”, teatro e exposições. Trata-se de uma “outra forma de levar a política às pessoas, dando uma dimensão mais valorativa e não pejorativa como tem”. O festival é realizado no mesmo momento em que se celebra o 25 de abril. Neste campo, Carlos Alves fala na partilha de saberes

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Carlos Alves dá a conhecer os objetivos da iniciativa

entre, por exemplo, os alunos seniores da Universidade das Gerações com os mais jovens. Uns que viveram o 25 de abril e outros que apenas ouviram falar - “Há aqui uma transversalidade que se pretende” junto dos vários públicos, não só nesta, como noutras matérias. Ainda assim, Carlos Alves esclarece que a juventude em particular e a restante população daquele concelho, participa ativamente nas iniciativas culturais que são desenvolvidas pela Câ-

mara e pelas associações. O festival “Politicas à Parte” foi um exemplo disso no ano passado, sendo que a realização deste certame novamente, marca uma aposta ganha pela autarquia, que no futuro o poderá descentralizar pelas diferentes freguesias do concelho. Na edição deste ano, Carlos Alves destaca no dia 24 de abril Manuel Cruz, que fez parte de projetos como os Ornatos Violeta e que atua no Clube Recreativo Desportivo Arrudense. A 29

de abril teremos o projeto – “A Garota Não”. Ao nível do teatro a peça de Jacinto Lucas Pires “Somos Todos Lázaros” estará em destaque no dia 30 no auditório municipal. Este é igualmente um festival com acento tónico na partilha de experiências através de sessões que colocam em discussão os mais variados assuntos. Carlos Alves destaca as duas principais “talks” do “Políticas à Parte”, uma com Isabel Moreira e outra com Pedro Silveira. Há ainda o

destaque para uma exposição sobre o 25 de abril “com olhares distintos e diversificados sobre a data”, esclarece Carlos Alves que elucida da criação de um passe para o festival com o valor de 10 euros, mas há muitas outras atividades que são gratuitas. Carlos Alves diz que há uma preocupação do município face à necessidade de uma política cultural a pensar em todo o tipo de públicos, centrada quer na população mais rural quer na mais urbana, destacando que

este é “um festival intergeracional”, dada a inclusão da universidade sénior no mesmo. O Festival “Políticas à Parte” começa a 23 de abril e termina a um de maio e a programação completa pode ser encontrada no site do município em www.cm-arruda.pt Esta é uma entrevista que já está disponível na íntegra em podcast no site radiovalorlocal.com ou em vídeo na página do Facebook do jornal Valor Local.

Transferência de competências

Câmara de Benavente com mais 149 trabalhadores das escolas A

Câmara Municipal de Benavente passa a contar com mais 149 trabalhadores no seu quadro ao abrigo do processo de descentralização de competências do Governo para as autarquias. Estes trabalhadores dizem respeito aos assistentes operacionais das escolas do concelho. O presidente da autarquia, Carlos Coutinho, referiu em reunião

de Câmara que os compromissos estão assumidos no que se refere a estes colaboradores que integram o mapa de pessoal da autarquia desde 1 de abril. O município fica encarregue ainda dos custos de energia, pequenas reparações e outras solicitações, sendo que a nível de grandes obras “a responsabilidade é do Estado”.

“Estamos cá para ser parte da solução, mas as verbas também têm de ser disponibilizadas”. Neste momento a Câmara fica com as intervenções correntes. Esta nova fase foi assinalada ainda com uma reunião no cineteatro de Benavente onde estiveram presentes os trabalhadores que desempenham funções na área da educação. O presidente da

Câmara, Carlos Coutinho, deu as boas-vindas aos trabalhadores que passam agora a integrar o mapa de pessoal da autarquia, esclarecendo questões relativas ao novo enquadramento institucional. Salientou ainda que este é um projeto a construir com todos, e que do ponto de vista da gestão funcional, estes trabalhadores, continuarão a manter os

seus postos de trabalho e funções de acordo com as orientações das direções dos agrupamentos de escolas. A Câmara Municipal de Benavente, “consciente das alterações inerentes ao exercício das novas responsabilidades, sublinha a importância do trabalho colaborativo entre os parceiros da área educativa” dá conta o município

Câmara de Alenquer quer criar Unidade de Saúde Familiar em Abrigada A Câmara Municipal de Alenquer anunciou num debate dedicado a assinalar o Dia Mundial da Saúde a intenção de criar uma Unidade de Saúde Familiar (USF) na Abrigada, depois de concretizada a ambição de construir um novo centro de saúde na localidade, dado que as atuais instalações da extensão são exíguas e sem condições para os utentes e profissionais. Para tal, a autarquia vai lançar mão das verbas do Pro-

grama de Recuperação e Resiliência (PRR) esperando que o Estado possa consagrar uma verba de 1 milhão 500 mil euros para esta intenção. Em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) pretende-se estabelecer um protocolo com vista à USF posteriormente à fase de construção do novo edifício. Durante o seminário foi dado a conhecer o trabalho que está a ser desen-

volvido com a apresentação de peças com a configuração da nova unidade a construir. O centro de saúde será construído na entrada da localidade na direção Marés-Abrigada num terreno pertença da Câmara. Ao mesmo tempo em Olhalvo o município prepara-se para requalificar um espaço adquirido recentemente com vista também à instalação mas de uma extensão de saúde. Ambos os projetos estão na fase de arqui-

tetura. O de Olhalvo também foi inscrito em PRR e ronda o meio milhão de euros. Tem sido difícil para o município conseguir fixar clínicos no concelho. As unidades de saúde familiar são vistas como o derradeiro esforço para que os médicos permaneçam, mas nem sempre acontecem os resultados esperados. Na nossa região há exemplos que correm bem e outros menos bem. “Realmente é uma dificuldade muito grande.

O problema é sistémico. Não se consegue atrair médicos em número suficiente para a medicina geral e familiar sobretudo para o Serviço Nacional de Saúde. O Governo tem de ultrapassar essa dificuldade. Os municípios estão disponíveis para fazer parte da solução, criando estruturas para receber os médicos bem como criar apoios, o que já estamos a fazer”, relata Paulo Franco, vereador com o pelouro da Saúde ao Valor Local. Recor-

no seu site. No que se refere a refeições escolares, excetuando as da educação pré-escolar e do 1º ciclo que já são assumidas pela Câmara, apenas em setembro será assumida essa função uma vez que por agora ainda decorrem os contratos de prestação do serviço com a Direção Geral de Educação.

de-se que está em consulta pública uma proposta de regulamento para apoiar a fixação de médicos no concelho, à semelhança do que os municípios de Benavente e Azambuja também estão a levar a cabo. Paulo Franco refere que ainda não foi pensada uma verba por parte da Câmara para incentivar esta possibilidade, mas que está a ser discutida com os interlocutores da área da saúde no concelho.


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Inundação destrói equipamentos do Centro Cultural do Cartaxo inda está por apurar o total dos danos ocorridos no Centro Cultural do Cartaxo quando no dia 13 de abril houve uma falha no sistema de segurança que fez acionar o sistema de aspersão de água sem que houvesse indícios de qualquer incêndio no edifício. Segundo João Heitor, presidente da autarquia ao Valor Local, os prejuízos são variados e incluem todo o sistema de som e luzes. Estão a decorrer desde essa data diversas vistorias “com vista ao apuramento das causas”. Na noite de 13 para 14, altura em que devia ter acontecido um concerto do grupo UHF, “a cortina corta-fogo baixou sendo acionado o sistema de dilúvio com estragos consideráveis que ainda não foram quantificados financeiramente”. Foram acionados os seguros. A peritagem deverá indicar o que esteva na origem da entrada em funcionamento do sistema de aspersão de água quando não era necessário. Segundo o autarca são debitados cerca de 1000 litros por segundo, o que levou à destruição do equipamento.

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Rua dos Machedes em Atouguia das Cabras com falta de segurança Munícipe de Atouguia das Cabras descontente com várias situações na Rua dos Machedes

Obras nas piscinas do Cartaxo devem chegar a centenas de milhares de euros s piscinas municipais interiores do Cartaxo vão para obras de monta nos próximos tempos. O presidente da autarquia, João Heitor, deu conta de questões estruturais que colocam em causa a fruição do equipamento por parte da população. Em declarações ao Valor Local especifica que as análises feitas com regularidade à qualidade da água vieram mostrar que existiam parâmetros desconformes. O facto de a água não aquecer também esteve fundamentalmente na descoberta do estado de coisas. Os filtros e as tubagens apresentavam um elevado grau de degradação. “Para que se perceba, os filtros compostos de areia e cinza tiveram de ser abertos com recurso a um maçarico, tendo o seu conteúdo de ser retirado com martelo elétrico e rebarbadora como se de cimento armado se tratasse”, elucida. A consequência deste quadro no restante sistema não era de somenos, mas o presidente da Câmara salvaguarda que não estava em causa a saúde dos utentes. Nesta altura, o município está a ouvir peritos e empresas para se apurar um valor com vista às obras e embora não queira falar de verbas, toda a intervenção que compreenderá o sistema de filtragem e de qualidade da água poderá ascender a centenas de milhares de euros. Foram ainda encontrados problemas no tanque que também deverá ser intervencionado. Segundo o autarca, “um dos filtros era de 1996, e o outro de 2003 ou 2004”. No nosso destaque de edição de fevereiro de 2014, o Valor Local traçava um retrato dos vários complexos de piscinas na região, sendo que naquela altura, Pedro Ribeiro, ex-presidente da Câmara do Cartaxo, dava conta da intenção do município de ali realizar uma intervenção que podia chegar aos 200 mil euros, mas nas piscinas exteriores. Não sendo conhecidas intervenções na mesma ordem de grandeza no interior, embora já existisse alguma apreensão à época quanto ao estado da piscina interior. “A Câmara interveio no interior, mas os custos terão rondado os 20 mil euros, agora estamos a falar de números muito superiores na casa das centenas”. O autarca concorda que a manutenção foi insuficiente durante muitos anos, mas prefere não tecer demais comentários sobre a gestão que anteriores presidentes tenham feito do equipamento. As piscinas interiores vão fechar durante alguns meses, “mas queremos recuperar o espaço o mais depressa possível para colocar o equipamento ao serviço das pessoas”. O concurso para a reparação das piscinas deverá ser lançado entretanto.

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Arranca obra de Casais do Farol Câmara de Azambuja lançou o procedimento para adjudicação das obras de consolidação do talude que sustenta os depósitos da água em Casais do Farol. O assunto já vinha a ser falado desde o mandato passado, até porque uma família que costumava residir numa habitação nas imediações corria risco de sofrer a qualquer momento com uma derrocada dos terrenos. Ao Valor Local, o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, confirmou que a adjudicação foi efetuada há algumas semanas. O investimento de 330 mil euros “é avultado”, segundo o autarca, mas “necessário para proteger a encosta e as pessoas” com o objetivo de “criar uma cortina de proteção aos depósitos da água do furo do farol”. A barreira que sustenta os depósitos da água apresenta fissuras e risco de derrocada e foi alvo de vários alertas. A obra dos depósitos no entender dos autarcas foi mal concebida dado que as infraestruturas deveriam ter sido construídas numa faixa do terreno mais recuada, e com o equacionar de um muro de suporte para fazer face a possíveis situações como esta que se está a verificar. O vereador do PSD, Rui Corça, questionou na última reunião de Câmara sobre este assunto que na sua opinião “tem sido adiado” pelo município. Ao Valor Local, Silvino Lúcio refere que as obras vão arrancar até ao verão para estarem prontas antes do próximo inverno.

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orge Louro reside em Atouguia das Cabras, na freguesia de Abrigada, e ao longo dos anos tem apresentado diversas queixas junto do município de Alenquer em relação ao estado de coisas na Rua dos Machedes e na Ribeira dos Machedes. O munícipe queixa-se da ausência de passeios, sendo que as sarjetas estão muitas vezes entupidas e as valetas a necessitarem de obras. Na mesma rua foram colocados grandes blocos de cimento junto à berma e que já estiveram na origem de acidentes. O morador entende que já deviam ter sido retirados. O desejo dos moradores é que a Câmara faça os passeios de uma vez por todas. “Aqui há tempos vinha num sentido um rapaz de bicicleta, e no outro sentido um de mota que quase o matou porque isto que aqui puseram só prejudica”. A ideia seria criar uma barreira rente ao rio para se evitarem males maiores, mas a ideia não está a surtir o efeito desejado. “Isto não dá jeito nenhum a ninguém, ainda se fosse provisório, mas os blocos foram postos há um ano”. O morador refere que as bermas deveriam ser consolidadas para que aumentem as condições de

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segurança na Rua dos Machedes. O munícipe também entende que a Câmara já devia ter efetuado novas obras de limpeza da ribeira. “Dá-me ideia de que só o fizeram no primeiro mandato do atual presidente, ou seja, já há vários anos que não limpam nada”. Jorge Louro considera que as limpezas deviam ocorrer todos os anos devido ao acumular de vegetação. “Cheira mal de vez em quando, possivelmente enviam para aqui os esgotos de alguma indústria”. Jorge Louro considera que o município já devia ter resolvido estas questões não só porque vivem várias famílias nesta rua, mas sobretudo porque a localização em causa está consagrada para habitação e face aos possíveis interessados em construir têm de ser asseguradas todas as condições. O Valor Local questionou o município sobre as questões levantadas pelo munícipe. No que se refere às queixas sobre a ausência de passeios na rua em causa, a autarquia não se compromete com um calendário, salvaguardando apenas que está atenta a este estado de coisas naquela via de Atouguia das Ca-

bras. No que respeita à manutenção das sarjetas e das caixas pluviais é referido que é algo na esfera da competência da União de Freguesias de Abrigada e Cabanas de Torres. A autarquia está ao corrente de que a ribeira que corre ao lado da estrada de acesso à localidade de Atouguia das Cabras carece de consolidação e estabilização ao longo de toda a sua margem direita. Sendo assim, está prevista uma intervenção neste âmbito, “para que seja levada a cabo de forma integrada e que preveja a construção de um passeio pedonal no lado oposto da estrada”. Já quanto aos blocos de cimento foram colocados, refere a autarquia, “atendendo a um aluimento de terras na margem do rio e à ocorrência de alguns acidentes de viação no local que derivaram deste aluimento. Está prevista uma intervenção integrada, que resolva todas estas questões, permitindo a consolidação da margem da ribeira, que convive com a estrada, e simultaneamente a aplicação de um rail que impeça a queda acidental de viaturas na ribeira. Na margem oposta da estrada pretende-se construir um acesso pedonal e posterior pavimentação da via.”

Contudo estas obras ainda não têm data prevista. Já quanto à ribeira de Machedes, afluente do Rio de Ota, o município concorda que carece de uma limpeza, contudo o curso de água apresenta alguns constrangimentos, dado que “quanto mais limparmos, mais aumentamos a velocidade de escoamento, o que acentua o risco de cheia na Atouguia, o que tem acontecido com frequência.” Por isso, o trabalho de limpeza tem sido efetuado no interior da localidade e a jusante, para escoar a água rapidamente. “No entanto, temos uma área protegida do monumento natural local do Canhão Cársico da Ota, com quase dois quilómetros, que trava bastante o escoamento e uma mota que impede o alagamento de parte da várzea”, considera a autarquia. O município esclarece que no troço final desta ribeira, como resultado de abusos efetuados na área de proteção do domínio hídrico, a própria estrada está dentro dessa zona e os taludes têm vindo a ceder. Neste momento, a estrada encontra-se condicionada com guardas de segurança (jerseys) de betão, pois uma pequena parte já abateu.


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Cisbela Ferrão – o retrato de uma cuidadora informal a contas com a burocracia do Estado á cerca de 14 anos que a mãe de Cisbela Ferrão entrou num quadro de Alzheimer. Há quatro que se tornou cuidadora informal da mãe. Em Portugal ascendem, segundo dados de 2020, a cerca de 1 milhão e 400 mil entre filhos que cuidam dos pais, pais que cuidam dos filhos, passando por outros graus de parentesco ou não. Cisbela Ferrão, que vive em Azambuja, teve de deixar o seu trabalho de cuidadora formal, dado que nos últimos anos do seu percurso profissional adquiriu competências nesse sentido. A maior parte da carreira foi como analista química. Nos últimos anos ficou em casa encarregue dos pais, sendo que o pai faleceu recentemente. A mãe doente de Alzheimer num dos últimos estádios não a reconhece, perdeu muitas das faculdades, sendo que ouvir canções do seu tempo é das poucas coisas que a tranquiliza ou lhe arranca um sorriso do rosto. São assim os mistérios do cérebro, concorda Cisbela. O quadro de Liberdade Rosa começou aos 75 anos, sendo que tem 90 atualmente. A filha conta que a mãe teve uma vida muito atribulada como emigrante em Moçambique. Um dos acontecimentos mais terríveis ocorreu quando perdeu uma das filhas às mãos de um crime de violência doméstica. Cisbela Ferrão relata que a mãe não fez descontos e como tal não possui pensão. Durante a vida ativa foi trabalhando como ama, mas sem que existisse um vínculo. Deveria estar a receber a pensão do

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Apesar das contrariedades, o carinho da família não falta Liberdade Rosa

marido falecido, na ordem dos 500 euros, mas até agora sem sucesso. O caso está no Tribunal de Alenquer e a cuidadora informal aguarda uma resposta. “Tem de ser ela a efetuar o pedido para recebermos a pensão do meu pai. Como não está em condições de o fazer, tenho de ter uma ordem do tribunal em como represento a minha mãe”. Algo que já solicitou há dois anos, mas até ao momento não obteve

resposta. O processo está na procuradora de Alenquer desde essa altura. Aguarda que venham a sua casa para verem as condições em que tem a mãe conforme refere o enquadramento legal para este tipo de casos. O Valor Local questionou o Tribunal de Alenquer sobre o ponto de situação, mas ainda sem sucesso. Recentemente o Governo anunciou uma série de processos que

possam vir a enquadrar na lei, de forma mais simplificada, o estatuto de cuidador informal para que o acesso aos subsídios se torne mais célere, em que se acautele ainda a possibilidade de descanso do cuidador, e a promoção da integração no mercado de trabalho. “Há mães que estão em casa que são médicas, psicólogas, fisioterapeutas. Se pedimos as tais ajudas técnicas como cadeiras adaptadas ou ou-

tro material só conseguimos que a entrega seja feita daqui a um ano”, desabafa para ilustrar uma realidade pela qual passam milhares de pessoas no país. Cisbela Ferrão que faz parte da Associação Nacional de Cuidadores Informais relata que no caso das crianças com necessidades especiais que estão sempre a precisar de mudar de talas, porque estão em fase de crescimento, “a sua situação não se compadece com o excesso de burocracia”. “Temos de pedir orçamentos a três lojas e só depois é que a Segurança Social vai escolher um deles, normalmente o mais barato”. Por outro lado, não foi reconhecido o estatuto de cuidadora a Cisbela Ferrão porque Liberdade Rosa não usufrui de subsídio de dependência nem está numa cama. “É o que se passa comigo e com outros milhares de pessoas”. Gostaria que lhe fosse reconhecido “este tempo de quatro anos de forma que contribuísse para a reforma, porque ainda faltam alguns anos”. Tem 62 anos, e sobram cinco. A associação da qual faz parte tem ainda longas batalhas pela frente. “Os cuidadores são na sua maioria reformados e não conseguem ser reconhecidos. Porque a partir do momento em que usufruem de uma reforma não têm direito a nada. No caso de uma das dirigentes da associação também não tem acesso a apoios porque apesar da mãe viver com ela, ainda está registada na antiga morada. Por outro lado, e se o rendimento do agregado for acima de um determina-

do teto, passa-se o mesmo”. Cisbela Ferrão critica sobretudo “a burocracia” e exemplifica – “Se eu puser a minha mãe num lar, o Estado paga às misericórdias mil euros. Ora quem se dispõe a ficar com os familiares em casa deveria ser recompensado de alguma forma”. O cansaço e o desgaste físico e mental causados pelo facto de ter de estar 24 horas entregue à missão de cuidar da mãe são uma constante – “Peço-lhe para abrir os olhos, mas ela abre a boca. Não consegue fazer as necessidades. Digo para que faça força, mas ela não sabe o que isso quer dizer. Não consegue engolir a comida, porque o cérebro não sabe dar essa ordem à boca. Esqueceu-se desses movimentos mecânicos básicos. Por vezes choro de exaustão. É como se estivesse a tomar conta de um bebé de meses”, dá conta Cisbela Ferrão evidenciando quadros característicos de Alzheimer já numa fase muito avançada. “É desesperante!”. Para além disso queixa-se de que a doença é muitas vezes mal compreendida, porque “há quem considere que é feitio e teimosia”. No fim de contas desabafa que o melhor que lhe podiam dar seria “uma noite sem preocupações para que pudesse dormir”. A inquietude da mãe também não lhe dá tréguas na cama. Dormem juntas porque teme que um movimento mais brusco de Liberdade faça com que caia para o chão. Aguarda por uma cama articulada que permita alguma tranquilidade e repouso a ambas.

Câmara de Vila Franca dá mais um passo para a conclusão do passeio ribeirinho Alverca/Sobralinho A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e a Força Aérea Portuguesa assinaram, no dia 30 de março, um protocolo com vista à cedência de uma parcela de terreno junto ao Tejo com vista ao alargamento do passeio ribeirinho. O objetivo é dar continuidade ao parque linear do estuário do Tejo em Alverca e como consequência ao passeio ribeirinho, unindo os 22 quilómetros de frente do município. A Força Aérea esteve representada pelo Major-General Paulo José Reis Mateus, Comandante da Logística. Fernando Paulo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira enalteceu o apoio e empenho da Força Aérea neste domínio, vincando igualmente que as relações com a estrutura já são antigas. O autarca relevou o fato da

existência da Força Aérea no concelho, salientando a sua importância no que toca à sua presença e missão. Para Fernando Paulo Ferreira, o momento da assinatura “foi particularmente simbólico para o concelho de Vila Franca de Xira, porque estamos a formalizar o que foi uma colaboração bastante cuidada por parte de ambas as entidades”. Para o autarca esta colaboração entre o município e Força Aérea, acontece “numa perspetiva de entendimento, da sociedade civil da importância do que é para o país ter uma instalação militar desta natureza connosco, no coração da maior cidade do nosso concelho, Alverca do Ribatejo”. O presidente da Câmara vincou, por outro lado, o “entendimento” da Força Aérea, no que toca à cedência deste troço junto ao

Presidente da Câmara vincou boa colaboração com a Força Aérea

rio, tendo em consideração a importância para a sociedade cível que é “permitir a continuação da construção dos passadi-

ços ribeirinhos do nosso concelho”. O autarca recordou o início deste projeto em 2008, ainda no

tempo de Maria da Luz Rosinha como presidente, atravessando depois os mandatos de Alberto Mesquita até aos dias de hoje.

O projeto contempla a construção do Trilho das Comportas, que irá prolongar em cerca de cinco quilómetros o atual caminho ribeirinho com um novo troço entre o aeródromo do complexo militar de Alverca e o rio. Com este projeto, o passeio ribeirinho vai ter 12 quilómetros, faltando outros tantos. Para o futuro, fica a faltar a ligação ao Parque das Nações no concelho de Loures, presidido pelo socialista Ricardo Leão, a quem Fernando Paulo Ferreira, no dia da sua apresentação como candidato, piscou o olho para a implantação desta fase. Para trás, fica igualmente um outro projeto, muito falado até com a Câmara de Alenquer, e que pretende ligar Vila Franca à Castanheira e posteriormente à Vala do Carregado, já muito próximo do concelho de Alenquer.


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Carla Natário já trabalhou nos maiores telescópios do mundo

Astrónoma de carreira abraça projeto do Observatório Astronómico em Cardosas atural de Setúbal radicou-se na localidade de Cardosas, Arruda dos Vinhos, há cerca de seis anos. Carla Natário astrónoma de profissão está a prestar nesta altura apoio técnico na implantação de um observatório astronómico no moinho existente em Cardosas, naquele que é um desejo que começou a ser acarinhado pela população desde há vários meses e que a junta em conjunto com a Câmara de Arruda pretende colocar de pé. Fomos conhecer o seu percurso. Carla Natário, 36 anos, estudou Física, ramo da Astrofísica e Astronomia na Faculdade de Ciências de Lisboa. Fez o mestrado numa universidade holandesa, em Leiden, onde apresentou uma tese sobre Exoplanetas (planetas que não orbitam em torno do sol e que por isso se encontram em sistemas planetários que não o nosso). Hoje em dia conhecem-se mais de 14 mil planetas. Seguiu-se uma bolsa de doutoramento na Universidade de Hertfordshire, em Inglaterra, tendo iniciado um estudo sobre “maternidades de estrelas nas nossas galáxias”. Surgiu a oportunidade de ficar a trabalhar no observatório de Bayfordbury, onde pôde desenvolver muito daquele que foi o seu trabalho de investigação. “Passei alguns anos a fazer divulgação científica, que adorava. Como astrofísica ia com frequência a telescópios em várias partes do mundo desde o Hawai, desertos, entre outras paragens, o que implicava recolher imagens durante vários dias e depois estar meses a analisá-las”. Carla Natário confessa que a observação proporcionoulhe ir “a sítios do planeta incríveis”. Os telescópios que tinha no seu trabalho dispunham de tecnologia de ponta através da luz micro-ondas, infravermelhos e raio x “com comprimentos de onda muito longos indicados para captar as coisas mais longínquas do universo”. Carla Na-

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Carla Natário tem agora um novo desafio na terra onde escolheu morar há seis anos

tário especifica que os normais telescópios óticos não conseguem “ultrapassar as nuvens de poeira que temos no universo”. Aqueles com que chegou a trabalhar “custam milhões e têm uma manutenção diária de milhares”. Portugal não dispõe desses telescópios de ponta porque não possui as necessárias condições climatéricas. Apenas em locais mais secos é possível captar em melhores condições, bem como longe das cidades, e sem interferência de antenas nas proximidades. Estão normalmente em topos de montanhas ou vulcões e em desertos. O que é captado para depois ser estudado é através de computadores e não do olho humano que não está em

condições de o fazer. “É preciso gostar muito, porque depois dessa primeira fase de recolha passamos muito tempo a investigar e a debruçarmo-nos sobre aquilo que foi extraído nas imagens. É como no micro-ondas, em que não vemos nada, mas podíamos colorir a radiação que lá está dentro e ver as ondas em que determinada frequência corresponde a uma cor”, exemplifica. “Mesmo no melhor local do mundo o que nos chega vem sempre com muito ruído e o nosso trabalho é criar programas para limpar, até que nos seja fornecida uma imagem que possa ser considerada como viável”. Entretanto regressou a Portugal há seis anos, e esteve no Planetário Calouste Gulbenkian duran-

te um ano, ao mesmo tempo que se mudava para o concelho de Arruda, uma localização que lhe pareceu acertada dada a nova fase na sua vida. “Gostei bastante de Cardosas e por isso ainda aqui estou”. No planetário tinha a expetativa de introduzir algumas alterações, porque “muitos dos conteúdos ainda são bastante antiquados”. Carla Natário conta que ainda perduram os segmentos de imagens que se podiam ver durante a década de 80 ou 90 sempre que se visitava o planetário. “Se virmos do ponto de vista nostálgico, o planetário é maravilhoso, mas do prisma dos conteúdos parou no tempo”. Trabalhou um ano no planetário, “mas o ambiente era muito hostil à mudança”, e acabou por encer-

rar também esse capítulo na sua vida. Apesar de hoje em dia estar retirada da profissão, dado que preferiu abraçar uma carreira na área de aulas de Yoga e Meditação em Arruda dos Vinhos onde possui um espaço, o Sitara Yogini para este tipo de atividades, Carla Natário recorda que aquilo que a vida de astrónoma lhe proporcionou foi gigantesco e continua a passar em revista muito daquilo que viveu. “Há observações incríveis de galáxias muito antigas que ficam a milhões de anos-luz, e temos portugueses muito envolvidos no estudo do universo antigo da cosmologia”. A astrónoma traça um paralelismo entre a nova carreira e a antiga, referindo que ambas se

CVP de Aveiras assinala mais um aniversário A

Delegação de Aveiras de Cima da Cruz Vermelha Portuguesa assinalou no domingo, 17 de abril, 37 anos de atividade. Para marcar a data, a instituição levou a cabo o juramento de cinco novos socorristas, que ficarão de prontidão na delegação de Aveiras. Juraram ainda bandeira, outros sete socorristas do centro humanitário de Santarém-Cartaxo e outros 3 da delegação Torres novas. A cerimónia que decorreu no Mercado Diário de Aveiras de

Cima, ficou completa com as promoções a socorristas com 5 anos de casa, e socorristas que passaram a TAS, técnicos de emergência. O evento consagrou ainda Fábio Tristão como Coordenador Local Adjunto de Emergência. A iniciativa decorre numa altura em que a delegação se prepara para dar início ao novo quartel. O espaço há muito ansiado pela CVP, vem dar melhores condições de trabalho e de socorro aos elementos que compõem aquela casa.

complementam e que ciência e espiritualidade podem andar de mãos dadas. “Hoje em dia há cada vez mais pessoas a ligarem as duas”. Acredita em Deus “ou numa inteligência superior que não é tangível para a mente humana”, que possivelmente “só alcançamos quando a mente descansa e outras partes do nosso cérebro estão mais predispostas a isso”. Carla Natário acredita ainda que “a humanidade já olhou mais para o céu”, interpretando a natureza de outra forma, pois hoje “quando perguntamos a uma criança se já viu uma estrela cadente ela responde que não”. Quanto à eterna questão se há ou não vida noutros planetas, refere que “não existe nos do sistema solar, mas encontramos muitos mistérios nas luas desse sistema, por isso é possível que alberguem vida.” “Com a variabilidade de exoplanetas já descobertos, acho que seria um grande desperdício a natureza não criar outros seres.” Quanto ao projeto do observatório em Cardosas, está muito entusiasmada com o desafio. “Tenho disponibilidade para abraçar projetos sonhadores como este e que ainda podem levar algum tempo até à sua concretização. Não é comum ver um presidente tão jovem como o Fábio a querer colocar algum dinheiro do seu orçamento ao serviço da ciência, da educação, da cultura e do envolvimento com a comunidade”. A ideia é “fazer do moinho a casinha do telescópio”, mas há que adaptar a estrutura. O investimento pode chegar, segundo o presidente da junta, Fábio Amorim aos 100 mil euros. Segundo Carla Natário “o local é bom porque não tem muita poluição luminosa por se encontrar longe das grandes cidades”. Na sua opinião “poderá captar muitos alunos das escolas aqui à volta e a própria comunidade está muito entusiasmada. É tudo muito inspirador”.


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Feira de Maio regressa em força a Azambuja Miguel António Rodrigues epois de um interregno de dois anos por causa da pandemia, a Feira de Maio de Azambuja está agora de regresso, de 26 a 30, e para uma edição que se espera em grande, tendo em conta os anos de ausência. A feira maior de Azambuja apresenta algumas alterações que vão fazer a diferença junto dos aficionados da festa brava. Em entrevista à Rádio Valor Local, o presidente da Câmara de Azambuja e o Vice-Presidente, Silvino Lúcio e António José Matos, respetivamente, saudaram o regresso do certame, ao mesmo tempo que agradeceram ao cavaleiro tauromáquico azambujense, radicado nos Estados Unidos, Paulo Jorge Ferreira, a oferta de uma largada de toiros extra que decorrerá no dia 26, para encerrar o Mês da Cultura Tauromáquica, seguindo-se depois a centenária Feira de Maio. Silvino Lúcio e António José Matos falaram em direto com Paulo Jorge Ferreira, que disse “ser um

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orgulho poder contribuir nesta altura para a realização de mais uma espera de toiros”, um investimento que o cavaleiro faz no certame da sua terra natal, e que vai orçar em mais de quatro mil euros. Esta é uma das grandes novidades que vai marcar o regresso da Feira de Maio. No entanto, nesta edição a feira não terá a habitual Praça das Freguesias nem os pavilhões dedicados às empresas. António José Matos explica que tal se deve também ao facto de se querer apoiar o comércio local, que assim não terá a “concorrência” das mesmas tasquinhas. Ainda assim, o vice-presidente destaca que algumas atividades da feira vão ser deslocadas da zona do Campo da Feira para o centro da vila. António José Matos vinca que “as provas dos campinos serão realizadas dentro da vila sábado à tarde”. Estas provas que eram tradicionalmente feitas na manga junto ao bairro da Socasa, realizarse-ão “entre o edifício dos Paços do Concelho e o Centro Paroquial

de Azambuja”. Também o concurso de modelos e andamentos, que atribui o troféu Dr. Ortigão Costa, será deslocalizado para o centro da vila, segundo o vicepresidente, que com estas mudanças espera atrair mais público e dar mais vida à vila. Este ano o município vai homenagear o campino José Rodrigues Silva, mais conhecido como “o Mimoso” algo que estava previsto para 2020, mas por causa da pandemia, a cerimónia foi adiada para este ano. O pampilho a entregar terá o nome de Joaquim Luís Vicente. Segundo o presidente da Câmara de Azambuja, a cerimónia de homenagem ao campino será o mote para convidar o novo ministro da Cultura. Silvino Lúcio espera que Pedro Adão e Silva aceite o convite do município para estar presente no ponto alto da festa, e diz acreditar que o lado de aficionado do ministro seja suficiente para afastar os ventos da anterior ministra, que era frontalmente contra a tauromaquia.

Haverá mais uma largada extra na feira - Foto José Júlio Cachado

Colete Encarnado 2022 com programa alargado O Colete Encarnado está de regresso a Vila Franca de Xira. Depois de um interregno de dois anos por causa da pandemia, o certame volta ao ativo com um formato alargado a 90 dias, celebrando também os seus 90 anos de existência. O certame tem como mote “90 anos, 90 dias, 90 horas” e assenta em várias semanas de trabalho com todos, “os players da esfera taurina” e parceiros do município de Vila Franca de Xira, referiu na conferência de imprensa realizada, no final de março, o presidente da Câmara, Fernando Paulo Ferreira. Numa primeira apresentação à comunicação social, no antigo restaurante “Redondel” na Praça de Toiros Palha Blanco, o autarca fez notar a participação da sociedade civil, tertúlias, associações, e Santa Casa da Misericórdia local, que de resto é a proprietária da praça. Com início já a 2 de abril, o Colete Encarnado conta com um vasto programa cultural associado à festa brava que é uma marca inequívoca do concelho cujo certame

venceu o concurso da RTP “Sete Maravilhas de Portugal” na vertente: Cultura Popular Nesta edição e “para eternizar este aniversário, a espera de toiros do dia 3 de julho incluirá uma

passagem de toiros e campinos pela Ponte Marechal Carmona, naquele que será um momento único na história do Colete Encarnado”, referiu o presidente da Câmara, o que na prática significa

Ávinho regressa em Maio A edição 2022 da ÁVINHO – Festa do Vinho e das Adegas, em Aveiras de Cima, está de regresso, mas desta vez o certame maior de Aveiras de Cima vai realizar-se no início de maio, nomeadamente de nos dias 6, 7 e 8. Será um certame realizado pelo município de Azambuja em colaboração com a Associação Vila Museu do Vinho e que terá como

acrescentar um dia ao certame. No que toca aos espetáculos, o Colete Encarnado traz a Vila Franca este ano: Quim Barreiros, António Zambujo, Carminho, Expensive Soul e os Lucky Duckies que

atuarão no Palco da Avenida Pedro Victor. A Praça de Toiros de Vila Franca de Xira vai receber ainda a Feira da Tauromaquia. A iniciativa integrada no Colete Encarnado 2022,

decorrerá durante os três dias do certame. Moita, Coruche, Santarém Azambuja, Chamusca e Ilha Terceira serão os concelhos convidados a participar. De acordo com o presidente da Câmara, este são municípios representativos das tradições tauromáquicas populares e que têm um espaço na cultura tauromáquica nacional e internacional. O autarca referiu que o programa é vasto e ambicioso e como tal “teremos aqui uma grande festa que entrará pela noite dentro, como aliás já esta preparado, e esperemos que esta seja uma semana em que Vila Franca se encha de gente para que os nossos cidadãos comecem a festejar o que será um grande Colete Encarnado”. De referir que a homenagem ao Campino, decorre na tarde de sábado, 2 de julho. Nesta edição, o campino nomeado para esta homenagem é Joaquim Rodrigues da Silva Salvaterra, ao qual será entregue o pampilho de honra, um tributo póstumo a José Carlos Semeador.

o “crescimento da festa” que tem sido uma constante nos últimos anos: “Só quem visita Aveiras naqueles dias, consegue ter uma perceção daquilo que falamos”. O autarca vinca que a realização desta iniciativa é um desafio este ano, até porque será em maio, umas duas semanas antes da feira de Azambuja, o que significa para o município um esforço logístico acrescido. Ainda assim

o presidente da Câmara refere que tudo está a postos para que ambas as iniciativas decorram sem problemas. Silvino Lúcio diz que em causa estiveram as datas do certame de Aveiras de Cima. Foi preciso “coordenar as datas com as pessoas das adegas” que são o “motor” de grande parte da festa. O autarca recorda a importância

desta festa, nomeadamente, porque Aveiras é uma zona muito importante no que toca ao setor vitivinícola. O facto de serem anunciados os vencedores do concurso de vinhos do concelho de Azambuja, acaba por ser mais um dos pontos altos a juntar ao extenso programa que inclui febras, pão e vinho gratuitos nos locais já designados pelo município.

Apresentação do certame decorreu na Praça de Touros

cabeças de cartaz musical, os Anjos no primeiro dia da festa e David Antunes no segundo dia. O palco como sempre será montado no largo da República. Segundo Silvino Lúcio, presidente da câmara de Azambuja, esta é uma festa que já passou fronteiras e que é conhecida, não só pelo programa cultural, como pelos bons vinhos que emanam da região de Aveiras para o país e

para o mundo. Com visitas às adegas, onde se vai cantar o fado, bandinhas de rua e desfiles etnográficos associados ao ciclo do vinho, a edição deste ano volta a ter como mote as canecas, que podem ser adquiridas por cerca de 2,50 euros e que dão direito a beber (moderadamente) nas adegas aderentes. O presidente da Câmara salienta


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Lúcio Costa troca Assembleia Municipal de Azambuja por avença na Câmara líder de bancada do Partido Socialista, Lúcio Costa, abdicou do mandato na Assembleia Municipal de Azambuja dado que esta função se tornou incompatível juridicamente por ter assinado recentemente um contrato de prestação de serviços com o município, ao abrigo da Lei 75/2013 das autarquias locais. A questão começou por ser levantada numa das últimas reuniões de Câmara pelos vereadores da oposição, Rui Corça (PSD) e Inês Louro (Chega) que estranharam a celebração de uma prestação de serviços com o antigo presidente da junta de freguesia de Vila Nova de São Pedro, e atualmente principal rosto

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do PS na bancada socialista no órgão deliberativo. “Será que se sente confortável com uma opção deste género, e o que pensarão os munícipes ao continuarem a ser representados por uma pessoa que não pode questionar livremente o presidente porque é também o seu empregador”, neste caso a Câmara socialista liderada por Silvino Lúcio, questionou Rui Corça. Inês Louro referiu ser incompatível a permanência em cargos políticos quando se exerce para o mesmo município trabalho em regime de avença. Silvino Lúcio, presidente da Câmara, referiu que o concurso decorreu de forma normal, e que Lúcio Costa concorreu em pé de

igualdade com outros dois concorrentes. Lúcio Costa vai assumir funções semelhantes às que tinha António Amaral como sendo ponto de ligação da Câmara junto do associativismo, desporto, cultura, turismo, e revitalização urbana. À hora de fecho deste jornal, os dois vereadores da oposição ainda não sabiam se Lúcio Costa abdicaria do mandato no órgão deliberativo, mas segundo o que o Valor Local apurou tal vai mesmo acontecer e a demissão será consumada durante a próxima sessão da assembleia municipal a ter lugar ainda em abril. Em declarações ao Valor Local, Lúcio Costa não quis assumir a demissão, mas vincou que num

dos mandatos do antigo presidente Joaquim Ramos também teve uma avença para o mesmo tipo de trabalho, sendo simultaneamente eleito na assembleia e presidente de junta, mas que este tipo de incompatibilidades nunca foi levantado “porque se calhar a lei, entretanto mudou”. Lúcio Costa refere que a sua avença será de cerca de 15 mil euros anuais, “mas depois de retenções e descontos não sobra muito mais do que 700 ou 800 euros por mês”. Sobre o facto de ter abdicado de um cargo para o qual mereceu o voto da população por uma avença no município, Lúcio Costa remeteu outro tipo de explicações para à posteriori.

Lúcio Costa vai assumir na prática as mesmas funções desempenhadas até há pouco tempo por António Amaral

PSD de Alenquer tira confiança política a Nuno Henriques A concelhia de Alenquer do PSD decidiu retirar a confiança política ao seu único vereador eleito no município alenquerense, Nuno Henriques. Há largos meses que o clima andava de cortar à faca entre o autarca e a estrutura social-democrata local, mas a gota de água, de acordo com comunicado enviado às redações, baseou-se no facto de Nuno Henriques ter solicitado assessoria junto da Câmara ao abrigo do estatuto de oposição. A nova assessora do vereador que não possui pelouros num executivo de maioria PS, é alguém que o próprio escolheu e que não faz parte do atual quadro de colaboradores municipais. De acordo com o comunicado do PSD de Alenquer, os militantes “não podem ficar indiferentes” e condenam de forma veemente “ todo o valor que o executivo do PS já gastou em aquisição de serviços em regime de avenças desde setembro último, 155 mil 279,88 euros”, a que se juntam agora os “18 mil 138, 72 euros por dois anos (cerca de 755 por mês num regime de trabalho a meio tempo em modo avença) para a nova assessora do vereador”. “Os partidos políticos só são

Nuno Henriques foi candidato do PSD nas últimas eleições. Concelhia refere em comunicado que alcançou o pior resultado de todos os tempos em Alenquer para o partido respeitados se souberem dar-se ao respeito” conclui o PSD. Refere ainda o comunicado que Nuno Henriques desde que iniciou o seu mandato em 2021 que não articula as suas posições em sede de reunião de Câmara com os órgãos próprios do PSD que “não pode continuar a acordar de manhã sem saber o que é dito em seu nome nesse mesmo dia na Câmara Municipal de Alenquer.” A Comissão Política Concelhia do PSD de Alenquer retira por unanimidade a confiança política ao vereador

“demarcando-se formal e institucionalmente das respetivas posições políticas e decisões executivas que possa vir a tomar, deixando estas de vincularem o partido”. O Valor Local tentou aprofundar o conteúdo do comunicado com o PSD de Alenquer mas não houve interesse. Já quanto a Nuno Henriques, contactado pelo Valor Local, este alega que a necessidade de existir uma assessoria aos vereadores da oposição partiu de uma questão levantada pelo vereador da CDU, Ernesto Ferreira,

com a qual o mesmo concordou. Nuno Henriques apresentou a sua escolha - “Uma senhora que é coronel na reserva. Não é nenhum boy. Tem licenciatura em Economia, pós-graduação na área da Saúde para apoiar e melhorar a oposição, o executivo e, por conseguinte, a qualidade de vida de toda a população de Alenquer.” Até se ofereceu para partilhar a assessora com a CDU que declinou, mas que diz “respeitar”. O autarca faz um balanço “muito positivo” da sua ação como vereador e desvaloriza a

retirada de confiança política. Algo que diz não entender apesar de existirem rumores há muito tempo acerca da má relação entre vereador e concelhia, referindo mesmo que esteve presente numa reunião nesta segunda-feira e que nada lhe foi anunciado no sentido do desfecho que agora se conhece. Nuno Henriques diz que com esta tomada de posição do partido vai ter mais liberdade “para fazer a melhor oposição de sempre para ganhar a Câmara nas próximas eleições”, dando a conhecer que em breve vai efetuar visitas a todo o território através de uma ação designada de “Politicamente Correto”. Recorde-se que apesar de a oposição ter direito a assessoria através de nomes indicados pelos eleitos mesmo que não possuam pelouros, não é regra por parte dos municípios acederem a essas pretensões. Pelo que apurámos, normalmente colaboram com os assessores da oposição, funcionários municipais incumbidos dessa tarefa para além de outras. Na área de influência do nosso jornal apenas a Câmara de Vila Franca de Xira, a de maior dimensão da região, paga este tipo de assessoria aos partidos

da oposição cujos eleitos não possuem pelouros, os quais indicam normalmente pessoas da sua confiança política para estes cargos que são ocupados a tempo inteiro ou parcial. Questionámos o município sobre esta necessidade de aceder às pretensões de uma oposição sem pelouros e quando tem maioria absoluta. Pedro Folgado, presidente da Câmara, confirma que numa das últimas reuniões do executivo foi referida esta necessidade de assessoria através do vereador da CDU, Ernesto Ferreira, que também não descarta a possibilidade de apresentar igualmente alguém da sua confiança para esta função. Apenas não o fez até ao momento. Ao nosso jornal, o autarca refere que “não havia ninguém disponível entre os colaboradores do município para efetuar esse trabalho de assessoria aos eleitos da oposição”. Em mandatos passados “existia um funcionário para fazer essa ponte, mas atualmente não dispomos. Aguardamos entretanto que o senhor vereador da CDU também apresente a sua proposta neste sentido, dado que foi ele o primeiro a falar do assunto”.

Vera Braz integra o núcleo duro do Partido Socialista nacional V

era Braz, natural de Azambuja e deputada do PS na Assembleia da República pelo distrito de Lisboa, foi uma das indicações do secretário-geral adjunto, João Torres para integrar aquele que é considerado o núcleo duro dos socialistas designadamente a Comissão Permanente e onde estão entre outros, Pedro do Carmo, Jamila Madeira, Luís Patrão, Pedro Cegonho, Sérgio Monte e Susana Amador. Vera Braz que também é a presidente da Assembleia Municipal

de Azambuja integra igualmente o Secretariado Nacional do PS. Com 35 anos, é licenciada em Gestão com especialização em Finanças. Ao Valor Local, Vera Braz salienta que esta nomeação traz consigo mais “responsabilidade”, acrescentando - “Naturalmente senti orgulho e reconhecimento pelo trabalho que tenho desenvolvido, mas acima de tudo, este voto de confiança, traz consigo uma responsabilidade enorme”. A deputada e presidente da As-

sembleia Municipal de Azambuja diz acreditar que o “Partido Socialista deve acompanhar a evolução dos tempos”. “É nosso dever evoluir preservando a história do partido, transmitindo-a às gerações mais novas, mantendo viva a matriz de partido progressista, fundador da nossa democracia, assente na liberdade e na igualdade, que defende uma sociedade inclusiva, desenvolvida, europeísta e com um estado social forte”, refere acrescentando que este é o legado que defende-

rá. A nomeação de Vera Braz surge na mesma reunião em que o PS renovou o secretariado nacional. Uma proposta apresentada por António Costa e que foi aprovada com 88 por cento dos votos. De destacar a saída de Maria da Luz Rosinha, antiga presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Bernardo Trindade, João Tiago Silveira e Marcos Perestrello. Mas também se registaram as saídas das ex-ministras Alexandra Leitão e Graça Fonseca.

Vera Braz salienta que é uma enorme responsabilidade


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Aterro de Azambuja já ultrapassou “em mais de seis metros a altura permitida” aterro de resíduos não perigosos da Triaza em Azambuja já ultrapassou “em cerca de seis a sete metros a altura permitida”, de acordo com o presidente da Câmara, Silvino Lúcio. No terreno estão a decorrer, por esta altura, operações que visam tapar o aterro, dado que chegou ao limite da capacidade para receber resíduos. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) instou a empresa do grupo Mota-Engil/Urbaser a completar a selagem no prazo máximo de 180 dias, apresentando um plano nesse sentido, sendo que até à data ainda não é conhecido. Ouvido pelo Valor Local, o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio, reforça que a empresa não tem outra saída a não ser mesmo a selagem, porque “já ultrapassou em muito a cota, mesmo que aleguem que ainda podem lá colocar resíduos, isso não é possível por estarem em incumprimento há bastante tempo” em desacordo com a documentação assinada à época de constituição da Triaza entre a Câmara, a empresa, a CCDR e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

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No entender do presidente da Câmara, o facto de a Triaza ainda não ter declarado que já não recebe resíduos, é porque não quer admitir essa realidade

“Durante o ano passado, já tinham ultrapassado cerca de dois a três metros. Continuaram a depositar resíduos, pelo que nesta altura deve estar nos seis a sete metros de altura”. No entender do autarca impõem-se nesta altura uma real fiscalização por parte da CCDR. Sendo que o município prepara-se para efetuar nova ten-

tativa de fiscalização, depois de várias tentativas infrutíferas. “Encontra-se desajustado em relação ao que era o projeto inicial”. No entender do presidente da Câmara, o facto de a Triaza ainda não ter declarado que já não recebe resíduos, “é porque não quere admitir essa realidade”. A Câmara tem informação de que

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nos últimos tempos apenas tem chegado terra para cobrir o aterro. “Ainda poderiam colocar toneladas de resíduos, mas como foi ultrapassada a cota altimétrica estão impossibilitados de tal”. Em reunião de Câmara, o vereador do PSD, Rui Corça, exortou o presidente da Câmara a obter esta informação oficial por escrito

junto da CCDR-LVT para que não restem dúvidas quanto às obrigações da empresa, bem como a agir no sentido de também processar a empresa por danos ambientais causados à população durante a sua atividade iniciada em 2017. O município já recebeu essa informação por escrito da CCDR-LVT.

Silvino Lúcio relata ao Valor Local que a equipa de advogados da Câmara “está a mexer-se nesse sentido”. Recorde-se que poucas semanas antes das eleições autárquicas de 2021, a Triaza apresentou um processo a exigir uma indemnização de 12 milhões junto da Câmara e dos membros do executivo do mandato 2017/2021: Luís de Sousa, António José Matos, Maria João Canilho, David Mendes, Silvino Lúcio, Sílvia Vítor e Rui Corça. Durante este mês, dois deputados da Assembleia da República do Chega estiveram de visita ao aterro. Mithá Ribeiro e Rita Matias, de acordo com Inês Louro, vereadora do Chega na autarquia, tomaram “boa nota” do estado de coisas nesta altura para mais tarde inquirirem o Governo sobre esta nova fase de selagem do aterro e possíveis efeitos ambientais que ainda possam prejudicar a população. A deputada Rita Matias deverá integrar a comissão de ambiente da Assembleia da República. “Tomaram conhecimento do que chegou a ser enterrado, como o amianto, e quando era sobrevoado por aves em grande número. Levaram este dossier para estudarem”.

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Museu na Aldeia regressa a Louriceira de Cima Projeto Museu na Aldeia prepara-se para regressar no dia 26 de abril a Louriceira de Cima, no concelho de Arruda dos Vinhos, levado a cabo pela Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP) que fez parte da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027. O Museu na Aldeia é um projeto de intervenção artística e social que interliga museus e comunidades através das artes. Por meio de um processo de co- criação, o público alvo, normalmente os mais idosos e sem formas de acesso à cultura, é convidado a discutir, refletir e reinterpretar a peça apresentada na comunidade. Assim aconteceu em Louriceira de Cima que durante o ano passado recebeu no espaço da escola primária uma manta e um tear de Minde entre outros objetos relacionados com aquele saber provenientes do Museu de Aguarela Roque Gameiro, bem como uma reprodução de uma aguarela de Roque Gameiro com a temática dos lanifícios e das mantas. Agora a comunidade vai mostrar o resultado de um trabalho criado com base nesta exposição. Gabriela Rocha do SAMP refere que a população aderiu “muito bem” à exposição, tendo-se verificado que não possuíam hábitos de cultura, daí o facto de ter sido

O

Sessão de co-criação em Louriceira de Cima- Crédito Gabriela da Rocha e Leonor Capricho

uma das localidades escolhidas pelo projeto que procura implantar-se em comunidades mais idosas e isoladas. A população vai agora exibir um trabalho que fica-

rá exposto no Museu Roque Gameiro que consistiu “numa pintura de tecidos” inspirado nas mantas de Minde e que será apresentado no mês de maio.

O projeto também vai estenderse a Alenquer participando o Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição “que vai ficar emparelhado com duas localida-

des de Torres Novas, Pena e Casal da Pena”. A peça selecionada foi a Coroa do Divino Espírito Santo. O projeto “Museu na Aldeia” tem

colecionado vários prémios e menções honrosas, tendo sido distinguido por entidades como a Associação Portuguesa de Museologia. PUB


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Um ano depois do fim da PPP de Vila Franca

Carlos Andrade Costa confessa: “Ainda não ganhámos as pessoas!” Assumiu funções como presidente do conselho de administração do Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX) a um de junho de 2021, no regresso ao setor público, após 10 anos de parceria público privada com a José de Mello Saúde. Carlos Andrade Costa, 56 anos, tem uma vasta experiência na gestão hospitalar. Esteve no Centro Regional do Instituto Português de Oncologia. Foi membro da direção do Hospital das Forças Armadas, e antes de dizer sim ao desafio do Ministério da Saúde, estava no Centro Hospitalar do Médio Tejo. Nesta entrevista fala de um desafio que não se consegue vencer num ano, também naquilo que é o sentir das pessoas com quem trabalha após 10 anos de PPP. Mas diz-se um homem ambicioso em todas as casas onde trabalha, e a ampliação do hospital e da urgência numa primeira fase é uma das suas principais metas. Sílvia Agostinho

Valor Local - Como é que surgiu e por que decidiu aceitar o convite da tutela para ficar à frente de um hospital numa fase de transição? Carlos Andrade Costa- Sou funcionário público, e estou onde a tutela me manda estar. O ministério da Saúde teve a cortesia de me convidar. Estava quase a completar sete anos à frente do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Tinha ainda dois anos de mandato pela frente, estávamos a atravessar uma pandemia, em que

esta unidade foi das que mais recebeu doentes fora da sua área de influência. Literalmente desde Bragança até Faro. Estava numa fase muito intensa de trabalho e confesso que tive de pensar uns segundos quanto a essa possibilidade de vir para Vila Franca. Tinha projetos que queria desenvolver no Médio Tejo mas que a pandemia veio travar ou colocar em stand by, mas manda quem pode, obedece quem deve, e portanto segui o caminho que a minha tutela indicou. A ministra achou que tinha as qualidades certas para assumir

Nesta entrevista deu conta dos projetos que tem para a unidade

este desafio tão complexo: A gestão público-privada estava a terminar, sendo que tínhamos a perceção de que as coisas tinham corrido bem com o grupo Mello, mas ao mesmo tempo havia uma grande incógnita com o regresso ao Estado? Não faço ideia, nem quero especular sobre os motivos da ministra. A mim compete-me estar sempre disponível para o que a minha tutela entender naquilo que eu possa dar um pequeno contributo. Tinha plena consciência de que tinha pela minha frente PUB

“No nosso setor, já tínhamos a experiência de Braga (também gerida no modelo PPP pelo grupo Mello antes de voltar ao público), mas uma coisa é saber como foi, outra é viver essa experiência” um exercício difícil. No nosso setor, já possuíamos a experiência de Braga (também gerida no modelo PPP pelo grupo Mello antes de voltar ao público), mas uma coisa é saber como foi, outra é viver essa experiência. Mas aceitou logo o convite da ministra da Saúde, Marta Temido? Tive de fazer um exame de consciência, porque há aqui uma questão que eu prezo muito, que é a lealdade. Trabalhava com uma equipa, e tínhamos a expetativa de completar o nosso mandato à frente do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Para tomarmos decisões, não podemos ser egoístas, e por isso quis ouvir os meus colegas sobre a minha eventual saída. Há quase um ano na gestão do hospital, é certo que não consegue competir com as benesses, com os prémios de produtividade e outras eventuais regalias que o Grupo Mello pro-

porcionava aos trabalhadores. Mais dinheiro ao fim de um mês é um grande fator de motivação no trabalho. É certo que sim, mas também lhe devo dizer que as pessoas compreendem perfeitamente a situação. A grande maioria, não todas, obviamente. Há uma larga fatia de colaboradores que já vinha do antigo hospital de Vila Franca, antes da PPP, e como tal temos aqui um lastro histórico, e nesse sentido aceitaram com tranquilidade esta realidade, a qual já conheciam antes do modelo de gestão que findou no ano passado. Todos sabemos que a vida não é estática, e estamos sujeitos a alterações. As pessoas prepararam-se nesse sentido, porque o fim da PPP foi anunciado dois anos antes. Foi mais difícil para as pessoas que apenas ingressaram no hospital com a PPP em curso, e como tal tinham mais receios. Acima de tudo importa ir falando com as pessoas e expli-

car-lhes as razões de as coisas terem acontecido no modelo PPP e já não serem possíveis agora que somos uma Entidade Pública Empresarial (EPE). Contudo em algumas áreas como na da produção adicional existiram ganhos, sem percas a nível da remuneração. Noutras isso não aconteceu. Gerir todas essas sensibilidades é difícil. Estava preparado para isso? É um caminho que estamos a fazer. Não é um caminho que esteja encerrado ou ganho naquilo que é o sentir das pessoas. Quais são os seus principais projetos para o Hospital de Vila Franca de Xira, naquilo que sejam possíveis melhorias. Em outubro o Valor Local levou a cabo no seu destaque de edição um trabalho sobre esta unidade, em que o senhor salientou que estavam em curso alguns investimentos, nomeadamente, no que se prendia


Abril 2022 com a aquisição de vários equipamentos num valor superior a 400 mil euros. O maior projeto que nos vai acompanhar nos próximos anos prende-se com a ampliação do próprio hospital. Nesta altura já realizámos um investimento na casa do milhão e 400 mil euros, o que é expressivo só num ano, que implicou a renovação de todo o equipamento relacionado com a Gastroenterologia, que se encontrava bastante desgastado. Também estamos a expandir aquilo que é a capacidade da Patologia Clínica, porque estamos hoje a fazer análises que antes não fazíamos, porque iam para laboratórios privados. De referir que hoje todos os serviços têm o seu próprio ecógrafo, o que não acontecia antes. Ao mesmo tempo, estamos a trabalhar numa outra área cujo investimento ultrapassa os dois milhões e 400 mil, valor no qual se inscreve a mudança na TAC e na ressonância magnética. É importante termos equipamentos de alta resolução, com uma belíssima capacidade de transmitir imagem, o que ajuda imenso nas decisões terapêuticas do corpo clínico. Todas essas melhorias de que fala não foram acauteladas no tempo do Grupo Mello? Toda a gestão é lícita em cada momento. Entendia-se antes fazer uma gestão de determinada forma, e agora de outra. Ambas são legítimas. Havia a perceção de que o Gru-

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Subdimensionado face às necessidades vai ter de ser alvo de ampliação mais cedo ou mais tarde

po Mello enviava muitos doentes do hospital para realizarem exames nas suas clínicas. Ainda temos alguns protocolos no que toca a exames mais diferenciados que reportamos para o universo Cuf, mas também para outras clínicas. Aquilo que temos dito é que queremos tratar os doentes da nossa área no nosso hospital, e por isso temos que investir e ampliar o nosso parque

tecnológico. Procurar não sobrecarregar os hospitais de Lisboa como São José, Capuchos e Estefânia que são a nossa linha de referenciação. Precisamos de nos atualizar quanto a equipamentos. Os hospitais vivem muito de investimento intensivo, porque a medicina e a tecnologia evoluem muito rapidamente. Por exemplo nos ecógrafos temos vindo a apostar em diferentes ti-

pos de sondas. Antes de termos iniciado funções falámos com a tutela para se mudar a TAC, porque pareceu-nos que já tinha algumas limitações. Há tecnologia mais avançada que faz sentido trazer para dentro do hospital. No que respeita à ampliação do hospital, que expetativas podemos alimentar quanto à necessidade bem visível dessas obras?

Há muito tempo que se ouve falar da necessidade de ampliação do hospital. A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) e a própria ministra já vincaram esse objetivo. Há aqui uma coisa muito curiosa – Não é comum termos um hospital que começou a funcionar há nove anos, e passado um ano e meio já todos diziam que tinha de ser ampliado. Outros edifícios da

mesma geração- Braga, Cascais e Loures não apresentam essa questão. Há um consenso de que é imperativo fazer-se a ampliação. Quando se começa a trabalhar lá percebe-se isso. Temos uma capacidade reduzida para 250 mil habitantes. Temos de expandir o internamento - a nossa área de hospital de dia, mas também a vertente de ambulatório, bem como os laboratórios. PUB

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A tutela ainda não se comprometeu com qualquer calendário? Ainda estamos numa fase de análise técnica, porque temos aqui uma circunstância que não é completamente liderada pela tutela. O edifício também foi objeto de uma parceria público-privada para 30 anos. Cumpriram-se os 10 primeiros. Este processo de ampliação tem que ser discutido com o gestor do edifício. A primeira reunião que tivemos foi em dezembro com os arquitetos e com a entidade gestora. Pedimos ajuda para repensarmos em conjunto a ampliação do edifício para que possamos crescer nas áreas de internamento, consultas externas, exames especiais, hospital de dia e laboratório. Não são obras de menor importância. Já temos um primeiro esboço apresentado pela equipa de arquitetos. Haverá em breve uma nova reunião de trabalho, e consolidada essa ideia de ampliação vamos falar com as pessoas da casa, os profissionais, porque os conselhos de administração vão e vêm e temos de pensar naqueles que vão lá ficar muito tempo. Falemos agora da carência de médicos que neste momento o hospital demonstra – Em outubro passado ainda no âmbito do trabalho do Valor Local de que falei há pouco, o presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, referia que o senhor lhe tinha dito que seriam necessários mais 20 mé-

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Passagem a EPE implicou nova reorganização dos serviços dicos para suprir as necessidades. Ainda nesse mês, foi-nos adiantado que tinham entrado três novos especialistas para a Pediatria, Cirurgia Geral, e Nefrologia. Mais recentemente vieram três médicos para as especialidades de Psiquiatria, Medicina Interna e Patologia Clínica. Há alguns em regime de internato, mas não sabemos se vão ficar. É nos dito por Roque da Cunha do Sindicato In-

dependente dos Médicos (SIM) que o senhor não tem conseguido captar as pessoas. Houve serviços que perderam médicos, e a pandemia também contribuiu para tal, nomeadamente na Medicina Interna mas também na Ginecologia- Obstetrícia e por razões diferentes. Quando chegámos tomámos conhecimento dessas perdas, médicos que saíram, mas que não foram substituídos.

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Ficámos com a sensação de que houve uma debandada de profissionais desde que foi anunciado o fim da PPP ainda em 2019. Não estava cá, e por isso não sei se houve essa debandada. Sempre trabalhámos com a tutela no sentido de repor os médicos que tinham saído principalmente nesses dois serviços que estavam bastante abaixo das necessidades. Repor o número necessário

de médicos não é fácil. Há dois momentos no ano mediante concursos que obedecem a determinadas circunstâncias. A entidade gestora anterior podia contratar sempre que quisesse. Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apenas podem recorrer aos concursos nacionais para colocação de jovens especialistas. No início do verão ocorre o grande concurso anual, e depois no final do ano. É nesses dois mo-

mentos que podemos contratar médicos. No ano passado entre junho e dezembro tínhamos 22 vagas, mas não foi possível preenchê-las. Por uma razão ou outra não fomos escolhidos, possivelmente porque durante muitos anos os médicos foram contratados por convite, e alguns poderão não saber que já não é uma PPP. É estranho que estando nós na Grande Lisboa não apareçam

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“A entidade gestora anterior podia contratar sempre que quisesse. Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apenas podem recorrer aos concursos nacionais para colocação de jovens especialistas”. médicos para o HVFX, que pelos vistos padece da mesma circunstância dos nossos centros de saúde que não conseguem trazer clínicos para cá. Como disse a forma de se contratar mudou por completo e o que temos de fazer é convidar os jovens médicos que estão a sair da especialidade para virem conhecer o serviço, à semelhança do que outros hospitais fazem. Tivemos duas vagas para Patologia Clínica que foram preenchidas por duas jovens captadas pelo diretor de serviço que as convidou a visitar o laboratório para perceberem o investimento e a filosofia que tínhamos para aquela vertente. O nosso hospital foi a primeira escolha daquelas profissionais, porque previamente vieram perceber o que havia aqui, constataram a nossa vontade de investir, perceberam que estávamos a fa-

lar a sério e não tiveram dúvidas. Aconteceu o mesmo noutros serviços. Como tal já não somos nós a escolher determinado profissional, mas o inverso, em que temos de ir atrás dos médicos, entusiasmá-los para ficarem connosco. Durante a visita que levou a cabo no último trimestre do ano passado, Alexandre Valentim Lourenço, do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, deu conta que os médicos que estavam a terminar o internato tinham sérias dúvidas se queriam continuar no hospital. Qual é o ponto de situação? Ainda há dias tivemos uma reunião com os internos das especialidades dos últimos dois anos, e a esmagadora maioria quer ficar. Devo dizer que nos últimos 15 dias da gestão PPP havia um conjunto de internos que estavam

O presidente do conselho de administração refuta as críticas dos sindicatos para sair. Pedimos à antiga entidade gestora que contratasse todos. Tivemos um entendimento perfeito e só tenho a agradecer. Ainda continuam no hospital? Sim. Continuam a fazer o seu ca-

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minho. O Sindicato da Ordem dos Médicos evidencia uma grande preocupação no que respeita ao trabalho dos clínicos no hospital, referindo que têm de

se desdobrar entre a urgência interna e a externa, devido à falta de médicos, o que no entender de Roque da Cunha, representante do SIM, é algo que coloca em causa a capacidade

do serviço. O dirigente sindical diz que os médicos não podem andar aos pulinhos, ou bem que se está escalado para uma coisa, ou para outra. Isso é algo que se passava an-

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tes. O doutor Roque da Cunha se calhar andou distraído durante 10 anos. Há momentos em que por excesso de utentes na urgência, é preciso que o médico que está na urgência interna apoie os seus colegas da urgência externa. No mês passado isso aconteceu quatro vezes, mas este mês apenas uma. Há dias um médico estava em quarentena e outro doente, e isso acabou por desequilibrar a urgência. São contingências que vivemos, mas que já aconteciam antes. Pensa que o Grupo Mello conseguia controlar melhor esta realidade, no sentido de não haver queixas junto dos sindicatos? Penso que há uma perceção diferente por parte das pessoas quando trabalham em empregadores privados por oposição ao setor público. Queixam-se mais quando estão no público? É como digo têm perceções diferentes. Mas são situações que já aconteciam há três, quatro anos, ou mais, mas de que não se falava. Mas deixe-me dizer que é um bom sinal, porque prova que se sentem seguras e confiantes para isso. Mas segundo Roque da Cunha houve clínicos que colocaram minutas de isenção de responsabilidade. Como sabe isso é impensável num hospital privado. Noutros hospitais públicos onde trabalhou isso também aconteceu? Sabemos que isso ciclicamente acontece. Não é nada de novo no SNS, só em Vila Franca desde que voltou ao público. No que respeita ao número de médicos no modo prestadores de serviços, ou seja, sem vínculo, podemos dizer que são a maioria? Não. Estão na sua maioria vocacionados para o trabalho de urgência. Temos contratado mais, mas esta é uma realidade presente em qualquer tipo de hospital, sejam públicos ou privados. Contudo estamos sujeitos a muita volatilidade por parte desta categoria de profissional. O próprio Roque da Cunha referiu-nos que o médico prestador de serviços pode faltar e não lhe acontece nada. O que procuramos fazer é que o médico prestador de serviços se fidelize à instituição. Pode pertencer a um quadro de outro hospital, mas queremos que enquanto prestador de serviços faça o maior número possível de horas em Vila Franca. Tem conseguido? Temos conseguido, porque obviamente não se faz tudo num dia. O processo de reversão é muito complexo sob o ponto de vista de toda a organização da casa. Deixe-me perguntar: o Grupo Mello deixou-lhe alguma bota para descalçar? Todos os hospitais são casas

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“Tenho um lado muito prático da vida: Sou católico e ponho-me todos os dias nas mãos de Deus. Se ele quiser que eu esteja aqui, estarei, caso contrário até posso estar no fim do mundo.” muito complexas, onde não há dias fáceis. Possivelmente, eles também herdaram situações do passado. Todos lidamos no dia a dia com o sofrimento das pessoas. Nos hospitais tudo tem uma dimensão difícil e penosa. O importante é sabermos qual o caminho a seguir neste ano de transição e onde tudo acontece. Tive-

donasse o barco nesta altura seria complicado. Tenho um lado muito prático da vida: Sou católico e ponho-me todos os dias nas mãos de Deus. Se ele quiser que eu esteja aqui, estarei, caso contrário até posso estar no fim do mundo. Mas o seu desejo é continuar… O meu desejo é continuar porque

dores que respeitam às instalações e conforto, segurança e satisfação do doente, focalização no utente, mas não foram fornecidos dados por parte do hospital quanto à algumas especialidades, nomeadamente, Ortopedia, Cirurgia, Pediatria. Situação que se repetiu agora no início de 2022, e quando es-

Tivemos de fazer muitas alterações nos meios de registo das métricas na passagem da PPP para EPE. Sabendo que muitas coisas iam ser assinaladas não deixámos de fazer essa avaliação em dezembro para que através de uma visão externa pudéssemos ser ajudados a acelerar os processos. Estamos ainda hoje a mudar métricas. Mas também temos falta de clínicos nestas áreas? Sim na Ginecologia/Obstetrícia e na Medicina Interna nas quais temos de aumentar o número de médicos. Temos agora a completar o internato uma médica de Ginecologia/Obstetrícia que quer muito cá ficar, tenho esperança nisso. Teve a melhor nota dos

Carlos Andrade Costa assumiu o desafio a 1 de junho de 2021

mos de mudar o número de segurança social, o número fiscal, os contratos, negociar as coisas mais banais da vida. Tivemos de enquadrar juridicamente os contratos. Para finalizarmos a questão dos médicos: Os concursos vão ter lugar e esperamos que Vila Franca possa ser a escolha desses profissionais. Na primeira reunião que tive com o serviço de Medicina Interna, e noutras que houve à posteriori, perguntaram: se se ia conseguir resolver as coisas todas (todos os problemas) naquele momento. Disse que não, que não era possível. Referi que ia levar pelo menos um ano e meio, para ser otimista. O seu desejo é continuar à frente do HVFX até porque pelos vistos ainda tem uma tarefa grande pela frente e se aban-

há muito trabalho a fazer, mas não sei o dia de amanhã! Habituámo-nos a ver o hospital receber várias distinções como as atribuídas pela Joint Commission International, mas tam-

tas especialidades estavam sempre muito bem conotadas nestes sistemas de avaliação. Na reunião final com a equipa de auditores externos houve algumas recomendações no sentido

hospitais da região de Lisboa. Isso diz bem da nossa capacidade formativa. Quantos internos é que estão a querer ficar no HVFX neste momento? Cerca de seis ou sete internos.

“Percebo que num hospital onde não havia grande dinâmica sindical agora se tenham virado para o HVFX, embora tenhamos a trabalhar connosco sindicatos mais representativos” bém através do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS). Nos dados que reportam ao final do ano passado, numa das últimas avaliações, tem boas classificações nos indica-

de melhorarmos este ou aquele aspeto. Vai procurar corrigir para voltarmos a ter estas ou outras especialidades de novo nos melhores patamares?

São praticamente todos. Na altura em que foi anunciada a reversão da PPP, um clínico do hospital afeto ao SIM referiu em entrevista ao nosso jornal que com o regresso ao públi-

Abril 2022 co, vinha aí de novo o fantasma da falta de material, alegando que o Grupo Mello conseguia ultrapassar este tipo de questões com grande facilidade, ao contrário do Estado. Também sente isto no seu diaa-dia? Não sei qual é a experiência desse médico, mas os hospitais quando aplicam as regras do mecanismo da contratação pública, organizam a sua gestão de compras mediante os seus stocks. Ciclicamente pode faltar um artigo ou outro, mas regra geral não vemos esse tipo de questão no SNS, até se fala em esbanjamento por vezes. Bom, por vezes chegam-nos notícias precisamente em sentido contrário. Que falta efetivamente material nos hospitais. Pode faltar mas há sempre forma de ultrapassar essas questões. É normal. Agora penso que existem por vezes muitos preconceitos em relação ao SNS. Há muita gente que não gosta do Serviço Nacional de Saúde. Mas nos seus contactos com a tutela nunca teve de pedir mais celeridade para colmatar determinadas carências? Todos nós queremos tudo para ontem! Não vejo que haja uma matriz de ausência de material nos hospitais, prova disso foi o que se passou na pandemia com o SNS a dar a resposta necessária. Daqui a quatro anos quando tivermos relatórios internacionais sobre a capacidade dos hospitais europeus, vamos ver a excelente classificação que o nosso país vai ter, mesmo aqueles que não gostam do SNS. Não é essa a perceção que as pessoas têm no seu dia-a-dia. Mas é isso que vamos ver nessa altura. Quando percebermos como foram as dificuldades para fazer face à pandemia em países como a Bélgica, a Dinamarca, a Alemanha, a França, ou a Itália. Na pandemia, fomos de facto um caso de sucesso, mas naquilo que são as questões de fundo e estruturais o caso muda. Sim, mas em todos os países há listas de espera e mais necessidade de investimento. Tratar da saúde é tão complexo que é possível ver sempre falhas, mas todos os dias há milhares de pessoas a serem bem atendidas no SNS. Passando agora para as queixas por parte do Sindicato dos Enfermeiros que teve uma reunião consigo recentemente: O senhor disse a Pedro Costa daquele sindicato que o hospital apresentava uma carência de 49 enfermeiros. Sendo que é apontado ao HVFX o facto de continuar a praticar as mesmas 40 horas semanais, como acontecia na PPP, a estes profissionais, mas pagar 35. Ou seja, a unidade ainda não conseguiu aplicar o horário das 35 horas como é regra para quem


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garagem. Houve muita polémica. Ainda é usada? Sim, porque não temos onde pôr os doentes. O que fizemos foi melhorar as condições de conforto e de segurança e essa é mais uma razão para se fazer a ampliação. Não critico quem teve de anular os refeitórios dos pisos para os transformar em área de internamento, ou quem teve de ir para um parque de estaciona-

lhorar. Não faço juízos de valor. Eventualmente fizeram o que melhor podiam ou sabiam em contextos de grande pressão. Cada um teve as suas aflições. Agora não quero ficar com responsabilidades que não eram minhas. Aquela visita foi desastrosa, porque tentou colocar nas mãos do SNS uma responsabilidade que não era nossa. Isso caiu muito mal na casa. Pôs-se em causa mil e quinhentas pessoas, e isso foi muito desagradável. Herdei aquela área de internamento, herdei uma grande carência de médicos, e doentes internados em refeitórios, mas apenas trabalho para melhorar. Ainda em declarações ao nosso jornal, o representante do Sindicato dos Enfermeiros desperta para o seguinte que gostaria que o senhor comentasse – Existindo aquela ideia de que com o Grupo Mello tudo funcionava lindamente, é nos dito

mento de forma a ampliar a urgência. Teria feito igual? Se calhar podia ter ido para outras áreas, mas não critico o que herdei. Aquilo que procuro é me-

por Pedro Costa que a PPP drenava muitos doentes para os hospitais públicos, tendo a possibilidade de recusar utentes para não assoberbar determinados serviços. Os proble-

“Aquela visita foi desastrosa, porque tentou colocar nas mãos do SNS uma responsabilidade que não era nossa. Isso caiu muito mal na casa. Pôs-se em causa mil e quinhentas pessoas, e isso foi muito desagradável. Herdei aquela área de internamento, herdei uma grande carência de médicos, e doentes internados em refeitórios, mas apenas trabalho para melhorar” trabalha no setor Estado. Com isso está a causar uma grande insatisfação junto dos enfermeiros. Esses 49 enfermeiros são os necessários para fazermos a mudança das 40 para as 35 horas. Estamos a trabalhar com a tutela e ainda há poucos dias saiu um despacho para novas contratações por parte dos hospitais. O HVFX ficou com 77 enfermeiros, 70 especialistas e 7 enfermeiros gestores Nesse número quantos serão efetivamente os novos enfermeiros a darem entrada no HVFX, porque Pedro Costa referiu-nos que esse concurso é basicamente para progressões na carreira, grosso modo para os que já lá estão. Obviamente que ele não se deve ter apercebido deste diploma. Temos um número baixo de enfermeiros especialistas, com um rácio de 5,3 por cento quando deveria ser 25 por cento. Temos então 70 vagas para enfermeiros especialistas, podendo concorrer os que estão na casa, mas também profissionais de fora. Depende do número de enfermeiros da própria instituição que tenham a diferenciação de especialistas, mas que não têm ainda o grau. Em conclusão haverá sempre um ganho de enfermeiros, isso sem dúvida nenhuma. Ainda segundo aquele sindicato, o senhor é acusado de fazer uma gestão à la carte dos enfermeiros que se traduz numa bolsa negativa de duas mil horas. Refere Pedro Costa que com frequência, os enfermeiros são mandados para casa quando há menos fluxo de doentes ou quando são canceladas cirurgias. Percebo que num hospital onde não havia grande dinâmica sindical agora se tenham virado para o HVFX, embora tenhamos a trabalhar connosco sindicatos mais representativos. Não existe uma gestão aleatória, mas sim passar os horários dos senhores enfer-

meiros de 12 para 7 ou 8 horas por dia. Possivelmente gostariam de fazer a gestão do seu trabalho mediante as 12 horas. Ainda segundo o Portal da Entidade Reguladora da Saúde no que concerne aos processos REC (Reclamações, Elogios e Sugestões) para o HVFX, temos no ano de 2021, em que até junho esteve a PPP e depois entrou a EPE, 168 elogios,

com 32 mil ou 33 mil pessoas a passarem por mês nesse serviço, tal leva a que as pessoas fiquem bastante descontentes. Vamos ampliar a urgência também na lógica da Covid, porque temos de espaçar mais as pessoas. Não tenho o número de queixas, mas posso dizer-lhe que subiu consideravelmente, até porque passámos de 19 mil para 33 mil atendimentos de um trimestre para ou-

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A sala de observação na garagem deu polémica

367 reclamações e uma sugestão. Já tem alguma indicação quanto ao ano de 2022? Tivemos aqui algum aumento das reclamações porque assistiu-se a um número enormíssimo de atendimentos nas urgências no primeiro trimestre deste ano. A urgência é uma das áreas que carece de obras de ampliação. Temos um projeto que prevê estender a área da urgência na casa dos 580m2. Quando temos atualmente uma área compactada

tro. Deu que falar durante a visita da Ordem dos Médicos a tal sala de observação que teve de ser instalada durante a pandemia no sítio onde estava uma

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mas estariam camuflados, segundo ele. Enquanto no SNS a resposta é centralizada existindo a possibilidade de se perceber se outros hospitais têm ou não capacidade para receber utentes. Por norma não frequento hospitais privados. Aquilo que sei é que os doentes que pertencem ao Hospital de Vila Franca têm de ser tratados aqui até atingirmos a denominada diferenciação clínica, e aí sim transferimos. É neste espírito que temos vindo a desenvolver muitos serviços como o da Nefrologia, quando antes muitos dos nossos doentes eram encaminhados para o Hospital Curry Cabral. Temos uma belíssima unidade de diálise que tem de ser rentabilizada, e que vai passar a fazer cinco tardes por semana mais o sábado. Já temos mais nefrologistas do que no momento da reversão. Temos excelentes profissionais e queremos fazer uma grande aposta tecnológica para ficarmos com os nossos doentes o máximo de tempo que pudermos. O hospital tem algum projeto candidatado ao Plano de Recuperação e Resiliência? Submetemos uma candidatura em articulação com a entidade gestora do edifício no valor de três milhões de euros para colocação de painéis fotovoltaicos que poderá traduzir-se, segundo os cálculos, numa poupança de 550 mil euros por ano, que podemos retirar da conta da luz para investir no hospital e tratar os nossos doentes. Esperemos que seja aprovada. A ministra foi reconduzida. Já vai para o seu terceiro mandato, embora o último tenha sido interrompido pelas razões que conhecemos. Vai ser mais exigente ainda com Marta Temido naquilo que são as reivindicações que tenha para o hospital? Gosto que as instituições que eu sirvo sejam ambiciosas. Não sou enquanto pessoa um homem ambicioso, mas tenho muita ambição nas casas onde trabalho, e penso que em menos de um ano já se fizeram algumas coisas. A senhora ministra espera que deste conselho de administração haja projetos e vontade de fazer.

“Tivemos aqui algum aumento das reclamações porque assistiu-se a um número enormíssimo de atendimentos nas urgências no primeiro trimestre deste ano”. PUB


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Opinião

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9 Anos de Valor Local! Jornal valor Local assinala no próximo dia 30, 9 anos de existência. Tem sido um caminho difícil e temos consciência que ainda temos muito não só para aprender como também para contribuir para uma sociedade democrática. Nesta edição do Valor Local, contamos com uma mensagem inspiradora de Sua Excelência o Presidente da Républica, Marcelo Rebelo de Sousa, para quem não existe democracia sem uma comunicação social livre. Partilhamos exatamente desses mesmos valores, embora o caminho até chegarmos aqui tenha sido algo espinhoso. Começámos em 2013 com o propósito de ocupar um espaço na informação regional. Um espaço ligado à economia regional, das empresas e das pessoas. Um espaço na nossa sociedade em que a informação é parte vital do nosso sistema democrático. Têm sido anos de luta. Começá-

Miguel Rodrigues

O

mos em crise, atravessámos uma pandemia, que ainda continua,

mas não baixamos os braços, porque há ainda um longo cami-

nho a trilhar e terreno a desbravar.

A caminho da pobreza e da irrelevância!! orçamento de Estado para 2022 continua a ser um caminho para o empobrecimento

O

do Pais, com uma boa dose de austeridade e com as mesmas receitas de sempre, sendo de

assinalar agora esta obsessão pelo défice, que vende um milagre cor-de-rosa que não existe.

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Parece que estamos no bom caminho. As palavras de incentivo de Marcelo Rebelo de Sousa são de facto esse sinal, sendo evidente que o nosso futuro continuará a passar por temas e reportagens próprias. Convidámos ainda quatro presidentes de assembleias municipais da nossa região a falar de Abril, do 25 de Abril. Uma data de liberdade que muito nos diz, e que no calendário fica próxima de mais um aniversário do Valor Local. Celebramos em dobro! Nesta edição ressalvo igualmente a entrevista em exclusivo de Carlos Andrade Costa. O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Vila Franca, acedeu ao convite do nosso jornal para uma grande entrevista. O propósito é informar, formar e se possível dar espaço para que se crie opinião crítica à volta dos temas mais fraturantes da região. Ao fim de nove anos, ainda temos muito para fazer, muitos projetos.

No fundo muitos sonhos. São sonhos que poderão ser realidade assim consigamos continuar com os nossos leitores e claro os nossos parceiros comerciais, que nestes últimos anos de 2021 e 2022, têm apoiado este projeto sem reservas. O nosso objetivo foca-se nos leitores. Foca-se nos grandes temas da nossa atualidade e mesmo sabendo que muitos davam como perdida a batalha das edições impressas, estamos cá nós, ao fim de 9 anos de edições ininterruptas a provar que é possível. Que o papel ainda é uma mais-valia, desde que aliado ao digital. A todos, muito obrigado pela confiança. Daremos o nosso melhor nos próximos anos!

Lélio Lourenço

Da esquerda à direita, repetiramse as críticas à proposta de Orçamento do Estado apresentada no Parlamento e que antecipam um desfecho já esperado: o PS deverá por aprová-lo sozinho, apenas na companhia dos seus 120 deputados. O orçamento não responde ao principal desafio do país: o crescimento económico (ou melhor a falta dele). O Governo continua a recusar que o crescimento económico em Portugal é o principal problema estrutural do Pais e este Orçamento trará como consequência um empobrecimento e uma perda de competitividade de Portugal relativamente aos outros países europeus que se vem acentuando nos últimos anos. O Orçamento do Estado repete as mesmas fórmulas e não é expectável que conduza a resultados diferentes e assim Portugal continuará a ser atirado cada vez mais para a cauda da Europa continuando a bater recordes de carga fiscal. Sim, trata-se de

uma verdadeira asfixia fiscal sem qualquer contrapartida na qualidade dos serviços públicos que são colocados á disposição das pessoas. Da Saúde á Educação, da Segurança Social á Justiça demonstrem-nos onde é que estão as melhorias no dia-adia dos cidadãos. Experimentem renovar o cartão de cidadão ou a carta de condução para termos a verdadeira noção da degradação dos serviços públicos essenciais. Tentem agendar um exame da especialidade num Hospital do Serviço Nacional de Saúde e todos percebem ao que me refiro. A imensa carga fiscal que se abate sobre os cidadãos contribuintes não tem qualquer correspondência com aquilo que o Estado coloca ao serviço dos Portugueses levando a que muitos recorram a serviços alternativos no privado, desde a saúde á educação passando por muitos outros serviços. Segundo os últimos dados oficiais do Eurostat, em finais de 2021 Portugal registou um PIB

per capita, em paridades de poder de compra, de 74% da média da UE, portanto, uma percentagem inferior às alcançadas sucessivamente em 2012, 2013, 2014 e 2015, todas no último governo do PSD/CDS-PP. Neste momento, Portugal é o 7º país mais pobre da União Europeia. Nos últimos anos fomos ultrapassados por Malta, Républica Checa, Eslovénia, Lituánia e no ano passado pela Hungria e Polónia. É antecipável que a breve trecho sejamos ainda suplantados pela Roménia que, recordese, em 2002, era simplesmente o país mais pobre da UE. E não nos iludamos, a culpa do estado a que chegamos não é da pandemia do Covid 19, das alterações climáticas ou da recente guerra da Ucrânia; a culpa é mesmo dos governos socialistas que nos governam há 19 anos dos últimos 25 !!

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos • Mário Frota • Lélio Lourenço • Rui Alves Veloso Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Adão Conde Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Celebramos, durante este mês, 48 anos de Liberdade e de Democracia

Sandra Marcelino*

pandemia que assolou (e ainda assola, aparentemente, de forma mais ligeira) todo o Mundo, não possibilitou, em 2020 e 2021 (para nossa proteção coletiva), celebrar Abril da forma como desejaríamos. Este ano, cumprindo as regras ainda em vigor - definidas pelas autoridades de saúde pública -, voltamos, felizmente, a poder sair: nas ruas, nas praças, nas avenidas em contacto franco, olhos nos olhos, mão na mão, como gostamos, com as nossas populações. Será assim no concelho de Vila Franca de Xira e por todo o País. Abril trouxe consigo um conjunto largo de instrumentos que se têm revelado fundamentais na nossa história mais recente, desde logo na defesa dos nossos direitos, liberdades e garantias. Enquanto atual Presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira (mas, também, enquanto cidadã), considero que uma das maiores conquistas que Abril nos legou foi o Poder Local Democrático que, em dezembro, comemorará 46 Anos, data da realização, no nosso País, das primeiras eleições autárquicas democráticas, em 1976.

A

O Partido Socialista, em que orgulhosamente milito e que voltou, há pouco mais de seis meses, a ter a confiança da população do concelho de Vila Franca de Xira, ao nível Municipal e das Fregue-

sias, orgulha-se, desde então, de estar associado às grandes conquistas e marcas das Autarquias Locais. O reforço permanente da autonomia do Poder Local; a continuada

delegação e descentralização de atribuições e competências para Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, assentes em políticas de desenvolvimento local e coesão territorial; a execução, pelas

Autarquias Locais, de políticas sociais em áreas tão fulcrais como a saúde, educação, combate à pobreza e habitação, são exemplos claros do longo caminho já foi percorrido.

Abril ensinou-nos (e ensina-nos, todos os dias) que temos de ter Confiança, que temos de ter Esperança, que temos de ter Ambição. São esses três fatores que nos permitem ter a consciência de que o trabalho autárquico nunca está concluído, que há sempre novos projetos, novas obras, novos sonhos que urgem concretizar e que comandam a nossa Vida. Assim, tal como o trabalho autárquico nunca está concluído, todos deveremos concordar que Abril, a Democracia, a Igualdade e a Liberdade são tarefas de exercício permanente, nunca por nunca concluídas. Ao nível do poder local, queremos e vamos Continuar a Avançar, em Liberdade e Democracia, honrando a nossa história, de mãos dadas com as Pessoas, construindo um Portugal melhor para as gerações atuais e vindouras. Isto é, isto será, Sempre, Celebrar Abril. * Presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira

25 de Abril, data que assinala a devolução da voz e do poder ao povo

Fernando Silva*

s assembleias municipais são filhas do 25 de abril. A organização do Estado, antes da Revolução dos Cravos, não contemplava a existência destes órgãos autárquicos, conquanto já existissem as juntas de freguesia e as câmaras municipais. A Assembleia constituinte, que aprovou a Constituição da República, cuidou em criar estes órgãos do município, permitindo, assim, que o leque abrangente das diversas opiniões que constituem o tecido eleitoral estivesse representado em pleno, algo que valoriza e enobrece a discussão dos múltiplos instrumentos que são submetidos regularmente à sua aprovação. Através das sucessivas alterações introduzidas na lei das autarquias locais, o papel das assembleias municipais veio, gradativamente, a ganhar preponderância na gestão da coisa pública, nomeadamente através do desempenho do seu papel de órgão fiscalizador e não só. A inclusão dos presidentes de junta de freguesia a par dos eleitos diretos, na composição dos plenários, foi uma excelente medida já que permite auferir, de modo pere-

A

ne, a visão de quem no dia a dia sente e resolve em gestão direta as situações de carências mais imediatas, com a leitura de um conjunto mais alargado e abrangente dos interesses próprios da administração local.

Sem embargo, o poder local foi, dentre o leque dos entes públicos, o que mais vincadamente registou ganhos de causa, com a revolução de abril de 1974, mormente junto dos munícipes, ao ser um agente dinâmico e indutor de melhor qua-

lidade de vida, aproximação entre eleitores e os eleitos, e o verdadeiro exercício da governança pelos representantes políticos que integram os órgãos camaras municipais e as assembleias municipais. Com o 25 de Abril o povo ajuíza e

dita através do voto quem melhor entende para o governo das autarquias, e neste contexto as assembleias municipais são parte integrante e complementar do devir operado na vida do dia a dia de cada um, já que elas mesmas são

também escolhidas em sufrágio universal. Ao assinalarmos a efeméride - 25 de Abril de 1974 – cumpre-nos, essencialmente, deixar expresso um reconhecimento aos muitos eleitos que serviram, desde então, e continuam a servir nas “trincheiras” dos plenários das assembleias, pelo seu labor em prol da coletividade, na diversidade de opiniões, mas sempre na procura de melhor assistir os interesses das aldeias, vilas e cidades. O espírito do 25 de Abril solidificouse volvidos 48 anos e, paulatinamente, vem procurando chegar ao patamar idealizado pelos capitães revolucionários no que se refere aos ganhos que só a democracia, com todas as falhas e virtudes que possui, pode e deve proporcionar. Daí que uma referência a uma das suas criações, as assembleias municipais, mereça, também ela, ser assinalada, por meritória nas comemorações que ocorrem proximamente. * Presidente da Assembleia Municipal de Alenquer.


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Opinião

25 de Abril Sempre!

bril faz em 2024 50 anos. Pouco mais velha sou do que ele, por isso sei bem como se sente um cinquentão. Sei bem das alegrias, mas também das dores desta meia-idade! Lembro-me de o ter visto nascer numa madrugada fria e cinzenta de abril. Criança muito desejada e amada por um país vergado sobre si próprio, onde “vivia o mais infeliz dos povos à beira terra”. Vi nascer essa criança que trazia nas mãos dois cravos vermelhos, a que chamavam esperança e liberdade. Confesso que não entendia muito bem tanta euforia e entusiasmo pelo seu nascimento. Fui aprendendo nos olhos do meu pai, no sorriso da minha avó, na música que tocava na rádio, nas imagens da televisão, no Toica que voltou de Angola, na vizinha Alice que deixou de ir aos sábados a Caxias, nas lágrimas e no abraço do vizinho António que por um dia se esqueceu do luto de um filho desaparecido. Também eu aprendi a amar essa criança, quase da minha idade, como se ama um irmão mais novo! Vivi com ele aquela fase irreverente da adolescência, com borbulhas no rosto é certo, com calças de ganga e sapatos de tacão. Aquela fase de alvoroços, inseguranças, conflitos, mas de sonhos grandes, de fé inquebrável, de convicções fortes na construção da liberdade e da democracia. Depois vi-o crescer, fazer a barba, trabalhar como um danado, e volta e meia via-o olhar-se ao espelho e sair para beber uns copos. Às vezes voltava ziguezagueando pelas calçadas. Um pouco tonto à procura do rumo certo. Coisas necessárias à construção da vida. Dores de crescimento. Aquela fase do casamento, da gravata, da água-de-colónia es-

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Catarina Gaspar*

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trangeira, dos cigarros caros, das calças vincadas e dos sapatos mocassins, também a vivi com ele. Estranhei-o. Senti-o mais distante. Aquele meu irmão, mais novo, acomodou-se. Deixou de estar atento, deixou que o poder que lhe foi dado pelo povo passasse por mãos estranhas e os cravos começassem a ganhar outros aromas e variassem de tom. Muitas vezes o olhei, com medo que se esquecesse do tom rubro dos cravos. Muitas vezes senti que ele tinha vergonha das palavras que tinham marcado o seu nascimento. Muitas vezes julguei que o perdera. Nesse período, vivi com ele também as preocupações e os desassossegos que

sentem os irmãos mais velhos, quando percebem que o “benjamim” perdeu a alegria, o entusiasmo e a vontade de lutar pelos valores que o destino lhe traçou: a devolução da liberdade, a afirmação da paz, a consolidação da democracia, a abertura ao desenvolvimento. Hoje, este Abril é quase cinquentão. Eu sei bem o que isso é. É aquela idade em que começamos a gostar de ficar em casa, confortáveis no nosso sofá, a ouvir uma boa música ou na companhia de um bom livro. Em que beber um copo com os amigos só nos faz sentido se for num sítio sossegado, longe das confusões. É aquela idade em que nos acomoda-

mos à rotina e a paixão dá lugar a outros sentimentos menos excessivos e exaltados. Em que nos tornamos um pouco mais egoístas e nos centramos nas nossas próprias prioridades. É aquela idade em que começam as dores físicas, uma dorzinha aqui, outra acolá. Eu sei, porque sou irmã mais velha e o meu “caçula” já vai fazer cinquenta anos. O coração dele já passou por tantas emoções! A vida dele já teve tantos altos e baixos. No seu caminho já ultrapassou tantos obstáculos! E quantas vezes percorreu veredas escuras e húmidas para de novo encontrar o sol! Eu sei, que nesta altura da vida, este Abril pensava que podia finalmente usufruir de

25 de abril de 1974 o ano em que Portugal contabilizou mais dias vividos em democracia do que em ditadura, celebrar o 25 de abril de 1974, é manter viva a crença nos valores de abril. Apesar de ainda não ser nascida na altura da revolução, faço questão de a sentir, através dos meus avós, dos meus pais, das suas vivências e da esperança num Portugal livre, que tardou, mas que finalmente chegou! Chegou a liberdade, a democracia e a igualdade! Chegou a liberdade de pensar, de expressar, de agir, de viver! São as memórias que a minha geração não viveu, de tortura, repressão, censura, pobreza, e miséria que devem ser transmitidas de geração em geração, para que a liberdade seja cuidada e defendida, por todos, como o

Vera Braz*

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nosso maior tesouro! Enquanto autarcas, é também esta a nossa responsabilidade, valorizar, preservar e defender as conquistas

de abril, os princípios da liberdade e da democracia. Segundo a Constituição de 1976: “Libertar Portugal da ditadura, da opressão

bons tempos, consolidada que estaria a liberdade, a paz e a democracia. Aprendida que estaria a história de um povo que renasceu da fome, da escravatura, da prisão e da miséria. Mas os homens nunca aprendem com a história, meu irmão Abril! E cinquenta anos de idade é uma idade tão boa como outra qualquer para voltar à luta. Os tempos de descrédito na democracia e nas suas virtudes, o afastamento dos valores primordiais e essenciais, as tensões e os conflitos que resultam das naturais diferenças de perspetivas sobre a forma de organização do mundo e das sociedades, servem-nos de desculpa para acen-

tuarmos a crescente simpatia por sistemas alternativos que difundem e promovem valores contrários ao modelo que Abril nos ensinou. Meu irmão Abril! Quase meio século de existência e continuas a ser uma fonte de inspiração para todos nós. E continuas a fazernos sonhar com um mundo melhor. Vou celebrar o teu aniversário, sim. Celebrar-te é não perder a memória da resistência que devemos honrar. É passar o testemunho às novas gerações para que elas possam renovar os teus valores, para que possam pensar os problemas urgentes e os desafios imperiosos da tua/nossa democracia. É lutar contra o populismo, as desigualdades, a corrupção, o medo e o ódio que sempre a ameaçam. Embora mais velha do que tu, embora me apeteça a quietude e a tranquilidade de uma tarde soalheira, vou continuar a celebrar-te, ano após ano, porque a paz e a liberdade que nos ensinaste é o fundamento da dignidade humana. Continuarei a defender-te, a erguer os braços, a vir para a rua entoar o hino nacional porque desejo que se renova e se aperfeiçoe a democracia que inauguraste. Porque desejo que a tua essência nos convoque a unir, a olhar o futuro. Porque sei que nas tuas mãos os cravos vermelhos, de liberdade e esperança, não envelhecem. Com convicção e orgulho digo: 25 de Abril Sempre! * Presidente da Assembleia Municipal de Arruda dos Vinhos

e colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa”. É esta

a nossa matriz fundacional, uma viragem à qual não podemos, nem aceitamos, recuar! Liberdade é afirmar a dignidade humana, é lutar contra a pobreza, contra o analfabetismo e a iliteracia, contra a discriminação e a violência, contra o estatuto social e legal de subordinação das mulheres... o 25 de abril, enquanto dia libertador, foi verdadeiramente o dia mais importante para todas as mulheres, deixamos de ter um papel secundário e assumimos em pleno a nossa individualidade, enquanto ser humano capaz e livre para fazer as suas escolhas e para participar ativamente no desenvolvimento da nossa sociedade. Um desenvolvimento económico e social, progressista, solidário, democrático, que transformou, melhorou e fez avançar

Portugal! Resultado da construção de um Estado social, assente na melhoria das condições de vida dos portugueses, com direito a um Salário Mínimo Nacional, com acesso à Escola Pública e ao Serviço Nacional de Saúde, sem limitações ou discriminações. Vamos por isso celebrar abril, passar o testemunho às gerações futuras, aprofundar as nossas liberdades e continuar a lutar contra todas as desigualdades! * Presidente da Assembleia Municipal de Azambuja


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Dossier Águas

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Mercearia gourmet “Bocatta” chega a Arruda rruda dos Vinhos tem agora uma mercearia gourmet. A “Bocatta” é o novo projeto de Fernando Arguelles, que depois de uma vida no mundo da restauração, optou agora por um novo conceito dirigido a um público que procura produtos diferenciados e diversificados. Ao “Negócios com Valor” Fernando Arguelles refere que este novo espaço, que fica num antigo restaurante na estrada de ligação a Vila Franca de Xira, na povoação do Carrasqueiro, tem ainda a vertente de loja de vinhos. O proprietário salienta que a mercearia tem disponíveis vários produtos do dia-a-dia, e sublinha “o horário amplo que permite que as pessoas venham às compras em alturas diferentes do dia”. A “Bocatta” está aberta todos os dias, sábados e domingos inclusive. No que toca à venda de vinhos, Fernando Arguelles refere a ampla seleção que tem à disposição dos clientes, a que se juntam muitas promoções, sempre disponíveis na “Bocatta. O conceito é amplo e tem vinhos de várias regiões do país. Ao mesmo tempo também envia para fora de Portugal alguns dos vinhos mais exclusivos que fazem as delícias não só dos espanhóis, como dos restantes europeus. No entanto, o conceito não fica por aqui. A “Bocatta” está longe de ser apenas mais um espaço, pelo que Fernando Arguelles refere que a ideia é especializar-se no “leitão”, seja através da venda de sandes, seja através de take away. “Estou a apostar forte no leitão assado e fatiado, no lombo de porco, nas entremeadas. Iguarias que as pessoas gostam de vir buscar para levar para casa”, refere o proprietário que enfatiza: “Não confecionamos nada. Vem tudo feito. Basta embrulhar para que as pessoas venham comprar e levar”. Por exemplo o “pernil de porco vem já preparado e embalado, basta que o cliente meta no micro-ondas e está pronto a ser degustado”. Fernando Arguelles diz que a situação económica do país não é fácil, mas salienta “que cada vez há mais mercado para este tipo de refeições”, exemplificando – “As pessoas depois de um dia de trabalho, chegam às seis e pouco da tarde, e levam daqui a comida, o que se torna bastante prático”. Ainda no âmbito dos produtos selecionados, Fernando Arguelles refere a venda de presuntos e chouriços espanhóis, “mas também queijos, que são fundamentalmente portugueses”. Estes são os produtos disponíveis naquilo que chama de “mercearia da aldeia”, e salienta que

A

A Bocatta conta já com uma garrafeira apreciável para além de muitos outros produtos

a ideia é “atrair as pessoas ao estabelecimento” sendo que também existe uma componente de café. Quando o tempo estiver mais estável, será disponibilizada uma esplanada para “umas tapas, uma cerveja, ou um café”. Fernando Arguelles explica que o facto de ter optado por este conceito está relacionado com os custos do projeto, por um

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lado, e por outro, o facto de não estar abrangido pelas regras sanitárias do Governo, nomeadamente, aquelas que se aplicaram no caso da pandemia e que encerraram os restaurantes em Portugal. Ora este é um conceito que não se enquadra nesse campo, por isso, no caso de voltarem a existir medidas de confinamento, a “Bocatta” ficará de

fora das restrições, tendo em conta a aposta no take-away. O espaço que fica entre Arruda e Vila Franca, tem estacionamento próprio. E essa é uma mais-valia

da “Bocatta”. Ao fim do dia dá para parar sem problemas, ir beber um café, ou fazer qualquer outra compra. A “Bocatta” também tem azeites

da região. Esse é um dos produtos gourmets que Fernando Arguelles destaca neste conceito, que aguarda apenas o bom tempo para se afirmar em pleno. PUB


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“HDS Saúde” estreou na Rádio Valor streou no passado dia seis de abril uma nova rubrica na Rádio Valor Local. “HDS Saúde” resulta de uma parceria entre o Hospital Distrital de Santarém e a nossa rádio, na qual quinzenalmente, às quartas-feiras, pretendemos elucidar sobre as mais variadas temáticas relacionadas com a saúde, desde patologias, tratamentos, e prevenção sobretudo. “No fundo proporcionar mais literacia a quem nos esteja a ouvir nesta área”, sublinha Ana Infante, presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital de Santarém que foi a primeira convidada nesta rubrica. No dia 7 de abril assinalou-se o Dia Mundial da Saúde e a responsável do hospital deu conta de algumas das suas preocupações, mas também ambições no que respeita à unidade em causa, ao mesmo tempo que deu a sua visão sobre como deve o Serviço Nacional de Saúde evoluir depois de uma pandemia. Para Ana Infante, os modelos de gestão da saúde “encontram-se obsoletos”, sendo que o excesso de burocracia “impera”, pois “os hospitais não têm autonomia para fazerem as suas contratações e continuam com orçamentos deficitários”. É neste clima de “grande complexidade” que os hospitais têm de fazer a sua gestão. A responsável refere que apesar disso

E

Ana Infante espera que a rubrica ajude a elucidar os nossos ouvintes é possível ir dando resposta por vezes até em relação aos privados “quando os custos são onerosos e não têm a rentabilidade ne-

cessária”. Entre os principais desafios do hospital, está ser “um polo de atração para os médicos através

da oferta de diferenciação técnica” no que respeita a novas especialidades que estejam a ser implementadas, de que é exemplo a PUB

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Cirurgia Plástica, a Neurocirurgia, a Neurorradiologia e Cirurgia Torácica. “Ou seja, permitir que os nossos doentes sejam tratados

aqui para cada vez mais patologias e não serem enviados para outros hospitais”. Uma das apostas recentes tem sido a aquisição ainda de novos aparelhos como a ressonância magnética, “mas estamos a preparar ainda outros investimentos como o gabinete médico legal”. Contudo a maior ambição passa pela renovação do edifício que já tem 47 anos “e que está aquém das necessidades de tratamento para os doentes”, apesar de já terem sido “efetuados diversos investimentos”. “Vamos reformular a rede de águas e pintar o hospital sem esquecer a diferenciação técnica”. Num olhar quanto à falta de médicos no país, Ana Infante considera que há que ter vontade política para se mudar algo, “porque o Estado não pode andar a formar médicos para depois deixar que saiam para o setor privado sem nenhum retorno para a instituição pública. Deveria existir coragem para fazer com que isso aconteça. Por outro lado, há que descentralizar e dar autonomia aos hospitais na contratação de profissionais, responsabilizando as administrações”. O programa que passa sempre às quartas-feiras às 18 horas, de quinze em quinze dias, repete às 9h30 da sexta seguinte e fica ainda disponível em podcast em www.radiovalorlocal.com


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